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Resumo
Esta pesquisa buscou contribuir para a causa das mulheres transexuais através do
desenvolvimento de uma coleção de moda festa, inspirada no estilo arquitetônico
desconstrutivista, com o objetivo de fomentar a diversidade de gênero no mundo da
moda. Tendo em vista esse contexto, esse trabalho observou a necessidade das
mulheres transexuais na hora de vestir-se para um evento em que o traje é pré-
definido como por exemplo: traje de gala, black tie ou traje a rigor. Para isso
realizou-se um estudo sobre o conceito do desconstrutivismo, em que, a ideia
central é a fragmentação e a reconstrução para compor formas inusitadas em
situações que nem sempre a forma segue uma função. A partir da observação das
obras arquitetônicas desconstrutivistas, sobretudo, as obras de Zaha Hadid, foi
desenvolvida a coleção de moda Metamorfoses, de caráter atemporal, empregando
um misto entre as técnicas de a modelagem para atingir essa estética.
1 Artigo científico elaborado como requisito parcial à obtenção do título de Tecnólogo em Design de
Moda, pelo Curso Superior de Tecnologia em Design de Moda, do Instituto Federal de Santa Catarina,
Câmpus Gaspar. Apresentado no dia 18 de novembro de 2019.
2 Discente do Curso Superior de Tecnologia em Design de Moda, do Instituto Federal de Santa
Catarina, Câmpus Gaspar. E-mail: vanderleialucias@yahoo.com
3 Orientador. Docente do Curso Superior de Tecnologia em Design de Moda, do Instituto Federal de
Santa Catarina, Câmpus Gaspar. E-mail: geannine.martins@ifsc.edu.br
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1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO DE LITERATURA
estabelecidas.
As formas de manifestação dos novos tempos vêm carregadas de
criatividade, para persuadir e tornar público o que necessita ser explanado, para
transmitir opiniões, decisões, intenções e ideias. A criatividade é a essência desse
movimento. Com o auxílio de ferramentas digitais, como por exemplo a internet,
potencializa-se a criatividade e amplia-se a visibilidade para qualquer Manifesto
Criativo. (WGSN, 2018)
O Manifesto Criativo está segmentado e contempla a autoexpressão que junto
com a criatividade visa promover a mudança. Suas principais pautas são: a zona de
desconforto, economia dos excluídos, a revolução dos cobôs, novas histórias,
sistemas sim, coisas não. A capacidade humana de criar, produzir ou inventar coisas
pode ser aplicada em qualquer área, bem como a capacidade de transformar
situações e inovar no modo de agir. Pessoas criativas normalmente são curiosas e
persuasivas e por isso tem a necessidade buscar novas formas de olhar as coisas,
abrindo caminhos inéditos, formas singulares de levar a vida, buscando diferentes
oportunidades. (WGSN, 2018)
O manifesto criativo traz à tona a necessidade de ser visto. As mulheres trans
necessitam dessa visibilidade para mostrar que existem e lutam pelos seus direitos.
A moda, junto ao movimento desconstrutivista, busca ressaltar neste artigo, um
trabalho que seja único, que produza sentidos condizentes com a necessidade de
representação, sem o apelo estético linear, e sim, com o conceito vindo da
arquitetura desconstrutivista.
A criatividade e a autoexpressão fazem parte desse cenário de promoção da
mudança, no design e nos negócios, que será cada vez mais intensa na inovação. A
necessidade de ser diferente, mas, ao mesmo tempo, fazer parte de um grupo
intensifica a vontade de trazer a tona a verdade, a transparência, o ser visto e ouvido
e a necessidade de impactar tanto superficialmente como no aspecto mais profundo.
“Como as mentes criativas impulsionarão isso no futuro? A palavra de ordem é sair
da zona de conforto, pois o desconforto servirá como estimulante.” (WGSN, 2018).
Uma vez que o conceito do Manifesto Criativo é se fazer ser visto e ouvido e
dessa forma, quebrar paradigmas, logo a premissa do movimento desconstrutivista
visa da mesma forma quebrar as regras preestabelecidas das formas lineares da
5
2.2 DESCONSTRUTIVISMO
desconstruir, fragmentar para então reconstruir com novas formas, levando assim a
repensar os conceitos e funções tradicionais do vestuário.
2.3 TRANSEXUALIDADE
edições de São Paulo Fashion Week (SPFW) foi muito requisitada pelas grifes, foi
também quando a primeira transexual posou para a capa da revista Vogue Paris. Em
2019 Victoria’s Secret, decidiu mudar e abraçar a diversidade e atender a um pedido
antigo do público e escalou a modelo Valentina Sampaio (EMPODERADXS, 2018).
Em linhas gerais, para Arán, Zaidhaft e Murta (2008) a transexualidade
caracteriza-se pelo sentimento de não pertencimento ao sexo anatômico. Existe uma
separação entre o sexo real, ancorado na biologia e na natureza e o registro
subjetivo do gênero estabelecido por meio da educação e por meios culturais.
Uma vez tomada a decisão de realizar a transição, a mulher trans muda seu
vestuário mobilizada tanto pelo desejo pessoal, quanto por imperativos sociais que
indicam uma necessidade de realizar essa mudança. Para Arán (2008) de maneira
geral o sentimento de pertencimento ao outro gênero, se manifesta, na maioria das
vezes, desde a infância, e o desejo de transformação corporal geralmente a partir da
adolescência. Essa condição ajuda na sua autorrealização plena, a busca de sentir
conforto em sua própria pele e a paz de espírito.
A moda sem gênero é um segmento que vem ganhando espaço no mercado
da moda, para Wink (2018) “A proposta é de acabar com os limites do que é
masculino e feminino, a favor da livre expressão. Sob essa perspectiva, o gênero
deixa de ditar o que as pessoas devem vestir. As peças são pensadas para pessoas
reais, respeitando a individualidade e particularidade de cada corpo.”. A fronteira
entre o vestuário feminino e masculino está cada vez mais fluida e controversa.
Portanto a moda sem gênero não contempla o desejo das mulheres trans que
querem expressar feminilidade e sensualidade com o uso dos signos femininos.
A moda sem gênero procura trabalhar com modelagens amplas, com muitos
recortes de preferência retos, onde a preocupação é vestir pessoas, e não o gênero,
os produtos são para quem quiser usar, procurando contemplar os mais variados
tamanhos, são exemplos de marcas genderless brasileiras: a Trendt que já nasceu
dentro do conceito, a Pangea, a Another Place, a Aka e a Insecta Shoes, essa de
calçados.
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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
4 BOOK DE COLEÇÃO
4.1. Metamorfoses
Essa coleção foi pensada para festas ou baladas, para tanto foram
pesquisadas como parâmetros de moda, peças com muito arrojo, formas inusitadas,
com bastante estruturas, uma mistura de alfaiataria com vestidos de festa, onde ao
mesmo tempo tem texturas e estruturas de blazers e a fluidez dos vestidos.
Para trazer estruturas desejadas a essa coleção será feito o uso de
dobraduras ou origamis, para isso o uso da entretela e barbatanas será necessária.
As cores serão neutras; uma paleta que faz um suave degrade partindo do branco,
gelo, prata, cinza e finalmente preto, lembrando o concreto da arquitetura e a prata
trará a lembrança da vidraçaria da construção. Os tecidos serão com estruturas mais
encorpadas para atingir as estruturas desejadas, e para a fluidez dos vestidos um
tecido leve e esvoaçante. Sobreposição também é uma característica forte dessa
coleção, onde teremos camadas nas saias.
Figura 5 – Painel de Parâmetros
4.4 Coleção
5 MATERIALIZAÇÃO
Na etapa da materialização serão confeccionados dois modelos da coleção,
um comercial e um conceitual (Figura 8, Figura 9). Será desenvolvido tudo o que foi
pesquisado e planejado desde a modelagem, pilotagem, provas, ajustes e a
realização no tecido real escolhido.
O look comercial foi construído a partir das medidas de uma pessoa trans
para o qual essa coleção foi desenvolvida. Composto por um macacão tomara-que-
caia e uma pelerine, o macacão possui bolsos na frente e nas costas e zíper na
lateral, com a parte superior forrada. O tecido utilizado foi o cetim vogue na cor preta
e foram trabalhadas texturas antes do corte dos moldes.
A pelerine é feita em tule, com um trabalho de costura de rugas e pérolas
bordadas sobre sua superfície. No recorte lateral da peça há um degradê de cores,
feitos com diferentes materiais – paetê e cetim – para dar contraste com as texturas.
Conforme pode ser observado na figura 10 ou detalhado com o desenho técnico no
apêndice I.
Figura 10 – pelerine
Para a pelerine foi trabalhado o efeito de rugas (Figura 11) torcendo o tecido
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Nesta etapa, se inicia a união das partes conforme o passo a passo das
técnicas de costuras, para o macacão foi necessário primeiro resolver a costura dos
bolsos, porque são embutidos, depois segue-se o procedimento de costura das
partes. Para a pelerine a atenção foi dada no corte do tecido, uma vez que foram
trabalhadas texturas no tecido na máquina de costura, e no processo de corte havia
o risco de se desmanchar. Sendo assim, foi necessário primeiro cortar a entretela de
malha fina e colar no tecido texturizado, só então cortar, com o processo de corte e
colagem a etapa da costura seguiu de forma normal.
5.1.4 Acabamentos
5.1.1 Modelagem
5.1.2 Costura
5.1.3 Acabamentos
elementos de estilo foram extraídos das obras e aplicados nos modelos como pode
ser observado na Figura 17.
Quanto as modelagens, foram feitas partes na modelagem plana com o uso
de uma base ajustada, outras partes na moulage, pois, exigiam umas forma que
precisavam ser observadas e remarcadas até alcançar a estética desejada.
Concluídas as peças piloto foram provadas e ajustadas. O vestido a princípio era
para ser tomara-que-caia, mas como ficou muito pesado, pois, os babados têm
muito tecido optou-se por colocar alças de rolotê. Mas pode-se dizer que de maneira
geral a coleção e factível.
Os looks confeccionados serão apresentados em um desfile. Ambos foram
fotografados para posterior publicação dos mesmos no Instagram do curso de
design de moda do IFSC Campus Gaspar.
7 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
LIMA, Luciana, número de profissionais trans cresceu quase 300% nos últimos anos.
revista.exame.abril.com, [S.I.], 19 jan 2018. Disponível em:
https://exame.abril.com.br/carreira/os-transexuais-chegaram-no-mundo-corporativo/
Acesso em: 09 nov, 2018.
SOARES, Marco Antônio. O movimento LGBT. [S.I.], 8 set 2018. Disponível em:
https://movimentorevista.com.br/2018/09/o-movimento-lgbt/ Acesso em: 10 nov,
2018.
peças de grife, mas todas que ganhei fazendo trabalho de modelo para um brechó
de luxo em balneário, tenho duas bolsas Louis Vuitton porque ganhei do meu ex.
Mas no geral não ligo pra roupas de marca, mas sapatos pra min tem que ser de
marca, na maioria Shultz, Luiza Barcelos, entre outras marcas boas brasileiras.
Não ligo pagar caro em sapatos, não existe sapato bonito barato, na minha
opinião.
• O que valoriza e prioriza na escolha de um produto: O tecido, o caimento e a
costura. Mas eu valorizo a estética mesmo, ate porque as roupas que mais amo
são todas complicadas de vestir e usar, sempre incomodam, mas sei que ninguém
estará vestida igual a min.
• Quais as principais motivações de compra de vestuário: Vi e gostei, e depois
invento um evento pra usar, as vezes no primeiro dia que compro.
• Quais as frustrações na escolha de um produto de vestuário: Hum acho que
não, sou bem resolvida comigo e já vou no que realmente se encaixa pra min.
• Já participou de alguma pesquisa para indústria de confecção de vestuário:
Sim, já participei, foi um trabalho de faculdade pra furb.
Apêndice B
Para Treptow (2013, p. 109), “A cartela de cores de uma coleção deve ser
composta por todas as cores que serão utilizadas, incluindo o preto e branco”. A
cartela para desenvolver essa coleção de moda festa, foi extraída do painel
conceito, que foi elaborado com cores suaves em tons de cinza, que abrange desde
o gelo em tom sobre tom até chegar ao preto. A prata traz o brilho que roupas de
festa noturna pede, e o nude quebra essa monotonia de cores neutras com a função
de trazer vida e modernidade a coleção.
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Apêndice C
Apêndice D
Apêndice E
Figura 14: planilha geral do mix de coleção. Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
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Apêndice F
Apêndice G
Apêndice H
Apêndice I
Croqui e desenho técnico do look comercial 3
Apêndice J
Croqui e desenho técnico do look comercial 4
Apêndice K
Croqui e desenho técnico do look comercial 5
Apêndice L
Croqui do look conceitual 6
Apêndice M
Croqui do look comercial 7
Apêndice N
Croqui look comercial 8
Apêndice O
Croqui e desenho técnico do look conceitual 9
Apêndice P
Croqui do look conceitual 10
AGRADECIMENTOS