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ilustrador.
A sua mãe tendo uma grande paixão pela literatura transmitiu esse sentimento ao seu filho. Quando entra para o
liceu Gil Vicente, entra pela primeira vez em contacto com as ciências, que lhe despertam um novo interesse que se
vai intensificando.
Só em 1956, aos 50 anos, e após ter participado num concurso de poesia, publica o primeiro livro de poemas
Movimento Perpétuo. No entanto, o livro surge como tendo sido escrito por outra pessoa, António Gedeão, e o
professor de Física e Química, Rómulo de Carvalho, permanece no anonimato.
Porém o professor conta numa entrevista que os seus alunos diziam desconfiar de algo, mas que só o puderam
confirmar quando ele finalmente publicou o seu livro.
PEDRA FILOSOFAL
Pedra filosofal é uma substância que, segundo uma crença da Idade Média, teria o poder de converter qualquer
metal em ouro. No entanto, no sentido figurado, pedra filosofal, consiste em algo muito desejado, mas difícil de
alcançar.
O sujeito poético quer que vejamos o sonho como algo que é inerente ao ser humano e não deve ser tratado como
algo abstrato e mera fantasia da nossa cabeça, mas como algo mais concreto, visto que ele existe realmente.
No poema de António Gedeão a Pedra Filosofal é o sonho. Sonho esse que nos acompanha ao longo da vida. Por
vezes os nossos sonhos são difíceis de concretizar, no entanto, é através deles que o mundo avança.
Alquimista (pesquisador que estudava por meio da observação da natureza, faziam experimentos, procedimentos
químicos, usavam aparelhos, instrumentos e materiais) O ponto mais alto da alquimia no período medieval era, sem
dúvida, a produção do “Elixir”, ou “Pedra Filosofal”.
Pedra filosofal é uma substância que, segundo uma crença da Idade Média, teria o poder de converter qualquer
metal em ouro, “purificando-o”, e trazendo a imortalidade, purificação, ou mesmo, equilíbrio e perfeição para a
pessoa que a possuísse. A pedra filosofal era o principal objetivo dos alquimistas e o trabalho relacionado com a
pedra filosofal era chamado pelos alquimistas de “A grande obra”.
O poema é irregular: tem 4 estrofes a primeira com 12 versos segunda é uma sextilha a terceira tem 24 versos e a
quarta é de novo uma sextilha
Na primeira estrofe, defende que «o sonho/é uma constante da vida/tão concreta e definida como outra coisa
qualquer». Ao sonho, uma realidade normalmente abstrata e difusa, são dadas qualidades da permanência
(constante), e da substância (concreta e definida).
Na segunda estrofe «é vinho, é espuma, é fermento». O elemento natural é essencial à vida, tal o sonho.
Na terceira estrofe dá-nos exemplos do que o sonho pode conquistar e descobrir. É a sonhar que o pintor se inspira
para os seus quadros, na arquitetura podemos ver o quão importante é sonhar, tal e qual como a "dobragem" do
agoirento Cabo da Tormentas, que o sonho dos navegadores portugueses tornou possível pois tiveram coragem e
força para o "tornarem" no da Boa Esperança e assim obtiveram as especiarias da Índia, foi também através do
sonho e da ousadia de Bartolomeu de Gusmão que se inventou a Passarola Voadora. Temos "uma estrofe" de
exemplos, que é o mesmo que dizer uma infinidade de invenções, acontecimentos, descobertas só possíveis devido
ao sonho.
Na quarta estrofe conclui que o sonho é como um caminho para chegarmos mais longe. O mundo evolui, porque
alguém sonhou mais alto. A metáfora da bola apela a criança que há dentro de nós, pois é com a imaginação que se
torna possível sonhar e, por isso, avançar.
Tal como os alquimistas procuravam incansavelmente a pedra filosofal devido a todos os artifícios que ela poderia
trazer, nós tentamos, na vida, concretizar os nossos sonhos e lutamos por eles. Mas no nosso caso não
transformamos chumbo em ouro, mas transformamos sonho em realidade.
MARCAS DE GEDEAO
Uma das marcas da capacidade inovadora e do sentido da modernidade de António Gedeão, consiste em ter
transposto para o domínio da poesia a sua cultura científica humanizando-a e conseguindo uma síntese notável
entre sentido do rigor da ciência e harmonização poética.
Neste poema, o sujeito de enunciação demonstra a necessidade do sonho, aos homens demasiado racionais. Coloca-
se assim a questão da natureza humana, um tema atual.
Ficção
• 1942 - Bárbara Ruiva (1ª edição: Abril 2009)
• 1973 - A poltrona e outras novelas
Teatro
• 1978 - RTX 78/24
• 1981 - História Breve da Lua
Ensaio
• 1965 - O Sentimento Científico em Bocage
• 1985 - Ay Flores, Ay flores do verde pinho
MEMORIAS
As "Memórias" de Rómulo de Carvalho, foram escritas pelo professor/poeta "às escondidas" ao longo de 12 anos em
mais de mil folhas manuscritas só descobertas após a sua morte, contou o filho. Começou a escrevê-la em junho de
1985, quando já tinha 79 anos, e decidiu dedicá-la aos futuros "tetranetos". "Gostaria imenso (adoraria, como se diz
hoje) que algum dos meus trinta e dois tetravôs se tivesse lembrado de mim e se dispusesse a deixar-me um maço
de folhas bolorentas e amareladas onde me descrevesse a sua vida", escreve o pedagogo na introdução à obra
coordenada pelo seu filho Frederico Carvalho e editada pela Fundação Calouste Gulbenkian.
Escritas entre 1985 e 1997, estas Memórias foram encontradas pela segunda mulher, Natália Nunes de Carvalho,
numa estante da casa da Rua Sampaio Bruno, onde viviam em Lisboa, muitos meses depois da morte do autor, em
19 de Fevereiro de 1997. Duas semanas antes, parara de escrever.
No fim das mais de 1300 folhas escritas dos dois lados, Rómulo de Carvalho deixou um espaço em branco para mais
tarde ser escrita a data da sua morte. Com vários problemas de saúde nos últimos tempos, ele sabia que ia morrer.
Embora sendo o romance de uma vida, este livro "tem interesse cultural para o país". Contém uma crítica
sociopolítica velada e passa em revista a evolução do ensino em Portugal.