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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHAO. Fundagdo instituida nos termos da LEI n2 5.152 de 21/10/1966 - Sao Luis/MA DIRETORIA DE AGOES ESPECIAIS - DAESP PLANO NACIONAL DE FORMAGAS DE PROFESSORES PARA A EDUCAGAO BASICA - PARFOR PROGRAMA DE DISCIPLINA 4. IDENTIFICAGAO: CURSO: Historia SEMESTRE: 2020.2 MUNICIPIO: Urbano Santos DICIPLINA/CODIGO: HISTORIA DO MARANHAO REPUBLICANO/COD.DEHI285 PROFESSORVA: Maria da Gléria Guimaraes Correia CARGA HORARIAIN® DE CREDITOS: 60 horas-aula PERIODO DE REALIZAGAO: 24/25 de julho, 31 de julho/01 de agosto, 07/08 e 14/15 de agosto 2. EMENTA Tensdes € confitos na transigao da Monarquia para a Republica, movimentos migratérios, ocupa¢ao e configuragao do espago em terras maranhenses; cultura € sociabilidades Maranhao na primeira metade do século XX. 3. OBJETIVOS 3.1 Geral objetivo primeiro da disciplina Histéria do Maranhéo Republicano é contribuir para a compreensao de que as configuragdes sociceconémicas, politicas e culturais observadas no Maranhao do tempo presente tém suas raizes nas experiéncias passadas, portanto, em histéria, consequentemente, podem ser mudadas. 3.2 Especificos Refletir criicamente sobre permanéncias e mudancas no Maranhao da Primeira Repiblica. Analisar discursos e praticas de dominaco politica e formas de resisténcia acionadas por homens e mulheres, nas terras do Maranhao em tempos republicanos, atentando para sua dimensao étnico-racial, de classe e outras variaveis definidoras de seu ser e estar no mundo, Entender que realidades sociais so construgdes que resultam de disputas de poder, negociacdes e conflitos entre concepgées e interesses divergentes, levando muitas vezes a posturas intolerantes diante do outro, do diferente, do inferiorizado sociaimente. 4. CONTEUDO PROGRAMATICO Consolidar 1CONTEUDO PROGRAMATICO. avangos @ vencer desafios Cidade Universitaria Dom Delgado ~ Prédio Marechal Castelo Branco ~ CAESP Av. dos Portugueses, 1.966 ~ So Luis/MA ~ CEP: 65080-805, Fone: (98) 3272-8078 / 3272-8047 Consolidar avangos @ vencer desafios UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHAO. Fundagdo instituida nos termos da LEI n2 5.152 de 21/10/1966 - Sao Luis/MA DIRETORIA DE AGOES ESPECIAIS - DAESP PLANO NACIONAL DE FORMAGAS DE PROFESSORES PARA A EDUCAGAO BASICA - PARFOR 4.1.1- Republica e republicanismo no Maranhao: permanéncias. raticas discursos, mudangas e 4.1.2 - Por campos e cidades: estruturas de dominagao e praticas de resisténcia de camponeses, indigenas, mulheres e outros 4.1 3 - Culturas religiosas, espagos de sociabilidade, sentimentos de pertencimento ¢ identidade no Maranhao do tempo. ‘5. COMPETENCIAS E HABILIDADES ESPERADAS. Ao final da disciplina, alunas e alunos de Historia do Maranhao Republicano deverao ter internalizado a compreensao da necessidade de permanente reflexao critica diante da vida, ou seja, deverao ter internalizado 0 entendimento de que o mundo/realidade em que vivemos é fruto de agdes humanas, do protagonismo, indiferenga ou omissdo de cada um e de todos acerca dessa mesma realidade. Percepgdo que leva 4 desnaturalizagéo 0 que foi social e historicamente constituido, por conseguinte, a compreensdo de que podemos e devemos interver na realidade que nos cerca, com 0 objetivo de um mundo melhor. 6. METODOLOGIA ‘Ainda que remotamente, os conteddos da disciplina serao ministrados por meio de aulas expositivas e dialogais, leitura e discussao de textos historiogréficos, mas também contara com outros testemunhos das experiéncias passadas e do tempo presente, tais como documentarios, cangées e poemas. 7. RECURSOS DIDATICOS © principal recurso para o desenvolvimento da presente disciplina serao os textos, Depois dé reclamar garantias 4s autoridades para que os republicanos tivessem possibilidades de se reunirem livremente, faz Sousindrade a irénica observagao: “Por mim guardei uma pedrinha, material diamantina a0 monumento da republica”.' Diversas conferéncias foram realizadas ainda no segundo semestre del889. Por ocasiao das eleigdes para a Camara Geral, realizadas em 30 de agosto de 1889, 0 poeta 101 Qg jomais que publicavam noticias sobre a existéncia de clubes republicans sendo criados no Maranhio ¢ que estavam ligados aos partidos mondrquicos so os seguintes: a Pacotilha, O Diario do Maranh4o, O Globo ¢ © JA citado Commécio do Maranhio, 102 5m o*Globo” de 1 de dezembro de 1889 foi publicado uma carta de José Picot, dono do Hotel de Franca, local em ‘que os republicanos reuniam-se inicialmente para suas discussdes € posteriormente para as conferéncias publicas. - 13 Ver O Novo Brazil, SdoLuis, 16 mar. 1889. 44 © clube republicano de Sdo Luis recebeu correspondéncia enviada por Saldanha Marinho informando sobre o Congresso Federal Republicano que se realizaria no Rio de Janeiro no final de 1888. O escolhido para representi-lo foi Paula Duarte, que acabou recebendo convite de Campos Sales para ir até Sio Paulo, onde estudaram juntos, e também a Minas Gerais como conferencista a pedido do Partido Republicano. Ver O Novo Brasil, 8 set.1888; 7 nov.1888; 15 nov. 1888; ¢ O Diario do Maranhio 29 out. 1888. 105 Ver © Novo Brazil, Sao Luis, ago. 1889. age Sousfndrade lancou-se deputado. Embora tenha sido derrotadc, sua candidatura demonstra que os republicanos estavam mais confiantes com o crescimento de suas idéias. Em Cururupu (litoral ocidental maranhense), segundo carta do republicano Fabricio Caldas d Oliveira, ocorreu algo insolito: ali, os republicanos definiram que nenhum dos membros do clube deveria votar em candidatos dos partidos monarquicos nas eleigdes de 31 de agosto de 1889 para a Camara Geral; todos, sem excegio, deveriam praticar a abstengao. Porém, dois deles, Manoel Pires da Fonseca e Raymundo Epimaco d’ Oliveira (irmao do remetente) desrespeitaram a deliberagio e foram expulsos do clube.!©” Por ocasido da visita do Conde d'Eu a Sio Luis ocorreram também algumas manifestagdes de carater republicano. Para deixar bem claro o descontentamento com a presenca dessa personalidade na cidade foi fundado o Jornal “A Luz”, Seu editorial de langamento é bastante claro sobre o que pretendia enquanto orgao anti-monarquico e republicano: Traz como bandeira a gloriosa Idea republicana, de que sera campedo humilde, mas esforgado. E seu intuito combater ardentemente em prol da causa sancta da democracia brasileira, victimada por uma classe de principes ineptos ou fanaticos que engordam a custa do suor da nagdo para melhor feril-a em suas liberdades e em seu desenvolvimento e progresso. Urge que desfechemos o supremo golpe na caduca instituigdo monarchia, nos esphacedos partidas que a sustentGo. ainda que em aparencia tao somente, finalmente nos tyranos caducados de que se compée a familia privilegiada que nos governa e que svmelhante a parasita enfezada enrosca-se obstinadamente na grande drvore nacional.’ Esse jornal teve vida curta, porém, seus poucos niimeros possuem textos bastante enfaticos de repidio a- possibilidade de um terceiro reinado. De fato, a estadia de Conde D'Eu em Sao Luis foi bastante conturbada, pois os estudantes do Liceu maranhense organizaram uma série de manifestagdes em que davam “vivas a Republica” e “morras “a monarquia”.'” Essas manifestagdes, em que utilizavam a bandeira dos Estados Unidos, Jevaram a demissao do inspetor de instrugao publica, conego Leopoldo Damasceno. 1° Ia bid. ‘® Ver Pacotilha, Sao Luis, 23 out. 1890. 108 « passagem de Conde D'Eu por Sdo Luis foi marcada por uma série de manifestages pré republicanas organizadas tanto pelo clube quanto pelos estudantes do Lyceu. Em fungdo das manifestagdes dos estudantes 0 Inspetor de instrugdo Publica acabou sendo demitido de sua fungado 2cusado de ndo ter impedido essas manifestagSes, Silva Jardim, que esteve em varias capitais de provincias do Nordeste para organizar manifestagSes contra o 3° Reinado, ao que tudo indica ndo chegou até Sao Luis, pois os jornais no falam de sua estadia na cidade. \ Ver Pacotilha, Sao Luis,4 jul. 1889. ouvayqnday opywd O ‘OWy f ‘IHOOATVSVO ‘19 dQ y ‘dD 28.09 wony ‘Oo '§ [eeag Op void oysvuiog cINeY ‘NVATANOIAG [0 “do Cee Vinneaee ‘sean one ng “ “1C-0€ 4 “g661 ‘tinsesg op apepisssAtUE] CLONpY ceTpISeag “Ie 2° “po '¢ ‘sewwToud snos op stxtid 9 OsuNdSIp ‘sOurayIs¥.iq SOpHud sop Tuo ISI eS NS A ow ‘epoour-joded op opSeziuoure ‘opesogrya ajuaurerAaid oueyd wm woo opsoor op opsesnumurca epider op sorut SOP OWUITAJOAUASIp 2 saI21j Sop ogdSnpar ‘spepoudosd op onamp o opuryrodsar ‘opsismbe ens antpiqissod anb visa} up fo] ‘ojuaurrodtopiode nas 9 Oulsua ap apepsoqty ‘serouyaozd 9 sordiorunu sor erwouojne euayd ‘o10a OP OjUSUMT eye :sayUINdes SO 95-nreNXe sud} O}Ue] DU “"wsuaIXa ed oud OME a1ouigey op runiosnieyd y ww "LA ‘gz 'd ‘9261 -edauQ-eyTy coed ORs ‘Pa “gp BINGnday Ep BaddUIs eng si OUOTT WAYESYE on ‘ooinbiguow aunSas op ogdeyuaysns ap saseq seu OANEOYIUSIs a}JseBsap wn nosoacd ORd]Oqe B BNA} BLOF OWOD BULOJ B anb epsJooUCD ,, SaJOpeUOIsiy SOP BUOIRWT Y “golqnday & opuswejooid a einbseuoyy & Opueqnusp ‘sapod o opurwo} “6gg] ep OJquieAcu 2p S| We opeysq ap adjod wn sep e eossUOy Bp OLOPOIG] [BYSTEU O WRIJOOUBAUOD OWOIPXA Op OsjUap sojuayUOosep soIBUTW so a ssa seUI, @ OMOURL ap OMY Op souRdI|qndas so ‘(eisyneg ouroigndoy opie ou sopeziedio) omeg oes op gJeo Op soLepuszey SO d1]Ua OINJUC WL) ‘apepaioos Ep sasoJes sop soynu eIIBUNe ef OBdUssIIESUI B “W2I0d 1p Souratqndas SOp OWsWIOSe!D O itpedull OpuRsIA seULIOJel ap oLas PLN Japuaesduo B WesEdsawos sivioqi| SO “6ggl ap OUIN Wea CjeIg CINE sJeUIGeD Op ORSUDZOSE B WOD soyqndoy ep ovsemeyoad y SZ ‘opus euowitid we eARorgnd se a sieloyo sagseuLojur se eIqadal aonb olseIp 9sSa a]Uaos wid ‘OUJZACS Op soyaioap so Jeorgnd esed opeziyiin Jos ap waye siod “eostaoid Bjunf ep (osorsyo) jBIoyo orSio wa ‘eoyqndey ep ogdeuepooid e woo ‘nouojsueyy as jewiof otusow oss ‘ourorqndes ousea03 wn 9 ooinbsguouwl oWJaA0s win aque eduasajip zB seoydxa eoljepip ajueyseq esjouRW ap nomooid onb ule ‘.wlopiv0wap ap Saspyunf SDIYDIg,, BUNJOO B QOH oO we Joaososa @ nossed opeipugsnos epod O ory ON@URL ap ony ou ‘vaygnday Y woo BleZly BAN\LOO| ounumgd enb or owrxoud ofje — seueorqndar selapl se ONeqe BABISa [BIoJaWOD [BWO! 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Outro fator que a historiografia procura destacar como essencial na queda da Monarquia diz respeito ao papel do Exército brasileiro. Para uns, 0 Exército foi manipulado pelos civis e para outros, ao contrario, foi o propulsor do movimento que levou a proclamagao da Republica. De fato, boa parte dos militares do Exército havia aderido ao republicanismo por influéncia das idéias positivistas, no entanto, havia poucos oficiais de alta patente entre os republicanos. Nao se pode tratar a queda da Monarquia partindo apenas de um fator basico. E preciso que se verifique as transformag6es pelas quais passava 0 pais naquele momento historico, O aparecimento de novas camadas urbanas, gragas ao crescimento do setor de servigos; a lei eleitoral de 1881, que excluia a maioria de participar do processo eleitoral; a aboligao sem indenizacio; a falta de uma politica voltada para a substituigao do trabalho servi! pelo livre; o descontentamento militar, a relagio da igreja com o Estado, e o crescimento dos clubes e partidos republicanos na maioria das provincias, principalmente no eixo econdmico que sustentava o Estado no momento (Centro-Sul), enfim, um Jeque de fatores levou ao conluio que provocou a tomada do poder e instalagao do regime republicano.'” Mas, como foi recebida em Sio Luis e no restante do Maranhio a noticia dos evemtos de 15 de novemibro, ocorridos 70 Rio de Janeiro? Paulista (1889-1926). Sdo Paulo, Brasiliense, 1987, COSTA, Emilia Viotti da. Da monarquia a Republica — momentos decisivos. 5. Paulo, Grijalbo, 1999; COSTA,. Cruz. Pequena histéria da Republica. Rio de Janeiro, 2. ed., Civilizagdo Brasileira, 1972; "3 COSTA, Emilia Viotti da. Op. cit., p. 454-460. 47 Conforme se viu, durante 0 ano de 1889 a idéia de Republica criou corpo na provincia do Maranhio. O crescimento do movimento republicano local turna-se evidente quando se observa que no ano de 1887 havia apenas um clube organizado (cm Cururupu) ¢ em meados de 1889 esse nimero havia se elevado para quatorze.'"* Além disso, foram criados dois jornais voltados especificamente para a propaganda dessas idéias. Alias, durante esse ano’o sertio vivia um momento de euforia. Identificou-se naquela regiao, a existéncia de onze clubes republicanos em pleno funcionamento ¢ pode ser que outros tenham existido. Segundo Abranches, no final de 1889, Barra do Corda era um centro febril de atividade Tepublicana, funcionando como “Diretorio Central” para todo o Alto Sertao.!"* Se no sertio a situagfo era um tanto quanto tensa, beirando a violéncia, principalmente na regido do Grajau, devido as disputas politicas entre os liberais (que se diziam republicanos) e os conservadores, em So Luis o ambiente era outro. Os republicanos ludovicenses trilharam um caminho diferente. Os textos do “Novo Brazil” enfatizavam a idéia de que era preciso que a mudanga de regime se fizesse sem traumas, alterando as estruturas de mando, permitindo que todos tivessem acesso 4 cidadania pelo voto. A idéia de cidadania e participagao popular fica bastante evidente no artigo publicado em “O Novo Brazil”, que procura estabelecer as diferencas entre a Monarquia que existia e a Republica que pretendiam: Monarquia - é um governo de privilégio, da vontade de um homem. Republica é 0 governo da opinidio pitblica, do desejo de uma nagdo. Monarquia - é 0 povo governado. Republica - 0 povo se governa, delegando embora os servigos da administragao nas mdos de alguns homens que so se ocupam de politica. Monarquia - é um governo de uma pessoa, impopular, Republica - 6 um governo de sociedade, popular. Monarquia - o Sr. do paiz tem o poder de heranga. Republica - 0 chefe de Estado tem o poder por que a patria existe e o encarrega dell. : Monarquia - os governados sao chamados de suditos pelo Sr. Republica - séo chamados cidadéos pelo cidadéo presidente.'"® Foi com essa idéia de Reptiblica que boa parte dos republicanos de Sao Luis viram os acontecimentos de 15 de novembro. Os editoriais dos jornais, que em um primeiro momento foram apaticos aos primeiros telegramas da Corte ~ salvo 0 “Globo” -, aos poucos "4 Vilas onde foram organizados os clubes republicanos: S4o Luis ¢ Cururupu (Baixada e litotal), Codd, Caxias, s e Sao José dos Mattes (Médio Sertio); ¢, Picos, Carolina, Grajati, Loreto, Barra do Corda, Riachio, Imperatriz, Pastos Bons, Mirador (Alto Sertio). "'S ABRANCHES, Dunshee de. 1993 Op. cit.. "6 Ver O Novo Brazil, S40 Luis,7 jul. 1889, 48 foram sendo inflamados pelas noticias que chegavam pelo Unico aparelho de telégrafo da cidade, sob controle do governo. O “Globo”, ao dar a noticia da proclamagio da Repubsica, foi bastante elogiiente e enfatico: “O povo brazileiro contempla hoje o horizonte ‘da sua libertagao. (...) A ‘humilhagio nao sera mais a partilha de nds todos, cada um dos nossos filhos podera repetir orgulhoso e sombranceiro — nao temos mais um senhor”."!? Devido a essa simpatia manifesta pelos eventos ocorridos na Corte, no dia 17 de novernbro de 1889, sua sede quase foi depredada, principalmente pelos libertos do 13 de maio que viam 0 novo regime a partir do olhar daqueles que estavam perdendo o poder, isto ¢, os monarquistas: temiam que a Republica trouxesse de volta o jugo da escravidao. Os Animos exaltaram-se tanto que a policia acabou por intervir e 0 resultado foi de extrema violéncia para os revoltosos : quatro mortos e mais de uma dezena de feridos, dentre estes, varios tiveram parte de seus membros amputados em funcio dos ferimentos recebidos. A violéncia do dia 17 de novembro levou, como aponta Abranches, a Junta Provisoria de Barra do Corda, em sessiio secreta, a romper com a Junta Governativa de Sao Luis, chegando a propor que caso o Govemo Provisério sediado no Rio de Janeiro nao tomasse providéncias, eles mesmos fariam “descendo parte dos nossos homens armados para Sao Luis, a fim de restabelecer a moralidade e a ordem na administrago publica”.''* Imediatamente apés a tentativa de depredagio de o Globo, o Jomal publicou um artigo de Sousandrade intitulado “Proclamagio ao povo”, em que canta o novo regime de forma a buscar convencer a populacao a aderir."”” E um artigo militante partindo do principio de que uma nova era estava s¢ iniciando; que a Monarquia significava passado e atraso e a Republica trazia a idéia de luz, de progresso, de liberdade, de igualdade e alegria universal. Em Sao Luis, devido 4 violéncia com que foram tratados pela policia os manifestantes do episodio do dia 17 de novembro, somente a partir de 20 de novembro é 1!) Ver o Globo, Sdo Luis,16 nov. 1889. "8 ABRANCHES, Dunshee de. 1993, Op. cit., p. 198-199. "9 Ver O Globo, Sao Luis,19 nov. 1889. io as manifestagdes realizadas em praga publica favoraveis ao novo regime,. parti dessa data, a imprensa aponta onze passeatas em apoio ao novo regime, promovidas por estudantes, trabalhadores da prensa, caixeiros, fincionarios publicos etc. Por outro lado, sfo incontaveis as declaracdes de adesao claramente circunstanciais que vinham através de cartas de juizes, delegados, presidentes de Camaras Municipais, {azendeiros espalhados pelo interior e funcionarios publicos em cargos de chefia. Elas fazem parie de outro tipo de adesdo: aquela de carater meramente politico e interesseiro, fruto do desejo de permanecer nas fungGes publicas e de estar proximo ao poder para dele continuar a usufruir, tendo com © bem publico uma relagio exclusivamente patrimonialista."”” Nota-se também que a maioria das adesGes vieram dos conservadores. Os liberais demoraram um pouco a aceitar a perda do controle do Estado. Havia um entusiasmo latente estampado naqueles que ha algum tempo sonhavam com © novo regime. Especialmente para os que eram sonhadores, isto é, aquelés que acreditavam que seria possivel sair do plano da abstracdo, da teoria e ir 4 pratica politica republicana a partir dos pressupostos do que deveria ser um Estado republicano. No entanto, logo nos primeiros dias esses republicanos foram obrigados a aceitar a junta provisoria formada em 18 de novembro de 1889, em que eram minoria. Tiveram de sentar-se lado a lado com velhos inimigos, politicos dos partidos monarquicos a quem tanto questionavam. Faziam parte da junta quatro militares (Tenente Coronel. Joao Luis Tavares - presidente e comandante do 5° B/F, Capitao Tenente Floriano da Costa Barreto - Capitao dos Portos, 1° Tenente Augusto F. Monteiro da Silva — comandante da Escola dos Aprendizes Marinheiros, Capitao Joao Lourengo Milanez); e trés civis: Francisco Xavier de Carvalho (comerciante, conservador maista que se filiara ao Partido Liberal), Dr. José Francisco de Viveiros (politico conservador castrista), e Francisco de Paula Belfort Duarte (advogado e republicano historico).'7’ Possivelmente foi Paula Duarte, chefe do clube republicano de Sao Luis, quem escreveu um artigo em o “Globo”, procurando justificar esta unido, afirmando em editorial que era 0 momento de todos se unirem, pois a Republica “desperta ditosa ao mais brilhante 2°Com relacdo a discuss4o sor e a relagdo patrimonialita entre as elites e Estado no Brasil ver: HOLANDA, Sergio Buarque de As Raizes do Brasil, 13. ed., Rio de Janeiro: J. Olympio, 1979 e FAORO, Raymundo. Op. cit. ‘2 MEIRELES. Ver Mario M. 1990 Op. cit. p.19. 49° | er ‘an 20 de novembro de 1889, Além disso, esse. ° jomal Pacotilha, embora tenha apoiado o novo regime, nao o fez de modo licional, procurando manter uma certa distancia do poder. Mesmo assim nao deixou publica, como ela deveria funcionar e qual seria o papel do povo e da educaco no 1 _ fegime republicano. Todavia, fez questio de manter uma certa postura critica diante do _ govemno provisorio. Essa marginalidade levou o jornal a uma atitude que na época foi I : considerada de oposi¢ao, sendo por isso criticada. Em uma de suas réplicas ao 0 “Globo”, 0 jornal “‘Pacotilha” afirmou: J E uma crenga geral que na republica instituida hd diferengas entre os soldados da mesma grey e adeptos do mesmo partido nacional republicano e d'ahi os phenomenos que apontamos, que ndo podem ser negados, por quem quer que empregue um pouco de atiengdo observando 0 que se passa no Estado,” ie a Algumas semanas depois, na edigao de 17 de dezembro de 1889, a mesma Pacotilha It _acusar a junta provisoria de abuso de poder ao permitir perseguigdes politicas e atos contra a populacao. Esse artigo foi publicado justamente no dia em que © Maranhfo o primeiro governador nomeado pelo governo provisdrio do al do Maranhiio ao novo regime, uma de suas primeitas medidas foi a anulago 125" fazendo tudo voltar ao que ere no dia 21 de novembro, los os decretos da Junta embora tenha reeditado boa parte desses decretos. No din 23 de dezembro, decretou a -liberdade de culto, o fim das verbas ao culto catélico e mandou dispensar dos cargos os religiosos que trabalhassem em Orgios publicos. Justificou que essas medidas eram imperativas para sanear os cofres publicos. Pode-se dizer que foi tempestuoso o primeiro més do Maranh&o sob o regime tepublicano. O entusiasmo provocado pela proclamagdo da Republica nos republicanos historicos ia dando lugar ao desdnimo, pois se sentiram marginalizados do poder, isto €, nao conseguiram tomar posse do aparato estatal local para desenvolver as propostas defendidas desde 0 inicio da propaganda nos idos de 1888. Talvez essa tenha sido a maior das decepsées por eles sofrida: ver no poder, em plena vigéncia do regime republicano, aqueles a quem abominavam, era como que presenciar a ascensao do Leviatan ao poder. Nao é a toa que republicanos como Paula Duarte e Souzandrade acabaram no isolamento. O primeiro foi para o Rio de Janeiro, onde faleceu alguns anos depois como funcionario publico e o segundo morteu pobre, vendendo pedras de sua quinta Ja os republicanos historicos de Barra do Corda permaneceram na luta. Nao se permitiram aos conluios com os antigos monarquistas que estavam no poder e por isso foram impedidos de exerce fungdes politicas representativas na esfera estadual. Izaac Martins, por exemplo, conseguiu ser eleito e tomar posse como senador na elaboracao da primeira Constituigao estadual, mas logo depois o Congresso local foi dissolvido: posteriormente ele perdeu o cargo de juiz de direito conforme se vera adiante. 2.6 A Junta e 0 povo '** Ver Pacotilha, S4o Luis, 17 déz 1889. 28 Entre os decretos considerados infelizes politicamente pela imprensa do periodo cita-se: de 13 de dezembro — extingue a Escola dos Educandbos e Artifices para utilizar o prédio como quartel do corpo de seguranga; e, de 14 de dezembro que proibe o trabalho aos domingos em todo o territério maranhense, com penas de multas € até pris4o para os que ndo cumprissem — excetuou deste decreto apenas os hotéis, restaurantes, farmacias, acougues e padarias. Ver : Colecdo de leis do Estado do Maranhao, 1892-1893. eae sneer rece CAPITULO 7 “ g Do “Maranhao Novo” ao “Novo Tempo”: a trajetoria da oligarquia Sarney no Maranhao Wagner Cabral da Costa' Introdugao Apesar do titulo pretensioso, este capitulo nao pretende apresentar uma apreciacao global sobre a dominagio exercida pela oligarquia Sarney nas trés ultimas décadas. O nosso objetivo é tio somente indicar alguns elementos conceituais para a interpretacao desse fendmeno de dominacao politica, bem como analisar alguns dados empiricos acerca dos resultados eleitorais recentes e sua relacio com a manutencio desse grupo no poder politico estadual. A partir da escassa bibliografia disponivel ¢ dessa analise conceitual e empirica, faremos um breve ensaio de interpretacio sobre o tema em questio. Por nao se basear numa pesquisa sistematica, com cer- teza existirao lacunas importantes, mas 0 autor se dara por satisfeito se 0 texto indicar algumas pistas para a reflexio sobre o processo de domina- cio politica no Maranhao. Partimos explicitamente do conceito de oligarquia para analisar o gru- po Sarney e sua hegemonia na politica estadual, por isso, faz-se necessario indicar ainda que rapidamente o que entendemos por oligarquia. Desde a sua origem na Grécia, o termo oligarquia carrega consigo um juizo de valor negativo, significando nao s6 “governo de poucos”, mas também um “governo viciado”, impuro e€ nocivo. Dentre os fildsofos gregos, foi Aristoteles quem mais se destacou na anilise desse conceito, indicando alguns de seus elementos basicos (apud Dantas, 1996, p. 42-43): a) o governo de poucos; b) a riqueza desses poucos; c) 0 nepotismo (protegao aos familiares); raesessimyapsaasisiasicna 1. Professor do Departamento de Historia/UPMA (2! versio, junho/ 1997), A primeira ver- Sao foi preparada para discussio no Curso de Formagio Politica (CPT/Cedoc), realizado em Petitoré-MA, marco de 1997, 189 a Camara Netis | Reinaldo dos Santos Barr a y Cidinalva Sils mt iiss -_ . Silva Sales | \Wheriston Silva Neris (Orgs) Jing o Evaldo Atmenda Barros ratiane da Olwett? Barbosa Anton Viviane de ‘cio do governo sem atender aos interesses da Maiorin d)o exercl é foi retomado, entre outros, Por ( "Chae, tc, 0 conceito on , . Modernamet og | } Para o primeiro, “O dominio de uma min » Robert Michels. . t Mosca ¢ . , sitive ‘al iort oO izada é inevitavel na realids : 4 sobre a maiorla desorgan ade. Ns . inort i ia”. a Nt forca da minorla organizada, da oligarquia”, }4 Michel” tie ent nc 1a A chamada “lei de ferr d . Sem obra Os Partidos Politicos, 1a ¢ eee Oda Oligar, ta” sua @ - ~ , onde também aponta de forma fatalista que de organizacio brota 4 oe quia: “Quem diz organizacio, diz oligarquia (apud Dantas, 1996, 46), Nessa mesma linha de pensamento caminha Bobbio (1999 ,. », 835), que, em seu Dicionario de Politica, apresenta 0 seguinte signify, descritivo da oligarquia: Ona , tt ganizad nizacao nasce a O poder supremo est4 nas maos de um restrito grupo de pessoas pro. pensamente fechado, ligadas entre si pot vinculos de sangue, de Interesse ou outros, e que gozam de privilégios particulares, servindo-se de todos 9; meios que o poder pds ao seu alcance para os conservar. A ideia de um grupo fechado é importante, pois indica as dificuldades vivenciadas pelo grupo oligarquico em absorver novas liderangas oriundss de seu proprio meio, e, ainda mais, em absorver liderancas proveniente: de outros setores sociais. Este € um fator nada desprezivel de ocorrénc: de crises internas 4 oligarquia e de surgimento de dissidéncias (“rachas”. Apesar de validas, as indicagées feitas acima ainda sao genéricas. Pas o historiador é preciso concretizar o termo oligarquia, especifica-lo, indi- cando as formas que o dominio oligarquico apresenta ao longo do temp assim ae as suas variagdes, Devido a essa necessidade de investig*! ° conteudo historico concreto adotado pela dominacio oligarquica, gos! amos de lembrar as contribuicdes de dois cientistas politicos/ historia Tes, as hails serao relevantes para nossa anilise, A primeira contribuicio é dada por Lessa (1988, p. 137-164), aponta a “éfj ica predatori. ie iL iid politica predatéria’ que esta associada ao comportam® as oligarquias, na medida em - apresentam um “apetite” elementos primordia} or ‘ A jo oliginyt! Trae pr ° ne para a manutencio do dominio oligty"! “a ontal do Estad \ : . . “lad, OU seja, oO uso da maquina publica ¢" | ‘ so ¢ 4 1a puUbUcy 10 particular, privado, [ss fa Mh da coisa assumir variadas form publicas entre aliados: “s 2 CS 7 ) que estas, para se conservarem 1° pe ins in A insacidvel sobre o Estado, Desse modo," co é a ” 1 ben" : ” : ’ . ica OM 4 utilizagio privada da coisa dita public Pa . se vor 48, Como por exemplo: a divisio de cargos “a © controle ea manipulagao (quando nao’ 1an ess0 eleitoral; 0 controle sobre os poderes Executivo Legislativo e , Legislative wpe a corrup¢ao administrativa; a concessio de beneficios ao set ee gsensio “e pes foe subsidios, cte.); o controle oa iis e dos pe medion Pe $3 oc tentelismo politico. Contudo, nio wn exagerat, 0 Est em seus limites, especialmente no que toca a seF ibilidade de verbas € cargos, o que continuamente gera conflitos ¢ dis dissidéncias dentro da propria oligarquia, para determinar quem eau obter uma maior “fatia do bolo” do Estado. c '\ segunda contribui¢ao é proveniente de Reis (1992), cujo estudo se att de importincia nao so por analisar 0 contexto regional de fins do oe . . . : rencio para O locus’ privilegiado de atuacio da oligarquia em duas es feras: mes m0 1. 2 oligarquia, ao se apropriar do poder politico regional, realiza a mediacao entre instancias de poder, ou, em outras palavras, ela estabelece races e acotdos com o poder e os chefes politicos, tanto em escala mu- aicipal, quanto em escala nacional. Como apontaremos, tem sido funda- mental para a ascensao ¢ manutenc¢ao da oligarquia Sarney as suas intimas ehcdes com o governo federal, estabelecidas ainda na época da ditadura militar, quando Sarney foi eleito governador do Maranhio (1965); 2. a oligarquia realiza também a mediacao entre os interesses econo- micos do empresariado e o Estado, num processo em que este se converte em fonte de beneficios para o setor privado, por meio de facilidades fis- cais, subvencdes e outros favores. Tentaremos demonstrar que a oligarquia Sarney tem desempenhado um importante papel no processo de expansio do capitalismo no Mara- ahéo, ndo tanto como promotora desse processo, mas sim como gestora/ ‘dministradora do processo de modernizacao econdmica do espago regio- tal Essa funcdo, inclusive, transparece como 0 nucleo principal do discur- “ideolégico com que a oligarquia busca se legitimar perante a popula “um discurso claramente desenvolvimentista ¢ modernizante, no qu wim do “novo”, do “moderno” € fartamente explores para indicar pry beneficios trazidos para a regiao ¢ sua popl _ a dominante, thizg _ ideia de uma oligarquia modernizane de ats Means 19S simplistas que iden tificam a oligarqui 40, percebido enquanto subdesenvolvimento econ Gao: ala acho pela agio da 1 forma combate ¢ rela- a com o “attaso” do émico e social, 141 a Camara Netis | Reinaldo dos Santos Barr a y Cidinalva Sils mt iiss -_ . Silva Sales | \Wheriston Silva Neris (Orgs) Jing o Evaldo Atmenda Barros ratiane da Olwett? Barbosa Anton Viviane de ‘cio do governo sem atender aos interesses da Maiorin d)o exercl é foi retomado, entre outros, Por ( "Chae, tc, 0 conceito on , . Modernamet og | } Para o primeiro, “O dominio de uma min » Robert Michels. . t Mosca ¢ . , sitive ‘al iort oO izada é inevitavel na realids : 4 sobre a maiorla desorgan ade. Ns . inort i ia”. a Nt forca da minorla organizada, da oligarquia”, }4 Michel” tie ent nc 1a A chamada “lei de ferr d . Sem obra Os Partidos Politicos, 1a ¢ eee Oda Oligar, ta” sua @ - ~ , onde também aponta de forma fatalista que de organizacio brota 4 oe quia: “Quem diz organizacio, diz oligarquia (apud Dantas, 1996, 46), Nessa mesma linha de pensamento caminha Bobbio (1999 ,. », 835), que, em seu Dicionario de Politica, apresenta 0 seguinte signify, descritivo da oligarquia: Ona , tt ganizad nizacao nasce a O poder supremo est4 nas maos de um restrito grupo de pessoas pro. pensamente fechado, ligadas entre si pot vinculos de sangue, de Interesse ou outros, e que gozam de privilégios particulares, servindo-se de todos 9; meios que o poder pds ao seu alcance para os conservar. A ideia de um grupo fechado é importante, pois indica as dificuldades vivenciadas pelo grupo oligarquico em absorver novas liderangas oriundss de seu proprio meio, e, ainda mais, em absorver liderancas proveniente: de outros setores sociais. Este € um fator nada desprezivel de ocorrénc: de crises internas 4 oligarquia e de surgimento de dissidéncias (“rachas”. Apesar de validas, as indicagées feitas acima ainda sao genéricas. Pas o historiador é preciso concretizar o termo oligarquia, especifica-lo, indi- cando as formas que o dominio oligarquico apresenta ao longo do temp assim ae as suas variagdes, Devido a essa necessidade de investig*! ° conteudo historico concreto adotado pela dominacio oligarquica, gos! amos de lembrar as contribuicdes de dois cientistas politicos/ historia Tes, as hails serao relevantes para nossa anilise, A primeira contribuicio é dada por Lessa (1988, p. 137-164), aponta a “éfj ica predatori. ie iL iid politica predatéria’ que esta associada ao comportam® as oligarquias, na medida em - apresentam um “apetite” elementos primordia} or ‘ A jo oliginyt! Trae pr ° ne para a manutencio do dominio oligty"! “a ontal do Estad \ : . . “lad, OU seja, oO uso da maquina publica ¢" | ‘ so ¢ 4 1a puUbUcy 10 particular, privado, [ss fa Mh da coisa assumir variadas form publicas entre aliados: “s 2 CS 7 ) que estas, para se conservarem 1° pe ins in A insacidvel sobre o Estado, Desse modo," co é a ” 1 ben" : ” : ’ . ica OM 4 utilizagio privada da coisa dita public Pa . se vor 48, Como por exemplo: a divisio de cargos “a © controle ea manipulagao (quando nao’ 1an Histérias do Maranhio em Tempos de Republi ica o de uma nova oligarquia no poder nck i plidacto ce Politico estadual ( ons aneas ao "82 BFupo cat’) foram simult AS 20 proceso de expansio do capitalismo mo- gant a o Maranhao e a Amazonia. tg pat Alé : ; op oli ee tava estreitamente vi Além do mais, uma oligarquia 1 giscurso esté € vinculado 4 ideologia desenvolvimen- coe emo is desd on negemonica no pais desde os anos 1930. ast : r . Qutro ponto a ser essaltado € que o grupo Sarney i : se transf a exptessao de Bobbio (1992, y. 2, p. 837.8) ransformou, a usa va Mice? » numa “olfgarguia carga ent umn sistema democratico “egitimi ye governa & » buscando sua “legitimidade” no voto populas periodico e meronhetenide a existéncia de oposicées ¢ a liberdade de expressao. Isto, obviamente, nao se deve a qualquer “vocacio democra- sea” da oligarquia, mas sim 4s conquistas obtidas no processo de redemo- eratizacio do pais a partir da crise do regime militar, 0 que colocou para o grupo dominante regional a necessidade de adequacio as novas condicoes democraticas nacionais. Adaptacao problemiatica, como veremos. 1. A Trajetoria da Oligarquia Sarney 1.1.A Formagdo do Grupo Sarney A insercio de José Sarney na politica regional se deu, num primeiro momento, a partir do grupo do senador Victorino Freire, chefe oligar- quico do Maranhao por cerca de vinte anos (1946/1965). Jovem bacha- rel e intelectual, José Sarney pertenceu a chamada “Geracio de 1945”, que renovou e vitalizou o ambiente cultural maranhense no pos-Segunda Guerra 7, Como muitos de seus pares, a militancia cultural cedo se trans- formou em militancia politico-partidaria, para o que contou com o auxi- lio de “padrinhos” bem situados, como afirma Nascimento Moraes Filho (apud Corréa, 1993, p. 234): “José Sarney foi uma flor de estufa, plantada ¢cultivada no Palacio dos LeGes: apenas a criatura (José Sarney) engoliu o cnador (Victorino Freire)”. _ Apesar da vinculagao inicial c ica de José Sarney foi construid a © integrante das “Oposigdes Coli Tunia um amplo leque de grupos ¢ parti om a oligarquia Victorino, a carreira po- a na oposi¢ao, quando se filiou a UDN, gadas”, uniio interpartidaria que dos descontentes com 0 mando- 2aA« a ane Fi A Beracio modernista de 1945” foi formada, entre outros, por Nascimento Moraes Filho, Qo . 2 , i 5 c. Burnett, Ferreira Gullar, Bandeira Tribuzi, Jose Sarney, Domingos 103-313 tras § fq, 1993, p. 205-313. ms informacdes constantes neste capitulo, consultar Corréa, 1993, P Vieira Filho. Para essa 193 UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHAO, A TERRA ERA LIBERTA: um estudo da luta dos posseiros pela terra no vale do Pindaré - Ma. Regina Celi Miranda Reis Luna Sio Luis —MA 1985,

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