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CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL DE
EDIFICAÇÕES: MODELOS DE
CONFORMIDADE E PROCESSOS DE
IMPLANTAÇÃO
2017
CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL DE
EDIFICAÇÕES: MODELOS DE
CONFORMIDADE E PROCESSOS DE
IMPLANTAÇÃO
Rio de Janeiro
Agosto de 2017
i
Examinado por:
______________________________________
Professor Jorge dos Santos, D. Sc., Orientador
______________________________________
Professora Alessandra Conde Freitas, D. Sc.
______________________________________
Professor Luís Antônio Greno Barbosa, M. Sc.
______________________________________
Professora Elaine Garrido Vazquez, D. Sc.
AGOSTO DE 2017
ii
DEDICATÓRIA
Dedico meu trabalho final de graduação aos meus avôs Otacílio (in memoriam) e
Vicente (in memoriam), operário da Construção Civil durante toda sua vida, que
apesar de todas as dificuldades enfrentadas, transmitiram os valores de honestidade e
respeito aos meus pais, que o mesmo por mim fizeram.
iv
AGRADECIMENTOS
Obrigado aos meus pais, Tânia e Melque, por confiarem em mim ao longo de
toda minha vida acadêmica, me apoiando nas minhas escolhas profissionais, ainda que
não fosse a mesma que eles escolheriam caso pudessem. Devo a ambos, os valores
de honestidade e responsabilidade que tenho hoje. Minha eterna gratidão e amor a
vocês.
Agradeço aos meus avós Otacílio, Nida, Vicente e Bel, por terem conduzido
com maestria suas famílias, apesar de suas origens humildes e; que por tantas vezes
tomaram conta de mim e da minha irmã quando éramos pequenos para que nossos pais
trabalhassem.
Agradeço aos meus tios Wiliam, Luciane, Patrícia e Queila, que sempre
estiveram presentes em toda minha vida, me tratando com muito afeto e celebrando
comigo todas as minhas conquistas.
AGOSTO/2017
Após eventos como a criação da Agenda 21 na Conferência das Nações Unidas sobre
o Meio Ambiente, a Eco’92, no Rio de Janeiro, os sistemas de certificação ambiental de
edificações se proliferam. Isso se proporciona com o crescimento da consciência de que
a atividade da construção civil gera impactos ambientais uma vez que é responsável por
grande parte do consumo de recursos naturais e energia, além dos danos causados
pelo descarte de seus resíduos. No Brasil, já existem iniciativas próprias baseadas em
modelos internacionais e diversos empreendimentos já certificados ou em processo de
certificação. Esta certificação é concedida de acordo com o desempenho do edifício
perante critérios ambientais estabelecidos, organizados por categorias. Este estudo
consiste em uma apresentação teórica e contextualização do tema “certificações
ambientais”, com foco nas certificações ambientais de edifícios. Serão apresentados os
principais modelos internacionais como por exemplo LEED, AQUA-HQE, e os brasileiros
como Selo Casa Azul e PROCEL Edifica, destacando suas características e
metodologias de implantação, bem como uma análise crítica e comparativa entre eles,
avaliando sua adequação à realidade brasileira e mostrando a influência que a
crescente adoção dos mesmos exerce sobre as atuais práticas do mercado da
construção civil nas fases de projeto, execução e uso das edificações. Por fim, serão
realizados dois estudos de edificações brasileiras existentes que receberam a
certificação LEED™, ilustrando o processo descrito na parte teórica, mostrando os
resultados obtidos e a serem alcançados e; apontando as dificuldades e peculiaridades
de cada um desses casos.
AUGUST/2017
After events such as the creation of Agenda 21 at the United Nations Conference on the
Environment, Eco'92, in Rio de Janeiro, green building certification systems have
proliferated. This is provided by the growing awareness that construction activity
generates environmental impacts since it is responsible for much of the consumption of
natural resources and energy as well as the damages caused by the disposal of its
waste. In Brazil, there are already own initiatives based on international models and
several projects already certified or under certification process. This certification is
granted according to the performance of the building before established environmental
criteria, organized by categories. This study consists of a theoretical presentation and
contextualization of the theme "environmental certifications", focusing on the green
building certifications. The main international models will be presented, such as LEED,
AQUA-HQE, and the Brazilian ones as Selo Casa Azul and PROCEL Edifica, highlighting
their characteristics and implementation methodologies, also a critical and comparative
analysis between them, assessing their adequacy to the Brazilian reality and showing
the influence that the increasing adoption of them on the current practices of the market
of the civil construction in the phases of design, execution and use of the buildings.
Finally, two studies of existing Brazilian buildings that have received the LEED™
certification will be carried out, illustrating the process described in the theoretical part,
observing the results obtained and to be achieved and; pointing out the difficulties and
peculiarities of each one of these cases.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1
4.3. Treinamentos................................................................................................ 65
4.4. Comunicação................................................................................................ 66
4.7. Monitoramento.............................................................................................. 68
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................ 99
LISTA DE FIGURAS
Quadro 1a: Principais programas com finalidade de aferir rótulos ambientais, no mundo ........ 11
Quadro 1b: Principais programas com finalidade de aferir rótulos ambientais, no mundo ........ 12
Quadro 2: Normas sobre rotulagens e declarações ambientais, da série ISO 14.020............... 12
Quadro 3a: Principais sistemas de certificação ambiental no mundo (adaptada) ...................... 21
Quadro 3b: Principais sistemas de certificação ambiental no mundo (adaptada) ...................... 22
Quadro 4a: Outros sistemas de certificação ambiental no mundo (adaptada) ........................... 22
Quadro 4b: Outros sistemas de certificação ambiental no mundo (adaptada) ........................... 23
Quadro 5: Categorias de avaliação LEED v4. ............................................................................ 31
Tabela 1: Pontuação possível para o LEED BD+C v4, por categoria (no Brasil) ....................... 32
Tabela 2: Pontuação possível para o LEED ID+C v4, por categoria (no Brasil) ........................ 33
Tabela 3: Pontuação possível para o LEED O+M v4, por categoria (no Brasil) ......................... 33
Tabela 4: Pontuação possível para o LEED ND v2009, por categoria (no Brasil) ..................... 33
Tabela 5: Pontuação possível por categoria para o Referencial GBC Brasil Casa. ................... 35
Quadro 6: Categorias AQUA-HQE referentes à QAE do edifício ............................................... 38
Quadro 7: Pontuação mínima para os níveis de certificação Selo Casa Azul CAIXA ................ 44
Tabela 6a: Resumo das Categorias, critérios e classificação .................................................... 45
Tabela 6b: Resumo das Categorias, critérios e classificação .................................................... 46
Tabela 7: Limites de avaliação e localidades para o Selo Casa Azul nível bronze .................... 46
Tabela 8: Comparativo básico entre os processos (adaptada) .................................................. 54
Tabela 9: Scorecard MDA - Espaços Sustentáveis .................................................................... 74
Tabela 10: Scorecard MDA - Eficiência no uso da água ............................................................ 75
Tabela 11: Scorecard MDA - Energia e Atmosfera ..................................................................... 78
Tabela 12: Scorecard MDA - Materiais e Recursos .................................................................... 81
Tabela 13: Scorecard MDA - Qualidade Ambiental Interna ........................................................ 82
Tabela 14: Scorecard MDA - Inovação e Processos .................................................................. 83
Tabela 15: Scorecard MDA - Créditos de Prioridade Regional .................................................. 83
Tabela 16: Resumo do scorecard do Museu do Amanhã ........................................................... 84
Tabela 17: Scorecard do empreendimento. Pontuações obtidas. .............................................. 89
Tabela 18: Resumo do scorecard da Torre B. ............................................................................ 96
xii
LISTA DE ABREVIATURAS
CFC Clorofluorcarbono
GATT General Agreement on Tariffs and Trade (Acordo Geral sobre Tarifas e
Comércio)
GBC Brasil Green Building Council Brasil (Conselho da Construção Verde no Brasil)
LEED BD+C Leed Building Design and Construction (Leed Projeto e Construção de
Edifícios)
LEED EB-OM Leed Existing Building – Operation & Maintenance (Leed Edificações
Existentes – Operação e Manutenção)
LEED ID+C Leed Interior Design and Construction (Leed Projeto de Interiores e
Construção)
TI Tecnologia da Informação
1. INTRODUÇÃO
Nesse contexto, de acordo com Piccoli et al (2010) a construção civil é tida como
uma das atividades humanas que tem grande potencial de causar impactos ao meio
ambiente, seja pelo seu alto consumo de energia e recursos naturais, ou pela grande
quantidade de resíduos gerada.
Dessa maneira, indo além dos primeiros rótulos ambientais que surgiram no mundo,
voltados sobretudo para produtos como pesticidas, por exemplo, este conceito passa a
ser mais abrangente e surgem as certificações ambientais, que avaliam os
empreendimentos através de uma estrutura que estabelece critérios e listas de
verificação.
1.2. Objetivo
Este trabalho tem como objetivo apresentar um estudo sobre os principais
programas de certificação ambiental de edifícios adotados no mundo, enfatizando os
mais utilizados no Brasil. Com a pesquisa bibliográfica sobre o tema, procura-se mostrar
a estrutura dos processos usados no Brasil, ações sustentáveis adotadas pelas equipes
de projeto, etc. com a intenção de compartilhar informações, que em sua maioria não
são livremente fornecidas pelos principais detentores dos conhecimentos acerca do
tema: os consultores. A partir da caracterização destes modelos, poderá se fazer uma
comparação entre eles, verificando pontos comuns, categorias, exigências, prioridades
e se os critérios e parâmetros de cada modelo estão adaptados à realidade brasileira.
esclarecidos. É importante que se compreenda que isto não se trata apenas de obter
um selo para ser usado como diferenciação mercadológica mas sim garantir que os
processos e sistemas na construção civil, atividade causadora de grandes impactos
ambientais, sejam cada vez mais sustentáveis nas esferas ambiental, social e
econômica.
1.4. Metodologia
A metodologia utilizada para a realização deste estudo consistiu em uma análise
teórica e prática do tema central do trabalho: certificação ambiental de edifícios.
O selo verde é o nome genérico para qualquer programa que verifica a proteção do
meio ambiente ou a adoção de mecanismos limpos de produção.
políticas setoriais articuladas por parte dos municípios, com destaque à política de
gestão dos resíduos sólidos a qual originou a Resolução nº 307/02 do Conselho
Nacional do Meio Ambiente (BRASIL, 2002).
Vale lembrar que apesar das certificações ambientais de modo geral consistirem
numa avaliação abrangente do desempenho de um produto ou sistema considerando
exclusivamente parâmetros ambientais, no contexto brasileiro, como um país em
desenvolvimento e ainda num processo de crescimento deste mercado de certificações,
tais parâmetros podem e devem proporcionar ganhos nas esferas social e econômica,
o que vai de encontro com o conceito de sustentabilidade aqui exposto.
10
Mas foi a partir dos anos 70 que a questão ambiental ganhou certos destaque na
comunidade de forma geral, aparecendo algumas iniciativas de avaliação ambiental
focadas na questão energética. Em 1977, o governo alemão lança o primeiro programa
oficial de rotulagem ambiental, o Blau Engel. Este selo representava inovação no
mercado por avaliar o impacto do produto de forma mais abrangente e independente,
conferindo assim, maior credibilidade (GODOY e BIAZIN, 2001).
Até fins da década de 80, com a tendência crescente demonstrada por certos
segmentos do mercado em utilizar seu poder de compra para assegurar a melhoria
ambiental, optando por produtos menos prejudiciais, os produtores passaram a
incorporar cada vez mais, em suas estratégias de comercialização, o uso de rótulos com
declarações relativas ao produto em si, como a biodegradabilidade ou sobre o seu
processo de produção, como o uso de material reciclado ou a ausência de gases que
afetam a camada de ozônio (VIDIGAL, 2013).
Dessa forma, após o Blau Engel (1977), sobretudo a partir da década de 90, surgem
diversos programas com finalidade de aferir rótulos ambientais, tanto em países
desenvolvidos quanto em países em desenvolvimento. Seguem os quadros 1a e 1b com
alguns desses programas (CORRÊA, 2011):
Após a escolha das categorias, a próxima fase consiste na definição dos critérios ou
requisitos ambientais para os produtos. Os principais levados em consideração são:
Ainda de acordo com Biazin (2002), esses critérios são traduzidos por indicadores
mensuráveis por métodos padronizados e formulados a partir da Análise do Ciclo de
Vida (ACV), conceito este já determinado anteriormente no item 2.3.
Com base nos resultados, são então definidos os requisitos exigidos para a
concessão dos selos aos produtos da categoria candidata, requisitos estes que são
definidos de forma a permitir que apenas uma parcela de produtos no mercado possa
atingi-los, garantindo assim a credibilidade do programa bem como estimulando a
concorrência e o aumento da confiança pública no programa.
A decisão final recai sobre os órgãos governamentais dos programas, com exceção
daqueles programas não governamentais. Assim que os critérios são aprovados e
divulgados, os produtores podem candidatar-se ao selo. Os produtos são, então,
submetidos a testes de conformidade aos critérios estabelecidos e são conduzidos por
instituições independentes. São realizadas inspeções e auditorias em fábricas. Os
critérios são revistos periodicamente e o certificado concedido possui um período de
validade.
15
Figura 2: Os cinco passos básicos para a obtenção de uma certificação. Fonte: Cartilha de
Certificação Ambiental do SEBRAE (2015)
16
Indo contra os preceitos estabelecidos pela ISO e pela Agenda 21, que defendem a
não criação de barreiras, rótulos ambientais podem ter estímulos completamente
contrários em países desenvolvidos e em países em desenvolvimento, podendo ser
usados com objetivo de diferenciação mercadológica: enquanto países desenvolvidos,
pioneiros na utilização de selos, passaram a utilizá-los como diferencial, tanto para o
mercado externo quanto para o interno, países em desenvolvimento, são pressionados
ou mesmo “obrigados” a adotar programas de rotulagem, não visando o mercado
interno, mas sim para não correr risco de ficar fora do mercado internacional.
Essa pressão do mercado pode levar à adoção de rótulos que não estejam adaptados
às particularidades e regionalidades de determinado país que o adota, produzindo selos
que não tem conexão com a realidade local e não fazem sentido.
Ainda segundo Godoy e Biazin (2001), em 1990, o GATT teve seu mandato ampliado,
elaborando assim uma agenda sobre meio ambiente, comércio e desenvolvimento, o
que culminou com a elaboração do Relatório Ukawa, que estabelecia que os rótulos e
certificados ambientais deveriam sofrer uma intensa fiscalização, uma vez que tinham
o poder de exercer grande influência sobre as condições de concorrência no mercado.
Podem existir ainda edifícios mistos, que incorporam em sua estrutura mais de
uma das tipologias citadas acima, mais usualmente constituindo-se de uma parte
comercial e outra residencial.
Dessa forma, pode-se dizer que uma edificação, por ser considerada um “produto”
complexo e com peculiaridades ao longo do seu ciclo de vida, exige um programa de
certificação para ter sua qualidade ambiental atestada (CORRÊA, 2011).
No que diz respeito a edificações, foco deste trabalho, entende-se que medidas como
adequação do projeto ao clima do local, minimizando o consumo de energia e
20
Japão BEAT
Noruega EKOPROFILE
Portugal LIDERA
Reino Unido PROBE – Reino Unido;
ECO EFFECT e Environmental
Suécia
Status of Buildings
Taiwan EEWH
Quadro 4b: Outros sistemas de certificação ambiental no mundo (adaptada). Fonte: Silva (2011).
de qualidade ambiental para este setor com o incentivo de pesquisas sobre práticas
sustentáveis na construção civil.
Pode-se dizer que esses programas foram precursores dos programas de qualidade
ambiental de edificações a surgir futuramente. Eles popularizaram os conceitos de
qualidade, facilitando a aplicação dos mesmos e estreitando a relação entre qualidade
e qualidade ambiental.
considerados aspectos que abrangem desde a escolha do terreno, que, entre outros
aspectos, deverá priorizar a preservação de áreas naturais, a proximidade de serviços
básicos, uma vez que inibe a necessidade do uso de automóveis para os deslocamentos
cotidianos.
3.6.1. LEED
O Leadership in Energy and Environmental Design (LEED™) foi criado em meados
dos anos 1990 pelo United States Green Building Council (USGBS), filial estadunidense
do World Green Building Council (WorldGBC). O LEED é um sistema internacional de
certificação e orientação ambiental para edificações utilizado em mais de 160 países, e
possui o intuito de incentivar a transformação dos projetos, obras e operações das
edificações, sempre com foco na sustentabilidade de suas edificações (GBC Brasil,
2017).
Figura 4: Abrangência do World Green Building Council no mundo (em verde claro). Fonte:
WorldGBC (2017).
De acordo com Corrêa (2011), cada filial do GBC escolhe ou desenvolve o método
que usará para certificação de qualidade ambiental de edifícios de acordo com as
particularidades do país membro onde está inserido. O GBC Brasil optou por utilizar o
processo LEED estadunidense já existente criado pelo USGBC, e o utiliza da mesma
forma como é utilizado nos EUA, sem adaptações.
Segundo o GBC Brasil (2017), o sistema LEED está atualmente na versão 4.0
(LEED™ v4), lançada em 2014. Com relação a versão anterior, v2009, o v4 possui
requisitos de sustentabilidade mais rigorosos, fazendo com que os impactos ambientais
e sociais associados as construções sejam menores, quando comparados com v2009.
Para que uma edificação adquira o selo LEED será preciso realizar o pedido de
certificação, que é o primeiro passo para obtê-la. Existem oito modelos diferentes de
certificação, cada um para um caso específico que geram um selo dentre os seguintes
(GBC Brasil, 2015):
Lojas de Varejo e; LEED for CI, para Interiores Comerciais, quando a loja
está localizada dentro de um edifício;
7) LEED™ Schools: reconhece o caráter único da concepção e construção de
escolas. Baseado no Sistema de Certificação LEED NC, aborda questões
como a sala de aula, acústica, planejamento central, prevenção contra mofo
e avaliação ambiental do local. Ao abordar a singularidade dos espaços
escolares e as questões de saúde infantil, LEED Schools fornece uma única
e abrangente ferramenta para as escolas que pretendem construir de forma
sustentável, com resultados mensuráveis;
8) LEED™ Healthcare: engloba todas as necessidades de um hospital, muito
distintas das de uma construção comercial. Estudos comprovam que, por
possuírem ambientes mais saudáveis e naturais, hospitais certificados
ajudam na recuperação do paciente, que inclusive é mais rápida que o
comum.
Figura 5: Tipologias LEED existentes no Brasil, versão LEED v4. Fonte: GBC Brasil (2017).
Pré-requisitos: são requisitos mínimos a serem atendidos pelo projeto, para que
o mesmo tenha direito a acumulação de pontos para certificação e, caso não
sejam atendidos, o projeto não poderá ser certificado.
Com relação aos Créditos de Prioridade Regional, cabe ressaltar que nas versões
anteriores ao v4, estes eram válidos somente nos EUA, já que este sistema lá foi
desenvolvido obviamente considerando as particularidades deste país. Devido ao
crescimento da demanda internacional por esta certificação e em atenção à
32
TIPOLOGIA
LEED BD+C
Novas Entorno e Lojas de Data Galpões e Centro Unidades
Escolas Hospedagem
construções centro varejo Centers de distribuição de saúde
Projeto Integrado 1 1 1 1 1 1 1 1
I. Localização e transporte; 16 20 15 16 16 16 16 9
II. Espaço sustentável; 10 11 12 10 10 10 10 9
CATEGORIA
Tabela 1: Pontuação possível para o LEED BD+C v4, por categoria (no Brasil). Fonte: Adaptado de
GBC Brasil (2017).
33
TIPOLOGIA
LEED ID+C
Interiores Lojas de
Hospedagem
comerciais varejo
Projeto Integrado 2 2 2
I. Localização e transporte; 18 18 18
II. Espaço sustentável; 0 0 0
CATEGORIA
III. Eficiência do uso da água; 12 12 12
IV. Energia e atmosfera; 38 38 38
V. Materiais e recursos; 13 14 13
VI. Qualidade ambiental interna; 17 16 17
VII. Inovação e processos; 6 6 6
VIII. Créditos de prioridade regional. 4 4 4
Total de Pontos Possíveis 110 110 110
Tabela 2: Pontuação possível para o LEED ID+C v4, por categoria (no Brasil). Fonte: Adaptado de
GBC Brasil (2017).
TIPOLOGIA
LEED O+M
Edificações Lojas de Data Galpões e Centro
Escolas Hospedagem
existentes varejo Centers de distribuição
Projeto Integrado 0 0 0 0 0 0
I. Localização e transporte; 15 15 15 15 15 15
II. Espaço sustentável; 10 10 10 10 10 10
CATEGORIA
Tabela 3: Pontuação possível para o LEED O+M v4, por categoria (no Brasil). Fonte: Adaptado de
GBC Brasil (2017).
TIPOLOGIA
LEED ND
Projeto Integrado 0
I. Localização inteligente e conexões 27
CATEGORIA
Tabela 4: Pontuação possível para o LEED ND v2009, por categoria (no Brasil). Fonte: Adaptado de
GBC Brasil (2017).
Vale observar que comparando estas tabelas podemos observar que nas tipologias
que utilizam as oito categorias padrão para avaliação do empreendimento (LEED BD+C,
LEED ID+C e LEED O+M), a maior possibilidade de pontuação é na categoria “Energia
e atmosfera”, ressaltando a maior preocupação do LEED com este aspectos.
34
Desenvolvido pelo Comitê Técnico do Green Building Council Brasil formado por
profissionais de empresas associadas, professores universitários e gestores públicos
convidados, totalizando cerca de 200 voluntários, o referencial fornece as ferramentas
e conhecimento necessário para projetar, construir e operar residências e edifícios
residenciais que possuem alto desempenho econômico, social e ambiental.
Tabela 5: Pontuação possível por categoria para o Referencial GBC Brasil Casa. Fonte: GBC Brasil
(2017).
36
Figura 8: Níveis de certificação Referencial GBC Brasil Casa. Fonte: GBC Brasil (2017).
O processo AQUA® pode ser considerado o primeiro (no âmbito das certificações
ambientais mais abrangentes, conforme o conceito apresentado no item 2.2.1) para
qualidade ambiental de edifícios que propõe critérios adaptados para a realidade
ambiental brasileira, inserindo o Brasil numa rede mundial de países (de predominância
europeia) com suas próprias certificações.
Energia e
Meio ambiente Conforto Saúde e Segurança
Economias
Categoria 1 Categoria 4 Categoria 8 Categoria 12
Edifício e seu entorno Energia Conforto Qualidade dos espaços
higrotérmico
Categoria 2 Categoria 5 Categoria 9 Categoria 13
Produtos Sistemas e Água Conforto acústico Qualidade do ar
Processos Construtivos
Categoria 3 Categoria 7 Categoria 10 Categoria 14
Canteiro de Obras Manutenção Conforto visual Qualidade da água
Categoria 6 Categoria 11
Resíduos Conforto Olfativo
critérios podem ser considerados como “Não Aplicáveis”, com uma regra de
combinações de níveis que culminam no resultado do nível de desempenho da
subcategoria. A classificação de desempenho das subcategorias, por sua vez, se dá por
bom (B), superior (S) ou excelente (E) e também possui uma regra de combinação por
níveis de desempenho, que resultam no nível de desempenho final da categoria, que
também é classificada como B, S ou E (CORRÊA, 2011). Dessa forma tem-se a seguinte
equação:
Equação 1
Para cada critério técnico avaliado em cada uma das 14 categorias, são definidos
quatro níveis de desempenho:
Figura 10: Perfil mínimo de desempenho para certificação AQUA-HQE. Fonte: Fundação Vanzolini
(2017).
Figura 11: O processo de certificação AQUA-HQE e as três fases de auditoria. Fonte: Fundação
Vanzolini (2017).
De acordo com JOHN e PRADO (2010), no manual de boas práticas do Selo Casa
Azul CAIXA, o método utilizado pela CAIXA para a concessão do Selo consiste em
verificar, durante a análise de viabilidade técnica do empreendimento, o atendimento
aos critérios estabelecidos pelo instrumento, que estimula a adoção de práticas voltadas
à sustentabilidade dos empreendimentos habitacionais.
Existem três níveis de gradação possíveis para o Selo Casa Azul: ouro, prata e
bronze, cujas pontuações mínimas são as seguintes:
Quadro 7: Pontuação mínima para os níveis de certificação Selo Casa Azul CAIXA. Fonte: CAIXA
(2017).
Figura 15: Níveis de certificação Selo Casa Azul CAIXA. Fonte: CAIXA (2017).
No que diz respeito às categorias e critérios do Selo Casa Azul, ainda de acordo
com o manual do Selo, são avaliados 53 (cinquenta e três) critérios, distribuídos em 6
(seis) categorias que determinam a classificação do projeto nos seus 3 (três) níveis
possíveis (ouro, prata ou bronze):
Tabela 6a: Resumo das Categorias, critérios e classificação. Fonte: Selo Casa Azul: Boas Práticas
para Habitação Mais Sustentável, CAIXA (2010).
46
Tabela 6b: Resumo das Categorias, critérios e classificação. Fonte: Selo Casa Azul: Boas Práticas
para Habitação Mais Sustentável, CAIXA (2010).
É importante ressaltar que o nível bronze do Selo será concedido somente aos
empreendimentos cujo valor de avaliação da unidade habitacional não ultrapassar os
limites da tabela abaixo (Tabela 7). Caso os valores de avaliação sejam superiores a
estes limites, o empreendimento deverá se enquadrar, no mínimo, no nível prata.
Tabela 7: Limites de avaliação e localidades para o Selo Casa Azul nível bronze. Fonte: Selo Casa
Azul: Boas Práticas para Habitação mais Sustentável, CAIXA (2010).
47
De acordo com o documento “Mudanças Selo Casa Azul” da CAIXA, este deve ser
utilizado em complementação às referências do manual. De modo resumido, segue
abaixo a lista dos itens que sofreram modificações em suas recomendações:
Critério Bônus: Foi criado um critério Bônus que contará como um critério de livre
escolha, proporcionando maior flexibilidade ao projeto na incorporação de itens
adicionais que contribuem para a pontuação e obtenção do Selo. O critério Bônus
consiste em itens de projeto não contemplados dentre os critérios do Selo e que
contribuem para a sustentabilidade do projeto, desde que previamente aprovados pela
CAIXA. Se aprovado, dá direito a pontuação.
Figura 16: Selo do Programa PROCEL Edifica. Fonte. PROCEL INFO (2017).
Figura 17: Origem da Etiqueta PBE Edifica. Fonte: PBE Edifica (2017).
Figura 18: Exemplo de etiqueta (ENCE) para edificação comercial, de serviço e pública. Fonte: PBE
Edifica (2017).
50
Figura 19: Exemplos de etiquetas (ENCE) para edificações residenciais. Fonte: PBE Edifica (2017).
Com relação aos critérios de avaliação, ocorre que nos edifícios comerciais, de
serviços e públicos são avaliados três sistemas (PROCEL INFO, 2017):
51
1. Envoltória;
2. Iluminação e;
3. Condicionamento de ar.
1. Envoltória;
2. Sistema de aquecimento de água e;
3. Sistemas presentes nas áreas comuns dos edifícios multifamiliares, como
iluminação, elevadores, bombas, etc.
Como a Etiqueta PBE Edifica tem como principal informação a eficiência energética
da edificação, ela recebe o nome de Etiqueta Nacional de Conservação de Energia
(ENCE) e esta classificação do nível de eficiência energética de um edifício pode variar
de A (mais eficiente) a E (menos eficiente), estando relacionada à pontuação total
alcançada pelo edifício, calculada com base no resultado da avaliação de cada sistema
individual associado a um peso (exemplos deste selo podem ser vistos nas Figuras 18
e 19).
Para obter o Selo, recomenda-se que a edificação seja concebida de forma eficiente
desde a etapa de projeto, ocasião em que é possível obter melhores resultados com
menores investimentos, podendo chegar a 50% de economia. A metodologia de
avaliação da conformidade está descrita no Regulamento para Concessão do Selo
Procel de Economia de Energia para Edificações, bem como nos critérios técnicos
específicos e baseiam-se no Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de
Eficiência Energética em Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos (RTQ-C) e no
Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética em
Edificações Residenciais (RTQ-R) do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE Edifica)
(PROCEL INFO, 2017).
Assim como para a obtenção da etiqueta PBE Edifica, nos edifícios comerciais, de
serviços e públicos são avaliados três sistemas: envoltória, iluminação e
condicionamento de ar. Nas Unidades Habitacionais são avaliados: a envoltória e o
sistema de aquecimento de água.
Por outro lado, o Selo Procel Edificações, outorgado pela Eletrobras, objetiva
premiar as edificações que apresentem as melhores classificações de eficiência
energética em uma dada categoria, classificações estas informadas através da Etiqueta
PBE Edifica. Este selo identifica as edificações que apresentem as melhores
classificações de eficiência energética em uma dada categoria. Sendo assim, só podem
receber o selo as edificações que obtiverem ótimo resultado na avaliação do programa
(RANGEL, 2015).
Tabela 8: Comparativo básico entre os processos (adaptada). Fonte: CORRÊA (2011) e o autor.
Ainda com relação a essa classificação, o Selo Casa Azul somente disponibiliza um
manual geral para seu processo, e este selo somente se aplica a empreendimentos do
ramo habitacional, não contemplando outras tipologias. Diferente disto, o PROCEL
Edifica, disponibiliza dois referenciais distintos já explicitados no item 3.6.4.1: o RTQ-C
para edifícios comerciais, de serviço ou públicos e o RTQ-R para edificações
residenciais.
de avaliação, de maneira mais objetiva (pontuação) para cada critério atingido. Este selo
possui critérios que valorizam o aspecto ambiental da sustentabilidade, dando atenção
aos recursos, materiais e energia, mas não valorizam tanto o aspecto social.
O Selo Casa Azul, assemelha-se ao LEED no fato de que sua estrutura de avaliação
também se dá por meio de um checklist, o que torna sua execução mais simples. Dentre
os sistemas analisados, o Selo Casa Azul possui a metodologia mais simplificada de
aplicação. Isto acontece não só pelos critérios que podem ser facilmente atendidos, mas
também pela clareza e detalhamento das informações apresentadas no guia.
3.6.5.4. Enfoque
Sobre o enfoque de cada um dos modelos, é notório que o LEED e o PROCEL
Edifica são voltados para eficiência energética. O primeiro, apesar de considerar outras
7 (sete) categorias de interesse, sempre apresenta em seus referenciais uma
quantidade maior de pontos possíveis de serem obtidos (entre 30 e 40) na categoria
“Energia e Atmosfera” (tabelas 1, 2 e 3). Já o PROCEL Edifica é voltado completamente
para eficiência enérgica, tendo inclusive como selo que identifica o nível de classificação
a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE).
de serem adotados ou não, justificando as ações que não podem ser atendidas por
questões de inviabilidade econômica.
O processo AQUA-HQE, por sua vez, é concedido ao fim de cada fase a ser
avaliada: pré-projeto, projeto e execução. Cada certificado das duas primeiras fases é
valido até a emissão do certificado da fase seguinte. O último (fase de execução) tem
validade de 1 (um) ano e não se renova automaticamente.
índice de eficiência energética antes aprovado pela OIA contratada para o processo de
concessão do selo.
Por outro lado, não necessariamente esta incorporação dos conceitos sustentáveis
esteja ocorrendo, mas sim uma relação de dependência com o consultor, uma vez que
ainda existem projetos ditos “comuns” e os “para certificação”. Esta dependência pode
ser nociva para a disseminação dos conceitos, podendo gerar uma diferenciação
mercadológica para quem conta com esse serviço de consultoria, que pode ser visto
como elitizado, quando na verdade deveria ser internalizado por todos (CORRÊA,
2011).
do projeto a ser desenvolvido. Em seguida deve ser selecionado com base no perfil, o
profissional a ser designado.
4.2.1. Materiais
Nota-se como ponto positivo o fato de que, diante das exigências dos processos de
certificação, o fornecedor brasileiro passa a ser questionado não somente sobre prazos
e custos, mas também sobre a procedência de sua matéria prima e sobre a formalidade
dos serviços empregados para produzi-la, perguntas com as quais muitas vezes não
está acostumado e não sabe responder.
Desta forma, utiliza-se muitas vezes estas informações como “propaganda verde”
enganosa, já que a intenção muitas vezes é somente conseguir o certificado (LANNOY,
2013).
Outra ação que pode ser tomada pelo construtor é exigir a rastreabilidade dos
resíduos através de controle, bem como registro dos processos de seleção da
transportadora. Isso faz sentido no Brasil, já que a informalidade documental deve ser
tratada com atenção.
4.3. Treinamentos
A implementação de um sistema de gestão para a obtenção de uma certificação
ambiental envolve, muitas vezes, mudanças culturais na organização, o que é algo a
que se deve prestar atenção. Nesta fase, a capacitação e o desenvolvimento de ações
de apoio são necessárias para o efetivo cumprimento dos objetivos e metas ambientais.
Possíveis temas a serem abordados são: visão geral de meio ambiente, coleta
seletiva, contaminação de solos, qualidade do ar nos sistemas de obra, preservação
dos corpos d’água, produtos contaminantes, benefícios de um edifício sustentável,
fauna, aquecimento global, etc.
4.4. Comunicação
Deve-se estabelecer um sistema de comunicação eficiente que alcance todos os
agentes envolvidos, sejam eles participantes da equipe do empreendimento ou outras
partes interessadas, como os futuros proprietários e a vizinhança do empreendimento
(com canais específicos). É preciso definir o que comunicar a cada um, em função das
responsabilidades específicas.
4.5. Normatização
No Brasil, a falta de procedimentos homogêneos de projeto, execução, controle,
uso e manutenção de elementos tradicionais das edificações é um dos problemas para
o estabelecimento de contratos na construção civil, seja entre agentes públicos ou
privados.
Mesmo que esta normalização técnica seja importante, ela não é suficiente,
devendo ser complementada por documentos do tipo caderno de encargos, manuais
67
4.7. Monitoramento
O empreendedor deve implementar um método de monitoramento e análises que o
assegure da capacidade dos processos em alcançar os resultados planejados. Quando
os resultados planejados não são alcançados, devem ser efetuadas as correções e as
ações corretivas.
Quando o construtor concluir que nenhuma correção é possível de ser feita segundo
condições econômicas e técnicas aceitáveis, ele poderá pensar numa modificação da
perfil definido em projeto para aquele critério, desde ela continue a atender às
exigências mínimas da classificação solicitada ou obtida pelo projeto.
O autor deste estudo não teve participação nos projetos que são, aqui, usados
como objetos de estudo. Este fato certamente foi a maior dificuldade encontrada pelo
mesmo ao realizar esta pesquisa, uma vez que organizações como, por exemplo, a
Fundação Vanzolini (AQUA) e o GBC Brasil (LEED), responsáveis oficiais pela emissão
de certificados no Brasil, não disponibilizam documentos que apresentem muitos
detalhes sobre as etapas construtivas e ações adotadas pelos empreendimentos para
obter as certificações. Também foi encontrada certa dificuldade de contato com as
empresas responsáveis pelas consultorias de projeto prestadas aos empreendimentos,
bem como com profissionais responsáveis por edifícios atualmente em construção e
processo de certificação, para e realizar um estudo de caso sendo alguém que não
participa do projeto em questão.
Dessa maneira, a solução mais viável encontrada pelo autor foi a escolha de dois
projetos já finalizados e certificados, dentre vários que obtiveram destaque, sejam por
terem sido precursores ou por se tratarem de grandes empreendimentos com destaque
na sociedade. Assim, o Museu do Amanhã logo surgiu como uma boa opção para ser
estudado, uma vez que se tratou de um projeto ousado, que gerou bastante repercussão
na época de sua construção, até mesmo por fazer parte de um grande projeto de
revitalização da área portuária do Rio de Janeiro para os Jogos Olímpicos de 2016.
Graças a toda esta repercussão e posterior sucesso do museu perante a sociedade,
bastante material sobre conceitos de sustentabilidade foram disponibilizados pelos
envolvidos no empreendimento, como a Fundação Roberto Marinho, a consultoria da
Casa do Futuro e pela própria administração do Museu do Amanhã na página oficial do
mesmo.
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Figura 21: Museu do Amanhã, Rio de Janeiro. Fonte: MUSEU DO AMANHÃ (2017).
71
Figura 22: Construção do Museu do Amanhã. Fonte: Porto Novo S.A. (2014).
72
No que diz respeito à seleção do terreno, foi escolhida a região portuária, que foi
restruturada buscando através de transformações urbanísticas, melhoras sociais e
valorização ambiental com o objetivo de revitalizar uma das áreas da cidade que se
encontrava em estado de abandono. As reformas implementadas tinham o propósito de
desenvolvê-la economicamente, além de criar novas oportunidades de emprego,
moradia, transporte, cultura e lazer para a população local; aumentando a conexão com
a comunidade (CANAVITSAS, 2016).
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Figura 24: Vista da Praça Mauá a partir do Museu do Amanhã. Foto: Alexandre Macieira/Riotur.
Fonte: VisitRio (2017).
O museu possui área total de 34,6 mil metros quadrados enquanto sua estrutura
ocupa 15 mil deles, sendo cercado por espelhos d’água, jardim, ciclovia e espaço para
lazer, maximizando assim os espaços abertos, o que também é um dos requisitos desta
categoria. A seleção de pisos permeáveis de materiais como limestone e granito de
cores claras com o objetivo de contribuírem para a redução do efeito das ilhas vão de
encontro ao critério específico que trata dessa redução.
Tabela 10: Scorecard MDA - Eficiência no uso da água. Fonte: USGBC (2016).
76
A categoria Eficiência no uso da água tem como objetivo o uso racional da água
no edifício, e como pré-requisito uma redução do consumo de água do edifício em 20%,
em relação ao consumo médio padrão. No museu algumas soluções foram
implementadas para atender a categoria eficiência no uso da água.
O uso eficiente da água no paisagismo é garantido uma vez que água da Baía de
Guanabara é utilizada para abastecer os espelhos d’água presentes na área do museu.
Esses espelhos não têm função exclusivamente estética, pois contribuem para reduzir
em até 2 graus a temperatura ambiente. Além do mais, o projeto de paisagismo traz
espécies nativas e de restinga que necessitam de pouca rega, ressaltando a vegetação
típica da região costeira da cidade, com cerca de 6 mil m² de área de jardins.
Como tecnologias inovadoras para águas servidas, tem-se que o uso racional da
água no projeto do museu também se dá através do tratamento e reutilização das águas
de pias, lavatórios, chuveiros e chuvas, além do volume proveniente da desumidificação
do ar que, sozinho, pode render até 4 mil litros de água ao dia. Esse volume é reutilizado
servindo às descargas dos banheiros, à irrigação dos jardins e lavagem do chão, deste
modo reduzindo o consumo de água potável. Através da escolha de louças e metais de
alta eficiência, esta redução se torna ainda maior (CASA DO FUTURO, 2017).
Figura 25: Louças e metais de alta eficiência DOCOL utilizadas no Museu do Amanhã. Fonte:
AECweb (2017).
Figura 26: Sistemas de reuso de água adotados no museu. Fonte: Porto Maravilha (2015).
Figura 27: Captação de água da Baía de Guanabara para abastecer o espelho d'água. Fonte: Porto
Maravilha (2015).
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Figura 28: Iluminação Natural no museu e luminárias de LED embutidas na estrutura. Fonte:
Bontempo (2016).
Figura 29: Aproveitamento da luz solar no museu. Fonte: ENGº VAGNER LANDI (2015).
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Figura 30: Painéis fotovoltaicos instalados sobre a cobertura. Fonte: SKYSCRAPERCITY (2015).
Figura 31: Painéis de cobertura otimizando a captação da luz solar. Fonte: MUSEU DO AMANHÃ
(2017).
É exigido pelo LEED que no mínimo 35% do consumo seja de energia verde. A
matriz energética brasileira se baseia na energia gerada por hidrelétricas, que são
81
Tabela 13: Scorecard MDA - Qualidade Ambiental Interna. Fonte: USGBC (2016).
saúde dos ocupantes. Uma das ações foi a criação de um “Plano de Limpeza Verde”,
que recomenda o uso de produtos atóxicos e biodegradáveis na atividade.
Tabela 15: Scorecard MDA - Créditos de Prioridade Regional. Fonte: USGBC (2016).
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Com relação aos Créditos de Prioridade Regional que propiciam, de acordo com
as diferenças ambientais, sociais e econômicas existentes em cada país, prioridades
em cada local, englobando todas as ações aqui já expostas, tem-se que foram obtidos
os seguintes: otimização da performance energética, paisagismo com uso eficiente de
água, tecnologias de tratamento de esgoto inovadoras e redução da utilização de água
(USGBC, 2016).
tem área de estacionamento para veículos, o que inviabiliza a criação de uma área
reservada para estacionamento de veículos de baixa emissão.
De acordo com a Casa do Futuro, foram adotados recursos para que o museu
contribua positivamente para a redução do problema das enchentes na região, porém
não foram explicitadas ações para tal, que devem ser modestas, visto que não houve
pontuação no crédito relativo a projeto para águas pluviais e controle de quantidade das
mesmas. Ainda nesse quesito, as águas pluviais são captadas por calhas na
cobertura e utilizadas como fonte complementar. Porém não é feito o controle de
qualidade da mesma já que é utilizada para fins não potáveis como irrigação de
jardins, descargas dos vasos sanitários e lavagem dos pisos das áreas molhadas e,
portanto, o crédito relativo ao controle de qualidade das águas pluviais também não
foi recebido,
Por prover apenas 7% da energia utilizada pelo edifício, através do seu sistema
de geração de energia solar, foram obtidos apenas 4 dos 7 pontos possíveis no
critério “geração local de energia renovável”.
No que diz respeito à qualidade ambiental interna, alguns créditos não foram
obtidos pois a única estação de monitoramento do ar externo se encontra a cerca
de 1,5 km do museu e é manual. Além disso não foi elaborado um plano de
qualidade do ar, antes da ocupação.
Outros créditos também não foram obtidos pois não foram utilizados materiais
de baixa emissão no que diz respeito ao uso de carpetes e sistemas de piso, bem
como de madeiras compostas e produtos de Agrofibras. Porém, outros materiais
com baixa toxicidade foram empregados.
Foi dito no item anterior, que o projeto privilegia a entrada de luz natural com
esquadrias de vidro na fachada e nas laterais. Porém, por se tratar de um museu,
nem todas as suas salas podem ser iluminadas de forma natural, para proteção das
suas exposições. Isto inviabilizou a obtenção dos créditos relativos a iluminação
natural, paisagem, vistas e luz do dia.
Fica claro com o sucesso do Museu do Amanhã, desde sua inauguração até os
dias atuais que em relação às questões ambientais e sociais, o projeto cumpriu com
o esperado e prometido, mesmo tendo sido alvo de muitas críticas e desconfiança
por parte da comunidade durante a fase de projeto e construção. Nele, foram
tratadas questões relacionadas ao transporte; gerenciamento das águas; tratamento
e colaboração com a limpeza das águas da Baía de Guanabara; utilização de
materiais ambientalmente amigáveis e renováveis; gestão energética extremamente
eficiente; redução do consumo de água; entre outras.
Atualmente, tem sua sede no bairro Campos Elíseos, na região central da cidade
de São Paulo e é neste local que a Porto Seguro obteve a certificação LEED® para a
construção da Torre B de seu prédio, localizado na Alameda Barão de Piracicaba,
número 618/634, também conhecido como Edifício Barão de Piracicaba.
O prédio, que foi finalizado em agosto de 2013, após 3 anos e 4 meses de obras,
é ocupado única e exclusivamente por funcionários da Porto Seguro e conta com 11
andares, possuindo capacidade de acomodar 1800 pessoas. Sua altura total é de 46,42
m e a área por andar é de 1.555,98 m².
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Figura 32: Edifício Torre B - Edifício Barão de Piracicaba. Entorno da região urbanizada. Fonte:
Porto Seguro S.A. (2013).
O objetivo da Porto Seguro era obter o certificado LEED-NC v.3 (2009), obtendo 60
pontos e alcançando a certificação nível gold (ouro). Conforme será visto adiante,
atualmente este certificado é classificado pelo USGBC como LEED® BD+C:NC e foi
concedido no ano de 2016.
Analisando os dados apresentados na tabela 17, pode ser observado que as únicas
categorias que obtiveram pontuação máxima foram a Eficiência no Uso da Água e
Créditos de Prioridade Regional. Vale a pena observar que a categoria que mais permite
a obtenção de pontos – Energia e Atmosfera – teve pontuação relativamente baixa
(8/35), permitindo a inferência de que talvez o Leed não fosse o certificado mais
adequado a ser pleiteado por esta edificação, uma vez que o enfoque LEED é em
eficiência energética.
Nos itens 5.3.1.1 a 5.3.1.7 são descritas as ações sustentáveis adotadas no edifício,
de modo a garantir a pontuação mínima exigida para a obtenção certificado LEED no
nível gold.
90
O edifício conta com 1.100 vagas para carros, que são distribuídas da seguinte
forma: 57 das 1.100 vagas (cerca de 5% das vagas) são demarcadas como “veículos
de baixa emissão”. Essas vagas estão localizadas mais próximas aos elevadores,
servindo de incentivo a utilização de carros com baixa emissão e consumo; cerca de 5%
das 1.100 vagas é destinada aos deficientes e também estão localizadas próximas aos
elevadores; o correspondente a 98% das vagas (1.080 das 1.100) estão alocadas nos
subsolos do prédio, diminuindo os efeitos da formação de ilhas de calor.
Figura 33: Vagas para automóveis com baixa emissão de gases e para deficientes. Ambas
localizadas próximas ao acesso aos elevadores. Fonte: Porto Seguro S.A. (2013).
Outros métodos que tornam o prédio mais sustentável são as vagas para bicicletas,
alocadas no 1º subsolo, incentivando a utilização desse meio de transporte que não
emite gases do efeito estufa; e a utilização de 48,8% da área livre de construção, que
corresponde a 2.101,41 m², para designação de área verde do terreno.
que 800 metros de um metrô ou trem, e com distância menor que 400 metros de pontos
de parada de ônibus. Essa facilidade de acesso ao transporte público acaba por
incentivar a população a usar este meio, que, por sua vez, contribui para menor emissão
de Gases do Efeito Estufa (GEE).
Figura 34: Vista externa do prédio. Entradas para pedestres e veículos. Fonte: Porto Seguro S.A.
(2013).
Existem também projetos de melhorias, que contribuirão para reduzir ainda mais o
consumo de água por ano, como a instalação de redutores de vazão nas torneiras em
geral e a instalação de válvulas Dual Flush (duplo fluxo) dos vasos sanitários.
Figura 35: Reservatórios de água localizados no alto das duas torres. Fonte: Porto Seguro S.A.
(2013).
Essa redução do consumo de energia foi possível por conta de ações como a
construção do prédio em pele de vidro, ou seja, os andares possuem muitos vidros de
alta eficiência com a capacidade de transmissividade (passar muita luminosidade), o
que possibilita a entrada de luminosidade, clareando a área de trabalho e permitindo o
desligamento de algumas luzes do edifício. Esse vidro colocado no edifício tem também
a capacidade de proteção, que diminui a passagem de raios ultravioleta (UV), fazendo
com que a área de trabalho aqueça menos, diminuindo os gastos com ar condicionado
para manter a temperatura ideal e, consequentemente, o consumo.
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Figura 36: Interior do edifício: iluminação graças a abundância de vidros. Fonte: Porto Seguro S.A.
(2013).
Figura 37: Botões do lado externo do elevador para direcionar as pessoas que irão para o mesmo
andar para o mesmo elevador. Fonte: Porto Seguro S.A. (2013).
5.3.3. Dificuldades
5.3.3.1. Compra de Materiais compatíveis ao LEED
A construtora responsável pela obra enfrentou uma grande dificuldade para
encontrar e comprar materiais que seguissem as especificações das normativas
americanas. Isso porque no Brasil, existe ainda uma grande dificuldade de encontrar
matérias-primas de qualidade e conhecimento restrito dos processos LEED, não
havendo muitos dados de aplicabilidade química e toxicológica, bem como sobre a
adequação destes produtos às normas requeridas no processo.
Diante desta percepção, a empresa concluiu que o dinheiro gasto para atender aos
requisitos da certificação pode ser considerado um investimento, pois, no futuro, ele
renderá lucros à mesma.
Outro ponto observado, que pode ser melhorado, é que os objetivos do projeto
devem ser determinados logo no começo. Inclusive a decisão de obter a certificação
LEED, pois, isso facilitaria a conquista desse objetivo.
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste trabalho, procurou-se cumprir com o objetivo determinado no
Capítulo 1, que era de apresentar um estudo sobre os programas de certificação
ambiental de edificações existentes no mundo, focando nos modelos de conformidade
mais utilizados no Brasil. Além disso, foi estabelecida uma reflexão sobre como a
adaptação dos certificados de qualidade ambiental de edificações à realidade brasileira
traz benefícios à sociedade local.
Conforme visto no item 3.5.1, no Brasil, somente em 2007 foi certificado o primeiro
empreendimento “sustentável” no país. Apesar de muito recentes, os certificados
crescem de forma exponencial por aqui. Vale lembrar que o mais utilizado ainda é o
LEED™, cujo modelo estadunidense desenvolvido pelo USGBC é aplicado em todo o
mundo, portanto, não adaptado ao contexto brasileiro. Outra certificação importante no
Brasil é o Processo AQUA©, modelo brasileiro baseado no reconhecido sistema francês
HQE. Ainda no grupo das certificações brasileiras, destacam-se o Selo Casa Azul
CAIXA, que aborda inclusive aspectos sociais e, o PROCEL Edifica, voltado para a
eficiência energética das edificações.
construção sustentável não é uma coleção de materiais eficientes mas sim, um conjunto
de soluções abrangentes e coerentes com o contexto local. Nesse sentido, não só
aspectos geográficos e climáticos devem ser considerados: o usuário local deve ser
visto como parte das soluções, proporcionando uma cadeia de conhecimento que
realmente configura que um empreendimento seja tido como “sustentável”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Disponível em:
<http://www.abnt.org.br/ certificacao/o-que-e> Acesso em: 19 abr. 2017.
JOHN, Vanderley Moacyr; PRADO, Racine Tadeu Araújo. Selo Casa Azul
CAIXA – Boas práticas para habitação mais sustentável. São Paulo: Páginas &
Letras – Editora e gráfica, 2010. Realização CAIXA. Disponível em:
<http://www.caixa.gov.br/Downloads/selo_casa_azul/Selo_Casa_Azul.pdf> Acesso em:
14 jul. 2017.
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LANDI, Vagner. Blog Urban Policy and Quality of Life. Disponível em:
<https://engvagnerlandi.com/2015/04/11/museu-do-amanha-no-rio-de-janeiro-tomorro
w-museum-in-rio-de-janeiro /> Acesso em: 10 ago. 2017.