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Vanguardas

europeias
Contexto histórico: século XX
• Avanços tecnológicos, industriais e científicos.

• Segunda Revolução Industrial (século XIX e XX):


- uso da eletricidade e do petróleo;
- expansão da industrialização para outros países;
- invenção do telefone, da televisão e da lâmpada.

• O avanço da ciência: teoria da relatividade, de Albert


Einstein, e teorias psicanalíticas, de Sigmund Freud.

• Primeira Guerra Mundial (1914-1918).


Vanguardas: o futuro é agora!
• As vanguardas são manifestações artísticas que
aconteceram na Europa no início do século XX.

• A palavra “vanguarda” vem do francês avant-garde e


significa “o que marcha na frente”: aquilo que está à
frente do seu tempo.

• Vanguardas são grupos ou correntes que apresentam


uma proposta e/ou uma prática inovadoras. Sua missão é,
com suas ações, antecipar o futuro, trazendo-o para o
agora.
Vanguardas: o futuro é agora!
• As vanguardas rompem com os padrões clássicos e
buscam novas formas de expressão, novas maneiras de
apresentar a arte, provocando uma forma diferente de
enxergar as coisas.

• As vanguardas influenciam o movimento modernista no


Brasil.

• As principais vanguardas artísticas europeias são:


Cubismo, Futurismo, Expressionismo, Dadaísmo e
Surrealismo.
Cubismo
a simultaneidade
de perspectivas
Cubismo
• O movimento cubista teve início na França, em 1907,
com o quadro “Les demoiselles d’Avignon” (“As senhoritas
de Avignon”, em português), de Pablo Picasso.

• Quebra de um objeto em cubos (pedaços) para mostrar


todos os seus lados simultaneamente = decomposição
das imagens em formas geométricas.

• Do mesmo modo que um cubo apresenta vários lados, a


obra cubista também permite diversos pontos de vista =
vários ângulos sob uma perspectiva artística.
Cubismo
• Quebra a perspectiva tradicional.

• Valorização das formas geométricas: cones, esferas,


cilindros.

• Fragmentação das figuras.

• Colagem: figuras, jornais, madeira, etc.


“As senhoritas de
Avignon”, de
Pablo Picasso.
“Guernica”, de Pablo Picasso
“Violino e uvas”, de
Pablo Picasso
Fases: Cubismo Analítico
• Destruição e decomposição da obra em todos os
seus elementos, tornando-as irreconhecíveis.

• A cor reduz-se aos tons de bege, marrom e cinza.


“O poeta”, de
Pablo Picasso
Fases: Cubismo Sintético
• Figuras novamente reconhecíveis.

• Cores mais fortes.

• Introdução de letras, números, vidros, texturas =


sensações táteis.

• Uso da colagem.
“Violão e jornal”, de Juan Gris
Cubismo: literatura
• Fragmentação da realidade. Reuniões de assuntos
aparentemente sem
nexo, mistura de
• Superposição e simultaneidade assuntos, espaços e
de planos. tempos diferentes.

• Ilogismo.

• Humor.

• Linguagem predominantemente nominal.


“Hípica”, de Oswald de Andrade
Saltos records Fragmentação da realidade
Cavalos da Penha
Correm jóqueis de Higienópolis
Os magnatas Predominância de substantivos
As meninas
E a orquestra toca
Chá Flashes cinematográficos
Na sala de cocktails Hípica: relativo a cavalo, a hipismo.
Jóquei: cavaleiro que monta em animais
participantes de corridas de cavalos.
Magnata: indivíduo poderoso, influente, rico.
Cocktails: coquetel.
Futurismo
arte em movimento
Futurismo
• Em 1909, o escritor italiano Filippo Marinetti divulga
o “Manifesto Futurista”, um documento que
mostrava as bases do Futurismo.
Futurismo
Futurismo
Futurismo
Futurismo
• Em 1909, o escritor italiano Filippo Marinetti divulga
o “Manifesto Futurista”, um documento que
mostrava as bases do Futurismo.

• Ruptura com o passado e a tradição: destruição de


bibliotecas e museus.

• Destruição da sintaxe tradicional: ausência de


adjetivos e advérbios, abolição da pontuação, etc.
Futurismo
• Culto à guerra e à violência.

• Elementos que sugerem a velocidade e a


mecanização da vida moderna.

• Exaltação da tecnologia: luz elétrica, trem a vapor,


automóvel, etc.
“Dinamismo de um cão na coleira”, de Giacomo Balla
“Velocidade do automóvel”, de Giacomo Balla
“Poste de iluminação”,
de Giacomo Balla
“O dinamismo de um automóvel”, de Luigi Russolo
“A carga dos lanceiros”, de Umberto Boccioni
“O cavaleiro vermelho”, de Carlo Carrà
“Ode triunfal”, de Fernando Pessoa
À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Negação do passado

Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!


[...] Exaltação das máquinas
Ode: poema para ser cantado;
poema composto de estrofes
com medida igual, sempre de
tom alegre e entusiástico.
Tom exaltado e exclamativo

Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime!


Ser completo como uma máquina!
Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-
modelo!
Poder ao menos penetrar-me fisicamente de tudo isto,
Rasgar-me todo, abrir-me completamente, tornar-me
passento
A todos os perfumes de óleos e calores e carvões
Desta flora estupenda, negra, artificial e insaciável!
Expressionismo
Liberdade na expressão do
mundo interior
Expressionismo
• Em 1905, na Alemanha, surge o Expressionismo, que
tinha como objetivo combater o Impressionismo.

• Impressionismo: o movimento de criação vai do


mundo exterior para mundo interior.

• Expressionismo: o movimento de criação parte da


subjetividade do artista, do seu mundo interior, em
direção ao mundo exterior.
Expressionismo
• Arte dramática e subjetiva.

• Expressa os sentimentos humanos: o artista retrata o


drama vivido pelo homem e pela sociedade.

• Interpretação da realidade a partir da angústia e das


crises interiores do artista.

• Distorção/deformação da realidade.
Expressionismo
• Denúncia social: horrores da guerra, as condições de
vida desumanas das populações carentes, etc.

• Cores intensas e vibrantes.


“O grito”, de
Edvard Munch
“A dança da vida”, de Edvard Munch
“Melancolia”, de Edvard Munch
“O cavaleiro azul”,
Wassily Kandinsky
Dadaísmo
a antiarte
O que significa dadá?
• Segundo Tristan Tzara, o líder dadaísta, a palavra
não significada nada:

“Encontrei o nome casualmente ao meter uma espátula


num tomo fechado do Petit Larousse e lendo logo, ao
abrir-se o livro, a primeira linha me saltou à vista:
DADÁ.”
Dadaísmo
• Durante a primeira Guerra Mundial, a Suíça, por ter
se mantido neutra no conflito, recebeu artistas e
intelectuais de todos os pontos da Europa.

• Em 1916, abrigando-se em Zurique, alguns desses


“fugidos da guerra” reuniam-se no Cabaret Voltaire,
ponto de encontro e espaço cultural onde nasceu o
movimento dadaísta.
Dadaísmo
• Os dadás entendiam que, com a Europa banhada em
sangue, o cultivo da arte não passava de hipocrisia e
presunção. Por isso, adotaram procedimentos que tinham
em vista ridicularizar, agredir e destruir a arte.

• Atitudes demolidoras dos artistas dadaístas: noitadas em


que predominavam palhaçadas, declamações absurdas,
exposições inusitadas, além de espetáculos-relâmpago
que faziam de improviso nas ruas, em meio a urros, vaias,
gritos, palavrões e à total incompreensão da plateia.
Dadaísmo
• Rompimento com os modelos tradicionais e clássicos.

• Espontaneidade e irreverência artística.

• Caráter irônico, agressivo e pessimista.

• Busca do caos e da desordem nas artes.

• Presença do ilogismo, da irracionalidade e do absurdo.


Dadaísmo
• Aversão à guerra.

• Crítica ao capitalismo e ao consumismo.

• Montagens e colagens.

• Técnica do ready-made: consiste em extrair um


objeto do seu uso cotidiano e, sem nenhuma ou
com pequenas alterações, atribuir-lhe um valor.
“A fonte”, de
Marcel Duchamp
“Roda de bicicleta”,
de Marcel Duchamp
“Porta-garrafas”,
de Marcel Duchamp
“O crítico de arte”, de
Raoul Hausmann
“O gigante acéfalo”,
de Max Ernst
Dadaísmo: literatura
• Agressividade.

• Improvisação.

• Desordem.

• Rejeição de todo tipo de racionalização e equilíbrio.


Dadaísmo: literatura
• Livre associação de palavras.

• Invenção de palavras com base na exploração


apenas do seu significante (som).
“Receita de um poema dadaísta”,
de Tristan Tzara
Pegue um jornal.
Pegue uma tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você
deseja dar ao seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que
formam esse artigo e meta-as num saco.
Agite suavemente.
“Receita de um poema dadaísta”,
de Tristan Tzara
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são
tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original
e de uma sensibilidade graciosa, ainda que
incompreendido do público.
“A batalha”, de Ludwig Kassak
Berr… bum, bumbum, bum…
Ssi… bum, papapa bum, bumm
Zazzau… Dum, bum, bumbumbum
Prã, prà, prã… ra, hã-hã, aa…
Hahol… Poema sonoro
Surrealismo
o combate à razão
Surrealismo
• O movimento surrealista teve início na França, a
partir da publicação do “Manifesto Surrealista”
(1924), de André Breton.
Surrealismo
• Liberdade do pensamento.

• Valorização do inconsciente (Freud).

• Linhas de atuação do Surrealismo: as experiências


criadoras automáticas e o imaginário extraído do
sonho.
Surrealismo
• Automatismo artístico: consiste em extravasar sem
nenhum controle da razão ou do pensamentos os
impulsos criadores do subconsciente.

• O artista, ao proceder assim, põe na tela ou no


papel, seus desejos interiores profundos, sem se
importar com coerência, significados, adequação,
etc.
Surrealismo
• Universo onírico: busca a transposição do universo
dos sonhos para o plano artístico.

• Presença do ilogismo, do devaneio, do sonho, da


loucura, de imagens surpreendentes, do impacto do
inusitado, etc.
“A persistência da memória”, de Salvador Dalí
“Sonho causado pelo
voo de uma abelha
em torno de uma
romã um segundo
antes de acordar”, de
Salvador Dalí
“O sono”, de Salvador Dalí
“Rosto de Mae West”,
de Salvador Dalí
Isso não é
um cachimbo.

“A traição das imagens”, de René Magritte


“Pré-história”, de Murilo Mendes
Mamãe vestida de rendas Ilogismo
Tocava piano no caos.
Uma noite abriu as asas Absurdo
Cansada de tanto som,
Equilibrou-se no azul,
Imagens surpreendentes
De tonta não mais olhou
Para mim, para ninguém!
Atmosfera onírica
Cai no álbum de retratos.

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