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1
Unidade 2 Operações com vetores
Para Saber Mais A adição de vetores é uma operação bem denida, isto é, a denição da
−−→ −−→
soma do vetor →
−
u = AB com → −
v = BC não depende da escolha do ponto A
→
− −−→
v = CD vetores no plano que não são
u→
−
→
−
v
D Q
parelelos, P um ponto escolhido no plano →
−
−−→ − −−→ u
e Q e R tais que →
−u = PQ e → v = PR . →
−
P
v B
Se P é o paralelogramo P QSR, então o →
−
−−→ u
vetor soma →−
u +→ −
v é P S , onde P S é a C A
diagonal de P com origem no vértice P . Figura 2.2: ~u + ~v representado pela diagonal P S
−−→ − −−→ −−→
Com efeito, sendo →
−
u = PQ e → v = P R = QS , temos
→
− −−→ −−→ −−→
u +→ −
v = P Q + QS = P S .
2
Operações com vetores no plano Unidade 2
Sejam →
−
u = (u1 , u2 ) e v = (v1 , v2 ) vetores do plano expressos em termos Proposição 3
de coordenadas em relação a um sistema de eixos ortogonais xo OXY , então:
→
−u +→ −
v = (u1 + v1 , u2 + v2 ).
+→
v = PS .
v−
u→
−
Da Proposição 8 do Capítulo 1, obte- →
−
v u2 P
mos: →
−
u
v1 w1 u1
(v1 − 0, v2 − 0) = (w1 − u1 , w2 − u2 ), O X
logo,
S = (w1 , w2 ) = (u1 + v1 , u2 + v2 ) Figura 2.3: Adição de vetores em coordenadas
→
− →
− −−→ −−→
u + v = OP + OQ
−−→ −−→ −−→
= OP + P S = OS = (u1 + u2 , v1 + v2 ).
3
Unidade 2 Operações com vetores
−−→ −−→
Proposição 5 Sejam A = (a1 , a2 ), B = (b1 , b2 ) e λ ∈ R então, λAB = AC , onde
C = (a1 + λ(b1 − a1 ), a2 + λ(b2 − a2 )).
Consequentemente,
−−→
λ AB = (λ(b1 − a1 ), λ(b2 − a2 )).
4
Operações com vetores no plano Unidade 2
−−→ −−→
O vetor λ→
−v está bem denido. Isto é, se AB = CD , então Corolário 6
−−→ −−→
λAB = λCD .
Em particular, se →
−
v = (α, β) e λ ∈ R, então:
λ→
−v = (λα, λβ).
→
− −−→ →
− −−→
Logo, se v = OP e λ v = OQ , temos P = (α, β) e Q = (λα, λβ)
(Figura 2.5).
5
Unidade 2 Operações com vetores
Proposição 8 Um ponto P pertence à reta r que passa pelos pontos A e B se, e somente
se, para algum λ ∈ R:
−−→ −−→
AP = λ AB .
−−→
Demonstração Pela denição da multiplicação de λ ∈ R pelo vetor AB , o ponto P tal
−−→ −−→
que AP = λAB pertence à reta r.
d(A, P )
Reciprocamente, seja P um ponto pertencente à reta r e seja µ = .
d(A, B)
Exemplo 1 Sejam →
−
u = (3, −1) e →
−
v = (1, 2), determine
→
− 1−
(a) α = − u − v ; (b) β = −2→
→
− →
− →
− −
u +→ −
v ; (c) →
−
γ = →
u + 2→
−
v .
2
Solução. Temos
(a) →
−
α = −→−
u −→−v = −(3, −1) − (1, 2) = (−3, 1) + (−1, −2) = (−4, −1);
→
−
(b) β = −2→
−
u +→
−
v = −2(3, −1) + (1, 2) = (−6, 2) + (1, 2) = (−5, 4);
1→ 1
3 1 9 11
(c) →
− − →
−
γ = u + 3 v = (3, −1) + 3(1, 2) = , − + (3, 6) = , .
2 2 2 2 2 2
6
Operações com vetores no plano Unidade 2
− −v
→
2 u→
−
+v→
− −
→ +2
1 u
2
2
→
−
v
1
− →
→ −
v →
− 3 X
−u − u
−1
1 1 Exemplo 2
Sejam A = (−1, 0), B = (0, 1), C = (1, 2), D = − , . Verique que
2 2
os quatro pontos pertencem a uma reta r.
Solução. Basta determinar λ, µ ∈ R Y
−−→ −−→ −−→ −−→
tais que AC = λ AB e AD = µ AB .
Q
Escrevendo essas identidades em coorde-
nadas, temos:
C
−−→ −−→
AC = λAB ⇐⇒
B
(1 − (−1), 2 − 0) = λ(0 − (−1), 1 − 0) D
⇐⇒ (2, 2) = λ(1, 1) ⇐⇒ λ = 2.
A O X
−−→ −−→
AD = µAB ⇐⇒
(− 12 − (−1), 12 − 0) = µ(0 − (−1), 1 − 0)
⇐⇒ ( 12 , 12 ) = µ(1, 1) ⇐⇒ µ = 12 . Figura 2.9: Reta r contendo A, B , C e D
7
Unidade 2 Propriedades das operações com vetores
2
1
y − a2 = (b2 − a2 )
2
1
⇐⇒ x = a1 + (b1 − a1 ) e y M
2 b1
1 a1
y = a2 + (b2 − a2 ) x X
2
1
⇐⇒ x = (a1 + b1 ) e
2
1 b2 B
y = (a2 + b2 ).
2
Portanto,
o ponto médio
do segmento AB Figura 2.10: Ponto médio de AB
a1 + b1 a2 + b2
éM= , .
2 2
+ Para Saber Mais - Vericação das propriedades da adição. - Clique para ler
8
Operações com vetores no plano Unidade 2
→
− Observação 9
(a) 0 = (0, 0) são as coordenadas do vetor nulo.
−−→ − −−→ − → −−→ −−→
(b) Se →
−
u = AB , →
v = AC e →
u +−
v = AD , então →
−
v −→
−
u = BC e os
segmentos BC e AD se cortam ao meio.
Verique que os pontos médios dos lados de um quadrilátero no plano são Exemplo 4
os vértices de um paralelogramo.
Solução. Seja ABCD um quadrilátero B
(Figura 2.11) e sejam X , Y , Z e
W os pontos médios dos lados AB ,
BC , CD e DA, respectivamente.
X
Sabendo que XY ZW é um pa-
ralelogramo se, e só se, XY ≡ W Z , Y
−−→ −−−→ D
basta vericar que XY = W Z .
W
Pelo Exemplo 3:
−−→ −−→ 1 −−→ A
AX = XB = AB ; Z
2
−−→ −−→ 1 −−→
BY = Y C = BC ;
2 C
−−→ −−→ 1 −−→ −−−→ −−−→ 1 −−→
DZ = ZC = DC ; e AW = FiguraW2.11:
D Exemplo
= AD 4 .
2 2
Logo,
9
Unidade 2 Propriedades das operações com vetores
10
Operações com vetores no plano Unidade 2
−−0−→ 1 −−
→ −−−→ −−→
P G0 = P 0A + P 0B + P 0C
3
1 −− 0
→ −−→ −− 0
→ −−→ −−0
→ −−→
= P P + PA + P P + PB + P P + PC
3
1 −− → −−→ −−→ −−→
= 3P 0 P + P A + P B + P C
3
−−0
→ 1 −−→ −−→ −−→
= PP + PA + PB + PC
3
−−→ −−→ −−→
= P 0P + P G = P 0G ,
isto é, G = G0 .
11
Unidade 2 Combinação linear de vetores
→
− −−→ −−→ −−→
0 = GA + GB + GC
−−→ −−→
= GA + GD B
−−→ −−→
= GA + 2GX . D
Da mesma forma se verica que B , Z
X
G e Y são colineares e que C , G e G
Z são colineares. Portanto, G é o A C
Y
baricentro do triângulo ABC .
Figura 2.14: G, A e X são colineares
(b) O vetor →
−
v é combinação linear dos vetores −
v→ −
→ −→
1 , v2 , . . ., vn quando
existem números reais λ1 , λ2 , . . ., λn , tais que
→
−
v = λ1 − v→ −
→ −→
1 + λ2 v2 + · · · + λn vn .
Observação 11 →
− →
−
1. O vetor nulo 0 é múltiplo de qualquer vetor →
−
u , uma vez que 0 = 0→
−
u.
→
− →
−
2. Um vetor não nulo não é múltiplo do vetor nulo, pois λ 0 = 0 , ∀ λ ∈ R.
→
−
3. Se →
−
v 6= 0 é múltiplo de →
−
u , então →
−
u é também múltiplo de →
−
v . De fato, se
→
− →
− 1−
λ ∈ R é tal que →
−
v = λ→
−
u 6= 0 , temos λ 6= 0 e →
− 6 0 . Logo, →
u = u = →
− v .
λ
4. O vetor → 1 , v2 , . . . , vn quando é soma
−
v é combinação linear dos vetores − v→ −
→ −→
de múltiplos desses vetores. Assim, o item (b) na Denição 10 generaliza o
item (a).
−−→
5. Se A, B e C são pontos distintos do plano, então →
−
v = AC é múltiplo de
→
− −−→
u = AB se, e somente se, A, B e C são colineares.
12
Operações com vetores no plano Unidade 2
O vetor →
−
u = (1, 0) não é múltiplo de → −
v = (1, 1) e é múltiplo do vetor Exemplo 6
−
→
w = (3, 0).
Solução. Se → −
u fosse múltiplo de →
−
v , existiria λ ∈ R tal que →
−
u = λv , ou seja,
(1, 0) = λ(1, 1) = (λ, λ). Então, λ = 1 e λ = 0, absurdo. Portanto, → −u não é
→
−
múltiplo de v .
Por outro lado, escrevendo →
−
u = λ−
→, temos (1, 0) = λ(3, 0) se, e só se,
w
1 − 1−
1 = 3λ, ou seja, λ = e → u = →.
w
3 3
Um dos vetores →
−
u = (a, →
−
b) e v 0=
(a , b ) é múltiplo do outro se, e só se,
0 0
Proposição 12
a b a a 0 0
a0 b0 = b b0 = ab − ba = 0 .
(=⇒) Se →
−
v = λ→
−
u para algum λ ∈ R, temos: Demonstração
(a0 , b0 ) = λ(a, b) = (λa, λb) =⇒ a0 = λa e b0 = λb.
Logo, ab0 − ba0 = a(λb) − b(λa) = 0.
(⇐=) Suponhamos que ab0 − ba0 = 0. Consideremos separadamente os
casos a 6= 0 e a = 0.
a0
Caso a 6= 0: ab0 − ba0 = 0 =⇒ b0 = b . Logo:
0 a
a0 →
− a0 a a0
u = (a, b) = a, b = (a0 , b0 ) = →
−
v .
a a a a
Caso a= 0: ba0 = 0 =⇒ b = 0 ou a0 = 0. Logo:
b = 0 =⇒ →
− →
−
u = (0, 0) = 0 =⇒ →
−
u = 0→
−
v .
0 b0 −
a0 = 0 e b 6= 0 =⇒ (0, b0 ) = b (0, b) =⇒ →
−
v = → u.
b b
Em qualquer caso, um dos vetores é múltiplo do outro.
Os vetores →
−
u = (1, →
−
2) e v = (3, 6) são múltiplos um do outro? Exemplo 7
Solução. Como 13 26 = 6 − 6 = 0, um vetor é múltiplo do outro. Note que
→
−
v = 3→−
u.
13
Unidade 2 Combinação linear de vetores
Demonstração Sejam →
−
u = (a, b) e →
−
v = (a0 , b0 ). Dado o vetor −
→ = (a00 , b00 ), determinemos
w
λ, µ ∈ R tais que
−
→ = λ→
w −
u + µ→−v . Y
Em coordenadas, essa condição é
→
−
v
(a00 , b00 ) = λ(a, b) + µ(a0 , b0 )
= (λa + µa0 , λb + µb0 ). µ→
−
v
→
−
Ou seja, os números λ e µ devem ser →
−u +
µv
→
− =λ
solução do ( sistema: w
λa + µa0 = a00 O X
→
−
u
λb + µb0 = b00 . λ→
−
u
A solução desse sistema é única, pois
ab − ba0 6= 0 (Proposição 12).
0
Figura 2.15: w
~ = λ~
u + µ~v
Para Saber Mais O plano é um espaço de dimensão 2 (bidimensional). Isso signica que são
sucientes dois parâmetros (como λ e µ) para determinar todos os vetores (pon-
tos) do plano uma vez conhecidos dois vetores →
−
u e→ −
v que não sejam múltiplos
um do outro. Os parâmetros λ e µ podem ser pensados como coordenadas em
relação aos vetores →
−
u e→−v .
→
− →
−
Vetores como u e v que não são múltiplos um do outro são denominados,
na terminologia da Álgebra Linear, linearmente independentes.
Exemplo 8 Verique que qualquer vetor do plano se escreve como combinação linear
dos vetores →
−
u = (2, −1) e →
−
v = (−3, 2). Escreva o vetor −w→ = (1, 1) como
combinação linear de →
−
u e→−
v .
Solução. Os vetores u e →
→
− −
v não são múltiplos um do outro, pois
2 −1
= 4 − 3 = 1 6= 0.
−3 2
14
Operações com vetores no plano Unidade 2
Sendo assim, qualquer vetor do plano se escreve de forma única como com-
binação linear de →
−u e→−
v .
Determinemos λ, µ ∈ R tais que:
−
→ = λ→
w −
u + µ→ −
v .
Em coordenadas, essa equação se escreve na forma:
(1, 1) = λ(2, −1) + µ(−3, 2) = (2λ − 3µ, −λ + 2µ),
ou seja,
2λ − 3µ = 1
−λ + 2µ = 1 .
15
Unidade 2 Produto interno, definição
−−→
(c) Se P = (x, y) é o ponto tal que →
−
v = OP , então:
k→
− p
v k = d(O, P ) = x2 + y 2 .
−−→
Exemplo 9 Dados A = (−1, 2) e B = (4, 1), determinar a norma do vetor →
−
v = AB .
Solução. Temos p √
k→
− p
v k = (4 − (−1))2 + (1 − 2)2 = 52 + (−1)2 = 26.
(b) Se →
−
v é um vetor e λ ∈ R, então kλ→
−
v k = |λ| k→
−
v k.
De fato, se →
−
v = (x, y), temos λ→
−
v = (λx, λy) e, portanto,
√ p
kλ→
−
v k = (λx)2 + (λy)2 = λ2 (x2 + y 2 ) = λ2 x2 + y 2 = |λ| k→
−
p p
v k.
1 v →
−
e como →
− > 0, os vetores →
−
v e →
− têm o mesmo sentido.
kv k kv k
→
−
v
(e) Se →
−
v 6= 0, o vetor − é também unitário e tem a mesma direção que
k→
−
v k
→
−
v , mas não o mesmo sentido.
16
Operações com vetores no plano Unidade 2
Sejam →
−
u e→ −
v vetores não nulos no plano. Denimos o ângulo entre →
−u Definição 17
→
−
e v como sendo o menor ângulo entre os segmentos AB e AC representantes
de →
−
u e→ −
v , respectivamente. Designamos θ = ∠(→ −
u ,→
−
v ) a medida do ângulo
→
− →
−
entre u e v .
C
→
−
v →
−
v →
− →
−
λµ > 0 v v λµ > 0
θ = ∠(→
−
u ,→
−
v ) µ→
−
v
A θ θ
→
− λ→
−
u →
−
→
− u u
→
− u B θ
u λ→
−
u µ→
−
v
B
→
−
v →
−
v
→
−
u λµ < 0 λµ < 0
→
−
u µ→
−
v
θ = ∠(→
−
u ,→
−
v ) θ θ
π−θ λu→
−
→
−
u →
−
u
A
→
−
v →
− π−θ
v λ→
−
u µ→
−
v
C
Figura 2.16: Ângulo entre dois vetores Figura 2.17: Observação 18 (c)
17
Unidade 2 Produto interno, definição
Observação 20
(a) Da comutatividade da multipicação de números reais e da Observação 18,
concluímos que o produto interno é comutativo, isto é:
h→
−
u ,→
−
v i = h→
−v ,→
−
u i,
para todos os vetores →
−
u e→−
v do plano.
→
− →
−
(b) Se →
−
u 6= 0 e →
−
v 6= 0 temos, pela Observação 18:
→
−
u →
−
v
θ = ∠(→
−
u ,→
−
v )=∠ , ,
k→
−
u k k→
−
v k
logo,
→
−
u →
−v
→
−u
→
−v
→
−u →
−
v
h →
− , →
− i=
→
−
→−
cos θ = cos θ =⇒ θ = arccos h → , i.
k u k k−
− →
ku k k v k
ku k
kv k
v k
Proposição 21 Sejam →
−
u = (a, b) e →
−
v = (α, β) dois vetores no plano. Então,
h→
−
u ,→
−
v i = aα + bβ. (2.3)
18
Operações com vetores no plano Unidade 2
−−→ − −−→
Sejam →−
u = OP e → v = OQ Y
vetores não nulos, com P = (a, b) Q β
e Q = (α, β). v→
−
− u→
−
Então (Figura 2.18),
−−→ −−→ −−→
P Q = OQ − OP b P
= →−
v −→ −
u
= (α − a, β − b). →
−
v
→
−
Seja θ = ∠(→
−
u ,→−
v ). u
A proposição anterior nos permite medir o ângulo entre dois vetores sabendo
apenas suas coordenadas.
Além disso, usando coordenadas vericamos diversas propriedades do pro-
duto interno:
Sejam →
−
u,→
−
v e−
→ vetores arbitrários do plano e λ ∈ R. Então:
w Proposição 22
(a) h→
−
u ,→
−
u i = k→
−
u k2 ≥ 0. (e) h→
−
u , λ→
−
v i = λh→
−
u ,→
−
v i;
→
−
(b) h→
−
u ,→
−
u i = 0 ⇐⇒ →
−
u =0 ;
(f) h→
−
u +−
→, →
w −
v i = h→
−
u ,→
−
v i + h−
→, →
w −
v i;
(c) h→
−
u ,→
−
v i = h→
−
v ,→
−
u i;
(d) hλ→
−
u ,→
−
v i = λh→
−
u ,→
−
v i; (g) h→
−
u ,→
−
v +−
→i = h→
w −
u ,→
−
v i + h→
−
u ,−
→ i.
w
19
Unidade 2 Produto interno, definição
k→
−
u +→
−
v k ≤ k→
−
u k + k→
−
v k, (2.5)
k→
−
u +→ −
v−
v k2
k u→
= h→
−u +→ −
v ,→
−
u +→ −
−
v i
= h u , u i + h u , v i + h→
→
− →
− →
− →
− −
v ,→
−u i + h→−
v ,→
−
v i
→
− 2 →
− →
− →
−
= k u k + 2h u , v i + k v k 2
≤ k→−
u k2 + 2k→ −
u k k→−
v k + k→
−v k2 Figura 2.19: Desigualdade triangular
→
− →
−
= (k u k + k v k) .
2
20
Operações com vetores no plano Unidade 2
O vetor →−
u é perpendicular (ou ortogonal) ao vetor →
−
v , e escrevemos Definição 25
→
− →
− →
− →
− →
− →
− →
− →
−
u ⊥ v , se u = 0 ou v = 0 ou ∠( u , v ) = 90 .
◦
Os vetores →
−
u e→−
v são ortonormais quando são unitários e ortogonais .
Note que →−
u é perpendicular a →
−
v se, e somente se, →
−
v é perpendicular a →
−
u.
A seguinte proposição é um critério para a perpendicularidade em termos
do produto interno.
Dois vetores são perpendiculares se, e só se, o seu produto interno é zero: Proposição 26
→
−
u ⊥→ −
v ⇐⇒ h→ −u ,→
−
v i=0
→
− →
−
Se →
−
u = 0 ou → −
v = 0 , então →−
u ⊥→ −
v e, também, h→
−
u ,→
−
v i = 0. Demonstração
→
− →
− → − →
− →
− →
−
Sejam u 6= 0 , v 6= 0 , e θ = ∠( u , v ), então:
h→
−
u ,→
−
v i = k→
−
u k k→
−
v k cos θ = 0 ⇐⇒ cos θ = 0 ⇐⇒ θ = 90◦ .
Se →
−
u = (a, b) é um vetor não nulo, então, Proposição 27
→
−
v ⊥→ −
u ⇐⇒ → −
v = λ(−b, a), para algum λ ∈ R.
Reciprocamente, se → −
v = (c, d)
é um vetor tal que h u , →
→
− −
v i = 0, →
−
u
então ac + bd = 0, isto é, λa
c d
ca − d(−b) = = 0. λ→
−
u
−b a
Logo, pela Proposição 12, (c, d)
−λb a X
é múltiplo de (−b, a), ou seja, existe
λ ∈ R tal que Figura 2.20: Perpendicularidade em coordenadas
→
−v = (c, d) = λ(−b, a).
21
Unidade 2 Produto interno, definição
Para Saber Mais Medir o ângulo entre dois vetores do plano é equivalente a determinar
o seu cosseno, pois o ângulo, quando medido em radianos, é um número do
intervalo [0, π] e o cosseno restrito a esse intervalo é uma função injetora.
−−→ −−→
Exemplo 14 Calcule o cosseno do ângulo θ = ∠(AB , AC ), sabendo que A = (−2, 3),
B = (0, 1) e C = (4, 2).
−−→ −−→
Solução. Sendo AB = B − A = (2, −2) e AC = C − A = (6, −1), temos:
−−→ √ −−→ √
||AB || = 2 2, ||AC || = 37, Y
e A 3
−−→ −−→
hAB , AC i = 2 · 6 − 2 · (−1) = 14. θ
2 C
Logo,
−−→ −−→ −−→ −−→ 1B
hAB , AC i = kAB k kAC k cos θ
√ √
14 = 2 2 37 cos θ.
−2 4 X
7
Portanto, cos θ = √ .
74 Figura 2.21: Exemplo 14
22
Operações com vetores no plano Unidade 2
−−→ − −−→ → −
Sejam →−
u = AB e → v = AC 6= 0 vetores representados por segmentos Definição 29
orientados com a mesma origem. Seja B 0 o pé da perpendicular baixada do
ponto B sobre a reta que contém os pontos A e C . A projeção do vetor →
−
u
→
− →
− −− →
na direção do vetor v é o vetor Proj−→v u = AB
0
para algum λ ∈ R.
Sendo o vetor →
−
u
−−0−→ −−→ −−→
B B = AB − AB 0 = → −
u − λ→
−
v
→
− −−→ B0
perpendicular ao vetor v = AC (Figura
C
2.22), temos: →
−
v
(→
−u − λ→−
v )⊥→ −
v
−−−→ →
−
→
− →
− →
−
⇐⇒ h u − λ v , v i = 0 A AB 0 = Proj→
v u
−
⇐⇒ h→
−u ,→
−
v i − λh→−
v ,→
−
v i=0 Figura 2.22: Projeção de ~u na direção de ~v
h→
−
u ,→−
v i
⇐⇒ λ = →− .
k v k2
Temos, portanto, a seguinte proposição que caracteriza a projeção em ter-
mos do produto interno.
A projeção do vetor →−
u na direção do vetor → −
v 6= 0 é dada por: Proposição 30
h→
−u , →
−
v i
Proj− →
− →
−
v .
v u =
→
k→
−
v k2
Em particular, se o vetor →
−
v é unitário, temos:
→
− →
− → − →
→ u = hu , v i v .
Proj− −
v
23
Unidade 2 Produto interno, definição
Observação 31 Sejam →
−
v e− → vetores LI do plano (em particular são vetores não nulos).
w
Sabemos que para cada vetor →
−
u existem únicos números reais λ e µ tais que:
→
−
u = λ→ −
v + µ−→.
w
Quando os vetores →
−
v e− → são
w
perpendiculares, os números λ e
Proj→ −
→
µ são: v w
−
h→
−
u ,→−
v i h→
−
u ,−
→i
w
λ= →
− e µ= → k2 , →
−
k v k2 k−
w v
e quando →
−
v e−w→ são ortonormais,
−
→
w
os números λ e µ são:
λ = h→
−
u ,→
−v i e µ = h→ −u ,−
→i.
w
Isto é, →
−
u é a soma de suas pro-
jeções nas direções de →
−
v e−w→:
−
→ →
−
u
→
−
u = Proj− →
− →
− u w
Proj→
−
v u + Proj−
→ →u .
w
h→
−
u ,→
−
v i = hλ→
−
v + µ−
→, →
w −
v i = λh→
−
v ,→
−
v i + µh−
→, →
w −
v i = λ k→
−
v k2 .
onde −
→ é um vetor unitário ortogonal a →
w −
v .
Demonstração Seja −
→ um vetor unitário ortogonal a →
w −v .
π
Seja u1 um vetor unitário tal que ∠(u1 , →
−→ −→ −
v ) = θ. Então ∠(−
u→ −
→
1 ,w ) = −θ
2
e, pela Observação 31, temos
24
Operações com vetores no plano Unidade 2
−
u→ = h−
u→ →
− →− −→ −→− →
1 1 , v i v + hu1 , w iw π
= k−
u→ →
− →
− −→ − → −θ −→
1 k k v k cos θ v + ku1 k kw k cos w
2
π −
= cos θ →
− →
v + cos θ − w
2
= cos θ →
−
v + sen θ −→.
w
−
→
w
Proj− −→
→ u1
w
−
u→
1
Pro j v
→
−
θ −
u1
→ Pro j v →
−
v
θ
→
− u2
−→
−
u→
2
Proj− −→
→ u2
w
−−
→
w
O vetor −
u→ →
− −
→ −
→
2 = cos θ v − sen θ w se obtem substituíndo w pelo vetor −w ,
−
→
que é o outro vetor unitário e ortogonal a →
−
v , no cálculo acima (Figura 2.24).
Sejam →−
v um vetor não nulo e θ ∈ (0, π). Seja − → um vetor ortogonal a
w Corolário 33
→
−
v . Então, os vetores unitários que fazem ângulo θ com →
−
v são:
→
−
v −
→
w
−
u→ = cos θ + sen θ
1 →
−
kv k −
→ kw k
→
−
v −
→
w
−
u→ = cos θ → − sen θ
2 −
kv k →k .
k−
w
25
Unidade 2 Produto interno, definição
−
u→ = cos θ (a, b) + sen θ (−b, a)
1
(b) Tomando −
→ de igual comprimento que →
w −
v no Corolário 33, obtemos, mul-
−→
tiplicando por λ = k→−
v k as expressões de −
u→ −→ −→
1 e u2 , vetores u1 = λu1 e
0
−→
u02 = λ−u→ →
− →
−
2 de igual comprimento que v e que fazem ângulo θ com v .
Para Saber Mais Na linguagem matricial da Álgebra Linear, as expressões (2.6) e (2.7) são:
! !
−→ cos θ − sen θ a
u1 =
sen θ cos θ b
! ! ! !
− cos θ sen θ a cos(−θ) − sen(−θ) a
u→
2 = = .
− sen θ cos θ b sen(−θ) cos(−θ) b
Isto é, os vetores −u→ −→ →
−
1 e u2 se obtêm do vetor v por rotações de θ e
−θ, respectivamente. Além disso, como indicado na Observação 34 (b), se → −v
−→ −
→
não é unitário, os vetores u1 e u2 , obtidos nessas expressões, têm o mesmo
comprimento que o vetor → −
v .
26
Operações com vetores no plano Unidade 2
−
→
→u
θ
Área P = |AB| |AC| sen θ. A →
−
u C
E
Usando a linguagem vetorial e o Figura 2.25: Cálculo da área do paralelogramo ABDC
produto interno, vamos obter uma
expressão muito simples para o cálculo da área do paralelogramo P .
−−→ → −−→
Se →−
u = AC e − w = AB , temos θ = ∠→ −
u ,−→ e,
w
Área P = k→ −
u k k−
→k sen θ.
w
Sendo que sen2 θ = 1 − cos2 θ, temos:
( Área P)2 = (k→ −
u k k−
→k sen θ)2
w
= k→
−
u k2 k−
→k2 sen2 θ
w
= k→
−
u k2 k−
→k2 (1 − cos2 θ)
w
= k→
−
u k2 k−
→k2 − k→
w −
u k2 k−
→k2 cos2 θ
w
= k→
−
u k2 k−
→k2 − (k→
w −
u k k−
→k cos θ)2
w
= k→
−
u k2 k−
→k2 − h→
w −
u ,−
→i2 .
w
Portanto, q
Área P = k→
−
u k2 k−
→k2 − h→
w −
u ,−
→ i2
w
Observe, também, que:
27
Unidade 2 Área de paralelogramos e triângulos
→− 2 →
− −
→
ku k h u , w i
(Área P)2 →
− 2 −→ 2 →
− −→ 2
= k u k kw k − h u , w i =
h→
−
u ,−
→i k−
w →k2
w
→− →
− →
− −
→
h u , u i h u , w i
=
.
→
− −
→ −→ −
→
h u , w i hw , w i
Se →
−
u = (α, β) e −→ = (α0 , β 0 ) em relação a um sistema de eixos ortogonais
w
OXY , temos
k→
−
u k2 = α 2 + β 2 , k−
→k2 = (α0 )2 + (β 0 )2 e h→
w −u ,−
→i = αα0 + ββ 0 ,
w
Logo,
(Área P)2 = (α2 + β 2 )((α0 )2 + (β 0 )2 ) − (αα0 + ββ 0 )2
= α2 (α0 )2 + α2 (β 0 )2 + β 2 (α0 )2 + β 2 (β 0 )2
= α2 (β 0 )2 + β 2 (α0 )2 − 2αα0 ββ 0
28
Operações com vetores no plano Unidade 2
Determine a área do paralelogramo ABDC , onde A = (1, 2), B = (3, 1), Exemplo 17
C = (4, 1) e D = (−2, 3).
−−→ −−→
Solução. Como AB = (2, −1) e AC = (3, −1), temos:
!
2 −1
Área (ABDC) = det = |−2 + 3| = 1 .
3 −1
Área de um triângulo
Usando o cálculo da área do pa-
B D
ralelogramo, calculemos agora a área
→
−
→
→u
w
→ −Proj−
w
B e C.
Como o paralelogramo ABDC
−
w
temos: −−→!
AB
Área (ABDC) = 2 Área (4ABC) = det −−→ ,
AC
−−→ !
AB −−→ −−→
onde −−→ representa a matriz cujas las são as coordenadas de AB e AC ,
AC
respectivamente. Portanto, −−→!
1
AB
Área (4ABC) = det −−→ .
2 AC
Calcule a área do triângulo de vértices A = (4, 2), B = (6, 1) e C = (3, 2). Exemplo 18
−−→ −−→
Solução. Temos que AB = (2, −1) e AC =! (−1, 0). Logo,
1
2 −1 1 1
Área (4ABC) = det = | − 1| = ,
2 −1 0 2 2
é a área procurada.
29
Unidade 2 Área de paralelogramos e triângulos
!
1
2 n 1
Área (4ABC) = det = |−2 − n(n − 2)|
2 n − 2 −1 2
1 1
= |−2 − n2 + 2n| = |n2 − 2n + 2| .
2 2
Assim,
1
Área (4ABC) = ⇐⇒ |n2 − 2n + 2| = 1
2
⇐⇒ n2 − 2n + 2 = ±1.
• Tomando o sinal positivo, obtemos:
n2 − 2n + 2 = 1 ⇐⇒ n2 − 2n + 1 = 0 ⇐⇒ (n − 1)2 = 0 .
Logo n = 1 é uma solução.
• Tomando o sinal negativo, obtemos a equação n2 − 2n + 3 = 0 que, por ter
discriminante ∆ = (−2)2 − 4(1)(3) < 0, não possui raízes reais.
Exercícios
1. Use o GeoGebra para localizar os pontos A = (−2, 2), B = (1, 1), C =
(1, 3), D = (3, 4), E = (3, 2), F = (6, 1), G = (3, 1), H = (1, 0) e efetue
os seguintes cálculos em coordenadas, visualizando gracamente:
−−→ −−→ −−→ −−→ −−→ −−→ −−→
(a) AB + BC + CD ; (c) EF + F G + GH + HE ;
−−→ −−→ −−→ −−→ −−→ −−→
(b) 2(BC − EC ) + 3EF ; (d) CF − (3AD + DC )
30
Operações com vetores no plano Unidade 2
31
Unidade 2 Área de paralelogramos e triângulos
P
A4 A3 P A2
G
G
A1
A5
A6 A4
32
Operações com vetores no plano Unidade 2
(a) →
−
u = (1, 1) , →
−
v = (1, 2) e −
→ = (5, 6);
w
(b) →
−
u = (2, 0) , →
−
v = (2, 2) e −
→ = (0, 1);
w
(c) →
−
u = (−2, 1) , →
−
v = (1, 2) e −
→ = (2, 2);
w
(d) →
−
u = (−1, 1) , →
−
v = (1, 1) e −
→ = (0, 2);
w
(e) →
−
u = (1, 1) , →
−
v = (1, −1) e −
→ = (2, 3);
w
19. Usando vetores, normas e produto interno, prove que a soma dos quadrados
dos comprimentos das diagonais de um paralelogramo é o dobro da soma
dos quadrados dos comprimentos dos lados. Isto é, vale a lei do paralelo-
gramo:
k→
−
u +→
−
v k2 + k→
−
u −→
−
v k2 = 2k→
−
u k2 + 2k→
−
v k2 .
Obtenha o teorema de Pitágoras aplicando a lei do paralelogramo num qua-
drado.
20. Mostre que a desigualdade triangular (Proposição 24) é uma identidade se,
e somente se um dos vetores →
−
u ou →
−
v é nulo ou são múltiplos positivos um
do outro.
33
Unidade 2 Área de paralelogramos e triângulos
22. (a) Determine os vértices dos quatro quadrados que têm vértice comum na
origem A = (0, 0), sabendo que B = (2, 3) é vértice de um dos quadrados.
(a) Determine os vértices dos quatro quadrados que têm vértice comum no
ponto A = (1, 2), sabendo que B = (2, 3) é vértice de um dos quadrados.
23. Sejam →
−
u = (1, 3), →
−
v = (−1, 2) e −
→ = (6, −2).
w
(a) Determine a projeção do vetor →
−
u na direçao dos vetores →
−
v e−
→.
w
(b) Determine o vetor unitário que bissecta o ângulo ∠(→
−
u−→).
w
(c) Determine os vetores unitários que trisectam o ângulo ∠(→
−
u ,−
→ ).
w
26. Sejam A = (1, 1), B = (0, 3) e C = (2, 4). Determine o vetor de altura
−−→ −−→ −−→
HC = AC − Proj− −→ AC em relação ao lado AB do triângulo 4ABC
AB
e calcule sua área.
34
Operações com vetores no plano Unidade 2
→
− →
−
v
u
−u
→ →
− −v
→
→
−
v −v +
→ u −u +
→
−v =
→
+
→
−v +
−u
→ →
− −
→
v w
−
→
( u→
−
w
+ v→
−
−
→
)+w
→
− u→
−
+ ( v→
−
(a) u −
→
+w
) (b)
Figura 2.28: (a) Comutatividade da adição (b) Associatividade da adição
→
− −−→
O vetor nulo 0 é representado por AA qualquer que seja o ponto A do
plano e o simétrico −→
−
v de um vetor →
−
v é representado pelo mesmo segmento
→
−
que v porém, com a orientação oposta.
35
Unidade 2 Textos Complementares
Figura 2.30: Vector Analysis (rosto) Figura 2.31: Vector Analysis, página 54
36