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SEMANA 04
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

SEMANA 04/30

AVISO IMPORTANTE
O material será disponibilizado com os dados pessoais do participante, em área de acesso restrita. O
compartilhamento indevido de materiais da PREPARAÇÃO EXTENSIVA DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9
ensejará a interrupção imediata do serviço, bem como adoção das medidas cabíveis.

Qual a duração do curso?

A PREPARAÇÃO EXTENSIVA DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9 é dividida em 30 semanas.

Qual o principal material da preparação e quando ele é enviado?

O principal material da nossa preparação é o e-book dividido em metas com doutrina e questões
sobre o tema. Este material será disponibilizado na nossa plataforma sempre aos finais de semana para que
vocês possam utilizá-lo ao longo da semana.

Quais materiais serão disponibilizados neste curso?

1- E-book de doutrina e questões - Este e-book é dividido em metas, que correspondem aos
dias da semana em que o aluno deve cumprir. No início de cada meta, disponibilizamos os artigos
relacionados ao tema, ao passo que no final disponibilizamos questões de concursos anteriores para
treinamento (disponibilizado semanalmente);
2- E-book de Súmulas por assunto - Este e-book visa orientar nosso aluno, a partir de um
cronograma, a realizar uma leitura das principais súmulas dos Tribunais Superiores (disponibilizado
integralmente no início do curso);
3- E-book de Lei Seca - Compilamos as principais leis, que possuem grande incidência em
concursos de Delegado de Polícia e que são específicas para o seu concurso. Esse e-book visa, através de um
cronograma elaborado por nossa equipe, organizar o estudo tão importante da lei seca (disponibilizados
semanalmente).
4- E-book de Jurisprudência - Selecionamos os principais julgados mais recentes para facilitar o
seu estudo. Com o cronograma criado pela nossa equipe, você estudará os principais informativos de uma
maneira constante e leve (disponibilizados semanalmente).
5- E-book de Revisão (ciclos de revisão) – Com o objetivo de sedimentar o estudo realizado ao
longo do curso, utilizaremos o nosso método de revisão 5x1, ou seja, a cada 5 semanas de conteúdo, teremos
uma semana de revisão.

Como eu devo me guiar com este material?

Isto é bem intuitivo. No E-book principal (doutrina e questões), cada meta se refere a um dia
da semana (Meta 1, Segunda-feira; Meta 2, terça-feira, etc).
Acreditamos que o melhor método de estudo é a partir da edificação de uma base de
conhecimento pautada no tripé doutrina – lei seca – jurisprudência, aliada à constante resolução de questões
objetivas.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

SEMANA 04/30

Por isso, aconselhamos que se inicie o dia estudando a meta do dia (E-book principal doutrina
e questões). No momento do estudo não tente resumir a matéria, pois nossas metas diárias já suprirão esta
necessidade. O ideal é que tome notas inteligentes em post-its e façam grifos para a revisão. Notas
inteligente são aquelas que sem precisar esgotar o tema faz com que você relembre os principais pontos. A
organização das suas anotações é crucial para sua aprovação.

Atendendo sugestões, explicaremos melhor como vocês devem se guiar com esse material:

Passamos a indicar no Caderno de Doutrina, antes de iniciar a meta, os artigos correspondentes,


além dos dispositivos que reputamos mais relevantes e com maior probabilidade de estar na sua prova.
A leitura desses dispositivos fará parte do ciclo de revisão semanal proposto pelo curso (método
5x1).
Encerrado o estudo da doutrina passe para a resolução dos exercícios e súmulas selecionadas.
Até aqui foi feito o mais importante.
Após tudo isso, se sobrar tempo, é hora de ler a lei seca do caderno de leis. Essa tarefa de
repetição de leitura de artigos não demandará muito tempo por dia e é essencial para a sua aprovação.
Lembramos que os artigos indicados nos cadernos de Lei seca não correspondem à meta
justamente para que vocês sempre leiam mais vezes a letra da lei, independentemente de ter estudado o
tema ou não.

Estamos abertos a críticas e sugestões. Este é um processo coletivo no qual a participação de


vocês é fundamental para que a preparação para a prova seja potencializada. Evite a possibilidade de ter
a sua posse impedida em razão compartilhamento ilegal e indevido do material deste material sem
autorização.

Vamos Juntos!

Equipe Dedicação Delta.

Prezado(a) aluno(a),

Caso possua alguma dúvida jurídica sobre o conteúdo disponibilizado no curso, pedimos que utilize a sua
área do aluno. Há um campo específico para enviar dúvidas.
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Sumário
META 1 ............................................................................................................................................................ 11
DIREITO PENAL: CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE ............................................................................. 11
1. AÇÃO PENAL ................................................................................................................................................ 12
1.1. Espécies ................................................................................................................................................................. 12
1.2 Condições da Ação Penal........................................................................................................................................ 13
1.2.1. Representação do ofendido............................................................................................................................ 14
1.2.2. Requisição do Ministro da Justiça ................................................................................................................... 15
1.3. Princípios da Ação Penal Pública ........................................................................................................................... 15
1.4. Ação Penal Privada ................................................................................................................................................ 15
1.5. Procedimento ........................................................................................................................................................ 18
1.6. Denúncia ou Queixa Crime .................................................................................................................................... 19
2. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE ....................................................................................................................... 24
2.1 Causas de Extinção da Punibilidade ....................................................................................................................... 26
2.1.1 Morte do Agente ............................................................................................................................................. 26
2.1.2 Anistia .............................................................................................................................................................. 26
2.1.3 Graça e Indulto ................................................................................................................................................ 27
2.1.4 Abolitio Criminis............................................................................................................................................... 30
2.1.5 Decadência....................................................................................................................................................... 32
2.1.7 Prescrição......................................................................................................................................................... 33
2.1.7 Perempção ....................................................................................................................................................... 48
2.1.8 Renúncia .......................................................................................................................................................... 49
2.1.9 Perdão Aceito ou Perdão do Ofendido ............................................................................................................ 49
2.1.10 Retratação ..................................................................................................................................................... 49
2.1.11 Perdão Judicial ............................................................................................................................................... 50
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................... 55
DIREITO PENAL: CONCURSO DE PESSOAS E DE CRIMES.................................................................................. 60
1. CONCURSO DE PESSOAS .............................................................................................................................. 60
1.1. Conceito ................................................................................................................................................................ 60
1.2 Requisitos ............................................................................................................................................................... 62
1.3 Teorias Sobre O Concurso De Pessoas ................................................................................................................... 65
1.4. Autoria ................................................................................................................................................................... 66
1.5. Participação ........................................................................................................................................................... 74
1.6. Concurso de Pessoas em crimes próprios e crimes de mão própria: .................................................................... 77
1.7. Concurso de pessoas em crimes culposos............................................................................................................. 78
1.8 Concurso de pessoas em crimes omissivos ............................................................................................................ 79
1.9 Cooperação dolosamente distinta ou participação em crime menos grave ou desvio subjetivo: ......................... 79
1.10 Concurso de pessoas e crimes multitudinários .................................................................................................... 81
1.11 Da (in)comunicabilidade das elementares e circunstâncias................................................................................. 82
2. CONCURSO DE CRIMES ................................................................................................................................ 83
2.1 Espécies de Concurso de Crimes ............................................................................................................................ 83
2.2 Sistemas de aplicação da pena ............................................................................................................................... 83
2.3 Concurso Material .................................................................................................................................................. 83
2.4 Concurso Formal (Ideal) ......................................................................................................................................... 85
2.5 Crime Continuado .................................................................................................................................................. 89
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 101
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META 2 .......................................................................................................................................................... 107


LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: LEI DE CRIMES HEDIONDOS.......................................................................... 107
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................. 108
2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA............................................................................................................................... 108
3. CRITÉRIOS PARA A DEFINIÇÃO DE HEDIONDEZ ......................................................................................... 109
4. ANÁLISE DO ROL DE CRIMES HEDIONDOS ................................................................................................ 110
5. CRIMES HEDIONDOS PREVISTOS NO ART. 1º PARÁGRAFO ÚNICO DA LEI Nº 8.072/90 ........................... 132
5.1 Crimes Equiparados Ao Hediondos ...................................................................................................................... 140
5.1.1 Tráfico de Drogas ........................................................................................................................................... 140
5.1.2 Tortura ........................................................................................................................................................... 141
5.1.3 Terrorismo ..................................................................................................................................................... 141
6. ESPECIFICIDADES DOS CRIMES HEDIONDOS ............................................................................................. 141
6.1 Insuscetibilidade de Graça, Anistia e Indulto ....................................................................................................... 141
6.2 Insuscetibilidade de Fiança................................................................................................................................... 142
6.3 Regime Inicial Fechado para o Cumprimento da Pena Privativa de Liberdade .................................................... 143
6.4 Critérios Diferenciados para Concessão de Livramento Condicional. .................................................................. 145
6.5 Progressão de Regime .......................................................................................................................................... 146
6.6 Direito de Recorrer em Liberdade ........................................................................................................................ 148
6.7 Estabelecimentos Penais De Segurança Máxima ................................................................................................. 148
6.8 Prioridade no Trâmite dos Processos ................................................................................................................... 149
7. PRISÃO TEMPORÁRIA E CRIMES HEDIONDOS ........................................................................................... 149
8. CAUSA DE AUMENTO DO §9º DA LEI DE CRIMES HEDIONDOS ................................................................. 150
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 153
META 3 .......................................................................................................................................................... 156
DIREITO CIVIL: FATOS JURÍDICOS .................................................................................................................. 156
1. FATOS JURÍDICOS....................................................................................................................................... 157
1.1 Fato Jurídico Lato Sensu ....................................................................................................................................... 157
1.2 Ato Lícito Ou Ato Jurídico Lato Sensu:.................................................................................................................. 157
1.3 Ato Ilícito .............................................................................................................................................................. 158
2. NEGÓCIO JURÍDICO ................................................................................................................................... 159
2.1 Estrutura dos negócios jurídicos (escada Ponteana) ............................................................................................ 159
2.2 Representação ...................................................................................................................................................... 166
2.3 Contagem dos prazos ........................................................................................................................................... 167
3. DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO ............................................................................................................. 167
3.1. Erro/Ignorância ................................................................................................................................................... 168
3.2. Dolo ..................................................................................................................................................................... 170
3.3 Coação .................................................................................................................................................................. 172
3.4. Estado de perigo .................................................................................................................................................. 173
3.5. Lesão.................................................................................................................................................................... 174
3.6 Fraude contra credores ........................................................................................................................................ 176
3.7 Simulação ............................................................................................................................................................. 178
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4. INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO ......................................................................................................... 179


4.1 Nulidade absoluta ................................................................................................................................................ 181
4.2 Nulidade relativa ou Anulabilidade ...................................................................................................................... 183
4.3 Efeitos da anulação: ............................................................................................................................................. 185
5. PRESCRIÇÃO ............................................................................................................................................... 185
5.1 Prescrição ............................................................................................................................................................. 185
5.2 Fatos preclusivos da prescrição: causas de impedimento, suspensão ou interrupção da prescrição ................. 188
5.3 Prazos da Prescrição ............................................................................................................................................. 193
5.4 Prescrição Intercorrente....................................................................................................................................... 196
6. DECADÊNCIA .............................................................................................................................................. 196
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 198
DIREITO CIVIL: BENS JURÍDICOS .................................................................................................................... 203
1. CONCEITO .................................................................................................................................................. 203
2. CLASSIFICAÇÃO .......................................................................................................................................... 203
2.1. Bens públicos – art. 98 a 103, CC......................................................................................................................... 212
2.2 Bem de família ...................................................................................................................................................... 215
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 224
META 4 .......................................................................................................................................................... 229
DIREITO ADMINISTRATIVO: ATOS ADMINISTRATIVOS .................................................................................. 229
1. ATOS ADMINISTRATIVOS ........................................................................................................................... 229
1.1. Fato Jurídico ........................................................................................................................................................ 229
1.2 Correntes doutrinárias sobre fatos e atos administrativos: ................................................................................. 230
1.3. Atos Administrativos X Atos da Administração ................................................................................................... 230
1.4. Atos Administrativos ........................................................................................................................................... 231
2. ELEMENTOS OU REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO ......................................................................... 232
2.1 Competência ........................................................................................................................................................ 233
2.2 Finalidade ............................................................................................................................................................. 236
2.3 Forma ................................................................................................................................................................... 237
2.4 Motivo .................................................................................................................................................................. 238
2.5 Objeto ................................................................................................................................................................... 241
3. ELEMENTOS E PRESSUPOSTOS DO ATO ADMINISTRATIVO....................................................................... 241
4. ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO ..................................................................................................... 242
4.1 Presunção de Veracidade ..................................................................................................................................... 242
4.2 Presunção de Legitimidade .................................................................................................................................. 242
4.3 Imperatividade ou Coercibilidade ........................................................................................................................ 243
4.4 Exigibilidade.......................................................................................................................................................... 243
4.5 Autoexecutoriedade ou Executoriedade .............................................................................................................. 244
4.6 Tipicidade (Di Pietro) ............................................................................................................................................ 244
5. FASES DE CONSTITUIÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO ............................................................................... 244
5.1 Perfeição (ou existência) ...................................................................................................................................... 244
5.2 Validade (ou regularidade) ................................................................................................................................... 245
5.3 Eficácia.................................................................................................................................................................. 245
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5.4 Atos após a formação ........................................................................................................................................... 246


6. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS ......................................................................................... 246
6.1 Quanto ao grau de liberdade ............................................................................................................................... 246
6.2 Quanto à Formação .............................................................................................................................................. 246
6.3 Quanto aos destinatários ..................................................................................................................................... 248
6.4 Quanto ao objeto ................................................................................................................................................. 248
6.5 Quanto à estrutura ............................................................................................................................................... 248
6.6 Quanto aos efeitos ............................................................................................................................................... 249
6.7 Quanto aos resultados na esfera jurídica ............................................................................................................. 249
6.8 Quanto ao alcance ................................................................................................................................................ 249
6.9 Quanto ao conteúdo ............................................................................................................................................ 249
7. ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS ...................................................................................................... 250
7.1 Atos Normativos ................................................................................................................................................... 250
7.2 Atos Ordinatórios ................................................................................................................................................. 251
7.3 Atos Negociais ...................................................................................................................................................... 251
7.4 Atos Enunciativos ................................................................................................................................................. 253
7.5 Atos Punitivos ....................................................................................................................................................... 256
8. EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS ................................................................................................. 256
8.1 Extinção Natural ................................................................................................................................................... 256
8.2 Renúncia ............................................................................................................................................................... 256
8.3 Desaparecimento da pessoa ou coisa sobre a qual o ato recai ............................................................................ 257
8.4 Retirada ................................................................................................................................................................ 257
8.5 Anulação ............................................................................................................................................................... 257
8.6 Revogação ............................................................................................................................................................ 263
8.7 Cassação ............................................................................................................................................................... 264
8.8 Caducidade ........................................................................................................................................................... 264
8.9 Contraposição (derrubada) .................................................................................................................................. 264
9. ESTABILIZAÇÃO DOS EFEITOS DO ATO ...................................................................................................... 265
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 266
DIREITO ADMINISTRATIVO: PODERES DA ADMINISTRAÇÃO ........................................................................ 271
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................. 271
2. PODER VINCULADO E PODER DISCRICIONÁRIO ........................................................................................ 273
2.1 Poder Vinculado/Regrado .................................................................................................................................... 273
2.2 Poder Discricionário ............................................................................................................................................. 274
2.3 Limites da discricionariedade e controle judicial ................................................................................................. 274
3. PODERES EM ESPÉCIE ................................................................................................................................ 276
3.1 Poder Normativo (ou Regulamentar) ................................................................................................................... 277
3.2 Poder Hierárquico ................................................................................................................................................ 280
3.3 Poder Disciplinar .................................................................................................................................................. 284
3.4 Poder de Polícia .................................................................................................................................................... 287
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 304
META 5 .......................................................................................................................................................... 310
MEDICINA LEGAL: PERÍCIA E PERITOS E DOCUMENTOS MÉDICO LEGAIS ..................................................... 310
1. CONCEITO DE MEDICINA LEGAL ................................................................................................................ 310
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SEMANA 04/30

2. SUBDIVISÕES DA MEDICINA LEGAL ........................................................................................................... 312


3. PERÍCIAS E PERITOS ................................................................................................................................... 312
3.1. Perícia .................................................................................................................................................................. 312
3.2. Peritos ................................................................................................................................................................. 320
3.3. Crime de Falsa Perícia.......................................................................................................................................... 325
4. DOCUMENTOS MÉDICO LEGAIS ................................................................................................................ 326
4.1. Relatórios (Laudos e Autos)................................................................................................................................. 327
4.2. Parecer Médico-Legal .......................................................................................................................................... 329
4.3 Atestado ............................................................................................................................................................... 331
4.3.1 Tipos de Atestados......................................................................................................................................... 331
4.3.2 Classificação quanto ao modo de fazer ou conteúdo, os atestados podem ser:........................................... 332
4.3.3 Atestado de óbito .......................................................................................................................................... 332
4.3.4 Notificação Compulsória ................................................................................................................................ 334
4.5. Depoimentos Orais .............................................................................................................................................. 335
4.6 Prontuários ........................................................................................................................................................... 335
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 337
MEDICINA LEGAL: ANTROPOLOGIA FORENSE ............................................................................................... 342
1. ANTROPOLOGIA FORENSE ......................................................................................................................... 342
2. IDENTIDADE E IDENTIFICAÇÃO .................................................................................................................. 342
2.1 Identidade ............................................................................................................................................................ 342
2.2 Identificação ......................................................................................................................................................... 343
2.3 Métodos de Identificação..................................................................................................................................... 344
3. IDENTIFICAÇÃO MÉDICO-LEGAL ................................................................................................................ 347
3.1 Identificação quanto à espécie ............................................................................................................................. 347
3.2 Identificação quanto á Raça ................................................................................................................................. 349
3.3 Identificação Do Sexo ........................................................................................................................................... 352
3.4 Identificação da Idade .......................................................................................................................................... 357
3.5 Identificação Pela Estatura ................................................................................................................................... 359
3.6 Identificação pela Arcada Dentária ...................................................................................................................... 359
3.7 Outras Formas de Identificação ........................................................................................................................... 360
3.8 Identificação Judiciária ......................................................................................................................................... 360
3.8.1 Classificação / Tipos fundamentais ................................................................................................................ 362
3.8.2 Elementos de identificação............................................................................................................................ 366
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 368
META 6 – REVISÃO SEMANAL........................................................................................................................ 372
Direito Penal: Causas De Extinção Da Punibilidade .................................................................................................... 372
Direito Penal: Concurso De Pessoas E De Crimes ....................................................................................................... 373
Legislação Penal Especial: Lei De Crimes Hediondos ................................................................................................. 374
Direito Civil: Fatos Jurídicos........................................................................................................................................ 376
Direito Civil: Bens Jurídicos ........................................................................................................................................ 377
Direito Administrativo: Atos Administrativos............................................................................................................. 378
Direito Administrativo: Poderes Da Administração ................................................................................................... 379
Medicina Legal: Perícia E Peritos E Documentos Médico Legais ................................................................................ 380
Medicina Legal: Antropologia Forense ....................................................................................................................... 381
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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

SEMANA 04/30

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA SEMANA 04


META DIA ASSUNTO
DIREITO PENAL: Causas de Extinção da Punibilidade
1 SEG
DIREITO PENAL: Concurso de Pessoas e de Crimes
2 TER LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: Lei de Crimes Hediondos
DIREITO CIVIL: Fatos Jurídicos
3 QUA
DIREITO CIVIL: Bens
DIREITO ADMINISTRATIVO: Ato Administrativo
4 QUI
DIREITO ADMINISTRATIVO: Poderes da Administração
MEDICINA LEGAL: Perícia e Peritos e Documentos Médico Legais
5 SEX
MEDICINA LEGAL: Antropologia Forense
6 SÁB/DOM [REVISÃO SEMANAL]

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Equipe DD
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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

SEMANA 04/30

META 1

DIREITO PENAL: CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

CF/88
⦁ Art. 5º, XLII, XLIII e XLIV

⦁ Art. 21, XVII

⦁ Art. 48, VIII

⦁ Art. 53, §§3º a 5º

⦁ Art. 84, XII

CÓDIGO PENAL:
⦁ Art. 2º (abolitio criminis)

⦁ Art. 100 a 120

⦁ Art. 121, §5º (perdão judicial no homicídio)

⦁ Art. 129, §8º (perdão judicial na lesão corporal)

⦁ Art. 312, §3º

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL


⦁ Art. 25 (retratação no processo penal)

⦁ Art. 28, 30, 36, 41

⦁ Art. 49 e 60

⦁ Art. 92 a 94

⦁ Art. 366 e 386

OUTROS DIPLOMAS LEGAIS


⦁ Art. 16 da Lei Nº 11.340 (retratação na Lei Maria da Penha)

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!

⦁ Art. 107, CP (importantíssimo)


⦁ Art. 109 a 112, CP
⦁ Art. 116 e 117, CP

SÚMULAS RELACIONADAS AO TEMA


Súmula 497-STF: Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena
imposta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação.
Súmula 146-STF: A prescrição da ação penal regula-se pela pena concretizada na sentença,
quando não há recurso da acusação.
Súmula 220-STJ: A reincidência não influi no prazo da prescrição da pretensão punitiva.

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Súmula 191-STJ: A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o Tribunal do Júri
venha a desclassificar o crime.
Súmula 592-STF: Nos crimes falimentares, aplicam-se as causas interruptivas da prescrição,
previstas no Código Penal.
Súmula 438-STJ: É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão
punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do
processo penal.
Súmula 18-STJ: A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da
punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.

1. AÇÃO PENAL

Embora seja um tema mais afeto ao processo penal, tendo em vista que várias questões relacionadas
à ação penal implicam na extinção de punibilidade, o assunto também foi tratado pelo Código Penal, de modo
que abordaremos aqui de modo breve e objetivo apenas algumas ideias iniciais.

Ação penal x pretensão punitiva:

● Ação penal: É o direito público e subjetivo de exigir do Estado-juiz o exercício da prestação


jurisdicional, aplicando, no caso concreto, o direito penal objetivo ao indivíduo que praticou infração
penal.
Há juristas que dizem que a ação seria o instrumento, o mecanismo, e não o direito em si.
É instrumentalmente conexa a uma pretensão punitiva, pois, ao propor a ação penal, o Ministério
Público pede a condenação do réu, o que só será possível quando procedente a pretensão punitiva.
● Pretensão punitiva: Possui o jus puniendi (direito de punir) como seu elemento intersubjetivo,
situado dentro da relação jurídico-penal que se forma após a prática do crime.
Sabe-se que o Estado é titular do direito de punir. Descumprida a norma incriminadora, o direito de
punir do Estado passa ao plano concreto.

1.1. Espécies

O critério utilizado é a titularidade da ação penal.


A ação penal pode ser:
● Pública, cujo titular é o Ministério Público, subdividindo-se em:
o Incondicionada – sem necessidade de manifestação da vontade de terceiros.
o Condicionada à representação: Depende da manifestação de vontade do legítimo
interessado para que a persecução penal possa se iniciar.
▪ Pode ser representação da vítima ou requisição do ministro da justiça.

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▪ No entanto, ainda que haja tal manifestação, o MP não é obrigado a oferecer


denúncia, apenas não pode oferecer sem ela.
● Privada: A titularidade da persecução criminal pertence ao particular ofendido.
Pode ser:
o Exclusivamente privada;
o Personalíssima;
o Subsidiária da pública.

Regra: Ação penal pública incondicionada.

* ATENÇÃO: Os crimes de lesões corporais leves e culposas no contexto da Lei Maria da Penha são de ação
penal pública incondicionada.

Súmula 542, STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de
violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada.
1.2 Condições da Ação Penal

São requisitos mínimos indispensáveis ao julgamento da causa.

a) Condições genéricas da ação:


● Possibilidade jurídica do pedido: O fato deve encontrar amparo no direito;
● Interesse de agir:
o Necessidade;
o Adequação;
o Utilidade da ação penal.

* ATENÇÃO: O TAC entre MP e autor de crime contra o meio ambiente de menor potencial ofensivo é causa
suspensiva de punibilidade suspendendo o período de prescrição.

● Legitimidade: ativa: via de regra o MP. Sendo ação privada, a vítima. Já a passiva, via de regra, é a
pessoa física autora do delito, podendo ser pessoa jurídica em crimes ambientais;
● Justa causa: É o fumus comissi delicti para o exercício da função penal. É o lastro probatório mínimo.

b) Condições específicas (de procedibilidade):


● Representação do ofendido;
● Requisição do Ministro da Justiça;
● Sentença anulatória de casamento, no crime do art. 236, do CP;
● Ingresso no país do autor do crime praticado no estrangeiro;
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● Declaração de procedência da acusação pela Câmara dos Deputados, no julgamento do Presidente


da República;
● Sentença que decreta a falência, nas ações falimentares.

1.2.1. Representação do ofendido

É condição de procedibilidade para o exercício da ação penal pública condicionada à representação,


pela qual o ofendido informa a prática do crime e postula que seja instaurada a persecução penal.

a) Prazo: Em regra, deve ser oferecida no prazo decadencial de 6 (seis) meses, contados do conhecimento
da autoria (art. 38 do CPP).
Se ação penal privada subsidiária da pública, o prazo é contado do dia em que se esgotar o prazo
para o oferecimento da denúncia por parte do Ministério Público (art. 38, parte final, do CPP).
No crime de induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento, o prazo começa do trânsito
em julgado da sentença que anulou o casamento. Além disso, por se tratar de ação penal privada
personalíssima, caso haja a morte do ofendido, extingue-se a punibilidade.

b) Capacidade Processual: A representação pode ser feita pessoalmente ou por procurador maior de 18
anos, desde que possua poderes especiais.

* ATENÇÃO:
● Súmula 594 STF: Os direitos de queixa e de representação podem ser exercidos,
independentemente, pelo ofendido ou por seu representante legal;
● Pessoas jurídicas: Se vítimas de infrações penais, podem oferecer representação por quem os
respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-
gerentes.

c) Destinatários: Autoridade policial, juiz ou membro do Ministério Público.


Apresentada a representação ao MP, há uma vinculação, não podendo alargá-la para, por exemplo,
inclui crime não mencionado. No entanto, pode enquadrar a conduta em dispositivo legal do apontado pela
vítima.
A representação oferecida contra um dos autores ou partícipes de uma infração penal permite que
o Ministério Público a considere para todos os demais, por força do princípio da obrigatoriedade da ação
penal, conforme já decidiu o STF.

d) Retratação: É cabível até o oferecimento da denúncia (art. 25, CPP).

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Na Lei Maria da Penha, a retratação da vítima demanda audiência especial, com oitiva do juiz e MP,
e é admissível até o recebimento da inicial acusatória.

1.2.2. Requisição do Ministro da Justiça

É ato de conveniência política, autorizando a persecução penal em alguns crimes.

a) Prazo: A lei é omissa. Logo, pode ocorrer desde que não extinta a punibilidade;
b) Destinatário: MP (PGJ);
c) Há discricionariedade do Ministro da Justiça e a requisição NÃO vincula o MP.
d) Hipóteses:
● Crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil;
● Crimes contra a honra praticados contra o Presidente ou Chefe de Governo Estrangeiro.

1.3. Princípios da Ação Penal Pública

● Obrigatoriedade ou legalidade: O MP, titular da ação penal pública, está obrigado a oferecê-la,
sempre que constatar a presença de prova da materialidade e indícios de autoria ou participação. A
exceção se dá nas infrações de menor potencial ofensivo, em que o MP pode propor transação penal;
● Indisponibilidade: O MP NÃO pode desistir da ação penal;
● Oficialidade: O titular da ação é o órgão oficial do Estado;
● Indivisibilidade ou divisibilidade: Não é pacífico sobre o que prevalece na ação penal pública. A ação
penal deve se estender a todos aqueles que praticaram a infração penal. No entanto, o STF já
entendeu que a ação penal pública estaria regida pelo princípio da divisibilidade, pois o processo
poderia ser desmembrado, com o oferecimento de denúncia contra um ou mais réu, e posterior
aditamento para inclusão de outros;
● Oficiosidade: O MP, titular da ação penal, pode agir de ofício, não dependendo da autorização de
ninguém.

1.4. Ação Penal Privada

Ocorre quando o Estado legitima o ofendido ou seu representante legal a ingressar com ação penal,
pleiteando a condenação do agressor, em hipóteses excepcionais. O particular, portanto, passa a ter o direito
de ação, a legitimidade para o oferecimento da ação penal privada, embora a titularidade do direito de punir
permaneça com o Estado.

a) Princípios:

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● Oportunidade e conveniência: Compete à vítima ou ao seu representante analisar a conveniência e


oportunidade para o exercício da ação.
o A vítima dispõe do prazo decadencial de 06 (seis) meses para o exercício da ação privada,
contados do conhecimento do responsável pelo delito, sob pena de extinção da punibilidade
(art. 107, IV, CP); (exceção: crime de induzimento a erro essencial e ocultação de
impedimento - trânsito em julgado da sentença que anulou o casamento).

o A renúncia da vítima é ato irretratável, incidindo nesse aspecto de oportunidade e


conveniência, ensejando a extinção da punibilidade.
● Disponibilidade: Iniciada a ação penal privada, a vítima pode dispor do direito de ação e desistir do
feito já em curso, pelos seguintes institutos:
o Perdão: Ato de liberalidade, que requer a aceitação pelo réu (ato bilateral);
o Perempção: É sanção processual pela desídia do querelante na ação privada (art. 60, CPP);
● Indivisibilidade: Proposta ação penal privada, o querelante deve promovê-la contra todos os que
contribuíram para o delito, não podendo deixar de processar os que sabidamente concorreram para
a prática do crime. Caso ofereça renúncia em relação a um, será reconhecida a extinção da
punibilidade de todos os agentes
● Intranscendência ou pessoalidade: Os efeitos da ação penal privada são de natureza pessoal, não
podendo atingir outras pessoas que não aquelas que contribuíram para o delito.

b) Legitimidade ativa: É do ofendido ou o seu representante legal (art. 30 do CPP).


-Se houver morte ou declaração de ausência do ofendido, passam a ter legitimidade ativa o cônjuge,
ascendentes, descendentes e irmãos, nesta ordem de preferência (art. 31 do CPP), embora qualquer um
possa prosseguir na ação, caso o querelante desista da instância ou a abandone (art. 36 do CPP).
Relevante julgado do STJ ventilado no informativo 654 (09/2019), estendendo o direito à
representação ao companheiro.

A companheira, em união estável homoafetiva reconhecida, goza do mesmo


status de cônjuge para o processo penal, possuindo legitimidade para ajuizar a
ação penal privada.

No caso, trata-se de crime de calúnia contra pessoa morta, o que aponta que os
querelantes – mãe, pai, irmã e companheira em união estável da vítima falecida –
são partes legítimas para ajuizar a ação penal privada, nos termos do art. 24, § 1º,
do CPP. Cumpre anotar que a companheira, em união estável reconhecida, goza do
mesmo status de cônjuge para o processo penal, podendo figurar como legítima
representante da falecida. Vale ressaltar que a interpretação extensiva da norma
processual penal tem autorização expressa do art. 3º do CPP ("a lei processual penal
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admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento


dos princípios gerais de direito"). Ademais, o STF, ao apreciar o tema 498 da
repercussão geral, reconheceu a "inexistência de hierarquia ou diferença de
qualidade jurídica entre as duas formas de constituição de um novo e
autonomizado núcleo doméstico, aplicando-se à união estável entre pessoas do
mesmo sexo as mesmas regras e mesmas consequências da união estável
heteroafetiva" (RE 646.721, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. Acd. Min. Roberto
Barroso, Tribunal Pleno, julgado em 10/05/2017, DJe 11/09/2017).

c) Renúncia: É ato unilateral do ofendido, e ocorre quando a vítima se recusa a tomar providência contra o
seu agressor.
● Opera-se até o oferecimento da ação penal;
● É irretratável;
● A renúncia feita para um agressor necessariamente beneficia os demais (art. 49, do CPP);
● Pode ser expressa ou tácita (atos do ofendido incompatíveis com o desejo de processar o agressor).

RENÚNCIA PERDÃO
Instituto pré-processual. Instituto processual.
Ato unilateral. Ato bilateral.
A renúncia feita a um dos agentes se estende O perdão concedido a apenas um dos agentes
aos demais (art. 49, CP). delitivos não necessariamente se estende aos
demais.

Cabe a condenação do querelante em honorários advocatícios quando houver a


rejeição da queixa-crime, por aplicação subsidiária do CPC.
O princípio geral da sucumbência é aplicável no âmbito do processo penal quando
se tratar de ação penal privada. Em outras palavras, é possível haver condenação
em honorários advocatícios em ação penal privada.
Assim, julgada improcedente a queixa-crime, é cabível a condenação do querelante
ao pagamento dos honorários sucumbenciais ao advogado do querelado.
Conclusão que se extrai da incidência dos princípios da sucumbência e da
causalidade, o que permite a aplicação analógica do art. 85 do CPC/2015, conforme
previsão constante no art. 3º do CPP.
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 992.183/DF, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em
07/06/2018.
STJ. Corte Especial. EDcl na APn 881/DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em
03/10/2018.

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Fonte: Dizer o direito.

Atenção: O MP também pode recorrer da sentença condenatória em ações penais exclusivamente privadas,
seja em favor ou desfavor do acusado, até mesmo pleiteando o aumento da pena fixada. Porém, haja vista
que a ação penal privada é regida pelo princípio da disponibilidade, o MP não pode recorrer de sentença
absolutória, caso o querelante não recorra.

1.5. Procedimento

Com o inquérito policial ou outras peças de informação, o MP pode adotar as seguintes hipóteses:
● Oferecer denúncia;
● Requisitar novas diligências, com retorno dos autos à DP, indispensáveis à denúncia;
● Requerer/ promover o arquivamento;
● Propor acordo de não persecução penal

Enunciado 10, CJF: Recomenda-se a realização de práticas restaurativas nos


acordos de não persecução penal, observada a principiologia das Resoluções n. 225
do CNJ e 118/2014 do CNMP.

● Suscitar conflito de atribuição caso entenda não ter atribuição para atuar no feito;
● E, ainda, declinar a atribuição para órgão do MP que entender ter atribuição no feito.

Com a reforma produzida pela lei 13964/19, não há mais que se falar em arquivamento indireto ou
arquivamento implícito, tendo em vista que o arquivamento passou a ser providência administrativa no
âmbito do Ministério Público e não mais depende de decisão judicial.
Entretanto, em medida cautelar na ADI 6298, o novo Art. 28 do CPP encontra-se com sua eficácia suspensa.

ARQUIVAMENTO INDIRETO X ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO


Arquivamento indireto: O juiz, não concordando com o pedido de declinação de competência formulado
pelo MP, recebe tal manifestação como se fosse pedido de arquivamento, aplicando o art. 28, do CPP por
analogia.
● DICA: INDIRETO = INCOMPETÊNCIA.

Arquivamento implícito: O titular da ação deixa de incluir na denúncia algum fato investigado ou alguns dos
indiciados – NÃO é admitido pela doutrina e jurisprudência, devendo aplicar o art. 28, do CPP.

ATENÇÃO: Delegado não arquiva e nem manda arquivar inquérito.

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1.6. Denúncia ou Queixa Crime

● Denúncia: É a peça privativa do Ministério Público que dá início à ação penal pública.
● Queixa-crime: É a peça privativa do ofendido, de seu representante legal, seu sucessor ou ainda seu
curador que dá início à ação penal privada.

Súmula 714, STF: É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do


Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para ação penal por
crime contra a honra de servidor público em razão de exercício de suas funções.

Súmula 234, STJ: A participação de membro do Ministério Público na fase


investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o
oferecimento da denúncia.

No momento da denúncia, prevalece o princípio do in dubio pro societate.


STF. 1ª Turma. Inq 4506/DF, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em
17/04/2018 (Info 898).

O princípio do in dubio pro societate significa que, na dúvida, havendo indícios mínimos da autoria, deve-se
dar prosseguimento à ação penal, ainda que não se tenha certeza de que o réu foi o autor do suposto delito.
Em uma tradução literal, seria algo como “na dúvida, em favor da sociedade”.
O princípio do in dubio pro societate contrapõe-se ao princípio do in dubio pro reo (“na dúvida, em favor do
réu”).

Fonte: Dizer o direito.

a) Requisitos formais da denúncia ou queixa crime:

Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas
as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se
possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das
testemunhas.

● Exposição do fato criminoso e suas circunstâncias;


● Qualificação do acusado e demais esclarecimentos de identificação: Se os elementos são incertos
ou incompletos, admite-se a utilização de elementos para a identificação física do acusado, a
exemplo do sexo e estatura;
● Classificação da infração: É o enquadramento típico;
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● Rol de testemunhas e demais diligências;


● Nome e assinatura da parte acusadora.

b) Não preenchimento dos requisitos formais: Se não preenchidos os requisitos formais da denúncia ou da
queixa e isso implicar prejuízo à ampla defesa (vício insanável), deverá ocorrer a rejeição da inicial acusatória
(art. 395, I, CPP), bem como se faltar alguma condição da ação ou pressuposto processual ou se faltar justa
causa à ação penal.
- Decisão de rejeição da denúncia ou queixa: Cabe Recurso em sentido estrito (prazo de 05 dias).

c) Prazos para oferecer a denúncia:

Regra do CPP ● Réu preso: 05 dias;


● Réu solto: 15 dias.
Crimes eleitorais 10 dias
Tráfico de drogas 10 dias
Crimes contra a economia popular 2 dias
Lei de falências Mesma regra do CPP.

Se queixa crime: Prazo decadencial de 6 (seis) meses, contados a partir do conhecimento da autoria
(art. 38, CPP), via de regra.

Atenção! Art. 42. O Ministério Público NÃO PODERÁ desistir da ação penal.
Art. 576, CPP. O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto.

JURISPRUDÊNCIAS:

→ Rejeição de queixa-crime desacompanhada de documentos hábeis a


demonstrar, ainda que de modo indiciário, a autoria e a materialidade do crime.
Deve ser rejeitada a queixa-crime que, oferecida antes de qualquer procedimento
prévio, impute a prática de infração de menor potencial ofensivo com base apenas
na versão do autor e na indicação de rol de testemunhas, desacompanhada de
Termo Circunstanciado ou de qualquer outro documento hábil a demonstrar, ainda
que de modo indiciário, a autoria e a materialidade do crime. STJ. 5ª Turma. RHC
61822-DF, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 17/12/2015 (Info 577).

→ Queixa-crime deverá demonstrar o elemento subjetivo do agente.


Deve ser rejeitada a queixa-crime que impute ao querelado a prática de crime
contra a honra, mas que se limite a transcrever algumas frases, escritas pelo
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querelado em sua rede social, segundo as quais o querelante seria um litigante


habitual do Poder Judiciário (fato notório, publicado em inúmeros órgãos de
imprensa), sem esclarecimentos que possibilitem uma análise do elemento
subjetivo da conduta do querelado consistente no intento positivo e deliberado de
lesar a honra do ofendido. STJ. Corte Especial. AP 724-DF, Rel. Min. Og Fernandes,
julgado em 20/8/2014 (Info 547).

→ Denúncia – Princípio do in dubio pro societate.


No momento da denúncia, prevalece o princípio do in dubio pro societate. STF. 1ª
Turma. Inq 4506/DF, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso,
julgado em 17/04/2018 (Info 898).

→ Denúncia em crimes de autoria coletiva.


Nos crimes de autoria coletiva, não é necessária a descrição MINUCIOSA e
INDIVIDUALIZADA da ação de cada acusado. Basta que o MP narre as condutas
delituosas e a suposta autoria, com elementos suficientes para garantir o direito à
ampla defesa e ao contraditório. Embora não seja necessária a descrição
PORMENORIZADA da conduta de cada denunciado, o Ministério Público deve
narrar qual é o vínculo entre o denunciado e o crime a ele imputado, sob pena de
ser a denúncia inepta. STJ. 5ª Turma. HC 214861-SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado
em 28/2/2012.

→ Denúncia formulada com base em inquérito civil.


É possível o oferecimento de ação penal (denúncia) com base em provas colhidas
no âmbito de inquérito civil conduzido por membro do Ministério Público. STF.
Plenário. AP 565/RO, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 7e 8/8/2013 (Info 714).

→ Denúncia inepta em caso de homicídio na forma omissiva imprópria.


É inepta denúncia que, ao descrever a conduta do acusado como sendo dolosa, o
faz de forma genérica, a ponto de ser possível enquadrá-la tanto como culpa
consciente quanto como dolo eventual. Com efeito, o elemento psíquico que
caracteriza o injusto penal, em sua forma dolosa ou culposa, deve estar bem
caracterizado, desde a denúncia, pois é tênue a linha entre o dolo eventual e a culpa
consciente. Na hipótese em análise, há nítida violação da garantia do contraditório
e da plenitude de defesa, por não despontar da exordial acusatória, com a clareza
e a precisão exigidas, o dolo, em sua forma eventual, que teria animado o agente,
sendo impossível conhecer no caso em apreço as circunstâncias subjetivas STJ. 6ª

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Turma. RHC 39.627-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 8/4/2014 (Info
538).

→ Em caso de norma penal em branco, a denúncia deverá explicitar qual é o


complemento, sob pena de ser
considerada inepta.
A denúncia que deixa de mencionar a legislação complementar a que se refere o
tipo penal não atende o disposto no art. 41 do CPP porque não descreve por
completo a conduta delitiva, dificultando a compreensão da acusação e, por
conseguinte, o exercício do direito de defesa. STJ. 5ª Turma. RHC 64430/SP, Rel.
Min. Gurgel de Faria, julgado em 19/11/2015.

→ Consequências da proposta de composição civil feita apenas para parte dos


querelados.
Se o querelante oferece queixa-crime contra três querelados e propõe a
composição civil dos danos apenas para dois deles, isso significa que ele renunciou
tacitamente ao direito de ação (art. 104 do CP), devendo essa renúncia
ser estendida ao terceiro querelado para quem a proposta não foi feita. Na ação
penal privada, vigora o princípio da indivisibilidade segundo o qual se, houver dois
ou mais querelados e o querelante manifestar a sua intenção de não processar uma
parte dos envolvidos, essa manifestação se estenderá aos demais. Assim, a
renúncia em relação ao direito de processar um dos querelados beneficia todos os
envolvidos. STJ. Corte Especial. AP 724-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em
20/8/2014 (Info 547).

FACILITANDO:

CRIMES DE AÇÃO PENAL PRIVADA NO CP:

→ calúnia, difamação e injúria (arts. 138, 139 e 140 c/c art. 145, caput);
→ alteração de limites, usurpação de águas e esbulho possessório - quando não houver emprego de
violência e a propriedade for particular (art. 161, § 1º, I e II e § 3º);
→ dano simples e dano qualificado por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima (art.
163, caput e p. único, IV c/c art. 167);
→ Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia, desde que o fato resulte prejuizo (art. 164
c/c art. 167);
→ fraude à execução (art. 179 e p. único);
→ violação de direito autoral na forma simples (art. 184, caput c/c art. 186, I);
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→ induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento (art. 236 e p. único); Obs.: única ação penal
personalíssima. A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão
depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.
→ exercício arbitrário das próprias razões - se não houver emprego de violência (art. 345 e p. único).

CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO NO CP


→ Perigo de contágio venéreo (art. 130 e § 2º);
→ Crimes contra a honra de funcionário público e Injúria preconceituosa (art. 141, II e § 3º c/c art. 145, p.
único)
atenção!! Segundo o Código Penal, quando da injúria real (ou qualificada) resulta lesão corporal, a ação penal
passa a ser pública incondicionada. (art. 140, § 2º CP)
→Ameaça (art. 147 e p. único);
→ Perseguição (art. 147-A, § 3º);
→ Violação de correspondência, salvo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º (art. 151 e § 4º);
→Correspondência comercial (art. 152 e p. único);
→Divulgação de segredo (art. 153 e § 1º) Exceção: Incondicionada se resultar prejuízo para Administração
Pública (§ 2º);
→Violação de segredo profissional (art. 154 e p. único);
→Invasão de dispositivo informático (art. 154-A c/c art. 154-B, 1ª parte) Exceção Incondicionada se contra
a administração pública direta ou indireta ou empresas concessionárias de serviços públicos (art. 154-B, 2ª
parte);
→ Furto de coisa comum (art. 156 e § 1º);
→Estelionato (art. 171, § 5º) Exceção: Incondicionada (§ 5º, I a IV) se a vítima for: Administração Pública,
direta ou indireta; criança ou adolescente; pessoa com deficiência mental; ou maior de 70 (setenta) anos de
idade ou incapaz.
→ Outras fraudes (art. 176 e p. único);
→Crimes contra o patrimônio: do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; de irmão, legítimo ou
ilegítimo; ou de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita (art. 182) Exceção Incondicionada (art. 183)
se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à
pessoa; ao estranho que participa do crime; se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou
superior a 60 anos.
→violação de direito autoral na hipótese do § 3º (art. 184, § 3º c/c 186, IV);

CAIU EM PROVA:

→ (FGV 2022) O crime de racismo, constante na Lei nº. 7.716/1989, é de ação penal pública incondicionada,
inafiançável e imprescritível. Por sua vez, o crime de injúria racial, disposto no Art. 140, § 3º, do Código Penal,

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é de ação penal pública condicionada à representação, inafiançável e imprescritível, conforme entendimento


atual do Supremo Tribunal Federal. (item correto)

→ (Delegado PCPB 2022) Considerando o sistema de juizados especiais criminais, previsto na Lei n.o
9.099/1995, e a jurisprudência do STJ e STF sobre a matéria: Tratando-se de crime de ação penal privada ou
pública condicionada à representação, a realização de composição civil dos danos entre autor e vítima gera
a extinção da punibilidade. (item correto) AP. pública condicionada e A. P. Privada: a composição dos danos
gera renúncia ao direito de representação ou queixa; MP não pode propor transação penal.
AP. pública incondicionada: a composição dos danos não impede a transação; MP pode propor transação
penal.

2. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

A punibilidade consiste em consequência da infração penal. Conforme doutrina amplamente


majoritária, não é seu elemento, razão pela qual o crime e a contravenção penal permanecem íntegros com
a superveniência de causa extintiva de punibilidade. Desaparece do mundo jurídico somente o poder de punir
do Estado, embora continue existindo o ilícito penal.
Extinção da punibilidade nos crimes acessórios, complexos e conexos: a extinção da punibilidade
do crime principal não se estende ao crime acessório; a extinção da punibilidade da parte (um dos crimes)
não alcança o todo (crime complexo); a extinção da punibilidade do crime conexo não afasta a qualificadora
da conexão.
Princípio da consunção: nesse caso, a extinção da punibilidade do crime-fim atinge o direito de punir
do Estado em relação ao crime-meio (STJ, RHC 31.321/PR).
As causas de extinção da punibilidade podem recair sobre:

1) A pretensão punitiva: eliminam todos os efeitos penais de eventual sentença condenatória.


Espécies: decadência, perempção, renúncia do direito de queixa, perdão aceito, retratação do
agente e perdão judicial.

2) A pretensão executória: retiram unicamente o efeito principal da condenação (a pena),


subsistindo os efeitos secundários da sentença condenatória, salvo em relação à abolitio criminis
e à anistia. Espécies: graça, sursis e livramento condicional.

3) Ambas as pretensões: os efeitos dependem do momento em que ocorrem. Espécies: morte do


agente, anistia, abolitio criminis e prescrição.

Podem ser encontradas primordialmente no rol descrito no artigo 107 do Código Penal, embora não
seja este um rol taxativo, havendo outras causas de extinção da punibilidade, como por exemplo:
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⦁ Suspensão condicional do processo


⦁ Transação penal
⦁ Composição Civil dos Danos
⦁ Reparação do dano antes da sentença no peculato culposo (art. 312, §3º, CP)
⦁ Cumprimento integral do Acordo de não persecução penal

Condições objetivas de punibilidade: Em alguns casos, para ocorrer a punibilidade, NÃO basta a
prática de um crime e a ausência de alguma causa de extinção da punibilidade, mas devem ser verificadas
situações objetivas exteriores à conduta. Ex: Crimes contra a ordem tributária.
A condição objetiva de punibilidade é um elemento exterior ao fato delituoso, não integrante do
tipo penal, independente do dolo ou culpa do agente, que deve advir para a formação de um injusto culpável
e punível, ou seja, são condições exigidas por lei para que o fato se torne punível, que estão fora do injusto
penal, vinculadas à superveniência de determinado acontecimento. Trata se de uma condição incerta e
futura. Relaciona-se ao Direito Penal.

Exemplo1: Sentença declaratória da falência, que concede a recuperação judicial e a que concede a
recuperação extrajudicial (art. 180 da Lei nº 11.101/05);
Exemplo2: Decisão final do procedimento administrativo de lançamento nos crimes materiais contra
a ordem tributária previstos no art. 1º, I a IV da Lei nº 8.137/90 (Súmula Vinculante 24 STF)

Simplificando:

– está ligada ao Direito Penal;


– cuida-se de condição exigida pelo legislador para que o fato se torne punível;
– se a condição objetiva de punibilidade não foi implementada não há fundamento de direito para o
ajuizamento de uma ação penal.

Vamos aprofundar para uma dissertativa?


Qual a diferença entre condição objetiva de punibilidade e condição de procedibilidade?
Conforme ensinamentos do Professor Luiz Flávio Gomes, condição objetiva de punibilidade é aquela
situação criada pelo legislador por razões de política criminal destinada a regular o exercício da ação penal
sob a ótica da sua necessidade. Não está contida na noção de tipicidade, antijuridicidade ou culpabilidade,
mas é parte integrante do fato punível. Ex: constituição definitiva do crédito tributário para que seja
instaurada a ação penal por crime de sonegação. Já a condição de procedibilidade é o requisito que submete
a relação processual à existência ou validez. Ex: representação do ofendido nas ações públicas condicionadas.

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2.1 Causas de Extinção da Punibilidade

Extinção da punibilidade
Art. 107, CP - Extingue-se a punibilidade:
I - pela morte do agente;
II - pela anistia, graça ou indulto;
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação
privada;
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.

2.1.1 Morte do Agente

* Pegadinha de prova: Cuidado para não confundir com morte do ofendido!!!


Decorre do princípio da intranscendência da pena, segundo o qual a pena não pode passar da pessoa
do condenado. Os efeitos extrapenais subsistem, de sorte que os herdeiros respondem até o limite da
herança;
● Comprovação: Certidão de óbito;

Lembrando que se o inquérito policial arquivado com base numa certidão de


óbito falsa, não faz coisa julgada material.

● Concurso de pessoas: NÃO se estende aos demais concorrentes;


● NÃO impede ação civil por danos contra os herdeiros;
● NÃO desautoriza os familiares a ajuizarem revisão criminal.
OBS.: CPP, Art. 62. No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da certidão de óbito, e depois
de ouvido o Ministério Público, declarará extinta a punibilidade

2.1.2 Anistia

É o esquecimento jurídico da infração, concedido por lei ordinária.


● Atinge fatos e não pessoas;
● Competência do Congresso Nacional;
● Ato do Poder Legislativo de renúncia ao Poder-dever de punir em virtude de necessidade ou
conveniência política;

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I. Espécies:
● Própria: Concedida ANTES do trânsito em julgado;
● Imprópria: APÓS o trânsito em julgado;
● Especial: Concedida a crimes políticos;
● Comum: Aplicada a crimes comuns;
● Geral ou plena: Aplica-se a todos os agentes;
● Condicionada: É imposta a prática de algum ato como condição para concessão.

II. Efeitos: Ex tunc – Cessam os efeitos penais, mas não os civis. Isso significa que:
● Na anistia, o fato praticado deixa de ser considerado crime. Por esse motivo, na Lei de Lavagem
de Capitais, se o crime antecedente ao delito de lavagem for anistiado, o crime de lavagem não
subsistirá!!!
● Não gera reincidência.

III. Inaplicabilidade: Vedação constitucional prevista no art. 5º, XLIII


● Crimes hediondos; (Não esqueça que o rol de crimes hediondos foi alterado pelo pacote
Anticrime!)
● Tortura;
● Tráfico de entorpecentes;
● Terrorismo.

Art. 5º, XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou


anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;

2.1.3 Graça e Indulto

● Indulto: É uma forma de clemência. NÃO diz respeito a fatos, como na anistia, mas sim às pessoas,
no plural. Diz-se que indulto é a graça coletiva;
● Graça: Benefício concedido a pessoa determinada.

I) Competência: Presidente da República (por decreto), permitida a delegação para Ministros de Estado;
Advogado Geral da União; Procurador Geral da República.

II) Formas:
● Total: Abrange todas as sanções;
● Parcial: Quando houver redução ou substituição da sanção penal
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● Condicionados: impõe condições para ser beneficiado. Ex.: ressarcimento do dano.


● Incondicionados: não impõem qualquer requisito.

III) Efeitos: Extingue a pena, mas permanecem os efeitos penais secundários e os efeitos extrapenais.

Súmula 631 do STJ: “O indulto extingue os efeitos primários da condenação


(pretensão executória), mas não atinge os efeitos secundários, penais ou
extrapenais”.

Obs.: O réu condenado que foi beneficiado com graça ou indulto, se cometer novo crime, será reincidente.

IV) Momento da concessão: Em regra, após o trânsito em julgado da sentença, pois se refere à pena
imposta.

V) Inaplicabilidade:
● Crimes hediondos;
● Tortura;
● Tráfico de entorpecentes;
● Terrorismo.

STF-HC 118.213/SP: Não é possível o deferimento de indulto a réu condenado por


tráfico de drogas, ainda que tenha sido aplicada a causa de diminuição de pena
prevista no art. 33, §4° da Lei 11.343/2006 à pena a ele imposta, circunstância que
não altera a tipicidade do crime.
STF-HC 123.381/PE: o período de prova do sursis não é computado para o
preenchimento do requisito temporal para a concessão de indulto.
STF-HC 628.658/RS: pode ser concedido indulto aos inimputáveis ou semi-
imputáveis que cumprem medida de segurança.
Súmula 535 do STJ: a prática de falta grave não interrompe o prazo para fim de
comutação de pena ou indulto.

JURISPRUDÊNCIA EM TESES Nº 139 DO STJ - DO INDULTO E DA COMUTAÇÃO DE PENA

1) O instituto da graça, previsto no art. 5º, XLIII, da Constituição Federal, engloba o


indulto e a comutação de pena, estando a competência privativa do Presidente da
República para a concessão desses benefícios limitada pela vedação estabelecida no
referido dispositivo constitucional.

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2) A sentença que concede o indulto ou a comutação de pena tem natureza


declaratória, não havendo como impedir a concessão dos benefícios ao
sentenciado, se cumpridos todos os requisitos exigidos no decreto presidencial.
3) O deferimento do indulto e da comutação das penas deve observar estritamente
os critérios estabelecidos pela Presidência da República no respectivo ato de
concessão, sendo vedada a interpretação ampliativa da norma, sob pena de
usurpação da competência privativa disposta no art. 84, XII, da Constituição e,
ainda, ofensa aos princípios da separação entre os poderes e da legalidade.
4) A análise do preenchimento do requisito objetivo para a concessão dos benefícios
de indulto e de comutação de pena deve considerar todas as condenações com
trânsito em julgado até a data da publicação do decreto presidencial, sendo
indiferente o fato de a juntada da guia de execução penal ter ocorrido em momento
posterior
à publicação do referido decreto.
5) A superveniência de condenação, seja por fato anterior ou posterior ao início do
cumprimento da pena, não altera a data-base para a concessão da comutação de
pena e do indulto.
6) O indulto e a comutação de pena incidem sobre as execuções em curso no
momento da edição do decreto presidencial, não sendo possível considerar na base
de cálculo dos benefícios as penas já extintas em decorrência do integral
cumprimento.
7) Para a concessão de indulto, deve ser considerada a pena originalmente imposta,
não sendo levada em conta, portanto, a pena remanescente em decorrência de
comutações anteriores.
8) O cumprimento da fração de pena prevista como critério objetivo para a
concessão de indulto deve ser aferido em relação a cada uma das sanções
alternativas impostas, consideradas individualmente
9) Compete ao Juízo da Execução Fiscal a apreciação do pedido de indulto em
relação à pena de multa convertida em dívida de valor.
Segundo pensa Márcio Cavalcante, do Dizer o Direito, essa tese está superada.
Isso porque o STF, ao julgar a ADI 3150/DF, decidiu que, a Lei nº 9.268/96, ao
considerar a multa penal
como dívida de valor, não retirou dela o caráter de sanção criminal que lhe é
inerente por força do art. 5º, XLVI, “c”, da CF/88. Como consequência, por ser uma
sanção criminal, a legitimação prioritária para a execução da multa penal é do
Ministério Público perante a Vara de Execuções Penais (ADI 3150 e AP 470/MG,
Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 12 e 13/12/2018).
O Pacote Anticrime (Lei nº 13.964/2019) acolheu esse entendimento e alterou a
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redação do art. 59 do CP para dizer expressamente que a competência para


executar a multa é do juízo da vara de execuções penais: Art. 51. Transitada em
julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da
execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas
à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas
interruptivas e suspensivas da prescrição. Logo, se a multa, convertida em dívida
de valor, estiver sendo executada no juízo da execução penal, caberá a ele apreciar
o pedido de indulto.
10) Não dispondo o decreto autorizador de forma contrária, os condenados por
crimes de natureza hedionda têm direito aos benefícios de indulto ou de comutação
de pena, desde que as infrações penais tenham sido praticadas antes da vigência da
Lei n. 8.072/1990 e suas modificadoras.
11) É possível a concessão de comutação de pena aos condenados por crime comum
praticado em concurso com crime hediondo, desde que o apenado tenha cumprido
as frações referentes aos delitos comum e hediondo, exigidas pelo respectivo
decreto presidencial.
12) É possível a concessão de indulto aos condenados por crime de tráfico de drogas
privilegiado (§4º do art. 33 da Lei n. 11.343/2006), por estar desprovido de natureza
hedionda.
13) O indulto humanitário requer, para sua concessão, a necessária comprovação,
por meio de laudo médico oficial ou por médico designado pelo juízo da execução,
de que a enfermidade que acomete o sentenciado é grave, permanente e exige
cuidados que não podem ser prestados no estabelecimento prisional.
14) O indulto extingue os efeitos primários da condenação (pretensão executória),
mas não atinge os efeitos secundários, penais ou extrapenais. (Súmula n. 631/STJ)

2.1.4 Abolitio Criminis

Ocorre quando lei nova deixa de considerar fato como crime, havendo uma supressão formal e
material do fato criminoso do campo de incidência do direito penal.
Efeitos:
● Cessa a execução e efeitos penais da sentença condenatória
● NÃO cessam os efeitos extrapenais.
● NÃO gera reincidência

Obs.1: A extinção da punibilidade se dará mesmo após o trânsito em julgado da sentença.


Obs.2: Como fato praticado deixa de ser considerado crime, se houver abolitio criminis em relação ao crime
antecedente ao delito de lavagem, o crime de lavagem não subsistirá!!!
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Obs.3: Cuidado para não confundir abolitio criminis com princípio da continuidade normativo típica. Nesse
caso, há apenas a revogação formal do tipo, de modo que a conduta continua sendo típica, porém abarcada
em tipo penal diverso. O princípio da continuidade normativa ocorre “quando uma norma penal é revogada,
mas a mesma conduta continua sendo crime no tipo penal revogador, ou seja, a infração penal continua
tipificada em outro dispositivo, ainda que topologicamente ou normativamente diverso do originário.” (Min.
Gilson Dipp, em voto proferido no HC 204.416/SP).

CAIU EM PROVA! DELEGADO-MS 2021 - A abolitio criminis e a novatio legis in mellius são causas de extinção
da punibilidade aplicáveis para beneficiar o réu, ainda que tenha havido o trânsito em julgado da sentença
penal condenatória. (Item incorreto). A lei penal nova que beneficia o réu não respeita a coisa julgada, sendo
aplicada mesmo quando o agente já tenha sido condenado definitivamente, entretanto, ela não é causa de
extinção de punibilidade.

ATENÇÃO PARA JULGADO RECENTE!


A revogação da contravenção de perturbação da tranquilidade (art. 65 da LCP) pela Lei nº
14.132/2021 não significa que tenha ocorrido abolitio criminis em relação a todos os fatos que estavam
enquadrados na referida infração penal.

A Lei nº 14.132/2021 acrescentou o art. 147-A ao Código Penal, para prever o crime
de perseguição, também conhecido como stalking:

Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe


a integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou,
de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou
privacidade.
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Antes da Lei nº 14.132/2021, a conduta acima explicada era fato atípico? NÃO. Antes da criação do
crime do art. 147-A, a conduta era punida como contravenção penal pelo art. 65 do Decreto-lei 3.688/41,
que tinha a seguinte redação:

Art. 65. Molestar alguém ou perturbar-lhe a tranquilidade, por acinte ou por motivo
reprovável: Pena – prisão simples, de quinze dias a dois meses, ou multa, de
duzentos mil réis a dois contos de réis.

A Lei nº 14.132/2021 revogou a contravenção de molestamento (art. 65 do DL 3.688/41), punindo


de forma mais severa essa conduta, que pode trazer graves consequências psicológicas à vítima.A revogação

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da contravenção de perturbação da tranquilidade pela Lei nº 14.132/2021 não significa que tenha ocorrido
abolitio criminis em relação a todos os fatos que estavam enquadrados na referida infração penal.
De fato, a parte final do art. 147-A do Código Penal prevê a conduta de perseguir alguém,
reiteradamente, por qualquer meio e “de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade
ou privacidade”, circunstância que, a toda evidência, já estava contida na ação de “molestar alguém ou
perturbar-lhe a tranquilidade, por acinte ou por motivo reprovável”, quando cometida de forma reiterada,
porquanto a tutela da liberdade também abrange a tranquilidade.
No caso concreto apreciado pelo STJ, o acusado, mesmo depois de processado e condenado em
primeira instância pela contravenção penal do art. 65 da LCP, voltou a tentar contato com a mesma vítima
ao lhe enviar três e-mails e um presente. Desse modo, houve reiteração.

Com a entrada em vigor da Lei nº 14.132/2021, ele pediu o reconhecimento de que


teria havido abolitio criminis. O STJ, contudo, não aceitou. Isso porque houve
reiteração, de modo que a sua conduta se amolda ao que passou a ser punido pelo
art. 147-A do CP, inserido pela Lei nº 14.132/2021. Logo, houve evidente
continuidade normativo-típica. Vale ressaltar, contudo, que o STJ afirmou que esse
réu deveria continuar respondendo pelas sanções da contravenção do art. 65 do
Decreto-Lei nº 3.688/1941 (e não pelo art. 147-A do CP). Isso porque a lei anterior
era mais benéfica. STJ. 6ª Turma. AgRg nos EDcl no REsp 1863977-SC, Rel. Min.
Laurita Vaz, julgado em 14/12/2021 (Info 722).

2.1.5 Decadência

Código Penal
Art. 103 - SALVO disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de
queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses,
contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º
(ação privada subsidiária da pública) do art. 100 deste Código, do dia em que se
esgota o prazo para oferecimento da denúncia

Perda do direito de propor, mediante queixa, ação penal privada ou ação privada subsidiária, ou de
oferecer representação nos crimes de ação penal pública condicionada.

∘ Prazo de 06 meses do dia do conhecimento de quem foi o autor do fato.


∘ Regra: dia em que souber quem é o autor do crime;
∘ Exceção: ação privada subsidiária da pública – dia em que se esgotar o prazo para
oferecimento da denúncia pelo MP

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∘ Caso a vítima seja menor de 18 anos, não haverá o termo inicial da contagem do prazo. Até os 18
anos, a vítima é representada pelo seu representante legal. Caso o representante não ingresse com
a representação, a vítima poderá representar a partir do momento em que completar 18 anos,
correndo a partir desse momento o prazo de 6 meses.

2.1.6 Perempção

PEREMPÇÃO, que é a desídia processual, com consequente extinção da punibilidade;

Art. 60. Nos casos em que SOMENTE se procede mediante queixa, considerar-se-
á PEREMPTA a ação penal:
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo
durante 30 dias seguidos;
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não
comparecer em juízo, para prosseguir no
processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem
couber fazê-lo, ressalvado o disposto
no art. 36 (CADI);
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer
ato do processo a que deva estar
presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar
sucessor.

Obs.: A Perempção aplica-se única e exclusivamente a ação penal privada EXCLUSIVA. Muita atenção aos
prazos na lei, cai muito!

2.1.7 Prescrição

É a perda da pretensão punitiva ou da pretensão executória. Esta perda ocorre em razão de o titular
ter perdido o direito de punir ou de executar. Elimina os efeitos penais do crime.
Por ser matéria de ordem pública, a prescrição deve ser conhecida de ofício pelo magistrado,
podendo ocorrer em qualquer fase do processo.

Decadência x prescrição:

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DECADÊNCIA PRESCRIÇÃO
Atinge diretamente o direito de ação e Atinge diretamente o direito de punir ou de
indiretamente o direito de punir ou executar a executar uma punição e indiretamente o direito
punição. de ação.
Ocorre em ação penal privada ou em ação penal Poderá ocorrer em qualquer ação, seja pública ou
pública condicionada à representação. privada, condicionada ou incondicionada.
Somente ocorre antes da ação penal. Pode ocorrer a qualquer momento.
Não se suspende, nem se interrompe. Admite causas suspensivas e interruptivas.

Conforme a CF, são imprescritíveis: (art. 5º, XLIV)


⦁ Racismo (Lei 7.716);
⦁ Ações de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional ou contra o estado
democrático de direito.
⦁ Injúria racial (Info 1036).

Modalidades de prescrição:

(1) Prescrição da pretensão punitiva: antes do trânsito em julgado para ambas as partes. Extingue o direito
de punir / de condenar do Estado.
(2) Prescrição da pretensão executória: após o trânsito em julgado para ambas as partes. Extingue o
direito de executar a pena imposta. Os efeitos penais secundários continuam vigentes.

PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA:


Os marcos iniciais estão no artigo 112 do CP.

A prescrição da pretensão punitiva poderá se dividir em:

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a.1) PPP propriamente dita (art.109, CP);

Prescrição da Pretensão
Punitiva:
Ocorre antes do trânsito em a.2) PPP retroativa (art. 110, §1º, CP);
julgado e faz desaparecer
todos os efeitos de eventual
condenação – penais e
extrapenais. Esta espécie de a.3) PPP superveniente ou intercorrente (art.
Espécies de prescrição se divide em 4 110, §1º, CP);
Prescrição subespécies:

a.4) PPP virtual ou antecipada ou por


prognose ou em perspectiva - jurisprudência;

Prescrição da Pretensão Executória (art. 110, caput, CP):


Ocorre depois do trânsito em julgado e impede a execução da sanção. Os demais efeitos
da condenação permanecem, pouco importando se penais ou extrapenais.

a. Prescrição da pretensão punitiva propriamente dita / em abstrato: ocorre enquanto ainda não houver
sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação. Se regula pela pena em abstrato
cominada ao delito;

— Previsão legal: art. 109, CP


— Termo inicial da PPP em abstrato: dia em que se consumou o delito. Adota-se, em regra, a
Teoria do Resultado. (art. 111, CP)

Art. 109, CP - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o


disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa
de liberdade cominada ao crime, verificando-se:
I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;
II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a
doze;
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a
oito;
IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a
quatro;
V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não
excede a dois;
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano.

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SEMANA 04/30

Art. 111, CP - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final (PPPA),


começa a correr:
I - do dia em que o crime se consumou;

LEVA-SE EM CONSIDERAÇÃO NÃO SE LEVA EM CONSIDERAÇÃO


Qualificadora Circunstâncias judicias (art. 59 CP)
- O valor de uma circunstância judicial não tem
previsão legal.
Causas de aumento e diminuição Agravantes e atenuantes
Atenção: tratando-se de amento ou diminuição Atenção: A atenuante da menoridade e da
variável (p. ex. 1/3 a 2/3), considerar o maior senilidade reduz o prazo prescricional pela metade
aumento e a menor diminuição. (art. 115 CP).
Concurso de crimes (art. 119 CP)

Caiu na prova Delegado/RN 2021 – FGV - O termo inicial da prescrição da pretensão punitiva é o do dia em
que cessar a permanência, em crimes desta natureza. (item correto)

b. Prescrição da pretensão punitiva retroativa: Leva esse nome por ser analisada da seguinte maneira:
após a publicação da sentença condenatória, deve-se pegar a pena em concreto fixada, verificar o prazo
prescricional definido para ela no artigo 109, e voltar no tempo para ver se ele foi ultrapassado entre a
data do recebimento da denúncia e a publicação da sentença ou acórdão condenatório, ou seja, é uma
análise retroativa baseada na pena em concreto.
(Por expressa previsão legal, não há aqui o intervalo entre a consumação e o recebimento da
denúncia.)

Art. 110, §1o, CP - A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em


julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena
aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à
da denúncia ou queixa.

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Características da PPP Retroativa:


✔ Pressupõe sentença ou acórdão penal condenatório;
✔ Leva em conta a pena efetivamente imposta na sentença;
✔ Pressupõe trânsito em julgado para acusação no que se relaciona à pena aplicada;
✔ Os prazos prescricionais são os mesmos do art. 109, do CP;
✔ Conta-se a PPP Retroativa da publicação da sentença condenatória até o recebimento da
inicial;

c. Prescrição da pretensão punitiva superveniente / intercorrente: utiliza o mesmo método da prescrição


retroativa, porém, contada “para frente”. Havendo a publicação da sentença condenatória, pega-se a
pena em concreto fixada e verifica-se o transcurso ou não do lapso temporal previsto no artigo 109 entre
a publicação da sentença ou do acórdão condenatório e a data do trânsito em julgado para ambas as
partes.

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Prescrição da pretensão punitiva virtual (antecipada ou em perspectiva ou prognose): Sem previsão legal.
Faz-se uma análise hipotética considerando as circunstâncias que seriam levadas em conta quando o juiz
fosse graduar a pena, para que se chegue a uma provável condenação, sendo tal pena virtualmente
considerada como base para se averiguar uma possível prescrição, de modo que, caso presente essa
possibilidade, não haveria interesse do Estado em dar andamento a uma ação penal que levaria à extinção
da punibilidade. Alega-se a ausência do interesse de agir. Não é admitida. Entendimento sumulado pelo STJ,
enunciado 438.
Súmula 438, STJ - É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com
fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal.

● Termo inicial da prescrição da pretensão punitiva: Artigo 111 do CP. Adota-se a teoria do resultado.
- Crime consumado – regra geral: data da consumação;
- Tentativa – regra geral: data da cessação da atividade criminosa;
- Crimes permanentes e habituais: data da cessação da permanência;
- Bigamia e falsificação ou alteração de assentamento do registro civil: Data do conhecimento do
fato.
- Crimes contra a dignidade sexual contra a criança e o adolescente ou que envolvam violência
contra a criança e o adolescente,data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se já
houver sido proposta ação penal.
- Crime do artigo 2º, I da Lei nº 8.137/90 praticado com fraude: data em que a fraude é praticada,
e não a data em que ela é descoberta. Trata-se de crime formal e instantâneo de efeitos
permanentes.
- Crime do artigo 1º, I da Lei nº 8.137/90: data da constituição do crédito tributário (lançamento
definitivo). Crime material.
● Causas suspensivas da prescrição da pretensão punitiva: Art. 116 do CP. O lapso temporal anterior é
contabilizado quando cessar a causa.

Causas impeditivas da prescrição


Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o
reconhecimento da existência do crime;
II - enquanto o agente cumpre pena no exterior; (Redação dada pela Lei nº
13.964, de 2019)
III - na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais
Superiores, quando inadmissíveis; e (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução
penal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

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Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a


prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro
motivo.

ANTES DO PACOTE ANTICRIME APÓS O PACOTE ANTICRIME


I - enquanto não resolvida, em outro processo, I - enquanto não resolvida, em outro processo,
questão de que dependa o reconhecimento da questão de que dependa o reconhecimento da
existência do crime; existência do crime;
II - enquanto o agente cumpre pena no II - enquanto o agente cumpre pena no exterior;
estrangeiro III - na pendência de embargos de declaração ou de
recursos aos Tribunais Superiores, quando
inadmissíveis; e
IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o
acordo de não persecução penal.

∘ Inciso I – Apesar de o presente inciso referir-se apenas à questão prejudicial obrigatória, prevalece na
doutrina a aplicação dessa causa suspensiva de prescrição também para as questões prejudiciais
facultativas, desde que o Juiz decida atacá-las.

Para relembrar... (arts. 92 a 94 do CPP)

DAS QUESTÕES PREJUDICIAIS


Art. 92. Se a decisão sobre a existência da infração depender da solução de
controvérsia, que o juiz repute séria e fundada, sobre o estado civil das pessoas, o
curso da ação penal ficará suspenso até que no juízo cível seja a controvérsia
dirimida por sentença passada em julgado, sem prejuízo, entretanto, da inquirição
das testemunhas e de outras provas de natureza urgente.
Parágrafo único. Se for o crime de ação pública, o Ministério Público, quando
necessário, promoverá a ação civil ou prosseguirá na que tiver sido iniciada, com a
citação dos interessados.
Art. 93. Se o reconhecimento da existência da infração penal depender de decisão
sobre questão diversa da prevista no artigo anterior, da competência do juízo cível,
e se neste houver sido proposta ação para resolvê-la, o juiz criminal poderá, desde
que essa questão seja de difícil solução e não verse sobre direito cuja prova a lei
civil limite, suspender o curso do processo, após a inquirição das testemunhas e
realização das outras provas de natureza urgente.
§ 1o O juiz marcará o prazo da suspensão, que poderá ser razoavelmente
prorrogado, se a demora não for imputável à parte. Expirado o prazo, sem que o
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juiz cível tenha proferido decisão, o juiz criminal fará prosseguir o processo,
retomando sua competência para resolver, de fato e de direito, toda a matéria da
acusação ou da defesa.
§ 2o Do despacho que denegar a suspensão não caberá recurso.
§ 3o Suspenso o processo, e tratando-se de crime de ação pública, incumbirá ao
Ministério Público intervir imediatamente na causa cível, para o fim de promover-
lhe o rápido andamento.
Art. 94. A suspensão do curso da ação penal, nos casos dos artigos anteriores, será
decretada pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes.

∘ Inciso II – A prescrição ficará suspensa enquanto o agente cumpre pena no exterior. (Atenção com
as pegadinhas aqui, pois o Pacote Anticrime substituiu a palavra “estrangeiro” por “exterior”)

∘ Inciso III – A terceira causa suspensiva foi inserida pelo Pacote Anticrime e impede o curso do prazo
prescricional na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores,
quando inadmissíveis. Com isso, evita-se que os embargos (no geral, incapazes de modificar
substancialmente a decisão) e os recursos de índole extraordinária sejam utilizados como
instrumentos meramente protelatórios para se alcançar a prescrição por meio do adiamento do
julgamento final.
Trata-se de causa suspensiva irretroativa, aplicando-se somente a fatos cometidos após sua entrada
em vigor!

∘ Inciso IV – Esta causa suspensiva também foi inserida pelo Pacote Anticrime, e incide enquanto não
cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal (previsto no art. 28-A, CPP).

∘ §único – esta causa suspensiva somente é aplicada em relação prescrição da pretensão executória,
no sentido de que, após passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante
o tempo em que o condenado está preso por outro motivo.

Obs.: Embora o rol do art. 116 não comporte analogia, não se trata de um rol taxativo, haja vista que existem
outras causas suspensivas em nosso ordenamento jurídico. Como por exemplo:

· Art. 366 do CPP, que regula a citação por edital no processo penal, suspendendo-se o curso
prescricional durante este lapso. Lembrando que o STJ entende, conforme súmula 415, que este
período de suspensão é regulado pelo máximo da pena cominada).
· Art. 386 do CPP, que regula a suspensão do prazo prescricional em caso de carta rogatória, quando
o acusado se encontra no estrangeiro.
· Art. 53, §§ 3º a 5º da CF/88, que disciplina a suspensão do processo contra parlamentares.
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· Suspensão condicional da pena:

Durante a suspensão condicional da pena não corre o prazo prescricional. STF. 2ª


Turma. Ext 1254/Romênia, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 29/4/2014 (Info
744).

Facilitando:
Causas suspensivas da prescrição:
- questões prejudiciais
- suspensão condicional do processo parlamentar
- suspensão condicional da pena
- suspensão condicional do processo
- revel citado por edital

Atenção!! STJ: Transação penal não suspende o curso do prazo prescricional.

- Transação Penal: prescrição continua a correr.


- Suspensão condicional da pena e do processo: prescrição NÃO corre.

Impende rememorar, nesse sentido, que, “em observância ao princípio da legalidade,


as causas suspensivas da prescrição demandam expressa previsão legal” (AgRg no
REsp n. 1.371.909/SC, relator Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA,
julgado em 23/8/2018, DJe de 3/9/2018).

Cabe destacar que a Lei n. 9.099/1995, ao tratar da suspensão condicional do processo, instituto
diverso, previu, expressamente, no art. 89, § 6º, que “não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão
do processo”.
Da mesma forma, semelhante previsão consta do art. 366 do Código de Processo Penal, que, ao cuidar da
suspensão do processo, impõe, conjuntamente, a suspensão do curso do prazo prescricional.
Assim, a permissão de suspensão do curso do prazo prescricional sem a existência de determinação legal
consubstancia flagrante violação ao princípio da legalidade”.
● Causas interruptivas da prescrição da pretensão punitiva: Art. 117 do CP. Diante da ocorrência de
uma delas, o prazo prescricional é reiniciado por inteiro e valerá contra todos os autores e partícipes
do delito.

✔ Incisos I a IV – interrompem a prescrição da pretensão punitiva


✔ Incisos V e VI – interrompem a prescrição da pretensão executória (estudaremos adiante)

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Causas interruptivas da prescrição


Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:
I - Pelo recebimento da denúncia ou da queixa;
II - Pela pronúncia;
III - pela decisão confirmatória da pronúncia;
IV - Pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis;
V - Pelo início ou continuação do cumprimento da pena;
VI - pela reincidência. (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
§ 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da
prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes
conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a
interrupção relativa a qualquer deles.
§ 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o
prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção. (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)

CAIU EM PROVA – Vunesp - entre as causas que interrompem a prescrição, estão o início ou a continuação
do cumprimento da pena. (item correto).

Considerações importantes:

● O que vale é o RECEBIMENTO da denúncia ou queixa. Oferecimento ou rejeição não.


● Embora o artigo fale em sentença de pronúncia, entende-se que a desclassificação imprópria nos casos
do tribunal do júri (desclassifica para outro crime, também de competência do júri) também interrompe
a prescrição. A desclassificação própria, impronúncia ou absolvição sumária não. Cuidado com a
interpretação da súmula 191 do STJ.
● No caso de crimes conexos que sejam objeto do mesmo processo, havendo sentença condenatória para
um dos crimes e acórdão condenatório para o outro delito, tem-se que a prescrição da pretensão punitiva
de ambos é interrompida a cada provimento jurisdicional (art. 117, § 1º, do CP). STJ. 5ª Turma. RHC
40.177-PR, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 25/8/2015 (Info 568) (fonte: Dizer o
direito).
● O termo inicial no caso de fuga do preso é da data da recaptura, por ser uma infração disciplinar de
natureza permanente.
● O cumprimento da pena imposta em outro processo, ainda que em regime aberto ou prisão domiciliar,
impede o curso da prescrição executória. (STF info 670)

● Acórdão que confirma ou reduz a pena interrompe a prescrição?

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SIM. É a posição atual da 1ª Turma do STF, que foi confirmada pelo Plenário do STF
em abril de 2020.
O acórdão confirmatório da sentença implica a interrupção da prescrição.
A prescrição é, como se sabe, o perecimento da pretensão punitiva ou da pretensão
executória pela inércia do próprio Estado.

No art. 117 do Código Penal que deve ser interpretado de forma sistemática todas
as causas interruptivas da prescrição demonstram, em cada inciso, que o Estado
não está inerte. Não obstante a posição de parte da doutrina, o Código Penal não
faz distinção entre acórdão condenatório inicial e acórdão condenatório
confirmatório da decisão. Não há, sistematicamente, justificativa para tratamentos
díspares.

A ideia de prescrição está vinculada à inércia estatal e o que existe na confirmação


da condenação é a atuação do Tribunal. Consequentemente, se o Estado não está
inerte, há necessidade de se interromper a prescrição para o cumprimento do
devido processo legal.STF. 1ª Turma. RE 1237572 AgR, Rel. Min. Marco Aurélio,
Relator p/ Acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 26/11/2019.STF. 1ª
Turma. RE 1241683 AgR/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 4/2/2020 (Info 965).

Nos termos do inciso IV do artigo 117 do Código Penal, o acórdão condenatório


sempre interrompe a prescrição, inclusive quando confirmatório da sentença de 1º
grau, seja mantendo, reduzindo ou aumentando a pena anteriormente
imposta.STF. Plenário. HC 176473/RR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
27/04/2020.

● Prazos prescricionais: fixados no artigo 109 do CP.

● Redução do prazo prescricional:


- Se o agente for menor de 21 na data do fato ou maior de 70 anos na data da sentença, o prazo prescricional
será reduzido pela metade.

● Prescrição dos atos infracionais: a prescrição será regulada pelos mesmos prazos. Porém, há de se
salientar que sempre incidirá a redução do prazo pela metade, prevista no artigo 115 do CP, vez que são
praticados por pessoas inevitavelmente menores de 21 anos.

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Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso


era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença,
maior de 70 (setenta) anos

Veja a jurisprudência sobre o tema:

Para que incida a redução do prazo prescricional prevista no art. 115 do CP, é
necessário que, no momento da sentença, o condenado possua mais de 70 anos.
Se ele só completou a idade após a sentença, não terá direito ao benefício, mesmo
que isso tenha ocorrido antes do julgamento de apelação interposta contra a
sentença. Existe, no entanto, uma situação em que o condenado será beneficiado
pela redução do art. 115 do CP mesmo tendo completado 70 anos após a
"sentença" (sentença ou acórdão condenatório): isso ocorre quando o condenado
opõe embargos de declaração contra a sentença/acórdão condenatórios e esses
embargos são conhecidos. Nesse caso, o prazo prescricional será reduzido pela
metade se o réu completar 70 anos até a data do julgamento dos embargos. Nesse
sentido: STF. Plenário. AP 516 ED/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão
Min. Luiz Fux, julgado em 5/12/2013 (Info 731). STF. 2ª Turma. HC 129696/SP, Rel.
Min. Dias Toffoli, julgado em 19/4/2016 (Info 822). Cuidado! O STJ entende que é
possível aplicar a redução do art. 115 do CP no momento do acórdão (ou seja, após
a sentença), se a sentença foi absolutória e o primeiro decreto condenatório foi a
apelação. Ex: João tinha 68 anos quando foi prolatada a sentença; a sentença foi
absolutória; o MP apelou e o TJ reformou a sentença, condenando o réu; ocorre
que, no momento do acórdão condenatório, João já tinha mais de 70 anos; neste
caso, será possível aplicar a redução pela metade do prazo prescricional, conforme
previsto no art. 115 do CP. Nesse sentido: "a redução do prazo prescricional à
metade, com base no art. 115 do Código Penal, aplica-se aos réus que atingirem a
idade de 70 anos até a primeva condenação, tenha ela se dado na sentença ou no
acórdão, situação que não ocorreu na hipótese”. STJ. 6ª Turma. AgRg nos EDcl no
AREsp 491.258/TO, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 07/02/2019.
Assim, o termo "sentença", mencionado no art. 115 do CP, deve ser entendido
como "primeira decisão condenatória, seja sentença ou acórdão proferido em
apelação" (STJ. 6ª Turma. HC 316.110/SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado
em 25/06/2019).

● Prescrição das medidas de segurança:


- STF: não pode ser superior a 40 anos. (Alteração promovida pelo Pacote Anticrime)

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- STJ: A prescrição da medida de segurança imposta em sentença absolutória imprópria é regulada


pela pena máxima abstratamente prevista para o delito. (Info 535/2014)

Em provas objetivas, utilize o entendimento do STF! No entanto, em uma prova


discursiva, é importantíssimo mencionar a divergência jurisprudencial e o
entendimento do STJ!

● Pena de multa:
- Se fixada isoladamente: 2 anos.
- Se fixada cumulada ou alternativamente com pena privativa de liberdade: será regulada pelo prazo
prescricional da pena privativa de liberdade.

Caiu em prova - Vunesp - A prescrição da pena de multa ocorrerá sempre em dois anos. (item incorreto).

● Crime do artigo 28 da lei de drogas: em 2 anos, conforme art. 30 da Lei 11.343/2006.

● Substituição da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos: deve ser analisada a pena privativa
de liberdade fixada antes da conversão para se chegar ao prazo prescricional.

● Causas de aumento ou diminuição para o cálculo em abstrato: utilizar a fração que mais aumente ou
que menos diminua, ou seja, pensar sempre na pior das hipóteses.
● Atenuantes e agravantes: não são consideradas.

● Concurso de crimes: Art. 119 do CP: No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá
sobre a pena de cada um, isoladamente

● Crime continuado: Súmula 497 do STF: Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se
pela pena imposta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação.

● FACILITANDO O ENTENDIMENTO:
A prescrição da pretensão punitiva propriamente dita leva em conta a pena máxima prevista de
forma abstrata para o delito. Como não há pena imposta ao indivíduo, leva-se em consideração a maior pena
que pode ser aplicada no caso, sem análise do mérito, apenas considerando qual a pena mais alta que pode
ser calculada pelo juiz em relação à conduta de que se acusa o indivíduo. Eventual qualificadora deve ser
considerada. A forma qualificada estipula uma pena abstrata diversa para o caso de sua configuração, com
novas balizas máxima e mínima. Deste modo, é o limite máximo próprio do delito qualificado que deve ser
utilizado como parâmetro para o estabelecimento do prazo prescricional daquele caso. As majorantes são
levadas em conta para se fixar o prazo prescricional de cada infração. Quando a lei prevê majorantes, pode
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haver uma fixação de um mínimo e máximo para o aumento. Ex: Nas hipóteses do roubo majorado, previsto
no artigo 157 parágrafo 2 do código penal, o legislador estabeleceu que a pena deve ser aumentada de 1/3
à metade. Nestes casos, deve-se considerar o maior aumento possível para se obter a maior pena
abstratamente cominada àquele fato. Adota-se a chamada teoria da pior das hipóteses, já que o cálculo
deve encontrar a maior pena possível abstratamente cominada ao delito. se o indivíduo é acusado ou
investigado em relação à prática de um delito majorado deve-se considerar o maior aumento possível. no
caso de incidir uma minorante ou uma causa de diminuição de pena considera-se a menor diminuição
possível.
Em resumo: a fração de aumento decorrente de concurso formal ou crime continuado deve ser
desconsiderada. O Cálculo deve ser só sobre a pena principal.
Via de regra, deve ser feita, basicamente, a seguinte análise:

a. Verificar a pena em abstrato a depender da hipótese, com as respectivas causas de aumento


(fração que mais aumenta) ou diminuição (fração que mais diminui);
b. Colocar essa pena da “tabela” do artigo 109 do CP e verificar seu prazo prescricional;
c. Verificar se não é caso de prazo especial (pena de multa isolada ou artigo 28 da Lei de Drogas);
d. Verificar se é cabível a redução do art. 115 do CP;
e. Verificar se transcorreu o prazo prescricional obtido pelos passos anteriores dentro de algum dos
intervalos do artigo 117 do CP.

ATENÇÃO A JURISPRUDÊNCIA RECENTE!


O inadimplemento da pena de multa impede a extinção da punibilidade mesmo que já tenha sido
cumprida a pena privativa de liberdade ou a pena restritiva de direitos?
Regra: SIM. Se o indivíduo for condenado a pena privativa de liberdade e multa, o inadimplemento
da sanção pecuniária obsta (impede) o reconhecimento da extinção da punibilidade. Em outras palavras,
somente haverá a extinção da punibilidade se, além do cumprimento da pena privativa de liberdade, houver
o pagamento da multa.
Exceção: se o condenado comprovar que não tem como pagar a multa.Se o condenado comprovar
a impossibilidade de pagar a sanção pecuniária, neste caso, será possível a extinção da punibilidade mesmo
sem a quitação da multa. Bastará cumprir a pena privativa de liberdade e comprovar que não tem condições
de pagar a multa

Foi a tese fixada pelo STJ:

Na hipótese de condenação concomitante a pena privativa de liberdade e multa, o


inadimplemento da sanção pecuniária, pelo condenado que comprovar impossibilidade de
fazê-lo, não obsta o reconhecimento da extinção da punibilidade. STJ. 3ª Seção. REsp

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1785861/SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 24/11/2021 (Recurso Repetitivo –
Tema 931).

d. Prescrição da Pretensão Executória: A Prescrição da Pretensão Executória é prescrição de pena em


concreto (regula-se pela pena aplicada na sentença) e pressupõe sentença condenatória com trânsito
em julgado para ambas as partes (decisão irrecorrível).

Aqui, SOMENTE AQUI, se o réu for reincidente, aumenta-se o prazo prescricional em 1/3, conforme
o artigo 110 do CP e Súmula 220/STJ.

Súmula 220/STJ: A reincidência não influi no prazo da prescrição da pretensão


punitiva.

Art. 110, caput, do CP - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença


condenatória (para acusação e defesa) regula-se pela pena aplicada e verifica-se
nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o
condenado é reincidente.

Obs1: Do mesmo modo que a PPP em abstrato, a PPP retroativa e a PPP superveniente, a prescrição
executória, havendo concurso de crimes, incide sobre cada delito isoladamente (art. 119, do CP).

Art. 119, CP - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá


sobre a pena de cada um, isoladamente.

Obs2: A PPE extingue a pena aplicada, sem rescindir a sentença condenatória (que continua produzindo
efeitos penais e extrapenais).

PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA


Rescinde eventual sentença condenatória, não Não rescinde condenação, produzindo efeitos
operando efeitos penais e extrapenais. penais e extrapenais.
Extingue o direito de punir. Extingue o direito de executar a pena imposta.
Não gera reincidência. Gera reincidência.
A sentença não serve como título executivo. A sentença serve como título executivo.

● Termo inicial: art. 112, CP: A prescrição depois do trânsito em julgado é prescrição de pena efetivamente
imposta, que pressupõe trânsito em julgado para ambas as partes. Porém tem termo inicial no trânsito
em julgado para a acusação, verificando-se dentro dos prazos estabelecidos pelo art. 109, do CP, os
quais são aumentados de 1/3 se o condenado é reincidente.
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Art. 112, CP - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr:
I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação
(regra), ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento
condicional;
II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção
deva computar-se na pena.

● Causas Interruptivas da PPE: art. 117, V e VI do CP.

Art. 117, CP - O curso da prescrição interrompe-se:


V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena;
VI - pela reincidência.
§1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição
produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que
sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a
qualquer deles.
§ 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o
prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção.

Atente-se à recente jurisprudência sobre o tema:

O cumprimento de pena imposta em outro processo, ainda que em regime aberto


ou em prisão domiciliar, impede o curso da prescrição executória
De acordo com o parágrafo único do art. 116 do Código Penal, “depois de passada
em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em
que o condenado está preso por outro motivo”. Ao interpretar o referido
dispositivo legal, o STJ pacificou o entendimento de que o cumprimento de pena
imposta em outro processo, ainda que em regime aberto ou em prisão domiciliar,
impede o curso da prescrição executória. Assim, não há que se falar em fluência do
prazo prescricional, o que impede o reconhecimento da extinção de sua
punibilidade. O fato de o prazo prescricional não correr durante o tempo em que o
condenado está preso por outro motivo não depende da unificação das penas. STJ.
5ª Turma. AgRg no RHC 123523-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 13/04/2020
(Info 670).

2.1.7 Perempção

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Sanção processual imposta ao querelante omisso na ação penal exclusivamente privada, impedindo
o seu prosseguimento.
Não são todas as ações penais privadas que comportam perempção. No caso da ação penal privada
subsidiária da pública, o MP retomará a titularidade da ação (ação penal indireta).
Dar-se-á caso ocorra uma das seguintes hipóteses:
● O querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos, salvo se
houver motivo justo;
● Falecimento do querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, e ninguém compareceu para dar
seguimento ao processo, dentro do prazo de 60 dias;
● O querelante deixar de comparecer, injustificadamente, a qualquer ato do processo a que deva estar
presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais;
● Quando o querelante for pessoa jurídica e se extinguir sem deixar sucessor.
● Quando houver recurso da defesa e o querelante não apresentar contrarrazões recursais
(entendimento jurisprudencial).

Caso haja dois querelantes e um deles seja desidioso, haverá perempção apenas para este, não sendo
o outro prejudicado.

2.1.8 Renúncia

Ato voluntário do ofendido desistindo do direito de propor a ação penal privada. A renúncia em
relação a um dos autores se estenderá a todos, se houver concurso de pessoas.

2.1.9 Perdão Aceito ou Perdão do Ofendido

● É ato voluntário para obstar o prosseguimento da ação penal privada.


● Pode haver recusa do querelado, tratando-se de ato bilateral. Logo, o que extingue a
punibilidade NÃO é o perdão, mas o perdão aceito.
● Deve ser exercido APÓS a propositura da ação penal privada, mas ANTES do trânsito em
julgado da sentença penal condenatória.
● Se um dos ofendidos conceder o perdão, NÃO prejudicará o direito dos outros, no caso de
haver ofensa a mais de uma pessoa.

2.1.10 Retratação

É ato de retirar o que foi dito.


● Por ser ato pessoal, a retratação por um dos querelados NÃO se aplica aos demais.
● Deve ser irrestrita e incondicional.
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● Aplicável nos casos de calúnia, difamação, falso testemunho.

2.1.11 Perdão Judicial

Possibilidade de o juiz deixar de aplicar a sanção penal ao autor do crime, se evidenciadas certas
circunstâncias que demonstrem a desnecessidade de pena.
Requisitos para aplicar o perdão judicial:
1) As consequências podem ser físicas ou morais
2) A gravidade deve ser aferida no caso concreto.

Obs.: Natureza jurídica da sentença concessiva de perdão judicial:

Súmula 18, STJ: a sentença concessiva do perdão judicial e declaratória da extinção


da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.

RECURSO ESPECIAL. HOMICÍDIO CULPOSO NO TRÂNSITO. ART. 302, CAPUT, DA LEI


N. 9.503/1997. PERDÃO JUDICIAL. ART. 121, § 5º, DO CÓDIGO PENAL. VÍNCULO
AFETIVO ENTRE RÉU E VÍTIMA. NECESSIDADE. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO.
1. O texto do § 5º do art. 121 do Código Penal não definiu o caráter das
consequências, mas não deixa dúvidas quanto à forma grave com que essas devem
atingir o agente, ao ponto de tornar desnecessária a sanção penal.
2. Não há empecilho a que se aplique o perdão judicial nos casos em que o agente
do homicídio culposo - mais especificamente nas hipóteses de crime de trânsito -
sofra sequelas físicas gravíssimas e permanentes, como, por exemplo, ficar
tetraplégico, em estado vegetativo, ou incapacitado para o trabalho.
3. A análise do grave sofrimento, apto a ensejar, também, a inutilidade da função
retributiva da pena, deve ser aferido de acordo com o estado emocional de que é
acometido o sujeito ativo do crime, em decorrência da sua ação culposa.
4. A melhor doutrina, quando a avaliação está voltada para o sofrimento psicológico
do agente, enxerga no § 5º a exigência de um vínculo, de um laço prévio de
conhecimento entre os envolvidos, para que seja "tão grave" a consequência do
crime ao agente. A interpretação dada, na maior parte das vezes, é no sentido de
que só sofre intensamente o réu que, de forma culposa, matou alguém conhecido
e com quem mantinha laços afetivos.5. Entender pela desnecessidade do vínculo
seria abrir uma fenda na lei, que se entende não haver desejado o legislador, pois,
além de difícil aferição - o tão grave sofrimento -, serviria como argumento de
defesa para todo e qualquer caso de delito de trânsito, com vítima fatal.6. O que
se pretende é conferir à lei interpretação mais razoável e humana, sem jamais
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perder de vista o desgaste emocional (talvez perene) que sofrerá o acusado dessa
espécie de delito, que não conhecia a vítima. Solidarizar-se com o choque
psicológico do agente não pode, por outro lado, conduzir a uma eventual
banalização do instituto, o que seria, no atual cenário de violência no trânsito - que
tanto se tenta combater -, no mínimo, temerário.7. Recurso especial a que se nega
provimento.(REsp 1455178/DF, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA
TURMA, julgado em 05/06/2014, DJe 06/06/2014)

STJ-Resp 1.455.178/DF: O perdão judicial não pode ser concedido ao agente do


homicídio culposo na direção de veículo automotor (art. 302 do CTB) que, embora
atingido moralmente de forma grave pelas consequências do acidente, não tinha
vínculo afetivo com a vítima nem sofreu sequelas físicas gravíssimas e
permanentes.

JURISPRUDÊNCIAS SOBRE O TEMA

→ Em caso de inatividade processual decorrente de citação por edital, ressalvados


os crimes previstos na Constituição Federal como imprescritíveis, é constitucional
limitar o período de suspensão do prazo prescricional ao tempo de prescrição da
pena máxima em abstrato cominada ao crime, a despeito de o processo permanecer
suspenso. STF. Plenário. RE 600851, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 04/12/2020
(Repercussão Geral – Tema 438) (Info 1001).

→ A comunicabilidade da interrupção do prazo prescricional alcança tão somente


os corréus do mesmo processo. Dessa forma, havendo desmembramento, os feitos
passam a tramitar de forma autônoma, possuindo seus próprios prazos, inclusive
em relação à prescrição.STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 121.697/SP, Rel. Min. Joel Ilan
Paciornik, julgado em 19/10/2021.

→ O recebimento da denúncia é previsto como causa de interrupção do prazo


prescricional (art. 117, I, do CP). Situação1: se a denúncia foi recebida por juízo
absolutamente incompetente, pode-se dizer que houve interrupção do prazo de
prescrição?
NÃO. Doutrina e jurisprudência são uniformes no sentido de que o recebimento da
denúncia por magistrado absolutamente incompetente não interrompe o curso do
prazo prescricional. Assim, mesmo que, posteriormente, a denúncia seja recebida
pelo juízo competente, aquele primeiro recebimento feito pelo magistrado
absolutamente incompetente não servirá como marco interruptivo da prescrição.
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Ex: se um juiz de 1ª instância recebe denúncia formulada contra réu que detém foro
por prerrogativa de função no Tribunal (STJ. Corte Especial. APn 295-RR, Rel. Min.
Jorge Mussi, julgado em 17/12/2014).

→ Situação 2: se o vício fosse de incompetência relativa, haveria interrupção da


prescrição? A denúncia recebida por juízo relativamente incompetente
interrompe a prescrição se depois for ratificada pelo juízo competente?
SIM. Pelo princípio da convalidação, o recebimento da denúncia por parte de Juízo
territorialmente incompetente tem o condão de interromper o prazo prescricional.
Se a denúncia foi recebida pelo juízo relativamente incompetente em 2010 e depois
foi ratificada em 2011, considera-se que houve interrupção em 2010. A
convalidação posterior possui natureza declaratória, servindo apenas para
confirmar a validade daquela primeira decisão. Repetindo: o recebimento da
denúncia por parte de Juízo territorialmente incompetente tem o condão de
interromper o prazo prescricional (STJ. 5ª Turma. RHC 40.514/MG, Rel. Min. Laurita
Vaz, julgado em 08/05/2014).STJ. Corte Especial. APn 295-RR, Rel. Min. Jorge Mussi,
julgado em 17/12/2014 (Info 555).

ATENÇÃO!! Conforme o STJ, a queixa-crime apresentada perante juízo incompetente OBSTA (impede) a
decadência, se tiver sido observado o prazo de seis meses previsto no CPP.

→ Redução do prazo prescricional para condenados maiores de 70 anos e


momento de aferição:

Para que incida a redução do prazo prescricional prevista no art. 115 do CP, é
necessário que, no momento da sentença, o condenado possua mais de 70 anos.
Se ele só completou a idade após a sentença, não terá direito ao benefício, mesmo
que isso tenha ocorrido antes do julgamento de apelação interposta contra a
sentença.

Existe, no entanto, uma situação em que o condenado será beneficiado pela


redução do art. 115 do CP mesmo tendo completado 70 anos após a “sentença”
(sentença ou acórdão condenatório): isso ocorre quando o condenado opõe
embargos de declaração contra a sentença/acórdão condenatórios e esses
embargos são conhecidos. Nesse caso, o prazo prescricional será reduzido pela
metade se o réu completar 70 anos até a data do julgamento dos embargos. Nesse
sentido: STF. Plenário. AP 516 ED/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão
Min. Luiz Fux, julgado em 5/12/2013 (Info 731).
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STF. 2ª Turma. HC 129696/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/4/2016 (Info
822).

Cuidado! O STJ entende que é possível aplicar a redução do art. 115 do CP no momento do acórdão
(ou seja, após a sentença), se a sentença foi absolutória e o primeiro decreto condenatório foi a apelação.
Ex: João tinha 68 anos quando foi prolatada a sentença; a sentença foi absolutória; o MP apelou e o TJ
reformou a sentença, condenando o réu; ocorre que, no momento do acórdão condenatório, João já tinha
mais de 70 anos; neste caso, será possível aplicar a redução pela metade do prazo prescricional, conforme
previsto no art. 115 do CP. Nesse sentido:“a redução do prazo prescricional à metade, com base no art. 115
do Código Penal, aplica-se aos réus que atingirem a idade de 70 anos até a primeva condenação, tenha ela
se dado na sentença ou no acórdão, situação que não ocorreu na hipótese”.
STJ. 6ª Turma. AgRg nos EDcl no AREsp 491.258/TO, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em
07/02/2019. Assim, o termo “sentença”, mencionado no art. 115 do CP, deve ser entendido como “primeira
decisão condenatória, seja sentença ou acórdão proferido em apelação” (STJ. 6ª Turma. HC 316.110/SP, Rel.
Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 25/06/2019).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

- Direito Penal – Parte Geral – Volume 1 – 13ª edição – Cleber Masson;


- Sinopse nº1 – Direito Penal – Parte geral – 7ª edição – Alexandre Salim e Marcelo André de Azevedo;
- Manual de Direito Penal – Parte geral – 7ª edição – Rogério Sanches Cunha.
- Site Dizer o Direito – www.dizerodireito.com.br

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QUESTÕES PROPOSTAS

1 - 2021 - FAPEC - PC-MS - FAPEC - 2021 - PC-MS - Delegado A partir das normas aplicáveis à extinção da punibilidade, é
de Polícia correto afirmar que nesse caso:
Considerando o regramento das leis penais no tempo e a
história do Direito Penal na República Federativa do Brasil, A-houve prescrição da pretensão punitiva pela pena em
assinale a alternativa correta. abstrato.
B-houve prescrição da pretensão punitiva intercorrente
A-O Código Penal de 1969 (Decreto-lei n. 1.004/69) revogou (subsequente) pela pena em concreto.
alguns dispositivos do Código Penal de 1940 (Decreto-lei n. C-houve prescrição da pretensão punitiva retroativa pela
2.848/40), produzindo efeitos jurídicos, muito embora tenha pena em concreto.
sido revogado ainda em seu período de vacatio legis. D-houve somente prescrição da pretensão executória.
B-Desde que seja em caráter benéfico, a doutrina majoritária E-não houve prescrição.
entende ser possível aplicar leis penais antes de consumada
sua vigência. 3- 2021 - FGV - PC-RN - FGV - 2021 - PC-RN - Delegado de
C-Tanto o STF quanto o STJ não admitem a combinação de leis Polícia Civil Substituto
penais. Prescrição é a perda pelo Estado do direito de punir ou
D-A abolitio criminis e a novatio legis in mellius são causas de executar a pena em razão do decurso do tempo, tratando-se
extinção da punibilidade aplicáveis para beneficiar o réu, de causa de extinção da punibilidade. Sobre o tema, analise
ainda que tenha havido o trânsito em julgado da sentença as afirmativas a seguir.
penal condenatória. I. O termo inicial da prescrição da pretensão punitiva é o do
E-Nos crimes permanentes e continuados, a lei penal dia em que cessar a permanência, em crimes desta natureza.
aplicável será aquela mais benéfica ao agente e não a lei mais II. A publicação do acórdão condenatório interrompe o prazo
grave em vigor antes da cessação da permanência ou da da prescrição da pretensão executória. III. A desclassificação
continuidade. Isso porque, de acordo com a CF/1988, vige o posterior pelo Tribunal do Júri faz desaparecera causa de
princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica ao interrupção da prescrição em razão da pronúncia.
agente. Está correto somente o que se afirma em:

2 - 2021 - NC-UFPR - PC-PR - NC-UFPR - 2021 - PC-PR - A-I;


Delegado de Polícia B-II;
Considere o seguinte caso hipotético: C-III;
D-I e III;
J.J. respondeu processo pelo crime de peculato (art. 312 do E-II e III.
Código Penal) cometido no dia 30/09/2010, quando tinha 66
anos de idade.Adenúncia foi oferecida pelo Ministério Público 4 - 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA - INSTITUTO AOCP -
em 16/10/2014 e recebida pelo(a) Magistrado(a) competente 2021 - PC-PA - Delegado de Polícia Civil
no dia 18/10/2014. O processo tramitou regularmente e J.J. De acordo com o Direito Penal, assinale a alternativa
foi condenado a cumprir pena de 2 anos de reclusão, em INCORRETA.
regime inicial semiaberto, e ao pagamento de 10 dias-multa
no valor de 1/30 do salário mínimo vigente à época do fato. A A-Aplica-se a lei brasileira ao crime de homicídio cometido na
sentença foi proferida em 16/11/2016 e publicada no dia Argentina contra o Presidente da República do Brasil. Trata-
18/11/2016. Não houve interposição de recurso pelas partes se de hipótese de extraterritorialidade incondicionada, dada
e foi certificado o trânsito em julgado, ocorrido em a incidência do princípio da representação.
05/12/2016. Em 20/10/2018 se iniciou o cumprimento da B-A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da
pena. extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito
condenatório.

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C-Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do condenado, com a aplicação da pena privativa de liberdade
bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda no patamar mínimo. Nesse caso, considerando que ocorreu o
que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao trânsito em julgado da sentença penal condenatória para
agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a ambas as partes, a extinção da punibilidade pela prescrição
posse mansa e pacífica ou desvigiada. ocorrerá em
D-Para a configuração do delito de violação de direito autoral
e a comprovação de sua materialidade, é suficiente a perícia A-quatro anos.
realizada por amostragem do produto apreendido, nos B-oito anos.
aspectos externos do material, e é desnecessária a C-doze anos.
identificação dos titulares dos direitos autorais violados ou D-dezesseis anos.
daqueles que os representem. E-vinte anos.
E-O crime de estupro de vulnerável se configura com a
conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 7 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE /
catorze anos, sendo irrelevante eventual consentimento da CEBRASPE - 2021 - Polícia Federal - Delegado de Polícia
vítima para a prática do ato, sua experiência sexual anterior Federal
ou existência de relacionamento amoroso com o agente. Acerca da teoria da pena, julgue o item que se segue.
O inadimplemento da pena de multa não obsta a extinção da
5 - 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA - INSTITUTO AOCP - punibilidade do apenado.
2021 - PC-PA - Delegado de Polícia Civil
Referente ao Direito Penal, assinale a alternativa correta. Certo
Errado
A-São exemplos de crimes que não admitem a tentativa: os
preterdolosos, os unissubsistentes, os omissivos próprios e os 8 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE /
de perigo concreto. CEBRASPE - 2021 - Polícia Federal - Delegado de Polícia
B-Os crimes próprios são incompatíveis com a coautoria, haja Federal
vista que são delitos em que o tipo penal exige uma situação Acerca da teoria da pena, julgue o item que se segue.
de fato ou de direito diferenciada por parte do sujeito ativo. O acórdão confirmatório da condenação interrompe a
C-Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à prescrição.
pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o
recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do Certo
agente, a pena será reduzida de um terço até a metade. Errado
D-O indulto extingue os efeitos primários da condenação
(pretensão executória), mas não atinge os efeitos 9 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE /
secundários, penais ou extrapenais. CEBRASPE - 2021 - Polícia Federal - Delegado de Polícia
E-Em relação ao concurso formal próprio, o Código Penal Federal
adotou o sistema da exasperação, aplicando-se a pena de No que concerne aos crimes previstos na parte especial do
qualquer dos crimes, se idênticos, ou então a mais grave, Código Penal, julgue o item subsequente.
aumentada, em qualquer caso, de um sexto até dois terços. Em se tratando do crime de falsidade ideológica, o prazo
prescricional se reinicia com a eventual reiteração de seus
6 - 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA - INSTITUTO AOCP - efeitos.
2021 - PC-PA - Delegado de Polícia Civil
Analise a seguinte situação hipotética: Romeu, funcionário Certo
público, praticou dois crimes de peculato (art. 312, caput, CP), Errado
devendo o segundo, pelas condições de tempo, local, modo
de execução e outras semelhantes, ser considerado 10 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Instituto Acesso - 2019
continuação do primeiro. Foi regularmente processado e - PC-ES - Delegado de Polícia - Anulado

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“A extinção da punibilidade significa o desaparecimento do “Com efeito, é sabido que a prescrição é um instituto
poder de punir do Estado em relação a fatos definidos como vocacionado a realizar a estabilização das situações jurídicas
crimes, pela ocorrência de eventos, situações ou em razão do decurso do tempo, com a finalidade de
acontecimentos determinados na lei como causas de extinção proporcionar a paz social mediante a promoção da segurança
da punibilidade (art. 107, CP).” (SANTOS, Juarez Cirino dos. jurídica, sendo certo que, embora possua um fundamento
Direito Penal Parte Geral. 5ª ed., Florianópolis: Conceito, comum, suas características diferem em cada ramo do Direito
2012). em que se faça presente.” (STJ, RMS 043771, DJe 03/05/2018,
Tendo em vista as causas de extinção de punibilidade Rel. Min. Assusete Magalhães).
conhecidas em âmbito de Direito Penal, assinale a alternativa No Código Penal brasileiro, verifica-se que a prescrição,
correta com relação ao indulto.
A-no caso de concurso de crimes, incidirá sobre o somatório
A-seus efeitos atingem quaisquer crimes previstos no das respectivas penas.
ordenamento jurídico pátrio. B-no caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o
B-o indulto individual ou graça depende exclusivamente, para livramento condicional, é regulada pelo tempo que resta da
sua concessão, de pedido provocado por petição do pena.
condenado. C-no caso de pena de multa, ocorrerá em três anos, quando a
C-trata-se de benefício concedido exclusivamente pelo multa for a única cominada ou aplicada.
Presidente da República por meio de lei delegada. D-quando o criminoso era, na data da sentença, maior de
D-pode ser delegado pelo Presidente da República aos sessenta anos, tem seu prazo reduzido pela metade.
Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao E-antes de transitar em julgado a sentença final, começa a
Defensor Público-Geral Federal. correr, nos crimes permanentes, a partir do dia em que se
E-é atribuição privativa do Presidente da República, podendo iniciou a permanência.
ser delegada, na forma estabelecida na Constituição Federal,
aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou 13 - 2018 - VUNESP - PC-SP - VUNESP - 2018 - PC-SP -
ao Advogado-Geral da União Delegado de Polícia
A ação penal privada subsidiária é cabível no crime de
11 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE -
2018 - Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal A-exercício arbitrário das próprias razões, sem emprego de
Em cada item seguinte, é apresentada uma situação violência (CP, art. 345, parágrafo único).
hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada com base na B-furto de coisa comum (CP, art. 156).
legislação de regência e na jurisprudência dos tribunais C-esbulho possessório de propriedade particular, sem
superiores a respeito de exclusão da culpabilidade, concurso emprego de violência (CP, art. 161, II, § 3o ).
de agentes, prescrição e crime contra o patrimônio. D-fraude à execução (CP, art. 179).
Júnior, maior e capaz, foi processado e julgado pelo crime de E-dano (CP, art. 163, caput).
estelionato. Tendo verificado que Júnior tinha sido
condenado pelo mesmo crime havia dois anos, o juiz 14 - 2018 - VUNESP - PC-SP - VUNESP - 2018 - PC-SP -
aumentou a pena em um terço. Nessa situação, o aumento Delegado de Polícia
da pena não influirá no prazo da prescrição da pretensão No que concerne ao art. 107 do CP, que enumera as causas
punitiva. extintivas da punibilidade, trata-se de rol

Certo A-exemplificativo, já que são admitidas pela legislação causas


Errado ali não contidas, como, por exemplo, o cumprimento da
suspensão condicional do processo.
12 - 2018 - UEG - PC-GO - UEG - 2018 - PC-GO - Delegado de B-taxativo, já que não admite exceção.
Polícia C-taxativo, uma vez que as causas supralegais de extinção da
punibilidade não são reconhecidas pela jurisprudência.

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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

SEMANA 04/30

D-exemplificativo, já que são admitidas pela legislação causas


ali não contidas, como, por exemplo, a incapacidade mental A-Em vista da condenação, em concurso de agentes, a
superveniente ao crime. punição de Mévio e Tício haveria de ser idêntica, em respeito
E-exemplificativo, já que são admitidas pela legislação causas à teoria unitária, adotada pelo Código Penal.
ali não contidas, como, por exemplo, o indulto. B-Em havendo concurso de agentes, em respeito à natureza
da acessoriedade da participação, a extinção da punibilidade
15 - 2018 - NUCEPE - PC-PI - NUCEPE - 2018 - PC-PI - do autor do crime impede a punição do partícipe.
Delegado de Polícia Civil C-A punibilidade de Tício está extinta, por força da prescrição,
As causas interruptivas da prescrição tem o objetivo de fazer já que transcorreu período superior a dois anos entre a data
com que o prazo, a partir delas, seja novamente reiniciado, o do recebimento da denúncia e a da sentença.
curso da prescrição interrompe-se, conforme a enumeração D-A punibilidade de Mévio está extinta, por força da
contida no Código Penal. Qual destas situações NÃO é causa prescrição, já que transcorreu período superior a dois anos
interruptiva da prescrição? entre a data do recebimento da denúncia e a da sentença.
E-O sujeito passivo, nos crimes contra o sentimento de
A-Pela pronúncia. respeito aos mortos, é o cadáver.
B-Pela decisão confirmatória da pronúncia.
C-Pelo recebimento do inquérito ou da denúncia. 17 - 2017 - CESPE / CEBRASPE - PC-GO - CESPE - 2017 - PC-
D-Pela publicação da sentença ou acórdão condenatório GO - Delegado de Polícia Substituto
recorrível. Assinale a opção correta, acerca de extinção da punibilidade
E-Pelo início ou continuação do cumprimento da pena.
A-Uma lei de anistia pode ser revogada por lei posterior,
16 - 2018 - VUNESP - PC-BA - VUNESP - 2018 - PC-BA - diante de mudança de opinião do Congresso Nacional a
Delegado de Polícia respeito da extinção de punibilidade concedida.
Mévio, de 20 anos, participando de um jogo de desafio virtual, B-Graça e indulto somente podem ser concedidos pelo
à meia noite da sexta-feira, do dia 13 de março de 2015, presidente da República, uma vez que tais prerrogativas são
invadiu o cemitério e, após violar o túmulo no qual, pela insuscetíveis de delegação.
manhã, o corpo de uma mulher de 50 anos havia sido C-A punibilidade de qualquer crime pode ser extinta por meio
sepultado, manteve com o cadáver conjunção carnal e coito de graça e indulto.
anal. Para provar ter cumprido a tarefa, Mévio filmou todos D-O instituto da prescrição atinge a pretensão de punir ou de
os atos, tendo enviado o vídeo ao grupo de whatsapp, criado executar a pena.
exclusivamente para o compartilhamento dos desafios. A E-A anistia ou abolitio criminis é causa extintiva de
mãe de Tício, rapaz de 22 anos, também participante do jogo, punibilidade discutida no âmbito do Poder Legislativo.
mexendo no celular do filho, assistiu ao vídeo. Apavorada,
procurou a Autoridade Policial, tendo fornecido as imagens, 18 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - FUNCAB - 2016 - PC-PA -
bem como todas as conversas do grupo, desde o início. Delegado de Policia Civil - Reaplicação
Encerrada a investigação, o Ministério Público denuncia Perivaldo, nascido em 12/05/1992, encaminhou no dia
Mévio e Tício pelo crime de vilipêndio a cadáver. Mévio, pelos 08/05/2013 um e-mail a Cremílson, funcionário público,
atos praticados, e Tício, por restar constatado ter sido ele injuriando-o em razão da função por ele desempenhada. A
quem propôs o desafio a Mévio, tendo-o instigado. A mensagem foi lida pelo ofendido em 15/05/2013, ocasião em
denúncia foi recebida em 15 de junho de 2015 e, encerrada a que procurou a delegacia de Polícia local, confeccionando o
instrução, Mévio e Tício, em 20 de junho de 2017, são respectivo boletim de ocorrência e representando contra o
condenados pelo crime de vilipêndio a cadáver. Mévio à pena autor do fato. Rejeitadas as medidas despenalizadoras da Lei
de 02 (dois) anos de reclusão. Tício à pena de 01 (um) ano de n° 9.099, o Ministério Público ofereceu denúncia contra o
reclusão. A sentença condenatória transitou em julgado para autor, a qual foi recebida em decisão publicada em
a acusação. Diante da situação hipotética e, levando em conta 01/10/2013. Contudo, como o magistrado da Comarca local
o Código Penal, a alternativa correta é: acumulava funções em outras duas Varas, até o dia

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SEMANA 04/30

20/11/2014 ainda não havia sentença prolatada nos autos. E-a concessão de perdão judicial não interfere na
Considerando que a pena máxima no crime de injúria é de seis possibilidade de reconhecimento da reincidência.
meses de detenção e, quando praticada contra funcionário
público no exercício de suas funções, sofre aumento de 1/3, 20 - 2014 - ACAFE - PC-SC - ACAFE - 2014 - PC-SC - Delegado
analise a situação proposta, assinalando, ao final, a resposta de Polícia
correta. De acordo com o Código Penal analise as afirmações a seguir
e assinale a alternativa correta.
A-Ocorreu a extinção da punibilidade, pois transcorreu o
prazo prescricional da pretensão punitiva pela pena em l Comete crime de injúria escarnecer de alguém
abstrato, fixado em um ano. publicamente, por motivo de crença ou função religiosa;
B-Não ocorreu a extinção da punibilidade, pois não houve o impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso;
transcurso do prazo prescricional da pretensão punitiva pela vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso.
pena em abstrato, fixado em dois anos. ll Considera-se qualificado o furto cometido com destruição
C-Não ocorreu a extinção da punibilidade, pois não houve o ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa, bem como
transcurso do prazo prescricional da pretensão punitiva pela com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou
pena em abstrato, fixado em três anos. destreza.
D-Não ocorreu a extinção da punibilidade, uma vez que o STJ lll A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto,
já decidiu pela imprescritibilidade da injúria majorada. elemento constitutivo ou circunstância agravante de outro
E-Não ocorreu a extinção da punibilidade, pois não houve não se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção da
houve o transcurso do prazo prescricional da pretensão punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a
punitiva pela pena em abstrato, fixado em um ano e meio. agravação da pena resultante da conexão.
lV Comete crime de estupro quem constrange mulher,
19 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - FUNCAB - 2016 - PC-PA - mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal
Delegado de Polícia Civil - Prova Anulada ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato
Sobre as causas extintivas de punibilidade, é correto afirmar libidinoso.
que:
A-Apenas I, III e IV estão corretas.
A-o indulto depende de lei ordinária para sua concessão. B-Apenas II e III estão corretas.
B-o prazo de prescrição da pretensão executória é C-Apenas II, III e IV estão corretas.
aumentado em um terço quando o condenado é reincidente. D-Apenas a afirmação IV está correta.
C-na ação privada subsidiária da pública,a perempção E-Todas as afirmações estão corretas.
determina a extinção da punibilidade do réu.
D-a retratação do agente e possível na falsa comunicação de
crime ou contravenção.
Respostas1

1
1: C 2: C 3: A 4: A 5: D 6: A 7: E 8: C 9: E 10: E 11: E 12: B 13: B 14: A 15: C 16: D 17: D 18: E 19: B 20: C
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DIREITO PENAL: CONCURSO DE PESSOAS E DE CRIMES

TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

CÓDIGO PENAL:
⦁ Art. 29 ao 31

⦁ Art. 69 a 72

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!

CF/88
⦁ Art. 29 (muito importante!)

⦁ Art. 69, caput

⦁ Art. 70, caput

⦁ Art. 71, caput e §único (muito importante!)

SÚMULAS RELACIONADAS AO TEMA


Súmula 497-STF: Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena
imposta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação.
Súmula 711-STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.

1. CONCURSO DE PESSOAS

1.1. Conceito

O concurso de pessoas consiste na reunião de mais de um agente, em que todos concorrem com
unidade de propósitos e de modo relevante para a prática da conduta típica. É o cometimento da mesma
infração penal por duas ou mais pessoas, que serão chamadas de coautor/ autor ou partícipe (art. 29, CP).
Essas pessoas devem atuar de forma relevante para o resultado e possuir identidade de propósito.

● Crimes unissubjetivos ou de concurso eventual: São os delitos que podem ser praticados apenas por
um sujeito ou por vários. O concurso de pessoas é eventual, ou seja, pode ou não ocorrer.
● Crimes plurissubjetivos ou de concurso necessário: São delitos nos quais o concurso de pessoas é
elementar do tipo: o tipo penal exige a pluralidade de agentes (plurissubjetivos).

☞ Excepcionalmente, admite-se participação em delitos plurissubjetivos. Ex.: sujeito


empresta casa para quadrilha se reunir, sem participar da quadrilha, pode ser
considerado partícipe do crime.

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☞ Obs.: Luiz Regis Prado (2018, p.320), tratando dos crimes que só podem ser praticados
com a participação de várias pessoas, denomina de “participação necessária
imprópria” (NOMENCLATURA JÁ COBRADA EM PROVA DA BANCA CESPE) as
hipóteses de “delitos de encontro ou de convergência”, dos quais é exemplo o art.
288 do CP (crime de associação criminosa).
Espécies de crimes plurissubjetivos: Os crimes concurso necessário se dividem em: delitos de
condutas paralelas, convergentes ou contrapostas:
- De condutas paralelas: as condutas auxiliam-se mutuamente, visando á produção de um resultado
comum. Todos os agentes se unem-se em prol de um objetivo idêntico, no sentido de concentrar esforços
para a realização do crime. As condutas voltam-se para a consecução do mesmo fim, no caso, a prática de
crimes.
- De condutas convergentes: as condutas tendem a encontrar-se, e desse encontro surge o resultado.
Não se voltam, portanto, para a frente, para o futuro, na busca da consecução do resultado delituoso, mas,
ao contrário, uma se dirige á outra, e desse encontro resulta o delito. Ex:. Bigamia.
- De condutas contrapostas: as condutas são praticadas umas contra as outras. Os agentes são, ao
mesmo tempo, autores e vítimas. Ex: crime de rixa.

Caiu na prova Delegado/BA 2022! (prova anulada)


Crimes coletivos ou de convergência são aqueles:
a) Que têm como elementar o concurso de várias pessoas para um fim único
b) Que exigem o concurso de duas pessoas mesmo que uma não seja culpável
c) Que podem ser eventualmente cometidos por uma só pessoa, mas que, normalmente, são praticados por
um coletivo de agentes.
d) Que podem gerar autoria e participação conjuntamente
e) Que podem ser eventualmente coletivos, razão pela qual são também denominados de crimes qualificados
pelo concurso de pessoas.
GABARITO DD: LETRA A. Como na explicação dada acima, os crimes plurissubjetivos, de concurso
necessário têm como elementar pluralidade de pessoas. Ex: associação e rixa.

Caiu na prova Delegado/Cespe: João e Pedro, maiores e capazes, livres e conscientemente, aceitaram
convite de Ana, também maior e capaz, para juntos assaltarem loja do comércio local. Em data e hora
combinadas, no período noturno e após o fechamento, João e Pedro arrombaram a porta dos fundos de uma
loja de decoração, na qual entraram e ficaram vigiando enquanto Ana subtraía objetos valiosos, que seriam
divididos igualmente entre os três. Alertada pela vizinhança, a polícia chegou ao local durante o assalto,
prendeu os três e os encaminhou para a delegacia de polícia local. Na situação descrita, está presente a
hipótese de participação necessária imprópria. (Item incorreto). Participação necessária imprópria: se dá
nos crimes plurissubjetivos ou de concurso necessário (há participação necessária de outra pessoa, que
também é sujeito ativo e será punida). Ex.: associação criminosa.
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● Crimes acidentalmente coletivos (ou eventualmente plurissubjetivos): podem ser


praticados por uma só pessoa, mas, quando praticados em pluralidade de agentes, geram
uma modalidade mais grave do delito (qualificadora ou causa de aumento, ex: roubo
majorado).

Para o nosso estudo aqui, vai interessar o primeiro tipo: o de concurso eventual. Nos demais, a regra
aplicada será a do próprio tipo penal.

Caso a cooperação ocorra depois da consumação, pode haver delito autônomo. Logo, não será caso
de responsabilização do sujeito pelo crime consumado anteriormente, caso não tenha havido acordo prévio.
Ex:. Imagine que um sujeito encomende a outro que subtraia uma obra de arte para colocar em sua
residência, especificando o artigo. O segundo indivíduo subtrai e o outro paga pelo serviço, ficando com a
res furtiva, ou seja, o objeto do furto. Nesse caso, temos concurso de pessoas, em virtude do acordo prévio
entre os agentes.
Por outro lado, se José subtrai uma obra de arte e depois busca um comprador, eventual compra da
coisa furtada pelo sujeito, que só ficou sabendo do delito após o oferecimento do produto por José, não
configura o concurso de pessoas. Comprando o aparelho furtado, o sujeito responderá pelo crime de
receptação, crime autônomo, e não pelo furto praticado anteriormente.

1.2 Requisitos

Pluralidade de agentes culpáveis


Concurso de

Relevância causal da conduta


pessoas

Vínculo subjetivo entre os agentes


Unidade de infração
Existência de fato punível

1. PLURALIDADE DE AGENTES CULPÁVEIS:

Conduta principal: autor ou coautores


Conduta acessória: partícipe.
Ex.: dois coautores; um autor e dois partícipes etc.

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o Parte da doutrina entende que, para o concurso de pessoas disciplinado nos arts. 29/31, todos
devem ser culpáveis, pois, caso contrário, faltando culpabilidade, não será caracterizado
concurso de pessoas, mas sim autoria mediata.

☞ Obs.1: Vale lembrar que autoria mediata não é espécie de concurso de agentes.
☞ Obs.2: Cuidado, pois nem sempre a participação de um menor será hipótese de autoria
mediata! Só haverá autoria mediata caso o agente se valha do menor como instrumento
para a prática de crime. Se o menor, possuir, de alguma forma, domínio sobre a ação
criminosa, haverá concurso de agentes. Ex.: Um maior e um menor (de 17 anos) roubam
um ônibus. Nesse caso, o menor não está sendo utilizado como mero instrumento apto a
caracterizar autoria mediata. Veja a jurisprudência pertinente:

Roubo circunstanciado pelo concurso de pessoas e participação de inimputável


Se um maior de idade pratica o roubo juntamente com um inimputável, esse roubo
será majorado pelo concurso de pessoas (art. 157, § 2º do CP). A participação do
menor de idade pode ser considerada com o objetivo de caracterizar concurso de
pessoas para fins de aplicação da causa de aumento de pena no crime de roubo.
STF. 1ª Turma. HC 110425/ES, rel. Min. Dias Toffoli, 5/6/2012. STJ. 6ª Turma. HC
150849/DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 16/08/2011.

o Para os crimes de concurso necessário ou os acidentalmente coletivos, basta que um dos


agentes seja culpável para que fiquem caracterizados ou possa ser reconhecida eventual
qualificadora ou causa de aumento (ex.: adolescente entra na contagem da quantidade
necessária para caracterizar associação criminosa, para incidir a qualificadora do roubo etc.).

2. RELEVÂNCIA CAUSAL DAS CONDUTAS PARA A PRODUÇÃO DO RESULTADO

A conduta deve, efetivamente, contribuir para a execução do crime. Caso contrário, não haverá
concurso de agentes.
Vejamos um exemplo: João empresta arma de fogo para Rodrigo matar Bianca. O empréstimo da
arma de fogo configura, em tese, um auxílio material, fazendo com que João seja partícipe do homicídio
praticado por Rodrigo. No entanto, se mesmo tendo emprestado a arma de fogo, Rodrigo optar por praticar
o homicídio com uma faca, então João não será partícipe do crime, em razão da ausência de relevância
causal de sua conduta (pois o ato de emprestar a arma de fogo em nada contribuiu para o crime).
💣 A doutrina chama isso de participação inócua!

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Lembre-se que nosso Ordenamento Jurídico adota a Teoria da Equivalência dos Antecedentes
Causais (que utiliza o método de eliminação hipotética), de modo que não será possível punir uma conduta
que seja irrelevante para o nexo de causalidade. (O direito penal não se ocupa de condutas inócuas /
inofensivas).
Nesse sentido, para a doutrina amplamente majoritária, uma conduta relevante é qualquer
contribuição, seja física, moral, direta, indireta, omissiva, comissiva, para a execução do crime!
ATENÇÃO: Em regra, a contribuição para o crime deve ocorrer ANTES ou DURANTE a consumação.
Se praticada depois, poderá configurar crime autônomo. Excepcionalmente, a contribuição pode ser prestada
depois da consumação do crime, desde que tenha havido ajuste prévio.

3. VÍNCULO SUBJETIVO ENTRE OS AGENTES (LIAME PSICOLÓGICO):

É o nexo psicológico entre os agentes no sentido de que todos colaboram para o mesmo resultado.
Ou seja: todos os concorrentes devem perseguir o mesmo crime!
Portanto, não basta que as condutas sejam objetivamente relevantes, é necessário que os agentes
saibam que exercem uma colaboração em prol do fim em comum.
Aqui surge o chamado princípio da convergência, também conhecido como vontades homogêneas
ou homogeneidade de elementos subjetivos. E é justamente em razão da necessidade dessa homogeneidade
que a doutrina majoritária entende que não é possível haver participação culposa em crime doloso, e nem
participação dolosa em crime culposo!
A ausência do liame subjetivo afasta o reconhecimento do concurso de pessoas, podendo ensejar, a
depender do caso concreto, uma autoria colateral.

Obs.1: Não se exige liame subjetivo bilateral para caracterização do concurso de agentes. Ou seja,
não é necessário que haja reciprocidade no liame subjetivo. Ex.: empregada doméstica, com raiva de seu
patrão, deixa a porta da cozinha aberta para que o furtador (que todos sabem que há no prédio), furte os
bens. Nesse caso, mesmo que o furtador não saiba da colaboração da empregada, há concurso de agentes,
pois a vontade de ambos está direcionada ao mesmo resultado. A empregada, então, será partícipe do furto.

Obs.2: Vínculo subjetivo não se confunde com o ajuste ou ajuste prévio! Dessa forma, para
configurar concurso de agentes, é desnecessária a prévia combinação, bastando que concorrente tenha
consciência e vontade de aderir ao crime de terceiro. Ex.: pessoa caminhando no condomínio e vê o agente
furtando pertences de dentro de um carro, e resolve furtar junto. Nesse caso, há concurso de pessoas, ainda
que o liame subjetivo tenha ocorrido durante a execução do crime.

Obs.3: Nesse sentido, Masson aduz que o partícipe precisa aderir à vontade do autor, não sendo
necessário que o autor saiba da sua colaboração

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CUIDADO COM PEGADINHA DE NOMENCLATURA!


● Ajuste prévio é sinônimo de pactum celleris – dispensável para caracterizar o
concurso de pessoas.
● Liame subjetivo é sinônimo de ciência malefici ou ciência celleris - indispensável
para caracterizar o concurso de pessoas.

4. UNIDADE DE INFRAÇÃO PENAL:

Todos que concorrem para um determinado crime responderão por ele, vez que, em regra, foi
adotada a teoria monista mitigada, que admite exceções pluralistas (veremos logo à frente). (Art. 29 do CP:
quem de qualquer modo concorre para “O CRIME”).
Mas atenção, embora haja unidade de crimes, não há unidade de penas. A pena de cada um será
fixada de acordo com sua culpabilidade, seguindo individualmente os critérios da dosimetria.

Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade.

5. EXISTÊNCIA DE FATO PUNÍVEL:

O concurso de pessoas depende da punibilidade de um crime, a qual requer, em seu limite mínimo,
o início da execução. Tal circunstância constitui o princípio da exterioridade.

Obs.: Art. 31 do CP: O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em
contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.

1.3 Teorias Sobre O Concurso De Pessoas

● Teoria monista, igualitária ou unitária (ADOTADA NO CP DE FORMA MITIGADA): Todos os


concorrentes praticam condutas concorrentes para a realização de um fato único, e assim
responderão pelo mesmo crime, ou seja, pelo mesmo fato criminoso. Assim, há apenas 1 crime para
autores e partícipes.

● Teoria dualista: Se configura um crime para os executores que praticam a conduta do núcleo do tipo
(autores) e o outro para os que, sem realizarem o núcleo do tipo, concorrem para a sua realização
(partícipes).

● Teoria pluralista (ou teoria da cumplicidade do crime distinto): Os agentes praticam condutas
concorrendo para a realização de um fato, mas haverá um crime para cada agente. Ou seja: por essa
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teoria, haverá tantos crimes quantos forem os concorrentes. Ex.: 10 pessoas praticaram o crime de
roubo, logo haverá 10 crimes autônomos de roubo.

Monista REGRA
Teorias
CASOS
Pluralista
EXCEPCIONAIS

Excepcionalmente, o Código Penal abre espaço para a teoria pluralista. Exemplos: Aborto provocado
por terceiro com o consentimento da gestante (ao terceiro executor imputa-se o crime do art. 126);
Bigamia; Corrupção passiva e ativa; falso testemunho ou falsa perícia.

APROFUNDANDO PARA PROVA DISCURSIVAS:


O que é teoria da cumplicidade do crime distinto?
A teoria da cumplicidade do crime distinto é apenas uma das nomenclaturas da teoria pluralista, que explica
como deve ocorrer a punição no concurso de pessoas. Para ela, os agentes em concurso devem responder
por diferentes crimes, de acordo com os atos praticados. Foi acolhida, de forma excepcional, pelo Código
Penal nos crimes de aborto com o consentimento da gestante (a gestante responde por um crime e o terceiro,
por outro), de corrupção ativa e passiva e de bigamia, por exemplo. Lembrando, apenas, que a regra, no
Código Penal, é a punição de todos os agentes em concurso pelo mesmo crime (teoria unitária ou monista),
conforme o art. 29.

1.4. Autoria

a) Conceito de autor
Na doutrina, há algumas teorias que buscam diferenciar autor e partícipe. Vejamos:
TEORIAS SOBRE A AUTORIA:
● Subjetiva ou unitária: Para essa teoria, autor é aquele que concorre de alguma forma para o fato.
— NÃO distingue autor e partícipe.
— Adota um conceito extensivo de autor.
— Falhas dessa teoria: Por não diferenciar autor e partícipe, a Teoria Subjetiva não resolve os
delitos de mão própria e nem os casos que envolvem assassino de aluguel.

● Extensiva: Todos os que dão causa ao resultado são autores, ou seja, não distingue autor de
partícipe, mas a lei distingue os graus de responsabilidade.
Obs.: Parte da doutrina afirma que a teoria extensiva é aquela em que não é possível
distinguir objetivamente o autor e o partícipe, de modo que essa distinção deve ser feita de forma

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subjetiva, ou seja, de acordo com o animus do agente. Portanto, para essa doutrina, autor é aquele
que quer praticar o fato como próprio, enquanto partícipe é aquele que quer o fato como alheio.

● Teorias Objetiva ou Dualista (conceito restritivo de autor): Fazem diferenciação de autor e partícipe.
Parte da premissa de que nem todo aquele que causa o resultado é autor do delito, pode ser
subdividida em:

o Teoria objetivo-formal: (ADOTADA PELO CP)


▪ Autor: é aquele que realiza todos ou alguns elementos do ato, que pratica o núcleo
do verbo. (ação nuclear típica)
▪ Partícipe: Contribui de forma acessória para o crime sem realizar os elementos do
tipo.
▪ Coautores: conjuntamente realizam o núcleo do tipo – Princípio da imputação
recíproca das distintas condutas.
— Crítica: A teoria objetiva-formal não responde a autoria mediata, pois o
autor mediato não pratica o verbo, mas sim se utiliza de outra pessoa como
instrumento.

o Teoria objetivo-material: Autor é quem contribui de forma mais relevante para a ocorrência
do resultado, logo, a diferença entre autor e partícipe reside na contribuição para o resultado
criminoso.
▪ Autor: Contribui com a conduta mais importante;
▪ Partícipe: aquele que menor contribui na causação do resultado.

● Teoria do domínio do fato: Trata-se uma teoria objetiva subjetiva, pois mistura um pouco as teorias
anteriores.

TEORIA DOMÍNIO DO FATO: CONCEPÇÃO DE WELZEL X DOMÍNIO DO FATO: TEORIA DE ROXIN:

- Na visão de welzel, o autor possui o domínio final do fato, com a vontade final de realização (dolo do tipo),
decidindo sobre a forma de execução, seu início, sua cessação e as condições de realização. É quem tem o
poder de decisão final sobre o fato. Assim, partindo da doutrina de Hans Welzel, autor é aquele que possui
controle finalístico sobre a ação delituosa, enquanto o partícipe colabora para sua produção do resultado
ou para a prática delitiva, sem domínio sobre a ação, ou seja, sem controle sobre o início ou a cessação da
atividade ilícita.
- Na visão de Roxin, o autor é a figura central do acontecimento da ação, ou seja, da conduta criminosa.
Partícipe é aquele que colabora dolosamente para o alcance do resultado, sem exercer o domínio sobre a

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ação. O autor é a figura central da conduta típica, aquele que possui domínio sobre a execução dos atos
executórios e até mesmo sobre a consumação. (aprofundaremos a seguir).

● Para Roxin, o conceito de autor não deve se restringir somente àqueles que praticam o verbo núcleo
do tipo penal, uma vez que, muitas vezes, o indivíduo que não pratica o verbo núcleo tem mais
culpabilidade do que aqueles que realizam, sobretudo em casos de autoria mediata. E, muitas vezes,
o crime é praticado por indivíduos que dividem as tarefas que são tão essenciais para a realização do
tipo que, se um deles decidisse não colaborar, o crime não se realizaria.
Assim, para a Teoria do Domínio do fato, autor é aquele que possui poder de decisão sobre
a realização do tipo, o que pode ocorrer em 3 contextos:
💣 A Teoria do Domínio do fato já foi aplicada pelo STF

(1) Domínio da ação (AUTOR IMEDIATO): É aquele que possui domínio sobre a própria ação. O
autor realiza pessoalmente os elementos do tipo. Ex: É o assassino que, de forma livre e
consciente, está com a arma de fogo e dispara contra seu inimigo, matando-o.
(2) Domínio da vontade (AUTOR MEDIATO): É autor aquele que domina a vontade de um
terceiro que é utilizado como instrumento. O domínio da vontade se dá por erro, coação
ou aparatos organizados de poder.
ERRO: Imagine que o médico diga á enfermeira para aplicar uma injeção com veneno no seu inimigo,
mas diz que é um medicamento de que ele precisa (erro provocado por terceiro). O médico é autor, por ter
o domínio da vontade no caso. O autor é o “homem de trás”, em autoria mediata.
COAÇÃO: Autor é também quem coage o executor, que age sem culpabilidade. Pode-se pensar no
sujeito que aponta uma arma de fogo para a esposa de um gerente de banco e manda ele subtrair valores
de outra conta e repasse a uma conta específica de terceiro (coação moral irresistível). O agente se vale de
uma pessoa sem culpabilidade como executora, agindo, assim, com domínio de vontade, respondendo como
autor.
APARATOS ORGANIZADOS DE PODER: Possibilidade de domínio de vontade sobre os executores que
agem com culpabilidade e são igualmente responsáveis. Ou seja, um autor por trás do outro autor. Os
aparatos organizados de poder seriam estruturas verticalizadas, ou seja, hierárquicas, que atuam de forma
apartada da ordem jurídica, ou seja, á margem do Direito. Os executores são fungíveis, o que torna o homem
de trás, autor do que os executores fazem por ordem dele, ainda que os executores também sejam autores
(não agem por erro nem coação).

(3) Domínio funcional do fato (AUTOR FUNCIONAL/COAUTOR): O termo funcional refere-se a


divisão de funções entre coautores. Em havendo divisão de tarefas, autor é aquele que
prepara/pratica ato relevante na execução. Temos, aqui, a hipótese de coautoria. Ex:
Indivíduo ameaça vítimas, enquanto seu comparsa saqueia o caixa da loja. Ambos agem

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como autores, ou seja, coautores, possuindo ambos o domínio funcional do fato. Há


imputação recíproca em relação ao roubo.

Para a Teoria do Domínio do Fato:


▪ É AUTOR:
- Aquele que, possuindo todo domínio da conduta típica, pratica diretamente
o fato (autor direto ou executor);
- Aquele que, mesmo não praticando diretamente o fato, possui atividade
indispensável no plano global;
- Controla finalisticamente o fato, ou seja, quem decide sua forma de
execução, seu início, cessação e demais condições.
- Aquele que se vale de um terceiro para executar um fato: AUTORIA
MEDIATA.

▪ É PARTÍCIPE: Quem concorre para o crime sem ter o domínio do fato, a exemplo da
instigação e auxílio.

Importante: A teoria do domínio do fato não permite que a mera posição de um agente na escala hierárquica
sirva para demonstrar ou reforçar o dolo da conduta. Do mesmo modo, também não permite a condenação
de um agente com base em conjecturas. Assim, não é porque houve irregularidade em uma licitação estadual
que o Governador tenha que ser condenado criminalmente por isso. STF. 2ª Turma. AP 975/AL, Rel. Min.
Edson Fachin, julgado em 3/10/2017 (Info 880)

CESPE: A teoria do domínio do fato NÃO se aplica aos delitos omissivos, sejam próprios ou impróprios, e deve
ser substituída pelo critério da infringência do dever de agir.

Já caiu em prova e foi considerada CORRETA a seguintes afirmativa: A teoria do domínio do fato objetiva
oferecer critérios para a diferenciação entre autor e partícipe, sem a pretensão de fixar parâmetros sobre a
existência, ou não, de responsabilidade penal

Já caiu em prova e foi considerada INCORRETA a seguinte afirmativa: A teoria do domínio do fato, pensada
por Roxin, tem a função de diferenciar autor de partícipe, sendo utilizada como elemento de imputação de
responsabilidade penal.

Já caiu em prova e foi considerada INCORRETA a seguinte afirmativa: O critério de imputação denominado
“domínio do fato” é utilizado para atribuir responsabilidade ao autor intelectual que utiliza um inimputável
como instrumento para a realização da conduta, mas não é utilizável para a definição do autor direto que
realiza pessoalmente a conduta.
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* ATENÇÃO: De acordo com o STJ e com a doutrina, a teoria do domínio do fato não deve ser utilizada como
elemento de imputação de responsabilidade, mas apenas distinguir entre autores e partícipes

* ATENÇÃO: A teoria do domínio do fato possui aceitação doutrinária e jurisprudencial, tendo sido adotada
no julgamento do Mensalão (AP 470) e Lava-jato. No entanto, o STF também utiliza a teoria objetivo-formal
em relação à criminalidade comum, assim, conclui-se que as duas teorias convivem pacificamente.

a. Autoria imediata: O próprio agente executa o fato, ou seja, realiza pessoalmente os elementos do tipo
penal, sem a necessidade de se servir de outra pessoa para a execução. Ocorre ainda quando o agente
utiliza um animal ou instrumento na realização do crime.

b. Autoria mediata: É aquele que utiliza uma pessoa, que atua sem dolo ou de forma não culpável, como
instrumento para a execução do fato.
✔ O autor mediato domina a vontade alheia para cometer o delito.
✔ Só cabe em crimes dolosos! A autoria mediata é incompatível com crimes culposos!
✔ A doutrina admite coautoria ou participação na autoria mediata.
✔ Hipóteses de autoria mediata:
· Inimputabilidade do executor;
· Coação moral irresistível;
· Obediência hierárquica de ordem não manifestamente ilegal;
· Erro de proibição inevitável;
· Erro de tipo provocado por terceiro;
· Ação justificada do executor;
· Autoria de escritório ou aparatos organizados de poder.

💣 Na autoria mediata, NÃO há concurso de pessoas, pois falta o vínculo subjetivo. O


autor imediato é um mero instrumento.

b.1. Autoria mediata e crime próprio: doutrina majoritária entende ser possível, desde que o autor
mediato preencha as qualidades do tipo. Ex.: Só poderá haver o crime de peculato por autoria mediata se
o “homem de trás” ostentar a qualidade de funcionário público.

b.2. Autoria mediata e crime de mão própria: doutrina majoritária entende que é incompatível, pelo fato
de a conduta ser infungível. No entanto, o STF já admitiu no falso testemunho, em relação à conduta do
advogado que instrui a testemunha a mentir.

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APROFUNDANDO PARA PROVAS DISCURSIVAS...


O que se entende por autoria de determinação?
Trata-se de tese defendida por Zaffaroni e Pierangeli, que consistiria em uma terceira forma de concorrência
para a ação típica, ao lado da autoria e participação, criada para preencher a lacuna doutrinária que se
formou diante da inadmissibilidade de autoria mediata nos crimes de mão própria, bem como nos crimes
próprios quando o autor mediato não preenche todos os elementos necessários para a realização da figura
típica. Dá-se o exemplo de um hipnólogo que hipnotiza uma testemunha para que ela minta no seu relato
[lembrando que o crime de falso testemunho é crime de mão própria que inadmite o instituto da autoria
mediata]. Para evitar impunidade, Zaffaroni e Pierangeli desenvolveram a teoria da autoria por
determinação. Mesmo não podendo ser considerado tecnicamente autor, o agente responde pela
determinação ao exercer, sobre o fato, domínio equiparado à autoria.

b.3. Autoria de escritório ou aparatos organizados de poder: Ocorre quando, dentro de uma “máquina
de poder”, o agente ordena que outrem execute determinada conduta. Em razão da fungibilidade dos
membros, o executor pode ser substituído a qualquer momento por outro integrante da organização.

Requisitos para configurar a autoria de escritório:


1) Poder de Mando: dentro da organização criminosa.
2) O aparato organizado de poder deve ser desvinculado do Ordenamento Jurídico (Para
Roxin, trata-se de requisito essencial).
3) Fungibilidade o executor: o executor pode ser substituído por outro integrante da
organização criminosa.
4) Alta disposição do executor para cumprir a ordem: o executor da ordem está sujeito à
inúmeras influências que o tornam mais disposto ao fato que outros delinquentes, razão pela
qual, contribuem com domínio do fato pelo homem de trás.

c. Autoria por convicção: Ocorre quando o agente tem conhecimento da norma penal, mas decide
transgredi-la por questões de consciência política, religiosa, filosófica, ou de qualquer outra natureza.
Ex.: quando a mãe de criança de tenra idade, por motivos religiosos, impede a transfusão de sangue que
seria capaz de salvar seu filho (enseja a responsabilidade pelo crime de homicídio, em face da omissão
penalmente relevante – ar. 13, §2º, “a”).

d. Autoria colateral ou parelha: Ocorre na hipótese em que duas ou mais pessoas, desconhecendo a
intenção da outra, praticam determinada conduta visando ao mesmo resultado.

💣 A banca CESPE já cobrou autoria colateral como sinônimo de


autoria imprópria!

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✔ NÃO há um concurso de pessoa pela ausência do vínculo subjetivo.


✔ Cada um responde por sua conduta: CRIMES AUTÔNOMOS.

Ex: Atiradores na rodovia sem saber da conduta do outro, ficando provado que só os projéteis emanados da
arma de um deles atingiu a vítima, levando-a a óbito, só ele deve responder por homicídio consumado. O
outro, cuja tentativa foi incruenta no caso, deve responder apenas pela tentativa de homicídio.

d.1. Autoria incerta - Surge no campo da autoria colateral, quando não se sabe qual dos autores causou o
resultado. Ex: A e B, um desconhecendo a conduta do outro, atiram ao mesmo tempo em C para matá-lo,
vindo este a óbito e não sendo possível identificar qual foi o disparo fatal. Há aplicação do in dubio pro reo:
ambos respondem por tentativa.
Obs.: Ainda no bojo da autoria incerta, caso um dos agentes pratique crime impossível, ambos devem
se beneficiar pela atipicidade da conduta! Ex.: Diego, casado com Ana, é amante de Vitória há anos. Ambas
decidem matá-lo colocando veneno em sua comida. Elas agem sem saber uma da outra e,
consequentemente, sem liame subjetivo. Diego vem a óbito o laudo conclui pela existência de duas
substâncias em seu organismo: talco e veneno de rato. Ocorre que não é possível saber quem ministrou
talco (cuja aplicação ensejaria crime impossível por absoluta impropriedade do objetivo, conduzindo, assim,
à atipicidade do delito). Por esse motivo, tanto Ana quanto Vitória devem ser beneficiadas pelo crime
impossível, em razão da aplicação do in dubio pro reo.

d.2. Autoria Complementar - Quando duas pessoas concorrem para o mesmo fato sem ter ciência disso, e
o resultado é efeito da soma das duas condutas.

e. Autoria Ignorada: Quando se desconhece o autor do crime. Instituto de direito processual penal.
Consequência: arquivamento do inquérito policial.

f. Autoria intelectual: É aquele que planeja a ação delituosa para ser executada por outras pessoas (DICA:
Lembrar do “Professor” do seriado La casa de papel).
ATENÇÃO: Embora haja entendimento em sentido contrário (Rogério Greco), a doutrina majoritária
e especializada entende que o autor intelectual somente poderá ser responsabilizado se tiver o domínio
do acontecer típico.

CESPE - Aquele que planeja toda a ação criminosa é considerado autor intelectual do delito, ainda que não
detenha o controle sobre a consumação do crime. (ITEM ERRADO)

g. Coautoria
A coautoria ocorre quando dois ou mais indivíduos, com liame subjetivo, praticam a conduta típica.
Com diz Welzel, coautoria é autoria com uma divisão de trabalho entre os agentes. Nesse sentido, coautor é
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aquele que “possui a tarefa” de praticar ato relevante na execução do plano delitivo global. Ou seja: cada
coautor realiza uma parte essencial do plano.
Fala-se, portanto, que a coautoria exige 2 requisitos:
(1) Requisito objetivo – divisão de tarefas
(2) Requisito subjetivo – existência de liame subjetivo

“A coautoria consiste assim em uma ‘divisão de trabalho’, que é o que chega a fazer
possível o fato, ou lhe facilita, ou reduz notavelmente o seu risco; sua
particularidade consiste em que o domínio do fato unitário é comum a várias
pessoas. Cada coautor complementa com a sua parte no fato a dos demais e na
totalidade do delito; por isso também responde pelo todo” (PACELLI, 2017, p. 428).

O liame subjetivo entre os agentes não precisa ser prévio, podendo ocorrer durante
a prática dos atos executórios, desde que antes da consumação do delito. Não se
exige, ainda, bilateralidade que um tenha aderido á conduta criminosa do outro.
Essa questão é controversa na doutrina, porém, o entendimento majoritário é o
dito acima.

Na visão de domínio do fato de Claus Roxin, coautoria é uma hipótese de domínio


funcional do fato, em que o termo funcional se refere a divisão de tarefas pelos
agentes, de modo a se formar um domínio conjunto do fato. A função de cada um
dos agentes deve ser determinante para a consumação do delito. Cada um dos
agentes deve responder pela prática do crime, na medida de sua culpabilidade, nos
termos do que dispõe o artigo 29 CP.

g.1. Espécies de coautoria:


● Parcial ou funcional: os autores praticam atos diversos que, somados, levam à produção do
resultado.
● Direta ou material: os autores praticam atos idênticos que, somados, levam à produção do resultado.

⇒ O que é coautoria sucessiva?


R: Na coautoria sucessiva, o coautor ingressa na atividade delitiva quando ela já está em andamento,
passando a deter parte essencial do plano. Explico: em regra, os vários autores começam juntos a empreitada
criminosa, mas pode ser que alguém (ou um grupo) adira voluntária e subjetivamente à conduta criminosa
em andamento.
Para haver coautoria sucessiva, é necessário que já tenha se iniciado o iter criminis, mas ainda não
tenha se consumado. Ou seja: segundo a doutrina majoritária, a consumação do crime é o marco temporal
para que haja a coautoria sucessiva.
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Ressalta-se que só haverá coautoria sucessiva se os autores – que já deram início à ação delitiva,
souberem que o agente contribuiu para o curso causal.

APROFUNDANDO PARA PROVAS DISCURSIVAS:


Qual será a responsabilidade penal daquele que aderiu à conduta de outrem? Irá responder por toda a
ação delitiva ou apenas pelos atos posteriores à sua adesão?
R.: Embora haja doutrina minoritária no sentido de que o coautor sucessivo deve ser responsabilizado por
toda a ação delituosa, prevalece na doutrina que ele somente será responsabilizado pelos atos posteriores à
sua adesão. Excepcionalmente, contudo, poderá ser responsabilizado por atos anteriores desde que tenha
conhecimento destes, e desde que o fato anterior não constitua crime mais grave.

1.5. Participação

Consiste em atribuir na conduta criminosa do autor ou coautores, praticando atos que não se
amoldam diretamente à figura típica e que não tenham o domínio final do fato. Assim, o partícipe não realiza
diretamente a figura típica, mas concorre induzindo, instigando ou auxiliando o autor.
A participação reclama dois requisitos:
(1) O propósito de colaborar para a conduta do agente principal (autor)
(2) A colaboração efetiva, por meio de um comportamento acessório que concorra para a conduta
principal.

O Código Penal adota a TEORIA DA ACESSORIEDADE LIMITADA OU MÉDIA, pela qual o partícipe
será punido se o autor praticar um fato típico e ilícito, independentemente da culpa e punibilidade do agente.
Ex.: Rogério induz Luciana a matar Alan em legítima defesa. Nesse caso, Rogério não será punido,
pois Luciana agiu em legítima defesa (sua conduta é típica, porém lícita). Situação diversa seria se Rogério,
querendo matar Alan, cria uma situação para que Alan agrida Luciana e ele possa instigar Luciana a matar
Alan. Então, se o agente (suposto partícipe) cria uma situação discriminante para atingir o resultado
criminoso (objetivando não ser punido), nesta hipótese, ele será um autor mediato, sendo os demais
participantes seus instrumentos.
Ex.: Daniel (maior) empresta arma de fogo para Rodrigo (menor que conta com 16 anos) roubar um
ônibus. Nesse caso, Daniel será partícipe do ato infracional praticado por Rodrigo, podendo ser punido, em
razão da Teoria da Acessoriedade Limitada – a qual exige que o fato seja típico e ilícito (ainda que não
culpável, em razão da inimputabilidade de Rodrigo).

Outras teorias da acessoriedade:

● Teoria da Acessoriedade Mínima - A punição do partícipe depende apenas de fato típico praticado
por autor principal. Então, a conduta principal deve ser típica.

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● Teoria da Acessoriedade Máxima - Para se punir o partícipe, a conduta principal deve ser típica, ilícita
e culpável.

● Teoria da Hiperacessoriedade - Para se punir o partícipe, a conduta principal deve ser típica, ilícita,
culpável e punível.

A participação só adquire relevância para o Direito Penal a partir do momento em que o autor pratica
um crime, pelo menos tentado. Art. 31, CP, in verbis: “o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio,
salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado”.
☞ É chamado pela doutrina de participação impunível – já que não se pune a participação se o crime
sequer chega a ser tentado.
☞ Adota-se, nesse caso, o princípio da executoriedade da participação.

Modalidades de participação:
a) Participação moral
● Induzimento: é fazer surgir na mente do autor a vontade criminosa (só pode haver induzimento
durante os atos preparatórios).
● Instigação: é reforçar na mente do autor a vontade criminosa pré-existente. (Pode haver instigação
tanto nos atos preparatórios quanto durante os atos executórios. Ex.: Pessoa instiga o agente de
modo a impedir a desistência voluntária).

b) Participação material
● Auxílio: é concorrer materialmente para o crime, sem executá-lo.
☞ Pode haver auxílio tanto durante os atos preparatórios como durante os atos executórios.
☞ O auxílio prestado após a consumação do delito configurará participação, caso haja prévio
ajuste entre os indivíduos. Caso esse auxílio não seja antecipadamente ajustado, poderá
configurar o crime autônomo de favorecimento pessoal (art. 348, CP).

⇒ O que é participação em cadeia?


R: Ocorre quando alguém induz outrem a induzir, instigar ou auxiliar terceira pessoa a praticar um
crime. Exemplo: “A” convence “B” a convencer “C” a matar “D”. Nesse ínterim, “A” e “B” participação em
cadeia; “C” é o autor imediato do crime.

Instigação
Moral
Induzimento
participação

Material Auxílio

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⇒ O que é participação sucessiva?


R: O mesmo agente é instigado, induzido ou auxiliado por duas ou mais pessoas, sem que estas
conheçam a participação uma da outra. Exemplo: “A” induzido por “B” (sem o conhecimento de C) e “C” (sem
conhecimento de B) a matar “D”.

⇒ O que é o “executor de reserva”?


R:. o sujeito acompanha, presencialmente, a execução da conduta típica e fica à disposição para
intervir caso seja necessário. Caso intervenha, será considerado coautor, caso apenas permaneça à
disposição, será considerado partícipe (e isso não será considerada como participação de menor
importância).

Por fim, se a participação for de menor importância, a pena pode ser reduzida de 1/6 a 1/3 para o
partícipe.
∘ Não existe coautoria de menor importância. A minorante só tem aplicação para o partícipe.
∘ Trata-se de direito subjetivo do réu
∘ O critério a ser adotado para saber se a participação é ou não de menor importância reside na
fungibilidade da contribuição. Ou seja: se for uma contribuição que “qualquer pessoa” possa
fazer, será participação de menor importância.

⇨ O seria a conivência ou participação negativa? Ocorre quando o sujeito, sem ter o dever jurídico de
agir, omite-se durante a execução do crime, quando tinha condições de impedi-lo. A conivência não
se insere no nexo causal, como forma de participação, não sendo punida, salvo se constituir crime
autônomo. Assim, a tão só ciência de que outrem está para cometer ou comete um crime, sem a
existência do dever jurídico de agir (art.13§2 CP), não configura a participação por omissão.

APROFUNDANDO PARA PROVAS DISCURSIVAS:


Na omissão, é possível a participação em qualquer de suas formas?Deve-se, de início, diferenciar a
participação em crime omissivo da participação por omissão em crime comissivo. No primeiro caso, a
participação se dá por meio de atuação positiva que permite ao autor descumprir a norma que delineia o
crime omissivo. É o caso do agente que induz o médico a não efetuar a notificação compulsória da doença
de que é portador. Já a participação por omissão em crime comissivo ocorre nas situações em que o partícipe,
obrigado a agir, abstém-se da prática de um ato, permitindo a ação delituosa pelo autor. Trata-se, por
exemplo, da hipótese em que o vigilante não tranca a porta de entrada do estabelecimento para que um
comparsa alcance seu interior e subtraia os bens que guarnecem o local. Ressalta Mirabete que não há
“participação por omissão, todavia, quando não concorra o dever jurídico de impedir o crime. A simples
conivência não é punível. Também não participa do crime aquele que, não tendo o dever jurídico de agir, não
comunica o fato à polícia para que possa esta impedi-lo.” (Manual de Direito Penal, vol. I, p. 233).
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Não é possível, entretanto, a participação por omissão em crime omissivo por meio da instigação. Isto porque
não se imagina a relevância causal de um ato de instigação que possa ocorrer por abstenção. Por fim, resta
a questão da participação em crime omissivo impróprio. A discussão tem relevância nas hipóteses em que o
sujeito que se omite não tem o dever jurídico de evitar o resultado, pois, caso esteja inserido nesta categoria,
será tratado como autor, não como titular de conduta acessória. A nosso ver, nada impede que terceiro
desobrigado do dever de agir para evitar o resultado instigue ou induza o garante a também não fazê-lo.
Neste caso, não poderia o terceiro responder como autor do crime, pois sua conduta foi claramente
acessória, apenas cooperando para a decisão de abstenção por parte do garante. Neste sentido, ensina
Bitencourt: “Este [o garante] é autor do crime ocorrido, do qual tinha o domínio do fato e o dever jurídico de
impedir sua ocorrência; aquele, o instigador, que não estava obrigado ao comando legal e não dispunha do
domínio da ação final, contribuiu decisivamente para a sua concretização. Não pode ficar impune, mas
tampouco cometeu ilícito autônomo. A tipicidade de sua conduta só pode ser encontrada através da norma
integradora, na condição de partícipe.” (Tratado de Direito Penal, vol. 1, p. 393/394). disponível:
meusitejuridico.

STJ-HC 240.455-RJ: A participação do menor pode ser considerada para configurar


crime de associação para o tráfico (art. 35) e, ao mesmo tempo, para agravar a pena
como causa de aumento do art. 40, VI, da Lei 11.343/06

1.6. Concurso de Pessoas em crimes próprios e crimes de mão própria:

Vamos relembrar?

CRIME COMUM CRIME PRÓPRIO CRIME DE MÃO PRÓPRIA


O tipo penal não exige O tipo penal exige O tipo penal também exige qualidade ou
qualidade ou condição qualidade ou condição condição especial do agente.
especial do agente. especial do agente
Só admite participação*. Não admite coautoria
Admite coautoria e Admite coautoria e (por isso, é chamado de delito de conduta
participação participação infungível), pois somente a pessoa pode
praticar o delito, ainda que auxiliada por
alguém (regra).
Cuidado! Falsa Perícia, crime de mão própria,
excepcionalmente admite coautoria. (atenção,
aqui há divergência, embora tenha decisões
isoladas dos tribunais superiores, atenção ao
comando da questão!!)

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⇒ É possível coautoria em crimes próprios? Sim!

⇒ É possível coautoria em crimes de mão própria? Não!


☞ Lembrando da exceção acima já descrita em que o STF admitiu pela teoria do domínio final
do fato a coautoria do advogado no crime de falso testemunho.

⇒ É possível participação em crimes próprios? Sim!

⇒ É possível participação em crimes de mão própria? Sim!

CRIMES PRÓPRIOS CRIMES DE MÃO PRÓPRIA


Doutrina majoritária - Não admitem
Admitem coautoria coautoria
STF – já admitiu coautoria no crime de
falso testemunho
Admitem participação Admitem participação

1.7. Concurso de pessoas em crimes culposos

⇒ É possível haver coautoria em crimes culposos? Sim!

A doutrina majoritária entende que cabe coautoria em crimes culposos, quando a situação de perigo
tenha criada em conjunto, pois o resultado é obra comum imputado a todos os concorrentes.
Obs.: em uma prova discursiva é importante mencionar que existe forte corrente doutrinária no
sentido de que não seria possível coautoria em crimes culposos, tendo em vista que o dever objetivo de
cuidado é indecomponível. Nesse sentido: Nilo Batista, Juarez Cirino, Juarez Tavares.

⇒ É possível haver participação em crimes culposos? Não!

A doutrina majoritária entende que não cabe participação dolosa em crime culposo. Isso porque,
além de não haver liame subjetivo, tendo em vista que não é possível participar de um crime cujo resultado
é produzido de forma involuntária, os crimes culposos são tipos penais abertos, de modo que toda conduta
que colaborar para o crime culposo, configurará violação do dever objetivo de cuidado. Ou seja: todo serão
coautores!
Obs.: Rogério Grecco entende que cabe participação em crimes culposos quando o agente induz
outrem a violar o dever objetivo de cuidado. Trata-se de posição minoritária no ordenamento jurídico
brasileiro.

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Conclusão: Nos crimes culposos, cabe coautoria, mas não cabe participação!

1.8 Concurso de pessoas em crimes omissivos

⇒ É possível haver coautoria em crimes omissivos? Trata-se de tema muito controvertido!

● 1ª posição – Nilo Batista: Não é cabível coautoria, pois se as pessoas possuírem o dever de agir (seja
genérico, seja específico) elas cometerão isoladamente o crime. Cada um será o autor do seu próprio
crime omissivo.
● 2ª posição – Rogério Greco e Bittencourt: É cabível a coautoria desde que haja unidade de desígnios,
ou seja, desde que as pessoas tenham o dever de agir e, de comum acordo, deixem de praticar a
conduta devida. Ex.: duas pessoas estão vendo outra que acabou de sofrer um acidente de carro
gravemente ferida e não fazem nada – ambos serão considerados coautores no crime de omissão de
socorro. (Prevalece!)

⇒ É possível haver participação em crimes omissivos? Sim!


Apesar de também haver divergência doutrinária, prevalece que cabe participação “por ação” em
crimes omissivos, através da participação moral (instigação ou induzimento). Ex.: a pessoa poderia instigar o
garante a não impedir o resultado, por exemplo. Nesse caso, o garantidor seria autor do crime, enquanto
aquele que o induziu seria partícipe do crime.
Vale lembrar que a participação por omissão só será possível caso o agente tenha o dever e a
possibilidade de agir (seja garantidor na forma do art. 13, §2º, CP). Ex: policial que presencia uma mulher
sendo vítima de roubo e, mesmo podendo, nada faz, pois estava falando ao telefone. Ele será partícipe.

Conclusão: sobre a coautoria em crimes omissivos próprios, como omissão de socorro há


divergência. Quanto a participação em crimes omissivos próprios, admite-se seu cabimento, caso do
indivíduo instiga o outro a realmente não prestar socorro a uma criança abandonada em um lugar ermo,
sendo que ele poderia fazê-lo, sem risco pessoal.
No que se refere aos crimes omissivos impróprios a maioria dos doutrinadores entende cabível
tanto a coautoria quanto a participação. Deste modo, se o pai e a mãe em comum acordo, deixam de
alimentar o filho menor de idade, com animus necandi, ambos são coautores de homicídio doloso.

1.9 Cooperação dolosamente distinta ou participação em crime menos grave ou desvio subjetivo:

A cooperação ou participação dolosamente distinta é aquele dotada de elemento subjetivo diverso, de


modo que um dos agentes não se vinculou aos demais para a prática do crime mais grave, mas apenas de
delito diverso.
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Art. 29, §2º, CP - Se algum dos concorrentes (coautor e partícipe) quis participar de
crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até
metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.

* Cooperação dolosamente distinta aplica-se tanto a coautores quanto a participes.


Atenção:
a) Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste (não
previsível e nem aceito);
b) Se o crime ocorrido (leia-se diverso do combinado) era previsível (diferente do previsto, mas não aceito),
a pena do crime combinado é aumentada até metade (1/2).
c) Se o crime ocorrido (diverso do combinado) for previsto e aceito (consentido e previsível), os concorrentes
respondem por esse crime. Nesse caso, há dolo eventual, não ensejando a cooperação dolosamente
distinta.

Hipóteses de desvio subjetivo:


(1) Desvio subjetivo qualitativo – ao desviar do plano original, o agente ofende de forma mais grave o
mesmo bem jurídico ou um bem jurídico de natureza semelhante. Ex.: Os agentes combinaram de
praticar um roubo, e um deles acabou praticando latrocínio.
(2) Desvio subjetivo quantitativo – ao desviar do plano original, o agente ofende bem jurídico totalmente
distinto. Ex.: agentes combinaram de praticar um furto, mas, além deste, um dos agentes praticou
estupro.

Vamos analisar um caso concreto:


Ex.: Caio e Tício combinam furtar objetos da residência de Mévio. Enquanto Caio vigiava, do lado de
fora, a aproximação de estranhos, Tício entrou no imóvel para subtrair os pertences. Contudo, Mévio estava
em casa. Tício, surpreso, depara-se com Mévio empregando violência para subtrair os objetos desejados. O
crime combinado foi o de furto, mas se transformou em roubo, a partir do momento em que Tício empregou
violência.
Tício praticou roubo. Mas, qual crime pratica Caio? Com relação a Caio, devem ser divididas 3
situações:

● 1ª Situação: Desdobramento imprevisível: Se o desdobramento “violência” era imprevisível, Caio não


pode responder por roubo, sob pena de responsabilidade penal objetiva. Então, Caio responde por
furto, em razão da cooperação dolosamente distinta (aplicação do art. 29, §2º, do CP).
● 2ª Situação: Desdobramento previsível: Se o desdobramento “violência” era previsível, Caio
responderá por furto, com a pena aumentada de ½.
● 3ª Situação: Desdobramento previsto e aceito: Caio responde por roubo, a título de dolo eventual.
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Latrocínio e cooperação dolosamente distinta


Em regra, o coautor que participa de roubo armado responde pelo latrocínio ainda
que o disparo tenha sido efetuado só pelo comparsa. Essa é a jurisprudência do STJ
e do STF. Entretanto, se um dos agentes quis participar de crime menos grave, ser-
lhe-á aplicada a pena deste. Logo, se o coautor que não atirou não queria participar
do latrocínio, não responderá por esse crime mais grave. STF. 1ª Turma. HC
109151/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 12/6/2012 (Info 670).

Agente que participou do roubo pode responder por latrocínio ainda que o
disparo que matou a vítima tenha sido efetuado pelo corréu
Aquele que se associa a comparsa para a prática de roubo, sobrevindo a morte da
vítima, responde pelo crime de latrocínio, ainda que não tenha sido o autor do
disparo fatal ou que sua participação se revele de menor importância. Ex: João e
Pedro combinaram de roubar um carro utilizando arma de fogo. Eles abordaram,
então, Ricardo e Maria quando o casal entrava no veículo que estava estacionado.
Os assaltantes levaram as vítimas para um barraco no morro. Pedro ficou
responsável por vigiar o casal no cativeiro enquanto João realizaria outros crimes
utilizando o carro subtraído. Depois de João ter saído, Ricardo e Maria tentaram
fugir e Pedro atirou nas vítimas, que acabaram morrendo. João pretendia
responder apenas por roubo majorado (art. 157, § 2º, I e II) alegando que não
participou nem queria a morte das vítimas, devendo, portanto, ser aplicado o art.
29, § 2º do CP. O STF, contudo, não acatou a tese. Isso porque João assumiu o risco
de produzir resultado mais grave, ciente de que atuava em crime de roubo, no qual
as vítimas foram mantidas em cárcere sob a mira de arma de fogo. STF. 1ª Turma.
RHC 133575/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 21/2/2017 (Info 855).
Atenção: vide STF. 1ª Turma. HC 109151/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em
12/6/2012 (Info 670).

1.10 Concurso de pessoas e crimes multitudinários

Crimes multitudinários são aqueles praticados por multidões. Como por exemplo: violência praticada
por torcida organizada, rixa, rebeliões em presídios etc.
● Quem provoca esses crimes – tem a penha agravada (art. 62, I, CP)
● Quem pratica o crime sob a influência da multidão – tem a pena atenuada (art. 65, III, “e”).

Indaga-se: Há concurso de pessoas em crimes multitudinários? R.: A doutrina diverge sobre o tema!

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● 1ª C – Mirabete e Cezar Roberto Bittencourt – há concurso de pessoas, de modo que todos devem
responder pelos resultados produzidos.
● 2ª C – Rogério Greco – sustenta que só haverá concurso de pessoas se houver a comprovação
efetiva da contribuição causal de cada envolvido no tumulto.

1.11 Da (in)comunicabilidade das elementares e circunstâncias

“Art. 30, CP: NÃO se comunicam as circunstâncias e condições de caráter pessoal,


SALVO quando elementares do crime”.
Vamos relembrar:

a) Elementares (dados que formam o tipo fundamental – via de regra, caput, mas há exceções, ex.:
excesso de exação): Sempre comunicáveis, desde que sejam de conhecimento do outro agente.
b) Circunstâncias (integram o tipo derivado – qualificadoras, privilégio, causas de aumento ou
diminuição):
● Objetivas: Dizem respeito ao crime – ex: emprego de arma de fogo. Sempre comunicáveis,
desde que de conhecimento do outro agente.
● Subjetivas: Dizem respeito ao agente – ex: motivo do crime. Incomunicáveis, SALVO quando
elementares do crime e de conhecimento do outro agente.

c) Condições: são situações que existem independentemente da prática do crime


● Condições pessoais ou subjetivas: dizem respeito ao agente (reincidência) – Nunca se
comunicam
● Condições reais ou objetivas: dizem respeito ao fato (à noite). Sempre comunicáveis, desde que
de conhecimento do outro agente.

Atenção!! É possível celebrar acordo de colaboração premiada em quaisquer conduta praticada em


concurso de agentes? A resposta é SIM! INFO 742 STJ (27/06/22) Segundo o Superior Tribunal de Justiça,
considerada a conjuntura de que prerrogativas penais ou processuais como essas: a) estão esparsas na
legislação; b) foram instituídas também para beneficiar delatores; e que c) o Código de Processo Penal não
regulamenta o procedimento de formalização dos acordos de delação premiada; e d) a Lei n. 12.850/2013
não prevê, de forma expressa, que os meios de prova ali previstos incidem tão-somente nos delitos de
organização criminosa; não há óbice a que as disposições de natureza majoritariamente processual previstas
na referida Lei apliquem-se às demais situações de concurso de agentes (no que não for contrariada por
disposições especiais, eventualmente existentes).
Ademais, segundo a doutrina, "o argumento de que só os crimes praticados por organização
criminosa são capazes de gerar o benefício da colaboração não pode prosperar, pois, muitas vezes, não há

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uma estrutura propriamente de organização (ou estrutura empresarial) e nem por isso os associados à prática
delitiva cometem delitos que não mereceriam um acordo com o Estado".

2. CONCURSO DE CRIMES

Conceito: Há concurso de crimes quando o agente pratica uma pluralidade de crimes, mediante uma
ou várias condutas.

Pode ocorrer entre crimes de qualquer espécie:


1) Comissivos ou omissivos
2) Dolosos ou culposos
3) Consumados ou tentados
4) Simples ou qualificados
5) Crimes ou contravenções penais

2.1 Espécies de Concurso de Crimes

● Concurso material: art. 69, CP


● Concurso formal: art. 70, CP
● Crime continuado: art. 71, CP

2.2 Sistemas de aplicação da pena

● Sistema do cúmulo material: as penas de todos os crimes são somadas. É o sistema adotado para o
concurso material, concurso formal impróprio e para as penas de multas.
● Sistema da exasperação: é aplicada a pena do crime mais grave e exasperada de acordo com o
número de delitos que foi praticado no contexto. É adotado para o concurso formal próprio e para o
crime continuado.
● Sistema da absorção: a pena do delito mais grave absorve as demais. Não há previsão no nosso
ordenamento atualmente.
● Sistema da responsabilidade única e da pena progressiva única: não há cumulação de penas, mas
deve-se aumentar a responsabilidade do agente à medida que aumenta o número de infrações.

2.3 Concurso Material

Art. 69, do CP - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica
dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas

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privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de


penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.

● Há pluralidade de condutas e pluralidade de crimes;

● Adota-se o sistema da cumulação ou cúmulo material, ou seja, as penas dos crimes praticados são
somadas;

- Espécies

● Homogêneo: crimes idênticos;

● Heterogêneo: crimes distintos.

No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro a pena de


reclusão.

Pena privativa de liberdade X restritiva de direitos em concurso material


Imposta pena privativa de liberdade não suspensa para um dos crimes, não será cabível a substituição
por restritiva de direitos ao outro, art. 69, § 1º do CP.

Art. 69, §1º, CP - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada
pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será
incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código.

Obs.: soma das penas do concurso de crimes é considerada para fins de verificação da pena máxima em
abstrato de até 4 anos para que seja possível a concessão da fiança pelo delegado de polícia, bem como para
a verificação da pena mínima em abstrato não superior a 1 ano para fins de concessão de suspensão
condicional do processo.
Obs.: Não se considera o concurso de crimes para efeitos da prescrição. Assim, para verificar a prescrição,
deve-se analisar a pena de cada crime (isoladamente). A extinção da punibilidade recai sobre cada um
isoladamente.

Um exemplo de aplicação de concurso material seria o crime de roubo e extorsão:


A prática sucessiva de roubo e, no mesmo contexto fático, de extorsão, com
subtração violenta de bens e posterior constrangimento da vítima a entregar o
cartão bancário e a respectiva senha, revela duas condutas distintas, praticadas
com desígnios autônomos, devendo-se reconhecer, portanto, o concurso material.
STF. 1ª Turma. HC 190909, rel. org. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Dias
Toffoli, julgado em 26/10/2020
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CAIU EM PROVA CESPE 2022! Amanda estava em um ponto de ônibus, quando foi surpreendida por um
indivíduo que, munido de arma de fogo, subtraiu-lhe a bolsa mediante grave ameaça. Após garantir a posse
dos pertences da vítima, o agente, ainda se valendo da arma de fogo, constrangeu-a a fornecer a senha de
seu cartão bancário, a fim de sacar dinheiro de sua conta-corrente, e, em seguida, fugiu. Nessa situação
hipotética, de acordo com a jurisprudência dos tribunais superiores, o agente criminoso praticou roubo e
extorsão, em concurso material (item correto).

2.4 Concurso Formal (Ideal)

O concurso formal ou ideal ocorre quando o agente pratica, mediante uma só conduta, dois ou mais crimes,
idênticos ou não.

Art. 70, do CP - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois
ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou,
se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até
metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão
é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o
disposto no artigo anterior.

Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art.
69 deste Código.

Ocorre quando o agente, mediante a prática de uma só conduta (o que não quer dizer único ato –
uma conduta pode ser fracionada em vários atos), pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. Unidade de
conduta, pluralidade de crimes.

● Requisitos:
1) Conduta única
2) Pluralidade de crimes - idênticos ou não

● Espécies:
a) Homogêneo: crimes idênticos.
b) Heterogêneo: crimes distintos.

CONCURSO FORMAL HOMOGÊNEO CONCURSO FORMAL HETEROGÊNEO


Pratica 2 ou mais crimes idênticos. Pratica 2 ou mais crimes distintos.

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Ex. Acidente de trânsito com pluralidade de Ex. Acidente de trânsito com duas vítimas,
vítimas com lesão culposa (todas as vítimas sendo uma fatal.
com lesão).

c) Perfeito ou próprio: não há desígnios autônomos.


d) Imperfeito ou impróprio: há desígnios autônomos quanto a cada um dos crimes. Intenção por parte
do agente de cometer, de fato, os dois delitos.

💣 Esse tema foi cobrado na última prova de Delegado de Polícia do Paraná (2021):

2021 – NC UFPR – PC-PR – Delegado de Polícia


Considere o seguinte caso hipotético: A.A. descobriu que seus sócios, B.B. e C.C., desviaram recursos
substanciais da empresa para contas bancárias de familiares destes. Com o propósito de se vingar, A.A.
chamou os sócios B.B. e C.C. para uma reunião entre os três. Anteriormente, A.A. havia envenenado o café
que B.B. e C.C. sempre consumiam nessas ocasiões, sendo que A.A. não tomava café. B.B. e C.C. tomaram o
café e morreram em decorrência da ingestão do veneno. A partir das noções sobre o concurso de crimes, é
correto afirmar que A.A. cometeu dois crimes de homicídio qualificado em concurso formal impróprio. (item
correto).

● Critério para aplicação da pena:


a) Concurso formal perfeito ou próprio: O agente não possui desígnios autônomos. Regra: sistema de
exasperação, ou seja, aplica-se somente a pena de um dos crimes aumentada de 1/6 até 1/2.
b) Concurso formal imperfeito ou impróprio: O agente possui desígnios autônomos: Sistema do
cúmulo material – penas somadas.

OBS: Essa distinção entre os dois tipos de concurso formal (perfeito e imperfeito) varia de acordo com o
elemento subjetivo que animou o agente ao iniciar a sua conduta. A expressão "desígnios autônomos" refere-
se a qualquer forma de dolo, seja ele direto ou eventual.
Obs.: No concurso formal próprio, se o cúmulo material é mais benéfico que a exasperação, aplicar-se-á o
primeiro. Utiliza-se, neste caso, o critério mais benéfico ao agente.

Jurisprudência em Teses do STJ


EDIÇÃO N. 23: CONCURSO FORMAL

1) O roubo praticado contra vítimas diferentes em um único contexto configura o


concurso formal e não crime único, ante a pluralidade de bens jurídicos
ofendidos.
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2) A distinção entre o concurso formal próprio e o impróprio relaciona-se com o


elemento subjetivo do agente, ou seja, a existência ou não de desígnios
autônomos.

3) É possível o concurso formal entre o crime do art. 2º da Lei n. 8.176/91 (que


tutela o patrimônio da União, proibindo a usurpação de suas matérias-primas), e
o crime do art. 55 da Lei n. 9.605/98 (que protege o meio ambiente, proibindo a
extração de recursos minerais), não havendo conflito aparente de normas já que
protegem bens jurídicos distintos.

4) O aumento decorrente do concurso formal deve se dar de acordo com o


número de infrações.
Houve um aprimoramento desta tese, com a especificação do cálculo:
(...) 5. A exasperação da pena do crime de maior pena, realizado em continuidade
delitiva, será determinada, basicamente, pelo número de infrações penais
cometidas, parâmetro este que especificará no caso concreto a fração de aumento,
dentro do intervalo legal de 1/6 a 2/3. Nesse diapasão, esta Corte Superior de
Justiça possui o entendimento consolidado de que, em se tratando de aumento de
pena referente à continuidade delitiva, aplica-se a fração de aumento de 1/6 pela
prática de 2 infrações; 1/5, para 3 infrações; 1/4 para 4 infrações; 1/3 para 5
infrações; 1/2 para 6 infrações e 2/3 para 7 ou mais infrações. (...) (STJ. 5ª Turma.
HC 543.725/PB, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 11/02/2020).
(IMPORTANTE!!!)

5) A apreensão de mais de uma arma de fogo, acessório ou munição, em um


mesmo contexto fático, não caracteriza concurso formal ou material de crimes,
mas delito único.
Há uma distinção interessante quando armas de uso permitido e de uso restrito são
encontradas no mesmo contexto fático:
(...) A orientação jurisprudencial recente do Superior Tribunal de Justiça é de que
os tipos penais dos arts. 12 e 16 da Lei n. 10.826/2003 tutelam bens jurídicos
diversos, razão pela qual deve ser aplicado o concurso formal quando apreendidas
armas ou munições de uso permitido e de uso restrito no mesmo contexto fático.
Precedentes. 2. Deve ser mantido o reconhecimento de crime único entre os delitos
previstos nos arts. 16, caput, e 16, parágrafo único, IV, da Lei 10.826/2003, quando
ocorrem no mesmo contexto fático. 3. Agravo regimental provido para afastar o
reconhecimento de concurso material, manter a incidência de crime único entre os
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crimes dos arts. 16, caput, e 16, parágrafo único, IV, da Lei 10.826/2003 e
redimensionar as penas. (...) (STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1624632/RS, Rel. Min.
Jorge Mussi, julgado em 28/04/2020).

6) O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações


penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva,
quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da
majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano. (Súmula n. 243/STJ)

7) No concurso de crimes, o cálculo da prescrição da pretensão punitiva é feito


considerando cada crime isoladamente, não se computando o acréscimo
decorrente do concurso formal, material ou da continuidade delitiva.

8) No caso de concurso de crimes, a pena considerada para fins de competência e


transação penal será o resultado da soma ou da exasperação das penas máximas
cominadas ao delito.

Entendimentos Jurisprudenciais

- O roubo praticado contra vítimas diferentes em um único contexto configura o


concurso formal e não crime único, ante a pluralidade de bens jurídicos ofendidos
(STJ-HC 275122)
Caso concreto: O sujeito entra no ônibus e, com arma de fogo em punho, exige que
oito passageiros entreguem seus pertences (dois desses passageiros eram marido
e mulher). O agente irá responder por oito roubos majorados (art. 157, § 2º-A, I, do
CP) em concurso formal (art. 70).
Atenção: não se trata, portanto, de crime único.
Ocorre concurso formal quando o agente, mediante uma só ação, pratica crimes de
roubo contra vítimas diferentes, ainda que da mesma família, eis que caracterizada
a violação a patrimônios distintos.
STJ. 5ª Turma. HC 207.543/SP , Rel. Min. Gilson Dipp, julgado em 17/04/2012.
Nesse caso, o concurso formal é próprio ou impróprio?
Concurso formal PRÓPRIO.
Praticado o crime de roubo mediante uma só ação contra vítimas distintas, no
mesmo contexto fático, resta configurado o concurso formal próprio, e não a
hipótese de crime único, visto que violados patrimônios distintos.
STJ. 5ª Turma. HC 455.975/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 02/08/2018.
(Fonte: Dizer o direito)
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Mas ATENÇÃO: o STJ já decidiu que, em roubo praticado no interior de ônibus, o


fato de a conduta ter ocasionado violação de patrimônios distintos - o da empresa
de transporte coletivo e o do cobrador - não descaracteriza a ocorrência de crime
único se todos os bens subtraídos estavam na posse do cobrador. (STJ-HC 204.316-
RS e AgRG no Resp 1.396.144-DF).

- A distinção entre o concurso formal próprio e o impróprio relaciona-se com o


elemento subjetivo do agente, ou seja, a existência ou não de desígnios autônomos
(STJ-HC 134640)

- Não há crime único, podendo haver concurso formal, quando, no mesmo contexto
fático, o agente incide nas condutas dos arts. 14 (porte ilegal de arma de fogo de
uso permitido) e 16 (posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito) da Lei
n. 10.826/2003 (STJ-HC 130997)
* Mas atenção: caso o agente possua mais de uma arma de fogo, acessório ou
munição que configure o mesmo tipo penal (permitido ou restrito), haverá crime
único.

- O aumento decorrente do concurso formal deve se dar de acordo com o número


de infrações (STJ-HC 273120)

- O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações


penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva,
quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da
majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano. (Súmula 243 do STJ)
- No concurso de crimes, o cálculo da prescrição da pretensão punitiva é feito
considerando cada crime isoladamente, não se computando o acréscimo
decorrente do concurso formal, material ou da continuidade delitiva (STJ- REsp
1106603)

- No caso de concurso de crimes, a pena considerada para fins de competência e


transação penal será o resultado da soma ou da exasperação das penas máximas
cominadas ao delito (STJ-HC 260619)

2.5 Crime Continuado

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Art. 71, do CP - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica
dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira
de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como
continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou
a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.

O agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e,
pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser
havidos como continuação do primeiro (chamados de crimes parcelares).

Teorias acerca do crime continuado


a) Teoria da Unidade Real: entende que todos os crimes parcelares praticados são, de fato, um só delito.
b) Teoria da Ficção Jurídica (ADOTADA): Serão considerados um só delito apenas para a fixação da pena,
por questões de política criminal. É possível inferir esta informação pelo art. 119 do CP, que prevê que
a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um dos delitos, isoladamente.
c) Teoria Mista: Todos os crimes formam um terceiro tipo de delito.

REQUISITOS:
1) Pluralidade de condutas;
2) Pluralidade de crimes da mesma espécie (mesmo tipo penal);
3) Conexão temporal (via de regra, entre um crime e outro não pode haver um intervalo superior a 30
dias – há exceções de alguns crimes tributários, por suas peculiaridades, levando em conta o exemplo
de que a declaração de IR é feita apenas 1x ao ano);
4) Conexão espacial (os crimes devem ser praticados na mesma cidade ou, no máximo, em cidades
contíguas);
5) Conexão modal (modo de execução semelhantes);
6) O CP dá ao juiz a liberdade de exigir outras condições além das acima descritas.

Atenção: o crime continuado exige unidade de desígnio?

● TEORIA OBJETIVA PURA: o crime continuado não depende da unidade de desígnios. Devem ser
observados apenas os requisitos objetivos do art. 71, caput. Adotada pela exposição de motivos do CP.

● TEORIA OBJETIVA SUBJETIVA (MAJORITÁRIA): embora não esteja expressamente previsto, o


reconhecimento da continuidade delitiva depende da verificação de requisito subjetivo, qual seja: a
unidade de desígnios (deve ser possível verificar no caso concreto uma ligação entre as condutas, que
indique que o agente tinha, de fato, a intenção de cometer os delitos de forma subsequente). STF e
STJ.

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Espécies:
a) Simples: crimes parcelares possuem penas idênticas.
✔ Critério para aplicação da pena: o juiz escolhe qualquer das penas, e a aumenta de 1/6 a 2/3
b) Qualificado: crimes parcelares possuem penas diversas (exemplo: furto simples consumado e furto
tentado; furto simples + furto qualificado – prevalece ser possível).

✔ Critério para aplicação da pena: o juiz escolhe a pena mais grave, e a aumenta de 1/6 a 2/3

c) Específico: (atenção aqui!) Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou
grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social
e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos
crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo.

✔ Critério para aplicação da pena: o juiz aplica uma só pena, se idênticas, ou a maior, quando
não idênticas, aumentada de 1/6 até o triplo.

Critério para aumento da pena no crime continuado:


• Crime continuado do caput do art. 71 do CP: o critério para se determinar o
quantum da majoração (entre 1/6 a 2/3) é apenas a quantidade de delitos
cometidos. Assim, quanto mais infrações, maior deve ser o aumento.

• Crime continuado específico (art. 71, parágrafo único, do CP): a fração de


aumento será determinada pela quantidade de crimes praticados e também pela
análise das circunstâncias judicias do art. 59 do Código Penal.
STJ. 5ª Turma. REsp 1718212/PR, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 19/04/2018.

Fique atento à jurisprudência:

Aumento de pena no máximo pela continuidade delitiva em crime sexual. No caso


de crime continuado, o art. 71 do CP prevê que o juiz deverá aplicar a pena de um
só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer
caso, de 1/6 a 2/3. O STJ entende que, em regra, a escolha da quantidade de
aumento de pena deve levar em consideração o número de infrações praticadas
pelo agente com base na seguinte tabela: O critério para o aumento no crime
continuado é o número de crimes praticados: 2 crimes — aumenta 1/6 3 crimes —
aumenta 1/5 4 crimes — aumenta 1/4 5 crimes — aumenta 1/3 6 crimes —
aumenta 1/2 7 ou mais — aumenta 2/3 Porém, nem sempre será fácil trazer para

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os autos o número exato de crimes que foram praticados, especialmente quando


se trata de delitos sexuais. É o caso, por exemplo, de um padrasto que mora há
meses ou anos com a sua enteada e contra ela pratica constantemente estupro de
vulnerável. Nessas hipóteses, mesmo não havendo a informação do número exato
de crimes que foram cometidos, o juiz poderá aumentar a pena acima de 1/6 e,
dependendo do período de tempo, até chegar ao patamar máximo. Assim,
constatando-se a ocorrência de diversos crimes sexuais durante longo período de
tempo, é possível o aumento da pena pela continuidade delitiva no patamar
máximo de 2/3 (art. 71 do CP), ainda que sem a quantificação exata do número de
eventos criminosos. STJ. 5ª Turma. HC 311146-SP, Rel. Min. Newton Trisotto
(Desembargador convocado do TJ-SC), julgado em 17/3/2015 (Info 559)

O reconhecimento da continuidade delitiva não importa na obrigatoriedade de


redução da pena definitiva fixada em cúmulo material, porquanto há
possibilidade de aumento do delito mais gravoso em até o triplo, nos termos do
art. 71, parágrafo único, in fine, do Código Penal. Explicamos: No caso, o agente
foi condenado a 30 anos de reclusão, em cúmulo material (mais de uma ação ou
omissão pratica dois ou mais crimes). de dois delitos de homicídio qualificado com
decapitação e esquartejamento das vítimas. Em recurso de apelação, foi
reconhecido crime continuado, mas sem alteração na pena final, porquanto
aplicado o aumento por continuidade delitiva para dobrar a pena de 15 anos, nos
termos do art. 71, parágrafo único, in fine, do Código Penal. Sobre o tema, é pacífica
a distinção entre os institutos da continuidade delitiva e da pena-base, a despeito
de aparentemente partilharem a necessidade de valoração de vetoriais
semelhantes, mesmo porque cada crime permanece independente na cadeia
delitiva, tanto que se permite dosimetrias distintas para cada evento. A distinção
entre os referidos institutos - a saber, pena-base e continuidade delitiva -
permite, inclusive, a valoração da mesma circunstância fática sob dois aspectos
distintos, sem infringência ao princípio do ne bis in idem. AgRg no HC 301.882-RJ,
Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em
19/04/2022, DJe 26/04/2022

Jurisprudência em Teses do STJ


EDIÇÃO N. 17: CRIME CONTINUADO - I

1) Para a caracterização da continuidade delitiva é imprescindível o


preenchimento de requisitos de ordem objetiva - mesmas condições de tempo,

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lugar e forma de execução - e de ordem subjetiva - unidade de desígnios ou


vínculo subjetivo entre os eventos (Teoria Mista ou Objetivo-subjetiva).

2) A continuidade delitiva, em regra, não pode ser reconhecida quando se


tratarem de delitos praticados em período superior a 30 (trinta) dias.
Obs: existem vários julgados excepcionando essa “regra”.

3) A continuidade delitiva pode ser reconhecida quando se tratarem de delitos


ocorridos em comarcas limítrofes ou próximas.

4) A continuidade delitiva não pode ser reconhecida quando se tratarem de


delitos cometidos com modos de execução diversos.

5) Não há crime continuado quando configurada habitualidade delitiva ou


reiteração criminosa.

6) Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena


imposta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da
continuação. (Súmula n. 497/STF)

7) A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente,


se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade delitiva ou da
permanência. (Súmula n. 711/STF)

8) O estupro e atentado violento ao pudor cometidos contra a mesma vítima e no


mesmo contexto devem ser tratados como crime único, após a nova disciplina
trazida pela Lei n. 12.015/09.

9) É possível reconhecer a continuidade delitiva entre estupro e atentado violento


ao pudor quando praticados contra vítimas diversas ou fora do mesmo contexto,
desde que presentes os requisitos do artigo 71 do Código Penal.

10) A Lei n. 12.015/09, ao incluir no mesmo tipo penal os delitos de estupro e


atentado violento ao pudor, possibilitou a caracterização de crime único ou de
crime continuado entre as condutas, devendo retroagir para alcançar os fatos
praticados antes da sua vigência, por se tratar de norma penal mais benéfica.

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11) No concurso de crimes, a pena considerada para fins de fixação da


competência do Juizado Especial Criminal será o resultado da soma, no caso de
concurso material, ou da exasperação, na hipótese de concurso formal ou crime
continuado, das penas máximas cominadas aos delitos.

Jurisprudência em Teses do STJ


EDIÇÃO N. 20: CRIME CONTINUADO - II

1) Para a caracterização da continuidade delitiva, são considerados crimes da


mesma espécie aqueles previstos no mesmo tipo penal.
Atenção. Essa tese representa a regra geral. No entanto, algumas vezes o STJ
admite exceções:
(...) A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça compreende que, para a
caracterização da continuidade delitiva, é imprescindível o preenchimento de
requisitos de ordem objetiva (mesmas condições de tempo, lugar e forma de
execução) e subjetiva (unidade de desígnios ou vínculo subjetivo entre os eventos),
nos termos do art. 71 do Código Penal. Exige-se, ainda, que os delitos sejam da
mesma espécie. Para tanto, não é necessário que os fatos sejam capitulados no
mesmo tipo penal, sendo suficiente que tutelem o mesmo bem jurídico e sejam
perpetrados pelo mesmo modo de execução. 2. Para fins da aplicação do instituto
do crime continuado, art. 71 do Código Penal, pode-se afirmar que os delitos de
estupro de vulnerável e estupro, descritos nos arts. 217-A e 213 do CP,
respectivamente, são crimes da mesma espécie. (...)
STJ. 6ª Turma. REsp 1767902/RJ, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
13/12/2018.

2) É possível o reconhecimento de crime continuado entre os delitos de


apropriação indébita previdenciária (art. 168-A do CP) e de sonegação de
contribuição previdenciária (art. 337-A do CP). SUPERADA!! Os delitos de
apropriação indébita previdenciária e de sonegação de contribuição previdenciária,
previstos, respectivamente, nos arts. 168-A e 337-A do CP, embora sejam do
mesmo gênero, são de espécies diversas; obstando a benesse da continuidade
delitiva. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1868826/CE, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado
em 09/02/2021

3) Presentes as condições do art. 71 do Código Penal, deve ser reconhecida a


continuidade delitiva no crime de peculato-desvio.

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4) Não é possível reconhecer a continuidade delitiva entre os crimes de roubo


(art. 157 do CP) e de latrocínio (art. 157, § 3º, segunda parte, do CP) porque apesar
de serem do mesmo gênero não são da mesma espécie.

5) Não é possível reconhecer a continuidade delitiva entre os crimes de roubo


(art. 157 do CP) e de extorsão (art. 158 do CP), pois são infrações penais de
espécies diferentes.

6) Admite-se a continuidade delitiva nos crimes contra a vida.

7) O entendimento da Súmula n. 605 do STF – “não se admite continuidade


delitiva nos crimes contra a vida” - encontra-se superado pelo parágrafo único do
art. 71 do Código Penal, criado pela reforma de 1984.

8) Na continuidade delitiva prevista no caput do art. 71 do CP, o aumento se faz


em razão do número de infrações praticadas e de acordo com a seguinte
correlação: 1/6 para duas infrações; 1/5 para três; 1/4 para quatro; 1/3 para
cinco; 1/2 para seis; 2/3 para sete ou mais ilícitos.

9) Na continuidade delitiva específica, prevista no parágrafo único do art. 71 do


CP, o aumento fundamenta-se no número de infrações cometidas e nas
circunstâncias judiciais do art. 59 do CP.

10) Caracterizado o concurso formal e a continuidade delitiva entre infrações


penais, aplica-se somente o aumento relativo à continuidade, sob pena de bis in
idem.

11) No crime continuado, as penas de multa devem ser somadas, nos termos do
art. 72 do CP.
SUPERADA. O art. 72 do Código Penal é restrito às hipóteses de concursos formal
ou material, não sendo aplicável aos casos em que há reconhecimento da
continuidade delitiva. Desse modo, a pena pecuniária deve ser aplicada conforme
o regramento estabelecido para o crime continuado, e não cumulativamente (STJ.
5ª Turma. AgRg no AREsp 484.057/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em
27/02/2018).
Art. 72. No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e
integralmente.

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12) No crime continuado, a pena de multa deve ser aplicada mediante o critério
da exasperação, tendo em vista a inaplicabilidade do art. 72 do CP. (art.72 CP - No
concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distintas e integralmente).

13) O reconhecimento dos pressupostos do crime continuado, notadamente as


condições de tempo, lugar e maneira de execução, demanda dilação probatória,
incabível na via estreita do habeas corpus.

Entendimentos Jurisprudenciais:

Não há crime continuado quando configurada habitualidade delitiva ou reiteração


criminosa (STJ- HC 262842).

Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na


sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação. (Súmula
497/STF)

A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a


sua vigência é anterior à cessação da continuidade delitiva ou da permanência.
(Súmula 711/STF)

O estupro e atentado violento ao pudor cometidos contra a mesma vítima e no


mesmo contexto devem ser tratados como crime único, após a nova disciplina
trazida pela Lei n. 12.015/09 (STJ- REsp 1297022)

É possível reconhecer a continuidade delitiva entre estupro e atentado violento ao


pudor quando praticados contra vítimas diversas ou fora do mesmo contexto,
desde que presentes os requisitos do artigo 71 do Código Penal (STJ-HC 236713).

A Lei n. 12.015/09, ao incluir no mesmo tipo penal os delitos de estupro e atentado


violento ao pudor, possibilitou a caracterização de crime único ou de crime
continuado entre as condutas, devendo retroagir para alcançar os fatos praticados
antes da sua vigência, por se tratar de norma penal mais benéfica (STJ-HC 236713).

No concurso de crimes, a pena considerada para fins de fixação da competência do


Juizado Especial Criminal será o resultado da soma, no caso de concurso material,
ou da exasperação, na hipótese de concurso formal ou crime continuado, das penas
máximas cominadas aos delitos (STJ-HC 143500).
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Prevalece que não é possível o reconhecimento de crime continuado entre os


delitos de apropriação indébita previdenciária (art. 168-A do CP) e de sonegação de
contribuição previdenciária (art.337-A do CP). Porém, o STJ tem julgado
permitindo.(STJ-REsp 859050).

Presentes as condições do art. 71 do Código Penal, deve ser reconhecida a


continuidade delitiva no crime de peculato-desvio (STJ- REsp 1244377).

Não é possível reconhecer a continuidade delitiva entre os crimes de roubo (art.


157 do CP) e de latrocínio (art. 157, § 3º, segunda parte, do CP) porque apesar de
serem do mesmo gênero não são da mesma espécie (STJ-HC 240630).

Não é possível reconhecer a continuidade delitiva entre os crimes de roubo (art.


157 do CP) e de extorsão (art. 158 do CP), pois são infrações penais de espécies
diferentes (STJ-HC 240630).

Admite-se a continuidade delitiva nos crimes contra a vida (STJ-HC 214421).

No crime continuado, as penas de multa devem ser somadas, nos termos do art. 72
do CP (STJ-HC 155278).

De acordo com a Teoria Mista, adotada pelo Código Penal, mostra-se


imprescindível, para a aplicação da regra do crime continuado, o preenchimento de
requisitos não apenas de ordem objetiva — mesmas condições de tempo, lugar e
forma de execução — como também de ordem subjetiva — unidade de desígnios
ou vínculo subjetivo entre os eventos.
(STJ-HC 245156/ES)

Latrocínio: se ocorre uma subtração e duas mortes. Como faz?


STJ: concurso formal impróprio, por se tratar de delito complexo, cujos bens
jurídicos tutelados são o patrimônio e a vida.
STJ. 5ª Turma. HC 336.680/PR, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 17/11/2015.

STF e doutrina majoritária: crime único de latrocínio


Entende a suprema Corte que, havendo latrocínio consumado, em razão do
atingimento de um único patrimônio, o número de vítimas deve ser sopesado por
ocasião da fixação da pena-base, na fase do art. 59 do CP, não alterando a
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ocorrência de crime único. STF. 2ª Turma. HC 109539, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 07/05/2013.

IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO CONCOMITANTE DA CONTINUIDADE DELITIVA


COMUM E ESPECÍFICA: se reconhecida a continuidade delitiva específica entre
estupros praticados contra vítimas diferentes, deve ser aplicada exclusivamente a
regra do art. 71, parágrafo único, do Código Penal, mesmo que, em relação a cada
uma das vítimas, especificamente, também tenha ocorrido a prática de crime
continuado. STJ. 6ª Turma. REsp 1.471.651-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior,
julgado em 13/10/2015 (Info 573). Ex.: Um sujeito estuprou 3 vítimas diferentes,
nas mesmas condições de modo, lugar, período etc. Porém, estuprou também cada
uma das vítimas mais de uma vez. Caso seja aplicada a regra de aplicação de pena
do crime continuado específico, não pode ser aplicada de forma cumulada a do
crime continuado simples em relação a cada uma das vítimas.

Vamos esquematizar?

Quadro Comparativo do Concurso de Crimes:

PREVISÃO REQUISITOS SISTEMA ADOTADO


LEGAL
CONCURSO Art. 69, CP Pluralidade de condutas Cúmulo material ou
MATERIAL Pluralidade de crimes cumulação
CONCURSO Art. 70, caput, Unidade de conduta Exasperação
FORMAL CP Pluralidade de crimes (1/6 até 1/2)
CONCURSO Unidade de conduta Cúmulo material ou
FORMAL Art. 70, caput, Pluralidade de crimes cumulação
IMPRÓPRIO CP + Desígnios autônomos
CRIME Pluralidade de condutas
CONTINUADO Art. 71, caput, Pluralidade de crimes da mesma Exasperação
GENÉRICO CP espécie (1/6 até 2/3)
Elo de continuidade
Pluralidade de condutas
CRIME Art. 71, Pluralidade de crimes da mesma
CONTINUADO parágrafo único, espécie Exasperação
ESPECÍFICO CP Elo de continuidade (1/6 até 3x)
+ Crimes dolosos

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Vítimas diferentes
Violência ou grave ameaça

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

- Direito Penal – Parte Geral – Volume 1 – 13ª edição – Cleber Masson;


- Sinopse nº1 – Direito Penal – Parte geral – 7ª edição – Alexandre Salim e Marcelo André de Azevedo;
- Manual de Direito Penal – Parte geral – 7ª edição – Rogério Sanches Cunha.
- Site Dizer o Direito – www.dizerodireito.com.br
- Manual de Direito Penal V.U – Michael Procopio Avelar 2022

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QUESTÕES PROPOSTAS

1 - 2021 - FUMARC - PC-MG - FUMARC - 2021 - PC-MG - primeiro a que cometesse o delito, quem emprestou a arma
Delegado de Polícia Substituto – é simplesmente autor do homicídio.”
Michel ordena a Alexandre, caseiro de sua fazenda, que corte (GRECO, Luís; LEITE, Alaor; TEIXEIRA, Adriano; ASSIS, Augusto.
árvores de uma porção lateral da propriedade, situada na Autoria como domínio do fato: estudos introdutórios sobre o
zona rural do Município de Itabirito – MG, entendendo que concurso de pessoas no Direito Penal brasileiro. São Paulo:
elas atrapalhavam a construção de uma cerca. Por se tratar Marcial Pons. 2014. p. 22)
de área de preservação permanente, seria necessária Em que pesem as críticas doutrinárias direcionadas à
autorização do órgão competente para o corte, a qual, no aplicação prática da teoria do domínio do fato no Direito
entanto, não foi ao menos cogitada por Michel. Embora Penal brasileiro, considerando-se, dentre outros fatores, a
ambos tivessem conhecimento desse fato e da ilicitude de seu amplitude normativa do artigo 29 do Código Penal, fato é que
comportamento, Alexandre obedece à ordem de seu patrão essa teoria tem sido invocada pelos Tribunais para
Michel, e realiza a conduta. Tendo em vista o disposto no art. fundamentar, em algumas situações, a atribuição da autoria
40, da Lei n.º 9.605/98 (Art. 40. Causar dano direto ou indireto a pessoas que não chegaram a praticar a conduta nuclear do
às Unidades de Conservação e às áreas de que trata o art. 27 tipo penal, como se deu, por exemplo, na Ação Penal n. 470
do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, (caso Mensalão), julgada pelo Supremo Tribunal Federal no
independentemente de sua localização: Pena - reclusão, de ano de 2014.
um a cinco anos.) e as teorias atinentes ao concurso de Assim, com base na teoria do domínio do fato, aprimorada
pessoas, é CORRETO afirmar: por Claus Roxin e estudada pela doutrina nacional, assinale a
alternativa INCORRETA.
A-Michel, levando em conta a legislação penal brasileira em
vigor, deve ter em seu favor reconhecida a cooperação A-É possível a autoria mediata nos crimes próprios – como,
dolosamente distinta. por exemplo, no peculato –, desde que o autor mediato reúna
B-Pela teoria objetivo-formal, Michel é considerado autor do todas as qualidades ou condições exigidas pelo tipo. Em
fato criminoso. outros termos, tratando-se de autoria mediata, todos os
C-Pela teoria objetivo-formal, Michel seria considerado pressupostos necessários de punibilidade devem se
partícipe do fato criminoso, mas a aplicação da teoria do encontrar na pessoa do homem de trás.
domínio do fato lhe atrairia para a posição de autor da B-Se duas ou mais pessoas, partindo de uma decisão conjunta
conduta. de praticar o fato, contribuem para a sua realização com um
D-Pela teoria objetivo-formal, Michel seria considerado ato relevante de um delito, elas terão o domínio funcional do
partícipe do fato criminoso e a aplicação da teoria do domínio fato, o que fará com que cada um dos envolvidos responda
do fato não lhe atrairia para a posição de autor da conduta. como coautor do fato como um todo. Ocorre nessa hipótese
o que Luís Greco chama de imputação recíproca.
2 - 2021 - FAPEC - PC-MS - FAPEC - 2021 - PC-MS - Delegado C-O domínio da vontade, uma das três manifestações da ideia
de Polícia de domínio do fato formulada por Roxin, amolda-se com
“A teoria do domínio do fato, como toda teoria jurídica o deve perfeição à figura do autor mediato, pois todo o processo de
ser, direta ou indiretamente, é uma resposta a um problema realização da figura típica, na autoria mediata, apresenta-se
concreto. O problema que a teoria se propõe a resolver, como como obra da vontade reitora do homem de trás, que possui
já se insinuou, é o de distinguir entre autor e partícipe. Em absoluto controle sobre o executor direto do fato.
geral, assim, não se trata de determinar se o agente será ou D-Uma das propostas originais de Roxin com a teoria do
não punido, e sim se o será como autor, ou como mero domínio do fato é a de se reconhecer a possibilidade de
partícipe. (...) O CP brasileiro (art. 29, caput), todavia, e como domínio por meio de um aparato organizado de poder. O
já se observou, não o exige, e mesmo insinua uma mandante que, valendo-se de uma organização
interpretação segundo a qual todo aquele que concorre para hierarquicamente estruturada e apartada, dissociada da
o crime – quem efetuou o disparo, quem convenceu esse ordem jurídica, emite uma ordem a executores fungíveis, isto

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é, a seus subordinados que funcionam como meras legal para portar ou possuir qualquer tipo de arma. Restando
engrenagens de uma estrutura automática, deve ser tratado comprovados os fatos por prova oral e pericial, Lúcio:
como autêntico autor e não como mero partícipe.
E-A ideia de domínio da organização, conforme sustentada A-responderá pelos crimes de posse de arma de fogo e de
por Roxin, pode perfeitamente ser aplicada no âmbito disparo de arma de fogo, na forma continuada;
empresarial para responsabilizar gerentes ou diretores, como B-responderá apenas pelo crime de disparo de arma de fogo,
coautores, pelos crimes cometidos por funcionários a eles ficando o crime de posse absorvido pela consunção;
diretamente vinculados, pois a teoria do domínio do fato C-responderá pelos crimes de posse de arma de fogo e de
permite atribuir a autoria àquele que desempenha posição de disparo de arma de fogo, em concurso material;
chefia dentro de uma organização, independentemente da D-responderá apenas pelo crime de posse de arma de fogo,
existência ou não de absoluto controle sobre os configurando o disparo pós-fato impunível;
subordinados. E-não responderá por qualquer delito, pois os crimes de posse
e disparo de arma de fogo exigem perigo concreto.
3 - 2021 - NC-UFPR - PC-PR - NC-UFPR - 2021 - PC-PR -
Delegado de Polícia 5 - 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA - INSTITUTO AOCP -
Considere o seguinte caso hipotético: 2021 - PC-PA - Delegado de Polícia Civil
A.A. descobriu que seus sócios, B.B. e C.C., desviaram Referente ao Direito Penal, assinale a alternativa correta.
recursos substanciais da empresa para contas bancárias de
familiares destes. Com o propósito de se vingar, A.A. chamou A-São exemplos de crimes que não admitem a tentativa: os
os sócios B.B. e C.C. para uma reunião entre os três. preterdolosos, os unissubsistentes, os omissivos próprios e os
Anteriormente, A.A. havia envenenado o café que B.B. e C.C. de perigo concreto.
sempre consumiam nessas ocasiões, sendo que A.A. não B-Os crimes próprios são incompatíveis com a coautoria, haja
tomava café. B.B. e C.C. tomaram o café e morreram em vista que são delitos em que o tipo penal exige uma situação
decorrência da ingestão do veneno. de fato ou de direito diferenciada por parte do sujeito ativo.
A partir das noções sobre o concurso de crimes, é correto C-Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à
afirmar que A.A. cometeu dois crimes de homicídio pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o
qualificado em: recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do
agente, a pena será reduzida de um terço até a metade.
A-continuidade delitiva. D-O indulto extingue os efeitos primários da condenação
B-continuidade delitiva especial. (pretensão executória), mas não atinge os efeitos
C-concurso formal próprio. secundários, penais ou extrapenais.
D-concurso formal impróprio. E-Em relação ao concurso formal próprio, o Código Penal
E-concurso material. adotou o sistema da exasperação, aplicando-se a pena de
qualquer dos crimes, se idênticos, ou então a mais grave,
4 - 2021 - FGV - PC-RN - FGV - 2021 - PC-RN - Delegado de aumentada, em qualquer caso, de um sexto até dois terços.
Polícia Civil Substituto
Após discutir com alguns vizinhos, Lúcio efetuou disparos de 6 - 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA - INSTITUTO AOCP -
arma de fogo para o alto na via pública, atingindo o telhado 2021 - PC-PA - Delegado de Polícia Civil
de uma das casas, o que fez com que os moradores da Cléber e Davi possuem um inimigo em comum, qual seja,
localidade, dois dias depois, registrassem o fato na delegacia Evandro. Em determinado dia, sem prévio ajuste, ambos
de polícia. A autoridade policial representou pela busca e portando arma de fogo de igual calibre e munições idênticas,
apreensão de eventual prova de crime na residência de Lúcio, escondem-se, em diferentes locais, próximo ao trabalho de
o que foi deferido pelo juízo competente. No cumprimento Evandro, esperando o momento em que este chegue ao
do mandado, foi apreendida na residência uma arma de fogo trabalho para, enfim, eliminar a vida dele. Quando Evandro
sem registro, sendo certo que Lúcio não tinha autorização chega ao local, Cléber e Davi atiram simultaneamente em sua
direção, sendo Evandro atingido e vindo a falecer.

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

SEMANA 04/30

Posteriormente, o exame pericial concluiu que Evandro foi E-Trata-se de hipótese de concurso de pessoas, na qual
morto por um único disparo de arma de fogo, sendo que os ambos respondem pelo homicídio qualificado, João como
demais tiros não o atingiram, todavia, o laudo não conseguiu autor e José na condição de partícipe.
identificar de qual arma de fogo partiu o tiro que eliminou a
vida de Evandro. Considerando o caso hipotético narrado, 8 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE /
assinale a alternativa correta. CEBRASPE - 2021 - Polícia Federal - Delegado de Polícia
Federal
A-Trata-se de hipótese de concurso de pessoas, em que Com relação à teoria geral do direito penal, julgue o item
Cléber e Davi respondem por homicídio consumado. seguinte.
B-Não há concurso de pessoas, sendo hipótese de autoria
desconhecida. Cléber e Davi respondem por homicídio Conforme a autoria de escritório, tanto o agente que dá a
consumado. ordem como o que cumpre respondem pelo tipo penal.
C-Não há concurso de pessoas, sendo hipótese de autoria
desconhecida. Cléber e Davi respondem por tentativa de Certo
homicídio. Errado
D-Não há concurso de pessoas, sendo hipótese de autoria
incerta. Cléber e Davi respondem por homicídio consumado. 9 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE /
E-Não há concurso de pessoas, sendo hipótese de autoria CEBRASPE - 2021 - Polícia Federal - Delegado de Polícia
incerta. Cléber e Davi respondem por tentativa de homicídio. Federal
Com relação aos crimes previstos em legislação especial,
7 - 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA - INSTITUTO AOCP - julgue o item a seguir.
2021 - PC-PA - Delegado de Polícia Civil
Em determinado restaurante, almoçam João, Pedro e José. A teoria do domínio do fato permite, isoladamente, que se
Pedro se retira para ir ao banheiro. Nesse momento, João faça uma acusação pela prática de crimes complexos, como o
aproveita a oportunidade e solicita que José passe o sal, a fim de sonegação fiscal, sem a descrição da conduta.
de salgar excessivamente a comida de Pedro. José, agindo
culposamente, entrega veneno no lugar. João, notável Certo
químico, percebe o engano de José e, mesmo assim, coloca o Errado
veneno na comida de Pedro, que o ingere e vem a falecer em
seguida. Considerando o caso hipotético narrado, assinale a 10 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-SE - CESPE - 2018 - PC-SE
alternativa correta. - Delegado de Polícia
João e Pedro, maiores e capazes, livres e
A-Trata-se de hipótese de erro determinado por terceiro, na conscientemente, aceitaram convite de Ana, também
qual o agente provocador atua culposamente e, por isso, maior e capaz, para juntos assaltarem loja do
responde pelo crime de homicídio culposo.
comércio local. Em data e hora combinadas, no
B-Trata-se de hipótese de concurso de pessoas, na qual
período noturno e após o fechamento, João e Pedro
ambos respondem pelo homicídio qualificado, João como
arrombaram a porta dos fundos de uma loja de
autor e José na condição de coautor.
C-Não se trata de hipótese de erro determinado por terceiro decoração, na qual entraram e ficaram vigiando
e também não há concurso de pessoas. João responde por enquanto Ana subtraía objetos valiosos, que seriam
homicídio qualificado doloso e José por homicídio culposo. divididos igualmente entre os três. Alertada pela
D-Não se trata de hipótese de erro determinado por terceiro vizinhança, a polícia chegou ao local durante o
e também não há concurso de pessoas. João responde por assalto, prendeu os três e os encaminhou para a
homicídio qualificado doloso e José permanecerá impune.
delegacia de polícia local.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item
subsequente.

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assalto, prendeu os três e os encaminhou para a


De acordo com a teoria objetivo-subjetiva, o autor do delito é delegacia de polícia local.
aquele que tem o domínio final sobre o fato criminoso doloso. Considerando essa situação hipotética, julgue o item
subsequente.
Certo
Errado Na situação considerada, configurou-se a autoria imprópria
decorrente do concurso de pessoas.
11 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-SE - CESPE - 2018 - PC-SE
- Delegado de Polícia Certo
João e Pedro, maiores e capazes, livres e Errado
conscientemente, aceitaram convite de Ana, também
maior e capaz, para juntos assaltarem loja do 13 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-SE - CESPE - 2018 - PC-SE
comércio local. Em data e hora combinadas, no - Delegado de Polícia

período noturno e após o fechamento, João e Pedro João e Pedro, maiores e capazes, livres e

arrombaram a porta dos fundos de uma loja de conscientemente, aceitaram convite de Ana, também

decoração, na qual entraram e ficaram vigiando maior e capaz, para juntos assaltarem loja do

enquanto Ana subtraía objetos valiosos, que seriam comércio local. Em data e hora combinadas, no

divididos igualmente entre os três. Alertada pela período noturno e após o fechamento, João e Pedro

vizinhança, a polícia chegou ao local durante o arrombaram a porta dos fundos de uma loja de

assalto, prendeu os três e os encaminhou para a decoração, na qual entraram e ficaram vigiando

delegacia de polícia local. enquanto Ana subtraía objetos valiosos, que seriam

Considerando essa situação hipotética, julgue o item divididos igualmente entre os três. Alertada pela
subsequente. vizinhança, a polícia chegou ao local durante o
assalto, prendeu os três e os encaminhou para a
Para que fique caracterizado o concurso de pessoas, é delegacia de polícia local.
necessário que exista o prévio ajuste entre os agentes Considerando essa situação hipotética, julgue o item
delitivos para a prática do delito. subsequente.

Certo Como as ações paralelas de João, Pedro e Ana — agentes


Errado diversos — lesionaram o mesmo bem jurídico, constata-se a
ocorrência da autoria colateral, haja vista que o resultado foi
12 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-SE - CESPE - 2018 - PC-SE previamente planejado em conjunto.
- Delegado de Polícia
João e Pedro, maiores e capazes, livres e Certo
conscientemente, aceitaram convite de Ana, também Errado
maior e capaz, para juntos assaltarem loja do
comércio local. Em data e hora combinadas, no 14 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-SE - CESPE - 2018 - PC-SE

período noturno e após o fechamento, João e Pedro - Delegado de Polícia


João e Pedro, maiores e capazes, livres e
arrombaram a porta dos fundos de uma loja de
conscientemente, aceitaram convite de Ana, também
decoração, na qual entraram e ficaram vigiando
maior e capaz, para juntos assaltarem loja do
enquanto Ana subtraía objetos valiosos, que seriam
comércio local. Em data e hora combinadas, no
divididos igualmente entre os três. Alertada pela
período noturno e após o fechamento, João e Pedro
vizinhança, a polícia chegou ao local durante o
arrombaram a porta dos fundos de uma loja de

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decoração, na qual entraram e ficaram vigiando comércio local. Em data e hora combinadas, no
enquanto Ana subtraía objetos valiosos, que seriam período noturno e após o fechamento, João e Pedro
divididos igualmente entre os três. Alertada pela arrombaram a porta dos fundos de uma loja de
vizinhança, a polícia chegou ao local durante o decoração, na qual entraram e ficaram vigiando
assalto, prendeu os três e os encaminhou para a enquanto Ana subtraía objetos valiosos, que seriam
delegacia de polícia local. divididos igualmente entre os três. Alertada pela
Considerando essa situação hipotética, julgue o item vizinhança, a polícia chegou ao local durante o
subsequente. assalto, prendeu os três e os encaminhou para a
delegacia de polícia local.
Na situação descrita, está presente a hipótese de participação
Considerando essa situação hipotética, julgue o item
necessária imprópria.
subsequente.

Certo
Mesmo se tivesse assumido a condição de autora mediata por
Errado
colocar em seu lugar na prática do delito pessoa inimputável,
Ana seria responsabilizada pelo resultado do crime.
15- 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-SE - CESPE - 2018 - PC-SE
- Delegado de Polícia
Certo
João e Pedro, maiores e capazes, livres e Errado
conscientemente, aceitaram convite de Ana, também
maior e capaz, para juntos assaltarem loja do 17- 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-SE - CESPE - 2018 - PC-SE
comércio local. Em data e hora combinadas, no - Delegado de Polícia
período noturno e após o fechamento, João e Pedro João e Pedro, maiores e capazes, livres e
arrombaram a porta dos fundos de uma loja de conscientemente, aceitaram convite de Ana, também
decoração, na qual entraram e ficaram vigiando maior e capaz, para juntos assaltarem loja do
enquanto Ana subtraía objetos valiosos, que seriam comércio local. Em data e hora combinadas, no
divididos igualmente entre os três. Alertada pela período noturno e após o fechamento, João e Pedro
vizinhança, a polícia chegou ao local durante o arrombaram a porta dos fundos de uma loja de
assalto, prendeu os três e os encaminhou para a decoração, na qual entraram e ficaram vigiando
delegacia de polícia local. enquanto Ana subtraía objetos valiosos, que seriam
Considerando essa situação hipotética, julgue o item divididos igualmente entre os três. Alertada pela
subsequente. vizinhança, a polícia chegou ao local durante o
assalto, prendeu os três e os encaminhou para a
Aquele que planeja toda a ação criminosa é considerado delegacia de polícia local.
autor intelectual do delito, ainda que não detenha o controle
Considerando essa situação hipotética, julgue o item
sobre a consumação do crime.
subsequente.
João e Pedro tiveram participação de menor importância no
Certo
crime de furto; assim, eventual indiciamento dos dois será na
Errado
condição de partícipes, razão por que eles poderão ser
beneficiados pela diminuição de um a dois terços da pena.
16 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-SE - CESPE - 2018 - PC-SE
- Delegado de Polícia
Certo
João e Pedro, maiores e capazes, livres e Errado
conscientemente, aceitaram convite de Ana, também
maior e capaz, para juntos assaltarem loja do

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18 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - salas, o que causou o óbito de ambos em poucos minutos.
2018 - Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal Nessa situação, Elton responderá por homicídio doloso em
Em cada item seguinte, é apresentada uma situação concurso formal imperfeito.
hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada com base na
legislação de regência e na jurisprudência dos tribunais Certo
superiores a respeito de exclusão da culpabilidade, concurso Errado
de agentes, prescrição e crime contra o patrimônio.
Clara, tendo descoberto uma traição amorosa de seu 20- 2018 - FUMARC - PC-MG - FUMARC - 2018 - PC-MG -
namorado, comentou com sua amiga Aline que tinha a Delegado de Polícia Substituto
intenção de matá-lo. Aline, então, começou a instigar Clara a Com relação ao concurso de crimes, é CORRETO afirmar:
consumar o pretendido. Nessa situação, se Clara cometer o
crime, Aline poderá responder como partícipe do crime. A-Não se admite a aplicação da suspensão condicional do
processo ao crime continuado.
Certo B-No caso hipotético em que Gioconda, ao dirigir seu
Errado automóvel de maneira imprudente, perde o controle do
carro, matando três pessoas e lesionando gravemente outras
19 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - cinco, deve ser reconhecido o concurso formal próprio de
2018 - Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal crimes pelo qual lhe será aplicada somente uma pena, a mais
Em cada item a seguir, é apresentada uma situação grave, aumentada de um sexto até a metade.
hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada com base C-No concurso de crimes, a aplicação da pena de multa
na legislação de regência e na jurisprudência dos tribunais observa as regras pertinentes à modalidade de concurso que
superiores a respeito de execução penal, lei penal no tempo, incide no caso concreto.
concurso de crimes, crime impossível e arrependimento D-No concurso formal, aplica-se a mais grave das penas
posterior. cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada,
Elton, pretendendo matar dois colegas de trabalho que em qualquer caso, de um sexto até a metade, ainda que os
exerciam suas atividades em duas salas distintas da dele, crimes concorrentes resultem de desígnios autônomos.
inseriu substância tóxica no sistema de ventilação dessas

Respostas2

2
1: D 2: E 3: D 4: C 5: D 6: E 7: C 8: C 9: E 10: C 11: E 12: E 13: E 14: E 15: E 16: C 17: E 18: C 19: C 20: B
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META 2

LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: LEI DE CRIMES HEDIONDOS

TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

LEI 8072/90 INTEIRA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL
⦁ Art. 5º, XLIII, CF/88
⦁ Art. 142 e 144, CF/88

CÓDIGO PENAL
⦁ Art. 121, §2º e 2-A
⦁ Art. 129, §2º e §3º
⦁ art. 155, § 4º-A (Cuidado para não confundir com o art. 155, §7º)
⦁ Art. 157, §2º, V
⦁ Art. 157, §2-A, I
⦁ Art. 157, §2-B e §3º
⦁ Art. 158, §3º (art. 158, §2º não é mais considerado hediondo)
⦁ Art. 159, §§1º, 2º e 3º
⦁ Art. 213, caput, §§1º e 2º
⦁ art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o
⦁ art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º
⦁ art. 267, § 1o (caput não é hediondo)
⦁ art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B

OUTROS DIPLOMAS LEGAIS


⦁ Art. 1º, 2º e 3º da Lei 2889/56
⦁ Art. 16, §2º, Estatuto do Desarmamento
⦁ Art. 17 e 18, Estatuto do Desarmamento
⦁ Lei 9455/97 (Lei de tortura – crime equiparado a hediondo)
⦁ Lei 13.260/16 (Lei de terrorismo – crime equiparado a hediondo)
⦁ Lei 11.343/06 (Lei de tráfico de drogas – crime equiparado a hediondo)

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!


⦁ Art. 5º, XLIII, CF/88
⦁ Art. 155, § 4º-A e 7º, CP
⦁ Art. 157, CP
⦁ Art. 158, §3º, CP
⦁ Art. 16, §2º Estatuto do Desarmamento

PRINCIPAIS ARTIGOS DA LEI 8072/90:


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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

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⦁ Art. 1º, caput, inc. II, III, IV e IX


⦁ Art. 1º, §único (muito importante!)
⦁ Art. 2º, inc. I e II
⦁ Art. §4º (leitura conjunta com a lei 7960/89

1. INTRODUÇÃO

A definição semântica do termo hediondo está ligada a tudo aquilo que apresenta deformidade, que
causa horror, repulsa ou aversão, sendo, portanto, os crimes dessa natureza aqueles que, por algum critério
específico, são considerados de auto alto potencial de causar dano à sociedade.
Tal orientação encontra guarida na Constituição, uma vez que o artigo 5º, em seu inciso XLIII orienta
a criação de uma forma de tratamento mais enérgica do estado para com os agentes ativos dos crimes desta
natureza.

Art. 5º, XLIII, CF - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou


anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;

Trata-se de verdadeiro mandado de recrudescimento e criminalização por parte do Poder


Constituinte Originário, que impõe um regime jurídico mais gravoso aos crimes de tortura, tráfico de
entorpecentes e terrorismo, assim como aos delitos – definidos em lei - como crimes hediondos.

Obs.: Dos Mandados Constitucionais de Criminalização decorre a diminuição da liberdade de


conformação do legislador e de interpretação do julgador, evitando normas ou interpretações que ensejam
insuficiente proteção estatal.
Obs. Estamos diante de uma norma constitucional de eficácia limitada e de aplicabilidade mediata,
pois depende de complementação por lei ordinária.

2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA

A nossa Constituição Federal é de 1988 e a Lei de Crimes Hediondos é de 1990, e há uma razão
histórica para isso.
As décadas de 80 e 90 no Brasil, especificamente no Rio de Janeiro, foram marcadas por uma onda
de criminalidades absurdamente violentas. No final da década de 80, houve uma onda de extorsões mediante
sequestro, instalando uma enorme criminalidade. (Curiosidade: dois fatos marcaram a história da
criminalidade no Rio de Janeiro nesse interregno temporal: o sequestro de Roberto Medina juntamente com
o sequestro do empresário Abílio Diniz.)

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Foi dentro desse contexto histórico que a Constituição trouxe os crimes etiquetados de hediondos e
equiparou três crimes aos crimes hediondos: tráfico, tortura e terrorismo. E, apenas dois anos depois, surgiu
a Lei de crimes hediondos, que nada mais é do que resultado de manifestações de movimentos penais no
mundo inteiro, mais especificamente nos Estados Unidos.
O primeiro movimento foi capitaneado por Ralf Dahrendorf chamado de “Movimento de Lei e
Ordem” que surgiu como consequência do movimento do Direito Penal Máximo buscando reprimir o
aumento dos índices de criminalidade. O Direito Penal Máximo apresenta fundamento oposto ao do Direito
Penal Mínimo, pois entende ser o Direito Penal a solução para todos os problemas da sociedade, ocasionando
o aumento excessivo da tutela penal. Assim, é possível dizer que tal movimento baseia-se na ideia de
repressão e castigo, e de que somente leis endurecidas, que imponham longas penas privativas de liberdade
ou até mesmo a pena de morte, possuem aptidão para controlar e inibir a prática de crimes.
Soma-se a isso estudo feito em 1982 realizado por dois cientistas chamados James Wilson e George
Kelling que criaram a “The broken Windows theory” (Teoria das Janelas Quebradas), a qual estabelecia uma
relação entre desordem e criminalidade.
Foi nesse clima de Direito Penal do Terror que surgiu a lei de crimes hediondos (Lei nº 8.072/90),
trazendo preceitos severos, tanto de natureza penal quanto de natureza processual penal.
3. CRITÉRIOS PARA A DEFINIÇÃO DE HEDIONDEZ

Em regra, a doutrina e a análise do direito comparado indicam a existência de três critérios possíveis
para definir um crime como hediondo:
• Critério legal – Somente o legislador pode definir os delitos considerados hediondos, que devem estar
previstos em um rol exaustivo e com previsão legal.
• Critério judicial – Cabe ao juiz definir os delitos classificados como hediondos, a luz das circunstâncias
em concreto.
• Critério misto – Estabelece ao legislador a atribuição de um rol exemplificativo de delitos de natureza
hedionda, podendo o juiz analogicamente atribuir hediondez a outros delitos, de acordo com as
circunstâncias em concreto.

Vamos esquematizar?
SISTEMA LEGAL SISTEMA JUDICIAL SISTEMA MISTO
Compete ao legislador, em um rol O juiz quem, na apreciação do caso No primeiro momento, o legislador
taxativo, enumerar quais os concreto, decide se a infração é apresenta um rol exemplificativo de
delitos considerados hediondos. hedionda ou não. O juiz analisando o crime hediondos, permitindo ao juiz,
Será hediondo aquilo que o caso concreto ele irá determinar se o na análise do caso concreto encontrar
legislador disse em um rol caso é hediondo ou não. Apreciação do outros fatos assemelhados. Trabalha
taxativo. Sistema adotado pelo caso concreto. com a interpretação analógica.
Brasil.
Crítica: Crítica: Crítica:

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O sistema Legal trabalha com a Não traz a segurança jurídica, Reúne o que tem de ruim nos dois
gravidade abstrata, ao invés de podemos ser surpreendidos com um outros sistemas.
adotar a gravidade concreta crime considerado hediondo por
(ignora a gravidade do crime no análise do juiz. Fere o princípio da
caso concreto) taxatividade ou mandado de certeza.
Arbítrio do Juiz.

Em respeito ao princípio da legalidade, o direito brasileiro utiliza o Critério ou Sistema legal. Ora,
não se pode admitir que a definição de um crime fique a cargo do magistrado e de seu livre convencimento,
de modo que só a lei pode decidir quais condutas são consideradas criminosas, bem como definir quais
crimes são hediondos. É o que se extrai do art.5º XLIII, CF.

Art. 5º, XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou


anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;

Nesse sentido, a lei 8.072 estabeleceu, em seu art. 1°, um ROL TAXATIVO de crimes como hediondos,
que terão essa característica ainda que na modalidade tentada (pegadinha de prova!).

Obs.1: A natureza tentada de um crime rotulado pela lei não exclui a sua hediondez. A tentativa não
altera a classificação do crime como hediondo, funcionando como uma mera causa de redução de pena (1/3
a 2/3). Dessa forma, temos que, para fins de reconhecimento da natureza hedionda, pouco importa que o
delito seja consumado ou tentado. Isso, inclusive, está expresso no art. 1º, caput da Lei 8.072/90.

Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei


no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:

Já caiu em prova e foi considerada INCORRETA a seguinte assertiva: À luz do que dispõe o direito brasileiro
sobre os crimes hediondos, somente recebem essa classificação os crimes consumados em razão do princípio
da reserva legal.

Obs.2: Crimes militares: o CPM traz o latrocínio. É crime hediondo? Não. Os crimes correspondentes
no CPM não são considerados hediondos por falta de previsão legal.

4. ANÁLISE DO ROL DE CRIMES HEDIONDOS

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 ATENÇÃO! O rol de crimes hediondos é frequentemente cobrado nas provas. Tem que decorar e saber
na ponta da língua!
 ATENÇÃO! O Rol de Crimes Hediondos foi substancialmente alterado pelo Pacote Anticrime! Portanto,
tenha atenção redobrada, pois certamente será objeto de questionamento nas próximas provas!

Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados


no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou
tentados:

I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de


extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art.
121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII); (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
2019)

I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal
seguida de morte (art. 129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou agente
descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo
até terceiro grau, em razão dessa condição; (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)

II - roubo: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)


Circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso
V); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo
emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º)
Qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 3º); (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)

III - extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão


corporal ou morte (art. 158, § 3º); (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

IV - Extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ 1o,


2o e 3o);

V - Estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o);

VI - Estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o);


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VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o).

VII-A – (VETADO)

VII-B - Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a


fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a
redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998).

VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de


criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º).

IX - Furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause


perigo comum (art. 155, § 4º-A). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Parágrafo único. Consideram-se também hediondos, tentados ou


consumados: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de


outubro de 1956; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto


no art. 16 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)

III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei nº


10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

IV - o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição,


previsto no art. 18 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei
nº 13.964, de 2019)

V - o crime de organização criminosa, quando direcionado à prática de crime


hediondo ou equiparado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Vamos começar esquematizando as mudanças que ocorreram com o Pacote Anticrime?

ANTES DA LEI 13.964/2019 DEPOIS DA LEI 13.964/2019

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Homicídio (art. 121), quando praticado em atividade Homicídio (art. 121), quando praticado em atividade
típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por
só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º,
I, II, III, IV, V, VI e VII); incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII);

Latrocínio (art. 157, § 3º, in fine) Roubo:


a) Circunstanciado pela restrição de liberdade da
vítima (art. 157, § 2º, inciso V);
b) Circunstanciado pelo emprego de arma de fogo
(art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma
de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-
B);
c) Qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou
morte (Latrocínio) (art. 157, § 3º);
Extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o); Extorsão qualificada pela restrição da liberdade da
vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte (art. 158,
§ 3º);

-------- Furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de


artefato análogo que cause perigo comum (art. 155, §
4ºA)

Consideram-se também hediondos: Consideram-se também hediondos:


⦁ Genocídio ⦁ Genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº
⦁ Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito 2.889, de 1º de outubro de 1956;
⦁ Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso
proibido, previsto no art. 16 da Lei nº 10.826, de 22
de dezembro de 2003;
⦁ Comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art.
17 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
⦁ Tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou
munição, previsto no art. 18 da Lei nº 10.826, de 22
de dezembro de 2003;
⦁ Organização criminosa, quando direcionado à
prática de crime hediondo ou equiparado

CRIMES HEDIONDOS ≠ EQUIPARADOS A HEDIONDOS:


Os crimes de tortura, tráfico de drogas e terrorismo não são crimes hediondos, mas são crimes
equiparados a hediondos justamente por sofrerem as mesmas consequências legais ofertadas aos crimes
hediondos (veremos adiante).

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∘ Tráfico de drogas - não é crime hediondo. É crime equiparado a hediondo


∘ Tortura - não é crime hediondo. É crime equiparado a hediondo
∘ Terrorismo - não é crime hediondo. É crime equiparado a hediondo

Inciso I: HOMICÍDIO (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que
cometido por um só agente, e HOMICÍDIO QUALIFICADO (art. 121, § 2º, I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII); (Redação
dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

Todas as hipóteses de homicídio qualificado são consideradas crime hediondo, incluindo o


feminicídio e o homicídio praticado contra agentes de segurança pública!
Questão relevante trata da possibilidade de consideração do homicídio simples como hediondo na
hipótese de ser praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que realizado por apenas um
agente.

Considerações importantes:
• Para ser hediondo, não precisa que o homicídio seja praticado por grupo de extermínio. Basta que seja
praticado em atividade típica de grupo de extermínio (ideia de limpeza social) o que permite a prática
por uma única pessoa (não exigindo o concurso de pessoas)

Já caiu em prova e foi considerada INCORRETA a seguinte alternativa: É considerado crime hediondo o
homicídio, quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, exceto se cometido por um só
agente.

• Não abrange milícia privada, sob pena de configurar analogia in malam partem!!!
• Homicídio híbrido ou Homicídio qualificado-privilegiado: aquele em que há, ao mesmo tempo, a
presença de uma qualificadora e de uma hipótese de privilégio, não é considerado crime hediondo
pela jurisprudência.

STJ: “(...) Entendendo não haver contradição no reconhecimento de qualificadora


de caráter objetivo (modo de execução do crime), e do privilégio, sempre de
natureza subjetiva”. (STF, 1º Turma, HC 89.921|PR). O homicídio qualificado-
privilegiado não pode ser considerado hediondo (STJ, HC 153.728|SP)

Relembrando...
É importante lembrar que só há “homicídio qualificado privilegiado” quando umas
das causas especiais de diminuição de pena coexiste com uma qualificadora objetiva (não
é possível coexistir com qualificadora de ordem subjetiva).

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Causas especiais de diminuição de pena do homicídio:


- Motivo de relevante valor social.
- Motivo de relevante valor Moral
- Sob domínio de violenta emoção, logo após injusta emoção da vítima.

Qualificadoras de ordem objetiva que admitem o privilégio:


- Emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
- Por emboscada ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne
impossível a defesa do ofendido;
- Feminicídio (embora para a doutrina majoritária se trate de uma qualificadora de
ordem subjetiva, os Tribunais Superiores entendem que se trata de uma qualificadora de
ordem objetiva).
Obs.: O Pacote Anticrime conferiu nova redação ao inciso I do art. 1 º da Lei n. 8.072/90 para também
rotular como hediondo o crime de homicídio qualificado previsto no inciso "VIII - com emprego de arma de
fogo de uso restrito ou proibido" do §2° do art. 121 do Código Penal. O Presidente da República vetou essa
alteração, contudo o veto foi derrubado pelo Congresso Nacional. Portanto, o crime de homicídio cometido
com o emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido será considerado hediondo.

Esquematizando:
HOMICÍDIO SIMPLES. Regra - NÃO É hediondo.
Exceção- é hediondo quando praticado em atividade típica de grupo de
extermínio, ainda que cometido por um só agente.
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO NÃO é hediondo
HOMICÍDIO QUALIFICADO É hediondo.

HOMICÍDIO HÍBRIDO
(QUALIFICADO-PRIVILEGIADO) NÃO É crime hediondo.

Inciso I-A: LESÃO CORPORAL DOLOSA DE NATUREZA GRAVÍSSIMA (art. 129, § 2º) e LESÃO CORPORAL
SEGUIDA DE MORTE (art. 129, § 3º), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e
144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo
até terceiro grau, em razão dessa condição; (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)

A referida hipótese legal fora acrescentada com o advento da Lei 13.142/2015, a qual alterou o
Código Penal, assim como a Lei de Crimes Hediondos.

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A lesão corporal, em regra, não é crime hediondo. Atualmente, apenas em duas hipóteses é que a
lesão corporal será considerada crime hediondo:
1) Lesão corporal gravíssima
2) Lesão corporal seguida de morte

 PEGADINHA– lesão corporal grave não será hediondo, somente a gravíssima!!!

Quando praticadas, no exercício da função ou em decorrência dela, contra:


⦁ Autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal
⦁ Integrantes do sistema prisional
⦁ Integrantes da Força Nacional de Segurança Pública
⦁ Contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição.

Obs.: Na eventualidade de um crime de lesão corporal gravíssima ou seguida de morte ser cometido
contra autoridades ou agentes não elencados no inciso I-A do art. 1° da Lei n. 8.072/90, como, por exemplo,
Promotores de Justiça ou membros do Poder Judiciário, não nos parece possível o etiquetamento de crimes
hediondos, sob pena de indevida analogia in malam partem.

Esquematizando...
SÃO CRIMES REQUISITO 1: CONDIÇÃO DA VÍTIMA REQUISITO 2:
HEDIONDOS: NEXO FUNCIONAL

1) Autoridade, agente ou integrante da:


⦁ Forças Armadas Desde que o crime tenha sido
Lesão corporal gravíssima ⦁ Polícia Federal praticado:
(art. 129, §2º) ⦁ Polícia Rodoviária Federal ⦁ No exercício da função
⦁ Polícia Ferroviária Federal ⦁ Em decorrência dela
Lesão corporal seguida de ⦁ Polícias Civis
morte ⦁ Corpo de Bombeiros Militares
(art. 129, §3º) ⦁ Guardas Municipais (doutrina majoritária)
⦁ Sistema prisional
⦁ Força Nacional de Segurança Pública
⦁ Polícias Penais

2) Contra seu cônjuge, companheiro ou


parente consanguíneo até terceiro grau.

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Já caiu em prova e foi considerada INCORRETA a seguinte assertiva: o crime de lesão corporal dolosa, em
nenhuma de suas modalidades, é, para efeito da lei brasileira, hediondo.

Inciso II: ROUBO:


- Circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima
- Circunstanciado pelo emprego de arma de fogo ou pelo emprego de arma de fogo de uso proibido ou
restrito
- Qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte

Trata-se de inovação legislativa introduzida pelo “pacote anticrime” Lei 13.964/19. Nesse sentido,
considera-se hediondo o previsto no artigo 157 do Código Penal:

ROUBO
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. (...)


§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: (Redação dada pela Lei nº
13.654, de 2018)
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
(Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) (...)
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (Incluído pela Lei nº 13.654, de
2018)
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; (Incluído
pela Lei nº 13.654, de 2018) (...)
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo
de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste
artigo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º Se da violência resulta: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e
multa; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. (Incluído
pela Lei nº 13.654, de 2018)

O Pacote Anticrime ampliou sobremaneira as hipóteses de hediondez relativas ao crime de roubo.


Antes da Lei 13.964/2019, o único crime de roubo que era considerado hediondo era o roubo qualificado
pela morte da vítima, chamado pela doutrina de latrocínio. Com o advento do Pacote Anticrime, outras
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modalidades de roubo também passaram a ser etiquetadas como hediondas. Vejamos cada uma delas
separadamente:

→ ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELA RESTRIÇÃO DA LIBERDADE DA VÍTIMA

Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. (...)
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.

De acordo com o disposto no art. 157, §2°, inciso V, do Código Penal, aumenta-se a pena do crime
de roubo de 1/3 (um terço) até metade se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua
liberdade.
Ressalta-se que a restrição da liberdade da vítima deve perdurar por tempo juridicamente
relevante, ou seja, o autor do delito deve permanecer com a vítima em seu poder por tempo superior àquele
estritamente necessário para a execução do roubo, quer para assegurar o produto do crime, quer para não
ser localizado pela Polícia.
De se notar que o roubo circunstanciado pela restrição da liberdade da vítima foi a única figura
delituosa constante do §2° do art. 157 do CP alçada à natureza hedionda.

→ ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO EMPREGO DE ARMA DE FOGO

Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. (...)
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de ARMA DE FOGO;

De acordo com o art. 157, §2°-A, inciso I, do CP, a pena do crime de roubo aumenta-se de 2/3 (dois
terços) se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo.
Atenção, a lei foi taxativa em dizer “arma de fogo”, logo, o emprego de violência ou grave ameaça
para subtração de coisa alheia com arma branca, não será considerado hediondo.

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Vale salientar que a Lei 13.964/2019 reestabeleceu a majorante da pena, se a violência ou grave
ameaça é exercida com emprego de “arma branca”, nesse caso, porém, o delito não será considerado
hediondo e majorante será de 1/3 a ½.

→ ROUBO MEDIANTE O EMPREGO DE ARMA DE FOGO DE USO PROIBIDO OU


RESTRITO

Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. (...)
§ 2º-B Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo
de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste
artigo.

Se a violência ou grave ameaça for exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou
proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput do art. 157. Essa causa de aumento de pena funciona
como verdadeira norma penal em branco heterogênea, pois a definição do que seja arma de fogo de uso
restrito ou proibido está inserida em ato administrativo, notadamente no Anexo I do Decreto nº 10.030/19,
que aprova o “Regulamento de Produtos Controlados”.

Art. 3º As definições dos termos empregados neste Regulamento são aquelas


constantes deste artigo e do Anexo III. (Redação dada pelo Decreto nº 10.627, de
2021) Vigência
Parágrafo único. Para fins do disposto neste Regulamento, considera-se: (Incluído
pelo Decreto nº 10.627, de 2021) Vigência (...)
II - ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO - as armas de fogo automáticas, de qualquer
tipo ou calibre, semiautomáticas ou de repetição que sejam: (Incluído pelo
Decreto nº 10.627, de 2021) Vigência
a) não portáteis; (Incluído pelo Decreto nº 10.627, de 2021) Vigência
b) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na
saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil
seiscentos e vinte joules; ou (Incluído pelo Decreto nº 10.627, de 2021) Vigência
c) portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição
comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas
libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; (Incluído pelo Decreto nº 10.627, de
2021) Vigência
III - ARMA DE FOGO DE USO PROIBIDO: (Incluído pelo Decreto nº 10.627, de
2021) Vigência

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a) as armas de fogo classificadas como de uso proibido em acordos ou tratados


internacionais dos quais a República Federativa do Brasil seja signatária; e (Incluído
pelo Decreto nº 10.627, de 2021) Vigência
b) as armas de fogo dissimuladas, com aparência de objetos inofensivos; (Incluído
pelo Decreto nº 10.627, de 2021)

Conclusão: A utilização de QUALQUER ARMA DE FOGO (de uso permitido, restrito ou proibido) torna
o roubo hediondo. Mas não se esqueça: o roubo com arma branca não é crime hediondo!

Vamos esquematizar?
A violência ou grave ameaça do crime de roubo é exercida com emprego de arma É crime hediondo
de fogo.
A violência ou grave ameaça do crime de roubo é exercida com emprego de arma É crime hediondo
de fogo uso restrito ou proibido.
A violência ou grave ameaça do crime de roubo é exercida com emprego de arma NÃO É crime hediondo
branca.

→ ROUBO QUALIFICADO PELA LESÃO CORPORAL GRAVE OU MORTE


(LATROCÍNIO)

Art. 157, § 3º - Se da violência resulta:


I – Lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e
multa;

De acordo com a doutrina, a expressão "lesão corporal grave" abrange não apenas a lesão corporal
grave propriamente dita, mas também a lesão corporal gravíssima (CP, art. 129, §§1° e 2°, respectivamente).
É dominante o entendimento no sentido de que eventual lesão corporal leve resultante do emprego
da violência durante a prática do crime de roubo não terá o condão de qualificá-lo.
O resultado agravador pode ter sido suportado pela vítima da subtração ou por terceiro.
Atenção! Somente será crime de roubo qualificado se o resultado agravador “lesão corporal grave”
resultar do emprego de violência. Logo, se a lesão corporal grave for fruto do emprego de grave ameaça, não
será crime de roubo qualificado (art. 157, §3º do CP) e, por conseguinte, também não será crime hediondo!

→ ROUBO QUALIFICADO PELA MORTE (LATROCÍNIO)

Art. 157, § 3º - Se da violência resulta:


II – Morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.

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Ocorre quando, da violência empregada no roubo, ocorre a morte da vítima, podendo ser a título de
dolo ou de culpa.
Em relação ao latrocínio, é importante lembrar que:
• Para que haja latrocínio é necessário que a morte decorra da violência empregada durante e em
razão do roubo (fator tempo e o fator nexo).
• À luz do entendimento dos Tribunais Superiores, o crime se consuma com a morte da vítima, ainda
que o agente não subtraia o bem:

Súmula 610 – STF - Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda


que não se realize o agente a subtração de bens da vítima.

• Por se tratar de um crime contra o patrimônio, a competência é do juiz singular, e não do Tribunal
do Júri:

SÚMULA 603 – STF: A competência para o processo e julgamento de latrocínio é


do juiz singular e não do tribunal do júri.

 Um crime preterdoloso pode ser crime hediondo?


R.: SIM! Veja a explicação do Professor Renato Brasileiro:

“De mais a mais, é perfeitamente possível que um delito preterdoloso seja


considerado hediondo. Basta ver o exemplo do crime hediondo (Lei nº 8.072/90,
art. 1 º, VII) de epidemia com resultado morte (CP, art. 267, § 1°), no qual a morte
é provocada a título de culpa. Logo, o coautor que, de maneira consciente, participa
de um crime de roubo armado, responde pelo crime hediondo de latrocínio ainda
que o disparo fatal tenha sido efetuado por seus comparsas. Afinal, se tinha
consciência de que o crime de roubo seria executado com o emprego de arma de
fogo, era no mínimo previsível a superveniência do resultado morte”

Inciso III: EXTORSÃO QUALIFICADA PELA RESTRIÇÃO DA LIBERDADE DA VÍTIMA, OCORRÊNCIA DE LESÃO
CORPORAL OU MORTE (ART. 158, § 3º);

Dispõe o §3º do art. 158, do Código Penal:

Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito
de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que
se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. (...)
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§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa


condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de
reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave
ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente.

Trata-se de inciso que sofreu alteração importante pela Lei 13.964/2019 (PAC).

• Antes das alterações promovidas pelo PAC: a Lei de Crimes hediondos previa apenas a extorsão
qualificada pela morte (art. 158, §2º do CP) como crime hediondo.

• Após a Lei 13.964/2019: o legislador alterou o inciso III da Lei nº 8.072/90, passando a prever que será
hediondo a “extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão corporal ou
morte (art. 158, § 3º)”

PARA PROVA DISCURSIVA: VEJA A DIVERGÊNCIA QUE FOI PACIFICADA PELO PACOTE ANTICRIME!!!

Extorsão com restrição da liberdade qualificada pelo resultado LC grave ou morte é crime hediondo? Pois o
art. 1, III da Lei 8072/90 faz remissão expressa ao art. 158, §2º, sendo silente acerca do §3º.
1ª posição - Majoritária: Não é hediondo
A lei de crimes hediondos adotou o sistema legal, elencando um rol exaustivo de crimes etiquetados como
tal de modo que não é possível considerar o sequestro relâmpago com resultado morte como hediondo em
apreço ao P. da Legalidade Penal.

“Defendendo uma interpretação restritiva da lei, como forma de preservar a garantia da legalidade penal e
evitar a analogia, muitos juristas afastavam o caráter hediondo do “sequestro-relâmpago” com resultado
morte”.

2ª posição–LFG e Sanches: É hediondo


1- O art. 158, §3º é desdobramento formal e apenas exemplificativo de uma das possíveis formas de se
praticar o crime de extorsão que podem culminar no evento morte (art. 158, §2º). Não é crime autônomo. A
qualificadora “com resultado morte” já está presente no art. 158, §2º. O §3º apenas disciplina um meio de
execução específico. A interpretação literal tem que ser acompanhada da interpretação teleológica, racional,
da norma. Assim, as regras aplicadas ao delito geral (art. 158, §2º) devem ser igualmente aplicadas ao crime
específico (art. 158, §3º) permanecendo hediondo quando ocorre o evento morte.
2- Para a admissão do sequestro relâmpago com resultado morte (art. 158, §3º) como hediondo basta utilizar
a interpretação extensiva, que não é vedada pelo Direito Penal, ainda que utilizada contra o réu, desde que
seja essa a inequívoca vontade do legislador.

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3 - Posição em sentido diverso contraria o princípio da proporcionalidade: é aceitar que a extorsão simples
com resultado morte configura crime hediondo ao passo que a extorsão qualificada pelo meio executório
empregado (restrição da liberdade) com resultado morte – que sinaliza o maior reprovabilidade do
comportamento – não é etiquetado como hediondo.

Antes do Pacote Anticrime discutia-se se o crime de extorsão com restrição da liberdade, qualificado
pelo resultado lesão grave ou morte, era ou não hediondo. Essa discussão foi sepultada com a Lei nº
13.964/19. De acordo com a doutrina majoritária, com o advento do Pacote Anticrime, passaram a ser
consideradas hediondas todas as formas de extorsão mediante a restrição da liberdade da vítima,
independentemente de haver resultado qualificador ou não. Ou seja, são hediondos:
(1) Extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima;
(2) Extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima com ocorrência de lesão corporal;
(3) Extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima com morte.

 Mas e o crime de extorsão qualificada previsto no art. 158, §2°, do Código Penal? Continua sendo
hediondo diante das mudanças produzidas pelo Pacote Anticrime?
R.: NÃO! E é aí que entra a crítica doutrinária acerca da mudança trazida pelo Pacote Anticrime. Isso
porque a extorsão com restrição da liberdade da vítima sem resultados especialmente agravadores (ou seja,
sem que produza morte ou lesão corporal grave) tem pena de 6 a 12 anos de reclusão (§ 3º) é considerado
crime hediondo, ao passo que a extorsão qualificada pelo resultado, prevista no § 2º, é mais grave (quando
há lesão grave, a pena é de 7 a 18 anos e quando há morte, reclusão, de 20 a 30 anos) não é etiquetada como
hediondo.
Em outras palavras: no § 3º, temos crime hediondo (pena de 6 a 12); no § 2º, não, apesar de as
sanções penais serem mais severas (pena de 7 a 8 ou 20 a 30 anos). Ou seja, há uma clara violação ao princípio
da proporcionalidade!

Veja a explicação do Professor Renato Brasileiro sobre o assunto:

“De fato, ao promover a alteração do inciso III do art. 1 ° da Lei n. 8.072/90 para
incluir a extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de
lesão corporal ou morte, citando entre parênteses o art. 158, §3°, do CP, o
legislador, deliberadamente (ou não) - pensamos que foi um erro grosseiro mesmo
- excluiu do rol dos crimes hediondos a extorsão qualificada pela morte, tipificada
no art. 158, §2°, do Código Penal. Por mais absurdo e desproporcional que possa
parecer - tome-se como exemplo o fato de o roubo qualificado pelo resultado
morte ser hediondo -, a extorsão - e não a extorsão qualificada pela restrição da
liberdade da vítima -, que sempre recebeu igual tratamento dispensado ao roubo,

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inclusive no tocante à sua gravidade, não é delito hediondo, nem mesmo se


qualificado pela morte.”

Resumindo:
• Extorsão qualificada pela morte (§2º) – DEIXOU DE SER HEDIONDO com o PAC.
• Extorsão qualificada pela LC grave (§2º) – continua NÃO SENDO HEDIONDO
• Extorsão mediante restrição da liberdade da vítima – PASSOU A SER HEDIONDO.
• Extorsão mediante restrição da liberdade qualificada pela LC grave – PASSOU A SER HEDIONDO
• Extorsão mediante restrição da liberdade qualificada pela morte – PASSOU A SER HEDIONDO

Vamos esquematizar?

ANTES DA LEI 13.964/2019 DEPOIS DA LEI 13.964/2019

Extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2º); Ou seja: São hediondos:
• Extorsão simples com resultado morte (art. 158, §2º) • Extorsão qualificada pela restrição da liberdade da
era crime hediondo. vítima;
• Extorsão qualificada pela restrição da liberdade da
vítima com ocorrência de lesão corporal;
• Extorsão qualificada pela restrição da liberdade da
vítima com morte.

INCISO IV: EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO E NA FORMA QUALIFICADA (ART. 159, CAPUT, E §§ 1O, 2O E
3O);

O delito de extorsão mediante sequestro é etiquetado como hediondo independentemente da


modalidade, seja na modalidade simples ou na modalidade qualificada, na forma tentada ou consumada.
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer
vantagem, como condição ou preço do resgate:
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
§ 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é
menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido
por bando ou quadrilha.
Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
§ 3º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.

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INCISO V: ESTUPRO (ART. 213, CAPUT E §§ 1O E 2O);

Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter


conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato
libidinoso:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor
de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
§ 2o Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos

O delito de estupro é considerado hediondo independentemente da modalidade.

INCISO VI: ESTUPRO DE VULNERÁVEL (ART. 217-A, CAPUT E §§ 1O, 2O, 3O E 4O);

Estupro de vulnerável
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14
(catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém
que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento
para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer
resistência.
§ 2o (VETADO)
§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
§ 4o Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se
independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido
relações sexuais anteriormente ao crime. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

ANTES DA LEI 12.015/09 APÓS A LEI 12.015/09


1ª Corrente: estupro com violência presumida não é Prevê como hediondo o estupro de vulnerável, não
hediondo. importando se com ou sem violência.

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2ª Corrente: estupro com violência presumida, a exemplo


do estupro com violência real é crime hediondo.

STJ (2013- inf. 519): estupro com violência presumida (vulnerável), praticado antes da Lei 12.015/09 é
hediondo.

“Os crimes de estupro e atentado violento ao pudor praticados anteriormente à Lei


n.º 12.015/2009, ainda que mediante violência presumida, configuram crimes
hediondos. Precedentes desta Corte e do Supremo Tribunal Federal. 2. Embargos
de divergência acolhidos a fim de reconhecer a hediondez do crime praticado pelo
Embargado” (REsp. 1225387/RS, rel. Min. Laurita Vaz, Dje 04/09/2013)

INCISO VII: EPIDEMIA COM RESULTADO MORTE (ART. 267, § 1º).

Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos:


Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
§ 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro.
§ 2º - No caso de culpa, a pena é de detenção, de um a dois anos, ou, se resulta
morte, de dois a quatro anos.

Epidemia é a difusão de doença mediante a propagação de genes patogênicos.


Ressalta-se que somente a propagação de doença humana é que configura o crime do art. 267, §1º
do Código Penal, já que, em se tratando de enfermidade que atinja animais ou plantas, o crime será o do art.
61, Lei nº 9.605/98, não hediondo por falta de previsão legal.
A epidemia, por si só, não é crime hediondo. Exige-se que seja qualificada pela morte (crime
preterdoloso).
Ressalta-se que o crime de epidemia com resultado morte desafia a prisão temporária (Lei nº
7.960/09).

INCISO VII: B - FALSIFICAÇÃO, CORRUPÇÃO, ADULTERAÇÃO OU ALTERAÇÃO DE PRODUTO DESTINADO A


FINS TERAPÊUTICOS OU MEDICINAIS (ART. 273, CAPUT E § 1º, § 1º-A E § 1º-B, COM A REDAÇÃO DADA
PELA LEI Nº 9.677, DE 2 DE JULHO DE 1998).
Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins
terapêuticos ou medicinais:
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa.
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em
depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o
produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado.

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§ 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os medicamentos,


as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de
uso em diagnóstico.
§ 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações previstas no § 1º
em relação a produtos em qualquer das seguintes condições:
I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente
[DISPENSA PERÍCIA, BASTA A AUSÊNCIA DE REGISTRO NA ANVISA]
II - em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso anterior;
III - sem as características de identidade e qualidade admitidas para a sua
comercialização;
IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade;
V - de procedência ignorada (não há dados quanto a origem do produto, o que
dificulta a fiscalização);
VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária competente
(o produto não é necessariamente corrompido, mas originário de estabelecimento
clandestino, o que dificulta a fiscalização).

A hediondez conferida ao art. 273 estende-se à todas às suas modalidades, exceto


à modalidade culposa.
Importa salientar, ainda, que este crime admite a PRISÃO TEMPORÁRIA. Apesar de não estar
expressamente no rol de crimes que admitem prisão temporária previsto no art. 1º, inciso III da Lei 7.960/89,
não se pode esquecer o art. 2º, §4º da Lei 8.072/90, de acordo com a doutrina majoritária e a jurisprudência
dos Tribunais Superiores, ao prever o prazo de 30 dias de duração da prisão temporária no caso de ser crime
hediondo, acabou ampliando o rol de cabimento dessa modalidade de prisão, de modo que para todo crime
hediondo e equiparado – esteja ou não elencado no art. 1º, III, da Lei nº 7.960/09 – caberá prisão temporária.

Vamos relembrar alguns aspectos importantes acerca deste crime?


De acordo com a doutrina e com a jurisprudência, o preceito secundário do art. 273, é
inconstitucional por violar a proporcionalidade, tendo em vista prever uma reprimenda demasiadamente
exagerada para o bem jurídico em questão. (10 a 15 anos de reclusão). Na visão dos Tribunais Superiores,
impõe-se ao legislador o dever de observância do princípio da proporcionalidade como proibição de excesso
e como proibição de proteção insuficiente.
O § 1º-B foi inserido no art. 273 do CP por força da Lei 9.677/98. O objetivo do legislador foi o de
punir pessoas que vendem determinados “produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais” e que,
embora não se possa dizer que sejam falsificados, estão em determinadas condições que fazem com que seu
uso seja potencialmente perigoso para a população. A pena prevista pelo legislador para o § 1º-B foi de 10 a
15 anos de reclusão. Ocorre que essa pena é muito alta e, por conta disso, começou a surgir entre os

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advogados que militam na área a constante alegação de que essa reprimenda seria inconstitucional por violar
o princípio da proporcionalidade.
A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do HC 239.363/PR, considerou
inconstitucional o preceito secundário do art. 273, § 1º-B, inciso V, do CP, autorizando a aplicação analógica
das penas previstas para o tráfico de drogas. Apesar da divergência3 entre as turmas que compõem a Terceira
Seção, o Tribunal tem admitido a aplicação a diminuição da pena com base no art. 33, §4º, da Lei nº
11.343/06, até mesmo em sede de revisão criminal.
1. A intervenção estatal por meio do Direito Penal deve ser sempre guiada pelo
princípio da proporcionalidade, incumbindo também ao legislador o dever de
observar esse princípio como proibição de excesso e como proibição de proteção
insuficiente. 2. É viável a fiscalização judicial da constitucionalidade dessa atividade
legislativa, examinando, como diz o Ministro Gilmar Mendes, se o legislador
considerou suficientemente os fatos e prognoses e se utilizou de sua margem de
ação de forma adequada para a proteção suficiente dos bens jurídicos
fundamentais. 3. Em atenção ao princípio constitucional da proporcionalidade e
razoabilidade das leis restritivas de direitos (CF, art. 5º, LIV), é imprescindível a
atuação do Judiciário para corrigir o exagero e ajustar a pena cominada à conduta
inscrita no art. 273, § 1º-B, do Código Penal. 4. O crime de ter em depósito, para
venda, produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais de procedência
ignorada é de perigo abstrato e independe da prova da ocorrência de efetivo risco
para quem quer que seja. E a indispensabilidade do dano concreto à saúde do
pretenso usuário do produto evidencia ainda mais a falta de harmonia entre o
delito e a pena abstratamente cominada (de 10 a 15 anos de reclusão) se
comparado, por exemplo, com o crime de tráfico ilícito de drogas – notoriamente
mais grave e cujo bem jurídico também é a saúde pública. 5. A ausência de
relevância penal da conduta, a desproporção da pena em ponderação com o dano
ou perigo de dano à saúde pública decorrente da ação e a inexistência de
consequência calamitosa do agir convergem para que se conclua pela falta de
razoabilidade da pena prevista na lei. A restrição da liberdade individual não pode
ser excessiva, mas compatível e proporcional à ofensa causada pelo
comportamento humano criminoso. 6. Arguição acolhida para declarar
inconstitucional o preceito secundário da norma” (AI no HC 239.363/PR, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, DJe 10/4/2015).

3
5ª Turma – pela possibilidade; AgRg no REsp 1810273/SP. 6ª Turma: Pela impossibilidade - AgRg no REsp
1740663/PR.
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Declarada a inconstitucionalidade do preceito secundário previsto no art. 273, § 1º-


B, do Código Penal pela Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, no
julgamento da Arguição de Inconstitucionalidade no Habeas Corpus 239.363/PR, as
Turmas que compõem a Terceira Seção do STJ passaram a determinar a aplicação
da pena prevista no crime de contrabando ou no crime de tráfico de drogas do art.
33 da Lei de Drogas. A partir da solução da quaestio, verifica-se oscilação na
jurisprudência desta Corte. Destarte, a maioria dos julgadores da Terceira Seção
passou a adotar a orientação de aplicação da minorante prevista no § 4º do art. 33
da Lei n. 11.343/2006 nos crimes previstos no art. 273, § 1º-B, do Código Penal.
Assim, embora não tenha havido necessariamente alteração jurisprudencial, e sim
mudança de direcionamento, ainda que não pacífica, a respeito do tema, a
interpretação que deve ser dada ao artigo 621, I, do CPP é aquela de acolhimento
da revisão criminal para fins de aplicação do entendimento desta Corte mais
benigno e atual.” (RvCr 5.627/DF, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, j. 13/10/2021)

O STF julgou inconstitucional a pena cominada à conduta de importar medicamento sem registro na
ANVISA (art. 273, § 1º-B, inciso I, do CP) e decidiu repristinar, a pena (de 1 a 3 anos, multa) cominada ao art.
273, antes da Lei nº 9.677/93:
STF (RE 979.962 - tese com repercussão geral): “É inconstitucional a aplicação do
preceito secundário do artigo 273, do Código Penal, com a redação dada pela Lei
9.677/98 (reclusão de 10 a 15 anos), na hipótese prevista no seu parágrafo 1º-B,
inciso I, que versa sobre importação de medicamento sem registro no órgão de
vigilância sanitária. Para essa situação específica, fica repristinado o preceito
secundário do artigo 273, na redação originária (reclusão de 1 a 3 anos, multa)”.

INCISO VIII: FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU DE OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL DE


CRIANÇA OU ADOLESCENTE OU DE VULNERÁVEL (ART. 218-B, CAPUT, E §§ 1º E 2º).

Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração


sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência
mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la,
impedir ou dificultar que a abandone:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.
§ 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se
também multa.
§ 2o Incorre nas mesmas penas:

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I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18
(dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste
artigo;
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as
práticas referidas no caput deste artigo.

Com o advento da Lei nº 12.978, que entrou em vigor no dia 22 de maio de 2014, para além da
mudança do nome jurídico do art. 218-B do Código Penal, também foi acrescentado ao art. 1º da Lei nº
8.072/90 o inciso VIII para rotular tal crime como hediondo.
Nas modalidades submeter, induzir, atrair e facilitar, consuma-se o delito no momento em que a
vítima passa a se dedicar à prostituição, colocando-se, de forma constante, à disposição dos clientes, ainda
que não tenha atendido nenhum. Trata-se, portanto, de um crime instantâneo, ainda que de efeitos
permanentes.
Já na modalidade de impedir ou dificultar o abandono da prostituição, o crime consuma-se no
momento em que a vítima delibera por deixar a atividade e o agente obsta esse intento, protraindo a
consumação durante todo o período de embaraço (crime permanente). Ou seja, aqui, temos um crime
permanente. Assim, considerando a natureza permanente do crime, quem antes da lei, dificultou o
abandono, persistindo o embaraço na vigência da nova lei, vai ser alcançado pela mudança legislativa,
conforme o entendimento da Súmula 711, STF

Súmula 711, STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da
permanência.

Obs.: Vamos relembrar alguns entendimentos recentes do STJ sobre esse crime?

• Nos termos do art. 218-B do Código Penal, são punidos tanto aquele que capta a vítima, inserindo-a na
prostituição ou outra forma de exploração sexual (caput), como também o cliente do menor prostituído
ou sexualmente explorado (§ 1º). STJ. 5ª Turma. HC 371633/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em
19/03/2019 (Info 645).
• A vulnerabilidade no caso do art. 218-B do CP é relativa. No art. 218-B do Código Penal não basta aferir
a idade da vítima, devendo-se averiguar se o menor de 18 (dezoito) anos ou a pessoa enferma ou doente
mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou por outra causa não pode oferecer
resistência. STJ. 5ª Turma. HC 371633/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 19/03/2019 (Info 645).
• O tipo penal não exige habitualidade. Basta um único contato consciente com a adolescente submetida
à prostituição para que se configure o crime.

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INCISO IX: FURTO QUALIFICADO PELO EMPREGO DE EXPLOSIVO OU DE ARTEFATO ANÁLOGO QUE CAUSE
PERIGO COMUM (ART. 155, § 4º-A).

O ingresso do parágrafo 4º do art. 5º do Código Penal no art. 1º da Lei nº 8.072 é uma novidade
oriunda do “pacote anticrime” Lei nº 13.964/2019.

Furto
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Furto qualificado
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver
emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído
pela Lei nº 13.654, de 2018)

Até a entrada em vigor do Pacote Anticrime, nenhuma modalidade de furto era rotulada como
hedionda, justamente por não envolver violência e grave ameaça contra a pessoa e por tutelar única e
exclusivamente o patrimônio da vítima (bem jurídico considerado disponível).
No entanto, com base no critério de maior reprovabilidade da conduta do agente que utiliza
instrumentos que possam resultar em perigo comum, a Lei nº 13.964/19 conferiu caráter hediondo ao crime
de furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.
Crítica doutrinária: O crime de furto mediante a utilização de explosivos ou artefato análogo é crime
hediondo, ao passo que o roubo mediante o emprego de explosivos não foi considerado hediondo, mesmo
sendo claramente mais grave que o furto, indicando uma evidente violação ao princípio da
proporcionalidade. Nas palavras de Renato Brasileiro (2020):
Interessante notar que o Pacote Anticrime rotulou como hediondo o crime de furto
qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo
comum - CP, art. 155, §4°-A, incluído pela Lei n. 13.654/18 -, porém,
inexplicavelmente, olvidou-se de fazer o mesmo com o crime de roubo
circunstanciado pela destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego
de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum - CP, art. 157, §2°-A,
inciso II, também incluído pela Lei n. 13.654/18 -, delito este inegavelmente muito
mais grave do que o furto em questão. Sem embargo do evidente equívoco do
legislador, como se adota o sistema legal como critério para determinação dos
crimes hediondos, ao magistrado não se defere a possibilidade de considerá-lo
hediondo sob o argumento de que as circunstâncias fáticas dos crimes são

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semelhantes - e até mais gravosas -, sob pena de evidente violação ao princípio da


legalidade.

CUIDADO COM POSSÍVEL PEGADINHA DE PROVA!


Somente será crime hediondo quando o agente empregar explosivo ou artefato análogo que cause perigo
comum como instrumento do crime de furto. Quando o agente furtar substâncias explosivas (enquanto
objeto material do crime de furto), incidindo no art. 155, §7º, não será crime hediondo!
Art. 155, §4º-A – furto mediante emprego de explosivo - crime hediondo.
Art. 155, §7º – furto de explosivo – não é crime hediondo.

Adentraremos agora, na maior alteração ocorrida na lei, introduzida pelo “pacote anticrime” Lei nº
13.964/2019, qual seja, o parágrafo único do art. 1º. Particularmente, acreditamos que as alterações feitas
no parágrafo único organizaram e facilitaram o entendimento sobre o tema, sendo bastante preciso e
taxativo naquilo que pretendeu o legislador.

5. CRIMES HEDIONDOS PREVISTOS NO ART. 1º PARÁGRAFO ÚNICO DA LEI Nº 8.072/90

Art. 1º. (...) Parágrafo único. Consideram-se também hediondos, tentados ou


consumados: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de
outubro de 1956; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no
art. 16 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei nº
10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição,
previsto no art. 18 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei
nº 13.964, de 2019)
V - o crime de organização criminosa, quando direcionado à prática de crime
hediondo ou equiparado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

ANTES DO PACOTE ANTICRIME APÓS O PACOTE ANTICRIME


Consideram-se também hediondos: Consideram-se também hediondos:
⦁ Genocídio ⦁ Genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº
⦁ Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso 2.889, de 1º de outubro de 1956;
restrito

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⦁ Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso


proibido, previsto no art. 16 da Lei nº 10.826, de 22
de dezembro de 2003;
⦁ Comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17
da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
⦁ Tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou
munição, previsto no art. 18 da Lei nº 10.826, de 22
de dezembro de 2003;
⦁ Organização criminosa, quando direcionado à prática
de crime hediondo ou equiparado.

→ INCISO I: CRIME DE GENOCÍDIO

O inciso I do parágrafo único da Lei 8.072/90 estabelece o crime de Genocídio, nas modalidades
constantes dos art. 1º, 2º e 3º, da Lei 2.889/56, como crime hediondo, sendo consumados ou tentados.
Vejamos:

Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional,


étnico, racial ou religioso, como tal:
a) matar membros do grupo;
b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo;
c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de
ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial;
d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;
e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo;

Art. 2º Associarem-se mais de 3 (três) pessoas para prática dos crimes mencionados
no artigo anterior.
Pena: Metade da cominada aos crimes ali previstos.
Art. 3º Incitar, direta e publicamente alguém a cometer qualquer dos crimes de que
trata o art. 1º:
Pena: Metade das penas ali cominadas.
§ 1º A pena pelo crime de incitação será a mesma de crime incitado, se este se
consumar.
§ 2º A pena será aumentada de 1/3 (um terço), quando a incitação for cometida
pela imprensa.

Portanto, são considerados crimes hediondos:


(1) Crime de genocídio – art. 1º
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(2) Crime de associação para a pratica de genocídio – art. 2º


(3) Crime de incitação ao genocídio – art. 3º

Perceba que as condutas que caracterizam o crime de genocídio como crime hediondo vão além do
crime propriamente dito, pois será considerada também como hedionda a conduta de quem associa-se para
praticá-lo, assim como quem promove a sua incitação.
Ressalta-se que o art. 8º da Lei 8.072/90 prevê uma pena de 3 (três) a 6 (seis) anos para o crime de
associação criminosa quando se tratar de crimes hediondos. Ora, considerando-se que, por força do art. 1º,
parágrafo único, da Lei nº 8.072/90, o crime de associação para a prática de genocídio previsto no art. 2°
da Lei nº 2.889/56 também é considerado crime hediondo, a ele deve ser aplicada a pena cominada no art.
8° da Lei nº 8.072/90, que prevê a pena de três a seis anos de reclusão para toda forma de associação para
a prática de crime hediondo.
Fato que merece nossa atenção é a distinção do crime de Genocídio para o crime de homicídio
praticado por grupo de extermínio. Há características próprias entre os mesmos que os diferem de forma
clara.

GENOCÍDIO GRUPO DE EXTERMÍNIO


✓ ✓
Dolo específico de destruir, no todo ou em parte, Eliminar apenas alguns de seus integrantes;
determinado grupo;
✓ ✓
Visam um grupo específico nacional, étnico, racial ou Visam qualquer grupo por características econômicas,
religioso sociais, raciais, religiosas, etc.
✓ ✓
Caracteriza-se não somente pela morte, mas também Caracteriza-se, obrigatoriamente, pela morte de alguém
pela lesão grave à integridade física ou mental de do grupo.
membros do grupo, submissão intencional do grupo a
condições de existência capazes de ocasionar-lhes a
destruição física total ou parcial, bem como adoção de
medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do
grupo e, por fim, efetuar a transferência forçada de
crianças do grupo para outro grupo.
✓ ✓
Na hipótese de morte, no todo ou em parte, do grupo, Crime doloso contra a vida de competência do Tribunal do
não se trata de crime contra a vida, mas tem natureza Júri, para processá-lo e julgá-lo.
supranacional. Aqui cuida-se da preservação da pessoa
humana, devendo ser julgado e processado por um juiz
singular.

Vale relembrar!
Cumpre recordarmos que o genocídio é um típico exemplo de norma penal em branco “ao avesso”, isto é,
temos as condutas criminosas, mas faltam as respectivas penas, o preceito secundário está incompleto.

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A norma penal em branco ao avesso é aquela em que o preceito primário é completo, mas o preceito
secundário carece de complemento normativo, sendo certo que este complemento deve derivar da lei, sob
pena de lesão ao princípio da reserva legal.

• INCISO II: POSSE OU PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PROIBIDO

Trata-se da posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso PROIBIDO, previsto no art. 16 da Lei no
10.826, de 22 de dezembro de 2003.
Ocorre que o Pacote Anticrime também promoveu alterações no Estatuto do Desarmamento,
ocasião em que o legislador passou a diferenciar as condutas que envolvem arma de fogo de uso restrito e
proibido, colocando esta última como qualificadora do delito em questão, no §2º. Veja:

Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito,
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar,
manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso
restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou
regulamentar: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
2019)
I – Suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma
de fogo ou artefato;
II – Modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a
arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer
modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz;
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar;
IV – Portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com
numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou
adulterado;
V – Vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo,
acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e
VI – Produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de
qualquer forma, munição ou explosivo.
§ 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste artigo envolverem ARMA
DE FOGO DE USO PROIBIDO, a pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze)
anos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
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Aqui, neste tipo penal, não há a necessidade de diferenciar a posse do porte de arma de uso proibido, vez
que ambas as condutas encontram-se tipificadas no mesmo §2º.

REDAÇÃO ANTIGA REDAÇÃO NOVA


Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, “Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer,
ter em depósito, transportar, ceder, ainda que receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter
sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou
munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e munição de uso restrito, sem autorização e em
em desacordo com determinação legal ou regulamentar: desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. § 1º (...)
§ ÚNICO (...)
Sem §2º § 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste
artigo envolverem arma de fogo de uso proibido, a pena
é de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.” (NR)

Assim, antes do Pacote Anticrime, considerava-se hediondo o crime "de posse ou porte ilegal de
arma de fogo de uso restrito previsto no art. 16 da Lei n. 10.826/03”, suscitando, inclusive, controvérsias
sobre a abrangência ou não dos incisos I a VI do referido artigo.
No entanto, com o advento do Pacote Anticrime e as alterações promovidas no próprio Estatuto do
Desarmamento, que deslocou todas as condutas referentes ao “uso proibido” do caput para o §2º, passou-
se a considerar hediondo apenas o PORTE OU POSSE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PROIBIDO.
Ressalta-se que a Lei de crimes hediondos fala somente em ARMA DE FOGO DE USO PROIBIDO, não
mencionando os demais objetos materiais previstos no art. 16, quais sejam, acessório ou munição. Por este
motivo, a doutrina majoritária entende que o PORTE/POSSE ILEGAL DE ACESSÓRIO OU MUNIÇÃO DE USO
PROIBIDO NÃO É CONSIDERADO CRIME HEDIONDO, sob pena de caracterizar analogia in malam partem e
consequente violação ao princípio da legalidade. Explica o professor Renato Brasileiro:
“Fosse a intenção do legislador de tratar como hedionda toda e qualquer conduta
relativa a artefatos de uso proibido, o inciso II ora sob comento deveria ter sido
redigido nos seguintes termos: "O crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo,
acessório ou munição de uso proibido ". In casu, não se pode querer aplicar o
mesmo raciocínio anteriormente desenvolvido (itens 1 e 2 acima) quanto ao antigo
crime hediondo de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito (redação
do parágrafo único do art. 1 º da Lei n. 8.072/90 dada pela Lei n. 13.497/17), de
modo a se concluir que toda e qualquer conduta atinente a artefatos de uso
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proibido seria hedionda por uma razão muito simples: posse ou porte ilegal de arma
de fogo de uso proibido não é o nomen iuris do delito, mas sim uma mera
qualificadora do crime do art. 16, doravante inserida no §2°, que, portanto, há de
ser interpretada restritivamente, sob pena de odiosa violação ao princípio da
legalidade.

Obs.: pensamos que a referida norma possuiu natureza dúplice. Isso porque:
✓ A norma será benéfica em relação àqueles praticaram a conduta de posse ou porte ilegal de arma de
fogo de uso restrito, pois essa modalidade não é mais considerada hedionda (novatio legis in mellius
e caráter retroativo).
✓ A norma será maléfica em relação àqueles que cometerem o porte de arma de fogo de uso proibido,
considerando que, além de ser tratada como hediondo, tornou-se qualificadora do delito previsto no
artigo 16 do Estatuto do Desarmamento, com pena maior de 4 a 12 anos de reclusão.

• INCISO III: CRIME DE COMÉRCIO ILEGAL DE ARMAS DE FOGO

Comércio ilegal de arma de fogo


Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito,
desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer
forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial
ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
13.964, de 2019)
§ 1º Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo,
qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou
clandestino, inclusive o exercido em residência. (Redação dada pela Lei nº 13.964,
de 2019)
§ 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou
munição, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou
regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos
probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)

REDAÇÃO ANTIGA REDAÇÃO NOVA


Art. 17. (...) “Art. 17. (...)
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. Pena - reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, e multa.
§ 1º

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Sem §2º § 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma


de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em
desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a
agente policial disfarçado, quando presentes elementos
probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente.”
(NR)

Trata-se de atualização introduzida pela lei 13.964/2019 “pacote anticrime”, incluindo, no rol
taxativo dos crimes hediondos, o comércio ilegal de arma de fogo previsto no art. 17 do Estatuto do
Desarmamento.
Assim, todas as modalidades deste delito, incluindo as previstas no §2º, passam a ser consideradas
como hediondas.
Explica Renato Brasileiro (2020):

Por conseguinte, todas as figuras delituosas previstas no art. 17 e 18 são


consideradas hediondas, não apenas aquelas previstas no caput, mas também as
equiparadas. A uma porque o legislador fez referência ao crime de comércio ilegal
de arma de fogo e ao delito de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou
munição, porque estas são as rubricas marginais (nomen iuris) constantes dos arts.
17 e 18 do Estatuto do Desarmamento. A duas porque, quisesse o legislador
conferir natureza hedionda apenas a determinadas condutas ali previstas, deveria
ter feito menção explícita ao caput do art. 17 (ou ao do art. 18). Se não o fez, não é
dado ao intérprete fazê-lo. Enfim, hão de ser consideradas hediondas tanto as
condutas do caput, quanto aquelas equiparadas.

• INCISO IV: CRIME DE TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMA DE FOGO, ACESSÓRIO OU MUNIÇÃO

Tráfico internacional de arma de fogo


Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a
qualquer título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da
autoridade competente:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos, e multa. (Redação dada pela Lei
nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo,
acessório ou munição, em operação de importação, sem autorização da autoridade
competente, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios
razoáveis de conduta criminal preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

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Art. 18. ..... “Art. 18. ....
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. Pena - reclusão, de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos, e multa.
Sem § único. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende ou
entrega arma de fogo, acessório ou munição, em
operação de importação, sem autorização da autoridade
competente, a agente policial disfarçado, quando
presentes elementos probatórios razoáveis de conduta
criminal preexistente.” (NR)

Mais uma inovação trazida pelo “pacote anticrime” lei 13.964/2019, rotulando o crime de tráfico
internacional de armas de fogo, acessórios e munições como crime hediondo. Doravante, o delito ora em
comento, será reprimido com maior rigor.

• INCISO V: CRIME DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA, QUANDO DIRECIONADO À PRÁTICA DE CRIME


HEDIONDO OU EQUIPARADO

Art. 1º, Lei nº 12.850/13. Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a
investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas
e o procedimento criminal a ser aplicado.
§ 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas
estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que
informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de
qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas
sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.

A Lei 13.964/19 acrescentou o inc. V ao parágrafo único do art. 1º da lei ora em comento, etiquetando
como hediondo o crime de organização criminosa, quando esta tiver por finalidade a prática de crime
hediondo ou equiparado.
Veja bem, a Lei 13.964/19 não tornou o crime de organização criminosa, em si, um delito hediondo,
mas tão somente quando se destinar à pratica de crime hediondo ou equiparado.
Lembre-se que o crime de organização criminosa independe da prática efetiva de crimes, bastando
que haja a reunião estável, permanente e hierárquica das pessoas para a prática de crimes. E se ela for para
a prática de crime hediondo ou equiparado, aí sim, será hediondo.
Ressalta-se outras formas de associação, como, por exemplo, a associação criminosa (CP, art. 288) e
a constituição de milícia privada (CP, art. 288-A, incluído pela Lei n. 12.720/12), não devem ser rotuladas
como hediondas, ainda que direcionadas à prática de crime hediondo ou equiparado, sob pena de evidente

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violação ao princípio da legalidade. (Não esqueça da exceção comentada acima acerca da associação para a
prática de genocídio!)

5.1 Crimes Equiparados Ao Hediondos

TRÁFICO
3T TORTURA
TERRORISMO

Frente à expressa determinação da Constituição Federal, são equiparados aos crimes hediondos os
delitos de tráfico de droga, tortura e terrorismo.
Tal conceituação é exaustivamente cobrada em provas objetivas, uma vez que, mesmo ensejando o
procedimento de recrudescimento idêntico aos dos crimes hediondos, eles são considerados equiparados, e
não propriamente hediondos pela doutrina, fique atento!

5.1.1 Tráfico de Drogas

Encontra-se tipificado pela Lei 11.343/03, mas são todos os tipos penais ali elencados que
caracterizam tráfico de drogas. Segundo doutrina majoritária e jurisprudência do STF e STJ:

SÃO CONSIDERADOS SÃO EQUIPARADOS A NÃO SÃO NÃO SÃO


TRÁFICO DE DROGAS CRIMES HEDIONDOS CONSIDERADOS EQUIPARADOS A
TRÁFICO DE DROGAS CRIMES HEDIONDOS
1) Art. 33, caput 1) Art. 28
2) Art. 33, §1º 2) Art. 33, §2º
3) Art. 34 – delito de maquinário 3) Art. 33, §3º
4) Art. 36 – o delito de financiamento ao 4) Art. 33, §4º - tráfico privilegiado!
tráfico 5) Art. 35 – associação para o tráfico
6) Art. 37 – o delito de colaboração como
informante
7) Art. 38
8) Art. 39.

De acordo com o STF, o tráfico privilegiado de drogas não tem natureza de crime hediondo, por
conseguinte não são exigíveis requisitos mais severos para o livramento condicional e para a progressão de
regime. (HC 118533, Pleno STF)
Lembre-se que essa figura privilegiada reclama a presença de quatro requisitos cumulativos (diminuição de
1/6 a 2/3):

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1. Agente primário;
2. Bons antecedentes;
3. Não se dedica a atividades criminosas;
4. Não integrar organizações criminosas.

5.1.2 Tortura
Encontra-se previsto ao teor da Lei nº 9.455/97.
De acordo com a doutrina majoritária, o crime de tortura por omissão NÃO é considerado crime
equiparado a hediondo!
Lei 9.455/97, Art. 1º Constitui crime de tortura:
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-
las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

5.1.3 Terrorismo
O crime de terrorismo é definido pelo art. 2°, caput, da Lei n. 13.260/16

6. ESPECIFICIDADES DOS CRIMES HEDIONDOS

O art. 2º da Lei 8.072/90 elenca um rol de consequências legais – de natureza penal e processual
penal – mais gravosas que são aplicáveis os crimes rotulados como hediondos e os crimes equiparados a
hediondos
Inicialmente, cumpre destacarmos que as consequências/vedações também são aplicadas aos crimes
“equiparados” a hediondos, quais sejam, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tortura e terrorismo.

6.1 Insuscetibilidade de Graça, Anistia e Indulto

Nos termos do art. 2º, inciso I, da Lei nº 8.072/90, os crimes hediondos são insuscetíveis de anistia,
graça e indulto. Nesse sentido, dispõe o texto supracitado, bem como, a Constituição Federal, senão vejamos.

Art. 2º, Lei nº 8072/90: Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito
de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: I - anistia, graça
e indulto;

Art. 5º, XLIII, CF - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou


anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.

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Repare que, enquanto a Lei de Crimes Hediondos proíbe a concessão de anistia, graça e indulto, a
CF/88 proíbe apenas anistia e a graça, sem fazer menção expressa ao indulto. Essa vedação do indulto
prevista na lei 8.072/90 (e não está na CF) é constitucional?

1º corrente: Inconstitucional – A lei extrapolou a vedação constitucional. Considerando que a CF/88 traz
proibições máximas, não pode o legislador ordinário suplantá-las. A concessão do indulto é atribuição do
chefe do Poder Executivo (Presidente da República), não podendo o legislador ordinário limitá-lo.

2º corrente – STF/ Majoritária - Constitucional. A CF traz vedações mínimas ("a lei considerará"), quem irá
trabalhar é o legislador, a CF/88 dá um PATAMAR MÍNIMO DE PROIBIÇÃO. A vedação da graça abrange
indulto, que nada mais é do que uma graça coletiva.

Obs.: Chama-se indulto humanitário aquele concedido por razões de grave deficiência física ou em
virtude de debilitado estado de saúde do executado. Temos decisões admitindo o indulto humanitário com
fundamento no princípio da humanidade das penas, até mesmo para condenados por crimes hediondos e
equiparados (STJ). O STF, no HC 118/213 SP, não permitiu indulto humanitário para tráfico de drogas.

6.2 Insuscetibilidade de Fiança

Os crimes hediondos e equiparados são inafiançáveis.

Art. 2º. Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes


e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de:
II - fiança.

Cumpre destacar que, na redação original da Lei dos Crimes Hediondos, também era vedada a
liberdade provisória sem fiança. Essa proibição, contudo, foi abolida pela Lei 11.464/2007.

ANTES DA LEI 11.464/2007 DEPOIS DA LEI 11.464/2007


Vedava: Veda:
1) Fiança 1) Fiança
2) Liberdade provisória
Permite:
1) Liberdade provisória

A doutrina majoritária entende ser possível a concessão de liberdade provisória sem fiança, a
depender do convencimento do juiz, quanto à ausência dos requisitos para a decretação da prisão
preventiva.

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SEMANA 04/30

6.3 Regime Inicial Fechado para o Cumprimento da Pena Privativa de Liberdade

Art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/90: “A pena por crime previsto neste artigo será cumprida
inicialmente em regime fechado”. 

Em sua redação original, a Lei dos Crimes Hediondos previa que o regime deveria ser integralmente
fechado, ou seja, iniciaria e terminaria o cumprimento da pena em regime fechado, sem direito à progressão
de regime.
No entanto, no HC 82959, o STF decidiu pela inconstitucionalidade desse regime, haja vista a clara
violação aos princípios da individualização da pena, da proporcionalidade e também da dignidade da pessoa
humana. Nessa esteira, passou-se a admitir a progressão de regime nos termos da LEP.
Ressalta-se que a obrigatoriedade do regime inicial fechado continua no texto da lei, mas a
jurisprudência e doutrina já se manifestaram pela inconstitucionalidade da previsão por entenderem que
viola o princípio da individualização da pena, devendo o juiz analisar o caso concreto para fundamentar sua
decisão (STF, Pleno, HC 111.840, Info 672).
O legislador não pode obrigar o juiz a aplicar um determinado regime prisional. A fixação de regime
inicial mais severo não deve basear-se na gravidade em abstrato do delito, exigindo, do magistrado,
motivação idônea.

Súmula 718 do STF: A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime


não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o
permitido segundo a pena aplicada.

Súmula 719 do STF: A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a


pena aplicada permitir exige motivação idônea.

CESPE/2019 - Júnia, de quatorze anos de idade, acusa Pierre, de dezoito anos de idade, de ter praticado crime
de natureza sexual consistente em conjunção carnal forçada no dia do último aniversário da jovem. Pierre,
contudo, alega que o ato sexual foi consentido. Se Pierre for condenado por estupro, o regime de
cumprimento de pena será integralmente fechado, por se tratar de crime hediondo. Item incorreto.

Obs.: Regime Inicial de Cumprimento de Pena na Lei de Tortura


Art. 1º, Lei nº 9.455/97. (...) § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a
hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.

O § 7º dispõe que o condenado por crime previsto na Lei de Tortura, salvo a hipótese do § 2º (omissão
perante a tortura), iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.
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O STF entende já decidiu que a imposição de regime inicial fechado para os crimes hediondos e
equiparados é inconstitucional por violar o princípio constitucional da individualização da pena (STF, HC
111.840/ES). Para a doutrina majoritária, é evidente que essa interpretação também deve ser aplicada aos
crimes equiparados a hediondo, a exemplo da tortura. A posição do STJ é nesse mesmo sentido:
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CRIME DE TORTURA. REGIME INICIAL
FECHADO FIXADO EXCLUSIVAMENTE COM BASE NO ART. 1º, § 7º, DA LEI 9.455/97.
INCONSTITUCIONALIDADE DECLARADA. RECONHECIMENTO DA ILEGALIDADE PELO
TRIBUNAL DE ORIGEM. ALTERAÇÃO DO REGIME PARA O SEMIABERTO, COM
FULCRO NO ART. 33 E PARÁGRAFOS DO CÓDIGO PENAL. REFORMATIO IN PEJUS.
AUSÊNCIA. REPRIMENDA FINAL INFERIOR A 4 ANOS DE RECLUSÃO. REGIME INICIAL
SEMIABERTO. CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO
ILEGAL. RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
1. A obrigatoriedade do regime inicial fechado prevista na Lei do Crime de Tortura
foi superada pela Suprema Corte, de modo que a mera natureza do crime não
configura fundamentação idônea a justificar a fixação do regime mais gravoso
para os condenados pela prática de crimes hediondos e equiparados. Para
estabelecer o regime prisional, deve o magistrado avaliar o caso concreto,
seguindo os parâmetros estabelecidos pelo artigo 33 e parágrafos do Código
Penal.
2. O regime inicial fechado foi fixado pelo Magistrado de primeiro grau com base,
exclusivamente, no disposto pelo art. 1°, § 7°, da Lei n° 9.455/97, em manifesta
contrariedade ao hodierno entendimento dos Tribunais Superiores. A Corte de
origem, por sua vez, ao reconhecer a existência de flagrante ilegalidade na
imposição do regime inicial fechado - diante da mera alusão ao § 7° do art. 1° da Lei
n° 9.455/97 -, alterou o regime inicial para o semiaberto à luz do art. 33, §§ 2º e 3º,
do Código Penal, o que não evidencia reformatio in pejus. (...) (RHC 76.642/RN, Rel.
Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em
11/10/2016, DJe 28/10/2016).

Em 2015, o Info. 789 do STF, noticia julgamento em que, o Min. Marco Aurélio manifesta posição
pessoal de que o art. 1º, § 7º, da Lei nº 9.455/97 seria constitucional, ou seja, seria legítima a regra que
impõe o regime inicial fechado para o crime de tortura. Todavia, é uma posição minoritária e isolada do Min.
Marco Aurélio. Os demais Ministros acompanharam o Relator mais por uma questão de praticidade em razão
do que de
tese jurídica, pois eles não aderiram expressamente à tese do Relator.
CUIDADO COM INF. 789, STF (2015): CRIME DE TORTURA E REGIME INICIAL DE
CUMPRIMENTO DA PENA. O condenado por crime de tortura iniciará o
cumprimento da pena em regime fechado, nos termos do disposto no § 7º do art.
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1º da Lei 9.455/1997 - Lei de Tortura. Com base nessa orientação, a Primeira Turma
denegou pedido formulado em “habeas corpus”, no qual se pretendia o
reconhecimento de constrangimento ilegal consubstanciado na fixação, em
sentença penal transitada em julgado, do cumprimento das penas impostas aos
pacientes em regime inicialmente fechado. (...) O Ministro Marco Aurélio (relator)
denegou a ordem. Considerou que, no caso, a dosimetria e o regime inicial de
cumprimento das penas fixadas atenderiam aos ditames legais. Asseverou não
caber articular com a Lei de Crimes Hediondos, pois a regência específica (Lei
9.455/1997) prevê expressamente que o condenado por crime de tortura iniciará o
cumprimento da pena em regime fechado, o que não se confundiria com a
imposição de regime de cumprimento da pena integralmente fechado. Assinalou
que o legislador ordinário, em consonância com a CF/1988, teria feito uma opção
válida, ao prever que, considerada a gravidade do crime de tortura, a execução da
pena, ainda que fixada no mínimo legal, deveria ser cumprida inicialmente em
regime fechado, sem prejuízo de posterior progressão. Os Ministros Roberto
Barroso e Rosa Weber acompanharam o relator, com a ressalva de seus
entendimentos pessoais no sentido do não conhecimento do “writ”. O Ministro Luiz
Fux, não obstante entender que o presente “habeas corpus” faria as vezes de
revisão criminal, ante o trânsito em julgado da decisão impugnada, acompanhou o
relator. HC 123316/SE, rel. Min. Marco Aurélio, 9.6.2015. (HC-123316)

6.4 Critérios Diferenciados para Concessão de Livramento Condicional.

É possível o livramento para os crimes hediondos e assemelhados (3T – tráfico, tortura e terrorismo),
depois de ter havido o cumprimento de 2/3 da pena e não ser reincidente especifico (hediondo ou
assemelhado), independentemente de ser o mesmo delito ou não.
Atente-se que a vedação ao reincidente específico é apenas para a concessão do livramento
condicional, e não para a concessão dos demais benefícios.

LIVRAMENTO CONDICIONAL
Regra geral – art. 83, CP Hediondos – art. 83, V, CP Tráfico de drogas - art. 44, Lei
11.343/06

+ 1/3 do cumprimento de pena se não + 2/3 do cumprimento de pena se não 2/3 do cumprimento de pena
reincidente em crime doloso reincidente específico (Art. 44, único, Lei 11.343/06 –
+ 1/3 do cumprimento de pena se princípio da especialidade)
reincidente em crime doloso

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VEDADO O LIVRAMENTO
CONDICIONAL EM CASO DE
REINCIDENTE ESPECÍFICO!

6.5 Progressão de Regime

Em sua redação originária, a Lei nº 8.072/90 vedava a progressão de regime para os crimes
hediondos, já que era previsto o regime integral fechado de cumprimento da pena (art. 1º, §1º). O STF
declarou a inconstitucionalidade do art. 1º, §1º, da Lei nº 8.072/90. Com isso, a progressão de regime foi
autorizada e seguia o disposto na LEP, ou seja, o condenado progredia com o tempo comum - 1/6 da pena.
Posteriormente, a Lei nº 11.464 inseriu o §2º ao art.2º da Lei 8.072/90, trazendo parâmetros distintos para
a progressão de regime para condenados por crimes hediondos e equiparados:

§ 2o A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste


artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado
for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente. (Redação dada pela Lei nº
11.464, de 2007)

Por se tratar de uma inovação legislativa mais prejudicial ao réu, foram editadas as seguintes
súmulas:
Súmula 471 do STJ: Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados
cometidos antes da vigência da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art.
112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime
prisional.

SV nº 26: Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime


hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do
art.2 da lei 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado
preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo
determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame
criminológico.

Ocorre que, com o advento da Lei 13.964/19, o “pacote anticrime”, tal dispositivo foi revogado!! A
partir de agora, a progressão de regime voltará a ser guiada pelo art. 112 da Lei de Execução Penal (LEP), que
também sofreu alterações pela referida Lei, estabelecendo novos prazos a serem cumpridos, conforme
esquema abaixo:

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ESQUEMATIZANDO:

CONDENADO POR CRIME HEDIONDO OU


EQUIPARADO SE O RÉU PRIMÁRIO
40% FOR PRIMÁRIO
%%
CONDENADO PELA PRÁTICA DE CRIME
HEDIONDO OU EQUIPARADO, COM VEDADO O
RESULTADO MORTE, SE FOR PRIMÁRIO, LIVRAMENTO
VEDADO O LIVRAMENTO CONDICIONAL CONDICIOANAL

CONDENADO POR EXERCER O COMANDO,


INDIVIDUAL OU COLETIVO, DE
PROGRESSÃO DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA ESTRUTURADA
REGIME NOS
CRIMES
50% PARA A PRÁTICA DE CRIME HEDIONDO OU
EQUIPARADO
HEDIONDOS

CONDENADO PELA PRÁTICA DO CRIME DE


CONSTITUIÇÃO DE MILÍCIA PRIVADA

SE O APENADO FOR REINCIDENTE NA


60% REINCIDENTE PRÁTICA DE CRIME HEDIONDO OU
EQUIPARADO

SE O APENADO FOR REINCIDENTE


EM CRIME HEDIONDO OU VEDADO O
70% REINCIDENTE
EQUIPARADO COM RESULTADO LIVRAMENTO
ESPECÍFICO
MORTE, VEDADO O CONDICIOANAL
LIVRAMENTO CONDICIONAL.

PROGRESSÃO DE REGIME AOS CRIMES HEDIONDOS


40% Primário + Crime Hediondo/equiparado

Primário + Crime Hediondo/Equiparado, COM RESULTADO MORTE, VEDADO O


50 % LIVRAMENTO CONDICIONAL **

** Obs.: Note que o PAC criou uma nova vedação ao livramento condicional neste
caso. Isso porque, se seguisse a regra geral prevista no CP, caberia o livramento
condicional.
Exercer o COMANDO, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada
para a prática de crime hediondo ou equiparado

Condenado pela prática do crime de constituição de MILÍCIA PRIVADA

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60% Reincidente + Crime Hediondo/Equiparado **


** Obs.: Embora a LEP não inviabilize o livramento condicional, o CP o faz quando
o agente for reincidente específico em crime hediondo (art. 83, V)
70% Reincidente [ESPECÍFICO] + Crime Hediondo/Equiparado, COM RESULTADO
MORTE, VEDADO O LIVRAMENTO CONDICIONAL

6.6 Direito de Recorrer em Liberdade

§3º Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o


réu poderá apelar em liberdade.

Interpretação conforme a CF: Réu processado preso, recorre preso, salvo se desaparecerem os
fundamentos que determinaram a decretação da prisão preventiva. Por outro lado, réu processado solto,
via de regra, recorre solto, salvo se presentes os fundamentos da prisão preventiva, eis a interpretação
conforme a Constituição.
Ante o exposto, contemplamos que está vedado a imposição da condição de recolhimento ao cárcere para
recorrer, devendo a sua decretação quando necessária ser fundamentada, em observância ao art. 93, IX,
da CF.

6.7 Estabelecimentos Penais De Segurança Máxima

“Art. 3º da Lei 8.072/90: A União manterá estabelecimentos penais, de segurança


máxima, destinados ao cumprimento de penas impostas a condenados de alta
periculosidade, cuja permanência em presídios estaduais ponha em risco a ordem
ou incolumidade pública”.
Obs.: O condenado de alta periculosidade pode não ser necessariamente um condenado por crime
hediondo ou equiparado.

• Condenado federal cumprindo pena em estabelecimento estadual: Competência da execução é do


JUIZ ESTADUAL - Súmula 192 do STJ.

Súmula 192 do STJ - compete ao juízo das execuções penais do estado a execução
das penas impostas a sentenciados pela justiça federal, militar ou eleitoral, quando
recolhidos a estabelecimentos sujeitos a administração estadual.

• Condenado no âmbito estadual, cumprindo pena em estabelecimento federal: A competência para


atuar na execução é da JUSTIÇA FEDERAL.
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Mesma lógica: a competência é de quem fiscaliza o estabelecimento.

6.8 Prioridade no Trâmite dos Processos

Em atendimento ao Código de Processo Penal, haverá prioridade de tramitação dos processos que
versarem sobre crimes hediondos.

Art. 394-A. Os processos que apurem a prática de crime hediondo terão prioridade
de tramitação em todas as instâncias.

7. PRISÃO TEMPORÁRIA E CRIMES HEDIONDOS

Por fim, e com alto índice de cobrança nas provas objetivas, bem como relevância para a confecção
de representações rotineiramente presentes em provas de segunda fase, há a previsão de prazo excepcional
para a prisão temporária nos crimes hediondos.
A prisão temporária é uma modalidade de prisão provisória, decretada antes do trânsito em julgado
da condenação, e tem natureza cautelar. No Brasil a prisão temporária é possível apenas na fase
investigatória, por esse motivo ela não pode ser decretada de ofício pelo juiz, dependendo de requerimento
do MP ou representação da autoridade policial.

§ 4o A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de 21 de dezembro


de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias,
prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.

Atenção ao prazo de 30 dias que pode ser prorrogado por igual período na hipótese de comprovada
necessidade, desde que demostrado em concreto.

PRISÃO TEMPORÁRIA – REGRA GERAL PRISÃO TEMPORÁRIA – HEDIONDOS

5 dias, prorrogáveis por igual período. 30 dias, prorrogáveis por igual período

Rol de crimes que aceitam a Prisão Temporária


(previsto pela lei 7.960 de 1989):
II - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal,
de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes:

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a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°);


b) sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1° e 2°);
c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°);
e) extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único);
g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo
único);
h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e parágrafo único);
i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°);
j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte
(art. 270, caput, combinado com art. 285);
l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal;
m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de 1956), em qualquer de sua formas
típicas;
n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976);
o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de junho de 1986).

 O crime de envenenamento de água potável já foi considerado hediondo, mas hoje em


dia é crime simples, de modo que o prazo da prisão temporária será 5 + 5 dias.

Existem crimes hediondos que não estão previstos no rol de crimes que admitem temporária (art.
1º, III da Lei. 7960/89). Esses crimes admitem essa modalidade de prisão cautelar? Ex.: crimes de estupro de
vulnerável (art.217 CP), falsificação de remédios (art.273 CP) e tortura.
R.: Para a doutrina majoritária, a Lei 7.960 é lei ordinária, assim como a lei 8.072. Nesse sentido, a lei
8.072 poderá aumentar o prazo da prisão temporária (de 5+5 para 30 +30), bem como aumentar o rol de
crimes hediondos.
O §4º do art.2º da lei 8.072/1990 ampliou, não apenas, o prazo da prisão temporária, mas também
o rol dos delitos passiveis de prisão temporária.

8. CAUSA DE AUMENTO DO §9º DA LEI DE CRIMES HEDIONDOS

 Explicação retirada do site Dizer o Direito:

Veja a redação do art. 9º da Lei nº 8.072/90:


Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os crimes capitulados nos arts. 157, § 3º,
158, § 2º, 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º, 213, caput e sua combinação com o art.
223, caput e parágrafo único, 214 e sua combinação com o art. 223, caput e
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parágrafo único, todos do Código Penal, são acrescidas de metade, respeitado o


limite superior de trinta anos de reclusão, estando a vítima em qualquer das
hipóteses referidas no art. 224 também do Código Penal.

Essa causa de aumento prevista no art. 9º da Lei de Crimes Hediondos ainda está em vigor?
NÃO. O entendimento do STJ e do STF é o de que o art. 9º da Lei de Crimes Hediondos foi
revogado tacitamente pela Lei nº 12.015/2009, considerando que esta Lei revogou o art. 224 do CP, que era
mencionado pelo art. 9º.
Logo, como não mais existe o art. 224 no CP, conclui-se que o art. 9º da Lei de Crimes Hediondos
perdeu a eficácia (expressão utilizada em um voto do Min. Dias Toffoli).
O art. 9º da Lei de Crimes Hediondos ficou carente de complemento normativo em vigor, razão pela
qual foi revogada a causa de aumento nele consignada.
Imagine que uma pessoa foi condenada, antes da Lei nº 12.015/2009, pela prática de estupro
contra menor de 14 anos com a incidência da causa de aumento do art. 9º da Lei de Crimes Hediondos.
Como ocorreu a revogação tácita do art. 9º, essa pessoa poderá alegar que houve novatio legis in mellius e
pedir para retirar de sua condenação a causa de aumento do art. 9º?
SIM. Essa causa de aumento deve ser extirpada da reprimenda já imposta, por força do princípio
da novatio legis in mellius (art. 2º, parágrafo único, do CP):
Art. 2º (...)
Parágrafo único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-
se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada
em julgado.

Com a revogação expressa do art. 224 do Código Penal pela Lei nº 12.015/2009, há de ser
redimensionada a pena aplicada ao condenado, subtraindo-lhe o acréscimo sofrido em razão do aumento da
pena previsto no art. 9º da Lei nº 8.072/90, considerando-se o princípio da novatio legis in mellius, previsto
no art. 2º, parágrafo único, do CP. STJ. 5ª Turma. HC 428.251/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
17/04/2018.
Em suma:
A causa de aumento prevista no art. 9º da Lei de Crimes Hediondos foi tacitamente
revogada pela Lei nº 12.015/2009, considerando que esta Lei revogou o art. 224 do
CP, que era mencionado pelo referido art. 9º.
Se um indivíduo foi condenado, antes da Lei nº 12.015/2009, pela prática de estupro
contra menor de 14 anos com a incidência da causa de aumento do art. 9º da Lei de
Crimes Hediondos, esta majorante deverá ser retirada de sua condenação por força
da novatio legis in mellius (art. 2º, parágrafo único, do CP).
Diante da revogação do art. 224 do CP pela Lei nº 12.015/2009, ainda que o fato
delituoso seja anterior a esta alteração, é o caso de se decotar da pena do
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condenado o acréscimo baseado no art. 9º da Lei nº 8.072/90. STF. Plenário. HC


100181/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 15/8/2019 (Info 947).

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QUESTÕES PROPOSTAS

1 -2019 -Instituto Acesso -PC-ES -Instituto Acesso - 2019 - PC- c)É possível a liberdade provisória aos autores de crimes
ES - Delegado de Polícia - Anulado hediondos e equiparados.
A Lei 8.072/90 já foi alvo de muitas controvérsias e, por isso, d)Dependendo da gravidade do crime, é cabível ao juiz
diversas alterações. Da obrigação do regime fechado, como classificar o crime como hediondo.
início do cumprimento da pena, à frações diferenciadas na e)Tratando-se de crime hediondo ou equiparado, o
execução penal, a própria criação da Lei e sua condenado por crime de tortura, em qualquer modalidade,
contextualização na sociedade brasileira ainda é alvo de deverá iniciar o cumprimento da pena em regime fechado.
críticas. Em relação ao processo penal e às alterações feitas
nesta Lei, assinale a seguir a afirmativa correta. 4 - 2018 - VUNESP - PC-BA - Delegado de Polícia
Considere o seguinte caso hipotético.
A-Os prazos processuais podem ser diminuídos quando se A Força Nacional está atuando legalmente em Salvador. O
tratar de processos que versarem sobre crimes hediondos. civil “X”, irmão de um Policial Militar do Estado de São Paulo
B-Os prazos processuais podem ser diminuídos, apenas para que integra a Força Nacional, residente na referida cidade, se
a defesa, quando se tratar de processos que versarem sobre envolveu em acidente de trânsito sem vítimas, ao abalroar o
crimes hediondos. veículo do condutor “Y”. Após se identificar como irmão do
C-A Lei 13.285/16 estabeleceu prioridade de tramitação dos Militar do Estado integrante da Força Nacional, foi
processos que versarem sobre crimes hediondos apenas violentamente agredido por “Y”, que confessou ter assim
quando envolverem tipos da Lei 11.343/06. agido apenas por saber dessa condição. As agressões
D-Os prazos processuais podem ser relativizados para uma provocaram lesões corporais gravíssimas no civil “X”. Diante
maior celeridade nos processos que versarem sobre crimes do exposto, é correto afirmar que o crime praticado por “Y”
hediondos.
E-A Lei 13.285/16 estabeleceu a prioridade de tramitação dos a)não é considerado hediondo, pois a legislação contempla
processos que versarem sobre crimes hediondos. apenas o crime de homicídio doloso perpetrado contra o
Militar do Estado.
2 - 2018 - CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia b)é considerado hediondo, apenas por se tratar de uma lesão
Em cada item que se segue, é apresentada uma situação corporal dolosa de natureza gravíssima, independentemente
hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada com relação da condição da eventual vítima.
a crime de tortura, crime hediondo, crime previdenciário e c)não é considerado hediondo, pois a legislação não
crime contra o idoso. contempla lesão corporal dolosa de natureza gravíssima
como crime hediondo.
Paula, proprietária de uma casa de prostituição, induziu e d)é considerado hediondo, pois o civil “X” foi vítima de lesão
passou a explorar sexualmente duas garotas de quinze anos corporal dolosa de natureza gravíssima apenas por ser irmão
de idade. Nessa situação, o crime praticado por Paula é de Militar do Estado em razão de sua função.
hediondo e, por isso, insuscetível de anistia, graça e indulto. e)somente seria considerado hediondo se o crime de lesão
corporal dolosa de natureza gravíssima fosse perpetrado
( ) Certo ( ) Errado contra o próprio Militar do Estado em razão de sua função.

3 - 2018 - NUCEPE - PC-PI - Delegado de Polícia 5 - 2017 - IBADE - PC-AC - Delegado de Polícia
Acerca dos Crimes hediondos, marque a alternativa Sobre o crime de extorsão mediante sequestro, é correto
CORRETA. afirmar que:

a)São considerados hediondos o Infanticídio e o Estupro. a)a consumação do crime do art. 159 do CP se opera com a
b)A tentativa de homicídio simples ou de homicídio exigência de uma vantagem como condição ou preço do
qualificado constituem-se crimes hediondos.

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resgate, o que faz com que o delito seja doutrinariamente


classificado como crime formal. ( ) Certo ( ) Errado
b)o crime é hediondo mesmo em sua forma simples,
dispensando a verificação de resultados morte ou lesão 8 - 2010 - FGV - PC-AP - Delegado de Polícia
corporal de natureza grave para a incidência da Lei n°8.072, De acordo com a Lei 8.072/90, assinale a alternativa que não
de 1990. apresenta um crime considerado hediondo.
c)o concurso de pessoas é uma das circunstâncias
qualificadoras concernentes ao crime de extorsão mediante a)latrocínio (art. 157, § 3º, in fine); extorsão qualificada pela
sequestro, nos mesmos moldes do furto e diferentemente do morte (art. 158, § 2o) e envenenamento de água potável ou
que ocorre no roubo, no qual a pluralidade de agentes tem a de substância alimentícia ou medicinal (art. 270).
natureza de causa de aumento da pena. b)epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o); homicídio
d)há, no art. 159 do Código Penal, previsão expressa de qualificado (art. 121, § 2o, I, II, III, IV e V) e extorsão
delação premiada, determinando diminuição da pena ao qualificada pela morte (art. 158, § 2o).
participante que revelar o crime à autoridade, permitindo a c)latrocínio (art. 157, § 3o, in fine); epidemia com resultado
libertação do sequestrado ou a recuperação do produto ou morte (art. 267, § 1o); e homicídio qualificado (art. 121, § 2o,
do proveito do crime. I, II, III, IV e V).
e)ocorre a forma qualificada da extorsão mediante sequestro, d)latrocínio (art. 157, § 3o, in fine); falsificação, corrupção,
entre outras hipóteses, quando a restrição à liberdade da adulteração ou alteração de produto destinado a fins
vítima dura mais de quinze dias, mas nunca em tempo terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1º-A e §
inferior. 1o-B; e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, I, II, III, IV e V).
e)latrocínio (art. 157, § 3o, in fine); epidemia com resultado
6 - 2017 - IBADE - PC-AC - Delegado de Polícia morte (art. 267, § 1o); falsificação, corrupção, adulteração ou
No que concerne à Lei que trata dos crimes Hediondos (Lei n° alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou
8.072/1990 e suas alterações), assinale a alternativa correta. medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B e homicídio
qualificado (art. 121, § 2o, I, II, III, IV e V).
a)A progressão de regime, no caso dos condenados por
crimes hediondos, dar-se-á após o cumprimento de 3/5 (três 9 - 2009 - CEPERJ - PC-RJ - Delegado de Polícia
quintos) da pena, se o apenado for primário. Relativamente à legislação penal extravagante, assinale a
b)O crime de homicídio qualificado previsto no Código Penal afirmativa incorreta.
Militar é considerado hediondo.
c)O fato de o crime ser considerado hediondo, por si só, não a)Considera-se autoridade, para os efeitos da Lei nº 4898/65,
impede a concessão da liberdade provisória, de acordo com o o serventuário da justiça.
entendimento dos Tribunais Superiores. b)Constitui crime de tortura constranger alguém com
d)O sistema adotado pela legislação brasileira para rotular emprego de grave ameaça, causando-lhe sofrimento mental,
uma conduta como hediondo é o sistema misto. em razão de discriminação religiosa.
e)Dentre os crimes equiparados aos hediondos estão: tortura, c)Constitui crime previsto no Estatuto da Criança e do
tráfico ilícito de drogas e racismo. Adolescente submeter à tortura criança ou adolescente sob
sua autoridade, guarda ou vigilância.
7 - 2012 - CESPE - PC-AL - Delegado de Polícia d)De acordo com a doutrina, os sistemas de definição dos
No que concerne aos aspectos processuais das leis penais crimes hediondos são o legal, o misto e o judicial, sendo certo
extravagantes e às inovações legais havidas no sistema que o ordenamento jurídico brasileiro adotou o sistema legal
processual penal, julgue o item a seguir. e)A pena do crime de tortura é aumentada se o crime é
A prisão temporária para os crimes hediondos e equiparados, cometido mediante sequestro.
em função da gravidade objetiva dessas infrações penais, é de
30 dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e 10 - 2006 - FAPEC - PC-MS - Delegado de Polícia
comprovada necessidade. São crimes hediondos, previstos na Lei 8072/90:

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6.9.1994), Extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o);


a)Epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). (Inciso (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994), Tortura (Lei
incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994). 9455/97).
b)Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de d)Extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art.
produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930,
caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela Lei no de 6.9.1994), Estupro (art. 213 e sua combinação com o art.
9.677, de 2 de julho de 1998). (Inciso incluído pela Lei nº 223, caput e parágrafo único); (Inciso incluído pela Lei nº
9.695, de 20.8.1998), Tráfico de Entorpecentes (Lei 6368/76). 8.930, de 6.9.1994), Atentado violento ao pudor (art. 214 e
c)Homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único);
de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994), Terrorismo.
agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, I, II, III, IV e V); e)Todas acima estão corretas.
(Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994), Latrocínio (art.
157, § 3o, in fine); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de
Respostas4

4
1: E 2: C 3: C 4: D 5: B 6: C 7: C 8: A 9: C 10: A
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META 3

DIREITO CIVIL: FATOS JURÍDICOS

TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

CÓDIGO CIVIL
⦁ Art. 104 ao 211

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!

⦁ Art. 104 e 104


⦁ Art. 110 e 112
⦁ Art. 113 (inovação legislativa em 2019!)
⦁ Art. 121 a 125
⦁ Art. 127, 128 e 131
⦁ Art. 136 e 137
⦁ Art. 138 a 157 (muito importante!)
⦁ Art. 166 e 167
⦁ Art. 169, 171, 178 e 179
⦁ Art. 186 a 188
⦁ Art. 197, 198 e 199
⦁ Art. 204 a 211

SÚMULAS RELACIONADAS AO TEMA


Súmula 150-STF: Prescreve a execução no mesmo prazo de prescrição da ação.
Súmula 106-STJ: Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na citação,
por motivos inerentes ao mecanismo da justiça, não justifica o acolhimento da arguição de
prescrição ou decadência.
Súmula 154-STF: Simples vistoria não interrompe a prescrição.
Súmula 195-STJ: Em embargos de terceiro não se anula ato jurídico, por fraude contra
credores.

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1. FATOS JURÍDICOS

FATO: qualquer ocorrência.


FATO NÃO JURÍDICO: é um fato ou acontecimento a que o direito NÃO atribui efeitos.

Ordinários
Fato Jurídico Stricto Sensu
FATO JURÍDICO Extraordinários
LATO SENSU
Atos lícitos
Fatos humanos
Atos ilícitos
Atos ilícitos
stricto sensu
Atos ilícitos lato sensu
Atos
antijurídicos
Ato jurídico stricto sensu
ATOS Negócio jurídico
LÍCITOS
Ato lícito = ato jurídico lato sensu
Ato-fato jurídico

1.1 Fato Jurídico Lato Sensu

Fato jurídico lato sensu é o fato humano ou da natureza que tem o condão de criar, modificar ou
extinguir direitos.
Os fatos jurídicos lato sensu são divididos em:

a) Fato natural ou fato jurídico stricto sensu: é todo acontecimento natural que produz efeitos na órbita
do direito podendo ser:
∘ Ordinário. Ex: Prescrição, nascimento com vida, usucapião, etc.
∘ Extraordinário (imprevisível). Ex: Catástrofe inesperada.

b) Fato humano ou fato jurídico: é o fato que ocorre em decorrência da vontade humana.

1.2 Ato Lícito Ou Ato Jurídico Lato Sensu:

Atos lícitos (ato jurídico lato sensu): fatos humanos que estão em harmonia com o ordenamento
jurídico. Podem ser:
a) Ato jurídico (stricto sensu)
b) Negócio jurídico
c) Ato-fato jurídico

a) Ato jurídico stricto sensu: vontade humana na realização do ato + efeitos predeterminados pela lei.
É comportamento humano, voluntário e consciente, que por ser desprovido de autonomia e
liberdade negocial, produz os efeitos previamente determinados na lei.

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 Ex.: fixação do domicílio voluntário – o domicilio voluntário pressupõe o animus manendi


(intenção de permanecer). Uma vez fixado o domicílio voluntário, as consequências,
normalmente processuais, resultam da lei.

b) Negócio jurídico: vontade humana + composição de interesses. - Os efeitos do negócio jurídico


resultam da vontade humana.
 Ex: contratos, testamento, promessa de recompensa

Semelhança entre os dois institutos - ambos resultam da vontade humana. Ou seja, a vontade humana é
o fato gerador, é a mola propulsora. É premissa que haja a manifestação de vontade para que ocorra o
ato jurídico e o negócio jurídico.
Diferença entre os institutos - está nos efeitos.

c) Ato fato jurídico


Trata-se de um fato humano a que a lei atribui efeito jurídico, independentemente de ter existido
vontade humana em praticá-lo. Diferencia-se do ato jurídico stricto sensu, pois neste, apesar dos efeitos
também já virem predeterminados, há VONTADE do praticante em obter tais efeitos, ao contrário do ato-
fato jurídico, em que não se procurou a implementação de tais efeitos.
Portanto, a singularidade do ato-fato jurídico é que nele não se leva em conta a vontade dirigida à
prática do ato-fato e sim as consequências que ele produz. Não está dizendo que não há manifestação de
vontade no ato-fato jurídico. Há manifestação de vontade, mas ela não é tida como relevante pelo
ordenamento jurídico.
O efeito prático de não se levar em conta a vontade dirigida à prática do ato-fato: o ato-fato não se
aplica o regime de incapacidade. A incapacidade busca a proteção daquele que não tem discernimento para
manifestar a vontade. Se não se leva em conta a vontade dirigida à prática do ato-fato, não se aplica o regime
de incapacidade ao ato-fato jurídico.

O ato-fato aplica-se a duas situações diferentes:


(1) Acontecimentos ou fatos socialmente aceitos - Ex.: garoto que vai de ônibus sozinho para a escola
e compra uma bala na cantina. Nesse caso, não se aplica o regime de incapacidade, de modo que o
ato jurídico é válido porque estamos diante da teoria do ato-fato.

(2) Pode ser que a teoria do ato-fato resulte da lei. – Ex.: garota de 13 anos que se apropria de uma
concha na areia da praia. Ela adquire a propriedade sobre a concha por meio do instituto da ocupação
(art. 1263, CC).

1.3 Ato Ilícito

a) Atos ilícitos stricto sensu: No ato ilícito stricto sensu ocorre a violação dos limites formais impostos pelo
legislador. Ou seja: corre uma violação frontal ao direito positivo.
 Esse é o ato ilícito do art. 186, CC.
 Ex: Se alguém pratica um esbulho possessório, estará praticando um ato ilícito stricto sensu, pois
há violação frontal ao direito positivo.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.

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b) Atos antijurídicos: No ato antijurídico ocorre a violação dos limites axiológico-normativos impostos pelo
ordenamento jurídico.
 Limites axiológicos lembram valores, princípios. Logo, no ato antijurídico, o sujeito não viola a
norma, mas sim exerce o direito em desarmonia com os valores ou princípios do sistema.
 Esse é o abuso de direito do art. 187, CC.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo,
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela
boa-fé ou pelos bons costumes.

2. NEGÓCIO JURÍDICO

É toda emissão de vontade em harmonia com o ordenamento jurídico, com o objetivo de criar,
modificar ou extinguir relações ou situações jurídicas. Em resumo, é VONTADE + CONTEÚDO LÍCITO +
COMPOSIÇÃO DE INTERESSES.

2.1 Estrutura dos negócios jurídicos (escada Ponteana)

(1) Elementos essenciais de existência do negócio jurídico


(2) Elementos essenciais de validade do negócio jurídico
(3) Elementos naturais e acidentais do negócio jurídico

(1) Plano da existência: relativo ao ser, à estruturação do negócio jurídico;


No plano da existência estão os pressupostos para um negócio jurídico, ou seja, os seus elementos
mínimos, enquadrados por alguns autores dentro dos elementos essenciais do negócio jurídico. Constituem,
portanto, o suporte fático do negócio jurídico (pressupostos de existência): São eles:
• Partes – Para o NJ existir, deve haver um sujeito. Ex.: Se houver uma conta corrente fantasma
em favor de alguém já falecido, como não há sujeito, o negócio será considerado inexistente.
• Manifestação da vontade - A manifestação de vontade pode ser expressa ou tácita (≠
presumida).
• Objeto - Se não há objeto materialmente existente, inexiste negócio jurídico.
• Forma - é o modo de exteriorização da vontade.

Portanto, não havendo algum desses elementos, o negócio jurídico é inexistente

(2) Plano da validade: Análise dos requisitos em conformidade com a ordem jurídica, para afirmar a aptidão
do negócio para produzir efeitos. Abrange os seguintes elementos:

• Manifestação da vontade exteriorizada conscientemente, de forma livre e desembaraçada


• Agente capaz
 O agente deve ser capaz e legitimado para a prática do negócio jurídico.
• Objeto lícito, possível, determinado ou determinável:
 O objeto deve ser possível no plano fático. Se o negócio implicar em prestações
impossíveis, seja uma impossibilidade física ou jurídica, também deverá ser declarado
nulo.
 A impossibilidade inicial do objeto não invalida o NJ se for relativa ou se cessar antes de
realizar a condição a qual está subordinado.
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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

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• Forma prescrita ou não defesa em lei: Embora o Código Civil preveja a liberdade de formas,
quando a lei prescrever determinada forma como requisito de validade, o negócio será solene
ou formal.
 Ex. NJ sobre bem imóvel acima de 30 salários mínimos exige escritura pública!

LEITURA ESSENCIAL!

Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:


I - Agente capaz;
II - Objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.

Art. 105. A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela
outra em benefício próprio, nem aproveita aos co-interessados capazes, salvo se,
neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum.

Art. 106. A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for
relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado.

Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial,


senão quando a lei expressamente a exigir.

Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, escritura pública é essencial à validade
dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou
renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior
salário mínimo vigente no País.

Art. 109. No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem
instrumento público, este é da substância do ato.

Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a
reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha
conhecimento.

Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o


autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.

Art.110 - RESERVA MENTAL: É uma proposital divergência entre a vontade interna e a vontade
declarada, assim, o indivíduo reserva mentalmente o que quer; a manifestação da vontade não coincide com
a real vontade do sujeito. Poder ser:
• Conhecida: O outro contratante sabe da reserva mental e adere a ela. Esse ato é equiparado à
simulação.
• Desconhecida: O outro contratante desconhece a reserva mental. O ato é existente e subsiste, ou
seja, não é capaz de anular o negócio jurídico.

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Assim, o negócio jurídico que não se enquadrar nesses elementos de validade será, por regra, nulo
de pleno direito, ou seja, haverá nulidade absoluta ou nulidade. Eventualmente, o negócio pode ser também
anulável (nulidade relativa ou anulabilidade), como no caso daquele celebrado por relativamente incapaz ou
acometido por vício do consentimento.

Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:


I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua
validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar
sanção.

ATENÇÃO: A respeito da manifestação de vontade ou consentimento, os arts. 112, 113 e 114 trazem
três regras fundamentais quanto à interpretação dos contratos e negócios jurídicos em geral, que merecem
ser destacadas:

Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas


consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.

Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos
do lugar de sua celebração.
§ 1º A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido que: (Incluído
pela Lei nº 13.874, de 2019)
I - for confirmado pelo comportamento das partes posterior à celebração do
negócio; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
II - corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado relativas ao tipo de
negócio; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
III - corresponder à boa-fé; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
IV - for mais benéfico à parte que não redigiu o dispositivo, se identificável;
e (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
V - corresponder a qual seria a razoável negociação das partes sobre a questão
discutida, inferida das demais disposições do negócio e da racionalidade econômica
das partes, consideradas as informações disponíveis no momento de sua
celebração. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
§ 2º As partes poderão livremente pactuar regras de interpretação, de
preenchimento de lacunas e de integração dos negócios jurídicos diversas daquelas
previstas em lei. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)

Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.

Art. 113 - BOA-FÉ: O caput do art. 113 consagra que os negócios jurídicos devem ser interpretados de acordo
com a boa-fé objetiva e os usos do lugar de sua celebração.

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Enunciado JDC409: Os negócios jurídicos devem ser interpretados não só conforme


a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração, mas também de acordo com as
práticas habitualmente adotadas entre as partes.

#NOVIDADELEGISLATIVA: O art. 113 recebeu dois parágrafos por força da Lei da Liberdade Econômica (Lei
13.874/2019), que prestigiando a livre iniciativa e o princípio da autonomia privada, trouxe outros critérios
para a interpretação dos negócios jurídicos em geral. Assim, conforme o novo § 1º do art. 113 do Código
Civil, a interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido que:
∘ For confirmado pelo comportamento das partes posterior à celebração do negócio, sendo vedado e
não admitido o comportamento contraditório da parte (venire contra factum proprium non potest);
∘ Corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado relativas ao tipo de negócio, o que já está
previsto no caput do comando;
∘ Corresponder à boa-fé, o que igualmente já se retira da norma anterior;
∘ For mais benéfico à parte que não redigiu o dispositivo, se identificável;
∘ Corresponder à qual seria a razoável negociação das partes sobre a questão discutida, inferida das
demais disposições do negócio e da racionalidade econômica das partes, consideradas as
informações disponíveis no momento de sua celebração.

Em uma interpretação sistemática entre os arts. 112 e 113, o código contemplou o princípio da confiança,
dada a ascensão principiológica que há de se conferir à boa-fé objetiva.

Já caiu em prova e foi considerada INCORRETA a seguinte alternativa: É expressamente vedado pactuar
regras de interpretação e de integração dos negócios jurídicos diversas daquelas previstas em lei.

Já caiu em prova e foi considerada CORRETA a seguinte alternativa: De acordo com o Código Civil, os negócios
jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente. A interpretação do negócio jurídico deve lhe
atribuir o sentido que, entre outros, corresponder à boa-fé e for mais benéfico à parte que não redigiu o
dispositivo, se identificável.

(3) Plano da Eficácia: Exige que o negócio seja existente e válido.

No plano da eficácia estão os elementos relacionados com a suspensão e resolução de direitos e


deveres das partes envolvidas, motivo pelo qual abrange os elementos acidentais dos negócios jurídicos.

Elementos acidentais são aqueles que podem ou não constar do NJ. Quando inseridos no negócio
jurídico, resultam da manifestação de vontade. São eles: CONDIÇÃO, TERMO, MODO ou ENCARGO:

A) CONDIÇÃO: A lei exige dois requisitos para a condição:


1) Voluntariedade – Só existe condição se o evento futuro e incerto subordina a eficácia do negócio
em razão da vontade das partes.

2) Evento futuro e incerto

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Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da


vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e
incerto.

Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem
pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que
privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma
das partes.

As condições podem ser:


a) Condições próprias x impróprias
∘ Condições próprias – resulta da convenção entre as partes
∘ Condições impróprias – resulta da lei/natureza do negócio jurídico
b) Condições invalidantes x inexistentes
∘ Condições invalidantes: contaminam o negócio jurídico. A invalidade da condição compromete
também a validade do negócio jurídico. Quando a condição é desconstituída, o negócio jurídico
também é desconstituído.

Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados:


I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas;
II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita;
III - as condições incompreensíveis ou contraditórias.

∘ Condições inexistentes: cai a condição (se desconstitui) e o NJ permanece válido e eficaz como se a
condição jamais tivesse sido pactuada.

Art. 124. Têm-se por inexistentes as condições impossíveis, quando resolutivas, e


as de não fazer coisa impossível.

Cuidado! Pegadinha típica de prova objetiva!


As condições física ou juridicamente impossíveis suspensivas - são invalidantes (art. 123, CC)
As condições física ou juridicamente impossíveis resolutivas - são inexistentes (art. 124, CC)
OBS.: As condições ilícitas (aquelas que atingem valores fundamentais), seja suspensiva ou
resolutiva, são sempre invalidantes.

c) Condições suspensivas x resolutivas:


∘ Condições Suspensivas: O evento futuro e incerto subordina o INÍCIO DA EFICÁCIA do negócio
jurídico, ou seja, ele somente começa a ter eficácia quando ocorrer a condição; até a ocorrência da
condição suspensiva, o negócio jurídico ficará impedido de começar a produzir efeitos.

Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva,


enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa.

Art. 126. Se alguém dispuser de uma coisa sob condição suspensiva, e, pendente
esta, fizer quanto àquela novas disposições, estas não terão valor, realizada a
condição, se com ela forem incompatíveis.

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Obs.: Não corre prescrição se estiver pendente condição suspensiva!


Art. 199. Não corre igualmente a prescrição:
I - pendendo condição suspensiva;

a) Condições Resolutivas: O evento futuro e incerto CONDICIONA A PERSISTÊNCIA OU A PERMANÊNCIA DA


EFICÁCIA do negócio jurídico, ou seja, o negócio jurídico já produz efeitos quando é celebrado com
condição resolutiva, mas será resolvido caso ocorra a condição. Assim, quando acontece a condição, o
negócio jurídico cessa, resolve-se.

Art. 127. Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, vigorará o
negócio jurídico, podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele
estabelecido.

Art. 128. Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para todos os efeitos, o


direito a que ela se opõe; mas, se aposta a um negócio de execução continuada ou
periódica, a sua realização, salvo disposição em contrário, não tem eficácia quanto
aos atos já praticados, desde que compatíveis com a natureza da condição
pendente e conforme aos ditames de boa-fé.

ATENÇÃO: – CONDIÇÕES POTESTATIVAS: O evento futuro e incerto depende da vontade exclusiva de


uma das partes.
- Puramente potestativas: O evento futuro e incerto depende puramente da vontade de uma das partes.
São inválidas;
- Promíscuas: É a condição que nasce simplesmente potestativa e se invalida posteriormente. São
ineficazes;
- Simplesmente ou meramente potestativas: O evento futuro e incerto depende puramente da vontade
de uma das partes, não sendo arbitrária, já que essa vontade de uma das partes, por sua vez, depende
de um fator ou de um elemento externo. Em outras palavras, o implemento da condição depende de
uma das partes, mas também de outros fatores.

Art. 129. Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo
implemento for maliciosamente obstado pela parte a quem desfavorecer,
considerando-se, ao contrário, não verificada a condição maliciosamente levada a
efeito por aquele a quem aproveita o seu implemento.

Art. 130. Ao titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou


resolutiva, é permitido praticar os atos destinados a conservá-lo.

B) TERMO – O termo é o elemento acidental do negócio jurídico que faz com que a eficácia desse negócio
fique subordinada à ocorrência de evento futuro e certo. Pode ser:

a) Legal x convencional x de graça


∘ Legal - Estabelecido em lei;
∘ Convencional - Estabelecido pelas partes;
∘ De graça - É o termo judicial, ocorre usualmente nos acordos formalizados judicialmente, quando
o magistrado estabelece o prazo para pagamento.

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b) Inicial ou final
∘ Inicial - corresponde ao início da vigência do NJ - (Corresponde à lógica da condição suspensiva).
∘ Final - corresponde ao término da vigência do NJ - (Corresponde à lógica da condição resolutiva).

c) Certo ou incerto
∘ Certo - datas pré pactuadas. Sabe-se que irá ocorrer e quanto irá ocorrer
∘ Incerto- essa classificação do termo certo ou incerto não se refere à questão se irá ou não ocorrer
(pois é da essência do termo que se saiba que ele efetivamente irá ocorrer). Refere-se ao quando,
ao momento em que o termo irá se concretizar.

d) Essencial ou não essencial


∘ Termo Essencial - é aquele cuja inobservância afasta a utilidade da prestação para o credor, de
modo que a obrigação tem que ser cumprida naquela data. Exemplo do vestido de noiva a ser
entregue na data do casamento. Obviamente, trata-se de termo essencial, porque não interessa
à noiva receber o vestido uma semana após o casamento.
∘ Termo não essencial - o seu descumprimento não elide, não afasta a utilidade da prestação para
o credor, de modo que a obrigação pode ser cumprida posteriormente. Ex.: interessa ao locador
receber o aluguel ainda que atrasado.

Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito.

CONDIÇÃO TERMO
Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio Art. 131. O termo inicial suspende o exercício,
jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se mas não a aquisição do direito.
não verificar, não se terá adquirido o direito, a
que ele visa.
De acordo com o art. 125 (condição suspensiva), O evento é futuro e certo, razão pela qual, ainda
como a condição é evento futuro e incerto, não que não tenha havido a consumação do termo
há aquisição do direito visado no período de inicial, já há aquisição do direito, havendo
pendência. apenas a suspensão do exercício.

C) ENCARGO - O encargo ou modo é o elemento acidental do negócio jurídico que traz um ônus relacionado
com uma liberalidade. O encargo só acontece nos negócios jurídicos gratuitos. Geralmente, tem-se o
encargo na doação, testamento e legado.

Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo
quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como
condição suspensiva.

Art. 137. Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir
o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico.

• Regra - o encargo ilícito ou impossível é inexistente, não interferindo na eficácia do NJ (até porque o
encargo, em regra, é não suspensivo), salvo se a ilicitude for motivo determinante da liberalidade
(caso em que se invalida o NJ)
• Exceção - se a ilicitude for motivo determinante da liberalidade, o encargo será inválido (e não
inexistente). Ou seja, tanto o encargo como o NJ serão desconstituídos.
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 Ex.: o sujeito deixa 300 mil em favor de um amigo boêmio com o encargo de que o amigo
boêmio utilize o dinheiro para construir uma casa de prostituição. Fica claro que o ilícito
“construção da casa de prostituição” é o motivo determinante da liberalidade. Nesse caso, o
encargo será invalidante (cai o encargo e cai o testamento).

OBS.: O encargo pode ser estipulado em favor do próprio instituidor, de um terceiro o da coletividade
(encargo de interesse geral). No contrato de doação, havendo estipulação de encargo de interesse geral, o
Ministério Público terá legitimidade para exigir o seu cumprimento, depois da morte do doador, se este não
tiver feito (art. 553 do CC).

Vamos esquematizar?
CONDIÇÃO TERMO ENCARGO (ÔNUS)

O negócio depende de evento O negócio depende de evento Liberalidade + ônus.


futuro e incerto. futuro e certo.

Identificado pelas conjunções Identificado pela conjunção Identificado pelas conjunções


“se” ou “enquanto”. “enquanto”. “para que” e “com o fim de”.

Suspende (condição Suspende (termo inicial) ou NÃO suspende nem resolve a


suspensiva) ou resolve resolve (termo final) os eficácia do negócio.
(condição resolutiva) os efeitos do negócio jurídico. Não cumprido o encargo,
efeitos do negócio jurídico. cabe revogação da libera-
lidade.
A depender do encargo, será
possível exigir o seu
cumprimento.

Suspende a aquisição e o NÃO suspende a aquisição, NÃO suspende a aquisição


exercício do direito. mas suspende o exercício do nem o exercício do direito.
direito.

2.2 Representação

Está relacionada à incapacidade, servindo como instrumento jurídico por meio do qual alguém se
manifesta juridicamente em nome de outra pessoa. Pode ser:
• Legal: Nessa hipótese, a lei estabelecerá quais são os limites de atuação do representante. Tutela,
curatela, pais representando filhos;
• Convencional: Se aperfeiçoa com a procuração. O instrumento escrito estabelecerá quais são esses
poderes.

Art. 115. Os poderes de representação conferem-se por lei ou pelo interessado.

Art. 116. A manifestação de vontade pelo representante, nos limites de seus


poderes, produz efeitos em relação ao representado.

O negócio jurídico será anulável em duas hipóteses:


1) NJ que o representante celebrar consigo mesmo
2) NJ que haja conflito de interesses e terceiro tinha conhecimento de tal circunstância. – prazo
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decadencial de 180 dias contados da conclusão do NJ ou cessação da incapacidade.

Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico


que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo
mesmo.
Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o
negócio realizado por aquele em quem os poderes houverem sido
subestabelecidos.

Art. 118. O representante é obrigado a provar às pessoas, com quem tratar em


nome do representado, a sua qualidade e a extensão de seus poderes, sob pena de,
não o fazendo, responder pelos atos que a estes excederem.

Art. 119. É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de


interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de
quem com aquele tratou.
Parágrafo único. É de cento e oitenta dias, a contar da conclusão do negócio ou da
cessação da incapacidade, o prazo de decadência para pleitear-se a anulação
prevista neste artigo.

Art. 120. Os requisitos e os efeitos da representação legal são os estabelecidos nas


normas respectivas; os da representação voluntária são os da Parte Especial deste
Código.

2.3 Contagem dos prazos

Art. 132. Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os


prazos, excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento.
§ 1º Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo
até o seguinte dia útil.
§ 2º Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia.
§ 3º Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou
no imediato, se faltar exata correspondência.
§ 4 º Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto.

Art. 133. Nos testamentos, presume-se o prazo em favor do herdeiro, e, nos


contratos, em proveito do devedor, salvo, quanto a esses, se do teor do
instrumento, ou das circunstâncias, resultar que se estabeleceu a benefício do
credor, ou de ambos os contratantes.

Art. 134. Os negócios jurídicos entre vivos, sem prazo, são exequíveis desde logo,
salvo se a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de tempo.

3. DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO

Temos 2 espécies de defeitos:


• Vícios de consentimento - tem como característica básica a divergência entre a vontade declarada e
a vontade interna.
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• Vício social - há divergência entre a vontade declarada e o ordenamento jurídico.

O vício de consentimento se subdivide em 5 espécies:


1.1. Erro
1.2. Dolo
1.3. Coação
1.4. Estado de perigo
1.5. Lesão

VÍCIOS DE VONTADE VÍCIOS SOCIAIS

ERRO FRAUDE CONTRA CREDORES

DOLO SIMULAÇÃO

COAÇÃO

LESÃO

ESTADO DE PERIGO

OBS.: Todos os vícios de consentimento/vontade geram a ANULABILIDADE do negócio jurídico. Não geram
a nulidade!!!

3.1. Erro/Ignorância

O erro é a falsa percepção sobre a pessoa, o objeto ou o próprio negócio que se pratica.
Exige-se a espontaneidade, ou seja, o erro parte do próprio declarante (não pode ser induzido). Isso
porque, se a outra parte induz o declarante em erro, nós deixamos de ter erro e passamos ter dolo. Se quem
induz a parte em erro for um terceiro (ex.: um corretor), teremos dolo de terceiro (art. 148, CC).

Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade


emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência
normal, em face das circunstâncias do negócio.

Enunciado JDC12: Na sistemática do art. 138, é irrelevante ser ou não escusável o


erro, porque o dispositivo adota o princípio da confiança.

Para invalidar o negócio jurídico, o erro deve ser substancial, de modo que o erro meramente
acidental não ensejará a anulação. O erro substancial é aquele que recai sobre elementos decisivos à
celebração do negócio jurídico. Ou seja: é aquele sem o qual o negócio jurídico não teria sido praticado.

 Exemplo de erro substancial: sujeito supõe que o relógio é de ouro, quando, na verdade, era de
outro material muito inferior. Esse é um erro substancial, pois certamente ele não teria adquirido
o relógio por um preço tão alto se soubesse que não era de ouro.

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 Exemplo de erro não substancial: eu compro um veículo de luxo usado que vale 140 mil reais e eu
incido em erro sobre a rádio AM/FM que vale aproximadamente 100 reais. Eu não deixaria de
comprar o veículo se soubesse que a rádio era AM/FM.

O art. 139 traz as hipóteses em que o erro é substancial.


Art. 139. O erro é substancial quando:
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma
das qualidades a ele essenciais;
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a
declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único
ou principal do negócio jurídico.

CONCLUSÃO: O erro, para invalidar o NJ, precisa ser:


∘ Substancial
∘ Espontâneo
∘ Perceptível pela outra parte

Art. 140 - Falso motivo


• Em regra, o motivo não tem relevância jurídica, por se tratar de elemento subjetivo, elemento
psíquico.
• Exceção: art. 140, CC - O art. 140 prevê a anulação do negócio jurídico quando o falso motivo for a
razão determinante de forma expressa, a ponto de viciar a manifestação de vontade.

Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como
razão determinante.

Considerações importantes:
∘ Essa manifestação expressa do falso motivo não precisa ser necessariamente escrita, pode ser verbal.
∘ A manifestação expressa do falso motivo pode se dar na fase contratual ou pré-contratual.
∘ A exigência de estar expresso decorre justamente do fato de que o motivo é subjetivo.

 Ex.: eu faço doação em favor de fulano porque este salvou a vida do meu filho. Despois, descobre-se
que fulano não foi quem salvou a vida do meu filho. Temos um falso motivo que pode invalidar o
contrato de doação.
 Conclusão - o falso motivo, se estiver expresso como razão determinante para a celebração do
negócio jurídico, pode invalidar o NJ.

Art. 141 - transmissão errônea da vontade por meios interpostos.


Art. 141. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos
mesmos casos em que o é a declaração direta.

O dispositivo incide quando o declarante não se encontra na presença do declaratário. O fato de


haver meios interpostos não afasta a aplicação da sistemática do erro.
Esse meio interposto pode se dar de duas formas:
• Por interposta pessoa (figura do núncio ou mensageiro)
• Por meio de comunicação (e-mail, fax, whatsapp, telégrafo).

Art. 142 a 144 - inspiram-se no princípio da conservação dos atos e dos negócios jurídicos.
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NÃO viciará o negócio jurídico:


∘ Quando, havendo erro na indicação da pessoa, puder identificar a coisa ou pessoa cogitada pelo
contexto
∘ Quando a pessoa a quem se dirigir a manifestação de vontade se oferecer para executar o NJ de
acordo com a vontade real do manifestante
∘ Quando houver erro de cálculo – autoriza apenas a retificação, mas não a anulação.

Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração


de vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias,
se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada.
Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade.
Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a
quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na
conformidade da vontade real do manifestante.

3.2. Dolo

Espécies de dolo:

• Dolos Malus: É má intenção de induzir o outro a erro, é requisito para a caracterização do dolo, para
anular o negócio jurídico, é a vontade de obter vantagem indevida para si ou para outrem.

• Dolo bonus: Dolo tolerável das atividades negociais. Ex: utilizado em técnicas publicitárias.

• Dolo principal - é aquele que recai sobre elementos decisivos à celebração do NJ. Se não houvesse
o dolo, o NJ não teria sido praticado.
No dolo principal, há a indução ao erro por terceira pessoa, parte ou não do negócio jurídico. Há o
induzimento malicioso do contraente a erro, ou seja, a pessoa está sendo induzida a ter uma falsa percepção
da realidade.
Como o dolo recai sobre a substância da relação jurídica, se ele fosse conhecido, o negócio jurídico
não seria feito. É causa de anulabilidade.

Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.

ATENÇÃO: ERRO X DOLO:


Erro: O agente percebeu sozinho mal os fatos;
Dolo: A percepção errônea dos fatos foi induzida por outrem.

• Dolo acidental – recai sobre elementos desimportantes, não decisivos. Não há vício de
consentimento, pois o negócio jurídico seria realizado de qualquer forma (mesmo conhecendo a
realidade como um todo). Não acarreta a anulação do NJ, mas somente obriga a perdas e danos

Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental
quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo.

• Dolo negativo ou omissão dolosa

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Pode gerar ou dolo principal ou acidental, estando relacionado à boa-fé objetiva e dever de
informação. Só anula o negócio jurídico se influenciar de modo relevante sobre o mesmo;
O silêncio intencional da outra parte pode acarretar a anulação do NJ. Ex.: O sujeito vende um
apartamento e não diz que todos os dias de madrugada o vizinho ensaia com a sua banda de rock. Esse
silêncio intencional configura dolo por omissão, pois o sujeito omitiu uma informação determinante à
celebração do contrato.

Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes
a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão
dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.

• Dolo de terceiro: É necessário diferenciar:


∘ Se a pessoa que se aproveitou tinha conhecimento (houve conluio) – NJ pode ser anulado (o CC
não previu expressamente a responsabilidade solidária nesse caso).
∘ Se a pessoa que se aproveitou não tinha conhecimento – NJ deve subsistir, devendo o terceiro
responder por perdas e danos da parte enganada.

Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a
parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso
contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as
perdas e danos da parte a quem ludibriou.

CUIDADO! PEGADINHA! - O dispositivo diz que se a parte sabe ou deveria saber, o NJ será anulado. Imagine
que o examinador coloque dolo de terceiro acidental. Nesse caso, ainda que a outra parte saiba ou devesse
saber do dolo acidental do terceiro, não haverá invalidade, mas apenas perdas e danos devidos pelo terceiro
como por quem se aproveitou.

• Dolo do representante
∘ Se for representante legal – o representado só responde na medida do proveito que teve (em
homenagem à vedação ao enriquecimento sem causa)
∘ Se for representante convencional – há responsabilidade solidária entre representante e
representado, pois agiu com culpa in eligendo.

Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado
a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo
for do representante convencional, o representado responderá solidariamente
com ele por perdas e danos.

• Dolo bilateral ou dolo recíproco: É o dolo de ambas as partes. Ninguém pode alegá-lo, nos termos
do art. 150; (também denominado de ENANTIOMÓRFICO):

Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para
anular o negócio, ou reclamar indenização.

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3.3 Coação

É a violência psicológica apta a influenciar a vítima a realizar negócio jurídico que lhe é prejudicial.
Ressalta-se que a coação deve ser suficiente para acarretar FUNDADO TEMOR DE DANO à sua pessoa, família
ou bens.

a) Requisitos para a coação invalidar o negócio jurídico


• A ameaça deve ser a causa determinante da realização do negócio jurídico;
• A ameaça deve ser grave, ou seja, deve ser uma ameaça séria capaz de incutir temor na vítima: O
mero temor reverencial NÃO enseja anulação;
• A ameaça deve ser injusta, porque se a ameaça for feita por um exercício regular de direito, não há
qualquer invalidade do negócio jurídico. Inclusive, prevê o CC/02 que não se considera coação a
ameaça do exercício normal de um direito (artigo 153);
• A ameaça de dano deve ser eminente e atual à pessoa, familiares e amigos íntimos;
• A ameaça deve ser proporcional entre os bens.

Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao
paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua
família, ou aos seus bens.
Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do
paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação.

Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a


saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam
influir na gravidade dela.

b) NÃO se considera coação:


• Exercício legal do direito - Ex.: ameaça do exercício do direito de ação
• Temor reverencial – há uma relação especial de deferência, respeito. Há um impulso em não
desagradar. Ex.: Líder religioso e fiéis; patrão e empregados; filhos e pais.
 O simples temor reverencial não gera coação! Entretanto, se restar comprovado que o
empregador se valeu da sua posição de superioridade hierárquica para impor ao empregado
uma situação desvantajosa, obviamente haverá coação!

Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito,


nem o simples temor reverencial.

c) Coação física x moral:


• Coação Física (vis absoluta) - não há manifestação de vontade. Consequentemente, o negócio
jurídico é inexistente. Ex.: hipótese em que a pessoa, de maneira forçosa, coloca a digital do
analfabeto no instrumento. Não houve nenhuma manifestação de vontade.
• Coação Moral (vis compulsiva): há manifestação de vontade, mas viciada. A consequência é a
anulabilidade do negócio jurídico. Ex.: Manda o analfabeto colocar a digital pois, se não fizer, vai
matar suas filhas.

d) Coação determinada por terceiro:

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• Se o beneficiário sabia ou devesse saber - O negócio será anulado se o beneficiário em tal caso,
responderá solidariamente com o terceiro pelas perdas e danos.
• Se o beneficiário não sabia ou não tivesse como saber - o negócio é mantido e o terceiro responde
sozinho pelo perante o prejudicado.

Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou
devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá
solidariamente com aquele por perdas e danos.

Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a
parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da
coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto.

PEGADINHA DE PROVA!

Dolo de terceiro - a lei não prevê solidariedade passiva entre o terceiro que agiu com dolo e a parte contrária
que sabia do erro (art. 148).
Coação de terceiro - a lei prevê solidariedade passiva entre terceiro que coagiu e a parte contrária que sabia
da coação (art. 154).

Obs.: não há analogia entre o art. 148 e o art. 154 pois solidariedade não se presume!!!

Já caiu em prova e foi considerada CORRETA a seguinte alternativa: Vicia o negócio jurídico a coação exercida
por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá
solidariamente com aquele por perdas e danos

3.4. Estado de perigo

➢ DICA – lembrar de “estado de necessidade” do Direito Penal

Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade


de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte,
assume obrigação excessivamente onerosa.
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o
juiz decidirá segundo as circunstâncias.

No estado de perigo, alguém assume uma obrigação excessivamente onerosa diante da necessidade
de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte **

** A expressão grave dano conhecido pela outra parte consiste no dolo de


aproveitamento, que é premissa para a caracterização do estado de perigo.

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Ex: promessas exorbitantes de recompensa. A pessoa tem um filho num incêndio e oferece 2 milhões
de recompensa para quem salvar o filho. O terceiro realiza o salvamento e exige os 2 milhões. Nesse caso,
ele alegará estado de perigo, pois assumiu obrigação excessivamente onerosa diante uma necessidade de
salvar pessoa de sua família de um grave dano conhecido pela outra parte.
Enunciado JDC148: Ao “estado de perigo” (art. 156) aplica-se por analogia o
disposto no §2° do art. 157.

Art. 157, § 2 o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento


suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.

Obs.: O perigo putativo não afasta a incidência do estado de perigo!!! Ex.: Imagine que o sujeito
supõe ter um filho sequestrado. Ele tem um imóvel de 3 milhões e o pedido de recompensa é de 500 mil
reais. Então, diante da suposição de sequestro, ele vende o imóvel que vale 3 milhões por 500 mil reais.
(Lembrando que isso só funciona se o comprador também supõe a situação de perigo, para que haja o dolo
de aproveitamento). No entanto, o filho não havia sido sequestrado.
Nesse caso, cabe estado de perigo? O perigo putativo descaracteriza o instituto? R.: Cabe a alegação
de estado de perigo! Isso porque, no perigo putativo, o vício de consentimento é tão intenso quanto no
perigo real.
3.5. Lesão

É o prejuízo resultante da desproporção existente entre as prestações do negócio jurídico, em face


do abuso, da necessidade econômica ou inexperiência de um dos contratantes.
A lesão é uma balança desequilibrada e se inspira no princípio do equilíbrio econômico dos contratos.

Requisitos da lesão:
• Requisito Objetivo: É a desproporção manifesta - Relaciona-se com o desequilíbrio exagerado,
manifesto, desproporcional
 Essa desproporção manifesta deve ser congênita à celebração do contrato/deve ocorrer no
momento da declaração da vontade. Ou seja: na lesão, o contrato já nasce desequilibrado
(art. 157, §1, CC).
 No caso de desproporção manifesta superveniente, o instituto aplicável não é a lesão e sim
a onerosidade excessiva dos arts. 478 a 480, CC, podendo acarretar a revisão do contrato,
mas não a anulação.
• Requisito subjetivo: É necessidade ou inexperiência - É desnecessário o agente induzir a vítima à
prática do ato, nem requer a intenção de prejudicar. Basta que o agente se aproveite dessa situação
de inferioridade da vítima e aufira lucro desproporcional e anormal.

 Premente necessidade não é sinônima de necessidade econômica, mas sim de necessidade


contratual. Ex.: Imagine um sujeito milionário que percebe que perdeu a chave de casa, e
tem uma reunião em 1 hora. O chaveiro, percebendo o nervosismo do sujeito, cobra 1000
reais. O sujeito é rico e foi vítima de lesão diante de uma necessidade contratual, pouco
importando se esses 1000 reais é ou não um valor alto para o sujeito.

 A inexperiência não significa necessariamente falta de cultura ou falta de escolaridade. É


preciso analisar a inexperiência à luz do caso concreto.

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Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da
prestação oposta.
§ 1º Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao
tempo em que foi celebrado o negócio jurídico.
§ 2º Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento
suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.

Enunciados JDC:
Enunciado149: Em atenção ao princípio da conservação dos contratos, a verificação
da lesão deverá conduzir, sempre que possível, à revisão judicial do negócio jurídico
e não à sua anulação, sendo dever do magistrado incitar os contratantes a seguir as
regras do art. 157, § 2º, do Código Civil de 2002.

Enunciado 150: A lesão de que trata o art. 157 do Código Civil não exige dolo de
aproveitamento.

Enunciado 290: A lesão acarretará a anulação do negócio jurídico quando


verificada, na formação deste, a desproporção manifesta entre as prestações
assumidas pelas partes, não se presumindo a premente necessidade ou a
inexperiência do lesado.

Enunciado 291: Nas hipóteses de lesão previstas no art. 157 do Código Civil, pode
o lesionado optar por não pleitear a anulação do negócio jurídico, deduzindo, desde
logo, pretensão com vista à revisão judicial do negócio por meio da redução do
proveito do lesionador ou do complemento do preço.

Enunciado 410: A inexperiência a que se refere o art. 157 não deve


necessariamente significar imaturidade ou desconhecimento em relação à prática
de negócios jurídicos em geral, podendo ocorrer também quando o lesado, ainda
que estipule contratos costumeiramente, não tenha conhecimento específico
sobre o negócio em causa.

 Quais as principais diferenças entre lesão e estado de perigo?



ESTADO DE PERIGO LESÃO
• Em ambos há prestações desproporcionais e excessiva onerosidade.
• Em ambos o contrato nasceu desequilibrado.
O que está em jogo é a vida ou integridade física O que está em jogo é uma necessidade contratual
 Salvar a si próprio ou outra pessoa ou inexperiência.
 De grave dano  Premente necessidade
 Inexperiência

Exige o dolo de aproveitamento (a outra parte tem Independe de dolo de aproveitamento (Enunciado
que ter ciência) 150, CJF)
Aplica-se a negócios jurídicos em geral. Aplica-se exclusivamente a contratos bilaterais. Isso
porque, na parte final do art.157, diz que essa

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proporção se dá necessariamente no cotejo entre


prestações recíprocas e só temos prestações
recíprocas nos contratos bilaterais.

3.6 Fraude contra credores

É vicio social e consiste na prática de um ato de disposição patrimonial pelo devedor, com o propósito
de prejudicar os credores, em razão da diminuição ou esvaziamento do patrimônio daquele. O sujeito declara
exatamente a vontade que quer declarar, os seus efeitos jurídicos, embora não sejam ocultos, acarretam
prejuízo a credor.

Segundo o STJ5, A ocorrência de fraude contra credores exige:


a) A anterioridade do crédito;
b) A comprovação de prejuízo ao credor (eventus damni) - Só há prejuízo aos credores se o
ato de disposição patrimonial gerar insolvência ou agravar eventual insolvência pré-
existente.
c) O conhecimento, pelo terceiro adquirente, do estado de insolvência do devedor (scientia
fraudis ou consilium fraudis).

Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os


praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando
o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos
seus direitos.
§ 1 o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente.
§ 2 o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a
anulação deles. [anterioridade do crédito]

Obs.: A expressão “transmissão gratuita” não se restringe à doação. É preciso


interpretar de forma ampla, no sentido de que qualquer ato de liberalidade que
induza o devedor à insolvência atrai a incidência do art. 158, do CC. Ex.: renúncia à
herança.

Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente,


quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro
contratante.

Art. 160. Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o
preço e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á depositando-o em
juízo, com a citação de todos os interessados.
Parágrafo único. Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, poderá depositar
o preço que lhes corresponda ao valor real.

5
STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1294462/GO, Rel. Min. Lázaro Guimarães (Desembargador Convocado do TRF 5ª
Região), julgado em 20/03/2018
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Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intentada contra o
devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada
fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé.

Art. 162. O credor quirografário, que receber do devedor insolvente o pagamento


da dívida ainda não vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo sobre
que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu.
Art. 163. Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias
de dívidas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor.

Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários


indispensáveis à manutenção de estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou
à subsistência do devedor e de sua família.

Art. 165. Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em


proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores.
Parágrafo único. Se esses negócios tinham por único objeto atribuir direitos
preferenciais, mediante hipoteca, penhor ou anticrese, sua invalidade importará
somente na anulação da preferência ajustada.

OBS.: Não pode a fraude contra credores ser reconhecida em sede de embargos de terceiros Fundamentos:
∘ A via adequada para o reconhecimento da fraude contra credores é a ação pauliana;
∘ Os embargos de terceiro não têm natureza dúplice;
∘ Economia processual.

Súmula 195, STJ - Em embargos de terceiro não se anula ato jurídico, por fraude
contra credores.

*ATENÇÃO: NÃO SE CONFUNDE COM FRAUDE À EXECUÇÃO:

FRAUDE CONTRA CREDORES FRAUDE À EXECUÇÃO

Instituto de direito material Instituto de direito processual

Atos praticados pelo devedor, proprietário de bens ou Ato cometido em fraude à execução é válido,
direitos, a título gratuito ou oneroso, para prejudicar porém ineficaz perante o credor.
credor futuramente.

Requisitos: Dispensa prova do consilium fraudis sendo a


intenção fraudulentamente presumida.
a) Eventus damni (objetivo): A alienação tenha conduzido
a uma diminuição do patrimônio do devedor, piorado ou
criado situação de insolvência.
b) Consilium fraudis (subjetivo): Intenção do devedor em
praticar a sua insolvência (redução patrimonial até a
insolvência).

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O ato de disposição for posterior à propositura da ação, O ato de disposição patrimonial se dá na


mas anterior à citação. pendência de ação judicial (depois da
citação)
Anulação: Requer propositura de AÇÃO PAULIANA OU Pode ser declarada no processo, com eficácia
REVOCATÓRIA, em que o bem retorna ao patrimônio do ex tunc.
devedor depois de julgada procedente a ação.

3.7 Simulação

Na simulação, o sujeito declara exatamente a vontade que queria declarar, entretanto para essa
declaração a lei reserva um determinado efeito jurídico, não pretendido pelo sujeito. Há divergência
intencional entre a vontade e a celebração.

Em outras palavras: na simulação, há uma situação de mera aparência negocial criada


intencionalmente pelas partes em conluio.

Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se
válido for na substância e na forma.

§ 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:


I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais
realmente se conferem, ou transmitem;
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.
§ 2º Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do
negócio jurídico simulado.

a) Requisitos da simulação:
• Declaração de vontade enganosa;
• Conluio com o declaratário;
• Objetivo de enganar terceiro (Atenção! A expressão “enganar” é mais apropriada do que a expressão
“prejudicar”, pois na simulação inocente não há objetivo de prejudicar terceiro).

b) Simulação absoluta x relativa:


• Simulação absoluta: O negócio jurídico é totalmente distinto do que está expresso, em que as partes
criam um negócio jurídico destinado a não gerar efeito nenhum.
 Ou seja: há apenas o negócio jurídico simulado (que é o NJ aparente). As partes declaram
que estão celebrando o NJ X, quando, em verdade, não estão celebrando negócio algum.
• Simulação relativa ou dissimulação: O negócio jurídico esconde um outro negócio jurídico, cujo efeito
é proibido por lei.
 Ou seja: há um negócio simulado (negócio aparente, aquele declarado pelas partes), mas há
também o negócio dissimulado (negócio que as partes efetivamente pretendem celebrar).

* ATENÇÃO: O negócio jurídico simulado é nulo, mas o negócio jurídico dissimulado pode ser válido,
desde que preenchidos os requisitos substanciais e formais de validade deste.

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c) Simulação maliciosa x inocente:


• Simulação maliciosa: tem por objetivo atingir interesses juridicamente protegidos de terceiro. É a
regra!!!

• Simulação inocente - não há o atingimento de interesses juridicamente protegidos de terceiros. Ex.:


O sujeito, que é solteiro e não tem herdeiros necessários, é um artista famoso e tem uma namorada
em sigilo. Gostaria de fazer uma doação para a namorada, mas, se fizer, o relacionamento vem à
tona. Então, fazem uma compra e venda que busca esconder a doação. O único objetivo é preservar
o sigilo do relacionamento, não havendo o atingimento de nenhum interesse juridicamente
protegido de terceiros

Enunciados pertinentes:
Enunciado JDC152: Toda simulação, inclusive a inocente, é invalidante.

Enunciado JDC 153: Na simulação relativa, o negócio jurídico (aparente) é nulo, mas
a dissimulado será válido se não ofender a lei nem causar prejuízos a terceiros.

Enunciado JDC293: na simulação relativa, o aproveitamento do negócio jurídico


dissimulado não decorre tão-somente do afastamento do negócio jurídico
simulado, mas do necessário preenchimento de todos os requisitos substanciais e
formais de validade daquele.

Enunciado JCD294: Sendo a simulação uma causa de nulidade do negócio jurídico,


pode ser alegado por uma das partes contra a outra.

Enunciado JDC578: Sendo a simulação causa de nulidade do negócio jurídico, sua


alegação Enunciado prescinde de ação própria.

CAIU EM CONCURSO

→ FUMARC – PCMG/2021 – Delegado de Polícia: A. é casado com S. pelo regime da comunhão universal de
bens. A. tornou-se amante de M. e deseja doar para ela um apartamento de propriedade dele, no valor de
R$1.000.000,00. Combinou com seu amigo F. a outorga de escritura de compra e venda, porque assim S.
concordaria com a alienação. F. nada pagaria e assumiu a obrigação de transferir em doação o imóvel para
M. As duas escrituras públicas foram lavradas na mesma data, porém, em tabelionatos de notas diferentes.
Os dois negócios jurídicos noticiados são
(A) anuláveis por fraude contra credores.
(B) nulos por simulação.
(C) nulos por vício de forma.
(D) válidos porque aplicável o princípio da conversão substancial.

Resposta: A alternativa ‘B’ está correta.

4. INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO

A invalidade é gênero que tem como espécies:


✓ Nulidade – nulidade absoluta
✓ Anulabilidade – nulidade relativa.

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NULIDADE ABSOLUTA NULIDADE RELATIVA OU ANULABILIDADE


1. Viola interesse público. 1. Viola interesse particular

2. Pode ser suscitada por qualquer interessado, 2. Art. 133: só pode ser suscitada pelo interessado.
pelo MP e deve ser reconhecida de ofício pelo (Não pode o MP e não pode o juiz de ofício)
juiz
Exceção: casamento. No caso de nulidade do
casamento, precisa de ação própria.
3. É irratificável (art. 169, 1ª parte). Ou seja, não 3. É ratificável (art. 172), ou seja, ela é passível de
é passível de confirmação. confirmação. A ratificação convalida um negócio jurídico
anulável.
4. Efeitos ex tunc. A sentença que reconhece a 4. Quanto aos efeitos, temos controvérsia:
nulidade absoluta produz efeitos ex tunc. 1° - continua defendendo a produção de efeitos ex nunc
(art. 177, 1ª parte).
2° - o reconhecimento da anulabilidade também produz
efeitos ex tunc. Defende que a produção de efeitos ex nunc
é insuficiente para a proteção da livre manifestação de
vontade (art. 182, CC).

OBS.: INEXISTÊNCIA/NEGÓCIO JURÍDICO INEXISTENTE


Para doutrina majoritária, como não há previsão legal quanto à inexistência do negócio jurídico, a
teoria da inexistência não foi adotada expressamente pela novel codificação. Isso se justifica em razão do o
art. 104 do CC/02, que trata diretamente do plano da validade, de modo que, implicitamente, o plano da
existência estaria inserido no plano da validade do negócio jurídico.
São inexistentes os negócios jurídicos que não apresentam os elementos que formam o suporte
fático: partes, vontade, objeto e forma.
O negócio jurídico inexistente não gera efeitos no âmbito jurídico, pois não preencheu os seus
requisitos mínimos, constantes do seu plano de existência.

CAIU EM CONCURSO

→ FUMARC – PCMG/2021 – Delegado de Polícia: X. elaborou contrato escrito de locação de imóvel cujo
proprietário é D., que sequer conhece X. D. foi indicado como sendo locador e sua assinatura foi
grosseiramente falsificada por X. Os fatos relatados revelam que o negócio jurídico:

I. é inexistente.
II. tem existência material.
III. é ineficaz.
IV. tem existência material e eficácia.

São CORRETAS apenas as assertivas:


(A) I e III.
(B) I e IV.
(C) II e III.
(D) II e IV.

Resposta: A alternativa ‘A’ está correta.

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4.1 Nulidade absoluta


As hipóteses de nulidade absoluta estão previstas no art. 166 e 167 do CC. Veja:

Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:


I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua
validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar
sanção.
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se
válido for na substância e na forma.

Conforme Enunciado n. 537, da VI Jornada de Direito Civil, há a preservação dos negócios jurídicos
para as partes que agiram de boa-fé: “A previsão contida no art. 169 não impossibilita que, excepcionalmente,
negócios jurídicos nulos produzam efeitos a serem preservados quando justificados por interesses
merecedores de tutela”.

a) Hipóteses que acarretam a nulidade do negócio jurídico


• Inciso I – celebrado por pessoa absolutamente incapaz – menores de 16 anos
∘ NJ celebrado por absolutamente incapaz - nulo
∘ NJ celebrado por relativamente incapaz – anulável

• Inciso II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto

• Inciso III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;


∘ Regra- o motivo não tem repercussão jurídica.
∘ Exceção – o motivo será causa de nulidade absoluta, desde que:
(1) Ilícito
(2) Determinante
(3) Comum a ambas as partes.

O motivo determinante constitui nas razões subjetivas que levam determinada pessoa a realizar uma
conduta. Quando o motivo é ilícito e comum a ambas as partes, ele acaba integrando o próprio conteúdo do
contrato. Passa a ser objeto dele.
 Ex. (1): mútuo para jogo proibido.
 Ex. (2): Locação para casa de prostituição
 Ex. (3): Doação para recompensar a prática de ato ilícito.
Exemplos de motivo com relevância jurídica:
 Art. 137, CC/02 - Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo
determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico.
 Art. 140, CC/02 - O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão
determinante.

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• Inciso IV e IV
O art. 166, IV prevê nulidade se o NJ não observar a forma prescrita em lei. Trata-se da inobservância
da forma. Forma é o meio pelo qual se exterioriza a vontade. Em alguns casos, como no da fiança (art. 819,
CC), o legislador exige forma escrita. Em alguns casos, a vontade deve ser exteriorizada por instrumento
público ou particular.
O art. 166, V prevê nulidade se não observar a solenidade. Entende-se essa solenidade como
solenidade que não envolva veículo pelo qual as partes exteriorizam a vontade. (O veículo pelo qual a
vontade é externada entra no inciso IV.).

• Inciso VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;


É da essência da fraude à lei que haja uma aparência de licitude. Ou seja: o ato praticado em fraude
à lei encontra aparente resguardo em determinada regra positivada. Porém, mediante interpretação
sistemática, é possível constatar que tal ato atinge outros interesses protegidos pelo sistema. Dessa forma,
só é possível constatar a fraude à lei mediante interpretação sistemática.
Obs.1: Não há violação frontal ao ordenamento jurídico. Se houver, será ato ilícito.
Obs.2: É diferente de abuso de direito – em que não há vedação em lei, mas também não há
expressamente uma autorização prevista em regra jurídica. Trabalha-se com a ideia de lacuna.

• Inciso VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
∘ Primeira parte: nulidade expressa ou textual. (O rol não é taxativo).
∘ Segunda parte: “Quando a lei proíbe a prática sem cominar sanção” – nulidade implícita ou virtual.
O legislador vai dizer que “não pode”, “não deve”, mas não diz textualmente se a hipótese de
nulidade ou anulabilidade.
b) Legitimidade
• Qualquer interessado
• Ministério Público
• Juiz de ofício

Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer
interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir.
Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer
do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo
permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes.

c) Prazo para requerer a nulidade


Trata-se de vício não convalidável, razão pela qual o negócio jurídico não é suscetível de confirmação,
nem convalesce pelo decurso do tempo (o ato nulo é imprescritível).

Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce
pelo decurso do tempo.

Enunciado 536, CJF. Se alguém ingressa com pedido de nulidade do contrato


combinado com perdas e danos, o reconhecimento de nulidade é imprescritível,
mas a pretensão de perdas e danos pode esbarrar na consumação da prescrição.

d) Conversão do ato nulo

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Trata-se de uma medida sanatória por meio da qual são aproveitados os elementos materiais de um
negócio jurídico nulo, convertendo-o em outro negócio jurídico válido e de fins lícitos. Há uma
recategorização do negócio jurídico com base no princípio da Conservação do atos e negócios jurídicos.

Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro,
subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam
querido, se houvessem previsto a nulidade.

Requisitos:
• Nulidade do NJ celebrado
• Pluralidade de possibilidades – as partes optaram pelo negócio jurídico “A” em detrimento de
inúmeros outros
• Compatibilidade de vontades

Espécies:
• Conversão material ou substancial – Gera alteração na substância na natureza do NJ celebrado (art.
170, CC/02)
• Conversão formal – Para a doutrina, não representa verdadeira conversão porque não há mudança
na qualificação jurídica, não gera alteração na substancia do negócio, mas somente na forma.

CESPE/2020 – Caso um negócio jurídico nulo contenha premissas que sustentem outro negócio, este poderá
subsistir desde que seja verificado que o desejo inicial das partes ficará preservado. Item correto.

4.2 Nulidade relativa ou Anulabilidade

São atos com vícios que admitem a confirmação, expressa ou tácita, resguardando-se os direitos de
terceiros.

Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio
jurídico:
I - Por incapacidade relativa do agente;
II - Por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude
contra credores.

a) São causas gerais de anulabilidade:


• Incapacidade relativa

Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma
obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela
outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior.

Art. 181. Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um
incapaz, se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga.

• Defeitos do negócio jurídico: erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude.
b) Legitimidade

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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

SEMANA 04/30

Art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se
pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente
aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade.

Somente às partes e interessados poderão suscitar a anulabilidade, não sendo possível ao juiz
conhecê-la de ofício ou ao Parquet suscitá-la quando tiver de intervir no processo.
• Somente a pessoa juridicamente interessada poderá promover a anulação negocial;
• O juiz não pode conhecer a anulabilidade de ofício, nem o Ministério Público pode suscitá-la.

c) Ratificação pelas partes


A anulabilidade é passível de ratificação, de confirmação, que se opera sempre com efeitos ex tunc
na mesma relação jurídica.

Essa ratificação pode ser expressa ou tácita.


• Ratificação expressa - as próprias partes confirmam o ato anulável. Tem previsão nos arts. 172, 173
e 176.

Art. 172. O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de
terceiro.
Art. 173. O ato de confirmação deve conter a substância do negócio celebrado e a
vontade expressa de mantê-lo.
Art. 176. Quando a anulabilidade do ato resultar da falta de autorização de terceiro,
será validado se este a der posteriormente.

• Ratificação tácita - pode se dar de duas maneiras: art. 174 e 178, do CC:
∘ Art. 174: se mesmo depois de ciente do vício, a parte cumpre a prestação, total ou parcialmente,
ela está ratificando tacitamente o ato.
∘ Art. 178: deixa transcorrer o prazo decadencial (de 4 anos, em regra).

Art. 174. É escusada a confirmação expressa, quando o negócio já foi cumprido em


parte pelo devedor, ciente do vício que o inquinava.

d) Prazo decadencial
O negócio existe e gera efeitos concretos até que sobrevenha a declaração de invalidação, que deve
ser pleiteada, em regra, no prazo decadencial de 4 anos.
• Regra: 04 (quatro) anos, nos termos do art. 178, do CC/02;
• Se a lei dispuser que determinado ato é anulável sem estabelecer prazo para pleitear-lhe a anulação,
considerar-se-á que o prazo será de dois anos, contados a partir da data da conclusão do ato ou do
negócio jurídico (art. 179, CC).
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do
negócio jurídico, contado:
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em
que se realizou o negócio jurídico;
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.

Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer
prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da
conclusão do ato.
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CAUSAS GERAIS DE ANULABILIDADE CAUSAS ESPECÍFICAS DE ANULABILIDADE


Art. 178, CC/02 - Prazo decadencial de 4 anos. Regra – prazo especial estabelecido na lei

I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; Silêncio legal – prazo de 2 anos, art. 179, CC/02
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado
de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado
negócio jurídico; ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a se a anulação, será este de dois anos, a contar da
incapacidade. data da conclusão do ato.

4.3 Efeitos da anulação:

Anulado o NJ (nulidade ou anulabilidade), temos status quo antes, salvo se houver impossibilidade
do status quo antes. Não sendo possível o status quo antes, perdas e danos.

Art. 182. Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que


antes dele se achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o
equivalente.

• Invalidade do instrumento:

Art. 183. A invalidade do instrumento não induz a do negócio jurídico sempre que
este puder provar-se por outro meio.

• Redução do negócio jurídico: Na redução do NJ, não há mudança na qualificação jurídica – é,


inclusive, da essência da redução, que não haja mudança da qualificação jurídica, e sim mera
limitação interpretativa. Ex.: Um contrato tem 50 cláusulas e duas delas são nulas. Isso não gera
invalidade por completo do contrato. É possível que o contrato seja interpretado à luz das 48
cláusulas remanescentes.

Art. 184. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio


jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da
obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a
da obrigação principal.

5. PRESCRIÇÃO

A diferença essencial entre prescrição e decadência resulta da distinção entre direito subjetivo e
direito potestativo. A prescrição está associada aos direitos subjetivos e a decadência está associada aos
direitos potestativos.
Assim, em havendo prazo fixado para o exercício da escolha (direito potestativo), esse prazo tem
natureza decadencial, ao passo que o prazo do credor para exigir a prestação escolhida tem natureza
prescricional, pois estamos diante de um direito subjetivo.

5.1 Prescrição

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a) Conceito e natureza jurídica


Prescrição é a extinção de uma pretensão, pelo o seu não exercício no prazo legal, originada em
virtude do descumprimento de um dever legal, acarretando a violação de um direito subjetivo.
A pretensão nasce da violação do direito subjetivo.
Tem natureza Jurídica de Fato jurídico em sentido estrito.

Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela
prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.
b) Requisitos da prescrição:
• Existência de pretensão exercitável
• Inércia do titular da pretensão pelo seu não-exercício.
• Continuidade dessa inércia durante um certo lapso de tempo.
• Ausência de algum fato ou ato a que a lei atribua eficácia impeditiva, suspensiva ou interruptiva do
curso prescricional.

c) Prescrição das exceções – art. 190, CC/02:

Art. 190. A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão.

• Exceções propriamente ditas - são aquelas que só podem ser arguidas como matéria de defesa. (É
normalmente a regra). Exemplos: exceção de coisa julgada, exceção de litispendência, exceção de
pagamento. Ninguém vai alegar coisa julgada, litispendência ou pagamento se não for cobrado, se
não for demandado.
• Exceções impróprias - as exceções impróprias são aquelas que poderiam e deveriam ter sido arguidas
por meio de ação autônoma.

Só se aplica o art. 190 às exceções impróprias, porque nelas temos uma tese defensiva que resulta
de uma pretensão que deveria ter sido exercida por meio de ação autônoma. Se ela não foi exercida dentro
do prazo prescricional, o sujeito não pode alegar aquela pretensão como matéria de defesa.

Portanto, são as exceções impróprias que prescrevem no mesmo tempo que a pretensão.

Enunciado 415, CJF - O art. 190 do Código Civil refere-se apenas às exceções
impróprias (dependentes/não autônomas). As exceções propriamente ditas
(independentes/autônomas) são imprescritíveis.

d) Renúncia da prescrição
Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo
feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a
renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a
prescrição.

Considerações importantes:
• A renúncia da prescrição não pode prejudicar terceiro
• Titulares de direitos indisponíveis não podem renunciar a prescrição que se opera a seu favor.

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• A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita - Exemplo de renúncia tácita: depois de já
consumada a prescrição, o devedor exerce conduta incompatível com a vontade de ver a prescrição
reconhecida.
• É vedada a renúncia antecipada da prescrição - Ou seja, só admite a renúncia da prescrição depois de
consumado o prazo prescricional.

e) Prazo e Legitimidade
Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes.

Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte
a quem aproveita.

Os prazos prescricionais são prazos legais, ou seja, estão sempre previstos em lei, de modo que eles
NÃO PODEM ser alterados pela vontade das partes.
Os prazos prescricionais estão estabelecidos no art. 205, art. 206 e em leis extravagantes.
 Art. 205, CC/02 – prazo geral (10 anos)
 Art. 206, CC/02 – prazos especiais (1, 2, 3, 4 e 5 anos)
 Leis extravagantes – princípio da especialidade.

CESPE/2020 - As partes podem alterar, por acordo, os prazos de prescrição, inclusive mediante renúncia
expressa ou tácita. Item incorreto.
Em regra, o prazo prescricional começa a fluir quando se consuma a lesão ao direito subjetivo. Ex.:
crédito que vence no dia 5 e não é pago, o prazo prescricional começa a fluir a partir do dia 6, quando se
consuma a lesão ao direito subjetivo de crédito.

Enunciado 14, CJF - 1) O início do prazo prescricional ocorre com o surgimento da


pretensão, que decorre da exigibilidade do direito subjetivo (consumação da lesão
ao direito subjetivo); 2) o art. 189 diz respeito a casos em que a pretensão nasce
imediatamente após a violação do direito absoluto ou da obrigação de não fazer.

A prescrição pode ser alegada e reconhecida:


• A qualquer tempo
• Em qualquer grau de jurisdição (pela parte a quem aproveita)
• De ofício (matéria de ordem pública)

STJ - Em sede de REsp e RE, é possível conhecer de ofício a prescrição mesmo


quando não alegada pela parte

OBS.: Prazo prescricional e direitos da personalidade: Os direitos da personalidade são


imprescritíveis, ou seja, podem ser exercidos a qualquer tempo. No entanto, eventuais reflexos patrimoniais
decorrentes dos direitos da personalidade, prescrevem.

Súmula 149 do STF: “É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas


não o é a de petição de herança”.

 Perceba que petição de herança é reflexo patrimonial.

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5.2 Fatos preclusivos da prescrição: causas de impedimento, suspensão ou interrupção da prescrição

(1) Impedimento da prescrição - o prazo sequer se inicia.

(2) Suspensão da prescrição - o prazo se inicia, se suspende e, quando retorna, leva-se em conta o
período anteriormente transcorrido.

(3) Interrupção da prescrição - o prazo se inicia, se interrompe e, quando retorna, volta do zero, ou seja,
não se leva em conta o período anteriormente transcorrido.

(1) CAUSAS DE IMPEDIMENTO OU SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO:


As causas de impedimento e de suspensão são as mesmas, diferenciando-se apenas quanto ao
momento da ocorrência (arts. 197 a 201, do CC). Assim, haverá impedimento ou suspensão dependendo do
momento em que essas causas venham se concretizar.

Art. 197. Não corre a prescrição:


I - Entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;
II - Entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela.

• Inciso I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal:

É incontroverso que a regra também se aplica à união estável (enunciado 296, do CJF), pois o objetivo
da regra é preservar a paz familiar e, na medida em que a união estável é elegida ao status de família, nos
mesmos moldes do casamento (art. 226, CF/88).

Enunciado 296 - Não corre a prescrição entre os companheiros, na constância da


união estável.

A separação de fato por tempo razoável mitiga a regra do art. 197, I, do Código
Civil. O art. 197, I, do Código Civil prevê que “não corre a prescrição entre os
cônjuges, na constância da sociedade conjugal”. Se os cônjuges estão separados há
muitos anos,não se deve aplicar a regra do art. 197, I, do CC. Mesmo não estando
prevista no rol do art. 1.571 do CC, a separação de fato muito prolongada, ou por
tempo razoável, também pode ser considerada como causa de dissolução da
sociedade conjugal e, em assim sendo, não tem o condão de impedir a natural
fluência do prazo prescricional da pretensão de partilha de bens de ex-cônjuges.
Caso concreto: a pretensão de partilha de bem comum após mais de 30 anos da
separação de fato e da partilha amigável dos bens comuns do ex-casal está
fulminada pela prescrição. STJ. 3ª Turma. REsp 1660947-TO, Rel. Min. Moura
Ribeiro, julgado em 05/11/2019 (Info 660).

• Inciso II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;


Logo, se houver o atingimento da maioridade, emancipação e adoção (adoção nas hipóteses em que
é cumulada com a destituição do poder familiar), por exemplo, o prazo volta a fluir.
Conclusão: o prazo volta a fluir nas seguintes hipóteses:
1) Atingimento da maioridade
2) Emancipação
3) Adoção com a destituição do poder familiar
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• Inciso III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela.

Art. 198. Também não corre a prescrição:


I - contra os incapazes de que trata o art. 3º;
II - Contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios;
III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.

• Inciso I - contra os incapazes de que trata o art. 3º

Prazo prescricional e absolutamente incapazes:


Não corre prescrição contra absolutamente incapaz, de modo que, ainda que haja inércia do
assistente ou representante legal, não haverá consumação da prescrição em detrimento do absolutamente
incapaz.
Perceba que não corre prescrição contra o incapaz, mas, a princípio, corre a favor, pois o objetivo é
a proteção dos absolutamente incapazes.

Prazo prescricional e relativamente incapazes:


Os relativamente incapazes atuam no cenário jurídico por meio de seus respectivos assistentes. A
pessoa jurídica, por sua vez, atua por meio de seu representante legal.
Assim, pode ser que a inércia do assistente dê causa a uma prescrição de uma pretensão do
relativamente incapaz, assim como pode ser que a inércia do representante legal dê causa à consumação da
prescrição de uma pretensão da pessoa jurídica.
O art. 195, CC prevê responsabilidade civil nesses casos. Ou seja, se houver desídia do representante
legal ou do assistente dando origem à prescrição, os prejudicados têm pretensão ressarcitória em face
daqueles que atuaram de maneira negligente.
Trata-se de responsabilidade civil subjetiva do assistente ou representante legal, devendo
demonstrar dolo ou culpa.

Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus
assistentes ou representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a
alegarem oportunamente.

• Inciso II - Contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios

É pacífico o entendimento de que a regra também se aplica no caso do Distrito Federal

• Inciso III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.

Essa regra é aplicada tanto para civil quanto para militar, desde que o sujeito esteja servindo nas
Forças Armadas em tempo de guerra

Art. 199. Não corre igualmente a prescrição:


I - Pendendo condição suspensiva;
II - Não estando vencido o prazo;
III - pendendo ação de evicção.

• Inciso I - Pendendo condição suspensiva


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Entenda: Se ainda há pendência da condição suspensiva, não há sequer aquisição do direito visado.
E se não há sequer aquisição do direito visado, não há lesão ao direito subjetivo, de modo que não temos os
pressupostos mínimos para que o prazo prescricional comece a fluir.

• Inciso II - Não estando vencido o prazo


Não corre prescrição se não estiver vencido o prazo, justamente porque, se o prazo não está vencido,
não há consumação da lesão ao direito subjetivo.

• Inciso III - pendendo ação de evicção.


Entenda como funciona a evicção: O sujeito é vítima de furto ou roubo de um veículo. O meliante
transfere o carro para o A, que transfere para o B, que transfere para o C, que transfere para o D. O evictor
é o verdadeiro proprietário que foi vítima do furto. O evictor irá mover ação em face do evicto, que é o último
da cadeira sucessória (suposto atual proprietário).
Assim, enquanto houver a pendência dessa ação do evictor contra o evicto, não há prazo de
prescrição fluindo entre evicto e alienante, porque há uma flagrante relação de prejudicialidade. É flagrante
a relação de prejudicialidade entre a ação movida pelo evictor em face do evicto e a eventual ação ou
pretensão movida pelo evicto em face do alienante.

Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição
antes da respectiva sentença definitiva.

É premissa, à aplicação do dispositivo, que haja inquérito policial ou ação penal em curso. E, uma vez
instaurado IP ou deflagrada ação penal, aquele prazo prescricional no cível que teria começado a fluir vai se
suspender.

O Código Civil prevê a suspensão do prazo prescricional para a ação de reparação


civil (ação de indenização) se o fato estiver sendo apurado no juízo criminal. Veja:
Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal,
não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva. Segundo a
jurisprudência do STJ, só deve ser aplicado o art. 200 do CC se já foi instaurado
inquérito policial ou proposta ação penal. Se o fato não será apurado no juízo
criminal, não há sentido do prazo prescricional da ação cível ficar suspenso, até
mesmo porque ficaria para sempre suspenso, já que, se não há ação penal, não
haverá nunca sentença penal. STJ. 3ª Turma. REsp 1180237-MT, Rel. Min. Paulo de
Tarso Sanseverino, julgado em 19/6/2012 (Info 500).

Já caiu em prova e foi considerada INCORRETA a seguinte alternativa: Quando a ação se originar de fato que
deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva, ainda
que não tenha sido instaurado inquérito policial ou proposta ação penal.

Prazo prescricional e sucessão


Na sucessão, há a mudança subjetiva em um dos polos da relação obrigacional sem alteração nos
demais elementos da relação jurídica. Nesse sentido, temos que:
• A prescrição continua a correr contra o novo sucessor.
• Não há extinção da relação jurídica existente. Há apenas mudança subjetiva no polo da relação
obrigacional.

Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu
sucessor.
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 E se o sucessor for pessoa absolutamente incapaz?


Exemplo: Imagine que o prazo de prescrição aplicável é de 5 anos. Na iminência de se consumar o
prazo de prescrição, o credor falece. O credor transfere imediatamente o seu direito de crédito a H1, H2 e
H3, sendo que H1 tem 12 anos de idade, ou seja, é absolutamente incapaz. A suspensão do prazo
prescricional em relação a H1 beneficia H2 e H3?
R.: Aplica-se por analogia o art. 201, parte final, do CC. Na medida em que a herança é indivisível, a
suspensão da prescrição operada em favor de H1 beneficia H2 e H3. Assim, o prazo volta a fluir quando H1
atingir os 16 anos, porque não corre prescrição contra ABSOLUTAMENTE incapaz, mas corre prescrição
contra relativamente incapaz.

Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só


aproveitam os outros se a obrigação for indivisível.
(2) CAUSAS INTERRUPTIVAS DA PRESCRIÇÃO
Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-
se-á:
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o
interessado a promover no prazo e na forma da lei processual;
II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;
III - por protesto cambial;
IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso
de credores;
V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe
reconhecimento do direito pelo devedor.
Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a
interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper.

Art. 203. A prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado.

a) Considerações importantes:
• A prescrição só pode ser interrompida uma vez.
• A prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado.
• Em regra, a extinção do processo sem resolução de mérito não afasta o efeito interruptivo da
prescrição.
• Na hipótese prevista pelo inciso VI:
 Quem interrompe a prescrição é o próprio devedor. (≠ dos incisos I a V, nos quais é o credor
que sai do estado de inércia e interrompe a prescrição).
 Pedido do devedor de prazo para analisar se existe mesmo o débito não pode ser
considerado como ato que interrompe a prescrição (STJ, Inf. 619)

b) Interrupção do prazo (§único):


• Se a interrupção/ causa interruptiva é extraprocessual - aplicaremos a primeira parte do dispositivo.
É a chamada interrupção de eficácia instantânea. Ex.: É o caso do protesto cambial, por exemplo: fez
o protesto, interrompeu, o prazo já começa a fluir por inteiro imediatamente.

• Interrupção por processo judicial (última parte do dispositivo) - a causa interruptiva se prolonga por
toda a relação processual.

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c) Efeitos da interrupção da prescrição:


• A interrupção por um credor solidário ou contra um devedor solidário aproveita/ prejudica os demais
(art. 204, §1º);
• Interrupção contra herdeiros do devedor solidário não prejudica os outros herdeiros ou devedores,
salvo quando se tratar de direitos ou obrigações indivisíveis (art. 204, §2º, CC);
• Interrupção contra o devedor principal prejudica o fiador (art. 204, §3º, CC).

Art. 204. A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros;
semelhantemente, a interrupção operada contra o co-devedor, ou seu herdeiro,
não prejudica aos demais coobrigados.
§ 1º A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como
a interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus
herdeiros.
§ 2º A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não
prejudica os outros herdeiros ou devedores, senão quando se trate de obrigações
e direitos indivisíveis.
§ 3º A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador.

Vamos esquematizar?
CAUSAS IMPEDITIVAS CAUSAS SUSPENSIVAS CAUSAS INTERRUPTIVAS

São as mesmas, apenas se diferenciam quanto ao momento 1) Relacionadas a aspectos objetivos.


da ocorrência. 2) Interrompem o prazo e fazem recomeçar
Obsta o início do prazo (nem Incide com o prazo desde o início.
começa a fluir) prescricional já em curso 3) Somente 1 vez.
4) Extensão aos demais devedores/credores:
1) Estão relacionadas a aspectos subjetivos entre as • Regra – não se estende aos demais
partes devedores/credores.
2) Suspende o prazo e volta a fluir da onde parou, levando • Exceção – se entende aos demais credores
em conta o período anterior. e devedores se for obrigação solidária
3) Sem limites de vezes (seja divisível ou indivisível – art. 204,
CC/02).
4) Extensão aos demais credores e devedores: • Exceção – se for causa interruptiva contra
• Regra – Não se estendem aos demais credores ou herdeiro de devedor, para que a
devedores, mesmo no caso de obrigação solidária. interrupção se estenda aos demais
• Exceção – se estendem aos demais credores ou devedores, a obrigação tem que ser
devedores se for obrigação solidária indivisível – solidária e indivisível.
art. 201, CC/02.
5) Termo inicial:
• Data do ato que interrompeu
• Data do último ato do processo que a
interrompeu.

A Lei da Pandemia (Lei nº 14.010/20), também conhecida como Lei do Regime Jurídico Emergencial
e Transitório, estabeleceu uma janela de paralisação, ao determinar que os prazos prescricionais não
correriam desde sua entrada em vigor até o dia 30 de outubro de 2020.

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Lei 14.010/202, Art. 3º. “Os prazos prescricionais consideram-se impedidos ou


suspensos, conforme o caso, a partir da entrada em vigor desta Lei até 30 de
outubro de 2020.
§ 1º Este artigo não se aplica enquanto perdurarem as hipóteses específicas de
impedimento, suspensão e interrupção dos prazos prescricionais previstas no
ordenamento jurídico nacional.
§ 2º Este artigo aplica-se à decadência, conforme ressalva prevista no art. 207 da
Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil)

5.3 Prazos da Prescrição

Código em mãos!

Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo
menor.

Art. 206. Prescreve:


§ 1º Em um ano:
I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo
no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos;
II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado
o prazo:
a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é
citado para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado,
ou da data que a este indeniza, com a anuência do segurador;
b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão;
III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros
e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários;
IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a
formação do capital de sociedade anônima, contado da publicação da ata da
assembléia que aprovar o laudo;
V - a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os
liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação
da sociedade.

§ 2º Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data


em que se vencerem.

§ 3º Em três anos:
I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos;
II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou
vitalícias;
III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias,
pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela;
IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa;
V - a pretensão de reparação civil;
VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé,
correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuição;

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VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do


estatuto, contado o prazo:
a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima;
b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço
referente ao exercício em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou
assembleia geral que dela deva tomar conhecimento;
c) para os liquidantes, da primeira assembleia semestral posterior à violação;
VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do
vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial;
IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no
caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório.

§ 4 º Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação


das contas.

§ 5 º Em cinco anos:
I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público
ou particular;
II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores
e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da
cessação dos respectivos contratos ou mandato;
III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo.

PRAZOS PRESCRICIONAIS PREVISTOS NO CC/02


Prazo geral - quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.

(+) prazo prescricional aplicável ao exercício da pretensão de reembolso de despesas


médico-hospitalares alegadamente cobertas pelo contrato de plano de saúde (ou de
10 ANOS seguro saúde), mas que não foram adimplidas pela operadora. (STJ, Inf. 673/2020)

(+) Prazo prescricional para a repetição de indébito por cobrança indevida de valores
referentes a serviços de telefonia fixa não contratados (STJ, Inf. 651/2019)

I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no


próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos;

II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele

III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos,
pela percepção de emolumentos, custas e honorários;

IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação
1 ANO do capital de sociedade anônima, contado da publicação da ata da assembléia que aprovar
o laudo;

V - a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes,


contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade.

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(+) Prazo prescricional para o importador pleitear indenização do transportador marítimo


em razão de extravio, perda ou avaria da carga transportada (STJ, Inf. 688/2021)

2 ANOS A pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem.

I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos;

II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias;

III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis,
em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela;

3 ANOS IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa;

V - a pretensão de reparação civil **

VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo o


prazo da data em que foi deliberada a distribuição;

VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto

VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento,


ressalvadas as disposições de lei especial;

IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de


seguro de responsabilidade civil obrigatório.

** Obs.: Prazo prescricional na responsabilidade contratual é de 10 anos e na


responsabilidade extracontratual é de 3 anos (STJ, Inf. 632/2018)

4 ANOS A pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas.

I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou


5 ANOS particular;

II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e


professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação
dos respectivos contratos ou mandato;

III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo.

(+) Prazo para cobrar dívida de empresa com o plano de saúde materializada em boleto
bancário (STJ, Inf. 657/2019)

CESPE/2021 - De acordo com a jurisprudência do STJ acerca da responsabilidade civil, julgue o item
subsequente. Ação de responsabilidade civil decorrente de inadimplemento contratual ou extracontratual
sujeita-se, em regra, ao prazo prescricional trienal. Item incorreto.
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5.4 Prescrição Intercorrente

A prescrição intercorrente é aquela que ocorre no curso do processo (seja de execução ou em fase
de cumprimento de sentença). A prescrição intercorrente observa o procedimento previsto no art. 921, III e
art. 921, §§1º e 4º do CPC.
Antes do CPC/15, a súmula 150 do STF dispunha que a execução prescreve no mesmo prazo da
prescrição da pretensão.
Recentemente, em 27/06/2022, foi aprovada a Lei nº 14.382/2022 que alterou a redação do art. 206-
A (inserido pela MP nº 1.040 de 2021), trazendo disposição análoga à já contida na súmula 150 do STF.
Vejamos:

ATENÇÃO PARA NOVIDADE LEGISLATIVA!

Art. 206-A. A prescrição intercorrente observará o mesmo prazo de prescrição da


pretensão, observadas as causas de impedimento, de suspensão e de interrupção
da prescrição previstas neste Código e observado o disposto no art. 921 da Lei nº
13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (Redação dada pela
Lei nº 14.382, de 2022)

6. DECADÊNCIA

a) Conceito
O direito potestativo já nasce com o prazo dentro do qual ele deve ser exercido. Isso significa dizer
que prazo decadencial integra a própria estrutura, a própria definição do direito potestativo. Por isso, a
consumação da decadência gera a perda do direito potestativo (e não a perda da pretensão como ocorre na
prescrição). Até porque não há pretensão no caso de direitos potestativos.
Portanto, a decadência é a extinção de um direito potestativo pelo o seu não exercício no prazo
previsto em lei.
• Direito potestativo corresponde a um estado de sujeição;
• O não exercício do direito potestativo no prazo legal ou contratual leva à decadência.

b) Inaplicabilidade das normas relativas à prescrição


Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as
normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição.

Art. 208. Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I.

Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus
assistentes ou representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a
alegarem oportunamente.

Art. 198. Também não corre a prescrição:


I - Contra os incapazes de que trata o art. 3o;

Em regra, as causas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição não se aplicam à


decadência. No entanto, o próprio dispositivo prevê exceções:

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(1) O art. 198, I prevê que não corre prazo de prescrição contra absolutamente incapaz. Então, também
não corre prazo decadencial contra absolutamente incapaz.

(2) O art. 195, do CC prevê a possibilidade de ajuizar ação ressarcitória em face do assistente, em caso
de darem causa à prescrição. A mesma regra se aplica à decadência!

 Obs.: Essa mesma regra do art. 195 abrange tanto o relativamente incapaz, quanto pessoa
jurídica! Ou seja, a pessoa jurídica também tem pretensão ressarcitória em face do seu
representante legal que foi desidioso e der causa à consumação da prescrição e decadência.
c) Espécies de decadência:
• Decadência legal – decorre da lei
• Decadência convencional – acordada entre as partes

Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada em lei.


Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por
lei.
Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la
em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação.

Veja as diferenças:

PRAZO DECADENCIAL LEGAL PRAZO DECADENCIAL CONVENCIONAL


MOMENTO Norma de ordem pública – pode ser Pode ser alegado em qualquer grau de
alegado em qualquer grau de jurisdição jurisdição
ALTERAÇÃO NÃO pode ser alterado PODE ser alterado pelas partes
RENÚNCIA Irrenunciável – não cabe renúncia. Cabe renúncia após a consumação
Enseja nulidade (art. 209, CC)
EX OFFICIO Cabe reconhecimento de ofício pelo juiz NÃO cabe reconhecimento de ofício pelo
juiz.

Referências Bibliográficas:
Flávio Tartuce. Manual de Direito Civil.
Nelson Rosenvald. Curso de Direito Civil – Parte Geral e LINDB.
André Santa Cruz Ramos. Direito Empresarial Esquematizado.

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QUESTÕES PROPOSTAS

1- 2021 - FUMARC - PC-MG - FUMARC - 2021 - PC-MG - transferir em doação o imóvel para M. As duas escrituras
Delegado de Polícia Substituto públicas foram lavradas na mesma data, porém, em
X. elaborou contrato escrito de locação de imóvel cujo tabelionatos de notas diferentes. Os dois negócios jurídicos
proprietário é D., que sequer conhece X. D. foi indicado como noticiados são
sendo locador e sua assinatura foi grosseiramente falsificada
por X. A-anuláveis por fraude contra credores.
Os fatos relatados revelam que o negócio jurídico: B-nulos por simulação.
I. é inexistente. C-nulos por vício de forma.
II. tem existência material. D-válidos porque aplicável o princípio da conversão
III. é ineficaz. substancial.
IV. tem existência material e eficácia.
São CORRETAS apenas as assertivas: 4 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-SE - CESPE - 2018 - PC-SE
- Delegado de Polícia
A-I e III. Determinada sociedade por quotas de responsabilidade
B-I e IV. limitada compra peças de uma sociedade em comum e as
C- II e III. utiliza na montagem do produto que revende.
D-II e IV.
Considerando essa situação, julgue o item a seguir, com base
2 - 2021 - FUMARC - PC-MG - FUMARC - 2021 - PC-MG - no Código de Defesa do Consumidor (CDC) e nas normas de
Delegado de Polícia Substituto direito civil e empresarial.
A., inscrito no CPF sob nº 00.000.000-00, sócio gerente de AB
Ltda., alienou para CD S/A um imóvel da sociedade Ao celebrar contratos com terceiros, as duas sociedades
empresária sem anuências dos demais sócios L. e J. Estes dois referidas na situação hipotética podem estabelecer prazos
sócios entendem que a alienação é inválida, porque A., na prescricionais mais amplos que os previstos no Código Civil.
data em que foi feita a alienação, era portador de gravíssima
doença mental. Quanto à invalidade e tendo em conta o Certo
Estatuto da Pessoa com Deficiência, a alienação é Errado

A-apenas anulável, porque não existe mais nulidade por 5 - 2018 - FUMARC - PC-MG - FUMARC - 2018 - PC-MG -
incapacidade civil absoluta do agente em decorrência de Delegado de Polícia Substituto
doença mental. Sobre a prescrição e a decadência, é CORRETO afirmar:
B-inválida, por decisão dos sócios L e J.
C-nula, por incapacidade absoluta do agente. A-A interrupção da prescrição é comum, aproveitando, em
D-válida, por falta de prova da incapacidade absoluta do qualquer caso, a todos os credores ainda que somente um a
agente. tenha promovido.
B-A prescrição está ligada às ações constitutivas e
3 - 2021 - FUMARC - PC-MG - FUMARC - 2021 - PC-MG - desconstitutivas; já a decadência está relacionada às ações
Delegado de Polícia Substituto condenatórias.
A. é casado com S. pelo regime da comunhão universal de C-As ações declaratórias, por serem direitos pessoais, estão
bens. A. tornou-se amante de M. e deseja doar para ela um sujeitas ao prazo prescricional de 5 anos.
apartamento de propriedade dele, no valor de D-Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita
R$1.000.000,00. Combinou com seu amigo F. a outorga de pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não
escritura de compra e venda, porque assim S. concordaria pode suprir a alegação.
com a alienação. F. nada pagaria e assumiu a obrigação de

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6 - 2018 - NUCEPE - PC-PI - NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado B-A renúncia à prescrição pode ser expressa ou tácita, e só
de Polícia Civil valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, antes de a
Mateus em contato telefônico com uma empresa X, prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se
consentiu que ela lhe enviasse um contrato de publicidade presume de fatos do interessado, incompatíveis com a
para destacar sua empresa em um determinado site. Segundo prescrição.
as informações repassadas via telefone foi a de que Mateus C-Os prazos de prescrição podem ser alterados por acordo
pagaria R$ 15,00 (quinze reais) mensais durante 12 (doze) das partes; a prescrição pode ser alegada em qualquer grau
meses. Estabelecido o negócio jurídico, Mateus recebeu o de jurisdição pela parte a quem aproveita e, iniciada contra
contrato via email, assinou e encaminhou a empresa, não uma pessoa, continua a correr contra o seu sucessor.
tendo percebido que a referida Empresa procedera, D-A interrupção da prescrição pode se dar por qualquer
intencionalmente a substituição do valor inicialmente interessado, somente poderá ocorrer uma vez e, após
avençado para cada parcela, fazendo constar o importe de R$ interrompida, recomeça a correr da data do ato que a
150,00 (cento e cinquenta reais) por mês. Diante da situação interrompeu, ou do último ato do processo para a
posta, é possível afirmar acerca do negócio jurídico: interromper.
E-Não corre a prescrição entre os cônjuges e/ou
A-Uma vez assinado o contrato, Mateus deverá honrar, pois companheiros, na constância da sociedade conjugal, entre
não houve vício que possa fundamentar a nulidade ou ascendentes e descendentes, durante o poder familiar, bem
anulação do negócio jurídico. como contra os relativamente incapazes.
B-Mateus poderá anular o negócio jurídico, por encontrar-se
defeituoso, na figura do dolo, pois a empresa X se utilizou de 8 - 2018 - VUNESP - PC-BA - VUNESP - 2018 - PC-BA -
expediente astucioso, a fim de que Mateus assinasse o Delegado de Polícia
contrato, levando-o a crer que as condições pactuadas via De acordo com a disciplina constante do Código Civil acerca
contato telefônico estariam mantidas. dos vícios de vontade dos negócios jurídicos, assinale a
C-Mateus poderá anular o negócio jurídico fundamentado no alternativa correta.
instituto da reserva mental, uma vez que o que se passava na
sua mente era o pagamento de R$ 15,00 (quinze reais) A-O erro de indicação da pessoa ou da coisa a que se referir a
mensais e não R$ 150,00 (cento e cinquenta reais). declaração de vontade viciará o negócio, mesmo se, por seu
D-O negócio jurídico deve ser considerado inexistente, em contexto e pelas circunstâncias, for possível identificar a coisa
face da inexistência de vontade efetiva de Mateus quanto aos ou pessoa cogitada.
efeitos decorrentes do referido contrato. B-O silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato
E-Houve lesão, caracterizado o fato pela manifesta ou qualidade que a outra parte haja ignorado, nos negócios
desproporção entre a prestação informada via contato jurídicos bilaterais, constitui omissão culposa, provando-se
telefônico e a que se estabeleceu no contrato enviado por que, sem ela, o negócio não teria sido celebrado, ou o seria
Mateus, que por sua vez, credita-se inexperiente. de outro modo.
C-A coação, para viciar o negócio jurídico, deve incutir ao
7 - 2018 - VUNESP - PC-BA - VUNESP - 2018 - PC-BA - paciente temor de dano iminente à sua pessoa, à sua família,
Delegado de Polícia aos seus bens ou a terceiros, devendo ser levados em conta o
A respeito da prescrição e decadência, assinale a alternativa sexo, a idade, a condição, a saúde e, no temor referencial, o
correta. grau de parentesco.
D-Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido
A-Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se da necessidade de salvar-se, ou a pessoa pertencente ou não
extingue pela prescrição; a exceção prescreve nos prazos à sua família, de grave dano conhecido ou não pela outra
processuais previstos em lei especial, não havendo parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
coincidência com os prazos da pretensão, em razão da sua E-Se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte
disciplina própria. favorecida concordar com a redução do proveito, segundo os
valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio

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jurídico, não se decretará a anulação do negócio, nos casos de E-negócio jurídico nulo pode ser confirmado pelo decurso do
lesão. tempo.

9 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-MA - CESPE - 2018 - PC- 12 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - FUNCAB - 2016 - PC-PA -
MA - Delegado de Polícia Civil Delegado de Policia Civil - Reaplicação
Em geral, todas as condições do negócio jurídico que não Sobre o instituto da decadência, está correto afirmar que:
sejam contrárias à lei, à ordem pública e aos bons costumes
são lícitas. Entretanto, condição física ou juridicamente A-a decadência não corre contra os relativamente incapazes.
impossível imposta por uma das partes do negócio à outra B-se for convencionada entre partes pode ser alegada por
uma quem a aproveita em qualquer grau de jurisdição.
C-em regra, aplicam-se à decadência as normas que
A-invalidará o negócio jurídico, se for resolutiva. impedem, suspendem ou interrompem a prescrição.
B-invalidará o negócio jurídico, caso seja suspensiva. D-o juiz não pode, em hipótese alguma, conhecer de ofício a
C-será considerada inexistente, seja ela suspensiva ou decadência.
resolutiva. E-na hipótese de decadência convencional, o juiz pode suprir
D-será considerada anulável, se for resolutiva. a sua alegação, a qualquer tempo e em qualquer grau de
E-será considerada inexistente, caso seja suspensiva. jurisdição.

10 - 2017 - IBADE - PC-AC - IBADE - 2017 - PC-AC - Delegado 13 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - FUNCAB - 2016 - PC-PA -
de Polícia Civil Delegado de Polícia Civil - Prova Anulada
Com relação ao negócio jurídico, é correto afirmar que: Instituído por lei prazo decadencial para o exercício de
determinado direito, anteriormente não sujeito a decadência,
A-os negócios jurídicos benéficos a apenas uma das partes se é correto afirmar que este prazo decadencial:
interpretam de forma ampla.
B-a validade da declaração de vontade dependerá sempre de A-poderá incidir sobre os direitos adquiridos antes da sua
forma especial. vigência, sem com isso implicar em retroatividade ou ofensa
C-o sentido literal da linguagem prevalece sobre a intenção a direito adquirido.
embutida na declaração de vontade. B-ficará suspenso para todos os efeitos, ate que tenham sido
D-se a incapacidade do agente que o celebra for absoluta, o exercidos todos os direitos adquiridos sob o regime anterior.
negócio jurídico é anulável. C-não poderá ser aplicado, naja vista a vedação constitucional
E-se realizado por agente relativamente incapaz, ensejará à diminuição de prazos de decadência.
nulidade relativa. D-não poderá ser aplicado a direitos já constituídos quando
da entrada da norma em vigor, porquanto já adquirido o
11 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - FUNCAB - 2016 - PC-PA - direito ao regime jurídico decadencial da lei antiga.
Delegado de Policia Civil - Reaplicação E-incidirá apenas sobre os direitos adquiridos nos 10 anos
Sobre o negócio jurídico, é correto afirmar que o(a): anteriores à sua vigência e posteriormente, de modo a
garantir a segurança jurídica.
A-negócio jurídico anulável pode ser confirmado pelas partes,
mesmo que envolva direito de terceiro. 14 - 2016 - CESPE / CEBRASPE - PC-PE - CESPE - 2016 - PC-
B-prazo de decadência para se pleitear a anulação do negócio PE - Delegado de Polícia
jurídico é de três anos. Acerca de prescrição e decadência no direito civil, assinale a
C-anulabilidade negócio jurídico pode ser pronunciada de opção correta.
ofício pelo juiz.
D-negócio jurídico simulado é nulo subsistindo o que se A-A prescrição não pode ser arguida em grau recursal.
simulou desde que válido na forma e na substância. B-Desde que haja consenso entre os envolvidos, é possível a
renúncia prévia da decadência determinada por lei.

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C-A prescrição não corre na pendência de condição D-Denomina-se condição a cláusula acessória pela qual as
suspensiva. partes subordinam a eficácia do negócio a acontecimento
D-Ao celebrarem negócio jurídico, as partes, em livre futuro e incerto.
manifestação de vontade, podem alterar a prescrição prevista E-Em caso de nulidade do negócio jurídico, a condição
em lei. voluntariamente declarada pelas partes não será alcançada,
E-É válida a renúncia da prescrição, desde que determinada permanecendo válida.
expressamente antes da sua consumação.
17 - 2015 - FUNIVERSA - PC-DF - FUNIVERSA - 2015 - PC-DF
15 - 2016 - CESPE / CEBRASPE - PC-PE - CESPE - 2016 - PC- - Delegado de Polícia
PE - Delegado de Polícia Alexandre, em 1.º/1/2005, mediante ardil, obteve de Pedro
Assinale a opção correta a respeito dos defeitos dos negócios R$ 50.000,00 pela venda de um imóvel de que não era
jurídicos. proprietário. Tomando ciência do meio fraudulento mediante
consulta no Registro de Imóveis competente, Pedro procurou
A-Na lesão, os valores vigentes no momento da celebração do imediatamente a autoridade policial, tendo sido o inquérito
negócio jurídico deverão servir como parâmetro para se aferir iniciado na mesma data em que fora consumado o delito.
a proporcionalidade das prestações. Apurada a questão no competente juízo criminal, Alexandre
B-Os negócios jurídicos eivados pelo dolo são nulos. foi condenado como incurso no crime de estelionato simples,
C-A coação exercida por terceiro estranho ao negócio jurídico por sentença penal transitada em julgado em 1.º/1/2013, e
torna-o nulo. por meio da qual restaram reconhecidas a existência do fato
D-Age em estado de perigo o indivíduo que toma parte de um ilícito e sua autoria, bem como a obrigação de restituir à
negócio jurídico sob premente necessidade ou por vítima a quantia indevidamente obtida e o pagamento a
inexperiência, assumindo obrigação manifestamente Pedro da importância de R$ 10.000,00 para os fins de reparar
desproporcional ao valor da prestação oposta ferindo o danos morais. Como o devedor até a presente data não pagou
caráter sinalagmático do contrato. à vítima as quantias impostas na esfera penal, Pedro pretende
E-Se em um negócio jurídico, ambas as partes agem com dolo, ajuizar ação cível para haver de Alexandre as importâncias
ainda assim podem invocar o dolo da outra parte para pleitear estipuladas na sentença condenatória criminal.
a anulação da avença.
Com base nessa situação hipotética, assinale a alternativa
16 - 2016 - CESPE / CEBRASPE - PC-PE - CESPE - 2016 - PC- correta.
PE - Delegado de Polícia
A respeito dos elementos acidentais do negócio jurídico, A-Caso Pedro faleça, seus herdeiros, de acordo com a
assinale a opção correta. jurisprudência dominante do STJ, não terão legitimidade ativa
para pleitear o pagamento da indenização fixada para
A-Situação hipotética: Maria celebrou contrato de doação de recompor o dano moral reconhecido na sentença proferida
bem imóvel a João. Na negociação, ficou estipulado que a pelo juízo criminal.
transferência do bem somente se aperfeiçoará quando da B-A prescrição da pretensão de reparação dos danos sofridos
morte da doadora. Assertiva: Nessa situação, o evento morte por Pedro começou a correr a partir do evento danoso.
funciona como condição. C-Uma vez que a responsabilidade civil é independente da
B-O encargo é elemento acidental característico dos negócios criminal, seria admissível, em tese, a rediscussão, no juízo
jurídicos que envolvam liberalidade. Em caso de inexecução cível, a respeito da autoria e da materialidade do fato
do encargo pelo beneficiado, não há previsão de mecanismos imputado a Alexandre pela sentença penal condenatória
de coerção direta ou indireta por parte do disponente. proferida no juízo criminal.
C-O termo não essencial é aquele que não admite o D-De acordo com a jurisprudência dominante do STJ, o termo
cumprimento do objeto do negócio jurídico após o seu inicial para a contagem do prazo prescricional que atinge a
vencimento. pretensão de recomposição de danos, fixada na esfera
criminal, é o trânsito em julgado da sentença penal

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condenatória que fixou a obrigação de indenizar, razão por B-Nos negócios jurídicos quando os instrumentos particulares
que, in casu, não haveria falar em prescrição caso Pedro forem antedatados ou pós-datados, não haverá simulação,
ajuizasse a demanda hoje. mas, serão considerados nulos.
E-Caso Alexandre seja proprietário de um único imóvel C-Nos negócios jurídicos, quando a lei dispuser que
residencial onde resida com esposa e filhos, esse bem não determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para
poderá responder pelas obrigações de reparação de danos pleitear-se a anulação, será este de quatro anos, a contar da
fixadas na sentença penal. data da conclusão do ato.
D-Nos negócios jurídicos praticados por incapazes, o prazo de
18 - 2015 - VUNESP - PC-CE - VUNESP - 2015 - PC-CE - decadência para pleitear a anulação é de quatro anos,
Delegado de Polícia Civil de 1a Classe contado do dia em que cessou a incapacidade.
Assinale a alternativa correta, de acordo com as disposições E-O negócio jurídico em que for preterida alguma solenidade
do Código Civil de 2002. que a lei considere essencial para a sua validade é
considerado anulável.
A-Não corre a prescrição contra os maiores de 16 (dezesseis)
e menores de 18 (dezoito) anos, salvo se existente uma das 20 - 2014 - VUNESP - PC-SP - VUNESP - 2014 - PC-SP -
hipóteses de cessação da incapacidade. Delegado de Polícia
B-São causas de cessação da incapacidade civil: a No estado de perigo, considerado como defeito do negócio
emancipação, o casamento, o exercício de emprego público jurídico, é correto afirmar que
efetivo e o falecimento de ambos os pais.
C-É irrevogável a opção acerca da disposição gratuita do A-para sua configuração, é imprescindível o conhecimento do
próprio corpo, para fins científicos ou altruísticos. risco de grave dano por ambas as partes.
D-A apuração dos fatos no juízo criminal, em regra, impede o B-somente pode ser alegado quando o risco de grave dano for
curso da prescrição no âmbito civil. da própria pessoa que assumiu a obrigação.
E-Os ébrios habituais e os viciados em tóxicos são C-é causa de nulidade do negócio jurídico, exigindo
absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da declaração judicial neste sentido.
vida civil. D-gera a possibilidade de revisão judicial, com finalidade de
tornar a obrigação proporcional, mas não é causa de anulação
19 - 2014 - FUNCAB - PC-RO - FUNCAB - 2014 - PC-RO - ou nulidade do negócio.
Delegado de Polícia Civil E-consiste na assunção de obrigação manifestamente
No tocante à invalidade do negócio jurídico, é correto afirmar: desproporcional à obrigação da outra parte, por
inexperiência.
A-Nos negócios jurídicos praticados com coação, o prazo de
decadência para pleitear a anulação é de dois anos, contado
do dia em que ela cessou.

Respostas6

6
1: A 2: A 3: B 4: E 5: D 6: B 7: D 8: E 9: B 10: E 11: D 12: B 13: A 14: C 15: A 16: D 17: D 18: D 19: D 20: A
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DIREITO CIVIL: BENS JURÍDICOS

TODOS OS ARTIGOS

CÓDIGO CIVIL
⦁ Art. 79 ao Art. 103

⦁ Art. 1.229 e 1.230

⦁ Art. 1711 ao 1722

CF/88
⦁ Art. 20 e 26

⦁ Art. 176

⦁ 191, §único

OUTROS DIPLOMAS LEGAIS:


⦁ Lei 8009/90

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER

⦁ Art. 79 a 91, CC (muito importante!)


⦁ Art. 101, CC
⦁ Art. 1º e 3º da Lei 8009/90

1. CONCEITO

Bens: São todas as coisas com interesse econômico e/ou jurídico. É tudo aquilo que tenha existência
fora do ser humano, materializado ou não, economicamente apreciável ou não, sobre o qual incide o poder
de seu titular.
Filosoficamente, bem será tudo quanto possa proporcionar ao homem uma satisfação.
Juridicamente, porém, são valores materiais ou imateriais que são objeto de uma relação jurídica (MPBA-
2018).

2. CLASSIFICAÇÃO

A) Bens corpóreos e incorpóreos: Os primeiros têm existência física, concreta. Os últimos não são
percebidos pelos sentidos.

B) Bens móveis e imóveis (arts. 79 a 84):

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É de extrema importância identificar, no mundo jurídico, se um bem é móvel ou imóvel. Isso porque,
a depender da natureza do bem, os impactos serão diversos, como veremos adiante.

• Móveis: São os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem
alteração de sua substância ou da destinação econômico-social
Os bens podem ser móveis: por sua natureza (art. 82) ou por força da lei (arts. 83 e 84)

a) Pela própria natureza: São aqueles suscetíveis de movimento próprio (ex.: semoventes), e aqueles
passíveis de deslocamento sem alteração da sua substância ou da destinação econômico social (ex.:
computador).

b) Por antecipação: “atualmente” são imóveis, mas possuem finalidade última como móveis, de modo
que se antecipa sua mobilidade (ex: plantações para corte)

“Venda de safra futura. Bens móveis por antecipação. A venda de frutos, de molde
a manifestar o intuito da separação do objeto da venda em relação ao solo a que
adere, impõe a consideração de que tais coisas tenham sido, pela manifestação de
vontade das partes contratantes, antecipadamente mobilizadas.” (STJ, AgRg
174.406)

c) Por determinação legal: São considerados bens móveis para efeitos legais (artigo 83):
▪ Energias que tenham valor econômico (ex.: energia elétrica)
▪ Direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes (segue o raciocínio de que a
natureza do bem atrai a qualidade do direito real e a ação)
▪ Direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. Ex.: direito autoral.

OBS.: Natureza Jurídica dos Animais. Para o Código Civil, os animais são coisas (bens móveis). Há quem
defenda que, embora não sejam pessoas, os animais são sujeitos de direito. Para o STJ, os animais
possuem natureza especial, são seres sencientes, pois são dotados sensibilidade (sentem as mesmas dores
e necessidades biopsicológicas dos animais racionais), razão pela qual o seu bem-estar deve ser
considerado (STJ, REsp 1.713.167 – SP).

• Imóveis: são os que não podem ser mobilizados, transportados ou removidos sem a sua destruição.

Enunciado JDC11: Não persiste no novo sistema legislativo a categoria dos bens
imóveis por acessão intelectual, não obstante a expressão “tudo quanto se lhe
incorporar natural ou artificialmente”, constante do final do art. 79 do CC.

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No que tange à extensão dos bens imóveis, o direito brasileiro adota o CRITÉRIO DA UTILIDADE.
Ou seja: o bem imóvel abrange o espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundidade que
sejam úteis ao seu exercício.

Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo


correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o
proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura
ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las.

Cuidado! Mesmo havendo tal extensão, a propriedade do solo NÃO ABRANGE: jazidas, minas e
demais recursos minerais, dentro outros, pois tais bens são de propriedade da União (art. 176, CF/88), sendo
propriedade distinta da do solo.

Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos
minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e
outros bens referidos por leis especiais.

Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais


de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de
exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário
a propriedade do produto da lavra.

Os bens imóveis podem ser:

a) Bens imóveis por natureza (art. 79): Não podem ser movimentados sem ruptura. Ex.: são o solo e
tudo que lhe agregue naturalmente; e

ATENÇÃO: Os navios e aeronaves, embora sejam móveis pela natureza ou essência, são tratados
pela lei como imóveis, pois estão sujeitos a matrícula e registro.

b) Bens imóveis por acessão física: Plantações e construções, que se prendam ao solo;

ATENÇÃO: Não perdem também o caráter de imóveis:

1- As edificações que, separadas do solo, forem removidas para outro local, desde que tenham
conservado sua unidade. (art. 81, inc. I)

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Obs: tais edificações devem servir a instalação definitiva, de modo que as construções transitórias
(destinadas a uma finalidade própria e efêmera), não são consideradas bens imóveis em questão. Ex.:
circos, stands em feiras, etc.

2- Os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. (art. 81, inc.
II).

c) Bens imóveis por acessão intelectual: são coisas móveis que são imobilizadas, por exemplo, o
maquinário na fazenda agrícola.

ATENÇÃO: O PENHOR AGRÍCOLA não é considerado bem móvel mas direito real sobre objetos
imóveis, porque a colheita e a safra se agregam ao solo e por definição de lei é considerado bem imóvel.

d) Bens imóveis por determinação/equiparação legal: os bens são imóveis por mera opção legislativa,
sendo irrelevante seu aspecto naturalístico.

▪ Os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram

Entenda: no raciocínio legislativo, a natureza do bem compreende a qualidade do direito real e da


ação. Dessa forma, se o bem é imóvel, o direito real sobre ele (ex.: propriedade) e a ação que o protege, será
igualmente “imóvel”.

▪ O direito à sucessão aberta.

Nessa hipótese, pouco importa o objeto sucessório. Ou seja: o direito à sucessão aberta será
considerado bem imóvel, ainda que o falecido tenha deixado em herança apenas bens móveis (ex.
automóveis)

Consequências diversas para bens móveis e imóveis:

BENS IMÓVEIS BENS MÓVEIS

Adquiridos mediante escritura Adquiridos pela tradição da


pública + registro em cartório coisa, ou seja, pela efetiva
FORMA DE AQUISIÇÃO
onde estiver situado o bem entrega. Não há necessidade de
registro.

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Prazos maiores: Prazos menores:

PRAZO PARA USUCAPIÃO • 15 anos • 5 anos


• 10 anos • 3 anos
• 5 anos
NECESSIDADE DE Em regra, sua alienação depende Não é necessário consentimento
CONSENTIMENTO DO CÔNJUGE do consentimento do cônjuge do cônjuge
PARA ALIENAÇÃO

NATUREZA JURÍDICA DO Comodato Mútuo (bens móveis fugíveis)


CONTRATO DE EMPRÉSTIMO

DIREITO DE GARANTIA Hipoteca Penhor (exceto navios e


aeronaves)

e) Bens fungíveis e infungíveis: Estão ligados à possibilidade de substituição por outro igual.
• Fungíveis: Podem ser substituídos por outros de mesma qualidade, quantidade e espécies (artigo
85). Ex.: soja, café, dinheiro.

Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma
espécie, qualidade e quantidade.

• Infungíveis: NÃO podem ser substituídos, seja por ato de vontade do titular ou em função do valor
histórico do bem. Todos os bens imóveis são infungíveis, assim como os bens móveis insubstituíveis.
Ex.: obra de arte, livro autografado.

Obs.: Em regra, a fungibilidade decorre da natureza do bem. No entanto, nada impede que a vontade das
partes torne um bem essencialmente fungível, em bem infungível.
Ex.: um relógio que, em tese, seria fungível, mas por uma particularidade qualquer se torna infungível (como
no caso de ter sido presenteado pelo falecido pai do atual proprietário).

f) Bens consumíveis e inconsumíveis (art. 86)

• Materialmente consumíveis: são os fisicamente consumíveis e que perdem substância logo em seu
primeiro uso;
• Juridicamente consumíveis: são os bens de consumo, ou seja, são os destinados à alienação.

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• Inconsumíveis: são os bens cuja utilização não implica em perda da substância ou impossibilidade de
futura alienação.

Obs.: se tais bens, naturalmente inconsumíveis, forem destinados à venda, serão considerados juridicamente
consumíveis. Ex.: venda de um carro.

Como o tema foi cobrado (CESPE/2012/PC-AL/Delegado de Polícia):

Com relação às pessoas naturais, às pessoas jurídicas e aos bens, julgue os itens a seguir.

Uma garrafa de vinho de 1.830 da reserva especial, clausulada com inalienabilidade por testamento, é um
bem classificado como consumível fático e, ao mesmo tempo, como bem inconsumível do ponto de vista
jurídico.

Resposta: Correto

g) Bens divisíveis e indivisíveis (arts. 87 e 88): Relacionados à possibilidade ou não de fracionamento


do bem sem a perda do seu valor econômico ou de sua finalidade. A indivisibilidade pode ser:

• Física: Não poderão ser fracionados em várias partes;


• Legal: Bens podem ser materialmente divisíveis, mas, em virtude de lei não podem ser divididos;
• Convencional: Divisibilidade por acordo entre as partes;

h) Bens singulares e coletivos (arts. 89 a 91)


• Singulares: Analisados isoladamente, mesmo estando em uma coletividade ou em uma
universalidade de fato. São considerados individualmente.

• Coletivos: Considerados em sua coletividade:


a) Universalidade de fato: É a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa,
tenham destinação unitária. Ex: Biblioteca ou rebanho.
b) Universalidade de direito: É o conjunto de relações jurídicas dotadas de valor econômico de
uma pessoa. Ex: sucessão aberta, patrimônio, massa falida.

Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si ,
independentemente dos demais.

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Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que,


pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária.

Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de
relações jurídicas próprias.

Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma


pessoa, dotadas de valor econômico.

Enunciado JDC288: A pertinência subjetiva não constitui requisito imprescindível


para a configuração das universalidades de fato e de direito.

i) Bens Acessórios (bens reciprocamente considerados):

O art. 92 diferencia os bens principais e acessórios.

• Principais – são aqueles que existem sobre si e não dependem de nenhum outro. Ex.: imóvel.
• Acessórios – é o bem cuja existência pressupõe a existência de um bem principal. Ou seja: o bem
acessório existe em função do principal.

Os bens acessórios podem ser classificados em:

Frutos
ACESSÓRIOS

Produtos
BENS

Pertenças

Benfeitorias
Partes
integrantes

1. Frutos:
São bens acessórios com origem no bem principal, mantendo a integridade desse último, sem a
diminuição da sua substância ou quantidade.

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• Quanto à origem:
✓ Naturais: decorrentes da essência da coisa principal, como as frutas de uma árvore;
✓ Industriais: decorrentes de uma atividade humana, caso de um material produzido por uma
Fábrica;
✓ Civis ou Rendimentos: decorrentes de uma relação jurídica e econômica, de natureza
privada, também chamados de rendimentos. Ex: aluguéis.

• Quanto ao estado:
✓ Pendentes: são aqueles que estão ligados à coisa principal, e que não foram colhidos;
✓ Percebidos: são os colhidos do principal e separados;
✓ Estantes: são aqueles que foram colhidos e encontram-se armazenados;
✓ Percipiendos: são os que deveriam ter sido colhidos, mas não foram;
✓ Consumidos: são os que já foram colhidos e já não existem mais.

2. Produtos
São os bens acessórios que saem da coisa principal, diminuindo a sua quantidade e substância, por
serem bens não renováveis (esgotáveis). Ex: Diamante extraído de uma mina.

3. Pertenças:
São bens destinados a servir um outro bem principal, por vontade ou trabalho intelectual do
proprietário. São bens que se acrescem, como acessórios à coisa principal, mas não a integram (é o que as
diferencia das partes integrantes). Ex: Armários em uma cozinha.
Enunciado JDC535: Para a existência da pertença, o art. 93 do CC NÃO ABRANGEM AS PERTENÇAS, salvo se
o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso.

 Embora sejam acessórios, conservam sua individualidade e autonomia, de modo que sua
subordinação ao bem principal se dá apenas por motivos socioeconômicos: uso serviço ou
aformoseamento do bem principal. Dessa forma, pode-se dizer que não há uma incorporação da pertença
ao bem principal, mas sim uma independência. Por isso, embora as pertenças sejam bens acessórios, a elas
não se aplica, em regra, o princípio da gravitação jurídica.

CC, Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não
abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de
vontade, ou das circunstâncias do caso.

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4. Partes integrantes:
São bens acessórios unidos ao bem principal, formando com este último um todo independente. Por
serem desprovidos de existência material própria, se as partes integrantes forem separadas do bem principal,
este não servirá mais ao seu uso normal. Ex: lente de máquina fotográfica.

5. Benfeitorias.
Acessórios introduzidos pelo homem em um bem móvel ou imóvel já existente. Podem ser:

▪ Necessárias: Objetivam conservar o bem ou evitar que se deteriore;


▪ Úteis: Facilitam o uso do bem;
▪ Voluptuárias (ou Suntuárias): Destinam-se ao embelezamento, deleite.

Vamos ver a relação dos frutos e das benfeitorias com o possuidor de boa-fé e má fé?

POSSUIDOR DE BOA-FÉ POSSUIDOR DE MÁ-FÉ


Desconhece o vício que paira sobre a coisa Conhecedor do vício que paira sobre a coisa.

Frutos Frutos
✓ Tem direito aos frutos percebidos enquanto ✓ Responde pelos frutos colhidos e percebidos.
durar a boa-fé
✓ Responde pelos frutos que deixou de perceber
✓ Restituição dos frutos pendentes ao tempo em por sua culpa.
que cessou a boa-fé, deduzidos os custos.
✓ Tem direito as despesas de produção e custeio.
✓ Restituição dos frutos colhidos por antecipação
ao tempo que cessou a boa-fé. Indenização de benfeitorias

Indenização de benfeitorias ✓ Necessárias – direito à indenização e sem direito


✓ Necessárias – direito à indenização e direito de à retenção.
retenção.
✓ Úteis – sem direito à indenização
✓ Úteis - direito à indenização e direito de
retenção. ✓ Voluptuárias – sem direito à indenização e sem
direito à levantamento.

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✓ Voluptuárias – direito à indenização e direito de


levantá-las, quando puder fazê-lo sem
detrimento da coisa.

Casos especiais
(1) STJ - Quando irregularmente ocupado o bem
público, não há que se falar em direito de
retenção pelas benfeitorias realizadas,
tampouco em direito a indenização pelas
acessões, ainda que as benfeitorias tenham sido
realizadas de boa-fé. Isso porque, nesta
hipótese não há posse, mas mera detenção, de
natureza precária.

(2) Na lei de locações – possuidor de boa-fé só terá


direito as benfeitorias úteis se houver previa
autorização do locador.

(3) No comodato – a benfeitoria útil não é


indenizável e não há direito de retenção.

2.1. Bens públicos – art. 98 a 103, CC

O Código Civil tratou a temática de forma superficial, porque, na realidade, a matéria é de direito
administrativo.

• Previsão Legal: art. 98 a 103, CC


• Classificação: (art. 99, CC):
a) Bens comuns
b) Especiais
c) Dominicais

Art. 99. São bens públicos:


I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;

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II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou


estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal,
inclusive os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito
público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os
bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado
estrutura de direito privado.
Enunciado. 287, CJF: o rol do art. 99, CC não afasta a sistemática dos bens públicos
por afetação. Os bens públicos por afetação são aqueles que pertencem à pessoa
jurídica de direito privado, mas que estão afetados. A vinculação ao interesse
público primário (afetação) justifica que tais bens sejam tratados como se público
fossem.

Os efeitos práticos dos bens públicos por afetação: impenhorabilidade, impossibilidade de usucapião,
etc.

Ex.: Emater. É uma empresa pública (pessoa jurídica de direito privado), em tese os bens são de particulares.
Entretanto, a Emater vive de fomentar atividade agropecuária, motivo pelo qual muitos dos seus bens estão
afetados. Por isso é necessário sustentar a impenhorabilidade e impossibilidade de usucapião sobre tais bens.

Enunciado 287 - O critério da classificação de bens indicado no art. 98 do Código


Civil não exaure a enumeração dos bens públicos, podendo ainda ser classificado
como tal o bem pertencente a pessoa jurídica de direito privado que esteja afetado
à prestação de serviços públicos.

Bens dominicais: são os bens desafetados. Por não estarem afetados, os bens dominicais são
alienáveis, obedecidas as formalidades legais (arts. 100 e 101, CC). Ou seja: a desafetação justifica a
alienabilidade.

Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são
inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei
determinar.

Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as


exigências da lei.

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SEMANA 04/30

Obs.: O art. 99, parágrafo único, CC fez uma confusão: trouxe uma nova modalidade de bens dominicais. Ou
seja, além dos desafetados, passamos também a ter também outros bens dominicais.
Art. 99. São bens públicos:
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os
bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado
estrutura de direito privado.

Surgiu um primeiro entendimento de que a regra se aplicaria a empresas públicas e a sociedades de


economia mista (Pablo Stolze, Cristiano Chaves de Faria). Esse entendimento está superado. O legislador fala
em pessoa jurídica de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado, sendo que as
empresas públicas e sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de direito privado, então não seria
a hipótese prevista no art. 99, parágrafo único.
O art. 99, parágrafo único do CC é muito criticado por alguns administrativistas. Isso porque a
perplexidade é que a definição dada por esse artigo não está associada à desafetação (em nenhum momento
o artigo fala em desafetação). Ou seja, poderíamos ter bens de conselhos profissionais e fundações públicas
afetados, classificados como dominicais e consequentemente alienáveis. Ou seja, seria possível alienação de
bens afetados, o que vai contra a tradição secular do direito administrativo.
No âmbito do direito civil, temos o enunciado. 141, CJF: a regra se aplica aos conselhos profissionais
e às fundações públicas.

Enunciado 141 - A remissão do art. 41, parágrafo único, do Código Civil às pessoas
jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, diz
respeito às fundações públicas e aos entes de fiscalização do exercício profissional.

DICA → no direito civil, sempre cai a literalidade do art. 99, parágrafo único, CC (em prova de múltipla
escolha). Se o examinador for além, vai cobrar o enunciado 141.

CAIU EM PROVA:

→ (FUMARC – DELEGADO PCMG 2021) O Município X desapropriou um imóvel urbano com 1.500 m² de área
para edificar uma escola. A desapropriação foi amigável e houve afetação integral do bem. A acessão ocupou
apenas 1.200 m². Em relação à área restante, 300 m², e que não foi desafetada, pode-se afirmar que é bem
(A) dominical.
(B) particular.
(C) público de uso comum do povo.
(D) público de uso especial.

Resposta: Alternativa ‘d’ público de uso especial.

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Obs.: Vedação à usucapião de bens públicos, que constava apenas da CF/88 (art. 191, parágrafo único),
também consta do CC (art. 102, CC).

CC. Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.

CF/88. Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano,
possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em
zona rural, não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu
trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

Obs.: Art. 103, CC: O art. 103 prevê que o uso comum de bens públicos pode ser comum ou oneroso, a
depender de previsão normativa. Dessa forma, em tese, admite-se a remuneração por uso de bem público

Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme
for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.

2.2 Bem de família

Engendrada pelo Min. Luiz Edson Fachin, a TEORIA DO ESTATUTO JURÍDICO DO PATRIMÔNIO MÍNIMO
preconiza que o ordenamento jurídico deve sempre procurar garantir um mínimo de patrimônio (mínimo
existencial) ao indivíduo como forma de garantir-lhe a sua dignidade. Como exemplos da aplicação dessa
teoria podemos citar, o art. 548 do CC (vedação à doação universal), art. 928 do CC (responsabilidade civil do
incapaz) e a Lei nº 8.009/90 (impenhorabilidade do bem de família).

Há duas espécies de bem de família: voluntário e legal.

 Voluntário aquele instituído por ato de vontade do casal, da entidade familiar ou até mesmo de
terceiro, mediante:

(a) registro no Cartório de Imóveis,


(b) por escritura pública ou
(c) testamento.

Para evitar fraudes, o bem de família voluntário não pode ultrapassar o limite de 1/3 do patrimônio
líquido dos seus instituidores.
A instituição do bem de família voluntário acarreta 2 efeitos fundamentais:

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SEMANA 04/30

• Impenhorabilidade (CC, 1715): “O bem de família é isento de execução por dívidas posteriores à sua
instituição, salvo as que provierem de tributos relativos ao prédio, ou de despesas de condomínio.”
• Inalienabilidade (CC, 1717): “O prédio e os valores mobiliários, constituídos como bem da família,
não podem ter destino diverso do previsto no art. 1.712 ou serem alienados sem o consentimento
dos interessados e seus representantes legais, ouvido o Ministério Público.”

Essas características não são absolutas, podendo ser afastadas em casos excepcionais ou se
eventualmente extinto o bem de família. Vejamos a redação dos dispositivos legais:

Art. 1.719. Comprovada a impossibilidade da manutenção do bem de família nas


condições em que foi instituído, poderá o juiz, a requerimento dos interessados,
extingui-lo ou autorizar a sub-rogação dos bens que o constituem em outros,
ouvidos o instituidor e o Ministério Público.

Art. 1.721. A dissolução da sociedade conjugal não extingue o bem de família.


Parágrafo único. Dissolvida a sociedade conjugal pela morte de um dos cônjuges, o
sobrevivente poderá pedir a extinção do bem de família, se for o único bem do
casal.

Art. 1.722. Extingue-se, igualmente, o bem de família com a morte de ambos os


cônjuges e a maioridade dos filhos, desde que não sujeitos a curatela.

Vale acrescentar, a teor do art. 1712, que o bem de família voluntário poderá compreender valores
mobiliários (renda), aplicados na conservação do imóvel e no sustento da família, podendo essa renda,
inclusive, ser administrada por instituição financeira (art. 1713, §3º do CC) (em caso de liquidação dessa
entidade, os valores serão transferidos para outra instituição congênere, art. 1718 - trust).

 Bem de Família legal

O bem de família legal, instituído pela Lei 8009/90, concretiza o direito constitucional à moradia e a
noção de patrimônio mínimo (FACHIN), decorrente do valor superior da dignidade da pessoa humana. Anote-
se que, em razão de tal caráter protetivo, a Lei 8009/90 aplica-se a penhora realizada antes de sua vigência,
nos termos da súmula 205 do STJ.
Ademais, também privilegiando a proteção constitucional do direito à moradia, o STJ entendeu que
a impenhorabilidade do bem de família no qual reside o sócio devedor não é afastada pelo fato de o imóvel
pertencer à sociedade empresária. (Info 579/STJ)

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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

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Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é


impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal,
previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou
filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas
nesta lei.

Parágrafo único. A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se


assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e
todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que
guarnecem a casa, desde que quitados.

Art. 2º Excluem-se da impenhorabilidade os veículos de transporte, obras de arte


e adornos suntuosos.
Parágrafo único. No caso de imóvel locado, a impenhorabilidade aplica-se aos
bens móveis quitados que guarneçam a residência e que sejam de propriedade
do locatário, observado o disposto neste artigo.

Art. 5º Para os efeitos de impenhorabilidade, de que trata esta lei, considera-se


residência um único imóvel utilizado pelo casal ou pela entidade familiar para
moradia permanente.
Parágrafo único. Na hipótese de o casal, ou entidade familiar, ser possuidor de
vários imóveis utilizados como residência, a impenhorabilidade recairá sobre o de
menor valor, salvo se outro tiver sido registrado, para esse fim, no Registro de
Imóveis e na forma do art. 70 do Código Civil.

- Se houver 2 imóveis residenciais em que a família alternadamente viva, nos termos do art. 5º da
Lei 8009/90, a proteção legal recai no de menor valor, salvo se o imóvel mais valioso houver sido inscrito
como bem de família voluntário.
Com relação aos bens MÓVEIS, o art. 2º da Lei 8009 exclui de sua proteção veículos de transporte,
obras de arte e adorno suntuosos. Ademais, o locatário tem a proteção dos bens móveis quitados que
guarnecem a residência, desde que não sejam suntuosos.

# Exceções à impenhorabilidade do bem de família legal

Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil,


fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:
I- (Revogado pela Lei Complementar nº 150, de 2015)

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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

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II - Pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou


à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função
do respectivo contrato;
III – pelo credor da pensão alimentícia, resguardados os direitos, sobre o bem, do
seu coproprietário que, com o devedor, integre união estável ou conjugal,
observadas as hipóteses em que ambos responderão pela dívida;
IV - Para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas
em função do imóvel familiar;
V - Para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo
casal ou pela entidade familiar;
VI - Por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença
penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.
VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de
locação. (Incluído pela Lei nº 8.245, de 1991) -> STF já disse que esse dispositivo é
constitucional.

Art. 4º Não se beneficiará do disposto nesta lei aquele que, sabendo-se insolvente,
adquire de má-fé imóvel mais valioso para transferir a residência familiar,
desfazendo-se ou não da moradia antiga.

STF decidiu, em 2018, que não é possível a penhora de bem de família do fiador em contexto de
locação comercial. (RE 605709/SP)
Atenção ao entendimento recente do STJ: Questão que sempre suscitou controvérsias é a
possibilidade de penhora do único imóvel do fiador em decorrência do inadimplemento do locatário em
contrato de locação de imóvel, em razão da possibilidade de violação do seu direito de moradia e de sua
família. A possibilidade de se penhorar o imóvel da família do fiador nasceu da modificação trazida pela Lei
do Inquilinato sobre a Lei n. 8.009/90, inserindo o inciso VII no art. 3° da Lei do Bem de família para inserir
entre as exceções à impenhorabilidade do bem de família o único imóvel do fiador quando da fiança em
contrato de locação. A jurisprudência do STJ, em que pese entendimentos contrários, firmou
posicionamento no sentido de que é válida a referida penhora, nos termos da súmula 549. Tal
entendimento foi reafirmado no recente julgamento do Aglnt no AREsp 1583365/RJ, publicado em
05/06/20, consolidando-se, assim, sua jurisprudência dominante.

STF entendeu que a pensão alimentícia pode decorrer tanto de relações familiares, quanto de
obrigação de reparar danos. Assim, a impenhorabilidade do bem de família não pode ser oposta ao credor
de pensão alimentícia decorrente de indenização por ato ilícito (REsp 1.186.225).

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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

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STF já assentou o entendimento no sentido de que TAXA DE CONDOMÍNIO também excepciona a


proteção do bem de família (RE 439003-SP).

STJ já decidiu que todas as hipóteses de afastamento da impenhorabilidade do bem de família devem
ser interpretadas restritivamente. Assim, tal exceção abrange apenas as hipotecas constituídas em razão de
dívidas do casal ou da entidade familiar, não podendo ser oposta por credores de terceiros. Ex.: José dá
seu imóvel em garantia de dívida de João -> prevalece a impenhorabilidade. (Resp 1.115.265/RS)

STJ já decidiu que a ausência de registro da hipoteca em cartório de registro de imóveis não afasta
a exceção à regra de impenhorabilidade do bem de família dado em garantia hipotecária na hipótese de
dívida constituída em favor de entidade familiar. A ausência de registro da hipoteca não a torna inexistente,
mas apenas válidas inter partes (Info 585/STJ).

# Súmulas sobre bem de família:

Súmula 549/STJ: É válida a penhora de bem de família pertencente a fiador de


contrato de locação.

Súmula 364/STJ: O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange


também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas.

Súmula 486/STJ: É impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja


locado a terceiros, desde que a renda obtida com a locação seja revertida para a
subsistência ou moradia de sua família.

Súmula 449/STJ: A vaga de garagem, que possui matrícula própria no Registro de


Imóveis, não constitui bem de família, para efeito de penhora.

Fique de olho nas demais jurisprudências sobre o tema!

Não se pode penhorar o bem de família com base no inciso IV do art. 3º da Lei
8.009/90 se o débito de natureza tributária está relacionado com outro imóvel
que pertencia ao devedor. Para a aplicação da exceção à impenhorabilidade do
bem de família prevista no art. 3º, IV, da Lei nº 8.009/90 é preciso que o débito de
natureza tributária seja proveniente do próprio imóvel que se pretende
penhorar. (Info. 665/STJ – 2020)

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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

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Proprietário que aceita que seu bem de família sirva como garantia de um
contrato de alienação fiduciária em garantia não pode, posteriormente, alegar
que esse ato de disposição foi ilegal. (Info 664/STJ – 2019)

Os imóveis residenciais de alto padrão ou de luxo não estão excluídos, em razão


do seu valor econômico, da proteção conferida pela Lei nº 8.009/90 aos bens de
família. (AgInt no AREsp 1199556/PR - 2018)

Constitui bem de família o único imóvel residencial do devedor em que resida seu
familiar, ainda que o proprietário nele não habite. (Info 543/STJ)

Tratando-se de bem de família que constitua imóvel rural, é possível que se


determine a penhora da fração que exceda o necessário à moradia do devedor e
sua família. (Info 521/STJ)

A impenhorabilidade do bem de família é matéria de ordem pública, dela podendo


conhecer o juízo a qualquer momento, antes da arrematação do imóvel, desde que
haja prova nos autos. (REsp 981.532/RJ)

O simples fato de ter sido decretada a desconsideração da personalidade jurídica,


ainda que por fraude à massa falida, por exemplo, não implica, por si só, a
possibilidade de penhora do bem de família dos sócios, salvo se os atos
fraudulentos se encaixarem nas exceções do art. 3º da Lei 8.009/90. (Info 549/STJ)

 Regra: proteção do bem de família é norma cogente, não podendo o devedor abrir mão de tal
benesse.
 Exceção: em acordo homologado judicialmente, o executado pactuou a prorrogação do prazo para
pagamento e a redução do valor da dívida que contraíra em benefício da família, dando em garantia
o bem de família -> arguir a impenhorabilidade seria venire contra factum proprium. (Info 558/STJ)

Jurisprudência em Teses de Bem de Família STJ:

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1) A impenhorabilidade do bem de família prevista no art. 3º, III, da Lei n.


8.009/90 não pode ser oposta ao credor de pensão alimentícia decorrente de
vínculo familiar ou de ato ilícito.

2) Os integrantes da entidade familiar residentes no imóvel protegido pela Lei n.


8.009/90 possuem legitimidade para se insurgirem contra a penhora do bem de
família.

3) A proteção contida na Lei n. 8.009/1990 alcança não apenas o imóvel da


família, mas também os bens móveis indispensáveis à habitabilidade de uma
residência e os usualmente mantidos em um lar comum.

4) É impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a


terceiros, desde que a renda obtida com a locação seja revertida para a
subsistência ou a moradia da sua família (Súmula n. 486/STJ).

5) A vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de imóveis não


constitui bem de família para efeito de penhora. (Súmula n. 449/STJ)

6) O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel


pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas. (Súmula n. 364/STJ)

7) A impenhorabilidade do bem de família é oponível às execuções de sentenças


cíveis decorrentes de atos ilícitos, salvo se decorrente de ilícito previamente
reconhecido na esfera penal.

8) A exceção à impenhorabilidade prevista no artigo 3º, II, da Lei n. 8.009/90


abrange o imóvel objeto do contrato de promessa de compra e venda
inadimplido.

9) É possível a penhora do bem de família para assegurar o pagamento de dívidas


oriundas de despesas condominiais do próprio bem.

10) O fato do terreno encontrar-se desocupado ou não edificado são


circunstâncias que sozinhas não obstam a qualificação do imóvel como bem de
família, devendo ser perquirida, caso a caso, a finalidade a este atribuída.

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11) Afasta-se a proteção conferida pela Lei n. 8.009/90 ao bem de família, quando
caracterizado abuso do direito de propriedade, violação da boa-fé objetiva e
fraude à execução.

12) A impenhorabilidade do bem de família hipotecado não pode ser oposta nos
casos em que a dívida garantida se reverteu em proveito da entidade familiar.

13) A impenhorabilidade do bem de família não impede seu arrolamento fiscal.

14) A preclusão consumativa atinge a alegação de impenhorabilidade do bem de


família quando houver decisão anterior acerca do tema.

15) É legítima a penhora de apontado bem de família pertencente a fiador de


contrato de locação, ante o que dispõe o art. 3º, inciso VII, da Lei n. 8.009/1990
(Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/1973 - TEMA 708)(Súmula n.
549/STJ)

16) É possível a penhora do bem de família de fiador de contrato de locação,


mesmo quando pactuado antes da vigência da Lei n. 8.245/91, que acrescentou o
inciso VII ao art. 3º da Lei n. 8.009/90.

17) A impenhorabilidade do bem de família é questão de ordem pública, razão


pela qual não admite renúncia pelo titular.

18) A impenhorabilidade do bem de família pode ser alegada em qualquer


momento processual até a sua arrematação, ainda que por meio de simples
petição nos autos.

19) A Lei n. 8.009/90 aplica-se à penhora realizada antes de sua vigência. (Súmula
n. 205/STJ)

Referências Bibliográficas:

Flávio Tartuce. Manual de Direito Civil.

Nelson Rosenvald. Curso de Direito Civil – Parte Geral e LINDB.

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André Santa Cruz Ramos. Direito Empresarial Esquematizado.

Cristiano Chaves de Farias. Código Civil para concursos

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QUESTÕES PROPOSTAS

1- 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA - INSTITUTO AOCP - 2021 indenização civil em face deste, sob a alegação de ter sofrido
- PC-PA - Delegado de Polícia Civil dano moral ocorrido no âmbito de suas atividades na
De acordo com o que dispõe o Código Civil acerca do empresa comercial. Nesta circunstância específica de
domicílio, é correto afirmar que interesse de Peçanha, para efeito de determinação do
Domicílio de João, de acordo com o Código Civil, é correto
A-o agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, afirmar que:
alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, no país,
o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou A-Em razão da atividade concernente à profissão, Cariacica,
no primeiro ponto do território brasileiro onde o teve. Fundão e Guarapari podem ser considerados domicílio de
B-se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, João.
haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às B-Aplica-se o critério do lugar em que João tem ânimo
obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o definitivo de ficar, que seria, em tese, a casa em que mora
lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela com sua esposa Marina.
corresponder. C-Aplica-se a regra de fixação do domicílio de João a qualquer
C-se a pessoa natural tiver diversas residências, onde, um dos locais em que ele tenha residência.
alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu apenas a D-Considera-se o domicílio civil de João apenas a sede da
última residência estabelecida. empresa comercial em que atua como gerente.
D-muda-se o domicílio, transferindo a residência, ainda que E-Por conta de seu casamento sob o regime de comunhão
não haja intenção manifesta de o mudar. universal, aplica-se a regra da residência conjugal.
E-tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em
lugares diferentes, o local do primeiro estabelecimento 4- 2018 - VUNESP - PC-SP - VUNESP - 2018 - PC-SP -
criado será considerado domicílio para os atos praticados em Delegado de Polícia
qualquer um deles. Sobre as diferentes classes de bens, assinale a alternativa
correta.
2- 2021 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE /
CEBRASPE - 2021 - Polícia Federal - Delegado de Polícia A-Constitui universalidade de direito a pluralidade de bens
Federal singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham
A respeito do domicílio, da responsabilidade civil e das destinação unitária.
sociedades comerciais, julgue o item que se segue. B-Os bens naturalmente divisíveis só podem tornar-se
indivisíveis por determinação legal.
Se uma pessoa viver, de forma alternada, em diversas C-São bens imóveis o solo, o subsolo e o espaço aéreo e
residências, qualquer uma delas poderá ser considerada seu apenas o que se lhe incorporar artificialmente.
domicílio. D-Consideram-se bens móveis as energias que tenham valor
econômico e o direito à sucessão aberta.
Certo E-Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos
Errado e produtos podem ser objeto de negócio jurídico.

3- 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Instituto Acesso - 2019 - 5- 2018 - VUNESP - PC-SP - VUNESP - 2018 - PC-SP -
PC-ES - Delegado de Polícia - Anulado Delegado de Polícia
João, maior, natural de Vila Velha, casado com Marina sob o Domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a
regime de comunhão total de bens, exerce a profissão de sua residência com ânimo definitivo. Sobre o assunto,
gerente em empresa comercial. No exercício de sua profissão, assinale a alternativa correta.
João atua nas cidades de Cariacica, Fundão e Guarapari.
Peçanha, subordinado de João, pretende ajuizar ação de A-O domicílio do preso é o lugar onde foi julgada a ação penal.

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B-O domicílio do servidor público é o lugar em que ele exerce deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da
permanentemente suas funções. própria mudança, com as circunstâncias que a
C-O domicílio do incapaz é o do local onde ele for encontrado. acompanharem.
D-Se a pessoa natural não tiver residência habitual, ter-se-á
por seu domicílio a última residência registrada em seu nome. Estão CORRETAS apenas as afirmativas:
E-Se a pessoa natural tiver diversas residências, onde
alternadamente viva, considerar-se-á seu domicílio apenas o A-I, II e III.
lugar onde a profissão é exercida. B-I, II e IV.
C-I, III e IV.
6- 2018 - FUMARC - PC-MG - FUMARC - 2018 - PC-MG - D-II, III e IV.
Delegado de Polícia Substituto
De acordo com o disposto no Código Civil a respeito dos bens, 8- 2018 - NUCEPE - PC-PI - NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado
é CORRETO afirmar: de Polícia Civil
Marque a alternativa CORRETA no que tange aos bens:
A-A lei não pode determinar a indivisibilidade do bem, pois
esta característica decorre da natureza da coisa ou da A-Os veículos à venda em uma concessionária são
vontade das partes. considerados bens consumíveis.
B-A regra de que o acessório segue o principal tem inúmeros B-delegacia são considerados bens imóveis em decorrência
efeitos, entre eles, a presunção absoluta de que o da lei.
proprietário da coisa principal também seja o dono do C-A delegacia é considerada um bem público de uso comum
acessório. do povo.
C-Para os efeitos legais, considera-se bem imóvel o direito à D-As portas, janelas de um determinado imóvel, bem como
sucessão aberta. as armas que se encontram em exposição são considerados
D-Pertenças são obras feitas na coisa ou despesas que se teve bem móveis.
com ela, com o fim de conservá-la, melhorá-la ou embelezá- E-O dinheiro é considerado um bem infungível.
la.
9- 2018 - FUNDATEC - PC-RS - FUNDATEC - 2018 - PC-RS -
7- 2018 - FUMARC - PC-MG - FUMARC - 2018 - PC-MG - Delegado de Polícia - Bloco II
Delegado de Polícia Substituto Conforme disciplina normativa do Código Civil brasileiro, NÃO
Considere as seguintes afirmativas a respeito do domicílio da são bens públicos:
pessoa natural:
A-Os dominicais, ainda que alienáveis.
I. Tem como regra geral o lugar onde a pessoa estabelece a B-Os de uso especial destinados a autarquias.
sua residência com ânimo definitivo. C-Os terrenos destinados a serviços da administração
territorial ou municipal.
II. Considera-se também como domicílio da pessoa natural, D-Os bens sujeitos a usucapião.
quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde E-Os dominicais, quando objeto de direito pessoal de
esta é exercida. entidades de direito público.

III. Se houver exercício da profissão em lugares diversos, o 10- 2018 - FUNDATEC - PC-RS - FUNDATEC - 2018 - PC-RS -
local da contratação constituirá domicílio para as relações Delegado de Polícia - Bloco II
que lhe corresponderem. Tratando-se do domicílio, conforme tipificado no Código Civil
brasileiro, analise as seguintes assertivas:
IV. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a
intenção manifesta de o mudar. A prova da intenção resultará I. Se a pessoa jurídica possuir diversos estabelecimentos em
do que declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que lugares diferentes, será considerado domicílio aquele fixado

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por último, independentemente do local em que praticado o O artigo 98, do Código Civil em vigor, dispõe que "são públicos
ato jurídico em análise. os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas
jurídicas de direito público interno; todos os outros são
II. Corresponde ao de seu domicílio, o lugar onde for particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem". No
encontrada a pessoa natural que não tenha residência que se refere a bens públicos, assinale a alternativa correta
habitual.
A-Os bens dominicais são disponíveis.
III. Nos contratos escritos, poderão os contratantes B-Os bens de uso especial do povo encontram-se à disposição
especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os da coletividade, desnecessária a autorização para seu uso.
direitos e obrigações deles resultantes. C-Os bens públicos podem ser adquiridos por usucapião.
D-A permissão de uso de bem público é ato bilateral,
IV. A prova da intenção de alteração de domicílio corresponde discricionário e precário.
ao que declarar a pessoa a seu cônjuge, descendente ou E-Os bens públicos podem ser hipotecados.
ascendente, se outra coisa não houver sido dita quando da
própria mudança, com as circunstâncias que a 13- 2016 - FUNCAB - PC-PA - FUNCAB - 2016 - PC-PA -
acompanharem. Delegado de Polícia Civil - Prova Anulada
Segundo o regime previsto pelo Código Civil brasileiro para os
Quais estão corretas? bens:

A-Apenas I e IV. A-as praias e as ruas são bens públicos de uso especial.
B-Apenas II e III. B-consideram-se benfeitorias todos os acréscimos
C-Apenas III e IV. sobrevindos ao bem, independentemente de intervenção do
D-Apenas I, II e III. proprietário, possuidor ou detentor.
E-Apenas I, II e IV. C-os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal
não abrangem as pertenças, salvo disposição legal, contratual
11- 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-MA - CESPE - 2018 - PC- ou circunstâncias do caso.
MA - Delegado de Polícia Civil D-constitui universalidade de direito a pluralidade de bens
Determinado indivíduo tinha direito de usufruto de uma casa. singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham
Tal direito era transmissível a seus sucessores que com ele destinação unitária.
habitassem à época de sua morte. Além disso, ele era E-os bens dominicais são inalienáveis, enquanto conservarem
proprietário de um pequeno barco. Quando de seu a sua qualificação.
falecimento, foi aberta a sucessão.
14- 2015 - FUNIVERSA - PC-DF - FUNIVERSA - 2015 - PC-DF
De acordo com o Código Civil, os referidos bens — direito real - Delegado de Polícia
de usufruto; direito real sobre o barco; direito à sucessão No que diz respeito ao domicílio das pessoas naturais e
aberta — são classificados, respectivamente, como bens jurídicas, assinale a alternativa correta.

A-imóvel, móvel e imóvel. A-A pessoa jurídica tem domicílio no lugar onde funcionarem
B-móvel, imóvel e móvel. as respectivas diretorias e administrações, ou em domicílio
C-imóvel, imóvel e imóvel. especial especificado no seu estatuto ou em atos
D-móvel, móvel e móvel. constitutivos, não havendo autorização legal para que a
E-imóvel, móvel e móvel. pessoa jurídica tenha mais de um domicílio.
B-É nula a cláusula contratual de especificação de domicílio
12- 2017 - FAPEMS - PC-MS - FAPEMS - 2017 - PC-MS - nas situações em que os contratantes especificam onde
Delegado de Polícia devem ser exercidos e cumpridos direitos e obrigações
resultantes do próprio contrato.

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C-Tem o preso domicílio necessário na localidade onde A-Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso
cumprir a sentença penal. especial podem ser alienados desde que previamente sejam
D-O domicílio da pessoa natural, mesmo no que se refere às desafetados e exista autorização legislativa para a alienação.
relações concernentes à profissão, é o lugar onde ela B-Os bens públicos dominicais são aqueles destinados a
estabelece a sua residência com ânimo definitivo. serviço ou estabelecimento da administração federal,
E-Somente se prova a intenção manifesta de mudar, para fins estadual, territorial ou municipal, inclusive de suas
de modificação do domicílio, pela própria mudança, com as autarquias.
circunstâncias que a acompanharem. C-Os materiais provisoriamente separados de um prédio,
para nele se reempregarem, perdem o caráter de imóveis
15- 2014 - VUNESP - PC-SP - VUNESP - 2014 - PC-SP - enquanto fisicamente desatrelados da edificação.
Delegado de Polícia D-Os bens naturalmente divisíveis jamais perdem essa
Com relação aos bens públicos, é correto afirmar que característica, ainda que por livre vontade das partes.
E-As benfeitorias úteis tem por fim conservar o bem ou evitar
A-os de uso especial e os dominicais são inalienáveis, sua deterioração.
inadmitindo desafetação.
B-podem ser de uso gratuito ou retribuído, conforme 18- 2013 - COPS-UEL - PC-PR - COPS-UEL - 2013 - PC-PR -
disposição legal. Delegado de Polícia
C-os rios, mares, ruas e praças constituem bens de uso Sobre as diferentes classes de bens previstas no Código Civil,
especial. considere as afirmativas a seguir.
D-os de uso especial são aqueles bens públicos revestidos de
estrutura de direito privado. I. São bens imóveis os direitos reais sobre imóveis, as ações
E-apenas os dominicais estão sujeitos à usucapião. que os asseguram, a sucessão aberta e os materiais
provisoriamente separados de um prédio, para nele se
16- 2013 - UEG - PC-GO - UEG - 2013 - PC-GO - Delegado de reempregarem.
Polícia - 2ª prova
O regime jurídico dos bens é dividido em três grandes II. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens
modalidades, os bens considerados em si mesmos, os bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham
reciprocamente considerados e os bens públicos. Cada uma destinação unitária. Esses bens podem ser objeto de relações
dessas modalidades é subdividida. De qual modalidade cada jurídicas próprias.
um dos tipos de bens a seguir fazem parte, respectivamente,
considerando a seguinte ordem: bens considerados em si III. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou
mesmos, bens reciprocamente considerados e bens públicos? mediante retribuição, conforme for estabelecido legalmente
pela entidade a cuja administração pertencerem.
A-Bens de uso comum do povo, bens de uso especial e
benfeitoria. IV. Os bens públicos dominicais são insuscetíveis de cessão,
B-Bens fungíveis, pertenças e bens dominicais. doação, constituição de garantia e alienação. Por serem
C-Bens imóveis, bens móveis e pertenças. essenciais ao serviço público, seu uso por particular deve ser
D-Bens consumíveis, bens imóveis e bens de uso comum do temporário e mediante remuneração.
povo.
Assinale a alternativa correta.
17 - 2013 - UEPA - PC-PA - UEPA - 2013 - PC-PA - Delegado
de Polícia A-Somente as afirmativas I e II são corretas.
Sobre o regime jurídico dos bens, assinale a alternativa B-Somente as afirmativas I e IV são corretas.
correta. C-Somente as afirmativas III e IV são corretas.
D-Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
E-Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

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SEMANA 04/30

D-é domicílio de uma pessoa que não tenha residência física


19 - 2013 - UEG - PC-GO - UEG - 2013 - PC-GO - Delegado de o local em que ela for encontrada, ou seja, o lugar de sua
Polícia - 1ª prova habitação ou moradia.
O Código Civil apresentou inovações acerca do estudo do
domicílio da pessoa natural. Diante do exposto, verifica-se 20- 2012 - FUNCAB - PC-RJ - FUNCAB - 2012 - PC-RJ -
que Delegado de Polícia
De acordo com o Código Civil, é correto afirmar:
A-o domicílio dos representados é aquele fixado pela vontade
do representante legal, regulado em prol do exercício da A-O preso não tem domicílio necessário.
autonomia privada, não sendo necessariamente o mesmo do B-A personalidade civil da pessoa começa desde a concepção.
representante legal. C-São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os
B-a concepção de domicílio relaciona-se com conceitos atos da vida civi l os excepcionais, sem desenvolvimento
pertinentes ao conceito de residência e ao conceito de mental completo.
moradia, sendo este conceito de moradia próprio do direito D-São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de
subjetivo, constituído pelo estabelecimento da pessoa. os exercer os maiores de dezesseis e menores de vinte e um
C-o domicílio é o local físico, podendo ser mais de um, ou anos.
podendo ser alterado, e tal conceito, previsto no Código Civil, E-Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de
é também aplicável no caso do servidor público ausência, se for extremamente provável a morte de quem
correlacionado com o domicílio necessário. estava em perigo de vida.

Respostas7

7
1: B 2: C 3: A 4: E 5: B 6: C 7: B 8: A 9: D 10: B 11: A 12: A 13: C 14: C 15: B 16: B 17: A 18: D 19: D 20: E
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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

SEMANA 04/30

META 4

DIREITO ADMINISTRATIVO: ATOS ADMINISTRATIVOS

TODOS OS ARTIGOS
⦁ Art. 2º da Lei 9784/99
⦁ Art. 11 a 17 da Lei 9784/99
⦁ Art. 18 e 19 da Lei 9784/99
⦁ Art. 22 da Lei 9784/99
⦁ Art. 38, §1º da Lei 9784/99
⦁ Art. 50 da Lei 9784/99
⦁ Art. 84, VI, CF/88
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER

⦁ Art. 2º, caput e §único e inciso IX da Lei 9784/99


⦁ Art. 11, 12, 13 e 15 da Lei 9784/99
⦁ Art. 50 da Lei 9784/99

1. ATOS ADMINISTRATIVOS

1.1. Fato Jurídico

a) Fato - É todo e qualquer acontecimento, seja decorrente de condutas humanas ou simples sucessão de
eventos alheios à atuação das pessoas;

b) Fato Jurídico - Quando os fatos interferem nas relações travadas entre pessoas e, por isso, precisam de
regulamentação por meio de normas jurídicas. Podem se subdividir em:
b.1. Fatos da Natureza (fatos jurídicos strictu sensu) – ex: nascimento e morte;
b.2. Fatos de Pessoas (atos jurídicos) – Ato humano que manifesta vontade de forma a interferir no
direito.

FATO – Acontecimento
ATO – Manifestação de Vontade

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1.2 Correntes doutrinárias sobre fatos e atos administrativos:

I- Corrente Clássico-voluntarista (Maria Sylvia Zanella Di Pietro): ato administrativo é um comportamento


humano voluntário que produz efeitos na seara administrativa, enquanto fato administrativo é um
acontecimento da natureza relevante para o Direito Administrativo (morte de servidor, prescrição).

II- Corrente Antivoluntarista (Celso Antônio Bandeira de Mello): ato administrativo é enunciado prescritivo,
declaração jurídica que disciplina coisas e situações, enquanto que fato administrativo não possui caráter
prescritivo, sendo simplesmente acontecimento a que a lei atribui consequências jurídicas. Como
consequência, os fatos administrativos não são nem anuláveis, nem revogáveis.

III- Corrente Materialista (Hely Lopes Meirelles): ato administrativo é manifestação volitiva da
Administração, no desempenho das funções de Poder Público, visando produzir algum efeito jurídico,
enquanto que fato administrativo é toda atividade pública material em cumprimento de decisão
administrativa. O fato administrativo sempre resulta do ato administrativo que o determina.

IV- Corrente Dinamicista (José dos Santos Carvalho Filho – Teoria Majoritária): fato administrativo é toda
atividade material da administração, no exercício de função administrativa, que visa a efeitos de ordem
prática para a Administração (alteração dinâmica). O fato pode ser um evento da natureza (fato
administrativo natural) ou comportamento voluntário (fato administrativo voluntário). O fato administrativo
voluntário deriva de ato administrativo ou de conduta administrativa. Exemplos: apreensão de mercadorias,
raio que destrói bem público, desapropriação e requisição.

1.3. Atos Administrativos X Atos da Administração

Nem todo ato praticado pela Administração Pública é ato administrativo, sendo o ato da
administração mais amplo do que a noção de ato administrativo.

Há dois entendimentos doutrinários distintos sobre o conceito de atos da Administração:


• Di Pietro (corrente minoritária): Considera que os atos da Administração são todos os atos jurídicos
praticados pela Administração Pública, incluindo os atos administrativos;
• José dos Santos Carvalho Filho, CABM (corrente majoritária): Considera que atos da Administração
são atos jurídicos praticados pela Administração Pública que não se enquadram no conceito de atos
administrativos, como os atos legislativos expedidos no exercício da função atípica, os atos políticos
definidos na CF, os atos regidos pelo direito privado e os atos materiais.

Podem ser divididos em:

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a) Atos Políticos ou de Governo – Quando há exercício da função política e podem exercê-la os membros do
Legislativo, Judiciário e do Executivo. Na prática, não são sequer considerados atos da Administração, pois
são exercidos pelo Estado no exercício de função política. O controle jurisdicional será admitido somente
quando houver prejuízo específico à esfera individual de particulares. Ex.: declaração de guerra,
intervenção federal, veto a projeto de lei.

Obs.: JSCF entende que esses atos NÃO seriam propriamente administrativos, mas atos de governo, já que
seu fundamento de encontra na CF/88 e, por isso, inexistiriam parâmetros prévios de controle. Por outro
lado, são esses os atos que permitem a condução das políticas, diretrizes e estratégias do governo,
comportando tais atos maior discricionariedade para os governantes.

b) Atos Privados ou de Gestão – São os atos da Administração Pública regidos pelo direito privado, em que
a Administração atua sem prerrogativas, como se particular fosse. Ex.: locação imobiliária e contrato de
compra e venda.

Obs.: não cabe mandado de segurança contra atos de gestão em razão da ausência de supremacia.

c) Atos Materiais – Também chamados de FATOS ADMINISTRATIVOS, já que não manifestam a vontade do
Estado, sendo atos de mera execução de atividade. Ex.: ato que determina a demolição de um prédio → a
demolição em si é mero ato material.

Obs.: Di Pietro entende que os atos materiais da Administração NÃO contêm manifestação de vontade, mas
envolvem apenas a execução.

d) Atos Administrativos – Atos por meio dos quais a Administração atua por meio da função administrativa,
sob o regime de direito público e ensejando a manifestação do Estado ou de quem lhe faça as vezes. Podem
ser praticados ou não pela Administração Pública, haja vista que podem ser delegados.

Elementos:
• Manifestação unilateral de vontade do Estado ou de quem o represente. Ex.: concessionária.
• Vai criar, modificar ou extinguir direitos, tendo por objetivo satisfazer o interesse público.
• Se submete a regime jurídico público.
• É complementar e inferior à lei (tem como fundamento a legislação infra)
• Sujeito ao controle de legalidade pelo Judiciário.

1.4. Atos Administrativos

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Segundo Maria Sylvia Zanella di Pietro, tem-se que ato administrativo é a declaração do Estado ou
de quem o represente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico
de direito público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário.
Ainda, Alexandre Mazza define ato administrativo como toda manifestação expedida no exercício da
função administrativa, com caráter infralegal, consistente na emissão de comandos complementares à lei,
com a finalidade de produzir efeitos jurídicos.
São atos jurídicos decorrentes da manifestação de vontade humana que repercute na esfera dos
cidadãos, devendo ser emanado por agente público.
Inexistem, na esfera do Direito Administrativo, atuações totalmente discricionárias, haja vista a
definição legal com critérios objetivos de determinados elementos dos atos administrativos, mesmo nos
discricionários. Até mesmo os elementos do ato administrativo que podem ter feição discricionária (como
o motivo e objeto), quando devidamente regulamentados ou discriminados pela Lei, passam a ser
vinculados, perdendo o caráter discricionário.
De acordo com Rafael Carvalho Rezende Oliveira, o mérito pode ser entendido como a liberdade
dada pelo legislador ao agente público para que se exerça o juízo de ponderação dos motivos e se escolha os
objetos dos atos administrativos discricionários, não havendo mérito na edição de atos vinculados.
Destaca-se a jurisprudência sobre o tema:
O Poder Judiciário não pode fazer a revisão judicial do mérito da decisão
administrativa proferida pelo CADE. (STF. 1ª Turma. RE 1083955/DF, Rel. Min. Luiz
Fux, julgado em 28/5/2019 - Info 942).

Portanto, conclui-se que:

• ATOS VINCULADOS - Se preenchidos os requisitos objetivamente definidos no texto legal, o ato


administrativo deve ser praticado pelo Poder Público, não havendo qualquer possibilidade e emissão
de juízo de valor pela autoridade estatal, de modo que a simples ocorrência de previsão legal enseja
direito adquirido a particulares.
• ATOS DISCRICIONÁRIOS - É aquele ato determinado em lei, em que o dispositivo confere margem
de escolha ao administrador público mediante análise das razões de oportunidade e conveniência. A
discricionariedade NÃO se confunde com arbitrariedade (esta é a discricionariedade sem limites),
somente sendo exercida dentro dos limites definidos pela legislação aplicável.

2. ELEMENTOS OU REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO

DICA: COM FI FOR M OB

• Competência
• Finalidade
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• Forma
• Motivo
• Objeto

2.1 Competência

a) Disposições Gerais

Definido em lei ou atos administrativos gerais, e em algumas situações decorrem da previsão da CF


e não pode ser alterado por vontades das partes ou do administrador público.
Marçal Justen defende que a competência administrativa é a atribuição normativa da legitimação
para a prática de um ato administrativo.

QUAIS SÃO AS FONTES DE COMPETÊNCIA?

A doutrina identifica duas fontes de competência:


• Fonte primária - é quem define no primeiro plano a competência, ou seja, lei em sentido amplo
(englobando o texto constitucional);
• Fonte secundária - é quem define no plano interno do órgão, ou seja, para apontar exatamente quem
é o sujeito, que será previsto em ato administrativo.

A atuação administrativa é um poder-dever conferido ao Poder Público e distribuído entre os seus


agentes e órgãos internos.
É elemento vinculado do ato!
A competência administrativa decorre SEMPRE da lei, mas a avocação e a delegação podem ocorrer
por atos infralegais:
• Avocação - Decorre da hierarquia;
• Delegação - No âmbito federal, NÃO se exige hierarquia. (Ou seja, pode delegar para órgãos pares).

Veja: Art. 12. “Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal,
delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam
hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole
técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.”

Lembrando que, se a legislação estadual não dispor de forma contrária ou for silente, a legislação a
ser aplicada é a Lei Federal (art. 12, Lei 9784/99)

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Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento
legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que
estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em
razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à delegação de
competência dos órgãos colegiados aos respectivos presidentes.

b) Características da competência

• IMPRESCRITÍVEL – Não se extingue com a inércia do agente;


• IMPRORROGÁVEL – Não pode ser atribuída ao agente público pelo fato de ter praticado o ato para
o qual não tinha atribuição, sem que houvesse objeção por parte de terceiros, devendo o agente
público manter a sua competência originária;
• IRRENUNCIÁVEL (= inderrogável) – Em função do princípio da indisponibilidade do interesse público,
não se pode renunciar total ou parcialmente os poderes ou competências, salvo autorização em lei.

c) Delegação e Avocação de Competência

DELEGAÇÃO: É extensão de competência, de forma temporária, para outro ente de mesma


hierarquia ou de nível hierárquico inferior, para o exercício de determinados atos especificados no
instrumento de delegação.
No ato de delegação, deve se definir o tempo e a matéria delegada de forma específica,
estabelecendo os limites de atuação do agente delegado, já que os atos de delegação genérica são NULOS,
devendo ainda ser publicado.
Cláusula de Reserva – Como regra geral, o agente delegante NÃO transfere a competência, mas
apenas a amplia, mantendo-se competente após a delegação com o agente delegado.

SÚMULA 510 STF – praticado ato por autoridade, no exercício de competência


delegada, contra ele cabe mandado de segurança ou a medida judicial → Esse
entendimento se respalda no fato de que o ato praticado por delegação deve ser
considerado praticado pelo agente delegado.

Vedação à delegação de competência:

DICA: CE NO RA
• Competência exclusiva, definida em lei – No entanto, é admitida a delegação para a prática
de atos decorrentes de competências privativas de determinado agente público;

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• Para a edição de atos normativos – No entanto, o art. 84 CF permite a delegação de algumas


atribuições do Presidente da República aos Ministros de Estado, AGU e PGR.
• Para a decisão de recurso administrativo;

Veja o art. 13 da Lei 9784/99:


Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
I - a edição de atos de caráter normativo;
II - a decisão de recursos administrativos;
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

AVOCAÇÃO: Ocorre quando o agente chama para si a competência de outro agente, devendo haver
a subordinação, sendo alteração de competência de caráter temporário e restrito, possuindo como objetivo
evitar decisões contraditórias.

Art. 15, Lei 9784/99 Será permitida, em caráter excepcional e por motivos
relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de competência
atribuída a órgão hierarquicamente inferior.

STF: É legítima a delegação de competência pelo Governador de Estado a secretário


estadual para a aplicação da pena de demissão a servidores público.

Obs1.: DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA X DELEGAÇÃO DE ASSINATURA – Na delegação de competência, há


efetiva transferência de competência e da responsabilidade pela função que será exercida pelo delegatário;
na segunda hipótese, o delegatário apenas assina atos administrativos em nome do delegante, sem assumir
qualquer responsabilidade pelo respectivo conteúdo. A delegação de assinaturas é comum no cotidiano da
Administração e tem por objetivo desafogar os trabalhos e garantir celeridade administrativa.

Obs2.: RENÚNCIA DA COMPETÊNCIA X DELEGAÇÃO – Na renúncia, o agente de recusa a exercer a função


administrativa, denotando completa omissão administrativa, que deve ser punida disciplinarmente. Na
delegação, o agente transfere a competência para outro agente para que a função administrativa seja
efetivamente exercida.

QUAIS SÃO OS VÍCIOS QUE PODEM ATACAR O ELEMENTO COMPETÊNCIA DO ATO?

O elemento competência pode ser viciado por incompetência e por incapacidade.

a) Por incompetência: ocorre por excesso de poder, usurpação de função ou função de fato.

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Ocorre excesso de poder quando o agente atua fora ou além de sua esfera de competências,
estabelecida em lei. Trata-se de espécie do gênero abuso de poder. Assim, abuso de poder é o gênero, do
qual são espécies o excesso de poder (vício de competência) e o desvio de poder (vício no elemento finalidade
dos atos administrativos).
Tanto o excesso como o desvio de poder podem configurar crime de abuso de autoridade, hipótese
em que ficará sujeito à responsabilidade administrativa e à penal, podendo ainda responder civilmente, se
de seu ato resultarem danos patrimoniais e morais.
O vício de competência (excesso de poder) admite convalidação, salvo se se tratar de competência
em razão da matéria ou de competência exclusiva. Nestes dois últimos casos, o excesso de poder gera um
ato nulo.
A usurpação da função é crime (art. 328 do CP) cometido por alguém que não foi por nenhuma forma
investido no cargo, emprego ou função pública. O agente não tem nenhuma espécie de vinculo funcional
com a administração (Di Pietro). Neste caso, a maioria da doutrina considera o ato inexistente.
Ocorre a função de fato quando a pessoa foi investida no cargo, emprego ou função pública, mas há
alguma ilegalidade em sua investidura ou impedimento para a prática do ato. Em função da teoria da
aparência (para os administrados, a situação tem total aparência de legalidade, de regularidade), o ato é
considerado válido, ou pelo menos o são os efeitos dele decorrentes.

b) Por incapacidade: A Lei 9.784/99 prevê, em seu art. 18, os casos de impedimento, e no art. 20, os casos
de suspeição de autoridade ou servidor público, praticamente nos mesmos moldes do CPC. Cumpre salientar,
porém que, no Direito Administrativo, ambas as hipóteses se enquadram como atos anuláveis, passíveis de
convalidação por autoridade que não esteja na mesma situação de impedimento ou suspeição.

2.2 Finalidade

É escopo do ato, sendo tudo aquilo que se busca proteger com a prática do ato. A finalidade é o efeito
jurídico MEDIATO do ato administrativo, isto é, aquilo que o administrador público quer buscar em um
momento posterior à prática do ato, qual seja, a finalidade pública.
Para a doutrina, todo ato administrativo possui DUAS FINALIDADES:
∘ Finalidade Genérica: Presente em todos os atos, é o atendimento ao interesse público;
∘ Finalidade Específica: É definida em lei e estabelece qual a finalidade de cada ato
especificamente.

Em determinadas situações, o ato é praticado no interesse público, mas com desvio da finalidade
específica, a exemplo de quando se exonera um servidor público com a intenção de puni-lo. Assim, sendo
violada a finalidade específica, mesmo que o agente esteja buscando o interesse público, há o desvio de
finalidade.

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SEMANA 04/30

Ainda que o Administrador Público NÃO atue com a intenção de satisfazer interesses pessoais, a
prática do ato com a intenção de alcançar finalidade diversa da expressamente imposta na regra que a definiu
configura vício, por desvio de poder, SALVO nos casos de tredestinação lícita, na desapropriação.
A finalidade é SEMPRE elemento vinculado do ato quanto à finalidade específica, podendo ser
discricionário se analisada a finalidade genérica que é o interesse público (conceito jurídico indeterminado).

Ainda no que tange a finalidade, é importante tratar do ABUSO DE PODER.


Subdivide-se em:
• Desvio de poder (= desvio de finalidade): Ocorre quando o agente público pratica ato visando fim
diverso do previsto.
• Excesso de poder (= vício de competência): Ocorre quando o agente público excede os limites da
sua competência.

2.3 Forma

É a exteriorização do ato, determinada por lei, decorrente do PRINCÍPIO DA SOLENIDADE. A ausência


de forma importa a inexistência do ato administrativo, já que a forma é instrumento de projeção do ato.
Não basta a manifestação de vontade, mas a formalização deve respeitar os critérios previamente
definidos em lei, sob pena de irregularidade da conduta. Nesse caso, o desrespeito às formalidades
específicas NÃO gera a inexistência do ato, mas a sua ilegalidade, devendo ser anulado.
A declaração de ilegalidade poderá ser feita pela própria Administração Pública, no exercício da
autotutela estatal, ou mediante decisão judicial fundamentada.
Os atos administrativos devem ser praticados por escrito, em língua portuguesa, salvo em algumas
exceções.
A forma NÃO configura a essência do ato – finalidade estatal -, mas tão somente o instrumento
necessário para que a conduta administrativa alcance os seus objetivos.

Obs.: Maria Sylvia Zanella di Pietro assevera que é integrante do conceito de forma a motivação do ato
administrativo, ou seja, a exposição dos fatos e do direito que serviram de fundamento para a prática do ato;
a sua ausência impede a verificação de legitimidade do ato.

O art. 22 da Lei nº 9.784/99 consagra o princípio do Informalismo ou do Formalismo moderado.


De acordo com o dispositivo legal, os atos do processo administrativo não dependem de forma
determinada senão quando a lei expressamente a exigir.
Ademais, o § 1o afirma que os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em vernáculo,
com a data e o local de sua realização e a assinatura da autoridade responsável.

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Por sua vez, o SILÊNCIO ADMINISTRATIVO, diante de determinada situação, NÃO produz qualquer
efeito, salvo as hipóteses previstas no próprio texto legal. A ausência de conduta NÃO configura um ato
administrativo, mas somente um fato da administração.
Sobre o silêncio da Administração Pública, Alexandre Mazza ressalta que, em regra, a inércia
administrativa não tem importância para o Direito, podendo ocorrer, porém, de a lei atribuir-lhe algum
significado específico, ligando efeitos jurídicos à omissão da Administração.

É POSSÍVEL A RESPONSABILIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO DECORRENTE DO SILÊNCIO ADMINISTRATIVO?

Caso a omissão da Administração Pública venha a resultar em um dano jurídico, tal omissão poderá
ensejar responsabilização patrimonial do Estado, bem como a do próprio servidor, nos casos de dolo ou culpa
(art. 37, §6° da CF/88).
As hipóteses de responsabilização não se restringem à ausência de resposta pelo exercente da função
administrativa, devendo ser também aplicáveis às situações em que a resposta surja quando já superado o
tempo razoável para aquela manifestação (direito à razoável duração do processo - inciso LXXVIII, do artigo
5º da Carta Magna).
Nas hipóteses de não haver previsão legal específica de prazo para a oferta de resposta pela
Administração, deve-se aplicar, subsidiariamente, o lapso de 30 dias previsto na Lei 9.784/99 (arts. 49 e 59,
§ 1º), responsável pela regulação do processo administrativo no âmbito federal.

Diante de provocação feita pelo particular, a inércia administrativa é ilicitude sanável por meio de
provocação do Poder Judiciário, o qual pode determinar que o agente público pratique o ato, cessando a
ilegalidade que decorria da omissão estatal, não configurando invasão no mérito administrativo, desde que
o Judiciário NÃO interfira no conteúdo da conduta a ser praticada.
O vício de forma é sanável quando não gerar prejuízo ao interesse público nem a terceiros, devendo
ser mantido o ato viciado. No entanto, em algumas situações, o vício de forma é insanável, por atingir
diretamente o próprio conteúdo do ato.
De modo geral, a forma é sempre elemento vinculado, mesmo nos atos administrativos
discricionários, SALVO se a lei estabelecer mais de uma forma possível para o ato ou for silente quanto à
forma a ser obedecida para a prática de determinado ato, quando então será discricionária.

2.4 Motivo

São as razões de fato e de direito que justificam a prática do ato.


Para que o motivo do ato seja válido, e consequentemente não haja irregularidades, exige-se que o
fato narrado no ato praticado seja real e efetivamente tenha ocorrido da forma como descrita na conduta
estatal, bem como a situação fática perpetrada pelo particular deve corresponder exatamente à situação
disposta em lei como justificadora do ato administrativo (subsunção da norma à situação de fato).
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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

SEMANA 04/30

O motivo é elemento do ato administrativo que pode ser discricionário.


Deve haver adequação entre o motivo que deu ensejo à prática do ato e o resultado a ser obtido pela
atuação estatal propriamente dita (para alguns doutrinadores, isso seria a causa do ato administrativo,
configurando-se pressuposto de validade da conduta).

MOTIVO X MOTIVAÇÃO: Motivo NÃO é sinônimo de motivação. Motivação é a exposição dos


motivos do ato, ou seja, a fundamentação do ato administrativo. Dessa forma, enquanto o motivo é um
elemento do ato administrativo, a motivação integra a formalização do ato. Assim, o ato sem motivação
possui um vício no elemento forma.

Segundo Matheus Carvalho, deve ser feita a diferenciação entre duas hipóteses:

I- O ato administrativo foi praticado com a devida motivação, mas os motivos apresentados são falsos
ou não encontram correspondência com a justificativa legal para a prática da conduta. Nesses casos,
pode-se dizer que o ato é viciado, por ilegalidade no elemento motivo.
II- O ato é praticado em decorrência de situação fática verdadeira e prevista em lei, contudo, o
administrador público não apresentou a motivação do ato. Trata-se de ato com vício no elemento
forma.

MOTIVO X MÓVEL X MOTIVAÇÃO


MOTIVO – É a situação prevista em lei que ocorre, de fato, justificando a prática do ato
administrativo.
MOTIVAÇÃO – É a exteriorização dos motivos. Sua explanação é a justificação do ato
administrativo.
MÓVEL – É a real intenção do agente público quando pratica a conduta estatal.

Obrigatoriedade de Motivação:
O art. 50 da Lei nº 9.784/99 preconiza que a motivação é obrigatória para todos os atos
administrativos que:
I- neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II- imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III- decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;
IV- dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;
V- decidam recursos administrativos;
VI- decorram de reexame de ofício;

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VII- deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de


pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;
VIII- importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato
administrativo.

Posições doutrinárias sobre a obrigatoriedade de motivação:


I. Necessidade de motivação apenas dos atos vinculados, dispensando-a nos atos
discricionários.
II. Necessidade de motivação apenas dos atos discricionários e alguns vinculados, já que a
motivação estaria implícita nestes.
III. Necessidade de motivação de todos os atos administrativos: teoria majoritária. Considera a
motivação um princípio implícito na Constituição Federal. Aplicação do art. 50, da Lei nº
9.787/99.

STJ (AgRg no RMS 15350): O motivo é requisito necessário à formação do ato


administrativo e a motivação, alçada à categoria de princípio, é obrigatória ao
exame da legalidade, da finalidade e da moralidade administrativa.

Momento da motivação: A motivação deve ser apresentada anteriormente ou concomitantemente


à prática do ato. Contudo, para o STJ, é possível a motivação expressa em momento posterior (como na
prestação de informações em mandado de segurança), desde que os motivos sejam idôneos e preexistentes.

Teoria dos Motivos Determinantes: Segundo essa teoria, adotada pelo STJ (AgRg no Resp 1280729),
a Administração, ao justificar o ato administrativo, fica vinculada às razões ali expostas, para todos os efeitos
jurídicos. A motivação é que legitima e confere validade ao ato discricionário, de modo que, enunciadas pelo
agente as causas em que se pautou, mesmo que a lei não haja imposto tal dever, o ato só será legítimo se
elas realmente tiverem ocorrido.

CAIU EM PROVA:

(Delegado de PCMG 2021): Maria, Servidora Pública Municipal, em janeiro de 2017 foi nomeada para ocupar
um cargo em comissão junto à Secretaria Municipal de Turismo. Em julho de 2019, ao retornar das férias, ela
tomou conhecimento de que havia sido exonerada e, após consulta ao referido ato veiculado no Diário Oficial
do Município, para sua maior surpresa, constava que sua exoneração ocorrera “a pedido”.
Com base na “Teoria dos Motivos Determinantes”, é correto afirmar que havendo comprovação de que o
motivo expresso não guarda compatibilidade com a realidade fática, o ato pode ser anulado pelo Poder
Judiciário (item considerado correto).

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O direito administrativo brasileiro admite a motivação aliunde, que consiste na possibilidade de se


adotar a motivação de outro ato administrativo. Na motivação do ato que se pratica, remete-se a outro ato.
Ex.: estou anulando o contrato em razão dos motivos apontados no parecer A.
O vício consistente na falta de motivação é vício de forma e pode ser convalidado mediante a
exposição, em momento posterior, dos motivos idôneos e preexistentes que justificaram o ato. (Info
529/STJ).

2.5 Objeto

É aquilo que o ato dispõe, é o efeito causado pelo ato administrativo no mundo jurídico, em virtude
de sua prática.
O objeto é o efeito jurídico IMEDIATO do ato administrativo, isto é, aquilo que a Administração
Pública quer no momento em que pratica o ato administrativo.
Para a doutrina majoritária, objeto e conteúdo são expressões sinônimas, representando a
disposição do ato administrativo. Todavia, há quem defenda que o conteúdo seria a disposição do ato,
enquanto o objeto seria o bem ou a relação jurídica sobre a qual o ato administrativo incide.
Para que o ato administrativo seja válido, o objeto deve ser lícito, possível e determinável ou
determinado.
Pode possuir feição discricionária nos atos administrativos discricionários.

ELEMENTOS DO ATO E ANÁLISE DE DISCRICIONARIEDADE OU VINCULAÇÃO


ELEMENTOS DISCRICIONÁRIOS OU VINCULADOS
Competência Vinculado
Em regra, vinculado.
Discricionário sempre que for analisada no seu
Finalidade aspecto genérico, que corresponde à busca pelo
interesse público.
Em regra, vinculado
Discricionário sempre que não houver forma
Forma definida em lei para a prática do ato, ou quando o
texto legal estipular mais de uma forma possível.
Motivo Discricionário
Objeto Discricionário

3. ELEMENTOS E PRESSUPOSTOS DO ATO ADMINISTRATIVO

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Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, seriam ELEMENTOS do ato administrativo, intrínsecos ao
próprio ato e cuja ausência de algum deles implicaria a ausência do próprio ato:
• Conteúdo – Corresponde à disposição do ato;
• Forma do ato – É a exteriorização da vontade do ato administrativo praticado.

Seriam PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA, sem os quais a conduta NÃO se efetivará:


• Objeto – Coisa ou relação jurídica sobre a qual o ato incidirá;
• Pertinência da função administrativa – Para que a conduta do estado exista, enquanto ato
administrativo, deve ser praticada no exercício de função administrativa e não na execução das
demais atividades do Estado.

Seriam PRESSUPOSTOS DE VALIDADE dos atos administrativos:


• Sujeito Competente – O ato administrativo deve ser praticado por alguém com legitimação;
• Motivo;
• Causa – Correlação lógica entre o motivo e o conteúdo do ato administrativo no exercício da
finalidade pública;
• Finalidade ou pressuposto teleológico do ato administrativo;
• Formalização ou pressuposto formalístico – É o meio pelo qual o agente deve exteriorizar a sua
vontade, NÃO se confundindo com a forma, pressuposto de validade definida como condição formal
para a expedição do ato;
• Requisitos procedimentais – presente em alguns atos que, para serem regularmente expedidos,
devem respeitar a existência de procedimentos anteriores.

4. ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO

São prerrogativas de Poder Público presentes no ato administrativo em decorrência do princípio da


supremacia do interesse público sobre o privado.

4.1 Presunção de Veracidade

Prerrogativa que prevê que, até prova em contrário, o ato administrativo goza de fé pública e os atos
presumem-se verdadeiros (presunção juris tantum). Diz respeito a fatos e causa a inversão do ônus da prova
dos fatos alegados pelo particular.

4.2 Presunção de Legitimidade

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Trata-se de presunção jurídica, de modo que, até prova em contrário, presume-se que o ato foi editado
em conformidade com a lei e o ordenamento jurídico (presunção juris tantum). Esse atributo NÃO diz
respeito a fatos, mas à adequação da conduta com a norma jurídica posta.

 A presunção de veracidade e legitimidade é um atributo de todos os atos administrativos?


R.: Há divergência na doutrina!
∘ 1ª C: Matheus Carvalho – SIM. É atributo de TODOS os atos da administração, inclusive os de
direito privado, dada a prerrogativa inerente aos atos praticados pelos agentes integrantes da
estrutura do Estado.
∘ 2ª C: Rafael Oliveira – NÃO. Não são todos os atos emanados do Poder Público que possuem o
atributo da legitimidade e veracidade. Ex.: atos privados e atos manifestamente ilegais não
gozam de tal presunção.

4.3 Imperatividade ou Coercibilidade

Todo ato administrativo que cria obrigação ao particular encerra um poder dados à Administração
de, unilateralmente, estabelecer obrigação aos particulares, desde que dentro dos limites da Lei. Trata-se de
característica presente apenas nos atos que dispõem acerca de obrigações e deveres aos particulares, ao
passo em que os atos que definem direitos e vantagens NÃO são imperativos.
A imperatividade está presente mesmo diante de atos administrativos reputados como inválidos pelo
particular, em decorrência da presunção de legitimidade da qual essa atuação se reveste.
A imperatividade é atributo presente apenas nos atos administrativos que imponham restrições de
direitos, NÃO se aplicando aos atos ampliativos de direito.

Poder Extroverso: seria o atributo a imperatividade nos atos administrativos restritivos, em que as
determinações impostas pelo poder público devem ser cumpridas.
NÃO incide para atos negociáveis e enunciativos.

4.4 Exigibilidade

Não sendo cumprida a obrigação imposta pelo ato administrativo, o poder público terá que executar
o ato desrespeitado, valendo-se de meios indiretos de coação. O exercício desse atributo não dispensa o
respeito ao devido processo legal, com contraditório e ampla defesa.

Vide súmula 312 STJ: No processo administrativo para a imposição de multa de


trânsito, são necessárias as notificações da autuação e da aplicação da pena
decorrente da infração.

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4.5 Autoexecutoriedade ou Executoriedade

Aplicação de meio diretos de execução dos atos administrativos, em que o Estado executa o ato
administrativo diretamente, frente ao descumprimento pelo particular, sem que haja participação deste e
auxílio do Poder Judiciário → contraditório diferido!
A executoriedade afasta o controle judicial prévio dos atos administrativos, sendo possível apenas a
posteriori.
De acordo com José dos Santos Carvalho Filho, “a autoexecutoriedade tem como fundamento
jurídico a necessidade de salvaguardar com rapidez e eficiência o interesse público, o que não ocorreria se a
cada momento tivesse que submeter suas decisões ao crivo do Judiciário”.
Não está presente em todos os atos administrativos, dependendo sempre de previsão legal ou de
uma situação de urgência em que a prática do ato de imponha à garantia do interesse público.

4.6 Tipicidade (Di Pietro)

Seria a exigência de que todo ato administrativo esteja previsto em lei. Em verdade, não é
prerrogativa concedida ao ente estatal, mas limitação para a prática de atos não previamente estipulados
por lei. Funciona com sinais trocados no direito penal.

Obs.: Para Rafael Carvalho, “alguns autores mencionam, ainda, a tipicidade como quarto atributo dos atos
administrativos unilaterais, uma vez que a Administração somente pode editar atos que estejam
previamente tipificados na legislação, sendo vedada a edição de atos inominados. Entendemos que a atuação
administrativa deve ser pautada pelo respeito ao ordenamento jurídico, mas isso não pressupõe a tipificação
e a nominação prévias de todos os atos administrativos, mas apenas daqueles atos que estabeleçam sanção
ao administrado (atos sancionatórios), razão pela qual não destacaremos o referido atributo na presente
obra”, pgs.313/314, Livro “Curso de Direito Administrativo” da Editora Gen.

5. FASES DE CONSTITUIÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO

5.1 Perfeição (ou existência)

Decorre do cumprimento das etapas previstas em lei, necessárias à formação do ato. Ou seja: é
aquele que completou o processo de formação. Isso ocorre, pois todo ato administrativo é formalizado por
procedimento administrativo prévio.
O ato perfeito NÃO é retratável, mas pode ser revisado ou anulado (princípio da autotutela).
Ato imperfeito é aquele que ainda está em formação.

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Segundo Maria Sylvia Zanella di Pietro, não pode se confundir perfeição e validade. Enquanto a
primeira diz respeito às etapas de formação do ato, exigidas por lei para que ele produza efeitos, a segunda
trata da conformidade do ato com a lei.

5.2 Validade (ou regularidade)

Aferida quando todas as etapas realizadas estiverem de acordo com a Lei. A validade é a
compatibilidade entre o ato jurídico e o disposto na norma legal
É o segundo plano de análise dos atos administrativos, só podendo ser analisado se o ato for, ao
menos, existente (perfeito).

5.3 Eficácia

Aptidão para a produção de efeitos concedida ao ato administrativo. Alguns têm eficácia imediata,
logo após a publicação, mas outros podem ter sido editados com previsão de termos iniciais ou condições
suspensivas, sendo atos ineficazes enquanto a situação de pendência não for resolvida. São chamados de
atos pendentes.
Atos Administrativos Pendentes são os atos perfeitos e válidos que ainda não estão aptos a produzir
efeitos em decorrência da pendência de alguma condição ou termo.

Obs.: José dos Santos Carvalho Filho discorda, ao entender que o ato que completou o seu ciclo de formação
é eficaz, ainda que dependente de termo ou condição futuros para ser executado, posto que, no seu
entender, termo e condição podem ser óbices à imperatividade do ato, mas nem por isso descaracterizariam
a sua eficácia → Ocorre que o autor diferencia eficácia de exequibilidade, considerando que esta pode ser
obstada por previsão no próprio ato, opinião da qual discorda a doutrina majoritária.

EFEITOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

a) Próprios (típicos) – Efeitos típicos do ato, configurando o objeto ou conteúdo da conduta estatal. Ex: a
demissão do servidor acarreta o efeito típico de extinção do vínculo funcional com a Administração Pública.

b) Impróprios (atípicos) – Decorrem, de forma indireta, da prática do ato administrativo, embora não esteja
estipulado em sua redação nem seja sua intenção inicial. Podem ser:
I – Efeito Reflexo: atingem uma relação jurídica estranha à tratada no bojo da conduta estatal,
gerando consequências a terceiros não previstos diretamente no ato praticado. Ex: Locatário de um imóvel
desapropriado/ Reintegração de servidor público, para o que será reconduzido.
II – Efeito Prodrômico (efeito preliminar): Efeito por meio do qual se impõe uma nova atuação
administrativa diante do início do ato praticado.
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Alguns atos administrativos somente estarão perfeitos após a manifestação de vontade de mais de
uma autoridade pública, como os atos administrativos compostos e complexos. Logo, quando o primeiro
órgão manifesta a sua vontade, dando início à formação do ato administrativo, esta conduta tem como efeito
impróprio obrigar a manifestação de vontade do segundo órgão. O efeito prodrômico determina a quebra
da inércia administrativa quando, estando o ato em formação, a vontade que dá início à sua perfeição é
manifestada.

5.4 Atos após a formação

a) Ato perfeito, válido e eficaz – Quando o ato cumpre todas as etapas de sua formação e a conduta é
praticada dentro dos limites definidos pela lei;

b) Perfeito, válido e ineficaz – O ato cumpriu todas as etapas de formação e foi expedido em conformidade
com a Lei, mas não está apto a produzir efeitos por depender de termo ou condição, ou ainda de publicidade
→ ATOS ADMINISTRATIVOS PENDENTES;

c) Perfeito, inválido e eficaz – Não corresponde às normas legais definidas para a sua prática, no entanto
produzirá efeitos até que seja declarada a irregularidade;

d) Perfeito, inválido e ineficaz – Sempre que a ilegalidade do ato for demonstrada, NÃO poderá produzir
efeitos contrários àqueles definidos na legislação que trata da sua edição.

6. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

6.1 Quanto ao grau de liberdade

Atos Vinculados: Definidos em lei que não confere ao agente público qualquer margem de escolha.
Enunciado 12 da I Jornada de Direito Administrativo CJF/STJ: A decisão
administrativa robótica deve ser suficientemente motivada, sendo a sua opacidade
motivo de invalidação.

Atos Discricionários: Não obstante regulamentados por lei, admitem uma análise de pressupostos
subjetivos pelo ente estatal. A lei confere ao Administrador uma margem de atuação, dentro dos limites
estipulados pela Legislação.

6.2 Quanto à Formação

Ato Simples: Para a sua formação depende de uma única manifestação de vontade;
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Ato Composto: Para a sua perfeição depende de mais de uma manifestação de vontade, sendo
compostos por uma vontade principal (ato principal) + vontade que ratifica esta (ato acessório). Composto
de dois atos, geralmente do mesmo órgão público, em mesmo patamar de igualdade. Ato composto é
formado pela manifestação de vontade de um único órgão, sendo apenas ratificado por outra autoridade.
Ex: Atos administrativos que dependem de visto/ homologação da autoridade revisora.
Ato Complexo: Formado pela soma de vontades de órgãos públicos independentes, em mesmo nível
hierárquico, de forma que tenham a mesma força, não se podendo imaginar a dependência de uma em
relação à outra.

ATOS COMPOSTOS X ATOS COMPLEXOS


A diferença entre os atos complexos e compostos decorre do fato de que, a despeito de serem atos que
dependem de mais de uma vontade para a sua formação, no ato complexo estas vontades são expedidas
por órgãos independentes para a formação de um ato, enquanto que no ato composto, haverá
manifestação de autoridades diversas, dentro de uma mesma estrutura orgânica (mesmo ente), sendo
que uma das condutas é meramente ratificadora e acessória da outra.

É majoritário o entendimento de que a aposentadoria de servidor público é ato complexo, por


depender da atuação do órgão a que o agente é subordinado e da aprovação do Tribunal de Contas. Inclusive,
a não aprovação pelo Tribunal de Contas do ato de aposentadoria NÃO é considerado novo ato, mas sim
impedimento da perfeição do ato de aposentadoria, não dependendo sequer da garantia de contraditório.

SÚMULA VINCULANTE 03: Nos processos perante o Tribunal de Contas da União


asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar
anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado,
excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria,
reforma e pensão.

O STF decidiu que o Tribunal de Contas tem o prazo de 5 anos para julgar a legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, prazo esse contado da chegada do processo à Corte:

Em atenção aos princípios da segurança jurídica e da confiança legítima, os


Tribunais de Contas estão sujeitos ao prazo de cinco anos para o julgamento da
legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, a
contar da chegada do processo à respectiva Corte de Contas.
STF. Plenário. RE 636553/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/2/2020
(repercussão geral – Tema 445) (Info 967).

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Nesses termos, por constituir exercício da competência constitucional (CF, art. 71, III), tal ato ocorre
sem a participação dos interessados e, portanto, sem a observância do contraditório e da ampla defesa.
Entretanto, por motivos de segurança jurídica e necessidade da estabilização das relações, é
necessário fixar-se um prazo para que a Corte de Contas exerça seu dever constitucional.
Diante da inexistência de norma que incida diretamente sobre a hipótese, aplica-se ao caso o
disposto no art. 4º do Decreto-lei 4.657/1942, a Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro (LINDB).
Assim, tendo em vista o princípio da isonomia, seria correta a aplicação, por analogia, do Decreto
20.910/1932.
Portanto, se o administrado tem o prazo de cinco anos para buscar qualquer direito contra a Fazenda
Pública, também deve-se considerar que o Poder Público, no exercício do controle externo, tem o mesmo
prazo para rever eventual ato administrativo favorável ao administrado.
Desse modo, a fixação do prazo de cinco anos se afigura razoável para que o TCU proceda ao registro
dos atos de concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, após o qual se considerarão
definitivamente registrados.
Por conseguinte, a discussão acerca da observância do contraditório e da ampla defesa após o
transcurso do prazo de cinco anos da chegada do processo ao TCU encontra-se prejudicada. Isso porque,
findo o referido prazo, o ato de aposentação considera-se registrado tacitamente, não havendo mais a
possibilidade de alteração pela Corte de Contas.

6.3 Quanto aos destinatários

Ato Gerais: Se referem a quantidade indeterminada de pessoas, com caráter abstrato e impessoal.
Atos Individuais: Se referem a determinados indivíduos, especificados no próprio ato. Se subdividem
em:
• Atos Múltiplos: Se referem a mais de um destinatário;
• Atos Singulares: Se destinam a um único sujeito descrito na conduta.

6.4 Quanto ao objeto

Atos de Império: Aqueles nos quais a Administração atua com prerrogativa de Poder Público,
valendo-se da supremacia do interesse público sobre o privado;
Atos de Gestão: Executados pelo Poder Público sem as prerrogativas de Estado, atuando a
Administração em situação de igualdade com o particular;
Atos de Expediente: Praticados como forma de dar andamento à atividade administrativa, sem
configurar uma manifestação de vontade do Estado, mas a execução de condutas previamente definidas.

6.5 Quanto à estrutura

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Atos Concretos: Praticados com a finalidade de resolver uma situação específica, exaurindo os seus
efeitos em uma única aplicação, não perdurando após a prática e a execução. Ex: Multa de trânsito, aplicação
de penalidade de demissão a servidor faltoso.
Atos Abstratos: Definem regra genérica que deverá ser aplicada sempre que a situação descrita no
ato ocorrer de fato.

6.6 Quanto aos efeitos

Atos Constitutivos: Criam uma situação jurídica nova, previamente inexistente, mediante a criação
de novos direitos ou a extinção de prerrogativas anteriormente estabelecidas.
Atos Declaratórios: Afirmam um direito preexistente, mediante o reconhecimento de situação
jurídica previamente constituída. Ex: Certidão e atestado.
Ato Modificativo: Altera situação já existente, sem que seja extinta, NÃO retirando direitos e
obrigações. Ex: alterar horário de atendimento.

6.7 Quanto aos resultados na esfera jurídica

Atos Ampliativos: Atribuem direitos e vantagens aos seus destinatários, normalmente, concedendo
vantagens previamente requeridas pelo interessado.
Atos Restritivos: Atos que impõem obrigações ou aplica penalidades aos destinatários, sempre
dentro dos limites da lei, como uma multa de trânsito.

Obs.: Atos Ablativos/Ablatórios: são todos os atos que restringem direitos dos administrados.

6.8 Quanto ao alcance

Atos Internos: Produzem efeito dentro da estrutura da administração pública responsável por sua
edição, não atingindo pessoas estranhas à organização administrativa interna;
Atos Externos: Produzem efeito em relação aos administrados, estranhos à estrutura da
administração pública, dependendo de publicação em órgão oficial, podendo ser divididos em bilaterais e
unilaterais.

6.9 Quanto ao conteúdo

Ato administrativo em sentido formal: São aqueles que possuem a forma de ato administrativo,
mas são dotados dos atributos de abstração e generalidade, tais como as instruções normativas e
regulamentos.

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Ato administrativo em sentido material: São aqueles voltados para uma situação determinada,
individualizada, ainda que inclua mais de uma pessoa.

7. ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS

7.1 Atos Normativos

São atos gerais e abstratos que geram obrigações para uma quantidade indeterminada de pessoas.
Enseja a produção de normas gerais, sempre inferiores aos comandos legais, NÃO podendo inovar
no ordenamento jurídico.

I – Regulamento: Ato normativo privativo do chefe do poder executivo, apresentado por um DECRETO.
Podem ser:
• Regulamentos Executivos: Editados para a fiel execução da lei. Caso inove, viola o princípio da
legalidade;
• Regulamentos Autônomos: Atuam substituindo a lei e inovam o OJ, determinando normas sobre
matérias não disciplinadas mediante previsão legislativa. São admissíveis apenas para as situações
previstas no art. 84, VI da CF.

II – Aviso: Ato normativo expedido pelos órgãos auxiliares diretos do Poder Executivo (Ministérios ou
Secretarias), a fim de dar conhecimento à sociedade de determinado assunto ligado à atividade fim daquele
Órgão. Para alguns doutrinadores, seria espécie de ato ordinatório.

III – Instruções Normativas: Atos expedidos por quaisquer autoridades públicas ou órgãos públicos com
atribuição legal para a execução de decretos e regulamentos.

IV – Regimento: Ato normativo para definição de normas internas, estabelecendo as regras para o regular
funcionamento de órgãos colegiados.

V – Deliberações: Ato normativo expedido pelos órgãos colegiados como representação de vontade da
maioria dos agentes que o representam.

VI – Resolução: Atos normativos dos órgãos colegiados, usados pelos Poderes legislativo e Judiciário, e
Agências Reguladoras, para disciplinar matéria de sua competência específica.

Atenção: As agências reguladoras possuem poder normativo que se restringe ao âmbito técnico da
prestação do serviço e expedem os atos por meio de manifestação de seu conselho diretivo.

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7.2 Atos Ordinatórios

Atos de ordenação e organização interna que decorrem do poder hierárquico, destinados a produzir
efeitos apenas no âmbito da Administração Pública (não atingem particulares).

Atenção: Atos internos não geram direitos adquiridos aos seus destinatários, podendo ser
revogados a qualquer tempo por quem os expediu.

I – Portaria: Ato administrativo individual que estipula ordens e determinações internas e estabelece normas
que geram direitos ou obrigações internas a indivíduos específicos.

II – Circular: Expedido para a edição de normas uniformes a todos os servidores subordinados a determinados
órgãos. Define regras gerais dentro da atividade administrativa.

III – Ordem de Serviço: Conduta estatal com a finalidade de distribuir e ordenar o serviço interno do órgão,
escalonando entre os setores e servidores vinculados àquela entidade.

IV – Despacho: Ato administrativo por meio do qual as autoridades públicas proferem decisões acerca de
determinadas situações específicas, de sua responsabilidade funcional.

V – Memorando: Ato de comunicação interna para melhor executar a atividade pública.

VI – Ofícios: Ato emanado para garantir a comunicação entre autoridades públicas ou entre estas e
particulares, destinadas a comunicações externas.

7.3 Atos Negociais

Direito outorgado ao Estado, em virtude de requerimento formulado pelo cidadão. Há uma


convergência de vontades!
NÃO se trata de contrato administrativo, por emanar de vontade unilateral do poder público,
mesmo que em situação de interesse do destinatário. NÃO goza de imperatividade ou coercibilidade, por
NÃO estabelecer obrigações ou aplicar penalidades, mas garante a concessão de um benefício nos limites da
Lei.
É ato administrativo ampliativo, acrescentando na esfera jurídica do sujeito.

I – Autorização: Ato discricionário e precário por meio do qual a Administração autoriza o uso de bem público
por um particular de forma anormal ou privativa, no interesse eminentemente do beneficiário. Podem ser:

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• Autorização de uso de bem público: Para uso anormal e privativo de determinado bem
público por um particular, quando não viola o interesse coletivo de utilização normal deste
bem. Para uso normal, não precisa de autorização.
• Autorização de Polícia: Necessário para que o particular exerça atividades fiscalizadas pelo
Estado.
• Autorização de Serviço Público: Também consiste em ato administrativo unilateral e
precário, pelo qual a Administração autoriza a prestação de serviço público a particular.

Em todas as situações, a autorização é ato discricionário e precário, podendo ser desfeito a


qualquer momento SEM direito à indenização, não gerando direito adquirido aos beneficiários.

II – Permissão: Ato unilateral, discricionário e precário e é veiculada para conceder ao particular o uso de
determinado bem público de forma anormal ou privativa. É ato que faculta a utilização privativa de bem
público, no qual a administração autolimita o seu poder de revogar unilateralmente o ato.

AUTORIZAÇÃO X PERMISSÃO

A) Doutrina Tradicional:

• Autorização de uso: Ato adequado para o uso de bem público em situações mais transitórias,
como no caso de fechar uma rua para festa ocasional.
• Permissão: Caráter mais permanente ou duradouro que a autorização. Ex: Banca de Revistas a ser
colocada em determinada calçada.

B) Doutrina Moderna:

• Autorização de uso: Concedida no interesse particular.


• Permissão: Sempre concedida no interesse público. Apesar de ser ato discricionário, deve ser
precedida de licitação sempre que houver mais de um interessado em usufruir do benefício.

Em determinadas situações, a permissão de uso é concedida por prazo determinado, situação na qual
estará mitigada a precariedade, sendo impedido o Poder Público de revogar esse ato sem a devida
indenização ao particular beneficiado.

ATENÇÃO!!! Não confundir a permissão aqui estudada com a permissão de serviço público. Esta, de acordo
com o art. 40 da Lei nº 8.987/95, consiste em um CONTRATO DE ADESÃO.

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III – Licença: Ato de polícia através do qual o Poder Público permite a realização de determinada atividade
sujeita à fiscalização do Estado.
É ato vinculado, e caso o particular preencha os requisitos legais, adquire o direito subjetivo à
concessão da licença para o exercício de atividade profissional.
A licença é ato vinculado e NÃO pode ser revogada nem pela administração, nem pelo judiciário.

ATENÇÃO:
O alvará é o instrumento da licença ou da autorização, sendo a FORMA (revestimento exterior do
ato), enquanto a licença e autorização são conteúdo do ato.
• Licença: Conteúdo.
• Alvará: Forma.

Se for licença para construção e reforma, a jurisprudência entende ser possível a sua revogação,
desde que justificada por razões de interesse público superveniente, caso em que o ente estatal deverá
indenizar o particular pelos prejuízos comprovados.

IV – Admissão: Ato unilateral e vinculado pelo qual o poder público permite que o particular usufrua de
determinado serviço público, mediante a inclusão em um estabelecimento público. Ex: admissão em
hospitais públicos.

V – Aprovação: Ato administrativo discricionário para o controle da atividade administrativa, com base na
legalidade de ato anterior, além dos critérios de oportunidade e conveniência do agente que executou a
conduta.

VI – Homologação: Ato vinculado de controle de legalidade de ato anteriormente expedido pela própria
Administração Pública, sendo possível haver o controle de mérito na atuação estatal. É ato vinculado e
unilateral pelo qual a administração reconhece a legalidade de um ato jurídico. Se realiza a posteriori e
examina apenas a legalidade.

7.4 Atos Enunciativos

NÃO produzem efeitos e NÃO podem ser revogados. Certificam ou atestam uma situação existente,
NÃO contendo manifestação de vontade da Administração. Por isso, NÃO produzem efeitos e NÃO podem
ser revogados.

I – Atestado: Quando o Poder Público tem de comprovar, mediante verificação de determinada situação de
fato, para então proferir ato que ateste aquela ocorrência fática.

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II – Certidão: É ato por meio do qual a Administração Pública certifica um determinado fato que já se encontra
previamente registrado no Órgão.

III – Apostila ou Averbação: Ato administrativo pelo qual o ente estatal acrescenta informações constantes
em registro público.

IV – Parecer: Ato administrativo por meio do qual se emite opinião de órgão consultivo do Poder Público
sobre assunto de sua competência, assuntos técnicos ou de natureza jurídica.

O parecer pode ser facultativo, nas situações em que não é obrigatória a sua emissão para a prática
regular do ato administrativo, ou obrigatório, nas hipóteses em que a apresentação do ato opinativo é
indispensável à regularidade do ato, casos em que a ausência do parecer enseja a nulidade do ato por vício
de forma.
Mesmo quando obrigatório, o parecer NÃO tem natureza vinculante, sendo somente ato que
manifesta opinião técnica sobre determinado assunto de interesse da Administração Pública. A conclusão
NÃO obriga a administração pública.
Segundo Maria Sylvia Zanella di Pietro, apesar do parecer ser, em geral, ato meramente opinativo -
não produz efeitos jurídicos - o Supremo Tribunal Federal tem admitido a responsabilização de consultores
jurídicos quando o parecer for vinculante para a autoridade administrativa, desde que proferido com má-fé
ou culpa.

Art. 28, LINDB. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou
opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro.
O Decreto nº 9.830/2019 foi mais enfático que o art. 28 da LINDB e afirmou que o agente
público somente responderá em caso de dolo ou erro grosseiro:

Art. 12. O agente público somente poderá ser responsabilizado por suas decisões
ou opiniões técnicas se agir ou se omitir com dolo, direto ou eventual, ou cometer
erro grosseiro, no desempenho de suas funções.

Responsabilidade do parecerista e do decisor devem ser analisadas de forma independente.


Imagine que o administrador público tomou uma decisão com base em um parecer exarado pelo
assessor jurídico do órgão ou entidade. Posteriormente, detectou-se que esse assessor jurídico agiu com dolo
ou culpa grave (erro grosseiro). Neste caso, o parecerista poderá ser responsabilizado, nos termos do art. 28
da LINDB. Vale ressaltar, no entanto, que o simples fato de ter ficado comprovado que o parecerista agiu
com dolo ou erro grosseiro não levará, automaticamente, à responsabilização do decisor (administrador que
tomou a decisão com fundamento neste parecer).
Para que o decisor seja responsabilizado será necessário que fique demonstrado que ele:
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i. tinha condições de aferir que o parecerista agia com dolo ou erro grosseiro; ou
ii. estivesse em conluiou com o parecerista.
Esse entendimento – que decorre da ideia de responsabilidade pessoal e subjetiva – foi explicitado
no Decreto nº 9.830/2019:

Decreto nº 9.830/2019
Art. 12 (...)
§ 6º A responsabilização pela opinião técnica não se estende de forma automática
ao decisor que a adotou como fundamento de decidir e somente se configurará se
estiverem presentes elementos suficientes para o decisor aferir o dolo ou o erro
grosseiro da opinião técnica ou se houver conluio entre os agentes.

Responsabilidade do parecerista na jurisprudência do STF


Ressalte-se que existe um precedente do STF, bem anterior ao art. 28 da LINDB, reconhecendo a
responsabilidade de advogado público pela emissão de parecer de natureza opinativa, desde que configurada
a existência de culpa ou erro grosseiro:
(...) 3. Esta Suprema Corte firmou o entendimento de que “salvo demonstração de
culpa ou erro grosseiro, submetida às instâncias administrativo-disciplinares ou
jurisdicionais próprias, não cabe a responsabilização do advogado público pelo
conteúdo de seu parecer de natureza meramente opinativa” (MS 24.631/DF, Rel.
Min. Joaquim Barbosa, DJ de 1º/2/08). (...)
STF. 1ª Turma. MS 27867 AgR/DF, rel. Min. Dias Toffoli, 18/9/2012 (Info 680).

Segundo a doutrina e o voto do Min. Joaquim Barbosa no MS 24.631/DF (DJ 01/02/2008), existem
três espécies de parecer:

FACULTATIVO OBRIGATÓRIO VINCULANTE


O administrador NÃO É O administrador é obrigado a O administrador é obrigado a
obrigado a solicitar o parecer solicitar o parecer do órgão solicitar o parecer do órgão
do órgão jurídico. jurídico. jurídico.
O administrador pode O administrador pode O administrador NÃO pode
discordar da conclusão discordar da conclusão discordar da conclusão
exposta pelo parecer, desde exposta pelo parecer, desde exposta pelo parecer.
que o faça que o faça Ou o administrador decide
fundamentadamente. fundamentadamente com nos termos da conclusão do
base em um novo parecer. parecer, ou, então, não
decide.

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Em regra, o parecerista não Em regra, o parecerista não Há uma partilha do poder de


tem responsabilidade pelo tem responsabilidade pelo decisão entre o administrador
ato administrativo. ato administrativo. e o parecerista, já que a
decisão do administrador
Contudo, o parecerista pode Contudo, o parecerista pode deve ser de acordo com o
ser responsabilizado se ficar ser responsabilizado se ficar parecer.
configurada a existência de configurada a existência de
culpa ou erro grosseiro. culpa ou erro grosseiro. Logo, o parecerista responde
solidariamente com o
administrador pela prática do
ato, não sendo necessário
demonstrar culpa ou erro
grosseiro.
Fonte: DIZER O DIREITO.

7.5 Atos Punitivos

Atos por meio dos quais o Poder Público determina a aplicação de sanções em face do cometimento
de infrações administrativas pelos servidores públicos ou particulares.

8. EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

8.1 Extinção Natural

Ocorre quando o ato já cumpriu todos os efeitos nele dispostos ou pelo advento do termo final ou
prazo ou ainda mediante o esgotamento do conteúdo jurídica desta conduta.
O cumprimento dos efeitos decorre da execução material da situação apresentada no ato
administrativo, ex: término do prazo da construção, a licença para construir se extingue.
Advento do termo final ou da condição resolutiva extingue os atos sujeitos a prazo determinado ou
que dependam da ocorrência de evento futuro e incerto para que deixe de produzir efeitos. Ex: autorização
por porte de armas concedida por 01 ano que se extingue após expirado esse prazo.
Esgotamento do conteúdo jurídico é a extinção natural.

8.2 Renúncia

É forma de extinção que se aplica somente para atos ampliativos, que geram direitos a particulares,
por não ser possível renunciar a obrigações.

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8.3 Desaparecimento da pessoa ou coisa sobre a qual o ato recai

Situação na qual o desfazimento do ato decorre do desaparecimento do seu objeto ou do sujeito ao


qual ele se destina.

8.4 Retirada

Extinção de uma determinada conduta estatal, mediante a edição de ato concreto que a desfaça. É
forma de extinção precoce do ato administrativo.
Para alguns doutrinadores, é chamada de TEORIA DAS NULIDADES.

8.5 Anulação

TEORIA DAS NULIDADES NO DIREITO ADMINISTRATIVO

1) Direito Privado - Sistema dicotômico (arts. 166 e 171 do CC):


• Atos nulos
• Atos anuláveis

2) Direito Administrativo
a) Teoria Monista: NÃO é possível reconhecer atos anuláveis. Qualquer ilegalidade é causa
de nulidade (Hely Lopes Meireles).
b) Teoria Dualista: Há atos anuláveis e nulos (Oswaldo Aranha Bandeira de Melo).
c) Teoria Ternária: Há atos nulos, anuláveis e irregulares (Miguel Seabra Fagundes).
d) Teoria Quaternária (majoritária): Os atos podem ser inexistentes, nulos, anuláveis e
irregulares (Celso Antônio Bandeira de Melo).

A diferença fundamental entre nulidade e anulabilidade baseia-se, quase que exclusivamente, na


possibilidade de convalidação:
• Ato absolutamente nulo: Impossível a convalidação;
• Ato anulável: Pode ser saneado pela Administração.

Atos sanáveis são aqueles passíveis de correção, quando o vício é de:


• Forma: salvo se exigida como condição do ato;
• Competência: salvo se competência exclusiva e em razão da matéria.

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É a retirada do ato administrativo por motivo de ilegalidade, operando efeitos ex-tunc, ressalvados
os direitos adquiridos de terceiros de boa-fé.
O ato anulatório é secundário, constitutivo e vinculado (é um dever e não mera faculdade).
Em regra, a anulação produz efeitos ex tunc, exceto a anulação de atos unilaterais ampliativos e de
atos praticados por funcionário de fato, havendo, nos dois casos, boa-fé.

Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que


decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da
data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.

Súmula 633, STJ - A Lei n. 9.784/1999, especialmente no que diz respeito ao prazo
decadencial para a revisão de atos administrativos no âmbito da Administração
Pública federal, pode ser aplicada, de forma subsidiária, aos estados e municípios,
se inexistente norma local e específica que regule a matéria.

ATENÇÃO! STF decidiu recentemente que, em regra, o prazo decadencial para que a Administração
Pública anule atos administrativos inválidos é de 5 anos, aplicável a todos os entes federativos, por força do
princípio da isonomia. Trata-se, assim, de uma inconstitucionalidade MATERIAL e não formal:

É inconstitucional lei estadual que estabeleça prazo decadencial de 10 (dez) anos


para anulação de atos administrativos reputados inválidos pela Administração
Pública estadual. STF. Plenário. ADI 6019/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do
acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 12/4/2021 (Info 1012).

O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) invalidou dispositivo da lei paulista


que estabelece o prazo de dez anos para anulação de atos administrativos
declarados inválidos pela administração pública estadual. (...)
Prevaleceu, no julgamento, o voto do ministro Luís Roberto Barroso, segundo o
qual o prazo decenal previsto na Lei estadual 10.177/1998, que regula o processo
administrativo no âmbito da administração pública paulista, afronta o princípio da
igualdade. Barroso explicou que o prazo de cinco anos se consolidou como marco
temporal geral nas relações entre o poder público e particulares, e o STF somente
admite exceções ao princípio da isonomia quando houver necessidade de remediar
um desequilíbrio específico entre as partes.
O ministro destacou que os demais estados aplicam, indistintamente, o prazo de
cinco anos para anulação de atos administrativos com efeitos favoráveis aos
administrados, por previsão em lei própria ou por aplicação analógica do artigo 54
da Lei 9.784/1999, que rege o processo administrativo no âmbito federal. "Não há
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fundamento constitucional que justifique a situação excepcional do Estado de São


Paulo, justamente o mais rico e, certamente, um dos mais eficientes da federação”,
assinalou. (...)

Logo, atente se a questão cobra o entendimento sumulado do STJ ou o entendimento recente do


STF, pois estão em aparente conflito.

CAIU EM PROVA:

(Delegado de PCPR 2021): É inconstitucional lei estadual que estabeleça prazo decadencial de 10 anos para
anulação de atos administrativos reputados inválidos pela Administração Pública estadual (item considerado
correto).

NÃO existe direito adquirido à manutenção de ato nulo no ordenamento jurídico, mas tão somente
a manutenção de determinados efeitos deste ato.

Os atos expedidos em desconformidade à lei podem ser divididos em 04 espécies:


I. Atos Inexistentes: Estão fora do ordenamento jurídico em virtude da violação a princípios
básicos que norteiam a atuação das pessoas dentro de determinada sociedade.
II. Atos Nulos: Decorre do desrespeito à lei em alguns de seus requisitos, ensejando a
impossibilidade de convalidação por não admitir conserto.
III. Atos Anuláveis: Possuem vícios leves passíveis de convalidação, não obstante editados em
desacordo com a legislação aplicável.
IV. Atos Irregulares: Sofrem vício material irrelevante, não ensejando a nulidade, mas
responsabilizando o agente público que o praticou. Esse vício NÃO atinge a esfera jurídica
dos destinatários do ato.

Para o STF a Administração pode anular seus próprios atos, quando ilegais (autotutela). Porém, se a
invalidação desses atos repercute em interesses individuais, será necessária a instauração de procedimento
administrativo que assegure o devido processo legal e a ampla defesa.

TEORIA DA APARÊNCIA: A nomeação de servidor sem concurso público é nula, mas os atos
praticados são válidos, em atenção ao princípio da segurança jurídica. Ademais, não há devolução dos
salários, sob pena de enriquecimento ilícito da Administração Pública. Embora o ato administrativo não
produza efeitos, os direitos adquiridos por terceiros de boa-fé são resguardados, não podendo ser atingidos
pela anulação de ato que ensejava benefícios aos seus destinatários. A anulação poderá ser feita pela própria
Administração pública ou pelo Poder Judiciário.

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O Poder Judiciário, além da própria Administração, também pode anular os atos administrativos com
vícios de ilegalidade, desde que o faça mediante provocação, possuindo a administração o prazo decadencial
de 05 (cinco) anos para anular atos administrativos ampliativos, salvo no caso de má-fé do beneficiário.
Fundamenta-se no poder de autotutela e no princípio da legalidade, quando realizada pela
Administração; e decorre do controle externo sobre a atividade administrativa, quando realizada pelo
Judiciário.
Na anulação, NÃO há o efeito repristinatório.
Em regra, NÃO há dever de indenizar, exceto se o particular comprovadamente sofreu dano especial
para a ocorrência do qual não tenha colaborado

CONVALIDAÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO

Se o interesse público exigir, o ato administrativo pode ser convalidado em razão da oportunidade
e conveniência, desde que:

i. a convalidação NÃO cause prejuízos a terceiros;


ii. o vício for sanável.

Atos que NÃO podem ser convalidados:

a) Atos inexistentes, nulos ou irregulares;


b) Defeitos no objeto, motivo ou finalidade;
c) Defeitos de incompetência em razão da matéria e de forma essencial à validade do ato;
d) Atos portadores de vícios estabilizados pela prescrição ou decadência;
e) Atos já impugnados perante a Administração ou o Judiciário;
f) Atos cuja convalidação possa causar lesão ao interesse público ou ilegitimamente prejudicar
terceiros;
g) Se o vício invalidante for imputado à parte que presumidamente se beneficiará do ato.

Obs.: José dos Santos admite convalidação de ato com vício no objeto, motivo ou finalidade quando se
tratar de ato plúrimo (vontade administrativa se preordenar a mais de uma providência no mesmo ato,
tornando viável suprimir ou alterar alguma providência e aproveitar o ato quanto às demais providências,
não atingidas por qualquer vício).

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Os vícios de forma e competência devem ser corrigidos, se for mais interessante ao interesse
público e causar menos prejuízo do que a sua anulação, inclusive para terceiros. Nesses casos, a
convalidação opera efeitos ex tunc, retroagindo à data de edição do ato para que sejam resguardados os
efeitos pretéritos desta conduta.

A convalidação involuntária é a decadência administrativa. É involuntária, pois não existe uma


atuação por parte da Administração Pública. Assim, em razão da inércia, o transcurso do tempo leva à
decadência.

Obs.: Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a convalidação pode ser realizada pelo administrado quando a
edição do ato dependia da manifestação de sua vontade e a exigência não foi observada. Nesse caso, o
particular pode emiti-la posteriormente, convalidando o ato.

RATIFICAÇÃO: Se a convalidação for feita pela mesma autoridade que havia praticado o ato
originariamente.

CONFIRMAÇÃO: Quando a convalidação é efetivada por ato de outra autoridade.

REFORMA: Edição de um ato que exclui a parte inválida do ato viciado, mantendo a parte válida.

A convalidação NÃO se aplica aos casos de atos discricionários que sofram vício de incompetência,
haja vista que nesses casos a autoridade deva exercer uma margem de escolha acerca da manutenção ou
não do ato.

CONVALIDAÇÃO X CONVERSÃO: Na conversão, o ato administrativo que sofre de um vício de


forma pode ser convertido em outro mais simples, praticado para a produção dos mesmos efeitos jurídicos.

São passíveis de convalidação os atos com defeito na competência ou na forma. Defeitos no objeto,
motivo ou finalidade são insanáveis, obrigando a anulação do ato.

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Obs.: Para o professor Rafael Oliveira, a convalidação se divide em Ratificação, Reforma e Conversão,
conceituadas da seguinte forma:

A ratificação é a convalidação do ato administrativo que apresenta vícios de competência ou de


forma (ex.: ato editado verbalmente, de forma irregular, pode ser posteriormente ratificado pela forma
escrita; ato editado por agente público incompetente pode ser ratificado pela autoridade competente).

A reforma e a conversão referem-se aos vícios em um dos objetos do ato administrativo. Na


reforma, o agente público retira o objeto inválido do ato e mantém o outro objeto válido (ex.: ato que
concede dois benefícios remuneratórios para determinado servidor que, em verdade, fazia jus a apenas
um deles. A autoridade competente exclui o benefício concedido irregularmente e preserva o outro
benefício regular).

A conversão, por sua vez, é a reforma com o acréscimo de novo objeto (ex.: ato que nomeia três
servidores para atuarem em determinada comissão disciplinar. Constatado que um dos nomeados era
irmão do agente que seria investigado, a autoridade competente exclui o integrante da comissão,
substituindo-o por outro agente e mantém os demais nomeados).

ATENÇÃO:

• Vício de competência quanto à matéria: NÃO se convalida;


• Vício de competência em relação à pessoa: Se convalida, desde que não se trate de competência
exclusiva.
São convalidáveis tanto os atos administrativos vinculados quanto os discricionários.

MANUTENÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS INVÁLIDOS

É a possibilidade reconhecida pela doutrina e jurisprudência e ocorre quando o prejuízo resultante


da anulação for maior do que o decorrente da manutenção de ato ilegal. Nesse caso, o interesse público
norteará a decisão.

Deve se considerar:

• Aspecto objetivo (estabilidade das relações jurídicas): princípios do interesse público e segurança
jurídica;
• Aspecto subjetivo: proteção à confiança e boa-fé.

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8.6 Revogação

É competência exclusiva da Administração Pública.


Extinção do ato administrativo por motivo de oportunidade e conveniência (razões de mérito),
produzindo efeitos ex nunc e mantendo os atos já produzidos.
O Judiciário NÃO possui competência para examinar o mérito do ato administrativo.
Veja a jurisprudência sobre o tema:

Impossibilidade de exame do mérito administrativo


O controle de legalidade exercido pelo Poder Judiciário sobre os atos
administrativos diz respeito ao seu amplo aspecto de obediência aos postulados
formais e materiais presentes na Carta Magna, sem, contudo, adentrar o mérito
administrativo. STJ. 2ª Turma. AgInt no RMS 49202/PR, Rel. Min. Assusete
Magalhães, julgado em 02/05/2017. No controle jurisdicional do processo
administrativo, a atuação do Poder Judiciário limita-se ao campo da regularidade
do procedimento, bem como à legalidade do ato, não sendo possível nenhuma
incursão no mérito administrativo a fim de aferir o grau de conveniência e
oportunidade, de maneira que se mostra inviável a análise das provas constantes
no processo disciplinar para adotar conclusão diversa da adotada pela autoridade
administrativa competente. STJ. 1ª Seção. AgInt no MS 22526/DF, Rel. Min. Gurgel
de Faria, julgado em 10/05/2017. Consoante entendimento consolidado no STJ, a
intervenção do Poder Judiciário nos atos administrativos cinge-se à defesa dos
parâmetros da legalidade, permitindo-se a reavaliação do mérito administrativo
tão somente nas hipóteses de comprovada violação aos princípios da legalidade,
razoabilidade e proporcionalidade, sob pena de invasão à competência reservada
ao Poder Executivo. STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1271057/PR, Rel. Min. Napoleão
Nunes Maia Filho, julgado em 18/05/2017.

O Poder Judiciário não pode fazer a revisão judicial do mérito da decisão


administrativa proferida pelo CADE
O Poder Judiciário não pode fazer a revisão judicial do mérito da decisão
administrativa proferida pelo CADE. A expertise técnica e a capacidade institucional
do CADE em questões de regulação econômica exige que o Poder Judiciário tenha
uma postura deferente (postura de respeito) ao mérito das decisões proferidas pela
Autarquia. A análise jurisdicional deve se limitar ao exame da legalidade ou
abusividade do ato administrativo. O CADE é quem detém competência legalmente
outorgada para verificar se a conduta de agentes econômicos gera efetivo prejuízo
à livre concorrência. As sanções antitruste, aplicadas pelo CADE por força de
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ilicitude da conduta empresarial, dependem das consequências ou repercussões


negativas no mercado analisado, sendo certo que a identificação de tais efeitos
anticompetitivos reclama acentuada expertise. STF. 1ª Turma.RE 1083955/DF, Rel.
Min. Luiz Fux, julgado em 28/5/2019 (Info 942).

O ato revocatório é secundário, constitutivo e discricionário (revogação é poder e não dever).


NÃO há previsão de limite temporal para a revogação dos atos administrativos.
Tanto na anulação quanto na revogação NÃO há o efeito repristinatório.
A doutrina admite a possibilidade de indenização aos particulares prejudicados pela revogação,
desde que tenha ocorrido a extinção antes do prazo fixado para permanência da vantagem.
Não se admite revogação:
I. Atos que geram direito adquirido;
II. Atos já exauridos;
III. Atos vinculados;
IV. Atos enunciativos (certidões, pareceres, atestados);
V. Atos preclusos no curso de procedimento administrativo;
VI. Atos ilegais.

CAIU EM PROVA:

(Delegado de PCPR 2021): Em caso de flagrante ilegalidade do ato administrativo, é dado ao Poder Judiciário
determinar à Administração Pública que proceda à revogação de tal ato (item considerado incorreto).

8.7 Cassação

Ocorre quando o beneficiário do ato deixa de cumprir os requisitos de quando teve o ato deferido. É
hipótese de ilegalidade superveniente por culpa do beneficiário.

8.8 Caducidade

Trata-se da extinção do ato administrativo por lei superveniente que impede a manutenção do ato
inicialmente válido. Trata-se de ilegalidade superveniente decorrente de alteração legislativa.

8.9 Contraposição (derrubada)

Ocorre com a expedição de um segundo ato, fundado em competência diversa, cujos efeitos são
contrapostos aos do ato inicial, produzindo sua extinção. É espécie de revogação praticada por autoridade
distinta da que expediu o ato inicial. Exemplo: ato de nomeação de um funcionário extinto com a exoneração.
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9. ESTABILIZAÇÃO DOS EFEITOS DO ATO

A estabilização é instituto criado para garantir a preservação da boa-fé e segurança jurídica. Nesse
sentido, nenhum princípio poderá ser considerado de forma absoluta, inclusive a legalidade, que deve
admitir ponderação para a garantia dos demais princípios.
Em determinadas situações, a retirada do ato com efeito retroativos, ante a uma ilegalidade, enseja
prejuízos aos cidadãos de boa-fé, razão pela qual em algumas situações devem ser mantidos os efeitos
produzidos pelo ato ou, ainda, o próprio ato deve ser mantido no ordenamento jurídico em que pese a sua
ilegalidade.
No instituto da estabilização dos efeitos, não há convalidação do ato administrativo, não havendo
conserto dos seus vícios. O ato continua com os vícios que levariam à sua invalidação, mas por questão de
segurança jurídica e boa-fé, ele permanece aplicável no ordenamento jurídico e seus efeitos se estabilizam.
O que ocorre com a estabilização é que tais efeitos passam a ser vistos como se decorrentes de ato
legal fossem. Ex: TEORIA DO FUNCIONÁRIO DE FATO (São válidos os efeitos dos atos praticados por agentes
públicos regularmente investidos, por se revestirem de aparência de legalidade) e a MODULAÇÃO DOS
EFEITOS EM ADI.
Em algumas situações, a estabilização de efeitos decorre do decurso do tempo, consolidando uma
legítima expectativa aos destinatários do ato.

ESTABILIZAÇÃO DOS EFEITOS DO ATO X TEORIA DO FATO CONSUMADO


A Teoria do Fato consumado garante de forma automática a manutenção do ato pelo simples fato de a
situação concreta já ter se realizado, NÃO sendo possível retornar ao status quo ante.

Na estabilização é preciso que a retirada do ato comprometa outros princípios de ordem jurídica, causando
prejuízos sérios que justifiquem a manutenção da situação.

Referências bibliográficas:
Rafael Carvalho Resende Oliveira. Curso de Direito Administrativo
Matheus Carvalho: Manual de Direito Administrativo
Diogo de Figueiredo Moreira Neto. Curso de Direito Administrativo.
José dos Santos Carvalho Filho. Manual de Direito Administrativo.

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SEMANA 04/30

QUESTÕES PROPOSTAS

1- 2021 - FUMARC - PC-MG - FUMARC - 2021 - PC-MG - C-O ato não configura nepotismo, ante a inexistência de
Delegado de Polícia Substituto vínculo de parentesco por consanguinidade.
O controle da administração, quanto à natureza do D-Por se tratar de cargo de natureza política e de profissional
controlador, classifica-se em legislativo, judicial ou qualificado para o desempenho da função, a nomeação, em
administrativo. tese, é válida.
No que se refere ao controle judicial sobre os atos
administrativos, é INCORRETO afirmar: 3 - 2021 - FUMARC - PC-MG - FUMARC - 2021 - PC-MG -
Delegado de Polícia Substituto
A-Compete ao Poder Judiciário, no desempenho de sua Maria, Servidora Pública Municipal, em janeiro de 2017 foi
atividade típica jurisdicional, revogar um ato administrativo nomeada para ocupar um cargo em comissão junto à
ilegal, editado pelo Poder Executivo, pelo Poder Legislativo e, Secretaria Municipal de Turismo. Em julho de 2019, ao
ainda, no exercício de suas funções administrativas, anular os retornar das férias, ela tomou conhecimento de que havia
seus próprios atos administrativos. sido exonerada e, após consulta ao referido ato veiculado no
B-O controle judicial alcançará todos os aspectos de Diário Oficial do Município, para sua maior surpresa, constava
legalidade do ato administrativo vinculado, sendo, no que sua exoneração ocorrera “a pedido”.
entanto, vedado ao judiciário adentrar aos critérios de Com base na “Teoria dos Motivos Determinantes”, é
conveniência e oportunidade que deram ensejo à conduta do CORRETO afirmar:
administrador.
C-Os atos administrativos vinculados se submetem ao A-Havendo comprovação de que o motivo expresso não
controle judicial em relação a todos os seus elementos. guarda compatibilidade com a realidade fática, o ato pode ser
D-Segundo orientação doutrinária e jurisprudencial mais anulado pelo Poder Judiciário.
moderna, tem-se admitido que o Poder Judiciário promova o B-O administrador não se vincula ao motivo exposto no ato
controle do ato administrativo que, embora com aparência de administrativo sem que a lei assim o exigisse.
legalidade, se mostre na contramão dos princípios jurídicos, C-O ato é válido, eis que a exoneração de servidores para
notadamente os da razoabilidade e proporcionalidade. cargos públicos em comissão leva em conta os critérios de
conveniência e oportunidade da Administração Pública.
2 - 2021 - FUMARC - PC-MG - FUMARC - 2021 - PC-MG - D-O vício no motivo constitui óbice ao controle judicial sobre
Delegado de Polícia Substituto o ato administrativo.
A Constituição Federal prevê algumas exceções ao princípio
do concurso público, entre as quais se destaca a nomeação 4 - 2021 - FAPEC - PC-MS - FAPEC - 2021 - PC-MS - Delegado
para os cargos em comissão referidos no inciso II do artigo 37 de Polícia
da Constituição Federal. A respeito do controle judicial da atividade administrativa,
Considerando a situação hipotética de um determinado assinale a alternativa correta.
Prefeito Municipal ter nomeado a sobrinha da sua esposa,
médica especialista em saúde da família, para o cargo de A-O Poder Judiciário não pode controlar os limites do mérito
Secretária Municipal de Saúde, à vista da interpretação do ato administrativo discricionário, pois estes são impostos
majoritária do STF sobre o enunciado de Súmula Vinculante pela lei, e o administrador, ao fazer sua escolha, o faz com
nº 13, é CORRETO afirmar: base nos critérios de conveniência e oportunidade.
B-A discricionariedade pode estar presente tanto no
A-O ato configura prática de nepotismo. momento da prática quanto no da revogação do ato
B-O ato é válido, porque o nepotismo se configura quando administrativo.
entre a pessoa nomeada e a autoridade pública nomeante C-A submissão total à lei está presente apenas nos atos
existe vínculo de parentesco até o segundo grau. administrativos vinculados, pois, nos discricionários, há
ampla margem de atuação do administrador público.

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D-Na atuação discricionária, o agente público não está A-não se aplica aos atos do Poder Legislativo, devendo estes
subordinado aos limites impostos pela lei, pois lhe é conferida ser subsumidos à comissão especial antes de sua
ampla margem de atuação, sempre em busca da solução que concretização, devido aos inúmeros episódios de corrupção.
melhor atenda ao interesse público. B-não se aplica a todos os atos administrativos, apenas aos
E-No exercício do Poder Vinculado, o administrador está dos chefes de poderes e seus assessores.
subordinado à lei, porém, esta lhe confere margem de opção, C-é um dos princípios que rege os atos administrativos.
e o administrador terá, então, o encargo de identificar, diante D-é uma diretriz arcaica do período ditatorial militar do Brasil,
do caso concreto, a solução mais adequada. extirpada por completo com a Constituição de 1988.
E-é universal, exceto para ações das polícias militares, civil e
5 - 2021 - NC-UFPR - PC-PR - NC-UFPR - 2021 - PC-PR - federal, que necessitam de aprovação dos respectivos órgãos
Delegado de Polícia corregedores.
A possibilidade de desfazimento de atos administrativos que
repercutam no campo de interesses dos particulares é objeto 7 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Instituto Acesso - 2019
de especial preocupação da doutrina do Direito - PC-ES - Delegado de Polícia - Anulado
Administrativo. Sobre o tema, considere as seguintes Em relação ao tema das nulidades dos atos administrativos, a
afirmativas: doutrina majoritária no Brasil consolidou o entendimento
decorrente da teoria dos motivos determinantes. À luz desta
1. A invalidação de atos administrativos de que decorram teoria, marque a alternativa INCORRETA.
efeitos concretos favoráveis a particulares deve ser precedida
de regular processo administrativo. A-Na exoneração de cargos de livre nomeação não é
2. É inconstitucional lei estadual que estabeleça prazo necessária, para a validade do ato, a enunciação dos motivos
decadencial de 10 anos para anulação de atos administrativos de fato pelo administrador.
reputados inválidos pela Administração Pública estadual. B-Os elementos do ato administrativo são: a competência, a
3. O prazo decadencial de 5 anos para anulação de atos forma, a finalidade, o objeto e a motivação.
administrativos previsto na Lei 9.784/1999 não se aplica C-A exoneração ad nutum não necessita de explicitação do
quando o ato a ser anulado afronta diretamente a motivo para sua validade; todavia, se o administrador, por
Constituição Federal. faculdade, declarar o motivo, esse fato passará a ser
4. Em caso de flagrante ilegalidade do ato administrativo, é determinante para a configuração lícita do ato administrativo
dado ao Poder Judiciário determinar à Administração Pública exoneratório.
que proceda à revogação de tal ato. D-A existência real de um motivo de fato alegado para a
realização de ato administrativo vincula o administrador,
Assinale a alternativa correta. sendo um pressuposto de validade deste mesmo ato.
E-Se um ato administrativo é realizado com motivo de fato
A-Somente a afirmativa 4 é verdadeira. inexistente, mesmo que exista motivação, ele é considerado
B-Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras. ilícito com base na teoria dos motivos determinantes.
C- Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
D-Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras. 8 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Instituto Acesso - 2019
E-As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras. - PC-ES - Delegado de Polícia - Anulado
A Lei 9.784, de 29 de janeiro de 1999, trata de vários aspectos
6 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Instituto Acesso - 2019 relacionados às nulidades, aos vícios dos atos administrativos,
- PC-ES - Delegado de Polícia - Anulado além de disposições procedimentais.
Sobre os Atos Administrativos e a Presunção de Legitimidade, Leia as afirmativas a seguir e, de acordo com este diploma
é correto afirmar que a Presunção de Legitimidade legal, marque a opção INCORRETA:

A-O agente público responsável por um ato administrativo


eivado de vício de legalidade tem o dever de anulá-lo,

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havendo, ainda, a faculdade de revogação deste ato, Certo


respeitando-se os direitos adquiridos, por razões de Errado
conveniência e oportunidade.
B-Decai em 5 anos o direito da administração de anular atos 12 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE -
que sejam favoráveis aos seus destinatários, sendo que este 2018 - Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal
prazo decadencial, na hipótese de efeitos patrimoniais No que se refere aos servidores públicos e aos atos
contínuos, contar-se-á da percepção do primeiro pagamento. administrativos, julgue o item que se segue.
C-A convalidação de decisão administrativa com defeitos Situação hipotética: Um servidor público efetivo em exercício
sanáveis é um dever condicionado à não ocorrência de lesão de cargo em comissão foi exonerado ad nutum em razão de
ao interesse público e prejuízo a terceiros. supostamente ter cometido crime de peculato.
D-Aplicam-se aos processos administrativos os princípios Posteriormente, a administração reconheceu a inexistência
constitucionais da ampla defesa e do contraditório. da prática do ilícito, mas manteve a exoneração do servidor,
E-Mesmo na hipótese de reexame necessário, o ato por se tratar de ato administrativo discricionário. Assertiva:
administrativo decisório deve ser motivado, indicando-se os Nessa situação, o ato de exoneração é válido, pois a teoria dos
fatos e fundamentos jurídicos que lhe dão sustentação. motivos determinantes não se aplica a situações que
configurem crime.
9 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-SE - CESPE - 2018 - PC-SE
- Delegado de Polícia Certo
A respeito da extinção de atos administrativos, julgue o Errado
próximo item.
A anulação de ato administrativo fundamenta-se na 13 - 2018 - VUNESP - PC-SP - VUNESP - 2018 - PC-SP -
ilegalidade do ato, enquanto a revogação funciona como uma Delegado de Polícia
espécie de sanção para aqueles que deixaram de cumprir as Suponha que a concessão de uma determinada permissão de
condições determinadas pelo ato. instalação de empreendimento em um imóvel dependa,
conforme determinado em lei, da assinatura da autoridade
Certo administrativa em dois formulários distintos e que, em
Errado determinado caso específico, em que pese o processo
administrativo ter sido adequadamente instruído, a
10 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-SE - CESPE - 2018 - PC-SE autoridade competente firmou apenas um dos formulários,
- Delegado de Polícia ordenando a publicação da autorização, apesar do vício, o
A respeito da extinção de atos administrativos, julgue o qual era desconhecido no momento da publicação.
próximo item. Identificado o vício após dois meses da publicação, a
A cassação de um ato administrativo corresponde a extingui- autoridade administrativa deverá
lo por descumprimento dos requisitos estabelecidos para a
sua execução. A-converter a permissão em autorização, por ser esta última
ato precário para o qual se exige o atendimento a um número
Certo menor de condições.
Errado B-evitar realizar qualquer ato adicional relativo a esse
processo até que se encerre a apuração preliminar que
11 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-SE - CESPE - 2018 - PC-SE deverá, necessariamente, ser aberta para apurar eventual
- Delegado de Polícia dolo na conduta da autoridade.
A respeito da extinção de atos administrativos, julgue o C-anular a autorização concedida anteriormente, pois o ato
próximo item. jurídico de autorização será não existente.
Tanto a anulação como a revogação retiram do mundo D-convalidar o ato, corrigindo o defeito sanável contido no
jurídico atos com defeitos e produzem efeitos prospectivos. ato anterior, garantindo, assim, a estabilidade das relações já
constituídas.

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E-anular a autorização concedida anteriormente, pois o ato 16 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-MA - CESPE - 2018 - PC-
jurídico de autorização será inexistente, em face da ausência MA - Delegado de Polícia Civil
de atendimento estrito ao previsto na legislação. É possível a convalidação de atos administrativos quando
apresentarem defeitos relativos aos elementos
14 - 2018 - FUNDATEC - PC-RS - FUNDATEC - 2018 - PC-RS -
Delegado de Polícia - Bloco II A-objeto e finalidade.
Acerca dos temas “atos administrativos” e “poderes B-motivo e competência.
administrativos’, assinale a alternativa INCORRETA: C-motivo e objeto.
D-competência e forma.
A-Porque submetidos ao regime jurídico de direito público, os E-finalidade e forma.
atos administrativos não podem ser praticados por pessoas
que não integram a Administração Pública em sentido formal 17 - 2017 - CESPE / CEBRASPE - PJC-MT - CESPE - 2017 - PJC-
ou subjetivo. MT - Delegado de Polícia Substituto
B-Embora se distingam quanto ao grau de liberdade conferido Em março de 2017, o governo de determinado estado da
pela lei ao administrador para a prática de determinado ato Federação declarou nulo ato que, de boa-fé, havia concedido
administrativo, tanto o poder vinculado como o poder vantagem pecuniária indevida aos ocupantes de determinado
discricionário estão sujeitos ao controle jurisdicional. cargo a partir de janeiro de 2011.
C-A exigência de prévia autorização judicial para a quebra da Nessa situação hipotética,
inviolabilidade da comunicação telefônica constitui exemplo
de exceção ao atributo da autoexecutoriedade do ato A-o ato de anulação do ato que havia concedido vantagem
administrativo. pecuniária ofendeu diretamente o princípio da
D-Nos processos perante o Tribunal de Contas da União, proporcionalidade.
asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da B-o ato de anulação foi legal, pois atendeu a todos os
decisão puder resultar anulação ou revogação de ato preceitos legais e jurisprudenciais sobre a extinção dos atos
administrativo que beneficie o interessado, excetuada a administrativos.
apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de C-o correto seria a revogação do ato, e não a sua anulação.
aposentadoria, reforma ou pensão. D-a declaração de nulidade do ato é nula de pleno direito,
E-A prerrogativa de aplicar sanções pelo descumprimento de pois ocorreu a decadência do direito.
determinadas normas administrativas, presente no poder de E-o princípio da autotutela da administração pública protege
polícia administrativa, inexiste no poder de polícia judiciária, o ato de anulação determinado pelo governo.
uma vez que o campo de atuação desta última diz respeito à
apuração de infrações penais e à execução de medidas que 18 - 2017 - CESPE / CEBRASPE - PC-GO - CESPE - 2017 - PC-
garantam a efetividade da atividade jurisdicional. GO - Delegado de Polícia Substituto
Após o término de estágio probatório, a administração
15 - 2018 - VUNESP - PC-BA - VUNESP - 2018 - PC-BA - reprovou servidor público e editou ato de exoneração, no
Delegado de Polícia qual declarou que esta se dera por inassiduidade.
A imperatividade é o atributo do ato administrativo que Posteriormente, o servidor demonstrou que nunca havia
impõe a coercibilidade para seu cumprimento ou execução. faltado ao serviço ou se atrasado para nele chegar. Nessa
Dispensam esse atributo os atos administrativos situação hipotética, o ato administrativo de exoneração é

A-enunciativos. A-nulo por ausência de finalidade.


B-normativos. B-anulável por ausência de objeto.
C-punitivos. C-anulável por ausência de forma.
D-ordinatórios. D-anulável por ausência de motivação.
E-vinculados. E-nulo por ausência de motivo.

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19 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - FUNCAB - 2016 - PC-PA -


Delegado de Policia Civil - Reaplicação A-Em caso de impetração de mandado de segurança em face
Quanto aos requisitos do ato administrativo, responda a de ato praticado por delegação, o agente delegante deverá
alternativa correta. figurar como autoridade coatora, uma vez que a delegação
não implica em renúncia de competência.
A-A forma é elemento vinculado do ato administrativo, B-É possível ato de delegação de competência genérico,
decorrente do princípio da solenidade, podendo ser desde que o órgão delegado seja hierarquicamente
exteriorizado de forma escrita, que é a regra, por sinal subordinado ao órgão delegante.
luminoso e mesmo por sons e gestos. C-A avocação de competência, que consiste na regra, é
B-A lei deverá determinado a forma de exteriorização do ato, permitida a órgão hierarquicamente inferior, prescindindo de
podendo prever mais de uma forma, sendo que a ausência de justificação quanto à relevância dos motivos que levaram a
forma do ato administrativo importa na sua ineficácia, autoridade superior à prática de tal ato.
embora seja perfeito ou existente e válido. D-Um órgão colegiado poderá delegar parte de sua
C-A forma é elemento essencial ao ato, uma vez sendo competência a seu presidente quanto for conveniente, em
desrespeitada a forma prescrita em lei o ato é inexistente. razão de circunstâncias de índole jurídica, em não havendo
D-A forma do ato administrativo decorre do princípio da impedimento legal.
liberdade das formas, trazido do direito civil. E-A avocação de competência, assim como a delegação, são
E-A forma é elemento não essencial ao ato administrativo, espécies de alteração de competência superveniente, de
sendo o seu vício sempre insanável. caráter temporário, sendo possível quando não houver
impedimento legal. Em caso de renúncia de competência de
20 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - FUNCAB - 2016 - PC-PA - subordinado, o superior hierárquico se torna
Delegado de Polícia Civil - Prova Anulada automaticamente competente para a prática do ato, por
Quanto ao assunto da delegação e avocação, explicitamente expressa determinação legal.
relacionado ao elemento competência dos atos
administrativos, assinale a opção correta, conforme o
preceito legal.

Respostas8

8
1: A 2: D 3: A 4: B 5: D 6: C 7: B 8: C 9: E 10: C 11: E 12: E 13: D 14: A 15: A 16: D 17: D 18: E 19: A 20: D
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DIREITO ADMINISTRATIVO: PODERES DA ADMINISTRAÇÃO

TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA


⦁ Art. 84, IV e VI, CF/88
⦁ Art. 11 a 17, Lei 9784/99
⦁ Art. 53 a 55, Lei 9784/99
⦁ Art. 1°, §1° da Lei nº 9.873/99
⦁ Art. 78, CTN

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!


CF/88
⦁ Art. 84, IV, CF/88
⦁ Art. 12, 13 e 14, Lei 9784/99
⦁ Art. 78, CTN

1. INTRODUÇÃO

Para o adequado cumprimento de suas competências constitucionais, a legislação confere à


Administração Pública competências especiais. Sendo prerrogativas ligadas às obrigações, as competências
administrativas constituem verdadeiros poderes-deveres instrumentais para a defesa do interesse público.
De acordo com Rafael Oliveira:

“Os poderes administrativos são prerrogativas instrumentais conferidas aos


agentes públicos para que, no desempenho de suas atividades, alcancem o
interesse público. Trata-se, em verdade, de poder-dever ou dever-poder, uma vez
que o seu exercício é irrenunciável e se preordena ao atendimento da finalidade
pública.” (OLIVEIRA, 2018, p. 311).

Dessa forma, contemplamos que os poderes da administração funcionam como poderes-deveres.


Assim, sempre que o Estado “pode” atuar para alcançar o interesse público, ele na verdade deve. Não são
faculdades, mas instrumentos conferidos a Administração para alcançar o interesse da coletividade.
Verifica-se que são PODERES INSTRUMENTAIS, “instrumentos necessários a alcançar o interesse
coletivo”, ou seja, ela tem esse poder como forma/meio/instrumento de se alcançar as necessidades
coletivas.
Diferença entre Poderes da Administração e Poderes do Estado (CARVALHO, 2017, p. 120):

I- Poderes do Estado (poder orgânico): são centro de imputação do Poder estatal,


que decorrem da tripartição dos poderes elaborada por Montesquieu (Executivo,
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Legislativo e Judiciário). Os poderes do Estado não são instrumentais, são poderes


estruturais que realizam a atividade pública.
II- Poderes da Administração (poder funcional): são as prerrogativas instrumentais
conferidas aos agentes públicos para a realização do interesse público.

Em face disto, os poderes da administração só serão legítimos enquanto busca alcançar o interesse
coletivo, de modo que, se extrapolar o caráter da instrumentalidade, ocorrerá o chamado ABUSO DE PODER.
Segundo Matheus Carvalho, “o abuso de poder pode decorrer de condutas comissivas – quando o
ato administrativo é praticado for a dos limites legalmente impostos – ou de condutas omissivas – situações
nas quais o agente público deixa de exercer uma atividade imposta a ele por lei, ou seja, quando se omite no
exercício de seus deveres. Em ambos os casos, o abuso de poder configura ilicitude que atinge o ato dele
decorrente.” (CARVALHO, 2017, p. 120)
O abuso de poder se subdivide em:

• Excesso de Poder: A autoridade pública atua fora dos limites de sua competência - VÍCIO DE
COMPETÊNCIA
• Desvio de Poder: O agente público visa interesses individuais OU a autoridade busca o interesse
público, mas NÃO respeita a finalidade da lei para determinado ato - VÍCIO NA FINALIDADE

Segundo Matheus Carvalho, o desvio de poder pode manifestar-se em duas situações (CARVALHO,
2017, p. 121):

I- O agente público pratica um ato visando interesses individuais, de caráter


pessoal, sem atentar para o interesse público. Nesse caso, há clara violação do
princípio da impessoalidade;

II- A autoridade pública pratica o ato respeitando a busca pelo interesse público,
mas não respeitando a finalidade especificada por lei para aquele determinado ato.
Exemplo: a exoneração é a perda do cargo de um servidor sem finalidade punitiva,
enquanto a demissão tem essa finalidade. Não é lícito ao administrador exonerar
um servidor subordinado que cometeu infração, porque foi desrespeitada a
finalidade legal para a prática do ato.

Assim, seja em decorrência de excesso ou desvio de finalidade, o abuso de poder ensejará a nulidade
do ato administrativo.
Vamos esquematizar?

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ABUSO DE PODER

EXCESSO DE PODER DESVIO DE PODER


O excesso de poder é o extrapolamento da O desvio de poder se manifesta quando o
competência que foi atribuída ao Agente agente pratica o ato visando outra finalidade
Público, ou seja, a atuação deste vai além do que não aquela prevista pela lei. O agente
que lhe foi conferido busca fins diversos daquele previsto na regra
de competência.
Vício de competência Vício de finalidade
Vício Sanável Vício insanável

Já caiu em prova e foi considerada CORRETA a seguinte afirmativa: O abuso de poder consiste em conduta
ilegítima do agente público, caracterizada pela atuação fora dos objetivos explícitos ou implícitos
estabelecidos pela lei. (DPC/GO-2017)

2. PODER VINCULADO E PODER DISCRICIONÁRIO

2.1 Poder Vinculado/Regrado

Está presente quando a lei estabelece uma única solução possível diante de uma situação de fato,
fixando todos os requisitos e não deixando margem de apreciação subjetiva.
Assim no Poder Vinculado, não há margem de escolha no caso concreto, pois todos os elementos do
ato administrativo são vinculados.
Por exemplo, o agente público que faltar mais 30 dias no serviço ensejará na demissão. Assim, se o
agente público falta 30 dias não será demitido, todavia, se faltar mais de 30 não poderá deixar de ser
demitido, pois o critério definido em lei é objetivo, é vinculado.

“Poder vinculado ou regrado é aquele que o Direito Positivo – a lei – confere à


Administração Pública para a prática de ato de sua competência, determinando os
elementos e requisitos necessários à sua formalização. Nesses atos, a norma legal
condiciona a sua expedição aos dados constantes de seu texto. Daí se dizer que tais
atos são vinculados ou regrados, significando que, na sua prática, o agente público
fica inteiramente preso ao enunciado da lei, em todas as suas especificações.”
(MEIRELLES, 2013, p. 125)

Elementos sempre vinculados dos atos administrativos: COMPETÊNCIA, FINALIDADE e FORMA.

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2.2 Poder Discricionário

Nesse caso, o administrador também está subordinado à lei, porém, há situações nas quais o próprio
texto legal confere margem de opção/discricionariedade ao administrador, e esse tem o encargo de
identificar a solução mais adequada para defender o interesse público.
Denota-se que existe uma margem de escolha, que deverá ocorrer dentro dos limites da lei, tendo
como parâmetro o mérito administrativo – a escolha será feita com base na oportunidade e conveniência.
Em outras palavras: essa margem de escolha conferida ao agente público é denominada de mérito
(conveniência e oportunidade).

“A atuação é discricionária quando a Administração, diante do caso concreto, tem


a possibilidade de apreciá-lo segundo critérios de oportunidade e conveniência e
escolher uma dentre duas ou mais soluções, todas válidas para o Direito.” (PIETRO,
2018, p. 292).

É possível verificar a atuação discricionária na aplicação de lei que utilize conceitos jurídicos
indeterminados. Se, para a delimitação do conceito, houver necessidade de apreciação subjetiva/valoração,
segundo conceitos de valor, haverá discricionariedade. Por exemplo, a expressão “passeata tumultuosa” é
um conceito jurídico vago. Deste modo, cada administrador no caso concreto deverá observar se aquela
passeata é tumultuosa. Outro exemplo que podemos citar é o poder que a Administração Pública possui de
fechar espetáculos pornográficos. Nessa esteira, o conceito de pornografia é indeterminado.

Obs.: A redação legal ultrapassada ou insatisfatória não enseja discricionariedade, mas mera interpretação
(CARVALHO, 2017, p. 123).

Obs.: Diferença entre poder discricionário e poder arbitrário: “discricionariedade é liberdade de ação
administrativa, dentro dos limites permitidos em lei; arbítrio é ação contrária ou excedente da lei. Ato
discricionário, quando autorizado é legal e válido; ato arbitrário é sempre ilegítimo e inválido” (MEIRELLES,
2013, p. 127).

Elementos dos atos administrativos que podem ser discricionários: MOTIVO e


CONTEÚDO/OBJETO.

2.3 Limites da discricionariedade e controle judicial

O controle feito pelo Judiciário sob os atos administrativos limitar-se-á à análise da sua legitimidade,
ou seja, verificar se aquele ato foi praticado dentro dos limites da lei (controle de legalidade).

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Assim, em relação aos atos vinculados, o Poder Judiciário poderá examinar, em todos os seus
aspectos, a conformidade do ato com a lei. Por outro lado, quanto aos atos discricionários, o controle judicial
somente é possível quanto aos aspectos da legalidade, de modo que não pode haver interferência no
mérito administrativo. Não pode adentrar na conveniência e oportunidade, mas somente verificar se está
de acordo com a lei.

Mérito Administrativo: É o aspecto do ato administrativo relativo à conveniência e


oportunidade; só existe nos atos discricionários. Seria um aspecto do ato
administrativo cuja apreciação é reservada à competência da Administração
Pública. Dessa forma, o poder Judiciário não pode examinar o mérito dos atos
administrativos (PIETRO, 2018, p. 297).

STJ (RMS 20481): Em relação ao controle jurisdicional do processo administrativo,


a atuação do Poder Judiciário circunscreve-se ao campo da regularidade do
procedimento, bem como à legalidade do ato demissionário, sendo-lhe defesa
qualquer incursão no mérito administrativo, a fim de aferir o grau de conveniência
e oportunidade.

A doutrina moderna não aceita que o Poder Judiciário analise o mérito


administrativo, mas permite a verificação da validade dos atos discricionários à luz
da legalidade, das normas e dos princípios constitucionais inspiradores da função
administrativa (CARVALHO, 2017, p. 143).

Obs.: No caso da discricionariedade proveniente dos conceitos jurídicos indeterminados, o limite do


mérito para fins de averiguação de sua legitimidade é o princípio da razoabilidade e proporcionalidade. Isto
porque, o princípio da razoabilidade é princípio constitucional, e se ele viola o referido, ele é ilícito
(ilicitude/ilegitimidade). Atente-te para o fato que, no exercício do controle, o Judiciário deverá restringir-se
à declaração da ilegalidade daquele ato, não devendo/podendo fazer substituir-se pela Administração.

Teorias elaboradas para fixar limites ao exercício do poder discricionário (PIETRO, 2018, p. 300):

(1) Teoria do desvio de poder: o desvio ocorre quando a autoridade usa do poder discricionário para
atingir fim diferente daquele que a lei fixou. Quando isso ocorre, fica o Judiciário autorizado a
decretar a nulidade do ato;
(2) Teoria dos motivos determinantes: quando a Administração indica os motivos que a levaram a
praticar o ato, este somente será válido se os motivos forem verdadeiros. Para apreciar esse aspecto,
o Judiciário terá que examinar os motivos, ou seja, os pressupostos de fato e as provas de sua
ocorrência.
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CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS DISCRICIONÁRIOS:


O Administrador está livre para agir diante de competência discricionárias, mas nos devidos
parâmetros do Direito, sem prejudicar ou desrespeitar os direitos dos Administrados.
A discricionariedade deve ser entendida de forma ampla, a abarcar não só a ideia de mérito
administrativo, mas de conceitos indeterminados e a sua compreensão a partir de princípios.
O Poder Judiciário, quando chamado a emitir controle jurisdicional sobre atos administrativos, deve
inicialmente verificar se os atos são discricionários ou vinculados.
Se vinculado – o controle se efetiva tendo por base a LEGALIDADDE;
Se discricionário – Deve ser apreciada a correspondência da NORMA + MÉRITO
Existe corrente doutrinária que entende que o Judiciário NÃO pode analisar os atos administrativos
discricionários de forma ampla, pois são expedidos segundo juízo de discricionariedade e oportunidade do
administrador e se refere ao mérito administrativo. Por isso, outro poder que não o próprio que expediu o
ato pode apreciá-lo, em face da separação dos poderes.5
É pacífico o entendimento de que o Judiciário NÃO pode apreciar o mérito dos atos administrativos;
Cresce na doutrina e jurisprudência o entendimento de que é possível ao Judiciário a análise dos atos
discricionários para se evitar arbitrariedades, desde que NÃO seja modificado o mérito administrativo.
Há possibilidade de o Judiciário verificar, à luz da legalidade, a validade dos atos administrativos
discricionários.

3. PODERES EM ESPÉCIE

PODER PODER PODER DISCIPLINAR PODER DE POLÍCIA


NORMATIVO HIERÁRQUICO
Refere-se à É uma decorrência da Autoriza a É destinado a
faculdade que tem forma como se Administração disciplinar, restringir
o Chefe do Poder organiza a Pública a aplicar ou condicionar o
Executivo de Administração penalidades aos exercício dos direitos
expedir decretos Pública, havendo servidores públicos e individuais em prol dos
que, em regra, agentes ou órgãos às demais pessoas interesses coletivos.
possuem apenas a cujas atuações se sujeitas à disciplina
finalidade de encontram administrativa. Dessa
explicar a lei subordinadas a forma, somente está
outros agentes ou sujeito ao poder
órgãos superiores. disciplinar aquele que
possui algum vínculo

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específico com a
Administração, seja
funcional ou
contratual.

3.1 Poder Normativo (ou Regulamentar)

É a prerrogativa reconhecida à Administração Pública para editar atos administrativos gerais para a
fiel execução das leis. Contudo, esse poder vai além da edição de regulamentos, pois abarca outros atos
normativos, como deliberações, instruções, resoluções.
No exercício do poder regulamentar, o Estado não inova no Ordenamento Jurídico, criando direitos
e obrigações, o que Administração faz é expedir normas que irá assegurar a fiel execução da lei, sendo esta
última inferior.
Seu fundamento para a competência do Presidente encontra-se no art. 84, IV, da CF/88 estende-se,
por simetria, a Governadores e Prefeitos.

Espécies de Regulamentos:

“Primordialmente, saliente-se que Regulamento e Decreto são referências ao


mesmo ato normativo. Isso porque o Regulamento é o ato normativo privativo do
chefe do Poder Executivo e Decreto é a sua forma. Em outras palavras, pode-se
dizer que o Regulamento é expedido por meio de um Decreto.” (CARVALHO, 2017,
p. 125).

São as duas as espécies de regulamento existentes no Ordenamento Jurídico brasileiro:


regulamentos executivos e os regulamentos autônomos.

a) Regulamentos Executivos:
• O regulamento executivo é norma geral e abstrata. É geral porque não tem destinatários
determinados ou determináveis, atingindo quaisquer pessoas que se ponham nas situações
reguladas; é abstrata porque dispõe sobre hipóteses que, se e quando verificadas no mundo
concreto, gerarão as consequências abstratamente previstas.
• São editados para fiel execução de lei
• NÃO inovam no Ordenamento jurídico;

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b) Regulamentos Autônomos:
• O regulamento executivo não se presta a detalhar a lei, mas sim substituem a Lei
• Os regulamentos autônomos podem inovar no Ordenamento Jurídico
• São considerados atos normativos primários, pois retiram sua força diretamente da Constituição e
não se submetem à intermediação legislativa
Nesse sentido, preleciona Matheus Carvalho (2019):

os regulamentos autônomos são regulamentos que atuam substituindo a lei e têm


o condão de inovar o ordenamento jurídico, determinando normas sobre matérias
não disciplinadas em lei. São substitutos da lei e não facilitadores da lei, uma vez
que são expedidos sem contemplar qualquer lei anterior

Os decretos autônomos se submetem ao controle de constitucionalidade direto. Assim, ao contrário


do decreto meramente regulamentar (regulamento executivo), editado para detalhar a fiel execução da lei,
o decreto autônomo (regulamento independente) está sujeito a controle de constitucionalidade.
Para a doutrina majoritária, “os regulamentos autônomos vedados no ordenamento jurídico
brasileiro, a não ser pela exceção do art. 84,VI da Constituição Federal”. Por outro lado, há doutrina
trazendo como exemplos de regulamentos autônomos os artigos 103-B, §4º, I (CNJ) e art. 130-A, §2º, I
(CNMP), ambos da Constituição Federal. Por isso, fique atento ao enunciado da questão, pois ambos
entendimentos podem ser considerados corretos na prova.
Ao lado dessas exceções supra, previstas expressamente na CF, Rafael Oliveira entende ser possível
admitir outros casos não expressos de poder normativo, a partir do princípio da juridicidade.

Vamos esquematizar?

REGULAMENTOS EXECUTIVOS REGULAMENTOS


AUTÔNOMOS
Explicita a lei para a sua fiel execução. Trata de questão ainda não prevista em lei.
Art. 84, IV da CF. Art. 84,VI da CF – alterado com o advento da EC de 32

Art. 84. Compete privativamente ao Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da


Presidente da República: IV - sancionar, República: VI - dispor, mediante decreto, sobre: a)
promulgar e fazer publicar as leis, bem como organização e funcionamento da administração federal,
expedir decretos e regulamentos para sua quando não implicar aumento de despesa nem criação
fiel execução; ou extinção de órgãos públicos; b) extinção de funções
ou cargos públicos, quando vagos.
Não inova na ordem jurídica. INOVA na ordem jurídica

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Ato normativo secundário. Ato normativo primário.


Não Admite delegação. Admite delegação.

REGULAMENTOS AUTÔNOMOS – CONTROVÉRSIAS:

(Aprofundamento para subjetivas)

• 1ª corrente: CONSTITUCIONALIDADE – Teoria dos Poderes implícitos: A


administração tem a prerrogativa de suprir as omissões do legislativo por
meio da edição de regulamentos que visem à concretização de seus deveres
constitucionais. Hely Lopes.
• 2ª corrente: INCONSTITUCIONALIDADE – Princípio da reserva de lei: A
Administração só possui legitimidade para atuar se expressamente autorizada
pelo legislador. Celso Antônio, Di Pietro, Carvalho Filho.

c) Regulamentos autorizados (delegados): Editados no exercício de função normativa delimitada em


ato legislativo.

d) Regulamentos de necessidade: Produzidos em situação de emergência.

Obs.: Cuidado para não confundir Poder Regulamentar com Poder Regulatório!!!

PODER REGULAMENTAR PODER REGULATÓRIO

Competência privativa do chefe do executivo; Competência atribuída às entidades


administrativas, com destaque para as agências
reguladoras;

Envolve a edição de normas gerais para fiel Engloba o exercício de atividades normativas,
cumprimento da lei; executivas e judicantes;

Conteúdo político. Conteúdo técnico.

Obs.: Deslegalização
Consiste na possibilidade do Poder Legislativo, através de lei, transferir para a Administração Pública a
competência para editar normas sobre assuntos cuja complexidade e velocidade de transformação exigem
uma nova dinâmica normativa, que possibilita inclusive, o exercício de discricionariedade técnica. A questão
deixa de ser tratada pela lei e passa a ser tratada pelo ato administrativo.
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Com efeito, consiste a deslegalização “na retirada, pelo próprio legislador, de certas
matérias, do domínio da lei (domaine de la loi) passando-as ao domínio do
regulamento (domaine de lordonnance)” (MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo.
Agências reguladoras, In: Mutações do direito administrativo, Rio de Janeiro: Ed.
Renovar, 2007, p. 218)

Considerações importantes:
• O STF admite, desde que ocorra dentro dos parâmetros estabelecidos na lei.
• A lei que promove a deslegalização deve definir os parâmetros dentro dos quais a administração
deve atuar.
• A deslegalização surge como instrumento de atuação para as agências reguladoras.

Já caiu em prova e foi considerada correta a seguinte afirmativa:


O fenômeno da deslegalização, também chamada de delegificação, significa a retirada, pelo próprio
legislador, de certas matérias do domínio da lei, passando-as para o domínio de regulamentos de hierarquia
inferior.

CERTO. Conforme ensinamentos do Professor Ricardo Alexandre, em face da complexidade das atividades
técnicas da Administração, modernamente, embora haja controvérsias quanto ao aspecto da
constitucionalidade, a doutrina majoritária tem aceitado que as competências para regular determinadas
matérias sejam transferidas pelo próprio legislador para órgãos administrativos técnicos. Trata-se do
fenômeno da deslegalização, pelo qual a normatização sai da esfera da lei para a esfera do regulamento
autorizado.

3.2 Poder Hierárquico

É poder de estruturação interna da atividade pública (dentro da mesma pessoa jurídica), de modo
que NÃO existe manifestação de hierarquia externa. Não se pode falar em hierarquia entre pessoas jurídicas
de órgãos diferentes.
Trata-se, portanto, de relação de subordinação administrativa entre agentes públicos, que pressupõe
o escalonamento vertical de funções no interior da organização administrativa. Ou seja, é o poder de
distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever a atuação de seus agentes, estabelecendo
a relação de subordinação entre os servidores do seu quadro de pessoal.
Verbos: ordenar, fiscalizar, orientar, avocar, delegar, anular, sustar.

De acordo com Matheus Carvalho:

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“a hierarquia é característica atinente à função administrativa do Estado, seja ela


exercida tipicamente pelo Poder Executivo, ou pelos outros poderes estatais, de
forma atípica. Sendo assim, não se fundamenta na hierarquia o exercício das
funções jurisdicionais ou legislativas do Estado.” (CARVALHO, 2017, p. 130).

Obs.: Subordinação e vinculação


No âmbito da organização administrativa, existem relações de subordinação e de vinculação que não
se confundem. A relação de subordinação decorre naturalmente da hierarquia existente no interior dos
órgãos e das entidades administrativas, pois há hierarquia em toda e qualquer desconcentração
administrativa, seja entre órgãos da Administração Direta, seja no interior de determinada entidade da
Administração Indireta. Portanto, a subordinação tem caráter interno, não havendo que falar em
subordinação nas relações interadministrativas.
Por outro lado, a relação de vinculação é encontrada entre entidades da Administração Indireta e os
respectivos entes federados. Entre pessoas jurídicas distintas, em razão da autonomia dessas entidades.
Assim, não existe hierarquia, mas apenas os controles previstos expressamente a legislação (vinculação).
Trata-se de relação externa, envolvendo pessoas jurídicas dotadas de personalidade jurídica própria e
autonomia.
Em resumo: Não existe hierarquia entre a Administração Direta e as entidades componentes da
Administração Indireta (existe controle ministerial/finalístico/tutela). O poder hierárquico também não é
exercido sobre os órgãos consultivos.

Obs.: Os órgãos administrativos consultivos, embora incluídos na hierarquia administrativa para fins
disciplinares, fogem à relação hierárquica.

Obs.: NÃO há hierarquia nas funções típicas jurisdicionais e legislativa.

O poder hierárquico confere uma série de prerrogativas aos agentes públicos hierarquicamente
superiores em relação aos seus respectivos subordinados, a saber:
• Ordens, a serem cumpridas por todos os subordinados;
• Controle ou fiscalização; verificação do cumprimento por parte dos subordinados das ordens
administrativas e das normas vigentes;
• Alteração de competências via delegação ou avocação;
• Rever atos praticados pelos subordinados para anulá-los, quando ilegais, ou revogá-los por
conveniência e oportunidade, nos termos da respectiva legislação;
• Resolução de conflitos de atribuições: prerrogativa de resolver, na esfera administrativa, conflitos
positivos ou negativos de atribuições dos órgãos e agentes subordinados;

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• Disciplinar: apurada eventual irregularidade na atuação funcional do subordinado, a autoridade


superior, após o devido processo legal, garantindo a ampla defesa e o contraditório, deverá aplicar
as sanções disciplinares tipificadas na legislação

Delegação x Avocação:
A hierarquia justifica as hipóteses de avocação e delegação de competência.

a) Delegação: A delegação de atribuições, uma das manifestações do poder hierárquico, é o ato de


conferir a outro servidor atribuições que, originalmente, eram de competência da autoridade
delegante.
• Extensão de atribuições de um órgão a outro de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior.
• O ato de delegação de competência, revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante, decorre
do poder hierárquico, mas não precisa ser hierarquicamente subordinado.
• Cláusula de Reserva: O agente delegante NÃO perde a competência delegada;
• MS: Autoridade competente => Agente que praticou (Súmula 510 STF).

Súmula n. 510, STF - Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência


delegada, contra ela cabe o mandado de segurança ou a medida judicial

Com base nessa orientação, no julgamento do MS 24.732 MC/DF, o STF decidiu que
o foro da autoridade delegante não se transmite a autoridade delegada. Assim, se
o ato foi praticado pela autoridade delegada, qualquer medida judicial proposta
contra este ato deverá respeitar o foro da autoridade delegada (Ricardo Alexandre,
2019)

• Nos termos propostos pela Lei nº 9.784, é vedada a delegação e avocação:


✓ Casos de competência exclusiva definida em lei;
✓ Para decisão de recurso hierárquico;
✓ Para edição de atos normativos.

Método para gravar: CE (competência exclusiva); NO (normativos) RA (recurso) - CENORA

O tema delegação de ato administrativo foi cobrado na última prova de Delegado de Polícia do
Estado do Paraná (2021):

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2021 – NC UFPR – PC-PR – Delegado de Polícia


Acerca do desempenho de poder hierárquico no âmbito da Administração Pública, considere as
seguintes afirmativas: 1. A decisão de recursos administrativos poderá ser objeto de delegação, devendo o
ato de delegação ser publicado em meio oficial. 2. As decisões adotadas por delegação considerarse-ão
editadas pela autoridade a que se delegou a competência. 3. O ato de delegação é revogável a qualquer
tempo pela autoridade delegante. 4. A delegação de competência administrativa pode dar-se de um órgão
administrativo para outro que não lhe seja subordinado, em razão de circunstâncias de índole técnica, social,
econômica, jurídica ou territorial. Assinale a alternativa correta.

Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras. (item correto)

b) Avocação: A avocação é fenômeno inverso ao da delegação e consiste na possibilidade de o superior


hierárquico trazer para si temporariamente o exercício de competências legalmente estabelecidas
para órgão ou agente hierarquicamente inferior. Destacamos que, ao contrário da delegação, não
cabe avocação fora da linha hierárquica, uma vez que a utilização do instituto depende de um poder
de vigilância e controle somente existente nas relações hierarquizadas
• O chefe chama para si, de forma temporária, a competência que seria de agente subalterno.
• A avocação é medida excepcional.
• A excepcionalidade da avocação nos permite concluir que ela sempre deverá ser temporária.

CESPE: A lei permite que o órgão administrativo e seu titular deleguem parte de sua competência a órgão
não hierarquicamente subordinado. Se AVOCAÇÃO, é obrigatória a vinculação hierárquica.

É importante a leitura dos artigos 11 a 17 da Lei nº 9784/99, pois muitas vezes as provas cobram a
literalidade dos artigos:

Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a


que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente
admitidos

Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento
legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que
estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em
razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à delegação de
competência dos órgãos colegiados aos respectivos presidentes

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Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:


I - a edição de atos de caráter normativo
II - a decisão de recursos administrativos
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio oficial.
§ 1o O ato de delegação especificará as matérias e poderes transferidos, os limites
da atuação do delegado, a duração e os objetivos da delegação e o recurso cabível,
podendo conter ressalva de exercício da atribuição delegada.

§ 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante.

§ 3o As decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente esta


qualidade e considerar-se-ão editadas pelo delegado.
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes
devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a
órgão hierarquicamente inferior.
Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divulgarão publicamente os locais
das respectivas sedes e, quando conveniente, a unidade fundacional competente
em matéria de interesse especial.
Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o processo administrativo deverá
ser iniciado perante a autoridade de menor grau hierárquico para decidir.

3.3 Poder Disciplinar

“O Poder Disciplinar trata da atribuição pública de aplicação de sanções àqueles


que estejam sujeitos à disciplina do ente estatal. Com efeito, é o poder de aplicar
sanções e penalidades, apurando infrações dos, como é o exemplo daqueles
particulares que celebraram contratos com servidores ou outros que são
submetidos à disciplina da Administração, ou seja, a todos aqueles que tenham
vínculo de natureza especial com o Estado o Poder Público. A função deste poder
é sempre aprimorar a prestação do serviço público punindo a malversação do
dinheiro público ou a atuação em desconformidade com a lei.” (CARVALHO, 2017,
p. 130).

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Dessa forma, o Poder Disciplinar consiste na possibilidade de a Administração aplicar punições


àqueles que possuem algum vínculo específico com a Administração, seja de natureza funcional ou
contratual.
Considerações importantes:
• As sanções NÃO podem ser aplicadas a particulares, devendo existir um vínculo de natureza especial.
• É um poder interno, não permanente e discricionário. Na verdade, é vinculado quanto ao dever de
punir e discricionário quanto à seleção da pena aplicável.
• A aplicação de qualquer uma dessas penalidades exige instauração de prévio processo administrativo
com garantia de contraditório e ampla defesa, sob pena de nulidade da punição.
• O Poder Disciplinar pode decorrer do Poder Hierárquico, haja vista tratar-se a hierarquia de uma
espécie de vinculação especial, mas também pode decorrer dos contratos celebrados pela
Administração Pública, sejam regidos pelo direito público ou pelo direito privado.
• É um poder interno, sancionatório, por meio do qual a administração pública pode aplicar sanção às
pessoas a este vinculado.

Obs.: O poder disciplinar é um poder sancionatório, mas nem toda sanção configura poder disciplinar, visto
que o poder disciplinar decorre da existência de um vínculo especial entre o Estado e o sujeito que está sendo
punido, do contrário estará diante da manifestação do poder de polícia. Logo: Estado punindo pessoas
vinculadas a ele é manifestação do poder disciplinar, por outro lado, já o Estado punindo particulares não
vinculados é manifestação do poder de polícia.
Ex. sanção aplicada ao servidor público (vínculo específico) → poder disciplinar.
Ex. aplicação de multa ao particular → (sem vínculo) manifestação do poder de polícia.

Engloba duas situações:


• Relações funcionais travadas com agentes públicas, independentemente da natureza do vínculo –
legal ou negocial.
• Particulares inseridos em relações jurídicas especiais com a administração, mas que não são
considerados agentes públicos. Ex.: aplicação de multa contratual à empresa contratada pela
Administração, sanções aplicadas aos alunos de escola pública e aos usuários de biblioteca pública
etc.

STF: É impossível substituir o mérito administrativo pelo Poder Judiciário, estando o controle limitado à
legalidade das sanções aplicadas.

ATENÇÃO: É lição comum na doutrina que o poder disciplinar é exercido de forma discricionária. A
afirmação deve ser analisada com bastante cuidado no que concerne ao seu alcance. Caso o indivíduo sob
disciplina administrativa cometa infração, não restará qualquer opção ao gestor senão aplicar-lhe a

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penalidade legalmente prevista, ou seja, a aplicação da pena é ato vinculado. A discricionariedade, quando
existente, é relativa à graduação da penalidade ou à escolha entre as sanções legalmente cabíveis, uma
vez que no direito administrativo não predomina o princípio da pena específica (que corresponde à
necessidade de prévia definição em lei da infração funcional e da exata sanção cabível).

Como o tema foi cobrado (CESPE/2018/Polícia Federal/Delegado de Polícia Federal): Em relação aos
poderes administrativos, julgue o item seguinte.
A demissão de servidor público configura sanção aplicada em decorrência do poder de polícia administrativa,
uma vez que se caracteriza como atividade de controle repressiva e concreta com fundamento na supremacia
do interesse público.

Resposta: Errado. Como visto, é o poder disciplinar que fundamenta a aplicação de sanções aos servidores
públicos, os quais possuem vínculo especial com a Administração Pública. Portanto, a demissão de um
servidor público é aplicada em razão do poder disciplinar.

(CESPE/2016 – Delegado de Polícia Civil – PE). Acerca dos poderes e deveres da administração pública,
assinale a opção correta:
a) A autoexecutoriedade é considerada exemplo de abuso de poder: o agente público poderá impor medidas
coativas a terceiros somente se autorizado pelo Poder Judiciário.
b) À administração pública cabe o poder disciplinar para apurar infrações e aplicar penalidades a pessoas
sujeitas à disciplina administrativa, mesmo que não sejam servidores públicos.
c) Poder vinculado é a prerrogativa do poder público para escolher aspectos do ato administrativo com base
em critérios de conveniência e oportunidade; não é um poder autônomo, devendo estar associado ao
exercício de outro poder.
Comentário: o conceito exposto na assertiva trata-se do poder discricionário, e não poder vinculado.
d) Faz parte do poder regulamentar estabelecer uma relação de coordenação e subordinação entre os vários
órgãos, incluindo o poder de delegar e avocar atribuições.
Comentário: o conceito da assertiva revela a manifestação do poder hierárquico, e não poder disciplinar. O
poder disciplinar refere-se ao poder de aplicar sanções as pessoas que possuem vínculo especial com a
administração pública.
e) O dever de prestar contas aos tribunais de contas é específico dos servidores públicos; não é aplicável a
dirigente de entidade privada que receba recursos públicos por convênio.
Comentário: referidas entidades também possuem o dever de prestar contas perante o Tribunal de Contas.

GABARITO – LETRA B

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3.4 Poder de Polícia

a) Conceito: O poder de polícia consiste na prerrogativa que tem o Estado de restringir, frenar, limitar
a atuação do particular em razão do interesse público. É fruto da compatibilização do interesse público em
face do privado.
Tenha em mente que o poder de polícia não é um poder interno, decorre da Supremacia do Interesse
Público, não dependendo para sua manifestação de nenhum vínculo especial (ao contrário do que exige o
poder disciplinar).

Definição: art. 78 CTN - Considera-se poder de polícia atividade da administração


pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a
prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à
segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do
mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou
autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade
e aos direitos individuais ou coletivos.

Natureza dos Atos: É poder negativo, mas em alguns casos também é positivo. Ex: Exigência para o
proprietário conferir função social à propriedade.
Podemos citar alguns exemplos que demonstram a dimensão da multiplicidade de situações em que
o poder de polícia é empregado:
✓ Apreensão de mercadoria estragada em depósito alimentício;
✓ Suspensão de atividades lesivas ao meio ambiente;
✓ Fiscalização exercida sobre pessoas físicas ou jurídicas pelos conselhos de fiscalização profissional;
✓ Apreensão de mercadoria ilegal na alfândega;
✓ Interdição de um estabelecimento que viole normas sanitárias;
✓ Aplicação de uma multa a restaurante que infringiu normas ligadas à proteção da saúde pública;
✓ Lavratura de auto de infração contra empresa que violou normas relativas à vigilância sanitária;
✓ Demolição de edifício particular que ameaçava ruir; i) Expedição de porte de arma de fogo

b) Sentidos do Poder de Polícia:


(1) Sentido amplo: compreende toda e qualquer atuação estatal restritiva à liberdade e propriedade;
(2) Sentido restrito: diretamente relacionada ao exercício da função administrativa. Pode ser:
• Preventiva. Ex.: quando trata de disposições genéricas e abstratas como, por exemplo, as
portarias e regulamentos que se materializam nos atos que disciplinam horário para
funcionamento de determinado estabelecimento, proíbem desmatar área de proteção
ambiental, soltar balões, entre outros.

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• Repressiva: ao praticar atos específicos observando sempre a obediência à lei e aos


regulamentos, como por exemplo, dissolver passeata tumultuosa, apreender revistas
pornográficas, aplicação de multa etc
• Fiscalizadora: quando previne eventuais lesões, como, por exemplo, vistoria de veículos,
fiscalização de pesos e medidas entre outros.

A atuação pode ensejar obrigações negativas (não fazer) ou positivas (fazer)

c) Polícia Judiciária x Administrativa (questão dissertativa da prova de Delegado da PF/2018)


• Judiciária – Incide sobre as pessoas, atividade legislativa.
 Não se exaure em si mesma;
 Incide sobre os próprios indivíduos;
 Predominantemente repressiva.
• Administrativa – Incide sobre bens e direitos, edição de atos administrativos.
 Exaure-se em si mesma;
 Incide sobre bens e direitos;
 Eminentemente preventiva.

Vamos esquematizar?

POLÍCIA JUDICIÁRIA X POLÍCIA ADMINISTRATIVA


• Não se exaure em si mesma;
JUDICIÁRIA • Incide sobre os próprios indivíduos;
Incide sobre as pessoas, atividade • Predominantemente repressiva.
legislativa.
ADMINISTRATIVA • Exaure-se em si mesma;
Incide sobre bens e direitos, edição de • Incide sobre bens e direitos;
atos administrativos. • Eminentemente preventiva.

PODER DE POLÍCIA X FUNÇÃO DE POLÍCIA

(Diogo de Figueiredo Moreira)

Poder de Polícia Função de Polícia

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Exercício pelo legislador e compreende a criação Exercida pelo administrador, restringindo-se à


de limites e condições às liberdades e aos aplicação da lei.
direitos;

SUPREMACIA GERAL X SUPREMACIA ESPACIAL

- Supremacia Geral: O exercício do poder de polícia tem por destinatários todos os particulares que se
submetem à autoridade estatal.

- Supremacia Especial: Quando os administrados travam relações jurídicas específicas com o Estado.

* Inicialmente, entendia-se que essas relações de sujeição especial ficavam excluídas do Direito, sendo
desnecessário observar o devido processo legal. A doutrina moderna entende que se aplica o princípio
da legalidade a tais relações, mas de forma mais flexível, reconhecendo-se maior liberdade à atuação
administrativa.

* A distinção entre supremacia geral e especial é usada para definir poder de polícia (geral) e
disciplinar (especial).

d) Ciclos do Poder de Polícia x Delegação do Poder de Polícia


O Poder de Polícia compreende 4 ciclos:
(1) Ordem de Polícia
(2) Consentimento de Polícia
(3) Fiscalização de Polícia
(4) Sanção de Polícia

(1) ORDEM DE POLÍCIA: é o preceito legal básico que dá validade à limitação prevista, para que não se
pratique ato que lesionará o interesse público ou para que não deixe de fazer algo que evitará a lesão
ao interesse público.
➢ Ex: Código de Trânsito Brasileiro que contém normas genéricas e abstratas para a obtenção
da Carteira Nacional de Habilitação.

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(2) CONSENTIMENTO DE POLÍCIA: é o ato administrativo que confere anuência ao exercício de atividade
ou ao uso de propriedade. Pode ser:
➢ Licença: ato vinculado;
➢ Autorização: Ato discricionário.

Classificação das licenças ou autorizações:


▪ Licença ou autorização por operação: O ato se esgota com a sua emissão, sem estabelecer relação
jurídica permanente entre particular e Estado. Ex: Licença para construir edifício;
▪ Licença ou autorização operativa (ou de funcionamento): estabelece relação jurídica especial e
duradoura entre o particular e o Estado. Ex: Emissão da carteira corporifica a vontade o Poder
Público.

(3) FISCALIZAÇÃO DE POLÍCIA: é a verificação se as ordens de polícia estão sendo cumpridas (se não
está sendo exercida uma atividade vedada ou se uma atividade consentida está sendo executada
dentro dos limites estabelecidos).
Ex: Administração instala equipamentos eletrônicos para verificar se há respeito à velocidade
estabelecida em lei.

(4) SANÇÃO DE POLÍCIA: é a fase em que, verificada afronta à ordem de polícia, é aplicada a pena de
polícia. Ex: aplicação das multas de trânsito.

Obs.: LEGISLAÇÃO (ORDEM DE POLÍCIA) e FISCALIZAÇÃO são as únicas fases que sempre existirão num ciclo
de polícia; O CONSENTIMENTO nem sempre estará presente, pois há atos que, embora sem consentimento,
são aplicados por previsão legal.

Limites ao poder de polícia: princípio da legalidade; princípio da proporcionalidade (necessário,


adequado e proporcional em sentido estrito); núcleo essencial dos direitos individuais; o limite do limite
(limitação de liberdades públicas)

O poder de polícia pode ser delegado?


R.: O Poder de Polícia é considerado atividade típica de Estado e, portanto, somente pode ser
exercido pelas pessoas jurídicas de direitos público componentes da Administração Direta ou da
Administração Indireta. Nesse sentido, para o STJ e doutrina amplamente majoritária, as atividades de ordem
de polícia e de aplicação de sanções derivam de indiscutível poder coercitivo do Estado e, justamente por
isso, não poderiam ser delegadas a pessoas jurídicas de direito privado. Por outro lado, as atividades de
consentimento e fiscalização (2º e 3º ciclos do Poder de Polícia) seriam compatíveis com a natureza de uma
sociedade de economia mista, sendo, em tese, passíveis de delegação.

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No entanto, embora a doutrina seja praticamente uníssona no sentido de que somente os ciclos de
fiscalização e consentimento do Poder de Polícia podem ser delegados às pessoas jurídicas de direito privado
integrantes da Administração Pública, em recentíssimo entendimento do Plenário do STF, no bojo (RE)
633782, com repercussão geral reconhecida (Tema 532), a Corte fixou a seguinte tese: “É constitucional a
delegação do poder de polícia, por meio de lei, à pessoas jurídicas de direito privado integrantes da
Administração Pública indireta de capital social majoritariamente público que prestem exclusivamente
serviço público de atuação própria do Estado e em regime não concorrencial”.

“Por maioria, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que é


constitucional a delegação da atividade de policiamento de trânsito à Empresa de
Transporte e Trânsito de Belo Horizonte – BHTrans, INCLUSIVE QUANTO À
APLICAÇÃO DE MULTAS. A decisão se deu na sessão virtual encerrada em 23/10,
no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 633782, com repercussão geral
reconhecida (Tema 532). O relator destacou que, no julgamento do RE 658570, o
STF decidiu que o poder de polícia não se confunde com segurança pública. Assim,
seu exercício não é prerrogativa exclusiva das entidades policiais. Segundo ele, a
fiscalização do trânsito com aplicação de sanções administrativas constitui mero
exercício de poder de polícia. "Verifica-se que, em relação às estatais prestadoras
de serviço público de atuação própria do Estado e em regime de monopólio, não
há razão para o afastamento do atributo da coercibilidade inerente ao exercício
do poder de polícia, sob pena de esvaziamento da finalidade para a qual aquelas
entidades foram criadas", concluiu.”
Fonte: site do STF

Nesse sentido, para o STF, além da fiscalização e do consentimento, o ciclo de polícia SANÇÃO
também poderia ser delegado! Fique atento, pois esta decisão vai de encontro ao entendimento
consolidado do STJ e da doutrina, motivo pelo qual certamente será cobrado em prova!!!

• Fiscalização – Delegável;
• Atos de consentimento – Delegável;
• Poder de Legislar – Indelegável
• Aplicar sanções – delegável

DELEGAÇÃO DO PODER DE POLÍCIA: LIMITES E POSSIBILIDADES

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(Aprofundamento para subjetivas)


• 1ª Corrente (majoritária): Impossibilidade de delegação do poder de polícia a particulares, o que
NÃO impede o exercício privado de atividades materiais acessórias, prévias ou posteriores ao
poder de polícia. Celso Antônio, Marçal Justen;
• 2ª Corrente: Possibilidade de delegação de fiscalização e consentimento aos particulares,
integrantes ou não da administração indireta. Diogo de Figueiredo;
• 3ª Corrente: Pode haver delegação do poder de polícia para entidades de direito privado que
integram a Administração Pública. Cláudio Brandão;
• 4ª Corrente: Pode delegar, desde que preenchidos três requisitos:
▪ Delegação feita por lei, NÃO se admitindo via contrato;
▪ Apenas a fiscalização pode ser delegada;
▪ Entidades privadas delegatárias devem integrar a Administração indireta, não sendo lícita a
delegação às entidades privadas em geral. Carvalho Filho.

- STF: É constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, à pessoas jurídicas de direito
privado integrantes da Administração Pública indireta de capital social majoritariamente público que
prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em regime não concorrencial,
inclusive quanto à aplicação de SANÇÃO.

- STJ: Possibilidade de delegação da FISCALIZAÇÃO e CONSENTIMENTO de polícia para empresas


públicas e sociedades de economia mista.

- O ordenamento jurídico reconhece a possibilidade de exercício de poderes públicos, inclusive de


autoridade, por particulares em alguns casos, como comandantes de aeronaves, atividade de notários,
instâncias da justiça desportiva.

- Rafael Oliveira entende possível a delegação a particulares, desde que respeitados os seguintes
requisitos:

• Exercida preponderantemente por entidades de direito público e, excepcionalmente, por


entidades de direito privado.

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• Princípio da legalidade (juridicidade): a delegação deve ser por norma constitucional ou legal,
que deve fixar o exercício e limites para a função delegada;
• Conteúdo da delegação: apenas podem ser delegadas atividades instrumentais ou técnicas,
sendo vedada a transferência regular das atividades punitivas ou vinculadas à soberania;
• Obediência à razoabilidade e proporcionalidade;
• Respeitar direitos e garantias dos administrados.

(Ano: 2016. Banca: FUNCAB. Órgão: PC-PA. Prova: Delegado de Polícia Civil). Com relação aos Poderes da
Administração, marque a opção correta. a) O supremo Tribunal Federal decidiu que os conselhos reguladores
de profissão têm natureza de autarquia. Tal decisão se fundamentou no fato de que elas atuam no exercício
regular do poder de polícia, sendo este poder indelegável ao particular.

a) Atributos do Poder de Polícia:

1. DISCRICIONARIEDADE:
Consiste na liberdade conferida pelo legislador ao administrador para escolher o melhor momento
de atuação ou a sanção mais adequada. Porém, o poder de polícia também pode se manifestar por atos
vinculados. Ex: Licenças para construir;

# Tema relevante: discricionariedade dos atos administrativos e Doutrina Chenery -> Por essa teoria, o
Judiciário não pode anular um ato administrativo sob o argumento de que a AP não se valeu da melhor
metodologia técnica. Surgiu do julgamento do caso SEC (CVM americana) x Chenery Corp. pela Suprema
Corte norte-americana. O fundamento para tanto é que em temas envolvendo questões técnicas e
complexas, os Tribunais não possuem a qualificação necessária para concluir se os critérios adotados pela
AP são corretos ou não. Somente a própria AP é que tem um corpo técnico competente para tanto. Tal
doutrina foi recentemente usada pelo STJ para deferir pedido de suspensão de segurança contra decisão
judicial que havia suspendido o reajuste de tarifas do transporte público (Ag. Int. na SLS 2.240/SP).

Cuidado em uma prova discursiva!


Para a doutrina tradicional, encampada por Hely Lopes Meirelles, uma das características do poder de polícia
é a discricionariedade. De fato, entende-se que a discricionariedade é a regra apresentada nos atos
decorrentes do exercício do poder de polícia. Ou seja, a princípio, os atos de polícia são praticados pelo
agente público, no exercício de competência discricionária, podendo definir a melhor atuação nos limites e
contornos autorizados pela lei. (Leve isso com você para a prova objetiva!)
No entanto, não se pode dizer que o poder de polícia é sempre discricionário, porque ele também pode se
manifestar por atos vinculados, como, por exemplo, as licenças para construção. Nesses casos, a lei
estabelece requisitos objetivos para a concessão da licença e, uma vez cumpridos os requisitos legais, o

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particular terá direito subjetivo à concessão do alvará pleiteado, sem que o agente público tenha qualquer
margem de escolha. Ante o exposto, contemplamos que o poder de polícia pode se manifestar tanto por atos
vinculados quanto por atos discricionários.
Nas palavras do professor Ricardo Alexandre:
A discricionariedade consiste na liberdade de escolha da autoridade pública sobre a conveniência e
oportunidade do exercício do poder de polícia. No entanto, embora a discricionariedade dos atos de polícia
seja a regra, em algumas situações o exercício do poder de polícia é vinculado, não deixando margem para
que a autoridade responsável possa fazer qualquer tipo de opção. A título de exemplo, comparemos os atos
de concessão de alvará de licença e de autorização, respectivamente. No caso do alvará de licença, o ato é
vinculado, o que significa que a licença não poderá ser negada quando o requerente preencher os requisitos
legais para sua obtenção. (Direito Administrativo Esquematizado).

2. AUTOEXECUTORIEDADE:
Prerrogativa da administração de implementar seus atos sem a participação do Judiciário. O
contraditório é diferido, pois em caso excepcional, a Administração pode praticar ato de polícia para impedir
prejuízo à coletividade, conferindo direito de defesa após a prática do ato.
Obs.: Alguns atos de polícia NÃO possuem o atributo, a exemplo da multa que não é adimplida e a
respectiva cobrança ocorre por execução fiscal.

EXECUTORIEDADE X EXIGIBILIDADE

- Executoriedade (executoriedade propriamente dita ou direta): o Administrador utiliza meios diretos


de coerção para implementar a vontade administrativa.

- Exigibilidade (executoriedade indireta): meios indiretos de coerção

É necessário previsão legal expressa para reconhecer a autoexecutoriedade?

▪ 1ª corrente: Depende de lei ou do caráter emergencial da medida. Di Pietro, Celso Antônio, José
dos Santos Carvalho Filho;
▪ 2ª corrente: A executoriedade é regra e só pode ser afastada por expressa vedação legal. Hely
Lopes, Diogo de Figueiredo.

A autoexecutoriedade NÃO significa arbitrariedade, pois a atuação administrativa sempre deverá


observar a juridicidade (regras e princípios no ordenamento jurídico).

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 TEMA RELEVANTE: A administração pública possui interesse de agir para tutelar em juízo atos em
que ela poderia atuar com base em seu poder de polícia

Um dos atributos do poder de polícia é a autoxecutoriedade. Isso significa que a


Administração Pública pode, com os seus próprios meios, executar seus atos e
decisões, sem precisar de prévia autorização judicial. A Administração, contudo,
pode, em vez de executar o próprio ato, ingressar com ação judicial pedindo que o
Poder Judiciário determine essa providência ao particular. Ex: diante de uma
irregularidade grave, a Administração Pública poderia, em tese, interditar o
estabelecimento. Se ela, em vez de executar esta ordem diretamente, ajuíza ação
pedindo que o Poder Judiciário determine essa providência, tal ação não pode ser
julgada extinta por falta de interesse de agir. A autoexecutoriedade não retira da
Administração Pública a possibilidade de valer-se de decisão judicial que lhe
assegure a providência fática que almeja, pois nem sempre as medidas tomadas
pelo Poder Público no exercício do poder de polícia são suficientes. STJ. 2ª Turma.
REsp 1651622/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/03/2017

3. COERCIBILIDADE (OU EXIGIBILIDADE):

Impõem restrições ou condições a serem cumpridas pelos particulares. Há atos que são despidos de
coercibilidade, a exemplo da licença solicitada pelo particular.

Como o tema foi cobrado (CESPE/2018/PC-SE/Delegado de Polícia): Acerca do poder de polícia — poder
conferido à administração pública para impor limites ao exercício de direitos e de atividades individuais em
função do interesse público —, julgue o próximo item. São características do poder de polícia a
discricionariedade, a autoexecutoriedade e a coercibilidade.
Resposta: Certo. Como visto, o poder de polícia tem exatamente essas três características mencionadas na
assertiva.

b) Prazo para aplicar penalidades

As sanções decorrentes do poder de polícia devem respeitar um prazo prescricional de 5 (cinco) anos.
Neste sentido, a Lei nº 9.873/99, em seu art. 1°, define que

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"Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e


indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em
vigor, contados da data da pratica do ato ou, no caso de infração permanente ou
continuada, do dia em que tiver cessado".

Verifica-se, portanto, que o ente estatal deve respeitar o prazo quinquenal de prescrição para
aplicação de sanções de polícia, tendo início a contagem do prazo com a prática do ato lesivo pelo particular
ou da cessação da conduta continuada que configure infração de caráter permanente, ressalvadas a situação
de o fato objeto da ação punitiva da Administração também constituir crime, uma vez que, nestes casos, a
prescrição reger-se-á pelo prazo previsto na lei penal
Se não houver lei estadual ou municipal prevendo o prazo prescricional da sanção de polícia, este
prazo será de 5 anos, com base no art. 1º do Decreto 20.910/32

A legislação de cada ente deverá prever o prazo prescricional da sanção de polícia.


No âmbito federal o prazo é de 5 anos, com fundamento na Lei n.º 9.873/99. Caso
não haja lei estadual ou municipal sobre o assunto, deverá ser aplicado o prazo
prescricional de 5 anos por força, não da Lei n. 9.873/99, mas sim do art. 1º do
Decreto 20.910/32; As disposições contidas na Lei n.º 9.873/99 não são aplicáveis
às ações administrativas punitivas desenvolvidas por Estados e Municípios, pois o
seu art. 1º é expresso ao limitar sua incidência ao plano federal. Assim, inexistindo
legislação local específica, incide, no caso, o prazo prescricional previsto no art. 1º
do Decreto 20.910/32. STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1409267/PR, Rel. Min. Assusete
Magalhães, julgado em 16/03/2017

Ademais, cumpre ressaltar que a legislação prevê a possibilidade de prescrição intercorrente, trienal,
diante da inércia da Administração Pública no julgamento do processo administrativo. Corroborando ao
exposto, dispõe o art. 1°, §1° da Lei nº 9.873/99,

"Incide a prescrição no procedimento administrativo paralisado por mais de três


anos, pendente de julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de ofício
ou mediante requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração da
responsabilidade funcional de corrente da paralisação, se for o caso".

c) Poder de polícia delegável e indelegável:

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Nos dizeres de Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, a doutrina tem dividido os meios de atuação da
polícia administrativa em dois grupos: Poder de Polícia Originário e Poder de Polícia Delegado. Conforme os
autores:
• Poder de Polícia Originário: É aquele exercido pelas pessoas políticas do Estado (União, Estados,
Distrito Federal e Municípios), alcançando os atos administrativos provenientes de tais pessoas;
• Poder de Polícia Delegado: É aquele executado pelas pessoas administrativas do Estado, integrantes
da chamada Administração Indireta. Diz-se delegado porque esse poder é recebido pela entidade
estatal a qual pertence.

Obs.: Considerações sobre a multa de trânsito (sua aplicação decorre do exercício do Poder de Polícia)

 Foi objeto da prova discursiva de Delegado para Minas Gerais em 2012.

• Aplicação da multa: natureza autoexecutória, podendo a Administração impor penalidade


pecuniária ao administrado, sem a necessidade de recorrer ao Judiciário.
• Cobrança da Multa: Acaso NÃO paga no vencimento, a cobrança da multa NÃO é dotada de
autoexecutoriedade, devendo a Administração valer-se de instrumentos próprios para viabilizar a
cobrança.
• EM RESUMO: Requisitos para se exigir o pagamento da multa como condição liberatória do veículo:
1) A sanção aplicada deve ter sido a de apreensão e não a de retenção (mais leve);
2) Liberação condicionada ao pagamento de multas já vencidas e regularmente notificadas – É
vencida quando esgotado prazo de defesa, inerte o particular ou após julgamento do recurso
administrativo;
• NÃO há prazo máximo para que o veículo permaneça apreendido, mas o proprietário só será
responsável pelas despesas dos primeiros 30 dias de depósito do veículo.

Veja a jurisprudência sobre o tema:

STF/2015: As guardas municipais podem realizar a fiscalização de trânsito?


SIM. As guardas municipais, desde que autorizadas por lei municipal, têm
competência para fiscalizar o trânsito, lavrar auto de infração de trânsito e impor
multas. O STF definiu a tese de que é constitucional a atribuição às guardas
municipais do exercício do poder de polícia de trânsito, inclusive para a imposição
de sanções administrativas legalmente previstas (ex: multas de trânsito). STF.
Plenário.RE 658570/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min.
Roberto Barroso, julgado em 6/8/2015 (Info 793).

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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

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- A lei municipal pode conferir às guardas municipais competência para fiscalizar o


trânsito, lavrar auto de infração de trânsito e impor multas. O STF entendeu que a
tese do MP não está correta porque a questão em tela não envolve segurança
pública, mas sim poder de polícia de trânsito. Para o Min. Roberto Barroso, poder
de polícia não se confunde com segurança pública. O exercício do poder de polícia
não é prerrogativa exclusiva das entidades policiais, a quem a CF outorgou com
exclusividade apenas as funções de promoção da segurança pública (art. 144). A
fiscalização do trânsito, com aplicação das sanções administrativas (multas),
embora possa se dar ostensivamente, constitui mero exercício de poder de polícia,
não havendo, portanto, proibição de que seja exercida por entidades não-policiais
(como é o caso das guardas municipais).
- O Código de Trânsito Brasileiro estabeleceu que a competência para o exercício
da fiscalização de trânsito é comum, cabendo tanto a União, como aos Estados/DF
e Municípios. A receber essa competência do CTB, o Município pode determinar,
por meio de lei, que esse poder de polícia (fiscalização do trânsito) seja exercido
pela guarda municipal.
(Fonte: Dizer o Direito)

Atente-se às jurisprudências relevantes sobre o Poder de Polícia:

As operadoras de cartão de crédito em sentido estrito passam a ser reguladas e


fiscalizadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central apenas após a
edição da MP 615/2013. STJ. 2ª Turma. REsp 1.359.624-SP, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 10/03/2020 (Info 674).

Não é possível a manutenção de quiosques e trailers instalados sobre calçadas


sem a regular aprovação estatal
Em cidades tomadas por veículos automotores, a maior parte deles a serviço de
minoria privilegiada, calçadas integram o mínimo existencial de espaço público dos
pedestres, a maioria da população. No Estado Social de Direito, o ato de se deslocar
a pé, em segurança e com conforto, qualifica-se como direito de todos, com
atenção redobrada para a acessibilidade dos mais vulneráveis, aí incluídos idosos,
crianças e pessoas com deficiência. Vale ressaltar que as calçadas são consideradas
bens públicos, como bens de uso comum do povo (art. 99, I, do Código Civil). A
ninguém é lícito ocupar espaço público (no caso, a calçada), exceto se estritamente
conforme a legislação e após regular procedimento administrativo. Se o
apossamento do espaço urbano público ocorre ilegalmente, incumbe ao
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administrador, sob risco de cometimento de improbidade e infração disciplinar,


fazer a imediata demolição de eventuais construções irregulares e a desocupação
de bem turbado ou esbulhado. STJ. 2ª Turma. REsp 1846075-DF, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 03/03/2020 (Info 671).

Agência de turismo que faça câmbio é equiparada à instituição financeira e está


sujeita à fiscalização do BACEN
A agência de turismo devidamente credenciada para efetuar operações de câmbio
é equiparada a instituição financeira e subordina-se à regular intervenção
fiscalizatória do Banco Central. Consideram-se instituições financeiras as pessoas
jurídicas públicas ou privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a
coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros,
em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de
terceiros (art. 17 da Lei nº 4.595/64). STJ. 1ª Turma. REsp 1.434.625-CE, Rel. Min.
Sérgio Kukina, julgado em 09/04/2019 (Info 647). Obs: esse mesmo entendimento
pode ser aplicado para a seara dos crimes contra o Sistema Financeiro Nacional (art.
1º, I, da Lei nº 7.492/86): STJ. 5ª Turma. RHC 9.281/PR, Rel. Min. Gilson Dipp, DJe
30/10/2000.

O termo “bombeiro civil” pode ser utilizado pelos profissionais de empresas


privadas atuantes no ramo
Profissionais de empresas privadas que exerçam atividade de prevenção e combate
ao incêndio podem adotar a nomenclatura “bombeiro civil”. O art. 2º da Lei nº
11.901/2009 dispõe que são “bombeiros civis” os empregados contratados tanto
por empresas públicas quanto privadas que exerçam atividade de prevenção e
combate ao incêndio. A Lei nº 12.664/2012 não revogou a Lei nº 11.901/2009, mas
apenas proibiu o uso de uniformes que possuam insígnias, distintivos e emblemas
representativos das instituições públicas. STJ. 1ª Turma. REsp 1.549.433-DF, Rel.
Min. Benedito Gonçalves, julgado em 09/04/2019 (Info 648)

Apreensão de veículo utilizado no carregamento de madeira sem autorização


O art. 2º, § 6º, inc. VIII, do Decreto n. 3.179/1999 (redação original), quando
permite a liberação de veículos e embarcações mediante pagamento de multa, não
é compatível com o que dispõe o art. 25, § 4º, da Lei n. 9.605/1998; entretanto, não
há ilegalidade quando o referido dispositivo regulamentar admite a instituição do
depositário fiel na figura do proprietário do bem apreendido por ocasião de
infração nos casos em que é apresentada defesa administrativa - anote-se que não
se está defendendo a simplória liberação do veículo, mas a devolução com a
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instituição de depósito (e os consectários legais que daí advêm), observado,


entretanto, que a liberação só poderá ocorrer caso o veículo ou a embarcação
estejam regulares na forma das legislações de regência (Código de Trânsito
Brasileiro, p. ex.). STJ. 1ª Seção. REsp 1.133.965-BA, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 25/04/2018 (Info 625).

Competência do DNIT para fiscalizar trânsito nas rodovias e estradas federais


O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT detém
competência para a fiscalização do trânsito nas rodovias e estradas federais,
podendo aplicar, em caráter não exclusivo, penalidade por infração ao Código de
Trânsito Brasileiro, consoante se extrai da conjugada exegese dos arts. 82, § 3º, da
Lei nº 10.233/2001 e 21 da Lei nº 9.503/1997 (Código de Trânsito Brasileiro). STJ.
1ª Seção. REsp 1588969-RS, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 28/02/2018
(recurso repetitivo) (Info 623).

A administração pública possui interesse de agir para tutelar em juízo atos em


que ela poderia atuar com base em seu poder de polícia
Um dos atributos do poder de polícia é a autoxecutoriedade. Isso significa que a
Administração Pública pode, com os seus próprios meios, executar seus atos e
decisões, sem precisar de prévia autorização judicial. A Administração, contudo,
pode, em vez de executar o próprio ato, ingressar com ação judicial pedindo que o
Poder Judiciário determine essa providência ao particular. Ex: diante de uma
irregularidade grave, a Administração Pública poderia, em tese, interditar o
estabelecimento. Se ela, em vez de executar esta ordem diretamente, ajuíza ação
pedindo que o Poder Judiciário determine essa providência, tal ação não pode ser
julgada extinta por falta de interesse de agir. A autoexecutoriedade não retira da
Administração Pública a possibilidade de valer-se de decisão judicial que lhe
assegure a providência fática que almeja, pois nem sempre as medidas tomadas
pelo Poder Público no exercício do poder de polícia são suficientes. STJ. 2ª Turma.
REsp 1651622/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/03/2017.

Ante a omissão do órgão estadual na fiscalização o IBAMA pode exercer o seu


poder de polícia administrativa
Havendo omissão do órgão estadual na fiscalização, mesmo que outorgante da
licença ambiental, o IBAMA pode exercer o seu poder de polícia administrativa,
porque não se pode confundir competência para licenciar com competência para
fiscalizar. STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1484933/CE, Rel. Min. Regina Helena Costa,
julgado em 21/03/2017.
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Fonte: Dizer o Direito

Jurisprudência em teses STJ: EDIÇÃO N. 82: PODER DE POLÍCIA

1) A administração pública possui interesse de agir para tutelar em juízo atos em


que ela poderia atuar com base em seu poder de polícia, em razão da
inafastabilidade do controle jurisdicional.

2) O prazo prescricional para as ações administrativas punitivas desenvolvidas por


Estados e Municípios, quando não existir legislação local específica, é quinquenal,
conforme previsto no art. 1º do Decreto n. 20.910/32, sendo inaplicáveis as
disposições contidas na Lei n. 9.873/99, cuja incidência limita-se à Administração
Pública Federal Direta e Indireta.

3) Prescreve em cinco anos, contados do término do processo administrativo, a


pretensão da Administração Pública de promover a execução da multa por infração
ambiental. (Súmula n. 467/STJ) (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 -
TEMA 324)

4) A prerrogativa de fiscalizar as atividades nocivas ao meio ambiente concede ao


Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA
interesse jurídico suficiente para exercer seu poder de polícia administrativa, ainda
que o bem esteja situado dentro de área cuja competência para o licenciamento
seja do município ou do estado.

5) Ante a omissão do órgão estadual na fiscalização, mesmo que outorgante da


licença ambiental, o IBAMA pode exercer o seu poder de polícia administrativa, já
que não se confunde a competência para licenciar com a competência para
fiscalizar.

6) O Programa de Proteção e Defesa do Consumidor - PROCON detém poder de


polícia para impor sanções administrativas relacionadas à transgressão dos
preceitos ditados pelo Código de Defesa do Consumidor art. 57 da Lei n. 8.078/90.

7) O PROCON tem competência para aplicar multa à Caixa Econômica Federal CEF
por infração às normas do Código de Defesa do Consumidor, independentemente
da atuação do Banco Central do Brasil.
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8) A atividade fiscalizatória exercida pelos conselhos profissionais, decorrente da


delegação do poder de polícia, está inserida no âmbito do direito administrativo,
não podendo ser considerada relação de trabalho e, por consequência, não está
incluída na esfera de competência da Justiça Trabalhista.

9) Não é possível a aplicação de sanções pecuniárias por sociedade de economia


mista, facultado o exercício do poder de polícia fiscalizatório.

10) É legítima a cobrança da taxa de localização, fiscalização e funcionamento


quando notório o exercício do poder de polícia pelo aparato administrativo do ente
municipal, sendo dispensável a comprovação do exercício efetivo de fiscalização.

11) Quando as balanças de aferição de peso estiverem relacionadas


intrinsecamente ao serviço prestado pelas empresas ao consumidor, incidirá a Taxa
de Serviços Metrológicos, decorrente do poder de polícia do Instituto Nacional de
Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial - Inmetro em fiscalizar a
regularidade desses equipamentos.

12) É legitima a cobrança da Taxa de Fiscalização dos Mercados de Títulos e Valores


Mobiliários decorrente do poder de polícia atribuído à Comissão de Valores
Mobiliários CVM, visto que os efeitos da Lei n. 7.940/89 são de aplicação imediata
e se prolongam enquanto perdurar o enquadramento da empresa na categoria de
beneficiária de incentivos fiscais.

13) Os valores cobrados a título de contribuição para o Fundo Especial de


Desenvolvimento e Aperfeiçoamento das Atividades de Fiscalização - FUNDAF têm
natureza jurídica de taxa, tendo em vista que o seu pagamento é compulsório e
decorre do exercício regular de poder de polícia.

Referências Bibliográficas:

Rafael Carvalho Resende Oliveira. Curso de Direito Administrativo

Matheus Carvalho: Manual de Direito Administrativo

Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino. Direito Administrativo descomplicado.

Dizer o Direito. http://www.dizerodireito.com.br/

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QUESTÕES PROPOSTAS

1 - 2021 - FAPEC - PC-MS - FAPEC - 2021 - PC-MS - Delegado D-Ocorre excesso de poder quando a autoridade pública
de Polícia pratica um ato respeitando a busca pelo interesse público,
A respeito do controle judicial da atividade administrativa, mas não respeitando a finalidade especificada por lei para
assinale a alternativa correta. aquele determinado ato. Por exemplo: exoneração é a perda
do cargo de um servidor público sem finalidade punitiva,
A-O Poder Judiciário não pode controlar os limites do mérito enquanto a demissão tem essa finalidade. Não é lícito ao
do ato administrativo discricionário, pois estes são impostos administrador exonerar um servidor subordinado que
pela lei, e o administrador, ao fazer sua escolha, o faz com cometeu infração, porque foi desrespeitada a finalidade legal
base nos critérios de conveniência e oportunidade. para a prática do ato.
B-A discricionariedade pode estar presente tanto no E-Ocorre desvio de poder quando o agente do Estado atua
momento da prática quanto no da revogação do ato fora dos limites de sua competência. Portanto, é vício de
administrativo. competência tornar nulo o ato administrativo praticado.
C-A submissão total à lei está presente apenas nos atos
administrativos vinculados, pois, nos discricionários, há
ampla margem de atuação do administrador público. 3 - 2021 - NC-UFPR - PC-PR - NC-UFPR - 2021 - PC-PR -
D-Na atuação discricionária, o agente público não está Delegado de Polícia
subordinado aos limites impostos pela lei, pois lhe é conferida Acerca do desempenho de poder hierárquico no âmbito da
ampla margem de atuação, sempre em busca da solução que Administração Pública, considere as seguintes afirmativas:
melhor atenda ao interesse público.
E-No exercício do Poder Vinculado, o administrador está 1. A decisão de recursos administrativos poderá ser objeto de
subordinado à lei, porém, esta lhe confere margem de opção, delegação, devendo o ato de delegação ser publicado em
e o administrador terá, então, o encargo de identificar, diante meio oficial.
do caso concreto, a solução mais adequada. 2. As decisões adotadas por delegação considerar-se-ão
editadas pela autoridade a que se delegou a competência.
2 - 2021 - FAPEC - PC-MS - FAPEC - 2021 - PC-MS - Delegado 3. O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela
de Polícia autoridade delegante.
A respeito dos Poderes Administrativos, assinale a alternativa 4. A delegação de competência administrativa pode dar-se de
correta. um órgão administrativo para outro que não lhe seja
subordinado, em razão de circunstâncias de índole técnica,
A-Excesso de poder e desvio de poder são interpretados pela social, econômica, jurídica ou territorial.
doutrina como expressões sinônimas.
B-Ocorre excesso de poder quando o agente público pratica Assinale a alternativa correta.
um ato visando a interesses individuais, de caráter pessoal,
sem atentar para o interesse público, fazendo-o em benefício A-Somente a afirmativa 1 é verdadeira.
próprio ou de um amigo, ou até mesmo na intenção de B-Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras.
prejudicar um desafeto, violando o princípio da C-Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
impessoalidade. D- Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
C-Tem-se o abuso de poder todas as vezes que a autoridade E-As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.
pública pratica um ato extrapolando a competência legal ou
visando a uma finalidade diversa daquela estipulada pela 4 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Instituto Acesso - 2019
legislação. Ainda, o abuso de poder pode decorrer de - PC-ES - Delegado de Polícia - Anulado
condutas comissivas ou omissivas, implicando na nulidade do “O Direito Administrativo, como é entendido e praticado
ato administrativo. entre nós, rege efetivamente não só os atos do Executivo,
mas também os do Legislativo e os do Judiciário, praticados

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como atividade paralela e instrumental das que lhe são D-A Administração Pública Direta detém o poder de polícia
específicas e predominantes, isto é, a de legislação e a de originário e a Administração Pública Indireta detém o poder
jurisdição. O conceito de Direito Administrativo Brasileiro, de polícia delegado.
para nós, sintetiza-se no conjunto harmônico de princípios E-O poder de polícia é exercido única e exclusivamente por
jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades aqueles que assim o detém, isto é, polícias militares,
públicas tendentes a realizar concreta, direta e judiciárias e demais guardas e vigias relacionados à
imediatamente os fins desejados pelo Estado.” (MEIRELLES, Administração Pública Direta.
Hely Lopes. O Direito Administrativo Brasileiro. 29ª ed., São
Paulo: Malheiros Editora, 2004.) 6 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-SE - CESPE - 2018 - PC-SE
- Delegado de Polícia
Assinale a alternativa INCORRETA: Acerca do poder de polícia — poder conferido à
administração pública para impor limites ao exercício de
A-Autorização, permissão e concessão são formas de o Estado direitos e de atividades individuais em função do interesse
autorizar, permitir e conceder aos particulares a exploração público —, julgue o próximo item.
de bens e serviços públicos. O poder de polícia é indelegável.
B-A legalidade administrativa é diferente da legalidade civil,
uma vez que aquela dita o limite da atuação do administrador Certo
público, conforme imposto pela lei e esta permite ao Errado
particular aquilo que a lei não proíbe.
C-O poder de polícia decorre da capacidade administrativa e 7 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-SE - CESPE - 2018 - PC-SE
concede também a prerrogativa de função legislativa para a - Delegado de Polícia
positivação de tipos penais em âmbito de direito penal aos Acerca do poder de polícia — poder conferido à
agentes de estado que possuem esse poder. administração pública para impor limites ao exercício de
D-O princípio da supremacia do interesse público, não direitos e de atividades individuais em função do interesse
desconsidera os interesses particulares/individuais, não público —, julgue o próximo item.
obstante informa ao agente administrativo que o interesse A polícia administrativa propõe-se a restringir o exercício de
público prevalece sobre interesses privados. atividades ilícitas e, em regra, tem caráter preventivo.
E-São princípios de direito administrativo a moralidade
administrativa, a supremacia do interesse público, a Certo
motivação, a publicidade e transparência, a Errado
proporcionalidade e razoabilidade administrativas.
8 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-SE - CESPE - 2018 - PC-SE
5 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Instituto Acesso - 2019 - Delegado de Polícia
- PC-ES - Delegado de Polícia - Anulado Acerca do poder de polícia — poder conferido à
Sobre o poder de polícia, assinale a alternativa cujos administração pública para impor limites ao exercício de
conceitos estão relacionados de forma correta. direitos e de atividades individuais em função do interesse
público —, julgue o próximo item.
A-A discricionariedade e a autoexecutoriedade fazem parte São características do poder de polícia a discricionariedade, a
da Administração Pública como um todo, exceto no que tange autoexecutoriedade e a coercibilidade.
ao Poder de Polícia.
B-A Administração Pública Direta detém o poder de polícia Certo
delegado, por sua vez originado pela Constituinte, e ambos Errado
são caracterizados pela coercibilidade.
C-O poder de polícia não é caracterizado pela coercibilidade. 9 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - 2018
- Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal

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Em relação aos poderes administrativos, julgue o item A respeito dessa situação hipotética, é correto afirmar que se
seguinte. trata de caso de
A demissão de servidor público configura sanção aplicada em
decorrência do poder de polícia administrativa, uma vez que A-excesso de poder, o qual se verifica quando o agente
se caracteriza como atividade de controle repressiva e público exorbita as suas competências, agindo de forma
concreta com fundamento na supremacia do interesse ilegal.
público. B-desvio de dever funcional, o qual se verifica quando o
agente público deixa de praticar ato de ofício, ou o retarda,
Certo com a finalidade exclusiva de gerar vantagem a terceiro.
Errado C-abuso de poder, o qual se verifica quando o agente público
age de forma arbitrária, assumindo atribuições impróprias
10- 2018 - UEG - PC-GO - UEG - 2018 - PC-GO - Delegado de para as suas funções.
Polícia D-desvio de finalidade, o qual se verifica quando o agente
Sobre o poder de polícia, tem-se o seguinte: público, embora dentro de sua competência, afasta-se da
finalidade prevista na lei para a prática do ato.
A-o poder de polícia baseia-se no princípio da supremacia do E-exercício regular de direito, o qual independe de motivação
interesse público sobre o particular e, por esse motivo, é para a sua validade, não podendo ser anulado.
incompatível com as liberdades individuais.
B-a polícia administrativa é privativa de corporações 12 - 2018 - FUMARC - PC-MG - FUMARC - 2018 - PC-MG -
especializadas, assim entendidas a polícia civil e a polícia Delegado de Polícia Substituto
militar. Correlacione as duas colunas, vinculando cada situação ao
C-a executoriedade do poder de polícia está condicionada à respectivo poder administrativo.
sua exigibilidade e esta, por sua vez, à prévia autorização
judicial. (1) Revogação de ato administrativo
D-a decretação do estado de sítio permite a extensão (2) Interdição de estabelecimento comercial pela vigilância
excepcional do poder de polícia, com possibilidade de sanitária
restrições aos direitos de reunião, à liberdade de imprensa e (3) Aplicação de penalidade administrativa a servidor
à própria inviolabilidade de domicílio. (4) Edição de decretos
E-a coercibilidade inerente ao poder de polícia não exime a
Administração de buscar, em juízo, autorização para restringir ( ) Poder disciplinar
direitos dos administrados. ( ) Poder regulamentar
( ) Poder discricionário
11 - 2018 - VUNESP - PC-SP - VUNESP - 2018 - PC-SP - ( ) Poder de polícia
Delegado de Polícia
Suponha que o chefe de uma determinada Seção A sequência numérica CORRETA, de cima para baixo, é:
Administrativa, agindo dentro de sua competência legal, opte
por nomear determinado servidor em função de confiança, A-1, 2, 4, 3
sob a justificativa de que tal servidor possui as características B-3, 1, 4, 2
pessoais ideais para o desempenho da função. Imagine, C-3, 4, 1, 2
porém, que, após algumas semanas da nomeação, venha a D-4, 3, 2, 1
público a informação de que a nomeação se deu com a
principal finalidade de redistribuir a outro servidor processo 13 - 2018 - VUNESP - PC-BA - VUNESP - 2018 - PC-BA -
administrativo cuja responsabilidade incumbia à época da Delegado de Polícia
nomeação ao servidor contemplado com a função de No âmbito da execução penal, a atribuição de apurar a
confiança. conduta faltosa do detento cometida dentro do
estabelecimento prisional durante o cumprimento da pena,

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assim como realizar a subsunção do fato à norma legal, B-I e III.


verificando se a conduta corresponde a uma falta leve, média C-III e IV
ou grave, e aplicar eventual sanção é do diretor do D-I, II e IV.
estabelecimento prisional e decorre do poder E-II, III e IV.

A-de polícia. 16 - 2017 - FAPEMS - PC-MS - FAPEMS - 2017 - PC-MS -


B-geral de cautela. Delegado de Polícia
C-de tutela. Quanto aos poderes da Administração Pública, assinale a
D-hierárquico. alternativa correta.
E-disciplinar.
A-O Poder Hierárquico é pressuposto do Poder Disciplinar.
14- 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-MA - CESPE - 2018 - PC- B-O Poder Hierárquico pode ser exercido pela
MA - Delegado de Polícia Civil regulamentação de prática de ato em razão de interesse
Com relação aos poderes administrativos, a prerrogativa da público concernente à segurança.
administração pública de editar atos normativos para ordenar C-O Poder Disciplinar pode ser exercido por meio do
a atuação de órgãos subordinados decorre do exercício do disciplinamento de liberdade.
poder D-O Poder de Polícia pode ser exercido por meio da expedição
de decretos autônomos.
A-discricionário. E-A possibilidade de delegar e avocar atribuições decorre do
B-disciplinar. Poder Disciplinar.
C-de polícia.
D-regulamentar. 17 - 2017 - IBADE - PC-AC - IBADE - 2017 - PC-AC - Delegado
E-hierárquico. de Polícia Civil
No que tange aos Poderes e Deveres da Administração
15 - 2017 - CESPE / CEBRASPE - PJC-MT - CESPE - 2017 - PJC- Pública e dos administradores públicos, assinale a alternativa
MT - Delegado de Polícia Substituto correta.
A administração pública de determinado município brasileiro
constatou o funcionamento irregular de um estabelecimento A-O dever-poder de policia pode ser integralmente delegado
que comercializava refeições. Nessa hipótese, a pessoas jurídicas de direito privado.
B-De acordo com o Supremo Tribunal Federal, o exercício da
I- se houver tentativa do proprietário para impedir o competência regulamentadora, no contexto do dever-poder
fechamento do estabelecimento, a administração poderá normativo, não é exclusivo do Chefe do Poder Executivo.
utilizar-se da força pública, independentemente de decisão Assim, atos normativos podem ser exarados por agências
liminar. reguladoras ou mesmo por órgãos colegiados da
II- a administração, com a utilização de seus próprios meios, Administração direta ou indireta.
poderá impedir o funcionamento do estabelecimento. C-De ordinário, a noção de dever-poder hierárquico
III- a administração estará impedida de utilizar o critério da compreende a possibilidade do chefe expedir ordens aos seus
discricionariedade para impedir o funcionamento do subordinados, contudo, este dever-poder não comporta a
estabelecimento. possibilidade de controle ou mesmo a revisão de atos do
IV- a administração deverá utilizar a polícia judiciária para subordinado pelo superior hierárquico.
executar o ato de impedir o funcionamento do D-O dever-poder normativo é incompatível com a existência
estabelecimento. dos denominados regulamentos autorizados, porque
questões técnicas devem ser tratadas por leis e não por
Estão certos apenas os itens regulamentos expedidos no contexto da função
administrativa.
A-I e II.

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E-A supremacia geral não fundamenta o dever-poder de A fiscalização ambiental de determinado estado da
polícia, mas sim o dever-poder disciplinar. Federação verificou que a água utilizada para o
consumo dos hóspedes de um hotel era captada de
18 - 2017 - CESPE / CEBRASPE - PC-GO - CESPE - 2017 - PC-
poços artesianos. Como o hotel não tinha a outorga
GO - Delegado de Polícia Substituto
do poder público para extração de água de aquífero
A respeito dos poderes e deveres da administração, assinale
subterrâneo, os fiscais lavraram o auto de infração e
a opção correta, considerando o disposto na CF.
informaram ao gerente do hotel que lacrariam os
A-A lei não pode criar instrumentos de fiscalização das poços artesianos, conforme a previsão da legislação
finanças públicas, pois tais instrumentos são taxativamente estadual. O gerente resistiu à ação dos fiscais, razão
listados na CF. pela qual policiais militares compareceram ao local e,
B-A eficiência, um dever administrativo, não guarda relação diante do impasse, o gerente, acompanhado do
com a realização de supervisão ministerial dos atos praticados
advogado do hotel, e os fiscais foram conduzidos à
por unidades da administração indireta.
delegacia local. O advogado alegou que os fiscais
C-O abuso de poder consiste em conduta ilegítima do agente
teriam agido com abuso de autoridade, uma vez que
público, caracterizada pela atuação fora dos objetivos
explícitos ou implícitos estabelecidos pela lei. o poder público estadual não teria competência para

D-A capacidade de inovar a ordem jurídica e criar obrigações fiscalizar poços artesianos, e requereu ao delegado
caracteriza o poder regulamentar da administração. de plantão a imediata liberação do gerente e o
E-As consequências da condenação pela prática de ato de registro, em boletim de ocorrência, do abuso de
improbidade administrativa incluem a perda dos direitos poder por parte dos fiscais.
políticos e a suspensão da função pública. A partir dessa situação hipotética, assinale a opção correta,
considerando as regras e princípios do direito administrativo.
19 - 2017 - CESPE / CEBRASPE - PC-GO - CESPE - 2017 - PC-
GO - Delegado de Polícia Substituto A-Agentes de fiscalização não possuem poder de polícia, que
De acordo com a legislação e a doutrina pertinentes, o poder é exclusivo dos órgãos de segurança pública. Por essa razão,
de polícia administrativa os fiscais não poderiam entrar no hotel, propriedade privada,
sem o acompanhamento dos policiais militares.
A-pode manifestar-se com a edição de atos normativos como B-A fiscalização estadual agiu corretamente ao aplicar o auto
decretos do chefe do Poder Executivo para a fiel de infração: o hotel não poderia fazer uso de poço artesiano
regulamentação de leis. sem a outorga do poder público estadual. Contudo, os fiscais
B-é poder de natureza vinculada, uma vez que o somente poderiam lacrar os poços se dispusessem de ordem
administrador não pode valorar a oportunidade e judicial, razão pela qual ficou evidente o abuso de poder.
conveniência de sua prática, estabelecer o motivo e escolher C-As águas subterrâneas e em depósito são bens públicos da
seu conteúdo. União, razão pela qual a fiscalização estadual não teria
C-pode ser exercido por órgão que também exerça o poder competência para atuar no presente caso.
de polícia judiciária. D-Os estados membros da Federação possuem domínio das
D-é de natureza preventiva, não se prestando o seu exercício, águas subterrâneas e poder de polícia para precaver e
portanto, à esfera repressiva. prevenir danos ao meio ambiente. Assim, a fiscalização
E-é poder administrativo que consiste na possibilidade de a estadual não só tinha o poder, mas também, o dever de
administração aplicar punições a agentes públicos que autuar.
cometam infrações funcionais. E-Não é necessária a outorga do ente público para o simples
uso de poço artesiano. Logo, a conduta dos fiscais foi
20 - 2016 - CESPE / CEBRASPE - PC-PE - CESPE - 2016 - PC- intempestiva e abusiva.
PE - Delegado de Polícia

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Respostas9

9
1: B 2: C 3: D 4: C 5: D 6: E 7: C 8: C 9: E 10: D 11: D 12: C 13: E 14: E 15: A 16: A 17: B 18: C 19: C 20: D
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META 5

MEDICINA LEGAL: PERÍCIA E PERITOS E DOCUMENTOS MÉDICO LEGAIS

TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

⦁ Art. 6º, VII, CPP


⦁ Art. 158, CPP
⦁ Art. 158-A a 158-F, CPP
⦁ Art. 159 a 184, CPP
⦁ Art. 235, CPP
⦁ Arts. 275 a 281
⦁ Art. 525, 527 e 530-D, CPP
⦁ Art. 543, II, CPP
⦁ Art. 50, §1º, Lei de Drogas
⦁ Art. 129, §1º do CP
⦁ Art. 269 do CP
⦁ Art. 342 do CP
⦁ Lei 12030/09 inteira

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!


⦁ Art. 158, CPP
⦁ Art. 158-A a 158-F, CPP (muito importante!)
⦁ Art. 159, §1º, §5º, CPP
⦁ Art. 160 a 163, CPP
⦁ Art. 167 a 169, CPP
⦁ Art. 171, CPP
⦁ Art. 180, CPP
⦁ Art. 184, CPP
⦁ Art. 276 e 278, CPP
⦁ Art. 50, §1º, Lei de Drogas
⦁ Art. 2º da Lei 12030/09

1. CONCEITO DE MEDICINA LEGAL

O conceito de medicina legal é tratado de maneira geral, como ciência e como arte. Na visão de
Delton Croce a Medicina Legal é ciência e arte extrajurídica auxiliar alicerçada conjuntamente com
conhecimentos médicos, paramédicos e biológicos com a finalidade de defender os direitos e os interesses
dos homens e da sociedade. Tais conhecimentos médicos, especificamente relacionados com a Patologia,
Fisiologia, Traumatologia, Psiquiatria, Microbiologia e Parasitologia, Radiologia, Tocoginecologia, Anatomia,
patológica entre outras, com bem como o Direito; por isso, diz Medicina Legal.

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A medicina legal é uma disciplina ampla, construída através da soma de várias especialidades. É uma
disciplina eminentemente jurídica.

Conceituação dada por diversos autores:


LACASSAGNE → é a arte de pôr os conceitos médicos ao serviço da administração da justiça.
FRANÇA → é a contribuição da medicina, da tecnologia e outras ciências afins, às questões do
Direito na elaboração das leis, na administração judiciária e na consolidação da doutrina.
HOFFMAN → é a ciência que tem por objetivo o estudo das questões no exercício da jurisprudência
civil e criminal e cuja solução depende de certos conhecimentos médicos.
HYGINO → medicina a serviço das ciências jurídicas e sociais, enquanto arte e ciência, destituída
de método e objeto próprio, mas que carece de especialização, sob pena de prejuízo do laudo (conceito
mais restritivo).
HÉLIO GOMES → “O conjunto de conhecimentos médicos e paramédicos destinados a servir ao
Direito, cooperando na elaboração, auxiliando na interpretação e colaborando na execução dos
dispositivos legais, no seu campo de ação de medicina aplicada”.

☠ Questão da prova de Delegado do Paraná 2021: Entre os conceitos a seguir, assinale a alternativa
que apresenta uma definição de medicina legal.
A) Disciplina que defende os interesses sociais e individuais indisponíveis.
B) Especialidade que estuda dados oriundos de experimentos clínicos.
C) Arte de fazer relatórios em juízo.
D) Estudo da origem das propriedades físicas e químicas.
E) Ciência que estuda os processos químicos que ocorrem nos organismos vivos.
Gabarito: letra C.

ATENÇÃO! Algumas provas cobram aspectos históricos.


• O pai da medicina legal é Ambroise Paré (França).
No Brasil a medicina legal sofreu influência da Alemanha, França e Itália (cuidado: Portugal não
influenciou a medicina legal no BR – já foi questionado em prova).
• Segundo Oscar Freire, pode ser dividida em 3 fases:
1. Estrangeira (período colonial até 1877).
2. De transição (início de 1877).
3. De Nacionalização (a partir de 1985).
Principais nomes:
● Agostinho J.S. Lima (RJ, 1922): tanatologia.
● Raymundo Nina Rodrigues (BA, 1930): pesquisa científica, tornando a medicina legal uma
ciência acadêmica no BR.
● Oscar Freire de Carvalho (SP, 1930).

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A Medicina Legal é aplicável a diversas disciplinas.


● Criminal: homicídio, lesão corporal, crimes contra a dignidade sexual, aborto, infanticídio,
inimputabilidade.
● Civil: capacidade civil, investigação de paternidade.
● Trabalhista (infortunística forense): acidentes de trabalho, concessão de adicionais de
insalubridade e periculosidade.
● Previdenciária: concessão de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez.
● Penitenciária: psicologia do detento em diversos pontos como no livramento condicional e
psicossexualidade das prisões.
● Processual: perícias, tratamento psicológico de vítimas e testemunhas.

2. SUBDIVISÕES DA MEDICINA LEGAL

(A) PATOLOGIA FORENSE - estuda a TRAUMATOLOGIA FORENSE e a TANATOLOGIA


● Traumatologia forense - estuda as energias vulnerantes, seus mecanismos de ação e suas
consequências
● Tanatologia – estuda a morte, sua causa jurídica e os fenômenos cadavéricos.

(B) TOXICOLOGIA FORENSE - que tem por objeto de estudo as substâncias tóxicas, seus efeitos sobre o
ser humano, seu mecanismo de ação, seu modo de detecção em casos concretos e o esclarecimento
de aspectos de repercussão jurídica.

(C) ANTROPOLOGIA FORENSE - estuda os restos mortais com objetivo de esclarecer sua identidade,
causa de morte e ascendência.

(D) SEXOLOGIA FORENSE - abrange aspectos relacionados com o diagnóstico de virgindade, violência
sexual, gravidez, puerpério, aborto e problemas médicos legais relativos ao casamento.

(E) PSIQUIATRIA FORENSE - tem por finalidade a avaliação da responsabilidade penal e a capacidade
civil, que podem estar alteradas em função distúrbios mentais. Nela são abordados os aspectos
médico-legais a embriaguez e as toxicomanias.

3. PERÍCIAS E PERITOS

3.1. Perícia

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O objeto da Medicina Legal é a PERÍCIA MÉDICA – consistindo essa em todo ato médico com o
propósito de contribuir com as autoridades administrativas, policiais ou judiciárias com conhecimentos
específicos da área médica.
Conceitualmente, Genival França define a perícia médico-legal sendo um “conjunto de
procedimentos médicos e técnicos que tem como finalidade o esclarecimento de um fato de interesse da
justiça”.
A perícia pode ser definida como todo exame realizado por profissional não-médico com o fim de ser
usado como meio de prova em juízo.
A perícia médico-legal, por sua vez, compreende todos os exames realizados por profissionais da
medicina, tanto na fase administrativa policial, quanto em juízo.

* Não se esqueça que a prova pericial é um dos meios de provas admitidos em direito para formar o livre
convencimento do juiz.

Nesse campo, têm-se:


a) as perícias médicas - psiquiátrica, necroscópica, traumológica e sexológica;
b) as perícias não médicas - contábil, de engenharia, física, química e a balística;
c) os exames, os quais podem ser diretos ou indiretos.

▪ Exame direto → é aquele realizado sobre o corpo de delito, que corresponde a qualquer evidência
da prática do crime (materialidade delitiva direta). Todavia, não é sempre que o corpo de delito está
disponível, o que enseja o exame indireto por meio de evidências, testemunhas e vestígios.
▪ Exame indireto → é aquele realizado sobre evidências, testemunhas, vestígios etc.

A perícia possui:
• Parte Objetiva: Relacionada às alterações visíveis encontradas nas lesões e, nos laudos, serão
destacadas na descrição.
• Parte Subjetiva: Valoração da parte objetiva. Aqui podem surgir divergências que serão destacadas
na parte de discussão dos laudos.

a) Finalidades da perícia
Podemos elencar 3 (três) finalidades da perícia:

(1) Retratação: narrativa (percipiendi), na qual o perito analisa a situação e narra em palavras suas
percepções. A descrição dos fatos é feita de forma simples para que leigos entendam a observação
técnico-científica pericial.
(2) Interpretativa: viés científico (deducendi), é a mais comum, em que o perito fornece o retrato da
cena e suas deduções técnicas. O fato é analisado e interpretado cientificamente pelo perito.
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(3) Opinativa: o perito, além de narrar a cena e apresentar suas deduções, expõe de forma conclusiva
sua opinião científica. Vale dizer que o perito não julga, mas apenas apresenta sua opinião.

b) Momento da perícia
Em relação ao momento da perícia, esta pode ser:

(1) retrospectiva – depois da ocorrência do fato


(2) prospectiva – dizendo o que pode vir a acontecer.

Via de regra, a perícia será retrospectiva.

c) Exame de corpo de delito x corpo de delito


● O exame do corpo de delito, embora redundante, é o exame que é realizado sobre o corpo de delito.
● O corpo de delito elemento objetivo que o delito deixou / materialidade delitiva - o próprio crime
tipificado, o local do fato, o instrumento utilizado.

Atenção!!! Cuidado para não confundir corpo da vítima com corpo de delito. Exemplo: em uma cena de
homicídio mediante arma de fogo, a arma utilizada também compõe o corpo de delito.

O corpo de delito, por sua vez, pode ser:


(1) delicta factis permanentis – com o caráter de ser permanente
(2) delicta fatis transeunteis – podendo deixar de existir facilmente.

Obs.2: Cuidado para não confundir conceito de corpo de delito com a definição de corpus criminis, corpus
instrumentorium e corpus probatorium. Vejamos:

● CORPUS CRIMINIS - Toda coisa ou pessoa sob a qual recai a conduta delitiva.
● CORPUS INSTRUMENTORIUM - É o instrumento, objetos, meios utilizados pelo agressor para
cometer a prática delitiva.
● CORPUS PROBATORIUM – vestígios.

Wilson Palermo (sinopse medicina legal) dispõe de algumas considerações importantes sobre a
perícia na literatura médico-legal:
- Pode envolver qualquer aspecto do ser humano
-Pode ser sobre o fato a analisar (perícia percipiendi), ou seja, aquela procedida sobre fatos cuja
avaliação é feita baseada em alterações ou perturbações produzidas por diversas maneiras, seja pelas
energias causadoras de danos, seja por doenças. É vista sob uma ótica qualitativa e quantitativa.
- Pode ser sobre uma perícia já analisada (perícia deducendi). É feita sobre fatos pretéritos com
relação aos quais possa existir discordância das partes ou do julgador.
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- A finalidade da perícia é produzir a prova, que nada mais é do que a materialização do fato.
- No Processo Penal, como regra, o laudo médico-legal não é documento sigiloso. Porém, a
depender do caso concreto, pode ter decretação de segredo de justiça.
- Pode ser realizada em vivos, cadáveres, esqueletos, animais e nos objetos. Sobre a importância
de cada um:

*nos vivos: diagnóstico de lesões, determinação de idade e sexo.


*nos mortos: diagnóstico da causa de morte, causa jurídica da morte, tempo da morte,
identificação de cadáver.
*nos esqueletos: identificação do sexo e tempo de morte.
*nos objetos: exames de armas, projéteis, procura por sangue, fluídos, impressões digitais...

O art. 158 do CPP exige exame pericial nos corpos que deixam vestígios, não podendo supri-lo a
confissão do acusado.
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo
de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito
quando se tratar de crime que envolva: (Incluído dada pela Lei nº 13.721, de
2018)
I - violência doméstica e familiar contra mulher; (Incluído dada pela Lei nº
13.721, de 2018)
II - Violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com
deficiência. (Incluído dada pela Lei nº 13.721, de 2018)

ATENÇÃO! O CPP foi alterado pelo Pacote Anticrime e passou a prever o procedimento acerca da
cadeia de custódia. Apesar de não seja tema afeto à medicina legal, a leitura dos artigos é imprescindível
pois o objeto da cadeia de custódia é precisamente as evidências angariadas no exame pericial.

A partir do momento em que uma prova é coletada ou uma evidência é apreendida, ela deve ser
custodiada (guardada) e todo esse caminho deve ser documentado exatamente para que não haja nenhuma
dúvida quanto à lisura e legalidade da prova.
Nessa esteira, podemos definir a Cadeia de Custódia como o procedimento de documentar a
história cronológica da evidência. Esse procedimento visa a garantir o rastreamento das evidências utilizadas
em processos judiciais, registrar quem teve acesso ou realizou o manuseio desta evidência.
Portanto, vale a leitura dos seguintes artigos:

Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos


utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado

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em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de


seu reconhecimento até o descarte.
§ 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de crime ou
com procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência de
vestígio.
§ 2º O agente público que reconhecer um elemento como de potencial interesse
para a produção da prova pericial fica responsável por sua preservação.
§ 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou
recolhido, que se relaciona à infração penal.

Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas


seguintes etapas:
I - reconhecimento: ato de distinguir um elemento como de potencial interesse
para a produção da prova pericial;
II - isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e
preservar o ambiente imediato, mediato e relacionado aos vestígios e local de
crime;
III - fixação: descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no local de crime
ou no corpo de delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada
por fotografias, filmagens ou croqui, sendo indispensável a sua descrição no laudo
pericial produzido pelo perito responsável pelo atendimento;
IV - coleta: ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial,
respeitando suas características e natureza;
V - acondicionamento: procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é
embalado de forma individualizada, de acordo com suas características físicas,
químicas e biológicas, para posterior análise, com anotação da data, hora e nome
de quem realizou a coleta e o acondicionamento;
VI - transporte: ato de transferir o vestígio de um local para o outro, utilizando as
condições adequadas (embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de modo
a garantir a manutenção de suas características originais, bem como o controle de
sua posse;
VII - recebimento: ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser
documentado com, no mínimo, informações referentes ao número de
procedimento e unidade de polícia judiciária relacionada, local de origem, nome de
quem transportou o vestígio, código de rastreamento, natureza do exame, tipo do
vestígio, protocolo, assinatura e identificação de quem o recebeu;
VIII - processamento: exame pericial em si, manipulação do vestígio de acordo com
a metodologia adequada às suas características biológicas, físicas e químicas, a fim
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de se obter o resultado desejado, que deverá ser formalizado em laudo produzido


por perito;
IX - armazenamento: procedimento referente à guarda, em condições adequadas,
do material a ser processado, guardado para realização de contraperícia,
descartado ou transportado, com vinculação ao número do laudo
correspondente;
X - descarte: procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando a
legislação vigente e, quando pertinente, mediante autorização judicial.

ESQUEMATIZANDO
2- isolamento: ato de 3- fixação: descrição detalhada do
evitar que se altere o vestígio conforme se encontra no 4- coleta: ato de
1- reconhecimento:
estado das coisas, local de crime ou no corpo de delito, e recolher o vestíg
ato de distinguir um
devendo isolar e a sua posição na área de exames, que será submeti
elemento como de
preservar o ambiente podendo ser ilustrada por fotografias, à análise pericia
potencial interesse
imediato, mediato e filmagens ou croqui, sendo respeitando sua
para a produção da
relacionado aos indispensável a sua descrição no características e
prova pericial;
vestígios e local de laudo pericial produzido pelo perito natureza;
crime; responsável pelo atendimento;

5- acondicionamento:
6 - transporte: ato de
procedimento por meio do 7- recebimento: ato formal de transferência
transferir o vestígio de um
qual cada vestígio coletado é da posse do vestígio, que deve ser
local para o outro, utilizando
embalado de forma documentado com, no mínimo, informações
as condições adequadas
individualizada, de acordo referentes ao número de procedimento e
(embalagens, veículos,
com suas características unidade de polícia judiciária relacionada,
temperatura, entre outras), de
físicas, químicas e biológicas, local de origem, nome de quem transportou
modo a garantir a
para posterior análise, com o vestígio, código de rastreamento, natureza
manutenção de suas
anotação da data, hora e do exame, tipo do vestígio, protocolo,
características originais, bem
nome de quem realizou a assinatura e identificação de quem o
como o controle de sua
coleta e o recebeu;
posse;
acondicionamento;

8- processamento: exame
9- armazenamento:
pericial em si, manipulação descarte:
procedimento referente à
do vestígio de acordo com procedimento
guarda, em condições
a metodologia adequada às referente à liberação
adequadas, do material a
suas características do vestígio,
ser processado, guardado
biológicas, físicas e respeitando a
para realização de
químicas, a fim de se obter legislação vigente e,
contraperícia, descartado
o resultado desejado, que quando pertinente,
ou transportado, com
deverá ser formalizado em mediante autorização
vinculação ao número do
laudo produzido por judicial.
laudo correspondente;
perito;

Segundo Wilson Palermo, embora a lei tenha previsto sequencialidade, deve-se se ater a critérios lógicos,
entendendo que é possível que as etapas de reconhecimento e isolamento podem ser invertidas. O
Professor ainda ressalta que embora a lei tenha previsto sequencialidade, deve-se se ater a critérios
lógicos; ele entende que são possíveis pequenas inversões, desde que não comprometa a integridade e
não se perca a história do vestígio, obedecendo o princípio da eficiência.

Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por perito
oficial, que dará o encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo
quando for necessária a realização de exames complementares.

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§ 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou processo devem ser


tratados como descrito nesta Lei, ficando órgão central de perícia oficial de
natureza criminal responsável por detalhar a forma do seu cumprimento.
§ 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de quaisquer
vestígios de locais de crime antes da liberação por parte do perito responsável,
sendo tipificada como fraude processual a sua realização.

Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento do vestígio será determinado pela


natureza do material.
§ 1º Todos os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração
individualizada, de forma a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio
durante o transporte.
§ 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar suas características,
impedir contaminação e vazamento, ter grau de resistência adequado e espaço
para registro de informações sobre seu conteúdo.
§ 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à análise e,
motivadamente, por pessoa autorizada.
§ 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar na ficha de
acompanhamento de vestígio o nome e a matrícula do responsável, a data, o local,
a finalidade, bem como as informações referentes ao novo lacre utilizado.
§ 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no interior do novo recipiente.

Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia
destinada à guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada
diretamente ao órgão central de perícia oficial de natureza criminal.
§ 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com local para
conferência, recepção, devolução de materiais e documentos, possibilitando a
seleção, a classificação e a distribuição de materiais, devendo ser um espaço seguro
e apresentar condições ambientais que não interfiram nas características do
vestígio.
§ 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverão ser
protocoladas, consignando-se informações sobre a ocorrência no inquérito que a
eles se relacionam.
§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão ser
identificadas e deverão ser registradas a data e a hora do acesso.
§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações deverão ser
registradas, consignando-se a identificação do responsável pela tramitação, a
destinação, a data e horário da ação.
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Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido à central
de custódia, devendo nela permanecer.
Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua espaço ou condições de
armazenar determinado material, deverá a autoridade policial ou judiciária
determinar as condições de depósito do referido material em local diverso,
mediante requerimento do diretor do órgão central de perícia oficial de natureza
criminal.

O art. 161, do CPP estabelece que o exame de corpo de delito possui lugar e hora, devendo ser
realizado o quanto antes. A exceção fica a cargo da necropsia que deve ser realizada após 6 (seis) horas da
morte no caso de ser fundamental para apurar os sinais de morte (art. 162, CPP).

Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a
qualquer hora.

Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os
peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes
daquele prazo, o que declararão no auto.

Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo
do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões
externas permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de
exame interno para a verificação de alguma circunstância relevante.

Não confundir:
- 06 horas após a morte com 06 horas após encontrar o corpo;
- 06 horas após a morte com 06 horas após identificação do cadáver;

Por que temos esse período de 6 horas após a morte?


Na medicina legal temos um período chamado Período de Incerteza de Tourdes, e quando formos
estudar a matéria afeta a Cronotanatognose (diagnóstico do tempo de morte), veremos que os fenômenos
cadavéricos – transformativos, destrutivos, etc. – não aparecem ao mesmo tempo, pois a morte é um
processo, e não um instante. Logo, deve-se ter cuidado em esperar o tempo de 06 horas para a realização de
quaisquer exames.

Exceção: não é necessário esperar o período de 6 horas quando se tratar de:

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1. MORTE VIOLENTA - Veremos em Tanatologia que a morte violenta é a morte causada por problemas
externos, ou seja, tem origem por ação externa (“vindas de fora”) nas quais se incluem o homicídio,
o suicídio e o acidente).
2. LESÕES EXTERNAS PERMITIREM PRECISAR A CAUSA DA MORTE - Quando o cadáver apresentar sinais
inconfundíveis, como decapitação (cabeça separada do corpo), espostejamento ferroviário (secção
das partes do corpo fora das articulações em decorrência de acidente de trem).

Obs.: Comentário do art. 162 à luz da medicina legal


➔ uma necropsia é constituída de exame interno e externo de um cadáver. Com isso temos que o
parágrafo único do art. 162 não está dispensando a realização da necropsia, isso porque, nos
casos de morte violenta ou suspeita, a necropsia é obrigatória. O dispositivo dispensa tão
somente o exame interno, já o exame externo - que faz parte do exame cadavérico – deve ser
realizado.
➔ para a medicina legal deve-se sempre questionar a aplicabilidade prática deste dispositivo.
Sendo assim quando em provas aparecer a literalidade da lei considerar a alternativa como
correta, já dando o examinador um caso concreto e questionando sobre sua aplicabilidade, deve
candidato desconfiar da possiblidade de aplicação. Isso porque, toda doutrina médico legal
questiona a aplicabilidade desse dispositivo de lei, pois há situações que só poderão ser de fato
compreendidas com exames internos, mesmo que estes sejam dispensados por lei.

O exame pode, ainda, ser complementado por nova perícia após 30 (trinta) dias para verificar a
existência de sequelas, nos termos do art. 168, CPP. Isso se revela de suma importância, pois a ausência de
eventual perícia complementar serve tanto para desclassificar a lesão, quanto resultar na absolvição por
falta de materialidade delitiva (art. 386, II, CPP)

Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido
incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determinação da
autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público,
do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.
§ 1o No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de delito,
a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo.
§ 2o Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1o,
I, do Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado
da data do crime.
§ 3o A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal.

3.2. Peritos

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SEMANA 04/30

De acordo com o artigo 159 do Código de Processo Penal, dada pela lei n. 11.689/2008, para ser
perito é necessário que o profissional tenha nível superior, sendo que o curso superior não o vincula
necessariamente à área de atuação.
Depois de designado pela autoridade competente ele presta seus serviços de conhecimento à justiça
ou à polícia sobre fatos, pessoas ou coisas.

Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito
oficial, portador de diploma de curso superior.

a) Oficial:
Para a conceituação duas leis merecem destaque: a Lei 11.690/08 (que reformou o CPP) e a Lei
12.030/09 (que dispõe sobre as perícias de natureza criminal). Essa lei traz autonomia técnica, científica e
funcional no exercício da carreira de Perito Oficial.

Art. 1o - Esta Lei estabelece normas gerais para as perícias oficiais de natureza
criminal.
Art. 2o - No exercício da atividade de perícia oficial de natureza criminal, é
assegurado autonomia técnica, científica e funcional, exigido concurso público,
com formação acadêmica específica, para o provimento do cargo de perito oficial.
Art. 3o - Em razão do exercício das atividades de perícia oficial de natureza criminal,
os peritos de natureza criminal estão sujeitos a regime especial de trabalho,
observada a legislação específica de cada ente a que se encontrem vinculados.
Art. 5o - Observado o disposto na legislação específica de cada ente a que o perito
se encontra vinculado, são peritos de natureza criminal os peritos criminais,
peritos médico-legistas e peritos odontolegistas com formação superior
específica detalhada em regulamento, de acordo com a necessidade de cada órgão
e por área de atuação profissional.

O Perito Oficial compõe os quadros do Estado, seu ingresso se dá mediante concurso público, são
investidos, portanto, por lei e podem ser perito criminal com formação de curso superior em qualquer
espécie; perito médico legista com formação em medicina; perito odonto-legista com formação em
odontologia.

Obs.1: em alguns Estados o Perito Criminal é Policial Civil, como, por exemplo, em Minas Gerais e Rio
de Janeiro. Em outros, a Superintendência da Perícia está vinculada diretamente a Secretária de Estado de
Segurança, como, por exemplo, a Perícia Cientifica do Paraná.
Obs.2: as Superintendências de Perícia Técnica Científica, estejam ou não vinculadas à Polícia Civil,
se subdividem em três institutos: médico legal, de criminalística e de identificação.
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SEMANA 04/30

Embora não seja tema atinente à medicina legal, para provas de Delegado de Polícia, é importante
ficar atento ao recente julgado proferido pelo STF:
O exame de corpo de delito deve ser realizado por perito oficial (art. 159 do CPP). Do
ponto de vista estritamente formal, o perito papiloscopista não se encontra previsto
no art. 5º da Lei nº 12.030/2009, que lista os peritos oficiais de natureza criminal.
Apesar disso, a perícia realizada por perito papiloscopista não pode ser considerada
prova ilícita nem deve ser excluída do processo. Os peritos papiloscopistas são
integrantes de órgão público oficial do Estado com diversas atribuições legais, sendo
considerados órgão auxiliar da Justiça. Não deve ser mantida decisão que determinava
que, quando o réu fosse levado ao Plenário do Júri, o juiz-presidente deveria esclarecer
aos jurados que os papiloscopistas – que realizaram o laudo pericial – não são peritos
oficiais. Esse esclarecimento retiraria a neutralidade do conselho de sentença. Isso
porque, para o jurado leigo, a afirmação, pelo juiz, no sentido de que o laudo não é
oficial equivale a tachar de ilícita a prova nele contida. Assim, cabe às partes, respeitado
o contraditório e a ampla defesa, durante o julgamento pelo tribunal do júri, defender
a validade do documento ou impugná-lo. STF. 1ª Turma. HC 174400 AgR/DF, rel. orig.
Min. Roberto Barroso, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 24/9/2019
(Info 953).

Em decisão exarada pelo Plenário do STF no bojo da ADI 2.575/PR, julgada em 24.06.2020, entendeu-
se que a Polícia Científica, embora possua estrutura própria e incumbência de realizar as perícias de
criminalística e médico-legais, não pode ter caráter de órgão de segurança pública. Por esse motivo, os
ministros julgaram inconstitucional dispositivo da Constituição do Paraná que colocava a Polícia Científica
como órgão de segurança pública estadual ao lado das polícias civil e militar.

b) Não Oficial ou Juramentado:


Trata-se de pessoa idônea nomeada na falta de Perito Oficial, portadora de diploma de curso
superior, preferencialmente, na área específica.
Devem prestar juramento de bem e fielmente desempenhar o encargo (arts. 159, §§1° e 2° do CPP).

§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas,
portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica,
dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do
exame. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente
desempenhar o encargo. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

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Obs.1: Prazo para entrega do laudo:


Em regra, o prazo para a entrega do laudo é de dez dias (art. 160, §único do CPP). Contudo, existem
situações excepcionais: Lei de Drogas - art. 50, §1°- em que para autuação da prisão em flagrante deve o
Delegado requisitar a elaboração do laudo preliminar; exame complementar da lesão corporal do art. 129,
§1° do CP, que será realizado em trinta dias após a data do fato; exame de sanidade mental em que o prazo
é de 45 dias.

Obs.2: Assistente técnico:


Assistente técnico é o perito de confiança contratado pela parte para atuação no processo. Por isso,
não há que se falar em imparcialidade do assistente técnico em razão da relação de confiança com a parte.
Além disso, essa figura foi introduzida com a reforma de 2008. É exigido curso superior e sua atuação tem
por objetivo confrontar o laudo pericial confeccionado pelo Perito Oficial.
A indicação é facultada as partes: Ministério Público, ofendido, querelante, acusado e assistente de
acusação (art. 159, §3° do CPP). Contudo, a admissão só pode ser em fase judicial e, após, a elaboração dos
laudos do perito oficial. Essa admissão é sujeita ao crivo do Magistrado e é irrecorrível (art. 273 do CPP).
Esse assistente técnico se manifesta de duas formas, a saber, através de parecer ou depoimento.
Além disso, o assistente técnico pode ter acesso ao material probatório, desde que requerido pelas partes,
sendo o exame realizado nas dependências do órgão oficial e na presença de um perito oficial.

ASSISTENTE TÉCNICO PERITOS


Auxilia as partes auxilia o juízo.
Atua apenas na fase processual. Atua tanto na fase processual quanto na fase
investigatória.
Indicado pela parte e admitido pelo juiz. Perito ad hoc é nomeado pelo juiz.

Não é funcionário público, não exerce múnus público Perito oficial é funcionário público
Perito ad hoc exerce múnus público.
Sem imparcialidade Com imparcialidade.

CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES:
Questão – Qual o número de peritos necessário para realizar a perícia técnica e confeccionar um laudo? Se
Perito Oficial basta um a partir da reforma promovida pela Lei 11690/08, pois antes eram exigidos dois Peritos
Oficiais. Se Perito Não Oficial: são exigidos dois (art. 159, §1° do CPP).

ANTES DA REFORMA DE 2008 APÓS A REFORMA DE 2008

Basta 1 perito oficial, mas nas perícias complexas é


2 peritos oficiais possível a nomeação de mais de 1 perito oficial.
2 peritos nomeados, ad hoc.
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* EXCEÇÃO! Na lei de drogas, o laudo provisório pode ser firmado por apenas 1 perito oficial.
Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia judiciária fará,
imediatamente, comunicação ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto
lavrado, do qual será dada vista ao órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e
quatro) horas.
§ 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da
materialidade do delito, é suficiente o laudo de constatação da natureza e
quantidade da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa
idônea.
§ 2º O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1º deste artigo não ficará
impedido de participar da elaboração do laudo definitivo.

Questão – E se houver divergência entre os peritos?


Em regra, para cada área é nomeado um perito. Porém, há a possibilidade de perícia complexa a
depender do caso concreto que envolva mais de uma área e, consequentemente, uma pluralidade de peritos.
Ocorrendo divergência entre eles, no auto do exame serão constadas as respostas em separado ou
cada um redigirá seu laudo, cabendo ao juiz nomear um terceiro perito. Se este divergir de ambos, a
autoridade poderá determinar a realização de novo exame com outros peritos

Art. 180. Se houver divergência entre OS PERITOS, serão consignadas no auto do


exame as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá
separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir
de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos

Obs.: O juiz NÃO FICARÁ ADSTRITO AO LAUDO, podendo ACEITÁ-LO ou REJEITÁ-LO, NO TODO ou EM PARTE.
(art. 182, CPP)

DICA DE PROVA – É comum o examinador inserir nas alternativas que os peritos nomeados não podem
divergir no exame, devendo estes concordar com os achados periciais e assim emitir laudo único.
ERRADO. É sim possível a divergência entre peritos nomeados, porque a perícia é um ato médico, portanto,
é ato de autonomia do perito.

Questão – E o perito que não tinha curso superior antes das alterações legislativas? Continuam a atuar nas
suas respectivas áreas, salvo os peritos médicos legistas que estão impedidos de atuar, exigindo o curso
superior de medicina.

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Questão – As partes podem e intervir na nomeação do perito? As partes não intervirão na nomeação do
perito (art. 276 do CPP).

Art. 276. As partes não intervirão na nomeação do perito.

Questão – O perito nomeado pode se recusar? O perito nomeado é obrigado a aceitar, salvo motivo
justificado (art. 277 do CPP), estando, inclusive sujeito a multa nas seguintes situações: não atendimento a
intimação ou ao chamado; não comparecimento no dia e hora designados; não entregar o laudo.

Art. 277. O perito nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o encargo, sob
pena de multa de cem a quinhentos mil-réis, salvo escusa atendível.
Parágrafo único. Incorrerá na mesma multa o perito que, sem justa causa, provada
imediatamente:
a) deixar de acudir à intimação ou ao chamado da autoridade;
b) não comparecer no dia e local designados para o exame;
c) não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja feita, nos prazos
estabelecidos.

Questão – É possível a condução coercitiva do perito?


Sim, é possível, conforme o art. 278 do CPP.

Questão – Impedimento e suspeição: os impedimentos do art. 279 do CPP são específicos para o perito
nomeado.
1ª hipótese é se tiver sob a interdição temporária de direitos (art. 47, I e II do CP).
2ª hipótese é se já tiver prestado depoimento ou opinado anteriormente sobre o objeto da perícia.
3ª hipótese é no caso de analfabeto e menores de vinte e um ano.

Além disso, é possível ser alegada a suspeição do perito (art. 280 do CPP).
Art. 280. É extensivo aos peritos, no que Ihes for aplicável, o disposto sobre
suspeição dos juízes.

3.3. Crime de Falsa Perícia

O perito presta o depoimento oral. Ao prestar seu depoimento, ele o faz sob pena de falsa perícia,
inclusive se silenciar sobre algo que deveria declarar, conforme o supracitado art. 342, CP.
Ele deve ser intimado a comparecer com 5 (cinco) dias de antecedência da data de realização da
audiência e sua ausência importa em condução coercitiva

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Cumpre destacar que, para fins penais no exercício da função, os peritos privados nomeados são
considerados funcionários públicos, conforme o art. 327, CP.

Falso testemunho ou falsa perícia


Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha,
perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo,
inquérito policial, ou em juízo arbitral
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado
mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir
efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da
administração pública
§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu
o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade.

4. DOCUMENTOS MÉDICO LEGAIS

Documento médico-legal é a anotação que tem por objetivo reproduzir e representar uma
manifestação do pensamento, baseada em critérios médico-legais. São instrumentos através dos quais o
médico fornece esclarecimentos à justiça. Constam todas as informações, de conteúdo médico ou não, que
tenham interesse judicial.
São documentos médico-legais os relatórios, os pareceres, os atestados, as notificações compulsórias
e os depoimentos orais.

Conceitos e peculiaridades:
1) Relatório médico-legal;
⋅ Auto - ditado diretamente ao escrivão;
⋅ Laudo - redigido pelos peritos.
2) Parecer
3) Atestado
4) Notificação compulsória
5) Depoimento oral

🕮 Prova! – PC/ES (2011)


Foi considerada INCORRETA a seguinte afirmação: Declarações, laudos, receitas e atestados são documentos
médico-legais emitidos por médico.
Como vimos, receitas não estão dentre os documentos médico legais.

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» Documentos Médico Legais Em Espécie

4.1. Relatórios (Laudos e Autos)

O relatório médico-legal é o documento mais minucioso. A narração escrita de todas as operações


de uma perícia médica determinada por autoridade policial ou judiciária.
Quando ditado a um escrivão durante o exame, chama-se AUTO
Se redigido depois de terminada a perícia, deve ser chamado de LAUDO.

🕮 Polícia Federal (2013)


No concurso da Polícia Federal (2013), foi considerada INCORRETA a seguinte afirmação: O laudo pericial, na
classificação de documentos médico-legais, se enquadra como atestado.
Como vimos, laudo é uma das formas de relatório.
🕮 Delegado de Polícia de SP (2011)
Foi considerada CORRETA a seguinte alternativa: A diferença entre laudo e auto médico-legal é que o
primeiro é escrito e o segundo é ditado a um escrivão perante testemunhas

O Relatório pode ser dividido em 7 partes:


1. Preâmbulo
2. Quesitos
3. Histórico
4. Descrição
5. Discussão
6. Conclusão e
7. Resposta aos quesitos.

1. PREÂMBULO - Essa parte contém a hora, data, local onde está sendo realizado o exame, autoridade que
o requereu e determinou a perícia.
É um tipo de introdução da qual constam:
✔ A qualificação da autoridade solicitante;
✔ A qualificação do perito;
✔ A qualificação do examinado;
✔ O local onde é feito o exame;
✔ A data e a hora;
✔ O tipo de perícia a ser feita.

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2. QUESITOS - De acordo com Hygino Hercules, esta parte é constituída de perguntas que têm por
finalidade a caracterização de fatos relevantes.
Perguntas nas quais cuja finalidade é a caracterização de fatos relevantes que deram origem ao
processo.

3. HISTÓRICO/COMEMORATIVO – Contém o registro dos fatos mais importantes que deram origem á
requisição.
Hygino Hercules assevera que tais informações são obtidas através da anamnese do próprio
examinando.
Em se tratando de autopsia, é preciso não esquecer que os dados da guia de remoção cadavérica
devem ser transcritos, não endossados. A parte do histórico é de extrema importância para orientar o perito
na realização do exame, pois pode fornecer dados relevantes á respeito da dinâmica do evento.

Caiu prova Delegado-BA 2022 (prova anulada) Num relatório médico-legal, o breve relato dos fatos
ocorridos por informação da vítima ou do indiciado, quando também alvo da perícia ou dos dados
transcritos da guia de remoção do cadáver e das suspeitas que pairam sobre o caso, é
denominado____________.
Gab DD: Comemorativo (histórico).

4. DESCRIÇÃO - É a parte mais importante do relatório médico-legal, porque é nele que o perito coloca em
pratica o “visum et repertum”, (ver e reportar). Os peritos deverão expor todas as particularidades que a
lesão apresenta, devendo ser claro e objetivo. Ex.: A evolução das lesões pelo processo inflamatório faz com
que os aspectos se modifiquem. Nas lesões em cadáveres, os processos de decomposição modificam seu
aspecto. Logo, o melhor momento para a boa descrição é o primeiro exame.

5. DISCUSSÃO - É destinada a serem discutidas todas as hipóteses eventualmente elencadas


quando da descrição.
Se não houver contradições aparentes, pode não ser necessária. Contudo, quando surge alguma
discrepância é imperiosa.
Os achados têm que ser analisados sob novos ângulos, tentando encontrar uma explicação para as
diferenças. Podem ser formuladas hipóteses diferentes, por vezes envolvendo a necessidade de estudos mais
detalhados e exames complementares. É importante destacar que nessa parte do relatório o perito deve
tomar cuidado para não emitir juízo pessoal. *é mais comum nos pareceres médicos legais, que são respostas
ás consultas médico-legais, onde há espaço para que os peritos se manifestem sobre pontos controvertidos*

6. CONCLUSÃO – é a síntese da parte descritiva com a de discussão.

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Terminadas a descrição e a discussão, se houver, o perito assume uma posição quanto à ocorrência,
ou não, do fato com base nas informações do histórico, nos achados do exame objetivo e no seu confronto.
As conclusões podem ser afirmativas ou negativas.

7. RESPOSTA AOS QUESITOS – encerrado o relatório, os peritos devem responder aos quesitos de forma
objetiva e concisa.
Em caso de dúvida, os peritos devem responder que não têm dados para esclarecê-la.
Terminado o relatório, o perito deve assiná-lo. A data do exame pode constar do preâmbulo, estar
no início da descrição, ou ser colocada antes das assinaturas finais.

⮚ Obs.: consulta médico-legal


É um documento que exprime a dúvida e no qual a autoridade, ou mesmo um outro perito, solicita
esclarecimento sobre pontos controvertidos do relatório, em geral formulando quesitos complementares.

Vamos esquematizar?

Espécie de introdução. Consta data, hora, local, nome, qualificação do examinado,


PREÂMBULO
qualificação dos peritos...

QUESITOS São as perguntas que os técnicos irão responder, de forma afirmativa ou negativa.

HISTÓRICO OU
Relato dos fatos ocorridos, por informações colhidas do interessado ou de terceiros.
COMEMORATIVO
É a parte mais importante do relatório (já caiu em prova), pois descreve o perito
DESCRIÇÃO (VISUM
descreve minuciosamente o que encontrou no exame
ET REPERTUM)
(EXAMES MÉDICOS, CLÍNICOS...).
As lesões encontradas são analisadas cientificamente e comparadas com os dados
DISCUSSÃO
históricos, gerando a formulação de hipóteses

CONCLUSÃO O perito toma uma postura após o diagnóstico, juízo de valor.

A finalidade é estabelecer a existência de um fato típico ou não. Ao encerrar o


RESPOSTA AOS relatório, os peritos devem responder de forma sucinta e convincente SIM ou NÃO de
QUESITOS acordo com o achado constante na descrição. Se por motivo justo não tiver certeza,
pode responder “sem elementos ou prejudicado”.

4.2. Parecer Médico-Legal

Consiste em respostas técnicas dadas às consultas médico-legais. Devem ter as mesmas partes do
relatório médico-legais com exceção a descrição. Quando uma consulta médico-legal envolve divergências

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importantes quanto à interpretação dos achados de uma perícia, de modo a impedir uma orientação correta
dos julgadores, estes, ou qualquer das partes interessadas, podem solicitar esclarecimentos a uma instituição
ou a um perito. O documento gerado por esse tipo de consulta recebe o nome de PARECER.
Assim, o parecer médico legal consiste no documento utilizado para dirimir divergências na
interpretação de uma perícia, sendo solicitado a uma pessoa de renome. Geralmente, é um documento
particular solicitado pela parte. Possui valor de prova técnica, a ser estimada de maneira relativa pelo juiz.
É usado:
● Quando há divergências importantes quanto à interpretação dos achados de uma perícia, de modo a
impedir uma orientação correta dos julgadores, ou
● Quando esses querem solicitar esclarecimentos mais aprofundados a uma instituição cujo corpo
técnico tem competência inquestionável, ou a um perito ou professor cuja autoridade na matéria seja
reconhecida.

Segundo Fávero, um parecer consta de:


● Preâmbulo;
● Exposição;
● Discussão e
● Conclusão

Caiu prova Delegado-BA 2022 (prova anulada)


O __________é um documento utilizado para dirimir dúvidas na interpretação dos achados de
uma perícia, sendo solicitado a uma pessoa de renome. Sua parte mais importante é a__________.
GAB DD: Parecer médico-legal / discussão - o parecerista demonstra seu poder de argumentação.
Não há, como no relatório, o dever cívico de servir à justiça. Essa é a parte mais importante do parecer
médico-legal.

DICA DE PROVA: é Muito comum tentarem confundir as partes do relatório com as partes do parecer!
Tomem cuidado, ok?
***IMPORTANTE: NO PARECER NÃO HÁ DESCRIÇÃO!

Cuidado:

PARECER RELATÓRIO
Produzido em momento posterior ao Produzido no momento do exame de corpo de
exame de corpo de delito (exame indireto). delito (exame direto).
Possui 6 elementos (ou 4 a depender da Possui 7 elementos - há descrição.
doutrina) – não há descrição.

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Elementos mais importantes: discussão e Elemento mais importante: descrição.


conclusão.

4.3 Atestado

O Atestado é uma afirmação pura e simples, por escrito, de um fato médico e suas consequências,
ou de um estado de sanidade. O documento não exige o compromisso legal, mas não significa que o médico
não esteja obrigado a relatar a verdade. A sua falsidade enseja o crime do art. 302 do CP: Falsidade de
Atestado Médico.
Trata-se de documento particular e dotado de fé pública.

DICA DE PROVA – É comum ser cobrado em provas da seguinte forma:


“Atestado é um documento público apenas emitido por peritos oficiais”.
ERRADO. Como visto, trata-se de um documento particular, sendo ainda considerado o mais simples da
Medicina Legal dentre o rol dos documentos médico-legais, haja vista exigir menos requisitos para sua
elaboração, podendo ser elaborado por qualquer médico no exercício da medicina

4.3.1 Tipos de Atestados

Os atestados podem ser


a) Oficiosos;
b) Administrativos ou;
c) Judiciários.

a) Oficiosos — são os atestados solicitados por quaisquer pessoas a cujo interesse atendam. Visam
exclusivamente ao interesse privado. São por exemplo, os atestados de saúde para admissão, etc.

b) Administrativos — são os determinados pelas autoridades administrativas. São dessa categoria os


que os empregados/servidores públicos são obrigados a apresentar quando solicitam licença ou
requerem a aposentadoria, atestados de vacinação ou atestados de sanidade física e mental para
admissão em escolas e repartição pública.

c) Judiciários – são os atestados requisitados por juiz. O exemplo comum são aqueles com que os
jurados justificam suas faltas ao tribunal do júri. Só os atestados que interessam à justiça constituem
documentos médico-legais.

Vamos esquematizar?

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OFICIOSOS ADMINISTRATIVOS JUDICIÁRIOS


Fazem provas ou justificativas Solicitado para o Serviço Requisitados pelo juiz, por
mais simples, como ausência Público, para efeito de interesse da administração da
às aulas e provas. É solicitado licenças, aposentadoria, Justiça (ex: para justificar uma
pelo paciente, para atender abono de faltas, concurso falta em uma audiência, um
interesses particulares. público, etc. É solicitado por depoimento, etc.).
autoridade administrativa.

🕮 Prova!
Na prova de investigador de polícia da Bahia, em 2013, foi considerada INCORRETA a seguinte afirmação:
Quando solicitado por autoridade competente, o relatório do médico legista acerca de exame feito em
vestígio relacionado a ato delituoso recebe a denominação de atestado médico.

* Relatórios e atestados possuem o mesmo valor probante, diferenciando-se por tratarem de assuntos
diferentes.

🕮 Prova!
Para agente de polícia de Alagoas, em 2012, considerou-se CORRETO: O atestado médico é a afirmação do
profissional acerca do fato examinado, já o laudo é o relatório emitido pelo perito, que pode ser o perito
médico legista. Nesse caso, trata-se do laudo pericial médico-legal.

4.3.2 Classificação quanto ao modo de fazer ou conteúdo, os atestados podem ser:

a) Idôneos — É aquele expedido pelo profissional habilitado e verdadeiro


b) Complacentes/De favor — Feito para agradar o cliente, para, por exemplo, ampliar a clientela. Além
de ferir a ética, pode configurar um atestado falso.
c) Imprudente – Emitido de forma descuidada, sem a realização dos devidos exames.
d) Falsos – É o que afirma uma inverdade, omite a verdade, ou é emitido sem exame do paciente.
Configura o crime de falsidade de atestado médico (art. 302, CP) e, no caso de atestado de óbito, o
crime de falsidade ideológica em documento público (art. 299, CP).

4.3.3 Atestado de óbito

O médico que fornece o atestado de óbito, devendo observar as normas legais para tanto.
Primeiramente, é preciso fazer uma diferenciação quanto aos tipos de morte:

MORTE NATURAL MORTE VIOLENTA MORTE SUSPEITA

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Doença ou envelhecimento Entende-se por violenta a Morte suspeita é aquela cuja


morte não natural decorrente causa jurídica precisa ser
No caso de morte natural, em da ação de energias externas. esclarecida.
regra, o médico que Pode assumir a forma de:
acompanha o paciente tem o ⦁ Acidente; Na morte suspeita, não há
dever de atestar o óbito. ⦁ Suicídio; sinais de violência, mas
Caso o médico não tenha ⦁ Crime. também não há certeza de
assistido o paciente, ele fica Nesses casos, o corpo será que tenha sido morte natural.
impedido de preencher a encaminhado ao IML e a
declaração. autópsia é obrigatória.

🕮 Delegado de Polícia de GO – 2013/UEG


A respeito dos documentos médico-legais, tem-se o seguinte:
A) relatório médico somente poderá ser elaborado por médico legista.
B) laudo e auto são documentos idênticos.
C) o atestado de óbito poderá ser assinado por profissional não médico.
D) notificação é uma comunicação feita pelo médico ao delegado de polícia sobre um fato relevante na
investigação.
Gabarito: Letra C.

Comentários:
A) ERRADO. O relatório é o documento que relata a perícia. Em regra, a perícia médico-legal é elaborada por
um perito oficial, que é médico legista. Contudo, na falta deste, a perícia poderá ser realizada por 2 peritos
não-oficiais, o que significa dizer que o relatório pode ser elaborado por quem não é médico legista. Art. 159,
§ 1º, CPP Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de
diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica
relacionada com a natureza do exame. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
B) ERRADO. Os relatórios se dividem em autos e laudos. Delton Croce aduz que: “Se o relatório é ditado
diretamente ao escrivão, na presença de testemunhas, chamar-se-á auto, e, se redigido posteriormente
pelos peritos, ou seja, após suas investigações e consultas ou não a tratados especializados, recebe o nome
de laudo”.
C) CORRETO. É permitido que 2 pessoas, que tiverem presenciado ou verificado o óbito, atestem o óbito, se
não houver médico na localidade do óbito. Delton Croce esclarece que "será permitido o sepultamento do
cadáver sem o atestado de óbito, por inexistência de médico no lugar, o qual, conforme o art. 77 da Lei n.
6.015, de 31 de dezembro de 1973 (Lei de Registros Públicos), é suprido pelo testemunho de duas pessoas
qualificadas que tiverem presenciado ou verificado a morte. E o art. 83 estabelece que, “Quando o assento
for posterior ao enterro, faltando atestado de médico ou de duas pessoas qualificadas, assinarão, com a que
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SEMANA 04/30

fizer a declaração, duas testemunhas que tiverem assistido ao falecimento ou ao funeral e puderem atestar,
por conhecimento próprio ou por informação que tiverem colhido, a identidade do cadáver”".
D) ERRADO. Notificação é uma comunicação de um fato por necessidade social ou sanitária. Ex: doenças
infecto-contagiosas

Obs.: O atestado de óbito fetal não é obrigatório se o feto contar com:


● Menos de 500 grama
● Menos de 25 centímetros
● Menos que 20 semanas

Questão - É possível revelar o diagnóstico do atestado?


R.: O diagnóstico só poderá ser revelado em um atestado se tiver a autorização do paciente, ainda
que esse diagnóstico seja dado na forma do CID (Classificação Internacional de Doenças). Portanto, o
profissional médico não se exime de possíveis responsabilidades (ex.: crime de violação de segredo
profissional), caso alegue que mesmo diante da não autorização do paciente, colocou o diagnóstico em forma
de CID. Isso porque, é possível que a doença seja descoberta com uma simples busca na relação de
classificação por qualquer um por meio da internet por exemplo.

4.3.4 Notificação Compulsória

São comunicações compulsórias feitas pelos médicos às autoridades competentes, por razões sociais
ou sanitárias.
Caso o médico (apenas para o médico) deixe de fazer a comunicação, estará enquadrado no crime
de omissão de notificação de doença (art.269, CP):

Art. 269. Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja


notificação é compulsória.

Situações que ensejam notificação compulsória:


● Doenças ou agravos, que constam da Portaria 104 do Ministério da Saúde;
● Ação penal pública incondicionada cujo conhecimento deu-se em função do exercício da medicina;

* Lembrando que agora todos os crimes contra a dignidade sexual são crimes de ação penal pública
incondicionada, de modo que o médico deverá notificar a autoridade responsável para apurar o caso.

● Lesão ou morte causada por atuação de não médico;


● Esterilizações cirúrgicas;

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SEMANA 04/30

● Diagnóstico de morte encefálica;


● Tortura;
● Violência contra a mulher e maus-tratos contra criança, adolescente ou idoso.

Questão de Prova – Notificações são aqueles documentos obrigatoriamente emitidos pelos médicos em
situações específicas nas práticas médicas, incluindo o uso de drogas ilícitas e embriaguez.
ERRADO. O uso de drogas ilícitas e embriaguez já foram uma condição de notificação compulsória,
atualmente, não mais. Sendo assim qualquer uso de droga ilícita ou embriaguez, não configuram fatos
médicos ou condições de notificação compulsória, não obrigando ou gerando responsabilidade ao
profissional de saúde que não as comunicar.

4.5. Depoimentos Orais

São os esclarecimentos dados pelo perito, acerca do relatório apresentado, perante o júri ou em
audiência de instrução e julgamento.
O depoimento oral deriva da oitiva do perito em juízo, com valor probatório de prova técnica, e não
testemunhal. Dessa forma, quando o perito é chamado a falar em juízo sobre alguma divergência, ele atua
na condição de perito, e não de testemunha.
É de suma importância deixar claro, desde já, que a atuação do perito se limita à análise dos vestígios
do crime, enquanto a atuação da autoridade policial deve conduzir a sua atuação para alcançar indícios do
crime. O vestígio é material; enquanto o indício é subjetivo.
O perito não afirmará que houve um estupro, ele relatará que há indícios de conjunção carnal. Porém,
como sabemos, o estupro exige o dissenso da vítima. Nesse caso, cabe ao Delegado de Polícia buscar
elementos que o possibilitem afirmar que houve não só a conjunção carnal, mas também o constrangimento.
Ou seja, a autoridade deverá colher indícios de que a atuação do agente foi criminosa, forçada, contra a
vontade da vítima.

Em caso de fatos obscuros ou conflitantes em um relatório de uma perícia, o magistrado pode adotar
3 medidas:
1. Nomear um parecerista – produção de um parecer.
2. Intimar o perito para responder a quesitos suplementares – produção de um laudo suplementar.
3. Intimar o perito para prestar esclarecimentos em audiência – depoimento oral.

4.6 Prontuários

Conjunto de documentos padronizados e ordenados, onde são registrados todos os cuidados


profissionais prestados ao paciente em instituições de saúde ou consultórios.
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Trata-se de um documento histórico que não se resume apenas ao registro da anamnese do paciente.
É criado por interesses médicos, mas pode produzir relevantes efeitos jurídicos. Pertence ao
paciente, cabendo ao médico e a instituição a qual ele se vincula apenas o dever de guarda.

ATENÇÃO! Divergência quanto a possibilidade de requisição pelo delegado de polícia.

Parecer CFM 315/2015: o prontuário possui informações protegidas de forma absoluta por reserva
de jurisdição, não sendo cabível a sua disponibilização mediante requisição do delegado, não obstante o
disposto no art. 2, §2º, da Lei 12.830/13, isso porque, o sigilo profissional é uma garantia constitucional e,
portanto, de reserva absoluta de jurisdição.

En. 13, II Encontro Nacional de Delegados de Polícia (2015): o poder requisitório do delegado
abarca o prontuário médico que interesse à investigação policial, não estando albergado por cláusula de
reserva de jurisdição, sendo dever do médico ou gestor de saúde atender à ordem no prazo fixado, sob
pena de responsabilização criminal por crime de desobediência, visto que a Resolução é norma infralegal,
enquanto o poder requisitório tem fundamento em lei federal.

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QUESTÕES PROPOSTAS

01 - 2021 – NC UFPR – PC-PR – Delegado de Polícia A-órgão responsável pela identificação dactiloscópica;
Considere o seguinte caso hipotético Individuo masculino, B-Instituto Médico Legal, para a coleta de sangue e análise de
caucasiano, 62 anos de idade, servidor público de nível DNA;
superior do IFPR, é encaminhado pela delegacia de plantão de C-Instituto Médico Legal, para a radiografia dos punhos;
Foz do Iguaçu ao IML da cidade, afirmando ter sido agredido D-Instituto Médico Legal, para a radiologia da coluna
pela esposa na região da boca. vertebral e medida do ângulo de Cobb;
E-Instituto Médico Legal, para exame antropométrico.

04 -2021 -INSTITUTO AOCP -PC-PA - Delegado de Polícia Civil


Durante a noite, um duplo homicídio aconteceu no interior de
um sítio próximo à rodovia. Não há família nem documentos
no local do crime. Em relação ao processo de identificação
dos cadáveres em questão, assinale a alternativa correta.

A-O reconhecimento facial dos cadáveres se dá ainda no local


do crime por ação do Perito Papiloscopista, visto que este é o
Conforme figura acima, o médico legista de plantão constata responsável pela gestão da equipe de Antropologia Forense.
que o homem apresenta uma lesão: B-A identificação por datiloscopia é um processo confiável,
porém de difícil execução, pois exige um dispendioso esforço
a) grave. financeiro do estado que impossibilita o acesso a essa
b) gravíssima. tecnologia.
c) leve. C-Um caso como este só pode ter resolutividade através do
d) idiopática. exame de DNA. O Perito Médico Legista é o profissional
e) severa. responsável pela execução desse processo de identidade.
D-O policial civil que for designado para esse caso tem o dever
02 - 2021 – NC UFPR – PC-PR – Delegado de Polícia de definir a identificação dos corpos ainda no local de crime
Entre os conceitos a seguir, assinale a alternativa que pelo método antropométrico de Bertillon.
apresenta uma definição de medicina legal. E-No sistema dactiloscópico de Vucetich, a impressão do
polegar da mão direita denomina-se fundamental e é a base
a) Disciplina que defende os interesses sociais e individuais da classificação do sistema.
indisponíveis.
b) Especialidade que estuda dados oriundos de experimentos 05- 2018 - FUMARC - PC-MG - Delegado de Polícia
clínicos. No que tange à perícia oficial e em acordo com o CPP, é
c) Arte de fazer relatórios em juízo. CORRETO afirmar:
d) Estudo da origem das propriedades físicas e químicas.
e) Ciência que estuda os processos químicos que ocorrem nos a) É facultada ao acusado a indicação de assistente técnico,
organismos vivos. após admissão pela autoridade policial.
b) Entende-se por perícia complexa aquela que abrange mais
03 -2021- FGV -PC-RN - Delegado de Polícia Civil Substituto de uma área de conhecimento especializado.
Adolescente é detido após praticar um roubo em via pública. c) Faculta-se ao Ministério Público e ao assistente técnico do
Na delegacia de polícia, ele não apresenta identificação e querelante a formulação de quesitos a qualquer tempo do
alega que é menor. O delegado, nesse caso, deve encaminhar inquérito policial.
o adolescente ao: d) Na falta de perito oficial, qualquer contribuinte poderá
exercer o mister, desde que não inadimplente com impostos

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públicos, e que seja admitido pelo delegado de polícia esquerda, medindo a maior delas 4 cm × 1 cm. Havia tênue
presidente do inquérito. mancha de tonalidade avermelhada na face posterior do
corpo, que só não se evidenciava nas partes que estavam em
06- 2018 - VUNESP - PC-BA - Delegado de Polícia contato com o solo. Nas adjacências das lesões torácicas e no
Jovem do sexo masculino é encontrado morto no seu quarto, solo próximo ao corpo, havia pequena quantidade de sangue
aparentemente um caso de suicídio por enforcamento. Logo coagulado. No mesmo terreno onde estava o corpo, foi
ao chegar no local de morte, a equipe pericial encontra encontrada uma faca de gume liso único. A lâmina, que estava
a vítima na cama, com o objeto usado como elemento suja de sangue, tinha formato triangular e media 20 cm de
constritor removido. comprimento e 4 cm de largura em sua base. Exames
laboratoriais realizados posteriormente atestaram que o
Nessa situação, o perito criminal deve sangue presente na faca pertencia à vítima. Após a lavagem
do corpo, foi possível detectar lesões torácicas, de acordo
a) avaliar detalhadamente o local, buscar pistas de com as imagens mostradas na figura a seguir.
envolvimento de terceiros, não realizar o exame pericial do
cadáver e registrar a alteração notada no laudo final. Considerando a situação hipotética apresentada no texto
b) fazer o boletim de ocorrência com a alteração notada, 1A9AAA e a figura que a ele se segue, assinale a opção
isolar e preservar o local de morte, e solicitar o envio de correta.
equipe pericial do instituto médico-legal para realização de
perícia conjunta. a) Se não houvesse um perito médico-legista oficial na
c) informar à autoridade policial sobre a alteração do local de localidade, mas houvesse um médico e um dentista lotados
morte, emitir o laudo de impedimento e determinar a no posto de saúde local, o delegado de polícia poderia
remoção imediata do cadáver para o instituto médico-legal. nomeá-los para que eles realizassem o exame de corpo de
d) realizar o exame externo do cadáver, de tudo que é delito.
encontrado em torno dele ou que possa ter relação com o b) O exame de corpo de delito deverá ser iniciado somente no
fato em questão, e registrar no laudo a alteração notada no período diurno.
local de morte. c) Será necessário aguardar ao menos seis horas após a
e) realizar o registro fotográfico do local, investigar as localização do cadáver para se proceder à autópsia.
circunstâncias da morte, não realizar o exame pericial do d) O exame interno do cadáver poderá ser dispensado, uma
cadáver, coletar o provável instrumento utilizado e descrever vez que as lesões externas são suficientes para se estabelecer
no laudo a alteração do local de morte. com precisão a causa da morte.
e) Após realizar o exame cadavérico, o perito médico-legista
07- 2018 - CESPE - PC-MA - Delegado de Polícia deverá redigir o parecer médico-legal, no qual deverá
Texto 1A9AAA descrever minuciosamente o que observou e responder aos
quesitos formulados.
Em determinada cidade interiorana, por volta das dezesseis
horas de um dia ensolarado, o corpo de uma mulher jovem 08- 2017 - IBADE - PC-AC - Delegado de Polícia
foi encontrado por populares, em área descoberta de um Durante investigação que durou um mês, policiais civis
terreno baldio. O delegado de plantão foi comunicado do fato descobriram um extenso esquema que envolvia diversos
e, ao dirigir-se ao local, a autoridade policial verificou que o médicos da cidade. Tais médicos mantinham clínicas
corpo se encontrava em decúbito dorsal e despido. A perícia clandestinas com precárias condições de higiene, em que
de local, tendo realizado exame perinecroscópico, verificou praticavam aborto. Algumas mulheres acabaram morrendo
que o corpo apresentava temperatura de 27 ºC, além de em decorrência desta prática ilegal. No curso da investigação,
rigidez completa de tronco e membros. Constataram-se o Delegado de Polícia fez diversas requisições de exames para
escoriações na face, fraturas dos elementos dentários o perito legista, com a finalidade de buscar elementos de
anteriores, manchas roxas na região cervical anterior e duas informação para o inquérito policial. Com base nas
lesões profundas na região torácica anterior, abaixo da mama informações acima, assinale a alternativa correta.

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d) É inválido o laudo pericial que não foi assinado por dois


a) É inviável a realização de exames complementares para a peritos oficiais.
pesquisa de substâncias abortivas, se o perito não estiver de e) Define-se corpo de delito como o conjunto de vestígios
posse do nome do produto a ser pesquisado. comprobatórios da prática de um crime evidenciado no corpo
b) O exame para diagnóstico do aborto recente em mulher de uma pessoa.
morta tem como objetivo, dentre outros, a análise de
aspectos internos e externos do cadáver. 11- 2014 - ACAFE - PC-SC - Delegado de Polícia
c) O perito legista irá responder aos quesitos do exame Segundo a melhor doutrina, pode-se considerar que
mediante a apresentação do atestado, que deverá ser “Documento é toda anotação escrita que tem a finalidade de
entregue no prazo de quinze dias. reproduzir e representar uma manifestação de pensamento”.
d) É inviável a realização de exame de DNA para confronto
entre restos fetais e um cadáver do sexo feminino. Dentre os documentos médicos legais temos as seguintes
e) é inviável a realização de exame cadavérico na mulher descrições:
morta para a pesquisa de materiais ou lesões.
- É declaração simples, por escrito, de um fato médico e de
09- 2017 - CESPE - PC-GO - Delegado de Polícia suas possíveis consequências, feitas por qualquer médico que
No que se refere às perícias e aos laudos médicos em esteja no exercício regular de sua profissão e que tem o
medicina legal, assinale a opção correta. propósito de sugerir um estado de doença, para fim de
licença, dispensa ou justificativa de falta de serviço.
a) As perícias podem consistir em exames da vítima, do - Comunicações compulsórias feitas às autoridades
indiciado, de testemunhas ou de jurado. competentes, pelo médico, de um fato profissional, por
b) A perícia em antropologia forense permite estabelecer a necessidade sanitária e social sobre moléstia
identidade de criminosos e de vítimas, por meio de exames infectocontagiosa, doença de trabalho e a morte encefálica.
de DNA, sem, no entanto, determinar a data e a circunstância - Intercessão no decurso de um processo, por estudioso
da morte. médico legal, nomeado para intervir na qualidade de perito,
c) A opção pela perícia antropológica deve ser conduta de para emitir suas impressões e responder aos quesitos
rotina nos casos em que a família da vítima manifestar formulados pelas partes.
suspeita de morte por envenenamento. - Descrição minuciosa de uma perícia médica, feita por peritos
d) As perícias médico-legais são restritas aos processos penais oficiais, requisitada por autoridade policial ou judiciária
e civis. frente a um inquérito policial. É constituído de preâmbulo,
e) Laudo médico-legal consiste em narração ditada a um quesitos, histórico ou comemorativo, descrição, discussão
escrivão durante o exame. conclusão e resposta dos quesitos.

10- 2016 - CESPE - PC-PE - Delegado de Polícia As definições acima se referem, respectivamente, a:
Com relação aos conhecimentos sobre corpo de delito, perito
e perícia em medicina legal e aos documentos médico-legais, a) atestado, notificação, parecer médico-legal e relatoria
assinale a opção correta. médico-legal.
b) parecer médico-legal, notificação, atestado e relatoria
a) Perícia é o exame determinado por autoridade policial ou médico-legal.
judiciária com a finalidade de elucidar fato, estado ou c) atestado, parecer médico-legal, relatoria médico-legal e
situação no interesse da investigação e da justiça. notificação.
b) O atestado médico equipara-se ao laudo pericial, para d) relatoria médico-legal, notificação, relatoria médico-legal e
serventia nos autos de inquéritos e processos judiciais, atestado.
devendo ambos ser emitidos por perito oficial. e) atestado, relatoria médico-legal, parecer médico-legal e
c) Perito oficial é todo indivíduo com expertise técnica na área notificação.
de sua competência incumbido de realizar o exame.

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12- 2013 - UEG - PC-GO - Delegado de Polícia Os documentos médico-legais são mecanismos de
A prova pericial é muito valorada na fase do inquérito policial comunicação com as autoridades e,
e na fase processual. Com relação às perícias tem-se que portanto, devem ser elaborados com metodologia, de forma
a obedecer uma configuração preestabelecida. Constituem
a) o exame de corpo de delito deve ser solicitado pela parte comum ao relatório ou laudo e ao parecer, EXCETO:
autoridade competente diretamente ao perito.
b) na exumação, o administrador do cemitério deve mostrar a) descrição.
o local da inumação do corpo. b) discussão.
c) o exame médico pericial complementar deve ser realizado c) conclusão.
30 dias após o primeiro exame. d) preâmbulo.
d) nos casos de perícias complexas o exame pericial deve ser e) quesitos.
realizado por dois peritos.
17- 2011 - FUMARC - PC-MG - Delegado de Polícia
13- 2013 - UEG - PC-GO - Delegado de Polícia A capacidade de diagnosticar e mensurar a dor, alegada em
A respeito dos documentos médico-legais, tem-se o seguinte: um exame pericial, constitui um desafio da medicina legal,
por se tratar de um dado subjetivo. O sinal de dor, avaliado
a) relatório médico somente poderá ser elaborado por pela contagem prévia do pulso radial, compressão do ponto
médico legista. doloroso alegado e nova contagem do pulso, é denominado
b) laudo e auto são documentos idênticos. pelo epônimo de sinal de
c) o atestado de óbito poderá ser assinado por profissional
não médico. a) Mulher.
d) notificação é uma comunicação feita pelo médico ao b) Levi.
delegado de polícia sobre um fato relevante na investigação. c) Imbert.
d) Mankof.
14- 2012 - CESPE - PC-AL - Delegado de Polícia
Em relação à perícia médico-legal, julgue os itens que se 18 - 2012 - PC-SP - PC-SP - Delegado de Polícia
seguem. A diferença entre laudo e auto médico-legal é:

Conceitua-se lesão como a atuação de uma energia externa a) os dois são ditados a um escrivão.
(física, mecânica ou química) sobre o corpo da pessoa, com b) o auto é apenas um resumo do laudo.
intensidade suficiente para provocar desvio da normalidade, c) o primeiro é escrito e o segundo é ditado a um escrivão
com ou sem expressão morfológica; trauma corresponde à perante testemunhas.
alteração estrutural proveniente da agressão ao organismo, d) .os dois são pareceres.
podendo ser visível macro ou microscopicamente. e) o laudo só pode ser realizado pelo médico legista.

15- 2012 - CESPE - PC-AL - Delegado de Polícia 19 - 2012 - PC-SP - PC-SP - Delegado de Polícia
A lesão corporal seguida de morte não se confunde com o Perícia médico-legal baseada exclusivamente em prontuários
homicídio culposo, pois, na primeira situação, chamada de médicos denomina-se:
homicídio preterdoloso, ocorre o dolo. Nesse caso, o autor
tem a intenção de provocar a lesão corporal, mas não a morte a) Complementar
da vítima. b) Indireta.
c) Documental.
16- 2012 - FUNCAB - PC-RJ - Delegado de Polícia d) Subsidiária
e) Direta

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Respostas10

10
01: A 02: C 03: C 04: E 05:B 06:D 07:A 08:B 09:A 10:A 11:A 12:B 13:C 14:E 15:C 16:A 17:D 18:C
19:B
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MEDICINA LEGAL: ANTROPOLOGIA FORENSE

TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA


⦁ 5º, XLVIII, CF/88
⦁ Art. 304 e 307, CP
⦁ Art. 92, CPP
⦁ Lei 12. 037/2009 (Lei de Identificação Criminal)

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER

⦁ 5º, XLVIII, CF/88


⦁ Art. 1º, 3º, 5º, 5º-A, 7º-A e 7º-C, da Lei 12. 037/2009

1. ANTROPOLOGIA FORENSE

Antropologia forense é a aplicação da ciência antropológica com a finalidade de ajudar na


identificação de cadáveres.
O exame tem por objetivo encontrar dados que subsidiem o laudo pericial com elementos
conclusivos, sobretudo com dados biotipológicos (espécie, sexo, idade etc).

2. IDENTIDADE E IDENTIFICAÇÃO

2.1 Identidade

A identidade é conjunto de atributos que diferencia uma pessoa de um grupo.


A doutrina divide a identidade em dois grandes grupos: identidade médico-legal e identidade policial
ou judiciária:

identidade-médico legal identidade policial ou judiciária


leva em conta as características específicas do a identificação judiciária independe de
indivíduo que permitem sua distinção do grupo, conhecimentos médicos. Utiliza dados
como já mencionado, a raça, o sexo, a estatura, antropométricos e antropológicos para a identidade
malformações, tipo sanguíneo, tatuagens, caráter civil e caracterização dos criminosos. É realizada por
psíquico, marcas individuais, dentre outros. peritos e não médicos.

*a identificação judiciária independe de conhecimentos médicos. Utiliza dados antropométricos e


antropológicos para a identidade civil e caracterização dos criminosos. É realizada por peritos e não
médicos.
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⮚ A antropometria corresponde ao conjunto de medidas do ser humano, retrato falado, fotografia


sinaléptica e impressões digitais. Tais elementos formam o chamado “método bertillonage”.

O método utilizado na identidade médico-legal precisa fornecer uma informação que sirva para uma
pessoa viva ou morta; cadáver ou ossada.
Nesse sentido, existem critérios, como a medida do crânio que auxiliam na determinação do tipo
étnico do indivíduo. O exame de DNA, se comparado com outros critérios, também é bastante útil, porém
nem sempre é possível fazer a comparação entre materiais genéticos
CAIU EM PROVA! Quanto à antropologia forense, assinale a alternativa correta: Identidade é o conjunto
de caracteres que individualiza uma pessoa, fazendo-a distinta das demais. (item correto).

2.2 Identificação

Já a identificação consiste no processo técnico-científico por meio do qual é possível individualizar a


pessoa dentro do grupo.
A Identificação só pode ser estabelecida quando há certeza de terem sido afastados todos os pontos
duvidosos. Portanto, a identificação necessidade de métodos precisos que resistam a interpretações
duvidosas.

· Repercussões no direito penal – art. 307, CP, 304, CP


· Repercussões no direito civil – casamento, avaliação de danos em acidentes pessoais e do trabalho,
interdição, sucessão de direitos e obrigações, investigação de paternidade.
· Repercussões no direito eleitoral – identificação de cada eleitor no momento do voto
· Repercussões no plano internacional – controle de imigração.
· Repercussões no direito processual – art. 92, CPP c/c art. 62, CC c/c 155, § único do CPP.
· Lei 12. 037/2009 c/c art. 5º, XLVIII da CF (identificação criminal).

Identificação no vivo – leva em consideração sinais físicos e também aspectos funcionais e psíquicos.
A forma como vive, profissão desenvolvida, entre outros fatores, pode gerar características específicas.
Identificação no morto – leva apenas em consideração sinais físicos, como elementos
caracterizadores do processo de identificação.

⍟ Cuidado para não confundir identificação com “reconhecimento”, método previsto no CPP.
Reconhecimento é o método que a polícia utiliza na fase inquisitiva (fase de Inquérito). O método
reconhecimento é falho, pois é subjetivo, pessoal, e depende de vários fatores como memória, visão e
emoção de quem vai reconhecer. O método da identificação é objetivo, técnico e científico, sendo mais

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preciso. Por isso, o perito não deve reconhecer, mas sim identificar (o exame no DNA, o exame na arcada
dentária, não são processos de reconhecimento, mas sim de identificação).

Lembre-se das diferenças dos conceitos:


IDENTIDADE IDENTIFICAÇÃO
De acordo do Genival França, é o conjunto de De acordo com a literatura médico-legal, é o processo
caracteres que individualiza uma pessoa ou uma coisa, pelo qual determina a identidade de uma pessoa ou de
fazendo-a distinta das demais. uma coisa. É o emprego dos meios adequados para
Identidade objetiva: aquela que nos permite afirmar determinar a identidade ou não identidade.
tecnicamente que determinada pessoa é realmente ela
mesma.

2.3 Métodos de Identificação

Os postulados são como características fundamentais da identificação. Para Genival França, são
fundamentos biológicos ou técnicos que qualificam e preenchem condições imprescindíveis para que o
método de identificação seja aceitável:

1. Unicidade: obedece a individualidade e exclusividade - critérios únicos que somente a pessoa a ser
identificada possui. Alguns elementos são específicos de cada indivíduo
2. Imutabilidade: corresponde às características não mudam e não se alteram com o tempo.
3. Perenidade: Consiste na capacidade de certos elementos resistirem à ação do tempo; permanecem
durante toda a vida e, até certo tempo, após a morte. Assim, o critério escolhido, que será sempre o
mesmo, deve ficar com a pessoa durante sua vida inteira.

Obs.: A imutabilidade se refere a inalterabilidade, enquanto a perenidade se refere a durabilidade.


Contudo, parte da doutrina não realiza tal distinção, de modo que não aponta a perenidade como
requisito (Atenção em provas com a forma de cobrança!).

4. Praticabilidade: O processo de identificação não deve ser complexo, seja na obtenção ou no registro
de caracteres. São fáceis de serem obtidos e registrados.
5. Classificabilidade: O método deve permitir que os dados obtidos sejam arquivados de forma
facilitada, de modo que não requeira grandes especialistas para a realização do procedimento e
forneça acesso simples quando necessário.

CAIU EM PROVA! Identificação é o processo pelo qual se determina a identidade de uma pessoa ou de uma
coisa. As características que não se alteram ao longo do tempo de vida de um indivíduo e aquelas que

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resistem mesmo após a morte são consideradas: requisitos biológicos: imutabilidade e perenidade,
respectivamente. (item correto).
O elemento identificador de uma pessoa é registrado e arquivado, futuramente ele será novamente
colhido e registrado, se houver necessidade de identificação. Em seguida, os dois registros serão comparados.
Logo, o processo de identificação possui 3 fases:
1ª - Registro do elemento característico;
2ª - Registro do mesmo elemento quando se quer identificar;
3ª - Comparação dos dois registros.

Todo método de identificação é comparativo.

É preciso que haja registro prévio do elemento característico, pois, se tal elemento não puder ser
obtido a partir de algum material da própria pessoa ou de familiares, para servir de 1º registro, não servirá
para identificação pois não há possibilidade de comparação!

🕮 DPC-RO/ 2012: foi considerada CORRETA a seguinte alternativa: Os fundamentos técnico-biológicos


utilizados em um método de identificação capazes de conferir-lhe credibilidade são unicidade,
imutabilidade, praticabilidade e classificabilidade.

🕮 Perito Federal/ 2013: considerou-se INCORRETO: A imutabilidade, uma das condições para que um
método de identificação seja considerado aceitável, consiste em que determinado elemento utilizado para
identificação seja específico a um indivíduo é diferente dos demais. Esse conceito é de unicidade.

- Exposições importantes:
a) Mutilações, marcas ou tatuagens - Uma pessoa pode ter marcas congênitas ou adquiridas.

● Indivíduos podem ter estigmas profissionais, marcas relacionadas com a atividade profissional
exercida:
∘ Sapateiros - depressão no terço inferior do esterno;
∘ Sopradores de vidro - desgaste dentário dos incisivos centrais e calosidade dos lábios;
∘ Tintureiros - coloração desigual das unhas.

● Doenças profissionais: como as pneumocinioses, podem identificar a profissão, como os


trabalhadores em pedreiras que adquirem silicose.

● Tatuagens: têm valor inestimável na identificação de pessoas, pois, em avançado estado de


putrefação, ocorre a perda da epiderme, o que impede a leitura das impressões digitais, mas não a
perda da derme, de modo que as tatuagens não desaparecem dos corpos em decomposição.
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SEMANA 04/30

● Cicatrizes: traumáticas (ação de agentes mecânicos, queimaduras), patológicas (vacinas) ou


cirúrgicas, além das resultantes de fraturas (calo ósseo).

● Malformações: Anomalias congênitas (desde nascimento), como lábio leporino, pé torto, dedos
supranumerários, e anomalias adquiridas, como calos de fraturas antigas, podem ajudar na
identificação.

b) Assinalamento sucinto - Leva-se em apreço a estatura, raça, compleição física, idade, cor dos olhos
e dos cabelos...

c) Fotografia simples - É um processo ainda utilizado nas cédulas de identificação. Apresenta, no


entanto, grande possibilidade de falha, por alguns motivos: dificuldade de classificação, alterações
dos traços fisionômicos com o decorrer dos anos (não perenidade) e o problema dos sósias e gêmeos
(não unicidade).

d) Retrato falado - Obtido por meio de descrições relatadas pelas testemunhas, com emprego de fichas
e programas de computadores, contendo modelos de partes importantes da fisionomia. Com uma
descrição dos caracteres antropológicos, morfológicos e cromáticos da face, em assinalamento
sucinto de frente e perfil direito da fronte, nariz e orelha, supercílios, cabelos, barba, bigode, rugas,
tatuagens, cicatrizes, nevos, verrugas, pálpebras, órbitas, olhos e sua cor, tudo codificado em
expressões convencionais: pequeno, médio e grande. Após concluído, é possível o perito traçar o
retrato falado.

e) Fotografia Sinalética - São tiradas duas fotos, uma de frente e outra de perfil, ambas com redução
de 1/7. A comparação é feita por justaposição da foto recente com a dos arquivos.

f) Rugopalatoscopia - é a ciência que estuda as rugas palatinas nas suas formas, tamanhos e posições,
baseia-se na diferença individual das cristas sinuosas que todos nós apresentamos na mucosa do
palato duro (céu da boca). O rugograma é obtido por moldagem feita com massa de dentista, seguida
de forma gessada em que as cristas ficam em relevo.

g) Poroscopia – processo de identificação por meio dos poros das papilas dérmicas

h) Oftalmoscopia - Procura comparar o aspecto do fundo do olho de cada pessoa, principalmente


quanto à posição e ramificação dos vasos arteriais e venosos. Relacionados com a papila ótica. (não
se mostra útil em cadáver, nos quais os vasos do fundo do olho se tornam imperceptíveis).

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i) Exame das arcadas dentárias - É indispensável em casos de carbonização e de achados de


esqueletos.

🕮 DPC-ES/2019
A respeito da identificação criminal, assinale a alternativa correta:
A. A fotografia sinalética constitui um método bastante eficaz de identificação e, por sua precisão, pode
ser utilizada como método isolado de identificação de pessoas.
B. A rugopalatoscopia é um método de identificação que leva em consideração as cristas sinuosas
existentes do palato duro.
C. As tatuagens não possuem valor significativo no processo de identificação de pessoas.
D. Ilhotas, forquilhas e bifurcações são espécies de pontos característicos existentes nos desenhos
digitais, sendo que a presença de ao menos quatro destes pontos, sem nenhum ponto de divergência, indica
confronto positivo para a identificação do suspeito.
E. A datiloscopia se constitui um excelente método de identificação e tem como principais
características a unicidade, a mutabilidade, a praticidade e a classificabilidade.

Gabarito: Letra B

3. IDENTIFICAÇÃO MÉDICO-LEGAL

Para determinar a identificação de restos humanos, é fundamental seguir uma linha de diagnóstico:

1º) Diagnóstico da espécie → humano ou animal;


2º) Determinação da raça
3º) Determinação do sexo;
4º) Determinação da idade;
5º) Estimativa de estatura.

3.1 Identificação quanto à espécie

A primeira e principal preocupação é a identificação da espécie.


O critério para diferenciar a espécie, se é humano ou animal é a análise do osso. Ossos de animais
têm arquitetura óssea diferente dos de humanos.
VERIFICAÇÃO DOS OSSOS:
Essa diferenciação quanto aos ossos pode ser feita de duas formas:
Macroscopicamente Microscopicamente

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SEMANA 04/30

pela morfologia dos ossos ou dos dentes. Importante mensuração dos canais de Havers e dos osteoplastos.
destacar a clavícula, pois sua forma em “S” não se Os canais de Havers nos humanos são em menor
repete em nenhuma outra espécie animal. número, elípticos e mais largos (cerca de 8 por mm²) e
mais estreitos, circulares e numerosos nos animais
(cerca de 40mm²).

O QUE SIGNIFICA CANAIS DE HAVERS? Dentro dos ossos existe um canal fino pelo qual passam vasos
sanguíneos e esses túneis são denominados CANAIS DE HAVERS. Os Canais de Havers Humanos apresentam
diâmetro maior do que nos animais e como tal, possuem menos canais do que os apresentados nos ossos
dos animais.

Todo osso apresenta uma parte periférica e uma parte central. A parte central é denominada medula
e a parte mais externa chama de córtex. No osso de animal o diâmetro da medula é muito grande em
proporção ao osso em si; já no humano o diâmetro é bem menor que no animal.
O índice cortical (proporção entre medula e córtex) humano é menor do que a do não humano.

OSSO HUMANO OSSO ANIMAL


Forma oval Forma circular
Mais largo (menor número) Mais estreito (maior número)
Menos denso Mais denso
Som à percussão: abafado Som à percussão: metálico

❖ Identificação através do sangue


Quando se fala em processo de identificação do sangue, são utilizadas substâncias químicas na amostra
para determinar a natureza da substância.
As provas de orientação (presume se o material é sangue ou contém sangue) e de certeza (confirmam
que o material é sangue); específicos (exames morfológicos e reação morfológica antígeno-anticorpo),
humanos e não-humanos; tipológicos ou grupais e regionais (racial, clínica, genética, jurídico-penal e jurídico
cível).
Provas de orientação - com a utilização de substâncias específicas que irão orientar o observador
com cores distintas: testes adler, van deen, kastle meyer e amado ferreira.
Provas de Certeza: Essa é segura para se afirmar que a substância é sangue. A literatura destaca
duas técnicas:
- Técnica de teichmann: utiliza ácido cético glacial para verificação de amostra.
- Técnica de Uhlenhuth: método de albuminorreação, junto com a microscopia, para determinação
do tamanho e forma das células sanguíneas, são mais fidedignos para determinação da anucleação das
hemácias.

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3.2 Identificação quanto á Raça

De acordo com Ottolenghi, podem ser citados alguns tipos étnicos fundamentais:
1) Caucásico;
2) Mongólico;
3) Negróide;
4) Indiano;
5) Australóide.
Obs:. Há dificuldades para estimar cor da pele pelo esqueleto, pois além dos tipos fundamentais, há uma
enorme miscigenação, por isso tal identificação possui um valor relativo.
Pele branca ou trigueira;
Cabelos lisos ou crespos; louros ou castanhos;
CAUCÁSICO Íris azuis ou castanhas;
Contorno crânio facial anterior ovoide ou ovoide-poligonal;
Perfil facial ortognata e ligeiramente prognata;
Pele amarela;
Cabelos lisos;
Face achatada de diante para trás;
MONGÓLICO Fronte larga e baixa;
Espaço interorbital largo;
Maxilares pequenos e mento saliente;
Pele negra;
Cabelos crespos, em tufos;
Crânio pequeno; perfil facial prognata;
NEGRÓIDE Fronte alta e saliente;
Íris castanhas;
Nariz pequeno, largo e achatado; perfil côncava e curto; narinas espessas e
afastadas, visíveis de frente e circulares;
Não se afigura como um tipo racial definido;
Estatura alta;
INDIANO Pele amarelo-trigueira, tendente ao avermelhado;
Cabelos pretos, lisos, espessos e luzidios;
Íris castanhas;
Crânio mesocéfalo;
Supercílios espessos;
Orelhas pequenas;

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Nariz saliente, estreito e longo;


Barba escassa;
Fronte vertical; zigomas salientes e largos.

Estatura alta;
Pele trigueira;
AUSTRALÓIDE Nariz curto e largo;
Arcadas zigomáticas largas e volumosas;
Prognatismo.

Principais elementos que caracterizam as raças:


a) Análise do crânio;
b) Índices cefálicos;
c) Ângulo facial;
d) Envergadura;
e) Cabelo.

Na classificação de Oswaldo Arbenz, a identificação quanto à raça pode ser descrita:


- leucodermos – brancos
- faiodermos – mulatos/morenos
- xantodermos – amarelos
- melanodermos – negros

❖ Identificação pelo crânio:


Craniometria – identificação através do crânio - medida ântero-posterior do crânio e medida latero-
lateral do crânio e altura.
O estudo do crânio é o melhor elemento para o diagnóstico da raça.
A diferenciação através da medida da capacidade do crânio se dá através do volume craniano. Para realizar
o cálculo se utiliza a quantitas plumbem, procedimento que consiste em fechar todos os orifícios do crânio e
enchê-los com pequenas esferas de chumbo. Após o enchimento, as esferas são derrubadas em um copo e
a medida é obtida.
✔ A capacidade do crânio é maior na raça branca, seguindo-se em ordem decrescente, a
amarela e a negra.
✔ A capacidade craniana do homem é maior do que a da mulher.
✔ O peso do crânio masculino é superior ao do feminino.
✔ Os ossos do crânio masculino são mais ásperos e duros do que os femininos.

INDÍCES CRANIANOS E RAÇAS HUMANAS

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Braquicéfalos (crânio curto – mais largo) Platirrinos (nariz achatado)


Mesocéfalos Mesorrinos (caracterizam o equilíbrio)
Dolicocéfalos (crânio longo – mais estreito) Catarrinos ou Leptorrinos (nariz fino ou para baixo

❖ Identificação pelos índices cefálicos:


Índice cefálico consiste na relação entre largura e comprimento do crânio.
Os índices cefálicos auxiliam na identificação da raça, sendo que existem o índice cefálico horizontal,
o índice cefálico vertical e o índice transverso.
⮚ Índice cefálico horizontal demonstra se um crânio é mais alongado ou mais encurtado.
⮚ Índice cefálico vertical indica se um crânio é mais elevado ou mais achatado, vez que se
analisa o perfil.
⮚ Índice cefálico transverso diferencia o formato do crânio, se mais arredondado ou mais oval,
pois corresponde a uma visão por trás.
Também destaca-se o índice nasal, que mostra se o crânio tinha nariz mais alargado ou mais estrito.

❖ Identificação pelo ângulo facial (projeção da mandíbula ou maxilar para frente)


O ângulo facial, por sua vez, é usadcquaro para saber acerca da implantação da mandíbula – se estria
mais atrás ou na frente. A partir disso, os indivíduos são divididos em ortognatas, mesognatas ou prognatas.
O ângulo facial é máximo nos brancos e mínimo nos negros

- Jacquar: tem como ponto anterior a base da fenda nasal.


- Cloquet: tem como ponto anterior a linha de implantação dos dentes.
- Curvier: tem como ponto anterior a borda dos dentes.

DETERMINAÇÃO DA RAÇA NO QUE DIZ RESPEITO AO ÂNGULO FACIAL:

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RAÇA
VARIANTE CAUCASTICA MONGOLÓIDE NEGRA
JACQUART 76,5º 72° 70,3°
CLOQUET 62° 59,4° 58°
CURVIER 54° 53° 48°

🕮 DPC-GO/2013
Em Antropologia Forense, os ângulos faciais (Jacquart, Cloquet e Curvier) são determinantes para:
A) Altura
B) Idade
C) Sexo
D) Raça.
Gabarito: Letra D

Caiu na prova Delegado PA 2016 – No que se refere ao tema “identificação”, os ângulos de Jacquart, Cloquet
e Curvier são verificados no crânio. (item correto).

❖ Identificação pela Envergadura


A envergadura é a distância dos braços abertos de uma extremidade à outra – quando for maior que
a estatura é forte indicativo que se trata de ossada de pessoa da raça negra.
Os negros comumente têm os membros superiores mais longos em relação aos inferiores. Assim, os
índices tibiofemoral e radioumeral têm importância para a identificação racial.

3.3 Identificação Do Sexo

Segundo Genival França, existem nove tipos de sexo:

- morfológica – é representada pela configuração fenótipa (manifestação visível ou


detectável de um genótipo) do indivíduo;
- cromossomial – os cromossomos masculinos são 46 xy (23 pares) e têm corpúsculos
fluorescentes. Os cromossomos femininos são 46 xx (23 pares) e não têm corpúsculos
fluorescentes;
- gonadal – é a designação genérica das glândulas sexuais que, a depender, irão produzir
óvulos ou espermatozoides:
▪ O sexo masculino possui testículos;
▪ O sexo feminino possui ovários;
- cromatínica – analisa a presença de corpúsculos de Barr (cromatina sexual) para
definição do sexo:
▪ O sexo masculino não possui;
▪ O sexo feminino possui;
- genitália interna:
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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

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▪ O sexo masculino possui ductos de Wolff. A função desse sistema é de estoque e maturação do esperma,
além de ser responsável por prover fluidos seminais acessórios;
▪ O sexo feminino possui ductos de Muller. Originam as trompas uterinas, o útero e a parte superior da
vagina;
- Diferença da genitália externa:
▪ O sexo masculino possui pênis e escroto;
▪ O sexo feminino possui vagina e mamas;
- Diferença jurídica – é designada no registro civil;
- Diferença de identificação ou psíquico – é o sexo moral. O que o indivíduo faz de si próprio;
- Diferença médico-legal – constatado por meio da perícia.

A identificação do sexo pode ser necessária em casos de sexo dúbio (hermafroditismo verdadeiro e
pseudo-hermafroditismo), mutilações no cadáver, casos de putrefação avançada, assim como em corpos
carbonizados.
Na medida em que os fenômenos cadavéricos transformativos (putrefação) as dificuldades vão se
tornando maiores.
No caso de esqueletizados, o exame geral fornece alguns dados, relativos, que não podem ser
tomados como definitivos. Quando esqueleto, as características que diferenciam homens de mulheres não
se manifestam até a puberdade. Praticamente não há técnicas para determinar com precisão o sexo de um
esqueleto imaturo.

Algumas partes fornecem contribuições de valor para se determinar o sexo:


1ª - A pelve (BACIA);
2ª – crânio;
3ª - tórax;
4ª – fêmur;
5ª – úmero;
6ª - primeira vértebra cervical.

🕮 DPC-MG/2021
Durante a perícia de um corpo esqueletizado, os achados mais evidentes do dimorfismo sexual são
observados no(a):
A) Clavícula
B) Fêmur
C) Pelve
D) Úmero
Gabarito: Letra C

❖ Pelve/Bacia

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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

SEMANA 04/30

A chamada de bacia óssea, é bastante utilizado para se apurar o sexo da ossada, haja vista que a
bacia feminina é mais arredondada do que a masculina, caracterizada por ser angular. Na maioria das vezes,
a identificação do sexo é feita através da análise da bacia óssea.
O crânio e o tórax, por sua vez, propiciam apenas elementos de presunção.

❖ Tórax:
No que diz respeito ao tórax, percebemos que o homem possui o formato de um cone invertido
(forma conoide); enquanto o da mulher tem um formato ovoide (mais achatado no sentido anteroposterior).
Na mulher há uma preponderância da cintura pélvica; enquanto no homem temos a escapular mais
larga.
Na mulher, a capacidade torácica é menor e as apófises transversas das vértebras dorsais mostram-
se mais dirigidas para trás.

❖ Crânio:
O crânio feminino tem a fronte mais vertical, a articulação frontonasal curva, saliências ósseas e as
apófises mastoides e estiloides menos desenvolvidas que o crânio masculino. De modo geral, aceita-se a
capacidade do crânio feminino correspondendo a nove décimos da capacidade do masculino.
O crânio do sexo masculino tem espessura óssea mais pronunciada, processos mastoides mais
salientes, fronte mais inclinada para trás, glabela mais pronunciada, arcos superciliares mais salientes,
apófises estiloides longas e grossas e mandíbula mais robusta, do que na mulher.

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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

SEMANA 04/30

Conclusão:

HOMEM MULHER
Crânio mais espesso Crânio menos espesso
Bacia (PELVE) mais estreita e mais funda Bacia mais larga e menos funda
Tórax é cônico Tórax é ovoide
proporções musculares maiores Proporções e inserções musculares menos
pronunciadas

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SEMANA 04/30

Sacro mais alto O sacro mais baixo


Malares salientes Malares mais delicados

🕮 DPC-ES/2019
Em junho de 2011, um menino de 11 anos de nome Juan foi morto na Grande Vitória. Seu desaparecimento
durou duas semanas. Um corpo de criança foi encontrado, no mesmo período, em estado de putrefação, nas
margens de um córrego, cerca de alguns quilômetros de distância do local do crime. Na perícia de local, a
antropóloga forense identificou o cadáver como sendo de uma menina. Posteriormente, por meio de exame
genético, comprovou-se que aquele cadáver era do menino de 11 anos. A antropóloga forense, para
identificação daquele corpo, de acordo com sua faixa etária, não poderia utilizar o(s)/a(s):
A. Desenvolvimento de pelos pubianos
B. Parâmetros morfológicos confiáveis.
C. Radiografias das mãos.
D. Crânio braquicéfalo.
E. Suturas cranianas afastadas.
Gabarito: Letra D.

A única alternativa que não permite a identificação da faixca etária e nem do sexo é a D,
pois braquicefalia ou braquiocefalia é uma condição de um crânio largo em relação a seu comprimento.
Portanto, nesta assertiva, estamos diante de uma análise para estabelecer a raça, analisando o índice do
crânio, onde temos três espécies:
- Braquicéfalos (platirrinos) - Crânio curto e largo. Têm nariz achatado, daí a classificação platirrinos (plati -
achatados; rinos - nariz). Raça branca ou negra.
- Dolicocéfalos (catarrinos - nariz fino ou leptorrinos - nariz fino e para baixo) - Crânio longo e estreito,
resultando em um nariz fino. Raça branca ou negra.
- Mesocéfalo (mesorrinos) - Estão em um nível intermediário. Asiáticos.
Explicação do Professor Roberto Blanco:
Os genitais externos e internos permitiriam isso, sem dúvidas! Seriam “parâmetros morfológicos
confiáveis”. Então, ela poderia usar a letra A. E nesta idade, normalmente, ainda não estão desenvolvidos os
pelos pubianos. Logo, permitiriam uma análise aproximada da faixa etária, mesmo que não permitisse chegar
ao sexo! As suturas cranianas afastadas também permitiriam estimar, aproximadamente, a idade óssea,
mesmo que não permitissem chegar ao sexo. Quanto ao tipo de crânio, braquicéfalo, quando muito
permitiria chegar próximo da raça, e jamais do sexo ou da idade do cadáver, ou de qualquer outro elemento
de identificação! Está mais afastado da identificação do que os parâmetros morfológicos! A radiografia das
mãos, TAMBÉM não definiria o sexo, mas permitiria obter uma aproximação através da idade óssea! Assim,
a Única opção que não permitiria chegar ao diagnóstico de sexo e/ ou idade, salvo a raça, seria o crânio
braquicéfalo.

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Caiu em Prova Vunesp! Na análise de uma ossada humana pelo antropólogo forense, com a finalidade de
identificação de um indivíduo, características do crânio poderão contribuir para predizer, principalmente,
o(s) seguinte(s) parâmetro(s): sexo e idade. (item correto).

3.4 Identificação da Idade

O elemento idade é imprescindível nos foros cível e criminal. Quando não for possível pelo aspecto
exterior do indivíduo é feita de acordo com o tamanho e desenvolvimento dos ossos.
Assim, a diferenciação por meio do critério idade exige o conhecimento sobre as fases da vida:
✔ Concepção;
✔ União da célula reprodutora de ambos os sexos;
✔ Até o 3º mês é chamado de embrião;
✔ Do 3º mês até o parto é chamado de feto;
✔ Após o nascimento, antes da separação da mãe é chamado de infante nascido;
✔ Depois de nascido é chamado de recém-nascido;
✔ Até os 7 anos é a primeira infância;
✔ Dos 7 aos 12 anos é a segunda infância;
✔ Dos 12 aos 18 anos é a adolescência;
✔ Dos 18 aos 21 anos é a mocidade;
✔ Dos 22 aos 59 anos é adulto;
✔ Dos 60 aos 80 anos é velhice;
✔ Acima dos 80 anos é senilidade.

Quanto mais jovem o periciando, melhor para conseguir a aproximação da idade cronológica!
⮚ No feto, a identificação é feita pelo aspecto morfológico e pela estatura. Do primeiro ao terceiro
mês de vida intrauterina, o crescimento é de 6 cm por mês. A partir do quarto mês, é de 5,5cm por
mês.
⮚ Radiografia dos Ossos: É o melhor elemento de estudo para a avaliação da idade cronológica. Nesse
exame, pesquisam-se os pontos de ossificação e o estado de desenvolvimento do osso. Geralmente
avalia-se a radiografia de uma das mãos e punho.
*Importância da análise dos dentes (vale destacar que o número, bem como o tempo de eclosão
de cada um deles, reflete e auxilia na identificação da idade), da radiografia dos ossos
(principalmente do punho) e das suturas cranianas.
⮚ Não é difícil distinguir-se uma criança de um adulto ou de um idoso. É no período de transição das
fases etárias da vida humana que surgem as dificuldades, pois a aparência do indivíduo modifica-se
paulatinamente com o evoluir dos anos. Esses parâmetros têm valor relativo na identificação da
idade. Vários são os parâmetros utilizados:
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Válida apenas para uma avaliação grosseira, sem qualquer precisão.


APARÊNCIA
Pode-se observar a presença do vérnix caseoso, camada
esbranquiçada do recém-nascido, pregueamento da pele das mãos e
pés, características próprias da pele (firmeza, elasticidade, rugas,
PELE flacidez... A importância, de certa forma, é pequena e reside
principalmente no aparecimento das rugas. O aparecimento de rugas,
a partir de 25 ou 30 anos, é variável.

Presença de pelos pubianos (a partir de 12-13 anos), pêlos axilares


PELOS (após cerca de 2 anos após o aparecimento dos pubianos), calvície,
encanecimento (cabelos brancos), etc.

Verificar a presença de faixa acinzentada ao redor da íris, chamada


OLHOS/GLOBO OCULAR arco senil, ocorre em 20% das pessoas na faixa de 40 anos e em 100%
das pessoas na faixa acima de 80 anos, sendo mais constante no sexo
masculino.
Difícil avaliação nos países subdesenvolvidos. Existem tabelas de
referência.
O dente é capaz fornecer a diferenciação entre humano e animal, além
de dizer a idade aproximada do indivíduo, à medida que em crianças
DENTES há pontos de ossificação, vez que a arcada dentária ainda não nasceu.
Também, os pontos de ossificação permitem o descobrimento da
idade aproximada do indivíduo.

Apresenta variações de acordo com a idade, em relação ao ângulo da


MANDÍBULA mandíbula.

APAGAMENTO DAS Válidas no estudo de esqueletos. Existem tabelas de referência para


SUTURAS CRANIANAS consulta.

☠ Questão da prova de Delegado do Rio Grande do Norte 2021: Adolescente é detido após praticar
um roubo em via pública. Na delegacia de polícia, ele não apresenta identificação e alega que é
menor. O delegado, nesse caso, deve encaminhar o adolescente ao Instituto Médico Legal, para a
radiografia dos punhos – alternativa considerada correta.

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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

SEMANA 04/30

☠ obs:. O melhor método de identificação é a radiografia dos ossos, mais especificamente do punho.

3.5 Identificação Pela Estatura

A variação da estatura está ligada ao grupo étnico, idade, sexo, influências hormonais, dentre outros
elementos do indivíduo. Além disso, revela-se critério identificador de suma importância, pois a partir da
estatura procurada é possível descartar as demais.
A estatura é medida na criança, no adulto, no idoso, no cadáver e na ossada. Todas essas medidas
são diferentes entre si. Por exemplo, no cadáver a perda da umidade tende a ressecá-lo o que diminui a
estatura em até 1,5 cm, rememorando que a estatura do adulto é maior do que a do idoso.

❖ No cadáver:
No cadáver, as medidas são tomadas em decúbito dorsal, por dois planos verticais que passam pelo
vértice e pela planta dos pés. Deve-se deduzir 16mm da medida total, correspondente ao achatamento
natural dos discos intervertebrais sobre as cartilagens intra-articulares, e, no esqueleto em posição normal,
deve-se aumentar, nessa medida total, 6cm correspondentes às partes moles destruídas.

❖ Nos fragmentos ósseos:


A estimativa de estatura normalmente se baseia na antropometria através da medição de ossos
longos (fêmur, tíbia, fíbula, úmero, ulna e rádio) e na análise posterior dos dados encontrados, comparando-
os com tabelas originadas de estudos específicos.
Assim, o osso longo é útil para fornecer a estatura da pessoa a partir da chamada “tábua osteomérica
de broca”, a qual fornece valores que se multiplicado pela medida do comprimento do osso, fornecem o
valor aproximado da estatura. Veja:
✔ Fêmur: 3,66 (homem); 3,71 (mulher).
✔ Tíbia: 4,53 (homem); 4,61 (mulher).
✔ Fíbula: 4,58 (homem); 4,66 (mulher).
✔ Úmero: 5,06 (homem); 5,22 (mulher).
✔ Rádio: 6,86 (homem); 7,16 (mulher).
✔ Ulna: 6,41 (homem); 6,66 (mulher).

3.6 Identificação pela Arcada Dentária

A identificação pela arcada dentária é importante principalmente nos carbonizados e esqueletizados,


e só é possível se houver uma ficha dentária prévia que permita comparação. Quando existe uma vítima não
identificada, é necessário proceder à identificação da arcada dentária, a qual permite chegar à identidade.

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Os dentes também podem fornecer material para a análise de DNA. O estudo dos dentes pode ser:
direto (nos suportes em que marcas são deixadas); por descrição; desenho; fotografia; radiografia.
As rugosidades e dimensões da arcada dentária e da abóbada palatina (céu da boca) também
permitem a identificação.

3.7 Outras Formas de Identificação

🢭 Identificação através de sinais individuais - Há sinais que podem identificar uma pessoa e outros
que servem para excluí-la. São valorizados: Malformações: lábio leporino, polidactilia (número
aumentado de dedos), sindactilia (fusão de um ou mais dedos), pé torto, tatuagem, cicatrizes, etc.

🢭 Palatoscopia - Identificação pelo estudo das pregas palatinas (céu da boca), desde que haja molde
prévio, como em qualquer outro método de identificação. Não havendo elementos dentários, é outra
boa opção.

🢭 Queiloscopia - Identificação feita, por exemplo, comparando-se manchas de batom em copos ou


pontas de cigarros com os sulcos dos lábios.

🢭 Prosopografia - Também conhecida como retrato falado, corresponde à descrição registrada da face,
podendo ser feita a partir da superposição de imagens tiradas em vida sobre as do crânio. O exame
prosopométrico consiste na mensuração das regiões e dos pontos anatômicos da face.

🢭 Identificação pelo DNA - O DNA é uma molécula orgânica que contém a informação que coordena o
desenvolvimento e o funcionamento de todos os organismos vivos, sendo o responsável pela
transmissão de características hereditárias de cada espécie. Tem um grande grau de unicidade, pois
é praticamente impossível duas pessoas com DNA igual. Ademais, sua probabilidade de acerto é de
99,99%. Como qualquer método de identificação, é necessário que haja registro prévio de DNA do
indivíduo que se quer identificar, para que haja a comparação. Uma vantagem do DNA em relação
a outros métodos é que, na ausência de material do próprio indivíduo, a análise de material dos
familiares pode suprir.

3.8 Identificação Judiciária

A identificação judiciária independe da utilização de conhecimentos médicos é realizada a


identificação judiciária com o uso de dados antropométricos e antropológicos para a identidade civil. É
realizada por peritos.

● Sistema antropométrico de Bertillon


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É o primeiro método científico de identificação. Tem como base dados antropométricos, descrição e sinais
individuais. Sabe-se que a fotografia sinaléptica de Bertillon é o método precursor da prosopografia e da
prosopometria. Nesse sistema as medidas são obtidas em indivíduos com mais de 20 anos, sendo que o
comprimento da orelha direita, o comprimento do pé esquerdo, a estatura e a envergadura eram alguns
exemplos de dados colhidos.

● Sistema Datiloscópico de Juan Vucetich

É o método de Juan Vucetich, sendo um dos métodos mais eficientes de identificação que mais
preenche os requisitos técnicos de um método considerado adequado para identificação e fins judiciais.
(cai muito!!!) Está baseado na disposição das cristas papilares que se encontram nas pontas dos dedos; estas
cristas são saliências da pele que reveste a polpa digital, limitando sulcos entre si, e constituindo em conjunto,
um desenho característico, individual e imutável.

Questão da prova de Delegado do Paraná 2021: Cadáver em bom estado de conservação é encontrado por
transeuntes em estrada carroçável e é levado ao instituto de medicina legal mais próximo do fato. Possíveis
familiares afirmam tratar-se de um parente a quem não encontram há vários anos. A forma mais prática e
menos onerosa para identificar o cadáver é através do sistema dactiloscópico de Vucetich – (item correto).

Cuidado para não confundir Papiloscopia com Datiloscopia.


► Papiloscopia é a ciência que estuda as papilas, que são saliências, de natureza neurovascular,
situadas na parte superficial da derme, estando os seus ápices reproduzidos pelos relevos
observáveis na epiderme. A Papiloscopia é gênero, dividida em quatro partes:
· Quiroscopia: processo de identificação por meio das impressões palmares;
· Podoscopia: processo de identificação por meio das impressões plantares;
· Poroscopia: processo de identificação por meio dos poros das papilas dérmicas;
· Datiloscopia: processo de identificação humana por meio das impressões digitais.

obs:. A papiloscopia é o 1º método de eleição para a identificação humana, seguindo a antropologia forense
e a genética forense.
Cuidado para não confundir desenho digital com impressão digital.
► Desenho Digital: É o desenho formado pelas cristas papilares da superfície palmar da falange distal.

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► Datilograma (impressão digital): É a reprodução do desenho digital.

⍟ ATENÇÃO: As digitais, a partir do 6º mês de gestação, já estão desenvolvidas e são imutáveis mesmo
após a morte, até o perecimento da derme. A digital apresenta características únicas para cada indivíduo,
além de praticidade e possibilidade de classificação.

A datiloscopia estuda as impressões digitais, que são vestígios e marcas deixadas pelas polpas dos
dedos graças à substância gordurosa secretada pelas glândulas sebáceas em quase todos os locais de crime
e em objetos os mais variados, como a superfície lisa de vidros, espelhos, copos, móveis, louças e faianças,
armas, facas, frutas, folhas de plantas, luvas.
A datiloscopia apresenta algumas vantagens:

● Unicidade: Não há duas impressões digitais iguais.


● Imutabilidade: Queimaduras de 1.º e 2.º graus, aplicação de acetona, formol e corrosivos, atritos da
pele determinados por profissões, limagem dos dedos não destroem as cristas papilares, bastando
48 horas de repouso para que as impressões reapareçam, sem que tenham sofrido qualquer
alteração.
● Perenidade: O desenho digital se forma no sexto mês de vida intrauterina e se mantém inalterado
durante toda a vida, inclusive após a morte, até que venha a putrefação. É possível até a identificação
de um cadáver já em estado adiantado de putrefação, desde que se consiga recolher a impressão de
um ou mais dedos, ou fragmentos de impressão
● Classificabilidade: Cria uma sequência alfanumérica, que possibilita a busca em arquivos com
milhões de fichas.
● Baixo custo: Com apenas uma ficha de papel e tinta é possível obter impressões papilares.

3.8.1 Classificação / Tipos fundamentais


Vucetich criou um sistema de identificação baseado na análise dos desenhos formados pelas cristas
papilares, classificando-os com o uso de uma fórmula. Trata-se do Sistema decadatilar de Vucetich.
Há 3 conjuntos de cristas papilares: central ou nuclear, basal e marginal ou lateral. A confluência
destes 3 conjuntos, forma uma figura em forma de delta.
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Existem 3 sistemas de linhas formando a impressão digital:

· Linhas basilares: Na base da polpa digital.


· Linhas marginais: que contornam a polpa digital.
· Linhas nucleares: situadas entre as duas anteriores.

A reunião dos conjuntos ou deltas forma 4 figuras básicas:


1. Arco: Ausência de deltas;
2. Presilha Interna: Presença de delta à direita do examinador;
3. Presilha Externa: Presença de delta à esquerda do examinador;
4. Verticilo: Presença de 2 deltas.

1. ARCO – Ausência de deltas (Dica: A de Arco e de Ausência de delta)


ARCO: é o datilograma, geralmente adéltico, ou seja, não possui deltas, formado por linhas que
atravessam o campo digital, apresentando em sua trajetória formas mais ou menos paralelas e abauladas ou
alterações características. É representado pela letra A para os polegares e número 1 para os demais dedos.
Representado pela letra A nos polegares e pelo número 1 nos demais.

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2. PRESILHA INTERNA – Delta à direita do examinador


É o datilograma com um delta à direita do observador, apresentando linhas que, partindo da
esquerda, curvam-se e voltam ou tendem a voltar ao lado de origem, formando laçadas.
É representado pela letra I para os polegares e o número 2 para os demais dedos.

3. PRESILHA EXTERNA – Delta à esquerda do examinador (Dica: E de Esquerda e de Externa)


PRESILHA EXTERNA: é o datilograma com um delta à esquerda do observador, apresentando linhas
que, partido da direita, curvam-se e voltam ou tendem a voltar ao lado de origem, formando laçadas.
É representado pela letra E para os polegares e o número 3 para os demais dedos.

4. VERTICILO – Presença de 2 deltas


VERTICILO: é o datilograma com um delta à direita e outro à esquerda do observador, tendo pelo
menos uma linha livre e curva à frente de cada delta.

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É representado pela letra V para os polegares e o número 4 para os demais dedos.

OBS1.: Quando diante do polegar utilizamos a identificação diante das letras “A;V;E;I”; Já quando
diante dos demais dedos utilizamos os números “1;2;3;4”.

Como se percebe, o registro emprega convencionalmente letras maiúsculas V, E, I, A para os polegares e


números 4, 3, 2, 1 para os demais dedos das mãos. Uma forma de decorar bastante conhecida é através da
palavra VEIA, com os números decrescentes:
V = 4 - Verticilo
E = 3 - Presilha externa
I = 2 - Presilha interna
A = 1 – Arco

Tipo fundamental Polegar Demais dedos


Verticilo V 4
Presilha externa E 3
Presilha interna I 2
Arco A 1
Dedos defeituosos e cicatrizes X X
Amputações 0 0

OBS.2: As anomalias são representadas da seguinte forma:


● Ausência de dedo = representa-se pelo número 0;
● Presença de cicatriz que altera a impressão digital = representa-se por um X;
● Presença de dedo supranumerário = letra minúscula ao lado da letra do polegar.

OBS.3: As impressões obtidas são colocadas na fórmula datiloscópica, na qual são representadas como uma
fração, onde a mão direita está no numerador e a mão esquerda no denominador.

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As letras representam o polegar e a sequência os dedos: indicador, dedo médio, anelar e mínimo. (A
pergunta pode ser realizada sob a forma de fórmula).

polegar→ indicador → médio→ anular → mínimo.

Exemplo: Digamos que venha na prova a seguinte fórmula: Va 24X1/ E 0213. Vou falar dedo por dedo
(na ordem da fórmula), pra facilitar a compreensão.
▸ Polegar da mão direita = Verticilo. Polegar representa-se com letra, que foi a V.
▸ Dedo supranumerário na mão direita = Arco. Vimos que o dedo supranumerário é representado com
uma letra minúscula ao lado do polegar. No caso, temos um arco no dedo supranumerário.
▸ Indicador da direita = Presilha interna. Dedos que não são polegares são representados por números.
O indicador está com o 2, logo, presilha interna.
▸ Médio da direita = Verticilo.
▸ Anular direito = Dedo defeituoso, representado por um X. Não confundir com ausência de dedo, que
é o 0.
▸ Mínimo direito = Arco.
▸ Polegar esquerdo = Presilha externa.
▸ Indicador esquerdo = Ausência/amputado.

3.8.2 Elementos de identificação

Enquanto os tipos fundamentais tornam a identificação datiloscópica classificável, os pontos


característicos individualizam, identificam algum indivíduo.

Fórmula datiloscópica e tipos fundamentais: elementos de classificação


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Pontos característicos: elementos de identificação

Cuidado: não confunda tipos fundamentais que classificam a impressão digital e existem apenas 4 (verticilo,
presilha externa, presilha interna e arco), com os pontos característicos, pois estes que identificam uma
impressão digital, sendo inúmeros – Em provas utilize o critério da eliminação, bastando saber as 4
nomenclaturas relativas aos tipos fundamentais, aparecendo nomenclatura diversa a questão estará
tratando de pontos característicos.

Exemplos (pontos característicos que já apareceram em provas): ponto e linha, cortada, bifurcação,
forquilha, ilhota e encerro.
A identificação é feita a partir de uma comparação estabelecida pelo encontro de no mínimo 12
pontos característicos (12 a 20 pontos), em uma única impressão digital (único dedo), sem nenhuma
discordância. Trata-se da Regra de Locard.

Regra de locard: ao ser visualizada uma impressão datiloscópica por um profissional (perito papiloscopista)
para que se assegure a identificação de alguma pessoa através daquela impressão devem ser encontradas
12 minúcias (pontos característicos) semelhantes, bem como nenhum discordante. Cada impressão pode
conter inúmeros tipos de pontos característicos. Ex: encerro, cortada, ilhota,forquilha...

O sistema é chamado decadactilar, pois, para que seja realizado o registro é necessário a colheita das
impressões digitais dos 10 dedos, para montar o banco de dados e classificar as impressões. Entretanto, não
significa dizer que precisamos de 10 impressões digitais para identificar alguém, pois basta um dedo, uma
impressão, com o encontro de 12 a 20 pontos característicos em um primeiro registro comparado com o
segundo.

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QUESTÕES PROPOSTAS

1 - 2021 - FUMARC - PC-MG - FUMARC - 2021 - PC-MG - e) A datiloscopia se constitui um excelente método de
Delegado de Polícia Substituto identificação e tem como principais características a
Durante a perícia de um corpo esqueletizado, os achados unicidade, a mutabilidade, a praticidade e a classificabilidade.
mais evidentes do dimorfismo sexual são observados no(a)
4 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia
A-clavícula. Em junho de 2011, um menino de 11 anos de nome Juan foi
B-fêmur. morto na Grande Vitória. Seu desaparecimento durou duas
C-pelve. semanas. Um corpo de criança foi encontrado, no mesmo
D-úmero. período, em estado de putrefação, nas margens de um
córrego, cerca de alguns quilômetros de distância do local do
2 - 2021 – NC UFPR – PC-PR – Delegado de Polícia crime. Na perícia de local, a antropóloga forense identificou o
Cadáver em bom estado de conservação é encontrado por cadáver como sendo de uma menina. Posteriormente, por
transeuntes em estrada carroçável e é levado ao instituto de meio de exame genético, comprovou-se que aquele cadáver
medicina legal mais próximo do fato. Possíveis familiares era do menino de 11 anos. A antropóloga forense, para
afirmam tratar-se de um parente a quem não encontram há identificação daquele corpo, de acordo com sua faixa etária,
vários anos. A forma mais prática e menos onerosa para não poderia utilizar o(s)/a(s):
identificar o cadáver é através do/da:
a) desenvolvimento de pelos pubianos.
a) reconhecimento pela família, que deve assinar formulário b) parâmetros morfológicos confiáveis.
específico para tal. c) radiografias das mãos.
b) sistema antropométrico de Bertillon. d) crânio braquicéfalo.
c) sistema odontológico de Amoedo. e) suturas cranianas afastadas.
d) impressão digital genética do ADN.
e) sistema dactiloscópico de Vucetich. 5 - 2018 - CESPE - PC-SE - Delegado de Polícia
A respeito de identificação médico-legal, de aspectos médico-
3 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia legais das toxicomanias e lesões por ação elétrica, de
A respeito da identificação criminal, assinale a alternativa modificadores da capacidade civil e de imputabilidade penal,
correta: julgue o item que se segue.

a) A fotografia sinalética constitui um método bastante eficaz O procedimento de identificação de uma pessoa baseia-se na
de identificação e, por sua precisão, pode ser utilizada como comparação entre a experiência da sensação proporcionada
método isolado de identificação de pessoas. no passado com a mesma experiência renovada no presente
b) A rugopalatoscopia é um método de identificação que leva pela pessoa a ser identificada.
em consideração as cristas sinuosas existentes do palato
duro. ( ) Certo ( ) Errado
c) As tatuagens não possuem valor significativo no processo
de identificação de pessoas. 6 - 2018 - CESPE - PC-MA - Delegado de Polícia
d) Ilhotas, forquilhas e bifurcações são espécies de pontos Em determinada cidade interiorana, por volta das dezesseis
característicos existentes nos desenhos digitais, sendo que a horas de um dia ensolarado, o corpo de uma mulher jovem
presença de ao menos quatro destes pontos, sem nenhum foi encontrado por populares, em área descoberta de um
ponto de divergência, indica confronto positivo para a terreno baldio. O delegado de plantão foi comunicado do fato
identificação do suspeito. e, ao dirigir-se ao local, a autoridade policial verificou que o
corpo se encontrava em decúbito dorsal e despido. A perícia
de local, tendo realizado exame perinecroscópico, verificou

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que o corpo apresentava temperatura de 27 ºC, além de b) No caso considerado, a impressão digital de uma única
rigidez completa de tronco e membros. Constataram-se polpa digital poderá ser considerada suficiente para
escoriações na face, fraturas dos elementos dentários estabelecer a autoria do crime.
anteriores, manchas roxas na região cervical anterior e duas c) Se o referido homem tiver um irmão gêmeo univitelínico,
lesões profundas na região torácica anterior, abaixo da mama as impressões digitais serão insuficientes para diferenciá-los.
esquerda, medindo a maior delas 4 cm × 1 cm. Havia tênue d) A impressão digital encontrada na faca deverá ser
mancha de tonalidade avermelhada na face posterior do comparada com registros recentes do homem em questão,
corpo, que só não se evidenciava nas partes que estavam em uma vez que as linhas dactiloscópicas variam com o tempo.
contato com o solo. Nas adjacências das lesões torácicas e no e) O fato de ser comum encontrar indivíduos diferentes que
solo próximo ao corpo, havia pequena quantidade de sangue possuam impressões digitais idênticas justifica a
coagulado. No mesmo terreno onde estava o corpo, foi impossibilidade de se estabelecer com segurança a autoria no
encontrada uma faca de gume liso único. A lâmina, que estava caso em apreço.
suja de sangue, tinha formato triangular e media 20 cm de
comprimento e 4 cm de largura em sua base. Exames 7 - 2017 - CESPE - PC-GO - Delegado de Polícia
laboratoriais realizados posteriormente atestaram que o De acordo com Ottolenghi, um indivíduo de pele branca ou
sangue presente na faca pertencia à vítima. Após a lavagem trigueira, com íris azuis ou castanhas, cabelos lisos ou crespos,
do corpo, foi possível detectar lesões torácicas, de acordo louros ou castanhos, com perfil de face ortognata ou
com as imagens mostradas na figura a seguir. ligeiramente prognata e contorno anterior da cabeça ovoide
é classificado como

a) indiano.
b) australoide.
c) caucásico.
d) negroide.
e) mongólico.

8 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - Delegado de Polícia


No que se refere ao tema “identificação", os ângulos de
Jacquart, Cloquet e Curvier são verificados:

a) no tórax.
A perícia dactiloscópica realizada no cadáver referido no texto b) nas pernas.
identificou a impressão digital de um único dedo na faca c) nos braços.
encontrada no local do crime. A comparação dessa impressão d) na bacia.
digital com os dados do arquivo criminal revelou que ela e) no crânio.
coincidia com a do dedo indicador da mão direita de um
homem foragido da justiça que havia sido condenado pelo 9 - 2013 - UEG - PC-GO - Delegado de Polícia
estupro seguido de morte de outras mulheres. No local do crime, os peritos arrecadaram um desenho digital
Com referência a essas considerações adicionais, assinale a que apresentava um delta à esquerda. Pelo sistema de
opção correta. Vucetich, este desenho é classificado como

a) A análise do perfil genético de espermatozoides detectados a) presilha interna


na secreção vaginal da vítima seria opção mais confiável que b) verticilo
a impressão digital para identificar o criminoso. c) presilha externa
d) arco

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10 - 2013 - UEG - PC-GO - Delegado de Polícia e) impressão dactiloscópica, arcada dentária e sinais
Em Antropologia Forense, os ângulos faciais (Jacquart, particulares.
Cloquet e Curvier) são determinantes para:
13 - 2011 - FUMARC - PC-MG - Delegado de Polícia
a) altura No esqueleto, a estimativa do sexo, faz-se pelas
b) idade características morfológicas observadas, após a puberdade.
c) sexo Os achados mais evidentes do dimorfsmo sexual são
d) raça observados no(a)

11 - 2012 - FGV - PC-MA - Delegado de Polícia a)clavícula.


O sistema dactiloscópico de Vucetich é um dos principais b)úmero.
métodos utilizados na identificação policial e judiciária. Numa c)fêmur.
E0.3.1.3 d)pelve.
individual dactiloscópica expressa pela fórmula ,
AX.4.4.2
verifica-se que a pessoa identificada apresenta
14 - 2009 - FUNCAB - PC-RO - Delegado de Polícia

a) amputação do dedo polegar esquerdo. Identidade médico-legal é o conjunto de características

b) amputação do dedo indicador direito. apresentadas por um indivíduo que o torna único. Assinale a

c) amputação do dedo indicador esquerdo. opção INCORRETA acerca da identificação médico-legal.

d) amputação do dedo polegar direito.


e) amputação do dedo mínimo esquerdo. a) O sistema de identificação dactiloscópica de Vucetich é um
processo de grande valia e de extraordinário efeito, porque

12 - 2012 - FUNCAB - PC-RJ - Delegado de Polícia apresenta os requisitos essenciais para um bom método:

A identificação de uma pessoa se define como um conjunto unicidade, praticabilidade, imutabilidade e classificabilidade;

de características que individualiza a pessoa, tornando-a só não apresenta o requisito de perenidade.

diferente das demais. Sob esta óptica, o exame de DNA, b) Identificação médico-legal pode ser realizada em um

embora moderno e com alto grau de confiabilidade, não é indivíduo vivo ou em cadáver, inteiro, espostejado ou

suficiente para a determinação da identidade, pois via de reduzido a ossos.

regra, essas análises são realizadas utilizando-se como c) Na identificação médico-legal, são considerados os

material de comparação amostras de familiares, sendo assim seguintes parâmetros: idade, sexo, raça, estatura e peso, pois,

um método capaz de gerar o grau de parentesco e, não a partindo-se do geral, chega-se ao particular, ao indivíduo.
d) Características ocasionais, tais como a presença de
identidade propriamente dita, ou seja, pode determinar se
tatuagens, calos de fraturas ósseas e próteses dentárias,
um indivíduo é filho de alguém, mas não qual dos filhos.
ósseas ou de outros tipos, não possuem valor para a
Outras técnicas, científicas, ao contrário do exame de DNA,
antropologia forense.
podem, isoladamente, conferir a identidade a um cadáver,
e)Medidas de dimensões de ossos longos e comparações com
considerando a preexistência de parâmetros de comparação.
tabelas podem dar ideia da estatura de indivíduos quando
Entre essas técnicas, estão:
vivos.

a) reconhecimento facial, arcada dentária e sobreposição de


15 - 2009 - CEPERJ - PC-RJ - Delegado de Polícia
imagens.
Durante operação policial na favela do Barbante, em Campo
b) reconhecimento facial, sinais particulares e sobreposição
Grande, foi encontrado um crânio humano incompleto que
de imagens.
c) impressão dactiloscópica, sinais particulares e apresentava em análise preliminar:

sobreposição de imagens.
d) impressão dactiloscópica, arcada dentária e sobreposição 1- suturas cranianas bem visíveis;

de imagens. 2- fronte verticalizada;


3- glabela curva;

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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

SEMANA 04/30

4- margens supra-orbitárias finas;


5- orifício em tronco de cone com o bisel voltado para a face 16 - 2008 - CEFET-BA - PC-BA - Delegado de Polícia
externa do osso frontal; Assinale a alternativa correta.
6- processos mastóideos pouco volumosos;
7- ausência de crista na nuca; a) Os exames periciais podem determinar a identidade do
8- côndilos occipitais curtos e largos. criminoso.
b) A identidade do criminoso só pode ser realizada pelas
Assinale a opção que aponta o diagnóstico pericial. provas testemunhais.
c) O “modus operandi”, ou seja, a maneira e a espécie como
a) Mulher jovem com uma lesão de saída de projétil de arma foi praticado o delito não tem importância na investigação
de fogo no osso frontal. policial.
b) Homem adulto com uma lesão de entrada de projétil de d) A testemunha é o elemento sobre o qual incide a ação
arma de fogo no osso frontal. criminosa.
c) Mulher adulta com uma lesão de saída de projétil de arma e) A identidade de uma pessoa é determinada somente pelo
de fogo no osso frontal. exame de DNA.
d) Homem jovem com uma lesão de saída de projétil de arma
de fogo no osso frontal.
e) Mulher idosa com uma lesão de entrada de projétil de arma
de fogo no osso frontal.
Respostas11

11
1: C 2: E 3: B 4: D 5: E 6: B 7: C 8: E 9: C 10: D 11: B 12: D 13: D 14: D 15: A 16: A
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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

SEMANA 04/30

META 6 – REVISÃO SEMANAL

Direito Penal: Causas De Extinção Da Punibilidade

TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

CF/88
⦁ Art. 5º, XLII, XLIII e XLIV

⦁ Art. 21, XVII

⦁ Art. 48, VIII

⦁ Art. 53, §§3º a 5º

⦁ Art. 84, XII

CÓDIGO PENAL:
⦁ Art. 2º (abolitio criminis)

⦁ Art. 100 a 120

⦁ Art. 121, §5º (perdão judicial no homicídio)

⦁ Art. 129, §8º (perdão judicial na lesão corporal)

⦁ Art. 312, §3º

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL


⦁ Art. 25 (retratação no processo penal)

⦁ Art. 28, 30, 36, 41

⦁ Art. 49 e 60

⦁ Art. 92 a 94

⦁ Art. 366 e 386

OUTROS DIPLOMAS LEGAIS


⦁ Art. 16 da Lei Nº 11.340 (retratação na Lei Maria da Penha)

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!

⦁ Art. 107, CP (importantíssimo)


⦁ Art. 109 a 112, CP
⦁ Art. 116 e 117, CP

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SEMANA 04/30

Direito Penal: Concurso De Pessoas E De Crimes

TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

CÓDIGO PENAL:
⦁ Art. 29 ao 31

⦁ Art. 69 a 72

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!

CF/88
⦁ Art. 29 (muito importante!)

⦁ Art. 69, caput

⦁ Art. 70, caput

⦁ Art. 71, caput e §único (muito importante!)

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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

SEMANA 04/30

Legislação Penal Especial: Lei De Crimes Hediondos

TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

LEI 8072/90 INTEIRA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL
⦁ Art. 5º, XLIII, CF/88
⦁ Art. 142 e 144, CF/88

CÓDIGO PENAL
⦁ Art. 121, §2º e 2-A
⦁ Art. 129, §2º e §3º
⦁ art. 155, § 4º-A (Cuidado para não confundir com o art. 155, §7º)
⦁ Art. 157, §2º, V
⦁ Art. 157, §2-A, I
⦁ Art. 157, §2-B e §3º
⦁ Art. 158, §3º (art. 158, §2º não é mais considerado hediondo)
⦁ Art. 159, §§1º, 2º e 3º
⦁ Art. 213, caput, §§1º e 2º
⦁ art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o
⦁ art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º
⦁ art. 267, § 1o (caput não é hediondo)
⦁ art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B

OUTROS DIPLOMAS LEGAIS


⦁ Art. 1º, 2º e 3º da Lei 2889/56
⦁ Art. 16, §2º, Estatuto do Desarmamento
⦁ Art. 17 e 18, Estatuto do Desarmamento
⦁ Lei 9455/97 (Lei de tortura – crime equiparado a hediondo)
⦁ Lei 13.260/16 (Lei de terrorismo – crime equiparado a hediondo)
⦁ Lei 11.343/06 (Lei de tráfico de drogas – crime equiparado a hediondo)

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!


⦁ Art. 5º, XLIII, CF/88
⦁ Art. 155, § 4º-A e 7º, CP
⦁ Art. 157, CP
⦁ Art. 158, §3º, CP
⦁ Art. 16, §2º Estatuto do Desarmamento

PRINCIPAIS ARTIGOS DA LEI 8072/90:


⦁ Art. 1º, caput, inc. II, III, IV e IX
⦁ Art. 1º, §único (muito importante!)
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SEMANA 04/30

⦁ Art. 2º, inc. I e II


⦁ Art. §4º (leitura conjunta com a lei 7960/89

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SEMANA 04/30

Direito Civil: Fatos Jurídicos

TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

CÓDIGO CIVIL
⦁ Art. 104 ao 211

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!

⦁ Art. 104 e 104


⦁ Art. 110 e 112
⦁ Art. 113 (inovação legislativa em 2019!)
⦁ Art. 121 a 125
⦁ Art. 127, 128 e 131
⦁ Art. 136 e 137
⦁ Art. 138 a 157 (muito importante!)
⦁ Art. 166 e 167
⦁ Art. 169, 171, 178 e 179
⦁ Art. 186 a 188
⦁ Art. 197, 198 e 199
⦁ Art. 204 a 211

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SEMANA 04/30

Direito Civil: Bens Jurídicos

TODOS OS ARTIGOS

CÓDIGO CIVIL
⦁ Art. 79 ao Art. 103

⦁ Art. 1.229 e 1.230

⦁ Art. 1711 ao 1722

CF/88
⦁ Art. 20 e 26

⦁ Art. 176

⦁ 191, §único

OUTROS DIPLOMAS LEGAIS:


⦁ Lei 8009/90

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER

⦁ Art. 79 a 91, CC (muito importante!)


⦁ Art. 101, CC
⦁ Art. 1º e 3º da Lei 8009/90

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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

SEMANA 04/30

Direito Administrativo: Atos Administrativos

TODOS OS ARTIGOS
⦁ Art. 2º da Lei 9784/99
⦁ Art. 11 a 17 da Lei 9784/99
⦁ Art. 18 e 19 da Lei 9784/99
⦁ Art. 22 da Lei 9784/99
⦁ Art. 38, §1º da Lei 9784/99
⦁ Art. 50 da Lei 9784/99
⦁ Art. 84, VI, CF/88
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER

⦁ Art. 2º, caput e §único e inciso IX da Lei 9784/99


⦁ Art. 11, 12, 13 e 15 da Lei 9784/99
⦁ Art. 50 da Lei 9784/99

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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

SEMANA 04/30

Direito Administrativo: Poderes Da Administração

TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA


⦁ Art. 84, IV e VI, CF/88
⦁ Art. 11 a 17, Lei 9784/99
⦁ Art. 53 a 55, Lei 9784/99
⦁ Art. 1°, §1° da Lei nº 9.873/99
⦁ Art. 78, CTN

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!


CF/88
⦁ Art. 84, IV, CF/88
⦁ Art. 12, 13 e 14, Lei 9784/99
⦁ Art. 78, CTN

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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

SEMANA 04/30

Medicina Legal: Perícia E Peritos E Documentos Médico Legais

TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

⦁ Art. 6º, VII, CPP


⦁ Art. 158, CPP
⦁ Art. 158-A a 158-F, CPP
⦁ Art. 159 a 184, CPP
⦁ Art. 235, CPP
⦁ Arts. 275 a 281
⦁ Art. 525, 527 e 530-D, CPP
⦁ Art. 543, II, CPP
⦁ Art. 50, §1º, Lei de Drogas
⦁ Art. 129, §1º do CP
⦁ Art. 269 do CP
⦁ Art. 342 do CP
⦁ Lei 12030/09 inteira

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!


⦁ Art. 158, CPP
⦁ Art. 158-A a 158-F, CPP (muito importante!)
⦁ Art. 159, §1º, §5º, CPP
⦁ Art. 160 a 163, CPP
⦁ Art. 167 a 169, CPP
⦁ Art. 171, CPP
⦁ Art. 180, CPP
⦁ Art. 184, CPP
⦁ Art. 276 e 278, CPP
⦁ Art. 50, §1º, Lei de Drogas
⦁ Art. 2º da Lei 12030/09

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SEMANA 04/30

Medicina Legal: Antropologia Forense

TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA


⦁ 5º, XLVIII, CF/88
⦁ Art. 304 e 307, CP
⦁ Art. 92, CPP
⦁ Lei 12. 037/2009 (Lei de Identificação Criminal)

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER

⦁ 5º, XLVIII, CF/88


⦁ Art. 1º, 3º, 5º, 5º-A, 7º-A e 7º-C, da Lei 12. 037/2009

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