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Professor Lucio Ramos Neves Cálculo Diferencial e Integral II


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UNIDADE I – ESTUDO DAS FUNÇÔES DE VARIAS VARIÁVEIS REAIS


1.1 - Funções de duas variáveis: Definição, domínio e imagem.
1.2 - Gráficos de funções de duas variáveis;
1.3 - Curvas de nível;
1.4 - Funções de três ou mais variáveis: conceitos e exemplos.
UNIDADE II – LIMITES E CONTINUIDADE DE VARIAS VARIÁVEIS REAIS
2.1 - Limite e continuidade para funções de duas variáveis, propriedades.
UNIDADE III – ESTUDO DA DERIVADA PARA FUNÇÕES DE DUAS OU MAIS VARIÁVEIS
REAIS
3.1 - Derivadas parciais para funções de duas ou mais variáveis.
3.2 - Conceitos, exemplos e significado geométrico;
3.3 - Diferencial de uma função, condições para uma função ser diferençável,
diferencial total;
3.4 - Função composta e a regra de cadeia;
3.5 - Funções definidas Implicitamente: Teorema da função implícita e derivada de
uma função definida implicitamente;
3.6 - Derivadas direcionais, gradientes, retas normais e planos tangentes;
3.7 - Derivadas parciais de segunda ordem e superior.
UNIDADE IV – MÁXIMOS E MÍNIMOS PARA FUNCOES DE DUAS OU MAIS VARIÁVEIS DE
DUAS OU MAIS VARIÁVEIS REAIS
4.1 - Ponto de máximo e mínimo relativo de uma função.
4.2 - Ponto de máximo e mínimo global de uma função;
4.3 - Critérios para caracterização de um ponto de máximo ou mínimo;
4.4 - Máximos e mínimos condicionados, multiplicadores de lagrange.
UNIDADE V – INTEGRAIS MÚLTIPLAS
5.1 - Conceito de integral de Reimann em integrais múltiplas, propriedades.
5.2 - Integral dupla, mudança de variável nas integrais dupla, coordenadas polares;
5.3 - Aplicações das integrais duplas;
5.4 - Integral tripla; mudança de variável nas integrais triplas, coordenadas
cilíndricas e esféricas;
5.5 - Aplicações das integrais triplas.
UNIDADE VI – EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
6.1 - Equações diferenciais, conceito, formação, grau soluções e classificação:
Ordinárias e parcial.
6.2 - Equações Diferenciais Ordinárias (E.D.O.): Equações diferenciais de 1º ordem
e 1º grau: Variáveis Separáveis; Equação Diferencial Exata e Fatores
Integrantes; Equações Diferenciais Lineares de 1ª ordem (EDL), Soluções por
Substituições: Homogêneas, Bernoulli e Riccati;
6.3 - Aplicações: Crescimento e decrescimento; Resfriamento de um corpo, Circuitos
elétricos simples; Problemas de Diluição, etc;
6.4 - Equações lineares de ordem “n”; Equações lineares e homogêneas de
Coeficientes Constantes, Equações Lineares Não-Homogêneas, Aplicações
Sistema de Equações Diferenciais;
6.5 - Equações Diferenciais Parciais (E.D.P.): Conceitos Básicos e resolução de
alguns tipos de equações diferenciais parciais.
UNIDADE VII – ANÁLISE VETORIAL
7.1 - Definição de função vetorial.
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7.2 - Limite, continuidade e diferenciabilidade;


7.3 - Derivadas parciais, diferencias de vetores;
7.4 - Operadores diferenciais vetoriais (Gradiente, divergente e rotacional);
7.5 - Parametrização de curvas, Comprimento de curva;
7.6 - Vetores tangente e normal de uma curva;
7.7 - Integral de linha de uma função escalar;
7.8 - Integrais curvilíneas de um campo vetorial;
7.9 - Integral de superfície de função vetorial;
7.10 - Campos vetoriais conservativos no plano;
7.11 - Teorema de Green, Gauss e Stokes.

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História das Funções de Várias Variáveis


Durante o século 16, matemáticos estavam desenvolvendo uma nova matemática para
resolver problemas em ciências físicas. Como o mundo físico é multidimensional (isto é, três
dimensões espaciais e o tempo), muitas das quantidades usadas nestes modelos aplicados eram de
várias variáveis. Astronomia era uma área da ciência que era rica neste tipo de matemática de várias
variáveis. Por isso, o cenário estava sendo montado por astrônomos e matemáticos para o
desenvolvimento de funções de várias variáveis e, finalmente, para o cálculo de várias variáveis.
Galileu (1564--1642) tentou aplicar a matemática ao seu trabalho em astronomia, cinemática e
resistência dos materiais. Pelo seu trabalho nestas áreas, é freqüentemente chamado de fundador da
mecânica e física moderna. O astrônomo, matemático e físico alemão Johannes Kepler (1571--
1630) contribuiu grandemente através do desenvolvimento das suas três leis do movimento
planetário. Estes resultados mudaram a astronomia e desempenharam um papel crucial no
desenvolvimento da física newtoniana e do cálculo. Seu trabalho ajudou a desacreditar o modelo
geocêntrico de Ptolomeu e ajudou a estabelecer a teoria heliocêntrica de Copérnico. Também
montou o cenário para o surgimento da matemática aplicada em várias variáveis.
Depois do desenvolvimento do cálculo de uma variável no século 17, sua aplicação para
resolver problemas em um mundo multidimensional resultou na necessidade de generalização para
incluir funções de mais de uma variável e cálculo de várias variáveis. O que seriam os análogos da
derivada e da integral para funções de mais de uma variável? Jean d'Alembert (1717--1783)
desenvolveu e usou o cálculo de várias variáveis para lidar com métodos para resolver equações
diferenciais e movimento de corpos considerando a resistência do meio. De várias maneira, usou os
trabalhos de Newton, L'Hospital e dos Bernoullis para estender os conceitos de cálculo para várias
variáveis. D'Alembert pesquisou nesta área e publicou muitos trabalhos em matemática e física
matemática. Seu trabalho principal foi o Traité de dynamique (1743), o qual ajudou a fazer com que
a diferenciação parcial fizesse parte do cálculo.
Próximo na linha de refinamento e uso do cálculo de várias variáveis foi Joseph Louis
Lagrange (1736--1813). Este aplicou seu conhecimento de cálculo à mecânica. Foi muito produtivo
nesta área aplicada da matemática. Seus principais trabalhos foram sobre as equações de movimento
e no entendimento da energia potencial. Lagrange também foi o primeiro a desenvolver os método
de hoje para encontrar máximos e mínimos usando cálculo. Seu trabalho em otimização em várias
variáveis resultou na técnica que agora chamamos de multiplicadores de Lagrange. Ele tinha apenas
19 anos quando inventou estes métodos e até muito mais tarde em sua vida ainda os considerava
como seu melhor trabalho em matemática. Publicou Mécanique analytique (1787), no qual aplicou
cálculo de várias variáveis ao movimento e às propriedades de objetos no espaço. Colega de
Lagrange, o astrônomo e matemático Pierre-Simon Laplace (1749--1827), se sobressaiu ao resolver,
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ainda jovem, um problema de gravitação mútua que tinha frustrado Euler e Lagrange. Seu trabalho
contribuiu para a análise do sistema solar. Laplace generalizou as leis da mecânica para sua
aplicação ao movimento e às propriedades de corpos celestes, por isso precisou e desenvolveu
resultados em cálculo de várias variáveis. Seu famoso tratado sobre este assunto foi intitulado
Mécanique celeste. Em 1782, Adrien Legendre (1752--1833) venceu um prêmio de pesquisa da
Academia de Berlim com seu trabalho sobre balística exterior. Analisou a curva descrita pelas bolas
de canhão, levando em consideração a resistência do ar e desenvolveu relações para alcance dadas
as velocidades iniciais. Legendre pôde desenvolver estas equações a partir de seu trabalho avançado
em equações diferenciais e cálculo de várias variáveis.
Sylvestre François Lacroix (1765--1843) escreveu um tratado importante sobre cálculo em
1797. Em seu livro, unificou e generalizou muitos métodos para incluir cálculo de várias variáveis.
Enquanto Lacroix seguiu muitos dos fundamentos estabelecidos por Euler, também incorporou
resultados obtidos no final do século 18 ao seu texto. Seu tratado expandiu o papel do cálculo de
várias variáveis nas ciências. O matemático francês Joseph Fourier (1768--1830) também aplicou
cálculo para resolver problemas práticos em ciência. Por sua habilidade, foi selecionado por
Napoleão para ir numa expedição ao Egito como consultor técnico em engenharia e pesquisa
técnica. Posteriormente, Fourier continuou sua pesquisa matemática usando seu entendimento de
derivadas parciais e de cálculo de várias variáveis. Fourier fez contribuições para o estudo e cálculo
de difusão de calor e para a solução de equações diferenciais. Muito daquele trabalho aparece em
seu influente livro Théorie analytique de la chaleur.
À frente daqueles que contribuíram para o cálculo de várias variáveis estava Carl Friedrich
Gauss (1777--1855). As conquistas de Gauss em ciências e matemática foram assombrosas. Seu
desenvolvimento de uma teoria de órbitas planetárias foi publicado em 1809. Gauss desenvolveu e
provou o Teorema da Divergência enquanto trabalhava na teoria de gravitação, mas suas anotações
não foram publicadas até muitos anos depois, por isso, foi dado crédito a outros pelo
desenvolvimento e prova deste importante resultado de várias variáveis. O teorema é, algumas
vezes, chamado de Teorema de Gauss. Gauss desenvolveu resultados que estabeleceram a teoria do
potencial como um ramo coerente da matemática. Mikhail Ostrogradsky (1801--1862) foi o
primeiro a publicar uma prova do teorema da divergência. Ostrogradsky deixou a Rússia para Paris
em 1822 onde encontrou Laplace, Legendre, Fourier, Poisson e Cauchy. Enquanto trabalhava na
teoria do calor na metade da década de 1820, formulou o teorema da divergência como uma
ferramenta para tornar integrais de volume em integrais de superfície.
O matemático francês Siméon Poisson (1781--1840) estudou com Lagrange e Laplace,
fazendo seu trabalhos iniciais em mecânica. Utilizou a matemática nas aplicações de elasticidade e
vibrações. O famoso matemático Augustine Cauchy (1789--1857) construiu sobre os conceitos de
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várias variáveis no Mécanique céleste de Laplace e no Traité des functions analytiques de


Lagrange. Em 1816, resolveu um problema de hidrodinâmica sobre a propagação de ondas sobre a
superfície de um líquido. Usou seus conhecimentos de diferenciação parcial e de integrais de linha
para analisar soluções e propriedades das equações diferenciais parciais. O matemático aplicado
Carl Jacobi (1804--1851) desenvolveu a teoria de determinantes e transformações em uma
ferramenta poderosa para avaliar integrais múltiplas. Também aplicou métodos de transformação
para estudar integrais como as que surgiram no cálculo do comprimento de arco. O trabalho de
George Green (1793--1841) sobre os fundamentos matemáticos da gravitação, da eletricidade e do
magnetismo foi publicado em 1828 em um pequeno livro intitulado An Essay on the Application of
Mathematical Analysis to Electricity and Magnetism. A matemática de Green deu a base na qual
Thomson, Stokes, Rayleigh, Maxwell e outros construíram a teoria atual do eletromagnetismo.
Central a este desenvolvimento foi o cálculo de várias variáveis, resultado que agora chamamos de
Teorema de Green. George Stokes (1819--1903) aplicou o cálculo de várias varáveis para estudar
hidrodinâmica, elasticidade, luz, gravitação, som, calor, meteorologia e física solar. Ele não foi o
primeiro a desenvolver o teorema integral que agora chamamos de Teorema de Stokes; ele o
aprendeu de Thomson em 1850 e poucos anos depois incluiu entre questões de um exame. Desde
então tornou-se conhecido como Teorema de Stokes. Bernhard Riemann (1826--1866) trabalhou
com físico Wilhelm Weber (1804--1891), introduzindo as idéias básicas da geometria diferencial.
Continuou a estudar e contribuir com o cálculo de várias variáveis aplicando resultados em
dinâmica e física computacional. Similarmente, Josiah Willard Gibbs (1839 -- 1903), que nasceu
em Connecticut e estudou em Yale, trabalhou em problemas de ciência aplicada em física
matemática. Suas contribuições foram em termodinâmica, eletromagnetismo e mecânica. Sonya
Kovalevsky (1850--1891), a matemática russa mais conhecida do final do século 19, aprendeu
matemática lendo papel de parede de um quarto que consistia de páginas de um texto matemático
do cálculo diferencial e integral de Ostrogradsky. Ela trabalhou principalmente na teoria de
equações diferenciais parciais. Trabalhos posteriores de cientistas e matemáticos aplicados no final
do século 19 e no século 20 refinaram resultados anteriores de várias variáveis e utilizaram estas
técnicas em várias áreas de ciência e engenharia. O físico James Maxwell (1831--1879) usou
ferramentas de várias variáveis como a divergência, o rotacional, fluxo e potencial para avançar no
entendimento de ótica, luz, eletricidade e magnetismo. Ernst Mach (1838--1916) usou muitas destas
mesmas ferramentas para produzir novos resultados em mecânica, termodinâmica e física. Seu
trabalho influenciou trabalhos posteriores de Albert Einstein em relatividade e física. O matemático
italiano Guido Fubini (1879--1943) avançou ambos os aspectos aplicado e teórico do cálculo de
várias variáveis. Seu trabalho aplicou matemática à ciência e à engenharia. Ele provou o método de
avaliar integrais iteradas que tem o seu nome e utilizou os resultados em mecânica e física.
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

Consideremos os seguintes enunciados:

1) O volume V de um cilindro é dado por V = r2h , onde r, raio e h, altura.

2) A equação de estado de um gás é dada por , onde temos:


P: Pressão
V: Volume
n: Massa gasosa em moles
r: Constante molar do gás
T: Temperatura
Numa breve análise destes enunciados, verificamos que as funções envolvidas requerem o
uso de duas ou mais variáveis independentes.

1 ) Temos V: V(r, h) = r 2h
Em:
2 ) Temos P: P( n, T, V) = ( Lembrar que r é constante )

Gráfico:
R R

h V
V P
R R

Par ordenado ( r, h ) no plano R2 = R x R. T


r R
n
Terna ordenada ( n, T, V ) em R3 = R x R x R
OBS: O estudo das funções de três, ou mais, variáveis difere pouco do estudo de funções de duas
variáveis, logo, vamos trabalhar mais com estas, salientando as diferenças.

FUNÇÃO DE VÁRIAS VARIÁVEIS:


Definição : Seja A um conjunto do espaço n-dimensional ( A Rn ), isto é, os elementos
de A são n-uplas ordenadas ( x1, x2, x3, ..., xn ) de números reais, se a cada ponto P do conjunto A
associamos um único elemento z R, temos a função a qual está definida como f: A Rn R.
A Rn.
Essa função é chamada de Função de n variáveis reais e denotamos: z = f(P) ou z = f ( x1,
x2, x3, ..., xn ). O conjunto A é denominado Domínio da função z = f(P). As notações são, em geral,
do tipo:
f (x, y) = x² + xy

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( Duas variáveis ) f (x, y, z) = x + 2y – 3z ( Três variáveis )


f (x, y) = ex+y
Questões Propostas
01) Um fabricante produz calculadoras cientificas por um custo de R$ 40,00 a unidade e
calculadoras comerciais por um custo de R$ 20,00 unidades.
a) Expresse o custo de produção mensal do fabricante em função do número de calculadoras
cientificas e comerciais produzidas. R: .
b) Calcule o custo mensal se 500 calculadoras cientificas e 800 calculadoras comerciais forem
produzidas. R: R$ 36.000,00.
c) O fabricante pretende fabricar 50 calculadoras científicas a mais por mês que o número que
aparece no item (b). Qual deve ser a variação do número de calculadoras comerciais produzidas
para que o custo mensal total não vive? R: yc = 700.

02) Usando x operários especializados e y operários não-especializados, uma fábrica é capaz de


produzir unidades por dia. No momento, a fabrica opera com 20 operários
especializados e 40 operários não-especializados.
a) Quantas unidades estão sendo produzidas por dia? R: 160.000 unidades.
b) Qual será a variação na produção diária se a fábrica puder contar com mais 1 operário
especializado? R: a produção aumentará de 16.400 unidades.
c) Qual será a variação na produção diária se a fábrica puder contar com mais 1 operário não-
especializado? R: a produção aumentará de 4.000 unidades.
d) Qual será a variação na produção diária se a fábrica puder contar com mais 1 operário e mais 1
operário não-especializado? R: produção aumentará de 20.810 unidades.

03) A produção de certa fábrica é unidades, onde k é o capital imobilizado


em milhares de reais e L é o volume de mão-de-obra em homens-horas:
a) Calcule a produção se o capital imobilizado for R$ 125.000,00 e o volume da mão-de-obra for
1,331 homens-horas. R: 33.000 unidades
b) Que acontecerá com a produção do item (a) se o capital imobilizado e o volume de mão-de-obra

forem reduzidos à metade? R: .

04) Um fabricante pretende vender um novo produto por um preço unitário de A reais e estima que
se gastar x mil reais no desenvolvimento do produto e y mil reais em propaganda, os consumidores

comprarão unidades do produto. Expresse o lucro total em função de x e y,

sabendo que o custo de fabricação do produto é R$ 50,00 por unidade.

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R:

05) Um fabricante com direitos exclusivos para produzir uma nova máquina industrial sofisticada
pretende vender um número limitado dessas máquinas a firmas nacionais e estrangeiras. O preço
que o fabricante espera receber pelas máquinas depende do número de máquinas produzidas. O
fabricante calcula que se fornecer x máquinas ao mercado interno e y máquinas ao mercado externo,

as máquinas serão vendidas por reais por unidade no mercado interno e pelo

equivalente a reais no mercado externo. Expresse a receita do fabricante, R, em

função de x e y. R:

06) O valor das prestações mensais M para pagar um empréstimo de P reais a ser pago em t anos a

uma taxa anual de juros r é dado por .

a) Determine o valor das prestações mensais para pagar um empréstimo de R$ 100.000,00 em 30


anos a uma taxa de juros de 7%. R: R$ 665,30.
b) Determine o valor das prestações mensais para pagar um empréstimo de R$ 22.000,00 em 5 anos
a uma taxa de juros de 8%. R: R$ 446,08.

07) Uma empresa fabrica dois modelos de impressoras, um de baixa resolução e outra de alta
resolução. A função custo para produzir x impressoras de baixa resolução e y impressoras de alta
resolução é . Determine o custo para produzir 80 impressoras
de baixa resolução e 20 impressoras de alta resolução. R: R$ 21.960, 00.

08) Os ganhos por ação da McDonald’s Corporation entre 1991 e 1999 podem ser modelados pela
função onde x é a receita total (em bilhões de dólares) e y é o capital
(em bilhões de dólares).
a) Determine os ganhos por ação para x = 12 e y = 9.
b) Qual das duas variáveis desse modelo tem maior influência sobre os ganhos por ação?
R: Justifique sua resposta.

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GRÁFICOS
Uma função de duas variáveis pode ser representada graficamente como uma superfície no
espaço, fazendo-se z = f (x, y). Ao fazer o gráfico de uma função de x e y, tenha em mente que,
embora o gráfico seja tridimensional, o domínio da função é bidimensional, pois consiste nos
pontos do plano (x, y) para os quais a função é definida.

Questões Resolvidas:
1) Determine o domínio e a imagem da função f ( x,y ) = .
Solução:
Temos pois: x² + y² 8² ( círculo)
logo, ou Imf = [ 0; 8 ].
Centro (0,0)
e raio 8 Gráfico do Domínio da
função
x
Gráfico da z
função. 8 8
HEMISFÉRIO SUPERIOR

-8 8 y
y -8 8
8
-8
x

2) Determine o Domínio para g( x, y, z ) = , e esboce o gráfico do domínio.


Solução:

Gráfico do Domínio:

z Nota-se que o gráfico da função seria


4
quadridimensional, não podendo, portanto, ser
esboçado.

y
4
4

3) Idem para
Solução:
x² - y² > 0 ( x + y ).(x – y ) > 0 OU

x + y > 0 e x – y > 0 (A)

x + y < 0 e x – y < 0 (B)

Logo: D(w) =

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y=-x y=x Cálculo Diferencial e Integral II
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Gráfico do Domínio: x

(B) (A)
x+y<0 x+y>0

x-y<0 x-y>0

4) Ache o domínio da função w = R.


Solução:
Para w pertencente a R temos x1 + x2 + x3 + x4 + x5 0, logo:

Dw = { (x1, x2, x3, x4, x5) R5 / x1 + x2 + x3 + x4 + x5 0}.


Questões Propostas

01) Dada a função .

a) Determine o domínio de f. R:

b) Calcule f(1, -2). R: .

02) Dada a função .


a) Determine o domínio de f. R:
b) Calcule f(1, -2). R: .
03) Dada a função .
a) Determine o domínio de f. R:
b) Calcule f( -1, 2, 5). R: 3.
04) Dada a função .
a) Determine o domínio de f. R:
b) Calcule f(3, 2). R: 0.

05) Dada a função .


a) Determine o domínio de f. R:
b) Calcule f(2, 1). R: 2.

06) Dada a função .

a) Determine o domínio de f. R:

b) Calcule f(3, 2). R: .

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07) Dada a função .

a) Determine o domínio de f. R:
b) Calcule f(3, 1). R: .

08) Determine o domínio e esboce o gráfico das seguintes funções:

1) 9) w =

2) 10) y =

3) 11) z =

4) 12) w =

5) 13) z = Ln

6) 14) z =

7) 15) z = Ln

8) 16) z = e

CURVAS DE NÍVEIS

Definição (1): Uma função real de duas variáveis reais é uma função F: R 2  R que associa
o par (x, y) ao número real z = f(x, y).
Definição (2): Curva de nível de uma função z = f(x, y) é a curva f(x, y) = c, no plano - xy,
isto é, a interseção da superfície z =f(x, y) com o plano z = c, onde c é uma constante qualquer.
As curvas de níveis aparecem em muitas situações diferentes tais como mapas topográficos.
Na economia, por exemplo, se a produção de um processo é determinada por dois insumos
x e y (horas de trabalho e capital imobilizado, por exemplo), a curva de nível é chamada
de curva de produto constante C, ou, mais resumidamente, de isoquante (“ iso” é um prefixo que
significa “igual”).
Outra aplicação das curvas de nível na economia envolve o conceito de curvas de
indiferença. A um consumidor que está pensando em comprar várias unidades de dois produtos é
associado a uma função de utilidade que mede a satisfação (ou utilidade) que o consumidor
recebe) que o consumidor recebe ao adquirir x unidades de do primeiro produto e y unidades do
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segundo. Uma curva de nível da função de utilidade é chamada de curva de indiferença


e fornece todas as combinações possíveis de x e y que resultam no mesmo grau de satisfação do
consumidor.
1) Exemplo: A função f: R2  R definida pela lei f(x, y) = x2 + y2 ou z = x2 + y2. Esta função é

definida em todo plano R2 A função g: R2  R definida pela lei g(x, y) = que tem valores

para todos os pontos do plano (x, y) (0, 0). Como as funções de uma variável, podemos definir
um gráfico para as funções de duas variáveis, como sendo o conjunto dos pontos do espaço (x, y, z),
tal que z = f(x, y).
De um modo geral, o gráfico de uma função de duas variáveis é uma superfície no R3.

Se f(x, y) = podemos encontrar os pontos do domínio da função. Neste caso, por

exemplo, qual o valor de f(1, 2) e f(–1, 1)? Temos: = e f(–1, 1) = = –1.

Por domínio de uma função z = f(x, y) entendemos como o conjunto dos pontos (x, y) do
plano-xy no qual a função é definida, isto é, no qual ela assume um valor real.

2) Exemplo: No caso da função f(x, y) = o domínio da função são os pontos (x, y) do

plano-xy tais que 4 – x2 – y2 > 0 ou x2 + y2 < 4, que constituem os pontos interiores ao círculo com

centro na origem e raio 2. O domínio da função f(x, y) = arc sen + será:a primeira parcela

arc sen é definida para –1 1 ou –2 x 2 e a segunda parcela é definida para x > 0

e y> 0 ou x < 0 e y < 0. Logo o domínio da função será o seguinte:

Questões Propostas
01) A utilidade para um consumidor da aquisição de x unidades de um produto e y unidades de um
segundo produto é dada pela função de utilidade . Se o consumidor possui x = 16
unidades do primeiro produto e y = 20 unidades do segundo determine o nível de utilidade do
consumidor e plote a curva de nível.
R: 1.280

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02) Quando x máquinas e y homens-horas são usados, certa fábrica produz telefones
celulares por dia. Descreva a relação entre os insumos que resulta em uma produção diária de 1.000
telefones celulares. (isso equivale a determinar uma curva de nível de Q).

R:

03) O quociente de inteligência (QI) de uma pessoa é dado pela função , onde a é a

idade cronológica da pessoa e m é a idade mental:


a) Calcule I(12; 11) e (16; 17). R: 109,09 e 94,12.
b) Plote várias curvas de nível de I(m; a). Como são essas curvas?
R:

04) Quando uma grande quantidade de terra está sendo manipulada, o ar pode ficar contaminado
com partículas. Para estimar a emissão de partículas, foi proposta a seguinte fórmula empírica dada
abaixo, onde E é o fator de emissão (libras de partículas liberadas por tonelada de terra
manipulada), V é a velocidade do vento (milhas por hora), M é a umidade do material (dada na
forma de uma porcentagem) e K é uma constante que depende do tamanho das partículas:

a) Para partículas pequenas (5 mm de diâmetros), k = 0,2. Calcule E(10, 13). R: 1,147 10-4
b) A emissão total é dada pelo fator de emissão E multiplicação pela quantidade de terra
manipulada em toneladas. Suponha que 19 toneladas do material do item (a) sejam manipuladas.
Quantas toneladas de um segundo tipo de material com k = 0,48 (partículas de 15 mm de diâmetros)
e 27% de umidade teriam que ser manipuladas para produzir a mesma emissão total?
R: 22 toneladas
c) Trace várias curvas de nível de E(V, M) supondo que o tamanho de partícula permaneça
constante. O que representam essas curvas?
R:

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05) De acordo com uma lei de Poiseuille, a velocidade do sangue em um vaso sanguíneo a uma

distância r (em cm) do eixo vaso é dado por , onde P (em dinas/cm2) é a

pressão no vaso, R (em cm) é o raio do vaso e L (em cm) é o comprimento do vaso:
a) Suponha que R = 0,0075 cm. Calcule V(3875; 1,675; 0,004). R: 0,866 cm/s.
b) Se r = 0,5R V se torna função apenas de P e L.Trace várias curvas de nível de V(P,L).

06) De acordo coma equação de van der Waal, 1 mol de um gás confinado satisfaz a equação ao

lado , onde T é a temperatura do gás em graus

centígrados, V é o volume do gás em centímetros cúbicos, P é a pressão do gás em atmosferas e a e


b são constantes que dependem do gás considerado:
a) Quando o gás confinado é o cloro, os resultados experimentais mostram que e
. Determine T(1,13; 31,275x103), isto é, a temperatura que corresponde a 31,275 cm 3 de
cloro à pressão de 1,13 atmosfera. R: 159, 76 °C.
b) Trace duas curvas de nível de T. Essas curvas são chamadas de curvas de temperatura constante
ou isotermas.

06) A água usada na fabricação de semicondutores deve ser extremamente pura. Para separar a água
das impurezas, utiliza-se um processo conhecido como osmose reversa, no qual se faz a água passar
por uma membrana semipermeável. Um parâmetro importante deste processo é a pressão osmótica,
que pode ser calculada através da equação de Van’t Hoff’ , onde P
é a pressão osmótica em atmosférica, N é o número de íons por moléculas do soluto, C é a
concentração do soluto em gramas-mols por litro e T é a temperatura do soluto em graus
centígrados. Determine a pressão osmótica de uma solução de cloreto de sódio (NaCL) com uma
concentração de 0,53 gmol/L a uma temperatura de 23 °C. (Cada molécula de NaCL) contém dois
íons: e . R: 23,54.

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LIMITE DE UMA FUNÇÃO DE DUAS OU MAIS VARIÁVEL

Limite de Função de duas ou mais variáveis:


Bola Aberta:
Se A é um ponto em e r é um número positivo, então a bola aberta B(A, r) é definida

como o conjunto de todos os pontos P em que

A bola aberta B(a,r) é o conjunto de todos os pontos x em , tais que Bola

aberta em .

Bola Fechada:
Se A é um ponto em e r é um número positivo, então a bola fechada é definida
com o conjunto de todos os pontos P em que

. a-r a+r
a

Definição 1:
Seja f uma função de duas variáveis definida em um disco aberto ou bola aberta

com possível exceção no ponto Então .

Se para qualquer , existe um tal que sempre que

se a função for de três variáveis temos. e

sempre que e então .

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Usaremos as mesmas propriedades operatórias de limite para uma variável fazendo as


devidas adaptações para funções de varias variáveis:

Teorema: dados os e onde L, M e k são números reais então:

No estudo de limite feito no cálculo I, verificamos que o limite f(x) existe se, somente se, os

limites laterais e , forem iguais. Tratando com limites de uma função f de duas

é, ou mais variáveis, isto devemos supor que o ponto (x, y) se aproxima do ponto (x 0,

y0), não apenas pela direita ou pela esquerda, mas também por qualquer direção. Podemos ainda
supor que o ponto (x, y), se aproxima de (x0, y0), ao longo de uma curva.

Dizer que o , significa que quando o ponto (x, y), tende (x0, y0) por qualquer

direção f(x, y) tende ao mesmo limite. Portanto um meio conveniente de mostrar que f(x, y) tende a
dois limites quando (x, y), tende para (x0, y0), por duas direções diferentes.

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O limite da função quando o ponto (x, y) tende para (x0, y0), por qualquer caminho
que passe por (x0, y0) e por exemplo, se (x0, y0) = (0, 0). Os caminhos podem ser (x = 0,
y = 0, , com , e ).
Continuidade: Suponha que f seja uma função a duas variáveis e que o ponto (x0, y0), seja o
centro de um círculo de raio positivo contido no domínio de f, dizemos que f é contínua em (x 0, y0),
se as três condições abaixo forem verificadas:
1) existe e é bem determinado.

2) existe e é bem determinado;

3) , isto é as condições 1 e 2 forem iguais.

Obs: O mesmo estudo que foi feito para o estudo de limite de função de uma variável aplica-
se também para duas ou mais avariáveis.
Exemplos:

1) Encontrar Temos: .

2) Temos: .

3) Temos:

Questões Propostas
01) Usando a definição de limite verifique:

1) 5)

2) 6)

3) 7)

4) 8)

02) Calcule os limites abaixo:

1) R: 2 15) R: 2

2) R: -6 16) R: 1

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3) R: 17) R:

4) R: 0 18) R:

5) R: 0 19) R:

6) R: 3 20) R: 1

7) R: 21) R: 2

8) R: 22) R: 3

9) R: 23) R:

10) R: 24) R:

11) R: 25) R:

12) R: 26) R: 2

13) R: 27) R:

14) R: 0 28) R:

02) Verifique que

1) 2)

03) Determinar o valor de C para que as funções abaixo sejam contínuas:

1) R: 1

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2) R: 4

04) Estude a continuidade das funções nos pontos indicados:


1) , no ponto (1,2) R: É contínua

2) , no ponto (-3,4) R: É contínua

3) , no ponto R: É contínua

4) , no ponto (0,0) R: É contínua

5) R: É contínua

6) , no ponto (0,0) R: Não é contínua

7) , no ponto (0,0) R: É contínua

8) , no ponto (0,0) R: Não é contínua

9) , no ponto (0,0,1) R: É contínua

10) , no ponto R: É contínua

05) Estude os limites abaixo, caso exista de o valor:

1) R:

2) R: 0

3) R: 1

4) R:

5) R:

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DERIVADAS PARCIAIS
As aplicações das funções de várias variáveis procuram determinar como variações de uma
das variáveis afetam os valores das funções. Por exemplo, um economista que deseja determinar o
efeito de um aumento de impostos na economia pode fazer seus cálculos utilizando diferentes taxas
de imposto, mantendo constantes outras variáveis, como desemprego, etc.
Analogamente, determinamos a taxa de variação de uma função f em relação a uma de suas
variáveis independentes, que nada mais é que achar a derivada de f em relação a uma de suas
variáveis independentes. Este processo chama-se DERIVADA PARCIAL.
Umas funções de várias variáveis têm tantas “parciais” quantas são suas variáveis
independentes.
Se z = f(x,y), então derivadas parciais de primeira ordem de f em relação a x e y. são

funções e , definidas como segue:

y constante

x constante

Exemplos:

1) Calcule e para a função z = 3x – x²y² + 2x³y.


Solução:
= 3-2xy² + 6x²y

= - 2x² y + 2x³

2 ) Idem para g(x,y) =


Solução:
=

3) Idem para z = sen ( 2x + y )


Solução:
= cos ( 2x + y ) . 2 = 2.cos ( 2x + y )

= cos ( 2x + y ) . 1 = cos ( 2x + y )

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4) Idem para f(x,y) = 2x²y + 3xy² - 4x


Solução:

= 4xy + 3y² - 4

= 2x² + 6xy

5 ) Idem para f(x,y) =

Solução:
PARA ( x, y ) ( 0, 0 )

PARA ( x, y ) = ( 0, 0 )

( 0,0 ) =

( 0,0 ) =

Resumindo:

NOTAÇÕES:
Derivadas parciais de primeira ordem:

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Seja z = f (x,y):

Os valores das derivadas parciais de primeira ordem no ponto ( a, b ):

DERIVADAS PARCIAIS DE SEGUNDA ORDEM

Derivada parcial de 2ª ordem em relação a x

Derivada parcial de 2ª ordem em relação a y

Derivadas parciais de 2ª ordem mistas

OBS: Quando a função z = f(x,y) é contínua, então

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Exemplo:

Determine as derivadas parciais de 2ª ordem de z = ln (x² + y²).

Solução:

Exercícios:

Calcule as derivadas parciais de 2ª ordem das funções abaixo:

1 ) z = ex.cos y

2)z=

3 ) z = arctg ( x² + y² )

4)z=

REGRA DA CADEIA
Derivada total

Sejam a Derivada Total de z é dada por:

Exemplos:

1) determine

Solução:

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Portanto

2) determine

Solução:

Portanto.

Exercícios:

Dê a expressão da Derivada Total das funções:

a) b)

c) d)

e)

DERIVAÇÃO IMPLÍCITA

Até agora, estudamos funções que envolvem duas variáveis que se apresentam de forma
explícita: y = f(x), isto é, uma das variáveis é fornecida de forma direta ( explícita ) em termos da
outra.
y = 4x - 5
Por exemplo: s = -25t² - 18t
u = 9w – 35w²
Nelas dizemos que y, s, e u são funções de x, t e w, EXPLICITAMENTE. Muitas funções,
porém, apresentam-se na forma implícita, veja o exemplo abaixo:

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Ache a derivada da função xy = 1.

: Derivada de y em relação à x.

RESOLUÇÃO: Nesta equação, y esta definida IMPLICITAMENTE como uma função de x.


Podemos obter, portanto, a equação em relação à y e daí diferenciá-la.
xy = 1 ( Forma implícita )

y= ( Escrever a relação y em função de x )

y = x –1 ( Escrever sob nova forma )

= - x – 2 ( Derivar em relação a x )

=- ( Simplificar )

Este processo só é possível quando podemos explicitar facilmente a função dada, o que não
ocorre, por exemplo, com y4 + 3xy + 2lny = 0.
Para tanto, podemos utilizar um método chamada derivação (ou diferenciação)
IMPLÍCITA, que nos permite derivar uma função sem a necessidade de explicitá-la.

DERIVAÇÃO IMPLÍCITA

Esta derivação é feita em relação a x. Resolvendo normalmente as derivadas que envolvam


apenas x. Quando derivamos termos que envolvem y, aplicaremos a Regra da Cadeia, uma vez que
y é uma função de x.

Exemplos:
1 ) 2x + y³

Solução:

Sendo y uma função de x, devemos aplicara regra da cadeia para diferenciar em relação a x,
daí:

2 ) x + 3y

Resolução:
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3 ) xy²
Resolução:

4 ) 4x² + 9y² = 36

Resolução:

5 ) x4 + y4 + x² + y² + x + y = 1

6 ) x²y5 = y + 3

7 ) x² + y² = 1

8 ) x² + 5y³ - x = 5

9 ) x³ - y³ - 4xy = 0

10 ) x²y + 3xy³ - 3 = x

11 ) x² + 4y² = 4

12 ) y³ + y² - 5y – x² = -4

13 ) x - =2

14 ) x³y³ - y = x

15 )

16 ) tgy = xy

17 ) ey = x + y

18 ) a.cos²( x + y ) = b

19 ) xy – lny = 2

EXTRA:

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DERIVADA DE UMA FUNÇÃO NA FORMA PARAMÉTRICA

Função na forma paramétrica

x = x(t)

y = y(t)

Sejam ( I ) duas funções da mesma variável t, com t [ a, b ]; a cada valor de t, temos x e


y definidos. Caso as funções x = x(t) e y = y(t) sejam contínuas, quando t varia de a, b; o ponto P
( x(t), y(t) ) decreve uma curva no plano, onde t é o parâmetro.
y(t)

y
Exemplo:
P
a b
t 0 x
▒▒▒▒▒▒▒▒ x(t)

Suponhamos a função x = x(t) inversível, temos t = t(x) a inversa de x = x(t) e podemos


escrever y = y[t(x)] e y define-se como função de x na FORMA PARAMÉTRICA.
Eliminamos t de ( I ) e obtemos y =y(x) na FORMA ANALÍTICA usual.

Exemplos:

x = 2t + 1 t = 1.( x – 1 )
a) 2
y = 4t + 3

Aplicando t em y, temos: y = 4. 1.(x–1)+3 y = 2x – 2 + 3 y = 2x + 1


2

x = a.cost Equação da Circunferência


b) ; t [ 0; 2 ] com centro ( 0, 0 )
y = a.sent e raio a

Elevando-se ambas as equações ao quadrado e somando, temos:

x² + y² = a² cos²t + a²sen²t x² + y² = a²( cos²t + sen²t ) x² + y² = a². 1 x² + y² = a²


► Nota-se que a equação acima NÃO É UMA FUNÇÃO y(x) na forma paramétrica ( x = a.cost
não é inversível em [ 0, 2 ] ). Daí vamos obter uma ou mais funções do tipo y = y(x) na forma
paramétrica ao restringirmos o domínio.
Logo, temos:
x = a.cost x = a.cost
;t [ 0; ] OU ;t [ ;2 ]
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y = a.sent y = a.sent

y
y

x 0 x
0

Derivada de uma função na forma paramétrica

Seja y uma função de x definida pelas equações paramétricas:

x = x(t) ♦ A fórmula que permite calcular a derivada


; t [ a; b ] temos dy = y’(t) dy sem conhecer explicitamente y como
y = y(t) dx x’(t) dx função de x.

Exemplos:

1 ) Calcule da função y(x) definida na, forma paramétrica, pelas equações:

a) b)

Resolução:

a) = = 2

b) = = = 6t – 2 ♣

OBS: Note, no item b, que a resposta está em função de t, caso quisermos a derivada em
função de x, devemos determinar t = t(x) e substituir em ♣, daí temos:

x = 3t – 1 x + 1 = 3t t= ; substituindo t em ♣, obtemos a seguinte expressão 6.

- 2 = 2 ( x + 1 ) – 2 = 2x + 2 – 2 , portanto = 2x.

2 ) Idem para ; .

Resolução:

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= = - tg(t)

OBS: Temos que tomar muita atenção quanto aos intervalos de validade das respostas obtidas. Note
que x’(t) deve ser diferente de zero, pois está operando como denominador da expressão acima,
portanto concluímos que para fazermos as simplificações indicadas, temos que considerar t 0et

pois sen 0 = 0 e cos = 0, note que apesar de t pertencer ao intervalo ,

efetivamente estão excluídos os valores de t já mencionados.

EXERCÍCIOS:

Calcular a derivada y’ = das seguintes funções definidas na forma paramétrica.


Para os quais valores de t a derivada y’ está definida?

x = t² x = cos³t
1) ;t ] 0; + [ 4) ;t ]- ;0[
y = t³ y = sen³t

x = 3cost x = cos2t
2) ;t [ ;2 ] 5) ;t [ 0; ]
y = 4sent y = sen2t

x = 2t – 1 x = 8cos³t
3) ;- <t<+ 6) ;t [0; ]
y = t³ + 5 y = 8sen³t

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Interpretação Geométrica:
Podemos interpretar geometricamente a derivada parcial como uma inclinação.
Consideramos a secção da superfície z = f(x,y)
pelo plano vertical y = y0. Neste plano a curva z
= f(x, y0) tem uma tangente com inclinação fx =
f(x0,y0) em x0.

Outras ilustrações:

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Considerando como uma função de y, para fixo, obtemos de maneira semelhante uma
outra derivada parcial que também pode ser vista como uma inclinação.

Observação: Para se achar as derivadas parciais de uma função dada por uma lei de formação
podem-se aplicar as regras usuais para funções de uma variável, tratando-se todas as variáveis
independentes, exceto uma, como constantes.

Vetor Gradiente
Seja z = f(x,y) uma função de duas variáveis e , as “ parciais “ de z = f(x,y). Seja

Po (xo, yo), um ponto do plana e , as derivadas calculadas no ponto Po, chamamos de


Vetor Gradiente ao seguinte vetor:

yo
y

xo
Po
x

O Vetor Gradiente aponta para onde


z = f(x,y) tem maior velocidade.

Exemplos:

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Determine o vetor gradiente das funções abaixo no ponto Po.


1 ) z = ln ( x² + y² ) em Po ( 0, 1 ).

Resolução:

= = ( 0, 2 )

2 ) z = x.sen y em Po ( 1, ).
Resolução:

= = ( 1, 0 )

Exercícios:

1 ) Idem para z = 3.x²y³.e2xy em Po ( 1, -1 ) .

2 ) Idem para z = em Po ( -1, 1 ) .

DERIVADA DIRECIONAL ( Inclinação )

Se z = f(x,y) é uma função diferenciável de x e y com u = u1i + u2j um vetor unitário, então
a derivada direcional de f na direção de u é denotada por :

D uz = .u1 + .u2 ( I )

Seja o vetor gradiente temos que a derivada direcional é a direção assumida pelo
vetor gradiente quando “aplicado” no vetor unitário u, logo, para calcularmos a derivada direcional
temos o vetor decomposto em e combinado com a equação ( I ) chegamos em:

Duz = .u Produto Escalar

Exemplos:

1 ) Ache a derivada direcional de f(x,y) = 3x²y no ponto ( 1, 2 ) na direção a = 3i + 4j.

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Resolução:
Como a não é vetor unitário, temos que normalizá-lo, daí:

u=

Logo:

Por tanto: Duz = .u = Duz =

2 ) Ache a derivada direcional de f(x,y) = x³y² no ponto ( -1, 2 ) na direção a = 4i - 3j.

Resolução:

Como a não é vetor unitário, temos que normalizá-lo, daí:

u=

Logo:

Portanto : Duz = .u = Duz = 12

Exercícios:

1 ) Ache a derivada direcional de f(x,y) = e2xy , P ( 4, 0 ) e u = .

2 ) Idem para z = x² - 5xy + 3y² , P ( 3, -1 ) e u = .

3 ) Idem para f(x,y) = , P ( 3, -2 ) e a = i + 5j .

4 ) Idem para f(x,y) = x cos² y , P ( 2, ) , a = < 5, 1 > .

5 ) Idem para f(x,y) = arc tg , P ( 4, -4 ), a = 2i – 3j .

6 ) Idem para f(x,y) = 4x3y2, P ( 2, 1 ), a = 3i – 4j .

PLANO TANGENTE

Dada a função z = f(x,y), o Plano Tangente ao gráfico desta função passando pelo ponto Po
( x0, y0, z0 ) com z diferenciável em ( x0, y0 ) é dado pela equação:

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onde z0 = f( x0, y0 ).
Tal plano é perpendicular ao vetor e considerando a reta r que

passa pelo ponto P0 e é paralela ao vetor temos que r é denominada Reta Normal ao gráfico de
z = f(x,y) e tem como equação :

r : ( x, y, z ) = ( x0, y0, z0 ) + . ; R

Graficamente:

z Reta Normal

z0
z = f P0 Plano
(x,y) Tangente

● y0

x0

Exemplos:
1 ) Dê a equação do plano tangente e da reta normal à curva no ponto P0 ( 2, -1, z0 )

Resolução:
z0 = f (x0, y0 ) = z0 = 1.

.
Portanto

.( Eq. do plano tangente )

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r : ( x, y, z ) = ( x0, y0, z0 ) + . ; R

r : ( x, y, z ) = ( 2, -1, 1 ) + . ; R
r : ( x, y, z ) = ( 2, -1, 1 ) + .( 2, 2, -1 ); R. ( Eq. da reta normal )

2 ) Dê a equação do plano tangente e da reta normal à curva z = 2x2 – 3y2 no ponto P0 ( 1, 1, z0 ).

Resolução:
z0 = f (x0, y0 ) = 2.(1)2 – 3.(1)2 z0 = -1.

Portanto

. ( Eq. do plano tangente )

r b: ( x, y, z ) = ( x0, y0, z0 ) + . ; R

r : ( x, y, z ) = ( 1, 1, -1 ) + . ; R

b r : ( x, y, z ) = ( 1, 1, -1 ) + .( 4, -6, -1 ); R. ( Eq. da reta normal )

Exercícios:
1 ) Idem para z = xy em P0 ( 1, 1, z0 ).

2 ) Idem para z = 4x2 + 9y2 em P0 ( -2, -1, z0 ).

3 ) Idem para z = ln(xy) em P0 ( , 2, z0 ).

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MÁXIMOS E MÍNIMOS DE FUNÇÕES DE DUAS VARIÁVEIS

TEOREMA DO VALOR EXTREMO

Da mesma forma estudada no Cálculo com uma variável, vamos citar o Teorema do Valor
Extremo para funções de duas variáveis.

Seja f(x,y) uma função contínua em um conjunto fechado e limitado R, então f possui tanto
máximo quanto mínimo absolutos em R .

EXTREMOS

Da mesma forma estudada no Cálculo com uma variável aprendemos a determinar máximos
e mínimos de funções de uma variável. Hoje vamos, utilizando técnicas análogas, começar a
aprender a determiná-los a partir de funções de DUAS variáveis.
Analisando um gráfico de uma função f de duas variáveis, podemos notar pontos altos e
baixos em suas vizinhanças imediatas. Tais pontos são chamados de máximos e mínimos relativos
de f, respectivamente.
O mais alto máximo dentro do domínio de f é chamado de máximo absoluto.
O mais profundo mínimo dentro do domínio de f é chamado de mínimo absoluto.
Vamos defini-los, portanto, da seguinte maneira:
Seja a função f(x,y), dizemos que ela possui máximo relativo em um ponto P ( x0, y0 ) se
existe um círculo centrado em P de modo que f(x0,y0) f(x,y) para todo ponto ( x, y ) do domínio
de f no interior do círculo, analogamente, ela possui um máximo absoluto em P se f(x 0,y0) f(x,y)
para todos os pontos ( x, y ) do domínio de f.
Seja a função f(x,y), dizemos que ela possui mínimo relativo em um ponto P ( x0, y0 ) se
existe um círculo centrado em P de modo que f(x0,y0) f(x,y) para todo ponto ( x, y ) do domínio
de f no interior do círculo, analogamente, ela possui um mínimo absoluto em P se f(x0,y0) f(x,y)
para todos os pontos ( x, y ) do domínio de f.

Obs: Complementando o que já foi definido, se a função possui máximo ou mínimo relativo,
dizemos que ela possui extremo relativo no ponto, e se ela possui máximo ou mínimo absoluto,
diz-se que ela possui extremo absoluto no ponto.

DETERMINAÇÃO DOS EXTREMOS RELATIVOS

Para determinarmos os extremos relativos, verificamos que a função f tem derivadas parciais
de primeira ordem contínuas em ( x0, y0 ) que f( x0, y0 ) é extremo relativo de f, daí tem-se o plano
tangente ao gráfico de z = f ( x, y ) em ( x0, y0, z0 ) paralelo ao plano xy com equação z = z0.

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Os pontos críticos de f são aqueles onde as “parciais” de primeira ordem são zero ou f não é
diferenciável, daí temos a definição:

 Seja f uma função de duas variáveis, o ponto ( x0, y0 ) é chamado de crítico se


e ou se uma ou ambas derivadas parciais de primeira
ordem não existirem em ( x0, y0 ).

Exemplo:

Seja f (x,y) = 1 + x² + y², com x² + y² 4. Ache os extremos de f .

Resolução:

Temos x² + y² 4 o disco fechado R de raio 2 e centro ( 0, 0 ) no plano xy. Daí, pela


última definição:

2x = 0

( x, y ) = ( 0, 0 ), logo f(x,y) = f (0,0) = 1

2y = 0
Extremo
Relativo

PONTO DE SELA

Um ponto P ( x0, y0, f(x0,yo) ) é chamado de Ponto de Sela se ,

mas porém, a função não possui nem mínimo nem máximo relativo no ponto, pois numa direção ele
se comporta como máximo e noutra como mínimo.
Veja o gráfico abaixo da função z = y² - x² no ponto P ( 0, 0 ) temos f ( 0, 0 ) = 0
comportando-se como máximo na direção de x e como mínimo na direção de y e note o formato do
gráfico que lembra uma sela.

TESTE DA SEGUNDA DERIVADA ( Para extremos relativos ou locais )


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Seja f uma função de duas variáveis dotada de derivadas parciais de segunda ordem
contínuas em um círculo centrado em um ponto crítico (x0, y0), temos o discriminante D.

Se: D =

D=0e > 0 então, f tem mínimo relativo em ( x0, y0 ).

D=0e < 0 então, f tem máximo relativo em ( x0, y0 ).

D < 0 então, f tem ponto de sela em ( x0, y0 ).


D = 0 então, nada podemos concluir.

Exemplos:

1 ) Determine todos os pontos extremos e pontos de sela da função f(x,y) = 3x² -2xy + y² - 8y.

Resolução:

Substituindo x da primeira derivada na segunda


.
Substituindo y em x da primeira derivada
, portanto temos P ( x0, y0 ) = P ( 2, 6 ) Único Ponto Crítico.

D= D = 8.
D=8>0
Temos portanto Mínimo Relativo.

=6>0

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Logo f ( 2, 6 ) = -24 então o ponto P’ ( 2, 6, -24 ) é Ponto de Mínimo Relativo de f.

2 ) Idem para z = 4xy – x4 – y4 .

Resolução:

Substituindo y da primeira derivada na segunda

Logo, temos, para

x = -1 x =0 x =1

y = x3 y = x3 y = x3
y = (-1) 3 y = (0)3 y = (1)3
y = -1 y=0 y=1

P ( -1, -1 )
Por tanto, temos os pontos críticos : Q ( 0, 0 )
S ( 1, 1 )

Como temos mais do que um ponto crítico vamos montar uma tabela.
D=
Ponto Crítico( x0, y0 ) Conclusão

( -1, -1 ) -12 < 0 -12 4 -12 . (-12) - 4² = 128 > 0 Máximo Relativo
( 0, 0 ) 0 0 4 0 . 0 . – 4² = -16 < 0 Ponto de Sela
( 1, 1 ) -12 < 0 -12 4 -12 . (-12) - 4² = 128 > 0 Máximo Relativo

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P’ ( -1, -1, 2 ) Ponto de Máximo Relativo.

Aplicando os pontos críticos na função f (x,y) temos: Q’ ( 0, 0, 0 ) Ponto de Sela.

S’ ( 1, 1, 2 ) Ponto de Máximo Relativo.

NOTA:

Vimos nos Exemplos 1 e 2 que ao determinarmos os pontos de máximo e mínimo relativos


encontrávamos um ponto P R². Na verdade o que ocorre é que para este P ( x0, y0 ) vamos
associar um ponto P’ ( x0, y0, f ( x0, y0 ) ) onde f ( x0, y0 ) é o verdadeiro extremo máximo ou
mínimo.

Daí:

f (x, y ) = 3x² - 2xy + y² - 8y


No exemplo 1, temos:
Mínimo Relativo em P ( 2, 6 )

Logo temos: f ( x0, y0 ) = f ( 2, 6 ) = 3.2² - 2.2.6 + 6² -8.6 = 12 – 24 + 36 – 48 f ( 2, 6 ) =


-24, portanto temos um ponto no espaço P’ ( 2, 6, -24 ) com z = f ( x0, y0 ) = f ( 2, 6 ) = -24
( MÍNIMO RELATIVO ) .

z = 4xy - x4 – y4
No exemplo 2, temos : Máximo Relativo em P ( -1, -1 )
Sela em Q ( 0, 0 )
Máximo Relativo em P ( 1, 1 )

Logo:

Para P ( -1, -1 ) temos z = 4. (-1).(-1) – (-1)4 – (-1)4 = 4 – 1 – 1 z=2. P’ ( -1, -1, 2 ) é


PONTO DE MÀXIMO RELATIVO de f .

Para Q ( 0, 0 ) temos z = 4. (0).(0) – (0)4 – (0)4 = 0 – 0 – 0 z=0. Q’ ( 0, 0, 0 ) é PONTO


DE SELA.

Para S ( 1, 1 ) temos z = 4. (1).(1) – (1)4 – (1)4 = 4 – 1 – 1 z=2. S’ ( 1, 1, 2 ) é PONTO


DE MÀXIMO RELATIVO de f .

EXERCÍCIOS:

Baseando-se nestas adaptações, vamos fazer os exercícios seguintes.

1 ) Localize todos os máximos e mínimos relativos e pontos de sela de:

a ) f ( x, y ) = ( x – 2 )2 + ( y + 1 )2.

b ) f ( x, y ) = - x2 – y2 – 1.
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c ) f ( x, y ) = x + 2y – 5.

2 ) Idem para f ( x, y ) = x2 + y2 – 6x + 4y + 13.

3 ) Idem para f ( x, y ) = x2 + 2y2 – x2y.

EXERCÍCIOS EXTRAS: RESPOSTAS:

1 ) Idem para f ( x, y ) = 3x2 + 2xy + y2 . P’ ( 0, 0, 0 ) Pto. Mín. Rel.

2 ) Idem para f ( x, y ) = y2 + xy + 3y + 2x + 3 . P’ ( 1, -2, 1 ) Pto. De Sela

3 ) Idem para f ( x, y ) = x2 + xy + y2 - 3x . P’ ( 2, -1, -3 ) Pto. Mín. Rel.

4 ) Idem para f ( x, y ) = x 2 + y2 + 2.x-1.y-1. P’ ( -1, -1, 4 ) e Q’ ( 1, 1, 4 ) Ptos.


Mín. Rel.

5 ) Idem para f ( x, y ) = x2 + y - ey . P’ ( 0, 0, -1 ) Pto. Sela.

6 ) Idem para f ( x, y ) = ex.seny . Não existe Máx. ou Mín. Rel.

7 ) Idem para f ( x, y ) = e-(x²+y²+2x) . P’ ( -1, 0, e ) Pto. Máx. Rel.

DETERMINAÇÃO DOS EXTREMOS ABSOLUTOS EM CONJUNTOS FECHADOS E


LIMITADOS

Seja f uma função contínua de duas variáveis em um conjunto fechado e limitado R,


então f possuí extremo máximo absoluto e mínimo absoluto para algum ponto de R .

Teorema do Valor Extremo para funções de duas variáveis


Os pontos extremos absolutos de uma função, como mencionada no teorema acima, ocorrem
em pontos críticos da função que se localizam no interior do conjunto ( Região ) R, ou em pontos
na fronteira de R .
Vamos indicar, a seguir, um método para determinar os máximos e mínimos absolutos em
conjuntos fechados e limitados R.

I ) Determine os valores de f nos pontos críticos de f em R.


II ) Determine todos os valores extremos de fronteira de R.
III ) O maior valor encontrado resultante de I e II é o valor máximo absoluto;
o menor valor encontrado resultante de I e II é o valor mínimo absoluto.

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Exemplos:
1 ) Determine os valores de máximo e mínimo absoluto de f ( x, y ) = 3xy – 6x – 3y + 7 sobre a
y
região triangular R com vértices ( 0, 0 ), ( 3, 0 ) e ( 0, 5 ). Veja a figura:

5
R
P
2 ●

0 3 x
1
Resolução:

3y –6 = 0 y=2 P ( 1, 2 ) é Único Ponto Crítico no interior de R.

3x – 3 = 0 x=1

Vamos determinar os pontos de fronteira de R onde poderá ocorrer valores extremos.

Analisando cada segmento de reta limitado pelos vértices.

Para o segmento ( 0, 0 ) até ( 3, 0 ) temos y = 0 para .

u ( x ) = f ( x, 0 ) = 3.x.0 – 6x – 3.0 + 7 = -6x + 7.

u’ ( x ) = -6 0

portanto não há ponto crítico em u ( x ) , logo os extremos de u ocorrem nos pontos ( 0, 0 ) e


( 3, 0 ).Para o segmento ( 0, 0 ) até ( 0, 5 ) temos x = 0 para .

v ( y ) = f ( 0, y ) = 3.0.y – 6.0 – 3.y + 7 = -3y + 7.

v’ ( y ) = -3 0

portanto não há ponto crítico em v ( y ) , logo os extremos de v ocorrem nos pontos ( 0, 0 ) e


( 0, 5 ). Para o segmento ( 3, 0 ) até ( 0, 5 ) no plano xy uma das equações é ;
.

w(x)= .

w’ ( x ) = -10x + 14 =0 x= , substituindo em temos y = , logo temos os

extremos ocorrendo nos pontos ( 3, 0 ) , ( 0, 5 ) e no ponto crítico .

O último procedimento agora é montar uma tabela para indicarmos os Extremos Absolutos

( x, y ) ( 0, 0 ) ( 3, 0 ) ( 0, 5 ) ( 1, 2 )

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f ( x, y ) 7 -11 -8 1

Ponto de Máximo Absoluto ( 0, 0, 7 ).


☺ Finalmente ...
Ponto de Mínimo Absoluto ( 3, 0, -11 ).

EXERCÍCIOS:

1 ) Idem para f (x,y) = xy – x – 3y sobre a região R triangular com vértices ( 0, 0 ), ( 5, 0 ) e ( 0,


4 ).
2 ) Idem para f(x,y) = x2 – 3y2 - 2x + 6y sobre a região R quadrada com vértices ( 0, 0 ), ( 2, 0 ), ( 0,
2 ) e ( 2, 2 ) .

3 ) Idem para f (x,y) = -3x + 4y + 5 sobre a região R triangular com vértices ( 0, 0 ), ( 4, 0 ) e ( 4,


5).

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARE:

1 ) Determine as dimensões de uma caixa retangular aberta no topo, cuja área total é de 12 m² para
que ela possua um volume máximo.

2 ) Determine as dimensões de uma caixa retangular aberta no topo, com um volume de 32 cm 3 e


que sabendo-se que será utilizada a mínima quantidade de material para sua construção.

3 ) Qual a área máxima que um retângulo pode ter se seu perímetro é de 20 cm ?

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APLICAÇÕES DAS DERIVADAS PARCIAIS

1 ) Regra de Laplace ( Laplaciano )


Seja z = f(x,y) uma função de duas variáveis e , suas “parciais” de segunda
ordem, chamamos de LAPLACIANO, a seguinte expressão:

Analogamente, para w = f(x,y,z) temos o LAPLACIANO:

Nestes casos, dizemos que z e w (Respectivamente) satisfazem a Regra ( ou Equação ) de


Laplace.

Exemplos:

Verifique se as funções dadas satisfazem a Regra (ou Equação) de Laplace.

a ) w = x² -2y² +z²

Resolução:

Logo w satisfaz à Laplace.

b ) Idem para z = ex.seny

Resolução:

; logo z satisfaz à Laplace

Exercício:

Idem para w =

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Resolução:

2 ) Diferencial Total ( ou Derivada Total )

Seja z = f(x,y) uma função de duas variáveis e , as “ parciais “ de z = f(x,y),


chamamos de Diferencial ( ou Derivada ) Total a seguinte expressão :

OU

Analogamente, para w = f(x,y,z) temos :

OU

Exemplos:

Calcule a expressão do Diferencial Total de:

1 ) z = 3x²y + ln ( x²y³ )

Resolução:

= 6xy + = 6xy +

= 3x² + = 3x² +

2 ) Idem para z =
Resolução:

Exercícios:

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1 ) Idem para z = x³.e3x + 4y²


2 ) Idem para z = 3x²y.sen ( 2x + 3y )

3 ) Idem para z = sec ( x² + 2xy³ )

3) - JACOBIANO

Estudando futuramente, as integrais múltiplas, verificamos que um dos tópicos abordados é


a chamada mudança de variáveis, onde é tratado um conceito muito importante denominado
JACOBIANO. Não faremos sua demonstração agora, porém, mostraremos o JACOBIANO como
sendo mais uma aplicação das derivadas parciais estudadas nas integrais múltiplas.

Sendo a mudança de variável, mencionada anteriormente, dada pela transformação T do


plano uv no plano xy : T(u,v) = (x,y). Resultamos, sem maiores demonstrações, no produto vetorial:

ru x rv =

Onde ru e rv são vetores tangentes à uma superfície S pertencente ao plano uv.

Chamamos pois de JACOBIANO da transformação T com x = f(u,v) e y = g(u,v) à


equação:

OBS.: Se T for uma transformação de espaços, temos o JACOBIANO análogo


Exemplos:
Calcule os jacobianos para os casos abaixo :
a) x = u + 4v
y = 3u – 5v

Solução:
.

b) x = u + 2v²
y = 2u² – v

Solução:

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c) x = senu + cosv
y = -cosu + senv Cosseno
da diferença
Solução:

d) x = v.e-2u
y = u².e-v
Solução:

Exercícios:
Calcule os jacobianos para os casos abaixo :

a) x=

y=

b) x = u² - v²
y = 2uv

c) x=

y=

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INTEGRAIS DUPLAS
1. Integrais de Funções de Várias Variáveis:
1.1 - Integrais Simples:
Para calcularmos uma integral indefinida simples de uma função de várias variáveis,
integramos em relação a uma variável enquanto consideramos temporariamente as variáveis
restantes como sendo constantes. Por exemplo,

As integrais acima são justamente os análogos para a integração indefinida das derivadas
parciais por diferenciação, e elas poderiam ser chamadas “integrais parciais”. Contudo preferimos
chamá-las integrais em relação a x ou a y.
Agora suponha que f é uma função de duas variáveis tais que, para cada valor fixo de y,
f(x,y) é uma função integrável de x. Logo, para cada valor fixo de y, podemos formar a integral

definida . Além disso, para diferentes valores fixos de y, podemos usar diferentes

limites de integração a e b; isto é, a e b podem depender de y. Tal dependência pode ser indicada

pela notação usual de função, e a integral torna-se: .

De modo análogo para integral em y

Exemplos: Calcular as integrais abaixo:

1)

2)

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O processo acima é chamado Integração Iterada ( ou repetida ), usaremos tal processo para
calcular as integrais duplas, daí.

Integrais Iteradas

Integrais Iteradas

4) Calcule no retângulo = { ( x,y ): -3 x 2, 0 y 1 }.


Solução:

4 ) Use a integral dupla para achar o volume do sólido limitado acima pelo plano z = 4 – x – y e
abaixo pelo retângulo = [ 0,1 ] X [ 0, 2 ].
Solução:

2 y
1
(1,2)
x

V=

V = 5 u.v.

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1.2 - Integrais Duplas:


Para funções de uma variável, o teorema fundamental do cálculo proporciona um método
para calcular uma integral definida encontrando uma antiderivada (ou integral indefinida) do
integrando. Temos um método correspondente para calcular uma integral dupla que envolve
execução sucessiva de integrais simples. O desenvolvimento rigoroso desse método pertence a um
curso de cálculo avançado. Nossa discussão é intuitiva, e usamos a interpretação geométrica da
integral dupla como a medida de um volume.
Seja f uma função dada, que é integrável numa região fechada R no plano xy
limitada pelas retas e . Consideremos para todo em R.
Veja a figura abaixo, que mostra um esboço do gráfico da equação quando está em
R. Podemos estender a noção de integral definida para funções de duas, ou mais, variáveis.
Analogamente, a integral para uma variável definia a área sob uma curva, as integrais de funções de
duas variáveis determinam volumes sob “curva”, mas podemos também calcular áreas usando a
integral dupla.

1.2.1 - Cálculo de Áreas por Integração Dupla em Coordenadas Retangulares:


O número que representa o valor da integral dupla é:

é a medida da área da região plana , intersecção com o sólido dado.

1.2.2 - Cálculo de Volumes por Integração Dupla em Coordenadas Retangulares:


O número que representa o valor da integral dupla é a medida do volume do sólido entre a
superfície e a região R.

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Seja y um número em Consideremos o plano paralelo ao plano xy que passa pelo


ponto (0,y,0). Seja A(y) a medida da área da região plana de intersecção deste plano com o sólido.

A medida do volume do sólido formado é obtida por .

Como o volume do sólido é também determinado pela integral dupla, temos:

(1)

Usando a equação (1) podemos encontrar o valor da integral dupla da função f em R,


calculando uma integral simples de A(y). Agora, devemos encontrar A(y) quando y é dado. Como
A(y) é a medida da área de uma região plana, podemos encontrá-la por integração. Na figura dada
anteriormente, note que a fronteira superior da região plana é o gráfico de equação

quando x está em portanto Substituindo essa equação em (1), obtemos:

(2)

A integral do membro direito da


equação (2) é chamada integral iterada. Normalmente, quando escrevemos uma integral iterada
omitimos os parênteses. Portanto, escrevemos a equação
(2) como:
(3)

Ao calcular a “integral interna” na equação (3), lembremos que x é variável de integração e


y é considerado uma constante. Isto é o mesmo que considerarmos que y é uma constante quando
encontramos a derivada parcial de f(x, y) em relação a x.
Considerando secções planas paralelas ao plano yz, podemos desenvolver uma fórmula que
troca à ordem de integração.

(4)

Uma condição suficiente para que as fórmulas (3) e (4) sejam válidas é que a função seja
contínua na região retangular R.

Obs.: Caso f apresente tanto valores positivos quanto valores negativos em , o limite
apresentado NÃO REPRESENTA o volume entre e a superfície acima do plano xy, mas sim a
diferença de volumes entre elas, podemos então generalizar. Se f possui valores positivos e
negativos em , então um valor positivo para a integral dupla de f em significa que há mais

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volume acima do que abaixo de . Um valor negativo indica o contrário e zero indica volumes
iguais acima e abaixo de .

Propriedades das Integrais duplas:

I) .

II) .

III) Se é a união de duas regiões não-superpostas 1 e 2.


1

2 .

IV) Se f(x,y) 0 em toda , então .

Questões Propostas
01) Calcule as integrais iteradas abaixo:

1)

Solução:

2)

Solução:

3)

Solução:

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4)

Solução:

02) Calcule as integrais repetidas abaixo:

1)

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Questões Propostas

a)

b)

c)

2 ) Calcule as integrais duplas na região retangular .

a) ; = { ( x, y ): -1 x 1, -2 y 2 }.

b) ; = { ( x, y ): 0 x 1, 2 y 3 }.

3 ) O volume sob o plano z = 2x + y e acima do retângulo = { ( x, y ) : 3 x 5, 1 y


2 }.

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1.3 - Integrais Triplas:


As integrais triplas, aplicadas sobre sólidos no espaço xyz, são definidas segundo uma
analogia com a definição de integrais duplas aplicadas em regiões de plano xy.
Dada uma região sólida R no espaço tridimensional, como um paralelepípedo, um cubo,
uma pirâmide, uma esfera, um elipsóide, e assim por diante, e dada um função vetorial f de três
variáveis, definida em cada ponto (x,y,z) em R, definimos a integral tripla ( se existir) como sendo.

Primeiramente escrevemos o sólido R em um paralelepípedo B, com as arestas paralelas aos


eixos coordenados (Fig.1). O paralelepípedo é agora dividido em inúmeros pequenos
paralelepípedos, pela sua interseção com planos paralelos aos planos coordenados (Fig.2). Esses
pequenos paralelepípedos são chamados de células da partição. Todas as células da partição que não
tocam a região R são desprezadas. As células restantes, as quais tomamos juntamente contêm o
sólido R e aproximam-se de sua forma, são numeradas de um modo conveniente e chamadas de
. O valor da máxima diagonal de todas essas células é chamado de norma da
partição e é conhecido por (letra grega,”eta”).

São escolhidos pontos, um de cada célula , de modo que cada ponto escolhido

pertença a R, onde o ponto escolhido da k - ésima célula é denotado por , k = 1,2,...,m.

A partição, juntamente com os pontos escolhidos, é chamada de partição estendida.


Correspondendo a cada partição estendida podemos formar uma soma de Riemann

,onde é o volume da k - ésima célula .Podemos agora definir a

integral tripla como sendo o limite (se existir) de cada soma de Riemann, quando o número de

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células cresce indefinidamente e, conseqüentemente, a norma tende para zero simbolicamente,

Se a integral tripla existe, então a função vetorial f é dita Riemann-

integrável no Sólido R. Seu volume em particular é calculado por: .

Propriedades das Integrais triplas:

I) , k : constante.

II )

III ) Ao dividirmos G em sub-regiões G1 e G2:

G1
G2

Calculando Integrais Triplas em Caixas Retangulares:

Analogamente às integrais duplas, usaremos Integrações Sucessivas.

Pelo teorema:

Seja G a caixa retangular definida pelas desigualdades a x b; c y d; m z n.


Se f for contínua na região G, temos:

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Exemplos:

1 ) Calcule a integral tripla , na caixa retangular .

Solução:

= 648.

2 ) Calcule a integral tripla , onde G = .


Resolução:

Exemplos:

1 ) Seja G a cunha do primeiro octante secionada do sólido cilíndrico y2 + z2 1 pelos planos y =


x e x = 0. Calcule .
Solução:
Temos y2 + z2 = 1 z2 = 1 - y2 z= z=
z
z=

y=x Porção acima do plano xy


x=0
G
R 1 y
x ●

● ( 1, 1 )
R y=x x =y
x
0

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Solução:

= .

Calculando volumes usando Integral Tripla

Quando f(x,y,z) = 1 temos a garantia de uma figura tridimensional, logo ,

representa o volume de G e indicamos V = .


Exemplos

1 ) se a integral tripla para calcular o volume do sólido contido no cilindro x2 + y2 = 9 entre os


planos z = 1 e x + z = 5.
Solução:
z

x+z=5 z=5-x

x=- y
x=
3
G
z=1

y x
0

x : x2 + y2 = 9 -3

Portanto, com plano xy.

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Subst. Trigon.
= = 36 u.v

2 ) Idem para o cálculo do tetraedro T limitado pelos planos x + 2y + z = 2, x = 2y, x = 0 e z = 0.


Resolução:

x = 2y T z= -x – 2y + 2

y
1
y
x Para z = 0, temos:
x + 2y =2 y = - + 1
( 1, ,0)

0,5

x
0 1

x = 2y y=
Portanto, com plano xy:

VT =

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= u.v .

Exercícios de Integração Tripla:

1 ) Calcule o volume do sólido compreendido entre os parabolóides z = 5x2 + 5y2 e z = 6 – 7x2 – y2


Dica : Faça z = z , ache a variação em y (função) e iguale a zero e ache a variação em x ( valores ).

2 ) Calcule .

3 ) Calcule , onde G é o sólido do primeiro octante limitado pelo cilindro parabólico z

= 2 – x2 e os planos z = 0, y = x e y = 0.
z

G
y

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4 ) Calcule o volume do tetraedro limitado pelos planos coordenados e pelo plano 2x + 3y + 6z = 12


z

y
x

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HISTÓRIA DAS EQUAÇÕES DIFERENCIAIS


De várias maneiras, equações diferenciais são o coração da análise e do cálculo, dois dos
mais importantes ramos da matemática nos últimos 300 anos. Equações diferenciais são uma parte
integral ou um dos objetivos de vários cursos de graduação de cálculo. Como uma ferramenta
matemática importante para ciências físicas, a equação diferencial não tem igual. Assim é
amplamente aceito que equações diferenciais são importantes em ambas matemática pura e
aplicada. A história sobre este assunto é rica no seu desenvolvimento e é isto que estaremos olhando
aqui.
Os fundamentos deste assunto parecem estar dominados pelas contribuições de um homem,
Leonhard Euler, que podemos dizer que a história deste assunto começa e termina com ele.
Naturalmente, isto seria uma simplificação grosseira do seu desenvolvimento. Existem vários
contribuintes importantes, e aqueles que vieram antes de Euler foram necessários para que ele
pudesse entender o cálculo e a análise necessários para desenvolver muitas das idéias fundamentais.
Os contribuintes depois de Euler refinaram seu trabalho e produziram idéias inteiramente novas,
inacessíveis à perspectiva do século 18 de Euler e sofisticadas além do entendimento de apenas uma
pessoa.
Esta é a história do desenvolvimento das equações diferenciais. Daremos uma pequena
olhada nas pessoas, nas equações, nas técnicas, na teoria e nas aplicações. A história começa com os
inventores do cálculo, Fermat, Newton, e Leibniz. A partir do momento que estes matemáticos
brilhantes tiveram entendimento suficiente e notação para a derivada, esta logo apareceu em
equações e o assunto nasceu. Contudo, logo descobriram que as soluções para estas equações não
eram tão fáceis. As manipulações simbólicas e simplificações algébricas ajudaram apenas um
pouco. A integral (antiderivada) e seu papel teórico no Teorema Fundamental do Cálculo ofereceu
ajuda direta apenas quando as variáveis eram separadas, em circunstâncias muito especiais. O
método de separação de variáveis foi desenvolvido por Jakob Bernoulli e generalizado por Leibniz.
Assim estes pesquisadores iniciais do século 17 focalizaram estes casos especiais e deixaram um
desenvolvimento mais geral das teorias e técnicas para aqueles que os seguiram.
Ao redor do início do século 18, a próxima onda de pesquisadores de equações diferenciais
começou a aplicar estes tipos de equações a problemas em astronomia e ciências físicas. Jakob
Bernoulli estudou cuidadosamente e escreveu equações diferenciais para o movimento planetário,
usando os princípios de gravidade e momento desenvolvidos por Newton. O trabalho de Bernoulli
incluiu o desenvolvimento da catenária e o uso de coordenadas polares. Nesta época, as equações
diferenciais estavam interagindo com outros tipos de matemática e ciências para resolver problemas
aplicados significativos. Halley usou os mesmos princípios para analisar a trajetória de um cometa
que hoje leva seu nome. O irmão de Jakob, Johann Bernoulli, foi provavelmente o primeiro
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matemático a entender o cálculo de Leibniz e os princípios de mecânica para modelar


matematicamente fenômenos físicos usando equações diferenciais e a encontrar suas soluções.
Ricatti (1676--1754) começou um estudo sério de uma equação em particular, mas foi limitado
pelas teorias do seu tempo para casos especiais da equação que leva hoje seu nome. Os Bernoullis,
Jakob, Johann, e Daniel, todos estudaram os casos da equação de Ricatti também. Na época, Taylor
usou séries para "resolver" equações diferenciais, outros desenvolveram e usaram estas séries para
vários propósitos. Contudo, o desenvolvimento de Taylor de diferenças finitas começou um novo
ramo da matemática intimamente relacionado ao desenvolvimento das equações diferenciais. No
início do século 18, este e muitos outros matemáticos tinham acumulado uma crescente variedade
de técnicas para analisar e resolver muitas variedades de equações diferenciais. Contudo, muitas
equações ainda eram desconhecidas em termos de propriedades ou métodos de resolução.
Cinqüenta anos de equações diferenciais trouxeram progresso considerável, mas não uma teoria
geral.
O desenvolvimento das equações diferenciais precisava de um mestre para consolidar e
generalizar os métodos existentes e criar novas e mais poderosas técnicas para atacar grandes
famílias de equações. Muitas equações pareciam amigáveis, mas tornaram-se decepcionantemente
difíceis. Em muitos casos, técnicas de soluções iludiram perseguidores por cerca de 50 anos,
quando Leonhard Euler chegou à cena das equações diferenciais. Euler teve o benefício dos
trabalhos anteriores, mas a chave para seu entendimento era seu conhecimento e percepção de
funções. Euler entendeu o papel e a estrutura de funções, estudou suas propriedades e definições.
Rapidamente achou que funções eram a chave para entender equações diferenciais e desenvolver
métodos para suas resoluções. Usando seu conhecimento de funções, desenvolveu procedimentos
para soluções de muitos tipos de equações. Foi o primeiro a entender as propriedades e os papéis
das funções exponenciais, logarítmicas, trigonométricas e muitas outras funções elementares. Euler
também desenvolveu várias funções novas baseadas em soluções em séries de tipos especiais de
equações diferenciais. Suas técnicas de conjecturar e encontrar os coeficientes indeterminados
foram etapas fundamentais para desenvolver este assunto. Em 1739, desenvolveu o método de
variação de parâmetros. Seu trabalho também incluiu o uso de aproximações numéricas e o
desenvolvimento de métodos numéricos, os quais proveram "soluções" aproximadas para quase
todas as equações. Euler então continuou aplicando o trabalho em mecânica que levou a modelos de
equações diferenciais e soluções. Ele era um mestre que este assunto necessitava para se
desenvolver além de seu início primitivo, tornando-se um assunto coeso e central ao
desenvolvimento da matemática aplicada moderna.
Depois de Euler vieram muitos especialistas que refinaram ou estenderam muitas das idéias
de Euler. Em 1728, Daniel Bernoulli usou os métodos de Euler para ajudá-lo a estudar oscilações e
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as equações diferenciais que produzem estes tipos de soluções. O trabalho de D'Alembert em física
matemática envolveu equações diferenciais parciais e explorações por soluções das formas mais
elementares destas equações. Lagrange seguiu de perto os passos de Euler, desenvolvendo mais
teoria e estendendo resultados em mecânica, especialmente equações de movimento (problema dos
três corpos) e energia potencial. As maiores contribuições de Lagrange foram provavelmente na
definição de função e propriedades, o que manteve o interesse em generalizar métodos e analisar
novas famílias de equações diferenciais. Lagrange foi provavelmente o primeiro matemático com
conhecimento teórico e ferramentas suficientes para ser um verdadeiro analista de equações
diferenciais. Em 1788, ele introduziu equações gerais de movimento para sistemas dinâmicos, hoje
conhecidas como equações de Lagrange. O trabalho de Laplace sobre a estabilidade do sistema
solar levou a mais avanços, incluindo técnicas numéricas melhores e um melhor entendimento de
integração. Em 1799, introduziu as idéias de um laplaciano de uma função. Laplace claramente
reconheceu as raízes de seu trabalho quando escreveu "Leia Euler, leia Euler, ele é nosso mestre". O
trabalho de Legendre sobre equações diferenciais foi motivado pelo movimento de projéteis, pela
primeira vez levando em conta novos fatores tais como resistência do ar e velocidades iniciais.
Lacroix foi o próximo a deixar sua marca. Trabalhou em avanços nas equações diferenciais parciais
e incorporou muitos dos avanços desde os tempos de Euler ao seu livro. A contribuição principal de
Lacroix foi resumir muitos dos resultados de Euler, Lagrange, Laplace, e Legendre. O próximo na
ordem foi Fourier. Sua pesquisa matemática fez contribuições ao estudo e cálculos da difusão de
calor e à solução de equações diferenciais. Muito deste trabalho aparece em The Analytical Theory
of Heat (A Teoria Analítica do Calor, 1822) de Fourier, no qual ele fez uso extensivo da série que
leva seu nome. Este resultado foi uma ferramenta importante para o estudo de oscilações. Fourier,
contudo, pouco contribuiu para a teoria matemática desta série, a qual era bem conhecida
anteriormente por Euler, Daniel Bernoulli, e Lagrange. As contribuições de Charles Babbage
vieram por uma rota diferente. Ele desenvolveu uma máquina de calcular chamada de Máquina de
Diferença que usava diferenças finitas para aproximar soluções de equações.
O próximo avanço importante neste assunto ocorreu no início do século 19, quando as
teorias e conceitos de funções de variáveis complexas se desenvolveram. Os dois contribuintes
principais deste desenvolvimento foram Gauss e Cauchy. Gauss usou equações diferenciais para
melhorar as teorias das órbitas planetárias e gravitação. Gauss estabeleceu a teoria do potencial
como um ramo coerente da matemática. Também reconheceu que a teoria das funções de uma
variável complexa era a chave para entender muitos dos resultados necessários em equações
diferenciais aplicadas. Cauchy aplicou equações diferenciais para modelar a propagação de ondas
sobre a superfície de um líquido. Os resultados são agora clássicos em hidrodinâmica. Inventou o
método das características, o qual é importante na análise e solução de várias equações diferenciais
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parciais. Cauchy foi o primeiro a definir completamente as idéias de convergência e convergência


absoluta de séries infinitas e iniciou uma análise rigorosa de cálculo e equações diferenciais.
Também foi o primeiro a desenvolver uma teoria sistemática para números complexos e a
desenvolver a transformada de Fourier para prover soluções algébricas para equações diferenciais.
Depois destas grandes contribuições de Gauss e Cauchy, outros puderam refinar estas teorias
poderosas e aplicá-las a vários ramos da ciência. Os trabalhos iniciais de Poisson em mecânica
apareceram em Traité de mécanique em 1811. Aplicou seu conhecimento de equações diferenciais a
aplicações em física e mecânica, incluindo elasticidade e vibrações. Muito de seu trabalho original
foi feito na solução e análise de equações diferenciais. Outro aplicador destas teorias foi George
Green. O trabalho de Green em fundamentos matemáticos de gravitação, eletricidade e magnetismo
foi publicado em 1828 em “An Essay on the Application of Mathematical Analysis to Electricity
and Magnetism”. A matemática de Green proveu a base na qual Thomson, Stokes, Rayleigh,
Maxwell e outros construíram a teoria atual do magnetismo. Bessel era um amigo de Gauss e
aplicou seu conhecimento sobre equações diferenciais à astronomia. Seu trabalho sobre funções de
Bessel foi feito para analisar perturbações planetárias. Posteriormente estas construções foram
usadas para resolver equações diferenciais. Ostrogradsky colaborou com Laplace, Legendre,
Fourier, Poisson e Cauchy enquanto usava equações diferenciais para desenvolver teorias sobre a
condução do calor. Joseph Liouville foi o primeiro a resolver problemas de contorno resolvendo
equações integrais equivalentes, um método refinado por Fredholm e Hilbert no início da década de
1900. O trabalho de Liouville sobre a teoria de integrais de funções elementares foi uma
contribuição substancial para soluções de equações diferenciais. As investigações teóricas e
experimentais de Stokes cobriram hidrodinâmica, elasticidade, luz, gravitação, som, calor,
meteorologia e física solar. Ele usou modelos de equações diferenciais em todos os campos de
estudo. Na metade do século 19, uma nova estrutura era necessária para atacar sistemas de mais de
uma equação diferencial. Vários matemáticos vieram em socorro. Jacobi desenvolveu a teoria de
determinantes e transformações em uma ferramenta poderosa para avaliar integrais múltiplas e
resolver equações diferenciais. A estrutura do jacobiano foi desenvolvida em 1841. Como Euler,
Jacobi era um calculador muito hábil e um perito numa variedade de campos aplicados. Cayley
também trabalhou com determinantes e criou uma teoria para operações com matrizes em 1854.
Cayley era um amigo de J. J. Sylvester e foi para os Estados Unidos para lecionar na Universidade
Johns Hopkins entre 1881 e 1882. Cayley publicou mais de 900 artigos cobrindo muitas áreas da
matemática, dinâmica teórica e astronomia. Cayley criou a noção de matrizes em 1858 e
desenvolveu boa parte da teoria de matrizes nas décadas posteriores. Josiah Gibbs fez contribuições
à termodinâmica, ao eletromagnetismo e à mecânica. Por seu trabalho nos fundamentos de sistemas
de equações, Gibbs é conhecido como o pai da análise vetorial.
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À medida que o final do século 19 se aproximava, os principais esforços em equações


diferenciais se moveram para um plano teórico. Em 1876, Lipschitz (1832--1903) desenvolveu
teoremas de existência para soluções de equações diferenciais de primeira ordem. O trabalho de
Hermite foi desenvolver a teoria de funções e soluções de equações. À medida que a teoria se
desenvolveu, as seis funções trigonométricas básicas foram provadas transcendentais, assim como
as inversas das funções trigonométricas e as funções exponenciais e logarítmicas. Hermite mostrou
que a equação de quinta ordem poderia ser resolvida por funções elípticas. Enquanto seu trabalho
era teórico, os polinômios de Hermite e as funções de Hermite se mostraram posteriormente muito
úteis para resolver a equação de onda de Schrödinger e outras equações diferenciais. O próximo a
construir fundamento teórico foi Bernhard Riemann. Seu doutorado foi obtido, sob a orientação de
Gauss, na teoria de variáveis complexas. Riemann também teve o benefício de trabalhar com o
físico Wilhelm Weber. O trabalho de Riemann em equações diferenciais contribuiu para resultados
em dinâmica e física. No final da década de 1890, Gibbs escreveu um artigo que descreveu a
convergência e o "fenômeno de Gibbs" da série de Fourier.
O próximo contribuinte teórico importante foi Kovalevsky, a maior matemática antes do
século 20. Depois de vencer dificuldades consideráveis por causa da discriminação de seu gênero,
ela teve oportunidade de estudar com Weierstrass. No início de sua pesquisa, completou três artigos
sobre equações diferenciais parciais. No seu estudo da forma dos anéis de Saturno, ela se apoiou no
trabalho de Laplace, cujo trabalho ela generalizou. Basicamente, o trabalho de Kovalevsky era
sobre a teoria de equações diferenciais parciais e um resultado central sobre a existência de soluções
ainda leva seu nome. Ela publicou vários artigos sobre equações diferenciais parciais.
Posteriormente, no século 20, trabalhos teóricos de Fredholm e Hilbert refinaram os resultados
iniciais e desenvolveram novas classificações para o entendimento posterior de algumas das mais
complicadas famílias de equações diferenciais.
O próximo impulso foi no desenvolvimento de métodos numéricos mais robustos e
eficientes. Carl Runge desenvolveu métodos numéricos para resolver as equações diferenciais que
surgiram no seu estudo do espectro atômico. Estes métodos numéricos ainda são usados hoje. Ele
usou tanta matemática em sua pesquisa que físicos pensaram que fosse matemático, e fez tanta
física que os matemáticos pensaram que fosse físico. Hoje seu nome está associado com os métodos
de Runge-Kutta para resolver equações diferenciais. Kutta, outro matemático aplicado alemão,
também é lembrado por sua contribuição à teoria de Kutta-Joukowski de sustentação de aerofólios
em aerodinâmica, baseada em equações diferenciais. Na última metade do século 20, muitos
matemáticos e cientistas da computação implementaram métodos numéricos para equações
diferenciais em computadores para dar soluções rápidas e eficientes para sistemas complicados,
sobre geometrias complexas, de grande escala. Richard Courant e Garrett Birkhoff foram pioneiros
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bem sucedidos neste esforço. Equações não lineares foram o próximo grande obstáculo. Poincaré, o
maior matemático de sua geração, produziu mais de 30 livros técnicos sobre física matemática e
mecânica celeste. A maioria destes trabalhos envolveu o uso e análise de equações diferenciais. Em
mecânica celeste, trabalhando com os resultados do astrônomo americano George Hill, conquistou a
estabilidade das órbitas e iniciou a teoria qualitativa de equações diferenciais não lineares. Muitos
resultados de seu trabalho foram as sementes de novas maneiras de pensar, as quais floresceram,
tais como análise de séries divergentes e equações diferenciais não lineares. Poincaré entendeu e
contribuiu em quatro áreas principais da matemática - análise, álgebra, geometria e teoria de
números. Ele tinha um domínio criativo de toda a matemática de seu tempo e foi, provavelmente, a
última pessoa a estar nesta posição. No século 20, George Birkhoff usou as idéias de Poincaré para
analisar sistemas dinâmicos grandes e estabelecer uma teoria para a análise das propriedades das
soluções destas equações. Na década de 1980, a teoria emergente do caos usou os princípios
desenvolvidos por Poincaré e seus seguidores.

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UNIDADE III - EQUAÇÔES DIFERENCIAIS


3.1 - Definições:
Qualquer equação que estabeleça uma relação entre variáveis dependentes, suas derivadas
em relação a dadas variáveis independentes e essas mesmas variáveis independentes.
Quando há somente uma variável independente, a equação recebe o nome de equação
diferencial ordinária (E D O); se há duas ou mais variáveis independentes, a equação chama-se
equação diferencial parcial (E D P).
Denomina-se ordem de uma equação diferencial a ordem da derivada de maior ordem
envolvida.
O grau da equação é o grau algébrico, tomado em relação à derivada de maior ordem
presente na equação.
Antes de passarmos a alguns exemplos, convém fixar pormenores acerca da notação.
Empregaremos, comumente:
a) y = f (x), para indicar que y é uma função da variável x;

b) = y', = y'', para indicar as derivadas da função y = f (x).

c) = y(n), indicará a n - ésima derivada de y = f(x), a fim de evitar confusão com a

potência n–ésima que será indicada por (y)n.


Racionalizada uma equação e eliminadas as frações, se as derivadas e a variável dependente
aparecem com expoente um, não havendo produto delas e sendo coeficientes dos termos ou
constantes ou função das variáveis independentes, a equação chama-se linear.
Exemplos:
01. Nas equações diferenciais abaixo, estão indicados a ordem e o grau, se são ou não lineares e se
são ou não ordinárias.
a) y' + 2xy = ex 1a ordem; 1º grau, linear; ordinária.
b) y" + 2xy' + y = ex 2a ordem; 1º grau, linear; ordinária.

c) 4a ordem; 3º grau; não – linear, ordinária.

d) (y''')5 + 2y'= xex 3a ordem, 5ºgrau; linear, ordinária.

e) 2a ordem; 1º grau; linear; parcial.

f) 3a ordem; 2º grau; não – linear, ordinária.

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3.2 Classificação quanto ao tipo: A dois tipos de equações que chamamos de Equação Diferencial
Ordinária e Equação Diferencial Parcial.
a) Uma equação diferencial é denominada Equação Diferencial Ordinária quando ela contém
somente uma variável independente.

Exemplos: , , e .

b) Uma equação diferencial é denominada Equação Diferencial Parcial quando ela contém mais de
uma variável independente. Em muitos processos físicos (que na verdade compõe a maioria dos
problemas reais) existem duas ou mais variáveis independentes associadas a uma variável de
interesse, de forma que os modelos envolvendo estas variáveis são governados por Equações
Diferenciais Parciais e não ordinárias.

Exemplos: , e .

3.3 Classificação quanto à ordem: A ordem de uma equação diferencial é a ordem da derivada
mais alta que ela contém.

Exemplo: é de primeira ordem.

3.4 Classificação quanto a grau: O grau de uma equação diferencial é obtido considerando o grau
da derivada de mais alta ordem como sendo o grau da equação, como se faz nos polinômios.

Exemplo: é de primeiro grau.

3.5 Classificação quanto ao tipo de solução:


a) Solução Geral de uma equação diferencial é a primitiva desta equação.

Exemplo: é a solução geral da equação diferencial , e a solução geral

será: .

b) Solução Particular de uma equação diferencial é a primitiva desta, mas com valores definidos
para as constantes arbitrárias por ela contida.

Exemplo: é a solução geral ou a primitiva da equação diferencial . Se as


condições iniciais forem por exemplos:
, isto é, para ,

, isto é, no ponto ,

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, isto é, no ponto , donde a solução particular será .

c) Solução Singular de uma equação diferencial é uma solução da equação diferencial que não
pode ser obtida por combinação das constantes arbitrárias, isto é, a partir da primitiva desta.

Exemplo: onde é a solução geral ou a primitiva da equação

diferencial, mas , satisfaz a equação,

d) Solução explícita é a solução na forma , isto é, a variável dependente (função) pode


ser isolada e igualada a uma expressão, a qual é função apenas da variável independente , não
ambígua.

Exemplo: na solução explícita .

e) Solução implícita é a solução na forma , isto é, a variável dependente (função)


não pode ser isolada e igualada a uma expressão que dependa apenas da variável independente ,
ou quando isto for possível então a expressão será ambígua.
Exemplos:

na solução implícita onde a solução na forma

explicita não é considerado função pois possui duas soluções para cada .

3.5.1 Como identificar soluções: Para identificar-se se uma solução proposta realmente é solução
de determinada equação diferencial substitui-se a solução proposta em cada lugar onde a variável
dependente (função) aparece na equação, e se após, isto feito, a equação transformar-se em uma
identidade, então a solução proposta é solução da equação diferencial.

Exemplo: Verificar se ou é solução da equação diferencial .

Solução: (a) Substituir y por na equação , isto é,

, Como não surgiu

uma identidade, então:


Resposta (a): não é solução.

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b) Substituir y por na equação , isto é,

, Como

surgiu uma identidade, então:


Resposta (b): é solução.

As derivadas ordinárias serão escritas ao longo deste texto com a notação de Leibniz

, , ou com a notação linha , , Usando a ultima notação,

podemos escrever as duas primeiras equações do tipo 3.2. um pouco mais compactamente como
e . Na realidade, a notação linha é usada somente para denotar as três

primeiras derivadas, a quarta derivada é escrita como , em vez de . Em geral, a n-ésima

derivada é escrita como ou . Embora seja menos conveniente para escrever e


imprimir, a notação de Leibniz tem, sobre a notação linha, a vantagem de explicitar claramente as
variáveis dependentes e independentes. Por exemplo, na equação + 16x = 0, vê-se
imediatamente que o símbolo x representa uma variável dependente e t uma variável independente.
Você deve também estar ciente de que a notação ponto de Newton (depreciativamente conhecida
por notação “sujeira de mosca”), é às vezes usada em Física e Engenharia para denotar derivadas

em relação ao tempo. Assim sendo a equação diferencial , torna-se .

Derivadas parciais são freqüentemente. Por exemplo, uma notação em subscrito indicando as
variáveis independentes. Por exemplo, com a notação em subscrito, a segunda equação do tipo 3.3,
torna-se .

3.6 Curvas Integrais: Geometricamente a solução geral de uma equação diferencial representa
numa família de curvas que recebem o nome de curvas integrais. Essa solução denomina-se
primitiva ou integral da equação diferencial.

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QUESTÕES PROPOSTAS
01) Classifique as Equações Diferenciais, dadas a seguir, quanto ao tipo, à ordem e ao grau.
1) R:

2) R:

3) R:

4) R:

5) R:

02) Sendo dadas as curvas seguintes determinar para cada uma delas a equação diferencial de
menor ordem possível que não contenha nenhuma constante arbitrária.

1) R:

2) R:

3) R:

4) R:

5) R:

6) R:

7) R:

8) R:

9) R:

10) R:

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3.1 - EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS


Definição: Equação diferencial é uma equação que contem uma variável x, uma função y =
f(x) e suas derivadas y', y'', ... , y (n). Simbolicamente, uma equação diferencial pode ser escrita da
seguinte maneira: F(x, y', y'', ... , y(n)) = 0.
Se a função de uma equação diferencial é de uma variável, então a equação diferencial é
chamada ordinária.
Exemplos:
São equações diferenciais ordinárias, as seguintes equações:
a) xy' + y = sen x
b) y'' + (senx) y' + y = 0
c) y' – 2xy2 + 5 = 0
Definição: A ordem de uma equação diferencial ordinária é a ordem de sua mais alta
derivada que aparece na equação.
Nos exemplos acima, a equação do item a) é de 1 a. ordem; a do item b) de 2a. ordem e a do
c) 1a. ordem
Definição: A solução ou integral de uma equação diferencial é qualquer função y = f(x) que
transforma a equação em uma identidade
Exemplo:
a) A função y = sen x é uma solução ou integral da equação y'' + y = 0 pois y' = cos x e y''=–sen x e
substituindo na equação –sen x + sen x = 0 para todo x.

b) A solução da equação xy' – x2 –y = 0 é a função y = x2 + cx onde c é uma constante, pois y' = 2x


+ c , y'' = 2. Substituindo na equação encontramos: x(2x + c) – x2 – (x2 + cx) = 0

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EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS DE PRIMEIRA ORDEM


Definição(1): Uma equação diferencial de 1a. ordem é uma equação da forma F(x, y, y') = 0. Se esta
equação pode ser resolvida em relação a y' nós podemos colocá-la na forma y' = f(x, y)

Teorema: Se na equação y' = f(x, y) a função f(x, y) e suas derivadas parciais em relação a y,

são contínuas em alguma região D no plano-xy contendo algum ponto (x0, y0), então há uma única
solução para esta equação y = (x) que satisfaz as condições x = x0, y = y0.
A condição que para x = x0, a função y deve ser igual a um dado número y0 é chamada
condição inicial e é freqüentemente escrita na forma y(x0) = y0..
Definição(2): A solução geral de uma equação diferencial de primeira ordem y = (x, c) que
depende de uma única constante c e satisfaz as seguintes condições:
a) satisfaz a equação diferencial para qualquer valor específico da constante c.
b) não interessa que condição inicial y(x0) = y, é possível encontrar c = c0 tal que a função y = (x),
c) satisfaz a dada condição inicial.
Definição(3): Na procura de uma solução de uma equação diferencial ordinária de 1a. ordem
muitas vezes encontramos uma solução da forma (x, y, c) = 0 que não pode ser resolvida em
relação a y. Se resolvermos a equação em relação a y, chegamos na solução geral. Entretanto, não é
sempre possível expressar y em termos de funções elementares, caso em que a solução geral é
deixada na forma implícita. Uma equação da forma (x, y, c) = 0 que dá uma solução implícita é
chamada integral completa da equação diferencial

Exemplo: Para a equação diferencial y' = – a solução geral é uma família de funções y = .

Vamos encontrar uma solução que satisfaça uma condição inicial y 0 = 1 quando x0 = 2. Neste caso

fazendo as substituições, obtemos 1 = ou c = 2 e assim, temos a solução particular y = .

As equações lineares de primeira ordem são da forma , onde P(x) e Q(x)

são funções continuas de x.


Exemplos

1):

2): .

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SOLUÇÃO DE UMA EQUAÇÃO LINEAR DE 1ª ORDEM

Seja a equação linear de primeira ordem (1). Vamos procurar a solução

y da equação (1) na forma de produto de duas funções da variável x, ou seja, y = u(x).v(x). (2). Uma
das funções que formam a função y = u(x) v(x) pode ser escolhida arbitrariamente e a outra será
definida sob as condições da equação (1).

Derivando os dois membros da igualdade (2) encontramos: (3)

Substituindo (2) e (3) em (1) obtemos: . (4)

Colocando u em evidencia em (4) temos que: (5) Escolhendo a

função v de tal modo que (6), podemos determinar v separando as variáveis na

equação obtemos . Integrando a equação temos

. Fazendo c = -Ln k, obtemos: , que equivale a

. Aplicando a definição de logaritmo natural obtemos que: . Como

v pode ser qualquer função não nula da equação (6), faremos . (7) Como a função
exponencial é sempre positiva temos que v como definida acima é diferente de zero para todo x.

Substituindo a expressão de v em (5) temos (8) Separando as variáveis em (8) obtemos

(9) Integrando (9) temos: (10).

Substituindo (10) em (2) conseguimos: , que é a solução da equação (1).

Exemplo:

01) Resolver a equação .


Solução:
Seja a equação (1).Fazendo y = u.v (2) temos que (3).

Substituindo (2) e (3) em (1) obtemos: (4) Colocando u em evidencia em

(4) temos que: (5) Fazendo temos que .

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Logo, , então ,ou seja, (6) Substituindo (6) em (5) temos que

(7) Separando as variáveis em (7) obtemos (8) Integrando (8) obtemos

(9) Como então , ou seja, que é a solução


geral da equação inicial.

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1ª TIPO: EQUAÇÕES COM VARIÁVEIS SEPARÁVEIS


Definição: Toda equação que pode ser escrita na forma M(y) dy = N(x) dx é dita equação
diferencial de variáveis separáveis.

Vamos considerar a equação diferencial da forma = f1(x) f2(y) onde o lado direito é o

produto de uma função somente da variável x por uma função somente da variável y. Podemos

escrever esta equação da seguinte forma: = f1(x)dx cuja solução é: .

Esta equação é chamada de variáveis separáveis e pode ser colocada na forma M(x)dx + N(y)dy = 0

onde sua solução é: .

Para se obter a solução geral de uma equação de variáveis separáveis basta:


 Separar as variáveis;
 Integrar membro a membro a equação.
Exemplo: encontrar a solução geral da equação xdx + ydy = 0.

Solução: Integrando ambos os membros encontramos: ou x2 + y2 =

2c.

Exemplo: A equação =- é uma equação de variáveis separáveis, pois pode ser escrita como

=-

Exemplo: Resolver a equação =- .

Solução: Separando as variáveis da equação temos que =- . Integrando o primeiro membro

em y e o segundo membro em x obtemos que Lny= - lnx + c ou que y = .

QUESTÕES PROPOSTAS
01) Resolva as equações diferenciais abaixo.

1) R:

2) R:

3) R:

4) R:

5) R:

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6) R:

7) R:

8) R:

9) R:

10) R:

11) R.:

12) R.:

13) R.:

14) R.:

2ª TIPO: EQUAÇÕES DE PRIMEIRA ORDEM HOMOGÊNEA

Definição: A função f(x, y) é chamada função homogênea de grau n nas variáveis x e y se, para
qualquer t tivermos a identidade f(tx, ty) = tnf(x, y).

Definição: Uma equação de 1a. ordem = f(x, y) é chamada homogênea em x e y se a função f(x,

y) é uma função homogênea de grau zero em x e y.


Exemplos:

1) A função f(x, y) = é homogênea de grau 1 (um), desde que f(tx, ty) =

= tf(x, y).

2) f(x, y) = xy – y2 é homogênea de grau 2 (dois), pois f(tx, ty) = txty – (ty)2 = t2(xy – y2) = t2f(x, y).

3) f(x, y) = é homogênea de grau zero, pois f(tx, ty) = = t0 f(x, y).

QUESTÕES PROPOSTAS
01) Determinar o grau de homogeneidade das equações diferenciais:
1) R: É homogênea de grau dois.

2) R: É homogênea de grau zero.

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3) R: Não é homogênea.

4) R: É homogênea de grau zero.

5) R: É homogênea de grau um.

6) R: É homogênea de grau três.

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SOLUÇÃO DE UMA EQUAÇÃO HOMOGÊNEA

É dado que f(tx, ty) = f(x, y). colocando t = nesta identidade, temos: f(x, y) =

e fazendo a substituição u = ou y = u x obtemos . Colocando a expressão da

derivada na equação acima, temos: x e integrando a equação de

variáveis separáveis obtemos: .

Exemplo:

Resolver a equação homogênea

Solução: Fazendo u = temos y = u x e daí, . Dividindo o segundo membro da

equação por x2, obtemos: e fazendo as substituições, encontramos:

ou , Integrando ambos os

membros, temos = , Substituindo

encontramos a solução .

QUESTÕES PROPOSTAS
01) Achar a solução geral das seguintes equações lineares homogêneas:

1) R:

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EQUAÇÃO DE BERNOULLI.

Definição: Toda equação diferencial da forma em P(x) e Q(x) são funções

continuas de x e n  0, n  1 é chamada de Equação de Bernoulli.

Exemplo 1: A equação é uma equação de Bernoulli com P(x) = x3 e n = 3.

Exemplo 2: A equação é uma equação de Bernoulli com P(x) = ,

Q(x) = e n = 2.

A SOLUÇÃO DA EQUAÇAO DE BERNOULLI.

Seja (*) uma equação de Bernoulli.

Dividindo (*) por yn temos (**) que não é uma equação linear de 1ª

ordem devido y-n está multiplicando .Fazendo z = y –n +1, temos que o diferencial de Z em relação

à x é dado por . Logo: . Substituindo as expressões de z

e na equação (**) obtemos (***) Multiplicando a equação (***)

por (-n+1 ) temos (****) Como –n +1 é uma constante a

equação (****) é uma equação linear de 1ª ordem em z.

Resolvendo a equação obteremos uma solução que

relaciona as variáveis z e x. Substituindo z por y -n+1


na relação obtida teremos a solução da equação

de Bernoulli como era desejado.

Exemplo:
Resolver a equação .
Solução:
Dividindo a equação por y3 temos (**)

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Fazendo z = y –2, temos que . Logo, . Substituindo as expressões

de y-2 e na equação (**) temos a equação (***)

Multiplicando a equação (***) por –2 temos a equação (****), que é uma equação

linear. Fazendo z = u.v, temos que .

Substituindo as expressões de z e na equação (****) temos


(*****)
Colocando u em evidencia na equação (*****) temos .

Fazendo , temos que , ou seja, Logo, ln v = x2. Portanto, v =

. Substituindo a expressão de v na equação (****) temos que .Logo,

então u = -2 Fazendo w = x2 e dk = x dx, temos dw = 2xdx e k =

Como u = -2(wk - ) = -2( + ) Portanto, u =

. Por tanto,
u= . Como z = u.v, então z = ( ). , ou seja,

z = x2 + 1 + c . Substituindo z por y –2 temos y –2 = x2 + 1 + c . Portanto, y = éa

solução geral da equação .

QUESTÕES
Resolva as equações.
(1- x2) - xy – axy2 = 0. y`+ xy = x y -3
y` + 3x2y = x2 y3 y` + 2xy = xy2
yy`-2y2 = ex

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EQUAÇÃO LINEAR DE PRIMEIRA ORDEM


Definição: Uma equação diferencial da forma y' + P(x)y = Q(x) é chamada equação linear
de 1a. ordem, onde P(x) e Q(x) são funções contínuas de x.
Se Q(x) 0 a equação y' + P(x)y = 0 é chamada equação linear de 1a. ordem homogênea.

Neste caso as variáveis podem ser separáveis, na forma +P(x)y = 0 dando: = – P(x)y ou

= – P(x)dx. Integrando ambos os membros temos: ln y = + ln c ou ln =– ou

que é a solução geral da equação linear de 1a. ordem homogênea.

SOLUÇÃO GERAL DA EQUAÇÃO LINEAR DE PRIMEIRA ORDEM:


Seja a equação y' + P(x)y = Q(x) (1) Façamos y = u v (2) onde u e v são funções de x. Então
y' = uv' + u'v . Substituindo na equação (1)
uv' + u'v + P(x)uv = Q(x) ou [u' + P(x)u]v + uv' = Q(x). Determinemos u de tal modo que u'
+ P(x)u = 0. Como esta equação é linear homogênea, determinamos u como

u= . Agora vamos resolver a equação uv' = Q(x) onde u = . Temos: v' =

Q(x) ou v' = Q(x) e integrando, obtemos:

v= . Agora achamos o valor de y dado na equação (2):

y= ] (3)

Exemplos:

1) Resolver a equação y' y = x.

Solução: Temos P(x) = e Q(x) = x. Aplicando a fórmula (3) acima, temos:

. Então, y =

2) Resolver a equação y' + y = x2

Solução: Temos P(x) = , Q(x) = x2 . Usando a fórmula (3)

y=

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Exercícios
Determinar as equações diferenciais lineares de 1a. ordem
1) y' – (tg x) y = 0
2) xy' + y – ex = 0

3) y' – –1–x=0

4) y' – y tgx =

5) y' + y = 1

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EQUAÇÃO DIFERENCIAL EXATA:


Definição: Uma Equação Diferencial Homogênea de 1a Ordem é exata

se a diferencial da função (onde a função é uma

função implícita, isto é, é a variável dependente e é a variável independente) de maneira que


e integrando . Assim, é exata 

e tal que , e sua solução será

onde representa uma constante que depende de

y. Assim, deriva-se , para obter , isto é,

Exemplo: Verifique se a Equação Diferencial é exata e resolva a Equação.

então, e , donde a equação é exata e

sua solução, será: ,

porém, e

, por tanto

substituindo em e lembrando

que tem-se: , isto é,

onde e são constantes arbitrárias, e por tanto

Resposta: .

Fatores de Integração
Dada uma Equação Diferencial do Tipo: , (1) não exata, mas que pode ser
transformada em exata multiplicando-a por uma função adequada . Esta função constitui
um fator integrante de (1). Com alguma prática é possível determinar fatores integrantes por
inspeção.

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Exemplo: Verificar se a equação , para , é exata e integrá-la, sem utilizar


nenhum dos fatores apresentados anteriormente.

Solução: , então:

Esta equação não é exata e sendo a mesma equação apresentada anteriormente, e tendo em mente,
as diferenciais exatas apresentadas, pode-se usar, o fator integrante: . Pois,

essencialmente é , ou seja, . Assim, ,

isto é,

Exemplo: Resolver para . por tanto a equação não


é exata.
Solução: Por inspeção, tem-se:

donde por tanto a equação passa a ser uma


equação diferencial exata e a solução, será obtida na forma das equações exatas, isto é,

é a solução geral ou

primitiva da equação. Resposta:

Exercício: Resolver para . por tanto a


equação não é exata.
Solução: Por inspeção, tem-se:

donde por tanto a equação é uma equação diferencial exata e

é a solução geral ou primitiva da equação.

Resposta:

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Existem algumas formas práticas de se obter fatores integrantes para casos específicos:

a) Se , uma função apenas de , apenas, então o fator integrante será

é fator integrante da equação.

Exemplo: Resolver para . por tanto a

equação não é exata, mas e o fator integrante será .

Assim, a equação será

donde por tanto a equação é uma equação

diferencial exata e

é a solução
geral ou primitiva da equação.
Resposta:

Exercício: Resolver para .

por tanto a equação não é exata, mas e o fator

integrante será . Assim, a equação será

donde por tanto a equação é uma equação diferencial exata e

é a solução geral ou primitiva da equação.

Resposta:

Exercício: Resolver para .

por tanto a equação não é exata, mas

e o fator integrante será . Assim, a equação será

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que é uma equação diferencial


exata e

é a solução
geral ou primitiva da equação.
Resposta:

b) Se uma função apenas de , apenas, então o fator integrante será

é fator integrante da equação.

Exemplo: Resolver para .


Solução:
, por tanto a equação não é exata,

mas e o fator integrante será

. Assim, a equação será

donde , por tanto a equação é exata

, ou seja,

Resposta:

c) Se a equação é homogênea e , então é fator integrante da


equação.
Observação: A equação é homogênea apenas se

Exemplo: Resolver . e , por tanto a equação não é

exata, mas é homogênea e , por tanto o fator integrante será

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. Com esse fator, a equação se transforma em

, que é uma equação diferencial exata.

. Então,

E a primitiva é

Se a equação pode ser colocado na forma

, então

é fator integrante da equação.

Exemplo: Resolver .

A equação é da forma e

, por tanto a equação não é exata, mas

e o fator integrante será

. Com esse fator, a equação se transforma em

que é uma equação diferencial exata. Seja,

.Então,

a primitiva é

Exemplos:
Encontrar a solução geral da equação diferencial: (3x2 + 6xy2)dx + (6x2y + 4y2)dy = 0

Solução: P(x, y) = 3x2 + 6xy2; Q(x, y) = 6x2y + 4y2; então: = 12xy; = 12xy.

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Logo a equação é exata. Então, = 3x2 + 6xy2. U = = x3 + 3x2y2 + (y)

= 6x2y + '(y) logo, 6x2y + '(y) = 6x2y + 4y2. Temos, então, '(y) = 4y2 e portanto, (y) =

. A solução geral será: U = x3 + 3x2y2 + y3 + c.

EXERCÍCIOS
01) Verificar se as Equações Diferenciais, dadas a seguir, são exatas e determinar sua solução geral:
1) R: É exata,

2) R: Não é exata,

3) R: É exata, .

4) R: Não é exata, .

02) Encontrar a solução geral das equações diferenciais exatas


1) (x + y)dx + (x + 2y)dy = 0
2) (x2 + y2 + 2x)dx + 2xydy = 0
3) (x2 – 3xy2 + 2)dx – (3x2y – y2)dy = 0

4) =0

5) (3x2 – y)dx + (2y2 – x)dy = 0

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APLICAÇÕES DAS EQUAÇOES DIFERENCIAS DE 1ª ORDEM

1. PROBLEMAS DE VARIAÇÃO DE TEMPERATURA:


A lei da variação de temperatura de Newton afirma que a taxa de variação de temperatura de
um corpo é proporcional à diferença de temperatura entre o corpo e o meio ambiente. A taxa de

variação da temperatura do corpo é dT/dt, e a lei de Newton relativa esta taxa é: .

Obs.: Escolhendo para K (constante de proporcionalidade) um valor positivo, torna-se necessário o


sinal negativo na lei de Newton a fim de tornar a taxa da temperatura negativa em um processo de
resfriamento. Em tal processo T – Tm > 0.

1.1. Coloca-se a barra de metal, à temperatura de 100 oF em um quarto com temperatura constante
de 0oF. Se, após 20 minutos a temperatura da barra é de 50oF, determine:
a) o tempo necessário para a barra chegar à temperatura de 25oF;
b) a temperatura da barra após 10 minutos.
Solução:

Eq. Geral:

a)

Equação Linear

(1)
(2)
Para t = 20, sabemos que T = 50; logo, de (2),

= 0,035

Levando este valor em (2) obtemos:

t = 39,6 minutos

b) 70,5oF

1.2. Um corpo a temperatura inicial de 50oF é colocado ao ar livre, onde a temperatura ambiente é
de 100oF. Se após 5 minutos a temperatura do corpo é 60oF, determine:
a) o tempo necessário para a temperatura do corpo atingir 75oF;

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b) a temperatura do corpo após 20 minutos.


Solução:

Eq. Geral:

a)

Equação Linear

(1)
(2)
Para t = 5, sabemos que T = 60; logo, de (2),

= 0,045

Levando este valor em (2) obtemos:

t = 15,4 minutos

b) 79,5oF

1.3. Coloca-se um corpo com temperatura desconhecida em um quarto mantido à temperatura


constante de 30oF. Se após 10 minutos, a temperatura do corpo é 0 oF e após 20 minutos é 15oF,
determine a temperatura inicial desconhecida.
Solução:

Eq. Geral :

a)

Equação Linear

(1)
Quando t = 5, sabemos que T = 60; logo, de (1),
(2)
Quando t = 20, sabemos que T = 15; logo, de (1), novamente
(3)

= 0,069

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Levando este valor em (2) e (3) obtemos:

Levando esse valor em (1)


(4)
Como desejamos T no tempo inicial t = 0, segue-se de (4) que
= -30oF

2. PROBLEMAS DE CRESCIMENTO E DECRESCIMENTO:


Seja N(t) a quantidade de substância (ou população) sujeita a um processo de crescimento ou
decrescimento. Se admitirmos que dN/dt é uma taxa de variação da quantidade da substância, é
proporcional à quantidade de substância presente, então temos a lei de Newton aplicado a este caso:

então ou , onde k é a constante de proporcionalidade.

É claro que admitimos que esta função é continua no tempo.

2.1. Sabe-se que certa substância radioativa diminui a uma taxa proporcional à quantidade presente,
Se, inicialmente, a quantidade de material é 50 miligramas, e se observa que, após duas horas,
perderam-se 10% da massa original, determine:
a) a expressão para a massa de substância restante em um tempo arbitrário t;
b) a massa restante após 4h;
c) o tempo necessário para que a massa inicial fique reduzida à metade.
Solução:

Eq. Geral:

a) Seja N a quantidade de substância presente no instante t. Então;

Equação Linear, sua solução é:

(1)
Quanto t = 0, sabemos que N = 50. Portanto, de (1)
ou c = 50. Assim
(2)
Quando t = 2, já se perderam 10%, ou seja 5mg da massa inicial de 50mg. Logo, quando t = 2, N =
45. Aplicando em (2)
k = -0,053.
Aplicando em (2) (3)
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b) Desejamos N quando t = 4. Fazendo t =4 em (3) e resolvendo em relação a N encontramos:

c) Desejamos t quando N = 25. Fazendo N = 25 em (3) resolvendo em relação a t, vem:


t = 13h

2.2. Sabe-se que uma cultura de bactérias cresce a uma taxa proporcional à quantidade presente.
Após 1h, observam-se 1000 núcleos de bactérias na cultura, e após 4 horas, 3000 núcleos.
Determine:
a) Uma expressão para o número de núcleos presentes n cultura no tempo arbitrário t;
b) O número de núcleos inicialmente existentes na cultura.
Solução:

Eq. Geral:

a) Seja N a quantidade de substância presente no instante t. Então; Equação

Linear, sua solução é:


(1)
Quanto t = 1, sabemos que N = 1000. Portanto, de (1)
.
Quanto t = 4, sabemos que N = 3000. Portanto, de (1)
.
Resolvendo (2) e (3) em relação a k e c em (1), encontramos:

Como expressão da quantidade de núcleos presentes no tempo arbitrário t.

b) Desejamos N quando t = 0. Fazendo t =4 em (3) e resolvendo em relação a N encontramos:


núcleos

2.3. Sabe-se que a população de determinado Estado cresce a uma taxa proporcional ao número de
habitantes existentes. Se após dois anos a população é o dobro da inicial, e após três anos é de
20.000 habitantes, determine a população inicial.
Solução:

a) Equação Linear (1)

Quando t = 0, sabemos que N = No; logo, de (1),


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ou c = No

(2)
Quando t = 2, N = 2No. Aplicando em (2).
k = 0,0347
Aplicando em (2) novamente:
(3)
No = 7062

3. QUEDA DOS CORPOS COM RESISTÊNCIA DO AR:


Sendo a 2a Lei de Newton do Movimento (a força resultante que atua sobre um corpo é igual

a taxa de variação da quantidade de movimento do corpo) onde F é a resultante que é

dada pela interação entre o peso e a resistência do ar, assim temos: .

Se a resistência do ar é desprezível temos k = 0. Quando k > 0, a velocidade limite V L é

definida por: .

Obs: Caso a resistência do ar seja proporcional ao quadrado da velocidade estas equações não são
válidas.

3.1. Deixa-se cair um corpo de massa de 5 “slugs” de uma altura de 100 pés, com velocidade inicial
zero. Supondo que não haja resistência do ar, determine:
Corpo em Referencial
a) a expressão da velocidade do corpo no instante t; queda x=0
b) a expressão da posição do corpo no instante t;
c) o tempo necessário para o corpo atingir o solo.
Solução: SOLO

a) Como temos . Sentido x


positivo

Esta eq. é linear da forma separável.


Quando t = 0, V = 0 temos que c= 0. Assim, v= gt ou, supondo 32 pés/s2:V = 32t (1)

b)

Esta eq. é linear da forma separável e sua solução é:


X = 16t2+c1 (2)

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Mas quando t = 0 e x = 0 então c = 0. Aplicando em (2), temos:


X = 16t2 (3)

c) Desejamos t quando x = 100. De (3) t = 2,5 seg

3.3. Lança-se um corpo de massa m verticalmente para cima, com velocidade inicial Vo. Se a
resistência do ar é proporcional à velocidade, determine:
Sentido x positivo
a) a equação do movimento no sistema de coordenadas;
b) uma expressão para a velocidade do corpo no instante t;
c) o instante em que o corpo atinge a altura máxima.

Kv
Solução mg

a) Solo x=0

b) A equação (1) é linear, e sua solução é Quando t = 0, V = V0, logo

então A velocidade do corpo no instante t é dada por

c) O corpo atinge a altura máxima em sua trajetória quando v = 0. Devemos, pois, determinar t
quando v = 0 na equação obtida pelo resultado de b e resolvendo a t botemos:

R:

4. PROBLEMAS DE DILUIÇÃO:
Considera-se um tanque com um Vo de um liquido qualquer L que contém uma quantidade a
de outra substância qualquer 2. Despeja-se no tanque outra solução de substância 2 com quantidade
b á razão de e (L/min, por exemplo), enquanto simultaneamente, a solução resultante, bem
misturada, se escoa do tanque a razão de f L/min. O problema consiste em determinar a quantidade
de substância 2 no instante t.
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Seja a taxa de variação da substância 2 (Q) dada por: dQ/dt, que equivale a taxa a qual a
substancia 2 entra no tanque menos a taxa que esta sai do tanque. A substancia 2 entra no tanque á
taxa de b.e L/min. Para determinarmos a taxa de saída do sal. Devemos primeiro calcular o volume
da substância 2 presente no tanque no instante t, que é o volume inicial V o mais o volume
adicionado e.t, menos o volume escoado, f.t. Assim o volume da substancia 1 no instante t é:
Vo + et – ft

A concentração de 2 no tanque, em um instante qualquer, é dada por .

Donde se infere que 2 sai do tanque à taxa de: ou

4.1. Um tanque contém inicialmente 100galões de salmoura com 20lbs de sal. No instante t = 0,
começa-se a deitar no tanque água pura á razão de 5 gal/min, enquanto a mistura resultante se escoa
no tanque à mesma taxa. Determine a quantidade de sal no tanque no instante t.
Solução:

Vo= 100, a = -20, b=0, e e = f = 5; logo

A solução desta equação diferencial linear é (1) Quando t = 0, sabemos que Q = a = 20.

Levando esses valores em (1), encontramos c = 20, de modo que (1) pode ser escrito como:

. Quando como era de se esperar, pois, só se adiciona água pura no tanque.

4.2. Um tanque contém inicialmente 100 galões de salmoura com 1 lb de sal. No instante t = 0,
adiciona-se outra solução de salmoura com 1lb de sal por galão, à razão de 3 gal/min, enquanto a
mistura resultante se escoa do tanque à mesma taxa. Determine:
a) a quantidade de sal presente no tanque no instante t;
b) o instante em que a mistura restante no tanque conterá 2 lbs de sal.

Solução:

a) Aqui, Vo= 100, a = 1. b = 1, e e = f = 3; logo A solução desta equação

diferencial linear é (1) Aplicando os valores a equação encontramos c = -99.

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b) Desejemos t quando Q = 2. Em (2) obtemos t = 0,338 min.

4.3. Um tanque de 50 galões de capacidade contém inicialmente 10 galões de água fresca. Quando t
= 0, adiciona-se ao tanque uma solução de salmoura com 1lb de sal por galão, à razão de 4 gal/min.,
enquanto que a mistura se escoa à razão de 2gal/min. Determine:

a) o tempo necessário para que ocorra um transbordamento;

b) a quantidade de sal presente no tanque por ocasião do transbordamento.

Solução:

a) Aqui a = 0, b = 1, e = 4, f = 2 e V o = 10. Vo + et – ft = 10 + 2t. Desejamos t quando 10 + 2t = 50;


logo; t = 20 min.

b) Para este problema é: É uma equação linear cuja solução:

(1).Quando t = 0, Q = a = 0. Levando esses valores em (1), encontramos c = 0. Deseja-se Q no

momento do transbordamento, isto é, quando t = 20. Então:

4.4 Um tanque contém 50 litros de uma solução composta por 90% de água e 10% de álcool.
Adiciona-se ao tanque uma segunda solução, contendo 50% de água e 50% de álcool, a uma taxa de
4 litros por minuto. Enquanto a segunda solução está sendo adicionada, o tanque está sendo
esvaziado a uma taxa de 5 litros por minuto. Supondo-se que a solução no tanque está sendo
constantemente mexida, quanto álcool haverá no tanque após 10 minutos?
Solução:
Seja y a quantidade de álcool no tanque, em litros, num dado instante t. Para t = 0 sabemos que y
vale 10% de 50 litros de álcool, ou seja, y = 5 litros de álcool. Como no tanque entram 4 litros de
solução por minuto e saem 5 litros por minuto, podemos afirmar que em qualquer instante t o
números de litros da solução no tanque é 50 + (4 -5)L.t, onde t é o número de minutos, ou seja, em
cada instante há (50 – t) litros de solução no tanque. Como a cada minuto são adicionados 4 litros
de solução com 50% de álcool então a cada minuto entram 2 litros de álcool no tanque.

Desse modo, temos que: o tanque ganha 2 litros de álcool por minuto. o tanque perde

litros de álcool por minuto; Assim, a taxa de variação da quantidade y de litros de álcool no tanque

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é dada pela equação que é equivalente a equação A equação

acima é do tipo linear de 1ª ordem, onde P (x) = e Q(x) = 2. Calculando u e v temos que

y(t) = . Para t = 10 temos que y = 13,45. Logo, após 10 minutos a

quantidade de álcool no tanque é 13,45 litros aproximadamente.

5. CIRCUITOS ELÉTRICOS (De 1a ORDEM):


A equação básica que rege a quantidade de corrente I em um circuito simples do tipo RL

consistindo de uma resistência R, um indutor L e uma força Eletromotriz E é: .

Para um circuito do tipo RC constituído de uma resistência R, um capacitor C, uma força


eletromotriz, e sem indutância equação que rege a quantidade de carga elétrica q (em Coulombs) no

capacitor é: . A relação entre q e I é: .

5.1. Um circuito RL tem fem de 5 Volts, resistência de 50 Ohms e indutância de 1Henry. A corrente
inicial é zero. Determine a corrente no circuito no instante t.
Solução:

Aqui E = 5, R = 50, e L = 1; logo fica: Esta equação é linear; sua solução é:

Quando t = I = 0; assim, ou A corrente no instante t é,

então, (1) A quantidade em (1) é chamada corrente transitória, pois tende a

zero quando . A quantidade 1/10 em (1) é chamada corrente estacionária. Quando ,a


corrente I tende a corrente estacionária.

5.2. Um circuito RL tem fem (em Volts) dada por 3 sem 2t, resistência de 100 hms, indutância de
0,5 Henry e corrente inicial de 6 Ampères. Determine a corrente no circuito no instante t.
Solução:

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Aqui E = 3sen 2t, R = 10, e L = 0,5; logo fica Esta equação é linear, e sua

solução é Efetuando a integração por partes duas vezes obtemos

Quando t = 0, I = 6 logo, ou donde c =

609/101. A corrente t é:b

A corrente é a soma de uma corrente transitória e de uma corrente estacionária

5.3. Escreva a equação da corrente estacionária do problema anterior na forma .O


ângulo é chamado ângulo da fase.
Solução:
Como Devemos ter:

Assim, e .

Segue-se agora que:

Portanto, IS tem a forma desejada se e

5.4. Um circuito RC tem fem ( em Volts) dada por 400 cos t, resistência de 100 Ohms, e
capacitância de 10-2 Farad. Inicialmente, não existe carga no capacitor. Determine a corrente no
circuito no instante t.
Solução:
Primeiro determinamos a carga. Aqui, E = 400cos 2t, R = 100, e C = 10 -2; logo, se escreve

Esta equação é linear e sua solução é:

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Quando t = 0 e q = 0; logo c = -4/5. Assim:

4.6 TRAJETÓRIAS ORTOGONAIS:


Consideremos uma famílias de curvas a um parâmetro no plano xy definida por
(1), onde c é o parâmetro. O problema consiste em achar outra família de curvas,
chamadas trajetórias ortogonais da família, e dada analiticamente por (2), tais que
cada curva da família intercepta ortogonalmente cada curva da família original.
Primeiro derivamos implicitamente a equação (1) em relação a x, em seguida, eliminamos c
entre esta equação derivada e a equação (1). Obtemos uma equação entre x,y e , que resolvemos

em relação a , chegando a uma equação diferencial da forma (3). As trajetórias

ortogonais da equação (1) são as soluções de .

Para muitas famílias de curvas não é possível explicitar para obter equação diferencial da
forma da equação (3). Tais casos não serão considerados nesta notas.

6.1 Determine as trajetórias ortogonais da família de curvas .


Solução:

Aqui , de modo que a equação , Esta equação é linear(e, sob forma diferencial,

separável); sua solução é .

6.2 Determine as trajetórias ortogonais da família de curvas .


Solução:

logo , Aqui , de forma que se escreve ou . A

solução desta equação separável é .

6.3 Determine as trajetórias ortogonais da família de curvas .


Solução:

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Eliminando c entre esta equação é , encontramos . Esta equação é

homogênea e sua solução dá as trajetórias ortogonais é .

QUESTÕES PROPOSTAS

01) Achar a equação da curva que passa que passa pelo ponto (1,-1), sabendo que o declive de sua
tangente em um ponto qualquer é igual ao triplo do quadrado da ordenada do mesmo ponto.

02) O declive da tangente a uma curva num ponto genérico (x,y) é igual a xy. Achar a equação da
curva que passa pelo ponto (0,3).

03) Segundo a lei de Newton para o resfriamento/aquecimento de um corpo, a velocidade de


arrefecimento de um corpo no ar é proporcional á diferença de temperatura entre o corpo e o meio
ambiente. Sabendo que a temperatura do ar é 20º C e que um corpo arrefece de 100º C a 60º C num
intervalo de 20 minutos. Quanto tempo demorará até a temperatura chegar a 30º C?

04) Um termômetro é retirado de uma sala e colocado do lado de fora, em que a temperatura é de 5º
C. Após 1 minuto, o termômetro marcava 20ºC; após 5 minutos, 10º C. qual era temperatura da
sala?

05) Um corpo com temperatura de 100º é colocado em uma sala cuja temperatura é 30º. Sabendo
que em 15 minutos a temperatura do corpo cai para 70º, em quanto tempo a temperatura do corpo
será de 40º?

06) Sabe-se que a população de uma certa comunidade cresce a uma taxa proporcional ao numero
de pessoas presentes em qualquer instante. Se a população duplicou em 5 anos, quando ela
triplicará?

07) Sabendo que a população de uma cidade dobra em 50 anos, em quantos anos a população
triplicará admitindo que a taxa de crescimento é proporcional ao numero de habitantes?

08) Sabe-se que a população de uma certa colônia de bactérias cresce a uma taxa proporcional ao
número de bactérias presentes em qualquer instante. Após 3 horas, observa-se que há 400 bactérias
presentes. Após 10 horas, existem 2000 bactérias presentes. Qual era o numero inicial de bactérias
na colônia?

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09) A análise do ar existente em um compartimento de 50 x 20 x 4m acusou a presença de 0,2% de


CO2. Para melhorar as condições do ambiente, ventiladores foram acionados para permitirem a
entrada de ar fresco, contendo 0,05% de CO 2, na razão de 250m3 por minuto. Determine a
percentagem de CO2 depois de 32 minutos.

10) Um funil cônico de ângulo de 60º no cimo e de altura 10 cm está cheio de água. Determine em
quanto tempo o funil ficará vazio sabendo que a água passa por uma abertura de 0,5 cm 2 no fundo
do funil.

11) Suponha que a pressão do ar vertical numa dada seção depende da pressão das massas de ar
superiores. Encontrar a dependência entre a pressão e a altitude, sabendo que a pressão é de
1kg/cm2 ao nível do mar e de 0,92 kg/cm2 a 500 metros de altitude.

12) Um produto químico dissolve-se em água, numa razão que é proporcional ao produto da
quantidade não dissolvida pela diferença entre a concentração de uma solução saturada e a
concentração na solução existente. Em 100g de uma solução saturada estão dissolvidas 50 gramas
da substância. Sabendo que se agitando 30g da substância em 100g de água, 10g da substância são
dissolvidas em 2 horas, quantas gramas serão dissolvidas no fim de 5 horas?

13) Uma solução de 60kg de sal em água enche um tanque de 400 litros. Faz-se entrar água nesse
tanque na razão de 8 litros por minuto e a mistura, mantida homogênea por agitação, sai na mesma
razão. Qual a quantidade de sal existente no tanque no fim de 1 hora?

14) Um objeto de massa m cai de um helicóptero parado no ar. Supondo que a resistência do ar é
proporcional à velocidade do objeto. Determine a velocidade do objeto em função do tempo.

15) Um navio de 48000 toneladas inicia o seu deslocamento com o empuxo de 100000kgf da hélice
propulsora.
a)Determine a sua velocidade em função do tempo, sabendo que a resistência ao movimento em kgf
é de 1500v e a velocidade em m/s.
b)Determine a velocidade limite do navio.

16) Um bote está sendo rebocado a uma velocidade de 12 nós. No instante em que o cabo do
reboque é largado, um homem no bote começa a remar no sentido do movimento, exercendo uma
força de 10kgf. Sabendo que o peso do homem e do bote é de 200kgf e que a resistência ao

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deslocamento, em kgf, é de 2,6v, sendo v a velocidade em m/s, achar a velocidade do boto em meio
minuto após o cabo ser largado.

17) Uma certa massa está sendo em um trenó sobre o gelo, sendo o peso total de 40kgf.
Desprezando a resistência oferecida pelo gelo e sabendo que a resistência do ar em kgf é igual a 7,5
vezes a velocidade, em m/s, do trenó, achar:
a) a força constante que atuando no trenó dará a velocidade limite de 10milhas por hora.
b) a velocidade e a distancia percorrida no fim de 48 segundos.

18) Uma das equações básicas dos circuitos elétricos é onde L é a indutância, R é

a resistência, i é a corrente e E a força eletromotriz. Considerando R e L constantes.

a) Resolver a equação quando E(t)= E(0) e a corrente inicial é i(0);

b) Resolver a equação quando L = 3H, R= 15, E(t) é a corrente senoidal de 60

ciclos, 110V, e i = 0 quando t = 0.


1Milha 1,609km/h
1 nó 1,852 km/h
1 kgf 9,807 N

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EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE SEGUNDA ORDEM COM COEFICIENTES


CONSTANTES HOMOGÊNEAS:
Definição: Uma equação linear de 2a. ordem com coeficientes constantes e homogênea é uma
equação da seguinte forma: y'' + ay' + by = 0 , a e b constantes.
As equações lineares têm importantes aplicações em Engenharia e Física, especialmente em
relação a vibrações mecânicas e elétricas.
Suponhamos que a e b são números reais e que o domínio da função y = f(x) é todo o campo
real. Relembrando que uma equação de 1a. ordem com coeficiente constante é uma equação da

forma y' + ay = 0 e pode ser colocada na forma = – ay e daí, tiramos: = –adx e

ou ln y = – ax + c donde y = = ece-ax, fazendo ec =c1 Temos finalmente y = c1e-ax

Esta solução é uma função exponencial. É bastante plausível supor que y = e kx possa ser a
solução da equação linear de 2a. ordem y'' + ay' + by = 0 para valores convenientes de k
Supondo que y = ekx é solução da equação linear de 2a.ordem e substituindo y' = ke kx , y'' =
k2ekx na equação, obtemos: k2ekx + ak.ekx + b.ekx = 0 ou (k2 + ak + b) ekx = 0. Como ekx 0 para todo
x real, temos: k2 + ak + b = 0
Esta equação do 2º grau é chamada equação característica (ou equação auxiliar) da equação
diferencial. Desta equação podemos tirar o valor de k
De acordo com a álgebra elementar, uma equação do 2º grau, de acordo com seu
discriminante, pode apresentar três casos:
Caso 1) duas raízes reais distintas ( > 0)
Caso 2) duas raízes complexas conjugadas ( < 0)
Caso 3) duas raízes iguais ( = 0)

Exemplos:
1) Encontrar a solução da equação y'' + y' – 2y = 0
Solução: Nesta equação, temos a = 1 e b = – 2 . Assim, a equação característica é: k 2 + k – 2 = 0
cujas raízes são k1 = 1 e k2 = – 2. então, obtemos as soluções: y1 = ex e y2 = e-2x

2) Encontrar a solução da equação y'' + y = 0


Solução: Temos a = 0, b = 1, e a equação característica será: k 2 + 1 = 0 ou k2 = – 1 dando as raízes
k1 = i e k2 = – i que são soluções complexas

3) Resolver a equação y'' – 2y' + y = 0


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Solução: Temos a = – 2, b = 1 . A equação característica será: k 2 – 2k + 1 = 0, dando as raízes k1 = 1


e k2 = 1 (raízes iguais). Então a solução y1 = ex e y2 = ex representam uma única solução.

SOLUÇÃO GERAL
Definição: A solução de uma equação diferencial de 2a. ordem (linear ou não) é chamada
solução geral se contém duas constantes arbitrárias independentes. Independentes significa que a
mesma solução não pode ser reduzida a uma forma contendo somente uma constante arbitrária ou
nenhuma.
Se atribuirmos valores para as duas constantes, obtemos uma solução chamada de solução
particular.
Teorema Fundamental 1: Se uma solução da equação diferencial linear homogênea for
multiplicada por uma constante, a função resultante é também solução desta equação. Se duas
soluções desta equação são somadas, a soma resultante é também solução desta equação.
Assim, se y1 e y2 são soluções da equação diferencial linear homogênea.
y'' + ay' + by = 0 a função y(x) = c1y1(x) + c2y2(x) onde c1 e c2 são constantes arbitrárias será solução
da equação linear homogênea.
Desde que contém duas constantes arbitrárias, será uma solução geral.
Definição: Duas funções y1(x) e y2(x) são ditas linearmente dependentes em um intervalo I
onde ambas são definidas, se elas são proporcionais em I , isto é, y 1 = ky2 ou y2 = lk1 para todo x no
intervalo I
Se as funções não são linearmente dependentes em I, elas são ditas linearmente
independentes em I.

Exemplos: As funções y1 = x2 e y2 = – 2 x2 são linearmente dependentes em qualquer intervalo. As


funções y1 = x2 e y2 = 3x são linearmente independentes em qualquer intervalo. Duas funções
linearmente independentes da equação y'' + ay' + by = 0 são chamados de sistema fundamental de
soluções.
A solução y = c1y1(x) + c2y2(x), c1 , c2 constantes arbitrárias, é uma solução geral da equação
diferencial y'' + ay' + by = 0 em um intervalo I se, e somente se, y 1 e y2 constituem um sistema
fundamental da equação

Exemplos:
1) As funções y1 = ex e y2 = e-2x são soluções da equação y'' + y' – 2y = 0 . Desde que y 1 e y2 são
linearmente independentes, elas constituem um sistema fundamental de soluções e a solução geral
da equação será: y = c1ex + c2e-2x
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2) As soluções y1 = ex e y2 = 3ex são também soluções da equação y'' + y' – 2y = 0 mas elas não

constituem um sistema fundamental de soluções, porque e portanto são linearmente

dependentes.

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RAÍZES COMPLEXAS DA EQUAÇÃO CARACTERÍSTICA


Se a equação característica k2 + ak + b = 0 possui raízes complexas k1 = p + qi e k2 p – qi
então as soluções complexas seriam: y1 = e (p+qi)x
e y2 = e(p-qi)x . Vamos procurar soluções reais.
Usando a relação de Euler ei = cos + isen podemos fazer a seguinte transformação:

Destas expressões, obtemos:

As duas funções no segundo membro são reais e como a soma (ou diferença) de soluções é
também solução podemos dizer que:

Y1 = (y1 + y2) = epx(cos qx) e Y2 = (y1 – y2) = epxsen qx constituem um sistema fundamental de

soluções e a solução geral da equação diferencial é dada por: y = c1epxcos qx + c2epxsen qx ou


y = epx(c1 cos qx + c2 sen qx).

Exemplos:
1) Encontrar a solução geral da equação y'' – 2y' + 10y = 0
Solução: A equação característica é k2 – 2k + 10 = 0 cujas raízes são k 1 = 1 + 3i e k2 = 1 – 3i, donde
p = 1 e q = 3 .Logo, a solução geral será: y = ex(c1cos 3x + c2sen 3x).

2) Achar a solução geral da equação y'' + w2y = 0


Solução: A equação característica é: k2 + w2 = 0 cujas raízes são: k1 = wi e k2 = – wi de onde
tiramos p = 0 e q = w. Assim, a solução geral será: y = c1 cos wx + c2 sen wx

3) Resolver o problema de valor inicial y'' – 2y' + 10y = 0, y(0) = 4 , y'(0) = 1


Solução: Vimos no exemplo 1 que a solução que a solução geral é
y = ex(c1cos3x + c2sen3x) Usando a condição inicial x = 0 y = 4 temos
4 = c1 ou c1 = 4. Usando a condição y'(0) = 1. Vamos derivar a solução geral:
y' = ex(–3c1sen3x + 3c2cos3x) + ex(c1cos3x + c2sen3x) fazendo x = 0 e y' = 1 obtemos:
1 = 3c2 + c1 e como c1 = 4 encontramos c2 = – 1. assim a solução geral será:
y = ex(4cos3x – sen3x)

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RAÍZES DUPLAS DA EQUAÇÃO CARACTERÍSTICA


Vamos considerar o caso em que a equação característica da equação diferencial linear
homogênea y'' + ay' + by = 0 possui duas raízes iguais. Neste caso, o discriminante da equação

característica é igual a zero e as raízes são k1 = k2 = – Então, temos a solução y1 =

Teorema: Se no caso em que a equação característica tenha raiz dupla, a outra solução da equação

linear homogênea y'' + ay' + by = 0 é y2 = x e a solução geral será: y = c1

= (c1 + c2 x)

Exemplos:
1) Resolver a equação y'' + 8y' + 16y = 0
Solução: A equação característica desta equação diferencial é: k2 + 8k + 16 = 0, cujas raízes são: k1
= k2 = – 4. A solução geral será: y = e-4x(c1 + c2 x)

2) Resolver a equação y'' – 4y' + 4y = 0 , y(0) = 3 e y'(0) = 1


Solução: A equação característica desta equação é: k2 – 4k + 4 = 0 dando as raízes
k1 = k2 = 2. A solução geral será: y = e 2x( c1 + c2 x). Usando a condição x = 0, y = 3, temos: c 1 = 3 .
Usando a segunda condição x = 0, y' = 1. Derivando a solução geral, encontramos: y' = e2xc2 +
2e2x(c1 + c2 x) e temos: 1 = c2 + 2c1. Como c1 = 3, c2 = –5. Assim, a solução geral será: y = e 2x( 3 –
5x).

EXERCÍCIOS
Encontrar a solução geral das seguintes equações diferenciais.

1) y'' – y' + y=0

2) y'' + 6y' + 9y = 0
3) y'' – 9y = 0
4) y'' + 2y' + 5y = 0
5) y'' + 2 y' + 2
y=0
6) y'' + 4y' + 4y = 0

Resolver os seguintes problemas de valor inicial


1) y'' – 2y' + y = 0, y(0) = 1, y'(0) = 2
2) y'' + 4y' + 4y, y(0) = 0, y'(0) = 3
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3) y'' + 6y' + 9y = 0, y (0) = – 6, y'(0) = 18


4) y'' – 4y' + 4y = 0, y(0) = – 4, y'(0) = – 6
5) y'' + y' – 2y = 0, y(0) = 1, y'(0) = 3
6) y'' – 2y' + 5y = 0. y(0) = 1, y'(0) = 1

7. CIRCUITOS ELÉTRICOS (DE 2ª ORDEM)


7.1. Mostre que um circuito elétrico simples, consistindo de uma resistência, um capacitor, um
indutor e uma força eletromotriz (usualmente uma bateria ou um gerador) ligados em série é regido

por( ). Outrossim, admitindo uma carga inicial de qo coulombs no capacitor e

uma corrente inicial de Io ampères no circuito, determine as condições iniciais do sistema.

7.2. Um circuito RCL tem R = 180ohms, C = 1/280 farad, L = 20 henries, e uma voltagem aplicada
de E(t) = 10 sent. Admitindo que não haja carga inicial do capacitor, mas uma corente inicial de 1
ampère em t = 0 quando se aplica inicialmente a voltagem, determine a carga subseqüente no
capacitor.

7.3. Um circuito RCL tem R =10 ohms, C = 10 -2 farad, = ½ henry, e uma voltagem aplicada de E =
12 volts. Adimitindo que não haja corrente inicial nem carga inicial quando t = 0, ao se aplicar
inicialmente a voltagem, determine a corrente subseqüente no sistema.

8. MOLAS VIBRANTES
8.1. Uma mola possui uma massa m presa à sua extremidade inferior, é fixa por sua parte superior a
uma trave, e achava-se em repouso. O sistema é então posto em movimento puxando-se a massa e
soltando-a, com uma velocidade inicial V0, a uma distância x0 abaixo da posição de equilíbrio, e
simultaneamente aplicando-se à massa uma força externa F(t) no sentido “para baixo”. Mostre que
o movimento do sistema é regido por:

8.2. Determine a solução do problema anterior se as vibrações são livres e não amortecidas. Com
e a = 0, a equação (1) se escreve:

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8.3. Uma bola de aço de 128lb acha-se suspensa de uma mola, que, em conseqüência, sofre uma
distensão de 2 pés além de seu comprimento natural. Põe-se a bola em movimento, sem velocidade
inicial, deslocando-a 6 polegadas acima de sua posição de equilíbrio. Desprezando a resistência do
ar, determine:
a) a posição da bola no tempo t = /12seg;
b) a freqüência natural;
c) o período.

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HISTÓRIA DA ANÁLISE VETORIAL


A lei do paralelogramo para a adição de vetores é tão intuitiva que sua origem é
desconhecida. Pode ter aparecido em um trabalho, agora perdido, de Aristóteles (384--322 A.C.), e
está na Mecânica de Herão (primeiro século d.C.) de Alexandria. Também era o primeiro corolário
no Principia Mathematica (1687) de Isaac Newton (1642--1727). No Principia, Newton lidou
extensivamente com o que agora são consideradas entidades vetoriais (por exemplo, velocidade,
força), mas nunca com o conceito de um vetor. O estudo sistemático e o uso de vetores foram
fenômenos do século 19 e início do século 20.
Vetores nasceram nas primeiras duas décadas do século 19 com as representações
geométricas de números complexos. Caspar Wessel (1745--1818), Jean Robert Argand (1768--
1822), Carl Friedrich Gauss (1777--1855) e pelo menos um ou dois outros, conceberam números
complexos como pontos no plano bidimensional, isto é, como vetores bidimensionais. Matemáticos
e cientistas trabalharam com estes novos números e os aplicaram de várias maneiras; por exemplo,
Gauss fez um uso crucial de números complexos para provar o Teorema Fundamental da Álgebra
(1799). Em 1837, William Rowan Hamilton (1805-1865) mostrou que os números complexos
poderiam ser considerados abstratamente como pares ordenados (a, b) de números reais. Esta idéia
era parte de uma campanha de muitos matemáticos, incluindo Hamilton, para procurar uma maneira
de estender os "números" bidimensionais para três dimensões; mas ninguém conseguiu isto
preservando as propriedades algébricas básicas dos números reais e complexos.
Em 1827, August Ferdinand Möbius publicou um pequeno livro, The Barycentric Calculus,
no qual introduziu diretamente segmentos de reta que eram denotados por letras do alfabeto, vetores
na essência, mas não no nome. No seu estudo de centros de gravidade e geometria projetiva,
Möbius desenvolveu uma aritmética destes segmentos de reta; adicionou-os e mostrou como
multiplicá-los por um número real. Seus interesses estavam em outro lugar, contudo, e ninguém se
importou em notar a importância destes cálculos. 
Depois de muita frustração, Hamilton estava finalmente inspirado a desistir da procura por
um sistema "numérico" tridimensional e em vez disso, inventou um sistema de quatro dimensões
que chamou de quatérnios. Nas suas próprias palavras: 16 de outubro de 1843, O que parecia ser
uma segunda-feira e um dia de Conselho da Academia Real Irlandesa - eu estava caminhando para
participar e presidir, ao longo do Canal Real, uma sub-corrente de pensamento estava na minha
mente, que finalmente deu um resultado, o qual não é muito dizer que logo senti a importância. Um
circuito elétrico pareceu fechar; e uma faísca surgiu, Não pude resistir ao impulso escrever com
uma faca sobre uma pedra da ponte Brougham, quando passamos por ela, a fórmula fundamental.
Os quatérnios de Hamilton foram escritos, q = w + ix + jy + kz, onde w, x, y, e z eram
números reais. Hamilton rapidamente percebeu que seus quatérnios consistiam de duas partes
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distintas. O primeiro termo, o qual chamou de escalar e "x, y, z para suas componentes retangulares,
ou projeções em três eixos retangulares, ele [referindo-se a si próprio] foi induzido a chamar a
expressão trinomial propriamente dita, assim como a reta a qual ela representa, de um VETOR".
Hamilton usou suas "fórmulas fundamentais", i2 = j2 = k2 = -ijk = -1, para multiplicar quatérnios, e
imediatamente descobriu que o produto, q1q2 = - q2q1, não era comutativo.
Hamilton tinha se tornado cavaleiro em 1835, e era um cientista conhecido que já tinha feito
um trabalho fundamental em ótica e física teórica na época que inventou quatérnios, por isso foi
imediatamente reconhecido. Em troca, devotou os 22 anos restantes de sua vida ao seu
desenvolvimento e promoção. Escreveu dois livros completos sobre o assunto, Lectures on
Quaternions (1853) e Elements of Quaternions (1866), detalhando não apenas a álgebra dos
quatérnios mas também como poderiam ser usados em geometria. Em certo ponto Hamilton
escreveu, "eu ainda devo afirmar que esta descoberta me parece ser tão importante para a metade do
século 19 como a descoberta de flúxions foi para o final do século 17". Ele teve um discípulo, Peter
Guthrie Tait (1831--1901), que, na década de 1850, começou a aplicar quatérnios a problemas em
eletricidade e magnetismo e a outros problemas em física. Na segunda metade do século 19, a
defesa de Tait dos quatérnios provocou reações calorosas, ambas positivas e negativas, na
comunidade científica.
Ao redor da mesma época que Hamilton descobriu os quatérnios, Hermann Grassmann
(1809--1877) estava escrevendo The Calculus of Extension (1844), agora muito conhecido pelo seu
título em alemão, Ausdehnungslehre. Em 1832, Grassmann começou a desenvolver "um novo
cálculo geométrico" como parte do seu estudo da teoria de marés, e subseqüentemente usou estas
ferramentas para simplificar partes de dois trabalhos clássicos, o Analytical Mechanics de Joseph
Louis Lagrange (1736-1813) e o Celestial Mechanics de Pierre Simon Laplace (1749-1827). Em seu
Ausdehnungslehre, primeiro Grassmann expandiu o conceito de vetores a partir da familiar 2 ou 3
dimensões para um número arbitrário, n, de dimensões; isto estendeu grandemente as idéias de
espaço. Segundo, e ainda mais geralmente, Grassmann antecipou grande parte da álgebra matricial e
linear moderna e análise vetorial e tensorial. Infelizmente, o Ausdehnungslehre tinha dois pontos
contra si. Primeiro, era muito abstrato, faltando exemplos explicativos e foi escrito em um estilo
obscuro com uma notação extremamente complicada. Mesmo depois de tê-lo estudado, Möbius não
tinha sido capaz de entendê-lo completamente. Segundo, Grassmann era um professor de ensino
médio sem uma reputação científica importante (comparado a Hamilton). Embora seu trabalho
tenha sido amplamente ignorado, Grassmann promoveu sua mensagem nas décadas de 1840 e 1850
com aplicações em eletrodinâmica e geometria de curvas e superfícies, mas sem muito sucesso
geral. Em 1862, publicou uma segunda edição revisada do seu Ausdehnungslehre, mas também era
escrito de maneira obscura e era muito abstrato para os matemáticos de sua época e praticamente
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teve a mesma sina da primeira edição. No final de sua vida, Grassmann distanciou-se da matemática
e iniciou uma segunda carreira de pesquisa muito bem sucedida, em fonética e lingüística
comparada. Finalmente, nas décadas de 1860 e 1870, o Ausdehnungslehre começou lentamente a
ser entendido e apreciado e Grassmann começou a receber algum reconhecimento favorável por sua
matemática visionária. Uma terceira edição do Ausdehnungslehre foi publicada em 1878, ano
seguinte de sua morte.
Durante a metade do século 19, Benjamin Peirce (1809--1880) era, de longe, o mais
proeminente matemático nos Estados Unidos, e se referiu a Hamilton como, "o monumental autor
dos quatérnios". Peirce foi um professor de matemática e astronomia em Harvard de 1833 a 1880 e
escreveu um enorme livro chamado System of Analytical Mechanics (1855; segunda edição 1872),
no qual, surpreendentemente não incluiu quatérnios. Em vez disso, Peirce expandiu o que chamou
de "esta maravilhosa álgebra do espaço" ao escrever seu livro Linear Associative Algebra (1870),
um trabalho totalmente de álgebra abstrata. Dizia-se que quatérnios era o assunto favorito de Peirce
e ele teve muitos alunos que se tornaram matemáticos e que escreveram um bom número de livros e
artigos sobre o assunto.
James Clerk Maxwell (1831--1879) foi um proponente dos quatérnios perspicaz e crítico.
Maxwell e Tait eram escoceses, tinham estudado juntos em Edimburgo e na Universidade de
Cambridge e dividiam os mesmos interesses em física matemática. No que chamou de
"classificação matemática de quantidades físicas", Maxwell dividiu as variáveis de física em duas
categorias, escalares e vetoriais. Então, em termos desta estratificação, apontou que usar quatérnios
tornava transparente as analogias matemáticas em física que tinham sido descobertas por Lord
Kelvin (Sir William Thomson, 1824--1907) entre o escoamento de calor e a distribuição de forças
eletrostáticas. Contudo, nos seus artigos, especialmente em seu muito influente Treatise on
Electricity and Magnetism (1873), Maxwell enfatizou a importância do que descreveu como "idéias
de quatérnios ... ou a doutrina de vetores" como um "método matemático ... um método de pensar".
Ao mesmo tempo, apontou a natureza não homogênea do produto de quatérnios, e avisou cientistas
para não usar "os métodos de quatérnios" com seus detalhes envolvendo os três componentes
vetoriais. Essencialmente, Maxwell estava sugerindo uma análise puramente vetorial.
William Kingdon Clifford (1845--1879) expressou "admiração profunda" pelo
Ausdehnungslehre de Grassmann e era claramente a favor de vetores, os quais freqüentemente
chamava de passos, em lugar de quatérnios. Em seu Elements of Dynamic (1878), Clifford
decompôs o produto de dois quatérnios em dois produtos vetoriais muito diferentes, os quais
chamou de produto escalar e produto vetorial. Para análise vetorial, disse "minha convicção é que
seus princípios exerceram uma ampla influência sobre o futuro da ciência matemática". Embora o
Elements of Dynamic fosse supostamente o primeiro de uma seqüência de livros-texto, Clifford não
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teve a oportunidade de seguir estas idéias porque morreu jovem. O desenvolvimento da álgebra
vetorial e da análise vetorial como conhecemos hoje foi revelado primeiramente em um conjunto de
notas de aula feitos por J. Willard Gibbs (1839--1903) feito para seus alunos na Universidade de
Yale. Gibbs nasceu em New Haven, Connecticut (seu pai também foi professor em Yale) e suas
conquistas científicas principais foram em física, termodinâmica propriamente dita. Maxwell
apoiava o trabalho de Gibbs em termodinâmica, especialmente as apresentações geométricas dos
resultados de Gibbs. Gibbs tomou conhecimento dos quatérnios quando leu o Treatise on Electricity
and Magnetism de Maxwell, e Gibbs também estudou o Ausdehnungslehre de Grassmann. Concluiu
que vetores forneceriam uma ferramenta mais eficiente para seu trabalho em física. Assim,
começando em 1881, Gibbs imprimiu por conta própria notas de aulas sobre análise vetorial para
seus alunos, as quais foram amplamente distribuídas para estudiosos nos Estados Unidos, na
Inglaterra e na Europa. O primeiro livro moderno sobre análise vetorial em inglês foi Vector
Analysis (1901), as notas de Gibbs colecionadas por um de seus alunos de pós-graduação, e Edwin
B. Wilson (1879--1964). Ironicamente, Wilson cursou a graduação em Harvard (B.A. 1899) onde
tinha aprendido sobre quatérnios com seu professor, James Mills Peirce (1834--1906), um dos
filhos de Benjamin Peirce. O livro de Gibbs/Wilson foi reimpresso em uma edição em 1960. Uma
outra contribuição para o moderno entendimento e uso de vetores foi feita por Jean Frenet (1816--
1990). Frenet entrou na École normale supérieure em 1840, então estudou em Toulouse, onde
escreveu sua tese de doutorado em 1847. A tese de Frenet continha a teoria de curvas espaciais e as
fórmulas conhecidas como as fórmulas de Frenet-Serret (o triedro de Frenet). Frenet contribuiu com
apenas seis fórmulas enquanto que Serret contribui com nove. Frenet publicou esta informação no
Journal de mathematique pures et appliques em 1852.
Na década de 1890 e na primeira década do século 20, Tait e alguns outros ridicularizaram
vetores e defenderam quatérnios enquanto outros cientistas e matemáticos desenharam seu próprio
método vetorial. Oliver Heaviside (1850--1925), um físico autodidata que foi grandemente
influenciado por Maxwell, publicou artigos e seu livro Electromagnetic Theory (três volumes, 1893,
1899, 1912) nos quais atacou quatérnios e desenvolveu sua própria análise vetorial. Heaviside tinha
recebido cópias das notas de Gibbs e falou muito bem delas. Ao introduzir as teorias de Maxwell
sobre eletricidade e magnetismo na Alemanha (1894), os métodos vetoriais foram defendidos e
vários livros sobre análise vetorial em alemão se seguiram. Os métodos vetoriais foram introduzidos
na Itália (1887, 1888, 1897), na Rússia (1907) e na Holanda (1903). Vetores agora são a linguagem
moderna de grande parte da física e da matemática aplicada e continuam tendo seu próprio interesse
matemático intrínseco.

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