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Autor: Emanuel de Oliveira Monitor de Montanhismo \ 7 Clube Celtas do Minho CADERNO TECNICO DE CARTOGRAFIA E ORIENTAGAO. GLUBE CELTAS DO MINHO Indice Apresentacao 3 Introdugao a Cartografia 4 Representacao do Relevo evn a 8 Escala, Distancia e Declive 20 Elementos Geogréficos 23 Projec¢ao Universal Transversa de Mercator - UTM 24 Introdugéo a Orientago ARosa dos Ventos Orientagao por Meios Naturais Orientagao da Carta Orientagao e Navegagao Terrestre com Buissola.. sonenneneneesnse 3B ‘A Declinacao Magnética 40 Célculo da Declinagao Magnética 43 Orientagao com Carta e Bussola 45 Técnicas de Orientagao 53 Preparagao do Itinerario. 57 Referéncias Bibliograficas 60 TLE PS ubuntu osmorcon GF ‘Autor: Emanuel de Oliveira EDIGAO 2010, CADERNO TECNICO DE CARTOGRAFIA E ORIENTAGAO ‘LUBE CELTAS DO MINHO APRESENTAGAO, A interpretagao cartografica e a orientagéo em montanha constituem disciplinas basicas obrigatérias na formagao de técnicos de desportos de montanha que realizem actividades com ou sem fins comerciais, cuja seguranga dos participantes enquadrados radica no dominio destas disciplinas, de modo a que todos desfrutem de uma agradavel saida a Montanha. facto de constituir um pilar da seguranga em montanha, devemos, regularmente, colocar em pratica as diversas técnicas, permitindo-nos uma maior familiaridade e um conhecimento baseado na experiéncia, na pericia de interpretacdo cartogréfica e na automatizagao das manobras de navegago em montanha com carta e biissola, nas diversas condigdes de terreno e de visibilidade. Por Ultimo, convém salientar que tudo 0 exposto neste Cadero Técnico nao invalida o acompanhamento formativo por técnicos experientes. Aconselha-se por isso a frequéncia em acces de formagao ministradas pelos Clubes de Montanha. ‘Autor: Emanuel de Oliveira EDIGAO 2010 ‘menos termos de sean €tambor veel ues) ogo © CADERNO TECNICO DE CARTOGRAFIA E ORIENTAGAO. GLUBE CELTAS DO MINHO INTRODUGAO A CARTOGRAFIA. ACarta A Carta é uma representacao grafica da superficie da Terra ou parte dela, desenhada num plano e em determinada escala. Os pormenores naturais e artificiais do terreno sao representados por simbolos, linhas e cores. As cartas topograficas mais utilizadas possuem escalas de: 1/20 000, 1/25 000, 1/50 000, e 1/100 000. Informagées Marginais Nome da Folha: encontra-se na margem superior direita e geralmente, advém de um pormenor geogréfico ou de cultura importante nela existente. Sempre que possivel, deve ser usado ‘© nome da maior cidade, vila ou aldeia que nela se encontra. Numero da Folha: encontra-se na margem superior direita e ¢ repetido na inferior direita. E 0 nlimero de referéncia correspondente a cada folha da carta e baseia-se num sistema arbitrario no qual a numeragéo das folhas cresce de Oeste para Leste e de Norte para Sul. A esquerda do numero da margem superior direita aparece um conjunto de letras e algarismos que nos dé o numero das folhas 1/50 000e 1/100 000 onde a folha se situa. Numero de Série: aparece nas margens superior direita e inferior direita podendo apresentar- se sob uma das seguintes formas: = um nlimero de 4 algarismos. - uma letra seguida de um nimero de 3 ou 4 algarismos. Numero de Edigéo: encontra-se nas margens superior e inferior direita e representa a idade da carta em relagao a outras edigdes da mesma carta. A ultima edigdo tera um numero maior do que as anteriores, Escala da Carta e Escala Gréfica: esto localizadas na margem inferior e ao centro. A escala da carta dé a relacao entre uma distancia da carta e a equivalente distancia no terreno, sendo a escalada grafica usada para a determinagao de distancias no terreno por processos grdficos. Nota de Responsabilidade: aparece nas margens superior ao centro e inferior & esquerda e centro. A principal finalidade da nota de responsabilidade ¢ indicar 0 produtor e referir 0 método de ‘compilagao utilizado pelos técnicos, Diagrama de Ligagdo das Folhas: aparece na margem superior esquerda e indica as folhas da mesma carta que circundam a folha em questao, Tipo de Projecoao: a referéncia sobre a projeccdo esta localizada na margem inferior a0 centro e indica 0 tipo de projecgao usado na representagao da area abrangida pela carta. ‘Autor: Emanuel EDIGAO 2010, SSscss ©QsQ CADERNO TECNICO DE CARTOGRAFIA E ORIENTAGAO, ‘LUBE CELTAS DO MINHO Sistema de Referéncia: as respectivas indicagées estdo localizadas na margem inferior ao centro @ informam sobre os sistemas de referéncia usados. Contém os elementos para a identificago de pontos nas quadriculas Gauss e UTM, os quadrados de 100 000 metros nos quais estd localizada a area representada e instrugbes para referenciar um ponto sobre a carta. Elementos de Datum: estéo na margem inferior ao centro, havendo duas informagées sobre 0 Datum: - Datum Vertical que designa a base de referéncia de todas as cotas que aparecem na carta. - Datum Horizontal que indica 0 ponto em relagdo ao qual as coordenadas dos vértices geodésicos foram determinadas. A rede destes vértices se referem as posigdes no plano de todos 0 detalhes cartografados. Legenda: localiza-se na margem inferior. Apresenta e identifica todos os simbolos usados na carta (sinais convencionais). Diagrama de Declinagdo: localiza-se na margem direita, dando a posigdo relativa entre os nortes geogréfico, cartografico e magnético. Escala das Tangentes: aparece na margem superior e emprega-se para a marcagao grafica da direcgéo do norle magnético sobre a carta. As instrugdes relativas ao seu uso estéo normalmente impressas sobre o diagrama de declinagao. Litografia Impressora: na margem inferior a esquerda. Indica a litografia onde foi impressa a folha da carta; a data de impressao encontra-se junto ao ntimero de edicdo. Equidistancia das Curvas de Nivel: na margem inferior ao centro. Indica a distancia vertical entre as curvas de nivel da carta. Quando forem utilizadas curvas auxiliares ou suplementares, sera indicado o intervalo. Diagrama de Cobertura: nas cartas em escala de 1/100 000 e menores pode ser usado um diagrama de cobertura que se encontra normalmente na margem inferior direita e indica os processos utilizados na elaboragao da carta, data das fotografias e outras informagées. Glossario: nas cartas de areas estrangeiras, em que a lingua utilizada nao é 0 portugués, pode aparecer um glossério na margem inferior ou na direita. Classificagao de Seguranga: quando for exigida sera inscrita nas margens superior e inferior. Informagées Especiais: em certas condig6es, podem ser acrescentadas informagdes especiais, as informagées marginais, a fim de auxiliar o utente da carta. Sempre que possivel, serao incluidas com outras da mesma natureza. ‘Adaptado do Manual de jtura de Cartas do Servigo Cartogréfico do Exércto, 1972 ‘Autor: Emanuel de Oliveira EDIGAO 2010, CADERNO TECNICO DE CARTOGRAFIA E ORIENTAGAO. GLUBE CELTAS DO MINHO Toponimia A toponimia é 0 nome dado aos locais, os quais encontram-se representados na Carta. A informagao toponimica constitui um dos processos mais delicados na hora da elaboragao da Carta. A toponimia auxilia-nos na interpretagao e andlise cartogréfica, permitindo obter uma valiosa informagao sobre os mais diversos aspectos e caracteristicas humanas e fisicas de um dado territ6rio. Nas cartas encontramos topénimos referentes: A vegetacao: Tojal, Alto da Faia, Giesteira, Sobral, Montado, Castanheira, Souto, etc. A geologia e ao relevo: Cha Grande, Cabego do Melo Dia, Pedra Alcada, Penedos Alvarelhos, Ladeira, Varzea, Varziela, Fraga das Pastorinhas, Rocalva, Peneda, Pena de Anamao, etc. A hidrografia: Alto da Fonte da Urze, Lameiras, Presas, Lamelas, Meijo, etc.. ‘Ao espago agrario: Bougas, Rougas ou Roussas, Valverde, Campo Redondo, Eiras, Eirinhas, etc. As construgdes humanas ou ao tipo de propriedade: Castelo, Castro, Pontilhdo, Minas, Caneja, etc. Sinais Convencionais e Cores ‘A finalidade de uma carta topografica é permitir que se visualize uma area da superficie da Terra com 8 seus pormenores convenientemente localizados, por forma a facilitar 0 planeamento de operagdes dentro dela Para tornar mais facil a identificagéo dos pormenores sobre a carta, dando-Ihes uma aparéncia e um contraste mais naturais, os sinais convencionais sao de diferentes cores, cada uma das quais corresponde a pormenores de determinada natureza, Cores empregadas e seu significado: Preto: aterros, desaterros, construgdes, toponimia e caminhos de ferro, Azul: cursos de agua, linhas de agua, lagos, regiées pantanosas, arrozais. Verde: vegetagao, bosques, pomares, vinhas. Castanho: curvas de nivel, vertices geodésicos, pontos cotados. Vermelho: estradas principais, nomes de vértices geodésicos e pormenores especiais. ‘Autor: Emanuel EDIGAO 2010, SSscss ©QsQ Totes wie Canes ante mo Fart Pop de te ¥ © sabe au vata Jara ou hota CADERNO TECNICO DE CARTOGRAFIA E ORIENTAGAO ‘LUBE CELTAS DO MINHO aoua. Esa eo ae a) Antena. Aeromoto ¥ ’ Arenka Extego elctica foe e rea Catena ee ‘Autor: Emanuel de Oliveira EDIGAO 2010 CADERNO TECNICO DE CARTOGRAFIA E ORIENTAGAO. GLUBE CELTAS DO MINHO Representagao do Relevo Cota, Altitude e Relevo © conhecimento dos sinais convencionais, da quadricula e da escala de uma carta, permite- nos identificar e localizar dois pontos, bem como seleccionar a melhor forma nos deslocarmos de um ponto para outro e estimar o tempo que nos levara a deslocagao (em condicdes de terreno suave com declives pouco acentuados, a média de progresséo é cerca de 5 km por hora). A iegularidade da superficie da Terra, conhecida por relevo, constitu um elemento importante de informagao com o qual o montanheiro, técnico ou guia deve estar familiarizado aquando o uso da carta Definigdes: Cota de um Ponto: é a distancia medida na vertical entre esse ponto e um determinado plano de referéncia Plano de Referéncia: para a maior parte das cartas é 0 plano do nivel médio da agua do mar e neste caso a cota chama-se altitude. Relevo: pode ser definido como a configuragao do terreno. © relevo de uma zona afecta a movimentagao, condiciona a escolha da via de acesso a utilizar, a velocidade e 0 tempo de marcha, bem como 0 equipamento a utilizar e permite ainda, uma pre-avaliagao do grau de dificuldade do itinerario a seguir. Curvas de Nivel Existem diversos métodos para a representagao do relevo nas cartas, contudo, o método mais preciso e corrente de representar o relevo é através das curvas de nivel. Uma curva de nivel representa na carta uma linha imagindria sobre o terreno, ao longo da qual todos os pontos tém a mesma cota. Partindo do nivel médio da gua do mar a que se atribui a cota zero, so dados valores a cada curva de nivel. A distancia vertical entre duas curvas de nivel consecutivas 6 designada por equidistancia natural e 0 seu valor é indicado na legenda da carta. Pode ser expressa em metros, mas independentemente da unidade, é a mesma em toda a drea abrangida pela carta. E sempre um nimero inteiro. Esse valor reduzido a escala da carta chama-se equidistancia grafica. Na maior parte das cartas, as curvas de nivel so impressas a castanho e a partir da cota zero de cinco em cinco curvas, sao representadas por um trago mais grosso. Estas so denominadas curvas mestras e so interrompidas, por vezes, para se inscrever o valor da respectiva cota. As curvas compreendidas entre elas chamam-se curvas de nivel intermédias. Sao representadas por uma linha mais fina do que as mestras e nao tém normalmente indicagao das cotas. Utiiizando as curvas de nivel de uma carta, pode-se determinar a cota de qualquer ponto. Assim, um ponto situado sobre uma curva de nivel tem a cota dessa curva. Se o ponto estiver situado entre duas curvas de nivel, pode-se determinar a respectiva cota por intermédio das curvas situadas acima e abaixo dele, dividindo 0 espago compreendido entre elas num nimero inteiro de partes. Pode-se também utilizar um processo mais simples, quando for tolerada uma precisao de 5 metros, que consiste em atribuir a qualquer ponto entre duas curvas de nivel, uma cota intermédia que se calcula adicionando metade do valor da equidistancia natural ao valor da curva de nivel inferior. Assim, a um ponto entre as curvas de nivel de 80 metros ¢ de 90 metros, atribuir-se- ‘Autor: Emanuel de Oliveira EDIGAO 2010, CADERNO TECNICO DE CARTOGRAFIA E ORIENTAGAO, ‘LUBE CELTAS DO MINHO cota de 85 metros. ‘Como complement das curvas de nivel, usam-se os marcos geodésicos, marcos auxiliares e pontos cotados. Todos estes pontos tém cota conhecida e ajudam-nos a melhor definir e compreender o relevo do terreno. © niimero que os acompanha é a cota de terreno nesse pontoo. Os pontos cotados aparecem geralmente nos cruzamentos de estradas e caminhos e nos cumes de elevagdes, mas podem aparecer também noutros locais. Indicagao da forma do terreno pela forma das curvas de nivel forma das curvas de nivel e 0 seu afastamento da-nos a indicagao do terreno. Quando as curvas de nivel: ‘So igualmente espacadas e bastante afastadas, temos um declive suave e uniforme. ‘Sao igualmente espagadas e muito juntas, temos um declive acentuado mas uniforme. Quanto mais apertadas so as curvas de nivel tanto maior é 0 deciive. ‘Sao juntas no cimo e vao-se afastando progressivamente para baixo, temos um declive céncavo. ‘Sao afastadas em cima e se vao progressivamente apertando para a base, temos um declive convexo. ‘Adaptado do Manual de Leltura de Cartas do Servigo Cartogrifico do Exéreito, 1972 ‘Autor: Emanuel de Oliveira EDIGAO 2010, CADERNO TECNICO DE CARTOGRAFIA E ORIENTAGAO ‘LUBE CELTAS DO MINHO ELEVAGAO 10 ‘Autor: Emanuel de Oliveira EDIGAO 2010 CADERNO TECNICO DE CARTOGRAFIA E ORIENTAGAO GLUBE CELTAS D0 MINHO DEPRESSAO toAelNofr Sit A < eK Zh, dou TMB el Pic Ye x oy . 4: & 2 msm 8. ~ ‘As curvas de nivel sao fechadas, com as de maior cota envolvendo as de menor cota, representam uma " depressao, ‘Autor: Emanuel de Oliveira EDIGAO 2010 CADERNO TECNICO DE CARTOGRAFIA E ORIENTAGAO ‘LUBE CELTAS DO MINHO LINHA DE FESTO, CUMIEIRA OU DIVISORIA {As cuirvas de nivel séo em forma de U com a extremidade aberta na direcgao do terreno mais elevado, representam uma linha de cumieira ou de festo. Uma linha de cumieira pode estender-se por muitos quilémetros. Pode ser muito ondulada ou muito plana. Pode ter uma elevagdo razoavelmente uniforme no cimo ou pode ser muito acidentada. & ‘normal surgirem pequenas elevagées ao longo da linha de cumieira, mas a letura desse relevo é em grande parte dependente da interpretagao das linhas de agua, de vales ¢ ravinas. 2 ‘Autor: Emanuel de Oliveira EDIGAO 2010 CADERNO TECNICO DE CARTOGRAFIA E ORIENTAGAO GLUBE CELTAS D0 MINHO COLO bss é Ya teen tae Te SSN See ae ee Apresentam duas elevacSes dentro de uma ou mais curvas de nivel, representam um colo. Um colo é um ponto baixo nnotdvel ao longo das linhas de cumieira. Um desfladeiro proporciona uma progressao mais fécil através de uma fia de 13 montantas. Um colo proporciona uma progressao mais facil através de uma linha de cumieira. ‘Autor: Emanuel de EDIGAO 2010 CADERNO TECNICO DE CARTOGRAFIA E ORIENTAGAO ‘LUBE CELTAS DO MINHO ESCARPADO ‘Se as curvas de nivel convergem todas para uma linha,representam um escarpado, Todavia muitas vezes as curvas so Interrompidas préximo do ponto onde deviam convergir, de modo, a nao dar origem a confuses. Este 6 o unico caso onde as curvas de nivel se interrompem, sendo substituidas pelo sinal convencional respect 4 ‘Autor: Emanuel de Oliveira EDIGAO 2010 CADERNO TECNICO DE CARTOGRAFIA E ORIENTAGAO GLUBE CELTAS DO MINHO ESPORAO ‘Compdem uma série de curvas arredondadas em forma de U, com as de menor cota no exterior, representam um ‘esporao. De forma diferente da cumicira, um esporao tem uma inclinagao continua de um terreno alto para um terreno 15 baixo ou vice-versa. Trata-se de uma proeminéncia num lado de uma cumieira ou a sua extremidade. ‘Autor: Emanuel de Oliveira EDIGAO 2010 CADERNO TECNICO DE CARTOGRAFIA E ORIENTAGAO VALE ‘LUBE CELTAS DO MINHO Names = = 2 med = Be Che do! Meike * (x LEB Tera? U NS a ty € . ‘Sao bastante separadas, grosseiramente paralelas a um curso de agua e apresentando elevagdes menores do que as ‘mais distantes do curso de gua, temos um vale. Como acontece com uma linha de cumieira, nao existe caracteristica alguma das curvas de nivel que indiquem um vale. Este fica melhor caracterizado quando o terreno definido por um curso de agua. ‘Autor: Emanuel de Oliveira EDIGAO 2010 16 CADERNO TECNICO DE CARTOGRAFIA E ORIENTAGAO GLUBE CELTAS D0 MINHO RAVINA ly: vines ie c Sher = SxrEAGr OB 7 ‘Autor: Emanuel de Oliveira ral Parn oa Te EDIGAO 2010 Eten CADERNO TECNICO DE CARTOGRAFIA E ORIENTAGAO ‘LUBE CELTAS DO MINHO ATERRO moxie eames Sao linhas rectas e paralelas a estradas, caminhos de ferro e outros pormenores introduzidos pelo hornem ou passando sobre pequenas linhas de aqua, sulcos ou depressées, indicam aterro, 18 ‘Autor: Emanuel de Oliveira EDIGAO 2010 CADERNO TECNICO DE CARTOGRAFIA E ORIENTAGAO GLUBE CELTAS DO MINHO DESATERRO Ee ™ cnd-do! Monte ‘Séo linhas rectas e paraielas a estradas, caminhos de ferro e outros pormenores introduzidos pelo homem, indicam um (360' + 18) - 29' = 349' <=> 349 / 60 = 5,82° <=> 5° 49" Deste modo, mesmo usando um mapa antigo, podemos actualizar parte das informagdes que ele contém. Nota: a parte dos minutos foi obtida assim: 0,4866 x 60 = 29° (se quiser em segundos, multiplique novamente por 60: 0,486 x 60 x 60 = 1751,9"; da mesma forma aplicou-se: 0,82 x 61 49.2’) Orientagao com Declinagao Magnética Uma carta esté orientada quando corresponde ao terreno que representa. Na maioria das cartas, 0 Norte Geografico ou Verdadeiro é a parte superior da carta Existem 2 processos simples de orientar uma carta em relagao ao terreno: 1 ‘Se souber ou conseguir identificar a sua real posi¢ao na carta e conseguir identificar a posigéo de algum objecto distante, vire a carta de modo a que esta situagao seja correspondente ao terreno, Este processo pode ser impossivel de realizar em dias de nevoeiro ou em situagdes de navegagao nocturna, 2. Usando um relégio analégico, colocamo-lo na horizontal, de forma a que o ponteiro das horas se encontre apontando para 0 Sul. O Norte Geogréfico est situado numa posigao intermediaria ao ponteiro das horas e as 12 horas. Trata-se de um proceso muito aproximado, no entanto impraticavel com dias nublosos. Com 0 mapa orientado em direccéo ao Norte Geografico’ - Para determinarmos um ponto na paisagem com a biissola, temos que somar ao valor angular obtido, os graus de declinagao. - Se desejamos identificar no mapa um ponto que observamos na paisagem, teremos que subtrair ao valor angular obtido, os graus de declinacao. ‘Autor: Emanuel de Oliveira EDIGAO 2010, CADERNO TECNICO DE CARTOGRAFIA E ORIENTAGAO. GLUBE CELTAS DO MINHO Orientagao com Carta e Bussola Constituigaéo da Bussola Flecha de Indicagao Placa de Base Transparente Linha de Indicagao Flecha de Directo Agutha ou Flecha Magné Aro Graduado ou Limbo Para determinar um Azimute 1 Segura a bissola diante de ti e aponta a flecha de direcgo até ao objectivo pretendido; 2. Gira 0 aro graduado para alinhar a flecha de orientagao com a agulha magnética; 3 L6 o rumo na linha de indicagao ou de leitura. Para seguir o Azimute 1 Ajusta primeiro a declinagéo, somando ao valor angular obtido, os graus de declinagao; 2 Coloca 0 azimute desejado na linha de indicagao ou de leitura; 3 Segura a bissola diante de ti e gira o corpo até que a agulha magnética fique alinhada com a flecha de orientagdo do aro graduado; 4 ‘Caminha na direcgao assinalada pela flecha de direcoao. 45 ‘Autor: Emanuel ira meee @090 na tambo eve qv sls ode © CADERNO TECNICO DE CARTOGRAFIA E ORIENTAGAO ‘LUBE CELTAS DO MINHO DETERMINAGAO DE UM AZIMUTE. 46 ‘Autor: Emanuel de Oliveira EDIGAO 2010 47 CADERNO TECNICO DE CARTOGRAFIA E ORIENTAGAO. GLUBE CELTAS DO MINHO Pontos de Referéncia Intermédios 1 ‘Ao escolher um ponto de referéncia no terreno, tem em conta a possibilidade de que podes perdé-lo de vista quando caminhares por um terreno mais baixo. Lembra-te também que pode parecer-te diferente, quando visto desde outras distancias ou de angulos diferentes; 2 ‘Toma o rumo. Uma vez estabelecido, nunca rodes o aro graduado da bussola; 3. Olha para a frente ao longo da flecha de direc¢ao e escolhe um ponto de referencia que possas vé-lo todo 0 tempo até alcangé-lo, desde o ponto de saida; 4. Agora esquece-te da biissola e segue até esse ponto pelo caminho mais facil. Ndo caminhes com a cabega inclinada, fixando-te na bussola e tropegando com pedras e paus. A medida que avangas, 0 ponto de referéncia mantém-te no percurso correcto; 5. Quando alcangares 0 ponto de referéncia pretendido, confirma que vais na direcgéo correcta, na linha do teu rumo original. Para tal coloca a bussola diante de ti — nao toques no aro graduado! ~ e gira 0 corpo e a biissola ao mesmo tempo, até que a flecha magnética que indica o Norte coincida com a flecha de orientacao; 6 Escolhe outro ponto de referéncia ao longo da linha de rumo e caminha até esse ponto. Repete o proceso tantas vezes como seja necessério, até alcangares 0 destino final do percurso. Rumos Inversos Depois de teres alcangado 0 ponto de destino e quiseres regressar pelo mesmo itinerario & sabendo que ao desceres perderas de vista o teu primeiro ponto de saida, entdo torna-se necessério achar os rumos inversos. Consistindo em fazer ao contrério 0 que te trouxe até ao ultimo Ponto, exactamente ao lado oposto na esfera da buissola. Se a tua orientagdo original era de 60°, 0 nimero oposto no quadrante (meio circulo ou para além 180°) seria de 240° (60° + 180° = 240°), Se 0 teu rumo original era mais de 180°, entéo apenas subtrai-lhe meio circulo. Uma orientagao de 300° teria um rumo inverso de 120° (300° - 180° = 120°) ‘Autor: Emanuel EDIGAO 2010, SSscss ©QsQ CADERNO TECNICO DE CARTOGRAFIA E ORIENTAGAO, Para determinar um rumo 1 Coloca a biissola na carta, com 0 canto da base unindo os dois pontos que te interessam, com a flecha de direccao apontando até ao objectivo. 2 Roda 0 aro graduado para alinhar as linhas meridianas da bissola com as linhas Norte-Sul da carta (comprova que a flecha de orientacao aponta para a parte superior da carta) 3 L@ 0 rumo na linha de pontaria ou de indicagao. Para tragar o rumo na carta 1 Situa 0 rumo desejado na linha de pontaria 2 Coloca a biissola sobre a carta, com o canto da base no ponto de onde se quer tragar orumo, 3 Gira a buissola completamente para alinhar as linhas meridianas com as linhas Norte- Sul da carta (comprova que a flecha de orientagao assinala a parte superior da carta). O canto da ha de rumo. base da bussola ¢ a li ‘LUBE CELTAS DO MINHO ‘Autor: Emanuel de Oliver EDIGAO 201 0 48 CADERNO TECNICO DE CARTOGRAFIA E ORIENTAGAO GLUBE CELTAS DO MINHO DETERMINAGAO DE UM RUMO XTRACTO DACARTAMILTAR INSTITUTD GEOGRAFICO DO EXERETTO| Escala 1:25 000 altorada 49 ‘Autor: Emanuel de Oliveira EDIGAO 2010 CADERNO TECNICO DE CARTOGRAFIA E ORIENTAGAO ‘LUBE CELTAS DO MINHO Aplicando estes procedimentos Determinar a tua posigao Se souberes onde estas numa linha conhecida (caminho, serra, rio, etc.) Determina um azimute até um ponto conhecido do terreno que esteja na carta. 2. Subtrai ao valor angular obtido os graus de declinagao. 3. Traga esse rumo na carta. © ponto onde a linha de rumo se cruza com a tua linha conhecida ¢ local onde tu estas. DecrRaCrOOACARTAAILTAR INHITUTO GHOGRAMCO DO EXERC ‘Autor: Emanuel de Oliveira EDIGAO 2010 50 51 CADERNO TECNICO DE CARTOGRAFIA E ORIENTAGAO. GLUBE CELTAS DO MINHO Se somente conheces o terreno em geral 1 Mede e traga 0 rumo até algum ponto conhecido que se encontre na carta. 2 Mede e traca o rumo até um segundo ponto reconhecivel que esteja na carta. A tua posigao encontra-se onde as duas linhas se cruzam, 3 Nao te esquegas de somar ou subtrair os graus de declinagao, conforme se trate de um azimute ou rumo, respectivamente. Identificar um ponto desconhecido 1 Determina o rumo até um ponto desconhecido. 2 Traga 0 rumo na carta desde a tua posigdo. A linha de rumo passaré através do ponto desconhecido, Buscar um ponto concreto no terreno 1 Toma o rumo na carta, desde a tua posicao até um ponto concreto. 2 Segura a bissola e gira 0 corpo até que a flecha ou agulha magnética se alinhe com a flecha de declinagao. A flecha de direccao apontaré ao ponto conereto do terreno. Nota: Por exemplo um erro de 10 num azimute para uma disténcia de 100 metros traduz-se num desvio de 1,74 m, 0 que em 5 km produziria um desvio de 90 metros em relagdo ao azimute correcto, Contorno de Obstaculos A medida que caminhamos, seguindo a rota marcada pela bussola, podemo-nos encontrar ‘com obstaculos que nos impedem de continuar a seguir a linha previamente definida, seja um escarpado ou um rio, ou até uma floresta que nos dificulta a visibilidade. Sendo assim, teremos que desviar-nos do caminho escolhido e contornar o obstaculo com 0 auxilio da bussola, Se 0 obstaculo é relativamente pequeno ea visibilidade média ‘Ao abandonarmos, momentaneamente, a linha de orientagao, deixamos uma referéncia nessa posigao. Se 0 campo de viséo permite identificar um ponto de referéncia no outro lado do obstaculo na mesma direc¢ao, entéo fixamo-nos nesse ponto e rodeamos o obstaculo até o alcancarmos. Caso fosse necessdrio, poderiamos realizar um rumo inverso ao ponto de referéncia que se deixou quando abandonamos a linha de orientagao. Por outro lado, se nao existe um ponto de referéncia no outro lado do obstaculo, entéo procedemos realinhamento com 0 ponto de referéncia deixado quando abandonamos a linha de orientagao, através de um rumo inverso. Se 0 obstaculo é grande ou nao permite a visibilidade ao outro lado Coloca-se um ponto de referéncia para nao perder a direcgao da marcha Girar em Angulo recto, para o qual nao é necessario mover o aro graduado. A flecha magnética deveré coincidir sempre com a flecha de direcgéo do aro graduado. Procuramos um ponto de referéncia Deslocamo-nos até ao ponto de referéncia e se ainda ndo ultrapassamos o obstaculo, ‘Autor: Emanuel de Oliveira EDIGAO 2010, ect voltamos a procurar outro ponto de referéncia, para o qual nos dirigimos. Em cada um destes trogos de marcha devemos de contar os passos. Caso 0 trajecto seja muito longo, contamos entao o tempo, tendo em conta as variagdes da marcha, motivada por subidas ou descidas. Uma vez ultrapassado 0 obstéculo, retomamos 0 azimute inicial e deslocamo-nos até deixar atrés 0 obstdculo. Neste ponto giramos em Angulo recto no sentido contrdrio ao anterior para deslocarmo-nos 0 mesmo numero de passos ou de tempo anterior, até alcangarmos o limite do obstaculo. No final seguimos novamente o azimute inicial para chegar ao nosso destino. Durante toda esta manobra, a bussola deveré ser mantida com a flecha de direcgao mantendo sempre a mesma direcgao inicial, sendo nés a movermo-nos para um lado e para 0 outro, aor arwan Moora ‘Autor: Emanuel de Oliveira EDIGAO 2010 53 CADERNO TECNICO DE CARTOGRAFIA E ORIENTAGAO. GLUBE CELTAS DO MINHO Técnicas de Orientagao Leitura da carta com o seguimento do polegar © método mais simples e rapido para nos localizarmos na carta e no terreno é mediante 0 percorrer a carta com 0 dedo polegar a medida que vamos avancando de um ponto de referéncia a outro. A dobragem da carta faz-se de modo paralelo aos meridianos da carta, permitindo assim, determinar 0 rumo. Deste modo, mantemos a carta orientada, sendo mais célere a sua interpretagao. Orientagao por alto Este método consiste numa técnica de orientagéo baseada em pontos de referéncia claros, sem sombra para diividas, utilizada em terrenos com grandes acidentes naturais ou artificiais. Para este método recorremos a carta, a bussola, ou a ambos. Seguindo linhas claras no nosso percurso, tais como rios, estradas, linhas de alta tensdo, linhas de cumeada, entre outras, ou ‘seguindo como referéncias os grandes acidentes do terreno. Utilizamos a buissola para determinar e tragar os rumos sobre a carta, proporcionando pontos claros de referéncia para a nossa marcha, localizando-se préximos do nosso objectivo. Igualmente, podemos recorrer & bussola apenas para saber 0 nosso sentido de marcha. Orientagao precisa Esta técnica de orientagao utiliza-se em terrenos de orientacdo de dificuldade, como podem ser os planaltos e os terrenos recortados, em que os pontos de referéncia sdo escassos ou nulos. A velocidade de marcha ser mais lenta e requer uma atengdo redobrada para evitar a desorientagao ou deriva, A orientagao precisa pode implicar 0 uso da carta, bussola e a medigao de distancia ou ‘combinados entre si. Esta técnica obriga a identificagao dos detalhes e uma leitura atenta e continua da carta ao milimetro. © uso da bisssola nesta técnica obriga ao calculo sistematico de rumos e azimutes e a determinago de pontos de referéncia intermédios. ‘A medigao da distancia na carta e a contagem da disténcia no terreno é uma metodologia obrigatéria nesta técnica. Para a medigao da distancia no terreno podemos recorrer ao podémetro ‘ou pela contagem dos passos, para a qual devemos cada um ter elaborado previamente uma tabela que define quantos passos damos em cada 100 metros de percurso, correndo, andando devagar, em ascensao, em descida, em planicie, em caminhos, etc. Técnica de Simplificagao Esta técnica baseia-se em simplificar a busca racional de um ponto de referéncia através de métodos que aproveitam referencias proximas as do nosso objectivo. ‘Autor: Emanuel de Oliveira EDIGAO 2010, CADERNO TECNICO DE CARTOGRAFIA E ORIENTAGAO, ‘LUBE CELTAS DO MINHO Erro Voluntario Este método aplica-se sobre pontos de referéncia de destaque e consiste em tomar uma direccao (azimute) a direita ou & esquerda, segundo seja mais conveniente, relativamente a nossa direcgao de marcha, com o fim de que essa direcgéo nos conduza a um dado ponto de referéncia e daqui seguindo esse ponto de referéncia alcancemos 0 nosso objectivo. Por exemplo, ndo sabendo com total certeza o local onde nos encontramos, devido a ma visibilidade, isto é no ponto X ou Y, visto que estes encontram-se sensivelmente 4 mesma cota e numa zona parecida Para irmos ao ponto X’ o rumo é de 120°, dependendo onde nos encontramos (X ou Y), este rumo pode levar-nos a Y’, pelo que nao podemos seguir o rumo 120°. © método do erro voluntario permitird seguir um rumo que nos conduza a aresta rochosa ZZ’, a qual percorremos até chegarmos aX’, Este método permitira seguir um rumo que nos levara de X a Ze de Y a Z’ para depois seguirmos a aresta até ao colo. INSTTUTO GEOGRAFICO HACIONAL OF ESPANA 2008 ‘Autor: Emanuel de Oliveira EDIGAO 2010 54 55 CADERNO TECNICO DE CARTOGRAFIA E ORIENTAGAO. GLUBE CELTAS DO MINHO Aumento do ponto de referéncia Se 0 ponto de referéncia consiste num pequeno detalhe do relevo, deverios de aumentar este ponto, pelo que tomamos outros pontos de referéncia muito préximos e de maior destaque, constituindo no conjunto um bloco de referéncia. Aproximagao no sentido correcto Podemos conseguir um melhor campo de visdo do territério e dos pontos de referencia situados no espago imediato do nosso objectivo, bem como deslocarmo-nos em seguranga até ele, se optarmos de forma correcta pela direcgao de entrada ao nosso objectivo: Se 0 nosso objectivo encontra-se numa ravina, 0 melhor sera optarmos por aproximacao desde a zona de menor cota. Se 0 nosso objectivo encontra-se localizado num esporéo ou numa encosta, o melhor sera realizar a aproximacao pela zona de maior cota, desde onde poderemos obter um melhor e maior campo de visao. Se 0 nosso objectivo encontra-se numa encosta, também podemos optar por seguir uma curva de nivel até ao local onde se encontra. A técnica de seguir uma curva de nivel significa progredir a mesma cota numa determinada direcgao, Esta complexa depende obviamente do relevo, pelo que se admite um erro de progressdo entre -10 metros e +10 metros, relativamente a curva seleccionada. Devemos sempre recorrer & bussola para verificar a direcgao para percebermos qualquer alteracao da direcgao da curva de nivel. Ponto de Ataque Utilizando a técnica de orientagao precisa com buissola para atingirmos o objectivo, o ultimo ponto de referéncia desde que determinamos 0 azimute denomina-se ponto de ataque. Este ponto deverd ser escolhido de modo a que nos permita atingir 0 objectivo no sentido correcto, logo devera ser claro e conereto, sem qualquer possibilidade de gerar duvidas. Navegacao com ma visibilidade A progresséo em montanha com boa visibilidade é relativamente facil, uma vez que nos permite obter um amplo campo de visdo e uma melhor interpretagao cartografica. No entanto, tudo muda de figura quando as condigées de visibilidade reduzem-se, mesmo atingindo valores nulos, por exemplo, progresséo com nevoeiro e neve, o que torna a orientagao mais complexa, exigindo do monitor ou do guia uma pratica ¢ treino adequados para a resolugao de eventuais contratempos. ‘A progressao de um grupo com ma visibilidade exige um elevado rigor e capacidade de organizagao e controlo da parte do técnico, de modo a que se faca respeitar no seio do grupo e acatem as suas decisdes. E necessério dominar as técnicas de orientacdo, interpretacao cartografica e dos instrumentos utilizados. ‘Aconselha-se também a prestar atengao a todos os elementos que surjam e que possam auxiliar na orientagdo, tais como: - Adirecgdo do vento - Os cheiros - Estar atento as abertas do nevoeiro ‘Autor: Emanuel de Oliveira EDIGAO 2010, CADERNO TECNICO DE CARTOGRAFIA E ORIENTAGAO, ‘LUBE CELTAS DO MINHO Ter consciéncia que “material tem sempre raza Verificagao do tempo e da distancia ‘Ao encontrarmo-nos a fazer orientagao em montanha com deficiente visibilidade, temos a obrigagao de medir aproximadamente a distancia percorrida, bem como o tempo de progressao, por forma a dedicarmos toda a atengdo numa busca rigorosa do nosso objectivo. Devemos prestar atengo ao tempo, observando frequentemente o relégio, tendo em consideragéo que com mas condigdes de visibilidade o hordrio pode multiplicar-se por trés ou quatro vezes mais. Regra de 2 sobre 3 Nunca jamais, devemos como técnicos precipitarmo-nos, tomando como certa uma determinada posicéo sem antes confirmar, pois com deficiente visibilidade em montanha tudo parece igual. Em condig6es de deficiente visibilidade devemos de proceder da seguinte forma: Verificar a altitude indicada pelo altimetro se coincide com aquela que supomos estar. Seguir 0 azimute indicado e que nos conduziré ao nosso objectivo, quer na direcgao quer no sentido tomados. Efectuar continuamente a verificagao cartografica. Existe uma regra para estas situagdes de orientagao com ma visibilidade — a Regra de 2 sobre 3—dois elementos devem estar de acordo e um aproximado. Por exemplo: Altimetro = Bom, Mapa = Bom, Rumo = Inexacto — Posigao Correcta Altimetro = Bom, Mapa = Inexacto, Rumo = Inexacto — Posigao Incorrecta Utilizar a técnica de corrimao Por vezes somos obrigados a mudar 0 percurso inicial na procura de um “corrimao”, isto é, um elemento linear, tais como um rio ou ribeiro, linhas eléctricas, bases de paredes, entre outras, que nos guiaré como um corrimao até ao nosso objectivo, ainda que o itinerério seja mais longo, no entanto seré muito mais seguro do que fazer a travessia de um planalto. Seguir um rumo sem pontos de referéncia No caso da possibilidade ou op¢ao de manter a rota definida com 0 auxilio da bissola em condigées de deficiente visibilidade por condi¢ées meteorolégicas, um membro do grupo devera avancar até um ponto onde se situe o limite de visibilidade, seguindo a direcg4o que 0 guia indica desde 0 ponto de saida. Uma vez alinhado com o azimute indicado, os restantes elementos do grupo deverdo ir ao seu encontro, deslocando-se em fila “indiana” e 0 processo devera repetir-se sempre que necessdrio com extremo cuidado e atengao. ‘Autor: Emanuel de Oliveira EDIGAO 2010, 56 57 CADERNO TECNICO DE CARTOGRAFIA E ORIENTAGAO. GLUBE CELTAS DO MINHO Preparagao do Itinerario A preparagao do itinerério € de vital importéncia para o éxito da actividade a realizar, constituindo a validagéo de todos os conhecimentos até aqui adquiridos, sendo o principal instrumento para garantir a seguranga de toda a nossa actividade de montanha, sendo obrigatério colocé-la em pratica, nunca menosprezando-a por mais simples que seja a nossa actividade. A preparacao da actividade nao é improvisada a ultima hora, “em cima do joelho", obriga porém a uma abordagem e andlise prévia e detalhada, executada em casa ou no refiigio, nosso itinerario deverd obedecer aos seguintes critérios basicos: *Seguranga ‘Desnivel Distancia Temos ainda que considerar o tipo de grupo que iremos enquadrar, a sua condigdo fisica e a técnica que possui cada elemento. Quando tragamos um itinerario devemos prever itinerarios altemativos ou de fuga, no caso de sermos obrigados a retirar. Para cada accao em montanha devemos de fazer sempre o trabalho de casa, informando-nos sobre 0 territério e recolher toda a informacao util, bem como estudar detalhadamente a cartografia de campo, procurando fazer o necessério trabalho de memorizagao. tinerario Metodologia para a seleccao do A selecco do itinerario, bem como o seu tragado é a parte mais importante da preparago, pois hé que marcar com marcador florescente ou com lapis o caminho que pretendemos realizar, bem como definir os percursos alternativos e de fuga ou de refiigio (em caso de incéndio florestal, por ex.°), De preparagao do itinerdrio dependera a nossa acco, a qual poderé acabar em pleno éxito ‘ou num completo desastre (deriva, desorientagéo, elementos do grupo esgotados, atrasos no regresso, etc. etc.) ‘Antes de decidirmos o melhor itinerério devemos questionar-nos sobre o seguinte: - Podemos simplificar os pontos de referéncia? - E necessario procurar “pontos de ataque"? - Porque caminhos devemos de optar para alcangar os pontos de referéncia? Aescolha do itinerario dependera do seguinte: Seguranga. Devemos evitar trogos com risco potencial ao nivel de perigos objectivos. Desnivel. Deveré ser 0 menor possivel quer na ascenséo quer na descida. E preferivel contornar zonas abruptas do que obrigar o grupo a subir e a descer continuamente, obrigando a um esforgo evitavel Distancia. A distancia em montanha é relativa e dificil de determinar com exactiddo, dal que associe-se a distancia com o tempo necessdrio para deslocarmo-nos de um ponto a outro. O melhor 6 no nos metermos em atalhos e seguir caminhos existentes. Estes trés pressupostos de selecgao de um itinerério sao de vital importancia a considerar, ‘sendo muito influenciados pela condigdo fisica e técnica do grupo. ‘Autor: Emanuel de Oliveira EDIGAO 2010, CADERNO TECNICO DE CARTOGRAFIA E ORIENTAGAO, E necessario procurar pontos notaveis de facil identificagao no nosso itinerdrio, pois a passagem por cada um servir para comprovar a direcgdo correcta da nossa progressao. Estes Pontos constituiréo a origem e o destino de uma linha directriz, 0 ponto de destino da primeira linha corresponde ao ponto de origem da segunda linha directriz e assim sucessivamente até completarmos todas as linhas directrizes do itinerdrio. Estas linhas deverdo evitar obstaculos, zonas de risco potencial e serem o mais simples e facil de percorrer. Estas constituem o caminho a seguir no nosso itinerario, podendo tratar-se de trilhos, caminhos, riachos, cristas, curvas de nivel, entre ‘outras, que nos conduzam de modo eficaz e seguro ao nosso objectivo. © calcul de tempo é importante para preparar o itinerdrio, no entanto € dificil de estimar, derivado do conjunto de varidveis imprevistas, tais como: acidentes do relevo ndo revelados em cartografia, condigao do grupo, carga de transporte, meteorologia, entre outros. Para 0 calculo estimado do tempo, tendo em conta que a mais valia sera a nossa experiéncia, seguimos normalmente a seguinte regra: +Uma pessoa sozinha ou um grupo experiente com boa condicdo fisica percorre 400 metros de desnivel por hora e 5 km de distancia reduzida por hora -Uma grupo normal percorre 300 metros de desnivel por hora e 4 km de distancia reduzida por hora: © cilculo estimado do tempo determina-se pelos metros de desnivel do percurso e os quilémetros de distancia percorrida. Calculam-se os tempos separadamente de acordo com a regra anterior e soma-se a quantidade maior a metade menor (em caso de desniveis em descida, ao tempo total subtrai-se um terco). A estimativa faz-se para cada uma das linhas directrizes. Normalmente, ao tempo total do percurso, procede-se & adicao de 10% por paragens e um 10%- 20% como margem de seguranga. Igualmente, devemos ter em linha as horas de luz para fazer a actividade. Outra forma de estimar o tempo é a aplicacao da seguinte regra’ +Estimar 60 minutos por cada 4 km de disténcia reduzida medida na carta e adicionar um minuto por cada 10 metros de desnivel *Se 0 desnivel é negativo, mas suave, descontam-se 10 minutos por cada 300 metros de altitude que se desca. *Se o desnivel é negativo, mas muito abrupto, adicionam-se 10 minutos por cada 300 metros de altitude que se desga. Em conjunto com o mapa devemos de conceber para cada itinerario uma Ficha Técnica do Itinerério que consiste numa tabela com os seguintes dados por cada linha directriz: 1 - Ponto de Origem (Nome e Coordenada UTM) 2- Ponto de Destino (Nome e Coordenada UTM) 3- Altitude 4-- Desnivel Positivo e/ou Negativo 5-Rumo 6 - Tempo Estimado 7 - Observagées que contribuam para a orientagao e progressao, ‘LUBE CELTAS DO MINHO ‘Autor: Emanuel de Oliver EDIGAO 201 0 58 CADERNO TECNICO DE CARTOGRAFIA E ORIENTAGAO. GLUBE CELTAS DO MINHO Pree enastas rio neta Foran aene] sree Dee A Faeeiauru 59 ‘Autor: Emanuel de Oliveira EDIGAO 2010, CADERNO TECNICO DE CARTOGRAFIA E ORIENTAGAO, ‘LUBE CELTAS DO MINHO Referéncias Bibliograficas Wilson, Neil; Manual de la Orientacién — Todas las técnicas para orientarse al aire libre; Editorial LIBSA; Madrid ~ 2003 Pelaz, Javier Sintes; Manual Técnico — Alpinismo y Desafio de la Alta Montafia; Ediciones Desnivel; Madrid 2003, Hill, Pete & Jonhston, Stuart; Técnicas de Montafia — Manual Pratico para Monitores y Guias; Ediciones Desnivel; Madrid - 2002 Escuela Espafiola de Alta Montafia; Certificado de Iniciacién al Montafiismo — Texto Oficial de Ensefianza de la EEAM; BARRABES Editorial — Junio 2001 \—Todo sobre el mapa y la brijula; Ediciones Desni Paginas WEB de interesse wwwigeoe.pt - Instituto Geogréfico do Exército (Portugal) http:/iwww.igeo.pt - Instituto Geografico Portugués (IGP) http:/iwww.ign.es - Instituto Geografico Nacional de Espafia http:/www.ngde. noaa.govigeomag/geomag.shtml - NOAA's National Geophysical Data Center (NGDC) ‘Autor: Emanuel de Oliveira EDIGAO 2010, 60 CADERNO TECNICO DE CARTOGRAFIA E ORIENTAGAO, ‘LUBE CELTAS DO MINHO 6 ‘Autor: Emanuel de Oliveira EDIGAO 2010, www.celtasdominho.org

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