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Sobre a autora

Ludmilla
NomeCarvalho Rangel Resgala
do professor

A autora do caderno de estudos é a professora Ludmilla Carvalho Rangel


Resgala, brasileira, natural de Itaperuna/RJ, bacharel em Ciências Biológicas pela
Universidade Estadual do Norte Fluminense – UENF (2005), Mestre em Biociências e
Biotecnologia Universidade Estadual do Norte Fluminense – UENF (2007), Especialista
em Docência do Ensino Superior (REDENTOR, 2012) e Doutora em Biotecnologia pela
Universidade Federal do Espírito Santo – UFES (2019). É professora do Centro
Universitário UniRedentor desde 2010, nos cursos presenciais de Engenharia de
Produção, Engenharia Elétrica, Ciências Biológicas, Enfermagem, Fisioterapia,
Fonoaudiologia, Nutrição, Medicina, Medicina Veterinária e Educação Física.
Docente nas disciplinas de Química, Físico-Química, Bioquímica, Biofísica, Fisiologia,
Histologia, Embriologia e Genética. Além de atuar nos cursos presenciais também é
professora e tutora dos cursos à distância de Engenharia de Produção e Educação
Física. É coordenadora pedagógica da Pós-graduação do Centro Universitário
UniRedentor, desde 2018.
Apresentação

Olá querido aluno (a), seja muito bem-vindo (a)!

Iniciando sua formação em Educação Física, você tem um mais um novo


desafio nas disciplinas do ciclo básico. Nossa disciplina intitula-se Fisiologia e dedica-
se ao estudo do funcionamento dos órgãos e sistemas do ser humano. Neste
contexto, a Fisiologia busca compreender o funcionamento dos sistemas biológicos,
e a integração de todos os sistemas. A Fisiologia tem, portanto, o objetivo de
promover a compreensão do funcionamento dos diversos sistemas biológicos,
favorecendo a compreensão de outras disciplinas que estão por vir nos próximos
períodos. Além disso, a Fisiologia é uma ciência que se alinha com outras como a
Biofísica, Biologia Celular, Histologia, Bioquímica, Fisiologia do exercício de modo
multidisciplinar, permitindo uma compreensão global do funcionamento do corpo
humano. Dessa forma, convido-o(a) a ingressar nesse novo desafio!

.
.
.

Bons estudos!
Objetivos

Este caderno de estudos tem como objetivos:

 Compreender os conceitos de Fisiologia;


 Explicar os aspectos biológicos dos diversos Sistemas do corpo;
 Dominar os conteúdos básicos da disciplina, para associá-los às
matérias específicas do ciclo profissional.
Sumário

AULA 1 – COMPARTIMENTOS LÍQUIDOS CORPORAIS


1 CONCEITO HOMEOSTASE ........................................................................... 12
1.1 Distribuição dos líquidos corporais ........................................................... 12
1.2 Composição dos compartimentos líquidos corporais ............................ 13

AULA 2 – TRANSPORTE ATRAVÉS DA MEMBRANA PLASMÁTICA


2 MECANISMOS DE TRANSPORTE DA MEMBRANA ....................................... 22
2.1 Classificação dos tipos de transporte ...................................................... 23

AULA 3 – POTENCIAL DE AÇÃO


3 POTENCIAL DE MEMBRANA ........................................................................ 36

AULA 4 – SISTEMA NERVOSO: DIVISÃO ANATÔMICA E FUNCIONAL


4 O SISTEMA NERVOSO .................................................................................. 44
4.1 Células do sistema nervoso ....................................................................... 44
4.2 Divisão anatômica do sistema nervoso ................................................... 47
4.3 O sistema nervoso central (SNC) .............................................................. 49
4.4 O sistema nervoso periférico (SNP) ........................................................... 52
4.5 Divisão funcional do SNP ........................................................................... 56

AULA 5 – FISIOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO: SINAPSES


5 SINAPSES ...................................................................................................... 65
5.1 Receptores sinápticos ................................................................................ 66
5.2 Neurotransmissores..................................................................................... 69

AULA 6 – FISIOLOGIA DO SISTEMA MUSCULAR


6 TIPOS DE MÚSCULOS ................................................................................... 78
6.1 Placa motora .............................................................................................. 79
AULA 7 – FISIOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATORIO
7 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 93
7.1 A respiração................................................................................................ 95
7.2 A hematose ................................................................................................. 97
7.3 O transporte de gases pelo sangue ......................................................... 99
7.4 Respiração celular e respiração celular ................................................ 102

AULA 8 – FISIOLOGIA DO SISTEMA CARDIOVASCULAR


8 SISTEMA CIRCULATÓRIO ........................................................................... 108
8.1 Atividade elétrica cardíaca .................................................................... 110
8.2 Os vasos sanguíneos ................................................................................ 111
8.3 A pressão arterial...................................................................................... 112

AULA 9 – FATORES QUE AFETAM A PRESSÃO ARTERIAL


9 PRESSÃO ARTERIAL .................................................................................... 119
9.1 Fatores que influenciam na PA................................................................ 119
9.2 Hipertensão arterial sistêmica (HAS)....................................................... 120
9.3 Fatores de risco para HAS ........................................................................ 121
9.4 A influência da atividade física no controle da PA ............................... 122
9.4.1 Inatividade/atividade física........................................................................ 122
9.4.2 Exercícios físicos ............................................................................................ 123

AULA 10 – FISIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO


10 FUNÇÕES DO SISTEMA DIGESTORIO ......................................................... 130
10.1 Estrutura do sistema digestório ................................................................ 130

AULA 11 – FISIOLOGIA DO SISTEMA RENAL


11 FUNÇÕES DO SISTEMA RENAL ................................................................... 145
11.1 Anatomia do sistema renal...................................................................... 145
11.2 Fisiologia dos néfrons ............................................................................... 148
11.3 A glicose e a urina.................................................................................... 150

AULA 12 – FISIOLOGIA DO SISTEMA RENINA – ANGIOTENSINA -


ALDOSTERONA
12 FUNÇÃO GERAL DO SRAA ........................................................................ 157
12.1 Renina ........................................................................................................ 157
12.2 Angiotensina I e II ..................................................................................... 158
12.3 Aldosterona ............................................................................................... 158
12.4 O mecanismo do SRAA ............................................................................ 159

AULA 13 – FISIOLOGIA DO SISTEMA ENDÓCRINO: HIPOTÁLAMO E


HIPÓFISE
13 TIPOS DE GLANDULAS................................................................................ 167
13.1 Principais glândulas endócrinas ............................................................. 168
13.2 Mecanismo de ação dos hormônios nas células.................................. 172
13.3 Controle pelo hipotálamo........................................................................ 173

AULA 14 – SISTEMA ENDOCRINO: CONTROLE HORMONAL DA GLICEMIA


14 O PÂNCREAS ............................................................................................. 180
14.1 Importância da glicose............................................................................ 180
14.2 Insulina....................................................................................................... 182
14.2.1 Resistência à insulina ................................................................................... 183
14.3 Glucagon .................................................................................................. 184
14.4 Controle da glicemia ............................................................................... 185

AULA 15 – FISIOLOGIA DA DOR


15 A DOR ........................................................................................................ 194
15.1 Tipos de dor ............................................................................................... 194
15.2 Classificação da dor ................................................................................ 196

AULA 16 – FISIOLOGIA DOS SISTEMAS REPRODUTOR FEMININO E


MASCULINO
16 O SISTEMA REPRODUTOR ........................................................................... 202
16.1 O aparelho reprodutor feminino ............................................................. 202
16.2 O aparelho reprodutor masculino .......................................................... 203
16.3 Gametogênese......................................................................................... 205
16.4 Ciclo ovulatório......................................................................................... 206
Iconografia

SAIBA MAIS ATENÇÃO

PARA
ATIVIDADE
REFLEXÃO

EXEMPLO VÍDEO

ANOTAÇÕES LEMBRETE
Aula 1
Compartimentos líquidos corporais

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula estudaremos os Compartimentos Líquidos Corporais, abordando


os princípios de composição, estrutura, propriedades e funções. Além da
importância para a homeostase do corpo.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Compreender a importância dos compartimentos líquidos corporais


para manutenção da homeostase;
 Conhecer suas propriedades e principais componentes;
 Reconhecer sua importância para organismo.
P á g i n a | 12

1 CONCEITO HOMEOSTASE

A palavra Homeostase, significa Homo: mesmo; e Stasis= estado inalterado.


Em um entendimento simples e inicial, podemos entender que homeostasia é a
manutenção do equilíbrio das condições e funções corporais. Ainda no séc XIX
Claude Bernard, definiu Homeostase como sendo “ A constância do meio interno”.
Para a manutenção dessa homeostase o organismo é capaz de metabolizar
substâncias em prol do bom funcionamento do próprio corpo, através de
autorregulação. A homeostasia é mantida graças ao perfeito funcionamento de
diversos sistemas, órgãos e estruturas que atuam conjuntamente.

Figura 1: Estrutura.

Fonte: SILVERTHORN (2010, s.p)

1.1 Distribuição dos líquidos corporais

De todo esse liquido a maior parte é composta pela água. Porém, essa
quantidade varia muito em função do tipo celular, idade do indivíduo, estado
fisiológico, por exemplo. Contudo, independentemente do tipo celular, todas as
células possuem agua em seu interior, pois todas as atividades intracelulares
ocorrem na presença de água. Um homem jovem adulto saudável e de peso
considerado normal, possui cerca de 70% do corpo formado por água. As mulheres,
no entanto, possuem um pouco menos. Pessoas idosas, tendem a ter uma
porcentagem também menor de água cerca de quase 50%, ao passo que em
recém-nascidos encontramos mais de 70% de água.
Podemos relacionar a quantidade de água no corpo com a atividade
metabólica do corpo: quanto maior for a necessidade metabólica do corpo, maior
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será sua necessidade de armazenar água para que tais atividades metabólicas
aconteçam.
Os líquidos corporais podem ser classificados como intracelulares e
extracelulares. Sendo os intracelulares aqueles encontrados no interior das células e
os extracelulares podem ser encontrados no espaço intersticial e no plasma.
Os líquidos encontrados nos espaços intersticiais estão localizados entre as
membranas das células presentes em um mesmo tecido.
Já o plasma é o componente líquido do sangue (formado também por
células e elementos figurados). A composição do plasma é em grande parte de
água, proteínas, lipídios, açúcares e também de eletrólitos como Na+, K+, Cl, entre
outros. O plasma e o espaço intersticial realizam uma troca altamente dinâmica de
substâncias por meio das delgadas paredes dos capilares sanguíneos.

Figura 2: Tratado de Fisiologia Humana.

Fonte: GUYTON (2009, s.p)

1.2 Composição dos compartimentos líquidos corporais

A ingestão diária normal de água por um adulto é, em média, 2,5 L (incluindo
líquidos diretamente e o presente nos alimentos), dos quais cerca de 1,5 L é
P á g i n a | 14

excretado na urina, 100 mL é perdido no suor e 100 mL está presente nas fezes. Isso
em condições, fisiologicamente, normais.
A perda excessiva de água, ou pelos rins, pelo suor ou pela via gastrintestinal
pode resultar na desidratação. Os componentes dos líquidos extracelulares, são
regulados pelos rins, que são capazes de eliminar ou reter seguindo as necessidades
homeostáticas do corpo.
A composição, bem como a distribuição dos líquidos corporais podem ser
vistos na tabela a seguir:

Figura 3: Tratado de Fisiologia Humana.

Fonte: GUYTON (2009, s.p)

É importante observar que o conceito de Homeostasia trazido no início dessa


aula, pode nos fazer entender que homeostase é um equilíbrio estático, o que não
é verdade. Ao verificarmos que existe um balanço hídrico e eletrolítico através da
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ingestão e excreção, verificamos que homeostasia é a estabilidade dos sistemas


que ocorre de maneira altamente dinâmica.
E para que essa manutenção ocorra dentro dos parâmetros fisiológicos
considerados normais, é importante lembrar que as funções da membrana
plasmática, aprendidas nas aulas de biofísica são essenciais.
Através do quadro abaixo, podemos relembrar algumas dessas funções e
conceitos que veremos na aula 2 com mais detalhes para relembrarmos:

Figura 4: Funções e conceitos.

Fonte: SILVERTHORN (2010, s.p)

Caso haja alguma dúvida, em relação à teoria ou aos exercícios, entre em


contato com o tutor da disciplina. Não se esqueça de consultar o material
complementar, pois lá você encontrará várias maneiras de reforçar a
aprendizagem do nosso conteúdo, tanto por consulta a outros sites, vídeos quanto
por programas computacionais para o desenvolvimento dos exercícios.
Resumo

Nesta aula vimos:

 O conceito de homeostase;
 Os compartimentos líquidos corporais;
 A composição dos líquidos corporais, bem como sua distribuição.
Complementar

VÍDEO

USP. Os sistemas respiratórios e excretor. Disponível em:


https://midia.atp.usp.br/impressos/redefor/ensinobiologia/fisio_2011_2012/fisiologia_v
2_semana03.pdf. Acesso em: 10 out. 2019.
Referências

Básica:
AIRES, M. M. Fisiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.

ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. New York: Garland Science,
2015.

GUYTON.; HALL. Tratado de fisiologia médica. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 9. ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2012.

KOEPPEN, B. M.; STANTON, B. A. Fisiologia. 6. ed. São Paulo: Elsevier, 2009.

KREBS, C.; WEINBERG, J.; AKESSON, E. Neurociências ilustrada. Porto Alegre: Artmed,
2013.

SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. Porto Alegre:


Artmed, 2010.
Exercícios
AULA 1

ATIVIDADE

1) Analise as alternativas abaixo e marque a única que não indica um sinal


de desidratação:
a) Boca seca.
b) Olho fundo.
c) Dores de cabeça.
d) Urina diluída.
e) Pouca quantidade de urina.

2) Um ser humano pode ficar semanas sem ingerir alimentos, mas passar de
três a cinco dias sem ingerir líquidos pode ser fatal. Os especialistas recomendam
que se deve beber no mínimo 2,5 litros de água por dia. “Quando a pessoa está
com sede, é porque já passou do ponto de beber água, diz a pneumologista
Juliana Ferreira, do Hospital das Clínicas, em São Paulo”. Em dias muito quentes ou
quando a pessoa faz exercícios intensos, essa ingestão pode até superar 6 litros,
principalmente porque o suor “desperdiça” muito líquido, na tentativa de manter a
temperatura do corpo em um nível adequado. “É preciso se hidratar corretamente,
caso contrário, o organismo gasta mais água do que absorve, afirma a nutricionista
Isabela Guerra, que desenvolve doutorado na área de hidratação e esporte”
Disponível em: Mundo Estranho / Saúde
http://mundoestranho.abril.com.br/materia/quais-sao-as-funcoes-da-agua-
nocorpo-humano. Adaptado.

Sabe-se que a recomendação de hidratação diária para o corpo humano é


de 2.550 ml de água, que podem ser abastecidos por meio da ingestão de
alimentos (1.000 ml) e líquidos (1.200 ml) e de reações químicas internas (350 ml). A
desidratação diária, em condições normais, é do mesmo montante. Assinale a
alternativa que apresenta, em ordem decrescente, a perda de água no nosso
organismo.
a) Fezes, urina, suor e respiração.
b) Suor, urina, fezes e respiração.
c) Respiração, urina, fezes e suor.
d) Suor, urina, fezes e respiração.
e) Urina, suor, respiração e fezes.

3) A desidratação pode levar um indivíduo à morte caso não seja tratada


adequadamente. Todas as formas abaixo podem ajudar a evitar a desidratação,
exceto:
a) Tratar diarreias e vômitos.
b) Usar roupas leves durante os dias quentes.
c) Evitar exercícios físicos em dias quentes.
d) Cuidar da alimentação.
e) Beber diariamente no máximo dois litros de água.
Aula 2
Transporte através da membrana
plasmática

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula vamos relembrar os conceitos de Transporte através da


membrana, abordando os tipos de transporte e o comportamento da célula em
diferentes concentrações do meio. O estudo e conhecimento dos mecanismos de
transporte através da membrana plasmática serão importantes em toda a disciplina
de Fisiologia. É muito importante conhecer os conceitos e o funcionamento desses
tipos de transporte.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Compreender os conceitos de Transporte através da membrana


plasmática;
 Identificar os tipos de transporte realizados através da membrana;
 Diferenciar os mecanismos de transporte;
 Compreender o comportamento da célula em diferentes
concentrações do meio.
P á g i n a | 22

2 MECANISMOS DE TRANSPORTE DA MEMBRANA

A entrada e saída de substâncias na célula são reguladas pela membrana


plasmática. A entrada de substâncias na célula é denominada endocitose. A
endocitose, por sua vez, pode ser de substâncias líquidas (pinocitose) ou sólidas
(fagocitose). A saída de substâncias da célula, é denominada exocitose.
O controle realizado pela membrana depende essencialmente das
concentrações das substancias presentes em cada lado da mesma. E por isso, para
darmos início é necessário relembrar o conhecimento acerca das concentrações
do meio extracelular e intracelular.
A quantidade e a concentração das substâncias presentes na matriz irão
influenciar nos diferentes tipos de transporte que ocorrem através da membrana
plasmática das células.
No que diz respeito as concentrações, os meios podem ser:
 Hipotônico – nesse caso a concentração do meio extracelular é menor do
que a concentração no meio intracelular;
 Hipertônico – nesse caso a concentração do meio extracelular é maior do
que a concentração no meio intracelular;
 Isotônico – nesse caso a concentração do meio extracelular é igual do
que a concentração no meio intracelular.

Figura 5: Meios hipotônico, isotônico e hipertônico.

A solução A é hipotônica em
relação à solução B.

Solução A Solução B

A solução A é hipertônica em
relação à solução B.

Solução A Solução B
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(Conclusão)

A solução A é isotônica em relação


à solução B.

Solução A Solução B

Fonte: a autora

2.1 Classificação dos tipos de transporte

Os transportes realizados através da membrana plasmática pelas células, de


um modo geral podem sem classificados quanto ao gasto de energia (na forma de
ATP) e quanto ao modo de transporte.
Quanto ao gasto de energia: Para que a célula possa manter o seu
metabolismo e suas atividades é necessário que haja energia. A principal molécula
energética da célula é o ATP (Adenosina Trifosfato) produzido pela mitocôndria.
Para realizar o transporte através da membrana plasmática a célula pode ou não
gastar energia. Quando não há o gasto de energia para que o transporte seja
realizado, denominamos Transporte Passivo. Contudo, quando há o gasto de
energia para que o transporte seja realizado, denominamos Transporte Ativo.
a) Transporte passivo - incluem-se nesse tipo de transporte todos os que
ocorrem através da membrana em que não há gasto de energia: osmose, difusão
simples e difusão facilitada.
- Osmose – Esse tipo de transporte ocorre quando o solvente (nesse caso a
água) migra através da membrana do meio menos para o mais concentrado. Esse
transporte tem por objetivo igualar as concentrações nos dois lados da membrana.

Figura 6: Mecanismo da osmose.

Fonte: https://www.dctech.com.br/voce-conhece-o-conceito-de-osmose/
P á g i n a | 24

Dependendo da concentração do meio onde a célula está, ela pode perder


ou ganhar água ou, ainda, não alterar a quantidade de água do seu interior, como
pode ser visto no esquema das células a seguir:

Figura 7: Mecanismo da osmose.


Quando colocada em meio
hipertônico (mais concentrado) as células
tendem a encolher, já que perdem água.
Quando imersas em meio isotônico
(mesma concentração) a entrada e
saída de água da célula estão em
equilíbrio.
Fonte: https://www.todamateria.com.br/osmose/

Já quando estão em um meio hipotônico (menos concentrado) as células


tendem a inchar, podendo até mesmo se romper, devido à entrada excessiva de
água na célula.
Difusão Simples – Esse tipo de transporte ocorre quando as moléculas do
soluto se difundem através da membrana plasmática do meio mais concentrado
para o menos concentrado. Substâncias de pequeno tamanho molecular como os
gases O2, CO2 e que se dissolvem em água. Esse tipo de transporte ocorre a favor
do gradiente de concentração.
Difusão Facilitada – Esse tipo de transporte ocorre quando as moléculas do
soluto não conseguem se difundir livremente através da membrana plasmática do
meio mais concentrado para o menos concentrado. Substâncias de grande
tamanho molecular como a glicose, por exemplo. Esse tipo de transporte ocorre a
favor do gradiente de concentração, porém, para que ocorra necessita de
proteínas que realizem o transporte.
P á g i n a | 25

Figura 8: Mecanismo da difusão simples e facilitada.

Proteína
Transportadora

Difusão Difusão
Simples Facilitada

Fonte: a autora.

b) Transporte ativo – Neste tipo de transporte, as substâncias se movimentam


através da membrana do meio hipotônico (menos concentrado) para o meio
hipertônico (mais concentrado). Neste caso, o transporte é realizado contra o
gradiente de concentração, além disso, é necessário que seja realizado por
proteínas de membrana e com gasto energético.

Figura 9: Mecanismo do transporte ativo.

Transporte
Ativo Proteína
Transportadora

ADP + Pi
ATP

Fonte: a autora.

Os mecanismos de transporte ativo podem ser classificados em dois tipos:


transporte ativo primário usa uma fonte de energia química diretamente (por
P á g i n a | 26

exemplo, o ATP) para mover as moléculas através da membrana contra seu


gradiente e o transporte ativo secundário (co-transporte), por outro lado, usa um
gradiente eletro-químico - gerado pelo transporte ativo - como fonte de energia
para mover as moléculas contra seu gradiente, e assim não requer uma fonte
química de energia como o ATP.

Figura 10: Mecanismo do transporte ativo primário e secundário.

Transporte
Ativo
Primário

ADP + Pi
ATP

Transporte Ativo
Secundário

Fonte: a autora.

Classificação quanto ao modo de transporte: Além de classificarmos o


transporte através da membrana plasmática quanto ao tipo de substância, quanto
ao gasto de energia, também podemos classificar quanto ao modo do transporte.
Quando o transporte ocorre por meio de proteínas transportadoras de duas
ou mais moléculas diferentes, em uma mesma direção e mesmo sentido, podemos
classificar como Simporte. Um exemplo desse tipo de transporte é o transportador
Na+-Glicose presente na membrana do epitélio intestinal.
Quando o transporte é mediado por proteínas transportadoras de duas ou
mais substâncias, porém, ocorre em sentidos contrários, podemos classificar como
Antiporte. Um exemplo desse tipo de transporte é a bomba de Na+/K+ (que será
abordado na Aula 5).
E, finalmente, quando o transporte é realizado por apenas um único tipo de
substancia, identificamos como Uniporte. Os transportadores do tipo canais de Ca+2,
P á g i n a | 27

Na+, K+ são exemplos desse tipo de transporte e podem ser encontrados em todos
os tipos de células.

Figura 11: Mecanismos dos modos transporte.

Simporte Antiporte Uniporte


Fonte: adaptado de e-disciplinas USP
Resumo

Nesta aula vimos:

 Os tipos de transporte que ocorrem através da membrana;


 A diferença entre Transporte passivo e ativo;
 Transporte ativo primário e secundário;
 Simporte, Antiporte e Uniporte.
Complementar

SAIBA MAIS

KHAN ACADEMY. Extracelular Matriz.


https://pt.khanacademy.org/science/biology/structure-of-a-cell/cytoskeleton-
junctions-and-extracellular-structures/v/extracellular-matrix.

OLIVEIRA, JR de. Biofísica para Ciências. 4. ed. São Paulo: Person, s.d.

SGUAZZARDI, M. M. M. U. Biofísica. São Paulo: Person, s.d.

Membrana Plasmática. [S. l.: s. n.], s.d. 1 vídeo (9 min). Publicado pelo canal
Gabriela de Paula de Almas. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=mrLIJ2K0QH4. Acesso em: 25 ago. 2019.
P á g i n a | 30

VÍDEO

Junções Celulares - Possibilidade de organização em tecidos. [S. l.: s. n.], s.d. 1 vídeo
(2 min). Publicado pelo canal Biologia Celular e Molecular NF. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=p6lm7w-4hRc. Acesso em: 25 ago. 2019.

Diapedese - Lucas Hernane. [S. l.: s. n.], 2010. 1 vídeo (1 min). Publicado pelo canal
lmdmcetecmg. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=02baC3-VxUc.
Acesso em: 25 ago. 2019.
Referências

Básica:
AIRES, M. M. Fisiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.

ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. New York: Garland Science,
2015.

GUYTON.; HALL. Tratado de fisiologia médica. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 9. ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2012.

KOEPPEN, B. M.; STANTON, B. A. Fisiologia. 6. ed. São Paulo: Elsevier, 2009.

KREBS, C.; WEINBERG, J.; AKESSON, E. Neurociências ilustrada. Porto Alegre: Artmed,
2013.

SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. Porto Alegre:


Artmed, 2010.
Exercícios
AULA 2

ATIVIDADE

1) A figura abaixo mostra 3 tipos de transporte (1, 2 e 3) através da


membrana plasmática. Analise-a.

Figura 12: 3 tipos de transporte.

Fonte: FUPAC (2012, s.p)

Assinale a alternativa que apresenta, respectivamente, o número que indica


a passagem de O2 da água para as brânquias de um peixe e o transporte de
glicose para o interior das células do corpo humano.
a) 1 e 1
b) 1 e 2
c) 2 e 1
d) 2e 3
e) 3 e 2

2) Osmose é um processo espontâneo que ocorre em todos os organismos


vivos e é essencial à manutenção da vida. Uma solução 0,15 mol/L de NaCl (cloreto
P á g i n a | 33

de sódio) possui a mesma pressão osmótica das soluções presentes nas células
humanas.
A imersão de uma célula humana em uma solução 0,20 mol/L de NaCl tem
como consequência, a
a) adsorção de íons Na+ sobre a superfície da célula.
b) difusão rápida de íons Na+ para o interior da célula.
c) diminuição da concentração das soluções presentes na célula.
d) transferência de íons Na+ da célula para a solução.
e) transferência de moléculas de água do interior da célula para a solução.

3- As hemácias de mamíferos são isotônicas, quando comparadas a uma


solução salina de NaCl a 0,9%. Tais hemácias, colocadas em uma solução com
concentração de 0,2% de NaCl, sofrem
a) diálise com hemólise.
b) osmose sem hemólise.
c) osmose com hemólise.
d) diálise sem hemólise.

4) Hemácias foram colocadas em uma solução de concentração


desconhecida, tendo, após um certo tempo, sofrido hemólise. Em função deste
resultado, foi possível dizer que a solução em questão apresenta-se:
a) atônica em relação às hemácias.
b) com alta concentração de sais.
c) hipotônica em relação às hemácias.
d) isotônica em relação às hemácias.
e) hipertônica em relação às hemácias.

5) Assinale a alternativa INCORRETA:


a) A difusão simples é um tipo de transporte passivo através da membrana
plasmática que ocorre quando existem condições de grandiente de concentração
sem haver gasto de energia.
b) A difusão facilitada utiliza proteínas carregadoras para o transporte de
açúcares simples e aminoácidos através de membrana constituindo, por essa razão,
um processo de transporte ativo.
P á g i n a | 34

c) A membrana plasmática é formada por uma camada bimolecular de


fosfolipídeos onde estão dispersas moléculas de proteínas globulares, dispostas
como um mosaico.
d) Qualquer processo de captura por meio do envolvimento de partículas é
chamado endocitose.
e) Na fagocitose a célula engloba partículas sólidas para através da emissão
de pseudópodes que as englobam formando um vacúolo alimentar denominado
fagossomo.
Aula 3
Potencial de ação

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula estudaremos sobre o potencial de ação e sua importância para


funções celulares, especialmente para as células excitáveis como neurônio.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Reconhecer a importância do potencial de ação para os diferentes


tecidos do corpo;
 Compreender a Lei do tudo ou nada;
 Conhecer os conceitos que envolvem o potencial de ação.
P á g i n a | 36

3 POTENCIAL DE MEMBRANA

Todas as membranas biológicas apresentam uma diversidade de íons e


moléculas carregadas com carga positiva ou negativa, como por exemplo, íons
Na+ e Cl-. A diferença na concentração dessas e outras moléculas presentes no
meio interno e externo da célula, vai determinar uma diferença entre as cargas dos
dois lados da membrana, o chamado de potencial de membrana. O potencial de
membrana existe sob duas formas: potencial de repouso e potencial de ação.
Potencial de Repouso – neste estado, todas as células mantêm uma maior
concentração de íons de carga positiva no lado externo da membrana plasmática
e, no meio intracelular o meio fica mais negativo, a membrana então está
polarizada. Para alcançar esse estado, a membrana promove uma alternância dos
transportes passivo e ativo. Por meio do transporte passivo, ocorre a entrada de íons
Na+ e a saída de íons K+ e ativamente a bomba de Na+/ K+ promove o efluxo dos
íons Na+ e o influxo de íons K+.
Quando em repouso o meio intracelular apresenta uma voltagem próxima a
-75mV (milivolts).

Figura 13: Potencial de repouso.

Fonte: a autora

Potencial de Ação – neste estado, provocado por algum tipo de estímulo,


ocorre uma variação brusca no potencial de repouso, por isso é denominado
potencial de ação. Para que ocorra uma perturbação no estado de repouso, é
necessário que o estímulo seja o suficiente para atingir o valor do limiar de ação
(aproximadamente -65 mV).
P á g i n a | 37

Figura 14: Estímulo.

Fonte: a autora.

Esse limiar é o valor mínimo necessário para que os canais rápidos de íons Na +
dependentes de voltagem se abram, permitindo a entrada de grande quantidade
de íons de carga positiva, de modo que o interior da célula passa a ficar menos
negativo até que atinja um valor positivo máximo (cerca de +30mV), denominado
pico do potencial de ação. Quando o meio interno da membrana passa a ficar
positivo, a membrana está despolarizada.

Figura 15: Potencial de Ação.

Fonte: a autora.

Ao atingir o pico do potencial de ação, os canais lentos de íons K+ também


se abrem, permitindo o efluxo desse íon. Assim, as bombas de Na +/K+ promovem a
saída de 3 íons Na+ e a entrada de 2 íons K+. O meio intracelular volta e ficar
negativo, restabelecendo o potencial de repouso e a membrana plasmática está
repolarizada.

Figura 16: Repolarização.

Fonte: a autora
P á g i n a | 38

Vale ressaltar que a natureza do estimulo pode ser muito variada: estímulo
térmico, mecânico, elétrico, químico, luminoso, entre outros. Isso vai depender da
célula receptora em questão.
Uma vez que o valor do limiar é atingido, o potencial de ação irá acontecer
denominando Lei do Tudo ou Nada.
A hiperpolarização ocorre quando há uma saída excessiva de íons K+,
fazendo com que a bomba de Na+/K+ promova uma saída excessiva de Na+
tornando o meio intracelular mais negativo do que o estado inicial de potencial de
repouso, aproximadamente – 90 mV.

Figura 17: Potencial de Ação.

Fonte: https://noralinablog.wordpress.com/2016/01/25/o-potencial-de-acao/.
Resumo

Nesta aula vimos:

 O que é potencial de membrana;


 Como ocorre o potencial de repouso;
 Como ocorre o potencial de ação;
 Os íons envolvidos nesses mecanismos.
Referências

Básica:
AIRES, M. M. Fisiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.

ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. New York: Garland Science,
2015.

GUYTON.; HALL. Tratado de fisiologia médica. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 9. ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2012.

KOEPPEN, B. M.; STANTON, B. A. Fisiologia. 6. ed. São Paulo: Elsevier, 2009.

KREBS, C.; WEINBERG, J.; AKESSON, E. Neurociências ilustrada. Porto Alegre: Artmed,
2013.

SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. Porto Alegre:


Artmed, 2010.
Exercícios
AULA 3

ATIVIDADE

1) Os neurônios são células especializadas na propagação do impulso


nervoso, estímulo que garante a comunicação entre as células nervosas. Para que
o impulso inicie-se, é necessário que a membrana esteja em potencial de repouso.
Esse potencial é mantido quando a membrana do neurônio:
a) está bombeando Na+ para o meio externo e transferindo íons K+ para o
meio interno.
b) está bombeando K+ para o meio externo e transferindo íons Na+ para o
meio interno.
c) está bombeando K+ e Na + para o meio externo.
d) está bombeando K + e Na + para o meio interno.
e) não está bombeando íons.

2) Durante um impulso nervoso, ocorrem mudanças de potencial na


membrana do neurônio. As alterações sequenciais que ocorrem nessa membrana
são chamadas de:
a) despolarização.
b) repolarização.
c) polarização.
d) potencial de ação.

3) Quando um neurônio não está sendo estimulado, encontrando-se em


repouso, temos em seu interior uma concentração maior de:
a) K+.
b) Ca++.
P á g i n a | 42

c) Na+.
d) Li+.
e) Cl–.
Aula 4
Sistema nervoso: divisão anatômica
e funcional

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula estudaremos sobre a fisiologia do Sistema Nervoso, que será


dividida em duas aulas, para um melhor entendimento. Nessa aula, abordaremos as
divisões anatômica e funcional do sistema nervoso. Vamos iniciar falando sobre as
células do sistema nervoso e suas respectivas funções. Para que assim, possamos ter
uma melhor compreensão desse importantíssimo sistema, capaz de controlar todos
os demais, como veremos a seguir.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Conhecer as células que compõe o sistema nervoso, suas


localizações e respectivas funções;
 Identificar as divisões anatômicas do sistema nervoso e suas funções;
 Identificar as divisões funcionais do sistema nervoso e o papel que
representam para o sistema.
P á g i n a | 44

4 O SISTEMA NERVOSO

O controle do equilíbrio dinâmico interno dos organismos é feita pela ação


integrada e coordenada dos sistemas nervoso, endócrino e imune, que resulta em
padrões de respostas comportamentais adaptativas e fisiológicas adequadas às
condições externas e internas dos indivíduos em questão.
Para que o sistema nervoso atue de forma plena suas funções, as células que
o compõem devem atuar de forma correta e integrativa. A respeito dessas células,
talvez você já tenha lido ou ouvido falar da mais famosa: o neurônio! Certamente,
ele é muito importante para que o sistema nervoso possa desempenhar sua gama
de funções, que veremos a seguir. Mas o neurônio, não é o único tipo de célula
presente no sistema nervoso, que também é composto por um conjunto de células
especiais denominadas de células da Glia, ou simplesmente, Glia.

4.1 Células do sistema nervoso

Como dissemos anteriormente, o sistema nervoso é formado por vários tipos


celulares: neurônios e células da Glia (neuróglia).
Neurônios – O sistema nervoso é composto por mais de 100 bilhões de
neurônios agrupados em estruturas especializadas. Essas células podem apresentar
uma diversidade de formas, dependendo do local do corpo e da função que
desempenham. Porém, todos os neurônios possuem as mesmas estruturas básicas,
como podemos ver a seguir:

Figura 18: Neurônio.

Fonte: https://www.significados.com.br/neuronios/
P á g i n a | 45

Cada uma dessas regiões neuronais podem ser relacionadas com funções
específicas:
- Dendritos – região de vastas ramificações que servem como captadoras
dos estímulos. São responsáveis pela recepção do impulso nervoso e, portanto,
possuem os receptores específicos na sua região da membrana plasmática;
- Soma ou Corpo celular – região de maior expansão citoplasmática, onde
encontra-se a maior parte das organelas celulares, incluindo o núcleo. Ao ser
captado pelos dendritos, o impulso nervoso passa pelo corpo celular para chegar
ao axônio;
- Núcleo – onde encontra-se a maior parte DNA da célula, sendo
responsável pelo comando e organização celular;
- Axônio – região de maior prolongamento celular, responsável pela
velocidade de propagação do impulso nervoso pelo neurônio;
- Bainha de Mielina – é uma estrutura que envolve o axônio responsável por
aumentar a velocidade e a eficiência da propagação do impulso nervoso. É
formada por um tipo de célula da Glia, que veremos mais adiante;
- Nodo de Ranvier – é um espaço entre as células que formam a bainha de
mielina. Sua principal função é promover a condução saltatória do impulso nervoso,
de modo a potencializar a velocidade do mesmo;
- Arborização Terminal – é a região final do neurônio, responsável pela
transmissão do impulso nervoso para outra célula, que pode ser um outro neurônio
ou qualquer outra célula dependendo do local e função.

Os neurônios podem apresentar uma diversidade de formas e funções, como


as que se seguem:
P á g i n a | 46

Figura 19: Tipos básicos de Neurônio.

Fonte: HOWSTUFWORKS (2001, s.p)

Células da Glia – esses tipos celulares atuam conjuntamente aos neurônios.


Possuem cada uma delas, funções especificas cujos os objetivos são o de auxiliar o
perfeito funcionamento dos neurônios.
- Astrócitos – São o tipo celular mais numeroso e com maior diversidade de
funções. Entre as funções que podem ser atribuídas aos astrócitos, podemos
destacar a função de sustentação, controle da composição iônica e molecular do
ambiente onde estão localizados os neurônios, transferência de substâncias para os
neurônios, resposta a sinais químicos, entre outras atividades.
- Oligodendrócitos – São células responsáveis pela formação da bainha de
mielina em neurônios presentes no sistema nervoso central. Essas células enrolam-se
em volta do axônio, formando a bainha, que funciona como um isolante elétrico.
Os oligodendrócitos são capazes de envolver até 60 axônios de neurônios.
- Micróglia – Células (menores células da glia) com pequenos
prolongamentos que se destacam por sua capacidade fagocitária, ou seja, atuam
como células de defesa. Elas localizam-se no sistema nervoso central e atuam em
processos inflamatórios e reparando esse sistema.
- Células de Schwann – Assim como os oligodendrócitos, as células de
Schwann também são responsáveis por formar a bainha de mielina. Entretanto, esse
tipo celular envolve neurônios que estão presentes no sistema nervoso periférico.
Diferentemente dos oligodendrócitos, as células de Schwann formam mielina em
apenas um neurônio.
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Figura 20: Tipos de neuroglia.

Fonte: biomania.com.br

4.2 Divisão anatômica do sistema nervoso

O Sistema Nervoso pode ser dividido em Sistema Nervoso Central (SNC) e


Sistema Nervoso Periférico (SNP), cada uma dessas divisões é localizada e
responsável de forma especifica, como veremos a seguir:

Figura 21: Divisão anatômica do Sistema Nervoso.

Fonte: usp.br
P á g i n a | 48

Sistema Nervoso Central (SNC) – é o responsável pela recepção e integração


de informações, da tomada de decisões e do envio de ordens. É formado pelo
cérebro e medula espinhal.
Sistema Nervoso Periférico (SNP) – transmite as informações provenientes dos
órgãos sensoriais para o sistema nervoso central, e deste para os músculos e as
glândulas. O sistema nervoso periférico é subdividido em somático e autônomo ou
vegetativo. É formado por nervos, gânglios e terminações nervosas.

Figura 22: Organização integrativa do sistema nervoso.


Cérebro, cerebelo tronco cerebral e medula espinhal
(Análise e integração sensorial e motora, controle Sistema
das funções do corpo) nervoso
central

Componente Componente motor


sensorial

Nervos e gânglios Nervos e gânglios Nervos Motores


sensoriais autônomos

Sistema
nervoso
periférico

Músculo Liso, Músculos Esqueléticos


Ambiente interno cardíaco e
E externo glândulas

Fonte: a autora

As informações são conduzidas em duas direções: da periferia para o SNC


(via aferente) ou do SNC para a periferia (via eferente). As informações aferentes,
ou sensoriais, incluem as que são captadas pelos órgãos sensoriais (olhos, ouvido,
cavidade nasal e papilas gustativas), bem como da pele, dos músculos, das
articulações e das vísceras. Já as informações eferentes, ou motoras, têm origem no
SNC e seguem em direção às glândulas, ao músculo liso e ao músculo esquelético,
os chamados órgão efetores ou efetuadores.
P á g i n a | 49

4.3 O sistema nervoso central (SNC)

O sistema nervoso central é composto pela medula espinhal e pelo encéfalo,


sendo este subdividido em telencéfalo - hemisférios cerebrais, diencéfalo, cerebelo
e tronco encefálico.

Figura 23: Organização do sistema nervoso central.

Fonte: www.usp.br

Por convenção, o cérebro é subdividido em lobos, nomeados em relação


aos ossos do crânio que estão logo acima deles. O sulco central separa o lobo
frontal do parietal. O lobo temporal localiza-se ventralmente à fissura lateral. O lobo
occipital, localizado na região caudal do cérebro, é circundado pelos lobos
parietal e temporal. A ínsula é uma porção oculta do córtex cerebral, que pode ser
visualizada se as margens da fissura lateral forem afastadas, sua função é limitar e
separar os lobos temporal e frontal.
P á g i n a | 50

Figura 24: Lobos cerebrais e suas funções básicas.

Fonte: usp.br.

O encéfalo é o centro da razão e da inteligência: cognição, percepção,


atenção, memória e emoção. Também é responsável pelo controle da postura e
movimentos. Além disso, permite o aprendizado cognitivo, motor e outras formas,
além das funções automáticas como vigília, marcha, e funções homeostáticas
como frequência cardíaca, pressão sanguínea e temperatura corporal.
Protegendo o SNC existem um conjunto de três membranas chamadas
meninges que revestem todas as estruturas do mesmo. Entre cada uma das
meninges (pia-máter, aracnoide e dura-máter) circula o líquido cérebroespinhal
(LCE).
P á g i n a | 51

Figura 25: Meninges.

Fonte: ufjf.br.

Pia-Máter – é a mais fina dentre as membranas e está intimamente associado


ao tecido nervoso, acompanhando, muitas vezes o seu relevo, como nos giros e
sulcos e nos caminhos das artérias que penetram o encéfalo (espaços
perivasculares). A parte mais profunda em contato com o tecido recebe
prolongamentos de astrócitos que formam a membrana pós-glial. Além disso, essa
meninge é importante para a sustentação dos órgãos nervosos, pois estes, de certa
forma, são moles e pouco resistentes.
Aracnoide – Meninge muito delicada, a aracnóide encontra-se justaposta à
dura-máter, com a qual forma o espaço subdural, um espaço virtual preenchido
por uma pequena quantidade de líquido que impede que as duas membranas
fundam-se. A pia-máter é separada da aracnóide pelo espaço subaracnóideo, que
possui trabéculas conjuntivas (trabéculas aracnóideas) e é banhado pelo líquido
cérebroespinhal (LCE). O espaço subaracnóideo no encéfalo tem continuação
com a medula espinhal, constituindo uma passagem direta de LCE daquele para
este. Existem ainda no encéfalo, estruturas específicas nas quais o espaço
subaracnóideo é aumentado e possuem, por isso, grande quantidade de LCE.
Dura-Máter – é a mais espessa, resistente e mais externa dentre as meninges,
é formada por tecido conjuntivo rico em fibras colágenas e possui vasos e nervos.
Em sua parte encefálica, divide-se em partes externa e interna, sendo que a parte
P á g i n a | 52

externa continua-se com os ossos do crânio e, portanto, é funcionalmente


considerada periósteo. Essa característica dá ao encéfalo proteção contra o
crescimento inapropriado do crânio ósseo, o que poderia lesar estruturas
importantes. A parte interna tem continuação com a dura-máter espinhal. O fato
de o encéfalo não possuir receptores sensitivos credita à dura-máter a função
sensitiva intracraninana, sendo, portanto, a sensibilidade dessa meninge
responsável pela maioria das cefaléias. Em algumas áreas, o folheto interno da
dura-máter destaca-se e forma invaginações que formam cavidades e pregas que
dividem o encéfalo.

4.4 O sistema nervoso periférico (SNP)

O sistema nervoso periférico a formado pelos nervos que nascem no


encéfalo e na medula espinal, encarregues da recolha dos estímulos provenientes
do exterior e do próprio organismo e do transporte das ordens que regem o
funcionamento de todo o corpo.

Figura 26: Organização do sistema nervoso central.


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Fonte: www.usp.br

Nervos – são constituídos por um conjunto de fibras nervosas, ou seja, pelos


axônios ou prolongamentos dos neurônios, por células da neuróglia e por outras
membranas encarregues da sua proteção e nutrição. As fibras nervosas estão
agrupadas em feixes revestidos por tecido membranoso. As fibras nervosas que
compõem os nervos apenas se encarregam da transmissão dos sinais entre os
distintos pontos do organismo, podendo estes sinais ser basicamente de dois tipos:
sensitivo e motor. Algumas destas fibras encarregam-se da transmissão, da periferia
para o sistema nervoso central, dos sinais provenientes dos órgãos dos sentidos
(visuais, auditivos, gustativos, etc.) e dos receptores sensitivos localizados na
superfície do corpo (tacto, dor, pressão, frio, etc.) e no interior do corpo (dor), onde
existem igualmente receptores proprioceptivos que registam o grau de distensão
muscular, possibilitando o reconhecimento da postura e da posição relativa das
diferentes partes do corpo. Existem também outras fibras nervosas que conduzem as
ordens provenientes do SNC para os diversos órgãos efetores, como por exemplo os
P á g i n a | 54

músculos ou as glândulas. Em suma, embora existam nervos sensitivos e motores,


alguns deles são mistos e transportam sinais sensitivos e motores.
Nervos cranianos – esta é a denominação atribuída aos doze pares de
nervos que têm o seu núcleo de origem ou de destino no encéfalo e que emergem
diretamente do mesmo. Dado que estes nervos podem nascer em ambos os lados
do encéfalo, costumam ser conhecidos como pares cranianos, sendo igualmente
designados com números romanos de I a XII, embora cada um tenha um nome
específico. Destes doze, apenas dois estão diretamente ligados ao cérebro, o
olfativo (par I) e o óptico (par II), pois os restantes têm a sua origem ou destino no
tronco cerebral. Os nervos cranianos são extremamente importantes, já que
algumas das suas funções são a recepção dos estímulos sensitivos (visuais, auditivos,
etc.) e a sensibilidade do rosto, enquanto outros se encarregam da transmissão dos
impulsos destinados a controlar os movimentos dos olhos e dos músculos faciais,
participando no controlo de funções tão essenciais como a respiração ou a
atividade cardíaca.
Nervos espinais – a medula espinal é o ponto de partida para os 31 pares de
nervos espinais, ou raquidianos, que atravessam os orifícios intervertebrais e cujas
ramificações chegam a todos os sectores do organismo: a superfície da pele, aos
músculos, a todos os órgãos internos, etc. Como algumas destas fibras são sensitivas,
conseguem conduzir a informação da periferia até a medula espinal, enquanto
que as outras, as fibras motoras, encarregam-se da condução das ordens da
medula até aos órgãos efetores (músculos, glândulas, etc.).

Quadro 1: Nervosos Cranianos e suas funções.


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Fonte: www.usp.br

Cada um destes pares de nervos provém de um segmento da medula


espinal, surgindo de cada lado desta uma raiz anterior, formada pelos axónios dos
neurónios motores situados como anteriores, e uma raiz posterior, formada pelos
axónios que conduzem os estímulos sensitivos da pele e dos órgãos internos. Cada
raiz posterior apresenta uma dilatação, denominada gânglio espinal ou raquidiano,
a qual chegam os estímulos sensitivos e de onde partem os axónios que penetram
na medula espinal pela parte posterior.
À medida que se vão afastando da coluna, os nervos vão se ramificando,
dando origem a outros, cada vez de menor calibre, que inervam os vários órgãos, a
pele e os músculos. As fibras sensitivas prolongam-se até vários tipos de receptores,
que recolhem os estímulos na pele (tato, pressão, dor, frio e calor), nos órgãos e nos
músculos (receptores de distensão), transmitindo esta informação a medula espinal.
Por outro lado, as fibras motoras estendem-se até chegarem a formações que
consigam transmitir os impulsos nervosos aos órgãos efetores, tais como as placas
motoras através das quais ordenada a contração muscular.
P á g i n a | 56

4.5 Divisão funcional do SNP

O sistema nervoso periférico é composto por fibras nervosas que transportam


informações entre o sistema nervoso central e as outras partes do organismo. Desse
modo, as fibras do sistema nervoso periférico podem ser classificadas em aferentes,
que transmitem as informações provenientes de estímulos sensoriais e viscerais ao
sistema nervoso central, e eferentes, que transmitem as informações provenientes
do sistema nervoso periférico, relacionadas com o controle das musculaturas
esquelética, lisa e cardíaca, da secreção de glândulas e da função dos órgãos
viscerais. A porção eferente do nervoso periférico é subdividida em sistema nervoso
somático, constituído por fibras de neurônios motores que inervam a musculatura
esquelética, e sistema nervoso autônomo, constituído por fibras que inervam os
músculos lisos e cardíacos, as glândulas e outros órgãos não motores.

Figura 27: Organização funcional do sistema nervoso periférico.

SNP

Fonte: www.romulopassos.com.br

O sistema nervoso autônomo é ainda subdividido em sistema nervoso


simpático e parassimpático.
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Figura 28: Organização funcional do sistema nervoso periférico.

Fonte: www.usp.br

As subdivisões autonômicas simpática e parassimpática controlam as funções


fisiológicas geralmente de maneira antagônica. A divisão simpática está mais
associada a respostas relacionadas a situações pontuais de estresse, de modo que
se atribui ao sistema simpático o controle de respostas do tipo fuga-ou-luta. Já o
sistema nervoso parassimpático está relacionado a funções relativas ao
funcionamento coordenado do organismo a longo prazo como, por exemplo,
crescimento, digestão e armazenamento energético.
Outra diferença entre os sistemas nervosos autônomos simpático e
parassimpático é o tipo de neurotransmissor por eles utilizados. Assim como
observado nos neurônios alfa e gama do sistema nervoso somático, o principal
neurotransmissor do sistema autônomo é a acetilcolina. A acetilcolina é liberada
pelos neurônios pré-ganglionares dos sistemas simpático e parassimpático e
também pelos neurônios pós-ganglionares do sistema parassimpático. Por outro
P á g i n a | 58

lado, os neurônios pós-ganglionares do sistema simpático utilizam a noradrenalina


como neurotransmissor. Estes neurotransmissores desencadeiam respostas
intracelulares diferentes nas células-alvo e, enquanto a acetilcolina tem um efeito
mais local, a noradrenalina geralmente se difunde para maior distância, podendo
atingir a corrente sanguínea.

Caso haja alguma dúvida, em relação à teoria ou aos exercícios, entre em


contato com o tutor da disciplina. Não se esqueça de consultar o material
complementar, pois lá você encontrará várias maneiras de reforçar a
aprendizagem do nosso conteúdo, tanto por consulta a outros sites e vídeo.
Resumo

Nesta aula, abordamos:

 A divisão anatômica do Sistema Nervoso;


 Funções gerais do SNC;
 Funções gerais do SNP;
 Funções do SN simpático e parassimpático;
 Funções dos nervos aferentes e eferentes.
Referências

Básica:
AIRES, M. M. Fisiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.

ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. New York: Garland Science,
2015.

GUYTON.; HALL. Tratado de fisiologia médica. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 9. ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2012.

KOEPPEN, B. M.; STANTON, B. A. Fisiologia. 6. ed. São Paulo: Elsevier, 2009.

KREBS, C.; WEINBERG, J.; AKESSON, E. Neurociências ilustrada. Porto Alegre: Artmed,
2013.

SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. Porto Alegre:


Artmed, 2010.
Exercícios
AULA 4

ATIVIDADE

1) O impulso nervoso é uma corrente elétrica que se propaga pela


membrana de qual célula do sistema nervoso?
a) Astrócitos.
b) Oligodendrócitos.
c) Micróglia.
d) Neurônios.
e) Células de Schwann.

2) Sabemos que o sistema nervoso pode ser dividido em sistema nervoso


central e sistema nervoso periférico. A respeito do sistema nervoso central, marque
a alternativa incorreta:
a) O sistema nervoso central é composto por medula espinhal e encéfalo.
b) O encéfalo, parte integrante do sistema nervoso central, é responsável por
controlar diversas funções vitais do nosso organismo.
c) Fazem parte do sistema nervoso central diversos nervos e gânglios
nervosos.
d) A medula espinhal fica alojada no interior do canal formado pelas
perfurações das vértebras.
e) O sistema nervoso central processa informações vindas de outras partes do
corpo

3) Observe a estrutura do neurônio abaixo e marque a alternativa correta:


P á g i n a | 62

Figura 29: Esquema simplificado de um neurônio.

a) A estrutura indicada pelo número 1 é o axônio.


b) A estrutura indicada por 2 é o corpo celular, local de onde partem os
dendritos e axônios.
c) A estrutura 3 é o dendrito, local especializado em receber os estímulos
nervosos.
d) A transmissão do impulso nervoso sempre ocorre no sentido 3-2-1.
e) O axônio, estrutura 2, é envolto por uma camada denominada bainha de
mielina.

4) Podemos organizar o sistema nervoso humano dividindo-o em duas partes:


o sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP). Com base no
seu conhecimento sobre o tema, marque a alternativa que indica corretamente as
partes do SNC.
a) Nervos e encéfalo.
b) Encéfalo e gânglios.
c) Gânglios e nervos.
d) Medula espinhal e nervos.
e) Medula espinhal e encéfalo.
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5) Qual dos seguintes comportamentos envolve maior número de órgãos do


sistema nervoso?
a) Salivar ao sentir o aroma de comida gostosa.
b) Levantar a perna quando o médico toca com martelo no joelho do
paciente.
c) Piscar com a aproximação brusca de um objeto.
d) Retirar bruscamente a mão ao tocar um objeto muito quente.
e) Preencher uma ficha de identificação.
Aula 5
Fisiologia do sistema nervoso: sinapses

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula estudaremos os mecanismos fisiológicos envolvidos na


comunicação celular: sinapse. Discutiremos sobre os tipos de sinapse e mecanismos
de ação e controle pelos mecanismos inibitório e excitatório das sinapses nervosas.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Conhecer o que é a sinapse;


 Reconhecer os tipos de sinapse existentes;
 Reconhecer as diferenças entre as sinapses elétrica e química
 Identificar os tipos de sinapses inibitória e excitatória.
P á g i n a | 65

5 SINAPSES

A comunicação entre um neurônio e outra célula é chamada de sinapse.


Quando a sinapse ocorre entre dois neurônios é denominada sinapse interneural.
Quando ocorre entre um neurônio e uma célula muscular, denomina-se sinapse
neuromuscular ou placa motora. Quando a sinapse ocorre entre um neurônio e
uma glândula, denomina-se sinapse neuroglandular.
As sinapses podem ser do tipo elétrica ou química.

Figura 30: Sinapse elétrica e química.

Fonte: www.larpsi.com.br

Sinapse Elétrica - Neste tipo de sinapse o neurônio se comunica com outra


célula por meio de junções comunicantes do tipo GAP (formadas por proteínas
denominadas conexinas), que formam canais que promovem a passagem de íons
do interior de uma célula para a célula seguinte. A passagem de íons Na +, por
exemplo, promove a despolarização da célula seguinte favorecendo o potencial
de ação. A transmissão do impulso nervoso é muito rápida.
Sinapse Química – Neste tipo de sinapse a comunicação ocorre por meio de
mediadores químicos denominados neurotransmissores. Quando um neurônio é
estimulado e sua membrana é despolarizada, a propagação do impulso segue até
a região terminal do axônio. Os canais de Ca+ dependentes de voltagem presentes
na membrana se abrem, permitindo um influxo desse íon para o interior do terminal
P á g i n a | 66

do axônio onde sua concentração aumenta. Os altos níveis de Ca+ promove a


liberação das vesículas sinápticas que contém em seu interior os neurotransmissores.
Esses mediadores químicos são liberados na fenda sináptica onde poderão se ligar
especificamente aos receptores presentes na membrana da célula pós-sináptica.
Dependendo da natureza do neurotransmissor e do seu receptor, a sinapse pode
ser do tipo inibitória ou excitatória.

Figura 31: Mecanismo da sinapse química.

Fonte: NEURO SCIENCE KNOWLEDGE (s.d)

5.1 Receptores sinápticos

Os receptores sinápticos são proteínas presentes na membrana plasmática


da célula pós-sináptica que se ligam de maneira altamente especifica aos
neurotransmissores através dos sítios de ligação presentes em sua estrutura. Esses
mediadores podem ser do tipo ionotrópicos ou metabotrópicos. Esses dois tipos
apresentam algumas importantes diferenças entre si. Os receptores do tipo
ionotrópicos são também chamados de receptores de ação rápida, porém de
ação pouco duradoura. Já os receptores metabotrópicos de ação lenta, têm ação
mais duradoura.
P á g i n a | 67

Figura 32: Esquema dos tipos de receptores de membrana.

Ação rápida

Ação lenta

Fonte: a autora

Receptores Ionotrópicos – são formados por uma proteína transmembrana do


tipo canal, que se abre após a ligação do neurotransmissor ao sitio de ligação da
proteína. Essa ligação promove a abertura da proteína canal, permitindo a entrada
ou saída de íons da célula pós-sináptica. A entrada de íons Na+ irá promover a
despolarização da membrana, gerando um potencial de ação, sendo considerado
excitatório. Já a entrada de íons Cl- ou a saída de íons K+ irão promover uma
hiperpolarização da membrana, fazendo com que a célula mantenha seu estado
de repouso, sendo considerados inibitórios.

Figura 33: Receptores ionotrópicos.


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Fonte: http://neuromed94.blogspot.com/2011/11/receptores-pos-sinapticos.html

Receptores metabotrópicos – São formados por uma região que fica exposta
no meio extracelular, possui um sitio de ligação onde o neurotransmissor de ação
lenta irá se ligar. Uma vez ligado ao neurotransmissor, a proteína receptora irá
promover a ativação do Complexo da Proteína G, presente na face interna da
membrana, que irá ativar a subunidade a do complexo, e este ira ativar a proteína
com atividade enzimática também presente na face interna da membrana, que irá
liberar moléculas consideradas como segundo mensageiro. Esses segundos
mensageiros podem atuar promovendo a aberturas de proteínas canais, podem
ativar a transcrição gênica ou modular diversas funções celulares.

Figura 34: Receptores metabotrópicos.


P á g i n a | 69

Fonte: http://neuromed94.blogspot.com/2011/11/receptores-pos-sinapticos.html

Figura 35: Mecanismo dos neurotransmissores excitatórios e inibitórios.

Fonte: a autora

5.2 Neurotransmissores

Os neurotransmissores são moléculas liberadas pelos neurônios pré- sinápticos


e são o meio de comunicação em uma sinapse química. Eles se ligam a receptores
de neurotransmissores, podendo se acoplar a um canal iônico (receptores
ionotrópicos) ou a um processo de sinalização intracelular (receptores
metabotrópicos). Os neurotransmissores são específicos para o receptor em que se
ligam e provocam uma resposta específica nos neurônios pós-sinápticos, resultando
em um sinal excitatório ou inibitório.
P á g i n a | 70

Quadro 2: Principais neurotransmissores e suas ações.

Fonte: www.larpsis.com.br

Glutamato: O glutamato é o neurotransmissor excitatório mais comum no


SNC. Ele pode se ligar a receptores ionotrópicos de glutamato, que incluem os
receptores NMDA (N-metil-D-aspartato), receptores de AMPA (-amino-3-hidroxilo-5-
metil-4-isoxazole-propionato) e receptores de cainato. Esses receptores são
nomeados de acordo com os agonistas (além do glutamato) que se ligam
especificamente a eles. Todos esses receptores causam um influxo de cátions
(carga positiva) nos neurônios pós-sinápticos. O receptor de NMDA é um pouco

diferente do AMPA e do cainato, pois seu poro é bloqueado por um íon Mg2+, a
menos que a membrana pós-sináptica seja despolarizada. Uma vez desbloqueado,

o canal é permeável não só ao Na+, mas também a grandes quantidades de

Ca2+. Um excesso de influxo de Ca2 pode resultar em uma cascata de eventos que
pode levar à morte celular. O glutamato também pode se ligar a uma família de
receptores metabotrópicos de glutamato (mGluRs), que iniciam a sinalização
intracelular capaz de modular os canais iônicos pós-sinápticos indiretamente. Isso
costuma aumentar a excitabilidade dos neurônios pós-sinápticos. O glutamato é
sintetizado nos neurônios pelos precursores da glutamina, a qual é fornecida pelos
astrócitos, que a produzem a partir do glutamato captado na fenda sináptica.
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Acetilcolina: A acetilcolina (ACh) é o neurotransmissor utilizado no SNP


(gânglios do sistema motor visceral) e SNC (cérebro). Também é utilizado na junção
neuromuscular. Existem dois tipos de receptores de ACh:
a) Os receptores nicotínicos de ACh são receptores ionotrópicos e estão
acoplados a um canal de cátion não seletivo;
b) Os receptores muscarínicos de ACh compreendem uma família de
receptores metabotrópicos ligada a vias mediadas pela proteína G.
Não há mecanismo de recaptação de ACh pela fenda sináptica. Sua
depuração depende da enzima acetilcolinesterase, que hidrolisa o neurotransmissor
e o desativa.
Aminas biogênicas: São um grupo de neurotransmissores com um grupo
amina em sua estrutura. Compreendem as catecolaminas dopamina,
noradrenalina e adrenalina, bem como a histamina e a serotonina.
a) Dopamina: A dopamina está envolvida em muitos circuitos do cérebro
associados a emoções, motivação e recompensa. Atua em receptores acoplados
à proteína G; sua ação pode ser tanto excitatória (via receptores D) quanto
inibitória (via receptores D).
b) Noradrenalina: A noradrenalina (também conhecida como norepinefrina)
é um neurotransmissor essencial envolvido no estado de vigília e atenção. Atua nos
receptores metabotrópicos -adrenérgicos e -adrenérgicos, ambos excitatórios. A
adrenalina (também conhecida como epinefrina) atua sobre os mesmos
receptores, mas sua concentração no SNC é muito mais baixa que a de
noradrenalina.
c) Histamina: A histamina se liga a um receptor metabotrópico excitatório. No
SNC, está envolvida na vigília.
d) Serotonina: A serotonina pode ter tanto efeitos excitatórios quanto
inibitórios. Está envolvida em uma infinidade de vias que regulam o humor, a
emoção e várias vias homeostáticas. A maio- ria dos receptores de serotonina é do
tipo metabotrópica. Existe apenas um receptor ionotrópico, que é um canal de
cátions não seletivo, sendo, portanto, excitatório.

ATP: O ATP é mais conhecido como a fonte de energia dentro das células.
Contudo, é também liberado pelos neurônios pré-sinápticos como um
neurotransmissor. Por ser muitas vezes liberado junto com outros neurotransmissores,
P á g i n a | 72

é chamado de cotransmissor. Na fenda sináptica, o ATP pode ser quebrado em


adenosina, uma purina que se liga e ativa os mesmos receptores que o ATP. Esses
receptores purinérgicos podem ser tanto ionotrópicos (P2X) como metabotrópicos
(P2Y). Os ionotrópicos são acoplados a canais catiônicos não específicos e são
excitatórios, e os metabotrópicos agem em vias de sinalização acopladas à
proteína G.
O ATP e as purinas são neuromoduladores. Uma vez que são liberados junto
com outros neurotransmissores, o grau de ativação do P2X ou P2Y modulará a
resposta ao outro neurotransmissor secretado, aumentando sua ação ou inibindo-o.
Neuropeptídeos: Os neuropeptídeos são um grupo de peptídeos envolvidos
na neurotransmissão. Incluem as moléculas envolvidas na percepção e modulação
da dor, como a substância P, as metencefalinas e os opioides. Outros
neuropeptídeos estão envolvidos na resposta neural ao estresse, como o hormônio
liberador da corticotrofina e o hormônio adrenocorticotrófico.
Resumo

Nesta aula vimos:

 Os tipos de sinapse e como ocorrem;


 Os tipos de receptores sinápticos e suas funções;
 As principais classes de neurotransmissores e suas respectivas funções.
 Mecanismos excitatórios e inibitórios das sinapses.
Referências

Básica:
AIRES, M. M. Fisiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.

ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. New York: Garland Science,
2015.

GUYTON.; HALL. Tratado de fisiologia médica. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 9. ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2012.

KOEPPEN, B. M.; STANTON, B. A. Fisiologia. 6. ed. São Paulo: Elsevier, 2009.

KREBS, C.; WEINBERG, J.; AKESSON, E. Neurociências ilustrada. Porto Alegre: Artmed,
2013.

SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. Porto Alegre:


Artmed, 2010.
Exercícios
AULA 5

ATIVIDADE

1) A liberação dos neurotransmissores é feita


a) no corpo celular do neurônio seguinte.
b) na fenda sináptica.
c) nos nervos.
d) no cérebro.
e) no encéfalo.

2) Um neurotransmissor inibitório caracteriza-se por


a) impedir a liberação de outros neurotransmissores pelo sistema nervoso.
b) garantir a hiperpolarização da membrana pós-sináptica.
c) garantir a despolarização da membrana pós-sináptica.
d) garantir a hiperpolarização da membrana pré-sináptica.
e) garantir a despolarização da membrana pré-sináptica.

3) Alguns tipos de drogas, utilizadas no tratamento da esquizofrenia, agem


bloqueando os receptores de dopamina, um tipo de neurotransmissor, nas sinapses.
A respeito desse bloqueio, é correto afirmar que
a) ocorre no axônio de um neurônio.
b) provoca a destruição dos neurotransmissores.
c) como consequência, não há impulso nervoso no neurônio pós-sináptico.
d) atrasa a condução de um impulso ao longo de um neurônio.
e) provoca a diminuição permanente da produção de ATP no neurônio pós-
sináptico.
P á g i n a | 76

4) Algumas drogas utilizadas no tratamento de alguns tipos de depressão


agem impedindo a recaptação do neurotransmissor serotonina no sistema nervoso
central. Assinale a alternativa correta.
a) Neurotransmissores são substâncias que agem no citoplasma do corpo
celular dos neurônios, provocando o surgimento de um impulso nervoso.
b) Em uma sinapse, os neurotransmissores são liberados a partir de vesículas
existentes nos dendritos.
c) Após sua liberação, o neurotransmissor provoca um potencial de ação na
membrana pós-sináptica e é recaptado pelo neurônio pré-sináptico.
d) Somente as sinapses entre dois neurônios utilizam neurotransmissores como
mediadores.
e) Neurotransmissores diferentes são capazes de provocar potenciais de
ação de intensidades diferentes.
Aula 6
Fisiologia do sistema muscular

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula entenderemos o que ocorre na fisiologia muscular. Como o


músculo reage aos estímulos nervosos e realiza suas ações, sejam voluntárias ou
involuntárias.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Compreender os mecanismos fisiológicos da contração muscular;


 Diferenciar os tipos de contração muscular;
 Conhecer os mecanismos de controle das ações musculares
voluntárias e involuntárias;
 Reconhecer o papel do íon Ca2+ na contração muscular.
P á g i n a | 78

6 TIPOS DE MÚSCULOS

O músculo é um órgão especializado na transformação de energia química


em movimento (energia mecânica), desenvolvido para otimizar esta função
utilizando um conjunto bem ordenado de proteínas relacionadas com o
movimento.
Ao estudar outras disciplinas como a Histologia e a Biofísica, vimos que
existem três tipos de músculos: liso (visceral), estriado esquelético e estriado
cardíaco. Cada um deles possuem características quanto a localização, função e
forma de atuação. Vamos relembrar:

Quadro 3: Diferenças entre os 3 tipos musculares.


Músculo Liso Músculo Estriado Músculo Estriado
(Visceral) Esquelético Cardíaco
Está nos órgãos
Está no coração,
internos (vísceras) Está associado ao
Localização formando o
e vasos esqueleto
miocárdio
sanguíneos
Sistema Nervoso Sistema Nervoso Sistema Nervoso
Controle Autônomo Somático Autônomo
(involuntário) (voluntário) (involuntário)
Velocidade de
Lento Rápido Rápido
movimento
Células longas
Células bifurcadas
Células fusiformes, cilíndricas,
uni ou
Característica uninucleadas, sem multinucleadas,
binucleadas, com
estrias com estrias
estrias transversais
transversais
Fonte: a autora
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Figura 36: Tipos de músculos.

Fonte: OPTIFUTURA (s.d)

6.1 Placa motora

Quando se solicita ao sistema voluntário que faça determinado movimento,


todo o circuito é ativado para que esse movimento voluntário se realize. O impulso é
gerado no córtex motor, transmitido até a medula espinhal, desta para o nervo
motor até a placa motora, também chamada de junção neuromuscular, onde
ocorre à liberação de vários mediadores químicos, especialmente a acetilcolina,
que provocará a contração muscular.
A contração muscular resulta da contração relativamente independente das
fibras musculares que o compõem. Um único motoneurônio pode inervar várias
fibras musculares distintas de um mesmo músculo através das ramificações de seu
terminal axônio que farão contatos sinápticos com essas diferentes fibras, como
podemos ver a seguir:
P á g i n a | 80

Figura 37: Junção neuromuscular e suas estruturas.

Musculo
esquelético
Placa Motora

Fibras
Musculares
ofibrilas

Célula de
Schwann

Bainha de
Mielina

Miofibrilas

Neurônio Motor

Fonte: www.dinamicscience.com

Os cerca de 600 músculos esqueléticos do corpo humano são compostos de


centenas à centenas de milhares de células alongadas, multinucleadas chamadas
fibras musculares. Cada fibra contém as proteínas contráteis actina e miosina, que
compõem os filamentos finos e grossos, respectivamente, que estão dispostos
paralelamente nas miofibrilas que compõem as fibras, formando o sarcômero. As
miofibrilas estão também paralelamente arranjadas e apresentam um padrão de
bandas escuras e claras dispostas em série, que dão o caráter de estrias às fibras de
tais músculos.
P á g i n a | 81

Figura 38: Sarcômero.

Fonte: www. Unipampa.edu.br


P á g i n a | 82

O potencial de ação que chega ao terminal sináptico do motoneurônio leva


à liberação de acetilcolina, neurotransmissor responsável pela transmissão sináptica
na junção neuromuscular.

Figura 39: Placa motora.

Fonte: www. fisiologiaufvjm.edu

Nesse momento ocorre a abertura dos canais de cálcio dependentes de


voltagem, levando a um influxo desse íon para o interior do terminal do axônio. Os
aumentos nos níveis de cálcio intracelular levam à migração das vesículas
contendo a acetilcolina (ACh) até a membrana pré-sináptica onde estas se
fundem, liberando ACh na fenda sináptica. A ACh se liga aos receptores
nicotínicos, presentes na membrana pós-sináptica levando a uma abertura de
canais iônicos de ação rápida. O influxo de cátions leva à despolarização local da

membrana, potencial de placa terminal, que leva a abertura de canais de Na+


voltagem-dependentes. Nesse momento, há a propagação de PA através da
membrana da fibra muscular.
P á g i n a | 83

Figura 40: Liberação do cálcio do reticulo sarcoplasmático.

Fonte: www. fisiologiaufvjm.edu

O PA flui para o retículo sarcoplasmático, fazendo com que haja liberação

de Ca2+. O aumento de íons Ca2+ geram atração entre as fibras de actina e


miosina, produzindo a força contrátil. Isso ocorre, pois ao se ligar aos filamentos de
P á g i n a | 84

actina, o Ca2+ expõe o sitio de ligação favorecendo a ligação da parte globular


da miosina na actina, por meio da liberação das moléculas de ADP + PPi.

Figura 41: Mecanismo molecular da contração muscular.

Fonte: ALBERTS. et al., (2010)

Para que ocorra o relaxamento muscular, inicialmente o estimulo nervoso e a


sinapse devem cessar. Posteriormente o potencial de repouso da membrana
2+
muscular volta a se restabelecer e os íons Ca são removidos do sarcoplasma,
através de bombas.
Ao se desligarem dos feixes de actina, a parte globular da cabeça da
miosina tende a desfazer essa ligação, mas isso só ocorre através da energia
proveniente da quebra do ATP que se liga à parte globular da miosina. Dessa
forma, a miosina se solta da actina, a zona H do sarcômero volta a aparecer,
resultado no relaxamento muscular.
Se esse motoneurônio for ativado e sofrer um potencial de ação isolado,
todas as fibras musculares que ele inerva serão também ativadas, e realizarão uma
contração isolada denominada abalo muscular. Esse conjunto composto por um
motoneurônio e as respectivas fibras que ele inerva é por isso denominado unidade
motora. O que lhe confere essa unidade é o fato de ou permanecer em repouso ou
P á g i n a | 85

ser ativada por inteiro.


O conceito de unidade motora é muito importante em fisiologia muscular,
pois nos ajuda a entender, ao menos parcialmente, o mecanismo pelo qual o
sistema nervoso controla a força de contração muscular. Como as unidades
motoras de um dado músculo podem ser recrutadas independentemente umas das
outras (já que dependem da ativação de motoneurônios distintos), a força de
contração pode ser graduada em função da quantidade de unidades motoras
recrutadas pelo sistema nervoso em um dado instante. Além desse mecanismo de
regulação da força de contração (denominando recrutamento), um outro
importante mecanismo é utilizado pelo sistema nervoso central. Nesse segundo
mecanismo, o intervalo temporal entre potenciais de ação sucessivos que trafegam
por um dado motoneurônio determina o grau de somação temporal dos abalos
produzidos nas fibras musculares daquela unidade motora. Dependendo, portanto,
da frequência dos potenciais de ação em um motoneurônio, as fibras musculares
por ele inervadas poderão apresentar perfis de contração que vão de abalos
isolados ao tétano completo (contração completa dos músculos), onde não se
pode mais distinguir contrações isoladas, e quando o músculo desenvolve a sua
máxima força de contração.

Figura 42: Óleo sobre tela de um paciente com sintomas de Tetania.


P á g i n a | 86

Fonte: Opisthotonus en un paciente que sufre de tétanos - Pintura con Sir Charles Bell (1809).
Resumo

Nesta aula vimos:

 Conceitos dos tipos de músculos e suas principais funções;


 Papel do íon cálcio na contração muscular;
 Fisiologia da contração e do relaxamento.
Referências

Básica:
AIRES, M. M. Fisiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.

ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. New York: Garland Science,
2015.

GUYTON.; HALL. Tratado de fisiologia médica. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 9. ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2012.

KOEPPEN, B. M.; STANTON, B. A. Fisiologia. 6. ed. São Paulo: Elsevier, 2009.

KREBS, C.; WEINBERG, J.; AKESSON, E. Neurociências ilustrada. Porto Alegre: Artmed,
2013.

SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. Porto Alegre:


Artmed, 2010.
Exercícios
AULA 6

ATIVIDADE

1) Os músculos estriados esqueléticos, assim como qualquer músculo,


apresentam a capacidade de contração. Essa contração é:
a) lenta e involuntária.
b) involuntária e rítmica.
c) lenta e rítmica.
d) rápida e voluntária.
e) rápida e involuntária.

2) Os atletas olímpicos geralmente possuem grande massa muscular por


causa dos exercícios físicos constantes. Sobre a contração dos músculos
esqueléticos, é correto afirmar que:
a) Os filamentos de miosina deslizam sobre os de actina, diminuindo o
comprimento do miômero.
b) A fonte de energia imediata para contração muscular é proveniente do
fosfato de creatina e do glicogênio.
c) Na ausência de íons Ca2+, a miosina separa-se da actina, o que provoca
o relaxamento da fibra muscular.
d) A fadiga durante o exercício físico é resultado do consumo de oxigênio
que ocorre na fermentação lática.
e) A ausência de estímulo nervoso em pessoas com lesão da coluna espinal
não provoca diminuição dos tônus musculares.
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3) No homem, a atividade contrátil do músculo resulta primariamente da


interação de duas proteínas denominadas:
a) Queratina e miosina.
b) Actina e miosina.
c) Gastrina e actina.
d) Ptialina e actina.
e) Tripsina e miosina.

4) Considere as afirmações a seguir sobre o tecido muscular esquelético.


I. Para que ocorra contração muscular, há necessidade de uma ação conjunta dos
íons cálcio e da energia liberada pelo ATP, o que promove um deslizamento dos filamentos de
actina sobre os de miosina na fibra muscular.
II. Exercícios físicos promovem um aumento no volume dos miócitos da musculatura
esquelética, através da produção de novas miofibrilas.
III. Em caso de fadiga muscular, parte do ácido lático produzido através da
fermentação lática passa para a corrente sanguínea e é convertida em aminoácidos pelo
fígado.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e II.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.

5) O tecido muscular é responsável pela locomoção do corpo e pelo movimento de


vísceras. Suas células alongadas apresentam um citoesqueleto altamente organizado, rico em
proteínas filamentosas. Com base na afirmativa acima, NÃO é correto afirmar que:
a) O músculo liso apresenta capacidade de regeneração, uma vez que as células
musculares lisas se dividem por mitose.
b) As miofibrilas nas células do músculo estriado esquelético e cardíaco se organizam
nas chamadas unidades de contração ou sarcômero.
c) A liberação de íons cálcio, armazenados na luz do retículo sarcoplasmático, ocorre
graças a um estímulo nervoso; sendo fundamental para que a contração ocorra.
d) O músculo estriado esquelético é responsável pela peristalse no trato digestório.
P á g i n a | 91

e) A atividade física pode proporcionar um aumento na musculatura, pois estimula a


síntese de novas miofibrilas no citoplasma das células musculares esqueléticas, aumentando
seu volume.
Aula 7
Fisiologia do sistema respiratório

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula abordaremos a fisiologia da respiração. Aqui, além de


relembrarmos a estruturas e órgãos que compõem, também vamos estudar sobre o
funcionamento desse importante sistema.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Compreender os mecanismos respiratórios,


 Reconhecer os fatores que influenciam na respiração;
 Compreender as diferenças e semelhanças da respiração pulmonar
e celular;
 Identificar os mecanismos fisiológicos envolvidos na respiração.
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7 INTRODUÇÃO

Como já vimos na biofísica, a respiração foi uma adaptação desenvolvida


pelos animais para sobreviverem fora da água. Para isso, foram necessários ao
desenvolvimento e o aprimoramento de diversos órgãos e estruturas, que
possibilitassem a retirada do O2 atmosférico e sua absorção pelas células do corpo.
O objetivo principal da respiração é promover a troca de gases O 2/CO2, um
processo denominado fisiologicamente como hematose. Mas para que isso possa
ocorrer, vários processos fisiológicos, bioquímicos e biofísicos deverão atuar em
conjunto.
Para conseguir energia, as células necessitam de O2 para fosforilação
oxidativa nas mitocôndrias, gerar ATP que será utilizado pelas células nas suas
atividades metabólicas de manutenção e sobrevivência. O Sistema respiratório é
composto basicamente por órgãos e estruturas que compõem as vias aéreas, o
diafragma e a caixa torácica. Possui duas porções: porção condutora: nariz (nariz
externo e cavidade ou fossas nasais), faringe, laringe, traqueia, brônquios e
bronquíolos e porção respiratória: pulmões (ductos alveolares e alvéolos) e pleura.

Figura 43: Órgãos do Sistema Respiratório.

Cavidade
nasal Faringe

Laringe

Traqueia

Brônquios

Pulmões
Bronquíolos

Diafragma
P á g i n a | 94

Fonte: www.cursa.hmci.us

Cavidade Nasal – é por onde ocorre a entrada do ar. Nesse local o ar é


aquecido, filtrado (pelos nasais e muco) e umidificado, sendo preparado para
adentrar nas vias aéreas inferiores.
Faringe - é um órgão tubular muscular, revestido por mucosa, situado após
as cavidades nasal e bucal. Funcionalmente pertence aos sistemas digestório e
respiratório.
Divisão:
- Orofaringe: região situada posteriormente a cavidade bucal.
- Nasofaringe: região situada posteriormente a cavidade nasal e tem unificação
com a orelha (ouvido) média através das tubas auditivas.
- Laringofaringe: região situada posterior a nasofaringe, inferior a orofaringe.

Laringe – É a porção do tubo respiratório situado entre a faringe e a traqueia.


Possui um esqueleto de cartilagem unido por membranas e movimentado por
músculos. É nesse local que se encontram as pregas vocais responsáveis pela
produção do som.
Traqueia – É a porção do tubo respiratório que contém uma série de 16 a 20
de anéis semi-circulares cartilaginosos flexíveis e unidos por tecido conjuntivo fibroso.
Liga a laringe aos brônquios.
Pulmões – É um órgão em forma de cone truncado, onde ocorre a
respiração externa, cuja base está voltada para o diafragma e o ápice para
abertura superior do tórax. Possui grande elasticidade e complacência.
Lobos:
- Pulmão direito: superior, médio e inferior.
- Pulmão esquerdo: superior e inferior.

Brônquios – São estruturas tubulares surgidas a partir da bifurcação da


traquéia formada por uma série de anéis cartilaginosos.
Divisão:
- Brônquios principais direito e esquerdo (destinados aos pulmões).
- Brônquios lobares (destinados aos lobos dos pulmões)
- Brônquios segmentares (destinados aos segmentos pulmonares).
P á g i n a | 95

Bronquíolos – são os seguimentos ramificados dos brônquios, se ramificam por


todo interior dos pulmões até os alvéolos;

Alvéolos – Os alvéolos são estruturas saculares e elásticas, formadas por uma


membrana bem fina e envolvida por uma rede de vasos capilares sanguíneos.

7.1 A respiração

A respiração é um processo formado por 2 eventos distintos: a inspiração e a


expiração.
Inspiração o ar entra pelas vias aéreas percorrendo o seu interior até chegar
nos alvéolos pulmonares, onde ocorrerá a hematose. Para que isso ocorra, o
diafragma irá contrair e descer, outros músculos irão atuar para facilitar a
inspiração, são eles: intercostais externos e grande peitoral. Estes atuam, auxiliando
na expansão da caixa torácica.
Expiração o ar sai pelas vias aéreas, sendo expulso do interior dos alvéolos.
Para que isso ocorra, o diafragma deverá relaxar e os músculos que irão atuar
auxiliando a expulsão do ar são: músculos da parede abdominal e músculos da
parede torácica.

Figura 44: Movimentos respiratórios.

Fonte: www.cursa.hmci.us
P á g i n a | 96

Para que haja uma inspiração é necessário que anteriormente tenha


ocorrido uma expiração e vice-e-versa. Isso acontece porque os pulmões possuem
um espaço finito, que o ar deverá preencher na inspiração, mas para que realize
nova inspiração, o ar que ocupa esse espaço deverá sair, ou seja, deverá realizar
uma expiração. Isso é chamado de ciclo respiratório. A quantidade de ciclos
respiratório por unidade de tempo é chamada de frequência respiratória
(ciclos/minuto).
O aparelho respiratório deve possuir um sistema eficiente na captação do
gás oxigênio presente no ar atmosférico, isso porque a quantidade desse gás é
relativamente pequena. O ar atmosférico é composto na maior parte de gás
Nitrogênio (N2) que não temos a capacidade de absorver quando na forma de gás.
Durante cada ciclo respiratório, a proporção de O2 e CO2 na composição do
ar atmosférico é alterada. Na inspiração a proporção de oxigênio é maior do que a
quantidade desse mesmo gás na expiração. Já a concentração de gás carbônico
a proporção é menor na inspiração e maior na expiração.

Tabela 1: Composição do ar atmosférico na inspiração e expiração.

Fonte: explorarciencias.com

Os pulmões são órgãos esponjosos, revestidos por duas membranas: as


pleuras. A pleura visceral é a mais interna e fica em intimo contato com os pulmões,
ao passo que, a pleura parietal é mais externa e fica em contato com outros órgãos
da caixa torácica e com o diafragma. Entre as duas pleuras há um líquido,
chamado líquido pleural que é composto por água e sair minerais.
P á g i n a | 97

Figura 45: As pleuras visceral e parietal.

Fonte: www.cursa.hmci.us

O líquido pleural é de extrema importância pois além de manter as duas


pleuras unidas devido a força de coesão da água, também mantém a pressão no
interior das pleuras (pressão pleural) em valores negativos.

7.2 A hematose

Existem milhões de alvéolos em cada pulmão. É em cada um deles que


ocorrem as trocas gasosas entre o pulmão e o sangue. Nos alvéolos ocorre uma
difusão dos gases por diferença de concentração e, consequentemente, da
pressão dos gases. O sangue que chega aos alvéolos absorve o gás oxigênio
inspirado da atmosfera. Ao mesmo tempo, o sangue elimina gás carbônico no
interior dos alvéolos; esse gás é então expelido do corpo por meio da expiração. A
esse processo, dá-se o nome de Hematose.
P á g i n a | 98

Figura 46: Estrutura dos alvéolos.

Fonte: www.cursa.hmci.us

O sangue presente nos capilares quando chega próximo aos alvéolos trazido
aos pulmões pelas artérias pulmonares, está rico em CO2. O interior dos alvéolos
neste momento está cheio de ar vindo da inspiração e rico em O2. Devido a essa
diferença na concentração de O2 e de CO2, ocorre uma difusão (transporte através
da membrana). O CO2 passa para o interior dos alvéolos de onde sairá pela
expiração. Já o O2 passa para o interior do sangue que será direcionado ao
coração e posteriormente será bombeado para todo corpo.

Figura 47: Hematose. Respiração pulmonar.


P á g i n a | 99

Fonte: www.cursa.hmci.us

7.3 O transporte de gases pelo sangue

Tanto o O2 quanto o CO2 podem ser transportados no sangue basicamente


de duas formas: dissolvido no plasma ou pela hemoglobina.
O transporte de Oxigênio pode ser:
Dissolvido – cerca de 2% do O2 é transportado dissolvido no plasma. Essa
porcentagem insuficiente para atender toda a demanda metabólica do corpo.
Sendo necessário um transporte mais eficiente, com a hemoglobina. Para se ter
uma ideia uma pessoa com o débito cardíaco de 5 Litros/min, seria capaz de
transportar 3mL de O2/ Litro de sangue. De forma que somente 15 mL de O2 seriam
entregues aos tecidos por minuto, sendo que a demanda tecidual em repouso é,
pelo menos, 250 mL.
Hemoglobina – praticamente todo O2 é transportado pela hemoglobina,
98%. Isso corresponde a aproximadamente 197 mL de O2/ Litro de sangue. Quando
o O2 está combinado à Hemoglobia (Hb), denomina-se oxiemoglobina. O oxigênio
se liga de forma reversível à Hb. Cada molécula de Hb transporta 4 moléculas de
O2.

Figura 48: Hemoglobina.


P á g i n a | 100

O2 + Hb = HbO2

Fonte: www.ameo.org.br

Figura 49: Transporte de O2.


P á g i n a | 101

Fonte: www.cursa.hmci.us

Figura 50: Conteúdo total do O2.

Fonte: www.cursa.hmci.us

O transporte de Gás Carbônico pode ser:


Dissolvido – cerca de 10% do CO2. Essa forma de transporte de CO2 é
insuficiente para auxiliar na eliminação desse gás através da expiração. Por isso,
outras adaptações fisiológicas à eliminação do CO2 são necessárias.
Hemoglobina – aproximadamente 21% de todo gás carbônico produzido no
metabolismo corporal são transportados pela hemoglogia, através de uma ligação
também reversível. Cada molécula de Hb transporta 4 moléculas de CO2 em um
sítio (local) distinto do que transporta O2.

CO2 + Hb = HbCO2

Bicarbonato – o restante de todo CO2 produzido pelas células do corpo (69%)


é transportado através de uma associação com moléculas da água, presentes no
plasma sanguíneo resultando em uma molécula de bicarbonato.

CO2 + H2O = H2CO3


P á g i n a | 102

7.4 Respiração celular e respiração celular

Vimos até aqui, todos os mecanismos fisiológicos envolvendo a troca de


gases O2 e CO2. Vamos agora entender as diferenças e semelhanças entre
respiração pulmonar e a respiração celular.
A respiração pulmonar é a troca do CO2 pelo O2 que ocorre durante a
hematose nos alvéolos pulmonares, que estudamos até o momento. O objetivo
desse tipo de respiração é absorver o O2 atmosférico e eliminar o CO2 produzidos
pelas células do corpo durante o metabolismo.
Já a respiração celular é o processo de absorção do O2 trazido pelos
capilares e a eliminação do CO2 produzidos pela fosforilação oxidativa. O objetivo
desse tipo de respiração é utilizar o O2 para a produção de energia (ATP) pelas
mitocôndrias.
Resumo

Nesta aula vimos:

 Os órgãos e o mecanismo geral na respiração;


 A fisiologia da respiração;
 Mecanismos fisiológicos da hematose;
 Relação entre respiração pulmonar e respiração celular.
Referências

Básica:
AIRES, M. M. Fisiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.

ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. New York: Garland Science,
2015.

GUYTON.; HALL. Tratado de fisiologia médica. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 9. ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2012.

KOEPPEN, B. M.; STANTON, B. A. Fisiologia. 6. ed. São Paulo: Elsevier, 2009.

KREBS, C.; WEINBERG, J.; AKESSON, E. Neurociências ilustrada. Porto Alegre: Artmed,
2013.

SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. Porto Alegre:


Artmed, 2010.
Exercícios
AULA 7

ATIVIDADE

1) Sabemos que o ar inspirado passa inicialmente pelas narinas e cavidades


nasais. Nesse local encontramos pelos e muco que:
a) atuam retirando impurezas do ar, como poeira e agentes patogênicos.
b) atuam resfriando e umedecendo o ar.
c) atuam auxiliando no processo de hematose.
d) atuam resfriando o ar e fornecendo proteção contra entrada de micro-
organismos.

2) Sabemos que a respiração só é possível em virtude da movimentação


conjunta de costelas, músculos intercostais e diafragma, que determinam os
movimentos de inspiração e expiração. A respeito desses dois processos, marque a
alternativa correta.
a) A expiração é o movimento responsável pela entrada de ar pelas vias
respiratórias.
b) Na inspiração ocorre o relaxamento do diafragma e dos músculos
intercostais, fazendo com que o tórax aumente de tamanho.
c) No processo de expiração ocorre a saída de ar dos pulmões em razão de
uma diminuição no volume da caixa torácica e um aumento da pressão interna.
d) No processo de inspiração ocorre a contração dos músculos intercostais e
do diafragma, ocasionando uma pressão interna maior que a externa.

3) Assinale a alternativa que apresenta uma estrutura comum ao sistema


respiratório e digestivo.
a) Brônquios
P á g i n a | 106

b) Faringe
c) Pulmão
d) Esôfago
e) Laringe

4) A troca gasosa de oxigênio e gás carbônico nos alvéolos se faz:


a) através de pinocitose do fluido bronquiolar pelo capilar.
b) por diferença de tensão desses gases entre o alvéolo e o capilar.
c) através da associação desses gases com a proteína transportadora no
bronquíolo.
d) pela ação de enzimas que aumentam o poder de penetração dos gases
nos capilares.
e) por transporte ativo, que envolve a ação de permeases.
Aula 8
Fisiologia do sistema cardiovascular

APRESENTAÇÃO DA AULA

Através da Fisiologia Cardiovascular estudaremos o movimento do sangue


nos vasos sanguíneos e os fatores que o influenciam, como a Pressão arterial, os
tipos de vasos sanguíneos.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Conhecer as estruturas que compõem o sistema cardiovascular;


 Conhecer os fatores que afetam a pressão arterial;
 Conhecer os tipos de circulação e como ocorrem.
P á g i n a | 108

8 SISTEMA CIRCULATÓRIO

O coração é o órgão central do sistema cardiovascular que funciona com


uma bomba hidráulica que impulsiona e ejeta o sangue. Este fluido percorre todo
corpo através de vasos sanguíneos. O movimento circulatório também possui um
sistema de controle que o mantém funcionando dentro dos parâmetros
considerados fisiológicos. Esse sistema possui importantes funções para que seja
possível manter o organismo em um estado de equilíbrio.

Figura 51: Funções gerais do sistema cardiovascular.

Fonte: www.ufjf.br

O coração é dividido em 2 lados direito e esquerdo que não se comunicam


e cada um desses lados se subdivide e se comunica através das valvas cardíacas.
Do lado direito encontra-se a valva tricúspide e do lado esquerdo encontra-se a
valva mitral (ou bicúspide), que permitem a passagem do sangue de maneira
unidirecional, dos átrios para os ventrículos.
No átrio direito chegam duas veias que trazem sangue rico em CO2 da parte
superior e inferior do corpo, Veias Cava Superior e Inferior, respectivamente.
Do ventrículo direito sai a artéria pulmonar que posteriormente se bifurca em
artéria pulmonar direita e esquerda que levam o sangue rico em CO 2 para que seja
oxigenado nos pulmões através da hematose (visto na aula anterior).
No átrio esquerdo, chegam 4 veias: duas advindas de cada pulmão. Essas
veias são ricas em O2 e são nomeadas de veias pulmonares.
E do ventrículo esquerdo parte a artéria aorta, que leva o sangue rico em O 2
para todas as partes do corpo.
P á g i n a | 109

Figura 52: Estruturas do coração

Fonte: www.cursa.hmci.us

Do lado direito do coração circula apenas o sangue venoso (rico em CO 2) e


do lado esquerdo, apenas o sangue arterial (rico em O2). O sangue que chega aos
átrios coração são trazidos por veias e o que sai sendo ejetado dos ventrículos do
coração cardíacos, são levados por artérias.
O sangue que circula entre o coração e os pulmões para que seja realizada
a hematose (troca do CO2 /O2) é chamado de circulação pulmonar ou pequena
circulação, a circulação que ocorre entre o coração e outros órgão e tecidos do
corpo é chamada de grande circulação ou circulação sistêmica.
Lembre-se do que aprendemos em biofísica cardiovascular: o coração
funciona como uma bomba ejetora de sangue! A quantidade de sangue
bombeado pelo ventrículo por um determinado período de tempo, é chamado de
débito cardíaco. Onde DC é o debito cardíaco; FC é a frequência cardíaca e VS é
o volume de sangue.

DC = FC x VS
DC = 70 bat/min x 70 ml/bat = 4.900 ml/min
P á g i n a | 110

Figura 53: Circulação sistêmica e circulação pulmonar.

Fonte: BIOLOGIA.NET (s.d)

8.1 Atividade elétrica cardíaca

O músculo cardíaco (miocárdio) é responsável pela contração que promove


a ejeção do sangue do interior das cavidades cardíacas (sístole). O relaxamento do
miocárdio promove um enchimento de sangue dessas cavidades (diástole). O
enchimento e o esvaziamento das cavidades cardíacas devem ocorrer de forma
ritmada e sincronizada para que o fluxo, a pressão e as condições hemodinâmicas
se mantenham à níveis homeostáticos.
A ritmicidade própria do coração, assim como o sincronismo na contração
de suas câmaras, é feito graças a um sistema condutor e excitatório presente no
tecido cardíaco. Este sistema é formado por fibras auto- excitáveis e que se
distribuem de forma organizada pelo miocárdio.
Neste sistema o nodo ou nó sinoatrial (SA) se despolariza, ocorrendo uma
propagação dessa despolarização pelo nó atrioventricular (AV), nesse momento a
contração ocorre nos átrios e do nó AV, direciona essa propagação de
despolarização para o ápice do coração localizado na parte inferior dos
ventrículos. A onda de despolarização e de contração segue do ápice ventricular
para cima, como veremos adiante:
P á g i n a | 111

Figura 54: Mecanismo fisiológicos da atividade elétrica cardíaca.

Fonte: www.ufjf.br.

8.2 Os vasos sanguíneos

Além do coração, o sistema cardiovascular também é composto por um


conjunto de vasos sanguíneos: artérias, veias e capilares. Cada um desses vasos
possui características e funções que são essenciais para o correto funcionamento
do sistema como um todo.
Artérias – as artérias são vasos que levam o sangue do coração para os
tecidos do corpo. O que faz o sangue circular nas artérias é o bombeamento
cardíaco. Dessa forma, o sangue que circula pelas artérias possui pressão. Para
suportar essa pressão é necessário que a parede que compõe as artérias seja
P á g i n a | 112

formada por musculatura lisa espessa, de modo a realizar vasoconstrição ou


vasodilatação para atender a manutenção da pressão arterial.
Veias – ao contrário das artérias, as veias são vasos que transportam o
sangue de diversos tecidos para o coração. O que faz o sangue circular dentro das
veias é a própria força do fluxo sanguíneo, além da compressão da musculatura
esquelética durante os movimentos que direcionam o sangue. Com o auxílio das
valvas que estão presentes no interior das veias, o sangue segue em uma única
direção. O sangue que circula dentro das veias tem baixa pressão e por isso,
também não há razão para ter paredes musculares espessas.
Capilares – são finíssimos vasos, formados por apenas umas camadas de
células que se ramificam nos diversos tecidos do corpo. Através da delgada parede
é possível que haja a difusão e perfusão tecidual necessários para a troca de
substancias entre o sangue e as células do corpo. Não possuem valvas e a pressão
do sangue é praticamente, nula.

Figura 55: Vasos sanguíneos.

Fonte: www.cursa.hmci.us

8.3 A pressão arterial

A forca exercida pelo sangue contra a parede arterial é denominada Pressão


Arterial (PA). A pressão é uma variável de física, sendo muito importante para impulsionar o
P á g i n a | 113

sangue através dos vasos sanguíneos, mas, para que isso ocorra, depende diretamente da
forca de contração cardíaca e das condições dos vasos periféricos.
O controle da PA se dá de diferentes formas:
Controle Neural – as áreas de controle do tronco encefálico e também os
sistemas nervosos, autônomo simpático e parassimpático, estão ligados a essa
capacidade de promoverem o controle da PA.
Reflexo Barorreceptor – Receptores mecanossensíveis presentes na parede
dos vasos sanguíneos, que enviam as informações acerca da PA para o bulbo, que
por sua vez controla o tônus muscular autônomo.
Quimiorreflexo – Células quimiossensíveis às variações de O2 e CO2 presentes
no sangue. Esse mecanismo previne queda adicional da PA quando valores
encontram-se abaixo de 80 mmHg.
Reflexos cardio-pulmonares – são receptores sensíveis à baixa PA.
Funcionam como um reflexo paralelo que auxilia no controle da pressão arterial.
Reflexo de Bain brigde: previne o acúmulo de sangue nas veias, nos átrios e na
circulação pulmonar.
Resposta isquêmica do SNC – esse mecanismo atua por estimulação por
baixo fluxo sanguíneo e alta concentração de CO2, alta concentração de ácido
lático e outras substâncias ácidas presentes no sangue. Nesse caso, a resposta
isquêmica do SNC pode elevar a PA até 250 mmHg devido a uma intensa vaso
constrição simpática (casos de oclusão). É importante ressaltar que esse mecanismo
atua como regulador da PA: não é um dos mecanismos normais de regulação, é
um sistema de emergência, torna-se ativo - PA abaixo de 60 mmHg e sua máxima
ativação - PA - 15 a 20 mmHg.
Resumo

Nesta aula vimos:

 Os órgãos, estruturas e funções do sistema cardiovascular;


 A fisiologia da cardiovascular;
 Controle da atividade elétrica cardíaca;
 Fatores que afetam a pressão arterial.
Referências

Básica:
AIRES, M. M. Fisiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.

ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. New York: Garland Science,
2015.

Distensibilidade vascular e funções dos sistemas arterial e venoso. In: Tratado de


Fisiologia Médica. 10. ed. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara-
Koognan, 2002, pp. 146-152.

Fisiologia cardiovascular. In: Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 5. ed.


SILVERTHORN, D. Porto Alegre: Artmed, 2010, pp. 467-510.

Fluxo sanguíneo e controle da pressão sanguínea. In: Fisiologia humana: uma


abordagem integrada. 5. ed. SILVERTHORN, D. Porto Alegre: Artmed, 2010, pp. 512-
545.

GUYTON.; HALL. Tratado de fisiologia médica. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 9. ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2012.

KOEPPEN, B. M.; STANTON, B. A. Fisiologia. 6. ed. São Paulo: Elsevier, 2009.

KREBS, C.; WEINBERG, J.; AKESSON, E. Neurociências ilustrada. Porto Alegre: Artmed,
2013.

Regulação neural da circulação e controle rápido da pressão arterial. In: Tratado


de Fisiologia Médica. 10. ed. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Rio de Janeiro: Ed.
Guanabara-Koognan, 2002, pp. 174-183.

SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. Porto Alegre:


Artmed, 2010.

Visão geral da circulação; a física médica da pressão, fluxo e resistência. In: Tratado
de Fisiologia Médica. 10. ed. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Rio de Janeiro: Ed.
Guanabara-Koognan, 2002, pp. 136-143.
Exercícios
AULA 8

ATIVIDADE

1) O sistema cardiovascular é formado pelo coração e uma grande


quantidade de vasos sanguíneos. Esses vasos podem ser classificados em três tipos
distintos: artérias, veias e capilares. Sobre as artérias, marque a alternativa correta:
a) Atuam transportando exclusivamente sangue oxigenado.
b) Atuam transportando exclusivamente sangue rico em gás carbônico.
c) Atuam transportando sangue do coração para outras partes do corpo.
d) Atuam transportando sangue de diversas partes do corpo em direção ao
coração.

2) Com relação à função de artérias e veias na circulação humana, analise a


figura e as proposições a seguir:

Figura 56: Exercício.

Esquema da circulação do sangue no corpo humano:


P á g i n a | 117

1 Artérias pulmonares (1) levam aos pulmões o sangue vindo do corpo.


2 Veias pulmonares (2) trazem para o coração o sangue oxigenado nos
pulmões.
3 Artéria aorta (3) leva o sangue oxigenado a todas as partes do corpo.
4 Veias cavas (4) trazem o sangue rico em gás carbônico do corpo ao
coração.

Estão corretas:
1, 2, 3 e 4.
1, 2 e 3 apenas.
1 e 3 apenas.
2 e 4 apenas.
2, 3 e 4 apenas.

3) O nodo sinoatrial é, normalmente, o marcapasso cardíaco porque:


a) é inervado pelo nervo vago.
b) está situado no átrio direito.
c) está situado no ventrículo esquerdo.
d) é hiperpolarizado pela acetilcolina.
e) sua frequência de despolarização é maior do que qualquer outra parte do
coração.

4) Um indivíduo com anemia apresenta ............................ da viscosidade do


sangue e ............................ do débito cardíaco.
a) aumento – diminuição
b) diminuição – diminuição
c) aumento – aumento
d) diminuição – aumento
e) a viscosidade do sangue e o débito cardíaco não se alteram
Aula 9
Fatores que afetam a pressão arterial

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula estudaremos os fatores que afetam o controle da PA. Fatores que
podem elevar ou depreciar a pressão arterial de forma não homeostática, trazendo
como consequências danos ao organismo.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Compreender a importância da manutenção da PA;


 Entender como os fatores apresentados podem alterara a PA.
P á g i n a | 119

9 PRESSÃO ARTERIAL

Vimos na aula anterior que a pressão arterial a força com que o fluxo
sanguíneo pressiona a parede do vaso. Se o fluxo sanguíneo fizer muita força contra
a parede do vaso, significa que a pressão que estará sendo exercida naquele
ponto será maior que a pressão exercida pelo fluxo de sangue com uma menor
força.
A força máxima ocorre devido a contração do miocárdio (sístole), resultando
na pressão máxima ou pressão sistólica (PS). A força mínima ocorre devido ao
relaxamento do miocárdio (diástole), resultando na pressão mínima ou pressão
diastólica (PD). Graças a esses movimentos de contração e dilatação o sangue
circula permanentemente pelos vasos sanguíneos (artérias e veias).
A pressão arterial sistólica é determinada pelo volume sanguíneo ejetado em
cada sístole (débito sistólico) e pela elasticidade das grandes artérias.
A pressão arterial diastólica depende da resistência periférica e da
frequência cardíaca que irá determinar a duração da diástole e do tempo
disponível para o escoamento diastólico.

Tabela 2: Classificação da Pressão Arterial.

9.1 Fatores que influenciam na PA

Apesar de todos os mecanismos de controle para manter a PA em níveis


considerados fisiológicos, alguns fatores podem afetá-la aumentando-a
(hipertensão) ou diminuindo-a (hipotensão).
Temperatura – em um ambiente com altas temperaturas, ocorre a
vasodilatação dos vasos periféricos, o que diminui o retorno venoso. Com isso,
P á g i n a | 120

ocorre um baixo volume sistólico resultado em uma hipotensão. Em contrapartida,


em um ambiente com baixas temperaturas, ocorre a vasoconstrição o que
aumenta o retorno venoso para o coração e com isso, um alto volume sistólico,
resultando em uma hipertensão.
Volemia – o volume de sangue nos vasos sanguíneos também é um fator que
pode afetar a PA. O aumento da volemia por ser causado, por exemplo, por uma
baixa produção de urina devido a uma insuficiência renal. Uma outra possibilidade
é o consumo excessivo de sal o que pode promover uma retenção hídrica
importante e excesso de liquido nos vasos sanguíneos.
Cloreto de Sódio (NaCl) – a relação entre o sal de cozinha (NaCl) e a pressão
arterial já há tempos conhecida. Isso se dá pelo fato do sódio ser um elemento
químico altamente osmótico e, por isso, é capaz de atrair a agua por osmose para
o local onde esta em maior concentração. Dessa forma, o consumo de sal, faz com
que se tenha muito sódio na corrente sanguínea atraindo água e retendo líquidos, o
que por sua vez, promove o aumento da volemia. No entanto, a retirada total do
sódio da dieta também não é recomendada, uma vez que o íon Na+ como já vimos
é fundamental para manutenção do potencial de membrana e posterior geração
do potencial de ação nas membranas biológicas.

9.2 Hipertensão arterial sistêmica (HAS)

A pressão arterial é expressa em dois números, como por exemplo 112/78


mmHg e é expressa em milímetros de mercúrio (mmHg). O primeiro número é o valor
da pressão sistólica, a pressão quando o coração realiza a sístole. O segundo
número, a pressão diastólica, é a pressão quando o coração faz uma diástole, ou
seja, relaxa o miocárdio. A pressão arterial é considerada normal se estiver abaixo
de 120/80 mm Hg.
A pressão arterial alta é uma pressão sistólica acima de 140 mmHg ou
diastólica de 90 ou superior, e que permanece em diferentes situações e dias. Por
isso é importante monitorar a PA com frequência.
A pressão alta geralmente não mostra sinais e nem sintomas e é por isso que
é considerado tão perigoso, por ser uma doença silenciosa.
Segundo a 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial, no Brasil, HA atinge
32,5% (36 milhões) de indivíduos adultos, mais de 60% dos idosos, contribuindo direta
ou indiretamente para 50% das mortes por doença cardiovascular (DCV).
P á g i n a | 121

9.3 Fatores de risco para HAS

Idade – Há uma associação direta e linear entre envelhecimento e


prevalência de HA, relacionada ao: i) aumento da expectativa de vida da
população brasileira, atualmente 74,9 anos; ii) aumento na população de idosos ≥
60 anos na última década (2000 a 2010), de 6,7% para 10,8%. Meta-análise de
estudos realizados no Brasil incluindo 13.978 indivíduos idosos mostrou 68% de
prevalência de HA;
Excesso de Peso e obesidade – No Brasil, dados do VIGITEL de 2014
revelaram, entre 2006 e 2014, aumento da prevalência de excesso de peso (IMC ≥

25 kg/m2), 52,5% vs 43%. No mesmo período, obesidade (IMC ≥ 30 kg/m2) aumentou


de 11,9% para 17,9%, com predomínio em indivíduos de 35 a 64 anos e mulheres
(18,2% vs 17,9%), mas estável entre 2012 e 2014;
Sexo e Etnia – Na PNS de 2013, a prevalência de HA autorreferida foi
estatisticamente diferente entre os sexos, sendo maior entre mulheres (24,2%) e
pessoas de raça negra/cor preta (24,2%) comparada a adultos pardos (20,0%), mas
não nos brancos (22,1%). O estudo Corações do Brasil observou a seguinte
distribuição: 11,1% na população indígena; 10% na amarela; 26,3% na
parda/mulata; 29,4% na branca e 34,8% na negra. O estudo ELSA-Brasil mostrou
prevalências de 30,3% em brancos, 38,2% em pardos e 49,3% em negros;
Ingestão de Sal – O consumo excessivo de sódio, um dos principais FR para
HA, associa-se a eventos CV e renais. No Brasil, dados da Pesquisa de Orçamentos
Familiares (POF), obtidos em 55.970 domicílios, mostraram disponibilidade domiciliar
de 4,7 g de sódio/pessoa/dia (ajustado para consumo de 2.000 Kcal), excedendo
em mais de duas vezes o consumo máximo recomendado (2 g/dia), menor na área
urbana da região sudeste, e maior nos domicílios rurais da região Norte. O impacto
da dieta rica em sódio estimada na pesquisa do VIGITEL de 2014 indica que apenas
15,5% das pessoas entrevistadas reconhecem conteúdo alto ou muito alto de sal
nos alimentos. O de HA tornou-se consistente a partir de 31g de álcool/dia;
Fatores socioeconômicos – Adultos com menor nível de escolaridade (sem
instrução ou fundamental incompleto) apresentaram a maior prevalência de HA
autorreferida (31,1%). A proporção diminuiu naqueles que completam o ensino
fundamental (16,7%), mas, em relação às pessoas com superior completo, o índice
foi 18,2%. No entanto, dados do estudo ELSA Brasil, realizado com funcionários de
P á g i n a | 122

seis universidades e hospitais universitários do Brasil com maior nível de escolaridade,


apresentaram uma prevalência de HA de 35,8%, sendo maior entre homens;
Sedentarismo – Estudo de base populacional em Cuiabá, MT, (n = 1.298
adultos ≥ 18 anos) revelou prevalência geral de sedentarismo de 75,8% (33,6% no
lazer; 19,9% no trabalho; 22,3% em ambos). Observou-se associação significativa
entre HA e idade, sexo masculino, sobrepeso, adiposidade central sedentarismo nos
momentos de folga e durante o trabalho, escolaridade inferior a 8 anos e renda per
capita < 3 salários mínimos;
Genética – Estudos brasileiros que avaliaram o impacto de polimorfismos
genéticos na população de quilombolas não conseguiram identificar um padrão
mais prevalente. Mostraram forte impacto da miscigenação, dificultando ainda
mais a identificação de um padrão genético para a elevação dos níveis
pressóricos;

9.4 A influência da atividade física no controle da PA

Segundo a 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial atividade física refere-


se a qualquer movimento corporal que aumente o gasto energético, o que inclui
andar na rua, subir escada, fazer trabalhos físicos domésticos, fazer práticas físicas
de lazer. O termo exercício físico refere-se à atividade física realizada de forma
estruturada, organizada e com objetivo específico. Além disso, o comportamento
sedentário, medido pelo tempo sentado, também tem implicações na saúde CV.

9.4.1 Inatividade/atividade física

A inatividade física tem sido considerada “o maior problema de saúde


pública” por ser o mais prevalente dos fatores de risco e a segunda causa de morte
no mundo. A sobrevivência é menor em pessoas que passam a maior parte do
tempo sentadas do que naquelas que passam pouco tempo sentadas. Há relação
direta entre o tempo sentado ou o tempo de televisão com a PA. Recomenda-se a
redução do tempo sentado, levantando-se por pelo menos 5 min a cada 30 min
sentado.
A prática regular de atividade física pode ser benéfica tanto na prevenção
quanto no tratamento da HA, reduzindo ainda a morbimortalidade CV. Indivíduos
ativos apresentam risco 30% menor de desenvolver HA que os sedentários, e o
P á g i n a | 123

aumento da atividade física diária reduz a PA. A prática de atividade física deve ser
incentivada em toda a população, não havendo necessidade de nenhum exame
prévio. O indivíduo deve ser orientado a procurar um médico se sentir algum
desconforto durante a execução.

9.4.2 Exercícios físicos

No tratamento da HA, benefícios adicionais podem ser obtidos com


exercícios físicos estruturados, caracterizando um treinamento individualizado.
Exercícios aeróbicos – o treinamento aeróbico reduz a PA casual de pré-
hipertensos e hipertensos. Ele também reduz a PA de vigília de hipertensos e diminui
a PA em situações de estresse físico, mental e psicológico. O treinamento aeróbico
é recomendado como forma preferencial de exercício para a prevenção e o
tratamento da HA.
Exercícios resistidos dinâmicos e estáticos – o treinamento resistido dinâmico
ou isotônico (contração de segmentos corporais localizados com movimento
articular) reduz a PA de pré-hipertensos, mas não tem efeito em hipertensos. Existem,
porém, apenas quatro estudos randomizados e controlados com esse tipo de
exercício na HA. O treinamento resistido estático ou isométrico (contração de
segmentos corporais localizados sem movimento articular) reduz a PA de
hipertensos, mas os estudos utilizam massas musculares pequenas, havendo
necessidade de mais informação antes de sua recomendação.

Tabela 3: Correlação entre a atividade física e a redução da PA.

Fonte: 7ª Diretriz Brasileira da Hipertensão Arterial (2018)


P á g i n a | 124

Caso haja alguma dúvida, em relação à teoria ou aos exercícios, entre em


contato com o tutor da disciplina. Não se esqueça de consultar o material
complementar, pois lá você encontrará várias maneiras de reforçar a
aprendizagem do nosso conteúdo, tanto por consulta a outros sites, vídeos quanto
por programas computacionais para o desenvolvimento dos exercícios.
Resumo

Nesta aula vimos:

 O conceito de Hipertensão Arterial (HA);


 Os fatores que podem afetar a PA diretamente;
 Os fatores de risco para HA;
 Os efeitos da atividade física no controle da PA.
Referências

Básica:
AIRES, M. M. Fisiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.

ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. New York: Garland Science,
2015.

Distensibilidade vascular e funções dos sistemas arterial e venoso. In: Tratado de


Fisiologia Médica. 10. ed. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara-
Koognan, 2002, pp. 146-152.

Fisiologia cardiovascular. In: Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 5. ed.


SILVERTHORN, D. Porto Alegre: Artmed, 2010, pp. 467-510.

Fluxo sanguíneo e controle da pressão sanguínea. In: Fisiologia humana: uma


abordagem integrada. 5. ed. SILVERTHORN, D. Porto Alegre: Artmed, 2010, pp. 512-
545.

GUYTON.; HALL. Tratado de fisiologia médica. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 9. ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2012.

KOEPPEN, B. M.; STANTON, B. A. Fisiologia. 6. ed. São Paulo: Elsevier, 2009.

KREBS, C.; WEINBERG, J.; AKESSON, E. Neurociências ilustrada. Porto Alegre: Artmed,
2013.

Regulação neural da circulação e controle rápido da pressão arterial. In: Tratado


de Fisiologia Médica. 10. ed. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Rio de Janeiro: Ed.
Guanabara-Koognan, 2002, pp. 174-183.

SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. Porto Alegre:


Artmed, 2010.

Visão geral da circulação; a física médica da pressão, fluxo e resistência. In: Tratado
de Fisiologia Médica. 10. ed. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Rio de Janeiro: Ed.
Guanabara-Koognan, 2002, pp. 136-143.
Exercícios
AULA 9

ATIVIDADE

1) O reflexo barorreceptor é um dos mecanismos de regulação da pressão


arterial (PA). Assinale a alternativa correta sobre este reflexo:
(RPT = resistência periférica total)
a) O aumento da PA estimula os barorreceptores a enviarem sinais para
inibir o centro vasoconstritor simpático, o que provoca uma vasodilatação arteriolar
para diminuir a RPT e a PA.
b) O aumento da PA estimula os barorreceptores que enviam sinais para
excitar o centro vasoconstritor simpático, o que provoca uma vasodilatação
arteriolar para aumentar a RPT e diminuir a PA.
c) A diminuição da PA estimula os barorreceptores que enviam sinais para
inibir o c entro vasoconstritor simpático, produzindo uma vasoconstrição arteriolar
para aumentar a RPT e aumentar a PA.
d) A diminuição da PA estimula os barorreceptores a enviarem sinais para
excitar centro vasoconstritor simpático, produzindo vasodilatação arteriolar e
aumentando a RPT e a PA.
e) O aumento da PA inibe os barorreceptores que não enviam sinais para o
centro vasoconstritor e, consequentemente, ocorre aumento da RPT.

2) Assinale a alternativa INCORRETA em relação à regulação da pressão


arterial:
a) Durante a queda da pressão arterial o mecanismo desencadeado para
controlá-la ocorre por produção de renina que gera a angiotensina II a qual atua
produzindo vasoconstrição periférica.
P á g i n a | 128

b) Durante o aumento da pressão arterial o mecanismo desencadeado para


controlá-la ocorre por produção de renina que gera a angiotensina II a qual atua
produzindo vasoconstrição periférica.
c) Durante o aumento da pressão arterial ocorre inibição da liberação de
renina, resultando em ausência da angiotensina II e ausência de vasoconstrição
periférica.
d) Durante a queda da pressão arterial a formação da angiotensina II
estimula a produção de aldosterona que estimula a reabsorção renal de água e
soluto.
e) Durante a queda da pressão arterial a angiotensina II promove a
vasoconstrição da arteríola eferente do rim, para manter o ritmo de filtração
glomerular.
Aula 10
Fisiologia do sistema digestório

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula vamos conhecer a fisiologia do Sistema digestório. Os


mecanismos de funcionamento de um dos mais importantes sistemas. Pois é através
dele que o obtemos quase todos os nutrientes e substancias necessárias para o
correto funcionamento das células do nosso corpo. É através do correto
funcionamento do sistema digestório que podemos obter os nutrientes necessários
para que nossas células possam gerar energia para o funcionamento e
manutenção dos demais sistemas.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Compreender os órgãos e estruturas que compõem o Sistema


Digestório;
 Reconhecer a importância dos diferentes tipos de digestão que
ocorrem no processo;
 Compreender a importância da digestão para o organismo como
um todo.
P á g i n a | 130

10 FUNÇÕES DO SISTEMA DIGESTORIO

As principais funções do Sistema Digestório são digerir os alimentos e absorver


os nutrientes. Sem uma não há razão de ser para outra, uma vez que não há como
absorver os alimentos sem que tenham sido previamente digeridos e não há por
quê digerir se não for capaz de posteriormente, absorver.
O desenvolvimento da capacidade de digerir diferentes tipos de alimentos
quanto a composição, propiciou o desenvolvimento de um meio bastante
elaborado e eficiente para que o máximo de nutrientes pudesse ser obtido com a
dieta.
Além disso, órgãos sensoriais como visão, olfato e principalmente, o paladar
foram essenciais na escolha dos alimentos que foram ao longo da história sendo
incorporados à dieta humana.
Vimos na disciplina de biofísica do paladar e do olfato, como nosso cérebro
interpreta cada um dos odores e sabores e aqui, vamos nos aprofundar e
compreender como o nosso sistema digestório funciona e torna possível através da
ingestão dos alimentos, nutrir todas as células do corpo, atendendo todas as
demandas nutricionais e energéticas.

10.1 Estrutura do sistema digestório

O sistema digestório é formado basicamente de duas partes: um longo tubo


que vai da boca ao ânus e de órgãos anexos.
P á g i n a | 131

Figura 57: Órgãos do Sistema Digestório.

Fonte: www.md.saude.org.br

Cavidade Bucal – é por onde ocorre a entrada do alimento. Com o auxílio


dos lábios, dentes e língua, o alimento é triturado, o que é chamado de digestão
mecânica. A partir, da mastigação possível quebrar o alimento em partes menores,
para que o processo digestório possa ocorrer de maneira eficaz.
Ainda na cavidade bucal, existem um conjunto de glândulas salivares
(parótida, submaxilares e sublingual) que, durante a mastigação, liberam a saliva.
Essa substancia é constituída na maior parte por água, mas além disso também
possui uma importante enzima amilase salivar (ptialina) que é capaz de digerir
quimicamente os alimentos ricos em carboidrato. Caso o alimento não possua na
sua composição carboidrato, a amilase salivar não possui qualquer funcionalidade.
O processo de salivação é importante também pois é capaz de amolecer o
alimento, facilitando sua posterior deglutição.
P á g i n a | 132

Dessa forma, após ser mastigado e salivado o alimento passa a se chamar


bolo alimentar que com o auxílio dos músculos e da língua será empurrado em
direção à faringe para que seja deglutido.

Figura 58: Órgãos e estruturas da cavidade bucal.

Fonte: www.md.saude.org.br

Faringe – vimos no sistema respiratório que a faringe se divide em três


seguimentos: nasofaringe, orofaringe e laringofaringe). De fato, a faringe faz parte
tanto do sistema respiratório quanto do digestório. No sistema digestório, a faringe
além de possui as papilas gustativas também é importante pois orienta o bolo
alimentar em direção ao esôfago.
Esôfago – é um longo tubo musculoso que recebe o bolo alimentar e é nesse
local dá-se início aos movimentos peristálticos em que a musculatura lisa contrai de
modo involuntário empurrando o bolo alimentar de forma unidirecional para o
estomago.
P á g i n a | 133

Figura 59: Movimentos peristálticos.

Fonte: www.md.saude.org.br

Estômago – a entrada do bolo alimentar no estômago é regulada pela


cárdia. O estomago é uma continuidade do tubo digestório, que possui uma
dilatação, sua capacidade é de em torno de 2 litros, podendo ser maior ou menor
devido a fatores como: idade, sexo e hábitos alimentares. No estômago, o bolo
alimentar recebe a ação do suco gástrico que contém: água, ácido clorídrico
(HCl), enzimas como pepsina e lipase gástrica, mas a principal é a pepsina que
possui a função de digerir quimicamente as proteínas.

Figura 60: Estômago.

Fonte: SOBOTTA (2000, s.p)


P á g i n a | 134

As glândulas gástricas secretam o suco gástrico contendo HCl que é


extremamente ácido, tornando o pH do estômago entre 2 e 3. Se não fosse o muco
produzido pelas glândulas que revestem internamente do estômago, essa forte
acidez seria o suficiente para causar danos à parede do próprio estômago. O bolo
alimentar fica em média 3 horas dentro do estômago, esse é o tempo necessário
para a ação do suco gástrico a partir desse momento, o bolo alimentar passa a se
chamar quimo. O controle da saída do quimo do estomago é feito pelo piloro.
Intestino Delgado – após sair do estômago, o quimo chega ao intestino
delgado que possui três porções: duodeno, jejuno e íleo.
Duodeno - possui cerca de 20 cm de comprimento e recebe através de
ducto os sais biliares, que são produzidos pelo fígado e armazenado na vesícula
biliar, o suco pancreático que é produzido pelo pâncreas e o suco entérico,
produzido pelas glândulas que compõem a mucosa intestinal. Os sais biliares (bile)
não são enzimas, são sais produzidos a partir do colesterol no fígado e que possuem
a capacidade de emulsificar as gorduras presentes no quimo, ou seja, separam as
moléculas de gordura em porções menores para que as enzimas consigam atuar
de maneira eficiente. O suco pancreático que é produzido e liberado no interior do
duodeno pelo pâncreas possui uma coleção de enzimas capazes de digerir
praticamente todos os alimentos presentes na nossa dieta, com a exceção das
fibras vegetais. Para que sejam digeridas enzimaticamente, as fibras vegetais que
são compostas de celulose necessitam da enzima celulase, que não produzimos.
Dessa forma, de todos as substancias presentes na dieta, somente a celulose não
somos capazes de digerir através de enzimas, somente mecanicamente. A maior
parte da digestão enzimática dos alimentos ocorre no duodeno. Ao termino do
processo digestório no duodeno, o quimo passa se chamar quilo.
P á g i n a | 135

Figura 61: Duodeno, fígado e pâncreas.

Fonte: www.mdsaude.org.br

Jejuno – é a segunda porção do intestino delgado. Nesse local ocorre a


finalização da digestão enzimática do quilo, pelo suco entérico e é também no
jejuno que se dá o início da absorção dos nutrientes digeridos incluindo água, sais
minerais e vitaminas.
Ileo – na última porção do intestino delgado ocorre a absorção de todos os
nutrientes que foram digeridos. A agua, parte dos sais minerais e parte das
vitaminas, serão finalmente absorvidas, a seguir, no intestino grosso.
Intestino Grosso – possui também seguimentos que incluem: porção
ascendente, transversal, descendente, reto e ânus. Que não foi absorvido no
intestino delgado, de agua e sais minerais será agora absorvido pelas vilosidades do
intestino grosso. O restante da massa do quilo composta basicamente por
substancias não digeridas e/ou absorvidas como as fibras, por exemplo vai
perdendo água devido a absorção da mesma, e com isso vai adquirindo uma
consistência cada vez menos líquida.
P á g i n a | 136

Figura 62: Intestino grosso.

Fonte: www.mdmanuals.com

Algumas bactérias intestinais fermentam e assim decompõem resíduos de


alimentos e produzem vitaminas (a vitamina K e algumas vitaminas do complexo B),
que são aproveitadas pelo organismo. Nessas atividades, as bactérias produzem
gases – parte deles é absorvida pelas paredes intestinais e outra é eliminada pelo
ânus. O quilo é então denominado bolo fecal.
P á g i n a | 137

Quadro 4: Principais enzimas digestivas e suas funções.


P á g i n a | 138

Quadro 4: Principais enzimas digestivas e suas funções.


(Conclusão).

Fonte: www.qieducacao.com
Resumo

Nesta aula vimos:

 Os órgãos e componentes do sistema digestório;


 A diferença entre digestão mecânica e enzimática;
 Os mecanismos fisiológicos da digestão e absorção dos alimentos;
 A função das enzimas envolvidas na digestão.
Referências

Básica:
AIRES, M. M. Fisiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.

ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. New York: Garland Science,
2015.

Distensibilidade vascular e funções dos sistemas arterial e venoso. In: Tratado de


Fisiologia Médica. 10. ed. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara-
Koognan, 2002, pp. 146-152.

Fisiologia cardiovascular. In: Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 5. ed.


SILVERTHORN, D. Porto Alegre: Artmed, 2010, pp. 467-510.

Fluxo sanguíneo e controle da pressão sanguínea. In: Fisiologia humana: uma


abordagem integrada. 5. ed. SILVERTHORN, D. Porto Alegre: Artmed, 2010, pp. 512-
545.

GUYTON.; HALL. Tratado de fisiologia médica. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 9. ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2012.

KOEPPEN, B. M.; STANTON, B. A. Fisiologia. 6. ed. São Paulo: Elsevier, 2009.

KREBS, C.; WEINBERG, J.; AKESSON, E. Neurociências ilustrada. Porto Alegre: Artmed,
2013.

Regulação neural da circulação e controle rápido da pressão arterial. In: Tratado


de Fisiologia Médica. 10. ed. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Rio de Janeiro: Ed.
Guanabara-Koognan, 2002, pp. 174-183.

SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. Porto Alegre:


Artmed, 2010.

Visão geral da circulação; a física médica da pressão, fluxo e resistência. In: Tratado
de Fisiologia Médica. 10. ed. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Rio de Janeiro: Ed.
Guanabara-Koognan, 2002, pp. 136-143.
Exercícios
AULA 10

ATIVIDADE

1) O processo de digestão nos humanos é composto por duas fases: uma


mecânica, na qual a correta mastigação é essencial, e outra enzimática,
controlada por hormônios da digestão. Sobre estes hormônios, analise as afirmações
a seguir e marque a alternativa correta.
a. As gorduras parcialmente digeridas, presentes no quimo, estimulam as
células do duodeno a liberarem o hormônio secretina, que provoca a eliminação
da bile pela vesícula biliar.
b. A acidez do quimo, que chega ao duodeno, estimula certas células da
parede intestinal a liberarem, especialmente, o hormônio colecistoquinina, que
agirá no pâncreas, estimulando-o a liberar, principalmente, bicarbonato de sódio.
c. A secreção do suco gástrico é estimulada por impulsos nervosos e pelo
hormônio gastrina, produzido no estômago.
d. A digestão de proteínas inicia-se no estômago e completa-se no duodeno
por ação de três proteases secretadas pelo pâncreas: enteroquinase, pepsina e
procarboxipeptidase.

2) Em relação às enzimas e hormônios digestivos, marque a alternativa que


corresponda à sequência correta:
( ) Enzima que digere lipídios no intestino delgado.
( ) Atua sobre os ácidos nucleicos, transformando-os em nucleotídeos.
( ) Hormônio produzido pelo intestino que estimula o pâncreas a secretar
bicarbonato de sódio.
( ) Estimula a liberação de enzimas pancreáticas e a liberação de bile pela
vesícula biliar.
P á g i n a | 142

( ) Estimula a secreção de HCl e aumenta a motilidade gástrica.

I – Secretina; II – Gastrina; III – lipase intestinal; IV– Nuclease; V –


Colecistocinina
a. III, IV, I, V e II.
b. II, IV, I, V e III.
c. V, I, II, IV e III.
d. IV, III, II, V e I.

3) Qual cirurgia comprometeria mais a função do sistema digestório e por


quê: a remoção dos vinte e cinco centímetros iniciais do intestino delgado
(duodeno) ou a remoção de igual porção do início do intestino grosso?
a) A remoção do duodeno seria mais drástica, pois nele ocorre a maior parte
da digestão intestinal.
b) A remoção do duodeno seria mais drástica, pois nele ocorre a absorção
de toda a água de que o organismo necessita para sobreviver.
c) A remoção do intestino grosso seria mais drástica, pois nele ocorre a maior
parte da absorção dos produtos do processo digestório.
d) A remoção do intestino grosso seria mais drástica, pois nele ocorre a
absorção de toda a água de que o organismo necessita para sobreviver.
e) As duas remoções seriam igualmente drásticas, pois tanto no duodeno
quanto no intestino grosso ocorrem digestão e absorção de nutrientes e de água.

4) O intestino grosso é um órgão de aproximadamente 50 cm de


comprimento e 7 cm de diâmetro, podendo ser dividido em: ceco, colo e reto. Esse
órgão está relacionado com:
a) A digestão mecânica do alimento.
b) A digestão de gorduras.
c) A digestão de proteínas.
d) A absorção de água.
e) A quebra de amido.

5) O pâncreas e o fígado são glândulas anexas do sistema digestório


humano. Entre as funções do fígado, destaca-se a capacidade de produção de
P á g i n a | 143

uma substância que atua emulsificando gorduras. Essa substância recebe o nome
de:
a) tripsina.
b) pepsina.
c) bile.
d) amilase.
e) lipase pancreática.
Aula 11
Fisiologia do sistema renal

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula estudaremos a fisiologia do sistema renal e sua importância. Suas


funções, órgãos e estruturas envolvidas.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Reconhecer a importância do sistema renal para o funcionamento


do corpo;
 Identificar as principais estruturas do sistema renal e suas respectivas
funções;
 Compreender o papel do sistema renal na manutenção da
homeostasia.
P á g i n a | 145

11 FUNÇÕES DO SISTEMA RENAL

O sistema renal ou também denominado sistema excretor, possui importantes


funções para auxiliar na homeostase do corpo. Dentre essas funções podemos
destacar:
 Manutenção do equilíbrio hídrico;
 Manutenção do equilíbrio ácido-base;
 Manutenção do equilíbrio eletrolítico;
 Excreção de produtos finais do metabolismo;
 Manutenção da pressão arterial;
 Secreção de hormônios.

Para realizar tais funções os rins devem depurar o sangue e separar o que
está em excesso e o que deve ser excretado para eliminar sob a forma de urina. E
esse processo de depuração do sangue é realizado em 3 etapas: filtração,
reabsorção e secreção renal, que veremos mais adiante.
Os rins são capazes de filtrar 180 litros de plasma sanguíneo/ dia, sendo que o
volume do plasma sanguíneo é, em média de 3 litros. Dessa forma, vemos que os
rins filtram todo o plasma 60 vezes por dia, produzindo cerca de 1,5 litros de
urina/dia.

11.1 Anatomia do sistema renal

Para entendermos como o sistema excretor funciona é importante conhecer


as estruturas e órgãos que compõem esse sistema.
P á g i n a | 146

Figura 63: Órgãos do sistema renal.

Fonte: www.mdmanuals.com

Rins – são órgãos que forma um par, localizados abaixo da caixa torácica um
de cada lado da coluna vertebral. Possuem aproximadamente 11 cm de
comprimento e formato de feijão. Ao corte frontal, pode-se visualizar o interior de
cada rim. Na borda no rim encontra-se o córtex renal e logo abaixo, a medula
renal. Na medula encontram-se as pirâmides renais, que totalizam cerca de 18 em
cada rim. E é nas pirâmides renais que se encontram os néfrons (unidades
depuradoras do sangue), que veremos a seguir. Cada rim é irrigado pela artéria
renal, proveniente do tronco aórtico, que se ramifica no interior dos rins irrigando
todas as pirâmides e todo o interior renal. Abaixo de cada pirâmide, encontram-se
os cálices renais que recebem e coletam a urina produzida pelos néfrons no interior
das pirâmides. A região central, encontra-se a pelve renal ou bacinete, que recolhe
toda a urina coletada pelos cálices. Saindo dos rins, encontram-se as veias renais,
levando o sangue já depurado para veia cava inferior.
P á g i n a | 147

Figura 64: Estruturas renais.

Fonte: www.mdmanuals.com

Ureteres – toda a urina produzida em cada rim, será conduzida à bexiga


através de ductos contrateis denominados ureteres.
Bexiga – sua função é armazenar a urina produzida para posterior
eliminação. Como já dissemos aqui, um adulto saudável pesando 70 kg é capaz de
produzir diariamente cerca de 1,5 litros de urina. A capacidade média de
armazenamento é em torno de 400 ml, porém esse valor varia em função do sexo,
idade, peso e condições de saúde.
Uretra – a anatomia e a função da uretra varia em função do sexo do
indivíduo. Nas mulheres, a uretra possui cerca de 4 cm e uma função
exclusivamente excretora, ao passo que em homens a uretra possui função
excretora e reprodutora.

Figura 65: Aparelho urinário feminino e masculino.


P á g i n a | 148

Fonte: www.mdmanuals.com

11.2 Fisiologia dos néfrons

Cada rim possui aproximadamente 1 milhão de néfrons. Se os néfrons estão


localizados no interior das pirâmides renais, isso significa que cada pirâmide contém
mais de 55 mil néfrons. Os néfrons são responsáveis pelo processo de depuração do
sangue, que passa pelas seguintes etapas: filtração, reabsorção, secreção e
excreção.

Figura 66: Estrutura do néfron.

Fonte: www.mdmanuals.com
P á g i n a | 149

Na filtração, os capilares sanguíneos no interior das pirâmides formam um


enovelado denominado glomérulo que fica intimamente associado à capsula de
Bowmann do néfron. Nesse local, o plasma é filtrado pelo glomérulo formando o
filtrado glomerular. O filtrado glomerular é o conteúdo plasmático sem as proteínas,
cerca de 20% do plasma é filtrado pelo glomérulo por vez.
A fase de reabsorção inicia quando o filtrado glomerular atinge o túbulo
contornado proximal, onde 100% de toda glicose e aminoácidos e 70% dos íons
presentes no filtrado serão reabsorvidos. O filtrado segue para porção descendente
da alça de Henle onde passa a ocorrer intensa reabsorção da agua diminuindo
drasticamente o volume do filtrado glomerular. Já a porção ascendente da alça de
Henle é impermeável à agua e por isso, não há a reabsorção da mesma neste
local. Porém, esse é um local permeável aos íons que voltam a ser reabsorvidos. Ao
chegar no túbulo contornado distal, o filtrado glomerular encontra as bombas de
Na+/K+ ativas ocorrendo a reabsorção de Na+ e a secreção de K+ para o interior do
túbulo. Além disso ocorre também a reabsorção de mais agua neste ponto.
Ao fim o conteúdo restante do filtrado glomerular, deve conter agua, íons e
produtos do metabolismo como ácido úrico, ureia e creatinina, que será recolhido
pelo túbulo coletor finalizando a etapa de excreção.
Vimos que muitas substâncias filtradas podem ser totalmente reabsorvidas
pelos túbulos, como a glicose e aminoácidos; outras substancias são filtradas e
parcialmente reabsorvidas como a agua e os sais minerais; que muitas substâncias
não filtradas completamente podem ser secretadas através túbulos, como potássio
e que outras substâncias são filtradas são totalmente excretadas, como ácido úrico.

Figura 67: Etapas do processo de depuração do sangue no néfron.


P á g i n a | 150

Fonte: www.usp.br

11.3 A glicose e a urina

A presença de glicose na urina (glicosúria) não faz parte da fisiologia renal


normal. Isso por que toda glicose presente no filtrado é reabsorvida no túbulo
contornado proximal. Porém, nos casos em que a glicemia (taxa de glicose no
sangue) está acima do considerado normal, é possível encontrar a presença de
glicose na urina, quando a taxa de glicemia atinge 200mg de glicose/dL de
sangue. Assim, como a glicose é uma substancia osmótica, a sua presença no
túbulo renal promove a diurese osmótica, pois impede a reabsorção de agua,
promovendo o aumento do volume de urina e, consequentemente, a diurese.

Figura 68: Transporte de Glicose através da membrana do túbulo do néfron.

Fonte: www.ufjf.br

O controle das funções renais, também ocorrem graças a mecanismos


hormonais, que veremos mais adiante.
P á g i n a | 151

Veremos também, na próxima aula, que o rim participa de um mecanismo


hormonal para o controle da pressão arterial denominado Sistema Renina-
Angiotensina.
Resumo

Nesta aula vimos:

 As estruturas que compõem o sistema renal;


 Principais funções das estruturas que compõe o sistema renal;
 A capacidade média das funções renais;
 O mecanismo fisiológico do funcionamento renal;
 Fatores que influenciam na glicosúria.
Referências

Básica:
AIRES, M. M. Fisiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.

ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. New York: Garland Science,
2015.

Distensibilidade vascular e funções dos sistemas arterial e venoso. In: Tratado de


Fisiologia Médica. 10. ed. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara-
Koognan, 2002, pp. 146-152.

Fisiologia cardiovascular. In: Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 5. ed.


SILVERTHORN, D. Porto Alegre: Artmed, 2010, pp. 467-510.

Fluxo sanguíneo e controle da pressão sanguínea. In: Fisiologia humana: uma


abordagem integrada. 5. ed. SILVERTHORN, D. Porto Alegre: Artmed, 2010, pp. 512-
545.

GUYTON.; HALL. Tratado de fisiologia médica. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 9. ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2012.

KOEPPEN, B. M.; STANTON, B. A. Fisiologia. 6. ed. São Paulo: Elsevier, 2009.

KREBS, C.; WEINBERG, J.; AKESSON, E. Neurociências ilustrada. Porto Alegre: Artmed,
2013.

Regulação neural da circulação e controle rápido da pressão arterial. In: Tratado


de Fisiologia Médica. 10. ed. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Rio de Janeiro: Ed.
Guanabara-Koognan, 2002, pp. 174-183.

SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. Porto Alegre:


Artmed, 2010.

Visão geral da circulação; a física médica da pressão, fluxo e resistência. In: Tratado
de Fisiologia Médica. 10. ed. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Rio de Janeiro: Ed.
Guanabara-Koognan, 2002, pp. 136-143.
Exercícios
AULA 11

ATIVIDADE

1) Todas são as funções dos rins, exceto:


a) eliminação de resíduos metabólicos.
b) regulação do balanço hidroeletrolítico e do equilíbrio ácido-básico.
c) conservação de nutrientes e glicólise.
d) função endócrina.

2) Considere as listas a seguir referentes às estruturas e funções do sistema


excretor humano.
I. Néfron
II. Bexiga
III. Uretra
IV. Ureter

a) Condução de urina para o meio externo.


b) Produção de urina.
c) Armazenamento de urina.
d) Condução de urina até o órgão armazenador.

Assinale a alternativa que associa corretamente cada estrutura à sua função.


a) Ia, IIb, IIIc, IVd
b) Ib, IIc, IIIa, IVd
c) Ib, IId, IIIc, IVa
d) Ic, IIa, IIId, IVb
e) Id, IIc, IIIb, IVa
P á g i n a | 155

3) Sabemos que a urina é formada nos rins, mais precisamente nos néfrons. O
processo inicia-se com a filtração do sangue na região:
a) da cápsula renal.
b) do túbulo renal.
c) do túbulo contorcido proximal.
d) da alça néfrica.
e) do túbulo contorcido distal.

4) O filtrado glomerular ou urina inicial é formado por água, ureia, sais,


glicose, aminoácidos, entre outras substâncias. O filtrado glomerular é resultado do
processo:
a) De filtração, onde parte do plasma contido nos capilares do glomérulo sai
para a cápsula renal.
b) De filtração, onde algumas substâncias são absorvidas no túbulo renal.
c) De filtração, processo que ocorre no túbulo renal.
d) De reabsorção, onde algumas substâncias são absorvidas pelos capilares.
e) De reabsorção, onde parte da água é absorvida pelos túbulos renais.

5) Os rins artificiais são aparelhos utilizados por pacientes com distúrbios


renais. A função desses aparelhos é:
a) Oxigenar o sangue desses pacientes, uma vez que uma menor
quantidade de gás oxigênio é liberada em sua corrente sanguínea.
b) Nutrir o sangue desses pacientes, uma vez que sua capacidade de
absorver nutrientes orgânicos está diminuída.
c) Retirar o excesso de gás carbônico que se acumula no sangue desses
pacientes.
d) Retirar o excesso de glicose, proteínas e lipídios que se acumula no sangue
desses pacientes.
e) Retirar o excesso de íons e resíduos nitrogenados que se acumula no
sangue desses pacientes.
Aula 12
Fisiologia do sistema renina –
angiotensina - Aldosterona

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula estudaremos ainda sobre a fisiologia do Sistema Renal, porém


abordaremos o mecanismo hormonal de controle da Pressão Arterial (PA). Esse
sistema é chamado de Renina-Angiotensina- ALDOSTERONA (SRAA).

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Compreender a importância do funcionamento do sistema renina-


angiotensina para a manutenção da homeostasia;
 Reconhecer os órgãos e hormônios envolvidos nesse sistema;
 Saber as etapas e mecanismos de controle para o funcionamento
desse sistema.
P á g i n a | 157

12 FUNÇÃO GERAL DO SRAA

O sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) tem sido reconhecido


como um importante regulador da pressão arterial e da homeostase eletrolítica
renal. A visão clássica do sistema renina-angiotensina consistia na renina circulante
atuando sobre o angiotensinogênio para produzir angiotensina I que seria
convertida em angiotensina II através da enzima conversora da angiotensina. A
angiotensina II ainda era considerada como principal componente hipertensor
desse sistema, mas acreditava-se que ela atuasse apenas como um hormônio
circulante via receptores.
Entretanto, o sistema renina-angiotensina também tem sido identificado
localmente em inúmeros órgãos e, mais recentemente, novas evidências têm
mostrado a presença desse sistema intracelular. Esses novos achados sugerem que
o sistema renina-angiotensina pode ser um sistema regulatório duplo e
independente, sanguíneo e tecidual. Assim o sistema renina-angiotensina regula
muito mais funções fisiológicas do que acreditávamos previamente.

12.1 Renina

A renina, também conhecida também como angiotensinogenase, é uma


substancia que se caracteriza por ser uma enzima proteolítica, sendo sintetizada,
armazenada e secretada pelas células renais. Para que o SRAA possa desempenhar
sua importante função na regulação da pressão arterial e da homeostase
eletrolítica, é necessário que sua cascata bioquímica se inicie com a liberação de
renina pelas células renais.
A renina é liberada pelas células renais quando a volemia está baixa, ou seja,
quando o volume de sangue na corrente sanguínea está baixo. Como
consequência, irá ocorrer uma diminuição da pressão arterial. E é nesse momento
que as células renais secretam a renina para dar início ao mecanismo SRAA. Dessa
forma, entende-se que a função da renina é elevar os valores da pressão arterial
para manutenção da homeostase.
Os rins podem secretar a renina de duas formar: ou já madura, ou seja,
pronta para ser utilizada, ou também, como pró-renina que ainda deverá ser
convertida em renina.
Em alguns casos, níveis elevados de renina, podem afetar negativamente a
P á g i n a | 158

pressão arterial, pois pode manter os valores da pressão arterial altos, dando início a
hipertensão arterial.

12.2 Angiotensina I e II

Para que se haja angiotensina (ANG) é necessário que seja produzida a


proteína angiotensinogênio. O angiotensinogênio, por sua vez, é uma α2-
globulina, produzida no fígado, que circula em quantidades abundantes no plasma
e é utilizada como substrato para a renina. A renina então, cliva (quebra) a
molécula de angiotensinogênio liberando a porção importante do
angiotensinogênio é a terminal amina, a angiotensina I (ANG I). Que ao passar
pelos pulmões é convertida em angiotensina II (ANG II), devido à ação da enzima
conversora de angiotensina (ECA) presente no endotélio pulmonar.

12.3 Aldosterona

A aldosterona, um hormônio produzido e secretado pelas glândulas


adrenais, emite um sinal que faz com que os rins retenham mais sódio e excretem
mais potássio. A produção de aldosterona é parcialmente regulada
pela corticotrofina (secretada pela hipófise), mas principalmente por meio do
SRAA. A renina, controla a ativação do hormônio angiotensina, que estimula as
glândulas adrenais a produzirem aldosterona assim, é um processo que funciona
por feedback.
P á g i n a | 159

12.4 O mecanismo do SRAA

Figura 69: Esquema simplificado do sistema renina-angiotensina-aldosterona.

Fonte: www.mdsmanuals.com

Quando a pressão arterial cai (no caso da pressão sistólica, para 100 mmHg
ou menos), os rins liberam a enzima renina na corrente sanguínea. A renina se
divide o angiotensinogênio, produzido pelo fígado e uma grande proteína que
circula na corrente sanguínea, em partes. Uma parte é a ANG I.
A ANG I, que se mantém relativamente inativa, é dividida em partes pela
enzima de conversão da angiotensina (ECA). Uma parte é a ANG II, um hormônio
que é muito ativo. A ANG II faz com que as paredes musculares das pequenas
artérias (arteríolas) se contraiam, vasoconstrição, aumentando a pressão arterial.
A ANG II também provoca a liberação do hormônio aldosterona pelas glândulas
adrenais e da vasopressina (hormônio antidiurético) pela hipófise. A aldosterona e
a vasopressina fazem com que os rins retenham sódio. A aldosterona também faz
P á g i n a | 160

com que os rins excretem potássio. O aumento de sódio faz com que a água seja
retida, aumentando, assim, a volemia e a pressão arterial.

Figura 70: Sistema renina-angiotensina-aldosterona.


P á g i n a | 161

Fonte: www.usp.br

Caso haja alguma dúvida, em relação à teoria ou aos exercícios, entre em


contato com o tutor da disciplina. Não se esqueça de consultar o material
complementar, pois lá você encontrará várias maneiras de reforçar a
aprendizagem do nosso conteúdo, tanto por consulta a outros sites e vídeos.
Resumo

Nesta aula vimos:

 A função do SRAA;
 A função das substancias renina, angiotensina I e II e aldosterona;
 A fisiologia da regulação da pressão arterial pelo SRAA.
Referências

Básica:
AIRES, M. M. Fisiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.

ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. New York: Garland Science,
2015.

Distensibilidade vascular e funções dos sistemas arterial e venoso. In: Tratado de


Fisiologia Médica. 10. ed. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara-
Koognan, 2002, pp. 146-152.

Fisiologia cardiovascular. In: Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 5. ed.


SILVERTHORN, D. Porto Alegre: Artmed, 2010, pp. 467-510.

Fluxo sanguíneo e controle da pressão sanguínea. In: Fisiologia humana: uma


abordagem integrada. 5. ed. SILVERTHORN, D. Porto Alegre: Artmed, 2010, pp. 512-
545.

GUYTON.; HALL. Tratado de fisiologia médica. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 9. ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2012.

KOEPPEN, B. M.; STANTON, B. A. Fisiologia. 6. ed. São Paulo: Elsevier, 2009.

KREBS, C.; WEINBERG, J.; AKESSON, E. Neurociências ilustrada. Porto Alegre: Artmed,
2013.

Regulação neural da circulação e controle rápido da pressão arterial. In: Tratado


de Fisiologia Médica. 10. ed. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Rio de Janeiro: Ed.
Guanabara-Koognan, 2002, pp. 174-183.

SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. Porto Alegre:


Artmed, 2010.

Visão geral da circulação; a física médica da pressão, fluxo e resistência. In: Tratado
de Fisiologia Médica. 10. ed. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Rio de Janeiro: Ed.
Guanabara-Koognan, 2002, pp. 136-143.
Exercícios
AULA 12

ATIVIDADE

1) Sobre o Sistema Renina - Angiotensina - Aldosterona leia as seguintes


afirmativas e depois responda:
I. Em decorrência da queda da pressão arterial, o rim secreta a enzima
renina, que quebra o angiotensinogênio, transformando-o em angiotensina I
II. Ao mesmo tempo a renina estimula a medula óssea para produção de
células sanguíneas
III. Na circulação pulmonar, a angiotensina I entra em contato com as
enzimas conversoras (ECA) que se encontram no endotélio desses vasos,
transformando- se em angiotensina II
IV. A angiotensina II é um potente vasoconstrictor que promove a elevação
da pressão arterial.
V. Nas glândulas suprarrenais a angiotensina II estimula a produção de
hormônio antidiurético. Este hormônio promove a reabsorção de H2O e NaCl,
aumentando a volemia e por consequência a pressão arterial. São verdadeiras:

a) I, III e IV.
b) I, II e IV.
c) II, III e V.
d) I, II e III.
e) Todas as alternativas estão corretas.

2) Qual das seguintes afirmações sobre a renina é FALSA?


a) O único substrato da renina é o angiotensinogênio.
P á g i n a | 165

b) A renina é uma aspartil-proteinase, pertencente à mesma família que a


pepsina e a catepsina.
c) A renina é sintetizada predominantemente nos rins por células
especializadas, chamadas de células justa-glomerulares.
d) O substrato da renina é a angiotensina I, que, por sua vez, forma
angiotensina II, um potente vasoconstritor que estimula a produção de aldosterona.

3) O sistema renina-angiotensina-aldosterona é o principal sistema de


controle da pressão arterial em longo prazo. Sobre o mecanismo de ação desse
sistema sobre a pressão arterial marque o item CORRETO:
a) A ECA, enzima conversora de angiotensina, converte o angiotensinogênio
em angiotensina I.
b) A renina é liberada por células renais quando a pressão arterial está
elevada.
c) A vasocontrição promovida pela angiotensina II reduz a pressão arterial
significativamente.
d) A angiotensina I é uma substância ativa nos vasos e eleva a pressão
arterial por promover constrição dos vasos.
e) A aldosterona aumenta a reabsorção de sódio nos rins. Esse evento
aumenta o volume de sangue e a pressão arterial.

4) Em relação ao sistema renina-angiotensina-aldosterona, estão corretas as


alternativas, EXCETO:
a) O sistema é ativado sempre que ocorre perda de volume e de pressão
arterial, como em uma situação de hemorragia ou desidratação.
b) A queda da pressão arterial estimula as células justaglomerulares a
liberarem a renina que age sobre o angiontensinogênio produzindo a angiotensia I
e posteriormente, pela ação da ECA, a angiotensina II.
c) A angiotensina II estimula o córtex da glândula adrenal a produzir a
aldosterona, e esta estimula a reabsorção de soluto e água nos túbulos renais.
d) A angiotensina II provoca constrição da arteríola eferente para manter
constante a taxa de filtração glomerular em uma queda da pressão arterial.
e) A angiotensina II provoca constrição da arteríola aferente aumentando a
taxa de filtração glomerular em um aumento da pressão arterial.
Aula 13
Fisiologia do sistema endócrino:
hipotálamo e hipófise

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula estudaremos os mecanismos fisiológicos envolvidos no Sistema


Endócrino, também denominado de Sistema Hormonal. Discutiremos sobre os tipos
de glândulas e as principais glândulas hormonais de controle: hipotálamo e hipófise.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Distinguir os diferentes tipos de glândulas;


 Reconhecer as funções do hipotálamo;
 Reconhecer os hormônios da hipófise e suas funções;
 Identificar os tipos de atuação hormonal nas células.
P á g i n a | 167

13 TIPOS DE GLANDULAS

Na disciplina de histologia, você já deve ter estudado a respeito dos


diferentes tipos de glândulas. Vamos recordar esses conceitos para que possamos
seguir com o nosso estudo a respeito da fisiologia endócrina.
As glândulas podem ser classificadas basicamente de diferentes maneiras:
quanto ao modo de secreção e quanto ao local de secreção.

Figura 71: Glândulas exócrina e endócrina.

Fonte: www.celluloyd.com

Quanto ao local de secreção as glândulas podem ser classificadas como


exócrinas, endócrinas ou anfícrinas (mistas).
Glândulas exócrinas – possuem um ducto secretor, que promove a liberação
do produto glandular para o exterior do corpo ou ainda, para uma cavidade do
corpo. Existem inúmeras glândulas exócrinas que podem apresentar diversas formas
porem em todos, há um ducto secretor que conduz o produto para o meio externo
no corpo ou para luz de alguns órgãos. Como exemplos de glândulas exócrinas
podemos citar: lacrimais, sudoríparas, salivares, gástricas, entéricas, etc.
P á g i n a | 168

Figura 72: Tipos de glândulas exócrinas.

Fonte: www.celluloyd.com

Glândulas endócrinas – não possuem o ducto secretor e por isso, o produto


de secreção desses tipos de glândulas é, obrigatoriamente, lançado na corrente
sanguínea. Os produtos de secreção dessas glândulas são chamados de hormônios.
Aqui, ao estudarmos o sistema endócrino, trataremos sobre esses tipos de glândulas,
como veremos a seguir. E como exemplos de glândulas endócrinas podemos citar:
supra-renais, tireoide, paratireoide, hipófise, etc.
Glandulas anfícrinas – são glândulas que possuem 2 porções: uma endócrina
e uma exócrina. São exemplos de glândulas anfícrinas: pâncreas, ovários, testículos,
fígado, etc.

13.1 Principais glândulas endócrinas

Aqui estudaremos acerca das principais glândulas endócrinas e suas funções


no controle e manutenção da demais funções do corpo.
P á g i n a | 169

Figura 73: Principais glândulas endócrinas.

Fonte: www.yasalud.com

Hipófise ou pituitária – essa pequena glândula do tamanho de uma ervilha,


localizada abaixo do hipotálamo é anatomicamente divida em duas porções:
adenohipófise (anterior) e neurohipófise (posterior).
A adenohipófise é responsável pela produção e secreção de um total de 6
importantes hormônios: ACTH, TSH, Prolactina, GH, LH e FSH.
Já a neurohipófise é responsável apenas pela secreção dos seguintes
hormônios, que são produzidos pelo hipotálamo: ADH e ocitocina.
P á g i n a | 170

Figura 74: Hormônios secretados pela hipófise.

Fonte: www.yasalud.com

Figura 75: Funções dos Hormônios Hipofisários.

Fonte: www.usp.br

Tireoide – é uma glândula dividida em lobos, localizada na região anterior do


pescoço, em forma de gravata borboleta. Possui um importante papel no controle
do metabolismo do corpo. Porém para que possa produzir e secretar os hormônios
P á g i n a | 171

conhecidos como T3 e T4 necessita do estimulo proveniente do TSH liberado pela


hipófise e também de um cofator que é o iodo. Na falta de iodo a tireoide tende a
aumentar de tamanho com o intuito de aumentar a produção dos hormônios,
podendo levar à uma diminuição do metabolismo chamado de hipotireoidismo. O
excesso da produção de T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina) também resulta em uma
patologia denominada hipertireoidismo, nesse caso, há um aumento do
metabolismo que também é prejudicial ao organismo.
Paratireoide – são pequenas glândulas inseridas na tireoide cuja função é de
secretar PTH (paratormônio) que controla o metabolismo do ion cálcio no corpo.
Suprarrenais ou adrenais – As suprarrenais estão localizadas acima de cada
um dos rins, como vimos na aula sobre o sistema renal. Sua porção mais interna, ou
seja, a medula pertence ao sistema nervoso simpático e sintetiza e libera
catecolaminas – adrenalina e noradrenalina. Já a sua porção mais externa, ou seja,
o córtex sintetiza aldosterona (que já falamos do seu papel no SRAA da aula
anterior), cortisol e os hormônios andrógenos.
O controle de síntese e liberação de cortisol é realizado pelo SNC, enquanto
a via hormonal está ligada ao controle do estresse. O pico de cortisol gerado pela
ativação simpática é breve, enquanto o pico de cortisol gerado pela via hormonal
é mais longo. Neste caso, o CRF (fator de liberação de corticotrofina) é liberado
pelo hipotálamo. O ACTH, liberado pela hipófise, atua sobre a adrenal, levando à
liberação de cortisol. Finalmente, o cortisol, atuando sobre o sistema nervoso
central, diminui a liberação de CRF, e inibe a síntese de ACTH quando atua
diretamente na hipófise. Portanto, a administração de altas concentrações de
medicamentos que contêm cortisol leva a uma inibição da função adrenal.
A este processo de controle dá-se o nome de feedback negativo ou
retroalimentação negativa.
O cortisol tem efeitos controlando humor, resposta imunológica, metabolismo
de carboidratos, lipídios e proteico. Altera de forma importante o metabolismo
ósseo e concentrações altas estão associadas à osteoporose. Os glicocorticoides
também aumentam a função cardíaca e o tônus vascular periférico. Este é o
hormônio do alerta, do estresse e da defesa, tendo, portanto, efeito sobre diferentes
funções biológicas, inclusive despertar todos os dias.
P á g i n a | 172

Figura 76: Funções gerais do cortisol.

Fonte: www.usp.br

Pâncreas – como vimos o pâncreas é considerado uma glândula anfícrinas


pois libera substancias tanto de maneira exócrina quanto de maneira endócrina. Os
hormônios liberados pelo pâncreas são a insulina e o glucagons, ambos envolvidos
no controle dos níveis de glicose na corrente sanguínea. Dada a importância que
esses hormônios têm no metabolismo corporal, falaremos mais adiante na próxima
aula sobre o controle da glicemia por esses hormônios pancreáticos.
Ovários – também considerados glândulas anfícrinas, os ovários secretam os
ovócitos de forma exócrina, mas de forma endócrina secreta estrogênio e
progesterona. O estrogênio é um hormônio sexual responsável pela diferenciação
sexual feminina. A progesterona é importante na preparação e na manutenção do
corpo feminino para a gravidez.
Testículos – também considerados glândulas anfícrinas, são capazes de
produzir os espermatozoides de forma exócrina e de maneira endócrina, produz o
hormônio sexual masculino a testosterona. Responsável pela diferenciação sexual
secundaria masculina.

13.2 Mecanismo de ação dos hormônios nas células

Normalmente, os hormônios são secretados por glândulas e agem em local


distante nas chamadas células-alvo. Essas células são altamente especificas pois
possuem receptores específicos para os diferentes tipos hormonais. Assim sendo, um
hormônio como o FSH ao ser liberado pela hipófise na corrente sanguínea irá atuar
especificamente sobre as células das glândulas sexuais ovários ou testículos, pois
P á g i n a | 173

somente as células localizadas nessas glândulas possuem receptores específicos


para o FSH. Em tese, todos os hormônios seguem o mesmo conceito. Os hormônios
sempre agem ligando-se a receptores de membrana ou receptores intracelulares.
No caso de receptores de membrana, podemos distinguir dois grandes grupos. O
primeiro, depende do acoplamento com uma proteína auxiliar, chamada proteína
G (cujo mecanismo vimos na disciplina de biofísica), que desencadeia vias de
sinalização intracelular, que podem levar à síntese ou liberação de outras
substâncias – estes são os chamados receptores acoplados à proteína G. Um
segundo grupo de receptores de membrana passa a ter atividade enzimática
quando ligados aos hormônios. Neste caso, os hormônios aproximam duas
moléculas iguais que fosforilam o aminoácido tirosina. Este conjunto molecular é um
andaime sobre o qual outras proteínas se encaixam de tal forma que aproxime
enzima e substrato, e fazendo com que as respostas ocorram no local certo na
célula. A insulina atua através de receptores-enzima.

13.3 Controle pelo hipotálamo

O hipotálamo, região do SNC que tem função vegetativa, libera peptídeos


que atuam sobre a hipófise e controlam a liberação dos hormônios estimuladores
da tireoide (crescimento), dos hormônios gonadais e dos hormônios liberadores de
glicocorticoides. Há também a liberação de uma amina – a dopamina, que inibe a
liberação de prolactina pela hipófise. A função da prolactina é estimular as
glândulas mamárias a iniciar a lactação. Na realidade, o hipotálamo não atua
como uma glândula clássica, visto que os compostos que ele produz agem
diretamente sobre a hipófise, que libera uma série de hormônios que controlam as
demais glândulas.
De fato, este é um sistema de controle; portanto, os hormônios produzidos
pelas glândulas-alvo, ao circularem, informam ao hipotálamo e aos outros locais
que sua missão foi cumprida. Neste momento, a produção dos fatores liberadores
cessa, resultando em uma diminuição da liberação dos hormônios da hipófise. A
esta comunicação é dado o nome de Eixo – hipotálamo portanto, existe um eixo
chamado hipotálamo-hipófise-tireoide, outro denominado hipotálamo hipófise-
adrenal e ainda o hipotálamo-hipófise-gônadas.
P á g i n a | 174

Figura 77: Funções dos Hormônios Hipotalâmicos.

Fonte: www.usp.br
Resumo

Nesta aula vimos:

 Os tipos de sinapse e como ocorrem;


 Os tipos de receptores sinápticos e suas funções;
 As principais classes de neurotransmissores e suas respectivas funções.
 Mecanismos excitatórios e inibitórios das sinapses.
Referências

Básica:
AIRES, M. M. Fisiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.

ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. New York: Garland Science,
2015.

Distensibilidade vascular e funções dos sistemas arterial e venoso. In: Tratado de


Fisiologia Médica. 10. ed. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara-
Koognan, 2002, pp. 146-152.

Fisiologia cardiovascular. In: Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 5. ed.


SILVERTHORN, D. Porto Alegre: Artmed, 2010, pp. 467-510.

Fluxo sanguíneo e controle da pressão sanguínea. In: Fisiologia humana: uma


abordagem integrada. 5. ed. SILVERTHORN, D. Porto Alegre: Artmed, 2010, pp. 512-
545.

GUYTON.; HALL. Tratado de fisiologia médica. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 9. ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2012.

KOEPPEN, B. M.; STANTON, B. A. Fisiologia. 6. ed. São Paulo: Elsevier, 2009.

KREBS, C.; WEINBERG, J.; AKESSON, E. Neurociências ilustrada. Porto Alegre: Artmed,
2013.

Regulação neural da circulação e controle rápido da pressão arterial. In: Tratado


de Fisiologia Médica. 10. ed. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Rio de Janeiro: Ed.
Guanabara-Koognan, 2002, pp. 174-183.

SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. Porto Alegre:


Artmed, 2010.

Visão geral da circulação; a física médica da pressão, fluxo e resistência. In: Tratado
de Fisiologia Médica. 10. ed. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Rio de Janeiro: Ed.
Guanabara-Koognan, 2002, pp. 136-143.
Exercícios
AULA 13

ATIVIDADE

1) A hipófise, antigamente chamada de pituitária, é uma glândula


responsável pela produção de diversos hormônios. Ela pode ser dividida em duas
porções:
a) Hipotálamo e tálamo
b) Adeno-hipófise e paratireoides.
c) Adeno-hipófise e neuro-hipófise.
d) Neuro-hipófise e hipotálamo.
e) Neuro-hipófise e adrenais.

2) Diante da vasta quantidade de hormônios produzidos que atuam na


regulação de outras glândulas, a hipófise já foi chamada de glândula
mestra. Marque a alternativa que indique três hormônios produzidos pela hipófise
que agem em outras glândulas:
a) Adrenocorticotrófico, Tireoideotrópico, Luteinizante.
b) Luteinizante, Calcitonina e Glicocorticoides.
c) Glicocorticoides, Paratormônio e Adrenalina.
d) Adrenalina, Tiroxina e Triiodotironina.
e) Triiodotironina, Mineralocorticóides e Adrenocorticotrófico.

3) A somatotropina é um hormônio produzido pela adeno-hipófise, que age


estimulando:
a) Crescimento
b) Secreção de leite
c) Produção de testosterona
P á g i n a | 178

d) Metabolismo de glicose
e) Absorção de cálcio pelo sangue.

4) Ligada por uma haste ao hipotálamo, a hipófise fica em uma cavidade do


osso esfenoide, e a sua parte glandular comanda diversas outras glândulas do
organismo. Todas as glândulas citadas abaixo são controladas diretamente pela
hipófise, exceto:
a) Ovário
b) Tireoide
c) Pâncreas
d) Suprarrenal

5) O hormônio produzido pelo hipotálamo e armazenado pela neuro-hipófise


que atua estimulando a contração dos músculos do útero na hora do parto é:
a) Insulina
b) Hormônio luteinizante
c) Hormônio folículo-estimulante
d) Prolactina
e) Ocitocina
Aula 14
Sistema endócrino: controle
hormonal da glicemia

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula entenderemos o que ocorre para que o organismo controle os


níveis de glicose de forma adequada para atender as demandas energéticas. E
como os hormônios insulina e glucagon.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Compreender os papeis dos hormônios insulina e glucagon no


controle da glicemia;
 Entender a importância desse controle para manutenção das
funções corporais.
P á g i n a | 180

14 O PÂNCREAS

Vimos na aula anterior que o pâncreas é uma glândula anfícrina, ou seja,


possui uma porção exócrina que participa do sistema digestório secretando o suco
pancreático e também possui uma porção endócrina que participa do sistema
endócrino secretando hormônios como insulina e o glucagon.
As células do pâncreas endócrino agrupam-se em pequenas ilhotas
formadas por quatro tipos de células especializadas, conhecidas como ilhotas de
Langerhans (ou ilhas pancreáticas, pela nova Nomina Anatomica). No pâncreas,
existe cerca de 1 milhão de ilhotas e estas possuem cerca de 2.500 células – 60%
das células são do tipo beta e produzem insulina, 25% são do tipo alfa e produzem
glucagon, 10% são do tipo delta e produzem somatostina e menos que 2%
produzem peptídeos.

Figura 78: O pâncreas e as ilhotas pancreáticas.

Fonte: MONTENEGRO et al., (2016, s.p)

14.1 Importância da glicose

O ser humano está em constante necessidade de obter energia para


garantir as funções vitais do organismo. Para isso, é capaz de estocar nutrientes
provenientes de uma refeição para posteriormente mobilizá-los durante períodos de
jejum. Os principais substratos energéticos são os carboidratos (glicose), lipídeos e as
proteínas.
P á g i n a | 181

A glicose é a principal fonte de energia para a maioria dos tecidos, sendo


estocada na forma de glicogênio. O glicogênio é um polissacarídeo de alto peso
molecular, formado por várias unidades de glicose ligadas linearmente. Sendo as
principais reservas de glicogênio encontradas no fígado, o qual estoca glicose para
atender a demanda energética de todo o corpo, e o músculo, que estoca
glicogênio para consumo próprio.
A musculatura esquelética representa cerca de 40% da massa corporal e é o
principal reservatório de proteínas, que podem ser degradadas, liberando
aminoácidos. Para se ter uma ideia, um homem normal de 70 kg pode fornecer em
torno de 25.000 kcal, proveniente de proteínas, porém a proteólise em excesso
pode levar à disfunção celular e morte. Para evitar essa situação catastrófica do
ponto de vista metabólico, o organismo desenvolveu mecanismos para minimizar a
proteólise durante o jejum, preservando a função e sobrevivência das células.
O tecido adiposo, fígado e lipoproteínas circulantes são locais de estoque
para os lipídeos. Os ácidos graxos livres provenientes da dieta são estocados na
forma de triglicérides, os quais constituem a forma mais eficaz de geração de
energia. Cada grama (g) de triglicérides fornece cerca de 9,5 Kcal, enquanto o
glicogênio contém somente 4 Kcal/g. Essa discrepância responde a questão do
estoque sob a forma de gordura ser mais favorável do ponto de vista energético do
que o estoque sob a forma de glicogênio.
Porém, em todos esses processos, a insulina desempenha um papel chave
na manutenção da homeostase energética, regulando o fornecimento de
substratos energéticos, auxiliada pela ação contrarregulatória do glucagon.

Diabetes mellitus e uma doenca metabólica caracterizada por um


aumento anormal do acucar no sangue.

Diabetes e um importante fator de risco para infarto do miocardio,


derrame cerebral, insuficienca renal, problemas de visao e
incapacidade de cicatrizacao. A correcao da concentracao
plasmática de glicose reduz varios dos fatores de risco.

A Organizacao Mundial da Saude estima que cerca de 240 milhoes


de pessoas sejam diabeticas em todo o mundo, o que significa que
6% da populacão tem diabetes. O diabetes afeta 12 % da populacao
no Brasil.

Atualmente sabemos que ha uma intima relacao entre obesidade e


diabetes. Além disso, há também uma relacao entre estresse e
desenvolvimento de diabetes. Como o hormonio do estresse, cortisol,
impede a entrada de glicose nas celulas, este vai levar a uma
diabete induzida. Se o estresse for muito prolongado pode haver
como efeito colateral a instalacao desta sindrome.
P á g i n a | 182

14.2 Insulina

A insulina é um hormônio anabólico, sendo o principal regulador do


metabolismo da glicose. Seus principais efeitos metabólicos são: aumento da
captação periférica de glicose, principalmente nos músculos e tecido adiposo,
estímulo à síntese protéica e bloqueio da proteólise (quebra das proteínas),
aumento da síntese de ácidos graxos livres e glicogênio e bloqueio da lipólise e
produção hepática de glicose. Em resumo, a insulina estimula sempre o acúmulo e
estoque das reservas energéticas.
A principal função da célula β pancreáticas é produzir, estocar e secretar
insulina. Sob condições normais, a célula β está em constante reposição do estoque
de insulina, de modo que, em situações agudas como sobrecarga de glicose, há
disponibilidade imediata do hormônio. O limiar da concentração de glicose para
estimular a síntese de insulina está entre 2 e 4 mmol/L e, para estimular sua
secreção, de 4 a 6 mmol/L. A insulina persiste armazenada até que algum estímulo
promova sua exocitose, sendo o principal estimulo a concentração de glicose no
interstício.
A Insulina inibe a gliconeogênese (formação de glicose) e a glicogenólise
(quebra do glicogênio para liberar glicose) hepáticas. A insulina estimula a síntese
de lipídeos e inibe a sua degradação.
A insulina é um hormônio anabólico, podendo influenciar a síntese proteica
muscular, em resposta à alimentação, que requer um aumento na concentração
tanto de aminoácidos quanto de insulina. Diariamente, um adulto de 70 kg produz e
degrada aproximadamente 280 g de proteínas. Em situações catabólicas como
fome ou deficiência de insulina, aumentam a degradação de proteínas,
principalmente do músculo esquelético, por ser um reservatório importante de
aminoácidos. O aumento de aminoácidos circulantes tem como consequência o
fornecimento de substratos para nova síntese proteica ou gliconeogênese no
fígado.
P á g i n a | 183

Figura 79: Mecanismo de entrada de glicose nas células via transportador GLUT.

Fonte: a autora

Quadro 5: Transportadores de Glicose nos diferentes tecidos .

Fonte: MACHADO (1998, s.p)

14.2.1 Resistência à insulina

É uma condição na qual concentrações fisiológicas de insulina provocam


uma resposta anormal na captação de glicose pelas células, especialmente nas
musculares e gordurosas. Em consequência da menor captação de glicose, torna-
se necessária uma maior produção de insulina pelo pâncreas para a manutenção
P á g i n a | 184

dos níveis glicêmicos normais. Pode ser adquirida ou genética e ocorrer em múltiplos
níveis do ponto de vista molecular, desde o seu receptor ao pós-receptor (vias de
sinalização insulínica). Está presente em diversas doenças como diabetes melittus
tipo 2 (DM 2), obesidade, hipertensão, síndrome de ovários policísticos, infecções,
síndromes genéticas e situações como gravidez, estresse e puberdade. A resistência
à insulina também pode ser secundária ao uso de diversas medicações,
particularmente glicocorticoides. As formas mais raras de resistência insulínica são
devido a defeitos genéticos, enquanto as formas adquiridas podem ocorrer por
vários mecanismos.

Quadro 6: Ação da Glicose nos diferentes tecidos.

Fonte: JAMERON; GROOT (2010, s.p)

14.3 Glucagon

O glucagon humano é um hormônio polipeptídico, produzido pelas células α


das ilhotas pancreáticas. O principal papel fisiológico do glucagon é estimular a
produção de metabólitos energéticos pelo fígado, além de aumentar a
concentração de glicose e corpos cetônicos no sangue.
Assim como a insulina, o principal estímulo da regulação da secreção do
glucagon é o nível plasmático de glicose. Os principais tecidos-alvo do glucagon
são o fígado e o tecido adiposo. Nos períodos de jejum, o glucagon estimula a
glicogenólise (quebra do glicogênio), cetogênese e a gliconeogênese (síntese de
P á g i n a | 185

glicose) pelo fígado, lipólise no tecido adiposo, glicogenólise no músculo e diminui a


glicólise, fundamentais para suprir as necessidades cerebrais. A ação do glucagon
no fígado é responsável por cerca de 75% da produção de glicose no jejum.
No tecido adiposo, a importância do glucagon se dá em períodos de
privação de alimento ou supressão da insulina. Durante atividade física intensa, há
necessidade de maior quantidade circulante de glicose e ácidos graxos livres. O
músculo esquelético necessita de uma quantidade maior de energia, porém as
reservas de glicogênio e lipídeos são suficientes para um curto período. As
catecolaminas desempenham um papel importante no exercício, pois estimulam a
secreção do glucagon e a diminuição na insulina, aumentando assim a
glicogenólise, gliconeogênese e lipólise, fornecendo glicose e ácidos graxos livres
para serem utilizados como fonte de energia.
No tecido vascular periférico, o glucagon funciona como um vasodilatador,
devido a efeitos tônicos locais, aumenta o débito cardíaco e a frequência
cardíaca. Em resumo, a sinalização hepática do glucagon estimula a quebra do
glicogênio armazenado, mantém o débito hepático de glicose por meio da
gliconeogênese e cetogênese, utilizando como precursores aminoácidos e ácidos
graxos, respectivamente.

Quadro 7: Ação do Glucagon nos diferentes tecidos

Fonte: BURCELIN; KATZ; CHARRON (1996, s.p)

14.4 Controle da glicemia

Os hormônios insulina e glucagon são antagonistas fisiológicos e a regulação


desses hormônios se dá de uma maneira recíproca. Durante o período de
alimentação, há aumento da secreção de insulina, a qual remove a glicose sérica,
P á g i n a | 186

estimulando sua captação periférica (muscular, hepática, gordurosa) e há


diminuição dos níveis séricos de glucagon.
E, ao contrário, no jejum os níveis séricos de glicose são mantidos
principalmente pela produção hepática, em parte pelo aumento da secreção de
glucagon e inibição da secreção de insulina pelas células β. Esse balanço
hormonal, mantém os níveis de glicose de 60-120 mg/dl, respectivamente no jejum e
durante alimentação. Uma refeição rica em carboidratos, especialmente a glicose,
suprime a liberação do glucagon ao passo que o jejum, suprime a liberação da
insulina e estimula a do glucagon.

Figura 80: O Controle da Glicemia pela insulina e glucagon.

Fonte: todamateria.com.br

A concentração de glicose plasmática, em condições basais, é mantida


estável pela regulação do balanço entre sua entrada na circulação e captação
pelos tecidos. Esse processo é importante para a manutenção adequada do
suprimento de glicose cerebral.
O fígado e a musculatura esquelética são os principais tecidos que regulam
a glicose plasmática. O fígado produz glicose através da glicogenólise (quebra de
glicogênio) e, juntamente com o rim, através da gliconeogênese (síntese de
glicose). Os principais substratos da gliconeogênese são lactato, piruvato, glicerol e
aminoácidos como alanina e glutamina.
P á g i n a | 187

O metabolismo dos carboidratos é regulado pela atividade do SNC


(simpático e parassimpático) e por hormônios, sendo a insulina o principal. Em
situações de estresse, como hipoglicemias, onde a mobilização de glicose imediata
é necessária, são liberados hormônios contrarreguladores e o sistema nervoso
autônomo é ativado. As fibras simpáticas estimulam diretamente a glicogenólise e a
gliconeogênese hepáticas e inibem a produção de insulina.
Resumo

Nesta aula vimos:

 O papel endócrino do pâncreas;


 O mecanismo fisiológico do controle da glicemia;
 A importância da insulina e do glucagon;
 O que acontece com o metabolismo da glicose no diabetes melittus.
Referências

Básica:
AIRES, M. M. Fisiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.

ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. New York: Garland Science,
2015.

Distensibilidade vascular e funções dos sistemas arterial e venoso. In: Tratado de


Fisiologia Médica. 10. ed. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara-
Koognan, 2002, pp. 146-152.

Fisiologia cardiovascular. In: Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 5. ed.


SILVERTHORN, D. Porto Alegre: Artmed, 2010, pp. 467-510.

Fluxo sanguíneo e controle da pressão sanguínea. In: Fisiologia humana: uma


abordagem integrada. 5. ed. SILVERTHORN, D. Porto Alegre: Artmed, 2010, pp. 512-
545.

GUYTON.; HALL. Tratado de fisiologia médica. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 9. ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2012.

KOEPPEN, B. M.; STANTON, B. A. Fisiologia. 6. ed. São Paulo: Elsevier, 2009.

KREBS, C.; WEINBERG, J.; AKESSON, E. Neurociências ilustrada. Porto Alegre: Artmed,
2013.

Regulação neural da circulação e controle rápido da pressão arterial. In: Tratado


de Fisiologia Médica. 10. ed. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Rio de Janeiro: Ed.
Guanabara-Koognan, 2002, pp. 174-183.

SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. Porto Alegre:


Artmed, 2010.

Visão geral da circulação; a física médica da pressão, fluxo e resistência. In: Tratado
de Fisiologia Médica. 10. ed. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Rio de Janeiro: Ed.
Guanabara-Koognan, 2002, pp. 136-143.
Exercícios
AULA 14

ATIVIDADE

1) Um indivíduo foi diagnosticado com diabetes tipo I. Esse tipo de diabete é


causado em razão de uma redução na produção do hormônio __________. Esse
hormônio é produzido nas __________ das ilhotas de Langerhans.
Marque a alternativa que completa corretamente as frases acima:
a) Insulina e glucagon.
b) Insulina e células alfa.
c) Glucagon e pâncreas.
d) Insulina e células beta.
e) Glucagon e células beta.

2) Marque a alternativa onde são descritas a função da insulina e do


glucagon, respectivamente:
a) Facilita a absorção de glicose e aumenta o nível de glicose disponível no
sangue.
b) Aumenta a quantidade de glicose disponível no sangue e aumenta a
produção de glicose.
c) Aumenta a quantidade de insulina no sangue e diminui a taxa de
respiração celular.
d) Facilita a absorção da glicose e diminui a concentração de glicose no
sangue.
e) Ambos atuam facilitando a absorção de glicose.

3) Na atualidade, uma das doenças que mais frequentemente se detecta na


população mundial é o diabetes melito. E, no tratamento dessa doença, vem-se
P á g i n a | 191

utilizando, com relativo sucesso, o transplante de células.


Analise este esquema:

Figura 81: Exercícios.

Considerando-se as informações contidas nesse esquema e outros


conhecimentos sobre o assunto, é CORRETO afirmar que, em tal situação, as células
cultivadas são:
a) pancreáticas e possuem genes para a síntese de insulina.
b) hepáticas e geneticamente modificadas para sintetizar hormônios.
c) hepáticas e vão sintetizar glucagon, que reduz a taxa de glicose no
sangue.
d) pancreáticas e capazes de captar insulina por meio de receptores.

4) Pesquisadores franceses identificaram um gene chamado de RN, que,


quando mutado, altera o metabolismo energético do músculo de suínos,
provocando um acúmulo de glicogênio muscular, o que prejudica a qualidade da
carne e a produção de presunto. (Pesquisa "FAPESP", nº. 54, p. 37, 2000).
Com base nos conhecimentos sobre o glicogênio e o seu acúmulo como
reserva nos vertebrados, é correto afirmar:
a) É um tipo de glicolipídeo de reserva muscular acumulado pela ação da
adrenalina.
b) É um tipo de glicoproteína de reserva muscular acumulado pela ação do
glucagon.
P á g i n a | 192

c) É um polímero de glicose estocado no fígado e nos músculos pela ação


da insulina.
d) É um polímero de frutose, presente apenas em músculos de suínos.
e) É um polímero proteico estocado no fígado e nos músculos pela ação do
glucagon.
Aula 15
Fisiologia da dor

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula abordaremos a fisiologia da dor. Aqui, além de relembrarmos


alguns conceitos já ditos em outros sistemas como o sistema nervoso, também
vamos estudar sobre o funcionamento desse importante sistema de controle e sua
importância para nossa sobrevivência.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Compreender os mecanismos fisiológicos envolvidos na dor;


 Reconhecer os fatores que influenciam a dor;
 Compreender a importância da dor para o corpo e seu papel na
sobrevivência.
P á g i n a | 194

15 A DOR

A dor, é considerada uma experiência subjetiva, sensorial e emocional,


desagradável, que deve ser descrita e avaliada como o quinto sinal vital. Envolve
inúmeros processos fisiológicos, cognitivos e emocionais, que geram sofrimento e,
que podem interferir na qualidade de vida do indivíduo. A sua principal função no
organismo é funcionar como um sinal de alerta, ativando respostas protetoras, de
forma a minimizar possíveis danos nos tecidos.
O limiar da dor corresponde a intensidade de estimulo mínima necessária
para que seja percebida como dolorosa. O limiar varia de indivíduo para indivíduo.
A dor tem uma grande importância para a integridade física do indivíduo.
Varia de pessoa para pessoa, isto é, a mesma lesão em vários indivíduos pode ter
expressão diferente e não é possível caracterizá-la objetivamente, uma vez que não
existem marcadores biológicos para tal.

15.1 Tipos de dor

A dor pode ser classificada de 4 tipos: dor nociceptiva, dor inflamatória, dor
neuropática e dor funcional.
Dor nociceptiva - surge quando ocorre uma ativação fisiológica dos
receptores ou da via dolorosa, estando associada a lesões de tecidos musculares,
ósseos e ligamentos. Existem 3 tipos de nociceptores: mecânicos, térmicos e
polimodais.

Figura 82: Estímulo nocieptivo.

Fonte: www.usp.br.
P á g i n a | 195

Dor neuropática – surge como efeito de uma lesão ou de uma disfunção do


SNC ou sistema nervoso periférico (SNP). Qualquer síndrome de origem aguda ou
crónica capaz de desencadear um fenômeno somatosensorial ao nível do SNC ou
SNP pode ser designado de dor neuropática.

Figura 83: Estímulo dor neuropática.

Fonte: www.usp.br.

Dor inflamatória – surge como resposta à injuria com sinais característicos


resultantes de alterações vasculares e químicas. Essas respostas são supostamente
benéficas, mas que podem transformar-se em maléfica quando desregulada.
Envolve células do sistema imune, a apresenta as características do processo
inflamatório: dor, rubor (vermelhidão), calor, edema (inchaço) e perda da função.

Figura 84: Estímulo dor inflamatória.

Fonte: www.usp.br

Dor funcional – que pode ser desencadeada por algum tipo de atividade
que em si, não causa dor, porém a repetição e o tempo de atividade podem vir a
gerar a dor como uma atividade física ou ficar muito tempo sentado numa única
posição.
P á g i n a | 196

Figura 85: Estímulo dor funcional.

Fonte: www.usp.br

15.2 Classificação da dor

De uma maneira geral e em termos temporais a dor pode ser classificada


como aguda, crônica ou ainda, recorrente.
Dor aguda – é a dor que dura de minutos a 3 meses após seu início; As fibras
responsáveis pela condução desse tipo de dor são as do tipo A. O estímulo percorre
essas fibras de forma muito rápida de 5 a 30 metros por segundo! Para isso, os
axônios dos neurônios são mielinizados (possuem bainha de mielina). Os receptores
são altamente sensíveis a estímulos mecânicos e térmicos.
Dor crônica – possui um tempo de duração superior a 3 meses; As fibras
responsáveis pela condução desse tipo de dor são as do tipo C. O estimulo percorre
essas fibras de forma mais lenta de 0,5 a 2 metros por segundo. Isso ocorre porque
essas fibras são amielizadas.

Figura 86: Tipos de fibras na dor aguda e crônica.


P á g i n a | 197

Fonte: www.usp.br.

Dor recorrente – períodos de curta duração que se repetem em intervalos


variáveis;
Os conhecimentos atuais sobre a fisiopatologia da dor, permitem melhor
compreensão de seus aspectos biopsíquicos, favorecendo a evolução de novas
formas de tratamento, para as diversas síndromes e condições dolorosas existentes.
Resumo

Nesta aula vimos:

 A definição da dor;
 Os tipos de dor;
 Mecanismos fisiológicos da dor;
 Classificação da dor.
Referências

Básica:
AIRES, M. M. Fisiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.

ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. New York: Garland Science,
2015.

Distensibilidade vascular e funções dos sistemas arterial e venoso. In: Tratado de


Fisiologia Médica. 10. ed. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara-
Koognan, 2002, pp. 146-152.

Fisiologia cardiovascular. In: Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 5. ed.


SILVERTHORN, D. Porto Alegre: Artmed, 2010, pp. 467-510.

Fluxo sanguíneo e controle da pressão sanguínea. In: Fisiologia humana: uma


abordagem integrada. 5. ed. SILVERTHORN, D. Porto Alegre: Artmed, 2010, pp. 512-
545.

GUYTON.; HALL. Tratado de fisiologia médica. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 9. ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2012.

KOEPPEN, B. M.; STANTON, B. A. Fisiologia. 6. ed. São Paulo: Elsevier, 2009.

KREBS, C.; WEINBERG, J.; AKESSON, E. Neurociências ilustrada. Porto Alegre: Artmed,
2013.

Regulação neural da circulação e controle rápido da pressão arterial. In: Tratado


de Fisiologia Médica. 10. ed. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Rio de Janeiro: Ed.
Guanabara-Koognan, 2002, pp. 174-183.

SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. Porto Alegre:


Artmed, 2010.

Visão geral da circulação; a física médica da pressão, fluxo e resistência. In: Tratado
de Fisiologia Médica. 10. ed. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Rio de Janeiro: Ed.
Guanabara-Koognan, 2002, pp. 136-143.
Exercícios
AULA 15

ATIVIDADE

1) A dor que é descrita como uma dor em pontada, bem localizada e ocorre
em um período breve é:
a) referida.
b) visceral.
c) aguda.
d) crônica.
e) talâmica.

2) Nocicepção é a sensação dolorosa determinada por estímulos que agem


em receptores somestésicos chamados nociceptores. Os nociceptores polimodais
respondem a estímulos:
a) químicos.
b) térmicos.
c) mecânicos.
d) todas as respostas estão corretas.
e) somente a e c estão corretas.

3) Qual das seguintes alternativas refere-se às fibras tipo C amielínicas?


a) Seu diâmetro é maior do que o das demais fibras sensoriais.
b) Partem dos proprioceptores musculares conduzindo a informação sensorial
destas estruturas.
c) Partem dos mecanorreceptores conduzindo a informação tátil.
d) Apresentam velocidade de condução da informação menor do que as
outras fibras sensoriais.
e) São envolvidas somente por oligodendrócitos.
Aula 16
Fisiologia dos sistemas reprodutor
feminino e masculino

APRESENTAÇÃO DA AULA

Através da Fisiologia dos aparelhos reprodutores feminino e masculino


estudaremos como ocorre a maturação e diferenciação dos gametas e o
mecanismo reprodutivo.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Conhecer as estruturas que compõem os sistemas reprodutores


feminino e masculino;
 Conhecer os fatores envolvidos na maturação sexual e formação dos
gametas;
 Conhecer o processo de reprodução humana.
P á g i n a | 202

16 O SISTEMA REPRODUTOR

Os seres vivos desenvolveram e adaptaram seus órgãos, estruturas e


mecanismos às formas cada vez mais eficazes para que conseguissem perpetuar
sua espécie. Dentre esses mecanismos podemos destacar a reprodução. A
reprodução sexuada é uma forma muito vantajosa que se inicia com a fertilização
onde ocorre a fusão dos gametas feminino (ovócito) e masculino (espermatozoide),
formando uma única célula (zigoto) que irá passar por sucessivas divisões até formar
um novo indivíduo. E assim, o ciclo recomeça.

16.1 O aparelho reprodutor feminino

O sistema reprodutor feminino é formado por dois ovários, duas tubas


uterinas, útero, vagina e vulva:
Ovários – são as gônadas femininas, responsáveis pela produção dos
gametas (ovócitos) e pelos hormônios progesterona e estrogênio;
Tubas uterinas – são duas, ligadas ao útero que se estendem até os ovários. É
o local onde ocorre a fertilização (encontro dos gametas feminino e masculino);
Útero – é um órgão pequeno, cerca de 7 a 10 cm quando não gravídico, em
formato de pera. Possui grande extensibilidade durante a gravidez e após a mesma
retoma o tamanho original;
Vagina – é o canal que liga o útero à vulva. Mede entre 9 e 12 cm. Canal de
grande capacidade de extensibilidade, onde ocorre a introdução do pênis e
também por onde ocorrem a passagem do bebê no momento do parto;
Vulva – é a parte externa do aparelho reprodutor feminino. Apresenta os
pequenos e grandes lábios que protegem a entrada da vagina.
P á g i n a | 203

Figura 87: Aparelho reprodutor feminino.

Fonte: www.usp.br.

16.2 O aparelho reprodutor masculino

O sistema reprodutor masculino é composto pelos testículos, epidídimo,


ductos deferentes, vesícula seminal, próstata e pênis. Possui funções reprodutivas e
hormonais dentre as quais: produção de gametas, produção de testosterona.
Testículos – são as gônadas masculinas, responsáveis pela formação do
esperma e secreção de testosterona – 900 túbulos seminíferos;
Epidídimo – sistema de tubos enovelados (6 metros) – passagem dos
espermatozóides durante a maturação;
Canal deferente – armazenamento dos espermatozóides e condução do
esperma para a uretra – forma a ampola do canal deferente;
Vesícula seminal – secreção de líquido (amarelo e viscoso) rico em
substancias que irão nutrir os espermatozoides mantendo sua viabilidade;
Próstata – líquido prostático (leitoso e alcalino), regula o pH vaginal
neutralizando a acidez;
P á g i n a | 204

Uretra – possui função reprodutora e excretora. É um canal que transporta


sêmen e urina;
Pênis – órgão sexual masculino externo cavernoso e esponjoso; glande) – 5 a
10 cm flácido e 11 a 16cm em ereção.

Figura 88: Aparelho reprodutor masculino.

Fonte: www.usp.br
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16.3 Gametogênese

A Gametogênese é a produção de gametas. Sendo a produção de


espermatozoides é chamada de espermatogênese e ocorre nos testículos. A
gametogênese feminina é a oogênese ou ovogênese e se dá nos ovários.
Ovogênese - inicia-se no interior dos folículos ovarianos, que são as unidades
funcionais e fundamentais dos ovários, no fim de cada ovogenese cada ovogonia
dará origem a apenas 1 ovocito viável. Tem início ainda na vida intrauterina,
quando as células germinativas, derivadas do embrião feminino, passam pela fase
de multiplicação até aproximadamente a 15ª semana da vida fetal, sofrendo
divisões mitóticas dando origem as ovogônias. Essa ovogônias a seguir passam por
uma fase de crescimento dando origem aos ovócitos primários. Estes, por sua vez,
passarão pelas fases de maturação que correspondem às divisões meióticas. Nas
mulheres recém-nascidas, parte deste processo de maturação já ocorreu, isto é, a
primeira divisão da meiose. Cerca de 2 milhões de ovócitos são formados ainda no
período de intraembrionario, a partir da puberdade somente 400 a 450 se
desenvolvem na fase reprodutiva. Após a ovulação, um ovócito permanece viável
para ser fertilizado por cerca de 12 a 24 horas.

Figura 89: Ovogênese.

Fonte: www.usp.br
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Figura 90: Ovócito.

Fonte: www.usp.br

16.4 Ciclo ovulatório

Durante a maturação sexual, os estrógenos produzidos pelo ovário auxiliam


na formação das características sexuais, promovendo a deposição de gordura, a
maturação dos ovários e das glândulas mamárias. De modo similar, os andrógenos
produzidos pelo ovário e pelas glândulas adrenais também estão relacionados ao
desenvolvimento de características sexuais secundárias como, por exemplo, o
crescimento de pelo e a libido.
Durante a fase folicular do ciclo ovulatório de mamíferos (animação 3), o
GnRH produzido pelo hipotálamo controla a liberação de LH e a síntese e liberação
do FSH pela hipófise anterior. Nesta fase, o LH dispara a ovulação no folículo
ovariano e o FSH, também agindo sobre o folículo, promove sua maturação e
estimula a produção de estrógeno. Os estrógenos produzidos atuam sobre o próprio
folículo, estimulando a proliferação de células granulosas e, atuando sobre o
endométrio, induzem a proliferação celular, sensibilizando-o para a progesterona e
promovendo a amiogênese.
Durante a fase lútea, os estrógenos produzidos pelo corpo lúteo reduzem, por
meio de feedback negativo, a produção de GnRH baixando os níveis de FSH e LH
liberados pela hipófise anterior, evitando assim a foliculogênese. Já a progesterona,
atuando sobre o útero, promove a maturação do endométrio e reduz a
contratibilidade da musculatura lisa uterina.
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Figura 91: Ciclo ovulatório.

Fonte: www.usp.br

Espermatogênese - ocorre nos túbulos seminíferos dos testículos e é um


processo contínuo na vida do homem após ser atingida a puberdade. A maturação
das células germinativas para formação dos espermatozóides ocorre até o final da
vida do indivíduo, em que cada espermatogônia dará origem a quatro
espermatozóides.
As espermatogônias que foram formadas durante a vida fetal e estavam
dormentes nos túbulos seminíferos, entram em fase de multiplicação na pu-
berdade dando origem a muitas espermatogônias por mitoses sucessivas. Após a
fase de multiplicação, cada espermatogônia formada entra na fase de
crescimento e dá origem a dois espermatócitos primários. Em seguida os
espermatócitos primários passam pela fase de maturação, que corresponde às
divisões de meiose.
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A espermatogênese desde a origem das espermatogônias até a formação


dos espermatozóides, passando pela espermiogênese, ocorre em
aproximadamente dois meses.

Figura 92: Espermatogênese.

Fonte: www.usp.br

Os espermatozoides viáveis fazem movimentos em linha reta (1 a 4mm/min) e


sobre o próprio eixo. Além disso, a mobilidade do flagelo é aumentada em meio
alcalino (básico) e deprimida em meio ácido. Os espermatozoides possuem uma
vida útil – 1 mês nos ductos genitais masculinos e 1 a 2 dias no aparelho genital
feminino.
Resumo

Nesta aula vimos:

 Os órgãos, estruturas e funções do sistema reprodutor feminino e


masculino;
 Como ocorre a gametogênese;
 Controle hormonal do ciclo ovariano.
Referências

Básica:
AIRES, M. M. Fisiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.

ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. New York: Garland Science,
2015.

Distensibilidade vascular e funções dos sistemas arterial e venoso. In: Tratado de


Fisiologia Médica. 10. ed. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara-
Koognan, 2002, pp. 146-152.

Fisiologia cardiovascular. In: Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 5. ed.


SILVERTHORN, D. Porto Alegre: Artmed, 2010, pp. 467-510.

Fluxo sanguíneo e controle da pressão sanguínea. In: Fisiologia humana: uma


abordagem integrada. 5. ed. SILVERTHORN, D. Porto Alegre: Artmed, 2010, pp. 512-
545.

GUYTON.; HALL. Tratado de fisiologia médica. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 9. ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2012.

KOEPPEN, B. M.; STANTON, B. A. Fisiologia. 6. ed. São Paulo: Elsevier, 2009.

KREBS, C.; WEINBERG, J.; AKESSON, E. Neurociências ilustrada. Porto Alegre: Artmed,
2013.

Regulação neural da circulação e controle rápido da pressão arterial. In: Tratado


de Fisiologia Médica. 10. ed. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Rio de Janeiro: Ed.
Guanabara-Koognan, 2002, pp. 174-183.

SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. Porto Alegre:


Artmed, 2010.

Visão geral da circulação; a física médica da pressão, fluxo e resistência. In: Tratado
de Fisiologia Médica. 10. ed. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Rio de Janeiro: Ed.
Guanabara-Koognan, 2002, pp. 136-143.
Exercícios
AULA 16

ATIVIDADE

1) Leia as seguintes afirmativas:


I- Os andrógenos têm efeito anabólico sobre o metabolismo proteico e
aumentam o metabolismo basal.
II- A testosterona inibe a produção de eritrócitos na medula óssea. Por isso, o
hematócrito do homem é sempre mais baixo do que o da mulher.
III- A testosterona não influencia a transformação das espermatogônias em
espermatozoides.

Está(ão) correta(s):
a) apenas I
b) I e II
c) I e III
d) II e III
e) apenas III

2) O hormônio fundamental para promover o pico de secreção do hormônio


luteinizante durante o ciclo menstrual é:
a) Progesterona.
b) Inibina.
c) 17b-estradiol.
d) Liberador de gonadotrofinas.
e) Ocitocina.
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3) Qual hormônio promove o crescimento do ovócito e das células da


camada da granulosa no ovário e estimula o crescimento das células de Sertoli nos
testículos?
a) Luteinizante.
b) Folículo estimulante.
c) Liberador de gonadotrofinas.
d) Inibina.
e) Do crescimento.

4) Ocorrendo a ovulação, qual é o tempo de viabilidade do óvulo?


a) 2 a 3 horas.
b) 3 a 5 horas.
c) 8 a 10 horas.
d) 12 a 24 horas.
e) 24 a 72 horas.
Gabarito
AULA 1

1) Letra D

2) Letra E

3) Letra E
Gabarito
AULA 2

1) Letra B

2) Letra E

3) Letra C

4) Letra C

5) Letra B
Gabarito
AULA 3

1) Letra A

2) Letra D

3) Letra A
Gabarito
AULA 4

1) Letra a

2) Letra c

3) Letra b

4) Letra e

5) Letra e
Gabarito
AULA 5

1) Letra b

2) Letra b

3) Letra c

4) Letra c
Gabarito
AULA 6

1) Letra d

2) Letra c

3) Letra b

4) Letra c

5) Letra d
Gabarito
AULA 7

1) Letra a

2) Letra c

3) Letra b

4) Letra b
Gabarito
AULA 8

1) Letra c

2) Letra a

3) Letra b

4) Letra a
Gabarito
AULA 9

1) Letra a

2) Letra b
Gabarito
AULA 10

1) Letra c

2) Letra a

3) Letra a

4) Letra d

5) Letra c
Gabarito
AULA 11

1) Letra c

2) Letra c

3) Letra a

4) Letra a

5) Letra e
Gabarito
AULA 12

1) Letra a

2) Letra d

3) Letra e

4) Letra e
Gabarito
AULA 13

1) Letra c

2) Letra a

3) Letra a

4) Letra c

5) Letra e
Gabarito
AULA 14

1) Letra d

2) Letra a

3) Letra a

4) Letra c
Gabarito
AULA 15

1) Letra C

2) Letra D

3) Letra D
Gabarito
AULA 16

1) Letra a

2) Letra c

3) Letra b

4) Letra d

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