Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Cartilha Sobre o Plágio
Cartilha Sobre o Plágio
LG o
O plágio acadêmico se configura sejam capazes de refletir sobre sua
á i
livros ou da Internet, ideias, con- preensão dos autores da sua área.
P
ceitos ou frases de outro autor Faz parte da formação dos alunos
(que as formulou e as publicou), que estes sejam capazes de articular
sem lhe dar o devido crédito, sem as ideias desses autores de referên-
citá-lo como fonte de pesquisa. cia com as suas próprias ideias.
Trata-se de uma violação dos di- Para isto, é fundamental que os alu-
reitos autorais de outrem. Isso tem nos explicitem, em seus trabalhos
implicações cíveis e penais. E o acadêmicos, exatamente o que es-
“desconhecimento da lei” não serve tão usando desses autores, e o que
de desculpa, pois a lei é pública e eles mesmos estão propondo. Ser
explícita. capaz de tais articulações intelec-
Na universidade, o que se espera dos tuais, portanto, torna-se critério bá-
alunos é que estes se capacitem tan- sico para as avaliações feitas pelos
to técnica como teoricamente. Que professores.
Pronto.
veja o que diz a lei
Agora você já sabe engana-se Código Civil Art. 7
como ser um pesquisador. quem pensa Art. 524 define as obras intelec-
tuais que são protegidas
que só faz
Pratique essa idéia em “a lei assegura
ao proprietário por lei: considerando cmo
cada um de seus trabalhos
acadêmicos, incluindo
a sua monografia, e,
plágio
quem copia,
o direito de usar,
gozar e dispor
obras intelectuais “as cria-
ções do espírito, expressas
por qualquer meio ou fixa-
de seus bens,
para esclarecer qualquer dúvida quanto à forma correta de redação,
converse com seu professor
palavra por palavra e de reavê-los das em qualquer suporte,
tangível ou intangível, co-
um trabalho
do poder de
ou com a própria Comissão quem quer que, nhecido ou que se invente
para Avaliação de Autoria. inteiro sem citar injustamente, no futuro”.
a fonte os possua”. Art. 22 a 24
de onde o regem os direitos morais
tirou. Código Penal
e patrimoniais da obra
criada, como pertencen-
Crime contra o tes ao seu Autor.
Segundo o professor Lécio Ra- Direito Autoral,
Art. 33
mos, citado por Garschagen previsto nos
Cartilha sobre diz que ninguém pode
Artigos 7, 22, 24,
Direitos Autorais (2006), podemos listar pelo reproduzir a obra inte-
Conv
Convenção Universal 33, 101 a 110, lectual de um Autor, sem
Lei de Dir
Direitos Autorais/ menos 3 tipos de plágio: e 184 a 186
Co tituição
Constituição a permissão deste.
INTEGRAL (direitos do Autor formulados
Referências pela Lei 9.610/1998) Art. 101 a 110
GARSCHAGEN, B. Universidade em tem- o “engano” citado acima... e 299 tratam das sanções cíveis
pos de plágio. 2006.
PARCIAL (falsidade ideológica). aplicáveis em casos de
Disponível em: http://observatorio.
violação dos direitos au-
ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp? que ocorre quando o trabalho torais, sem exclusão das
cod=366ASP006
Acesso em 04/10/2009 é um “mosaico” formado por possíveis sanções penais.
Site Creative Commons: http://creative cópias de parágrafos e frases Art. 184
commons.org de autores diversos, sem configura como crime de
Site Creative Commons no Brasil: http://
creative commons.org.br/ mencionar suas obras plágio o uso indevido da
LEMOS, Ronaldo. “Creative Commons”. propriedade intelectual
In: SPYER, Juliano. (Org.). Para entender
CONCEITUAL de outro.
a internet - Noções, práticas e desafios a utilização da idéia do autor Art. 299
da comunicação em rede. 2009 (on-
line). Disponível em: http://educarede.
escrevendo de outra forma, define o plágio como cri-
info/livro/Para%20entender%20a%20 porém, novamente, sem citar me de falsidade ideológi-
Internet.pdf Acesso em 16/06/2009. a fonte original ca, em documentos par-
ticulares ou públicos.
3
plágioparcial Vamos imaginar que, por solicitação do professor, mesmo citando as fontes ainda assim a forma de escrever é incor-
alguns alunos “fizeram” artigos acadêmicos sobre reta, pois o pesquisador, ou seja, o aluno, não deve
os chamados “tempos pós-modernos”. É uma situa- apenas fazer um levantamento de trechos de auto-
ção hipotética, não ocorreu de fato, mas nos ajuda- res (“colcha de retalhos”), mas sim, criar um texto di-
rá a entender como se configura o plágio e como ferente baseado nas ideias dos mesmos, explicando
evitá-lo. Suponhamos, primeiramente, que eles “es- o que eles quiseram dizer com exemplos esclarece-
creveram” assim: dores, entre outros complementos.
Dessa forma, é incorreto, por exemplo, colocar, em
Se desde a época do ‘desencaixe’ e ao longo da era moderna,
vários parágrafos sucessivos, literalmente o texto de-
dos ‘projetos de vida’, o ‘problema da identidade’ era a questão
les (entre aspas, portanto), ou mudando apenas uma
de como construir a própria identidade (...) – atualmente, o
ou outra palavra. Abaixo, uma versão incorreta, mes-
problema da identidade resulta principalmente da dificuldade
mo tendo as fontes citadas (as palavras alteradas
de se manter fiel a qualquer identidade por muito tempo.
estão em negrito).
A pós-modernidade representa o momento histórico pre-
ciso em que todos os freios institucionais que se opunham à
emancipação individual se esboroam e desaparecem, dando Se desde a época do ‘desencaixe’ e ao longo da contempo-
lugar à manifestação dos desejos subjetivos, da realização in- raneidade, dos ‘projetos de vida’, o ‘problema da identidade’ era
dividual, do amor-próprio. o modo como construir a própria identidade (...) – hoje, o pro-
blema da identidade resulta principalmente da dificuldade de se
A substituição crescente dos ideais da cultura por ideais
estritamente consumistas, com fins de utilização dos indiví- manter fiel a qualquer identidade por muito tempo. (BAUMAN,
duos como mera força de consumo e o atual aguçamento da 1999, p. 155)
descrença em projetos coletivos unificadores – talvez ainda A pós-modernidade siginifica a época histórica precisa em
existentes nas chamadas “culturas de massas” – promovem a que todos os freios institucionais que se opunham à emancipa-
constituição de um tipo de “pseudo-individuação” ancorada, ção individual se desmoronam e desaparecem, dando lugar à
ainda mais estritamente, em mecanismos de idealização. manifestação dos desejos subjetivos, da realização individual,
do amor-próprio. (LIPOVETSKY, 2004, p. 23)
Tudo muito bonito, mas acontece que, além de o A substituição progressiva dos ideais da cultura por ideais
professor conhecer muito bem o estilo de escrita totalmente consumistas, com fins de utilização dos indivíduos
do aluno - e saber se ele escreve tão bem ou não - o como mera força de consumo e o atual aguçamento da descren-
texto é o típico exemplo de plágio parcial, porque ça em projetos coletivos unificadores – talvez ainda existentes
os parágrafos são copiados
1
na íntegra,
2
sem citação,
3
nas chamadas “culturas de massas” – promovem a constituição
de obras de Bauman , Lipovetsky e Severiano , res- de um tipo de “pseudo-individuação” baseada, ainda mais es-
pectivamente. tritamente, em mecanismos de idealização. (SEVERIANO, 1999,
1
p. 162-163)
BAUMAN, Z. Globalização e consequëncias humanas. Rio de Janeiro: Zahar, 1999.
2
LIPOVETSKY, Gilles. Os tempos hipermodernos. São Paulo: Barcarolla, 2004.
3
SEVERIANO, Maria de Fátima Vieira. As subjetividades contemporâneas sob o signo do
consumo – os ideais narcísicos na publicidade da tv: produção e consumo. 1999. 567 p.
6 confira acima
7
Atribuição (by) vem conter menção ao Autor nos cré-
licenças creative commons: como funcionam Permite que outros distribuam, remixem, ditos e também não podem ser usadas
Trata-se de um sistema alternativo às sibilitam ao(s) autor(es) disponibilizar adaptem ou criem obras derivadas, mes- com fins comerciais, porém as obras de-
licenças tradicionais de utilização de ao público alguns direitos sobre a sua mo que para uso com fins comerciais, rivadas não precisam ser licenciadas sob
obras protegidas, que permite ao cria- criação, assegurando para si, paralela- contanto que seja dado crédito pela cria- os mesmos termos desta licença.
dor de uma obra decidir quais os direi- mente, tanto o direito original pela ção original. É a licença menos restritiva Atribuição (by-nc-sa)
tos que pretende reservar para si, en- criação, bem como outros direitos. As em termos de quais usos outras pessoas Uso Não Comercial
quanto autoriza o público a trabalhar licenças possuem gradações, e vão des- podem fazer de sua obra. Compartilhamento pela mesma Licença
com base nas suas ideias. de uma renúncia quase total, por parte Atribuição (by-sa) Permite que outros remixem, adaptem
No modelo “Autoria Comum”, do Crea- de quem licencia, até opções de caráter Compartilhamento pela mesma Licença e criem obras derivadas sobre sua obra
tive Commons (CC), trabalha-se com mais restritivo, que proíbem a criação Permite que outros remixem, adaptem com fins não comerciais, contanto que
“Alguns Direitos Reservados” (Some de obras derivadas ou o uso comercial e criem obras derivadas ainda que para atribuam crédito ao Autor e licenciem
Rights Reserved), em oposição ao mo- dos materiais licenciados. fins comerciais, contanto que o crédi- as novas criações sob os mesmos parâ-
delo “Todos os Direitos Reservados” ou No Brasil, as licenças Creative Commons to seja atribuído ao Autor e que essas metros. Outros podem fazer o download
All Rights Reserved, que rege o tradi- foram traduzidas e estão adaptadas à obras sejam licenciadas sob os mesmos ou redistribuir a obra original da mesma
cional e conhecido copyright. legislação brasileira. No país, o Projeto termos. Esta licença é geralmente com- forma que na licença anterior, mas eles
Creative Commons é coordenado pelo parada a licenças de software livre. Todas também podem traduzir, fazer remixes
Isto significa que, ao optar por publicar
Centro de Tecnologia e Sociedade da as obras derivadas devem ser licenciadas e elaborar novas histórias com base na-
um determinado texto, um artigo cien-
sob os mesmos termos desta. Dessa for- quela obra. Toda nova obra baseada na
tífico, um livro, uma música, um site ou Faculdade de Direito da Fundação Ge-
ma, as obras derivadas também poderão original deverá ser licenciada com a mes-
um filme com alguma licença Creative túlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro. O
ser usadas para fins comerciais. ma licença, de modo que qualquer obra
Commons (veja quais são as seis princi- Brasil foi o terceiro país a aderir à rede
Creative Commons, presente em mais Atribuição (by-nd) derivada, por natureza, não poderá ser
pais no item 3.2) se permite a livre ma-
Não a Obras Derivadas usada para fins comerciais.
nipulação, distribuição, compartilha- de 50 nações (LEMOS, 2009, p. 38).
mento e replicação destes conteúdos. Existem mais de 150 milhões de obras Permite a redistribuição e o uso para fins Atribuição (by-nc-nd)
comerciais e não comerciais, contanto Uso Não Comercial Não a Obras Derivadas
O Projeto Creative Commons foi idea- licenciadas em Creative Commons, en-
que a obra seja redistribuída sem modi- É a mais restritiva dentre as seis licenças
lizado em 2001 por Lawrence Lessing, tre elas, o site da Agência Brasil http://
ficações e completa, e que os créditos principais, permitindo redistribuição. Ela
professor da Universidade de Stanford www.agenciabrasil.gov.br/, http://
sejam atribuídos ao Autor. é comumente chamada “propaganda
(EUA), tendo por base a filosofia do blog.planalto.gov.br/ e o site da Casa
Atribuição (by-nc) grátis” pois permite que outros façam do-
copyleft, isto é: usar a legislação de Branca www.whitehouse.gov.
Uso Não Comercial wnload das obras originais de um Autor,
proteção dos direitos autorais com a É importante que você observe sempre
Esta licença permite que outros remi- e as compartilhem, contanto que men-
intenção de retirar barreiras para a di- sob qual tipo de licença Creative Com-
xem, adaptem, e criem obras derivadas cionem e façam o link ao Autor, mas sem
fusão de uma obra, a sua recombina- mons um autor disponibiliza a sua obra poder modificar a obra de nenhuma for-
da obra original, sendo vedado o uso
ção e compartilhamento. para saber como poderá utilizá-la de ma, nem utilizá-la para fins comerciais.
com fins comerciais. As novas obras de-
Assim, as licenças jurídicas criadas pos- modo legal.
conheça as seis principais licenças creative commons da menos para a mais restritiva
8 9
o autor tem direitos sobre o que cria
Por isso, a propriedade intelectual, em um filme ou uma música da Internet,
qualquer de suas formas, é protegida para cantar a música “parabéns a você”
por lei. De acordo com o Ministério da em uma comemoração de aniversário, é
Cultura (MinC), a propriedade intelectu- necessária a autorização do Autor. Mui-
al “lida com os direitos de propriedade ta coisa, não é?
das coisas intangíveis oriundas das ino- Estes direitos se referem não só ao ga- Instituto de Arte e
vações e criações da mente”. Estão sob nho financeiro, mas também à questão Comunicação Social
proteção legal a propriedade industrial, moral de reconhecer publicamente a Rua Prof. Lara Vilela, 126
os cultivares e também o chamado di- autoria de uma obra. O direito patrimo- São Domingos – Niterói – RJ
reito autoral. A propriedade intelectual nial ou econômico, no caso brasileiro, CEP 24210-590
protege as criações, permitindo que expira até 70 anos após a morte do au- Departamento:
seus criadores usufruam direitos eco- tor, quando a sua obra passa a ser consi- gco@vm.uff.br
nômicos sobre produtos e serviços que derada de “domínio público”. Já o direito (21) 2629.9762
podem resultar de suas obras. moral é “intransferível, imprescritível e
irrenunciável”.
Coordenação:
O direito autoral se refere diretamente
à obra intelectual e o direito que seu ggc@vm.uff.br
O direito moral dá ao criador a garan-
criador exerce sobre ela. Por obra inte- (21) 2629-9764
tia de menção de título e nome de sua
lectual, entende-se “criação do espírito, (21) 2629-9765
obra, opor-se a alteração que possa
expressa por qualquer suporte, tangível prejudicá-la, ou à sua reputação, modi- http://www.uff.br/jornalismo
ou intangível.” Programas de computa- ficá-la sempre que quiser, retirá-la de http://www.uff.br/publicidade
dor, obras literárias, artísticas e científi- circulação e mantê-la inédita. Além da
cas se enquadram nesta categoria. E é lei brasileira que regula os direitos auto-
justamente aí que se dão os problemas rais (Lei Federal n º 9.610/98), também
mais comuns com relação à violação dos existe uma convenção universal, assina-
direitos dos Autores! da em Genebra, em 6 de setembro de UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
Considera-se Autor a pessoa física cria- 1952, que protege o direito autoral em
dora da obra literária. O primeiro a ex- todos os países que aderiram ao docu-
pressar uma idéia e fixá-la em suporte mento. Entre eles, o Brasil.
material. Ao copiar uma música para seu A Coordenação-Geral de Direito Autoral
mp3, ao ler o jornal diário e ter acesso do Ministério da Cultura é responsável PRÓ-REITORIA DE ASSUNTOS ACADÊMICOS
às imagens produzidas pela tevê, você pela Gestão da Política de Direito Au-
está tendo contato com um universo toral. O texto acima foi redigido tendo
cercado por direitos autorais. Para fazer como fonte a cartilha “Direito Autoral:
cópia de um livro, mesmo que esgotado conheça e participe desta discussão so-
e sem finalidade comercial, para baixar bre a cultura no Brasil”, publicado pelo
MinC, em 2008, disponível no site www. www.ildonascimento.com
10 minc.gov.br