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A ORAR
Wim Malgo
http://semeador.forumeiros.com/f1-lancamentos
www.convictos.netau.net
Tradução do original em alemão:
“Du sollst ein Beter sein”
Publicado pela
Editora “Grosse Freude”,
Zurique, Suíça
Obra Missionária
Chamada da Meia-Noite
“Mas, à meia-noite, ouviu-se um grito: Eis o noivo! Saí ao seu encontro” (Mt
25.6)
A “Obra Missionária Chamada da Meia-Noite” é uma missão sem fins lucrativos, que
crê em toda a Bíblia como infalível e eterna Palavra de Deus (2 Pe 1.21). Sua tarefa é
alcançar todo o mundo com a mensagem de salvação de Jesus Cristo e aprofundar os
cristãos no conhecimento da Palavra de Deus, preparando-os para a volta do Senhor.
Índice
Capítulo 1: Os inimigos da oração (pág. 4)
Capítulo 5: A oração na fé
Na primeira edição deste livro escrevi: “Um dos temas mais importantes da
Bíblia é a oração. Entretanto, tenho inibições de escrever sobre o assunto, pois
não aprendemos a orar falando da oração, mas orando. A oração não é um
dever piedoso, que faz parte de seguir a Jesus, mas é pesado serviço de
guerra. Deus nos prometeu bênçãos ilimitadas na sua Palavra, se orarmos.
Por isso, todo o inferno se joga contra uma pessoa que ora. Paulo diz em I
Timóteo 2:1: “Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas...”.
Ele dá, portanto, lugar de destaque à oração; ele diz que a oração é a primeira,
a maior, a mais importante. Por quê? Porque a nossa ação diária só tem
conteúdo eterno na medida em que oramos, e porque Satanás ainda tem poder
sobre todos aqueles que não são pessoas de oração. Através da tua oração
sincera, dás oportunidade a Deus de revelar-se por meio de ti. É minha
súplica sincera que, através deste livro, o Espírito Santo chame e desperte
pessoas de oração.”
Agora, na terceira edição, eu gostaria de dizer aos meus leitores: orem como
nunca antes, pois vale o que diz Zacarias 2:17: “Cale-se, toda a carne, diante
do Senhor, porque ele se levantou da sua santa morada.” O Senhor virá em
breve! Mas também o poder das trevas levantou-se como nunca antes. Se
nossa vida de oração não acompanha a luta que nos está ordenada, somos
atropelados. Mas pessoas que oram vencem em meio à noite escura! Por isso
seguremo-nos tanto mais firmemente em nosso fiel Senhor, exclamando em
oração: “Não te deixarei ir, se me não abençoardes” (Gn 32.26b).
OS INIMIGOS DA ORAÇÃO
“Antes de tudo, pois exorto que se use a prática de súplicas, orações,
intercessões, ações de graça, em favor de todos os homens, em favor dos reis e
do todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida
tranqüila e mansa, com toda piedade e respeito. Isto é bom e aceitável diante
de Deus nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens sejam salvos e
cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (1 Tm 2.1-4).
Há seis terríveis armas, que o diabo utiliza, para paralisar as asas de oração
dos filhos de Deus.
1- Cansaço!
O cansaço paralisante, que te impede de orar sem cessar. Mas, justamente na
oração podes dominar essa fadiga desnatural, pois a Bíblia diz: “Mas os que
esperam no Senhor renovam as suas forças. Faz forte ao cansado, e multiplica
as forças ao que não tem nenhum vigor” (Is 40.31a, 29). Atira-te na corrente
da oração, ali encontrarás o verdadeiro e genuíno descanso.
2- Distração!
Não consegues concentra-te. Outros pensamentos te assaltam. Durante a
oração, percebes assustado que teus pensamentos estão longe. Essa arma do
inimigo fica sem efeito com a oração em voz alta. Davi diz no Salmo 55.16-17:
“Eu, porém, invocarei a Deus, e o Senhor me salvará. À tarde, pela manhã e
ao meio-dia farei as minhas queixas e lamentarei; e ele ouvirá a minha voz”.
Filho de Deus, ora em voz alta e inteligível, então os poderes da distração não
terão influência sobre ti!
3- Intranqüilidade interior!
Uma intranqüilidade inexplicável domina-te. Justamente essa intranqüilidade
só pode ser removida na oração. Seja qual for a origem – pecado, nervosismo
ou incredulidade – a Bíblia diz: “Confia os teus cuidados ao Senhor, e ele te
susterá: jamais permitirá que o justo seja abalado” (Sl 55.22). E continua:
“Porque estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim?
Espera em Deus, pois anda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu” (Sl
42.11). Ouve: Somente na oração recebes ajuda também quanto a essa
situação.
4- Pressa!
A arma que Satanás usa com maior sucesso, contra muitos que querem orar,
é a pressa. O que a Escritura diz em Eclesiastes 8.3? “Não te apresses em
deixar a presença dele”. Qual é o motivo da tua pressa? A quantidade de
serviço! Não vês fim no teu trabalho. Mas justamente e somente na oração,
cria-se as condições para o melhor e mais rápido término do trabalho. Quanto
mais oras, tanto mais trabalhas. Sei que isso é contra a nossa lógica, mas a
experiência de milhares confirma-o, e a Bíblia o diz em Isaías 55.2-3a: “Por
que gastais o dinheiro naquilo que não é pão; e o vosso suor naquilo que não
satisfaz? Ouvi-me atentamente, comei o que é bom, e vos deleitareis com finos
manjares. Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi e a vossa alma
viverá”. Pela tua oração constante, tuas tarefas diárias ficam envoltas nas
fontes de poder divinas. Percebes admirado que o tempo que passaste em
oração fervorosa foi o melhor utilizado, e a terrível arma da pressa fica sem
efeito.
5- Desânimo!
O desânimo é uma arma que paralisa muitas pessoas de oração. Desânimo
significa: não olhar longe o suficiente. A Bíblia diz: “olhando firmemente para
Jesus”. Isso significa: não olhar para o visível e olhar para Jesus – olhar na
oração! Estás desanimado por causa da tua fraqueza, desanimado por causa
das tuas derrotas, desanimado por causa da dureza dos homens, desanimado
por causa de situações tristes. Paulo diz em 2 Coríntios 4.8 “Em tudo somos
atribulados, porém, não angustiados; perplexos, porém não desanimados.” Por
quê? Ele orava. Isaías diz: “Fortalecei as mãos frouxas, e firmai os joelhos
vacilantes. Dizei aos desalentos de coração: Sede fortes, não temais. Eis o vosso
Deus. A vingança vem, a retribuição de Deus; e ele vem e vos salvará”
(Is 35.3-4)
6- Indolência!
A indolência é uma arma maliciosa, que Satanás usará contra aqueles que
querem tornar-se pessoas de oração. É a arma da carne, da impotência. Tu te
ajoelhas, queres orar; mas não sai quase nenhuma palavra. É tudo tão difícil.
A carne não consegue orar. Como podes ficar livre dessa terrível inércia e
dessa impotência? Aqui está a resposta: Ora com a Bíblia! Lê sempre de novo,
em voz alta, as promessas que falam da oração. Jesus disse: “Pedi, e dar-se-
vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á” (Mt 7.7). Diz ao Senhor: não
consigo pedir, mas tu dizes na tua Palavra que devo fazê-lo, e isso
perseverantemente. Mostra-lhe toda a tua miséria. Não te cala! E enquanto
falas com ele sobre isso e lês sua Palavra, perceberás repentinamente como a
faísca da oração te atingiu, tua inércia desaparece, e podes chegar até ao trono
da graça.
Alguém poderá agora dizer: E mesmo assim não tenho um espírito de oração;
não consigo orar sem cessar! Então há sérios obstáculos à oração em tua vida;
coisas que paralisam as tuas asas de oração. No nosso texto o Senhor diz: não
ouvirei as vossas orações, porque as vossas mãos estão manchadas de
sangue. Lemos o mesmo em Isaías 59.1-3: “Eis que a mão do Senhor não está
encolhida, para que não possa salvar; nem surdo o seu ouvido, para não ouvir.
Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os
vosso pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça. Porque as
vossas mãos estão contaminadas de sangue e os vossos dedos de iniqüidade; e
os vossos lábios falam mentiras, a vossa língua profere maldade.”
O segundo obstáculo, pelo qual Deus não pode ouvir tuas orações, é
encontrado em Isaías 56.3: “os vossos lábios falam mentiras, a vossa língua
profere maldade”. Não percebeste ainda como um poder te domina, levando-te
a falar coisas negativas sobre outros quando estás com algumas pessoas? Já
não falaste coisas terríveis de um pregador do Evangelho a um irmão? Com
isso tocaste um ungido do Senhor! A difamação piedosa é algo do pior. Tenho,
por exemplo, comunhão cordial e respeito profundo por algum irmão. Então
vens e me contas coisas más da sua vida. No mesmo momento, em que ouço
essas coisas, o laço invisível da comunhão entre mim e ele se parte. Encontro-
o e continuo amável como antes, mas no meu coração está o veneno da
difamação. Ele o sente, mas nada pode fazer, pois não sabe o que foi falado
sobre ele. Quantas vezes já prejudicaste o bom nome de alguém através de
falatório, dizendo coisas que nem podes provar. Lembra-te que isso é
abominável diante d Deus. Podes orar quanto quiseres – o Senhor fecha o céu
sobre ti, enquanto não te arrependeres da difamação e a reparares. Se sabes
que alguém realmente está errado, então fala com o Senhor e com ele
pessoalmente sobre isso, mas não o conta adiante. No Salmo 15.1-3 está
escrito: “Quem, Senhor, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu
santo monte? O que vive com integridade, e pratica a justiça, e, de coração, fala
a verdade; o que não difama com sua língua, não faz mal ao próximo, nem
lança injúria contra o seu vizinho”.
O terceiro obstáculo nos é descrito em 1 Pedro 3.6-7: “como fazia Sara, que
obedeceu a Abraão, chamando-lhe senhor, da qual vós vos tornastes filhas,
praticando o bem e não temendo perturbação alguma. Maridos, vós igualmente,
vivei a vida comum do lar, com discernimento; e, tendo consideração para com a
vossa mulher como parte mais frágil, tratai-a com dignidade, por isso que sois
juntamente herdeiros da mesma graça de vida, para que não se interrompam as
vossas orações.”
Estar aflito
Por favor, verifica na Escritura, quantas vezes o Senhor promete ajudar aos
aflitos e ouvir sua oração. “Tu salvas o povo humilde” (2 Sm 22.28). “Porque viu
o Senhor que a aflição de Israel era mui amarga” (2Rs 14.26). “...faz justiça aos
aflitos (Jó 36.6). “Tens ouvido, Senhor, o desejo dos humildes” (Sl 10.17).
“Clamou este aflito, e o Senhor o ouviu” (Sl 34.6). Sim, o Salmo 149.4 chega a
dizer: “...de salvação adorna os humildes”. E assim poderíamos prosseguir.
Estar aflito significa: ser impotente, descrente de si mesmo. Só esses podem
tornar-se príncipes de oração, pois a verdadeira oração demonstra profunda
dependência do Senhor. Todos aqueles, que ainda não sabem orar sem cessar,
são pessoas cujo própria força freia o poder do Senhor. Sempre fico com certo
receio quando ouço alguém orar: “Senhor, dá-me forças!”, pois o Senhor nada
pode fazer com pessoas poderosas. Pelo contrário, no Salmo 102.2b está
escrito: “Ele me abateu a força no caminho”. Sentimentos de poder afastam o
espírito de oração. A Bíblia diz: “A minha graça te basta, porque o poder se
aperfeiçoa na fraqueza” (2 Cor 12.9) e: “o Senhor é a fortaleza da minha vida”
(Sl 27.1). Por isso, somente os aflitos podem orar verdadeiramente. Nesse
sentido digo a todos os meus leitores doentes, incapacitados e velhos:
justamente vocês podem ser príncipes e princesas de oração!
Estar desamparado
O Salmo 102.17 diz: “Atendeu à oração do desamparado, e não lhe desdenhou
as preces”. Aqui fala-se de pessoas abandonadas e sós. Se experimentaste
amargas decepções com teu irmão ou teu próximo, sim, se mesmo o mais
querido que tens no mundo te decepcionou, então Deus o permitiu porque
quer educar-te para seres uma pessoa de oração. Isto é: Deus tira-te todos os
apoios para que dependas dele unicamente. A Bíblia diz: “Maldito o homem que
confia no homem, faz da carne mortal o seu braço... Bendito o homem que confia
no Senhor, e cuja esperança é o Senhor” (Jr 17.5-7). Deves frustrar-te com
carne e sangue, para que o Espírito de oração tenha poder sobre ti. Isso é
motivo suficiente para lembrar em suave amor aqueles que te decepcionaram.
Perguntemo-nos ainda:
Não podemos, portanto, falar com Deus sem passar em espírito pelo sangue de
Jesus. Por que tudo permanece tão apertado em ti quando oras? Por que é tão
difícil interceder por outros? Porque esqueces que tens que passar pelo sangue
de Jesus. E não podemos passar através do sangue de Jesus, sem que o
Espírito Santo glorifique o Cordeiro e sem que nós experimentemos algo da
sua morte por causa dos nossos pecados, sim, sem que sejamos levados à
adoração. Por quê? O requisito para a intercessão efetiva é sempre a adoração.
Por isso, nunca se apresente distraído na santa presença de Deus, pois Ele se
fecha diante de ti se não te aproximares conscientemente através do sangue
de Jesus. Começa a adorá-lo, ao Pai e ao Filho, e verás como teu coração se
alegra e poderás fazer intercessão.
Perguntemo-nos mais:
E porque Deus também diz “sim” a esse nome, porque aceita totalmente o
sacrifício de Jesus em nosso lugar, meus pedidos encontram a sua
realização. A minha vontade se une à sua santa vontade. É isso que Jesus
quer dizer em João 15.7: “Se permanecerdes em mim e as minhas palavras
permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito”. Estás
disposto a submeter-te totalmente ao seu nome? É teu desejo sincero te
tornares um com Jesus? Se isso é verdade, então abre-se para ti uma nova
realidade, que poucos conhecem: a ação da glória de Deus em e através da
tua vida, em resposta às tuas orações. “E tudo quanto pedirdes em meu
nome, isso farei”.
A ORAÇÃO NA FÉ
“De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário
que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna
galardoador dos que o buscam” (Hb 11.6). “Peça-a, porém, com fé, em
nada duvidando; pois o que duvida é semelhante à onda do mar,
impelida e agitada pelo vento. Não suponha este homem que alcançará
do Senhor alguma cousa” (Tg 1.6-7)
Na fé!
O que significa orar na fé? Significa: apoiar-se na oração sobre as promessas
de Deus. – Não podemos crer sem termos um fundamento. Há pessoas que
exclamam: Precisas somente crer, e receberás! – Mas elas estão
completamente enganadas. Em cada situação preciso de uma bem
determinada promessa de Deus, na qual posso fundamentar minha fé. E isso
é maravilhoso; as promessas existem! Para os solitários: “E eis que estou
convosco todos os dias” (Mt 28.20b). Para os fracos: “... o poder se aperfeiçoa na
fraqueza” (2 Co 12.9b). Para os ansiosos: “Lançando sobre ele toda a vossa
ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (1 Pe 5.7). Para os tristes: “Portanto
não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa força” (Ne 8.10).Para
os doentes: “... eu sou o Senhor que te sara” (Êx 15.26b). – Ouve: para cada
situação específica, Deus deu uma promessa determinada, para que tu possas
apoiar-te com toda a certeza e na fé sobre essas palavras de Deus. Por que não
oras corajosamente na fé? “Sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11.6). Tua
luta é que as promessas de Deus contradizem aquilo que tu sentes, percebes e
vês. Mas a oração é a maior expressão da fé, isto é, tu não te deixas mais
prender pelo visível, mas deixas-te determinar pelo invisível. A incredulidade
crê o que vê; a fé vê o que crê.
Com perseverança!
A Bíblia diz em Romanos 12.12b: “sede... na oração perseverantes”. Aqui
percebe-se quais orações são sentimentais logo desistimos. Deus prova tua fé,
quando não responde imediatamente à tua oração. Muitos perdem as maiores
bênçãos, porque desistem e param de orar exatamente antes do Senhor
responder. Por quê? Porque frequentemente vemos no objeto da oração
exatamente o contrário daquilo que pedimos. – Por exemplo, quando tu oras
pela salvação do teu filho, do teu marido, da tua mulher, verás
frequentemente que eles se afastam ainda mais do Senhor. Pois Satanás age
com interesse especial em pessoas pelas quais se está orando, porque ele sabe
que Deus, cedo ou tarde, responderás às orações. Portanto, não desanima!
Persevera, mesmo que vejas o contrário daquilo que estás pedindo, pois
exatamente então tens a garantia de resposta à oração.
Com conformação!
Se não conheces a vontade de Deus em algum assunto, então ora de todo o
coração, com perseverança, mas com conformação. Quando Davi perdeu um
filho por causa dos seus pecados – ele estava gravemente enfermo – orou como
nunca antes. Lemos em 2 Samuel 12.16: “Buscou Davi a Deus pela criança;
jejuou Davi e, vindo, passou a noite prostrado em terra”. Os servos de Davi
temiam informar-lhe que a criança estava morta. Entendendo, porém, Davi
que a criança estava morta, levantou-se da terra, lavou-se, ungiu-se, mudou
de vestes, entrou na casa do Senhor, e adorou. Davi estava conformado com a
vontade de Deus, porque sabia: isso deve cooperar para o meu bem. – Filho de
Deus aflito, quando és atingido por uma desgraça, ora com conformação, pois
o que achas que seja mais importante: que Deus afaste a aflição de ti, ou que
tu aprendas aquilo que Deus quer ensinar-te através dela? Ora com
conformação, pois Romanos 8.28 vale também para ti: "E sabemos que todas
as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus,
daqueles que são chamados segundo o seu propósito."
Não temos o direito de dizer: Senhor, seja feita a tua vontade, quando Ele nos
deixou conhecer a sua vontade. Há filhos de Deus que sempre novamente
estão em dúvida, se isso ou aquilo é a vontade de Deus. Podes ficar
imediatamente curado disso se puderes dizer: Quero a vontade de Deus a
qualquer preço. – Então não podes mais errar, pois teu caminho está
preparado até ao objetivo final, segundo Efésios 2.10: "Porque somos feitura
sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para
que andássemos nelas." Se vires então dois caminhos diante de ti, ora
infantilmente sobre o assunto. Em um ficarás intranqüilo, não o segue. No
outro ficas feliz e tranqüilo, então segue-o em nome de Jesus. Pois tu queres a
vontade do Senhor, e então o seu Espírito te guiará em toda a verdade. Não
podes errar, porque a tua vontade está submissa à sua vontade!
No Espírito!
Nosso texto nos diz o sentido da oração: o Espírito Santo ora através daquele
que ora. Pode-se orar de três maneiras: “Com o entendimento”, isto é, repete-
se o que dizem os outros. Usa-se expressões aprimoradas e apropriadas. Tais
orações tem, porém, poucos efeitos. Pode-se orar “sentimentalmente”, isto é,
emotivamente, onde se está envolvido em sentimentos. Mas também isso é
normalmente um fogo de palha. A oração bíblica e vitoriosa é, entretanto, a
oração no Espírito. A verdadeira oração é um efeito do Espírito de Deus. Uma
verdadeira oração vem de Deus, passa por aquele que ora para o objeto da
oração, e volta novamente a Deus. Deus ama os homens terna e
profundamente. A Bíblia diz: “... o qual deseja que todos os homens sejam
salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (1 Tm 2.4). Quanto mais,
porém, um homem peca, tanto mais ele é envolvido pelos poderes das trevas.
Deus fala a ele através de sofrimentos e bênçãos, mas ele torna-se sempre
menos capaz de ouvir. Deus quer salvá-lo, mas o homem natural, envolto
pelos poderes das trevas nada percebe das coisas do Espírito. Mas agora Deus
procura alguém. Quem? Por favor, lê o que está escrito em Ezequiel 22.30:
“Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se colocasse na brecha
perante mim a favor desta terra, para que eu não a destruísse; mas a ninguém
achei”. Uma acusação abaladora! Disso concluímos que o Deus vivo é levado a
desviar a destruição dos pecadores, quando surgem pessoas que se colocam
na brecha, fazendo-se de muros. Mas Ele não acha ninguém. Como, porém,
Deus é colocado nessa situação? Tão logo um filho de Deus se coloca na
brecha, fazendo-se de muro para o pecador, que ora diante dEle, como canal,
isto é, o Espírito de Deus começa a gemer através daquele que ora. Através
dele o Espírito joga torrentes de luz nas trevas, onde se encontra o pecador.
Através daquele que ora, Ele abençoa os que se deixam abençoar, e o
resultado é: o pecador é acordado e vem para a luz, ele começa a ouvir; é
convencido e encontra Jesus. Eu te digo insistentemente: há muito tempo
Deus te busca para orares, mas não te encontra. Tu não tens tempo. Se
soubesses, quão ilimitadamente o Deus vivo quer agir através de ti, terias um
único desejo: tornar-te um homem de oração. A acusação é contra ti: “Busquei
entre eles... mas a ninguém achei”. Eles falam piedosamente, agem
piedosamente, são ativos, mas não oram. Na tua presença, junto a ti, almas
vão para a perdição eterna, uma Eternidade sem Cristo, porque tu não oras.
Teus filhos, teus parentes, nunca poderão conhecer Cristo porque tu não oras
espiritualmente. Todos os grandes despertamentos no reino de Deus tiveram
sua origem na oração espiritual. Tiago diz: “Nada tendes, porque não pedis”
(Tg 4.2). Não pensem que o diabo tem algo contra as atividades de vocês.
Podes trabalhar e fazer muito no reino de Deus, mas tudo é vazio e sem poder,
não há frutos eternos, porque tu não oras. Vocês ainda não perceberam como
o diabo impede as orações? “Busquei entre eles... mas a ninguém achei”. Tu és
o homem, tu és a mulher que Deus busca. Queres gastar tua vida sem que te
tornes uma pessoas de oração? Não vês como tua pregação, teu testemunho,
tua distribuição de folhetos, teu cantar, tua própria vida de fé, está correndo
em ponto morto, porque não oras? – Deus busca pessoas de oração também
hoje!
Oh, tu filho de Deus, tu foste chamado a ser uma pessoa que ora
seriamente, no Espírito e com poder!
A ORAÇÃO VITORIOSA
"Sucedeu que, no momento de ser oferecido o sacrifício da tarde, o
profeta Elias se aproximou, e disse: Ó SENHOR Deus de Abraão, de
Isaque e de Israel, manifeste-se hoje que tu és Deus em Israel, e que eu
sou teu servo, e que conforme à tua palavra fiz todas estas
coisas.Responde-me, SENHOR, responde-me, para que este povo
conheça que tu és o SENHOR Deus, e que tu fizeste voltar o seu
coração. Então caiu fogo do SENHOR, e consumiu o holocausto, e a
lenha, e as pedras, e o pó, e ainda lambeu a água que estava no rego. O
que vendo todo o povo, caíram sobre os seus rostos, e disseram: Só o
SENHOR é Deus! Só o SENHOR é Deus! E Elias lhes disse: Lançai mão
dos profetas de Baal, que nenhum deles escape. E lançaram mão deles;
e Elias os fez descer ao ribeiro de Quisom, e ali os matou."
(I Reis 18:36-40)
Esse é um grande segredo! O Senhor Jesus diz que não devemos falar
muito, usando de vãs repetições, como os gentios. Ele quer dizer com
isso, que devemos clara e determinadamente pedir por aquilo que nos
pesa no coração. Muitos vivem cercados por uma nuvem piedosa, usam
um palavreado impressionante diante do Senhor, e quando se levantam
dos seus joelhos não sabem mais o que oraram. Aprende também tu a
orar determinadamente. Essa oração concreta é nada mais que contar
com o Salvador vivo e presente, que é poderoso para intervir e ajudar
imediatamente. Elias diz: “...fique hoje sabido que tu és Deus em
Israel...”
Aqui temos uma oração que transmitiu vida. A vida irrompeu ali onde a
morte deste mundo queria impor o seu poder. Em todos os lugares onde há
pessoas que oram com autoridade espiritual, irrompe o poder da vida do
Ressuscitado, e os mortos revivem. Falo aqui de “espiritualmente” mortos.
pois Elias subiu ao quarto. Aqui está um grande segredo. Quando o Senhor
Jesus falou da oração solitária Ele disse: “... entra no teu quarto, e, fechada
a porta, orarás a teu Pai...” (Mt 6.6). A oração que transmite vida é feita em
solidão.
2- Essa oração que transmitiu vida foi feita por um homem que levou um
peso para a solidão:
Um menino morto. “... tomou-o dos braços dela, e o levou para cima, ao
quarto”. – Deus quer confiar-te seus pesos. Jeremias fala no capítulo 23.33
do “peso” do Senhor. Essa palavra “peso” ou “pesado”, é frequentemente
repetida na Bíblia. Profetas e homens de Deus o carregaram, chorando por
sua causa diante de Deus. Meus irmãos no Senhor, à volta de vocês há
“pesos” do Senhor: o peso da igreja morta de vocês, o peso de pessoas
espiritualmente mortas, o peso de um mundo maduro para o juízo. Quem
quer levá-los à solidão, ao santuário? Tais carregadores de pesos são
verdadeiros homens de oração. Quanto mais te pressiona o peso, tanto
mais gloriosa será a vitória que o Senhor te dará na oração. O que maiores
pesos carregou em todos os tempos foi Jesus Cristo. Dele está escrito: “Eis
o Cordeiro de Deus que tira (leva) o pecado do mundo!” Seu peso era
inexplicavelmente pesado, por isso também sua vida oração era
infinitivamente profunda e sua vitória impressionantemente gloriosa.
pois no versículo 19 está escrito que ele deitou o menino morto sobre a sua
cama. O profeta Elias certamente era um homem de renúncia. Ele não
tinha bens terrenos, ele havia renunciado às comodidades e vantagens
deste mundo por amor do serviço. Ele tinha somente esse pequeno quarto,
e essa cama certamente era a única comodidade, o lugar de repouso para o
seu corpo cansado. Mas ele renuncia exatamente esse último pedaço de
vida privada, por amor do objeto da sua oração: ele deita o menino morto
sobre a sua cama. – Esta é uma grande verdade: aquilo que custa pouco,
vale pouco! Até onde estás disposto a renunciar às coisas agradáveis e
cômodas deste mundo, para seguires o caminho da morte? Que nos
assemelhemos a Jesus, como está escrito em 2 Coríntios 8.9b “... que,
sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que pela sua pobreza vos
tornásseis ricos”! Na medida em que estamos dispostos a sacrificar a
própria vida, também na oração, outros podem participar da vida de Jesus.
O ponto culminante da entrega de Elias na sua oração ocorreu quando ele
se estendeu por três vezes sobre o menino e clamou ao Senhor: “Ó Senhor
meu Deus, rogo-te que faças a alma deste menino tornar a entrar nele” (v.
21). Imaginemos: Elias, que estava vivo, identifica-se com o menino morto.
Com essa atitude ele diz: tua morte é minha morte, e tua vida é minha
vida. – Assim ela clama ao Senhor e o Senhor o ouve. O menino reviveu.
Que maravilhosa figura do nosso Elias celestial, o próprio Jesus Cristo!
Ele, que é a vida eterna, identifica-se com a morte eterna, que somos nós:
“... mortos nos vossos delitos e pecados” (Ef 2.1). Quando Ele estava
dependurado na cruz, identificou-se com o teu e com o meu pecado, como
está escrito em 2 Coríntios 5.21: “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez
pecado por nós”. Ele orou por mim e por ti:
"E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. E,
repartindo as suas vestes, lançaram sortes." (Lucas 23:34)
És um discípulo de Jesus?
5- Pela oração de Abraão não somente Ló foi salvo, mas ocorreu também
uma divisão em sua família.
De repente manifestou-se que deles realmente era salvo e quem não. Antes
da fuga de Sodoma está escrito no versículo 26: “E a mulher de Ló olhou
para trás e converteu-se numa estátua de sal”. Devemos contar com o fato
de que a oração perseverante e no poder de Deus causa divisões rigorosas.
Ela separa igrejas, grupos de crentes, famílias, matrimônios. O Senhor
Jesus diz: “Não penseis que vim trazer paz, mas espada. Pois vim causar
divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua
sogra. Assim os inimigos do homem serão os da sua própria casa. Quem
ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim; quem ama
seu filho ou sua filha mais do que a mim, não é digno de mim” (Mt 10.34-37).
Se houver, entre os meus leitores, filhos de Deus que tem que passar pela
experiência amarga de que, em suas famílias, desde a sua conversão,
surgiram paredes de separação entre eles e os seus familiares, quero dizer-
lhes: tenham bom ânimo, perseverem na oração, pois o Senhor sustentará
vocês até à vitória.
Ló com suas duas filhas na
fuga por amor à sua vida.
Sua mulher olhou para trás
e converteu-se numa
estátua de sal.
A ORAÇÃO INTERCESSÓRIA
“Quanto a mim, longe de mim que eu peque contra o Senhor, deixando
de orar por vós; antes vos ensinarei o caminho bom e direito” (1 Sm
12.23)
Quando Samuel renunciou ao seu ofício de juiz, ele declarou com solenidade
perante todo o povo: “Quanto a mim, longe de mim que eu peque contra o
Senhor, deixando de orar por vós”. Todos os verdadeiros filhos de Deus temem
esse pecado – eles oram sem cessar. Em Jeremias 15.1 Deus menciona Moisés
e Samuel como homens que se põem diante dEle. Também Noé, Daniel e Jó
eram homens de oração, pois Deus os menciona em Ezequiel 14.14. Elias era
um homem semelhante a nós, mas era homem que lutou com Deus em oração
e Deus o ouviu (Tg 5.17). Abraão intercedeu insistentemente a favor de Ló, e
Deus o ouviu e salvou a Ló (Gn 18.22). Ana orou ao Senhor com muitas
lágrimas, e Ele lhe deu um filho, e tal que se tornou um instrumento
sumamente útil na mão de Deus (1 Sm 1.10). O poderoso rei Senaqueribe da
Assíria sitiou Jerusalém – Judá estava em extremo perigo. Mas está escrito em
2 Crônicas 32.20-21: “Porém o rei Ezequías e Isaías, o profeta, filho de Amoz,
oraram por causa disso, e clamaram ao céu. Então o Senhor enviou um anjo que
destruiu a todos os homens valentes, os chefes e os príncipes no arraial do rei
da Assíria, e este com o rosto coberto de vergonha voltou para sua terra”.
Amados irmãos, por quanto tempo vocês querem continuar pecando por
negligência em oração? O tempo nos urge, a noite vem quando ninguém vai
poder trabalhar. Vocês devem agir em oração. Paulo era homem de oração.
Mas temos a maior prova da urgente necessidade da oração do Senhor Jesus
mesmo. Se o Filho de Deus retirou-se seguidamente para a oração, sim, se
passou noites inteiras em oração, quanto mais precisamos nós da oração!
OS EFEITOS DA ORAÇÃO
“Depois destes acontecimentos veio a palavra do Senhor a Abrão, numa
visão, e disse: Não temas, Abrão, eu sou o teu escudo, e teu galardão
será sobremodo grande. Respondeu Abrão: Senhor Deus, que me
haverás de dar, se continuo sem filhos, e o herdeiro da minha casa é o
damasceno Eliezer?” (Gn 15.1-2).
Santa inveja nos enche quando contemplamos a vida de Abraão: sua fé, sua
vitória, sua amizade com o Deus vivo. Mas tudo isso foram efeitos de um fato
muito mais profundo. A fonte da vida de Abraão era sua forte vida de oração.
Unicamente à medida em que te tornas uma pessoa de oração, tua vida será
uma vida frutífera, cheia de vitória, de alegria e fé. Contemplemos, por isso, a
maneira como Abraão orava.
Quem começa a falar em Gênesis 15? – O Senhor. “Não temas, Abrão, eu sou
teu escudo, e teu galardão será sobremodo grande.” Com essas palavras de
Deus inflamou-se o espírito de oração em Abraão. Parece que essas palavras
do Senhor fizeram transbordar toda a sua necessidade pessoal: a promessa
pessoal, dada por Deus, conduziu Abraão a falar sobre a sua profunda
necessidade pessoal: “Senhor Deus, que haverás de dar, se continuo sem
filhos?” Não me concedeste descendência. E depois que Abraão tinha
derramado seu coração, o Senhor enche esse vazio novamente com as Suas
promessas.
pois no versículo 8 ele pergunta ao Senhor: “Senhor Deus, como saberei que hei
de possuí-la?” No versículo 7 o Senhor lhe tinha prometido o país: “... para
dar-te por herança esta terra”. Mas Abraão deseja também saber como se pode
realizar essa promessa na prática. Senhor, como saberei que hei possuí-la?
Como se realizará a tua promessa em minha vida? Qual é a resposta do
Senhor? Lê o versículo 9: “Respondeu-lhe: Toma-me uma novilha, uma cabra e
um cordeiro, cada qual de três anos, uma rola e um pombinho. Ele trouxe todos
estes animais”. O que significa isso? A única resposta do Senhor à pergunta de
Abraão: “como saberei que hei de possuí-la?”, é esta: “Traze-me sacrifícios!”
Abraão pergunta: “Como tu me darás?” , e Deus responde: “Dá-me o teu tudo”!
Contraditório – mas justamente esse é o segredo da realização das promessas
de Deus em tua vida. Sacrificar, ser unido ao Senhor Jesus Cristo sacrificado
na crua. Assim terás também por Ele o amém às promessas de Deus em tua
vida. Em Jesus temos toda a plenitude. Interessante é que o versículo 10 diz:
“Ele trouxe todos estes animais”. Qual é o “tudo” que ele trouxe? Ele trouxe
tudo que o Senhor exigiu. E depois o Senhor diz a Abraão no versículo 18: “Eu
te darei” (à tua descendência dei esta terra). O Senhor lhe dá plena certeza que
realizará sua promessa. No versículo 13: “Sabe com certeza...” Oxalá que
compreendesses esse segredo! À medida da tua disposição de aceitar a
semelhança da morte de Jesus Cristo, a vida de cima irromperá em ti. Abraão,
pelo ato de trazer-lhe tudo isso, praticamente conformou-se com a morte de
Jesus. Versículo 12a: “Ao pôr do sol...”,Versículo 17: “E sucedeu que, posto o
sol, houve densas trevas”. Tudo isso são efeitos que acompanharam a morte
de Jesus, pois o sol se escureceu quando ele morreu. Mas, morrendo, dando
sua vida eterna em teu favor, Ele abriu acesso a toda plenitude de Deus para
ti. Saiba: “Eu dei!” Não ao lado da cruz, mas na cruz.
Ao iniciar sua oração, Abraão diz em Gênesis 15: “E o herdeiro da minha casa
é o damasceno Eliezer”. Mas, crescendo a sua vida de oração, ele começa a
esperar mais e mais do Senhor. No versículo 18 do capítulo 17 lemos: “Disse
Abraão a Deus: Oxalá viva Ismael diante de ti”. E mais tarde ele creu em
Isaque, o filho da livre, seria o herdeiro. Temos a tendência de pensar que o
primeiro que pedimos de Deus já é o maior, mas muitas vezes só é a terceira
classe, como também nesse caso de Abraão. O Senhor tem mais que isso para
dar-te. Mas, seja feito a ti segundo a tua fé. E a fé, por sua vez, cresce na
oração. Quem aprende a orar até à vitória também aprende a praticar a fé
vitoriosa. A fé de Abraão foi alimentada e cresceu por sua poderosa vida de
oração.
A ORAÇÃO NA LUTA
“Então veio Amaleque e pelejou contra Israel em Refidim. Com isso
ordenou Moisés a Josué: Escolhe-nos homens, e sai, peleja contra
Amaleque; amanhã estarei eu no cume do outeiro, e a vara de Deus
estará na minha mão. Fez Josué como Moisés lhe dissera, e pelejou
contra Amaleque; Moisés, porém, Arão e Hur subiram ao cume do
outeiro. Quando Moisés levantava a mão, Israel prevalecia; quando,
porém, ele abaixava a mão, prevalecia Amaleque. Ora as mãos de
Moisés eram pesadas, por isto tomaram uma pedra e a puseram por
baixo dele, e ele nela se assentou; Arão e Hur sustentavam-lhe as mãos,
um dum lado e o outro do outro: assim lhe ficaram as mãos firmes até
ao pôr do sol. E Josué desbaratou a Amaleque e a seu povo ao fio da
espada. Então disse o Senhor a Moisés: Escreve isto para memória num
livro, e repete-o a Josué; porque eu hei de riscar totalmente a memória
de Amaleque de debaixo do céu” (Êx 17.8-14).
A ORAÇÃO EM CONJUNTO
“Em verdade também vos digo que, se dois dentre vós, sobre a terra,
concordarem a respeito de qualquer cousa que porventura pedirem, ser-
lhes-á concedida por meu Pai que está nos céus” (Mt 18.19).
“Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros,
para serdes curados”. Peço-te de todo o coração, restabelece, ainda hoje, a
unanimidade. Mas pode também ser que, por causa da tua indolência, por
causa de tua busca de comodidade, não participas da reunião de oração da
tua igreja ou não te deixas integrar numa célula de oração. Digo-te com muita
seriedade, quando tu, sendo um filho de Deus, não participas em qualquer
reunião de oração, então és um coveiro de tua igreja, e por tua não
participação a igreja e as pessoas em favor das quais se ora, tem falta de
poderes celestiais. Existem também crente que dizem: não consigo orar na
presença duma outra pessoa, minha boca parece tapada; sozinho consigo
orar. Então digo-te: ou não és renascido e não tens espírito de oração ou te
encontras preso ao orgulho. Queres orar em palavras bonitas e dizes: não
consigo pronunciar orações bem formuladas. Livra-te desse espírito de orgulho
e participa da reunião de oração, na célula de oração (uma célula de oração é
composta de 3-6 membros). E, abre a tua boca, em nome de Jesus; põe-te
perante o Senhor e não perante os homens. O tempo que nos resta é pouco,
vem a noite quando ninguém pode trabalhar. Vocês não notam que um poder
destruidor cada vez mais forte emana do inferno, que os povos então sem
orientação e que os ímpios podem estabelecer-se sempre mais? Há um só
remédio: uma contra-ofensiva do alto. Um movimento de luz. E esse
movimento deve ser um movimento de oração.
A ORAÇÃO DA IGREJA
“Nada tendes, porque não pedis” (Tg 4.2)
Paulo diz em Gálatas 4.19: “meus filhinhos, por quem de novo sofro as dores de
parto, até ser Cristo formado em vós”. Cristãos de coração dividido produzem
também cristãos com coração dividido. A grande miséria do nosso tempo são
os abortos na igreja de Jesus – pessoas despertadas, convertidas, mas que não
penetraram até à novidade de vida. Conseqüentemente não conseguem gerar
filhos espirituais em suas evangelizações. Há conversões, mas conversões
sentimentais, e esses filhos raras vezes se alinham às igrejas existentes. Por
quê? – Falta a força para a regeneração.
Conheço uma mulher do Antigo Testamento: Ana. Ela não tinha filhos. Ela,
muito triste, e “com amargura de alma, orou ao Senhor, e chorou
abundantemente. Demorando-se ela no orar perante o Senhor, passou Eli a
observar-lhe o movimento dos lábios, porquanto Ana só no coração falava, seus
lábios se moviam, porém não lhe ouvia voz alguma; por isso Eli a teve por
embriagada” (I Sm 1.10+12-13). Nesse tempo de oração aquela mulher sofreu
dores de parto pelo seu povo inteiro. Pois, mediante suas orações, não
somente Samuel nasceu, mas em Samuel surgiu um homem de Deus que
conseguiu dirigir seu povo ao Senhor. Inicialmente essa oração de Ana
enfrentou a resistência por parte das autoridades religiosas, pois o sumo
sacerdote, Eli, a julgou bobagem. Eli a teve por embriagada. O mesmo
acontece hoje em dia. Onde estão, em seu meio, mulheres como Ana, que
oram e choram perante o Senhor até nascerem filhos como Samuel entre
vocês? Digo com toda seriedade: Hoje em dia falta o poder para o novo
nascimento na Igreja de Jesus. Ó, peço-te, que te consagres ao Senhor, como
Ana, para o santo serviço da oração; e chora perante o Senhor – mesmo
quando as autoridades religiosas estão contra isso e não o levam a sério.
Prezados irmãos, não pergunto se vocês são salvos, mas pergunto: vocês estão
preparados para quando Jesus vier nas nuvens do céu? Só podes ser
preparado se deixares separar-te de todo o terreno, em fervente oração.
Colossenses 3.1 diz: “Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo,
buscai as cousas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus”. Por
que sempre buscar a Ele em oração? Colossenses 3.4 nos dá a resposta:
“Quando Cristo, que é a vossa vida, se manifestar, então vós também sereis
manifestados com ele, em glória”. Digo com grande certeza: A vinda do Senhor
Jesus nas nuvens do céu está mais próxima do que vocês pensam. Jesus te
diz: Vigia e ora! Rebeca estava preparada para o encontro com Isaque. Ela não
dormiu no seu camelo.
A ORAÇÃO PROPICIATÓRIA DE
ARREPENDIMENTO
“... em sua casa, e, em cima, no seu quarto, onde havia janelas abertas
da banda de Jerusalém, três vezes no dia se punha de joelhos, e orava,
e dava graças, diante do seu Deus, como costumava fazer” (Dn 6.10b).
Unicamente quando o Senhor nota que não oramos somente com a boca,
não somente na carne religiosa, não só no raciocínio, mas do mais
profundo do nosso coração, dum coração íntegro, a resposta começa a
realizar-se imediatamente, mesmo quando não a vemos em seguida. O
Senhor diz em Daniel 10:10: “Não temas, Daniel, porque desde o primeiro
dia, em que aplicaste o coração a compreender e a humilhar-te perante o teu
Deus, foram ouvidas as tuas palavras; e por causas das tuas palavras é que
eu vim”. Aqui temos o grande segredo. Vocês oram em palavras piedosas,
vocês sabem falar a língua de Canaã, mas digo: o Senhor anela fazer fato
consumado a resposta à oração de vocês. Isso, porém, só pode acontecer,
quando aplicas o teu coração, buscando a resposta divina a todo preço,
igual a Daniel. Mais uma vez lembro-te das palavras: “quando me
buscardes de todo coração serei achado de vós”. Ó, Senhor, dê graça que eu
teu busque com coração integro e com meu ser inteiro!
Quando o rei Dario, por causa dos seus inimigos, tinha proibido, sob pena
de morte, adorar alguém, a não ser ao rei, por um período de trinta dias,
Daniel reagiu como está descrito em Daniel 6.10: “Daniel, pois, quando
soube que a escritura estava assinada, entrou em sua casa, e, em cima, no
seu quarto, onde havia janelas abertas da banda de Jerusalém, três vezes
no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus,
como costumava fazer” Daniel não se deixou impedir em suas orações por
tremendos ataques do inimigo. Daniel entregou sua própria vida para pode
orar. Daniel enfrentou a cova dos leões. Conseqüência: Ele teve que passar
uma noite inteira com os leões. Sim, se vocês entregarem suas próprias
vidas, a todo preço, para poder continuar orando, quando vocês não se
deixarem intimidar pelas ameaças do inimigo, então serão também
confrontados com o leão que ruge e busca alguém para devorar. Mas então
experimentarás a mesma coisa como Daniel: O maligno não te poderá
tocar, bem pelo contrário! Arrisca tudo, deixa Satanás rugir, deixa o
inferno excitar-se! Unicamente: Segue orando, o Senhor está perto!
Continua orando, Ele é quem te ajuda! Ora, ora, acontecerá que verás
milagres! Em vez de triunfar o inimigo, o nome do Senhor foi ainda mais
glorificado por Daniel, pelo fato que o rei Dario começou a louvar o Deus de
Daniel (Dn 6.26-28). O segundo resultado da oração de Daniel foi que ele
não somente teve que enfrentar o poder das trevas, mas que também os
mensageiros da luz, os anjos de Deus, o apoiaram, o cercaram e
fortaleciam e lhe amplificaram a visão para o plano de Deus para com este
mundo. O segredo do poder e firmeza, da sabedoria e intrepidez de Daniel
era sua vida de oração. Por isso peço ao Deus do céu que também tu te
tornes tal homem de oração (comp. Dn 6.23).
O PODER DA ORAÇÃO
“Invoca-me, e te responderei; anunciar-te-ei cousas grandes e ocultas
que não sabes” (Jr 33.3)
Quão grande e encoberto segredo é o poder ilimitado da oração: temo falar
disso, pois considero-me incapaz de descrever, em palavras humanas, a
inefável onipotência de Deus, que Ele revela ao homem que ora. Queremos
tentar aproximar-nos, mediante umas simples perguntas, ao centro desse
segredo divino.
Porque Deus, o Filho, nos urge à oração: “Disse-lhe Jesus uma parábola,
sobre o dever de orar sempre e nunca esmorecer” (Lc 18.1). “Pedi, e dar-se-
vos-á, buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á” (Mt 7.7). Ele, o Filho de
Deus, portanto, nos urge a intensificar a nossa oração. Pois “pedir” é um
perguntar passivo, “buscar” já é uma perseverança decidida, porém “bater”
significa penetrar até à presença de Deus, continuar até que a porta do
Santíssimo se abre.
a) Ele ouve: “O Senhor me ouve quando eu clamo por ele” (Sl 4.3b).
b) Ele atende: “Eu lhes ouvirei o clamor” (Êx 22.23b).
c) Ele ilumina: “Contemplai-o iluminados, e os vossos rostos jamais
sofrerão vexame” (Sl 34.5)
d) Ele dá grande poder: “No dia em que eu clamei, tu me acudiste, e
alentaste a força de minha alma” (Sl 138.3).
e) Ele atua: “Ele acode à vontade dos que o temem” (Sl 145.19).
f) Ele responde: “E será que antes que clamem, eu responderei” (Is 65.24).
g) Ele anuncia: “... anunciar-te-ei cousas grandes e ocultas que não sabes”
(Jr 33.3b)
Sim, algo maravilhoso acontece com o teu caráter quando oras! Tornar-te
mais forte? Não, bem ao contrário, mais fraco! Mas, orando, tua impotência
se une com Sua inefável onipotência. Júbilo surgirá em teu coração:
“Porque quando sou fraco, então é que sou forte” (2 Co 12.10b), “Tudo posso
naquele que me fortalece” (Fp 4.13), e “no dia em que eu clamei, tu me
acudiste, e alentaste a força da minha alma” (Sl 138.3). Dize-me, por que te
deixas enganar tanto por satanás, por que não oras?
2. JAEBEZ
“Ah! nosso Deus, acaso não executarás tu o teu julgamento contra eles?
Porque em nós não há força para resistirmos a essa grande multidão que
vem contra nós, e não sabemos nós o que fazer; porém os nossos olhos estão
postos em ti” (2 Cr 20.12). Esse homem foi libertado de sua própria força.
Vendo os grandes exércitos dos de Amom e de Moabe, ele confessa perante
o Senhor:
1. TENAZMENTE IRRECONCILIÁVEIS
Quando Hebreus 12.14 diz: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a
qual ninguém verá o Senhor”, isso, sem dúvida, vale para o dia da vinda do
Senhor, quando O veremos como Ele é. Mas vale também para hoje.
Ninguém pode ver o Senhor e experimentá-Lo, a não ser que siga a paz
com todos. Tal homem está imundo em seu caráter, porque tolera uma raiz
amarga em seu coração. Com isso também outros estão sendo
contaminados (Hb 12.15), Assim, tampouco pode orar com autoridade.
Jesus diz: “E quando estiverdes orando, se tendes alguma cousa contra
alguém, perdoai, para que vosso Pai Celestial vos perdoe as vossas ofensas”
(Mc 11.25). Reconcilia-te ainda hoje com o teu próximo ou com o teu
parente, perdoa-lhe por amor de Jesus, pois também tu recebeste perdão
de muitas ofensas.
2. OS AFASTADOS DE DEUS
Um desviado não pode orar com perseverança. “Deus faz que o solitário
more em família; tira os cativos para a prosperidade; só os rebeldes habitam
em terra estéril” (Sl 68.6). “Porque o Senhor abomina o perverso” (Pv 3.32).
Quem é um afastado? Um filho de Deus que se desviou da sua posição
decidida para com o Senhor. “Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te,
e volta à pratica das primeiras obras; e se não, venho a ti e moverei do seu
lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas” (Ap 2.5). Quais são, pois, as
obras das quais caíste?
V. O poder da oração
ADORAÇÂO
Dirigindo-se ao Pai, Ele O adora, pois menciona traços do caráter do Pai. Por
exemplo, chama-o “Pai santo” no versículo 11, e no versículo 25 “Pai justo”,
ou, como diz simplesmente no primeiro versículo: “Pai, é chegada a hora;
glorifica o teu Filho, para que o Filho te glorifique a ti”. Com essa adoração Ele
revela o amor do Pai para com Seu Filho. Pai, eis aqui o teu Filho!
INTERCESSÃO
O AGRADECIMENTO AO PAI,
mediante uma frase que o Senhor Jesus repete várias vezes: “que me deste”.
Não pode ser diferente, essa oração perfeita do Filho de Deus difunde também
resplendor para fora, tem efeitos perfeitos que a acompanham; pois no curto
testemunho que Jesus dá do Pai, ressoa a mensagem central do Evangelho, e
cada um que está disposto a ouvir, reconhece nessas palavras o único
caminho que conduz à vida eterna, “e a vida eterna é esta: que te conheçam a
ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (v. 3). Como a
oração do Senhor, também a nossa oração deve conter os três elementos:
adoração, intercessão e agradecimento. Assim também tua oração, sendo
consagrada, reflete vida. Ela transmitirá ao teu ambiente a clara mensagem
central do Evangelho, como Jesus a transmitiu em sua confissão: “e a vida
eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a
quem enviaste”. Quero tentar dizê-lo em outras palavras: Oração consagrada,
perfeita, oração igual à oração de Jesus, irrompe para anunciar com santa
paixão a todo o mundo: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único
Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”. Ninguém pode ser um
homem de oração, cheio do Espírito, sem tornar-se também um missionário.
Perguntemo-nos agora:
Primeiro ela nos desvenda o segredo das Suas riquezas, da Sua plenitude.
Mas, não é assim que o Senhor se fez pobre? Sim, isso é verdade, pois em 2 Co
8.9 lemos: “pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo
rico, se fez pobre por amor de vós, para que pela sua pobreza vos tornásseis
ricos”. E contudo habitava nELe uma indescritível plenitude de Deus. Os três
anos do Seu ministério público foram acompanhados por rios de vida, de
poder e da glória de Deus. Em Colossenses 2.9 a Escritura até diz a seu
respeito: “porquanto nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade”.
Que poder de amor! Quão grande autoridade de pregação! Que paciência
infinita! Que santidade e pureza sem mácula reflete o Seu caráter! E quão
maravilhosas as palavras que proferiu! E, nessa altura, notamos com
surpresa: Jesus não tinha nada que não lhe fosse dado pelo Pai. Quinze
vezes aparece nessa oração a palavra “dado”. O que foi-lhe dado pelo Pai?
Todo o anteriormente mencionado. No versículo 2 Jesus diz: “assim como lhe
conferiste autoridade”. Ele era fraco em si mesmo. Toda manifestação de Sua
autoridade foi procedente unicamente do Pai. No versículo 4 ele diz: “Eu te
glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer”. Quer
dizer: Jesus não fez nada e não queria fazer nada diferente do que consumar a
obra que o Pai Lhe tinha confiado para fazer. Por isso Ele não era agitado e
nervoso, mas a tranqüilidade em pessoa. Apesar disso, Suas obras eram
indescritivelmente frutíferas, porque a obras era do Pai.
Sete vezes o Senhor afirma com ênfase em Sua oração que nós, os seus
discípulos, lhe fomos dados pelo Pai “os que lhe deste” (v.2b), e duas vezes no
versículo 6: “aos homens que me deste do mundo, ... tu mos confiaste”; “que me
deste, porque são teus” (v.9); “Guarda-os em teu nome, que me deste,...” (v. 11);
“guardava-os no teu nome que me deste, e protegi-os...” (v.12); “Pai, a minha
vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste” (v.24)
Meu coração foi profundamente comovido e tocado quando li isso. Sete vezes
ele menciona a ti e a mim. Somos dádivas de Deus a Jesus. Primeiro Ele deu
Jesus por nós: “porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho
unigênito...”, depois Ele nos deu a Jesus. Se nós estamos sendo mencionados
aqui sete vezes, esse fato indica quanto o Senhor o leva a sério. Tu és precioso
ao Seus olhos. Sim, Ele comprou-te com o Seu próprio sangue. Falamos muito
da glória de Jesus; mas também aqui o Senhor destaca: “Eu lhes tenho
transmitido a glória que me tens dado” (v. 22), e “... para que vejam a minha
glória que me conferiste” (v.24). Em outras palavras: Jesus era, como também
diz Hebreus 1.3, “o resplendor da glória de Deus”. Isto é – a glória que Ele
resplandecia não foi outra que a glória do Pai. Ele não se gloriou de si mesmo.
O que obscurece a glória do Senhor em tua vida? Teu gloriar-te de ti mesmo, a
exibição do teu “eu”, teu girar em torno de ti mesmo. Essa piedosa glória
própria apaga a glória de Deus em nós. Também é notável que somente os
pobres em si mesmos, somente os que perderam sua própria glória,
reconheceram a glória de Deus em Jesus Cristo e se renderam com lágrimas.
Foram estes os publicanos e pecadores. Os religiosos foram cegos para essa
glória, pois, aos seus olhos Ele era o mais desprezado de todos os homens.
O Senhor considera de suma importância que saibamos que tudo Lhe foi
entregue pelo Pai. No versículo 7 Ele diz: “agora eles reconhecem que todas as
cousas que me tens dado, provêm de ti”. Em outras palavras: Eu lhes
demonstrarei: “Nada em mim tenho, tudo tenho em Ti”. Quando aprenderás
que tu não tens nada, mas Ele tem tudo, que tu não podes fazer nada, mas
que Ele tudo pode? Nunca ouviste quantas vezes Jesus diz em Sua oração
sacerdotal: “tu me deste”? Jesus não tinha absolutamente nada de si mesmo.
Ele era o mais pobre e, contudo, o mais rico, continuamente tomando dos
tesouros de Deus. Também Paulo foi um que compreendeu isso, quando
exclamou mais tarde: “como desconhecidos, e entretanto bem conhecidos; como
se estivéssemos morrendo e contudo eis que vivemos; como castigados, porém
não mortos; entristecidos, mas sempre alegres; pobres, mas enriquecendo a
muitos; nada tendo, mas possuindo tudo” (2 Co 6.9+10). Jesus tinha tudo,
justamente porque não tinha nada. Jesus não tinha nada que não Lhe fosse
concedido pelo Pai. Tendo visto nessa oração o segredo da plenitude e das
riquezas de Jesus, sendo que Ele enfatiza repetidas vezes: “Tu me deste”,
perguntemo-nos, agora:
POR QUE PODIA JESUS PEDIR TUDO DO SEU PAI E TAMBÉM RECEBÊ-LO?
Crê, Deus pode dar-te o que Sua palavra promete. Vê quanto bem Ele te faz
em tua vida!
Existe uma terceira razão porque Jesus pediu tudo que tinha do Pai e o
recebeu dEle: Porque Jesus repartiu a outros, para glória do Pai, o que o
Pai Lhe tinha dado. Aqui temos o segredo para tomar sempre mais, uma
plenitude sempre maior dos Seus tesouros! Jesus repartiu o que recebeu? Ele
mesmo diz em João 17.8: “porque eu lhes tenho transmitido as palavras que me
deste e eles as receberam e verdadeiramente conheceram que saí de ti, e creram
que tu me enviaste”. Aqui temos o efeito recíproco: Jesus recebe as palavras do
Seu Pai. Ele as transmite aos seus discípulos. Estes reconhecem que Jesus
saiu do Pai e acham seu destino mais profundo em Deus, querem glorificá-lo,
como diz o Senhor: “... e creram que tu me enviaste”. Deus, com prazer, te
concederá chuvas da Sua abundância, assim que só te resta tomar, tomar.
“Porque todos nós temos recebido da sua plenitude, e graça sobre graça” (Jo
1.16), - para que o transmitas adiante e Seu nome seja glorificado e louvado.
Com respeito à glória que o Senhor recebeu do Pai Ele age do mesmo modo:
“eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado” (v. 22). Em outras
palavras: vemos duas coisas que Jesus transmitiu, depois de tê-las recebido
do Pai: a Palavra e a glória. Uma pertence inseparavelmente à outra. Muitos
crentes procuram anunciar a Palavra de Deus, mas seus esforços não estão
acompanhados pela glória do Senhor, ela está obscurecida em suas vidas.
Outros invertem os papéis e procuram transmitir algo da glória do Senhor a
outras pessoas, mas é só produção própria, são meramente sentimentos, pois
falta a Palavra, O Senhor Jesus transmitiu a palavra e a glória de Deus de
um modo tão abundante porque Ele, que recebeu, estava em completa
união com Aquele que dava. Aqui temos o segredo. Só à medida em que nos
tornamos um com Ele, com a Palavra, e – com isto – a glória de Deus,
podemos também transmitir a Palavra de Deus, acompanhada pela glória de
Deus. O Senhor diz isso com uma só frase: “eu lhes tenho transmitido a glória
que me tens dado, para que sejam um com nós o somos” (v. 22)
Mas essa Sua vontade não é uma vontade oposta à vontade do Pai, não, com
Sua vontade Ele também está disposto a pagar o preço. Quando Ele diz:
“Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me
deste...”, então atrás disso está a Sua cruz, Seu sangue derramado. Eu os
quero comprar com minha própria vida. Por isso Ele ganhou e ganha um
despojo tão grande em recompensa da Sua dor. Ouve, na entrega da tua
própria vida ganhas um grande despojo da parte de Deus! Isaías já viu
esse segredo: “Por isso eu lhe darei muitos como a sua parte e com os
poderosos repartirá o despojo, porquanto derramou a sua alma na morte” (Is
53.12). E, ouve, com quanta autoridade o Senhor Jesus ora aqui! “Pai, a
minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste,
para que vejam a minha glória que me conferiste...”
Queres ganhar almas para Ele? Queres conduzir homens perdidos a Ele? Tuas
orações em favor dos perdidos serão respondidas se atrás delas está a entrega
da tua própria vida e se não tens saudades egocêntricas da glória do além,
mas se renuncias a ti mesmo por causa dos outros; então tuas orações serão
respondidas e terás muito fruto. O segundo aspecto que se destaca na oração
do Senhor Jesus é a
O AMOR.
Não que Ele ama o Pai, mas que o Pai O ama a Ele. Lemos no versículo 23: “...
que tu me enviaste, e os amaste como também amaste a mim”. E no versículo
26: “a fim de que o amor com que me amaste esteja neles e eu neles esteja”.
Jesus se refugia no amor paternal. Ele sabe-se abrigado nesse amor, apesar
de encontrar-se frente a acontecimentos terríveis, separado deles só por
poucas horas; chegarão horas em que não verá nem sentirá nada do amor do
Pai, quando será pendurado no madeiro, quando Ele terá que descer a
profundezas inimagináveis, de modo que terá que gritar: “Deus meu, Deus
meu, por que me desamparaste?” (MT 27.46). Exatamente porque sabe tudo
isso, e vê que tem de enfrentar essas coisas, Ele se abriga no amor imutável do
Pai para com Ele, - Pai, tu me amas! – Não sei quais as profundezas escuras
pelas quais o Senhor já te dirigiu ou ainda te dirigirá – talvez te encontras bem
no meio delas. Não entendes mais os Seus caminhos, Sua maneira de atuar
em tua vida, mas digo-te: Ele te ama com amor eterno. Depois o
compreenderás. Mas em oração, numa oração do tipo da oração de Jesus, tu o
podes compreender, podes abrigar-te nesse amor. Jesus precisava da certeza
de ser amado pelo Pai num mundo frio, cruel e religioso, – e Ele abrigou-se
nesse amor. Abriga-me em ti, forte Redentor!
A saudade dEle, não saudade que gira em torno do “eu”, mas saudade para
estar com Ele, junto com muitos outros que ganhaste para Ele.
A íntima comunhão com o Pai. Descansa no Seu peito como uma criança no
peito do seu pai e da sua mãe. A certeza: Ele me ama.
Jesus, com visão profética, vê o perigo mortal para filhos de Deus: deixar-se
infiltrar pelo espírito e pela atitude do mundo. Com ênfase ele diz perante o
Pai: “Quando eu estava com eles, guardava-os no teu nome que me deste, e
protegi-os” (v.12), e “Não peço que os tires do mundo, e, sim, que os guardes do
mal. Eles não são do mundo como também eu não sou” (VV. 15,16).
Permaneceste protegido e sem mácula do espírito deste mundo – na família,
no emprego, no colégio, na educação dos teus filhos, no teu tempo livre, na
tua maneira de vestir? Jesus mesmo diz: “porque estreita é a porta e apertado
o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela” (Mt
7.14). Somente pouquíssimos encontram o caminho estreito após o Cordeiro e
andam nele, pois é um caminho de renúncia. Moisés era um homem que
resistiu à assimilação no Egito, que preferiu o opróbrio de Cristo aos prazers
do pecado no Egito (comp. Hb 11.25). Daniel era tal homem de Deus que
nadou contra a correnteza e resistiu ao espírito do império da Babilônia,
enquanto os demais jovens israelitas fizeram aliança com o espírito de Babel.
Lemos de Daniel: “Resolveu Daniel firmemente não contaminar-se com as finas
iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia” (Dn 1.8). Ele tinha um “não”
contra o espírito do mundo, e os seus três amigos o seguiam. Deus podia
abençoá-los. Paulo disse “não” ao espírito deste mundo, exclamando: “Mas
longe esteja de mim gloriar-me senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo,
pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo” (Gl 6.14).
Quando, de coração, tens um “sim” ao caminho estreito, a oração do Senhor
Jesus em teu favor já está respondida: “Não peço que os tires do mundo, e, sim,
que os guardes do mal”.
Podemos dizer também assim: Se Jesus, quase numa frase, diz – guarda-os do
mal deste mundo e santifica-os em tua verdade – isso significa também: Não
permitas que estejam infestados pelo espírito deste mundo, mas faze que
sejam um em nós, contigo, o Senhor! Faze que eles sejam sempre mais
purificados e transformados pela tua Palavra! Aqui temos o pleno caminho da
santificação: “Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade”. Filho de
Deus, obedece à Palavra! Dá razão a Deus em Sua Palavra! Deixa-te julgar
mais profundamente por essa Palavra! “Tua palavra é a verdade”. Permite que
a Palavra de Deus te revele cada vez mais a fundo a verdade sobre ti mesmo.
Assim submergirás sempre mais em Sua morte, e Jesus se tornará visível em
ti. Isso é ser santificado. “Sem santificação ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14).
Parece-me que muitos filhos de Deus oscilam entre os dois pontos dessa
petição: estão sendo infestados pelo espírito deste mundo, depois, com
lágrimas, buscam novamente a santificação. São crentes que permanecem na
meia-luz, que não se expõem definitivamente à luz. A esse quero dizer em
nome do Senhor: “Até quando coxeareis entre dois pensamentos?” (1 Rs 18.21).
Vocês querem seguir ao espírito do anticristo, ao espírito deste mundo, ou ao
Espírito do Senhor Jesus? Queres ser profanado ou santificado? Essa é a
alternativa da tua vida espiritual. Eu sinto profundamente como muitos estão
divididos em si mesmo. O Espírito do Senhor Jesus está poderosamente ativo
na preparação da Igreja para o arrebatamento. Mas também o espírito do
anticristo, piedosamente camuflado, aumenta sua atividade. Por isso as duas
petições do Senhor Jesus são de tão grande importância: “Não peço que os
tires do mundo, e sim, que os guardes do mal”. – “Santifica-os na verdade, a tua
palavra é a verdade”.
A UNIDADE.
E, finalmente:
POR QUE O SENHOR JESUS EXPÔS ESSA ORAÇÃO TAMBÉM AOS NOSSOS
OUVIDOS?
Lemos isso no versículo 13: “Mas se agora vou para junto de ti, e isto falo no
mundo para que eles tenham o meu gozo completo em si mesmos”. Tens um
“sim” a essa mensagem da Palavra de Deus? Dizes “sim” ao caminho do
Cordeiro, da renúncia de si mesmo? Então, alegra-te, pois, Jesus orou em teu
favor! Sim, Ele também está orando em teu favor agora. De maneira
maravilhosa completará a obra que começou em ti –
Chamado
e também tu és a
Orar