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com o infinito nas mãos

Abrir um livro é correr o risco de encontrar o


infinito. Ter ao alcance da mão, nos limites da
página, o sem-limites. E de que outro modo pode-
ríamos nós encontrar o infinito senão no finito}
Mensurável, palpável, visível. Nesse espaço aberto
e branco da página, nas suas dobras, pode surgir o
sem princípio., nem fim, nem centro: o Livro infinito.
Liberdade que é também desorientação: perdem-se
as certezas e as referências habituais; os caminhos
e sentidos bifurcam-se; a noite cerca-nos. Uma
espécie de cegueira: o livro abre uma obscuridade
essencial. A dos novos começos.

Página ao lado
Rokn Fludd (1574-1637),UTRIUSQUE COSMI MAIOR1S [...], 1617-[1619]. Biblioteca da Universidade de
Coimbra / Foto: Carlos Azevedo
Km baixo
Jean-Luc Godard (1930), JLGpar JLGI ® 1995 Gaumont
Raymond Queneau (1903-1976), Ctnt mil/e mMiards depoimts, 1961 / © Raymond Queneau, ADAGP, 2012
Foto: Carlos Azevedo
a fenda e a explosão: entrar/sair

Entre as mãos abre-se uma fenda. Uma entrada


inesperada que altera a ordem do mundo. Um
abismo. Ou uma casa — que oferece um outro
modo de hospitalidade. Ou uma exposição no es-
paço do livro - outro modo de relação com a obra
de arte. Mas aí não podemos permanecer. Pelas fis-
suras do livro saem novas e inesperadas realidades.
Aparições. Anúncios que recriam o mundo. O livro
tem algo de bomba. Explosão de palavras, idéias,
imaginação, sentidos - que destroem e recriam o
horizonte de possibilidades em que nos movemos.
E exigem de nós: faz, pensa, vê, sê!

Página ao Indo
Círculo de Dierick Bouta (c. 1410-1475), Anunciação, 1465 (pormcnor). © Fundação Calousre Gulbenkian
Foto: Catarina Gomes Ferreira
Km baixo
Description succitiíe de Ia colonne historiée de Constantinople: dressée a Vbonneur de /'Empereur Theodose lejeune [...], 1702
FCG - Biblioteca de Arte / Foto: Carlos Azevedo
José Escada (1934-1980), Lei 5 lignes, 1966 / FCG - Biblioteca de Arte / Foto: Carlos Azevedo
linha infinita: história interminável

Um ramo fértil tem origem no livro: a escrita e a


leitura são tarefas inacabáveis. Demoradas. Uma
linha atravessa o livro, reinventa-se a cada página
e transita para outros: como se de um mesmo livro
se tratasse. Uma linha imemorial que vem de trás e
que nos ultrapassará. Linha infinita que atravessa
a História. Os autores contaminam-se. As per-
sonagens, citações e idéias migram de uns livros
para outros. As leituras cruzam-se criando novos
sentidos. Abrem-se estradas, propõem-se passeios
e deambulações. O livro exige de nós tempo.

Página ao lado
Rkhard Long (1945), Labyrinth: local, lants, walks, 1991 / O Rkhard Long, DACS, 2012 / Foto: Carlos Azevedo
Em baixo
Pinturas atribuídas ao Mestre do Livro de Orações de Dresdcn, ao Mestre do Fitzwilliam 268 e a um mestre próximo
de Willem Vrelant, Livro de horas, c. 1475 / © Fundação Calouste Gulbenkian / Foto: Catarina Gomes Ferreira
Antoni Tapies (1923-2012), Dtrrière h mirroir, 1969 / FCG - Biblioteca de Arte / © Antoni Tapies, VEGAP, 2012
Foto: Carlos Azevedo
i
tudo existe para chegar a um livro

Do mais comum quotidiano à mais extraordinária


iluminação - e desorganizando essas categorias:
tudo se dirige para um livro. O trabalho e o
descanso, a dor e o prazer, a ficção e a realidade,
o amor e a morte. As paredes grafitadas e a pele
do corpo. O desejo enciclopédico de apreender
todo o conhecimento do mundo. Refletir sobre
a brevidade da existência ou prolongá-la numa
imortalidade da memória. Estabelecer a normali-
dade ou desencadear a loucura. Heróis, cobardes,
santos, loucos. O que podemos ser encontraremos
num livro, ou resultará num livro: possibilidades-
-de-si desconhecidas. Existirá o mundo porque o
livro existe?

Página ao lado
Anônimo, Paisagem com as Tentações de Santo Artlão,Q. 1601-1625 (pormenor) / © Museu Nacional de Arte Antiga
Foto: José Pessoa. Divisão de Documentação Fotográfica do Instituto dos Museus e da Conservação, I.P.
Embaixo
Gordon Matta-Clark (1943-1978), Watts paper, 1973 / Foto: Carlos Azevedo
Bas Jan Ader (1942-prov. 1975), Fali, [1970] / Foto: Carlos Azevedo
o fogo e o livro por vir

Os livros são perigosos: ateiam-nos fogo. Temíveis:


por isso, são atirados ao fogo. Há uma relação
íntima entre o livro, o fogo e as cinzas. Como a
consciência de que o livro da nossa vida nos pode
queimar. De que somos livro a ser escrito. Como
um mapa aberto à viagem. A fazer-se e a desfazer-
-se. De um monte de palavras ou imagens, dessa
matéria, formar-se-ão outros livros possíveis, ainda
por vir. Ou a reler. Desconhecidos. A biblioteca
interminável de Babel. Tarefas infinitas, chamou-
-lhes Husserl, porque não se limitam ao tempo de
vida de um indivíduo e são criação comunitária.
O livro, a arte, o pensamento, a ciência. Vem de
longe e dirigem-se para longe. Ao virar a página,
no infinito obscuro da origem, dá-se uma explosão
de luz que é começo.

Página ao lado
Robert Fludd (1574-1637), UTRIUSQUE COSMI MAIORIS [...], 1617-[1619] (pormcnor). Biblioteca da
l Inivcisidadc de Coimbra / Foto: Carlos Azevedo
Km baixo
Rui Chafes (1966),«O silêncio de ...» 1984-2012 (iixrk mpmgrea) I Foto: Alcino Gonçalves
Apocalipse, c. 1265-1275 (pormenor) / © Fundação Calouste Gulbcnkian / Foto: Catarina Gomes Ferreira
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exposição
Galeria de Exposições Temporárias \ terça a domingo: 10 - 18 horas, encerra à segunda-feira

Na sala de leitura da Biblioteca de Arte encontra-se disponível, em acesso direto, um conjunto


de obras - livros ilustrados e livros de artista - de autores portugueses contemporâneos
Biblioteca de Arte | segunda a sexta-feira
até 15 de setembro : 9h30 - 17h30
a partir de 16 de setembro: 9h30 - 19h

filmes
Auditório 3 - 18b | Entrada livre
12 setembro Alphaville delean-Luc Godard
F.r,nb<ii45i cinemateca
19 setembro Farenheit451 de FrançoisTruffaut unavclmcn»«didopor P0!'"

conferências
Auditório 3 - 18b | Entrada livre

26 setembro Arte & livros em finais dos anos sessenta: teoria & prática
Seth Siegelaub
17 outubro Livro de artista: vários media num pequeno embrulho
Brad Freeman
Seguida do lançamento do número da revista JAB — The Journal of
Artists' Books, exclusivamente dedicado ao livro de artista em Portugal

visitas orientadas
15.00 horas
julho - 26*
agosto-1,8,22,23*, 29
setembro-5,12,19,20*, 26
outubro-3,10,17,20*
*por Paulo Pires do Vale, comissário da exposição
Para grupos mediante marcação prévia:
de segunda a sexta-feira
das lOh às 12h e das 14h30 às 16b30

Tel.: 21 782 38 00 Fax: 21 782 30 14 , xatN Fl IMnArÃO


descobrir@gulbenkian.pt fatffSk. 'UINUA^AU
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wuyw.gulbenkian.pt j www.museu.gulbenkian.pt
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