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Calmaria Perturbante

Kaynan Lima – 17/04/2022

Como eu amo o silêncio.


Amo debruçar-me em algo, numa mesa, para simplesmente apreciar o
silêncio e refletir. A calma, a paz que há nisso não há valor e como gosto de
dividir esses momentos com as pessoas! Conversarmos baixinho, enquanto
simplesmente apreciamos a presença uns dos outros.
Até que um dia você apareceu. Como pode você ser algo tão irritante?
Tu olhas em meus olhos, e sorri. Sempre cantarolando, pulando por aí,
atraindo mais e mais pessoas para seu arredor. Barulho e alvoroço são coisas
que lhe perseguem: não consegue ficar meros minutos sem rir para a
vizinhança toda ouvir.
Como pode haver uma garota capaz de tanto perturbar a minha paz, que
consiste no simples silêncio? Raiva é realmente o que eu sinto por você, mas
você continua insistindo a vir puxar-me. Porém, um dia você foi mais forte do
que eu. Puxou-me, e eu a segui. Sinto que nesse dia, o mundo estava mais
colorido. O contraste das coisas havia aumentado, e, pela primeira vez, a sua
perturbação parecia pelo menos um pouco agradável.
Você olhou nos meus olhos e sorriu; tudo que pude fazer foi sorrir de
volta. E a partir desse momento, tudo que eu podia fazer era sorrir também –
principalmente quando olhava para você, sempre recebido com um sorriso de
volta.
Ainda gostava do silêncio, mas quando você o interrompia e chegava
com a sua perturbação, eu não sei o que acontecia: simplesmente, um sorriso
se abria.

Todos os dias, você estava lá, perturbando-me como sempre. Até que
um dia, você não estava mais lá. Por quê? Eu sei que você sempre foi
desastrada e energética demais, mas por quê? Eu quero te ver novamente! Eu
não aguento saber que você não está entre nós mais! Não há como você
simplesmente voltar?
Não sei mais viver no silêncio, e, agora, essa calmaria é perturbante.
Não amo o silêncio agora, mas onde está você para perturbar-me?

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