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DOS ANJOS
CANDEIRO
AGUSTÍN
GUILLERMO
MARTINELLI
EZEQUIEL
IGNACIO
VERA
1
2
OS DINOSSAUROS DO BRASIL
3
Candeiro, Carlos Roberto dos Anjos
Os Dinossauros do Brasil / Carlos Roberto dos Anjos Candeiro ; Agustín
Guillermo Martinelli ; Ezequiel Ignacio Vera ; ilustrado por Ezequiel Ignacio
Vera y Agustin Guillermo Martinelli. - 1a ed. - Buenos Aires : el autor, 2009.
96 p. : il. ; 17x11 cm.
ISBN 978-987-05-6281-8
ISBN 978-987-05-6281-8
4
Aos nossos familiares e amigos pelo
seu interminável apoio
5
Agradecimentos
6
Para a realizacão deste livro, contamos com o apoio de numerosas
pessoas, seja por seus comentários e sugestões, seja por sua ajuda
bibliográica, ou simplemente por nos escutar e nos auxiliar em nossos
projetos. Estas pessoas são: Fernando Abdala, Érika L. Abrantes,
Federico L. Agnolin, Márcio Luis F. Albuquerque, Carolina Alfonso,
Leonardo S. Avilla, María Lucía Balarino, Lílian P. Bergqvist, Jorge L.
Blanco, Carmen Borges, Andrea Cambiaso, Juan Canale, Paula Carbex,
Adelino A. Carvalho, Juan Pablo Céspedes, Fernando Chavez, Rodolfo
Coria, Philip J. Currie, Renata F. da Cunha, Atila Da Rosa, Marcelo de la
Fuente, Manoel Alfredo de Medeiros, Felipe A. Elías, Martín D. Ezcurra,
Adrián Giacchino, Miguel Giardina, Pablo Gregorio, Alejandra Guerci,
Yamila Gurovich, Jerald Harris, Alexander W.A. Kellner, Alejandro
Kramarz, Mattew Lamanna, Max C. Langer, John G. Maisey, Rafael
Manazzone, Thiago S. Marinho, Claudia Marsicano, Ariel Méndez,
Paulo E. Oliveira, William R. Navas, Fernando E. Novas, Diego Pais,
Rodrigo E. Paz, Valeria Pérez Loinaze, Cecilia Pérez Winter, Ana Maria
Ribeiro, Guillermo W. Rougier, Rodrigo Santucci, Agustín Scanferla,
César L. Schultz, Marina Soares Bentos, Daren H. Tanke.
7
SUMÁRIO
Prefácio................................................................... 10
Introdução............................................................... 12
Os Dinossauros......................................................... 15
A Era Mesozóica...................................................... 30
Dinossauros de Brasil
TRIÁSSICO............................................................... 34
Staurikosaurus pricei................................................. 36
Saturnalia tupiniquim................................................ 39
Guaibasaurus candelariensis.................................... 41
Unaysaurus tolentinoi................................................ 44
Sacisaurus agudoensis............................................... 47
JURÁSSICO.............................................................. 50
CRETÁCEO.............................................................. 52
Amazonsaurus maranhensis...................................... 54
Irritator challengeri................................................... 57
Santanaraptor placidus.............................................. 62
Mirischia asymmetrica.............................................. 64
Adamantisaurus mezzalirai........................................ 67
Gondwanatitan faustoi............................................... 69
Trigonosaurus pricei.................................................. 72
Baurutitan britoi........................................................ 75
Uberabatitan ribeiroi................................................ 78
Maxakalisaurus topai………………………………. 80
Aeolosaurus sp........................................................... 82
“Antarctosaurus brasiliensis”................................... 84
Pycnonemosaurus nevesi........................................... 86
Carcharodontosauridae Indet..................................... 89
Maniraptora Indet...................................................... 92
Bibliograia................................................................ 94
8
9
Prefácio
Os dinossauros, estes seres fascinantes, terríveis, incríveis e
assustadores, mexem com a imaginação do homem há muito
tempo. Eles sempre foram, dentre todos os seres que já viveram
nesta Terra, os que mais atraíram o interesse de crianças, jovens
e adultos. Suas variadas formas gigantescas e bizarras, muito
distintas dos animais que hoje conhecemos, e sua sempre ressaltada
capacidade predatória, izeram dos dinossauros os fósseis melhores
conhecidos e os principais agentes de popularização da ciência
Paleontologia. Também, os dinossauros possuem uma intrigante
capacidade de atiçar a curiosidade humana sobre seu modo de vida,
e graças a esta habilidade, muitos ilmes, livros e reconstituições
foram publicados sobre eles.
Numa rápida pesquisa é possível encontrar dezenas de livros
infantis e infanto-juvenis sobre dinossauros, assim como muitos
livros cientíicos. No entanto, a maioria absoluta desta literatura
apresenta dados de fósseis “importados”, uma vez que os
dinossauros brasileiros começaram a ganhar espaço neste cenário
literário recentemente.
Até o início da década de 1990, ainda muito pouco se conhecia
sobre os dinossauros do Brasil. Acreditando que esta ausência
de fósseis era mais artiicial do que real – uma conseqüência da
falta de prospecção direcionada e constante – , diferentes grupos
de incansáveis paleontólogos brasileiros se envolveram nesta
estimulante missão de desbravar nossos terrenos geológicos na
busca destes enigmáticos animais. E o resultado destes quase 20
anos de prospecção e pesquisa está agradavelmente delineado neste
livro.
A união de paleontólogos argentinos e brasileiros, que resultou
no livro Dinossauros do Brasil, vem preencher uma lacuna há
muito reconhecida por todos os amantes deste grupo – a de
encontrar, reunidos em um único volume, um amplo universo
de informações e imagens sobre os “nossos” dinossauros, que se
encontram disseminadas por dezenas de artigos cientíicos. Escrito
numa linguagem cientíica “leve”, e ricamente ilustrado, este livro
irá agradar tanto a pesquisadores como a curiosos e paleontólogos
10
amadores.
Antes de se dedicar aos principais personagens deste livro, os autores
se preocuparam em apresentar aos leitores o grupo como um todo.
Numa ampla síntese inicial é possível conhecer um pouco da história
evolutiva, da paleobiologia e da morfologia dos dinossauros, e com
mais detalhes, dos grupos que ocorrem no Brasil. O posicionamento
ilogenético dos dinossauros em relação a outros vertebrados, assim
como um apanhado das ocorrências brasileiras e dos fósseis associados
a estas, completa a introdução do grupo aos leitores.
Nos capítulos seguintes, os dinossauros brasileiros são então
apresentados um a um, seguindo uma seqüência cronológica. Antes de
falar das espécies, os autores situam os leitores quanto ao paleoambiente
do período abordado, comentando sobre a paleolora e a paleofauna
que conviveu com os dinossauros daquele período, possibilitando
aos leitores conhecerem os dinossauros dentro do contexto em que
viveram.
Para cada espécie de dinossauro brasileiro abordada neste livro,
os autores oferecem uma gama de importantes informações, como o
nome do autor da espécie, a procedência do material tipo, o horizonte
geológico e a idade temporal, o material deinido como holótipo e a
instituição em que está depositado, características gerais da espécie, sua
relação ilogenética. Toda a informação textual é complementada com
imagens de partes esqueléticas diagnósticas e com uma reconstrução
do animal em vida. Para os interessados em ampliar seu conhecimento
sobre a espécie, uma lista com as principais referências bibliográicas
sobre a espécie é ofertada.
Parafraseando os próprios autores, este livro em pouco tempo
estará desatualizado, pois todos estamos na torcida que mais e mais
dinossauros sejam logo encontrados no Brasil. Mas, enquanto isso, o
livro Dinossauros do Brasil irá informar, encantar e aguçar a imaginação
dos aicionados deste maravilhoso e misterioso grupo.
11
Introdução
É difícil, e às vezes quase inacreditável, imaginar que em
ina “casca” terrestre se esconde uma grande parte da história
da vida da Terra. Na história de humanidade, a indagação e a
busca por respostas a fenômenos naturais foram os principais
incentivos do homem para o crescimento e desenvolvimento
do que hoje conhecemos como Ciências. Uma destas Ciencias
é a Paleontologia, que estuda e interpreta a evolução biológica
e aspectos paleoecológicos, paleoclimáticos e paleogeográicos,
entre outros, utilizando como ferramenta principal os restos
fósseis. Embora o achado e o reconhecimento dos primeitos
fósseis (fossilium, derivado do verbo latino fodere: escavar)
datem da antiguidade, a paleontologia é uma ciência
relativamente nova, que se consolidou no século XIX com a
criação de instituições, a princípio na Europa, com ins
notadamente cientíicos, carentes de aspectos místicos
ou dogmáticos. O descobrimento da América em
1492 e a chegada de persistentes naturalistas
do Velho Mundo, com ins de explorar as
riquezas naturais, favoreceu e ressaltou as
importâncias biológicas e geológicas
que posssuíam estas terras
virgens. A América do Sul, e
12
particularmente o Brasil, foi uma terra desejada por naturalistas
devido a sua grande riqueza biológica. Estudiosos como o
naturalista francês André Thevet (1503-1592), o holandês Georg
Marcgraf (1610-1644), e o brasileiro Alexandre Rodríguez
Ferreira (1756-1815) – o primeiro naturalista nascido no Brasil
–, izeram suas primeiras observações cientíicas em nosso país e
maravilharam o mundo europeu. Com referência à palentologia,
a primeira menção escrita de um fóssil no Brasil data de 1817.
Esta menção foi publicada na obra Chorographia Brasílica,
pelo português Manuel Aires de Casal, que reportou fósseis de
mamíferos pleistocênicos procedentes do estado da Bahia.
13
dia a dia, a paleontologia no Brasil cresça de forma constante e
com uma alta qualidade cientíica.
14
Os Dinossauros
A Era Mesozóica (250-65 Ma) é freqüentemente conhecida
como a “Era dos Répteis”. Este nome não é mais do que um
relexo da presença e dominância, durante este lapso de tempo,
dos dinossauros. Os dinossauros são, possivelmente, um
dos grupos de animais mais populares dos últimos tempos.
A sua transcedência nas culturas e sociedades atuais é uma
moda crescente que se vê reletida nas crianças e nos adultos.
Atualmente as espécies conhecidas de dinossauros supera
o número de mil, e ano após ano esta quantidade aumenta de
forma considerável.
O termo Dinosauria foi proposto pelo paleontólogo inglês Sir
Richard Owen em 1841 durante uma conferência organizada
pela Associação Britânica para o Avanço da Ciência (British
Association for the Advancement of Science), em Londres, e
publicado formalmente em 1842 nos Proceedings da mencionada
instituição. Este nome (do grego deinos: terrível e sauros:
répteis) propunha agrupar os “Terríveis Répteis”, fósseis que
começaram a surgir nas rochas de idade Mesozóica em várias
regiões da Europa e Estados Unidos. Depois de 164 anos da
primeira vez em que se utilizou o termo Dinosauria e mais de
200 anos depois da primeira descrição cientíica de um animal
pertencente a este grupo, os dinossauros se converteram não só
em uma grande atração, mas também em um grupo importante
de vertebrados para interpretar e conhecer os ecossistemas
terrestres da Era Mesozóica.
Os grandes dinossauros, tal como em geral são considerados,
extinguiram-se no inal da Era Mesozóica. No entanto, um grupo
sobreviveu ao limite Cretáceo/Paleoceno e teve grande êxito
durante a Era Cenozóica, com uma ampla diversidade de táxons
na atualidade: as Aves. As aves são extremamente diversiicadas,
com mais de 8.500 espécies viventes. Suas adaptações terrestres,
aquáticas, aéreas, e especialmente sua supremacia e destreza no
vôo, as fazem únicas entre os integrantes do Reino Animal.
15
Os dinossauros apareceram no registro fóssil no Triássico Médio
até aproximadamente 225 milhões de anos. Nesta mesma época,
aparecem as primeiras tartarugas, crocodilos, pterossauros e,
uns poucos milhões de anos depois, são registrados os primeiros
mamíferos.
Na América do Sul, a prematura evolução dos dinossauros está
bem documentada pelos achados dos fósseis do sul do Brasil
(ex. Staurikosaurus, Guaibasaurus, Saturnalia) e na Argentina
(ex. Herrerasaurus, Eoraptor, Pisanosaurus). Estes restos
representam os mais antigos dinossauros conhecidos no mundo
inteiro. No Brasil, os principais aloramentos continentais de
idade Triássica estão localizados no estado do Rio Grande do
Sul. As formações Santa Maria (Ladiniano-Carniano) e Caturrita
(Carniano-Noriano), pertencentes à Bacia do Paraná, são as
formações mais ricas em fósseis Triássicos do Brasil. Nestas
unidades são encontrados abundantes restos de dinossauros
basais, várias famílias de “tecodontes”, procolofonídeos,
esfenodontes, rincossauros, dicinodontes e cinodontes não
mamalianos.
1 3
17
(Rio do Peixe), Maranhão (Itapecuru-Mirim) e Amazonas
(Nova Olinda do Norte).
Estas localidades têm proporcionado uma abundante quantidade
de restos fósseis, em sua maioria pertencente a saurópodes. Os
restos de dinossauros terópodes são menos freqüentes, mas
estas regiões têm um grande potencial fossilífero que propiciará
novos achados no futuro. Assim mesmo, os restos de dinossauros
ornitísquios são muito escassos e até o momento seus registros
no Brasil são duvidosos e baseados em restos fragmentários.
Deste modo, é possível que os ornitísquios tenham ocupado
um rol destacado de ecossistema cretácico no Brasil, já que este
grupo está presente e com uma relativa abundância em outras
partes da América do Sul, como por exemplo na Argentina. A
presença de formas muito ains (ex. o gênero Kritosaurus) na
América do Sul e América do Norte até ins do Cretáceo mostra
com segurança as rotas migratórias deste animais, através de
uma série de ilhas que unia ambas massas terrestres, que teria
feito com que habitassem uma parte do atual território brasileiro.
Por isto, o achado de ornitísquios no Cretáceo do Brasil é só uma
questão de tempo... em breve aparecerão.
18
O registro fóssil do Cretáceo do Brasil é principalmente
abundante nos estratos da Bacia do Araripe (estado do Ceará) e
da Bacia Bauru (estados de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais,
São Paulo e Paraná). Essas duas bacias são, em comparação com
as restantes bacias sedimentares brasileiras, as mais ricas com
respeito a seus dinossauros.
Na Bacia do Araripe, nas formações Crato e Santana (Aptiano-
Albiano) do Cretáceo Inferior, têm sido encontrados abundantes
restos de invertebrados e vertebrados, como peixes, anuros,
tartarugas, lagartos, crocodilos, pterossauros e dinossauros.
A preservação de muitos destes exemplares é excepcional e a
diversidade faunística destes estratos é surpreendente.
Por outro lado, na Bacia Bauru, o Grupo Bauru não só é a
unidade mais rica em fósseis do Cretáceo Superior como também
19
Principais localidades fossilíferas no Brasil e seus dinossauros. Rio
Grande do Sul: 1. Santa Maria: Staurikosaurus, Saturnalia; 2. São
Martinho da Serra: Unaysaurus; 3. Candelaria: Guaibasaurus; 4.
Faxinal do Saturno, Guaibasaurus, Agudo: Sacisaurus agudoensis.;
São Paulo: 5. Florida Paulista: Adamantisaurus; 6. Álvarez Machado:
Gondwanatitan; 7. São José do Rio Preto: “Antarctosaurus”;
Minas Gerais: 8. Uberaba-Peirópolis/Prata: Trigonotitan,
Baurutitan, Uberabatitan, Aeolosaurus sp., Abelisauridae Indet.,
Carcharodontosauridae Indet.; Mato Grosso: 9. Cambebe:
Pycnonemosaurus, Gondwanatitan; Ceará: 10. Chapada do Araripe:
Irritator, Santanaraptor, Mirischia; 11. Sobradinho: Theropoda
indet.; Paraíba: Rio do Peixe: icnofósseis (pegadas) de Saurischia
e Ornithischia; Maranhão: 13. Itapecuru-Mirin: Amazonsaurus;
Amazonas: 14. Nova Olinda do Norte: Theropoda Indet.
20
possui uma grande extenção de área. As formações Adamantina
(Turoniano-Santoniano) e Marília (Maastrichtiano) do Cretáceo
Superior representam ambientes luviais, eólicos e lacustres onde
uma grande diversidade de táxons tem sido achada. Entre estes
incluem-se peixes, anuros, tartarugas, crocodilos, dinossauros
e mamíferos. A freqüência e abundância, especialmente de
dinossauros e crocodilos, junto a outros vértebrados, converte o
Grupo Bauru na unidade geológica mais rica fossiliferamente do
Brasil, especialmente a área conhecida como Triângulo Mineiro
e oeste de São Paulo.
Outra singularidade do Cretáceo do Brasil é a presença de um
extenso registro fóssil de pegadas pertencentes a dinossauros.
Estes icnofósseis representam vários táxons de terópodes,
saurópodes e ornitísquios. Uma das primeiras localidades de
pegadas fósseis se encontra no estado da Paraíba, na região do
Rio do Peixe. Parte deste extraordinário aloramento constitui
um parque natural denominado “Monumento Natural Vale dos
Dinossauros”, localizado em Passagem das Pedras (fazenda
Ilha) no município de Sousa.
21
Cladograma mostrando as relações ilogenéticas dos principais
grupos de Amniota.
as quais se encontram vários grupos que tradicionalmente
são denominados de “tecodontes”, como os Rauisuchidae,
Aetosauria, Prestosuchidae, Ornitosuchidae e Crocodylomorpha
basais, entre outros.
1
25
teve seu auge no Cretáceo Superior do Gondwana, com gêneros
como Antarctosaurus, Aeolosaurus, Baurutitan, Rapetosaurus,
Bonatitan e Saltasaurus, entre outros.
26
com a tíbia, constituindo o tibio-tarso, e mãos reduzidas, com
o dedo II mais alongado que os demais. Dentro dos terópodes
se encontram os animais carnívoros mais especializados que
jamais existiram sobre a Terra. Houve táxons de tamanhos
gigantescos, como os Tyrannosauroidea (ex. Tyrannosaurus), os
Carcharodontosauridae (ex. Giganotosaurus, Mapusaurus) e os
Spinosauridae (ex. Spinosaurus), ou de tamanho muito pequeno,
como os Compsognathidae (ex. Compsognathus).
Um grupo de distribuição principalmente gondwânica, com
28
Sinosauropterix prima
Como demonstra o cladograma, os Ornithischia foram
extremamente diversos com formas bípedes de conformação
ágil, até as formas quadrúpedes de grande tamanho, com crânios
A Era Mesozóica
32
Dinossauros
Do Brasil
33
Periodo TRIÁSSICO
(245 – 208 Ma)
35
Saurischia - Theropoda - Herrerasauridae
Bibliograia:
38
Saurischia
Bibliograia:
42
são ainda tema de debate entre os pesquisadores, já que seu
esqueleto possui uma combinação de caracteres primitivos e
derivados que diicultam sua localização dentro dos dinossauros
saurísquios basais. Guaibasaurus teve um aspecto geral de
um terópode pequeno, com os membros anteriores reduzidos
em comparação aos membros posteriores. Alguns caracteres
de importância no esqueleto de Guaibasaurus são a presença
de apenas três vértebras sacras, com a primera vértebra muito
maior que as restantes, o ílio com o acetábulo quase fechado e
com uma crista supracetabular proeminente, e as mãos com o
dedo I com uma falange ungual pequena.
A diferença do holótipo é que o segundo espécime está
parcialmente articulado, ainda que os ossos se encontrem mal
preservados. O corpo está apoiado sobre a sua face ventral e
ambos os braços e pernas se encontram lexionados na lateral
do corpo.
Guaibasaurus provém de estratos menos antigos que
Staurikosaurus e Saturnalia. Em ambos os aloramentos onde
foram encontrados os espécimes de Guaibasaurus, a fauna
predominante estava composta de procolofónidos, esfenodontes
e pequenos cinodontes insetívoro-omnívoros.
Bibliograia:
-Bonaparte, J.F., Ferigolo, J., Ribeiro, A.M. 1999. A new early Late
Triassic saurischian dinosaur from Rio Grande do Sul State, Brazil.
National Science Museum Monographs, Tokyo, 15: 89-109.
-Langer, M.C. 2004. Basal Saurischia. En: D.B. Weishambel, P. Dodson,
& H. Osmólska (eds), The Dinosauria, Second Edition, University of
California Press, Berkeley, Pp. 25-46.
-Bonaparte, J.F., Brea, G., Schultz, C.L., Martinelli, A.G. 2006. A new
specimen of Guaibasaurus candelariensis (basal Saurischia) from
the Late Triassic Caturrita Formation of Southern Brazil. Historical
Biology 19 (1): 73-82.
43
Saurischia – Sauropodomorpha – Prosauropoda –
Plateosauridae
Bibliograia:
46
Ornithischia
Bibliograia:
48
49
Periodo JURÁSSICO
(208 – 144 Ma)
Durante o Jurássico,
os dinossauros
atingiram uma grande
diversiicação, sendo
encontrados em todos os
continentes. As formas
primitivas do Triássico Reconstrução de Archaeopterix
foram substituídas por
outras muito mais especializadas. Durante este Período se
registraram os restos fósseis da ave mais antiga que se conhece,
Archaeopterix lithographica, achada
na Alemanha. Na América do Sul,
os restos procedentes da Argentina
são os mais bem conhecidos para
este Período. Dentro dos grupos
registrados encontram-se diversos
gêneros de saurópodes basais (ex.
Patagosaurus) e vários terópodes
tetanuros (ex. Piatnitzkysaurus e
Condorraptor), além de anuros,
tartarugas, pterossauros e mamíferos
Reconstrução primitivos.
de Piatnitzkysaurus Durante o Jurássico desaparece a
chamada “Flora de Dicroidium”,
50
característica durante o Triássico
do Gondwana. As Bennettitales
se tornam muito abundantes,
começam a ser registrados
representantes da família
Cycadeoideaceae, diferenciáveis
das Williamsoniaceae por seu
tronco de aspecto esférico,
e por apresentarem escassas
ou nenhuma ramiicação. As
Cycadales, grupo que chega
à atualidade com o gênero
Cycas, também se registram em
abundância durante este período. Reconstrução de uma
O grupo das equisetales, muito C y c a d e o i d e a c e a e
bem representado nos períodos (Bennettitales).
anteriores, começa a ser um componente cada vez menos
importante da lora, enquanto as samambaias continuam sendo
abundantes.
51
Periodo CRETÁCEO
(144 – 65 Ma)
53
Saurischia – Sauropoda – Diplodocoidea
54
Reconstrução de uma vértebra caudal anterior de Amazonsaurus
em vista anterior (A) e lateral (B) (modiicado de Carvalho et al.,
2003). 1. espinha neural, 2. prezygapoisis, 3. corpo vertebral.
Holótipo: Os materiais do holótipo, ainda que pertençam a um
só indivíduo, estão separados em diferentes números de coleção.
Estes materiais se encontram depositados no Museu Nacional,
Coleção de Paleovertebrados, Universidade Federal do Rio de
Janeiro e no Departamento de Geologia, Universidade Federal
do Rio de Janeiro. O holótipo consiste em duas espinhas neurais
dorsais, dois centros vertebrais dorsais, duas vértebras caudais
posteriores, oito arcos hemais, um fragmento da púbis, ísquio e
três costelas.
Bibliograia:
56
Theropoda – Tetanurae – Spinosauridae
57
1915 do Cretáceo Superior (Cenomaniano) do Egito e Marrocos,
Cristatusaurus lapparenti Taquet & Russell, 1998 e Suchomimus
tenerensis Sereno et al., 1998, ambos do Cretáceo Inferior
(Aptiano-Albiano) do Niger. Alguns membros desta família
alcançaram tamanhos gigantescos, chegando a medir entre 16-
18 metros de comprimento, rivalizando, e inclusive superando,
o tamanho dos tiranossaurídeos e carcharodontossaurídos
Bibliograia:
-Dal Sasso, C., Maganuco, S., Buffetaut, E., Mendez, M.A. 2005. New
information on the skull of the enigmatic theropod Spinosaurus, with
remarks on its size and afinities. Journal of Vertebrate Paleontology
25: 888-896.
-Kellner, A.W.A., Campos, D.A. 1996. First Early Cretaceous theropod
dinosaur from Brazil with comments on Spinosauridae. Neues Jahrbuch
fur Geologie und Paläontologie, Abhandlungen 199: 151-166.
-Martill, D.M., Cruickshank, A.R., Frey, E., Small, P.G., Clarke, M.
1996. A new crested maniraptoran dinosaur from the Santana Formation
(Lower Cretaceous) of Brazil. Journal of the Geological Society,
London 153: 5-8.
-Sereno, P.C., Beck, A.L., Dutheil, D.B., Gado, V., Larsson, H.C.E.,
Lyon, G.H., Marcot, J.D., Rauhut, O.W.M., Sadleir, R.W., Sidor, C.A.,
Varricchio, D.D., Wilson, G.P., Wilson, J.A. 1998. A long snouted
predatory dinosaur from Africa and the evolution of spinosaurids.
Science 282: 1298-1302.
-Sues, H.-D., Frey, E., Martill, D.M., Scott, D.M. 2002. Irritator
challengeri, a spinosaurid (Dinosauria: Theropoda) from the Lower
Cretaceous of Brazil. Journal of Vertebrate Paleontology 22: 535-547.
61
Saurischia – Theropoda – Coelurosauria –
Maniraptoriformes
Bibliograia:
63
Saurischia – Theropoda – Coelurosauria –
Compsognathidae
64
vértebras sacras, numerosas gastrálias, uma pélvis articulada,
ambos fêmures incompletos, fragmentos da tíbia e ibula
direita.
65
Bibliograia:
-Martill, D.M., Frey, E., Sues H.-D., Cruickshank, A.R. 2000. Skeletal
remains of a small theropod dinosaur with associated soft structures
from the Lower Cretaceous Santana Formation of northeastern Brazil.
Canadian Journal of Earth Sciences 37: 891-900.
-Naish, D., Martill, D.M., Frey, E. 2004. Ecology, systematics, and
biogeographical relationships of dinosaurs, including a new theropod,
from the Santana Formation (?Albian, Early Cretaceous) of Brazil.
Historical Biology 2004: 1-14.
66
Saurischia – Sauropoda – Titanosauria
67
titanossaurídeos. As vértebras caudais são procélicas, com as
espinhas neurais retas ou suavemente inclinadas para trás com
seu extremo superior muito expandido lateralmente; a lâmina pré-
espinhal é robusta, as pré-zigapóizes e pós-zigapóises possuem
facetas articulares muito largas. Adamantisaurus se diferencia
de Gondwanatitan (proveniente da mesma formação geológica)
pela ausência de corpos caudais em forma de coração. Novos
espécimes proporcionarão melhores conhecimentos sobre este
táxon.
Bibliograia:
68
Saurischia – Sauropoda – Titanosauria – Saltasauridae
Bibliograia:
71
Saurischia – Sauropoda – Titanosauria – Saltasauridae
Procedência:
Serra Veadinho,
norte de Peirópolis,
município de
Uberaba, Minas
Gerais.
Horizonte e idade:
Formação Marília
(Grupo Bauru),
9º vértebra cervical de Trigonosaurus
Cretácico Superior, em vista lateral esquerda (modiicado de
Maastrichtiano. Campos et al., 2005). 1. pré-zigapóises,
2. espinha neural, 3. corpo vertebral.
72
Holótipo: MCT
1488-R (Museu de
Ciências da Terra,
Departamento
Nacional de Produção
Mineral, Rio de
Janeiro) consiste
em cinco vértebras
cervicais posteriores,
10 vértebras dorsais,
seis vértebras sacras e
o ílio esquerdo.
Somando ao holótipo, Vértebras sacras e ílio de Trigonosaurus
se conhece um segundo em vista ventral (modiicado de Campos
espécime (MCT et al., 2005). 1. 1º vértebra sacra 2. 2º
1719-R) que consiste vértebra sacra, 3. ílio.
em 10 vértebras caudais.
Características:
Trigonosaurus
é um saurópode
saltasaurídeo de
aproximadamente
9 metros de
comprimento.
Semelhante a outros
saltasaurídeos, este
táxon possui vértebras
marcadamente
procélicas em todas
as vértebras caudais
9º e 10º vértebras dorsais de Trigonosaurus conhecidas e as
em vista lateral esquerda (modiicado de vértebras dorsais
Campos et al., 2005). 1. espinha neural, não possuem uma
2. processo transverso, 3. lâmina infra- articulação acessória
diapoisial, 4. pleurocelo.
73
(hiposfeno-hipantro) a
qual está presente nos
titanossauros basais.
Trigonosaurus é
excluído da subfamília
Saltasaurinae pela
ausência de centros
vertebrais caudais
deprimidos e por
sua orientação mais
vertical das espinhas
neurais das vértebras
caudais anteriores.
Trigonosaurus se
distingue dos outros
titanossaurídeos pela
presença de vértebras
médias alongadas com a Possível 2ª vértebra caudal de
espinha neural reduzida, Trigonosaurus em vista lateral direita
vértebras dorsais (modiicado de Campos et al., 2005).
médias alongadas com 1. espinha neural, 2. pré-zigapóises, 3.
a espinha fortemente pós-zigapóise, 4. processo transverso.
projetada para trás e processos transversos bem desenvolvidos
lateralmente nas vértebras caudais anteriores e médias, entre
outras características.
Bibliograia:
74
Saurischia – Sauropoda – Titanosauria – Saltasauridae
77
Saurischia – Sauropoda – Titanosauria –
Saltasauridae
Características:
Uberabatitan é
um saurópode
titanossaurídeo
recentemente descrito
da mesma grande
região de onde foram
encontrados Baurutitan
e Trigonosaurus.
Uma das diferenças
Tibia de Uberabatitan em vista ibular marcantes que o registro
e anterior (modiicado de Salgado & de Uberabatitan tem
Calvalho, 2008). 1. cresta cnemial, 2. dos outros saurópodes
protuberância tibial.
encontrados no Cretáceo
Superior do Brasil é que estes são conhecidos, principalmente,
a partir de vértebras, e o registro de Uberaba, ao contrario, é
constituídos por partes diagnósticas dos membros anteriores e
posteriores. Os principais caracteres diagnósticos desta espécie
provem das vértebras do pescoço e lombares, estas possuem uma
lâmina lateral robusta e espinhas neurais com lâminas acessórias.
Outras características são a presença de uma púbis grossa e
robusta e a tíbia com uma protuberancia proximal. Uberabatitan
é um dos dinossauros titanoasaurídeos mais completos de Brasil
e seus restos serviram de base para ampliar as comparacões entre
os dinossauros titanossaurídeos do Brasil e Argentina.
Bibliograia:
Bibliografía:
81
Saurischia – Sauropoda – Titanosauria – Saltasauridae
82
Bibliograia:
83
Saurischia – Sauropoda – Titanosauria
Bibliograia:
Características:
Pycnonemosaurus representa o
primeiro terópode abelisaurídeo
formalmente descrito no
Brasil. Ele era um terópode de
tamanho médio, que atingiu
aproximadamente 6-7 metros
de comprimento. Os dentes são
fortemente comprimidos de
seção transversal oval e com
Tíbia direita de
os bordes cortantes, possuindo Pycnonemosaurus (modiicado
inas serrilhas. As vértebras de Kellner y Campos, 2002) em
caudais possuem processos vista lateral. 1. crista cnemial.
transversos (diapóise) com
os extremos expandidos como ocorre em outro abelisaurídeo,
como por exemplo Carnotaurus sastrei Bonaparte, 1985 da
Formação La Colonia (Cretáceo Superior, Maastrichtiano),
província de Chubut (Argentina). A púbis de Pycnonemosaurus
é reta, com o pé púbico reduzido como em outros abelisaurídeos
(ex. Carnotaurus). A tíbia de Pycnonemosaurus possui a crista
cnemial em forma de “machado”, constituindo uma característica
autapomorica deste táxon.
Os numerosos restos achados atribuídos a Abelisauria foram
descritos provenientes das formações Adamantina e Marília. Estes
87
materiais são muito fragmentários (ex. pré-maxila com dentes
e dentes isolados), o que diiculta sua atribuição taxonômica.
Estes restos incompletos indicam uma diversidade maior de
terópode, ainda que pobremente documentados. Este grupo teve
dominância gondwânica, sendo achados restos de abelisaurídeos
na Argentina, África, Índia, e inclusive na Europa.
Bibliograia:
88
Saurischia – Theropoda – Allosauroidea
89
Características: Os dentes
de carcharodontosaurídeos
possuem enrugamentos nas
superfícies labiais e linguais,
além de dentículos, que
diferenciam estes dentes dos
outros grupos de terópodes,
os quais são maiores e mais
altos, como também possuem
fendas interdenticulares mais
profundas que surgem na base
de cada dentículo.
Este grupo se encontra bem
documentado na América do Sul
e África, especialmente durante
o Cenomaniano-Turoniano.
Esta família inclui os terópodes
de maior tamanho conhecido no
mundo, alcançando 15 metros
Dente de Carcharodontosauridae
indet. proveniente de Uberaba,
Minas Gerais.
de comprimento. As espécies
mais bem conhecidas são
Giganotosaurus carolinii Coria
& Salgado, 1995, Mapusaurus
roseae Coria & Curie, 2006
e Tyrannotitan chubutensis
Detalhes dos dentículos de Novas et al., 2005, ambos
um dente de Mapusaurus da Patagônia (Argentina) e
do Cretáceo Superior de Carcharodontosaurus saharicus
Argentina. Stromer, 1931 de Marrocos
90
Reconstrução de Carcharodontosaurus saharicus
(África).
Bibliograia:
91
Saurischia – Theropoda – Coelurosauria
92
isolado, mas possui características que permitem atribuí-la
aos Maniraptora. A falange mede uns 5,5 cm e possivelmente
corresponde ao dedo II ou III da mão. No setor superior da
faceta articular possui borde saliente similar à condição presente
nos oviraptorosaurios, troodontídeos, dromaeosaurídeos e aves
basais.
Esta falange ungueal é diferente de outros terópodes maniraptores,
é dorso-ventralmente baixa e antero-posteriormente alongada,
com o borde cortante localizado na porção mais externa da
superfície ventral, e com a faceta articular orientada mais
dorsalmente que em outros terópodes. Esta combinação de
caracteres sugere que se trata de um novo táxon.
Bibliograia:
93
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Impreso en el mes de mayo de 2009,
en la Cooperativa Chilavert Artes Gráicas,
imprenta recuperada y gestionada por sus trabajadores.
M. Chilavert 1136, Ciudad Autónoma de Buenos Aires.
96