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IMPRENSA UNIVERSITÁRIA
Diretor
Joaquim Melo de Albuquerque
Presidente
Prof. Paulo Elpídio de Menezes Neto
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Fortaleza
2021
O Homem que matou Dom Quixote e outros ensaios sobre cinema e literatura
Copyright © 2021 by Francisco Régis Frota Araújo
Designer
Marisa Marques de Melo
Revisão de Texto
Mônica Barbosa Costa
Capa
Ilustração de Dom Quixote por Gustave Doré
Ficha Catalográfica
Bibliotecária: Perpétua Socorro Tavares Guimarães CRB 3/801-98
302 p.
ISBN: 978-65-88492-77-2
CDD: 778
Dedicatória
DEDICATÓRIA ...................................................................................................... 5
AGRADECIMENTOS ........................................................................................... 7
APRESENTAÇÃO ................................................................................................13
PREFÁCIO
SOMBRA E LUZ, ENTRE O CINEMA E A LITERATURA ...........................15
PRIMEIRA PARTE
CICLOS SEISCENTISTAS .......................................................................19
CAPÍTULO 1
O CICLO SHAKESPEREANO .....................................................................................23
CAPÍTULO 2
O CICLO FILMOGRÁFICO CERVANTINO:
O HOMEM QUE MATOU DOM QUICHOTE ......................................................45
SEGUNDA PARTE
CLÁSSICOS DO CINEMA DO SÉCULO XX ..........................................71
CAPÍTULO 3
O ACOSSADO E A DESMISTIFICAÇÃO GODARDIANA ...............................75
CAPÍTULO 4
SOBRE A FILMOGRAFIA FELLINIANA, SUAS NOITES E A
COMEMORAÇÃO DE CENTENÁRIO DE SEU NASCIMENTO ...................95
CAPÍTULO 5
NOTAS REVISORAS ACERCA DA FILMOGRAFIA DE
STANLEY KUBRICK .................................................................................................... 111
TERCEIRA PARTE
CINEMA BRASILEIRO DE ONTEM E DE HOJE ................................137
CAPÍTULO 6
GRACILIANO RAMOS E LEON HIRZSMAN:
A CRIAÇÃO DE TEXTO/IMAGEM. ....................................................................... 141
CAPÍTULO 7
O CASO DOS NOVELISTAS NORTE-AMERICANOS DO SÉCULO XX
E SUA ATRAÇÃO PELO CINEMA ......................................................................... 167
QUARTA PARTE
CINEFILÔ ABISSAL E CONTEMPORANEIDADE ..............................187
CAPÍTULO 8
O ABISMO E O CINEMA MODERNO: COMO A LITERATURA
E O CINEMA ENCARAM ESTA POSSIBILIDADE, EM HORA DE
PANDEMIA ....................................................................................................................189
CAPÍTULO 9
CINEMA E FILOSOFIA: DE WALTER BENJAMIN A SLAVOJ ZIZEK ....... 207
CAPÍTULO 10
CINEMA E PSICANÁLISE – ANÁLISE DA OBRA DE DOSTOIEVSKI ..... 217
QUINTA PARTE
CINEMA CEARENSE ............................................................................255
CAPÍTULO 11
O CINEMA CEARENSE COMEÇOU CEDO E ... VAI LONGE .................... 259
ANEXO 1: ...........................................................................................................286
APRESENTAÇÃO
A
ensaística tem merecido algumas incursões teóricas, no
terreno da cinematografia moderna. Alguns teóricos,
contudo, acreditam que o cinema já conhece um tempo
pós-moderno, um pós-cinema.
Nossa intenção, em mais este livro despretensioso - o qual
contém ensaios de literatura e cinema – é ressaltar algumas expe-
riências cinematográficas que marcaram aos amantes da sétima
arte, seja pela natureza autoral de seus realizadores, seja pelo rela-
cionamento com a narrativa literária.
Dedicamos alguns capítulos dessa obra a cineastas-autores
já clássicos como os europeus: Jean-Luc Godard, Federico Felini e o
norte-americano Stanley Kubrick; nalguns casos, comentei um úni-
co filme do realizador, noutros discorri sobre toda a sua filmografia,
como no caso de Kubrick.
Outra parte de minhas observações ou comentários se vol-
tam para o cinema brasileiro, no caso, adaptações de romances
como no caso de São Bernardo, de Graciliano Ramos ou mesmo
sobre um filme, marcadamente pessoal, no caso de Entre Macacos e
Anjos, de Elizeu Ewald.
Por outro lado, reservei uma parte dos ensaios para tratar
das correlações entre a literatura dos séculos XVI e XVII com o cine-
ma dos séculos XX e XXI. Destarte, tento reflexionar sobre os ciclos
shakespeariano e cervantino.
Uma parte desses ensaios foi dedicada a uma certa visão
apocalíptica da humanidade, a partir da existência da pandemia do
COVID-19, durante este ano de 2020, caracterizado pelo temor glo-
bal da ausência de vacina contra o Sars-CoV-2 e da iminente possi-
bilidade de guerra híbrida, entre os EUA e China, cujo erro humano
poderia pôr termo à existência terrena.
Dois capítulos ulteriores descrevem, de um lado, as relações
entre a psicanálise e o cinema, através da literatura dostoievskiana,
e por outro, resume o pensamento de três filósofos – Benjamin,
Deleuze e Zizek - acerca do cinema.
Por último, relacionamos a produção de filmes cearenses
através da história.
13
PREFÁCIO
A
tarefa que me cabe no procedimento de comentar este
livro de Régis Frota é laudatória e didática. É laudatória,
porque o autor merece todos os louvores do mundo, ao
legar-nos suas profundas reflexões, tão essenciais, sobre temas re-
levantes da cultura, de que os leitores criteriosos estamos sequio-
sos de conhecer. A incumbência deste prefaciador tem também um
caráter didático, porque, diante das pertinentes considerações que
Régis Frota nos propõe sobre grandes artistas da literatura e do ci-
nema, o que me compete é destacar alguns aspectos específicos de
seus textos. Assim, acredito que conseguirei transmitir de imediato
uma ideia da densidade das informações contidas nesta obra.
De fato, O homem que matou Dom Quixote, ensaios de cine-
ma e literatura é um tratado sobre a arte da imagem e da palavra.
Régis Frota estuda aqui não apenas a cinematografia de diretores
da categoria de Jean-Luc Godard, Federico Fellini, Stanley Kubrick,
Akira Kurosawa, Orson Welles, entre outros, mas também as afi-
nidades eletivas entre a literatura e o cinema. Nesse sentido, faz
reflexões sobre as nuances que permeiam ambas as expressões ar-
tísticas, ao referir-se às adaptações fílmicas de magníficos textos,
como as peças de William Shakespeare, o romance Dom Quixote,
de Miguel de Cervantes, além de algumas das mais importantes
criações de Graciliano Ramos.
Com destreza imaginativa e dedutiva, Régis mostra, desse
modo, as semelhanças e as disparidades entre a linguagem literária
e a expressão direita da imagem projetada na tela cinética. Assim,
não obstante as diferenças dos códigos de linguagem de ambos os
gêneros da arte, eles são absolutamente complementares. Portan-
to, as preciosas transposições cinematográficas das obras literárias,
feitas pelos talentosos cineastas, configuram uma nova dimensão
estética e semântica, pela qual nos enriquecemos intelectualmente.
Neste seu magnífico O homem que matou Dom Quixote, en-
saios de cinema e literatura, Régis Frota exemplifica alguns filmes
15
que podemos considerar imperdíveis, como é o caso de À bout de
soufle, de Jean-Luc Godard. Nessa montagem cênica, cuja força ex-
pressiva tem o teor transgressor típico da sátira e faz de Godard a
um herdeiro da criatividade dos escritores surrealistas e dadaístas
que fundaram na França a revolução literária mundial do Século XX.
A respeito de Federico Fellini, Régis destaca a vinculação da
filmografia desse fabuloso cineasta à corrente do neorrealismo do
cinema italiano, inaugurado por Roberto Rossellini.
Mediante filmes da qualidade de La Strada, La dolce vita, Le
notti di Cabiria, Il Vitteloni, Roma, Otto e mezzo e Amarcord, Fellini
prova ser um grande expoente do neorrealismo, essa corrente artís-
tica italiana, na qual se engajaram também Luchino Visconti e Vit-
torio De Sicca e outros. Régis nos recorda, com exata oportunidade,
que a cinematografia de Fellini se caracteriza sobretudo pela crítica
a toda sorte de dogma e autoritarismo, bem como pela técnica da
descontinuidade da narrativa.
Ao analisar a obra do norte-americano Stanley Kubrick, Ré-
gis Frota observa o caráter dramático, tendente ao trágico, na fil-
mografia desse diretor. Destaca o aspecto pós-moderno, perturba-
dor e instigante de sua obra. Com efeito, em suas criações, Kubrick
imerge na temática do abissal e na crítica incisiva a uma sociedade
violenta, que fomenta guerras e outros procedimentos irracionais,
ao ponto de suscitar temerárias conjecturas sobre a perspectiva de
uma ameaça apocalíptica para o destino da humanidade.
Régis Frota recorda ainda que Orson Welles foi o precursor
de Kubrick na contextualização das inovadoras ideias que o autor
de Fear and desire, Dr. Strangelove e Clock Orange efetivou na pers-
pectiva audiovisual.
Quanto às produções brasileiras que exemplificam êxitos
na arte da transposição de textos literários para o cinema, o autor
de O homem que matou Dom Quixote, ensaios de cinema e litera-
tura considera dignas de nota as adaptações de alguns romances
de Graciliano Ramos para as telas cinéticas. São Bernardo, filmado
por León Hirzman, bem como Vidas Secas e Memórias do Cárcere,
concebidos por Nelson Pereira dos Santos são realizações em que
ficam patentes as eficientes prospecções efetivadas no processo da
mudança da narrativa literária para a narrativa cinematográfica.
Ainda no contexto de sua análise da transposição do lingua-
jar das letras para o dinamismo das luzes e das sombras cinéticas,
16
Régis aprofunda o assunto e considera as relações entre a filosofia
e o cinema, à luz do pensamento de mestres do nível de Walter
Benjamin, Gilles Deleuze e Slavoj Zizek.
Régis prossegue, considerando as bem-sucedidas adapta-
ções fílmicas de peças de Shakespeare, entre as quais merecem alu-
sões elogiosas as versões de King Lear, feitas respectivamente, por
Peter Brook, Grigori Konzintsev e Akira Kurosawa. Quanto a este úl-
timo, a montagem do filme Ran, que reproduz no cinema a referida
tragédia shakesperiana, apresenta um impressionante dinamismo
cênico na transposição do contexto de King Lear para um cenário
feudal do Japão no século XVI.
O brilhante ensaísta comenta ainda o filme brasileiro Entre
macacos e anjos, de Elizeu Ewald, classificando-o no gênero da fic-
ção de utopia e destacando que a película ressalta o aspecto da me-
talinguagem do próprio cinema, já que versa sobre a complexidade
do trabalho de realização de um filme.
Ainda na sequência dos estudos sobre as adaptações cine-
matográficas, este livro refere-se às transposições audiovisuais da
obra de Cervantes, sendo dos mais expressivos o ciclo de recriações
filmográficas de Dom Quixote. Com efeito, bastaria citar o filme O
homem que matou Dom Quixote (título que dá nome a este livro).
Trata-se de uma excelente realização audiovisual, dirigida por Terry
Gilliam e Toni Grisoni. Outros cineastas, como George W. Pabst,
Orson Welles e Jess Franco, retrataram também a obra imortal de
Cervantes com arguta criatividade.
Uma das mais brilhantes constatações de Régis Frota neste
seu tratado de cinema e literatura é o fato de ele haver percebido,
ao estudar a obra literária de Dostoiévski, que o grande romancista
russo antecipa alguns conceitos freudianos da psicanálise, ao apro-
fundar a interpretação psicológica da conduta dos personagens
que criou em sua magnífica obra.
Enfim, depois de anunciar as maravilhas que se ressaltam nos
ensaios de Régis Frota, resta-me reiterar que ele soube, efetivamente,
cumprir o escopo primordial de sua mensagem neste livro, ao demons-
trar a acuidade estética dos diretores de cinema na arte de transpor
para o panorama dinâmico das telas a obra dos grandes escritores.
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PRIMEIRA
PARTE
CICLOS SEISCENTISTAS
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CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 1
O CICLO SHAKESPEREANO
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O CICLO SHAKESPEAREANO
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4 Idem, ibidem.
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6 Conferir COUSINS, Mark: The story of film – Na Odissey, identificável no Facebook, narra
a história do cinema como um evento cinematográfico sem precedentes, uma jornada
épica, na perspectiva do autor dessa odisseia, Mark Coussins que é um deleite para os
amantes da sétima arte. Atravessa 12 décadas, em seis continentes.
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8 Idem, ibidem.
9 STAM, R. O espetáculo interrompido – literatura e cinema de desmistificação. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1981. p. 21. No original shakespeariano está assim: “O, pardon, since
a crooked figure may / Attest in little place a million; / And let us ciphers to this great
accompt / On your imaginary forces work”. E Stam diz, então, que a – evocação simultânea
de tropas agrupadas numa suposta Agincourt e da força da imaginação do espectador
para concebê-las mentalmente sugere, mais uma vez, a participação ativa do espectador”.
Idem, ibidem. Concordo plenamente com essa afirmação. O bardo inglês tinha razão e fez
teatro reflexivo, anti-ilusionista, desmistificador.
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12 Idem, op. cit. p. 186. Negrito de nossa iniciativa. Continua o literato interprete da
tragédia shakespeariana: “Esse tom pessimista de Timon faz muitos leitores, ainda mais
inescapavelmente do que Rei Lear, imaginarem que Shakespeare estava dando vazão a
algum sentimento pessoal, nutrido quer naquele momento, quer pregressamente; pois
sua marca surge de maneira mais inequívoca quando o herói se põe a destilar seu ódio
contra a humanidade.” Ibidem, idem, p. 186.
13 Ato 1, cena 1.
14 Em tradução livre, do latim empregado por Thomas Hobbes (1588-1679): O homem é
o lobo do homem”, indica o verdadeiro pessimismo que tomou conta de alguns escritores
do século contemporâneo ao bardo inglês, em sua obra Leviathan.
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17 Ora, sugere-se ao paciente leitor desses ensaios que veja ou, até reveja, através dos
aplicativos Youtube.com, ou alugue pela Amazon ou outro qualquer site gratuito ou trailer
ou alguns dos filmes baseados em alguma das 37 peças teatrais de William Shakespeare,
numa forma de assenhorear-se do ciclo shakespeariano, possível atualmente de se ter
acesso, diferentemente de outras épocas.
18 HELIODORO, B. Caminhos do Teatro Ocidental. São Paulo: Perspectiva, 2013. p. 170.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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EPÍGRAFE
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CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 2
1 D´Angelo, Biagio: Alice, mentiras e videoteipes. O país das maravilhas segundo Jan
Svanmajer, p. 66, apud “Literatura e Cinema- encontros contemporâneos, Porto Alegre, 2013.
2 STAM, Robert: A Literatura através do cinema. Belo Horizonte: Editora UFMG/
Humanitas, p. 44.
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3 Basta referir, com Stam, que o festival de Cinema Espanhol de 1997, denominado
Cervantes em Imagens, apresentou nada menos que trinta e quatro filmes – longas-
metragens, curtas, documentários, desenhos animados etc.- inspirados em Dom Quixote
e outros textos do autor manchego. E a lista continua crescendo a cada ano, onde se
adaptam para o cinema e a televisão, diversas novas versões do famoso livro cervantino.
Conferir, das páginas 43 a 92, do livro de Robert Stam “A literatura através do cinema
(UFMG, 2008), capítulo muito interessante intitulado Um prelúdio cervantino.
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5 Robert Stam afirma que “assim como os adolescentes contemporâneos tomam como modelo
estrelas pop, Dom Quixote se mira em seus heróis literários. (p. 40). No mundo de Dom Quixote,
personagens sacam espadas para a hermenêutica do mesmo modo ou maneira como os fãs de
cinema da atualidade disputam os valores e significado do cinema, algumas vezes vivenciando
rupturas emocionais devido às suas reações aguçadamente discrepantes.
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6 CARPEAUX, Otto Maria. “Ensaios Reunidos”, 1946-1971, vol. II, Topbooks, Rio de Janeiro,
2005, p. 190-191.
7 Carpeaux afirma que “justamente aí os comentadores falham. Interpreta-se geralmente
o Dom Quixote como expressão de humorismo doloroso em face da vitória da dura
realidade prosaica dos tempos modernos sobre o romantismo poético e irreal dos tempos
idos. Mas aquele leão não é bem o símbolo da realidade triunfadora; ao contrário, é um
bicho covarde e banal que prefere à luta a vida cômoda, fosse mesmo na jaula. Lembra
frase de Ortega y Gasset, escrita quando os arqueólogos no Egito escavaram o corpo da
Esfinge, desnudando o tronco de um leão comum: em vez do enigma milenário, só ficou
em El desierto un león más. E, se indaga: “Seria isso El último punto y extremo da sabedoria
de Cervantes? – idem, ibidem, p. 191.
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13 STAM, R. “A literatura através do cinema”, 2008, Belo Horizonte: UFMG Editora, p. 82-83.
14 Op. cit. “O espetáculo...”, p. 19
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15 STAM, Robert. A literatura através do cinema”, Editora UFMG, 2008, p. 79. Diríamos
que não conhecemos estudo mais completo sobre a versão de Dom Quixote, ao cinema
wellesiano, que este livro de Roberto Stam. Absolutamente magistral e icônico seu estudo
sobre o filme de Orson.
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[...] Ése es el hecho primordial que deberá tener en cuenta quien estudie el
proceso de creación del Quijote: la perspectiva del lector que hoy se aboca
al libro es diametralmente opuesta a aquella desde la que debió de abordarlo
quien leyera su edición original, y con la que su autor necesitó contar al
componerlo.
16 LLOSA, Mario Vargas. “Una novela para el siglo XXI”, in Don Quijote de la Mancha,
edición Del IV Centenário, Real Academia Española, Madrid, 2016, p. XIII e SS.
17 AYALA, Francisco. La invención Del “Quijote”, in Don Quijote de la Mancha, edición Del
IV Centenário. Real Academia Española, Madrid, 2016, p. XXIX e SS.
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18 Idem, ibidem, p. 22
19 RICO, Francisco: “Nota al texto”, in Don Quijote de la Mancha, edición Del IV Centenário,
Real Academia Española, Madrid, 2016, p. LXXVII e SS.
20 RIQUER, Martin: “Cervantes y El “Quijote”, in Don Quijote de la Mancha, edición Del
IV Centenário, Real Academia Española, Madrid, 2016, p. XLV e SS.
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21 As redes sociais dão larga conta dos tempos e contratempos que a realização do filme
de Terry Gilliam conheceu, basta conferir, a seguir, o texto que o aplicativo Wikipedia
contém: A pré-produção do filme teve início em 1998, com um orçamento de trinta e
dois milhões de dólares, e o elenco contava com Jean Rochefort como Quixote, Johnny
Depp como Toby Grisoni e Vanessa Paradis como a protagonista. As filmagens iniciaram-
se em Navarra no ano de 2000, mas a produção acabou sendo suspensa por causa de
numerosas dificuldades, como o local de filmagem, o equipamento destruído pelas
inundações, a saída de Jean Rochefort do projeto devido a uma doença, os problemas com
a empresa de seguros para a produção e outras dificuldades financeiras que fizeram com
que o filme fosse cancelado. A produção original foi o tema do documentário Lost in La
Mancha, lançado em 2002. Terry Gilliam tentou relançar o projeto entre 2005 e 2015, que
incluía os atores Robert Duvall, Michael Palin e John Hurt para o papel de Quixote, e Johnny
Depp, Ewan McGregor e Jack O’ Connell para o papel de Toby Grisoni, mas foi cancelado
por falta de fundos. O ator Johnny Depp saiu definitivamente do projeto devido à sua
agenda sobrecarregada, e o ator John Hurt viu-se obrigado a abandonar o filme, ao ser
diagnosticado com cancro” Acesso em: 03 ago. 2020.
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23 Dirigido por John FORD, em 1962, ”The man Who killed Liberty Valence” – trata-se de
um cow-boy clássico, interpretado por James Stewart, John Wayne e Lee Marvin,mostrando
o velho oeste onde o senador Ransom Stoddard retorna a Shinbone para o funeral de um
amigo, o vaqueiro Tom Doniphon e, ocasião em que é entrevistado por um jornalista,
donde surge a célebre frase: “Quando a lenda supera a realidade, publique-se a lenda...”
A importância desse faroeste se dá, a meu juízo, pelo fato de John Ford ter lançado um
olhar crítico sobre os heróis, ao mostrar que todas as lendas foram mitificadas. O trabalho
adaptativo de Terry Gilliam do Quixote segue a trilha da mitificação cervantina.
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24 Robert Stam afirma que “Orson Welles e “seu filme sobre Quixote faz parte de uma
tradição wellesiana que começou com outra produção narrada pessoalmente e que
permaneceu inacabada: É tudo verdade, de 1992, que deveria ser uma visão muito
pessoal”, da mesma forma que Dom Quixote era uma visão pessoal da Espanha”. apud Op.
cit. “A literatura...” p. 79
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25 Impossível não referir que a denominação da vodca russa a ser objeto de publicidade,
Mishkin Vodca, não seja uma clara alusão de Terry Gilliam ao personagem central do
romance de Fiodor Dostoievski, O Idiota, o qual narra a história do humanista e epiléptico
Principe Mishkin, uma mistura de Cristo e Dom Quixote. O personagem central, Mishkin,
inspirado em Quixote, de Cervantes, revela dois séculos após a publicação da obra
cervantina, o valor que o grande escritor russo dava ao seu colega espanhol.
26 Conferir de BAPTISTA, Mauro: “O cinema de Quentin Tarantino, 2. ed., Papirus Edit.,
Campinas, 2013, cuja observação é criteriosa: “O Status e a função das cenas de violência
começam a mudar nos anos 1960; em Meu ódio será tua herança (the Wild bunch, 1969,
de Peckinpah), a longa cena do massacre com a metralhadora é central. Quentin Tarantino
percebeu que, a partir do final dos anos 1960, depois de Leone, de Peckinpah e de filmes
como Uma rajada de balas (Bonnie and Clyde, 1967), gêneros como o western, o filme de
crime e o filme de horror evoluíram até a paródia e o pastiche, passando a dar cada vez
mais importância às cenas de violência idem, ibidem, p. 76.
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27 Essa “memória da tentativa frustrada d e filmagem do The man Who killed Dom Quijote,
de Terry Gilliam é assumida e testemunhada pelo documentário Lost in la Mancha, onde
os documentaristas Keith Fulton e Louis Pepe foram convidados por Gilliam para fazer um filme
sobre a produção de ‘The Man Who Killed Don Quixote’, e após 80 horas de filmagem do processo
de pré-produção caótica, bem como um cronograma de filmagem abortado, criaram ‘Lost In
La Mancha’, narrado por Jeff Brigdes, é um olhar sobre o filme que não foi feito, a história da
ascensão breve do projeto e seu colapso confuso.
Neste vídeo podemos ver e entender o que realmente aconteceu durante estes dias de filmagens
na Espanha onde tempestades e aviões lançando bombas foram, juntamente com Johnny Depp,
protagonistas de um filme que tinha tudo para ser belíssimo se não fosse a famosa “maldição
de Quixote”.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Filmes:
1.WELLES, Orson: Don chisciotte, vers. curata da Jess Franco, 1992
2.PABST, G.W.: Don Quichotte, 1933.
3. Lost en la Mancha, documentário de Keith Fulton, com Gilliam, 2002.
4. GILLIAM, Terry: The man Who killed Dom Quijote, 2018.
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SEGUNDA
PARTE
CLÁSSICOS DO CINEMA
DO SÉCULO XX
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 3
O ACOSSADO E A DESMISTIFICAÇÃO
GODARDIANA
1 Este Capítulo sobre o cinema francês foi publicado, anteriormente, em edição conjunta,
pela editora portuguesa Lisbon Press, 2020, de autoria do professor de Direito Constitu-
cional (pag. 50-72), editor da Revista GRUA e integrante da Academia Cearense de Cinema,
sob a coordenação da professora Juliette Robichez. Refundido e atualizado, a temática se
integra à perfeição no conjunto de ensaios sobre o cinema pós-moderno.
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5 Op. cit. Página citada. Resume, destarte, o teórico: “Visto que a matéria da arte
autorreflexiva é a própria tradição – a ela se fazem alusões, com ela se brinca, se supera
e se exorciza – a paródia, por conseguinte, passa a ter importância capital. E a paródia
implica algumas verdades óbvias quando se refere ao processo de criação artístico. A
primeira é que o artista imita, não a Natureza, e sim outros discursos artísticos. Se pinta,
se escreve ou se faz filmes (como Godard) é porque viu quadros, leu romances ou assistiu
a filmes. O romancista faz uma imitação, afetuosa ou hostil, de outros romancistas
que porventura tenha lido. O artista obedece a uma tradição: o médium, o gênero e o
subgênero preexistem ao artista.” Idem, ibidem.
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6 STAM, R. O espetáculo interrompido. Op. cit., p. 90, quando adiciona que “Godard
demonstra, com frequência, o afastamento de seus personagens em relação à cultura
tradicional”. Conversando com Michel (Belmondo), em Acossado, Patricia (Jean Seberg)
menciona William Faulkner. Michel Poiccard pergunta: “Qui est-ce? Tu as couché avec lui?”
... Como afirmado, anteriormente, Godard parodia os filmes de gângster em Acossado,
parodia os musicais em Une femme est une femme, e parodia os filmes de faroeste em
Vent d´Est. A paródia é o meio de que o artista dispõe para utilizar, de maneira crítica, sua
própria cultura e, ao mesmo tempo, para eliminar as formas tradicionais e antiquadas de
narração. Jean-Luc Godard defende, destarte, uma revolução permanente na arte.
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7 Para quem tiver interesse das idiossincrasias pessoais e profissionais desse famoso
diretor de cinema, sugiro a leitura do seguinte livro: BEACQUE, A. GODARD, Biographie.
Paris: editora Bernard Grasset, 2010, inclusive com caderno de fotos entre as páginas 336 e
337 e, igualmente interessantes e raras fotografias do cineasta entre as páginas 672 e 673,
antes de iniciado o capítulo epigrafado: “Historien du XX e Siècle – 1988 - 2000”.
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9 Vejam que Jean-Luc Godard liderou o movimento conhecido por Nouvelle Vague, tendo
feito discípulos tanto na cinematografia francesa como além-mar. Lembro o exemplo de
Rogério Sganzerla, no Brasil, o qual imitou, à exaustão, o mestre no filme O bandido da
luz vermelha, nos anos 70, todo narrado através de letreiros luminosos.
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Filme B de intelectuais
Concordo com o cinéfilo amigo, Bráulio Tavares10, quando
afirma, em relação ao trabalho de Godard, que o melhor tipo de
filme que existe é o filme B feito por intelectual. Seria, segundo ele,
com o qual de acordo estou, “muito melhor do que filme A, feito
por analfabetos. Sim, porque um filme B é, por definição, um filme
que não tem muitas ambições de bilheteria ou de crítica; é um fil-
me feito apenas para se pagar, sumir e dar lugar ao próximo. Não
quer invadir mercados, não quer disputar espaço de centenas de
salas; não foi feito sob uma enorme expectativa de desempenho
nas bilheterias; não teve ações negociadas numa bolsa de mercados
futuros. Só tem obrigações para consigo mesmo. O filme B é feito
10 TAVARES, B. Cinco ou seis coisas que eu sei sobre Alphaville, apud GRUA, por mim
editada, em 2012, Fortaleza, p. 28-35. Afirma, ainda, o articulista que “Howard Hawks deu sua
fórmula para um bom filme: “Três cenas boas e nenhuma ruim”. É uma definição exemplar
para um filme normal. Um filme B, em contrapartida, seria: “Se tiver três cenas boas, todas
as outras podem ser ruins”. O filme B não tem medo de atingir abismos, desde que confie
no próprio impulso para, cinco minutos depois, atingir um pico de qualidade. O filme B
feito por intelectuais (é o caso de Acossado, de Godard) é o último reduto de liberdade
criativa, desde que seja assumidamente B em sua orgulhosa precariedade técnica, e que
seja corajosamente intelectual ao dizer: “É só um filme B, mas toda a memória cultural do
mundo cabe dentro dele”. É assim.
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por uma turma, não por uma equipe de grandes estrelas, diz Bráulio,
com total acerto. Por isso, escolhi para comentar sobre o filme de
estreia de Godard, o Acossado, tanto porque reconheça suas qua-
lidades estéticas, nesses meus sessenta anos de ligação com a cine-
filia francesa11, como, igualmente, por causa dos elementos jurídi-
cos encontráveis na película, a ponto de ser possível de ser o filme
abordado, unicamente, sob essa ótica estreita da juridicidade atra-
vessada pela arte, coisa que não fizemos aqui, deixando para outra
oportunidade. O Direito e o Cinema Francês estão estreitamente
ligados, reconheço, porquanto desde os primórdios da sétima arte,
ainda em 1895, final do século XIX, os irmãos Lumière constatavam
que “le cinéma est une invention sans avenir”, mas mesmo assim a
França tanto contribuiu, nestes dois últimos séculos para um Direito
de cunho universalista, quanto fez um cinema incontornável.
Mas, aí já deixamos para outra oportunidade.
Consoante afirmado por Mário Alves Coutinho12, “ao decidir
escrever este livro, eu não ignorava a publicação de uma quantida-
de enorme de livros por Jean-Luc Godard: roteiros (inumeráveis),
produção crítica (dois volumes), frases (dos filmes nos últimos dez
anos) e os quatro volumes de Histoire(s) du Cinéma. Para afirmar
que ele fizera literatura nesses livros, o que não era meu objetivo
primário, eu primeiro teria que responder a algumas perguntas: a
crítica de cinema pode ser literatura? E quanto aos roteiros cine-
matográficos? Diálogos de filmes, ou narrações em off, podem ser
considerados literatura?”
Eu digo e considero que sim, minha atitude ensaística se
volta para uma compreensão de que é literária a grande matéria
filmográfica, especialmente, de certos cineastas, os quais, como
Godard fez, faz e fazia literatura enquanto realizador de películas,
enquanto cineasta.
11 Conferir, para quem tiver interesse no tema, o ótimo livro de BAECQUE, A. Cinefilia, o
qual reflete sobre toda a formação intelectual e cultural do grupo do Cahiers du Cinéma,
liderado por Jean-Luc Godard e Truffaut, estes dois gigantes do filme B feito por intelectual.
12 COUTINHO, M. A. Escrita com a câmera: a literatura cinematográfica de Jean-Luc
Godard. Belo Horizonte: Editora Crisálida, 2010. p. 18.
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2 FROTA, Régis: Ensaios de Literatura e Cinema, Fortaleza: Editora ABC e AIADCE, 2011,
p. 68. Ademais, havia chamado a atenção que “contra a representação fascista dos filmes
produzidos na Itália entre 1922/44, se insurgiu o neorrealismo, cujos cineastas como
Visconti, Fellini, Antonioni, Zavatini e Rossellini, buscaram, ao revés, apresentar (e não
apenas representar) a realidade social do povo, isto é, não unicamente representá-la
somente, mas apresentá-la, através de imagens cruas e nuas (veristas, portanto), captadas
e feitas fora dos estúdios, de modo a ressaltar o desemprego, o desespero, a desagregação
social em se encontrava o país, após a derrota na segunda guerra, embora vitoriosa pela
resistência enfrentada pelo próprio povo contra os invasores e seus próprios governantes
corruptos”, op. cit. p. 70.
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3 ROHDIE, Sam: Rocco e seus irmãos, Tradução de Elianne Ivo Barroso, Rio de Janeiro:
Editora Rocco, 1995, Coleção Arte Mídia, sob a coordenação de José Laurenio de Melo. p.
27.
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5 Op. cit. p. 18
6 ROHDIE, S. Op. cit. p. 31.
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a aura que caracterizara as seis artes anteriores - da arquitetura e pintura, passando pela
escultura, artes estáticas, até a música e literatura, passando pelo teatro, artes dinâmicas -
as quais possuíam, desde a história da civilização greco-romana, uma aura mística, espécie
de culto ritual.
8 Op. cit., p. 49.
9 O desvio da interpretação da aura para a política, segundo Benjamin, vivenciada pela
arte através da história da humanidade, explicaria por que o fascismo se interessou tanto
pelo cinema. O autor alemão observa que a “crescente proletarização dos homens de
hoje e a crescente formação de massas são dois lados de um mesmo acontecimento”.
O autor, aliás, observa, por exemplo, que por séculos a situação da literatura foi tal que,
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14 BALEZS, B. Theory of the film. Dover Public Inc. NYC: [s.n.], 1970 (hoje existe tradução em
espanhol e em português). p. 50.
15 Sobre os conceitos de “transparência e opacidade”, conferir o livro de Ismail Xavier: “O
discurso cinematográfico: a opacidade e a transparência”. Rio de Janeiro: Paz e Terra Editora,
1977.
16 MARTINS, L. R. Op. cit., p. 75-76.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
17 Consoante afirmado pelo autor supracitado: “Em suma, a disjuntiva vem dada pela
encenação do paradigma estético fascista, e, simultaneamente, pela interrupção, através
de uma torção narrativa, nos efeitos persuasivos da narração. O que permite ao público
entrever as relações instituintes da obra, isto é, a sua própria estrutura”. Op. cit. p. 78.
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1 CIMENT, M. Kubrick. Tradução de Eloisa Araújo Ribeiro, com prefácio de Martin Scorsese.
São Paulo: Ubu Editora, 2017. p. 321.
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nunca ocorreu com o grande gênio que foi Orson Welles, na década
anterior de 1940.
Neste segundo filme, realizado nas ruas de NYC, em 1954,
Killer´s kiss (A morte passou por perto), Davy Gordon (Jamie
Smith) protagoniza um boxeador fracassado que arrisca sua vida
para proteger a uma jovem bailarina, Gloria Price (Irene Kane), a
qual mora em prédio de fronte ao do boxeador, a ponto de este
perceber ou ver, através da janela, quando o patrão desta tenta
agarrá-la à força, sendo impedido pela intervenção do boxeador,
que corre para socorrê-la e, então, escuta sua história de vida. O
filme se desenrola por meio de dois flashbacks: o primeiro, no hall
principal da estação Grand Central quando o boxeador protago-
nista relembra seus dois últimos dias; o segundo, por ocasião da
descrição da história de vida da bailarina, a qual, mais por palavras
que por imagens, descreve para Davy, o boxeador protetor, sua in-
satisfação com o tipo de trabalho e péssimo relacionamento com o
patrão. Unidos por algo mais que o perigo e seus perseguidores, o
casal protagonista, Davy e Gloria, decide fugir ou escapar da cidade
em uma desesperada fuga a nenhuma parte. Pela bela e eletrizante
montagem do filme de Kubrick - com os flashbacks mencionados,
e mais o conjunto de planos e sequências clássicas a demonstrar
seu impacto audiovisual, o espectador pode perceber a transmissão
kubrickiana de estados de ânimo mediante uma atmosfera dura,
violenta, quase irrespirável, que recorrerá suas obras e dezenas de
filmes - longas posteriores.
O próximo longa de Kubrick é produzido em 1956, The
killing (O grande golpe) e o enredo conta a estória de John Clay
(Sterling Hayden), o qual planeja roubar US$ 2 milhões em uma
corrida de cavalos, tendo armado um esquema onde “ninguém sai-
rá ferido”. Só não previu o protagonista que ele, e seus homens
comparsas, negligenciavam um imprescindível detalhe, encoberto
em segredos: Sherry Peatty (Marie Windsor), uma mulher obcecada
por dinheiro, planejava seu próprio golpe, mesmo que para tanto
tivesse que acabar com John Clay e todo seu bando.
A sequência final da película é magistralmente emotiva: após
tantas tensões da fuga do protagonista, circunstâncias da natureza
espalha toda a soma resultante do grande golpe, espalhando as mi-
lhares de notas de dólares ao vento inescapável. Cuida-se, induvi-
dosamente, de um dos melhores filmes hollywoodianos de crime e
suspense, noir exemplar na narrativa, sob magistral direção artística
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5 GELMI, J. The film Director as Superstar. NYC, Dubladay, 1970. p. 293-316, apud Michel
C. Op. cit., p. 28.
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6 Olhe que desde a fundação do cinema, no fim do século XIX, no mínimo 2.095 produções
audiovisuais foram inspiradas na vida de Cristo, segundo a IMDb, relatada pela Folha
de São Paulo, edição de 21.4.2019, pág. C1, da Ilustrada. Houve um boom no ano 2012,
porquanto naquele recente ano foram produzidos no mundo pelo menos 176 filmes ou
novelas que tinham Cristo ou Jesus (e em alguns casos os dois nomes) em seu título.
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11 GELMI, J. The film Director as Superstar. NYC, Doubleday, 1970. p. 293/316 apud
CIMENT. M. Kubrick. Op. cit., p. 91.
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20 CIMENT, M. Kubrick. Tradução de Eloísa Araújo Ribeiro, São Paulo: Ubu Editora, 2017.
p. 230.
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21 Tendo em vista que o cineasta Kubrick veio a falecer por parada cardíaca tão logo
concluído este seu último filme, em 1990, sem concordar em cortar sequência fílmica de
mais de vinte minutos, sugerido pela produção executiva “De olhos bem fechados”, existe
toda uma série de versões sobre sua repentina morte; Teorias conspiratórias imaginam
que essa “morte” física do realizador teria sido provocada pelo “deep state”, contrariado
pelo arrependimento kubrickiano na participação, mais de duas décadas anteriores, na
elaboração da filmagem publicitária e “secreta” da descida do homem à lua, em 1969, sob
a qual se suspeita não tenha, efetivamente, ocorrido, e cuja versão audiovisual circulada
no ocidente, teria demandado o rigor técnico cinético do inventivo cineasta do 2001,
Odisseia no Espaço; Embora conheçamos vários dossiês a esse respeito, não nos interessa,
aqui, desencavar este assunto, porquanto embora morto, fisicamente, o cineasta Kubrick
continua vivo, cuja obra cinematográfica permanece especialmente atual e profética.
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TERCEIRA
PARTE
CINEMA BRASILEIRO DE
ONTEM E DE HOJE
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2 Observe-se que pequena “parte” desse ensaio foi, anteriormente, objeto de publicação
pela Lisbon Internacional Press, de Lisboa, integrando “51 ensaios jurídicos sobre o cinema
brasileiro”, intitulado “Direito e Cinema Brasileiro”, com prefácio do Prof. Paulo Ferreira
da Cunha, sob a coordenação de Ezilda Melo, Lisboa/São Paulo, 2020. p. 518/525.
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3 RAMOS, G. São Bernardo. 88. ed. São Paulo: Record Editora, 2009. p. 16.
4 Conferir BRANDT, P. A. La diegesis. in Prada Oropeza Renato. Linguistica y Literatura
(Xalapa, México: Univ. Veracruzana, 1978; GENETTE, G. Figures III (1972), id. Nouveau
discurs du récit (1983); JOFRE, M. A. Analysis textual de la diegesis. Alpha: Revista das
artes, letras y Filosofia, 3 (1987); DAVID, L. Mimesis and Diegesis in modern Fiction in
Essentials of the Theory of Fiction, org. por Michael J. Hoffman e Patrick D. Murphy (2nd
1996); SOURIAU, Étienne (org). L’Univers filmique (1953); REUTER, Yves: A análise da
narrativa – o texto, a ficção e a narração. Rio de Janeiro: Difel, 2007.
5 DIEGESE. In: WIIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/
Diegese. Acesso em: 13 jul. 2010
6 REUTER, Y. Op. cit., p. 13/124.
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11 DE MORAIS, D. O velho Graça: uma biografia de Graciliano Ramos. Rio de Janeiro: José
Olympio Editora, 1992, 407 p. Uma ótima biografia do escritor alagoano o qual, segundo
palavras e Carlos Nelson Coutinho, teve que “esperar a comemoração de seu centenário
para ser objeto de uma ampla e exaustiva biografia”, conf. p. XV, op. cit. Por óbvio que
em 1992, já tinham sido publicadas diversas biografias de outros escritores brasileiros (a
exemplo da escrita por Francisco de Assis Barbosa, a propósito de Lima Barreto), contudo,
poucas tinham escapado da tentação biografista, o que não ocorre com a obra de Dênis
de Morais mencionada, na medida em que, consoante observado pelo autor da referida
biografia, vê-se concretizada ali a possibilidade de explicar uma obra literária pela biografia
de seu autor, denunciando-lhe os limites estéticos desta mesma obra. Coutinho releva que
“se S. Bernardo, Angústia e Vidas Secas se incluem entre os maiores romances brasileiros,
isso ocorre exatamente porque eles não se limitam a reproduzir as experiências pessoais
de Graciliano, seus traumas infantis ou seu inconsciente, mas porque dão expressão
estética a movimentos profundos e universais da consciência e da práxis social de grupos
fundamentais da sociedade brasileira”. Idem, ibidem.
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A PREMISSA DO FILME
Safra; Blumenau: Editora da FURB, 1990, 109 p. Baseado no capítulo da tese do autor
(Doutorado- UFRJ, 1988) apresentado sob o título: O nome e o verbo na construção de S.
Bernardo. Bibliografia: p. 102-106.
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riqueza do relato será medida pela sua capacidade de nos mostrar o que normalmente
não vemos, ou, em outras palavras, de nos surpreender, encadeando o contado de uma
maneira como não imaginaríamos – liberando, com isso, nossas possibilidades de imaginar
outras tramas. Já se disse que a lentidão do filme foi a maneira encontrada pelo diretor
para transpor à linguagem cinematográfica a aridez da prosa de Graciliano. Mas como se
filma um advérbio? Esse é todo o problema: a câmera de Leon Hirszman não adapta a
linguagem de Graciliano Ramos, ela busca captar a experiência temporal de Paulo Honório
contando sua própria história – Paulo Honório religando, reconstruindo, ressignificando
sua vida. Meta-signos, os movimentos da câmera estão apostos às inflexões da voz do
personagem-narrador; ambos os tempos – o das imagens e o da voz de Paulo Honório
– se sobrepõem, sugerindo modalidades possíveis de ser/ligar/unir/continuar/mediar/
criar outra temporalidade. Paulo Honório usa uma linguagem agreste, súbita, seletiva,
cortada. Limitação sobre a limitação, negação da negação, signo de signo, os movimentos
da câmera de Leon Hirszman formam um peculiar modo de enunciação, ou seja, escolhem
uma maneira – dentre muitas possíveis – muito própria de contar como Paulo Honório
conta a própria história. A câmera é continuamente estática, lenta, demorada. Longos
planos, poucos cortes, cenas à distância, raros closes. Súbito, velozmente, a câmera
corre atrás de Paulo Honório, anunciando o momento decisivo. Dentre todas as outras,
é a única cena de movimentos bruscos e velocidade acelerada. A partir desse momento,
entendemos por que Paulo Honório precisa contar sua história. Aqui, Leon Hirszman nos
conta a lição do mestre: como transformar limitações orçamentárias em cinema. Cortar/
encadear/surpreender/mostrar. Eis a essência do cinema. Leon Hirszman atrás da câmera.
PROJETO: “Restauro digital da obra de Leon Hirszman”. Sonhara o cinema nacional tivesse
mais projetos como esse... Disponível em: http://www.leonhirszman.com.br.
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conflito com o filho Tião (Carlos Alberto Riccelli), dividido entre suas aspirações por uma vida
pequeno-burguesa ao lado da noiva Maria (Beth Mendes) e as exigências do movimento
grevista. Guarnieri compôs com Fernanda Montenegro (genial no papel de Romana,
mulher de Otávio), um dos momentos de maior expressividade do cinema: a cena em que
ambos, desolados por causa da ruptura com o filho e pela morte do amigo Bráulio (Milton
Gonçalves) se põem a catar feijão. “Eles não usam black-tie” recebeu outros importantes
prêmios como: Grande Prêmio Coral Negro no 3º Festival Internacional do Novo Cinema
Latino-Americano, em 1981; Grande Prêmio do Festival dos Três Continentes e Espiga de
Ouro do Festival Internacional de Vallodolid, também em 1981, alem do Prêmio Air France
de 1982. Leon Hirszman teve um papel extremamente importante na afirmação do cinema
brasileiro e deixou vários textos onde se pode ler agudas reflexões sobre as condições da
produção cinematográfica no Brasil, o mercado nacional e sua respectiva legislação de
proteção, a Embrafilme, as correntes de criação cinematográfica e o cinema político. Leon
morreu vítima de AIDS que ele contraiu durante uma transfusão de plasma sanguíneo,
depois de quase um ano de tratamento, deixando três filhos: Irma, Maria e João Pedro, uma
corajosa companheira, Cláudia Fares Menhem e uma imensa e incurável saudade entre seus
muitos amigos, acostumados a receber dele montanhas de afeto e sabedoria. (Pesquisa da
enciclopédia Wikipedia, verbete Leon Hirszman, visitado em 10.07.2010).
19 OLIVEIRA NETO, G. op. cit. p. 225.
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20 Idem, ibidem.
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O GENERO CINEMATOGRÁFICO NO
QUAL SE ENQUADRA O FILME
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constituídas a base comum a essas narrativas estudadas: 1 - “Para além de suas diferenças
superficiais, todos esses contos se reduziriam a um conjunto, finito e organizado em uma
ordem idêntica de ações ; e, 2 - as ações (diferentemente das personagens e dos objetos,
veja-se) seriam as unidades de base da narrativa.”
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Elenco
Othon Bastos /Isabel Ribeiro/ Nildo Parente/ Vanda Lacerda /Mário Lago/ Jofre Soares
Rodolfo Arena/ Josef Guerreiro/ Audrey Salvador/ José Policena/ José Lucena/ Angelo
Labanca / Luiz Carlos Braga
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25 Aristóteles
Aristóteles dizia
dizia queque o ato
o ato número
número 1 1compreendia
compreendiaaaexposição
exposiçãoeeaa oposição,
oposição, enquanto
o ato num.2 era composto pelo auge da oposição e o conflito; então, se faria uma primeira
tentativa de resolução para anunciar o ato num. 3, com a resolução propriamente dita. Em seu
livro A poética, o filósofo estagirita afirmou: “A função do poeta não é relatar o que aconteceu,
mas o que pode acontecer, de acordo com as leis da probabilidade e da necessidade”
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
__________. São Bernardo. 88. ed. São Paulo: Record Editora, 2009.
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3 VIDAL, Gore: “ De fato e de ficção- Ensaios contra a corrente”. tradução de Heloisa Jahn.
São Paulo: Cia. das Letras, 1987. p. 170.
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4 VIDAL, Gore: “ De fato e de ficção- Ensaios contra a corrente”, Cia. das Letras, tradução
de Heloisa Jahn, São Paulo, 1987, pag. 24. A biografia de Gore Vidal, por si só já demonstra
a familiaridade do ensaísta norte-americano com temáticas políticas, literárias e gays,
porquanto tendo nascido em 1925, na Academia Militar de West Point (NY), de pai instrutor
de aeronáutica, desde 1946 publicou seu primeiro livro, Williaw, cujo sucesso escandaloso
se explicava, em parte, por tocar no tabu do homossexualismo, e logo, publicou uma
trilogia sobre política Burr, 1876, Washington D. C.. Terminou se destacando como um
dos mais mordazes ensaístas dos EUA, além de romancista que publicou Criação e Juliano,
À procura de um rei, Verde escuro, Messias, Vermelho brilhante, Myra Breckinridge, O
julgamento de Páris, além de muitos roteiros para a TV e Cinema, tendo falecido em 2012.
5 Apud VIDAL, Gore, op. cit., p. 25.
6 Contos publicados pela Editora L&PM Pocket, com tradução de Cássia Zanon e William
Lagos, 2010, que demonstram ter afirmado com segurança, John O´Hara sobre o colega
contista F. Scott: “Fitzgerald era melhor escritor do que todos nós juntos”.
7 Afirmação feita nos idos de 1976, na sexta edição do seu livro de ensaios citado,
anteriormente. Imagine hoje (2021), quase meio século depois do comentário de Vidal, a
impressão de Scott Fitzgerald ainda teria algum acerto?
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8 Francis Scott Fitzgerald (1896-1940), autor norte-americano casado com Zelda Zayre,
tendo publicado entre 1920 e 1940, quatro romances, desde This side of paradise- Este
lado do paraíso (1920), The beautiful and the damned – Os belos e os malditos (1922),
The great Gatsby (1925), Tender is the night- Suave é a noite (1934), e, dois últimos,
publicados post-mortem: The Crack-up – O colapso e, The Last Tycoon (O último
magnata, 1940). Scott Fitzgerald trabalhou em uma dúzia do roteiros para cinema e
publicou, ainda, 160 contos e alguns fragmentos de autobiografia. Seu amigo, desde os
tempos de Princeton, Edmund Wilson, compilou os dois últimos textos de Fitzgerald e
quando, os publicou, chamando-o de The Crack-Up, o escritor falido foi inteiramente,
ressuscitado. Afirma Gore Vidal que Scott Fitzgerald, a partir de 1945, foi objeto de centenas,
talvez milhares de biografias, estudos críticos e teses de doutorado, teses acadêmicas nas
universidades americanas. E mais: “ Por ironia, o cinema – que tanto fascinara e frustrara
Fitzgerald- atualmente transformou-os (ao Fitzgerald) e a Zelda em enormes monstros
míticos, eternamente rodopiando valsas vienenses rumo ao último rolo, onde explodem
como um par de pistolões num chuvoso 4 de julho – infiéis e queridos desencantados.” In
apud Op. cit. Gore Vidal, in p. 25.
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10 Observemos que nos anos 60, esses escritores, Scott e Zelda, representavam uma
indústria acadêmica de peso; mesmo em décadas posteriores, tal pletora de biografias
e interesses por suas vidas, talvez mais que por seus escritos, continuam a dar “ibope”
nas universidades americanas; Exemplo disso são as publicações do professor Matthew
J. Broccoli, The notebooks of F. Scott Fitsgerald (Cadernos de nota), o qual inclui todas
as 2078 notas dos cadernos do famoso escritor, bem como Correspondance of F. Scott
Fitzgerald, contendo cartas de, e para, Scott Fitzgerald.
11 Vide os cinco primeiros capítulos do nosso livro de Ensaios de literatura e cinema,
da Editora ABC/AIADCE, Fortaleza, 2011, onde é feita uma apreciação e avaliação
historiográfica do período clássico do cinema, no mundo, e sobre as principais correntes
cinematográficas, da Escola Russa ao neo-realismo italiano, da nouvelle vague ao cinema
independente norte-americano, dos finais dos anos 60.
12 FOSTER C. Thomaz: “Para ler romances como um especialista”, Edit. Leya, S. Paulo,
2011, tradução de Maria José Silveira, p. 228. O autor procura que nós leitores (seus)
“aprendamos a ler nas entrelinhas dos maiores clássicos da literatura”.
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13 E olhem que não estou me referindo a uma crítica de cinema como a norte-americana
Pauline Kael, de reconhecida estatura, igualmente mordaz e devastadora de filmes B, tipo
Grande Gatsby, em diversas versões, bastando ver seu tratado sobre a construção ou
produção do célebre Citizen Kane, traduzido para o Brasil sob o título “Desconstruindo
mister Kane”, verdadeira antecipação do relato fílmico, em voga na Netflix, sob o título
Mank, destrinchando o roteiro de mister Kane, de Orson Welles, pela acuidade criativa e
embriagada da história tumultuosa de Herman J. Mankiewscz e sua luta contra Welles pelo
crédito do texto de célebre longa de 1940.
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16 Obra traduzida citada, pag. Pag. 5. No original: “To the red country and part f the grey
country of Oklahoma the last rains came gently, and they did not cut the scarred earth.
The ploughs crossed and recrossed the rivulet marks. The last rains lifted the corn quickly
and scattered weed colonies and grass along sides of the roads so that the grey country
and the dark red country began to desappear under a green cover... in the roads where
the teams moved, where the wheels milled the ground and the hooves of the horses beat
the ground, the dirt crust broke and the sust formed”. “The grapes of whath”, penguin
books ltd, Middlesex, England, 1939, p. 5
17 Obra e tradução citadas, pag. 542. No original da editora penguin: “ For a minute Rose
of Sharon sat still in whispering barn... Then slowly she lay down beside him. He shook his
head slowly from side to side. Rose of Sharon loosened one side of the blanket and bared
her breast. `You got to´, she said. She squirmed closer and pulled his head close. `There’.
Her hand moved behind his head and supported it. Her fingers moved gently in his hair.
She looked up and across the barn, and her lips came together and smiled mysterously.”
Op. cit., p. 416.
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20 Tom Wolfe nasceu em 1931 e faleceu em maio de 2018, aos 88 anos, após ter publicado
o célebre “A Fogueira das vaidades” e Emboscada no Forte Bragg, e ser considerado o
papa do new journalism.
21 John Updike, nascido em 1932 e falecido em 2009, escreveu mais de 50 livros, entre
romances, poesia, contos e ensaios.
22 Exemplar lido: Companhia de bolso, editora Schwarcz, com tradução de Jorio Dauster,
S. Paulo, 2017.
23 Vide “as dezoito coisas que a primeira página pode lhe dizer”, ou seja, sugestões e
esclarecimentos fornecidos pelo professor da Universidade de Michigan, Thomas C. Foster
em seu livro “Para ler romances como um especialista”, editora lua de papel, S. Paulo, 2011,
p. 16 a 25.
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24 Exemplar lido: Companhia de bolso, editora Schwarcz, com tradução de Jorio Dauster,
1ª edição, S. Paulo, 2014.
25 O texto de Gore foi publicado, pela primeira vez, em 18/10/1973, pela New York Review
of Books. A ânsia de obtenção de paz no império americano, pelo ensaísta Gore Vidal,
parece se encontrar cada vez mais distanciada da realidade política do mundo, interna
e externamente. A noticia divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo, edição de 27.01.2021,
p. A11, nos preocupa, quando cuja manchete diz que: “ À espera de Biden, China mede
força com EUA” Ora, a matéria dá notícia de um documento do Pentágono, do final do
ano passado, no qual foi dito que a “marinha americana teria de ser mais agressiva
para tolher as intenções expansionistas da China no Pacífico e os movimentos da
Rússia, principalmente nos mares Negro e Báltico”. Concordamos com o depoimento
da premier Ângela Merkel, em palestra no Fórum Econômico Mundial, em 26.1.21,
quando afirmou que “o Mundo não pode ser forçado a escolher entre dois lados”; o
multilateralismo como instrumento de resolução de conflitos deve ser buscado, porquanto
demonstrações militares de força em nada contribuem para diminuir os riscos de um
apocalipse atômico global, em função da possibilidade, cada vez mais real e concreta, de
um encontro acidental das forças norte-americanas ou chinesas, rivais entre si.
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26 Apud New York Review of Books, onde o texto transcrito, de autoria de Vidal Gore foi
publicado, pela primeira vez, em 18/10/1973, o qual, demonstra o caráter profético de
suas previsões e análises, na medida em que os EUA estão divididos e, ao que parece, meio
século após, à beira de uma guerra civil; e, o mencionado texto constitui um dos capítulos
do referido livro de ensaios, “De fato e de ficção” Op. cit., p. 251/271.
27 Vide os tantos comentários desse analista político via Youtube, cuja visão eurasiana,
ventila a discussão da matéria.
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28 ROTH, Philip: “Me casei com um comunista”. Tradução de Rubens Figueiredo, São
Paulo: Cia. de Bolso, 2014, p. 125/126.
29 A editora Cia. das Letras publicou os seguintes livros de Updike: Consciência à flor da
pele, Bem perto da costa, Coelho corre, Coelho em crise, Coelho cresce, Coelho cai, Brazil,
Uma outra vida, Na beleza os lírios, Bech no beco, Gertrudes e Cláudio, Coelho se cala,
Busca o meu rosto, Terrorista, Cidadezinhas e As viúvas de Eastwick. Neste último, Updike
aborda temáticas como a atmosfera entediante, para não dizer, asfixiante, das cidades
provincianas do interior norte-americano, bem como o tema do desespero que acomete
seus personagens por ocasião da chegada da meia-idade. Comungo dessa interpretação
de John Updike, porquanto ao ter vivido, seis meses, numa cidadezinha do interior do
Alabama (EUA), em Birmingham, senti na própria pele a atmosfera asfixiante de uma
cidade provinciana norte-americana.
30 FOSTER, Thomaz C. “Para ler literatura como um professor”. Tradução de Frederico
Detello, São Paulo: Editora Lua de Papel, 2010, p.117/119.
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31 Tradução de Toni Marques, editora Rocco e L&PM Pocket, Porto Alegre, 2008, Embora
o romance “A fogueira das vaidades” (adaptado para o cinema) tenha traçado uma visão
ácida e perturbadora da era yuppie dos anos 80, e se tornado um texto mais famoso e
conhecido, o novelista do “jornalismo de invenção”, Tom Wolfe, desenvolveu uma habilidade
de conduzir ao universo ficcional a realidade social e política da última década final do
século XX, na América, com seu texto sobre uma Emboscada no forte Bragg.
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32 Wolfe, Tom: “Op. cit.” p. 37. Observar o conjunto de comparativos atribuídos pelo autor
ao protagonista, ”Irv Durtscher, o Costa Gravas do jornalismo investigativo da TV, o Goya
da paleta eletrônica”, sempre revelando uma ficção calcada na realidade atual, do universo
da TV.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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QUARTA
PARTE
CINEFILÔ ABISSAL E
CONTEMPORANEIDADE
CAPÍTULO 8
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11 BLANCHOT, M.: “(...absolute Leere des Himmels...) in COELEN, M. Die andere Urszene,
Berlim, 2008, p.19, apud HAN, Byung Chul, Op. cit., p. 18.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 9
CINEMA E FILOSOFIA:
DE WALTER BENJAMIN A SLAVOJ ZIZEK
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Deleuze
• Foi com o neorrealismo que surgiram no cinema situa-
ções óticas e sonoras puras, distintas das situações sen-
sório-motoras da imagem-ação ou movimento.
• Deleuze cita nove (9) vezes a Stromboli (Rosselini com
Ingrid desadaptada na ilha) e Europa 51, onde uma bur-
guesa, depois da morte do filho, aprende a ver o que se
passa em torno dela, quando seu olhar abandona a fun-
ção prática de dona de casa ocupada com a vida mun-
dana, e ela descobre , por exemplo, o que é o mundo do
trabalho numa fábrica.
• A OBRA DE ARTE SEMPRE FOI REPRODUTÍVEL
• A PINTURA, desde as cavernas – sacras e míticas;
• A ESCULTURA, tem ainda fundamento no culto, feita a
partir de um bloco de concreto, por pouco reprodutível,
com intenções eternas, pouco perfectíveis;
• A ARQUITETURA, sempre existiu, pois, os edifícios são re-
cebidos de dois modos: por meio do uso e por meio da
percepção: táctil e ópticamente; a teoria da apercepção,
entre os gregos se chamava estética; AS TRÊS ARTES ES-
TÁTICAS E QUAIS AS TRES DINÂMICAS?
• LITERATURA, teatro e MÚSICA, TODAS SOMADAS RESUL-
TANDO NA
1 FRANCO, Renato: “10 lições sobre Walter Benjamin. Petrópolis: Editora Vozes, 2015,
p. 99.
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CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 10
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1 SOUSA, Edson e Paulo Endo: “Sigmund Freud”. Porto Alegre: L&PM Pocket Editora,
2010, p. 41.
2 Basta ver o filme de Martin Scorcese, “a invenção de Hugo Cabret, sobre o cineasta
pioneiro, Georges Meliés, o descobridor dos sonhos no cinema, inclusive com um filme
sobre a ida do homem à Lua.
3 SOUSA, Edson: Op. cit., p. 62.
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4 DOSTEOIEVSKI, Fiodor M. “Os irmãos Karamázov. Porto Alegre: Martin Claret Editora,
2012, p. 255 e SS., até p. 263.
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7 Convém ler ou reler, com atenção as páginas 161/165, da edição mencionada, da Martin
Claret.
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10 DOSTOIEVSKI, F.M.: Op. cit. p. 865. O advogado o descreve com tintas verdadeiras:
“Parece-me que ele não amava ninguém, além de si mesmo, e tinha uma autoestima
impressionante. Imaginava que a civilização não fosse nada além de belas roupas, ternos
decentes, camisas limpas e botas brilhantes. Imaginava ser o filho natural de Fiódor
Pavlovitch (e, realmente, disto existem provas); a sua situação em relação aos filhos
legítimos de seu patrão, causava-lhe horror: tudo era para os outros filhos, nada para
ele mesmo; para eles, todos os direitos, toda a herança, mas ele mesmo, ele mesmo não
passava de um cozinheiro do próprio pai”. Id. Ibiem.
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e a segunda edição em 2003), conta com um belo posfácio do tradutor, o qual faleceu em
2016, com 99 anos.
13 Op. cit. p. 209, em posfácio da lavra do tradutor Schnaiderrman.
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25 Há que Régistrar os três manifestos russos, durante o século XIX: o primeiro para
os cultos e letrados de Moscou, propugnou por uma espécie de Assembleia Nacional
Constituinte; o segundo manifesto foi denomina de a nova geração, a partir de 1861,
incluiu os ex-clérigos; e, por último, o terceiro manifesto ficou conhecido como – A nova
Rússia – , o qual apregoava a revolução sangrenta com a eliminação do casamento;
supressão da família; a dissolução dos conventos; a desapropriação dos bens da Igreja,
tudo em função do descontentamento dos agricultores com a abolição da servidão,
naquele país, pátria de Dostoievski.
26 DOSTOIEVSKI, Foódor M.: “Os demônios –, Editora 34, São Paulo, Tradução de Paulo
Bezerra diretamente do russo, conferir” – Posfácio – esclarecedor, das págs. 689 a 699,
intitulado “Um romance de tons proféticos”.
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29 FRANK, J.: “Dostoievski: um escritor em seu tempo – biografia. [s.l.]. Companhia das
letras, p. 813 e SS.
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36 SOUZA, Enéas de: ”Cinema, a tela e o divã”, Porto Alegre: Editora Artes e Ofício, 2011,
p. 13.
37 DELEUZE, Gilles. Cine I – Bergson y las imágenes, Cactus Serie Clases, vol. 6, Buenos
Aires, 2014, p. 503 e SS.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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QUINTA
PARTE
CINEMA CEARENSE
CAPÍTULO 11
Capítulo 11
Até finais dos anos sessenta, o Ceará lembrava uma terra dos
filmes inacabados. Parecia estranho, porquanto a nossa é conheci-
da, desde muito como a “terra da luz”, da qual a produção cinema-
tográfica tanto depende.
Porque, então, tal estigma?
Em virtude das transformações tecnológicas as quais pontua-
ram o presente século XXI, adicionadas à inexistência de órgãos en-
carregados de preservar a produção audiovisual amadorista cearense,1
grande parte do acervo filmográfico produzido na década do setenta
cearense já não remanesce, senão na memória dos seus espectadores,
ou em Régistros editoriais- qual este que intentamos efetuar-, que
tentam preservar a mencionada memória, talvez em vão.
Parsifal Barroso, ex-governador e grande intelectual cearen-
se, afirmou, a propósito do desprezo cearense pela preservação da
memória local e de seus ilustres conterrâneos:
“Relembro a incompreensão de que fui alvo, quando gover-
nei o estado do Ceará e, graças aos justificados e diligentes cuida-
dos de meu ilustre assessor, Mozart Soriano Aderaldo, consegui
encomendar ao saudoso escultor Leão Veloso as estátuas de Fa-
rias Brito, Alberto Nepomuceno, Clóvis Beviláqua, Capistrano de
Abreu e Gustavo Barroso, bem como a herma de Delmiro Gou-
veia... Alguns de mim se condoeram por que, ainda beirando meus
cinquenta anos, já estava caducando, com essa mania de erguer
estátuas a quem não as merecia. Outros, em maior número, se per-
guntavam entre si de onde havia eu tirado “esse tal de Farias Brito”,
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DÉCADA DE 1910
Na primeira década do século passado, foi rodado, anonima-
mente, documentário sobre a Procissão dos Passos, e outro, em
1919, Ceará Cine Jornal.6
Seria mesmo o Ceará uma terra dos filmes inacabados?
Lutamos por discordar dessa ideia e, tentamos provar, atra-
vés dessa primeira relação, abaixo, de filmes produzidos aqui, no
Estado, pelos cineastas locais ou, ainda que por “não cearenses”,
como forma de dar uma primeira ideia do potencial da realização/
produção de filmes, no Estado do Ceará.
Ora, durante essa década foram exibidos – consoante a con-
solidada pesquisa do historiador Ary Bezerra Leite e Raymundo Net-
to7 – outros filmes produzidos aqui no Ceará, a saber: Film Cearense
(1919), o qual foi exibido no Cine Majestic, em 12 de setembro de
2019, cuja película trazia “vários aspectos de Fortaleza e vistas tira-
das na ocasião da visita do general Joaquim Inácio” e, “O corso de
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DÉCADA DE 1920
Na segunda metade da década de 1920, a produção de fil-
mes cearenses cresceu bastante. Adhemar Bezerra Albuquerque –
patrono da cadeira número 38 da Academia Cearense de Cinema
(ACC) e fundador da ABA FILME, realizou toda uma série de filmes
documentários dentre os quais se destacaram as seguintes pelícu-
las em 35 mm: O Juazeiro do padre Cícero e Aspectos do Ceará,
lançada em Fortaleza, em 8 de dezembro de 1925 na sala de cinema
Moderno, de 630 lugares, dividido o filme em cinco partes, todas
precedidas de um letreiro-legenda, a saber: O Juazeiro – vistas da
cidade- dias de feira – O movimento das ruas – o padre Cícero – os
devotos – a multidão – a excursão presidencial- paisagens – trechos
da viagem- o açude do Cedro – Fortaleza – Panorama da cidade – a
chegada do padre Macedo – Ponte do desembarque – Crato – Bar-
balha – Quixadá.
Teve grande destaque aqui, como em outras capitais brasi-
leiras, segundo relata o pesquisador potiguar, Rostand Medeiros,
de Recife onde teria estreado nas salas dos cines Royal e São José
a Manaus, onde foi lançado na sala do cine Politeama, e inclusive,
na capital federal, Rio de Janeiro, exibido na sala Parisiense. O em-
presário da ABA FILM, Adhemar Bezerra Albuquerque conheceu no
Cariri, durante as filmagens desses documentários ao sírio-libanês
Benjamin Abrahão Botto (1890/1938), fotógrafo e secretário par-
ticular de Pe. Cícero, patrono da cadeira número oito, da ACC, o
qual demonstrou interesse em filmar o cangaceiro Lampião, sendo
provido de equipamentos e instruções da parte do famoso empre-
sário e seu filho, o fotógrafo Chico Albuquerque, já logo em 1926;
Mencionada filmagem com o grupo de Lampião, pelo ex-mascate
e fotógrafo Benjamin Abrahão, demoraria uma década para obter
sucesso material, até 1936, após mais de uma tentativa, estimula-
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O Homem que Matou Dom Quixote – Ensaios de Cinema e Literatura
DÉCADA DE 1930
Essa década, relativamente à produção de filmes no Ceará,
foi bastante prolífica. No plano federal, iniciou-se a era getulista,
com o governo provisório de 1930 e cuja ditadura duraria até 1945,
porquanto desde 1937, Getúlio Vargas iniciara o autoritário gover-
no do “Estado Novo”.
Governando através de decretos, o velho gaúcho voltou seu
olhar, desde cedo, para a produção de imagens cinematográficas,
ao tencionar, populistamente, conquistar a simpatia nacional; Em
1932, com o decreto número 21.240, “nacionalizou o serviço de
censura dos filmes cinematográficos”, ao determinar que “nenhum
filme poderia ser exibido ao público sem um certificado do Ministé-
rio da Educação e Saúde Pública” (art. 2º, do mencionado decreto).
Antes de qualquer produção se buscava obter o tal certi-
ficado e o velho ditador chegou a receber o título de presidente
de honra da Associação Cinematográfica de Produtores Brasileiros
(ACPB), em virtude da criação, em 1935, da Distribuidora de Fil-
mes Brasileiros (DFB) e do Instituto Nacional de Cinema Educativo
(INCE), durante seu governo, em 1936.
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DÉCADA DE 1950
Nelson Moura, patrono da cadeira nº6, da ACC, seria o
pioneiro que logo no início da década tentaria realizar filmes no
Ceará. Proprietário da Cine Produtora, realizou os documentários
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DÉCADA DE 1960
Na década de sessenta, foram feitos alguns filmes, já agora
em 16 milímetros, sonoros alguns, e mudos, outros, como os dois
curtas de Antônio R. Lobo Furtado, O ponto e A metamorfose,
os quais participaram, respectivamente do I congresso nacional de
curtas metragens, por ocasião da VI Jornada Nacional de Cineclu-
bes, no Teatro José de Alencar, dos quais, no entanto, não se sabe
se restaram, ainda hoje, alguma imagem dos mesmos.
Darcy Costa e João Maria Siqueira tentavam filmar um inaca-
bado documentário sobre a obra do ilustre pintor Antônio Bandei-
ra, O Colecionador de crepúsculos; Inacabada restou, igualmente,
a tentativa da Faculdade de Direito da UFC, através do professor
Mario Barata, do fotógrafo João Maria Siqueira e do estudante de
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15 FROTA NETO, A.: “Quase”, Editora ABC, Fortaleza, 2000, interessando referir das
páginas 300 a 310, onde consta narrativa de minha autoria, a pedido do autor, sobre
mencionada produção de filmes cearenses e a fama da terra dos filmes inacabados. O
autor foi presidente do Clube de Cinema de Fortaleza Darcy Costa, a partir de 1968 até o
seu encerramento de atividades, me tendo dado o privilégio de ser seu secretário.
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DÉCADA DE 1970
Antes de Régistrar o movimento amadorístico de utilização
de Régistros audiovisuais em bitola Super-8, no Ceará, desde os
anos setenta, devemos ver que Régis Frota concluiu curtos docu-
mentários em 16mm, tais como: Meninos de Aço (1976) e Franz
Kafka, biografia (77), tendo fotografado alguns documentários e
filmes ficcionais de super-8 como Joaquim Bonequeiro (1980) e,
alguns outros.
Nessa década se desencadeou uma vigorosa produção ama-
dora de super 8 mm, a qual resultou em festivais e mostras, na épo-
ca. Desse movimento são representantes os seguintes cineastas ou
“videomakers” que tornaram a década de 70, no Ceará, reconhecida
como época bastante produtiva e criativa, fossem amadorísticos fic-
cionistas ou documentaristas do audiovisual, a saber: Pedro Martins
Freire, Hélio Rola e Edivaldo Diógenes; Germano Riquet, José Evan-
gelista Moreira, José Rodrigues Neto, Firmino Holanda; Régis Frota,
Marcus Vale, Heliomar Abraão Maia, Eusélio Oliveira, Joao e Gilberto
do Vale; Silvio Barreira, Rosemberg Cariry, Mauricio Matos, Carlos
Lázaro e Benedito Fernandes Fontenelle; Dogno Içaiano, Francisco
Heron Aquino, Ezildo Luiz Américo, Dennis Araújo e Antônio Vicelmo
do Nascimento; Nirton Venâncio, Carlos Normando, Tiano, Leotino
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DÉCADA DE 1980
Nada melhor que dar ou ceder a palavra aos especialistas: o
pesquisador Ary Bezerra Leite comenta os fatos da década, com voz
autorizada: na história dos festivais de cinema se inscreve.
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18 VALE, Francis: “Cinema Cearense- algumas histórias”, Fortaleza: Assaré Editora, 2008,
p. 56.
19 VALE, Francis anexa documentos e matérias veiculadas na imprensa cearense(exemplo,
coluna “Em Off”, de O POVO, edição de 31.8.87, e coluna de Edmundo Vitoriano, de
15.6.87, segundo as quais, o produtor cinematográfico Luis Carlos Barreto, o Barretão,
estaria sendo reclamado de não pagamento de vultosas quantias a Ezaclir Aragão e a
Carlos Orlando Abrunhosa, bem como ao BEC, pela realização do longa “Luzia Homem”,
divida avalizada por Fernando Terra e Gonzaga Mota.
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O Homem que Matou Dom Quixote – Ensaios de Cinema e Literatura
DÉCADA DE 1990
A ideia de realização de festival de cinema, no Ceará, contu-
do, não morreu no Estado. Tanto que o cineasta Marcus Moura, for-
mado juntamente com Jane Malaquias, Amaury Cândido e Wolney
Oliveira, pela Escola Internacional de Cine e Vídeo de San Antonio
de los Baños, de Cuba, em 1992, ao assumir a direção da Casa Ama-
rela Eusélio Oliveira, da UFC, após o assassinato do antigo diretor, o
advogado e cineasta Eusélio, restabeleceu um clima de cooperação
com a Secretaria de Cultura do Estado, o qual tinha sido rompido,
em 1988, quando da extinção do Festival de Fortaleza do Cinema
Brasileiro. Com vistas ao retorno da cooperação indispensável ao
incentivo dos festivais de cinema, o Secretário de então, Augusto
Pontes, autorizou realização de oficinas de música cinematográfica
e direção de atores, com magistério de Walter Lima Júnior e Sergio
Ricardo, bem como, no ano posterior, 1993, já então na direção
do Cinema de Arte Universitário (CAU-UFC), entregue ao filho do
seu idealista criador, Wolney Oliveira, foi responsável por parcerias
que resultaram no projeto “Luz, Câmara, Imaginação” (uma série de
oficinas sobre cinema) que antecedeu a criação do Instituto Dragão
do Mar, estando na titularidade da SECULT, Paulo Linhares, tendo
propiciado a vinda a capital Cearense dos professores Maurice Ca-
povilla e Orlando Sena.
No início desta década, 1990, Fernando Collor assume a
presidência da República e não tarda a extinguir a EMBRAFILME, o
CONCINE (Conselho Nacional de Cinema) e a Fundação do Cinema
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DÉCADA DE 2000
Iniciado o século XXI, mais de uma centena de realizadores e
cinéfilos integravam as lides cinematográficas cearenses. O cineasta
Francis Vale prestou-lhes uma homenagem, ao finalizar sua pesquisa
– à qual homenagem aqui reproduzimos e ratificamos-, incluindo-os
mesmo àqueles que, como ele, já partiram, ou já se foram ou se afas-
taram da atividade, sabendo que “alguns poderão voltar a qualquer
momento, em face das facilidades oferecidas pelo digital” (sic).
Destarte, arrolamos, abaixo, alguns nomes de realizadores
históricos de audiovisual cearense: Ademar Albuquerque, Benjamin
Abrahão, José Augusto Moura, Heitor Costa Lima, Nelson Moura,
Paulo Salles, João Maria Siqueira, Enondino Bessa, Roberto Benevides,
Antônio Frota Neto, Darcy Costa, Eusélio Oliveira, Régis Furtado, Her-
mano Penna, Régis Frota, Ezaclir Aragão, Marcus Belmino, Jefferson
de Albuquerque Júnior, Firmino Holanda, Nirton Venâncio, Rosem-
berg Cariri, Oswald Barroso, Edvar Costa, Marcus Vale, Silvio Barreira,
Eliomar Maia, Mauricio Matos, Pedro Martins Freire, Franzé Santos,
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DÉCADA DE 2010
Ao descrever a cartografia do audiovisual cearense, o cineas-
ta e pesquisador Firmino Holanda, afirma:
“Vive-se hoje, uma nova produção audiovisual no Ceará, cujo
ponto de virada foi o advento de câmeras de vídeo mais baratas,
disseminadas no início dos anos 1980. Hoje, com as câmeras digi-
tais de alta resolução, passou-se a fazer filmes a partir dessa cap-
tação (eventualmente transferida para película). Nesse texto, não
caberia relacionar a grande quantidade de títulos finalizados nesses
processos, que se contentam em ser exibidos na sua forma original.
Uma série de longas em digital tem sido realizada, pelo coletivo
Alumbramento (Viagem para Ithaca, Os monstros), por Geraldo
Damasceno (Poço de Pedra), Daniel Abreu (Centopeia), etc. Mas,
no Ceará, o pioneiro em fazer longa dispensando a película fotográ-
fica foi Glauber Filho, com Oropa, França e Bahia (1999).”22
DÉCADA DE 2020
A década atual se iniciou com uma ameaça de paralização
das atividades audiovisuais, em virtude da pandemia do corona ví-
rus, especialmente tendo em vista o quanto esta atividade audiovi-
sual é fruto e obra de uma coletividade, contrariamente à produção
literária, por exemplo, que se faz no silêncio da subjetividade.
Desde 2017, o Governo do Estado que apresentara um pro-
jeto denominado Ceará Filmes, onde estivera na sala de Cinema do
Dragão do Mar a quase totalidade das instituições ligadas ao audio-
visual, na presença do governador Camilo Santana, que se compro-
metia a entrar com alguns milhões de reais, em complemento aos
investimentos federais do FSA, da ANCINE e outras patrocinadoras,
criando enorme expectativa em todos.
284
O Homem que Matou Dom Quixote – Ensaios de Cinema e Literatura
285
ANEXO 1:
FILMES PRODUZIDOS NO CEARÁ – ALGUNS FILMES CEARENSES DE TODOS OS TEMPOS:
Títulos dos filmes cearenses Data Natureza Enredo Diretor Produtor Estreia
A procissão dos passos 1910 doc. Descreve a procissão do Anônimo Anônimo 1910
Senhor morto em Fort
Ceará Cine Jornal 1919 idem Fatos ocorridos na Anônimo Anônimo 26/02/1919
capital cearense
Temporada maranhense 1925 idem Partidas de futebol Ademar Bezerra 1925
de futebol no Ceará no Ceará Albuque
1925 idem Cenas da cidade idem Aba Film 1925
286
O Juazeiro do pe. Cícero de Juazeiro e do
Pe. Cícero
Aspectos do Ceará 1925 idem Cenas e fatos do Estado do idem idem 1925
1º lustro Sec. XX
A indústria do sal no Ceará 1926 idem Aspectos da industrialização idem idem 1926
do sal no CE
A visita do Dr. Washington Luis 1926 idem Cenas da visita do presidente idem idem idem
ao Ceará W. Luís ao CE
A parada militar de 7 de setembro 1927 idem Cenas da parada militar idem idem 1927
do ano de 1927
Getúlio Vargas no Ceará 1933 idem Sequências da presença de idem idem 1933
Getúlio no Ceará
Títulos dos filmes cearenses Data Natureza Enredo Diretor Produtor Estreia
O bando de Lampião 1936/1939 idem Cenas do bando de Lampião e Benjamim Abraão 1936/9
Maria Bonita Abraão
História de aviadora que cai
A eterna esperança 1937 ficção no sertão, acolhida por
sertanejos Leo Marten
It´s all true - quatro homens 1942 doc. O cotidiano de uma aldeia Orson Welles Rko 1942
287
numa jangada de pescadores
Caminhos sem fim 1944/9 drama Sertanejos de família José Augusto SCFC
flagelada tendo destino trágico Moura
Jangada 1947 idem Resgata algo do herói Nelson Moura Cine Prod
Dragão do Mar Nelson
288
Lua Cambará 1977 idem Longa ficcional Ronaldo Corrêa idem
em super 8
Pe. Cícero, o patriarca do sertão 1976 doc. Longa ficcional em 35 mm Hélder Martins idem
Iracema, a virgem dos lábios de mel 1978 idem Adaptação livre idem idem idem
de Iracema, de José Alencar
Os caminhos de Iracema 1978 idem idem Ezaclir Aragão idem idem
Chico da Silva 1976 doc. Sobre o pintor popular Pedro Jorge de idem
e suas cores Castro
Brinquedo popular do nordeste 1977 idem Sobre alguns brinquedos idem idem idem
populares do NE
Títulos dos filmes cearenses Data Natureza Enredo Diretor Produtor Estreia
De sol a sol 1982 idem Sobre a seca cearense idem idem idem
Dona Ciça do Carro Cru 1979 doc. Mostra cerâmicas e Jeferson Alb Jr. idem
estatuetas de D. Ciça
289
do cego Oliveira Cariry
O caldeirão de Santa Cruz do deserto 1987 doc. Longa-metragem sobre idem idem idem
a saga do caldeirão
A saga do guerreiro alumioso 1993 ficção Longa sobre a saga do idem idem idem
Guerreiro Alumioso
Corisco & Dadá 1997 idem Ficcional sobre as relações idem idem idem
dos cangaceiros
Patativa do Assaré, ave poesia 2007 doc. Longa documental sobre a idem idem idem
poesia de Patativa
Títulos dos filmes cearenses Data Natureza Enredo Diretor Produtor Estreia
Cine Tapuia 2006 doc. Longa sobre a Itinerância idem idem idem
Exibidora no CE
Siri-Ará 2009 ficção Longa sobre as origens idem idem idem
cearenses lendárias
Cego Aderaldo, o cantador e o mito 2012 doc. Longa sobre o idem idem idem
cego cantador
Folia de Reis 2014 doc. Longa documentário e idem idem idem
ficcional sobre a folia
O noviço rebelde 1997 ficção Longa humorístico filmado Tizuka Yamazaki Renato
no Quixadá Aragão
Bela Donna 1997 idem Ficcional sobre o amor Fabio Barreto L C barreto
de pescador com turista
290
A ostra e o vento 1998 idem Adaptado de romance de Walter Lima Jr. idem
Zé Lins do Rego
O sertão das memórias 1997 idem Memórias sertanejas e José Araujo José Araújo idem
familiares do diretor Idem
As tentações do irmão sebastião 2006 idem Mitos religiosos em idem idem idem
discussão no sertão do NE
Iremos a Beirute 1998 idem Relações de amor e amizade Marcos Moura idem
em Fortaleza
O amor não acaba às 15h30 1995 idem Curta metragem idem idem
Milagre em Juazeiro 1999 idem Longa sobre o milagre da Wolney Oliveira idem
beata Maria de Araújo
A ilha da morte 2007 idem Longa sobre a paixão pelo idem idem
cinema e o amor
Títulos dos filmes cearenses Data Natureza Enredo Diretor Produtor Estreia
A borracha para a vitória 2004 doc. Documentário sobre cearenses idem idem
no ciclo da borracha
O artista contra o caba do mal 2005 ficção Média metragem sobre filme de Halder
lutas interrompida a exibição Gomes
As mães de Chico Xavier 2010 idem Sobre o trabalho espírita Halder Gomes idem
de Chico Xavier
291
no interior do CE
A ordem dos penitentes 2002 ficção Curta metragem retrata idem idem idem
a velhice e solidão
A velha e o mar 2005 idem Curta que dialoga com seus idem idem
longas onde o tempo conta
Quando o vento sopra 2008 idem Curta dramatizando o tempo idem idem idem
e o fim das coisas
O som do tempo 2010 Curta Cenas de reflexão sobre idem idem idem
o tempo q passa...
CLARISSE OU ALGUMA COISA 2016 Longa Premiado no 26º idem idem idem
SOBRE NÓS DOIS Cine Ceará
Um cotidiano perdino no tempo 1988 Curta Integrando pretensa trilogia Nirton Venâncio idem
sobre o tempo
Último dia de sol 1999 idem idem idem idem idem
O amor do palhaço 2005 35 mm Documenta a vida do palhaço Armando Praça idem
292
#NOME? 2010 idem idem idem
escada rolante de shopping
Baseado em conto de Eugênio Menina q sonha
Águas de romanza 2002 idem Leandro mostra mulher e conhecer a
criança dif. idades Gláucia Chuva G.
Soares e Patricia Baía
Retrato pintado 1995 doc. Sobre a técnica de pintar Joe Pimentel idem
fotografias familiares
Câmara viajante 2007 doc. Versa sobre exibição itinerante idem idem idem
de filmes no CE
Canoa veloz 2005 idem Em icapuí, pescadores de Idem Tibico Brasil idem
lagosta enfeitam mar
Homens com cheiro de flor 2007 doc. Versa sobre matadores de idem idem idem
aluguel no sertão
293
Uma nação de gente 1999 doc. Documenta depoimentos Margarita Itibio
de vaqueiros na lida Hernandez BRASIL
Não deu tempo 2002 15 min. id. Um retrato do fotógrafo Tibico Brasil idem
Zé Albano e o tempo
Riso das flores 2004 doc. Sobre velha Risoleta e Karla Holanda karla
quando em criança Holanda
Sol de amém 2006 idem Sobre a seca cearense Yves Yves Albqq.
Albuquerque
Virando a página 2005 idem Sobre sexo, mentiras e idem idem idem
revistinhas de grupo
Títulos dos filmes cearenses Data Natureza Enredo Diretor Produtor Estreia
Chico do Barro, artista do 3º mundo 2001 doc. O paulista Otavio Pedro Otávio Pedro
retrata o artesão Chico
294
pinturas e personagens Carvalho
Paixão nacional metabólico irreversível 1995 Ficção Trágica história sobre a Karim
identidade nacional Ainouz
Títulos dos filmes cearenses Data Natureza Enredo Diretor Produtor Estreia
295
A solidão dos dias difíceis 2003 ficção 1º dia de emprego Sandra
numa farmácia Kraucher
296
Centopéia 2008 ficção Daniel Abreu
cientif.
Solidão em apt. com música
Domingo 2006 Média met. erudita, intercalada com alga-
zarra na rua, música popular
297
Narra menino e adulto obser-
Experimen- vando casal em intimidades,
Uma folha que cai, de IVO LOPES 2003 tal depois ela banhando-se no rio,
desnuda, a sugerir distintas
reações 15 min.
298
de Icapuí
Antonio: um, dois, três 2016 LM ficção Escolhido para participar Leonardo
do festival de LM Mouramateus
A vida invisivel de Euridice Gusmão 2019 LM ficção Adaptação do romance de Karin
Martha Batalha Ainoux
Encarnado Van gogh, de Halder Gomes 2020 LM ficção Visão particular da Halder Gomes
obra do pintor com Maria Fer-
nanda em Paris
Cine Hollywood 2, a chibata sideral 2020 LM ficção Continuação do folclore Halder Gomes
cômico do CE
Soldados da borracha 2019 LM ficção 41 Fest. intl novo cin latino Wolney
Joe Pimentel
299
A JANGADA DE WELLES 2019 LM doc. 41 Fest. intl novo Cin Latino Firmino e Petrus
OS OVOS DA RAPOSA - SERIE TEKEVI- PRODAV-ANCINE-13
SIVA O POVO 2019 LM ficção episódios o povo Valdir Oliveira
Prêmio em
Sobre dançarina Cine Ceará,
PACARRETE 2019 LM ficção do interior-bailarina Allan Deberton
Shangai e
Gramado)
Sobre a problemas Sara Benvenuto
MARCO 2019 CM 52 FEST da mulher no interior Iguatu
Sobre o centenário Glauber Paiva Fº,
MEU TRICOLOR DE AÇO 2019 doc. do Fortaleza Tibico Brasil e
Valdo Siqueira
Títulos dos filmes cearenses Data Natureza Enredo Diretor Produtor Estreia
300
O animal sonhado 2020 lm coletivo Luciana Vieira
Mulheres atras das camaras - Livro 2019 média met. Adaptação teatral Grace Passô e Ri-
do texto igual cardo Alves Jr.
Vaga Carne 2019 média met. Sobre violência policial Affonso Uchôa
Sete anos em Maio 2020 doc. mm Experiências de religião Victor Costa
e fé p/LGBT Lopes
As cores do divino
O Homem que Matou Dom Quixote – Ensaios de Cinema e Literatura
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
301
Regis Frota
302