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MANUAL DO

MOTOCICLISTA
POLICIAL MILITAR

RICARDO PASSOS CONCEIÇÃO - MAJ PM


LUCAS DÃ SANTANA BARRETO - CAP PM
MANUAL DO

MOTOCICLISTA
POLICIAL MILITAR
MANUAL DO

MOTOCICLISTA
POLICIAL MILITAR
RICARDO PASSOS CONCEIÇÃO – MAJ PM
LUCAS DÃ SANTANA BARRETO - CAP PM

Salvador
2018
AGRADECIMENTOS

Agradecemos à senhora Thereza Regina de F. Valente Machado que,


além de responsável pelas fotografias e ilustrações, se tornou verdadeira
entusiasta na elaboração deste Manual, o que nos possibilitou contribuir na
padronização, normatização das atividades de policiamento com emprego
de motocicletas.
BOLETIM GERAL OSTENSIVO Nº 055 de 20 de março de 2017

3ª PARTE - ASSUNTOS GERAIS E ADMINISTRATIVOS


b) PARECER DE TRABALHO TÉCNICO-PROFISSIONAL
A Comissão designada mediante ato administrativo, publicado no BGO nº. 049, de 11 Mar 16, composta pelos
Ten Cel PM ANTÔNIO FERNANDO COSTA DE AZEVEDO, Mat. 30.201.411-3, Maj PM ANTÔNIO ROQUE ÁVILA
DOS ANJOS, Mat. 30.218.620-3, Maj PM ANDRÉ PEREIRA BORGES, Mat. 30.227.313-1, Maj PM RICARDO ANTÔ-
NIO TRIGO LORENZO FILHO, Mat. 30.255.322-2, e Cap PM SÉRGIO MARCOS RIBEIRO PAZ, Mat. 30.255.327-2,
teve como objetivo analisar a viabilidade de reconhecimento como Trabalho Técnico-Profissional de interesse da
PMBA a obra intitulada Manual do Motociclista Policial Militar, de autoria do Maj PM RICARDO PASSOS CONCEI-
ÇÃO, Mat. 30.218.666-9, e do Cap PM LUCAS DÃ SANTANA BARRETO, Mat. 30.413.864-6.

Após análise, a Comissão opinou favoravelmente pelo reconhecimento da obra intitulada “Manual do Mo-
tociclista Policial Militar”, de autoria do Maj PM RICARDO PASSOS CONCEIÇÃO, Mat. 30.218.666-9, e do Cap PM
LUCAS DÃ SANTANA BARRETO, Mat. 30.413.864-6, como Trabalho Técnico-Profissional de interesse da PMBA,
por entender que este satisfaz integralmente as necessidades da Corporação e, seguramente, prestará enorme
contribuição para a sedimentação doutrinária da atividade especializada de motociclismo policial militar no âmbi-
to desta Instituição, com destaque para a louvável iniciativa dos autores, porquanto responsáveis por extinguir a
carência histórica de material didático no que se refere temática abordada pelo manual em apreço.
Assim sendo, RESOLVO:
I - Acatar o parecer da comissão, considerando a obra intitulada “Manual do Motociclista Policial Militar”, de
autoria do Maj PM RICARDO PASSOS CONCEIÇÃO, Mat. 30.218.666-9, e do Cap PM LUCAS DÃ SANTANA BAR-
RETO, Mat. 30.413.864-6, como Trabalho Técnico-Profissional de interesse da Polícia Militar da Bahia.

ANSELMO ALVES BRANDÃO – CEL PM


Comandante-Geral
RESUMO

O presente trabalho tem por finalidade apresentar doutrinariamente a aplicação


do policiamento com emprego de motocicletas, entrevendo promover a uniformidade
em relação a esta modalidade de policiamento, apresentando a padronização dos pro-
cedimentos operacionais a serem aplicados no motopatrulhamento, bem como criar
diretrizes no Policiamento de Trânsito e realização de escoltas; estas últimas, atividades
intrínsecas da utilização de motocicletas. Didaticamente, o presente trabalho está divi-
dido em capítulos e tópicos, que vão das características técnicas e mecânicas da moto-
cicleta, passando pela técnica de pilotagem, até alcançar o desenvolvimento operativo
na citada modalidade. Neste diapasão, almeja-se difundir o conhecimento técnico do
policiamento com motocicletas, em relação aos diversos aspectos que o permeiam.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Comparativo entre as motocicletas street e on/off road / 26
Figura 2 - Relação entre motocicletas street e on/off road quanto às dimensões e ergonomia / 27
Figura 3 - Luminosos dianteiros da motocicleta policial / 27
Figura 4 - Luminosos traseiros da motocicleta policial / 28
Figura 5 - Sirene empregada na motocicleta policial / 28
Figura 6 - Protetor de motor empregado na motocicleta policial / 29
Figura 7 - Protetor de cárter utilizado na motocicleta policial / 29
Figura 8 - Porta tonfa empregado na motocicleta policial / 30
Figura 9 - Protetor de manete empregado na motocicleta policial / 30
Figura 10 - Dispositivo de corta linha “pipa” / 31
Figura 11 - Estrutura do capacete motociclístico / 33
Figura 12 - Capacete articulado regulamentado pelo Conselho Nacional de Trânsito / 34
Figura 13 - Capacete adequado para o emprego do motopatrulhamento / 34
Figura 14 - Tabela de medidas para utilização do capacete adequado / 35
Figura 15 - Tipos de jugulares regulamentadas pelo Conselho Nacional de Trânsito / 36
Figura 16 - Demonstração do funcionamento da jugular / 37
Figura 17 - Modelos admitidos e inadmitidos pelo Conselho Nacional de Trânsito / 37
Figura 18 - Modelo de botas que utilizadas pelos motociclistas policiais militares / 38
Figura 19 - Modelo de blusão utilizado pelos motociclistas policiais militares / 38
Figura 20 - Modelos de bulcaneiras empregadas no blusão / 39
Figura 21 - Aplicação das bulcaneiras no blusão / 39
Figura 22 - Modelo de fiel empregado no blusão / 39
Figura 23 - Modelo emprego de brevês no blusão / 40
Figura 24 - Modelo emprego de medalha no blusão / 40
Figura 25 - Modelo emprego de brevê e medalha no blusão / 40
Figura 26 - Modelo de insígnias de postos e graduações utilizadas no blusão / 41
Figura 27 - Insígnias utilizada no blusão / 41
Figura 28 - Insígnia utilizada no blusão / 41
Figura 29 - Braçal empregado no blusão / 42
Figura 30 - Modelo de luva “meio-dedo” / 43
Figura 31 - Modelo de luva fechada / 43
Figura 32 - Modelo de culote utilizado / 44
Figura 33 - Inadequação do emprego do coldre de perna no policiamento com motocicletas / 45
Figura 34 - Adequação no emprego do coldre de cintura no policiamento com motocicletas / 45
Figura 35 - Modelo de rádio empregado pelos motociclistas / 46
Figura 36 - Modelo de colete refletivo / 46
Figura 37 - Modelo de joelheiras e cotoveleiras / 47
Figura 38 - Modelo de colete de proteção do tronco / 47
Figura 39 - Ilustração do uniforme operacional completo / 50
Figura 40 - Ilustração de detalhes uniforme operacional com emprego de boina / 50
Figura 41 - Ilustração do uniforme operacional com emprego de capacete / 51
Figura 42 - Ilustração do uniforme operacional de escolta completo / 52
Figura 43 - Ilustração de detalhes do uniforme de escolta / 52
Figura 44 - Ilustração do cachecol na cor branca / 53
Figura 45 - Ilustração de detalhes do uniforme para desfile em grupamento de escolta / 53
Figura 46 - Emprego do cachecol e luvas amarelas para desfile em grupamento de trânsito / 53
Figura 47 - Equipamentos essenciais para o motociclista policial militar / 54
Figura 48 - Materiais básicos individuais do motociclista policial militar / 55
Figura 49 - Ilustração de principais peças do motor e esquema de funcionamento / 58
Figura 50 - Árvore de manivela do motor de motocicleta / 58
Figura 51 - Balancim empregado no motor da motocicleta / 59
Figura 52 - Biela do motor de motocicleta / 59
Figura 53 - Cabeçote do motor de motocicleta / 60
Figura 54 - Bloco do motor de motocicleta com demais componentes / 60
Figura 55 - Caixa de câmbio do motor da motocicleta / 61
Figura 56 - Corrente de comando / 61
Figura 57 - Eixo de comando de válvulas / 62
Figura 58 - Pistão utilizado no motor da motocicleta / 62
Figura 59 - Modelo de válvula utilizado em motocicletas / 63
Figura 60 - Manopla de aceleração da motocicleta / 63
Figura 61 - Cabo de aceleração da motocicleta / 64
Figura 62 - Modelo de filtro de ar utilizado em motocicletas / 64
Figura 63 - Tanque de combustível utilizado em motocicletas / 65
Figura 64 - Alternador utilizado em motocicletas / 65
Figura 65 - Automático de partida utilizado em motocicletas / 66
Figura 66 - Modelo de bateria empregada em motocicletas / 66
Figura 67 - Modelo de bobina de faísca empregado em motocicletas / 67
Figura 68 - Modelo de CDI empregado em motocicletas / 67
Figura 69 - Modelo de motor de partida utilizado em motocicletas / 67
Figura 70 - Modelo de retificador de corrente utilizado em motocicletas / 68
Figura 71 - Modelo de vela de ignição utilizado em motocicletas / 68
Figura 72 - Ilustração do sistema de lubrificação da motocicleta / 69
Figura 73 - Modelo de bomba de óleo utilizado em motocicletas / 69
Figura 74 - Principais modelos de filtros de óleo utilizados em motocicletas / 70
Figura 75 - Ilustração de funcionamento do óleo lubrificante nos motores de motocicletas / 70
Figura 76 - Modelo de radiador utilizado em motocicletas / 71
Figura 77 - Demonstração do sistema do arrefecimento / 72
Figura 78 - Ilustração do sistema de transmissão / 72
Figura 79 - Ilustração do câmbio de motocicletas / 73
Figura 80 - Elementos que compõe a embreagem da motocicleta / 73
Figura 81 - Sistema de freio a disco hidráulico da roda dianteira da motocicleta / 74
Figura 82 - Freio a tambor / 74
Figura 83 - Ilustração de funcionamento do sistema de freio a tambor / 75
Figura 84 - Ilustração do sistema de freio a disco hidráulico / 76
Figura 85 - Freio a disco hidráulico / 76
Figura 86 - Ilustração do sistema de freio ABS / 77
Figura 87 - Realização da manutenção preventiva / 79
Figura 88 - Ilustração de sentido que se deve fazer a manutenção em primeiro escalão / 81
Figura 89 - Para-brisa da motocicleta / 82
Figura 90 - Baú da motocicleta / 82
Figura 91 - Espelhos retrovisores / 83
Figura 92 - Ajuste adequado dos espelhos retrovisores com vistas à redução dos “pontos cegos” / 83
Figura 93 - Antena de corta linha “pipa” / 83
Figura 94 - Manopla de aceleração / 84
Figura 95 - Manete do freio dianteiro / 84
Figura 96 - Manete de embreagem / 85
Figura 97 - Iluminação e sinalização da motocicleta / 85
Figura 98 - Luminosos intermitentes e sirene / 86
Figura 99 - Tanque de combustível / 86
Figura 100 - Selim / 87
Figura 101 - Freio da motocicleta / 87
Figura 102 - Corrente de transmissão da motocicleta / 88
Figura 103 - Motor da motocicleta / 88
Figura 104 - Vareta do óleo / 89
Figura 105 - Pneus e rodas da motocicleta / 89
Figura 106 - Pedal de freio traseiro / 90
Figura 107 - Pedal de câmbio de marchas / 90
Figura 108 - Descanso da motocicleta / 91
Figura 109 - Chave de ignição / 93
Figura 110 - Manete de embreagem / 94
Figura 111 - Manete de embreagem / 94
Figura 112 - Pedal de câmbio de marchas / 95
Figura 113 - Pedal de freio traseiro / 95
Figura 114 - Manopla de aceleração / 96
Figura 115 - Setas indicadoras de direção / 96
Figura 116 - Dispositivo do acionamento de luminosos da motocicleta policial / 97
Figura 117 - Botões do acionamento dos faróis da motocicleta / 97
Figura 118 - Buzina da motocicleta / 97
Figura 119 - Dispositivo de sirene / 98
Figura 120 - Corta corrente da motocicleta / 98
Figura 121 - Botão de partida elétrica / 99
Figura 122 - Postura incorreta na motocicleta em relação ao posicionamento dos pés no solo / 100
Figura 123 - Postura incorreta na motocicleta com pernas abertas e corpo afastado do tanque / 100
Figura 124 - Postura incorreta em relação ao pé que se encontra demasiadamente inclinado / 100
Figura 125 - Postura correta a ser empregada pelo motociclista / 101
Figura 126 - Procedimento de saída com a motocicleta / 102
Figura 127 - Procedimento de parada da motocicleta / 104
Figura 128 - Procedimento de frenagem da motocicleta / 106
Figura 129 - Realização de curvas / 107
Figura 130 - Transpondo aclives / 108
Figura 131 - Transpondo declives / 109
Figura 132 - Transpondo lombadas em situações imprevisíveis / 11
Figura 133 - Transpondo buracos em situações imprevisíveis / 112
Figura 134 - Transpondo escadarias / 115
Figura 135 - Modelos de sinalizações horizontais / 116
Figura 136 - Modelo de cruzamento / 117
Figura 137 - Içamento da motocicleta / 118
Figura 138 - Ilustração da pista do slalon simples / 121
Figura 139 - Ilustração da pista do slalon duplo / 121
Figura 140 - Ilustração da pista do slalon triplo / 121
Figura 141 - Ilustração da pista de alameda com espaço reduzido / 122
Figura 142 - Ilustração da pista de alameda com maior espaçamento/ 122
Figura 143 - Ilustração da pista de frenagem / 123
Figura 144 - Ilustração da transposição da prancha de equilíbrio / 123
Figura 145 - Ilustração da pista de labirinto / 124
Figura 146 - Ilustração da pista oito / 124
Figura 147 - Ilustração da pista zerinho / 125
Figura 148 - Menor fração empregada no policiamento com motocicletas / 127
Figura 149 - Ilustração do posicionamento das motocicletas em deslocamento / 128
Figura 150 - Procedimento de parada de motocicletas / 129
Figura 151 - Realização do ponto base / 130
Figura 152 - Posicionamento do capacete sobre a motocicleta / 130
Figura 153 - Posicionamento de ponto base em canalizações / 131
Figura 154 - Parada em semáforo / 132
Figura 155 - Procedimento de transposição de faixa de trânsito / 134
Figura 156 - Gesto para formação em coluna por um / 135
Figura 157 - Gesto para formação em coluna por dois / 135
Figura 158 - Gesto para formação em coluna por três / 136
Figura 159 - Gesto para indicação de animal na pista / 136
Figura 160 - Gesto para indicação de obstáculo na pista / 137
Figura 161 - Gesto para indicação de pista escorregadia / 137
Figura 162 - Gesto para indicação de lombadas / 138
Figura 163 - Gesto para indicar que deseja manter contato próximo / 138
Figura 164 - Gesto para indicar redução de velocidade / 139
Figura 165 - Gesto para indicar o desligamento de sirenes / 139
Figura 166 - Gesto para dobrar à esquerda / 140
Figura 167 - Gesto para dobrar à esquerda / 140
Figura 168 - Formação em coluna por um / 140
Figura 169 - Formação em coluna por duas intervaladas / 142
Figura 170 - Formação em coluna por dois / 142
Figura 171 - Formação em coluna por três / 143
Figura 172 - Formação em linha / 143
Figura 173 - Formação em cunha / 144
Figura 174 - Formação em cunha invertida / 144
Figura 175 - Formação em losango / 145
Figura 176 - Ilustração de comandos de ordem unida montado / 146
Figura 177 - Modelo de documentos de identificação / 159
Figura 178 - Modelo do CRLV e CNH / 159
Figura 179 - Abordagem policial à transeuntes com dois motociclistas / 162
Figura 180 - Abordagem policial à transeuntes com dois motociclistas e um garupeiro / 164
Figura 181 - Abordagem policial à transeuntes com três motociclistas / 165
Figura 182 - Abordagem policial à motocicleta com dois motociclistas / 166
Figura 183 - Abordagem policial à motocicleta com dois motociclistas e um garupeiro / 168
Figura 184 - Abordagem policial à motocicleta com três motociclistas / 169
Figura 185 - Abordagem policial a veículos com dois motociclistas / 170
Figura 186 - Abordagem policial à veículos com dois motociclistas e um garupeiro / 172
Figura 187 - Abordagem policial à veículos com três motociclistas / 173
Figura 188 - Policiamento com emprego de motocicleta / 177
Figura 189 - Policiamento em eventos especiais / 181
Figura 190 - Policiamento em corrida de rua / 181
Figura 191 - Acompanhamento do primeiro colocado / 184
Figura 192 - Execução do efeito caracol ou carrossel / 185
Figura 193 - Policiamento em passeio ciclístico / 188
Figura 194 - Gestos do agente de trânsito / 199
Figura 195 - Gesto de siga / 200
Figura 196 - Gesto de pare / 200
Figura 197 - Gesto de redução de marcha / 200
Figura 198 - Documentos necessários para realização de autuações de trânsito / 213
Figura 199 - Alocação no terreno do posto de fiscalização de trânsito / 215
Figura 200 - Escolta realizada durante a copa do mundo / 217
Figura 201 - Posicionamento de acompanhamento / 220
Figura 202 - Emprego de bandeiras durante a realização de escolta / 229
Figura 203 - Formação do comboio de escolta de autoridade ou dignitário / 232
Figura 204 - Formação do comboio de escolta de carga de valores / 233

LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Níveis de abordagem policial / 160
Tabela 2 - Posturas em abordagem policial / 160
Tabela 3 - Relação de vantagens e desvantagens no policiamento com motocicletas / 178
Tabela 4 - Silvos de apito que podem ser empregados pelos agentes de trânsito / 199
Tabela 5 - Equipamentos empregados no posto de fiscalização de trânsito / 205

LISTA DE ANEXOS
Anexo A - Controle individual da frota / 236
Anexo B - Controle geral da revisão da frota / 238
Anexo C - Manutenção de primeiro escalão / 240
SUMÁRIO
MENSAGEM DO COMANDANTE-GERAL / 22

CAPÍTULO 1 – CONHECENDO A MOTOCICLETA POLICIAL / 24


1.1 TIPOS DE MOTOCICLETAS EM RELAÇÃO À ATIVIDADE OPERACIONAL A SER DESEMPENHADA / 25
1.2 AVALIAÇÃO DE MOTOCICLETA PARA ATIVIDADE POLICIAL: STREET X ON/OFF ROAD / 26
1.3 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA MOTOCICLETA POLICIAL / 27

CAPÍTULO 2 - EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL UTILIZADOS PELO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR / 32


2.1 CAPACETE / 33
2.2 ÓCULOS DE PROTEÇÃO / 37
2.3 BOTAS DE MOTOCICLISTA / 37
2.4 BLUSÃO / 38
2.5 LUVAS DE PROTEÇÃO / 42
2.6 CULOTE / 43
2.7 COLDRE DO MOTOCICLISTA / 44
2.8 RÁDIO TRANSCEPTOR PORTÁTIL / 46
2.9 COLETE REFLETIVO / 46
2.10 OUTROS EQUIPAMENTOS / 46

CAPÍTULO 3 - UNIFORME E EQUIPAMENTOS ESSENCIAIS E BÁSICOS DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR / 48


3.1 UNIFORMES DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR / 49
3.2 EQUIPAMENTOS ESSENCIAIS PARA O MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR / 54
3.3 MATERIAIS BÁSICOS INDIVIDUAIS / 54
CAPÍTULO 4 - NOÇÕES DA MECÂNICA DA MOTOCICLETA / 56
4.1 PRINCIPAIS COMPONENTES DO MOTOR / 57
4.2 SISTEMA DE ALIMENTAÇÃO / 63
4.3 SISTEMA DE IGNIÇÃO / 65
4.4 SISTEMA DE LUBRIFICAÇÃO / 68
4.5 SISTEMA DE ARREFECIMENTO / 71
4.6 SISTEMA DE TRANSMISSÃO / 72
4.7 SISTEMA DE FREIO / 73

CAPÍTULO 5 - MANUTENÇÃO PREVENTIVA DA MOTOCICLETA / 78


5.1 SETOR DE TRANSPORTES ORGANIZANDO AS MANUTENÇÕES PREVENTIVAS / 80
5.2 PASSOS PARA A MANUTENÇÃO DE PRIMEIRO ESCALÃO / 80

CAPÍTULO 6 - TÉCNICAS DE PILOTAGEM / 94


6.1 PRINCIPAIS COMANDOS DA MOTOCICLETA / 93
6.2 POSTURA NA MOTOCICLETA / 99
6.3 PROCEDIMENTO DE SAÍDA COM A MOTOCICLETA / 101
6.4 MUDANÇAS DE MARCHAS / 102
6.5 REALIZAÇÃO DE PARADAS / 103
6.6 TÉCNICA DE FRENAGEM / 104
6.7 REALIZANDO CURVAS/ 106
6.8 TRANSPONDO ACLIVES / 108
6.9 TRANSPONDO DECLIVES / 109
6.10 TRANSPONDO LOMBADAS / 110
6.11 DEPARANDO-SE COM BURACOS / 111
6.12 DEPARANDO-SE COM PISTA ESCORREGADIA / 113
6.13 TRANSPONDO ESCADARIAS / 113
6.14 DEMAIS PROCEDIMENTOS RELEVANTES PARA UMA PILOTAGEM SEGURA / 115
6.15 EXERCÍCIOS PRÁTICOS DE APRIMORAMENTO DAS TÉCNICAS DE PILOTAGEM / 120
CAPÍTULO 7 - DOUTRINA DE POLICIAMENTO COM MOTOCICLETAS / 126
7.1 PROCEDIMENTOS BÁSICOS ADOTADOS NA ATIVIDADE OPERACIONAL / 127
7.2 GESTOS UTILIZADOS DURANTE DESLOCAMENTOS / 134
7.3 PRINCIPAIS FORMAÇÕES UTILIZADAS / 141
7.4 COMANDOS DE ORDEM UNIDA APÓS PARADA PARA DESMONTAGEM DOS MOTOCICLISTAS / 145

CAPÍTULO 8 - TÉCNICAS DE ABORDAGEM NA MODALIDADE DE MOTOPATRULHAMENTO / 150


8.1 DEFINIÇÃO / 149
8.2 ASPECTOS LEGAIS / 149
8.3 DIFERENÇAS ENTRE ABORDAGEM POLICIAL E BUSCA PESSOAL / 154
8.4 PRINCÍPIOS DA ABORDAGEM POLICIAL / 155
8.5 FASES DA ABORDAGEM POLICIAL / 155
8.6 PROCEDIMENTOS EM CADA FASE DA ABORDAGEM POLICIAL / 156
8.7 NÍVEIS DA ABORDAGEM POLICIAL / 160
8.8 TÉCNICAS DE ABORDAGEM POLICIAL NA MODALIDADE DE MOTOPATRULHAMENTO / 160
8.9 ATITUDES QUE PODEM ENSEJAR NA REALIZAÇÃO DE ABORDAGEM POLICIAL / 174
8.10 LOCAIS DE ATENÇÃO PRIORITÁRIA DURANTE A BUSCA PESSOAL / 175

CAPÍTULO 9 - ATIVIDADES OPERACIONAIS COM EMPREGO DE MOTOCICLETAS / 176


9.1 POLICIAMENTO CONVENCIONAL / 177
9.2 POLICIAMENTO EM EVENTOS ESPECIAIS / 179
9.3 POLICIAMENTO EM CORRIDAS DE RUA / 181
9.4 POLICIAMENTO EM PASSEIOS CICLÍSTICOS OU CAVALGADAS / 186
9.5 POLICIAMENTO EM PROCISSÕES, MANIFESTAÇÕES E CAMINHADAS / 189
CAPÍTULO 10 - POLICIAMENTO DE TRÂNSITO COM EMPREGO DE MOTOCICLETAS / 192
10.1 ASPECTOS JURÍDICOS / 193
10.2 NOMENCLATURAS USUAIS NO POLICIAMENTO DE TRÂNSITO / 195
10.3 EMPREGO DE MOTOCICLETAS NO POLICIAMENTO DE TRÂNSITO / 197
10.4 ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS NO POLICIAMENTO DE TRÂNSITO COM EMPREGO DE MOTOCICLETAS / 197
10.5 GESTOS E SINAIS SONOROS UTILIZADOS NO POLICIAMENTO DE TRÂNSITO / 198
10.6 PRINCIPAIS INTERVENÇÕES REALIZADAS NO TRÂNSITO COM EMPREGO DE MOTOCICLETAS / 201
10.7 ESPÉCIES DE POLICIAMENTO DE TRÂNSITO / 203
10.8 DIFERENCIANDO POSTO DE CONTROLE DE TRÂNSITO (PCTRAN) DE POSTO DE FISCALIZAÇÃO DE TRÂNSITO (PFTRAN) / 204
10.9 REALIZAÇÃO DE POSTO DE FISCALIZAÇÃO DE TRÂNSITO / 205

CAPÍTULO 11 - ESCOLTA E SEGURANÇA / 216


11.1 CONCEITO / 217
11.2 ASPECTOS LEGAIS / 217
11.3 DISTINÇÕES EM ESCOLTA E ACOMPANHAMENTO COM EMPREGO DE MOTOCICLETAS / 217
11.4 MODALIDADES DE ESCOLTAS / 220
11.5 TIPOS DE ESCOLTAS / 220
11.6 FUNÇÃO E EMPREGO DOS MOTOCICLISTAS NA ESCOLTA / 221
11.7 DOUTRINA DE ESCOLTA / 224
11.8 PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DA ESCOLTA / 227
11.9 ESTRUTURA DE ESCOLTA DE AUTORIDADE OU DIGNITÁRIO / 232
11.10 ESTRUTURA DE ESCOLTA DE CARGA DE VALORES / 233

REFERÊNCIAS / 234
POLÍCIA MILITAR DA BAHIA
COMANDO-GERAL
MENSAGEM DO COMANDANTE-GERAL ALUSIVA
AO PREFÁCIO DO MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL-MILITAR

É com muito prazer que venho prefaciar o Manual do Motociclista


Policial-Militar, de autoria dos nobres oficiais Maj PM Ricardo Passos e Cap
PM Lucas Dã.
Os desafios da segurança pública exigem policiais militares cada vez
mais preparados tecnicamente.
Há tempos, a Corporação necessitava de uma doutrina acerca dessa
importante modalidade de policiamento, que é o motopatrulhamento.
O patrulhamento com emprego de motocicletas se distingue pelas
características altamente positivas de menor custo de investimento, ma-
nutenção e combustível, e principalmente pela maior mobilidade, possibi-
litando aos policiais militares montados transitarem na via pública, aden-
trar em becos e vielas, seja na zona urbana ou rural, em todo tipo de
terreno, e com a rapidez necessária.
Nessa perspectiva, a padronização dos procedimentos operacionais
a serem aplicados no motopatrulhamento contribuirá de forma preponde-
rante para a excelência do serviço de policiamento prestado pela PMBA.
Assim, parabenizo os autores deste importante manual, desejando-
lhes boa sorte nesse labor incessante em busca da paz social!
“PM e Comunidade na corrente do bem”.
Quartel do Comando-Geral, em 08 de novembro de 2017.

ANSELMO ALVES BRANDÃO – CEL PM


Comandante-Geral
CAPÍTULO 1

CONHECENDO
A MOTOCICLETA
POLICIAL
A motocicleta é um veículo que dispõe de gran- Para atingir o nosso objetivo, pensou-se ne-

CAPÍTULO 1 / CONHECENDO A MOTOCICLETA POLICIAL


de versatilidade, ainda mais em relação aos grandes cessário realizar tal distinção para perceber qual a
centros urbanos, onde se tem como um dos maiores motocicleta mais adequada em cada atividade ope-
problemas a mobilidade urbana. Também não é por racional.
acaso que nas grandes capitais concentram-se os  
maiores índices de violência. Neste particular, cabe 1.1 TIPOS DE MOTOCICLETAS EM RELAÇÃO
destacar, inclusive, a nova modalidade de delito na À ATIVIDADE OPERACIONAL A SER
qual os criminosos se aproveitam de situações de DESEMPENHADA
congestionamento para realizar ilícitos penais.
Diante disto, vê-se como imprescindível o empre- 1.1.1 Motopatrulhamento convencional ou de trânsito
go da motocicleta na atividade policial para lograr êxito
no cumprimento da missão constitucional, posto que o Para esta atividade as motocicletas adequadas
trunfo do policiamento ostensivo com o emprego da devem possuir potência mínima em cilindradas entre
motocicleta se constituirá através de diversas caracte- 250cc e 400cc, estilo on/off road1, com pneus de uso
rísticas que circundam este veículo de forma peculiar, misto, injeção eletônica e partida elétrica. Essas mo-
além do que, o seu maior benefício está atrelado à tocicletas devem possuir autonomia de combustível
grande mobilidade que possui, não somente referente de 150 a 200km.
ao deslocamento diante pontos de congestionamen-
to, mas também à transposição de obstáculos, como
1.1.2 Motopatrulhamento tático
escadas, rampas, passeios, entre outros. Aliado a esta
característica de versatilidade, inclui-se o baixo custo
Para esta atividade as motocicletas adequadas
de manutenção e consumo de combustível.
devem possuir potência mínima em cilindradas entre
Em regra, é possível dividir as motocicletas poli-
600cc a 1000cc, estilo on/off road, com pneus de uso
ciais em cerca de três ramos de atividade-fim, quais
sejam: motopatrulhamento convencional, motopatru- 1
Motocicleta preparada para desempenhar deslocamentos tanto
lhamento tático e realização de escoltas. em vias asfaltadas quanto em estradas sem pavimentação. 25
misto, possuindo injeção eletrônica e partida elétrica. 1.2 AVALIAÇÃO DE MOTOCICLETA PARA
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

Tais motocicletas são adequadas para ações quer se- ATIVIDADE POLICIAL: STREET2 X ON/OFF ROAD
jam urbanas ou rurais, pois, além de maior rapidez em
deslocamento em relação aos veículos empregados Assevere-se que, qualquer que seja a modali-
no motopatrulhamento convencional, possuem ro- dade de policiamento com motocicletas, deverá ser
bustez e o necessário poder de resposta diante de priorizada a aquisição de motocicletas de on/off road,
ocorrências de maior gravidade. Deve-se, neste caso, em virtude das principais características que favore-
possuir um veículo com autonomia de combustível cem seu emprego no policiamento:
de, no mínimo, 200km.
• Maior resistência mecânica;
1.1.3 Motocicletas de escolta • Maior conforto quanto à posição do motoci-
clista montado, notadamente nas áreas urbanas;
Deve se tratar de veículos com potência em ci- • Linha de visibilidade do motociclista mais pano-
lindradas superior a 600cc, preferencialmente on/off râmica, por se tratar de motocicleta mais elevada;
road, com uso de pneus mistos. Isto se dá em virtude • Sistema de suspensão elevada, facilitando a
de ser necessário, por muitas vezes, escoltas em vias transposição de obstáculos.
que não são asfaltadas ou não possuem boas condi-
ções de rodagem. Entretanto, nada impede que seja
utilizada motocicleta street de alta cilindrada. O em-
prego de tais motocicletas se dá por possuírem um
poder de recuperação durante a realização das es-
coltas, bem como, dotada de robustez, o que facilita a
realização dos bloqueios viários. Figura 1 - Comparativo entre as motocicletas street e on/off road.
Disponível em: www.honda.com.br/motos

26 Motocicleta projetada para circulação em vias pavimentadas.


2
deve promover a sinalização aos demais veículos

CAPÍTULO 1 / CONHECENDO A MOTOCICLETA POLICIAL


que circulam na via, além de pontecializar o policia-
mento ostensivo.
Devem ser utilizadas, prioritariamente, luzes de led3
com lentes em material de alta resistência, instaladas
em local que não dificultem ao policial militar montar e
desmontar da motocicleta. Geralmente o interruptor do
sistema de luminosos se localiza no lado esquerdo do
guidom.

Figura 2 - Relação entre motocicletas street e on/off road quanto às


dimensões e ergonomia
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

1.3 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA


MOTOCICLETA POLICIAL

1.3.1 Sistema de iluminação

Em todas as motocicletas, quer sejam empre-


gadas em motopatrulhamento convencional, tático
Figura 3 - Luminosos dianteiros da motocicleta policial
ou para escolta, o sistema de iluminação deve ser Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
adequado para a atividade de policiamento ostensi-
vo. Devem ser empregados sinalizadores luminosos
3
Componente eletrônico semicondutor que tem como propriedade
dianteiros, traseiros e laterais. Tal sistema luminoso
de transformar energia elétrica em luz. 27
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

Figura 4 - Luminosos traseiros da motocicleta policial


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

Figura 5 - Sirene empregada na motocicleta policial


1.3.2 Sirene Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

Deve ser empregada sirene eletrônica, com no


1.3.3 Protetor de motor
mínimo 30W de potência, altamente resistente às in-
tempéries climáticas e ao calor gerado pelo motor.
Tal equipamento possui diversas funcionalidades
Geralmente o interruptor para acionar a sirene se lo-
no âmbito da proteção, porém, notoriamente, tem
caliza no lado esquerdo do guidom.
como finalidade proteger o conjunto do motor. Contu-
do, este equipamento evita que a motocicleta tombe
por completo ao solo, permanecendo inclinada. Des-
ta forma, acaba protegendo também as pernas do
motociclista numa queda em baixa velocidade ou em
28
1.3.4 Protetor de cárter

CAPÍTULO 1 / CONHECENDO A MOTOCICLETA POLICIAL


deslizamentos sob chuva. Ainda, caso a motocicleta
caia de forma lateralizada, protegerá a pintura, em
especial o tanque. Também pode ser utilizado para O cárter do motor é o local onde fica armazena-
instalação de acessórios, como piscas extras, sirene do o óleo. Desta maneira, o protetor de cárter é uma
e faróis. chapa abaixo da motocicleta que possui a finalidade
de proteger o motor de possíveis materiais que pos-
sam danificá-lo. Assim, o protetor do cárter evita que
pancadas de pedras, buracos, bueiros, guias e outros
objetos que podem vir a surgir em via pública possam
perfurá-lo ou amassá-lo.

Figura 6 - Protetor de motor empregado na motocicleta policial4


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

Figura 7 - Protetor de cárter utilizado na motocicleta policial5


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

4
Conhecido popularmente como “mata-cachorro”. 5
Todo o revestimento na parte inferior do motor na cor prata. 29
1.3.5 Porta tonfa ou bastão 1.3.6 Protetor de manete
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

Este dispositivo tem a função precípua de alocar A função principal deste equipamento é proteger
a tonfa ou bastão perseguidor. É de importância es- as mãos do motociclista contra galhos, cipós, barran-
tratégica diante de ocorrências que envolvam neces- cos e em caso de queda da motocicleta. Porém, tam-
sidade de emprego de armas de baixa letalidade em bém acaba protegendo as manetes, pois sem esta
situações de grande aglomeração de pessoas, para proteção elas podem ficar distorcidas e amassadas,
imobilização ou contenção. perdendo sua funcionalidade relacionadas ao cabo
do freio ou da embreagem.

Figura 8 - Porta tonfa empregado na motocicleta policial. Figura 9 - Protetor de manete empregado na motocicleta policial
Fonte: Elaborado pelos autores (2016). Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

30
1.3.7 Dispositivo corta linha “pipa”

CAPÍTULO 1 / CONHECENDO A MOTOCICLETA POLICIAL


Trata-se de uma antena, sendo que sua extre-
midade superior possui um formato triangular afiado,
com a finalidade de cortar linhas de pipa, com cerol
ou não, para evitar que o motociclista seja atingido.
Este equipamento é fundamental para a sobre-
vivência do motociclista, principalmente na região do
pescoço.

Figura 10 - Dispositivo de corta linha “pipa”


Disponível em: http://www.bhsportcicle.com.br 31
CAPÍTULO 2

EQUIPAMENTOS DE
PROTEÇÃO INDIVIDUAL
UTILIZADOS PELO
MOTOCICLISTA
POLICIAL MILITAR
Além dos equipamentos que compõem a mo-

CAPÍTULO 2 / EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL UTILIZADOS PELO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR


tocicleta policial, é indispensável que o motociclista
possua os equipamentos que realizarão a sua prote-
ção individual. A importância dos equipamentos de
proteção individual se destaca ainda mais na medida
em que a motocicleta não dispõe de carroceria (que
acaba sendo uma espécie de proteção física).
Assim, diferente dos demais veículos, sem-
pre em caso de acidentes, fatalmente o corpo do
motociclista se choca de forma direta, quer seja ao
solo, com outros veículos, ou demais objetos que
compõem a via. Logo, é importante a utilização des-
tes equipamentos para reduzir os possíveis danos em
Figura 11 - Estrutura do capacete motociclístico
caso de um acidente.
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

2.1 CAPACETE O Código de Trânsito Brasileiro estabelece a


obrigatoriedade da utilização do capacete, tanto para
Pode-se dizer que seu objetivo principal é a pro- o condutor quanto para o passageiro, através dos
teção da calota craniana dos ocupantes da motoci- arts. 54 e 55:
cleta em casos de impacto, prevenindo ou reduzindo
os danos e as lesões que poderiam ser causadas. O Art. 54. Os condutores de motocicletas, motone-
capacete também tem função primordial de proteção- tas e ciclomotores só poderão circular nas vias:
dos olhos ao pilotar e prover conforto contra as inte- I - utilizando capacete de segurança, com viseira
péries climáticas. ou óculos protetores; [...].
33
Art. 55. Os passageiros de motocicletas, moto-
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

netas e ciclomotores só poderão ser transporta-


dos:
I - utilizando capacete de segurança; [...] (Lei nº
9.503, 1997).

O capacete empregado na atividade policial


Figura 13 - Capacete adequado para o emprego do motopatrulhamento
deve ser articulado, pois existem momentos em que
Disponível em: http://www.gridmotors.com.br
o policial militar deve verbalizar, como ao realizar uma
abordagem policial, por exemplo; contudo sendo fe-
chado durante os deslocamentos. É ainda importante 2.1.1 Viseira
discriminar partes específicas deste equipamento tão
importante. Deve ser composto de viseira interna e externa
transparentes, com tratamento antirrisco, anti-emba-
raçante, e com proteção ultravioleta. A viseira interna
deve possuir lente escurecida, para ser empregada
quando houver exposição solar. Ambas as viseiras
devem sempre estar limpas, para possibilitar a melhor
visibilidade possível.

Figura 12 - Capacete articulado regulamentado pelo Conselho Nacional de


2.1.2 Cor
Trânsito
Fonte: Resolução nº 203 (2006, p. 5)

Deve-se sempre priorizar cores claras e em


destaque. É preferível o emprego da cor branca nos
capacetes empregados no policiamento com moto-
34
cicletas. Esta medida refletirá na padronização, bem 2.1.4 Casco externo

CAPÍTULO 2 / EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL UTILIZADOS PELO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR


como proporciona maior visibilidade dos demais con-
São confeccionados de materiais muito rígidos e in-
dutores que transitam na via.
deformáveis, como plásticos de engenharia e fibra de car-
bono. São estes materiais que irão impactar de forma dire-
2.1.3 Tamanho
ta, quer seja ao solo ou com demais objetos. A Resolução
nº 203 de 29 de setembro de 2006 estabelece que:
O motociclista deve observar as dimensões do
capacete, para que, simultaneamente, seja ajustado, O casco pode ser construído em plásticos de enge-
revestindo toda a cabeça de forma confortável. nharia, como o ABS e o Policarbonato (PC), através do
processo de injeção, ou, pelo processo de multilamina-
ção de fibras (vidro, aramídicas, carbono e polietileno),
com resinas termofixas6 (Resolução nº 203, 2006, p. 7).

2.1.5 Casco interno

Deve ser produzido com elementos adequados,


sendo mais popular o poliestireno expansível (isopor),
devido à propriedade de resiliência7. Por conseguinte,
será preenchido com espumas e revestido por tecido.
A construção desta estrutura proporcionará a redução
de impactos, bem como trará o conforto necessário ao
Figura 14 - Tabela de medidas para utilização do capacete adequado motociclista.
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
6
A Resolução 203 de 29 de setembro de 2006 do Conselho Na-
cional de Trânsito traz os tipos de materiais que devem ser empre-
gados no casco externo do capacete motociclístico.
7
Capacidade que determinado material ou substância possui de se
comprimir e se expandir, sem comprometer suas propriedades, por
meio de energias mecânicas. 35
2.1.6 Faixas refletivas do capacete sobre a cabeça. Possui ainda a função
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

secundária de promover a absorção da transpiração.


Em regra, são utilizadas três faixas refletivas,
sendo uma do lado esquerdo, outra do lado direito, e 2.1.9 Jugular
a última na retaguarda do capacete. Este item é res-
ponsável por facilitar a visualização do motociclista Item responsável pela fixação e travamento do
por outros veículos, principalmente durante a noite. capacete. A não utilização de tal sistema de trava-
mento ocasiona a saída do capacete da cabeça do
2.1.7 Protetor de orelhas motociclista, tornando-o sua proteção ineficiente.

Na parte interna do capacete existe um espaço


destinado às orelhas. Nesta área do capacete se pro-
picia a adequada alocação das orelhas, priorizando a
sua proteção. Também este setor do capacete reali-
za uma otimização da audição do motociclista, posto
que a composição deste equipamento de proteção
individual, por sua própria estrutura, reduz bastante
a audição.

2.1.8 Almofadas esponjosas


Figura 15 - Tipos de jugulares regulamentadas pelo Conselho Nacional de
Responsável por propiciar ao motociclista o con- Trânsito
Fonte: Resolução nº 203 (2006, p. 8)
forto necessário, como também o perfeito encaixe

36
CAPÍTULO 2 / EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL UTILIZADOS PELO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR
Figura 17 - Modelos admitidos e inadmitidos pelo Conselho Nacional de Trânsito
Fonte: Resolução nº 203 (2006, p. 6).

2.3 BOTAS DE MOTOCICLISTA

Distintamente dos demais empregos operacio-


nais, o policial militar que realiza a modalidade de po-
liciamento em motocicletas deverá utilizar botas de
Figura 16 - Demonstração do funcionamento da jugular
Disponível em: http://indodemotocicleta.blogspot.com.br/ motociclista. Estes calçados devem possuir, no míni-
mo, canos de trinta centímetros, com proteções para
2.2 ÓCULOS DE PROTEÇÃO a tíbia, fíbula e tornozelos.
É inadequado o emprego de coturnos para con-
Este equipamento de proteção possui a função dução de motocicletas, pois não fornecem a proteção
de realizar a proteção dos olhos do motociclista, necessária. Estes não possuem a devida mobilidade
substituindo o emprego da viseira. Servem para pro- para emprego dos pedais da motocicleta, além de os
teger os olhos contra partículas como fuligem, poeira, cadarços poderem se prender nos pedais.
areia e insetos. Os óculos de proteção também se en- Assevere-se que as botas devem possuir zíper late-
contram regulamentados pelo Conselho Nacional de ralizado, para facilitar sua retirada, em especial nos casos
Trânsito. de fratura ou troções. Também não devem possuir cadar-
ços para que não fiquem presos nos pedais. Os saltos
das botas não podem ser altos, nem o solado muito gros-
so, para não dificultarem a mobilidade dos pedais. 37
A gola deve ser pequena, com a finalidade de não cau-
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

sar incomodo ao pescoço e rosto do motociclista quan-


do em deslocamento. Todavia, deve possuir corte que
facilite a entrada de ar para promover o conforto neces-
sário ao condutor. Deve ser disposto de zíper central,
que facilita a sua retirada em casos de acidente, sendo
mais resistente do que o emprego de botões.
Figura 18 - Modelo de botas que utilizadas pelos motociclistas policiais
militares
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

2.4 BLUSÃO

Vestimenta responsável pela proteção do tronco


e dos braços do motociclista. Devem possuir mangas
longas, no estilo jaqueta, preferencialmente com pro-
teções para os cotovelos, ombros e coluna.
O material mais adequado para o blusão é o cou-
ro, em virtude de sua resistência, pois oferece grande
proteção ao motociclista, principalmente em casos de
deslizamento ao solo, quando comparado com outros
materiais. Em regra, o blusão é utilizado para escoltas,
em virtude das altas velocidades que o motociclista
Figura 19 - Modelo de blusão utilizado pelos motociclistas policiais militares
deve imprimir. Deve-se atentar que o colete balístico Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
deve ser utilizado por dentro do blusão.
O blusão deve estar ajustado de tal forma que não O blusão do motociclista possui diversos acessó-
38 possa dificultar os movimentos realizados pelos braços. rios, sendo os principais os seguintes:
2.4.1 Bulcaneiras 2.4.2 Fiel com apito

CAPÍTULO 2 / EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL UTILIZADOS PELO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR


Devem ser em metal dourado para oficiais e pra-
Tal acessório deve estar localizado no lado di-
teado para praças, sendo disposto em diagonal no
reito do blusão, sendo que o fiel do apito deve es-
ângulo da extremidade da gola. Suas dimensões são
tar afixado na passadeira. O apito deverá ser acon-
de 26mm x 33mm.
dicionado no bolso, apenas sendo retirado para
seu emprego.

Figura 20 - Modelos de bulcaneiras empregadas no blusão8


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

Figura 21 - Aplicação das bulcaneiras no blusão


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

8
As bulcaneiras douradas são empregadas para oficiais, enquanto
que as prateadas são utilizadas pelos praças, conforme Portaria nº 23-
CG/16, que dispõe acerca do Regulamento de Uniformes da PMBA. Figura 22 - Modelo de fiel empregado no blusão 39
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
2.4.3 Brevês
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

Estes itens devem ser em metal, sendo dispos-


tos no lado direito, centralizados na região frontal
medial do tórax.

Figura 24 - Modelo emprego de medalha no


blusão. Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

Figura 23 - Modelo emprego de brevês no blusão


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

2.4.4 Medalhas

Tais componentes devem estar dispostos no


lado esquerdo, centralizados na região frontal medial
do tórax. As medalhas empregadas devem ser no for-
Figura 25 - Modelo emprego de brevê e medalha no blusão
40 mato de fita, semelhante às empregadas nas túnicas. Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
2.4.5 Insígnias de postos e graduações

CAPÍTULO 2 / EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL UTILIZADOS PELO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR


No caso dos Oficiais, Aspitrantes-a-Oficial e Sub-
tenentes, utilizar-se-á luvas com material de couro,
na cor marrom-café, com as dimensões de 105mm x
65mm, sendo disposta a insígnia do posto ou gradua-
ção de forma centralizada.

2.4.5.1 Insígnias utilizadas no blusão

Figura 27 - Insígnias utilizada no blusão


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

No caso dos praças, como as graduações de


Sargento, Cabo e Soldado, utilizar-se-á a insígnia em
metal prateado, a qual será alocada em diagonal no
ângulo da extremidade da gola esquerda, com as di-
mensões de 22mm x 15mm.

Figura 26 - Modelo de insígnias de postos e graduações utilizadas no blusão Figura 28 - Insígnia utilizada no blusão
Fonte: Elaborado pelos autores (2016). Fonte: Elaborado pelos autores (2016). 41
2.4.6 Braçal 2.5 LUVAS DE PROTEÇÃO
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

O braçal deverá ser disposto no braço esquer- As luvas têm papel fundamental na proteção
do, fixado no passador a unidade a qual o policial dos motociclistas. O corpo humano, ao ser projetado
militar pertence. numa queda de motocicleta, as mãos são as primei-
ras partes a absorverem o impacto pelo próprio ins-
tinto humano de tentar amortecer a queda. As luvas
também facilitam o contato com as manoplas, evitan-
do que haja escorregamento, em virtude de transpi-
ração, ou endurecimento dos dedos, dado às baixas
temperaturas. Qualquer que seja o modelo de luvas,
deve ser em couro, dada a resistência deste tipo de
material.
Existem duas espécies de luvas que são utiliza-
das no motopatrulhamento:

2.5.1 Luva “meio-dedo”

Este modelo é empregado no policiamento con-


vencional, pois realiza a proteção das palmas das
mãos, além disso, dá agilidade ao saque de arma de
fogo, realização de busca pessoal, na qual se deve
Figura 29 - Braçal empregado no blusão. possuir sensibilidade, e realização de escrituração.
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
42
bilidade em casos como do saque de arma de fogo e

CAPÍTULO 2 / EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL UTILIZADOS PELO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR


da realização de busca pessoal. Por tal motivo, este
equipamento de proteção é utilizado em situações
especiais.

Figura 30 - Modelo de luva “meio-dedo”


Disponível em: http://panthermotosrs.com.br

Figura 31 - Modelo de luva fechada


2.5.2 Luva fechada Disponível em: http://panthermotosrs.com.br

Esse tipo de luva é utilizado em situações excep-


2.6 CULOTE
cionais, como nos casos de escoltas, quando se de-
vem imprimir altas velocidades, exigindo-se, portanto,
Trata-se de calça específica para ser empregada
maior proteção para as mãos. Também são emprega-
pelo motociclista policial militar, a qual deve ser con-
das quando da realização de solenidades, desfiles e
feccionada com tecido de alta resistência. Deve ser
formaturas.
ajustada de tal forma que facilite a movimentação das
O aspecto positivo é que realizam uma proteção
pernas, como, por exemplo, na montagem e desmon-
completa das mãos. Todavia, há uma perda de sensi-
tagem da motocicleta. 43
É necessário que o culote possua reforços na re- 2.7 COLDRE DO MOTOCICLISTA
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

gião das nádegas e dos joelhos, para maior proteção


nos casos de acidentes. A boca do culote deverá ser O coldre empregado pelo motociclista policial
reta e colocada por dentro das botas, com vistas a militar deve estar sempre alocado em sua cintura.
evitar que se prendam na motocicleta. Na doutrina de motociclista militar inadmite-se o em-
prego de coldres afixados à perna. Isso se dá, primeira-
mente, pelo fato de que, no caso de um acidente, a arma
em coldre de perna poderá resultar em diversas fraturas.
Outro aspecto se refere ao saque da arma em
deslocamento na motocicleta. O coldre localizado na
perna ocasioná maior dificuldade para o seu saque,
como também, facilita o desequilíbrio na motocicleta.

2.7.1 Emprego do coldre de perna no


motopatrulhamento

Figura 32 - Modelo de culote utilizado


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

44
CAPÍTULO 2 / EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL UTILIZADOS PELO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR
Figura 33 - Inadequação do emprego do coldre de perna no policiamento
com motocicletas
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

2.7.2 Emprego do coldre de cintura no motopatru-


lhamento

Figura 34 - Adequação no emprego do coldre de cintura no policiamento


com motocicletas
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

45
2.8 RÁDIO TRANSCEPTOR PORTÁTIL 2.9 COLETE REFLETIVO
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

À primeira vista, este equipamento parece não Este item é fundamental por facilitar a visualiza-
ser considerado como de proteção individual. Contu- ção do motociclista policial militar. Nos casos excep-
do, compreende-se que possa ser enquadrado desta cionais de policiamento noturno com o emprego de
maneira, na medida em que propicia a comunicação, motocicletas, deverá se utilizar obrigatoriamente o
em especial em situações que se necessite de apoio colete refletivo.
ou reforço.
Desta maneira, deverá o motociclista policial
militar estar dotado de rádio transceptor portátil, pre-
ferencialmente com microfone afixado na lapela, ou
outro sistema sem fio que possibilite comunicação
eficiente com comandos que interfiram ao mínimo na
atenção do piloto. Caso haja garupa na motocicleta,
este será competente a realizar a comunicação.

Figura 36 - Modelo de colete refletivo


Disponível em: https://www.fixpar.com.br

2.10 OUTROS EQUIPAMENTOS

Todavia, não se deve esquecer que um dos


Figura 35 - Modelo de rádio empregado pelos motociclistas requisitos do motociclismo militar é a uniformidade.
Disponível em: http://www.hotfrog.com.br
46 Desta forma, quando tais equipamentos forem em-
pregados em missões operacionais, devem ser utili- Têm-se ainda as ombreiras, as que protegem a

CAPÍTULO 2 / EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL UTILIZADOS PELO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR


zados interiormente, não ficando expostos. Assim, é clavícula e o ombro. Este equipamento deve ser uti-
plausível que sejam adquiridas cotoveleiras e joelhei- lizado em treinamentos, especialmente aqueles que
ras já adequadas para uso interno. ocorrem em piso off road, dada a sua instabilidade.
Outro aspecto patente é que o uso icomedido Também existe o colete de proteção, responsá-
desses equipamentos acaba por gerar uma autocon- vel por resguardar a caixa toráxica do motociclista,
fiança exagerada por parte do motociclista, por se empregado em treinamentos.
sentir seguro demais. Portanto, deve se ter cuidado
no emprego destes equipamentos, para que não pos-
sam reverter em acidentes.

Figura 37 - Modelo de joelheiras e cotoveleiras Figura 38 - Modelo de colete de proteção do tronco


Disponível em: http://br.vazlon.com Disponível em: http://www.masada.com.br

47
CAPÍTULO 3

UNIFORME E
EQUIPAMENTOS
ESSENCIAIS E BÁSICOS
DO MOTOCICLISTA
POLICIAL MILITAR
Conforme dito anteriormente, a uniformidade 3.1 UNIFORMES DO MOTOCICLISTA POLICIAL

CAPÍTULO 3 / UNIFORME E EQUIPAMENTOS ESSENCIAIS E BÁSICOS DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR


é uma das características que regem as instituições MILITAR
militares, portanto, não seria diferente em relação ao
que se menciona ao motociclista policial militar. Da O uniforme pode ser considerado como a pró-
mesma forma, deve também dispor de equipamen- pria representação da ostensividade. Contudo, no
tos, os quais são indispensáveis para a realização de que tange ao uniforme do motociclista policial mi-
policiamento ostensivo. litar, desdobra-se em outras características peculia-
É válido salientar que o atual Regulamento de res. Desta maneira, o uniforme provê a proteção do
Uniformes da PMBA, através da Portaria nº 023- motociclista, tanto em relação às intem-
CG/16, especifica o uniforme de motociclista militar. péries climáticos, quanto aos maiores
Entretanto, dado as diversas especificidades desta riscos de acidente. Por conseguinte,
modalidade de policiamento, estes itens serão de- o uniforme também deve promo-
talhados neste capítulo, entendendo-se que facili- ver o mínimo de conforto
tarão o desenvolvimento da atividade operacional. necessário durante a reali-
Por muitas vezes o motociclista policial militar pode zação da pilotagem.
se deparar com situações extremas ou inusitadas,
logo, é necessário dispor de itens que fornecerão
maior eficiência na prestação do serviço de segu-
rança pública.

49
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

3.1.1 Uniforme operacional convencional

Figura 40 - Ilustração de detalhes uniforme operacional com emprego de


boina
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

Figura 39 - Ilustração do uniforme operacional completo


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

50
CAPÍTULO 3 / UNIFORME E EQUIPAMENTOS ESSENCIAIS E BÁSICOS DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR
Figura 41 - Ilustração do uniforme operacional com emprego de capacete9
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

9
No policiamento com motocicletas, são empregados capacetes na cor branca, com faixa na cor marrom café na parte
traseira inferior, sendo possível ainda sobreposição de numeração e nome da unidade. Na parte frontal do capacete, acima
da viseira e centralizada, será sobreposto o brasão da Polícia Militar. 51
3.1.2 Uniforme operacional de missões de escolta
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

Em missões de escolta será empregado o blusão


com os seus devidos acessórios, colete refletivo e lu-
vas fechadas na cor marrom café.

Figura 43 - Ilustração de detalhes do uniforme de escolta


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

Figura 42 - Ilustração do uniforme operacional


52 de escolta completo
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
3.1.3 Uniforme para desfile em grupamento de

CAPÍTULO 3 / UNIFORME E EQUIPAMENTOS ESSENCIAIS E BÁSICOS DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR


escolta

Em missões de desfile em grupamento de escol-


ta, será empregado o mesmo uniforme empregado
nas missões de escolta. Contudo, será acrescentado
o cachecol na cor branca.

Figura 45 - Ilustração de detalhes do Figura 46 - Emprego do cachecol


uniforme para desfile em grupamento e luvas amarelas para desfile em
de escolta grupamento de trânsito
Figura 44 - Ilustração do cachecol na cor branca Fonte: Elaborado pelos autores Fonte: Elaborado pelos autores
Fonte: Elaborado pelos autores (2016). (2016). (2016).

3.1.4 Uniforme para desfile em grupamento de


trânsito

Em missões de desfile de grupamento de trânsito


será empregado o mesmo uniforme empregado nas
missões de escolta. Contudo, será utilizado o cache-
col na cor amarela e luvas fechadas nesta mesma cor.

53
3.2 EQUIPAMENTOS ESSENCIAIS PARA O MOTO-
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

CICLISTA POLICIAL MILITAR 3.3 MATERIAIS BÁSICOS INDIVIDUAIS

• 01 (uma) pistola calibre .40; • Caneta;


• 03 (três) carregadores; • Bloco de notas/anotações;
• 45 (quarenta e cinco) cartuchos calibre .40; • Talonário de Auto de Infração de Trânsito;
• 01 (um) bastão policial ou tonfa; • Formulário de remoção veicular;
• 01 (um) rádio transceptor; • Formulário de recibo de recolhimento de do-
• 01 (um) colete antibalístico; cumentação;
• 01 (um) fiel para pistola. • Codificação de Infrações de Trânsito ou um
CTB de bolso;
• Formulário de Registro de Acidente de Trân-
sito de veículos oficiais;
• Formulário de Relatório de Serviço;
• Registro de Acidente de Trânsito;
• Algemas;
• Luvas cirúrgicas descartáveis;
• Apito com fiel;
• Lanterna.
Figura 47 - Equipamentos essenciais para o motociclista policial militar
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
É imprescindível ressaltar que será fundamental,
antes dos deslocamentos para a atividade opera-
cional, a realização do check-list10 dos mencionados

10
Palavra de origem inglesa que significa “lista de verificações” ou “lis-
54 ta de checagem”.
equipamentos. Salientando, ainda, que com avanços

CAPÍTULO 3 / UNIFORME E EQUIPAMENTOS ESSENCIAIS E BÁSICOS DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR


tecnológicos, já existem equipamentos de autuação
eletrônica, o que facilita o trabalho de fiscalização de
trânsito, e que já têm sido empregados por diversas
unidades operacionais.

Figura 48 - Materiais básicos individuais do motociclista policial militar


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
55
CAPÍTULO 4

NOÇÕES DA
MECÂNICA DA
MOTOCICLETA
É de extrema relevância para o motociclista poli- mos hoje somente ocorreu em 1984, quando foi paten-

CAPÍTULO 4 / NOÇÕES DA MECÂNICA DA MOTOCICLETA


cial militar possuir as noções gerais do funcionamento teada para comercialização em Munique, na Alemanha,
da motocicleta, através de um apanhando geral dos pela fábrica de motores Hildebrand & Wolf Müller.
principais componentes motociclísticos, bem como O conceito do motor pode ser compreendido
atuam seu funcionamento. Desta maneira, o motoci- como um conjunto de peças, as quais desenvolvem
clista desenvolverá maior intimidade com o veículo, um sistema que transforma a energia calorífera, atra-
objeto desta modalidade de policiamento. vés da combustão, em energia mecânica.
É possível subdividir o motor em quatro estru-
turas, quais sejam: câmara de combustão, conjunto
4.1 PRINCIPAIS COMPONENTES DO MOTOR êmbolo-virabrequim, faísca elétrica e sistema de ali-
mentação. Atente-se que existem outros sistemas
O motor pode ser caracterizado como o principal que, apesar de não fazerem parte do motor, são es-
elemento que compõe a motocicleta e, sem dúvida, senciais para o seu pleno desenvolvimento, como o
esta estrutura revolucionou a motocicleta como meio alternador, as bombas de água e óleo, embreagem,
de transporte. dentre outros.
Defende-se que o alemão Gottlieb Daimler11 foi o Assim, veremos alguns dos principais compo-
primeiro a desenvolver uma motocicleta movida por nentes do motor e suas respectivas funcionalidades.
motor a gasolina, no ano de 1885. Entretanto, anterior a Cumpre lembrar que a maioria dos motores
este fato, em 1867, o norte-americano Sylvester Roper12 empregados nas motocicletas são os de quatro
já havia projetado uma espécie de bicicleta com um mo- tempos. Contudo, cabe lembrar-se dos motores de
tor a vapor, a qual não teve sucesso. Todavia, a primeira dois tempos, geralmente presentes em motocicletas
motocicleta nos moldes de motorização que conhece- mais antigas, tendo um funcionamento mais simples,
não possuindo fases tão demarcadas quanto o de
11
Cientista alemão do século XIX, cujos trabalhos foram voltados ao
desenvolvimento de motores a combustão. quatro tempos.
12
Inventor inglês do século XIX, que trabalhava com construção de
protótipos iniciais de automóveis e motocicletas. 57
4.1.1 Árvore da manivela
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

Trata-se do principal eixo do motor, o qual possui


um mancal excêntrico que aloja a articulação com a
biela. Esta estrutura é conhecida vulgarmente como
virabrequim ou girabrequim. Sua função precípua é
promover e enviar ao sistema de transmissão o tor-
que, a força e a rotação. Este componente possui
alguns contrapesos com vistas a permitir o balancea-
mento do eixo, como também é vazado internamente,
permitindo a lubrificação nos seus mancais de apoio
e de bielas.

Figura 49 - Ilustração de principais peças do motor e esquema de funcionamento Figura 50 - Árvore de manivela do motor de motocicleta
58 Disponível em: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br Disponível em: http://www.hitec-part.com.br
4.1.2 Balancins 4.1.3 Biela

CAPÍTULO 4 / NOÇÕES DA MECÂNICA DA MOTOCICLETA


Tem por objetivo realizar a transmissão do mo- Responsável pela conexão do pistão ao man-
vimento ditado pelo eixo de comando da válvula à cal do virabrequim, suportando o esforço transmitido
parte superior das válvulas. Os balancins são constru- como resultado da combustão. Sua exclusiva finali-
ídos de uma liga de aço-carbono, recebendo um tra- dade trata-se da inversão do sentido do movimento.
tamento superficial e uma adição de cromo para dar Deste modo, a biela promove a transmissão da força
maior resistência e reduzir o desgaste, pois sempre mecânica em forma de movimento rotativo. A biela
está em contato com o comando de válvulas. pode apresentar distintos formatos e dimensões, de-
pendendo da especificidade do motor que compõe.
É constituída de aço forjado.

Figura 51 - Balancim empregado no motor da motocicleta


Disponível em: http://www.masada.com.br

Figura 52 - Biela do motor de motocicleta


Disponível em: http://pt.aliexpress.com
59
4.1.4 Cabeçote Cabe salientar que o referido componente ainda
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

comporta outras peças, tais como cárter e cabeçote


Esta peça geralmente é constituída de uma liga do motor. O cilindro, em si, é o orifício no qual o pistão
de alumínio, com a finalidade de dissipação de calor. A irá desenvolver sua movimentação no processo de
nomenclatura se dá em virtude de seu posicionamento combustão, sendo denominado desta forma em virtu-
e função, sendo a “cabeça do motor”. Compreende-se de de sua forma cilíndrica.
como sendo a tampa superior do cilindro, que, junta- Esta peça é que caracterizará a cilindrada da mo-
mente com a cabeça do pistão, resultam na câmara de tocicleta, perfazendo-se a relação do volume de com-
combustão. Sua função precípua é a condução de en- bustível admitido no cilindro, em cada ciclo. O cilindro
trada e saída de ar e combustível dos cilindros. deve suportar altas pressões, diante das explosões
geradas na combustão.

Figura 53 – Cabeçote do motor de motocicleta


Disponível em: http://www.goldenmotoparts.com.br

4.1.5 Bloco do motor ou bloco de cilindros

O bloco do motor é uma peça componente do Figura 54 - Bloco do motor de motocicleta com demais componentes13
Disponível em: https://www.google.com.br/imghp?hl=pt-PT
motor, geralmente fundida em alumínio ou ferro, que
irá alojar os cilindros para a realização da combustão
60 interna. 13
A ilustração trata-se de bloco de motor com arrefecimento a ar.
4.1.6 Caixa de câmbio

CAPÍTULO 4 / NOÇÕES DA MECÂNICA DA MOTOCICLETA


Trata-se de mecanismo desmultiplicador que tem
por finalidade realizar a relação das diversas velocidades
de rotação do eixo primário e secundário com as engre-
nagens, promovendo assim a velocidade, torque e rota-
ção desejada. As diferentes velocidades promovidas nas
mudanças pela caixa de câmbio devem-se às diferentes
relações de dentes que as engrenagens possuem.

Figura 56 - Corrente de comando


Disponível em: http://www.falcononline.com.br

4.1.8 Eixo de comando de válvulas

Este mecanismo possui uma das funções mais re-


levantes no motor: realizar o comando de abertura das
válvulas de admissão e escape. O eixo de comando
Figura 55 – Caixa de câmbio do motor da motocicleta
Disponível em: https://www.google.com.br/imghp?hl=pt-PT de válvulas deve estar devidamente ajustado com o
eixo-virabrequim. A angulação e formato dos “cames”
4.1.7 Corrente de comando de válvulas no eixo de comando de válvulas definirá o tempo e o
curso de abertura destas, tanto as de admissão como
Este mecanismo tem como objetivo realizar a as de escape, permitindo, inclusive, otimizar o desem-
sincronização do movimento do virabrequim ao eixo penho do motor. Geralmente o comando de válvulas é
de comando de válvulas, com a finalidade de que os fabricado em ferro fundido, contudo, pode ser constitu-
balancins possam trabalhar de forma sincronizada. ído de outras ligas metálicas mais leves. 61
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

Figura 58 - Pistão utilizado no motor da motocicleta


Disponível em: http://pt.aliexpress.com

Figura 57 – Eixo de comando de válvulas


Disponível em: http://www.trilhasemotos.com.br

4.1.10 Válvulas
4.1.9 Pistão
Estas peças são condicionadas a suportar eleva-
É a peça que se movimenta no interior do cilin- das temperaturas e devem fornecer uma perfeita ve-
dro, sendo que é através da biela que será possível dação. Geralmente as válvulas são feitas de uma liga
a transmissão da energia mecânica ao virabrequim, de aço e são de admissão e de escape.
resultado da combustão. Em geral, sua constituição é As válvulas possuem como finalidade impedir
de alumínio, possuindo anéis que garantem a veda- ou permitir a passagem da mistura na admissão para
ção com as paredes do cilindro. o interior do cilindro do motor, ou gases queimados
provenientes da combustão para fora do cilindro,
pelo sistema de escapamento.
62
4.2.1 Acelerador

CAPÍTULO 4 / NOÇÕES DA MECÂNICA DA MOTOCICLETA


Este componente está atrelado à manopla de
aceleração que promoverá a regulagem da velocida-
de através da rotação do motor. Desta forma, o acele-
rador deve se encontrar devidamente regulado para
promover o bom desempenho na utilização do com-
bustível, evitando desperdícios.
Figura 59 - Modelo de válvula utilizado em motocicletas Para seu pleno funcionamento, deve existir uma
Disponível em: http://www.motomoura.com.br
folga correta do cabo do acelerador de cerca de 3
mm a 6mm na sua posição de repouso. O ideal neste
caso é verificar o manual da motocicleta, para que se
4.2 SISTEMA DE ALIMENTAÇÃO possa fazer o ajuste recomendado desta folga.

Este sistema trata dos componentes que irão


fornecer a energia necessária ao funcionamento do
motor, através da transformação de energia calorífica
em mecânica. No caso específico das motocicletas,
isto se dá através da alimentação por meio de com-
bustíveis com elevada octanagem, em virtude dos
motores utilizados serem a combustão.
Os principais componentes deste sistema são:

Figura 60 - Manopla de aceleração da motocicleta


Disponível em:http://www.krmotopecas.com.br
63
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

Figura 61 - Cabo de aceleração da motocicleta


Figura 62 - Modelo de filtro de ar utilizado em motocicletas
Disponível em: http://pt.aliexpress.com
Disponível em:http://blog.masada.com.br

4.2.2 Filtro de ar
4.2.3 Tanque de combustível
É sabido que para ocorrer a combustão torna-se
necessária a presença de oxigênio. Para que ocorra Recipiente no qual fica acondicionado o com-
uma combustão com qualidade e resulte num melhor bustível. O tanque de combustível deve estar devida-
desempenho do motor, evitando a entrada de impu- mente vedado, devendo-se ter atenção especial ao
rezas, tem-se o filtro de ar. Este item irá promover realizar abastecimento de combustível, verificando
o bloqueio à entrada de partículas, como fuligem e se foi fechado corretamente. Periodicamente deve
areia no processo de combustão. ser esvaziado e limpo, em virtude das impurezas que
Pode-se dizer que este item está intimamente acabam por se impregnar e se sedimentar ao fundo
ligado à economia do consumo e ao bom trabalho do tanque de combustível.
realizado pelo motor.
64
4.3.1 Alternador

CAPÍTULO 4 / NOÇÕES DA MECÂNICA DA MOTOCICLETA


Esta peça é composta de bobinas e imãs, e tem
como função gerar determinada corrente elétrica, com
a finalidade de produzir energia suficiente para o fun-
cionamento do motor, além de recarregar a bateria.

Figura 63 - Tanque de combustível utilizado em motocicletas


Disponível em:http://www2.novasuzuki.com.br

4.3 SISTEMA DE IGNIÇÃO

A função primordial do sistema de ignição é for- Figura 64 - Alternador utilizado em motocicletas


Disponível em:http://www.motonline.com.br
necer uma centelha, por meio de faísca gerada en-
tre os polos da vela. Este componente se localiza
no interior da câmara de combustão, sendo aciona-
do antes do pistão se aproximar do fim do curso de 4.3.2 Automático de partida
compressão, a fim de iniciar a queima da mistura ar-
combustível. É este sistema que fornecerá o início de Trata-se de uma espécie de interruptor para o
funcionamento do motor, com vistas a desenvolver o acionamento do sistema de ignição, assemelhando-
processo de combustão. se à chave de ignição do automóvel.
São os principais componentes deste sistema: 65
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

Figura 65 - Automático de partida utilizado em motocicletas


Disponível em:http://pt.aliexpress.com/honda-starter-relay_reviews.html

Figura 66 - Modelo de bateria empregada em motocicletas


Disponível em:http://www.twenga.es/bateria-moto.html

4.3.3 Bateria
4.3.4 Bobina de faísca

Este componente é responsável por realizar o


Elemento responsável por transformar a tensão
armazenamento de energia elétrica, resultado de sua
elétrica em centelha elétrica.
transformação por meio da energia mecânica para o
sistema de iluminação da motocicleta. Assim, a bate-
ria é de suma importância para fornecer a energia ne-
cessária para a partida do motor.

66
CAPÍTULO 4 / NOÇÕES DA MECÂNICA DA MOTOCICLETA
Figura 68 - Modelo de CDI empregado em motocicletas
Disponível em:http://pt.aliexpress.com
Figura 67 - Modelo de bobina de faísca empregado em motocicletas
Disponível em:https://www.fraida.com.br 4.3.6 Motor de partida

4.3.5 Ignição por descarga de condensador


Sua exclusiva finalidade é iniciar o funcionamento do
motor. Este mecanismo também é conhecido como pedal.
Mecanismo responsável por fornecer o controle
exato do momento em que deverá ser liberada a ten-
são elétrica para a bobina da faísca no tempo correto
para o funcionamento do motor.

Figura 69 - Modelo de motor de partida utilizado em motocicletas


Disponível em:http://www.motomoura.com.br 67
4.3.7 Retificador da corrente
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

Este componente, que compõe o sistema de ig-


nição, ao receber as altas tensões elétricas, tem por
objetivo realizar a correção destas tensões e distribuí-
-las à bateria e ao CDI.

Figura 71 - Modelo de vela de ignição utilizado em motocicletas


Fonte:http://www.masada.com.br

4.4 SISTEMA DE LUBRIFICAÇÃO

A primeira função deste sistema é reduzir o atrito


entre as peças de metal (componentes metálicos do
Figura 70 - Modelo de retificador de corrente utilizado em motocicletas
Disponível em:http://www.motosblog.com.br motor). Assim, a lubrificação tem um papel fundamen-
tal para o perfeito funcionamento da motocicleta, na
4.3.8 Vela de ignição medida em que a maioria das peças mecânicas da
motocicleta é composta de metais e, portanto, neces-
Este mecanismo se encontra alocado na câmara sitam de correta lubrificação, impedindo o resseca-
de combustão. Portanto, deve possuir alta resistência mento, e, consequentemente, o desgaste prematuro.
e, ao mesmo tempo, produzir a centelha elétrica, a A lubrificação ainda possui a finalidade de con-
qual será utilizada ao processo de combustão. Logo, duzir todas as partículas de impureza encontradas e
a vela de ignição está relacionada ao bom desempe- retê-las, impedindo que resultem a inoperância ou
68 nho e à economia do motor da motocicleta. ineficiência dos mecanismos que compõem a moto-
cicleta. É necessário lembrar que a viscosidade e es- 4.4.1 Bomba de óleo

CAPÍTULO 4 / NOÇÕES DA MECÂNICA DA MOTOCICLETA


pecificação do óleo devem seguir as recomendações
do fabricante. Este componente tem como função realizar a
Em resumo, o sistema de lubrificação possui fun- movimentação e distribuição do fluido de óleo para
ção tripla: lubrificação, limpeza e refrigeração. todas as partes do motor que necessitam serem lubri-
São os principais componentes deste sistema: ficadas através da força centrífuga e pressão interna
do motor.
A bomba de óleo geralmente está localizada na
parte inferior do motor.

Figura 73 - Modelo de bomba de óleo utilizado em motocicletas


Disponível em:http://laquila.com.br

Figura 72 - Ilustração do sistema de lubrificação da motocicleta


Fonte: Moto Honda da Amazônica LTDA.
69
4.4.2 Filtro de óleo 4.4.3 Óleo lubrificante
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

Sabe-se que a movimentação das diversas pe- Como já mencionado no sistema de lubrificação,
ças no interior do motor acaba por ocasionar o des- tem como funções: desenvolver a lubrificação das
gaste destas, em virtude do constante atrito. Assim, peças internas do motor, conduzir as impurezas para
tal circunstância resulta em produção de partículas, ficarem retidas no filtro de óleo, realizando a limpeza,
sujeiras, ou até mesmo na limalha. Estas impurezas e fazer a refrigeração do motor.
podem afetar o bom desempenho do motor. É válido atentar ao manual de instrução da moto-
Sendo assim, o objetivo do filtro de óleo é jus- cicleta, para que se possa verificar a espécie de óleo
tamente reter toda e qualquer impureza trazida pelo lubrificante a ser utilizada, a quantidade, bem como
fluido de óleo, para que possa ocorrer uma lubrifica- qual a quilometragem ou tempo para ser trocado.
ção eficiente. O óleo lubrificante afeta diretamente no desem-
penho da motocicleta.

Figura 75 - Ilustração de funcionamento do óleo lubrificante nos motores


de motocicletas
Figura 74 - Principais modelos de filtros de óleo utilizados em motocicletas
Disponível em:http://frangeor29.blogspot.com.br
Disponível em: http://www.reidooleo.com.br

70
4.4.5 Radiador 4.5 SISTEMA DE ARREFECIMENTO

CAPÍTULO 4 / NOÇÕES DA MECÂNICA DA MOTOCICLETA


Tem como finalidade realizar a troca de calor en- A finalidade deste sistema é proporcionar o res-
tre o ar atmosférico e outra substância que geralmen- friamento do motor e de seus componentes, pois,
te é o líquido de arrefecimento. Existem radiadores como se sabe, o processo de combustão resulta em
de óleo e de água, sendo que algumas motocicletas elevadas temperaturas.
utilizam ambos os tipos. Este sistema de dissipação de calor reflete numa
Assim, o radiador visa dissipar o calor resultado maior durabilidade e eficiência das peças, bem como
da combustão, refletindo num melhor desempenho no conforto da pilotagem.
do motor. O fato curioso em relação a este sistema é que,
em geral, as motocicletas norte-americanas e euro-
peias possuem um sistema de arrefecimento contro-
lado, dado as baixas temperaturas daquelas regiões.
Assim, o calor resultante de combustão é aproveitado
para o aquecimento do piloto.
Em geral, o sistema de arrefecimento pode
utilizar como componentes a água, o ar ou o óleo,
que possam auxiliar na dissipação do calor. Alinhado
a este sistema, a lubrificação também possui relevân-
cia como meio, também, de dissipar o calor ocasiona-
Figura 76 - Modelo de radiador utilizado em motocicletas do pelo motor. Pois, quando há menor atrito, graças a
Disponível em:http://pt.aliexpress.com uma boa lubrificação, não se produzirá tanto calor.

71
transmissão hidramático, automático ou automatiza-
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

do, que realizam tal função sem intervenção do piloto.

Figura 78 - Ilustração do sistema de transmissão


Disponível em: http://yefersonguti.blogspot.com.br

4.6.1 Câmbio

É através deste mecanismo que será possível as


Figura 77 - Demonstração do sistema do arrefecimento
diversas mudanças de marchas, adequando-se à ne-
Fonte: Moto Honda da Amazônica LTDA cessidade de velocidade e rotação. O eixo que vem
do motor é chamado de primário, enquanto que o que
4.6 SISTEMA DE TRANSMISSÃO leva a força para a roda denomina-se de secundário,
porque modifica a velocidade a cada troca de marcha.
Este sistema será o responsável por comunicar O eixo primário recebe a força proveniente da
ao motor as mudanças de velocidade, torque e ro- embreagem que, por sua vez, foi movida pela trans-
72 tação. Algumas motocicletas possuem o sistema de missão primária.
CAPÍTULO 4 / NOÇÕES DA MECÂNICA DA MOTOCICLETA
Figura 79 - Ilustração do câmbio de motocicletas
Fonte:https://www.google.com.br/imghp?hl=pt-PT
Figura 80 - Elementos que compõe a embreagem da motocicleta
Disponível em:http://www.goldenmotoparts.com.br

4.6.2 Embreagem

Este componente tem como função controlar a 4.7 SISTEMA DE FREIO


transmissão da potência do motor pela força de fric-
ção. Assim, quando a embreagem fica completamen- Este sistema tem por finalidade, ao ser acionado,
te desacoplada, ou seja, quando o manete está acio- promover a redução da velocidade, através da redu-
nado, a potência não é transmitida para roda traseira. ção da rotação dos pneus por meio do atrito. Logo,
Quando o veículo é posto em movimento, a em- os freios impõem uma força que tende a imobilizar
breagem aumenta gradualmente sua força de fricção as rodas e, então, pelo atrito que as rodas têm com o
entre os discos e transmite a força de forma suave solo, a motocicleta diminui a sua velocidade, poden-
para a roda traseira. Com a embreagem completa- do resultar na parada por completo.
mente acoplada, ou seja, quando a manete da em- Os freios, bem ajustados, promovem maior con-
breagem está em repouso, a potência da árvore de trole e potência. Ao serem acionados e devidamente
manivelas é transmitida diretamente à roda traseira. ajustados, conseguem boa redução de velocidade 73
com sensibilidade suficiente para que se mantenha a regulagem, o que resulta numa melhor eficiência. Por
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

motocicleta numa situação segura de diminuição da outro lado, pelo fato de seu acionamento ser mecâ-
velocidade, sem perda de controle. nico, a regulagem é facilmente perdida, devendo ser
regulado constantemente. Assim, com a regulagem ex-
cessiva ocorre um desgaste natural das lonas.

Figura 81 - Sistema de freio a disco hidráulico da roda dianteira da motocicleta


Disponível em:http://www.moto.com.br

Em geral, existem três espécies de mecanismos


de freio numa motocicletas:

4.7.1 Freio mecânico a tambor

Este sistema é reminiscente dos freios automo-


tivos antigos, contudo, ainda se aplicam em algumas Figura 82 - Freio a tambor
motocicletas na parte traseira, e ainda, em raros casos, Disponível em: http://minhaprimeiramoto.blogspot.com.br

74 na dianteira. Uma das vantagens deste sistema é a fácil


CAPÍTULO 4 / NOÇÕES DA MECÂNICA DA MOTOCICLETA
Figura 83 - Ilustração de funcionamento do sistema de freio a tambor
Disponível em:www.fdr.com.br

75
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

4.7.2 Freio a disco hidráulico


CILINDRO MESTRE Alavanca do Freio
Reservatório
Atualmente este mecanismo de freios é o mais Cilindro Principal

empregado nas motocicletas. Sua atuação é por meio Pino de segurança

de acionamento hidráulico, ou seja, há uma bomba


Pistão
de óleo que, quando acionada a manete ou o pedal Tubo de freio

do freio, pressuriza um tubo de óleo que interliga


Válvula de pulverização CILINDRO DA RODA
essa bomba a um jogo de pistões, que, por sua vez, Calibrador

empurram as pastilhas de atrito que pressionam o dis- Pistão auxiliar

Disco
co pelos dois lados.
Figura 84 - Ilustração do sistema de freio a disco hidráulico
Disponível em:www.fdr.com.br

Figura 85 - Freio a disco hidráulico


76 Disponível em: http://www.treoli.com.br
4.7.3 Freio ABS

CAPÍTULO 4 / NOÇÕES DA MECÂNICA DA MOTOCICLETA


O termo “ABS” é oriundo do inglês Anti-lock Bre-
aking System, e quer dizer “sistema de freio antitrava-
mento”. Por meio de sensores instalados nas rodas,
a informação sobre uma frenagem brusca é encami- Unidade hidráulica
Sensor
nhada a uma central eletrônica, a qual determina a Sinal de sensor
Circuito do freio dianteiro

soltura do freio gradativamente. Esse movimento per- Circuito do freio traseiro

mite a roda girar sem travar.


No caso das motocicletas, pequenos discos que
se assemelham ao disco de freio, porém cheios de ra-
nhuras, instalados no cubo das rodas, atuam com os
Figura 86 - Ilustração do sistema de freio ABS
sensores do ABS. O sistema ABS colabora para man- Disponível em:http://www.americanmotorcyclist.com
ter o comportamento equilibrado da motocicleta em
frenagens em diferentes pisos e, consequentemente,
oferece maior segurança.

77
CAPÍTULO 5

MANUTENÇÃO
PREVENTIVA DA
MOTOCICLETA
A manutenção preventiva e periódica da motoci- De acordo com Pinto e Xavier (2001, p.41), a ma-

CAPÍTULO 5 / MANUTENÇÃO PREVENTIVA DA MOTOCICLETA


cleta é extremamente importante, pois através deste nutenção preventiva “é a atuação realizada de forma
hábito será possível reduzir o risco de possíveis aci- a reduzir ou evitar a falha ou quebra no desempenho,
dentes e evitar danos à motocicleta. A manutenção co- obedecendo a um plano previamente elaborado, ba-
tidiana também acaba desenvolvendo uma relação de seado em intervalos definidos de tempo”.
intimidade entre a motocicleta e o motociclista policial Corroborando neste sentido, Nassar (2005, p.
militar, promovendo o maior conhecimento dos seus 38) traz o conceito de manutenção preventiva, um
mecanismos, o que irá resultar em um emprego desta tanto o mais minucioso:
modalidade de policiamento mais seguro e eficiente.
“A manutenção preventiva consiste na aplicação
de um programa regular de inspeção, ajustes,
limpeza, lubrificação, troca de peças, calibração
e reparo de componentes e equipamentos. Este
método é conhecido como manutenção basea-
da no tempo, sendo aplicada sem considerar as
condições do equipamento”.

Há ao menos cerca de três escalões de manu-


tenção da motocicleta, porém, caberá ao motociclista
policial militar realizar a manutenção de primeiro es-
Figura 87 - Realização da manutenção preventiva
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
calão antes de realizar o deslocamento para o servi-
ço operacional. Os demais escalões de manutenção
serão realizados por profissionais especializados, por
se tratar de manutenções mais complexas que reque-
rem maior atenção e cuidado. 79
5.1 SETOR DE TRANSPORTES ORGANIZANDO AS 5.2 PASSOS PARA A MANUTENÇÃO DE PRIMEIRO
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

MANUTENÇÕES PREVENTIVAS ESCALÃO

Diante do que foi exposto, caberá aos motoci- Antes mesmo de o motociclista policial militar as-
clistas, bem como, aos Setores de Transporte da sumir o serviço, é necessário realizar a manutenção
Unidade, realizarem o controle da quilometragem e em primeiro escalão, com o intuito de verificar possí-
períodos das revisões. É sabido que, quando se re- veis anormalidades no desempenho da motocicleta.
aliza revisões fora dos prazos de quilometragem ou O primeiro escalão de manutenção é indispensável
período, acaba por perder a garantia, o que quer di- para o desenvolvimento do motopatrulhamento efi-
zer que as montadoras não irão ser responsabilizadas ciente. Neste diapasão, como o serviço operacional
por possíveis falhas mecânicas que possivelmente poderá transcorrer com normalidade, o policial militar
venham a ocorrer. Por isso, é fundamental possuir um nesta modalidade de policiamento poderá se depa-
controle rigoroso de toda a frota de motocicletas. rar com ocorrências em que seja necessário ter um
Neste liame, é fundamental que o Setor de Trans- desempenho mais arrojado da motocicleta, e, por tal
porte possua, no mínimo, uma pasta modelo arquivo motivo, este tipo de viatura deve estar com todos os
com as fichas individuais de toda a sua frota de moto- seus mecanismos em pleno e eficaz funcionamento.
cicletas, nominadas por marca/modelo, placa e chas- A importância deste escalão de manutenção
si, compondo todo histórico de revisões, bem como também anula acidentes evitáveis. Assim, tem-se
outras informações, como, por exemplo, de possíveis como um procedimento padrão a realização deste
falhas mecânicas ocorridas, acidentes, entre outras escalão antes de realizar o deslocamento para a ati-
ocorrências que sejam de relevância. Com vistas a vidade operacional.
auxiliar neste controle, tem-se o Anexo A e B como
modelo de planilhas para facilitar e auxiliar no contro-
le das manutenções da motocicleta.
80
5.2.1 O motociclista deve ter os sentidos aguçados

CAPÍTULO 5 / MANUTENÇÃO PREVENTIVA DA MOTOCICLETA


Para que o motociclista policial militar realize a
manutenção de primeiro escalão, deverá utilizar seus
sentidos básicos, quais sejam: VER, OUVIR e SENTIR.
Isto quer dizer que deve estar atento ao aspecto visu-
al geral da motocicleta, ouvir se há alguma anormali-
dade no funcionamento dos seus sistemas, e, através
do toque, notar algum defeito. Figura 88 - Ilustração de sentido que se deve fazer a manutenção em
primeiro escalão
5.2.2 Linha do horizonte imaginária sobre a moto- Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

cicleta
sequência dos equipamentos a serem verificados, bem
A utilização da linha do horizonte imaginária sobre como suas especificidades, que devem ser observadas.
a motocicleta é uma técnica bastante útil para que seja
possível realizar uma vistoria rápida e eficaz, antes de 5.2.3 Para-brisas
realizar o deslocamento para a atividade operacional.
Este método tem como escopo que o motociclista crie O primeiro ponto que esta linha imaginária toca será
mentalmente uma linha imaginária horizontal e que neste item. Assim, caberá ao motociclista verificar se o
esta esteja sobre a motocicleta - preferencialmente no para-brisa está com alguma folga, com rachaduras ou
sentido de cima para baixo - para que seja possível ob- trincas. A folga deste equipamento, além de gerar o des-
servar todos os componentes que se deve ter atenção conforto na pilotagem, pois ficará em trepidação durante
ao realizar a vistoria em primeiro escalão. o deslocamento, poderá soltar e se chocar com o mo-
Visando facilitar a Manutenção de Primeiro Esca- tociclista, ocasionando acidentes. O mesmo ocorre com
lão, tem-se o Anexo C, composto dos principais itens trincas e rachaduras no para-brisa, passando de equipa-
a serem vistoriados. Entretanto, cabe também expor a mento de proteção a ocasionador de danos humanos. 81
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

Figura 90 - Baú da motocicleta


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

Figura 89 - Para-brisa da motocicleta


5.2.5 Espelhos retrovisores
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

5.2.4 Baú ou bauleto Deverá ser observado se estão bem fixados, se


não apresentam rachaduras e se estão com boas
Neste item, é importante checar se o suporte está condições de visibilidade. Deverá ser feito o ajuste,
bem afixado na churrasqueira da motocicleta14, como montando na motocicleta, tendo como referência
também se o baú está devidamente encaixado ao su- que a parte interna dos espelhos retrovisores deverá
porte, já que em sua maioria este é destacável. Não se possibilitar que se visualizem os braços e ombros do
pode esquecer, ainda, de confirmar que a chave per- motociclista. Assim, dotará os espelhos retrovisores
tence realmente ao baú ou bauleto, e se este, ao ser fe- de um maior campo de visão, reduzindo-se a possibi-
chado, está fazendo realmente o travamento e vedação. lidade dos “pontos-cegos15”.

15
Perímetros que não são refletidos pelos espelhos retrovisores,
14
Equipamento geralmente em chapa de aço ou ferro, que vem dada à angulação destes. Assim, um ajuste adequado aos espe-
logo após o assento do garupa, que tem por objetivo servir de su- lhos retrovisores, ampliando a angulação de abertura, pode reduzir
82 porte para fixação do baú ou bauleto. a existência dos pontos cegos.
5.2.6 Antena de corta linha “pipa”

CAPÍTULO 5 / MANUTENÇÃO PREVENTIVA DA MOTOCICLETA


Este equipamento é de extrema relevância para
a proteção do motociclista contra linhas de pipas, em
especial aquelas compostas de cerol. Logo, deverá
estar atento para que esteja afixada firmemente no
guidom, como também que possa se opor com resis-
Figura 91 - Espelhos retrovisores
Fonte: Elaborado pelos autores (2016). tência ao cerol, cumprindo sua finalidade.

Figura 93 - Antena de corta linha “pipa”


Disponível em: www.fraida.com.br

5.2.7 Manopla de aceleração

Deverá ser observado se a manete de acelera-


ção está em seu pleno funcionamento. Para tanto,
este item não deve estar apresentando resistência ao
Figura 92 - Ajuste adequado dos espelhos ser acionado, impedindo a aceleração e, por conse-
retrovisores com vistas à redução dos “pontos
quência, a elevação da rotação do motor. 83
cegos”
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
Ainda tem de se verificar a folga entre o cabo de Tanto o nível do óleo de freio como a folga junto ao
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

aceleração e a manopla, pois deve haver uma folga cabo de freio devem ser vistoriados. Da mesma forma,
de 3 a 5 mm em geral, embora o ideal seja consultar o o cabo de freio não poderá estar teso, o que ocasionará
manual da motocicleta para obter esta informação com na redução do desempenho da motocicleta, desgaste
precisão. Assim, não poderá o cabo de aceleração se das pastilhas ou sapatas de forma desnecessária. De
encontrar teso nem folgado demais, o que pode difi- outra forma, caso o cabo esteja com folgas excessivas,
cultar a pilotagem, além de resultar em danos. reduzirá drasticamente a eficiência da frenagem.

Figura 95 - Manete do freio dianteiro


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
Figura 94 - Manopla de aceleração
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
5.2.9 Manete de embreagem
5.2.8 Manete do freio dianteiro
Semelhantemente à manopla de aceleração e à
Neste equipamento também será necessário manete de freio dianteiro, deverá ser verificada em es-
verificar se o seu funcionamento está ocorrendo na pecial se sua folga, em relação ao cabo de embreagem,
totalidade, ou seja, se quando acionado realiza o tra- atende às especificações do manual da motocicleta.
84 vamento da roda dianteira. Se por algum motivo for esticado demasiadamente, re-
sultará em danos para o mecanismo de embreagem,

CAPÍTULO 5 / MANUTENÇÃO PREVENTIVA DA MOTOCICLETA


como também se possuir uma folga excessiva.

Figura 96 - Manete de embreagem


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

5.2.10 Sistema de iluminação e sinalização

Ao descer um pouco mais a linha horizontal ima-


ginária, far-se-á uma checagem do farol dianteiro16, lan-
terna traseira, setas indicadoras de direção17 (acionan-
do para ambos os lados, e verificando se tanto a setas Figura 97 - Iluminação e sinalização da motocicleta
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
dianteiras quanto as traseiras estão funcionando nor-
malmente), da luz da placa e das luzes de freio (acio-
nando o freio dianteiro e traseiro, cada um por vez).
16
Vide art. 244, inciso IV do Código de Trânsito Brasileiro, que con-
figura como infração de trânsito a condução de motocicleta com
Também não pode se esquecer de testar a bu- faróis apagados. Deve-se ainda destacar a importância da regula-
gem do farol, de acordo com o fabricante, sendo que tal regulagem
zina, que tem relevância para sinalização sonora na
modifica com a presença ou ausência do garupa.
condução da motocicleta. 17
Conhecida vulgarmente com “pisca”. 85
5.2.11 Sistema luminoso intermitente e sirene18 5.2.12 Tanque de combustível
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

Antes de se realizar o deslocamento para a ati- Cabe ao motociclista atentar para verificar se a
vidade operacional, esses equipamentos também ergonomia do tanque está ilesa, sem deformidades e
deverão ser testados, pois o sistema luminoso inter- bem afixada no chassi da motocicleta. Além disso, é
mitente não tem somente notoriedade para se poten- necessário observar se tampa está devidamente afi-
cializar a ostensividade, mas serve como sinalização xada, pois, em caso de quedas, ocorrerá a vedação,
extraordinária, evitando acidentes. reduzindo que o motociclista tenha contato direto
Do mesmo modo, os motociclistas policiais milita- com o combustível.
res podem se envolver em ocorrências em que seja
necessário o emprego da sirene, como, por exemplo,
em situações de operações e intervenções no trânsito.

Figura 98 - Luminosos intermitentes e sirene


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

18
A obrigatoriedade legal deste sistema está disposta no art. 29, Figura 99 - Tanque de combustível
inciso VII, alíneas “a” e “b” do Código de Trânsito Brasileiro. Há
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
ainda referência acerca do presente tema nos arts. 189, 190 e 222
da referida legislação.
86
5.2.13 Selim 5.2.14 Freios

CAPÍTULO 5 / MANUTENÇÃO PREVENTIVA DA MOTOCICLETA


O selim é responsável pela acomodação do mo- Neste item, é necessário verificar as condições
tociclista sobre a motocicleta. Portanto, deve estar de desgaste das pastilhas de freio ou sapatas, as
afixado ao chassi da motocicleta, estando com sua condições do disco de freio e se há graxas ou outros
ergonomia sem qualquer tipo de alteração ou irregu- elementos que possuam reduzir a eficiência da frena-
laridade. Este componente está intimamente ligado gem. Deve também ser observado o nível do fluído
ao conforto do motociclista, além de promover a pos- de freio, no caso de motocicletas que possuem siste-
tura correta sobre a motocicleta. Portanto, verificar o ma de freio a disco hidráulico.
selim evitará possíveis lesões ao motociclista.

Figura 101 - Freio da motocicleta


Dispontível em: http://www.globalsuzuki.com/motorcycle

Figura 100 - Selim


Fonte: Elaborado pelos autores (2016). 87
5.2.15 Corrente de transmissão 5.2.16 Motor
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

Nesse caso, deverá ser observado todo o con- É necessário realizar uma vistoria panorâmica do
junto, ou seja, coroa, corrente e pião, verificando o motor, observando se há anormalidades. Neste item,
desgaste destas peças. Especificamente em relação à basicamente o motociclista terá como responsabilida-
corrente de transmissão, além do desgaste, terá impor- de verificar o nível do óleo, através da vara indicadora,
tância observar a limpeza, sua lubrificação, bem como tendo o cuidado de deixar a motocicleta perpendicular
a folga necessária recomendada pelo fabricante. ao solo e não inclinada, além de observar se há alguma
Esta folga aproxima-se a cerca de 1 (um) centímetro. espécie de vazamento de fluídos, oriundo do motor.
O ideal é que este ajuste seja realizado com o motoci-
clista sentado, para que a corrente de transmissão seja
ajustada, diante dos esforços que ela será submetida.
Cabe ainda destacar o regulador de tensão da cor-
rente, que tem como finalidade manter a corrente estica-
da, evitando a sua saída dos dentes da coroa e pinhão.

Figura 102 - Corrente de transmissão da motocicleta.


Figura 103 - Motor da motocicleta
Dispontível em: http://equipemotomania.com.br/dicas-de-relacao/
88 Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
Por fim, é necessário que o motociclista cheque

CAPÍTULO 5 / MANUTENÇÃO PREVENTIVA DA MOTOCICLETA


as rodas, especialmente aquelas que são raiadas. É
necessário também observar se há alguma irregula-
ridade, como, por exemplo, parafusos, gravilhão ou
pregos. No caso das rodas raiadas, o motociclista de-
verá passar a mão sobre os raios para observar se
possui algum que esteja desafixado ou solto.

Figura 104 - Vareta do óleo


Dispontível em: http://motopecaspadrecicero.com.br/2016/02/22/como-veri-
ficar-o-nivel-de-oleo-de-sua-moto/

5.2.17 Pneus e rodas

Deverá atentar para o desgaste dos pneus, através


da própria indicação que vem no pneu, chamada de TWI
(Tread Wear Indicator19). Este indicativo se trata de uma sa-
liência no sulco de pneu que, quando começa a ter con-
tato direto com o solo, indica que finalizou a sua vida útil.
Os pneus sempre deverão estar calibrados, de acor-
do com o que se recomenda o manual da motocicleta.
Deve-se atentar que em alguns tipos de motocicleta há
variação de calibragem quando o garupa estiver montado.
Em geral, próxima à proteção da corrente de transmissão,
há a informação da calibragem dos pneus da motocicleta.
19
Termo de origem inglesa, que ao traduzir significa “indicador de Figura 105 - Pneus e rodas da motocicleta
pegada”. Fonte: Elaborado pelos autores (2016). 89
5.2.18 Pedal de freio traseiro 5.2.19 Pedal de câmbio de marchas
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

O pedal de freio é responsável pela realização É importante verificar se o funcionamento do pe-


da frenagem da roda traseira. Portanto, neste compo- dal de marchas está operando normalmente. Para tan-
nente deve ser observado se há a folga recomenda- to, é necessário, inicialmente, pressionar a manete de
da, a fim de que seu funcionamento ocorra somente embreagem e, posteriormente, o pedal de marchas,
através do acionamento. Também deve ser pressio- tanto no sentido superior quanto no inferior. Deve-se
nado o pedal de freio para verificar se este está reali- notar se a passagem de marchas está ocorrendo com
zando o travamento completo da roda traseira. suavidade, bem como sem trancos ou travamentos.

Figura 106 - Pedal de freio traseiro


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

Figura 107 - Pedal de câmbio de marchas


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

90
5.2.20 Descanso

CAPÍTULO 5 / MANUTENÇÃO PREVENTIVA DA MOTOCICLETA


Este equipamento é responsável por apoiar a mo-
tocicleta quando esta se encontrar estacionada. Des-
te modo, é relevante verificar se o seu funcionamen-
to está ocorrendo normalmente. Outro aspecto a ser
notado é se a mola responsável pelo recolhimento do
descanso não se encontra folgada ou ineficiente.
Assim, ao desligar a motocicleta, deverá ser acio-
nado o descanso lateral, verificando se realmente ela
está firme e volvendo o guidom para a esquerda, a
fim de dar maior estabilidade no estacionamento.
Algumas motocicletas possuem também o des-
canso central, que dá maior estabilidade. Isto ocorre
em virtude da motocicleta ficar apoiada em três pon-
tos, sendo dois pontos de apoio do próprio descanso
central e um do pneu traseiro.
Para utilizar o descanso central é bastante sim-
ples: a motocicleta deverá estar no neutro. Assim,
apoia-se o pé direito no lado direito da motocicleta, no
descanso central, elevando-se a motocicleta para trás. Figura 108 - Descanso da motocicleta
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

91
CAPÍTULO 6

TÉCNICAS DE
PILOTAGEM
A condução da motocicleta, de per si, já impõe 6.1.1 Chave de ignição

CAPÍTULO 6 / TÉCNICAS DE PILOTAGEM


riscos naturais e esta circunstância aumenta ainda
mais quando se trata de seu emprego no policiamen- Responsável pelo funcionamento da motocicleta
to ostensivo. Por tais características, é de extrema e que após ser acionada pressionará o botão da parti-
relevância que o motociclista policial militar procure da elétrica, que em geral só funciona se a motocicleta
sempre adotar os procedimentos doutrinários das estiver na posição neutro, inadmite-se o emprego de
técnicas de pilotagem, alinhando-o com o treinamen- pedal para acionamento da ignição na atividade de
to constante. motopatrulamento, dada a enorme perda de tempo
Somente desta forma, será possível realizar uma para o funcionamento do motor da motocicleta.
pilotagem segura e eficiente, compatível para a reali-
zação de atividades operacionais.

6.1 PRINCIPAIS COMANDOS DA MOTOCICLETA

O primeiro aspecto antes mesmo de realizar um


aprofundamento no que se refere às técnicas de pi-
lotagem e quais são prioritariamente empregadas na
modalidade de policiamento com motocicletas, é que
se deve conhecer os comandos do veículo.
Em geral, tais comandos devem ser utilizados
Figura 109 - Chave de ignição
com suavidade, e somente em casos emergentes de- Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
verão ser empregadas manobras mais arrojadas, que
por si só já potencializam o risco de acidentes.
93
6.1.2 Manete de embreagem 6.1.3 Manete de freio dianteiro
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

Mecanismo que é capaz de conectar e desco- Comando responsável pela realização da frena-
nectar o motor da caixa de câmbio, permitindo, desta gem da roda dianteira da motocicleta. Posteriormente,
forma, a partida da motocicleta, bem como a inserção será visto que este é o freio que tem a maior importância
das relações de marcha. dentre os demais para realizar a parada da motocicleta.

Figura 110 - Manete de embreagem


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

Figura 111 - Manete de freio dianteiro


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

94
6.1.4 Pedal de câmbio de marcha 6.1.5 Pedal de freio traseiro

CAPÍTULO 6 / TÉCNICAS DE PILOTAGEM


Mecanismo desmultiplicador que inclui várias Comando responsável por realizar a frenagem da
opções de relação entre velocidades de rotação do roda traseira da motocicleta. Este pedal ao ser aciona-
eixo primário, entrada, eixo secundário e saída. As- do realizará a complementação da frenagem dianteira,
sim, as diferentes velocidades resultam dos pares de promovendo estabilidade para a motocicleta.
engrenagens de cada eixo que resulta em distintas
relações dos números de dentes.

Figura 113 - Pedal de freio traseiro


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

Figura 112 - Pedal de câmbio de marchas


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

95
6.1.6 Manopla de aceleração 6.1.7 Dispositivo desetas indicadoras de direção
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

Mecanismo responsável pelo controle da rota- Empregado para realizar sinalização luminosa, com
ção do motor que resultará na movimentação da roda vistas a que os demais veículos que transitam na via te-
traseira, por meio do sistema de comando. O empre- nham conhecimento da manobra que será realizada.
go da manopla de aceleração, alinhada à relação de Este dispositivo é utilizado nos casos de acesso
marchas, resultará na velocidade e força empregada. à outra via, tranposição de faixas ou ultrapassagens.

Figura 115 - Setas indicadoras de direção


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

Figura 114 - Manopla de aceleração


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
6.1.8 Dispositivo do acionamento de luminosos

Responsável pelo acionamento dos dispositivos


luminosos, como os faróis da motocicleta. No caso
das motocicletas policiais que possuem os luminosos
96
específicos e adicionais, funcionam como forma de 6.1.9 Buzina

CAPÍTULO 6 / TÉCNICAS DE PILOTAGEM


sinalização extra e potencializa a ostensividade.
Dispositivo que tem como finalidade realizar a si-
nalização sonora, utilizado para alertar os demais con-
dutores da via e, portanto, evitar acidentes de trânsito.

Figura 116 - Dispositivo do acionamento de


luminosos da motocicleta policial20
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
Figura 118 - Buzina da motocicleta
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

Figura 117 - Botões do acionamento dos faróis da motocicleta


Disponível em: http://www.touratech.com.br

20
O botão “1” é responsável pelo acionamento dos luminosos dian-
teiros, enquanto o botão “3” acionará os luminosos traseiros. 97
6.1.10 Dispositivo de sirene 6.1.11 Corta corrente
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

Sinais sonoros específicos de motocicletas po- Este botão quando acionado é responsável por
liciais utilizadas em atividades operacionais, sendo realizar o desligamento do motor, ou seja, neutraliza o
que seu emprego encontra-se regulamentado no Có- funcionamento mecânico da motocicleta.
digo de Trânsito Brasileiro21. Atualmente as motocicletas possuem sensor de
declividade que serve em casos de quedas.
Ao notar que a inclinação da motocicleta supe-
rou o normal, realiza-se o desligamento do motor.
Contudo, antes das motocicletas possuírem este dis-
positivo, o botão de corta corrente era utilizado, prin-
cipalmente para desligar o motor da motocicleta em
casos de acidentes.

Figura 119 - Dispositivo de sirene22


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

21
Encontra-se especificamente no art. 29, inciso VII do Código de
Trânsito Brasileiro.
22
O botão “2” é responsável pelo acionamento de apenas um to-
que da sirene, enquanto o botão “4” acionará a sirene intermitente Figura 120 - Corta corrente da motocicleta
98 além de realizar a troca do tipo de sirene. Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
6.1.12 Partida Elétrica sário o emprego de uma postura adequada em rela-

CAPÍTULO 6 / TÉCNICAS DE PILOTAGEM


ção à montagem na motocicleta.
Dispositivo que realiza o acionamento do mo- Com isso, pode-se dizer que a posição emprega-
tor, que só funcionará se o sistema de corta corren- da pelo motociclista e o modo de conduzir a motocicle-
te estiver desativado. As motocicletas mais recentes ta influenciam na segurança durante a pilotagem. As-
também dispõem de um sistema inteligente que só sim, caberá ao motociclista estar atento aos seguintes
acionará o motor caso a motocicleta esteja no neutro, aspectos em relação à postura durante a pilotagem:
com vistas a evitar acidentes.
1. A cabeça deve estar verticalmente posicio-
nada, levemente relaxada, a fim de propiciar uma
maior visibilidade ao motociclista;
2. Os ombros devem se encontrar em posição
ereta, contudo, ligeiramente relaxados;
3. Os braços devem estar relaxados, com os
cotovelos voltados para baixo;
4. Os punhos devem estar abaixados, em rela-
ção às mãos, segurando as manoplas de forma
centralizada;
5. O quadril deve estar próximo ao tanque de
Figura 121 - Botão de partida elétrica
Fonte: Elaborado pelos autores (2016). combustível da motocicleta. Isto se dá em virtude
de, em geral, o centro de gravidade da motocicle-
6.2 POSTURA NA MOTOCICLETA ta estar entre o início do selim e o tanque de com-
bustível. Este posicionamento do quadril também
Para a realização de uma pilotagem que propicie proporciona que o motociclista realize movimen-
conforto e completo dominío da motocicleta, é neces- tos no guidom sem gerar esforços aos ombros; 99
6. Os joelhos devem estar pressionando leve-
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

mente o tanque de combustível, dando maior


precisão de controle da motocicleta e, por con-
seguinte, facilitando a execução de manobras;
7. Os pés devem estar acondicionados nas pe-
daleiras, posicionados de forma paralela ao solo,
evitando-se toques desnecessários no pedal de
freio ou no pedal do câmbio de marcha.

6.2.1 Posturas incorretas


Figura 123 - Postura incorreta na
motocicleta com pernas abertas e corpo
afastado do tanque
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

Figura 122 - Postura incorreta na motocicleta em relação ao posicionamen-


to dos pés no solo
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
Figura 124 - Postura incorreto em relação ao pé que se encontra demasia-
damente inclinado
100 Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
6.2.2 Postura correta o solo, enquanto o pé direito estará posicionado

CAPÍTULO 6 / TÉCNICAS DE PILOTAGEM


sobre a pedaleira;
3. Ligar a chave de ignição, a qual acionará o
painel da motocicleta;
4. Verificar se a motocicleta encontra-se no
ponto neutro, o que geralmente é sinalizado por
uma luz verde no painel da motocicleta. Caso
não esteja em ponto neutro, o motociclista de-
verá colocar o pé direito sobre o solo e o pé
esquerdo sobre a pedaleira, e acionar a embre-
Figura 125 - Postura correta a ser empregada pelo motociclista
Fonte: Elaborado pelos autores (2016). agem. Posteriormente, deve realizar a mudan-
ça, utilizando o pedal de câmbio de marcha,
posicionando-o em neutro. A posição do neutro
no câmbio de marcha da motocicleta fica entre
6.3 PROCEDIMENTO DE SAÍDA COM A a primeira e segunda marcha. Por conseguinte,
MOTOCICLETA colocará o pé esquerdo sobre o solo e o direito
sobre a pedaleira;
Após a adoção da postura adequada a ser em- 5. Deverá ser acionado o botão de partida elé-
pregada na pilotagem para realização do desloca- trica para realizar o funcionamento do motor da
mento com a motocicleta, deverá se adotar os se- motocicleta;
guintes procedimentos, de forma gradual: 6. Feito isto, o motociclista deverá apertar a em-
breagem até o fim;
1. Retirar a motocicleta do descanso; 7. Novamente será realizada a mudança de pés
2. Inclinar ligeiramente a motocicleta para o sobre o solo, a fim de que, com a embreagem
lado esquerdo, colocando o pé esquerdo sobre pressionada, possa engatar a primeira marcha, re- 101
alizando novamente a troca dos pés sobre o solo,
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

ou seja, o pé esquerdo tornará a apoiar no chão;


8. Com a mão esquerda ainda pressionando
a embreagem, a mão direita, de forma suave e
graudal, realizará a aceleração;
9. Posteriormente, deve o motociclista soltar a
embreagem até que seja notado o ponto de fric-
ção, realizando a aceleração lentamente, com o
objetivo de que se ganhe equilíbrio;
10. Deverá ser liberada a manete da embreagem
quando perceber que a motocicleta está começando
a desenvolvero movimento, colocando o pé esquer-
do sobre a pedaleira.


Figura 126 - Procedimento de


102 saída com a motocicleta
Fonte: Elaborado pelos auto-
res (2016).
6.4 MUDANÇAS DE MARCHAS Outro aspecto do câmbio de marcha das mo-

CAPÍTULO 6 / TÉCNICAS DE PILOTAGEM


tocicletas é que elas são escalonadas, ou seja, a
Ao iniciar o deslocamento com a motocicleta, ha- cada movimento vai modificando para uma relação
verá a necessidade de proporcionar uma relação de de marcha.
força e velocidade que se adeque às necessidades Desta forma, ao pretender realizar a mudança de
momentâneas da pilotagem. Por vezes, será neces- marcha, adotar-se-á o procedimento descrito, na se-
sário empreender uma velocidade maior que não exi- guinte ordem:
ja tanta força, como nas vias de trânsito rápido23, ou
1. Realizar a desaceleração;
então, deve-se reduzir a velocidade da motocicleta,
2. Apertar a embreagem até o fim;
necessitando de maior força para trefegar num aclive.
3. Com a embreagem pressionada completa-
Nesta perspectiva, compreende-se a importância da
mente, engatar a marcha;
relação de marchas que a motocicleta possui, como
4. Liberar a embreagem;
também o seu emprego adequado, a fim de realizar
5. Tornar a realizar a aceleração.
uma pilotagem segura.
Em geral, o câmbio de marchas da motocicleta pos-
6.5 REALIZAÇÃO DE PARADAS
sui somente a sua movimentação vertical, tendo basica-
mente uma relação de cinco marchas. Ao realizar o mo- Em casos em que seja necessário realizar para-
vimento para cima, aumentaremos marchas adequadas das, deverão ser adotadas as seguintes medidas:
para maiores velocidades e menor força. Já ao realizar o
movimento para baixo, terá marchas adequadas a baixas 1. Desativar a manopla de acelaração;
velocidades, contudo, com maior existência de força. 2. Realizar a redução de marcha;
3. Acionar ambos os freios;
23
Conforme o art. 61, inciso I do Código de Trânsito Brasileiro, as 4. Quando a motocicleta estiver próxima a reali-
vias urbanas que possuem velocidade superior a sessenta quilô-
metros por hora, tendo como velocidade máxima oitenta quilôme-
zar a parada, pressionar a embreagem;
tros por hora, caso não haja sinalização regulamentadora. 103
5. Ao realizar a parada, realizar ligeira inclina- ideia, um emprego da técnica de frenagem adequada
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

ção da motocicleta para esquerda, colocando o pode reduzir em mais de 50% (cinquenta porcento) a
pé esquerdo sobre o solo; distância total de parada e, portanto, evitar acidentes.
6. Colocar a motocicleta, através do câmbio de Deve-se comprender que, ao realizar a frena-
marcha, em ponto neutro; gem, está se exercendo força contrária ao movimen-
7. Liberar a manete de embreagem; to das rodas, predominantemente por meio do atrito.
Contudo, a dosagem da frenagem é essencial para
ser eficiente e não realizar o travamento das rodas,
que fará a motocicleta deslizar pelo solo, continuando
o deslocamento.
Outro aspecto relevante que se deve levar em
consideração, antes mesmo do emprego da frena-
gem, é em relação às condições climáticas, em espe-
cial às chuvas, substâncias sobre a pista (areia, óleo,
entre outros) e às condições da via.

6.6.1 Tipos de freios

Figura 127 - Procedimento de parada da motocicleta


Fonte: Elaborado pelos autores (2016). Necessário inicialmente apresentar que a motoci-
cleta dispõe de três elementos de frenagem, a saber:
6.6 TÉCNICA DE FRENAGEM
6.6.1.1 Freio dianteiro
No que se refere às técnicas de pilotagem de mo-
tocicleta, a frenagem deve ser encarada como um dos É o freio responsável pela realização da parada
pontos mais relevantes deste tema. Para se ter uma efetiva da motocicleta. Por tal motivo, seu acionamento
104
deve estar em torno de 60% a 70% (sessenta a setenta e auxiliando na redução da velocidade da motocicle-

CAPÍTULO 6 / TÉCNICAS DE PILOTAGEM


porcento). O acionamento deste freio é feito utilizando ta. Deve-se promover a redução de marcha e liberar
todos os dedos, com exceção do polegar. É importante imediatamente a embragem, para que o freio motor
lembrar que o freio dianteiro deve ser pressionado de possa atuar conjuntamente com os demais freios.
forma gradual, pois seu acionamento de forma brusca
pode ocasionar quedas ou tombamento da motocicleta. 6.6.2 Procedimento de frenagem

6.6.1.2 Freio traseiro Para resultar uma frenagem eficiente, especial-


mente ao se deparar com situações inesperadas, é
Pode ser caracterizado como o freio comple- necessário adotar o seguinte procedimento, na or-
mentar ao dianteiro e, por tal motivo, realiza-se o seu dem abaixo descriminada:
emprego em torno de 30% a 40% (trinta a quarenta
porcento). Portanto, este freio jamais terá a eficiência 1. Deve se realizar a redução de marcha o mais
que o freio dianteiro possui. rápido possível, liberando logo após a embreagem;
Em frenagens emergenciais, a sua utilização pro- 2. Acionar o freio dianteiro, esmagando-o de
move o maior controle e estabilidade da motocicleta. forma progressiva, em torno de 60% a 70% (ses-
Entretanto, em situações de baixa velocidade, pode senta a setenta porcento) de sua totalidade;
ser utilizado sozinho, apenas para realizar uma redu- 3. Acionar o freio traseiro, esmagando-o de for-
ção de velocidade. ma progressiva, em torno de 30% a 40% (trinta a
quarenta porcento) de sua totalidade;
6.6.1.3 Freio motor 4. Manter a motocicleta perpendicular ao solo,
evitando-se realizar inclinações, curvas ou movi-
Pode ser definido como um freio que é empre- mentar o guidom;
gado ao se realizar a redução de marcha, aliando-se 5. Somente quando a motocicleta estiver próxi-
105
ma a realizar a total parada, deverá se acionar a 6.7 REALIZANDO CURVAS
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

embreagem;
6. Ao realizar a total parada da motocicleta, o mo- É bastante contumaz ocorrer acidentes, em es-
totciclista inclinará a motocicleta levemente para a pecial com motocicletas ao se realizar curvas. Isto se
esquerda, colocando o pé esquerdo sobre o solo. dá principalmente em virtude de não se empregar a
técnica adequada na realização desta manobra.
O primeiro aspecto da realização de curvas em
vias urbanas é que não se deve realizar “curvas ce-
gas”, ou seja, com velocidade e inclinação da mo-
tocicleta excessivas, quase no limite. Há o risco de
se deparar com animais, buracos, outros veículos ou
substâncias escorregadias na via, no interior da curva,
resultando em acidentes.
Existem regras básicas para que se possa reali-
zar uma pilotagem com segurança ao passar por uma
curva. Desta forma, é possível dividir em três fases a
realização de curvas com motocicletas, quais sejam:

6.7.1 Preparação

Figura 128 - Procedimento de frenagem da motocicleta


Fonte: Elaborado pelos autores (2016). Quando visualizar a curva, o motociclista irá adequar
a velocidade da motocicleta com o emprego dos freios,
além de realizar a redução de marcha. Não existe uma re-
gra de velocidade ou marcha empregada para acessar a
106 curva. Entretanto, quanto mais fechada for a curva, maior
deverá ser essa redução de velocidade, para se adapatar rência dos pneus ao solo. Por conseguinte, realizará

CAPÍTULO 6 / TÉCNICAS DE PILOTAGEM


ao traçado da via. Caberá ao motociclista utilizar o discer- aceleração e as mudanças de marchas, retornando à
nimento a depender da espécie de curva que ingressará. velocidade anterior ao acessar a curva.

6.7.2 Execução

Já com a velocidade ajustada ao tipo da curva reali-


zada na fase de preparação, o motociclista realizará a in-
clinação da motocicleta, acompanhando o traçado da via,
todavia, contrabalanceando com o seu corpo no sentido
oposto, para manter a estabilidade da motocicleta.
É necessário lembrar que também já foi feita a re-
dução da marcha na fase de preparação e, por isso,
deverá se manter a acelaração constante. Destaque-
-se que nesta fase a motocicleta encontra-se inclinada
e, assim, não possui a aderência necessária dos pneus
com o solo para a frenagem. Logo, durante este mo-
mento, deve ser evitado o emprego de freios, princi-
palmente o dianteiro, que pode ocasionar quedas.

6.7.3 Retomada

Ao finalizar a curva, primeiramente deverá se


posicionar a motocicleta de forma perpendicular em Figura 129 - Realização de curvas
relação ao solo, com vistas a promover maior ade- Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
107
6.8 TRANSPONDO ACLIVES 6.8.3 Retomada
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

Ao transitar em vias que possuam aclives, é im- Ao finalizar o aclive, será retomada a aceleração
portante a utilização da marcha adequada em relação e as mudanças de marchas, retornando à velocidade
à sua inclinação. Deste modo, deve-se adotar as se- anterior ao acessar ao aclive.
guintes fases ao se deparar com este tipo de via:

6.8.1 Preparação

Quando visualizar o aclive, o motociclista já de-


verá ficar atento para realizar a redução de marcha
ao iniciar o aclive.

6.8.2 Execução

Ao iniciar o aclive, deverá realizar a redução de


marcha. A depender da inclinação, o motociclista uti- Figura 130 - Transpondo aclives
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
lizará a marcha adequada, mas sempre empregando
as chamadas marchas de força. Deve ainda lembrar-
se de manter a todo tempo a motocicleta perpendi-
cular em relação ao solo, evitando mudanças bruscas
na direção.

108
6.9 TRANSPONDO DECLIVES força. O recomendável é que se empregue a mesma

CAPÍTULO 6 / TÉCNICAS DE PILOTAGEM


marcha que se utilizaria se estivesse subindo o refe-
Ao acessar vias que possuam declividade, é im- rido declive. A todo tempo a motocicleta deve estar
portante a utilização do freio motor, realizando o con- perpendicular em relação ao solo, evitando mudan-
trole da motocicleta com os freios dianteiro e traseiro, ças bruscas na direção;
os quais devem ser acionados de forma suave. Assim,
é possível transitar sobre uma declividade com segu- 6.9.3 Retomada
rança e domínio da motocicleta. Ao se deparar com
este tipo de via, deve-se adotar as seguintes fases: Ao finalizar o declive, será retomada a acelera-
ção e as mudanças de marchas, retornando à veloci-
6.9.1 Preparação dade anterior.

Quando se aproximar do declive, o motociclista


realizará a redução de marcha, liberando imediata-
mente a embreagem para que motocicleta não fique
“solta24”. Antes mesmo de se adentrar neste tipo de via,
é importante já se adotar uma velocidade adequada;

6.9.2 Execução

Durante todo o trajeto do declive deverá ser uti-


lizado o freio motor com emprego das marchas de

24
Termo empregado para se referir quando a motocicleta não está
com alguma marcha engrenada ou se está pressionando a embre- Figura 131 - Transpondo declives
agem, que anula a atuação do freio motor. Fonte: Elaborado pelos autores (2016). 109
6.10 TRANSPONDO LOMBADAS 6.10.1.3 Retomada
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

Quando o motociclista visualisar as lombadas Ao transpor a lombada, serão retomadas a ace-


com antecedência, ou seja, possuindo tempo hábil, leração e as mudanças de marchas, retornando à ve-
deverá adotar a seguinte conduta: locidade anterior.

6.10.1 Situações previsíveis 6.10.2 Situações imprevisíveis

6.10.1.1 Preparação Ao se deparar de forma inesperada com lomba-


das, dada a falta de sinalização na via, falta de visibi-
Ao se aproximar da lombada, o motociclista rea- lidade ou por outras circunstâncias, deverá adotar as
lizará a redução de marcha, liberando imediatamente seguintes medidas:
a embreagem, para atuação do freio motor. Posterior-
mente, utilizará os freios dianteiro e traseiro, com vista 6.10.2.1 Preparação
a adequar a velocidade.
Quando possível, utilizar a redução de marcha,
liberando imediatamente a embreagem para atuação
do freio motor.
6.10.1.2 Execução
6.10.2.2 Execução
Realizará a transposição da lombada, mantendo
a motocicleta na posição perpendicular em relação Ao transpor a lombada, o motociclista erguerá seu
ao solo, evitando manobras ou mudanças de direção. corpo, mantendo-o ereto, com as pernas ligeiramente
flexionadas e pressionadas sobre o tanque do com-
110 bustível e as mãos firmes, controlando o guidom, pre-
paradas para receber o impacto. A motocicleta deve 6.11 DEPARANDO-SE COM BURACOS

CAPÍTULO 6 / TÉCNICAS DE PILOTAGEM


estar sempre na posição perpendicular em relação ao
solo, evitando manobras ou mudanças de direção. É bastante comum se deparar com este tipo de
obstáculo na via. Nesse caso, deve-se ter o cuidado
6.10.2.3 Retomada necessário para transpô-lo, reduzindo os riscos de
acidente. Assim, os procedimentos empregados ao
Ao transpor a lombada, retomará a posição de se deparar com buracos na via, abaixo descritos, es-
montado, tomando a aceleração e as mudanças de tão elencados em duas hipóteses. A primeira, quando
marchas, a fim de retornar à velocidade anterior. o motociclista possui tempo hábil para realizar mano-
bra, a segunda, quando não há.

6.11.1 Situações previsíveis

Primeiramente, será apresentada a atitude que o


motociclista deve adotar ao visualizar o buraco com
antecedência, possuindo tempo hábil para realizar
manobras:

6.11.1.1 Preparação

Ao visualizar o buraco, o motociclista realizará a


Figura 132 - Transpondo lombadas em situações imprevisíveis
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
redução de marcha, liberando imediatamente a em-
breagem, para atuação do freio motor. Aliado a isto,
utilizará os freios dianteiro e traseiro, conforme pre-
ceitua a técnica de frenagem. 111
6.11.1.2 Execução 6.11.2.2 Execução
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

Com a velocidade reduzida, olhará em ambos os Ao transpor o obstáculo, o motociclista erguerá seu
espelhos retrovisores, para observar os demais veí- corpo, mantendo-o ereto, com as pernas ligeiramente
culos que circularm na via. Posteriormente, realizará a flexionadas e pressionadas sobre o tanque do combus-
manobra, a fim de desviar do buraco. tível, e as mãos firmes controlando o guidom, prepara-
das para receber o impacto. A motocicleta deve estar
6.11.1.3 Retomada sempre na posição perpendicular em relação ao solo,
evitando manobras ou mudanças de direção.
Ao superar o citado obstáculo, retomará a acele-
ração e as mudanças de marchas, retornando à velo- 6.11.2.3 Retomada
cidade anterior.
Ao superar o obstáculo, retomará a posição de
6.11.2 Situações imprevisíveis montado, tomando a aceleração e as mudanças de
marchas, a fim de retornar à velocidade anterior.
Entretanto, caso o motociclista se deparar ines-
peradamente com o buraco, e não seja possível des-
viar, deverá adotar as seguintes medidas:

6.11.2.1 Preparação

Realizar frenagem antecipadamente, antes de


acessar o buraco, liberando-os antes de adentar. Des-
te modo, será possível adequar a suspensão, para a
Figura 133 - Transpondo buracos em situações imprevisíveis
112 motocicleta absorver o impacto.
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
6.12 DEPARANDO-SE COM PISTA ESCORREGADIA 6.13 TRANSPONDO ESCADARIAS

CAPÍTULO 6 / TÉCNICAS DE PILOTAGEM


Outra situação que o motociclista pode se de- Outra situação que o motociclista policial militar
parar é a presença de substâncias sobre a via que pode se deparar é com a transposição de escada-
possam reduzir a relação de atrito dos pneus com o rias durante determinada ocorrência operacional. Por
piso. Estes elementos podem ser água, óleo, areia, isto, é relevante a familiarização com esta espécie de
britas, dentre outros, que podem resultar na perda do obstáculo. Neste sentido, não basta somente a vonta-
controle da motocicleta. de de transpor este tipo de obstáculo, mas empregar
Diante de tais situações, que quase sempre são técnica correta, para se obter o êxito.
inesperadas, deve-se adotar os seguintes procedi-
mentos: 6.13.1 Subida de escadarias

1. Realizar a redução de marcha, liberando o Assim, para realizar a subida de escadarias, é ne-
quanto antes a embreagem, para evitar que a cessário adotar os seguintes procedimentos:
motocicleta fique “solta”;
2. Utilizar os freios dianteiro e traseiro, confor- 6.13.1.1 Preparação
me a técnica de frenagem. Deve-se lembrar de
que os freios serão acionados de forma gradual, Ao visualizar a escadaria, o motociclista realizará
evitando-se esmagá-los de forma brusca, o que a redução de marcha, empregando a primeira mar-
resultaria no travamento das rodas; cha. A motocicleta deve estar alinhada e perpendicu-
3. A motocicleta deve estar a todo o momento na lar em relação ao solo.
posição perpendicular em relação ao solo, buscan-
do maior aderência entre os pneus e o piso.

113
6.13.1.2 Execução 6.13.2.1 Preparação
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

Quando a roda dianteira da motocicleta tocar o Quando se aproximar da escadaria, o motociclis-


primeiro degrau, deverá manter a aceleração cons- ta realizará a redução para a primeira marcha, libe-
tante, evitando que o motor venha interromper. rando imediatamente a embreagem, para que o freio
O motociclista erguerá seu corpo, mantendo-o motor possa atuar. A motocicleta deve estar alinhada
ereto, com as pernas ligeiramente flexionadas e pres- e perpendicular em relação ao solo.
sionadas sobre o tanque do combustível e as mãos
firmes controlando o guidom, preparadas para rece- 6.13.2.2 Execução
ber o impacto. A todo tempo a motocicleta deve estar
perpendicular em relação ao solo, evitando mudan- Durante todo o trajeto de descida da escada-
ças bruscas na direção. ria, a atuação do freio motor deve ser permanente.
O motociclista erguerá seu corpo, mantendo-o ereto,
6.13.1.3 Retomada com as pernas ligeiramente flexionadas e pressiona-
das sobre o tanque do combustível e as mãos firmes,
Ao finalizar a transposição da escadaria, serão controlando o guidom, preparadas para receber o
retomadas a aceleração e as mudanças de marchas, impacto. Não deverá ser pressionada a embreagem
retornando à velocidade anterior ao acessar o obs- durante a descida, sendo que o controle da veloci-
táculo. dade deverá ser realizado preferenciamente com o
freio traseiro, de forma bastante suave. A todo tempo,
6.13.2 Descida de escadaria a motocicleta deve estar perpendicular em relação ao
solo, evitando mudanças bruscas na direção.
Nas situações de descida de escadarias, é ne-
cessário realizar as seguintes medidas, com vista a
114 realizar uma transposição segura e eficiente:
6.13.2.3 Retomada 6.14 DEMAIS PROCEDIMENTOS RELEVANTES

CAPÍTULO 6 / TÉCNICAS DE PILOTAGEM


PARA UMA PILOTAGEM SEGURA
Ao finalizar a descida, será retomada a acelera-
6.14.1 Ao realizar paradas
ção e as mudanças de marchas, retornando à veloci-
dade anterior. Antes de realizar paradas em vias de trânsito, quer
seja em semáforos ou devido a outras necessidades,
deve-se antes observar, por meio dos espelhos retrovi-
sores, se não há veículos à retaguarda próximos.
Por conseguinte, deve ser realizada a sinalização
por meio de seta indicadora de direção. Esta atitude
evita acidentes resultantes de colisões com veículos
à retaguarda muito aproximados da motocicleta.

6.14.2 Situações de derrapagens

Ao se deparar com situações de derrapagens,


o motociclista deverá evitar pressionar a manete de
embreagem, que deixará a motocicleta “solta”. Tam-
bém nessas situações não se pode esmagar de forma
brusca e total os freios, o que resultaria no travamen-
to das rodas e a motocicleta continuria deslizando na
via. Nesse caso, o ideal é a utilização do freio motor,
através da redução de marcha e emprego dos freios
de forma suave e progressiva, buscando manter a
motocicleta perpendicular em relação ao solo, para
Figura 134 - Transpondo escadarias
Fonte: Elaborado pelos autores (2016). que os pneus possam ter maior aderência ao piso. 115
6.14.3 Ultrapassagens
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

O Código de Trânsito Brasileiro traz de forma bastan-


te didática os procedimentos a serem utilizados, quando
for realizar uma ultrapssagem, conforme o art. 29, inciso XI:

XI - todo condutor ao efetuar a ultrapassagem


deverá:
a) indicar com antecedência a manobra pretendi-
da, acionando a luz indicadora de direção do veí-
culo ou por meio de gesto convencional de braço;
b) afastar-se do usuário ou usuários aos quais ul-
trapassa, de tal forma que deixe livre uma distân-
cia lateral de segurança;
c) retomar, após a efetivação da manobra, a faixa
de trânsito de origem, acionando a luz indicadora
de direção do veículo ou fazendo gesto conven-
cional de braço, adotando os cuidados necessá-
rios para não pôr em perigo ou obstruir o trânsito
dos veículos que ultrapassou;

No caso da realização de ultrapassagem com


motocicleta, o cuidado deve ser redobrado, pois
qualquer erro ou desatenção neste tipo de manobra
pode resultar em acidente. Inadimite-se a realização
de ultrapassagens em curvas, ao transpor viaduto e
vias, que possuam por meio de sinalização, tendo a
Figura 135 - Modelos de sinalizações horizontais
116 regulamentação proibido este tipo de manobra. Disponível em:http://www.brasiltransito.com.br/
6.14.4 Cruzamentos 6.14.5 Deslocamento em rodovias

CAPÍTULO 6 / TÉCNICAS DE PILOTAGEM


Outra situação que o motociclista deve possuir O trânsito em rodovias diferencia-se em relação
bastante cuidado e atenção se refere aos cruzamentos. à ciruclação em vias urbanas, em virude desse pri-
Mesmo diante da realização de serviços de urgência, é meiro possuir características específicas. O primeiro
importante adotar medidas de cuidado nas intersecções aspecto, nas rodovias, se refere a possuirem maiores
das vias. O próprio art. 29, inciso VII, ao tratar dos veícu- velocidades. Nesse tipo de via há maior circulação de
los policiais, expõe o seguinte, na alínea d: “a prioridade veículos pesados e geralmente ambos os sentidos
de passagem na via e no cruzamento deverá se dar com são divididos por meio de sinalização horizontal (mar-
velocidade reduzida e com os devidos cuidados de se- cas viárias). Assim, apresentam-se alguns aspectos a
gurança, obedecidos as demais normas deste Código”. serem levados em consideração nas rodovias:
Mesmo em casos que o semáforo esteja aberto, é
importante nos cruzamentos reduzir a velocidade e ob- • Deve-se buscar ocupar o centro da faixa de
servar todo o perímetro, a fim de se certificar que não te- trânsito, evitando ficar nas extremidades da via,
nham veículos circulando em sentido que possam colidir. pois os demais veículos forçarão a passagem, o
que poderá resultar em acidentes.
• Já no caso de deslocamento em comboio,
deverá utilizar a formação coluna por dois inter-
valada, ocupando toda a faixa de trânsito;
• Deve ser adotada a velocidade estabelecida
por meio de sinalização da via;
• É necessário cuidado especial ao acessar
pontes, viadutos, curvas ou entrocamentos, reali-
zando a redução de velocidade;
• As paradas devem ser realizadas nos acosta-
Figura 136 - Modelo de cruzamento
Disponível em: http://www.brasiltransito.com.br/ mentos, precedidas da devida sinalização; 117
• Caso a parada dure um grande período, é 3. Após virar o guidom, utilizá-lo como alavanca;
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

necessário o emprego de luminosos, de forma 4. Caminhar no sentido da motocicleta, elavan-


intermitente, além de empregar outros meios, do o tronco;
com o fulcro de sinalizar; 5. Retornar à posição original;
• A cada duas horas de deslocamento initer- 6. Colocar a motocicleta no descanso.
rupto, é importante realizar paradas para o des-
canso;
• Devem ser evitadas manobras e frenagens
bruscas ou sem a utilização da devida sinaliza-
ção;
• Deve ser mantida distância de segurança
dos demais veículos, em especial dos veículos
pesados, quer seja na vanguarda, quanto na re-
taguarda.

6.14.6 Levantando a motocicleta ao tombar no solo

É possível, dado ao próprio risco, que a motoci-


cleta possa vir a tombar no solo. Neste sentido, o mo-
tociclista deve saber adotar o procedimento correto
para içar a motocicleta à sua posição original, adotan-
do os seguintes procedimentos:

1. Realizar agachamento ao lado do guidom;


118 2. Virar o guidom ao sentido oposto;
CAPÍTULO 6 / TÉCNICAS DE PILOTAGEM
Figura 137 - Içamento da motocicleta
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

119
6.15 EXERCÍCIOS PRÁTICOS DE APRIMORAMENTO serrealizadopara mudança de marchas;
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

DAS TÉCNICAS DE PILOTAGEM • É necessário corrigir o descansodas mãos


sobre as manetes de freio e embreagem, quan-
O desenvolvimento de uma pilotagem segura e do não acionados;
eficiente está intimamente relacionado aos conheci- • É necessário corrigir os pés que estão apoia-
mentos teorícos e práticos. Deste modo, é de suma dos desnecessariamente sobre os pedais de
relevância a constância das instruções práticas que freio ou câmbio de marcha;
refletirá no aprimoramento das técnicas de pilotagem. • A depender da quantidade de instruendos, os
Somente desta forma o motociclista adquirirá o do- exercícios poderão ser feitos em filas indianas.
mínio necessário da motocicleta, a fim de que possa
desenvolver a atividade operacional na modalidade 6.15.2 Principais exercícios utilizados nas técnicas
de motopatrulhamento. de pilotagem

6.15.2.1 Slalon simples, duplo e triplo


6.15.1 Aspectos gerais a serem observados nos
exercícios
Este exercício tem como escopo desenvolver no
motociclista o controle sobre a motocicleta, em es-
Em geral, durante a realização dos exercícios, é
pecial ao que se refere a mudanças bruscas de di-
importante estar atento aos seguintes aspectos:
reção, como também aprimorar a coordenação mo-
• Os exercícios devem ser sempre demonstra-
tora. Deve ser realizado em primeira marcha, sem o
dos antes da execução realizada pelos instruen-
emprego da embreagem. Em relação à distância dos
dos, dirimindo-se quaisquer dúvidas;
cones, será reduzida à medida que o motociclista ad-
• A postura na montagem da motocileta deve
quira habilidade.
ser observada a todo tempo;
• O empregoda embreagem somente deve
120
CAPÍTULO 6 / TÉCNICAS DE PILOTAGEM
Figura 138 - Ilustração da pista do slalon simples
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

Figura 139 - Ilustração da pista do slalon duplo Figura 140 - Ilustração da pista do slalon triplo
Fonte: Elaborado pelos autores (2016). Fonte: Elaborado pelos autores (2016). 121
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

6.15.2.2 Alameda

Tem como objetivo o aprimoramento da realiza-


ção de curvas, empregando as técnicas adequadas-
no que se refere ao posicionamento da motocicleta e
à postura. Este exercício será iniciado com a primeira
marcha, realizando a mudança para a segunda mar-
cha e, ao se aproximar da curva, será reduzida nova-
mente para a primeira marcha; realizando-se a curva,
reinciará o mencionado procedimento.
Figura 142 - Ilustração da pista de alameda com maior espaçamento
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

6.15.2.3 Frenagem

Este exercício tem como finalidade o aperfeiçoa-


mento das técnicas de frenagem, empregando os três
freios existentes na motocicleta (freio dianteiro, freio
traseiro e freio motor), com a sua correta aplicação e
dosagem. O exercício se inciará com a primeira mar-
cha, realizando a mudança de marcha e, ao se aproxi-
Figura 141 - Ilustração da pista de alameda com espaço reduzido mar dos cones finais, deverá ser realizada a frenagem.
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

122
A depender do espaço que se possua para a 6.15.2.4 Prancha de equilíbrio

CAPÍTULO 6 / TÉCNICAS DE PILOTAGEM


montagem desta pista, é possível o emprego até da
terceira marcha. Tem como objetivo desenvolver o equilíbrio do
motociclista, em especial em locais que sejam estrei-
tos para transpor com a motocicleta. Este exercício
também promoverá o controle da trajetória da moto-
cicleta em situações de baixa velocidade. Portanto,
deverá ser realizado em primeira marcha.

Figura 143 - Ilustração da pista de frenagem


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

Figura 144 - Ilustração da transposição da prancha de equilíbrio


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

123
6.15.2.5 Labirinto 6.15.2.6 Oito
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

Esta pista visa aperfeiçoar o controle da motoci- Este exercício visa aprimorar a realização de cur-
cleta ao se realizar manobras que ensejem mudan- vas longas e abertas, se diferenciando do exercício
ça de direção em espaços reduzidos. Esse exercício de alameda que, de forma contrária, foca na execu-
ção de curvas curtas e fechadas. Pode ser realizado
deve ser realizado em primeira marcha. A distância
incialmente com um espaçamento curto de posicio-
entre os cones será ajustada a depender da desen-
namento dos cones, utilizando-se a primeira marcha.
voltura do motociclista.
Após uma evolução do instruendo, poderá ser
realizado o distanciamento dos cones, empregando-
-se a primeira e segunda marcha da motocicleta, alia-
das às técnicas de redução de marcha, execução da
curva e retomada.

Figura 145 - Ilustração da pista de labirinto


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

Figura 146 - Ilustração da pista oito


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
124
6.15.2.7 Zerinho

CAPÍTULO 6 / TÉCNICAS DE PILOTAGEM


Neste exercício a finalidade é aperfeiçoar o con-
trole da motocicleta, bem como a postura do motoci-
clista ao realizar curvas. Esta pista deve ser realizada
em ambos os sentidos.
A primeira marcha deve ser empregada nesta
pista e, à medida que o instruendo aprimore a execu-
ção, realizará a redução do espaçamento dos cones
que formam a circunferência em relação ao cone po-
sicionado no centro.

Figura 147 - Ilustração da pista zerinho


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

125
CAPÍTULO 7

DOUTRINA DE
POLICIAMENTO COM
MOTOCICLETAS
7.1 PROCEDIMENTOS BÁSICOS ADOTADOS NA de trânsito, haverá o outro para prestar o apoio necessá-

CAPÍTULO 7 / DOUTRINA DE POLICIAMENTO COM MOTOCICLETAS


ATIVIDADE OPERACIONAL rio. Contudo, se ambos estiverem apenas em uma única
motocicleta (motociclista e o garupeiro), se acidentarão.
A doutrina no meio castrense pode ser conceitu- Corroborando neste sentido, tem-se ainda a im-
ada como um conjunto coerente de procedimentos, portância deste procedimento, dado à ostensividade:
previamente estudados e analisados, com o intuito de gradua-se quando se possui policiamento sendo rea-
ser transmitido ou ensinado, com vistas a padronizar lizado por duas motocicletas. Sabe-se que a motoci-
condutas ou atitudes. cleta é um veículo discreto, ante aos demais veículos.
Neste sentido, a doutrina não possui apenas Entretanto, ao se realizar o policiamento com duas
como relevante a uniformidade de procedimentos motocicletas, dá-se um destaque maior, até mesmo
adotados, mas é resultado de estudos acadêmicos quando se realiza pontos-base.
e práticas ao longo de diversos anos, vislumbrando
promover a segurança, aliada à realização de um po-
liciamento ostensivo e coeso.

7.1.1 Menor fração de tropa no emprego de motocicle-


tas: 02 (dois) motociclistas em 02 (duas) motocicletas

A menor fração de tropa para se realizar o servi-


ço operacional são de 02 (dois) motociclistas, cada um
em uma motocicleta. Assim, o emprego mínimo para
realização da atividade operativa na modalidade de
motopatrulhamento serão de 02 (duas) motocicletas.
Esta modalidade de policiamento possui alto risco,
em especial em situações de acidente de trânsito. Assim,
quando se possui no mínimo 02 (dois) motociclistas em Figura 148 - Menor fração empregada no policiamento com
02 (duas) motocicletas, caso um destes sofra um acidente motocicletas 127
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
7.1.2 Deslocamento de patrulhamento: coluna por adotada como regra geral, sendo que em situações
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

dois intervaladas atípicas será possível usar formação diversa a esta,


como, por exemplo, no caso de manifestação, quan-
O deslocamento convencional a ser empregado do se tem a finalidade de recuar os manifestantes,
durante a realização de motopatrulhamento deve ser utilizando-se para tal a formação em linha.
por meio de coluna por dois intervalada, sendo que Este procedimento objetiva principalmente ze-
o comandante do grupamento permanecerá à fren- lar pela segurança dos motociclistas, pois a coluna
te do comboio, intervalado para a ala da direita, e o por dois é intervalada. Assim, em caso de frenagens
subcomandante permanecerá à retaguarda de todo o bruscas, será reduzida a probabilidade de acidentes
comboio, também seguindo a ordem dos intervalos. entres os componentes do comboio. Esta formação
Assim, o terceiro em precedência estará à retaguarda também possui como finalidade a ocupação total da
do comandante, porém, na ala da esquerda; o quarto faixa de trânsito, evitando que outros veículos pos-
em precedência à retaguarda do terceiro, na ala da sam penetrar no comboio.
direita, e assim sucessivamente.
Entre os componentes do comboio, deverá ser
guardada uma distância média de uma motocicleta e
meia, dependendo da velocidade do deslocamento.
Caso o comandante do comboio necessite realizar
mudança de formação durante o deslocamento, este
fará por meio de gestos, como, por exemplo, ao pas-
sar por um corredor, onde se utiliza a formação de
coluna por um.
Por vezes, durante ocorrências policiais pecu-
Figura 149 - Ilustração do posicionamento das motocicletas
liares, será necessário adotar formações diversas a em deslocamento

128 esta. Logo, o que se pretende é expor a formação Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
7.1.3 Posicionamento de parada: caracol para che- Esta forma de parada também serve para que o

CAPÍTULO 7 / DOUTRINA DE POLICIAMENTO COM MOTOCICLETAS


cagem do efetivo comandante do comboio possa checar seu efetivo,
já que os motociclistas passam pela sua vanguarda.
Quando estiver em deslocamento e for necessário
realizar a parada do comboio, caberá ao comandante
do grupamento realizar a sinalização através de gesto,
direcionando para o local onde o comboio deverá parar.
Logo após, o comandante realizará a parada de sua mo-
tocicleta, sendo que os demais componentes do com-
boio passarão na formação em coluna por um sobre
sua vanguarda, no sentido da esquerda para direita, em
relação ao comandante do comboio. Assim, realizarão
a curva pelo lado direito do comandante e, fazendo o
trajeto por sua retaguarda, irão parar as motocicletas, na
ordem da direita para a esquerda, respectivamente, de
Figura 150 - Procedimento de parada de motocicletas
forma hierárquica, ou seja, segundo postos, graduações Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
e precedência – no caso do mesmo posto.
Caso o comboio possua 03 (três) ou mais componen-
7.1.4 Posicionamento de motocicletas em ponto
tes, deve-se atentar para deixar o espaço do subcoman-
base: alinhadas, com os guidões voltados à esquer-
dante imediatamente ao lado esquerdo do comandante,
da, com luminosos acionados à noite.
já que este está posicionado no comboio como cerra-fila.
Este procedimento de parada tem como função a organi-
É bastante natural que haja a necessidade da re-
zação e uniformidade, ainda mais quando há comboios
alização de pontos base, com o intuito de reforçar a
maiores, facilitando o posicionamento rápido das motoci-
ideia de ostensividade no policiamento. A necessida-
cletas, bem como o seu alinhamento e organização. 129
de de se fazer pontos base se avoluma principalmen-
te em grandes corredores de tráfego, em especial Nos casos de realização de pontos base por lon-
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

nos horários de grandes fluxos, além de ser eficiente go período, o motociclista poderá retirar o capacete,
em outras circunstâncias. colocando-o sobre o selim da motocicleta. O capa-
Deste modo, quando houver a necessidade de cete deve ser posicionando no sentido longitudinal.
efetuar pontos base na modalidade de motopatrulha- Neste caso, o motociclista deverá, de imediato, pôr
mento, os motociclistas deverão atentar para que as sua cobertura. Em situações em que ocorram os pon-
motocicletas estejam devidamente alinhadas lateral- tos base à noite, os motociclistas deverão acionar os
mente na formação em linha, tomando-se como base luminosos das motocicletas.
os pneus dianteiros, com os guidons voltados para a
esquerda. Este alinhamento será feito com base na
motocicleta do comandante do comboio.

Figura 152 - Posicionamento do capacete sobre a motocicleta


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

Em situações em que haja a necessidade de se


Figura 151 - Realização do ponto base
promover pontos base em canalizações da via, ou em
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
locais que não possuam anteparo ou perímetro míni-
130 mo de segurança para a retaguarda dos motociclistas,
poderá ser realizado posicionamento das motocicle- A padronização das motocicletas ao realizar pon-

CAPÍTULO 7 / DOUTRINA DE POLICIAMENTO COM MOTOCICLETAS


tas em sentidos alternados com vistas a promover a to base, estando devidamente alinhadas na formação
segurança em ambos os sentidos. Assim, deverão os em linha, promove maior ostensividade e destaque
motociclistas se posicionar para ambos os sentidos, nesta espécie de policiamento. Espera-se também
objetivando promoção da segurança do grupamento. retratar senso de organização, à medida que as mo-
Contudo, mesmo em diferentes sentidos, deverão as tocicletas estão alinhadas. O direcionamento dos
motocicletas adotar o posicionamento dos guidons guidons à esquerda objetiva dar maior estabilidade
voltados para a esquerda, estarem alinhadas e, du- à motocicleta, visto que o descanso se encontra na
rante a noite, os luminosos deverão estar acionados. lateral esquerda, evitando assim tombamentos ou
Em relação à sobreposição dos capacetes no selim, quedas, preservando as viaturas.
adota-se o mesmo procedimento. O posicionamento do capacete não serve so-
mente como padronização, mas também para pro-
teger o selim, principalmente da exposição solar,
evitando desconfortos e doenças aos motociclistas.
Entende-se que é inviável colocar o capacete sobre o
retrovisor, pois, além de desregulá-lo, não fará a pro-
teção adequada ao selim.

7.1.5 Paradas em semáforos: motocicletas em


coluna por um, sendo que o cerra-fila se posiciona
transversalmente.

Figura 153 - Posicionamento de ponto base em canalizações Durante o patrulhamento com o emprego de
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
motocicletas, ou até mesmo ao se realizar um deslo-
camento administrativo para uma missão específica, 131
como, por exemplo, uma escolta, é possível se depa- narão a segurança dos flancos (esquerdo e direito).
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rar com situações de semáforos fechados, situação Já o cerra-fila será responsável pela segurança da
em que o comandante realizará o gesto de redução retaguarda do comboio.
de velocidade do comboio, sinalizando a parada bre-
ve. Neste caso, as motocicletas realizarão a formação
de coluna por um; contudo, o cerra-fila, que também
é o subcomandante do comboio, irá posicionar trans-
versalmente sua motocicleta.
Durante a parada, os motociclistas poderão em-
punhar a pistola, contudo, sem retirá-las do coldre,
para situação de pronto emprego. Quando o semáfo-
ro estiver aberto, o comandante acionará a buzina de
forma breve, para que o comboio reinicie o desloca-
mento. Assim, cabe aos motociclistas ficarem atentos,
utilizando os espelhos retrovisores, para se certifica- Figura 154 - Parada em semáforo
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
rem que o motociclista à sua retaguarda notou o rei-
nício do deslocamento.
Este procedimento é adotado para paradas em 7.1.6 Jornada de serviço
semáforo se baseia-se na segurança do comboio. Por
tal motivo, é adotada a formação de coluna por um, O ideal é que a jornada de serviço do motociclis-
com vistas a agrupar os motociclistas em uma única ta seja de 06 (seis) horas diárias. Contudo, é admissí-
coluna, dando maior poder de fogo ao efetivo. Cabe- vel uma jornada contínua para o motociclista de até 12
rá ao comandante do comboio fazer a segurança da (doze) horas. Em virtude da modalidade de motopa-
vanguarda, sendo que os demais componentes alter- trulhamento ser bastante desgastante pelas próprias
132
condições que o motociclista se submete ao realizar 7.1.8 Transposição de faixas durante o deslocamento

CAPÍTULO 7 / DOUTRINA DE POLICIAMENTO COM MOTOCICLETAS


a pilotagem, aliado à exposição às intempéries da na-
tureza, como também pela concentração e atenção Quando o comandante do comboio necessitar
que se deve ter. realizar transposição de faixa, deverá realizar a ges-
Também se deve destacar a maior probabilidade ticulação, apontando e direcionando para qual faixa
de se envolver em acidentes neste tipo de policia- o grupamento deslocará. O comandante do comboio
mento. Assim, deve o motociclista possuir uma jorna- também deverá utilizar a sinalização luminosa, atra-
da de serviço menor, em relação às demais modalida- vés da seta indicadora de direção, informando para
des de policiamento. qual lado irá transpor, o que deverá ser repetido por
todos os demais motociclistas.
7.1.7 Horários para emprego do motopatrulhamento Após todo grupamento ter conhecimento da
transposição de faixa, o cerra-fila (que também é o
O emprego da modalidade de motopatrulhamen- subcomandante do comboio) utilizará os espelhos re-
to deve ocorrer somente diurnamente, em situações trovisores para verificar a possibilidade da transposi-
excepcionais é que se deverá utilizar o policiamento ção de faixa e, quando assim houver, será o primeiro
com motocicletas à noite e, mesmo assim, até deter- a fazer a citada manobra. Por conseguinte, o penúlti-
minado horário, recomendando-se que não ultrapas- mo motociclista do comboio realizará a transposição
se da meia-noite. de faixa, seguido do antepenúltimo, e assim sucessi-
Em virtude da modalidade de motopatrulha- vamente, até que o comandante a realize.
mento ter maior exposição a acidentes e no período Este procedimento tem como objetivo realizar
noturno tais riscos se potencializarem, por conta da a transposição de faixa, priorizando a segurança do
redução de visibilidade à noite, tanto pelos demais grupamento, na medida em que o último motociclis-
condutores, como pelo próprio motociclista. ta (cerra-fila) é o primeiro a transpor, para bloquear a
faixa pretendida a se posicionar o grupamento, evi-
tando que outros veículos possam se infiltrar durante 133
a manobra. Assim, os demais motociclistas realizarão mento convencional os componentes da guarnição
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

a dita manobra com maior segurança. Outro aspecto se encontram embarcados numa mesma viatura, essa
intrínseco nesta medida é a manutenção da unidade modalidade, cada componente está montado numa
do comboio durante o deslocamento. motocicleta. Assim, o máximo que pode ocorrer é que
determinada motocicleta possua além do motociclis-
ta, um garupeiro. Mesmo neste modus operandi, é di-
fícil a realização da comunicação.
Neste sentido, na modalidade com emprego de
motocicletas surgiu à necessidade de se uniformi-
zar gestos, para se realizar a comunicação entre os
componentes do comboio. Em geral, estes gestos
são realizados com as mãos e pés e, em sua maioria,
são emanados pelo comandante do comboio, para
conhecimento e cumprimento de determinações. En-
Figura 155 - Procedimento de transposição de faixa de trânsito tretanto, isso não quer dizer que outros componentes
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
do comboio não possam realizá-los, no sentido de
transmitir alguma informação que seja relevante para
7.2 GESTOS UTILIZADOS DURANTE DESLOCA- o comboio, como, por exemplo, a visualização de um
MENTOS obstáculo na pista.
Convém lembrar que todos os gestos proferidos
Uma das peculiaridades na realização do policia- deverão ser repetidos pelos demais componentes do
mento ostensivo na modalidade motopatrulhamento grupamento, para que o motociclista que esteja de
se dá acerca da dificuldade da comunicação entre cerra-fila possa tomar conhecimento da determinação.
os componentes do comboio. Enquanto no patrulha-
134
7.2.1 Formação em coluna por um 7.2.2 Formação em coluna por dois

CAPÍTULO 7 / DOUTRINA DE POLICIAMENTO COM MOTOCICLETAS


Este gesto será realizado com o braço esquerdo Este gesto será realizado com o braço esquerdo
elevado, representando o numeral “um”. Logo que o elevado, representando o numeral “dois”. Logo que
comboio tomar conhecimento do gesto, irá realizar o comboio tomar conhecimento do gesto, irá realizar
imediatamente a formação coluna por um, ou seja, os imediatamente a formação coluna por dois intervala-
motociclistas ficarão enfileirados numa única coluna. da, a qual é empregada durante os deslocamentos
em patrulhamento.

Figura 156 - Gesto para formação em coluna por um


Fonte: Elaborado pelos autores (2016). Figura 157 - Gesto para formação em coluna por dois
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

135
7.2.3 Formação em coluna por três 7.2.4 Animal na pista
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

Este gesto será realizado com o braço esquerdo Este gesto será realizado com o braço esquerdo
elevado, representando o numeral “três”. Logo que o elevado, representando o numeral “quatro”, contudo,
comboio tomar conhecimento do gesto, irá realizar com a palma da mão voltada para a retaguarda e tem
imediatamente a formação coluna por três, alinhando como objetivo alertar ao comboio acerca de animal
as colunas. Esta formação é geralmente empregada na via, para que se evitem acidentes.
durante solenidades, desfiles e formaturas.

Figura 159 - Gesto para indicação de animal na pista


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
Figura 158 - Gesto para formação em coluna por três
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

136
7.2.5 Obstáculos na pista 7.2.6 Pista escorregadia

CAPÍTULO 7 / DOUTRINA DE POLICIAMENTO COM MOTOCICLETAS


Nesta situação, é possível gesticular com o dedo Deverá ser gesticulado, mantendo-se a palma da
indicador ou com os pés, apontando ou direcionando mão esquerda paralela à via, na altura do quadril, rea-
para o local onde se localiza o obstáculo. Caso o obs- lizando movimentos cíclicos. Assim este gesto servirá
táculo se localize ao lado esquerdo do motociclista, para atentar a existência de substâncias que diminu-
este deverá gesticular com o braço ou pé esquerdo. am a aderência dos pneus sobre a pista e possam
Se o obstáculo estiver na lateral direita, deverá indicar ocasionar acidentes, como água, óleo, brita, areia,
com o braço ou pé direto. dentre outros elementos.
Adotando este procedimento de gesticular, o
motociclista não perde o controle da viatura, bem
como facilita a rápida identificação do obstáculo.

Figura 160 - Gesto para indicação de obstáculo na pista


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
Figura 161 - Gesto para indicação de pista escorregadia
Fonte: Elaborado pelos autores (2016). 137
7.2.7 Presença de lombadas 7.2.8 Mantendo contato próximo
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É gesticulado mantendo-se a palma da mão es- Deve se cerrar o punho esquerdo, fazendo movi-
querda paralela à via, na altura do quadril, realizando mentos no sentido da esquerda para a direita, tocando
movimento de arco no sentido da retaguarda para a na parte externa da coxa esquerda. Este gesto tem como
vanguarda, lembrando a forma de uma lombada. objetivo realizar contato próximo com o motociclista que
está logo à retaguarda de quem o efetuou. Assim, ao ob-
servar esta gesticulação, o motociclista que se encontra
imediatamente à retaguarda avançará e permanecerá
paralelamente à esquerda daquele que realizou ges-
to, mantendo contato verbal. Geralmente este gesto é
empregado para se transmitir informações bastante es-
pecíficas, já que não podem ser atendidas pelos outros
gestos.

Figura 162 - Gesto para indicação de lombadas Figura 163 - Gesto para indicar que deseja manter contato próximo
138 Fonte: Elaborado pelos autores (2016). Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
7.2.9 Reduzir a velocidade 7.2.10 Desligar sirenes

CAPÍTULO 7 / DOUTRINA DE POLICIAMENTO COM MOTOCICLETAS


Deverá esticar o braço esquerdo, mantendo a O comandante erguerá o braço esquerdo, man-
palma da mão voltada para o solo e realizando movi- tendo o punho cerrado. Esta gesticulação é empre-
mentos oscilantes de forma lenta, no sentido superior gada quando o comboio se encontra com as sirenes
para inferior. Em geral este gesto é empregado quan- acionadas e deseja-se que sejam desligadas. Deste
do o comboio é surpreendido com situações em que modo, quando o comboio visualizar este gesto, deve-
haja a necessidade de se reduzir a velocidade, como, rá de imediato desligar as sirenes.
por exemplo, ao se deparar com semáforos que es-
tão fechados ou quando há congestionamentos, den-
tre outras situações.

Figura 165 - Gesto para indicar o desligamento de sirenes


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

Figura 164 - Gesto para indicar redução de velocidade


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

139
7.2.11 Dobrar à esquerda 7.2.12 Dobrar à direita
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O braço esquerdo deverá ser esticado, paralelo O braço esquerdo ser levantado, sobre as cos-
ao solo, com a palma da mão paralela à linha do hori- tas, formando com o cotovelo o ângulo de noventa
zonte. Este gesto é utilizado para orientar o comboio graus direcionado para a direita. Emprega-se este
a dobrar a esquerda. gesto para orientar o comboio a dobrar para direita.

Figura 166 - Gesto para dobrar à esquerda


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

Figura 167 - Gesto para dobrar à direita


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

140
7.3 PRINCIPAIS FORMAÇÕES UTILIZADAS

CAPÍTULO 7 / DOUTRINA DE POLICIAMENTO COM MOTOCICLETAS


Os diversos tipos de formações serão adotados
a depender das circunstâncias e necessidades de se-
rem empregadas. Neste liame, cada componente do
comboio deve ter a percepção de sua importância
para a formação que será empregada. Em geral, as di-
versas formações aqui apresentadas serão emprega- Figura 168 - Formação em coluna por um
das nas atividades operacionais, quer sejam ordinárias Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

ou especificas, como também em eventos de repre-


sentação, como desfiles, solenidades e formaturas.
Nos casos de formações bastante específicas,
geralmente adotadas em eventos representativos, é
de fundamental importância a realização de treina- 7.3.2 Coluna por dois intervalada
mentos para que não haja qualquer espécie de dúvi-
da, como também, que cada motociclista possa reco- Formação do comboio através de duas colunas
nhecer a sua função dentro da formação. intervalada, ou seja, as colunas não estarão alinha-
das, mas haverá uma distância de afastamento de
7.3.1. Coluna por um aproximadamente uma motocicleta e meia entre as
motocicletas mais próximas, ocupando toda a exten-
Os motociclistas ficarão enfileirados em uma úni- são de uma faixa de rolamento.
ca coluna, na chamada fila indiana. Esta formação é O fato de esta formação ser intervalada cria um
utilizada para realização de deslocamentos rápidos espaçamento maior, reduzindo a possibilidade de
ou quando há a necessidade de ser realizar infiltra- acidentes, por exemplo, para casos de situações em
ções em congestionamentos. que seja necessária a realização de frenagens brus-
141
cas. Este modelo de formação é empregado para os 7.3.3 Coluna por dois
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

deslocamentos de patrulhamento convencional, pelo


fato de ocupar toda uma faixa de rolamento. Formação do comboio através de duas colunas
Além de potencializar a ostensividade, promove alinhadas, ocupando toda a extensão de uma faixa
a segurança do comboio. Isto se dá à medida que au- de rolamento. Esta formação pode ser empregada
menta a visibilidade do comboio por parte dos outros em deslocamentos, como também em solenidades.
usuários da via, como também ao evitar que outros As vantagens estão no fato de se ocupar toda
veículos se infiltrem para dentro do comboio. uma faixa de rolamento, evidenciando maior osten-
sividade, bem como promover a segurança do com-
boio, evitando-se que outros veículos se infiltrem para
dentro do comboio.

Figura 169 - Formação em coluna por duas intervalada


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

Figura 170 - Formação em coluna por dois


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

142
7.3.4 Coluna por três 7.3.5 Em linha

CAPÍTULO 7 / DOUTRINA DE POLICIAMENTO COM MOTOCICLETAS


O grupamento de motociclistas formará três co- É realizada empregando-se uma linha e as moto-
lunas devidamente alinhadas. Esta formação é geral- cicletas devem se encontrar devidamente alinhadas.
mente utilizada em desfiles, solenidades e formaturas. Esta formação é empregada geralmente para
Neste caso, a formação ocorrerá da seguinte for- realização de fechamento de comboios, acompanha-
ma: o comandante irá à frente do comboio, posiciona- mento de manifestações, procissões, intervenções
do na coluna do centro (segunda coluna); os gradua- de vias, dentre outras situações.
dos virão logo após a sua retaguarda, respeitando-se Com esta formação, o objetivo é que toda a via
o posicionamento de acordo com o Regulamento de seja ocupada, evitando-se que veículos ou pedestres
Continências25. (a depender do caso) possam nela penetrar.

Figura 171 - Formação em coluna por três


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

Figura 172 - Formação em linha


25
Decreto no 2.243, de 3 de junho de 1997.
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
143
7.3.6 Em cunha 7.3.7 Em cunha invertida
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

Esta formação terá como base o primeiro moto- É semelhante a formação em cunha, contudo, mu-
ciclista, o qual ficará ao centro e à vanguarda, reali- da-se o sentido do deslocamento, sendo que quem
zando os demais motociclistas o afastamento longi- estará na vanguarda serão os motociclistas das extre-
tudinal e transversal, em ambos os lados, lembrando midades, e o último motociclista será o que estará ao
o formato da simbologia matemática “menor que” (<). centro, ligando-se às alas direita e esquerda, lembran-
Este modelo de formação pode ser empregado do o formato da simbologia matemática “maior que” (>).
em desfiles, escoltas de honra durante solenidades, A formação em cunha invertida é empregada, em ge-
como também em intervenções operacionais em que ral, para desfiles, demonstrações e escoltas de honra.
seja necessária a demonstração do poder de força. Semelhantemente a formação em cunha, a dis-
Cabe lembrar que a distância entre as motocicle- tância entre as motocicletas dependerá da velocida-
tas dependerá da velocidade do deslocamento. de do comboio.

Figura 173 - Formação em cunha Figura 174 - Formação em cunha invertida


144 Fonte: Elaborado pelos autores (2016). Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
7.3.8 Em losango 7.4 COMANDOS DE ORDEM UNIDA APÓS PARADA

CAPÍTULO 7 / DOUTRINA DE POLICIAMENTO COM MOTOCICLETAS


PARA DESMONTAGEM DOS MOTOCICLISTAS
Trata-se da junção entre a formação em cunha
com a cunha invertida, ou simplesmente o formato do Realizada a parada das motocicletas que com-
losango. Esta formação é empregada em desfiles e põem o comboio, conforme preceitua a doutrina, o
escoltas de honra. comandante realizará a desmontagem de sua moto-
cicleta e adotará a seguintes medidas:

7.4.1 Desligar motores

O comandante se postará a vanguarda no senti-


do do efetivo, de forma centralizada. Após isto, cerrará
ambos os punhos e erguerá os braços, cruzando-os.
Este gesto emanado pelo comandante é a ordem para
que os motociclistas desliguem os motores. Deste
modo, os motociclistas desligarão a chave de ignição.

7.4.2 Preparar para desmontar

Figura 175 - Formação em losango Posteriormente à ordem de desligar motores, o


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
comandante do grupamento de motociclistas tomará
a posição de sentido, e dará o comando: “preparar
para desmontar!”. Após este comando, os motociclis-
tas volverão o guidom da motocicleta para o lado es-
querdo e se prepararão para desmontar. 145
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

Figura 176 - Ilustração de comandos de ordem unida montado


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
146
7.4.3 Desmontar

CAPÍTULO 7 / DOUTRINA DE POLICIAMENTO COM MOTOCICLETAS


Logo após, o comandante do comboio de moto-
cicletas dará a ordem: “desmontar!”. Os motociclistas
realizarão a desmontagem da motocicleta pelo lado
esquerdo, e estrarão posicionados em “descansar” à
esquerda da sua motocicleta.

7.4.4 Demais comandos

Os demais comandos emanados aos motociclistas


desmontados seguirão o Manual de Ordem Unida, con-
forme estabelecido pelo Exército Brasileiro, de acordo
com a Portaria nº 079-EME, de 13 de julho de 2000.

147
CAPÍTULO 8

TÉCNICAS DE ABORDAGEM
NA MODALIDADE DE
MOTOPATRULHAMENTO
8.1 DEFINIÇÃO 8.2 ASPECTOS LEGAIS

CAPÍTULO 8 / TÉCNICAS DE ABORDAGEM NA MODALIDADE DE MOTOPATRULHAMENTO


O Manual Básico de Abordagem Policial (2000, Os princípios que regem a administração pública
p. 60) traz uma definição bastante esclarecedora, afir- devem nortear a atuação policial militar, conforme es-
mando que a “abordagem para a técnica policial é tabelece a Constituição Federal (1988), em seu art. 37:
o ato de aproximar-se e interpelar uma pessoa a pé, “A administração pública direta e indireta de qualquer
motorizada ou montada, com o intuito de identificar, dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Fe-
orientar, advertir, assistir, revistar, prender”. deral e dos Municípios obedecerá aos princípios de
Neste sentido, percebe-se que o fim a ser alcan- legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade
çado na realização da abordagem policial será o mes- e eficiência”.
mo, independente da modalidade de policiamento. Em especial, dentre os princípios constitucionais
Entretanto, as técnicas e procedimentos empregados ora mencionados, é possível destacar o princípio da
na modalidade de motopatrulhamento tem suas pe- legalidade. Assim, diante da premissa da legalidade,
culiaridades. Isso se dá em virtude da própria espe- a atuação miliciana deve estar pautada somente na-
cificidade da atividade operacional sobre duas rodas. quilo que foi estabelecido pelas normas.
Porém, apesar das características próprias e in- Esta situação se amplia na medida em que se
trínsecas do policiamento com a utilização da moto- fala acerca de abordagem policial, posto represen-
cicleta, deve-se pautar nos alicerces que compõem tar uma intervenção direta do Estado por meio de
as técnicas de abordagem policial. Deste modo, os seus agentes públicos na vida do cidadão. Por este
princípios, fases e níveis da abordagem policial, de- motivo, é importante elencar o arcabouço legislativo
vem estar presentes neste tipo de atuação operativa. que subsidiará a atuação do policial militar no ato de
Na verdade, o que há são adequações dos procedi- abordagem.
mentos de abordagem policial para o seu emprego Neste liame, o primeiro aspecto que deve ser
no motopatrulhamento. enfatizado é que a abordagem policial reduz o di-
reito individual em prol das garantias de direitos co- 149
letivos. Está patente no caput26 do art. 5º da Magna d) apreender armas e munições, instrumentos
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

Carta, que expõe a respeito dos direitos e garantias, utilizados na prática de crime ou destinados a fim
afirmando que “todos são iguais perante a lei, sem delituoso;
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos e) descobrir objetos necessários à prova de in-
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a fração ou à defesa do réu;
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igual- f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas
dade, à segurança (...)”. ao acusado ou em seu poder, quando haja sus-
Neste aspecto, percebe-se que, para se propor- peita de que o conhecimento do seu conteúdo
cionar esta segurança, deve haver intervenções por possa ser útil à elucidação do fato;
meio dos órgãos de segurança pública. Assim, em g) apreender pessoas vítimas de crimes;
caráter preventivo, vislumbrando promover essa se- h) colher qualquer elemento de convicção.
gurança, realizam-se as abordagens. § 2o Proceder-se-á à busca pessoal quando hou-
Por conseguinte, o Código de Processo Penal ver fundada suspeita de que alguém oculte con-
traz no art. 240 o subsídio legal necessário para este sigo arma proibida ou objetos mencionados nas
tipo de atuação: letras b a f e letra h do parágrafo anterior.

Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal. Ainda na sobredita legislação, especificamente
§ 1o Proceder-se-á à busca domiciliar, quando no art. 244, é trazido o critério legal, no que se refere
fundadas razões a autorizarem, para: à busca pessoal:
a) prender criminosos;
b) apreender coisas achadas ou obtidas por Art. 244. A busca pessoal independerá de man-
meios criminosos; dado, no caso de prisão ou quando houver fun-
c) apreender instrumentos de falsificação ou de dada suspeita de que a pessoa esteja na posse
contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos; de arma proibida ou de objetos ou papéis que
constituam corpo de delito, ou quando a medida
26
Termo de origem latim que significa “cabeça”, ou seja, no campo for determinada no curso de busca domiciliar.
150 jurídico traduz-se como a “cabeça do artigo”.
O Código de Processo Penal traz ainda consigo objetos que estejam com a pessoa revistada e,

CAPÍTULO 8 / TÉCNICAS DE ABORDAGEM NA MODALIDADE DE MOTOPATRULHAMENTO


situações em que seja necessário a realização de quando necessário, no próprio corpo.
abordagem policial em mulheres, conforme o art. 249,
afirmando que “a busca em mulher será feita por ou- Revista pessoal
tra mulher, se não importar retardamento ou prejuízo Art. 181. Proceder-se-á à revista, quando houver
da diligência”. fundada suspeita de que alguém oculte consigo:
Assim, é possível depreender que, em situações a) instrumento ou produto do crime;
que necessitem busca pessoal em mulher, deve-se b) elementos de prova.
priorizar que seja realizada por uma policial militar fe-
minina. Logo, a intervenção por meio de busca pes- Revista independentemente de mandado
soal realizada por um policial militar masculino numa Art. 182. A revista independe de mandado:
mulher deve ocorrer em situações de extrema sus- a) quando feita no ato da captura de pessoa que
peição que configurem claramente a necessidade deve ser presa;
imperiosa do uso de tal procedimento que deverá ser b) quando determinada no curso da busca do-
realizado com, podendo o policial militar, inclusive, miciliar;
por solicitação, utilizar-se do auxílio de mulheres não c) quando ocorrer o caso previsto na alínea a do
policiais nos casos em que haja aceitação e garantia artigo anterior;
de segurança para tal mister. d) quando houver fundada suspeita de que o
É importante ainda fazer alusão aos artigos do revistando traz consigo objetos ou papéis que
Código de Processo Penal Militar, que tratam acerca constituam corpo de delito;
desta temática também: e) quando feita na presença da autoridade judici-
ária ou do presidente do inquérito.
Busca pessoal
Art. 180. A busca pessoal consistirá na procura Nesta perspectiva, a legislação pátria, tanto na
material feita nas vestes, pastas, malas e outros esfera do Código de Processo Penal como no Código 151
de Processo Penal Militar, fazem alusão aos conceitos Art. 148 - À Polícia Militar, força pública estadual,
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de busca pessoal e revista. Assim, nota-se o amparo instituição permanente, organizada com base na
legal para a atuação da Polícia Militar. hierarquia e disciplina militares, compete, entre
Outro conceito bastante relevante no âmbito do outras, as seguintes atividades:
Direito Administrativo que serve de subsídio à Polícia I - polícia ostensiva de segurança, de trânsito ur-
Militar é do poder de polícia tratado pelo Código Tri- bano e rodoviário, de florestas e mananciais e a
butário Nacional. Assim, tal conceito releva, inclusive, relacionada com a prevenção criminal, preserva-
atributos do poder de polícia, tais como a autoexecu- ção e restauração da ordem pública;
toriedade, discricionariedade e coercibilidade:
Expostas tais normas, fica evidente que a realiza-
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da ção de abordagens pela Polícia Militar se trata de um
administração pública que, limitando ou disciplinan- serviço rotineiro, destacando-se particularmente a intitu-
do direito, interesse ou liberdade, regula a prática ladas blitzes27, podendo ocorrer em situações de reforço
de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse ou apoio a outras unidades militares ou órgãos públicos.
público concernente à segurança, à higiene, à or- Estas atividades operacionais vislumbram o exer-
dem, aos costumes, à disciplina da produção e do cício do poder de polícia almejando-se a manutenção
mercado, ao exercício de atividades econômicas da ordem pública, podendo ocorrer por meio de lei,
dependentes de concessão ou autorização do Po- convênio ou em situações de interesse público.
der Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à Reside ainda a necessidade, mesmo que de for-
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. ma concisa, de tratar do amparo jurídico do emprego
de algemas. Os arts. 234 e 242 do Código de Proces-
Correlacionando-se a tal temática jurídica, é ne- so Penal Militar trazem:
cessário trazer à baila a Constituição do Estado da
Bahia que regulamenta a função da Polícia Militar no 27
Expressão estrangeira já incorporada à língua portuguesa que
significa operações policiais de abordagens com o objetivo de
152 âmbito estadual, no seu art. 148: combater ilegalidades.
Art. 234. O emprego de força só é permitido selhos da União e das Assembleias Legislativas

CAPÍTULO 8 / TÉCNICAS DE ABORDAGEM NA MODALIDADE DE MOTOPATRULHAMENTO


quando indispensável, no caso de desobediên- dos Estados;
cia, resistência ou tentativa de fuga. Se houver d) os cidadãos inscritos no Livro de Mérito das
resistência da parte de terceiros, poderão ser ordens militares ou civis reconhecidas em lei;
usados os meios necessários para vencê-la ou e) os magistrados;
para defesa do executor e seus auxiliares, inclu- f) os oficiais das Forças Armadas, das Polícias e
sive a prisão do ofensor. De tudo se lavrará auto dos Corpos de Bombeiros, Militares, inclusive os
subscrito pelo executor e por duas testemunhas. da reserva, remunerada ou não, e os reformados;
g) os oficiais da Marinha Mercante Nacional;
Emprego de algemas h) os diplomados por faculdade ou instituto supe-
§ 1º O emprego de algemas deve ser evitado, des- rior de ensino nacional;
i) os ministros do Tribunal de Contas;
de que não haja perigo de fuga ou de agressão
j) os ministros de confissão religiosa.
da parte do preso, e de modo algum será permiti-
do, nos presos a que se refere o art. 242. [...] Prisão de praças
Parágrafo único. A prisão de praças especiais e
Prisão especial a de graduados atenderá aos respectivos graus
Art. 242. Serão recolhidos a quartel ou a prisão de hierarquia.
especial, à disposição da autoridade competen-
A Lei de Execução Penal28 também trata da uti-
te, quando sujeitos a prisão, antes de condena-
lização de algemas em seu art. 199, afirmando que
ção irrecorrível:
o emprego de algemas será regulamentado por de-
a) os ministros de Estado;
creto federal. Acerca do referido tema, existe ainda a
b) os governadores ou interventores de Estados,
Súmula Vinculante nº 11, expedida pelo Supremo Tri-
ou Territórios, o prefeito do Distrito Federal, seus
bunal Federal, estabelecendo o seguinte:
respectivos secretários e chefes de Polícia;
c) os membros do Congresso Nacional, dos Con- 28
Lei Federal nº 7.210, de 11 de julho de 1984. 153
“Só é lícito o uso de algemas em casos de resis- Deste modo, vê-se que a atuação da Polícia Militar
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tência e de fundado receio de fuga ou de perigo por meio da realização da abordagem policial encon-
à integridade física própria ou alheia, por parte tra-se abarcada na legislação pátria e não poderia ser
do preso ou de terceiros, justificada a excepcio- diferente, na medida em que o desenvolvimento destas
nalidade por escrito, sob pena de responsabili- atividades reflete na promoção da segurança social.
dade disciplinar, civil e penal do agente ou da Assim, superados os aspectos jurídicos que fun-
autoridade e de nulidade da prisão ou do ato damentam este tipo de atuação, é necessário com-
processual a que se refere, sem prejuízo da res- preender demais conceitos teóricos e práticos que
ponsabilidade civil do Estado”. permeiam a abordagem policial. Somente desta for-
ma poderá ser realizado o citado procedimento pau-
Em que pese o Estatuto da Criança e do Adolescen- tado na técnica e na doutrina.
te não fazer qualquer menção ao emprego de alge-
29

mas em adolescente infrator, fazendo somente alusão à 8.3 DIFERENÇAS ENTRE ABORDAGEM POLICIAL E
proibição de condução em compartimento fechado de BUSCA PESSOAL
veículo policial, conforme o art. 178 da sobredita lei:
Como se vislumbra o aprimoramento técnico, bem
Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria como a especialização na atuação operativa, é impor-
de ato infracional não poderá ser conduzido ou tante distinguir estes dois termos, que por muitas vezes
transportado em compartimento fechado de veí- são citados como sinônimos, contudo, são distintos.
culo policial, em condições atentatórias à sua dig-
nidade, ou que impliquem risco à sua integridade 8.3.1 Abordagem policial
física ou mental, sob pena de responsabilidade.
Pode ser compreendida como o processo de
atuação e intervenção que se busca interceptar al-
154 guém, lastreado em princípios, fases e níveis.
29
Lei Federal nº 8.069, de 13 de julho de 1990.
8.3.2 Busca pessoal • Rapidez;

CAPÍTULO 8 / TÉCNICAS DE ABORDAGEM NA MODALIDADE DE MOTOPATRULHAMENTO


• Ação vigorosa;
É o momento correspondente à realização da • Unidade de Comando.
abordagem policial com inspeção de bens particula-
res e individuais, tais como mochilas, bolsas, sacolas
e veículos, no sentido de notar se há algum instru- 8.5 FASES DA ABORDAGEM POLICIAL
mento, elemento ou produto que se configure ou es-
teja relacionado ao cometimento de delito. Também é necessário trazer à baila as fases que
Saliente-se ainda que a busca pessoal, baseada compõem todo o procedimento de uma abordagem
na fundada suspeita, poderá ser realizada no próprio policial, além de imprescindível sempre destacar,
corpo de indivíduo. independente de qual seja o nível ou objetivo da
abordagem policial, que deverá ser seguida a ordem
8.4 PRINCÍPIOS DA ABORDAGEM POLICIAL cronológica, a fim de uniformizar os procedimentos
adotados, como também, reduzir os riscos durante
Trata-se de regras básicas que irão nortear a sua realização:
realização de todo o procedimento da abordagem
policial. Portanto, estes elementos devem compor o 8.5.1 Abordagem policial
trajeto da abordagem policial.
Desta maneira, quando não se atenta para tais É o momento da intervenção que o comandante
princípios, potencializam-se os riscos. Assim, o Manual inicia com o planejamento mental e, posteriormente,
Básico de Abordagem Policial (2000, p.60) traz os se- resulta na ordem de parada (verbalização), quer seja
guintes princípios da abordagem policial: direcionada a transeunte ou veículo.

• Segurança;
• Surpresa; 155
8.5.2 Busca pessoal pelos princípios que regem esta espécie de atuação,
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deverão ser adotadas as medidas abaixo descritas,


Etapa que tem como escopo inspecionar e veri- na seguinte ordem:
ficar objetos, elementos ou substâncias que estejam
relacionados a ilícitos penais. Desta maneira, a bus- 8.6.1 Abordagem
ca pessoal será realizada primeiramente no próprio
corpo do indivíduo, e, por conseguinte, em bens que 1. Prévio planejamento mental realizado pelo
encontrem sob sua posse, como mochilas, sacolas, comandante, com o intuito de realizar a aborda-
bolsas ou outros. Posteriormente, a busca pessoal se gem policial a determinado indivíduo ou veículo;
estenderá aos veículos. 2. O comandante comunicará aos demais com-
ponentes do comboio, de forma verbal ou por
8.5.3 Identificação meio de gestos, a intenção de realizar a aborda-
gem policial a determinado indivíduo ou veículo;
Depois de realizada a busca pessoal e não ter 3. O comboio se aproximará, sendo que o coman-
sido constatadas irregularidades no campo penal, os dante, por meio de gestos ou emprego de sirene,
abordados apresentarão suas identificações pesso- ordenará a parada do veículo ou indivíduo suspeito;
ais. No caso dos condutores de veículos automoto- 4. Quando possível, o comandante ordenará
res, apresentarão o documento de habilitação e do ainda que os suspeitos se posicionem voltados
veículo (ambos originais). para frente de anteparo e, caso estes não exis-
tam, posicionará em algum local, no espaço físico
8.6 PROCEDIMENTOS EM CADA FASE DA ABOR- da abordagem policial, que ofereça maior segu-
DAGEM POLICIAL rança para realização da busca pessoal;
5. Realizada a parada, o comandante desmon-
Com vistas a padronizar as ações durante todo o tará da motocicleta e continuará a emitir as or-
156 desenvolvimento da abordagem policial, primando-se dens, a depender de cada caso:
8.6.1.1 Transeunte 8.6.2 Busca pessoal

CAPÍTULO 8 / TÉCNICAS DE ABORDAGEM NA MODALIDADE DE MOTOPATRULHAMENTO


“Bom dia/boa tarde/boa noite, cidadão/cidadã”; 1. Caso exista mais de um suspeito, estes fica-
“Polícia Militar, abordagem policial”; “Coloque as rão à direita, alinhados, porém afastados, na po-
mãos sobre a cabeça com os dedos entrelaçados, e sição determinada pelo comandante (mãos so-
afaste as pernas”. bre a cabeça com os dedos entrelaçados e com
as pernas afastadas);
8.6.1.2 Motocicleta 2. Deverá ser realizada a busca pessoal em cada
indivíduo por vez e, após a sua realização, não sen-
“Bom dia/boa tarde/boa noite, cidadão/cidadã”; do constatada nenhuma irregularidade ou ilícito
“Polícia Militar, abordagem policial”; “Desligue o veículo”; penal, este deslocará para a esquerda, permane-
“Não retirem os capacetes”; “Desmontem da motocicle- cendo na posição (mãos sobre a cabeça com os
ta: primeiramente o condutor e depois o garupa”; “Colo- dedos entrelaçados e pernas afastadas), até que
quem as mãos sobre o capacete com os dedos entrela- seja feita a busca pessoal em todos pelo policial
çados, e afastem as pernas”; “Afastem-se da motocicleta”. militar designado para segurança de custódia;
3. A busca pessoal se dará da seguinte forma:
8.6.1.3 Demais veículos - Inicialmente será realizada no corpo do suspei-
to, dividindo-o em duas partes.
“Bom dia/boa tarde/boa noite, cidadão/cidadã”; - Primeiramente, realizará do lado direito, e, pos-
“Polícia Militar, abordagem policial”; “Desligue o ve- teriormente, do lado esquerdo. A busca pessoal
ículo”; “Abaixe todos os vidros do veículo”; “Desem- seguirá o sentido de cima para baixo;
barque do veículo, condutor”; “Desembarquem do - Finalizada a busca pessoal no corpo do sus-
veículos, passageiros, um de cada vez”; “Coloquem peito, e caso esteja com mochila, sacola, bolsa,
as mãos sobre a cabeça com os dedos entrelaçados dentre outros bens sob sua posse, ordenará que
e afastem as pernas”; “Afastem-se do veículo”. mantenha os braços flexionados e as palmas das 157
mãos voltadas para cima, a fim de colocar os per- da a sua imobilização, além de realizar alerta por
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tences. Apoiados sobre as palmas das mãos do meio de sons ou gestos, para que os demais po-
suspeito, o policial militar os inspecionará; liciais militares elevem o seu nível de atenção.
- Posteriormente, caso o suspeito esteja embar-
cado num veículo, também deverá ser realizada 8.6.3 Identificação
a busca pessoal deste, na presença do suspeito,
que já foi realizada a busca pessoal. 1. Depois de realizada a busca pessoal, e tendo
a certeza que existe segurança para tal procedi-
4. Caso seja constada presença de arma de mento, os documentos sempre devem ser apre-
fogo, esta será imediatamente retirada da posse sentados fora de porta documentos ou plásticos
do suspeito, sendo este imobilizado e deitado ao de proteção, a fim de que se possa verificar a sua
solo na posição de decúbito ventral. Será realiza- autenticidade e legibilidade30;
da mais uma busca pessoal, contudo minuciosa, 2. Se for transeunte, deverá ser requerido do-
a fim de verificar se o suspeito não está em pos- cumento de identificação com fotografia, emitido
se de outros elementos ilícitos, além de alertar por órgãos públicos ou oriundo de entidades
por meio de gestos e sons aos outros policiais de classe que possuam fé pública. Temos como
militares, com vistas a elevar o nível de atenção; exemplo, Carteira de Identidade, Carteira Nacio-
5. Em caso de localizar outros elementos ou nal de Habilitação, Carteira de Trabalho, Carteira
substâncias que não seja arma de fogo, porém de Reservista, dentre outros;
se enquadrando como ilícito penal será retirado
da posse do suspeito imediatamente, e realiza-

30
Ao solicitar o documento fora do porta-documentos ou plásticos
de proteção, através do tato é possível verificar a autenticidade.
Por isso, o ideal é unicamente a entrega do documento, facilitando
158 e dando rapidez ao trabalho do policial militar.
Se o condutor não possuir um destes documen-

CAPÍTULO 8 / TÉCNICAS DE ABORDAGEM NA MODALIDADE DE MOTOPATRULHAMENTO


tos ou ambos, ou se houver alguma irregularidade,
serão empregadas as medidas administrativas defini-
das pelo Código de Trânsito Brasileiro. No caso de
ilícito criminal, deverá adotar as medidas previstas na
legislação penal.

Figura 177 - Modelo de documentos de identificação


Disponível em: http://www.folhavitoria.com.br

3. Entretanto, se a abordagem policial for dire-


cionada a veículos, deverá ser exigido do conduto-
Figura 178 - Modelo do CRLV e CNH
ra Autorização para Conduzir Ciclomotor, Permissão Fonte: Resoluções nº 511 e 512 do Conselho Nacional de Trânsito

para Dirigir ou Carteira Nacional de Habilitação e o


Certificado de Registro e Licenciamento Anual, con-
forme estabelece a Resolução nº 205 de 20 de ou-
tubro de 2006 do Conselho Nacional de Trânsito.
Saliente-se que estes documentos somente serão
aceitos se originais. 159
8.7 NÍVEIS DA ABORDAGEM POLICIAL
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TIPO DE
NÍVEL DE POSTURA DE
SITUAÇÃO BUSCA
ABORDAGEM SEGURANÇA
PESSOAL
A apostila do Curso de Patrulhamento Tático da
Polícia Militar de Goiás (2002, p. 49) traz quatro níveis SUSPEITA/
1 MINUCIOSA MÁXIMA
CONFIRMADA
de abordagens, os quais devem ser adotados, a de-
pender das circunstâncias: 2 PREVENTIVA LIGEIRA BÁSICA
3 ORDINÁRIA - BÁSICA
Tabela 1 - Níveis de abordagem policial
- Nível I: São aquelas realizadas somente por Uni-
Fonte: Manual Básico de Abordagem Policial (2000).
dade de Área para fins de fiscalização de docu-
mentos.
8.8 TÉCNICAS DE ABORDAGEM POLICIAL NA MO-
- Nível II: São aquelas que durante o patrulha-
DALIDADE DE MOTOPATRULHAMENTO
mento, o indivíduo é abordado por estar em ati-
tude suspeita (arma pronto baixo).
Antes mesmo de adentrar ao que se refere às
- Nível III: São aquelas em que a equipe depa-
técnicas de abordagem policial, é importante trazer à
ra com o indivíduo infrator da lei, nesse caso o
baila o procedimento de posturas e sua relação com
mesmo deve deitar-se no chão para em ser al-
as circunstâncias apresentadas, conforme o Manual
gemado.
Básico de Abordagem Policial (2000, p. 63):
- Nível IV: É aquela em que a equipe depara com
indivíduo infrator da lei empunhando arma de
POSTURA DESCRIÇÃO
fogo e não obedece a determinação legal e efe-
tua disparos contra a equipe (troca de tiro). O policial aponta a arma para o abordado. Todas
Máxima
as armas apontadas para o(s) suspeito(s).

Contudo, tem sido adotado pela Polícia Militar da Arma de porte na mão apontada para baixo em
Relativa posição de segurança. Arma portátil cruzada à
Bahia, como práxis corporativa, o ciclo de níveis do altura do peito.

160 Manual Básico de Abordagem Policial (2000, p. 62):


para realizar a proteção necessária aos motociclistas.

CAPÍTULO 8 / TÉCNICAS DE ABORDAGEM NA MODALIDADE DE MOTOPATRULHAMENTO


O policial tomará a posição diagonal em relação
ao abordado, ficando a arma no coldre no lado Esta proteção, aqui tratada, não se refere somente
Básica
oposto ao abordado, com a mão sobre o cabo da
arma. Arma portátil voltada para baixo. em relação aos indivíduos que serão abordados, mas
Tabela 2 – Posturas em abordagem policial também em relação a demais pessoas que circulam
Fonte: Manual Básico de Abordagem Policial (2000)
na via, assim como em relação aos acidentes de trân-
sito. Portanto, é extremamente importante a atenção
Exposto o devido conhecimento acerca de to- quanto ao cumprimento dos procedimentos.
dos os fundamentos gerais pertinentes à abordagem
policial, serão explanados os procedimentos a serem 8.8.1 Abordagem policial a transeuntes
realizados na modalidade de motopatrulhamento.
Convém destacar que as técnicas apresentadas 8.8.1.1 Com dois motociclistas
partirão da premissa que se trata de motociclistas
policiais militares, e que os mesmos se encontram 1. Ao verificar os indivíduos em atitude suspei-
montados em motocicletas, realizando patrulhamento ta, o comandante informará ao patrulheiro;
sobre duas rodas. Assim, caso o motociclista não es- 2. O comandante emitirá a ordem de parada para
teja em deslocamento, ou seja, no momento da abor- o suspeito, através de gestos e sinais sonoros;
dagem policial, realize ponto-base adote as técnicas 3. O comandante deverá realizar a parada das
de abordagem policial empregadas no policiamento motocicletas no local que melhor se adeque, evi-
convencional. Desta maneira, as técnicas de aborda- tando locais de grande fluxo de pessoas e veícu-
gem policial, ora demonstradas, serão traçadas dian- los, quando possível. Devem-se manter os faróis
te das peculiaridades do policiamento com o empre- e luminosos das motocicletas acionados, a fim de
go de motocicletas. realizar a sinalização na via;
Diante do exposto, um aspecto a ser levado em 4. Ao realizar a parada, a motocicleta do co-
consideração é que a motocicleta, diferentemente mandante se posicionará no sentido da via, de
dos demais tipos de viatura, não possui o anteparo forma longitudinal, enquanto a motocicleta do 161
patrulheiro à retaguarda da motocicleta do co- 9. Caso não seja constatada nenhuma irregu-
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mandante se posicionará de forma oblíqua (apro- laridade, o indivíduo será liberado, tomando os
ximadamente a 45º), direcionada para o sentido dados do abordado.
da via, com o objetivo de proporcionar anteparo
de proteção;
5. Primeiramente, o comandante realizará a
desmontagem da motocicleta, já realizando o
enquadramento do suspeito e a linha de visada
com a arma em punho, porém com o dedo fora
do gatilho. Por conseguinte, o patrulheiro realiza-
rá a desmontagem, se aproximando do suspeito.
Logo após, o comandante fará a verbalização,
conforme estabelecido nos procedimentos de
abordagem policial;
6. O comandante deve se posicionar de forma
oblíqua diante do suspeito (aproximadamente a
45º em relação ao suspeito), com vistas a rea-
lizar, simultaneamente, a segurança de busca
e segurança externa, enquanto o garupeiro se
aproxima, realizando uma aproximação triangu-
lar, sob a ótica externa; Figura 179 - Abordagem policial à transeuntes com dois motociclistas
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
7. O patrulheiro realizará a busca pessoal, ba-
seada nos procedimentos de busca pessoal;
8. Posteriormente, o patrulheiro solicitará docu-
162 mentação de identificação do indivíduo;
8.8.1.2 Com dois motociclistas e um garupeiro 5. Enquanto o garupeiro realiza o enquadra-

CAPÍTULO 8 / TÉCNICAS DE ABORDAGEM NA MODALIDADE DE MOTOPATRULHAMENTO


mento do suspeito, o comandante realizará a
1. Ao verificar os indivíduos em atitude suspei- desmontagem da motocicleta e realizará tam-
ta, o comandante informará os demais compo- bém o enquadramento do suspeito e a linha de
nentes do comboio; visada com a arma em punho, com o dedo fora
2. O comandante emitirá a ordem de parada do gatilho. Posteriormente, o garupeiro desmon-
para o suspeito, através de gestos e sinais so- tará, realizando a aproximação do suspeito. Nes-
noros. Neste momento o garupeiro já fará o en- te momento o outro motociclista desmontará e
quadramento e a linha de visada em direção ao fará a segurança externa. Logo após, o coman-
suspeito, contudo, com o dedo fora do gatilho; dante fará a verbalização, conforme estabeleci-
3. O comandante deverá realizar a parada das do nos procedimentos de abordagem policial;
motocicletas no local que melhor se adeque, evi- 6. O comandante deve se posicionar de forma
tando locais de grande fluxo de pessoas e veícu- oblíqua diante dos suspeitos (aproximadamente
los, quando possível. Devem-se manter os faróis 45º em relação a estes), com vistas a realizar a
e luminosos das motocicletas acionados, a fim de segurança de busca;
realizar a sinalização na via; 7. O garupeiro realizará a busca pessoal, base-
4. Ao realizar a parada, a motocicleta do coman- ada nos procedimentos de busca pessoal;
dante se posicionará no sentido da via, de forma 8. Posteriormente, o garupeiro solicitará docu-
longitudinal, enquanto a outra motocicleta se po- mentação de identificação do indivíduo;
sicionará de forma oblíqua (aproximadamente a 9. Caso não seja constatada nenhuma irregu-
45º), direcionada para o sentido da via, com o laridade, o indivíduo será liberado, tomados os
objetivo de proporcionar anteparo de proteção; dados do abordado.

163
3. O comandante deverá realizar a parada das mo-
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tocicletas no local que melhor se adeque, evitando


locais de grande fluxo de pessoas e veículos, quan-
do possível. Devem-se manter os faróis e luminosos
das motocicletas acionados, a fim de realizar a sina-
lização na via;
4. Ao realizar a parada, a motocicleta do co-
mandante e do segundo motociclista se posicio-
narão no sentido da via, de forma longitudinal,
enquanto a motocicleta cerra-fila se posicionará
de forma oblíqua (aproximadamente 45º), com o
objetivo de proporcionar anteparo de proteção;
5. O comandante realizará a desmontagem da
motocicleta, fazendo o enquadramento do sus-
peito e a linha de visada com a arma em punho,
Figura 180 - Abordagem policial à transeuntes com dois motoci- porém com o dedo fora do gatilho. Posteriormen-
clistas e um garupeiro
Fonte: Elaborado pelos autores (2016). te, o segundo motociclista desmontará, realizan-
do a aproximação do suspeito. Neste momento
8.8.1.3 Com três motociclistas o motociclista cerra-fila fará a segurança externa.
Logo após, o comandante fará a verbalização,
1. Ao verificar os indivíduos em atitude suspei- conforme estabelecido nos procedimentos de
ta, o comandante informará aos demais compo- abordagem policial;
nentes do comboio; 6. O comandante deve se posicionar de forma
2. O comandante emitirá a ordem de parada para oblíqua diante dos suspeitos (aproximadamente
164 o suspeito, através de gestos e sinais sonoros; 45º em relação a estes), com vistas a realizar a
segurança de busca, enquanto o segundo moto- 8.8.2 Abordagem policial a motocicletas31

CAPÍTULO 8 / TÉCNICAS DE ABORDAGEM NA MODALIDADE DE MOTOPATRULHAMENTO


ciclista se aproxima para realizar a busca pessoal;
7. O segundo motociclista realizará a busca pesso- 8.8.2.1 Com dois motociclistas
al, baseada nos procedimentos de busca pessoal;
1. Ao verificar a motocicleta em atitude suspei-
8. Posteriormente, o segundo motociclista solici-
ta, o comandante informará ao patrulheiro;
tará documentação de identificação do indivíduo;
2. O comandante emitirá a ordem de parada
9. Caso não seja constatada nenhuma irregu-
para a motocicleta suspeita, através de gestos e
laridade, o indivíduo será liberado, tomados os
sinais sonoros;
dados do abordado.
3. O comandante deverá realizar a parada das
motocicletas no local que melhor se adeque, evi-
tando locais de grande fluxo de pessoas e veícu-
los, quando possível. Devem-se manter os faróis
e luminosos das motocicletas acionados, a fim de
realizar a sinalização na via;
4. Ao realizar a parada, a motocicleta do coman-
dante se posicionará no sentido da via, de forma
longitudinal, à retaguarda da motocicleta suspei-
ta, porém com um espaçamento à esquerda. Já a
motocicleta do patrulheiro à retaguarda da moto-
cicleta do comandante, se posicionará de forma
oblíqua (aproximadamente 45º), contudo estará
direcionada para o sentido da via, com o objetivo
de proporcionar anteparo de proteção;

Figura 181 - Abordagem policial à transeuntes com três moto- 31


O Anexo 4 dispõe as ilustrações do posicionamento dos motoci-
ciclistas clistas e das motocicletas. 165
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
5. Primeiramente, o comandante realizará a
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desmontagem da motocicleta, já realizando o en-


quadramento para a motocicleta suspeita e a li-
nha de visada com a arma em punho, porém com
o dedo fora do gatilho. Por conseguinte, o patru-
lheiro realizará a desmontagem, aproximando-se
do veículo suspeito. Logo após, o comandante
fará a verbalização, conforme estabelecido nos
procedimentos de abordagem policial;
6. O comandante deve se posicionar de forma
oblíqua diante dos suspeitos (aproximadamen-
te 45º em relação a estes), com vistas a realizar
simultaneamente a segurança de busca e segu-
rança externa, enquanto o outro motociclista se
aproxima;
7. O patrulheiro realizará a busca pessoal, ba-
seada nos procedimentos de busca pessoal;
Figura 182 - Abordagem policial à motocicleta com dois motociclistas
8. Posteriormente, o patrulheiro solicitará os do-
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
cumentos de habilitação e do veículo, conforme
o procedimento de identificação;
9. Caso não seja constatada nenhuma irregu- 8.8.2.2 Com dois motociclistas e um garupeiro
laridade, o indivíduo será liberado, tomados os
dados do abordado. 1. Ao verificar a motocicleta em atitude suspei-
ta, o comandante informará os demais compo-
nentes do comboio;
166
2. O comandante emitirá a ordem de parada lizará também o enquadramento do suspeito e

CAPÍTULO 8 / TÉCNICAS DE ABORDAGEM NA MODALIDADE DE MOTOPATRULHAMENTO


para a motocicleta suspeita, através de gestos a linha de visada com a arma em punho, porém
e sinais sonoros. Neste momento o garupeiro já com o dedo fora do gatilho. Posteriormente, o
fará o enquadramento e a linha de visada em di- garupeiro desmontará, realizando a aproximação
reção ao veículo suspeito, contudo, com o dedo do veículo suspeito. Neste momento o outro mo-
fora do gatilho; tociclista desmontará e fará a segurança externa.
3. O comandante deverá realizar a parada das Logo após, o comandante fará a verbalização,
motocicletas no local que melhor se adeque, evi- conforme estabelecido nos procedimentos de
tando locais de grande fluxo de pessoas e veícu- abordagem policial;
los, quando possível. Devem-se manter os faróis 6. O comandante deve se posicionar de forma
e luminosos das motocicletas acionados, a fim de oblíqua diante dos suspeitos (aproximadamente
realizar a sinalização na via; 45º em relação a estes), com vistas a realizar a
4. Ao realizar a parada, a motocicleta do co- segurança de busca;
mandante se posicionará no sentido da via, de 7. O garupeiro realizará a busca pessoal, base-
forma longitudinal, à retaguarda da motocicleta ada nos procedimentos de busca pessoal;
suspeita, porém com um espaçamento à esquer- 8. Posteriormente, o patrulheiro solicitará os do-
da. Já a outra motocicleta se posicionará de for- cumentos de habilitação e do veículo, conforme
ma oblíqua (aproximadamente 45º), direcionada o procedimento de identificação;
para o sentido da via, com o objetivo de propor- 9. Caso não seja constatada nenhuma irregu-
cionar anteparo de proteção; laridade, o indivíduo será liberado, tomados os
5. Enquanto o garupeiro realiza o enquadra- dados do abordado.
mento da motocicleta suspeita, o comandante
realizará a desmontagem da motocicleta, e rea-

167
los, quando possível. Devem-se manter os faróis
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

e luminosos das motocicletas acionados, a fim de


realizar a sinalização na via;
4. Ao realizar a parada, a motocicleta do coman-
dante se posicionará no sentido da via, de forma
longitudinal, à retaguarda da motocicleta suspei-
ta, porém, com um espaçamento à esquerda. A
segunda motocicleta se posicionará no sentido
da via, de forma longitudinal, à retaguarda da mo-
tocicleta do comandante, com um espaçamento
à direita em relação à motocicleta suspeita. Já a
motocicleta do cerra-fila se posicionará de forma
oblíqua (aproximadamente 45º), com o objetivo
Figura 183 - Abordagem policial à motocicleta com dois de proporcionar anteparo de proteção;
motociclistas e um garupeiro 5. O comandante realizará a desmontagem da
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
motocicleta, fazendo o enquadramento à motoci-
8.8.2.3 Com três motociclistas cleta suspeita e a linha de visada com a arma em
punho, com o dedo fora do gatilho.
1. Ao verificar a motocicleta em atitude suspei- Posteriormente, o segundo motociclista desmon-
ta, o comandante informará aos demais compo- tará, realizando a aproximação do veículo suspei-
nentes do comboio; to. Neste momento, o motociclista cerra-fila fará
2. O comandante emitirá a ordem de parada a segurança externa. Logo após, o comandante
para a motocicleta suspeita, através de gestos e fará a verbalização, conforme estabelecido nos
sinais sonoros; procedimentos de abordagem policial;
3. O comandante deverá realizar a parada das 6. O comandante deve se posicionar de forma
motocicletas no local que melhor se adeque, evi- oblíqua diante dos suspeitos (aproximadamente
168 tando locais de grande fluxo de pessoas e veícu- 45º em relação a estes), com vistas a realizar a
segurança de busca, enquanto o segundo moto- 8.8.3 Abordagem policial a veículos

CAPÍTULO 8 / TÉCNICAS DE ABORDAGEM NA MODALIDADE DE MOTOPATRULHAMENTO


ciclista se aproxima para realizar a busca pessoal;
7. O segundo motociclista realizará a busca pesso- 8.8.3.1 Com dois motociclistas
al, baseada nos procedimentos de busca pessoal;
8. Posteriormente, o patrulheiro solicitará os do- 1. Ao verificar o automóvel em atitude suspeita,
cumentos de habilitação e do veículo, conforme o comandante informará ao patrulheiro;
o procedimento de identificação;
2. O comandante emitirá a ordem de parada
9. Caso não seja constatada nenhuma irregu-
para o automóvel suspeito, através de gestos e
laridade, o indivíduo será liberado, tomados os
sinais sonoros;
dados do abordado.
3. O comandante deverá realizar a parada das
motocicletas no local que melhor se adeque, evi-
tando locais de grande fluxo de pessoas e veícu-
los, quando possível. Devem-se manter os faróis
e luminosos das motocicletas acionados, a fim de
realizar a sinalização na via;
4. Ao realizar a parada, a motocicleta do co-
mandante se posicionará no sentido da via, de
forma longitudinal, à retaguarda do automóvel
suspeito, porém com um espaçamento à esquer-
da. Já a motocicleta do patrulheiro à retaguarda
da motocicleta do comandante se posicionará
de forma oblíqua (aproximadamente a 45º), dire-
cionada para o sentido da via, com o objetivo de
proporcionar anteparo de proteção. É necessário
Figura 184 - Abordagem policial à motocicleta com três
motociclistas manter uma distância de segurança entre as mo- 169
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
tocicletas e o automóvel suspeito, a fim de evitar laridade, o indivíduo será liberado, tomados os
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

que este realize manobras bruscas que possam dados do abordado.


lesionar os motociclistas;
5. Primeiramente, o comandante realizará a
desmontagem da motocicleta, já realizando a
enquadramento para o veículo suspeito e a linha
de visada com a arma em punho, porém com o
dedo fora do gatilho. Por conseguinte, o patru-
lheiro realizará a desmontagem, aproximando do
automóvel suspeito. Logo após, o comandante
fará a verbalização, conforme estabelecido nos
procedimentos de abordagem policial;
6. O comandante deve se posicionar de forma
oblíqua diante dos suspeitos (aproximadamente
Figura 185 - Abordagem policial a veículos com
a 45º em relação a estes), com vistas a realizar, dois motociclistas
simultaneamente, a segurança de busca e segu- Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

rança externa, enquanto o outro motociclista se 8.8.3.2 Com dois motociclistas e um garupeiro
aproxima, sendo que o comandante realizará o
comando por voz ou gestos; 1. Ao verificar o automóvel em atitude suspeita,
7. O patrulheiro realizará a busca pessoal, ba- o comandante informará os demais componen-
seada nos procedimentos de busca pessoal; tes do comboio;
8. Posteriormente, o patrulheiro solicitará os do- 2. O comandante emitirá a ordem de parada
cumentos de habilitação e do veículo, conforme para o automóvel suspeito, através de gestos e
o procedimento de identificação; sinais sonoros. Neste momento o garupeiro já
170 9. Caso não seja constatada nenhuma irregu- fará o enquadramento e a linha de visada em di-
reção ao veículo suspeito, contudo, com o dedo lizará também o enquadramento do suspeito e

CAPÍTULO 8 / TÉCNICAS DE ABORDAGEM NA MODALIDADE DE MOTOPATRULHAMENTO


fora do gatilho; a linha de visada com a arma em punho, porém
3. O comandante deverá realizar a parada das com o dedo fora do gatilho. Posteriormente, o
motocicletas no local que melhor se adeque, evi- garupeiro desmontará, realizando a aproximação
tando locais de grande fluxo de pessoas e veícu- do veículo suspeito. Neste momento o outro mo-
los, quando possível. Devem-se manter os faróis tociclista desmontará e fará a segurança externa.
e luminosos das motocicletas acionados, a fim de Logo após, o comandante fará a verbalização,
realizar a sinalização na via; conforme estabelecido nos procedimentos de
4. Ao realizar a parada, a motocicleta do coman- abordagem policial;
dante se posicionará no sentido da via, de forma 6. O comandante deve se posicionar de forma
longitudinal, à retaguarda do automóvel suspei- oblíqua diante dos suspeitos (aproximadamente
to, porém com um espaçamento à esquerda. Já 45º em relação a estes), com vistas a realizar a
a outra motocicleta se posicionará de forma oblí- segurança de busca;
qua (aproximadamente a 45º), direcionada para 7. O garupeiro realizará a busca pessoal, base-
o sentido da via, com o objetivo de proporcionar ada nos procedimentos de busca pessoal;
anteparo de proteção. É necessário manter uma 8. Posteriormente, o patrulheiro solicitará os do-
distância de segurança entre as motocicletas e cumentos de habilitação e do veículo, conforme
o automóvel suspeito, a fim de evitar que este o procedimento de identificação;
realize manobras bruscas que possam lesionar 9. Caso não seja constatada nenhuma irregu-
os motociclistas; laridade, o indivíduo será liberado, tomados os
5. Enquanto o garupeiro realiza o enquadra- dados do abordado.
mento do automóvel suspeito, o comandante
realizará a desmontagem da motocicleta, e rea-

171
tando locais de grande fluxo de pessoas e veícu-
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

los, quando possível. Devem-se manter os faróis


e luminosos das motocicletas acionados, a fim de
realizar a sinalização na via;
4. Ao realizar a parada, a motocicleta do coman-
dante se posicionará no sentido da via, de forma
longitudinal, à retaguarda o automóvel suspeito,
porém com um espaçamento à esquerda. A se-
gunda motocicleta se posicionará no sentido da
via, de forma longitudinal, à retaguarda da moto-
cicleta do comandante, com um espaçamento à
direita em relação ao automóvel suspeito. Já a
Figura 186 - Abordagem policial à veículos com dois motocicleta do cerra-fila se posicionará de forma
motociclistas e um garupeiro
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
oblíqua (aproximadamente a 45º), com o objetivo
de proporcionar anteparo de proteção. É neces-
8.8.3.3 Com três motociclistas sário manter uma distância de segurança entre
as motocicletas e o automóvel suspeito, a fim de
1. Ao verificar o automóvel em atitude suspeita, evitar que este realize manobras bruscas que
o comandante informará aos demais componen- possam lesionar os motociclistas;
tes do comboio; 5. O comandante realizará a desmontagem da
2. O comandante emitirá a ordem de parada motocicleta, fazendo o enquadramento à motoci-
para o automóvel suspeito, através de gestos e cleta suspeita e a linha de visada com a arma em
sinais sonoros; punho, porém, com o dedo fora do gatilho. Pos-
3. O comandante deverá realizar a parada das teriormente, o segundo motociclista desmontará,
172 motocicletas no local que melhor se adeque, evi- realizando a aproximação do veículo suspeito.
Neste momento, o motociclista cerra-fila fará a

CAPÍTULO 8 / TÉCNICAS DE ABORDAGEM NA MODALIDADE DE MOTOPATRULHAMENTO


segurança externa. Logo após, o comandante
fará a verbalização, conforme estabelecido nos
procedimentos de abordagem policial;
6. O comandante deve se posicionar de forma
oblíqua diante dos suspeitos (aproximadamente
45º em relação a estes), com vistas a realizar a
segurança de busca, enquanto o segundo moto-
ciclista se aproxima para realizar a busca pesso-
al;
7. O segundo motociclista realizará a busca
pessoal, baseada nos procedimentos de busca
pessoal;
8. Posteriormente, o patrulheiro solicitará os do-
cumentos de habilitação e do veículo, conforme
o procedimento de identificação;
9. Caso não seja constatada nenhuma irregu-
laridade, o indivíduo será liberado, tomados os Figura 187 - Abordagem policial à veículos com três motociclistas
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
dados do abordado.

8.9 ATITUDES QUE PODEM ENSEJAR NA REALIZA-


ÇÃO DE ABORDAGEM POLICIAL tro que se realiza a ronda. Deste modo, expõem-se
Durante a realização do motopatrulhamento aqui algumas situações que podem evidenciar sus-
é importante que os motociclistas estejam sempre peição de delitos, e, portanto, necessária à realização
atentos a todas as situações que ocorrem no períme- de abordagens, para se ter uma confirmação.
173
Tais situações são suposições que podem evi- 8.9.2 Em veículos
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

denciar ilícitos penais. Porém, isto não quer dizer que


pessoas dotadas de aparência, a princípio, isenta • Veículos sem uma das placas ou sem ambas;
de qualquer suspeita sob a ótica do senso comum, • Veículos velhos com placas novas ou vice-
não possam estar em cometimento de delitos. Assim, -versa;
qualquer pessoa pode estar em cometimento de con- • Veículos que realizam manobras bruscas ao
travenção penal ou crime. visualizar o policiamento;
• Veículos que, ao perceberem a presença do
8.9.1 Transeuntes policiamento, fazem mudanças de direção ou
sentido de forma abrupta;
• Mudança de atitudes ao visualizar a ronda do
• Veículos que sinalizam com faróis altos ao vi-
motopatrulhamento (mudança de trajeto, olhar para
sualizar o policiamento;
a guarnição repetidamente, evadir, tentar se escon-
• Veículo com passageiros masculinos que uti-
der, se separar se estiver com outras pessoas);
lizam somente os bancos traseiros;
• Aspectos visuais atípicos (roupas rasgadas,
• Veículo com um único passageiro que se po-
sangramentos, lesões recentes);
siciona a retaguarda do motorista;
• Vestes inapropriadas para as condições cli-
• Táxi ou ônibus com passageiros que acionam
máticas, que visem esconder armas e substân-
o pisca alerta32 ou faróis altos.
cias psicotrópicas ( jaquetas ou roupas de frio
num dia ensolarado);
8.9.3 Estabelecimentos comerciais
• Objetos ou substâncias que são dispersas ao
visualizar a guarnição;
• Existência de volumes localizados na cintura, • Veículos mal estacionados próximos a esta-
na coxa, no tórax, na região axilar e nos torno- belecimentos comerciais;
zelos, ou então carregados consigo (mochilas,
pochetes, sacolas e outros). 32
De acordo com o Anexo I do Código de Trânsito Brasileiro, o
pisca-alerta é a “luz intermitente do veículo, utilizada em caráter de
advertência, destinada a indicar aos demais usuários da via que o
174 veículo está imobilizado ou em situação de emergência”.
• Veículos estacionados com indivíduos em- 8.10.2 Em motocicletas

CAPÍTULO 8 / TÉCNICAS DE ABORDAGEM NA MODALIDADE DE MOTOPATRULHAMENTO


barcados, como se estivessem aguardando al-
guém, olhando a todo tempo pelos espelhos re- • Abaixo do selim;
trovisores e para os lados; • Nas carenagens laterais;
• Pessoas próximas à entrada do estabeleci- • Dentro dos punhos do guidom;
mento, que não sejam vigilantes, olhando cons- • No compartimento de caixa de ferramentas;
tantemente para todo o perímetro; • Na região do tanque de combustível;
• Portas ou portões entreabertos em horários • No interior de baús ou bauletos;
de funcionamento; • Verificação do chassi.
• Pessoas que saem bruscamente do estabe-
8.10.3 Em automóveis
lecimento, olhando para todos os lados.
• Porta-luvas;
• Porta-objetos, no painel e nas laterais das
8.10 LOCAIS DE ATENÇÃO PRIORITÁRIA DURANTE portas;
A BUSCA PESSOAL • Porta-malas, em especial no local que acon-
diciona ferramentas e o estepe33;
8.10.1 No corpo dos suspeitos • Debaixo dos bancos;
• Debaixo dos tapetes;
• Verificar bonés, chapéus, gorros e capace- • Debaixo do capô;
tes, especialmente no interior destes; • Nas caixas de rodas;
• Busca minuciosa em bolsos de jaquetas, cal- • Verificação do chassi.
ças e bermudas;
• Verificar a presença de volumes que estejam
localizados na cintura, em todo o seu perímetro, na
coxa, no tórax, na região axilar e nos tornozelos;
Roda sobressalente, compreendendo o aro e o pneu, que todos
33
• Em cada compartimento de mochilas, poche-
os veículos automotores devem possuir, conforme estabelece a
tes, sacolas, dentre outros. Resolução nº 14/98 do Conselho Nacional de Trânsito. 175
CAPÍTULO 9

ATIVIDADES
OPERACIONAIS
COM EMPREGO DE
MOTOCICLETAS
É notável que a cada dia torna-se mais relevan- Em relação à utilização de motocicleta em policia-

CAPÍTULO 9 / ATIVIDADES OPERACIONAIS COM EMPREGO DE MOTOCICLETAS


te a realização do policiamento com o emprego de mento de trânsito, bem como em escolta e segurança,
motocicletas. Alguns entusiastas chegam a dizer que serão destinados capítulos específicos. Isto se dá em
o motopatrulhamento será o policiamento do futuro. virtude destas atividades possuírem peculiaridades in-
Esta afirmação ganha evidência, na medida em que trínsecas, como também maior complexidade, e, por-
se vivencia uma mobilidade urbana caótica ante as tanto, demandando uma exposição mais minuciosa.
necessidades ilimitadas de se atender ocorrências
com um tempo de resposta adequado.
Também existe destaque na eficiência do empre-
go de motocicletas em situações de manifestações
que realizam bloqueio de vias, onde outras espécies
de modalidades não poderiam atender com preste-
za. Outra demanda, pode ser um acidente de trânsito
que acaba refletindo em congestionamentos, sendo
necessária a intervenção de motociclistas para pres-
tar os primeiros socorros, realizar o acompanhamento
da ambulância e garantir fluidez à via.
Nota-se que o emprego de motocicletas na ativi- Figura 188 - Policiamento com emprego de motocicleta
dade operacional possui diversas finalidades e des- Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

dobramentos para sua aplicação. Sendo assim, será


exposta a aplicação da modalidade de motopatrulha- 9.1 POLICIAMENTO CONVENCIONAL
mento nas principais situações operativas. Isto não
quer dizer que não haja outras possibilidades, inclusi- Indubitavelmente, é o modus operandi mais utili-
ve criadas pela própria dinâmica social. zado dentre todos e retrata com maior clareza a fun-
ção constitucional da Polícia Militar, através do art. 144, 177
§ 5º, ao expor o policiamento ostensivo e a manu- riáveis será possível à utilização da modalidade de
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

tenção da ordem pública. Contudo, até mesmo diante motopatrulhamento no policiamento convencional,
do policiamento convencional, que é tão contumaz, com vistas a se extrair o que de melhor se tem nesta
necessita-se conhecer as potencialidades que o mo- forma de policiamento.
topatrulhamento pode oferecer, para que se possa
utilizar de uma forma mais adequada e eficiente. 9.1.1 Locais de grande fluxo de trânsito de veículos
É pertinente relembrar que a menor fração de
tropa é com o emprego de, ao menos, duas motoci- Deve-se posicionar de forma estratégica, lastreada
cletas. Neste sentido, o primeiro a se adotar será tra- em primeiro plano na segurança dos motociclistas e, por
zer à baila a relação entre as principais vantagens e conseguinte, no que concerne à ostensividade. Neste
desvantagens para o emprego de policiamento com tipo de local é possível desenvolver um policiamento
motocicletas: preventivo bastante eficiente, pois as vias de trânsito
rápido são utilizadas para evasão após cometimento de
VANTAGENS DESVANTAGENS delitos e, antes mesmo da realização de crimes, é natu-
Grande Mobilidade Sujeição a Intempéries ral que se faça uma leitura por parte dos criminosos de
Tempo resposta bastante
como se encontra o policiamento naquela região.
Risco de Acidente
eficiente Também, o posicionamento de motociclistas em lo-
Facilidade de Estacionamento Pouco Conforto cais de grande fluxo de veículos reflete numa interven-
Menor Custo Maior Preparo de motociclista ção rápida em caso de bloqueio de vias ou acidentes,
Maior amplitude de perímetro Vulnerabilidade promovendo fluidez e evitando maiores transtornos.
Tabela 3 - Relação de vantagens e desvantagens no policiamento com
motocicletas
Fonte: Elaborado pelos autores (2016). 9.1.2 Locais de incidência de congestionamento

Conhecidos e superados os aspectos supramen- O motopatrulhamento se demonstra bastante efi-


178 cionados, é possível elencar em que situações ou va- ciente em locais onde há incidência de congestiona-
mentos. Isto se dá em virtude de novas modalidades Em geral, estes locais possuem grande concen-

CAPÍTULO 9 / ATIVIDADES OPERACIONAIS COM EMPREGO DE MOTOCICLETAS


criminosas, com o emprego ou não de motocicletas, tração de transeuntes, o que pode potencializar a re-
onde os indivíduos se aproveitam desta situação para alização de delitos como o furto. Neste particular, a
realizarem assaltos e “arrastões”34. depender do perímetro e do raio de concentração de
Diante deste cenário, é impossível o deslocamento pessoas, o policiamento convencional a pé não tem
de viaturas do tipo quatro rodas, o que acaba motivan- tanta eficácia, dada a limitada mobilidade. Já com em-
do ainda mais a prática deste delito, dada a inoperância prego de motocicletas neste tipo de local apresenta-
da supracitada espécie de viatura nesta circunstância -se bastante eficaz, inclusive podendo se empregar
de congestionamento. Porém, empregando-se o moto- cartão programa35, criando-se um policiamento dinâ-
patrulhamento, este poderá realizar os deslocamentos mico, dado à agilidade e mobilidade.
pelos corredores, inibindo tais condutas criminosas. Assim, o que se deseja deixar claro é que, ao se
empregar a modalidade de motopatrulhamento, por
9.1.3 Locais que necessitam de policiamento, exemplo, empregando-se uma dupla de motocicletas,
contudo, sem espaço adequado de circulação ou esta poderá ter um raio de ação maior do que duas
estacionamento de viaturas quatro rodas. ou três duplas de policiamento convencional a pé,
desenvolvendo-se quase o mesmo resultado.
Por vezes, há determinados locais onde não há
a possibilidade de circular ou de estacionar viaturas 9.2 POLICIAMENTO EM EVENTOS ESPECIAIS
quatro rodas, seja pelo fato de ser bastante estreito,
possuir obstáculos, ou até mesmo ser exclusivo para Esta espécie de policiamento pode ser compre-
pedestres. Como exemplo, temos as feiras livres, cal- endida como o serviço operacional específico ou
çadões, centros comerciais exclusivamente com vias peculiar, o qual vislumbra promover o policiamento
para pedestres.
35
Cartão que fica em posse da guarnição, com a programação dos
locais que se deve realizar o policiamento nos horários especifi-
34
Trata-se de método de roubo coletivo urbano. cados. 179
ostensivo e a manutenção da ordem pública em de- • Posicionamento dos motociclistas, realizando
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

terminado evento público. Isto quer dizer que neste ponto base em pontos estratégicos nas proximida-
tipo de policiamento há um foco para o evento em si. des das vias que dão acesso ao local do evento;
Têm-se como exemplo destes eventos especiais as • Motopatrulhamento nas vias que dão acesso
praças desportivas, o carnaval, os shows em espaços ao local do evento, em especial nas situações de
públicos, dentre outros. congestionamento;
Neste âmbito, o emprego da modalidade de mo- • Posicionamento dos motociclistas realizando
topatrulhamento é bastante útil na realização o policia- ponto base próximo ao acesso ao local do evento;
mento ostensivo. Contudo, cabe atentar, conforme já • Posicionamento dos motociclistas realizando
mencionado, que é inapropriada a utilização de moto- ponto base próximo às áreas de transbordo.
cicletas em serviços noturnos, já que durante este perí-
odo eleva-se o risco de acidentes envolvendo viaturas Também nos eventos especiais, é possível a reali-
de duas rodas. Assim, o limite máximo que é possível zação de operações viárias, as quais serão detalhadas
estender o policiamento com motocicletas deve ser em relação aos procedimentos no capítulo de opera-
até a meia-noite, no caso de eventos especiais. ções de trânsito. Contudo, existe a possibilidade das
Por certo pode existir situações excepcionais e seguintes operações viárias em eventos especiais:
bem específicas que possam ultrapassar este limite de
horário, como é o caso dos festejos momescos. Aliás, • Promoção de fluidez da via, especificamente
o evento carnavalesco tem sido a única exceção onde nos gargalos36, filas duplas ou em outras situa-
o motociclista cumpre escala noturna, em virtude da ções que comprometam o fluxo do trânsito;
grande importância que tem tido este evento. • Realização de varreduras;
Em relação ao emprego do motopatrulhamento • Posto de controle de trânsito, também co-
em eventos especiais, no que se refere ao policiamen- nhecido como bloqueio.
to ostensivo, é possível adotar as seguintes variáveis:
Trata-se da designação de ponto de estrangulamento que limita
36

180 ou compromete a capacidade de fluidez da via.


O emprego de motocicletas em corridas de rua

CAPÍTULO 9 / ATIVIDADES OPERACIONAIS COM EMPREGO DE MOTOCICLETAS


já pode ser considerado histórico. É possível até se
arriscar a dizer que a utilização de batedores se con-
funde até mesmo com a evolução neste tipo de even-
to. Notou-se a necessidade, nas corridas de rua, de
motociclistas que realizassem bloqueio em determi-
nadas vias, para que os atletas pudessem correr sem
preocupação, como também, que pudessem realizar
a escolta dos primeiros colocados.
Diante de todo este percurso histórico de íntima
relação entre corredores e batedores, foi desenvol-
Figura 189 - Policiamento em eventos especiais
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
vida uma doutrina específica para o policiamento de
corridas de ruas. É certo que a cada dia há desenvol-
9.3 POLICIAMENTO EM CORRIDAS DE RUA vimento no campo da logística de provas, como, por
exemplo, a utilização dos gradis, cones, chips, entre
outros tantos.
Todavia, este tipo de evento não ocorre em toda
sua beleza e potencialidade com a ausência dos mo-
tociclistas que dão o brilhantismo, através da promo-
ção da segurança para todos os envolvidos neste
evento.
Dito isto, apresenta-se agora os procedimentos
a serem adotados ao se tomar conhecimento da ne-
cessidade do policiamento com emprego de motoci-
Figura 190 - Policiamento em corrida de rua
Fonte: Elaborado pelos autores (2016). cletas em corrida de rua: 181
9.3.1 Fase de planejamento • Deve-se solicitar dos organizadores a auto-
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

rização para realização do evento, através do


• Deve-se ter conhecimento do local, data e órgão que possui responsabilidade sobre a cir-
horário em que o evento ocorrerá com vistas à cunscrição a via.
preparação de ordem de serviço;
• Obrigatoriamente os organizadores deverão 9.3.2 Fase de execução
fornecer um mapa, demonstrando os itinerários
da corrida, com as respectivas quilometragens, 9.3.2.1 Horário de chegada ao evento
modalidades e categorias. Se necessário for, po-
derá solicitar outras informações, com vistas a O grupamento de motociclistas deverá chegar
facilitar o planejamento; ao local do evento com 1 (uma) hora de antecedên-
• É sempre relevante possuir o nome do res- cia, evitando atrasos, além de realizar novo reconhe-
ponsável, os contatos telefônicos, e-mail, para se cimento, se necessário, proceder briefing37 com os
dirimir qualquer dúvida; motociclistas, como também fazer os ajustes finos
• É importante mensurar junto aos organiza- necessários.
dores a quantidade de atletas que participarão
do evento, com o intuito de fazer uma análise de 9.3.2.2 Manter contato com o responsável
quantos motociclistas serão necessários a serem
empregados; Ao chegar ao local, o comandante do grupamen-
• Sempre que possível, os motociclistas que to de motociclistas deverá imediatamente manter
participarão do evento deverão realizar o reco- contato com o responsável do evento, para verificar
nhecimento dos itinerários, com o objetivo de se se há algum tipo de mudança nos horários de larga-
familiarizar com o circuito e conhecer suas pe- da, itinerários, dentre outras informações.
culiaridades. Caso seja possível, é preferível que
este reconhecimento seja feito com 48 (quarenta 37
Fornecer informações e instruções concisas e objetivas acerca
182 e oito) horas de antecedência da data do evento; da missão a ser executada.
9.3.2.3 Doutrina de acompanhamentos de determi- mento continuará a realizar o acompanhamento do

CAPÍTULO 9 / ATIVIDADES OPERACIONAIS COM EMPREGO DE MOTOCICLETAS


nados atletas primeiro ou da primeira colocada.
É possível também inexistir pessoas com mobi-
Na corrida de rua há a padronização dos acom- lidade reduzida no evento. Logo, nesta situação, o
panhamentos de atletas específicos, a serem realiza- terceiro motociclista em precedência passará a ser
dos seguindo a seguinte forma: responsável pelo acompanhamento do último coloca-
do, enquanto o quarto motociclista em precedência
• O comandante do grupamento será respon- passará a compor, desde o início da prova, o policia-
sável pelo acompanhamento do primeiro coloca- mento no estilo caracol.
do na categoria masculina; Deve-se destacar que, ao se realizar o acompa-
• O subcomandante será responsável pelo nhamento do atleta, o motociclista se posicionará à
acompanhamento da primeira colocada na cate- retaguarda deste, evitando assim que os gases pro-
goria feminina; venientes da combustão da motocicleta possam difi-
• O terceiro motociclista em precedência será cultar sua respiração e, consequentemente, afetar o
responsável pelo acompanhamento de pessoas seu desempenho.
com mobilidade reduzida; Contudo, esta distância à retaguarda do primei-
• O quarto motociclista em precedência reali- ro colocado não deve ultrapassar a distância de 02
zará o acompanhamento do último colocado; (dois) metros, preferencialmente, ao lado direito ou
• Os demais motociclistas realizarão o policia- esquerdo do atleta, dependendo da topografia da
mento da corrida, no intitulado efeito caracol ou via. Isto se dá em virtude de o motociclista ser respon-
carrossel, que será esposado abaixo. sável pela segurança do primeiro colocado, e, por tal
motivo, se justifica sua aproximação, ou seja, para que
Por vezes, é possível se deparar com corridas de possa intervir em qualquer intercorrência em desfa-
ruas em que haja apenas uma categoria (masculina vor do atleta.
ou feminina). Neste caso, o comandante do grupa- 183
dúvidas. Este procedimento evitará que ocorram pos-
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

síveis falhas durante o policiamento do evento.

9.3.2.4 Efeito caracol ou carrossel

O chamado efeito caracol é como se intitula o


modus operandi de se realizar o policiamento du-
rante as corridas de ruas, o qual é um tanto peculiar.
Este tipo de policiamento, excepcionalmente, não é
realizado por duplas ou trios de motociclistas, mas de
forma individual, em virtude do perímetro bastante li-
Figura 191 - Acompanhamento do primeiro colocado mitado, e com o objetivo de dar maior ostensividade
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
durante a prova.
Ao acompanhar os primeiros colocados, quando Desta forma, este estilo de policiamento nada
estiverem próximos da linha de chegada, ou seja, a mais é que os motociclistas realizarem o mesmo itine-
cerca de 200 (duzentos) metros, o motociclista que rário da corrida em baixas velocidades, entre 20 (vin-
realiza o acompanhamento deverá acionar a sirene te) e 30 (trinta) quilômetros por hora. Ao se aproximar
e os dispositivos luminosos. Tal procedimento é uma da chegada, os motociclistas devem reiniciar o trajeto
forma de homenagear o vencedor da prova, em reco- novamente, realizando este itinerário até a finalização
nhecimento ao seu esforço durante toda prova, dan- da prova.
do assim, um destaque à sua chegada. Inicialmente, cabe asseverar que neste tipo de
É importante que o comandante do grupamen- evento não serão realizados pontos bases ao iniciar
to realize o briefing antes do início da prova. Caberá, a corrida. Excepcionalmente, em casos de presta-
desta maneira, informar a cada componente do gru- ção de socorro ou outras situações de força maior,
184 pamento acerca de sua missão, retirando possíveis o motociclista realizará paradas. Neste particular, é
de extrema relevância que os motociclistas tenham permanecerá até ao fim da prova com este, pois a

CAPÍTULO 9 / ATIVIDADES OPERACIONAIS COM EMPREGO DE MOTOCICLETAS


conhecimento de onde estarão posicionadas as am- prova somente se encerrará com a chegada do últi-
bulâncias. Esta importância se dá no caso de algum mo colocado.
atleta se acidentar ou passar mal. Assim, caberá ao
motociclista que visualizar esta situação, imediata-
mente deslocar-se ao encontro da ambulância e fazer
o seu acompanhamento até o local onde se encontra
o atleta, para a realização dos primeiros socorros.
Os motociclistas devem evitar permanecer tão
próximos um dos outros, tendo como objetivo aumen-
tar a extensão do policiamento. O que se deve ter em
mente, nesta espécie de policiamento, analogamente,
é que as motocicletas funcionarão como parte de um
carrossel, que, mesmo completando o trajeto, continu-
ará cíclico. Esta técnica dá a impressão de que há mais
motociclistas do que realmente se tem, além de ajudar Figura 192 - Execução do efeito caracol ou carrossel
a promover a segurança em todo perímetro da prova. Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

É válido lembrar que aqueles motociclistas que


estejam realizando acompanhamento de determi-
nado atleta, como, por exemplo, o comandante do
grupamento que acompanha o primeiro colocado,
quando este transpor a linha de chegada, o coman-
dante do comboio comporá o policiamento ao estilo
caracol ou carrossel. Somente o motociclista que re-
aliza o acompanhamento do último colocado é que 185
9.3.2.5 Encerramento da prova 9.4 POLICIAMENTO EM PASSEIOS CICLÍSTICOS
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

OU CAVALGADAS
Conforme supramencionado, o encerramento da
prova se dá somente com a chegada do último coloca- Também tem sido muito comum o emprego de
do. E, para tanto, quando o último colocado se aproximar motocicletas para realização do policiamento e acom-
da linha de chegada, ou seja, a cerca de 200 (duzentos) panhamento de passeios ciclísticos ou cavalgadas.
metros de distância da chegada, todo grupamento de Isto se dá em razão destes eventos ocorrerem predo-
motociclistas empregado na corrida realizará, em sua minantemente em vias públicas e por ser necessária
retaguarda, a formação em linha ou em cunha. a realização de bloqueios viários, com vistas a evitar
Após a realização da formação, todos os moto- trânsito de veículos no perímetro onde há a concen-
ciclistas empregados no evento acionarão imediata- tração dos participantes do evento. Diante disto, o
mente os dispositivos luminosos e as sirenes, acom- motopatrulhamento revela-se como melhor modali-
panhando o último colocado até a linha de chegada. À dade para desempenhar esta missão.
retaguarda da formação de motociclistas poderá vir a Assim, semelhante ao policiamento em corridas
ambulância empregada no evento. Este procedimento de rua, devem ser adotadas algumas precauções,
tem por objetivo homenagear o último colocado, pois, também dividindo em duas etapas, quais sejam, a
mesmo diante de todas as adversidades, concluiu a fase de planejamento e a fase de execução:
prova, além de realizar um destaque, para que todos
tenham conhecimento da finalização da prova. 9.4.1 Fase de planejamento
Quando o último colocado cruzar a linha de che-
gada, o comandante realizará o comando de formação • Deve-se ter conhecimento do local, data e
de coluna por um. Logo após este comando, será re- horário em que o evento ocorrerá com vistas à
alizado o retorno, no sentido contrário à linha de che- preparação de ordem de serviço;
gada, para se fazer a parada das motocicletas, devi- • Obrigatoriamente, os organizadores deverão
186 damente alinhadas, conforme se preceitua a doutrina. fornecer um mapa, demonstrando os itinerários
do passeio ciclístico ou cavalgada, pontos de pa- 9.4.2 Fase de execução

CAPÍTULO 9 / ATIVIDADES OPERACIONAIS COM EMPREGO DE MOTOCICLETAS


rada, dentre outros. Se necessário for, poderão
ser solicitadas outras informações, com vistas a 9.4.2.1 Horário de chegada ao evento
facilitar o planejamento;
• É sempre relevante possuir o nome do res- O grupamento de motociclistas deverá chegar
ponsável, os contatos telefônicos, e-mails, para ao local do evento com 1 (uma) hora de antecedên-
dirimir quaisquer dúvidas; cia, evitando atrasos, além de realizar novo reconhe-
• É importante mensurar junto aos organiza- cimento, se necessário, proceder briefing com os
dores a quantidade de participantes do evento, motociclistas, como também, fazer os ajustes finos
com o intuito de fazer uma análise de quantos necessários.
motociclistas serão necessários a serem empre-
gados; 9.4.2.2 Manter contato com o responsável
• Sempre que possível, os motociclistas que
participarão do evento deverão realizar o reco- Ao chegar no local o comandante do grupamen-
nhecimento dos itinerários, com o objetivo de se to de motociclistas deverá imediatamente manter
familiarizar com o trajeto e conhecer suas pecu- contato com o responsável do evento, com vistas a
liaridades. Caso seja possível, é preferível que verificar se há algum tipo de mudança nos horários do
este reconhecimento seja feito com 48 (quarenta início de saída, itinerários, dentre outras informações.
e oito) horas de antecedência da data do evento;
• Deve-se solicitar dos organizadores a autori- 9.4.3 Doutrina em passeios ciclísticos ou cavalgadas
zação para realização do evento, através do ór-
gão que possui responsabilidade e circunscrição Nesta espécie de evento, o ideal é que, no míni-
sobre a via. mo, haja dois motociclistas à vanguarda do comboio
dos participantes, e outros dois à retaguarda. Os de-
mais motociclistas deverão estar avançados, realizan- 187
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

Figura 193 - Policiamento em passeio ciclístico


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

188
do a varredura, como também os bloqueios das vias a atuação do Estado na promoção da segurança, con-

CAPÍTULO 9 / ATIVIDADES OPERACIONAIS COM EMPREGO DE MOTOCICLETAS


que se ligam por onde o passará o comboio. Neste forme responsabilizou a Magna Carta, estas devem
sentido, deve haver uma comunicação, através de ocorrer nos espaços públicos.
rádios transceptores, entre os motociclistas que es- Deste modo, estabelece a Carta Federal, em seu
tão na vanguarda e os avançados, com o objetivo de art. 5º, inciso XVI, ao tratar dos direitos e garantias
informar por onde os participantes estão passando, fundamentais:
ou então acerca de possíveis situações de conges-
tionamentos, engarrafamentos, com vistas a reduzir a XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem
velocidade do deslocamento. armas, em locais abertos ao público, indepen-
No que se refere ao acompanhamento de caval- dentemente de autorização, desde que não
gadas, os motociclistas que acompanham o comboio frustrem outra reunião anteriormente convocada
devem ter uma atenção especial, não realizando um para o mesmo local, sendo apenas exigido pré-
acompanhamento muito aproximado. Pois, pelo fato vio aviso à autoridade competente.
de haver animais, o emprego de motocicletas tão pró-
ximo pode causar reações indesejáveis nos equinos. No mesmo sentido, a Constituição Federal con-
Também se deve ter muito cuidado com o emprego ceitua o Estado Brasileiro como sendo laico, na me-
dos luminosos e sirenes, nestas situações. dida em que o art. 5º, inciso VI expõe que: “é invio-
lável a liberdade de consciência e de crença, sendo
9.5 POLICIAMENTO EM PROCISSÕES, MANIFES- assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e
TAÇÕES E CAMINHADAS garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de
culto e suas liturgias”.
Tem sido comum, também, o emprego do moto- Conhecidas as peculiaridades referentes a esses
patrulhamento em eventos de caráter religioso, mani- tipos de eventos, deve-se ater aos procedimentos de
festações pacíficas e caminhadas em prol de algum planejamento e execução do policiamento com moto-
interesse. Necessário se faz dizer que, para que haja cicletas nestas situações: 189
9.5.1 Fase planejamento • Deve-se solicitar dos organizadores a devida
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

autorização à realização do evento, através do


• Deve-se ter conhecimento do local, data e órgão que possui responsabilidade e circunscri-
horário em que o evento ocorrerá, com vistas à ção sobre a via.
preparação de ordem de serviço;
• Obrigatoriamente, os organizadores deverão 9.5.2 Fase de execução
fornecer um mapa, demonstrando os itinerários
do evento, pontos de parada, dentre outros. Se 9.5.2.1 Horário de chegada ao evento
necessário for, poderão ser solicitadas outras in-
formações, com vistas a facilitar o planejamento; O grupamento de motociclistas deverá chegar ao
• É sempre relevante possuir o nome do res- local do evento com 1 (uma) hora de antecedência, evi-
ponsável, os contatos telefônicos, e-mails, para tando atrasos, além de realizar novo reconhecimento,
se dirimir qualquer dúvida; se necessário, proceder briefing com os motociclistas,
• É importante mensurar junto aos organizado- como também fazer os ajustes finos necessários.
res a quantidade de participantes do evento, com
o intuito de fazer uma análise de quantos motoci- 9.5.2.2 Manter contato com o responsável
clistas serão necessários a serem empregados;
Ao chegar ao local, o comandante do grupamen-
• Sempre que possível, os motociclistas que
to de motociclistas deverá imediatamente manter
participarão do evento deverão realizar o reco-
contato com o responsável do evento para verificar
nhecimento dos itinerários, com o objetivo de se
se há algum tipo de mudança nos horários do início
familiarizar com o trajeto e conhecer suas pecu-
de saída, itinerários, entre outras informações.
liaridades. Caso seja possível, é preferível que
este reconhecimento seja feito com 48 (quarenta
e oito) horas de antecedência da data do evento;

190
CAPÍTULO 9 / ATIVIDADES OPERACIONAIS COM EMPREGO DE MOTOCICLETAS
9.5.3 Doutrina em procissões, manifestações e
caminhadas

Nesta espécie de evento, o ideal é que no mí-


nimo haja dois motociclistas à vanguarda dos parti-
cipantes do evento e outros dois à retaguarda. Os
demais motociclistas deverão estar avançados, rea-
lizando a varredura, como também, os bloqueios das
vias que se ligam por onde os participantes passarão.
Deve-se aumentar ainda mais a atenção nestas
situações, pois estes eventos são compostos em sua
maioria por pedestres. Neste sentido, deve haver uma
comunicação, através de rádios transceptores, entre
o motociclista que está à vanguarda com os avança-
dos, com o objetivo de informar por onde o comboio
dos participantes está passando, ou então, de possí-
veis situações de congestionamentos, engarrafamen-
tos, com vistas a reduzir a velocidade do comboio.

191
CAPÍTULO 10

POLICIAMENTO DE
TRÂNSITO COM
EMPREGO DE
MOTOCICLETAS
10.1 ASPECTOS JURÍDICOS Art. 24. Compete aos órgãos e entidades exe-

CAPÍTULO 10 / POLICIAMENTO DE TRÂNSITO COM EMPREGO DE MOTOCICLETAS


cutivos de trânsito dos Municípios, no âmbito de
Uma das ideias relacionadas com o emprego de sua circunscrição.
motocicletas no policiamento é o aspecto de fiscali- I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as nor-
zação de trânsito. Em verdade, historicamente, ao se mas de trânsito, no âmbito de suas atribuições;
rememorar ao conceito de motocicleta no ambiente II - planejar, projetar, regulamentar e operar o
policial militar, lembra-se da sua funcionalidade bifur- trânsito de veículos, de pedestres e de animais,
cada em duas atividades: escolta e policiamento os- e promover o desenvolvimento da circulação e
tensivo de trânsito. da segurança de ciclistas;
Isto se dá em virtude do grande período em que III - implantar, manter e operar o sistema de si-
só a Polícia Militar era responsável pela fiscalização e nalização, os dispositivos e os equipamentos de
ordenamento do trânsito. Com o advento da municipa- controle viário; [...].
lização do trânsito, em virtude da entrada em vigor do VI - executar a fiscalização de trânsito, autuar e
novo Código de Trânsito Brasileiro, Lei nº 9.503, de 23 aplicar as medidas administrativas cabíveis, por
de setembro de 1997, passou a ser responsabilidade infrações de circulação, estacionamento e para-
dos munícipes o ordenamento e fiscalização do trân- da previstas neste Código, no exercício regular
sito, ao que se refere à sua circunscrição, conforme do Poder de Polícia de Trânsito.
pode se depreender do art. 8º do Código de Trânsito
Brasileiro: “Os Estados, o Distrito Federal e os Muni- Apesar de ter ocorrido esta alteração, a Polícia
cípios organizarão os respectivos órgãos e entidades Militar continuou a possuir atribuições no âmbito da
executivos de trânsito e executivos rodoviários, esta- legislação de trânsito, sendo integrada ao Sistema
belecendo os limites circunscricionais de suas atua- Nacional de Trânsito, com a missão constitucional de
ções” [grifo nosso]. Corroborando neste sentido, o art. realizar, com exclusividade, o policiamento ostensi-
24 da referida norma, deixa claro o viés de competên- vo de trânsito, nos termos do art. 7º do Código de
cia intrínseca ao município, através de suas atribuições: Trânsito Brasileiro: “Compõem o Sistema Nacional de 193
Trânsito os seguintes órgãos e entidades: [...] VI - as Outros elementos, que irão robustecer o enten-
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

Polícias Militares dos Estados e do Distrito Federal”. dimento acerca da atuação do policial militar na esfe-
Entretanto, no quesito fiscalização, o legislador res- ra de trânsito, se apresentam no anexo do Código de
tringiu a competência das Polícias Militares, conforme Trânsito Brasileiro, o qual parece deixar cristalinas as
previsão do art. 23, do Código de Trânsito Brasileiro: afirmações ora demonstradas. Conforme já exposto no
art. 23 do Código de Trânsito Brasileiro, trata-se a Polí-
Art. 23. Compete às Polícias Militares dos Esta- cia Militar como agente do órgão de trânsito. O referido
dos e do Distrito Federal: [...]. anexo traz o seguinte conceito acerca de agente da
III - executar a fiscalização de trânsito, quando autoridade de trânsito: a “pessoa, civil ou policial militar,
e conforme convênio firmado, como agente do credenciada pela autoridade de trânsito para o exer-
órgão ou entidade executivos de trânsito ou exe- cício das atividades de fiscalização, operação, policia-
cutivos rodoviários, concomitantemente com os mento ostensivo de trânsito ou patrulhamento” (Anexo
demais agentes credenciados. I do Código de Trânsito Brasileiro, 1997).
Na análise do referido conceito, são bastante es-
Nesta perspectiva, é patente a competência da clarecedores os diversos desdobramentos que exis-
Polícia Militar de realizar a fiscalização de trânsito. tem acerca da extensão da atuação da Polícia Militar
Todavia, se faz necessário realizar uma interpreta- na seara do trânsito.
ção extensiva, aliando o Código de Trânsito Brasilei- Também trazido à baila pelo Código de Trânsito
ro à Constituição Federal, nesta última em relação à Brasileiro, o conceito de policiamento ostensivo de
competência da Polícia Militar, esculpida no art. 144, trânsito é definido como “função exercida pelas Po-
acerca do policiamento ostensivo e preservação da lícias Militares com o objetivo de prevenir e reprimir
ordem pública. Logo, é possível compreender que o atos relacionados com a segurança pública e de ga-
ato de fiscalizar está intimamente atrelado ao policia- rantir obediência às normas relativas à segurança de
mento ostensivo, e, por conseguinte, com a manuten- trânsito, assegurando a livre circulação e evitando aci-
194 ção da ordem pública. dentes”(Anexo I do Código de Trânsito Brasileiro, 1997).
Nesta vertente, tem-se um conceito bastante • Policiamento ostensivo de trânsito: função

CAPÍTULO 10 / POLICIAMENTO DE TRÂNSITO COM EMPREGO DE MOTOCICLETAS


abrangente onde se pode depreender que o legisla- exercida pelas Polícias Militares com o objetivo
dor se preocupou com a segurança de todos aqueles de prevenir e reprimir atos relacionados com a
que utilizam as vias públicas, além de ter sido enfati- segurança pública e de garantir obediência às
zado que este policiamento é realizado unicamente normas relativas à segurança de trânsito, asse-
pela Polícia Militar por meio de seus agentes, poden- gurando a livre circulação e evitando acidentes;
do realizar intervenções necessárias, no que se refe- • Agente da autoridade de trânsito: pessoa, ci-
re às operações de trânsito, abalizadas inclusive nas vil ou policial militar, credenciada pela autoridade
escoltas, corridas rústicas, procissões, dentre outras de trânsito para o exercício das atividades de fis-
atividades, a fim de promover a segurança pública, calização, operação, policiamento ostensivo de
no sentido lato. trânsito ou patrulhamento;
Isto quer dizer que, compete a ela atuar em pri- • Acostamento: parte da via diferenciada da pis-
meiro plano, visando coibir a prática de infrações e ta de rolamento destinada à parada ou estaciona-
delitos, notadamente os de trânsito, promovendo as- mento de veículos, em caso de emergência, e à
sim uma segurança pública plena. circulação de pedestres e bicicletas, quando não
houver local apropriado para esse fim;
10.2 NOMENCLATURAS USUAIS NO POLICIAMEN- • Calçada: parte da via, normalmente segrega-
TO DE TRÂNSITO38 da e em nível diferente, não destinada à circulação
de veículos, reservada ao trânsito de pedestres e,
• Policiamento ostensivo: atuação por meio quando possível, à implantação de mobiliário ur-
dos agentes da Polícia Militar, no sentido de rea- bano, sinalização, vegetação e outros fins.
lização a manutenção da ordem pública; • Canteiro central: obstáculo físico construído
como separador de duas pistas de rolamento,
38
Todos os conceitos foram extraídos do Anexo I do Código de eventualmente substituído por marcas viárias
Trânsito Brasileiro, Lei nº 9.503, exceto Policiamento Ostensivo,
Desfazer Caixa e Formação de Caixa.
(canteiro fictício); 195
• Ciclomotor: veículo de duas ou três rodas, entidades executivos de trânsito e de acordo com
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

provido de um motor de combustão interna, cuja as competências definidas neste Código;


cilindrada não exceda a cinquenta centímetros • Formação de caixa: Quando determinada via
cúbicos (3,05 polegadas cúbicas) e cuja veloci- está formando congestionamento de veículos
dade máxima de fabricação não exceda a cin- automotores, dificultando a sua fluidez;
quenta quilômetros por hora; • Ilha: obstáculo físico colocado na pista de
• Conversão: movimento em ângulo, à esquer- rolamento, destinado à ordenação dos fluxos de
da ou à direita, de mudança da direção original trânsito em uma interseção;
do veículo; • Infração: Inobservância a qualquer preceito
• Cruzamento: interseção de duas vias em nível; da legislação de trânsito, às normas emanadas
• Desfazer caixa: quando se adota procedi- do Código de Trânsito, do Conselho Nacional de
mentos de intervenção na via, com vistas a des- Trânsito e a regulamentação estabelecida pelo
fazer o congestionamento, deixando-a livre e órgão ou entidade executiva do trânsito;
promovendo fluidez; • Marcas Viárias: Conjunto de sinais constituídos
• Faixas de trânsito: qualquer uma das áreas de linhas, marcações, símbolos ou legendas em ti-
longitudinais em que a pista pode ser subdivi- pos e cores diversas, apostos ao pavimento da via;
dida, sinalizada ou não por marcas viárias lon- • Operação de Trânsito: Monitoramento téc-
gitudinais que tenham uma largura suficiente nico baseado nos conceitos de Engenharia de
para permitir a circulação de veículos automo- Tráfego, das condições de fluidez, de estacio-
tores; namento e parada na via, de forma a reduzir as
• Fiscalização: ato de controlar o cumprimento interferências, tais como veículos quebrados,
das normas estabelecidas na legislação de trânsi- acidentados, estacionados irregularmente atra-
to, por meio do poder de polícia administrativa de palhando o trânsito, prestando socorros imedia-
trânsito, no âmbito de circunscrição dos órgãos e tos e informações aos pedestres e condutores.

196
10.3 EMPREGO DE MOTOCICLETAS NO POLICIA- • Possibilidade de estacionar em qualquer lo-

CAPÍTULO 10 / POLICIAMENTO DE TRÂNSITO COM EMPREGO DE MOTOCICLETAS


MENTO DE TRÂNSITO cal, como em locais de canalização, canteiros, ou
mesmo na via, sem afetar a fluidez da via;
O emprego de motocicletas na realização do po- • Eficiência e rapidez em deslocamentos para
liciamento de trânsito possui eficácia, em especial em realização de intervenções e atendimento em
vias de intenso fluxo, como também, em locais onde ocorrências operacionais.
normalmente ocorrem congestionamentos, ou em ho-
rários de rush39. Deste modo, a motocicleta possui a
facilidade para intervenção nestas situações, princi-
10.4 ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS NO
palmente com o objetivo de solucionar, na medida do
POLICIAMENTO DE TRÂNSITO COM EMPREGO DE
possível, situações que possam reduzir a fluidez da via.
MOTOCICLETAS
Além disso, o policiamento de trânsito, com a utili-
zação das motocicletas pode se desdobrar em outras
Para que seja possível propiciar um policiamento
atividades operativas, tais como: escolta de autorida-
de trânsito com uso de motocicletas, é necessário le-
des, dignitários, cargas perigosas, praças desportivas
e outros eventos. Neste aspecto, a função principal é var em consideração, no mínimo, o seguinte trinômio:
realizar os deslocamentos em segurança, como tam-
bém promover a mobilidade necessária na via. 10.4.1 Segurança
Nesta vertente, é possível elencar as principais
vantagens para realização do policiamento de trânsi- Este aspecto deve ser considerado o primeiro
to com o uso de motocicletas: em ordem de prioridade. Assim, cabe aos motoci-
clistas ao se posicionarem, ou mesmo realizarem o
• Facilidade de deslocamento e infiltração,
motopatrulhamento, desenvolvê-lo com segurança.
mesmo em vias congestionadas, facilitando sua
Isto quer dizer que ao se realizar paradas para ponto
mobilidade;
base, deve-se buscar locais que propiciem a seguran-
39
Horários em que as pessoas normalmente vão ou voltam do tra-
balho e, portanto, excede a carga de fluidez que a via suporta, cau-
ça dos motociclistas. Em relação aos deslocamentos,
sando congestionamento.
197
deve-se cumprir fielmente os procedimentos técnicos gestos e sinais sonoros, faz-se necessário referenciar
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

e doutrinários, evitando os acidentes. o art. 89 do Código de Trânsito Brasileiro:

10.4.2 Visibilidade Art. 89. A sinalização terá a seguinte ordem de


prevalência:
O estacionamento das motocicletas, após cum- I - as ordens do agente de trânsito sobre as nor-
prindo o requisito de segurança, deve-se preocupar mas de circulação e outros sinais;
com a sua visualização, promovendo desta forma a II - as indicações do semáforo sobre os demais
ostensividade necessária no local empregado. sinais;
III - as indicações dos sinais sobre as demais nor-
10.4.3 Mobilidade mas de trânsito.

O local utilizado e empregado pelos motociclis- Deste modo, antes mesmo de iniciarmos as apre-
tas deve também ter atenção especial quanto à mo- sentações sobre os gestos e sinais sonoros emprega-
bilidade. Isto quer dizer que em caso de necessidade dos, cumpre-nos salientar que durante as intervenções
de deslocamentos rápidos, o local onde as motoci- de trânsito as ordens emanadas pelo policial militar, na
cletas estão estacionadas deverão ser de fácil saída. condição de agente de trânsito, se sobre porão aos de-
mais meios de sinalização da via. Assim, a gesticulação
10.5 GESTOS E SINAIS SONOROS UTILIZADOS NO de “siga”, por exemplo, realizada pelo policial militar pró-
POLICIAMENTO DE TRÂNSITO ximo a um semáforo fechado, terá prevalência. Logo, os
condutores deverão obedecer em ordem de priorida-
Em muitas situações é necessário utilizar-se de de sempre os gestos ou sinais sonoros realizados pelo
gestos e sinais sonoros para que o motociclista pos- agente de trânsito, nesse caso, um policial militar.
sa emanar as ordens necessárias para os condutores. Nesta circunstância, deve o policial militar se po-
198 Contudo, antes de iniciarmos as apresentações sobre sicionar, conforme já abordado, em local que priorita-
riamente preserve sua segurança e, por conseguinte,

CAPÍTULO 10 / POLICIAMENTO DE TRÂNSITO COM EMPREGO DE MOTOCICLETAS


Sinais de
Significado Emprego
der a visibilidade necessária para que os condutores Apito

possam perceber com clareza os sinais realizados. Liberar o trânsito em direção/


Um silvo breve Siga
Em casos de intervenções que ocorram próximas sentido indicado pelo agente.

a sinais fechados que possuam foto sensores de fis- Dois silvos


Pare Indicar parada obrigatória
calização de trânsito, o policial militar deverá se posi- breves

cionar em local que possa ser fotografado pelo equi- Quando for necessário
Diminuir a
Um silvo longo fazer diminuir a marcha dos
pamento, a fim de que evite autuações aos veículos marcha
veículos.
que passam naquele momento da intervenção. Tabela 4 - Silvos de apito que podem ser empregados pelos agentes de
trânsito
Abaixo, seguemos gestos e sinais sonoros em-
Fonte: Anexo II do Código de Trânsito Brasileiro, 1997.
pregados, de acordo com Anexo B do Código de
Trânsito Brasileiro:
Caberá ao policial militar aliar o gesto ao sinal so-
noro, de forma sincronizada, para que haja compre-
ensão maior dos condutores e utilizam a via durante
o momento de intervenção. Evita-se, desse modo, dú-
vidas na compreensão da informação que se deseja
transmitir, reduzindo-se parada desnecessária dos
veículos, o que afeta a fluidez da via.

Figura 194 - Gestos do agente de trânsito


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

199
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

Figura 195 - Gesto de siga


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

Figura 196 - Gesto de pare Figura 197 - Gesto de redução de marcha


200 Fonte: Elaborado pelos autores (2016). Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
10.6 PRINCIPAIS INTERVENÇÕES REALIZADAS NO eficiente, antes mesmo de começar, é necessário ini-

CAPÍTULO 10 / POLICIAMENTO DE TRÂNSITO COM EMPREGO DE MOTOCICLETAS


TRÂNSITO COM EMPREGO DE MOTOCICLETAS cialmente realizar os bloqueios de todos os acessos
à via para veículos automotores, para depois retira-
10.6.1 Planejadas rem-se os veículos que ainda se encontram na via.
Este procedimento é muito utilizado em festas de
10.6.1.1 Bloqueio viário ruas, como o carnaval.

Trata-se intervenção em determinada via, reali- 10.6.2 Intercorrentes


zando o bloqueio de seu fluxo, evitando que os veícu-
los automotores possam transpor. Serve para realizar Situações de congestionamento ou formações
a limpeza da via, ou desfazer a caixa, promovendo de caixa são bastantes comuns, principalmente nas
maior fluidez na via desejada. grandes cidades, dado em especial a falta de plane-
Neste caso, se realizará o bloqueio das vias que jamento urbano e carência de transportes públicos
se conectam com a via que se pretende dar fluidez. de qualidade. Desta maneira, ao notar o congestio-
Este procedimento é realizado durante escoltas, namento, caberá ao motociclista realizar o motopatru-
eventos realizados em vias públicas, dentre outros. lhamento, estando atento a qual possível motivo está
reduzindo a fluidez da via.
Por certo que na maioria das vezes trata-se da
10.6.1.2 Varredura capacidade da via que não suporta a quantidade de
veículos automotores, o que limita um resultado efi-
Procedimento de retirada de todos os veículos ciente de intervenção por prepostos da Polícia Militar.
automotores que circulam ou estão estacionados Entretanto, existem outras situações que ocasionam
em determinada via, quando se deseja retirar todos formação de caixa que com atuação do motociclista
os veículos daquele perímetro. Para uma varredura é bastante eficaz, como nos casos abaixo elencados:
201
10.6.2.1 Acidente de trânsito retornos através das faixas de desaceleração e for-
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

mação de filas duplas, o que acaba ocasionando o


Ao identificar que a causa da formação de caixa esmagamento da via principal.
se trata de um acidente de trânsito, caberá aos moto- Nesta situação, é possível realizar o bloqueio do
ciclistas realizar o isolamento do local, no caso de ha- retorno que esta ocasionando o congestionamento,
ver vítimas que necessitem de atendimento médico. obrigando os condutores a utilizarem o próximo retor-
Nesta situação, será acionado o serviço de primeiros no, dando fluidez aquele ponto.
socorros para atender as vítimas.
Caso haja vítimas, deverá ser realizado o regis- 10.6.2.3 Semáforos danificados ou com ciclos des-
tro fotográfico dos envolvidos no acidente e imedia- regulados
tamente retirar os veículos, com vista a dar fluidez,
conforme estabelecia a Lei nº 5970/73, em seu art. 1º: Neste caso é possível a atuação do preposto da
Polícia Militar no lugar do semáforo, conforme precei-
Art. 1º Em caso de acidente de trânsito, a autorida- tua o art. 89 do Código de Trânsito Brasileiro, confor-
de ou agente policial que primeiro tomar conhe- me exposto.
cimento do fato poderá autorizar, independente- Neste caso, o motociclista realizará, através dos
mente de exame do local, a imediata remoção das gestos e silvos de apito, os ciclos do semáforo, resu-
pessoas que tenham sofrido lesão, bem como dos mido em “siga” e “pare”.
veículos nele envolvidos, se estiverem no leito da Caso se depare em situações de cruzamento,
via pública e prejudicarem o tráfego. deverá observar a via que se encontra com maior
congestionamento, priorizando esta, dando-lhe um
10.6.2.2 Acesso a retorno clico maior de “siga”. Também é possível se depa-
rar com ciclos de semáforos que estejam desregu-
Uma das causas da formação de caixa em mo- lados ou inadequados para via, ocasionado forma-
202 mentos de grande fluxo da via se trata do acesso a ção de caixa.
Assim, é possível que o motociclista possa tam- haja ordem de intervenção para realização da disper-

CAPÍTULO 10 / POLICIAMENTO DE TRÂNSITO COM EMPREGO DE MOTOCICLETAS


bém, abalizado no art. 89 do Código de Trânsito Bra- são através de agentes químicos esta será realizada
sileiro, intervir, fazendo a mudança de ciclos, conhe- por tropa especializada, cabendo aos motociclistas
cidas como 2:1 (dois por um) ou 3:1 (três por um). Isto realizar apenas o policiamento ostensivo no períme-
quer dizer que a cada sinal vermelho, deveremos ter tro da situação.
dois ciclos de sinal verde, no caso 2:1 e três ciclos de
verde no 3:1. Neste sentido, aumenta-se a quantidade 10.7 ESPÉCIES DE POLICIAMENTO DE TRÂNSITO
de ciclos de sinal verde em relação ao vermelho, pro-
movendo maior fluidez na via. No que se refere as operações de trânsito, elas
podem ser divididas em três espécies, a depender da
10.6.2.4 Manifestações que bloqueiam a via sua finalidade:

Acredita-se que de todas as situações esta seja 10.7.1 Rotineiras


a mais complexa de lidar. Por esse motivo, deve-se
possuir bastante cautela nesta espécie de situação. São aquelas realizadas costumeiramente com o
Assim, a palavra de ordem deve ser o diálogo, por objetivo da promoção da segurança pública, como o
meio de negociação, no sentido de se liberar ao me- retrato da própria essência do policiamento ostensivo
nos uma faixa para se possibilitar uma fluidez, mesmo de trânsito. Assim, este tipo de operação é realizada
que precariamente. diariamente, semanalmente ou mensalmente, já in-
Nesse diálogo é importante demonstrar a impor- corporada ao policiamento convencional.
tância de viabilizar a passagem dos veículos, promo-
vendo o direito dos usuários das vias. 10.7.2 Programadas
Nessa situação os motociclistas realizarão o po-
liciamento ostensivo no perímetro do bloqueio, pre- Caracteriza-se em virtude de haver um plane-
ferencialmente realizando formação em linha. Caso jamento específico, relacionado à determinada fina- 203
lidade que se deseja alcançar. Assim, por exemplo, 10.8.1 Posto de Controle de Trânsito (PCTran)
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

o festejo momesco pode ser considerado como uma


operação de trânsito programada, posto que durante Quando se refere ao Posto de Controle de Trân-
aquele período carnavalesco será necessário a reali- sito (PCTran) trata-se de atividade de policiamento
zação de intervenções de bloqueios viários. ostensivo de trânsito tendo como função prioritária
o controle de acesso de determinada via, que pode
10.7.3 Emergenciais ser referente ao acesso de veículos automotores ou
de pedestres. Para facilitar a compreensão, é possível
São aquelas que ocorrem de forma imprevista ou exemplificar como sendo Posto de Controle de Trân-
inesperada. É o caso, por exemplo, da ocorrência de sito (PCTran) as barreiras colocadas nos circuitos do
um acidente de trânsito ou um desastre natural onde carnaval, para impedir acesso de veículo automotor
é necessário realizar uma intervenção no trânsito. ou o isolamento de determinado local em virtude de
ocorrência de um acidente. Assim, quando se refere a
10.8 DIFERENCIANDO POSTO DE CONTROLE DE Posto de Controle de Trânsito (PCTran), deve-se ter em
TRÂNSITO (PCTRAN) DE POSTO DE FISCALIZA- mente que há de alguma forma uma limitação acesso e
ÇÃO DE TRÂNSITO (PFTRAN) que é controlado por prepostos da Polícia Militar.

Antes mesmo de apresentar as diversas formas 10.8.2 Posto de Fiscalização de Trânsito (PFTran)
de atuação de policiamento ostensivo de trânsito, é
necessário compreender a diferença entre Posto de Em relação ao Posto de Fiscalização de Trânsito
Controle de Trânsito (PCTran), de Posto de Fiscaliza- (PFTran), trata-se de local determinado para realiza-
ção de Trânsito (PFTran). Por vezes, se utiliza esses ção de abordagens, com vistas a realização da fiscali-
dois termos, dando a impressão de serem palavras si- zação de irregularidades atinentes ao trânsito. Assim,
nônimas. Entretanto, existem especificidades nessas esse termo traz a noção das montagens das blitzes
204 modalidades, conforme apresentado a seguir. policiais. Nesse caso, por questões de procedimento
de segurança, será realizada busca pessoal, para a 10.9.1 Equipamentos empregados no posto de fis-

CAPÍTULO 10 / POLICIAMENTO DE TRÂNSITO COM EMPREGO DE MOTOCICLETAS


posteriori ser realizada a fiscalização de trânsito. Nes- calização de trânsito
te sentido, o que se deseja com o Posto de Fiscali-
zação de Trânsito (PFTran) é desenvolver ações de Materiais básicos
Equipamentos
Outros materiais
Pessoais
forma preventiva, a fiscalizar o fiel cumprimento das
normas emanadas pelo Código de Trânsito Brasileiro Caneta
Coletes
Rádio Transceptor
Refletivos
pelos condutores de veículos automotores.
Auto de Infração de
Apito Giz de cera
Trânsito
10.9 REALIZAÇÃO DE POSTO DE FISCALIZAÇÃO
Formulário de Acidente
DE TRÂNSITO de Trânsito
Rádio Portátil Fitas de isolamento

Relatório de Serviço Lanterna Cones


Conforme já mencionado, o posto de fiscalização Código de Trânsito
Sinalizador
Brasileiro
de trânsito tem como escopo a realização de aborda-
Formulário de Recibo de
gens, com o animus, no primeiro momento, de verifi- Documentação
Mesa e cadeira

car ilícitos penais e posteriormente a fiscalização de Termo de Remoção de


Lixeira
irregularidades de trânsito. Todavia, deve-se levar em Veículo
Tabela 5 - Equipamentos empregados no posto de fiscalização de
consideração as diretrizes à execução de um Posto
trânsito
de Fiscalização de Trânsito, conforme os aspectos Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
abaixo apresentados:

205
10.9.2 Funções no posto de fiscalização de trânsito 10.9.2.4 Seleção
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

10.9.2.1 Comando Responsável pela realização da seleção dos ve-


ículos que serão abordados e fiscalizados. Esta fun-
Responsável direto pela realização do Posto de ção é de fundamental relevância, à medida que se
Fiscalização de Trânsito, quer seja pela montagem, trata do primeiro contato entre o preposto da Polícia
disciplina da tropa e ao fiel cumprimento da operação. Militar e o condutor. O selecionador, prioritariamente,
deve ser um policial militar experiente. Ele deve sem-
10.9.2.2 Subcomando pre ter em mente qual o objetivo do posto de fiscali-
zação de trânsito e, de acordo com isto, qual o tipo de
Imediato substituto do comandante da opera- veículo deve ser prioritariamente parado.
ção, em situação que ele se ausente ou por motivo
de força maior não possua condições de comandar. 10.9.2.5 Segurança externa
Contudo, em condições normais, atua auxiliando o
comandante no que se fizer necessário. Equipe responsável pela segurança externa dos
policiais militares envolvidos na operação, como tam-
10.9.2.3 Sinalização bém dos condutores que estão sendo abordados.

Equipe responsável por realizar a sinalização 10.9.2.6 Abordagem (baias)


na via, com o intuito de que os condutores possam
reduzir a velocidade ao passar pelo posto de fiscali- Policiais militares responsáveis pelas abordagens
zação de trânsito. dos condutores. Estes devem possuir o cuidado de es-
colher um local adequado para realizar a abordagem,

206
priorizando o aspecto de segurança. É necessário lem- 10.9.3 Aspectos relevantes no posto de fiscalização

CAPÍTULO 10 / POLICIAMENTO DE TRÂNSITO COM EMPREGO DE MOTOCICLETAS


brar que para cada policial militar que realiza a busca de trânsito
pessoal, tem de se ter, no mínimo, um segundo policial
realizando a segurança desse miliciano. 10.9.3.1 Local

10.9.2.7 Escrituração e estatística Ao selecionar o local no qual será realizado


o Posto de Fiscalização de Trânsito (PFTran), caberá
São os milicianos que tem como missão realizar atentar para os seguintes requisitos:
o preenchimento dos documentos relacionados às
possíveis infrações de trânsito cometidas por con- 1. Segurança para realização da operação
dutores abordados, como, por exemplo: o Auto de
Infração de Trânsito, Termo de Remoção de Veículo Esta segurança deve ser compreendida no senti-
e Recibo de Recolhimento de Documento. Também do latu, ou seja, a segurança dos policiais militares en-
cabe a este efetivo o preenchimento dos dados esta- volvidos na operação, os condutores que serão abor-
tísticos da operação. dados e a segurança ante aos acidentes de trânsito.

10.9.2.8 Custódia 2. Espaço adequado para a montagem de toda


a logística do Posto de Fiscalização de Trânsito
Equipe responsável pela custódia dos veícu-
los que serão removidos ao pátio do órgão de trân- É necessário possuir o espaço mínimo para sub-
sito, nos casos em que a infração de trânsito admite dividir na área de seleção, baias de abordagem, área
esta medida administrativa. de escrituração e local de custódia. Deve-se evitar a
montagem da operação próxima a pontos de ônibus,
áreas de transbordo, faixas de pedestres e cruzamen-
tos muito movimentados. 207
3. Visibilidade 1. Canalização
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

Este tipo de operação deve estar posicionada de Deve ser adequada para o local. É necessário
forma que possa ser visível, demonstrando ostensi- lembrar que a canalização concentra-se em três ob-
vidade. É necessário lembrar que, acima de tudo, a jetivos: dar a visibilidade à operação; reduzir a velo-
execução do Posto de Fiscalização de Trânsito possui cidade dos veículos que transitam na via e direcionar
um caráter preventivo. todos os veículos para uma única faixa, a fim de que
possam ser selecionados.
4. Não causará congestionamento no trecho da Assim, quando se tratar de uma via de trânsito
via escolhida rápido, maior deverá ser a extensão da canalização
para que os condutores tenham espaço mais hábil
A operação deve ser alocada, sem ocasionar para realizar a redução da velocidade. Em geral, são
congestionamento, pois, desta tende a perder a sua empregados cones para realizar a canalização, onde
funcionalidade facilitando, inclusive, a evasão de pes- o posicionamento é fundamental.
soas e veículos em cometimento de delitos ou infra- Isto posto, em vias com fluxos de maior intensi-
ções de trânsito. dade deve-se empregar uma canalização mais dinâ-
mica, com vistas a evitar formação de caixas. Já nos
10.9.3.2 Montagem casos de vias mais desertas, é recomendável utilizar
uma canalização mais sinuosa, como por exemplo, os
Superado o posicionamento do Posto de Fisca- posicionamentos em “ziguezague”.
lização de Trânsito (PFTran), caberá ater-se à monta-
gem, atentando-se aos seguintes aspectos: 2. Posicionamento das seções

É importante seguir uma ordem lógica na monta-


208 gem das subdivisões, seguindo-se o sentido da via,
ou seja, primeiramente a área de seleção, posterior- ciais que fazem parte da operação; qual tipo de veículo

CAPÍTULO 10 / POLICIAMENTO DE TRÂNSITO COM EMPREGO DE MOTOCICLETAS


mente as baias de abordagem, setor de escrituração prioritariamente será parado (motocicletas, automóveis
e por último o local de custódia. particulares, ônibus ou táxi). Com isso, não se quer dizer
que outros tipos de veículos não possam ser aborda-
3. Posicionamento e postura dos policiais militares dos, mas que há um foco específico para a operação.

A atenção a este item é indispensável, pois o


4. Abordagem e busca pessoal
posicionamento dos policiais militares envolvidos na

operação reflete diretamente na segurança de todos.
Sempre ao abordar o condutor, o policial militar
Por isso, antes mesmo de deslocar, deve-se realizar
deve agir de forma cordial. Contudo, sem esquecer
um briefing, orientando a função de cada policial mi-
dos procedimentos técnicos de abordagem e busca
litar durante a operação, o seu posicionamento e o
pessoal, conforme tratado no capítulo de Técnicas de
cuidado com a postura no posto de serviço. Deve ser
Abordagem.
evitado durante a operação a utilização de aparelhos
Oportuno lembrar que as ordens devem ser cla-
celulares, conversas desnecessárias e desatenção.
ras, e que, primeiramente, será realizada a busca pes-
10.9.3.3 Execução soal nos ocupantes do veículo e depois no veículo.
Somente após ultrapassar esta etapa, serão solicita-
Indubitavelmente, este é o momento mais impor- das as documentações que devem ser apresentadas
tante, pois retrata a atuação da Polícia Militar, através sem a plastificação de proteção.
de seus prepostos:
5. Situações de infração de trânsito
• Objetivos

É necessário ter em mente qual o objetivo da ope- Após a realização de abordagem e busca pesso-
ração, ou seja, o que se deseja coibir ou prevenir, e al e caso seja constatado o cometimento de infração
esta informação deve ser transmitida aos demais poli- de trânsito, o veículo deverá ser conduzido ao local 209
de custódia e as documentações de condutor e do sua assinatura, entregando a este cópia do termo e
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

veículo serão encaminhadas para a escrituração, já recibo de entrega do preso. Em seguida, procederá
anotada e identificada a infração. Se por acaso se tra- à oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao
tar somente do preenchimento de auto de infração interrogatório do acusado sobre a imputação que
de trânsito, sem medidas administrativas, após a en- lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas respecti-
trega desse ao condutor, o veículo será liberado. No vas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto.
caso de retenção, o veículo somente será liberado
após a regularização. Já no caso de remoção, o veí- 10.9.3.4 Finalização da operação
culo será conduzido para o pátio do órgão de trânsito.
Cumprindo-se o objetivo da operação ou alcan-
6. Situações de flagrante çando o horário, será finalizada a operação, tendo-se
os seguintes cuidados:
Nos casos em que seja constatado o flagrante
delito, o indivíduo deverá ser encaminhado imedia- 1. Controle das documentações e veículos re-
tamente à autoridade policial, conforme preceitua o movidos
Código de Processo Penal, nos arts. 302 e 304:
Ao final, deverá ser realizada a contagem de do-
Art. 302. Considera-se em flagrante delito que: cumentações produzidas no âmbito das infrações de
I - está cometendo a infração penal; trânsito, bem como a quantidade de veículos removi-
II - acaba de cometê-la; dos, além das estatísticas.
III - é perseguido, logo após, pela autoridade,
pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situa- 2. Remoção dos veículos
ção que faça presumir ser autor da infração; [...].
Art. 304. Apresentado o preso à autoridade compe- Esta poderá ser realizada através de caminhão
210 tente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, guincho e deslocando em comboio, escoltado pelos
motociclistas. No caso de remoção por meio de com- cometida por determinado condutor. O conceito de

CAPÍTULO 10 / POLICIAMENTO DE TRÂNSITO COM EMPREGO DE MOTOCICLETAS


boio, devem todos os veículos automotores serem infração de trânsito é trazido pelo Código de Trânsito
enfileirados numa única coluna, no caso de dos ve- Brasileiro, em seu art. 161:
ículos de quatro rodas e os de duas rodas, em duas
colunas, ocupando uma única faixa. Neste comboio, Art. 161. Constitui infração de trânsito a inobser-
primeiramente virá os veículos mais pesados à frente vância de qualquer preceito deste Código, da
e os mais leves à retaguarda. legislação complementar ou das resoluções do
CONTRAN, sendo o infrator sujeito às penali-
10.9.4 Documentos utilizados para realização de dades e medidas administrativas indicadas em
autuações de trânsito cada artigo, além das punições previstas no Ca-
pítulo XIX.
Ao se pensar na execução de posto de fiscali-
zação de trânsito, é importante realizar a carga das Assim, é no auto de infração de trânsito que
documentações necessárias, caso se depare com fla- constará a infração de trânsito em flagrância, bem
grância de infrações de trânsito. Nestes casos, caberá como, dados do condutor e do veículo.
aos policiais militares responsáveis pela escrituração,
realizar a extração do auto de infração de trânsito, 10.9.4.2 Recibo de Recolhimento de Documento
bem como, preenchimento dos demais documentos, (RRD)
a depender do tipo da infração de transito.
Por vezes existem infrações de trânsito que pos-
10.9.4.1 Auto de infração de trânsito (AIT) suem como medida administrativa recolhimento da
Carteira Nacional de Habilitação ou do Certificado
Documento que tem por finalidade comunicar de Registro e Licenciamento de Veículo. Nessas si-
ao órgão de trânsito acerca de infração de trânsito tuações, será utilizado o Recibo de Recolhimento de
Documento. 211
Como exemplo, existem algumas situações de Existe também a possibilidade de se deparar
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condução de motocicleta que podem incidir no reco- com a situação de o condutor com a Carteira Nacio-
lhimento da Carteira Nacional de Habilitação, capitula- nal de Habilitação vencida há mais de 30 (trinta dias)
da no art. 244, inciso I do Código de Trânsito Brasileiro: que também resulta no recolhimento deste, conforme
o art. 162, inciso V, do Código de Trânsito Brasileiro:
Art. 244. Conduzir motocicleta, motoneta e ciclo-
motor: Art. 162. Dirigir veículo: [...]
I - sem usar capacete de segurança com visei- V - com validade da Carteira Nacional de Habili-
ra ou óculos de proteção e vestuário de acordo tação vencida há mais de trinta dias:
com as normas e especificações aprovadas pelo Infração - gravíssima;
CONTRAN; Penalidade - multa;
II - transportando passageiro sem o capacete de Medida administrativa - recolhimento da Car-
segurança, na forma estabelecida no inciso an- teira Nacional de Habilitação e retenção do
terior, ou fora do assento suplementar colocado veículo até a apresentação de condutor habi-
atrás do condutor ou em carro lateral; litado; [grifo nosso].
III - fazendo malabarismo ou equilibrando-se
apenas em uma roda; 10.9.4.3 Termo de remoção/ retenção/ apreensão
IV - com os faróis apagados; de veículo (TRRAV)
V - transportando criança menor de sete anos ou
que não tenha, nas circunstâncias, condições de Este documento é empregado em situações em
cuidar de sua própria segurança: que a infração de trânsito estabelece como medida
Infração - gravíssima; administrativa a remoção ou retenção do veículo, no
Penalidade - multa e suspensão do direito de dirigir; momento dos agentes de trânsito no exercício da fis-
Medida administrativa - Recolhimento do do- calização. Deve-se lembrar que a apreensão de veí-
212 cumento de habilitação; [grifo nosso]. culo não competirá ao policial militar na condição de

agente de trânsito, conforme estabelece o art. 269 do que determine dependência física ou psíquica;

CAPÍTULO 10 / POLICIAMENTO DE TRÂNSITO COM EMPREGO DE MOTOCICLETAS


Código de Trânsito Brasileiro: X - recolhimento de animais que se encontrem
soltos nas vias e na faixa de domínio das vias de
Art. 269. A autoridade de trânsito ou seus agen- circulação, restituindo-os aos seus proprietários,
tes, na esfera das competências estabelecidas após o pagamento de multas e encargos devidos.
neste Código e dentro de sua circunscrição, de- XI - realização de exames de aptidão física, men-
verá adotar as seguintes medidas administrativas: tal, de legislação, de prática de primeiros socor-
I - retenção do veículo; ros e de direção veicular.
II - remoção do veículo;
III - recolhimento da Carteira Nacional de Habi- Este termo tem por finalidade atuar como uma
litação; espécie de recibo numa via que será fornecida ao
IV - recolhimento da Permissão para Dirigir; condutor infrator, ao agente de trânsito que realizou
V - recolhimento do Certificado de Registro; a autuação e o responsável pelo pátio do órgão de
VI - recolhimento do Certificado de Licenciamen- trânsito que assinará confirmando o recebimento do
to Anual; veículo.
VII - (VETADO) Também deve-se diferenciar a retenção (que
VIII - transbordo do excesso de carga; ocorre no caso de situação de irregularidade que
IX - realização de teste de dosagem de alcoo- pode ser sanada no local) e a remoção (que é a con-
lemia ou perícia de substância entorpecente ou dução do veículo para o órgão de trânsito).

213
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

Figura 198 - Documentos necessários para realização de autuações de trânsito


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).

214
10.9.5 Alocação no terreno do posto de fiscalização

CAPÍTULO 10 / POLICIAMENTO DE TRÂNSITO COM EMPREGO DE MOTOCICLETAS


de trânsito

Figura 199 - Alocação no terreno do posto de fiscalização de trânsito


Fonte: Elaborado pelos autores (2016). 215
CAPÍTULO 11

ESCOLTA E
SEGURANÇA
11.1 CONCEITO 11.2 ASPECTOS LEGAIS

CAPÍTULO 11 / ESCOLTA E SEGURANÇA


A atividade de escolta e segurança pode ser de- Ao que se refere ao âmbito da escolta, em que
finida como a realização do policiamento ostensivo, pese não haver uma legislação específica que trate de
por meio de acompanhamento aproximado duran- forma minuciosa a respeito desta atividade, existem
te todo o trajeto, propiciado por policiais militares a normas que servem de alicerce para o seu desempe-
autoridades, dignitários e cargas delicadas (valores, nho. Portanto, é relevante apresentar seus aspectos
produtos perigosos, armamentos, munições) que ne- jurídicos, na medida em que ela acaba por interferir de
cessite de segurança durante todo o deslocamento, alguma forma na normalidade do espaço público.
com o objetivo de se anular possíveis interferências Nesta sistemática, o Código de Trânsito Brasilei-
ro, expõe o seguinte, no art. 29, incisos VI e VII:
ou ameaças externas.

Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres


abertas à circulação obedecerá às seguintes
normas: [...].
VI - os veículos precedidos de batedores terão
prioridade de passagem, respeitadas as demais
normas de circulação;
VII - os veículos destinados a socorro de incêndio
e salvamento, os de polícia, os de fiscalização e
operação de trânsito e as ambulâncias, além de
prioridade de trânsito, gozam de livre circulação,
estacionamento e parada, quando em serviço de
Figura 200 - Escolta realizada durante a copa do mundo
urgência e devidamente identificados por dispo-
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
sitivos regulamentares de alarme sonoro e ilumi-
nação vermelha intermitente [...]. 217
Logo, a mencionada legislação evidencia que a Deste modo, o descumprimento das ordens ema-
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

atuação de motociclistas na condição de batedores, nadas pelo policial militar na condição de agente de
que é o que ocorre nos casos de escolta onde os ve- trânsito, é tipificado como infração de trânsito, conforme
ículos precedidos por estes gozarão de precedência exposto no art. 195 do Código de Trânsito Brasileiro:
em sua passagem.
O inciso subsequente complementa-o ao afirmar Art. 195. Desobedecer às ordens emanadas da
que as viaturas policiais terão livre circulação, estacio- autoridade competente de trânsito ou de seus
namento e parada, situação também que é intrínseca agentes:
no desenvolvimento da escolta. Infração - grave;
Ainda diante dessa messe da legislação de trân- Penalidade - multa.
sito, tem-se o art. 89 que faz alusão ao agente de
trânsito, referente à sua prevalência sobre as demais Ao que tange aos aspectos legais, o Decreto nº
normas de circulação. Por vezes, o motociclista em- 2.243 de 03 de junho de 1997, especificamente em
pregado na escolta realizará intervenções na via, no seu art. 110, elenca as autoridades que teriam direito à
sentido de promover a livre circulação do comboio, intitulada escolta de honra:
abalizando legalmente sua conduta no citado artigo:
Art.. 110. Têm direito à Guarda e à Escolta de Honra:
Art. 89. A sinalização terá a seguinte ordem de I - o Presidente da República;
prevalência: Il - o Vice-Presidente de República;
I - as ordens do agente de trânsito sobre as nor- III - o Congresso Nacional é o Supremo Tribunal
mas de circulação e outros sinais; Federal nas sessões de abertura e encerramen-
II - as indicações do semáforo sobre os demais to de seus trabalhos;
sinais; IV - Chefe de Estado Estrangeiro, quando de sua
III - as indicações dos sinais sobre as demais nor- chegada à Capital Federal, e os Embaixadores,
218 mas de trânsito. quando da entrega de suas credenciais;
V - os Ministros de Estado e, quando incorpora- esses termos se assemelham, parecendo até serem

CAPÍTULO 11 / ESCOLTA E SEGURANÇA


do, o Superior Tribunal Militar; sinônimos.
VI - os Ministros Plenipotenciários de Nações Es-
trangeiras e os Enviados Especiais; 11.3.1 Acompanhamento
VII - os Almirantes-de-Esquadra, Generais-de-
-Exército e Tenentes-Brigadeiros, nos casos pre- É a realização do policiamento ostensivo aproxi-
vistos no § 2º do Art. 103, ou quando, por motivo mado de determinado veículo até o seu trajeto final.
de serviço, desembarcarem em uma Guarnição Neste caso, não há intervenções na via pública, como
Militar e forem hierarquicamente superiores ao bloqueios viários, a fim proporcionar trânsito livre ao
Comandante da mesma; comboio. O único objetivo do acompanhamento e a
VIII - os Governadores de Estado, Territórios Fe- promoção da segurança.
derais e do Distrito Federal, quando em visita de Existem atividades operativas intituladas de “es-
caráter oficial a uma Organização Militar; [...]. coltas” que se empregam unicamente viaturas qua-
tro rodas.
Todavia, conforme estabelece a Portaria nº 316, Nesta situação, caso só haja viaturas quatro ro-
de 04 de julho de 2001, da lavra do Exército Brasileiro, das realizando a segurança aproximada, tratar-se-á
a referida escolta de honra não deve ser confundida de deslocamento motorizado de acompanhamento,
com a escolta e segurança, desenvolvida operacional- pois, não terá intervenções no trânsito. Quanto ao
mente, mas, será somente em desfiles e solenidades. efetivo de motociclistas empregados no acompa-
nhamento, há uma variação de 02 (dois) a 04 (qua-
11.3 DISTINÇÕES EM ESCOLTA E ACOMPANHA- tro) motociclistas.
MENTO COM EMPREGO DE MOTOCICLETAS

Também é de extrema relevância realizar a dis-


tinção entre escolta e acompanhamento, posto que 219
11.4 MODALIDADES DE ESCOLTAS
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

Basicamente existem duas modalidades de es-


colta na atividade operativa:

11.4.1 A Pé

Conhecida também como segurança aproxima-


da, esta modalidade de escolta é utilizada em opera-
ções de segurança e proteção de autoridades, pelo
fato de ser realizada o mais próximo da pessoa que
se deseja proteger.
Figura 201 - Posicionamento de acompanhamento
Fonte: Elaborado pelos autores (2016). 11.4.2 Motorizada

É a modalidade em que se emprega veículos


automotores para realização da proteção do deslo-
11.3.2 Escolta
camento. A modalidade motorizada é a espécie em-

pregada na escolta e segurança, com a utilização de
Trata-se da realização do policiamento aproxi-
motocicletas. Por certo, aliado ao emprego de motoci-
mado, destinado a realizar a segurança do comboio,
cletas, poderá compor também a esta modalidade as
como também a intervenção das vias públicas, com
viaturas quatro rodas, que terão funções específicas.
o objetivo de dar a mobilidade necessária do com-
boio. Nesta situação há dois objetivos a que devem 11.5 TIPOS DE ESCOLTAS
ser alcançados: a promoção da segurança e fluidez
do deslocamento. A seguir serão apresentados os principais tipos
de escoltas realizadas, ao passo em que não se ex-
220
clui a possibilidade de sua realização em outras cir- 11.5.4 Escolta de produtos perigosos

CAPÍTULO 11 / ESCOLTA E SEGURANÇA


cunstâncias, a depender das necessidades:
Dado aos riscos à vida humana destes tipos de
11.5.1 Escolta de autoridades ou dignitários substâncias, com o objetivo de assegurar um desloca-
mento adequado, realizará a escolta com vistas prote-
Realizada com objetivo de prover a segurança ção deste tipo de carga até seu destino final, promo-
da integridade física e mobilidade necessária durante vendo também a segurança dos demais usuários da via.
os deslocamentos. Estas autoridades ou dignitários
podem ser nacionais ou estrangeiras e/ou em virtude 11.5.5 Escolta em eventos esportivos ou cívicos
do cargo que ocupam ou da relevância social neces-
sitam de proteção. Promover o deslocamento das delegações par-
ticipantes, de organizares e envolvidos que neces-
11.5.2 Escolta fúnebre sitem de segurança à sua integridade física, como
também que seja necessário propiciar prioridade de
Tem como aspecto promover a segurança e flui- trânsito durante todo o percurso.
dez de cortejos fúnebres de autoridades ou persona-
lidades civis, proporcionando o livre trânsito durante 11.6 FUNÇÃO E EMPREGO DOS MOTOCICLISTAS
todo o trajeto. NA ESCOLTA

11.5.3 Escolta de valores 11.6.1 Varredura


Realizar a escolta de veículos contendo valores, Além de ter por finalidade estar avançada em
com vistas a facilitar o deslocamento em vias públi- relação ao comboio, com vistas a verificar a fluidez
cas, bem como promover a segurança da menciona- da via, intervindo em possíveis situações que possa
da carga até o seu destino. comprometer o deslocamento da escolta, também 221
tem como função transmitir informações de relevân- 11.6.3 Regulador de velocidade
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

cia ao comandante da escolta.


Em geral, a equipe de varredura adota uma dis- Responsável pela manutenção da velocidade do
tância de aproximadamente 500 (quinhentos) metros comboio, bem como por guiá-lo pelo trajeto definido
em relação ao comboio. previamente.
De todas as funções apresentadas, esta é a úni- Apesar de não existir regra de “velocidade pa-
ca que não é obrigatória na composição da escolta, drão”, esta será definida pelo comandante da escolta,
contudo, trata-se de uma função importante, na me- estabelecida de acordo com estado da via, condi-
dida em que será um preposto avançado da escolta, ções climáticas, horário do deslocamento entre ou-
antecipando ações que sejam necessárias. tras circunstâncias.
Deverá o regulador de velocidade sempre quan-
11.6.2 Pontas-de-lança do possível realizar o deslocamento na faixa central
para haver espaço necessário para a recuperação
Motociclistas militares que tem como função pri- dos “pontas-de-lança”.
mordial o fechamento das vias transversais que aces- A referida velocidade deverá ser reduzida, mas
sem a via definida como trajeto do comboio, promo- jamais parar, ao ser percebido formação de “caixas”,
vendo segurança no deslocamento, como também a objetivando que o comboio não acesse o congestio-
fluidez necessária para que o comboio não pare, nem namento. Em geral, nesta função, empregam-se mo-
haja formação de “caixas”. tocicletas. Entretanto, quando se tratar de comboio
Os policiais militares nesta função devem tam- composto de veículos maiores, como caminhões ou
bém estar atentos às faixas de pedestres, saídas de ônibus, deve-se priorizar a utilização de viatura quatro
postos de combustíveis e demais estabelecimentos rodas como regulador de velocidade.
comerciais que acessem o trajeto do comboio.

222
11.6.4 Comandante da escolta Assumirá o comando da escolta nas situações

CAPÍTULO 11 / ESCOLTA E SEGURANÇA


que o comandante se encontrar impossibilitado.
Deverá deslocar ao lado direito do comboio, acom- Quando se tratar de escolta de autoridades ou
panhando o deslocamento, devendo interferir quando dignitários, o subcomandante também se posicionará
necessário no que tange a velocidade do comboio, mu- ao lado da porta da autoridade ou dignitários (lado
dança para trajeto alternativo (quando necessário), entre esquerdo) ligeiramente recuado, a fim de promover
outras deliberações que sejam necessárias. privacidade.
Deve o comandante realizar instrução com o
efetivo empregado na operação para que não haja 11.6.6 Fecha-comboio
dúvidas, bem como sintonia entre todos os envolvi-
dos, em virtude do dinamismo da operação. Quando Responsável por manter a segurança do com-
se tratar de escolta de autoridades ou dignitários, o boio ao que tange à retaguarda. Deste modo, em
comandante se posicionará ao lado direito da porta hipótese alguma, veículos que não façam parte da
da autoridade ou dignitários, contudo, ligeiramente escolta poderão penetrar na estrutura do comboio.
recuado, a fim de promover privacidade. Isto se dá a fim de se propiciar a segurança do com-
boio, mas também, para evitar acidentes, na medida
11.6.5 Subcomandante da escolta em que há motociclistas que estão constantemente
realizando a recuperação.
Deverá deslocar ao lado esquerdo do comboio, É possível deparar-se com situações em que
acompanhando o deslocamento. Tem o papel primor- veículos oficiais, viaturas, ambulâncias, dentre outros
dial de auxiliar o comandante da escolta, no que for veículos que não compõe a escolta queiram penetrar
necessário, em especial ao que se refere à disciplina no comboio. Situação em que, por questões de segu-
da tropa que compõe a escolta, como também tratar- rança, não será admitido.
se do elo de comunicação entre o efetivo e o coman- Caso haja uma circunstância de urgência envol-
dante da escolta. vendo os tais veículos, os policiais militares responsá- 223
veis pelo fecha-comboio informarão ao comandante fazer a caixa. Neste caso, o regulador reduzirá a velo-
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da escolta e, caso este delibere autorizando que o ve- cidade, porém, jamais realizará a parada do comboio.
ículo transponha o comboio, será feito com o acompa- Assim, ao se ter novamente o trânsito livre, o comboio
nhamento de uma motociclista até a saída do comboio. retornará à velocidade definida.
Nesta função, deverá se utilizar prioritariamente
viaturas quatro rodas, o que possibilita um maior blo- 11.7.2 Pontas-de-lança não devem realizam ultra-
queio ao acesso do comboio. No plano ideal deve-se passagem entre si de forma desnecessária
empregar duas viaturas quatro rodas para se limitar
qualquer acesso ao comboio. Este procedimento tem como escopo a promo-
Cabe também salientar que em tal função é pos- ção da segurança dos pontas-de-lança, evitando-se
sível o emprego de viaturas de patrulhamento tático, acidentes, como também promovendo maior eficácia
tendo-se o cuidado de realizar as orientações neces- nos bloqueios viários. Desta maneira, o ponta-de-lan-
sárias para o bom desempenho de tal atividade. ça que estiver à frente bloqueará o próximo ponto vi-
ário. Já o ponta-de-lança à retaguarda desse fechará
11.7 DOUTRINA DE ESCOLTA o ponto subsequente e assim sucessivamente.
Com isso, não se quer dar a ideia que os proce-
11.7.1 O Comboio nunca deve parar
dimentos da escolta fiquem engessados, mas que os
Uma vez iniciado o deslocamento do comboio, pontos sejam fechados, na medida do possível, de
em hipótese alguma poderá parar, pois a parada do forma cíclica.
comboio resulta na extrema vulnerabilidade da es- Portanto, não é necessário que o ponta-de-lança
colta, expondo a segurança de todos que a compõe. de forma afoita ultrapasse outro ponta-de-lança que
Deste modo, o último eixo do último de veículo que já está a sua frente. Deve-se lembrar que os moto-
compõe não poderá parar. ciclistas que exercem essa função se encontram em
Por vezes, será possível se deparar em conges- altas velocidades e por isso deve-se realizar esta ati-
224 tionamentos, onde não houve tempo hábil para des- vidade com técnica e de forma harmônica.
11.7.3 A recuperação pode ser realizada por ambos faixas de trânsito. Nesta situação, caberá ao ponta-de-

CAPÍTULO 11 / ESCOLTA E SEGURANÇA


os flancos -lança bloquear a via pouco a pouco, até que esteja
totalmente dominada e bloqueada.
É possível durante a recuperação dos pontas- Outro ponto que requer especial atenção é o
de-lança realizar a recuperação tanto pela ala direita fato de que a motocicleta deverá estar posicionada
quanto pela esquerda. O que irá definir por qual lado de forma que possa bloquear a via com o intuito de fa-
recuperar é a posição que o ponta-de-lança se en- cilitar o deslocamento para o fechamento do próximo
contre, como também de quais lados ficam os próxi- ponto. Assim, ao posicionar a motocicleta, quando a
mos pontos a serem bloqueados. via estiver totalmente bloqueada, o motociclista des-
Por este motivo, o ideal é que o regulador de ve- montará realizando o gesto de sinalização de parada
locidade posicione o comboio ao centro da via, dando com o auxílio do apito (sinal sonoro), somente mon-
a facilidade para que as recuperações sejam feitas por tando novamente ao deslocar do ponto bloqueado.
ambos os lados. Cabe ainda ressaltar que quando da Esta medida se justifica para proteção da integri-
realização das recuperações os pontas-de-lança não dade física do motociclista, pois a motocicleta nesta
deverão utilizar sirenes intermitentes, mas quando ne- situação acaba se transformando numa barreira de
cessário, deverá ser de forma discreta, ou mesmo o bloqueio viário. Desta maneira, pode ocorrer o cho-
emprego da buzina que também deve ser discreto. que de veículos que trafegam na via sem a atenção
devida se chocando com a motocicleta.
11.7.4 Fechamento e posicionamento do ponta-de-
-lança na via bloqueada
11.7.5 Saída dos pontas-de-lança dos pontos blo-
Ao visualizar a via que será bloqueada, o ponta- queados
de-lança acionará a sirene e de forma gradual avan-
çará até que o ponto seja bloqueado completamente. O momento adequado para se realizar a saída
Entretanto, deve-se ter bastante cuidado ao que do ponto bloqueado está intimamente ligado à passa-
se refere a locais de canalização e vias com diversas gem do fecha-comboio. Neste liame, caberá ao pon- 225
ta-de-lança possuir a sensatez in locu, pois não pode- 11.7.7 Emprego de sirene e luminosos
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rá sair antecipadamente, antes do fecha-comboio já Ao iniciar a escolta, quer sejam com motocicletas
ter neutralizado o acesso do ponto bloqueado, possi- ou automóveis, os luminosos de todas as viaturas deve-
bilitando que veículos possam infiltrar-se no comboio. rão ser acionados. No caso dos veículos quatro rodas,
Também não deverá o ponta-de-lança atrasar que sejam as viaturas empregadas na escolta, como
a sua saída do ponto, pois ficará junto com o lixo40, também os demais veículos que compõe o comboio,
dificultando sua recuperação para realizar o próximo deverão estar com os faróis e pisca-alertas acionados.
fechamento. Seguindo-se este procedimento, a estrutura do
comboio realizará a sinalização necessária por meio
11.7.6 Mudança de itinerário destes luminosos, evidenciando a formação do com-
boio para que os demais veículos que circulam na via
Existem situações que há necessidade da mu-
possam facilitar na prioridade de trânsito.
dança do trajeto, como no caso de uma manifestação
Em relação ao emprego de sirenes intermitentes,
que realiza bloqueio numa das vias em que se passa-
estas jamais poderão ser empregadas pelos pontas-
ria, ou um acidente que ocasionará congestionamen-
de-lança durante a recuperação.
to, entre outras situações.
Caso seja necessária a sinalização por meio so-
Até mesmo durante o deslocamento, é possível
noro, deverá utilizar a buzina de forma discreta. Da
surgirem circunstâncias que haja a necessidade de
mesma forma, o comandante e o subcomandante da
mudar o itinerário. Diante deste caso, caberá ao co-
escolta não deverão utilizar este tipo de sirene, por
mandante da escolta emanar a ordem por meio do
conta do seu posicionamento, ainda mais quando se
rádio transceptor, cientificando-se que todos os com-
tratar de autoridade ou dignitário.
ponentes da escolta tomaram conhecimento da mu-
Retornando-se ao emprego de sirene por parte
dança de itinerário.
do ponta-de-lança, esta deverá ser utilizada quando
40
Termo empregado para conceituar os veículos que ficam à reta- for realizar o bloqueio viário como forma de alertar os
guarda do fecha-comboio, dado à escolta, que impede sua pene-
226 tração no comboio e por isso normalmente se formam caixas.
condutores para realizarem a parada.
11.7.8 O itinerário é sugerido pelo comandante da 11.8 PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DA ESCOLTA

CAPÍTULO 11 / ESCOLTA E SEGURANÇA


escolta
Para a realização de uma escolta a contento, ou
A definição do itinerário a ser realizado é sugeri- seja, que possa cumprir os requisitos necessários de
do pelo comandante da escolta. forma técnica é de fundamental relevância realizar
O grupamento de escolta deve realizar o reco- um planejamento que possa abordar todas as pecu-
nhecimento do itinerário, além de conhecer as pe- liaridades que a circundam.
culiaridades, pontos críticos e adversidades que se Desta forma, serão esclarecidos de forma crono-
pode encontrar durante o trajeto. lógica os procedimentos a serem adotados:
Destaque-se que o grupamento de escolta pos-
sui a especialidade e expertise no modus operandi 11.8.1. Recebimento da missão
deste tipo de missão. Por tal motivo, o itinerário será
sugerido pelo comandante da escolta, o que não Talvez seja a etapa de planejamento mais impor-
significa dizer que não possa aceitar opiniões ou su- tante, pois é neste momento que serão coletadas to-
gestões dos outros componentes da escolta, como das as informações acerca da missão. Desta maneira,
também de outros envolvidos na missão, analisando ao receber a informação da missão, deverão ser diri-
e levando ao conhecimento dos responsáveis pelo midas todas as dúvidas, buscando-se esclarecer as
comboio ou do chefe da segurança da autoridade. peculiaridades.
Ao realizar tal sugestão, cabe ao comandante Assim, as principais informações a serem coleta-
informar aos responsáveis o motivo da escolha dos das são:
itinerários, persuadindo-os, expondo especificidades
das circunstâncias das vias, relacionando, por exem- 1. Qual o tipo de escolta (autoridade, dignitário,
plo, as questões de horários e riscos. valores, produtos perigosos);
2. Data e horário de início e término da missão;
3. Agenda oficial, caso se tratar de autoridade 227
ou dignitário, com a localização do hotel que fi- vas, para no caso de haver a necessidade de
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cará hospedado, locais para o qual se deslocará, substituição, devido a circunstâncias que impos-
horários de saída e chegada; sibilitem um dos motociclistas de serem empre-
4. Catalogar contatos dos responsáveis diretos gados na missão.
pela missão;
5. Outras informações que sejam pertinentes. 11.8.2.3 Viaturas empregadas

11.8.2 Escolha do efetivo e viaturas empregadas Em relação às viaturas, quer sejam de duas ou
quatro rodas, deverá se ter os seguintes cuidados:
11.8.2.1 Escolha do efetivo
1. As viaturas deverão apresentar o bom funcio-
Neste tópico, ao que se refere a escolha do efe- namento mecânico, conforme estabelecido na
tivo a ser empregado na missão, deve-se atentar aos manutenção em primeiro escalão;
seguintes aspectos: 2. Caberá atenção especial à verificação do fun-
cionamento dos rádios de comunicação, sirene
1. Realizar a delegação das funções a serem exe- e luminosos;
cutadas na escolta por cada componente, deta- 3. Realização do abastecimento, como também a
lhando e dirimindo possíveis dúvidas; calibragem dos pneus de todas as viaturas que
2. A escolha do efetivo em relação à função a ser serão empregadas na missão;
exercida, preferencialmente, deve estar relacio- 4. Realizar a lavagem, limpeza e higienização das
nada à afinidade e experiência de atuação; viaturas empregadas na missão;
3. Deverá se especificar o uniforme a ser utiliza- 5. Quando possível, deixar viaturas reservas, obe-
do durante a missão, como também os equipa- decendo aos critérios supramencionados para
mentos individuais; substituição, caso ocorra algum tipo de inoperân-
228 4. Quando possível, possuir motociclistas reser- cia de uma das viaturas empregadas na missão;
6. Em caso de escoltas de chefes de Estado 11.8.3 Logística da escolta

CAPÍTULO 11 / ESCOLTA E SEGURANÇA


ou delegações internacionais, quando possível,
será utilizada ao lado direito da roda dianteira a Faz-se necessário também, durante o plane-
bandeira do Brasil e do lado esquerdo bandeira jamento da escolta, verificar todos os materiais ou
da nação de seus representantes. equipamentos que serão necessários à realização
da escolta, bem como o aprovisionamento do efeti-
Já em situações de escolta de chefes de unida- vo. Deste modo, pode-se elencar como os principais
des federativas do Brasil, ao lado direito da roda dian- aspectos de logística da escolta:
teira será utilizada a bandeira do Brasil e à esquerda
a bandeira da respectiva unidade federativa. 1. Equipamentos individuais dos motociclistas,
tais como: colete refletivo, apito, rádio transcep-
tor, lanterna, armamento, munição, dentre outros;
2. Questões referentes à alimentação do efeti-
vo, além do fornecimento de água para hidrata-
ção da tropa;
3. Demais matérias de uso da escolta que se-
rão utilizados como cones, fitas de isolamento,
maleta de primeiros socorros, dentre outros;
4. Colocação das bandeiras nas motocicletas,
no caso de se tratar de chefes de Estado ou de-
legações;
5. Local em que serão realizados os abasteci-
mentos e calibragem dos pneus durante todo
período da missão.
Figura 202 - Emprego de bandeiras durante a realização de
escolta 229
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
11.8.4 Definição de Itinerários (oficial e alternativo) 7. Preferência em escolher itinerários de fácil
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fluxo;
Possuindo todas as informações coletadas na 8. Quando possível, evitar locais que possam
primeira etapa do planejamento da escolta (recebi- expor a riscos desnecessários.
mento da missão), deverá ser realizado um estudo
prévio para a escolha de, no mínimo, dois itinerários. 11.8.5 Reconhecimento dos itinerários
Assim, terá o itinerário oficial que será utilizado caso
não ocorram anormalidades, e outro alternativo, em Após a definição de, no mínimo, dois itinerários
situações que seja necessário a mudança de trajeto. (oficial e alternativo), é necessário reunir todo o efeti-
Neste sentido, ao realizar a escolha de ambos iti- vo que será empregado na escolta, a fim de que pos-
nerários, em ordem de prioridade, é importante levar sa apresentar os itinerários definidos, dirimindo dúvi-
em consideração as seguintes circunstâncias: das, expondo pontos críticos do trajeto, entre outras
especificidades relevantes.
1. Principais vias que podem ser empregadas; Por conseguinte, é necessário realizar o reco-
2. Escolher vias que possuam menor complexi- nhecimento tanto do itinerário oficial, quanto do al-
dade de deslocamento; ternativo, preferencialmente com 48 (quarenta e oito)
3. Distância do trajeto; horas de antecedência do início da escolta como
4. Relação do trajeto com o tempo (quanto tem- todo o efetivo empregado.
po durará para ser cumprido o deslocamento); Durante o reconhecimento, quando for neces-
5. Identificação de pontos críticos do tráfego da sário, deverão ser realizadas paradas com vistas a
via (cruzamentos, retornos, canalizações, entre apresentar explicações acerca de determinados pon-
outros); tos do trajeto que sejam mais complexos ou que pos-
6. Relação entre os horários de deslocamento suam detalhes que se julguem interessantes para os
com a fluidez da via (causa formação de caixa, demais componentes da escolta ter conhecimento.
230 congestionamentos);
11.8.6 Execução da escolta 4. Tendo-se conhecimento dos veículos que irão

CAPÍTULO 11 / ESCOLTA E SEGURANÇA


compor a escolta, caberá ao comandante da es-
Durante esta etapa da escolta, que é propriamen- colta já realizar o posicionamento dos veículos
te a execução, é possível dividir em dois momentos: que estarão no comboio, bem como, das viatu-
ras, no dispositivo de escolta;
11.8.6.1 Antes do deslocamento 5. Ao se aproximar do início do deslocamento
da escolta, o comandante determinará que os
1. Checagem do efetivo; pontas-de-lança já desloquem e fiquem próxi-
2. Verificar se toda logística necessária encontra- mos aos pontos que devem ser bloqueados. Ao
se sob carga; receberem a ordem do comandante da escolta
3. Inspeção das viaturas. assim o farão;
6. Com início da escolta, deverão ser adotados
11.8.6.2 Ao chegar no local que se iniciará a escolta os procedimentos doutrinários de escolta.

1. O grupamento de escolta deverá chegar ao lo- 11.8.6.3 Finalização da escolta


cal com uma hora de antecedência, para evitar
atrasos; Ao finalizar a missão de escolta, ao menos deve-
2. Quando necessário, proceder briefing com o rá se atentar aos seguintes aspectos:
efetivo, como também fazer os ajustes finos ne-
cessários; 1. Realizar o debriefing como todo efetivo, em es-
3. Ao chegar ao local, o comandante da escolta pecial, fazendo uma análise de aspectos positi-
deverá imediatamente contatar com o responsá- vos e negativos;
vel para verificar se há algum tipo de mudança 2. Inspeção das viaturas utilizadas na missão;
nos horários do início de saída, itinerários, entre 3. Confecção de Relatório de Serviço.
outras informações; 231
11.9 ESTRUTURA DE ESCOLTA DE AUTORIDADE OU DIGNITÁRIO
MANUAL DO MOTOCICLISTA POLICIAL MILITAR

Figura 203 - Formação do comboio de escolta de autoridade ou dignitário


Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
232
11.10 ESTRUTURA DE ESCOLTA DE CARGA DE VALORES

CAPÍTULO 11 / ESCOLTA E SEGURANÇA


Figura 204 - Formação do comboio de escolta de carga de valores
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
233
REFERÊNCIAS
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Polícia Militar da Bahia. Manual básico de abordagem policial.


Salvador. 2000.
ANEXOS

Anexo A - Controle individual da frota


CONTROLE INDIVIDUAL DE FROTA

Marca:____________________ Modelo:_______________________
Cor:______________________ Ano de Fabricação:______________
Placa:____________________ CHASSI:_______________________

PERÍODO
ITEM OPERAÇÕES
1000KM Data: 4000KM Data: 8000KM Data: A CADA... KM DATA:
Tanque de tubulações Verificar
Filtro de combustível Limpar
Acelerador Verificar e Ajustar
Filtro de ar Limpar
Vela de ignição
Folga de válvulas Limpar Ajustar
Óleo do motor Trocar
Filtro de tela de óleo Limpar / Trocar
Tensor da corrente de comando Ajustar
Corrente de transmissão Verificar/Ajustar/ Lubrificar
Pneus Verificar/Trocar
Pastilhas/sapatas dos freios Verificar/Trocar
Bateria Verificar/Trocar
Aros e raios das rodas Verificar/Trocar
Rolamentos da coluna de direção Verificar/Ajustar
Parafusos, porcas e fixações Verificar/Reapertar
Ocorrências:
Falhas Mecânicas
Data:____/____/______ Relato:________________________________________________________
______________________________________Acidentes/Danos
Data:____/____/______ Relato:________________________________________________________
________________________________________________________________________________
Anexo B - Controle geral da revisão da frota
CONTROLE GERAL DE REVISÃO DA FROTA

Revisões
Motocicleta Observações
1000KM Data: 4000KM Data: 8000 km Data: A CADA... KM DATA:

Próxima revisão em: Próxima revisão em: Próxima revisão em: Próxima revisão em:
___/___/__ ___/___/__ ___/___/__ ___/___/__

Placa/modelo
Placa/modelo
Placa/modelo
Placa/modelo
Placa/modelo
Placa/modelo
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Placa/modelo
Placa/modelo
Placa/modelo
Anexo C - Manutenção de primeiro escalão
Manutenção de Primeiro Escalão – Data: ____/_____/_______

GH NOME MATRÍCULA

Marca:____________________ Modelo:_______________________
Cor:______________________ Ano de Fabricação:______________
Placa:____________________ CHASSI:_______________________

ITEM OPERANTE INOPERANTE OBSERVAÇÕES


Para-brisa
Baú ou bauleto
Espelhos retrovisores
Antena de corta pipa
Manopla de aceleração
Manete do freio dianteiro
Manete de embreagem
Sist. de Ilum. e sinalização
Sist. de luminosos e sirene
Tanque de combustível
Selim
Freios
Corrente de transmissão
Motor
Pedal do freio traseiro
Pedal de câmbio
Pneus e rodas
Descanso

Outras Observações:
SOBRE OS AUTORES
MAJ PM RICARDO PASSOS CONCEIÇÃO

Curso de Formação de Oficiais PM, 1991, Academia de Polícia Militar da Bahia.

Bacharel em Economia, 2000, pela Universidade Federal da Bahia.

Pós Graduado em Metodologia do Ensino Superior, 2003, pela Faculdade Batista Brasileira.

Pós Graduado em Relações Públicas com ênfase em Ouvidoria, 2006, pela Universidade do Estado da Bahia.

Pós Graduado em Gestão de Segurança Pública, 2007, pela Universidade do Estado da Bahia.

Curso de Motociclista Militar Escolta e Segurança, 1999, na PMBA.

Curso de Pilotagem de Motos em Situação de Alto Risco, 2001, na PMGO.

Curso de Pilotagem de Motos Honda, 1999, Salvador, Ba.

Curso de Trânsito Urbano para Oficiais, 1997, na PMBA.

MAJ PM RICARDO PASSOS Curso de Formação de Examinadores de Trânsito, 1997, pelo DETRAN/BA.

Conselheiro Titular do CETRAN, representando a PMBA.

Instrutor dos Cursos de Pilotagem de Motocicleta e Motopatrulhamento na PMBA e PMSE.

Criador do Grupo de Ações Rápidas e Repressivas do Águia (GARRA) na PMBA, em 2002, primeiro grupo tático com
utilização de motocicletas, na região Norte e Nordeste do Brasil.

Comandante do Esquadrão de Motociclistas Águia, entre 2012 e 2016.


CAP PM LUCAS DÃ SANTANA BARRETO

Curso de Formação de Oficiais, 2006, Academia de Policia Militar da Bahia

Bacharel em Direito, 2012, Universidade Católica do Salvador

Curso de Segurança e Proteção de Autoridades, 2013, Exército Brasileiro

Curso de Motociclista Militar Escolta e Segurança, 2014, PMBA

Curso de Instrutor de Trânsito, 2016, Escola Baiana de Tecnologia Transporte e Trânsito

Curso Intermediário de Comando Operacional, 2017, PMBA

Instrutor dos Cursos de Motociclismo Militar na PMBA

CAP PM LUCAS DÃ
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Qualquer parte desta publicação poderá ser reproduzida desde que citada a fonte.

C744 Conceição, Ricardo Passos. Barreto, Lucas Dã Santana.


Manual do motociclista policial militar / Ricardo Passos Conceição e
Lucas Dã Santana Barreto. – Salvador, 2018
244f. : il. , color.

Inclui anexos.

1. Segurança pública. 2. Policiais militares. 3. Honda (motocicleta). 4.


I. Policia Militar da Bahia – PM-Ba. II.Título.

CDU 030.355

Ficha catalográfica elaborada por Sílvia Vieira do Sacramento Cunha CRB-5/1488


O Manual do Motociclista Policial Militar tem por
finalidade apresentar doutrinariamente a aplicação
do policiamento com emprego de motocicletas,
vislumbrando promover a uniformidade em relação
a esta modalidade de policiamento, apresentando
a padronização dos procedimentos operacionais
a serem aplicados no motopatrulhamento, bem
como criar diretrizes no Policiamento de Trânsito
e realização de escoltas; estas últimas, atividades
intrínsecas da utilização de motocicletas.

Didaticamente, o presente trabalho está dividido


em capítulos e tópicos, que vão das características
técnicas e mecânicas da motocicleta, passando
pela técnica de pilotagem, até alcançar o
desenvolvimento operativo na citada modalidade.
Neste diapasão, almeja-se difundir o conhecimento
técnico do policiamento com motocicletas, em
relação aos diversos aspectos que o permeiam.

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