Você está na página 1de 23

Resolvendo Integrais

Danilo Manoel
29 de Março de 2023

1 Primitivas, Antiderivadas ou Integrais Indefinidas


O tı́tulo deste capı́tulo sugere que a primitiva de uma função é a mesma coisa que uma antiderivada, e que por sua
vez é a mesma coisa que o resultado de uma integral indefinida. Por exemplo,

x3
Z
x2 dx = + C; C ∈ R.
3
Mas por que somar com uma constante C? Basicamente porque:
′ ′ ′
x3 x3 x3 √
  
= +1 = + 5 = x2 .
3 3 3

Ou seja, independente de quem seja C, por ser uma constante ao derivarmos ela vira zero. Por isso as primitivas
são uma famı́lia de funções, cuja única diferença é uma constante.

1.1 Propriedades Básicas


Sejam f , g funções integráveis em seu domı́nio e k uma constante, então

• A integral da soma é a soma das integrais:


Z Z Z
f (x) + g(x) dx = f (x) dx + g(x) dx

• E a multiplicação por escalar vale: Z Z


k · f (x)dx = k · f (x) dx

Isso significa que as integrais é um espaço vetorial.

De modo prático e geral, devemos memorizar algumas integrais simples e triviais:


Z
xn+1
Z
(a) xn dx = + C se n ̸= −1 (e) cos x dx = sen x + C
n+1
Z Z
1
(b) dx = ln |x| + C (f) sec2 x dx = tan x + C
x
Z
1
Z
x x (g) dx = arctan x + C
(c) e dx = e + C
1 + x2
Z
1
Z
(d) sen x dx = − cos x + C (h) √ dx = arcsen x + C
1 − x2

Depois de memorizar tudo isso, vamos resolver alguns problemas.

1
1.1.1 Exemplos
Calcule

Z
(a) x x dx.

x3 + 1
Z
(b) dx.
x
Z
(c) tan2 x dx.

Solução:

(a) Observe
x( 2 +1)
3
√ 2√ 5
Z Z
x x dx = x3/2 dx = 3 +C = x + C.
2 +1
5

(b) Como a integral da soma é a soma das integrais, temos que:


Z 3
x3
Z Z
x +1 1
dx = x2 dx + dx = + ln |x| + C.
x x 3

(c) Sabendo que sec2 x = tan2 x + 1, então


Z Z Z Z
tan2 x dx = sec2 x − 1 dx = sec2 x dx − 1 dx = tan x − x + C.

Vamos então resolver um problema de verdade!

1.1.2 Problema para esquentar


x8 − 4x6 + 6x4 − 4x2 + 1
Z
(Escola Naval 2016/2017) A integral dx é igual a:
(x4 − 1) (x6 − 3x4 + 3x2 − 1)

(a) arctan x + c

1 x − 1
(b) ln +c
2 x + 1
(c) ln |x − 1| + c
(d) ln |x + 1| + c
(e) arcsen x + c
4 3
Solução: Claramente x8 − 4x6 + 6x4 − 4x2 + 1 = x2 − 1 , além disso x6 − 3x4 + 3x2 − 1 = x2 − 1 , então
4
x8 − 4x6 + 6x4 − 4x2 + 1 x2 − 1
Z Z
I= dx = 3 dx
(x4 − 1) (x6 − 3x4 + 3x2 − 1) (x4 − 1) (x2 − 1)
4
x2 − 1
Z Z
1
⇒I= 4 dx = dx = arctan x + c.
(x2 + 1) (x2 − 1) x2 + 1
Alternativa (a) é a resposta. Geralmente problemas de Escola Naval só precisa simplificar ao máximo e pronto,
a integral sai rapidinho.

2
1.2 Mudança de Variável ou Integral por Substituição
Ainda trabalhando com primitivas, existe um fato muito importante:
Z Z
g (αx)
f (x) dx = g(x) + C =⇒ f (αx) dx = + C,
α
para α ̸= 0 real. Por exemplo: Z
1
eαx dx = eαx + C.
α
Z
1
cos αx dx = sen αx + C.
α
Mas, por que isso?
É o tipo de substituição mais simples de todos, donde trocamos αx = u, e derivando em ambos os lados da igualdade
du
obtemos: αdx = du ⇒ dx = . Dessa maneira:
α
Z Z   Z
du 1 1 1
f (αx) dx = f (u) = f (u) du = · g(u) + C = · g (αx) + C.
α α α α
Vamos para alguns exemplos:

1.2.1 Exemplos
Calcule
Z  
1 3x
1. e + sen 3x dx.
3
Z
2. cos2 x dx.

Solução:
1. Separando a integral temos que
Z   Z Z
1 3x 1
I= e + sen 3x dx = e3x dx + sen 3x dx
3 3
| {z } | {z }
I1 I2

du
Observe que ao substituir u = 3x na integral I1 e na integral I2 , obtemos que du = 3dx ⇒ = dx. Portanto:
3
eu
Z   Z   Z Z
1 du du 1 1 cos u
I= eu + sen u = eu du + sen u du = − +C
3 3 3 9 3 9 3
e3x cos 3x
⇒I= − + C.
9 3
2. Sabendo que cos 2x = cos2 x − sen2 x = 2 cos2 x − 1, e dessa forma:
1
cos2 x = (cos 2x + 1) .
2
Então: Z Z Z
2 1 1
I = cos x dx = (cos 2x + 1) dx = (cos 2x + 1) dx
2 2
Z Z 
1
I= cos 2x dx + 1 dx
2
dt
Se trabalharmos na integral destacada em verde, temos que t = 2x, e dessa forma = dx:
2
Z Z   Z
dt 1 sen t sen 2x
cos 2x dx = cos t = cos t dt = +C = + C.
2 2 2 2
E portanto:  
1 sen 2x sen 2x x
I= + x + C′ = + + C ′.
2 2 4 2

3
1.2.2 A Grande Substituição
Z
Certamente existem substituições ainda mais radicais. Por exemplo, integrais da forma f (g(x)) g ′ (x) dx nos
sugere fazer a substituição g(x) = u, pois desta forma du = g ′ (x)dx e portanto:
Z Z

f (g(x)) g (x) dx = f (u) du.

Resolver alguns exemplos nos dará um caminho mais fácil para entender.

1.2.3 Exemplos
1. (UFPE Área II 2019) Calcule as seguintes integrais indefinidas:
Z √
sen ( x)
(a) √ dx.
x
Z
3
(b) x2 ex −4 dx
Z p
2. Calcule x 1 + x2 dx.
Z
x
3. Calcule dx.
1 + x4
Z
4. Calcule tg x sec3 x dx.

Solução:
√ 1 dx
1. (a) Fazendo a substituição x = u ⇒ √ dx = du ⇒ √ = 2du, temos que
2 x x
Z √ Z Z
sen ( x)
I= √ dx = sen u (2du) = 2 sen u du = −2 cos u + C
x

⇒ I = −2 cos x + C.
dw
(b) Se substituirmos x3 − 4 = w, obtemos que 3x2 dx = dw ⇒ x2 dx = , e dessa forma:
3
Z Z Z   Z
2 x3 −4 x3 −4 2 w dw 1
ew dw

I= x e dx = e x dx = e =
3 3
1 w 1 3
⇒I= e + C = ex −4 + C.
3 3
dt
2. Substituindo 1 + x2 = t temos que xdx = , vamos ser mais rápidos agora:
2
3
1 √ 1 t3/2 1 + x2 2
Z p Z
2
I = x 1 + x dx = t dt = · +C = + C.
2 2 3/2 3
Se ficou confuso pergunte a mim pessoalmente.
3. Vou fazer essa com mais calma tá ok? Seja x2 = u ⇒ 2xdx = du ⇒ xdx = du 2
2 , e já que x = u segue que
4 2
x = u , e portanto:
du

arctan x2
Z Z Z
x 2 1 1 1
I= 4
dx = 2
= 2
du = arctan u + C = + C.
1+x 1+u 2 1+u 2 2
4. Estou pensando em substituir sec x = u, mas antes veja que
tg x sec3 x = sec2 x · tg x sec x.
E dessa forma, já que tg x sec x dx = du, segue que
u3 sec3 x
Z Z
sec2 x · tg x sec x dx = u2 du = +C = + C.
3 3

4
1.2.4 Problema para esquentar
(EFOMM 2018/2019) Assinale a solução correta do seguinte problema de integração:

Z
2 2 − 3x dx

4 3/2
(a) − (2 − 3x) + C (onde C é um constante)
9
4 2/3
(b) − (2 − 3x) + C (onde C é um constante)
9
4 3/2
(c) (2 − 3x) + C (onde C é um constante)
3
4 2/3
(d) − (2 + 3x) + C (onde C é um constante)
9
3/2
(e) 4 (2 − 3x) + C (onde C é um constante)

Solução:
Se chamarmos 2 − 3x = u temos que −3dx = du ⇒ dx = − du
3 , portanto:

√ √ −2 √
Z Z   Z
du
I = 2 2 − 3x dx = 2 u − = u du
3 3
3
2 u2 4 3
⇒ I = − · 3  + C = − (2 − 3x) 2 + C.
3 2
9
Alternativa (a) é a resposta.

Problemas de integral por substituição você precisa ter visão, olhar para o integrando e dizer: quem é derivada
de quem ali? Qual a substituição que eu devo fazer para que apareça a derivada nesse integrando? É igual a
jogar xadrez, antes de mover uma peça precisa ter em mente alguns lances seguintes. Diante disso temos alguns
problemas propostos abaixo. As soluções estão nas últimas páginas.

1.3 Exercı́cios
1. Calcule
ex
Z
√ dx.
1 − e2x

2. (UFPE Área II 2008) Calcule a integral abaixo:


Z
1 + 2x
dx.
1 + x2

3. (UFPE Área II 2017) Calcule as integrais indefinidas abaixo:


Z
sen x
(a) dx.
1 + cos2 x
Z
(b) sen5 x cos3 x dx.
Z
(c) tan3 x dx.
Z
(d) tg2017 (x) sec4 (x) dx.
Z p
(e) t3 1 − t2 dt.

4. (UFPE Área II 2012) Calcule as seguintes integrais:

5
Z
4
(a) x3 e−2x dx.
Z √
x+2
(b) dx.
x+2
Z
20
5. (EFOMM 2020/2021) O valor da integral indefinida (5x + 3) dx é dado por

20
(5x + 3)
(a) +C
21
19
(5x + 3)
(b) +C
19
19
(5x + 3)
(c) +C
105
21
(5x + 3)
(d) +C
21
21
(5x + 3)
(e) +C
105

3e3x
Z
6. (Escola Naval 2016/2017) Calcule dx e assinale a opção correta.
e6x + 2e3x + 1
−1
(a) − e3x + 1 +c
 −1
(b) e3x + 1 +c
3x
−1
(c) − e − 1 +c
 −1
(d) e3x − 1 +c
 −1
(e) −3 e3x − 1 +c

Z  
2
7. (EFOMM 2016/2017) Calcule a integral indefinida tg x · 1 + (sen x · sec x) dx.

sec2 x
(a) +c
2
(b) tg x · sec x + 2x + c
(c) cos x + 2sen x − sec x + c
2 cos x − sen 2x
(d) +c
3
cos2 x
(e) +c
2

8. Seja a ̸= 0 uma constante. Prove que


Z
1 1 x
dx = arctg + C.
a2 + x2 a a

Z h√ i2
9. (EFOMM 2015/2016) O valor da integral 2 · tg3 (2x) sec (2x) dx, sendo c uma constante, é

(a) sec2 (2x) + tg2 (2x) + c


sec2 (2x) + tg2 (2x) + c
(b)
tg (2x)
(c) arctg (ln x) + c

6
tg7 (2x)
(d) +c
7
p
(e) tg (2x) + sen (2x) + c

h i
sen4 (2x)
Z tg (2x) cos4 (2x) − cotg (2x)
10. (Escola Naval 2015/2016) Resolvendo p sec2 (x) dx encontra-se
e2tg (x) cos (4x) sec2 (2x) − 1
1
(a) − e2x sen (2x) + c
2
1
(b) − e−2tg (x) + c
2
1 −2x
(c) e sen (2x) + c
2
1
(d) − e2x cos (2x) + c
2
1
(e) − e−2x sec (4x) + c
2

Se você já sabe calcular integral definida, na Seção 2.2, tente os exercı́cios 1, 2, 3, 6 (a), 7, 8, 9, 10 e 11, os problemas
restantes necessita do conhecimento a seguir.

1.4 Integração por partes


Integrar por partes nada mais é que a seguinte regra:
Z Z
f (x)g ′ (x) dx = f (x)g(x) − f ′ (x)g(x) dx.

Por exemplo, vamos calcular a seguinte integral:


Z
xex dx.

Chamando f (x) = x ⇒ f ′ (x) = 1 e g ′ (x) = ex ⇒ g(x) = ex . E portanto


Z Z
xex dx = xex − ex dx = xex − ex + C.

Usamos esta regra quando não há substituição aparente que possamos fazer. E é importante ter cuidado com quem
vamos chamar de g ′ (x), pois a antiderivada nem sempre é tão trivial.
Vamos para mais exemplos:

1.4.1 Exemplos
1. (UFPE Área II 2019) Calcule as integrais indefinidas abaixo:
Z
(a) (20x − 19) sen (x) dx.
Z
2
(b) (ln (x)) dx.

2. Calcule
Z
(a) x2 · sen x dx.
Z
2
(b) x3 ex dx.

7
Solução:
1. (a) Fazendo f (x) = 20x − 19 ⇒ f ′ (x) = 20 e g ′ (x) = sen x ⇒ g(x) = − cos x, e dessa forma:
Z Z
I = (20x − 19) sen (x) dx = (20x − 19) (− cos x) − 20(− cos x) dx
Z
⇒ I = (19 − 20x) cos x + 20 cos x dx = (19 − 20x) cos x + 20 sen x + C.

(b) Observe: Z Z
2
I= (ln (x)) dx = ln (x) · ln (x) dx.
Z
1
Logo, seja f (x) = ln x ⇒ f ′ (x) = e g ′ (x) = ln (x) ⇒ g(x) = ln (x) dx. Nos resta descobrir o valor
x
de g(x), mas por enquanto temos que:
Z Z
2 g(x)
I = (ln (x)) dx = ln (x) · g(x) − dx.
x
Vamos descobrir g(x) através de integração por partes:
Z Z
1
g(x) = 1 · ln (x) dx = x · ln (x) − x · dx = x · (ln (x) − 1) + C.
x
Portanto
x · (ln (x) − 1)
Z
I = ln (x) · x · (ln (x) − 1) − dx
x
Z
⇒ I = x · ln2 (x) − x ln (x) + 1 − ln (x) dx

⇒ I = x · ln2 (x) − x ln (x) + x − x · (ln (x) − 1) + C ′


⇒ I = x · ln2 (x) + 2x (1 − ln (x)) + C ′ .
Este foi um problema difı́cil mesmo.
2. (a) Chamando f (x) = x2 ⇒ f ′ (x) = 2x e g ′ (x) = sen x ⇒ g(x) = − cos x, e portanto:
Z Z
I = x2 · sen x dx = −x2 · cos x − 2x · (− cos x) dx.
Z
I = −x2 · cos x + 2 · x cos x dx .
| {z }
I1

Vamos integrar I1 por partes:


Z Z
I1 = x cos x dx = x · sen x − sen x dx = x · sen x + cos x + C.

E dessa maneira:
I = −x2 · cos x + 2 (x · sen x + cos x) + C ′ .
(b) Primeiramente observe que Z Z
3 x2 1  2

I= x e dx = x2 2xex dx.
2
2 2
E agora sim podemos usar integral por partes, seja f (x) = x2 ⇒ f ′ (x) = 2x e g ′ (x) = 2xex ⇒ g(x) = ex ,
e portanto:
Z  Z 
1  2
 1 2 2 1  2 x2 2

I= x2 2xex dx = x2 ex − 2xex dx = x e − ex + C.
2 2 2

Podemos fazer agora um monte de problemas.

8
1.5 Exercı́cios
1. (UFPE Área II 2018) Calcule:
Z
(a) t2018 ln (t) dt.
Z
(b) θ2 cos (2θ) dθ.

2. (UFPE Área II 2017) Calcule a integral indefinida abaixo:


Z
t sec (t) tg (t) dt.

3. (UFPE Área II 2016) Calcule as integrais abaixo:


Z
(a) sen (ln x) dx.
Z
(b) x sen(3x) dx.

4. (UFPE Área II 2012) Calcule as seguinte integrais:


Z
(a) arctg (x) dx.
Z
(b) arctg (4x) dx.
Z
x
(c) dx.
sen (x2 )

5. (OMERJ1 2022) Calcule a integral indefinida


Z
 2
4x4 + 12x2 + 3 ex dx.

2 Integrais Definidas
Aqui temos finalmente o intervalo de integração. E sucede que as mesmas propriedades das primitivas se aplica
aqui, além das mesmas técnicas de integração. Vamos fazer um exemplo básico:

2.0.1 Problema para iniciar


(Stanford Math Tournament (SMT) 2022) Calcule
Z 10
(x − 5) + (x − 5)2 + (x − 5)3 dx.
0

Solução:
Observe que
Z 10 Z 10 Z 10 Z 10
2 3 2 3
I= (x − 5) + (x − 5) + (x − 5) dx = (x − 5) dx + (x − 5) dx + (x − 5) dx
0 0 0 0

Façamos a substituição x − 5 = u ⇒ dx = du, e os intervalos de integração mudam para: x = 0 → u = −5 e


x = 10 → x = 5, e dessa forma:
Z 5 Z 5 Z 5 5 5 5
2 3 u2 u3 u4
I= u du + u du + u du = + +
−5 −5 −5 2 −5 3 −5 4 −5
1 Olimpı́ada de Matemática do Estado do Rio de Janeiro

9
52 (−5)2 53 (−5)3 54 (−5)4 53
     
⇒I= − + − + − =2· .
2 2 3 3 4 4 3
Mas além disso...

2.1 Propriedades
Seja f uma função integrável em [a, b], então:
Z b
1. Se f (x) ≥ 0 em [a, b], então f (x) dx ≥ 0. E a igualdade só ocorre quando f (x) = 0, ∀x ∈ [a, b] (a função
a Z b
constante nula), ou seja, se f (x) ≥ 0 e f não é a função nula, então necessariamente f (x) dx > 0.
a

2. Se c ∈ ]a, b[ e f é integrável em [a, c] e em [c, b] então


Z b Z c Z b
f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx.
a a c

3. Não importa a variável de integração:


Z b Z b
f (x) dx = f (u) du.
a a

4. Se invertermos o intervalo de integração:


Z b Z a
f (x) dx = − f (x) dx.
a b

Seja f uma função contı́nua em [−r, r], r > 0. Existem dois casos especiais:

(a) Se f é uma função par, ou seja, f (x) = f (−x), então


Z r Z r
f (x) dx = 2 · f (x) dx.
−r 0

É fácil de se convencer ao interpretar geometricamente:

10
Claro que podemos provar isso:
Z r Z 0 Z r
f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx
−r −r 0
| {z }
I1

Em I1 , fazendo a substituição x = −u, então, se x = −r → u = r e se x = 0 → u = 0, além disso,


dx = −du, e dessa forma:
Z 0 Z r Z r Z r
I1 = f (−u) (−du) = f (−u) du = f (u) du = f (x) dx.
r 0 0 0
| {z }
f (−u)=f (u)

Como querı́amos demonstrar:


Z r Z r Z r
f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx
−r
|0 {z } 0
I1
Z r
=2· f (x) dx.
0

(b) Se f é uma função ı́mpar, ou seja, f (−x) = −f (x), então


Z r
f (x) dx = 0.
−r

A demonstração é trivial, mas, interpretando geometricamente:

Z 0 Z r
Claramente f (x) dx = − f (x) dx.
−r 0

11
Por exemplo, a integral abaixo é extremamente complicada, se formos tentar descobrir a primitiva e aplicar o
intervalo de integração nem sairı́amos do lugar. Veja:
Z 1 
x ln 1 + x2 cos x
dx = 0.
−1 ex2

x ln 1 + x2 cos x
Isso porque a função f (x) = é uma função ı́mpar, pois observe:
ex2
 
−x ln 1 + (−x)2 cos (−x) x ln 1 + x2 cos x
f (−x) = =− = −f (x).
e(−x)2 ex2

2.1.1 Exemplos
1. (OMpD2 2022) Assinale a alternativa que contém o valor numérico de:
Z 1 √
x+ x
√ dx
0
3
x
15
(a)
2
17
(b)
6
23
(c)
7
51
(d)
35
41
(e)
70

2. (UFPE 2018 Área II) Calcule a integral definida:


π2
√
sen t
Z
√ dt.
π 2 /4 t

1/2
x2
Z
3. (UFPE 2019 Área II) Calcule a seguinte integral definida: √ dx.
0 1 − x2
Solução:
1. Observe que √
Z 1 Z 1
x+ x 2 1
I= √ dx = x 3 + x 6 dx.
0
3
x 0

Portanto 1 1
Z 1 Z 1 5 7
2 1 x 3 x 6 3 6 51
I= x dx +
3 +x dx = 5  + 7  = + =
6 .
0 0 3
6
5 7 35
0 0

Alternativa (d) é a resposta correta.


√ 1
2. Precisamos fazer uma substituição, seja t = x ⇒ √
t
dt = 2dx, e os intervalos de integração mudam para:
t = π 2 /4 → x = π/2, e t = π 2 → x = π. Portanto:
π2
√ Z π
sen t
Z π
π
I= √ dt = sen x (2dx) = −2 cos x|π/2 = −2 cos π + 2 cos = 2.
π 2 /4 t π/2 2
2 Olimpı́ada Matemáticos por Diversão

12
3. Essa questão precisa ter boas sacadas, veja
1/2 1/2 1/2 1/2
x2 x2 − 1 + 1 1 − x2
Z Z Z Z
1
I= √ dx = √ dx = − √ dx + √ dx
0 1 − x2 0 1 − x2 0 1 − x2 0 1 − x2

Z 1/2 Z 1/2
p 1
⇒I=− 1 − x2 dx + √ dx (1)
1 − x2
|0 {z } 0
I1

Resolvendo a integral I1 , temos que usar integração por partes (claro que √
poderı́amos usar substituição
trigonométrica, mas ainda não trabalhamos com isso), portanto, seja f (x) = 1 − x2 ⇒ f ′ (x) = − √1−x
x
2
e

g (x) = 1 ⇒ g(x) = x, e desse modo:
1/2 1/2 1/2 Z 1/2
x2 x2
Z p p 1/2 Z p
I1 = 1− x2 2
dx = 1 − x · x − −√ 2
= x 1−x + √ .

0 0 0 1 − x2 0 0 1 − x2
Perceba que a integral destacada em vermelho é a própria integral I requerida pelo enunciado. Dessa forma,
substituindo na equação (1), obtemos:
 Z 1/2 1/2
 p 1 p 1/2
I = − x 1 − x2 + I + √
dx =⇒ 2I = − x 1 − x2 + arcsen x|0

0 1 − x2 0

√ √
1 3 π 3 π
⇒ 2I = − · + ⇔I=− + .
2 2 6 8 12

2.1.2 Problema para esquentar


(SMT 2022) Determine o valor da integral:
Z 4π 2 √ 
sen x dx.
π2
4

Solução: √
Façamos a substituição x = u ⇔ x = u2 ⇒ dx = 2udu, e os intervalos de integração mudam para x = π 2 /4 →
2
u = π/2 e x = 4π → u = 2π. Portanto:
Z 4π 2 √ 
Z 2π Z 2π
I= sen x dx = sen (u) (2udu) = 2 u · sen (u) du.
π 2 /4 π/2 π/2

Vamos integrar por partes, seja f (u) = u ⇒ f ′ (u) = 1, g ′ (u) = sen (u) ⇒ g(u) = − cos (u), desse modo:
Z 2π !
  π 

I = 2 · − u · cos (u)|π/2 − (− cos (u)) du = −4π + 2 · sen (2π) − sen = −4π − 2.
π/2 2

E acabamos o problema.

2.2 Exercı́cios
1. (SMT 2018) Encontre o valor de a tal que
Z a
3x2 − 6x + 3 dx = 27.

1

2. (UFPE Área II 2012) Calcule a seguinte integral:


Z 1 p
x x2 + 4 dx.
0

13
3. (UFPE Área II 2011) Calcule a seguinte integral:
Z π/3
sen (x) sec2 (x) dx.
0

4. (UFPE Área II 2017) Calcule a integral definida a seguir:


Z π2
x sen (2x) dx.
0
Z 3
5. (UFPE Área II 2015) Determine o valor da integral: x ln (x + 1) dx.
1

6. (UFPE Área II 2018.1) Calcule as integrais definidas abaixo:


Z 4√
1 + ln x
(a) dx.
1 x
Z 2
ln x
(b) dx.
1 x2

7. (EFOMM 2018/2019) ConsidereZ π a função real f (x) = cos x − sen x. Determine o valor da integral de f (x) no
intervalo [0, π], ou seja, f (x) dx.
0

(a) π
(b) −2
(c) −1
(d) zero
(e) 2

8. (ICMC3 2015) Calcule


Z √ π3 Z √ π3
2 2 2
sen x dx + √ π x cos x dx.
0 − 3

9. (SMT 2012) Calcule


Z 35
1
dx.
25 x − x3/5
1 x
e −1−x
Z
10. (OBMU4 2006) Calcule a integral: dx.
−1 (ex − 1) · x

11. (OBMU 2019) Calcule


2
ex (x − 1)
Z
dx.
1 x(x + ex )
(a) 1
(b) ln 2
2 + e2
 
(c) ln
2 + 2e
 2 
e
(d) ln
1+e

Finalizamos a lista por aqui. Outro dia mandarei uma apostila com as outras técnicas de integração, algumas
bem importantes como substituição trigonométrica, frações parciais, e outras que são mais comuns em olimpı́adas.
Espero ter ajudado. A seguir temos as soluções dos Exercı́cios Propostos.
3 Iowa Collegiate Mathematics Competition
4 Olimpı́ada Brasileira de Matemática Nı́vel Universitário

14
3 Solução dos Exercı́cios
- Exercı́cios 1.3
1. Substituindo ex = u ⇒ ex dx = du, e dessa forma e2x = u2 , portanto:
ex
Z Z
du
√ dx = √ = arcsen (u) + C = arcsen (ex ) + C.
1−e 2x 1 − u2
Essa é a resposta.

2. Essa questão sem dúvida fez você pensar um bucado, mas era só separar as integrais e seria mais trivial, veja
Z Z Z Z
1 + 2x 1 2x 2x
I= 2
dx = 2
dx + 2
dx = arctg x + dx.
1+x 1+x 1+x 1 + x2
Resolvendo a integral que resta, faça a substituição x2 = u ⇒ 2xdx = du, dessa forma:
Z
1
I = arctg x + du.
1+u
Fazendo mais uma mudança de variável, seja 1 + u = t ⇒ du = dt, logo
Z
1
I = arctg x + dt = arctg x + ln |t| + C = arctg x + ln |1 + u| + C
t
I = arctg x + ln |1 + x2 | + C.
Mas como 1 + x2 > 0 para qualquer x real, podemos tirar do módulo, então a nossa resposta é
I = arctg (x) + ln 1 + x2 + C.


3. (a) Está bem na cara qual substituição usar não é mesmo? Seja cos x = u ⇒ sen x dx = −du, e portanto
Z Z Z
sen x 1 1
2
dx = 2
(−du) = − du = −arctg u + C = −arctg (cos x) + C.
1 + cos x 1+u 1 + u2
(b) Esta precisa fazer algumas etapas antes de fazer alguma substituição:
Z Z Z Z
I = sen x cos x dx = sen x 1 − sen x cos x dx = sen x cos x dx − sen7 x cos x dx.
5 3 5 2 5


Substituamos nas duas integrais sen x = u ⇒ cos xdx = du, portanto


u6 u8 sen6 x sen8 x
Z Z
I = u5 du − u7 dx = − +C = − + C.
6 8 6 8
Terminamos o problema.

(c) No integrando não está visı́vel nenhuma derivada de alguma outra função que também está no integrando,
logo, façamos o seguinte:
Z Z Z
3 2
sec2 x − 1 tan x dx.

I = tan x dx = tan x tan x dx =

Separando, temos que Z Z


2 sen x
I= sec x tan x dx − dx
cos x
| {z } | {z }
I1 I2
2
Mexendo na integral I1 , substituamos tan x = u ⇒ sec xdx = du. Fazendo a substituição cos x = w ⇒
sen x = −dw em I2 , portanto:
u2 tan2 x
Z Z
1
I = u du − (−dw) = + ln |w| + C = + ln | cos x| + C.
w 2 2

15
(d) Façamos o seguinte
Z Z
tg2017 (x) sec2 (x) sec2 (x) dx = tg2017 (x) 1 + tg2 (x) sec2 (x) dx

I=
Z Z
⇔I= tg2019 (x) sec2 (x) dx + tg2017 (x) sec2 (x) dx.

Com a mesma ideia da questão anterior, substituamos tg (x) = u ⇒ sec2 xdx = du, temos que

u2020 u2018
Z Z
I = u2019 du + u2017 du = + +C
2020 2018

tg2020 (x) tg2018 (x)


⇒I= + + C.
2020 2018
(e) Vamos separar a integral da seguinte forma
Z p Z
1  p 
I = t3 1 − t2 dt = − t2 −2t 1 − t2 dt.
2

Então (fazendo mudança de variável) se 1 − t2 = u ⇒ t2 = 1 − u e além disso −2t dt = du, portanto:

√ √
Z Z Z 
1 1
I=− (1 − u) u du = − u du − u3/2 du
2 2
! 5/2 3/2
1 u3/2 u5/2 1 − t2 1 − t2
⇒I=− 3
 − 5
 +C = − + C.
2 2 2
5 3

du
4. (a) Façamos a substituição −2x4 = u ⇒ −8x3 dx = du ⇒ x3 dx = − , e dessa maneira obtemos
8
4
eu e−2x
Z Z   Z
4 du 1
x3 e−2x dx = eu − =− eu du = − + C = − + C.
8 8 8 8

(b) Veja que a integral equivale a


Z √
(x + 2)3/2 2(x + 2)3/2
Z Z
x+2 1 1/2
I= dx = √ dx = (x + 2) dx = 3
 + C = + C.
x+2 x+2 2
3

5. Substituindo 5x + 3 = u ⇒ 5dx = du, logo,


21
1 u21
Z Z
20 1 (5x + 3)
(5x + 3) dx = · u20 du = · +C = + C.
5 5 21 105

Alternativa (e) é a resposta.


6. Primeiro observe
3e3x 3e3x
Z Z
I= dx = 2 dx
e + 2e3x + 1
6x
(e3x + 1)
Fazendo a substituição e3x + 1 = u ⇒ 3e3x dx = du, portanto:

3e3x u−1
Z Z
1 −1
I= 2 dx = 2
du = + C = − e3x + 1 + C.
3x
(e + 1) u −1

Alternativa (a) é a nossa resposta.

16
7. É puro algebrismo:
Z   Z Z
2
I = tg x · 1 + (sen x · sec x) dx = tg x · 1 + tg x dx = tg x · sec2 x dx.
2


Podemos resolver de duas maneiras:


• Substituindo tg x = u ⇒ sec2 x dx = du, portanto:
u2 tg2 x
Z
I = u du = +C = + C.
2 2
Não se encontra nas alternativas, mas achemos outra primitiva.
• Note que Z
I = sec x · sec x tg x dx.

Fazendo a substituição sec x = w ⇒ sec x tg x dx = dw, e dessa forma:


w2 sec2 x
Z
I = w dw = + C′ = + C ′.
2 2
Alternativa (a) é a resposta.

8. Só seguir os passos óbvios:


Z Z Z  
1 1 1 1 1 dx
I= dx = · dx = .
a2 + x2 a2 x 2 a x 2 a
 
a +1 a +1
x dx
Substituindo a =u⇒ a = du, portanto:
Z
1 1 1 1 x
I= 2
du = arctg u + C = arctg + C.
a 1+u a a a
Como querı́amos demonstrar.

9. É só fazer conta meu amigo, isso é uma piada, veja


Z h√ i2 Z
I= 2 · tg3 (2x) sec (2x) dx = tg6 (2x) · 2 sec2 (2x) dx.

Substituindo tg (2x) = u ⇒ 2 sec2 xdx = du, então


u7 tg7 (2x)
Z
I = u6 du = +C = + C.
7 7
A resposta é a letra (d).

10. Este problema envolve mais álgebra trigonométrica do que conhecimento de cálculo em si. Veja:
h i
Z tg (2x) cos4 (2x) − sen4 (2x) Z  
cotg (2x) 2 tg (2x) cos4 (2x) − sen4 (2x) tg (2x)
I= p sec (x) dx = p sec2 (x) dx
e2tg (x) cos (4x) sec2 (2x) − 1 e2tg (x) cos (4x) tg2 (2x)

tg (2x) · cos4 (2x) − sen4 (2x)
Z
⇒I= sec2 (x) dx
e2tg (x) (cos2 (2x) − sen2 (2x)) tg (2x)
 
tg (2x) · cos2 (2x) − sen2 (2x) cos2 (2x) + sen2 (2x)
Z Z
⇒I= sec (x) dx = e−2tg (x) sec2 (x) dx.
2
e2tg (x) (cos2 (2x) − sen2 (2x)) tg (2x)
Façamos a substituição −2tg (x) = w ⇒ sec2 (x) dx = − dw
2 , portanto:
Z  
dw 1 1
I = ew − = − ew + c = − e−2tg (x) + c.
2 2 2

Alternativa (b) é a resposta correta.

17
- Exercı́cios 1.5
t2019
1. (a) Vamos integrar por partes, chamando f (t) = ln (t) ⇒ f ′ (t) = 1t e seja g ′ (t) = t2018 ⇒ g(t) = 2019 ,
portanto:

t2019 1 t2019 ln (t) · t2019


Z Z Z
1
I = t2018 ln (t) dt = ln (t) · − · dt = − t2018 dt
2019 t 2019 2019 2019

ln (t) · t2019 t2019 t2019


⇒I= − + C = (ln (t) · 2019 − 1) + C.
2019 20192 20192
(b) Chamando f (θ) = θ2 ⇒ f ′ (θ) = 2θ e g ′ (θ) = cos (2θ) ⇒ g(θ) = sen2(2θ) , portanto, ao lebrarmos que
Z Z
f (θ)g ′ (θ) dθ = f (θ)g(θ) − f ′ (θ)g(θ) dθ,

obtemos Z Z
2 sen (2θ)
2 sen (2θ)
I= θ · cos (2θ) dθ = θ · − 2θ · dθ .
2 2
| {z }
I1

Resolvamos a integral I1 também por partes, seja h(θ) = θ ⇒ h (θ) = 1 e chamaremos i′ (θ) = sen (2θ) ⇒

i(θ) = − cos 2(2θ) , portanto:


Z  
θ · cos (2θ) 1 sen (2θ)
Z
cos (2θ) cos (2θ)
I1 = θ · sen (2θ) = −θ · − − dθ = − + · + C.
2 2 2 2 2

Portanto
θ2 · sen (2θ)
 
θ · cos (2θ) sen (2θ)
I= − − + + C′
2 2 4
θ2 · sen (2θ) θ · cos (2θ) sen (2θ)
⇔I= + − + C ′.
2 2 4
Sensacional.

2. Seja f (t) = t ⇒ f ′ (t) = 1 e seja g ′ (t) = sec (t) tg (t) ⇒ g(t) = sec (t), portanto:
Z Z
I = t sec (t) tg (t) dt = t · sec (t) − sec (t) dt.

O nosso problema agora é calcular a integral que nos resta, veja a solução

sec2 (t) + sec (t) tg (t)


Z Z Z
sec (t) (sec (t) + tg (t))
sec (t) dt = dt = dt
sec (t) + tg (t) sec (t) + tg (t)

Fazendo a substituição u = sec (t) + tg (t) obtemos que du = sec (t) tg (t) + sec2 (t) dt, portanto
Z Z
1
sec (t) dt = du = ln |u| + C = ln |sec (t) + tg (t)| + C.
u
Concluindo então que
I = t · sec (t) − ln |sec (t) + tg (t)| + C ′ .

3. (a) Seja f (x) = sen (ln x) ⇒ f ′ (x) = cos (ln x) · x1 , e g ′ (x) = 1 ⇒ g(x) = x, portanto:
Z Z Z
cos (ln x)
I= sen (ln x) dx = sen (ln x) · x − · x dx = sen (ln x) · x − cos (ln x) dx .
x
| {z }
I1

18
Calculemos I1 também por integração por partes, então, seja h(x) = cos (ln x) ⇒ h′ (x) = −sen (ln x) · 1
x
e i′ (x) = 1 ⇒ i(x) = x, portanto
Z Z
sen (ln x)
I1 = cos (ln x) · x − − · x dx = cos (ln x) · x + sen (ln x) dx.
x
Dessa maneira:
Z  Z 
I= sen (ln x) dx = sen (ln x) · x − cos (ln x) · x + sen (ln x) dx

⇔ 2I = sen (ln x) · x − cos (ln x) · x + C


x
⇔ I = (sen (ln x) − cos (ln x)) + C.
2
Essa é a nossa resposta. Questão magnı́fica.

(b) Seja f (x) = x ⇒ f ′ (x) = 1 e g ′ (x) = sen (3x) ⇒ g(x) = − cos 3(3x) , portanto:
Z Z  
cos (3x) cos (3x)
I = x sen (3x) dx = −x · − − dx
3 3
x · cos (3x) sen (3x)
Z
cos (3x) 1
⇒ I = −x · + cos (3x) dx = − + + C.
3 3 3 9

4. (a) Seja f (x) = arctg x ⇒ f ′ (x) = 1


1+x2 , e seja g ′ (x) = 1 ⇒ g(x) = x, portanto:
Z Z
x
I= arctg (x) dx = arctg (x) · x − dx .
1 + x2
| {z }
I1

Calculemos a integral I1 por substituição, façamos 1 + x2 = u ⇒ 2x dx = du ⇒ x dx = du


2 , então
Z  
1 du 1 1 1
= ln |u| + C = ln |1 + x2 | + C = ln 1 + x2 + C.

I1 =
u 2 2 2 2
Portanto
1
ln 1 + x2 + C ′ .

I = arctg (x) · x −
2
(b) Usando a questão anterior, temos que se
Z
1
arctg (x) dx = arctg (x) · x − ln 1 + x2 + C

2
Z
1
=⇒ arctg (4x) dx = arctg (4x) · x − ln 1 + 16x2 + C ′ .

8
(c) Por substituição, seja x2 = u ⇒ 2x dx = du, portanto
Z Z   Z
x 1 du 1
I= dx = = cossec (u) du.
sen (x2 ) sen (u) 2 2
Multiplicando ”em cima e em baixo” por (cossec (u) + cotg (u)), obtemos
cossec2 (u) + cossec (u)cotg (u)
Z
1
I= du.
2 cossec (u) + cotg (u)
d
Sabendo que du (cossec (u) + cotg (u)) = −cossec2 (u) − cossec (u)cotg (u), então, se fizermos a mudança
de variável w = cossec (u) + cotg (u), obtemos
Z
1 1 1 1
I= − dw = − ln |w| + C = − ln |cossec (u) + cotg (u)| + C
2 w 2 2
1
=⇒ I = − ln |cossec (x2 ) + cotg (x2 )| + C.
2

19
5. Observe que podemos separar nossa integral:
Z Z Z Z
 2 2 2 2
I= 4x4 + 12x2 + 3 ex dx = 4x4 · ex dx + 12x2 · ex dx + 3ex dx
| {z } | {z }
I1 I2

Dessa forma, vamos resolver cada uma das integrais.


Observe que a integral I1 pode ser resolvida por integral por partes:
Z   Z
x2 x2 2
I1 = 2x · e 2x dx = e · 2x − 6x2 · ex dx .
3 3

| {z }
I3

Resolvendo a integral I3 da mesma maneira:


Z   Z
x2 x2 2
I3 = 2x · e 3x dx = e · 3x − 3ex dx.

E portanto: Z
x2 2 2
3ex dx.

I1 = e · x · 2x − 3 +

Agora, resolvendo a integral I2 :


Z   Z
x2 x2 2
I2 = 2x · e 6x dx = e · 6x − 6ex dx.

Concluı́mos finalmente que:


Z Z Z
2 2 2 2
I = ex · x · 2x2 + 3 + 3ex dx − 6ex dx + 3ex dx


2
⇒ I = ex · x · 2x2 + 3 + k

(k ∈ R)
E terminamos o problema.

- Exercı́cios 2.2

1. Problema extremamente trivial:


Z a a
x3 x2

2
+ 3x = a3 − 1 − 3a2 + 3 + 3a − 3 = 27

3x − 6x + 3 dx = 3 · −6·
1 3 2 1
3
⇒ a3 − 3a2 + 3a − 1 = 27 = (a − 1) ⇒ a − 1 = 3 ⇔ a = 4.

du
2. Substituindo x2 + 4 = u ⇒ dx = e os intervalos de integração: x = 0 → u = 4 e x = 1 → u = 1. Portanto:
2 ,

Z 1 p Z 5 Z 5 5
√ √ 3/2
 
du 1 1 u
I= x x2 + 4 dx = u = u du = · 3 

0 4 2 2 4 2 2

4
3/2 3/2

5 4 5 5−8
⇒I= − = .
3 3 3


3. Tem que lembrar da derivada da secante que é, (sec (x)) = sec (x)tg (x), pois veja
Z π/3 Z π/3 Z π/3
sen (x) 1
I= sen (x) sec2 (x) dx = · dx = sec (x)tg (x dx
0 0 cos (x) cos (x) 0

Portanto meus amigos:


π/3 1 1
I = sec (x)|0 = − = 2 − 1 = 1.
cos π3 cos 0

20
4. Ao integrarmos por partes, seja f (x) = x ⇒ f ′ (x) = 1 e g ′ (x) = sen (2x) ⇒ g(x) = − cos 2(2x) , e dessa forma:
Z π/2 π/2 Z π/2  
cos (2x) cos (2x)
I= x sen (2x) dx = −x · − − dx
0 2
0 0 2
Z π/2
π (−1) 1
⇒I=− · + cos (2x) dx .
2 2 2 0
| {z }
I1

Fazendo a substituição 2x = u ⇒ dx = du 2 , e os intervalos de integração mudam para: x = 0 → u = 0 e


x = π2 → u = π. Z π
du 1
I1 = cos u · = · (sen (π) − sen (0)) = 0.
0 2 2
Portanto,
π
I= .
4

Os exercı́cios 5, 6 e 7 vou deixar apenas o gabarito, podemos discutir no CTG depois:


5. A resposta é ln 28 − 1.
3/2
2 (1 + ln 4) 2
6. (a) A resposta é − .
3 3
1 − ln 2
(b) A resposta é .
2

7. Resposta letra (b).

8. Queremos descobrir o valor de


I = I1 + I2 ,
Z √ π3 Z √ π3
em que, I1 = sen x2 dx e I2 = 2 2 2 2
√ π x cos x dx. Sabendo que f (x) = x cos x é uma função par,
0 − 3
então:
Z √ π3 Z √ π3
2 2
I2 = √ π x cos x dx = 2 · x2 cos x2 dx.
− 3 0

Então:
Z √ π3 Z √ π3
2
I= sen x dx + 2x2 cos x2 dx
0 0
Z √ π3
⇔I= sen x2 + 2x2 cos x2 dx.
0
 ′
Podemos ver se formos muito atentos que x · sen x2 = sen x2 + 2x2 cos x2 , portanto

√ π
r
π  π  √π
I = x · sen x2 0 3 = · sen = .
3 3 2

E acabamos o problema.

9. Observe Z 35 Z 35
1 1
I= =  dx.
25 x − x3/5 25 x3/5 x2/5 − 1

21
2 1
Substituindo x2/5 − 1 = u ⇒ du = 5 · x3/5
dx, e os intervalos de integração mudam para: x = 25 → u = 3 e
x = 35 → u = 8. Portanto:
35
5 81
Z 
 Z
5 1 2 dx
I= · = du
2 25 x2/5 − 1 5 x3/5 2 3 u
 
5 8
⇒ I = ln .
2 3
Magnânimo.

d
10. Façamos aparecer a derivada do denominador no numerador, que é dx [(ex − 1)x] = xex + ex − 1, então:
1
xex + ex − 1 xex + x
Z
− dx.
−1 (ex − 1) x (ex − 1)x

E dessa forma, temos uma integral I = I1 − I2 :


Z 1 Z 1
xex + ex − 1 xex + x
I= x
dx − x
dx .
−1 (e − 1) x −1 (e − 1)x
| {z } | {z }
I1 I2

Veja que (e isso foi proposital desde o inı́cio) ao fazer a mudança de variável u = (ex − 1) · x em I1 , a integral
fica igual a: Z e−1  
1 e−1
I1 = du = ln (e − 1) − ln = ln e = 1.
e−1
e
u e
Enquanto nossa integral
1
ex + 1
Z
I2 = dx = 0,
−1 ex − 1
mas por quê?
Veja que os intervalos de integração são opostos entre si, e para toda função ı́mpar f (x) contı́nua em seu
domı́nio e para algum b ∈ R+ , temos que:
Z b
f (x) dx = 0.
−b
ex +1
Resta provar que f (x) = ex −1 é uma função ı́mpar. Obviamente:

1+ex

e(−x) + 1 ex  ex + 1
f (−x) = −x = 1−ex =−
e −1 ex
ex − 1

⇒ f (−x) = −f (x).
Terminamos então afirmando que:
I = I1 = 1.

11. Com a mesma ideia da questão anterior, vamos fazer aparecer no numerador a derivada do denominador.
d
Como [x · (x + ex )] = ex · x + ex + 2x. Dessa forma:
dx
Z 2 x Z 2 x
xe + ex + 2x 2e + 2x
I= x)
dx − x + x)
dx .
1 x(x + e 1 x(e
| {z } | {z }
I1 I2

Vamos resolver cada uma das integrais. Observe que I1 era o nosso propósito desde o inı́cio, pois substituindo
u = x(ex + x), obtemos:
Z 2(e2 +2)  2 
1 2(e + 2)
I1 = du = ln .
e+1 u e+1

22
Agora observe que:
2 2
ex + x
Z Z
1
I2 = 2 dx = 2 dx = 2 ln 2 = ln 4.
1 x(ex + x) 1 x
Concluı́mos então:
2(e2 + 2) e2 + 2
   
I = ln − ln 4 = ln .
e+1 2e + 2
Alternativa (c) é a nossa resposta correta.

Eu sei eu sei, eu fiz muito rápido essas duas últimas questões, mas pera aı́ né, tem que acelerar as coisas, parar de
comer papinha é bom e começar a engolir comida grossa e dura. Se cuidem, um abraço a todos...

23

Você também pode gostar