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HEMISFÉRIO NORTE

Quem não é o centro do seu próprio mundo?


acaso a felicidade almejada, a paz indomada,
não é para atingir aquele estranho segundo
em que puxamos o ar vitorioso do finalmente?
Esse finalmente para quem é além de nós?
Os obstáculos, as tramas, os traumas
nossos dramas psicológicos, nossas perdas
serão de mais alguém senão de mim?
A foto elegante da graduação, a nomeação
as viagens, o casamento, os filhos
o entretenimento, para quem são?
As consultas médicas, as horas em oração,
a palavra mágica do livro ou do guru,
a conta enorme do terapeuta, o papel de luz,
o perfil no facebook, o beijo do instagram,
as mensagens de whatsapp, para quem são?
Para quem será que Dostoiévski escreveu
o “Eterno Marido” ou “Crime e Castigo”,
não terá sido para que eu lesse e crescesse
ou me entretivesse de pensar em mim?
Afinal, por que diabos eu luto,
não será porque eu me sinto bem
e meu coração diga que isto está certo
e neste momento, no centro, não sou eu o mundo?
Entretanto, eu penso em mim demasiado agora
em que falo para os outros que ninguém é
O centro do mundo,
E falo isso para cuidar
dos meus afazeres,
do meu trabalho,
dos meus estudos,
da minha juventude,
da minha saúde,
dos meus familiares,
do meu namorado,
no fundo eu sei que não há nada de errado;
Mas, se interrogado, pela consciência,
quem dirá que não é o centro do mundo?
Eu não estou só.

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