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O oleiro na mão do Vaso

Deus modelado por homens

Monica Campello
O oleiro na mão do Vaso
Deus modelado por homens

Monica Campello
MONICA CAMPELLO

O oleiro na mão do Vaso

Mônica Conte Campello


Rio de Janeiro
2021
Copyright © 2021 por Monica Campello

O oleiro na mão do Vaso


Monica Campello

1ª edição

Editor: Mônica Conte Campello (Edição do autor)

Ilustração: Mônica Conte Campello

Revisão: Mônica Conte Campello

Capa: Mônica Conte Campello

Diagramação: Clube de Autores (www.clubedeautores.com.br)

ISBN 978-65-00-31811-1 

Contatos do autor:
e-mail: mococa@terra.com.br
Site: www.monicacampello.com.br
O vaso do Oleiro

“O Senhor deu outra mensagem a Jeremias:

Desça até a casa do oleiro, e eu lhe falarei ali.

Fui à casa do oleiro e o encontrei trabalhando na roda.

Mas o vaso de barro que ele estava fazendo não saiu como
desejava, por isso ele amassou o barro e começou
novamente.

Então o Senhor me deu esta mensagem:

Ó Israel, acaso não posso fazer com vocês o mesmo que


o oleiro fez com o barro? Como o barro está nas mãos
do oleiro, vocês estão em minhas mãos.”

(Jr 18:1-6)
Amado leitor,

Tudo bem? Espero que sim, pela graça e bondade


do nosso Deus.
Foi pensando em Jesus que nasceu a ideia deste
livro em minha mente e coração. Pensando em Jesus
porque sei que ele é o Logos, e como ele é eterno, assim
também é a sua palavra. Se a sua palavra é eterna, e
aprendemos que nele não há sombra de variação, então a
sua palavra não muda, mas é a mesma ontem, hoje,
sempre, eternamente, amém.
É bem verdade que os tempos mudam, a cultura
muda, tudo avança, tudo se aperfeiçoa, nem tudo
melhora, mas tudo busca uma melhoria; contudo, a
trindade não muda – Pai, Filho e Espírito Santo. Eles são
um único Deus formado por estas três pessoas
coexistentes e coeternas que jamais modificam sua
essência, sua natureza, seu caráter, sua personalidade,
independentemente de circunstâncias externas quaisquer
que sejam suas origens.
Deus é a voz eterna que fala suave ou
rigorosamente de acordo com a sua onisciência acerca do
que somente ele pode conhecer no profundo. A sua voz é
imparcial, mas nunca descarta a sua justiça tampouco a
sua verdade. E é por meio da sua bondade que ele não
elimina a capacidade do indivíduo de escolher aquilo que
ele sabe que é bom ou ruim e, por isso mesmo, ensina
sobre o que é bom ou ruim, para que, conhecendo o bem
e o mal, em seu discernimento e responsabilidade própria,
a pessoa faça a escolha dos seus caminhos. Deus não
interfere nas decisões humanas, mas também não
abandona o homem em seu arbítrio; todavia, se o homem
não quiser a sua presença, ele é fiel para corresponder à
sua vontade.
Eis aqui um grande confronto: a vontade de Deus e
a vontade do homem! É nesta vontade humana
(imperfeita) diferente da divina (perfeita) que uma pessoa
pode se perder em meio àquele caminho que ela mesma
escolheu. Mas Jesus está pronto para dar sabedoria a
qualquer pessoa que desejar recebê-la a fim de que não
se perca em suas volições. Entretanto, mesmo tendo a
sabedoria ao seu dispor, muitas vezes o sujeito prefere
não lançar mão de tão valoroso dom a fim de permanecer
em seus deleites cuja realidade a sabedoria descortinaria,
e ele já não seria mais inocente – tramoias da mente que
a própria mente desconhece. E assim nasce um pecador,
por assunção de uma vontade consciente. Deus não
retruca; deixa-o livre para seguir o seu caminho, e assim
ele começa a colocar palavras na boca de Deus.
Ora, quem é você, mero ser
humano, para questionar a Deus?
Acaso o objeto criado pode dizer
àquele que o criou: “Por que você
me fez assim?” O oleiro não tem o
direito de usar o mesmo barro para
fazer um vaso para uso especial e
outro para uso comum? (Rm
9:20,21)
COMO VÃO OS LÍDERES DA IGREJA DO SENHOR?

A soberba e a impenitência são a causa de serem


consumidos os seus agentes.

As misericórdias do Senhor são a causa de não serem


consumidos os seus fiéis.

Fiéis do Senhor são os que não apenas obedecem aos


seus mandamentos, mas “têm prazer” em lhe obedecer e
desejam fazê-lo e buscam fazê-lo, mesmo com muito
esforço e dificuldade devido à fraqueza da sua
humanidade.

Mas Deus olha o coração e sabe a verdadeira intenção do


espírito. Ou seja, Deus conhece os seus; não pode jamais
ser enganado.

Sobre Herodes:
E o povo exclamava: Voz de Deus, e não de homem! No
mesmo instante, feriu-o o anjo do Senhor, porque não
deu glória a Deus; e, comido de bichos, expirou
(At 12:22-23).

Sobre Paulo:
E as multidões, vendo o que Paulo fizera, levantaram a
voz, dizendo em língua licaônica: Fizeram-se os deuses
semelhantes aos homens e desceram até nós
(At 14:11-18).
Herodes e Paulo: o contraste visível e inegável entre dois
personagens bíblicos que respectivamente tipificam
aqueles que aceitam adulações em detrimento da glória
de Deus e aqueles que rejeitam adulações em favor da
glória de Deus.

AS “BÊNÇÃOS” DOS LÍDERES

Algumas pessoas vão para a igreja com a única intenção


de ganhar bênçãos materiais e “alguns” líderes se
aproveitam disso para também ganharem bênçãos através
delas; ou seja, um verdadeiro jogo de troca, de barganha,
de troca de favores; o pastor faz a oração para o fulano
ganhar dinheiro, e ele também ganha dinheiro, porque o
fulano ganha dinheiro e dá para o pastor. E assim eles vão
indo, até quando Deus quiser.
Quem são os cambiadores do templo cujas mesas cobertas
de dinheiro Jesus derribou em sua ira santa – porque essa
opera a justiça –, mas seus imitadores hodiernos
continuam na mesma prática. Jesus tão somente está
deixando eles fazerem da casa de Deus um ponto de
vendas – vendas de curas e milagres, vendas de bênçãos
materiais etc. – porque há um tempo determinado por
Deus para que tudo isso tenha fim.

Como se isso não bastasse, aproveitam-se da investidura


do ministério como baluarte contra quaisquer acusações
que se levantem em oposição a seus feitos que fazem
parecer perfeitos. Em tom ameaçador e transparecendo
imunidade, alguns proferem sua autodefesa:

– “Eu sou um homem de Deus. Quem mexe comigo já


sabe no que vai dar, né? Mexe com um homem de Deus
para você ver! Eu sou a menina dos olhos de Deus!”
Jesus não confia nessa gente que veste roupa de santo
porque ele bem sabe o que há neles. Fariseus hipócritas!
Jesus sabe o que as pessoas pensam! (João 2:13-25)

Continuação do sermão da montanha (Mt 7:15-27)

Sobre os falsos profetas:

Cuidado com os falsos profetas! Eles chegam


disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos
selvagens. Vocês os conhecerão pelo que eles fazem. Os
espinheiros não dão uvas, e os pés de urtiga não dão
figos. Assim, toda árvore boa dá frutas boas, e a árvore
que não presta dá frutas ruins. A árvore boa não pode dar
frutas ruins, e a árvore que não presta não pode dar frutas
boas. Toda árvore que não dá frutas boas é cortada e
jogada no fogo. Portanto, vocês conhecerão os falsos
profetas pelas coisas que eles fazem.
Sobre quem entra no reino do Céu:

Não é toda pessoa que me chama de “Senhor,


Senhor” que entrará no Reino do Céu, mas somente quem
faz a vontade do meu Pai, que está no céu. Quando aquele
dia chegar, muitas pessoas vão me dizer: “Senhor,
Senhor, pelo poder do seu nome anunciamos a mensagem
de Deus e pelo seu nome expulsamos demônios e fizemos
muitos milagres!” Então eu direi claramente a essas
pessoas: “Eu nunca conheci vocês! Afastem-se de mim,
vocês que só fazem o mal!”

Sobre os dois alicerces:

Quem ouve esses meus ensinamentos e vive de


acordo com eles é como um homem sábio que construiu a
sua casa na rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, e
o vento soprou com força contra aquela casa. Porém ela
não caiu porque havia sido construída na rocha.
— Quem ouve esses meus ensinamentos e não vive de

acordo com eles é como um homem sem juízo que

construiu a sua casa na areia. Caiu a chuva, vieram as

enchentes, e o vento soprou com força contra aquela casa.

Ela caiu e ficou totalmente destruída.


Prefácio

"Este livro pode ser resumido de várias maneiras. Primeiro,


é uma chamada ao discernimento! E o discernimento não
deve ser um dom espiritual especial para apenas alguns,
mas o discernimento precisa ser aprendido e nutrido por
todos os crentes, sejam eles ou não são considerados
“líderes” na igreja.

Em segundo lugar, é um aviso. Mas quem está sendo


avisado? O crente “regular” que se senta nos bancos da
igreja está sendo avisado. Mas também o pregador da
palavra está sendo avisado. E a advertência é clara: seja
fiel à palavra de Deus e permaneça no caminho estreito!
Não caia nas invenções da imaginação do homem.

A autora ilustra e contrasta com grande clareza as


características dos ímpios que seguem seu próprio
caminho e dos justos que seguem a Deus. Aparentemente,
nada foi deixado ao acaso a fim de revelar todas as formas
sutis de falsos mestres modernos, e os movimentos falsos
estão enganando incontáveis cristãos.

Esta é uma excelente fonte de encorajamento também


para os crentes fiéis. Em meio a toda a apostasia que está
se infiltrando na igreja moderna, este livro precisa ser lido
por todos os cristãos que desejam permanecer fiéis a Deus
e à Sua palavra.

Manny Silva
Pastor em Evangelical Christian Fellowship/Massachusetts, USA.
Preface

"This book can be summarized in several ways. First, it is


a call to discernment! And discernment is not to be a
special spiritual gift for only a few, but discernment needs
to be learned and nurtured by all believers, whether or not
they are considered “leaders” in the church.

Secondly, it is a warning. But who is being warned? The


“regular” believer who sits in the pews is being warned.
But also the preacher of the word is being warned. And
the warning is clear – be faithful to the word of God, and
stay on the narrow path! Do not fall for the inventions of
man’s imagination.

The author illustrates and contrasts in great clarity the


characteristics of the wicked who follow their own way,
and of the just who follow God. No stone is seemingly left
unturned in revealing all the subtle ways today’s modern
day false teachers and false movements are deceiving
countless Christians.

This is an excellent source of encouragement as well to


the faithful believers. In the midst of all the apostacy that
is infiltrating the modern church, this book needs to be
read by all Christians who want to remain faithful to God
and His word."

Manny Silva,
Pastor, Evangelical Christian Fellowship, Massachusetts, USA
Sumário
A VISÃO DO USURPADOR .................................... 28
ÁRVORE E SEUS FRUTOS ..................................... 35
VASO QUE É VASO SABE O SEU LUGAR ............... 43
DISTORÇÕES NO AMBIENTE CRISTÃO ................ 47
A ARTE DA PREGAÇÃO ............................................ 47
TECNICIDADES RELIGIOSAS.................................... 51
TÉCNICAS DE MEMORIZAÇÃO DE CONTEÚDOS
BÍBLICOS ............................................................... 59
PROFETAS, LÍDERES ETC. VERDADEIROS?! COMO
SABÊ-LO? ............................................................. 65
COBERTURA ESPIRITUAL?!ONDE JAZ ISSO NA
BÍBLIA? ................................................................ 72
DECLARAÇÕES CONTRADITÓRIAS ...................... 79
AUGUSTO CURY ENTREVISTADO POR ANA MARIA
BRAGA.................................................................... 79
PAPA FRANCISCO FAZ DECLARAÇÃO INSÓLITA NA
ACADEMIA DE CIÊNCIA PONTIFÍCIA ........................ 82
PAPA FRANCISCO FAZ DECLARAÇÕES INSÓLITAS EM
VÍDEO E HOMILIA ................................................... 83
PE. FABIO DE MELO EM ENTREVISTA NO PROGRAMA
DE FRENTE COM GABI ............................................ 87
CIÊNCIAS HUMANAS E CIÊNCIA DIVINA: AÇÕES E
REAÇÕES PERTINENTES ...................................... 90
PSEUDOCIÊNCIAS E SUAS PSEUDADES ..................... 100
ESCLARECENDO TERMINOLOGIAS E SEUS USOS:
ASTROLOGIA E ASTRONOMIA ............................... 103
Na esfera da investigação especulativa ...... 104
Ufologia ......................................................... 104
Paranormalidade ............................................ 107

METODOLOGIAS NÃO CONDIZENTES ................ 120


TEOLOGIAS NÃO CONDIZENTES ........................ 135
TEOLOGIA DA PROSPERIDADE OU EVANGELHO DA
PROSPERIDADE ................................................. 137
TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO ............................... 141
TEOLOGIA DA MORTE DE DEUS, TEOLOGIA
SECULAR OU ATEÍSMO CRISTÃO ........................ 141
TEOLOGIA EMPÍRICA OU TEOLOGIA NATURAL .... 142

INVASÃO À VERDADE DE DEUS ......................... 145


PR. SILAS MALAFAIA DEFENDE A TEOLOGIA DA
PROSPERIDADE .................................................... 152
Pregação online de Malafaia sobre
prosperidade ................................................ 156
Interpretação fiel de versículos bíblicos ..... 163
Analisando as palavras malafaicas .............. 180
O verdadeiro valor de uma moeda para Jesus
..................................................................... 242
As vaidades dos doadores de ofertas .......... 255
Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às
igrejas .......................................................... 265
O que vem do Alto? ...................................... 271
Sobre o desafio de Malafaia aos seus críticos
..................................................................... 293
EU NÃO DEVO TER PENA: EU DEVO RESPEITAR O
SENHOR ............................................................. 298
IGREJA: LUGAR DE BÊNÇÃO E NÃO DE MALDIÇÃO
........................................................................... 313
SER ABENÇOADOR E NÃO AMALDIÇOADOR ........... 316
VOZES ESTRANHAS NOS APRISCOS ....................... 333
FALSOS PROFETAS ............................................. 352
DÍZIMO: UMA MANEIRA ORIGINAL, SIMPLES E
PRÁTICA DE SE ENTENDER ................................ 376
EXPLICAÇÕES DE CONHECEDORES DO TEMA ......... 376
Prof. Renato Santos ..................................... 376
Anastasios Kioulachoglou ............................ 380
BíbliaOn: Bíblia Sagrada Online ................... 388
Luciana Viana ............................................... 390
Got Questions Ministries .............................. 396
Evangelho perdido ....................................... 398
GPerguntas .................................................. 407
Congresso em Foco ...................................... 411
DESAFIOS: QUEM ESTÁ COM A VERDADE? ........ 415
DESAFIO DE ELI SORIANO .................................... 415
PARECER DA AUTORA ........................................... 420
INVERSÃO DE VALORES..................................... 431
LINGUAGEM INCOMUNICÁVEL ............................... 441
PROFETADAS NADA PROFÉTICAS .......................... 444
DANÇAS E RODOPIOS NO ESPÍRITO ...................... 448
CURAS MILAGROSAS, POR QUEM? ......................... 452
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................. 462
BIBLIOGRAFIA ................................................... 478
NOTAS DE FIM ................................................... 480
O oleiro na mão do Vaso

Cessão à usurpação do Reino


vs.
Rejeição à usurpação no Reino

Usurpador do Reino no Reino: adversário do Rei que


“pretende”, diga-se ‘en passant’, tão somente pretende,
porque não passará disso, dar-lhe um xeque-mate e tomar
o seu lugar, a sua glória, a sua honra e a sua adoração —
estado e ações devidos somente a Deus. É o inimigo

[ 28 ]
O oleiro na mão do Vaso

infiltrado na Igreja, todo o tempo colocando o Rei — Jesus,


Deus — em xeque.

Homens religiosos usurpadores se desviam da doutrina de


Deus mediante interpretações tendenciosas de suas
palavras — distorcendo o texto escriturístico pela desculpa
das contextualidades culturais, regionais, temporais —, não
existe o emprego devido da mensagem bíblica; não existe
compromisso com a verdade do Evangelho. Esses vivem
em estado de “mundanície” à sua volta (neologismo criado
por Monica Campello para se referir à "imundície da
mundanidade" em contraste com a pureza das coisas; a
mundanidade por si só já é má, imagine imunda!!!).

Em meio aos religiosos usurpadores, encontram-se os


imitadores. Há imitadores como o apóstolo Paulo, há falsos
imitadores do apóstolo Paulo e há imitadores das coisas de
Deus para proveito próprio e engano de incautos. Por isso,
é mister o crente que é digno de ser chamado pelo nome
de Cristo manifestar sabedoria e discernimento espiritual
ao lidar com pessoas que se dizem ser de Deus e não são.

[ 29 ]
O oleiro na mão do Vaso

O verdadeiro imitador de Cristo age com pureza


perceptível, não deixando rastro de dúvidas de que serve a
Deus com fidelidade. Contudo, diferentemente desse, o
falso imitador do apóstolo Paulo pretende imitá-lo no título,
apresentando-se como apóstolo, mas de apóstolo não tem
nada: não tem comunhão com Deus, não tem dedicação
sincera no serviço, não tem unção, não tem consagração,
não tem leitura bíblica diária, não tem observância dos
mandamentos divinos; enfim, não tem nada do que um
digno servo do Senhor deveria ter. Mas tem “avião”
caríssimo! Como?

Ele possui tão somente aparência e autoridade autoritária


porquanto caracterizada pelo medo ao invés do respeito,
pois impõe "terror por todos os lados", como Pasur, o falso
profeta que lutava contra Deus, pois iludia o povo com suas
mentiras, pelas quais se deixavam engodar ao lhes dar
preferência em detrimento da verdade revelada pelo
profeta verdadeiro, Jeremias — o povo queria o ego
massageado, o caminho mais fácil, o das vantagens e
atalhos. O que um povo assim tão obstinado pode esperar

[ 30 ]
O oleiro na mão do Vaso

receber de Deus se não houver uma transformação


espiritual, de vida, de comportamento?

Todavia, há homens dedicados a Deus que oram ao Senhor


todos os dias não por obrigação, mas pela necessidade
diária da presença do Santo em suas vidas para que
possam ser santos irrepreensíveis e agradáveis aos olhos
de Deus; santos para Deus e não para aparecer para os
outros ou para mostrar serviço! Homens que levantam
mãos santas e não buscam disputas e dissenções tampouco
os primeiros lugares nos templos. Homens tementes e fiéis
a Deus não se deixam corromper pelas "mundanícies".

Os santos do Senhor são conhecidos por ele; não precisam


de adulações, troféus, aplausos, pois o seu verdadeiro
desejo é fazer a vontade de Deus em todos os sentidos,
todos! Ou seja, não somente naquilo que lhe agrada, mas
acima de tudo que agrada a Deus, pois, no final, ele
acabará entendendo que isso é bom para ele. Os
mandamentos de Deus não são para tirar coisas boas de
ninguém, mas para mostrar quais são as coisas boas de

[ 31 ]
O oleiro na mão do Vaso

fato, i.e., os mandamentos de Deus livram do engano que,


de modo passageiro, satisfaz a alma, mas no final destrói o
espírito. Deus não faz aliança com pessoas que se
preocupam com seus ventres — interesses, impiedades,
bajulações; esses não temem a Deus, mas tremem diante
dele. A permanência da benignidade de Deus e seu
concerto de paz é para os seus fiéis de quem ele se
compadece e manifesta a sua misericórdia. Os santos de
Deus são galardoados com a pureza das coisas.

O apóstolo Paulo advertiu: Acautelai-vos dos cães!


Acautelai-vos dos maus obreiros! (Fp 3:2). Lembre-se: Fora
ficam os cães, os que gostam de mentir por palavras e
ações (Ap 22:15). Quem são os cães? De acordo com o
original grego, o termo “κυνες”
/kynes/, que significa “cães”, é usado figurativamente para
representar os falsos mestres “da lei” que no tempo da
graça continuamente impõem práticas legalistas aos
crentes de Cristo como forma de salvação. Evidentemente,
os cães aos quais o texto se refere não são os amados
cachorros domésticos que têm a fama de serem amigos

[ 32 ]
O oleiro na mão do Vaso

fiéis do homem, mas os cães selvagens perigosos como


representantes daqueles que têm a mente impura,
gananciosos por lucros e vantagens financeiras, corruptos
de mente e de coração – esse sim que deve ser
circuncidado –, líderes infiéis de caráter pecaminoso que
latem contra Deus, oponentes não gratuitos visto que
cobram muito caro pelos seus serviços no âmbito da Igreja
de Cristo.

Uma carta de Deus para todos os cristãos – o concerto de


Deus com seus santos:

“Deus, nosso Salvador, quer que todos sejam salvos e


venham a conhecer a verdade. Pois existe um só Deus e
uma só pessoa que une Deus com os seres humanos — o
ser humano Cristo Jesus, que deu a sua vida para que todos
fiquem livres dos seus pecados. Esta foi a prova, dada no
tempo certo, de que Deus quer que todos sejam salvos. E
eu fui escolhido como apóstolo e mestre dos não judeus
para anunciar a mensagem da fé e da verdade. Eu não
estou mentindo; estou dizendo a verdade. Quero que em

[ 33 ]
O oleiro na mão do Vaso

todos os lugares os homens orem, homens dedicados a


Deus; e que, ao orarem, eles levantem as mãos, sem ódio
e sem brigas. Sede meus imitadores, como também eu, de
Cristo. E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem
dissensões e escândalos contra a doutrina que
aprendestes; desviai-vos deles. Porque os tais não servem
a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; e, com
suaves palavras e lisonjas, enganam o coração dos
símplices. Porque as montanhas se desviarão e os outeiros
tremerão; mas a minha benignidade não se desviará de ti,
e o concerto da minha paz não mudará, diz o Senhor, que
se compadece de ti”. (1Tm 2:4-8; 1 Co 11:1; Rm 16:17,18;
Is 54:10)

É preciso conhecer a Verdade que liberta e salva! Esta


Verdade traz a liberdade e a salvação que Deus quer para
todos, pois não faz acepção de pessoas; desde que sejam
fiéis para com ele, que o temam e o adorem em espírito e
em verdade, Deus lhes estende a salvação. A Verdade é
Jesus.

[ 34 ]
O oleiro na mão do Vaso

ÁRVORES E SEUS FRUTOS

Pelos seus frutos vocês os conhecerão. Por acaso se


colhem uvas de espinheiros ou figos de ervas daninhas?
(Mt 7:16)

Davi é um homem bíblico da linhagem de Jesus que


cometeu pecados, mas era um homem segundo o coração
de Deus porque acreditava na sua soberania absoluta e o
adorava com uma fé genuína. No entanto, não deixou de
ser homem, com suas debilidades pertinentes à sua
humanidade, mas foi uma árvore que sempre gerou frutos
de arrependimento verdadeiro pelos pecados cometidos.
Ele sabia que era submisso a um Deus todo-poderoso a
despeito de ter se tornado um rei que, aliás, bem sabia
quem o tinha escolhido para esse encargo sobre o povo de
Israel, o próprio Deus.

Em contrapartida, outros que se tornaram reis, como


Acabe, não aceitavam se submeter aos desígnios de Deus
e nem sequer acreditavam que Deus era Deus, menos

[ 35 ]
O oleiro na mão do Vaso

ainda que estivesse acima de seu poder terreno, e que, por


isso mesmo, não exercia nenhum controle sobre a vida
deles e do povo que estava sob o seu poderio.

Acabe, como exemplo de muitos outros, foi um homem


contrário ao coração de Deus porque o traiu mediante a
adoração voltada a outros deuses e a obediência a vozes
humanas em detrimento da voz divina. Ele foi uma árvore
que gerou frutos de impenitência. Ele não admitia
submissão a Deus pelo fato de ser um rei que se bastava a
si mesmo, restringindo sua existência a propósitos
terrenos, não se importando com os propósitos divinos
sobre o povo de Israel.i

Com base nesses dois exemplos, Davi e Acabe, percebemos


que ambos acreditavam na existência de Deus, mas essa
crença até o diabo manifesta; ou seja, acreditar que Deus
existe não é suficiente. É mister que, além de acreditar na
existência divina, a pessoa consagre sua vida a Deus com
uma devoção fiel e sincera, manifestando o desejo de ter
mais comunhão com ele, confessando-lhe sua submissão.

[ 36 ]
O oleiro na mão do Vaso

Essa comunhão pode ser alcançada por meio da leitura


bíblica de onde ouvimos a sua voz que nos traz as devidas
instruções acerca do que devemos fazer e de como
devemos agir em determinadas circunstâncias. Isso implica
um senso de dependência da criatura em relação ao seu
Criador. Ninguém gosta de depender de ninguém, mas
alguns não gostam de depender nem mesmo de Deus.
Acreditam que suas vidas não têm qualquer vínculo
criacionista. Os seres humanos são muito independentes, e
eis aí um dos grandes motivos para muitas pessoas sequer
cogitarem sobre a possibilidade de Deus existir. Isso se
revela como um ato de rebeldia àquele que criou todas as
coisas. No entanto, sabe-se que a rebelião contra Deus é a
mais contundente expressão de falta fé.

Está escrito que Sem fé é impossível agradar a Deus (Hb


11:6). E o que isso significa? Significa que sem fé, ninguém
será movido pelo interesse de ler a Bíblia, e a falta dessa
leitura é para o espírito como a falta de alimento para o
corpo. Deus não se agrada de alguém que não se importa
com a própria vida que, por sua vez, possui uma natureza

[ 37 ]
O oleiro na mão do Vaso

tríplice que envolve corpo, alma e espírito. Essa falta de


cuidado ocorre porque muitas pessoas acreditam que a
existência se resume às experiências físicas, materiais e
ontológicas, não importando quaisquer questões de cunho
espiritual – vida eterna, salvação, libertação etc. Contudo,
como disse Martinho Lutero, “Existem três coisas que nos
levam a conhecer a Deus: a Bíblia, a oração e a dor”.

Esse comportamento antagônico concernente a temas


bíblico-teológicos revela um distanciamento do indivíduo
para com Deus, mas isso não lhe é empecilho para se
aproveitar do que Deus indiretamente pode lhe oferecer,
como lucros materiais e financeiros provenientes da
fundação de uma igreja. O que um indivíduo com essa
mentalidade pode plantar em termos de propagação da fé?!
Como ele vai adubar o solo da evangelização? Com o que
ele vai sustentar o plantio? Objetivos vis e vãos jamais
surtirão os efeitos esperados da fé cristã – árvores que dão
bons frutos em sua coletividade, contrariamente à
individualidade mesquinha de seus plantadores. Todavia,

[ 38 ]
O oleiro na mão do Vaso

🌳 Árvores dos bosques jubilarão perante o Senhor que


vem a julgar a terra. Todas as árvores do campo baterão
as palmas. Vocês são lavoura de Deus, um terreno
cultivado no qual Deus faz o seu trabalho 🌳 (1 Cr 16:33;
Is 55:10-13; 1 Co 3).

Todavia, o que andam plantando por aí em terrenos


áridos?! Nunca se plantaram tantas igrejas como nesses
últimos dias!!! O negócio é abrir uma igreja – um negócio
rentável. Para isso, qualquer pedaço de terra serve. São
como árvores plantadas em solo infértil, além de não
receberem o devido tratamento. Não são plantadas junto a
ribeiros de águas (Sl 1:3), tampouco regadas pelo rio que
vem do Templo (Ez 47:12). Por isso, não dão frutos para a
eternidade; suas folhas murcham e caem; seu crescimento
espiritual não prospera apesar de seu crescimento material.
Tudo isso contribui para o surgimento de doutrinas
desconexas dos textos bíblicos no seio daquela que se
convenciona chamar “igreja”, visto que a Igreja verdadeira
não se coaduna com ensinamentos estranhos à fé bíbilica.
A exortação mosaica mostra a preocupação de Deus sobre
como transmitir a sua doutrina à sua plantação, de forma

[ 39 ]
O oleiro na mão do Vaso

branda e com eficácia: Goteje a minha doutrina como a


chuva e as minhas palavras sejam como o orvalho que se
espalha sobre as plantas (Dt 32:2). Esse cuidado em muito
difere da forma como as pretensas igrejas ensinam suas
contrafações, derramando sobre a plantação alheia uma
tempestade de fundamentos sem fundamento – uma
corruptela doutrinária de abuso bíblico respaldada por um
espírito mundano que perverte a verdadeira essência da
Igreja.

Os pretensos servos de Deus, por exemplo, passam a


desenvolver práticas divergentes como “determinar” o que
Deus tem de fazer, o que eles querem que Deus faça; eles
não querem se submeter à sua vontade: vontade
permissiva, vontade determinista, vontade divina, vontade
soberana, vontade perfeita1. É como se estivessem
praticando uma religião alheia à fé cristã que emprega o
determinismo humano em detrimento da vontade

1 CAMPELLO, Monica. Sexo com Deus. Vontade de Deus. pp. 44-57.

[ 40 ]
O oleiro na mão do Vaso

determinista de Deus – não é o homem quem determina


nada, mas Deus!

Entretanto, o homem-deus tira Deus do centro de suas


atividades e volta todo o foco para ele próprio, indo de
encontro a este versículo: Que Deus cresça e que eu
diminua (Jo 3:30). Ele aprendeu a interpretar Deus da
seguinte maneira: “dEUs!”. “EU SOU Deus!”, indo de
encontro a este versículo: E disse Deus a Moisés: Eu Sou o
Que Sou (Êx 3:14). Quantos homens – que serviam a Deus
dignamente em seu início de ministério cristão – deixaram
de lado sua fidelidade a Deus depois de perceberem o
quanto podiam lucrar com os talentos espirituais recebidos
divinamente?!

Os talentos que agora importam não são os dons espirituais


em sua essência, mas os talentos de prata ou de ouro que
eles podem adquirir por meio daqueles talentos herdados
divinamente para seu próprio enriquecimento, e isso nada
tem a ver com a Igreja do Senhor (que, nessa
circunstância, mudou de dono). Para lograr esse mau

[ 41 ]
O oleiro na mão do Vaso

intento (Sl 64:5) é mister que passem a usar matérias-


primas como bronze, pau, papel, gesso, barro, pano, fauna,
flora, elementos da natureza etc. que substituirão a
imagem invisível e intangível do Eu Sou pela imagem visível
e tangível do “Não Sou Nada”, visando o objetivo primordial
de gerar grande lucratividade para seus bolsos.

Além desses embustes, há as tendenciosidades semântico-


teológicas que corrompem o texto escriturístico, induzindo
seus leitores ou ouvintes a uma má interpretação do que
de fato está escrito. Assim, o Oleiro passa a ser usado pelo
vaso, um vaso de desonra.

[ 42 ]
O oleiro na mão do Vaso

VASO QUE É VASO SABE O SEU LUGAR!

A certeza de receber de Deus o que ele prometeu, mas que


ainda não foi concedido é a expressão máxima da nossa fé,
pois ela retém a esperança que Deus colocou em nossos
corações. A certeza reflete a realização das coisas, e a
convicção reflete a prova da realização das coisas mediante
a confiança do justo que vive pela fé (Hb 10:38; Rm 1:17;
Hc 2:4). Está provado que Deus agirá em favor de seu
justo.

O Senhor faz distinção entre o justo e o perverso. O justo


é aquele que persevera na fé em meio às adversidades do
mundo sem deixá-la, isto é, sem abandonar a Deus. Os
caminhos dos ímpios os levam à derrota e à morte. Eles
podem morrer pelo fato de ter tocado na menina dos olhos
de Deus (Sl 17:8) – seus filhos justos. Todavia, os caminhos
dos justos são justos, pois não se comprazem em mentiras,
em enganos, em farsa, em hipocrisia. Nos caminhos dos
justos há verdade, justiça, retidão, coisas que agradam a

[ 43 ]
O oleiro na mão do Vaso

Deus, e, por isso, Deus os remirá com mão forte, e os


livrará das mãos sujas dos ímpios.

Os homens ímpios personificam a perversidade do mundo,


aplicando-se continuamente à arrogância, à maldade, à
malícia, que consomem a sua alma e a apodrecem,
tornando-se monstros sem alma sujeitos à ira de Deus. Eles
pensam que continuarão fazendo o mal sem receberem
retorno de suas ações como se Deus não existisse, e,
portanto, não existisse a justiça divina. Mas Deus tudo vê e
sonda os corações, não podendo jamais ser enganado.
Contudo, eles zombam da existência e do poder de Deus
quando pensam que "fazem e acontece" e Deus não age,
mas a justiça de Deus não tarda (Hb 10:37).

Deus da esperança, venha nos socorrer!

Que o Deus da esperança os encha de toda alegria e paz,


por sua confiança nele, para que vocês transbordem de
esperança, pelo poder do Espírito Santo. (Romanos 15:13)

[ 44 ]
O oleiro na mão do Vaso

Apesar de sermos cristãos, vivenciamos adversidades e


sofrimentos, mas a nossa esperança é segura, e devemos
nos animar diante das circunstâncias, livrando-nos de todo
desespero, pois quem espera não desespera.

A esperança baseada nas promessas de Deus aos seus


justos deve ser elevada além de qualquer incerteza ou
dúvida (Hb 6:18).

Temos privilégio no acesso à presença de Deus (Hb 10:19-


25). Busquemos, portanto, a sua presença a fim de que as
suas promessas de paz, justiça e misericórdia se realizem
em nossas vidas.

Diferentemente do tolo, o cristão tem fé em Deus e em Sua


palavra (Hb 11:1-6). O temor do Senhor é o princípio do
conhecimento, mas os insensatos desprezam a sabedoria e
a disciplina. (Provérbios 1:7)

Conservem-se livres do amor ao dinheiro e contentem-se


com o que vocês têm, porque Deus mesmo disse: Nunca o

[ 45 ]
O oleiro na mão do Vaso

deixarei, nunca o abandonarei. Podemos, pois, dizer com


confiança: O Senhor é o meu ajudador, não temerei. O que
me podem fazer os homens? (Hebreus 13:5,6)

O temor do Senhor ensina a sabedoria, e a humildade


antecede a honra (Provérbios 15:33).

Que o vaso se coloque nas mãos do Oleiro!

[ 46 ]
O oleiro na mão do Vaso

DISTORÇÕES NO AMBIENTE CRISTÃO

A ARTE DA PREGAÇÃO

Um Doutor não convertido a Cristo jamais alcançará a


"sabedoria de Deus", diferentemente de um homem
simples que confessa Jesus como seu salvador. Ou seja, a
sabedoria não depende de status de qualquer espécie.

Sabedoria X Inteligência: Não nos permitamos ser


confundidos. A inteligência tem uma bela voz, mas não
consegue penetrar nos ouvidos da alma. A inteligência se
compraz em ludíbrios quando isso for parte de seu
esquema; a sabedoria nunca usa artifícios. A inteligência é
manipulável; a sabedoria, não.

Quem estou lendo – o que escrevem?


Quem estou ouvindo – o que falam?
Quem estou vendo – o que apresentam?
Quem estou seguindo – o que praticam?

[ 47 ]
O oleiro na mão do Vaso

Ler, ouvir, ver, seguir alguém porque tem fama ou algo por
ser moderno nada tem a ver com princípios de
sabedoria. Isso pode tão somente ser ou parecer
intelectual, fashion, mas não pode prover o que a alma
necessita.

E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos.


(Mt 24:11)

Nem todo aquele que diz a mim: ‘Senhor, Senhor!’ entrará


no Reino dos céus, mas somente o que faz a vontade de
meu Pai, que está nos céus.
(Mt 7:21)

Jesus ensinou a prestarmos atenção às palavras que


profetas, líderes, sacerdotes pregam conquanto baseadas
nas Escrituras Sagradas, mas que não pratiquemos o que
eles praticam quando suas ações são más e divergem dos
propósitos bíblicos: Observai, pois, e praticai tudo o que vos
disserem; mas não procedais em conformidade com as
suas obras, porque dizem e não praticam (Mt 23:3). A

[ 48 ]
O oleiro na mão do Vaso

verdade é que pode haver esses tais que pregam a palavra


de Deus, mas são os primeiros a não colcocá-las em prática.

Quantos pastores hoje em dia aprenderam a arte da


pregação por meios alheios? Quantos não pregam mais por
inspiração divina, mas se respaldam em sermões de
grandes teólogos em detrimento da própria Bíblia? Quantos
reviram suas cadernetas de anotações para encontrar um
texto que foi pregado no ano anterior, e diz: “Ah, este
serve!”? Talvez saibam ou não, mas colocam Deus em
segundo plano; afinal, são eles que estão no comando!
Sabendo ou não, não podem se eximir de culpabilidade
visto que praticam o mal inadvertidamente.

A homilética não é mais, necessariamente, uma área do


conhecimento que se estuda a fim de aprender a pregar
com coesão e coerência bíblica, mas uma arte mecanizada
que massageia a alma e o ego a fim de promover o estado
pneumopsicoemocional que seus ouvintes desejam
alcançar, contrariamente ao que precisam ouvir; é preciso
agradar a audiência para não perder números –

[ 49 ]
O oleiro na mão do Vaso

membresia, cifras e cifrões. É a técnica da robotização das


mentes que ludibria a fé com filosofias vãs e a razão com
teorias especulativas. O negócio é auferir lucros por todos
os meios e de todas as espécies.

Esses são vasos rachados que não retêm a água da vida


para receber a verdadeira vida pelo poder daquele que é a
Vida. Encontram-se na iminência da queda fatal, mas
pensam que ainda vai demorar e creem que dá para ganhar
sempre mais um pouquinho: “Ah, Jesus não vai voltar
agora, não; talvez só daqui a mil anos... Até lá já morri e já
aproveitei o que podia. Vou pecar só mais um pouquinho;
quando estiver perto de morrer eu para com isso!” Só que
atuam como ladrões porque servem a um ladrão,
esquecendo-se que Jesus virá como ladrão, à hora que
ninguém sabe nem espera (Ap 16:15). Ai daquele que não
estiver preparado! Seus ganhos em vida não poderão livrá-
lo da segunda morte, a perda da salvação eterna.

Essa morte está reservada para aqueles que rejeitaram


Jesus. E como se rejeita Jesus? É mister lembrar que Jesus

[ 50 ]
O oleiro na mão do Vaso

é o Logos, i.e., o Verbo, a própria Palavra de Deus. Rejeitar


Jesus é o mesmo que rejeitar sua palavra. E o que é a sua
palavra? Todo o ensinamento bíblico pelo que Deus se
agrada daquele que lhe obedece. Rejeitar os mandamentos
divinos e as doutrinas bíblicas ao trocá-los por
interpretações humanas – que visam tão somente
interesses transitórios porquanto desvinculados do
propósito soteriológico – é o mesmo que rejeitar Jesus
Cristo, o Messias que salva da perdição eterna.

TECNICIDADES RELIGIOSAS

Ferramentes, estratégias, métodos, técnicas, orientação


objetiva, aprender de mestres humanos famosos, cursos
com materiais completos para aprender a pregar a palavra
de Deus... Uma cambada de gente querendo crescer nos
ministérios cristãos sem a unção do Senhor, mas mediante
a dádiva humana da capacitação pastoral advinda de
especialistas em pregação bíblica.

[ 51 ]
O oleiro na mão do Vaso

Não é esse especialista quem deve determinar qual o texto


bíblico a ser aplicado em uma igreja cuja necessidade será
definida por ele. Essa ação pressupõe premeditação
seguida de presunção independente de unção e
consagração. Quem é o Dono da Igreja? Ele é quem a
conhece assim como as suas necessidades. Logo, não há
como escolher textos bíblicos para uma pregação – texto
oportuno seria oportunismo em reino alheio, i.e., o Reino
de Deus. O correto é se consagrar a Deus para dele receber
a revelação, a instrução, a direção, a sabedoria, a
capacitação, a autoridade, o entendimento, a unção, mas
parece que isso dá muito trabalho; é mais cômodo, mais
rápido, mais prático, pagar por tudo isso! Afinal, para que
perder tempo com essas coisas?! Tudo mecanizado é
melhor para garantir excelentes resultados como pregações
impactantes de cujos cultos as pessoas saem falando: “Esse
pastor prega muiiiito!!!” Daí, pergunta-se: O que foi
absorvido dessa pregação? Pela frase laudatória, nada de
Deus, mas tudo do homem. Sermões mecânicos!

[ 52 ]
O oleiro na mão do Vaso

Mesmo que um sermão tenha sido desenvolvido sob


consagração, o pregador que recebeu o direcionamento
divino e a revelação do Espírito Santo para fazê-lo estava
sob a unção de Deus para levar aquela mensagem à igreja
naquele momento. É essencial que, antes de preparar um
sermão, o pregador receba direta e primeiramente de Deus
a instrução necessária sobre o que deve ser transmitido ao
seu povo. Ou seja, não é primeiro procurar sermões
prontos para depois os adequar ao público-alvo – isso
configura inversão de prioridades que caracteriza obra
humana. Ações mecânicas, que não correspondem à
inspiração divina, lembram a advertência de Jesus contra
as vãs repetições (Mt 6:7). Isso chega a refletir paganismo!

Mesmo o mais tímido indivíduo quando recebe o chamado


divino para o exercício de um ministério, como o da
pregação, é capacitado por Deus em todos os sentidos. Se
isso não acontece, o chamado é humano e não divino. A
obra de Deus na vida de um escolhido seu é completa –
Deus não faz nada pela metade; ou seja, se Deus retira
toda a inibição de um ministro do evangelho, ele está livre

[ 53 ]
O oleiro na mão do Vaso

de qualquer limitação, não apenas no âmbito de seu


ministério, mas também recebeu a graça da libertação
daquilo que o limitava.

Então, sete perguntas responsivas:


1) Quem, de fato, vocaciona esses ministros eclesiásticos?
2) Vocacionar ministros não deveria ser um ato volitivo de
Deus?
3) E se Deus chama, não é Deus também quem propiciará
a maneira eficiente para o preparo do serviço?
4) Não é Deus quem dará as coordenadas para o rumo
certo da pregação a fim de atingir o alvo certo?
5) Não é Deus quem dota o pregador de um espírito fiel
que rejeita qualquer volubilidade a ponto de querer chamar
a atenção dos ouvintes para si, colocando Deus em
segundo plano?
6) Não é Deus quem esclarece a sua própria palavra por
meio da sua vontade revelada ou pelo estudo responsável
e objetivo das Escrituras Sagradas?
7) Não é Deus quem aperfeiçoa o caráter do pregador para
que possa ministrar com autoridade por ser o primeiro

[ 54 ]
O oleiro na mão do Vaso

exemplo de aplicação prática do que vive e prega sem levar


os fiéis ao sofrimento pelo engano? (1 Tm 4:12)

Os verdadeiros servos de Deus conhecem a sua palavra


porque a interpretam consoante o verdadeiro
entendimento da sua vontade, não se deixando levar por
parcialidades. Ao interpretar o seguinte ditado corriqueiro
“Faça o que digo, mas não faça o que faço”, os que não
vivem o que pregam costumam se aproveitar dos
versículos bíblicos Os mestres da Lei e os fariseus têm
autoridade para explicar a Lei de Moisés. Por isso vocês
devem obedecer e seguir tudo o que eles dizem (Mt
23:2,3a), mas, tendenciosamente, negligenciam a parte
b do versículo 3: Porém não imitem as suas ações, pois
eles não fazem o que ensinam.

Seguir tudo o que eles dizem é:


1) Não dar ouvidos à voz de Deus!!!
2) Colocar-se nas mãos de experts que “entendem
muito” de bíblia!!!

[ 55 ]
O oleiro na mão do Vaso

3) Acreditar que suas técnicas de evangelização


superam em muito as estratégias de Deus!!!
4) Supervalorizar a expertise homilética que sobrepuja
o direcionamento divino!!!
5) Trocar a inspiração divina pela inspiração de sermões
alheios!!!
6) Aceitar a comercialização dos dons espirituais para
aplicação prática na casa de oração!!!
7) Pensar que está evoluindo como servo de Deus
quando, na verdade, está involuindo à própria
degradação espiritual!!!
Jesus fez a limpeza do templo ao expulsar os cambistas
e vendilhões que jaziam nos seus átrios (Mt 21:12) cuja
atividade comercial era a exploração da fé dos incautos
que mal podiam pagar por um pombo a ser oferecido
em sacrifício visto que era extremamente caro,
comparado ao salário de quase um mês de trabalho.
Aproveitavam-se, portanto, da sua ignorância quanto à
verdade divina para fazer negócio usando a casa de
Deus. A determinação de Deus para expiação de
pecados foi corrompida por piratas da religião. Um

[ 56 ]
O oleiro na mão do Vaso

movimento de espiritualidade profana cercava todo


aquele ambiente que deveria ser santo, mas estava
tomado por ladrões, como Jesus os classificou,
roubadores da pureza espiritual.

O método investimento-lucro mediante a usurpação das


coisas concernentes ao reino de Deus jaz no maligno.
Suas estratégias ardilosas afetam justamente aquilo que
Deus quer salvar, libertar, purificar: almas. O ministério
da palavra fica igualmente comprometido devido às
interpretações tendenciosas e maliciosas dos textos
sagrados que vão sendo dessacralizados conforme as
suas necessidades. A revelação desses textos já não se
dá por inspiração divina, por intermédio da revelação
direta de Deus por meio de sua palavra registrada na
Bíblia Sagrada, mas passa a ser guiada e teleguiada por
homens que se declaram especialistas em matéria de fé,
os atuais doutores da lei, verdadeiros merchandisers
religiosos até mesmo com formação teológica e
“chamado” pastoral – os Pasures da atualidade que dão
conselhos humanos em oposição aos conselhos de Deus

[ 57 ]
O oleiro na mão do Vaso

(Jr 20:1-6). Não há teor divino em seus métodos, e suas


diretrizes tendem à autossuficiência que leva à
independência de Deus e a um consequente
afastamento ou rompimento dessa relação Deus-
homem.

Títulos passam a ter mais crédito do que o chamado


ministerial em si. É mister provar que é bom, que tem
gabarito intelectual, talento (não necessariamente dom
espiritual), a fim de ser visto e aplaudido pelas grandes
plateias nos espetáculos de megatemplos. A pregação
da palavra de Deus torna-se secundária, pois o elemento
principal é mostrar as qualificações adquiridas em
cursos diversos que as atestam por meio de certificados,
diplomas etc., imprescindíveis para garantir o sucesso
do negócio, a comercialização da fé – tanto de quem
cobra quanto de quem paga. Nesse viés duplo de
competência e performance que envolve a facilidade
para o aprimoramento do serviço cristão em detrimento
do compromisso com Deus, há a prévia do pagamento
para a aquisição do bem, i.e., o talento comprado. Cai

[ 58 ]
O oleiro na mão do Vaso

no esquecimento desses agentes religiosos que o


aperfeiçoamento cristão, no sentido lato da expressão,
caracteriza-se pela fidelidade às diretrizes teocêntricas
e escriturísticas. Deus nunca disse que o homem
espiritual seria capacitado pelo homem natural ou
espiritual, mas do próprio Deus recebe a capacitação
respectiva ao chamado ministerial.

TÉCNICAS DE MEMORIZAÇÃO DE CONTEÚDOS BÍBLICOS

Há técnicas que são empregadas no meio eclesiástico para


fins didáticos ou até mesmo para o aperfeiçoamento do
aconselhamento pastoral que podem atingir bons
resultados, mas para o bom desenvolvimento de uma
pregação é mister que o pregador esteja sob a unção de
Deus a fim de ser dotado de inspiração divina,
discernimento espiritual e sabedoria para ministrar o
sermão e ganhar almas para Cristo. Deus disse a Moisés
que lhe ensinaria o que haveria de falar e como falaria (Êx
4:12) e Jesus disse que daria boca e sabedoria no momento
certo (Lc 21:15); porém, muitos preferem usar técnicas de

[ 59 ]
O oleiro na mão do Vaso

memorização visto que é mais fácil e mais prático do que


uma consagração, pois não requer um compromisso de
devoção a Deus com leitura bíblica e a respectiva meditação
dos textos lidos. Consequentemente, vão aplicar no
contexto pastoral uma homilia fabricada em forma de
panaceia cujos ouvintes deixam de ser instruídos pela
vontade divina, pois o que ouvem não provém diretamente
da boca de Deus; ou seja, não poderão alcançar a
libertação espiritual necessária ou a direção certa para a
solução do seu problema.

Ao ler a biblia, a revelação de Deus se manifesta e a pessoa


tem uma comunicação direta com o Altíssimo, recebendo
dele a sabedoria necessária para sua vida; não lendo, ela
fica impossibilitada de ter acesso direto a Deus pela
palavra. Esse é o objetivo do inimigo de Jesus: afastar a
pessoa do caminho da verdade divina; entretanto, as
invencionices eclesiais dos Últimos Dias são exatamente
para alcançar esse objetivo maligno.
E n i n g u é m e s t á p e r c e b e n d o !

[ 60 ]
O oleiro na mão do Vaso

A palavra divinamente inspirada entra na alma, na mente,


no espírito e surte o efeito esperado de cura, libertação e
salvação. Sem a direção de Deus é impossível operar as
maravilhas que provêm dele.

Logo, parece contraditória a necessidade de se


memorizarem versículos. Normalmente, o pregador que
memoriza versículos não pega na bíblia para fazer a leitura
dos textos sagrados. Ele os cita de cor e induz o povo a
deixar de os ler. Há uma grande diferença entre ouvir o
pregador que lê os versículos na íntegra e aquele que
apenas os menciona sem fazer a devida leitura; quando se
lê, a mente se aproxima de Deus porque a leitura abre os
olhos da alma, mas a voz do pregador, sem a devida unção,
não; a pessoa percebe que quando lê o que o pregador não
pediu para ler descobre revelações na palavra escrita que
o pregador foi incapaz de transmitir. Ou seja, isso é um
embuste para que as pessoas não recebam a revelação de
Deus. Quando isso acontece, as pessoas ficam
dependentes do homem e do seu domínio humano pelo que
sempre estarão na igreja à espera das bênçãos prometidas

[ 61 ]
O oleiro na mão do Vaso

em cada culto onde o anelo pela presença de Deus fica


relegado a segundo plano. A dependência de Deus e a
divina providência se tornam preteridas no seu próprio
reino.

No entanto, os memorizadores acham que isso é o máximo,


e as pessoas aprendem a seguir esses pregadores julgando
incautamente que eles fazem bonito, e querem imitá-los.
Porém, o apóstolo Paulo nos admoesta a imitá-lo (1 Co
11:1) visto que ele imita Jesus, e não imitar homens que
não imitam Jesus. Esses ainda se acham investidos do
poder de preparar e capacitar o servo de Deus por meio
desse subterfúgio. A quem pertence o reino celestial? De
quem vêm os dons? Logo, quem está apto a tornar alguém
apto para atuação nesse reino?

Mercadejam as coisas santas, transformando a casa de


oração em casa de exploração (Lc 19:46): exploração da fé
inocente, da fé interesseira, exploração de qualquer tipo de
fé, já que para estar numa igreja é preciso manifestar fé.
Nesse campo da exploração, há um verdadeiro comércio do

[ 62 ]
O oleiro na mão do Vaso

sagrado; querem tomar o lugar de Deus a qualquer custo


ou melhor a “todo custo”. Essas tecnicidades envolvem
ganhos lucrativos em cima da palavra de Deus que virou
um grande negócio. Por que não se consagrar a Deus em
um devocional fidedigno para ser capacitado pelo próprio
Deus em vez de buscar técnicas para pregar a palavra de
Deus? Só contradição!

Esses técnicos da Bíblia Sagrada se autoconsagraram


especialistas na capacitação de pregadores a ponto de
rebaixar o Dono da Palavra à posição de subalterno à
inteligência humana visto que pretendem tomar o seu
lugar. Contudo, para não assustarem nem provocarem
arredamentos, forram-se de palavras que massageiam o
espírito do “próximo” (a ser engodado) normalmente
compatíveis com o entendimento bíblico, a fim de fazer crer
que são idôneos no tocante às coisas de Deus.

A mensagem realmente eficaz e envolvente é aquela guiada


pelo Espírito Santo e não por inteligência humana. Se
alguém pensa que fez a pior pregação de sua vida é porque

[ 63 ]
O oleiro na mão do Vaso

de fato não estava com a unção do Espírito Santo; é porque


provavelmente estava mais preocupado em se vangloriar e
aparecer para os homens do que comunicar o poder de
Deus de abençoar, de libertar, de curar, ou de dar paz. É
como está escrito: Estais agora vos orgulhando das vossas
capacidades. E toda vanglória como essa é maligna (Tg
4:16). Com certeza não age consonantemente ao versículo
que exorta a não ser como os hipócritas que já receberam
seu galardão (Mt 6:5). Logo, não há comunhão com Deus.

Um servo de Deus pode e deve estudar exaustivamente em


primeiro lugar a Bíblia Sagrada e outras áreas do
conhecimento: literaturas, história, religiões, teologia etc.,
mas é preciso estar cônscio de que esses estudos são
complementares e não a base para seu chamado ministerial
em Cristo. Teorias, filosofias, ideologias, jamais poderão
exceder o poder de Deus e da sua palavra. Isso já está
provado, por mais que ainda continuem relutando em não
aceitar essa realidade.

[ 64 ]
O oleiro na mão do Vaso

PROFETAS, LÍDERES ETC.


VERDADEIROS?! COMO SABÊ-LO?

Ao lermos sobre Pasur na bíblia, entendemos que se trata


de um sacerdote cujo nome o Senhor mudou para “Terror-
por-todos-os-lados” (Jr 20:3). Quais eram as obras de
Pasur para que recebesse de Deus esse título tão tenebroso
em substituição ao seu nome que significava “mui nobre”
ou “liberdade”? Ele não era nobre em suas atitudes
tampouco livre de fazer o mal às pessoas visando o bem de
si mesmo e bens para si próprio. Por causa disso, quão
grandes males causou a um homem de Deus, o profeta
Jeremias, porque via nele um empecilho para a realização
de suas obras, ou seja, más obras.

[ 65 ]
O oleiro na mão do Vaso

Ezequiel recebeu de Deus uma visão que revelava o que


acontecia no interior do templo (Ez 8:9), o que os
verdadeiros falsos profetas faziam lá dentro, longe dos
olhos daqueles que os reverenciavam por sua autoridade –
na verdade, usurpadores da fé –, chegando a acreditar que
eram homens dotados do poder divino. Ezequiel viu e
entendeu porque Deus exilara o povo de Israel para a
Babilônia: oportunidade de arrependimento e regeneração
àqueles que se tinham voltado para a idolatria com ações
pagãs e rebeldia contra os preceitos divinos. Todavia, um
remanescente de servos fiéis do Senhor foram exilados com
eles – trigo e joio juntos. Eis a fidelidade de Deus que julga
o seu povo pelos seus pecados, mas também lhes garante
a certeza de suas promessas.

Qual a diferença em tempos atuais? Há muitas celebridades


religiosas de grande influência sobre a sociedade onde
estão instaladas, e não, necessariamente, onde são
chamadas por Deus. Estar e Ser denotam duas situações
distintas em que muitos estão, mas não são: estão em
ministérios ordenados por homens, mas não são minstros

[ 66 ]
O oleiro na mão do Vaso

ordenados por Deus; estão “usando” a bíblia, mas não são


fundamentados no que está escrito nela, pois eles mesmos
consideram as doutrinas bíblicas ultrapassadas em vista
dos valores socioculturais hodiernos.

Sem discernimento espiritual, fica difícil identificar as falsas


vozes que se levantam em meio a movimentos que se
aproveitam de textos bíblicos para propiciar a aproximação
das pessoas, concomitante ao seu afastamento de Deus.
– Como?
– Pregando Jesus!
– Ué, mas não estão pregando Jesus?!
– Exatamente!!! “Pregando Jesus de novo na cruz” para
que ele morra dentro das pessoas e jamais ressuscite. Uma
vez afastadas de Deus ficarão nas mãos daqueles cuja
verdade bíblica que pregam não aplicam na própria vida.
Mas, quem o sabe?! Eles não se importam se Deus o sabe
desde que estejam faturando às custas dele.

[ 67 ]
O oleiro na mão do Vaso

Vejamos o que extamente dizem as Escrituras quanto a


receber pagamentos provenientes de trabalhos
evangelísticos:

Na Lei de Moisés está escrito assim: “Não amarre a boca


do boi quando ele estiver pisando o trigo. ” Por acaso Deus
está interessado nos bois? Ou foi a nosso respeito que ele
disse isso? É claro que isso está escrito em nosso favor!
Tanto a pessoa que planta como a que colhe fazem o seu
trabalho na esperança de receber a sua parte da
colheita. Se temos semeado entre vocês a semente
espiritual, será demais se recebermos de vocês alguma
recompensa material? Se outros têm o direito de esperar
isso de vocês, será que nós não temos muito mais direito
do que eles? No entanto, nós não temos usado esse direito.
Pelo contrário, temos agüentado tudo para não atrapalhar
o evangelho de Cristo. Certamente vocês sabem que os que
trabalham no Templo é do Templo que recebem os seus
alimentos. E sabem também que os que oferecem
sacrifícios no altar recebem uma parte da carne dos animais
que são sacrificados ali. Assim o Senhor mandou também
que aqueles que anunciam o evangelho vivam do trabalho
de anunciar o evangelho.

O desinteresse e fervor de Paulo. O atleta cristão

Mas eu não tenho usado nenhum desses direitos, nem


estou escrevendo isso agora para exigir esses direitos para
mim mesmo. Eu preferiria morrer a fazer isso! E ninguém

[ 68 ]
O oleiro na mão do Vaso

vai me tirar o orgulho que eu tenho de agir assim! Eu não


tenho o direito de ficar orgulhoso por anunciar o evangelho.
Afinal de contas, fazer isso é minha obrigação. Ai de mim
se não anunciar o evangelho! Por isso, se eu faço o meu
trabalho por minha própria vontade, então posso esperar
algum pagamento. Porém, se faço como um dever, é
porque é um trabalho que Deus me deu para fazer. Nesse
caso, qual é o pagamento que recebo? É a satisfação de
anunciar o evangelho sem cobrar nada e sem exigir os
direitos que tenho como pregador do evangelho (1 Co 9:9-
18).

O apóstolo Paulo nos exortou a sermos seus imitadores


assim como ele é imitador de Cristo (1 Co 11:1). Então?!
Querem receber o preço cobrado pelos trabalhos na igreja
ou relacionados a ela, mas não querem pagar o preço da
reverência na adoração desinteressada. Contanto que fosse
de uma maneira tal que recebessem um pagamento
adequado por cuidarem DILIGENTEMENTE dos interesses
da Igreja, não haveria problemas em serem remunerados
pelo seu trabalho. Mas é sempre assim que vem
acontecendo ao longo dos séculos, desde que pessoas mal
intencionadas descobriram uma fonte de renda lucrativa
“graças a Deus”?! E, assim, jargonizaram essa expressão,
dando a ela uma conotação que diverge do seu significado

[ 69 ]
O oleiro na mão do Vaso

original e verdadeiro: “Graças a Deus estamos lucrando


muito com esse trabalho evangelístico. Uma mina de
ganhos extraordinários, um maná de vantagens
financeiras!”

Um esfriamento, já retratado nas Escrituras Sagradas (Mt


24:12), é consequência dos enganos produzidos por esses
falsos profetas que veem lucro em tudo o que está
relacionado à Igreja. Quando os crentes escolhidos de Deus
percebem, ainda que já um pouco tarde, mas ainda em
tempo de não serem aprisionados pelo inimigo de suas
almas, sofrem grandes decepções e tendem a abandonar a
igreja física, mas não a Igreja do Senhor, visto que essa é
pura e sem mácula, ou seja, é a esposa fiel de Jesus, o que
corresponde ao povo fiel de Deus que não se deixa
confundir pelos prodígios dos falsos cristos (Mc 13:22).

Há uma disseminação de discursos contraditórios ao texto


escriturístico provenientes justamente de ambientes
denominacionais que empreendem palestras motivacionais
com fins lucrativos. Atropelam a doutrina cristã a bel-prazer

[ 70 ]
O oleiro na mão do Vaso

quando pretendem acomodá-la à necessidade de seus


ouvintes; se um texto bíblico não se adequa ao modo de
vida de um cristão, esses discursos distorcidos lhe são
convenientes além de denotarem garantias pelo fato de se
desenvolverem no âmbito da igreja.

Dessarte, ironicamente, Deus é quem tem de se adequar


ao modo de vida do cristão, e não o cristão a Deus, assim
como o texto bíblico perde a sua autoridade diante de um
emissor inidôneo cuja interpretação particular segue seus
próprios interesses que divergem daquilo que Deus quis
transmitir por meio de homens divinamente inspirados.
Quem interpreta o texto bíblico de forma simbólica em
detrimento da forma histórico-gramatical normalmente
incorre no grave erro de modificar o real sentido da
mensagem bíblica no tocante àquilo que, de fato, Deus quis
significar originalmente.

[ 71 ]
O oleiro na mão do Vaso

COBERTURA ESPIRITUAL?!
ONDE JAZ “ISSO” NA BÍBLIA?

Doutrinas estranhas sempre existiram em meio ao povo de


Deus. Por mais novas que sejam, nunca são novidade!
Renovam-se a cada manhã sem um pingo de misericórdia
por aqueles que serão engodados por elas. Sempre se
revelam como heresias que se formam a partir dos próprios
textos bíblicos pelos quais seus criadores buscam respaldar
suas contrafações. Afinal, a bíblia é totalmente confiável
(para os que creem); sendo assim, nada melhor para
garantir que suas invenções teológicas pareçam idôneas e
se tornem dignas de apreciação e prática. Como são
fundamentadas na bíblia, a impressão que se tem é de que
realmente são válidas e fidedignas.

No tocante a essa falsa doutrina, líderes que a


implementam professam que seus seguidores devem
permanecer sob a sua cobertura, ou seja, sob a sua
proteção, como que cobertos pelo seu “manto sagrado” a

[ 72 ]
O oleiro na mão do Vaso

fim de que nenhum mal lhes acometa a vida em quaisquer


aspectos. Esse tipo de líder exerce a função de amuleto
para os crentes incautos que passam a perecer, sem
perceber, por falta de conhecimento da palavra (Os 4:6)
por os preferirem a Deus. Uma troca insana! Já não é mais
Deus a oferecer proteção e segurança, mas um homem que
se aproveita da sua palavra para transparecer
confiabilidade, distorcendo-a em prol de suas ações
maliciosas e de seus interesses malévolos. Assim, ele
manipula as mentes ignorantes da realidade escriturística
que passam a lhe obedecer, deixando de lado a obediência
a Deus; tem a pretensão de que seus ensinamentos se
sobrelevem aos ensinamentos bíblicos. Tomam o lugar de
Deus e corrompem a sua palavra.

As mentes de seus seguidores são aprisionadas pelo medo


de modo que se condicionam a seguir cegamente seus
instruidores que têm por base a Teologia do Medo cujas
respectivas bases doutrinárias provêm de uma
desconstrução do texto bíblico original em conformidade

[ 73 ]
O oleiro na mão do Vaso

com a intenção dos senhores das almas a serem


escravizadas.

Os teólogos do terror propagam o falso ensinamento de


que sem a imposição de suas mãos para ministrar bênçãos,
curas, libertação, distribuição de dons e salvação será
impossível alcançar o favor divino. Suas mãos são
poderosas, mais do que o próprio poder divino!!! Eles
seguem na contramão do Caminho pela via da
desobediência rumo à irônica exigência de obediência por
parte de seus seguidores que, inadvertidamente, mantêm-
se fiéis a eles.

Ademais, costumam incutir na mente desses últimos que


devem permanecer debaixo da cobertura espiritual da
marquise. Que marquise? Eles mesmos, os muitos líderes
de igrejas em suas mais variadas versões titulares como
apóstolos, pastores, bispos, reverendos etc., que nada mais
são do que homens religiosos, e não fiéis servos de Deus.
Por que não são fiéis? Porque não cumprem devida e

[ 74 ]
O oleiro na mão do Vaso

dignamente sua missão, seu chamado diante de Deus,


como cuidar das ovelhas conforme Jesus orientou Pedro:

Jesus fala com Pedro (Jo 21:15-17)

Quando acabaram de comer, Jesus disse a Simão Pedro:


— Simão, filho de João, você me ama mais do que estes?
Ele respondeu:
— Sim, Senhor, você sabe que eu o amo.
Jesus disse:
— Cuide das minhas ovelhas.
E pela segunda vez Jesus perguntou:
— Simão, filho de João, você me ama?
E ele respondeu:
— Sim, Senhor, você sabe que eu o amo.
Jesus disse:
— Cuide das minhas ovelhas.
E Jesus perguntou pela terceira vez:
— Simão, filho de João, você me ama?
Pedro ficou triste, por Jesus ter perguntado ainda uma
terceira vez se ele o amava e disse:
— Senhor, você sabe tudo! Sabe que eu o amo.
Então Jesus lhe disse:
— Cuide das minhas ovelhas.

Essas marquises estão repletas de brechas por onde


escorrem detritos morais e tudo o mais que deveria ser
contido por elas a fim de executar cabalmente sua função:

[ 75 ]
O oleiro na mão do Vaso

proteger da chuva destruidora e do sol molestador (Pv


28:3; Sl 121:6). Suas brechas de mau-caratismo as levarão
ao desmoronamento que cairá em cheio sobre os que nelas
buscam refúgio, e então descobrirão que nada mais eram
do que fachadas, ao invés de marquises, que encobriam
suas ilicitudes e não ofereciam a tal cobertura espiritual
prometida – uma doutrina herética que não protege
ninguém contra nada; além disso, se alguém errar ou
pecar, isso não será cobrado do que se autointula cobertor
espiritual como o líder religioso em ação, mas será cobrado
diretamente do que cometeu o erro ou o pecado, como está
escrito:

O indivíduo que pecar, este morrerá! O filho não levará a


culpa do pai, tampouco o pai será culpado pelo pecado do
filho. Assim, a justiça do justo lhe será creditada, e a
malignidade do ímpio lhe será devidamente cobrada com a
vida. (Ez 18:20)

Isso eles não falam! Ninguém pode carregar a culpa de


ninguém! Logo, essa doutrina da “cobertura espiritual” do
líder sobre seus seguidores é (im)pura heresia! Prometem
receberem as suas cargas apenas para os aprisionarem em

[ 76 ]
O oleiro na mão do Vaso

seus recintos religiosos, os quais não devem ser chamados


de igrejas, mas de indústria da fé cujo comportamento
padrão é a obediência cega às ordens de seus produtores
de produtos improdutivos. O que segue a ociosos se fartará
de pobreza (Pv 28:19).

A exemplo disso, a admoestação em Hebreus 13:17, que


discorre sobre a obediência que se deve praticar com
relação aos líderes e suas ordens, é deturpada
tendenciosamente por pastores-gurus que se autointitulam
guias espirituais. Agem como se detivessem o poder de
decidir tudo por cada membro de sua instituição religiosa,
determinando o que devem fazer ou deixar de fazer, em
quaisquer áreas de suas vidas. Aproveitam-se tão somente
da parte A do versículo em questão, já que as partes B e C
não lhes interessam, pois querem ser venerados, mas não
querem cuidar dos que se submetem aos seus mandos e
desmandos, tampouco se preocupam com o julgamento de
Deus sobre seus feitos e os daqueles que lhes obedecem:
(A) Obedeçam aos seus líderes espirituais e estejam
prontos a fazer o que eles disserem.

[ 77 ]
O oleiro na mão do Vaso

(B) Porque o trabalho deles é cuidar de vocês, e Deus


julgará se eles fazem isso bem.

(C) Deem-lhes motivo para prestarem contas de vocês ao


Senhor com alegria, e não com tristeza, pois nesse caso
vocês também sofrerão com isso.

Essas ações e comportamentos vão de encontro à palavra


de Deus revelada (Rm 8:14) que garante a ação do Espírito
de Deus como guia em favor de seus filhos sem a
necessidade de quaisquer intermediações uma vez que
Jesus, por meio de seu sacrifício vicário, deu a todos os que
creem nele o livre acesso a Deus e todas as suas bênçãos
espirituais e materiais. Logo, essa cobertura espiritual
executada por homens é antibíblica.

[ 78 ]
O oleiro na mão do Vaso

DECLARAÇÕES CONTRADITÓRIAS

AUGUSTO CURY ENTREVISTADO POR ANA MARIA BRAGA

TEMA: JESUS

"Ele foi de fato o homem mais inteligente da história."

Só isso?! O homem mais inteligente da história?! Jesus é


Deus!!! Ele veio como homem, mas é Deus – 100% homem
e 100% Deus; o Filho de Deus é Filho do Homem (Jo 1:1;
Lc 9:26). Os fatos citados equivalem à sua sabedoria divina,
ao seu poder divino, e não meramente à inteligência
humana. Confessar Jesus como Deus é um must para um
cristão convertido (1 Jo 4:15; Rm 10:9). Jesus disse que se
alguém tiver vergonha dele e das suas palavras, ele
também terá vergonha dessa pessoa quando vier na sua
glória (Lc 9:26).

[ 79 ]
O oleiro na mão do Vaso

“Eu estudei a mente dele. Eu me curvei, como disse


humildemente, à sua inteligência.”
Curvar-se à inteligência de Jesus é diferente de converter-
se à divindade de Jesus, reconhecendo-o como Deus e
aceitando-o como Único e Suficiente Salvador. Quem pode
conhecer a mente do Senhor? (1 Co 2:16). Um servo de
Deus é ensinado pela autoridade do Espírito, o que distoa
de atributos carnais como a inteligência inerente ao homem
natural, mas o homem espiritual recebe a sabedoria de
Deus, que o esclarece, e, consequentemente, recebe a
mente de Cristo. Estudar Cristo, sua mente, seu corpo, sua
vida etc. não significa que haja uma relação de comunhão
com ele. Se não há esse relacionamento com Cristo, o que
se tem dele é apenas um objeto de estudo, e não o
Salvador. A mente de Cristo está totalmente distante das
mentes de homens meramente intelectuais, racionais,
naturais.

“E percebi que ele não cabe no imaginário humano. Ele


tem de ter sido real."

[ 80 ]
O oleiro na mão do Vaso

“Ele tem de ter sido real” é diferente de “Ele foi real”. Cury
disse que agora deixou de ser ateu e acredita em Deus. E
como ainda demonstra dúvida ao proferir esta frase? Não
cabia esta frase diante de tudo o que ele declarou! Não
cabe esta frase para quem acredita que Jesus é Deus! Ele
ainda questiona a existência de Jesus, ainda está se
perguntando! Percebe-se aí uma contradição.

Quando manifestamos uma fé sólida, junto com ela se


expressa uma convicção daquilo que declaramos sem
margem de dúvidas. Mesmo que uma frase concernente à
questão da fé seja dita apenas por motivo de indagação
científica, isso não condiz com a fé como dom de Deus visto
que não pode ser mensurada. Ou se tem fé ou não se tem!
Um fiel de Deus, um crente em Deus respeita as ciências
porque o próprio Deus o ensina quanto a isso (Dn 1:17),
mas ele não se deixa confundir quanto à existência real de
Deus, sua natureza e seus atributos.

[ 81 ]
O oleiro na mão do Vaso

PAPA FRANCISCO FAZ DECLARAÇÃO INSÓLITA NA


ACADEMIA DE CIÊNCIA PONTIFÍCIA

TEMA: AFIRMAÇÃO DO EVOLUCIONISMO

“Deus não fez o mundo com uma varinha mágica!”


O papa Francisco é favorável às ideias evolucionistas assim
como foram os papas Pio XII e João Paulo II. Ele
reconheceu as teorias da Evolução de Darwin –
transformação dos seres vivos de acordo com a adaptação
ao meio ambiente, e a teoria do Big Bang – explosão que
deu origem ao universo há 13 bilhões de anos, afirmando
que fazem parte do plano divino; além disso, criticou
leitores da Bíblia que acreditam ser Deus um mago que
criou o mundo apenas com uma varinha. Para ele, a criação
do mundo não é obra do acaso, mas deriva de um princípio
supremo de criação por amor. Suas palavras ipsis verbis:
“O Big Bang, que hoje é considerado a origem do mundo,
não contradiz a intervenção criativa divina, mas a
confirma”ii.

[ 82 ]
O oleiro na mão do Vaso

Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós


vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos
devoradores. Por seus frutos os conhecereis. (Mt 7:15,16).

Não se sabe exatamente quem são os falsos profetas, mas


é preciso avaliar tudo o que se ouve para saber se condiz
com o texto das Escrituras Sagradas. Será que o papa
Francisco tem razão? Como saber? Buscando essa verdade
bublicamente; só a Bíblia apresenta a revelação correta e
irrefutável da palavra de Deus. Não basta, portanto,
homens comuns, científicos e religiosos apresentarem sua
defesa a esse tipo de declaração pautados em seus
conhecimentos naturais e até mesmo por envolvimentos
sociais. É preciso ser fiel ao texto escriturístico em
detrimento de declarações contraditórias a ele.

PAPA FRANCISCO FAZ DECLARAÇÕES INSÓLITAS EM


VÍDEO E HOMILIA

TEMA: O FRACASSO DE JESUS NA CRUZ

Outra declaração interessante do Papa Francisco que


também recebeu muitos defensores e apoiadores, inclusive

[ 83 ]
O oleiro na mão do Vaso

de pastores evangélicos, foi com relação à história do


fracasso de Jesus na cruziii: “Vou contar pra vocês uma
coisa pessoal. Sempre levo duas coisas no meu bolso: o
rozário para rezar e uma coisa que parece estranha. O que
é isto? Isto é o registro do FRACASSO de Deus. É o caminho
da cruz! Pequeno via crucis. Como Jesus foi sofrendo
quando o condenaram à morte até que foi sepultado. Com
estas duas coisas faço o melhor que posso. Graças a estas
duas coisas, não perco a esperança” (ipsis literis).

E uma declaração equivalente também é curiosa: “A cruz


mostra-nos uma maneira diferente de medir o sucesso: a
nós cabe-nos semear, e Deus vê os frutos do nosso
trabalho. E se, às vezes, os nossos esforços e o nosso
trabalho parecem gorar-se e não dar fruto, estamos a
trilhar a mesma via de Jesus Cristo; a sua vida,
humanamente falando, acabou com um fracasso: o
fracasso da cruz.”iv

Mesmo que palavras laudatórias a esse discurso papal


tentem explicar que Cristo fracassou na cruz “para os que

[ 84 ]
O oleiro na mão do Vaso

se perdem” ou que “o que humanamente pode ser


interpretado como fracasso, pode ser, na verdade, um
sucesso sob a perspectiva divina”, essas palavras em
destaque não foram ditas pelo papa, mas são
interpretações dos que por motivos particulares o
defendem. Resta saber se esses motivos ou suas
interpretações têm respaldo bíblico.

As palavras podem ser usadas como mensagens


subliminares que se incutem na mente através da leitura
ou da audição. Isso lembra a frase que diz: “A primeira
impressão é a que fica”. Assim, a mensagem subliminar
visual é de alcance fóvico, mas a auditiva se concretiza pela
palavra ouvida. Isso também lembra outra frase, dessa vez
bíblica: A fé é pelo ouvir (Rm 10:17), mas não conforme o
complemento do versículo onde se lê “e o ouvir pela palavra
de Deus”, e sim pelas palavras de homens; contradições
que homens naturais e até espirituais não percebem e se
confundem porque se deixam levar por discursos
estranhos.

[ 85 ]
O oleiro na mão do Vaso

Pelo que se depreende da Bíblia, Cristo NUNCA fracassou,


nem “humanamente” falando, pois ele foi perfeito como
Homem e como Deus encarnado, cumprindo fiel e
cabalmente sua missão na terra em favor da humanidade.
Palavras humanas têm um poder enorme de dissuasão e
podem ser empregadas de forma capciosa a ponto de
confundir as mentes em geral, e, subliminarmente, incutir
nelas as ideias que se pretendem. Desperta, ó tu que
dormes, e Cristo te esclarecerá (Ef 5:14). Um crente que
acredita na Bíblia Sagrada precisa de antemão ter (e, se
não tem, pedir a Deus que lhe dê) discernimento espiritual
para compreender as coisas desse mundo que não se
harmonizam com as coisas celestiais. É preciso desconfiar
sempre de palavras acerca das coisas relacionadas a Deus
que à primeira audição soam estranhas; se soam
estranhas, é necessário investigá-las exaustivamente no
texto sagrado até encontrar a verdade que não deixa
dúvidas quanto ao assunto em questão.

Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós


vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos

[ 86 ]
O oleiro na mão do Vaso

devoradores. Por seus frutos os conhecereis (Mt 7:15,16).


Quem são os falsos profetas? Não se sabe, mas é preciso
ser um crente bereiano (At 17:11), i.e., estar atento ao que
se ouve e consultar tudo nas Escrituras Sagradas para ver
se as vozes humanas se coadunam com a voz de Deus.

PE. FABIO DE MELO EM ENTREVISTA NO PROGRAMA DE


FRENTE COM GABI

TEMA: PROPOSTA HERÉTICA DE TEMPOS PASSADOS

“Jesus queria o Reino de Deus, mas nós demos a Ele a


Igreja.”

O padre Fabio de Melov assume que essa é uma expressão


muito usada nos bastidores acadêmicos que frequentou e
que nada tem a ver com uma proposta herética visto que
seu significado evoluiu. Ele assumiu que errou ao fazer tal
declaração que diminui a importância e valor da Igreja de
Jesus Cristo e se desculpou pela analogia mal empregada
devido a um contexto inóspito. Suas justificativas envolvem
o fato de o povo errante de Deus continuar arrastando as
consequências do pecado adâmico em meio ao reino de

[ 87 ]
O oleiro na mão do Vaso

Cristo inserido em uma igreja que “ainda não é reino de


Deus”, uma igreja penitente que é carregada de fragilidade
carnal por parte de seus membros.

Porém, mais além disso, a frase em destaque subentende


uma heresia, dando a impressão de que quem criou a
Igreja foi o ser humano e que Jesus não a queria. Ou seja,
é totalmente o inverso: Jesus criou a Igreja e a queria, não
importa o quanto ela teria de pecadores, pois foi
justamente para eles que Jesus veio ao mundo a fim de os
livrar do mal que sobre esse impera. A verdade é que a
Igreja é o Reino de Deus na terra onde os homens recebem
de Deus sua palavra, suas ações e manifestações mediante
a sua presença espiritual constante para suprir todos os
tipos de necessidades de seu povo – materiais, espirituais
e psicoemocionais. Ademais, a Igreja onde Deus reina, i.e.,
o reino de Deus é para aqueles que buscam a própria
regeneração e para os que já a alcançaram pelo poder do
Espírito Santo. Isso não significa que todo ser humano já
se encontra em estado definitivo de perfeição, mas que
Cristo o aperfeiçoa a cada dia até que tudo se cumpra

[ 88 ]
O oleiro na mão do Vaso

escatologicamente falando. Por isso mesmo a Igreja se


constitui de diversos ministérios com o propósito de ensinar
e pregar sobre as coisas concernentes ao reino de Deus, de
cuidar e disciplinar o povo de Deus (Mt 28:18-20), de o
preparar para o Dia do Juízo Final, mais do que de o
galardoar com riquezas materiais e prosperidades
financeiras como muitas igrejas preconizam hoje em dia em
detrimento da realidade iminente desse Dia do Senhor
quando de sua parúsia (Zc 14:1-5; Ap 20:11-15).

Entende-se, portanto, a Igreja como o Reino de Deus


porque ela não se restringe às paredes e entornos físicos
onde está instalada, mas vive diariamente a experiência
extramuros da evangelização por aqueles constituídos da
autoridade e poder dados por Jesus em forma de
ministérios e dons espirituais para alcançarem almas a
serem libertas e salvas pela providência divina. E, ainda, o
reino de Deus não está oculto àqueles que nele confiam;
ao contrário, é-lhes revelado através de sua fé e do
arrependimento que propicia a libertação do pecado e sua
cidadania neste reino (Cl 1:13,14).

[ 89 ]
O oleiro na mão do Vaso

CIÊNCIAS HUMANAS E CIÊNCIA DIVINA:


AÇÕES E REAÇÕES PERTINENTES

Galileu Galilei, pai da ciência moderna, sendo repreendido pela Igreja Católica.

O galileu divino, Jesus, e o Galileu científico não foram


compreendidos pelas autoridades religiosas de sua época.
Deus enviou o seu Filho Jesus para salvar a humanidade e
abençoou o cientista Galileu para desvendar para a
humanidade grandes descobertas astronômicas. O galileu
divino se levantou contra padrões estabelecidos pelas
autoridades religiosas aos quais elas davam mais

[ 90 ]
O oleiro na mão do Vaso

importância do que às questões religiosas em si pelo que o


reputaram por sedicioso; na verdade, foram as autoridades
religiosas que criaram confusão e não Jesus, pois preferiam
não reconhecer sua missão, atribuindo-lhe o crime de
insurreição quando, de fato, ele veio para a ressurreição. O
cientista Galileu, por sua vez, ao tentar provar que a
superfície da lua apresentava irregularidades e a superfície
do sol apresentava manchas escuras, derrubou o dogma da
Igreja acerca da perfeição do céu “físico” por ser a
habitação de Deus e dos anjos, pelo que as autoridades
religiosas o reputaram por herege.

Ambos sofreram as respectivas penalidades impostas pelas


autoridades religiosas de sua época as quais impunham as
suas autoverdades e execravam todas as revelações
“galileias”: Jesus ensinando a alguém como vai ao céu e a
ciência dizendo como vai o céu; a bíblia leva ao caminho da
salvação, e a ciência leva ao conhecimento do mundo físico.
No entanto, nada disso interessava àqueles que detinham
o poder de enviar seus condenados à crucificação, às
masmorras ou às fogueiras da inquisição visto que

[ 91 ]
O oleiro na mão do Vaso

julgavam inaceitáveis quaisquer questionamentos sobre


seus dogmas ou contestações ao poder vigente.

Por suspeição de heresia, Galileu se sujeitou aos


inquisidores-gerais da Igreja Católica, aos vinte e dois de
junho de 1633, pela condenação de desmentir suas
verdades, repudiar suas afirmações, renunciar suas
convicções, negando definitivamente suas teorias corretas
sobre o heliocentrismo – o sol no centro do sistema solar:
a terra não é o centro do universo, confirmando que os
astros não giram ao redor dela, mas ela é quem gira em
torno do sol –, visto que defendiam o geocentrismo – a
terra fixa no centro do universo e os demais corpos celestes
girando em torno dela –, mas parece ter dito em seu
silêncio a célebre frase que se eternizou como significado
de que, mesmo fazendo a vontade dos homens, eles não
podem destruir convicções, concepções e pensamentos
aprovados por Deus: “E, no entanto, ela gira” (Eppur si
muove). Um julgamento injusto!

[ 92 ]
O oleiro na mão do Vaso

Os teólogos de sua época pensavam que a compreensão


da estrutura física do mundo deveria se basear em uma
interpretação literal dos textos escriturísticos – 1 Crônicas
16:30; Salmos 93:1; 96:10; 104:5; Eclesiastes 1:5 –,
segundo afirmação de João Paulo II em 31 de outubro de
1992. Todavia, interpretavam erroneamente as Escrituras
no tocante à questão do geoestaticismo, pois no versículo
bíblico onde se lê que “Deus faz a terra flutuar (girar,
mover-se), suspende-a sobre o nada” –‫נ ֶֹ֣טה צ ֶָ֣פֹון ב עַל־‬
‫ִי־מה‬
ָ ָֽ ‫בל‬
ְּ ‫ת ֹהּו ֹּ֥ת ֹלה ֶ֗֝ארץ עַל־‬ –, entende-se que ela
permanece no ar segura pela força dos braços de Deus (Jó
26:7). Esse texto denota claramente que a terra está
suspensa no ar, e se diz estar “fixa”, sobre o nadavi no ar,
pelo fato de não cair por ser autossustentável, mas não por
ser imóvel, já que “no vácuo não há qualquer espécie de
corpo” conforme afirmação de Isaac Newton. A terra se
move sem se mover de seu lugar: um paradoxo divino!!! O
Senhor é tremendo; quem pode perscrutar a mente e os
feitos de Deus?! Pelos versículos bíblicos: Rm 11:34; Is
40:13; 1 Co 2:16, subentende-se que ninguém pode fazê-

[ 93 ]
O oleiro na mão do Vaso

lo. O homem tenta, mas é incapaz; daí, o surgimento de


exegeses falhas.

Por suspeição de heresia, Jesus não se sujeitou aos dogmas


das autoridades religiosas e não manteve silêncio sobre
suas convicções. Sofreu várias acusações infundadas
provenientes de palavras forjadas daqueles que se diziam
servos de Deus – sacerdotes, escribas e fariseus –, mas o
confrontavam por suas palavras de fé e de verdade e
tentavam, “a todo custo” (i.e., por interesses indignos),
suscitar falso testemunho contra ele para que tivessem o
direito de o condenar à morte (Mt 26:59); diziam-se servos
de Deus, mas se contradiziam ao agirem como subversores
da lei pela qual eles diziam zelar, pois, cerceavam o direito
de defesa do acusado, agiam arbitrariamente fora do
horário estabelecido para executar prisões sem mandados,
subornavam testemunhas a fim de alcançar seus astutos
intentos. Jesus foi julgado segundo a Lei Mosaica que era
imparcial, mas seus preceitos não foram seguidos à risca
como deveriam ser; antes, foi o interesse político-jurídico
que se sobressaiu e deu lugar à condenação mediante

[ 94 ]
O oleiro na mão do Vaso

ações contrárias às leis hebraicas e romanas. Um


julgamento injusto!

Enfim, Jesus estava cercado de verdadeiros “assassinos de


túnica” que não se lembravam do significado da própria
veste: não matar ninguém física ou espiritualmente, mas
foi tudo o que fizeram e tentaram fazer com Jesus, i.e.,
lograram seu mau intento no tocante à sua estrutura física
ao condená-lo pelo crime de blasfêmia que o levou à
crucificação, mas não lograram o mesmo quanto à sua
estrutura espiritual. Jesus conhecia seu interior e os
chamou de hipócritas porque eram um poço de mentiras e
pecados cobertos por mantos de largas faixas e longas
franjas enfeitados por fora, remetendo, porém, à ideia de
um sepulcro caiado (Mt 23:5,27,28).

Galileu morreu de morte natural, tendo sido poupado da


fogueira da Santa Inquisição, apesar da condenação à
prisão domiciliar pelo resto de sua vida por uma descoberta
que quase lhe custou a vida, mas não deixou de ser
imortalizado na história cientifica. Galileu não precisava

[ 95 ]
O oleiro na mão do Vaso

fazer sacrifício pela humanidade para lhe dar a salvação


eterna; Jesus, sim. Jesus, no entanto, morreu crucificado,
mas sempre foi eterno.

Há 27 anos, em 31 de outubro de 1992, o papa João Paulo


II intencionou corrigir a injustiça cometida pela Igreja
Católica mediante o ato simbólico de reconhecer que o
tribunal do Santo Ofício cometeu enganos no julgamento e
condenação de Galileu. Quanto a Jesus, mesmo que algum
homem pretendesse justificar os erros judiciários cometidos
contra ele, que não foram poucos, não há como a palavra
de um homem se sobrepor à palavra de Deus: as coisas
tinham de acontecer exatamente como aconteceram por
determinação de Deus – planos e propósitos divinos que
homem algum tem poder para mudar. Só uma coisa deve
ser lembrada: “O Filho do homem vai, como está escrito a
seu respeito. Mas ai daquele que trai o Filho do homem!
Melhor lhe seria não haver nascido" (Mt 26:24).

Apesar de tudo, pelo poder de Deus, a responsabilidade


daqueles erros já foi cobrada de cada um que os cometeu.

[ 96 ]
O oleiro na mão do Vaso

Eis a diferença entre a condenação de um homem comum


e um homem que é Deus. Eles pensavam que era tudo
igual; não reconheceram Deus. E o próprio Deus lhes cegou
os olhos do espírito porque buscavam conhecê-lo por meio
dos olhos materiais do entendimento humano, e não pelos
olhos espirituais da fé, pelo que Deus não queria curá-los –
visto que ele não pode negar-se a si mesmo, contrariando
a sua natureza – devido à sua infidelidade e incredulidade
que não pode ser transformada pela sua religiosidade.
Religião não salva ninguém. Só Jesus salva!

O Senhor Deus me disse:


— Vá e diga ao povo o seguinte: “Vocês podem escutar o
quanto quiserem, mas não vão entender nada; podem
olhar bem, mas não enxergarão nada.” Isaías, faça com
que esse povo fique com a mente fechada, com os ouvidos
surdos e com os olhos cegos, a fim de que não possam ver,
nem ouvir, nem entender. Pois, se pudessem, eles
voltariam para mim e seriam curados. (Is 6:9,10)
[Ver Ez 12:2;Mt 13:14-15; Mc 4:12; Lc 8:10; Jo 12:40; At
28:26,27]

Como Jesus pediu ao Pai para que os perdoasse, pois eles


realmente não sabiam o que faziam: pensavam estar

[ 97 ]
O oleiro na mão do Vaso

condenando à morte um homem comum, julgando-se a si


mesmos poderosos como Deus na terra. Porém, o homem
que julgaram era o Juiz dos juízes, o Advogado dos
advogados, o Rei dos reis e Senhor dos senhores; portanto,
não precisava do socorro deles nem da sua intervenção em
favor dele; se ele quisesse, ordenaria uma legião de anjos
para defendê-lo, mas não o fez porque sabia do dever de
cumprir com a sua missão.

Em vista disso, o que os homens lhe fizeram apenas


contribuiu para que acontecesse o que a respeito dele
estava escrito. Era escriturístico e não humano; por isso,
ninguém podia livrá-lo daquela condenação injusta aos
olhos humanos, mas o sacrifício perfeito aos olhos de Deus.
Ele poderia fazer tudo, mas nada fez, deixando-se ser
levado para o sacrifício que era todo seu e ninguém poderia
tirá-lo dele. Eles faziam mal, mas não sabiam que era pelo
poder e vontade de Deus. Contudo, de qualquer forma, eles
foram responsáveis pelos seus atos, assim como foi Judas,
o traidor.

[ 98 ]
O oleiro na mão do Vaso

Em suma, Galileu humano e galileu divino (quando


maiúsculas e minúsculas fazem diferença sintática, sem
afetar a diferença semântica) – duas condenações
equivocadas que injustiçaram inocentes por parte de quem
de fato era o culpado. É o Senhor quem nos instrui (Is
28:26,29). Meu entendimento vem dele de que Galileu agiu
daquela maneira, mas Jesus agiu diferente. O Senhor me
mostrou a diferença nos comportamentos entre eles, sobre
como agiram diante dos homens em vista de suas
declarações, e como foram condenados: o primeiro, não
condenado à morte pelos homens porque anuiu à vontade
deles em renegar suas convicções em favor da própria vida;
o segundo, condenado à morte pelos pelos homens porque
determinou cumprir a sua missão em detrimento da
vontade dos homens e da própria vida; o primeiro pensou
em si (sem desmerecer sua contribuição histórica para a
humanidade), enquanto o segundo pensou em toda a
humanidade.

[ 99 ]
O oleiro na mão do Vaso

PSEUDOCIÊNCIAS E SUAS PSEUDADES

As pseudociências sofrem processo de involução ao invés


de evolução, pois se fundamentam em falsas premissas
dado que não se originam da aplicação de métodos
científicos e, por isso mesmo, carecem de comprovações
empíricas. Todavia, isso não importa porque se moldam às
preferências das pessoas e à essência das épocas.
Socioculturalmente, elas têm o seu valor, não respaldadas,
porém, pela comunidade científica porquanto detentoras de
teorias infundadas.

A ciência, por sua vez, também sofre involução quando


pretende negar a existência de Deus haja vista se desfocar
de seu objetivo específico ao interferir em uma área do
conhecimento que não lhe diz respeito. Ademais, a ciência
não tem todas as respostas, de modo que não é absoluta
justamente por depender de validações empíricas. Alguns
cientistas involuem em suas próprias declarações que,
aliás, revelam-se contraditórias no tocante a esse tema.

[ 100 ]
O oleiro na mão do Vaso

Em uma entrevista exclusiva para o jornal britânico The


Guardian, o cosmólogo Stephen Hawking (já falecido)
declarou que “A crença de que o céu ou a vida após a morte
nos espera é um conto de fadas para pessoas que têm
medo da morte”. Em entrevista ao jornal Der Spiegel,
Hawking admitiu a possibilidade de “o universo ter sido
determinado pelas leis da ciência, mas isso não prova que
Deus não existe; apenas que ele não é necessário”.
Anteriormente, porém, quando lhe perguntaram se Deus
teve um papel no universo antes do Big Bang, ele admitiu
que sim: “Acho que só ele pode responder por que o
universo existevii.

Em um de seus livros “Uma breve história do tempo” ele


declara que “se nós descobrirmos uma teoria completa,
então nós conheceríamos a mente de Deus”. Porém, em
seu livro “O Grande Projeto” ele diz que “Deus não tem
mais lugar nas teorias sobre criação do universo”. Com
essas afirmações, ora ceticistas, ora anticeticistas, percebe-
se que seus argumentos refletiam uma falta de equilíbrio
entre as dicotomias razão e fé e ciência e religião.

[ 101 ]
O oleiro na mão do Vaso

Uma ciência como falsamente lhe chamam (1 Tm 6:20,21)


não tem a aprovação de Deus, pois se trata de uma
pseudociência que, no tocante aos textos bíblicos, envolve
contradições e se perde nessa classificação. Quanto à
ciência em si, Deus não a reprova; ao contrário, como está
escrito: Deus deu sabedoria e inteligência para conhecerem
todos os aspectos da cultura e da ciência (Dn1:17). Deus a
aprova se fidedigna, mas Deus reprova as pseudociências.
No entanto, a grande maioria dos cientistas ignora os
preceitos escriturísticos. Por sua vez, os pseudocientistas,
além de ignorá-los, amalgamam ciência com espiritualidade
ocasionando um hibridismo de metodologias diversas para
alcançar um fim específico – a chamada cura interior por
meio de tratamentos terápicos como hipnose; predições
sobre o futuro por meios astrológicos; paranormalidades
que averiguam fenômenos psíquicos etc.

Conhecendo a Deus, ou, antes, sendo conhecidos por Deus,


como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres,
aos quais de novo quereis servir? (Gl 4:8,9).

[ 102 ]
O oleiro na mão do Vaso

ESCLARECENDO TERMINOLOGIAS E SEUS USOS:


ASTROLOGIA E ASTRONOMIA

A astrologia preconiza que a posição dos astros, no


momento em que uma pessoa nasce, determina seu caráter
e fataliza seu destino. Nesse posicionamento, ela descamba
para o lado da prática divinatória que implica um
afastamento de Deus porque se aplica à predição do futuro,
coisa que só Deus tem o poder de realizar (Is 46:9,10).

A astronomia, diferentemente, é uma ciência aprovada por


Deus porque estuda o universo, os corpos celestes, o
espaço sideral, a fim de os analisar e explicar em sua
origem, constituição, formas e movimentos. Os sábios do
oriente, por exemplo, além de serem guiados pela ciência
da astronomia (e não astrologia) foram também guiados
por Deus (Nm 24:17; Mt 2:1-12).

[ 103 ]
O oleiro na mão do Vaso

Na esfera da investigação especulativa:

Ufologia
“As investigações científicas revelam novas maneiras com
as quais Deus trabalha e nos trazem revelações mais
profundas do totalmente desconhecido.”
(Maria Mitchell – Astrônoma)

A Ufologia ou Ovinilogia estuda os UFO (Unidentified Flying


Objects) cuja tradução é “Objetos Voadores Não
Identificados” (OVNIs). Edward J. Ruppelt (1956) declarou
que UFO foi um termo oficial que ele criou para substituir
as palavras “discos voadores”. Alguns grupos
independentes de pesquisa científica acreditam que esses
objetos sejam ocupados por seres extraterrestres em visita
à Terra; contudo, não há quaisquer evidências que
comprovem a existência dessas civilizações segundo uma
das vertentes do Paradoxo de Fermi. Com base na ausência
dessas evidências, a comunidade científica rejeita essa
crença e configura a Ufologia como uma pseudociência,
pois atua com bases meramente hipotéticas não passíveis
de explicações sobre as causas ou mecanismos de seus

[ 104 ]
O oleiro na mão do Vaso

respectivos fenômenos. Contudo, reage o ufólogo Carl


Sagan: “A ausência da evidência não significa evidência da
ausência”.

Essa pseudociência tem se introduzido na esfera religiosa


por meio de seitas OVNI que preconizam um novo
entendimento dos textos bíblicos, declarando que o homem
é responsável pela sua salvação visto que Deus não existe
tampouco alma e que Jesus foi clonado por ETs. Os
Raelianos são, pelo menos, um exemplo desse tipo de
movimento religioso. Movimentos religiosos cristãos
normalmente acrescentam novas doutrinas bíblicas às
Escrituras Sagradas ou lhes subtraem as verdades bíblicas,
encaixando os textos religiosos em suas teorias a fim de
alcançar respaldo doutrinário.

Trata-se de um homem pretendendo tomar o lugar de


Deus. Claude Vorilhon (Rael) se considera o profeta final
antes do retorno dos Elohim em 2025, e seus seguidores o
consideram o profeta do terceiro milênio. Ele coloca Jesus
em segundo plano como um simples profeta comparado a

[ 105 ]
O oleiro na mão do Vaso

tantos outros. Ele, porém, declara que foi levado ao planeta


dos Elohim em um disco voador em 1975, onde foi
apresentado a terráqueos famosos como Jesus. Esses
Elohim são pequenos seres em forma humana com olhos
de amêndoa e pele verde pálida pelos quais o Deus judaico-
cristão foi inspirado. Ou seja, Deus é uma imitação dos
Elohim originais.

Foram esses seres que informaram a Vorilhon que ele seria


o profeta final com o novo nome de Rael, antes do retorno
dos Elohim a Jerusalém em 2025. Já está bem perto, não
é?! Ele se tornou um profeta enviado para transmitir à
humanidade uma mensagem de paz e de meditação
sensual que configura a prática hedonista – o que atrai
muitos seguidores, além de afirmar que os seres humanos
assim como qualquer espécie de vida na Terra foram
criados por meio do DNA de alienígenas em seus
respectivos laboratórios aproximadamente há 25.000 anos.
Apesar de todo esse esforço alienígena, parece que o gênio
da astrofísica Stephen Hawking não concordava com tal
colocação sobre paz: “Se os extraterrestres nos visitarem

[ 106 ]
O oleiro na mão do Vaso

algum dia, acredito que o resultado será parecido a quando


Cristóvão Colombo desembarcou na América, um resultado
nada positivo para os nativos”.

Rael defende a clonagem com o caminho para a


imortalidade como meio de salvação providenciado pelos
criadores alienígenas, os que criaram a humanidade
cientificamente (em detrimento da criação por Deus, o
Criador), opondo-se às restrições da moralidade cristã em
prol de uma vida de beleza e sensualidade em que o prazer
é a expressão máxima do objetivo da vida. Destarte, sua
doutrina tem como base o hedonismo e a experimentação
sexual em larga escala desde que o fim único seja o prazer
globalviii.

Paranormalidade

“Equipado com seus cinco sentidos, o homem explora o


Universo ao seu redor e chama suas aventuras de
ciência.”
(Edwin Powell Hubble – Astrônomo)

[ 107 ]
O oleiro na mão do Vaso

A paranormalidade – um dos objetos de investigação da


Parapsicologia (uma pseudociência) – ultrapassa os cinco
sentidos naturais – visão, olfato, paladar, audição e tato –
que fazem parte do sistema sensorial do corpo humano.
Assim, ela se classifica como fenômeno sobrenatural.
Etimologicamente, “paranormal” significa além do (para-)
normal (-normal).

Trata-se, portanto, de algo que não pode ser explicado


cientificamente: vida extraterrestre; OVNIs; habilidades
psíquicas; mediunidade (espiritismo) – envolve fenômenos
como percepção extrassensorial (PES/ESP) [dividida em
cinco categorias como telepatia, pré-cognição, pós-
cognição, clarividência, bilocação de consciência
(clarividência viajeira ou viagem astral ou
desdobramento)], fantasmas, telecinesia ou psicocinesia,
poltergeist (psicocinesia recorrente espontânea), vida após
a morte, reencarnação, curas (humanas ou de fé),
psicofonia, psicografia. Esses são, portanto, fenômenos
não suscetíveis a uma completa compreensão,
principalmente no que tange à falta de evidências que

[ 108 ]
O oleiro na mão do Vaso

provem a veracidade dos relatos. Todavia, contrapondo-se


a esses argumentos, novamente é oportuna a citação do
ufólogo Carl Sagan: “A ausência da evidência não significa
evidência da ausência”.

Terence Hines (2003) classifica a paranormalidade como


um subconjunto de pseudociência visto que ela se
diferencia de outras pseudociências devido à dependência
de explicações de alegados fenômenos que estão bem fora
dos limites da ciência estabelecida e que são formuladas
em termos vagos de “forças psíquicas”, campos de energia
humana” etc., o que contrasta com muitas explicações
pseudocientíficas para outros fenômenos não-
complementares, que, apesar de uma ciência muito ruim,
ainda são formulados em termos científicos aceitáveis.

A paranormalidade tem se introduzido na esfera religiosa a


partir da manifestação de muitos daqueles fenômenos
supracitados, dentre eles a mediunidade cujo maior
estudioso foi Allan Kardec que a definiu nos seguintes
termos: “Todo aquele que sente em um grau qualquer

[ 109 ]
O oleiro na mão do Vaso

influência dos espíritos é, por esse fato, médium”, o qual é


considerado um porta-voz do mundo espiritual onde cria
uma ponte entre os espíritos e as pessoas vivas por meio
da qual se comunicam. Nesse sentido, a religião de Kardec,
o Kardecismo, anuncia Jesus como um médium e não como
Deus de modo que a salvação se dá pela caridade, esforços
próprios, reencarnação e carma. Dessarte, surge a doutrina
da reencarnação para elucidar esse processo salvífico
proveniente de princípios espíritas.

Segundo Campello (2010, pp. 161-165), a palavra


“reencarnação” significa a reassunção da alma à forma
material em vidas sucessivas e múltiplas. Esse princípio é
veementemente negado pelo cristianismo original (...) A
reencarnação funciona como uma oportunidade de se
corrigirem erros de vidas passadas, (...) como oportunidade
de progresso espiritual contínuo até atingir a perfeição,
através da pluralidade de existências terrestres, sem
descartar as possibilidades extraterrestres. A única
oportunidade certa é Jesus.

[ 110 ]
O oleiro na mão do Vaso

Apologeticamente, contudo, Campello apresenta em


seguida versículos que elucidam a incompatibilidade bíblica
com a doutrina da reencarnação, explicando-os:

1) A suposta mediunidade de Jesus é negada pelo versículo


em que Jesus declara a sua paternidade divina:

“Respondeu-lhes Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a


vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14:6).
Observe a conjugação do verbo VIR: ‘Vem’ e não ‘vai’.
JESUS É O PAI!

2) A suposta reencarnação de Elias como João batista, em


Mateus 11:14, é negada pelos pressupostos exegéticos:

Como poderia Elias reencarnar se não desencarnou, mas


foi assunto ao céu sem ter experimentado a morte
conforme consta em 2 Rs 2:11? A interpretação correta do
texto recai sobre a semelhança das características e missão
de ambos que leva à compreensão de João Batista como o
Elias profético e não reencarnado.

[ 111 ]
O oleiro na mão do Vaso

3) A contradição do princípio reencarnacionista com relação


ao aparecimento de Elias no evento da Transfiguração de
Jesus em Mateus 17:1-8:

Se João Batista fosse a reencarnação de Elias, o mesmo


João deveria aparecer e não Elias, já que de acordo com a
doutrina da reencarnação o espírito encarnado assume o
aspecto da última existência.

4) Impossibilidade da aplicabilidade da reencarnação a toda


a humanidade com base em Mateus 19:29 e Lucas 18:30:

Se a reencarnação fosse possível e aplicável a toda a


humanidade, Jesus não teria dito em Lucas 18:30 que não
receba, no presente (o que significa “nesta vida”),
muitas vezes mais e, no mundo por vir, a vida eterna
(o que significa “vida eterna com Deus”, sem
reencarnações). A má interpretação (...) ocorre devido à
ininteligibilidade dos espíritas que afirmam significar esta
última frase uma promessa de Jesus que, ao proferir a

[ 112 ]
O oleiro na mão do Vaso

expressão “muitas vezes mais”, significava uma centena de


mães, (...) uma centena de nascimentos, uma centena de
reencarnações, evidentemente.

5) A aplicabilidade do princípio da Responsabilidade Pessoal


em harmonia com Lucas 23:39-43 concernente ao diálogo
entre os dois malfeitores que ladeavam Jesus na cruz:

Conforme as palavras de um dos malfeitores, eles estão


recebendo nesta existência o castigo que merecem, e não
em outra existência, em outro corpo. Eles estão pagando
pelos seus próprios pecados, pois ninguém tem que
carregar o pesado fardo deles. Oportuno lembrar o tema
de Ezequiel 18: A responsabilidade é pessoal. Cada um
responde pelos seus próprios atos. Somente Jesus como
Deus pode carregar os pecados do mundo e absolver os
culpados mediante sincero arrependimento (...)

6) “Nascer de novo” não implica noção de reencarnação,


mas de conversão, regeneração e consequente
ressurreição pelo Espírito de Deus:

[ 113 ]
O oleiro na mão do Vaso

Em João 3:3, diferentemente de reencarnação,


regeneração significa mudança das tendências da alma no
mesmo corpo em que esta habita nesta existência; isto é
“nascer de novo”, que de acordo com a etimologia grega
significa “nascer do alto”; quer dizer, a pessoa é
transformada pelo poder de Deus quando ela nasce de
novo da água (Palavra de Deus) e do Espírito (v. 5). (...)

Outro texto bíblico também muito citado com o propósito


de justificar a doutrina espírita se encontra em 1 Samuel
28:7-25. Esse trecho apresenta uma sessão espírita no
âmbito das Escrituras Sagradas. Por que será que existe a
descrição de tal evento no contexto bíblico? Nada é por
acaso; não existe acaso. Deus permite que as coisas
aconteçam por um propósito que no momento certo se
descortina para o cumprimento da sua vontade: ilustração
pedagógico-doutrinária para os seus filhos receberem e
transmitirem reciprocamente em seus ambientes de
estudos teológicos e apologéticos. Para isso, é mister
prudência na leitura, exegese imparcial, seriedade diante
de Deus.

[ 114 ]
O oleiro na mão do Vaso

O versículo 3 relata que Saul tinha expulsado todos os


médiuns e adivinhos de Israel. Porém, o versículo 7 mostra
Saul ordenando aos seus oficiais que procurassem uma
médium para se consultar visto que o profeta Samuel já
havia morrido e, em seu desespero, não sendo mais
respondido por Deus, nem por profetas, nem por sonhos,
nem por Urim, precisava saber o que deveria fazer com
relação ao ataque iminente do exército dos filisteus. Saul
encontrou a mulher médium e lhe pediu que consultasse os
espíritos para ele. Ela lhe perguntou quem ele queria que
ela fizesse subir, e ele lhe respondeu: “Samuel”. Ao citar
Samuel, logicamente a mulher deduziu que o consulente se
tratava de Saul. Como?

1) Saul foi acompanhado de dois dos seus homens. Que


pessoa comum procuraria uma adivinha no meio da noite
acompanhada por dois homens, não comuns, mas oficiais,
que não se consultariam? Note-se que a expressão “dois
dos seus homens” significa “dois oficiais” (v.7), ou seja,
denota “homens a serviço de outro”.

[ 115 ]
O oleiro na mão do Vaso

2) Depreende-se do texto que somente Saul se disfarçou


com roupas diferentes porque a ênfase acerca da
vestimenta recai apenas sobre ele, o que implica os dois
homens estarem com suas vestes oficiais. Daí, qualquer
pessoa poderia deduzir que o homem acompanhado só
poderia ser alguém de posto elevado.

3) Em sua posição de rei, todo o povo conhecia a relação


de Saul com o profeta Samuel (1 Sm 10:24). Já desconfiada
da apresentação de Saul por estar na companhia de dois
oficiais (1 Sm 28:8,9), a médium temia ser pega numa
armadilha. Se se tratasse de um homem comum, ela não
teria se incomodado a ponto de relembrar os feitos
anteriores de Saul contra os médiuns e adivinhadores. Na
verdade, sua pergunta a Saul implicitava um pedido de
garantia de vida (v. 9) pelo que Saul lhe prometeu em nome
do Senhor que não lhe faria mal algum (v. 10).

4) Portanto, não seria nada difícil para a médium supor que


se tratava do rei Saul, por essas evidências anteriores e
pela seguinte, quando ele lhe pede que faça subir a Samuel,

[ 116 ]
O oleiro na mão do Vaso

o profeta que o ungiu rei sobre Israel. Esse era o sinal final
de que ela precisava para ter a certeza de que aquele
homem era Saul. Isso lhe facilitou a proposital
manifestação de espanto, gritando ardilosamente o nome
de Samuel conforme consta no original em hebraico cujo
versículo apresenta o verbo “ver” com o sentido de deduzir
ou entender (por dedução); ela viu um vulto e deduziu que
era o espírito de Samuel; então, ela gritava como se o
estivesse vendo, a fim de demosntrar ao consulente real
que conseguira invocar o espírito do morto. Porém Saul não
via nada, ao que lhe perguntou de quem se tratava e ela
lhe respondeu, descrevendo os seus trações característicos
(vv. 12-15). Todo o tempo, desde a chegada de Saul, a
médium usou o método dedutivo com base na relação
espiritual que unia Saul e Samuel.

A médium nesse capítulo é a representação de uma


embusteira que se aproveita das coisas relacionadas a Deus
para respaldar sua falsa espiritualidade. Portanto, essa
referência bíblica não serve como base para justificar
doutrinas espirituais; antes, consta nas Escrituras Sagradas

[ 117 ]
O oleiro na mão do Vaso

justamente para que sirva de alerta ao povo de Deus para


que não pratique as coisas que fez um homem escolhido
por Deus que depois o rejeitou.

Ademais, como está escrito (e Saul sabia que era isso


previamente determinado por Deus, assim como os cristãos
o sabem), Deus exorta a que não se busque a necromancia
cujo praticante não busca a direção divina para obter
informações tampouco o espírito de uma pessoa falecida
pode ser consultado para dar informações. A quem se
busca, então?! Assim, a necromancia corresponde à
adivinhação, feitiçaria e espiritismo, algo proibido por Deus
e abominável aos seus olhos.

Espíritos de entes queridos que já partiram não podem ser


confundidos com espíritos demoníacos. Logo, se há
intenção em se comunicar com os mortos ou sondar a
respeito de coisas futuras, quem conhece a Deus sabe que
isso não tem a sua aprovação por não ser bíblico, mas o faz
quem assim o deseja e decide não obedecer à palavra de
Deus. Deus proíbe, mas a escolha entre fazer e não fazer

[ 118 ]
O oleiro na mão do Vaso

está no poder decisório do indivíduo que é responsável


pelas consequências de seus atos:

Nem quem consulte os mortos (Dt 18:11);

Se alguém procurar a ajuda dos que invocam os espíritos


dos mortos e dos que adivinham o futuro, eu ficarei contra
essa pessoa por causa desse pecado e a expulsarei do meio
do povo (Lv 20:6);

Não procurem a ajuda dos que invocam os espíritos dos


mortos e dos que adivinham o futuro. Isso é pecado e fará
com que vocês fiquem impuros. Eu sou o SENHOR, o Deus
de vocês (Lv 19:31);

A natureza humana produz (...) as feitiçarias (...) Os que


fazem essas coisas não receberão o Reino de Deus (Gl
5:21);

E muitos daqueles que praticavam feitiçaria ajuntaram os


seus livros e os trouxeram para queimar diante de todos
(At 19:19).

[ 119 ]
O oleiro na mão do Vaso

METODOLOGIAS NÃO CONDIZENTES

“Todo pastor precisa de um Coach.”


(Bill Hybels)

Metodologias não condizentes. Não condizentes com o


quê?

Um coach (instrutor) é uma pessoa que motiva e aconselha


seu coachee (cliente) a fim de encorajá-lo a evoluir em sua
área profissional. Trata-se de um profissional que usa
metodologias e técnicas diversas, conforme as
necessidades previamente colocadas ou conforme se
apresentam, com o propósito de beneficiar outro
profissional, proporcionando-lhe o conhecimento
necessário para desenvolver de forma pragmática os
conceitos de competência e desempenho em sua esfera
ocupacional. Para tanto, logicamente, como profissional,
ele deve ser remunerado pelo seu trabalho; mais do que
justo!

[ 120 ]
O oleiro na mão do Vaso

Por outro lado, um cristão também pode querer aprender a


ganhar dinheiro dessa forma. Ele pode se tornar um coach,
usando as coisas de Deus profissionalmente como o espaço
da igreja, por exemplo – o templo onde se realizam cultos
e outros departamentos onde regularmente se desenvolve
o processo ensino-aprendizagem no âmbiro bíblico-
teológico. Nesse sentido, ele pratica o coaching pessoal na
ramificação do coaching de relacionamento cujo enfoque
são as emoções e os comportamentos que costumam
impedir o coachee (irmão) de alcançar os seus objetivos.

Desse modo, com base em uma confiança pré-estabelecida


entre ele e o irmão (cliente), ele passa a servir na igreja
como um treinador, um instrutor que induz o seu ouvinte a
identificar problemas, assumi-los e a definir metas para
poder melhorar sua performance nas áreas desejadas ou
onde haja necessidades. Para tanto, ele se pauta em
tratamentos humanos de fundo psicológico, filosófico,
sociológico para superação de traumas, depressão, fobias,
ansiedades, melhora da autoestima, da autoconfiança,
desenvolvimento intelectual, despertamento para aptidões

[ 121 ]
O oleiro na mão do Vaso

latentes etc.; deixa, portanto, de atuar como um servo de


Deus cuja base doutrinária são os textos bíblicos e suas
respectivas exortações para o aprimoramento do ser
humano como um todo, i.e., numa abrangência física,
mental, emocional e espiritual, que não apenas impede a
somatização de conflitos internos, mas também
proporciona a liberdade ou a cura espiritual que procede do
poder de Deus.

Não se pode confundir plano espiritual com plano físico


tampouco igreja com empresa ou Deus com coach! Está
faltando discernimento a alguns líderes da igreja ou
responsáveis por ministérios eclesiásticos que parecem
segui-la, mas adotam metodologias que funcionam como
“um caminho” para atingir algum fim ou para alcançar
algum conhecimento. Em contrapartida, abandonam “O
Caminho” que é Jesus, porém permanecendo dentro do seu
campo de atuação que é a Igreja.

Esse abandono implica a mutação da igreja em consultório


espiritual onde se realizam terapias mediante uma teoria de

[ 122 ]
O oleiro na mão do Vaso

coaching criacional onde entendem que o indivíduo pode


assimilar sua existência como causa e não consequência,
no caminho da autodescoberta que o conduz ao
despertamento de um poder infinito que já possui dentro
de si, um homem-deus que pode alcançar resultados
infalíveis em quaisquer áreas da vida, descobrindo onde
está, aonde deseja chegar e o modo como fazê-lo
acontecer.

Isso mais se assemelha a conceitos básicos de religiões e


doutrinas não cristãs e antibíblicas, pois nada têm a ver
com a obra de Jesus Cristo. Usam-se métodos pragmáticos
pelos quais se pré-estabelecem resultados a serem
alcançados pelo(s) interessado(s) – individual ou
coletivamente – dentro de um prazo pré-estabelecido e
acordado entre as partes, coach e coachee. Esse tipo de
coaching no âmbito da Igreja lida com Jesus como se fosse
um Life Coach que oferece resultados insuperáveis e
eternos aos que manifestam a fé para potencializar em si
mesmos aquilo que já lhes é inerente, independente de
poder divino. Devido à sua grande credibilidade, Jesus e

[ 123 ]
O oleiro na mão do Vaso

seus ensinamentos passam a funcionar como um suporte


metodológico – Jesus Coach – cujos recursos se encontram
nos textos do Novo Testamento que passam a ser
manipulados segundo as necessidades da área de
conhecimento ou de atuação em foco, e não lidos segundo
o plano salvífico de Jesus: considerando todos os aspectos
soteriológicos apresentados nos respectivos textos neo-
testamentários onde a questão sobre pecado e práticas
mundanas não se coaduna com o propósito da
reconciliação com Deus para alcançar a graça da salvação
eterna. Esses conceitos bíblicos divergem da noção de
coaching que visa aspectos no plano horizontal da
materialidade humana em oposição ao plano vertical da
espiritualidade do ser cujos objetivos destoam das
propostas de mero desenvolvimento pessoal que enfoca a
autoconsciência e independência de Deus em detrimento
do conceito cristão da mente de Cristo e da dependência
de Deus. Há uma clara divergência entre Jesus Cristo e
Jesus Coach.

[ 124 ]
O oleiro na mão do Vaso

O principal ponto divergente e contraditório entre Jesus


Cristo e a metodologia Jesus Coach se encontra na
proposição dessa última que está relacionada a uma visão
deísta em que Deus “não tem o controle de todas as coisas”
de modo que uma pessoa pode melhorar significativamente
em quaisquer aspectos de sua vida sem precisar de Deus.
Trata-se, portanto, de um discurso polêmico e intrigante
porque ao mesmo tempo que se fala que Deus não está no
controle, também se enfatiza que Deus é o Deus do
impossível, que as causas impossíveis estão nas mãos de
Deus e que as causas possíveis são nossas, mas se coloca
Deus como não estando no controle e quem está no
controle da nossa vida somos nós mesmos. Além de
polêmico é conflituoso porque se cria uma complicação no
entendimento das coisas de Deus, ora declarando sua
manifestação dadivosa, ora declarando que ele não detém
o controle de nada no tocante à sua criação.

No entanto, é importante ter conhecimento de alguns


versículos bíblicos que vão de encontro a essa colocações,

[ 125 ]
O oleiro na mão do Vaso

ao mostrar que ninguém está livre de nada, a não ser que


Deus o livre:

Antes, subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para


que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma
maneira a ficar reprovado (1 Co 9:27 );

Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe que não caia (1
Co 10:12);

Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é


Deus, que vos não deixará tentar acima do que podeis;
antes, com a tentação dará também o escape, para que a
possais suporta (1 Co 10:13);

Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas


convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as
coisas edificam (1 Co 10:23);

Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos


judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus (1 Co
10:32).

Não mais sejamos meninos, inconstantes, levados ao redor


por todo vento de doutrina, pela fraudulência dos homens,
pela astúcia tendente à maquinação do erro (Ef 4:14).

É mister pensar nos outros e não pensar somente em si


mesmo (coaching), pois a vida de um cristão não é somente

[ 126 ]
O oleiro na mão do Vaso

para si. Principalmente pensar em Jesus para que as


próprias ações não causem escândalo na sociedade e no
meio cristão. Urge um cuidado para não ser arrogante e
pensar que está livre de todas as coisas. É como está
escrito acima sobre quem pensa estar de pé ter cuidado
para não cair. No coaching, a pessoa desfruta de uma
autoajuda, i.e., auto-, um prefixo que denuncia uma ação
em favor apenas de si mesmo – algo que diverge dos
ensinamentos de Jesus, pois contradiz o ensinamento
cristão de ajudar o irmão necessitado (1 Jo 1:37) –, além
de descartar, arbitrariamente, a necessidade de se recorrer
à ajuda de Deus para que intervenha em seu favor quando
os seus possíveis se tornam impossíveis (Gn 18:14; Êx
14:13-18; Jr 32:7; Jó 42:2; Sl 147:5; Zc 8:6; Mt 17:20;
19:26; Mc 9:23; 10:27; Mc 11:24; Lc 1:37; 18:27; Jo 11:40;
At 2:23,24).

Cuidado! Não se iluda! Deus tem o controle de tudo, do


impossível e do possível! Deus é Deus, por mais que
COACHem contra! Os fazedores de dinheiro COACHam em
altas vozes: “Deus não tem o controle de tudo!!!” É preciso

[ 127 ]
O oleiro na mão do Vaso

muito cuidado com tudo de “bom” que se nos apresenta.


Nem tudo o que brilha é ouro, mas pode ser fogo que
consome. Nem tudo o que brilha tem Deus. É preciso
discernir ganhos de perdas, pois essas simulam um ganho
que, na realidade, envolve perdas significantes. Porém,
tratando-se de um coach cristão que não perde Deus de
vista e que sabe como, quando e onde aplicar devidamente
o trabalho de coaching, ele tem sabedoria para não perder
o essencial – sua comunhão com Deus, e ainda ganhar cem
vezes mais – por causa de uma efêmera ambição terrena.

Eu afirmo a vocês que isto é verdade: aquele que, por


causa de mim e do evangelho, deixar casa, irmãos, irmãs,
mãe, pai, filhos ou terras receberá muito mais, ainda nesta
vida. Receberá cem vezes mais casas, irmãos, irmãs, mães,
filhos, terras e também perseguições. E no futuro receberá
a vida eterna. (Mc 10:29,30).

Primeiro, é necessário crer que “Deus está no controle de


tudo” diferentemente do que fazedores de dinheiro andam
“COACHando” pelo mundo em altas vozes, ou melhor, em
altas palestras nacionais e internacionais: “Deus não tem
controle de nada!” Deus tem o controle de TUDO — do

[ 128 ]
O oleiro na mão do Vaso

impossível que só ele pode realizar, e do possível que o


homem pode realizar (Mc 10:27). Ele também tem o
controle do possível porque nem sempre as possibilidades
humanas são um bom caminho, coisa que o homem muitas
vezes desconhece, mas Deus sempre o sabe, e ajuda o
homem para não ser prejudicado. Deus é bom e cuida dos
seus. O crente fiel não tem uma visão deísta em que Deus
abandona o seu povo à mercê de suas próprias iniciativas
meramente humanas em detrimento das ações
providencialistas divinas.

Muitos têm aprendido a ganhar altas somas de dinheiro às


custas de Deus, “em nome de Deus”, porém sem Deus.
Como assim?! Aproveitando-se de textos bíblicos, de
doutrinas bíblicas, de eventos “evangelísticos”, e coisas
afins. Esses costumam seguir o exemplo de homens como
Saul (1 Sm 15:19) e Acabe (1 Rs 20:34), religiosos de
ocasião, cobiçosos, e fazem o que é mal aos olhos de Deus,
desobedientes às suas ordens (1 Sm 15:9; 1 Rs 20:32) – é
mister que se ACABE com essa SAULidade!!! Esses não
apenas vão em busca de bens e lucros, mas, ainda pior,

[ 129 ]
O oleiro na mão do Vaso

desprezam a verdade e a palavra de Deus. Dão mais


importância às vozes humanas (1 Sm 15:24) do que à voz
de Deus; têm mais temor dos homens do que de Deus, pois
fazem questão de acentuar o argumento falaz sobre uma
inépcia de Deus inexistente a fim de agradar os que não
acreditam nele ou que optam por não acreditar. A koinonia
deles é com o homem!

Técnicas provisórias não garantem uma definitiva


libertação espiritual ou emocional. A sensação de liberdade
é efêmera e o mal permanece recidivo. Só Jesus liberta e
cura uma vez por todas! Não se deixem enganar. Por mais
prósperos que sejam em suas profissões, seria melhor se
buscassem Jesus Cristo, pois as somas vultosas que
“ajuntam em celeiros” (Lc 12:16-21) podem ser de grande
valia na esfera material, mas não corrigem questões
espirituais das quais eles sofrem (mas não assumem) e
muito menos das dos outros que os seguem.

Na verdade, eles se acham Deus!!! Para uma pessoa na


posição deles a fé é algo descartável, de modo que o que

[ 130 ]
O oleiro na mão do Vaso

deve imperar é uma dependência deles em detrimento da


devida dependência de Deus de quem ironizam a bel-
prazer. Isso faz parte do seu conteúdo doutrinário cujo
objetivo é mostrar que uma pessoa pode melhorar sem
Deus e livre de seus ensinamentos bíblicos. Eles bem que
poderiam parar um pouquinho e refletir sobre esta palavra:
Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe que não caia (1
Co 10:12). Que possam buscar o Senhor enquanto é
possível achá-lo e que clamem por ele enquanto está perto
(Is 55:6).

Uma metodologia é não condizente quando suas teorias


descambam da sua área de atuação; perde o foco. Uma
área do conhecimento pode buscar outras para
aprimoramento, mas não pode interferir em outra ou se
sobrelevar a outra; teologia com coaching!!! Mamom
hodierno na igreja!!! Coach como Novo Movimento
Religioso (NMR) é uma afecção à Igreja de Jesus Cristo,
pois abala o real sentido da doutrinação que deve
permanecer bíblica em sua essência.

[ 131 ]
O oleiro na mão do Vaso

A prática de Coach deve se restringir à esfera profissional,


e não à evangélica, na igreja, destituindo os ensinamentos
de Jesus ou manipulando-os para respaldar suas teorias
humanas. Pastor estudando coaching para aplicar na igreja
evidencia um desvio de foco no tocante ao padrão de
ensinamento bíblico, pois acrescenta à bíblia um novo
recurso didático-pedagógico não correspondente à
mensagem escriturística. Há nisso um misto de espiritual
com material. Quer coach, vá para o mundo e não para a
igreja! Não confundam as coisas. Deus não é Deus de
confusão!

Coach-treinador desenvolve um processo específico para


seu coachee alcançar seus objetivos. Visa o crescimento do
indivíduo em várias áreas da vida humana. O coachee-
cliente busca um objetivo material a ser alcançado. Um
coach no âmbito da igreja possui um deus dentro dele que
não é Deus, o que o torna um semi-deus. Trata-se,
portanto, de um sistema, e não de Igreja como essa deve
ser e se propõe a ser – pastores que falam de coach têm
mais de cem mil visualizações nas redes sociais e todos

[ 132 ]
O oleiro na mão do Vaso

aplaudem: Que lindo! Isso é evolução ou involução bíblico-


teológica?! Não se deve misturar evangelho com coaching
profissional.

Coach pessoal no âmbito da igreja faz uma mistura de


espiritual com profissional. Autoajuda ganhou novo nome;
agora é Coaching, mas não importa a denominação, pois
sempre implicará “auto” em vez de “Alto”. Portanto, não
olhe para o alto com U no tocante às coisas de Deus; antes,
olhe para o Alto, com L; caso contrário, estará olhando para
suas próprias possibilidades, por sinal, limitadas porquanto
humanas, e não para as possibilidades de Deus que são
infinitamente poderosas – bênção pura sem mistura –, ao
contrário de uma pseudoverdade que apresenta um
misticismo hipócrita pelo qual se busca o poder de Deus
para si a fim de se mostrar ao outro e não de ajudar o
outro.

Por esses meios, indiretamente, propagam-se heresias no


ambiente cristão que se caracterizam por promessas que
jamais poderão se realizar como “libertar o sentimento de

[ 133 ]
O oleiro na mão do Vaso

divindidade que há dentro de si” ou como se se tratasse de


um super-herói dotado de um poder sobre-humano. A
doutrina bíblica vai totalmente de encontro à prática e ao
ensino do autoendeusamento desenvolvido pela
metodologia de coaching em meio à igreja cujas técnicas
motivacionais se sobrelevam à suficiência de Jesus e às
Escrituras Sagradas.

A verdade é uma só: Todo pastor precisa de Deus, e


não de um coach!

[ 134 ]
O oleiro na mão do Vaso

TEOLOGIAS NÃO CONDIZENTES

Não são os vossos caminhos torcidos? E não são os


vossos caminhos torcidos? (Ez 18:25,29).

Teólogos torcidos por uma teologia torcida!!!

Teologias que centralizam o homem em lugar de Jesus não


são confiáveis. O próprio termo já implicita
etimologicamente – theos (Deus) + logos (estudo) – que
se trata de um estudo sobre Deus e tudo o que lhe
concerne: seus atributos, sua natureza e sua relação com
a humanidade. Portanto, tudo o que não condiz com esse
significado terminológico foge ao propósito do respectivo
estudo.

Nesse sentido, há vários tipos de teologias invadindo a


Igreja de Jesus Cristo e vários líderes estão se deixando
levar por elas. Sem perceber, ou conscientemente
aceitando essas propostas teológicas, tais líderes religiosos
vão permitindo a introdução de uma contaminação

[ 135 ]
O oleiro na mão do Vaso

doutrinária no ambiente eclesiástico que pode afastar uma


pessoa de Deus substancialmente, ao aprender que ela
pode encontrar em si mesma um poder antes desconhecido
para vencer quaisquer dificuldades mediante uma total
independência de Deus. Deus perde o seu posto!

Que vantagem em seguir uma teologia criada por mente


humana que naturalmente tende a aproximar o cristão do
homem religioso – pastor, reverendo, bispo, apóstolo,
missionário, homem de Deus etc. – e o afasta de Deus,
conduzindo-o, consequente e imperceptivelmente, à perda
da salvação? Que vantagem terá alguém em ganhar o
mundo inteiro e perder a sua alma? (Mc 8:36).

A seguir, algumas teologias que não contemplam fielmente


o verdadeiro significado, sentido, propósito, razão das
Escrituras Sagradas:

[ 136 ]
O oleiro na mão do Vaso

TEOLOGIA DA PROSPERIDADE OU EVANGELHO DA


PROSPERIDADE

Defende que a bênção financeira é a vontade de Deus para


o cristão, baseando-se em confissões positivas que o crente
absorve em seu entendimento e pela fé pode alcançar a tão
desejada bênção da riqueza material, principalmente.
Incute-se-lhe a ideia de que o cristão tem poder, e, por isso
mesmo, não tem necessidade de suplicar o favor e a ajuda
de Deus; ao invés disso, ele deve DETERMINAR em nome
de Jesus aquilo que ele deseja e assim será feito. Pronto!
Não só essa teologia, mas também há religiões que
ensinam a “determinar” que seus desejos sejam realizados.
E qual explicação se dá quando esse desejo não se realiza?
Simples: a culpa é do crente que fez alguma coisa errada,
ou porque não tem fé suficiente... e por aí vai. Ah, coitado!

Alguns aspectos dessa teologia:


a) Oportunismo: o Livro de Malaquias é um “prato cheio”
para interpretações bíblicas deturpadoras do verdadeiro
sentido de prosperidade conforme a promessa de Deus em

[ 137 ]
O oleiro na mão do Vaso

sua palavra. Não que seja contrária à prosperidade


financeira no sentido mesmo de enriquecimento, pois Deus
enriquece a quem quer assim como também empobrece a
quem quer ou permite permanecer como estão, ricos ou
pobres. Portanto, isso não é um fim absoluto, mas uma
circunstância temporal. Essa devida interpretação deixa
claro que o empoderamento do crente como coisa certa,
proveniente de doutrinas inerentes à sua confissão
religiosa, não é tão certo assim. A verdade que não se
pretende evidenciar nesse tipo de ambiente religioso-
doutrinário é que o verdadeiro objetivo em ser cristão não
é ”necessariamente” receber as mais maravilhosas bênçãos
que, de fato, Deus pode dar a cada filho fiel – riquezas
materiais, conquistas plurais, curas, milagres –, mas o
aproximar-se de Deus manifesto pelo desejo de obedecer
à sua palavra, confessar Jesus como seu Salvador, a fim de
que o crente receba a sua salvação eterna e,
consequentemente, seja livre da perdição eterna. Todavia,
que valor isso tem para quem não dá valor ao valor do
sacrifício de Jesus?

[ 138 ]
O oleiro na mão do Vaso

b) Confissão positiva: a confissão genuína de Jesus como


Senhor (Rm 10:9) e Filho de Deus (1 Jo 4:15) não tem
nada a ver com a confissão positiva proclamada por
algumas “igrejas da prosperidade” físicas mundo afora e
também as midiáticas cujo foco é a prosperidade material
pelo que ensinam seus seguidores a confessarem que já
possuem aquilo que desejam possuir e assim lhes será
feito, como um passe de mágica, ou como feitiçaria que
mexe com forças espirituais para alcançar favores, ou como
que transformando Deus em um gênio da garrafa pronto
para realizar os desejos de seu amo ou em um garçom
pronto a servir àquele que deveria servi-lo.

c) Pensamento positivo: sabe aquela velha história do


pensamento positivo e do pensamento negativo? Pois é, a
confissão positiva está centrada em banir qualquer
negativismo, confessando que somente coisas positivas vão
acontecer àquele que só declara coisas positivas devido à
assunção de que as palavras positivas e os pensamentos
positivos têm poder a ponto de determinar a ação de Deus
em seu favor. Isso leva mesmo a uma fé mecânica porque

[ 139 ]
O oleiro na mão do Vaso

baseada em repetições de frases ou pensamentos que


forcem a pessoa a acreditar que é ou que tem aquilo que
deseja: “Se disser que vai conseguir ser ou ter, vai
conseguir; se disse que não, não vai”. É por aí: uma forma
bem sutil de enaltecer e valorizar a confissão positiva que
pretende substituir a confissão de fé de que Jesus
substituiu o pecador através de seu sacrifício na cruz para
lhe dar a salvação eterna.

d) Triunfalismo: os triunfalistas, como adeptos da teologia


da prosperidade, mercadejam a palavra de Deus ao
interpretarem a bíblia tendenciosamente com a intenção de
obterem lucros para si mesmos. Aproveitam-se, portanto,
da realidade socioeconômica escassa das pessoas que
compõem seu círculo religioso que tanto desejam
conquistar “bênçãos” materiais tidas por impossíveis.
Incutem na mente dos seus seguidores a importância de se
aproximarem de Deus com a intenção de alcançarem seus
objetivos. Assim, dão maior ênfase a coisas materiais e
terrenas em detrimento das espirituais e celestiais; ou seja,
a bênção tem mais valor que Deus, o abençoador.

[ 140 ]
O oleiro na mão do Vaso

TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO

Como uma teologia política de caráter inclusivista, defende


que o evangelho de Jesus Cristo dá preferência aos pobres,
visando libertá-los das injustiças sociopolítico-econômicas.
Nesse sentido, propõe uma cristianização do materialismo
sob uma reinterpretação bíblica antropológica como meio
de garantir estabilidade social aos seus adeptos; a salvação
espiritual que é o verdadeiro objeto da fé cristã fica
relegada a segundo plano.

TEOLOGIA DA MORTE DE DEUS, TEOLOGIA SECULAR OU


ATEÍSMO CRISTÃO

Defende que Deus é um ser involutivo e precisa morrer para


dar vida a outros discursos que levem à evolução e à
inclusão, pois os textos bíblicos que retratam sua
existência, natureza e atributos possuem caráter
excludente.

[ 141 ]
O oleiro na mão do Vaso

A morte desse Deus transcendental que, para eles, na


verdade não existe e se coloca acima de questões
ordinárias pode resultar numa libertação mental, espiritual
e linguístico-teológica que se contrapõe aos danos
causados por uma fé ou religião teísta.

TEOLOGIA EMPÍRICA OU TEOLOGIA NATURAL

Mais que teologia, uma filosofia que defende uma rejeição


à revelação divina no que tange ao entendimento humano
acerca de Deus. Nesse sentido, o texto escriturístico ou
qualquer experiência extranatural, como as descritas em 1
Coríntios 12:8-11, fogem à razão humana e, portanto,
devem ser descartados; para se chegar a Deus não é
preciso nada além do natural.

Trata-se, logicamente, de uma manifestação da


intelectualidade em detrimento da espiritualidade que é
inerente à existência de Deus. Desse modo, os teólogos
naturais acreditam que existe uma tendência humana
natural que pode levar o indivíduo a buscar algo que

[ 142 ]
O oleiro na mão do Vaso

ultrapasse os limites científicos e racionais, como Deus,


sem precisar recorrer a manifestações de cunho espiritual.
Assim, desconsideram claramente o texto bíblico: O homem
natural não compreende as coisas do Espírito de Deus,
porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las,
porque elas se discernem espiritualmente (1 Co 12:14).

Há muitas teologias, ainda, além dessas descritas acima


com o mesmo teor de incredulidade e irreverência no trato
com os assuntos relacionados a Deus e às Escrituras
Sagradas. É mister, portanto, que o crente receba de Deus
o dom do discernimento espiritual (1 Co 12:10) para não
ser engodado por essas iscas de espiritualidade maléfica
disfarçada de verdade teológica.

Jesus respondeu: “Cuidado, que ninguém os engane” (Mt


24:4).

Tenham cuidado para que ninguém os escravize a filosofias


vãs e enganosas, que se fundamentam nas tradições
humanas e nos princípios elementares deste mundo, e não
em Cristo (Cl 2:8).

[ 143 ]
O oleiro na mão do Vaso

O Espírito diz claramente que nos últimos tempos alguns


abandonarão a fé e seguirão espíritos enganadores e
doutrinas de demônios (1 Tm 4:1).

Os perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e


sendo enganados! (2 Tm 3:13).

Filhinhos, esta é a última hora e, assim como vocês ouviram


que o anticristo está vindo, já agora muitos anticristos têm
surgido. 1 Jo 2:18

Amados, não creiam em qualquer espírito, mas examinem


os espíritos para ver se eles procedem de Deus, porque
muitos falsos profetas têm saído pelo mundo (1 Jo 4:1).

Nós sabemos que somos filhos de Deus e que o mundo


todo ao nosso redor está sob o poder e o domínio do
Maligno (1 Jo 5:19).

Ele é a antiga serpente chamada Diabo ou Satanás, que


engana o mundo todo. Ele e os seus anjos foram lançados
à terra (Ap 12:9).

[ 144 ]
O oleiro na mão do Vaso

INVASÃO À VERDADE DE DEUS

“Cada um criou sua Bíblia defendendo


suas verdades. Para isso, anulam a
história e a tradição da igreja, para
que seus nomes se projetem acima
de tudo.”
Pr. Siqueira
(Líder do movimento
“Voltemos ao Evangelho Puro e Simples”)

A teologia da prosperidade é uma nova versão do


evangelho de Jesus Cristo; um novo evangelho que se
renova a cada manhã! Daniel L. Akinix, em sua resenha
sobre o livro de Jones & Woodbridgex (2011), declara que
“O evangelho da prosperidade não é próspero nem é o
evangelho definido pelas Escrituras. Simplificando, é um
ensino falso e uma heresia perigosa”. Considera-o como um
movimento permeado por erros bíblicos e teológicos.

Jones & Woodbridge destacam cinco erros teológicos2


nesse “novo evangelho” concernentes às seguintes

2 Ministério Fiel. Jones, D. W. 5 Erros do Evangelho da Prosperidade.

[ 145 ]
O oleiro na mão do Vaso

doutrinas: 1) aliança abraâmica, 2) expiação, 3) ofertas, 4)


fé e 5) oração.

No tocante à aliança abraâmica, o evangelho da


prosperidade preconiza a bênção material da riqueza em
detrimento da bênção espiritual da salvação, aproveitando-
se tão somente da primeira parte do versículo 14 (Gálatas
3) que se refere às bênçãos materiais que Abraão recebeu
de Deus, pretendendo retratar que os crentes como filhos
espirituais de Abraão herdaram suas bênçãos financeiras.
Contudo, descartam a segunda parte do versículo que
retrata o real sentido do versículo que é “receber o Espírito
Santo prometido por meio da fé”. Mas, como já diz o nome,
o evangelho das cifras não se interessa por promessas
espirituais, mas por heranças materiais.

A exemplo da expiação de Jesus, o apóstolo Paulo estava


ensinando aos coríntios (2 Co 8:9,14) que eles deveriam se
esvaziar de suas próprias riquezas a serviço de Jesus, o
Salvador, como doarem seus bens para os irmãos em
necessidade. Porém, os teólogos da prosperidade preferem

[ 146 ]
O oleiro na mão do Vaso

ensinar que Jesus sendo rico se fez pobre para que pela
sua pobreza eles se tornassem ricos, proclamando um
aumento de riqueza material, o que resulta numa visão
distorcida da razão do sacrifício de Cristo.

Um verbo muito adotado pelos teólogos da prosperidade é


“dar”: Quanto mais se dá, muito mais se recebe em troca”.
Pode-se observar quantos deles usam frases semelhantes
de maneira escandalosa, sem nenhum pudor, sem nenhum
temor a Deus, orientando a darem $10 para receberem
$1000 ou darem $1000 para receberem $100.000. Desse
modo, seguem na contramão do gesto do samaritano (Lc
10:35) que deu sem esperar nada em troca,
correspondendo aos ensinamentos de Jesus; porém,
apropriam-se inadvertidamente da aplicabilidade de Lucas
18:30 – “e não haja de receber muito mais neste mundo”,
mantendo uma visão interesseira, focada na “Lei da
Compensação”, uma atualização distorcida da Lei da
Semeadura, que garante uma compensação gananciosa
pelas contribuições realizadas.

[ 147 ]
O oleiro na mão do Vaso

Na verdade, os teólogos da prosperidade não são


prósperos, mas pobres espirituais porque pobres de Deus
devido à ignorância quanto à origem da fé e ao seu
verdadeiro sentido: concedida por Deus e meio de
justificação diante de Deus. Contrariamente, anunciam
intencionalmente que a fé é uma força autogerada, ou seja,
gerada pelo próprio ser humano, como se esse tivesse a
capacidade de produzi-la, como se fosse um deus ou
descartando a providência de Deus. Para eles, a fé é tão
somente um meio para alcançar ganhos materiais.

Também distorcem o verdadeiro significado da oração.


Ensinam que Deus não tem escolha a não ser fazer
exatamente aquilo que lhe pedem em oração com base na
interpretação deturpada de Tiago 4:2c – “Não conseguem
o que querem porque não pedem a Deus”, ensinando que
os crentes devem orar por sucesso pessoal em todas as
áreas da vida sem, contudo, advertir contra o perigo de
passar a acreditar no gênio da garrafa, i.e., bastar pedir ao
gênio e o desejo do amo será atendido. Assim, Deus se
torna um escravo da vontade humana, deixando de lado

[ 148 ]
O oleiro na mão do Vaso

sua própria vontade que é soberana, como o gênio da


garrafa que nada mais é do que um escravo.

Não há nada de errado em orar por bênçãos (Fp 4:6), mas


a oração não deve ser egoísta a ponto de colocá-las acima
de seu doador; quer dizer, não dando a devida importância
ao versículo em sua íntegra, pois os teólogos da
prosperidade enfatizam apenas a parte “c” do versículo
referido, desprezando, descartando, deixando de ensinar o
versículo 3 que explica justamente o porquê de não
conseguirem o que desejam: “Quando pedem, não
recebem, pois pedem por motivos errados, para gastar em
seus prazeres”.

As más motivações que incitam a orar por conquistas


mundanas não correspondem aos propósitos de Deus, pois
a realização desses desejos serve apenas para glorificar o
próprio homem, mas não para glorificar a Deus: “Vejam o
poder da oração! A oração tem poder! Orei e consegui!
Agora tenho o que queria. O que me importa é a minha
conquista. Contanto que eu tenha, o que me importam os

[ 149 ]
O oleiro na mão do Vaso

outros”. Em outras palavras: em nenhum momento Deus


foi exaltado, contrariamente ao que está escrito e que,
nesse caso, não foi observado nem obedecido:

Ao Rei eterno, imortal e invisível, o único Deus — a ele


sejam dadas a honra e a glória, para todo o
sempre! Amém! (1 Tm 1:17).

Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber a plenitude


do poder, riqueza, sabedoria, força, honra, glória e louvor!
Ao que está assentado no trono e ao Cordeiro sejam o
louvor, a honra, a glória e o domínio pelos séculos dos
séculos! (Ap 5:12,13).

Nesse infeliz contexto, quem tem poder não é Deus, mas a


oração, o que vai de encontro ao que está escrito: “Aleluia!
A salvação, a glória e o poder pertencem ao nosso Deus!”
(Ap 19:1). O mérito foi do homem que orou e conseguiu,
i.e., ele fez, ele agiu, ele orou; Deus não teve nenhuma
participação naquilo. Desde que esse tipo de crente tenha
o que quer, nada mais importa.

Nessas igrejas da prosperidade, o que conta é a conquista


individual para servir de relato de experiência e não de

[ 150 ]
O oleiro na mão do Vaso

testemunho de fé pelo poder de Cristo. O importante é a


igreja fazer nome em cima desses relatos para angariar
mais clientes: “Essa igreja tem poder! Vou lá!” Essa é a
visão de prosperidade defendida pela teologia da
prosperidade. Assim, ela cresce em número, expande-se
em quantidade, mas a qualidade da vida cristã com base
nos princípios ensinados por Jesus em favor das almas e do
aperfeiçoamento do espírito diminui a cada dia, quanto
mais se aproxima aquele dia:

Em reconhecimento por tudo quanto ele fez por nós, vamos


procurar animar uns aos outros a sermos amorosos e
praticarmos o bem. Não descuidemos dos nossos deveres
na igreja, nem das suas reuniões, como algumas pessoas
fazem, mas animemo-nos e nos admoestemos uns aos
outros, especialmente agora que o dia da sua volta está se
aproximando (Hb 10:24,25).

O Evangelho da Prosperidade conforme preconizado pela


teologia da prosperidade é um falso evangelho porque
distorce a noção de relacionamento entre Deus e o homem
onde Deus é um ser insignificante e o homem um ser
insigne. Seus doutrinadores fazem desse relacionamento

[ 151 ]
O oleiro na mão do Vaso

uma transação quid pro quo, um “toma lá, dá cá”, um


constante exercício de barganhas que o tipificam como
antibíblico.

Esses são apenas alguns exemplos de deturpação dos


textos bíblicos para favorecer o intuito de seus pregadores.

PR. SILAS MALAFAIA DEFENDE A TEOLOGIA DA


PROSPERIDADE

O Pr. Silas Malafaia3 desafiou os críticos de seu trabalho e


das suas pregações embasadas na teologia da
prosperidade, convocando-os a provarem biblicamente que
essa teologia está errada. Isso requer uma resposta à
altura.

Malafaia lançou mão da expressão “ilustres desconhecidos”


como aqueles que estão buscando reconhecimento às

3
Martins, Dan. Pastor Silas Malafaia desafia blogueiros e sites cristãos a
provarem através da Bíblia que a teologia da prosperidade está errada.
03/06/2012.

[ 152 ]
O oleiro na mão do Vaso

custas de quem está na mídia, como ele. Até que haja um


fundo de verdade em sua interpretação acerca desses
críticos, por um ou por outro que aja dessa maneira, não
se pode negar que se trata de uma defesa malafaiana
oportunista visto que não pode ser generalizada; nem todos
que o criticam têm essa postura à qual ele se refere, mas
estão de fato buscando a verdade para falar com
propriedade bíblica em prol do verdadeiro evangelho como
Jesus ensinou.

Então, só porque alguém vai contra as palavras de Malafaia


significa que o faz para aparecer na mídia?! Então, todos
que vão de encontro às suas palavras estão errados, e
somente ele está certo?! Não seria o caso de que alguém
se oponha a ele em suas opiniões e interpretações porque
entende biblicamente que ele está errado?! Então, Malafaia
se “acha” totalmente certo cujas palavras estão acima de
qualquer dúvida?! Suas palavras estão acima de qualquer
contestação?! Ele está certo em tudo o que diz?! Malafaia
precisa aprender a não ser radical em suas opiniões. Ele

[ 153 ]
O oleiro na mão do Vaso

precisa desenvolver o equilíbrio de que trata Gálatas 5:23


(cf. a maioria das versões bíblicas).

Malafaia é um teólogo como a presente autora e como


tantos outros. Mas, até que ponto a teologia pode afetar
uma interpretação bíblica fiel à palavra de Deus? Que
teologias estão sendo desenvolvidas de acordo com as
possíveis respectivas conveniências? Que conveniências
podem existir para defender teologias não condizentes com
a palavra de Deus?

Precisamos estar atentos às nossas interpretações bíblicas,


pois nem sempre aquilo que entendemos é o que realmente
Deus quer nos transmitir. Sem percebermos, costumamos
“colocar palavras na boca de Deus”, dizer que ele disse
aquilo que ele não disse, como está escrito:

E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Filho do


homem, profetiza contra os profetas de Israel que
profetizam, e dize aos que só profetizam de seu coração:
Ouvi a palavra do Senhor; assim diz o Senhor Deus: Ai dos
profetas loucos, que seguem o seu próprio espírito e que

[ 154 ]
O oleiro na mão do Vaso

nada viram! Os teus profetas, ó Israel, são como raposas


nos desertos. Não subistes às brechas, nem reparastes o
muro para a casa de Israel, para estardes firmes na peleja
no dia do Senhor. Viram vaidade e adivinhação mentirosa
os que dizem: O Senhor disse; quando o Senhor não os
enviou; e fazem que se espere o cumprimento da palavra.
Porventura não tivestes visão de vaidade, e não falastes
adivinhação mentirosa, quando dissestes: O Senhor diz,
sendo que eu tal não falei? Portanto assim diz o Senhor
Deus: Como tendes falado vaidade, e visto a mentira,
portanto eis que eu sou contra vós, diz o Senhor Deus” (Ez
13:1-8).

É mister orientar os crentes puros em direção ao


discernimento da vontade de Deus revelada nas Escrituras
Sagradas, e não àquilo que corresponde à vontade dos
homens que pregam a palavra de Deus revelada – i.e., no
tocante a essa vontade dos homens, entende-se que eles
estão à margem da vontade de Deus. São homens! Nem
todo aquele que se diz homem de Deus é de fato homem
de Deus: pode ser homem de homens! Nem todo o que me
diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas
aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus
(Mt 7:21).

[ 155 ]
O oleiro na mão do Vaso

Pregação online de Malafaia sobre prosperidade

Em uma pregação de Malafaia, sob o título “Uma vida de


prosperidade” (YouTube, 2018)xi, ele discorre sobre o tema
da oferta, o comportamento do ofertante e os resultados
na vida de quem oferta e de quem não oferta, sob o
característico tom de voz altissonante e autoritário – o que
é diferente de autoridade –, citando diversos versículos
bíblicos para validar suas interpretações.

Aos 08:37m, torcendo, retorcendo e apertando a fita-


marcador da bíblia, ele cita a referência bíblica 2 Coríntios
9:4 – “Firme fundamento de glória”, dizendo que a oferta é
sólida base no mundo espiritual. A oferta é um assunto
tremendamente espiritual que tem sólida base no mundo
espiritual.

Aos 09:44m, citando 2 Co 9:5, ele diz que “a oferta é uma


bênção, não é maldição, não!”

[ 156 ]
O oleiro na mão do Vaso

A começar pela explicação da oferta em si, ele cita


versículos de cor, i.e., sem ler na bíblia. Um dia, assistindo
a um culto, percebi que o pastor pediu à congregação para
ler determinada passagem bíblica, porém ele mesmo não o
fez, pois não a leu. Ele a citou de cor e começou a
interpretar os versículos. Naquele momento, eu senti
necessidade de ler literalmente todos os versículos da
passagem bíblica indicada, e percebi que ao ler minha
mente e espírito se abriram para um entendimento além do
que ele estava pregando. Deus me fez ver por meio da
minha leitura aquilo que o pastor era incapaz de transmitir
porque vinha direto da fonte divina, direto da boca de Deus.
Então, concluí que quando reproduzimos oralmente um
versículo sem fazer a sua leitura a partir da bíblia, em um
culto do qual entendemos que receberemos a direção de
Deus para a nossa vida, deixamos de receber alguma
orientação específica de Deus que somente ele pode nos
proporcionar.

Logo, é mister que se faça a leitura bíblica em um culto


porque o abrir da bíblia abre os olhos da fé, do

[ 157 ]
O oleiro na mão do Vaso

entendimento, do espírito, para receber bênçãos,


fortalecimento espiritual, promessas, diretamente de Deus,
e não da razão humana que se pauta nos versículos bíblicos
sem deixar de lado a sua humanidade, deixando
transparecer que é o poder de Deus se manifestando, mas,
na verdade, é a prepotência do homem em querer mostrar
que ele “é assim com Deus!” Essa atitude não corresponde
à doutrina de Deus: E leram o livro, na Lei de Deus, e
declarando e explicando o sentido, faziam que, lendo, se
entendesse (Ne 8:8).

A leitura pública e particular das Escrituras Sagradas não


pode jamais ser abandonada, pois além de preservar a
memória da aliança de Deus com o seu povo, também lhe
é fonte de vida em todos os sentidos. A leitura dos textos
bíblicos é algo recomendado e ordenado pelo próprio Deus
desde o Antigo ao Novo Testamento e deve ser realizada
com devoção:
a) E tomou o livro do concerto e o leu aos ouvidos do
povo (Êx 24:7);

[ 158 ]
O oleiro na mão do Vaso

b) Quando todo o Israel vier a comparecer


perante o SENHOR, teu Deus, no lugar que ele
escolher, lerás esta Lei diante de todo o Israel aos
seus ouvidos. Quando todo o Israel vier a
comparecer perante o SENHOR, teu Deus, no lugar
que ele escolher, lerás esta Lei diante de todo o
Israel aos seus ouvidos (Dt 31:11);
c) E, depois, leu em alta voz todas as palavras da lei, a
bênção e a maldição, conforme tudo o
que está escrito no livro da Lei (Js 8:34);
d) Achei o livro da Lei na Casa do SENHOR. E Hilquias
deu o livro a Safã, e ele o leu (2 Rs 22:8);
e) E leu aos ouvidos deles todas as palavras do livro do
concerto, que se achou na Casa do SENHOR (2 Rs
23:2);
f) O livro da Lei de Moisés, que o SENHOR tinha
ordenado a Israel. E leu nela, diante da praça, que
está diante da Porta das Águas, desde a alva até ao
meio-dia, perante homens, e mulheres, e sábios; e
os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro
da Lei (Ne 8:1,3);

[ 159 ]
O oleiro na mão do Vaso

g) E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou


num dia de sábado, segundo o seu costume, na
sinagoga e levantou-se para ler (Lc 4:16);
h) E, quando esta epístola tiver sido lida entre vós,
fazei que também o seja na igreja dos laodicenses;
e a que veio de Laodiceia, lede-a vós também (Cl
4:16);
i) Pelo Senhor vos conjuro que esta epístola seja lida a
todos os santos irmãos (1 Ts 5:27);
j) Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as
palavras desta profecia, e guardam as coisas que
nela estão escritas; porque o tempo está próximo
(Ap 1:3).

Pastores que costumam citar versículos bíblicos, mas eles


mesmos não os leem diante da congregação dos justos,
levam os ouvintes a tirarem os olhos da bíblia por esse
simples fato de os recitar sem fazer a devida leitura, como
se as palavras decoradas fossem uma coroa de glória, algo
venerável, visto que a atenção do povo se volta totalmente

[ 160 ]
O oleiro na mão do Vaso

para ele, retirando a atenção da bíblia. Desse modo, ele


passa a ser o foco, e a bíblia perde o foco.

À guisa de ilustração, aos 06:11m do vídeo, Malafaia diz:


“Eu também quero dizer uma coisa aqui pra você. Vou
deixar até você abrir a bíblia pra você ouvir o que eu
vou te falar. Escute o que eu vou te afirmar aqui nesta
noite. Olha aqui pra mim e esquece a bíblia. Olha aqui.
Achou 2 Coríntios 9? Agora olha aqui pra mim”. Aos
10:30m, ele começa a recitar, sem ler, os versículos em
Atos 17:25 e Salmos 104:27-29, e, aos 10:49m algumas
pessoas tiram os olhos da bíblia porque ele está recitando
os versículos sem os ler, transparecendo um domínio sobre
a palavra de Deus, como que pretendendo demonstrar
pleno conhecimento sobre ela. Aos 11m, ele começa a
recitar 1 Crônicas 29:14 também sem a devida leitura, e
assim faz com outros versículos na sequência da pregação.
E, en passant, algo que chama a atenção dos 08:33m aos
08:44m é o fato de ele ficar apertando o marcador de
página da bíblia, enrolando-o com força.

[ 161 ]
O oleiro na mão do Vaso

O Senhor Jesus é a Palavra, o Verbo que se fez carne, e


deve ser lido para ser recebido, entendido, aprendido,
sentido, obedecido, do início ao fim, pois ele é o início e o
fim. Se o Senhor Jesus deixa de ser lido, o que ele tem para
oferecer se perde. Jesus deve ser o foco assim como a
leitura da sua palavra, pois Jesus e a Palavra são um.

Naquela referida pregação, aos 11m do vídeo, ele diz que


a oferta é uma bênção, uma semente que Deus dá, um
serviço para Deus através do qual o ofertante será
recompensado, um firme fundamento de glória, uma sólida
base no mundo espiritual, um meio de se receber o favor
divino e um meio de felicidade – respaldando-se em 1
Crônicas 29:14, Jeremias 21:14, Romanos 2:6, 1 Coríntios
15:58, 2 Coríntios 9:2,4-7,12-13. Malafaia afirma que 2
Coríntios 9 (considerando os versículos em destaque) é o
melhor compêndio do Novo Testamento sobre o tema da
oferta e para explicá-la, diga-se, en passant, segundo a sua
interpretação. Como assim? Suas interpretações não estão
corretas?

[ 162 ]
O oleiro na mão do Vaso

As interpretações podem estar “quase todas” corretas.


Todavia, a questão não é exatamente com relação às
interpretações; antes, com relação ao foco e à visão. Como
a maioria das interpretações é aceitável porquanto boas, os
ouvintes tendem naturalmente a aceitar tudo o que é dito
sem refletir, sem questionar, sem avaliar, sem investigar,
e, assim, recebe-as por inteiro com o objetivo de as colocar
em prática o mais breve possível.

Interpretação fiel de versículos bíblicos

Como seria, então, uma interpretação mais fielmente


explanada acerca desses versículos? Vejamos,
primeiramente os quinze versículos de 2 Coríntios 9 na
íntegra:

1 Na verdade, quanto a esse serviço ao povo santo, não


preciso lhes escrever.

VISÃO: Oferta como serviço ao povo de Deus, para ajudar


o povo de Deus, não com o objetivo de obter vantagens ou

[ 163 ]
O oleiro na mão do Vaso

lucros ou ganhos etc. porque prestou esse serviço a Deus,


crendo que Deus vai recompensá-lo por isso.

Lembremo-nos:
Muitos me dirão naquele dia: 'Senhor, Senhor, não
profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos
demônios e não realizamos muitos milagres?' Então eu lhes
direi claramente: Nunca os conheci. Afastem-se de mim
vocês que praticam o mal! (Mt 7:22,23)

2 Sei quanto estão ansiosos para ajudar e expressei às


igrejas da Macedônia meu orgulho de que vocês, na Acaia,
estão prontos para enviar uma oferta desde o ano passado.
De fato, foi sua dedicação que incentivou muitos a também
contribuir.

FOCO: Ajudar os outros.


VISÃO: Ofertar visando o bem dos outros e não de si
mesmos.

3 Ainda assim, envio esses irmãos para me certificar de que


vocês estão preparados, como tenho dito a eles. Não quero
elogiar vocês sem razão.

4 Que vexame seria para nós, e ainda mais para vocês, se


alguns macedônios chegassem comigo e descobrissem que

[ 164 ]
O oleiro na mão do Vaso

vocês não estão preparados, depois de tudo que eu disse a


eles!

5 Portanto, considerei apropriado enviar esses irmãos antes


de mim. Eles cuidarão para que a oferta que vocês
prometeram esteja pronta. Que seja, porém, uma oferta
voluntária, e não entregue de má vontade.

VISÃO: Prometeu, cumpre. E que seja sem avareza, sem


interesses egoístas, como que visando benefícios para si,
ou com usura.

6 Lembrem-se: quem lança apenas algumas sementes


obtém uma colheita pequena, mas quem semeia com
fartura obtém uma colheita farta.

7 Cada um deve decidir em seu coração quanto dar. Não


contribuam com relutância ou por obrigação. “Pois Deus
ama quem dá com alegria.”

FOCO: Dar com alegria e não por obrigação diante dos


dirigentes da igreja, tampouco por interesse em vantagens
para si próprio, como em “É dando que se recebe”. Logo,
“vou dar para ter!” (Desvio de foco)

[ 165 ]
O oleiro na mão do Vaso

8 Deus é capaz de lhes conceder todo tipo de bênçãos, para


que, em todo tempo, vocês tenham tudo de que precisam,
e muito mais ainda, para repartir com outros.

VISÃO: A pessoa vai não dar para ter; ela vai ter para dar.
Ou seja, primeiro Deus dá para que, então, o abençoado
possa repartir com os outros, i.e., possa abençoar também
em semelhança a Deus.
FOCO: Os outros, e não o ofertante.

9 Como dizem as Escrituras:


Compartilha generosamente com os necessitados; seus
atos de justiça serão lembrados para sempre. (v. Sl 112:9)

10 Pois é Deus quem supre a semente para o que semeia


e depois o pão para seu alimento. Da mesma forma, ele
proverá e multiplicará sua semente e produzirá por meio de
vocês muitos frutos de justiça.

11 Em tudo vocês serão enriquecidos a fim de que possam


ser sempre generosos. E, quando levarmos sua oferta para
aqueles que precisam dela, eles darão graças a Deus.

[ 166 ]
O oleiro na mão do Vaso

VISÃO: A pessoa vai não dar para ter; ela vai ter para dar.
Ou seja, Deus lhe dará primeiro, antes mesmo que ela dê
ofertas.

12 Assim, duas coisas boas acontecem como resultado das


ofertas de vocês  (serviço ministerial) — os necessitados do
povo de Deus são ajudados e eles transbordarão de
gratidão a Deus.

FOCO: Os necessitados e não o ofertante.

13 Como resultado do serviço de vocês, eles darão glória a


Deus. Pois sua generosidade com eles e com todos os que
creem mostrará que vocês são obedientes às boas-novas
de Cristo.

VISÃO: Dar glórias a Deus. Ser generoso não pelo interesse


de que assim receberá de volta, superabundando em
bênçãos recebidas, mas como prova de obediência à
palavra de Deus.

14 E eles orarão por vocês com profundo afeto, por causa


da graça transbordante que Deus concedeu a vocês.

[ 167 ]
O oleiro na mão do Vaso

15 Graças a Deus por essa dádiva tão maravilhosa que nem


as palavras conseguem expressar!

Vejamos uma exegese de 2 Coríntios 9 focando a ajuda aos


irmãos mediante uma visão voltada exclusivamente para o
propósito do Evangelho, livre do intento ambicioso de ser
beneficiado por fazer a obra no reino de Deus (não
descartando a possibilidade certa de Deus beneficiar seus
servos), mesmo que isso inclua a ajuda ao próxomo, ou
seja, ajudar o irmão livre do objetivo de que isso se reverta
em benefício próprio.

As instruções do apóstolo Paulo em relação à grande coleta,


envolvendo metaforicamente a sementeira e a colheita: os
cristãos da Macedônia e os cristãos de Corinto queriam
praticar boas obras como dar sustento às pessoas pobres
de Jerusalém. Paulo faz uma alusão ao funcionamento de
uma lavoura pelo que se guarda para o ano seguinte uma
porção da colheita atual que servirá como semente.
Contudo, se o lavrador consumir muito de sua atual
colheita, acabará guardando muito pouco o que acarretará

[ 168 ]
O oleiro na mão do Vaso

no plantio de poucas sementes e, assim, sua próxima


colheita será bem menor. Porém, se ele guardar e plantar
muitas sementes, sua próxima colheita será abundante.
Desse modo, Paulo faz uma comparação entre dar
generosamente e semear com fartura. Analogamente ao
reino de Deus, uma grande colheita pode ser alcançada por
meio da contribuição generosa e sincera de seus servos.
Mas essa colheita se refere ao que se vai receber de Deus
para si próprio por ter investido muito em seu reino, por ter
ofertado dinheiro à igreja? Não! Essa colheita se refere ao
que o povo de Deus vai ganhar por meio da contribuição
de seus servos. Isso não significa que Deus não os abençoe
também; os servos ofertantes podem ser abençoados, mas
essa bênção não está atrelada especificamente ao ato de
ofertar.

Não se pode aceitar no reino de Deus o tipo de discurso


que preconiza a prosperidade material, ou referente a
qualquer outra área, como sendo proveniente da oferta que
se faz no seio da igreja; é como se isso limitasse o poder
de Deus de dar a quem quer e como quer,

[ 169 ]
O oleiro na mão do Vaso

independentemente de seus feitos. Entende-se


biblicamente que ofertar implica em satisfação para se
praticar, implica em dar com alegria, e não em resposta à
pressão das pregações inflamadas de ministros que visam
o crescimento econômico da igreja para aplicação em fins
diversos, em detrimento do verdadeiro sentido de
economia da igreja, refletindo um oxímoro como uma
bondade egoísta – i.e., “Vou dar pensando em mim”; essa
visão humana de prosperidade econômica não deve se
sobrepor à visão de economia segundo a igreja que é
exercida em prol de uma boa administração para a
edificação de vidas e não para o culto ao dinheiro, o que
ocasiona um decrescimento das virtudes salientadas e
propostas pelo evangelho que não estão abaixo de valores
monetários.

Na verdade, Deus conhece as necessidades de cada um e


exorta em sua palavra para que se busque o seu reino e a
sua justiça antes de qualquer coisa e, como promessa, ele
satisfará todas as suas necessidades, não deixando faltar-
lhe o necessário (Mt 6:33), ou seja, o reino e a justiça de

[ 170 ]
O oleiro na mão do Vaso

Deus envolvem uma postura de fé e fidelidade a Deus no


sentido de obediência aos seus ensinamentos de desapego
às materialidades e à missão dada por ele de pregar o
evangelho da graça a todos os povos, e não teologias de
prosperidade que destoam da verdadeira prosperidade
prometida por Deus. O Senhor abençoa quem ele quer e
não, necessariamente, quem dá. Deus conhece as nossas
necessidades e as supre segundo a sua vontade,
independentemente do que fazemos. Logo, devemos nos
livrar do estigma de que “é dando que se recebe”, de que
“se eu ofertar, Deus vai me fazer prosperar
financeiramente”.

Deus dá a cada servo seu a oportunidade de contribuir, e é


verdade que ele pode dar mais dinheiro ao ofertante para
que possa dar ainda mais, mas não é sempre assim –
multiplicando o seu dinheiro –, pois pode ser que ele
providencie outros modos de contribuição, e não somente
com dinheiro. Ser generoso deve ser uma consequência da
prosperidade que Deus dá àqueles que vão ofertar.
Portanto, a dádiva de Deus precede qualquer ato de

[ 171 ]
O oleiro na mão do Vaso

generosidade. Receber de Deus vem antes de dar a


alguém, pois para dar eu preciso ter, e quem me dá é Deus,
e não as ofertas que faço, ou seja, não são as ofertas que
faço que vão me fazer prosperar, mas Deus em sua infinita
bondade.

2 Coríntios 9 fala acerca da contribuição aos cristãos pobres


como um ato de generosidade em decorrência da
obediência à palavra de Deus quanto à responsabilidade de
cuidar dos mais necessitados. Não dá para fazer vista
grossa àqueles que precisam de ajuda, e, nem sempre,
essa ajuda funciona como ofertas à igreja para serem
distribuídas aos necessitados, mas pode ser ofertas a
alguém mais próximo, independente de estar na igreja ou
não. Deus vê o coração generoso, e não o local onde se
praticam generosidades. Deus vê o modo como se faz e
não, necessariamente, o que se faz – o modo como
reagimos a uma situação alheia de necessidade é mais
importante do que a ação em favor dessa necessidade, pois
o motivo que leva uma pessoa à ação de ofertar, por
exemplo, pode não ser o de agir movido pelo amor no

[ 172 ]
O oleiro na mão do Vaso

coração, mas pelo amor ao dinheiro que poderá receber


como fruto dessa ação. Isso Deus vê! E a isso ele responde:
Eu nunca os conheci! Afastem-se de mim, seus malfeitores!
(Mt 7:23).

Atos de generosidade, como ofertas, não salvam nem


justificam ninguém diante de Deus, mas tão somente
refletem a salvação já recebida, e, então, o cristão oferta
como forma de gratidão a Deus pelo que já recebeu e não
como forma de recompensa por suas obras humanas.
Obras não salvam nem justificam ninguém. Deus tem mais
prazer na obediência do que em sacrifícios, i.e., agrada-se
mais a Deus quando se mantém um coração puro e
desinteressado nas mais diversas ações do que quando se
fazem obras visando vantagens decorrentes.

Deus dá, sim, dinheiro a quem ele quer, mas o foco dessa
dádiva não é para se distribuir ou ofertar visando ganhar
mais; o foco é dar, ofertar, sem visar retorno. A
contribuição deve estimular o cristão à oração por aqueles
que vão receber visto que uma vez sendo abençoados

[ 173 ]
O oleiro na mão do Vaso

poderão se livrar das suas necessidades e, assim, passar a


contribuir também e a orar pelos outros após sua própria
libertação. A riqueza que Jesus Cristo concede ao cristão é
mais valiosa que riquezas econômicas, pois essas são
passageiras e aquela é eterna. Quem tem Jesus tem tudo.
Como está escrito: Sem mim, nada podeis fazer (Jo 15:5).
Sem Jesus, uma pessoa não respira; logo, não pode
trabalhar para ganhar dinheiro. Quem está vivo está vivo
pela graça e pelo poder de Deus. Em tudo dai graças (1 Ts
5:18).

Generosidade é um comportamento que expressa bondade


e não interesses egoístas. Os que ofertam
“generosamente” – i.e., com liberalidade, sem visar
interesses próprios, sem esperar nada em troca, sem
ganância –, receberão bênçãos abundantes conforme as
suas necessidades conhecidas por Deus, e não
propriamente em dinheiro, podendo ser de outras formas.
Tudo o que se dá de coração puro e desinteressado Deus
vê e recompensa segundo a sua onisciência. Mesmo que
Deus conceda uma colheita material abundante àqueles

[ 174 ]
O oleiro na mão do Vaso

que contribuem na igreja por meio de ofertas, isso não


reflete o padrão tampouco a promessa do Novo
Testamento. De acordo com a passagem bíblica abaixo,
parece cômodo ofertar. Quem quer ser cristão ao pé da
letra? Quem quer pagar o preço de ser cristão? Como age
o verdadeiro ministro de Cristo? Falar sobre prosperidade é
fácil. Ofertar e incentivar à oferta é fácil, mas, são mesmo
ministros de Cristo?

São ministros de Cristo? (Falo como fora de mim.) Eu ainda


mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que
eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas
vezes. Recebi dos judeus cinco quarentenas de
açoites menos um; três vezes fui açoitado com varas, uma
vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e
um dia passei no abismo; em viagens, muitas vezes; em
perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos
da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na
cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em
perigos entre os falsos irmãos; em trabalhos e fadiga, em
vigílias, muitas vezes, em fome e sede, em jejum, muitas
vezes, em frio e nudez. Além das coisas exteriores, me
oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas (2 Co 11:23-
28).

[ 175 ]
O oleiro na mão do Vaso

Os necessitados são beneficiários da providência especial


de Deus: do pó levanta o pequeno e, do monturo, ergue o
necessitado (Sl 113:7). É a generosidade de Deus que
garante os bens aos seus escolhidos; portanto, as ofertas
dos homens são uma consequência dessa generosidade
divina, e não um ato de mera procedência humana que
depois de praticado venha a propiciar ao ofertante a
obtenção de merecimentos e recompensas. A verdade com
relação a ofertas e ofertantes é que a contribuição para as
necessidades alheias multiplica a gratidão do ofertante a
Deus de quem muito recebe antes mesmo de ofertar; isso
é enriquecimento espiritual que se sobreleva ao
enriquecimento material – isso, logicamente, para quem se
importa com as verdades de Deus, para quem dá o devido
valor às bênçãos espirituais, o que não significa rejeição às
bênçãos materiais, claro que não, mas rejeição ao valor que
se dá às bênçãos materiais em detrimento das celestiais.
Importante lembrar: Não podeis servir a Deus e a Mamom
[as riquezas] (Mt 6:24).

[ 176 ]
O oleiro na mão do Vaso

Malafaia diz que o cristão é conhecido pelo que doa, mas


não diz que a doação voluntária é baseada no amor e não
na espera do retorno pela oferta dada. Ele sugere a teoria
da proporcionalidade pela qual se colhe o que se planta –
plantou muito, colhe muito –; não se pode comprar o céu
por doar muito! Todavia, essa colheita da qual o ofertante
espera receber de volta está intrinsecamente ligada a
dinheiro ofertado na igreja, ou está ligada à semeadura da
palavra de Deus para a salvação de almas e, daí, poder
ocorrer (i.e., não é certo que ocorra) uma recompensa por
parte de Deus? É necessário ter em mente que Deus
concede bênçãos por sua vontade e não por causa dos
feitos dos homens.

Afirmar categoricamente que alguém será recompensado


por causa das ofertas que faz é aludir à mensagem do
Antigo Testamento de que aquele que não oferta na igreja
está roubando a Deus (Ml 3:8), adaptando-a ao contexto
atual sem mencionar o real motivo divino para aquela
exortação: de que os israelitas estavam mais preocupados
com seus bolsos do que com as coisas de Deus, como o

[ 177 ]
O oleiro na mão do Vaso

sustento dos levitas e dos sacerdotes. Por isso, Deus os


desafiou, declarando que para receberem suas bênçãos
deveriam lhe obedecer; além disso, deixa de aludir à
mensagem do Novo Testamento de que o mais importante
da lei (que já é passada, visto que estamos debaixo da
graça de Jesus), que se refere igualmente aos dias atuais,
é a prática da justiça, da misericórdia e da fé (Mt 23:23).

Ademais, ainda se tem a expressão “É dando que se


recebe”, que não é bíblica. Quanto às doações sob uma
perspectiva bíblica, entende-se que é melhor dar do que
receber (At 20:35), do que se depreende que o objetivo em
dar nada tem a ver com recebimento de volta, não deve
haver uma visão de retorno, ou seja, nunca doar, ofertar,
visando benefícios e vantagens para si mesmo. Isso é o que
deve ser feito acima das ofertas que se fazem com
interesses além dos propostos por Jesus. Há líderes usando
textos bíblicos de forma coercitiva e ameaçadora àqueles
que não dão o dízimo ou ofertas nas igrejas, pois intimidam
os fiéis com palavras de maldição como fazia o sacerdote
Pasur, o famigerado “Terror-por-todos-os-lados” (Jr 20:3).

[ 178 ]
O oleiro na mão do Vaso

Quantos Pasures estão espalhados pelo mundo “em nome


de Deus”?!

Malafaia disse com propriedade que “cada semente tem um


tempo de maturação”, e segue perguntando “Em que tipo
de terreno você está plantando?” E acrescenta: “Plantando
na vida de cafajeste, de gente sem afeto natural, miserável,
mesquinho, em projeto fraudulento? Vai ver em quem você
está plantando. Tá plantando na vida de alguém, mas vai
ver quem é a pessoa; gente que odeia Deus, odeia o povo
de Deus, é mesquinho, miserável, é terra árida”. Pergunta-
se, então: quantos cristãos estão plantando na vida de
falsos pastores, falsos mestres, falsos líderes religiosos
visto que as ofertas que recebem não vão para a igreja,
mas para seus bolsos? Como saber acerca dessa realidade
se não for por uma investigação profunda baseada em
suspeitas prévias a partir de fatos que se levantam contra
esses indivíduos? Ou seja, é temerário falar desse jeito
sobre as pessoas cujo coração e cuja intenção não se
conhece como Deus conhece. Isso equivale a “fazer
acepção de pessoas” (Rm 2:11). Por que? Porque Deus não

[ 179 ]
O oleiro na mão do Vaso

vê como o homem vê (1 Sm 16:7). O homem vê as


aparências, o externo, mas é incapaz de enxergar a alma,
o coração do outro.

Analisando as palavras malafaicas

Uma pessoa da sua família é um cafajeste, i.e., um sujeito


sem caráter ou, melhor dizendo, mau-caráter. O fato de
uma pessoa ser cafajeste não significa que ela não possa
ser transformada por Deus. Como disse o próprio Malafaia:
“Seja Deus verdadeiro e todo homem mentiroso”,
referindo-se a Romanos 3:4. Logo, se está escrito nas
Escrituras Sagradas que Deus não faz acepção de pessoa,
quem é o homem para dizer que esse ou aquele não
merece receber os meios da salvação? Mesmo um falso
pastor, ao receber as ofertas e dízimos em sua igreja, pode,
concomitantemente, receber exortações sobre como os
administrar fidedignamente, e não com roubo como faz um
líder religioso mau-caráter – o verdadeiro “roubar a Deus”,
i.e., não obedecendo às virtudes morais que ele ordena ao

[ 180 ]
O oleiro na mão do Vaso

seu povo. Logo, ele teria uma oportunidade de


regeneração.

Como ninguém possui a onisciência de Deus para saber o


que vai no coração alheio, não há por que deixar de
“plantar” a semente da graça de Deus na vida de uma
pessoa. Plantar, biblicamente falando, não se refere apenas
a dinheiro, conforme Malafaia quis dizer, por mais
específico que fosse o tema naquele contexto; antes,
plantar na vida de alguém está acima de doações em
ofertas à igreja (ou, mais propriamente dito, aos líderes
eclesiásticos que as resgatam para si, promiscuamente). A
visão do “plantar na vida do outro” não pode se restringir
tão somente à questão de dinheiro, à questão de oferta, ou
mesmo à questão de dízimo; é mister pensar mais no
“próximo” do que no “outro”, pois quando pensamos em
próximo, pensamos como Jesus quando, por exemplo,
salvou a vida do ladrão ao lado dele na cruz.

Jesus não fez acepção de pessoa com relação àquele


homem; Jesus não o condenou tampouco o rejeitou porque

[ 181 ]
O oleiro na mão do Vaso

se tratava de um cafajeste, miserável, fraudulento,


mesquinho, odiento às coisas santas porque enredado com
o profano; não! Jesus fez um raio-x do seu coração naquela
hora em que o candidato à reprovação dos homens se
arrependeu verdadeiramente e Jesus, conhecendo o seu
coração como ninguém, estava certo do seu
arrependimento, pois, sendo Deus, não erra e não se
engana; ele sabe quem é quem. Jesus não o condenou por
seus delitos e defeitos morais, mas, justamente por estar
naquela cruz, sem erros nem pecados, pagando por um
crime que não cometeu, sendo condenado injustamente
pelos homens religiosos – esses, sim, que normalmente
cometem o pecado da acusação injusta e difamatória, do
juízo temerário, da exclusão e da rejeição, que declaram
estar agindo em nome de Deus –, levou o malfeitor ao
entendimento de que havia melhores caminhos do que os
que ele andava percorrendo até então. Deu-lhe, portanto,
no momento derradeiro, a oportunidade da santificação,
ato de purificação do caráter. Ou seja, uma vez purificada
por Deus porque arrependida verdadeiramente de seus
pecados, a pessoa desfruta agora de uma nova vida, “nova

[ 182 ]
O oleiro na mão do Vaso

criatura é” (2 Co 5:17). Se não fosse assim, como está


escrito, Deus seria mentiroso e Malafaia verdadeiro.

Portanto, todo homem está destituído da glória de Deus


(Rm 3:23), a não ser que creia em Jesus e manifeste sua
fé nele (Rm 3:22,26) a qual traz consigo o arrependimento
e a consequente libertação dos pecados. Sabe-se,
biblicamente, que não existe um justo sequer sobre a face
da terra porque todos se extraviaram e não fazem o bem,
cuja garganta é um sepulcro aberto, com línguas
enganadoras, cheias de palavras de maldição que renegam
o próximo por não conhecerem seu coração, que estão
debaixo da lei e não da graça mesmo que digam o
contrário, que induzem seus ouvintes a acreditarem que
não ofertantes são condenáveis diante de Deus, mas eles,
com seus discursos tendenciosos não o são (Rm 3).

Porque não há diferença (Rm 3:22). A justiça de Deus pela


fé em Jesus Cristo é para todos e sobre todos os que creem.
O ladrão na cruz creu. Madalena creu. Raabe creu. Zaqueu
creu. Paulo creu. Quem eram essas pessoas antes de

[ 183 ]
O oleiro na mão do Vaso

conhecerem a Deus? Eram todas perfeitas, sem desvios de


caráter, sem pecados, sem erros? Não. Todas eram cheias
de problemas, mas Deus não rejeitou nenhuma delas
porque viu seu coração sincero e pronto ao
arrependimento. Ele não fez acepção de pessoas, não
deixou de lhes dar atenção por causa de seus pecados, mas
as assistiu ate que fossem regeneradas.

Não é o caso de apoiar os erros do outro, mas de ver as


possibilidades de regeneração e salvação para a vida do
próximo; não é uma questão meramente social, mas
espiritual que logicamente requer prudência no lidar, o que
não implica abandonar ou rejeitar. Pode-se não andar junto
fisicamente, mas o coraçlão caminha lado a lado por meio
da oração sincera que chega aos ouvidos de Deus quando
clamamos pela libertalção de alguém. Portanto, não é
simplesmente esbravejar cheio de moralidade que o outro
é miserável, cafajeste e que, por isso, deve ser
abandonado. Isso não condiz com a verdade de Deus.
Sabemos, por exemplo, que alguns, acolheram anjos por
meio da hospitalidade sem saber que eram anjos, não os

[ 184 ]
O oleiro na mão do Vaso

julgando nem recriminando pela sua aparência ou qualquer


outro motivo que causasse repelência.

Então, como agradar a Deus segundo à sua palavra?


Permanecendo no amor uns pelos outros como irmãos em
Cristo. Não deixando de receber bem aqueles que vêm à
nossa casa, ao nosso encontro, cujas histórias conhecemos,
e podemos ajudá-los não necessariamente com dinheiro,
mas investindo oração, aconselhamento, ou o que for
necessário dentro daquilo que se pode fazer por suas vidas.
É preciso ter sempre em mente que ninguém é melhor do
que ninguém e isso afastará qualquer repúdio que vá
contra os princípios divinos da evangelização, levando em
consideração os que sofrem de males diversos, como se
estivéssemos sofrendo dos mesmos males (Hb 13:1-3),
pois hoje não estamos com aquele problema do outro, mas
temos outros problemas; ninguém está livre de problemas,
ninguém, nem o melhor pastor da melhor igreja. A Igreja
de Cristo é para os doentes e miseráveis que podem
receber a salvação e a libertação de seus problemas.

[ 185 ]
O oleiro na mão do Vaso

Então, o que dizer da pessoa-terra-árida contra a qual ele


falou, admoestando os cristãos ouvintes a não semear na
vida dela? Semeadura na bíblia se refere apenas à oferta
em dinheiro? A pregação do evangelho para esse tipo de
pessoa também não seria uma “oferta de amor” para a
salvação da sua alma? A pregação do evangelho é somente
para pessoas boas, de bom caráter? Jesus não nos alertou
(Mt 5:46,47) sobre não considerar (amar) apenas os bons
(que nos amam), mas também os maus, pois precisam de
libertação? Deus não faz o sol nascer para bons e maus,
justos e injustos, não faz chover sobre eles, não faz suceder
o mesmo a todos? (Ec 9:2; Mt 5:45) Deus não despreza
nem abandona um indivíduo, mas sempre lhe provê uma
chance de se regenerar. Por que não nós? Não somos
capacitados pelo poder e pela palavra de Deus a pregar o
evangelho (Mc 16:15) – a palavra de salvação e frutos da
regeneração e libertação – até os confins da terra, i.e., a
todas as gentes?

Alguns textos parcialmente transcritos do vídeo “Uma vida


de prosperidade” para reflexão (canal Youtube):

[ 186 ]
O oleiro na mão do Vaso

Aos 21:21m – “O cristão é conhecido por aquilo que ele


doa.”

Pelo que doa em oferta monetária?! Ou pelo amor


recíproco? Leia sobre como um cristão é conhecido:
Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos (cristãos),
se vos amardes uns aos outros (Jo 13:35).

Aos 26:52m – “A lei da semeadura vai funcionar pra você;


se você plantar, você vai colher. É princípio de Deus.”

Sim, é princípio divino. Está escrito: “Aquilo que uma


pessoa plantar, é o que ela também vai colher” (Gl 6:7).
Porém, dando continuidade à leitura, nota-se que o
versículo oito explica o anterior: “Aquela pessoa que planta
para satisfazer sua natureza pecadora, da sua natureza
pecadora vai colher a morte eterna. Subentende-se que
essa expressão em destaque remete à esfera espiritual, e
não material – nesse caso a financeira; portanto, revela o
resultado da exclusão da salvação pelo que plantou e pelo

[ 187 ]
O oleiro na mão do Vaso

modo como conduziu as coisas de Deus. A semeadura de


que trata o versículo em questão é espiritual.

Estaria, então, a lei da semeadura atrelada ao aspecto


financeiro da oferta?! A lei da semeadura está relacionada
ao campo material ou ao campo espiritual? A lei da
semeadura implica um investimento, uma negociação do
tipo “toma lá, dá cá” onde há barganhas? É garantido por
Deus, biblicamente, que quanto mais alguém ofertar em
dinheiro mais receberá de volta?

Muitos grelam os olhos na palavra de Deus quando diz que


se semar com abundância colherá em abundância – isso é
uma forma de incentivar as pessoas a darem muito dinheiro
na igreja porque receberão muito mais ainda de volta. No
entanto, não é isso o que 2 Coríntios 9:6 significa. É
recomendável, portanto, uma leitura dos textos originais a
fim de compreender o real significado de cada palavra nos
textos bíblicos; desse modo, o perigo das leituras
tendenciosas deixa de existir. Também é mister predispor
o coração para o perfeito entendimento do que Deus quer

[ 188 ]
O oleiro na mão do Vaso

dizer, e não querer permanecer naquilo que preferimos


acreditar que seja a verdade.

Lê-se nesse referido versículo que “o que semeia pouco


pouco também ceifará; e o que semeia em abundância em
abundância também ceifará”. No original grego a palavra
“εὐλογίαις” /eulogíais/, que normalmente é traduzida
como abundância ou fartura (bênçãos / louvores), não é
empregada com o propósito de abençoar coisas, i.e., de
abençoar as ofertas para que se alcancem dádivas
maiores, mas com o propósito de louvar, enaltecer a Deus
como aquele que doa coisas, e por isso mesmo, trata-se
especificamente da abundante bênção de Deus derramada
sobre a vida daquele que tem gratidão por ele. Então, o
termo em si revela os aspectos de louvor e gratidão pelas
bênçãos recebidas que de Deus são sempre abundantes
devido à sua grandeza indizível. E é esse o verdadeiro
sentido que permeia todo o texto de 2 Coríntios 9 no
tocante à lei da semeadura.

[ 189 ]
O oleiro na mão do Vaso

Não se deve incentivar a crença de que há um retorno


financeiro para quem faz ofertas na igreja. Dá-se porque
previamente foi agraciado por Deus para poder fazê-lo com
um coração generoso, i.e., desinteressado, não visando
vantagens. Agir contrariamente a esse entendimento é o
mesmo que comercializar a fé.

Em Cristo, Deus nos tem abençoado com todo o tipo de


bênçãos espirituais dos céus (Ef 1:3). Deus nos promete
bênçãos espirituais quando nos submetemos à
vontade dele de que correspondamos aos seus atributos
divinos que incluem um modo de ser livre de interesses em
nossas ações, de fazermos nossas doações e nos doarmos
por amor e não visando retorno financeiro ou quaisquer
outras vantagens.

Aos 28:15m – “Aquele que dá oferta vai ter sustento, vai


ter provisão, vai ter suprimento na área material e
espiritual. Necessidades espirituais vão ser supridas por
causa da sua oferta. A graça é o favor de Deus para o
homem. É a graça. A lei da provisão significa que quando

[ 190 ]
O oleiro na mão do Vaso

você planta ofertas, Deus vai suprir necessidades materiais


e espirituais na sua vida.”

Deus dá sustento somente a quem dá ofertas na igreja?


Quantos necessitados não dão ofertas na igreja e recebem
dela mesma?! A graça de Deus é tão grandiosa que ele
provê as necessidades tanto materiais quanto espirituais
não por causa das ofertas que se dão na igreja; a oferta
ajuda na obra do reino em todos os sentidos, mas não é
por causa da oferta, e sim por causa da graça.

A lei da provisão significa que Deus sempre supre


necessidades materiais e espirituais, e não somente quando
se plantam ofertas. As bênçãos de Deus não estão limitadas
às ações dos homens! Ele dá a quem quer, compadece-se
de quem quer, tem misericórdia de quem quer, abençoa
quem quer; isso nada tem a ver com oferta – Deus não
depende da oferta de ninguém para conceder bênçãos.
(Rm 9:15,16)

[ 191 ]
O oleiro na mão do Vaso

Aos 28:32m, “necessidades espirituais da sua vida vão ser


supridas por causa da sua oferta.”

Não! Essas necessidades serão supridas por causa da


misericórdia de Deus sobre a vida do crente fiel que tem
comunhão com ele. De nada adiantaria a oferta se ele não
tivesse fidelidade e comunhão, pois Deus abençoa quem
quer e faz nascer o sol e chover sobre todos, justos e
injustos, bons e maus (Mt 5:45), independentemente de
ofertarem na sua igreja ou não. A bondade de Deus não
está limitada ao que ofertam na igreja, mas provém de sua
vontade e propósito; por exemplo, ele pode abençoar um
descrente para favorecer um crente; lembra da história do
macumbeiro que levou comida para o crente necessitado?
Então, ambos não davam oferta na igreja, mas Deus os
abençoou – um para dar e outro para receber.

Entretanto, aos 38:59m ele dá uma explicação para isso,


dizendo que há diferença entre riqueza e prosperidade, já
prevendo a indagação de algum ouvinte que não

[ 192 ]
O oleiro na mão do Vaso

compreendesse a pregação dele; isso porque ele mesmo


sabe que sua pregação é caótica.

Aos 29:11m – 2 CO 9:11 – “ Para que em tudo enriqueçais


para toda a beneficência” [ipsis verbis]. “SE TIVER
CONHECIMENTO correto DO QUE É OFERTA, se você tiver
atitudes corretas como eu te ensinei sobre oferta, é a LEI
DA ABUNDANCIA. Sabe o que que é abundância? É a lei
da sobra. Deus vai te dar não só pra suprir suas
necessidades, mas pra sobrar pra você ajudar outro.”

Ou seja, a pessoa vai enriquecer para ajudar o outro!!! Isso


reflete uma forma de alimentar a ganância disfarçadamente
pela falsa virtude filantrópica. Isso soa bem aos ouvidos e
contribui para evitar más interpretações das intenções.
Quem ouve recebe de bom grado achando que estará
fazendo um enorme bem sem perceber a real intenção que
se cria na sua mente. Tudo isso reflete o poder de
persuasão do transmissor da mensagem que camufla com
palavras aparentemente sábias o verdadeiro propósito do
negócio, deixando-o oculto.

[ 193 ]
O oleiro na mão do Vaso

Diante daquelas palavras, o que dizer, então, do irmão que


nunca enriqueceu e sempre ajudou o outro? Não estaria
esse entendimento de acordo com o versículo onde se lê:
“Para que em tudo enriqueçais para toda a beneficência”.
Nota-se que há uma péssima exegese desse versículo por
parte desse falante, pois, considerando uma pessoa que
nunca enriqueceu FINACEIRAMENTE, mas sempre ajudou
o outro, significa que enriqueceu de outras maneiras, não
sendo rico em termos monetários, mas de ter, pelo menos,
o desejo de dar dinheiro a quem precisa e poder fazê-lo na
medida do seu possível; além disso, é mister interpretar
devidamente o versículo quando diz “para toda a
beneficência”, ou seja, não somente para ajudar com
dinheiro, mas de diversas outras formas como apoio moral,
profissional, familiar etc., intercessão, entre tantas outras
coisas de igual importância.

O mais importante de tudo isso não foi dito pelo falante –


que acima do suprimento das necessidades dos santos está
a gratidão a Deus por toda a sua provisão tanto ao que dá
quanto ao que recebe, pois ambos se encontram sob o

[ 194 ]
O oleiro na mão do Vaso

poder de Deus que os abençoa para assim poder fazê-lo (2


Co 9:12-15).

Eis a essência real dos versículos que complementam


aquele citado que não poder ser desvinculado desses
últimos. Versículos bíblicos não se leem separadamente do
contexto global onde se encontram. A leitura de um único
versículo isolado do contexto anterior e posterior se torna
um pretexto para uma heresia, i.e., um falso ensino da
verdadeira palavra de Deus, do que de fato Deus quer
transmitir àqueles que buscam ouvir a sua palavra e seguir
a sua direção. Isso se refere aos desvios contra os quais
Deus alerta o seu povo para não ser enredado por eles e
engodado por falsos alimentos.

O “palestrante” diz: se você tiver atitudes corretas como eu


te ensinei sobre oferta. O que é mais importante: obedecer
à voz de Deus ou à voz de homens? Porque isso é voz de
homem e não de Deus. Se fosse de Deus estaria de acordo
com a verdade de Deus, de que o texto se refere não ao
que se vai receber em troca pelo que se dá, mas às muitas

[ 195 ]
O oleiro na mão do Vaso

expressões de gratidão a Deus por tudo em todos os


sentidos no seio da igreja e dela para com todos, sem
acepção de pessoas, sem parcialidades. O ensino de Deus
sobre ofertas nada tem a ver com o que ele está ensinando,
conforme tudo o que já foi explicado anteriormente; basta
ler na íntegra cada versículo em questão e os interpretar
devidamente mediante uma exegese neutra, i.e.,
desinteressada, imparcial, que visa tão somente levar o
ensino puro da palavra de Deus àqueles que querem
conhecer a sua verdade.

Aos 29:13m – “Superabundeis em toda a boa obra”.

Esse versículo se refere especificamente à oferta?!

Aos 30:01m – “Meu irmão, vai ler a bíblia, meu filho!”

Malafaia, vai ler a bíblia, meu filho! Deus não está limitado
à exegese humana. Você precisa ler novamente, várias
vezes cada versículo citado para aprender diretamente de

[ 196 ]
O oleiro na mão do Vaso

Deus que revela à sua mente a verdade pura como ela é e


não fomentada por interpretações tendenciosas.

Aos 30:38m – Gn 13:2,6 – “Deus da abundância que faz


sobrar. José do Egito. Povo no deserto – maná.
Multiplicação dos pães. Pesca maravilhosa!”

Muitos têm aprendido a se aproveitar da palavra de Deus


em favor de si mesmo ao invés de usá-la em favor mesmo
do próximo, como deveria ser. São, portanto, muito úteis
os textos de milagres que enfatizam, por exemplo, fatos
bíblicos concernentes ao tema da prosperidade.

Nesse sentido, buscam-se os textos mais apropriados que


mostram como um determinado personagem evoluiu ou
prosperou financeiramente – essa é a ênfase. Contudo, o
mais importante de cada uma dessas histórias não se
encontra no fato final da prosperidade, mas,
principalmente, no fato da realidade vivida pelo
personagem: as lutas, as dores, as perdas, o aprendizado
moral, a transformação do caráter, a obediência a Deus em
detrimento da própria vontade, a renúncia aos próprios
desejos e vontades etc.

[ 197 ]
O oleiro na mão do Vaso

Esses fatos todos unidos em conjunto foram determinantes


para que aquele personagem alcançasse prosperidade
financeira ou determinado evento denotasse abundância de
bênçãos. Por exemplo, Jó alcançou prosperidade quando?
Vejamos:

Falaram de como estavam tristes pelo que lhe havia


acontecido e o consolaram por todas as desgraças que
o SENHOR havia feito cair sobre ele (Jó 42:11b).

Jó perdeu a saúde, os filhos, os bens, a reputação, sem


jamais acusar Deus, deixar de reconhecer a sua soberania
e de o adorar, e somente após passar por tanto sofrimento
em meio, porém, à contínua adoração e obediência aos
desígnios de Deus, alcançou prosperidade financeira,
recuperou família, resgatou sua dignidade social, foi
galardoado com longevidade:

O Senhor abençoou a última parte da vida de Jó mais do


que a primeira. Ele chegou a ter catorze mil ovelhas, seis
mil camelos, dois mil bois e mil jumentas. Também foi pai
de sete filhos e três filhas. À primeira deu o nome de
Jemima; à segunda chamou de Cássia; e à terceira, de
Querém-Hapuque. No mundo inteiro não havia mulheres
tão lindas como as filhas de Jó. E o pai as fez herdeiras dos

[ 198 ]
O oleiro na mão do Vaso

seus bens, junto com os seus irmãos. Depois disso, Jó ainda


viveu cento e quarenta anos, o bastante para ver netos e
bisnetos. E morreu bem velho (Jó 42:12-17).

A teologia da prosperidade se ocupa de mencionar


ilustrativamente aquela fase penosa da vida de Jó com o
objetivo de estimular o cristão à obediência a Deus,
independentemente de alcançar bênçãos ou não? Quem
quer ser como Jó e passar pelo que ele passou antes de
desfrutar de tanta prosperidade? Querem a prosperidade
de Jó, mas não querem o sofrimento de Jó. Isso revela um
sentimento mesquinho equiparado à inveja que só se
alimenta de coisas boas da vida alheia sem sequer querer
imaginar o que o outro passa para ser ou ter isso ou aquilo,
pois muitos têm muito, mas só Deus sabe como! Essa parte
ninguém quer – a parte oculta dessas vidas que engloba
vários tipos de adversidades, mas a parte exposta que
mostra suas conquistas desencadeia o lado oculto de outras
vidas – a manifestação de sentimentos obscuros como o
olho grande.

[ 199 ]
O oleiro na mão do Vaso

Hoje se veem nas igrejas pessoas querendo tão somente


ser galardoadas sem pagar o preço da submissão à vontade
ou aos propósitos de Deus. Querem chegar à igreja e ouvir
apenas palavras que massageiam seu ego, que alentam sua
alma, que fomentam seu apetite por grandezas; não estão
interessadas em olhar para dentro de si e reconhecerem
que precisam ser transformadas em determinados aspectos
do caráter, da personalidade, pois não compreendem essas
mudanças como sinal de prosperidade moral, emocional,
sentimental, que cooperam para a bênção de um espírito
são e uma mente sã. Lamentavelmente, só entendem
prosperidade sob uma perspectiva financeira que lhes
atribui lucros e vantagens materiais.

Aos 33:37m, “Colegas pastores que estão assistindo esse


programa, pegue esse DVD, aluga um telão na tua igreja e
bota pro povo ouvir o que eu tô falando aqui. Não tenha
medo de ensinar a verdade da bíblia.”

Verdade da bíblia ou dele? Por que ele não incentiva os


pastores colegas a estudarem a bíblia para poderem dar

[ 200 ]
O oleiro na mão do Vaso

instruções divinamente inspiradas pelo Espírito Santo e não


por ele, um mero ser humano? Quem é esse homem? Diz
a palavra de Deus: Que ele (Cristo) cresça e que eu diminua
(Jo 3:30), mas aqui nesse momento da pregação ele prega
o contrário!

Aos 33:58m, “Deus quer que a lei da semeadura, a lei da


provisão, a lei da multiplicação” (2 Co 9:10).

Quem é quem para afirmar o que Deus quer? Quem sabe


o que Deus quer? Quem pode pôr palavras na boca de
Deus? Como se aplica a lei da semeadura na visão de Deus?

O profeta que presumir soberbamente de falar alguma


palavra em meu nome, que eu lhe não tenho mandado falar
(Dt 18:20).

Não deis ouvidos às palavras dos profetas que entre vós


profetizam; ensinam-vos vaidades e falam da visão do seu
coração, não da boca do SENHOR. (Jr 23:16).
O Senhor disse; quando o Senhor os não enviou; e fazem
que se espere o cumprimento da palavra. Não vedes visão
de vaidade e não falais adivinhação mentirosa, quando

[ 201 ]
O oleiro na mão do Vaso

dizeis: O Senhor diz, sendo que eu tal não falei? (Ez


13:6,7).

Aos 36:25m, Malafaia diz: “Não dá pra copiar? Depois tu


leva um CD, não é pra comprar CD, não é porque eu tenho
que vender CD, não é nada disso. Mas pra você, a
repetição, uma coisa”, e, de modo interessante, continua
aos 36:31m, ele mesmo orientando aos ouvintes o
seguinte: “Pra você gravar na sua memória, no seu
coração, você tem que ouvir pelo menos 17 vezes pra
guardar 90%; você tem que ouvir 17 vezes uma mesma
coisa pra tentar guardar 90%. Isso aí é pesquisa científica
correta que eu tô falando.”

Ou seja, ele orienta o povo a ouvir o CD dele 17 vezes, ao


invés de orientar o povo a ler a Bíblia quantas vezes forem
necessárias para aprender de Deus, e não dele. Quando a
materialidade sobrepuja a espiritualidade! Interessante é a
data dessa pregação – 24/09/2018 – concomitante ao
momento histórico pelo qual o país passava nessa época!!!

[ 202 ]
O oleiro na mão do Vaso

Vou usar aqui oportunamente duas hashtags bastante


conhecidas: #entendidosentenderão #ficaadica

Unindo o aparentemente útil ao agradável. Por que


“aparentemente útil” e não útil? O que de fato é útil, ouvir
a voz de Deus ou a voz do homem? Ler a bíblia com a
mente espiritual para receber a revelação direta da palavra
de Deus ou ouvir as interpretações humanas que se fazem
em nome de Deus? O que de fato é mais viável para
Malafaia, vender CDs ou levar as pessoas a ouvirem os seus
ensinamentos nos CDs em detrimento dos ensinamentos
que se adquirem por meio da leitura bíblica direta?

Ele defende a teoria da “repetição”, confirmando-a em


nome de uma pesquisa científica pela qual David Ausubel e
Mohamed Youssef, especialistas em educação, disseram
que um estudante precisaria ser exposto a uma palavra 17
vezes antes de aprendê-la. Por outro lado, a mesma fonte
dessa notíciaxii declara que outras pesquisas apontam para
uma média que varia entre 15 e 20 vezes. Por sua vez,
Catherine Snow, professora de educação na Universidade

[ 203 ]
O oleiro na mão do Vaso

de Harvard (EUA), diz que existem diferentes condições de


aprendizado, bastando ouvir a palavra uma única vez para
aprendê-la. Catherine Snow afirma que, em média,
exposição de 15 a 20 vezes bastam para aprender uma
palavra”, e não 17 especificamente.xiii

Voltando, porém, à dimensão contextual malafaica


referente ao aprendizado bíblico, nem tudo que está ligado
à esfera científica se aplica na esfera bíblica. Portanto,
quando a intenção fala mais alto, a tendência do indivíduo
é se prender àquilo que lhe interessa, sem citar as demais
possibilidades. Isso se chama tendenciosidade, o que vai
totalmente contra a verdade bíblica. Oportuno lembrar
versículos bíblicos que refletem esse entendimento: Não
useis de vãs repetições (Mt 6:7). Na multidão de palavras
não falta transgressão (Pv 10:19). Do excesso de palavras
vêm as promessas do tolo (Ec 5:3).

Ouvir inúmeras vezes uma determinada pregação gravada


por um homem, por mais famoso pastor que seja, não se
coaduna com os ensinamentos de Jesus, que se posiciona

[ 204 ]
O oleiro na mão do Vaso

contrariamente a ações mecânicas. Ademais, isso se


assemelha à repetição de mantras ou rezas, sendo que,
nesse caso em questão, a prática é executada pelos
ouvidos, e não pela boca. De qualquer forma, tudo resulta
em repetição. Esses tipos de práticas não manifestam uma
aproximação a Deus, mas um distanciamento dele pela
dedicação dada a fórmulas de aprendizado em detrimento
de um contato direto com ele.

Mediante tal prática, a pessoa fica impossibilitada de


receber diretamente de Deus sua revelação, direção,
orientação, visto que não há uma busca a Deus e às suas
verdades reveladas nas Escrituras; não há, portanto, uma
harmonia com a vontade e os ensinamentos divinos. Há tão
somente uma busca à obediência à voz do homem de
renome, em quem pensam que se pode acreditar, como se
fosse Deus falando pela sua boca, e passam a ouvi-lo a fim
de alcançar as grandes vitórias prometidas por ele. Desse
modo, a pessoa fica presa a um condicionamento dado pelo
homem e, sem perceber, afasta-se de Deus cujas
promessas de fato se cumprem.

[ 205 ]
O oleiro na mão do Vaso

Além de tudo isso, a pessoa mais douta será sempre


incapaz de compreender a palavra de Deus, a sua verdade,
a sua vontade, o seu direcionamento, se não for pelo
Espírito Santo que enriquece o espírito humano com
sabedoria, visto que inteligência e intelectualidade não
podem acessar os mistérios de Deus. Logo, é preciso ler a
bíblia por meio da espiritualidade dada por Deus para
alcançar comunhão com ele, e não por meio de
carnalidades, como os diversos recursos humanos que vêm
sendo infiltrados na igreja hodierna. Esses estão usurpando
o lugar de Deus e muitos estão se deixando levar por eles
e por seus patrocinadores.

Aos 37:10m, ele declara: “Eu não vou deixar ninguém


aqui confundido nem sair com minhoca atrás da orelha. Eu
quero falar algumas verdades...”

No entanto, só Deus tem o poder de não deixar ninguém


confundido: Não serão confundidos os que esperam em ti
(Sl 25:3a). Ninguém tem o direito de se apossar da palavra
de Deus como se fosse sua. Por que ele não disse, assim:

[ 206 ]
O oleiro na mão do Vaso

“Deus [ou o Espírito Santo ou o Espírito de revelação] não


vai te deixar confundido.”? Ou que usasse o discurso direto:
“E o Espírito de revelação, o Espírito Santo diz: ‘Eu não vou
deixar ninguém aqui confundido nem sair com minhoca
atrás da orelha...’” Logo, quando um dito servo de Deus
assume a palavra de Deus como se fosse sua, ele está
reivindicando para si uma autoridade que Deus não lhe
confere, pois a que Deus lhe confere não o faz se sentir o
dono do poder.

Aos 37:53m – “Tem um monte de bilionários no mundo


que nunca deram nada pra Deus, que nem acreditam em
Deus, são riquíssimos, e tem até crente dentro da igreja
que eu conheço que não dá dízimo, não dá oferta, não dá
nada e é rico.”

Pobre comparação! Parece que Malafaia se esqueceu dos


versículos que dizem: Faz que o seu sol se levante sobre
maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos;
Haverá alguém sobre quem a sua luz não brilhe? (Mt 5:45;
Jó 25:3). Para ser rico não é preciso dar nada na igreja
tampouco acreditar em Deus, seja crente ou não. Uma

[ 207 ]
O oleiro na mão do Vaso

pessoa já é rica ou se torna rica porque assim Deus lhe


concedeu ser ou se tornar. O mesmo se dá com o pobre.
Está escrito que Nunca deixará de haver pobres na terra, e
Quanto aos pobres, vós sempre os tereis convosco (Dt
15:11; Jo 12:8).

O que vamos dizer, então? Que Deus é injusto? De modo


nenhum! Pois ele disse a Moisés: “Terei misericórdia de
quem eu quiser; terei pena de quem eu desejar.” Portanto,
tudo isso depende não do que as pessoas querem ou
fazem, mas somente da misericórdia de Deus. Porque,
como está escrito nas Escrituras Sagradas, Deus disse a
Faraó: “Foi para isto mesmo que eu pus você como rei,
para mostrar o meu poder e fazer com que o meu nome
seja conhecido no mundo inteiro.” Portanto, Deus tem
misericórdia de quem ele quer e endurece o coração de
quem ele quer (Rm 9:14-18).

Deus é justo. Em sua justiça, ele dá, deixa de dar ou ele


tira. O Senhor é quem dá pobreza e riqueza; ele humilha e
exalta (1 Sm 2:7). Quem pode contestar o agir de Deus?
Agindo eu, quem o pode desfazer? (Is 43:13c). Deus sabe
de todas as coisas. Mas Você diz: 'Estou rico, adquiri
riquezas e não preciso de nada'. Não reconhece, porém,
que é miserável, digno de compaixão, pobre, cego, e que

[ 208 ]
O oleiro na mão do Vaso

está nu (Ap 3:17) – as primeiras são palavras do tolo e


soberbo que não reconhece a soberania de Deus.

Ademais, a bênção de Deus independe de dízimos e ofertas


que se dão na igreja ou do que se faz em nome de Deus,
pois essas ações nem sempre revelam uma sincera
adoração a Deus; podem mesmo representar uma atitude
mesquinha como o interesse em receber de volta em dobro
ou em triplo ou... ou... aquilo que doou. De tanto ouvirem
pregações sobre conquista de prosperidade, diga-se en
passant, financeira, a partir de doações na igreja, muitos
acabam por acreditar nisso, deixando de lado a verdadeira
doação que agrada a Deus, e que tem sido negligenciada
em nome de teologias que desvirtuam a verdade de Deus:

Ofereçam suas vidas a Cristo


(Rm 12:1,2)
Irmãos, Deus mostrou por nós uma grande misericórdia.
Por isso, peço-lhes que ofereçam a ele as suas vidas em
sacrifício, isto é, um sacrifício vivo, puro e que lhe seja
agradável. Esta é a maneira espiritual de vocês o
adorarem. Não sejam mais moldados por este mundo mas,
pela nova maneira de vocês pensarem, vivam uma vida
diferente. Então vão descobrir a vontade de Deus, isto é, o
que é bom, agradável a ele, e perfeito.

[ 209 ]
O oleiro na mão do Vaso

No entanto, ao invés de oferecerem suas vidas a Cristo, i.e.,


cumprirem com seus ensinamentos como a) amar o
inimigo, b) perdoar o ofensor, c) assumir os próprios erros,
d) ser misericordioso com o próximo, e) cobrir a nudez do
irmão etc., muitos que clamam “Senhor, Senhor” tão
somente põem para fora da boca essas palavras que não
correspondem ao que de fato eles sentem pelo Senhor. O
“Senhor” em suas bocas é um mero vocativo para
mostrarem serviço: Por que vocês me chamam
“Senhor, Senhor” e não fazem o que eu digo? (Lc 6:46).
São interesseiros, e não generosos. Tudo o que fizeram foi
em causa própria. Eis a diferença e os resultados: “Há
quem dê generosamente, e vê aumentar suas riquezas;
outros retêm o que deveriam dar, e caem na pobreza. O
generoso prosperará; quem dá alívio aos outros, alívio
receberá” (Pv 11:24-25).

Aos 38:20m – “Eu vou começar a te explicar com um


texto, mas até o texto não é a coisa mais importante da
explicação, mas é o começo da explicação.”

Recita o Salmo 115:16, sem leitura bíblica direta como


normalmente o faz. Ele sabe a bíblia de cor e salteado.

[ 210 ]
O oleiro na mão do Vaso

Saber de cor não significa conhecer em espírito e em


verdade. Quantas vezes lembramos de um versículo,
citamos o versículo, e isso não nos toca profundamente,
mas quando abrimos a bíblia e lemos o mesmo versículo, a
sabedoria de Deus se revela tão poderosamente que nesse
momento aprendemos o que nunca antes tínhamos
compreendido da palavra. É como se estivéssemos lendo
algo novo, pois a palavra de Deus se renova a cada leitura,
a cada momento da vida; um mesmo versículo se adapta a
infinitas situações com a provisão de Deus para cada uma.
Então, por que não ler a bíblia, os versículos, mesmo que
se esteja em uma pregação inflamada que não quer
interrupções? Pois um texto bíblico em uma pregação
nunca será algo sem importância, e nem será JAMAIS
apenas o começo de uma explicação humana, como
proferiu o Pr. Malafaia: “até o texto não é a coisa mais
importante da explicação, mas é o começo da explicação”
(referindo-se ao Salmo 115).

O texto bíblico, todo ele, de Gênesis a Apocalipse, é


SEMPRE imprescindível! Sua leitura é essencial para o
perfeito entendimento daquilo que Deus quer comunicar às
pessoas que estão ali justamente para ouvir o que ele tem

[ 211 ]
O oleiro na mão do Vaso

a lhes dizer acerca de suas circunstâncias de vida. NENHUM


homem, por mais sabedor de cor de textos bíblicos, jamais
poderá suprir as necessidades espirituais do povo de Deus;
frise-se: povo de Deus! Povo de Deus precisa de Deus, de
sua palavra, de sua providência, de seu socorro. Homens a
serviço de Deus devem ter consciência disso. Tudo o que
concerne a Deus deve estar acima de qualquer coisa abaixo
de Deus. Portanto, o texto bíblico é a melhor explicação,
por si mesmo, e a coisa mais importante da explicação,
contrariamente ao que pretendeu o Malafaia com suas
palavras sem base bíblica. Na realidade, ele não mencionou
que a palavra de Deus é a verdade absoluta que por si
mesma se revela ao ouvinte fiel que a recebe em seu
espírito sem necessidade de maiores explicações porque
recebida através do Espírito de Deus. As explicações dos
textos bíblicos podem ser necessárias, mas serão sempre
secundárias diante da voz de Deus no “coração” do homem.

Aos 39:11m – Muitos, portanto, pensam em prosperidade


apenas como melhora financeira, profissional, status social
etc. Confundem prosperidade com riqueza material:
aquisição de bens, somas vultosas de dinheiro, ascensão

[ 212 ]
O oleiro na mão do Vaso

profissional etc. Malafaia cita apenas o termo “riqueza”,


deixando de fora o sentido da materialidade, e confunde
riqueza material com prosperidade. Tem-se, por exemplo,
o fato de uma pessoa ser rica financeiramente e não ser
próspera, e uma pessoa pobre financeiramente ser
próspera. A prosperidade envolve riqueza sim, mas uma
riqueza imaterial que pode ou não gerar uma riqueza
material; a prosperidade não depende de materialidades
para existir. Veja-se um esquema simples sobre riqueza
material e prosperidade:

Riqueza material ≠ Prosperidade:


Riqueza material = bens, propriedades móveis; ascensão profissional,
posição social, abundância de dinheiro = “prosperidade financeira”.
Prosperidade = sabedoria, discernimento espiritual, dignidade moral,
equilíbrio emocional, pureza sentimental, paz interior.

Amado, peço a Deus que prosperes em tudo e tenhas


saúde, assim como tua alma prospera (3 Jo 1:2).

A confusão sobre o verdadeiro significado do termo reside


na incompreensão sobre a sua origem que envolve uma
atribuição errônea de valores; por exemplo, alguém pensar

[ 213 ]
O oleiro na mão do Vaso

que é próspero porque recebeu uma promoção no trabalho


e um consequente aumento salarial. Isso não é
prosperidade; isso é resultado de reconhecimento alheio
pelos serviços prestados e também uma tendência
econômica natural no âmbito profissional que pode estar
ligada às competências desempenhadas que apresentam
constante desenvolvimento naquela determinada função. A
prosperidade, por sua vez, revela-se na satisfação
decorrente daquelas conquistas que proveem uma
sensação de contentamento capaz de proporcionar a
estabilidade do ser interior.

No caso específico de pessoas cristãs, entende-se


prosperidade dentro dessa ótica como resultado da
obediência aos ensinamentos de Deus quanto a questões
de comportamentos e ações que refletem honradez e
caráter fidedigno. Quer dizer, uma pessoa que vai
assiduamente à igreja, dá dízimos e ofertas, cumpre com
todas as suas obrigações eclesiásticas, preocupa-se em
agradar seus líderes, mas não se faz presente no seio da
família, não dá dinheiro em casa, não se oferece para
ajudar seus familiares, não cumpre com as suas diversas
obrigações domésticas, não se preocupa em agradar seu

[ 214 ]
O oleiro na mão do Vaso

cônjuge ou filhos, enquadra-se na condição de alguém que


não corresponde à justiça de Deus visto que essa não se
alcança por obras, mas por um coração contrito (Sl 51:17).

Como, então, receber de Deus a recompensa esperada,


como a prosperidade, considerando que o termo em si
significa “alcançar aquilo que espera”, segundo a
etimologia da palavra [do latim “pro” = “a favor” + “spes”
= “esperança”], se aquela pessoa não fez o que Deus
esperava dela? Como uma pessoa pode ser recompensada
por algo que não fez? Logo, nem sempre ofertar na igreja
significará receber de volta prosperidade se outras ações
mais importantes, como dar assistência à família, ficarem
relegadas a segundo plano, contrariando o que está escrito:
“Aprendam primeiro a cuidar da sua própria família” (1 Tm
5:4). Ou seja, se não obedecer a Deus que se agrada de
quem se agrada dele e da sua palavra, não há como ter
prosperidade; pode, no máximo, ter riqueza material, muito
dinheiro, adquirir muitos bens... – “Ah, mas isso é tudo o
que a pessoa quer!”. Mas, seria isso o “tudo” de que uma
pessoa precisa? Um dia, quando perceber que tem tudo e
não tem nada, ela vai entender que nunca teve
prosperidade! Aí, talvez, já será um pouco tarde. Desperta,

[ 215 ]
O oleiro na mão do Vaso

ó tu que dormes nas palavras de pretensos mestres!!! Deus


se agrada daqueles que o buscam e os recompensa
segundo a sua vontade pelo que, independentemente do
que receberem, devem lhe ser gratos.

Mais do que ensinar sobre teologia da prosperidade,


pautando-se erroneamente em versículos bíblicos por meio
de interpretações tendenciosas, deve todo “homem de
Deus”, no sentido lato da expressão, fazer jus ao significado
real do texto escriturístico quanto à noção da
transformação de vida das pessoas em sentido ontológico
do que se depreende, e deve ser esclarecido, que poderá
ou não haver obtenção de riquezas materiais, mas
certamente haverá riquezas interiores que proverão tudo
de melhor que uma alma necessita, o que não equivale a
ganhos monetários. Metanoia nada tem a ver com
transformação de condição econômica das pessoas.

Aos 40:55m – “Sempre deram migalhas, sempre


pensaram que podiam enganar Deus, a igreja e o pastor
(...) As atitudes de um cristão em relação ao dinheiro
determina [ipsis verbis] a qualidade da sua vida espiritual

[ 216 ]
O oleiro na mão do Vaso

porque é impossível separar dinheiro de certas virtudes


fundamentais da vida cristã.”

Que argumento!!! Que poder de persuasão!!! Que jogo de


palavras!!! Que troca de sentidos!!! E quase ninguém
percebe, ou, então, prefere não entender. Em um de seus
artigos sobre dízimo publicado em seu site, Malafaia diz que
não dar o dízimo demonstra materialismo e avareza; que
isso equivale a um apego ao dinheiro que demonstra um
materialismo exacerbado e até avareza, um pecado de
idolatria, convocando Colossenses 3:5 em defesa de sua
interpretação.

Vejamos, pois, o que de fato significa o referido versículo,


considerando as varáveis do termo “avareza” como
“ganância ou cobiça” em diferentes versões bíblicas. O
significado denotativo de avareza refere-se a um apego
extremo ao dinheiro, uma preocupação em juntar mais
dinheiro, falta de generosidade, mesquinhez; o de ganância
refere-se a uma busca incessante pelo lucro, ambição
imoderada por bens e riquezas, desejo fervoroso e

[ 217 ]
O oleiro na mão do Vaso

permanente de possuir ou de ganhar muito mais além do


que o necessário; de cobiça refere-se a um desejo
desmedido por poder, bens materiais, dinheiro, status.

Contentai-vos com o vosso soldo (Lc 3.14).

Não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às


humildes (Rm 12.16).

Aprendi a contentar-me com o que tenho (Fp 4:11).

Conservem-se livres do amor ao dinheiro e contentem-se


com o que vocês têm, porque Deus mesmo disse: Nunca o
deixarei, nunca o abandonarei (Hb 13.5).

Parece que esses versículos não são adequados à teologia


da prosperidade, pelo menos não costumam ser ouvidos
nas igrejas que a preconizam. O contentamento de que
tratam os versículos acima é justamente o comportamento
que Deus ordena aos seus fiéis. O contentamento revela a
fé em Deus que supre todas as necessidades. O
contentamento isenta da pressa em receber o que se
precisa. Portanto, espere no Senhor (Sl 27:14). O

[ 218 ]
O oleiro na mão do Vaso

contentamento não pressiona a fazer ofertas grandes para


ganhar muito mais.

No entanto, como manifestar contentamento se todo o


tempo se ouve que é preciso dar mais para receber ainda
mais? Urge que as igrejas fiéis a Deus desenvolvam o
tratamento da renovação da mente pela palavra de Deus a
fim de extirpar o mal da ganância da qual sofrem os
próprios pedintes de dízimos e ofertas.

Já não é nem o caso de falar sobre dízimos porque essa


designação já vem sendo suplantanda pelo termo ofertas
justamente por causa do sentido pejorativo que o dízimo
vem sofrendo, ficando preterido a segundo plano. Assim,
falando mais especificamente sobre as ofertas do modo
como vêm sendo manipuladas, elas deixam de
corresponder ao própósito de Deus cujas palavras nas
bocas de líderes gananciosos são evitadas a todo o custo
para não desviar das contribuições monetárias o rebanho
tão carente e necessitado. Desse modo, só buscam
versículos que falam sobre dar dinheiro e dar com

[ 219 ]
O oleiro na mão do Vaso

abundância para garantir um ganho ainda maior. Quem


tem dá e quem não tem também dá. Porém, Quem tem
receberá mais; mas quem não tem, até o pouco que tem
será tirado dele (Mc 4:25).

Relembrando as palavras de Malafaia – de que não dar o


dízimo demonstra materialismo, avareza, apego ao dinheiro
equivalente ao pecado de idolatria –, percebe-se o outro
lado da moeda cuja efígie retrata o não recebimento do
dízimo, o que causa uma expectação de perda por parte
dos que propagam uma idolatria disfarçada pela palavra de
Deus. Daí, a veemente insistência em incutir nas mentes
incautas (ou mesmo interesseiras) a falta de subordinação
a Deus que consequentemente limitará as bênçãos. Assim,
parte-se da teologia da prosperidade para a teologia do
medo.

Tudo isso revela uma obstinação pelas próprias ideias que


não correspondem aos ideiais de Deus – evangelização
para salvação, que nada tem a ver com propsperidade
financeira – ou pelos próprios pensamentos que não
correspondem aos pensamentos de Deus: Os meus

[ 220 ]
O oleiro na mão do Vaso

pensamentos não são como os seus pensamentos (Is


55:8).

Aos 41:31m – Malafaia continua seu discurso mirabolante


dizendo que há ricos que não temem a Deus e são
miseráveis: “Vai ver a vida deles, vai ver o que está por trás
da cortina (...) Eu conheço história de crentes ricos que não
dão dinheiro, não dão oferta, e da noite pro dia perdem
milhões, crente na igreja!, porque nunca contribuíram,
sempre deram migalhas, sempre pensaram que podiam
enganar Deus, a igreja e o pastor. Jó era temente a Deus,
era rico, dava o dízimo, e da noite para o dia perdeu
milhões!” O Senhor deu, o Senhor tirou; louvado seja o seu
nome! (Jó 1:21b), disse Jó.

Interessante que Malafaia cria uma trindade na qual atua


como membro: “sempre pensaram que podiam enganar
Deus, a igreja e o pastor” – ou seja, ele se coloca em pé de
igialdade com Deus e com a Igreja!!! E nenhum membro
naquele culto percebeu tal absurdo que se revelava em
soberba, vanglória, ostentação de poder divino – homem-
deus que se ufana de uma condição inexistente e

[ 221 ]
O oleiro na mão do Vaso

impossível. Essa atitude caracteriza ação de divisão através


da qual se divide a fidelidade entre Deus e a organização4
que, no caso em questão, além de tudo, parece não se
referir à Igreja de Cristo pura, santa e imaculada, mas à
igreja física liderada por um homem religioso, pois se refere
à igreja onde se recebem os dízimos ou, mais
especificamente, onde deixaram de ser recebidos segundo
o contexto em destaque. E a membresia daquela igreja,
além de não atentar para o comportamento autoritário de
seu líder, não percebeu o tom ameaçador das suas
palavras, entendendo que deveria lhe prestar obediência,
pois, caso contrário, poderia sofrer algum tipo de punição
– teologia do medo cujo líder detém o poder sobre os
crentes incautos.

É por isso que sempre se adverte aos crentes a prestarem


atenção às palavras ditas e ouvidas porque se entranham
na mente e no coração, podendo causar um grande estrago
espiritual por levar a entendimentos errôneos sobre a
posição de um líder religioso diante de Deus. É mister que
se observe o que vai nas entrelinhas que normalmente não
4
Campello, Monica. S.E.I.T.A.S. p. 36.

[ 222 ]
O oleiro na mão do Vaso

se percebem, permanecendo apenas na sua


superficialidade. Crente que é crente precisa ter
discernimento espiritual para diferenciar termos, frases e
intenções, e refutá-los quando percebidos como uma
afronta à glória de Deus visto que o Senhor não divide a
sua glória com ninguém (Is 42:8). Visivelmente, Malafaia
se excedeu em suas palavras pelo que deveria se retratar
com Deus imediatamente enquanto é tempo (Is 55:6). E
quanto aos crentes incautos, se ainda não desfrutam do
devido e necessáro discernimento espiritual, urge que o
peçam a Deus imdediatamente. Malafaia e seus seguidores
manifestam necessidade urgente de correção pelo poder de
Deus para que naquele dia (Mt 7:21-23) o Senhor possa
reconhecê-los.

No mais, quanto ao entendimento malafaico sobre os


crentes ricos que não dão dinheiro, não ofertam, e que
perdem milhões por causa disso, por conta desse “pecado
contra o pastor e a sua igreja”, pergunta-se na contramão
dessa declaração contraditória: quantas pessoas crentes
que não são ricas também sofrem perdas diversas?! Será
mesmo que eles passaram por tudo isso porque nunca
contribuíram financeiramente com a igreja ou porque

[ 223 ]
O oleiro na mão do Vaso

deram migalhas?! Paradoxo sem causa! Está escrito que


Deus quer misericórdia e não sacrifício (Os 6:6; Mt
9:13;12:7). E quantos falsos convertidos fazem doações
com o objetivo principal de receber mais em troca e como
mero ritual externo a fim de agradar seus líderes em
detrimento da obediência que devem a Deus, como
priorizar a misericórdia – lealdade, verdadeira consagração
e conversão sincera – ao invés do sacrifício?

O Senhor sabe de todas as coisas. Quem pode sondar os


caminhos do Senhor, os pensamentos do Senhor, os
propósitos do Senhor (1 Co 2:16)? Será que os
acontecimentos nas vidas das pessoas não seria
providência de Deus para o alcance dos seus propósitos,
como perder para ganhar ou perder algo para que se
manifeste a glória de Deus como aconteceu com Jó?

Portanto, as palavras do pastor Malafaia não se coadunam


com o texto sagrado visto que seu entendimento bíblico é
deturpado, e, arbitrariamente, “aponta o dedo” literalmente
(para a TV, aos que porventura lhe assitem, acusando-os)
para os servos de Deus que não agem conforme os

[ 224 ]
O oleiro na mão do Vaso

ensinamentos nas igrejas onde ele prega sua teologia da


prosperidade.

Como perder para ganhar? Ou como perder para a glória


de Deus como Jó? Todos têm suas razões para receberem
de Deus ganhos e perdas, e isso não tem a ver com dar
ofertas ou deixar de dar ofertas, pois dar ofertas –
dependendo de como se dá, com que coração – pode ou
não agradar a Deus, mas isso não opera a sua justiça; não
é porque alguém faz ofertas que está livre dos males da
terra. Se fosse assim, não ficaria jamais doente e viveria
eternamente.

E por que o pastor entra em pé de igualdade com Deus e a


igreja?! Até parece que o crente deve temer ao pastor!!! Os
valores estão se invertendo. A maioria dos pastores
hodiernos não imita Jesus: Jesus não se ufanou de ser igual
a Deus:

De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve


também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus,
não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se
a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se
semelhante aos homens; e, achado na forma de homem,

[ 225 ]
O oleiro na mão do Vaso

humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e


morte de cruz (Fp 2:5-8).

Que líder, pastor, reverendo, bispo, apóstolo, ou qualquer


um que detenha seu título eclesiástico-religioso
independente da devida submissão a Deus se esforça por
imitar Jesus em sua humildade? Qual? Quem?

Aos 43:43m – “As atitudes de um cristão em relação ao


dinheiro determina (ipsis verbis) a qualidade da sua vida
espiritual porque é impossível separar dinheiro de certas
virtudes fundamentais da vida cristã tais como...
generosidade... dar ofertas é tão espiritual quanto cantar
hinos, dar glória a Deus...”

Existe um lema, “Fora da caridade não há salvação”, que


tipifica a salvação pelas obras: esmolas visíveis a todos,
dízimos e ofertas por obrigação, imposição, cumprimento
do cargo e/ou por razões mesquinhas como visar
recompensas. Obras não salvam ninguém! Mas
aprendemos de Deus pelo texto sagrado que a salvação é
pela graça, e o galardão é segundo a vontade de Deus: se
ele quiser ele dá; se não quiser, não dá,

[ 226 ]
O oleiro na mão do Vaso

independentemente do que alguém faça em seu nome.


Nesse sentido, quando alguém dá ofertas na igreja visando
interesses próprios como se tornar merecedor do favor
divino para receber bênçãos ainda maiores, como “Dê
$100,00 e receba $10.000”, essa oferta é espiritual ou uma
prática legalista?

O fariseu foi legalista. Note o coração dele:

O fariseu e o cobrador de impostos


Jesus também contou esta parábola para os que achavam
que eram muito bons e desprezavam os outros:
— Dois homens foram ao Templo para orar. Um era fariseu,
e o outro, cobrador de impostos.
O fariseu ficou de pé e orou sozinho, assim: “Ó Deus, eu te
agradeço porque não sou avarento, nem desonesto, nem
imoral como as outras pessoas. Agradeço-te também
porque não sou como este cobrador de impostos.
Jejuo duas vezes por semana e te dou a décima parte de
tudo o que ganho.”
— Mas o cobrador de impostos ficou de longe e nem
levantava o rosto para o céu. Batia no peito e dizia: “Ó
Deus, tem pena de mim, pois sou pecador!”
E Jesus terminou, dizendo:
— Eu afirmo a vocês que foi este homem, e não o outro,
que voltou para casa em paz com Deus. Porque quem se

[ 227 ]
O oleiro na mão do Vaso

engrandece será humilhado, e quem se humilha será


engrandecido (Lc 18:9-14).

Qualquer prática legalista é condenada por Jesus, o Dono


da Igreja. Quem tem respeitado o Dono da Igreja? Ou
quem tem avassalado seus critérios de salvação, bênçãos e
juízo pela lei da semeadura? Quando uma oferta é
espiritual? Quando alguém o faz por generosidade
espontânea (Mc 12:41), e não forçada ou por
constrangimento, obrigação ou para mostrar serviço e
coisas afins.

Este, fixando os olhos nele e muito atemorizado, disse: Que


é, Senhor? E o anjo lhe disse: As tuas orações e as tuas
esmolas têm subido para memória diante de Deus (At
10:4).

Ao ler esse versículo, julguei-me a mim mesma, fazendo-


me culpada por nem sempre dar esmolas. Mas o que é dar
esmolas? É dar R$1,00 ou R$2,00 a um mendigo na rua, a
uma criança de rua? Ou é se compadecer de quem está
necessitado? Esse compadecimento não se resume a
dinheiro, alimentos, e outros gastos com a pessoa, mas,
principalmente à generosidade do coração, de querer

[ 228 ]
O oleiro na mão do Vaso

ajudar porque se preocupa, pois se assim não fosse, seria


como os ricos que dão muito dinheiro, mas não dão um
pingo de amor e nem têm a mínima preocupação com o
outro visto que dar dinheiro já é grande coisa, já é fazer a
sua parte.

O anjo respondeu: As suas orações e suas boas obras


subiram como oferta diante de Deus (At 10:4).

Às vezes, pensamos que esmola é somente dinheiro e


comida que se dão aos pobres, mas há pobres de outras
necessidades que ajudamos com o amor que Deus coloca
em nossos corações. Esse amor abrange tudo o que é bom:
querer ver o outro feliz, não querer magoá-lo, não sentir
prazer na sua desventura, fazer o possível para que fique
bem — orar por ele, interceder por ele, pensar nele com
carinho, ser verdadeiro com ele. Tudo isso revela este amor
que vem de Deus e propicia a tão desejada paz a ambos
pela resposta do Senhor das nossas vidas. A esmola
verdadeira é a que sai do coração para preencher todos os
tipos de necessidades, podendo se materializar ou
simplesmente permanecer em estado espiritual que, muitas

[ 229 ]
O oleiro na mão do Vaso

vezes, só Deus conhece. Obrigada, Senhor, por me encher


do teu amor, que tanta paz e alegria me traz.

“Você não dá esmolas?! E o que você fez ontem, prejudicar


a si mesma para ajudar o outro? O que tua amiga está
fazendo não é o mesmo que você está fazendo? Como
vocês não estão dando esmolas?! Eu tenho visto tudo isso
de vocês e subiu para minha memória. Eu te capacito para
fazer aquilo que eu aprovo.” Pela revelação de Deus à
minha mente, entendi: se o Senhor não aprova
(determinada esmola), o Senhor não me capacita para
fazer. E, portanto, não fiz porque não fui capacitada por
Deus para fazer. Por isso deixei de fazer. Isso tem a ver
com revelação divina e não com revelação humana; vem
de Deus e não do homem. Quando alguém não faz algo
com relação à igreja, Deus o sabe e conhece o porquê
porque dele provém. Ofertas são sacrifícios que nem
sempre convêm. Quando Deus as rejeita?

Indaga o SENHOR: Que me importam os vossos inúmeros


sacrifícios? Eu não quero todos esses sacrifícios que vocês

[ 230 ]
O oleiro na mão do Vaso

me oferecem. Não adianta nada me trazerem ofertas, pois


os pecados de vocês estragam tudo isso. Parem de fazer o
que é mau e aprendam a fazer o que é bom. Tratem os
outros com justiça; socorram os que são explorados. (Is
1:11,13,16,17)

Quer dizer, Deus esclarece que o povo deve ser socorrido


e não explorado. Há muitos crentes puros na fé que vêm
sendo explorados em nome de Deus com vistas a ganhos
de quaisquer ordens, principalmente a financeira
correspondente aos lucros provenientes de dízimos e
ofertas – o que para eles está acima do bem-estar alheio;
preocupam-se, portanto, com benesses monetárias em
detrimento da questão salvífica que corresponde à salvação
de almas pelo que Jesus ordenou que se pregasse o
evangelho. Na contramão dessa ordem, os mercenários do
Reino que comercializam a fé cristã só visam os sinônimos
do lucro abusivo no seio da igreja: favorecimentos,
vantagens, regalias, privilégios, recompensas e demais
benefícios afins.

[ 231 ]
O oleiro na mão do Vaso

Por exemplo, quando há uma pandemia e a ordem é para


ninguém sair de casa, podem surgir alguns maus servos
orientando o povo da seguinte forma: “Eles estão dizendo
para ninguém sair de casa por causa da pandemia causada
pelo vírus, mas a verdade é que eles querem parar a Igreja,
querem que vocês parem de vir à igreja porque assim o
diabo vai tomar conta da vida de vocês; eles querem acabar
com a igreja. Não deem ouvidos à voz do diabo! Vamos
lutar contra eles. Vamos à igreja sim porque Deus é maior!
Nada vai nos acontecer.” E por aí seguem seus argumentos
tendenciosos que vão de encontro a duas verdades
bíblicas:
1) Amarás ao Senhor, teu Deus (...) de todo o teu
entendimento (Lc 10:27). O que significa de todo
entendimento? Entendimento significa razão, ou seja, sem
fanatismos. Esse tipo de pregação revela um fanatismo
irreverente porque despreza os ensinamentos de Deus
sobre ser um crente racional que não se deixa levar pela
imprudência, pois ela o matará e o falso bem-estar dos
insensatos os levará à destruição (Pv 1:32).

[ 232 ]
O oleiro na mão do Vaso

2) Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores;


porque não há autoridade que não venha de Deus; e as
autoridades que há foram ordenadas por Deus. Por isso,
quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e
os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação (Rm
13:1,2). Ao desobedecerem às ordens das autoridades para
ficarem em casa, conforme a ilustração dada, os membros
da igreja estão fazendo o quê? Tanto líderes que ocupam
cargos sob a designação de pastores, reverendos,
apóstolos, bispos, missionários como seus seguidores não
seguem a exortação divina. Os líderes seguem seus
próprios entendimentos que geram conselhos errôneos a
serem transmitidos a seus seguidores. Esses, por sua vez,
dão ouvidos à voz daqueles em detrimento da obediência à
voz de Deus. Desse modo, tornam-se seguidores de
homens, acreditando que são seguidores de Deus. O meu
povo não quer saber de mim e por isso está sendo
destruído. E vocês, sacerdotes, também não querem saber
de mim e esqueceram as minhas leis (Os 4:6).

[ 233 ]
O oleiro na mão do Vaso

O comportamento interesseiro de alguns cristãos destoa do


comportamento de cristãos fiéis: a viúva deu duas
moedinhas de pouco valor, mas não foi para o homem; foi
para Deus, ou seja, ela estava desejando ser obediente
àquilo em que ela acreditava – a lei de Deus vigente da
época (Lc 21:1-4). Isso difere de quando se dá alguma
coisa para o homem – ao sacerdote, por exemplo – visando
algum retorno qualquer que seja. Isso é uma atitude
farisaica, pois sua base está no agrado aos homens
enquanto a dos cristãos está no agrado a Deus. Quem é o
farisaico e quem é o cristão? Ambos são sujeitos que se
submetem ao serviço do plantio: “Vou servir”.
Consequentemente, tornam-se merecedores da colheita
dos respectivos frutos. Portanto, não tem como o sujeito
plantar espinho e querer colher maçã; não tem como
plantar fel e querer colher mel! Espinho com fel, uma
mistura que renega o céu. (Mt 27:29,34)

Ouve-se sobre um escândalo aqui, outro ali, a respeito de


uma igreja ou outra cujos administradores desviaram
valores recebidos em dízimos e ofertas, valores que

[ 234 ]
O oleiro na mão do Vaso

chegam mesmo a ser lavados. Os valores são lavados, mas


a alma não. Por sua avareza, deixam de corresponder às
ações de Jesus que lava a Igreja com água e a purifica com
a sua palavra, livrando-a de qualquer mancha ou defeito,
tornando-a inculpável. A Igreja é cada cristão batizado e
regenerado:

Ele fez isso para dedicar a Igreja a Deus, lavando-a com


água e purificando-a com a sua palavra. E fez isso para
também poder trazer para perto de si a Igreja em toda a
sua beleza, pura e perfeita, sem manchas, ou rugas, ou
qualquer outro defeito (EF 5:26,27).

Porém, pergunta-se: será que desviariam ou lavariam a


oferta da viúva ou a lavariam para aprender a dar mais?!
Existe uma diferença entre fazer ofertas para Deus por
intermédio de homens dignos, tendo o pensamento voltado
para Deus, e fazer ofertas para homens em nome de Deus,
tendo o pensamento voltado para interesses humanos.
Logo, como se dão essas ofertas, com que pensamento, ou
intenção? É como se Deus perguntasse: “O que você acha
melhor: fazer ofertas para agradar o homem que não é

[ 235 ]
O oleiro na mão do Vaso

merecedor ou agradar a mim que sou digno de toda


adoração?” Deus é justo. Deus é fiel em sua palavra: Aquilo
que o homem semear, isso também ceifará (Gl 6.7).

Ainda há outro ponto a se considerar: se o Senhor diz uma


coisa, essa coisa deve ser obedecida. Ajudar sem condições
é não ter prudência; basta se lembrar da parábola das
virgens – as cinco prudentes e as cinco tolas (Mt 25:1-13).
Jesus não contou essa parábola por acaso. Ele o fez a fim
de que aprendêssemos dele para que não nos sobreviesse
mal pior; por exemplo, dar ofertas sem ter dinheiro,
contando com a provisão de Deus que vai chegar depois de
o fazer; ou tirar dinheiro do cartão de crédito para fazer dar
dízimos e ofertas; ou pedir emprestado; ou usar de
qualquer outro meio que não seja da sua própria fonte de
renda, é conselho de louco! E os que o seguem se tornam
igualmente loucos por deixarem de lado a razão e a
prudência com que Deus os instrui. Jesus nunca orientou
seus discípulos a fazerem isso, mas os advertiu assim:
Quem não tem, até o pouco que tem lhe será tirado (Mt
13:12b). Mas por que lhe será tirado? Porque dão ouvidos

[ 236 ]
O oleiro na mão do Vaso

à voz de teólogos da prosperidade ao invés de dar ouvidos


à voz de Deus, pois não estão com seus corações voltados
para Deus.

Em uma conversa com Deus, preocupada em querer ajudar


um irmão necessitado, e eu passando por apertos
financeiros, e chorava por ele com dó infinita no coração:

– Deus: “Lembre-se do que eu falei anteriormente: ‘Ajude-


o porque ele precisa, mas não tenha pena dele porque ele
não merece. (Entendimento: faça o que você pode fazer;
aja na medida do teu possível, não extrapole seu
orçamento, não tire de onde você não tem, seja prudente.)
Ele plantou coisa ruim e continua plantando e vai plantar
coisas ainda piores. E não vai mudar e vai continuar cada
vez pior’”.
– Eu: “É o Senhor mesmo quem está falando?”
– Deus: “E você não acredita no que eu estou falando?!
Não tornes tu comum a minha palavra; sou eu quem está
falando”.

[ 237 ]
O oleiro na mão do Vaso

E foi-lhe dirigida uma voz: Levanta-te, Pedro! Mata e come.


Mas Pedro disse: De modo nenhum, Senhor, porque nunca
comi coisa alguma comum e imunda. E segunda vez lhe
disse a voz: Não faças tu comum ao que Deus purificou (At
10:13-15).

Imediatamente, lembrei-me desse versículo. Até para


ajudar alguém é preciso ter sabedoria, e ela vem
diretamente de Deus para nós quando o buscamos antes
de dar ouvidos a “pastores” diversos, acreditando que suas
palavras são verdadeiras e garantia de prosperidade em
qualquer área. Se as ações não se pautarem na instrução
de Deus, elas jamais gerarão bons resultados.

Leia a bíblia antes de confiar cegamente em palavras de


determinados pastores só porque têm fama e dinheiro,
parecendo que são os melhores exemplos de como alcançar
prosperidade. Examine versículo por versículo, faça
referência cruzada dos versículos para saber se realmente
as coisas são como eles pregam, pois a bíblia por si mesma
se explica quando a lemos em espírito e em verdade, i.e.,
com o coração voltado para Deus, livre de quaisquer
concupiscências.

[ 238 ]
O oleiro na mão do Vaso

Ora, estes de Bereia eram mais nobres do que os de


Tessalônica, pois receberam a palavra com toda a avidez,
examinando as Escrituras todos os dias para ver se as
coisas eram, de fato, assim (At 17:11).

Aja como os bereianos: analise suas palavras mediante a


comparação com o texto sagrado para se certificar de que
se coadunam com ele.

O verdadeiro servo do Senhor não comete atos farisaicos.


Por exemplo, os fariseus exaltavam o Corbã (oferta para o
Senhor feita no templo) acima de valores essenciais como
o zelo pelos próprios pais:

Vocês, porém, ensinam que alguém pode dizer a seus pais:


‘Não posso ajudá-los. Jurei entregar como oferta a Deus
aquilo que eu teria dado a vocês’. Com isso, desobrigam as
pessoas de cuidarem dos pais, anulando a palavra de Deus
a fim de transmitir sua própria tradição. E esse é apenas
um exemplo entre muitos outros” (Mc 7:11-13).

Não! Claro que não! Eles não ganhariam nada cuidando de


pessoas necessitadas nem ensinando os outros a cuidarem
delas. Se uma ação não fosse lucrativa, se não oferecesse
vantagens de qualquer ordem, “pra que fazer?!” Na

[ 239 ]
O oleiro na mão do Vaso

verdade, a oferta que era para o Senhor ficava para eles


que enriqueciam à custa da fé alheia; quanto aos infiéis em
pele de fiéis, essa oferta passou a ser um pretexto para
fugir de certas obrigações como negligenciar a
responsabilidade do cuidado devido aos pais. Nesses
sentido, essa oferta se tornava em um exercício religioso
contra a palavra de Deus com a anuência daqueles que
atuavam como representantes do seu povo; na verdade,
uma abominação aos olhos de Deus. Tanto os doadores da
oferta quanto os recebedores desprezavam o ensinamento
de Deus acerca da piedade filial de modo que tal
religiosidade violava o mandamento divino sobre honrar pai
e mãe.

Aqueles tais e pessoas tais quais eles, naquele tempo e nos


dias atuais, sobrepujam a lei do amor e da misericórdia que
está acima de quaisquer práticas legalistas contrárias em
favor de seus próprios ventres. O Senhor se agrada mais
ao fazermos o que é certo e justo do que ao lhe
oferecermos sacrifícios (Pv 21:3), mas não enfatizam esse
ensino porque não lhes é lucrativo. Ou seja, manipulam a
palavra de Deus a seu bel-prazer em benefíco próprio.

[ 240 ]
O oleiro na mão do Vaso

Em Lucas 21:1-4, a viúva pobre colocou duas moedas


pequenasxiv na caixa de ofertas do templo. Quem daria
valor a tal diminuta oferta?! Jesus. Quem pode dizer que
segue à risca seu exemplo, valorizando uma oferta que não
dá para nada aos olhos do homem? Se a teologia da
prosperidade é bíblica como preconizam seus interessados
sobre ofertar com abundância para receber ainda mais, o
que dizer da reação de Jesus à oferta dada pela viúva? Será
que Jesus não conhecia essa teologia? Sim, ele é
onisciente!!! Ele conhece as intenções dos homens. À
época, ainda não havia essa terminologia como se entende
hoje, mas o que concerne a ela sempre existiu no coração
e na mente do homem, coisa que Jesus sabia porque ele
conhece cada uma de suas criaturas, pois ele sonda seus
pensamentos que levam a ações aprováveis ou
reprováveis. A prosperidade é dádiva divina que independe
das ações humanas, pois é sabido que Deus dá e tira
segundo a sua misericórdia e justiça. Portanto, Jesus sabia
e sabe que não é quanto uma pessoa dá, mas como, com
que coração, com que intenção, ela o faz.

[ 241 ]
O oleiro na mão do Vaso

Essa ilustração de um fato bíblico ficou registrada para que


todo aquele que a ler saiba isso, que Deus olha o coração,
a intenção digna, louvável perante ele. As duas moedas que
a viúva pobre ofertou para o templo (e não para o bolso
dos sacerdotes, que, aliás, nem a quereriam pelo seu
aparente desvalor) tinham muito mais valor para Deus do
que os denários ofertados para o templo, ou melhor, para
os bolsos dos sacerdotes. Ou seja, a teologia da
prosperidade que enfatiza o “dar mais para receber mais”
não se coaduna com o pensamento de Deus; logo, não é
bíblica!

O verdadeiro valor de uma moeda para Jesus

O denário era a principal moeda da época de Jesus:

[ 242 ]
O oleiro na mão do Vaso

Essa era a moeda sob cujo valor denotavam as grandes


somas ofertadas para a concretização das barganhas
comerciadas entre sacerdotes e INfiéis que proviam seus
negócios, i.e., a riqueza dos sacerdotes e os lucros e
vantagens daqueles ofertantes – uma corrupção dentro do
templo de Deus! Tais ofertantes insinceros infiltrados no no
templo do Senhor eram aprovados pelos homens
(religiosos), mas reprovados por Deus. Sua oferta
interesseira não agradava ao Dono do Templo, o Senhor da
fé genuína.

O lépton era a menor moeda da época, equivalente a


1/128 de um denário:

[ 243 ]
O oleiro na mão do Vaso

Por que Jesus, ao testificar da diminuta oferta da viúva,


enalteceu-a em vez de enaltecer os que ofertavam com
abundância?

O Senhor valorizou a humilde oferta da pobre viúva pobre


porque ela ofertou com o coração e não com uma mente
interesseira que visa ganhar muito além do que dá, que já
oferece esperando o retorno, que não oferece por fé, mas
por ganância. Aos olhos de Jesus, uma oferta do coração,
uma oferta de amor, está acima de ofertas abundantes dos
religiosos ambiciosos que não estão preocupados com o
bem-estar do próximo, mas do próprio ventre. Ele a
abençoou pelo seu desprendimento, pela sua dedicação,
em meio a toda a sua dificuldade. Os dois lépton ofertados
pela viúva pobre denotaram o valor imensurável de uma
oferta santa, digna do Senhor.

Tanto que Deus fala, e parece que certas pessoas escolhem


não ouvi-lo. Deus fala que o que lhe agrada não são
sacrifícios, holocaustos, ofertas, mas um coração

[ 244 ]
O oleiro na mão do Vaso

quebrantado, uma adoração verdadeira, obediência,


misericórdia. Leia e veja se não é verdade:

Ó Deus, o meu sacrifício é um espírito humilde; tu não


rejeitarás um coração humilde e arrependido (Sl 51:17).

Os verdadeiros adoradores vão adorar o Pai em espírito e


em verdade. Pois são esses que o Pai quer que o adorem
(Jo 4:23).

Porque eu quero misericórdia e não sacrifício; e o


conhecimento de Deus, mais do que holocaustos (Os 6:6)

O que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e


ames a beneficência, e andes humildemente com o teu
Deus?” (Mq 6:8).

O que é que o Senhor Deus prefere? Obediência ou oferta


de sacrifícios? É melhor obedecer a Deus do que oferecer-
lhe em sacrifício as melhores ovelhas” (1 Sm 15:22).

Portanto, de que adianta oferecer grandes somas em


ofertas ou mesmo não ter para dar e pensar que é um
grande sacrifício tirar dinheiro do cartão de crédito ou fazer
empréstimo para ofertar ou dar dízimo nas igrejas? Isso é

[ 245 ]
O oleiro na mão do Vaso

sim uma forma de dizimar a fé e, consequentemente, o


bolso!

De que adianta oferecer grandes somas em ofertas nas


igrejas se não tem humildade diante de Deus em
reconhecer a sua dependência dele, e não das falsas
promessas de falsos pastores que prometem abundância
de dinheiro se doarem dinheiro em abundância?

Isso é sim uma forma de “dizimar” a fé e,


consequentemente, o bolso!

De que adianta oferecer grandes somas em ofertas nas


igrejas se não oferecem a Deus uma adoração verdadeira
que implica em obediência à sua voz e não à voz de homens
que falam mentiras em seu nome, proclamando
prosperidade financeira em detrimento das virtudes
espirituais das quais Deus se agrada?

Isso é sim uma forma de “dizimar” a fé e,


consequentemente, o bolso!

[ 246 ]
O oleiro na mão do Vaso

De que adianta oferecer grandes somas em ofertas nas


igrejas se não praticam a justiça e o bem que equivalem a
conhecer a Deus em obediência à sua palavra que exorta a
não se fazer servo de Mamom (Mt 6:24) e a não ter amor
ao dinheiro porque esse amor ao dinheiro é a raiz de todos
os males; ou seja, não é o dinheiro que é a raiz de todos
os males, mas o amor, o apego a ele, como por causa dele
fazer coisas indevidas, cometer atos de impiedade, deixar
de fazer o bem sem ver a quem, e tantas outras atitudes
que desagradam a Deus e que são reprovadas por ele. O
amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Algumas
pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se
atormentaram com muitos sofrimentos (1 Tm 6:10).

Isso é sim uma forma de “dizimar” a fé e,


consequentemente, o bolso!

Em tudo isso se vê que os mercenários da fé lançam mão


de uma má exegese acerca da lei da semeadura em que:
a) Frisam que “quanto maior a oferta, maior a
colheita”;

[ 247 ]
O oleiro na mão do Vaso

b) Dão ênfase à abundância da oferta com a visão


gananciosa de receber ainda mais.
O que isso tem a ver com o reino de Deus?! Todo aquele
que lê a bíblia com a intenção fiel de pôr em prática
exatamente o que está escrito, ainda que enfrentando
grandes dificuldades para fazê-lo devido à fraqueza da sua
humanidade, é um crente digno e aprovado pelo Senhor,
pois Deus olha para o coração do homem e sabe
exatamente o que vai nele. Quem é fiel Deus sabe que é
fiel; quem não é fiel Deus sabe que não é fiel. Simples
assim. Portanto, não há oferta vultosa que possa encobrir
as más intenções do coração. De Deus não se zomba! – o
que o homem plantar disso vai colher (Gl 6:7). Não se pode
enganar a Deus, pois ele é onisciente e vê o mais profundo
da alma que o próprio homem desconhece.

Então perguntou Pedro: “Ananias, como você permitiu que


Satanás enchesse o seu coração, a ponto de você mentir
ao Espírito Santo e guardar para si uma parte do dinheiro
que recebeu pela propriedade?” (At 5:3).

Qual é a diferença entre Ananias e esse tipo de ofertante


da igreja hodierna do qual estamos falando? Nenhuma, pois

[ 248 ]
O oleiro na mão do Vaso

o problema de cada um jaz na intenção maligna de visar


lucro de uma forma ou de outra. Mas Deus sonda a
motivação do coração e dá a cada um segundo as suas
ações.

A estratégia eclesiástica para alcançar a prosperidade


terrena faz com que ela descambe para o lado da
materialidade financeira, tornando-a efêmera, e
contrariando todo o sentido da prosperidade sob a ótica
bíblica. Privações e dificuldades que nunca deixarão de
acometer uma pessoa, cristã ou não, que muitas vezes lhe
tiram a paz, é como se não existissem para os paroleiros
da teologia da prosperidade, um assunto tão importante
que é negligenciado na Igreja de Jesus cujo objetivo maior
cai no esquecimento em prol das entradas lucrativas em
seu seio.

Quem quer saber de uma pregação como esta: São


ministros de Cristo? Eu ainda mais: em perigos entre os
falsos irmãos; em trabalhos e fadiga, em vigílias, muitas
vezes, em fome e sede, em jejum, muitas vezes, em frio e

[ 249 ]
O oleiro na mão do Vaso

nudez. Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o


cuidado de todas as igrejas (2 Co 11:23-28). Quem se
preocupa em transmitir essas palavras para a Igreja para
que conheça a perseverança do apósotolo Paulo em meio
a tantas adversidades de modo a lhe inspirar o mesmo dom
e a mesma atitude como forma de prosperidade espiritual?
Não, esse tipo de pregação leva paz e conforto aos
membros da Igreja no tocante à fé, mas não são nada
lucrativos no tocante às ofertas em dinheiro. Ou seja, o foco
da Igreja de Jesus foi alterado por aqueles que a veem
como uma máquina de fazer dinheiro.

Asafe, o levita, não se sentia nada confortável com a


prosperidade do homem ímpio diante das privações do
povo de Deus como se lê abaixo, mas, analogamente, esse
mesmo homem ímpio se levanta na Igreja de Jesus com
cara de justo – lobo devorador de bolsos em pele de
cordeiro, vestes, títulos, e tudo o mais que se assemelha a
fariseus usurpadores da Igreja do Senhor Jesus Cristo.
Contudo, no final, o próprio Asafe percebe a miséria dos
infiéis a Deus:

[ 250 ]
O oleiro na mão do Vaso

Salmos 73 – A justiça de Deus


Na verdade, Deus é bom para o povo de Israel, ele é bom
para aqueles que têm um coração puro. Porém, quando vi
que tudo ia bem para os orgulhosos e os maus, quase perdi
a confiança em Deus porque fiquei com inveja deles. Os
maus não sofrem; eles são fortes e cheios de saúde. Eles
não sofrem como os outros sofrem, nem têm as aflições
que os outros têm. Por isso, usam o orgulho como se fosse
um colar e a violência, como uma capa. O coração deles
está cheio de maldade, e a mente deles só vive fazendo
planos perversos. Eles gostam de caçoar e só falam de
coisas más. São orgulhosos e fazem planos para explorar
os outros. Falam mal de Deus, que está no céu, e com
orgulho dão ordens às pessoas aqui na terra. Assim o povo
de Deus vai atrás deles e crê no que eles dizem. Eles
afirmam: “Deus não vai saber disso; o Altíssimo não
descobrirá nada!” Os maus são assim: eles têm muito e
ficam cada vez mais ricos. Parece que não adiantou nada
eu me conservar puro e ter as mãos limpas de pecado. Pois
tu, ó Deus, me tens feito sofrer o dia inteiro, e todas as
manhãs me castigas. Se eu tivesse falado como os maus,
teria traído o teu povo. Então eu me esforcei para entender
essas coisas, mas isso era difícil demais para mim. Porém,
quando fui ao teu Templo, entendi o que acontecerá no fim
com os maus. Tu os pões em lugares onde eles escorregam
e fazes com que caiam mortos. Eles são destruídos num
momento e têm um fim horrível. Quando te levantas,
Senhor, tu não lembras dos maus, pois eles são como um
sonho que a gente esquece quando acorda de manhã. O
meu coração estava cheio de amargura, e eu fiquei
revoltado. Eu não podia compreender, ó Deus; era como

[ 251 ]
O oleiro na mão do Vaso

um animal, sem entendimento. No entanto, estou sempre


contigo, e tu me seguras pela mão. Tu me guias com os
teus conselhos e no fim me receberás com honras. No céu,
eu só tenho a ti. E, se tenho a ti, que mais poderia querer
na terra? Ainda que a minha mente e o meu corpo
enfraqueçam, Deus é a minha força, ele é tudo o que
sempre preciso. Os que se afastam de ti certamente
morrerão, e tu destruirás os que são infiéis a ti. Mas, quanto
a mim, como é bom estar perto de Deus! Faço
do Senhor Deus o meu refúgio e anuncio tudo o que ele
tem feito.

Aos 47:44m – “Em todas as épocas da existência (da


história) humana, toda a adoração a Deus foi o
oferecimento de alguma dádiva em reconhecimnento à
soberania e à misericórdia de Deus. A oferta é uma
semente que honra a Deus.”

De que oferta esse pastor está falando?! Oferta de dinheiro


“somente”? E quem não tem dinheiro, como faz? Pede
dinheiro emprestado para ofertar na igreja, deixando de
praticar a palavra de Deus que deixa claro ao nosso
entendimento de que emprestaremos a muitos, mas não
pediremos emprestado? Vocês emprestarão a muitas

[ 252 ]
O oleiro na mão do Vaso

nações, porém não tomarão emprestado de ninguém (Dt


28:12b). Ou será que não tendo dinheiro suficiente
deveríamos pegar dinheiro no cartão de crédito para ofertar
na igreja? Será que ele não se lembra do versículo que diz
que somos uma oferta ao Senhor? Está escrito:
Ofereçam seus corpos a Deus. Que eles sejam um sacrifício
vivo, santo e agradável a Deus (Rm 12:1). E a oferta de
louvor dos lábios, não conta?! Aceita, Senhor, a oferta
de louvor dos meus lábios, e ensina-me as tuas ordenanças
(Sl 119:108).

Se é para falar de ofertas que agradam a Deus, por que


não citar esses versículos para que o povo de Deus conheça
todas as formas de ofertar a Deus além de doações
monetárias?! Por que não doutrinar o povo de Deus com
todos os versículos pertinentes à verdade e à vontade de
Deus reveladas, conforme o tema da respectiva pregação,
e não somente versículos separados do contexto geral de
determinado capítulo com a intenção de frisar interesses
mesquinhos se pautando na palavra de Deus para parecer

[ 253 ]
O oleiro na mão do Vaso

justo, correto e aprovado por Deus, quando na verdade não


é nada disso?!

O único culto aceitável é a oferta da nossa vida por


completo a Deus.

Cegos! Pois qual é maior: a oferta, ou o altar que santifica


a oferta? (Mateus 23.19). Quando se valoriza a oferta
acima do Altar de Deus, abre-se espaço para uma
verdadeira negação à pessoa divina visto que o Altar do
Senhor é justamente a sua representação. E como se dá
essa supervalorização da oferta em detrimento do
reconhecimento de que Deus está acima da oferta? Quando
se deixa de ter comunhão com Deus por negligenciar os
mandamentos mais importantes da lei como a justiça, a
misericórdia, a fidelidade, a beneficência, e ser humilde
diante de Deus (Mt 23:23; Mq 6:8).

[ 254 ]
O oleiro na mão do Vaso

As vaidades dos doadores de ofertas

Quantos doadores de ofertas nos megatemplos e também


em igrejas mais humildes se enchem de vaidade porque
deram suas ofertas, grandes ou pequenas, para o pastor
ver mais do que para Deus ver, mas não praticam a justiça
de Deus quando afligem o cônjuge no interior do lar onde
a congregação não tem acesso, deixando de praticar o
juramento feito no Altar de Deus de que cuidaria desse
cônjuge?

Quantos doadores de ofertas nos megatemplos e também


em igrejas mais humildes se enchem de vaidade porque
deram suas ofertas, grandes ou pequenas, para o pastor
ver mais do que para Deus ver, mas não praticam a
misericórdia para com um irmão que precisa de socorro
financeiro ou de alimentos ou de perdão por alguma falha
cometida ou de qualquer outro cuidado que agradaria a
Deus, lembrando do que disse Jesus: Tive fome, e destes-
me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era
estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me;

[ 255 ]
O oleiro na mão do Vaso

adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes me ver


(Mt 25:35,36). Todavia, agem como o sacerdote e o levita,
aqueles homens que se autointitulavam “homens de Deus”,
mas que de Deus não manifestavam nada, pois deixaram
de dar assistência ao homem caído no caminho pelo qual
passavam, e, se não fosse o bom samaritano, o homem
teria morrido (Lc 10:30-37).

Quantos doadores de ofertas nos megatemplos e também


em igrejas mais humildes se enchem de vaidade porque
deram suas ofertas, grandes ou pequenas, para o pastor
ver mais do que para Deus ver, mas não praticam a
fidelidade a Deus que está ligada ao cumprimento dos seus
mandamentos como o de amar a Deus sobre todas as
coisas – que equivale a deixar tudo o mais em segundo
plano –, e ao próximo como a si mesmo: dois mandamentos
que resumem todos os mandamentos (Mt 22:36-40). Eles
praticam esse amor? Eles obedecem a esta ordenança de
Deus? Quando uma pessoa deixa de dar a devida e possível
assistência a um irmão necessitado ou nutre ódio por ele
devido a qualquer ofensa sofrida, não está em obediência

[ 256 ]
O oleiro na mão do Vaso

a Deus (1 Jo 4:8), pois, tendo em mãos ou tendo condições


para fazê-lo, não o faz: Sempre que puder, ajude os
necessitados. Não diga ao seu vizinho que espere até
amanhã, se você pode ajudá-lo hoje (Pv 3:27,28).

Quantos doadores de ofertas nos megatemplos e também


em igrejas mais humildes se enchem de vaidade porque
deram suas ofertas, grandes ou pequenas, para o pastor
ver mais do que para Deus ver, mas não praticam a
beneficência que implica em ajuda ao próximo sem
acepção, sem ver a quem, livre de interesses pessoais como
“dar com uma mão e mostrar com a outra”, como está
escrito: Quando ajudar alguma pessoa necessitada, faça
isso de tal modo que nem mesmo o seu amigo mais íntimo
fique sabendo do que você fez (Mt 6:3). Isso não reflete
ajuda, mas vantagem, ação em benefício próprio; logo, isso
não é beneficência, por mais que venha a servir ao
próximo. Essas más atitudes afastam o cristão dos padrões
bíblicos porque revelam o desejo da pessoa de se promover
diante dos líderes e de outros irmãos, seja qual for a
motivação – religiosa, política, eclesiástica etc. –, pois

[ 257 ]
O oleiro na mão do Vaso

desvia o foco do objetivo bíblico-evangelístico que se torna


prejudicado pela falta da espiritualidade necessária para o
sustento da igreja – o povo de Deus necessitado – no que
se refere à esfera financeira em que o dinheiro está
envolvido. Assim, passa a existir na igreja um ambiente
comercial e não um espaço espiritual voltado para a prática
da beneficência.

Quantos doadores de ofertas nos megatemplos e também


em igrejas mais humildes se enchem de vaidade porque
deram suas ofertas, grandes ou pequenas, para o pastor
ver mais do que para Deus ver, mas não praticam o ser
humilde diante de Deus porque não reconhecem que Deus
é o único merecedor de toda exaltação e louvor. Agem
como se estivessem querendo tirar de Deus sua própria
glória. Não se achem melhores do que realmente são. Pelo
contrário, pensem com humildade a respeito de vocês
mesmos (Rm 12:3). A falta de humildade pressupõe
egoísmo, pois reflete um comportamento mesquinho que
faz pensar somente em si e jamais nos outros, e pior,
jamais em Deus! Porque dizem que seguem Jesus, mas não

[ 258 ]
O oleiro na mão do Vaso

imitam seu comportamento de humildade em se despir da


sua divindade para se tornar uma pessoa comum:
Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas
humildemente considerem os outros superiores a si
mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus
interesses, mas também dos interesses dos outros. Seja a
atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora
sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era
algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo,
vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens.
E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si
mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz! (Fp
2:3-8).

48:23m – Disse o homem pregador: “Como é que nós nos


atrevemos a não dar nada para o reino de Deus?”

Duas perguntas: a) Atraver-se a não dar nada: esse “nada”


significa dinheiro no respectivo contexto? b) Que se dará a
Deus?

Assim lhe responde a palavra de Deus que é a VERDADE:


Que darei ao SENHOR por todos os seus benefícios para
comigo? (Sl 116:12). Será que Deus está falando aqui sobre

[ 259 ]
O oleiro na mão do Vaso

“dar dinheiro” na Igreja dele? Uma exegese perfeita desse


versículo prova que nada do que fazemos ou façamos pode
superar os benefícios de Deus: ofertas em dinheiro, ofertas
materiais diversas, boas obras, sacrifícios, uma vida
religiosa etc.; além disso, o texto revela que o único meio
de dar a Deus o que lhe agrada como forma de gratidão
pelos benefícios recebidos é “tomar o cálice da salvação”,
ou seja, reconhecer o sacrifício vicário de Jesus e a salvação
que ele nos oferece.

Logo, a fé que recebemos de Deus é a única coisa que


possuímos para dar de volta a Deus em agradecimento pelo
bem que ELE tem feito a nós, e não dinheiro. Mesmo no
AT, dar o dízimo, cujo teor era “alimentos”, correspondia à
lei, uma obrigação, uma responsabilidade diante de Deus,
por mais que evidenciasse gratidão. Quem toma o cálice da
salvação como disse Davi – o homem segundo o coração
de Deus, e não um homem religioso qualquer – invoca
sempre o nome do Senhor como forma de declarar sua total
dependência dele porque reconhece seu Senhorio sobre
sua vida; dinheiro algum pode estar acima disso.

[ 260 ]
O oleiro na mão do Vaso

Deus se agrada de nós quando cremos nele, quando


cremos que ele é poderoso para fazer muito mais além do
que pedimos ou pensamos, quando cremos que não há
limites nem impossíveis para ele e, por isso mesmo, não
depende de nossas ofertas para fazer algo por nós quando
somos crentes fiéis. Deus não se agrada de ofertas de tolos,
ou seja, aqueles que creem de forma errada, pensando que
é dando ofertas que vão agradar a Deus.

Pode-se dar oferta em dinheiro como contribuição para o


reino de Deus pela questão da consciência para com os
necessitados, e também agindo como o apóstolo Paulo –
que era um exemplo para quem pode trabalhar na igreja
sem a “obrigação” de receber um salário, até que receba
ofertas, como o apóstolo Paulo recebia. Mas quem quer
imitar o apóstolo Paulo? Contudo, ele mesmo disse que era
para que todos o imitassem (1 Co 11:1), sem receber um
salário –, mas jamais com o pensamento de que fazendo
ofertas “na igreja” (porque se poderia fazê-la de diversas
outras maneiras agradáveis a Deus, coisa que nenhum

[ 261 ]
O oleiro na mão do Vaso

pastor profissional fala) está agindo com verdadeira


gratidão, pois dar dinheiro na igreja, em altas somas, não
significa que Deus se agrada disso, basta observar como
Jesus age com relação a dízimos e ofertas no templo e tudo
o que ele diz sobre esse assunto. Quem tem ouvidos para
ouvir ouça o que o Espírito diz às Igrejas, e não o que
“homens religiosos” dizem às igrejas!

Por tudo isso, como pode um pregador da palavra de Deus


perguntar “Como nos atrevemos a não dar nada para o
reino de Deus”?! E a nossa fé, a qual Deus nos deu e a
praticamos dia após dia fidedignamente, não vale nada?!
Ô, muda esse discurso, tá escandaloso! Lembre-se do que
Deus diz sobre os escandalosos e se converta das más
exegeses.

Holocaustos e oblações pelo pecado não te agradaram (Hb


10:6).

Tem porventura o Senhor tanto prazer em holocaustos e


sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do Senhor?
Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o

[ 262 ]
O oleiro na mão do Vaso

atender melhor é do que a gordura de carneiros (1 Sm


15:22).
O Senhor diz: “Eu não quero todos esses sacrifícios que
vocês me oferecem. Estou farto de bodes e de animais
gordos queimados no altar; estou enjoado do sangue de
touros novos, não quero mais carneiros nem cabritos (Is
1:11).

Ora, atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta, mas


para Caim e para a sua oferta não atentou (Gn 4.4,5).

Por que será que Deus não atentou para a oferta de Caim?
Quantos estão na igreja fazendo ofertas a Deus com o
coração e pensamento de Caim? Por que o pastor da igreja
não ensina aos seus membros que antes de fazerem ofertas
é preciso se purificar do mau coração e se corrigir de seus
pecados e, só então, voltar ao templo e fazerem as ofertas?
Mas, não, eles deixam o povo oferecer de qualquer
maneira, qualquer que seja o estado emocional, espiritual,
sentimental em que se encontrem, desde que façam as
ofertas em dinheiro. Que santidade, que louvor, que
obediência a Deus há nisso, nesse péssimo comportamento
de pastores que insrtuem o povo a dar dinheiro, e não a
dar a vida como sacrifício, ou seja, a se darem para Deus

[ 263 ]
O oleiro na mão do Vaso

do jeito que lhe agrada antes de fazerem doações em


dinheiro, porque doar dinheiro é fácil, mas doar a vida
purificada, dar-se a Deus por meio da autocorreção de
erros e pecados assumidos é muito difícil, e isso
atrapalharia o aumento das doações monetárias na Igreja.

Desperta, ó tu que dormes, povo insensato que aprende


dos pastores a ganância que eles pregam e eles mesmos
pregam que não é para ser ganancioso. Um verdadeiro
paradoxo: não seja ganancioso, dê; mas seja ganancioso,
dê muito para receber muito mais. Isso é de Deus? Pare e
reflita com o coração e a mente dispostos a aprender a
verdade sobre a vontade de Deus a fim de fazer ofertas na
Igreja que pertençam a Deus – i.e., voltadas para causas
necessárias como ajudar os pobres, pegar todo o dinheiro
de dízimos e ofertas e distribuir em alimentos, cuidado com
a saúde e higiene etc., e deixar a questão de salário da
igreja de lado visto que graças a Deus já dispõem de um
bom emprego com um bm salário; por que não trabalhar
desse modo original na igreja do Senhor Jesus? Foi para

[ 264 ]
O oleiro na mão do Vaso

isso que ele fundou a Igreja e não para outros fins voltados
para vantagens e lucros financeiros!

Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às


igrejas!

Abaixo o oportunismo no seio da Igreja Santa e Imaculada


de Jesus! Basta de ofertas na igreja que venham a
pertencer a homens religiosos fanáticos, que assim o são
não por Jesus, mas por outros interesses que nada têm a
ver com a sua proposta de salvação por meio do seu
sacrifício. Pergunte a um pastor da mesma forma que se
perguntaria a um político se trabalhariam sem receber
salários, se aceitariam apenas uma modesta ajuda de custo
(e isso já seria muito!).

Vejam-se os exemplos nos países de San Marino e Suécia


cujos políticos são os mais frugais do planeta, como disse
à BBC News Brasilxv o deputado Per-Arne Håkansson, do
partido Social-Democrata, em seu gabinete no Parlamento
sueco: "Somos cidadãos comuns. Não há sentido em

[ 265 ]
O oleiro na mão do Vaso

conceder privilégios especiais a parlamentares, uma vez


que nossa tarefa é representar os cidadãos e conhecer a
realidade em que as pessoas vivem. Também pode-se dizer
que é um privilégio em si representar os cidadãos, uma vez
que temos a oportunidade de influenciar os rumos do país".

Valentina Rossi, doutora em história pela Universidade de


San Marinoxvi, diz que o sistema de Diarquia por meio do
qual se elegem dois chefes de estado, que dividem suas
responsabilidades, sendo ambos capitães-regentes – cargo
mais alto do país – é uma tradição herdada da República
Romana para que um exerça controle sobre o outro de
modo que o poder não fique concentrado nas mãos de uma
única pessoa.

Enquanto isso, no Brasil, em 2020, o salário de


um deputado federal é R$ 33.763,00 (Decreto Legislativo
Nº 276/14 – art. 1°)xvii além de inúmeras outras regalias, e
o povo que votou neles é quem paga as contas do país!!!
Tire esse salário e pague a um deputado federal o mesmo
que um político sueco ou samarinês recebe. Ele vai aceitar?

[ 266 ]
O oleiro na mão do Vaso

Será que ele manifestará o dom de representar os cidadãos


brasileiros em todas as suas necessidades privado desse
enorme salário?! Agir por esse único propósito, unicamente
em prol do povo, será o suficiente para que ele permaneça
nessa função?

O mesmo se dá com muitos cristãos pregadores da fé no


dinheiro de Mamom e não na fé no Evangelho de Jesus.
Tire os salários e se descobrirá quem é pastor de verdade
e quem é político de verdade! Ser político e pastor com
altos salários e milhões de inscritos em canais de internet
de onde se obtém ainda mais lucros é fácil! Tire tudo isso
e funde uma igreja assistencial sem fins lucrativos; tire tudo
isso e atue politicamente sem fins lucrativos. Aí se
encontrará um pastor e um político sérios.

Aos 51:52m – “Pastor, eu dou oferta simplesmente pelo


ato de dar. – Sim, trouxa, ok trouxa, eu respeito você
trouxa. (...) A bíblia faz uma analogia da oferta com a
semente pra que você entenda que todo agricultor que
planta quer colher. Você deve dar oferta na expectativa que

[ 267 ]
O oleiro na mão do Vaso

você vai colher na sua vida (..) porque se você vim [ipsis
verbis] com essa pseudossantidade, essa falsa santidade,
você tá equivocado com essa sua plantação porque eu
nunca vi agricultor dizer: ‘Olha, eu plantei maçã aqui, mas
se não der, não tem problema, não; tá plantado ai’. É ruim,
meu irmão, eu plantei laranja e quero colher laranja, eu
plantei oferta na casa de Deus e vou colher bênçãos
materiais na minha vida e espirituais também.”

Está escrito em 1 Coríntios 9:9-10, Na Lei de Moisés está


escrito assim: ‘Não amarre a boca do boi quando ele estiver
pisando o trigo.’ Por acaso Deus está interessado nos bois?
Ou foi a nosso respeito que ele disse isso? É claro que isso
está escrito em nosso favor! Tanto a pessoa que planta
como a que colhe fazem o seu trabalho na esperança de
receber a sua parte da colheita. Porém, isso não significa
que uma pessoa não possa ou não venha a fazer suas
ofertas desinteressadamente. É crível que alguém faça algo
por outrem apenas pelo desejo de fazer o bem sem ver a
quem e sem segundas intenções. Muitas pessoas fazem

[ 268 ]
O oleiro na mão do Vaso

isso mesmo por amor, sem interesse algum em receber


algo em troca, sem visar lucros ou benefícios à frente.

Em outras palavras, entende-se que ele está dizendo: “Faça


isso por interesse em ter de volta, não pelo interesse puro
de dar sem esperar retorno”. Não que não tenha o direito
dado por Deus para receber o fruto do plantio, mas a
teologia da prosperidade ensina especificamente a “dar
visando o retorno”. As coisas de Deus não devem ser assim,
mas dar por amor desinteressado, altruisticamente; dar
com uma mão sem olhar a outra.

Pseudossantidade?! Veja bem, ele disse aos 53:06m: “Não


está aqui alguém que quer contar uma vantagem pra
vocês; não está aqui alguém que quer contar uma coisa pra
dizer que eu sou bam-bam-bam na área: Por favor, irmãos,
eu sei tudo de semente. Tudo de plantação é comigo
mesmo”.

Então, agora é a minha vez de dizer que eu também não


sou bam-bam-bam, e não podem dizer que sou bam-bam-

[ 269 ]
O oleiro na mão do Vaso

bam porque na verdade eu faço a obra do Senhor sem


interesse financeiro algum. Se ele não acredita que as
pessoas podem fazer o bem pelas outras sem interesse é
porque ele mesmo não o faz. Ele não acredita que as
pessoas podem fazer o bem às outras sem interesse porque
que ele mesmo não acredita nessa possibilidade!
Portanto...

Quantos dão oferta sem querer nada de volta, pelo simples


fato de quererem ajudar, sem interesse algum, e depois
nem se lembram de que ajudou, ofertou?! Quantos fazem
a obra de Deus, louvando, ensinando, pregando, sem
cobrar nada por isso? Quantos ministros literários escrevem
para a glória de Deus pelo simples desejo de transmitir o
que recebeu por inspiração divina na esperança de ver o
leitor convertido a Cristo, e se ganhar com a venda de livros
é mera consequência, mas jamais o motivo principal?

Aos 53:39m, “Se você obedecer os princípios que você


acabou de aprender...” [ipsis verbis]

[ 270 ]
O oleiro na mão do Vaso

Acabou de aprender de quem? Princípios exegetadosxviii por


Malafaia homem, entronizando a teologia da prosperidade.
Quando princípios bíblicos não são compreendidos
literalmente, há uma forte tendência para lhes dar a
interpretação mais conveniente.

O que vem do Alto?

Esse pregador de renome na mídia, que possui a arte da


retórica, apresentou esses princípios com muita
desenvoltura, de maneira aparentemente incontestável,
tomando como base a teologia da prosperidade que, aliás,
está em alta, mas não corresponde ao que vem do Alto,
i.e., de Deus. Por quê? Vejamos:

1) A bíblia fala sobre prosperidade?


Sim! – Eis alguns versículos: Sl 1:3; 23:1; 128:2; Pv 28:25;
Jr 29:11; 2 Co 9:8.
2) A bíblia diz que é Deus que lhe dá força e capacidade
para gerar riqueza?
Sim! – Dt 8:18.

[ 271 ]
O oleiro na mão do Vaso

A partícula enfática “é...que” significa que é Deus quem


fortalece e capacita a pessoa para adquirir riqueza e não
dízimos, ofertas, esmolas etc. Ou seja, adquirir riqueza
depende da liberalidade de Deus em a dar ao homem, e
não da liberalidade do homem em dar à igreja ou a quem
quer que seja. Percebe como um jogo de palavras modifica
o sentido das frases? É assim que teólogos da prosperidade
arranjam seus discursos, que não são pregações!

3) A bíblia diz que a bênção do Senhor é que enriquece?


Sim! – Pv 10:22.

Novamente a presença da partícula enfática “é que”,


significando que a bênção do Senhor é que enriquece
a pessoa e não dízimos, ofertas, esmolas etc. Ou seja,
para uma pessoa enriquecer depende da bênção de Deus
e não das ações humanas.
4) Quando uma pessoa crê no Senhor Jesus e é
transformada pelo evangelho, essa pessoa prospera?
Sim! – Fp 4:11-13.

[ 272 ]
O oleiro na mão do Vaso

A Bíblia diz que aquele que ama a Deus é próspero, pois


aprende dele a estar contente em quaisquer situações,
tendo muito ou pouco, sendo grande ou pequeno. Ser
próspero não é ser rico financeiramente. Ter prosperidade
não é ter riqueza financeira. Há muita confusão no emprego
desse termo e seus derivados.

Nem todo o crente vai ser rico de dinheiro, mas, por certo,
será rico da abundante graça de Deus sobre sua vida, pois
Deus promete dar àqueles que o amam e lhe obedecem e
nele confiam tudo aquilo de que precisarem, ou seja, o
necessário. Não é necessariamente tudo o que se deseja,
mas tudo de que se precisa e que pode ajudar nas
necessidades, isso é prosperidade. Os defensores da
teologia da prosperidade até usam essas palavras, mas sua
aplicação prática diverge do que dizem porque sempre
enfatizam o retorno financeiro.

Como se pode compreender prosperidade sem que seja sob


a ótica financeira? Por exemplo, em vez de gastar dinheiro
com bebidas alcoólicas que só levam a armadilhas, em vez

[ 273 ]
O oleiro na mão do Vaso

de investir dinheiro em vícios, em compulsividades, em atos


de prazer momentâneo com consequências duradouras e
nocivas como sexo pervertido ou adultério, em vez de se
envolver em coisas sem proveito, uma pessoa, cristã ou
não, vai ter prosperidade ao agir contrariamente a esses
comportamentos. Como assim?

Uma pessoa que investe o seu salário em coisas


proveitosas, por maior ou menor que ele seja, será
próspera, pois estará agindo com racionalidade ao investir
seu dinheiro com sabedoria, sem desperdício em coisas
fúteis ou danosas. Essa atitude abre a porta para o caminho
da prosperidade – garantia de paz interior, paz familiar, paz
espiritual, paz emocional, paz em todos os sentidos. Isso é
prosperidade!

Então, se prosperidade é algo benéfico, onde está o


problema da teologia da prosperidade? A resposta está na
seguinte pergunta: a teologia da prosperidade prega os
princípios bíblicos exatamente conforme descritos? Por
exemplo:

[ 274 ]
O oleiro na mão do Vaso

a) Aguém se torna rico porque se tornou evangélico, visto


que no evangelho se encontram muitos milagres?

Muitos confundem prosperidade com bênção de Deus,


como se limitassem a verdade bíblica, pois há pobres-ricos
e ricos-pobres. Jesus era rico-pobre ou pobre-rico? O
apóstolo Paulo era rico-pobre ou pobre-rico? O fato de ser
pobre financeiramente não impede uma pessoa de ser rica
em virtudes, de ser rica espiritualmente, de modo que
poderá desfrutar de muitas dádivas de Deus com poucos
recursos financeiros.

A medida da pobreza ou da riqueza de uma pessoa não


está em suas posses materiais, nos bens que possui, na sua
conta bancária, mas no que ela é, no que ela faz, e, mais
forte ainda, no quanto ela teme a Deus. Um pastor
riquíssimo finaceiramente que não teme a Deus visto que
não explana o texto sagrado consoante à verdade bíblica,
ainda com o agravante de influenciar negativamente seus
ouvintes – ovelhas do reino de Deus que podem se perder

[ 275 ]
O oleiro na mão do Vaso

em meio ao aprisco –, é um pastor pobre espiritualmente,


pobre de comunhão com Deus.

Diferentemente do apóstolo Paulo que, em meio à sua


pobreza financeira, influenciou o mundo inteiro com suas
palavras de fé baseadas na verdade do evangelho do jeito
que ele é, livre de exegeses intencionais. Se ele tivesse de
passar pelo crivo da teologia da prosperidade, com certeza
seria reprovado por ser considerado um fracassado que não
cresceu financeiramente porque “errou em alguma coisa,
não seguiu direito o que foi ensinado na igreja pelo pastor”
que, por sinal, é bem sucedido financeiramente. “A culpa é
dele e não do pastor, nem da doutrina recebida. Ele que
não soube aplicar devidamente os ensinanentos recebidos”.

Essa é a retórica dos palestrantes da teologia da


prosperidade para aqueles que não conseguem deixar de
ser pobres financeiramente por mais que ofertem na igreja,
por mais que façam empréstimos para ofertar na igreja, por
mais que saquem valores do cartão de crédito para
ofertarem na igreja, por mais que tirem do próprio salário

[ 276 ]
O oleiro na mão do Vaso

para ofertar na igreja quantias que lhe farão falta


posteriormente, por mais que façam votos de ofertar
grandes quantias e os cumpram, por mais que obedeçam
às instruções de seus pastores para fazerem ofertas na
igreja. É isso mesmo o que Deus ensina na sua palavra? A
palavra de Deus corrobora a hermenêutica falaciosa da
teologia da prosperidade?

b) Alguém se torna rico porque deu à igreja uma oferta


vultosa em dinheiro, com base no argumento de que
quanto mais a pessoa der mais ela vai receber?

Se der pouco, vai receber pouco; se der muito, vai receber


muito”, como pregam muitos pastores (pastores?!),
aproveitando-se inescrupulosamente do texto sagrado
onde está escrito: Quem planta pouco colhe pouco; quem
planta muito colhe muito (2 Co 9:6).

Deus retribui, mas não se deve fazer as coisas com esse


interesse. Que o receber de Deus seja algo natural e não
premeditado. Que sejamos generosos e não calculistas! É

[ 277 ]
O oleiro na mão do Vaso

por isso que está escrito: O Senhor vê o coração (1 Sm


16:7). Como é o coração dos adeptos da teologia da
prosperidade diante dessa verdade bíblica?

Entendamos a real interpretação do texto sagrado em 2


Coríntios. Contribuir é igual a lançar sementes: se se
plantam 3 sementes, colher-se-ão 3 frutos. Ao plantar ou
ofertar, a pessoa recebe mais de Deus para poder ofertar
ainda mais porque Deus se agrada de sua atitude
abnegada, com total desprendimento, com liberalidade (Sl
112:9). Essa atitude revela que a pessoa não tem nenhum
interesse além de ajudar quem precisa, ajudar a igreja a
ajudar quem precisa; receber de Deus será algo natural e
não com base no entendimento de que dando receberá. A
partir do momento que a pessoa vai ofertar tendo na mente
que vai receber ainda mais, já deixou de ser liberal e passou
a ser interesseira. Já perdeu a virtude da oferta
desinteressada, já perdeu o sentido de liberalidade (2 Co
9:13).

[ 278 ]
O oleiro na mão do Vaso

Liberalidade não é dar com intenção de retorno, mas dar


sem intenção de retorno de modo que não cabe a
orientação de que “se você der com liberalidade, você vai
ganhar ainda mais; se você der muito, vai ganhar ainda
muito mais”. Onde está a liberalidade nisso? Liberalidade
significa generosidade, isto é, desapego ao dinheiro que se
revela na atitude de uma pessoa que oferece algo ou oferta
na igreja “sem esperar nada em troca”; não faz uma oferta
visando retorno financeiro maior.

Logo, a questão não é necessariamente o retorno


financeiro, mas a visão desse retorno, a intenção dessa
oferta, a motivação para fazer essa doação na igreja. Esse
é o problema!!! Onde há prosperidade nisso? Onde há
desprendimento nisso? Onde há liberalidade nisso? Ou
seja, estamos diante de más interpretações do texto
bíblico, diante de exegeses errôneas e tendenciosas, muito
distantes daquilo que realmente o texto quer significar. Não
se engane!!! O verdadeiro cristão pode pedir a Deus o dom
do discernimento de espíritos para não ser enganado por
falsos profetas, pois que usam a palavra de Deus a seu bel-

[ 279 ]
O oleiro na mão do Vaso

prazer para sua própria conveniência, usurpando o sentido


verdadeiro dos textos escriturísticos.

c) Ofertantes da igreja podem experimentar a multiplicação


do seu dinheiro mediante barganhas com Deus?

Não é porque Jesus multiplicou pães e peixes que ele tem


de multiplicar o seu dinheiro!!!

Nesse contexto religoso não de fé pura, mas de interesses


mesquinhos, os milagres da multiplicação (2 Rs 4:42-44; Mt
14:20-21; 15:36-38) dos quais muitos se aproveitam para
fortalecer a teologia da prosperidade que tanto defendem
com unhas, dentes e argumentos falaciosos nunca são
explanados à luz do real propósito bíblico: a salvação da
humanidade pelo poder de Deus que, como Logos
encarnado – Jesus, é o Pão da vida (Jo 6:33-35) que acaba
com a fome física, espiritual, emocional, e dá vida ao
mundo que o recebe como alimento vivo que sacia todas
as necessidades pela fé. Necessidades não são vaidades;
são necessidades. Isso é o que muitos são incapazes de

[ 280 ]
O oleiro na mão do Vaso

compreender e ainda contam com maus intérpretes para os


ludibriar quanto às verdadeiras práticas de Jesus, suas
razões e seus objetivos. Por que, então, não ensinam essa
verdade, de que estando em comunhão com Deus temos
tudo de que “necessitamos”, nada além do necessário; o
necessário é o necessário e com isso devemos nos
contentar (1 Tm 6:8); no entanto, quem está preparado
para ouvir essa verdade e se sentir plenamente abençoado
por Deus?!

A verdade é que se Deus quiser nos dar mais, além do que


já possuímos, ele o fará independente de ofertas ou
qualquer serviço feito em seu reino com segundas
intenções. Além disso, Deus não é um agente de seguros
em quem se investe visando lucros tampouco um garçom
pronto a nos servir ao estalar dos dedos. Deus não é
obrigado a multiplicar o dinheiro de ninguém por ter feito
ofertas grandes ou pequenas. Deus abençoa a quem quer
independente de suas ações (Rm 9:18; Mt 5:45).

[ 281 ]
O oleiro na mão do Vaso

Por fim, se alguém está na igreja com esses pensamentos


de receber e receber, mais e mais; quem vai à igreja em
busca de bênçãos em vez de ir para buscar o Dono da
bênção, de fato não está com a mínima intenção de estar
com Deus, mas tão somente de explorar Deus. Quem tem
esses objetivos miseráveis já recebeu o seu galardão (Mt
6:2) – os que fazem ofertas para aparecer diante de
homens “religiosos” (os que se dizem servos de Deus, mas
são servos do bolso; escravos do vil metal, mas não de
Cristo [1 Co 7:21-23]) e os que fazem ofertas com a pífia
intenção de angariar lucros em cima das ofertas – e não
pode servir a Deus com essa mente e esse coração, pois
isso não condiz com os propósitos divinos, mas com a
idolatria a Mamom (Mt 6:24).

Fé bíblica é confiar em Deus e não receber dádivas (Jr


17:7). Ser abençoado é consequência da fé e da comunhão
com Deus.

A 1:00:17 – “Panhei um dinheiro emprestado pra trazer


pra igreja porque eu não tinha... na campanha que nós

[ 282 ]
O oleiro na mão do Vaso

fizemos aqui. (...) [Deus falou para ele:] A sua semente


frutificou na sua vida.”

Primeiro ele diz que após ofertar nada aconteceu para ele
de bom a não ser uma divida que durou até o ano seguinte,
e após algum tempo que ela começou a frutificar, porque
só depois ele aprendeu que o que se planta hoje tem um
tempo de maturação. Ou seja, você vai ofertar hoje, mas
ele não está garantindo que você vai colher amanhã; só há
promessa de prosperidade, mas não dá garantia de
prosperidade imediata. Não tem dinheiro para ofertar?
Pegue empréstimo para fazê-lo, pois a seu tempo você
colherá os frutos. Embora com ele tenha acontecido
diferentemente conforme o relato da segunda experiência
abaixo:

A 1:03:28h – “Mas lá no meu coração disse assim: ‘Dê a


maior oferta que você já deu até hoje’. Tá amarrado,
Satanás. Diabo, tu ta falando aqui dentro da igreja?! (ele
ri) Capeta, sai!!! Aqui no meu coração: ‘Dê a maior oferta
que você já deu até hoje na sua vida’. Eu falei: Não, não

[ 283 ]
O oleiro na mão do Vaso

posso. ‘Você ouviu a palavra? A fé vem pelo ouvir e ouvir a


palavra. Você pode crer. Você não tá apertado? Então essa
é a melhor hora de você semear’. Vou fazer uma maluquice
aqui. E aí eu fui me lembrar qual foi a maior oferta que eu
já tinha dado no meu ministério e me lembrei que foi
R$100.000,00. Eu tô ficando maluco; a minha oferta tem
que ser maior do que R$100.000,00. ‘Uma vozinha disse:
Você tem trinta dias pra efetuar a oferta’. Não, tem que ser
agora. Peguei meu talão de cheque (...) R$ 120.000,00;
tinha que ser maior do que R$100.000,00. Fui lá na frente,
botei o envelope, o pastor orou. (...) Uma irmã me pegou
pelo braço e disse assim: ‘Eu e meu marido decidimos
mandar R$60.000,00 pro seu ministério’. Ela (a oferta) não
demorou um minuto depois da oração. No outro dia de
manhã, (...) eu abri o bilhete e tava escrito assim: ‘Mês que
vem, eu vou enviar R$87.000,00 pra ajudar na compra da
propriedade’. Em menos de doze horas (...) soma, irmão,
R$60.000,00 com R$87.000,00 são R$147.000,00 e o
Espírito Santo falou ao meu coração: ‘Isso é só o princípio’.
Irmãos, em nome do Senhor Jesus, receba aqui essa
palavra porque Deus quer fazer isso na tua vida. Deus quer

[ 284 ]
O oleiro na mão do Vaso

que a tua semente frutifique.” (1:08:47 – palmas, mas nem


todos).

Recebeu de volta 147mil até o dia seguinte. Que exemplo!!!

Deus realmente opera milagres, prospera, recompensa.


Deus é quem sabe de todas as coisas; a gente só imagina.
Mas é certo que Deus age com cada um de uma maneira
pessoal e especial conforme a sua onisciência e justiça. A
experiência com Deus jamais será uma “receita de bolo”.
Quanto a isso, ele parece concordar, pois aos 59:48m, ele
diz: “Não estou mandando ninguém fazer isso; estou
falando ‘eu, Silas Malafaia’”. Logo, nada melhor do que
estar atento à voz de Deus sobre como ele falará ao seu
coração para fazer determinada oferta em sua igreja. Por
mais que um testemunho seja útil e instrutivo, ele não pode
ser seguido igualmente por outra pessoa, a não ser que
Deus revele isso ao seu coração.

Não se pode sair por aí tentando imitar o sucesso alheio,


pois nem sempre o que serve para mim serve para você ou

[ 285 ]
O oleiro na mão do Vaso

o que Deus falou para mim, falará igual para você.


Portanto, por mais que tenha assumido que esse é um
posicionamento dele, não deixa de ser indutivo. A verdade
é que Jesus não usava método indutivo, mas fazia as
pessoas olharem para dentro de si e não para os outros.
Malafaia se resguardou ao dizer que não estava mandando
ninguém fazer o mesmo que ele, mas poderia ter feito
melhor, orientando a igreja a agir da seguinte maneira:
“Essa é a minha experiência, mas você deve ouvir o que
Deus vai falar ao seu coração depois dessa minha
mensagem; não fique apenas com ela retida na mente,
não. Ore e ouça a voz de Deus, pois pode ser que ele lhe
diga que não quer que você oferte dinheiro na igreja, mas
que você tenha outra maneira de oferecer seu serviço a ele
na igreja ou mesmo fora dela em seu nome; por exemplo,
fazendo obra nas ruas como pregações, ajuda em hospitais,
prisões, comunidades etc. Não se sabe exatamente qual a
obra que Deus quer que façamos até que recebamos
diretamente dele, o próprio Deus, a direção que devemos
seguir, o modo como agir, a coisa certa a ser feita.”

[ 286 ]
O oleiro na mão do Vaso

É bom que todo testemunho seja finalizado com o


esclarecimento de que se trata de uma resposta divina a
uma manifestação de fé; que seja sempre para estimular à
fé. Que cada um busque a Deus e receba dele a instrução
sobre o que de fato deve ser feito em seu reino e em
determinada circunstância na vida pessoal. Caso contrário,
todos sairão de uma igreja querendo fazer o mesmo que
ouviu e nem sempre o resultado será sartisfatório porque
nem sempre corresponderá ao esperado. Daí para a
desilusão e um consequente afastamento de Deus é um
pulo:

Quanto a estes pequeninos que creem em mim, se alguém


for culpado de um deles me abandonar, seria melhor para
essa pessoa que ela fosse jogada no lugar mais fundo do
mar, com uma pedra grande amarrada no pescoço. Ai do
mundo por causa das coisas que fazem com que as pessoas
me abandonem! Essas coisas têm de acontecer, mas ai do
culpado!” (Mt 18:6,7).

Pequeninos: não somente crianças, mas também outros


seguidores de Jesus que eram “fracos na fé”, isto é,
pessoas cuja fé ainda não era forte e madura (1 Co 8:9). A

[ 287 ]
O oleiro na mão do Vaso

igreja de Jesus está repletas de pessoas nessa condição de


fragilidade espiritual e imaturidade cristã de modo que
qualquer decepção decorrente da falta de entendimento é
motivo suficiente para deixarem a igreja, não o prédio
físico, mas a igreja espiritual que corresponde à Noiva de
Cristo que é sustentada pela fé e não por recursos
humanos.

A 1:09:07h – “Creia na biblia e não nos sistemas


econômicos desse mundo. Como você planta a semente,
meu amado?... Você vai pedir um dinheiro emprestado,
mas não é pra pagar a conta do gás... ... Primeiro culto que
você for, peça um dinheiro emprestado... ‘Me empreste 10,
20 reais, eu vou te devolver’ e plante lá na sua igreja... e
você vai ver, Deus vai fazer essa semente frutificar, e você
vai ter dinheiro pra devolver e no tempo de vida você vai
ter dinheiro pra ajudar a quem está em necessidade igual
você está hoje.”

A 1:10:12h – “Quando a gente tá em aperto e sufoco e


não tem dinheiro pra pagar, aí a gente vai a alguém e pede

[ 288 ]
O oleiro na mão do Vaso

emprestado; não é assim que a gente faz? Então, vou te


dar um conselho: R$10,00...R$50,00, você vai pedir um
dinheiro emprestado (...) porque você não tem nada (...) e
depois devolve; você vai pegar essa semente e plantar na
sua igreja, não é pra mim, não.”

Está escrito: Crede nos seus profetas e prosperareis (2 Cr


20:20). E ele diz a 1:12:09h: “Eu sou profeta de Deus para
tua vida aqui essa noite. (...) vc vai pedir um dinheiro
emprestado... e vai plantar na tua igreja (...) não vou dizer
pra você que vai ser na semana seguinte... você vai colher.”

“Eu sou profeta de Deus para tua vida”.

Que efeito essa declaração de autointitulação pode gerar


em um ouvinte? É natural que se sinta constrangido a
obedecer à voz de seu interlocutor, principalmente quando
se trata de um pastor pregando a palavra de Deus no
âmbito da igreja em meio a um culto. Naturalmente, a
tendência do ouvinte nesse caso será buscar obedecer ao
pastor em todas as suas instruções por medo de se tornar

[ 289 ]
O oleiro na mão do Vaso

um rebelde contra a palavra ouvida porque acredita que


tais instruções saem diretamente da boca de Deus para a
boca do que se autointitula profeta.

No entanto, o falso profeta sempre tende a culpar seus


seguidores pelos seus fracassos. Afirmam categoricamente
que a culpa de não conseguir as coisas é sempre do crente
que não crê o suficiente, pois as palavras e orientações do
pastor são sempre perfeitas. Interessante a argumentação
de Malafaia (aos 3 e aos 6 minutos do vídeo já
mencionado): “A única maneira de você ter uma vida de
prosperidade (...) não te faltar e até sobrar é você sendo
liberal. ‘Ué, pastor, por que não funciona comigo? Por que
eu dou oferta e isso não funciona?’ Talvez você não esteja
com as atitudes corretas; talvez esse seja o motivo. Hoje
você vai aprender o que é realmente a oferta. Quais são as
suas atitudes? Talvez você esteja errando aqui: você até dá
oferta, mas as suas atitudes não são atitudes reais e
corretas conforme a bíblia fala no ato de dar e por isso você
não tem resultado. Tá preparadinho, querido?!”

[ 290 ]
O oleiro na mão do Vaso

A retórica de sempre! A culpa é sempre do ofertante que é


“acusado” de ter feito alguma coisa errada!!! Jesus acusa
alguém? Quem costuma fazer acusações?

Ademais, sabemos quando temos um chamado de Deus, e


isso é verdade; uma experiência pessoal que ninguém pode
conhecer, somente eu e Deus, e, por isso mesmo, ninguém
pode refutar. Contudo, trata-se de algo que não saímos
jactanciosos, enchendo a boca para declarar ao mundo que
somos profetas de Deus, que temos um chamado divino,
pois quem o tem Deus o sabe e qualquer pessoa percebe
sem que precisemos dizer nada. Então, por que ficar
querendo incutir isso na mente dos outros se é algo que
acontece espontaneamente pelo poder de Deus?

A 1:13:10h – “Eu vou emprestar pra quinze de vocês,


R$20,00, pra quem quiser, pra cada um de vocês que
levantaram a mão que tá desempregado, e quando essa
semente frutificar, você vai me devolver. Eu vou emprestar
pra vinte, quer? Então, vem. Não tô dando; tô te
emprestando. Você vai plantar essa semente (palmas). Vou

[ 291 ]
O oleiro na mão do Vaso

diminuir pela quantidade. Tome; é pra plantar. Você não é


membro dessa igreja, então não dê isso aqui agora; se você
é membro daqui vai plantar agora; se não é membro daqui,
vai plantar lá na sua igreja. O capeta vai arrumar mil coisas
pra tu gastar esses dez conto. To avisando pra vocês: o
capeta vai arrumar mil coisas pra você gastar esses dez
conto. Não to dando nada pra ninguém; to emprestando. E
a quem eu to dando você vai contar o que Deus vai fazer
no tempo de Deus, (palmas) pra cada um ele empresta
dinheiro pra igreja a fim de que plantem para depois de
frutificado devolver-lhe o que ele lhes emprestou. “Eu vou
emprestar pra vinte, pra quinze. Você vai plantar essa
semente” (aplaudem-no ao dar dinheiro para a igreja).
“Não to dando nada; to emprestando.”

Um pequeno investimento estratégico para alcançar um


objetivo muito maior, algo imperceptível ao ouvido nu. É
preciso estar atento, coisa que muitos preferem não ter o
trabalho de fazer: é mais fácil permanecer negligente do
que ativar e exercitar a audição espiritual.

[ 292 ]
O oleiro na mão do Vaso

01:16:41h – “Aqui não tem um teórico, um idiota


querendo ludibriar vocês ou pedindo alguma coisa pra mim.
1:17:00h – “Eu aprendi a plantar sementes.”

Estão fazendo esse trato “com ele, pra ele, o foco é ele” –
Malafaia –, um pacto, um acordo com ele de devolver após
a colheita, um trato com o homem e não com Deus.

Com ele aconteceu logo após a oferta, e no dia seguinte


sobejou, mas com os outros pode ser amanhã ou muito
tempo depois.

Sobre o desafio de Malafaia aos seus críticos

Texto na íntegra:

“O pastor Silas Malafaia, em seu último programa


Vitória em Cristo, no dia 02/06, fez um desafio aos críticos
de seu trabalho e da mensagem pregada em torno da
prosperidade. O pastor desafiou tais críticos a
provarem teologicamente que sua pregação está
biblicamente errada. “Chegou o grande dia, o dia que eu
estou desafiando muitos críticos que gostam de dizer que

[ 293 ]
O oleiro na mão do Vaso

estou no besteirol da teologia da prosperidade”, afirmou o


pastor no início do programa.
Malafaia veiculou em seu programa o vídeo da
primeira parte de uma pregação na qual fala de
prosperidade e desafiou seus críticos a contradizerem sua
mensagem à luz da Bíblia. O pastor afirmou que destina
seu desafio a sites de notícia, blogueiros e “ilustres
desconhecidos”, que estão tentando ficar conhecidos
através de críticas a quem está na mídia.
A pregação, intitulada “Uma vida de prosperidade”
foi proferida pelo pastor em um culto de ceia ministrado na
Arena HSBC, no Rio de Janeiro. Ele inicia sua pregação
pedindo que os fiéis analisem e suas palavras antes de
“recebê-la” porque, segundo ele, se trata de uma
mensagem que tem preconceito de cristãos, medo de
pastores falarem do assunto, ação do diabo para neutralizar
os fiéis sobre o assunto, bravatas emocionais, argumentos
filosóficos e “pouca Bíblia”. “Duvide, critique e determine”,
orienta.
Em sua pregação o pastor discorreu sobre três
tópicos a respeito do assunto: “O que é a oferta”,
“Características de um verdadeiro ofertante”, e “Resultados
na vida do ofertante”.
Malafaia citou o texto de 2ª Coríntios capítulo 9, que
ele afirma ser o melhor compêndio do Novo Testamento
sobre o assunto, para explicar o que é a oferta. Malafaia
afirmou que a oferta é um meio de se receber o favor divino
e um meio de felicidade. Ele explica ainda que a oferta é
um serviço para Deus, através do qual o ofertante será
recompensado.

[ 294 ]
O oleiro na mão do Vaso

Em vários momentos da mensagem o pastor frisou


que não estava pregando uma mensagem apelativa
emocionalmente, mas sim ensinando os fiéis de acordo com
a Bíblia. Afirmando que “Deus trabalha com a lei da
recompensa”, Malafaia explicou o terceiro tópico da sua
mensagem, falando das consequências da oferta na vida de
quem a dá. Explicando que o fiel vai colher aquilo que
planta, o pastor falou que “tão importante quanto a
qualidade da oferta, é a qualidade do solo”, e criticou
aqueles que, segundo ele, “gostam de dar oferta pra
picareta”. Ele lembra ainda que quem semeia muito é que
vai colher muito.
Após a exibição da pregação, o pastor afirmou no
programa que “negar que a Bíblia fala sobre prosperidade,
é negar a própria Palavra”, e que “prosperidade é obedecer
às leis de Deus”. “Se você não crê em prosperidade é
porque você não crê na Bíblia”, ressaltou.
Malafaia concluiu seu programa afirmando que é
totalmente transparente nas ofertas que recebe, e que
investe milhões em programas de televisão e obras sociais.
Ele encerrou o programa afirmando que continuará falando
sobre o assunto no próximo programa e desafia: “tenta me
contraditar, não fica inventando filosofia barata não. Não
bota em blog e em site não, me contradiz na Bíblia. Diz que
eu interpretei errado, ou cala sua boca, e deixa de ser um
crítico mané que fica falando bobagem e colocando
minhoca na cabeça do povo de Deus. Assista ao vídeo na
íntegra:
[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=kDFmctcG2
GY] Fonte: Gospel+” xix

[ 295 ]
O oleiro na mão do Vaso

Agradeço a Deus pela oportunidade de poder assistir a esse


vídeo desse pastor, pois me serviu para alguns
esclarecimentos quanto à fé dada a nós por Jesus Cristo.

É fácil falar da prosperidade de Abraão como esse senhor


fala nesse vídeo aos 38m20s, e desejar desfrutar das
bênçãos materiais e riquezas abraâmicas, mas muito
dificilmente alguém quer vivenciar a experiência de Abraão
quando recebeu de Deus a ordem para matar seu próprio
filho (Gn 22:2). Quantos não conseguem entregar nem
mesmo uma pequena comodidade, um bem transitório,
quanto mais um ser tão preciso como um filho!

É fácil falar da prosperidade de Jó, mas muito dificilmente


alguém quer vivenciar a experiência de Jó em resisitir e
perseverar na fé em Deus apesar de todo o sofrimento e
de toda angústia e de toda a dor e de toda a perda que ele
vivenciou.

Muitos pregadores desejam ter o respeito e a admiração


dos profetas de Deus, dos apóstolos de Jesus, dos

[ 296 ]
O oleiro na mão do Vaso

verdadeiros homens de Deus pelas revelações e autoridade


que dele recebiam, assim como de tantos outros além dos
personagens bíblicos, mas ninguém quer pagar o preço que
eles pagaram para serem o que foram (e o que são).

É muito fácil desejar a felicidade que ora se vê na vida de


alguém, mas passar o que ele passou para chegar até ali
ninguém deseja.

A teologia da prosperidade se ocupa de falar sobre a


prosperidade e sobre as alegrias provenientes dela, mas
não dos sofrimentos que a antecedem. Ser cristão não é
mole não! Espelhe-se em Jesus, nosso primeiro exemplo!

[ 297 ]
O oleiro na mão do Vaso

EU NÃO DEVO TER PENA:


EU DEVO RESPEITAR O SENHOR
(1 Rs 2:6,9;1 Sm 16:1; Rm 9:20; Is 29:16; 45:9;)

O nu humilde e o necessitado humilde,


o nu arrogante e o necessitado arrogante.

O nu grato e o necessitado grato,


o nu ingrato e o necessitado ingrato.

O nu sincero e o necessitado sincero,


o nu falso e o necessitado falso.

O nu justo e o necessitado justo,


o nu abusado e o necessitado abusado.

Sabedoria que Deus me deu para eu não me sentir culpada


de não ajudar a segunda categoria de nus e necessitados.
Há nus e nus; necessitados e necessitados. Quais ajudar?
Deus revela pelo dom da sabedoria, pelo discernimento
espiritual. E assim não há culpa, não há sentimento de
culpa por não ajudar essa segunda categoria de
necessitados e nus.

[ 298 ]
O oleiro na mão do Vaso

O Senhor também já me revelou que eu posso continuar


ajudando alguém ou não, em determinadas situações, mas
que isso não faz diferença alguma porque ele dará o
tratamento que deve dar a essa pessoa
independentemente de eu ajudar ou não. Deus não nos
impede de ajudar alguém, mas, considerando uma situação
em que determinada ajuda não pode lhe oferecer
segurança, no final isso não fará diferença. Se Deus não
ajudar, quem pode ajudar? Se Deus não cuidar da casa, em
vão vigia a sentinela! Ou seja, é Deus quem opera tudo em
todos, de modo que há circunstâncias em que, mesmo que
desejemos ajudar alguém, isso não fará diferença diante de
Deus cujo propósito não conhecemos. Se não for propósito
de Deus que uma pessoa enriqueça, ela pode ofertar
mundos e fundos e não vai alcançar o que espera; pode-se
lhe oferecer, doar, ajudar, mas é Deus quem vai lhe suprir
as suas reais necessidades.

[ 299 ]
O oleiro na mão do Vaso

Eu plantei, e Apolo regou a


planta, mas foi Deus quem a
fez crescer.

E não é para se entristecer com isso, pois Deus pode fazer


uma pessoa enriquecer apenas para ser testada por si
mesma em seus sentimentos, em seu caráter, em seu
espírito de retidão, em seu desprendimento, em qualquer
aspecto que Deus sabe que precisa de conserto, e usa essa
situação para ajudá-la a se perceber e se corrigir no que
lhe for mister. Por isso, está escrito: O amor ao dinheiro é
uma fonte de todos os tipos de males. E algumas pessoas,
por quererem tanto ter dinheiro, se desviaram da fé e
encheram a sua vida de sofrimentos (1 Co 6:10). Consegue
ver prosperidade nisso?!

[ 300 ]
O oleiro na mão do Vaso

Enfim, prosperidade não tem a ver, necessariamente, com


somas de dinheiro que alguém conquista, mas com a
manifestação do desejo de manter uma postura digna em
seu viver diário, independentemente da situação financeira
em que se encontra, pois não é um momentâneo ou
duradouro estado econômico que deverá levá-lo a se
corromper. Isso, no entanto, não significa que uma pessoa
digna não possa ser rica financeiramente; há ricos e ricos.
O que de fato enriquece uma pessoa não é a quantidade
de dinheiro que tenha ou que venha a possuir, mas as suas
nobres, e não pobres, atitudes, pois as nobres até o pobre
pode manifestar; o rico, nem sempre. Dinheiro é
consequência e não causa.

Vejam o que Deus diz sobre dinheiro e prosperidade:

O trabalhador tem o direito de receber o que precisa para


viver. (Mt 10:10)
Portanto,
Contentem-se com o seu salário.
(Lc 3:14)

[ 301 ]
O oleiro na mão do Vaso

E
Sintam-se satisfeitos com o que vocês têm.
(Hb 13:5)
Porque
Tu, ó Senhor, dás paz e prosperidade às pessoas que têm
uma fé firme, às pessoas que confiam em ti.
(Is 26:3).

O que devemos fazer diante da palavra dada por Deus:


buscar a prosperidade de outra maneira? A prosperidade
que Deus nos dá não é suficiente? O que Deus nos tem
dado não é prosperidade? Deus dá prosperidade a quem
tem fé, não é assim que está escrito?! Que prosperidade é
essa: é riqueza material, financeira, econômica, fartura de
dinheiro? Será que ainda não entendemos o que é ser
VERDADEIRAMENTE PRÓSPERO?!

É preciso ler detidamente os textos sagrados porque vêm


de Deus. A nossa vida vem de Deus do jeito que ele quer;
nós temos o que temos porque é assim que Deus quer. Isso
é acomodação, resignação? Ou é fé que se contenta com o

[ 302 ]
O oleiro na mão do Vaso

que se tem? Porque Deus dará muito ou pouco mesmo que


uma pessoa lute ao máximo para ter muito, para ficar rico,
para ser próspero de acordo com uma visão errada de
prosperidade, pois mesmo uma pessoa pobre pode ser
próspera.

Ser próspero não tem a ver com abundância de dinheiro;


tem a ver com aceitar, compreender, acatar o que Deus
nos reservou desde antes da nossa concepção, sem
reclamar com o Oleiro que nos moldou. Então, o que fazer
para termos uma vida próspera? Sentirmo-nos examente
como Deus fala: Sintam-se satisfeitos com o que vocês têm
(Hb 13:5), seja o corpo, sejam as finanças, seja o que for.
Isso não é resignação cega nem comodismo, mas
obediência reverente à vontade de Deus, sem deixar cada
um de fazer a parte que lhe compete, dando o seu melhor
para melhorar em todos os aspectos de sua vida, pois a
verdade é que Deus ajuda os seus filhos, e isso não tem a
ver com riqueza nem com pobreza, mas com a presença
constante de Deus para conosco que nos traz a paz
necessária para que possamos prosseguir em nossa luta

[ 303 ]
O oleiro na mão do Vaso

diária pelo nosso sustento e uma vida digna e plenamente


satisfatória independentemente de sermos ricos ou pobres,
desde que sejamos ricos para com Deus em nossa devoção
fiel, em nossa sinceridade, em nossa fé desinteressada. A
fé exige que adoremos a Deus independentemente das
circunstâncias; caso contrário, estaremos em rebelião
contra Deus. Uma pessoa é o que é e tem o que tem
porque Deus lhe dá corpo como ele quer dar (1 Co 15:38a)
– aos seres vivos, aos seres humanos, aos corpos celestes;
a tudo, enfim.

Sejam fortes e corajosos. Não tenham medo nem fiquem


apavorados por causa delas, pois o Senhor, o seu Deus, vai
com vocês; nunca os deixará, nunca os abandonará. (Dt
31:6)

Não fui eu que ordenei a você? Seja forte e corajoso! Não


se apavore nem desanime, pois o Senhor, o seu Deus,
estará com você por onde você andar. (Js 1:9)

Por isso não tema, pois estou com você;


não tenha medo, pois sou o seu Deus. Eu o fortalecerei e o
ajudarei; eu o segurarei com a minha mão direita vitoriosa.
(Is 41:10)

[ 304 ]
O oleiro na mão do Vaso

Conservem-se livres do amor ao dinheiro e contentem-se


com o que vocês têm, porque Deus mesmo disse: "Nunca
o deixarei, nunca o abandonarei. (Hb 13:5)

Podemos questionar o Oleiro por que ele nos fez assim?


Claro que não! Por que muitas vezes um indivíduo luta, luta,
luta, dá dízimos e ofertas na igreja, ora incessantemente
por um bom emprego, estuda, gradua-se, envia centenas
de currículos, vai a centenas de entrevistas de emprego,
mas não consegue uma colocação, ou, quando consegue,
não se encaixa no seu perfil, mas, pela necessidade, ele a
aceita. Então, aproxima-se dele um pastor e lhe diz: “Você
não está orando como se deve; não está tendo fé
suficiente!!!” É assim que Deus realmente vê a situação
dessa pessoa? Quem é o homem mortal para dizer o que
deve ser ou o que não deve ser na vida de uma pessoa?
Como pode querer se colocar acima de Deus com suas
insinuações, com suas ideias desconcertadas à vista de
Deus? Será que o que ele diz que Deus quer é mesmo o
que Deus quer? Será que uma quantia vultosa em dinheiro
para ofertar na igreja tem de fato poder para daqui a uma

[ 305 ]
O oleiro na mão do Vaso

semana, um mês, um ano, uma década, levar o ofertante


à riqueza material e financeira?

O pastor não pode revelar quando a pessoa vai receber em


dobro ou em triplo aquilo que ofertou, mas já avisa de
antemão que pode ser daqui a pouco ou daqui a tantos
anos ou décadas. Ou seja, nada garante que uma pessoa
prosperou porque ofertou uma grande soma na igreja. E
quando não prosperou até cinco décadas após essa oferta
abundante e já se encontra moribundo em um leito de
morte? “Ah, é porque não era para ser ou porque fez algo
errado!!!” Eis a resposta de quem não sabe nada sobre o
que está orientando: Deixai-os! Eles são guias cegos
guiando cegos. Se um cego conduzir outro cego, ambos
cairão no buraco (Mt 15:14). Resumindo: é melhor
permanecer com Deus e com a sua palavra que nunca falha
e jamais deixa um adorador fiel enganado.

Há os necessitados humildes que recebem com alegria o


que lhe damos, correspondendo ao ditado popular “De
cavalo dado não se olham os dentes”. Uma pessoa grata,

[ 306 ]
O oleiro na mão do Vaso

por exemplo, que receber uma cesta básica da igreja


assistencial ficará muito feliz e se dará por muito satisfeita;
não vai ficar reclamando que faltou isso ou aquilo que
gostaria de ter, ao contrário do necessitado arrogante.

Por outro lado, há doadores também ingratos e arrogantes


com relação a Deus. Esses ficam querendo fazer as coisas
como se Deus não fosse fazer, como se Deus não fosse
amparar, como se pudessem amparar mais do que Deus,
confiando em suas próprias forças e recursos, agindo por
pena do outro, deixando de considerar a justiça de Deus.
Deus não tem peninha. Deus é justo; qualquer pessoa vai
responder pelo que faz. Caso se arrependa, receberá o
perdão de Deus, mas ainda assim responderá pelos seus
atos. Deus é bom, fiel e justo:

Destruirei completamente todas as nações entre as quais


eu o dispersei; mas a você não destruirei completamente.
Eu o disciplinarei como você merece; não serei severo
demais (Jr 46:28).

[ 307 ]
O oleiro na mão do Vaso

Deus tem misericórdia do arrependido, pois não contradiz


seu atributo de misericórdia. Por isso, quando alguém se
arrepende de fato, Deus não volta atrás na sua palavra de
que perdoa a transgressão do pecador visto que ele é fiel
(Jn 4:11b). Quando o pecador se arrepende e se volta para
Deus, Deus muda o julgamento que já estava decretado ao
indivíduo devido à sua condição de pecado e,
consequentemente, muda a sentença que lhe seria
determinada. Isso se chama antropopatismo: o
arrependimento de Deus que em nada se compara ao
arrependimento do homem – o homem se arrepende
porque cometeu pecado; Deus se arrepende porque o
pecador se arrependeu. O arrependimento de Deus é
baseado em seu atributo de misericórdia; ou seja, o
abrandamento da ira divina mediante um coração
quebrantado.

Assim também Deus, porque queria mostrar a sua fúria e o


seu poder, tolerou com muita paciência aquelas pessoas
com quem estava furioso; pessoas que tinham sido
destinadas para a destruição. Deus as tolerou para revelar
as riquezas da sua glória às pessoas que eram objetos da

[ 308 ]
O oleiro na mão do Vaso

sua misericórdia; pessoas que tinham sido preparadas para


a glória (Rm 9:22-23).

Diante do exposto, quantas vezes sentimos pena de alguém


que não merece compaixão?

O Senhor Deus disse a Samuel:

— Até quando você vai continuar a ter pena de Saul? (1


Sm 16:1)

Mas Deus sabe de todas as coisas. Nós não sabemos se


uma pessoa merece ou não o que está sofrendo, se merece
ou não passar por adversidades. Por motivos assim, por
mais que amemos uma pessoa, só Deus a conhece de fato
e sabe exatamente o que ela merece, mesmo que pareça
ser totalmente inocente, pura, boa. Deus não olha ações,
mas olha o coração; o homem olha ações, e não o coração,
pelo simples fato de não poder sondá-lo. Por isso o homem
se engana, mas Deus nunca se deixa enganar.

Apesar disso, somos à imagem e semelhança de Deus que


conhece os corações, que sonda os corações, que sabe com

[ 309 ]
O oleiro na mão do Vaso

quem está lidando, que não é jamais enganado. Por mais


amáveis que pareçam ser, as pessoas não enganam a
Jesus, e, assim, a exemplo dele, devemos nos esforçar para
não sermos enganados por ninguém, por falsos
sentimentos de pessoas que se aproveitam da nossa
inocência e, por isso, não percebemos o seu pecado,
principalmente quando nós somos inocentes e eles não,
quando somos inculpáveis e eles são culpáveis. Temos
plena consciência de quem somos diante de Deus.

Mas ao perverso Deus diz: De que adianta ficar repetindo


as minhas ordens escritas e as minhas promessas, se no
fundo do coração você despreza a minha disciplina e
desobedece às minhas palavras? (Sl 50:16-17)

Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão; porque


o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome
em vão. (Êx 20:7)

Receio todas as minhas dores, porque bem sei que me não


terás por inocente. (Jó 9:28)

Será que Deus não tem perfeitamente o direito de mostrar


a sua ira e o seu poder contra aqueles que estão prontos
para a destruição, aqueles com quem ele tem sido paciente
todo esse tempo? (Rm 9:22)

[ 310 ]
O oleiro na mão do Vaso

O verdadeiro crente em Deus, o verdadeiro servo de Deus,


não deseja o mal ao seu próximo, por pior que ele seja ou
faça; tem, sim, sentimentos de indignação pelos seus maus
feitos, mas isso não significa ter-lhe ódio a ponto de lhe
desejar mal. Antes, quereria que ele fosse diferente; que
tudo o que ele diz ele de fato o praticasse, mas nem sempre
é assim. Como admoestou Jesus:

Os mestres da lei e os fariseus se assentam na cadeira de


Moisés. Obedeçam-lhes e façam tudo o que eles lhes
dizem. Mas não façam o que eles fazem, pois não praticam
o que pregam (Mt 23:2,3).

“Nem sempre” porque ele até faz uma coisa ou outra, mas
normalmente não cumpre obedientemente às instruções de
Deus conforme o texto bíblico ensina, pois, em muitos
casos, devido à sua conveniência, aplica-os ao seu bel-
prazer e lhe carrega de significados estranhos que não se
coadunam com a vontade expressa do Autor, e acaba
induzindo outros a errarem porquanto dotado de
credibilidade pelo fato de ser renomado em seu meio.
Todavia, apesar da fragilidade e vulnerabilidade de alguns

[ 311 ]
O oleiro na mão do Vaso

crentes em Deus – como falta de discernimento espiritual e


sabedoria para distinguir a verdade bíblica da intenção
humana – a possibilidade de vencer essa fraqueza dupla na
força e no poder de Deus é real desde que, humanamente
falando, é muito difícil vencê-las. Ademais, agregada a
esses dons está a fidelidade de Deus quanto ao
cumprimento da sua palavra de abençoar os que o buscam:

Então, me invocareis, passareis a orar a mim, e eu vos


ouvirei. Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes
de todo o vosso coração (Jr 29:12-13).

Alguns crentes em Deus podem ser um fracasso em seu


primeiro estágio, mas esse fracasso não é o fim quando se
dispõem a aprender de Deus, a seguirem suas instruções,
a se submeterem ao poder de Deus, a obedecerem à sua
palavra. Então, Deus os aperfeiçoa segundo o seu querer
para o alcance dos seus propósitos. Deus sabe quem
escolhe!

[ 312 ]
O oleiro na mão do Vaso

IGREJA:
LUGAR DE BÊNÇÃO E NÃO DE MALDIÇÃO

Um servo de Deus deve ser sempre verdadeiro. Isso


significa que não deve falsear seu modo de ser a fim de
aparentar o que não é. Portanto, ele deve ser natural,
espontâneo, real. Contudo, muitos confundem essa
naturalidade e essa espontaneidade com falta de educação
– grosseria, agressividade nas palavras, soberba,
autoritarismo e abuso de poder. Lembremos do apóstolo
Pedro – um nome dado por Jesus porque aos seus olhos
ele era semelhante a uma rocha firme e fiel. Deus conhece
os seus! Inicialmente, Pedro era uma pedra bruta;
posteriormente, lapidada pelo Espírito Santo. Sua rudeza,
porém, nunca foi sinônimo de autoritarismo, mas era tão
somente a expressão sincera da sua forte personalidade e
de seu temperamento impulsivo; nada, porém, que o
desmerecesse diante de Deus, pois isso não afetava o seu
caráter digno. Suas fraquezas iniciais não derrotaram sua
qualificação final como apóstolo e pessoa fundamental para
o estabelecimento da Igreja de Jesus.

[ 313 ]
O oleiro na mão do Vaso

A Igreja que Jesus criou era pura, imaculada, santa,


verdadeira, fiel, sem mancha nem ruga, redimida pelo
Salvador. Ela é a sua Noiva – o povo de Deus, escolhido
para ser nação santa, sacerdócio real (1 Pe 2:9). Deus lhe
deu atribuições para “cuidar” dela e jamais negligenciá-la.
Porém, com o passar do tempo, essa visão foi se perdendo
para alguns que, diferentemente do Marido (Is 54:5),
passaram a usá-la como objeto de prazer a fim de saciarem
seus desejos – status, respaldo social, credibilidade –, que
são mais do que dignos, porém se tornam envilecidos
porque o fazem de maneira mesquinha e sórdida e de
atingirem o clímax de suas ações mundanas, visando
somente vantagens e lucros, tudo em contradição à
santidade do Senhor.

Faça também uma placa de ouro puro e grave nela a


seguinte frase: “Santidade ao Senhor.” Amarre essa placa
na frente da mitra, com um cordão de lã azul. Arão deverá
usá-la na testa para que eu, o Senhor, aceite todas as
ofertas que os israelitas me trouxerem, e para que eles não
sejam culpados se cometerem algum erro ao oferecê-las a
mim (Êx 28:36-38).

[ 314 ]
O oleiro na mão do Vaso

Arão foi o primeiro sumo


sacerdote dos hebreus que
exerceu essa função dada por
Deus no período de 1507-1471
a.C. Ele usava a mitra com a
placa de ouro na testa contendo
essa inscrição como sinal da
sua ordenação sacerdotal (Lv
8:9). O sentido de santidade ao
Senhor era visível a qualquer
pessoa que olhasse para Arão;
ou seja, a santidade dele
deveria ser vista por todos e
para o Senhor aceitar as ofertas
do seu povo era necessário que seu sacerdote sempre
levasse na testa a placa que o indicava como santo,
separado, dedicado, consagrado ao Senhor.

Metaforicamente, muitos “sacerdotes” hodiernos usam


fidedignamente a mitra sacerdotal de Arão; outros, porém,
sequer atentam para o termo “santidade”. Afinal, isso

[ 315 ]
O oleiro na mão do Vaso

poderia atrapalhar os seus planos eclesiásticos


mercenários, pois ser santo implica em se despir de todo
interesse que não corresponde aos interesses de Deus; por
exemplo, a apropriação indébita de valores monetários
porquanto divergente da orientação bíblica quando é
tendenciosamente manipulada, não correspondente às
instruções de Jesus.

SER ABENÇOADOR E NÃO AMALDIÇOADOR

... “Como assim, um pastor pode ser um amaldiçoador?”

Infelizmente, sim! O fato de ter a credencial de pastor não


garante fidelidade a Deus e, natural e consequentemente,
a fidelidade no serviço cristão. Há muitos pastores
espalhados pelas igrejas mundo afora cujo propósito não
corresponde aos propósitos divinos, mas tão somente aos
seus vis objetivos, como ser visto pela comunidade
evangélica tal qual o “ungido do Senhor” que todos temem,
pois lhes passa a ideia de poder e autoridade na palavra e
sobre o rebanho. Esse tipo de pastor tem o poder de

[ 316 ]
O oleiro na mão do Vaso

influenciar seus ouvintes a ponto de os colocar sob jugo de


maldição, fazendo-os crer que estão agindo conforme o
mandamento de Deus.

Foi para isto que Jesus veio ao mundo e fundou a sua


Igreja: libertar o seu povo da escravidão do pecado e lhe
possibilitar a salvação eterna. As demais coisas, ou seja, as
demais necessidades terrenas serão naturalmente
acrescentadas ao seu povo conforme a onisciência de Deus
quanto às suas reais necessidades, pois “O meu Deus
suprirá todas as vossas necessidades conforme as suas
riquezas na glória em Cristo Jesus” (Fp 4:19). No entanto,
é importante lembrar da recomendação divina: Buscai
primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas
essas coisas vos serão acrescentadas (Mt 6:33).
Lembrando sempre que Tendo sustento e com que nos
cobrir, estejamos contentes com estas coisas (1 Tm 6:8).
Porque O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males.
Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se
da fé e se atormentaram com muitos sofrimentos (1 Tm
6:10).

[ 317 ]
O oleiro na mão do Vaso

Porém, isso só funciona para aquele que realmente tem fé


em Deus, pelo que Deus é e não pelo que ele pode dar,
pois muitos que se dizem cristãos estão mais preocupados
com suas conquistas pessoais, com bênçãos materiais em
detrimento das espirituais, com status eclesiástico mais do
que com o serviço missionário, esquecendo-se do
verdadeiro propósito do evangelho, a verdadeira causa pela
qual Jesus lutou com o custo da própria vida em favor de
toda a humanidade.

A Palavra de Deus condena o interesse pelas riquezas em


detrimento da busca pelo aperfeiçoamento espiritual,
quando muitos vão à igreja com o intuito de ficarem ricos,
de ganharem dádivas materiais, e não, necessariamente,
bênçãos, pois bênçãos são aquelas coisas que Deus
abençoa e, por isso mesmo, não estão sob a condenação
de Deus. Essa busca por uma aquisição de riquezas, usando
a igreja unicamente para este fim, pode causar a ruína
espiritual do cristão não crente em Deus para o servir, mas
interesseiro para ser servido por Deus, como se Deus fosse
um empregado ao seu dispor.

[ 318 ]
O oleiro na mão do Vaso

Os que querem ficar ricos caem em pecado, ao serem


tentados, e ficam presos na armadilha de muitos desejos
tolos, que fazem mal e levam as pessoas a se afundarem
na desgraça e na destruição. 10Pois o amor ao dinheiro é
uma fonte de todos os tipos de males. E algumas pessoas,
por quererem tanto ter dinheiro, se desviaram da fé e
encheram a sua vida de sofrimentos (1 Tm 6:9,10).

É necessário reconhecer as reais necessidades materiais


para não cair em erro diante de Deus, pois há coisas que
as pessoas querem, mas não são necessárias e, por causa
disso, acabam se prejudicando por relegarem sua
espiritualidade a segundo plano, excluindo-a de sua lista de
prioridades diante de Deus. Uma pessoa pode e deve
buscar por melhoras em sua vida em todos os sentidos,
mas isso não deve ser um obstáculo às virtudes necessárias
para se manter firme como um digno servo de Deus. Não
se deixem dominar pelo amor ao dinheiro e fiquem
satisfeitos com o que vocês têm (Hb 13:5), e exercite-se
espiritualmente porque isso o ajudará, não só agora, nesta
vida, mas também na vida futura (1 Tm 4:8).

O amaldiçoador possui o traço característico de fazer com


que o povo o veja como um profeta de Deus ungido do

[ 319 ]
O oleiro na mão do Vaso

Senhor a quem todos devem temer, pois representa o


Todo-poderoso. Quer dizer, dá para perceber o perigo de
seguir esse “profeta de Deus”? Pois ele lança mão de
ensinamentos deturpados que fazem as pessoas
acreditarem que são corretos e, assim, amaldiçoa os
ouvintes da sua pregação tendenciosa. Ou seja, as palavras
bíblicas que ele cita detêm a verdade do Senhor, mas
carregam o peso da sua interpretação errônea que os
incautos desconhecem e pela qual se deixam levar, crendo
que estão obedecendo a um servo fiel de Deus sem saber
que, na verdade, estão sendo conduzidos pelo medo de
serem punidos se não agirem conforme seus ensinamentos.

Ocorre, às vezes, de uma ovelha se sujeitar à obediência à


voz do lobo e não à voz do Pastor. Está escrito que a ovelha
conhece a voz do Pastor:

E, quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas,


e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. Mas,
de modo nenhum, seguirão o estranho; antes, fugirão dele,
porque não conhecem a voz dos estranhos. Eu sou o bom

[ 320 ]
O oleiro na mão do Vaso

Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou


conhecido (Jo 10:4,5,14).

Então, por que a ovelha ao ouvir uma voz estranha não


discerne seu emissor? Porque ele entra no aprisco de
maneira sutil com argumentos que embaraçam o
entendimento, que confundem o raciocínio lógico, que
distorcem o texto sagrado, que ofuscam as motivações de
Deus e seus propósitos, pois se Deus quiser operar um
milagre na pobreza material ou dificuldade financeira, esse
tipo de discurso desenvolvido pelos merecenários da fé só
servirá para atrapalhar os planos de Deus para a libertação
e salvação das vidas dos que os ouvem.

O engano do povo de Deus ocorre quando lhe falta


discernimento. Costumam pedir a Deus muitos dons, mas
se esquecem de pedir o mais importante: sabedoria e
discernimento de espíritos, o qual provém do crescimento
e amadurecimento espiritual que provê a percepção da real
vontade de Deus e de tudo o que não provém de Deus (1
Co 2:14,15; 12:10c; Hb 5:14). Os mercenários da fé se

[ 321 ]
O oleiro na mão do Vaso

servem da própria palavra de Deus para agirem contra o


seu povo, i.e., para os enganar e lhes roubar a fidelidade a
Deus, pois passam a querer ser fiéis ao pregador da palavra
de Deus que consideram como mensageiro enviado por
Deus.

Contudo, Aparecerão falsos profetas (Mt 24:24) sobre os


quais Jesus disse que atuavam como intérpretes da lei de
Moisés, mas não praticavam o que ensinavam. Apesar de
serem fariseus e falsos mestres da lei, Jesus disse à
multidão e aos seus discípulos, que eram os ouvintes das
pregações deles, que deveriam obedecer às suas
orientações – as que se pautavam nas Escrituras Sagradas.
Porém, não deveriam jamais fazer o que eles faziam, pois
não faziam o que ensinavam, mas praticavam vários
pecados e desvios com base nas suas próprias
interpretações tendenciosas e errôneas (Mt 23:1-3).

Como saber quem é realmente um profeta de Deus ou um


falso profeta?

[ 322 ]
O oleiro na mão do Vaso

De tudo o que se tem visto, não é necessário ninguém


apontar ninguém como falso mestre ou falso profeta. Com
algum entendimento sobre como os identificar por meio de
seus atos e de suas doutrinas, é possível reconhecer se um
pastor que se diz profeta é de fato um profeta. Para isso,
seguem alguns meios para se chegar a esse conhecimento,
sem sombra de dúvidas.

A profecia de Joel 2:28-32 que se cumpriu no dia do


Penecostes em Atos 2:15-20 e que revela a manifestação
do verdadeiro dom profético nos Últimos Dias não significa
que todos os seres humanos receberão o dom de profecia,
a não ser os servos e servas do Senhor (v. 18). A partir
dessa revelação, entende-se que apenas servos e servas
fiéis, ou seja, servos e servas fidedignos e verdadeiramente
comprometidos com Deus receberão esse dom nos dias
atuais. E como identificar essa fidedignidade e
compromisso com Deus? Pelo modo como pregam a
palavra de Deus. Então,
1) Qual a medida da lealdade dos pregadores cristãos aos
ensinamentos bíblicos?

[ 323 ]
O oleiro na mão do Vaso

2) As doutrinas ensinadas por teólogos nas igrejas que


ensinam sobre dar mais para ganhar ainda mais se
harmonizam com as palavras de Jesus: Cuidado! Fiquem de
sobreaviso contra todo tipo de ganância (Lc 12:15)?
3) Os versículos bíblicos estão sendo substituídos por
argumentos humanos consoantes às expectativas de seus
pregadores?
4) Que ênfase os pregadores dos Últimos Dias têm dado
aos textos soteriológicos que correspondem ao propósito
do advento de Cristo?
5) Por que os teólogos da prosperidade não ensinam seus
seguidores quanto a saber passar necessidade e a saber ter
fartura (Fp 4:12), propiciando-lhes o devido equilíbrio (Gl
5:23) entre uma e outra coisa no viver diário?
6) Por que os “mestres” da prosperidade não ensinam com
a mesma frequência e com a mesma intensidade que a vida
de uma pessoa não depende da abundância de bens que
espera ter (Lc 12:15) por meio de suas ofertas na igreja,
mas de ser rico para com Deus por manifestar uma fé
desinteressada?

[ 324 ]
O oleiro na mão do Vaso

7) Por que os autointitulados “profetas” da prosperidade


não ensinam seus seguidores a se exercitarem na palavra
de Deus sobre se contentarem com o básico necessário (1
Tm 6:8), pois a obediência à sua palavra traz prosperidade
– o que nada tem a ver com os tesouros acumulados na
terra?
8) Por que a casa de Deus está em ruínas (Ag 1:9), cheia
de gente vazia dos propósitos divinos por culpa dos
espalhadores da prosperidade que não espalham as boas
novas da salvação?
9) Não deveriam os que se dizem profetas de Deus exortar
o seu povo a obedecer aos princípios bíblicos em vez de o
constranger a obedecer aos princípios deles quando
declaram, em favor de si mesmos, que Deus promete
prosperidade aos que creem nos seus profetas (2 Cr
20:20)?
10) O verdadeiro profeta de Deus não magnifica as
Escrituras, não ensina com base nas Escrituras, não
admoesta a igreja a se corrigir de seus maus caminhos, não
condena os atos pecaminosos dos cristãos, não foca no
plano libertário e salvífico de Jesus?

[ 325 ]
O oleiro na mão do Vaso

Os falsos profetas
Cuidado com os falsos profetas! Eles chegam disfarçados
de ovelhas, mas por dentro são lobos selvagens. Vocês os
conhecerão pelo que eles fazem. Os espinheiros não dão
uvas, e os pés de urtiga não dão figos. Assim, toda árvore
boa dá frutas boas, e a árvore que não presta dá frutas
ruins. A árvore boa não pode dar frutas ruins, e a árvore
que não presta não pode dar frutas boas. Toda árvore que
não dá frutas boas é cortada e jogada no fogo. Portanto,
vocês conhecerão os falsos profetas pelas coisas que eles
fazem (Mt 7:15-20).

A vida e as obras de um indivíduo se revelam no


entendimento desta frase: “Pelos seus frutos o
conhecereis”. O próprio Senhor Jesus adverte sobre usá-la
como parâmetro para avaliação contra os falsos profetas. É
mister ponderar sobre as intenções do profeta ao promover
meios para chegar a determinados fins: “Dê mais para
ganhar mais!” É isso mesmo o que a bíblia ensina? É e não
é; eis um paradoxo que precisa ser muito bem explanado e
esclarecido – dar desinteressadamente (é bíblico, e resulta
em agrado a Deus que pode ou não trazer consigo dádivas
ainda maiores) e dar com interesse (é antibíblico, e resulta
em pecado que dessagra a Deus). Logo, se um que se diz
profeta de Deus usa desse artifício frasal, isso denota seu

[ 326 ]
O oleiro na mão do Vaso

caráter e doutrina como divergentes aos olhos de Deus, ou


seja, reprováveis por Deus. Se assim o é, que benefício
seus discursos podem prover aos seus ouvintes: um desvio
da verdade bíblica? Está escrito: Não se desvie nem para a
direita nem para a esquerda; afaste os seus pés da maldade
(Pv 4:27). Tenha o cuidado de obedecer a toda a lei que o
meu servo Moisés lhe ordenou; não se desvie dela, nem
para a direita nem para a esquerda, para que você seja
bem sucedido por onde quer que andar (Js 1:7). Tudo o
que é dissonante dos ensinos das Escrituras deve ser
rejeitado.

O Espírito de Deus e o espírito do Inimigo de Cristo


Meus queridos amigos, não acreditem em todos os que
dizem que têm o Espírito de Deus. Ponham à prova essas
pessoas para saber se o espírito que elas têm vem mesmo
de Deus; pois muitos falsos profetas já se espalharam por
toda parte. É assim que vocês poderão saber se, de fato, o
espírito é de Deus: quem afirma que Jesus Cristo veio como
um ser humano tem o Espírito que vem de Deus. Mas quem
nega isso a respeito de Jesus não tem o Espírito de Deus;
o que ele tem é o espírito do Inimigo de Cristo. Vocês
ouviram dizer que esse espírito viria, e agora ele já está no
mundo. Meus filhinhos, vocês são de Deus e têm derrotado
os falsos profetas. Porque o Espírito que está em vocês é

[ 327 ]
O oleiro na mão do Vaso

mais forte do que o espírito que está naqueles que


pertencem ao mundo. Eles falam das coisas do mundo, e o
mundo os ouve porque eles pertencem ao mundo. Mas
nós somos de Deus. Quem conhece a Deus nos ouve, mas
quem não pertence a Deus não nos ouve. É desse modo,
então, que podemos saber a diferença que existe entre o
Espírito da verdade e o espírito do erro” (1 Jo 4:1-6).

Jesus rejeitou tudo o que não era de Deus, tudo o que não
vinha de Deus, tudo o que não se harmonizava com o
caráter de Deus. Devemos, como Jesus, rejeitar todo
embuste religioso que só serve para afastar de Deus. É
necessário exaltar a Jesus Cristo, confessando que ele veio
em carne (1 Jo 4:2). Muitos não podem fazê-lo porque não
têm o Espírito de Deus. Então, responderão: “Mas todos os
profetas proferem essa frase; então, todos são de Deus!”
Não!!!

Confessar que Jesus Cristo veio em carne não é


simplesmente oralizar a confissão como se fosse um jargão;
antes, confessar que “Jesus Cristo veio em carne” significa
confessar que ele venceu a carne estando na carne, venceu
assim as suas necessidades e angústias sem fugir de nada

[ 328 ]
O oleiro na mão do Vaso

e sem subterfúgios. Foi para isso que ele veio em carne,


para provar que assim como ele venceu, do mesmo modo
podemos vencer; assim como ele fez, devemos fazer
igualmente, pois se ele fez, estando na carne, nós também
podemos fazê-lo. Por isso, ele disse para vencermos o
mundo como ele venceu (Jo 16:33), ou seja, nem sempre
foi abastado de bens, nem sempre teve suas necessidades
corpóreas supridas, foi homem como nós, sujeito às
mesmas necessidades. Isso é o que a igreja deve ensinar
porque não estamos aqui para ter um Deus que nos serve
em tudo e nos enche de bens e regalias como se fosse o
nosso servo e nós os senhores – um Deus escravo dos
nossos desejos de enriquecimento e abundância.

O verdadeiro profeta não perde um culto inteiro ensinando


a fazer ofertas e como fazer ofertas com a intenção de ter
mais dinheiro, de ganhar mais, de ficar mais rico, de deixar
de ser trouxa, de assumir que quer ter mais do que já
possui sem o peso da condenação. O verdadeiro profeta
sabe que a necessidade das ovelhas está além de valores
monetários e materiais, e sabe que isso não é atitude de

[ 329 ]
O oleiro na mão do Vaso

trouxa, mas de alguém comprometido com a fidelidade a


Deus – alegria com a sua palavra, mesmo em meio à
pobreza, a circunstâncias adversas. Ademais, ele respeita a
fé do verdadeiro crente, não o tachando de hipócrita e
trouxa porque deseja servir a Deus desinteressadamente.
Quem não acredita que alguém pode servir a Deus sem
interesses mundanos é porque é mundano e interesseiro.

As palavras dos pregadores da atualidade, principalmente


os mais renomados e os mais ricos, têm algo que possa ser
rejeitado? Para responder a essa pergunta, é necessário
que o leitor analise tudo o que lhes concerne à luz das
Escrituras. Adiantando, ímpios não fazem o que agrada a
Deus e não seguem à risca a palavra de Deus,
diferentemente dos justos:

Feliz aquele que teme a Deus, o Senhor, e vive de acordo


com a sua vontade! Se você for assim, ganhará o suficiente
para viver, será feliz, e tudo dará certo para você (Sl
128:1,2).

[ 330 ]
O oleiro na mão do Vaso

Felizes são as pessoas honestas, pois tudo dará certo para


elas, e elas ficarão satisfeitas com aquilo que ganharem
com o seu trabalho! (Is 3:10).

Ímpios carregam sempre gazofilácios pecaminosos! São


interesseiros desinteressados da causa de Cristo. Fariseus
hipócritas!!! Mercenários da fé!!! Ao visar o próprio ventre,
eles estão dando murros no ar!

E eu faço isso por causa do evangelho, para ser também


participante dele. Eles o fazem para alcançar uma coroa
corruptível, nós, porém, uma incorruptível. Pois eu assim
corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como

[ 331 ]
O oleiro na mão do Vaso

batendo no ar. Antes, subjugo o meu corpo e o reduzo à


servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não
venha de alguma maneira a ficar reprovado. (1 Co 9:23,
25-27)

Investem em discursos inflamados, manifestam falsa unção


pelo Espírito Santo, prometem prosperidade a quem ofertar
abundantemente, a quem pedir emprestado ou usar o
cartão de crédito para ofertar; um sem-número de
escândalos de exploração da fé no seio da Igreja do Senhor
Jesus com propósitos totalmente divergentes do
evangelho. E eles o fazem sem temor algum!!! Contradizem
Mateus 10:10 onde se lê: O trabalhador tem o direito de
receber o que precisa para viver, e no versículo 9: Não
levem dinheiro. Ou seja, ter conigo apenas o necessário. É
esse padrão de vida que os servos de Deus devem manter;
possuindo apenas o que precisa! Não além do necessário,
especificamente com relação ao sustento, ao alimento! Não
deve haver exploração de espécie alguma!!!

[ 332 ]
O oleiro na mão do Vaso

VOZES ESTRANHAS NOS “APRISCOS”

Veja-se o discurso (porque não é pregação!!!) da bispa


Sônia no canal virtual “Os Alves para adultos” sob o título
Heresia da Bispa Sônia ‘Se não tiver dinheiro pegue
emprestado para ofertar a Deus’ / Aonde chegamos.xx Já
auto-intitulada (sic) bispa gastava em roupas e acessórios
caros e muitas jóias (sic). Em Miami, outros nove carros na
garagem quando o “templo” caiu. No Brasil, o casal
responde a processos por estelionato, lavagem de dinheiro,
falsidades diversas e sonegação fiscal.xxi

A Revista Isto É publicou a matéria sobre o declínio da


Igreja Renascer em Cristo devido a processos na justiça
que escandalizaram fiéis e líderes, os quais abandonaram a
congregação.

Hoje os Hernandes sangram a igreja para


dar sobrevida ao padrão de vida
nababesco que têm”, acusa um
dissidente. De acordo com essas fontes
que não foram identificadas, o casal leva
a vida luxuosa com o dinheiro arrecadado
na igreja.

[ 333 ]
O oleiro na mão do Vaso

Os ex-pastores da denominação que


falaram à Isto É disseram que Estevam
Hernandes sempre exigiu dos bispos e
pastores a arrecadação de metas
financeiras e as cobrava humilhando
quem não conseguia alcançar.
Com a prisão do casal e com a queda dos
valores arrecadados essas “broncas” se
tornaram ainda mais fortes. “As reuniões
sempre foram um massacre”, lembra um
dissidente.xxii

Não se trata de “congregação dos justos”, mas dos injustos


mercenários da fé que exploram ovelhas-clientes e seus
pastores – todos conscientes sobre o que estão fazendo;
ninguém inocente, pois compactuam daquilo que aprovam
porque gostam em detrimento do verdadeiro evangelho
que desprezam com suas atitudes. Eles são mundanos; por
isso falam como quem pertence ao mundo, e o mundo os
compreende (1 Jo 4:5). Os que falam e os que ouvem não
são a Igreja de Cristo, mas o mundo! Quem é de Deus ouve
as palavras de Deus; por isso vós não as ouvis, porque não
sois de Deus (Jo 8:47).

[ 334 ]
O oleiro na mão do Vaso

Como, então, reconhecer o falso mestre, o falso profeta?


Pela doutrina que ensina quando não possui respaldo
bíblico, pela pregação que destoa do propósito do
evangelho da salvação.

Onde se lê na Bíblia Sagrada as seguintes palavras?


“Você tem oferta especial, mas você não quer entregar? O
devorador vai levar. Pega emprestado porque vai
multiplicar. Eu não sei se é uma oferta de R$10.000,00 que
você sempre dá. Pega emprestado e coloca... se era de
R$5.000,00, se era uma conta que...Mas o sangue da oferta
vai ser um sinal na sua casa...”

Pegar dinheiro emprestado para ofertar na igreja?! Isso


contradiz completamente o que está escrito na Bíblia: Terão
dinheiro para emprestar às outras nações e não precisarão
pedir emprestado (Dt 28:12b). Quem toma emprestado é
escravo de quem empresta (Pv 22:7). Jesus liberta; não
escraviza! Jesus, Deus, nunca pediu isso a ninguém, nem
no AT nem no NT.

[ 335 ]
O oleiro na mão do Vaso

Citando Êx 12:13 “Quando eu vir o sangue “da oferta”


colocado no lugar que eu mandei não haverá praga
destruidora...”

De que oferta a palestrante Bispa Sônia está falando? Se


ela queria falar em oferta, que deixasse claro que o sangue
descrito no versículo mencionado tipificava a expiação de
Cristo como o Cordeiro de Deus sacrificado por toda a
humanidade uma vez por todas, e não o sangue de oferta
em dinheiro no altar de sua instituição religiosa.

“A tua empresa não vai pra frente, bloqueou? Faça saber-


se usar o santuário. Divida em dez vezes... acredite. Que
oferta você acha que agrada a Deus? Sai do teu lugar. Vem
fazer uma oferta ao Senhor. Vem, mas vem pra agradar a
Deus. Fala: “Hoje eu vou agradar ao Senhor!” Você pode
fazer um desafio de R$1.000,00, R$300,00, você pode
trazer o seu dízimo aqui. Fala: “Eu vou fazer um voto
específico contra essa praga”. Você que está me assistindo,
você também pode fazer a sua contribuição. Tem o nosso

[ 336 ]
O oleiro na mão do Vaso

site renasceremcristo.com.br/doe ou então você pode


entrar pelo Whatsapp de qualquer lugar do mundo.”

Essas palavras devem ser analisadas à luz da bíblia a fim


de se confirmar sua aplicabilidade. Será mesmo que é assim
que Deus orienta seu povo a agir a fim de conquistar
bênçãos? Muitos pregadores têm defendido a entrega de
dízimos e ofertas com argumentos inteligentemente quase
irrefutáveis; eles conseguem fazer a palavra de Deus se
coadunar com seus propósitos de angariação de donativos
monetários de tal maneira que parece mesmo
teologicamente correto e biblicamente aceitável. Contudo,
não é assim. Falsos ensinos, doutrinas heréticas, nem se
pode dizer que correspondem apenas às ditas falsas
religiões, mas surgem dentro das próprias igrejas que
dizem ser do Senhor. Mas, que senhor, visto que existem
muitos senhores (1 Co 8:5) para aqueles que não têm Jesus
como único Senhor (1 Co 8:6b)?

O Senhor diz: Esse povo ora a mim com a boca e me louva


com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. A

[ 337 ]
O oleiro na mão do Vaso

religião que eles praticam não passa de doutrinas e


ensinamentos humanos que eles só sabem repetir de cor.
Por isso, mais uma vez vou deixar esse povo espantado
com as coisas estranhas e terríveis que farei no meio dele.
Com toda a sua sabedoria, os seus sábios não poderão
explicá-las, e o conhecimento dos que são instruídos não
adiantará nada (Is 29:13,14).

Ao contrário de muitos, não negociamos a palavra de Deus


visando a algum lucro; antes, em Cristo falamos diante de
Deus com sinceridade, como homens enviados por Deus (2
Co 2:17)

Recomendo, irmãos, que tomem cuidado com aqueles que


causam divisões e põem obstáculos ao ensino que vocês
têm recebido. Afastem-se deles. 18Pois essas pessoas não
estão servindo a Cristo, nosso Senhor, mas a seus próprios
apetites. Mediante palavras suaves e bajulação, enganam
o coração dos ingênuos (Rm 16:17-18)

O que receio, e quero evitar, é que assim como a serpente


enganou Eva com astúcia, a mente de vocês seja
corrompida e se desvie da sua sincera e pura devoção a
Cristo. Pois tais homens são falsos apóstolos, obreiros
enganosos, fingindo-se apóstolos de Cristo. Isso não é de
admirar, pois o próprio Satanás se disfarça de anjo de
luz. Portanto, não é surpresa que os seus servos finjam ser
servos da justiça. O fim deles será o que as suas ações
merecem. (2 Co 11:3,13-15)

[ 338 ]
O oleiro na mão do Vaso

Eu digo isso a vocês para que não deixem que ninguém os


engane com explicações falsas, mesmo que pareçam muito
boas. (Cl 2:4)

No passado apareceram falsos profetas no meio do povo, e


assim também vão aparecer falsos mestres entre vocês.
Eles ensinarão doutrinas destruidoras e falsas e rejeitarão
o Mestre que os salvou. E isso fará com que caia sobre eles
uma rápida destruição. Muitos seguirão os caminhos
vergonhosos desses homens e, por causa deles, será
difamado o caminho da verdade. Em sua cobiça, tais
mestres os explorarão com histórias que inventaram. Há
muito tempo a sua condenação paira sobre eles, e a sua
destruição não tarda. (2 Pe 2:1-3,18)

Não procuramos enganar o povo para que creia — não


estamos interessados em fazer trapaça com ninguém.
Nunca procuramos fazer com que alguém creia que a
palavra de Deus ensina o que ela não ensina. Nós nos
abstemos de todos esses métodos vergonhosos. Achamo-
nos na presença de Deus quando expomos a palavra, e por
isso dizemos a verdade, como todos quantos nos conhecem
concordarão. (2 Co 4:2)

Seduziu-o com a multidão das suas palavras, com as


lisonjas dos seus lábios o persuadiu. (Pv 7:21)

[ 339 ]
O oleiro na mão do Vaso

Disse o R.R.Soares: “Você não dá o dizimo porque você


ainda não é salvo” a 01:25m do vídeo “RR Soares disse
que quem não dá o dízimo vai para o inferno ”xxiii

Ou seja, se a pessoa é salva dá dízimo, mas quem não dá


dízimo na igreja não é salvo. Onde está escrito isso nas
Escrituras Sagradas? O sacrifício que Cristo fez para salvar
a humanidade independe de ações humanas, pois a
salvação é pela graça; não pode ser comprada nem
barganhada. Uma pessoa salva por Cristo que permanece
com ele jamais será arrancada de suas mãos. A única coisa
que a pessoa salva deve fazer é permanecer em Cristo por
toda a sua vida. Permanecer em Cristo é seguir suas
instruções e as aplicar dia após dia com o verdadeiro desejo
de lhe ser agradável e permanecer digno de sua salvação.

Está escrito: As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu


conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e
nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará das minhas
mãos. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e
ninguém pode arrebatá-las das mãos de meu Pai (Jo 10:27-

[ 340 ]
O oleiro na mão do Vaso

29). E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual


estais selados para o dia da redenção (Ef 4:30). Assim,
entende-se que a salvação dada por Cristo independe de
esforços humanos, como dar dízimo, ou quaisquer outras
obras, mas depende única e exclusivamente de Deus!

Como ter a certeza de que não existe mais a


obrigatoriedade da lei do dízimo? Através do novo
testamento no sangue de Jesus (Lc 22:20), pois o seu
sacrifício, uma vez por todas, descarta a necessidade de
fazer qualquer coisa para alcançar a salvação; do contrário,
seu sacrifício teria sido inútil. No entanto, na realidade,
quando o dízimo foi obrigatório? Na época em que a tribo
dos levitas, descendente de Levi, deveria ser sustentada
pelos dízimos provenientes das outras tribos de Israel visto
que eles não receberam terras por herança e foram
escolhidos por Deus para o servirem como sacerdotes que
cuidariam do tabernáculo e de tudo o mais a ele relacionado
(Nm 3:2-9). Desse modo, os membros das outras tribos
que, porventura, não cumprissem a lei dos dízimos seriam
considerados ladrões (Ml 3:8) porque estariam

[ 341 ]
O oleiro na mão do Vaso

negligenciando o dever de “alimentar” os levitas, de lhes


doar “alimento” e não dinheiro: Tragam o dízimo todo ao
depósito do templo, para que haja alimento em minha
casa (Ml 3:10).

Toda versão bíblica que traz esse entendimento de dízimos


como alimentos é a correta, pois esse versículo apresenta
originalmente a palavra hebraica “Tereph” que significa
literalmente “alimento, comida”, e não “mantimento”.
Mantimento pode ter significado diverso, além de alimento,
como vestes, dinheiro etc. Ou seja, tereph tem a ver
unicamente com “alimento” e não com dinheiro. Contudo,
alguns, por conveniência, preferem as versões que não
correspondem ao significado original do texto em hebraico,
mantendo a ideia de dinheiro. É extremamente necessário
que pessoas idôneas e responsáveis na obra do reino de
Deus esclareçam o verdadeiro sentido do dízimo bíblico e o
modo e o tempo em que foi obrigatório e quando deixou
de sê-lo.

[ 342 ]
O oleiro na mão do Vaso

O que, então, corresponde ao dízimo hoje, em termos de


obrigação diante de Deus? Viver em obediência à sua
palavra, aos ensinamentos de Jesus, fazendo as obras no
reino de Deus segundo a graça de Jesus Cristo e não
segundo os legalismos farisaicos dos quais muitos religiosos
hoje se aproveitam com o interesse de obter ganhos
financeiros e não de almas para Deus. A fim de obterem
lucros em cima de Jesus, proclamam distorções do texto
sagrado nos templos, pregando inverdades que divergem
do que realmente Jesus ensinou, desmerecendo seu
sacrifício; o dízimo é uma dessas distorções bíblico-
teológicas.

A parábola do fariseu e do publicano retrata exatamente


quem Deus justifica: aquele que se humilha diante dele.
Porém, o que se exalta ao “mostrar serviço” como dar o
dízimo é humilhado por Deus (Lc 18:9-14). Dar dez por
cento ou até mais do que isso não garante que alguém será
salvo por Jesus. A salvação eterna não está atrelada a
alguém dar dízimo em uma igreja e, ainda, a quanto ela dá
em dinheiro para uma igreja. Ananias e Safira (At 5:1-11)

[ 343 ]
O oleiro na mão do Vaso

prova que dar dinheiro na igreja com interesses escusos


não reflete uma atitude agradável a Deus porque o apego
ao dinheiro (1 Tm 6:10) acima do amor ensinado por Jesus
é a ruína de uma pessoa.

Dar com alegria (2 Co 9:7) é diferente de dar por obrigação,


interesse ou constrangimento. Dar com alegria é ter a
satisfação de ajudar quem precisa sem ver a quem (1 Jo
3:17) e de contribuir para o ministério de servos fiéis que
fazem um bom trabalho na igreja (1 Co 5:17) pelo simples
e verdadeiro desejo de corresponder ao amor de Deus que
não é limitado a valores materiais e monetários.

Você acredita que uma pessoa pode ajudar outra pelo


simples desejo de ajudar, desinteressadamente, sem visar
lucros ou outros benefícios para si própria? Se sim, você
“está bem na fita” com Deus. Se não, você realmente
precisa de uma transformação pelo poder do Espírito Santo
em favor do Evangelho de Jesus.

[ 344 ]
O oleiro na mão do Vaso

Você acredita que dar tão somente dez por cento do seu
salário para a igreja, em obediência à má instrução a partir
da má exegese do pastor, é suficiente para ser salvo? Se
sim, você está baseando a sua vida apenas em bens
terrenos em detrimento das bênçãos espirituais,
esquecendo-se da vida eterna. Se não, você está no
caminho certo que desvia do rumo da morte eterna.

É necessário dar cem por cento de si mesmo a Jesus, i.e.,


sendo-lhe obediente e pregando o seu evangelho a toda
criatura (Mt 28:19). Pregar a salvação de Jesus e receber a
salvação de Jesus nada tem a ver com dízimos! É mister
que a sua justiça supere muito a justiça dos “mestres da
lei” que ensinam doutrinas de homem, fazendo o que Deus
quer a fim de receber a sua salvação (Mt 5:20). Limitar a
salvação que é o dom gratuito de Deus à condição de
pagamento de dízimos é o mesmo que querer comprar algo
que não pode ser vendido. A salvação não está à venda,
pois é dádiva de Deus, presente de Deus àqueles que são
verdadeiramente seus filhos e não meras criaturas alheias
à sua existência e descrentes da sua soberania.

[ 345 ]
O oleiro na mão do Vaso

Na Igreja Mundial do Poder de Deus (IMPD), de Valdemiro


Santiago, um pastor diz o seguinte a partir dos 02:24m do
vídeo: “No primeiro horário, você vai se dirigir a uma
agência bancária e vai fazer aquela ofertinha de R$
1.000,00 e nós estaremos enviando via correio pro senhor,
pra senhora, esse martelo que você tá vendo aqui nas
minhas mãos. Esse martelo você vai tocar com ele naquilo
que você deseja, que seja quebrado, que seja esmiuçado,
que seja extraído, arrancado da sua vida (...) você vai
procurar uma agência do banco do Brasil, por exemplo, e
vai digitar lá: Agência / CC, ou Banco Bradesco (...) de
preferência no Banco do Brasil como nosso apóstolo tem
nos orientado (...) e você vai efetuar essa ajudinha, essa
ofertinha de R$ 1.000,00”.xxiv

Dentre vários objetos com “poder de milagres”, Valdemiro


surge com uma nova receita para cura da doença causada
pelo coronavírus: “(...) gente curada de coronavírus, em
estado terminal (...) Só tem um jeito de se vencer essas
fases difíceis; é semeando, semeando na obra de Deus (...)
eu vou fazer um propósito de R$ 1.000,00 por cada um

[ 346 ]
O oleiro na mão do Vaso

deles, e muitos que estão me assintindo também vão fazer


de R$ 1.000,00.”xxv

Propósito com Deus: essa é a retórica “valdemirista” para


defender seu próprio propósito – angariar altas somas em
dinheiro para a conta bancária de sua denominação
religiosa. Porém, esse propósito não foi visto com bons
olhos pelo MPF-SP que solicitou à Google, empresa
responsável pela plataforma de vídeos YouTube, a retirada
do ar dos vídeosxxvi em que esse homem que se autointitula
apóstolo, líder da IMPD, oferece sementes de feijão com
supostos poderes de cura do coronavírus.

Facilmente, percebem-se as heresias usadas pelos falsos


profetas ou falsos mestres quando pregam mais ou demais
sobre dinheiro do que sobre o próprio Senhor Jesus, pois
eles têm o mesmo objetivo: vender bênçãos por preços
exorbitantes, afirmando que isso lhes é dado por inspiração
divina; ou seja, usam o nome de Deus para alcançar seus
maus intentos monetários.

[ 347 ]
O oleiro na mão do Vaso

O que diz o Bom Pastor?

Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: Em verdade vos digo que


eu sou a porta das ovelhas. Todos quantos vieram antes de
mim são ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os
ouviram. Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-
se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens. O ladrão não
vem senão a roubar, a matar e a destruir; eu vim para que
tenham vida e a tenham com abundância. Eu sou o bom
Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas. Mas o
mercenário, que não é pastor, de quem não são as ovelhas,
vê vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as
arrebata e dispersa. Ora, o mercenário foge, porque é
mercenário e não tem cuidado das ovelhas. (Jo 10:7-13)

Falsos profetas são mercenários. Eles pregam doutrinas


antibíblicas inventadas por eles mesmos, i.e., ensinamentos
que não procedem de Deus (1 Jo 4:1; 2 Pe 2:1-3). Então,
o que significa semear na obra de Deus? É depositar mil
reais na conta bancária de uma empresa eclesiástica em
troca de bênçãos e milagres? Claro que não!!! Semear na
obra de Deus é cuidar de si mesmo e da doutrina de Deus,
tendo cuidado com o que ensina e perseverando nesse
caminho, pois assim a pessoa salvará tanto a si mesma
como os que a escutam (1 Tm 4:16). Semear na obra de

[ 348 ]
O oleiro na mão do Vaso

Deus é levar o seu evangelho da salvação a todas as


criaturas, ensinando-as a obedecer a tudo o que Jesus
ordena em sua palavra (Mt 28:19,20).

Um alerta bíblico contra os falsos mestres e sobre a


apostasia nos últimos tempos com a sua contribuição:

O Espírito de Deus diz claramente que, nos últimos tempos,


alguns abandonarão a fé. Eles darão atenção a espíritos
enganadores e a ensinamentos que vêm de
demônios. Esses ensinamentos são espalhados por pessoas
hipócritas e mentirosas, pessoas cuja consciência está
morta como se tivesse sido queimada com ferro em
brasa. Essas pessoas ensinam que é errado casar e que é
errado comer certos alimentos. Mas Deus criou esses
alimentos para que aqueles que creem e conhecem a
verdade os comam depois de terem feito uma oração de
agradecimento. Tudo o que Deus criou é bom, e, portanto,
nada deve ser rejeitado. Que tudo seja recebido com uma
oração de agradecimento 5porque a palavra de Deus e a
oração tornam todos os alimentos aceitáveis a ele! (1 Tm
4:1-5).

Orientações ao bom servo de Jesus Cristo para que se


mantenha fiel e diligente no ministério:

[ 349 ]
O oleiro na mão do Vaso

Se der esses conselhos aos irmãos na fé, você será um


bom servo de Cristo Jesus, alimentando-se espiritualmente
com as doutrinas da fé e com o verdadeiro ensinamento
que você tem seguido. Mas não tenha nada a ver com as
lendas pagãs e tolas. Para progredir na vida cristã, faça
sempre exercícios espirituais. Pois os exercícios físicos têm
alguma utilidade, mas o exercício espiritual tem valor para
tudo porque o seu resultado é a vida, tanto agora como no
futuro. Esse ensinamento é verdadeiro e deve ser crido e
aceito de todo o coração. É por isso que lutamos e
trabalhamos muito, pois temos posto a nossa esperança no
Deus vivo, que é o Salvador de todos, especialmente dos
que creem. Recomende e ensine estas coisas. Não deixe
que ninguém o despreze por você ser jovem. Mas, para os
que creem, seja um exemplo na maneira de falar, na
maneira de agir, no amor, na fé e na pureza. Enquanto
você espera a minha chegada, dedique-se à leitura em
público das Escrituras Sagradas, à pregação
do evangelho e ao ensino cristão. Não se descuide
do dom que você tem, que Deus lhe deu quando
os profetas da Igreja falaram, e o grupo de presbíteros pôs
as mãos sobre a sua cabeça para dedicá-lo ao serviço do
Senhor. Pratique essas coisas e se dedique a elas a fim de
que o seu progresso seja visto por todos. Cuide de você
mesmo e tenha cuidado com o que ensina. Continue
fazendo isso, pois assim você salvará tanto você mesmo
como os que o escutam (1 Tm 4:6-16).

[ 350 ]
O oleiro na mão do Vaso

No vídeo “Resposta do Caio a um pastor amaldiçoador!” xxvii,


Caio Fabio diz que o “ungido do Senhor”, que deveria ser
um abençoador, põe medo nas pessoas em vez de pôr amor
e segurança. Por exemplo, se a pessoa quiser mudar, o
amaldiçoador continua querendo que ela permaneça no
mal só para a sua maldição se cumprir e ele ficar bem na
fita. Daí adiante, já vão dizer que ele é o dono da bênção
do Senhor.

Se (um líder) não muda o espírito, continua tudo a mesma


coisa; ele muda os invólucros, mas tudo permanece igual.
É difícil o rico abandonar os bens, sua riqueza porque tem
de abandonar muito conforto. Eis o percurso desse tipo de
pastor: de genuíno a mercenário, de mercenário a lobo de
maldições – um retrocesso. Quem amaldiçoa se faz
homicida. Espírito do raca. O caminho de balaão, amando
o premio da injustiça. O que amaldiçoa não é a liturgia, mas
a energia do insulto; desejar que seu irmão seja raca.

[ 351 ]
O oleiro na mão do Vaso

FALSOS PROFETAS

Pseudo-revelações feitas por falsos profetas não


correspondem à verdade bíblico-divina; por isso, passaram
a lhes conferir o sentido de “profetadas” em vez de
profecias. Profetadas são marretadas na mente do crente
em forma de adivinhações, palpites, pressuposições,
prognósticos, presságios, e tudo o mais dessa categoria.

Profetas, na verdade, eram homens vocacionados por Deus


para levarem a sua revelação inspirada de maneira
sobrenatural pela onisciência e vontade divinas. As
profecias tinham por objetivo dar a conhecer aos povos e
nações os acontecimentos relacionados a Deus
provenientes de seu poder e anunciar os decretos divinos
em situações críticas com o propósito de manter firme sua
aliança com seu povo.

Dentre outros profetas bíblicos, alguns encontram-se na


Bíblia em livros designados como “Profetas Maiores” e

[ 352 ]
O oleiro na mão do Vaso

“Profetas Menores” – essas expressões têm a ver com a


extensão dos respectivos livros, e não com o grau de
importância do profeta visto que todos foram dotados por
Deus para desempenhar seus ministérios cada um
conforme a presciência divina. Os livros bíblicos que
formam os Profetas Maiores são: Samuel, Isaías, Jeremias,
Ezequiel e Daniel; os que formam os Profetas Menores são:
Oseias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum,
Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias. Esses
profetas, porta-vozes de Deus em seus respectivos
ministérios proféticos, tornaram possível o conhecimento
respeitante às coisas e propósitos de Deus em suas épocas
correspondentes.

A partir do momento em que Jesus se sacrificou pela


humanidade, o rasgar do véu no santuário significou a
possibilidade dada por Deus de o “crente” ter acesso direto
a ele sem precisar de “reveladores” que costumam usar a
expressão “Eis que Deus manda lhe dizer...”, entre outras
que mais se assemelham a jargões do que a uma revelação
direta e fiel de Deus. A verdade é que Deus nunca deixou

[ 353 ]
O oleiro na mão do Vaso

de se comunicar com os seus filhos fiéis; nunca os


abandonou, nunca se esqueceu deles, de modo que sempre
está inclinado a ouvir suas orações e petições, podendo
atendê-las ou não conforme a sua onisciência, mas sempre
lhes provendo o necessário; sempre! Por isso mesmo, é
sempre a Deus que se deve buscar, e nunca a homens que
se autoproclamam enviados de Deus. Como saber isso? A
ovelha conhece a voz do Pastor e o Espírito revela à sua
mente quando algo dito ou manifestado por esses homens
não corresponde à verdade de Deus. O falso mestre, o falso
profeta, o falso pastor, sempre deixa um rastro de dúvida
nas mentes de seus ouvintes; sempre!

Esses autointitulados profetas de hoje em dia nem se


comparam aos mensageiros de Deus dos tempos bíblicos
cuja missão era apontar o pecado e exortar contra ele,
apregoar a justiça de Deus e seu juízo iminente, interpretar
a palavra de Deus fidedignamente para a edificação do
povo de Deus – coisa que, atualmente (e desde a
antiguidade mais remota), muitos “servos” de Deus evitam
fazer ou não fazem a fim de não se indispor com os

[ 354 ]
O oleiro na mão do Vaso

“colaboradores” do seu “reino” onde reinam como bispos,


apóstolos, reverendos, pastores etc. Assim, na contramão
dos desígnios de Deus, nunca falam de derrotas,
sofrimentos, perseguições, aflições, pois isso não dá lucro.
Falam tão somente sobre prosperidade, vitórias,
conquistas, riquezas, alegrias, a fim de segurar na igreja
seus “contribuintes” cujo cérebro é massageado com a
delegação do “ministério de contribuição”.

Falsos profetas não estão preocupados em preparar as


pessoas para encarar dificuldades e buscar soluções com
luta, oração e verdadeira consagração a Deus. Antes, como
mercenários da fé que pregam a palavra bíblica, mas não a
praticam (Mt 23:3), desencaminham os incautos com
engodos doutrinários que ajudam a garantir seu negócio
eclesiástico (Rm 16:17,18).

Um falso profeta sempre atua como um antagonista de


Deus por ensinar doutrinas que vão de encontro às
verdades escriturísticas (2 Pe 2:1). Isso ocorre
principalmente no tocante à comercialização do evangelho

[ 355 ]
O oleiro na mão do Vaso

pela qual vendem bênçãos por preços exorbitantes que


chamam de “ofertas” para a causa de Cristo que nem vê a
cor do dinheiro!!! Nesse caso, costumam mandar seus
seguidores buscar na bíblia algum texto que possa
contestá-los, dando a entender que esses textos não
existem porque eles, como profetas, detêm a verdade em
seus discursos que devem ser ouvidos e colocados em
prática obedientemente para evitar alguma punição divina.
Logo, ninguém ousa investigar suas palavras distorcidas o
que lhes garante a permanência no posto de mau intérprete
bem sucedido. Não há crente bereiano nessa situação. Isso
faz com que sua fala se torne o centro das atenções em
detrimento do que de fato “está escrito”, e, mediante a
palavra deles, seus ouvintes não ousam questioná-los.

Falsos profetas têm características que evidenciam sua


postura antibíblica e um caráter falho. Costumam conferir
às suas próprias palavras uma autoridade tal a ponto de as
comparar com os textos das Escrituras de modo que sejam
aceitas como verdades inquestionáveis. Há toda uma
psicologia desvirtuada, uma arte de retórica

[ 356 ]
O oleiro na mão do Vaso

persuasiva/dissuasiva, i.e., objetivos intrinsecamente


ligados, mas com uma conotação diferente pelo que se
tenta convencer alguém de um sofisma – respectivamente,
ao mesmo tempo que induz alguém a acreditar em suas
palavras, busca induzi-lo a deixar de acreditar na palavra
de Deus na qual se pauta. Algo que se revela contraditório,
pois rejeita aquilo do que se aproveita. Usam o artifício do
jogo de palavras que desvia o entendimento daquilo que
realmente está escrito no texto sagrado através de uma
ação tendenciosa para adaptar sua interpretação pessoal
do texto bíblico. Por exemplo, quais são as argumentações
em favor do dízimo – lei do Antigo Testamento cujos
propósitos não se coadunam com a graça revelada no Novo
Testamento?

Dízimo se refere a ALIMENTOS, como está escrito: Digno é


o operário do seu alimento (Mt 10:10), mas isso não
interessa aos mercenários da fé. Trata-se, portanto de uma
interpretação e transmissão inidônea dos textos bíblicos
dos quais se aproveitam para cobrar dízimos nas suas
igrejas, ainda com o agravante de constranger pessoas a

[ 357 ]
O oleiro na mão do Vaso

se tornarem dizimistas com a alegação de que não serão


abençoados com prosperidade se não praticarem esse
“ministério” que carece de uma explicação consistente com
o texto bíblico. É preciso ensinar direito, falar a verdade e
conscientizar sobre a bênção de ofertar livre de
constrangimentos e medo de punição (2 Co 9:7). Se houver
conscientização da necessidade de contribuir
(voluntariamente, por amor e sem interesses) com a Igreja
em favor dos necessitados de fato e em favor dos pastores
que se dedicam à obra da igreja em tempo integral e por
isso passam a depender de contribuição em forma de um
salário satisfatório, a igreja fiel vai querer corresponder ao
amor de Deus. Então, por que continuar manipulando a
verdade bíblica sobre dízimos e ofertas, ocultando da igreja
a verdade bíblica sobre dízimos e ofertas? Por que não
substituir o termo dízimo pelo termo oferta em respeito a
Jesus que trouxe a graça à humanidade, livrando-a do jugo
da lei?

[ 358 ]
O oleiro na mão do Vaso

Esses alimentos eram levados aos levitas que trabalhavam


no Templo e não receberam herança como as demais onze
tribos que, por isso mesmo, deveriam sustentá-los.

O dízimo nas igrejas equivale aos impostos pagos aos


governos: uma lei obrigatória cujo não cumprimento resulta
em ato punitivo. Jesus disse: Está escrito: A minha casa
será chamada de ‘Casa de Oração’. Mas vocês a
transformaram num esconderijo de ladrões! (Mt 21:13).
Também está escrito: Se alguém ensina alguma doutrina
diferente e não concorda com as verdadeiras palavras do
nosso Senhor Jesus Cristo e com os ensinamentos da nossa
religião, essa gente pensa que a religião é um meio de
enriquecer (1 Tm 6:3,5); Falsos apóstolos são obreiros
fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo. E
não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura
em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se
transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será
conforme as suas obras (2 Co 11:13-15). Ao contrário de
muitos, não negociamos a palavra de Deus visando a algum

[ 359 ]
O oleiro na mão do Vaso

lucro; antes, em Cristo falamos diante de Deus com


sinceridade, como homens enviados por Deus (2 Co 2:17).

Relativizar, comercializar, inventar, enganar, negar, dividir,


sincretizar, amalgamar, empoderar-se, autointitular-se são
verbos que fazem parte do modus operandi dos falsos
pastores, falsos mestres, falsos profetas, pois que exploram
suas ovelhas em vez cuidar delas em aprisco seguro. Esses
verbos fazem parte do combo da confissão positiva, da
miscigenação da fé que se revela no sincretismo do
evangelho através de heresias formadas a partir do próprio
texto sagrado, desconstruindo-o em favor de um evangelho
imediatista que não corresponde aos padrões divinos de
disciplina e santidade.

O cristão verdadeiro que vai à igreja com o propósito digno


de ouvir a palavra de Deus a fim de a praticar deve abrir os
olhos para enxergar a verdade de Deus como ele a revela
e não como o homem a revela. É preciso estar atento ao
que é dito em um culto, pois nem sempre uma pregação é
condizente com a verdade bíblica por mais que pareça. É

[ 360 ]
O oleiro na mão do Vaso

preciso ser como os bereianos que questionavam,


investigavam o que os apóstolos diziam para saber se de
fato suas palavras correspondiam à palavra de Deus:

Ora, estes eram mais nobres do que os de Tessalônica,


porque receberam a palavra com toda avidez, examinando
diariamente as Escrituras para ver se estas coisas eram
assim. (At 17.11)

Normalmente, em meio a igrejas dirigidas por tais homens


investidos do dever de cegar o entendimento racional (Dt
6:5; Mt 22:37) em contradição ao propósito de Jesus de
fazer o cego ver, o crente prudente pode ver o que eles não
veem justamente pelo fato de dizerem que veem.
Aproveitando-se da igreja como fonte de ganhos
monetários em detrimento do ganho de almas para Deus
reflete justamente as palavras do Mestre em resposta aos
fariseus:

Disse Jesus: "Eu vim a este mundo para julgamento, a fim


de que os cegos vejam e os que vêem se tornem cegos.
Alguns fariseus que estavam com ele ouviram-no dizer isso
e perguntaram: "Acaso nós também somos cegos?” Disse
Jesus: "Se vocês fossem cegos, não seriam culpados de

[ 361 ]
O oleiro na mão do Vaso

pecado; mas agora que dizem que podem ver, a culpa de


vocês permanece. (Jo 9:39-41)

Fariseus! Fariseus! Fariseus! No seio da Igreja de Jesus!!!


Transformam a Noiva de Cristo em uma prostituta coletiva
que lhes dá o seu “pago de cada dia”, e o faz assim
exatamente pelo fato de não ter o que receber deles, sendo
a entrega a eles, de parte do salário do seu trabalho ou,
quiçá, da sua totalidade, uma garantia de abrigo espiritual
onde acredita ser a casa de Deus. Mero ludíbrio.

O povo de Deus precisa abrir os olhos espirituais da fé para


poder discernir a verdade da falsidade que tem se instalado
no seio da Igreja. É igualmente necessário abrir os olhos
espirituais da fé para poder perceber o significado autêntico
dos textos sagrados. Assim, o povo de Deus é liberto das
fraudes piedosas executadas por homens religiosos que
não manifestam a mínima preocupação com o juízo de
Deus sobre eles com o agravante de quererem levar
consigo muitas almas para o fogo do inferno.

[ 362 ]
O oleiro na mão do Vaso

É bom esclarecer que a expressão “fraudes piedosas” que


se aplicam às ações religiosas fraudulentas desempenhadas
por falsos cristãos não devem ser atribuídas às Escrituras
Sagradas de maneira alguma visto que as más ações
humanas não correspondem à natureza e atributos divinos
nelas descritos. Claro que isso é uma questão de fé a qual
não se pretende constranger ninguém a aceitá-la, mas
também não se deve concordar com aqueles que não têm
fé e, por isso mesmo, pretendem enfraquecê-la ao tentar
descontruir a verdade escriturística com base em
comportamentos humanos que dela destoam.

Não se pode culpar a Deus pelos pecados dos homens.


Todos têm livre arbítrio para fazerem de suas vidas o que
bem entendem, mas não têm o direito de violar preceitos
bíblicos fundados em Cristo, o Deus eterno, para
mascararem sua má-fé religiosa; tampouco os céticos têm
o direito de julgar aquilo que não conhecem. Quem tem
experiência com Cristo conhece a verdade bíblica, e fala
com plena convicção: Sei em quem tenho crido (2 Tm 1:12)
e essa é uma verdade incontestável, irrefutável, indizível

[ 363 ]
O oleiro na mão do Vaso

para quem não crê, e insondável para quem nunca a


experimentou. Com esse, portanto, nem vale a pena
discutir, pois está incapacitado para compreender as coisas
de Deus porquanto surdo e cego espiritual no tocante à fé
bílicocristã. Mas ao fiel crente em Deus é dada a instrução
a seguir:

Estai sempre preparados para responder com mansidão e


temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que
há em vós, tendo uma boa consciência, para que, naquilo
em que falam mal de vós, como de malfeitores, fiquem
confundidos os que blasfemam do vosso bom procedimento
em Cristo. (1 Pe 3:15,16)

As palavras dos falsos mestres são sempre falsas dada


exatamente a sua origem. O apóstolo Paulo disse para não
nos deixarmos levar por doutrinas várias e estranhas que
nos tiram do caminho certo (Hb 13:9), pois são
provenientes de homens que torcem a verdade a fim de
atrair os discípulos de Jesus (At 20:30). Seus ensinamentos
são repletos de interpretações deturpadas que têm por
finalidade abalar o equilíbrio espiritual dos crentes a ponto
de os afastar de Deus.

[ 364 ]
O oleiro na mão do Vaso

No passado apareceram falsos profetas no meio do povo, e


assim também vão aparecer falsos mestres entre vocês.
Eles ensinarão doutrinas destruidoras e falsas e rejeitarão
o Mestre que os salvou. E isso fará com que caia sobre eles
uma rápida destruição. Mesmo assim, muita gente vai
imitar a vida imoral deles, e por causa desses falsos mestres
muitas pessoas vão falar mal do Caminho da verdade. Em
sua ambição pelo dinheiro, esses falsos mestres vão
explorar vocês, contando histórias inventadas. Mas faz
muito tempo que o Juiz está alerta, e o Destruidor deles
está bem acordado. (2 Pe 2:1-3)

A verdadeira “Igreja do Senhor” não está limitada nem


condicionada a portas e paredes tampouco a gazofilácios e
cultos programados. A verdadeira Igreja do Senhor
depende única e exclusivamente da presença e da unção
do Espírito Santo. Nada nem ninguém pode destruí-la
porque pertence ao Senhor dos Exércitos.

Algumas instituições religiosas desses Últimos Dias


deveriam se envergonhar de se autointitularem igrejas,
pois o que fazem e para o que se prestam, não está em
harmonia com a vontade de Deus para sua Igreja;
portanto, não são igrejas idôneas e verdadeiras para com

[ 365 ]
O oleiro na mão do Vaso

o propósito de Cristo. Antes são: igrejas ananias & safiras;


sambalates & Tobias; corás, datãs & abirãos; acãs et
caterva. Essas igrejas, sim, são passíveis de sucumbir
diante da interdição e intervenção divinas contra seus atos
viróticos infectantes porque, por mais que os homens
religiosos poderosos façam, nenhum deles tem poder para
desconstruir os propósitos de Deus.

Qual igreja hoje em dia gostaria de assumir a personalidade


de igreja meramente assistencial, i.e., uma igreja que
recebe ofertas para dar aos pobres e não para embolsá-
las?

As malditas teologias da prosperidade se infiltraram na


Igreja do Senhor Jesus — inversão de valores: loucos por
dinheiro e não por Jesus, não por amor de Cristo!!! (1 Co
4:10) A obrigatoriedade do confinamento em tempos de
pandemia levou muitos líderes religiosos à loucura:
– "E agora, o que vamos fazer? E os nossos dízimos? Como
nossos bolsos vão sobreviver? Vamos lançar o dízimo

[ 366 ]
O oleiro na mão do Vaso

online; é o único jeito de mantermos os nossos padrões


monetários!"

No entanto, a ordem veio do Alto! Quem lhe pode resistir?!


Para saber se um líder é meramente um religioso ou um
verdadeiro servo de Jesus basta surgir uma ordem
universal que lhes imponha transformarem a sua igreja em
uma igreja de cunho assistencial unicamente, “sem fins
lucrativos”. Ou seja, PROÍBAM OS DÍZIMOS! E quanto às
ofertas, modifiquem o modo de as darem, observando
atentamente o destino delas, para onde estão sendo
levadas:

— "A partir de hoje, todo servo fiel de Deus não cobrará


mais dízimos e ofertas na igreja da maneira como vêm
fazendo ao longo de séculos desde, pelo menos, a época
dos fariseus.

Todo servo fiel de Deus fará, sim, um levantamento do que


determinada comunidade ou família necessita, e os
selecionará para receberem ofertas específicas em dia

[ 367 ]
O oleiro na mão do Vaso

marcado especialmente para esse propósito.

Cada servo dessa igreja, incluindo seus líderes, deverão


tirar dos seus próprios bolsos uma parte do seu salário,
conforme o seu coração propõe ou conforme as suas
possibilidades para ajudar a olhos vistos as pessoas
necessitadas.

Não receberão mais salários nas igrejas, como diz a


palavra: de graça recebeste de graça dai (Mt 10:8),
diferente de Simão que queria receber poder pelo poder do
dinheiro (At 8:18). Digno é o obreiro do seu salário (1 Tm
5:18), mas nunca fizemos uso desse direito. Preferimos
suportar qualquer coisa a fim de não sermos obstáculo
para as boas-novas a respeito de Cristo (1 Co 9:12) ; ou
seja, para não escandalizar, o servo fiel prefere não receber
pagamentos.

No que tem se transformado a Igreja do Senhor Jesus?


Portinhas são abertas, como igrejas de fato ou como
comércios em forma de igreja? São portinhas destinadas a

[ 368 ]
O oleiro na mão do Vaso

se abrirem para salvar vidas ou como uma forma mais fácil


de ganhar dinheiro fácil isento de declaração? E quanto aos
megatemplos? Por que ou para que tamanha extensão se
não suportam tantos pobres lá dentro?! O tamanho
exagerado seria para mostrar poder?! Tornou-se um
empreendimento lucrativo ou permanece a igreja idealizada
por Jesus?

Que igreja é essa dos Últimos Dias que prega sobre tudo o
que lhe convém, deixando de lado a verdade bíblica? E se
Deus chegasse para um desses líderes e dissesse assim:

"De agora em diante, você vai desfrutar apenas do seu


salário, e desse mesmo salário você vai tirar uma parte de
acordo com o seu orçamento para que também não seja
prejudicado, e vai doar para os necessitados e pedirá aos
membros da sua igreja para fazerem o mesmo, todos
doando aos necessitados os valores recebidos na presença
de todos os membros como testemunha de que tudo foi
doado devidamente e que nada ficou em posse dos não-
necessitados da igreja; os valores também podem ser

[ 369 ]
O oleiro na mão do Vaso

convertidos em alimentos ou outras necessidades conforme


se façam necessários."

Qual seria a reação desse líder: pastor, apóstolo,


missionário, reverendo, bispo etc.? Será que ele agiria
assim, "Ah, Deus falou, mas ninguém ouviu; então, vou
trabalhar essas palavras de acordo com a minha
conveniência!", manipulando a palavra de Deus a seu bel-
prazer, arbitrariamente, tendenciosamente? Todavia, uma
coisa é certa: se ele obedecer a essa ordem de Deus sem
hesitar, ele é verdadeiramente um homem segundo o
coração de Deus.

Porém, há igrejas cujos líderes que se travestem de servos


de Deus aprenderam a desenvolver discursos mirabolantes
com respaldo na palavra de Deus que, na verdade, é
transmitida ao povo através de uma politicidade oculta. E,
pelo simples fato de a palavra de Deus ser usada nesses
discursos como forma de respaldo, as pessoas se deixam
levar pelo engano das falsas homiléticas! A verdade é que
as pessoas até percebem essas coisas, mas elas mesmas

[ 370 ]
O oleiro na mão do Vaso

tomaram a decisão de permanecerem enganadas porque o


espírito da verdade já se esvaiu das vidas delas.

Qual é o verdadeiro propósito da Igreja de Jesus?

E ela dará à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus,


porque ele salvará o seu povo dos seus pecados. (Mt 1:21)

E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo


do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo
qual devamos ser salvos. (At 4:12)

Deus, com a sua destra, o elevou a Príncipe e Salvador,


para dar a Israel o arrependimento e remissão dos pecados.
(At 5:31).

Da descendência deste, conforme a promessa, levantou


Deus a Jesus para Salvador de Israel, seja-vos, pois,
notório, varões irmãos, que por este se vos anuncia a
remissão dos pecados. (At 13:23, 38)

➢ Quem está interessado em pregar essas verdades


bíblicas primordiais à Igreja de Jesus?
➢ Quem quer pregar o sofrimento de Jó? Só querem
pregar a prosperidade de Jó!!!
➢ Quem quer pregar o Apocalipse para abrir os olhos
aos cristãos cegos pelo engano dos cegos?

[ 371 ]
O oleiro na mão do Vaso

Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas!

Um líder idôneo deve se contentar com o salário que recebe


(Lc 3:14b) cujo direito lhe é concedido por Deus em sua
bondade e reconhecimento pelo serviço prestado. Portanto,
não deve desejar ir além do que lhe é permitido como que
cobiçando grandes fortunas, tendo a evangelização como
emprego e Deus como patrão, pois o apego ao dinheiro é
a raiz de todos os males, começando pelo abandono da fé
que consequentemente acarreta sofrimentos (1 Tm 6:10).

Lamentavelmente, um líder ganancioso ao desfrutar de


colheitas fartas de dízimos e ofertas que não lhe
pertencem, naturalmente não quer se preocupar com o
juízo de Deus e sua palavra; isso só atrapalharia os seus
projetos que lhe dão tanto lucro, e ele está tão viciado em
acumular tesouros na terra por intermédio da igreja que
prefere permanecer nesse caminho tortuoso. Afinal, como
um cristão que se esquece da eternidade ou não quer se
lembrar dela, o que importa é o aqui & agora.

[ 372 ]
O oleiro na mão do Vaso

Nada contra contribuição na igreja; afinal, ela precisa de


subsídios para sobreviver em meio a tantas obrigações que
requerem dinheiro. Até que se faça uma contribuição de
10% na igreja como se fosse o dízimo, mas que haja
esclarecimento sobre o que é dízimo, o que foi o dízimo,
como era o dízimo – toda uma explanação ao povo de Deus
acerca da instituição dos dízimos e de como são entendidos
sob a Nova Aliança –, e como esses 10% poderiam ser
doados hoje em forma de oferta. Uma conscientização para
o povo de Deus de modo que compreendam a importância
de ajudar na causa de Deus e se desvencilhem da usura de
querer barganhar com Deus como um “toma lá, dá cá”.

Bênçãos de Deus não se comercializam, não são um


negócio, não são um empreendimento onde quanto mais
se investe mais se ganha. Isso não existe na Igreja de
Jesus; nunca existiu! Jesus nunca ensinou o que se vê hoje
sendo ensinado nas igrejas mercenárias que exploram a fé
inocente do crente. Pode-se ajudar a igreja como uma
organização que precisa de fundos monetários para se
manter e para ajudar aqueles que a mantêm com seus

[ 373 ]
O oleiro na mão do Vaso

ensinos e com suas pregações; isso é digno diante de Deus,


mas com a instrução correta pautada na Bíblia, como está
escrito: “Os presbíteros que (ou seja, não é qualquer
presbítero, nem o que faz o trabalho contrário à direção
divina) fazem um bom trabalho na igreja merecem
pagamento em dobro, especialmente os que se esforçam
na pregação do evangelho e no ensino cristão. Digno é o
obreiro do seu salário” (1 Tm 5:17,18b). Entretanto, é
preciso saber como, com que espírito se instrui e se prega
a palavra de Deus, pois ai daquele que abusa dessa
permissão de Deus para ajuda financeira e da dádiva do
ministério cristão: Não se enganem: ninguém zomba de
Deus. O que uma pessoa plantar, é isso mesmo que colherá
(Gl 6:7).

Assim o Senhor mandou também que aqueles que


anunciam o evangelho vivam do trabalho de anunciar o
evangelho (1 Co 9:14). Anunciar o evangelho extamente
como ele é, sem acréscimos espúrios à palavra de Deus
para proveito próprio. Que seja assim, conforme a palavra
de Deus, não com exploração, não com atos mercenários,

[ 374 ]
O oleiro na mão do Vaso

não se aproveitando da igreja para angariar riquezas, para


conseguir altas somas de dinheiro na conta corrente, e as
manter para si, enriquecendo cada vez mais através dos
“trouxas” como são chamados os que se recusam a trilhar
esse mau caminho instruído por instrutores que já se
perderam no caminho. Não se contentam com apenas o
que Deus instrui a fazer: um salário que seja suficiente para
o seu sustento, e nada além disso, pois o que passa disso
é de procedência maligna visto que a palavra de Deus é
Sim, sim; não, não (Mc 5:37). Não se pode agradar a Deus
e a Mamom, i.e., as riquezas, o dinheiro obtido dessa forma
(Mt 6:24), mas que seja de acordo com a palavra de Deus,
crendo que ele sustenta quem lhe obedece e nele confia:
Porque eu, o Senhor, teu Deus, te tomo pela tua mão
direita e te digo: não temas, que eu te ajudo (Is 41:13).

[ 375 ]
O oleiro na mão do Vaso

DÍZIMO: UMA MANEIRA ORIGINAL, SIMPLES E


PRÁTICA DE SE ENTENDER

EXPLICAÇÕES DE CONHECEDORES DO TEMA

Prof. Renato Santosxxviii – Professor de hebraico


bíblico moderno e professor de cultura judaica

“Deus não precisa de dízimos.” (08:20m)

O sentido do dízimo dentro do hebraico e dentro da cultura


judaica. Para ele, um assunto polêmico, controverso, que
veio à tona dentro do cristianismo – igrejas e instituições
afins – devido ao seu apelo financeiro. Contudo, ele trata
do tema como um conceito concernente ao povo de Israel,
e desenvolve o estudo sobre o dízimo à luz da bíblia.

O professor ensina sobre o tema usando o método


israelense. “Dízimo é a décima parte, é o décimo”. Nos
tempos bíblicos, os israelitas deveriam entregar o dízimo de
suas terra, gado, rebanho e outras fontes de receita; ou

[ 376 ]
O oleiro na mão do Vaso

seja, tudo o que eles recebiam deveriam separar o dízimo,


i.e., a décima parte do seu ganho.

‫ מעשר‬/Maaser/ - raiz da palavra “dez”. Em hebraico, fala-


se ‫ עשר‬/eser/ (feminino) ou ‫ עשרה‬/asarah/ (masculino)
visto que os número em hebraico possuem gênero
masculino e feminino. “Maaser” vem de “eser”, dessa raiz
de “dez”; logo, literalmente, o dízimo significa a décima
parte de acordo com a etimologia hebraica, sabendo-se que
toda palavra hebraica possui uma raiz. Assim, a raiz da
palavra “dízimo” em hebraico, da palavra “Maaser” em
hebraico é ‫ עשר‬/asar/ – raiz primitiva cujo significado é:
acumular, pagar o dízimo, entregar a décima parte.

Como se acumula algo que se dá? O dízimo era para ser


entregue, mas a raiz da palavra dízimo em hebraico
significa acumular. Essa palavra é fundamental porque faz
referência ao voto feito por Yakov: Esta pedra que pus
como pilar será a tua casa, ó Deus, e eu te entregarei a
décima parte de tudo quanto me deres (Gn 28:22). Em
termos gerais, na Lei de Moisés, na Torah, é que o dízimo

[ 377 ]
O oleiro na mão do Vaso

se tornou uma obrigação. Todos os anos juntem uma


décima parte de todas as colheitas (Dt 14:22). No entanto,
observe-se atentamente o seguinte versículo:

De três em três anos junte a décima parte das colheitas


daquele ano e dê aos levitas, aos estrangeiros, aos órfãos
e às viúvas que moram na sua cidade, para que tenham
toda a comida que precisarem. (Dt 26:12)

Surgem, então, estas perguntas: “Eu tenho que dar o


dízimo?”, “Eu vou ser amaldiçoado se eu não der o
dízimo?”, às quais o professor Renato responde: “Ninguém
é obrigado a nada”.

“Uma coisa bem interessante que a gente deve mencionar


aqui é que Deus não precisa de dízimos.” Os dízimos,
conforme lido em Deuteronômio 26, destinavam-se ao
sustento dos levitas que tinham uma função sacerdotal
dentro do esquema religioso dos judeus; eles não
trabalhavam em serviços gerais, mas apenas nos serviços
do tabernáculo no tocante aos utensílios, às oferendas, aos
sacrifícios etc; então, o dízimo era para o sustento dos

[ 378 ]
O oleiro na mão do Vaso

levitas, e também dos estrangeiros, dos órfãos e das


viúvas. O dízimo é um lembrete de Deus a nós pelo que de
tudo o que se recebe, uma parte deve servir para ajudar o
próximo, a pessoa tem a obrigação de ajudar o próximo,
que pode não ter recebido tudo o que essa pessoa recebeu.
Dízimo é uma questão de fé, uma questão humana, tem o
sentido de ajuda humana.

A primeira menção de dízimo ocorre em Gênesis 14:20 –


Abrão deu a Melquisedeque a décima parte de tudo o que
havia trazido de volta. Ou seja, o conceito de dízimo já
existia antes desse conceito de ajuda, já existia antes de
Abraão, pois Abraão já dava o dízimo dele. Foi, portanto,
na Lei de Moisés que o dízimo se tornou uma obrigação.
Por isso, entende-se que o real significado do dízimo está
em ajudar outrem como uma viúva necessitada, um órfão,
um estrangeiro, um líder espiritual em quem a pessoa
confia, uma instituição de caridade. Assim, ele defende que
a questão do dízimo não é bem assimilada pelos dizimistas
porque o encaram como um dever e que deve ser entregue
apenas na igreja, o que não é a verdade.

[ 379 ]
O oleiro na mão do Vaso

Bendizer Deus significa reconhecê-lo como fonte das


nossas bênçãos. Foi o caso de Melquisedeque ao declarar
que a vitória de Abraão foi dada por Deus. Abraão, em
resposta, sabendo que Melquisedeque, rei de Salém e
sacerdote de Deus, mantinha com Deus uma comunhão
verdadeira, entregou-lhe o dízimo de tudo como se o
estivesse entregando ao Senhor.

Dízimo é algo que se separa para ajudar o próximo. Dízimo


é relacionamento com Deus de modo que não se pode dizer
que é uma obrigação ou que aquele que não o pratica é
amaldiçoado. É nesse relacionamento com Deus que a
pessoa pode compreender a noção de “acumular” quando
dá, acumular algo na própria vida, pois quanto mais ela dá
– não como barganha, visando lucros – mais ela tem, ou se
dá muito, é porque tem muito a ponto de poder dar.

Anastasios Kioulachoglouxxix – autor grego,


economista e professor leigo de ensino bíblico na
revista online The Journal of Biblical Accuracy

“Por que o dízimo não é para o crente do Novo Testamento?”

[ 380 ]
O oleiro na mão do Vaso

Para Kioulachoglou, dízimo significa dar 10% do


rendimento para a igreja da qual alguém seja afiliado – esse
acredita que sirva para sustentar o orçamento da igreja
como aluguel, contas, salário de pessoal, missões etc. – e
muitos pregam que não dar o dízimo é pecado e que isso
retira o povo das bênçãos de Deus, respaldando-se em
Malaquias 3:8-12, que diz:

Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e


dizeis: em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas.
Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me
roubais, sim, toda esta nação. Trazei todos os dízimos à
casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa,
e depois fazei prova de mim nisto, diz o SENHOR dos
Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não
derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar
suficiente para a recolherdes. E por causa de vós
repreenderei o devorador, e ele não destruirá os frutos da
vossa terra; e a vossa vide no campo não será estéril, diz o
SENHOR dos Exércitos.

Ele entende esse tipo de pregação como um problema, pois


declara que a referida passagem assim como outras
semelhantes no Antigo Testamento (AT) são usadas para
dar sustentação à aplicação do dízimo. Contudo, essa

[ 381 ]
O oleiro na mão do Vaso

passagem e a lei mosaica em que ela se baseia foram


válidas para a época em que os respectivos textos foram
escritos, e portanto, pertencentes ao AT que é parte das
Escrituras Sagradas inspiradas por Deus e que foi escrito
para o nosso aprendizado, como está escrito: Porque tudo
o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para
que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos
esperança (Rm 15:4).

No entanto, apesar de podermos aprender pela leitura de


todos os livros do AT, nem tudo o que está escrito é para a
nossa aplicação visto que o AT é endereçado aos judeus
que estavam vivendo sob a lei mosaica quando Jesus
Cristo, o Sumo Sacerdote, ainda não havia se manifestado
para comprar a nossa salvação (1 Co 6:20), como diz Paulo:

Mas antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo


da lei, e encerrados para aquela fé que se havia de
manifestar. De maneira que a lei nos serviu de aio, para
nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos
justificados. Mas, depois que veio a fé, já não estamos
debaixo de aio. Porque todos sois filhos de Deus pela fé em
Cristo Jesus. (Gl 3:23-26)

[ 382 ]
O oleiro na mão do Vaso

O tempo antes do sacrifício e ressurreição de nosso Senhor


era o tempo da lei, e o tempo após seu sacrifício e
ressurreição é o tempo da graça: o que era válido no
primeiro período, concernente à lei, não mais o é no
segundo, concernete à graça; o que é válido no segundo
período, quanto a ser criança de Deus através da fé em
Jesus Cristo, não estava disponível no primeiro. O primeiro
período pode proporcionar aprendizado, mas isso não se
aplica a nós necessariamente, pois a lei foi abolida com o
sacrifício de Cristo; apesar disso, serve-nos como um guia
para a vida para nos dotar de sabedoria. Isso é análogo aos
códigos de leis civis, por exemplo, que deixam de ser
aplicados quando se tornam obsoletos, mas continuam
servindo para aprendizado. O sacrifício salvífico de Cristo
riscou a cédula que era contra nós (Cl 2:13,14), anulando
em seu corpo a Lei dos mandamentos expressa em
ordenanças (Ef 2:15).

Como já dito, a lei foi abolida e não deve mais ser aplicada.
O dízimo é parte dessa lei e aparece nos seguintes
versículos:

[ 383 ]
O oleiro na mão do Vaso

Também todas as dízimas do campo, da semente do


campo, do fruto das árvores, são do Senhor; santas são do
Senhor. Porém, se alguém das suas dízimas resgatar
alguma coisas, acrescentará a sua quinta parte sobre ela.
No tocante a todas as dízimas do gado e do rebanho, tudo
o que passar debaixo da vara, o dízimo será santo ao
Senhor. Não se investigará entre o bom e o mau, nem o
trocará; mas, se de alguma maneira o trocar, tanto um
como o outro será santo; não serão resgatados. Estes são
os mandamentos que o Senhor ordenou a Moisés, para os
filhos de Israel, no monte Sinai. (Lv 27:30-34)

O último versículo aponta o dízimo como um mandamento


que Deus ordenou a Moisés no monte Sinai exclusivamente
para o povo de Israel até sua revogação pelo sacrifício e
ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo.

Disse ainda o Senhor a Arão: “Você não terá herança na


terra deles, nem terá porção entre eles; eu sou a sua
porção e a sua herança entre os israelitas. “Dou aos levitas
todos os dízimos em Israel como retribuição pelo trabalho
que fazem ao servirem na Tenda do Encontro. De agora em
diante os israelitas não poderão aproximar-se da Tenda do
Encontro, caso contrário, sofrerão as consequências do seu
pecado e morrerão. É dever dos levitas fazer o trabalho na
Tenda do Encontro e assumir a responsabilidade pelas
ofensas contra ela. Este é um decreto perpétuo pelas suas
gerações. Eles não receberão herança alguma entre os

[ 384 ]
O oleiro na mão do Vaso

israelitas. Em vez disso, dou como herança aos levitas os


dízimos que os israelitas apresentarem como contribuição
ao Senhor. É por isso que eu disse que eles não teriam
herança alguma entre os israelitas”. O Senhor disse depois
a Moisés: “Diga o seguinte aos levitas: Quando receberem
dos israelitas o dízimo que dou a vocês como herança,
vocês deverão apresentar um décimo daquele dízimo como
contribuição pertencente ao Senhor. Essa contribuição será
considerada equivalente à do trigo tirado da eira e do vinho
do tanque de prensar uvas. Assim, vocês apresentarão uma
contribuição ao Senhor de todos os dízimos recebidos dos
israelitas. Desses dízimos vocês darão a contribuição
do Senhor ao sacerdote Arão. E deverão apresentar como
contribuição ao Senhor a melhor parte, a parte sagrada de
tudo o que for dado a vocês. “Diga aos levitas: Quando
vocês apresentarem a melhor parte, ela será considerada
equivalente ao produto da eira e do tanque de prensar
uvas. Vocês e suas famílias poderão comer dessa porção
em qualquer lugar, pois é o salário pelo trabalho de vocês
na Tenda do Encontro. Ao apresentarem a melhor parte,
vocês não se tornarão culpados e não profanarão as ofertas
sagradas dos israelitas, para que não morram”. (Nm 18:20-
32)

O texto mostra claramente que o dízimo era para os levitas


– tribo sacerdotal de Israel – como recompensa pelo seu
serviço no tabernáculo. Logo, essa passagem não pode ser
aplicada ao Novo Testamento (NT) como forma de dízimo

[ 385 ]
O oleiro na mão do Vaso

para pagamento de salários de pastores, bispos,


“apóstolos” etc., visto que Pedro e João assim atestam com
relação aos crentes em Jesus: Vós também, como pedras
vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo,
para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por
Jesus Cristo. Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio
real, a nação santa, o povo adquirido (1 Pe 2:5,9). Aquele
que nos amou, e em seu sangue nos lavou dos nossos
pecados, e nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai;
a ele glória e poder para todo o sempre. Amém. (Ap 1:5-
6).

Essas passagens se referem a todos os crentes como


sacerdotes de Deus; não trata, portanto, nenhum crente
com especial relevância, de modo que sustentar e dar
presentes no NT são ações que deixaram de ser
regulamentadas pela lei do dízimo.

O NT enfatiza claramente que a lei com suas ordenanças


foi abolida pelo sacrifício de nosso Senhor Jesus Cristo. Por
causa disso, também não mais se sacrificam animais hoje

[ 386 ]
O oleiro na mão do Vaso

visto que era uma ordenança da lei mosaica que não tem
mais valor porque Jesus Cristo a aboliu por meio de seu
sacrifício vicário. Assim, já não estamos mais sob a lei. O
motivo para não sacrificar animais é também verdadeiro
com relação ao dízimo que, juntamente com o sacrifício
animal e outras ordenanças, fazia parte da lei mosaica. O
que vale para um vale para o outro. A lei mosaica, os
sacrifícios de animais, o dízimo e as demais ordenanças da
lei se tornaram obsoletos há cerca de dois mil anos com o
sacrifício de Cristo.

O dízimo não deixa de ser bíblico porque foi abolido. Ele


continua sendo bíblico, pois consta do texto sagrado, mas
não é relevante e válido para o cristão. O que conta para
aplicação direta é a doação conforme descrito no NT onde
não está escrito sob ordenança de dízimos e contribuintes,
mas doação alegre de coração, de acordo com a
capacidade de cada um, pois Deus ama quem dá com
alegria (2 Co 9:7).

[ 387 ]
O oleiro na mão do Vaso

BíbliaOn – Bíblia Sagrada Onlinexxx

“O Dízimo no Novo Testamento – Estudo Bíblico”

“Alguns usam a Bíblia para ficar ricos,


extorquindo dinheiro de crentes, e outros
usam versículos para não contribuir com
nada. Mas o que a Bíblia ensina?”

No AT, o dízimo era uma obrigação ordenada por Deus a


todo judeu, mas no NT não se encontra nenhuma regra que
obrigue a dar o dízimo. Conforme se lê em Mt 23:23, Jesus
não anulou o dízimo, de modo que o NT não o proíbe, e
tampouco o impôs; ele apenas repreendeu os líderes
religiosos porque davam o dízimo como cumprimento da
lei, mas negligenciavam os seus preceitos mais importantes
como a justiçaa, a misericórdia e a fidelidade; ou seja, eles
obedeciam algumas leis de Deus, mas não obedeciam a
outras.

No entanto, o NT fala sobre a oferta, sobre dar conforme


determinado no coração, sem pesar nem por obrigação,
mas com alegria porque disso Deus se agrada, ele ama

[ 388 ]
O oleiro na mão do Vaso

quem o faz assim (2 Co 9:7). Ninguém é obrigado a dar,


mas isso convém.

O NT não estipula porcentagens sobre salários, mas


acredita que todo cristão tem o desejo de contribuir para
missões e outras necessidades da igreja. Assim, é possível
manter o funcionamento da igreja para o crescimento do
Reino de Deus com uma contribuição alegre de 10%, 5%,
60%, seja através de dízimos e ofertas, visando a salvação
dos crentes, seu crescimento espiritual e o suprimento de
necessidades. Na igreja primitiva não havia polêmica com
relação ao dízimo, pois era dado com generosidade até
mesmo pelos pobres.

Todavia, existem duas classes na igreja relacionadas ao


dízimo: a dos que abusam ao exigir muito dinheiro, e a dos
que abusam por não quererem dar nada. Esse abuso
bilateral é proveniente do amor ao dinheiro. O dinheiro não
pode ser mais importante que o Reino de Deus; não se deve
adorar o dinheiro acima de Deus (Mt 6:24). 10% do salário
é uma quantia razoável que não excede as possibilidades e

[ 389 ]
O oleiro na mão do Vaso

evita aquelas formas de abuso. É possível dar mais ou dar


menos, e, assim, honrar a Deus com as ofertas, mas é
mister que se ame a Deus mais que ao dinheiro.

Sugere-se, portanto, que se pergunte para a liderança para


onde vai o dinheiro arrecadado na igreja por esses meios.

Luciana Vianaxxxi – engenheira civil, crente


presbiteriana. Estudos bíblicos sem fronteiras
teológicas

“Dízimo: contribuição da lei ou da graça?”

“Deus nos abençoou EM CRISTO, não EM DÍZIMO.”


Luciana cita 1 Timóteo 3:15 para reforçar o entendimento
sobre como se deve proceder na casa de Deus,
acrescentando que não pretende se contrapor ao dízimo,
mas esclarecer sobre a maneira correta de contribuir pela
graça segundo 2 Coríntios 9:7, e não por coação psicológica
tampouco doutrinária como fazem muitos líderes de igrejas
que se aproveitam de versículos da lei judaica.

[ 390 ]
O oleiro na mão do Vaso

Não há obrigatoriedade de dízimo para o cristão. Não há,


portanto, nenhum motivo para ter medo do “devorador” (Ml
3:11) nem de ser amaldiçoado por não dar o dízimo visto
que é um mandamento da lei judaica. Também não é
condenado por não fazê-lo, pois quem está em Cristo não
fica sob condenação (Rm 8:1). Ademais, o cristão que não
dá o dízimo não é ladrão (Ml 3:8) uma vez que foi liberto
por Jesus que condenou, sim, a atitude dos judeus escribas
e fariseus que cumpriam a lei do dízimo sem cumprir o
amor ao próximo (Mt 23:23). O que se vê hoje em dia não
é diferente disso com relação a muitos que se dizem
cristãos.

Não se encontra no NT qualquer obrigatoriedade de


dizimar, mas isso não pode servir para dar margem à má-
fé no tocante às coisas de Deus, como fizeram Ananias e
Safira. Também, não é porque não é obrigatório que se
deve deixar de contribuir, mas se deve fazê-lo segundo
proposto no coração. Na verdade, a contribuição para a
igreja se dava por meio de ofertas e partilha de bens,
diferentemente do tempo da Lei em que o dízimo era

[ 391 ]
O oleiro na mão do Vaso

destinado aos sacerdotes levitas porque não possuíam


herança e cuidavam do templo de Deus (Nm 18:21-31),
mas esse templo foi destruído e seus sacerdotes já não
mais existem e, portanto, não há mais necessidade daquela
tribo sacerdotal porque sob a graça todos nós somos
sacerdotes de Cristo (Ap 1:6; 1 Pe 2:9). Desse modo, o
dízimo é ilegal e não tem respaldo bíblico, pois foi
estabelecido para os judeus e não para a igreja de Jesus
Cristo (Hb 7:5,12).

Percebe-se a diferença entre contribuir sob a lei e sob a


graça, reconhecendo a causa principal da bênção do povo
de Deus: o dízimo para o povo judeu (Ml 3:10); o sacrifício
de Jesus para o povo cristão (Ef 1:3). Ser obrigado ou
constrangido a guardar uma lei obsoleta, como a do dízimo,
significa se colocar debaixo de maldição. Como assim?!
Então quem dá dízimos está debaixo de maldição? Sim, pois
se torna escravo de homens religiosos (1 Co 7:23) que
insistem em ensinar sobre cumprir um mandamento da lei
em detrimento da graça, retirando do povo a liberdade que
Cristo lhes concedeu (Gl 5:1). Se alguém aceita a obrigação

[ 392 ]
O oleiro na mão do Vaso

de guardar toda a lei, cumprindo “isoladamente” cada um


de seus mandamentos, torna-se obrigado a obedecer a
toda a lei, e isso o separa de Cristo e o priva da graça de
Deus (Gl 5:3,4).

Logo, quando o apóstolo Paulo afirma que o povo de Deus


é abençoado por estar unido com Cristo (Ef 1:3), a maneira
correta de contribuir neste tempo da graça se encontra na
orientação de 2 Coríntios 9:7 – Que cada um dê a sua oferta
conforme resolveu no seu coração, não com tristeza nem
por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria.

As autoridades eclesiásticas dizem que não obrigam o povo


a dar dízimos, mas se aproveitam de textos do AT (Ml 3:8-
11) para coagi-lo a fazê-lo sob a ameaça de que a não
obediência a esses textos configura pecado de roubo contra
Deus que o coloca sob maldição, incitando-o ao medo do
devorador. Portanto, não incentivam o povo a contribuir por
amor porque receiam que por esse motivo o povo não o
faça, pois acreditam na força da imposição; se não for por
imposição, não o fazem. Por receio de perderem seus altos

[ 393 ]
O oleiro na mão do Vaso

salários pagos pelas igrejas ou de sofrerem prejuízos na


obra de Deus quando Deus é quem prospera a igreja, ou
por despreparo ao repetirem os erros dos outros líderes,
acabam demonstrando falta de fé , resultando em engano
e desvio da verdade. Cristo não colocou “vinho novo” –
Graça – em “odres velhos” – Lei (Mc 2:22). Ele estabeleceu
o novo em lugar do velho (Hb 8:13). Não se pode
transformar o cristianismo em seita judaica (Gl 2:14).

Luciana ressalta que o dízimo tem sua origem no


pacto entre Deus e os israelitas (Dt 14:22,28) do qual não
tomaram parte nem gentios nem qualquer representante
da Igreja de Cristo de modo que a igreja não tem qualquer
compromisso com dízimo desde que Jesus é o fim da lei
(Rm 10:4) e o mesmo vale para o judeu convertido a Cristo.
Ademais, apenas os sacerdotes levíticos tinham autorização
de Deus para receberem o dízimo (2 Cr 31:5,6,12; Ne
10:37; 12:44), e esse sacerdócio foi extinto. Ou seja, o
sistema eclesiástico atual não se enquadra nessa eleição
porque o sacerdócio foi mudado:

[ 394 ]
O oleiro na mão do Vaso

Foi por meio do ensino dos sacerdotes da família de Levi


que o povo recebeu a lei de Moisés. Esses sacerdotes,
porém, não conseguiram fazer com que as pessoas se
tornassem perfeitas. Por causa disso, foi preciso que
aparecesse um outro sacerdote, de acordo com o
sacerdócio de Melquisedeque, e não de acordo com o
sacerdócio de Arão. E quando se muda o sacerdócio,
também é necessário que se mude a lei. Nós estamos
falando a respeito de Jesus Cristo. Ele não pertencia à tribo
de Levi mas sim a uma outra, e ninguém dessa tribo jamais
tinha servido como sacerdote perante o altar. É evidente
que o nosso Senhor procedeu da tribo de Judá, e Moisés
nunca disse nada a respeito de sacerdotes que
pertencessem a esta tribo. (Hb 7:11-14)

Sob a graça, livre da obrigação do dízimo porque já não


mais existe por ser um preceito da lei judaica, há liberdade
inclusive para contribuir, de coração, seja 0% ou 100% –
não há um limite estipulado (2 Co 9:7).

Malaquias 3:10 é “o pezinho de coelho”, “a galinha dos ovos


de ouro”, a “ferradura da sorte” para o sistema religioso
atual, pois é a única tradição que garante estabilidade
financeira. Não se trata de apologia à avareza, mas de
reprovação à forma escandalosa e anticristã de cobrar o

[ 395 ]
O oleiro na mão do Vaso

dízimo cujos conservadores ainda o consideram como uma


tradição que deve ser mantida para que não se cometam
transgressões. No entanto, o dízimo é tradição judaica e
não gentílica. O dízimo, é portanto, a única tradição judaica
que o sistema religioso ainda mantém no seio da igreja
gentílica através de ininterrupta lavagem cerebral religiosa
que coage os irmãos para contribuírem, não para a causa
dos pobres como fazia a igreja primitiva, mas com o
objetivo de manterem seu alto padrão de vida garantido
pelo dinheiro dos fiéis que se não derem o dízimo são
chamados de ladrões, pautados em Malaquias 3:8,9; ou
seja, apropriam-se indevidamente do texto sagrado e não
o ensinam devidamente.

Got Questions Ministriesxxxii – O que a Bíblia diz a


respeito do dízimo?

“Dizimar é um conceito do Antigo Testamento”

Muitos cristãos lutam com a questão do dízimo ao qual


algumas igrejas dão ênfase demais. Isso porque dizimar era

[ 396 ]
O oleiro na mão do Vaso

uma exigência da lei do AT pela qual os israelitas deveriam


dar para o tabernáculo/templo (Lv 27:30; Nm 18:26; Dt
14:24; 2 Cr 31:5) 10% das suas colheitas e de seus
animais. Essa lei exigia vários dízimos: para os levitas, para
o uso do templo e festivais, para os pobres da terra, o que
acabou perfazendo um total de aproximadamente 23,3%.

Depois que Jesus Cristo cumpriu a Lei por meio de sua


morte, o NT não exige mais nem recomenda que os cristãos
se submetam a um sistema de dízimo legalista de modo
que não há qualquer referência a uma porcentagem da
renda que uma pessoa deva separar para cumprir dízimos;
tão somente diz que as doações devem ser "conforme a
sua prosperidade" (1 Co 16:2). Contudo, algumas igrejas
adotam a figura de 10% do dízimo do AT como um "mínimo
recomendado" para os cristãos doarem. Na verdade, o
cristão pode doar mais de 10% ou menos de 10% – tudo
depende da sua capacidade e das necessidades da igreja.

O NT considera a importância e os benefícios da doação,


mas o cristão não deve fazer dízimos e ofertas visando

[ 397 ]
O oleiro na mão do Vaso

esses benefícios, ou seja, com interesses lucrativos ou por


quaisquer motivos contrários à pureza cristã. Além disso,
ele deve pedir sabedoria a Deus sobre sua participação no
dízimo e/ou sobre quanto deve dar (Tg 1:5). "Cada um
contribua segundo tiver proposto no coração, não com
tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá
com alegria" (2 Co 9:7).

Evangelho Perdidoxxxiii. O dízimo não é uma


exigência bíblica para os dias atuais!

“A verdade em relação ao dízimo não


significa virar as costas a qualquer
contribuição para socorrer, suprir
necessidades, ajudar quem realmente
precisa no corpo de Cristo. Não se torne um
avarento. Pelo contrário. Agora que pode
livrar-se do jugo em relação a isso, torne-se
ainda mais abençoador e caridoso. Essa é a
vontade do nosso Pai Eterno.”

Pode-se imaginar que 10% dos rendimentos sejam para os


cofres da igreja. Será que Deus ainda exige a prática de
alguma ordenança da lei do AT, de onde provém o dízimo,

[ 398 ]
O oleiro na mão do Vaso

mesmo depois que do sacrifício vicário de seu Filho Jesus


Cristo?

A palavra “dízimo” significa “a décima parte” e “dízima”


significa a contribuição ou imposto equivalente à décima
parte dos rendimentos. Portanto, dízimo é a décima parte
de qualquer coisa, menos dos rendimentos de uma pessoa
visto que a fração equivalente a 10% dos rendimentos
chama-se dízima. Na lei mosaica, abolida por Cristo, o
dízimo nunca foi dinheiro para os cofres da igreja, ou seja,
o homem comete dois erros com relação ao dízimo: o fato
de já ter sido abolido e continuar sendo aplicado com o
agravante de desvirtuar a finalidade para a qual a lei do AT
o instituiu.

Os dízimos eram para os levitas que não tinham herança


na terra prometida e correspondiam a 10% da colheita dos
grãos, dos frutos das árvores e dos animais, além dos
alimentos para suprir suas necessidades.

[ 399 ]
O oleiro na mão do Vaso

E quando o lugar que escolher o Senhor teu Deus para fazer


habitar o seu nome, for tão longe que não os possa levar,
vende-os e ata o dinheiro na tua mão, e vai ao lugar que
escolher o Senhor teu Deus e compre tudo o que a tua alma
desejar, e come ali perante o Senhor teu Deus, e alegre tu
e tua casa. Porem, não desamparará ao levita que está
dentro das tuas portas e não tem parte e nem herança
contigo. (Dt 14:24-27)

Nesse versículo, Deus instruiu que quando o dízimo não


pudesse ser levado para o lugar que ele escolheu, o dízimo
deveria ser vendido e o dinheiro atado na mão do dizimista
– e não na mão de outra pessoa –, e levado ao lugar que
Deus escolhesse e comprasse o que desejasse. Portanto, o
“dízimo” não era dinheiro, pois está claro que Deus não
mandaria vender o que já era espécie. Ou seja, o dízimo
era consagrado ao Senhor e não como se faz hoje em dia,
pois não era dinheiro, mas 10% da produtividade para
suprir as necessidades dos levitas que já não mais existem
entre o povo cristão.

Por que Malaquias mandou levar os dízimos à casa do


tesouro? Para que ali houvesse mantimento (2 Cr 31:5-12),

[ 400 ]
O oleiro na mão do Vaso

ou seja, coisas do gênero alimentício. Ademais, o quinhão


dos dízimos era partilhado entre os levitas segundo o
ministério de cada um (2 Cr 31:13-19). Diferentemente,
nos dias atuais, o dízimo recebido nas igrejas cujo destino
não se conhece nada têm a ver com o que foi originalmente
determinado por Deus, pois é direcionado especificamente
a um líder eclesiástico ou à cúpula de uma organização
religiosa. Na verdade, o dízimo não foi criado para servir de
salário para os gastos pessoais de dirigentes de igrejas
tampouco para construção de templos; originalmente,
tratava-se de entrega de alimentos, resultando na
recompensa de coisas materiais. No NT, Cristo já pagou
tudo com seu sacrifício para que os seus recebam a paz, a
graça e a vida eterna de modo que já não cabe mais aquele
tipo de sacrifício.

Deem sem cobrar. Digno é o operário do seu alimento. (Mt


10:8b, 10). Os pregadores omitem essas verdades do jeito
que estão escritas pelo que se entende que não há
necessidade de pagar mais nada para receber as bênçãos

[ 401 ]
O oleiro na mão do Vaso

do Senhor assim como Deus não precisa que façam nada


por ele, pois ele mesmo é quem dá tudo a todos (At 17:25).

Os dízimos de Abraão e de Jacó (Gn 14:18-20; 28:20-22)


não foram feitos sob ordenança divina, mas
voluntariamente como gratidão e louvor a Deus pelas
bênçãos e vitórias alcançadas. Dessarte, esses exemplos de
dízimos não servem para torná-los uma regra geral nas
igrejas a fim de garantirem bênçãos e salvação; o pregador
que age assim está coagindo e chantageando os fiéis em
nome do sacrifício de Jesus Cristo. Já pela Lei (Nm
18:21,24,26), houve ordenança divina para o recebimento
dos dízimos sob o caráter de caridade a fim de suprir as
necessidades dos levitas (Dt 14:29).

Hoje, além de não ser uma ordenança divina, o dízimo é


usado com uma finalidade totalmente divergente daquela
ordenada por Deus antes de Cristo. À diferença dos levitas
que não possuíam propriedades, dízimos são ofertados por
assalariados que trabalham para os que não trabalham,
mas que desfrutam de abundância de bens e mordomias

[ 402 ]
O oleiro na mão do Vaso

sob o pretexto de serem ministros da obra de Deus. E


mesmo que se revertessem dízimos e ofertas em obras
sociais, esses permaneceriam divergentes do texto bíblico
porque o dízimo foi abolido (Hb 7:5-12) e a caridade, ou
amor ao próximo, não é imposta, mas voluntária diante de
Deus (Mt 6:1-4).

No NT, pregar a velha aliança é mutilar o evangelho de


Cristo. Ele mesmo quando falou apenas duas vezes sobre
dízimo foi em tom de censura: 1) Mateus 23:23, porque os
escribas e fariseus deixavam de fazer as coisas mais
importantes da lei. Jesus, porém, vivia sob a tutela da Lei
de Moisés, e, por isso mesmo, reconhecia-a e ensinava
sobre a responsabilidade de cumpri-la, assumindo que não
viera para abolir a lei, mas para a cumprir (Mt 5:17,18)
como a cumpriu em todos os sentidos, o que inclui a
ordenança do dízimo. Todavia, ao cumpri-la por meio de
seu sacrifício quando o véu do templo se rasgou de alto a
baixo, a sua graça, que excede a Lei de Moisés, tomou
lugar, substituindo a Lei mosaica, abolindo as ordenanças
do AT e introduzindo o NT – o Evangelho da salvação do

[ 403 ]
O oleiro na mão do Vaso

Senhor Jesus; 2) Lucas 18:9-14, porque um homem


religioso, fariseu, dizimista fiel, exaltava a si mesmo e
humilhava o publicano pecador que se humilhava diante de
Deus, pelo que Jesus deixa claro que o fato de ser um
dizimista fiel não garante que será justificado por Deus,
como aconteceu com o tal religioso.

Cristo, o eterno sumo sacerdote sob a ordem de


Melquisedeque e não segundo a ordem de Arão (Hb 7:11)
substituiu o antigo sacerdócio, causando a mudança na Lei
(Hb 7:12), como está escrito:

A lei que o povo de Israel recebeu se baseava no sacerdócio


dos levitas. Ora, se o trabalho dos sacerdotes levitas tivesse
sido perfeito, não haveria necessidade de aparecer outro
tipo de sacerdote, da ordem do sacerdócio de
Melquisedeque e não da ordem de Arão. Pois, quando se
muda o sacerdócio, a lei também precisa ser mudada. E o
nosso Senhor Jesus, a respeito de quem são ditas essas
coisas, pertencia a outra tribo. E nenhum membro dessa
tribo jamais serviu como sacerdote. É sabido que, por
nascimento, Jesus, o nosso Senhor, pertencia à tribo de
Judá, e Moisés não disse nada dessa tribo quando falou a
respeito de sacerdotes. (Hb 7: 11-14)

[ 404 ]
O oleiro na mão do Vaso

Entende-se, portanto, que não apenas o dízimo, mas tudo


o que se refere à lei mosaica foi abolido por Cristo (Lc
16:16; Rm 10:4; Ef 2:15; 2 Co 3:14; Hb 7:12,18,19).
Contudo, muitos pregadores dizem que Deus não quer
dinheiro da sobra, mas do sacrifício de dar tudo para igreja,
deixando até de honrar compromissos para ofertar; outros
mandam vender tudo e doar para a igreja visando
prosperidade, o que nada tem a ver com a palavra de Deus.
O novo mandamento dado por Cristo não inclui entrega
obrigatória de dízimos, mas pregação do evangelho e amor
a Deus e ao próximo. Todavia, optam pelo cumprimento
exclusivo da lei do dízimo e o defendem como se ainda
estivéssemos sob o jugo da lei, e não sob a graça,
respaldando-se em versículos do AT sem a devida
explicação ou exegese, com a intenção de garantirem seus
próprios salários, mas não mantêm a mesma postura no
tocante a outras exigências da lei como a circuncisão
(Gn 17:23-27), o sacrifício de animais em holocausto (Lv
1), o apedrejamento de adúlteros (Lv 20:10; Dt 22:22) etc.
Portanto, exigir o dízimo é o mesmo que anular o sacrifício
do Cordeiro de Deus, retornar à Lei de Moisés desfeita por

[ 405 ]
O oleiro na mão do Vaso

Cristo na cruz e reconstruir o muro que ele derrubou (Ef


2:13-15).

“Se você quer dar uma oferta de amor,


quer fazer um compromisso individual
com o Pai, é você e Ele, mas não vá na
onda do Macedo, Malafaia, Valdomiro e
de todos os líderes das demais igrejas
evangélicas de que o dízimo é obrigatório
pois não é! Olhe ao seu redor que
encontrará um milhão de situações para
usar os recursos que o Pai lhe deu. Basta
ficar atento e com o coração aberto para
isso. Existem tantos necessitados ao
nosso redor, tantas viúvas que passam
dificuldades, tantos desempregados. Os
seus recursos financeiros são bênçãos de
Deus. Use-os com sabedoria e não só
para você, já que há pobres e
necessitados bem diante dos seus olhos.
(Conclusão)”

A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta:


Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e
guardar-se da corrupção do mundo. (Tiago 1.27)

[ 406 ]
O oleiro na mão do Vaso

GPerguntas. As 10 maiores mentiras sobre os 10 por


cento dos dízimosxxxiv

“O ensino de dízimo obrigatório para cristãos


é o maior engano dentro da maioria das
igrejas evangélicas.”

MENTIRAS e REFUTAÇÕES

1
MENTIRA: O dízimo foi ordenado por Deus no jardim do Éden,
pois a árvore do conhecimento representa o dízimo.

REFUTAÇÃO: O dízimo foi ordenado no monte Sinai (Lv 27:30-


32; Nm 18:21-24).

2
MENTIRA: O dízimo sempre foi obrigatório mesmo antes da Lei
de Moisés.

REFUTAÇÃO: O dízimo antes de sua ordenança no Sinai era


voluntário (Gn 14:17-20; 28:20-22).

3
MENTIRA: O dízimo dos alimentos do Velho Testamento foi
substituído por dízimo do dinheiro nos dias atuais.

REFUTAÇÃO: Dízimo sempre foi apenas alimento do campo


vegetal ou animal (Lv 27:30,32). Embora já existisse dinheiro, a
substância do dízimo divino jamais foi dinheiro.

[ 407 ]
O oleiro na mão do Vaso

4
MENTIRA: O dízimo foi dado por Deus aos levitas da velha
aliança e hoje os pastores da nova aliança substituíram esses
levitas; portanto, devem receber dízimos.

REFUTAÇÃO: A função e o propósito dos sacerdotes da Antiga


Aliança foram substituídos pelo sacerdócio de todos os crentes.
(1 Pe 2:9; Hb 7:12-19; Gl 3: 19,24,25)

5
MENTIRA: O dízimo recebido é somente para uso dos pastores.

REFUTAÇÃO: Os dízimos recebidos pelos levitas não eram de uso


exclusivo deles; os necessitados (órfãos, viúvas e os de fora de
israel), também se beneficiavam dos dízimos dos alimentos
recebidos pelos levitas (Dt 14:28,29).

6
MENTIRA: Cristão que não dá o dízimo será vítima do devorador.

REFUTAÇÃO: Quando o povo era obediente a Deus e cumpria a


Sua lei, que no caso desse texto (Ml 3:11) é a lei de dizimar,
Deus abençoava suas colheitas e negócios. Devorador, segundo
a bíblia, nunca foi demônio, e sim, gafanhotos, que Deus enviava
como pragas a terra para castigar o povo.

7
MENTIRA: O dízimo serve para manter a igreja física hoje, pois
ela substituiu o templo judaico onde se entregavam os dízimos.

REFUTAÇÃO: Cada cristão é um santuário onde habita o Espírito


Santo (1 Co 3:16). Tudo que era necessário, ele, Paulo, ensinou,

[ 408 ]
O oleiro na mão do Vaso

e o Apóstolo Paulo nunca incentivou ou ensinou os cristãos a


dizimarem! (At 20:20,27)

8
MENTIRA: Dar ofertas, mesmo acima de 10% da sua renda, não
tem o mesmo valor espiritual, pois quem não dá o dízimo rouba
a Deus e não será salvo, pois está debaixo de maldição.

REFUTAÇÃO: “Cristo, tornando-se maldição por nós, nos livrou


da maldição imposta pela lei” (Gl 3:13). Portanto, nenhuma
maldição proveniente da não observância da lei de moisés (e o
dízimo pertencia a ela) atinge aos cristãos. Mas os lideres
gananciosos que recebem dízimos escondem isso dos membros.

9
MENTIRA: Jesus mndou os cristãos darem o dízimo no Novo
Testamento.

REFUTAÇÃO: O Novo Testamento não teve princípio no


nascimento de Jesus, mas na sua morte (Gl 3:19, 24,25;4:4). Ele
apenas ordenou a obediência às leis da Antiga Aliança, a qual ele
endossou e obedeceu até chegar ao Calvário (Mt 23:23). Ele
nunca disse ”em meu nome receberão dízimos…”

10
MENTIRA: Jesus recebe dízimos dos cristãos conforme Hebreus
7:8.

REFUTAÇÃO: Gostaria de recomendar aos pregadores


contemporâneos (os que querem se assemelhar aos sacerdotes
levitas que recebiam dízimos), seria bom que guardassem os
mandamentos do Senhor para aquela tribo, os quais não
possuíam bens materiais, pois o Senhor era a herança dos

[ 409 ]
O oleiro na mão do Vaso

sacerdotes levitas (Nm 18:20). A lei dos dízimos (...) torna-se


intempestiva e ilegítima porque os “pastores” de hoje não são
levitas nem foram proibidos de trabalhar, nem menos tiveram
promessas de herança de dízimos para sustento por não ter tido
herança nas distribução de terras prometidas ao povo israelita
por herança. Hebreus 7:8 não manda os critãos dizimarem;
apenas explica a substituição do sacerdócio levítico pelo de
Cristo. Cristãos não tem o mandamento bíblico de dizimarem.

O autor explica que Paulo pede donativos para suprir os


necessitados e não para manter despesas de instituições
religiosas (2 Co 9) – visto que os fariseus praticam a
religiosidade e não a fé (Mt 23:23; Lc 18:12) – assim como
as contribuições voluntárias são para suprir os que não têm
(Sl 112:9; Lc 19:8; 2 Co 9:9) de modo que a distribuição é
feita aos necessitados (Hb 4:32). Ele pergunta: “Será que
a igreja atual faz isto?”, questionando por que a igreja não
fica sem receber dízimos (no sétimo ano) assim como Israel
o fazia ao não levar os dízimos por se tratar de ano sabático
quando, então, a terra descansava (Lv 25:4). Com base na
afirmação do apósotolo Paulo em 2 Coríntios 2:17, ele
condena que estejam mercadejando a palavra de Deus em
contradição às ações de Paulo que fazia coleta para
distribuir aos pobres (2 Co 9:9) diferentemente de hoje em

[ 410 ]
O oleiro na mão do Vaso

dia quando se faz uma distribuição não para os pobres, mas


uma distribuição de envelopes para ajuntar para os cofres
de sua instituição religiosa que se preocupa mais com
“posição social, status, templos, fama, nome, competição,
horários de TV, rádios, sites, eventos, shows, viagens, lazer
para líderes, carrões, mansões, aviões, e ainda se diz que
é expansão da obra de Deus”.

Congresso em Foco. A má-fé de pastores religiosos


é crimexxxv

“Quando têm êxito e suas igrejas florescem,


alguns desses pregadores se aproveitam
para acumular privilégios e riquezas.”

Crime nas igrejas?!

Segundo Maciel Filho, as religiões têm um lado positivo: são


um bálsamo para suportar os percalços e as angústias da
existência e servem para buscar um propósito ético-moral
para a vida. Por outro lado, as religiões perseguem,
massacram, eliminam “infiéis” em nome da fé.

[ 411 ]
O oleiro na mão do Vaso

O pregador é um personagem essencial para a sua


propagação e, quando bem sucedido, sua igreja cresce e
se aproveita disso para angariar benefícios próprios como
privilégios e riquezas. Igualmente, uma determinada igreja
evangélica teria proposto aos fiéis que atuassem em seus
cultos religiosos como enfermos curados, ex-drogados e
aleijados para “‘conseguir convencer mais pessoas a
contribuírem financeiramente.’”

“Sob um olhar inicial, partindo do princípio de


que o ‘teatro’ promovido pelos tais falsos
‘enfermos curados, ex-drogados e aleijados’
serviria como meio para incrementar as
doações, fica fácil perceber que tudo não
passaria de uma grande fraude.”

Apesar de não ser possível identificar uma a uma as vítimas


daquela fraude cujo fim é o de retirar dinheiro do povo, ela
poderá ser definida como crime previsto na Lei 1521/1951
(crimes contra a economia popular), mais precisamente na
figura típica do artigo 2º, inc. IX, além de crime de
associação criminosa (antigo delito de quadrilha) – art. 288,
caput, do Código Civil Penal. Todos os envolvidos, i.e.,
todos aqueles que têm ciência da fraude poderão ser

[ 412 ]
O oleiro na mão do Vaso

responsabilizados criminalmente, pois “o abuso da crença


alheia, mediante fraudes e simulações, configura crime e
pode, de fato, sujeitar seus autores à pena de prisão”.

Verdade é que um pregador carismático tem o poder de


manipular mentes, até mesmo a ponto de levá-las a
suicídios coletivos, como o caso do pastor Jim Jones na
Guiana (fundador do Templo dos Povos: Igreja Cristã do
Evangelho Pleno abreviado para Templo do Povo, em
Indianápolis, Indiana – EUA, que em 18/11/1978 seduziu
918 pessoas a se matarem a tiros, facadas e
envenenamento por ingestão de cianeto).

Esse levantamento de opiniões acerca dos dízimos provém


de sites e de pessoas comuns justamente porque pessoas
de renome envolvidas em tais processos lucrativos jamais
diriam tais verdades concernentes a esse tema, pois isso
não lhes seria favorável, não lhes traria nenhum benefício;
ao contrário, só serviria para atrapalhar seus projetos
pessoais fomentados por pretensas práticas evangelísticas.

[ 413 ]
O oleiro na mão do Vaso

Contudo, ainda é possível encontrar pessoas de renome


que não se enquadram nesse perfil.

[ 414 ]
O oleiro na mão do Vaso

DESAFIOS: QUEM ESTÁ COM A VERDADE?

Malafaia desafiou (ver cap. Invasão à verdade de Deus)


críticos de seu trabalho a provarem biblicamente que a
teologia da prosperidade que ele defende com unhas e
dentes está errada. Na contramão desse desafio, Eli
Soriano também lança um desafio.

DESAFIO DE ELI SORIANO

Como bem explicado pelo irmão Eli Sorianoxxxvi – pregador


filipino – a questão de dízimos e ofertas não é elucidada à
luz das Escrituras como deveria ser; ao contrário, muitos
pastores defendem a entrega e recebimento de dízimos,
pautando-se no sacerdócio levita. Nesse ponto se encontra
um erro: quem coleta dízimos com base no sacerdócio
levita deveria rejeitar o título de cristão. Quem defende o
dizimo em nome de um sacerdócio não cristão está
rejeitando Jesus. Isso força uma explanação sobre o que
deve ser obedecido no Antigo Testamento e no Novo
Testamento; sobre qual seja a diferença entre eles no

[ 415 ]
O oleiro na mão do Vaso

sentido de aplicação dos versículos. Iniciando a explanação


pela leitura de Malaquias 3:8-10,

Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais e


dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas
alçadas. Com maldição sois amaldiçoados, porque me
roubais a mim, vós, toda a nação. Trazei todos os dízimos
à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha
casa, e depois fazei prova de mim, diz o Senhor dos
Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não
derramar sobre vós uma bênção tal, que dela vos advenha
a maior abastança.

Soriano, então, pergunta: “Para quem Deus está falando


essas coisas?” E responde: “Aos israelitas que não estão
pagando o dízimo”.

Lembrem da Lei do meu servo Moisés, de todos os


mandamentos e ensinamentos que eu dei a ele no monte
Sinai para todo o povo de Israel obedecer. (Ml 4:4)

Para “todo o Israel”, a saber, estatutos e ordenanças. Uma


dessas ordenanças é o dízimo. Esses israelitas deveriam
obedecer à lei de pagar os dízimos à tribo de Levi, mas lhe
desobedeciam, tornando-se, assim, roubadores de dízimos

[ 416 ]
O oleiro na mão do Vaso

e ofertas que deveriam ser entregues na casa do tesouro,


aos levitas. Entretanto, quem são os que pagam o dízimo?

Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dais o


dízimo da hortelã, do endro e do cominho e desprezais o
mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis,
porém, fazer essas coisas e não omitir aquelas. (Mt 23:23)

Nesse versículo, o Senhor Jesus está pedindo o dízimo?


Não! Esse pronunciamento do Senhor Jesus não constitui
um mandamento. Jesus não está dando um mandamento;
antes, está repreendendo os escribas e os fariseus
hipócritas que dão o dízimo dos referidos alimentos, mas
negligenciam os aspectos de maior importância
concernentes à lei que são a justiça, a misericórdia e a fé.
Portanto, esse versículo não pode ser usado para sustentar
o vício caprichoso dos autodenominados pastores,
especialmente aqui do Brasil, que erroneamente o utilizam
a fim de manter essa prática de dar dízimos.

Dar dízimos é parte da Lei de Moisés, destinada aos


israelitas. Na era cristã, estamos nós sob a lei de Moisés?

[ 417 ]
O oleiro na mão do Vaso

Leiamos: E de tudo o que, pela lei de Moisés, não pudestes


ser justificados, por ele é justificado todo aquele que crê
(At 13:39). Portanto, na era de Cristo, a pessoa não pode
ser justificada pela prática da lei de Moisés; na era de
Cristo, o que justifica a pessoa é crer verdadeiramente em
Cristo, pois não se pode ser justificado pela lei de Moisés
na era de Cristo: Porque, mudando-se o sacerdócio,
necessariamente se faz também mudança da lei (Hb
7:12). Portanto, existe uma mudança na lei. E que
sacerdócio é esse que foi mudado? E os que dentre os
filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a
lei, de tomar o dízimo do povo, isto é, de seus irmãos, ainda
que tenham descendido de Abraão (Hb 7:5).

Ou seja, os que dentre os filhos de Levi recebem o


sacerdócio têm ordem segundo a lei de tomarem os dízimos
do povo. Pergunta-se: será que alguns desses pastores aí
fora que estão cobrando dízimos de vocês são sacerdotes
levitas? Será que eles podem provar para você, para mim,
para qualquer um de nós que eles são sacerdotes da casa
de Levi?

[ 418 ]
O oleiro na mão do Vaso

A autora declara: “Não vou desafiar ninguém de volta como


fez Silas Malafaia; contento-me tão somente em responder.
Porém, a seguir encontram-se as palavras de Eli Soriano
que lançou o seu desafio assim como Malafaia”:

– “Eu desafio todos os seus pastores aqui do Brasil a


provarem para mim em um debate que eles pertencem ao
sacerdócio levita, e depois que eles provarem, aí sim, eles
podem coletar os dízimos.” Entretanto, eles não podem
provar. Por quê? Alegando que são cristãos, eles não têm
como provar que são sacerdotes levitas. Por quê? Porque
Cristo, o nosso líder não é sacerdote levita. Por quê? Visto
ser manifesto que nosso Senhor procedeu de Judá, e
concernente a essa tribo nunca Moisés falou de sacerdócio
(Hb 7:14).

São doze as tribos de Israel. Uma delas é a tribo de Judá


de onde veio o Senhor Jesus Cristo; ele não veio da tribo
de Levi. Como é que esses pastores do Brasil então são
duas caras? Por quê? Porque se você alega que é cristão,
então você não está seguindo o sacerdócio levita porque o

[ 419 ]
O oleiro na mão do Vaso

Senhor Jesus veio da tribo de Judá – e não da tribo de Levi


– tribo da qual Moisés nada falou acerca de sacerdotes. Ou
seja, não há sacerdotes na tribo de Judá. Para você provar
que você é o sacerdote levita e, consequentemente, você
tem o direito de coletar dízimos, então você tem que
rejeitar o título de cristão.

– “Ai dos pastores do Brasil!”, lamentou Eli Soriano.

PARECER DA AUTORA

Agora, após tudo o que foi lido e compreendido, pergunta-


se: quem quer abrir uma igreja sem contribuições de
dízimos, cada um sustentando a igreja com seu próprio
trabalho ao invés de ser sustentado por ela?

Em suma, pelo que se leu de vários intérpretes da bíblia,


entende-se que o verdadeiro devorador, o verdadeiro
gafanhoto é o que recolhe o dízimo, aproveitando-se de
uma lei obsoleta e restringindo o povo de sua liberdade (2

[ 420 ]
O oleiro na mão do Vaso

Co 9:7); é o pastor que se revela o verdadeiro devorador


no período da graça em que a igreja de Jesus se encontra.

Os povos fogem quando ouvem o trovão da sua voz.


Quando o Senhor se levanta, as nações fogem apavoradas.
Como os gafanhotos devoram completamente uma
plantação e deixam vazio o campo, assim os homens
saquearão vocês, ó nações; vão saltar sobre os despojos
como os gafanhotos saltam sobre a plantação. (Is 33:3,4).

Esse prega aos fiéis da igreja incessante e insistentemente


sobre a necessidade de darem o dízimo a fim de não serem
acusados de ladrãoes que roubam a Deus; aproveita-se do
versículo bíblico de Malaquias 3:8 como objeto de acusação
de roubo contra Deus como forma de ameaça que se torna
irrefutável por se tratar de um texto bíblico, e, por causa
disso, serão amaldiçoados pelo devorador, conforme Joel
1:4c. Todavia, adverte que se derem os dízimos (Ml
3:10,11), não em alimentos conforme o versículo 10, mas
em dinheiro conforme seu interesse, receberão
prosperidade finenceira em troca, como uma barganha com
Deus: toma lá, dá cá.

[ 421 ]
O oleiro na mão do Vaso

Na verdade, não incentiva o povo a contribuir com amor


conforme o texto do NT (2 Co 9:7), e não o faz porque
acredita na força da imposição e do medo, mas não na
força do amor, pois não acredita que o amor puro e simples
levaria os fiéis a darem dinheiro para sua igreja; por isso,
investe no terror que amedronta os fiéis e os constrange a
dar o dízimo sem o devido entendimento que o pastor teria
a obrigação de proporcionar aos fiéis. Ou seja, se se
aproveitam do medo em detrimento do amor, em quem
estão acreditando? Uma coisa é certa: Jesus não ensina a
ter medo, não coage ninguém a fazer nada com falsos
ensinamentos:

No amor não há medo; ao contrário o perfeito amor expulsa


o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem
medo não está aperfeiçoado no amor. (1Jo 4:18).

Se o povo de Deus fosse orientado a ler a bíblia com


diligência até alcançar o devido entendimento do texto
sagrado, não pereceria por falta de conhecimento (Os 4:6),
não existiria essa situação caótica sobre a questão
concernente aos dízimos retratados no AT e referenciados

[ 422 ]
O oleiro na mão do Vaso

no NT apenas para esclarecimento sobre o verdadeiro


propósito cristão: ouvir a palavra do Senhor Jesus,
converter-se a ele, permanecer nele, unir-se a ele, não se
deixar levar por doutrinas de homens, seguir e servir
unicamente a Cristo – ou seja, não estar submetido a
nomes denominacionais tampouco a métodos humanos,
conforme faziam os discípulos que em Antioquia, pela
primeira vez, foram chamados cristãos (At 11:26). Como
ser uma igreja igual a de Antioquia mediante o
comportamento pastoral em destaque nesse capítulo? Urge
que haja mudanças nas mentes de pastores que queiram
de fato atuar como verdadeiros pastores de Cristo.

Quer saber se realmente o dízimo é obrigatório ou que


simplesmente deve ser feito para evitar os dissabores da
visita do suposto devorador? Estude os textos bíblicos com
afinco, mente aberta em Cristo livre de doutrina humanas,
aprendendo a palavra de Deus pela própria palavra, lendo
atentamente as referências cruzadas para alcançar o
verdadeiro entendimento do que está escrito, livre das

[ 423 ]
O oleiro na mão do Vaso

interpretações humanas normalmente tendenciosas em


favor de seus próprios interesses:

Mas vocês receberam o Espírito Santo, que vive em vocês,


dentro dos seus corações, a fim de que não precisem de
ninguém para ensinar-lhes a verdade. Porque ele lhes
ensina todas as coisas, e ele é a verdade, e não um
mentiroso; portanto, tal como ele disse, vocês devem viver
e permanecer em Cristo (1 Jo 2:27).

Faça como os bereianos que se aprofundavam nos estudos


das Escrituras para se certificarem de que os ensinamentos
recebidos por religiosos se coadunavam com o que
realmente estava escrito: Os bereanos eram mais nobres
do que os tessalonicenses, pois receberam a mensagem
com grande interesse, examinando todos os dias as
Escrituras, para ver se tudo era assim mesmo (At 17:11).

No entanto, onde fica o amor de Jesus? O amor de Jesus é


pregado e ensinado na igreja desse pastor? Se um pastor
quer mesmo tanto levar a palavra de Deus às pessoas,
evangelizar pelo simples senso de obrigação missionária
diante de Deus, ele seria capaz de abrir uma igreja apenas

[ 424 ]
O oleiro na mão do Vaso

para levar a palavra de Deus a elas sem lhes cobrar dízimos


e ofertas, contando com sua própria boa vontade em
contribuir para a obra de Deus com seu próprio salário e
com a ajuda de outros membros que doariam parte de seus
salários para ajudarenm os pobres e necessitados dessa
igreja sem ganharem nenhum percentual em cima dessas
doações? Se a resposta for sim, realmente estamos diante
de um verdadeiro servo do Senhor Jesus que o serve por
amor e não por interesse financeiro, entre outros.

Apesar de toda exegese perfeita, muitos “pegadores” de


dízimos e não pregadores da verdade bíblica botam palavra
na boca de Deus, dizendo que Deus quer sacrifício e não
dinheiro das sobras; ou seja, tem de se sacrificar, tirando
de onde não tem, dando o seu jeito, virando-se nos 30, ou
nos 50, 100, 1000... Urge que se pare logo com esses
ensinamentos deturpados e tendenciosos acerca de dízimos
e se ensine verdadeiramente o que significa doação na
Igreja de Jesus e toda a realidade sobre os dízimos do
Antigo Testamento.

[ 425 ]
O oleiro na mão do Vaso

A ganância de muitos deturpa a verdadeira visão do


evangelho de Cristo, pois contempla a tentação de ver
determinadas práticas religiosas como forma de ganho.
Revela pastores cobiçosos e ambiciosos: Os que querem
ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas
concupiscências loucas e nocivas, que submergem os
homens na perdição e ruína (1 Tm 6:9); O que se apressa
a enriquecer não ficará sem castigo. Aquele que tem um
olho mau corre atrás das riquezas, mas não sabe que há de
vir sobre ele a pobreza (Pv 28:20,22). Obcecados pelo seu
progresso financeiro, pensam constantemente sobre novas
estratégias para extrair dinheiro do povo de Deus; sempre
surgem novas invencionices para ilusionar os fiéis e
convencê-los da necessidade obrigatória de fazer o que eles
orientam/ensinam. Nesse caso, evitam falar a verdade da
palavra de Deus sobre certos temas para que não lhes
tragam prejuízo; portanto, podem mesmo modificar o teor
do texto sagrado em seu próprio benefício.

Muitos ministros do evangelho fazem mau uso dos seus


cargos devido à ganância que os rege. Tornam-se

[ 426 ]
O oleiro na mão do Vaso

oportunistas da fé que embolsam almas, sinônimas de


dinheiro, levando-as a crerem que serão abençoadas ao
percorrerem os atalhos que desviam do Caminho que é
Jesus. Esses atalhos que eles ensinam são um caminho
para a ruína da pureza e da santidade porque o seu
principal objetivo é a conquista da prosperidade material
que desvia dos bons tesouros ensinados por Jesus – são
mestres mercenários usurpando o lugar do Mestre com
doutrinas antibíblicas que eles mesmos inventam, visando
enriquecimento alicerçado em maus tesouros porquanto
contrários à verdade bíblica. Não ensinam, portanto, aos
fiéis os verdadeiros princípios do ministério de contribuição
(2 Co 8:8,10,11) que não é obrigatório, da mesma forma
que o dízimo não é obrigatório, mas é superior à prática do
dízimo que é mal ensinado e indevidamente cobrado na
Igreja conforme o texto sagrado:

Façam isso com o mesmo entusiasmo que tiveram no


princípio, dando de acordo com o que têm. Porque, se
alguém quer dar, Deus aceita a oferta conforme o que a
pessoa tem. Deus não pede o que a pessoa não tem (2 Co
8:11,12).

[ 427 ]
O oleiro na mão do Vaso

Que cada um dê a sua oferta conforme resolveu no seu


coração, não com tristeza nem por obrigação, pois Deus
ama quem dá com alegria. E Deus pode dar muito mais do
que vocês precisam para que vocês tenham sempre tudo o
que necessitam e ainda mais do que o necessário para
fazerem todo tipo de boas obras (2 Co 9:7,8).

O ato de dar voluntariamente na gestão da graça por Jesus


Cristo com base nesses dois capítulos de 2 Coríntios implica
em primeiro lugar entregar-se a si mesmo ao Senhor, i.e.,
submeter-se à sua vontade e obedecer à sua palavra
exatamente conforme está escrito no texto sagrado (v. 5);
prover ajuda aos necessitados com generosidade, i.e.,
desinteressadamente, de acordo com suas posses e até
mesmo além delas, com alegria (vv. 2-4); corresponder à
graça de Jesus com sinceridade (vv. 8,9); contribuir
livremente, i.e., não por obrigação nem por
constrangimentos, mas com generosidade sincera (vv. 7-
10) como já aconteceu de um dizimista entrar numa
situação financeira difícil e, por priorizar a quitação de
débitos com credores, acabou ficando sem dinheiro para
“pagar” o dízimo, e, para não ficar “inadimplente com a
igreja”, resolveu pegar dinheiro no cartão de crédito, ideia

[ 428 ]
O oleiro na mão do Vaso

que só teve alguns dias depois da data em que costumava


dar seus dízimos. O resultado disso foi uma canetada
vermelha no seu cartão de dízimo que cortou seu coração:
uma advertência de um ocupante do cargo de diácono
sobre o atraso no “pagamento” para que aquilo não se
repetisse; i.e., não se tratava de um cartão de dízimo, mas
de um ”boleto de dízimo com data de vencimento” em um
envelope-carnê – tanta boa vontade que o dizimista teve
para fazer seu dízimo e o “caixa” não teve o mínimo de
consideração, contrariando o versículo 2c (2 Co 9) quanto
à animação que deveria ter manifestado pela boa vontade
do dizimista fiel; não ponderou suas palavras ao não relevar
o que pudesse ter ocorrido para tal “inadimplemento”, e
esse termo é usado justamente para demonstrar a acepção
do dízimo na “igreja”: um negócio no comércio da fé; Dar
o que for necessário conforme o que a pessoa possui,
consciente de que Deus não lhe pede o que não possui (v.
12); senso de igualdade recíproca no dar e receber (vv.
13,14); participar da obra de Deus voluntariamente com
boa vontade, entusiasmo e disposição em vista do
enriquecimento espiritual recebido (vv. 4,7,11).

[ 429 ]
O oleiro na mão do Vaso

E façam isto com as posses que vocês têm (2 Co 8:11), i.e.,


não somente com dinheiro, pois é possível contribuir com
outras coisas e outros meios segundo o dom que o servo
recebe de Cristo, seja material ou espiritual, seja produção
literária ou doutrinária, seja pregação ou evangelismo, seja
missão ou administração, seja hospitalidade ou ajuda, seja
oração ou intercessão.

Lamentavelmente, muitos pregadores e ouvintes não


seguem a palavra escrita por Deus, com o agravante de
assumirem que foi escrita por homens, e, portanto, pode
ser modificada por homens conforme suas próprias
interpretações individuais tendenciosas. Assim, passam a
dar crédito somente ao que os homens religiosos farisaicos
dizem com base em suas doutrinas inventadas, porém
respaldadas em versículos bíblicos para que tenham
credibilidade. Todavia, é necessário submeter-se
humildemente a Deus para ser capaz de resistir a esse mal
e se ver livre dele (Tg 4:7) a fim de que não venha a sofrer
o dano de suas más escolhas e respectivas ações (Rm 2:6).

[ 430 ]
O oleiro na mão do Vaso

INVERSÃO DE VALORES

“Que EU cresça e deus diminua!”

A minusculização de Deus é assombrosa em determinadas


igrejas hoje em dia. Esse princípio contraria totalmente a
declaração Joanina acerca de Jesus que é o centro do
Evangelho, o Deus encarnado: É necessário que ele cresça
e que eu diminua (Jo 3:30).

A inversão de valores não está relacionada somente à


questão dos dízimos, mas também a tudo aquilo que está
ligado ao poder e aos mistérios de Deus quando usurpados
por aqueles que pretendem ou tentam tomar o seu lugar,
“tomando posse” (expressão comum nesse meio) da sua
teofania – como se fosse a própria manifestação ou
aparição de Deus, assumindo a Pessoa divina como a
possuindo em sua própria pessoa, através de alguns
artifícios aparentemente espirituais como falar línguas
enroladas ou soprar sobre as pessoas etc. Ensinam o povo

[ 431 ]
O oleiro na mão do Vaso

de Deus a “tomar posse da bênção” porque isso é o que


fazem todo o tempo: apossam-se das coisas de Deus,
destituídos de qualquer temor ou reverência. Antes de dar
continuidade a esse tema, um pouco mais de ilustração
sobre a questão do dízimo.

O pastor Teytey que foi “arrebatado várias vezes, viu o céu


e a glória de Deus” diz o seguinte: “Dãw Éjová Yepopô, Tey
Tey nibiruiche Tey Tey Bandeká Bandedjô Tey Tey
Bandakay Djo Piai Santarrô Teytey...” Traduzindo – não ao
pé da letra porque é muito diícil traduzir uma língua de tão
alto padrão espiritual e muitos não estão preparados para
isso, mas eis uma tentativa: “Deus vai te dar um mistério.
Nós temos autonomia para fazer parar de chover, para
mandar o cego enxergar, nós temos autoridade para falar
línguas, curar pelo Whatsapp... Tudo isso é para que no
final dessa apresentação você entregue o seu dízimo em
forma de depósito bancário, transferência bancária,
também pode ofertar com cartão de débito ou cartão de
crédito. Para tudo isso basta ter os dados para efetivação
da doação... as pessoas estão ofertando; afinal, R$100,00

[ 432 ]
O oleiro na mão do Vaso

não é nada! Você vai receber um contato celestial. Quase


mil pessoas ofertando né ao vivo; deram até carro, eu
tenho uma pessoa que me deu uma land rover; eu vendi a
land rover para poder comprar fazenda e comprar um
terreno para igreja. Então, você vai semear. Tem aqui o
superchat, caricôde...” [ipsis verbis]

As constantes exigências de homens religiosos por dízimos


e ofertas, sem a devida explanação à Igreja sobre o tema,
com o pretexto de estar colaborando com o reino de Deus,
revelam sua atitude de insubordinação à palavra soberana
de Cristo como Senhor da Igreja, pois não querem dar
ouvidos ou preferem não dar ouvidos à sua voz. Não são,
portanto, vasos na mão do Oleiro (Jr 18:6) – não estão nas
mãos de Deus –, nem pescadores de homens (Mt 4:19) –
são pescadores de benesses.

Logo, seus atos não correspondem às Escrituras Sagradas.


Antes, pretendem ser oleiros que têm os vasos, ou seja, os
fiéis nas suas mãos, tremendo diante de sua superioridade
aparentemente dada por Deus. Esses crentes

[ 433 ]
O oleiro na mão do Vaso

engambelados por “homens de Deus”, como acreditam que


sejam, tremem de medo se não lhes obedecerem às
palavras forjadas baseadas na Bíblia para dar a impressão
de ordem divina.

Além disso, pretendem ser pescadores de Deus, tirando a


sua força – “Nós temos a força!”: He-Men. (são plurais) –,
tirando a sua vida – matando Deus gradativamente com
seus discursos antibíblicos, consequentemente tomando
para si a sua honra, a sua glória, o seu poder e a sua
autoridade.

Desse modo, os valores se inverteram: o Oleiro está na mão


do vaso e na mão do pescador. Deus virou barro e peixe,
moldado a bel prazer do homem farisaico e fisgado por suas
iscas de usurpação. A bem dizer, um homúnculo que tenta
SENHORear a autoridade e o poder divinos diante da
congregação dos justos para se tornar seu senhor. Esse
termo remete à lembrança da sátira do escritor irlandês
Jonathan Swift “Viagens de Gulliver” (1726) em que ele
descreve as instituições do homem e seu apego ao poder e

[ 434 ]
O oleiro na mão do Vaso

às riquezas que elas podem lhe proporcionar. Uma história


que fala sobre os liliputianos, de Liliput – uma ilha fictícia
cujos habitantes são pessoas minúsculas de
aproximadamente 15cm de altura. Pejorativamente, o
termo se refere a pessoas desprezíveis por conta de sua
baixeza, não corporal, mas moral. Quantos liliputianos
eclesiásticos em tempos escatológicos!

A quatro anos de completar 300 anos, essa história se


renova em forma de sarcasmo no tocante à condição do
homem comum que acaba pretendendo desconstruir o
texto escriturístico em favor de suas concepções, mesmo
que seus motivos sejam nobres e consideráveis; e do
homem religioso na era hodierna que ainda julga válido o
sistema sacrificial sob o qual o dízimo era regido no Antigo
Testamento. A forma como se praticava o dízimo naquela
época se tornou impraticável nos dias atuais, depois que
Jesus uma vez por todas se ofereceu em sacrifício pela
humanidade, anulando, portanto, qualquer lei cerimonial
para fins de purificação, regeneração e salvação.

[ 435 ]
O oleiro na mão do Vaso

O fato é que o dízimo, que é tão mal visto pela sociedade


em geral, sofre esse preconceito por causa do modo como
é explorado e mal ensinado. Ele deveria ser explicado e
entendido como um modelo de contribuição não
obrigatória porque pautada na generosidade, livre dos
constrangimentos e ameaças materiais e espirituais que os
fiéis pouco esclarecidos sofrem em suas igrejas. Sendo
assim, o seu nome deveria ser substituído pela expressão
“oferta voluntária”, aquela que agrada a Deus de verdade
porque sai do coração e é dirigida àqueles que realmente
precisam dela, livre dos exploradores da fé cristã e da
Igreja de Jesus Cristo.

Não se pretende com esse texto invalidar a importância do


ministério de contribuição que todos os crentes devem
manter em sua vida cristã; é um ministério eclesiástico
global, pertencente a todos os crentes, pois serve aos
propósitos de Deus de ajudar os que precisam, apoiar os
servos que trabalham na causa de Cristo em prol da
salvação de almas por todo o mundo. O dízimo, sob essa
ótica, é considerado como uma missão digna e aprovada

[ 436 ]
O oleiro na mão do Vaso

pelo Senhor da Igreja, de modo que não seja extinto o


princípio ao qual ele está vinculado – subsidiar a igreja
como um todo em favor da humanidade visto que a Igreja
sustentada se mantém de pé para poder socorrer os
necessitados na esfera espiritual assim como na esfera
material; todavia, a forma como essa contribuição é
realizada deve estar em harmonia com o texto sagrado que
a originou.

Apesar de os mandamentos cerimoniais do Antigo


Testamento já não possuírem mais aquela força apropriada
à lei mosaica, eles ainda mantêm sua importância para
efeitos doutrinários cristãos; é apenas uma questão de
aplicabilidade adequada e pertinente ao Novo Testamento.
Urge que algumas igrejas da atualidade que se encontram
sob a égide da comercialização da fé mudem seu modus
operandi enquanto é tempo (Is 55:6), passando a ensinar
os filhos de Deus conforme a verdade bíblica
veterotestamentária e neotestamentária. A Igreja de Jesus
precisa ser conscientizada sobre a ineficácia do

[ 437 ]
O oleiro na mão do Vaso

cumprimento de leis cerimoniais que são ensinadas como


meio de prover suas necessidades materiais.

Essas práticas legalistas acabam dando legalidade a


sofismas que levam o povo de Deus, uma vez liberto, de
volta ao estado de escravidão da alma e do espírito. É
preciso libertar a Igreja do apego ao falso entendimento de
que o dízimo é condição sine qua non para o
enriquecimento e a prosperidade financeira do povo de
Deus, pois Deus pode fazer seu povo enriquecer e
prosperar independentemente dessa prática (1 Sm 2:7; Rm
9:18). O que prospera o povo de Deus, financeiramente ou
não, é justamente o seu desapego pelas coisas materiais
(Mt 6:19-21; Lc 12:15; 1 Tm 6:17) – é a bênção do
desapego – e sua fiel devoção ao Senhor visto que a
prosperidade não está atrelada a questões econômicas ou
de conquistas de bens em geral, assim como a fidelidade e
o amor a Deus não estão atrelados à doação em dinheiro
na igreja!

[ 438 ]
O oleiro na mão do Vaso

Igualmente, pretendem ter Deus nas suas mãos – o Oleiro


na mão do vaso –, transformando-o num garçom que lhe
obedece as ordens: “EU determino (o “em nome de Jesus”
é sem ênfase alguma) que fique curado, que isso... que
aquilo...”; “EU te ordeno, espírito imundo, sai desse corpo
agora!”. EU, EU, EU. O “eu” desses servos de Deus que na
verdade não o servem está acima de Deus.

É como ensinam alguns conhecedores de história, de


filosofias (não conhecedores de Deus) que o EU está dentro
de dEUs, e assim o homem vai pensando que é Deus e se
torna um “homem-Deus” (melhor seria, um antideus) –
conceito da Nova Era já consagrado e assumido por aqueles
que sucubem às propostas novaerinas da exclusão de Deus
e da desconstrução bíblica em favor de suas ideologias. Por
não conhecerem Deus como deveriam, fazem o que é certo
da maneira errada; a inclusividade em todos os sentidos
não precisa se desfazer da Pessoa divina em nome de uma
evolução involutiva. O homem, a mulher, o ser humano em
geral, precisa de Deus, o seu Criador, que não deixou de
sê-lo por conta dos avanços socioculturais. Não é

[ 439 ]
O oleiro na mão do Vaso

necessário escorraçar Deus para que seus projetos


deslanchem; Deus mesmo pode contribuir para o avanço
de suas causas independentemente de o seguirem ou não
(Jó 25:3; Mt 5:45; Jo 3:27; 15:5; 1 Co 4:7; Tg 1:17). Não
adianta querer fugir de Deus! Não tem como alguém, seja
quem for, esconder-se de Deus! No entanto, para aceitar
essa proposição é preciso ter fé.

Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da


tua face? Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a
minha cama, eis que tu ali estás também. Se tomar as asas
da alva, se habitar nas extremidades do mar, até ali a tua
mão me guiará e a tua destra me susterá. Se disser:
Decerto que as trevas me encobrirão; então a noite será
luz à roda de mim. Nem ainda as trevas me encobrem de ti
(Sl 139:7-12).

O homem se torna o próprio Deus dentro de si mesmo,


independente do Deus transcendental, do Deus eterno.
Detém poderes sobrenaturais usurpados de Deus, ou seja,
provenientes do diabo visto que esse também opera
prodígios para ludibriar os incautos, para amarrá-los a ele.

[ 440 ]
O oleiro na mão do Vaso

Que prodígios são esses? Curas milagrosas, danças e


rodopios no espírito, revelações divinas, falas e interjeições
estranhas...

LINGUAGEM INCOMUNICÁVEL

Línguas estranhas. Estranhas mesmo! Uma verdadeira


confusão de línguas pelo que seus falantes não se podem
fazer entender aos outros, e não têm capacidade de
traduzir para eles o que supostamente dizem que vem de
Deus. O verdadeiro objetivo é tão somente impressionar as
pessoas, demonstrando que detêm o poder de Deus a fim
de tornarem seus nomes célebres e ficarem famosos. Essa
linguagem estranha se revela numa nova Babel (Gn 11:9),
retomada nos dias atuais em forma de glossolalia:

“Decanta labaxuria cantararamás, xerebecanto, canta suri


labás tala xuricantas laba surya…”

Isso não são as línguas dos anjos, uma língua sagrada,


muito menos a descida do Espírito Santo conforme descrito

[ 441 ]
O oleiro na mão do Vaso

em Atos 2:1-4 que equivale à xenoglossia – o dom de


línguas bíblico cujo propósito foi inverso àquele da Torre de
Babel –, mas uma glossolalia que difere completamente do
que ocorreu nesse evento de Pentecostes; sob o poder do
Espírito Santo, todos podem se compreender uns aos
outros. A glossolalia, todavia, é um comportamento
aprendido à custa de um breve treinamento após ouvir um
breve exemplar dessas palavras estranhas que são
baseadas em instruções comuns sem qualquer ligação com
manifestações espirituais.

Pode-se dizer que quem aceita repetir essas palavras ou


expressões a fim de impactar as pessoas, levando-as a
pensar e acreditar que são pessoas cheias do poder do
Espírito Santo, são na verdade pessoas vazias de Deus,
pessoas sem Deus, pessoas que não temem a Deus,
pessoas que não têm comunhão com Deus, pessoas que
dão mais importância ao status de “homem de Deus” ou
“mulher de Deus”. Uma pessoa que está em comunhão com
Deus jamais faria isso, jamais aceitaria participar disso.

[ 442 ]
O oleiro na mão do Vaso

Lembro-me de um exemplo verídico desse tipo de situação


com um colega de seminário que contou sua história com
profundo pesar pelos atores do evento que ele teve de
vivenciar. Ele estava desempregado e precisava muito de
um emprego para ter a dignidade de poder manter sua
família. Foi-lhe, então, oferecida uma oportunidade em
uma rádio aparentemente evangélica para atuar como
locutor com aquele salário de que ele precisava. Porém,
impuseram-lhe uma condição: ele tinha de “falar em
línguas” durante suas narrações, e, para isso, era
necessário que treinasse as palavras e expressões que
dariam a impressão de xenoglossia a fim de aguçar a fé dos
ouvintes e garantir uma excelente audiência. Ele
simplesmente não aceitou a proposta, pois não quis
“Esauzar” (verbo denominal criado pela autora5), i.e., não
quis trocar a bênção de permanecer em comunhão com
Deus em troca de “um prato de lentilhas” (Gn 25:29-34).
Escolheu permanecer em busca de um bom emprego que

5
CAMPELLO, Monica. Davis semeiam bênçãos vs. Simeis simeiam
maldições. 2019.

[ 443 ]
O oleiro na mão do Vaso

acreditava que Deus lhe daria. Ele escolheu a bênção e não


a maldição (Dt 11:26-28).

PROFETADAS NADA PROFÉTICAS

Na contramão dessa atitude louvável, muitos preferem


seguir por outra direção, dando ouvidos a supostos
mensageiros de Deus aparentemente dotados de
revelações proféticas com vozes estranhas que dão recados
de Deus para o crente. Porém, “Seus profetas inventam

[ 444 ]
O oleiro na mão do Vaso

visões, profetizam mentiras, dizendo: ‘Recebi esta


mensagem do SENHOR Soberano’, quando, na verdade, o
SENHOR não lhes disse coisa alguma” (Ez 22:28). Um crente
que vive em comunhão com Deus tem relação direta com
ele de modo que não precisa ficar recebendo recados de
Deus:
– “Eis que Deus manda lhe dizer que você vai se casar com
fulano”, e o fulano se casa com outra;
– “Eis que Jeová mandou eu lhe dizer que vai cumprir
aquela promessa que ele lhe falou.” Qual promessa,
quando?
– “Eis que daqui a um ano a senhora vai engravidar.” Já se
passaram mais de trinta anos e a mulher nunca engravidou.

Isso não é jogo de futebol, mas chutam o tempo todo;


quem sabe de repente acertam um gol! Ou, então, falam
com base no que conhecem ou imaginam acerca da vida
da pessoa e ela acredita. Ou podem mesmo ter visões,
inspirações mentais pelo poder de demônios que chamam
de espíritos iluminados que, logicamente, não possuem a
onisciência de Deus, mas o muito que conhecem a respeito

[ 445 ]
O oleiro na mão do Vaso

das pessoas – sua vida familiar, social, profissional,


necessidades físicas, materiais e psicoemocionais – serve
para fortalecer sua credibilidade.

Essas revelações provenientes dos “ventes de Deus”, como


alguns os chamam, tidos por profetas, não se cumprem,
por exemplo, conforme o propósito bíblico de 1 Coríntios
14:26-33 e em nada lhe correspondem; não estão
relacionadas ao dom profético como dádiva de Deus a fim
de levar ao conhecimento do homem o seu plano de
salvação. Atuam, na verdade, como videntes, coisa que
Deus abomina.

O verdadeiro dom de profecia nada tem a ver com


profetadas em que o falso profeta fala sobre as coisas que
vão acontecer na vida do crente como conquistas ou
derrotas. O dom de profecia bíblico manifestado pelos
profetas bíblicos nunca foi usado com a intenção de ganhar
fama, dinheiro, audiência etc., mas sempre foi guiado pelo
Espírito Santo. Contrariando essa verdade divina, há os
ditos profetas que chegam mesmo a envergonhar os

[ 446 ]
O oleiro na mão do Vaso

crentes publicamente, falando sobre seus pecados, e,


logicamente, de forma indireta, sem nenhuma certeza,
porque não conhecem realmente o seu pecado, mas pelo
pouco que dizem, conseguem ludibriá-los e os fazerem crer
que são profetas verdadeiros. Desse modo, a igreja que se
chama “do Senhor”, está repleta de charlatões.

É preciso ter sempre em mente a palavra de Deus que livra


do engano: Aparecerão falsos cristos e falsos profetas que
realizarão grandes sinais e maravilhas para, se possível,
enganar até os eleitos (Mt 24:24).

O cristão precisa estar consciente de que a Bíblia contém


toda a revelação de que ele precisa para levar uma vida de
sabedoria, piedade, retidão; enfim, doutrinada pela justiça
de Deus para que seja aprovado por Deus e pronto para
fazer a sua obra (2 Tm 3:17). Sob esse entendimento, não
existe uma nova revelação de Deus porque o dom de
profecia se refere àquilo que Deus já revelou em sua
palavra. Contudo, o Espírito Santo pode comunicar aos seus
filhos tudo o que ele quer da maneira como ele quer e

[ 447 ]
O oleiro na mão do Vaso

quando ele quer segundo a sua onisciência acerca de suas


vidas, pois ele cuida dos seus e não os abandona, mas isso
não tem nenhuma relação direta com profecias pessoais
cujos “orientadores proféticos” empregam com a finalidade
de exercer influência e poder sobre os fiéis, tornando-os
dependentes deles. O poder de Deus nos tem dado tudo o
que precisamos para viver uma vida que agrada a ele, por
meio do conhecimento que temos daquele que
nos chamou para tomar parte na sua própria glória e
bondade (2 Pe 1:3).

DANÇAS E RODOPIOS NO “ESPÍRITO”???

Qual é a intenção predominante daqueles que dizem


“dançar no espírito” ou ainda mais enfático “rodopiar no
espírito” já que os rodopios costumam ser mais
exagerados, dando a impressão de que a pessoa é dotada
de um verdadeiro poder de Deus? Isso vai de encontro à
devida atitude que um servo digno de Deus deveria
manifestar, despindo-se de toda vaidade e
engrandecimento que desfocam a glória de Deus.

[ 448 ]
O oleiro na mão do Vaso

Já existem até os que não se satisfazem apenas com a


dança ou o rodopio, mas criaram roupas que rodam junto
com eles, criando um espetáculo de saias grandes e largas
rodopiantes; quanto mais rodopiam, mais amplas elas se
tornam, mais espetaculares elas se mostram, criando na
platéia da congregação um arroubo pela suposta presença
do Espírito Santo encarnada naqueles dançarinos.

A dança de Miriam (Êx 15:20), a dança de Davi (2 Sm 6:14),


a dança da filha de Jefté (Jz 11:34) e a dança da filha de
herodíades (Mc 6:22) são textos que não equivalem a
danças espirituais dos quais muitos se aproveitam para
justificarem suas manifestações estranhas em meio ao
povo de Deus. Na verdade, escandalizam aqueles que
realmente buscam uma comunhão com Deus e não com
homens que pretendem roubar-lhe a majestade.

Qualquer que escandalizar um destes pequeninos, que


crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao
pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na
profundeza do mar. Ai do mundo, por causa dos
escândalos; porque é mister que venham escândalos, mas

[ 449 ]
O oleiro na mão do Vaso

ai daquele homem por quem o escândalo vem! Portanto,


se a tua mão ou o teu pé te escandalizar, corta-o, e atira-o
para longe de ti; melhor te é entrar na vida coxo, ou
aleijado, do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres
lançado no fogo eterno. E, se o teu olho te escandalizar,
arranca-o, e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na
vida com um só olho, do que, tendo dois olhos, seres
lançado no fogo do inferno (Mt 18:6-9).

Quantos cristãos ficam inquietos dentro de uma igreja onde


os pastores, presbíteros, obreiros em geral ficam dançando,
rodopiando, pulando, remetendo à sua lembrança
movimentos corporais de religiões diferentes que não têm
qualquer relação com o evangelho de Jesus! Eles
permanecem sentados em seus lugares assombrados,
porém receosos de saírem da igreja por não quererem
demonstrar atitude de desprezo ao seu culto, e ali se
sentem incomodados, e chegam mesmo a ficar perplexos,
sem saber como se comportar diante da situação,
desorientados e se questionando: “Cadê a palavra de Deus
que eu vim buscar para refrigerar a minha alma?”

Esses dançarinos que cultuam suas vaidades em vez de


cultuar Jesus, levando muitos a caírem na fé, a

[ 450 ]
O oleiro na mão do Vaso

desacreditarem da santidade cristã, acabam atuando como


pedra de tropeço para os demais participantes desse culto
onde não se cultua Jesus que se torna Pedra de tropeço
para eles, como está escrito:

a) Sobre a pedra de tropeço – idólatras e idolatrias, para a


iniquidade:

Para os que não creem, a pedra que os construtores


rejeitaram tornou-se a pedra angular e pedra de tropeço e
rocha que faz cair. Os que não creem tropeçam, porque
desobedecem à mensagem; para o que também foram
destinados. (1 Pe 2:7,8)

Tirai os tropeços do caminho do meu povo (Is 57:14).

Seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao


irmão (Rm 14:13).

Saia da minha frente, Satanás! Você é como uma pedra no


meu caminho para fazer com que eu tropece (Mt 16:23).

Fiquem assustados por minha causa e tenham medo de


mim, pois eu, o SENHOR Todo-Poderoso, sou santo. Eu serei
um templo para abrigar vocês; serei também uma pedra e
uma rocha que fará com que os povos de Judá e de Israel

[ 451 ]
O oleiro na mão do Vaso

tropecem e caiam; serei uma armadilha e um laço para


pegar os moradores de Jerusalém. (Is 8:13,14)

b) Sobre a Pedra de tropeço – Jesus, para a salvação dos


crentes:

Para vocês, os que creem, esta pedra é preciosa. (1 Pe 2:7)

Tropeçaram na pedra de tropeço, como está escrito: Eis


que eu ponho em Sião uma pedra de tropeço e uma rocha
de escândalo; e todo aquele que crer nela não será
confundido (Rm 9:32b,33).

Este Jesus é “ a pedra que vocês, construtores, rejeitaram,


e que se tornou a pedra angular”. Não há salvação em
nenhum outro, pois, debaixo do céu não há nenhum outro
nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos. (At
4:11,12)

Nós, porém, pregamos Cristo crucificado, o qual, de fato, é


escândalo para os judeus e loucura para os gentios. (1 Co
1:23)

CURAS MILAGROSAS, POR QUEM?

Você sabia que o diabo também opera milagres? Sim,


maravilhas aos olhos humanos: Eles são os espíritos maus

[ 452 ]
O oleiro na mão do Vaso

que fazem milagres (Ap 16:14). Todavia, qual é a base


desse poder? É embusteira! O propósito desses milagres é
acorrentar o enganado para escravizar a sua alma
enquanto afasta sua fé do verdadeiro propósito de Jesus
que é justamente salvar a sua alma; enquanto a pessoa fica
presa à esperança de que milagres aconteçam, ela se
desvia do foco da salvação e passa a focar nos benefícios
terrenos, como curas diversas, tornando-se uma presa fácil
para o diabo. Quanto mais almas ele ganhar, melhor. Mas
Jesus deixou bem claro que surgiriam falsos cristos e falsos
profetas, operando grandes sinais e prodígios para enganar
até mesmo os seus eleitos (Mt 24:24).

O anticristo, o homem da perversidade, o homem da


iniquidade, o homem da impiedade, Esse homem virá para
realizar o trabalho de Satanás, com poder, sinais e falsas
maravilhas (2 Ts 2:9). Ele age de maneira sobrenatural
como fazer descer fogo do céu (Ap 13:13) para que creiam
que ele é poderoso e digno de receber a adoração dos
homens. Contudo, esse poder está sujeito à permissão de
Deus para acontecer, como no caso de Jó: Então

[ 453 ]
O oleiro na mão do Vaso

o Senhor respondeu a Satanás: Tudo o que ele tem está


sob teu poder, apenas não estendas a tua mão contra ele
(Jó 1:12). Isso também oocorre com relação à besta do
Apocalipse: Foi permitido à besta falar grandes blasfêmias,
e lhe foi dada autoridade para fazer o que quisesse. Foi
permitido à besta guerrear contra o povo santo e vencê-lo,
e ela recebeu autoridade para governar sobre toda tribo,
povo, língua e nação (Ap 13:5,7). Ou seja, entende-se
claramente que somente Deus detém o atributo
incomunicável da sua onipotência porquanto exclusivo de
sua Pessoa visto que não pode ser compartilhado com suas
criaturas, ao contrário do que acontece com os seus
atributos comunicáveis como poder, sabedoria, amor,
santidade. Logo, nada foge ao controle de Deus.

Hoje em dia virou moda muitas portinhas de lojas serem


abertas para se tornarem “tendas de milagres”. Elas são
montadas com a finalidade de arrebanharem o povo de
Deus para garantirem lucro financeiro imediato a partir de
dízimos e ofertas que devem ser realizados como forma de
agradecimento a Deus pelos milagres recebidos.

[ 454 ]
O oleiro na mão do Vaso

Aprenderam que é o meio mais fácil de ganhar dinheiro


porque as exime de pagar impostos e, portanto, um
negócio bastante lucrativo; isso é o que algumas já
confessaram publicamentexxxvii.

Muitas portinhas já se tornaram grandes e vultosos


templos: “Pequenas igrejas, grandes negócios”. Outras
permanecem no estado inicial, talvez por não terem o
expertise do “fazimento de milagres”; afinal de contas é
necessário técnicas e know-how para o desenvovlvimento
dessas instituições religiosas charlatãs que necessitam de
pessoal qualificado nessa esfera de atuação para garantir o
reconhecimento dos fiéis quanto à obtenção das graças a
partir de suas ofertas monetárias – a barganha do dízimo
em troca da bênção. Essas que não se desenvolvem, apesar
do objetivo primordial de lucrarem com o mercado
religioso, carecem de capital intelectual e gestão de
conhecimento que possam prover o sucesso do negócio –
não há conhecimento, criatividade e inventividade
tampouco capacidade para administrá-los.

[ 455 ]
O oleiro na mão do Vaso

No entanto, há muitos pastores enriquecendo à custa


dessas falsas igrejinhas e igrejões através de ludíbrios à
congregação dos fiéis. As igrejas idôneas têm o direito de
exercerem suas atividades ritualísticas e sociais em favor
daqueles que as buscam com a esperança de receberem
uma resposta de Deus em forma de bênção ou de
instrução, mas não têm o direito de se aproveitarem do
princípio da liberdade religiosa que é assegurada pela
Constituição Federal de 1988 (Art. 5º, inciso VI) com vistas
à pratica de charlatanismo que explora a credulidade
pública por meio de serviços, nesse caso religiosos, que
prometem curas de doenças, mas são incapazes de realizá-
las. Essa prática é criminosa e se configura no Código
Penal, Art. 283, como “inculcar ou anunciar cura por meio
secreto ou infalível” porque ludibria os incautos na fé. Para
esses não há proteção constitucional desde que sua ação
dolosa se constitui no interesse de enganar para obter
vantagens e lucros diversos.

O fato da existência de charlatões não implica a


impossibilidade de cura pelo poder de Deus através de seus

[ 456 ]
O oleiro na mão do Vaso

ungidos – Deus pode curar por quaisquer meios segundo a


sua vontade que é eficaz para realizar esse intento,
inclusive pelo homem natural, como um médico; além
disso, a cura pelo poder de Deus não está limitada a
determinadas épocas na história da humanidade. Contudo,
as Escrituras deixam claro que há contrafações satânicas:

Porque os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos,


transformando-se em apóstolos de Cristo. E não é de
admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo
de luz. Não é muito, pois, que os seus próprios ministros se
transformem em ministros de justiça; e o fim deles será
conforme as suas obras. (2 Co 11:13-15)

Satanás se transfigura em anjo de luz e seus obreiros


seguidores lhe correspondem nas ações de modo que as
supostas curas sejam realizadas ocultamente em nome dele
com menção pública ao nome de Jesus, como pronunciam
a fim de terem respaldo bíblico e a garantia da permanência
dos fiéis na organização eclesiástica. Portanto, nem sempre
um milagre de cura pode ser considerado como cura divina.
Jesus sempre advertiu sobre as práticas espúrias em seu
nome para dar um toque de credibilidade, sabendo que

[ 457 ]
O oleiro na mão do Vaso

haveria muitos que viriam a fazê-lo, como se comprova


hoje. Contudo, o maior milagre é viver de acordo com o
ensinamento bíblico, pautado na sabedoria de Deus. “O que
devemos fazer é consultar a lei e os ensinamentos de
Deus” (Is 8:20), ou seja, pautar-se no texto sagrado e não
em uma cura para dizer que Deus opera milagres, pois tal
cura pode não ser de procedência divina, mas de
procedência maligna.

Ademais, a relação com Deus deve ser pautada na fé e na


obediência e não visando bênçãos, pois Deus é Deus
independente das circunstâncias, curando ou não; por isso,
ninguém deve esmorecer na fé se uma graça desejada não
for alcançada. Deus não vai deixar de ser Deus se não
houver cura ou milagres, mas o homem pode deixar de ser
de Deus se não souber lidar com essa realidade, e isso
implica lançar-se nas mãos do diabo. Eis a fé que se deve
manter firme na mente e no espírito: estar com Deus em
todo o tempo, dando-lhe graças por tudo porque ele sabe
de todas as coisas, e nós não. Os nossos desejos,
cumpridos ou não, não determinam o poder de Deus – “Ah,

[ 458 ]
O oleiro na mão do Vaso

ele não realizou meu desejo, então ele não tem poder!”;
tampouco determinam a sua bondade: “Ah, Deus é bom
porque realizou o meu desejo!” Deus tem poder para não
realizar desejos e manifesta a sua bondade ao realizá-los
ou não, porque quem sabe se o desejo que se espera
realizar é de fato bom para quem o deseja? Mas Deus sabe
de todas as coisas!

É preciso que os filhos de Deus aprendam a discernir


“homens de Deus” de “homens de Deus” – homens que
servem a Deus e homens que não o servem –, a mesma
expressão para dois tipos de servos: servos de Deus e
servos do diabo. A esses últimos que fingem servir a Deus,
Jesus dirá:

Não é toda pessoa que me chama de “Senhor, Senhor” que


entrará no Reino do Céu, mas somente quem faz a vontade
do meu Pai, que está no céu. Quando aquele dia chegar,
muitas pessoas vão me dizer: “Senhor, Senhor, pelo poder
do seu nome anunciamos a mensagem de Deus e pelo seu
nome expulsamos demônios e fizemos muitos
milagres!” Então eu direi claramente a essas pessoas: “Eu

[ 459 ]
O oleiro na mão do Vaso

nunca conheci vocês! Afastem-se de mim, vocês que só


fazem o mal!” (Mt 7:21-23)

Diante de todo esse discurso apologético-laudatório para a


glória de Deus, conclui-se que as bênçãos materiais e físicas
que muitos cristãos hoje em dia tão somente buscam nas
igrejas não constituem o foco principal das Escrituras
Sagradas, mas sim a comunhão do homem com Deus e a
sua salvação por Deus:

Vocês foram ressuscitados com Cristo. Portanto, ponham o


seu interesse nas coisas que são do céu, onde Cristo está
sentado ao lado direito de Deus. Pensem nas coisas lá do
alto e não nas que são aqui da terra. Porque vocês já
morreram, e a vida de vocês está escondida com Cristo,
que está unido com Deus. Cristo é a verdadeira vida de
vocês, e, quando ele aparecer, vocês aparecerão com ele e
tomarão parte na sua glória. (Cl 3:1-4)

Dizer que é cristão a fim de receber bênçãos é fácil, mas


quem quer ser um cristão de verdade que sofre pelo nome
de Cristo o que muitos sofreram? Quem quer receber estas
glórias abaixo?

[ 460 ]
O oleiro na mão do Vaso

Todos esses morreram cheios de fé. Não receberam as


coisas que Deus tinha prometido, mas as viram de longe e
ficaram contentes por causa delas. E declararam que eram
estrangeiros e refugiados, de passagem por este mundo. E
aqueles que dizem isso mostram bem claro que estão
procurando uma pátria para si mesmos. Não ficaram
pensando em voltar para a terra de onde tinham saído. Se
quisessem, teriam a oportunidade de voltar. Mas, pelo
contrário, estavam procurando uma pátria melhor, a pátria
celestial. Outros foram torturados até a morte; eles
recusaram ser postos em liberdade a fim de ressuscitar
para uma vida melhor. Alguns foram insultados e surrados;
e outros, acorrentados e jogados na cadeia. Outros foram
mortos a pedradas; outros, serrados pelo meio; e outros,
mortos à espada. Andaram de um lado para outro vestidos
de peles de ovelhas e de cabras; eram pobres, perseguidos
e maltratados. Andaram como refugiados pelos desertos e
montes, vivendo em cavernas e em buracos na terra. O
mundo não era digno deles! (Hb 11: 13-16, 35-38)

[ 461 ]
O oleiro na mão do Vaso

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pretensão de modificar o texto sagrado em prol das


necessidades humanas ou harmonizá-lo com as “boas
intenções humanas” é algo simplesmente diabólico. Não há
como adaptar a palavra de Deus a objetivos socioculturais,
sociopolíticos, socioeconômicos por mais nobres que
sejam; as necessidades e as intenções humanas é que
devem se adaptar à palavra de Deus uma vez dada e
definitiva, como está escrito: Os céus e a terra passarão,
mas as minhas palavras jamais passarão porque eu, o
Senhor, não mudo, o Pai das luzes, em quem não há
mudança nem sombra de variação e é o mesmo ontem,
hoje e eternamente, de modo que se alguma pessoa
acrescentar a elas alguma coisa, Deus acrescentará ao
castigo dela as pragas descritas neste livro. E, se alguma
pessoa tirar alguma coisa das palavras proféticas deste
livro, Deus tirará dela as bênçãos descritas neste livro, isto
é, a sua parte da árvore da vida e também a sua parte da
Cidade Santa. (Mt 24:35; Ml 3:6; Tg 1:17; Hb 13:8; Ap
22:18,19)

[ 462 ]
O oleiro na mão do Vaso

Também não há como adaptar o texto sagrado às próprias

intenções tendenciosas dentro da igreja por aqueles que

detém o poder de convencer as mentes a fazerem

exatamente o que eles querem no tocante a questões

monetárias quando se aproveitam de dízimos e ofertas, e

hoje em dia de modo escandaloso! “Ai do mundo, por causa

dos escândalos; porque é inevitável que venham

escândalos, mas ai do homem pelo qual vem o escândalo!”

(Mt 18:7).

Como entender este versículo: Acaso alguém


pode roubar a Deus? Mas vocês têm me roubado!
“Perguntam: ‘Em que te roubamos?’. “Vocês me roubaram
nos dízimos e nas ofertas (Ml 3:8).

Na era atual, quando se aproveitam desse texto sagrado

com total irreverência e destemor a Deus, esse versículo


pode ser entendido da seguinte forma: pastores

[ 463 ]
O oleiro na mão do Vaso

mercenários fundam igrejas com a intenção de lucrar

financeiramente para adquirirem muitos bens

extraordinários enquanto suas igrejas desfrutam apenas de

uma pequena esmola para alguns necessitados com a única

intenção de esconder o restante do dinheiro que ninguém

além deles vê. Assim, eles mesmos usam esse versículo

para causar medo nos fiéis ao lhes dizer que estão sendo

infiéis quando deixam de dar o dízimo; porém, a verdade é

que esses pastores estão sendo infiéis a Deus porque estão

usando de sua palavra para roubar o que os fiéis dão para

a igreja, que é usurpado por eles que de fato se chamam

“pastores que não apascentam as ovelhas”..

“Quando, se, entre ti houver algum pobre de teus irmãos,


em alguma das tuas portas, na tua terra que o SENHOR, teu
Deus, te dá, não endurecerás o teu coração, nem fecharás
a tua mão a teu irmão que for pobre; antes, lhe abrirás de
todo a tua mão e livremente lhe emprestarás o que lhe
falta, quanto baste para a sua necessidade. (Dt 15:7,8).

[ 464 ]
O oleiro na mão do Vaso

“Quando houver” ou “Se houver” significa que “nem


sempre haverá” ou “haverá pontualmente”. Não é par dar
dízimos todo domingo, todo sábado, todo dia, todo culto,
vários cultos em um dia. O povo de Deus deve ajudar o
próximo sempre que houver necessidade, uma necessidade
pontual. Até que sejam levantadas ofertas em um período
determinado, mas com uma direção estabelecida, a uma
população definida, com propósitos alinhados com as
necessidades de cada situação. Urge que se avaliem essas
mudanças necessárias para a obtenção de recursos
financeiros pelas igrejas, levando primeiramente em
consideração as questões doutrinárias pertinentes e em
seguida as questões econômicas.

Dízimo no Novo Testamente, sob a graça, torna-se prática


legalista e Jesus nunca apoiou o legalismo farisaico. Mas
deve ser orientado com outra expressão como
“contribuição” ou “oferta voluntária”; instruir o povo de
Deus a atuar como Igreja, obedecendo à vontade e à
ordem de Jesus de ajudar os necessitados e de suprir
igualmente as necessidades da igreja para que ela possa

[ 465 ]
O oleiro na mão do Vaso

continuar a sua missão de socorrer todas as almas que a


buscarem a fim de encontrar o Senhor e receber a sua
salvação e libertação concomitantemente à provisão de
suas necessidades diversas que a igreja pode suprir.

Deus quer as pessoas para ele, para salvá-las, mas os


homens “religiosos” querem as pessoas para eles, para
explorá-las. Por isso, eles se empenham tanto em seus
discursos eclesiásticos a fim de mantê-las no engano para
não perderem seus lucros e vantagens. Normalmente,
aproveitam-se daqueles que não têm conhecimento da
verdade da palavra de Deus que é totalmente contrária ao
que eles ensinam. Daí, o povo perece (Os 4:6), e na
sequência desse versículo se lê que o sacerdote rejeitou o
conhecimento de Deus, isto é, a verdade bíblica,
esquecendo-se da lei de Deus que exige obediência. Que
lei? A lei do dízimo? Não! A lei do amor ensinada por Jesus,
sob a graça, mediante seu sacrifício que anula a lei para a
remissão de pecados e salvação da alma; a lei do amor não
exige cobrança de dízimo de ninguém.

[ 466 ]
O oleiro na mão do Vaso

Não há como os líderes de igrejas quererem forçar a ideia


de que preceitos da lei do Antigo testamento devem
prevalecer em detrimento da graça no Novo Testamento.
O véu se rasgou! Como, de baixo para cima ou de cima
para baixo? De alto a baixo, de cima para baixo, de cima
até embaixo, e não de baixo para cima, i. e., não do homem
para Deus como se o homem pudesse alcançar o véu e ter
domínio sobre ele, mas do Alto para baixo – de Deus para
a humanidade, algo que homem algum poderia fazer;
somente Jesus, o Filho de Deus, o próprio Deus encarnado
poderia tê-lo feito. Isso tornou livre o acesso a Deus,
restaurando a comunhão do homem com ele, religando-o a
ele. Eis a verdadeira religião: religar o homem a Deus, tão
somente a Deus, livre de idolatrias e sacrifícios ineficazes.

O acesso ao Pai agora independe de sacrifícios e muito


menos de homens religiosos, além de rechaçar quaisquer
idolatrias, pois Jesus se fez precursor de seu povo, o eterno
Sumo Sacerdote (Hb 6:19,20). Seu sacrifício é suficiente
para prover todas as necessidades do crente fiel. Essas
necessidades, portanto, não são satisfeitas mediante

[ 467 ]
O oleiro na mão do Vaso

sacrifício humano em forma de dízimos, ofertas, serviços,


rituais; nada disso pode provê-las. Ledo engano acreditar
que uma esmola, uma doação, uma oferta, a obrigação ou
constrangimento de dar o dízimo podem garantir
conquistas materiais e até mesmo espirituais do modo
como são orientados a serem feitos. O que garante bênçãos
espirituais e, também, possivelmente materiais é o que
Deus já revelou em sua palavra:

– “Deverei me apresentar com sacrifícios?


– “Homem, o Senhor já falou para você o que é bom. Ele
já falou o que quer de você: que pratique a justiça, e ame
a beneficência, e ande humildemente com o teu Deus. (Mq
6:6,8);

Eu quero de vocês um amor fiel e não que me


ofereçam sacrifícios; quero que vocês me conheçam, não
que me façam ofertas. Não me interesso por suas ofertas;
o que eu quero é que vocês me conheçam. Eu prefiro que
o meu povo me obedeça. (Os 6:6) – várias versões;

[ 468 ]
O oleiro na mão do Vaso

O que agrada mais ao Senhor: sacrifícios ou obediência aos


seus mandamentos? É melhor obedecer do que oferecer
sacrifícios. ( 1 Sm 15:22);

Vocês dão o dízimo até da folha de hortelã, da erva-doce e


do cominho, mas se esquecem das coisas importantes — a
justiça, a misericórdia e a fidelidade. Sim, vocês devem dar
o dízimo, mas não devem deixar de fazer as coisas mais
importantes. (Mt 23:23)

Note-se que em Mateus 23:23 Jesus ainda estava sob a lei,


a graça ainda não havia chegado e Jesus era obediente à
lei. Ele ainda não havia realizado seu sacrifício, tampouco
havia ressuscitado. Por isso, não se opôs ao dízimo naquela
ocasião, pois era judeu obediente à lei judaica constante da
Torá, a Bíblia hebraica, e o dízimo fazia parte dela. O
problema na época, no entanto, é que estavam dando mais
importância ao dízimo por causa do lucro que lhes dava do
que às coisas realmente importantes que o reino de Deus
exige como misericórdia e justiça com as pessoas, retidão
no caráter, fidelidade a Deus e não a homens; enfim, o
fruto do espírito (Gl 5:22).

[ 469 ]
O oleiro na mão do Vaso

Agora estamos sob a graça, e não mais sob a lei. O líder


que prefere permanecer sob a lei a fim de se beneficiar dela
não tem compromisso com Deus e é desobediente às suas
exigências; o líder que não obedece à palavra de Deus é
guia cego guiando outros cegos (Mt 23:24).

Quantos pensam estar servindo a Deus pelo fato de serem


cumpridores de obrigações eclesiásticas como ser fiel
pagador de dízimos, ser fiel contribuinte com ofertas, ser
assíduo frequentador de cultos e escola dominical, ser
prestador de diversos serviços na igreja, mas não é fiel na
obediência à palavra de Deus sobre cumprir o que
realmente Deus valoriza: a justiça, a misericórdia e a
fidelidade. O que é justiça? O que é misericórdia? O que é
fidelidade? O que é tudo isso que Deus requer de nós? Será
que queremos mesmo corresponder à vontade de Deus?

Justiça de Deus: Justiça e juízo são a base do teu trono (Sl


89:14).

[ 470 ]
O oleiro na mão do Vaso

A justiça divina se cumpre através da Pessoa e das ações


de Jesus Cristo; uma justiça infalível, imparcial, infinita,
cheia de retidão, misericordiosa, livre de erros, que livra da
opressão (Jó 37:23). Nesse senso de justiça perfeito, Deus
retribui a cada um aquilo que merece; ou seja, Deus sabe
tudo o que o ser humano faz, seja bem ou mal. De acordo
com essa realidade, Deus não castiga ninguém sem causa,
mas por merecimento, a fim de repreender o mal que o
levou a praticar o mal e corrigir os erros e consequências
provenientes desse mal (Hb 12:5,6). Deus nunca comete
erros. Por isso, ele diz que cada um colhe o que planta e
recebe o que merece – mais do que justo, presente ou
castigo.

Todos possuem senso de justiça, mas alguns nem sempre


são capazes de praticá-la por agirem com parcialidade ou
por buscarem favorecimento ou qualquer outro motivo que
implique em falta de retidão e de caráter aperfeiçoado. É
preciso crescer na graça e no conhecimento de Jesus Cristo
para poder aprender a exercitar esse senso de justiça e
fazer o que agrada a Deus. (2 Pe 3:18).

[ 471 ]
O oleiro na mão do Vaso

Ao contrário da justiça divina, a justiça humana é parcial,


corruptível, falível, egoísta, interesseira, conivente com os
próprios erros e pecados, mas implacável com os erros e
pecados alheios. Se o homem que acredita em Deus sabe
que é à semelhança de Deus, por que não buscar imitá-lo
nesse atributo de justiça? Que se faça a vontade do Senhor
agindo com lealdade.

Misericórdia de Deus: Misericórdia e verdade vão adiante


do teu rosto (Sl 89:14).

A misericórdia divina perdoa pecados, erros e faltas


cometidas por seus filhos espirituais e criaturas naturais.
Para receber a misericórdia de Deus é necessário perdoar
como ele perdoa (Mt 6:12), não ser vingativo, não ser
rancoroso, não guardar mágoa, vencer as más emoções,
ser superior à própria humanidade, não desejar mal, não
se alegrar com a miséria do outro, não praticar o desamor.
Uau! Isso não é mais forte e mais complexo do que fazer
sacrifícios? Fazer sacrifícios externos é sempre mais fácil,
mas essa luta interior é muito difícil de travar porque vai de

[ 472 ]
O oleiro na mão do Vaso

encontro às nossas superfluidades humanas como vaidade,


soberba, egoísmo, orgulho.

No entanto, é preciso enxergar o outro como se estivesse


olhando para si mesmo, sendo capaz de perceber em si
próprio a mesma tendência às fraquezas que se vê nos
outros. É preciso ter sensibilidade para exercitar a
misericórdia pelo sofrimento alheio, pelos erros alheios,
pelos pecados alheios. Claro que isso não é nada fácil
quando o atinge, mas é preciso exercitar esse
comportamento em Cristo que é amor, pois realmente sem
ele não dá para ninguém manifestar esse sentimento tão
puro que torna possível o ato de misericórdia. Esse é um
dos passos para se tornar agradável a Deus. É preciso se
decidir pela misericórdia para estar em comunhão com
Deus. As misericórdias do Senhor são a causa de não
sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm
fim. Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade (Lm
3:22-23).

Fidelidade de Deus: O Senhor é fiel (2 Ts 3:3).

[ 473 ]
O oleiro na mão do Vaso

Deus nunca muda, Deus nunca mente, Deus nunca


maltrata, Deus nunca abandona. Deus nunca desiste do ser
humano, mas é fiel para respeitar o seu livre arbítrio uma
vez dado por ele mesmo. Àquele que lhe busca, sempre
estenderá a sua mão, pois ele é fiel com o justo, mas
também é justo com o infiel. Independente das
circunstâncias, Deus permanece fiel; sua fidelidade não é
limitada às ações humanas, mas extensiva às necessidades
humanas: Se somos infiéis, ele permanece fiel, pois não
pode negar-se a si mesmo (2 Tm 2:13) de modo que
cumpre tudo o que promete segundo o merecimento de
cada um, seja para abençoar e guardar ou para disciplinar
e punir.

Para corresponder à imagem e semelhança de Deus como


seu filho, o ser humano também precisa ser fiel: primeiro a
Deus e depois ao próximo. Assim como a fidelidade de Deus
traz segurança que implica confiança nele, a fidelidade do
homem também pode inspirar a confiança do próximo e lhe
proporcionar segurança contra qualquer tipo de ações ou
manifestações destrutivas. Portanto, quem é fiel a Deus

[ 474 ]
O oleiro na mão do Vaso

naturalmente é fiel ao próximo, pois aprende de Deus a


acatar sua vontade através de bons princípios e
conservação de valores para com ele e com os
semelhantes; acima das próprias vontades, deve-se buscar
fazer a vontade de Deus. O SENHOR é a nossa rocha; ele é
perfeito e justo em tudo o que faz. Ele é fiel e correto e
julga com justiça e honestidade (Dt 32:4).

São esses atributos divinos que um servo de Deus deve


buscar primeiramente acima de quaisquer outros valores
que sobrepujam a vontade de Deus para uma humanidade
a caminho da santidade e da pureza cristã. Um servo santo
e puro jamais se colocará acima do Oleiro, mas sempre se
portará como um vaso em sua mão, submisso à sua
vontade para ser modelado por ele de modo a se tornar um
vaso de honra que jamais escandaliza o nome do Senhor:
o vaso na mão do Oleiro.

[ 475 ]
O oleiro na mão do Vaso

Jeremias 18:1-6

A palavra do Senhor, que veio a Jeremias, dizendo:


Levanta-te, e desce à casa do oleiro, e lá te farei ouvir
as minhas palavras.
E desci à casa do oleiro, e eis que ele estava fazendo a
sua obra sobre as rodas,
Como o vaso, que ele fazia de barro, quebrou-se na mão
do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso, conforme o que
pareceu bem aos olhos do oleiro fazer.
Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa
de Israel? diz o Senhor. Eis que, como o barro na mão
do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de
Israel.

[ 476 ]
O oleiro na mão do Vaso

O Senhor diz:
— Eu sou o Senhor e não mudo (Ml 3:6).

O Senhor sempre será o Oleiro!


Ninguém pode roubar a sua glória!

O vaso na mão do OLEIRO:


o homem modelado por DEUS.

[ 477 ]
O oleiro na mão do Vaso

BIBLIOGRAFIA

CAMPELLO, M. Davis semeiam bênçãos vs. Simeis


simeiam maldições. 1. ed. Rio de Janeiro: Ed. do Autor,
2019. 84p.

CAMPELLO, M. S.E.I.T.A.S.: Subversores Espirituais


Intentam Trágicos Assaltos Satânicos. 2. ed. Rio de
Janeiro: Ed. do Autor, 2013. 224p.

CAMPELLO, M. Sexo com Deus. 1. ed. São Paulo: All Print


Editora, 2015. 171p.

HINES, T. Pseudociência e Paranormal. NY:


Prometheus Books, 2003.

JONES, D. W. 5 Erros do Evangelho da Prosperidade.


Trad. Alan Cristie. Ministério Fiel. Disponível em:
<https://ministeriofiel.com.br/artigos/5-erros-do-
evangelho-da-prosperidade/>. 07/04/2014. Acesso em: 09
set. 2020.

MARTINS, D. Pastor Silas Malafaia desafia blogueiros


e sites cristãos a provarem através da Bíblia que a
teologia da prosperidade está errada. 03 jun. 2012.
Disponível em:
https://noticias.gospelmais.com.br/malafaia-desafia-
provarem-teologia-prosperidade-errada-36528.html
Acesso em: 06 fev. 2020.

[ 478 ]
O oleiro na mão do Vaso

YOUTUBE. Silas Malafaia Oficial. Pastor Silas Malafaia -


Uma Vida de Prosperidade. 24 set. 2018. Disponível em:
https://youtu.be/GmHgRmoaMTg

[ 479 ]
O oleiro na mão do Vaso

NOTAS DE FIM:
i As histórias de Davi e Acabe, personagens bíblicos, encontram-se,
respectivamente, nos livros: 1 e 2 Samuel, 1 Reis e 1 Crônicas; 1 Reis
16 – 22, 2 Crônicas 18.
ii
Jornalismo TV Cultura. Papa Francisco surpreende mais uma vez
ao afirmar que Deus não fez o mundo com uma varinha mágica
https://www.youtube.com/watch?v=ZV41KTWNaxk
iii
Verdade Revelada. Papa Francisco diz que Jesus fracassou na
cruz!!! https://www.youtube.com/watch?v=-Cr3Y_DfeGM
iv
Homilia do Santo Padre. 24/09/2015.
http://www.vatican.va/content/francesco/pt/homilies/2015/document
s/papa-francesco_20150924_usa-omelia-vespri-nyc.html
v Souza, Vanderlúcio. Igreja Católica Notícia. Em carta, Padre Fábio
de Melo acaba com polêmica em torno de declaração mal
entendida. 22/01/2014.
https://blogs.opovo.com.br/ancoradouro/2014/01/22/em-carta-padre-
fabio-de-melo-acaba-com-polemica-em-torno-de-declaracao-mal-
entendida/
vi ‫ִי־מה‬ ְּ [beli-mah], nada ou vácuo, termo que aparece uma única vez
ָ ָֽ ‫בל‬
nas Escrituras Sagradas.
vii CAMPELLO, Monica. S.E.I.T.A.S. 2. ed. Rio de Janeiro: Mônica Conte
Campello, 2013. p. 209.
viii O Movimento Raeliano: disponível em: https://pt.rael.org/home
ix
Akin, D. L. Resenha. Disponível em:
https://books.google.com.br/books/about/Health_Wealth_Happi
ness.html?id=bgHBMj_oOQoC&redir_esc=y Presidente do
Southeastern Baptist Theological Seminary (Seminário Teológico
Batista do Sudeste). Ph.D., University of Texas at Arlington.
Disponível em: http://dannyakin.com/
x
Jones, D. W, Woodbridge, R. S. Health, Wealth & Happiness: Has
the Prosperity Godspel Overshadowed the Gospel of Christ?
Michigan: Kregel Publications, 2011. 201p.

[ 480 ]
O oleiro na mão do Vaso

xi
Slas malafaia Oficial. Pastor Silas Malafaia – uma vida de
prosperidade. 24/09/2018. Video disponível no canal YouTube em:
https://www.youtube.com/watch?v=GmHgRmoaMTg
xii Llorente, Analía. Quantas vezes o cérebro precisa ser exposto
a uma palavra para aprendê-la? BBC Mundo in BBC News Brasil.
28/11/2017. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-
42139658
xiii Llorente, Amalia. Quantas vezes o cérebro precisa ser exposto
a uma palavra para aprendê-la? News Brasil. BBC Mundo.
28/11/2017. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-
42139658 Acesso em: 08 jun. 2020.
xiv Em grego, lépton – a moeda de menor valor entre os judeus.
xv
Wallin, Claudia. 16/02/2019. Suécia, o país onde deputados não
têm assessores, dormem em quitinete e pagam pelo cafezinho.
Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-
47198240
xvi
BBC Brasil: G1 – Mundo. 13/11/2016. A única república do mundo
a ter dois chefes de Estado – e a trocá-los a cada 6 meses.
13/11/2016.
Disponível em: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/11/unica-
republica-do-mundo-ter-dois-chefes-de-estado-e-troca-los-cada-6-
meses.html
xvii Diário Oficial da União - Seção 1 - 19/12/2014, Página 1 (Publicação
Original) Câmara dos Deputados – Legislação. Legislação Informatizada
- DECRETO LEGISLATIVO Nº 276, DE 2014 - Publicação Original.
Disponível em:
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decleg/2014/decretolegislativo-
276-18-dezembro-2014-779806-publicacaooriginal-145682-pl.html
xviii Exegetado: qualquer termo em cujo contexto bíblico seja injetado
de uma exegese forçada ou intencional. Neologismo criado por Monica
Campello.
xix O pastor Silas Malafaia, em seu último programa Vitória em
Cristo. Disponível em: https://noticias.gospelmais.com.br/txt?i=36528

[ 481 ]
O oleiro na mão do Vaso

xx Os Alves para Adultos. Heresia da Bispa Sônia “Se não tiver


dinheiro para oferta pegue emprestado”. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=fGCgi1J0pxw&t=23s
xxi Mocam, Oiced. Religiões: Tudo o que você precisa saber antes
de morrer.Cap. Guerra Santa das religiões brasileiras. A Igreja
Renascer. Ebook (disponível por aquisição através de compra na
internet em <simplíssimo.com.br>).
xxii Isto É. Seção: Fé. Revista Isto É destaca o declínio da Igreja
Renascer em Cristo. 10/11/2011. Disponível em:
https://overbo.news/revista-isto-e-destaca-o-declinio-da-igreja-
renascer-em-cristo/ Acesso em: 01 jul. 2020.
xxiii
https://www.youtube.com/watch?v=VujsRkPUycs
xxiv
YouTube. IMPD: “ofertinha” de R$1000 em troca de martelo.
Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=aLUl9JSnfPc&fbclid=IwAR2ELfV0
TLL_dBqhtHFHbRcmLpOmx2QA0W30tgafpsImVoFxwvAy-gvdESg
Axcesso em: 17 jul. 2020.
xxv Canal Mamaefalei. Apóstolo Valdemiro - O Maior FDP do
Brasil.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=jjZgJQlHdfY
Acesso em: 17 jul. 2020.
xxvi
Por G1 SP — São Paulo 11/05/2020. MPF pede que Youtube
retire do ar vídeo em que pastor Valdemiro Santiago oferece
feijão para cura do coronavírus em SP. Disponível em:
https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/05/11/mpf-pede-que-
youtube-retire-do-ar-o-video-em-que-o-pastor-valdemiro-santiago-
oferece-feijao-para-cura-do-coronavirus-em-sp.ghtml Acesso em: 17
jul. 2020.
xxvii
Resposta do Caio a um pastor amaldiçoador! Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=czd38j7htnY
xxviii
Santos, R. Sentido do Dízimo em Hebraico. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=b4seDyx9JH4. Acesso em: 15 set.
2020.
xxix
Kioulachoglou, A. (2020). Por que o dízimo não é para o crente
do Novo Testamento? Recuperado de

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http://www.jba.gr/Portuguese/pdf/O-D%C3%ADzimo-a-
doa%C3%A7%C3%A3o-e-o-Novo-Testamento.pdf
xxx
BibliaOn – Bíblia Sagradaa Online. “O Dízimo no Novo
Testamento – Estudo Bíblico”. Disponível em:
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Viana, L. R. A. Dízimo: Contribuição da Lei ou da Graça?
Disponível em: http://www.estudos-biblicos.net/dizimolv.html
xxxii
Got Questions Ministries – O que a Bíblia diz a respeito do
dízimo? Disponível em:
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xxxiii
Evangelho Perdido. O dízimo não é uma exigência bíblica para
os dias atuais! – Parte final. 06/07/2015. Disponível em:
https://www.evangelhoperdido.com.br/o-dizimo-nao-e-uma-
exigencia-biblica-para-os-dias-atuais-parte-final/
xxxiv
Stardust. “As 10 maiores mentiras sobre os 10 por cento dos
dízimos” in:. Luke. “Segundo RR Soares quem não devolve o dízimo
é amaldiçoado por Deus com doenças”. 20/09/2013. Disponível em:
https://perguntas.gospelmais.com.br/segundo-rr-soares-quem-nao-
devolve-o-dizimo-e-amaldicoado-por-deus-com-
doencas.html?fbclid=IwAR1VWGxzToqwWILshwBN5E8DdfBNwhhGr1S
R1ZvgcI43VHh_Dg3NusuwE9M
xxxv
Filho, Euro Bento Maciel. Congresso em Foco. A má-fé de
pastores religiosos é crime. 05/11/2013. Disponível em:
https://congressoemfoco.uol.com.br/opiniao/colunas/a-ma-fe-de-
pastores-religiosos-e-crime/
xxxvi O dízimo ainda é válido? Irmão Eli Soriano responde!
https://www.youtube.com/watch?v=LrI0_RkJs7s
xxxvii
No documentário, afirma-se que L. Ron Hubbard - que é acusado
de mentir sobre seu histórico no Exército dos EUA e de maltratar sua
segunda esposa - decidiu criar a Cientologia para ganhar dinheiro.
A organização - que o Going Clear diz ter 50 mil membros - não paga
impostos há décadas e deve centenas de milhões de dólares a
autoridades.
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/03/150323_cientologi
a_hb A Cientologia 'pressionou autoridades para ser declarada

[ 483 ]
O oleiro na mão do Vaso

uma religião e não pagar impostos'. 5 'segredos' da Cientologia


revelados em documentário. 31 março 2015.

[ 484 ]

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