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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO

SUL
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E ENGENHARIAS
CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

BRUNA MORAIS PAZZE

PROJETO E ANÁLISE ENERGÉTICA DE UM SISTEMA DE AR CONDICIONADO


EM EDIFÍCIO RESIDENCIAL

Panambi
2020
BRUNA MORAIS PAZZE

PROJETO E ANÁLISE ENERGÉTICA DE UM SISTEMA DE AR CONDICIONADO


EM EDIFÍCIO RESIDENCIAL

Projeto de pesquisa apresentado como


requisito para aprovação na disciplina de
Trabalho de Conclusão de curso de Engenharia
Mecânica da Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

Orientador: Me. Francisco Antonio Kraemer

Panambi
2020
BRUNA MORAIS PAZZE

PROJETO E ANÁLISE ENERGÉTICA DE UM SISTEMA DE AR CONDICIONADO


EM EDIFÍCIO RESIDENCIAL

Projeto de pesquisa aprovado pela banca

avaliadora do curso de Engenharia Mecânica

da Universidade Regional do Noroeste do

Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI, como

requisito parcial para obtenção do título de

Engenheiro Mecânico.

Panambi, 23 de novembro de 2020.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________

Professor Me. Francisco Antonio Kraemer

_________________________________________________

Professor
Dedico este trabalho à minha família: meus pais, Marcos
Roberto e Rosenilda, e minhas irmãs, Laura e Luíza, cujo amor
e compreensão me mantiveram firme mesmo quando tudo
parecia desmoronar ao meu redor.
RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo o dimensionamento de um sistema de ar

condicionado em um edifício residencial, visando o menor consumo de energia.

Através de um levantamento teórico para as definições das condições de projeto e

pesquisa na literatura e normas existentes, foram estimadas as cargas térmicas dos

ambientes a serem climatizados. A partir das cargas, foi dimensionado um sistema

VRV e realizada a análise energética do mesmo, obtendo-se um resultado

satisfatório de consumo e eficiência.

Palavras-chave: Projeto. Ar Condicionado. Variable Refrigerant Volume. Eficiência

Energética.
ABSTRACT

The present work aims to propose a air conditioning system sizing in a residential

building, aiming the lower energy consumption. Through a theoretical survey to the

project’s definitions and a search in the literature and norms existents, was estimated

the thermal load of the ambient to be air-conditioned. Starting with the load, was

sizing a VRV system and realizing the energetic analysis of them, obtaining a

satisfactory result by the consumption and efficiency.

Keywords: Project. Air Conditioning. Variable Refrigerant Volume. Energetic

Efficiency.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Máquina de refrigeração por compressão mecânica de vapor, patenteada


por Jacob Perkins. ..................................................................................................... 15
Figura 2 – Trocador de calor, patenteado por Nathaniel Shaler. ............................... 16
Figura 3 – Desenho esquemático do sistema utilizado na gráfica. ............................ 16
Figura 4 – Modos de transferência de calor. ............................................................. 19
Figura 5 – Transferência de calor por condução unidimensional. ............................. 20
Figura 6 – Camada limite na transferência de calor por convecção. ......................... 21
Figura 7 – Troca por radiação em uma superfície. .................................................... 21
Figura 8 – Relação das áreas de refrigeração e ar condicionado. ............................ 22
Figura 9 – Ciclo padrão de refrigeração com simples estágio. .................................. 23
Figura 10 – Compressão em um ciclo ideal. ............................................................. 24
Figura 11 – Condensação em um ciclo ideal............................................................. 24
Figura 12 – Expansão em um ciclo ideal. .................................................................. 25
Figura 13 – Evaporação em um ciclo ideal................................................................ 25
Figura 14 – Sistema VRV. ......................................................................................... 28
Figura 15 - Fatores que influenciam no conforto térmico. ......................................... 29
Figura 16 - Trocas térmicas em um ambiente. .......................................................... 30
Figura 17 - Fatores de dissipação de calor por iluminação. ...................................... 34
Figura 18 - Fatores de dissipação de calor de alguns equipamentos. ...................... 34
Figura 19 – Vista do telhado do edifício. ................................................................... 39
Figura 20 – Planta esquemática do sistema de ar condicionado do pavimento
superior. .................................................................................................................... 40
Figura 21 – Planta esquemática do sistema de ar condicionado do pavimento
inferior. ...................................................................................................................... 41
Figura 22 – Diagrama de tubulações. ....................................................................... 41
Figura 23 - COP em plena carga e em cargas parciais. ............................................ 43
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Zonas térmicas da edificação. .................................................................. 33


Tabela 2 - Resistência térmica dos materiais considerados no projeto. .................... 36
Tabela 3 - Temperaturas de projeto da cidade de Porto Alegre. ............................... 36
Tabela 4 - Calor gerado pelos ocupantes.................................................................. 37
Tabela 5 - Resultados das cargas térmicas nas zonas climatizadas. ....................... 37
Tabela 6 - Seleção dos modelos de unidades internas. ............................................ 38
Tabela 7 - Lista de material. ...................................................................................... 42
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 10
1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA ...................................................................... 10
1.2 OBJETIVOS ......................................................................................................... 10
1.2.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 10

1.2.2 Objetivos Específicos ......................................................................................... 10

1.3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 11


1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ........................................................................... 13
2 EMBASAMENTO TEÓRICO.......................................................................... 14
2.1 HISTÓRICO DO AR CONDICIONADO.............................................................. 14
2.2 PRINCÍPIOS DA REFRIGERAÇÃO .................................................................... 17
2.2.1 Termodinâmica .................................................................................................. 17

2.2.2 Transferência de Calor ........................................................................................ 18

2.2.3 Refrigeração e Ar Condicionado ......................................................................... 22

2.3 FLUÍDOS REFRIGERANTES.............................................................................. 26


2.4 PRINCÍPIOS DE FUNCIONAMENTO DO VRV................................................. 27
2.5 CARGA TÉRMICA .............................................................................................. 28
2.5.1 Conforto Térmico ............................................................................................... 28

2.5.2 Trocas Térmicas ................................................................................................. 30

3 METODOLOGIA ............................................................................................. 32
3.1 TÉCNICAS DE PESQUISA ................................................................................. 32
3.2 CÁLCULO DE CARGA TÉRMICA ..................................................................... 32
3.3 PROJETO NO SOFTWARE AUTOCAD ............................................................. 35
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................... 36
4.1 DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA VRV ....................................................... 36
4.2 PROJETO ............................................................................................................. 39
4.3 ANÁLISE ENERGÉTICA .................................................................................... 42
5 CONCLUSÃO ................................................................................................... 44
6 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 45
10

1 INTRODUÇÃO

Em um cenário em que a poluição ameaça a qualidade do ar, onde ocorrem


diversas queimadas que altera a temperatura do planeta e que doenças contagiosas
estão presentes nos ambientes fechados, a utilização de condicionamento mecânico
de ar surge como uma alternativa para manter a saúde e a qualidade de vida.
Projetos adequados de sistemas de ar condicionado tornam-se cada vez mais
importantes em virtude da interferência que sistemas robustos, como o que será
apresentado, possuem no empreendimento.

1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

O cenário atual é de que cada vez mais o uso de aparelhos condicionadores de


ar seja difundido, tanto em residências quanto em largas escalas, como indústrias e
prédios comerciais. Dessa forma, levanta-se o seguinte questionamento: é
necessário o correto dimensionamento e projeto de sistemas de ar condicionado,
buscando um menor consumo de energia?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral do presente trabalho é dimensionar um sistema de ar


condicionado central em um edifício residencial com planta definida, visando o
menor consumo de energia possível dentro da demanda apresentada através de um
correto dimensionamento dos equipamentos envolvidos.

1.2.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos do trabalho apresentado podem ser definidos


conforme listagem abaixo:
 Levantar bibliografia coerente com o assunto;
 Obter a carga térmica do ambiente;
 Dimensionar os equipamentos condicionadores de ar;
 Projetar o sistema de acordo com a planta civil;
 Realizar a análise de eficiência energética do sistema projetado.
1.3 JUSTIFICATIVA

A ideia de controlar a temperatura existe desde a época dos antigos povos,


como gregos, romanos e egípcios. Escravos eram utilizados na coleta e transporte
do gelo natural existente no topo das montanhas. Porém, ao longo de muitos
séculos o processo de refrigeração existiu com o único propósito de conservar e
melhorar alimentos (MENDES, 1984).
Foi em 1902 que Willis Carrier inventou o primeiro ar condicionado moderno,
com o objetivo de auxiliar em um problema encontrado em uma gráfica onde o papel
absorvia a umidade do ar no verão e acabava dilatando. A invenção controlava não
apenas a temperatura do ambiente, mas também a umidade, e deu origem aos
condicionadores de ar tal como são conhecidos hoje (CARRIER, 2019).

“Ar condicionado de conforto é definido como o processo de


condicionamento de ar objetivando o controle de sua temperatura, umidade,
pureza e distribuição no sentido de proporcionar conforto aos ocupantes do
recinto condicionado.” (STOECKER, 1985, p. 1).

Aparelhos de ar condicionado deixaram de ser um item de luxo ao longo dos


últimos anos, com o constante aumento das temperaturas terrestres o conforto
térmico passou a estar diretamente ligado com a qualidade de vida. Esse
crescimento é perceptível em todos os ramos de atividades humanas (EPE, 2018).
O ser humano respira aproximadamente 10 mil litros de ar por dia, o qual passa
cerca de 80% do tempo em ambientes fechados. Dessa forma, justifica-se o
crescente uso de condicionadores de ar não somente pelo fator temperatura, mas
também em função da qualidade do ar respirado pelas pessoas (FIESP, 2017).
No Brasil, apenas no setor residencial o uso do ar condicionado mais do que
dobrou entre os anos de 2005 a 2017, segundo a Empresa de Pesquisa Energética
(EPE/2018). Na mesma pesquisa, também se destaca o fato de ainda existir uma
grande perspectiva de aumento na utilização de condicionadores de ar, uma vez que
a média de aparelhos por residência é de apenas 0,4, enquanto a China possui
cerca de 1 por residência e os Estados Unidos, 2.
Sendo assim, a crescente demanda por climatização artificial acaba por produzir
um impacto no setor de eletricidade no país, e faz com que cada vez mais se
busque soluções eficientes para evitar problemas de distribuição de energia elétrica,
principalmente nos chamados horários de pico (EPE, 2018).
Em edifícios comerciais esses dados são ainda mais perceptíveis, de acordo
com a Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e
Aquecimento (ABRAVA), entre 30 e 40% da energia elétrica utilizada nesses locais é
voltada para o uso de ar condicionado (FIESP, 2017).
A tecnologia dos aparelhos de climatização também evoluiu muito ao longo dos
anos, atualmente existe uma grande diversidade de modelos. Variando de sistemas
centrais, o qual será o foco deste trabalho, até unidades individuais (conhecidas
como Split), com todas as faixas de valores e tamanhos. Essas versões modernas
aliam um bom funcionamento com economia de energia e redução de ruídos,
visando sempre aliar qualidade de vida com eficiência energética.
Outro fator que levanta preocupações é o fluído refrigerante utilizado em
projetos de climatização. Atualmente, os novos modelos de equipamentos utilizam o
gás R410A, conhecido como gás ecológico. Os fluídos anteriores estavam dentro
das categorias CFC (clorofluorcarbono), conhecidos por causarem danos à camada
de ozônio e à saúde das pessoas, e HCFC (hidroclorofluorcarbono), que agrava o
processo do efeito estufa. Os gases ecológicos por sua vez possuem um baixíssimo
potencial de aquecimento global, sendo o mais sustentável que se tem disponível.
Ainda de acordo com a ABRAVA, um bom projeto e dimensionamento do
sistema de ar condicionado aliado a uma instalação correta e plano de manutenção,
garantem um consumo de energia adequado e um ambiente com temperatura,
umidade, filtragem e distribuição do ar satisfatório. Esses fatores podem inclusive
influenciar na produtividade das pessoas no ambiente de trabalho, pois proporciona
uma sensação de bem estar e um ambiente silencioso (FIESP, 2017).
O Project Management Body of Knowledge (PMBOK 2008), guia de melhores
práticas em gerenciamento de projetos do Project Management Institute (PMI),
define que projeto é um esforço temporário empreendido para criar um produto,
serviço ou resultado exclusivo. Sendo assim, possui um significado muito amplo
para ser explorado, neste trabalho o foco será o projeto de climatização.
O projeto de ar condicionado exige algumas variáveis de entrada, como a planta
arquitetônica, em cima da qual serão adaptados os equipamentos e dutos; o número
de pessoas que irão circular pelo recinto; posição do Sol em relação ao edifício e
possíveis fontes de calor para o desenvolvimento dos cálculos de carga térmica.
Tais variáveis e cálculos serão pontuados no decorrer do trabalho. Muitas vezes
necessitando cumprir condições específicas de cada ambiente, é importante atentar
a possíveis conflitos com outras áreas.

Segundo Alves e Saúde (2013, p. 15) “A participação dos projetistas de


sistemas de ar condicionado também é fundamental para a otimização do
consumo de energia e água do empreendimento, bem como pelo cuidado
com a qualidade do ar interno”.

Com a quantidade ampla de modelos de aparelhos, torna-se importante a


observação da relação custo benefício para a escolha correta do equipamento.
Neste trabalho será utilizado o sistema Variable Refrigerant Volume (VRV),
tecnologia desenvolvida pela multinacional japonesa Daikin. Esse sistema é
referência em tecnologia e eficiência, por isso foi escolhido para este trabalho.

“A indústria de refrigeração e ar condicionado tem se caracterizado por


um crescimento contínuo. É também uma indústria estável, onde o mercado
de substituição juntamente com novas aplicações contribuem para a
manutenção do progresso” (STOECKER; JONES, 1985 p. 13).

Conforme citado, o aumento do uso da climatização para o conforto térmico,


tanto em altas como em baixas temperaturas tem exigido uma carga energética
maior em relação com anos anteriores. Com o objetivo de contribuir com a
preservação e manutenção de recursos naturais, bem como aliado com políticas de
eficiência energética, o projeto de sistemas de ar condicionado tem um papel
fundamental para um uso consciente dessa tecnologia. O que vai de encontro com
as necessidades e preocupações dos órgãos governamentais envolvidos na luta
contra o desperdício de energia elétrica.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente trabalho está estruturado com um capítulo dedicado ao referencial


bibliográfico, que traz a literatura existente sobre o uso de aparelhos de
condicionamento de ar ao longo do tempo. Com uma explicação da metodologia e
das ferramentas utilizadas ao longo do trabalho no capitulo seguinte e, por fim, uma
discussão de resultados em que é apresentado o projeto resultante das análises e
pesquisas desenvolvidas, bem como a eficiência energética do sistema.
2 EMBASAMENTO TEÓRICO

2.1 HISTÓRICO DO AR CONDICIONADO


Existem muitas formas de obter refrigeração, sendo a mais fácil delas o contato
entre duas substâncias, uma quente e outra fria, em que o calor fluirá da mais
quente para a mais fria proporcionando, a dado tempo, um equilíbrio térmico.
Podendo ser produzida por meios naturais ou artificiais, a refrigeração através do
gelo é o meio natural mais difundido (SANTOS, 2017).
Inicialmente, o gelo era coletado e transportado das regiões mais frias, sendo
armazenado durante o inverno para sua utilização no verão. Além disso, era
utilizado durante o dia o gelo que se formava na superfície dos rios a noite
(SANTOS, 2017).
Em 1755 o Dr. William Cullen conduziu um experimento para a obtenção de
gelo através do vapor de éter, na Universidade de Edimburgo. Paralelamente, em
1758, Benjamin Franklin e John Hadley comprovaram que a evaporação de líquidos
altamente voláteis, como álcool e o próprio éter, poderiam diminuir a temperatura de
um objeto até a temperatura de fusão da água. O experimento consistia em bombear
o vapor da substância volátil para dentro de uma caixa hermeticamente fechada, e
mergulhá-la em água, a temperatura da parede do recipiente baixava e a água
congelava sobre sua superfície (ALVES, 2014).
Na década de 1820, o cientista Michael Faraday estudava a liquefação da
amônia, a qual era considerada como impossível de transformar em sólido ou
líquido, sendo chamada de “gás fixo”. Ele expôs o gás de amônia ao cloreto de prata
em pó, o qual forneceu calor após absorver todo o vapor, transformando a amônia
em líquido. Quando o calor foi removido o líquido evaporou e retirou calor do
ambiente, princípio no qual são baseados os sistemas de adsorção atuais. Além
disso, a amônia foi amplamente utilizada como um dos principais fluídos
refrigerantes ao longo de vários anos (SANTOS, 2017).
O inventor americano Jacob Perkins, em 1834, foi o primeiro a descrever um
ciclo completo de refrigeração com compressão mecânica, como é conhecido hoje.
O mesmo patenteou uma máquina, esquematizada na Figura 1 abaixo, em que o
fluído volátil evapora com o calor transferido da água no tanque. A bomba manual
comprime o vapor até dada pressão em que o mesmo possa se liquefazer nos tubos
e trocar calor com a água de resfriamento, e então o líquido escoa pelo dispositivo
de expansão, que mantém a diferença de pressão entre o evaporador e o
condensador (ALVES, 2014).

Figura 1 – Máquina de refrigeração por compressão mecânica de vapor, patenteada por Jacob

Perkins.

Fonte: Stoecker, Jones (1985).

George Knight de Cincinnati propôs a primeira máquina voltada ao conforto


térmico em 1864. Em que desenvolveu um sistema de resfriamento hospitalar
utilizando gelo, que possuía a função de limpar e refrigerar o ar através de um
sistema de ventilação. A água passava por uma bobina de resfriamento imersa em
gelo, e o ar exterior era forçado por um ventilador pela água fria. Knight observou,
porém, que o sistema só seria viável para o verão (SANTOS, 2017).
Mais tarde, em 1865, Nathaniel Shaler melhorou o sistema de Knight e
registrou patente. Neste novo formato, o ar ambiente passava por blocos de gelo e
era soprado para a refrigeração, conforme a Figura 2 (SANTOS, 2017).
Figura 2 – Trocador de calor, patenteado por Nathaniel Shaler.

Fonte: NAGENGAST (1999).

Mas, foi apenas em 1902 que Willis Carrier, um engenheiro americano,


desenvolveu o que seria o precursor do ar condicionado. A gráfica Sacket &
Wilhelms no Brooklyn, Nova Iorque, sofria com a dilatação do papel em razão das
altas temperaturas e da umidade do ar, o que fazia com que suas impressões
saíssem com qualidade bem inferior ao desejado. Para solucionar o problema, o
jovem engenheiro projetou um equipamento que fazia o ar circular sob a água fria,
sendo resfriado através da troca de calor, o qual pode ser visto na Figura 3.
Continuou trabalhando e o tornou capaz de controlar a umidade do ambiente, a
circulação e limpeza do ar, além da temperatura (CARRIER, 2019).

Figura 3 – Desenho esquemático do sistema utilizado na gráfica.

Fonte: Carrier (2019).

Em 1904, Carrier requisitou a patente do que chamou de “aparelho para o


tratamento de ar”, que foi emitida no ano de 1906. Em 1915 Carrier funda a Carrier
Engineering Corporation, na década de 20 o ar condicionado passou a ser utilizado
para o conforto humano, não mais apenas na indústria, o que foi um marco para sua
popularização (CARRIER, 2019).
A partir dos anos 50 os aparelhos de ar condicionado começaram a ser
utilizados em residências, fator que impulsionou seu uso cotidiano. Em poucos anos
carros, casas, estabelecimentos comerciais, todos os setores entraram para a onda
da climatização. Novas empresas destacaram-se no mercado, com cada vez mais
tecnologias e modelos, possibilitando um amplo acesso a tal item (SANTOS, 2017).

2.2 PRINCÍPIOS DA REFRIGERAÇÃO

2.2.1 Termodinâmica

Um importante aspecto na análise de um sistema térmico é a identificação


das propriedades termodinâmicas adequadas (STOECKER; JONES, 1985 p. 16).
Para a análise de um sistema, seu estado se define pelos valores de suas
propriedades. A termodinâmica é uma ciência baseada na energia, e em decorrência
disso, todas as suas propriedades estão relacionadas com a mesma (STOECKER;
JONES, 1985).

2.2.1.1 Temperatura

A temperatura é uma propriedade termodinâmica, e indica o estado térmico


de uma substância. Uma substância com temperatura mais alta (“quente”) pode
ceder calor a uma com temperatura mais baixa (“fria”), pois a temperatura define a
capacidade de troca de calor entre corpos ou substâncias que estiverem em contato
térmico (ÇENGEL, 2013).
A escala de temperatura mais utilizada é a Celsius, em que 0° C corresponde
ao ponto de fusão da água, e 100° C ao ponto de ebulição da mesma. Porém, a
unidade de temperatura padrão no Sistema Internacional (SI) baseia-se na escala
Kelvin, em que 0 K corresponde ao zero absoluto, ou -273° C, temperatura na qual a
energia cinética das moléculas torna-se nula. Ambas as escalas apresentam a
mesma diferença entre intervalos de temperatura, sendo facilmente convertidas
(ÇENGEL, 2013).
2.2.1.2 Entalpia

A entalpia é considerada uma propriedade combinada, pois se originou de


processos em que a combinação de propriedades de variação da energia interna
somada a pressão vezes o volume entre o estado inicial e final aparecem. Em nome
da simplicidade e da conveniência, essa combinação é definida como uma nova
propriedade, a entalpia, que recebe o símbolo h. (ÇENGEL, 2013).
Se for imposta uma condição de troca térmica a pressão constante, sem
realização de trabalho, o calor trocado é igual à variação de entalpia, uma vez que é
medida em kJ/kg, unidade de energia. Os valores de entalpia para as diversas
substâncias são encontrados em tabelas, as quais são formuladas a partir de dados
de referência arbitrariamente escolhidos (ÇENGEL, 2013).

2.2.2 Transferência de Calor

Diferentemente da Termodinâmica, que estuda apenas os estados iniciais e


finais de troca de calor, a Transferência de Calor estuda os modos com que essa
troca ocorre ao decorrer do processo.
“Transferência de calor (ou calor) é energia térmica em trânsito devido a uma
diferença de temperaturas no espaço” (BERGMAN, 2015 p. 2). Ou seja, sempre que
houver diferença de temperatura entre meios, corpos ou substâncias, haverá
transferência de calor.
A transferência de calor pode ocorrer de três modos distintos: condução,
convecção e radiação, conforme observa-se na Figura 4, os quais possibilitam
determinar as taxas da quantidade de energia transferida (BERGMAN, 2015).
Figura 4 – Modos de transferência de calor.

Fonte: Bergman (2015).

2.2.2.1 Condução

A condução acontece no nível molecular, e pode ser descrita como uma


transferência de energia de partículas mais energéticas para as menos energéticas
em um sólido ou fluído estacionário, devido às interações entre partículas
(BERGMAN, 2015).
Quanto mais alta a energia molecular, mais alta será também a sua
temperatura. Quando ocorre o choque entre moléculas vizinhas, ocorre a
transferência de energia das moléculas mais energéticas para as menos
energéticas, e o mesmo irá ocorrer com a temperatura (BERGMAN, 2015).
Como a condutividade térmica está diretamente relacionada a estrutura
molecular do material, quanto mais ordenada e compactada ela for, melhor será sua
condutividade. Um exemplo clássico e facilmente observável é a significativa perda
de calor de um ambiente aquecido para o ar frio externo em um dia de inverno, tal
perda se deve principalmente em virtude da transferência de calor por condução
através da parede do local, conforme pode ser visto na Figura 5 (BERGMAN, 2015).
Figura 5 – Transferência de calor por condução unidimensional.

Fonte: Bergman (2015).

2.2.2.2 Convecção
Diferentemente da condução, a transferência de energia na convecção ocorre
de duas maneiras ao mesmo tempo, através da difusão (movimento das moléculas)
e do movimento macroscópico do fluído. Ou seja, a convecção ocorre quando um
fluído em movimento entra em contato com uma superfície a temperaturas distintas
(BERGMAN, 2015).
Com o escoamento do fluído sobre a superfície forma-se uma camada em
que a velocidade do fluído varia entre zero e um valor infinito, chamada camada
limite hidrodinâmica. Da mesma forma, considerando temperaturas diferentes,
haverá uma região em que a temperatura irá variar da temperatura da superfície até
um valor infinito, a essa região denomina-se como camada limite térmica e seu
tamanho não depende do local em que a velocidade varia. A transferência de calor
irá se dar da temperatura mais alta para a mais baixa, entre fluído e superfície. O
funcionamento do processo pode ser observado na Figura 6 a seguir. (BERGMAN,
2015).
Figura 6 – Camada limite na transferência de calor por convecção.

Fonte: Bergman (2015).

2.2.2.3 Radiação

Toda a matéria que se encontra acima do zero absoluto emite radiação


térmica, seja sólido, líquido ou gás. Essa emissão ocorre devido a constantes
mudanças nas configurações dos elétrons nos átomos das substâncias. Sendo
assim, a energia é transportada através de fótons, e não necessita de meio material
para que ocorra, sendo inclusive mais eficiente no vácuo (BERGMAN, 2015).
“A energia irradiada por uma superfície é definida em termos do seu poder
emissivo” (STOECKER; JONES, 1985 p. 29). E esse poder emissivo é proporcional
a temperatura elevada à quarta potência.
Como toda a matéria está constantemente emitindo radiação térmica, existe
uma troca líquida entre tudo que se encontra em um mesmo ambiente. Quando os
fótons incidem sobre a matéria, os mesmos podem ser refletidos, absorvidos ou
transmitidos, conforme a Figura 7 abaixo (BERGMAN, 2015).

Figura 7 – Troca por radiação em uma superfície.

Fonte: Bergman (2015).


2.2.3 Refrigeração e Ar Condicionado

Embora sejam áreas relacionadas, refrigeração e ar condicionado possuem


cada qual sua aplicação específica, como pode ser visualizado na Figura 8. Um dos
maiores empregos da refrigeração é o próprio ar condicionado, mesmo que não se
resuma apenas a isso. Por outro lado, o uso do ar condicionado destina-se a muitos
outros fins além do resfriamento (STOECKER; JONES, 1985).

Figura 8 – Relação das áreas de refrigeração e ar condicionado.

Fonte: Stoecker, Jones (1985).

2.2.3.1 Ciclo Padrão de Refrigeração por Compressão a Vapor

O ciclo de refrigeração padrão por compressão, no qual é baseado os


refrigeradores e condicionadores de ar, é formado por quatro componentes:
compressor, condensador, dispositivo de expansão e evaporador. O ciclo é
comumente representado através do diagrama Pressão x Entalpia, conforme Figura
9 abaixo (STOECKER; JONES, 1985).
Figura 9 – Ciclo padrão de refrigeração com simples estágio.

Fonte: Stoecker, Jones (1985).

“Podemos chamar de ciclo de refrigeração, uma situação onde, em


circuito fechado, o gás refrigerante, transformando-se sucessivamente em
líquido e vapor, possa absorver calor a baixa temperatura e pressão pela
evaporação, ou rejeitar calor a alta temperatura e pressão pela
condensação” (MENDES, 1984 p. 34).

O ciclo padrão é o que se chama de ciclo ideal, ou seja, sem perdas, o que se
sabe que não acontece na prática. Portanto, os equipamentos possuem perdas por
atrito, queda de pressão e outros fatores que influenciam na eficiência dos mesmos
(STOECKER; JONES, 1985).

2.2.3.2 Etapas do Ciclo Padrão de Refrigeração

Durante a compressão, o fluído refrigerante será comprimido desde seu


estado de vapor saturado até a condensação. Em ciclos ideais é considerada uma
compressão adiabática e reversível, mas na prática pode-se perder calor para o
ambiente, embora não sejam perdas significativas. A etapa 1-2 pode ser visualizada
na Figura 10 abaixo (STOECKER; JONES, 1985).
Figura 10 – Compressão em um ciclo ideal.

Fonte: Stoecker, Jones (1985).

Na etapa 2-3 é onde ocorre a rejeição de calor do ciclo, no condensador o


vapor saturado, que foi comprimido até sua pressão de condensação, é condensado
no trocador de calor, o qual cede calor ao ambiente em contato com o ar. Conforme
mostrado na Figura 11 (STOECKER; JONES, 1985).

Figura 11 – Condensação em um ciclo ideal.

Fonte: Stoecker, Jones (1985).

Durante a expansão, ocorre uma perda controlada de pressão, expandindo o


líquido saturado até a pressão de evaporação. No ciclo ideal, despreza-se as perdas
de energia cinética e potencial, considerando a etapa 3-4 com entalpia constante, de
acordo com a Figura 12 (STOECKER; JONES, 1985).
Figura 12 – Expansão em um ciclo ideal.

Fonte: Stoecker, Jones (1985).

A etapa 4-1 é onde o fluído entra no evaporador como uma mistura com maior
parte líquida, em que ganhará calor a uma pressão constante, o que faz com que o
refrigerante evapore até o estado de vapor saturado. Conforme Figura 13
(STOECKER; JONES, 1985).

Figura 13 – Evaporação em um ciclo ideal.

Fonte: Stoecker, Jones (1985).

2.2.3.3 Coeficiente de Eficácia

O coeficiente de eficácia ou coeficiente de performance (COP) é um fator


importante na análise de sistemas de refrigeração. Diferentemente de índices de
rendimento ou desempenho, o COP é a razão entre a capacidade de remover calor
e a potência consumida pelo ciclo, os quais devem ter as mesmas unidades, pois
trata-se de um coeficiente adimensional (STOECKER; JONES, 1985).
Apesar de ser um ciclo teórico, através do cálculo de COP é possível
identificar quais as variáveis que mais influenciam no processo. Quanto maior for o
valor do coeficiente do equipamento, maior será seu rendimento (STOECKER;
JONES, 1985).

2.3 FLUÍDOS REFRIGERANTES

O refrigerante é o fluído responsável por absorver o calor do ambiente a ser


resfriado, ou seja, o fluído refrigerante é o meio de transporte do calor absorvido no
evaporador até ser rejeitado no condensador. Além das relações entre temperatura,
pressão, entalpia e entropia, os refrigerantes possuem mais características
termodinâmicas importantes para o processo (CORREA, 2020).
Como foi visto anteriormente, os primeiros experimentos para refrigeração
ocorreram utilizando fluídos voláteis, principalmente o éter. Em 1928 foi
desenvolvida uma substância a base de cloro, e em 1931 foi introduzido ao mercado
como diclorodifluorometano, que ficou conhecido como Freon 12. Esse fluído não
era inflamável e possuía baixa toxicidade, fatores de grande relevância no segmento
da refrigeração, e foi o refrigerante utilizado durante a primeira fase da
popularização da refrigeração e ar condicionado (CORREA, 2020).
O refrigerante é um fator importante ao longo do projeto de refrigeração, uma
vez que deve ser observado para a seleção desde lubrificantes até o material
utilizado em tubulações, vasos e compressores. Condutibilidade térmica e
viscosidade também são relevantes, bem como possuir um volume específico baixo.
Tais propriedades são encontradas em tabelas e catálogos, podendo ser extraídas
dos mesmos (CORREA, 2020).
Mas, na década de 70 percebeu-se que o cloro de hidrocarbonetos
halogenados, utilizados para a refrigeração, estava degradando a camada de
ozônio. Posteriormente, os chamados hidroclorofluorcarbonos (HCFC) começaram a
ser gradualmente substituídos, pois seu uso estava ligado ao aumento do efeito
estufa (CORREA, 2020).
Atualmente, os sistemas de ar condicionados modernos utilizam o
tetrafluoretano (R410A), conhecido como gás ecológico, e passou a ser utilizado a
partir dos anos 90. Além de abranger as principais propriedades desejáveis, o gás é
considerado não inflamável e possui baixo nível de toxicidade (CORREA, 2020).
2.4 PRINCÍPIOS DE FUNCIONAMENTO DO VRV

O sistema de ar condicionado chamado de Variable Refrigerant Volume (VRV),


ou volume de refrigerante variável, é classificado como um sistema central de
condicionamento de ar de expansão direta, ou seja, o próprio fluido refrigerante troca
calor com o ar a ser climatizado, diretamente no ambiente. Foi desenvolvido
principalmente para edifícios comerciais de médio e grande porte, pois possui um
sistema multi-split podendo ligar até 64 unidades internas a apenas uma unidade
externa, a qual pode ficar a distâncias de cerca de 100 metros das mesmas
(DAIKIN, 2020).
A ramificação da unidade externa para as respectivas unidades internas se dá
através de tubos de cobre, chamados Refnet Join. Esses tubos nada mais são do
que derivadores por onde passa o fluido refrigerante, e percorrem toda a extensão
do sistema (DAIKIN, 2020).
Cada unidade interna pode ser controlada independentemente das demais,
uma vez que alterna o volume de fluido refrigerante em um sistema para
corresponder aos requisitos precisos de cada ambiente. O controle é alcançado pela
variação continua do fluxo de fluido através de uma válvula de modulação de pulsos
nos evaporadores. A abertura ou fechamento, isto é, a modulação da válvula é
determinada por sinais micro processados provenientes de termistores instalados
em cada unidade evaporadora (DAIKIN, 2020).
Por meio de um cabo de sinal cada evaporador transmite as informações dos
termistores (temperatura, calor) ao condensador, que corresponde à demanda do
grupo de evaporadores acelerando ou desacelerando os compressores. Os
compressores conseguem mudar sua velocidade graças aos chamados “inverter”
que modulam a frequência do compressor e com isso a rotação e quantidade de
refrigerante que está circulando. Se uma válvula de expansão abre mais, o
compressor está sincronizado, acelera mais e envia vazão de fluido maior (DAIKIN,
2020).
O grande diferencial desse sistema, além da tecnologia de controle micro
processado através das válvulas e termistores, é a combinação de múltiplas
unidades internas em apenas um ciclo de refrigeração. Conforme imagem
simplificada na Figura 14 (DAIKIN, 2020).
Figura 14 – Sistema VRV.

Fonte: Mundial Refrigeração (2019).

2.5 CARGA TÉRMICA

Segundo Mendes (1984), carga térmica é a rapidez com que calor sensível e
latente é retirado do ambiente refrigerado, de forma que as condições desejadas de
temperatura e umidade do ar sejam mantidas. Para a estimativa da carga térmica de
um ambiente deve-se considerar o calor externo que penetra, bem como o calor
interior gerado no local. Tais fatores influenciam diretamente no projeto de ar
condicionado, e por essa razão, alguns conceitos serão melhor explorados a seguir.

2.5.1 Conforto Térmico

O corpo humano é dotado da capacidade de adaptação em diferentes


temperaturas, havendo o tempo necessário para a mesma. Porém quando as
condições externas de temperatura e umidade ultrapassam os limites da capacidade
de aclimatação do corpo, torna-se necessário a utilização de uma forma de controle
interno para proporcionar um ambiente confortável ao ser humano. Nesse cenário
surge o conceito de conforto térmico, na Figura 15 a seguir é possível identificar os
fatores que influenciam no conforto térmico (STOECKER; JONES, 1985).
Figura 15 - Fatores que influenciam no conforto térmico.

Fonte: Stoecker, Jones (1985).

Como o corpo está continuamente gerando calor interno, o mesmo precisa


ser eliminado para a manutenção da constante temperatura interna. Para uma
pessoa em repouso ou realizando atividades normais a eliminação de 30% do calor
ocorre por convecção pelo ar do ambiente, 30% por radiação através das superfícies
próximas a temperatura inferior a do corpo e os 40% restantes são eliminados por
transpiração e respiração. Todavia, para pessoas em forte atividade, a evaporação
do suor deve ser considerada a principal forma de liberação do calor (STOECKER;
JONES, 1985).
As condições ambientais também podem afetar o percentual de liberação de
calor, fatores como temperatura do ar e das superfícies circundantes, umidade e
velocidade do ar interagem com a vestimenta e o nível de atividade dos ocupantes,
conforme visto anteriormente e devem ser considerados nos projetos. Como a
utilização do ar condicionado visa controlar essas condições, considera-se
apropriado a uma pessoa adequadamente vestida uma temperatura operacional
entre 20 a 26℃, com velocidade do ar de até 0,25 m/s e umidade a uma temperatura
de orvalho entre 2 a 17℃ (STOECKER; JONES, 1985).

2.5.2 Trocas Térmicas

Segundo Stoecker e Jones (1985, p.69) “A transferência de calor através das


paredes de um edifício depende do material; de aspectos geométricos [...]; da
ocorrência de fontes internas de calor, e de fatores climáticos”. Para dimensionar a
capacidade dos equipamentos que compõe um sistema de condicionamento de ar,
esses fatores e interações que contribuem para as estimativas de carga térmica
devem ser estudados e avaliados. Os fatores que interferem na carga térmica são
divididos em quatro categorias, conforme se pode verificar na Figura 16.

Figura 16 - Trocas térmicas em um ambiente.

Fonte: Stoecker, Jones (1985).

 Transmissão: descrito na norma ABNT NBR 16401-1 como envoltória, é a


contribuição de calor devido a diferenças de temperatura externa e
interna do ambiente, transferido através dos elementos construtivos do
edifício (STOECKER; JONES, 1985).
 Solar: ocorre em componentes transparentes ou pela absorção em
componentes opacos, é a transferência direta de energia solar
(STOECKER; JONES, 1985).
 Infiltração: trata-se da infiltração de ar externo no ambiente climatizado,
pode gerar tanto perda, quanto ganho de calor no local (STOECKER;
JONES, 1985).
 Geração interna: considera todos os fatores que geram calor no interior
do edifício. Nesta categoria incluem-se pessoas, iluminação e aparelhos
eletrônicos (STOECKER; JONES, 1985).
3 METODOLOGIA

3.1 TÉCNICAS DE PESQUISA

Esse trabalho é composto por partes distintas, sendo a primeira delas pela
técnica descritiva. A pesquisa descritiva exige do investigador uma série de
informações sobre o que deseja pesquisar. Esse tipo de estudo pretende descrever
os fatos e fenômenos de determinada realidade (TRIVIÑOS, 1987).
O dimensionamento do sistema de ar condicionado se dará a partir da
metodologia de cálculo de carga térmica do ambiente, o qual considera fatores
alheios ao sistema de condicionamento de ar, mas que podem afetar seu
desempenho. O projeto propriamente dito se dará a partir de desenho em cima da
planta civil definida, através do software AutoCad.
A partir dos dados gerados, será desenvolvida uma análise da eficiência
energética dos equipamentos e do sistema projetado.

3.2 CÁLCULO DE CARGA TÉRMICA

Conforme se orienta na norma ABNT NBR 16401-1 de 2008, para o cálculo de


carga térmica foi realizado o zoneamento da edificação, dividindo seus dois
pavimentos em 20 zonas térmicas respeitando as características arquitetônicas da
planta civil. Foram definidas como frações autônomas da edificação, considerando-
se que possuem um volume de ar com temperatura uniforme, circundado por
superfícies de troca térmica.
Através do método de zoneamento é possível analisar separadamente as
características energéticas de cada ambiente do edifício climatizado, prevendo
possíveis pontos com maior demanda. A divisão das 20 zonas térmicas da
edificação, assim como sua respectiva função, pode ser observada na Tabela 1.
Tabela 1 - Zonas térmicas da edificação.

Zona Térmica Área de Piso (m2) Volume (m3)

Zona 1 (Hall de Entrada)* 14,75 42,0375


Zona 2 (Lavabo) 4,75 13,5375
Zona 3 (Cozinha)* 12,20 34,77
Zona 4 (Despensa) 4,20 11,97
Zona 5 (Lavanderia)* 7,25 20,6625
Zona 6 (Sala de Estar/Jantar)* 42,00 260,4
Zona 7 (Garagem) 50,00 142,5
Zona 8 (Estar Íntimo)* 17,75 45,2625
Zona 9 (Banheiro) 4,00 10,2
Zona 10 (Circulação) 11,10 28,305
Zona 11 (Suíte 1)* 14,10 35,955
Zona 12 (Banheiro Suíte 1) 3,75 9,5625
Zona 13 (Closet Suíte 1) 2,25 5,7375
Zona 14 (Suíte 2)* 12,19 31,0845
Zona 15 (Banheiro Suíte 2) 7,00 17,85
Zona 16 (Closet Suíte 2) 3,30 8,415
Zona 17 (Suíte 3)* 13,10 33,405
Zona 18 (Banheiro Suíte 3) 3,00 7,65
Zona 19 (Dormitório)* 7,80 19,89
Zona 20 (Escada) 4,7 29,14
* Zonas climatizadas
Fonte: Autora.

Com as definições de zoneamento, passou-se para a utilização de uma


planilha em Excel para facilitar o desenvolvimento dos cálculos de carga térmica em
cada zona. A planilha sintetiza as trocas térmicas que afetam nos cálculos de carga
térmica juntamente com elementos construtivos do edifício.
Na mesma planilha, foram considerados os fatores de conversão previstos em
norma ABNT NBR 16401. As Figuras 16 e 17 trazem recortes da mesma com alguns
dos valores empregados.
Figura 17 - Fatores de dissipação de calor por iluminação.

Fonte: ABNT NBR 16401.

Figura 18 - Fatores de dissipação de calor de alguns equipamentos.

Fonte: ABNT NBR 16401.


3.3 PROJETO NO SOFTWARE AUTOCAD

Com a definição da planta baixa arquitetônica e os cálculos de carga térmica dos


ambientes a serem climatizados, passou-se ao projeto do sistema através do
software AutoCad, especializado para desenhos 2D, embora também possa ser
utilizado para três dimensões.
Seguindo os requisitos normativos, o esquema de distribuição deve ser
desenvolvido a fim de evitar a má distribuição de ar e tornar o ambiente o mais
agradável e com maior qualidade do ar possível. A distribuição de redes e dutos foi
realizada seguindo a forma mais prática possibilitada pela planta, evitando sempre
interferências com as estruturas e demais instalações do edifício e prezando pelo
caminho mais direto.
O dimensionamento do sistema de dutos se deu através de um software
disponibilizado pela fabricante Daikin. Através desse método, ao informar a seleção
de equipamentos e a carga térmicas dos ambientes o próprio sistema gera as
dimensões de tubulação e os materiais necessários ao projeto.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA VRV

Para o dimensionamento do sistema, parte-se dos cálculos de carga térmica os


quais são desenvolvidos a partir de critérios de projeto pré-estabelecidos. Esses
critérios estarão abaixo especificados:
 Paredes com 15 centímetros de espessura, caracterizando construção leve.
 Janelas de vidro comum com proteção interna.
 Telhado em telha metálica com isolação.
 Piso em porcelanato.
 Iluminação em lâmpadas fluorescentes com 20 W de potência cada.
Os materiais foram buscados na literatura existente para ficarem o mais próximos
quanto possível do especificado em projeto. As resistências térmicas consideradas
estão apresentadas na Tabela 2.

Tabela 2 - Resistência térmica dos materiais considerados no projeto.

Resistência Térmica
Material 1/k, U,
m.K/W W/m2.K
Exterior (mistura leve) 150 mm 1,39
Telhado com laje isolante 27,7
Vidro simples 5,9
Fonte: Autora adaptado de Stoecker (2020).

Para fins de cálculo, também foram consideradas as temperaturas de bulbo


seco e bulbo úmido da cidade de Porto Alegre – RS, uma vez que como capital do
estado, possui características físicas mais difundidas do que o interior. As
temperaturas consideradas podem ser observadas na Tabela 3.

Tabela 3 - Temperaturas de projeto da cidade de Porto Alegre.

Inverno Verão
Cidade 97,5% bulbo seco [℃] 2,5% bulbo seco / bulbo úmido [℃]
Porto Alegre 4 33/24
Fonte: Autora adaptado de Stoecker (2020).
Por fim, para a consideração da geração interna de calor, considera-se o nível
de atividade dos ocupantes do recinto. Os dados utilizados são listados na Tabela 4.

Tabela 4 - Calor gerado pelos ocupantes.

Atividade Calor Liberado [W]

Repouso 70
Atividade
normal 150
Forte atividade 300-600
Fonte: Autora adaptado de Stoecker (2020).

Com os fatores previamente demonstrados, através da planilha para cálculos


de carga térmica, chegou-se aos resultados de cada zona a ser climatizada. Os
resultados de carga térmica das zonas a serem climatizadas estão apresentados na
Tabela 5, para uma visão expandida dos valores calculados ver Apêndice A.
Ainda de acordo com a norma ABNT NBR 16401-1, não se considera o calor
dissipado pelo piso quando o mesmo estiver diretamente sobre o solo. Sendo assim,
não foram consideradas as áreas de piso do primeiro pavimento da planta.

Tabela 5 - Resultados das cargas térmicas nas zonas climatizadas.

Zona Térmica Climatizada Carga Térmica [W]

Zona 1 (Hall de Entrada) 3.092,11


Zona 3 (Cozinha) 12.294,25
Zona 5 (Lavanderia) 5.667,93
Zona 6 (Sala de Estar/Jantar) 9.310,73
Zona 8 (Estar Íntimo) 4.746,61
Zona 11 (Suíte 1) 4.599,37
Zona 14 (Suíte 2) 3.234,50
Zona 17 (Suíte 3) 3.469,26
Zona 19 (Dormitório) 1.575,21
Total 47.989,97
Fonte: Autora (2020).

Com os valores de carga térmica das zonas previamente definidas, foi


possível o dimensionamento dos equipamentos a serem utilizados no projeto, os
quais foram retirados do catálogo VRV INOVA-CBRVPVRVIQFV02D0819, da linha
comercial VRV Inova da empresa japonesa Daikin. As unidades evaporadoras
internas escolhidas para cada ambiente podem ser visualizadas na Tabela 6, e para
um melhor entendimento, sugere-se observar os Anexos A e B.

Tabela 6 - Seleção dos modelos de unidades internas.

Capacidade
Zona Térmica Climatizada Modelo Equipamento
[kW]
Zona 1 (Hall de Entrada) FXEQ32AVE 3,6
Zona 3 (Cozinha) FXFQ125AVM 14
Zona 5 (Lavanderia) FXEQ50AVE 5,6
FXFQ50AVM
Zona 6 (Sala de Estar/Jantar) 11,2
FXFQ50AVM
Zona 8 (Estar Íntimo) FXFQ50AVM 5,6
Zona 11 (Suíte 1) FXFQ50AVM 5,6
Zona 14 (Suíte 2) FXEQ32AVE 3,6
Zona 17 (Suíte 3) FXEQ32AVE 3,6
Zona 19 (Dormitório) FXEQ20AVE 2,2
Total 55
Fonte: Autora (2020).

No item 6.4.1 da norma ABNT NBR 16401-1, é tratado a simultaneidade das


cargas máximas das zonas condicionadas. Na norma, cita-se que o máximo de
cargas pode não ocorrer simultaneamente, de forma que o dimensionamento do
sistema pode ser com capacidade menor do que a soma dos valores máximos de
carga.
Como critério de projeto, adotou-se 122% de eficiência da unidade externa,
estando dentro do recomendado pelo fornecedor (de 50 a 130%) (DAIKIN, 2019).
Com o somatório total das unidades evaporadoras, que foi de 55 kW, e aplicando
122% de eficiência, o dimensionamento da unidade condensadora externa resultou
no modelo RHXYQ16ATL de 16 HP da fornecedora Daikin, com capacidade de 45
kW é considerada adequada ao edifício.
Caso a carga completa seja demandada, a condensadora é configurada para
reduzir a capacidade de cada uma das unidades evaporadoras, de forma a suprir as
demandas de todos os ambientes, embora não de forma completa.
4.2 PROJETO

Na fase de projeto, conforme descrito anteriormente, utilizou-se o software


AutoCad. As etapas principais são definir a distribuição das unidades internas de
forma a alcançar da melhor forma todo o ambiente a ser climatizado.
O posicionamento da unidade externa foi definido no telhado, próximo a caixa
de água do edifício para utilizar o mesmo suporte De fixação. Seu posicionamento
pode ser visualizado na Figura 19 a seguir, identificado pelas letras UC1.

Figura 19 – Vista do telhado do edifício.

Fonte: Autora (2020).

A partir da unidade externa, a tubulação para por um shaft localizado na zona


15, o banheiro da Suíte 2, e se ramifica para o segundo andar através da rede
refinet joint. Observa-se o esquema definido em projeto na Figura 20, as tubulações
estão destacadas na cor verde na planta baixa.
Figura 20 – Planta esquemática do sistema de ar condicionado do pavimento superior.

Fonte: Autora (2020).

Do segundo para o primeiro andar, as tubulações seguem pelo shaft que


saem na zona 5, lavanderia, e novamente se ramificam para todo o pavimento. O
projeto do andar inferior pode ser observado na Figura 21.
Figura 21 – Planta esquemática do sistema de ar condicionado do pavimento inferior.

Fonte: Autora (2020).

Através do software da fabricante Daikin, foram definidas as dimensões da


tubulação e o diagrama de tubulações, conforme observa-se na Figura 22.

Figura 22 – Diagrama de tubulações.


UC 1
RHXYQ16AYL

3,0m 3,0m [1] 1,0m 1,3m


12,7×28,6 12,7×28,6 9,5×22,2 9,5×19,1
KHRP26A72T KHRP26A72T KHRP26A33T KHRP26A22T

1,8m 7,0m
9,5×15,9 6,4×12,7
UE 9 UE 10
3,7m [1] FXFQ125AVE FXEQ32AVE
9,5×15,9
KHRP26A22T

2,2m 1,8m 4,7m


6,4×12,7 6,4×12,7 6,4×12,7
UE 6 UE 7 UE 8
4,0m [1] 1,4m FXEQ50AVE 1,4m FXFQ50AVE 1,1m FXFQ50AVE
9,5×19,1 9,5×19,1 9,5×15,9 9,5×15,9
KHRP26A22T KHRP26A22T KHRP26A22T KHRP26A22T

6,7m [1] 2,0m [1] 7,0m [1] 2,7m 8,4m [1]


6,4×12,7 6,4×12,7 6,4×12,7 6,4×12,7 6,4×12,7
UE 1 UE 2 UE 3 UE 4 UE 5
FXEQ32AVE FXEQ32AVE FXEQ20AVE FXFQ50AVE FXFQ50AVE

Fonte: Autora (2020).


Também é utilizada uma lista de materiais para a execução e instalação do
sistema de ar condicionado. Esta listagem também serve de guia para orçamentos
por parte das empresas de refrigeração e ar condicionado. A Tabela 7 traz os
equipamentos e tubulações a serem utilizados.

Tabela 7 - Lista de material.

Modelo Quantidade Descrição

RHXYQ16AYL 1 Bomba de calor VRV IV 380V(YL)


FXEQ20AVE 1 VRV E - Cassete 1 Via
FXEQ32AVE 3 VRV E - Cassete 1 Via
FXEQ50AVE 1 VRV E - Cassete 1 Via
FXFQ125AVE 1 VRV FA - Cassete Round Flow
FXFQ50AVE 4 VRV FA - Cassete Round Flow
KHRP26A22T 6 Kit REFNET de derivação
KHRP26A33T 1 Kit REFNET de derivação
KHRP26A72T 2 Kit REFNET de derivação
BYCP125K-W1 5 Decoration panel
BYEP40AW1 4 Decoration panel
BYEP63AW1 1 Decoration panel
BRC1F61 5 Wired Remote Controller
BRC7F634F 5 Wireless remote controller HP/HR
R410A 6,3kg Carga extra de refrigerante
Tubulação 6,4 42,5m
Tubulação 9,5 15,7m
Tubulação 12,7 48,5m
Tubulação 15,9 8,0m
Tubulação 19,1 6,7m
Tubulação 22,2 1,0m
Tubulação 28,6 6,0m
Fonte: Autora (2020).

4.3 ANÁLISE ENERGÉTICA

O sistema VRV Daikin possui um comprometimento com a eficiência


energética desde a fábrica, portanto seus equipamentos possuem o COP elevado.
Junto a isso, esses valores já vêm tabelados de fábrica, e para medi-los em valores
reais seria necessária a execução real do projeto, o que não é o objetivo deste
trabalho. Desse modo foi utilizado o valor fornecido, o qual pode ser observado na
Figura 23.
Figura 23 - COP em plena carga e em cargas parciais.

Fonte: Daikin (2019).

Também a partir do catálogo do fabricante, pôde-se consultar o valor teórico


de consumo de energia elétrica, ver Apêndice C. Para o sistema dimensionado, o
consumo de energia está em 10,8 kW. Esse valor pode variar de acordo com a
necessidade de resfriamento do ambiente, uma vez que o sistema VRV permite a
variação de carga do equipamento.
Na cidade de Ijuí, Rio Grande do Sul, a taxa de consumo de energia elétrica
é de aproximadamente R$ 0,54 kW/h. Considerando que o sistema opere 12 h
diárias em capacidade máxima, o custo de consumo de energia gerado pelo
sistema de ar condicionado corresponde a R$ 70,00 diários, cerca de R$ 2.100,00
mensais.
De acordo com a norma Standard 90.1 da American Society of Heating,
Refrigerating and Air Conditioning Engineers (ASHRAE), para um edifício se
enquadrar na categoria A de eficiência energética deve cumprir três requisitos de
forma eficiente: aquecimento de água, envoltória e ar condicionado. Como o
objetivo do trabalho é apenas a análise do sistema de ar condicionado, o foco ficou
sobre esse requisito.
Considerando a previsão de COP mínimo do sistema, de 4,41 conforme
Figura 23, juntamente com o correto dimensionamento do sistema de ar
condicionado e tubulações, conclui-se que o sistema dimensionado corresponde
aos requisitos normativos para a classe de melhor eficiência energética.
5 CONCLUSÃO

Neste trabalho, além de cumprir com os objetivos pré-estabelecidos, buscou-


se uma área ainda pouco explorada pelos engenheiros mecânicos, mas que ainda
assim está entre suas competências e têm se mostrado muito rica e de grande
utilidade. A tendência do mercado de condicionamento de ar é crescer ainda mais
durante os próximos anos, conforme mostrado no decorrer do trabalho.
No desenvolvimento do trabalho, foi proposto o dimensionamento de um
sistema de ar condicionado central em uma residência, utilizando a tecnologia de
Variable Refrigerant Volume. Partindo-se de uma pesquisa bibliográfica, embasada
na literatura e normatização existentes, e de métodos de cálculo de carga térmica
amplamente difundidos.
Com o auxilio de softwares apropriados para o dimensionamento e cálculo,
chegou-se a um sistema com dimensionamento adequado. Provando-se via norma
estar dentro da categoria de eficiência térmica de ponta.
Visando a preservação de recursos naturais ou não-renováveis, necessários à
geração de energia elétrica, a realização desse trabalho vai de encontro aos
princípios da sociedade desenvolvida e sustentável.
Os objetivos inicialmente propostos foram cumpridos, principalmente o
dimensionamento do sistema de ar condicionado, utilizando-se de valores e
referências teóricas o mais próximas quanto possível da realidade. Com a execução
de um projeto adequado e eficiente, o consumo de energia do edifício em questão
seria muito inferior quando comparado a sistemas mal dimensionados e sem o
acompanhamento de um profissional credenciado.
6 REFERÊNCIAS
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de Elaboração e Implantação de Projetos de Sistemas de Ar Condicionado
Baseado na ABNT NBR 16401. Orientador: Dr. João Luiz Marcon Donatelli. 2013.
100 f. Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade Federal do Espírito Santo,
Centro Tecnológico, Departamento de Engenharia Mecânica.

ALVES, Luis Guilherme Lopes. Refrigeração e Climatização: a Importância da


Qualidade do Ar nos Ambientes Condicionados. Orientador: Msc. Luiz Otávio
Ribeiro Carneiro. 2014. 120 f. Monografia – Curso de Aperfeiçoamento para Oficiais
de Máquinas – Centro de Instrução Almirante Graça Aranha.

AMERICAN SOCIETY OF HEATING, REFRIGERATING AND AIR CONDITIONING


ENGINEERS. Standard 90.1: Performance Rating Method Reference Manual. 1.
Ed. Atlanta: ANSI/ASHRAE/IES 2016.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16401-1: Instalações


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instalações. 1. Ed. Rio de Janeiro: ABNT 2008.

BERGMAN, Theodore L.; DEWITT, David P.; INCROPERA, Frank P.; LAVINE,
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ÇENGEL, Yunus A. Termodinâmica. 7. Ed. Porto Alegre. AMGH. 2013.

CORREA, Yuri. O Gás Refrigerante Ecológico no Ar Condicionado: O Que é?


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http://www.epe.gov.br/pt/imprensa/noticias/uso-de-ar-condicionado-no-setor-
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MENDES, Luiz Magno de Oliveira. Refrigeração e Ar Condicionado. Rio de


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de Ar Condicionado: Um Comparativo Entre Sistemas Split System e Sistema
VRV. Orientador: Eduardo de Magalhães Braga. 2017. 81 f. Dissertação – Programa
de Pós-Graduação em Engenharia de Processos – Mestrado Profissional –
Universidade Federal do Pará.

Sistema VRV/VRF. Disponível em http://mundialrefrigeracao.com/sistema-vrvvrf/


Acesso em 30/09/2019.

STOECKER, W.F. Refrigeração e Ar Condicionado. São Paulo. McGraw-Hill.


1985.
The Invention That Changed the World. 2019. Disponível em
http://www.williscarrier.com/1876-1902.php Acesso em 30/09/2019.

TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa


qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.

Volume Variável do Refrigerante. 2020. Disponível em: https://www.daikin.pt /pt_pt


/about/daikin-innovations/variable-refrigerant-volume.html. Acesso em 19/10/2020.
APÊNDICE A

Local
: Zona 1 (Hall de Entrada)

kcal/h BTU/h
1 Janelas: Insolação 704,80 2.796,65
Cargas Térmicas (kcal/h)

2 Janelas: Transmissão 188,00 745,98


3 Paredes 612,61 2.430,82
4 Teto 191,75 760,86
5 Piso - -
6 Pessoas 450,00 1.785,60
7 Outras Fontes 20,00 79,36
8 Portas 787,50 3.124,80
Total 2.659,19 10.551,66
Sub-total com Fator Geográfico 2.659,19 10.551,66

Total (kcal/h) 2.659,19


Total (BTU/h) 10.551,66
Total (TR) 0,88
Total (kW) 3,09

Local
: Zona 3 (Cozinha)

kcal/h BTU/h
1 Janelas: Insolação - -
Cargas Térmicas (kcal/h)

2 Janelas: Transmissão - -
3 Paredes 328,64 1.304,05
4 Teto 158,60 629,32
5 Piso - -
6 Pessoas 600,00 2.380,80
7 Outras Fontes 8.694,00 34.497,79
8 Portas 1.966,50 7.803,07
Total 10.572,97 41.953,54
Sub-total com Fator Geográfico 10.572,97 41.953,54

Total (kcal/h) 10.572,97


Total (BTU/h) 41.953,54
Total (TR) 3,50
Total (kW) 12,29
Local
: Zona 5 (Lavanderia)

kcal/h BTU/h
1 Janelas: Insolação 316,80 1.257,06
Cargas Térmicas (kcal/h) 2 Janelas: Transmissão 72,00 285,70
3 Paredes 628,93 2.495,60
4 Teto 94,25 373,98
5 Piso - -
6 Pessoas 150,00 595,20
7 Outras Fontes 3.890,00 15.435,52
8 Portas 264,00 1.047,55
Total 4.874,38 19.341,56
Sub-total com Fator Geográfico 4.874,38 19.341,56

Total (kcal/h) 4.874,38


Total (BTU/h) 19.341,56
Total (TR) 1,61
Total (kW) 5,67

Local
: Zona 6 (Sala de Estar/Jantar)

kcal/h BTU/h
1 Janelas: Insolação 1.615,90 6.411,89
Cargas Térmicas (kcal/h)

2 Janelas: Transmissão 621,50 2.466,11


3 Paredes 2.293,44 9.100,37
4 Teto 546,00 2.166,53
5 Piso - -
6 Pessoas 600,00 2.380,80
7 Outras Fontes 910,00 3.610,88
8 Portas 2.310,00 9.166,08
Total 8.007,16 31.772,40
Sub-total com Fator Geográfico 8.007,16 31.772,40

Total (kcal/h) 8.007,16


Total (BTU/h) 31.772,40
Total (TR) 2,65
Total (kW) 9,31
Local
: Zona 8 (Estar Íntimo)

kcal/h BTU/h
1 Janelas: Insolação 624,00 2.476,03
Cargas Térmicas (kcal/h)

2 Janelas: Transmissão 240,00 952,32


3 Paredes 507,98 2.015,67
4 Teto 319,50 1.267,78
5 Piso 230,75 915,62
6 Pessoas 600,00 2.380,80
7 Outras Fontes 579,00 2.297,47
8 Portas 1.434,38 5.691,60
Total 4.082,05 16.197,56
Sub-total com Fator Geográfico 4.082,05 16.197,56

Total (kcal/h) 4.082,05


Total (BTU/h) 16.197,56
Total (TR) 1,35
Total (kW) 4,75

Local
: Zona 11 (Suíte 1)

kcal/h BTU/h
1 Janelas: Insolação 1.936,00 7.682,05
Cargas Térmicas (kcal/h)

2 Janelas: Transmissão 440,00 1.745,92


3 Paredes 393,12 1.559,91
4 Teto 253,80 1.007,08
5 Piso 182,00 722,18
6 Pessoas 150,00 595,20
7 Outras Fontes 536,00 2.126,85
8 Portas 504,00 1.999,87
Total 3.955,43 15.695,15
Sub-total com Fator Geográfico 3.955,43 15.695,15

Total (kcal/h) 3.955,43


Total (BTU/h) 15.695,15
Total (TR) 1,31
Total (kW) 4,60
Local
: Zona 14 (Suíte 2)

kcal/h BTU/h
1 Janelas: Insolação 663,00 2.630,78
Cargas Térmicas (kcal/h)

2 Janelas: Transmissão 255,00 1.011,84


3 Paredes 330,33 1.310,75
4 Teto 219,42 870,66
5 Piso 158,47 628,81
6 Pessoas 150,00 595,20
7 Outras Fontes 536,00 2.126,85
8 Portas 778,50 3.089,09
Total 2.781,65 11.037,58
Sub-total com Fator Geográfico 2.781,65 11.037,58

Total (kcal/h) 2.781,65


Total (BTU/h) 11.037,58
Total (TR) 0,92
Total (kW) 3,23

Local
: Zona 17 (Suíte 3)

kcal/h BTU/h
1 Janelas: Insolação 968,00 3.841,02
Cargas Térmicas (kcal/h)

2 Janelas: Transmissão 220,00 872,96


3 Paredes 520,94 2.067,09
4 Teto 235,80 935,65
5 Piso 170,30 675,75
6 Pessoas 150,00 595,20
7 Outras Fontes 546,00 2.166,53
8 Portas 504,00 1.999,87
Total 2.983,54 11.838,67
Sub-total com Fator Geográfico 2.983,54 11.838,67

Total (kcal/h) 2.983,54


Total (BTU/h) 11.838,67
Total (TR) 0,99
Total (kW) 3,47
Local
: Zona 19 (Dormitório)

kcal/h BTU/h
1 Janelas: Insolação - -
Cargas Térmicas (kcal/h)

2 Janelas: Transmissão 90,00 357,12


3 Paredes 439,39 1.743,49
4 Teto 140,40 557,11
5 Piso 101,40 402,36
6 Pessoas 75,00 297,60
7 Outras Fontes 407,00 1.614,98
8 Portas 252,00 999,94
Total 1.354,67 5.375,33
Sub-total com Fator Geográfico 1.354,67 5.375,33

Total (kcal/h) 1.354,67


Total (BTU/h) 5.375,33
Total (TR) 0,45
Total (kW) 1,58
ANEXO A
ANEXO B
ANEXO C

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