Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
APRENDIZAGEM ESSENCIAL
Investigar, experimentalmente, os fenómenos de reflexão, refração, reflexão total e difração da luz,
determinando o índice de refração de um meio e o comprimento de onda da luz num laser.
SUGESTÕES METODOLÓGICAS
O feixe luminoso tem que incidir por uma face de topo, pois se incidir através das faces paralelas não
se observará a reflexão total. Em alternativa, poderá utilizar-se um prisma ou, idealmente, um
semicírculo.
A atividade deve ser realizada com a sala escurecida, no caso de se utilizar o laser ou fonte pontual de
luz.
Sugere-se que se alerte os alunos para os perigos inerentes à utilização de um laser. É obrigatório o
uso de óculos de proteção.
Para garantir a segurança dos alunos a potência do laser utilizado não deve ser superior a 1 mW,
embora um laser de 5 mW não apresente qualquer risco se não se olhar diretamente para o feixe de
luz. A acuidade visual depende do comprimento de onda da radiação emitida pelo laser: No verde a
sensibilidade é cerca de cinco vezes maior do que no vermelho e, no vermelho, é bastante mais visível
um feixe de 630 nm do que 670 nm.
QUESTÕES PRÉ-LABORATORIAIS
Para melhor se compreender a atividade convém fazer uma análise prévia à situação dando resposta a
um conjunto de questões pré-laboratoriais.
1. Que fenómenos podem ocorrer quando a luz incide numa superfície que separa dois meios com
propriedades óticas distintas?
1
© Areal Editores
DOSSIÊ DO PROFESSOR – RUMO À FÍSICA 11
EXPLORAÇÃO DAS ATIVIDADES LABORATORIAIS
sen α i n
=constante= 2
sen α R n1
Para analisar estes fenómenos pode utilizar-se uma caixa de raios ou laser como fonte de luz,
um espelho plano, uma lâmina de faces paralelas ou semicírculo transparente e um disco
graduado. Fazendo incidir a radiação sobre as superfícies referidas com diferentes ângulos de
incidência observam-se os fenómenos anteriormente descritos e a medição dos ângulos com o
disco graduado permite verificar experimentalmente as leis atrás enunciadas.
De acordo com a expressão anterior, a razão entre os senos dos ângulos de incidência e de
refração corresponde ao quociente entre os índices de refração dos dois meios. Assim,
determinando o ângulo de refração para vários ângulos de incidência é possível determinar os
respetivos senos e traçar o gráfico do seno do ângulo de refração em função do respetivo seno
do ângulo de incidência. Se o ar for o meio onde a radiação incidente se propaga, cujo índice de
refração é 1,000, o declive da reta de ajuste ao conjunto dos pontos experimentais no referido
gráfico corresponde ao inverso do índice de refração do meio:
sen α R 1,000 1,000
=declive= ⇒ nmeio =
sen α i n meio declive
Se uma radiação que se desloca num meio incidir na superfície que o separa de outro meio com
índice de refração inferior verifica-se que existe um ângulo limite a partir do qual nenhuma
radiação é refratada observando-se, assim, o fenómeno da reflexão total da luz. É nesse
fenómeno que se baseia o funcionamento das fibras óticas. O referido ângulo limite (ou crítico)
pode ser obtido a partir da expressão da lei de Snell-Descartes:
Para verificar experimentalmente este fenómeno, pode fazer-se incidir um feixe de luz numa
lâmina transparente de secção semicircular e aumentar lentamente a amplitude do ângulo de
incidência até se verificar que a amplitude do ângulo de refração na face reta da lâmina é de 90°.
O ângulo de incidência nesta situação corresponde ao ângulo limite. Continuando a aumentar o
ângulo de incidência verifica-se que, na face reta da lâmina, apenas o fenómeno de reflexão
permanece.
A difração é um fenómeno que permite que uma onda atravesse fendas ou contorne obstácu-
los, sendo mais notória ou apreciável quando estes apresentam dimensões da mesma ordem de
grandeza do comprimento de onda que, para a luz visível, é da ordem de grandeza 10 − 6 m.
A difração é explicada pelo princípio de Huygens segundo o qual quando os pontos de uma
fenda ou de um obstáculo são atingidos pela frente de onda, estes tornam-se fontes de onda
secundárias que mudam a direção de propagação da onda principal.
Considerando que uma radiação monocromática de uma fonte simples distante atravessa uma fenda
estreita e é, posteriormente, intercetada por um alvo, a imagem apresentada no alvo é formada por um
2
© Areal Editores
DOSSIÊ DO PROFESSOR – RUMO À FÍSICA 11
EXPLORAÇÃO DAS ATIVIDADES LABORATORIAIS
máximo central largo e intenso, e uma série de máximos mais estreitos e menos intensos dos dois
lados do máximo central, designados por máximos secundários. Para um dado comprimento de onda,
a largura do máximo central varia inversamente com a largura da fenda. Variando a distância entre o
obstáculo e o alvo, alterando a largura da fenda ou o número de fendas, as dimensões do padrão
apresentado no alvo variam. Uma rede de difração é um conjunto elevado de linhas ou fendas
paralelas, todas com a mesma largura, ℓ, e com a mesma distância, d, entre duas linhas consecutivas.
Para estas redes, a imagem no alvo apresentará também um máximo central e vários pontos
adjacentes à esquerda e à direita, considerados máximos de 1.ª, 2.ª, … n. a ordem. Mantendo fixa
a distância entre o alvo e a rede de difração, para cada um desses máximos pode aplicar-se a
expressão: n = d sen . Assim, determinando a distância d entre as linhas da rede de difração
e o ângulo formado pela direção do feixe do laser e a direção da reta que passa pela rede de
difração e pela posição de um dos máximos, é possível determinar o comprimento de onda da
luz num laser aplicando a expressão anterior.
PARTE I
A. REGISTO DE DADOS
Exemplos de valores obtidos na realização da atividade.
TABELA I – Registos da atividade.
Reflexão
Ensaio i/ ° ± 0,5° i / ° ± 0,5°
1 25,0 25,0
2 35,0 35,5
3 45,0 45,5
Refração
Ensaio i / ° ± 0,5° R / ° ± 0,5°
1 5,0 4,0
2 18,0 14,0
3 30,0 24,0
4 52,0 33,0
5 58,0 37,0
3
© Areal Editores
DOSSIÊ DO PROFESSOR – RUMO À FÍSICA 11
EXPLORAÇÃO DAS ATIVIDADES LABORATORIAIS
Reflexão total
Ensaio i / ° ± 0,5° R
1 43,0 90°
2 44,0 90°
3 43,5 90°
B. TRATAMENTO DE RESULTADOS
1. Exemplo de tratamento de resultados para completar a tabela do registo das medidas da
atividade:
TABELA II – Registo de medidas.
Refração
Ensaio sen i sen R
1 0,087 0,070
2 0,309 0,242
3 0,500 0,407
4 0,788 0,545
5 0,848 0,602
2. Utilizando a calculadora gráfica ou uma folha de cálculo, trace o gráfico do seno do ângulo de
refração em função do seno do ângulo de incidência e determine a equação da reta que melhor
se ajusta ao conjunto de pontos experimentais.
Para realizar esta tarefa deve começar-se pela introdução, na calculadora gráfica ou na folha de
cálculo, dos valores do seno do ângulo de incidência e do respetivo seno do ângulo de refração,
em duas colunas distintas, depois construir-se o gráfico de dispersão com esses pontos e,
posteriormente, adicionar-se a reta de ajuste ao conjunto dos pontos experimentais.
3. A partir do declive da reta obtida, calcule o índice de refração do material que constitui a lâmina.
4
© Areal Editores
DOSSIÊ DO PROFESSOR – RUMO À FÍSICA 11
EXPLORAÇÃO DAS ATIVIDADES LABORATORIAIS
Sendo o ar o meio onde a radiação incidente se propaga, cujo índice de refração é 1,000, o
declive da reta de ajuste ao conjunto dos pontos experimentais no referido gráfico corresponde
ao inverso do índice de refração do meio:
4. Determine o erro relativo, em percentagem, associado ao valor obtido para o índice de refração
do material que constitui a lâmina.
O valor de referência para o material que constitui a lâmina é 1,49. Assim:
5. Apresente a medição do valor do ângulo limite em função do valor mais provável e da respetiva
incerteza relativa, em percentagem.
O ângulo de incidência para o qual ângulo de refração é 90º corresponde ao ângulo limite.
Então, o valor mais provável para o ângulo limite será:
Os valores absolutos dos desvios, |di |, de cada um dos valores do ângulo limite em relação ao
respetivo valor mais provável são:
A incerteza relativa (Ir), em percentagem, associada ao valor mais provável do ângulo limite será:
C. ANÁLISE DE RESULTADOS
5
© Areal Editores
DOSSIÊ DO PROFESSOR – RUMO À FÍSICA 11
EXPLORAÇÃO DAS ATIVIDADES LABORATORIAIS
A atividade experimental permitiu constatar que para existir reflexão interna total é necessário
que o meio incidente apresente um índice de refração superior ao do outro meio e qua para
ângulos de incidência superiores ao angulo limite existe sempre reflexão total. Para o material
utilizado foi possível determinar o ângulo limite 43,5 º com uma incerteza relativa percentual de
1 % e que apresenta um erro relativo percentual de:
Tendo possibilitado o cumprimento integral das aprendizagens previstas para a atividade pode
considerar-se adequado o procedimento realizado.
PARTE II
A. REGISTO DE DADOS
Exemplos de valores obtidos na realização da atividade.
TABELA II – Registos da atividade.
Difração
Ensaio D / cm ± 0,1 cm X / cm ± 0,1 cm
1 15,0 3,0
2 18,0 3,6
3 22,0 4,4
4 25,0 5,0
5 29,5 5,8
B. TRATAMENTO DE RESULTADOS
1. Utilizando a calculadora gráfica ou uma folha de cálculo, trace o gráfico da distância (X) entre o
máximo central e qualquer um dos máximos de 1.ª ordem em função da distância (D) entre a
rede de difração e o alvo.
6
© Areal Editores
DOSSIÊ DO PROFESSOR – RUMO À FÍSICA 11
EXPLORAÇÃO DAS ATIVIDADES LABORATORIAIS
Na medição das distâncias foram utilizados instrumentos com escalas analógicas, pelo que a
sua incerteza absoluta de leitura se considera metade do valor da divisão menor da escala. No
caso da régua a menor divisão da escala é 0,1 cm, pelo que a incerteza absoluta de leitura
associada será 0,05 cm. No entanto, pelo facto de uma das réguas estar marcada na calha não
permitindo uma elevada aproximação da escala à posição da rede de difração e da outra
medição com a régua estar associada a uma marcação prévia das posições dos máximos
central e de primeira ordem sem certeza da exatidão conseguida, talvez seja mais correto
estimar uma incerteza absoluta de leitura na casa dos 0,1 cm.
Para realizar esta tarefa deve começar-se pela introdução, na calculadora gráfica ou na folha de
cálculo, dos valores da distância (D) entre a rede de difração e o alvo e da respetiva distância (X)
entre o máximo central e qualquer um dos máximos de 1.ª ordem, em duas colunas distintas,
depois construir-se o gráfico de dispersão com esses pontos e, posteriormente, adicionar-se a
reta de ajuste ao conjunto dos pontos experimentais.
A reta de ajuste obtida para o conjunto dos pontos experimentais, atendendo às variáveis
independente e dependente presentes no gráfico, será X = 0,194 D = 0,108.
3. Considerando o número de linhas por milímetro indicado na rede de difração utilizada, calcule a
distância entre duas fendas consecutivas (d) em unidades do SI.
Uma vez que a rede de difração indica 300 fendas por mm a distância entre duas fendas
A luz do laser utilizado indica que o valor de referência para o seu comprimento de onda está
contido no intervalo 660 nm – 680 nm.
7
© Areal Editores
DOSSIÊ DO PROFESSOR – RUMO À FÍSICA 11
EXPLORAÇÃO DAS ATIVIDADES LABORATORIAIS
e
Pode dizer-se que o erro relativo percentual associado ao valor obtido estará entre os 3,8 % e os
6,6 %.
C. ANÁLISE DE RESULTADOS
Comunique ao professor os resultados obtidos, destacando, entre outros aspetos:
✓ a relação entre a abertura da fenda e a imagem observada num alvo;
✓ a relação entre o número de linhas da rede de difração com o padrão de difração obtido num
alvo;
✓ a qualidade da reta de ajuste ao conjunto de pontos experimentais;
✓ o erro relativo, em percentagem, associado ao valor obtido para o comprimento de onda da luz
do laser utilizado;
✓ a adequação dos procedimentos efetuados aos objetivos a alcançar nesta atividade.
A análise da imagem obtida com a fenda de abertura variável permite verificar que à medida que
diminuiu a largura da fenda, observa-se uma franja central (máximo central) mais larga e menos
nítida. Assim, para um mesmo comprimento de onda, a largura do máximo central varia
inversamente com a largura da fenda.
As várias redes de difração utilizadas permitiram constatar que à medida que aumenta o número
de fendas por unidade de comprimento, a distância de separação entre estas diminui, as franjas
principais ficam menos intensas, mais largas e espaçadas, diminuindo assim o número total de
franjas observadas. Isto acontece porque a distância entre os máximos principais depende da
distância de separação entre as fendas.
Se, por outro lado, o espaçamento entre as fendas for mantido constante, à medida que
aumenta o número de fendas, as franjas observadas tornam-se mais estreitas e nítidas,
mantendo as mesmas posições. Aparecem ainda franjas secundárias de menor intensidade
entre as franjas principais. Estas franjas secundárias aumentam em quantidade com o aumento
do número de fendas, contudo, as suas intensidades tornam-se tão pequenas que ficam
impercetíveis.
Analisando o gráfico da distância (X) entre o máximo central e qualquer um dos máximos de
1.ª ordem em função da distância (D) entre a rede de difração e o alvo, verifica-se que o conjunto
dos pontos experimentais estão alinhados numa orientação oblíqua, alinhamento esse que se
aproxima a uma reta oblíqua. A reta de ajuste obtida corrobora esta análise pois permite
constatar que os pontos experimentais pertencem à reta obtida. O valor do coeficiente de
correlação é muito próximo de 1 o que revela a grande proximidade dos pontos à reta de ajuste.
Assim, a reta de ajuste obtida para o conjunto dos pontos experimentais, atendendo às variáveis
independente e dependente presentes no gráfico, X = 0,194 D = 0,108, corresponde a uma linha
reta com ordenada na origem próxima de zero, podendo concluir-se que as distâncias são
diretamente proporcionais e a constante de proporcionalidade, que corresponde ao declive da
reta, é tangente do ângulo : Assim, obteve-se um valor para o ângulo de 11,0º.
8
© Areal Editores
DOSSIÊ DO PROFESSOR – RUMO À FÍSICA 11
EXPLORAÇÃO DAS ATIVIDADES LABORATORIAIS
QUESTÕES PÓS-LABORATORIAIS
1. Para investigar, experimentalmente, os fenómenos de reflexão e refração da luz, um grupo de
alunos fez incidir um feixe de luz visível sobre duas diferentes superfícies refletoras e sobre duas
lâminas de faces paralelas de diferentes materiais, com n diferente, transparentes à luz.
1.1. O que terão os alunos concluído sobre os ângulos de incidência e de reflexão utilizando as
diferentes superfícies refletoras?
Para qualquer superfície refletora os módulos dos ângulos incidente e refletido são iguais logo os
alunos terão concluído que, independentemente da superfície utilizada, para os mesmos ângulos
de incidência obtêm-se ângulos de reflexão idênticos.
1.2. Mantendo os ângulos de incidência, mas alterando a fonte de luz para um feixe laser, existiria
alguma alteração nos valores dos ângulos de reflexão obtidos?
A relação entre os módulos dos ângulos incidente e refletido não depende da fonte de luz pelo
que os alunos terão concluído que, independentemente da fonte de luz utilizada, para os
mesmos ângulos de incidência obtêm-se ângulos de reflexão idênticos.
1.3. Indique, justificando, se para os mesmos ângulos de incidência, os ângulos de refração obtidos
pelos alunos serão os mesmos nas duas lâminas de faces paralelas utilizadas?
3. Indique as características determinantes na escolha do material que constitui uma fibra ótica.
O núcleo deve ser constituído por um material transparente, de modo a minimizar a absorção de
radiação, e com um índice de refração mais elevado que o da bainha (revestimento), de modo
que não ocorra refração.
9
© Areal Editores
DOSSIÊ DO PROFESSOR – RUMO À FÍSICA 11
EXPLORAÇÃO DAS ATIVIDADES LABORATORIAIS
5. Como é que uma rede de difração pode ser usada para identificar um elemento químico?
Justifique.
Cada elemento químico apresenta um padrão de riscas espetrais único que permite a sua
identificação. Então, fazendo passar a luz emitida por esse elemento por uma rede de difração é
possível determinar o comprimento de onda da radiação e, assim, comparar com os espetros
padrão dos elementos químicos, permitindo a sua identificação.
10
© Areal Editores