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Valor Justo

(IFRS 13 (CPC 46))

Profa. Tânia R. S. Relvas

Objetivos de aprendizagem

1. Identificar o objetivo e o escopo da IFRS 13 e do CPC 46

2. Compreender a definição de valor justo e os requisitos


para as mensurações do valor justo

3. Conhecer a hierarquia da mensuração a valor justo e as


exigências de divulgação
Definições

As definições abaixo foram extraídas na íntegra do Pronuncia-


mento Técnico CPC 09 e serão utilizadas nesse material com os
seguintes significados:

Valor adicionado representa a riqueza criada pela empresa, de


forma geral medida pela diferença entre o valor das vendas e os
insumos adquiridos de terceiros. Inclui também o valor adiciona-
do recebido em transferência, ou seja, produzido por terceiros e
transferido à entidade.

Receita de venda de mercadorias, produtos e serviços repre-


senta os valores reconhecidos na contabilidade a esse título pelo
regime de competência e incluídos na demonstração do resulta-
do do período.

Outras receitas representam os valores que sejam oriundos,


principalmente, de baixas por alienação de ativos não circulantes,
tais como resultados na venda de imobilizado, de investimentos,
e outras transações incluídas na demonstração do resultado do
exercício que não configuram reconhecimento de transferência à
entidade de riqueza criada por outras entidades.

Diferentemente dos critérios contábeis, também incluem valores


que não transitam pela demonstração do resultado, como, por
exemplo, aqueles relativos à construção de ativos para uso pró-
prio da entidade (conforme item 19) e aos juros pagos ou credita-
dos que tenham sido incorporados aos valores dos ativos de lon-
go prazo (normalmente, imobilizados).

No caso de estoques de longa maturação, os juros a eles incorpo-


rados deverão ser destacados como distribuição da riqueza no
momento em que os respectivos estoques forem baixados; dessa
forma, não há que se considerar esse valor como outras receitas.
ii
Insumo adquirido de terceiros representa os valores relativos
às aquisições de matérias-primas, mercadorias, materiais, ener-
gia, serviços, etc. que tenham sido transformados em despesas
do período. Enquanto permanecerem nos estoques, não com-
põem a formação da riqueza criada e distribuída.

Depreciação, amortização e exaustão representam os valores


reconhecidos no período e normalmente utilizados para concilia-
ção entre o fluxo de caixa das atividades operacionais e o resulta-
do líquido do exercício.

Valor adicionado recebido em transferência representa a rique-


za que não tenha sido criada pela própria entidade, e sim por ter-
ceiros, e que a ela é transferida, como por exemplo receitas finan-
ceiras, de equivalência patrimonial, dividendos, aluguel, royalties,
etc. Precisa ficar destacado, inclusive para evitar dupla-contagem
em certas agregações.

iii
Sumário

6. Mensuração de passivos e instrumentos patrimoniais próprios


da entidade

! 6.1. Princípios gerais

! 6.2. Mensuração Derivada

! 6.3. Risco de descumprimento (non-performance)

! 6.4. Restrição que impede a transferência

! 6.5. Passivo financeiro com característica de demanda

! 6.6. Ativos e passivos financeiros gerenciados em bases líqui-


IFRS 13 (CPC 46) – Valor Justo das

! 6.6.1. Exposição a riscos de mercado


1. Objetivo
7. Técnicas de avaliação
2. Alcance
! 7.1. Abordagem de Mercado
3. Mensuração a Valor Justo
! 7.2. Abordagem de Resultado
! 3.1. A Definição de Valor Justo
! 7.3. Abordagem de Custo
! 3.2. O Objeto da mensuração
8. Hierarquia de valor justo
! 3.3. A transação
! 8.1. Informações de Nível 1
! 3.4. O preço
! 8.2. Informações de Nível 2
! 3.5. Participantes do mercado
! 8.3.Informações de Nível 3
! 3.6. Informações utilizadas
9. Divulgação
4. Valor justo no reconhecimento inicial

5. Mensuração de ativos não financeiros

iv
Capítulo 1

IFRS 13 (CPC 46) - Valor O objetivo da IFRS 13 e do CPC 46 é:

Justo (a) Definir valor justo;


(b) Estabelecer em uma única norma uma estrutura conceitual para a
mensuração do valor justo; e
(c) Requerer divulgações sobre mensurações do valor justo.

1. Objetivo
O valor justo é uma mensuração baseada em mercado e não uma
mensuração específica da entidade. Para alguns ativos e passivos,
podem estar disponíveis informações de mercado ou transações de
mercado observáveis; já para outros, tais informações e transações
podem não estar disponíveis ou não existirem. Apesar disso, o objetivo
de uma mensuração do valor justo em ambos os casos é o mesmo –
estimar o preço pelo qual um ativo pode ser vendido ou um passivo
pode ser transferido, considerando-se uma transação ordenada entre
participantes do mercado na data de mensuração sob condições
correntes de mercado.

A mensuração a valor justo, baseada no consenso do mercado, substi-


tuiu a mensuração pelo custo ou valor histórico para avaliar alguns
itens patrimoniais, pois visa a predição de fluxos de caixa futuros.

A ULA V IRTUAL 1

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Sempre que o preço para um ativo (ou passivo) idêntico não estiver
disponível, a entidade mensura o valor justo utilizando outra técnica de
avaliação de forma a maximizar o uso de dados observáveis relevantes
e minimizar o uso de dados não observáveis.

Uma mensuração a valor justo, de forma geral, exige que se determine:


(a) O objeto da mensuração, que pode ser um ativo, grupo de ativos,
negócio ou um passivo;
(b) No caso de um ativo não financeiro, qual o melhor e maior uso do
ativo e se a mensuração será feita considerando que o ativo é
usado em combinação com outros ativos ou em bases isoladas;
(c) O mercado no qual se baseia a transação hipotética de venda do
ativo ou de pagamento para transferência do passivo, sendo,
A ULA V IRTUAL 2
portanto uma mensuração a valor de saída (preço recebido pela
venda do ativo ou pagamento para transferir o passivo);
(d) A técnica de avaliação adequada para a mensuração, buscando
2. Alcance
maximizar o uso de inputs observáveis.

A IFRS 13 (CPC 46) deve ser aplicada quando outra norma exigir ou
permitir mensurações a valor justo, mesmo que seja apenas para
divulgação, tal como no caso de propriedades para investimento para as
quais a entidade optou pela política contábil do custo, mas deve
apresentar o valor justo de suas propriedades em nota explicativa.

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Os requisitos de mensuração e divulgação da referida norma não se 3. Mensuração a Valor Justo
aplicam a:

3.1.! A Definição de Valor Justo


(a) Transações de pagamento baseadas em ações no alcance da
IFRS 2/CPC 10 – Pagamento Baseado em Ações; O IFRS 13 - CPC 46 define valor justo como sendo o preço que seria
(b) Transações de arrendamento no alcance da IAS 17/CPC 06– recebido pela venda de um ativo ou que seria pago pela transferência
Operações de Arrendamento Mercantil; e de um passivo em uma transação não forçada entre participantes do
(c) Mensurações que tenham alguma similaridade com o valor justo, mercado na data da mensuração.
mas que não representem o valor justo, como, por exemplo, o
valor realizável líquido a que se refere à norma IAS 2/CPC 16 –
Estoques ou o valor em uso a que se refere a norma IAS 36/ CPC
01 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos.

As divulgações requeridas por este Pronunciamento não são exigidas


para:
(a) Ativos de planos de aposentadoria, mensurados ao valor justo de
acordo com a IAS 19/CPC 33 – Benefícios a Empregados;
(b) Ativos cujo valor recuperável seja o valor justo menos os custos
para vender, de acordo com a norma IAS 36/CPC 01.

A estrutura de mensuração do valor justo contida na norma aplica-se


tanto à mensuração inicial quanto à subsequente.
A ULA V IRTUAL 3

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Em geral, o preço de cotação é melhor evidência de valor justo. Todavia, Dados não observáveis podem ser desenvolvidos pela entidade desde
são poucos os itens (ativos e passivos) que têm preço de cotação. que sejam construídos considerando as melhores informações
Então, quando o preço para um ativo (ou passivo) idêntico não for disponíveis, as quais podem incluir dados próprios da entidade e,
observável, o uso uma técnica de avaliação será necessário. também, desde que sejam feitos ajustes necessários quando existirem
Portanto, o valor justo será construído para refletir uma transação evidências de que outros participantes do mercado utilizariam dados
hipotética de venda do ativo (ou transferência do passivo), assumindo- diferentes ou se houver algo específico para a entidade que não estiver
se a ótica dos participantes do mercado (uso de premissas usuais que disponível para outros participantes do mercado (por exemplo, uma
os participantes usariam para precificar o ativo e buscando-se sinergia específica da entidade).
maximizar inputs observáveis).
Os inputs (ou informações) utilizados para uma mensuração a valor 3.2.! O Objeto da mensuração
justo são premissas que seriam utilizadas por um participante do
mercado para precificar um ativo (ou um passivo), incluindo premissas Uma mensuração do valor justo destina-se a um ativo ou passivo em
sobre risco, tais como o risco inerente à técnica de avaliação utilizada particular. Deste modo, ao mensurar o valor justo, a entidade levará em
para mensurar o valor justo ou o risco inerente às informações da consideração as características que os participantes do mercado
técnica de avaliação. levariam em consideração ao precificar tal ativo (ou passivo) na data de
São chamados de observáveis os inputs disponíveis aos participantes mensuração.
do mercado, incluindo aqueles obtidos por meio de esforços usuais e Essas características incluem, por exemplo, a condição e a localização
habituais com a devida diligência. Por outro lado, são chamados de não do ativo; e restrições, se houver, sobre a venda ou uso do ativo.
observáveis, os dados construídos pela própria entidade, mas que O efeito resultante de uma característica específica sobre a mensuração
somente devem ser utilizados quando não estiverem disponíveis dados irá divergir dependendo de como essa característica é levada em
observáveis relevantes e desde que reflitam as premissas que os consideração pelos participantes do mercado.
participantes do mercado utilizariam ao precificar o ativo (ou o passivo), O ativo (ou passivo) mensurado ao valor justo pode ser um ativo (ou
incluindo premissas sobre risco. passivo) individualmente ou um grupo de ativos (ou um grupo de
passivos) ou ainda um grupo de ativos e passivos. A definição se o

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objeto da mensuração será considerado em bases isoladas ou em assumir que a transação ocorra no mercado mais vantajoso (aquele que
conjunto, depende muitas vezes da unidade contábil pertinente, dada maximiza o valor que seria recebido para vender o ativo ou que
pela norma que exigiu ou permitiu a mensuração a valor justo. minimiza o valor que seria pago para transferir o passivo), após
considerar os custos de transação e os custos de transporte.
3.3. A transação A entidade não necessita empreender uma busca exaustiva de todos os
possíveis mercados para identificar o mercado principal (ou na sua
Em uma mensuração do valor justo deve-se presumir que o ativo (ou ausência o mais vantajoso). Entretanto, a entidade deverá levar em
passivo) é trocado em uma transação (hipotética) em condições consideração todas as informações que estejam disponíveis. Na
normais, ou seja, em uma transação ordenada (ou não forçada) entre ausência de evidência em contrário, presume-se que o mercado no qual
participantes do mercado para a venda do ativo (ou a transferência do a entidade normalmente realizaria uma transação para a venda do ativo
passivo), na data de mensuração, sob condições correntes de mercado. ou para a transferência do passivo seja o mercado principal ou, na
Uma “transação ordenada” (ou “não forçada”) é uma transação em que ausência de um mercado principal, o mercado mais vantajoso.
se presume certa exposição ao mercado por determinado período antes Se houver um mercado principal para o ativo (ou passivo), a
da data de mensuração, necessário às atividades de marketing que mensuração do valor justo representará o preço nesse mercado, ainda
sejam usuais e habituais para transações envolvendo os ativos (ou que o preço em um mercado diferente seja potencialmente mais
passivos) objeto de mensuração. Portanto, não se trata de uma vantajoso na data de mensuração.
liquidação forçada ou venda em situação adversa. Assim, uma
transação ordenada deve ser entendida como uma transação em
Diferentes entidades com diferentes atividades podem ter acesso a
condições normais de venda e condições correntes de mercado. mercados diferentes. O mercado principal para o mesmo ativo ou pas-
Adicionalmente, a norma orienta ainda que, ao mensurar o valor justo, é sivo pode ser diferente para entidades distintas.

necessário que se considere, sob a ótica da entidade, que a transação


de venda do ativo (ou transferência do passivo) está sendo realizada no Ainda que não haja nenhum mercado observável para o fornecimento
mercado principal (aquele com o maior volume e nível de atividade para de informações de preços em relação à venda de um ativo (ou à
o ativo ou passivo). E, se não existir um mercado principal, deve-se transferência de um passivo), a mensuração do valor levará em conta
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que uma transação ocorra, na data da mensuração, considerada do norma é aquele onde as transações para o ativo ocorrem com
ponto de vista de um participante do mercado que detenha o ativo (ou frequência e volumes suficientes para fornecer informações de preço
que deva o passivo). Essa transação hipotética constitui a base para a em bases contínuas.
estimativa do preço para a venda do ativo (ou para a transferência do Os custos de transação não incluem custos de transporte. Sempre que
passivo). a localização for uma característica específica do ativo (como pode ser
o caso para, por exemplo, uma commodity), o preço no mercado
3.4. O preço principal (ou mais vantajoso) será ajustado para refletir os custos que
seriam incorridos para transportar o ativo de seu local atual para esse
Como já visto, “valor justo” é o preço que seria recebido pela venda de mercado.
um ativo (ou pago pela transferência de um passivo) em uma transação
ordenada no mercado principal (ou o mais vantajoso) na data de
mensuração e sob condições correntes de mercado (ou seja, um preço
de saída). Adicionalmente, o “preço” será estabelecido com base nos
preços diretamente observáveis ou por estimativa pelo uso de uma ou
mais técnicas de avaliação.
O preço no mercado principal (ou mais vantajoso) utilizado para
mensurar o valor justo do ativo ou passivo não será ajustado para
refletir custos de transação, os quais serão contabilizados de acordo
com outras normas. Isso se deve porque os custos de transação não
representam uma característica intrínseca de um ativo (ou passivo),
mas sim especificidades da transação e, serão diferentes dependendo
de como a entidade realiza a transação para o ativo (ou passivo).
Observe que o uso de informações de preço de determinado mercado A ULA V IRTUAL 4
implica que ele seja um mercado ativo, que conforme definição da

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3.5. Participantes do mercado

A entidade deve mensurar o valor justo de um ativo ou passivo


utilizando as premissas que os participantes do mercado utilizariam ao
precificar o ativo ou o passivo, presumindo-se que os participantes do
mercado ajam em seu melhor interesse econômico.
Ao desenvolver essas premissas, a entidade não precisa identificar
participantes do mercado específicos. Em vez disso, a entidade
identificará características que distinguem os participantes do mercado
de modo geral, considerando fatores específicos para todos os itens
seguintes:

(a) O ativo ou passivo;


(b) O mercado principal (ou mais vantajoso) para o ativo ou passivo; e A ULA V IRTUAL 5

(c) Os participantes do mercado com os quais a entidade realizaria


uma transação nesse mercado.

Adicionalmente deve-se assumir que os participantes do mercado sejam


Teste seu conhecimento
Tempo estimado: 10 minutos
independentes, conhecedores do assunto e dispostos a negociar em
QUIZ 1: Clique aqui para realizar a
uma transação normal (não forçada).
atividade proposta no ambiente
de aprendizagem.

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3.6. Informações utilizadas concluídas podem estar disponíveis. Um exemplo desse tipo de
mercados é o mercado de imóveis;
A principal diretriz em relação às informações utilizadas nas (d) Mercados não intermediados: são aqueles nos quais as
mensurações a valor justo é a maximização do uso de dados (inputs) transações são negociadas de forma independente entre
observáveis relevantes, o que implica em minimizar o uso de dados não comprador e vendedor, sem intermediários, de forma que são
observáveis. A norma apresenta alguns exemplos de mercados nos poucas as informações sobre essas transações que podem estar
quais possam existir informações observáveis para alguns ativos e disponíveis.
passivos: Antes da entidade se preocupar em maximizar dados observáveis, ela
(a) Mercados bursáteis: são aqueles em que os preços de deve caracterizar ativo (ou passivo) objeto de mensuração, pois a
fechamento encontram-se prontamente disponíveis e são seleção de informações que seriam consideradas pelos participantes do
representativos do valor justo de modo geral, tal como a Bolsa de mercado para a precificação do ativo (ou passivo) é dependente dessas
Valores; características. Em alguns casos, isso implicará na necessidade de se
(b) Mercados de revendedores: são aqueles em que os revendedores fazer algum ajuste sempre que isso for pertinente.
estão prontos para negociar (comprar ou para vender), Se um ativo ou passivo mensurado pelo valor justo tiver um preço de
proporcionando liquidez ao utilizar seu capital para manter um compra e um preço de venda, o preço contido no spread entre os
estoque dos itens para os quais estabelecem um mercado. preços de compra e de venda que, nas circunstâncias, melhor
Normalmente, nesses mercados os preços de compra e de venda representar o valor justo será utilizado para mensurar o valor justo,
praticados estão disponíveis, tal como num Mercado de balcão independentemente de onde essa informação estiver classificada na
(para os quais os preços são informados publicamente); hierarquia de valor justo (veja tópico 8).
(c) Mercados intermediados: são aqueles em que corretores tentam A norma não impede o uso de precificação média de mercado ou outras
aproximar compradores e vendedores, mas não negociam os convenções de precificação, desde que sejam usuais para os
ativos e passivos por sua própria conta, ou seja, os corretores não participantes do mercado como expediente prático para mensurações
utilizam seu capital próprio para manter um estoque dos itens para do valor justo considerando o spread entre os preços de compra e de
os quais estabelecem um mercado. Os preços de transações venda.

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4. Valor justo no reconhecimento inicial perda será reconhecido somente quando o preço da transação divergir
do valor justo na data da transação, exceto se o pronunciamento que

Por ocasião da aquisição de um ativo (ou quando um passivo é exigiu ou permitiu a mensuração a valor justo preveja procedimento

assumido), considerando uma transação ordenada entre participantes diferente. Entretanto, quando o preço da transação for o próprio valor

do mercado, o preço da transação é o preço pago para a obtenção do justo no reconhecimento inicial, mas as mensurações subsequentes a

ativo (ou o valor recebido para assumir o passivo) e, portanto, é um valor justo forem feitas por alguma técnica de avaliação que emprega

preço de entrada porque o ativo ingressou no patrimônio da entidade. E, dados não observáveis, deve-se calibrar a técnica para que, no

como vimos, nos tópicos anteriores, o valor justo do ativo (ou do reconhecimento inicial, o valor justo estimado pela técnica de avaliação

passivo) é o preço que seria recebido na venda desse ativo por um seja igual ao preço da transação.

participante do mercado (ou é o preço que seria pago para transferir o


passivo) e, portanto, é um preço de saída porque seria o valor
embolsado pela entidade em função da saída do ativo de seu
patrimônio.
Nesse sentido, cumpre lembrar que as empresas não necessariamente
vendem ativos pelos preços pagos para adquiri-los (ou transferem
passivos pelos preços recebidos para assumi-los). Apesar disso, pelas
orientações da norma, normalmente o preço da transação é o próprio
valor justo, de forma que, em geral, o preço da transação coincidirá com
o valor justo.
A norma exige, portanto, que a entidade determine se o valor justo no
reconhecimento inicial é igual ao preço da transação, devendo-se levar
em conta aspectos específicos da transação e do ativo (ou passivo).
Assim, sempre que um pronunciamento exigir que a entidade efetue um A ULA V IRTUAL 6

reconhecimento inicial de ativo (ou passivo) ao valor justo, um ganho ou


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5. Mensuração de ativos não financeiros Assim, quando um mesmo ativo pode ter usos diferentes para os
participantes do mercado, o valor justo deverá ser aquele que reflete o

Primeiramente precisamos entender que um ativo não financeiro pode maior e melhor uso do ativo, ou seja, dos dois valores válidos para o

ser um estoque, um imobilizado, um intangível, um investimento em ativo deve-se escolher o maior.

coligada, controlada ou controlada em conjunto (joint venture). A norma exige ainda que a entidade mensure o ativo ao valor justo

Então, como podem existir situações nas quais um ativo não financeiro (determinado de acordo com o uso por outros participantes do mercado)

tenha usos diferentes e, portanto, terá valores diferentes dependendo mesmo quando, por razões competitivas (ou até outras razões), tenha

do uso que se faz do ativo e como ele irá gerar caixa. Esse é o caso, decidido não utilizar o ativo ou pretenda utilizar de forma diferente do

por exemplo, de um terreno que atualmente vem sendo preparado para uso pretendido por outros participantes do mercado. Essa segunda

a construção de uma fábrica (uso para fins industriais), mas que diretriz é válida para qualquer mensuração a valor justo.

também poderia ser desenvolvido para a construção de prédios de O maior e melhor uso de um ativo não financeiro, segundo a norma,

apartamentos (uso para fins residenciais), desde que existam leva em conta que seu uso seja fisicamente possível, legalmente

evidências nesse sentido no mercado de imóveis da região em que se permitido e financeiramente viável, conforme abaixo detalhado:

localiza o imóvel em questão e que não existam restrições legais para a (a) Um uso fisicamente possível considera as características físicas

construção da fábrica. Isso significa que o terreno tanto pode ser do ativo que os participantes do mercado levariam em conta ao

vendido para o uso industrial (construção de uma fábrica), quando precificar o ativo, tal como sua localização ou condições físicas;

residencial (construção de prédios de apartamentos). (b) Um uso legalmente permitido considera as restrições legais sobre

Assim, podemos ter dois valores válidos para o valor justo do terreno. o uso do ativo que os participantes do mercado levariam em conta

Nesse sentido, a diretriz geral da norma é no sentido de que a ao precificar o ativo, tal como as regras de zoneamento aplicáveis

mensuração do valor justo de um ativo não financeiro deve levar em a um imóvel.

conta a capacidade do participante do mercado de gerar benefícios (c) Um uso financeiramente viável considera se o uso do ativo

econômicos utilizando o ativo em seu melhor uso possível (highest and (fisicamente possível e legalmente permitido) irá gerar receita ou

best use) ou vendendo-o a outro participante do mercado que utilizaria o fluxos de caixa adequados para produzir o retorno do investimento

ativo em seu melhor uso.


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que os participantes do mercado exigiriam do investimento locado 6. Mensuração de passivos e instrumentos patrimoniais
nesse ativo. próprios da entidade
O maior e melhor uso para a mensuração do valor justo de um ativo não
financeiro pode ser tanto em bases isoladas ou em conjunto com outros
6.1. Princípios gerais
ativos como um grupo de ativos ou ainda em combinação com outros
ativos e passivos (como um negócio, por exemplo), dependendo da
Como já visto o objeto da mensuração a valor justo pode ser um passivo
forma de uso que maximizará seu valor justo.
(financeiro ou não financeiro) ou ainda os instrumentos patrimoniais da
própria entidade quando são emitidos para serem utilizados como forma
de pagamento, o que pode ocorrer, por exemplo, em uma combinação
de negócios em a entidade entrega seus próprios instrumentos de
capital em troca de parte ou toda a participação que se está comprando
do negócio adquirido, ou seja, eles integram a contraprestação dada em
troca do controle em uma combinação de negócios.
Pela definição de valor justo da norma, o valor justo de um passivo é o
valor que seria pago pela transferência desse passivo para um
participante do mercado em uma transação não forçada. A norma
estabelece diretrizes relevantes sob as quais se presume uma
transferência de passivos (ou dos próprios instrumentos patrimoniais da
entidade), são elas:
(a) A transferência não implica na liquidação (ou extinção) da
obrigação ou ainda no cancelamento (ou extinção) do instrumento
patrimonial;
A ULA V IRTUAL 7

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(b) Mesmo quando não existir um mercado em que informações de 6.2. Mensuração Derivada
preços possam ser obtidas, inclusive para os instrumentos
patrimoniais próprios da entidade, pode haver mercado para esses De acordo com as diretrizes dadas no tópico anterior, quando não
itens se eles forem mantidos por outras partes como ativos (por houver um mercado observável para fornecer informações de preços
exemplo, título de dívida corporativo ou opção de compra sobre para a transferência de um passivo (ou dos instrumentos patrimoniais
ações da entidade); próprios da entidade), pode haver um mercado observável para esses
(c) Deve-se maximizar o uso de dados observáveis relevantes e itens em mercados nos quais eles são mantidos por outras partes como
minimizar o uso de dados não observáveis para atingir o objetivo ativos.
da mensuração do valor justo. Assim, a norma admite uma mensuração derivada ao introduzir a
possibilidade de observar preços (ou empregar uma técnica de
avaliação) na ponta ativa da operação (considerando a ótica dos
participantes que mantém tais instrumentos de dívida ou de capital
como um ativo).
Esse pode ser o caso, por exemplo, de um passivo financeiro, tal como
uma debênture. Enquanto passivo financeiro, esse instrumento
contratual faz surgir concomitantemente uma obrigação para seu
emissor e um direito para seu detentor. Então, quando da inexistência
de um preço de cotação para um instrumento idêntico ou similar, a
entidade emissora das debêntures pode mensurar o valor justo de sua
dívida baseando-se no valor justo que tais instrumentos têm quando são
mantidos como ativo por outros participantes do mercado. Em
consequência, temos que o valor justo do instrumento de dívida é
A ULA V IRTUAL 8 derivado do valor justo desse mesmo instrumento enquanto ativo para

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seus detentores. O mesmo vale para outros passivos financeiros, como cotados para passivos ou instrumentos patrimoniais similares
por exemplo, duplicatas a pagar. mantidos por outras partes como ativos.
Todavia, uma mensuração derivada da ponta ativa somente pode ser A norma ainda exige que a entidade, quando pertinente, faça ajustes
feita quando não houver informações disponíveis de preço de cotação no preço cotado do instrumento (de dívida ou de capital) mantido por
para um passivo (ou instrumento patrimonial da entidade) idêntico ou outra parte como um ativo. Esses ajustes devem ser feitos somente
similar. Independente disso vale a exigência de que a mensuração seja quando existirem fatores específicos para o ativo que não sejam
feita na ótica dos participantes do mercado, que no caso, seriam os aplicáveis à mensuração do valor justo dos mesmos enquanto passivo
participantes detentores de tais instrumentos (mantidos por eles como ou instrumento patrimonial. Em resumo, são dois os fatores que
ativo). podem indicar que o preço cotado do ativo deve ser ajustado:
Dessa forma, a norma orienta que a mensuração derivada do valor justo (a) O preço cotado para o instrumento mantido como ativo
do passivo (ou instrumento patrimonial), deve seguir a seguinte corresponde a um passivo ou instrumento patrimonial similar,
sequência: ou seja, não idêntico, de forma que o passivo ou instrumento
1. A entidade deve utilizar um preço cotado em mercado ativo para o patrimonial pode ter uma característica particular diferente
item idêntico mantido por outra parte como um ativo; daquela refletida no valor justo do instrumento mantido como
2. Caso o preço do item anterior não esteja disponível, a entidade ativo, tal como o risco de crédito do emitente;
utiliza outros dados observáveis, tais como o preço cotado em (b) A unidade de contabilização para o instrumento mantido como
mercado que não seja ativo para o item idêntico mantido por outra ativo não é a mesma para o passivo ou instrumento patrimonial,
parte como um ativo; como é o caso, por exemplo, em que o preço enquanto ativo é
3. Caso o preço do item anterior também não esteja disponível, a consequência do preço negociado para um pacote envolvendo
entidade utiliza outra técnica de avaliação (como a técnica do valor o ativo mais, por exemplo, um aval ou fiança de um terceiro.
presente) que leve em conta o fluxo de caixa futuro que um Então, como o objetivo é mensurar o valor justo do passivo do
participante do mercado esperaria receber por deter o passivo ou o emitente e não o valor justo do pacote combinado, qualquer
instrumento patrimonial como ativo ou ainda pelo uso de preços divergência entre a unidade de contabilização e o pacote

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implica que a entidade ajuste o preço observado para o ativo a crédito próprio da entidade. Adicionalmente a entidade deve considerar
fim de excluir o efeito do instrumento de melhora de crédito. também quaisquer outros fatores que possam influenciar a
probabilidade do cumprimento da obrigação. E, para fins de
mensuração a valor justo, presume-se que o risco de descumprimento
seja o mesmo antes e depois da transferência do passivo.
O efeito do risco de crédito pode diferir dependendo do tipo passivo, se,
por exemplo, é um passivo financeiro (obrigação de entregar caixa) ou
não financeiro (obrigação de entregar bens e serviços). Adicionalmente,
o efeito do risco de crédito pode diferir dependendo dos termos de
melhoria de crédito relacionados ao passivo.
O valor justo de um passivo reflete o efeito do risco de inadimplência
com base em sua unidade de contabilização. Se a melhoria de crédito
for contabilizada separadamente do passivo, o emitente levará em conta
sua própria situação de crédito, e não a do terceiro avalista, ao
mensurar o valor justo do passivo.
De outra forma, para os casos em que não se dispõe de preços de
cotação para um instrumento de dívida ou de capital da entidade, nem
A ULA V IRTUAL 9
tão pouco tais instrumentos sejam mantidos como ativo por outra parte,
a norma estabelece que a entidade mensure o valor justo do
instrumento utilizando uma técnica de avaliação do ponto de vista de um
6.3. Risco de descumprimento (non-performance)
participante do mercado que deva o passivo ou tenha exercido o direito
sobre o patrimônio.
O valor justo de um passivo deve refletir o efeito do risco de
Isso pode ser feito, por exemplo, utilizando-se a técnica de valor
descumprimento (non-performance), este inclui, entre outros, o risco de
presente, considerando as saídas de caixa para satisfazer a obrigação,

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incluindo-se uma remuneração que normalmente seria exigida pelos um ajuste a uma informação existente em datas de mensuração
participantes do mercado, bem como empregando as premissas que os subsequentes para refletir o efeito da restrição sobre a transferência.
participantes do mercado utilizariam para precificar tal item (risco de
crédito, termos contratuais e restrições). 6.5. Passivo financeiro com característica de demanda

6.4. Restrição que impede a transferência A norma inclui uma exigência específica para a mensuração a valor
justo de passivos com característica de demanda (demanda feature), ou
Independentemente de existirem ou não preços de cotação para o seja, de um passivo com “elemento à vista”, como é o caso, por
instrumento enquanto passivos (ou instrumentos de capital) ou mesmo exemplo, dos depósitos a vista em uma instituição financeira (um banco
enquanto ativos mantidos por outros participantes do mercado, a norma comercial, por exemplo).
esclarece que, diferentemente de quando o objeto da mensuração é um Essa característica de demanda significa que a contraparte
ativo não financeiro, nas mensurações do valor justo de passivos e (depositante) pode demandar o valor depositado a qualquer tempo e a
instrumentos de capital próprio da entidade, não se devem fazer ajustes instituição tem a obrigação de entregá-lo. Podem até existir alguns
em decorrência da existência de restrições que impeçam a transferência depósitos a prazo como um CDB (Certificado de Depósito Bancário)
do instrumento. com essa característica de demanda, apesar de que, nesse caso o
Isso porque, em primeiro lugar, uma mensuração a valor justo de um rendimento financeiro é perdido (como é o caso dos recursos
passivo é baseada em uma transação hipotética de “transferência” e, depositados em uma caderneta de poupança).
em segundo lugar porque, em geral, tanto o credor quanto o avalista A exigência da norma é que o valor justo de um passivo financeiro com
aceitam a transação com pleno conhecimento de que a obrigação inclui característica de demanda não seja menor que o valor pagável sob a
uma restrição que impede sua transferência para terceiros. demanda do depositante.
Como resultado da inclusão da restrição no preço da transação, não se
exige uma informação separada ou um ajuste a uma informação
existente na data da transação para refletir o efeito da restrição sobre a
transferência. Similarmente, não se exige uma informação separada ou

19
6.6. Ativos e passivos financeiros gerenciados em bases líquidas (c) For obrigada a, ou tiver optado por, mensurar os ativos financeiros
e passivos financeiros que compõe a carteira ao valor justo no
A entidade que detém um grupo de ativos financeiros e passivos balanço patrimonial ao final de cada período de reporte.
financeiros (formando uma carteira) está exposta a riscos de mercado e
ao risco de crédito (conforme definições constantes na norma IFRS 7/ A exceção permitida pela norma é uma exceção à regra geral de
CPC 40 - Instrumentos Financeiros: Evidenciação) de cada uma das mensuração: que é mensuração de ativos e passivos em bases
contrapartes envolvidas. separadas. Portanto, isso não abrange a forma de apresentação dos
Existe uma exceção às regras gerais de mensuração a valor justo para ativos e passivos financeiros que compõem a carteira nas
quando a entidade gerencia uma carteira com base em sua exposição demonstrações contábeis. Apesar de a entidade, assim como os
líquida aos riscos de mercado ou ao risco de crédito. Essa exceção participantes do mercado, gerenciar e precificar o grupo de ativos e
implica que a entidade pode mensurar o valor justo da carteira (grupo de passivos com base na exposição líquida a riscos de crédito e mercado,
ativos e passivos financeiros) em bases líquidas, ou seja, consistente isso não significa que a entidade pode apresentar esses ativos e
com a forma pela qual os participantes do mercado precificariam a passivos em bases líquidas no balanço patrimonial.
exposição a risco líquida na data de mensuração.
Essa exceção pode ser usada pela entidade somente quando atendidos Pessoal-chave da administração são as pessoas que têm autoridade e
todos os itens a seguir: responsabilidade pelo planejamento, direção e controle das atividades
da entidade, direta ou indiretamente, incluindo qualquer administrador
(a) Gerenciar a carteira com base na exposição líquida da entidade a
(executivo ou outro) dessa entidade. (CPC 05)
um risco (ou riscos) de mercado específico ou ao risco de crédito
de uma contraparte específica, de acordo com a estratégia de
Então, caso a base para a apresentação no balanço patrimonial não
investimento ou gestão de risco documentada da entidade;
seja em bases líquidas, a entidade pode precisar alocar os ajustes em
(b) Fornecer informações, de acordo com essa base, sobre a carteira
nível de carteira aos ativos ou passivos individuais que formam o grupo
ao pessoal-chave da administração da entidade (conforme
de ativos financeiros e passivos financeiros gerenciados com base na
definido na norma IAS 24 / CPC 05 – Divulgação sobre Partes
exposição a risco líquida da entidade. Em consequência, os ativos e
Relacionadas); e

20
passivos financeiros serão apresentados separadamente um do outro, a entidade utilizar a política contábil para uma mensuração em bases
mas não de forma consiste com suas características intrínsecas de líquidas, esse fato deve ser divulgado em nota explicativa.
recursos (ativos) ou obrigações (passivos), dado que o valor dos ativos
e passivos será ajustado de tal forma que a soma dos ativos e passivos 6.6.1. Exposição a riscos de mercado
do grupo resulte no valor justo da posição líquida. Ao utilizar a exceção para a mensuração do valor justo de uma carteira
A entidade realizará essas alocações de forma razoável e consistente, de ativos e passivos financeiros como um grupo com base na exposição
utilizando uma metodologia adequada nas circunstâncias. líquida da entidade a um risco (ou riscos) de mercado específico, a
Vale lembrar que a apresentação de ativos e passivos financeiros em entidade deve aplicar o preço refletido no spread entre os preços de
bases líquidas é também uma exceção à regra geral de apresentação compra e venda que, dadas as circunstâncias e condições correntes de
(em bases separadas) e a norma que regulamenta a questão é o IAS mercado, melhor representar o valor justo para a exposição líquida da
32/CPC 39 – Instrumentos Financeiros: Apresentação. Essa norma entidade a esses riscos de mercado.
estabelece que um ativo financeiro e um passivo financeiro podem ser Ao utilizar a exceção acima, a entidade deve garantir que o risco (ou
compensados para fins de apresentação nas demonstrações contábeis, riscos) de mercado ao qual a entidade esteja exposta na carteira (grupo
quando, e somente quando, a entidade tiver um direito incondicional e de ativos e passivos financeiros) seja substancialmente o mesmo.
legalmente executável para liquidar pelo montante líquido, bem como se
ela tiver a intenção tanto de liquidar em base líquida, ou realizar o ativo 6.6.2.! Exposição ao risco de crédito de uma contraparte específica
e liquidar o passivo simultaneamente. Ao utilizar a exceção para a mensuração do valor justo de ativos e
Como a mensuração em bases líquidas é uma política contábil, a passivos financeiros como um grupo, estes celebrados com uma
entidade que utilizar essa exceção (mensuração em bases líquidas) contraparte específica, a entidade incluirá o efeito da exposição líquida
deve aplicar essa política contábil de forma consistente para uma da entidade ao risco de crédito dessa contraparte (ou a exposição
carteira específica, a qual abrange a definição de uma política para líquida da contraparte ao risco de crédito da entidade) na mensuração
alocação dos ajustes para refletir o spread entre a posição comprada e do valor justo em situações em que os participantes do mercado
a posição vendida e dos ajustes de crédito, se for o caso. E, sempre que levariam em conta quaisquer acordos existentes que mitigariam a
exposição ao risco de crédito em caso de inadimplência (por exemplo,

21
um acordo principal de liquidação com a contraparte ou um acordo que Teste seu conhecimento
exija a troca de garantias com base na exposição líquida de cada parte Tempo estimado: 8 minutos

ao risco de crédito da outra). QUIZ 2: Clique aqui para realizar a


atividade proposta no ambiente
de aprendizagem.

7. Técnicas de avaliação

A diretriz geral é que a entidade deve utilizar técnicas de avaliação


adequadas para estimar o preço da transação, desde que existam
informações suficientes para se mensurar o valor justo, buscando-se
maximizar a utilização de dados observáveis e minimizando o uso de
dados não observáveis. Vale lembrar que se trata de uma transação não
forçada entre participantes do mercado para a venda de um ativo (ou a
transferência de um passivo), consideradas as condições correntes de
mercado. As técnicas de avaliação podem ser classificas quanto à
abordagem:
A ULA V IRTUAL 10 (a) Abordagem de Mercado;
(b) Abordagem de Resultado; e
(c) Abordagem de Custo.
De acordo com a norma, a entidade deve utilizar técnicas de avaliação
consistentes com uma ou mais dessas abordagens para mensurar o
valor justo e orienta que existirão casos em que apenas uma técnica de

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avaliação será suficiente para avaliar um ativo, como quando pelo uso Apesar disso, a norma esclarece que as divulgações exigidas pelo IAS
de preço de cotação de ativo idêntico em mercado ativo e, por outro 8/CPC 23 para os casos de mudança na estimativa contábil não são
lado, poderão haver casos em que mais de uma técnica é adequada, exigidas para revisões decorrentes de mudança na técnica de avaliação
como quando da avaliação de uma unidade geradora de caixa. (ou na sua aplicação).
Nos casos em que múltiplas técnicas forem utilizadas, os resultados de
cada técnica, enquanto indicações de valor justo serão analisados 7.1. Abordagem de Mercado
considerando a razoabilidade da faixa de valores construída a partir
desses resultados. O valor justo será, portanto, um ponto dentro desse Essa abordagem é aquela em que a avaliação é feita com base em
intervalo de valores válidos, sendo que a escolha deve ser do ponto que preços e outras informações relevantes geradas pelas transações de
melhor represente o valor justo considerando as circunstâncias na data mercado e envolvendo itens idênticos ou comparáveis (similares) e na
da mensuração. mesma unidade contábil (ativos em bases isoladas ou um grupo de
As técnicas de avaliação devem ser aplicadas de forma consistente na ativos ou um grupo de ativos e passivos). Portanto, a utilização de
mensuração do valor justo. Todavia, uma mudança na técnica de preços de cotação é consistente com a abordagem de mercado.
avaliação (ou em sua aplicação) pode ser adequada quando resultar em Se não estiverem disponíveis preços de cotação para ativos idênticos
uma mensuração que seja igualmente ou mais representativa do valor ou similares, algumas técnicas de avaliação que são consistentes com
justo. Esse é o caso quando do surgimento de novos mercados, ou essa abordagem podem ser utilizadas, tais como o uso de técnicas de
quando novas informações se tornam disponíveis ou de outra forma as múltiplos ou da matriz de preços.
informações antes utilizadas não estão mais disponíveis, ou ainda pelo Os múltiplos de mercado, tais como índices calculados pelas relações
desenvolvimento de melhorias nas técnicas de avaliação ou quando da preço/lucro, são obtidos a partir de um conjunto de elementos
ocorrência de mudanças nas condições de mercado. comparáveis e devem estar em faixas, com um múltiplo diferente para
Os efeitos das revisões realizadas em decorrência da mudança na cada elemento de comparação. A escolha do múltiplo apropriado dentro
técnica de avaliação (ou na forma de aplicação da técnica) devem ser da faixa exige julgamento, considerando-se fatores qualitativos e
contabilizados como mudança na estimativa contábil de acordo com o quantitativos específicos da mensuração.
IAS 8 / CPC 23 – Políticas Contábeis, Estimativas e Correção de Erros.

23
O uso de múltiplos para avaliar um negócio ou uma empresa é 7.2.! Abordagem de Resultado
relativamente simples e especialmente útil principalmente quando existe
uma grande quantidade de transações de compra de empresas Quando uma técnica de avaliação da abordagem de resultado é
comparáveis no mercado. Entretanto a inexistência de uma empresa utilizada, isso implica que montantes futuros (entradas e saídas de caixa
comparável impede o empregar essa técnica. ou ainda receitas e despesas) serão convertidos em um valor presente.
Diversos tipos de múltiplos podem ser calculados, sendo um bastante Assim, por essa abordagem teremos o valor justo como um valor
comum, o múltiplo de lucro, como o Preço/lucro, calculado dividindo-se presente (descontado), desde que essa mensuração seja feita
o Preço por ação (P) pelo Lucro por ação (L). Porém, existem outros considerando as expectativas correntes dos participantes do mercado
tipos que consideram o EBITDA (Earn Before Interests, Taxes, em relação a esses valores futuros.
Depreciation, Depletion and Amortization), entre outros. Há também Dentre as técnicas abrangidas pela abordagem do resultado a norma
outros tipos de múltiplos, como os múltiplos de valor patrimonial (preço menciona como exemplo as seguintes:
ou valor de mercado dividido pelo valor do patrimônio líquido da (a) Técnicas de valor presente, que converte montantes futuros (fluxos
empresa) e múltiplos de receita (preço ou valor de mercado dividido de caixa ou outros valores) a valor presente por meio de uma taxa
pela receita líquida). de desconto. Portanto, essa técnica captura os seguintes elementos:
A precificação por matriz, mais utilizada para avaliar determinados as projeções (de caixa ou outros valores provenientes do ativo ou
instrumentos financeiros, é também uma técnicas de avaliação passivo a ser mensurado), expectativas de incertezas relativas ao
consistente com a abordagem de mercado e consiste em uma técnica fluxo projetado, o valor do dinheiro no tempo (uso de uma taxa de
matemática sem se basear exclusivamente em preços cotados para os desconto livre de risco), o prêmio pelo risco (ajustando-se a taxa de
títulos específicos, mas, sim, baseando-se na relação dos títulos a desconto) e outros fatores que os participantes do mercado levariam
serem precificados com outros, os títulos cotados de referência. em consideração. No caso do uso dessa técnica para um passivo, a
Mesmo quando existirem preços de cotação para o ativo ou passivo técnica também considera o risco de crédito da própria entidade.
objeto da mensuração a valor justo, em algumas circunstâncias, pode (b) Modelos de precificação de opções, como a fórmula de Black-
ser apropriado que a entidade utilize mais de uma técnica de avaliação, Scholes-Merton ou modelo binomial (que é um modelo de árvore),
inclusive envolvendo mais de uma abordagem.

24
quando incorporam técnicas de valor presente e reflitam tanto o valor expectativas em relação a inadimplências futuras é apropriada ao
temporal quanto o valor intrínseco da opção; e utilizar fluxos de caixa contratuais de empréstimo (ou seja, técnica
(c) Método de ganhos excedentes em múltiplos períodos, que é de ajuste de taxa de desconto). Não se deve aplicar essa mesma
utilizado para mensurar o valor justo de alguns ativos intangíveis. taxa ao se utilizar fluxos de caixa esperados (ou seja, ponderados
A técnica de valor presente pode ser utilizada para converter um único por probabilidade) (ou seja, técnica de valor presente esperado),
fluxo futuro a valor presente ou pode ser utilizada para determinar um uma vez que os fluxos de caixa esperados já refletem premissas
valor presente esperado, na medida em que, por exemplo, são feitas sobre a incerteza em relação a inadimplências futuras; em vez
projeções de montantes futuros para vários cenários, para cada qual se disso, deve ser utilizada uma taxa de desconto compatível com o
atribui uma probabilidade de ocorrência, de forma que o valor presente risco inerente aos fluxos de caixa esperados;
esperado será a média ponderada do valor presente de cada cenário (d) As premissas sobre fluxos de caixa e taxas de desconto devem
(ponderando-se pela probabilidade de cada um). ser internamente consistentes. Por exemplo, fluxos de caixa
A norma apresenta um conjunto de princípios gerais que regem a nominais, que incluem o efeito da inflação, devem ser
aplicação de qualquer técnica de valor presente para fins de descontados a uma taxa que inclua o efeito da inflação. A taxa de
mensuração do valor justo: juros nominal livre de risco inclui o efeito da inflação. Os fluxos de
(a) Fluxos de caixa e taxas de desconto devem refletir as premissas caixa reais, que excluem o efeito da inflação, devem ser
que os participantes do mercado utilizariam ao precificar o ativo ou descontados a uma taxa que exclua o efeito da inflação. Da
passivo; mesma forma, os fluxos de caixa após impostos devem ser
(b) Fluxos de caixa e taxas de desconto devem considerar somente descontados utilizando-se uma taxa de desconto após impostos.
os fatores atribuíveis ao ativo ou passivo que está sendo Os fluxos de caixa antes de impostos devem ser descontados a
mensurado; uma taxa consistente com esses fluxos de caixa;
(c) Deve-se evitar a contagem dupla ou omissão dos efeitos dos (e) As taxas de desconto devem ser consistentes com os fatores
fatores de risco, de forma que as taxas de desconto devem refletir econômicos subjacentes da moeda na qual os fluxos de caixa são
premissas consistentes com aquelas inerentes aos fluxos de denominados
caixa. Por exemplo, a taxa de desconto que reflete a incerteza nas

25
Quando do uso de técnicas de valor presente, atenção especial deve se descontado a uma taxa de juros livre de risco. O equivalente certo
dar às condições de incerteza e aos riscos. Isso porque a mensuração do fluxo de caixa refere-se ao fluxo de caixa esperado ajustado
do valor justo dessa forma é feita sob condições de incerteza, uma vez para refletir o risco, de modo que um participante do mercado seja
que os fluxos de caixa são determinados por estimativa: valores indiferente ao negociar determinado fluxo de caixa por um fluxo de
projetados e época das entradas e saídas de caixa. Até mesmo quando caixa esperado;
os valores das entradas de caixa tiverem sido projetados com base nos (c) Uso da técnica de valor presente esperado com fluxos de caixa
valores contratuais fixos (pagamentos ou recebimentos), ainda assim esperados não ajustados pelo risco de mercado, o qual é
existirá incerteza, visto que sempre há o risco de descumprimento descontado por uma taxa ajustada para incluir o prêmio de risco
(default). exigido pelos participantes do mercado. Essa técnica efetua um
Portanto, é natural que os participantes do mercado incluam alguma ajuste para refletir o risco sistemático (de mercado) pela aplicação
compensação (prêmio de risco) para suportar as incertezas inerentes ao de prêmio de risco à taxa de juros livre de risco. Assim, os fluxos
fluxo de caixa do elemento objeto da mensuração (ativo ou passivo), de de caixa esperados são descontados a uma taxa que corresponde
forma que uma mensuração do valor justo deve incluir um prêmio de à taxa esperada associada a fluxos de caixa ponderados por
risco que reflita o valor que os participantes do mercado exigiriam como probabilidade (ou seja, taxa de retorno esperada). A taxa de
compensação pela incerteza inerente aos fluxos de caixa. desconto utilizada assim será a taxa de retorno esperada relativa
Entretanto, diversas são as formas de se lidar com o risco, como por a fluxos de caixa esperados.
exemplo:
(a) Uso da técnica de valor presente com uma taxa de desconto 7.3. Abordagem de Custo
ajustada em função do risco, a qual será utilizada para trazer a Pela abordagem de custo, o valor justo assim determinado reflete o
valor presente fluxos de caixa contratuais, prometidos ou mais valor corrente do montante necessário para substituir a capacidade de
prováveis; serviço do ativo, ou seja, reflete o custo de reposição corrente do ativo
(b) Uso da técnica de valor presente esperado com fluxos de caixa objeto da mensuração. Entretanto, o valor justo é resultado de uma
esperados ajustados pelo risco de mercado (sistemático), que mensuração a valor de saída, de forma que um valor justo mensurado
representam um equivalente certo do fluxo de caixa, o qual é pela abordagem do custo representa o preço que seria recebido pelo

26
ativo determinado com base no custo que um participante do mercado
teria para adquirir (ou construir) um ativo substituto com utilidade
comparável e ajustado para refletir a “obsolescência” do ativo objeto da
mensuração.
A obsolescência compreende a deterioração física, a obsolescência
tecnológica (ou funcional) e a obsolescência econômica. Adicionalmente
o dispositivo esclarece que essa obsolescência é mais ampla que a
depreciação contábil ou fiscal.
Pelo disposto na norma, uma mensuração de valor justo pela
abordagem do custo, normalmente é utilizada para mensurar ativos
tangíveis que são usados em conjunto com outros ativos, o que se
justifica porque um comprador participante do mercado não pagaria
mais por um ativo do que o valor pelo qual poderia substituir a
A ULA V IRTUAL 11
capacidade de serviço desse ativo.
Assim, diante da inexistência de mercado ativo e da impossibilidade de
mensurar o valor justo de determinado ativo por alguma técnica de
8. Hierarquia de valor justo
avaliação pelas demais abordagens (de mercado e de resultado), pode-
se utilizar a abordagem do custo. Por outro lado, pode ser apropriado
Para aumentar a consistência e a comparabilidade nas mensurações do
que a entidade utilize mais de uma técnica de avaliação, envolvendo
valor justo e nas divulgações correspondentes, a norma estabelece uma
mais de uma abordagem.
hierarquia de valor justo com base na qual se classifica em três níveis
as informações utilizadas nas técnicas de avaliação para a mensuração
do valor justo. De acordo com essa hierarquia de valor justo, a mais alta
prioridade (Nível 1) é dada aos preços cotados em mercados ativos

27
para ativos (ou passivos) idênticos e a mais baixa prioridade é dada
Representa a informação mais confiável, portanto, a que deve ser utili-
para os dados não observáveis (Nível 3). zada sempre que possível.

A disponibilidade de informações relevantes e sua relativa subjetividade Exemplos: ações em bolsa, ganhos fixos de títulos negociados em
mercados ativos, derivativos.
pode afetar a escolha de técnicas de avaliação apropriadas. Contudo, a
hierarquia de valor justo prioriza as informações das técnicas de
avaliação e não as técnicas de avaliação em si utilizadas para mensurar Dessa forma, a ênfase no Nível 1 está em determinar (i) o mercado

o valor justo. Por exemplo, uma mensuração do valor justo desenvolvida principal (ou o mais vantajoso, na ausência de um mercado principal) e

utilizando-se uma técnica de valor presente pode ser classificada no (ii) se a entidade pode realizar uma transação com o ativo (ou passivo)

Nível 2 ou no Nível 3, dependendo das informações que sejam pelo preço nesse mercado na data de mensuração.

significativas para a mensuração como um todo e do nível da hierarquia A premissa é que o preço cotado em mercado ativo, sempre que

de valor justo em que essas informações sejam classificadas. disponível, oferece uma evidência mais confiável do valor justo e deve

Se um dado observável exigisse um ajuste que utilizasse um dado não ser utilizado para mensurar o valor justo sem nenhum ajuste, exceto

observável e esse ajuste resultasse em uma mensuração do valor justo pelo abaixo disposto como consta na norma:

significativamente mais alta ou mais baixa, a mensuração resultante (a) Quando a entidade detiver grande número de ativos ou passivos

seria classificada no Nível 3 da hierarquia de valor justo. similares (mas não idênticos) (por exemplo, títulos de dívida) que
forem mensurados ao valor justo, e o preço cotado em mercado

8.1. Informações de Nível 1 ativo estiver disponível, mas não prontamente acessível para cada
um desses ativos ou passivos individualmente (ou seja, dado o

Informações de Nível 1 são preços cotados (não ajustados) em grande número de ativos ou passivos similares mantidos pela

mercados ativos para ativos ou passivos idênticos a que a entidade entidade, seria difícil obter informações de precificação para cada

possa ter acesso na data de mensuração. ativo ou passivo individual na data de mensuração). Nesse caso,

Uma informação de Nível 1 está disponível para muitos ativos como expediente prático, a entidade pode mensurar o valor justo

financeiros e passivos financeiros, alguns dos quais podem ser trocados utilizando método de precificação alternativo que não se baseie

em múltiplos mercados ativos (por exemplo, em diferentes bolsas). exclusivamente em preços cotados (por exemplo, precificação por

28
matriz). Contudo, o uso de um método de precificação alternativo De acordo com a norma não é proibido o uso de preços cotados
resulta na mensuração do valor justo classificada em um nível fornecidos por terceiros, tais como laudos de avaliação elaborados por
mais baixo na hierarquia de valor justo. especialistas em precificação ou por corretores, desde que a entidade
(b) Quando o preço cotado em mercado ativo não representar o valor se certifique que os preços cotados fornecidos por essas partes sejam
justo na data de mensuração. Esse pode ser o caso se, por desenvolvidos em conformidade com as exigências da norma.
exemplo, eventos significativos (tais como transações em mercado Entretanto, quando houver uma diminuição significativa no volume ou
não intermediado, negociações em mercado intermediado ou nível de atividade para o ativo ou passivo, o preço cotado pode não
anúncios) ocorrerem após o fechamento de mercado, mas antes representar um valor justo, de forma que a entidade deve avaliar se os
da data de mensuração. A entidade deve estabelecer e aplicar de preços cotados fornecidos por terceiros foram desenvolvidos utilizando-
forma consistente uma política para a identificação dos eventos se informações correntes que refletem transações não forçadas (ou se
que possam afetar mensurações do valor justo. Contudo, se o utilizaram técnica de avaliação que reflete as premissas de participantes
preço cotado for ajustado para refletir novas informações, o ajuste do mercado incluindo premissas sobre risco, situação em que a
resulta na mensuração do valor justo classificada em nível mais mensuração seria classificada como nível 2 ou 3 dependendo das
baixo na hierarquia de valor justo. informações utilizadas).
(c) Ao mensurar o valor justo de um passivo ou de instrumento
patrimonial próprio da entidade utilizando o preço cotado para o 8.2. Informações de Nível 2
item idêntico negociado como um ativo em mercado ativo, e esse
preço precisar ser ajustado para refletir fatores específicos do item Devem ser classificadas no Nível 2, as informações observáveis, direta
ou ativo. Se nenhum ajuste ao preço cotado do ativo for ou indiretamente, para o ativo (ou passivo) ao longo de todo o prazo
necessário, o resultado da mensuração do valor justo é contratual do mesmo, exceto quando se tratar de preços cotados
classificado no Nível 1 da hierarquia de valor justo. Contudo, incluídos no Nível 1.
qualquer ajuste no preço cotado do ativo resulta na mensuração As informações de Nível 2 incluem:
do valor justo classificada em nível mais baixo na hierarquia de (a) Preços cotados para ativos (ou passivos) similares em mercados
valor justo. ativos;

29
(b) Preços cotados para ativos (ou passivos) idênticos ou similares em Nível 2 se ela for observável em intervalos comumente cotados
mercados que não sejam ativos; para substancialmente a totalidade do prazo do swap;
(c) Informações que não sejam preços cotados, mas que sejam (b) Swap de taxa de juros de recebimento fixo e pagamento variável
observáveis para o ativo (ou passivo), tais como taxas de juros e com base na curva de rendimento denominada em moeda
curvas de rendimento observáveis em intervalos comumente estrangeira. A informação de Nível 2 seria a taxa de swap baseada
cotados, volatilidades implícitas e spreads de crédito; na curva de rendimento denominada em moeda estrangeira que
(d) Informações corroboradas pelo mercado. fosse observável em intervalos comumente cotados para
O uso de informações como as acima mencionadas (informações de substancialmente a totalidade do prazo do swap. Esse seria o
Nível 2) certamente implica em que se façam ajustes dependendo de caso se o prazo do swap fosse 10 anos e essa taxa fosse
fatores específicos do ativo ou passivo, tais como em função (i) da a observável em intervalos comumente cotados para 9 anos, desde
condição ou localização do ativo, (ii) do uso de informações estão que qualquer extrapolação razoável da curva de rendimento para
relacionadas a itens que são comparáveis ao ativo (ou passivo), e (iii) o ano 10 não fosse significativa para a mensuração do valor justo
do volume ou nível de atividade nos mercados em que as informações do swap em sua totalidade;
são observadas. (c) Swap de taxa de juros de recebimento fixo e pagamento variável
Atenção especial deve ser dada aos ajustes efetuados nas informações com base na taxa preferencial de banco específico. A informação
de Nível 2, pois sempre que a informação for relevante para a de Nível 2 seria a taxa preferencial do banco obtida por meio de
mensuração como um todo e esse ajuste utilizar dados não observáveis extrapolação, se os valores extrapolados forem corroborados por
significativos, então, a mensuração do valor justo deverá ser dados de mercado observáveis, por exemplo, por correlação com
classificada no Nível 3 da hierarquia de valor justo. a taxa de juros que seja observável ao longo de substancialmente
A norma descreve os seguintes exemplos de informações de Nível 2 a totalidade do prazo do swap;
para ativos e passivos específicos, os quais resumidamente figuram: (d) Opção de três anos sobre ações negociadas em bolsa. A
(a) Swap de taxa de juros de recebimento fixo e pagamento variável informação de Nível 2 seria a volatilidade implícita para as ações,
com base na taxa de swap LIBOR, que será uma informação de obtida por meio de extrapolação para o ano 3 desde que
presentes as seguintes condições: (i) são observáveis os preços

30
para opções de um ano e de dois anos; (ii) a volatilidade implícita os esforços de venda necessários. Conceitualmente, a
extrapolada de opção de três anos é corroborada por dados de mensuração do valor justo é a mesma, sejam os ajustes efetuados
mercado observáveis para substancialmente a totalidade do prazo no preço de varejo (para baixo) ou no preço de atacado (para
da opção. Nesse caso, a volatilidade implícita poderia ser obtida cima). De modo geral, o preço que exigir a menor quantidade de
por extrapolação a partir da volatilidade implícita das opções de ajustes subjetivos deve ser utilizado para a mensuração do valor
um ano e de dois anos sobre as ações e corroborada pela justo;
volatilidade implícita para opções de três anos sobre ações de (g) Edificações mantidas e usadas. A informação de Nível 2 seria o
entidades comparáveis, desde que estabelecida a correlação com preço por metro quadrado para a edificação (múltiplo de
as volatilidades implícitas de um ano e de dois anos; avaliação) obtido a partir de dados de mercado observáveis, por
(e) Acordo de licenciamento. Para acordo de licenciamento que seja exemplo, múltiplos obtidos a partir de preços em transações
adquirido em combinação de negócios e que tenha sido observadas envolvendo edificações comparáveis (ou seja,
recentemente negociado com uma parte não relacionada pela similares) em locais similares;
entidade adquirida (a parte do acordo de licenciamento), a (h) Unidade geradora de caixa. A informação de Nível 2 seria um
informação de Nível 2 seria a taxa de royalty do contrato com a múltiplo de avaliação (por exemplo, múltiplo de rendimentos ou
parte não relacionada no início do contrato; receitas ou medida de desempenho similar) obtido a partir de
(f) Estoque de produtos acabados em ponto de venda de varejo. dados de mercado observáveis, por exemplo, múltiplos obtidos a
Para estoque de produtos acabados que seja adquirido em partir de preços em transações observadas envolvendo negócios
combinação de negócios, a informação de Nível 2 seria um preço comparáveis (ou seja, similares), levando em conta fatores
para os clientes em um mercado varejista ou um preço para operacionais, de mercado, financeiros e não financeiros.
varejistas em mercado atacadista, ajustado para refletir diferenças
entre a condição e a localização do item de estoque e dos itens de
estoque comparáveis (ou seja, similares), de modo que a
mensuração do valor justo reflita o preço que seria recebido na
transação para vender o estoque a outro varejista que concluiria

31
8.3. Informações de Nível 3 mensuração da entidade que não incluísse tal ajuste para refletir o risco
não representaria uma mensuração do valor justo para o ativo (ou o
O que faz com que determinada mensuração seja classificada como de passivo). Esse é o caso, por exemplo, quando houver incerteza
Nível 3 é basicamente o uso de informações (inputs) que sejam dados significativa na mensuração porque houve uma grande diminuição no
não observáveis para o ativo (ou passivo). volume ou nível de atividade em comparação à atividade normal do
Entretanto, vale lembrar que, de acordo com as diretrizes da norma, mercado para o ativo (ou passivo) específico ou para ativos (ou
dados não observáveis serão utilizados para mensurar o valor justo passivos) similares e a entidade julgou que o preço da transação ou o
somente na extensão em que dados observáveis relevantes não preço cotado não representa o valor justo.
estejam disponíveis, admitindo assim situações em que há pouca ou A diretriz da norma implica, portanto, que a entidade desenvolva dados
nenhuma atividade de mercado para o ativo ou passivo na data de não observáveis utilizando as melhores informações disponíveis, as
mensuração. quais podem incluir dados próprios da entidade. A norma orienta que, ao
O uso de dados não observáveis não deve impedir o cumprimento do desenvolver dados não observáveis, a entidade pode começar com
objetivo da mensuração do valor justo que é determinar um preço de seus próprios dados, mas deve ajustá-los sempre que informações
saída na data de mensuração do ponto de vista de um participante do razoavelmente disponíveis indicarem que outros participantes do
mercado que detém o ativo (ou deve o passivo). Isso implica dizer que mercado utilizariam dados diferentes ou se houver algo específico para
os dados não observáveis que forem utilizados devem refletir as a entidade que não estiver disponível para outros participantes do
premissas que os participantes do mercado utilizariam ao precificar o mercado (por exemplo, uma sinergia específica da entidade).
ativo (ou o passivo), incluindo premissas sobre risco. Apesar disso, a norma não exige que a entidade empreenda esforços
Pelo disposto na norma, as premissas sobre risco incluem o risco exaustivos para obter informações sobre premissas de participantes do
inerente à técnica de avaliação específica utilizada para mensurar o mercado. Contudo, a entidade deve levar em conta todas as
valor justo, bem como o risco inerente às informações utilizadas para informações sobre premissas de participantes do mercado que
aplicação da técnica de avaliação. estiverem razoavelmente disponíveis. O uso de dados não observáveis
Assim, para cumprir o objetivo de que a mensuração seja construída na que forem desenvolvidos para refletirem a ótica dos participantes do
ótica dos participantes do mercado, se estes incluíssem um ajuste, a mercado, considerando-se premissas que os participantes do mercado

32
utilizariam, mantém aderência ao cumprimento do objetivo da dados próprios da entidade sobre as saídas de caixa futuras para
mensuração do valor justo. satisfazer a obrigação, o que incluindo as expectativas dos
A norma descreve os seguintes exemplos de informações de Nível 3 participantes do mercado em relação aos custos para satisfazer a
para ativos e passivos específicos, os quais resumidamente figuram: obrigação e a compensação que um participante do mercado
(a) Swap de moeda de longo prazo. A informação de Nível 3 seria a exigiria para assumir a obrigação de desmontar o ativo (desde que
taxa de juros que não seja observável e não possa ser não exista evidências que indique que os participantes do mercado
corroborada por dados de mercado observáveis em intervalos utilizariam premissas diferentes);
comumente cotados ou de outro modo para substancialmente a (e) Unidade geradora de caixa. A informação de Nível 3 seria a
totalidade do prazo do swap de moeda. As taxas de juros de swap previsão financeira (projeções dos fluxos de caixa ou do resultado
de moeda são as taxas de swap calculadas a partir das curvas de do período) desenvolvida com dados próprios da entidade (desde
rendimento dos respectivos países; que não exista evidências que indique que os participantes do
(b) Opção de três anos sobre ações negociadas em bolsa. A mercado utilizariam premissas diferentes).
informação de Nível 3 seria a volatilidade histórica, ou seja, a Cuidados especiais devem ser tomados sempre que houver diminuição
volatilidade para as ações obtida a partir dos preços históricos das significativa no volume ou nível de atividade para o ativo ou passivo,
ações. A volatilidade histórica normalmente não representa as situação em que a entidade deve avaliar se o valor justo é resultado do
expectativas dos participantes do mercado atuais em relação à uso de informações correntes que refletem transações não forçadas e
volatilidade futura; se as técnicas de avaliação utilizadas refletem as premissas de
(c) Swap de taxa de juros. A informação de Nível 3 seria o ajuste ao participantes do mercado (incluindo premissas sobre risco).
preço consensual (não vinculante) médio de mercado para o swap, A norma estabelece ainda que, ao ponderar um preço cotado como uma
desenvolvido por meio de dados que não sejam diretamente informação para mensuração do valor justo, a entidade atribui menor
observáveis e não possam ser corroborados por dados de peso (em comparação com outras indicações do valor justo que refletem
mercado observáveis; os resultados de transações) a cotações que não refletem o resultado
(d) Passivo por desativação (assumido em combinação de negócios). de transações.
A informação de Nível 3 seria a estimativa atual que utilizasse

33
Se for determinado pela entidade que a transação ou preço cotado não transação não forçada entre participantes do mercado na data de
representa o valor justo, um ajuste será necessário caso a entidade mensuração sob condições de mercado atuais.
utilize esses preços como base para mensurar o valor justo e esse
ajuste é significativo para a mensuração como um todo do valor justo. Em resumo, estimar o preço pelo qual participantes do mercado
estariam interessados em celebrar uma transação na data de
mensuração sob condições correntes de mercado quando se verifica
que houve significativa diminuição no volume ou nível de atividade para
o ativo (ou passivo) depende dos fatos e circunstâncias na data de
mensuração e isso requer julgamento por parte da entidade.

Teste seu conhecimento


Tempo estimado: 15 minutos
QUIZ 3: Clique aqui para realizar a
atividade proposta no ambiente
de aprendizagem.

Ajustes podem ser necessários também em outras circunstâncias (por


exemplo, quando o preço para um ativo similar exigir ajuste significativo 9. Divulgação
para torná-lo comparável ao ativo que estiver sendo mensurado ou
De acordo a norma, a empresa deve divulgar informações que auxiliem
quando o preço estiver desatualizado).
os usuários de suas demonstrações contábeis a avaliar as técnicas de
Adicionalmente, pode ser difícil determinar o ajuste de risco apropriado,
avaliação e informações utilizadas nas mensurações de valor justo,
a norma orienta que o grau de dificuldade por si só não constitui base
recorrentes ou não, para ativos e passivos apresentados no balanço
suficiente para excluir o ajuste de risco, o qual deve refletir uma
patrimonial após o reconhecimento inicial, bem como o efeito das
34
mensurações recorrentes de valor justo classificadas no Nível 3 sobre o detalhamento necessário para atender às exigências de divulgação
resultado do período ou outros resultados abrangentes do período. contidas na norma e ênfase dada a cada exigência, bem como o nível
de agregação (ou desagregação) e a necessidade ou não informações
adicionais por parte dos usuários de demonstrações contábeis para
avaliar as informações quantitativas divulgadas.
As exigências (mínimas) de divulgações devem ser atendidas para cada
classe de ativos e passivos mensurados ao valor justo no balanço
patrimonial após o reconhecimento inicial. Nesse sentido, a entidade
deve determinar as classes de ativos e passivos considerando dois
aspectos: (i) a natureza, características e riscos do ativo ou passivo, e
(ii) o nível da hierarquia de valor justo no qual a mensuração do valor
justo está classificada. E, a determinação das classes apropriadas
requer julgamento por parte da entidade.
Sempre que outro Pronunciamento especificar a classe de um ativo ou
passivo, para atender às exigências de divulgação, a entidade pode

Veja aqui um exemplo de divulgação sobre Valor Justo. utilizar essa classe, desde que ela atenda às especificações da norma
de valor justo para o cumprimento do objetivo de divulgação
Arquivo extraído em 29/05/2012 do endereço:
http://gerdau.infoinvest.com.br/services/siteri-1/redirect.asp?database=gerdau_ri_v4&grupo=45 estabelecido.
83&idioma=ptb&arquivo=1340129861_347157715.pdf&tipo=arquivo&protocolo_atual=

Outro aspecto relevante é que as mensurações podem ser recorrentes
ou não. As mensurações recorrentes são aquelas exigidas ou permitidas
por outro pronunciamento e que devem ser feitas ao final de cada
período contábil (para o qual a entidade reporta suas demonstrações
Para que o objetivo acima seja alcançado, a norma esclarece que as
contábeis). Já, as mensurações não recorrentes são aquelas exigidas
divulgações a serem feitas pela entidade deve considerar o nível de
ou permitidas por outro pronunciamento e que são feitas em

35
circunstâncias específicas, como é o caso da mensuração a valor justo critério da entidade, a data do evento ou da mudança nas circunstâncias
da participação remanescente em investida na data em que a entidade que causou a transferência ou o início do período das demonstrações
perdeu do controle (exigência do IFRS 10/CPC 36 - Demonstrações contábeis ou o final do período das demonstrações contábeis.
Consolidadas) ou o caso da mensuração de um ativo mantido para As exigências mínimas de divulgação são, resumidamente, as
venda ao valor justo menos os custos para vender (exigência do IFRS 5/ seguintes:
CPC 31 – Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação (a) O valor justo ao final do período de reporte para as mensurações
Descontinuada) sempre que o valor justo menos os custos para vender recorrentes do valor justo recorrentes e não recorrentes e as
do ativo for menor que o seu valor contábil. razões para a mensuração, no caso de mensurações não
A norma esclarece ainda que o número de classes pode ser maior para recorrentes do valor justo;
mensurações do valor justo classificadas no Nível 3 em função de elas (b) O nível da hierarquia de valor justo no qual as mensurações do
terem maior grau de incerteza e subjetividade. Adicionalmente, orienta valor justo foram classificadas (Nível 1, 2 ou 3) para as
que uma classe de ativos e passivos frequentemente exige uma mensurações recorrentes e não recorrentes do valor justo;
desagregação maior que as rubricas apresentadas no balanço (c) Para ativos e passivos mensurados ao valor justo de forma
patrimonial, de forma que a entidade deve fornecer informações recorrente e mantidos ao final do período de reporte que sejam
suficientes para permitir a conciliação com as rubricas apresentadas no mensurados ao valor justo de forma recorrente, devem ser
balanço patrimonial. divulgados os valores de quaisquer transferências entre o Nível 1
Dependendo das circunstâncias, uma mensuração pode ser e o Nível 2, as razões para essas transferências e a política da
reclassificada de um nível para outro na hierarquia de valor justo. entidade para determinar quando se considera que ocorreram as
Portanto, a entidade deve divulgar e seguir de forma consistente sua transferências entre níveis. As transferências para cada nível
política contábil para determinar quando se considera que ocorreu uma devem ser divulgadas e discutidas separadamente;
transferência entre níveis da hierarquia de valor justo. A política sobre a (d) Para mensurações do valor justo recorrentes e não recorrentes
época do reconhecimento de transferências deve ser a mesma para classificadas no Nível 2 e no Nível 3, deve-se divulgar a descrição
transferências dentro dos níveis quanto para fora dos níveis. São das técnicas de avaliação e as informações (inputs) utilizadas.
exemplos de políticas para determinação da época das transferências, a Caso tenha havido uma mudança na técnica de avaliação, a

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entidade deve divulgar essa mudança e as razões para adotá-la. resultado nas quais esses ganhos ou perdas não realizados foram
Para mensurações do valor justo classificadas no Nível 3, deve-se reconhecidos;
divulgar as informações quantitativas sobre dados não (g) Para mensurações do valor justo recorrentes e não recorrentes
observáveis significativos que tenham sido utilizados; classificadas no Nível 3, uma descrição dos processos de avaliação
(e) Para mensurações de valor justo recorrentes classificadas no utilizados pela entidade;
Nível 3, uma conciliação dos saldos iniciais com os saldos finais, (h) Para mensurações do valor justo recorrentes classificadas no Nível
divulgando separadamente as mudanças atribuíveis a: 3, as seguintes informações:
1. Ganhos ou perdas totais para o período reconhecidos no 1. Para todas as mensurações, deve-se divulgar uma descrição
resultado e/ou como outros resultados abrangentes, bem como narrativa da sensibilidade da mensuração do valor justo a
as rubricas nas quais esses valores foram reconhecidos; mudanças em dados não observáveis, se uma mudança nesses
2. Compras, vendas, emissões e liquidações, sendo divulgados dados para um valor diferente puder resultar na mensuração do
separadamente; e valor justo significativamente mais alta ou mais baixa. Se houver
3. Os valores de quaisquer transferências para dentro ou fora do inter-relações entre esses dados e outros dados não observáveis
Nível 3, incluindo as razões para essas transferências e a utilizados na mensuração do valor justo, a entidade deve
política da entidade para determinar a época da transferências fornecer, também, a descrição dessas inter-relações e de como
entre níveis (as transferências para dentro do Nível 3 devem ser elas poderiam intensificar ou mitigar o efeito de mudanças nos
divulgadas e discutidas separadamente das transferências para dados não observáveis sobre a mensuração do valor justo.
fora do Nível 3). 2. Para ativos financeiros e passivos financeiros, se a mudança de
(f) Para mensurações do valor justo recorrentes classificadas no Nível um ou mais dos dados não observáveis para refletir premissas
3, o valor dos ganhos ou perdas totais para o período, incluídos no alternativas razoavelmente possíveis puder mudar o valor justo
resultado, que sejam atribuíveis à mudança nos ganhos ou perdas de forma significativa, a entidade deve indicar esse fato e divulgar
não realizados relativos a ativos e passivos mantidos no final do o efeito dessas mudanças. A entidade deve divulgar como o efeito
período de reporte, bem como as rubricas da demonstração do de uma mudança para refletir uma premissa alternativa
razoavelmente possível foi calculado.

37
(i) Para mensurações do valor justo recorrentes e não recorrentes, se
o maior e melhor uso de um ativo não financeiro vier a divergir de seu 3DUD5HIOH[mR
uso atual, a entidade deve divulgar esse fato e as razões pelas quais Tempo estimado: 40 minutos

o ativo não financeiro está sendo usado de maneira que difere de seu E

maior e melhor uso. o

A norma exige ainda que, para cada classe de ativos e passivos não p

mensurados ao valor justo no balanço patrimonial, mas cujo valor justo


for divulgado, como é o caso de propriedades para investimento
DISCUTA O PROCEDIMENTO PARA DETERMINAÇÃO DO VA-
mensuradas ao custo, a entidade deve divulgar as informações exigidas LOR JUSTO A SER UTILIZADO PARA FINS CONTÁBEIS DE
pelos itens, indicados nas letras b, d e i. Para esses ativos e passivos, a ACORDO COM A IFRS 13/CPC 46:

entidade não precisa fornecer as demais divulgações exigidas pela A Cia. Alfa adquire, dentre outros ativos, um equipamento indus-
norma. trial por meio de uma combinação de negócios. Até então, a má-
quina vem sendo utilizada nas operações da entidade adquirida
A entidade deve apresentar as divulgações quantitativas em formato
(a empresa Beta), a qual comprou tal equipamento de um de
tabular, exceto se outro formato for mais apropriado. seus fornecedores (um terceiro) bem antes da combinação de
negócios.

Para fins de mensuração a valor justo, Alfa julgou que o uso do


equipamento em combinação com outros ativos (conforme se
encontra atualmente configurado para as operações de Beta) é
Teste seu conhecimento
Tempo estimado: 30 minutos o maior e melhor uso do equipamento para os participantes do
mercado até porque não existem evidências que possam indicar
EXERCÍCIO: Clique aqui para realizar a que a forma como o ativo vem sendo utilizado não é o maior e
atividade proposta no ambiente melhor uso possível do ativo.
de aprendizagem.

38
Considere que (i) a customização do equipamento para as ope- Abordagem de custo: Alfa estimou o valor corrente que seria
rações de Beta não foi extensa a ponto de o equipamento não necessário para construir um equipamento substituto de utilida-
ter mais comparabilidade com outros do mercado (de bens usa- de comparável, também customizado para as operações de Be-
dos) e (ii) que existem dados disponíveis suficientes para aplicar ta. A estimativa levou em conta a condição atual e o ambiente
a abordagem de custo e da abordagem de mercado (a partir de no qual o equipamento é operado, incluindo o desgaste físico
preços de mercado equipamentos similares tanto novos, quanto natural (ou seja, deterioração física), melhorias na tecnologia
usados). (ou seja, obsolescência funcional), bem como condições econô-
micas atuais (declínio na demanda do mercado por equipamen-
A abordagem de resultado não pode ser utilizada por Alfa por- tos similares, ou seja, obsolescência econômica) e, também, os
que o equipamento, sozinho, não gera caixa de forma indepen- custos de instalação. O valor justo indicado por essa abordagem
dente de outros ativos (não tem um fluxo distinto de resultados a varia de $ 400.000 a $ 520.000;
partir do qual se possam desenvolver estimativas confiáveis de
fluxos de caixa futuros). Adicionalmente, não há informações dis-
poníveis sobre taxas de arrendamento de curto prazo e de mé-
dio prazo para equipamentos similares com as quais se poderia
projetar um fluxo de caixa (baseando-se nos pagamentos de ar-
rendamento ao longo da vida útil remanescente).

As abordagens de mercado e de custo foram, então, aplicadas


da seguinte forma:

Abordagem de mercado: Alfa utilizou preços de mercado para


equipamentos similares, ajustados para refletir diferenças entre
o equipamento de Beta (que está customizado) e de equipamen-
tos similares. A mensuração a valor justo, refletindo o preço que
seria recebido pela venda do equipamento usado em sua condi-
ção atual e localização atual, resultou na seguinte faixa de valo-
res válidos: de $400.000 a $480.000;

39
Bibliografia Recomendada

CPC. Comitê de Pronunciamentos Contábeis - CPC 46, de 07 de


dezembro de 2012.
(http://www.cpc.org.br/pdf/CPC%2046%20_final.pdf)

IASB - International Accounting Standards Board. International Fi-


nancial Reporting Standards n° 13 – Fair Value Measurement.

FIPECAFI. Manual de Contabilidade Societária: aplicável a todas


as sociedades de acordo com as Normas Internacionais e do
CPC. São Paulo: Atlas, 2010.

ERNST&YOUNG/FIPECAFI. Manual de Normas Internacionais de


Contabilidade: IFRS versus Normas Brasileiras. 2ª. ed. São Paulo:

Arquivos de Impressão Atlas, 2010. Capítulo 18.

Download do material utilizado nas aulas virtuais.

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