Você está na página 1de 144

Comunicação Oral e Escrita

UNISENAI SC
SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL
DE SANTA CATARINA

MANTENEDORA MANTIDA

Fabrizio Machado Pereira Barbara Yadira Mellado Perez


Diretor Regional do SENAI/SC e Diretor de Pro-reitora de Ensino, Pesquisa e Extensão
Educação e Tecnologia da FIESC do Centro Universitário

Adriana Paula Cassol Fabricio Roulin Bittencout


Gerente Executiva de Educação Diretor Faculdade Senai

Ana Luisa Mulbert Luciele da Silva Bernardi


Cleunisse Aparecida Rauen de Luca Autoria
Canto
Gestão da Educação Superior Denise de Mesquita Correa
Revisor Técnico

CENTRO DE EDUCAÇÃO DIGITAL

Fabiano Bachmann
Gerente do Centro de Educação Digital - CDI André Gonçalves de Freitas
Bruno Rodrigues Magalhães
Gisele Umbelino Gabriela da Silva Cândido
Coordenadora de Desenvolvimento de Produção Audiovisual
Recursos Digitais - CDI
Michele Antunes Corrêa
Hellen Cristine Geremia Stephanie Johansen Longo Basso
Líder de Projeto Projeto Educacional

Gustavo Lucas Alves Heliziane Barbosa


Analista de Educação Digital Janaina da Silveira Vieira
Juliana Tonietto
Michele Antunes Corrêa Projeto Webgráfico
Design Educacional
Airton Júlio Reiter
Heliziane Barbosa Revisão ortográfica, gramatical e
Janaina da Silveira Vieira normalização
Design Gráfico
__________________________________________

Carlos André Marques de Andrade Discovery Ltda.


Revisão ortográfica, gramatical e
Davi Leon Dias
normalização
Ilustrações e Tratamento de Imagens
IStock Photo
Felipe Moisés da Silva Hintz Banco de Imagens
Roger Humphreys
Programação Web
© 2023. SENAI – Departamento Regional de Santa Catarina

A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico,
mecânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia
autorização, por escrito, do SENAI.

FICHA CATALOGRÁFICA
_____________________________________________________________________________

B523c
Bernardi, Luciele da Silva.
Comunicação oral e escrita / Luciele da Silva Bernardi. Florianópolis :
SENAI/SC, 2023.
144 p. : il. Color.

ISBN

1. Língua Portuguesa – Estudo e ensino. 2. Oratória. 3. Redação 4. Comunicação


Interpessoal. I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional
de Santa Catarina. II. Título. III. Série.
CDU: 811.134.3
_____________________________________________________________________________

SENAI/SC
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de Santa Catarina

Sede
Rodovia Admar Gonzaga • 2765 • Itacorubi • Florianópolis - SC,
88034-001 • Tel.: (48) 3231-4100
SUMÁRIO

Abertura ............................................................................................................ 9

Comunicação Oral e Escrita.......................................................................... 11

Para Iniciar................................................................................................. 13

Desafio....................................................................................................... 15
Desafio: Processo seletivo.......................................................................... 17
Agenda | Desafio: Processo seletivo......................................................... 21

Estudo e Prática I: Processos comunicativos........................................... 25


E-book............................................................................................................ 25
O processo de comunicação.................................................................. 27
Videoflix........................................................................................................ 63
Linguagem verbal e não verbal ............................................................ 63
Barreiras no processo de comunicação............................................... 63
Infocast.......................................................................................................... 65
Pitch para entrevista ............................................................................. 67
Memorial descritivo................................................................................ 71
A oratória na vida profissional.............................................................. 75
Comunicação não violenta.................................................................... 77
Quero saber +............................................................................................... 79
Resumindo.................................................................................................... 83

Estudo e Prática II: Leitura como processo interativo............................ 85


E-book............................................................................................................ 85
Leitura como processo interativo........................................................ 87
Videoflix........................................................................................................ 121
A escrita e a humanidade....................................................................... 121
Fases da leitura....................................................................................... 121
Infocast.......................................................................................................... 123
A leitura e a interpretação de texto no ambiente de trabalho........ 125
Dicas para escrever no ambiente de trabalho.................................... 129
Quero saber +............................................................................................... 133
Resumindo.................................................................................................... 135

Para Concluir............................................................................................. 137

Fechamento....................................................................................................... 142

Referências........................................................................................................ 143
ABERTURA

Olá! Seja bem-vindo à Unidade Curricular Comunicação Oral e Escrita!


Na atualidade, a maioria das profissões, senão todas, utiliza a tecnologia
digital de alguma forma no desenvolvimento do trabalho. Em algumas
funções, somente parte do trabalho depende de algum instrumento ou serviço
tecnológico, mas em outras o trabalho é centrado na relação do profissional
com uma máquina, como o computador ou o celular.
Um profissional da área da saúde, por exemplo, costuma basear suas análises
em exames que para serem feitos dependem de máquinas e softwares. Na
área da educação os aplicativos tendem a facilitar o processo de ensino e
aprendizagem, além de contribuir para o gerenciamento da burocracia. Na
área da segurança, programas de reconhecimento fácil e de monitoramento
de imagens auxiliam no trabalho e na tomada de decisões. Na área da
administração, logística e marketing, o uso de determinados programas podem
diminuir o tempo gasto em tarefas e reduzir o risco de falhas. Na indústria,
de forma geral, a tecnologia potencializa a produtividade e a qualidade dos
produtos e serviços.
Isso significa que profissionais de diferentes áreas, precisaram se adaptar
às novas tecnologias que vão surgindo. E esse processo não tem data de
encerramento. Por isso, é importante ter um olhar mais amplo e buscar
entender quais são as características do mercado de trabalho, como ele reage
às necessidades de cada período, como ele se modifica e passa a exigir novas
habilidades a todo momento dos profissionais de todas as áreas.
Não podemos prever com exatidão quais serão as novas exigências do
mercado para um bom profissional no futuro, mas sabemos que a comunicação
é uma habilidade que será valorizada sempre, porque a história nos mostra isso.
A história da tecnologia inicia quando os primeiros seres humanos começam a
utilizar a técnica para produzir ferramentas a partir da manipulação da natureza.
Portanto, tecnologia não é algo recente, é algo muito antigo e que foi
essencial para o desenvolvimento da humanidade. Só que com as primeiras
ferramentas criadas pelos seres humanos, criou-se também uma necessidade
maior de comunicar, de passar adiante aquilo que estava sendo descoberto,

9
aquilo que servia melhor ao grupo e que poderia ser responsável pela
sobrevivência daquele grupo.
Perceba então que a tecnologia sempre esteve ligada ao processo de
comunicação. Hoje, séculos depois, nós continuamos com a mesma necessidade.
Será que adianta a humanidade inventar máquinas e instrumentos
tecnológicos, extremamente sofisticados, se aliado a isso não existir um
processo de comunicação muito bem construído?
No passado, as empresas não percebiam a comunicação como algo essencial,
mas nas últimas décadas esse cenário mudou. Atualmente, as empresas buscam
cada vez mais investir na comunicação interna e no estímulo à construção de
relações interpessoais saudáveis entre os colaboradores.
Existe um empenho por parte das empresas no sentido de estimular os
colaboradores a terem relações mais próximas, para que conversem mais, se
comuniquem melhor para evitar falhas na comunicação e possíveis problemas
gerados por essas falhas.
E, para além da comunicação interna, ainda resta o enorme desafio de
garantir a eficiência da comunicação com o cliente. Em toda a forma de
comunicação com o cliente, é necessário lembrar que o colaborador representa
a empresa e fala pela empresa.
Para isso, é necessário que o profissional saiba se comunicar e saiba entender
como o cliente se comunica. É claro que existem diferentes tipos de pessoas e
diferentes formas de se comunicar, e não é tão simples dominar essa habilidade.
Esta Unidade Curricular aborda conhecimentos relacionados ao processo
comunicativo, à oratória, à aplicação de noções gramaticais de acordo com
o texto, à leitura e à interpretação de textos, à redação e ao reconhecimento
das características dos gêneros textuais acadêmicos e aos gêneros textuais
empresariais.
É muito importante destacar que, você, profissional, precisa descobrir
como se comunicar melhor e quais são os pontos em que precisa melhorar.
Comunicar-se bem não é um dom, algo que já nasce com a pessoa. A boa
comunicação exige exercício, esforço e boa vontade.
Por isso, invista na sua carreira profissional, aprofunde-se no desenvolvimento
da habilidade de comunicação e tenha isso como um diferencial no seu currículo.
Bons estudos!

10
Comunicação Oral
e Escrita
PARA INICIAR

Olá! Aqui você inicia seus estudos. A partir de agora, você encontrará diversos
conteúdos cuidadosamente selecionados para ajudá-lo a atender as demandas
profissionais da atualidade. Fique atento aos materiais disponíveis e dedique-se
às atividades propostas.
Nesse momento, daremos início aos estudos sobre comunicação oral e escrita.
Você já se perguntou sobre a real necessidade de estudar comunicação? Pen-
se um pouco.
Considerando que vivemos em grupo e nos comunicamos a todo instante,
seus estudos aqui terão como foco conceitos centrais e reflexões sobre como a
comunicação se relaciona com a vida em sociedade.
Em seguida, você vai poder conferir que todo ato comunicativo tem como
característica a intencionalidade.
Então, você aprenderá a identificar as ferramentas e estratégias mais utiliza-
das para persuadir alguém através do discurso.
Depois, serão examinados os elementos da comunicação e você vai poder dis-
tinguir as várias funções que a linguagem apresenta, os seus níveis, tipos e suas
variações.
Por fim, o foco será na comunicação escrita, na qual você poderá conhecer
os elementos de produção textual, bem como os tipos de textos acadêmicos e
empresariais, além de ferramentas que podem auxiliar você na interpretação e
compreensão textual.
Sendo assim, ao longo do caminho de estudos você terá a oportunidade de
conhecer, refletir, compreender e aplicar conhecimentos de comunicação oral e
escrita que serão essenciais para a sua formação profissional.
Se você quer conquistar o seu espaço e se destacar como um profissional
qualificado para trabalhar não só com máquinas, mas com pessoas, invista nos
estudos sobre comunicação e sinta a diferença no seu desenvolvimento.
Bons estudos!

13
DESAFIO

Confira, a seguir, uma situação prática relacionada aos conteúdos que você
estudará a partir de agora. Essa é uma importante etapa de seu processo ava-
liativo. Então dedique-se ao máximo, e busque em sua trajetória de estudos, aqui,
fundamentar os resultados esperados no desafio que está proposto a seguir. Apro-
veite, pois essa é uma grande oportunidade de praticar novos conhecimentos!

Desafio - Processo seletivo


O caminho para chegar ao emprego dos sonhos é, para a maioria das pessoas,
longo. Porém, isso não significa que não vale a pena dar cada um dos passos que
nos leva até ele. Estudo, dedicação, boa vontade são elementos fundamentais e
não podem ser abandonados nunca. E uma das partes mais marcantes desse ca-
minho é a seleção para a vaga de emprego. Você se sente pronto e seguro para
enfrentar um processo seletivo cheio de desafios? Então venha colocar as suas
habilidades à prova!
Lembre-se essa é uma importante etapa de seu processo avaliativo.

15
Desafio: Processo seletivo

Imagine que você está buscando uma colocação no mercado de trabalho e


encontrou uma vaga do seu interesse. O processo seletivo para essa vaga inclui
uma etapa em que os candidatos precisam enviar um vídeo de apresentação
para a empresa. Mas não se trata de qualquer apresentação. Os selecionadores
desejam que você grave um pitch!
• Pitch - quer dizer arremesso em inglês. No mundo dos negócios, um pitch é
uma apresentação objetiva, direta, rápida e tão certeira quanto um arremes-
so, que uma pessoa faz de seu negócio ou ideia com o objetivo de despertar
o interesse de um investidor. Com o tempo, o pitch passou por adaptações e
hoje é utilizado em vários contextos, inclusive em processos seletivos. Neste
caso, o candidato à vaga elabora um vídeo curto em que apresenta a sua tra-
jetória profissional e aquilo que pode oferecer à empresa, buscando conven-
cer o recrutador de que vale a pena contratá-lo.
Para desenvolver esse desafio, você terá autonomia para escolher a vaga para
qual irá se candidatar e pode ser uma vaga real, retirada de algum anúncio loca-
lizado por você, ou uma vaga fictícia. Por isso, além do pitch, você deverá enviar
um documento no formato pdf com todas as informações sobre a vaga para a
qual irá se candidatar.

Comunicação Oral e Escrita 17


17
No texto com a descrição da vaga devem aparecer, no mínimo, os seguintes
itens: o nome da empresa (pode ser fictício), função, lista com no mínimo cinco
requisitos técnicos e quais serão as responsabilidades do profissional que ocupar
a vaga.
A vaga escolhida deve ter relação com a área do curso que você está fazendo
e de preferência não ser uma vaga para a mesma função que você exerce atu-
almente. É preciso lembrar que você está em processo de aprendizagem e sua
formação depende dos desafios que você se propõe a desempenhar. Por isso,
ouse se candidatar para uma função diferente que exija mais de você. Afinal,
você está estudando e desenvolvendo novas habilidades que serão aproveitadas
em seu futuro profissional.
Você deverá enviar o pitch (ou o link para o vídeo) e o documento em pdf com
a descrição da vaga pelo Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA).

Importante! Consulte a agenda e fique atento aos critérios de avaliação


que serão considerados na avaliação de suas entregas: o vídeo (pitch) e o
documento com a descrição da vaga.

Dica
Uma dica: se você tem interesse em conhecer mais sobre pitch,
confira os materiais indicados na sessão “Quero saber +” e
“Infocast”.

18 Comunicação Oral e Escrita


18
Lembre-se de consultar a agenda e conferir os detalhes do desafio, como:
resultado esperado, forma de desenvolvimento, critérios de avaliação e
forma de entrega.

Comunicação Oral e Escrita 19


19
AGENDA | Desafio: Processo seletivo

Resultado esperado
Escolher uma vaga de emprego e : a) apresentar a descrição dela no formato
texto, com no máximo uma página (pode ser em itens), em PDF; b) produzir
e entregar um vídeo (pitch) de até três minutos, fazendo a sua apresentação
profissional e identificando qual a vaga/função escolhida em formato de arquivo
de vídeo. (Você deverá enviar o vídeo ou o link do vídeo, caso o vídeo fique em
um formato superior ao suportado pelo AVA. É sua responsabilidade certificar-se
que o vídeo está liberado para visualização.)

Desenvolvimento
As duas entregas devem ser desenvolvidas individualmente.

Critérios de avaliação

• Apresentar a descrição da vaga escolhida no formato texto com no máximo


uma página (pode ser no formato de itens) em formato PDF

• Informar, no mínimo: qual é a vaga/função, o nome da empresa (pode ser


fictício), lista com no mínimo cinco requisitos técnicos e quais serão as
responsabilidades do profissional que ocupar a vaga.

• Redigir o texto utilizando a linguagem formal e respeitando às convenções


da escrita (ortografia, acentuação, pontuação, concordância nominal e
verbal, regência nominal e verbal, flexão nominal e verbal, colocação de
pronomes, uso de maiúsculas e minúsculas, divisão silábica na mudança de
linha (translineação).

21
• Desenvolver vídeo (pitch) com tempo máximo de três minutos e gravar o
vídeo na horizontal.

• Informar na fala durante o vídeo o seu nome e para qual vaga está se
candidatando e apresentar conhecimento das necessidades e requisitos para
a vaga escolhida.

• Desenvolver uma apresentação pessoal e relatar trajetória profissional com


experiências de trabalho anteriores.

• Demonstrar no vídeo comunicação, expressão, fluência, clareza e


objetividade durante a fala.

• Demonstrar no vídeo domínio da linguagem formal ao desenvolver suas


colocações.

• Apresentar no vídeo suas qualificações profissionais e explicar por que


deveria ser contratado para a vaga.

• Demonstrar no vídeo uma postura apropriada para uma entrevista de


emprego.

• Usar no vídeo vestimentas adequadas e escolher um local apropriado para


gravação.

• Fornecer o vídeo (ou link) liberado para visualização.

• Enviar somente um vídeo e um arquivo em pdf. Alterações nos arquivos em


avalições não são permitidas.

22
Dica:
• Você pode usar para gravação: câmera, webcam ou celular. Se for celular,
deixe-o em um lugar fixo. Não fique segurando-o como se fosse uma selfie. E
grave na horizontal!

• Mesmo que a sua experiência anterior não seja na área do curso, fale sobre
ela e ressalte o que aprendeu de positivo.

• Se você não tiver experiência anterior, deixe essa informação clara e procure
ressaltar que você tem vontade de aprender, que possui habilidades que
serão úteis para a empresa, que precisa de uma oportunidade, etc. Se você
fez algum trabalho voluntário, isso pode ser citado.

• Escreva um “roteiro” para guiar a sua fala para evitar se perder, mas evite ler
durante o vídeo. O roteiro serve como preparação anterior.

• Utilize linguagem formal. Não utilize gírias, abreviações de palavras,


palavrões.

• Fale de suas qualificações técnicas, mas também das comportamentais,


comunicacionais, etc.

• Não grave o vídeo deitado ou dirigindo. Procure gravar sentado em uma


cadeira ou em pé. Inicie com um cumprimento e finalize com uma frase de
encerramento. É considerado um ato de gentileza agradecer no final pelo
tempo que a pessoa (recrutador) destinou para ouvi-lo.

• A roupa usada precisa necessariamente ser “social”, mas detalhes como


roupas muito amassadas ou sujas, são pontos para levar em consideração.
Procure usar uma roupa que você usaria em uma entrevista presencial.

23
• Você não precisa gravar o vídeo em um escritório, mas o local deve ser
silencioso, organizado e bem iluminado. Certifique-se que não haverá
distrações, você precisa ser o centro das atenções.

Forma de entrega
Texto do memorial descritivo em formato PDF e arquivo de vídeo ou o link de
acesso ao vídeo, caso o vídeo fique em um formato superior ao suportado pelo
AVA publicados em ferramenta indicada pelo professor/tutor do Ambiente
Virtual de Aprendizagem (AVA).

24
ESTUDO E PRÁTICA I:
PROCESSOS COMUNICATIVOS

Com o avanço de novos modelos empresariais, as soft skills (habilidades não


técnicas) passaram a ser mais requisitadas, uma delas é a comunicação. Se você
quer se desenvolver profissionalmente, venha aprender aqui sobre como se
comunicar de forma eficiente!

E-book

Aqui será tratado como acontece a comunicação


humana, partindo do princípio de que a comunicação é
uma capacidade que se desenvolve a partir do convívio
com o outro. A comunicação é, portanto, um processo
que precisa da interação com o outro para adquirir sentido.
Para você compreender o funcionamento desse processo
que existe na interação com o outro, serão abordados aqui alguns
conceitos importantes, por exemplo: a diferença entre língua, fala e
linguagem; a intencionalidade do discurso, a ideologia, persuasão da mídia e
do discurso político; os elementos do processo comunicativo; as funções da
linguagem; os níveis de linguagem formal e não formal; a variação linguística;
os tipos de linguagem verbal, não verbal, mista e os tipos de textos. Todos esses
conhecimentos vão ajudar você a desenvolver a habilidade da comunicação, tão
almejada pelas empresas atualmente.
Para ser um bom profissional e estar preparado para enfrentar os desafios do
mercado de trabalho, você precisa desenvolver a habilidade de comunicação,
ainda que você tenha como meta trabalhar com tecnologia avançada. Então,
explore os conteúdos a seguir no e-book.

25
O processo de comunicação
COMUNICAÇÃO
O filósofo grego Aristóteles definiu sofisticada como a que temos hoje.
o ser humano como um animal polí- Gemidos dariam conta de manifestar,
tico. Com as devidas desculpas pela dor e gritos seriam suficientes para
análise demasiadamente rápida, po- afastar algum pequeno animal inde-
demos entender que o filósofo queria sejado. Porém, vivendo em grupo, as
nos dizer que o ser humano tem a ne- demandas comunicativas vão muito
cessidade de viver em sociedade, pois além de gemidos e gritos. Foi preciso
necessita da convivência com o outro fazer acordos, garantir a seguran-
para desenvolver suas capacidades, ça, dividir alimentos, sem falar na
entre elas a da linguagem. “perpetuação da espécie”, que ficou
Longe de diminuirmos e encerrar- bem mais complexa e dependente
mos a questão, parece óbvio que se o da comunicação. Muito mais do que
ser humano fosse um animal que vive aprender a falar, foi preciso aprender
isolado ele não teria a necessidade a comunicar pensamentos, ideias,
de ter uma capacidade comunicativa desejos e necessidades.

28 O processo de comunicação
Atenção
Quando nos comunicamos, fazemos isso a partir do reconhecimento da
existência do outro e da intenção de que o outro também se comunique.
A partir da troca, se fez a evolução da comunicação humana. Nos
comunicamos porque precisamos da troca. E isso pressupõe que
precisamos do outro. A comunicação, ou a linguagem, no dizer de
Aristóteles, se faz porque precisamos do outro para viver e desenvolver.
A comunicação, ao mesmo tempo que nos promove ao status de animal
racional, nos descobre como seres emotivos e carentes do outro.

Pois bem, somos animais que nos comunicamos de forma complexa! E agora?
Agora, é importante entender como isso tudo funciona. Afinal, se a comunicação
é a chave da vida em grupo, precisamos dela para abrir as portas das relações
que estabelecemos, inclusive no mundo do trabalho.

Reflita
Você acredita que com a inserção da tecnologia no
mercado de trabalho, a necessidade de se comunicar
diminuiu?
Considerando que as máquinas estão cada vez mais
substituindo o ser humano no trabalho diário, você acredita que a
comunicação tende a ser descartada ou pelo menos mais limitada?

O processo de comunicação 29
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
Em termos práticos, a comunica- Individualmente não se pode al-
ção é um processo que solicita a utili- terar a língua, mas a partir do uso
zação de alguns recursos e elementos e do consenso ela sofre alterações
básicos. Você já pensou na diferença em decorrência de fatores históricos,
entre fala, língua e linguagem? sociais e culturais. Por outro lado, a
Tomando como referência os es- fala é individual e garante ao falan-
tudos de Ferdinand Saussure (1995), te a liberdade para usá-la. A fala é a
pode-se considerar que a língua é condição para que a língua ocorra, é
“um conjunto de convenções neces- o ato de uso da língua. A língua reúne
sárias, adotadas pelo corpo social” palavras seguindo regras gramaticais
que permite o uso da linguagem. específicas e a fala segue também
Portanto, é uma produção social que essas regras, mas é bem mais flexível,
possui estabilidade, mas se altera de pois sofre influência de fatores como
acordo com as necessidades e vonta- o contexto, a personalidade e a faixa
des da coletividade. etária do falante.

Curiosidade
Você sabia que a Língua Portuguesa é a língua oficial de
nove países? São eles: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-
Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São
Tomé e Príncipe e Timor Leste.

30 O processo de comunicação
A linguagem é resultado da soma de língua e fala. Marcos Bagno (2014) de-
fine a linguagem como “todo e qualquer sistema de signos empregados pelos
seres humanos na produção de sentido, isto é, para expressar sua faculdade de
representação da experiência e do conhecimento”.

Perceba que a linguagem possibilita comunicar ideias ou sentimentos


e interpretar o sentido daquilo que é manifestado pelos outros na
vida em sociedade.

A linguagem é um sistema de representações, e dentro desse sistema tem-se


como unidade básica o signo, que é o que possibilita a sensação de que algo faz
sentido. Para Saussure (2006, p. 84), o signo é formado pela soma do significado
(conceito) e do significante (imagem acústica/impressão psíquica). O que se no-
meia de “imagem acústica” é basicamente aquilo que aparece na consciência do
indivíduo quando ele pensa em uma palavra. Ao escutarmos a palavra computa-
dor, que é um signo, reconhecemos os sons que formam a palavra e vinculamos
a esses sons uma imagem mental de um computador.

Hoje recebi um
novo computador
para trabalhar.

O processo de comunicação 31
Curiosidade
Você sabia que a Língua Brasileira de Sinais (Libras) é
uma língua com estrutura gramatical própria e não uma
linguagem? É a segunda língua oficial do Brasil, utilizada
pela comunidade surda brasileira, reconhecida pela Lei
Nº 10.436, de 24 de abril de 2002.

COMUNICAÇÃO E INTENCIONALIDADE DISCURSIVA

A comunicação não é um elemento vale para um bebê que fica calmo no


neutro na vida do ser humano. Sem- colo e quando colocado no berço inicia
pre que nos comunicamos, fazemos o choro, e vale também para o chefe
isso com algum objetivo, com alguma que, diante da possibilidade de perda
intenção, que por vezes pode não ser de lucro, pede que os colaboradores
tão clara, até mesmo para quem co- “vistam a camisa da empresa e sintam-
munica, mas ainda assim a comunica- -se parte de uma família”. Nessas duas
ção está presente. Chamamos isso de situações é possível perceber o sutil
intencionalidade discursiva. domínio que a comunicação é capaz de
Considerando a característica da exercer.
intencionalidade, assumimos que a Ao considerar que a comunicação
comunicação exerce um poder, uma tem uma intencionalidade, torna-se
influência capaz de seduzir, persuadir, necessário elencar outras característi-
convencer, provocar e conquistar. Isso cas relevantes:

32 O processo de comunicação
• Inevitabilidade:

Se existe mais de uma pessoa em um local, inevitavelmente a


comunicação vai acontecer. E aqui é preciso reconhecer que somos seres
culturais e, por isso, nos expressamos através de nossas roupas, nosso
corte de cabelo, o ritmo que imprimimos ao caminhar, o modo como nos
movimentamos e até mesmo o silêncio comunica algo.

• Irreversibilidade:

Existe um antigo provérbio chinês que diz que “há três coisas que nunca
voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade
perdida”. Para além do seu significado prático, esse pensamento popular
nos remete ao fato de que quando comunicamos algo, não podemos voltar
atrás e simplesmente apagar. Podemos nos desculpar quando transmitimos
algo de maneira equivocada, porém o impacto e a reação provocada não
podem ser excluídos do tempo vivido.

• Irrepetibilidade:

Cada momento da comunicação é único e não se repete. Por mais que


você tente repetir as mesmas palavras no mesmo espaço de tempo,
modificações irão acontecer, pois o emissor e o receptor são pessoas,
e por isso são passíveis de mudanças que influenciam a forma de
comunicar. Isso significa que a comunicação exige atenção.

O processo de comunicação 33
MÚLTIPLAS LINGUAGENS: IDEOLOGIA, PERSUASÃO DA
MÍDIA E DO DISCURSO POLÍTICO
Você provavelmente já comprou algo que não precisava ou que nunca usou
só porque o vendedor foi convincente. Quando o assunto é vendas, o importante
é criar a necessidade, ainda que ilusória. A publicidade utiliza a linguagem para
criar uma necessidade que não temos e depois criar a ideia de que, além de ser
útil, ter um determinado produto vai trazer status social.

Contudo, não são só produtos que a publicidade vende. Ela oferece também
ideias. Para entender melhor como esse processo funciona é preciso trazer à
tona o conceito de ideologia. O termo “ideologia” foi criado pelo filósofo An-
toine Destutt de Tracy (1754-1836), que pretendia elaborar uma “ciência das
ideias”, que fosse capaz de analisar a origem e o desenvolvimento de todas as
ideias, assim como de suas consequências. Porém, o termo ganhou outros signi-
ficados e até mesmo uma conotação pejorativa ao longo do tempo.
Para o filósofo Norberto Bobbio (2004), ideologia pode ser entendida a partir
da sua divisão em duas partes, uma parte fraca e outra forte. No seu significa-
do fraco, a ideologia designa um conjunto de ideias e de valores que têm como

34 O processo de comunicação
função orientar os comportamentos políticos coletivos. O significado forte tem
origem marxista e relaciona ideologia à falsa consciência das relações de domí-
nio entre as classes, ou seja, traz a noção da falsidade, de ideologia como uma
crença falsa.

A publicidade se apropria da ideologia neste último sentido, quando


cria uma realidade diferente da vivida pelas pessoas para forjar
necessidades e desejos que estimulem a compra. Por isso, ao comprar
um produto, o cliente compra também a ideia presente na propaganda
publicitária, como: o padrão de beleza, o desenho de família perfeita,
de emprego dos sonhos, de roupa adequada, etc.

A arte de persuadir e convencer também é utilizada nos discursos políticos,


em que um candidato vende a sua imagem de alguém que vai resolver todos os
problemas e tenta convencer que ele é o que a política precisa. No discurso pu-
blicitário e político existe uma camada pouco visível que é composta de algumas
características, como: argumentação, estratégia, controvérsia, posição e persua-
são, uso da linguagem apelativa, induz a aceitação de uma ideia ou produto, etc.

O processo de comunicação 35
Curiosidade
Na Grécia antiga, a democracia exigia que aqueles que
eram cidadãos defendessem publicamente suas ideias
sobre os rumos da cidade (polis). Por isso, quem tinha
condições financeiras pagava professores particulares que
ensinavam oratória, que é entendida como a arte de falar
bem, e retórica, que é a capacidade de convencer o outro através da fala.
Por isso, até hoje o discurso político é visto como elemento central em uma
campanha eleitoral.

No dia a dia torna-se necessário ter senso crítico para analisar, refletir e não
acreditar em tudo o que vemos e ouvimos. Precisamos perceber as ideias e in-
tencionalidades presentes nos discursos, inclusive no nosso. Nós também costu-
mamos utilizar algumas ferramentas persuasivas quando queremos convencer
alguém de algo. No ambiente de trabalho, por vezes, você pode usar a linguagem
apelativa para conseguir um favor de um colega ou alguma estratégia de escolha
de palavras para evitar dizer exatamente o que pensa em uma reunião ou quando
um colega pede a sua opinião sobre uma solução que ele desenvolveu.

Mão na massa

Na publicidade, o ponto central é a mensagem. Um texto


sucinto e atrativo deve ser usado de forma sugestiva
e convincente. Um logotipo e um slogan definem a
identidade da marca que será lembrada pelos clientes.
Com base nessas características, analise a publicidade que a
empresa em você trabalha faz e tente perceber se ela utiliza alguns desses
elementos. Caso você não esteja trabalhando, escolha uma empresa de sua
preferência e realize este exercício.

36 O processo de comunicação
ELEMENTOS DO PROCESSO COMUNICATIVO
Existem muitas formas de conceituar o termo comunicação. A palavra comuni-
cação deriva do latim communicare, que significa “tornar comum”, “participar de
algo”, “partilhar’’. Dessa forma, entende-se que a comunicação é o processo pelo
qual tornamos uma informação comum,
ou seja, partilhamos com o outro aquilo
que conhecemos, pensamos, sentimos,
desejamos, queremos, fazemos, etc. E
esse ato de partilha pode acontecer de
variadas formas, mas é preciso compre-
ender o espaço que o outro ocupa nesse
processo.
No início do século 20, o linguista
russo Roman Jacobson (1896-1982)
formulou, com base em uma teoria an-
terior, um modelo que busca descrever
como funciona a comunicação humana. Ele entendeu que o processo comunica-
tivo é composto por seis elementos que se relacionam com algumas funções e
se complementam.
Os elementos do processo comunicativo são: emissor (quem emite), receptor
(quem recebe), mensagem (o que é emitido), canal (por onde é emitido), código
(como é emitido), referente (assunto ou contexto em que é emitido). Além des-
ses, pode-se ainda citar: o ruído (atrapalha o que é emitido) e o feedback (retor-
no sobre o que foi emitido).

Curiosidade
No processo de comunicação, o emissor também pode
ser chamado de “codificador”, pois ele utiliza um código
para se comunicar. E o receptor pode ser chamado de
“decodificador”, pois ele precisa decodificar, “traduzir”
o código utilizado na mensagem.

O processo de comunicação 37
Confira a seguir um exemplo de como se dá o processo comunicativo em uma
conversa entre duas pessoas:

Mensagem Código
Aquilo que é transmitido Conjunto de signos, linguagem utilizada. Pode
pelo emissor. ser a Língua Portuguesa, a Língua Brasileira de
Contexto ou Referente Sinais (LIBRAS), sistema de escrita Braile. Etc.
Situação ou assunto a que
se refere a mensagem. 1
A solução que você Canal
apresentou é muito Meio físico ou virtual pelo qual a
boa! mensagem é transportada. Pode ser
televisão, computador, telefone, livro,
2 ar que você usa na voz (na fala) sons,
Obrigado! Mas foi cores, cheiros, etc.
trabalho em equipe.
Todos contribuíram.
Ruído/Barreira
Ocorre quando existe
Feedback uma interferência que
Retorno. Resposta dada afeta a transmissão da
pelo receptor. mensagem e ela não é
Receptor Emissor compreendida. Pode
Destinatário. Aquele que Aquele que transmite a ser devido a
recebe a mensagem. Pode ser mensagem. Pode ser uma problemas,
uma pessoa, um grupo, um pessoa, um grupo, uma emocionais, físicos ou
animal, etc. empresa, uma instituição, etc. técnicos, etc.

Figura 1 - Exemplo processo comunicativo


Fonte: da Autora (2022)

Pode-se simplificar dizendo que, com o objetivo de dar início ao


processo comunicativo, o emissor decide qual o código e qual
canal ideal para que sua mensagem chegue ao receptor e produza
entendimento efetivo.

38 O processo de comunicação
Para exemplificar, imagine uma situação comum em uma empresa: você
(emissor) envia um e-mail para um cliente (receptor) que irá receber e ler a sua
mensagem. O canal será o meio pelo qual o e-mail será lido, que pode ser um
celular, um computador, um tablet, etc. O código utilizado foi a Língua Portu-
guesa e o referente é o assunto da mensagem que no caso é o projeto que foi so-
licitado pelo cliente. Nesse caso, imagine que ocorreu um ruído, uma barreira de
comunicação devido a diferenças culturais, pois o cliente é uma pessoa estran-
geira que ainda não domina a Língua Portuguesa e não entende completamente
a mensagem. O cliente responde (feedback) apresentando algumas dúvidas, mas
aprovando o projeto. A partir disso o processo pode ser reiniciado ou concluído.

Reflita
Você consegue imaginar uma situação cotidiana no
trabalho em que seja possível identificar os elementos
da comunicação?

FUNÇÕES DA LINGUAGEM
Quando nos comunicamos, fazemos isso com um objetivo. Por isso, a lin-
guagem passa a ter uma função que depende desse objetivo. Cada função está
ligada a um dos elementos da linguagem. Confira a seguir:

O processo de comunicação 39
Funções
Mantém o foco Características/Exemplos
da linguagem

Função Emotiva Ênfase no “eu”. Opinativa, subjetiva.


Emissor
(expressiva) Ex: depoimentos, entrevistas, música

Função conotativa Tenta influenciar e convencer. Ex:


Receptor
(apelativa) Publicidade, discursos políticos...

Função O código explica o próprio código.


Código
metalinguística É autoexplicativa. Ex: Dicionário.

Função Caráter informativo. Possui clareza e


referencial ou Referente/Contexto objetividade. Ex: Revistas, jornais, livros
denotativa didáticos, textos científicos...

Procura testar a comunicação


prolongando ou interrompendo a
Função tática Canal
conversa. Ex: “Alô” e “Tchau” em
conversa telefônica.

Se preocupa mais com a estrutura. Ex:


Função poética Mensagem
obras literárias, poemas...

Figura 2 - Funções da linguagem


Fonte: da Autora (2022)

Na comunicação empresarial, a função da linguagem mais utilizada é a refe-


rencial com foco no contexto, pois esse ambiente exige objetividade e clareza
na comunicação. Porém, não significa que as outras funções são menos impor-
tantes. Quando é preciso convencer um cliente de que a solução oferecida pela
empresa é a melhor do mercado, é usada a função conotativa. A função fática é
utilizada quando precisa-se verificar o canal para evitar ruídos, buscando man-
ter a comunicação ativa durante todo o tempo de uma conversa telefônica, por
exemplo. Observe a tirinha:

40 O processo de comunicação
Figura 3 - Exemplo de função fática
Fonte: Adaptado de Português (2022)

Esse tipo de comunicação é bastante comum no cotidiano de uma empresa.


Seja uma “conversa de elevador” ou naquele momento de espera antes de uma
reunião começar, ou ainda, quando se quer evitar o silêncio total, o fato é que a
função fática está presente em muitos momentos de interação.
Também é possível identificar uma função da linguagem em um aviso recebi-
do na rede social da empresa. Observe esse exemplo em que a função referen-
cial foi utilizada:

Linguagem denotativa Objetividade


(sentido literal) Aviso
Nesta sexta-feira, a feira
de Recursos Humanos não Concisão
Tem objetivo de informar fará atendimento externo.
Estaremos em reunião. Imparcialidade
Agradecemos a
Preferência pelo uso
compreensão.
da 3°pessoa
Clareza

Figura 4 - Exemplo de função referencial


Fonte: da Autora (2022)

Com esse exemplo, também pode-se perceber que conhecer as funções da


linguagem contribui muito para o desenvolvimento da capacidade de interpreta-
ção de textos. Ao contrário do que muitos pensam, interpretar textos não é uma
atividade que fazemos somente enquanto estudantes. No cotidiano do trabalho
também é preciso utilizar essa capacidade com desenvoltura.

O processo de comunicação 41
Atenção
A interpretação de texto é um passo além da simples leitura. Trata-
se da capacidade de entender o significado das palavras dentro de
um contexto e de atribuir sentido para elas. Se o profissional tem
dificuldade em interpretar textos, isso pode acarretar dificuldades em
compreender, por exemplo, um e-mail ou um documento em que o
cliente especifica os requisitos do produto de que necessita. Uma leitura
equivocada pode gerar atrasos no projeto e desgaste para a equipe.

Mão na massa

Que tal colocar em prática um pouco do que você


aprendeu até aqui? Busque identificar a função fática
da linguagem em alguma situação real que você já
vivenciou no trabalho ou em outras situações.

NÍVEIS DE LINGUAGEM: FORMAL E NÃO FORMAL


Com o advento das tecnologias digitais, a comunicação humana se diversifi-
cou e ampliou o entendimento das pessoas sobre velocidade e alcance da co-
municação. No ambiente de trabalho não foi diferente. A possibilidade de trocar
mensagens de forma rápida com pessoas de qualquer lugar do mundo é fasci-
nante. Mas também pode trazer alguns problemas de comunicação.

42 O processo de comunicação
Atualmente, a adoção de aplicativos para troca de mensagens e reuniões on-
line são vistos como indispensáveis pelas empresas. E de fato essas ferramentas
podem colaborar e muito para a comunicação interna e externa das empresas.
Porém, a facilidade também acaba trazendo a ideia de informalidade.

A linguagem não formal é também chamada de informal e a linguagem


formal é chamada de linguagem culta ou padrão. Todas as formas de uso
são consideradas corretas.

No passado recente, o correio eletrônico tornou-se um importante canal de


comunicação, mas pelo fato de já ter nascido com foco na comunicação empresa-
rial, a escrita de um e-mail sempre solicitou a manutenção da formalidade no uso
da linguagem aplicada. Já no caso do surgimento do WhatsApp, por exemplo, seu
uso não foi direcionado a situações específicas, o que tornou o aplicativo bastante
popular sem que houvesse o estabelecimento de regras para esse uso e a informa-
lidade acabou ocupando esse espaço. Por isso, torna-se cada vez mais importante
que o bom profissional reconheça em que circunstâncias a linguagem informal
pode ser usada e quando existe a necessidade da utilização da linguagem formal.

O processo de comunicação 43
Atenção
Através da convivência com o outro e da identificação das
características do contexto, foi estabelecido uma diferenciação no uso
da linguagem oral e da linguagem escrita. A oralidade está vinculada à
naturalidade e a escrita está ligada à necessidade de permanência da
mensagem no tempo e no espaço. Em outras palavras, aquilo que é dito
se perde ou se modifica com facilidade, já o escrito permanece.

Por isso, é comum a utilização da linguagem informal quando conversamos


com uma pessoa, mesmo no ambiente de trabalho. Porém, ao escrever um
e-mail ou um relatório utiliza-se obrigatoriamente a linguagem formal. Isso não
significa que a oralidade seja sempre feita de maneira informal e que a escrita
seja sempre formal. Ao escrever um bilhete para alguém próximo, por exemplo,
podemos usar a linguagem informal. E quando nos comunicamos de forma oral
em um contexto que exige a linguagem formal, como uma entrevista de empre-
go, por exemplo, precisamos respeitar essa necessidade.

44 O processo de comunicação
Uma das principais características da linguagem não formal é que ela admite
gírias, abreviações e até mesmo erros de concordância verbal, pois o mais impor-
tante é que a mensagem seja transmitida. Seu uso está presente em conversas
com amigos, familiares, pessoas mais próximas e em situações de lazer e des-
canso. Por outro lado, a linguagem formal ou culta é caracterizada pelo respeito
às regras de gramática e concordância verbal e nominal, é planejada e revisada.

Dica
É comum acontecerem situações, inclusive no ambiente
de trabalho, em que surge a dúvida sobre como usar a
linguagem e se é mais adequado utilizar a linguagem
formal ou a informal. A dica nessa situação é atentar para
uma das principais diferenças no uso da linguagem formal e da
linguagem informal, que é o nível de proximidade entre emissor e receptor.
Se as pessoas com quem você estiver se comunicando forem próximas, você
até pode usar a linguagem informal, dependendo do contexto. Porém, se as
pessoas não forem próximas, se você não tiver intimidade, a melhor opção é
a linguagem formal.

É importante notar que os dois níveis da linguagem, o formal e o informal,


promovem a comunicação, mas não dão garantia de compreensão por parte do
receptor em ambos os casos de uso. Uma mensagem informal pode ser mal in-
terpretada, assim como um texto formal. Por isso, não podemos considerar que
uma forma é mais importante que a outra. Em determinado contexto e tempo
uma pode ser mais adequada, mas não mais importante. A comunicação é um
processo complexo e é preciso tomar cuidado para não transformar o uso da
linguagem em fonte de preconceito e exclusão.

O processo de comunicação 45
Figura 5 - Exemplo de processo comunicativo concluído
Fonte: Adaptado de Tiras Armandinho (2022)

Ao ler e interpretar essa tirinha, perceba que o emissor (personagem da meni-


na) utilizou a linguagem não formal na escrita de uma carta, provavelmente por
ser uma criança e ainda não dominar as regras da Língua Portuguesa. Porém, a
sua mensagem foi recebida pelo receptor (pai) que a compreendeu e retornou
com uma nova mensagem. O processo comunicativo foi concluído de forma efi-
ciente, mesmo com o uso da linguagem não formal.

VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS
A linguagem formal visa padronizar o uso da linguagem para promover o
maior entendimento da mensagem que se quer transmitir. Porém, a língua é um
elemento da cultura que é vivo, dinâmico, fluido e por isso é passível de mudan-
ças e variações. Portanto, variações linguísticas são as diferentes formas de falar
o idioma. Trata-se de um movimento natural e comum do uso da língua.
As variações linguísticas podem ser separadas em quatros grupos:

TIPO CARACTERÍSTICA EXEMPLO

Variação geográfica Ocorre porque diferentes Aipim, mandioca, macaxeira; sacolé,


(ou diatópica). regiões do país têm diferentes dindim, geladinho.
hábitos, culturas, tradições.

Variação histórica Variação que ocorre de acordo Termo “você” - No português ar-
(diacrônica). com as diferentes épocas vivi- caico, a forma usual desse pronome
das pelos falantes. de tratamento era “vossa mercê”,
que, devido a variações inicialmente
sociais, passou a ser mais usada fre-
quentemente como “vosmecê”.

46 Comunicação
O processo deOral
comunicação
e Escrita
TIPO CARACTERÍSTICA EXEMPLO

Variação social (dias- Ocorrem de acordo com os Gírias, termos técnicos.


trática). hábitos e cultura de diferentes
grupos sociais.
Para gerarem sentimento de
pertencimento e de identidade,
os grupos desenvolvem uma
linguagem própria.

Variação estilística Ocorre em situações em que a Modo de falar com uma criança e
(diafásicas). pessoa altera sua maneira de com um adulto, modo de falar com
falar dependendo do ambiente um amigo e em uma entrevista de
em que está se comunicando emprego.
(formal ou informal).

Quadro 1 - Variações linguísticas


Fonte: da Autora (2022)

Observe a imagem que segue e perceba a grande variação que acontece em


diferentes regiões do país para nomear os mesmos itens.

Égua
Norte
pão careca picadinho
égua tangerina
Mah
Nordeste
pão massa grossa carne moída
mah tangerina

Centro-oeste
pão francês patinho moído
vote mexerica
Vote
Sudeste
pão francês carne moída
coé mexerica
Coé
Sul
Bah pão cacetinho guisado
bah bergamota
Figura 6 - Variações linguísticas em regiões do Brasil
Fonte: da Autora (2022)

OComunicação
processo de Oral
comunicação
e Escrita 47
Muitas vezes as variações demonstradas pelos sotaques, gírias, termos antigos
são vistos com bom humor e leveza. Porém, as variações linguísticas também re-
velam as diferenças sociais existentes em nosso país, pois uma grande parcela da
população ainda não tem acesso à educação de qualidade e a bens culturais que
contribuam para o conhecimento mais amplo da Língua Portuguesa.
Nesse sentido, a linguagem formal ou culta tornou-se uma forma de sepa-
rar aqueles que a dominam e conseguem prestígio social e aqueles que não a
dominam e são excluídos, ou seja, o uso da língua se tornou um elemento de
discriminação. Isso é chamado de preconceito linguístico, que é o ato de discri-
minar alguém pelo uso que essa pessoa faz da língua, ou seja, pela forma como
a pessoa se comunica oralmente (pronúncia) ou por escrito (gramática). Quanto
mais distante da norma culta, maior será o julgamento sofrido.

48 O processo de comunicação
Curiosidade
Você sabia que o conceito de preconceito linguístico
começou a ser debatido depois que o livro Preconceito
Linguístico: o que é e como fazer, do pesquisador e
escritor Marcos Bagno, foi lançado em 1999? Na obra, o
escritor fala sobre como é comum que seja disseminado o
preconceito linguístico em relação a regionalismos, sotaques e diferenças
socioculturais.

Ao estudar e entender que a comunicação é um processo dinâmico e passível


de mudanças, fica mais fácil compreender que não há erro, o que existe é um
uso considerado mais adequado ao meio, ao contexto em que emissor e recep-
tor estão inseridos. Isso é o que chamamos de adequação linguística, ou seja, a
adaptação da linguagem a cada situação em que precisamos utilizá-la.
No ambiente de trabalho, torna-se fundamental respeitar o uso da linguagem,
assim como sotaques e regionalismos, visto que o Brasil é um país com uma
grande diversidade cultural e isso se manifesta através da linguagem.
É essencial frisar que a língua não é uniforme, por isso é importante aprender
e conhecer as regras de uso da nossa língua para nos adequarmos ao ambiente
em que vivemos, mas devemos estar atentos e refletir sempre para evitar tornar
a linguagem um instrumento de preconceito.

Reflita
Você já se sentiu vítima de preconceito linguístico em
alguma situação? E o contrário já aconteceu? Em algum
momento você já teve alguma atitude ou pensamento
preconceituoso relacionado ao modo como alguém
falou?

O processo de comunicação 49
USO DE ESTRANGEIRISMOS
Quem vive no Brasil fala português, certo? Bem, mais ou menos. A língua oficial
do Brasil é a Língua Portuguesa, mas como já vimos, a língua sofre variações e
alterações ao longo do tempo e uma dessas alterações é o uso de palavras prove-
nientes de outra língua. Isso acontece com o espanhol, o francês, o italiano, entre
outras línguas. Mas nos últimos anos, a influência é maior da língua inglesa. Pala-
vras como playlist, diet, design, delivery, fitness, jeans, shopping center, spray, hot
dog, show, notebook e marketing são exemplos de estrangeirismo.

O estrangeirismo é o processo linguístico, entendido por alguns especialistas


como vício de linguagem, que resulta no emprego de uma palavra, expressão
ou construção frasal de outro idioma a uma língua nativa. Esse fenômeno sofreu
a influência da globalização e do maior uso das tecnologias digitais em nossas
vidas nas últimas décadas.

50 O processo de comunicação
Por isso, na área da tecnologia é muito comum o uso de
estrangeirismos. Como muitas novidades do setor de tecnologia
são desenvolvidos em países de língua inglesa, alguns termos são
aceitáveis, já que nem sempre vai existir uma tradução direta ou simples
para o português. Em alguns casos o uso de algumas palavras já está tão
fixado na comunicação cotidiana que ninguém mais questiona. É o caso
de palavras como: login, delete, download, e-mail, enter, game, bug,
target, keyword, budget, off, link, networking, online, backstage, dress
code, fitness, home office, entre outros.

O problema é quando a inclusão de palavras em outro idioma se torna exces-


sivo e o emissor não se preocupa se os receptores estão entendendo a mensa-
gem transmitida. Quando o uso da língua é feito de forma leviana, isso pode criar
uma barreira na comunicação e gerar constrangimento para quem não sabe falar
o idioma. Observe o exemplo:

Bom dia, vocês trouxeram o briefing?


Precisamos fazer um brainstorm para definir o tema do
workshop com o coach. Eu vou enviar o invite para fazermos
uma call sobre esse assunto. O CEO pediu para darmos
feedback logo, pois o deadline do job está próximo.
Não podemos decepcionar o board!”

Figura 8 - Exemplo de barreiras de comunicação


Fonte: da Autora (2022)

O processo de comunicação 51
Nesse diálogo temos uma frase cur- como um elemento de exclusão. Uma
ta com quatro palavras em inglês. Você outra resposta poderia ser o fato da
consegue perceber que neste caso convivência com um grupo em que isso
o uso de palavras em outro idioma é é comum. Por exemplo, uma pessoa
demasiado e a comunicação se torna começa a trabalhar em uma empresa
cansativa? Além disso, uma pesquisa da área da tecnologia e passa a convi-
realizada pela British Council concluiu ver com pessoas que têm o habito de
que apenas 5% dos brasileiros falam incluir em demasia palavras em inglês
inglês e somente 1% da população nas conversas. Na busca por reconhe-
possui fluência na língua. Isso demons- cimento e inclusão a pessoa repete a
tra que saber falar inglês com fluência ação sem questionar.
está longe de ser a realidade da maio- O fato é que a Língua Inglesa do-
ria dos brasileiros. minou o cenário corporativo e os pro-
Mas então, por que algumas pesso- fissionais devem se adaptar. Porém, é
as insistem em usar muitas palavras preciso ter sempre uma boa dose de
em inglês na sua comunicação diária? bom senso para não exagerar. Nesse
Bem, uma indicação de resposta é que caso, a palavra de ordem é necessida-
justamente por saber que muitas pes- de. Sempre se pergunte se existe ne-
soas não dominam a língua inglesa, a cessidade real de usar uma palavra ou
pessoa usa isso para se promover, para expressão em outro idioma ou se exis-
demonstrar que sabe mais do que os te uma palavra na Língua Portuguesa
outros, o que é uma atitude extrema- que pode ser utilizada no contexto da
mente inadequada. Lembre-se que mensagem. Se existir palavra na nossa
a língua não deve ser utilizada como língua, dê preferência a ela e evite o
forma de demonstrar status social e estrangeirismo.

52 O processo de comunicação
Mão na massa

Na letra da música “Samba do Approach”, o compositor


Zeca Baleiro ironiza a mania brasileira de gostar de
palavras e modismos estrangeiros. Você já participou de
conversas em que alguém fala dessa forma, utilizando
termos em inglês sem necessidade? Você tem esse hábito?
Tente perceber em seu dia a dia esse tipo de utilização dos termos em inglês.

Samba do Approach E fui prá Miami Beach


Venha provar meu brunch Posso não ser pop-star
Saiba que eu tenho approach Mas já sou um noveau-riche...
Na hora do lunch Venha provar meu brunch
Eu ando de ferryboat...(2x) Saiba que eu tenho approach
Eu tenho savoir-faire Na hora do lunch
Meu temperamento é light Eu ando de ferryboat...(2x)
Minha casa é hi-tech Eu tenho sex-appeal
Toda hora rola um insight Saca só meu background
Já fui fã do Jethro Tull Veloz como Damon Hill
Hoje me amarro no Slash Tenaz como Fittipaldi
Minha vida agora é cool Não dispenso um happy end
Meu passado é que foi trash... Quero jogar no dream team
Venha provar meu brunch De dia um macho man
Saiba que eu tenho approach E de noite, drag queen...
Na hora do lunch Venha provar meu brunch
Eu ando de ferryboat...(2x) Saiba que eu tenho approach
Fica ligado no link Na hora do lunch
Que eu vou confessar my love Eu ando de ferryboat...(7x)
Depois do décimo drink (Zeca Baleiro. Perfil, CD 3105-2,
Só um bom e velho engov Som Livre, 2003.)
Eu tirei o meu green card

O processo de comunicação 53
OS TIPOS DE LINGUAGEM
Podemos considerar que existem tipos de linguagem: linguagem verbal, lin-
guagem não verbal e linguagem mista.

• A linguagem verbal é expressa pelo “verbo” na forma de palavras


escritas e palavras faladas.
• A linguagem não verbal é expressa por gestos, sons, sinais, imagens,
desenhos, cores, expressão facial e corporal, símbolos, etc.
• Já a linguagem mista é composta pela linguagem verbal e pela não
verbal, como: cinema, teatro, quadrinhos, etc.

No contexto empresarial, as duas formas de linguagem circulam e o domínio


da comunicação eficiente é considerada atualmente como uma característi-
ca-chave dos bons profissionais. A linguagem verbal é utilizada durante uma
reunião ou na troca de mensagens por e-mail ou WhatsApp, por exemplo. Já a
linguagem não verbal é manifestada pelo uso de gestos como um aceno com as
mãos, pela postura que se mantém ao sentar-se e pela expressão facial que é
demonstrada ao receber uma nova tarefa.

54 O processo de comunicação
Atenção
Como profissional, você deve buscar um entendimento claro tanto da
linguagem verbal como da não verbal, pois isso irá refletir no modo
como você se relaciona com seus colegas e com os clientes e pode ser
decisivo no momento de evitar ou solucionar conflitos.

Pense em uma entrevista de emprego, por exemplo. Um momento normal-


mente tenso em que você pode se sentir desconfortável por estar sendo avalia-
do, porém deve tomar cuidado para não manifestar isso através da linguagem
não verbal, como esfregar as mãos constantemente, mexer muito no cabelo ou
na roupa. Ficar de braços cruzados pode passar uma mensagem de que você não
está prestando atenção ou é uma pessoa fechada. Por outro lado, sorrir com
naturalidade pode transmitir que você é uma pessoa aberta e que está se sentin-
do seguro mesmo diante de uma situação desafiadora, o que pode ser entendido
como uma característica positiva pelo entrevistador.

O processo de comunicação 55
Depois de conquistar a desejada do que o prazo de entrega já venceu.
vaga, imagine que você precisa ter Isso traria insegurança para o ambien-
uma reunião com um cliente. Neste te de trabalho.
momento, é prudente se vestir de uma Também é preciso saber manter o
maneira adequada para a situação, controle da voz para não transmitir uma
evitar apertos de mão muito fortes mensagem de arrogância ao distribuir
que podem ser desconfortáveis, evitar tarefas ou de apontar um erro de uma
forçar intimidade com perguntas pes- colega.
soais podem provocar constrangimen- Outro aspecto importante é encon-
to, buscar manter contato visual pode trar o tom adequado em uma reunião
transmitir confiança e segurança. quando você precisa apresentar um
No ambiente de trabalho, um ele- novo projeto ou defender um trabalho
mento importante no uso da lingua- que já foi desenvolvido, por exemplo.
gem verbal no ambiente de trabalho No caso de ter sua mesa de trabalho
é o tom da voz. Certamente, você já muito próxima da de outro colega, pro-
vivenciou alguma situação em que o cure adaptar a altura da voz ao conver-
tom de voz utilizado pela pessoa não sar para não atrapalhar a concentra-
foi compatível com o conteúdo da sua ção dos demais. Se um colega estiver
fala ou com o contexto. Por exemplo: falando com um cliente ao telefone,
Imagine um líder de equipe que diz de por exemplo, é aconselhável que você
forma tranquila que está tudo certo se afaste para tratar verbalmente de
com o projeto, mas o tom utilizado não assuntos que por descuido podem ser
passa muita credibilidade consideran- ouvidos do outro lado da linha.

Dica
Nesse contexto, torna-se fundamental também revisar
mensagens escritas antes do envio para evitar erros, mas
é preciso também entender e tratar com respeito quando
você recebe uma mensagem escrita de maneira considerada
errada, pois pode acontecer com qualquer profissional, por
vários motivos, entre eles o cansaço e a demanda exaustiva de trabalho. Em
caso de dúvida sobre o significado de uma mensagem, peça esclarecimentos
e contorne a situação com cortesia e polidez.

56 Comunicação
O processo deOral
comunicação
e Escrita
TIPOS DE TEXTOS
A palavra texto tem sua origem no latim “textum” e significa “tecido”, ou
seja, uma trama de fios que formam um todo. De modo mais específico, pode-
mos considerar que texto é uma produção constituída por um código que possui
sentido e tem como objetivo a comunicação em um tempo e espaço. Para a


professora Maria Lúcia Elias Valle:

Um texto tem que ter uma estrutura tal que, ao longo


do seu percurso, a relação entre seus elementos seja
mantida. Um texto correto, preciso, resulta de ideias
adequadamente organizadas, às quais se somam a
capacidade de aproveitar os recursos expressivos da
língua e a interpretação analítica da realidade (VALLE,
2013, p. 74).

OComunicação
processo de Oral
comunicação
e Escrita 57
Quando pensamos em texto, é comum associarmos à escrita. Porém, um texto
pode utilizar outras formas de linguagem e ser:
• Verbal: aquele que usa palavras escritas ou faladas. Exemplos: um artigo cien-
tífico, artigo de opinião, Código de Trânsito Brasileiro, etc.

• Não verbal: aquele que usa sons, cores, imagens. Exemplos: gestos, fotogra-
fia, pintura, dança, placas de trânsito, etc.

• Misto: aquele que usa palavras, sons, cores, imagens. Exemplo: textos publi-
citários, filmes, séries, quadrinhos, placas, etc.
Observe os exemplos:

TEXTO VERBAL TEXTO NÃO VERBAL TEXTO MISTO

Figura 7 - Exemplos te texto verbal, não verbal e misto


Fonte: da Autora (2022)

Entre os textos verbais, iremos enfatizar as características do texto científico e


do texto literário. Observe o quadro abaixo:

TEXTO LITERÁRIO TEXTO CIENTÍFICO

Textos narrativos, poesias, novelas, histórias e Artigos, teses, dissertações, projeto de pesquisa.
dramas.

Linguagem é artística. A linguagem é formal

Linguagem subjetiva e conotativa. Linguagem objetiva e denotativa.

58 Comunicação
O processo deOral
comunicação
e Escrita
TEXTO LITERÁRIO TEXTO CIENTÍFICO

Tem o objetivo de provocar a emoção. Tem o objetivo de explicar, informar.

Tem função estética. Tem função utilitária.

O público-alvo é amplo e diversificado. O público-alvo é específico.

A leitura de um texto literário inclui a busca Analisar um texto não literário requer confirma-
de metáforas e simbolismos. ção dos fatos, conhecimento, desenvolvimento
de habilidades e realização de tarefas.

É fundamental entender que o texto literário possui normas internas, mas


admite mais liberdade. Já o texto científico contempla regras mais rígidas que
devem ser respeitadas pelos autores. Essas regras são estipuladas pelas revistas,
pelas universidades, pelos comitês de organização de eventos e pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e ajudam na padronização da comunica-
ção científica e contribuem para a compreensão do leitor.

Aqui, você teve a oportunidade de aprender sobre o processo comunicativo,


seus elementos e características. Além disso, estudou sobre linguagem, discurso,
variação linguística, tipos de textos e ferramentas que auxiliam no entendimento
e compreensão de uma mensagem.
Estudar sobre comunicação traz inúmeros benefícios para a vida pessoal e profis-
sional. Tenha certeza que você está no caminho certo para uma formação sólida.

OComunicação
processo de Oral
comunicação
e Escrita 59
REFERÊNCIAS

BAGNO, M. Linguagem. In: FRADE, I. C. A. S.; VAL, M. da G. C.; BREGUNCI, M. das G.


de C. Glossário Ceale de termos de Alfabetização, leitura e escrita para educa-
dores. Belo Horizonte, CEALE/Faculdade de Educação da UFMG. 2014. Disponível
em: http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/lingua-
gem. Acesso em: 10 maio 2022.
BOBBIO, N.; MATTEUCCI, N.; PASQUINO, G. (org.). Dicionário de política. Tradu-
ção de Carmen C. Varriale et al. 12 ed. Brasília: Editora Universidade Brasília, 2004.
Título original: Dizzionario di politica. Vol.1 e Vol.2.
GUIMARÃES, T. de C.. Comunicação e Linguagem. – São Paulo: Pearson, 2012.
MARTINS, T. Estrangeirismo é comum no vocabulário corporativo. Isso é bom
ou ruim? Correio Brasiliense, Brasília, 24 jun. 2018. Trabalho e formação. Dis-
ponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/eu-estudante/
trabalho-e-formacao/2018/06/24/interna-trabalhoeformacao-2019,690611/es-
trangeirismo-e-comum-no-vocabulario-corporativo-isso-e-bom-ou-ruim.shtml.
Acesso em 17 jun. 2022.
RABAÇA, C. A.; BARBOSA, G. Dicionário de Comunicação. São Paulo, 1997.
SAUSSURE, F. Curso de Linguística Geral. Org. Charles Bally, Albert Sechehaye.
Col. Albert Riedlinger. Trad. Antônio Chelini, João Paulo Paes, Izidoro Blikstein.
São Paulo: Editora Cultrix, 2006.
VALLE, M. L. E. Não erre mais: língua portuguesa nas empresas. Curitiba: Inter-
Saberes, 2013.
Videoflix

Ao conferir os vídeos desta galeria, você terá a


oportunidade de entender melhor as características do
processo comunicativo. Esse processo é formado por partes
que englobam importantes “ferramentas”. Uma dessas ferramentas
utilizada na comunicação é a linguagem. A linguagem pode ser verbal, não verbal
ou mista.
Por vezes quando tentamos nos comunicar nem sempre conseguimos atingir
o objetivo esperado. Isso acontece porque muitas vezes a pessoa que está do
outro lado (receptor) não compreende bem a mensagem. Aquilo que queremos
comunicar é atravessado pelo que chamamos de “barreiras de comunicação”.
Essas barreiras ou ruídos que atrapalham a comunicação podem trazer
consequências negativas e prejuízos para os profissionais e para as empresas.
Por isso é tão importante conhecê-las e evitá-las, então aproveite ao máximo e
explore os vídeos disponíveis a seguir.

Linguagem verbal e não verbal

https://player.vimeo.com/
video/737884058?h=ae98db762d

Barreiras no processo de comunicação

https://player.vimeo.com/
video/737885365?h=342d86f534

63
Infocast

A vida profissional exige versatilidade e você deve estar preparado para usar a
comunicação ao seu favor em qualquer contexto. Aqui você encontra mais informações
para saber como se expressar em diferentes situações. O primeiro podcast é sobre pitch,
que é uma ferramenta de apresentações pessoais ou de negócios, saber fazer um pitch
irá contribuir para o desenvolvimento da sua capacidade de argumentação, síntese de
informações, raciocínio lógico e claro e oratória.

O segundo podcast é sobre memorial descritivo. O memorial é um documento em


que você conta a história da sua carreira profissional e mostra as suas motivações.

65
Já o terceiro podcast é sobre técnicas de oratória que ajudam muito a enfrentar
esse momento em que todos os olhos e ouvidos estão voltados para você.

O último podcast é sobre comunicação não violenta, que é um modelo de


comunicação baseada em habilidades que têm como foco manter as nossas
características humanas mesmo em momentos de adversidade. Saber usar a
comunicação a seu favor para resolver situações de conflito, é uma habilidade
indispensável para o bom profissional. Prepare-se para aprender mais! Não deixe
de ler!
Pitch para entrevista
Olá! Aqui você vai conferir algumas dicas de como fazer um pitch para
entrevista de emprego.
O termo “pitch” se tornou bem conhecido no mundo dos negócios. Trata-se
de uma apresentação direta e objetiva, em geral com até três minutos, em que
uma pessoa apresenta o seu negócio ou produto com objetivo de despertar o
interesse da outra parte (investidor ou cliente).
Com o passar do tempo, o pitch passou a ser solicitado também em processos
seletivos. Neste caso, o candidato se apresenta e tenta “vender” a ideia de que
é a melhor escolha para a empresa. Pense no pitch pessoal como a resposta
para as perguntas “por que deveríamos contratá-lo?”, ou “por que deveríamos
investir em você?”. Para ajudá-lo a entender melhor como produzir um pitch
pessoal para um processo seletivo, vamos apresentar algumas dicas.

Dica 1 – Pense no objetivo do pitch


O pitch geralmente é utilizado como parte do processo seletivo.
Ele tem a função de complementar o currículo e ser um critério
de seleção para a parte da entrevista. Se você conseguir
ser atraente no pitch você é chamado para a entrevista, caso
contrário é eliminado do processo. Então, é o momento de “vender
seu peixe” e mostrar que você é interessante para a empresa.

Comunicação Oral e Escrita 67


67
Dica 2 - Objetividade e clareza
Você não precisa e nem deve colocar toda a sua vida em
um vídeo de três minutos. Seja objetivo, fale com clareza e
destaque pontos mais relevantes da sua trajetória profissional.
Se você trouxer muitos elementos para o vídeo ele ficará
cansativo e você corre o risco de ser eliminado.

Dica 3 - Prepare um roteiro


A preparação de um roteiro é essencial para um pitch de
qualidade. Você deve escrever aproximadamente uma página
de texto que norteará a sua fala. Mas é importante que
você não fique lendo o roteiro durante o vídeo. Demonstre
naturalidade ao falar sobre você e sua trajetória. E prepare-se para
gravar vários vídeos, pois dificilmente o primeiro ficará bom.

Dica 4 - Qualidade técnica e estética


Produzir um vídeo tem seus truques e eles podem ser utilizados
a seu favor.

• Respeite o tempo máximo estipulado pelas regras do processo seletivo.


• Se for usar o celular, grave o vídeo na horizontal e deixe-o em um lugar fixo.
• Grave em um lugar silencioso e com boa iluminação. Certifique-se que não
haverá distrações, você precisa ser o centro das atenções.
• Procure usar uma roupa que você usaria em uma entrevista presencial.
• Apresente uma postura apropriada para uma entrevista de emprego.
Procure gravar sentado em uma cadeira ou em pé.

68 Comunicação Oral e Escrita


68
Dica 5 - Fatores comportamentais
É importante passar a ideia de simpatia e boa comunicação.
Procure iniciar com um cumprimento e finalize com uma
frase de encerramento, por exemplo: “Agradeço a atenção
e seu tempo e estou à disposição da empresa para o que for
necessário”. Um sorriso abre portas, por isso, sorria e mostre que
você está aberto ao desafio de iniciar em um novo emprego.

Dica 6 - Seja verdadeiro


Mentir em um processo seletivo nunca é uma boa ideia. Seja
honesto em relação a suas experiências profissionais. Se você
estiver buscando seu primeiro emprego, deixe isso claro e
mostre que você tem muita energia e disposição para aprender
e só precisa de uma oportunidade. Busque ressaltar características
pessoais como: boa comunicação, gentileza, pontualidade, organização, etc. Mostre
para a empresa que existem vantagens em contratar alguém que não carrega os
“vícios” das empresas anteriores e que você está pronto para o desafio.

Agora que você já sabe como produzir um pitch, “mãos à obra”! Faça o seu e
esteja preparado para os desafios de um processo seletivo.
Até a próxima!

69
Memorial descritivo
Olá! Tudo certo? Você sabe como fazer um memorial para processo seletivo?
Aqui vamos falar um pouco sobre como criar um memorial e ter uma primeira
impressão positiva com os avaliadores do processo seletivo.
Ao participar de um processo seletivo, você pode ter que apresentar além de
um currículo, um memorial, que é um documento em que você conta a história
da sua carreira profissional. O currículo tradicional apresenta informações sobre
sua trajetória profissional em formato de lista. No memorial você deve escrever
um texto articulando sua trajetória profissional com informações, justificativas e
reflexões sobre suas escolhas.
Para ajudá-lo na tarefa de escrever um bom memorial vamos dar algumas
dicas preciosas. Preste atenção:

Dica 1 - Analise o perfil da vaga


Estude sobre a empresa, os produtos e serviços que ela
oferece, quem são os clientes, etc. Tente também entender
as especificidades da vaga e o perfil profissional esperado
pela empresa. Isso servirá como guia para a sua participação no
processo seletivo.

Dica 2 - Analise as especificidades do


processo seletivo

Leia com atenção todas as informações sobre o processo


seletivo. Verifique se existe alguma regra para o memorial,
como um limite de número de páginas.

Comunicação Oral e Escrita 71


71
Dica 3 - Seleção das experiências
No seu currículo você deve ter listado inúmeras experiências.
No memorial, foque nas experiências mais interessantes sob o
ponto de vista da vaga que você está almejando. Não entre em
detalhes irrelevantes (como sua escola do fundamental ou do
ensino médio, por exemplo). O memorial é um relato reflexivo, mas
focado na sua trajetória profissional.

Dica 4 - Sequenciamento
Após selecionar as experiências que irá trabalhar, é hora
de definir a ordem que as experiências irão surgir em seu
documento. O mais intuitivo é que o seu memorial siga uma
linha cronológica, mas pode ser que você prefira iniciar pelo cargo
que ocupa atualmente. O importante é que a escrita seja organizada.

Dica 5 - Revisão do texto


Faça várias revisões cuidadosas do seu texto. Tudo no seu
memorial pode ser excelente e ainda assim ir por água abaixo
com erros gramaticais simples.

Dica 6 - Relacione as experiências


Busque relacionar as experiências anteriores com o cargo que
você almeja. Mesmo que você esteja fazendo uma transição de
carreira e você pense que os seus empregos anteriores não têm
nenhuma relação com a nova função que você deseja, se você
refletir um pouquinho irá perceber que todas as nossas experiências
nos ensinam algo. Por exemplo, se você trabalhou durante alguns anos com vendas

72 Comunicação Oral e Escrita


72
e agora deseja trabalhar na área da tecnologia, você pode especificar que o
trabalho com pessoas te ajudou a desenvolver as habilidades de comunicação,
empatia e compreensão. Que você aprendeu a identificar problemas de forma ágil e
buscar soluções criativas.

E se você não tem nenhuma experiência profissional, é válido considerar outras


situações da vida – pessoal ou estudantil. Faça o memorial descrevendo suas
características e habilidades e como você as adquiriu. Por exemplo, se você já fez
algum trabalho voluntário, use isso para dizer que aprendeu sobre responsabilidade
social. Lembre-se que experiência é bom, mas não é tudo.

Quando bem escrito, um memorial é um documento que pode garantir uma


primeira impressão positiva com os avaliadores do processo seletivo. Então
confie em você e escreva a sua história.
Até a próxima!

73
A oratória na vida profissional
Você já parou para pensar sobre a importância da oratória para a vida
profissional?
A boa comunicação é considerada uma ferramenta de destaque social desde
a antiguidade, quando era preciso defender as ideias através da oratória, ou
seja, da fala em público. Atualmente, a oratória se tornou uma das chaves
para garantir o sucesso no campo profissional. Em uma empresa é comum
que os profissionais tenham que fazer apresentações, falar em reuniões, dar
treinamentos aos colegas, etc. E para que a fala em público seja eficiente, é
preciso atenção e dedicação. Se você tem receio de falar em público, preste
atenção nessas dicas:

Dica 1 - Identifique a origem do seu medo


Se você tem medo de falar em público, a primeira coisa que
deve fazer é descobrir qual é a origem do seu medo. Tente
entender se é pura e simples insegurança, a lembrança de uma
situação ruim, o medo do julgamento do outro sobre você, o
medo de fazer algo diferente, de se deparar com perguntas ou
reações inesperadas. Identificar a causa do medo ajuda a entender o que é preciso
fazer para superá-lo.

Comunicação Oral e Escrita 75


75
Dica 2 - Controle o seu corpo
Procure tomar cuidado com a linguagem corporal. Evite
caminhar demais ou movimentar muito as mãos enquanto fala,
pois isso pode se tornar cansativo para quem assiste. Também
não é indicado cruzar os braços, pois isso pode ser entendido
como um sinal de afastamento das pessoas que estão no ambiente.
Procure ficar o máximo possível de frente para o público e no máximo, de lado,
nunca de costas.

Dica 3 - Planeje sua fala


Prepare a sua apresentação com antecedência. Mesmo que
seja uma fala mais curta, faça um roteiro para evitar repetições
ou esquecimentos. Mas, lembre-se que planejamento não
é só preparar material para apresentar. Planejamento inclui
pensar em objetivos, no tipo de linguagem que será utilizada, pensar
no público-alvo, no contexto, etc. Não esqueça de pensar no tempo que você tem
para falar.

Um ponto importante é não fugir das situações que precisa falar em público.
Um profissional não pode acreditar que isso é só para os outros ou que pode
escapar porque não tem o “dom da fala”. É claro que existem pessoas que
se expressam melhor, mas isso acontece porque pessoas diferentes, falam
de formas diferentes e algumas podem ser mais extrovertidas do que outras.
Porém, falar bem em público não é um talento inato ou um dom. Pessoas
extrovertidas podem ser assim em falas informais e simplesmente travarem
durante uma apresentação ou uma reunião, por exemplo.
Lembre-se, a verdade é que, com a prática e dedicação, é possível desenvolver
a habilidade de falar bem em público.
Até mais!

76 Comunicação Oral e Escrita


76
Comunicação não violenta
Olá! Aqui vamos tratar de um assunto muito importante: a comunicação não
violenta.
A comunicação é uma habilidade fundamental para os seres humanos. Em
todos os aspectos da vida a utilizamos em suas mais variadas formas. Contudo,
muitas vezes a comunicação se torna uma ferramenta de violência, inclusive no
ambiente de trabalho. Uma importante obra relacionada a esse tema é o livro


“Comunicação não violenta”. Nele, o autor Marshall B. Rosenberg (2006, p. 19)
pergunta:

O que acontece que nos desliga de nossa natureza


compassiva, levando-nos a comportarmos de maneira
violenta e baseada na exploração das outras pessoas?
E, inversamente, o que permite que algumas pessoas
permaneçam ligadas à sua natureza compassiva
mesmo nas circunstâncias mais penosas?

A comunicação não violenta é baseada em habilidades de comunicação que


têm como foco manter as nossas características humanas mesmo em momentos
de adversidade. Ela busca aprimorar os relacionamentos interpessoais, nos
ligando às nossas necessidades e às dos outros, com a finalidade de falar sem
machucar e ouvir sem se ofender. Trata-se de uma abordagem que pode ser
aplicada a todos os níveis de comunicação, nos mais variados contextos.
Marshall, em seu modelo de comunicação não violenta, aborda quatro
componentes essenciais que se tornam base para qualquer comunicação. Esse
processo é válido tanto para a forma verbal de comunicação, como para outros
meios. São eles:

Comunicação Oral e Escrita 77


77
Observação: refere-se às situações que estamos observando e vivenciando e
que afetam nosso bem-estar. Porém, devemos observar sem julgar ou avaliar,
simplesmente dizendo o que nos agrada ou não naquela situação ou naquilo
que as pessoas estão fazendo.

Sentimento: refere-se à identificação de como nos sentimos perante aquilo


que estamos observando.

Necessidades: refere-se ao reconhecimento das necessidades (valores,


desejos etc.) ligadas aos sentimentos identificados.

Pedido: refere-se ao que queremos da outra pessoa, as ações concretas que


pedimos para ela.

Entendeu que se trata de um processo ordenado? Para facilitar a


compreensão vamos analisar um exemplo cotidiano: ao observar que o seu
colega de trabalho, que usa a mesa ao lado, fala muito alto e atrapalha quando
você está ao telefone conversando com algum cliente importante você fala:
“Luiz, quando você fala alto e eu estou usando o telefone para me comunicar
com os clientes me sinto incomodado porque preciso de um ambiente mais
silencioso para trabalhar. Você poderia falar mais baixo, por favor?”. Conseguiu
perceber os quatro elementos?
Vale ressaltar que, ao falarmos de “não-violência” não estamos tratando de
algo que nos torne facilmente influenciáveis ou passivos perante as situações.
A comunicação não violenta reformula a maneira pela qual nos expressamos e
ouvimos o outro.
Lembre-se sempre que a comunicação não violenta consiste em um método
de resolução pacífica de conflitos, para que passemos a nos colocar no lugar
do outro, desenvolvendo a empatia, bem como formas de convivência mais
harmônicas e congruentes.
Até a próxima!

78 Comunicação Oral e Escrita


78
Quero saber +

Gostou do assunto? Você pode aprender ainda mais sobre comunicação e


linguagem, buscando novos horizontes, sites, links, aplicativos e livros. Saiba mais
lendo e conferindo os materiais a seguir.

Qual imagem você passa? Comunicação verbal e não verbal

Assista ao vídeo da doutora em linguística Vivian Rio Stella, em parceria


com a “Casa do Saber”, no qual explica que para nos comunicarmos,
além do vocabulário, utilizamos gestos, olhares, entonação vocal e
comportamento. E a soma de todos esses elementos constroem uma
imagem que passamos no momento da comunicação.

https://www.youtube.com/watch?v=u9Ml9OCp6NQ

Como se comunicar bem?

Assista também ao vídeo em que o professor Diogo Arrais, em parceria


com a “Casa do Saber”, que explica porque a comunicação interpessoal
é um desafio para muitas pessoas. Neste vídeo, ele traz os elementos
principais para se comunicar bem. Não deixe de assistir!

https://www.youtube.com/watch?v=6fUWsKdxNos

79
Não erre mais - Língua Portuguesa nas empresas

Para saber mais sobre os conceitos de língua e linguagem, texto e sua


estrutura, ter dicas pontuais de erros mais frequentes e dúvidas mais
comuns na produção textual, além de pontuação, morfologia e sintaxe,
leia o livro de Maria Lúcia Elias Valle. Este livro se encontra disponível
na biblioteca Pearson, é uma sugestão para aqueles que buscam ter um
material para consulta rápida em caso de dúvida.
VALLE, M. L. E. Não erre mais: língua portuguesa nas empresas. Curitiba:
InterSaberes, 2013

Comunicação e linguagem

Neste livro de Thelma de Carvalho Guimaraes, você encontra tópicos


como gramática normativa, denotação e conotação, variação linguística e
morfologia - que, dependendo da abordagem, podem parecer complicados
– mas nesta obra são apresentados de um ponto de vista inusitado que,
ao mostrar como as coisas funcionam na prática, possibilita um processo
intensivo de aprendizagem. O livro também se encontra disponível na
biblioteca Pearson.
GUIMARÃES, T. de C. Comunicação e Linguagem. 2ª ed. São Paulo: Pearson
Education do Brasil, 2018.

80
Pitch SEBRAE MG

Se você quer conhecer a ideia básica por traz desse modelo de


apresentação rápida de uma ideia ou negócio sobre o pitch, assista aos três
vídeos que mostram uma “competição” proposta pelo SEBRAE.

https://www.youtube.com/watch?v=CSe5k0E7O6Q

https://www.youtube.com/watch?v=cM2BTr5-w-I

https://www.youtube.com/watch?v=6IvEH5H9KIw

Como fazer um pitch pessoal fantástico

Para aprofundar ainda mais seus conhecimentos sobre pitch, mas com
foco em apresentação para entrevista de emprego, confira esse vídeo
com dicas do especialista em apresentações André Arcas.

https://www.youtube.com/watch?v=dv8Zfki6ryM

81
Como montar o seu pitch

Neste vídeo com foco para seleção de emprego, a consultora de


carreira Carolina Okubo traz excelentes dicas para você elaborar seu
pitch. Acesse!

https://www.youtube.com/watch?v=VG2tPOm5wV8

82
Resumindo

Agora é o momento de conferir um resumo dos principais conhecimentos


aprendidos ao logo de seus estudos até aqui. Este resumo foi elaborado em
formato de checklist para que você assinale os itens que você considera já ter
desenvolvido e, caso sinta a necessidade, retome os estudos. Aproveite mais essa
oportunidade de construção de saberes.

Compreendi que a comunicação é fundamental para a vida em sociedade.

Compreendi como identificar as características do discurso publicitário.

Compreendi como identificar as características do discurso político.

Reconheci as diferenças entre o texto científico e o texto literário.

Entendi que a linguagem possui elementos e que eles se vinculam com as


funções da linguagem.

Compreendi que a linguagem possui tipos e níveis.

Reconheci que existem os tipos de linguagem: verbal, não verbal e mista.

Entendi por que a variação linguística ocorre e por que ela não deve ser
instrumento de discriminação entre as pessoas.

Reconheci que existem tipos de texto: verbal, não verbal e misto.

Compreendi que ferramentas como o pitch pode ser muito importantes tanto
em processos seletivos como no dia a dia da prática profissional.

83
ESTUDO E PRÁTICA II:
LEITURA COMO PROCESSO INTERATIVO

No ambiente estudantil e empresarial, diferentes tipos de textos circulam o


tempo todo e é preciso assumir a tarefa de escrever e ler com eficiência. Aproveite,
porque aqui você vai poder explorar a leitura como processo interativo. Vamos lá!

E-book

Leitura e escrita podem ser entendidas por muitos


estudantes e profissionais como vilãs, como atividades
a serem evitadas. Porém, evitá-las não é uma opção. A
comunicação oral ocupa um espaço importante no dia a
dia das pessoas, porém, nem tudo pode ser feito através
da oralidade. Por isso, nestes estudos o foco serão as
características da comunicação escrita. Aproveite e explore
esse assunto!
Aqui neste e-book você poderá explorar as características da
leitura como processo interativo, o modo como atribui-se sentido a um
texto, além de elementos importantes como coesão e coerência, a aplicação
de noções gramaticais de acordo com o texto, bem como os tipos de textos
acadêmicos e empresariais.
No mundo do trabalho, os textos se apresentam de formas variadas e nem
sempre estamos preparados para entender as especificidades que a leitura
atenta exige. Por isso, é fundamental estar sempre buscando o desenvolvimento
das habilidades de escrita e leitura.

85
Leitura como processo interativo
LEITURA COMO PROCESSO INTERATIVO
Da escrita na pedra e nos blocos de argila, chegamos ao tablet. Da escrita
restrita a escribas e sacerdotes religiosos até o direito de acesso à escola pela
população mais pobre. Da procurada biblioteca de Alexandria que abrigava cerca
de 700 mil rolos de papiro e pergaminhos até o clique que dá acesso à Biblioteca
Digital Mundial que contém cerca de 7 mil títulos. O caminho foi longo e penoso.
Por isso, hoje qualquer leitor tem o dever de buscar fazer a leitura de um texto
da maneira mais construtiva e interativa possível.

Curiosidade
Na Antiguidade, acreditava-se que a escrita vinha
dos deuses. Os gregos pensavam tê-la recebido de
Prometeus. Os egípcios, de Tot, o deus do conhecimento.
Para os sumérios, a deusa Inanna a havia roubado de
Enki, o deus da sabedoria.

A leitura entra na vida da maioria das pessoas na infância e as acompanha até


o fim, funcionando como uma chave de acesso às informações do mundo. Ela
tem um espaço importantíssimo em nossas vidas durante os anos que passa-
mos na escola, na faculdade, na vida profissional e na nossa vida pessoal. Lemos
o tempo todo mesmo que essa atividade passe despercebida. O rótulo de um
alimento, uma placa de trânsito, as muitas mensagens recebidas no celular ao
longo do dia, ao assistirmos um filme legendado, ao usarmos o transporte públi-
co, etc. Essa leitura pode ser ativa ou passiva.

88 Leitura como processo interativo


Somos leitores passivos quando fazemos a leitura de maneira automática
sem investir energia no processo de atribuição de sentido para o código lido. A
leitura ativa é aquela que exige interpretação e compreensão. Aquele que nos
faz analisar, criticar, julgar, apresentar uma posição diante de fato da realidade.

Curiosidade
A Epopeia de Gilgamesh é o livro considerado mais
antigo da história. Estima-se sua idade em 4 mil anos,
já que foi escrita mais ou menos em 2 mil a.C. Na
atualidade, são publicados cerca de 2.2 milhões de
novos livros a cada ano segundo a Unesco.

Assim como existem diferentes tipos de textos, também existem diferentes


tipos de leitura. Eva Maria Lakatos e Marina de Andrade Marconi (1992, p. 20)
apresentam cinco tipos de leitura com foco no objetivo.

Leitura como processo interativo 89


a) Scanning:

o verbo “scan” em inglês tem o sentido de escanear, examinar em


detalhes. É uma leitura que busca por um tópico da obra ou parte
específica do texto fazendo a leitura do índice, do sumário, de algumas
linhas, tentando encontrar palavras-chave. É usada quando o leitor precisa
encontrar informações específicas de forma mais rápida.

b) Skimming:

tem o sentido de “passar os olhos por”. Também é um tipo de leitura mais


rápida, mas que exige um pouco mais de atenção, principalmente a algumas
partes do texto, como: palavras destacadas, títulos, subtítulos e ilustrações
das obras. Busca-se a essência do texto, mas sem entrar em detalhes.

c) De significado:

despreza aspectos secundários e se foca no conteúdo principal. É uma


leitura direta que percorre o texto todo sem voltar em alguma parte.

d) De estudo ou informativa:

essa é uma leitura mais completa em que o leitor deve ler, reler, utilizar
estratégias como a marcação de palavras e frases centrais, fazer uso do
dicionário para buscar significados e até mesmo fazer resumos buscando a
compreensão mais completa do conteúdo.

e) Crítica:

esse tipo de leitura exige do leitor a formação de um ponto de vista que deve
ser feito a partir da comparação de declarações do autor com o conhecimento
prévio do leitor. Para isso, é preciso avaliar dados e informações, analisar
argumentos buscando certificar se estão corretos e completos.

90 Leitura como processo interativo


No dia a dia de um estudante de graduação, esses tipos de leitura se apresen-
tam conforme a necessidade de cada tarefa e também do quanto o leitor está
disposto a investir nessa atividade. Se pensarmos no cotidiano de um profissio-
nal da área da tecnologia, da logística, da engenharia, por exemplo, podemos
identificar algumas situações em que uma leitura mais rápida pode ser feita,
como a de um documento que já foi lido anteriormente e está sendo consultado
novamente somente para buscar uma parte, uma informação específica.

Já na leitura da documentação de uma biblioteca que está sendo utilizada no


desenvolvimento de um software, será preciso dedicar mais tempo e atenção
aos detalhes. Se o texto for um edital de licitação, será necessário perceber se
há benefícios e desvantagens em algo, se as exigências estão de acordo com o
que é possível oferecer em troca, se existe coerência nas informações apresen-
tadas. O fundamental aqui é perceber o nível de exigência de cada tipo de leitura
para evitar erros básicos nos estudos ou no trabalho.

Leitura como processo interativo 91


Reflita

Quais são os tipos de leitura que você mais utiliza em


seu trabalho? E na vida acadêmica?

CONSTRUÇÃO DE SENTIDO
Um leitor, que pode ser uma pessoa em um momento de lazer, um estudante
ou um profissional durante o expediente, precisa saber como interagir, como
criar uma relação com um texto. Não basta saber juntar sílabas, saber o signi-
ficado de palavras, identificar frases, é preciso se conectar com o texto. Para


Duran (2009, p. 4), quando analisamos a interação que ocorre no processo de
leitura é fundamental compreender que:

(...) o produto da relação entre leitor e texto é o


sentido da leitura. Isso quer dizer que a interação
entre texto e leitor ocorre de maneira a se retomarem
ora a perspectiva do leitor, ora a do texto, conforme a
necessidade para cada situação de leitura.

Quando o autor escreve, seja um texto literário, um artigo científico ou mes-


mo uma mensagem enviada por e-mail, não existe certeza e domínio sobre o
que o leitor vai entender. O entendimento depende de como o sentido que o
leitor atribui ao texto será construído. Solé (1998, p. 23) considera que o enten-
dimento do ato de leitura deve ser visto como um processo do qual participam
tanto o texto, sua forma e conteúdo, quanto o leitor, suas expectativas e conhe-
cimentos prévios.

92 Leitura como processo interativo


Nesse ponto, a forma como o texto é escrito tem influência direta na constru-
ção de sentido. O autor precisa se colocar no lugar do leitor e entender o contex-
to em que ele está inserido. É claro que existem limites para isso e não é possível
que o autor saiba exatamente quais são as circunstâncias em que a leitura será
feita ou determinar com exatidão em todos os casos quem será o leitor. Porém,
um esforço nesse sentido precisa ser feito. No caso de textos acadêmicos e for-
mais, uma escrita clara, concisa, objetiva direciona a leitura e torna a missão do
leitor mais leve e assertiva.
A tarefa do leitor é a de ser um participante ativo na construção de sentido
do texto e essa missão é complexa e multifatorial, pois depende de elementos
como: emoções, ruídos, contexto, humor, entre outros. É fundamental entender
que o texto sozinho não carrega sentido, ele precisa do leitor para que o sentido
seja elaborado, produzido. Para Vilson J. Leffa (2012, p. 3):

Leitura como processo interativo 93


“ O texto sozinho não tem sentido; é apenas um
amontoado de rabiscos no papel ou uma grande
sequência de minúsculos pixels na tela do monitor.
Leitor e texto só existem quando se encontram no
momento da leitura. Antes ou depois desse momento,
são apenas potencialidades.

Dica
Neste sentido, para ser um bom leitor é preciso
exercício. É necessário cultivar o hábito cotidiano da
leitura e da escrita, do contato com diferentes tipos
de textos. Além disso, investir no estudo da gramática
ajuda a entender a dinâmica do uso da língua na escrita.

94 Leitura como processo interativo


COERÊNCIA E COESÃO TEXTUAIS
Tanto na vida acadêmica quanto na profissional, as habilidades de interpreta-
ção e compreensão são essenciais. Mas você sabe a diferença entre elas?
A compreensão é a análise do que está realmente escrito no texto. Aquilo que
é visível e aparente. É a leitura do que está identificado no texto. Já a interpreta-
ção é o processo de recorrer ao que está fora do texto e estabelecer relações. Na
interpretação, é necessário conectar conceitos, argumentos e ideias presentes
no texto com a realidade para chegar a uma conclusão.

Curiosidade
Você sabia que existe uma ciência que estuda a teoria da
interpretação, chamada de hermenêutica? Trata-se de um
ramo da filosofia que explora a interpretação de textos
em diversas áreas, como literatura, religião e direito.

Leitura como processo interativo 95


Perceba que é possível compreender tenham a habilidade de interpretação
um texto sem precisar fazer a interpre- bem desenvolvida, pois ela é funda-
tação, mas não é possível interpretá-lo mental não só na comunicação, mas
sem passar antes pela compreensão. também na identificação e na resolu-
Por isso, é importante você entender ção de problemas.
que são habilidades diferentes que E para chegar na etapa de interpre-
estão imbricadas, relacionadas. A inter- tação, faz-se necessário que o texto
pretação sendo mais ampla necessita apresente duas características essen-
que o leitor tenha condições de esta- ciais: coesão e coerência. A ausência
belecer relações com a realidade, ou de coesão e coerência são causas
seja, exige pensamento crítico e autô- prováveis de falta de entendimento
nomo. Por essa razão, no mercado de de uma mensagem por parte do leitor
trabalho se busca por profissionais que (receptor).

Atenção
Pode-se entender a coerência como a organização lógica entre as
ideias presentes no texto. É a conexão entre as partes do texto. Sem
coerência, um texto seria apenas um amontoado de frases. A coerência
está vinculada diretamente ao processo de construção de sentido. Ela
é o sentido estabelecido pelo leitor a partir de seus conhecimentos
prévios e do modo como o autor escreveu o texto.

Ao escrever, o autor deixa marcas, sinais no texto que direcionam o olhar


do leitor para a construção de sentido. Essas marcas formam a coesão textual.
(CARVALHO, 2018. p. 139). Existem seis tipos de coerência, como como você
pode acompanhar no quadro a seguir.

96 Leitura como processo interativo


TIPO CARACTERÍSTICA EXEMPLO

Sintática Se refere à forma como as orações são Não é coerente escrever “Os projetos
elaboradas e como os termos estão concluiu todos o Luiz”. Devemos escre-
dispostos. ver “O Luiz concluiu todos os projetos.”

Semântica Se refere à organização dos pensa- Não é coerente escrever que “No Brasil,
mentos, das ideias que são apresenta- a maioria das pessoas têm emprego
das no texto. formal e quase 90% das pessoas estão
desempregadas.”

Temática Está relacionada à necessidade de es- Um e-mail que no início anuncia que será
colha de um tema, de um assunto para tratado sobre prazos e ao longo do texto
o texto. E quando o tema é escolhido trata apenas de orçamento.
deve ser mantido até final do texto.

Pragmática Está relacionada ao contexto, aos Não é coerente utilizar uma linguagem
elementos extralinguísticos. muito rebuscada para se comunicar com
crianças.

Estilística Se refere ao tipo de linguagem utiliza- Não é coerente escrever desta forma:
da na escrita. Se for adotada a lingua- “Na próxima semana o novo gestor de
gem formal, ela deverá ser mantida projetos será apresentado à equipe. Es-
até o final do texto. peramos que seja uma nova fase onde
nóis tudo junto vamo dá um jeito nos
problema que aparece.”

Genérica Se refere à escolha do gênero textual Anúncio de produto para a venda que
apropriado. utiliza a linguagem dos classificados de
jornal.
Quadro 2 - Tipos de coerência
Fonte: Adaptado de Carvalho (2018)

Além dos cuidados que você precisa ter para escrever um texto com coerên-
cia, precisa também se preocupar com a coesão. A coesão é a relação gramatical
que existe entre as palavras, frases e parágrafos. A coesão é a linha que amarra
as ideias dentro de um texto. Sem coesão, as ideias ficam soltas e não formam
uma unidade, ou seja, não permite a construção de sentido. Existem três tipos
de coesão: a coesão referencial, a coesão sequencial e a coesão recorrencial.
• A coesão referencial é quando apresentamos uma informação que se rela-
ciona a outro elemento presente no texto. Chamamos de anáfora quando há
a retomada de um termo que já foi expresso anteriormente, e de catáfora
quando for feita a referência a um termo ainda não expresso, ou seja, que será
apresentado posteriormente.
• A coesão sequencial acontece quando as ideias apresentadas no texto se ligam
umas às outras. Para isso, o autor do texto deve buscar usar conectivos, como:

Leitura como processo interativo 97


INTRODUÇÃO CONTINUAÇÃO CAUSA/EXPLICAÇÃO CONCLUSÃO

Inicialmente; atu- Além disso; demais; Pois, por consequên- Portanto, em suma;
almente; primeira- ademais; outrossim; cia; por conseguinte; em síntese; enfim;
mente; desde já; é ainda mais; por outro como resultado; por em resumo; portanto;
fato que; no contexto lado; também; e; nem; isso; por causa de; em assim; dessa forma;
atual, etc. não só; como tam- virtude de; assim; de dessa maneira; desse
bém; não apenas; bem fato; com efeito, etc. modo; logo; assim
como, etc. sendo; nesse sentido,
etc.

Quadro 3 - Conectivos
Fonte: da Autora (2022)

• A coesão recorrencial é a que se refere ao uso recorrente de um mesmo


termo para marcar o sentido. Acontece na frase “João chegava cedo no es-
critório e trabalhava, trabalhava, trabalhava.” Neste caso, a repetição tem o
objetivo de enfatizar o termo e dar uma noção de intensidade.

Mão na massa

Observe as imagens dessas duas paredes. Você


consegue estabelecer uma relação entre a construção
de uma casa e a construção de um texto? Observando a
parede da direita, você diria que ela possuiu “coesão”?

98 Leitura como processo interativo


APLICAÇÃO DE NOÇÕES GRAMATICAIS DE ACORDO
COM O TEXTO

Reflita

Pense rápido e responda: Todo brasileiro, falante do


português, conhece as regras gramaticais da língua
portuguesa?

De forma imediata talvez a primeira nicar livremente, tanto através da fala


resposta que venha em sua mente seja quanto da escrita, afinal a escola não é
“Sim, para falar é preciso conhecer a o único lugar em que é possível apren-
língua”. Porém, observe que existem der. Um exemplo disso é que quando
muitas diferenças entre a oralidade e uma criança de seis anos chega para
a escrita e uma das principais é que a sua primeira aula no ensino fundamen-
oralidade apresenta espontaneidade, tal ela já usa a língua portuguesa para
já a escrita deve apresentar planeja- se comunicar, ou seja, ela não aprende
mento e organização. a falar na escola e talvez até já tenha
Outro ponto é que existe em nos- aprendido a escrever em casa com
so país um número bastante grande a ajuda de algum adulto. Mas, ainda
de pessoas que não frequentam ou assim, essa criança respeita algumas
não frequentaram a escola, não ten- regras para usar a língua; chamamos
do acesso ao ensino formal da língua isso de gramática internalizada, pois é
portuguesa. Ainda assim, essas pesso- aprendida naturalmente.
as podem usar a língua para se comu-

Leitura como processo interativo 99


Curiosidade
Você sabia que em Portugal a primeira gramática do
Português foi escrita em 1536 por Fernão de Oliveira?
Portanto, as pessoas já faziam uso da língua muito antes
de existir um livro sobre essas regras de uso.

Isso não significa que a escola, enquanto instituição formal de ensino, não
seja necessária para a sociedade. Também não significa que não é necessário
estudar gramática. A provocação aqui é no sentido de pensarmos a importância
e o lugar de cada tipo de conhecimento que adquirimos ao longo da vida. Para
Geraldi (2011, p. 37):

100 Leitura como processo interativo


“ (...) uma coisa é saber a língua, isto é, dominar as
habilidades de uso da língua em situações concretas
de interação, entendendo e produzindo enunciados
adequados aos diversos contextos, percebendo as
dificuldades entre uma forma de expressão e outra.
Outra coisa é saber analisar a língua, dominando
conceitos e metalinguagens a partir dos quais se fala
sobre a língua, se apresentam suas características
estruturais e de uso.

Retomando a pergunta inicial, talvez você também tenha tentado rapidamen-


te buscar na memória as aulas do ensino fundamental e médio e para lembrar o
que é gramática. Inicialmente, é preciso considerar que existem vários sentidos
para o termo “gramática”, mas aqui vamos entender essa gramática que estu-
damos na escola como a gramática normativa que se refere a um conjunto de
regras referentes à pronúncia, à formação de palavras e à combinação dessas
palavras em frases (PERINE, 2002). A gramática normativa é a base da norma
padrão ou formal.

Leitura como processo interativo 101


Atenção
Pense que para nos comunicarmos precisamos recorrer a duas
estratégias, a saber: a seleção e a combinação. Precisamos selecionar
palavras adequadas e combiná-las em uma ordem que faça sentido.

As palavras formam aquilo que chamamos de léxico ou vocabulário da lín-


gua. Mas para combinarmos as palavras em uma ordem, precisamos recorrer a
um conjunto de regras que formam o que chamamos de gramática (CARVALHO,
2018. p.39).

Curiosidade
No Brasil, a ortografia é decidida pela Academia
Brasileira de Letras (ABL), que procura entrar em acordo
com as academias de outros países lusófonos. A ABL
encaminha as regras à Presidência da República que
estabelece oficialmente por meio de uma lei ou um
decreto.

No dia a dia, na função de estudante ou de profissional, você provavelmente


terá muitas dúvidas pontuais sobre alguma regra específica. É preciso entender
que isso é normal e você deve sempre recorrer a ferramentas que auxiliem, por
exemplo, um dicionário online ou uma busca em sites especializados na internet.

102 Leitura como processo interativo


No entanto, para saber o que e como procurar por algo quando a dúvida apa-
rece, é necessário saber identificar a natureza dessa dúvida. Observe o seguinte
esquema:

Gramática
normativa

Fonologia Ortografia Pontuação Morfologia Sintaxe

Formação
Ortoépia Grafia e Concordância
estrutura

Classificação
Prosódia Acentuação Regência
gramatical

Flexão Colocação

Figura 9 - Mapa prático da gramática normativa


Fonte: Adaptado de Carvalho (2018)

Leitura como processo interativo 103


As principais dúvidas que surgem no momento da escrita se referem à orto-
grafia. A ortografia se refere à forma considerada correta de escrita e de acentu-
ação das palavras. Você vai conferir aqui algumas regras atuais que costumam
gerar dúvidas:

EXEMPLOS REGRAS

Pinguim Não se usa mais o trema ¨ (sinal de diérese) em palavras portuguesas


Tranquilo ou aportuguesadas. Não houve alteração de pronúncia dessas palavras
Cinquenta sem o trema. Mas, conserva-se o trema em:
Linguística • Palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros. Exemplo: mül-
leriano, de Müller.
• Na demonstração da pronúncia do u em dicionários e vocabulários
ortográficos. Exemplo: tranquilo (qü).

Ideia Não recebem o acento gráfico (´ ou ^) os ditongos abertos –ei e –oi


Estreia de palavras paroxítonas.
Joia Mas, as palavras paroxítonas terminadas em –r, como destróier,
Méier, blêizer, etc., recebem acento gráfico.

Voo Não se assinalam com acento gráfico (^ ou ´) encontros vocálicos


Enjoo fechados.
Mas, as palavras paroxítonas terminadas em –n recebem acento gráfi-
co. Exemplos: herôon (Br.) e heróon (Port.).

Leem Não se usa acento gráfico nas formas verbais leem, creem e seus deri-
Creem vados releem, descreem, etc.

K, W, Y O alfabeto passa a ser formado oficialmente por 26 letras,


com o acréscimo de K, W e Y, na seguinte sequência:
a, b, c, d, e, f, g, h, i, j, k, l, m, n, o, p, q, r, s, t, u, v, w, x, y, z.

Para (prep.) Para (verbo) Não recebem acento gráfico (diferencial) as palavras homógrafas,
Pela (subst.) Pela (ver- ou seja, que possuem a mesma grafia, mas com significados diferen-
bo) tes, ainda que formem um composto separado por hífen, por exem-
Para-choque plo: para-choque.
Para-brisa Mas, as seguintes palavras homógrafas recebem acento gráfico:
pôde (3ª pess. sing. pret. ind.)/ pode (3ª pess. sing. pres.ind.);
pôr (verbo)/ por (prep.);
têm (3ª pess. pl. pres. ind. do verbo ter)/ tem (3ª pess. sing. pres. ind.
do verbo ter);
Para evitar possível ambiguidade, a palavra fôrma (subst.) deve ser
acentuada para diferenciar-se de forma (3ª pess. sing. ind. ou 2ª
pess. sing. imper. do verbo formar). Deve-se diferenciar, ainda, as
palavras demos/dêmos.

Feiura Não recebem acento gráfico as palavras paroxítonas que têm as


Cauila vogais tônicas i e u precedidas de ditongo decrescente. Exemplos:
Taoismo feiura, cauila, taoismo, etc.

104 Leitura como processo interativo


O USO DO HÍFEN NA NOVA ORTOGRAFIA

Paraquedas Com o passar do tempo, algumas palavras que eram compostas


Pontapé deixaram de ser escritas com o hífen e passaram a ser grafadas aglu-
Girassol tinadamente como: girassol, pontapé e paraquedas (paraquedista,
Madressilva paraquedismo, etc.).

Couve-flor O hífen é utilizado em palavras compostas que designam espécies


Bem-te-vi botânicas (plantas e frutos) e zoológicas. Exemplos: erva-doce, bem-
João-de-barro -me-quer (mas malmequer), andorinha-do-mar, formiga-branca, etc.

Anti-inflamatório Usa-se o hífen quando o primeiro elemento termina por vogal que
Auto-observação seja igual àquela que inicia o segundo elemento: eletro-ótica, anti-
Micro-ondas -infeccioso, semi-interno, micro-ondas, etc. Mas, o prefixo co- sem-
pre se une ao segundo elemento, ainda que este comece por “o”
como em cooperar.

Autoescola Não se usa o hífen se o primeiro elemento terminar por vogal dife-
Antiaéreo rente daquela que inicia o segundo elemento como em: autoescola,
Hidroelétrico agroindustrial, aeroespacial, hidroelétrico, semiárido, extraescolar,
neoimperialista, socioeconômico, etc.

Pós-, Pré-, Pró- (tônicos) Usa-se o hífen quando o primeiro elemento termina acentuado gra-
Pós-graduação ficamente: pós-moderno, pré-escolar, pró-britânico, etc. Mas, pode
Pré-datado haver variação em determinados casos: pós-tônico ou postônico,
Pró-ativo pró-ativo ou proativo, etc.

Auto-hipnose Usa-se o hífen quando o primeiro elemento termina por vogal, r ou b e


Anti-herói o segundo elemento começa com h.
Super-homem
Sub-humano

Quadro 4 - Guia de consulta rápida das regras da nova ortografia


Fonte: Adaptado de Santos e Cagliari (s.d.)

A língua portuguesa é cheia de encantos e armadilhas. Portanto, é importante


considerar que ninguém está livre de cometer erros relacionados à gramática
normativa. Um bom profissional não é aquele que nunca comete um erro, mas
aquele que é atento o suficiente para evitá-los e que quando eventualmente
percebe um erro busca corrigi-lo da melhor forma possível.

Leitura como processo interativo 105


Reflita
Você já se sentiu envergonhado por ter cometido um
erro gramatical em um documento ou na escrita de um
e-mail e só ter percebido depois de alguém ter visto ou
depois do envio?


REDAÇÃO DE TEXTOS ACADÊMICOS
Sobre o ato de escrever, o poeta chileno Pablo Neruda certa vez disse:

“Escrever é fácil: você começa com letra maiúscula e


termina com um ponto final. No meio você coloca as
ideias.”

É claro que o poeta estava simplificando a difícil tarefa de escrever e escrever


bem. Sabemos que mesmo escritores experientes e com obras premiadas sen-
tem dificuldade diante da escrita. Por isso, nunca é tarde para perder o medo e
se aventurar pelas palavras.
Existem diferentes tipos de textos e que são classificados de acordo com o
objetivo, finalidade e estrutura. São eles:

• Texto narrativo: é aquele que apresenta um enredo, com personagens que


se relacionam no tempo e no espaço. Por exemplo: Conto; fábula; romance;
crônica.

• Texto descritivo: é aquele que apresenta a descrição de algo. Pode ser de


uma pessoa, um objeto, um local, etc. Por exemplo: diário, uma notícia, um
relato, etc.

• Texto expositivo: é aquele que tem como objetivo a exposição de um tema,


assunto, objeto, conceito, tipo de produto ou mesmo o estado da arte de cam-
po de estudos de forma clara e objetiva. Pode ser de duas formas: texto in-
formativo-expositivo, que tem o objetivo de transmitir informações ou texto
expositivo-argumentativo, que tem o objetivo de expor um tema com uma
defesa de opinião. Por exemplo: Seminários; entrevistas; palestras; enciclopé-
dia; verbete de dicionário.

• Texto injuntivo: é aquele que apresenta um método ou uma explicação para


realização de algo. Por exemplo: regulamento; propaganda; receita culinária;
bula de remédio; manual de instruções.

• Texto dissertativo: é aquele em que se busca defender uma ideia. O texto


dissertativo pode ser: dissertativo-expositivo, que mantém o foco na exposi-
ção de algo e dissertativo-argumentativo, que mantém o foco na defesa de
uma ideia por meio de argumentos, opinião e explicações fundamentadas.
Por exemplo: resenha; artigo; ensaio; monografia, etc.

Aqui vamos focar a atenção no texto dissertativo-argumentativo. Esse tipo


de texto exige um tipo de escrita que apresenta um tema e defende um ponto
de vista sobre esse tema se amparando em argumentos. É necessário respeitar
uma estrutura de parágrafos que formam uma sequência com introdução, de-
senvolvimento e conclusão, ou seja, início, meio e fim.

Leitura como processo interativo 107


No texto dissertativo-argumentativo é comum a apresentação de exemplos
para sustentar os argumentos. Isso é uma prática cotidiana para a maioria das
pessoas. Em uma reunião de trabalho, por exemplo, é comum que seja preci-
so expor aquilo que se pensa a respeito de um projeto e defender um ponto de
vista. Para isso, usa-se exemplos de situações anteriores em que foi obtido resul-
tado positivo ou negativo.
Na vida de estudante de graduação também é comum se deparar com tipos
específicos de textos que têm objetivos diferentes. Vamos analisar três: o resu-
mo, a resenha e o relatório acadêmico.

1. Resumo
O resumo é um trabalho de síntese que tem como objetivo apresentar de
forma concisa as principais informações presentes em um texto. O resumo é
indicado para quando é preciso fazer a leitura de um texto que é central em sua
área de estudo. Para isso, deve-se fazer uma leitura profunda e atenta da obra de
referência para que seja possível apresentar uma síntese que apresente os ob-
jetivos, os métodos, os resultados, a conclusão alcançada, respeitando sempre
a progressão e a forma como o texto de referência foi elaborado. Recomenda-se
que um resumo respeite as seguintes orientações:
• No início deve ser apresentada uma frase que indique o tema, assunto ou
ideia principal abordada na obra de referência, mas sem repetir o título.

108 Leitura como processo interativo


• O resumo deve ser construído com a apresentação dos pontos mais significa-
tivos da obra de forma direta e clara.

• O resumo deve ser escrito em um único parágrafo com uso de verbos na 3ª


pessoa do singular.

• O resumo deve respeitar as noções de início, meio e fim. É preciso que o texto
do resumo apresente coesão e coerência.

• O resumo não deve conter citações de nenhum tipo, tabelas, gráficos, es-
quemas ou quadros. Se o texto original apresentar informações importantes
dessa forma, apresente no formato de texto linear.

• O resumo não deve apresentar informações ou afirmações que não constem


na obra de referência.

Leitura como processo interativo 109


2. Resenha
A resenha acadêmica possui algumas semelhanças com o resumo. A resenha
também é escrita com base na leitura de uma obra base que serve como refe-
rência. A diferença entre a resenha e o resumo é que na resenha o autor pode
inserir informações, avaliações e o seu ponto de vista sobre a obra.
As resenhas acadêmicas em geral apresentam três objetivos: apresentar as
reações à escrita de uma obra, servir como guias para a leitura ou a compra de
uma obra e servir como exercício de escrita para estudantes que precisam de-
senvolver habilidades relacionadas à escrita. As resenhas acadêmicas são publi-
cadas em periódicos que têm como público leitor pessoas interessadas no estu-
do de alguma área específica.

3. Relatório
Ainda na área acadêmica, o relatório também é um documento bastante
solicitado. Um relatório caracteriza-se por apresentar o registro de algo que
pode ser uma aula, um projeto, um exercício prático, etc. Um bom relatório deve
apresentar as seguintes características:
• linguagem clara e objetiva;

• exatidão na descrição dos fatos;

• deve conter apenas informações necessárias e relevantes;

• não deve omitir etapas, fatos ou acontecimentos.

O Relatório tem como objetivo básico trazer o histórico daquilo que foi desen-
volvido. Por isso, quanto à estrutura, a escrita deve concentrar-se no início em
retomar os objetivos do projeto, em seguida deve descrever as atividades rea-
lizadas e apresentar os resultados obtidos, porém não existe a necessidade de
conter análises e reflexões mais desenvolvidas. Essa estrutura pode sofrer alte-
rações de acordo com a área de conhecimento e o objetivo do relatório.

110 Leitura como processo interativo


Atenção
É preciso estar atento ao uso da linguagem formal para a escrita de
textos acadêmicos. Além disso, existem regras para a elaboração de
trabalhos acadêmicos que se amparam nas normas da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A padronização tem como
objetivo facilitar o entendimento de um texto e a publicação em
periódicos especializados.

Leitura como processo interativo 111


Mão na massa

Observe a imagem. Você consegue estabelecer uma


relação entre as partes de um sanduíche e as partes de
um texto dissertativo-argumentativo?

TEXTOS EMPRESARIAIS
Se engana quem pensa que a atividade de escrita se restringe a ambientes es-
colares e acadêmicos. Na vida profissional também é necessário ter contato com
textos de diferentes naturezas e características. É fundamental saber reconhecer
o objetivo de cada tipo de texto e sua estrutura para conseguir vincular o texto
ao contexto em que ele é apresentado ou solicitado.
É preciso entender que no momento em que o profissional escreve um docu-
mento, ele está representando a empresa, ou seja, a escrita dos textos empresa-
riais é coletiva.

112 Leitura como processo interativo


Atenção
O profissional não escreve em seu próprio nome, mas em nome
da empresa para a qual trabalha. A linguagem deve prezar pela
objetividade, clareza, eficácia e exatidão das informações apresentadas.
Por isso, a linguagem formal deve ser utilizada, assim como a linguagem
denotativa, aquela que apresenta o sentido real das palavras. A
estrutura do texto deve ser simples, paragrafação clara e objetiva.

Vale lembrar que os documentos empresariais possuem valor jurídico e por


isso merecem atenção e zelo na elaboração. Serão abordados alguns dos princi-
pais textos empresariais, confira:

Leitura como processo interativo 113


Carta comercial: a carta comercial é um tipo de comunicação entre empresas
ou entre empresa e indivíduo. A escrita da carta deve ser organizada e apresen-
tar linguagem acessível para evitar um entendimento errôneo. Apesar de o ter-
mo “carta” remeter a uma forma de comunicação em desuso, a carta comercial
ainda é bastante utilizada e atualmente é enviada por e-mail. Confira a estrutura
da carta comercial:

(Nome da empresa)

(Local, data, ano)

(Pronome de tratamento adequado) (Nome do


destinatário)

Mensagem

Agradecimento

Figura 10 - Carta comercial


Fonte: da Autora (2022)

Ofício: O ofício é uma correspondência utilizada para enviar ordens, notifica-


ções, solicitações ou informações com efeito jurídico. O ofício apresenta uma
estrutura bastante particular, confira:

Ofício de (tipo do ofício)


nº _____ /_____
Local e data
A/C. (Pronome de tratamento adequado) (Nome do
destinatário)
(Cargo ou função de quem vai receber)
(Empresa ou órgão de quem vai receber)
Assunto
Prezado (a)sr. (sra.) (Cargo ou função do destinatário)
(Aqui, você deve descrever as razões que o levaram a
fazer o pedido, o comunicado ou a solicitação)
(Saudação e despedida)
(Assinatura)
(Seu nome)

Figura 11 - Oficio
Fonte: da Autora (2022)

114 Leitura como processo interativo


Memorando: Um memorando é um documento bastante utilizado e que
geralmente fica arquivado apara consultas posteriores. O ofício e o memorando
possuem semelhanças, mas se diferenciam em um aspecto importante: o ofício
é uma comunicação externa e o memorando se caracteriza por ser mais utiliza-
do na comunicação interna.

Memorando n°
Local e data
A/C. (pronome de tratamento adequado) (nome do
destinatário) ou (cargo ou função de quem vai receber)
(empresa ou órgão de quem vai receber)
Assunto
Mensagem
(saudação e despedida)
(assinatura)
(Cargo)

Figura 12 - Memorando
Fonte: da Autora (2022)

Ata de reunião: é um documento que descreve os acontecimentos e assun-


tos tratados durante uma reunião. Pode ser manuscrita ou digitada em folhas
numeradas. É aconselhável o uso do verbo no pretérito perfeito ou imperfeito e
os números devem ser escritos por extenso. A ata deve ser feita no momento da
reunião para evitar que alguma informação não seja registrada. A ata não deve
ter espaços ou rasuras, pois não pode ser modificada após a reunião. Ao final da
reunião a ata deve ser lida e após a aprovação, todos os presentes devem assinar
a ata. A ata apresenta a seguinte estrutura:

Cabeçalho

Declaração do quórum

Desenvolvimento do texto com início e fecho

Registro de aprovação

Relação nominal (assinaturas sem espaço)

Figura 13 - Ata reunião


Fonte: da Autora (2022)

Leitura como processo interativo 115


Declaração: é um documento utilizado para informar algo sobre alguém ou
alguma situação. A declaração afirma que o que está sendo registrado de fato
aconteceu, por isso é padrão a apresentação do número dos documentos pes-
soais ou da empresa para legitimar as informações apresentadas. Geralmente
apresenta a assinatura de próprio punho.

Declaração

Texto com números dos


documentos

Local, data

Assinatura do responsável

Figura 14 - Declaração
Fonte: da Autora (2022)

116 Leitura como processo interativo


Relatório técnico: um relatório é um documento que tem como finalidade
relatar alguma atividade ou situação. Um relatório também pode ser feito com
o objetivo de registrar o desempenho de uma equipe ou de um setor específico
da empresa no decorrer do desenvolvimento de um projeto. A escrita deve trazer
informações claras e objetivas compilando as informações de maneira direta.

Atenção
Comentários, observações e avaliações de natureza subjetiva devem ser
evitadas, pois podem comprometer o conteúdo técnico apresentado.

Se houver a necessidade de elaboração de um relatório mais completo é indi-


cado a divisão dos assuntos por tópicos que ajudarão a dar um direcionamento
para a leitura. É importante atentar para a conclusão, pois ela facilita a tomada
de decisões.
Existem vários modelos de relatório, mas de modo geral ele deve apresentar:

Título
Contextualização
Metodologia utilizada
Objetivos
Estrutura dos dados
Conclusões e recomendações

Figura 15 - Relatório técnico


Fonte: da Autora (2022)

Leitura como processo interativo 117


Mão na massa

Imagine que você está no trabalho e recebe uma


solicitação para elaborar um documento. Você
conseguiria desenvolver essa atividade com facilidade?
Então exercite e escolha um dos tipos de documentos
empresariais apresentados aqui (carta comercial, ofício,
memorando, ata de reunião, declaração, relatório técnico) e elabore um
modelo como se você estivesse no trabalho.

Nestes estudos, você pôde conferir conhecimentos relacionados à escrita e à


leitura, como: leitura como processo interativo, o modo como é atribuído senti-
do a um texto, além de elementos importantes como coesão e coerência, aplica-
ção de noções gramaticais de acordo com o texto, bem como os tipos de textos
acadêmicos e empresariais.

Lembre-se que entender os elementos que compõem um texto, ajuda a vê-lo


como uma unidade composta por partes e cada uma dessas partes tem sua im-
portância e merecem sua atenção no momento da leitura.

118 Leitura como processo interativo


REFERÊNCIAS

BRASIL. Presidência da República. Manual de Redação da Presidência da Repú-


blica. 3 ed. Brasília: Presidência da República, 2018. Disponível em: http://www4.
planalto.gov.br/centrodeestudos/assuntos/manual-de-redacao-da-presidencia-
-da-republica/manual-de-redacao.pdf. Acesso em: 28 maio 2022.
COROA, M. L.. O texto dissertativo-argumentativo. In: Textos dissertativo-argu-
mentativos: subsídios para qualificação de avaliadores. Lucília Helena do Carmo
Garcez, Vilma Reche Corrêa, organizadoras. Brasília: Instituto Nacional de Estu-
dos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2017. 279 p.
DICAS de como fazer o pitch perfeito na entrevista de emprego. Diário do Nordes-
te, 2020. Emprego. Disponível em: https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/
projetos/empregos/dicas-de-como-fazer-o-pitch-perfeito-na-entrevista-de-em-
prego-1.2980862. Acesso em: 14 maio 2022.
DURAN, G. R. As concepções de leitura e a produção do sentido no texto. Revis-
ta Prolíngua – ISSN 1983-9979. Volume 2, número 2 – Jul./Dez. de 2009.
GERALDI, W. J. (Org.). O texto na sala de aula. 5. ed. São Paulo: Ática, 2011.
GUIMARÃES, T. de C. Comunicação e Linguagem. 2ª ed. São Paulo: Pearson Edu-
cation do Brasil, 2018.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Fundamentos da metodologia científica. 4.
ed. São Paulo: Atlas, 1992.
LEFFA V. J. Interpretar não é compreender: um estudo preliminar sobre a inter-
pretação de texto. In: Vilson J. Leffa; Aracy Ernest. (Org.). Linguagens: metodolo-
gia de ensino e pesquisa. Pelotas: Educast, 2012, p. 253-269
SABBATINI, R. M. E. A evolução da inteligência. Revista Cérebro & Mente, 2011.
Disponível em: https://cerebromente.org.br/n12/mente/evolution/evolution.
htm#:~:text=A%20intelig%C3%AAncia%20%C3%A9%20uma%20entidade,de-
ve%20usar%20todas%20estas%20fun%C3%A7%C3%B5es. Acesso em: 20 maio
2022
SANTOS, L. M. R.; CAGLIARI L. C.. Guia de consulta rápida das regras da nova
ortografia. Araraquara: Laboratório editorial da FCL, 2016.
SOLÉ, I.. Estratégias de Leitura. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.
Videoflix

Você tem interesse em aprender mais sobre leitura e


escrita? Você percebe que as habilidades de leitura e escrita
são importantes para o seu desenvolvimento profissional?
Você já teve algum problema no trabalho ou nos estudos por não
ter entendido bem um relatório, um e-mail, um aviso? Se você respondeu
que sim, aproveite essa oportunidade de desenvolvimento e assista aos vídeos
nessa galeria.
Você poderá conferir que a escrita foi importante para a história da humanidade,
trazendo alguns marcos temporais. E como a tecnologia influenciou esse processo
e possibilitou que mais pessoas tivessem acesso às produções escritas.
Vai poder conferir também possibilidades para lidar com dificuldades na
leitura, podendo conhecer melhor as fases da leitura para que o processo de
identificação das prováveis barreiras se torne mais fácil e a habilidade de leitura
possa ser desenvolvida.
Por fim, nestes vídeos serão tratadas a importância e a necessidade da
leitura e da escrita para o nosso progresso enquanto seres humanos e também
enquanto profissionais em busca de espaço no mercado de trabalho. Confira os
materiais e reflita sobre esse tema.

A escrita e a humanidade

https://player.vimeo.com/
video/738368850?h=a1a4e7e2f7

Fases da leitura

https://player.vimeo.com/
video/738369106?h=2b77118e5a

121
Infocast

É fato que no ambiente profissional existem regras relacionadas ao


comportamento, à vestimenta, aos horários. Perceba que ter que lidar com regras
relacionadas à comunicação não é fácil. Porém, se você tiver atenção aos detalhes
e vontade de melhorar o seu desempenho profissional, tudo fica mais simples.
Portanto, nessa galeria de podcasts serão abordadas dicas de como escrever
bem no ambiente de trabalho. Com a aplicação de apenas quatro dicas, você irá
descomplicar a tarefa de escrita e trazer agilidade para o seu dia a dia profissional.
Além disso será tratado também sobre a leitura e a interpretação de texto no
ambiente de trabalho. Apesar da interpretação ser a grande vilã quando o assunto
é leitura, você vai perceber que adotando medidas simples como estratégias de
leitura, você conseguirá ler, compreender melhor os sentidos presentes no texto e
evitar problemas de entendimento.
Lembre-se que a leitura é uma habilidade desenvolvida através do exercício
constante. Então não fuja de uma leitura mais extensa ou daquele conteúdo que
você não domina. Busque aprimorar sua capacidade de escrita e de interpretação
e tenha destaque na vida profissional.

123
A leitura e a interpretação de
texto no ambiente de trabalho
Olá! Aqui vamos tratar sobre algumas dicas sobre leitura e interpretação de
texto no ambiente de trabalho.
Os seres humanos são seres comunicativos. Nos comunicamos o tempo
todo. Mesmo quando estamos em silêncio seguimos nos expressando e nos
comunicando. Um exemplo disso são os filmes do magnífico Charlie Chaplin. E
para quem acha que um exemplo do cinema não conta, basta observar um bebê
dormindo por algum tempo. Até mesmo dormindo um bebê se expressa através de
movimentos do corpo e expressões faciais se está com dor ou se está tranquilo.
Mesmo assim, ainda que a gente faça isso a todo momento, sabemos que a
tarefa de se comunicar com o outro não é fácil, principalmente no ambiente
de trabalho. Por isso é importante investir no desenvolvimento da habilidade
de comunicação buscando evitar ou minimizar possíveis problemas. Para isso,
traremos agora algumas dicas para que você possa utilizar no seu dia a dia do
trabalho. Fique atento!

Dica 1 - Não é só saber ler bem


Alguns podem confundir ter uma boa leitura e interpretação de
texto com possuir um bom repertório gramatical, escrever bem
e conseguir entender “textos difíceis”. Isso faz parte, porém é
apenas uma parte. Se no trabalho, ao receber um relatório de
desempenho, por exemplo, você consegue retirar daqueles dados o
cenário que sua empresa está vivendo e como os números podem ser melhorados,
você está praticando uma boa interpretação de texto.
O mercado enxerga leitura no sentido mais amplo da palavra, como a capacidade
de “ler” situações através das informações que você recebe ou produz. Desta
forma, você consegue identificar problemas e soluções de forma mais rápida e
chegar nos resultados que a empresa precisa no menor tempo possível.

Comunicação Oral e Escrita 125


125
Dica 2 - Aprimorando sua leitura e
interpretação de texto
Para melhorar essa habilidade você precisa: ler muito. Livros,
notícias, revistas, artigos de opinião ou textos técnicos do seu
campo de trabalho. Quanto mais variado for seu hábito de leitura,
mais repertório linguístico você vai ter e mais facilidade seu
cérebro vai encontrar na hora de interpretar o que você está lendo.
Fora isso, o hábito de leitura traz outros benefícios, como ter uma boa memória,
ser uma pessoa mais criativa e também mais comunicativa. Quem lê bem escreve
bem, e quem se destaca nessas duas habilidades tem mais chances no campo
profissional.

Dica 3 - Exercite a leitura atenta


Leia atentamente cada frase do texto. Não tenha pressa
para terminar sua leitura por mais que ela seja extensa. Se
for preciso, divida seu material em blocos de leitura e faça
pequenas pausas entre eles para que a tendência de desfocar
seja menor.
Muitos de nós costumamos apenas ler superficialmente ou pular algumas partes
do texto quando achamos que já dominamos o assunto ou já temos conhecimento
do que está escrito. Esta é uma má prática de interpretação de texto, pois dessa
forma deixamos passar informações que não sabemos e que talvez façam uma
grande diferença na hora de entender o documento, absorver seu conteúdo e
encontrar soluções.

126 Comunicação Oral e Escrita


126
Dica 4 - Repasse aquilo que você aprendeu

Essa é uma boa forma de fixar na sua memória tudo que você
aprendeu lendo e interpretando. Faça um pequeno resumo de
tudo que você conseguiu absorver por escrito e crie uma rápida
apresentação listando todas as informações que você acha que
são importantes e estude o que você produziu.

Colocando essas dicas básicas em prática você conseguirá perceber o seu


progresso no dia a dia. Por mais que seu ambiente de trabalho não seja o mais
adequado, que você seja tímido e sinta dificuldade de interagir com os colegas
ou clientes, que você esteja cansado ou que o texto recebido não atenda às
suas expectativas, você terá que criar estratégias para fazer o seu trabalho da
melhor maneira possível. E se você conseguir evitar os problemas que um erro
de interpretação pode causar, os resultados positivos serão visíveis.
Até a próxima!

127
Dicas para escrever no
ambiente de trabalho
E aí? Tudo certo? Aqui você vai poder explorar algumas dicas que irão te ajudar
na escrita no ambiente de trabalho.
O mercado de trabalho exige cada vez mais dos profissionais. Isso não é
nenhuma novidade. Mas o fato é que não é nada fácil corresponder a todas as
expectativas das empresas e isso pode gerar frustração. Uma sugestão é identificar
aquelas habilidades que são essenciais e focar nelas com toda a sua energia.
Uma dessas habilidades é a escrita. Afinal, não adianta ser um profissional
que atende às demandas técnicas se você falha na hora de escrever um relatório
ou um simples e-mail. É claro que sabemos que errar é humano, mas também
é uma característica humana se aperfeiçoar sempre. E isso é exatamente o que
as empresas buscam: profissionais com vontade de se desenvolver e buscar sua
melhor versão.
Para te ajudar nesse processo, você vai conferir agora algumas dicas para
escrever bem no ambiente de trabalho:

Dica 1 - Coloque-se no lugar do receptor

Se você for escrever um e-mail, por exemplo, e fizer isso de


uma maneira desordenada, dificilmente o leitor conseguirá
compreender a mensagem. Lembre-se que quem vai receber
o e-mail provavelmente receberá muitas outras mensagens ao
longo do dia e que tudo ficará mais fácil se você escrever de uma
forma que facilite o entendimento.

Comunicação Oral e Escrita 129


129
Dica 2 - Clareza é fundamental

Em um e-mail, textos claros e objetivos trazem fluidez para a


leitura, rapidez para o processo de resolução de problemas e
isso é o que todos os profissionais desejam. Então, prefira frases
curtas e se for tratar de um assunto que está em andamento,
procure trazer informações que situem o leitor da etapa sobre a qual
vocês estão tratando naquela mensagem. Se for um texto mais denso, como um
relatório, preze também pela clareza das informações para evitar erros de leitura,
pois eles podem trazer grandes prejuízos para a empresa.

Dica 3 - Use a linguagem formal

Ambientes de trabalho exigem linguagem formal na escrita.


Do relatório ao WhatsApp, a formalidade é essencial para
manter o profissionalismo. Lembre-se que por mais que você
mantenha uma boa relação com os colegas de trabalho, com o
seu superior ou mesmo com os clientes, a comunicação corporativa
ainda é um campo que possibilita resolução de problemas e criação de problemas. A
formalidade na escrita evita que problemas sejam criados. Então, evite abreviaturas,
siglas que não são conhecidas, uso de letras maiúsculas de forma indevida, termos
técnicos para tratar com alguém que não é da área. Não economize no empenho na
hora de buscar o melhor entendimento da sua mensagem.

130 Comunicação Oral e Escrita


130
Dica 4 - Revise seu texto

Sempre que for escrever um texto, revise. Várias vezes se for


necessário. Quanto mais importante for o texto, mais revisões
ele precisa ter. Use ferramentas como dicionários online, sites
com dicas de gramática, leia em voz alta se for possível. Vale
tudo na hora de garantir a boa aparência do seu texto.

Seguindo essas dicas você evitará problemas e trará agilidade para o seu dia a
dia no trabalho. Pense sobre como você escreve e mude aquilo que está errado.
Progresso é um caminho que sempre vale a pena.
Até mais!

REFERÊNCIAS

LEITURA e interpretação de texto: como melhorar suas habilidades? Blog Portal


Pós, 2022. Disponível em: https://blog.portalpos.com.br/leitura-e-interpretacao-
-de-texto/. Acesso em: 12 maio 2022.

131
Quero saber +

Gostou do assunto? Você pode aprender ainda mais sobre comunicação e


linguagem, buscando novos horizontes, sites, links, aplicativos e livros. Saiba mais
lendo e conferindo os materiais a seguir.

História da escrita

Assista ao vídeo que mostra de forma rápida e leve a história da


escrita. Ao longo da história houve diversas formas de escritas, as quais
evoluindo deram origem à escrita como a conhecemos atualmente.
Nesse vídeo, você vai conhecer a formação e a evolução de diversos
sistemas de escrita que surgiram desde o final do Neolítico. Na
periodização tradicional, a escrita marca o encerramento da Pré-
História e o início da História.

https://www.youtube.com/watch?v=Y4OI4wnU-Rg

Você sabe escrever? Ou pensa que sabe?

Neste vídeo da doutora em linguística Vivian Rio Stella, em parceria


com a “Casa do Saber”, você confere quais são os mitos da boa escrita
e o que deveria ser mais trabalhado quando se fala em “escrever bem”.
Se você quer desenvolver sua habilidade de escrita, esse vídeo pode ser
um bom começo para desconstruir alguns estereótipos sobre a escrita.
Acesse!

https://www.youtube.com/watch?v=aRGZD7fUy1w

133
Técnicas de comunicação escrita

No livro “Técnicas de comunicação escrita” de autoria do professor Izidoro


Blikstein – um dos maiores especialistas em comunicação do país, o autor
desvenda os mistérios do escrever bem para todos aqueles que sentem
calafrios só de pensar que precisam redigir desde um simples e-mail até
um relatório complexo. Em linguagem leve, com exemplos didáticos, o
autor mostra que redigir um bom texto, qualquer que seja, não é nenhum
bicho de sete cabeças. Mas é preciso atenção e esforço, pois escrever bem
significa comunicar-se com eficiência. E uma boa comunicação é essencial
para o progresso no mundo corporativo. O livro encontra-se disponível na
biblioteca Pearson.
BLIKSTEIN, I. Técnicas de Comunicação Escrita. 22 ed. - São Paulo: Ática,
2006. 103p.

134
Resumindo

Agora é o momento de conferir um resumo dos principais conhecimentos


aprendidos ao logo de seus estudos até aqui. Este resumo foi elaborado em
formato de checklist para que você assinale os itens que você considera já ter
desenvolvido e, caso sinta a necessidade, retome os estudos. Aproveite mais essa
oportunidade de construção de saberes.

Compreendi que existem diferentes noções gramaticais para serem aplicadas


de acordo com o texto.

Reconheço a leitura como um processo interativo.

Entendi como acontece a construção do sentido de um texto.

Identifiquei a importância da coerência e da coesão dentro de um texto.

Entendi como é feita a redação de textos dissertativos e argumentativos.

Identifiquei as características dos textos acadêmicos.

Reconheci a importância dos textos empresariais.

Reconheci a importância de desempenhar uma boa comunicação oral e


escrita no ambiente profissional.

135
PARA CONCLUIR

Parabéns! Você chegou ao final destes estudos. A seguir explore o infográfico


que preparamos pra você!
Ele traz os principais conceitos e definições que foram abordadas no decorrer
de toda essa importante jornada de construção de conhecimentos. Esse é um
breve resumo para você consultar sempre que sentir necessidade.

137
138
138
139
139
140
FECHAMENTO

Olá!
Você chegou ao final da Unidade Curricular de Comunicação Oral e Escrita.
Que trouxe conteúdos importantes para sua formação profissional.
Aqui, você conheceu, refletiu, compreendeu e aplicou conhecimentos que irão
acompanhá-lo durante toda a sua trajetória.
Lembre-se sempre: a comunicação faz parte da organização das empresas e,
mais do que isso, ela é responsável pela qualidade dos produtos e serviços que
são oferecidos aos clientes.
A boa comunicação aumenta a produtividade, a eficiência, a troca de
conhecimento entre os colaboradores e representa saúde, pois trabalhar
em um ambiente confuso, desorganizado, onde ninguém se entende, pode
trazer problemas de saúde para os envolvidos e também afetar a eficiência e
produtividade.
Por isso, é essencial que bons profissionais invistam no desenvolvimento da
habilidade da comunicação.
Você deu os primeiros passos ao concluir esta Unidade Curricular. A partir
desse momento, você pode incluir em seu currículo que você é um profissional
que estudou sobre os elementos do processo comunicativo, aprendeu sobre
linguagem e suas características, reconheceu que existe a língua e diversas
variações relacionadas ao seu uso, conheceu algumas particularidades da
gramática, verificou que existem elementos que dão estrutura e sentido
ao texto, compreendeu as especificidades dos diferentes tipos de textos e,
inclusive, sobre documentos que fazem parte da rotina de uma empresa.
Esperamos que os conteúdos estudados aqui sejam aplicáveis em seu dia a
dia e o tornem um profissional mais qualificado ainda. Continue seus estudos
sempre com empenho e dedicação.
Até!

141
REFERÊNCIAS

BAGNO, M. Linguagem. In: FRADE, I. C. A. S.; VAL, M. da G. C.; BREGUNCI, M. das G.


de C.. Glossário Ceale de termos de Alfabetização, leitura e escrita para educadores.
Belo Horizonte. CEALE/Faculdade de Educação da UFMG. 2014. Disponível em:
http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/linguagem.
Acesso em: 10 maio 2022.
BOBBIO, N.; MATTEUCCI, N.; PASQUINO, G. (org.). Dicionário de política. Tradução
de Carmen C. Varriale et all. 12 ed. Brasília: Editora Universidade Brasília, 2004.
Título original: Dizzionario di politica. Vol.1 e Vol.2.
BRASIL. Presidência da República. Manual de Redação da Presidência da
República. 3 ed. Brasília: Presidência da República, 2018. Disponível em: http://
www4.planalto.gov.br/centrodeestudos/assuntos/manual-de-redacao-da-
presidencia-da-republica/manual-de-redacao.pdf. Acesso em: 28 maio 2022.
CABRAL, L. S. Processos psicolingüísticos de leitura e a criança. Porto Alegre:
Letras de hoje. 19 (1): 7-20, 1986.
COELHO, B. Confira vinte dicas para escrever um bom memorial. Blog Mettzer,
2021. Disponível em: https://blog.mettzer.com/memorial/. Acesso em: 20 maio
2022.
COROA, M. L. O texto dissertativo-argumentativo. In: Textos dissertativo-
argumentativos: subsídios para qualificação de avaliadores /
Lucília Helena do Carmo Garcez, Vilma Reche Corrêa, organizadoras. – Brasília:
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2017. 279 p.
DICAS de como fazer o pitch perfeito na entrevista de emprego. Diário do
nordeste, 2020. Disponível em: https://diariodonordeste.verdesmares.com.
br/projetos/empregos/dicas-de-como-fazer-o-pitch-perfeito-na-entrevista-de-
emprego-1.2980862. Acesso em 14 maio. 2022.
DURAN, G. R. As concepções de leitura e a produção do sentido no texto. Revista
Prolíngua – ISSN 1983-9979. Volume 2, número 2 – Jul./Dez. De 2009.
GERALDI, W. J. (Org.). O texto na sala de aula. 5. ed. São Paulo: Ática, 2011.
GUIA para elaborar currículo e memorial. IDP. Disponível em: https://www.idp.edu.
br/arquivos/e-book-guia-para-elaborar-seu-curriculo-e-memorial.pdf. Acesso
em: 15 maio 2022.

142
GUIMARÃES, T. de C. Comunicação e Linguagem. 2ª ed. São Paulo: Pearson
Education do Brasil, 2018.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Fundamentos da metodologia científica. 4.
ed. São Paulo: Atlas, 1992.
LEFFA V. J. Interpretar não é compreender: um estudo preliminar sobre a
interpretação de texto. In: Vilson J. Leffa; Aracy Ernest. (Org.). Linguagens:
metodologia de ensino e pesquisa. Pelotas. Educast, 2012, p. 253-269.
LEITURA e interpretação de texto: como melhorar suas habilidades? Blog Portal
Pós, 2022. Disponível em: https://blog.portalpos.com.br/leitura-e-interpretacao-
de-texto/. Acesso em: 12 maio 2022.
RABAÇA, C. A.; BARBOSA, G. Dicionário de Comunicação. São Paulo, 1997.
ROCHA, Daniel. As 4 fases do processo de leitura. Canal do ensino. Disponível em:
https://canaldoensino.com.br/blog/as-4-fases-do-processo-de-leitura. Acesso
em: 11 maio 2022.
ROSENBERG. M. B. Comunicação não-violenta: técnicas para aprimorar
relacionamentos pessoais e profissionais. [tradução Mário Vilela]. São Paulo:
Ágora, 2006.
SABBATINI, R. M. E. A evolução da inteligência. Revista Cérebro & Mente,
2011. Disponível em: https://cerebromente.org.br/n12/mente/evolution/
evolution.htm#:~:text=A%20intelig%C3%AAncia%20%C3%A9%20uma%20
entidade,deve%20usar%20todas%20estas%20fun%C3%A7%C3%B5es. Acesso
em: 20 maio 2022.
SANTOS, L. M. R.; CAGLIARI L. C. Guia de consulta rápida das regras da nova
ortografia. Araraquara: Laboratório editorial da FCL, 2016.
SAUSSURE, F. Curso de Linguística Geral. Org. Charles Bally, Albert Sechehaye.
Col. Albert Riedlinger. Trad. Antônio Chelini, João Paulo Paes, Izidoro Blikstein.
São Paulo: Editora Cultrix, 2006.
SILVA, L. N. S. da (org.). Guia Prático para a Comunicação Não Violenta. Ministério
Público do Estado do Piauí, 2020. Disponível em: https://www.mppi.mp.br/
internet/wp-content/uploads/2020/09/Ebook-Comunicac%CC%A7a%CC%83o-
Na%CC%83o-Violenta_MPPI-1-1-1.pdf. Acesso em: 10 mai. 2022.
SOLÉ, I. Estratégias de Leitura. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.
VALLE, M. L. E. Não erre mais: língua portuguesa nas empresas. Curitiba:
InterSaberes, 2013.

143

Você também pode gostar