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SEMANA 03
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

SEMANA 03/30

AVISO IMPORTANTE
O material será disponibilizado com os dados pessoais do participante, em área de acesso restrita. O
compartilhamento indevido de materiais da PREPARAÇÃO EXTENSIVA DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9*
ensejará a interrupção imediata do serviço, bem como adoção das medidas cabíveis.

Qual a duração do curso?

A PREPARAÇÃO EXTENSIVA DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9 é dividida em 30 semanas.

Qual o principal material da preparação e quando ele é enviado?

O principal material da nossa preparação é o e-book dividido em metas com doutrina e questões
sobre o tema. Este material será disponibilizado na nossa plataforma sempre aos finais de semana para que
vocês possam utilizá-lo ao longo da semana.

Quais materiais serão disponibilizados neste curso?

1- E-book de doutrina e questões - Este e-book é dividido em metas, que correspondem aos
dias da semana em que o aluno deve cumprir. No início de cada meta, disponibilizamos os artigos
relacionados ao tema, ao passo que no final disponibilizamos questões de concursos anteriores para
treinamento (disponibilizado semanalmente);
2- E-book de Súmulas por assunto - Este e-book visa orientar nosso aluno, a partir de um
cronograma, a realizar uma leitura das principais súmulas dos Tribunais Superiores (disponibilizado
integralmente no início do curso);
3- E-book de Lei Seca - Compilamos as principais leis, que possuem grande incidência em
concursos de Delegado de Polícia e que são específicas para o seu concurso. Esse e-book visa, através de um
cronograma elaborado por nossa equipe, organizar o estudo tão importante da lei seca (disponibilizados
semanalmente).
4- E-book de Jurisprudência - Selecionamos os principais julgados mais recentes para facilitar o
seu estudo. Com o cronograma criado pela nossa equipe, você estudará os principais informativos de uma
maneira constante e leve (disponibilizados semanalmente).
5- E-book de Revisão (ciclos de revisão) – Com o objetivo de sedimentar o estudo realizado ao
longo do curso, utilizaremos o nosso método de revisão 5x1, ou seja, a cada 5 semanas de conteúdo, teremos
uma semana de revisão.

Como eu devo me guiar com este material?

Isto é bem intuitivo. No E-book principal (doutrina e questões), cada meta se refere a um dia
da semana (Meta 1, Segunda-feira; Meta 2, terça-feira, etc).
Acreditamos que o melhor método de estudo é a partir da edificação de uma base de
conhecimento pautada no tripé doutrina – lei seca – jurisprudência, aliada à constante resolução de questões
objetivas.
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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

SEMANA 03/30

Por isso, aconselhamos que se inicie o dia estudando a meta do dia (E-book principal doutrina
e questões). No momento do estudo não tente resumir a matéria, pois nossas metas diárias já suprirão esta
necessidade. O ideal é que tome notas inteligentes em post-its e façam grifos para a revisão. Notas
inteligente são aquelas que sem precisar esgotar o tema faz com que você relembre os principais pontos. A
organização das suas anotações é crucial para sua aprovação.

Atendendo sugestões, explicaremos melhor como vocês devem se guiar com esse material:

Passamos a indicar no Caderno de Doutrina, antes de iniciar a meta, os artigos correspondentes,


além dos dispositivos que reputamos mais relevantes e com maior probabilidade de estar na sua prova.
A leitura desses dispositivos fará parte do ciclo de revisão semanal proposto pelo curso (método
5x1).
Encerrado o estudo da doutrina passe para a resolução dos exercícios e súmulas selecionadas.
Até aqui foi feito o mais importante.
Após tudo isso, se sobrar tempo, é hora de ler a lei seca do caderno de leis. Essa tarefa de
repetição de leitura de artigos não demandará muito tempo por dia e é essencial para a sua aprovação.
Lembramos que os artigos indicados nos cadernos de Lei seca não correspondem à meta
justamente para que vocês sempre leiam mais vezes a letra da lei, independentemente de ter estudado o
tema ou não.

Estamos abertos a críticas e sugestões. Este é um processo coletivo no qual a participação de


vocês é fundamental para que a preparação para a prova seja potencializada. Evite a possibilidade de ter
a sua posse impedida em razão compartilhamento ilegal e indevido do material deste material sem
autorização.

Vamos Juntos!

Equipe Dedicação Delta.

Prezado(a) aluno(a),

Caso possua alguma dúvida jurídica sobre o conteúdo disponibilizado no curso, pedimos que utilize a sua
área do aluno. Há um campo específico para enviar dúvidas.
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Sumário
META 1 ............................................................................................................................................................ 10
DIREITO PENAL: TEORIA DO CRIME – PARTE I ................................................................................................. 10
1. CONCEITO DE CRIME ................................................................................................................................... 10
1.1. Crime X Contravenção Penal ................................................................................................................................. 11
1.2. Classificações dos Crimes ...................................................................................................................................... 13
1.2.1 Quanto à Qualidade do Sujeito Ativo .............................................................................................................. 13
1.2.2 Quanto à Estrutura do Tipo Penal ................................................................................................................... 14
1.2.3 Quanto à Relação entre a Conduta e o Resultado Naturalístico ..................................................................... 15
1.2.4 Quanto ao Momento de Consumação............................................................................................................. 16
1.2.5 Quanto ao Número de Agentes ....................................................................................................................... 17
1.2.6 Quanto ao Número de Vítimas ........................................................................................................................ 18
1.2.7 Quanto ao Grau de Intensidade do Resultado ................................................................................................ 18
1.2.8 Quanto ao Número de Atos Executórios ......................................................................................................... 20
1.2.9 Quanto à Forma pela qual a Conduta é Praticada ........................................................................................... 20
1.2.10 Quanto ao Modo de Execução Admitido ....................................................................................................... 21
1.2.11 Quanto aos Bens Jurídicos Atingidos ............................................................................................................. 21
1.2.12 Quanto À Existência Autônoma Do Crime: .................................................................................................... 21
1.2.13 Quanto À Necessidade De Corpo De Delito Para A Prova Da Existência ....................................................... 21
1.2.14 Quanto ao Local de Produção do Resultado .................................................................................................. 22
1.2.15 Quanto ao Vínculo com outros Crimes .......................................................................................................... 22
1.2.16 Quanto à Liberdade ou não para o Início da Persecução Penal .................................................................... 22
1.2.17 Quanto à Violação de Valores Universais ...................................................................................................... 22
1.2.18 Quanto ao Potencial Ofensivo ....................................................................................................................... 23
1.2.19 Quanto ao iter criminis .................................................................................................................................. 23
1.2.20 Crimes de Impressão ..................................................................................................................................... 24
1.2.21 Crimes de Colarinho Branco e Crimes de Colarinho Azul .............................................................................. 24
1.2.22 Outras Classificações ..................................................................................................................................... 24
2. SUJEITOS DO CRIME .................................................................................................................................... 26
3. OBJETO DO CRIME ....................................................................................................................................... 27
4. ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO CRIME ........................................................................................................ 27
4.1 Fato Típico .............................................................................................................................................................. 27
4.1.1 Conduta ........................................................................................................................................................... 28
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................... 41
META 2 ............................................................................................................................................................ 46
DIREITO PENAL: TEORIA DO CRIME – PARTE II ................................................................................................ 46
1. CONTINUAÇÃO DOS ELEMENTOS DO FATO TÍPICO .................................................................................... 46
2. CONCAUSAS ................................................................................................................................................. 57
3. TEORIA DO TIPO........................................................................................................................................... 63
3.1 Funções do Tipo Penal............................................................................................................................................ 64
3.2 Estrutura do Tipo Penal .......................................................................................................................................... 64
3.3 Classificações do Tipo Penal ................................................................................................................................... 64
3.3.1 Tipo Normal X Anormal.................................................................................................................................... 65
3.3.2 Tipo Congruente X Tipo Incongruente ............................................................................................................. 65
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3.3.3 Tipo Simples X Tipo Misto ................................................................................................................................ 66


3.3.4 Tipo Fechado (Cerrado) X Tipo Aberto ............................................................................................................ 66
3.3.5 Tipo Preventivo ................................................................................................................................................ 66
3.3.6 Tipo Penal Doloso X Culposo X Preterdoloso ................................................................................................... 66
4. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA....................................................................................................................... 79
4.1 Consumação ........................................................................................................................................................... 79
4.1.2 Iter Criminis...................................................................................................................................................... 80
4.2. Tentativa (= conatus, crime imperfeito, crime incompleto).................................................................................. 83
5. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ ........................................................................... 86
6. ARREPENDIMENTO POSTERIOR ................................................................................................................... 89
7. CRIME IMPOSSÍVEL (ART. 17, CPC) .............................................................................................................. 94
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 100
META 3 .......................................................................................................................................................... 106
DIREITO ADMINISTRATIVO: ENTES DA ADMINISTRAÇÃO ............................................................................. 106
1. PRINCÍPIOS INERENTES À ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA (art. 6, DL 200/67) ..................................... 108
2. DESCENTRALIZAÇÃO X DESCONCENTRAÇÃO ............................................................................................ 108
2.1 Espécies de Descentralização ............................................................................................................................... 110
3. ÓRGÃOS PÚBLICOS .................................................................................................................................... 112
3.1 Teorias .................................................................................................................................................................. 116
3.2 Criação e Extinção de Órgãos Públicos ................................................................................................................. 117
3.3 Classificação dos Órgãos ...................................................................................................................................... 118
4. DESCENTRALIZAÇÃO .................................................................................................................................. 121
5. ADMINISTRAÇÃO INDIRETA ....................................................................................................................... 121
5.1. Características ..................................................................................................................................................... 121
5.2 Entes da Administração Indireta .......................................................................................................................... 123
5.2.1 Autarquias ...................................................................................................................................................... 123
5.2.2 Agências Reguladoras .................................................................................................................................... 133
5.2.3 Agências Executivas ....................................................................................................................................... 139
5.2.4 Fundações Públicas ................................................................................................................................... 140
5.3 Empresas Estatais (Lei 13.303/2016) ................................................................................................................... 143
6. ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR .............................................................................................................. 156
6.1 Serviço Social Autônomo - Sistema “S” ................................................................................................................ 160
6.2 Entidades ou Fundações de Apoio ....................................................................................................................... 162
6.3 Organizações Sociais - OS (Lei 9637/98)............................................................................................................... 163
6.4 Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP (Lei 9790/99) ....................................................... 167
6.5 Organização Social da Sociedade Civil - OSC (Lei 13.019/14) ............................................................................... 174
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 189
META 4 .......................................................................................................................................................... 194
DIREITO PROCESSUAL PENAL: AÇÃO PENAL.................................................................................................. 194
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1. PRETENSÃO PUNITIVA ............................................................................................................................... 195


2. AÇÃO PENAL .............................................................................................................................................. 196
2.1 Direito de Ação ..................................................................................................................................................... 196
2.2 Condições da Ação ............................................................................................................................................... 198
2.2.1 Condições genéricas da Ação......................................................................................................................... 199
2.2.2 Condições Específicas da Ação....................................................................................................................... 205
3. AÇÃO PENAL PÚBLICA ............................................................................................................................... 210
3.1 Ação Penal Pública Incondicionada ...................................................................................................................... 211
3.2 Ação Penal Pública Condicionada......................................................................................................................... 212
3.2.1 Ação Penal Pública Condicionada à Representação do Ofendido ................................................................. 212
3.2.2 Ação Penal Pública Condicionada à Requisição do Ministro da Justiça ......................................................... 216
3.2.3 Ação Penal Pública Subsidiária da Pública ..................................................................................................... 216
3.2.4 Princípios que Regem a Ação Penal Pública .................................................................................................. 218
4. PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PRIVADA ...................................................................................................... 228
5. PRINCÍPIOS COMUNS À AÇÃO PENAL PÚBLICA E AÇÃO PENAL PRIVADA ................................................. 233
6. OUTRAS CLASSIFICAÇÕES DA AÇÃO PENAL ............................................................................................... 233
6.1 Ação Penal Adesiva............................................................................................................................................... 233
6.2 Ação Penal Popular............................................................................................................................................... 233
6.3 Ação Penal Secundária ......................................................................................................................................... 234
6.4 Ação de Prevenção Penal ..................................................................................................................................... 235
7. DENÚNCIA E QUEIXA CRIME:..................................................................................................................... 236
8. ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL - PLEA BARGAINING – Lei 13.964/19 .......................................... 243
8.1 Conceito ............................................................................................................................................................... 243
8.2 Requisitos, condições e vedações ........................................................................................................................ 245
8.3 Procedimento do acordo de não persecução penal ............................................................................................. 249
9. AÇÃO CIVIL EX DELICTO ............................................................................................................................. 253
9.1 Execução Civil ex Delicto (Art. 63, Cpp) X Ação Civil ex Delicto (Art. 64, Cpp) ..................................................... 254
9.2 Legitimados Ativos para Propor a Ação Civil ........................................................................................................ 255
9.3 Indenização na Sentença Condenatória ............................................................................................................... 255
9.4 Efeitos Civis da Sentença Absolutória .................................................................................................................. 256
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 261
META 5 .......................................................................................................................................................... 267
DIREITO CONSTITUCIONAL: TEORIA CONSTITUCIONAL ................................................................................ 267
1. CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO ................................................................................................................... 267
1.1 Concepções do Conceito de Constituição ............................................................................................................ 268
2. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES ....................................................................................................... 273
3. ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO ................................................................................................................ 276
4. SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO: CONSTITUCIONALISMO E NEOCONSTITUCIONALISMO ...................... 277
4.1. Constitucionalismo .............................................................................................................................................. 277
4.2 Neoconstitucionalismo ......................................................................................................................................... 279
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4.3 O papel da Constituição em um Estado Democrático de Direito ......................................................................... 281


5. APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS .................................................................................. 283
6. INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS .................................................................................. 285
6.1. Hermenêutica x Interpretação Jurídica ............................................................................................................... 285
6.2 Interpretação Jurídica x Interpretação Constitucional ......................................................................................... 286
6.3 Correntes Norte-americanas ................................................................................................................................ 286
6.4 Métodos de interpretação ................................................................................................................................... 286
6.5 Regras, princípios e postulados normativos ......................................................................................................... 289
6.6 Princípios de interpretação Constitucional .......................................................................................................... 290
6.7 Técnicas de interpretação Constitucional ............................................................................................................ 292
7. PODER CONSTITUINTE ............................................................................................................................... 293
7.1 Espécies de Poder Constituinte Originário ........................................................................................................... 294
7.2 Limitações Materiais ............................................................................................................................................ 295
7.3 Titularidade do Poder Constituinte Originário ..................................................................................................... 296
7.4 Legitimidade ......................................................................................................................................................... 296
7.5 Poder Constituinte Derivado ................................................................................................................................ 297
7.5.1 Reformador .................................................................................................................................................... 297
7.5.2 Poder Constituinte Derivado Decorrente ...................................................................................................... 299
7.5.3 Poder Constituinte Derivado Revisor ............................................................................................................. 300
7.6 Poder Constituinte Difuso .................................................................................................................................... 301
7.7 Poder Constituinte Supranacional ........................................................................................................................ 301
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 306
META 6 – REVISÃO SEMANAL........................................................................................................................ 311
Direito Penal: Teoria Do Crime – Parte I .................................................................................................................... 311
Direito Penal: Teoria Do Crime – Parte II ................................................................................................................... 312
Direito Administrativo: Entes Da Administração ........................................................................................................ 313
Direito Processual Penal: Ação Penal ......................................................................................................................... 315
Direito Constitucional: Teoria Constitucional............................................................................................................. 316
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA SEMANA 03


META DIA ASSUNTO
1 SEG DIREITO PENAL: Teoria do Crime – Parte I
2 TER DIREITO PENAL: Teoria do Crime – Parte II
3 QUA DIREITO ADMINISTRATIVO: Entes Administrativos
4 QUI DIREITO PROCESSUAL PENAL: Ação Penal
5 SEX DIREITO CONSTITUCIONAL: Teoria da Constitucional
6 SÁB/DOM [REVISÃO SEMANAL]

ATENÇÃO

Gostou do nosso material?

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Conte sempre conosco.

Equipe DD
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META 1

DIREITO PENAL: TEORIA DO CRIME – PARTE I

TODOS OS ARTIGOS
⦁ Art. 1, CP
⦁ Art. 13. §2º, CP
⦁ Art. 14, CP
⦁ Art. 75, CP
⦁ Art. 1º a 10º da Lei de Contravenções Penais (DL 3688/41)
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER
⦁ Art. 1, CP
⦁ Art. 13. §2º, CP
⦁ Art. 14, CP
⦁ Art. 75, CP

Amigos, entraremos no assunto que, como vimos no levantamento disponibilizado no primeiro


arquivo, é o CAMPEÃO de questões da matéria de direito penal.
É cheio de teorias, divergências, decorebas, mas se for bemmm estudado e bem entendido, você vai
torcer para cair, porque dificilmente errará!
A nossa ideia aqui é passar as partes mais relevantes do conteúdo da forma mais didática e fluida
possível, mas caso não entendam algo – o que é absolutamente normal, não hesitem em buscar vídeos
gratuitos no youtube, explicações em blogs jurídicos ou o que quer que seja para que efetivamente
ENTENDAM, não apenas decorem, ok?
Combinado nosso: NÃO avancem o conteúdo sem entender qualquer parte! Uma coisa leva à outra
e é tudo muito importante! Vamos lá!

1. CONCEITO DE CRIME

A depender do critério adotado para a definição de crime, este conceito será diferente. Temos os
seguintes critérios:
I – Critério material/substancial: considera crime toda ação ou omissão humana (ou da pessoa jurídica nos
crimes ambientais) que lesa ou expõe a perigo de lesão bens jurídicos penalmente tutelados;

II – Critério legal: é o conceito dado pelo legislador. É o que a lei definiu. De acordo com o art. 1º da Lei de
Introdução ao Código Penal, “considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou de
detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa”;

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III – Critério analítico/formal: define crime de acordo com os elementos que compõe sua estrutura. Pode ter
como base uma posição quadripartida (crime é fato típico, ilícito, culpável e punível), tripartida (crime é fato
típico, ilícito e culpável) ou bipartida (crime é fato típico e ilícito). Será aprofundado mais à frente.

CONCEITO DE CRIME
CRITÉRIO MATERIAL Ação ou omissão humana (ou de PJ nos crimes ambientais)
que lesa ou expõe a perigo de lesão, bem jurídico protegido.
CRITÉRIO LEGAL O que a lei define como tal. (Art. 1º CP)
Crime: A infração penal a que a lei comina pena de reclusão
ou detenção, cumulativa ou alternativamente com pena de
multa.
Contravenção: é espécie de infração penal a que a lei
comina a prisão simples e/ou multa.
A diferença é meramente qualitativa (espécie de pena) e
quantitativa (quantidade da pena).
CRITÉRIO FORMAL/ ● Quadripartida – fato típico, ilícito, culpável e
ANALÍTICO punível (crítica: punibilidade não é elemento, mas
consequência do crime – não vingou);
● Tripartida – fato típico, ilícito e culpável (clássicos –
obrigatoriamente, e finalistas);
● Bipartida – fato típico e ilícito (finalistas).

No mais, infração penal é gênero, podendo ser dividida em crime (ou delito) e contravenção penal.
Vamos ver as diferenças:

1.1. Crime X Contravenção Penal

CRIME CONTRAVENÇÃO
Quanto à pena Infração penal que a lei comina Infração penal a que a lei comina,
privativa de liberdade pena de reclusão ou de isoladamente, pena de prisão
detenção, quer isoladamente, simples (cumprida sem rigor
quer alternativamente ou penitenciário, nos termos do art.
cumulativamente com a pena 6º da LCP) ou de multa, ou ambas
de multa alternativa ou cumulativamente.

Quanto à espécie de Pode ser ação penal pública Ação penal pública
ação penal condicionada/incondicionada incondicionada, nos termos do

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ou privada. Art. 17 da LCP.


Quanto à Tentativa é punível (em regra). Não é punível a tentativa, nos
admissibilidade da termos do a Art. 4º. LCP.
tentativa
(punibilidade)
Quanto à Admite-se extraterritorialidade Não se admite
extraterritorialidade da (art. 7º do CP). extraterritorialidade, nos termos
lei penal brasileira do Art. 2º da LCP.
Quanto à competência Pode ser competência da justiça Somente competência da justiça
para processar e julgar estadual ou federal. estadual.
* Exceção: foro por prerrogativa
de função.
Quanto ao limite das Limite da pena privativa de A duração da pena de prisão
penas liberdade é de 40 anos (artigo simples não pode, em caso
75 do CP). algum, ser superior a 05 anos
(artigo 10 da LCP)

* ATENÇÃO:
● A pena máxima de 40 anos foi atualizada pelo Pacote Anticrime. Trata-se de uma mudança que
piora a situação do réu (novatio legis in pejus), motivo pelo qual só se aplica aos fatos ocorridos após
sua entrada em vigor (23/01/2020).

De acordo com Cleber Masson, os fundamentos para essa mudança legislativa são basicamente 2:
1) O aumento da expectativa de vida: A média de vida do brasileiro em 1940, quando o Código Penal
foi elaborado, era de 45 anos. Hoje a expectativa de vida é de 70 anos.
2) Gravidade e número de crimes: Em 1940 quase não havia o crime de organização criminosa. Os
crimes em mais evidência, à época, eram crimes de furto, crimes de bar, etc. Atualmente, a atuação
criminosa se tornou cada vez mais complexa devido ao surgimento de organizações criminosas. Não
pode o sujeito que pratica 30 crimes de tráfico com soma de 300 anos ter o mesmo tratamento do
sujeito que pratica 1 crime de tráfico apenas.

Diante dessa mudança, como fica a Súmula 715 do STF? Continua valendo? Sim. O limite de 40 anos
é para fins de cumprimento máximo da pena, entretanto para os benefícios penais, considera-se o total da
condenação.

S. 715, STF - A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento,
determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de

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outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de


execução.

● O Brasil adotou o sistema dualista ou binário: divide a infração penal (que é gênero) em crime
(sinônimo de delito) e contravenção penal (crime anão/delito liliputiano/crime vagabundo).

● As contravenções penais foram expressamente excluídas da competência da Justiça Federal (art. 109,
IV, CF). O único caso em que a Justiça Federal terá competência para julgar as contravenções penais
é quando o contraventor detém foro de prerrogativa de função federal, o qual será julgado pelo TRF
respectivo.

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar


IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens,
serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas
públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar
e da Justiça Eleitoral;

● E o artigo 28 da Lei de Drogas, que não tem nenhuma dessas penas, é o que? Há entendimento
doutrinário de que não seria nem crime nem contravenção, e sim uma infração penal sui generis.
Para o STF, no entanto, o artigo 28 é crime. De acordo com julgado da Suprema Corte, não houve
descriminalização da conduta pela nova lei de drogas, ocorrendo apenas a despenalização no tocante
à pena privativa de liberdade (mais detalhes e novidades sobre o delito em material específico da Lei
de Drogas).

1.2. Classificações dos Crimes

1.2.1 Quanto à Qualidade do Sujeito Ativo

I- Crimes comuns/gerais: podem ser praticados por qualquer pessoa;

Obs.: Há também os crimes bicomuns, que podem ser cometidos por qualquer pessoa e contra qualquer
pessoa.
Sujeito Ativo Comum e Sujeito Passivo Comum – Crime Bicomum: Ex – Homicídio.

II- Crimes próprios/especiais: o tipo penal exige uma condição (fática ou jurídica) especial do sujeito ativo.
Admitem coautoria e participação. Exemplo: peculato (somente pode ser praticado por funcionário público);

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Obs.: Os crimes próprios podem ser puros e impuros. Nos crimes puros, a ausência da condição especial do
sujeito ativo leva à atipicidade do fato. Por sua vez, nos crimes impuros, a ausência dessa condição especial
acarreta a desclassificação para outro delito.

Obs. 2: Há também os crimes bipróprios, que exigem uma condição peculiar do sujeito passivo e do sujeito
ativo, como no caso do infanticídio

Pode o homem ser, ao mesmo tempo, sujeito ativo e passivo do crime?


R: Em regra, não. Entretanto, para Rogério Greco, há uma exceção no crime de rixa, nos termos do
artigo 137 do Código Penal.

Jurisprudência pertinente: O diretor de organização social pode ser considerado


funcionário público por equiparação para fins penais (art. 327, § 1º do CP). Isso
porque as organizações sociais que celebram contratos de gestão com o Poder
Público devem ser consideradas “entidades paraestatais”, nos termos do art. 327,
§ 1º do CP. STF. 1ª Turma. HC 138484/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
11/9/2018 (Info 915).

III- Crimes de mão própria ou de conduta infungível: crimes que somente podem ser praticados por pessoa
expressamente indicada no tipo penal, como no caso de falso testemunho. O agente deve agir pessoalmente.
Segundo a doutrina majoritária, não admitem coautoria, mas somente participação (ex.: se houve o
envolvimento do advogado – tem decisão do STF nesse sentido).

1.2.2 Quanto à Estrutura do Tipo Penal

I – Crimes simples: é aquele que o fato se amolda a um único tipo penal;

II – Crimes complexos: pode ser subdivido em:

a) Crime complexo em sentido estrito: resulta da união de dois ou mais tipos penais, como o crime
de roubo, que deriva da fusão entre furto + ameaça ou furto + lesão corporal;

Obs.: São crimes famulativos aqueles que compõem a estrutura unitária do crime complexo.

b) Crime complexo em sentido amplo: deriva da fusão de um crime com um comportamento


penalmente irrelevante, como o estupro = violência ou ameaça (conduta típica) + conjunção carnal (figura
atípica).

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c) Crime ultracomplexo: resta caracterizado quando crime complexo é acrescido de outro, que serve
como qualificadora ou majorante daquele. Ex.: roubo majorado pelo emprego de arma de fogo = roubo
(crime complexo) + porte ilegal de arma de fogo (que vai servir como causa de aumento).

1.2.3 Quanto à Relação entre a Conduta e o Resultado Naturalístico

I – Crimes materiais/causais: o tipo penal compreende uma conduta e um resultado naturalístico


indispensável para a consumação;

II – Crimes formais/de consumação antecipada o tipo penal contém uma conduta e um resultado
naturalístico, mas esse resultado é desnecessário para a consumação;

III – Crimes de mera conduta/de simples atividade: o tipo penal se limita a descrever uma conduta, sem que
haja um resultado naturalístico, como no caso de ato obsceno (art. 233 do CP).

CLASSIFICAÇÕES PERTINENTES:
- Delitos de tendência interna transcendente ou de intenção: requerem um agir com ânimo, finalidade ou
intenção adicional de obter um resultado ulterior, distinto da realização do tipo penal.
Habib: “Transcendente, além do dolo, transcende o dolo”. Ex: 288, o dolo é associar-se. O que vai além do
dolo? cometer crimes – o que é indiferente para a consumação ou não do delito”.
São crimes formais! Se consumam com a prática da conduta, independentemente da realização do resultado
naturalístico
Ex.: No furto há a intenção de ter a coisa para si ou para outrem (essa intenção transcende o dolo)
Ex.: No crime de extorsão mediante sequestro temos a expressão “com o fim de”.
Ex.: No crime de receptação temos “em proveito próprio ou alheio”.

Os delitos de intenção se subdividem em 2 grupos:

Essa classificação se subdivide em duas:


a) crime de resultado cortado: em que o resultado naturalístico (dispensável por se tratar de delito formal)
depende, para sua configuração, de COMPORTAMENTO ADVINDO DE TERCEIROS estranhos à execução do
crime. Ex: art. 159 do CP - extorsão mediante sequestro - a obtenção da vantagem para o resgate depende
dos familiares da vítima.

b) Crime atrofiado ou Mutilado de 02 atos: o resultado naturalístico (também dispensável) depende de um


NOVO COMPORTAMENTO DO PRÓPRIO AGENTE. Ex: falsificar moeda para colocar em circulação (art. 289,
caput e §1º - sendo que o §1º é um tipo autônomo com pena autônoma) – o agente falsifica para colocar em
circulação (que é dispensável para realizar o tipo penal).
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A chave está em analisar qual deles necessita que o segundo ato seja praticado por 3º ou pelo próprio agente
para a obtenção do resultado naturalístico (que na verdade é dispensável).

Diferenciam-se de:

- Delitos de tendência intensificada ou de atitude pessoal: que são diferentes dos explicados acima, pois não
transcendem a vontade do agente. Temos um “algo a mais” além do dolo de praticar a conduta, ou seja, além
da vontade e da consciência, mas que não transcende. É uma tendência interna que intensifica, REFORÇA o
dolo (Welzel).
Habib: o fato só será criminoso se o dolo for intensificado com essa tendência interna. Ex: injúria: o dolo é
“xingar”, mas se a tendência interna for brincar, não vai ser crime e se for ofender sim.
Welzel já dizia: “Elementos especiais, pessoais, subjetivos que colorem o conteúdo ético-social da conduta”.
Essa tendência intensificada colore, dá novas cores ao enfoque subjetivo, ao conteúdo ético-social.

Na prova de Delegado do Rio Grande do Sul, em 2018, foi considerada correta a seguinte assertiva: Os crimes
formais também podem ser definidos como crimes de resultado cortado.
Esse tema foi objeto recente de questão no concurso de Delegado da Polícia Civil de Pernambuco, na fase
dissertativa, onde trazia um caso onde o médico ginecologista, mediante fraude, enganava a paciente para
que pudesse realizar procedimento nela e com isso satisfazer a sua lascívia, respondendo o médico por
violação sexual mediante fraude. Se fosse simplesmente examinar, não seria crime. Como foi para satisfazer
lascívia, era. Seria crime de tendência intensificada.

1.2.4 Quanto ao Momento de Consumação

I – Crimes instantâneos/de estado: a consumação ocorre em um determinado momento, sem continuidade


no tempo;
II – Crimes permanentes: a consumação se prolonga no tempo por vontade do agente (afeta na prescrição e
no flagrante), podendo ser:

a) necessariamente permanentes: são crimes cuja consumação depende da manutenção da situação


contrária ao Direito por um período juridicamente relevante, como no caso do sequestro;

b) eventualmente permanentes: são crimes instantâneos, mas nos quais, no caso concreto, a
situação de ilicitude pode ser prolongada, como no caso de furto de energia elétrica;

Na prova de Delegado do Rio Grande do Sul, em 2018, foi considerada correta a seguinte assertiva: O crime
de furto é classificado como crime instantâneo, porém há a possibilidade de um crime de furto ser
considerado, eventualmente, crime permanente.
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III – Crimes instantâneos de efeitos permanentes: os efeitos subsistem após a consumação,


independentemente da vontade do agente. Ex.: bigamia. No 2º casamento o delito já se consumou, mas os
efeitos permanecem;

IV – Crimes Instantâneos de Continuidade Habitual - Se consumam por meio de uma única conduta que
causa um resultado instantâneo, mas que exigem, em seguida, para a configuração do tipo, a reiteração da
conduta de forma habitual. - Ex: Art. 228 do CP: Favorecimento à Prostituição. Deve haver a constatação da
prostituição com habitualidade, que é elemento intrínseco da atividade. Exige prova concreta da reiterada
conduta da vítima, uma vez que prostituição implica em habitualidade.

V – Crimes Instantâneos de Habitualidade Preexistente – Se concretiza com uma única conduta, com
resultado instantâneo, embora exija, para tanto, o desenvolvimento habitual de outro comportamento
preexistente. - Ex: Art. 334, § 1º, "c" do CP - Venda de Mercadoria Estrangeira, introduzida clandestinamente
no país, no exercício de atividade comercial - se não existir anteriormente a prática habitual da atividade
empresarial, não se configura o delito.

IV – Crimes a prazo: a consumação exige a fluência de determinado período de tempo. Ex: apropriação de
coisa achada.

Na prova de Delegado do Rio Grande do Sul, em 2018, foi considerada correta a seguinte assertiva: O crime
de lesão corporal grave em decorrência da incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias é
classificado, em relação ao momento consumativo, como um crime a prazo. Nesse sentido, dispõe o CPP:

Art. 168, §2o.: Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1o, I, do Código Penal,
deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime.

1.2.5 Quanto ao Número de Agentes

I – Crimes unissubjetivos/unilaterais/de concurso eventual: podem ser praticados por um único agente,
mas nada impede que sejam em concurso de pessoas;

II – Crimes plurissubjetivos/plurilateriais/de concurso necessário: são os que somente podem ser


praticados por uma pluralidade de agentes, que podem ser coautores ou partícipes, imputáveis ou não,
conhecidos ou desconhecidos. São subdividos em:

a) Crimes de condutas paralelas: os agentes se auxiliam, mutuamente, para a produção do resultado,


buscam um fim único. Ex.: associação criminosa;
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b) Convergentes: condutas diferentes que se completam, ainda que uma não seja culpável. Ex.:
bigamia;
c) Divergentes: dirigidas umas contra as outras. Ex.: rixa.

Obs.: Crimes PLURISSUBJETIVOS não se confundem com crimes de PARTICIPAÇÃO NECESSÁRIA pois nesse
último, o autor pratica vários crimes, porém o tipo penal exige a colaboração do sujeito passivo, que não será
punido. (ex: corrupção de menores / favorecimento á prostituição).

1.2.6 Quanto ao Número de Vítimas

I – Crimes de subjetividade passiva única: possuem uma única vítima;

II – Crimes de dupla subjetividade passiva: possuem duas ou mais vítimas.

1.2.7 Quanto ao Grau de Intensidade do Resultado

I – Crimes de dano/de lesão: a consumação somente ocorre com a efetiva lesão do bem jurídico;

II – Crimes de perigo: a consumação ocorre com a mera exposição do bem jurídico a uma situação de perigo,
podendo ser subdivididos em:

a) Crimes de perigo abstrato/presumido: a consumação ocorre automaticamente com a prática da


conduta, sendo desnecessária a comprovação da situação de perigo. A presunção do perigo é
absoluta;
b) Crimes de perigo concreto: a consumação depende da efetiva comprovação da situação de perigo
no caso concreto;
c) Crimes de perigo individual: atingem uma pessoa ou um número de determinado de pessoas;
d) Crimes de perigo comum/coletivo: atingem um número indeterminado de pessoas;
e) Crimes de perigo atual: o perigo está ocorrendo;
f) Crimes de perigo iminente: o perigo está prestes a ocorrer;
g) Crimes de perigo futuro: a situação de perigo derivada da conduta se projeta para o futuro.

O crime de perigo abstrato-concreto, de caráter híbrido, não basta a mera realização da conduta, mas é
preciso a criação de um perigo em potencial. Também chamado de perigo hipotético.

*ATENÇÃO:
Constitucionalidade do crime de perigo abstrato:

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∘ 1ª Corrente: LFG, Bittencourt, Damásio: Crime de perigo abstrato viola o princípio da lesividade ou
ofensividade.

∘ 2ª Corrente: O crime de perigo abstrato revela maior zelo do Estado em proteger adequadamente
certos interesses. Essa corrente volta a ganhar força no STF.

*ATENÇÃO: CRIMES DE PERIGO ABSTRATO DE PERIGOSIDADE REAL


Sobre os crimes de perigosidade real, assim ensina Rogério Sanches:
De acordo com essa nova espécie de infração penal, teríamos não apenas dois tipos de crime de
perigo (abstrato e concreto), mas sim três! No crime de perigo abstrato (ou puro), o risco advindo da conduta
é absolutamente presumido por lei, bastando a violação da norma. Já no crime de perigo concreto, o risco
deve ser comprovado. A acusação tem o dever de demonstrar que da conduta houve perigo real para vítima
certa e determinada. No crime de perigo abstrato de perigosidade real, o risco ao bem jurídico tutelado deve
ser comprovado, dispensando vítima certa e determinada. É indispensável a superação de um determinado
risco-base ao bem jurídico protegido.
Vamos trabalhar essa discussão com o auxílio de um exemplo: sabemos que o crime de embriaguez
ao volante - art. 306 do CTB - é de perigo. Mas de qual espécie?
Se de perigo abstrato (ou puro), basta a condução de veículo sob efeito de álcool, pois o risco advindo
da conduta é absolutamente presumido por lei (haverá crime ainda que ausente a condução anormal do
veículo).
Se de perigo concreto, deve ser comprovado que a conduta gerou risco (condução anormal do
veículo), periclitando vítima certa e determinada.
Se de perigo abstrato de perigosidade real, exige-se a prova de condução anormal (rebaixando o nível
de segurança viário), mas dispensa a demonstração de perigo para vítima certa e determinada. Sem essa
perigosidade real para a coletividade, que é concreta, caracteriza mera infração administrativa.

Casos concretos na Jurisprudência:

a) Crime de embriaguez ao volante (art. 306, §1º)


STJ tem posição da 6ª turma no sentido (RESp 1582413/2016 –RJ) – de que o crime de embriaguez
ao volante é um crime de PERIGO ABSTRATO.

Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em


razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine
dependência:
Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se
obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

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No mesmo sentido é o crime de entregar a direção de veículo automotor à pessoa não habilitada:

Súmula 575-STJ: Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a


direção de veículo automotor a pessoa que não seja habilitada, ou que se encontre
em qualquer das situações previstas no art. 310 do CTB, independentemente da
ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na condução do veículo.

b) Posse ou Porte de munição de arma de fogo

De acordo com o STJ (6ª Turma. HC 473.334/RJ – 2019), os delitos de posse e de porte de arma de
fogo são crimes de perigo abstrato, de forma que, em regra, é irrelevante a quantidade de munição
apreendida.

c) Art. 56, Lei de Crimes Ambientais

De acordo com o STJ (Info. 613/2017), o crime previsto no art. 56, caput, da Lei nº 9.605/98 é de
perigo abstrato, sendo dispensável a produção de prova pericial para atestar a nocividade ou a periculosidade
dos produtos transportados, bastando que estes estejam elencados na Resolução nº 420/2004 da ANTT.
Portanto para o STJ, apesar do crime ser concreto, ele tem aptidão abstrata (ou Abstrato-Concreto), ou seja,
não precisa de perícia ou prova para comprovar a situação de perigo, a conduta per si teria aptidão para
gerar um perigo concreto.

Art. 56.Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer,


transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância
tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo
com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos: Pena - reclusão,
de um a quatro anos, e multa.

1.2.8 Quanto ao Número de Atos Executórios

I – Crimes unissubsistentes: o crime depende de apenas um ato de execução, capaz, por si só, de produzir a
consumação. Não admitem tentativa;

II – Crimes plurissubsistentes: a conduta se exterioriza por meio de dois ou mais atos, que devem ser
somados para produzir a consumação. Admitem tentativa.

1.2.9 Quanto à Forma pela qual a Conduta é Praticada

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I – Crimes comissivos: são praticados mediante conduta positiva;

II – Crimes omissivos: são praticados por meio de uma conduta negativa, uma inação, podendo ser:

a) Omissivos próprios/puros: a omissão está contida no tipo penal, de modo que a descrição da
conduta já prevê a realização do crime por meio de uma conduta negativa;

b) Omissivos impróprios/impuros/espúrios/comissivos por omissão: o tipo penal prevê em sua


descrição uma ação, uma conduta positiva, mas a omissão do agente acarreta a produção do resultado
naturalístico. São os casos de dever de agir previstas no art. 13, §2º, do CP.;

III – Crimes de conduta mista: o tipo penal é composto de duas fases distintas: uma inicial e positiva; outra
final e omissiva. Exemplo: crime de apropriação de coisa achada, no qual o agente encontra uma coisa
perdida e dela se apropria, deixando de restituí-la ou entregá-la à autoridade competente no prazo de 15
dias.

1.2.10 Quanto ao Modo de Execução Admitido

I – Crimes de forma livre: admitem qualquer meio de execução;

II – Crimes de forma vinculada: somente podem ser executados pelos meios indicados no tipo penal.

1.2.11 Quanto aos Bens Jurídicos Atingidos

I – Crimes mono-ofensivos: ofendem um único bem jurídico (furto);

II – Crimes pluriofensivos: ofendem dois ou mais bens jurídicos (latrocínio).

1.2.12 Quanto À Existência Autônoma Do Crime:

I – Crimes principais: possuem existência autônoma e independente de um crime anterior;

II – Crimes acessórios/parasitários/de fusão: somente existem se houver a prática de um crime anterior,


como a receptação.

1.2.13 Quanto À Necessidade De Corpo De Delito Para A Prova Da Existência

I – Crimes transeuntes/de fato transitório: não deixam vestígios materiais;


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II – Crimes não transeuntes: deixam vestígios materiais. Nesses crimes, a ausência do exame de corpo de
delito leva à nulidade da ação penal, salvo quando impossível a sua realização.

1.2.14 Quanto ao Local de Produção do Resultado

I – Crimes à distância: a conduta e o resultado ocorrem em países diversos;

II – Crimes plurilocais: a conduta e o resultado se desenvolvem em comarcas diversas, dentro do mesmo


país;

III- Crimes em trânsito: somente parte da conduta ocorre em um país, sem causar lesão ou expor a situação
de perigo bens jurídicos de pessoas que nele vivem, tendo país diverso como foco de produção do resultado.

1.2.15 Quanto ao Vínculo com outros Crimes

I – Crimes independentes: não estão ligados a outros delitos;

II – Crimes conexos: são crimes que estão interligados. Essa ligação pode ser penal ou processual penal. A
conexão penal pode ser:

a) Teleológica/ideológica: um crime é praticado para assegurar a execução de outro delito;


b) Consequencial/causal: um crime é cometido na sequência de outro, com o propósito de ocultá-lo ou
assegurar a vantagem ou a impunidade;
c) Ocasional: um crime é praticado como consequência da oportunidade proporcionada por outro
delito. Ex: estupro praticado após o roubo. Trata-se de criação doutrinária, sem amparo legal.

1.2.16 Quanto à Liberdade ou não para o Início da Persecução Penal

I – Crimes condicionados: a persecução penal depende de uma condição objetiva de procedibilidade. Essa
condição deve estar prevista expressamente na norma penal;

II – Crimes incondicionados: a persecução penal pode ocorrer livremente, sem necessidade de autorização.

1.2.17 Quanto à Violação de Valores Universais

I – Crimes naturais: violam valores éticos absolutos e universais;

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II – Crimes plásticos: não ofendem valores universais, apesar de previstos em leis penais;

III – Crimes vazios: são delitos plásticos que não protegem qualquer bem jurídico. Nem toda a doutrina
concorda com a existência dessa espécie.

1.2.18 Quanto ao Potencial Ofensivo

I – Crimes de mínimo potencial ofensivo: não comportam pena privativa de liberdade;

II – Crimes de menor potencial ofensivo: a pena privativa de liberdade em abstrato não ultrapassa dois anos,
cumulada ou não com multa – segue o rito do Jecrim (Lei 9.099/95)

III – Crimes de médio potencial ofensivo: a pena mínima não ultrapassa um ano, independentemente do
máximo da pena privativa de liberdade cominada. São os que cabem a suspensão condicional do processo;

IV – Crimes de elevado potencial ofensivo: apresentam pena mínima superior a um ano, não sendo cabível
a suspensão condicional do processo. Aplica-se na totalidade os institutos do Código Penal .

V – Crimes de máximo potencial ofensivo: recebem tratamento diferenciado pela Constituição Federal. São
os crimes hediondos, o tráfico de drogas, a tortura, o terrorismo, o racismo e a ação de grupos armados
contra a ordem constitucional.

1.2.19 Quanto ao iter criminis

O iter criminis entende-se o itinerário, o caminho do crime, isto é, todas as etapas da infração
penal, desde o momento em que ela é uma ideia na mente do agente até sua consumação.
Diz-se consumado o crime quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal (CP,
art. 14, I). O crime consumado também é chamado de crime perfeito. Diz-se tentado quando, iniciada a
execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente (CP, art. 14, II). Também é
chamado de crime imperfeito.
A tentativa pode ser branca ou cruenta:
● Considera-se branca quando o objeto material (pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta) não é
atingido (por exemplo, o homicida efetua os disparos e não atinge a vítima, que permanece
incólume).
● Considera-se cruenta ou vermelha quando o objeto material é atingido.

Crime falho: é sinônimo de tentativa perfeita, tentativa acabada. O sujeito praticou todos os atos da
execução, mas não conseguiu consumar o crime por circunstâncias alheias à sua vontade.
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Quase-crime: não há crime, o que há é um crime impossível, por impropriedade absoluta do objeto
ou impropriedade absoluta do meio.
Crime exaurido: é uma expressão utilizada sempre que, depois da consumação, o bem jurídico sofre
novo ataque ou ultimam-se as suas consequências. Assim, no crime de extorsão mediante sequestro (CP, art.
159), a privação da liberdade da vítima por tempo juridicamente relevante é suficiente para a consumação
do crime. Se os sequestradores receberem a vantagem indevida, exigida como condição ou preço do resgate,
diz-se que o crime está exaurido.

1.2.20 Crimes de Impressão

São aqueles que provocam determinado estado de ânimo, de impressão na vítima. Subdividem-se
em:

a) crimes de inteligência: praticados mediante o engano;


b) crimes de vontade: recaem na vontade da vítima quanto à sua autodeterminação;
c) crimes de sentimento: incidem nas faculdades emocionais da vítima.

1.2.21 Crimes de Colarinho Branco e Crimes de Colarinho Azul

I – Crimes de colarinho branco: são os crimes cometidos na órbita econômica, como a lavagem de dinheiro,
praticado por quem, normalmente, teria condições de viver adequadamente sem o cometimento de crimes,
que gozam da elevada condição financeira e do poder dela decorrente. Geram as chamadas “cifras douradas”
da criminalidade, vez que raramente são apurados e punidos.

II – Crime de rua ou crime de colarinho azul: de modo oposto aos crimes de colarinho branco, são aqueles
praticados por pessoas economicamente menos favorecidas, em situações de vulnerabilidade. O nome se dá
pelo fato de que essa é uma alusão aos operários norte-americanos no final do século XX, denominado e
“blue collars”. Quando não integram o conhecimento do Poder Público, constituem as “cifras negras” da
criminalidade – ponto a ser melhor estudado em criminologia.

1.2.22 Outras Classificações

● Crime gratuito: é o crime praticado sem motivo conhecido. Não se confunde com motivo fútil, pois
neste há motivação, porém, desproporcional ao crime praticado.
● Crime de ímpeto: é o cometido sem premeditação, decorrente de reação emocional repentina.
● Crime de circulação: é o praticado em veículo automotor, a título de dolo ou culpa

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● Crime de atentado ou empreendimento: É aquele em que a lei pune de forma idêntica o crime
consumado e a forma tentada. Ou seja: não há diminuição da pena em face da tentativa. Ex: crime
de Evasão mediante violência contra a pessoa

Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida


de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa

● Crime de opinião ou de palavra: cometido com excesso abusivo na manifestação do pensamento,


seja pela forma escrita ou verbal.
● Crime multitudinário: é aquele praticado pela multidão, em tumulto. A lei não define o que seria
multidão, assim, analisa-se o caso concreto. No direito canônico, exigia-se, no mínimo, 40 pessoas.
● Crime internacional: aquele que o Brasil, por tratado ou convenção devidamente incorporado ao
ordenamento jurídico pátrio, se obrigou a reprimir. Ex: art. 231 do CP - tráfico de pessoas.
● Crime de mera suspeita, sem ação ou mera posição: o agente não realiza a conduta, mas é punido
pela suspeita despertada em seu modo de agir. Sem reforço doutrinário. Não pode existir no
ordenamento pátrio. Ex: contravenção penal do art. 25 (posse de instrumento usual na prática de
furto) – e, por isso, o STF a declarou não recepcionada pela Constituição.
● Crime inominado: é aquele que ofende regra ética ou cultural consagrada pelo Direito Penal, embora
não definido como infração penal. Não é aceito por ferir o princípio da reserva legal.
● Crime profissional: é o crime habitual cometido com finalidade lucrativa. Ex: art. 230 do CP
(rufianismo).
● Crime hediondo: é todo delito que se enquadra no art. 1º da Lei 8.072/1990, na forma consumada
ou tentada. Adoção do critério legal.
● Crime de expressão: é o que se caracteriza pela existência de um processo intelectivo interno do
autor. Ex: CP, art. 342 – falso testemunho.
● Crime de ação violenta: é o cometido mediante o emprego de violência ou grave ameaça. Ex: roubo.
● Crime de ação astuciosa: é o praticado por meio de fraude, engodo. Ex: estelionato.
● Crime putativo, imaginário ou erroneamente suposto: aquele onde o agente acredita ter realmente
praticado um crime, mas na verdade, houve um indiferente penal. Trata-se de um não-crime por erro
de tipo, erro de proibição ou por obra de agente provocador.
● Crime remetido: é o que se verifica quando o tipo penal faz referência a outro crime, que passa a
integrá-lo. Ex: art. 304 do CP (uso de documento falso).
● Crimes de responsabilidade: dividem-se em próprios (crimes comuns ou especiais) e impróprios
(infrações administrativas), que redundam em sanções políticas.
● Crime de acumulação - Visam proteger interesses supraindividuais. Analisando-se isoladamente
cada conduta, a aplicação da repressão penal pode parecer desproporcional. No entanto, sua prática
reiterada é lesiva e pode causar sérios prejuízos. Ex.: crimes contra o meio ambiente. Se alguém for
encontrado pescando 1 peixe em local proibido, parece irrelevante para que seja considerado crime.
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Todavia, se diversas pessoas começarem a pescar por lá, haverá um desequilíbrio ambiental
significativo da região. Com isso, o delito de acumulação traz ao intérprete a necessidade de analisar
o fato sob esse aspecto, impedindo a aplicação do princípio da insignificância, via de regra.
● Crimes parcelares: são os crimes da mesma espécie que compõem a série da continuidade delitiva,
desde que preenchidos os requisitos exigidos pelo art. 71, caput, do Código Penal. Adota-se no Brasil
a teoria da ficção jurídica – na qual os delitos parcelares são considerados, para fins de aplicação da
pena, como um único crime.
● Crime de catálogo (LEMBRAR DE LISTA TELEFÔNICA) diz respeito aos delitos compatíveis com a
interceptação telefônica, disciplinada pela Lei 9.296/1996, como meio de investigação ou de
produção de provas durante a instrução em juízo.

2. SUJEITOS DO CRIME

a) Sujeito ativo: é a pessoa que pratica a infração penal. Qualquer pessoa física e capaz e com 18
anos completos pode ser sujeito ativo de crime.

* ATENÇÃO: Pessoa jurídica pode ser sujeito ativo de crimes?


A pessoa jurídica é um ente autônomo e distinto dos seus membros, dotado de vontade própria. Pode
cometer crimes ambientais e sofrer pena. A CF/88 autorizou a responsabilidade penal do ente coletivo,
objetiva ou não. Deve haver adaptação do juízo de culpabilidade para adequá-lo às características da pessoa
jurídica criminosa. O fato de a teoria tradicional do delito não se amoldar à pessoa jurídica, não significa
negar sua responsabilização penal, demandando novos critérios normativos. É certo, porém, que sua
responsabilização está associada à atuação de uma pessoa física, que age com elemento subjetivo próprio
(dolo ou culpa).

Conclusão: Tanto a pessoa física quanto a pessoa jurídica praticam crimes ambientais, podendo ser
responsabilizadas administrativa, civil e penalmente.

STF (1º Turma) – a denúncia pode imputar o fato criminoso, somente, a pessoa
jurídica, principalmente nos casos em que não é possível identificar a pessoa física
autora do comportamento indesejado ao meio ambiente (2º Fase MP/MG).

Nesse sentido, é possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais
independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. A
jurisprudência não mais adota a chamada teoria da "dupla imputação”.
● STJ. 6ª Turma. RMS 39.173-BA, julgado em 6/8/2015 (Info 566).
● STF. 1ª Turma. RE 548181/PR, julgado em 6/8/2013 (Info 714).

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b) Sujeito passivo: É pessoa ou ente que sofre as consequências da infração penal. Pode figurar no
sujeito passivo qualquer pessoa física ou jurídica, ou mesmo ente indeterminado, a exemplo da coletividade
e da família.

3. OBJETO DO CRIME

Subdivide-se em objeto jurídico e objeto material:


a) objeto jurídico: é o bem ou o interesse tutelado pela norma. Exemplos: no crime de aborto é a
vida; no crime de roubo é o patrimônio; no crime de estupro é a liberdade/dignidade sexual.

b) objeto material: é a pessoa ou a coisa que foi atingida pela conduta criminosa. Exemplos:
homicídio – a pessoa; furto – coisa subtraída. É possível que haja crime sem objeto material (ex: falso
testemunho).

4. ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO CRIME

Vimos o conceito analítico de crime, que pode variar de acordo com o sistema adotado. Aqui, no
entanto, vamos destrinchar esse conceito, abordando cada um dos elementos que podem compor o delito.
E lembre-se: atenção máxima, sem deixar dúvidas para trás, pois é o tema mais cobrado em provas!

4.1 Fato Típico

Conceito: “o fato humano (ou também o fato praticado por pessoa jurídica, em relação aos crimes
ambientais) que se enquadra com perfeição aos elementos descritos no tipo penal” (Masson, 2017, p. 243).

Elementos (via de regra, são 4): Conduta, Resultado, Nexo causal e Tipicidade.

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Conduta

Tipicidade
Fato Resultado
típico

Nexo
causal

Conduta e tipicidade: presentes em todos os crimes.

Resultado (naturalístico* - veremos melhor à frente) e nexo causal estão presentes apenas nos
crimes materiais.

Começaremos pela conduta.

4.1.1 Conduta

Como tudo no direito, há aqui uma diversificação de sistemas/teorias, sendo que, para cada um
deles, há um conceito diferente de conduta, bem como há diversificações acerca da localização de
determinados elementos na composição da estrutura do crime.
A culpabilidade, terceiro elemento do crime, também varia bastante de acordo com as teorias a
seguir, de modo intimamente ligado à definição de conduta, razão pela qual optamos por explicá-las
integralmente aqui. Quando chegarmos em culpabilidade, faremos apenas um resumo do essencial falado
neste ponto, ok? Então atenção!

A) TEORIAS

I – Teoria causalista/mecanicista/naturalista/clássica/causal: (Franz Von Liszt, Belling e Radbruch) Crime é


fato típico, ilícito e culpável, e a conduta seria elemento do fato típico.

● Conduta: movimento humano voluntário que produz alteração no mundo exterior; (conduta sem
finalidade)

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Para a teoria causalista, a ação seria o mero processo causal que a vontade desencadeia no mundo exterior.
Nessa concepção, a ação humana não possui conteúdo de vontade ou finalidade. A conduta é analisada por
si só, sem elemento subjetivo. Desse modo, se alguém atropela um pedestre e lhe causa lesões que o levam
à morte, praticou a conduta prevista no art. 121 CP, ou seja, praticou o fato típico de homicídio. A questão
da intenção ou não de matar, por exemplo, só é analisada na culpabilidade. O fato típico possui uma análise
estritamente objetiva, descritiva.

● Nesse sistema clássico o dolo é normativo (vontade + consciência + consciência atual da ilicitude).
Não basta o agente querer ou aceitar o resultado / ele reclama o conhecimento que o
comportamento é contrário ao direito.
Segundo a teoria causal, o dolo causalista é conhecido como dolo normativo, pelo fato de existir
no dolo, juntamente com os elementos volitivos e cognitivos, considerados psicológicos, um elemento de
natureza normativa (real ou potencial consciência sobre a ilicitude do fato.

Caiu na prova Delegado Federal – CESPE! Segundo a teoria causal, o dolo causalista é conhecido como dolo
normativo, pelo fato de existir, nesse dolo, juntamente com os elementos volitivos e cognitivos, considerados
psicológicos, elemento de natureza normativa (real ou potencial consciência sobre a ilicitude do fato ).(item
correto).

● Culpabilidade: TEORIA PSICOLÓGICA – composta por:


A CULPABILIDADE seria o VÍNCULO PSICOLÓGICO entre o sujeito e o fato típico e ilícito. Esse vínculo
pode ser representado tanto pelo dolo como pela culpa (que eram ESPÉCIES DA CULPABILIDADE).
a) imputabilidade (pressuposto)
b) dolo normativo ou culpa (espécies).
A IMPUTABILIDADE, por sua vez, consiste na capacidade do ser humano de entender o caráter ilícito
da conduta e de determinar-se de acordo com esse entendimento.
IMPORTANTE: a Imputabilidade era um PRESSUPOSTO para a culpabilidade. (Não era um elemento,
pois estava fora da culpabilidade).

● Dolo e culpa aqui são espécies de culpabilidade, pois permitem avaliar o vínculo psicológico entre o
autor e a conduta – ou seja, não são analisados de pronto, na verificação do fato típico (dentro de
“conduta”), mas tão somente no terceiro substrato do crime – a culpabilidade.
● Problemas:
a) não explica os crimes omissivos (há necessidade de “movimento”, ou seja, ação), tampouco
os crimes formais e de mera conduta (vez que dependia de produção de resultado naturalístico);
b) só faz a análise da finalidade do agente na culpabilidade, terceiro elemento do crime,
inviabilizando que esta seja analisada desde logo (assim, para esse sistema, caso alguém

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pratique atos criminosos durante um episódio de sonambulismo, por exemplo, estes seriam
considerados fatos típicos);
c) é equivocado separar a conduta da relação psíquica do agente, não analisando sua vontade.
● Quem é clássico, é obrigatoriamente “tripartida” (falado anteriormente). Não pode ser “bipartida”,
já que dolo e culpa aqui só são analisados na culpabilidade, de modo que esta deverá então ser
considerada elemento do crime, sob pena haver responsabilidade penal objetiva.
● Foi abandonada com o tempo.

FATO TÍPICO ILICITUDE CULPABILIDADE


(Teoria psicológica)
Conduta (movimento Relação de contrariedade entre o fato e o Imputabilidade
humano voluntário que Direito (pressuposto)
produz alteração no
mundo exterior)
Resultado naturalístico Dolo normativo (vontade +
consciência + consciência atual da
ilicitude) ou culpa.
(espécies)
Nexo causal
Tipicidade

II – Teoria Neokantista/Neoclássica (base causalista): (Reinhart Frank) (Edmund Mezger)

● Conduta: “COMPORTAMENTO humano voluntário causador de modificação no mundo exterior”.


● MODELO VALORADO: há a INTRODUÇÃO DE ELEMENTOS NORMATIVOS NO TIPO PENAL
● Dolo e culpa: Permanecem na culpabilidade, mas deixam de ser ESPÉCIES e se tornam ELEMENTOS
DA CULPABILIDADE.
● Dolo é normativo.
● O dolo normativo exigia o CONHECIMENTO DA ILICITUDE. Esse dolo abrange o conhecimento da
ilicitude (que é saber que a conduta praticada é ilícita pelo direito).
Obs:. O dolo/culpa na culpabilidade = normativo pois reclama uma valoração no caso concreto! Dolo
normativo pode ser chamado de dolo híbrido/colorido
ENTENDA: o dolo continua sendo vínculo psicológico que agrega a conduta ao resultado, mas agora recebe
elementos normativos, recebe uma carga valorativa, pois exige o conhecimento da ilicitude.

● Como o modelo neoclássico é um modelo claramente valorativo, pois começa a fazer um juízo de
valor nos elementos do crime, começam a surgir teorias que passam a reconhecer uma relação entre

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o fato típico e a antijuridicidade (a absoluta autonomia entre elas cai por terra – teoria do tipo
avalorado)
Nesse sentido, a antijuridicidade também ganha um aspecto normativo, que é a danosidade social
do fato (o fato, além de ser ilícito, precisa ser danoso).
Surgem 2 teorias principais para explicar a relação do fato típico com a ilicitude: TEORIA DA RATIO
ESSENDI E TEORIA DOS ELEMENTOS NEGATIVOS DO TIPO.
Obs.: O principal ponto em comum dessas teorias é: juntar/unir os substratos do fato típico e ilicitude
em um único substrato (para que haja só um momento de análise)

❖ TEORIA DA RATIO ESSENDI:


De acordo com a Teoria da Ratio Essendi, o fato típico é a RAZÃO DE SER da ilicitude.
Crime não é fato típico, ilícito e culpável. Ele adota um conceito bipartido: o crime é um fato
tipicamente ilícito e culpável. Ou seja: crime é formado por fato típico e culpabilidade.

❖ TEORIA DOS ELEMENTOS NEGATIVOS DO TIPO:


Apesar de parecida com ratio essendi, não se confunde com ela.
Temos o TIPO TOTAL DO INJUSTO, em que o crime é composto pelo tipo total + culpabilidade. E
esse tipo total é dotado de 2 faces, uma positiva e uma negativa:
(a) Face positiva – é chamada de tipicidade provisória. (O que nós conhecemos como tipicidade)
(b) Face negativa – é a ausência dos elementos negativos do tipo (o que nós conhecemos como causas
excludentes da ilicitude – estado de necessidade legítima defesa, etc.).

Conclusão: Para essa teoria, os elementos negativos do tipo não podem estar no tipo penal, uma vez
que a presença deles excluiria a própria tipicidade. E exclui a tipicidade pois compõem a face negativa do
próprio tipo.

● Culpabilidade: TEORIA PSICOLÓGICO-NORMATIVA – composta por três elementos: a)


imputabilidade
b) dolo normativo ou culpa
c) exigibilidade de conduta diversa.

Reinhart Frank desenvolve a Teoria da normalidade das circunstâncias concomitantes, segundo a


qual só há crime caso fosse exigível comportamento diferente do agente no caso concreto (exemplo:
dificuldade financeira: a solução é trabalhar, não roubar/furtar) e coloca na culpabilidade um terceiro
elemento: a exigibilidade de conduta diversa (elemento normativo, por isso deixa de ser apenas
“psicológica”, analisando-se se foi uma conduta “normal”).
Para essa teoria, culpabilidade seria o juízo de reprovabilidade que recai sobre o autor de um fato
típico e ilícito que poderia ter sido evitado.
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A imputabilidade deixou de ser pressuposto da culpabilidade, dolo e culpa também deixaram de ser
“espécies” e todos passaram a ser “elementos”.

● ENTENDA: Como não há mais qualquer vedação para o ingresso do valor na teoria do crime, a
culpabilidade passa a sofrer um influxo. Assim, a IMPUTABILIDADE (elemento normativo), que antes
era um pressuposto na culpabilidade, se torna elemento da culpabilidade
● Por ser “comportamento” aqui e não mais movimento, engloba crimes omissivos.
● Continua não explicando formais e de mera conduta, pela exigência da produção de modificação no
mundo exterior

FATO TÍPICO ILICITUDE CULPABILIDADE


(Teoria psicológico-normativa)
Conduta (comportamento Relação de contrariedade entre o Imputabilidade
humano voluntário que produz fato e o Direito (elemento)
alteração no mundo exterior)
Resultado naturalístico Dolo normativo (vontade +
consciência + consciência atual da
ilicitude) ou culpa.
(elementos)
Nexo causal Exigibilidade de conduta diversa
(elemento)
Tipicidade

III – Teoria Finalista (prevalece): (Hans Wetzel – 1930, livro “O novo sistema jurídico penal”). A conduta
também está no fato típico.
● Conduta: comportamento humano voluntário, psiquicamente dirigido a um fim.
● Dolo e culpa: Migram da culpabilidade para o fato típico (dentro do elemento “conduta” – ou seja,
estruturalmente, não mudaram os elementos do fato típico).
● O dolo deixa de ser normativo e passa a ser natural: Retirou-se de sua análise o elemento normativo
(‘consciência atual da ilicitude”), constituindo este um elemento similar autônomo da culpabilidade:
“potencial consciência da ilicitude” (ou seja, a consciência da ilicitude deixou de ser atual para se
tornar potencial. Permanece em sua análise apenas a vontade (elemento volitivo) e a consciência
(elemento cognitivo).
obs:. Dolo natural também pode ser chamado de neutro, sem cor, acromático.
∘ O potencial conhecimento da ilicitude não integra o dolo, mas sim a culpabilidade.

Nesse modelo, temos a Teoria da RATIO COGNOSCENDI ou TEORIA DA INDICIARIEDADE para explicar
a relação entre o fato típico e a ilicitude:
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Essa teoria diz que o fato típico é a RAZÃO DE CONHECER da ilicitude (na ratio essendi era razão de
SER). Ou seja: fato típico é INDÍCIO/PRESUNÇÃO da ilicitude
Essa presunção é relativa, podendo ser afastada pela prova em contrário de causa excludente da
ilicitude (presunção iuris tantum)

● Culpabilidade: TEORIA NORMATIVA PURA DA CULPABILIDADE. Agora não há mais elementos


psicológicos na culpabilidade (dolo e culpa), mas apenas normativos. A isto a doutrina deu o nome
de “CULPABILIDADE VAZIA”, pois foi esvaziada em relação aos elementos psicológicos.
A culpabilidade passa a ser formada por:
1) Imputabilidade
2) Potencial Consciência da ilicitude
3) Exigibilidade de Conduta diversa

A “retirada” do dolo da culpabilidade fez com que esta passasse a ser restrita a elementos
exclusivamente normativos: a imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude (retirada do dolo,
que se torna natural e não mais híbrido) e a exigibilidade de conduta diversa – eis a teoria normativa
pura da culpabilidade.

● No exemplo do sonambulismo, aqui não haveria fato típico, vez que o comportamento não foi
psiquicamente dirigido a esta finalidade, vez que não houve dolo ou culpa, agora analisados na
conduta.
● Finalistas podem ser bipartites ou tripartites porque aqui o dolo e a culpa estão na conduta e não na
culpabilidade. Então, a culpabilidade pode ser tanto elemento do crime, como pressuposto de
aplicação da pena.
● Explica crimes omissivos (comportamento), bem como os formais e de mera conduta (não há mais
a necessidade de modificação no mundo exterior, mas que o comportamento seja psiquicamente
dirigido a um fim).
● Falha: a) não explica crimes culposos; b) centralizou-se no desvalor da conduta, ignorando o desvalor
do resultado.
● A doutrina entende que foi a adotada pelo CP, vez que, tendo em vista que no artigo 20, a ausência
de dolo vai acarretar a exclusão do fato típico, é porque o dolo está na conduta.

FATO TÍPICO ILICITUDE CULPABILIDADE


(Teoria normativa pura)
Conduta (comportamento Relação de contrariedade entre o Imputabilidade
humano voluntário, fato e o Direito (elemento)
psiquicamente dirigido a um

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fim.)
* Dolo e culpa integram a
conduta (dolo natural)
Resultado naturalístico Exigibilidade de conduta diversa
(elemento)
Nexo causal Potencial consciência da ilicitude
(elemento)
Tipicidade (Aqui a culpabilidade é vazia)

PS.: TEORIA CIBERNÉTICA: Wetzel criou esta teoria para compatibilizar o finalismo com os crimes culposos.

Ele dizia aqui que a conduta seria a ação biociberneticamente antecipada, preocupando-se com o controle
da vontade do agente, existente tanto nos crimes dolosos quando culposos.

Para ele, tanto alguém que mata no intuito de efetivamente matar, quanto alguém que mata por uma atitude
imprudente, possuiriam o controle da vontade em relação a ação que estariam praticando.

Não vingou. Ele mesmo reconheceu que a teoria era inconsistente para os crimes culposos, tendo continuado
a aplicá-la em relação aos crimes dolosos.

IV – TEORIA FINALISTA DISSIDENTE: É a bipartite, em que a culpabilidade seria pressuposto de aplicação da


pena. Logo, crime seria fato típico + lícito, apenas.

Outras teorias que tratam da conduta / ação:

V – TEORIA SOCIAL DA AÇÃO: É tripartite, estando a conduta no fato típico. A conduta seria comportamento
humano voluntário dirigido a um fim socialmente relevante.
Ou seja: Essa teoria explicava a ação, não com base na finalidade e nem em relações de causa e efeito
(explicações física-naturalística), mas com base na RELEVÂNCIA SOCIAL DA CONDUTA.
Crítica: não há definição clara do que seria “socialmente relevante”.

VI – MODELO PESSOA DE AÇÃO (ROXIN)


Para Roxin, o conceito de ação é a MANIFESTAÇÃO DA PERSONALIDADE DO INDIVÍDUO. Abrange todo
acontecimento atribuível ao centro de ação psíquico-espiritual do homem
CRÍTICA: Há uma generalização sobre o que efetivamente venha a ser manifestações da
personalidade.

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VI – TEORIA FUNCIONALISTA (FUNCIONALISMO TELEOLÓGICO): (Roxin) A conduta seria comportamento


humano voluntário, orientada pelo princípio da intervenção mínima, causadora de relevante e intolerável
lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. Adota-se a Teoria personalista da ação: base metodológica,
influência do pensamento de Claus Roxin.

VII – FUNCIONALISMO SISTÊMICO OU RADICAL: (Jacobs) É tripartite. A conduta seria comportamento


humano voluntário causador de resultado evitável, violando o sistema, frustrando as expectativas
normativas. Adota a Teoria da evitabilidade individual: base metodológica, influência do pensamento de
Jakobs.

● Dolo e culpa: Permanecem no fato típico.


● Serve de base para o DIREITO PENAL DO INIMIGO.

B) CARACTERÍSTICAS DA CONDUTA
Não há crime sem conduta (o ordenamento jurídico brasileiro não admite os crimes de mera
suspeita);
Consequência prática: Foi decidido pelo Plenário do STF (RE 583.523), que o art. 25 da Lei de
Contravenção Penal não foi recepcionado pela Constituição.

Art. 25. Ter alguém em seu poder, depois de condenado, por crime de furto ou
roubo, ou enquanto sujeito à liberdade vigiada ou quando conhecido como vadio
ou mendigo, gazuas, chaves falsas ou alteradas ou instrumentos empregados
usualmente na prática de crime de furto, desde que não prove destinação legítima

Apenas o ser humano pode praticar condutas penalmente relevantes (salvo pessoas jurídicas em
crimes ambientais;
Apenas a conduta voluntária interessa ao Direito Penal (vontade é elemento do dolo, que é elemento
da conduta no finalismo);
Apenas os atos exteriorizados no mundo ingressam no conceito de conduta (a mera cogitação não é
punível). Segundo Nelson Hungria, o direito penal só pode agir quando a intenção criminosa sai do claustro
psíquico do agente e se projetaa no mundo.

C) FORMAS DE CONDUTA: AÇÃO X OMISSÃO

I. Crime comissivo (ação): É movimento corporal exterior, postura positiva. O agente infringe um tipo
proibitivo, realizando a conduta vedada.

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II. Crime omissivo: Conduta de não fazer o que poderia ser feito, postura negativa. O agente deixa de agir de
acordo com o determinado por lei.

Obs.: temos ainda os Crimes de conduta mista, que vimos nas classificações, que é aquele que possui uma
parte inicial praticada por ação e uma parte final praticada por omissão (ex: apropriação de coisa achada, art.
169, § único, II, CP).

● TEORIAS SOBRE A OMISSÃO:


∘ Naturalística: A omissão é fenômeno causal, sendo verdadeira espécie de ação. Quem se
omite, FAZ efetivamente alguma coisa, por produzir resultado no mundo dos fatos.
∘ Normativa (Adotada no CP): A omissão é determinada pela lei. Só será relevante ao direito
penal a omissão quando a lei impunha uma ação diante da inércia do agente.

ESPÉCIES DE CRIMES OMISSIVOS:

OMISSIVOS IMPRÓPRIOS (ESPÚRIOS /


OMISSIVOS PRÓPRIOS (PUROS)
COMISSIVOS POR OMISSÃO)
Dever genérico de agir (recai sobre todos Dever específico de evitar o resultado (recai sobre
indistintamente) – crimes comuns. as pessoas do art. 13, §2º, CP – os “garantes”) –
crimes próprios.
Subsunção direta entre fato e norma. Omissão Subsunção indireta entre fato e norma.
descrita no próprio tipo penal. O tipo descreve uma ação, mas a inércia do agente,
descumprindo seu dever de agir (art. 13, §2º, CP),
leva à produção do resultado naturalístico.
NÃO admitem tentativa, são unissubsistentes. Admitem tentativa, são plurissubsistentes.
Via de regra, são de mera conduta, mas o STF tem
decisão dizendo que excepcionalmente podem ser Via de regra, são crimes materiais.
materiais.
Ex: salva-vidas que, podendo, deixa de impedir um
Ex: Omissão de socorro (art. 135, CP).
afogamento e a pessoa morre.

#OLHONANOMENCLATURA: Crimes de "olvido" (ou de esquecimento) é o nome dado aos crimes omissivos
impróprios culposos, ou seja, nos casos em que a omissão do garantidor ocorrer por culpa. Aproveitando o
exemplo do afogamento, o salva-vidas não impediu aqui por estar beijando a namorada, por exemplo.

Jurisprudência pertinente: O representante legal de sociedade empresária


contratante de empreitada não responde pelo delito de desabamento culposo (art.
256, parágrafo único, do CP) ocorrido na obra contratada, quando não
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demonstrado o nexo causal, tampouco pode ser responsabilizado, na qualidade de


garante, se não havia o dever legal de agir, a assunção voluntária de custódia ou
mesmo a ingerência indevida sobre a consecução da obra. STJ. 6ª Turma. RHC
80.142-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 28/3/2017 (Info
601).

Questão de prova: Vunesp/Delegado RR 2022 (não aplicada)

A respeito dos crimes omissivos, é correto afirmar que

(A) são necessariamente punidos de forma mais branda que os crimes comissivos.

(B) no ordenamento penal brasileiro, são somente aqueles em que o tipo penal específico evidencia um não
fazer.

(C) os crimes omissivos impróprios são necessariamente crimes de resultado naturalístico.

(D) os crimes omissivos próprios são crimes próprios de garantes, isto é, pessoas que possuem o dever legal
de evitar o resultado.

(E) os crimes omissivos impróprios consumam-se com a mera abstenção do comportamento exigido

Gabarito DD: letra C

Os crimes omissivos impróprios/impuros/comissivos por omissão são aqueles que exigem resultado
naturalístico e se caracterizam pela não execução (omissão) da conduta esperada para se evitar o resultado.

São pressupostos:

- dever jurídico específico de agir para evitar o resultado

- resultado deve ser evitável pela ação do agente

- O agente deve ter a possibilidade de agir para evitar o resultado

- ocorrência do resultado que devia ser evitado.

D) CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CONDUTA

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● Caso fortuito (ação humana) e força maior (natureza) são acontecimentos imprevisíveis e
inevitáveis, que escapam ao controle da vontade. Sem vontade não há conduta. (A depender da
corrente adotada, esses conceitos podem ser encontrados invertidos – caso fortuito como ação da
natureza etc.)
● Movimentos reflexos: Reações corporais automáticas, as quais independem da vontade do ser
humano. São reações fisiológicas, que decorrem da provocação dos sentidos. Não se confundem
com:
∘ Ações em curto circuito, que derivam de uma explosão emocional repentina (há conduta e
crime).
∘ Atos habituais: realizados pela pessoa repetidamente, mesmo que contrários ao
ordenamento jurídico – há vontade. Lembrando que hábito e costume são diferentes, vez
que o hábito (dirigir falando ao celular) se faz por repetição por vontade do agente e o
costume, embora também haja repetição, é porque se acredita na obrigatoriedade.

● Coação física irresistível (vis absoluta) – O agente é fisicamente controlado pelo coator, de modo
que não há vontade. Exclui o dolo e, por conseguinte, a tipicidade. Ex. Thiago aperta o dedo do de
Ana contra o gatilho para matar alguém. Mas atenção: aqui a coação deve ser física. Se for moral
irresistível (vis compulsiva) a situação é de inexigibilidade de conduta diversa. Há vontade, vez que o
agente decide se obedece ou não, mas é uma vontade viciada. Exclui a culpabilidade.
● Sonambulismo e hipnose: os atos são praticados em estado de inconsciência, de modo que se não
há consciência, não há dolo e, consequentemente, não há conduta.
● Embriaguez letárgica
∘ Santiago Mir Puir e Grande parte da doutrina - hipótese de ausência da conduta
∘ Bittencourt - é um transtorno mental transitório que, como tal, deveria ser tratado. Dessa
forma, deveria ser analisado como uma hipótese de exclusão da imputabilidade, e não como
ausência de conduta.

Quando o indivíduo se coloca deliberadamente em estado de inconsciência?


R.: Teoria da Actio Libera in Causa. Em regra, essa teoria é estudada no estudo da imputabilidade, na
culpabilidade. Porém a doutrina vem estendendo essa teoria também para a conduta para verificar a
relevância penal dessa conduta. Isso porque, no momento que se pratica a conduta, o indivíduo não tem
qualquer domínio do que está praticando, de modo que não poderia sequer ser considerada conduta.
Mas aplicando a teoria da actio libera in causa, se transporta o momento de análise dessa conduta,
não para o ato praticado, mas para o ato anterior, que foi o ato em que o indivíduo se colocou em estado de
inconsciência, sempre dolosamente ou culposamente.
Assim, pela aplicação da teoria da actio libera in causa, se o indivíduo se colocou culposa ou
dolosamente em estado de inconsciência, haveria sim a existência da conduta.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

- Direito Penal – Parte Geral – Volume 1 – 13ª edição – Cleber Masson;


- Sinopse nº1 – Direito Penal – Parte geral – 7ª edição – Alexandre Salim e Marcelo André de Azevedo;
- Manual de Direito Penal – Parte geral – 7ª edição – Rogério Sanches Cunha.

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QUESTÕES PROPOSTAS

1 - 2021 - FUMARC - PC-MG - FUMARC - 2021 - PC-MG - aparelho. A loja possui sistema de vigilância eletrônica que
Delegado de Polícia Substituto monitora as ações das pessoas, além de diversos agentes de
Com relação à ilicitude e à culpabilidade é CORRETO afirmar: segurança. Sílvio colocou um aparelho no bolso e, ao tentar
sair do local, um dos seguranças o deteve e chamou a polícia.
A-A prática de fato típico em razão de obediência à ordem não Nessa situação, está configurado o crime impossível por
manifestamente ilegal de superior hierárquico é hipótese de ineficácia absoluta do meio, uma vez que não havia qualquer
inexigibilidade de conduta diversa e pode excluir a chance de Sílvio furtar o objeto sem que fosse notado.
culpabilidade do agente.
B-Com relação à natureza jurídica do estado de necessidade, Certo
a doutrina destaca que para a teoria unitária, ou é o estado Errado
de necessidade justificante, funcionando como causa de
exclusão da ilicitude da conduta do agente ou exculpante, 4 - 2018 - FUNDATEC - PC-RS - FUNDATEC - 2018 - PC-RS -
excludente da culpabilidade. Delegado de Polícia - Bloco II
C-O Código Penal Brasileiro adota a teoria limitada da Analise as assertivas a seguir, de acordo com a classificação
culpabilidade pela qual as descriminantes putativas sempre doutrinária dos crimes:
são consideradas erro de proibição.
D-Segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial, a I. Os crimes formais também podem ser definidos como
ausência de lesividade seria causa supralegal de exclusão da crimes de resultado cortado.
tipicidade, enquanto a inexigibilidade de conduta diversa e o II. O crime de furto é classificado como crime instantâneo,
consentimento do ofendido, quando não integrante do tipo porém há a possibilidade de um crime de furto ser
penal, excluem a culpabilidade da conduta do agente. considerado, eventualmente, crime permanente.
III. O crime de lesão corporal grave em decorrência da
2 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE / incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias
CEBRASPE - 2021 - Polícia Federal - Delegado de Polícia é classificado, em relação ao momento consumativo, como
Federal um crime a prazo.
Com relação aos crimes previstos em legislação especial, IV. Pode-se dizer que o crime de tráfico de drogas, previsto no
julgue o item a seguir. artigo 33, caput, da Lei nº 11.343/2006, é um exemplo de
A conduta de impedir ou dificultar a regeneração natural de crime de perigo abstrato e unissubjetivo.
florestas e demais formas de vegetação é delito de natureza
permanente. Quais estão corretas?

Certo A-Apenas I.
Errado B-Apenas II.
C-Apenas III e IV.
3 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - 2018 D-Apenas I, II e III.
- Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal E-I, II, III e IV.
Em cada item a seguir, é apresentada uma situação
hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada com base 5 - 2018 - VUNESP - PC-BA - VUNESP - 2018 - PC-BA -
na legislação de regência e na jurisprudência dos tribunais Delegado de Polícia
superiores a respeito de execução penal, lei penal no tempo, Tendo em conta a teoria geral do crime, assinale a alternativa
concurso de crimes, crime impossível e arrependimento correta.
posterior.
Sílvio, maior e capaz, entrou em uma loja que vende
aparelhos celulares, com o propósito de furtar algum

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A-Os partidários da teoria tripartida do delito consideram a atribuíveis ao centro de ação psíquico-espiritual do homem,
culpabilidade como pressuposto da pena e não elemento do não distinguindo a manifestação da personalidade da
crime. realização de um propósito.
B-Os partidários da teoria tripartida do delito consideram C-a direção final de uma ação se dá em duas fases, que nas
elementos do crime a tipicidade, a antijuricidade e a ações simples se entrecruzam, a saber, uma que ocorre na
punibilidade. esfera do pensamento, com a antecipação do fim a realizar, a
C-A tipicidade, elemento do crime, na concepção material, seleção dos meios necessários à sua realização e a
esgota-se na subsunção da conduta ao tipo penal. consideração dos efeitos simultâneos decorrentes dos fatores
D-O dolo, na escola clássica, deixou de ser elemento causais eleitos; e a concretização da ação no mundo real, de
integrante da culpabilidade, deslocando-se para a conduta, já acordo com a projeção mental.
que ação e intenção são indissociáveis. D-ora a ação é apresentada como comportamento humano
E-Os partidários da teoria funcionalista da culpabilidade socialmente relevante, ora como fenômeno social, em
entendem que a culpabilidade é limitada pela finalidade modelos nos quais a finalidade humana é apresentada como
preventiva da pena; constatada a desnecessidade da pena, o um fator formador de sentido da realidade social.
agente não será punido. E-a teoria foi desenvolvida a partir de modelos ditados pelo
método científico de Descartes, com as contribuições
6 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-MA - CESPE - 2018 - PC- positivistas de pensadores como Comte, resultando em uma
MA - Delegado de Polícia Civil formulação na qual o conteúdo da vontade é dissociado do
No que se refere à classificação dos crimes, assinale a opção processo causal que desencadeia a vontade no mundo
correta. exterior.

A-No crime habitual, as ações que o compõem, consideradas


isoladamente, não constituem crimes. 8 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - FUNCAB - 2016 - PC-PA -
B-No crime à distância, a conduta dá-se em um local e a Delegado de Policia Civil - Reaplicação
produção, em outro, dentro do mesmo país. Por teoria da ratio essendi entende-se o(a):
C-No crime preterintencional, há a conjugação da ação
culposa no evento antecedente com o dolo no resultado A-estruturação do direito penal sob o princípio da
consequente. intervenção mínima, que orientará iniciativas político-
D-Os crimes omissivos impróprios se perfazem com a mera criminais pelo prisma da ultima ratio.
abstenção da realização de um ato, independentemente de B-ingresso pelo agente nos atos executórios de um crime,
um resultado posterior. quando este se posta, de acordo com sua idealização, em
E-Nos crimes instantâneos de efeitos permanentes, a atividade imediata e diretamente coligada à realização do
consumação do crime perdura até quando o sujeito quiser. tipo.
C-possibilidade de punição da punição da participação em
7 - 2017 - IBADE - PC-AC - IBADE - 2017 - PC-AC - Delegado sentido estrito quando o agente da conduta principal é um
de Polícia Civil adolescente-infrator, bastando que este aja de forma típica e
Sobre a doutrina da ação finalista, tal qual formulada por antijurídica.
Hans Welzel, é correto afirmar que: D-concepção da culpabilidade como uma relação psicológica
entre o autor e o fato por ele praticado, de sorte que dolo e
A-o tipo, para Welzel, é objetivo e neutro, ao passo em que o culpa, para a teoria, são espécies de culpabilidade.
injusto é uma criação normativa, propiciada por juízos de E-fusão entre dois substratos do conceito analítico de crime,
valor que teriam como norte o objetivo almejado pelo a saber, a tipicidade e a antijuridicidade, sendo aquela
legislador, seja a proteção de bens jurídicos, seja outra reconhecida como a razão de ser desta; assim, o crime é
situação estatal de conveniência. composto pelo fato antijurídico (injusto) e pela culpabilidade.
B-para a teoria finalista de Welzel. ação é uma manifestação
da personalidade, que abrange todos os acontecimentos

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9 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - FUNCAB - 2016 - PC-PA - considerada como crime vago, uma vez que o sujeito passivo
Delegado de Policia Civil - Reaplicação é a coletividade.
“Hefendehl apresenta nova modalidade de delito de perigo B-A doutrina e a jurisprudência são unânimes ao afirmar que
abstrato destacando que a relevância de sua construção está configura crime de desacato quando um tenente da polícia
no fato de limitar a incidência do tipo penal objetivo pela ideia militar, no exercício de sua função, ofende verbalmente, em
de criação de um risco proibido nos moldes da teoria da razão da função exercida, um de seus subordinados.
imputação objetiva. Portanto, a anormal condução do veículo C-Amolda-se no tipo legal de calúnia, previsto nos crimes
em razão da influência do álcool ou de qualquer outra contra a honra, a conduta de instaurar investigação policial
substância psicoativa e, portanto, contrária às normas de contra alguém, imputando-lhe crime de que se sabe ser
segurança no trânsito - em uma perspectiva ex ante - é que inocente.
deverá ser considerada criação de risco proibido para os bens D-Constituem crime de corrupção ativa, praticado por
jurídicos individuais que são tutelados penalmente pelo art. particular contra a administração geral, as condutas de dar,
306 da Lei de Trânsito, porquanto assim haverá oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a
potencialidade lesiva na conduta praticada pelo motorista, testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, para
legitimando o tipo penal. [...] Assim, para não punir pela fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em
simples desobediência ao comando normativo requer-se, depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação.
primeiramente, que o agente crie um risco proibido E-A fraude processual será atípica, se a inovação artificiosa do
(superando o risco-base relacionado à norma de cuidado no estado de coisa, de pessoa ou de lugar, com o fim de induzir
trânsito, isto é, dirigindo sob a influência de álcool ou drogas) a erro o juiz, ocorrer antes de iniciado o processo penal.
e, depois, que haja bens jurídicos contra os quais as condutas
arriscadas (condução em zigue-zague, por exemplo) possam 11 - 2015 - FUNIVERSA - PC-DF - FUNIVERSA - 2015 - PC-DF
estar direcionadas”. (SCHMITT DE BEM; MARTINELLI. Lições - Delegado de Polícia
Fundamentais de Direito Penal. p. 143-144). Acerca da culpabilidade, da tentativa, da culpa imprópria, da
A lição aborda uma das concepções acerca dos crimes de irretroatividade da lei penal mais gravosa e da aplicação da lei
perigo abstrato, buscando torná-los adequados ao sistema penal no espaço, assinale a alternativa correta.
jurídico-penal. Essa teoria nomeia os crimes de perigo
abstrato como crimes: A-O crime de roubo é qualificado se a subtração for de veículo
automotor que venha a ser transportado para outro estado
A-de perigosidade real. ou para o exterior.
B-de perigosidade concreta. B-Suponha que um chinês, a bordo de um navio privado
C-de potencial perigo. brasileiro, falsifique dólares norte-americanos enquanto a
D-formais. embarcação navega em águas do domínio público
E-de perigo geral. internacional. Nas mesmas circunstâncias de tempo e lugar,
um marroquino atira contra um australiano. Consoante o
10 - 2016 - CESPE / CEBRASPE - PC-PE - CESPE - 2016 - PC- Código Penal brasileiro e os cenários hipotéticos
PE - Delegado de Polícia mencionados, aplicar-se-á a lei norte-americana ao crime de
O CP, em seu art. 14, assevera que o crime estará consumado falsificação de papel-moeda (em razão do bem jurídico
quando o fato reunir todos os elementos da definição legal. violado) e a lei australiana ao crime de homicídio (em virtude
Para tanto, necessária será a realização de um juízo de do princípio da nacionalidade passiva).
subsunção do fato à lei. Acerca do amoldamento dos fatos aos C-Consoante a teoria extremada da culpabilidade, configura-
tipos penais, assinale a opção correta. se erro de tipo permissivo quando o agente, por erro
plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação
A-A conduta de constituir, organizar, integrar, manter ou de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Nesta
custear organização paramilitar, milícia particular, grupo ou hipótese, admite-se a punição a título de culpa se o fato for
esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos crimes punível a título culposo.
previstos no CP configura crime contra a paz pública, sendo

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D-Admite-se a forma tentada no crime impropriamente popular por uma maior presença e eficácia das instâncias de
culposo. controle social. Nesse sentido, o Direito Penal e as instituições
E-Segundo o STF, a lei penal mais grave aplica-se ao crime do sistema punitivo são eleitos instrumentos privilegiados
permanente, mas não ao crime continuado, se a vigência da para responder de forma eficaz os anseios da sociedade,
lei é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. gerando, segundo Díaz Ripollés, o entendimento de que sua
contundência e capacidade socializadora são mais eficazes na
12 - 2014 - FUNCAB - PC-RO - FUNCAB - 2014 - PC-RO - prevenção aos novos tipos de delitos do que as medidas de
Delegado de Polícia Civil política social ou econômica, ou de medidas do Direito Civil
Em relação à classificação doutrinária de crimes, é correto ou Administrativo. Trata-se, segundo o mesmo autor, de uma
afirmar que: canalização das demandas sociais por mais proteção como
demandas por punição, daí a busca por elementos de
A-crime progressivo é aquele em que o agente deseja orientação normativa, onde o Direito Penal assume especial
produzir um resultado, mas, após consegui-lo, resolve relevância.
prosseguir na violação do bem jurídico, produzindo um outro
crime mais grave. A partir das informações do texto, NÃO se pode concluir que:
B-crime de fato transeunte é aquele que não deixa vestígios.
C-crime plurilocal é aquele em que a execução do crime se dá A-os crimes de perigo abstrato não se amoldam à ideia de
em um país e o resultado em outro. “sociedade do medo”.
D-crime falho é o nome dado à tentativa imperfeita. B-a intimidação em face da prática de crimes contra a
E-crime plurissubsistente é aquele que exige pluralidade de dignidade sexual fora reforçada pelo Direito Penal pátrio.
sujeitos ativos. C-o tipo penal incriminador previsto no art.288 do Código
Penal brasileiro - Associação criminosa – pode ser
13 - 2014 - NUCEPE - PC-PI - NUCEPE - 2014 - PC-PI - considerado um exemplo dessa nova política criminal.
Delegado de Polícia D-a alteração do termo inicial da prescrição, antes de transitar
Analise os itens abaixo e assinale a alternativa CORRETA. em julgado a sentença final, nos crimes contra a dignidade
sexual de crianças e adolescentes, amolda-se à ideia
A-Crimes complexos são aqueles que encerram dois ou mais preconizada no texto.
tipos em uma única descrição legal. E-a majoração da pena do delito previsto no parágrafo 9º do
B-A consumação do crime de concussão ocorre com o art.129 do Código Penal brasileiro – Violência doméstica -
recebimento da vantagem indevida. amolda-se à ideia preconizada no texto.
C-Dá-se o arrependimento eficaz quando o agente dá início à
execução de um delito e desiste de prosseguir em virtude da 15- 2014 - VUNESP - PC-SP - VUNESP - 2014 - PC-SP -
reação oposta pela vítima. Delegado de Polícia
D-A restituição integral do valor apropriado aos cofres Dentre as escolas penais a seguir, aquela na qual se
públicos pelo autor de peculato doloso constitui desistência pretendeu inicialmente aplicar ao direito penal os mesmos
voluntária e isenta o agente de pena se feita antes do métodos de observação e investigação que se utilizavam em
recebimento da denúncia. outras ciências naturais é a
E-Aplica-se a causa de diminuição de pena prevista no art.16
do Código Penal – arrependimento posterior – em todos os A-Clássica.
crimes patrimoniais. B-Técnico-Jurídica.
C-Correcionalista.
14 - 2014 - NUCEPE - PC-PI - NUCEPE - 2014 - PC-PI - D-Positivista.
Delegado de Polícia E-Moderna.
O Brasil insere-se no contexto de uma “sociedade da
insegurança” ou “sociedade do medo”, pautada no que Silva 16 - 2013 - CESPE / CEBRASPE - DPF - CESPE / CEBRASPE -
Sànches denomina de “cultura de emergência” ou reclamo 2013 - Polícia Federal - Delegado

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Com relação aos crimes previstos no CP, julgue o item que se múltipla, e a circunstância de ter sido praticado contra menor
segue. de dezoito anos de idade qualifica o crime.

O delito de sequestro e cárcere privado, inserido entre os Certo


crimes contra a pessoa, constitui infração penal de ação Errado
múltipla, e a circunstância de ter sido praticado contra menor
de dezoito anos de idade qualifica o crime. 19 - 2013 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE /
CEBRASPE - 2013 - Polícia Federal - Delegado de Polícia
No que se refere à teoria geral do crime, julgue o
Certo próxima item.
Errado Segundo a teoria causal, o dolo causalista é conhecido como
dolo normativo, pelo fato de existir, nesse dolo, juntamente
17 - 2013 - CESPE / CEBRASPE - DPF - CESPE / CEBRASPE - com os elementos volitivos e cognitivos, considerados
2013 - Polícia Federal - Delegado psicológicos, elemento de natureza normativa ( real ou
No que se refere à teoria geral do crime, julgue o próximo potencial consciência sobre a ilicitude do fato ).
item.
Certo
Segundo a teoria causal, o dolo causalista é conhecido como Errado
dolo normativo, pelo fato de existir, nesse dolo, juntamente
com os elementos volitivos e cognitivos, considerados 20 - 2013 - UEG - PC-GO - UEG - 2013 - PC-GO - Delegado de
psicológicos, elemento de natureza normativa (real ou Polícia - 1ª prova
potencial consciência sobre a ilicitude do fato). Em qual sistema penal a culpabilidade é concebida como o
vínculo psicológico que une o autor ao fato?
Certo
Errado A-finalista
B-neoclássico
18 - 2013 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE / C-clássico
CEBRASPE - 2013 - Polícia Federal - Delegado de Polícia D-Funcionalista
Com relação aos crimes previstos no Código Penal, julgue os
itens que se seguem.
O delito de sequestro e cárcere privado, inserido entre os
crimes contra a pessoa, constitui infração penal de ação

Respostas1

1
1: A 2: C 3: E 4: E 5: E 6: A 7: C 8: E 9: C 10: A 11: D 12: B 13: A 14: A 15: D 16: E 17: C 18: E 19: C 20: C
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META 2

DIREITO PENAL: TEORIA DO CRIME – PARTE II

TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

⦁ Art. 13, caput e §1º, CP


⦁ Art. 15 a 19, CP
⦁ Art. 20, §1º, CP
⦁ Art. 4º, Lei de Contravenções Penais
⦁ Art. 33, Código Penal Militar

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER

⦁ Art. 13, caput e §1º, CP (muito, muito, muito importante! Não vá para a prova sem ter este
artigo decorado na ponta da língua!)
⦁ Art. 15 a 17, CP

1. CONTINUAÇÃO DOS ELEMENTOS DO FATO TÍPICO

Vimos anteriormente que o fato típico é composto por 4 elementos: conduta, resultado, nexo causal
e tipicidade, sendo que “conduta” já estudamos. Vamos ao restante:

I – CONDUTA
Visto na parte anterior.

II – RESULTADO:
É consequência da conduta do agente.
“Resultado” é a terminologia mais utilizada no Brasil, mas alguns doutrinadores usam o termo
“evento”. Existem duas importantes classificações. Uma delas baseia-se no resultado naturalístico ou
material e a outra, no resultado jurídico ou normativo:

● Naturalístico/Material: Alteração física no mundo exterior. Se o delito é de homicídio, a morte da


vítima é o resultado material.
o Presente apenas nos crimes materiais consumados.
o Nos crimes formais, a ocorrência do resultado naturalístico é possível, mas é dispensável
para a sua consumação.
o Já os de mera conduta, jamais terão resultado naturalístico.
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- Crime Material: O tipo penal descreve conduta e resultado naturalístico. E esse resultado naturalístico é
indispensável para a consumação. Ex. homicídio;
- Crime Formal ou Crime de consumação antecipada: O tipo penal descreve que a simples prática da conduta
já é suficiente para a consumação do crime. Sendo assim, o resultado naturalístico é dispensável para
consumação; é mero exaurimento do crime. O crime se consuma com a conduta (por isso é chamado de
consumação antecipada). Ex. Extorsão. E o exaurimento do crime é importante (i) na aplicação da pena e, (ii)
serve como limite temporal para o ingresso de coautor ou partícipe (parte da doutrina – Cirino, Nilo Batista)
- Crime de mera conduta: O tipo penal descreve uma mera conduta, sem resultado naturalístico descrito no
tipo e a realização da conduta vai gerar a consumação.. Ex. violação de domicílio, omissão de socorro.

Obs:. Alguns autores afirmam que o tipo penal nos crimes formais é incongruente, porquanto descreve
conduta e resultado, mas se contenta com aquela para que ocorra a consumação, vale dizer, exige menos do
que aquilo que está escrito na norma penal.

● Jurídico/Normativo: Lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. É a transgressão da lei penal.
Presente em todos os crimes.

“Mas calma aí, então há crime sem resultado?” Sem resultado naturalístico sim. Mas todo e qualquer
crime terá resultado jurídico.

Dogmaticamente, a teoria jurídica é a mais acolhida pela doutrina penal. Há crime sem resultado? De acordo
com a teoria naturalística, isso ocorre nos crimes de mera conduta. Para a teoria jurídica, não há crime sem
resultado jurídico, de modo que, se a conduta não provocou uma afetação (lesão ou ameaça de lesão) a
algum bem jurídico penalmente tutelado, não houve crime.

Vamos relembrar a classificação doutrinária do Crime quanto ao resultado Normativo ou Jurídico:

o Crime de Dano (ou lesão): A consumação exige efetiva lesão ao bem jurídico. Ex: Homicídio.

Cuidado! → O crime de dano não possui necessariamente o objeto material.

o Crime de Perigo: A consumação se dá com a exposição do bem jurídico a uma situação de perigo.
a) Crime de Perigo Abstrato
⦁ Perigo advindo da conduta é absolutamente presumido por lei.
⦁ Basta o MP comprovar a conduta
⦁ Ex.: todos os crimes previstos no Estatuto do Desarmamento são crimes de Perigo Abstrato

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b) Crime de Perigo Concreto


⦁ O perigo advindo da conduta deve ser comprovado
⦁ Deve ser demonstrado o risco para pessoa certa e determinada
⦁ Ex.: Na Lei de Drogas, o único crime de perigo concreto é o crime do art. 39, que inclusive
prevê, no tipo penal, a necessidade de exposição do bem jurídico a potencial dano.

Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a


dano potencial a incolumidade de outrem:

c) Crime de Perigo Abstrato de Perigosidade Real


⦁ O perigo advindo da conduta deve ser comprovado (se aproxima do crime de perigo
concreto)
⦁ Dispensa o risco para a pessoa certa e determinada (se aproxima do crime de perigo abstrato)

III – NEXO CAUSAL

Nexo de causalidade é a relação de causa e efeito entre a conduta e o resultado material do delito.
Em outras palavras: É o vínculo entre conduta e resultado.

O estudo da causalidade busca concluir se o resultado naturalístico, como um fato, decorreu da ação
e se pode ser atribuído objetivamente ao sujeito passivo, motivo pelo qual só tem relevância nos crimes
materiais.
O CP utilizou a expressão “relação de causalidade” (art. 13).

Art. 13. O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a


quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado
não teria ocorrido.

§ 1.º A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação


quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-
se a quem os praticou.

TEORIAS QUE BUSCAM EXPLICAR A RELAÇÃO DE CAUSA E EFEITO ENTRE A CONDUTA E O RESULTADO:

1) TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS / DA CAUSALIDADE SIMPLES / DA


CONDITIO SINE QUA NON:

*Esta foi a teoria adotada pelo art. 13, caput do CP.


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Segundo essa teoria, causa é toda e qualquer ação ou omissão sem a qual o resultado não teria
ocorrido (há aqui uma generalização, em que todas as causas teriam igual valor);
Para identificar se algo foi causa, utiliza-se o Método de eliminação hipotética de Thyrém. Deve o
aplicador do direito eliminar hipoteticamente a conduta e analisar se o resultado desaparece ou subsiste.
Caso o resultado desapareça com a eliminação da conduta, esta será considerada como causa.
Assim, para considerarmos que determinado fato realmente deu causa ao resultado, é preciso que
façamos um exercício mental de eliminação hipotética dos antecedentes causais:
1 - Devemos determinar o fato que influenciou o resultado
2 - Devemos SUPRIMIR mentalmente esse fato da cadeia causal
3 - Se, como consequência dessa supressão mental, o resultado vier a se modificar, significa que o fato
suprimido deve ser considerado como causa desse resultado.

Ex: João, intencionalmente, ateia fogo na casa de Maria com ela dentro, de modo que esta vem a
óbito. Se eliminarmos a conduta de João a morte de Maria teria ocorrido? Então a conduta dele foi causa.
Ex.: A tem ideia para cometer um crime. Fala com B e B o instiga. C empresta a arma sabendo que
era para matar B (auxílio material). A acaba matando B com as próprias mãos (sem o uso da arma de fogo
emprestada).
⦁ A → quer matar
⦁ B → instiga para ele matar mesmo
⦁ C → empresta a arma de fogo

Na investigação da relação de causalidade, temos que eliminar hipoteticamente cada uma das
condutas para saber qual delas deu causa ao resultado.

⦁ Se eliminar a conduta de A → D não morre


⦁ Se eliminar a conduta de B → D também não morre pois, pelo contexto, a instigação foi essencial
⦁ Se eliminar a conduta de C → D morre de qualquer forma. Sem o auxílio de C, a conduta mesmo
assim teria ocorrido, de modo que a conduta de C não foi causa do resultado típico. Mesmo que C
tenha feito conduta de emprestar a arma, essa conduta não deu causa ao resultado.

Crítica: A teoria dos antecedentes causais gera um grande inconveniente apontado pela Doutrina:
Permite o regresso “ad infinitum”.
Se formos regressando cada vez mais no tempo e eliminando condutas que geraram outras, por
exemplo, chegaríamos ao ponto de que se a mãe de João não tivesse dado à luz a ele, ele não teria existido
e nem causado a morte de Maria. Assim, essa conduta teria sido causa, o que é bizarro. Então esse regresso
deve ser feito somente até onde há relevância, analisando não só a causalidade física, como a causalidade
psíquica/subjetiva, verificando dolo/culpa.

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2) TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA:

A Teoria da causalidade Adequada veio para limitar o nexo causal nos desdobramentos causais
extraordinários produzidos pelas concausas relativamente independentes. Ou seja: veio limitar esse regresso
ao infinito promovido pela Teoria da Equivalência dos Antecedentes Causais

* Adotada como exceção, no §1º, para concausa relativamente independente que por si só produziu o
resultado.

Por essa teoria, são consideradas apenas as circunstâncias indispensáveis/idôneas/eficazes à


produção do resultado, capazes de causá-lo quando e como ele ocorreu;
Aqui, utiliza-se para a análise um juízo de probabilidade/estatístico, avaliando aquilo que
normalmente acontece como desdobramento natural de uma conduta, e excluindo os fatos inidôneos e
improváveis.
Ex.: A atira em B e B morre por causa de uma infecção hospitalar no ferimento:
⦁ Pela Teoria dos Antecedentes Causais → se retirarmos o disparo ela não morre, logo disparo
é causa do resultado.
⦁ Pela Teoria da Causalidade adequada → tem que analisar a conduta e perceber quais são
seus desdobramentos estatísticos prováveis, e verificar se eles estão compatíveis com o
resultado. Quem atira em alguém, acaba produzindo estatisticamente uma morte por
infecção hospitalar no ferimento.
⦁ Entretanto, se ele morre porque está em uma ambulância que bate em um carro, o disparo
de arma de fogo não causa o risco estatístico de morte por acidente de ambulância. Por isso,
a causa disparo de arma de fogo não é adequada ao resultado morte por acidente de
trânsito.

O nexo de causalidade não se afere por meio da simples eliminação hipotética, mas por intermédio de um
juízo de prognose póstuma objetiva. Em outras palavras, para se verificar a relação de causalidade entre
conduta e resultado, deve-se analisar se, no momento da conduta, o resultado se afigurava como provável
ou possível, segundo um prognóstico capaz de ser realizado por uma pessoa mediana.

3) TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA:

Ao contrário do que o nome sugere, esta teoria não defende a aplicação de responsabilidade
objetiva. Trata, na verdade, de delimitar, objetivamente, como será feita a imputação (atribuição) do
resultado ao agente.
A Teoria da Imputação Objetiva busca impedir o regresso ao infinito decorrente da teoria da
equivalência dos antecedentes causais. Não substitui a citada teoria, mas a complementa, inserindo, além
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da análise do nexo físico (relação entre a conduta e o resultado – que é o que está presente na causalidade
simples), o nexo normativo, para a análise objetiva da relação de causalidade.
Para que se evite o regresso infinito nesta análise, dentro da teoria da conditio sine qua non (adotada
pelo CP), faz-se necessário analisar a causalidade psíquica/subjetiva, ou seja, os elementos subjetivos (dolo
ou culpa do agente) – o que seria, na verdade, a imputação subjetiva do resultado. Isso seria um problema,
por exemplo, para os causalistas e neokantistas, já que dolo e culpa estão apenas na culpabilidade.
Já na teoria da imputação objetiva, analisa-se nexo físico + nexo normativo, que analisa
objetivamente a finalidade do agente, definindo a relação de causalidade de forma objetiva, dispensando,
neste primeiro momento, a análise dos elementos subjetivos (dolo e culpa) – que formaria a imputação
subjetiva, o que só ocorrerá em momento seguinte.

IMPUTAÇÃO OBJETIVA se insere na TIPICIDADE OBJETIVA → vai verificar se vai imputar aquele
comportamento ou resultado (a depender da teoria adotada), antes mesmo de analisar o dolo e culpa.

Ou seja: o caminho é: praticou uma conduta → 1º deve-se verificar se há nexo pela conditio sine qua
non? → SE SIM → AGORA SIM VAMOS VERIFICAR A IMPUTAÇÃO OBJETIVA.
1- Prática da conduta (analisa se houve conduta)
2- Verificar se houve nexo pela Teoria da Conditio Sine Que non
3- Analisa a tipicidade objetiva (o fato de adequa à alguma norma?)
4- Analisa a imputação objetiva (que está inserida na tipicidade objetiva)
5- Analisa a tipicidade subjetiva (ver se há dolo ou culpa)

IMPUTAÇÃO OBJETIVA DE ROXIN:


Considerações importantes:
(1) A imputação objetiva de ROXIN é imputação do RESULTADO
(2) O ponto central da imputação objetiva de Roxin é a ideia do risco - TEORIA DO RISCO

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Ele se apropria da ideia de sociedade de risco da sociologia. E ele constata que, em sociedades
complexas, o risco é inerente à sociedade. Acabamos assimilando que determinadas condutas
de risco são fundamentais ao funcionamento da sociedade.

A solução encontrada pelo finalismo para evitar o regresso ao infinito gerado pela causalidade simples foi
delimitá-la por intermédio do dolo e da culpa (causalidade subjetiva). Já para Claus Roxin: os problemas de
imputação não devem ser resolvidos nos tipos subjetivos, dolo ou culpa, mas dentro do tipo objetivo (por
isso à imputação é objetiva). Em outras palavras, para a teoria da imputação objetiva a solução para a
causalidade deve decorrer no tipo objetivo sem perquirir o tipo subjetivo dolo ou culpa. O autor acrescenta
ao nexo físico, a causalidade normativa, isto é, nexo normativo. Portanto a análise deve seguir as seguintes
etapas: 1- teoria da equivalência dos antecedentes conjugada com a eliminação hipotética de thyrém
(causalidade objetiva) 2-imputação objetiva. 3-dolo ou culpa (causalidade subjetiva).

Roxin traz os seguintes elementos para analisar o nexo normativo:

(1) CRIAÇÃO OU INCREMENTO DE UM RISCO PROIBIDO OU NÃO PERMITIDO


Atividades de risco desenvolvidas cotidianamente, ainda que possam estar relacionadas com
resultados lesivos ao bem jurídico, não podem acarretar responsabilidade penal, pois são riscos socialmente
aceitos/adequados. Ou seja: são riscos toleráveis pela sociedade
Ex.: Andar de avião. É arriscado, mas é permitido.

→ Caso concreto citado por Roxin e Jakobs: João deseja a morte de seu tio, Pedro. Para isso, ele
convence Pedro andar de avião frequentemente, rezando para que o avião caia. Nesse caso, embora
ele queira a morte da pessoa (ele tem o dolo, porque ele quer), ele não responde por homicídio,
caso o avião caia e Pedro morra, porque não há a criação ou incremento de um risco não permitido.
→ Dirigir com velocidade muito acima do permitido é um risco proibido que dá causa à imputação do
resultado.

(2) REALIZAÇÃO DO RISCO NO RESULTADO


Embora tenha criado ou aumentado um risco não permitido, se esse risco não se realizar no
resultado, não haverá imputação pelo crime.
Ex.: Se ele atropelar alguém em razão do excesso de velocidade, haverá imputação do resultado
morte. No entanto, se constatar que mesmo trafegando na velocidade permitida o atropelamento teria
ocorrido, significa que o risco incrementado (excesso de velocidade) não eliminou o resultado morte advindo
do atropelamento, pois o acidente ocorreria da mesma maneira.

(3) RESULTADO DENTRO DA LINHA DE DESDOBRAMENTO CAUSAL NORMAL DA CONDUTA

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Somente haverá responsabilização penal se A CONDUTA DO INDIVÍDUO AFRONTAR A FINALIDADE


PROTETIVA DA NORMA. Ou seja: se o resultado estiver fora da esfera de proteção da norma, não haverá
imputação objetiva.
Assim, se, embora o indivíduo tenha criado ou aumentado um risco não permitido, e embora esse
risco tenha gerado um resultado, se esse resultado não violar o objeto de proteção da norma, não haverá
imputação objetiva.
Em outras palavras: não é qualquer ação/omissão do agente que será considerada causa do
resultado, mas tão somente as que criaram ou aumentaram um risco proibido, com realização desse risco no
resultado e o resultado estando dentro da linha de desdobramento normal da conduta.
Ex.: A atropela negligentemente alguém e lhe causa a morte. A mãe da vítima, ao receber a notícia
do acidente, começa a chorar e sofre um ataque nervoso, vindo a falecer. O resultado morte da mãe da
vítima não poderá ser imputado ao atropelador A, pois as normas de trânsito que A descumpriu buscam
regulamentar o tráfego e não a saúde mental das pessoas. Ou seja: a finalidade protetiva das normas de
trânsito não é tutelar a saúde da mãe das vítimas, logo não é possível imputar o resultado.
Ex: um dependente químico, em decorrência de abuso do uso de substância entorpecente vem a
óbito. Esse resultado morte pode ser imputado a quem lhe vendeu a droga? A resposta é não. O agente gerou
um risco proibido e praticou tráfico, porém, o resultado morte não está dentro da linha de desdobramento
normal do tráfico, não é o que o tipo penal busca proteger!
Há 2 categorias que são estudadas dentro desse 3º requisito: Essas categorias estão na análise do
alcance do tipo penal. Isso porque, ainda que haja a criação de um risco proibido, e que esse risco se realize
em um resultado, não haverá imputação objetiva se esse resultado não esteja dentro do âmbito de proteção
da norma.

1ª. AUTOCOLOCAÇÃO EM PERIGO: A autocolocação em perigo responsável ou próprio ocorre quando a


própria vítima, voluntariamente, se coloca em situação de perigo GERADA/PRODUZIDA POR ELA
MESMA. No entanto, há a figura de um terceiro que INDUZ OU INSTIGA a vítima a se colocar nessa
situação de perigo. Nesse caso, ele seria responsabilizado pelo resultado gerado?
o Regra: Terceiro não responde
o Exceção: Terceiro responderá se a participação for dolosa e ele tiver mais conhecimento do
que a própria vítima.

2ª. HETEROCOLOCAÇÃO EM PERIGO CONSENTIDA: Ocorre quando a pessoa se coloca em RISCO


PRODUZIDO POR OUTRA PESSOA. Nesse caso, o terceiro deverá ser responsabilizado?
o Regra: Terceiro responde
o Exceção: Não responderá se a vítima tiver o mesmo conhecimento do risco que ele e plena
autonomia para fazer cessar risco produzido.

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* Obs.: Em ambos a vítima se coloca no perigo, a diferença é quem gera o risco/quem tem o domínio sobre
o risco/quem realiza efetivamente a situação arriscada.

IMPUTAÇÃO OBJETIVA DE JAKOBS

Günther Jakobs também tem sua vertente da imputação objetiva, porém, menos discutida na
doutrina.
Considerações importantes:
(1) A Imputação objetiva de Jakobs é DO COMPORTAMENTO (E não do resultado)
(2) A ideia central é a ideia de PAPÉIS SOCIAIS/EXPECTATIVAS – Em uma sociedade complexa, cada
pessoa tem seu papel na sociedade.

→ O comportamento social do homem será vinculado a um feixe de expectativas que a


sociedade deposita no indivíduo como um instrumento redutor de complexidade, e que
Jakobs chama de papéis (ou competências) papel social

Requisitos para a exclusão da imputação (se presente algum deles, não há imputação):

(1) RISCO PERMITIDO


Mesma ideia de ROXIN, mas trabalhada com a ideia de feixe de expectativas. Assim, o risco
permitido está dentro do feixe de expectativas esperadas pela sociedade e diz respeito aos papéis sociais
que, embora perigosos por um aspecto, são necessários e aceitos pela sociedade.
Ou seja, são riscos inerentes às configurações sociais que devem ser tolerados como rico permitido.
Logo, se o risco é permitido, significa que o agente está se comportando de acordo com o seu papel na
sociedade, e não há crime
Ex.: Todos na sociedade têm um papel social. Se o indivíduo tem o papel social de ser um piloto de
aeronave, ele gera um risco, mas é um risco permitido porque está dentro do feixe de expectativas do que a
sociedade espera dele. A sociedade espera que haja um piloto no avião.

(2) PRINCÍPIO DA CONFIANÇA


Como vivemos numa sociedade complexa, as pessoas numa mesma sociedade devem confiar umas
nas outras no sentido de que cada pessoa irá cumprir o seu respectivo papel social. (“cada um cuida da sua
vida, não precisa fiscalizar para saber se cada um cumpriu seu papel).
Assim, se eu atuo dentro do meu papel social, dentro do feixe de expectativas que a sociedade
depositou para mim, não posso responder pelo comportamento criminoso se um outro indivíduo violar o seu
respectivo social.
Ex. Num ato cirúrgico, tido como um dos mais complexos, o médico confia que a pessoa encarregada
de esterilizar o bisturi o tenha feito. O médico tem que cumprir seu papel social de operar. Ele não precisa
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ficar fiscalizando para ver se o instrumentalista esterilizou os instrumentos, pois esse é o papel social do
instrumentalista.

JAKOBS: “Não se imputarão objetivamente os resultados produzidos por quem


obrou confiando em que outros se manterão dentro dos limites de perigo
permitido”.

(3) PROIBIÇÃO DE REGRESSO (autoexplicativo – e traz a mesma ideia, só tem relevância regressar
até onde há violação do papel social)
Se determinada pessoa atuar de acordo com limites de seu papel social, sua conduta, mesmo que
contribuindo para o sucesso da infração penal levada a efeito pelo agente, não lhe poderá ser imputada.
Ex.: o autor compra uma peça de pão para envenená-lo e matar alguém. Mesmo que o padeiro
soubesse da finalidade ilícita do agente ao comprar o pão, não poderia responder pela infração penal, pois
a atividade de vender pães, seja qual for a sua utilização, consiste no papel social de padeiro. Dessa forma,
como o padeiro estava atuando dentro do limite do seu papel social, não lhe pode ser imputado o
comportamento criminoso de outrem.

(4) CAPACIDADE DA VÍTIMA


Nesse último requisito entram hipóteses residuais que atribuiriam à vítima a violação do seu papel
(ao se colocar em uma situação de risco), não podendo responsabilizar outro indivíduo, que não a própria
vítima.
Assim, se a vítima se autocoloca em perigo, resta afastada a responsabilidade do agente.
No exemplo dado acima sobre a morte do usuário de drogas, podemos acrescentar como
fundamentação para a não responsabilização do traficante por esse resultado, a autocolocação em perigo,
vez que o falecido se expôs conscientemente ao risco.

CONCLUSÃO: Ambas as vertentes (Imputação de Roxin e de Jakobs) buscam a mesma coisa: definir
objetivamente a relação de causalidade. A “diferença”, é o sentido que cada um deu à sua teoria. E aqui,
lembremos do que estudamos sobre o funcionalismo de cada um. Enquanto para Roxin não haverá nexo
causal se não foi violado ou ameaçado aquilo que o ordenamento jurídico buscava proteger (para ele a função
do DP é proteger bens jurídicos), para Jakobs não existirá o nexo causal e não será crime se o agente não
tiver violado seu papel na sociedade (para ele a função do DP é assegurar o império da norma). Tema
bastante interessante para uma discursiva!

Vamos de tabelinha?

NEXO CAUSAL / RELAÇÃO DE CAUSALIDADE

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Teoria da equivalência dos


antecedentes ou conditio ● Causa é todo e qualquer acontecimento provocado
sine qua non. pelo agente, sem o qual o resultado não teria
(nexo físico + elementos ocorrido como e quando ocorreu.
subjetivos) ● Método de eliminação hipotética
Art. 13 , caput, CP.

● Causa é todo e qualquer comportamento humano


adequado/idôneo/eficaz/capaz de produzir o
Teoria da causalidade
resultado como ele ocorreu.
adequada
● Mais restrita que a primeira.
§1º do artigo 13 do CP
● Juízo de probabilidade/estatístico – aquilo que
normalmente acontece.

● Adiciona ao nexo de causalidade a criação de um


Imputação objetiva
risco proibido ou o aumento de um já existente, a
(Claus Roxin)
realização desse risco no resultado, exigindo que o
Não tem previsão legal
resultado esteja na linha de desdobramento causal
STJ já aplicou
NORMAL da conduta, ao que se dá o nome de nexo
(Nexo físico +
normativo.
nexo normativo + e só depois
● Só se aplica aos crimes materiais, pois precisa haver
elementos subjetivos)
resultado.
● Lembrar que Jakobs aponta outros critérios.

Juris relevante: É inepta denúncia que impute a prática de homicídio na forma omissiva imprópria quando
não há descrição clara e precisa de como a acusada – médica cirurgiã de sobreaviso – poderia ter impedido
o resultado morte, sendo insuficiente a simples menção do não comparecimento da denunciada à unidade
hospitalar, quando lhe foi solicitada a presença para prestar imediato atendimento a paciente que foi a óbito.
De igual modo, é também inepta denúncia que, ao descrever a conduta da acusada como sendo dolosa, o faz
de forma genérica, a ponto de ser possível enquadrá-la tanto como culpa consciente quanto como dolo
eventual. STJ. 6a Turma. RHC 39.627-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 8/4/2014.

Quando se imputa a alguém CRIME COMISSIVO POR OMISSÃO (art. 13, § 2o, “b”, do CP), é necessário que
se demonstre o NEXO NORMATIVO (também chamado de NEXO DE EVITAÇÃO) entre a conduta omissiva
e o resultado normativo, porque só se tem por constituída a relação de causalidade se, baseado em
elementos empíricos, for possível concluir, com alto grau de probabilidade, que o resultado não ocorreria se
a ação devida fosse efetivamente realizada. Na hipótese em foco, a denúncia não descreveu com a clareza
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necessária qual foi a conduta omitida pela denunciada que teria impedido o resultado morte, com
probabilidade próxima da certeza. (Via Dizer o Direito)

Como foi cobrado: (PC-AC – Delegado – 2017) Sobre causalidade e imputação objetiva, assinale a resposta
correta.
A – Para a teoria da imputação objetiva em Roxin. não há riscos juridicamente irrelevantes em ações dolosas.
Errada. Para ele, se não há risco juridicamente relevante não deve incidir o direito penal.
B – A teoria da equivalência dos antecedentes, adotada no Código Penal, é abolida pela imputação objetiva,
que renega a existência de uma causalidade natural.
Errada. Nem foi abolida, vez que a imputação objetiva complementa, nem há renegação por esta da
causalidade natural, mas apenas impõe limites a esta.
C – A teoria da conditio sine qua non tem como consequência o regresso ad infinitum na análise dos
antecedentes causais, o que pode ser evitado, entre outras análises, pela imputação objetiva.
Verdadeira. Exatamente o que já vimos.
D – A imputação objetiva dispensa a realização do risco juridicamente desaprovado no resultado.
Errada. Exige.
E – O Código Penal brasileiro - no que concerne ao nexo causal – adota expressamente a teoria da causalidade
adequada.
Errada. Esta é a exceção e não há uma adoção “expressa”. A regra é a da conditio sine qua non.

2. CONCAUSAS

O resultado, não raras vezes, é feito de pluralidade de comportamentos, associação de fatores, entre
os quais a conduta do agente aparece como seu principal (mas não único) elemento desencadeante.
Nesse sentido, concausas consiste na pluralidade de causas concorrendo para o mesmo evento.
As concausas podem ser:
☠ As espécies de concausas foram objeto da prova oral do MPMG em 2020!

o Dependentes: Não são capazes de produzir, por si só, o resultado. Precisam da conduta do agente e,
por isso, não excluem a relação de causalidade;

o Independentes: Capazes de produzir, por si só, o resultado, ou seja, não dependem da conduta do
agente. Podem ser absolutas ou relativas, como veremos à frente.

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▪ Concausa absolutamente independente: Ocorre quando há uma concausa capaz de produzir por si
só o resultado e que NÃO se origina da conduta do agente. É totalmente desvinculada, motivo pelo
qual ocorre a EXCLUSÃO DA IMPUTAÇÃO DAQUELE RESULTADO (deixa de ser causa, exclui o nexo e
responde por tentativa.

Pode ser:
(a) Absolutamente independente preexistente: Anterior à conduta concorrente do agente. A alveja B
com disparo de arma de fogo, mas B morre em razão do veneno ministrado a ele anteriormente por
C e não em razão do tiro.

⦁ O veneno é causa pré-existente – por ser anterior ao disparo de arma de fogo

⦁ Absolutamente independente – pois a vítima não bebeu o veneno em razão do disparo de


arma de fogo. Não há qualquer relação entre o disparo e o veneno: se retirar o disparo, ainda
assim, a vítima irá ingerir o veneno.

⦁ Que exclui a imputação do resultado morte – Pois não foi o disparo de arma de fogo que
causou a morte. Retirando o disparo de arma de fogo do processo causal, a morte ocorreria
como ela ocorreu? SIM! A vítima morreria do mesmo jeito: envenenada.

Aqui, A responderia por tentativa de homicídio e C por homicídio consumado

(b) Absolutamente independente concomitante: é aquela que ocorre ao mesmo tempo que a conduta
do agente – Seguindo o exemplo anterior, A alveja B com disparo de arma de fogo, mas B morre em
razão de traumatismo craniano por um tijolo de um prédio que ao mesmo tempo da conduta de A
caiu e atingiu a sua cabeça

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⦁ Causas absolutamente independentes → pois um disparo não tem nada a ver com o
traumatismo craniano.
⦁ Como o resultado foi causado pelo traumatismo, exclui-se o resultado morte de A, que
responde por homicídio tentado.

A também responderá por tentativa de homicídio.

(c) Absolutamente independente superveniente: A causa efetiva é posterior à conduta do agente. Ex:
A coloca veneno na comida de B. Antes que o veneno cause a morte de B, C entra na casa dele e o
mata com um tiro.
⦁ O tiro é uma causa absolutamente independente → mesmo sem o envenenamento, ele teria
morrido de qualquer jeito pelo disparo efetuado por C.
⦁ A só responde pela tentativa de homicídio, justamente porque, por causas alheias à sua
vontade, B morreu pelo disparo de tiro, e não pelo veneno como ele queria.

A responderá por tentativa de homicídio e C por homicídio consumado.

A concausa absolutamente independente, por produzir por si só o resultado, rompe o nexo causal
entre o resultado e a conduta do agente, fazendo com que este responda apenas pelo crime na modalidade
TENTADA. Adotou-se aqui a regra geral do artigo 13 do CP, teoria da conditio sine qua non.

▪ Concausa Relativamente independentes: A causa concorrente se origina direta ou indiretamente da


conduta do agente, ou seja, ambas, em conjunto, levarão ao resultado final. Assim, ao contrário das
absolutamente independentes, estas NÃO EXCLUEM A IMPUTAÇÃO DO RESULTADO.

Podem ser:

(a) Relativamente independente preexistente: Anterior à conduta concorrente do agente. O típico


exemplo do hemofílico. A, querendo matar B e sabendo ser ele hemofílico, desfere contra ele uma
facada na perna que, sozinha, não causaria a sua morte, mas que por esta condição, a morte ocorreu.
A doença era anterior à facada, agindo as duas em conjunto, de modo que o agente responde pelo
crime consumado.
⦁ O fato de ele ser hemofílico, por si só, não levaria ele a morte.
⦁ A facada, por si só, também não o levaria a morte (por ter sido deferida em lugar não letal)
⦁ A hemofilia e a facada são dependentes uma da outra para ocorrer o resultado. Ou seja: é a
soma das causas que leva ao resultado morte.

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Causas relativamente independentes não excluem a imputação. Logo, o indivíduo que desferiu as facadas
deve responder pelo resultado morte.

(b) Relativamente independente concomitante: ocorre ao mesmo tempo que a conduta do agente. Ex:
A, objetivando matar B, efetua disparo de arma de fogo contra a vítima, não vindo, contudo, a atingi-
la. B, em decorrência do susto causado pelo disparo, sofre um infarto e falece. A morte se deu pelo
conjunto das causas, de modo que A responde pelo delito consumado;
⦁ O disparo, por si só, não levaria ele à morte. Assim como o colapso cardíaco, por si só,
também não o levaria à morte.
⦁ O que levou à morte foi a conjunção dos dois resultados: uma causa depende da doutra.
(causa efetiva= colapso e causa concorrente= disparo).

Se uma causa depende da outra, não haverá a exclusão do resultado morte, e A deve responder pelo
homicídio.

(c) Relativamente independente superveniente: É posterior à conduta do agente.


⦁ Regra: Em regra, as concausas relativamente independentes NÃO excluem a imputação.
⦁ Exceção: Art. 13, §1º - Eventualmente, as concausas relativamente independentes podem
excluir a imputação, fugindo à regra geral, quando, por si só, produzirem o resultado.

Atenção!!! Esta vai se subdividir em duas hipóteses:

i. Que por si só produz o resultado: A atira em B e este é socorrido. Estando no hospital, com
vida, o teto desaba e ele vem a falecer em decorrência do desabamento. Qual seria a
responsabilidade de A? Sabemos que se não fosse o tiro, ele não estaria no hospital, é
verdade. Mas aqui, é a EXCEÇÃO em que o CP adotou a teoria da causalidade adequada (§1º
do art. 13), mais restrita, em que há um juízo de probabilidade do que normalmente acontece
(todas as demais hipóteses de concausas são analisadas com base na conditio sine qua non).
Tendo em vista que o desabamento de um teto não está dentro do resultado esperado
advindo de um tiro, houve o rompimento do nexo causal, de modo que o agente responde
apenas por tentativa. (situação imprevisível, que seja apto a produzir o resultado, exclui a
imputação e só responde por tentativa).

ii. Por si só não produz o resultado: Aqui, com base no mesmo exemplo anterior, suponhamos
que B morre em razão de infecção nos ferimentos decorrentes do tiro. Tendo em vista que
não fosse o tiro não haveria a infecção e que esta infecção é uma possibilidade normal, que
se encontra dentro das consequências esperadas de um tiro, o agente responde pelo delito
consumado.
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Macete sobre as concausas:

BIPE = broncopneumonia; infecção hospitalar; parada cardiorrespiratória e erro médico = não


cortam o nexo causal = o agente matou a vítima. TAMBÉM NÃO ROMPE A FALTA DE ATENDIMENTO
MÉDICO (decisão STJ).
IDA = incêndio; desabamento e acidente com a ambulância = cortam o nexo causal = o agente
responde apenas pela tentativa.

☠ O Exemplo do erro médico foi abordado na prova oral do MPMG/2020

ENTENDA: o incêndio no hospital é um desdobramento causal anormal que gera um rompimento com a
conduta inicial (disparo por arma de fogo).

O indivíduo que toma um tiro pode morrer do tiro, mas pode morrer também de uma infecção hospitalar ou
de um erro médico, que são desdobramentos naturais do tiro. No entanto, quem toma um tiro, não morre
envenenado, não morre asfixiado, não morre queimado, não morre soterrado, não morre pelo incêndio do
hospital. Essas são mortes anormais, são causas que, por si só, produzem o resultado, pois há um
rompimento na linha de desdobramento físico causal natural.
⦁ Por si só produz o resultado → contexto que não corresponde a um desdobramento físico ou natural
da conduta→ impede a imputação do resultado → só responde pelos atos anteriores (tentativa)
⦁ Não produz por si só o resultado → o contexto corresponde a um desdobramento físico ou natural
da conduta → cabe a imputação do resultado ao agente → responde pelo resultado produzido de acordo
com seu dolo.

Se liga na tabela para revisar:

CONCAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES


ESPÉCIE EXEMPLO RESPONSABILIZAÇÃO
Preexistente Vítima hemofílica.
Vítima, apesar de não ter sido Não há rompimento do nexo de
Concomitante atingida, se assusta e sofre um causalidade e o agente responde
infarto. pelo resultado causado. Aplica-
Modalidade “não por si só se o art. 13, caput, do CP (teoria
produz o resultado”: Morte da conditio sine qua non).
Superveniente*
por infecção hospitalar.
Modalidade “por si só produz Há rompimento do nexo de

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o resultado”: Morte pelo causalidade e o agente responde


desabamento do teto do pelo seu dolo, apenas os atos
hospital. praticados (tentativa) e não pelo
resultado. Aplica-se o art. 13,
§1º, do CP.

IV – TIPICIDADE

É o elemento do fato típico presente em todo e qualquer crime. Conforme a doutrina moderna, a
tipicidade penal é formada por:

Tipicidade Formal: Juízo de subsunção do fato à norma;

Tipicidade Material: Lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.

Há ainda a TIPICIDADE CONGLOBANTE, preconizada por Zaffaroni, que é formada pela tipicidade
material + antinormatividade. (QUESTÃO PROVA ORAL DELEGADO DE SE/2019)
A antinormatividade é a relação de contrariedade entre o fato típico e o ordenamento jurídico como
um todo. Para ele, não se pode considerar ilícita uma conduta que é determinada ou fomentada pelo Estado.
Assim, para o autor, o estrito cumprimento do dever legal e o exercício regular do direito, que para
a doutrina majoritária e para o CP constituem causas excludentes de ilicitude, seriam, na verdade, causas de
exclusão da tipicidade, tonando, por consequência, a conduta atípica, justamente por achar absurdo que
alguém que esteja cumprindo seu dever legal ou esteja exercendo uma atividade fomentada pelo direito
tenha estas ações consideradas como fatos típicos.
Um exemplo é do oficial de justiça que promove penhora de bens em razão de cumprimento de
mandado (ele está nada menos que subtraindo coisa alheia móvel), que só ficará isento de responsabilidade
na análise do segundo elemento do crime, enquanto não deveria sequer haver tipicidade penal.
Já legítima defesa e estado de necessidade continuariam como excludentes de ilicitude, segundo esta
teoria, vez que não são fomentadas e nem determinadas pelo Estado, mas tão somente toleradas.
O STJ já adotou a tipicidade conglobante (AP 638).

* ATENÇÃO: O princípio da insignificância exclui a tipicidade material.

(...) Em regra, o reconhecimento do princípio da insignificância gera a absolvição do


réu pela atipicidade material. Em outras palavras, o agente não responde por
nada. (Info. 913, STF)

Como foi cobrado: (PC-PI – Delegado – 2014) Segundo a teoria da tipicidade conglobante proposta por
Eugenio Raúl Zaffaroni, quando um médico, em virtude de intervenção cirúrgica cardíaca por absoluta
necessidade corta com bisturi a região torácica do paciente, é CORRETO afirmar que: não responde por
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nenhum crime, carecendo o fato de tipicidade, já que não podem ser consideradas típicas aquelas condutas
toleradas ou mesmo incentivadas pelo ordenamento jurídico.

V. ADEQUAÇÃO TÍPICA

É a tipicidade formal na prática. Há duas espécies de tipicidade formal:

(1) Subsunção direta ou adequação típica imediata: não há dependência de qualquer dispositivo
complementar para adequar o fato à norma. Ex.: A subtrai o celular de B. Neste caso o fato de subtrair
coisa alheia móvel se enquadra diretamente ao art. 155 do CP.

(2) Subsunção indireta ou adequação típica mediata: há uma conjugação do tipo penal com a NORMA DE
EXTENSÃO, também denominada de norma de adequação típica mediata. No nosso Código Penal temos
3 hipóteses:

A. Norma de extensão temporal: Tentativa (art. 14, II do CP). Os tipos penais não possuem definição
direta de tentativa em cada um deles. Há essa norma geral que será combinada com o tipo penal não
consumado. Ex.: A tenta matar B. Este fato não há subsunção direta ao art. 121. Neste caso, devemos
utilizar do art. 121 do CP, cumulado com o art. 14, II, do CP.

B. Norma de extensão pessoal e espacial: Participação, artigo 29 do CP (esse artigo trata de todo o
concurso de pessoas, mas o que tem relevância aqui é a figura do partícipe). Quem espera do lado
de fora da casa enquanto o comparsa subtrai a televisão da vítima, embora não tenha subtraído coisa
alheia móvel, como manda o tipo, responderá pelo furto qualificado pelo concurso de pessoas em
razão da norma de extensão prevista no art. 29 do CP.

C. Norma de extensão da conduta: Crimes comissivos por omissão (em que há um garantidor): a
conduta que só podia ser praticada por ação passa a ser praticada por omissão, quando o garante
devia e podia agir para evitar o resultado. Art. 13, §2º, CP.

3. TEORIA DO TIPO

O tipo penal é aquele que descreve as condutas proibidas ou permitidas pelo direito penal de modo
genérico e abstrato, ou seja, condutas criminosas ou as hipóteses em que a prática destas é tolerada (já vimos
sobre isso nas classificações da lei penal).

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Atenção: não confundir TIPO X TIPICIDADE. Enquanto o tipo é a figura penal que resulta da imaginação do
legislador, a tipicidade consiste na averiguação se determinada conduta se amolda ou não nesse modelo
imaginário pensado pelo legislador.

3.1 Funções do Tipo Penal

✔ De garantia (reserva legal, garantia do indivíduo, só a lei cria)


✔ Fundamentadora (fundamenta o direito de punir do estado)
✔ Indiciária da ilicitude (o fato típico é presumidamente ilícito – presunção relativa, que acarreta na
inversão do ônus da prova quanto às excludentes)
✔ Diferenciadora do Erro (para que o agente seja responsabilizado por pela pratica de um crime
doloso, seu dolo deve alcançar todas as elementares do tipo. Caso ignore alguma delas, incorrerá em
erro de tipo, afastando o dolo, nos termos do artigo 20 do CP. Por outro lado, estando delimitado o
tipo penal e havendo dolo em relação a ele, não há que se falar em erro).
✔ Seletiva (seleciona as condutas proibidas (crimes comissivos) ou ordenadas (crimes omissivos) pelo
direito penal.

3.2 Estrutura do Tipo Penal

Todos possuem núcleo e elementos, que formam o tipo fundamental. Quando há privilégios ou
qualificadoras, acrescentam-se circunstâncias, formando os tipos derivados.
O núcleo é o verbo do tipo – ex: “subtrair”, “matar”. É o ponto de partida.
Os elementos/elementares se dividem em:

A. Objetivos/descritivos: trazem um juízo de certeza. Podem ser compreendidos por qualquer pessoa.
Ex: “coisa alheia móvel” no furto, “alguém” no homicídio etc.

B. Subjetivos: Se relacionam com o animus do agente, sua especial finalidade de agir, suas intenções.
Ex: “para si ou para outrem” no furto. Não basta a subtração de coisa alheia móvel, faz-se necessário
o animus rem sibi habendi, dolo de assenhoramento definitivo.

C. Normativos: Demandam um juízo de valor por parte do aplicador do direito. Ex: “obsceno”,
“indevidamente”, “cruel”, “honesto”, “pudor”, “decoro” etc. Termos não definidos, que demandam
uma interpretação caso a caso.

3.3 Classificações do Tipo Penal

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3.3.1 Tipo Normal X Anormal

▪ Tipo normal / neutro / acromático / avalorado – é o que, além do núcleo, contém somente
elementos objetivos/descritivos (ex: matar alguém).
▪ Tipo anormal é aquele que, além de núcleo e elementos objetivos, contem também elementos
subjetivos e/ou normativos (no finalismo TODOS os tipos são anormais, vez que dolo e culpa estão
no fato típico, como elemento da conduta e são essenciais a qualquer tipo).

3.3.2 Tipo Congruente X Tipo Incongruente

▪ Tipo congruente (simétrico) é aquele em que há perfeita congruência entre a vontade do agente e
o fato tipificado (exemplo: crimes dolosos consumados).
▪ Tipo incongruente (assimétrico) é aquele em que não há congruência entre a vontade do agente o
fato por ele praticado (exemplo: os crimes tentados, os crimes culposos, preterdolosos). Se A quer
matar B, mas apenas o lesiona, há uma assimetria entre os elementos objetivos e subjetivos.

ESPELHO DE CORREÇÃO LV CONCURSO PARA INGRESSO NA CARREIRA DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO


ESTADO DE MINAS GERAIS: De regra, o tipo subjetivo está inteiramente voltado para a totalidade do tipo
objetivo; assim ocorrendo, o tipo é chamado de congruente ou congruente simétrico. Como exemplo, tem-
se o homicídio simples consumado, posto que, alcançado o resultado morte e tendo o agente obrado com
animus necandi, haverá perfeita sintonia entre o tipo subjetivo (dolo homicida) e o tipo objetivo (matar
alguém). Todavia, quando não há essa sincronia, opera-se o que se tem denominado de incongruência ou
congruência assimétrica. Assim, tipos incongruentes ou congruentes assimétricos são aqueles que exigem
algo a mais que o dolo, havendo um hipertrofiamento do aspecto subjetivo com relação ao objetivo. Esse
“algo a mais” além do dolo é tratado como elemento subjetivo do tipo distinto do dolo (ou, para a doutrina
clássica, dolo específico). São exemplos os delitos de intenção que contém expressões designativas de
intenções especiais (“com o fim de”, “em proveito próprio”), bem assim aqueles crimes chamados de
tendência, como os contra os costumes em que se exige que a ação se desenvolva seguindo uma intenção
sexual (satisfação da lascívia).
O professor paranaense Luiz Alberto Machado se reporta a uma outra terminologia sobre o tema: ele chama
de tipos originariamente incongruentes (ou assimétricos), aqueles em que, de maneira textual, (a) o
elemento objetivo vai além do elemento subjetivo (crime qualificado pelo resultado – aqui, há excesso
objetivo); ao reverso, quando (b) o tipo subjetivo vai além do objetivo (excesso subjetivo), tem-se o chamado
crime formal (consumação antecipada) e a que outros que exigem especial fim de agir. Por fim, fala-se em
congruência defeituosa (assimetria); nestes casos, pode haver erro de tipo ou tentativa. A congruência
defeituosa pode se dar em relação ao tipo subjetivo (este não vê a perfeição do tipo objetivo), e se observa
no erro de tipo: EX. o agente subtrai a coisa alheia móvel para si, crendo-a invencivelmente própria. Ao
contrário, quando o defeito de congruência estiver situado no tipo objetivo, se está diante de hipótese de
tentativa. Nesta hipótese, o tipo objetivo não se aperfeiçoa porque o verbo não se completa por um acidente
de percurso no iter criminis (circunstâncias alheias à vontade do agente, art. 14, II, do Código Penal)), como

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sucede, v.g., na tentativa de homicídio; daí porque, neste caso, a conatus também pode ser definida como
um tipo penal acidentalmente incongruente ou incongruente per accidens.

3.3.3 Tipo Simples X Tipo Misto

▪ Tipo simples: o tipo penal contém apenas um núcleo. Ex.: matar.


▪ Tipo misto (de conduta mista ou de conteúdo variado): há mais de um núcleo (verbo) no tipo penal.
Ex.: tráfico de drogas (guardar, vender, ter em depósito etc).

Pode ser subdividido em:


(1) Tipo misto alternativo: mesmo com a prática de mais de um núcleo do tipo haverá crime único,
desde que no mesmo contexto fático. (Ex: prática de conjunção carnal e de outros atos libidinosos
diversos, sob violência ou grave ameaça, no mesmo contexto fático – caracteriza crime único – STJ)
(2) Tipo misto cumulativo: são os que a prática de mais de um núcleo do tipo configurará concurso
material de crimes (ex; art. 244, CP – Abandono material).

3.3.4 Tipo Fechado (Cerrado) X Tipo Aberto

▪ Tipo fechado: possui descrição minuciosa da conduta.


▪ Tipo aberto: não possui uma descrição complete e devem ser complementados por um juízo de
valor, realizado pelo aplicador da lei no caso concreto. Exemplos:
⦁ Crimes culposos
⦁ Crimes omissivos impróprios
⦁ Quando há elemento normativo no tipo

* Diferença entre tipo aberto e norma penal em branco: esta última é complementada por lei ou ato
administrativo, enquanto o primeiro é complementado por um juízo de valor.

3.3.5 Tipo Preventivo


Trata-se dos crimes-obstáculo. São as figuras em que o legislador incrimina de forma autônoma um
fato que seria apenas um ato preparatório de outro crime, antecipando a tutela penal.

3.3.6 Tipo Penal Doloso X Culposo X Preterdoloso

A) DOLO
Vontade livre e consciente, dirigida a realizar ou aceitar realizar a conduta prevista no tipo penal
incriminador.

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ELEMENTOS DO DOLO:
1) Intelectivo/Cognitivo: Consciência (ocorre primeiro);
2) Volitivo: Vontade.

Ou seja: o dolo é = SABER + QUERER


Se ele sabe, mas ele não quer → ele não tem dolo
Se ele quer, mas ele não sabe → ele não tem dolo

Dolo é a vontade livre e consciente dirigida finalisticamente à produção do resultado.


Dolo é o elemento cognitivo (consciência) conjugado com o elemento volitivo (vontade).

Aprofundando para uma prova discursiva...

* Dentro do elemento cognitivo (saber), o que o indivíduo precisa ter consciência para que ele
efetivamente tenha dolo? Ou seja: quais os limites desse conhecimento (do elemento cognitivo) para que eu
possa tecnicamente afirmar que o indivíduo tinha dolo?
Resposta: O conhecimento precisa ser ATUAL E REAL, precisa abranger as CIRCUNSTÂNCIAS DE FATO
DO TIPO OBJETIVO (são as elementares típicas), ou seja, ele precisa ter o conhecimento de todos os
elementos descritos no tipo penal incriminador, e precisa, ainda, abranger os ELEMENTOS PRESENTES E
FUTUROS DO TIPO OBJETIVO.

* Dentro do elemento volitivo (querer), o dolo deve ser:


1) Vontade incondicional: a vontade dele deve estar dirigida incondicionalmente a um resultado
2) Capaz de influenciar o mundo exterior: Esse querer, para ser caracterizado como elemento volitivo,
tem que ter a capacidade de influenciar no mundo real. Se esse querer não tem a capacidade de
influenciar no mundo real, não temos um querer no sentido jurídico, temos uma mera esperança.


TEORIAS SOBRE O DOLO (se dividem em cognitivas/intelectivas ou volitivas):

1. Teoria da vontade: Teoria volitiva.


∘ O fundamento central dessa teoria é a VONTADE. Ou seja: há dolo quando há vontade
consciente de produzir o resultado. Logo, pela Teoria da Vontade, dolo é a vontade consciente
de querer praticar a infração penal, não basta só prever.
∘ Adotada pelo CP no que se refere ao dolo direto de 1º grau

2. Teoria da representação (ou da possibilidade): Teoria cognitiva/ intelectiva.


∘ haverá dolo quando o sujeito realizar sua ação ou omissão prevendo o resultado como
certo ou provável (ainda que não o deseje) (Von Liszt e Frank).
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∘ Não faz distinção entre dolo eventual e culpa consciente

3. Teoria do assentimento/ consentimento / aprovação: Teoria volitiva.


∘ O agente, mesmo prevendo determinado resultado, decide prosseguir com a sua conduta,
assumindo o risco de produzi-lo. Nesse caso, o indivíduo consente com a produção do
resultado.
∘ Adotada pelo CP para o dolo eventual.

ATENÇÃO: O Brasil adotou:


- Teoria da vontade: Dolo direto
- Teoria do assentimento: Dolo eventual

OUTRAS TEORIAS (CAEM EM QUESTÕES MAIS APROFUNDADAS):

4. Teoria da probabilidade ou da cognição: Teoria cognitiva.


Essa é uma das teorias que diferenciam "provável e possível". Assim, para a caracterização do dolo o
autor deve entender o fato como provável e não somente como possível. Se for pouco provável, haverá culpa
consciente;
⦁ Probabilidade → gera dolo eventual
⦁ Possibilidade → gera culpa consciente

5. Teoria da evitabilidade: Teoria cognitiva.


Pressupõe a representação do resultado como possível, o que bastará para a caracterização do dolo
eventual. Contudo, se o agente busca evitar o resultado através da ativação de contrafatores, agindo
concretamente, existirá culpa consciente.
⦁ Culpa consciente → ativa contrafatores
⦁ Dolo eventual → não ativa contrafatores

6. Teoria do risco: Teoria cognitiva.


A existência do dolo depende do conhecimento pelo agente do risco indevido (tipificado) na
realização de um comportamento ilícito.;

7. Teoria do perigo a descoberto: Teoria intelectiva.


Fundamenta-se apenas no tipo objetivo. Perigo a descoberto vem a ser a situação na qual a
ocorrência do resultado lesivo subordina-se à sorte ou ao acaso. Caracterizado pela dependência de meros
fatores de sorte-azar. Configura dolo eventual, ainda que o agente confie na ausência do resultado. Ex: roleta
russa.

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⦁ Perigo desprotegido → é o perigo gerado que depende de meros fatores de sorte ou azar: dolo
eventual.
⦁ Perigo protegido → é caracterizado pela evitação do possível resultado mediante o cuidado,
atenção do autor, da vítima ou de terceiro: culpa consciente

8. Teoria da indiferença ou do sentimento: Teoria Volitiva.


Estabelece a distinção entre dolo eventual e culpa consciente por meio do "alto grau de indiferença
por parte do agente para com o bem jurídico ou sua lesão.

ALGUMAS ESPÉCIES DE DOLO:


o Dolo natural X dolo normativo: Estudado no material anterior. Vamos fazer uma rápida retomada?
⮚ Dolo natural ou acromático - o elemento cognitivo do dolo não abrange o conhecimento da
ilicitude. Não possui a consciência da ilicitude (adotado no modelo Finalista).
⮚ Dolo normativo - além dos elementos objetivos ou descritivos, exige o conhecimento acerca
do potencial conhecimento da ilicitude (adotado no modelo Neoclássico).

o Dolo direto X Dolo indireto:


a) DOLO DIRETO – O agente, com sua conduta, prevendo determinado resultado, sai em busca de
realizá-lo. Pode ser:
⮚ De primeiro grau: resultado certo e determinado buscado pelo agente
⮚ De segundo grau: também conhecido por “dolo de consequências necessárias”. O agente
danifica os freios do carro de A durante a noite para causar um acidente e matá-lo, sabendo
que todo dia pela manhã ele sai de carro. Porém, os filhos sempre vão junto e o agente
sabe que a morte deles será inevitável e pratica a conduta mesmo assim, para alcançar seu
objetivo principal.
⮚ De terceiro grau: Consequência da consequência. O agente, objetivando matar seu inimigo
político, coloca uma bomba no jatinho dele, sabendo que sua próxima viagem será com sua
esposa, que está grávida. A morte do inimigo político seria o dolo de primeiro grau. A da
esposa, de segundo. O aborto, de terceiro. É criticada e tida como desnecessária por parte
da doutrina, vez que qualquer consequência estaria abarcada no dolo de segundo grau

Segundo o autor André Stefan (Direito Penal Parte Geral V1) O dolo, ademais, abrange não só
o objetivo perseguido pelo sujeito (dolo de primeiro grau), mas também os meios escolhidos para a
consecução desse fim e as consequências secundárias inerentemente ligadas aos meios escolhidos (dolo
de segundo grau ou dolo de consequências secundárias). Se o agente, pretendendo matar um gêmeo
siamês, efetua contra ele um disparo de arma de fogo letal e, como consequência secundária
inerentemente ligada aos meios e ao fim pretendido, leva à morte do irmão, responde por dois homicídios

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a título de dolo direto (de primeiro grau em relação ao seu desafeto e de segundo grau no tocante ao seu
irmão). Exemplo interessante de dolo de segundo grau nos é fornecido por Cezar Bitencourt. Imagine um
terrorista que, pretendendo matar um importante líder político, decida colocar uma bomba no automóvel
oficial e, com a explosão, provoque a morte do político e do motorista. Haverá dolo direto com relação às
duas mortes. A do líder político será imputada a título de dolo direto de primeiro grau e a do motorista,
de segundo grau.

Atenção!! Não se pode confundir o dolo direito de segundo grau com o dolo eventual. No dolo de
segundo grau as consequências secundárias são inerentes aos meios escolhidos

b) DOLO INDIRETO: O agente, com sua conduta, não busca realizar um determinado resultado:
⮚ Dolo alternativo: O agente prevê pluralidade de resultados, dirigindo sua conduta na
realização de qualquer dele, com igual intensidade a produzir um ou outro resultado.
⮚ Dolo eventual: Embora o agente não deseje o resultado, assume o risco de produzi-lo. Age
com indiferença.

TEORIA POSITIVA DO CONHECIMENTO: Reinhard Frank. “Seja como for, dê no que dê, eu não deixarei de
agir”.

o Dolo cumulativo: O agente pretende alcançar dois ou mais resultados típicos em sequência (progressão
criminosa);

o Dolo geral (erro sucessivo): Ocorre quando o agente, supondo já ter alcançado um resultado por ele
visado, pratica nova ação que efetivamente o provoca. Ex: para matar seu inimigo, alguém o golpeia
fortemente, de modo que a vítima desmaia, fazendo o agente pensar equivocadamente que ela faleceu;
em seguida, com a finalidade de simular um suicídio, deixa o ofendido suspenso em uma corda amarrada
ao seu pescoço, asfixiando-o.

Não se pode confundir o dolo geral com o erro sobre o nexo causal (aberratio causae) ou com a figura da
consumação antecipada. No erro sobre o nexo causal realiza-se uma só conduta pretendendo o resultado,
o qual é alcançado em virtude de um processo causal diverso daquele imaginado. Exemplo: uma pessoa joga
seu inimigo de uma ponte sobre um rio (conduta), pretendendo matá-lo (resultado) por afogamento (nexo
de causalidade esperado), mas a morte ocorre porque, durante a queda, o ofendido choca sua cabeça contra
os alicerces da ponte (nexo de causalidade diverso do imaginado). A diferença fundamental entre o dolo
geral e o erro sobre o nexo de causalidade reside no fato de que naquele há duas condutas, enquanto neste
há somente uma. A consumação antecipada é, pode-se dizer, o oposto do dolus generalis, porquanto se
refere a situações em que o agente produz antecipadamente o resultado esperado, sem se dar conta disso.
Exemplo: uma enfermeira ministra sonífero em elevada dose para sedar um paciente e, após, envenenálo;
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apura-se, posteriormente, que o óbito foi decorrência da dose excessiva de sedativo e não da peçonha
ministrada a posteriori. Não se pode confundir o dolo geral com o erro sobre o nexo causal (aberratio
causae) ou com a figura da consumação antecipada. No erro sobre o nexo causal realiza-se uma só conduta
pretendendo o resultado, o qual é alcançado em virtude de um processo causal diverso daquele imaginado.
Exemplo: uma pessoa joga seu inimigo de uma ponte sobre um rio (conduta), pretendendo matá-lo
(resultado) por afogamento (nexo de causalidade esperado), mas a morte ocorre porque, durante a queda,
o ofendido choca sua cabeça contra os alicerces da ponte (nexo de causalidade diverso do imaginado). A
diferença fundamental entre o dolo geral e o erro sobre o nexo de causalidade reside no fato de que naquele
há duas condutas, enquanto neste há somente uma. A consumação antecipada é, pode-se dizer, o oposto do
dolus generalis, porquanto se refere a situações em que o agente produz antecipadamente o resultado
esperado, sem se dar conta disso. Exemplo: uma enfermeira ministra sonífero em elevada dose para sedar
um paciente e, após, envenenálo; apura-se, posteriormente, que o óbito foi decorrência da dose excessiva
de sedativo e não da peçonha ministrada a posteriori.

o Dolo de propósito (refletido): resulta da reflexão do agente. Ocorre nos crimes premeditados.

o Dolo de ímpeto (repentino): resulta de uma explosão emocional. Ocorre nos crimes passionais.

B) CULPA

Como já vimos, é elemento da conduta, que compõe o fato típico.


Consiste em uma conduta voluntária que realiza um fato ilícito não querido pelo agente, mas que foi
por ele previsto (culpa consciente) ou lhe era imprevisível (culpa inconsciente) e poderia ter sido evitado se
o agente atuasse com cuidado.
Rogério Greco diz que “a conduta, nos delitos de natureza culposa, é o ato humano voluntário
dirigido, em geral, à realização de um fim lícito, mas que, por imprudência, imperícia ou negligência, isto é,
por não ter o agente observado o seu dever de cuidado, dá causa a um resultado não querido, nem mesmo
assumido, tipificado previamente na lei penal”.
Via de regra é tipo penal aberto, ou seja, a conduta não é descrita de modo detalhado (geralmente
vem “se tal crime é culposo – pena tal”), demandando um juízo de valor pelo aplicador do direito. Mas há
crime culposo com tipo fechado, como o art. 180, §3º do CP.
O fundamento da punibilidade de crimes culposos está no interesse público da proteção de bens
jurídicos indispensáveis ao indivíduo e à sociedade. O homem vive em sociedade, então é responsável pelo
que causa nela.
Porém, as penas são menores, vez que o desvalor da conduta é menor que nos crimes dolosos.

Em suma, para se saber se houve culpa ou não será sempre necessário proceder-se a um juízo de
valor, comparando a conduta do agente no caso concreto com aquela que uma pessoa medianamente
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prudente teria na mesma situação. Isso faz com que a culpa seja qualificada como um elemento normativo
da conduta (necessita de um juízo prévio de valor).

* ATENÇÃO: as hipóteses de crimes culposos devem vir expressamente previstas em lei, desse modo, a regra
é o dolo, enquanto a culpa é exceção.

* Discursivas com consulta: além do 18, II do CP, o CPM tem uma melhor definição do que seria o crime
culposo (DICA: FAZER REMISSÃO)

Art. 33. Diz-se o crime: (...)


II - Culposo, quando o agente, deixando de empregar a cautela, atenção, ou
diligência ordinária, ou especial, a que estava obrigado em face das circunstâncias,
não prevê o resultado que podia prever ou, prevendo-o, supõe levianamente que
não se realizaria ou que poderia evitá-lo.

ELEMENTOS DA CULPA:
1) Conduta humana voluntária
2) Violação de um dever de cuidado objetivo (imprudência, negligência ou imperícia).
3) Resultado involuntário
4) Nexo de causalidade
5) Previsibilidade Objetiva
6) Tipicidade

1) Conduta VOLUNTÁRIA: Pode ser ação ou omissão;


ATENÇÃO! Embora o resultado do crime culposo seja involuntário(vez que o agente não deseja
causá-lo), a CONDUTA é VOLUNTÁRIA.
O agente quer fazer o que faz, porém, pela sua inobservância do dever de cuidado, gera um evento
danoso, que não desejava.
A ausência de voluntariedade excluiria a conduta. O fato seria atípico (ex: movimentos reflexos).

2) Violação de um dever objetivo de cuidado: O agente atua de forma diversa do esperado pela lei e
sociedade:
▪ Imprudência: Culpa positiva ou “in agendo”. Ação intempestiva e irrefletida. Faz algo que a cautela
não recomenda. Uma característica fundamental da imprudência é a de que nela a culpa se
desenvolve paralelamente à ação. Enquanto o agente pratica a conduta comissiva, vai ocorrendo
simultaneamente a imprudência. Ex: excesso de velocidade na direção de veículo automotor,
ultrapassagem proibida, trafegar na contramão...

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▪ Negligência: Culpa negativa ou “in omitendo”. Falta de precaução. Deixa de fazer o que a cautela
recomenda. Ela é a inação, inercia e passividade. negligente é quem, podendo e devendo agir de
determinado modo, por indolência ou preguiça mental não age (Fernando Capez) (Ex: médico que
não esterilizou seus utensílios antes de uma cirurgia, pessoa que deixa de reparar os pneus e os freios
antes de viajar);
▪ Imperícia: Culpa profissional. Falta de aptidão técnica para o exercício de arte, ofício ou profissão. O
agente está autorizado a exercer determinada atividade, mas não tem as habilidades necessárias. Se
a imperícia advier de pessoa que não exerce arte ou profissão, haverá imprudência e não imperícia.
Assim, um curandeiro que tenta fazer uma operação no lugar de chamar um médico incorre em
imprudência. (Fernando Capez). Ex: Engenheiro civil, com CREA, que não tem conhecimento
necessário para a construção de um prédio, mas o faz e o mesmo desaba.

OBS.1: É tendência achar que sempre que tivermos um profissional envolvido, o caso será de imperícia, mas
não é verdade. Depende da conduta. Como vimos no exemplo dado em negligência, também foi algo no
exercício da profissão. Olho vivo nisso!

OBS.2: Nos crimes culposos no CTB, a Jurisprudência vem no sentido de que é IMPRESCINDÍVEL apontar,
precisamente, qual foi a conduta culposa. Vejamos:

Denúncia no caso de homicídio culposo deve apontar qual foi a conduta culposa -
É inepta a denúncia que imputa a prática de homicídio culposo na direção de
veículo automotor (art. 302 da Lei 9.503/1997) sem descrever, de forma clara e
precisa, a conduta negligente, imperita ou imprudente que teria gerado o resultado
morte, sendo insuficiente a simples menção de que o suposto autor estava na
direção do veículo no momento do acidente. STJ. 6ª Turma. HC 305194-PB, Rel.
Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 11/11/2014 (Info 553).

Diferença entre imperícia erro médico:


Segundo Fernando Capez, este ocorre quando, empregada os conhecimentos normais da
medicina, por exemplo, chega ao médico à conclusão errada quanto ao diagnóstico, a intervenção cirúrgica
etc., não sendo fato típico. o erro médico pode derivar não apenas de imperícia, mas também de imprudência
ou negligência. além disso, a imperícia não se restringe à área médica, podendo ocorrer em qualquer outra
atividade ou profissão que requeira habilidade especial. somente a falta grosseira desses profissionais
consubstancia a culpa penal, pois a exigência maior provocaria a paralisação da ciência, impedindo os
pesquisadores de tentar métodos novos de cura de edificações, etc.

3) Resultado Involuntário / naturalístico: Alteração física no mundo exterior. São crimes materiais, via de
regra.
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Há exceções. Ex: art. 38 da Lei de Drogas. Prescrever drogas culposamente sem que delas necessite
o paciente. Se consuma com a mera prescrição feita por médico ou dentista, ou seja, é um crime de mera
conduta. Se o indivíduo usar a droga será mero exaurimento.

4) Nexo causal entre a conduta e o resultado naturalístico;

5) Previsibilidade objetiva:
Ao contrário da previsibilidade subjetiva, que analisa as condições do agente no momento da
conduta, a previsibilidade objetiva analisa o fato de acordo com a visão do “homem médio”. Ou seja, não
será analisado se aquele agente específico previu o resultado, mas se, naquelas circunstâncias, era possível
que um homem médio as tenha previsto.
Assim, haverá previsibilidade objetiva quando o agente, nas circunstâncias em que se encontrava,
podia, segundo a experiência geral (homem médio), ter representado como possível as consequências de
seu ato

Segundo André Stefan, a previsibilidade objetiva, como visto, é aquela determinada segundo o critério de
uma pessoa de mediana prudência e discernimento. Sua ausência torna o fato atípico. Exemplo: um
motorista conduz seu veículo acima do limite de velocidade permitido (imprudência) por uma estrada
estreita; ao fazer uma curva, colide com um ciclista embriagado que se encontrava na contramão de direção.
Suponha que, em função da própria estrada, não era possível de modo algum enxergar depois da curva, de
tal forma que o condutor do automóvel não podia imaginar que havia uma pessoa naquele local. Além disso,
mesmo que trafegasse em velocidade compatível com a via, não poderia evitar o acidente. Apesar de sua
imprudência, o resultado era objetivamente imprevisível (não é possível imaginar que depois de cada curva
haverá um ciclista embriagado na contramão de direção!), motivo pelo qual o fato será considerado atípico.

APROFUNDANDO: Previsibilidade objetiva x subjetiva:


Para a análise da culpa não é necessário que o agente preveja o resultado nas circunstâncias que lhe são
apresentadas. Basta apenas que exista a previsibilidade objetiva, isto é, a possibilidade do resultado ser
prevista tendo-se como parâmetro o homem médio. Todavia, no que tange à análise da
previsibilidade subjetiva leva-se em consideração, não a circunstância de diligência normal, tendo-se como
parâmetro uma pessoa prudente, mas as aptidões pessoais e as condições específicas do agente. Importa,
com efeito, se o agente, em concreto, poderia ter previsto ou não o resultado. Em caso negativo, embora se
exclua a culpa, pois a previsibilidade subjetiva não faz parte de seu elemento, haverá, como consequência,
segundo Fernando Capez, a exclusão da culpabilidade. Vale dizer: o fato será típico porque houve conduta
culposa, mas o agente não será punido pelo crime ante a ausência de culpabilidade.

6) Tipicidade: Para o crime ser culposo, deve estar expresso.

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Art. 18, §único, CP: Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém
pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica
dolosamente.

ESPÉCIES DE CULPA:

1) Culpa consciente: É a culpa com previsão. O agente prevê o resultado, decidindo prosseguir com sua
conduta, acreditando que ele não ocorrerá ou que conseguirá evitá-lo;

Obs:. Segundo Fernando Capez, de acordo com a lei penal, não existe diferença de tratamento entre a culpa
com previsão e a inconsciente “pois tanto vale não ter consciência da anormalidade da própria conduta,
quanto está consciente dela, mas confiando, sinceramente, em que o resultado lesivo não sobreviverá”
(exposição de motivos do código penal de 1940). Além disso, não há diferença quanto a combinação da pena
abstratamente no tipo. Entretanto, parece-nos que no momento da dosagem da pena, o grau de
culpabilidade (circunstância judicial previsto no artigo 59 do caput do código penal) deva o juiz, na primeira
fase da dosimetria, elevar um pouco mais a sanção de quem age com culpa consciente, dada maior
censurabilidade desse comportamento.

Diferente do dolo eventual, em que o agente, embora também preveja, não se importa que o
resultado ocorra.

Professor Cézar Roberto Bitencourt: Há culpa consciente, também chamada culpa com previsão, quando o
agente, deixando de observar a diligência a que estava obrigado, prevê um resultado, previsível, mas confia
convictamente em que ele não ocorra. Quando o agente, embora prevendo o resultado, espera sinceramente
que este não se verifique, estar-se-á diante de culpa consciente e não de dolo eventual. No entanto, na
análise dessa espécie de culpa, deve-se agir com cautela, pois a simples previsão do resultado não significa,
por si só, que o agente age com culpa consciente, uma vez que, mais que a previsão, o que a caracteriza
efetivamente é a consciência acerca da lesão ao dever de cuidado. Logo, nada impede que possa ocorrer erro
de proibição, quando o agente se equivocar a respeito da existência ou dos limites do dever objetivo de
cuidado

2) Culpa inconsciente: O agente NÃO prevê o resultado que, entretanto, lhe era previsível naquelas
circunstâncias;

3) Culpa própria: o agente não quer o resultado nem assume o risco de produzi-lo;

4) Culpa imprópria (culpa equiparada ou por assimilação): O agente, por erro evitável, fantasia certa
situação de fato que não existe, supondo estar acobertado por excludente de ilicitude (discriminante
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putativa) e, em razão disso, provoca intencionalmente o resultado ilícito. Embora a conduta seja dolosa,
o agente responde por culpa, por razões de política criminal (art. 20, §1º, CP)
Ex.: A vê um vulto dentro de casa e dispara, pensando ser um bandido, mas na verdade era seu genro
que estava indo embora de lá de madrugada sem ele saber. Neste caso, A matou porque quis, mas achou
que estaria em legítima defesa. Por essa situação, responderá por culpa.

Olha o bizu: Via de regra, crime culposo não admite tentativa. Porém, no caso de culpa imprópria, admite-
se, justamente por ser um dolo tratado como culpa. (Foi questão da 2ª Fase de Delegado de Polícia de Minas
Gerais em 2018!)
Olha o bizu: Há autores que defendem a possibilidade de se reconhecer a tentativa em crimes preterdolosos
(dolo no antecedente e culpa no consequente), quando a parte frustrada da conduta é a dolosa. Nesse
sentido: Grecco e Rogério Sanches.

5) Culpa mediata ou indireta: é aquela em que o resultado naturalístico é produzido indiretamente a título
de culpa. É importante ressaltar que, para a configuração dessa modalidade de culpa, será
imprescindível que o resultado esteja na linha de desdobramento causal da conduta, ou seja, no âmbito
do risco provável, e, além disso, que possa ser atribuído ao autor mediante culpa.

Cleber Masson cita um exemplo da culpa indireta:

"É o caso, por exemplo, da vítima que acabara de ser torturada no interior de um
veículo, parado no acostamento de movimentada via pública. Quando conseguiu
fugir, buscou atravessar a pista, foi atropelada e morreu. O agente responde de
pela tortura e também pelo homicídio, provocado indiretamente e por sua atuação
culposa, pois lhe era previsível objetivamente a fuga da pessoa torturada na direção
da via pública."
Desse modo, a culpa indireta pressupõe: nexo causal (que o agente tenha dado
causa ao segundo evento) e nexo normativo (que tenha contribuído culposamente
para ele).

6) Culpa presumida (“in re ipsa”): Sendo uma forma de responsabilidade objetiva, não é admita no Brasil,
pois a culpa precisa ser provada.

EXCLUSÃO DA CULPA:
1) Caso fortuito e força maior;
2) Princípio da confiança
3) Erro profissional;
4) Risco tolerado;
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5) Risco praticado por outrem.

* IMPERÍCIA (CULPA PROFISSIONAL) X ERRO PROFISSIONAL:


Na primeira, a falha é do agente, e ele responde pelo crime culposo.
No segundo, explica Rogério Sanches (disponível em meusitejurídico): “No erro profissional, o agente
tem conhecimento das regras e as observa no decorrer da conduta, mas, sendo falíveis os postulados
científicos, torna-se possível a ocorrência de um resultado lesivo decorrente de erro, que não ensejará
punição. Como exemplo, podemos citar o seguinte: determinado paciente necessita de cirurgia cardíaca
extremamente delicada, para a qual a medicina ainda não desenvolveu técnica segura. O médico,
devidamente habilitado e experiente, põe-se a realizar o procedimento, observando rigorosamente todos os
métodos cirúrgicos que seu conhecimento abarca e de que a arte médica dispõe. Não obstante, durante o
procedimento, em razão da complexidade que a situação revela e para a qual não há resposta científica
eficiente, comete um erro, que acaba por causar a morte do paciente. Esta situação revela um erro
profissional que não caracteriza culpa, pois ausente a imperícia.”

Existe compensação de culpas no direito penal?


NÃO existe no Direito Penal a compensação de culpas, mas a culpa concorrente da vítima pode
atenuar a do agente (art. 59, CP). Ps.: Se a culpa é exclusiva da vítima o agente não responde.

Crimes culposos admitem coautoria e participação?


o 1ª Corrente (MAJORITÁRIA): Admitem a coautoria, MAS NÃO ADMITEM PARTICIPAÇÃO, de modo
que não é possível haver participação dolosa em crime culposo. Assim, qualquer causação culposa
importa em violação do dever objetivo de cuidado, fazendo do agente autor e não partícipe. (Foi
questão da 2ª Fase de Delegado de Polícia de Minas Gerais em 2018!)

o 2ª Corrente (LFG): Não admite nem coautoria e nem participação nos crimes culposos, em razão da
ausência de vínculo subjetivo entre os envolvidos.

o 3ª Corrente (Fernando Capez): Ambos são possíveis, sendo autor aquele que realiza o núcleo do tipo
e partícipe o que concorre para o crime, sem, no entanto, cometer o núcleo verbal da ação.

Obs:. Para os partidários da teoria do domínio do fato, não há como sustentar o concurso de agentes no
crime culposo, pois neste o agente não quer o resultado e, portanto, não há como sustentar que ele detenha
o controle final sobre algo que ele não deseja. Por isso, adotam a posição no sentido da inviabilidade da
participação no crime culposo.

A. CRIME PRETERDOLOSO

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É uma espécie de crime agravado pelo resultado, constituindo de dolo no antecedente e culpa no
consequente (art. 19, CP).

Cleber Masson: A conduta dolosa acarreta a produção de um resultado mais grave do que o desejado pelo
agente à título de culpa.

Elementos:
✔ Conduta dolosa visando a determinado resultado;
✔ Provocação culposa de resultado mais grave do que o desejado;
✔ Nexo causal entre conduta e resultado;
✔ Tipicidade.

Observações importantes para fins de prova:


● O preterdoloso serve para configurar reincidência em crime doloso, vez que apenas o resultado mais
grave foi praticado por culpa, havendo dolo no crime menos grave.
● Todo crime preterdoloso (dolo + culpa) é um crime agravado pelo resultado, mas a recíproca não é
verdadeira. Há outras formas de crimes agravados pelo resultado que não se enquadram como
preterdolosos, como dolo + dolo (latrocínio – a morte pode ser dolosa ou culposa, desde que seja em
razão da subtração); culpa + culpa (art. 258, parte final do CP – incêndio culposo com morte culposa)
e culpa + dolo (lesão culposa de trânsito, qualificada por omissão de socorro dolosa – art. 303, § único
do CTB).
● O resultado deve ser culposo – Se o resultado mais grave advém de caso fortuito ou força maior,
não pode ser imputado ao agente (sob pena de responsabilidade objetiva).

Crime qualificado pelo resultado: é aquele em que o legislador, após descrever uma conduta típica, com
todos seus elementos, acrescenta-lhe um resultado, cuja ocorrência acarreta um agravamento da sanção
penal. O crime qualificado apresenta duas etapas: 1) prática de um crime completo, com todos os seus
elementos (fato antecedente); 2) produção de um resultado agravador, além daquele necessário para a
consumação (fato consequente). Na primeira parte, há um crime perfeito e acabado, praticado a título de
dolo ou culpa, ao passo que, na segunda, um resultado agravador produzido dolosa ou culposamente acaba
por tipificar um delito mais grave. Ex: ofensa a integridade corporal de outrem, por si só, configura o crime
previsto no art. 129 CP, mas, se o resultado final caracterizar uma lesão gravíssima, essa consequência servirá
para agravar a sanção penal, fazendo com que o agente responda por um delito mais intenso.
ESPÉCIES DE CRIMES QUALIFICADOS PELO RESULTADO: a) dolo no antecedente e dolo no consequente:
conduta dolosa e um resultado agravador também doloso. Ex: marido que espanca a mulher, provocando-a
deformidade permanente. Há dolo no comportamento antecedente na produção do resultado agravador,
pois o autor não quis apenas produzir a ofensa à integridade corporal da ofendida, mas obter o resultado

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deformidade permanente. B) culpa no antecedente e culpa no consequente: o agente pratica uma conduta
culposamente e, além desse resultado culposo, acaba produzindo outros, também a título de culpa, no crime
de incêndio culposo, por exemplo, considerando o fato antecedente, se além do incêndio, vier a ocorrer
alguma morte, também por culpa, o homicídio culposo funcionará como resultado agravador (fato
consequente), é a hipótese prevista no artigo 258 parte final do código penal que prevê o crime de incêndio
culposo qualificado pelo resultado morte. C) culpa no antecedente e dolo no consequente: o agente após
produzir o resultado por imprudência, negligência ou imperícia, realiza uma conduta dolosa agravadora. É o
caso do motorista que, após atropelar um pedestre ferido, foge, omitindo lhe socorro (art. 303 parágrafo
único CTB). Houve um comportamento anterior culposo ao qual sucedeu uma conduta dolosa, que agravou
o crime (culpa no antecedente e dolo no consequente). D) conduta dolosa e resultado agravador culposo
(crime preterdoloso ou preterintencional): o agente quer praticar um crime, mas acaba excedendo-se e
produzindo culposamente um resultado mais gravoso do que o desejado. É o caso da lesão corporal seguida
de morte, na qual a gente quer ferir mas acaba matando. Ex: um sujeito desfere um soco contra o rosto da
vítima com a intenção de lesionar, no entanto, ela perde o equilíbrio, bate a cabeça e morre. Há só um crime:
lesão corporal dolosa qualificada pelo resultado morte culposa. Como se nota, o agente queria provocar
lesões corporais mas, acidentalmente, por culpa, acabou gerando um resultado muito mais grave, qual seja,
a morte. Na hipótese, diz-se que o autor fez mais do que queria, agiu além do dolo, isto é, com preterdolo.
Somente esta última espécie de crime qualificado pelo resultado configura o crime preterdoloso ou
preterintencional.

4. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

4.1 Consumação

Conceito: É aquele em que foram realizados todos os elementos constantes de sua definição legal. Exemplo:
o crime de furto se consuma no momento em que o agente subtrai, para si ou para outrem, coisa alheia
móvel, ou seja, no exato instante em que o bem sai da esfera de disponibilidade da vítima que, então,
precisará agora retomá-lo. nesse caso todas as elementares do tipo do furto foram inteiramente realizadas.

A consumação nas várias espécies de crimes:


a) Materiais: com a produção do resultado naturalístico;
b) culposos: com a produção do resultado naturalístico;
c) de mera conduta: com a ação ou omissão delituosa;
d) formais: com a simples atividade, independente do resultado;
e) permanentes: o momento consumativo se protrai no tempo;
f) omissivos próprios: com a abstenção do comportamento devido;
g) omissivos impróprios: com a produção do resultado naturalístico;
h) qualificados pelo resultado: com a produção do resultado agravador;
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i) complexos: quando os crimes componentes estejam integralmente realizados;


j) habituais: com a reiteração de atos, pois cada um deles, isoladamente, é um indiferente penal. O momento
consumativo é incerto, pois não se sabe quando a conduta se tornou um hábito.

4.1.2 Iter Criminis


Caminho do crime. Conjuntos de fases que se sucedem cronologicamente no delito. Composto por
fase interna e externa.

*Só haverá inter criminis nos crimes dolosos! Já que, nos crimes culposos, o resultado ilícito não é querido,
ele provém da violação de um dever objetivo de cuidado.

I. FASE INTERNA:

1) COGITAÇÃO: O agente apenas mentaliza, idealiza, prevê, planeja, deseja. Nessa fase o crime é
impunível.
Abarca:
⦁ Idealização – quando surge a ideia da prática do delito;
⦁ Deliberação – o agente faz a análise de prós e contras da empreitada criminosa;
⦁ Resolução – o agente decide praticar o crime.

* ATENÇÃO: A simples ideia de crime NÃO pode ser punida, em razão do princípio da materialização do fato.
“Direito à perversão”. “Claustro psíquico”.

II. FASE EXTERNA:

1) PREPARAÇÃO:
Os atos preparatórios representam o início da fase externa da ação. Isso porque o indivíduo
exterioriza o projeto criminoso que ele havia elaborado mentalmente.
Ou seja: A preparação corresponde aos atos indispensáveis à prática da infração penal.

Obs.: Há quem entenda que compõe a fase interna, a exemplo de Rogério Sanches,
mas não prevalece.

o Regra: Impunível, vez que o CP busca punir o crime a partir dos atos executórios;
o Exceção – Atos preparatórios podem gerar crimes autônomos chamados de crimes-obstáculo.
⦁ Fabricar, fornecer, adquirir e portar explosivos;
⦁ Incitação ao crime;
⦁ Petrechos de falsificação de moeda;
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⦁ Associação criminosa.

ENTENDA: Trata-se do fenômeno chamado antecipação da tutela penal. É o fenômeno pelo qual o legislador
criminaliza condutas que seriam atos preparatórios de outros crimes, mas que constituem crimes
autônomos. Essa ampliação está atrelada ao próprio papel do Estado, como provedor de determinados
direitos.

2) EXECUÇÃO:
Inicia a agressão ao bem jurídico. Deve ser:
● Ato idôneo: Com capacidade suficiente para lesar o bem jurídico penalmente tutelado;
● Ato inequívoco: Direcionado ao ataque do bem jurídico.
Fronteira entre o fim da Preparação e o início da execução: é muito tênue a linha divisória entre o término
da preparação do primeiro ato executório. torna-se bastante difícil saber quando a gente está preparando
ou já está executando um crime. o melhor critério para tal distinção é o que entende que a execução se
inicia com a prática do primeiro ato idôneo e inequívoco para a consumação do delito. Enquanto os atos
realizados não forem aptos a consumação, ou, quando não estiverem inequivocamente vinculados a ela, o
crime permanece em sua fase de preparação. Desse modo, no momento em que o agente aguarda a
passagem da vítima escondido atrás de uma árvore, ainda não praticou nenhum ato idôneo para causar a
morte daquela, nem se pode estabelecer em duvidosa ligação entre esse fato e o homicídio a ser praticado.

ATENÇÃO!!! Transição dos atos preparatórios para os atos executórios:


Da série: parece simples, mas não é. Em qual momento um ato deixa de ser preparatório e passa a ser
considerado como executório? Algumas teorias tratam do assunto.

● Teoria subjetiva: não há distinção entre o ato preparatório e o executório. Considera-se o dolo do
agente, que está presente a todo momento – não é admitida no Brasil

● Teorias objetivas
a) Teoria da hostilidade ao bem jurídico: o ato de execução é aquele em que o agente ataca o bem
jurídico, enquanto que o ato preparatório não altera o seu “estado de paz”. (Nelson Hungria, Max
Ernst Mayer)
b) Teoria objetivo-formal ou lógico-formal: é a teoria majoritária no Brasil. Caracteriza ato de
execução como aquele em que o agente começa a praticar o verbo (o núcleo do tipo) da conduta
criminosa, enquanto que os atos anteriores são preparatórios. (Franz Von Liszt)

Atenção a jurisprudência que relata a teoria adotada pelos tribunais superiores.


O agente que pretendia praticar roubo e foi surpreendido após romper o cadeado e destruir a fechadura da
porta da casa da vítima; não se pode falar em tentativa de roubo.
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Adotando-se a teoria objetivo-formal, o rompimento de cadeado e destruição de fechadura da porta da casa


da vítima, com o intuito de, mediante uso de arma de fogo, efetuar subtração patrimonial da residência,
configuram meros atos preparatórios que impedem a condenação por tentativa de roubo circunstanciado.
Caso adaptado: João e Pedro caminhavam nas ruas de um bairro e decidiram praticar assalto em uma das
casas. Eles arrombaram o cadeado e destruíram a fechadura da porta da casa, no entanto, quando iam
adentrar na residência, passou uma viatura da Polícia Militar. Os indivíduos correram quando perceberam a
presença das autoridades de segurança. Os policiais perseguiram a dupla, conseguindo prendê-los. Com eles,
foi encontrada uma arma de fogo de uso permitido. Vale ressaltar, contudo, que não possuíam porte de
arma. Não se pode falar que houve roubo circunstanciado tentado. STJ. 5ª Turma. AREsp 974254-TO, Rel.
Min. Ribeiro Dantas, julgado em 21/09/2021 (Info 711).

c) Teoria objetivo-individual ou objetivo-subjetiva: Adotada excepcionalmente. Atos preparatórios


são aqueles em que o agente inicia a realização do núcleo do tipo e também os atos que lhe são
imediatamente anteriores, DE ACORDO COM O PLANO CONCRETO DO AGENTE. (Welzel, Zaffaroni).
Ex: “A”, segurando uma faca, aguarda atrás de uma parede a passagem de “B”, seu inimigo, para
matá-lo na volta de seu trabalho, caminho fixo pelo qual a vítima passa, já tendo feito por diversas vezes esta
ameaça. Quando este se encontra a 100m de distância, “A” fica de pé e segura firme a faca, aguardando em
posição de ataque. Surge um policial e o aborda. Para esta teoria, poderia haver a prisão em flagrante, em
face da caracterização da tentativa de homicídio, o que não se daria na teoria objetivo-formal.

d) Teoria objetivo-material: Os atos de execução são aqueles em que o agente inicia a realização do
núcleo do tipo e também os atos que lhe são imediatamente anteriores, NA VISÃO DO TERCEIRO
OBSERVADOR. É o que diferencia da lógico-individual / objetivo-subjetiva. O juiz deve avaliar os atos
a partir de uma visão externa da situação (não necessariamente de uma terceira pessoa presente no
local do crime – é uma figura hipotética). (Reinhart Frank).

e) Teoria da impressão: Se considera iniciada a conduta capaz de produzir na comunidade a impressão


de agressão ao bem jurídico, prejudicando a segurança

f) Teoria negativa: entende não ser possível limitar, em uma regra geral, o que seriam atos
preparatórios ou executórios, devendo tal definição ficar a cargo do julgador no momento da análise
de cada caso.

3) CONSUMAÇÃO:
⦁ Crimes de perigo concreto = a consumação se dá com a efetiva exposição do bem jurídico a uma
probabilidade de dano
⦁ Crimes de perigo abstrato = a consumação se dá com a mera prática da conduta definida pela
lei como perigosa (porte de arma e dirigir sem habilitação).
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* ATENÇÃO: EXAURIMENTO: Também chamado de “crime exaurido ou de crime esgotado”. Trata-se do


conjunto de efeitos posteriores a consumação do delito.
Tem relevância, tecnicamente, apenas aos delitos formais, em que o resultado naturalístico é dispensável e
quando este ocorre, fala-se em exaurimento. É o que Zaffaroni chamou de consumação material.
Porém, para a doutrina majoritária, ele NÃO integra o iter criminis. No entanto, não é irrelevante. Interfere
na dosimetria da pena, seja como circunstância judicial desfavorável, ou então como qualificadora ou causa
de aumento de pena.

ITER CRIMINIS:

Fase interna Fase Externa Não integra

4.2. Tentativa (= conatus, crime imperfeito, crime incompleto)

a) Fundamento Legal: art. 14, CP

Art. 14 - Diz-se o crime:


I - Consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;

II - Tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias


alheias à vontade do agente.

Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena


correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.

b) Conceito:
É o início da execução de um crime que somente não se consuma por circunstâncias alheias à vontade
do agente.
Também é chamada de “crime manco, truncado”, vez que o tipo subjetivo está perfeito
(vontade/voluntariedade), mas o tipo objetivo, a figura criminosa, não se realiza integralmente.

c) Natureza Jurídica:
● Trata-se de norma de extensão temporal da figura típica causadora de adequação típica mediata
ou indireta.
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● Sob o enfoque da PENA - trata-se de causa geral obrigatória de diminuição de pena

d) Elementos:
● Início da execução (questão de lógica: se tentativa é justamente a execução interrompida por
circunstâncias alheias à vontade do agente, é imprescindível o seu início)
● Ausência de consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente
● Dolo de consumação (o dolo é o mesmo do delito consumado)
● Resultado possível (se o resultado não ocorreu por ser impossível, será crime impossível, ora bolas).

e) Teorias sobre a punibilidade da tentativa: quatro teorias principais buscam fundamentar a


punibilidade da tentativa:

● Teoria subjetiva/voluntarista/monista: o sujeito é punido por sua intenção, pois o que importa é o
desvalor da ação, sendo irrelevante o desvalor do resultado, de modo que deveria suportar a mesma
pena;
→ Assim, se ele tem a intenção de matar, a tentativa de homicídio deve ser punida da mesma
forma que o homicídio. Ou seja: ele deve ser punido pela pena da consumação tangente à
sua vontade.
→ Consequências de adotar a teoria subjetiva:
1. É a punição da tentativa inidônea ou crime impossível
2. Equiparação do crime consumado ao crime tentado (o crime tentado é punido com a
mesma pena do crime consumado, uma vez que a intenção, o animus, o dolo era de
consumar a conduta).

● Teoria sintomática: sustenta a punição em razão da periculosidade subjetiva, ou seja, do perigo


revelado pelo agente. Para esta teoria, o Estado deveria aplicar uma medida de segurança;

● Teoria objetiva/realística/dualista: a tentativa é punida por causa do perigo proporcionado ao bem


jurídico tutelado pela lei penal. Por isso, a pena da tentativa deve ser menor que a pena da
consumação e proporcional ao risco de lesão causado.

- REGRA: a Teoria Objetiva é teoria adotada pelo nosso CP! (Art. 14, §único, 2ª parte).
- EXCEÇÃO: Essa teoria foi adotada com ressalvas, em razão da primeira parte do §único do
art. 14, que é considerada pela doutrina como um resquício da Teoria Subjetiva.

Para a doutrina, o “salvo em disposição em contrário” seria a possibilidade de adotar,


excepcionalmente, a teoria subjetiva. Ex.: art. 352, CP → pois a pena da tentativa é a mesma que a pena da
consumação.
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Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena


correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.

→ A doutrina chama esses crimes de CRIMES DE ATENTADO OU MERO EMPREENDIMENTO → são


os crimes que não admitem tentativa pois a própria tentativa já é a consumação desse crime. A
tentativa é punida com a mesma pena da consumação.
→ Logo, os crimes de atentado ou de mero empreendimento são exceções à Teoria Objetiva. Por
isso, parte da doutrina (Rogério Greco) afirma que adotou a Teoria Objetiva Mitigada.

CONCLUSÃO: Em regra, a teoria adotada pelo Código Penal é a Teoria Objetiva. No entanto,
excepcionalmente, adotou a Teoria Subjetiva nas hipóteses de crimes de atentado ou de mero
empreendimento, hipóteses em que a tentativa é punida com a mesma pena da consumação.

● Teoria da impressão/objetivo-subjetiva: admite a punição da tentativa quando a atuação da


vontade ilícita do agente for adequada para comover a confiança na vigência do ordenamento e o
sentimento de segurança jurídica dos que tenham conhecimento da conduta criminosa. A tentativa
ofende o bem jurídico, mas pelo fato de a lesão ser menor, a pena é menor. Representa um limite à
teoria subjetiva.

- Consequências da tentativa: É causa obrigatória de diminuição de pena.


o Reduz a pena de 1/3 a 2/3;
o Incide na 3ª fase na aplicação da pena privativa de liberdade;
o Parâmetro de aplicação: iter criminis (proximidade da consumação).

f) Espécies:
● Tentativa branca ou incruenta: O objeto material NÃO é atingido pela conduta criminosa;
● Tentativa vermelha ou cruenta: O objeto é atingido;
● Tentativa perfeita ou crime falho: O agente esgota todos os meios executórios que estavam à
disposição, e mesmo assim não sobrevém a consumação por circunstâncias alheias a sua vontade.
☞ Apenas é compatível com os crimes materiais, tendo em vista que nos formais e de mera
conduta, esgotando-se os atos executórios, teremos crime consumado, não tentado;
☞ Atenção à nomenclatura! Não confunda crime falho com crime impossível (quase-crime,
crime oco, tentativa inidônea e tentativa impossível).
● Tentativa imperfeita, inacabada ou tentativa propriamente dita: O agente inicia a execução sem
utilizar todos os meios que tinha ao seu alcance, e o crime não se consuma por circunstâncias alheias
a sua vontade.

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● Tentativa simples: É a tentativa propriamente dita. O resultado não ocorre por circunstâncias alheias
à vontade do agente.
● Tentativa qualificada/abandonada: Embora carregue o termo “tentativa”, de tentativa só tem o
nome, pois, na verdade, não é. É o termo utilizado como gênero, do qual são espécies a desistência
voluntária e o arrependimento eficaz (que veremos mais à frente).

g) Admissibilidade e inadmissibilidade da tentativa


● Regra geral: os crimes dolosos admitem tentativa
● Exceções:
o Crimes culposos: são incompatíveis com a tentativa, em razão do resultado ser involuntário.
Na culpa imprópria admite-se a tentativa.
o Crimes preterdolosos: a tentativa é inadmissível na parte culposa;
o Crimes unissubsistentes: são aqueles em que a conduta é composta por um único ato, sendo
impossível fracionar o “inter criminis”, motivo pela qual a tentativa é inadmissível (exemplo:
injúria verbal);
o Crimes omissivos próprios e de perigo abstrato: são unissubsistentes, razão pela qual a
tentativa é inadmissível;
o Contravenções penais: a tentativa de contravenção é penalmente irrelevante por previsão
legal (art. 4°, LCP)
o Crime obstáculo: vez que a preparação já está sendo punida de forma autônoma;
o Crime habitual: exige reiteração de atos, motivo pelo qual a tentativa não seria cabível.
Doutrina minoritária entende que sim, ex.: falso médico aluga local e faz anúncio da futura
abertura de sua clínica, antes de chegar a atender alguém.

5. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ

a) Conceito:
Os dois institutos constituem aquilo que a doutrina chamou de "tentativa abandonada" ou "tentativa
qualificada", em que o crime não se consuma pela própria vontade do agente. – NÃO CONFUNDIR com a
"tentativa", propriamente dita (em que o crime não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do
agente).
São chamados também de "ponte de ouro" - pela oportunidade que o agente tem de "corrigir o seu
percurso", voltando à esfera da licitude.

▪ Desistência voluntária: O agente inicia os atos executórios, mas por vontade própria, interrompe este
processo, abandonando a prática dos demais atos necessários e que estavam à sua disposição para
a consumação. Em regra, conduta negativa.

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☞ Um terceiro pode influenciar, pedir, mas não pode ter havido coação. Exige-se, portanto, a
vontade livre do agente, mas não precisa ser espontânea (surgir da cabeça dele).
☞ É incabível nos crimes unissubsistentes, que são realizados por apenas 1 (um) ato.

▪ Arrependimento eficaz ou resipiscência (olho no nome!): Depois de já praticados todos os atos


executórios suficientes à consumação do crime, o agente adota providências aptas a impedir a
produção do resultado. Sendo assim, é cabível somente em crimes materiais. Em regra, conduta
positiva.

b) Natureza jurídica: Causa de exclusão da tipicidade (doutrina majoritária). Em sentido contrário, para
Nelson Hungria, trata-se de extinção da punibilidade.

c) Elementos da tentativa abandonada:


a) início da execução
b) não consumação
c) interferência da vontade do próprio agente

d) Requisitos:
o Voluntariedade – vontade livre (é diferente de espontaneidade, que não é requisito);
o Eficácia - Para que se apliquem esses institutos, a conduta do agente deve ter sido eficaz para
impedir a consumação. Se ele apenas tentou, mas não conseguiu evitar, será cabível somente
uma atenuante genérica (Art. 65, III, b, primeira parte, do Código Penal).

Já caiu em prova e foi considerada CORRETA a seguinte alternativa: O agente que tenha desistido
voluntariamente de prosseguir na execução ou, mesmo depois de tê-la esgotado, atue no sentido de evitar
a produção do resultado, não poderá ser beneficiado com os institutos da desistência voluntária e do
arrependimento eficaz caso o resultado venha a ocorrer.

e) Características da desistência voluntário e do arrependimento eficaz:


● Os motivos que levaram o agente a optar pela desistência voluntária ou arrependimento eficaz são
irrelevantes!
● Incompatíveis com os crimes culposos.
● Incompatíveis com crimes formais e crimes de mera conduta! Isso porque, se o crime é formal ou
de mera conduta, a simples realização da conduta já implica na automática consumação do delito,
de modo a não cumprir a elementar “impede que o resultado se produza”. Só é possível, portanto,
nos crimes materiais, nos quais o resultado naturalístico é imprescindível para a consumação.

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O instituto do arrependimento eficaz e da desistência voluntária somente são


aplicáveis a delito que não tenha sido consumado. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp
1549809/DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 02/02/2016.

Esses institutos se comunicam aos partícipes?


R.: Trata-se de tema divergente, mas prevalece a corrente que o arrependimento eficaz e a
desistência voluntária COMUNICAM-SE ao partícipe, pois a sua conduta é ACESSÓRIA, não podendo ser
punido se não houve crime.

#QC – Banca CESPE: Pedro, José e Alfredo integram uma organização criminosa que opera com tráfico de
drogas e comete vários crimes na periferia de uma grande cidade brasileira. José ocupa uma posição mais
alta na organização, sendo responsável por punir quem não correspondesse às expectativas do grupo. Certo
dia, tendo Alfredo falhado na cobrança de uma dívida do tráfico, José, com a ajuda de Pedro, deu-lhe uma
surra. Com o objetivo de se vingar de ambos, Alfredo armou um plano para acabar com a vida de José e
atribuir a responsabilidade a Pedro. Assim, durante um tiroteio entre integrantes da organização criminosa
e policiais, Alfredo, apontando na direção de José, que estava atrás de um arbusto, orientou Pedro a atirar
nele, sob a alegação de que se tratava de um policial. O tiro atingiu José e Alfredo fugiu. Tendo percebido o
erro, Pedro levou José ao hospital, o que evitou sua morte. Considerando que, conforme o Código Penal, o
crime de homicídio consiste em matar alguém e o crime de lesão corporal em ofender a integridade corporal
ou a saúde de outrem, assinale a opção correta a respeito da responsabilização de Alfredo e Pedro na
situação hipotética apresentada.
A - Pedro não será responsabilizado pela prática de crime, em razão do erro sobre pessoa, e Alfredo
responderá por tentativa de homicídio.
B - Alfredo será responsabilizado por tentativa de homicídio e Pedro por lesão corporal.
C - Nem Alfredo nem Pedro serão responsabilizados pela prática de crime, já que Pedro impediu a morte de
José.
D - Tanto Pedro quanto Alfredo responderão por tentativa de homicídio.
E - Pedro não será responsabilizado pela prática de crime, por estar configurada discriminante putativa, e
Alfredo responderá por lesão corporal.

CORRETA: Alfredo será responsabilizado por tentativa de homicídio e Pedro por lesão corporal.
Justificativa: Pedro: erro de tipo acidental sobre a pessoa (aberratio in persona) + arrependimento eficaz.
“Ué, mas vocês acabaram de falar que se comunica. Por qual razão foi diferente aqui?”
Note que Alfredo agiu com má fé, levando o autor executor a erro. Assim, na verdade, não houve concurso
de pessoas, mas autoria mediata mediante induzimento a erro de tipo (art. 20, §2º do CP: responde pelo
crime o terceiro que determina o erro). Ele não é mero partícipe, ele foi o AUTOR MEDIATO. Por esta razão,
Alfredo não será beneficiado com o arrependimento eficaz praticado por José. Se o caso fosse de concurso
de pessoas mediante participação, como muita gente pensa ao ler o enunciado, ele seria sim beneficiado,
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vez que o instituto se aplica aos demais agentes, mesmo que não concordem com o arrependimento. Assim,
Alfredo será responsabilizado por tentativa de Homicídio.

Quais as consequências da desistência voluntária e do arrependimento eficaz?


R.: O agente NÃO responde pela forma tentada do crime inicialmente desejado, mas apenas pelos
atos já praticados.
Em outras palavras: a desistência voluntária e arrependimento eficaz ELIMINAM a tentativa – vez
que para a tentativa a não consumação é por circunstâncias alheias à vontade do agente (sim, falamos pela
terceira vez que é para gravar!).

Distinção de ato voluntário e espontâneo: a desistência e o arrependimento não precisam ser espontâneos,
bastando que sejam voluntários. Por conseguinte, se o agente desiste ou se arrepende por sugestão ou
conselho de terceiro, subsistem a desistência voluntária arrependimento eficaz. Do mesmo modo por motivo
nobre ou de índole ética, piedade, remorso ou por motivos subalternos egoísticos, covardia, medo, receio de
eventualmente ser descoberto: é suficiente que não tenha sido obstado por causa exteriores, independente
de sua vontade. É indiferente a razão interna do arrependimento ou da mudança de propósito.

Como lembra Nélson Hungria, “segundo Frank, a desistência é voluntária quando o agente pode
dizer: ‘não quero prosseguir, embora pudesse fazê-lo’, e é involuntária quando tem de dizer: ‘não posso
prosseguir, ainda que o quisesse’.

6. ARREPENDIMENTO POSTERIOR

Ocorre quando o responsável pelo crime praticado sem violência à pessoa ou grave ameaça,
voluntariamente e até o recebimento da denúncia ou queixa, restitui a coisa ou repara o dano provocado
por sua conduta.

Arrependimento posterior
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado
o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato
voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.

a) Natureza jurídica: É causa pessoal e obrigatória de diminuição da pena.

b) Extensão do benefício:
Conforme a doutrina majoritária, alcança qualquer crime que com ele seja compatível, e não apenas
delitos contra o patrimônio, vez que o CP não limita a eles.

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No entanto, o STJ tem jurisprudência em sentido contrário: “Os crimes contra a fé pública, assim
como nos demais crimes não patrimoniais em geral, são incompatíveis com o instituto do arrependimento
posterior, dada a impossibilidade material de haver reparação do dano causado ou a restituição da coisa
subtraída” (REsp 1.242.294/PR, j. 18/11/2014).

RECURSO ESPECIAL. PENAL. HOMICÍDIO CULPOSO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO


AUTOMOTOR. ART. 312 DO CTB. CAUSA DE DIMINUIÇÃO DA PENA.
ARREPENDIMENTO POSTERIOR. ART. 16 DO CP. REPARAÇÃO DO DANO. APLICÁVEL
APENAS NOS CRIMES PATRIMONIAIS. PLEITO SUBSIDIÁRIO. RECONHECIMENTO DE
ATENUANTE. ART. 65, III, B, DO CP. PENA-BASE FIXADA NO MÍNIMO. SÚMULA
231/STJ.
1. O Superior Tribunal de Justiça possui entendimento de que, para que seja
possível aplicar a causa de diminuição de pena prevista no art. 16 do Código
Penal, FAZ-SE NECESSÁRIO QUE O CRIME PRATICADO SEJA PATRIMONIAL OU
POSSUA EFEITOS PATRIMONIAIS.
(REsp 1561276/BA, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado
em 28/06/2016, DJe 15/09/2016)

AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO CULPOSO NA DIREÇÃO DE


VEÍCULO AUTOMOTOR. ARREPENDIMENTO POSTERIOR. INAPLICABILIDADE.
DECISÃO MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO. 1. Esta Corte possui firme
entendimento de que, para que seja possível aplicar a causa de diminuição de
pena prevista no art. 16 do Código Penal, faz-se necessário que o crime praticado
seja patrimonial ou possua efeitos patrimoniais. Precedentes. 2. Inviável o
reconhecimento do arrependimento posterior na hipótese de homicídio culposo na
direção de veículo automotor, uma vez que o delito do art. 302 do Código de
Trânsito Brasileiro não pode ser encarado como crime patrimonial ou de efeito
patrimonial. Na espécie, a tutela penal abrange o bem jurídico mais importante do
ordenamento jurídico, a vida, que, uma vez ceifada, jamais poderá ser restituída,
reparada. Precedente. (STJ; AgRg-HC 510.052; Proc. 2019/0136931-4; RJ; Sexta
Turma; Rel. Min. Nefi Cordeiro; Julg. 17/12/2019; DJE 04/02/2020)

c) Fundamentos:
● Proteção à vítima;
● Fomento ao arrependimento do agente.

d) Requisitos (cumulativos):

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(1) Natureza do crime: crime praticado sem violência ou grave ameaça à pessoa (a violência à coisa não obsta
o reconhecimento do instituto).

Cabe arrependimento posterior nos casos em que há violência imprópria? Ex.: quando utiliza um
sonífero para diminuir a capacidade de resistência da vítima.
R.: Há divergência doutrinária: Parte da doutrina entende que o arrependimento posterior é uma das
poucas hipóteses em que o legislador se preocupa com a vítima, se preocupa com a fora de diminuir os danos
causados à vítima. Assim, como esse instituto é direcionado à vítima, sempre que puder incentivar o autor a
reparar o dano ou restituir a coisa, reduzindo os prejuízos da vítima, admitiria a aplicação do arrependimento
posterior. No entanto, a jurisprudência é muito reticente em aplicar.

Cabe arrependimento posterior em caso de violência culposa?


R.: SIM! Segundo a doutrina, em caso de violência culposa, é cabível o arrependimento posterior.
Isso porque, nesse caso, não houve violência na conduta, mas sim no resultado. É o que se dá, por exemplo,
na lesão corporal culposa, crime de ação penal pública condicionada em que a reparação do dano pode,
inclusive, acarretar na renúncia ao direito de representação se celebrada a composição civil, na forma do
art. 74 e parágrafo único da Lei 9.099/1995.

(2) Reparação do dano ou restituição da coisa:


o Voluntária
o Pessoal, salvo comprovada impossibilidade
o Integral.

STF (Info 608): Já admitiu reparação parcial do dano, sopesando o percentual da


reparação da pena.

(3) Até o recebimento da denúncia


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A reparação do dano ou restituição da coisa deve ser feita ATÉ o RECEBIMENTO da denúncia, ainda
que pague os juros ou correção monetária posteriormente. Veja a jurisprudência do STF nesse sentido.

É possível o reconhecimento da causa de diminuição de pena prevista no art. 16 do


Código Penal (arrependimento posterior) para o caso em que o agente fez o
ressarcimento da dívida principal (efetuou a reparação da parte principal do dano)
antes do recebimento da denúncia, mas somente pagou os valores referentes aos
juros e correção monetária durante a tramitação da ação penal. Nas exatas palavras
do STF: “É suficiente que ocorra arrependimento, uma vez reparada parte principal
do dano, até o recebimento da inicial acusatória, sendo inviável potencializar a
amplitude da restituição.” STF. 1ª Turma. HC 165312/SP, Rel. Min. Marco Aurélio,
julgado em 14/4/2020 (Info 973).

E se o agente restituir a coisa ou reparar o dano após o recebimento da denúncia?


R.: Nesse caso, ele não será beneficiado pelo arrependimento posterior, mas é uma circunstância
atenuante (art. 65, III, “b” , CP)

Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: III - ter o agente:
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime,
evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado
o dano;

(4) Voluntariedade (diferente de espontaneidade).


Redução da pena de 1/3 a 2/3, a depender da celeridade e voluntariedade;

A causa de diminuição de pena relativa ao artigo 16 do Código Penal


(arrependimento posterior) somente tem aplicação se houver a integral reparação
do dano ou a restituição da coisa antes do recebimento da denúncia, variando o
índice de redução da pena em função da maior ou menor celeridade no
ressarcimento do prejuízo à vítima. STJ. 6ª Turma. HC 338840/SC, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, julgado em 04/02/2016.

e) Algumas características:
● A reparação do dano ou restituição da coisa tem natureza objetiva, razão pela qual comunica-se aos
demais coautores e partícipes do crime (majoritário).
● A recusa do ofendido NÃO impede a redução da pena.

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● Em algumas situações, não se aplicará pelo fato de existir norma específica mais favorável para o
caso de haver reparação do dano, como por exemplo, extinção da punibilidade, ex: apropriação
indébita, crimes de menor potencial ofensivo, peculato culposo etc.

STJ-REsp 1.187.976: o arrependimento posterior tem natureza objetiva. Portanto,


a reparação do dano ou restituição da coisa efetuada por um dos agentes estende
o benefício aos demais.

(Banca FCC) No arrependimento posterior, a reparação do dano ou a restituição da


coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, ainda que efetivada por um só
agente, é circunstância objetiva e deve comunicar-se aos demais réus(item
correto).

REGRAS ESPECIAIS DIANTE DA REGRA GERAL DO ARREPENDIMENTO POSTERIOR:

1. PECULATO CULPOSO
● Reparação do dano até a sentença irrecorrível — extinção da punibilidade
● Reparação do dano após a sentença irrecorrível — redução de ½ da pena

Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro


bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-
lo, em proveito próprio ou alheio:
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença
irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena
imposta.

2. APROPROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA

Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos


contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e


efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as
informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento,
antes do início da ação fiscal.

3. ESTELIONATO PELA EMISSÃO DE CHEQUE SEM FUNDOS


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A Súmula 554 do STF não incide para qualquer estelionato, mas apenas para o estelionato em que
há emissão de cheque sem fundo.
Assim, se o pagamento for antes do recebimento da denúncia, objetaria /impediria o prosseguimento
da ação penal.

Súmula 554. O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o


recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal.

Olho na jurisprudência! Não cabe arrependimento posterior no homicídio culposo praticado no


trânsito! Veja o teor do informativo 590 do STJ.

Não se aplica o instituto do arrependimento posterior (art. 16 do CP) para o


homicídio culposo na direção de veículo automotor (art. 302 do CTB) mesmo que
tenha sido realizada composição civil entre o autor do crime a família da vítima.
Para que seja possível aplicar a causa de diminuição de pena prevista no art. 16 do
CP é indispensável que o crime praticado seja patrimonial ou possua efeitos
patrimoniais. O arrependimento posterior exige a reparação do dano e isso é
impossível no caso do homicídio. STJ. 6ª Turma. REsp 1561276-BA.

7. CRIME IMPOSSÍVEL (ART. 17, CPC)

Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por
absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.

a) Conceito: Verifica-se quando jamais ocorrerá a consumação, seja pela ineficácia absoluta do meio, ou por
absoluta impropriedade do objeto. Também conhecido por “tentativa inidônea, tentativa inadequada,
tentativa impossível ou quase crime”.

b) Natureza jurídica: Causa de exclusão da tipicidade

c) Espécies de crime impossível:


● Por ineficácia absoluta do meio de execução: O meio empregado ou o instrumento utilizado para a
execução do crime jamais levarão a consumação. Ex: Um palito de dente para matar um adulto é
incapaz de produzir o resultado. A idoneidade deve ser analisada no caso concreto.
Obs: A ineficácia do meio, quando relativa, leva á tentativa e não ao crime impossível. Ex: um palito é meio
relativamente independente eficaz para matar um recém-nascido, perfurando-lhe a moleira.

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● Por impropriedade absoluta do objeto: A pessoa ou coisa sobre que recai a conduta é
absolutamente inidônea para a produção de algum resultado lesivo. Ex: matar um cadáver, uma
não grávida tomando remédio para abortar.
Obs: de acordo com Fernando Capez, a impropriedade não pode ser relativa, pois nesse caso haverá
tentativa. Ex: o punguista enfia a mão no bolso errado. Houve circunstância meramente acidental que não
torna impossível o crime. No caso, responde por tentativa. Por outro lado, se a vítima não tivesse nada em
nenhum do seus bolsos, a impropriedade seria absoluta, inviabilizando totalmente a consumação do delito
e tornando-o impossível.

Critério para aferição da idoneidade: a aferição da idoneidade deve ser feita no momento em que
se realiza a ação ou omissão delituosa.
a) se concretamente os meios ou o objeto eram inidôneos para a consecução do resultado já antes
de se iniciar a ação executória, o crime é impossível.
b) se os meios ou o objeto tornam-se inidôneos concomitantemente ou após o início da execução,
tipifica-se uma tentativa de crime que se pretendia cometer, porque, no momento em que o agente praticou
o crime, este tinha possibilidade de consumar-se. Um exemplo dado por Fernando Capez, em que o agente
envenena a vítima, que já tinha sido envenenada antes por outra pessoa. Vindo ela, posteriormente, a falecer
em decorrência do veneno anterior, não se poderá falar em crime impossível no tocante ao agente, que,
assim, responderá por tentativa, pois a vítima ainda estava viva quando ele a envenenou, sendo esse objeto
material idonêo para sofrer a agressão homicida. O resultado só não ocorreu em decorrência de conduta
anterior, que produziu sozinha o resultado morte.

Súmula 145, STF: “não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia
torna impossível a sua consumação”. Segundo Greco, “por intermédio da Súmula
n° 145 do STF foi pacificado o entendimento daquela Corte no sentido de que, em
determinadas situações, se a polícia preparar o flagrante de modo a tornar
impossível a consumação do delito, tal situação importará em crime impossível,
não havendo, por conseguinte, qualquer conduta que esteja a merecer a
reprimenda do Estado”.

ATENÇÃO!!! O PACOTE ANTICRIME INSERIU, NA LEI DE DROGAS E NO ESTATUTO


DO DESARMAMENTO, A FIGURA DO “POLICIAL DISFARÇADO”, COM O INTUITO
EXATAMENTE DE EVITAR QUE OCORRA O CRIME IMPOSSÍVEL EM RAZÃO DO
FLAGRANTE PREPARADO QUANDO HOUVER INDÍCIOS PROBATÓRIOS DE
CONDUTA CRIMINOSA PREEXISTENTE!

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Súmula 567 - Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por


existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não
torna impossível a configuração do crime de furto.

d) Teorias sobre o crime impossível:


1) Subjetiva: O crime impossível deve receber a mesma punição que o crime consumado, pois o agente
tem uma vontade ilícita e essa vontade deve ser punida.
2) Sintomática: o crime impossível revela a periculosidade do agente, portanto, o agente deve suportar
uma medida de segurança.
3) Objetiva – essa teoria leva em conta a potencialidade da conduta para ofender o bem jurídico.
Quando a conduta não tem potencialidade, surge a chamada inidoneidade. A teoria objetiva se divide
em duas:
- Teoria objetiva pura: havendo inidoneidade, não importa se absoluta ou relativa, será caso
de crime impossível – não admite a tentativa, pois sempre que o agente não conseguir
consumar o crime será caso de crime impossível;
- Teoria objetiva temperada ou intermediária: se a idoneidade for absoluta o crime é
impossível, se a inidoneidade for relativa, será hipótese de tentativa. Adotada pelo CP.

Já caiu em prova e foi considerada INCORRETA a seguinte alternativa: No direito penal brasileiro, adota-se a
teoria subjetiva para o regramento do crime impossível, o que significa que o agente não responde, inclusive
pela tentativa, diante da impossibilidade da consumação do crime em razão da ineficácia absoluta do meio
ou da absoluta impropriedade do objeto.

e) Crime putativo x crime impossível:


● Crime impossível: O autor, com intenção de cometer o delito, NÃO consegue, pela inidoneidade do
meio ou do objeto material.
● Crime putativo: O agente, embora acredite praticar fato típico, realiza um indiferente
penal. (Ex.: Agente que comete adultério e pensa ser um ilícito penal). No delito putativo por erro de
tipo, o sujeito quer praticar um crime, mas, devido ao desconhecimento da situação de fato, comete
um irrelevante penal. (ex:o agente atira em um cadáver, pensando estar vivo)

Já caiu em prova e foi considerada INCORRETA a seguinte assertiva: Crime impossível e delito putativo são
considerados pela doutrina como expressões sinônimas.

Delito putativo por obra do agente provocador, crime de flagrante preparado, delito de ensaio ou
experiência: A polícia ou terceiro (agente provocador) prepara uma situação, na qual induz o agente a
cometer o delito(ex: delegada grávida pede para o médico fazer aborto ilegal e depois que o prende em
flagrante). Nessa situação o autor é protagonista de uma farsa que, desde o início, não tem a menor chance
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de dar certo. Por essa razão a jurisprudência considera a encenação do flagrante preparado uma espécie de
crime impossível entendendo não haver delito, ante a atipicidade do fato.

JURISPRUDÊNCIAS PERTINENTES AO INSTITUTO DO CRIME IMPOSSÍVEL

Info. 633, STJ – 2018


O art. 291 do Código Penal tipifica, entre outras condutas, a posse ou guarda de
maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado
à falsificação de moeda. A expressão “especialmente destinado” não diz respeito a
uma característica intrínseca ou inerente do objeto. Se assim fosse, só o maquinário
exclusivamente voltado para a fabricação ou falsificação de moedas
consubstanciaria o crime, o que implicaria a absoluta inviabilidade de sua
consumação (crime impossível), pois nem mesmo o maquinário e insumos
utilizados pela Casa de Moeda são direcionados exclusivamente para a fabricação
de moeda.
Info. 885, STF – 2017

Para a configuração do crime político exige-se o preenchimento de requisitos


objetivo e subjetivo. O réu ingressou clandestinamente em uma Usina Hidrelétrica
e alterou a posição da chave da bomba de alta pressão de óleo. O MPF denunciou
o agente pela prática do delito de sabotagem, previsto no art. 15 de Lei de
Segurança Nacional (Lei nº 7.170/83), que consiste em crime político. O STF
entendeu que não houve crime político considerando que: • não houve lesão real
ou potencial a um dos bens jurídicos listados no art. 1º da Lei nº 7.170/83 (requisito
objetivo); e • o agente não tinha motivação política (requisito subjetivo). Além
disso, o Tribunal entendeu que se tratava de crime impossível, considerando que
essa alteração da posição da chave não tinha condão de provocar qualquer
embaraço ao funcionamento da Usina. STF. 1ª Turma.RC 1473/SP, Rel. Min. Luiz
Fux, julgado em 14/11/2017 (Info 885).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

- Direito Penal – Parte Geral – Volume 1 – 13ª edição – Cleber Masson;


- Sinopse nº1 – Direito Penal – Parte geral – 7ª edição – Alexandre Salim e Marcelo André de Azevedo;
- Manual de Direito Penal – Parte geral – 7ª edição – Rogério Sanches Cunha.
- Site Dizer o Direito – www.dizerodireito.com.br
- Curso de Direito Penal – Parte Geral – Volume 1 – 21ª edição – Rogério Greco
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QUESTÕES PROPOSTAS

1 - 2021 - FAPEC - PC-MS - FAPEC - 2021 - PC-MS - Delegado Tribunais Superiores a seu respeito, assinale a alternativa
de Polícia correta.
Nas lições de Miguel Reale Júnior (Teoria do delito), se a não
consumação do crime por circunstâncias alheias à vontade do A-O arrependimento posterior consiste em causa sui generis
agente torna típica a conduta tentada, funcionando o artigo de diminuição da pena a ser aplicada em benefício do agente
14, inciso II, do Código Penal como autêntica norma de que, de forma voluntária, reparar o dano causado pelo crime.
extensão temporal do tipo penal, deve-se, pela mesma ratio, Como essa reparação constitui a essência do instituto, o
ter por atípica a tentativa quando o resultado não se arrependimento posterior somente pode incidir nos crimes
concretiza em decorrência da vontade do próprio agente. Sob contra o patrimônio.
essa visão, independentemente da importância político- B-O arrependimento posterior foi criado para estimular a
criminal desses institutos, a não punição da desistência voluntária reparação do dano ou a restituição da coisa nos
voluntária e do arrependimento eficaz emana da atipicidade crimes não violentos, desde que efetivada até o oferecimento
da conduta como modalidade tentada. da denúncia ou da queixa.
Sobre a desistência voluntária e o arrependimento eficaz, C-Apesar de parcela da doutrina entender que o
assinale a alternativa correta. reconhecimento do arrependimento posterior exige a
integral reparação dos prejuízos causados pelo crime, o
A-A desistência voluntária e o arrependimento eficaz podem Supremo Tribunal Federal já se manifestou, em decisão sobre
ocorrer tanto nas hipóteses de crime falho quanto nos casos o tema, que para a incidência do instituto basta que o agente
de tentativa imperfeita. realize o ressarcimento do valor principal até o recebimento
B-Uma vez reconhecido o arrependimento eficaz ou a da denúncia, ainda que o pagamento dos juros e da correção
desistência voluntária, o agente até poderá responder monetária do prejuízo causado pelo crime se dê em momento
criminalmente pelos atos já praticados, mas não poderá ser posterior.
responsabilizado pela tentativa do resultado que visava a D-O Código Penal prevê de forma expressa que o quantum de
alcançar antes de abandonar seu dolo inicial. diminuição do arrependimento posterior irá variar de acordo
C-A desistência voluntária e o arrependimento eficaz com o momento em que o agente realizar o ressarcimento.
possuem efeitos equivalentes, pois ambos funcionam como Assim, caso o ressarcimento ocorra nas primeiras 24 horas
causa de atipicidade da conduta. A diferença entre os após o crime, o agente fará jus a uma diminuição de 2/3 da
institutos consiste no momento de sua manifestação, pois pena.
enquanto a desistência voluntária deve ocorrer antes de o E-Não se admite a incidência do arrependimento posterior no
resultado típico se consumar, o arrependimento eficaz pode crime de lesão corporal culposa (artigo 129, § 6º, do Código
ser reconhecido mesmo após a consumação do crime. Penal), haja vista o bem jurídico tutelado pela norma –
D-Na desistência voluntária, o agente, após esgotar os meios integridade física – ser incompatível com o benefício.
executórios que tinha à sua disposição, pratica uma nova
conduta para impedir o advento do resultado, razão pela qual 3 - 2021 - FAPEC - PC-MS - FAPEC - 2021 - PC-MS - Delegado
ele somente responderá penalmente pelos atos até então de Polícia
praticados. Sobre a teoria do erro, analise as afirmações a seguir.
E-A desistência voluntária e o arrependimento eficaz são
compatíveis com os crimes culposos próprios. I - Para a teoria extremada do dolo, tanto o erro de tipo
quanto o erro de proibição, quando inevitáveis, sempre
2 - 2021 - FAPEC - PC-MS - FAPEC - 2021 - PC-MS - Delegado excluirão o dolo.
de Polícia II - A teoria extremada da culpabilidade, empreendida pela
O arrependimento posterior encontra-se previsto de forma doutrina finalista, com a qual surgiu e cujos maiores
expressa no artigo 16 do Código Penal. Sobre esse instituto e representantes foram Welzel, Maurach e Kaufmann, separa o
considerando a posição doutrinária e a jurisprudência dos dolo da consciência da ilicitude. Assim, o dolo, em seu aspecto

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puramente psicológico (dolo natural), é transferido para o exaurimento, sendo que a cogitação e os atos preparatórios
injusto, enquanto a consciência da ilicitude passa a fazer em regra não são puníveis, salvo quando manifestem
parte da culpabilidade, num puro juízo de valor. Dolo e claramente a intenção de cometer o crime.
consciência da ilicitude são, portanto, para a teoria 3. O arrependimento eficaz se caracteriza quando o agente
extremada da culpabilidade, conceitos completamente com eficiência impede o resultado inicialmente almejado, não
distintos e com diferentes funções dogmáticas. respondendo, então, pelo crime que pretendia praticar, mas
III - Influenciada pelo sistema finalista de Hans Welzel, a pelos atos já praticados (se por si constituírem crime).
reforma da parte geral do Código Penal brasileiro, realizada 4. A teoria material objetiva distingue os atos preparatórios
em 1984, rompeu com a tradição jurídico-penal estabelecida do início da execução pelo início do ataque ao bem jurídico:
até então, que trabalhava com a teoria limitada da tão logo se inicie uma situação de risco para o bem jurídico, a
culpabilidade, e passou a adotar a teoria extremada da execução começa e a conduta passa a ser punível.
culpabilidade, defendida pelo renomado professor da Escola
de Bonn, deixando expresso tal opção no item 19 da Assinale a alternativa correta.
Exposição de Motivos.
IV - No erro de tipo, o erro recai sobre o elemento intelectual A-Somente a afirmativa 2 é verdadeira.
do dolo – a consciência –, impedindo que a conduta do autor B-Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
atinja corretamente todos os elementos essenciais do tipo. É C-Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
essa a razão pela qual essa forma de erro sempre exclui o D-Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras.
dolo, que, no finalismo, encontra-se no fato típico e não na E-As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.
culpabilidade.
V - A teoria limitada da culpabilidade situa o dolo como 5 - 2021 - NC-UFPR - PC-PR - NC-UFPR - 2021 - PC-PR -
elemento do fato típico e a potencial consciência da ilicitude Delegado de Polícia
como elemento da culpabilidade; adota o erro de tipo como Sobre o conceito analítico de crime, assinale a alternativa
excludente do dolo e admite, quando for o caso, a INCORRETA.
responsabilização por crime culposo.
Assinale a alternativa correta. A-A tipicidade ocorre quando há correspondência entre a
conduta concreta examinada e a descrição legal de crime
A-Apenas I, II e V estão corretos. (tipo penal).
B-Apenas II, III e V estão corretos. B-Se uma conduta típica ocorre em estado de necessidade,
C-Apenas II e V estão corretos. legítima defesa, exercício regular de direito ou estrito
D-Apenas I, II, IV e V estão corretos. cumprimento do dever legal ela é justificada, razão pela qual
E-Todos os itens estão corretos. não é contrária ao ordenamento jurídico como um todo.
C-A culpabilidade se caracteriza quando o sujeito for
4 - 2021 - NC-UFPR - PC-PR - NC-UFPR - 2021 - PC-PR - imputável, tiver ao menos potencial consciência da ilicitude
Delegado de Polícia de sua conduta e puder agir em conformidade com o direito.
Sobre tentativa e consumação, considere as seguintes D-Uma pessoa com menos de 18 anos é inimputável e, se ela
afirmativas: praticar uma conduta típica e não justificada, seu
comportamento será considerado no máximo como ilícito de
1. Parte da doutrina entende que a desistência voluntária natureza cível, mas não penal.
deve ser também autônoma (determinada por decisão do E-Os comportamentos em estado de inconsciência, os
próprio agente), pois se um fator externo levasse o agente a movimentos reflexos e os provocados por coação física
desistir da execução, a situação descrita no art. 15 do Código absoluta (irresistível) não constituem ação ou omissão
Penal não se caracterizaria. (conduta) para o direito penal, portanto não podem constituir
2. O iter criminis corresponde ao desenvolvimento da crime.
conduta criminosa e pode ser dividido nas seguintes etapas:
cogitação, preparação, execução, consumação e

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6 - 2021 - NC-UFPR - PC-PR - NC-UFPR - 2021 - PC-PR - A-dolo eventual porque basta a previsibilidade do resultado
Delegado de Polícia para configurá-lo.
Considere o seguinte caso hipotético: B-dolo eventual porque expressamente consentiu com a
possibilidade de causar o resultado.
Z.Z. é um simplório dono de uma pequena e antiga padaria no C-culpa inconsciente porque o resultado era imprevisível, mas
bairro onde vive. De longa data, Z.Z. faz bolos enfeitados com cabe responsabilidade objetiva em delitos de trânsito.
escudos de times de futebol a pedido de alguns clientes mais D-culpa consciente porque levianamente subestimou o risco
conhecidos dele. Em certa ocasião, o departamento jurídico de causar o resultado e confiou que ele não ocorreria.
de um desses clubes propôs uma queixa-crime contra Z.Z., E-culpa imprópria, pois embora não esperasse o resultado
acusando-o de cometer crime contra registro de marca, tinha o dever de antecipá-lo e evitá-lo.
conforme art. 189, inc. I, da Lei 9.279/1996 (Comete crime
contra registro de marca quem: I - reproduz, sem autorização 8 - 2021 - FGV - PC-RN - FGV - 2021 - PC-RN - Delegado de
do titular, no todo ou em parte, marca registrada, ou imita-a Polícia Civil Substituto
de modo que possa induzir confusão), pois o escudo do time Lidiane, exímia nadadora, convida sua amiga Karen para
em questão era marca registrada. realizarem a travessia a nado de um rio, afirmando que
poderia socorrê-la caso tivesse qualquer dificuldade. Durante
Como argumento de defesa adequado segundo a teoria do a travessia, Karen e Lidiane foram pegas por um forte
delito, Z.Z. poderia alegar que não cometeu crime porque sua redemoinho que as puxou para o fundo do rio. Lidiane
conduta: conseguiu escapar, mas, em razão da forte correnteza, não
conseguiu salvar Karen, que veio a falecer por afogamento.
A-seria formalmente atípica. Considerando o fato acima narrado, Lidiane:
B-não seria culpável pelo erro sobre a ilicitude do fato.
C-seria justificada pelo exercício regular de direito. A-será responsabilizada pelo homicídio de Karen por omissão
D-seria atípica pelo erro sobre a situação justificante. imprópria, visto que criou a situação de perigo e assumiu a
E-não seria culpável pela inexigibilidade de conduta diversa. posição de garantidora;
B-assumiu a função de garantidora, devendo responder pela
7 - 2021 - NC-UFPR - PC-PR - NC-UFPR - 2021 - PC-PR - omissão de socorro com resultado morte;
Delegado de Polícia C-assumiu a função de garantidora, mas não responderá pela
Examine o caso hipotético narrado a seguir: morte de Karen, pois estava impossibilitada de agir;
D-não será responsabilizada pela morte de Karen, visto que
A.A. saiu de uma festa um pouco sonolento, pretendendo ir não possuía o dever de agir;
para casa conduzindo sua motocicleta. Na ocasião, foi E-não assumiu a função de garantidora, devendo, contudo,
advertido pelo sujeito B.B., que disse: “pilotando neste responder pelo crime de omissão de socorro com resultado
estado você pode matar alguém”. A.A., porém, afirmou que morte.
estava em condições de evitar qualquer acidente, até porque
as ruas estariam quase desertas e o vento no rosto o manteria 9- 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA - INSTITUTO AOCP - 2021
acordado. Afirmou, ainda, que não se arriscaria a sofrer um - PC-PA - Delegado de Polícia Civil
acidente, porque de moto “o para-choque era ele mesmo”. Referente ao Direito Penal, assinale a alternativa correta.
No trajeto para casa, porém, por estar com os reflexos mais
lentos,A.A. não percebeu um pedestre que atravessava a rua A-São exemplos de crimes que não admitem a tentativa: os
e o atropelou, causando-lhe a morte. Embora tenha ficado preterdolosos, os unissubsistentes, os omissivos próprios e os
bastante ferido, A.A. sobreviveu ao acidente e foi acusado de de perigo concreto.
cometer crime. B-Os crimes próprios são incompatíveis com a coautoria, haja
A partir das noções de dolo e culpa aplicadas ao caso, é vista que são delitos em que o tipo penal exige uma situação
correto afirmar que A.A. agiu com: de fato ou de direito diferenciada por parte do sujeito ativo.

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C-Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à


pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o 12 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE /
recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do CEBRASPE - 2021 - Polícia Federal - Delegado de Polícia
agente, a pena será reduzida de um terço até a metade. Federal
D-O indulto extingue os efeitos primários da condenação Com relação à teoria geral do direito penal, julgue o item
(pretensão executória), mas não atinge os efeitos seguinte.
secundários, penais ou extrapenais. A conduta humana voluntária é irrelevante para a
E-Em relação ao concurso formal próprio, o Código Penal configuração do crime culposo.
adotou o sistema da exasperação, aplicando-se a pena de
qualquer dos crimes, se idênticos, ou então a mais grave, Certo
aumentada, em qualquer caso, de um sexto até dois terços. Errado

10 - 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA - INSTITUTO AOCP - 13 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE /
2021 - PC-PA - Delegado de Polícia Civil CEBRASPE - 2021 - Polícia Federal - Delegado de Polícia
Assinale a alternativa correta no que concerne ao Direito Federal
Penal. Com relação à teoria geral do direito penal, julgue o item
seguinte.
A-Na teoria naturalística, conduta é o comportamento A consciência atual da ilicitude é elemento do dolo, conforme
humano voluntário que produz modificação no mundo a teoria finalista da ação.
exterior. Nessa teoria, dolo e culpa se alojam no interior da
conduta, isto é, do fato típico. Certo
B-Nas causas supervenientes relativamente independentes Errado
que produzem por si sós o resultado, adotou-se a teoria da
causalidade adequada. Sendo assim, rompe-se o nexo causal 14 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE /
em relação ao resultado e o agente só responde pelos atos CEBRASPE - 2021 - Polícia Federal - Delegado de Polícia
até então praticados. Federal
C-Os elementos normativos são os dados da conduta No que concerne aos crimes previstos na parte especial do
criminosa que não pertencem ao mundo anímico do agente. Código Penal, julgue o item subsequente.
Exprimem um juízo de certeza. Em se tratando de crime de extorsão, não se admite tentativa.
D-No dolo de propósito, não há intervalo entre a cogitação do
crime e a execução da conduta penalmente ilícita. Ocorre, de Certo
modo geral, nos crimes passionais. Errado
E-A concorrência de culpas se verifica quando duas ou mais
pessoas concorrem, culposamente, para a produção de um 15 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE /
resultado naturalístico. Nesse caso, ambos os agentes CEBRASPE - 2021 - Polícia Federal - Delegado de Polícia
respondem pelo resultado em coautoria. Federal
No que concerne aos crimes previstos na parte especial do
11 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE / Código Penal, julgue o item subsequente.
CEBRASPE - 2021 - Polícia Federal - Delegado de Polícia A adoção de sistema de vigilância realizado por
Federal monitoramento eletrônico, por si só, não torna impossível a
Com relação à teoria geral do direito penal, julgue o item configuração do crime de furto.
seguinte.
O dolo eventual é incompatível com a tentativa. Certo
Errado
Certo
Errado

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16 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Instituto Acesso - 2019 superiores a respeito de execução penal, lei penal no tempo,
- PC-ES - Delegado de Polícia - Anulado concurso de crimes, crime impossível e arrependimento
Tício, morador do Rio de Janeiro, começou a namorar posterior.
Gabriela, uma jovem moradora da cidade de São Paulo. Com Cristiano, maior e capaz, roubou, mediante emprego de arma
o passar do tempo e os efeitos da distância, Tício, motivado de fogo, a bicicleta de um adolescente, tendo-o ameaçado
por ciúmes, resolveu tirar a vida de Gabriela. Pôs-se então a gravemente. Perseguido, Cristiano foi preso, confessou o
planejar a prática do crime em sua casa, no Rio de Janeiro, crime e voluntariamente restituiu a coisa roubada. Nessa
tendo adquirido uma faca, instrumento com o qual planejou situação, a restituição do bem não assegura a Cristiano a
executar o crime. No dia em que seguiu para São Paulo para redução de um a dois terços da pena, pois o crime foi
encontrar Gabriela, que lhe o esperava na rodoviária, Tício cometido com grave ameaça à pessoa.
combinou com a jovem uma viagem a passeio para o Espírito
Santo. Ao ingressarem no ônibus que os levaria de São Paulo Certo
para o Espírito Santo, Tício afirmou para Gabriela que iria Errado
matá-la. Todavia, dada a calma de Tício, a jovem achou que
se tratava de uma brincadeira. Durante o trajeto, Tício, 18- 2018 - UEG - PC-GO - UEG - 2018 - PC-GO - Delegado de
ofereceu a ela uma bebida contendo substância que causava Polícia
a perda dos sentidos. Após Gabriela beber e dormir, sob Quando o agente, em crime cometido sem violência ou grave
efeito da substância, enquanto passavam pela BR-101, no Rio ameaça à pessoa, repara voluntariamente o dano até o
de Janeiro, Tício passou a desferir golpes com a faca no peito recebimento da denúncia, ocorre:
da jovem. Quando chegou ao destino, Tício se entregou para
polícia, e Gabriela, embora tenha sido socorrida, veio a óbito A-arrependimento eficaz.
ao chegar ao Hospital. B-arrependimento posterior.
O crime descrito no texto foi praticado, de acordo com a lei C-crime impossível.
penal, no momento D-desistência voluntária.
E-tentativa.
A-da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
resultado. Trata-se, portanto, do momento em que Tício 19 - 2018 - VUNESP - PC-SP - VUNESP - 2018 - PC-SP -
desferiu os golpes em Gabriela. Delegado de Polícia
B-em que o agente se prepara para a promoção da conduta “Existe_________ quando o agente prevê o resultado, mas
criminosa. Ou seja, trata-se do momento em que Tício espera, sinceramente, que não ocorrerá; configura- se
planejou e adquiriu as ferramentas necessárias ao _________ quando a vontade do agente não está dirigida
cometimento do crime. para a obtenção do resultado, pois ele quer algo diverso, mas,
C-em que a autoridade policial toma conhecimento do crime. prevendo que o evento possa ocorrer, assume assim mesmo
Ou seja, quando Tício se entregou para a polícia. a possibilidade de sua produção.”
D-em que é alcançada a consumação do crime. Trata-se, Assinale a alternativa que correta e respectivamente
portanto, do momento da morte de Gabriela, que ocorreu no completa as lacunas.
hospital.
E-da ação ou omissão, se este for concomitante ao resultado. A-dolo indireto ... dolo alternativo
Não sendo possível determiná-lo, no presente caso, em razão B-dolo eventual ... culpa consciente
da separação temporal entre a conduta e o resultado. C-culpa inconsciente ... culpa consciente
D-culpa consciente ... dolo eventual
17 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - E-culpa inconsciente ... dolo eventual
2018 - Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal
Em cada item a seguir, é apresentada uma situação 20 - 2018 - FUMARC - PC-MG - FUMARC - 2018 - PC-MG -
hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada com base Delegado de Polícia Substituto
na legislação de regência e na jurisprudência dos tribunais Com relação ao erro no Direito Penal, é CORRETO afirmar:

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resultado diverso do pretendido somente por culpa, se for


A-Quando, por erro no uso dos meios de execução, o agente, previsto como delito culposo. Quando o agente alcançar o
ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge resultado almejado e também resultado diverso do
pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime pretendido, responderá pela regra do concurso formal,
contra aquela, considerando-se as qualidades da vítima que restando configurada a aberratio causae.
almejava. No caso de ser também atingida a pessoa que o C-Mãe que, a fim de cuidar do machucado de seu filho, aplica
agente pretendia ofender, aplica-se a regra do concurso sobre o ferimento ácido, pensando tratar-se de pomada
formal: estamos diante da figura conhecida como aberratio cicatrizante, age em erro de proibição.
criminis. D-Fazendeiro que, para defender sua propriedade, mata
B-O agente que, objetivando determinado resultado, termina posseiro que a invade, pensando estar nos limites de seu
atingindo resultado diverso do pretendido, responde pelo direito, atua em erro de proibição indireto.

Respostas2

2
1: B 2: C 3: D 4: D 5: D 6: B 7: D 8: C 9: D 10: B 11: E 12: E 13: E 14: E 15: C 16: A 17: C 18: B 19: D 20: D
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META 3

DIREITO ADMINISTRATIVO: ENTES DA ADMINISTRAÇÃO

TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

CF/88
⦁ Art. 33
⦁ Art. 37, XIX, XX e XXI,
⦁ Art. 37, §§ 6º, 8º
⦁ art. 48, XI
⦁ art. 51, IV, e art. 52, XIII, da CF
⦁ art. 61 § 1º, II, "e".
⦁ art. 84, IV, VI, "a";
⦁ Art. 173, §1º e §2º e 174

OUTROS DIPLOMAS LEGAIS


⦁ art. 51 da Lei nº 9.649/98
⦁ 1º, §2º, I Lei 9.784/99
⦁ Lei 9637/98
⦁ Lei 13.303/16
⦁ Lei 13.019/14
⦁ Lei 9986/2000

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!


CF/88
⦁ Art. 37, XIX, XX e XXI, CF/88
⦁ Art. 37, §§ 6º, 8º, CF/88
⦁ Art. 48, XI, CF/88 (criação de ministérios deve ser por lei)
⦁ Art. 84, IV, VI, "a", CF/88

Principais artigos da Lei 13.303/16 - (Lei das empresas públicas e sociedades de economia
mista)
⦁ Art. 1º, caput e §§5º e 6º
⦁ Art. 2º, §§1º e 2º
⦁ Art. 3º, 4º e 5º
⦁ Art. 8º
⦁ Art. 27 a 30

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⦁ Art. 47 e 49
⦁ Art. 85 e 86

Principais artigos da Lei 9637/98– Lei das organizações sociais (OS)


⦁ Art. 1º e 2º
⦁ Art. 5º, 6º, 7º e 9º
⦁ Art. 11º e 12º
⦁ Art. 14 e 17

Principais artigos da lei 9.790/99– Lei das organizações da sociedade civil de interesse público
(OSCIP)
⦁ Art. 1º e 2º (atenção ao §único do art. 2º! Novidade legislativa!)
⦁ Art. 3º
⦁ Art. 10, §1º
⦁ Art. 11, 14 e 16

Principais artigos da lei 13.019/2014 – Lei das organizações da sociedade civil (OSC)
⦁ Art. 1º
⦁ Art. 2º, inc. I, II, VII, VIII e VIII-A.
⦁ Art. 3º
⦁ Art. 16 a 21
⦁ Art. 30, 31 e 35-A
⦁ Art. 39, 40 e 42, XX
⦁ Art. 69 e 73
⦁ Art. 84-B

Principais artigos da Lei 13.848/2019 – Lei das agências reguladoras


⦁ Art. 3º e 5º
⦁ Art. 10, 14 e 15
⦁ Art. 34 e 35

SÚMULAS RELACIONADAS AO TEMA


Súmula 525-STJ: A Câmara de vereadores não possui personalidade jurídica, apenas
personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender os seus direitos
institucionais.
Súmula 8-STF: Diretor de sociedade de economia mista pode ser destituído no curso do
mandato.

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1. PRINCÍPIOS INERENTES À ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA (art. 6, DL 200/67)

• Planejamento: compreende a elaboração e atualização de planos de governo, bem como previsão


de gastos em orçamento;
• Coordenação: vinculada diretamente à hierarquia, visa a garantir uma maior eficiência na execução
das atividades públicas;
• Descentralização administrativa: consiste na transferência da prestação de serviços do ente
federativo para outras pessoas jurídicas especializadas na execução dessas atividades;
• Delegação de competência: extensão de uma competência administrativa entre agentes públicos,
dentro de uma mesma estrutura hierárquica de forma expressa e transitória;
• Controle: exercido em todos os níveis e órgãos do governo.

2. DESCENTRALIZAÇÃO X DESCONCENTRAÇÃO

É importante relembrar que Administração Pública é uma expressão plurissignificativa. Possui dois
sentidos:

• Subjetivo / Formal / Orgânico: conjunto de órgãos e entidades que integram a estrutura do Estado
e tem como função satisfazer o interesse público, a vontade política governamental. Nesse sentido,
é grafada com letras maiúsculas, pois refere-se aos sujeitos.
• Objetivo / Material / Funcional: é o conjunto de atividades que esses órgãos e entidades
desempenham. Nesse sentido, é grafada com letras minúsculas, pois refere-se às funções. Ex.:
fomentar iniciativa privada, prestar serviço público, exercer poder de polícia.

Assim, o exercício das atividades administrativas pode se dar tanto de forma centralizada quanto de
forma descentralizada.

a) Desconcentração:

Na desconcentração, o que o Estado faz é distribuir, dentro da sua estrutura, as atividades estatais.
Há uma especialização de funções dentro da mesma pessoa jurídica. Haverá a criação dos órgãos
públicos/órgãos estatais, sem que haja a criação de uma nova pessoa jurídica, pois se trata de mera divisão
interna.
Cada órgão tem sua atribuição específica, para garantir eficiência. Ex.: Ministério da Saúde, Secretaria
Estadual de Segurança Pública (não são pessoas jurídicas, mas sim órgãos criados a partir de um

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procedimento de desconcentração). Portanto, tenha em mente que a desconcentração dá origem aos órgãos
públicos.

Características da Desconcentração que é preciso saber:

• Consiste na distribuição de competência dentro da mesma pessoa jurídica (criam centros de


competência em seu interior);
• A desconcentração administrativa pode ocorrer tanto na Administração Direta quanto na
Administração Indireta (uma autarquia pode desconcentrar parte de sua atribuição através de
criação de órgãos);
• A desconcentração decorre do poder hierárquico (relação de subordinação).
• Teoria Da Institucionalização (Marçal Justen): os órgãos públicos, embora NÃO contem com
personalidade jurídica, podem adquirir “vida” própria. Ex.: Exército brasileiro.

 Veremos as principais características dos órgãos mais a


frente!
b) Descentralização:

Na descentralização, o Estado vai transferir a execução da atividade para outra pessoa, seja física
ou jurídica, integrante ou não da Administração.
O Estado pode criar a pessoa jurídica para transferir a atividade (administração indireta) ou pode
realizar um contrato de concessão (com pessoa jurídica já existente) ou permissão de serviço público (com
pessoa jurídica ou pessoa física). Em outras palavras: Enquanto a desconcentração ocorre dentro de apenas
uma pessoa jurídica, na descentralização há mais de uma pessoa envolvida.

Características da Descentralização que é preciso saber:


• Deslocamento para uma nova pessoa (física ou jurídica);
• Transferência para pessoa da Administração indireta ou particulares;
• NÃO existe hierarquia, mas há controle e fiscalização (relação de vinculação, mas NÃO de
subordinação).

STF: É dispensável a autorização legislativa para a criação de empresas subsidiárias, desde que haja previsão
para esse fim na própria lei que instituiu a empresa estatal, visto que a lei criadora é a própria medida
autorizadora. Vejamos o último julgado do STF em 2021 nesse sentido:

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É dispensável a autorização legislativa para a alienação de controle acionário de


empresas subsidiárias (1). No julgamento da ADI 5624 MC-Ref/DF, prevaleceu o
entendimento de que a lei que autoriza a criação da empresa estatal matriz é
suficiente para viabilizar a criação de empresas controladas e subsidiárias, não
havendo se falar em necessidade de autorização legal específica para essa
finalidade. Assim, se é compatível com a CF a possibilidade de criação de
subsidiárias quando houver previsão na lei que cria a respectiva empresa estatal,
por paralelismo, não há como obstar, por suposta falta de autorização legislativa, a
alienação de ações da empresa subsidiária, ainda que tal medida envolva a perda
do controle acionário do Estado. Com base nesse entendimento, o Plenário, por
unanimidade, conheceu em parte da arguição de descumprimento de preceito
fundamental e, na parte conhecida, julgou improcedente o pedido formulado
contra o Edital de Leilão 1/2020 da Companhia Energética de Brasília (CEB), que se
destina a alienação de cem por cento do controle acionário da CEB-Distribuição S.A.
(1) Precedentes: ADI 5624 MC-Ref/DF, relator Min. Ricardo Lewandowski (DJe de
28.11.2019); Rcl 42.576/DF, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes (DJe de
25.3.2021).
ADPF 794/DF, relator Min. Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em
21.5.2021 (sexta-feira), às 23:59.

2.1 Espécies de Descentralização

a) Outorga (descentralização legal, por serviços ou funcional)


⦁ Transfere a execução e a titularidade (doutrina majoritária);
⦁ Destina-se às pessoas jurídicas de direito público especializadas;
⦁ Requer lei específica;
⦁ Dá origem às entidades da Administração Indireta.

b) Delegação (descentralização por colaboração):


⦁ Só transfere a execução (e não a titularidade);
⦁ Entidades de direito privado;
⦁ Formalizada por ato unilateral ou contrato;
⦁ Dá origem às concessionárias e permissionárias.

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Descentralização

Por serviços ou Por colaboração ou


outorga delegação

Por meio de Negócio


Transfere a Transfere só
Transfere Execução Jurídico ou ato
titularidade execução
unilateral

Ex.: contrato de
À particulares (NJ) e
Por meio de lei Só a entidades da AP concessão de
a própria AP (lei).
serviços públicos

Territorial

ATENÇÃO!

Descentralização Territorial ou Geográfica: Ocorre com entidade geograficamente delimitada, dotada


de personalidade jurídica própria de direito público, com capacidade de administração e possibilidade de
execução das atividades estatais.

 Típica da França e Itália → NÃO admitida no Brasil desde a Proclamação da República.


 Alguns doutrinadores (Maria Sylvia Zanella de Pietro) aplicam para os territórios federais.

Descentralização Social (Diogo Figueiredo Moreira Neto): Consiste em aliviar do Estado a execução direta
ou indireta de atividades de relevância coletiva que possam ser convenientemente cometidas por
credenciamentos ou reconhecimentos a unidades sociais personalizadas.
Em outras palavras: consiste em formalizar parcerias (ou atos de reconhecimento) com entidades do 3º
Setor, com o intuito de criar condições favoráveis para o alcance de metas socialmente adequadas.

Com relação a este ponto, é importante que o estudante conheça as formas de controles
administrativos: Tutela x Hierarquia.

TUTELA ADMINISTRATIVA HIERARQUIA ADMINISTRATIVA

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▪ NÃO se presume. Depende de Lei. ▪ Inerente à organização interna dos entes


federativos. NÃO depende de previsão legal.

▪ Pressupõe a existência de duas pessoas ▪ Existe no interior de uma mesma pessoa (fruto
jurídicas, onde uma exerce controle sobre da desconcentração).
a outra (fruto da descentralização).

▪ Condicionada pela lei. ▪ Incondicionada, sendo-lhe inerente uma série


de poderes administrativos.

Vamos esquematizar?

DESCENTRALIZAÇÃO DESCONCENTRAÇÃO

Transferência da atividade administrativa para Distribuição interna de atividade dentro de uma


outra pessoa, física ou jurídica, integrante ou não mesma pessoa jurídica, resultando na criação de
do aparelho estatal. centros de competências, denominados órgãos
públicos, dentro de uma mesma estrutura
hierárquica.

Há mais de uma pessoa jurídica. Ocorre dentro da mesma pessoa jurídica.

Não há hierarquia, apenas controle e fiscalização. Há hierárquica e decorre do Poder Hierárquico.

Há uma relação de vinculação. Há uma relação de subordinação.

Pode ser: Dá origem aos órgaos públicos.

1) Descentralização por outorga, que dá origem às


entidades da Administração Indireta;

2) Descentralização por colaboração, na qual há


delegação à pessoa já existente, através de
concessão ou permissão.

3. ÓRGÃOS PÚBLICOS

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Órgãos públicos são centros de atribuições que resultam da desconcentração administrativa. Sua
criação se justifica pela necessidade de especializar as funções, com o intuito de tornar a atuação estatal mais
eficiente. A principal característica dos órgãos é que eles NÃO possuem personalidade jurídica própria.
Outras características:
✓ Órgãos são centros especializados de competências.
✓ Criação e extinção devem ser feitas por meio de lei.
✓ Competência do órgão é intransferível e irrenunciável, mas pode ser delegada ou avocada.
✓ Presentes tanto na Administração direta como na Administração indireta.

Art. 1º, §2º, I, Lei 9.784/99 - Para os fins desta Lei, consideram-se: I - órgão - a
unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura
da Administração indireta.

✓ NÃO possuem patrimônio próprio.


✓ NÃO podem ser sujeitos de direitos ou de obrigações (uma vez que não possuem personalidade
jurídica). Ex.: uma morte ocorrida dentro de escola pública municipal será de responsabilidade
do Município, pois a escola e a prefeitura são órgãos públicos e, portanto, não são sujeitos de
obrigações.
✓ NÃO celebram contrato, contudo, o órgão realiza licitação, gestão e exercício do contrato,
ficando a cargo do ente personalizado a celebração do contrato.

Exceção: Contrato de gestão/de desempenho.


Embora os órgãos públicos não possam celebrar contratos por não possuírem personalidade jurídica
e, consequentemente, capacidade contratual, o art. 37, §8º da CF/88 admite a celebração de
“contrato de gestão” ou “contrato de desempenho” entre órgãos públicos e administradores ou
entes federativos, que tem como objetivo ampliar a autonomia gerencial orçamentária e financeira
dos órgãos, que deverão, em contrapartida, cumprir determinadas metas de desempenho.

§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da


administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser
firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a
fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor
sobre:
I - o prazo de duração do contrato;
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e
responsabilidade dos dirigentes;
III - a remuneração do pessoal.

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Considerações importantes sobre o contrato de gestão/desempenho:


• Natureza jurídica: embora a doutrina seja pacífica no sentido de que o contrato de gestão NÃO
tem natureza de contrato administrativo, há divergência quanto à sua natureza jurídica:
∘ 1ª C (Rafael Oliveira e Maria Silva Di Pietro) - O contrato de gestão tem natureza de convênio
administrativo, sendo constitucional sua celebração. Para esses autores, o convênio
administrativo é sinônimo de ato administrativo complexo.
∘ 2ª C (Diogo Figueiredo Moreira Neto – minoritário): O contrato de gestão tem natureza
jurídica de ato administrativo complexo. Para ele, ato administrativo complexo não é
sinônimo de convênio administrativo.
• Classificação: O contrato de gestão é classificado pela doutrina em:
∘ Endógeno: Celebrado dentro da Administração Pública direta ou indireta (art. 37, §8º, CF). O
contrato de gestão será considerado endógeno quando celebrado, por exemplo, entre o
Estado e a Secretaria de Segurança Pública ou uma Autarquia.
∘ Exógeno: Celebrado entre a Administração Pública e os particulares em colaboração com o
Estado (3º Setor) (art. 5º, Lei 9.637/98).
• Inconstitucionalidade: Parte da doutrina afirma que o contrato de gestão é inconstitucional, por
2 fundamentos principais:
1) O Direito Brasileiro o não permite o autocontrato;
2) Violação ao princípio da reserva legal, pois, se a criação do órgão se dá por lei, o aumento da
sua autonomia também deveria ocorrer mediante previsão legal.

Veja o enunciado aprovado na I Jornada de Direito Administrativo CJF/STJ sobre o contrato de


desempenho:
Enunciado 11 - O contrato de desempenho previsto na Lei 13.934/2019, quando
celebrado entre órgãos que mantêm entre si relação hierárquica, significa a
suspensão da hierarquia administrativa, por autovinculação do órgão superior, em
relação ao objeto acordado, para substituí-la por uma regulação contratual, nos
termos do art. 3º da referida Lei.

Além disso, destaca-se a regulamentação pela Lei 13.934/19.

Art. 3º O contrato de desempenho constitui, para o supervisor, forma de


autovinculação e, para o supervisionado, condição para a fruição das flexibilidades
ou autonomias especiais.

 ATENÇÃO: Em regra, os órgãos, por NÃO terem personalidade jurídica, NÃO têm capacidade
processual.

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Exceções:

1) Previsão legal. Ex.: Órgão público na defesa dos consumidores (art. 82, inc. III, CDC).

Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá
ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.
Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:
III - as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que
sem personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e
direitos protegidos por este código;

2) Órgãos titulares de direitos subjetivos, o que lhes conferem capacidade processual para a
defesa das prerrogativas, bem como competências para defesa de atribuições institucionais.
Ex: Órgãos independentes e autônomos podem figurar em juízo, desde que (i) sejam órgãos de
cúpula de hierarquia administrativa; (ii) atuem na defesa de suas prerrogativas institucionais.

Fique atento à súmula e jurisprudência sobre o tema!

Súmula 525-STJ: A Câmara de Vereadores não possui personalidade jurídica, apenas


personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender os
seus direitos institucionais.

Obs.: STJ já reconheceu a capacidade processual para a Câmara dos Vereadores


impetrar MS, quando caracterizada inércia do Município, na defesa de suas
prerrogativas institucionais.

Associação de Municípios e Prefeitos não possui legitimidade ativa para tutelar em


juízo direitos e interesses das pessoas jurídicas de direito público. STJ. 1ª Seção.
REsp 1503007-CE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 14/6/2017 (Info 610).

#DD EXPLICA: O município é um órgão político e, portanto, dotado de


personalidade jurídica própria, podendo figurar no polo das ações judiciais. A
Associação dos Municípios, por sua vez, possui natureza jurídica de direito privado,
não podendo, portanto, representar uma pessoa de direito público em juízo.

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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

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Legitimidade do TJ para impetrar mandado de segurança em defesa de sua


autonomia institucional. O Tribunal de Justiça, mesmo não possuindo
personalidade jurídica própria, detém legitimidade autônoma para ajuizar
mandado de segurança contra ato do Governador do Estado em defesa de sua
autonomia institucional. Ex: mandado de segurança contra ato do Governador que
está atrasando o repasse dos duodécimos devidos ao Poder Judiciário. STF. 1ª
Turma. MS 34483-MC/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 22/11/2016 (Info 848).

3.1 Teorias

1. Teoria do Mandato: O agente público é mandatário da pessoa jurídica, sendo a relação construída
em função de um contrato de mandato.
Crítica: NÃO se admite que um Estado, que NÃO tem vontade própria e nem tem como exteriorizá-
la, possa assinar um contrato, instrumento que depende da autonomia da vontade.

2. Teoria da Representação: O agente público seria representante do Estado por força de lei,
equiparando-se ao tutor ou curador, representando os incapazes.
Crítica: A pessoa jurídica ficaria equiparada a um incapaz, sendo absurda a ideia de que o incapaz
confere representante de si mesmo. Além disso, o incapaz NÃO pode ser civilmente responsabilizado, o que
NÃO ocorre com o Estado.

3. Teoria do Órgão (Teoria da Imputação Volitiva) – Otto Von Gierke – Por essa teoria, a manifestação
do órgão público é atribuída à pessoa jurídica ao qual ele pertence. Ou seja: quando um agente
público, integrante de um órgão público, manifesta a sua vontade, na realidade, é a própria pessoa
estatal que está agindo. Por esse motivo, é possível imputar, ao Estado, os danos causados por seus
agentes.

Explica a teoria do funcionário de fato putativo, que é aquele cuja investidura foi irregular ou
viciada, mas cuja situação tem aparência de legalidade. Para a Teoria, consideram-se válidos os atos
praticados por um funcionário de fato putativo, em nome da boa-fé dos administrados, segurança jurídica e
legalidade dos atos, pois o ato é do órgão (e, consequentemente, da pessoa jurídica ao qual pertence), não
do agente.

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3.2 Criação e Extinção de Órgãos Públicos

A regra é que os órgãos públicos sejam criados e extintos por lei ordinária. E, em regra, a lei será de
iniciativa do chefe do Executivo. Essa exigência aparece na CF em alguns momentos:

Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro
ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso
Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais
Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos
previstos nesta Constituição.

§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:


II - disponham sobre:
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado
o disposto no art. 84, VI;

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:


VI - dispor, mediante decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar
aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;

Existem algumas exceções em relação à iniciativa da lei. Vejamos:


 Iniciativa do Congresso Nacional (art. 48, XI)

Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não
exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias
de competência da União, especialmente sobre: XI - criação e extinção de
Ministérios e órgãos da administração pública;

 Para a criação de órgãos no Poder Judiciário, a iniciativa será do presidente do próprio TJ (art. 96,
II, “c” e “d”).
Art. 96. Compete privativamente:
II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça
propor ao Poder Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169:
c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;
d) a alteração da organização e da divisão judiciárias;

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SEMANA 03/30

 No âmbito do MP, a iniciativa para a criação de órgãos será do chefe da instituição, ou seja, PGJ ou
PGR (art. 127, §2º).

Art. 127. § 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e


administrativa, podendo, observado o disposto no art. 169, propor ao Poder
Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os
por concurso público de provas ou de provas e títulos, a política remuneratória e
os planos de carreira; a lei disporá sobre sua organização e funcionamento.

É possível criar órgãos por ato administrativo? R.: Parte da doutrina (Carvalho Filho, Rafael Oliveira,
Fernando Barbalho) entende que a CF/88 admite, excepcionalmente, no âmbito do Senado Federal e Câmara
dos Deputados (art. 51, IV, e art. 52, XIII, da CF), que a própria casa disponha sobre a sua organização
administrativa, como a criação de órgãos. Em outras palavras: a criação de órgãos dentro da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal pode ser feita mediante resolução das respectivas casas, não se exigindo a
sanção presidencial, pois não se trata de lei. Por simetria, isso pode ser levado para os Estados e Municípios.

3.3 Classificação dos Órgãos

a) Quanto à hierarquia:
▪ Independentes: NÃO estão hierarquicamente subordinados a nenhum outro órgão, se
sujeitando apenas ao controle dos poderes estruturais do Estado (sistema de freios e
contrapesos). Têm origem na CF. Ex.: Presidência da República, Congresso Nacional, STF.

CUIDADO!
. O MP e TCU são considerados órgãos independentes, embora não façam parte de
nenhum poder!

. Embora sejam órgãos independentes, o Ministério Público Militar e o Ministério


Público do Trabalho não possuem legitimidade para demandar diretamente nos
Tribunais Superiores, por serem vinculados ao Ministério Público da União. Confira
os julgados abaixo:

O Ministério Público do Trabalho não tem legitimidade para atuar no âmbito do


Superior Tribunal de Justiça na condição de parte. STJ. 1ª Seção. AgRg no CC
122940-MS, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 07/04/2020 (Info 670).

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MPM não tem legitimidade para atuar diretamente no STF. STF. 2ª Turma. HC
155245 AgR-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 11/11/2019.

▪ Autônomos: órgãos imediatamente subordinados aos órgãos independentes. São órgãos


diretivos que desempenham funções de coordenação, planejamento, supervisão e controle.
Possuem autonomia administrativa e financeira (NÃO possuem autonomia política). Ex.:
Ministério da Fazenda, Secretaria do Estado, AGU.
▪ Superiores: NÃO possuem autonomia e independência, embora conservem o poder de decisão.
Ou seja: possuem apenas poder de decisão e controle sobre assuntos específicos de sua
competência. Ex.: Secretaria da Receita Federal, Polícias, Procuradorias.
▪ Subalternos: órgãos com reduzido poder de decisão, destinado à mera execução de atividades
administrativas. Ex..: zeladoria, almoxarifado, etc.

b) Quanto à atuação funcional/manifestação de vontade:


▪ Singular: atua pela manifestação de vontade de um único agente. Ex.: Prefeitura, juízo de 1º
grau, presidência.
▪ Colegiado (ou pluripessoais): a tomada de decisão é feita de forma coletiva. Ex.: casas
legislativas, STF.

c) Quanto à estrutura:
▪ Simples (ou unitário): atua sozinho (um único centro de competência), sem subdivisões em seu
interior. Ex.: Gabinete.
▪ Composto: há mais de um órgão atuando em sua estrutura. Ex.: Congresso Nacional é formado
pela Câmara dos Deputados e Senado Federal.

d) Quanto às funções:
▪ Ativos: execução de atividades administrativas.
▪ Consultivos: assessoramento.
▪ De controle: fiscalização.

e) Quanto ao âmbito de atuação:


▪ Central: atribuição em toda a área da pessoa jurídica que integram (federal, estadual e
municipal).
▪ Local: atribuição para atuar em determinado local.

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Resumindo...
NÃO estão hierarquicamente subordinados a
nenhum outro órgão, se sujeitando apenas ao
controle dos poderes estruturais do Estado
INDEPENDENTES (Sistema de freios e contrapesos). Têm origem
na CF.
Órgãos imediatamente subordinados aos
órgãos independentes. São órgãos diretivos que
desempenham funções de coordenação,
QUANTO À AUTÔNOMOS: planejamento, supervisão e controle. Possuem
HIERARQUIA autonomia administrativa e financeira (NÃO
possuem autonomia política).
NÃO possuem autonomia e independência,
embora conservem o Poder de decisão. Ou seja:
SUPERIORES possuem apenas poder de decisão e controle
sobre assuntos específicos de sua competência.
SUBALTERNOS Órgão com reduzido poder de decisão,
destinado à mera execução de atividades
administrativas.
QUANTO À Atua pela manifestação de vontade de um único
ATUAÇÃO SINGULAR agente.
FUNCIONAL/MANIF COLEGIADO (OU A tomada de decisão é feita de forma coletiva.
ESTAÇÃO DE PLURIPESSOAIS)
VONTADE

SIMPLES OU UNITÁRIO Atuam sozinhos (um único centro de


QUANTO À competência), sem subdivisões em seu interior.
ESTRUTURA COMPOSTO Há mais de um órgão atuando em sua estrutura.

QUANTO ÀS ATIVOS Responsáveis pela execução de atividades


FUNÇÕES administrativas.
CONSULTIVOS Exercem função de assessoramento.
DE CONTROLE Exercem função de fiscalização.
QUANTO AO Têm atribuição em toda a área da pessoa
ÂMBITO DE CENTRAL jurídica que integram (federal, estadual e
ATUAÇÃO municipal)

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LOCAL têm atribuição para atuar em determinado


local.

4. DESCENTRALIZAÇÃO

a) Descentralização Política: Feita pela CF, ao dividir a competência entre os entes federativos;

b) Descentralização Administrativa: Feita aos entes da administração indireta (descentralização


por outorga) e a particulares (descentralização por delegação).

Controle Finalístico (Vinculação/ Tutela administrativa/ Supervisão ministerial): É o controle pela


Administração Direta à pessoa política a qual é vinculada a Administração Indireta.

5. ADMINISTRAÇÃO INDIRETA

5.1. Características

✓ Gozam de personalidade jurídica própria.


✓ Possuem patrimônio próprio. No momento da sua criação, a entidade responsável
transfere parte de seu patrimônio ao novo ente, o qual terá liberdade para usá-lo.
✓ Possuem capacidade de autoadministração (autonomia técnica + administrativa).
Cuidado! Essa capacidade de autoadministração NÃO significa que elas podem definir
regras para se organizarem (matéria já foi objeto de questão do CESPE).
✓ Devem ter finalidade pública. NÃO poderão ter finalidade lucrativa, mas o lucro poderá ser
uma consequência da atividade.
✓ Sujeitas à supervisão ministerial (e NÃO ao poder hierárquico). Forma de controle que
pode ocorrer por meio de 3 hipóteses:
1) Controle Finalístico: deve-se assegurar que as entidades da Administração
Indireta não estão se desviando dos fins previstos nas leis instituidoras;
2) Controle Político: a Administração Direta pode nomear e exonerar livremente os
dirigentes das entidades administrativas. Exceção: dirigentes das agências
reguladoras;

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3) Controle Financeiro: exercido pelo Poder Legislativo com auxílio do TCU. Para a
doutrina, além das autarquias e fundações públicas, as estatais também se
submetem ao controle financeiro, desde que prestem serviço público.
✓ Necessidade de lei específica para criação das autarquias e autorização para criação dos
demais entes da administração indireta, neste caso, sendo imprescindível o registro dos
atos constitutivos no cartório de pessoas jurídicas ou na junta comercial para empresas
estatais.

Art. 37, XIX - Somente por lei específica poderá ser criada autarquia
e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de
economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste
último caso, definir as áreas de sua atuação.

OBS.: Criação de subsidiárias também exige lei.


⦁ NÃO precisa ser lei específica. A própria lei que institui a entidade pode autorizar.
⦁ A lei deve ser minuciosa, trazendo todas as áreas de atuação da entidade de forma específica
(princípio da especialidade). Já a organização pode ser feita através de ato administrativo.

CF, Art. 37, XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de


subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, assim como a
participação de qualquer delas em empresa privada;

Petrobrás pode criar subsidiárias e, em seguida, alienar o controle acionário delas


sem licitação e sem autorização legislativa específica. Caso concreto: a Petrobrás
elaborou um plano de desinvestimento por meio do qual ela decidiu vender 8
refinarias. Para isso, a Petrobrás criou subsidiárias que passaram a ser as
proprietárias dessas refinarias e, em seguida, o controle acionário dessas
subsidiárias será alienado, sem licitação e sem prévia autorização legislativa. Desse
modo, na prática, é como se a Petrobrás estivesse alienando as refinarias. O STF
afirmou que essa prática é legítima. A específica autorização legislativa somente é
obrigatória na hipótese de alienação do controle acionário de sociedade de
economia mista (empresa-mãe). Não há necessidade dessa prévia e específica
anuência para a criação e posterior alienação de ativos da empresa subsidiária,
dentro de um elaborado plano de gestão de desinvestimento, voltado para
garantir maiores investimentos e, consequentemente, maior eficiência e eficácia
da empresa-mãe. Isso porque a inexistência de expressa proibição ou limitação de
alienação societária em relação à autorização legislativa genérica para a criação de
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subsidiárias corresponde à concessão, pelo Congresso Nacional ao Poder Executivo,


de um importante instrumento de gestão empresarial, para garantir a eficiência e
a eficácia da sociedade de economia mista no cumprimento de suas finalidades
societárias. Portanto, na criação ou extinção de subsidiárias, o preceito maior de
gestão empresarial que deve ser seguido é garantir a melhor atuação, eficiência e
eficácia da empresa-mãe. STF. Plenário. Rcl 42576 MC/DF, rel. orig. Min. Edson
Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 30/9 e 1º/10/2020 (Info
993).

É desnecessária, em regra, lei específica para inclusão de sociedade de economia


mista ou de empresa pública em programa de desestatização STF. Plenário. ADI
6241/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 6/2/2021 (Info 1004).

5.2 Entes da Administração Indireta

5.2.1 Autarquias

a) Conceito: São pessoas jurídicas de direito público interno, pertencentes à Administração Indireta,
criadas por lei específica para o exercício de atividades típicas, próprias do Estado (ou seja: atividades que
só podem ser desempenhadas por pessoas jurídicas de direito público). Possuem regime muito semelhante
aos dos entes da Administração Direta. Ex.: INSS, INCRA, conselhos de classe, UF, IBAMA, BANCO CENTRAL,
autarquias territoriais, agências reguladoras, associações públicas de regime público (lei 11.107/05).

b) Características:

⦁ NÃO possuem autonomia política, mas possuem autonomia financeira e de autorregulação.


⦁ Possuem regime jurídico de Direito Público.
⦁ São CRIADAS por lei específica (competência do chefe do Poder Executivo), através da
descentralização por outorga ou descentralização legal. (art. 37, XIX da CF).

Art. 37. (...) XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de
fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua
atuação;

⦁ Possuem personalidade jurídica própria.

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⦁ Possuem patrimônio próprio.


⦁ Bens autárquicos são bens públicos que, portanto, sujeitam-se à impenhorabilidade,
imprescritibilidade e inalienabilidade relativa.
⦁ Praticam atos administrativos.
⦁ Precisam fazer licitação quando firmarem contratos administrativos, podendo haver a
previsão de cláusulas exorbitantes.
⦁ Sujeitas a controle financeiro do Tribunal de Contas.
⦁ Sujeitas ao regime estatutário, razão pela qual NÃO se admite o ingresso de servidores
celetistas para a prestação dos serviços nos entes da administração direta, autárquica e
fundacional.
⦁ Submetem-se ao regime de precatórios, SALVO os conselhos profissionais.
⦁ Possuem imunidade tributária recíproca em relação aos IMPOSTOS.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado


à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

VI - instituir impostos sobre:

a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;

§ 2º A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações


instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda
e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.

 Atenção! A imunidade tributária recíproca das autarquias é chamada de


condicionada porque se limita aos patrimônios, rendas ou serviços que estejam
vinculados às suas finalidades essenciais ou sejam delas decorrentes.

⦁ Possuem prerrogativas processuais. Ex.: prazo em dobro, reexame necessário.

Súmula 644, STF - Ao titular do cargo de procurador de autarquia não se exige a


apresentação de instrumento de mandato para representá-la em juízo.

c) Responsabilidade Civil: As autarquias possuem responsabilidade civil objetiva, com fundamento


na Teoria do Risco Administrativo (art. 37, §6º, CF/88).

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As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de


serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
casos de dolo ou culpa.

Por possuírem personalidade jurídica própria e patrimônio próprio, as autarquias respondem


diretamente com o seu patrimônio. No entanto, caso não consigam arcar, o Estado responde
subsidiariamente. Ou seja: há responsabilidade subsidiária do ente criador.

d) Regime Jurídico: Estatutário (art. 39, CF/88).

 Na promulgação da CF/88: Obrigatoriedade do regime jurídico único.


 Com a Reforma Administrativa (EC 19/98): Fim da obrigatoriedade do Regime Jurídico Único.
 Decisão liminar do STF em ADI: Retorno da obrigatoriedade do RJU, liminar com efeitos ex
nunc.

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito


de sua competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores
da administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas. (Vide
ADIN nº 2.135-4)

CONCLUSÃO:
Regime deve ser estatutário, SALVO contratações celetistas antes da decisão do STF e após a
reforma administrativa.
NÃO se admite o ingresso de servidores celetistas para a prestação dos serviços nos entes da
administração direta, autárquica e fundacional, pois são regidos pela Lei 8.112/90.

Consequências da adoção do regime estatutário:

✓ Exige concurso público;


✓ Submetem-se ao teto remuneratório;
✓ Submetem à proibição de cumulação de cargos.

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e) Controle da Administração Indireta: A Administração indireta se submete a um controle


meramente finalístico, tendo em vista que NÃO HÁ SUBORDINAÇÃO ENTRE OS ENTES DA ADMINISTRAÇÃO
INDIRETA E A ADMINISTRAÇÃO DIRETA.

Estão sujeitas também ao controle financeiro do Tribunal de Contas.

f) Espécies de autarquias:

1. Autarquias profissionais (autarquias corporativas, corporações profissionais, conselhos


profissionais): Exercem atividade tipicamente pública de fiscalização sobre determinadas
categorias profissionais.
▪ As anuidades são tributos.
▪ Atenção à jurisprudência sobre o tema (destacada abaixo).

2. Autarquias territoriais (art. 33 CF/88): É a manifestação da descentralização política com a


criação de territórios, razão pela qual, no Brasil, NÃO ostentam a qualidade de entes da
Administração indireta.
▪ Trata-se de desmembramento político.

3. Autarquias em regime especial


Subdividem-se nas seguintes espécies:

a. Autarquias culturais: Universidades Públicas.


▪ Autonomia pedagógica, didático-científica, administrativa e de gestão financeira e
patrimonial;
▪ Indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão;
▪ Escolha do reitor pelos docentes/ discentes;
▪ Mandato certo dos dirigentes.
b. Agências reguladoras: Criadas para controlar e fiscalizar as atividades de interesse da
sociedade e executadas por particulares ou até mesmo por entidades privadas da
Administração Indireta.

Obs.: Parte da doutrina ainda menciona as Agências executivas e Associações públicas como espécies de
autarquia:
• Agências executivas: São as autarquias e fundações públicas que celebram contrato de gestão
com o intuito de melhorar sua eficiência e reduzir custos (art. 51 e 52 da Lei 9649/98).

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• Associações públicas: Os consórcios públicos (art. 241, CF/88), quando se constituem na forma
de pessoa jurídica de direito público, assumem a forma de autarquia integrante da
Administração Indireta dos entes federativos consorciados.

Consórcio público de direito público: Assume a forma de ASSOCIAÇÃO PÚBLICA,


adquirindo a personalidade jurídica com a subscrição de protocolo de
intenções. Nesta hipótese, ele integra a Administração Pública Indireta de todos os
entes da federação que formam o consórcio.
Consórcio público de direito privado: Terá a forma de ASSOCIAÇÃO CIVIL e
será regido pelas normas do direito privado. Sua constituição depende, portanto,
da inscrição do ato constitutivo no registro civil de pessoas jurídicas.

CESPE/CEBRASPE (2021): Se entes da federação celebrarem consórcio público para realização de


determinado objetivo de interesse comum, esse consórcio passará a integrar a administração indireta dos
entes envolvidos, seja qual for a personalidade jurídica adquirida. Item incorreto.

Fique atento às principais jurisprudências sobre o tema:

É inconstitucional a suspensão do exercício profissional em razão do


inadimplemento de anuidades devidas à entidade de classe. O Estatuto da OAB
(Lei nº 8.906/94) prevê que o advogado que deixar de pagar as contribuições
devidas à OAB (anuidades) pratica infração disciplinar (art. 34, XXIII, da Lei nº
8.906/94) e pode ser suspenso do exercício, ficando proibido de exercer a
advocacia enquanto não pagar integralmente a dívida, com correção monetária
(art. 37, § 2º). O STF entendeu que esses dispositivos são inconstitucionais porque
representam medida desproporcional que caracteriza sanção política, além de
ofender a livre iniciativa e a liberdade profissional. É inconstitucional a suspensão
realizada por conselho de fiscalização profissional do exercício laboral de seus
inscritos por inadimplência de anuidades, pois a medida consiste em sanção
política em matéria tributária. STF. Plenário. RE 647885, Rel. Min. Edson Fachin,
julgado em 27/04/2020 (Repercussão Geral – Tema 732) (Info 978). (MUITO
IMPORTANTE!)

É inconstitucional lei estadual que obrigue a participação de representante da


seccional da OAB em órgão colegiado da Administração Pública estadual. É

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possível que o chefe do Poder Executivo estadual convide, em consenso com a OAB,
um representante da Ordem para integrar órgão da Administração. Isso é válido.
No entanto, a lei não pode impor a presença de representante da OAB (“autarquia
federal”) em órgão da Administração Pública local. STF. Plenário. ADI 4579/RJ, Rel.
Min. Luiz Fux, julgado em 13/2/2020 (Info 966).

Conselhos profissionais não estão sujeitos ao regime de precatórios. Os


pagamentos devidos, em razão de pronunciamento judicial, pelos Conselhos de
Fiscalização (exs: CREA, CRM, COREN, CRO) não se submetem ao regime de
precatórios. STF. Plenário. RE 938837/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac.
Min. Marco Aurélio, julgado em 19/4/2017 (repercussão geral) (Info 861). (MUITO
IMPORTANTE!)

Anuidade da OAB tem natureza tributária? Os Tribunais Superiores divergem


sobre o tema: STJ: NÃO. Os créditos decorrentes da relação jurídica travada entre
a OAB e os advogados não compõem o erário e, consequentemente, não têm
natureza tributária. STJ. 1ª Turma. REsp 1574642/SC, Rel. Min. Sérgio Kukina,
julgado em 16/02/2016. STF: SIM. As anuidades cobradas pelos conselhos
profissionais caracterizam-se como tributos da espécie contribuições de interesse
das categorias profissionais, nos termos do art. 149 da Constituição da República.
STF. Plenário. RE 647885, Rel. Edson Fachin, julgado em 27/04/2020. (MUITO
IMPORTANTE!)

Os conselhos profissionais gozam das prerrogativas processuais da Fazenda


Pública. Os Conselhos de Fiscalização Profissional detêm natureza jurídica de
autarquias e, dessa forma, possuem as prerrogativas processuais conferidas à
Fazenda Pública. STJ. 2a Turma. AgRg no Ag 1388776/RJ, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 07/06/2011. Exceção: Os pagamentos devidos, em razão de
pronunciamento judicial, pelos Conselhos de Fiscalização (exs: CREA, CRM, COREN,
CRO) não se submetem ao regime de precatórios. STF. Plenário. RE 938837/SP, rel.
orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgado em 19/4/2017
(repercussão geral) (Info 861).

Para que o Conselho Profissional demita um servidor seu, é necessário processo


administrativo? SIM. Como os Conselhos de Fiscalização Profissional têm natureza
jurídica de autarquia, devem ser aplicados aos seus servidores os art. 41 da CF/88
e 19 do ADCT, razão pela qual não podem ser demitidos sem a prévia instauração
de processo administrativo. Assim, o servidor de órgão de fiscalização profissional
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não pode ser demitido sem a prévia instauração de processo administrativo


disciplinar. STF. 2ª Turma. RE 838648 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
07/04/2015. Exceção: OAB (STF ADI 3026).

Os Conselhos Profissionais, para contratarem "funcionários", precisam fazer


concurso público? SIM. Como os Conselhos Profissionais são autarquias exercendo
uma atividade tipicamente pública (fiscalização do exercício profissional), precisam
respeitar a regra do art. 37, II, da CF/88, que exige concurso público para a
contratação de servidores. Assim, quando os Conselhos de Fiscalização Profissional
vão fazer a contratação de seu pessoal é imprescindível a realização de concurso
público. STF. 1ª Turma. MS 28469, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 09/06/2015. STF.
2ª Turma. RE 758168 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 24/06/2014.
Exceção: OAB. O STF decidiu que a OAB, quando vai contratar seus empregados,
não precisa realizar concurso público (STF ADI 3026).

Contratação de empregados de conselhos profissionais pela CLT é constitucional.


O art. 58, § 3º da Lei nº 9.649/98 prevê o seguinte: § 3º Os empregados dos
conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas são regidos pela legislação
trabalhista, sendo vedada qualquer forma de transposição, transferência ou
deslocamento para o quadro da Administração Pública direta ou indireta. Essa
previsão é constitucional. Os Conselhos Profissionais, enquanto autarquias
corporativas criadas por lei com outorga para o exercício de atividade típica do
Estado, tem maior grau de autonomia administrativa e financeira, constituindo
espécie sui generis de pessoa jurídica de direito público não estatal, a qual não se
aplica a obrigatoriedade do regime jurídico único preconizado pelo art. 39 da CF/88
(regime jurídico único). Em razão da natureza peculiar dos Conselhos Profissionais,
permite-se o afastamento de algumas das regras ordinárias impostas às pessoas
jurídicas de direito público. STF. Plenário. ADC 36, Rel. Cármen Lúcia, Rel. p/
Acórdão Alexandre de Moraes, julgado em 08/09/2020. (MUITO IMPORTANTE!)

Os Conselhos Profissionais estão submetidos à fiscalização do Tribunal de Contas?


SIM. Por serem autarquias federais, os Conselhos Profissionais têm o dever de
prestar contas ao Tribunal de Contas da União (art. 71, II, CF/88). STF. MS 28469
AgR-segundo, Rel. Min. Dias Toffoli, Relator(a) p/ Acórdão: Min. Luiz Fux, julgado
em 19/02/2013. Exceção: OAB (STF ADI 3026). (MUITO IMPORTANTE!)

Treinador ou instrutor de tênis não precisa ser inscrito no Conselho Regional de


Educação Física. O exercício da atividade de treinador ou de instrutor de tênis não
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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

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exige o registro no Conselho Regional de Educação Física. STJ. 2ª Turma. AgInt no


REsp 1767702-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 29/06/2020 (Info 677).

Jurisprudência em Teses do STJ


EDIÇÃO N. 135: CONSELHOS PROFISSIONAIS - I

1) Os conselhos de fiscalização profissionais possuem natureza jurídica de autarquia, sujeitando-se,


portanto, ao regime jurídico de direito público.

2) Com a suspensão da redação dada pela Emenda Constitucional n. 19/1998 ao caput do art. 39
da Constituição Federal de 1988, no julgamento da Medida Cautelar em Ação Direta de
Inconstitucionalidade n. 2.135/DF, o regime jurídico dos conselhos profissionais deve ser,
obrigatoriamente, o estatutário (ATENÇÃO! Verifique a conclusão do STF no julgamento da ADC
36).

3) Os servidores dos conselhos de fiscalização profissional submetem-se ao regime jurídico único,


de modo que a aposentadoria ocorrida após a publicação das decisões proferidas nas ADI n.
1.717/DF e ADI n. 2.135/DF, esta última em sede de liminar, segue o regime estatutário.

4) Os conselhos de fiscalização profissionais não podem registrar seus veículos como oficiais porque
compõem a administração pública indireta e o §1º do art. 120 do Código de Trânsito Brasileiro -
CTB autoriza apenas o registro de veículos oficiais da administração direta.

5) Os conselhos profissionais têm poder de polícia para fiscalizar as profissões regulamentadas,


inclusive no que concerne à cobrança de anuidades e à aplicação de sanções.

6) A partir da vigência da Lei n. 12.514/2011, o fato gerador para a cobrança de anuidades de órgão
de fiscalização profissional é o registro no conselho e não mais o efetivo exercício da profissão.

7) As anuidades devidas aos conselhos profissionais constituem contribuição de interesse das


categorias profissionais, de natureza tributária, sujeita a lançamento de ofício.

8) O prazo prescricional para cobrança de anuidades pagas aos conselhos profissionais tem início
somente quando o total da dívida inscrita atingir o valor mínimo correspondente a 4 (quatro)
anuidades, conforme disposto no art. 8º da Lei n. 12.514/2011.

9) A Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, embora possua natureza jurídica especialíssima,
submete-se ao disposto no art. 8º da Lei n. 12.514/2011, que determina que os conselhos de classe
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somente executarão dívida de anuidade quando o total do valor inscrito atingir o montante mínimo
correspondente a 4 (quatro) anuidades.

10) Compete a Justiça Federal processar e julgar execução fiscal promovida por Conselho de
Fiscalização Profissional. (Súmula n. 66/STJ)

11) Não se aplica o art. 20 da Lei n. 10.552/2002, que determina o arquivamento provisório das
execuções de pequeno valor, às execuções fiscais propostas pelos conselhos regionais de
fiscalização profissional.

12) Em execução fiscal ajuizada por conselho de fiscalização profissional, seu representante judicial
possui a prerrogativa de ser pessoalmente intimado. (Recurso Repetitivo - Tema 580)

Jurisprudência em Teses do STJ


EDIÇÃO N. 136: CONSELHOS PROFISSIONAIS - II

1) O registro no conselho de fiscalização profissional está vinculado à atividade básica ou à natureza


dos serviços prestados pela empresa, por força do que dispõe o art. 1º da Lei n. 6.839/1980.

2) A atividade fiscalizatória exercida pelos conselhos profissionais, decorrente da delegação do


poder de polícia, está inserida no âmbito do direito administrativo, não podendo ser considerada
relação de trabalho e, de consequência, não está incluída na esfera de competência da Justiça
Trabalhista.

3) O benefício da isenção do preparo, conferido aos entes públicos previstos no art. 4º, caput, da
Lei n. 9.289/1996, é inaplicável aos conselhos de fiscalização profissional. (Recurso Repetitivo -
Tema 625).

4) A atividade de músico é manifestação artística protegida pela garantia da liberdade de expressão,


de modo que a exigência de inscrição na Ordem dos Músicos do Brasil - OMB, bem como de
pagamento de anuidade para o exercício de tal profissão, torna-se incompatível com a Constituição
Federal de 1988.

5) As empresas de factoring convencional não precisam ser registradas nos conselhos regionais de
administração, visto que suas atividades são de natureza eminentemente mercantil, ou seja, não

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envolvem gestões estratégicas, técnicas e programas de execução voltados a um objetivo e ao


desenvolvimento de empresa.

6) O exame de suficiência instituído pela Lei n. 12.249/2010, que alterou o art. 12, § 2º, do Decreto-
Lei n. 9.295/1946, será exigido de contadores e de técnicos em contabilidade que completarem o
curso após a vigência daquela lei.

7) O ato do Conselho de Contabilidade, que requisita dos contadores e dos técnicos livros e fichas
contábeis de seus clientes, não viola os princípios da privacidade e do sigilo profissional, já que visa
à fiscalização da atividade contábil dos profissionais nele inscritos.

8) Os Conselhos Regionais de Farmácia possuem atribuição para fiscalizar e autuar as farmácias e


as drogarias quanto ao cumprimento da exigência de manter profissional legalmente habilitado
(farmacêutico) durante todo o período de funcionamento dos respectivos estabelecimentos.
(Súmula n. 561/STJ) (Recurso Repetitivo - Tema 715)

9) É facultado aos técnicos de farmácia, regularmente inscritos no Conselho Regional de Farmácia,


a assunção de responsabilidade técnica por drogaria, independentemente do preenchimento dos
requisitos previstos no art. 15, § 3º, da Lei n. 5.991/1973, c/c o art. 28 do Decreto n. 74.170/1974,
entendimento que deve ser aplicado até a entrada em vigor da Lei n. 13.021/2014. (Recurso
Repetitivo - Tema 727)

10) Não estão sujeitas a registro perante o respectivo Conselho Regional de Medicina Veterinária,
nem à contratação de profissionais nele inscritos como responsáveis técnicos, as pessoas jurídicas
que explorem as atividades de comercialização de animais vivos e de venda de medicamentos
veterinários, pois não são atividades reservadas à atuação privativa de médico veterinário.

11) Não há comando normativo que obrigue a inscrição de professores e de mestres de artes
marciais, ou mesmo de danças, de capoeira e de ioga, nos Conselhos de Educação Física, porquanto,
à luz do que dispõe o art. 3º da Lei n. 9.696/1998, essas atividades não são próprias dos profissionais
de educação física.

12) O registro de restaurantes e de bares no Conselho Regional de Nutrição e a presença de


profissional técnico (nutricionista) não são obrigatórios, pois a atividade básica desses
estabelecimentos não é a fabricação de alimentos destinados ao consumo humano (art. 18 do
Decreto n. 84. 444/1980), nem se aproxima do conceito de saúde trazido pela legislação específica.

CAIU EM PROVA:

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(Delegado de PCPR 2021): Os Conselhos de Fiscalização Profissional detêm natureza jurídica de


autarquias, cabendo-lhes prazo em dobro para recorrer em processos judiciais (item considerado
correto).

5.2.2 Agências Reguladoras

a) Origem: De inspiração norte-americana, foram instituídas no Brasil a partir da década de 90, para
estabelecer novo modelo regulatório brasileiro.

b) Definição: São autarquias com regime jurídico especial, dotadas de autonomia reforçada em relação
ao ente central, com base em dois fundamentos:
1) Despolitização (desgovernamentalização): busca retirar do âmbito político e conferir um
tratamento técnico ao setor regulado (o que acarreta, consequentemente, maior segurança
jurídica).
2) Necessidade de celeridade na regulação de determinadas atividades técnicas: teoricamente,
a agência reguladora, quando baixa normas para o setor, teria maior velocidade para se
adaptar à realidade econômica e tecnológica do setor, o que muda rapidamente.

c) Funções: Exercem funções executivas, normativas e judicantes de Estado, NÃO desempenhando


funções de governo. Podem exercer as seguintes atividades:
∘ Administrativas clássicas. Ex: Poder de Polícia;
∘ Poder normativo;
∘ Judicante, resolvendo conflitos entre os judicados.

d) Características:
✓ AUTONOMIA ADMINISTRATIVA:
∘ Nomeação diferenciada dos dirigentes – Nomeados pelo Presidente da República após
aprovação prévia do Senado para cumprir mandato certo (demais autarquias: demissíveis
ad nutum e comissionados);
 Obs.1: NÃO é possível exigir a aprovação prévia do Senado para a exoneração dos
dirigentes.
 Obs.2: NÃO se submetem à exoneração ad nutum.

∘ Período de quarentena dos dirigentes (art. 8º da Lei 9986/2000, com redação dada pela
Lei 13.848/2019) – Durante o prazo de 6 meses ficam impedidos de exercer atividade no

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setor regulado, contados da exoneração ou término do mandato, sendo assegurada


remuneração compensatória.
 Lei específica pode estabelecer prazo diferenciado. Ex.: 01 ano para ANEEL, ANS,
ANP. Nesse período, ficará o antigo dirigente vinculado à agência, fazendo jus à
remuneração compensatória equivalente à do cargo que exerceu.

Art. 8º Os membros do Conselho Diretor ou da Diretoria Colegiada ficam impedidos


de exercer atividade ou de prestar qualquer serviço no setor regulado pela
respectiva agência, por período de 6 (seis) meses, contados da exoneração ou do
término de seu mandato, assegurada a remuneração compensatória.

∘ Estabilidade forçada dos dirigentes - É estabilidade diferenciada. Possuem mandato


certo de 5 anos, vedada a recondução. (Art. 6º, Lei 9986/2000)
 Obs.: Antes da Lei 13.848/2019, que alterou a redação do art. 6º da Lei 9986, o
mandato dos dirigentes não poderia ultrapassar o mandato do presidente. Com
a novel lei, o mandato passou a ter prazo certo de 5 anos, não coincidindo mais
com mandato presidencial, justamente para conferir mais autonomia técnica à
agência.

Art. 6º O mandato dos membros do Conselho Diretor ou da Diretoria Colegiada das


agências reguladoras será de 5 (cinco) anos, vedada a recondução, ressalvada a
hipótese do § 7º do art. 5º. (Redação dada pela Lei nº 13.848, de 2019) Vigência
Parágrafo único. Em caso de vacância no curso do mandato, este será completado
por sucessor investido na forma prevista no art. 5o.

✓ AUTONOMIA DECISÓRIA:
∘ Impossibilidade de manejar recurso hierárquico impróprio - O objetivo é assegurar que
a decisão final na esfera administrativa seja da autarquia, em razão da sua autonomia
decisória. Ressalta-se que a impossibilidade de manejar recurso hierárquico impróprio
não afasta a apreciação pelo Poder Judiciário.

Enunciado 25 da I Jornada de Direito Administrativo CJF/STJ - A ausência de tutela


a que se refere o art. 3º, caput, da Lei 13.848/2019 impede a interposição de
recurso hierárquico impróprio contra decisões finais proferidas pela diretoria
colegiada das agências reguladoras, ressalvados os casos de previsão legal expressa

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e assegurada, em todo caso, a apreciação judicial, em atenção ao disposto no art.


5º, XXXV, da Constituição Federal.

✓ AUTONOMIA FINANCEIRA:
∘ Possuem recursos próprios e recebem dotações orçamentárias:
▪ Recursos próprios - Podem instituir as taxas regulatórias;
▪ Recebimento de dotações orçamentárias - Enviam proposta orçamentária ao
Ministério ao qual estão vinculadas, para receber recursos que serão geridos pela
própria agência reguladora.

APROFUNDANDO PARA PROVAS DISCURSIVAS:

Qual a natureza jurídica das taxas regulatórias?


1ª Corrente (JSCF): É uma espécie de tributo. Assim, será criada por lei (pela lei da
agência), tem compulsoriedade e tem fato gerador da taxa de poder de polícia. A
agência reguladora exerce poder de polícia nesse setor. Não é taxa de serviço, pois
quem presta o serviço é o particular.
2ª corrente (Alexandre de Aragão): Depende da natureza da agência. Se for uma
agência que regula a atividade econômica (ex. ANCINE), a taxa tem natureza
tributária. Se a agência regula o serviço público concedido, ela apenas fiscaliza o
cumprimento de um contrato administrativo (energia, telecomunicações), haverá
um poder disciplinar e terá natureza jurídica de um preço contratual/preço público.

✓ AUTONOMIA NORMATIVA: Gozam de poder normativo/regulatório.


∘ O fundamento do poder normativo das agências reguladoras baseia-se na técnica da
deslegalização ou delegificação, segundo a qual o próprio legislador retira
determinadas matérias do âmbito da lei e as passa para o âmbito do regulamento. Nesse
caso, por se tratarem de matérias tão específicas de ordem técnica, elas não poderiam
ser disciplinadas pela lei.
∘ NÃO é poder legislativo, devendo se ater a aspectos técnicos, subalternos à lei.
∘ As agências reguladoras NÃO inovam no ordenamento jurídico, ou seja, NÃO expedem
atos normativos primários.
∘ O Poder Normativo só obriga o prestador de serviços, jamais o particular.

 CUIDADO: não se trata de poder regulamentar!

Vamos aprofundar um pouco?


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Podemos fazer a distinção entre atos regulatórios e atos regulamentares. Nem todos os autores fazem
essa distinção. Para Rafael Oliveira, temos 03 diferenças entre os dois termos.

A primeira diferença se refere ao fundamento normativo. Quando a CRFB/88 fala em regulação, ela traz o
art. 174. Não é a única norma, claro! Contudo, o art. 174 fala do Estado regulador (aparece também no art.
21, inc. XI e art. 177). Já a expressão regulamentação aparece no art. 84, inc. IV, da CRFB/88 (competências
privativas do chefe do executivo). Assim, compete privativamente ao chefe do executivo editar decretos e
regulamentos para a fiel execução da lei.

A segunda diferença se refere ao responsável pela atividade. Na regulação, a grande protagonista é a


agência reguladora. Claro que não é apenas a agência reguladora que regula. Pois, o art. 174 da CRFB/88
diz que o Estado tem que regular a economia e essa regulação vai ser definida na forma da lei. Logo, não diz
que a regulação é feita apenas e exclusivamente por agências reguladoras. Todavia, pelo cenário normativo
de hoje e pelas diversas agências reguladoras que foram criadas, basicamente, a regulação será exercida
por agências reguladoras. Claro que há outras entidades parecidas com as agências reguladoras que vão
exercer atividade similar à regulação. Ex. CVM, Bacen, que são autarquias, mas são muito parecidas com as
agências reguladoras. Por outro lado, em relação à regulamentação, esta trata-se de competência privativa
do chefe do executivo (presidente, governadores de Estado e prefeitos). Assim, os atos regulamentares são
exercidos pelo chefe do executivo. Só o chefe do executivo pode baixar decreto regulamentar.

A terceira diferença é o caráter. Na regulação, a atividade regulatória tem caráter predominantemente


técnico. A regulação é exercida especialmente por agências reguladoras. Logo, é uma autarquia composta
por agentes públicos (concursados ou por cargos em comissão) que teoricamente possuem maior expertise
naquele setor regulado. Dessa forma, é uma atividade predominantemente técnica, sendo exercida por
pessoas que tem conhecimento naquele setor regulado. Já a regulamentação seria uma atividade
essencialmente política, visto ser exercida privativamente pelo chefe do executivo.

Diferenças REGULAÇÃO REGULAMENTAÇÃO


Fundamento normativo O art. 174 da CRFB/88 fala do Aparece no art. 84, inc. IV, da
Estado regulador. CRFB/88.
Responsável pela atividade A grande protagonista é a agência É de competência privativa do
reguladora. chefe do executivo.
Caráter A atividade regulatória tem É uma atividade essencialmente
caráter predominantemente política.
técnico.

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e) Poder normativo e deslegalização: A legislação confere autonomia às agências reguladoras para


editar atos administrativos normativos, dotados de conteúdo técnico e respeitados os parâmetros
legais no setor regulado. Há controvérsias em relação à constitucionalidade, existindo duas
correntes:
• 1ª Corrente: Inconstitucionalidade do poder normativo amplo das agências reguladoras, por
violar a separação de poderes e a legalidade, sendo vedada a criação de direito e obrigações
por meio de atos regulatórios editados com fundamento em delegação legislativa inominada.
Celso Antônio e Di Pietro (Di Pietro só excepciona dessa vedação a ANATEL e ANP, por possuir
previsão constitucional)
• 2ª Corrente: Constitucionalidade do poder normativo técnico ampliado reconhecido às
agências reguladoras que poderão editar atos normativos, em razão da deslegalização, que
constitui o fundamento normativo desse poder. José dos Santos, Diogo de Figueiredo.

DESLEGALIZAÇÃO (DELEGIFICAÇÃO) /DESLEGIFERAÇÃO/ REBAIXAMENTO DO GRAU HIERÁRQUICO


LEGISLATIVO

É a retirada, pelo próprio legislador, de certas matérias do domínio da lei, passando-as ao domínio do
regulamento.
Com a deslegalização, opera-se uma degradação da hierarquia normativa de determinada matéria que, por
opção do legislador, deixa de ser regulada por lei e passa para a seara do ato administrativo normativo.
A lei deslegalizadora NÃO chega a determinar o conteúdo material da futura normatização administrativa,
limitando-se a estabelecer standards e princípios a ser respeitados na atividade administrativo- normativa.
Limites constitucionais à deslegalização:
a) Casos de reserva legislativa específica previstos na CF, que devem ser veiculados por lei formal;
b) Matérias a serem reguladas por lei complementar NÃO admitem deslegalização, pois são reservas
legislativas específicas.

Agências Reguladoras Estaduais → Na ADI 1949/RS, entendeu o STF:


Constitucional a nomeação de dirigentes, possuindo como etapas prévias a
indicação do Governador do Estado e aprovação pela Assembleia Legislativa =>
Modelo simétrico ao previsto na CF/88;
Inconstitucionalidade da exoneração dos dirigentes ANTES do termo final, por
decisão da Assembleia Legislativa, por alijar a participação do executivo.

ATENÇÃO! FENÔMENO DA CAPTURA DAS AGÊNCIAS REGULADORAS

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A "captura" descreve a situação em que o ente regulador passa a atuar sem imparcialidade, favorecendo
sistematicamente uma das partes envolvidas com a atividade regulada ou passa a ser uma estrutura
inoperante, meramente figurativa. Pode significar o risco de concussão (corrupção dos dirigentes), como
também, a captura por contaminação de interesses, em que o órgão regulador assume os valores e
interesses do regulado, como se fossem interesses da coletividade, a captura por insuficiência de meios, que
ocorre quando a atuação do agente regulador é inviabilizada pela ausência ou má qualidade de seus recursos
e a captura pelo poder político, situação que ocorre quando não existem os instrumentos legais capazes de
assegurar a efetiva autonomia da agência reguladora e ela passa a ser um mero agente dos interesses
políticos-partidários dos governantes.

Fique de olho nas jurisprudências mais importantes sobre o tema:

É constitucional a previsão de que a ANVISA pode proibir produtos e insumos em


caso de violação da legislação ou de risco iminente à saúde, inclusive cigarros com
sabor e aroma. É constitucional o art. 7º, III e XV, da Lei nº 9.782/99, que preveem
que compete à ANVISA: III - estabelecer normas, propor, acompanhar e executar as
políticas, as diretrizes e as ações de vigilância sanitária; XV - proibir a fabricação, a
importação, o armazenamento, a distribuição e a comercialização de produtos e
insumos, em caso de violação da legislação pertinente ou de risco iminente à saúde;
Entendeu-se que tais normas consagram o poder normativo desta agência
reguladora, sendo importante instrumento para a implementação das diretrizes,
finalidades, objetivos e princípios expressos na Constituição e na legislação setorial.
Além disso, o STF, após empate na votação, manteve a validade da Resolução RDC
14/2012-ANVISA, que proíbe a comercialização no Brasil de cigarros com sabor e
aroma. Esta parte do dispositivo não possui eficácia erga omnes e efeito vinculante.
Significa dizer que, provavelmente, as empresas continuarão ingressando com
ações judiciais, em 1ª instância, alegando que a Resolução é inconstitucional e
pedindo a liberação da comercialização dos cigarros com aroma. Os juízes e
Tribunais estarão livres para, se assim entenderem, declararem inconstitucional a
Resolução e autorizar a venda. Existem, inclusive, algumas decisões nesse sentido
e que continuam valendo. STF. Plenário. ADI 4874/DF, Rel. Min. Rosa Weber,
julgado em 1º/2/2018 (Info 889).

Multas previstas em resoluções criadas por agências reguladoras. Não há violação


do princípio da legalidade na aplicação de multa previstas em resoluções criadas
por agências reguladoras, haja vista que elas foram criadas no intuito de regular,

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em sentido amplo, os serviços públicos, havendo previsão na legislação ordinária


delegando à agência reguladora competência para a edição de normas e
regulamentos no seu âmbito de atuação. STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 825776/SC,
Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 05/04/2016.

Nomeação e destituição de dirigentes de agências reguladoras e prévia aprovação


da ALE. É CONSTITUCIONAL lei estadual que prevê que os dirigentes de
determinada agência reguladora somente poderão ser nomeados após
previamente aprovados pela Assembleia Legislativa. Por outro lado, é
INCONSTITUCIONAL a lei estadual que estabelece que os dirigentes de agência
reguladora somente poderão ser destituídos de seus cargos por decisão exclusiva
da Assembleia Legislativa, sem qualquer participação do Governador do Estado.
Essa previsão viola o princípio da separação dos poderes (at. 2º da CF/88). STF.
Plenário. ADI 1949/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 17/9/2014 (Info 759).

5.2.3 Agências Executivas

a) Conceito: É uma autarquia ou fundação que recebeu esta qualificação por ter celebrado um contrato
de gestão com a Administração Pública (art. 37, §8º, CF/88) e por possuir um plano de reestruturação
(art. 51 da Lei nº 9.649/98).

Art. 37, § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e


entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante
contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha
por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo
à lei dispor sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

 Atenção! A Lei 13.934/2019 regulamenta o contrato de desempenho, previsto


no § 8º do art. 37 da Constituição Federal.

Há muitas autarquias e fundações ineficientes, de modo que o contrato de gestão é uma tentativa
de modernização.
São exemplos de agências executivas: INMETRO e SUDENE.

b) Requisitos:
• Autarquia ou fundação ter plano estratégico de reestruturação e desenvolvimento em
andamento;

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• Celebração de contrato de gestão com Ministério Supervisor com periodicidade mínima de 01


ano.

Obs.1: O Presidente da República expede decreto, concedendo a qualidade de agência executiva.

Obs.2: A desqualificação da fundação como agência executiva é realizada por decreto, por iniciativa
do Ministério Supervisor.

c) Características
✓ Gozam de dispensa de licitação para celebração de contratos nos limites de valor estabelecidos
no art. 75, I e II c/c §2º, Lei 14.133/21.
✓ Pode ter natureza de autarquia ou de fundação pública.
✓ É uma autarquia ou fundação que temporariamente será agência executiva, enquanto durar o
contrato de gestão. É apenas um status temporário. Não se pode falar em conversão, mas mera
qualificação (José dos Santos).
✓ Busca mais eficiência e redução de custos.

5.2.4 Fundações Públicas

a) Definição: Pessoas jurídicas sem fins lucrativos, cujo elemento essencial é a utilização do patrimônio
para a satisfação de objetivos sociais, definidos pelo instituidor.

Em outras palavras: a fundação é um patrimônio afetado (destinado) à realização de um fim,


possuindo, por essa razão, personalidade jurídica própria distinta de seu instituidor. Desse modo, o
instituidor da fundação separa (destaca) um determinado patrimônio (dinheiro, imóveis, créditos etc.)
declarando que esses bens serão utilizados para a realização de um objetivo específico.

b) Criação:
• Fundações públicas de direito público - são criadas por lei ordinária específica, mas seu objeto
de atuação deve ser definido por lei complementar.
• Fundações públicas de direito privado - a criação é autorizada por lei ordinária específica, sendo
criadas após o registro no cartório competente, mas seu objeto de atuação deve ser definido
por lei complementar.

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Art. 37, XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a
instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação,
cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação;

c) Possuem regime híbrido ou misto:


• Direito Público: Autarquias fundacionais cuja criação ocorre por lei específica.
• Direito Privado: Fundações governamentais (regime híbrido ou misto) cuja criação é autorizada
por lei.

OBS.1: Para Celso Antônio as fundações são pura e simplesmente autarquias.

OBS.2: Para Rafael Oliveira a ausência de lucro NÃO afasta a necessidade de eficiência por parte da
entidade. Na hipótese de resultados financeiros positivos, quando os créditos superam as despesas, os
valores, considerados superávit (e não lucro), deverão ser reinvestidos nas finalidades da entidade, não
sendo permitida a sua distribuição ou repartição entre seus administradores.

Quadro via @DizeroDireito:

FUNDAÇÃO PÚBLICA DE DIREITO PÚBLICO FUNDAÇÃO PÚBLICA DE DIREITO PRIVADO


Estão sujeitas ao regime público. Estão sujeitas ao regime privado.
São criadas por lei específica (são uma espécie de Deve ser editada uma lei específica autorizando que
autarquia, por isso também chamadas de o Poder Público crie a fundação. Em seguida, será
“fundações autárquicas”). necessário fazer a inscrição do estatuto dessa
fundação no Registro Civil de Pessoas Jurídicas,
quando, então, ela adquire personalidade jurídica.

d) Atividade:
• Fundação Pública de Direito Público: atividades típicas de Estado;
• Fundação Pública de Direito Privado: atividades de conteúdo econômico passíveis de
delegação.

e) Patrimônio:
• Fundação Pública de Direito Público: bens públicos;
• Fundação Pública de Direito Privado: bens privados (em regra).

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Obs.: Bens privados afetados ao serviço público, ou seja, empregados diretamente na


prestação de serviços públicos, sujeitam-se às regras de direito público.

f) Regime de pessoal:
• Fundação Pública de Direito Público: Estatutário;
• Fundação Pública de Direito Privado: Celetista.
Obs.: Ambas se sujeitam à vedação ao acúmulo de cargos; necessidade de realizar concurso
público; teto remuneratório previsto na CF/88.

Fundação pública com personalidade jurídica de direito privado pode adotar o


regime celetista para contratação de seus empregados. É constitucional a
legislação estadual que determina que o regime jurídico celetista incide sobre as
relações de trabalho estabelecidas no âmbito de fundações públicas, com
personalidade jurídica de direito privado, destinadas à prestação de serviços de
saúde. STF. Plenário. ADI 4247/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 3/11/2020
(Info 997).

Observações importantes:

◘ Tanto as fundações públicas de direito público quanto as de direito privado possuem imunidade
tributária de impostos sobre rendas, bens ou serviços, conforme dispõe o artigo 150, inciso VI, alínea
“a” e §2º, da Constituição Federal.
◘ Somente as fundações públicas de direito público:
 Possuem prerrogativas processuais;
 Submetem-se ao regime de precatório.
◘ As fundações estatais NÃO se submetem ao controle do MP, pois a previsão do art. 66 do CC refere-
se, exclusivamente, às fundações privadas, instituídas por particulares, bem como o DL 200/67 afasta
a aplicação do CC às fundações estatais.

Fique atento à jurisprudência sobre o tema:

A fundação instituída pelo Estado pode estar sujeita ao regime público ou


privado, a depender do estatuto da fundação e das atividades por ela prestadas.
A qualificação de uma fundação instituída pelo Estado como sujeita ao regime

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público ou privado depende: i) do estatuto de sua criação ou autorização e ii) das


atividades por ela prestadas. As atividades de conteúdo econômico e as passíveis
de delegação, quando definidas como objetos de dada fundação, ainda que essa
seja instituída ou mantida pelo poder público, podem se submeter ao regime
jurídico de direito privado. STF. Plenário.RE 716378/SP, Rel. Min. Dias Toffoli,
julgado em 1º e 7/8/2019 (repercussão geral) (Info 946).

As fundações públicas de direito privado não fazem jus à isenção das custas
processuais. A isenção das custas processuais somente se aplica para as entidades
com personalidade de direito público. Dessa forma, para as Fundações Públicas
receberem tratamento semelhante ao conferido aos entes da Administração Direta
é necessário que tenham natureza jurídica de direito público, que se adquire no
momento de sua criação, decorrente da própria lei. STJ. 4ª Turma. REsp 1.409.199-
SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/03/2020 (Info 676)

5.3 Empresas Estatais (Lei 13.303/2016)

a) Conceito
As Empresas Públicas (EP) e Sociedades de Economia Mista (SEM) são pessoas jurídicas de direito
privado integrantes da Administração Pública Indireta.
São regidas por um regime predominantemente privado, chamado por alguns de regime híbrido, sui
generis. Isso porque, por mais que sejam influenciadas pelo regime privado, possuem características do
regime de direito público.

Obs.: NÃO serão titulares de serviço, recebendo apenas sua descentralização para a execução (NÃO há
outorga do serviço).

A Lei 13.303/16 estabelece o estatuto jurídico das empresas estatais (empresas públicas, SEM e suas
subsidiárias e demais empresas privadas controladas pelo Estado). O diploma normativo regulamenta o art.
173, §1º, da CRFB/88, que impõe a fixação, por meio de estatuto (lei ordinária), de regras sobre licitações e
contratos, questões societárias, a função social das estatais e sua fiscalização pelo poder público e pela
sociedade civil, aplicação das mesmas normas de direito privado às empresas estatais, no que couber. Assim,
foi editada a Lei 13.303/16.

Art. 3º Empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito


privado, com criação autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo capital social

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é integralmente detido pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos
Municípios.
Parágrafo único. Desde que a maioria do capital votante permaneça em
propriedade da União, do Estado, do Distrito Federal ou do Município, será
admitida, no capital da empresa pública, a participação de outras pessoas jurídicas
de direito público interno, bem como de entidades da administração indireta da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Art. 4º Sociedade de economia mista é a entidade dotada de personalidade jurídica


de direito privado, com criação autorizada por lei, sob a forma de sociedade
anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União, aos
Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou a entidade da administração
indireta.
§1º A pessoa jurídica que controla a sociedade de economia mista tem os deveres
e as responsabilidades do acionista controlador, estabelecidos na Lei nº 6.404, de
15 de dezembro de 1976, e deverá exercer o poder de controle no interesse da
companhia, respeitado o interesse público que justificou sua criação.
§2º Além das normas previstas nesta Lei, a sociedade de economia mista com
registro na Comissão de Valores Mobiliários sujeita-se às disposições da Lei no
6.385, de 7 de dezembro de 1976.

b) Criação das Estatais


Em regra, a estatal precisa de lei autorizativa para a sua criação, bem como para a criação de suas
subsidiárias e participação em outras empresas privadas. Há algumas exceções previstas no §3º. Isso é
basicamente uma repetição do art. 37, XIX e XX, da CRFB/88.

Art. 37, XIX, CRFB/88 - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e
de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de
sua atuação;

O art. 37, XIX, da CRFB/88 define que somente por lei específica poderá ser autorizada a instituição
de estatais. Havia uma controvérsia quanto à parte final desse inciso, que determina que “cabe à Lei
Complementar definir as áreas de sua atuação”. Nunca houve polêmica que lei ordinária específica vai criar
autarquia. Em regra, a lei vai autorizar a criação de estatais.
Contudo, o que significa “neste último caso”? Parte da doutrina entendia que essa ressalva apenas
se aplicaria às fundações e outros entendiam que a lei complementar também definiria área de atuação das
empresas estatais, além das fundações.
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A tese majoritária sempre foi no sentido que a expressão “neste último caso” apenas se refere às
fundações (Rafael Oliveira). Logo, a própria lei ordinária que autoriza a criação da estatal já define qual vai
ser a sua área de atuação, não necessitando de lei complementar. A própria Lei 13.303/16 não exige lei
complementar, apenas lei.
Ressalta-se que, quanto às empresas subsidiárias, o STF entende pacificamente que não seria
necessária uma lei específica autorizando a criação de cada subsidiária, bastando uma autorização legal
genérica. Vale lembrar, contudo, que é necessária uma lei específica para a criação de cada estatal
(“empresa-mãe”).

(...) 2. É dispensável a autorização legislativa para a criação de empresas


subsidiárias, desde que haja previsão para esse fim na própria lei que instituiu a
empresa de economia mista matriz, tendo em vista que a lei criadora é a própria
medida autorizadora. Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente.
STF. Plenário. ADI 1649, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgado em 24/03/2004.

A alienação do controle acionário de empresas públicas e sociedades de economia


mista exige autorização legislativa e licitação. Por outro lado, não se exige
autorização legislativa para a alienação do controle de suas subsidiárias e
controladas. Nesse caso, a operação pode ser realizada sem a necessidade de
licitação, desde que siga procedimentos que observem os princípios da
administração pública inscritos no art. 37 da CF/88, respeitada, sempre, a exigência
de necessária competitividade. STF. Plenário. ADI 5624 MC-Ref/DF, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, julgado em 5 e 6/6/2019 (Info 943).

Petrobrás pode criar subsidiárias e, em seguida, alienar o controle acionário delas


sem licitação e sem autorização legislativa específica. (...) A específica autorização
legislativa somente é obrigatória na hipótese de alienação do controle acionário de
sociedade de economia mista (empresa-mãe). Não há necessidade dessa prévia e
específica anuência para a criação e posterior alienação de ativos da empresa
subsidiária, dentro de um elaborado plano de gestão de desinvestimento, voltado
para garantir maiores investimentos e, consequentemente, maior eficiência e
eficácia da empresa-mãe. (Info 993)

É desnecessária, em regra, lei específica para inclusão de sociedade de economia


mista ou de empresa pública em programa de desestatização. O art. 37, XIX, da
CF/88 afirma que é necessária a edição de uma lei específica para se autorizar a
instituição de uma sociedade de economia mista ou uma empresa pública. Para que
ocorra a desestatização da empresa estatal também necessária lei específica ou
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basta uma autorização genérica prevista em lei que veicule programa de


desestatização? A Lei nº 9.491/97 tratou sobre o Programa Nacional de
Desestatização e autorizou a desestatização de empresas estatais. Essa lei genérica
é suficiente? Em regra, sim. É desnecessária, em regra, lei específica para inclusão
de sociedade de economia mista ou de empresa pública em programa de
desestatização. Não se aplica o princípio do paralelismo das formas. Exceção: em
alguns casos a lei que autorizou a criação da empresa estatal afirmou
expressamente que seria necessária lei específica para sua extinção ou
privatização. Nesses casos, obviamente, não é suficiente uma lei genérica (não
basta a Lei nº 9.491/97), sendo necessária lei específica. STF. Plenário. ADI 6241/DF,
Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 6/2/2021 (Info 1004).

c) Finalidades: Pode ter duas finalidades:


✓ Prestadora de serviço público;
✓ Exploradora de atividade econômica.

Enunciado 8 da I Jornada de Direito Administrativo CJF/STJ - O exercício da função


social das empresas estatais é condicionado ao atendimento da sua finalidade
pública específica e deve levar em conta os padrões de eficiência exigidos das
sociedades empresárias atuantes no mercado, conforme delimitações e
orientações dos §§ 1º a 3º do art. 27 da Lei 13.303/2016.

d) Capital:
▪ Empresas Públicas: capital 100% público;
▪ Sociedade de Economia Mista: capital misto (maior parte público).

e) Forma Societária:
▪ Empresas Públicas: Qualquer forma societária. Há a possibilidade, inclusive, de empresas com um
único sócio, a exemplo da CEF (exceção à regra geral de direito societário, que exige a presença
de pelo menos dois sócios para instituir a sociedade), assim como na forma de sociedade
anônima.
▪ Sociedade de Economia Mista: Somente sociedade anônima.

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Art. 4º Sociedade de economia mista é a entidade dotada de personalidade jurídica


de direito privado, com criação autorizada por lei, sob a forma de sociedade
anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União, aos
Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou a entidade da administração
indireta.
Art. 5º A sociedade de economia mista será constituída sob a forma de sociedade
anônima e, ressalvado o disposto nesta Lei, estará sujeita ao regime previsto na Lei
nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976.

f) Competência:
▪ Empresa Pública Federal: Justiça Federal;
▪ Sociedade de Economia Mista Federal: Justiça Estadual.
Exceções (serão processadas na Justiça Federal):
∘ Se a União intervier como assistente ou opoente;
∘ Para processar e julgar MS contra ato ou omissão do dirigente da sociedade de economia mista
federal, investido em função administrativa.

Súmula 517, STF: As sociedades de economia mista só têm foro na justiça federal,
quando a união intervém como assistente ou opoente.

Súmula 556 do STF: É competente a Justiça Comum para julgar as causas em que é
parte sociedade de economia mista.

g) Regime de pessoal: Celetista (CLT), mas, por possuírem um regime jurídico híbrido, se sujeitam a
algumas prerrogativas e regras da Administração Pública:
✓ Concurso público;
✓ Teto remuneratório;
✓ Regras de cumulação de empregos públicos;
✓ Lei de improbidade administrativa;
✓ Obediência aos princípios administrativos.

OBS.: O regime varia e acordo com a finalidade da empresa estatal. Se for empresa pública que presta
serviço público, o regime se aproxima mais daqueles das pessoas jurídicas de direito público. Se for
exploradora de atividade econômica, se aproxima das empresas privadas que estão fora da Administração.

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h) Administradores: Os administradores das SEM e EP devem ser:


✓ Cidadãos de reputação ilibada e notório conhecimento;
✓ Tempo mínimo de experiência profissional;
✓ Formação acadêmica compatível;
✓ Não ser inelegível.

Hipóteses de inelegibilidade dos administradores - É vedada a indicação de:

∘ Representante do órgão regulador ao qual a estatal está sujeita, de Ministro de Estado, de


Secretário de Estado, de Secretário Municipal, de titular de cargo, sem vínculo permanente
com o serviço público, de natureza especial ou de DAS na Administração, ainda que
licenciados do cargo;
∘ Dirigente estatutário de partido político e de titular de mandato no Poder Legislativo de
qualquer ente da federação, ainda que licenciados;
∘ Pessoa que atuou, nos últimos 36 meses, como participante de estrutura decisória de
partido político ou em trabalho vinculado a organização, estruturação e realização de
campanha eleitoral;
∘ Pessoa que exerça cargo em organização sindical;
∘ Pessoa que tenha firmado contrato ou parceria, como fornecedor ou comprador,
demandante ou ofertante, de bens ou serviços de qualquer natureza, com a pessoa
políticoadministrativa controladora da estatal ou com a própria empresa ou sociedade em
período inferior a 3 anos antes da data de nomeação;
∘ Pessoa que tenha ou possa ter qualquer forma de conflito de interesse com a pessoa
político-administrativa controladora da estatal ou com a própria empresa ou sociedade.

CESPE/CEBRASPE (2021): No que se refere a compliance e à composição do conselho de administração e da


diretoria de empresas estatais, julgue o item subsequente. É vedada a indicação de dirigente estatutário de
partido político para atuar no conselho de administração ou na diretoria de uma estatal. Item correto.

i) Patrimônio: Bens privados, mas sofre modulações de direito público, especificamente no tocante à
alienação, que depende do cumprimento das exigências do art. 17 da Lei 8.666/93.

j) Controle:
Sujeição ao controle do Tribunal de Contas. O STF entendeu existir esse controle, pois na instituição
das empresas estatais haveria contribuição do erário (patrimônio público).

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Se há empresas estatais com mais de um Ente Federado participando, o controle será exercido
apenas pelo Tribunal de Contas responsável pelo controle das contas do ente federado administrador da
estatal, conforme decidiu o STF.

k) Licitação e contratos:
A Lei das Estatais passou a disciplinar a realização de licitações e contratos no âmbito das empresas
públicas e sociedades de economia mista, independentemente da natureza da atividade desempenhada
(prestadora de serviço ou exploradora de atividade econômica).
Nesse sentido, a Lei 8.666/93 deixou de ser aplicada a essas entidades, salvo nos casos
expressamente descritos na própria Lei 13.303/16 (normas penais e parte dos critérios de desempate). Além
disso, com o advento da Lei 14.133/21, que revogou a Lei 8.666/93 (art. 193, Lei 14.133/21), a disciplina
especial da Lei 13.303/16 permanece em vigor.
Os contratos terão prazo máximo de 5 anos. Salvo:
∘ Projetos contemplados no plano de negócios e investimentos;
∘ Prática rotineira de mercado e a imposição desse prazo inviabilize ou onere excessivamente o
negócio.

l) Imunidade tributária:
• Se atuam em regime concorrencial: NÃO gozam de imunidade;
• Se prestadoras de serviços públicos não remunerados por preços públicos ou tarifas OU se estatais
que exercem atividades monopolizadas: Gozam de imunidade.

Art. 173 § 2º - As empresas públicas e as sociedades de economia mista não


poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado – só podem
ter privilégios que a iniciativa privada também tenha.

Art. 150, §3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam
ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades
econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em
que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem
exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao
bem imóvel.

ATENÇÃO: O art. 173 da CF, § 2º, assim dispõe: § 2º As empresas públicas e as sociedades de economia mista
não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado.
Entretanto, segundo a doutrina majoritária, no que pese não haver menção expressa ou distinção entre as
empresas públicas e sociedades de economia mista exploradoras de atividades econômicas e prestadoras

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de serviços públicos, tal vedação se aplica somente às empresas públicas e sociedades de economia mista
exploradoras de atividades econômicas.
Vejamos o que diz Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo sobre o tema: “(...) é amplamente majoritário o
entendimento de que a vedação alcança somente as empresas públicas e sociedades de economia mista
exploradoras de atividades econômicas – e não as prestadoras de serviço públicos.” (Direito Administrativo
Descomplicado. 24ª Edição. Pág. 87).
Ressalta-se, por fim, que essa concessão de benefício fiscal exclusivo deve obedecer a natural observância
dos princípios constitucionais pertinentes.

ATENÇÃO! ECT, embora seja empresa pública, possui tratamento diferenciado, uma vez que:

• Submetem-se ao regime de Fazenda Pública;


• Possuem imunidade tributária;
• Submetem-se ao regime de precatório;
• Seus bens são impenhoráveis.

Obs.1: NÃO configura irregularidade a transferência de atividades auxiliares da atividade postal. Ex: Entrega
de encomendas e impressos podem ser delegados, por NÃO serem considerados serviços postais
propriamente dito.

Obs.2: Se as empresas estatais e subsidiárias NÃO receberem recursos dos entes federativos para custeio e
manutenção de pessoal, pode haver pagamentos acima do teto remuneratório.

Obs.3: É necessário motivar a dispensa de seus empregados.

m) Precatório: Somente as empresas públicas e sociedades de economia mista que prestam serviços
públicos submetem-se ao regime de precatórios!

É possível aplicar o regime de precatórios às sociedades de economia mista? É


aplicável o regime dos precatórios às sociedades de economia mista prestadoras
de serviço público próprio do Estado e de natureza não concorrencial. STF. Plenário.
ADPF 387/PI, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 23/3/2017 (Info 858).

É inconstitucional determinação judicial que decreta a constrição de bens de


sociedade de economia mista prestadora de serviços públicos em regime não
concorrencial, para fins de pagamento de débitos trabalhistas. Sociedade de

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economia mista prestadora de serviço público não concorrencial está sujeita ao


regime de precatórios (art. 100 da CF/88) e, por isso, impossibilitada de sofrer
constrição judicial de seus bens, rendas e serviços, em respeito ao princípio da
legalidade orçamentária (art. 167, VI, da CF/88) e da separação funcional dos
poderes (art. 2º c/c art. 60, § 4º, III). STF. Plenário. ADPF 275/PB, Rel. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 17/10/2018 (Info 920).

É possível aplicar o regime de precatórios às empresas públicas? Não se


submetem ao regime de precatório as empresas públicas dotadas de
personalidade jurídica de direito privado com patrimônio próprio e autonomia
administrativa que exerçam atividade econômica sem monopólio e com
finalidade de lucro. STF. 1ª Turma. RE 892727/DF, rel. orig. Min. Alexandre de
Morais, red. p/ o ac. Min. Rosa Weber, julgado em 7/8/2018 (Info 910). Ex: a
Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina - APPA ostenta personalidade
jurídica de direito privado, exerce atividade econômica em regime concorrencial,
sem monopólio e com vista a auferir lucro (Lei nº 17.895/2013, do Estado do
Paraná). Sujeita-se, portanto, ao regime jurídico das empresas privadas (art. 173,
§§ 1º, II, e 2º, da CF/88), a ela não se aplicando o regime de precatórios previsto no
art. 100 da CF/88.

n) Falência: A lei de falências exclui as estatais, mas a doutrina é divergente:


1ª Corrente: Sujeitam-se à falência, tendo em vista o disposto no art. 173, §1º, II da CF, sendo
inconstitucional o dispositivo da lei de falências.
2ª Corrente: Interpretação conforme a Constituição, para compatibilizar a lei de falências com o
art. 173 CF, de modo que apenas empresas estatais prestadoras de serviços públicos são
afastadas da falência. Celso Antônio, José dos Santos, Diógenes Gasparini e Di Pietro.
3ª Corrente: Não se sujeitam à falência. Rafael Oliveira.

ATENÇÃO: Excluem-se da Administração Indireta e do conceito de empresas estatais as entidades


privadas que possuem participação minoritária do Estado, ainda que recebam influência estatal em
razão de classe especial (GOLDEN SHARES).

GOLDEN SHARE: Prevista expressamente na lei do PND – sempre que houver razões que justifiquem, a
União deterá, direta ou indiretamente, ação de classe especial do capital social da empresa ou
instituição financeira objeto de desestatização, que lhe confira poderes especiais em determinadas
matérias, as quais deverão ser caracterizadas nos seus estatutos sociais. Ex: EMBRAER e VALE.

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Julgados importantes sobre o tema:

É inconstitucional norma de Constituição Estadual que exija prévia arguição e


aprovação da Assembleia Legislativa para que o Governador do Estado nomeie os
dirigentes das autarquias e fundações públicas, os presidentes das empresas de
economia mista e assemelhados, os interventores de Municípios, bem como os
titulares da Defensoria Pública e da Procuradoria-Geral do Estado. STF. Plenário.
ADI 2167/RR, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 3/6/2020 (Info 980).

 Obs: No caso das autarquias, vale ressaltar que é possível exigir sabatina
prévia para os membros das agências reguladoras, que são autarquias
especiais. Pela legislação, os conselheiros, no modelo federal, são
submetidos à aprovação do Poder Legislativo.

A alienação do controle acionário de empresas públicas e sociedades de


economia mista exige autorização legislativa e licitação. A alienação do controle
acionário de empresas públicas e sociedades de economia mista exige autorização
legislativa e licitação. Por outro lado, não se exige autorização legislativa para a
alienação do controle de suas subsidiárias e controladas. Nesse caso, a operação
pode ser realizada sem a necessidade de licitação, desde que siga procedimentos
que observem os princípios da administração pública inscritos no art. 37 da CF/88,
respeitada, sempre, a exigência de necessária competitividade. STF. Plenário. ADI
5624 MC-Ref/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 5 e 6/6/2019 (Info
943).

A Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF) não está


submetida ao regime constitucional dos precatórios. O Metrô-DF é empresa
pública, regida pelo direito privado. Embora preste serviço de utilidade pública, a
empresa não desempenha serviço público essencial em sentido típico ou de caráter
monopolístico. O Metrô-DF desenvolve atividade econômica com a exploração
comercial de marcas, patentes, tecnologia e serviços técnicos especializados, com
a distribuição de dividendos, o que permite a penhora de seus bens. Vale ressaltar
ainda que há distribuição de lucros entre os acionistas da empresa. Diante desse
contexto, não há como se aplicar o regime de precatório para o Metrô-DF. STF. 1ª
Turma. Rcl 29637 AgR/DF, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Roberto
Barroso, julgado em 30/6/2020 (Info 984).
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Veja, ainda, os enunciados aprovados na I Jornada de Direito Administrativo CJF/STJ sobre as


estatais.

Enunciado 13 - As empresas estatais são organizações públicas pela sua finalidade,


portanto, submetem-se à aplicabilidade da Lei 12.527/2011 “Lei de Acesso à
Informação “, de acordo com o art. 1º, parágrafo único, inc. II, não cabendo a
decretos e outras normas infralegais estabelecer outras restrições de acesso a
informações não previstas na Lei.

Enunciado 14 - A demonstração da existência de relevante interesse coletivo ou de


imperativo de segurança nacional, descrita no § 1º do art. 2º da Lei 13.303/2016,
será atendida por meio do envio ao órgão legislativo competente de
estudos/documentos (anexos à exposição de motivos) com dados objetivos que
justifiquem a decisão pela criação de empresa pública ou de sociedade de
economia mista cujo objeto é a exploração de atividade econômica.

Enunciado 22 - A participação de empresa estatal no capital de empresa privada


que não integra a Administração Pública enquadra-se dentre as hipóteses de
“oportunidades de negócio” prevista no art. 28, § 4º, da Lei 13.303/2016, devendo
a decisão pela referida participação observar os ditames legais e os regulamentos
editados pela empresa estatal a respeito desta possibilidade.

Enunciado 24 - Viola a legalidade o regulamento interno de licitações e contratos


editado por empresa estatal de qualquer ente da federação que estabelece prazo
inferior ao previsto no art. 83, § 2º, da Lei n. 13.303/2016, referente à apresentação
de defesa prévia no âmbito de processo administrativo sancionador.

Enunciado 27 - A contratação para celebração de oportunidade de negócios,


conforme prevista pelo art. 28, § 3º, II, e § 4º da Lei n. 13.303/2016 deverá ser
avaliada de acordo com as práticas do setor de atuação da empresa estatal. A
menção à inviabilidade de competição para concretização da oportunidade de
negócios deve ser entendida como impossibilidade de comparação objetiva, no
caso das propostas de parceria e de reestruturação societária e como
desnecessidade de procedimento competitivo, quando a oportunidade puder ser
ofertada a todos os interessados.

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Enunciado 30 - A "inviabilidade de procedimento competitivo" prevista no art. 28,


§ 3º, inc. II, da Lei n. 13.303/2016 não significa que, para a configuração de uma
oportunidade de negócio, somente poderá haver um interessado em estabelecer
uma parceria com a empresa estatal. É possível que, mesmo diante de mais de um
interessado, esteja configurada a inviabilidade de procedimento competitivo.

Jurisprudência em teses do STJ – ENTIDADES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA – Edição nº 79

1) Aplica-se a prescrição quinquenal do Decreto n. 20.910/32 às empresas públicas e às sociedades de


economia mista responsáveis pela prestação de serviços públicos próprios do Estado e que não exploram
atividade econômica.

2) Inexiste direito à incorporação de vantagens decorrentes do exercício de cargo em comissão ou função


de confiança na administração pública indireta.

3) As autarquias possuem autonomia administrativa, financeira e personalidade jurídica própria, distinta


da entidade política à qual estão vinculadas, razão pela qual seus dirigentes têm legitimidade passiva para
figurar como autoridades coatoras em Mandados de Segurança.

4) As empresas públicas e as sociedades de economia mista prestadoras de serviços públicos possuem


legitimidade ativa ad causam para a propositura de pedido de suspensão, quando na defesa de interesse
público primário.

5) A universidade federal, organizada sob o regime autárquico, não possui legitimidade para figurar no
polo passivo de demanda que visa à repetição de indébito de valores relativos à contribuição
previdenciária por ela recolhidos e repassados à União.

6) Os Conselhos de Fiscalização Profissionais possuem natureza jurídica de autarquia, sujeitando-se,


portanto, ao regime jurídico de direito público.
Exceção: a OAB que, segundo a concepção majoritária, é um serviço público independente, categoria
ímpar no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro (STF. Plenário. ADI 3026, Rel.
Min. Eros Grau, julgado em 08/06/2006).

7) O benefício da isenção do preparo, conferido aos entes públicos previstos no art. 4º, caput, da Lei n.
9.289/1996, é inaplicável aos Conselhos de Fiscalização Profissional. (Recurso Repetitivo - Tema 625)

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SEMANA 03/30

8) O arquivamento provisório previsto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, dirigido aos débitos inscritos como
dívida ativa da União pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por ela cobrados, não se aplica às
execuções fiscais movidas pelos conselhos de fiscalização profissional ou pelas autarquias federais.
(Súmula n. 583/STJ) (Recurso Repetitivo - Temas 636 e 612)

9) Os créditos das autarquias federais preferem aos créditos da Fazenda estadual desde que coexistam
penhoras sobre o mesmo bem. (Súmula n. 497/STJ) (Recurso Repetitivo - Tema 393)

10) As agências reguladoras podem editar normas e regulamentos no seu âmbito de atuação quando
autorizadas por lei.

11) Não é possível a aplicação de sanções pecuniárias por sociedade de economia mista, facultado o
exercício do poder de polícia fiscalizatório.

12) Compete à justiça federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a presença, no
processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas. (Súmula n. 150/STJ)

13) Compete à justiça comum estadual processar e julgar as causas cíveis em que é parte sociedade de
economia mista e os crimes praticados em seu detrimento. (Súmula n. 42/STJ)

14) Compete à Justiça ordinária estadual o processo e o julgamento, em ambas as instâncias, das causas
de acidente do trabalho, ainda que promovidas contra a União, suas autarquias, empresas públicas ou
sociedades de economia mista. (Súmula n. 501/STF)

CAIU EM PROVA:

(Delegado de PCMG 2021): As sociedades de economia mista e as empresas públicas, pessoas jurídicas
integrantes da Administração Pública Indireta, se assemelham em vários aspectos, ao ponto de serem
abordadas em conjunto por grande parte dos doutrinadores, e, inclusive, intituladas por alguns deles
como “empresas estatais”.
Com base nessa informação, marque com V (verdadeiro) ou com F (falso) as seguintes afirmações:
( ) As sociedades de economia mista e as empresas públicas são criadas com o objetivo de permitir ao
Estado a exploração de atividades econômicas, em sentido estrito, admitindo-se, contudo, que tenham
por objeto a prestação de serviços públicos.
( ) Os bens pertencentes às sociedades de economia mista e às empresas públicas são suscetíveis de
penhora em sede de ação de execução municiada com título judicial ou extrajudicial.
( ) As empresas públicas e as sociedades de economia mista sempre têm personalidade jurídica de direito
privado, qualquer que seja o seu objeto, mas à vista da natureza híbrida, estão sujeitas às normas de
direito privado e também de direito público.

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( ) Pelo princípio da simetria, a criação e a extinção das sociedades de economia mista e das empresas
públicas dependem de lei específica que autorize.
Gabarito: V V V F.

6. ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR

Em direito administrativo, além da clássica divisão entre Administração direta e indireta, os autores
dividem o Estado em setores:
• Primeiro setor: composto pela administração direta e indireta;
• Segundo setor: para a professora Di Pietro, seria o mercado, o qual é formado pelas concessionárias
e permissionárias de serviço público;
• Terceiro setor: composto pelo que a doutrina coloca como particulares em colaboração com o
Estado.

São subdivisões do Terceiro Setor:


∘ Sistema ‘S’: Serviços sociais autônomos, tais como o SESI, SESC, SENAI e SENAC;
∘ Sistema ‘OS’: Organizações sociais, regidas pela Lei 9.637/98;
∘ OSCIP’s: Organizações da sociedade civil de interesse público, regidas pela Lei 9.790/99;
∘ OSC’s: Organizações da sociedade civil, regidas pela Lei 13.019/14;
∘ Fundações de apoio.

a) Introdução:
As entidades do 3º Setor são particulares em colaboração, sem fins lucrativos, que atuam ao lado
do Estado na prestação de serviços públicos e atividades de interesse social, mediante vínculo formal de
parceria com o Estado. Em outras palavras: são entidades privadas que não integram a estrutura da
Administração Pública Direta ou Indireta!

Tais entidades recebem incentivos do Poder Público, mediante dotação orçamentária, cessão de
bens públicos, e se submetem, consequentemente, às restrições de controle impostas ao ente estatal,
sujeitos ao controle do Tribunais de Contas.

Características principais:

✓ São criadas pela iniciativa privada (“particulares em colaboração”);


✓ Não integram formalmente a Administração Pública;
✓ A criação depende de lei autorizativa;
✓ Possuem vínculo legal ou negocial com o Estado;
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✓ Não possuem finalidade lucrativa;


✓ Recebem benefícios públicos;
✓ Possuem regime jurídico de direito privado;
✓ Adquirem personalidade jurídica com a inscrição do estatuto em cartório próprio;
✓ Prestam atividades privadas de interesse social (serviços não exclusivos de Estado).

Principais consequências por serem pessoas entidades privadas (pessoa jurídica de direito privado):

✓ Bens privados;
✓ Regime CLT;
✓ NÃO exige concurso público;
✓ NÃO possuem prerrogativas processuais;
✓ NÃO se submetem a precatórios;
✓ NÃO se submetem ao teto remuneratório previsto na CF/88;
✓ NÃO precisam fazer licitação (doutrina majoritária);
✓ NÃO precisam ter a remuneração fixada por lei.

CESPE/CEBRASPE (2021): Serviços sociais autônomos são pessoas jurídicas de direito privado, com ou sem
fim econômico, criadas por lei para desempenhar certas atividades, integrando a administração pública
indireta. Item incorreto, pois não pode ter fim econômico!

b) Espécies:
• Sistema S - Serviço Social Autônomo;
• Sistema OS - Organização Social
• Sistema OSCIP - Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público;
• Sistema OSC - Organizações da Sociedade Civil;
• Fundações de apoio.

c) Foro processual:
∘ É a Justiça Estadual, inclusive para as entidades que formalizam parcerias com a União.
∘ Serviços Sociais autônomos que recebem recursos federais: Justiça Estadual (SUM 516 STF).

Súmula 516 - O Serviço Social da Indústria (SESI) está sujeito à jurisdição da Justiça
estadual.

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De quem é a competência para julgar as causas envolvendo os serviços sociais


autônomos? Em regra, a competência é da Justiça Comum Estadual. STF. RE
414375/SC, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 31/10/2006.

d) Controle: Para a doutrina amplamente majoritária, sujeitam-se ao controle do TCU.


Nas palavras do professor Rafael Oliveira:

“As entidades do Terceiro Setor, que formalizam parcerias com o Poder Público,
12.4.3 12.4.4 são fiscalizadas pelo respectivo Ente federativo parceiro, pelo
Ministério Público e pelo Tribunal de Contas, na forma do art. 70, parágrafo único,
da CRFB. Da mesma forma, admite-se o controle social, especialmente por meio
da propositura da ação popular.”

Cuidado com o entendimento do STF sobre o tema:

Os recursos geridos pelos serviços sociais autônomos não são considerados


recursos públicos. Os recursos geridos pelos serviços sociais autônomos são
considerados recursos públicos? NÃO. Segundo entende o STF, os serviços sociais
autônomos do denominado sistema “S”, embora compreendidos na expressão de
entidade paraestatal, são pessoas jurídicas de direito privado, definidos como entes
de colaboração, mas não integrantes da Administração Pública. Assim, quando o
produto das contribuições ingressa nos cofres dos Serviços Sociais Autônomos,
perde o caráter de recurso público. STF. Plenário. ACO 1953 AgR, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 18/12/2013.

e) Regime de Pessoal: Empregados celetistas (submetem-se à CLT).


NÃO se aplica as regras de concurso público. No entanto, doutrina majoritária e STF entendem que
deve haver um processo seletivo público, objetivo e impessoal, de modo que a contratação obedeça aos
princípios constitucionais da impessoalidade e moralidade.

Os serviços sociais autônomos não precisam realizar concurso público para


contratar seu pessoal. Os serviços sociais autônomos precisam realizar concurso
público para contratar seu pessoal? NÃO. Os serviços sociais autônomos, por
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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

SEMANA 03/30

possuírem natureza jurídica de direito privado e não integrarem a Administração


Pública, mesmo que desempenhem atividade de interesse público em cooperação
com o ente estatal, NÃO estão sujeitos à observância da regra de concurso público
(art. 37, II, da CF/88) para contratação de seu pessoal. Obs.: vale ressaltar, no
entanto, que o fato de as entidades do Sistema “S” não estarem submetidas aos
ditames constitucionais do art. 37, não as exime de manterem um padrão de
objetividade e eficiência na contratação e nos gastos com seu pessoal. STF.
Plenário. RE 789874/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 17/9/2014
(repercussão geral) (Info 759).

f) Patrimônio: Bens privados.


No entanto, os bens privados adquiridos com recursos públicos sofrerão influxos do regime de direito
público. Ex.: Em determinadas hipóteses, podem ser considerados impenhoráveis, em razão da necessidade
de continuidade das atividades sociais. Ou, ainda, após o término da parceria, os bens devem ser transferidos
ao patrimônio de outra entidade similar ou ao patrimônio do Estado, sob a alegação de necessidade de
continuidade das atividades sociais.

g) Licitação
• Licitação entre o Estado e as entidades do 3º setor: Embora haja divergência, a doutrina majoritária
entende que não há necessidade de licitação. Isso porque, os contratos de gestão e termos de
parceria firmados entre o 3º Setor e a Administração possuem natureza jurídica de convênio (que
busca o interesse comum entre os partícipes), e não de contrato administrativo que exige licitação.
• Licitação entre o 3º setor e a contratação com terceiros utilizado dinheiro público: Há forte
divergência doutrinária sobre o tema. Veja:
1ªC (José dos Santos): Exige a licitação, tendo em vista que a hipótese se subsume à
expressão “demais entidades controladas direta ou indiretamente pelo Poder Público”,
constante do art. 1º, §único da Lei 8666.
2ª C (Diogo Moreira): Não exige licitação, pois não é possível ampliar, mediante lei ordinária,
o rol de destinatários da licitação previsto no art. 37, XX da CF/88. Haveria, no caso, uma
inconstitucionalidade por vício formal.
3ª C (Rafael Oliveira e TCU): Não exige licitação, mas é necessário um procedimento
simplificado e objetivo para as contratações realizadas com dinheiro público, de modo a
atender aos princípios constitucionais, sobretudo o da impessoalidade. Ressalta-se que essa
foi a posição adotada pelas leis da OS (art. 17) e OSCIP (art. 14):

Lei 9637/98. Art. 17. A organização social fará publicar, no prazo máximo de
noventa dias contado da assinatura do contrato de gestão, regulamento próprio

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contendo os procedimentos que adotará para a contratação de obras e serviços,


bem como para compras com emprego de recursos provenientes do Poder Público.

Lei 9790/99. Art. 14. A organização parceira fará publicar, no prazo máximo de
trinta dias, contado da assinatura do Termo de Parceria, regulamento próprio
contendo os procedimentos que adotará para a contratação de obras e serviços,
bem como para compras com emprego de recursos provenientes do Poder Público,
observados os princípios estabelecidos no inciso I do art. 4o desta Lei.

h) Responsabilidade civil das entidades do 3º setor: Trata-se de tema com grande divergência doutrinária,
de modo que é importante atentar-se às 3 posições para eventual prova discursiva:
1ª C (Cristiana Fortini): Haverá responsabilidade objetiva das entidades do 3º setor, pois as
atividades sociais por elas desenvolvidas podem ser qualificadas como serviços públicos, atraindo a
incidência do art. 37, §6º da CF/88.
2º C (José dos Santos): Depende da parceria. Em se tratando dos sistemas sociais autônomos (Sistema
“S”), que desempenham atividades de caráter meramente social e podem ser qualificadas como
serviços públicos, a responsbilidade será objetiva, na forma do art. 37, §6º da CF/88. Por outro lado,
em se tratando de organizações sociais (“OS”) ou organizações sociais da sociedade civil de interesse
público (“OSCIP”), a responsabilidade será subjetiva, pois tais entidades exercem parceria
meramente desinteressada.
3ª C (Rafael Oliveira e Villela Souto): A responsabilidade será subjetiva em razão da inexistência de
serviço público. Isso porque, embora tenham relevância social, são atividades privadas prestadas em
nome próprio, motivo pelo qual devem seguir o regramento da legislação civil. E, segundo a lei civil,
somente haverá responsabilidade objetiva em casos previstos expressamente por lei, ou quando a
natureza da atividade desempenhada implicar risco para as pessoas, na forma do art. 927 do CC.
 Para essa 3ª corrente, haverá ainda responsabilidade subsidiária do Estado pelos danos
causados pelo 3º setor no desempenho das atividades que são objeto de parceria.

6.1 Serviço Social Autônomo - Sistema “S”

São entidades criadas mediante autorização legal para a realização da atividade de fomento, auxílio
e capacitação de determinadas categorias profissionais, seja indústria ou comércio. É o chamado SISTEMA
“S” (SESI, SENAI, SENAC, SENAR).

NÃO atuam na prestação de serviços públicos exclusivos de Estado por meio de delegação de
atividades, mas executam atividades particulares de cunho social, sem a intenção de auferirem qualquer
espécie de lucro. A atuação é de fomento e não de prestação de serviço público.

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Estas entidades são particulares, criadas por autorização legal para a execução de atividades de
interesse do Estado, admitindo-se que sejam constituídas sob a forma de associação ou fundação ou, ainda,
por meio de estruturas não previstas no direito civil e reguladas pela lei específica da entidade.

Para auxiliar na execução de suas atividades, o Poder Público lhes transfere a capacidade tributária
ativa, de modo que os entes do serviço social autônomo gozam de parafiscalidade, que é a transferência
do poder de cobrar e fiscalizar tributos.

Não obstante a concessão da capacidade tributária, tratam-se de entidades privadas e, por isso,
NÃO gozam de privilégios administrativos, sejam fiscais, processuais ou contratuais.

As ações propostas em face desses entes deverão tramitar na Justiça Estadual (SUM 516 STF).

Súmula 516 - O Serviço Social da Indústria (SESI) está sujeito à jurisdição da Justiça
estadual.

O regime de pessoal se submete a CLT e NÃO dependem de concurso público para ingresso em suas
atividades. No entanto, os empregados são considerados agentes públicos e se submetem à LIA (Lei
8.429/92).

Por constituírem pessoas jurídicas privadas, NÃO se submetem ao regime de precatório em relação
ao pagamento de seus débitos oriundos de sentença judicial, conforme decidiu o STF (ADI 1.923-DF).

Fique atento à jurisprudência sobre o tema:

Serviços sociais autônomos NÃO devem figurar no polo passivo de ação proposta
pelo contribuinte discutindo a exigibilidade das contribuições sociais. As
entidades dos serviços sociais autônomos não possuem legitimidade passiva nas
ações judiciais em que se discute a relação jurídico-tributária entre o contribuinte
e a União e a repetição de indébito das contribuições sociais recolhidas. Os serviços
sociais são meros destinatários de subvenção econômica e, como pessoas jurídicas
de direito privado, não participam diretamente da relação jurídico-tributária entre
contribuinte e ente federado. O direito que tais entidades possuem à receita
decorrente da subvenção não gera interesse jurídico a ponto de justificar a
ocorrência de litisconsórcio com a União. O interesse dos serviços sociais

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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

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autônomos nesta lide é reflexo e meramente econômico. STJ. 1ª Seção. EREsp


1.619.954-SC, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 10/04/2019 (Info 646).

Serviços sociais autônomos gozam de imunidade tributária. Os serviços sociais


autônomos gozam de imunidade tributária? SIM. O art. 150, VI, “c” da CF/88 prevê
que as instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, gozam
de imunidade tributária quanto aos impostos, desde que atendidos os requisitos
previstos na lei. As entidades do chamado “Sistema S”, tais como SESI, SENAI,
SENAC e SEBRAE, também gozam de imunidade porque promovem cursos para a
inserção de profissionais no mercado de trabalho, sendo consideradas instituições
de educação e assistência social. Se o SENAC adquire um terreno para a construção
de sua sede, já havendo inclusive um projeto nesse sentido, deverá incidir a
imunidade nesse caso considerando que o imóvel será destinado às suas finalidades
essenciais. STF. 1ª Turma. RE 470520/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
17/9/2013 (Info 720).

Os serviços sociais autônomos não gozam das prerrogativas processuais inerentes


à Fazenda Pública. Os serviços sociais autônomos gozam das prerrogativas
processuais inerentes à Fazenda Pública (ex.: prazo em dobro para recorrer)? NÃO.
As entidades paraestatais não gozam dos privilégios processuais concedidos à
Fazenda Pública. STF. AI 841548 RG, julgado em 09/06/2011.

Competência para julgar as causas envolvendo os serviços sociais autônomos. De


quem é a competência para julgar as causas envolvendo os serviços sociais
autônomos? Em regra, a competência é da Justiça Comum Estadual. STF. RE
414375/SC, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 31/10/2006. Súmula 516-STF: O
Serviço Social da Indústria (SESI) está sujeito a jurisdição da justiça estadual.

6.2 Entidades ou Fundações de Apoio

Instituídas por servidores públicos, porém em nome próprio, sob forma de fundação, associação ou
cooperativa para prestação, em caráter privado, de serviços sociais não exclusivos do Estado.

As fundações de apoio são fundações instituídas por particulares com o objetivo de auxiliar a
Administração Pública, pela elaboração de convênios ou contratos.

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Particulares que atuam ao lado de hospitais e Universidades Públicas, auxiliando no exercício da


atividade destas entidades, através da realização de programas de pesquisa e extensão.

Podem ser constituídas sob a forma de fundações, associações e cooperativas, sempre sem
finalidade lucrativa, atuando ao lado do órgão público, NÃO se confundindo com a entidade estatal.

O vínculo com o poder público decorre da assinatura de convênio, que lhe garante a destinação de
valores públicos, com dotação orçamentária específica, além da possibilidade de cessão de bens públicos e,
até mesmo, a cessão de servidores.

Possuem personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio e administração próprios, NÃO
fazendo parte da Administração Indireta, sendo suas demandas julgadas pela Justiça Estadual.

As entidades de apoio, quando tiverem natureza jurídica de fundação, deverão estar constituídas
sob a forma de fundações de direito privado, sem fins lucrativos, regidas pelo Código Civil.

Essas fundações se sujeitam à fiscalização do MP, à legislação trabalhista e ao prévio registro e


credenciamento no Ministério da Educação, e no Ministério da Ciência e tecnologia, renovável
bienalmente.

Na execução dos vínculos jurídicos (convênios, contratos, acordos e/ou ajustes), que envolvam a
aplicação de recursos públicos, as fundações de apoio sujeitam-se às seguintes obrigações:

• Observância da legislação de licitações e contratos administrativos;


• Prestação de contas de recursos aplicados aos órgãos públicos financiadores;
• Submissão ao controle finalístico e de gestão pelo órgão máximo da Instituição Federal de ensino;
• Fiscalização da execução dos contratos pelo TCU e órgão de controle interno competente.
Podem se utilizar de servidores públicos federais, que NÃO possuirão vínculo empregatício com a
fundação e poderão receber bolsas de ensino, pesquisa e extensão, respeitadas condições e limites fixados
no regulamento.

6.3 Organizações Sociais - OS (Lei 9637/98)

São entidades privadas, sem fins lucrativos, qualificadas na forma da Lei 9.637/98, que celebram
contrato de gestão com o Estado para o cumprimento de metas de desempenho e recebimento de
benefícios públicos, através da prestação de serviços públicos NÃO exclusivos de estado, como ensino,
pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e preservação do meio ambiente.

É importante lembrar que tais entidades NÃO integram a estrutura da administração, de modo que
sua criação independe de lei. No entanto, por executarem atividades de interesse social, sem escopo de

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lucro, e receberem auxílio do ente estatal de diversas formas, sujeitam-se a algumas restrições impostas à
Fazenda Pública.

a) Qualificação como ‘OS’


A qualificação de entidade privada como OS é temporária, somente sendo vigente enquanto durar
o vínculo firmado. Trata-se, ainda, de ato discricionário, e depende de 2 requisitos:

(1) Comprovação do registro do seu ato constitutivo;


(2) Aprovação da qualificação pelas autoridades competentes: i) Ministro de Estado da Administração
Federal e Reforma do Estado e ii) titular do órgão supervisor da área de atividade correspondente.

Art. 2o São requisitos específicos para que as entidades privadas referidas no artigo
anterior habilitem-se à qualificação como organização social:
I - Comprovar O Registro De Seu Ato Constitutivo, dispondo sobre:
a) natureza social de seus objetivos relativos à respectiva área de atuação;
b) finalidade não-lucrativa, com a obrigatoriedade de investimento de seus
excedentes financeiros no desenvolvimento das próprias atividades;
c) previsão expressa de a entidade ter, como órgãos de deliberação superior e de
direção, um conselho de administração e uma diretoria definidos nos termos do
estatuto, asseguradas àquele composição e atribuições normativas e de controle
básicas previstas nesta Lei;
d) previsão de participação, no órgão colegiado de deliberação superior, de
representantes do Poder Público e de membros da comunidade, de notória
capacidade profissional e idoneidade moral;
e) composição e atribuições da diretoria;
f) obrigatoriedade de publicação anual, no Diário Oficial da União, dos relatórios
financeiros e do relatório de execução do contrato de gestão;
g) no caso de associação civil, a aceitação de novos associados, na forma do
estatuto;
h) proibição de distribuição de bens ou de parcela do patrimônio líquido em
qualquer hipótese, inclusive em razão de desligamento, retirada ou falecimento de
associado ou membro da entidade;
i) previsão de incorporação integral do patrimônio, dos legados ou das doações que
lhe foram destinados, bem como dos excedentes financeiros decorrentes de suas
atividades, em caso de extinção ou desqualificação, ao patrimônio de outra
organização social qualificada no âmbito da União, da mesma área de atuação, ou

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ao patrimônio da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, na


proporção dos recursos e bens por estes alocados;
II - Haver aprovação, quanto à conveniência e oportunidade de sua qualificação
como organização social, do Ministro ou titular de órgão supervisor ou regulador
da área de atividade correspondente ao seu objeto social e do Ministro de Estado
da Administração Federal e Reforma do Estado.

A desqualificação pode ocorrer quando houver o descumprimento das disposições previstas no


contrato de gestão, devendo ser precedida de processo administrativo em que se assegure a ampla defesa.
Segundo a lei, a desqualificação enseja a reversão automática dos bens permitidos e dos valores entregues
à OS.
Art. 16. O Poder Executivo poderá proceder à desqualificação da entidade como
organização social, quando constatado o descumprimento das disposições contidas
no contrato de gestão.
§ 1o A desqualificação será precedida de processo administrativo, assegurado o
direito de ampla defesa, respondendo os dirigentes da organização social,
individual e solidariamente, pelos danos ou prejuízos decorrentes de sua ação ou
omissão.
§ 2o A desqualificação importará reversão dos bens permitidos e dos valores
entregues à utilização da organização social, sem prejuízo de outras sanções
cabíveis.

b) Contrato de gestão
O vínculo da OS com o Poder Público ocorre pelo contrato de gestão, instrumento firmado que visa
fomento e a execução de atividades relacionadas ao estudo, pesquisa, desenvolvimento tecnológico,
cultura, meio ambiente e saúde.

Requisitos para a validade do contrato de gestão:

(1) Discriminar atribuições, responsabilidades e obrigações do Poder Público e da organização


social;
(2) Especificar programas de trabalho, metas, prazos de execução e critérios objetivos de avaliação
de desempenho;
(3) Estipular limites e critérios para despesas com remuneração e vantagens de qualquer natureza;
(4) Observância dos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
economicidade.
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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

SEMANA 03/30

Art. 5o Para os efeitos desta Lei, entende-se por contrato de gestão o instrumento
firmado entre o Poder Público e a entidade qualificada como organização social,
com vistas à formação de parceria entre as partes para fomento e execução de
atividades relativas às áreas relacionadas no art. 1o.

Art. 6o O contrato de gestão, elaborado de comum acordo entre o órgão ou


entidade supervisora e a organização social, discriminará as atribuições,
responsabilidades e obrigações do Poder Público e da organização social.
Parágrafo único. O contrato de gestão deve ser submetido, após aprovação pelo
Conselho de Administração da entidade, ao Ministro de Estado ou autoridade
supervisora da área correspondente à atividade fomentada.

Art. 7o Na elaboração do contrato de gestão, devem ser observados os princípios


da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade e,
também, os seguintes preceitos:
I - especificação do programa de trabalho proposto pela organização social, a
estipulação das metas a serem atingidas e os respectivos prazos de execução, bem
como previsão expressa dos critérios objetivos de avaliação de desempenho a
serem utilizados, mediante indicadores de qualidade e produtividade;
II - a estipulação dos limites e critérios para despesa com remuneração e
vantagens de qualquer natureza a serem percebidas pelos dirigentes e
empregados das organizações sociais, no exercício de suas funções.
Parágrafo único. Os Ministros de Estado ou autoridades supervisoras da área de
atuação da entidade devem definir as demais cláusulas dos contratos de gestão de
que sejam signatários.

c) Remuneração e fiscalização
Durante a execução do contrato de gestão, a OS receberá sua contraprestação em função do
atingimento da meta de desempenho fixada, e NÃO das atividades realizadas.
Para os servidores estatais cedidos, o pagamento de sua remuneração será feito pelos cofres
públicos e NÃO será incorporado aos vencimentos de origem do servidor cedido qualquer vantagem
pecuniária que vier a ser paga pela organização social a servidor cedido, com recursos provenientes do
contrato de gestão.

Ante os benefícios concedidos, estas entidades se submetem a controle, efetivado pelo Ministério
supervisor daquela atividade executada, e pelo TCU, com submissão à Lei de Improbidade Administrativa
(NÃO há fiscalização por agência reguladora).
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

SEMANA 03/30

Os resultados atingidos com a execução do contrato de gestão devem ser analisados,


periodicamente, por comissão de avaliação, indicada por autoridade supervisora. Além disso, as OS devem
ter um Conselho de Administração, nos moldes da Lei, com participação obrigatória de representantes do
povo e do poder público, nos percentuais estipulados em lei.

ORGANIZAÇÕES SOCIAIS - Constitucionalidade da Lei 9.637/98

Organizações sociais são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, prestadoras de atividades
de interesse público e que, por terem preenchido determinados requisitos previstos na Lei 9.637/98,
recebem a qualificação de “organização social”. A pessoa jurídica, depois de obter esse título de
“organização social”, poderá celebrar com o Poder Público um instrumento chamado de “contrato de
gestão” por meio do qual receberá incentivos públicos para continuar realizando suas atividades. Foi
ajuizada uma ADI contra diversos dispositivos da Lei 9.637/98 e também contra o art. 24, XXIV, da Lei
8.666/93, que prevê a dispensa de licitação nas contratações de organizações sociais. O Plenário do STF não
declarou os dispositivos inconstitucionais, mas deu interpretação conforme a Constituição para deixar
explícitas as seguintes conclusões:
a) o procedimento de qualificação das organizações sociais deve ser conduzido de forma pública, objetiva e
impessoal, com observância dos princípios do “caput” do art. 37 da CF, e de acordo com parâmetros fixados
em abstrato segundo o disposto no art. 20 da Lei 9.637/98;
b) a celebração do contrato de gestão deve ser conduzida de forma pública, objetiva e impessoal, com
observância dos princípios do “caput” do art. 37 da CF;
c) as hipóteses de dispensa de licitação para contratações (Lei 8.666/1993, art. 24, XXIV) e outorga de
permissão de uso de bem público (Lei 9.637/1998, art. 12, § 3º) são válidas, mas devem ser conduzidas de
forma pública, objetiva e impessoal, com observância dos princípios do “caput” do art. 37 da CF;
d) a seleção de pessoal pelas organizações sociais deve ser conduzida de forma pública, objetiva e impessoal,
com observância dos princípios do “caput” do art. 37 da CF, e nos termos do regulamento próprio a ser
editado por cada entidade; e
e) qualquer interpretação que restrinja o controle, pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas da
União, da aplicação de verbas públicas deve ser afastada.
STF. Plenário. ADI 1923/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, julgado em 15 e
16/4/2015 (Info 781).

 É imprescindível a leitura dos demais dispositivos da Lei 9637/98

6.4 Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP (Lei 9790/99)

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

SEMANA 03/30

Primeiramente, perceba que a OSCIP não é uma pessoa jurídica, mas sim uma qualificação especial
concedida pelo Estado às entidades privadas sem fins lucrativos, em funcionamento há pelo menos 3 anos,
e criadas para a prestação de serviços públicos não exclusivos de:

• Promoção de assistência social;


• Cultura;
• Defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
• Educação;
• Saúde;
• Segurança alimentar e nutricional;
• Defesa, preservação e conservação do meio ambiente;
• Desenvolvimento sustentável.

Art. 1o Podem qualificar-se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse


Público as pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos que tenham sido
constituídas e se encontrem em funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três)
anos, desde que os respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos
requisitos instituídos por esta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.019, de
2014) (Vigência)
§ 1o Para os efeitos desta Lei, considera-se sem fins lucrativos a pessoa jurídica de
direito privado que não distribui, entre os seus sócios ou associados, conselheiros,
diretores, empregados ou doadores, eventuais excedentes operacionais, brutos ou
líquidos, dividendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio,
auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplica integralmente na
consecução do respectivo objeto social.

a) Qualificação como OSCIP


Ao contrário da qualificação em “OS”, que é um ato discricionário, a qualificação em OSCIP é um ato
vinculado do Ministério da Justiça. Assim, em regra, se preenchidos os requisitos previstos em lei, deve-se
conceder a qualificação.
O art. 2º da Lei traz algumas hipóteses em que a entidade NÃO poderá receber a qualificação de
OSCIP, ainda que preencha todos os requisitos.

§ 2o A outorga da qualificação prevista neste artigo é ato vinculado ao


cumprimento dos requisitos instituídos por esta Lei.
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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

SEMANA 03/30

Art. 2o NÃO são passíveis de qualificação como Organizações da Sociedade Civil de


Interesse Público, ainda que se dediquem de qualquer forma às atividades descritas
no art. 3o desta Lei:
I - as sociedades comerciais;
II - os sindicatos, as associações de classe ou de representação de categoria
profissional;
III - as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos,
práticas e visões devocionais e confessionais;
IV - as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações;
V - as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a
um círculo restrito de associados ou sócios;
VI - as entidades e empresas que comercializam planos de saúde e assemelhados;
VII - as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras;
VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas
mantenedoras;
IX - as organizações sociais;
X - as cooperativas;
XI - as fundações públicas;
XII - as fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas por
órgão público ou por fundações públicas;
XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de vinculação com o
sistema financeiro nacional a que se refere o art. 192 da Constituição Federal.

Parágrafo único. Não constituem impedimento à qualificação como Organização da


Sociedade Civil de Interesse Público as operações destinadas a microcrédito
realizadas com instituições financeiras na forma de recebimento de repasses,
venda de operações realizadas ou atuação como mandatárias. (Incluído pela Lei
nº 13.999, de 2020)

Art. 3o A qualificação instituída por esta Lei, observado em qualquer caso, o


princípio da universalização dos serviços, no respectivo âmbito de atuação das
Organizações, somente será conferida às pessoas jurídicas de direito privado, sem
fins lucrativos, cujos objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes
finalidades:
I - promoção da assistência social;
II - promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;

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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

SEMANA 03/30

III - promoção gratuita da educação, observando-se a forma complementar de


participação das organizações de que trata esta Lei;
IV - promoção gratuita da saúde, observando-se a forma complementar de
participação das organizações de que trata esta Lei;
V - promoção da segurança alimentar e nutricional;
VI - defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do
desenvolvimento sustentável;
VII - promoção do voluntariado;
VIII - promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza;
IX - experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio-produtivos e de
sistemas alternativos de produção, comércio, emprego e crédito;
X - promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria
jurídica gratuita de interesse suplementar;
XI - promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia
e de outros valores universais;
XII - estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e
divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos que digam
respeito às atividades mencionadas neste artigo.
XIII - estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a disponibilização e a
implementação de tecnologias voltadas à mobilidade de pessoas, por qualquer
meio de transporte. (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência)
Parágrafo único. Para os fins deste artigo, a dedicação às atividades nele previstas
configura-se mediante a execução direta de projetos, programas, planos de ações
correlatas, por meio da doação de recursos físicos, humanos e financeiros, ou ainda
pela prestação de serviços intermediários de apoio a outras organizações sem fins
lucrativos e a órgãos do setor público que atuem em áreas afins.

b) Termo de parceria
O vínculo firmado entre a OSCIP e o Poder Público ocorre mediante a celebração de termo de
parceria, que, além de estabelecer metas de desempenho, discriminará direitos, responsabilidades e
obrigações das partes signatárias.

O termo de parceria permite a destinação de valores públicos às instituições privadas, mediante


dotação orçamentária, com liberação destes recursos em conta bancária específica. Ou seja: após a
celebração do termo de parceria, as entidades estarão aptas a receber recursos orçamentários do Estado.

O termo de parceria deve conter as seguintes cláusulas:

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 Objeto;
 Definição de metas;
 Critérios objetivos de avaliação de desempenho;
 Previsão de receitas e despesas;
 As obrigações da OSCIP;
 Obrigatoriedade de publicação na imprensa oficial do Município, Estado ou União, de extrato
de termo de parceria e de demonstrativo de execução física e financeira.

Art. 9o Fica instituído o Termo de Parceria, assim considerado o instrumento


passível de ser firmado entre o Poder Público e as entidades qualificadas como
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público destinado à formação de
vínculo de cooperação entre as partes, para o fomento e a execução das atividades
de interesse público previstas no art. 3o desta Lei.

Art. 10. O Termo de Parceria firmado de comum acordo entre o Poder Público e as
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público discriminará direitos,
responsabilidades e obrigações das partes signatárias.
§ 1o A celebração do Termo de Parceria será precedida de consulta aos Conselhos
de Políticas Públicas das áreas correspondentes de atuação existentes, nos
respectivos níveis de governo.
§ 2o São cláusulas essenciais do Termo de Parceria:
I - a do objeto, que conterá a especificação do programa de trabalho proposto pela
Organização da Sociedade Civil de Interesse Público;
II - a de estipulação das metas e dos resultados a serem atingidos e os respectivos
prazos de execução ou cronograma;
III - a de previsão expressa dos critérios objetivos de avaliação de desempenho a
serem utilizados, mediante indicadores de resultado;
IV - a de previsão de receitas e despesas a serem realizadas em seu cumprimento,
estipulando item por item as categorias contábeis usadas pela organização e o
detalhamento das remunerações e benefícios de pessoal a serem pagos, com
recursos oriundos ou vinculados ao Termo de Parceria, a seus diretores,
empregados e consultores;
V - a que estabelece as obrigações da Sociedade Civil de Interesse Público, entre as
quais a de apresentar ao Poder Público, ao término de cada exercício, relatório
sobre a execução do objeto do Termo de Parceria, contendo comparativo
específico das metas propostas com os resultados alcançados, acompanhado de

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prestação de contas dos gastos e receitas efetivamente realizados, independente


das previsões mencionadas no inciso IV;
VI - a de publicação, na imprensa oficial do Município, do Estado ou da União,
conforme o alcance das atividades celebradas entre o órgão parceiro e a
Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, de extrato do Termo de
Parceria e de demonstrativo da sua execução física e financeira, conforme modelo
simplificado estabelecido no regulamento desta Lei, contendo os dados principais
da documentação obrigatória do inciso V, sob pena de não liberação dos recursos
previstos no Termo de Parceria.

Para a celebração de termo de parceria NÃO há a necessidade de realizar licitação, ante o vínculo
de convênio. No entanto, caso haja mais de um interessado na celebração do termo de parceria, e todos
cumpram os requisitos legais, a Administração deverá realizar procedimento simplificado que justifique a
escolha de uma entidade em detrimento de outra, a designação de projetos.

c) Fiscalização
As entidades se sujeitam ao controle financeiro e orçamentário exercido pelo Tribunal de Contas,
além do acompanhamento e fiscalização do termo de parceria por órgão do Poder Público.

As OSCIP devem constituir Conselho Fiscal ou órgão equivalente, dotado de competência para
opinar sobre os relatórios de desempenho financeiro e contábil e sobre as operações patrimoniais
realizadas.

Servidores Públicos podem participar da composição do conselho de uma OSCIP, sendo vedada a
percepção de remuneração ou subsídio a qualquer título.

ATENÇÃO:

A lei exige que a OSCIP tenha um CONSELHO FISCAL, mas NÃO exige um Conselho de Administração.

A lei exige que a OS tenha um CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO, mas NÃO exige que tenha um Conselho
Fiscal.

Vamos esquematizar as principais diferenças entre OS e OSCIP?

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ORGANIZAÇÕES SOCIAIS OSCIP

ENTIDADES Entidades privadas sem fins Entidades privadas sem fins


lucrativos. lucrativos em regular
funcionamento há pelo
menos 3 anos.

QUALIFICAÇÃO Ato discricionário do Poder Ato vinculado do Poder


Público. Público

COMPETÊNCIA PARA A Ministério ou Órgão regulador Ministério da Justiça.


QUALIFICAÇÃO responsável pela área de
atuação da entidade

ÓRGÃO DE DELIBERAÇÃO Presença obrigatória do Presença facultativa de


SUPERIOR DA ENTIDADE representante do Poder Público. servidor público na
composição do Conselho da
entidade.

VÍNCULO JURÍDICO Contrato de gestão. Termo de parceria.


(PARCERIA)

É mais ampla do que a das


organizações sociais, porque
Ensino, pesquisa científica,
abrange, além de todo o
desenvolvimento tecnológico,
ÁREA DE ATUAÇÃO campo de atuação destas
proteção e preservação do meio
últimas, diversas outras áreas
ambiente, cultura e saúde.
previstas no art. 3.º da Lei
9.790/1999.

Perde-sea qualificação de
OSCIP, a pedido ou mediante
Perde-se a qualificação de OS a
decisão proferida em processo
pedido ou se descumprido o
administrativo ou judicial, de
contrato de gestão, mediante
iniciativa popular ou do
DESQUALIFICAÇÃO processo administrativo, em
Ministério Público, em que
que seja assegurado o direito ao
sejam assegurados o
contraditório e à ampla defesa.
contraditório e a ampla
defesa.

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6.5 Organização Social da Sociedade Civil - OSC (Lei 13.019/14)

A Lei 13.019/14 foi um novo marco regulatório para as parcerias formalizadas entre a
Administração Pública e as Organizações da Sociedade Civil, que são entidades privadas sem fins
lucrativos e que desempenham atividades socialmente relevantes.

Nesse sentido, a Lei busca regular, em âmbito nacional, o regime jurídico das parcerias voluntárias,
envolvendo ou não a transferência de recursos financeiros, firmados entre a Administração e as
organizações da sociedade civil sem fins lucrativos.

OBS.: Para a doutrina majoritária, trata-se de norma NACIONAL (e não federal), que estabelece normas
gerais aplicadas a todos os entes federativos (e não apenas à União!).

Art. 1º Esta Lei institui normas gerais para as parcerias entre a administração
pública e organizações da sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para a
consecução de finalidades de interesse público e recíproco, mediante a execução
de atividades ou de projetos previamente estabelecidos em planos de trabalho
inseridos em termos de colaboração, em termos de fomento ou em acordos de
cooperação. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)

a) Aplicabilidade e inaplicabilidade da Lei: Aplica-se às parcerias entre Administração direta e indireta


e organizações da sociedade civil.
Mas quem seria, aqui, a Administração Pública? R.: Na teoria, Administração Pública engloba a
Administração direta (entes federativos e seus órgãos) e a Administração indireta (autarquias, estatais e
fundações).

No entanto, tenha cuidado: o art. 2º da Lei 13.019/14 oferece uma série de conceitos/definições para
fins de interpretação e aplicação da própria norma e, segundo o legislador, tal lei NÃO SE APLICA às empresas
estatais exploradoras de atividades econômicas e às estatais prestadoras de serviço público,
independentes ou não dependentes do orçamento público!

II - administração pública: União, Estados, Distrito Federal, Municípios e respectivas


autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista
prestadoras de serviço público, e suas subsidiárias, alcançadas pelo disposto no §
9º do art. 37 da Constituição Federal ; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)

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A sociedade civil, por sua vez, é composta por:


• Entidades (privadas) sem fins lucrativos;
• Sociedades cooperativas;
• Organizações religiosas.

Art. 2º Para os fins desta Lei, considera-se:

I - ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL: (Redação dada pela Lei nº 13.204, de


2015)

a) entidade privada sem fins lucrativos que não distribua entre os seus sócios ou
associados, conselheiros, diretores, empregados, doadores ou terceiros eventuais
resultados, sobras, excedentes operacionais, brutos ou líquidos, dividendos,
isenções de qualquer natureza, participações ou parcelas do seu patrimônio,
auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplique integralmente
na consecução do respectivo objeto social, de forma imediata ou por meio da
constituição de fundo patrimonial ou fundo de reserva;

Entenda: o excesso de arrecadação é superávit e a lei diz que ele tem que ser
reinvestido na própria atividade da entidade.

b) as sociedades cooperativas previstas na Lei nº 9.867, de 10 de novembro de


1999 ; as integradas por pessoas em situação de risco ou vulnerabilidade pessoal
ou social; as alcançadas por programas e ações de combate à pobreza e de geração
de trabalho e renda; as voltadas para fomento, educação e capacitação de
trabalhadores rurais ou capacitação de agentes de assistência técnica e extensão
rural; e as capacitadas para execução de atividades ou de projetos de interesse
público e de cunho social. (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)

c) as organizações religiosas que se dediquem a atividades ou a projetos de


interesse público e de cunho social distintas das destinadas a fins exclusivamente
religiosos; (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)

Entenda: não se trata de fomentar a atividade religiosa, e sim a atividade social


desenvolvida por entidade religiosa.

O art. 3º prevê as hipóteses em que a lei NÃO será aplicada.


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SEMANA 03/30

Art. 3º NÃO se aplicam as exigências desta Lei:


I - às transferências de recursos homologadas pelo Congresso Nacional ou
autorizadas pelo Senado Federal naquilo em que as disposições específicas dos
tratados, acordos e convenções internacionais conflitarem com esta Lei;
II - (revogado);
III - aos contratos de gestão celebrados com organizações sociais, desde que
cumpridos os requisitos previstos na Lei nº 9.637, de 15 de maio de 1998; (aplica-
se a lei específica).
IV - aos convênios e contratos celebrados com entidades filantrópicas e sem fins
lucrativos nos termos do §1º do art. 199 da Constituição Federal; (Lei 13.018/14)
V - aos termos de compromisso cultural referidos no §1º do art. 9º da Lei no 13.018,
de 22 de julho de 2014;
VI - aos termos de parceria celebrados com organizações da sociedade civil de
interesse público, desde que cumpridos os requisitos previstos na Lei no 9.790, de
23 de março de 1999; (essa previsão não constava da redação original, mas, por
razoabilidade, foi incluída, pois não fazia sentido se aplicar a Lei 13.019/14 à OSIP
e não se aplicar à OS).
VII - às transferências referidas no art. 2º da Lei no 10.845, de 5 de março de 2004,
e nos arts. 5º e 22 da Lei no 11.947, de 16 de junho de 2009;
VIII - (VETADO);
IX - aos pagamentos realizados a título de anuidades, contribuições ou taxas
associativas em favor de organismos internacionais ou entidades que sejam
obrigatoriamente constituídas por:
a) membros de Poder ou do Ministério Público;
b) dirigentes de órgão ou de entidade da administração pública;
c) pessoas jurídicas de direito público interno;
d) pessoas jurídicas integrantes da administração pública;
X - às parcerias entre a administração pública e os serviços sociais autônomos.

Assim, em resumo, as parcerias que são reguladas por legislação específicas continuam sendo
reguladas pela legislação específica. Hoje, temos um microssistema dentro do 3º setor, com normas que
tratam de diversas parcerias com o 3º setor. Ex. legislação que trata de parcerias com OS, com OSIP, com o
Sistema S (serviço social autônomo). Assim, a Lei 13.019/14 não é aplicável às parcerias que possuem lei
específica.

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SEMANA 03/30

b) Formas de seleção das organizações: A Lei 13.019/14 estabelece, como regra geral, o procedimento
de chamamento público. Assim, quando a Administração Pública for celebrar parceria com uma OSC, ela
deve fazer um procedimento objetivo com regras impessoais para a escolha da entidade privada que vai se
beneficiar da parceria. Note que não há necessidade de licitação, mas sim de um procedimento
administrativo com regras simplificadas que garantam uma escolha impessoal da entidade privada.
Além do chamamento ao público, a lei também menciona o Procedimento de Manifestação de
Interesse Social (PMIS), cuja definição está prevista pelo art. 18:

Art. 18. É instituído o Procedimento de Manifestação de Interesse Social como


instrumento por meio do qual as organizações da sociedade civil, movimentos
sociais e cidadãos poderão apresentar propostas ao poder público para que este
avalie a possibilidade de realização de um chamamento público objetivando a
celebração de parceria.

O chamamento público busca selecionar, de forma objetiva e impessoal, a entidade que firmará
termo de fomento ou colaboração com o Poder Público. O PMIS, por sua vez, visa selecionar um projeto para
eventual chamamento público futuro. Ou seja: após o procedimento de manifestação de interesse social
(PMIS), o projeto poderá ser selecionado e, caso efetivamente seja, deve o Estado realizar o chamamento
público. Fala-se em “poderá”, pois, a apresentação do projeto pela entidade NÃO vincula o Estado, que está
livre para realizar ou não o chamamento público.
Em outras palavras: o PMIS NÃO visa selecionar entidade que irá firmar a parceria, mas sim avaliar
os projetos apresentados pelas entidades interessadas. Tanto é que:
(i) O PMIS NÃO vincula e nem dispensa a necessidade de realizar o chamamento público. Na
realidade, o PMIS precede o chamamento público. Após o PMIS, o Estado poderá realizar ou não
o chamamento público.
(ii) A entidade que apresentou o projeto eventualmente selecionado no PIS não está impedida de
participar do chamamento público.

Art. 21. A realização do Procedimento de Manifestação de Interesse Social não


implicará necessariamente na execução do chamamento público, que acontecerá
de acordo com os interesses da administração.
§ 1º A realização do Procedimento de Manifestação de Interesse Social não
dispensa a convocação por meio de chamamento público para a celebração de
parceria.
§ 2º A proposição ou a participação no Procedimento de Manifestação de Interesse
Social não impede a organização da sociedade civil de participar no eventual
chamamento público subsequente.

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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

SEMANA 03/30

§ 3º É vedado condicionar a realização de chamamento público ou a celebração de


parceria à prévia realização de Procedimento de Manifestação de Interesse
Social. (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)

Conclusões importantes:
∘ O PMIS é facultativo e NÃO vincula o Estado a realizar o chamamento público, de modo que
não há que se falar em indenização;
∘ O PMIS NÃO dispensa futuro chamamento público;
∘ A entidade que propôs ou participou do PMIS NÃO está impedida de participar de eventual
chamamento público;
∘ Só há necessidade de chamamento público quando o vínculo com o Estado for celebrado
mediante termo de fomento ou termo de colaboração. Isso porque, como no acordo de
cooperação NÃO há transferência de recursos públicos, não há necessidade de realizar o
chamamento público.

No chamamento público da Lei 13.019/14, primeiro, o poder público seleciona a proposta mais
vantajosa da entidade privada sem fins lucrativos. Depois, o poder público avalia o que chamamos de
requisitos de habilitação, analisa se entidade cumpre os requisitos legais para ser beneficiada com o termo
de fomento ou termo de colaboração. Além desse julgamento antes da habilitação, a Lei 13.019/14
estabelece outros critérios submetidos a avaliação (que não são os tradicionais da Lei 8.666/93). Ex. grau de
adequação da proposta aos objetivos específicos objeto da parceria e, quando for o caso, ao valor de
referência constante do chamamento público.
1º. Julgamento/seleção da proposta mais vantajosa através de critérios de julgamentos
próprios/específicos
2º. Análise do preenchimento dos requisitos de habilitação.

As regras do chamamento público aparecem a partir do art. 23 da Lei 13.019/14.


Art. 23. A administração pública deverá adotar procedimentos claros, objetivos e
simplificados que orientem os interessados e facilitem o acesso direto aos seus
órgãos e instâncias decisórias, independentemente da modalidade de parceria
prevista nesta Lei.
Parágrafo único. Sempre que possível, a administração pública estabelecerá
critérios a serem seguidos, especialmente quanto às seguintes características:
I - objetos;
II - metas;
III - (revogado);
IV - custos;

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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

SEMANA 03/30

V - (revogado);
VI - indicadores, quantitativos ou qualitativos, de avaliação de resultados.

Art. 24. Exceto nas hipóteses previstas nesta Lei, a celebração de termo de
colaboração ou de fomento será precedida de chamamento público voltado a
selecionar organizações da sociedade civil que tornem mais eficaz a execução do
objeto. (essa é a regra geral, mas a lei consagra casos de dispensa de chamamento
público e casos de inexigibilidade de chamamento público).
§1º O edital do chamamento público especificará, no mínimo:
I - a programação orçamentária que autoriza e viabiliza a celebração da parceria;
II - (revogado);
III - o objeto da parceria;
IV - as datas, os prazos, as condições, o local e a forma de apresentação das
propostas;
V - as datas e os critérios de seleção e julgamento das propostas, inclusive no que
se refere à metodologia de pontuação e ao peso atribuído a cada um dos critérios
estabelecidos, se for o caso; (são dois critérios: adequação da proposta ao projeto
do poder público e a questão do valor da referência).
VI - o valor previsto para a realização do objeto;
VII - (revogado); (exigia-se 03 anos de existência da entidade, mas isso foi
revogado em 2015).
VIII - as condições para interposição de recurso administrativo;
IX - a minuta do instrumento por meio do qual será celebrada a parceria;
X - de acordo com as características do objeto da parceria, medidas de
acessibilidade para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida e idosos.

Art. 27. O grau de adequação da proposta aos objetivos específicos do programa


ou da ação em que se insere o objeto da parceria e, quando for o caso, ao valor de
referência (evita-se falar em “preço”, pois este dá a ideia de custos mais lucros e
aqui não há lucros) constante do chamamento constitui critério obrigatório de
julgamento.
§1º As propostas serão julgadas por uma comissão de seleção previamente
designada, nos termos desta Lei, ou constituída pelo respectivo conselho gestor, se
o projeto for financiado com recursos de fundos específicos.
§2º Será impedida de participar da comissão de seleção pessoa que, nos últimos
cinco anos, tenha mantido relação jurídica com, ao menos, uma das entidades
participantes do chamamento público. (para garantir maior lisura no
procedimento).
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§5º Será obrigatoriamente justificada a seleção de proposta que não for a mais
adequada ao valor de referência constante do chamamento público. (quando se
optar por uma entidade privada que tenha valor “mais alto” que a outra, mas que
apresenta uma adequação melhor, isso tem que ser justificado).
§6º A homologação não gera direito para a organização da sociedade civil à
celebração da parceria.

Art. 28. Somente depois de encerrada a etapa competitiva e ordenadas as


propostas, a administração pública procederá à verificação dos documentos que
comprovem o atendimento pela organização da sociedade civil selecionada dos
requisitos previstos nos arts. 33 e 34 (esses artigos estabelecem exigências
mínimas para que uma entidade privada possa ser beneficiada com a parceria
com a AP). (então, o julgamento antecede o que seria a “fase de habilitação” –
está entre aspas porque a lei não usa essa expressão).

c) Exceção ao chamamento público: parcerias diretas


A Lei 13.019/14 vai trazer a regra do chamamento público, mas também traz casos de dispensa e
inexigibilidade do chamamento público. As hipóteses são mais restritas, mas elas têm inspiração em
hipóteses previstas na Lei 8.666/93.
• Dispensa de chamamento público (art. 30)
 Hipóteses relacionadas à necessidade proeminente/guerra/calamidade;
 Trata-se de rol TAXATIVO;
 A atuação da Administração pública é discricionária (ou seja: pode dispensar o chamamento
público ou não).
Art. 30. A administração pública poderá DISPENSAR A REALIZAÇÃO DO
CHAMAMENTO PÚBLICO:
I - no caso de urgência decorrente de paralisação ou iminência de paralisação de
atividades de relevante interesse público, pelo prazo de até cento e oitenta dias;
(nesses 180 dias poderia a AP fazer parcerias sem chamamento público).
II - nos casos de guerra, calamidade pública, grave perturbação da ordem pública
ou ameaça à paz social;
III - quando se tratar da realização de programa de proteção a pessoas ameaçadas
ou em situação que possa comprometer a sua segurança;
IV - (VETADO).
V - (VETADO);
VI - no caso de atividades voltadas ou vinculadas a serviços de educação, saúde e
assistência social, desde que executadas por organizações da sociedade civil
previamente credenciadas pelo órgão gestor da respectiva política.
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 Para o professor Rafael Oliveira, o inciso VI seria, na realidade, uma hipótese


de inexigibilidade, pois o credenciamento sempre foi tratado como hipótese
anômala/atípica de inexigibilidade de licitação com fundamento no art. 25,
caput, da Lei 8.666/93.

• Inexigibilidade de chamamento público (art. 31)


 Hipóteses de impossibilidade de competição;
 Trata-se de rol EXEMPLIFICATIVO;
 A atuação da Administração Pública é vinculada: ainda que queira realizar o chamamento
público, não poderá fazê-lo!

Art. 31. Será considerado INEXIGÍVEL O CHAMAMENTO PÚBLICO na hipótese de


inviabilidade de competição entre as organizações da sociedade civil, em razão da
natureza singular do objeto da parceria ou se as metas somente puderem ser
atingidas por uma entidade específica, especialmente quando:
I - o objeto da parceria constituir incumbência prevista em acordo, ato ou
compromisso internacional, no qual sejam indicadas as instituições que utilizarão
os recursos;
II - a parceria decorrer de transferência para organização da sociedade civil que
esteja autorizada em lei na qual seja identificada expressamente a entidade
beneficiária, inclusive quando se tratar da subvenção prevista no inciso I do §3º do
art. 12 da Lei no 4.320, de 17 de março de 1964, observado o disposto no art. 26 da
Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000.

• Requisitos para as parcerias diretas


O art. 32 da Lei 13.019/14 estabelece algumas exigências para a formalização das parcerias diretas
(tanto para a dispensa quanto para a inexigibilidade).

Art. 32. Nas hipóteses dos arts. 30 e 31 desta Lei, a ausência de realização de
chamamento público será justificada pelo administrador público. (tal artigo
equivale ao art. 26 da Lei 8.666/93).
§1º Sob pena de nulidade do ato de formalização de parceria prevista nesta Lei, o
extrato da justificativa previsto no caput deverá ser publicado, na mesma data em
que for efetivado, no sítio oficial da administração pública na internet e,
eventualmente, a critério do administrador público, também no meio oficial de

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publicidade da administração pública. (curiosidade: há obrigatoriedade de


publicização via internet e facultatividade via diário oficial).
§2º Admite-se a impugnação à justificativa, apresentada no prazo de cinco dias a
contar de sua publicação, cujo teor deve ser analisado pelo administrador público
responsável em até cinco dias da data do respectivo protocolo. (a lei instaura uma
espécie de procedimento de impugnação ao procedimento de dispensa ou
inexigibilidade; depois desse prazo, há preclusão na via administrativa e a parceria
será formalizada diretamente com o interessado. Claro que pode haver
impugnação judicial quanto à validade da parceria seja por ação popular, ACP etc.).
§3º Havendo fundamento na impugnação [acolhida a argumentação apresentada
na impugnação) será revogado o ato que declarou a dispensa ou considerou
inexigível o chamamento público, e será imediatamente iniciado o procedimento
para a realização do chamamento público, conforme o caso.
§4º A dispensa e a inexigibilidade de chamamento público, bem como o disposto
no art. 29, não afastam a aplicação dos demais dispositivos desta Lei.

Depois de realizado o chamamento público, o poder público vai selecionar a entidade privada
interessada que apresentou a melhor proposta e com ela vai celebrar o vínculo jurídico (a parceria). A Lei
13.019/14 traz 03 parcerias distintas: termos de colaboração, termo de fomento e acordo de colaboração.
O art. 2º da Lei 13.019/14 define cada um desses instrumentos.

d) Instrumentos públicos de parceria:


• Termo de colaboração - Instrumento de parceria para consecução de finalidades públicas propostas
pela administração
• Termo de fomento - Instrumento de parceria para consecução de finalidades públicas propostas pela
sociedade civil.
• Acordo de cooperação – Instrumento de parceria que NÃO envolve a transferência de recursos.

VII - TERMO DE COLABORAÇÃO: instrumento por meio do qual são formalizadas as


parcerias estabelecidas pela administração pública com organizações da sociedade
civil para a consecução de finalidades de interesse público e recíproco propostas
pela administração pública que envolvam a transferência de recursos
financeiros; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)

VIII - TERMO DE FOMENTO: instrumento por meio do qual são formalizadas as


parcerias estabelecidas pela administração pública com organizações da sociedade
civil para a consecução de finalidades de interesse público e recíproco propostas

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pelas organizações da sociedade civil, que envolvam a transferência de recursos


financeiros; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)

VIII-A - ACORDO DE COOPERAÇÃO: instrumento por meio do qual são formalizadas


as parcerias estabelecidas pela administração pública com organizações da
sociedade civil para a consecução de finalidades de interesse público e recíproco
que não envolvam a transferência de recursos financeiros; (Incluído pela Lei nº
13.204, de 2015)

Veja ainda o que dispõem os artigos 16 e 17:

Art. 16. O termo de colaboração deve ser adotado pela administração pública para
consecução de planos de trabalho de sua iniciativa, para celebração de parcerias
com organizações da sociedade civil que envolvam a transferência de recursos
financeiros. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
Parágrafo único. Os conselhos de políticas públicas poderão apresentar propostas
à administração pública para celebração de termo de colaboração com
organizações da sociedade civil.

Art. 17. O termo de fomento deve ser adotado pela administração pública para
consecução de planos de trabalho propostos por organizações da sociedade civil
que envolvam a transferência de recursos financeiros. (Redação dada pela Lei nº
13.204, de 2015)

Por fim, segundo a lei, os instrumentos só passam a produzir efeitos jurídicos após a publicação em
meio oficial de publicidade (diário oficial).

Art. 38. O termo de fomento, o termo de colaboração e o acordo de cooperação


somente produzirão efeitos jurídicos após a publicação dos respectivos extratos no
meio oficial de publicidade da administração pública. (tem que ser publicizado no
DO).

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Parceria para a consecução de


planos de trabalho de
TERMO DE COLABORAÇÃO iniciativa da AP e envolve
recursos financeiros

Parcerias para a consecução de


Três Parcerias planos de trabalho propostos por
TERMO DE FOMENTO organizações da sociedade civil
(Instrumentos Jurídicos) que envolvam a transferência de
recursos financeiros.

Não envolve a transferência


ACORDO DE COOPERAÇÃO de recursos financeiros

e) Parcerias “ficha limpa”.


Rafael Oliveira apelida as hipóteses do art. 39 de “parcerias ficha limpa” porque há várias vedações
fortemente influenciadas pela Lei da Ficha Limpa.

Art. 39. Ficará impedida de celebrar qualquer modalidade de parceria prevista


nesta Lei a organização da sociedade civil que:
I - não esteja regularmente constituída ou, se estrangeira, não esteja autorizada a
funcionar no território nacional;
II - esteja omissa no dever de prestar contas de parceria anteriormente celebrada;
III - tenha como dirigente membro de Poder ou do Ministério Público, ou dirigente
de órgão ou entidade da administração pública da mesma esfera governamental na
qual será celebrado o termo de colaboração ou de fomento, estendendo-se a
vedação aos respectivos cônjuges ou companheiros, bem como parentes em linha
reta, colateral ou por afinidade, até o segundo grau; (veda-se o nepotismo
disfarçado/indireto).
IV - tenha tido as contas rejeitadas pela administração pública nos últimos cinco
anos, exceto se:
a) for sanada a irregularidade que motivou a rejeição e quitados os débitos
eventualmente imputados;
b) for reconsiderada ou revista a decisão pela rejeição;
c) a apreciação das contas estiver pendente de decisão sobre recurso com efeito
suspensivo;
V - tenha sido punida com uma das seguintes sanções, pelo período que durar a
penalidade:
a) suspensão de participação em licitação e impedimento de contratar com a
administração;
b) declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a administração
pública;

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c) a prevista no inciso II do art. 73 desta Lei;


d) a prevista no inciso III do art. 73 desta Lei;
VI - tenha tido contas de parceria julgadas irregulares ou rejeitadas por Tribunal ou
Conselho de Contas de qualquer esfera da Federação, em decisão irrecorrível, nos
últimos 8 (oito) anos;
VII - tenha entre seus dirigentes pessoa:
a) cujas contas relativas a parcerias tenham sido julgadas irregulares ou rejeitadas
por Tribunal ou Conselho de Contas de qualquer esfera da Federação, em decisão
irrecorrível, nos últimos 8 (oito) anos;
b) julgada responsável por falta grave e inabilitada para o exercício de cargo em
comissão ou função de confiança, enquanto durar a inabilitação;
c) considerada responsável por ato de improbidade, enquanto durarem os prazos
estabelecidos nos incisos I, II e III do art. 12 da Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992.

f) Contratações
A doutrina majoritária sempre defendeu que a entidade privada do 3º setor não precisa fazer uma
licitação formal, bastando um processo objetivo com regras impessoais, garantindo a observância dos
princípios constitucionais.

Portanto, as contratações de bens e serviços realizadas pelas entidades da sociedade com recursos
públicos devem observar procedimento que atenda aos princípios da Administração Pública.
A seleção da equipe de trabalho deve ser precedida de processo seletivo, com regras transparentes,
impessoais e objetivas para a seleção dos empregados. A remuneração NÃO gera vínculo com a
Administração.

g) Prestação de contas e accountability


Foi publicada a Lei nº 14.309/2022 para permitir a realização de reuniões e deliberações virtuais
pelas organizações da sociedade civil. Vejamos:

Art. 4º-A. Todas as reuniões, deliberações e votações das organizações da


sociedade civil poderão ser feitas virtualmente, e o sistema de deliberação remota
deverá garantir os direitos de voz e de voto a quem os teria em reunião ou
assembleia presencial.

h) Responsabilidade e sanções
A OSCIP possui responsabilidade exclusiva pelos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e
comerciais relativos ao funcionamento da instituição e ao adimplemento do termo de colaboração ou de

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fomento, inexistindo responsabilidade solidária ou subsidiária da Administração na hipótese de


inadimplemento.

Ou seja: aqui, a lei estabelece que o Estado NÃO terá qualquer responsabilidade pela parceria, seja
solidária, seja subsidiária.

Crítica da doutrina: Essa ausência de responsabilidade parece ser inconstitucional porque se o Estado
formaliza uma parceria, ele não pode abrir mão de suas obrigações. E ele tem a obrigação de fiscalizar a
parceria. Então, se o Estado é omisso, é razoável se falar em responsabilidade (seja subsidiária, como é a
regra, seja solidária como se opera nos encargos previdenciários).

Para uma prova de concurso, deve-se observar a letra da lei: o Estado não tem qualquer responsabilidade.

Art. 42. As parcerias serão formalizadas mediante a celebração de termo de


colaboração, de termo de fomento ou de acordo de cooperação, conforme o caso,
que terá como cláusulas essenciais:
XX - a responsabilidade exclusiva da organização da sociedade civil pelo pagamento
dos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais relacionados à
execução do objeto previsto no termo de colaboração ou de fomento, não
implicando responsabilidade solidária ou subsidiária da administração pública a
inadimplência da organização da sociedade civil em relação ao referido pagamento,
os ônus incidentes sobre o objeto da parceria ou os danos decorrentes de restrição
à sua execução.

Em relação às sanções, a lei comina 3 espécies: advertência, suspensão temporária de


participação/impedimento e inidoneidade. ATENÇÃO! NÃO há a cominação de multa.

Art. 73. Pela execução da parceria em desacordo com o plano de trabalho e com
as normas desta Lei e da legislação específica, a administração pública poderá,
garantida a prévia defesa, aplicar à organização da sociedade civil as seguintes
sanções:
I - advertência;
II - suspensão temporária da participação em chamamento público e impedimento
de celebrar parceria ou contrato com órgãos e entidades da esfera de governo da
administração pública sancionadora, por prazo não superior a dois anos;

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III - declaração de inidoneidade para participar de chamamento público ou celebrar


parceria ou contrato com órgãos e entidades de todas as esferas de governo,
enquanto perdurarem os motivos determinantes da punição ou até que seja
promovida a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade,
que será concedida sempre que a organização da sociedade civil ressarcir a
administração pública pelos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da
sanção aplicada com base no inciso II.

Perceba que a lei diferenciou o âmbito de aplicação da suspensão e da idoneidade:


• No que toca à suspensão - a lei fala em “AP sancionadora”. Ex. estado aplicou suspensão à OSC,
logo, ela não poderia participar nesse estado do chamamento público e parcerias. Contudo, em
outros estados poderia participar.
• No que toca à inidoneidade – a sanção valeria em todas as esferas de governo. Uma entidade
declarada inidônea por um estado não poderia ser participante de chamamento e parcerias não
apenas com o estado que sancionou, mas também com nenhum outro ente federativo. Assim,
é mais grave que a suspensão.
Para prova de concurso público, vale a letra da lei!

Veja os enunciados aprovados na I Jornada de Direito Administrativo CJF/STJ sobre o tema:

Enunciado 5 - O conceito de dirigentes de organização da sociedade civil


estabelecido no artigo 2º, inciso IV, da Lei Federal n. 13.019/2014 contempla
profissionais com a atuação efetiva na gestão executiva da entidade, por meio do
exercício de funções de administração, gestão, controle e representação da pessoa
jurídica, e, por isso, não se estende aos membros de órgãos colegiados não
executivos, independentemente da nomenclatura adotada pelo estatuto social.

Enunciado 9 - Em respeito ao princípio da autonomia federativa (art. 18 da CF), a


vedação ao acúmulo dos títulos de OSCIP e OS prevista no art. 2º, inc. IX, c/c art.
18, §§ 1º e 2º, da Lei n. 9.790/1999 apenas se refere à esfera federal, não
abrangendo a qualificação como OS nos Estados, no Distrito Federal e nos
Municípios.

Referências bibliográficas:

Rafael Carvalho Resende Oliveira. Curso de Direito Administrativo

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Matheus Carvalho: Manual de Direito Administrativo

Diogo de Figueiredo Moreira Neto. Curso de Direito Administrativo

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QUESTÕES PROPOSTAS

1 - 2021 -FUMARC -PC-MG -FUMARC - 2021 - PC-MG - C-As sociedades de economia mista não poderão adotar
Delegado de Polícia Substituto como tipo societário o de sociedade limitada, podendo ser
As sociedades de economia mista e as empresas públicas, constituídas somente como sociedades anônimas.
pessoas jurídicas integrantes da Administração Pública D-A alienação do controle acionário de empresas públicas e
Indireta, se assemelham em vários aspectos, ao ponto de sociedades de economia mista prescinde de autorização
serem abordadas em conjunto por grande parte dos legislativa e poderá ser operacionalizada sem processo de
doutrinadores, e, inclusive, intituladas por alguns deles como licitação pública.
“empresas estatais”. E-A transferência do controle de empresas subsidiárias e
Com base nessa informação, marque com V (verdadeiro) ou controladas por sociedades de economia mista não exige a
com F (falso) as seguintes afirmações: anuência do Poder Legislativo, devendo ser operacionalizada
mediante processo de licitação pública, na modalidade
( ) As sociedades de economia mista e as empresas públicas concorrência.
são criadas com o objetivo de permitir ao Estado a exploração
de atividades econômicas, em sentido estrito, admitindo-se, 3- 2021 - NC-UFPR - PC-PR - NC-UFPR - 2021 - PC-PR -
contudo, que tenham por objeto a prestação de serviços Delegado de Polícia
públicos. Acerca da organização da Administração Pública, assinale a
( ) Os bens pertencentes às sociedades de economia mista e alternativa correta.
às empresas públicas são suscetíveis de penhora em sede de
ação de execução municiada com título judicial ou A-O chefe do Poder Executivo pode criar cargos e reestruturar
extrajudicial. órgãos públicos por meio de decreto.
( ) As empresas públicas e as sociedades de economia mista B-Legislação estadual pode condicionar a nomeação de
sempre têm personalidade jurídica de direito privado, dirigente de autarquia ou fundação à aprovação prévia da
qualquer que seja o seu objeto, mas à vista da natureza Assembleia Legislativa local.
híbrida, estão sujeitas às normas de direito privado e também C-Na ordem constitucional ora vigente não se admite a
de direito público. criação de fundação de direito privado com o intuito de que
( ) Pelo princípio da simetria, a criação e a extinção das essa fundação seja integrante da Administração Indireta.
sociedades de economia mista e das empresas públicas D-Decreto do chefe do Poder Executivo pode extinguir órgãos
dependem de lei específica que autorize. colegiados cujas criações tenham decorrido de lei, desde que
ausente expressa indicação de suas competências ou dos
A sequência CORRETA de preenchimento dos parênteses, de membros que compõem esses órgãos.
cima para baixo, é: E-Os Conselhos de Fiscalização Profissional detêm natureza
jurídica de autarquias, cabendo-lhes prazo em dobro para
A-F, V, F, V. recorrer em processos judiciais.
B-V, F, V, F.
C-V, V, F, V. 4 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-SE - CESPE - 2018 - PC-SE
D-V, V, V, F. - Delegado de Polícia
No que se refere aos institutos da centralização, da
2- 2021 - NC-UFPR - PC-PR - NC-UFPR - 2021 - PC-PR - descentralização e da desconcentração, julgue o item a
Delegado de Polícia seguir.
Tendo em conta as peculiaridades das empresas estatais na
organização da Administração Pública brasileira, assinale a A centralização consiste na execução de tarefas
alternativa correta. administrativas pelo próprio Estado, por meio de órgãos
internos e integrantes da administração pública direta.
A-Dado que o poder de polícia é titularizado por pessoas
jurídicas de direito público, resta inviável sua delegação a Certo
sociedade de economia mista. Errado
B-O regime de precatórios é inaplicável às sociedades de
economia mista prestadoras de serviço público próprio do 5 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-SE - CESPE - 2018 - PC-SE
Estado e de natureza não concorrencial. - Delegado de Polícia

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No que se refere aos institutos da centralização, da patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente detido
descentralização e da desconcentração, julgue o item a pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos
seguir. Municípios”. A entidade da administração indireta
conceituada é uma:
Na administração pública, desconcentrar significa atribuir
competências a órgãos de uma mesma entidade A-Autarquia.
administrativa. B-Empresa pública.
C-Fundação pública.
Certo D-Sociedade de economia mista.
Errado
9 - 2018 - FUNDATEC - PC-RS - FUNDATEC - 2018 - PC-RS -
6- 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-SE - CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia - Bloco II
Delegado de Polícia Em relação à organização da Administração Pública, assinale
a alternativa correta.
No que se refere aos institutos da centralização, da
descentralização e da desconcentração, julgue o item a A-O processo de desconcentração administrativa tem por
seguir. consequência a criação de entidades dotadas de
personalidade jurídica própria, distinta do ente político
A diferença preponderante entre os institutos da criador.
descentralização e da desconcentração é que, no primeiro, há B-Às entidades que integram a administração indireta podem
a ruptura do vínculo hierárquico e, no segundo, esse vínculo ser atribuídas, nos termos da lei que as institui, as mesmas
permanece. competências cometidas ao ente político criador.
C-A teoria do órgão não reconhece a responsabilidade do
Certo Estado em relação aos atos praticados pelos denominados
Errado “funcionários de fato”, assim considerados os que foram
irregularmente investidos em cargos, empregos ou funções
7 - 2018 - UEG - PC-GO - UEG - 2018 - PC-GO - Delegado de públicas.
Polícia D-As autarquias podem desempenhar atividades típicas de
A respeito da transferência ou divisão de atribuições na estado e, excepcionalmente, explorar atividade econômica.
Administração Pública de Goiás, verifica-se que E-As empresas públicas e sociedades de economia mista,
ainda que explorem atividade econômica de prestação de
A-órgãos públicos são unidades de atuação administrativa, serviços, sujeitam-se ao regime jurídico próprio das empresas
com personalidade jurídica, ordenados para a consecução de privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis,
uma predeterminada atribuição no âmbito da Administração comerciais, trabalhistas e tributárias.
Pública.
B-os entes descentralizados estão hierarquicamente 10- 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-MA - CESPE - 2018 - PC-
vinculados às entidades centrais que decidiram pela MA - Delegado de Polícia Civil
descentralização. Com relação à organização administrativa, julgue os itens a
C-servidores efetivos detentores de cargos públicos lotados seguir.
nas autarquias não se submetem ao regime jurídico de
servidores com as mesmas características citadas lotados na I As autarquias são pessoas jurídicas com capacidade de
Administração Direta de Goiás. autodeterminação, patrimônio e receitas próprias, criadas
D-as autarquias estaduais estão desobrigadas de licitar a por lei para o desempenho de atividades típicas do Estado,
contratação de obras, serviços, compras e alienações. submetidas ao controle hierárquico pela administração
E-é imprescindível, para a criação de autarquia, no estado de pública direta.
Goiás, a edição de lei específica. II As sociedades de economia mista e empresas públicas são
entidades de direito privado integrantes da administração
8- 2018 - FUMARC - PC-MG - FUMARC - 2018 - PC-MG - indireta, criadas por autorização legal, para o desempenho de
Delegado de Polícia Substituto atividades gerais de caráter econômico ou, em certas
A Lei n. 13.303/2016, em seu artigo 3º, traz o seguinte situações, prestação de serviços públicos.
conceito: “entidade dotada de personalidade jurídica de III Por meio da contratação de consórcios públicos, poderão
direito privado, com criação autorizada por lei e com ser constituídas associações públicas para a realização de

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objetivos de interesse comum, adquirindo tais entidades D-As sociedades de economia podem revestir-se de qualquer
personalidade jurídica de direito público e passando a das formas admitidas em direito.
integrar a administração indireta de todos os entes E-As empresas públicas só podem explorar diretamente
federativos consorciados. atividade econômica, se tal exploração for necessária à
IV Por serem entes despersonalizados, os órgãos públicos não segurança nacional ou relevante para o interesse coletivo, na
detêm capacidade processual para a defesa de suas forma de lei complementar.
prerrogativas e competências.
12 - 2017 - FAPEMS - PC-MS - FAPEMS - 2017 - PC-MS -
Estão certos apenas os itens Delegado de Polícia
Conforme jurisprudência dos Tribunais Superiores, acerca da
A-I e II. Administração Direta e Indireta e das entidades em
B-I e IV. colaboração com o Estado, é correto afirmar que
C-II e III.
D-I, III e IV. A-a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) goza de
E-II, III e IV. imunidade tributária recíproca mesmo quando realiza o
transporte de bens e mercadorias em concorrência com a
11 - 2017 - FAPEMS - PC-MS - FAPEMS - 2017 - PC-MS - iniciativa privada.
Delegado de Polícia B-o Tribunal de Justiça não detém legitimidade autônoma
Leia o texto a seguir. para impetrar mandado de segurança contra ato do
Governador do Estado em defesa de sua autonomia
O direito administrativo constitui uma seção, qualificada por institucional.
seu conteúdo, da ordem jurídica total, aquela seção que se C-não é aplicável o regime dos precatórios às sociedades de
refere à administração, que regula a administração. Se economia mista prestadoras de serviço público próprio do
introduzirmos nesta acepção brevíssima do conceito de Estado, ainda que de natureza não concorrencial.
direito administrativo o conceito de administração, o que D-as entidades paraestatais gozam dos privilégios processuais
significa como função de determinados órgãos, o direito concedidos à Fazenda Pública.
administrativo se apresenta como aquela fração da ordem E-os serviços sociais autônomos estão sujeitos à observância
jurídica que deve ser aplicada por órgãos administrativos, isto da regra de concurso público para contratação de seu
é, órgãos executivos com competência para fixar instruções pessoal.
ou dever de obedecê-las. Se transpusermos a definição do
orgânico ao funcional, poder-se-á definir o direito 13 - 2017 - FCC - PC-AP - FCC - 2017 - PC-AP - Delegado de
administrativo como conjunto de normas jurídicas que Polícia
regulam aquela atividade executiva condicionável pelas Uma autarquia municipal criada para prestação de serviços de
instruções, ou - aceitando, por certo, que toda a atividade abastecimento de água
executiva está composta de funções jurídicas-, o conjunto de
normas jurídicas que regulam aquelas funções jurídicas A-deve obrigatoriamente ter sido instituída por lei e recebido
determináveis mediante as instruções. a titularidade do serviço público em questão, o que autoriza
a celebração de contrato de concessão à iniciativa privada ou
MERKL. Adolf. Teoria general dei derecho administrativo. a contratação de consórcio público para delegação da
Granada: Cornares, 2004 apud ALMEIDA, Fernando Dias execução do referido serviço.
Menezes de. Conceito de direito administrativo. Tomo Direito B-integra a estrutura da Administração pública indireta
Administrativo e Constitucional. (PUC-SP), 1. ed., p. 13, 2017 municipal e portanto não se submete a todas as normas que
regem a administração pública direta, sendo permitindo a
Quanto à administração pública indireta, assinale a flexibilização do regime publicista para fins de viabilizar a
alternativa correta. aplicação do princípio da eficiência.
C-submete-se ao regime jurídico de direito privado caso
A-As fundações públicas de direito privado devem ser criadas venha a celebrar contrato de concessão de serviço público
por lei específica. com a Administração pública municipal, ficando suspensa,
B-As fundações públicas de direito público devem ser criadas durante a vigência da avença, a incidência das normas de
por lei específica. direito público, a fim de preservar a igualdade na
C-A imunidade tributária recíproca não se estende às concorrência.
fundações.

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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

SEMANA 03/30

D-pode ser criada por decreto, mas a delegação da prestação cumprimento de ambos. O Poder Executivo editará medidas
do serviço público prescinde de prévio ato normativo, de organização administrativa específicas para as Agências
podendo a autarquia celebrar licitação para contratação de Executivas.
concessão de serviço público ou prestar o serviço C-O Poder Executivo poderá qualificar como Agência
diretamente. Executiva a autarquia, fundação, sociedade de economia
E-possui personalidade jurídica de direito público, mas mista ou empresa pública que tenha celebrado Contrato de
quando prestadora de serviço público, seu regime jurídico Gestão com o respectivo Ministério supervisor.
equipara-se ao das empresas públicas e sociedades de D-O contrato de gestão, elaborado pelo órgão, ministério ou
economia mista. entidade supervisora, sem a participação da organização
social, com a finalidade de garantia da supremacia do
14 - 2017 - IBADE - PC-AC - IBADE - 2017 - PC-AC - Delegado interesse público, discriminará as atribuições,
de Polícia Civil responsabilidades e obrigações do Poder Público e da
Considerando os temas da centralização e descentralização organização social.
administrativa, da concentração e desconcentração E-Os contratos de gestão somente poderão ser celebrados
administrativa, bem como dos entes da administração entre a administração direta e as autarquias e fundação, não
indireta, assinale a alternativa correta. existindo previsão legal de celebração de contrato de gestão
entre o poder público e entidades privadas.
A-A possibilidade de nomeação, pelo chefe do Poder
Executivo, dos dirigentes das autarquias públicas, empresas 16 - 2016 - CESPE / CEBRASPE - PC-PE - CESPE - 2016 - PC-
públicas, sociedades de economia mista e fundações é PE - Delegado de Polícia
consequência da hierarquia existente entre a Administração Considerando os princípios e fundamentos teóricos do direito
direta e a Administração indireta. administrativo, assinale a opção correta.
B-As agências reguladoras são espécies de empresas públicas.
Têm por finalidade a normatização técnica de serviços A-As empresas públicas e as sociedades de economia mista,
públicos e atividades econômicas. se constituídas como pessoa jurídica de direito privado, não
C-Caso o Estado do Acre edite uma lei criando uma autarquia integram a administração indireta.
pública, fala-se em desconcentração administrativa, B-Desconcentração é a distribuição de competências de uma
mantendo-se, assim, a hierarquia entre o novo ente da pessoa física ou jurídica para outra, ao passo que
Administração indireta e a Administração direta. descentralização é a distribuição de competências dentro de
D-Somente por lei específica poderá ser criada autarquia e uma mesma pessoa jurídica, em razão da sua organização
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de hierárquica.
economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar C-Em decorrência do princípio da legalidade, é lícito que o
ou à lei ordinária, neste último caso, definir as áreas de sua poder público faça tudo o que não estiver expressamente
atuação. proibido pela lei.
E-A agência executiva, autarquia de regime especial, tem por D-A administração pública, em sentido estrito e subjetivo,
forte característica a operacionalidade e a eficiência. Seu compreende as pessoas jurídicas, os órgãos e os agentes
qualificativo como agência executiva é temporário, pois, de públicos que exerçam função administrativa.
ordinário, depende de instrumento firmado perante a E-No Brasil, por não existir o modelo da dualidade de
Administração direta. jurisdição do sistema francês, o ingresso de ação judicial no
Poder Judiciário para questionar ato do poder público é
15 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - FUNCAB - 2016 - PC-PA - condicionado ao prévio exaurimento da instância
Delegado de Policia Civil - Reaplicação administrativa.
Acerca da organização administrativa, especificamente em
relação aos contratos de gestão, julgue os itens a seguir, 17 - 2015 - FUNIVERSA - PC-DF - FUNIVERSA - 2015 - PC-DF
marcando apenas a opção correta. - Delegado de Polícia
Em relação à organização administrativa, é correto afirmar
A-Os contratos de gestão das Agências Executivas serão que
celebrados com periodicidade mínima de quatro anos, com
previsão de critérios e instrumentos para a avaliação do seu A-a aplicação do regime jurídico próprio das empresas
cumprimento. privadas às estatais (sociedade de economia mista e
B-O Contrato de Gestão terá metas e objetivos definidos, bem empresas públicas) que exploram atividade econômica não
como recursos orçamentários e financeiros para o afasta a observância dos princípios da administração pública.

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B-a remuneração dos dirigentes das empresas públicas e das 19 - 2015 - VUNESP - PC-CE - VUNESP - 2015 - PC-CE -
sociedades de economia mista será fixada em lei. Delegado de Polícia Civil de 1a Classe
C-a criação, por lei, de uma autarquia é exemplo de Numa entrevista com um gestor público que tem como foco
desconcentração do serviço público. verificar conhecimentos atualizados sobre os diferentes tipos
D-se aplica às empresas estatais que exploram atividade de organizações na administração pública brasileira, o
econômica o prazo prescricional previsto no Decreto n.º entrevistado poderia citar, corretamente, exemplos de
20.910/1932. empresas públicas e de agências reguladoras brasileiras que
E-é inconstitucional norma que isente os Correios, empresa estão contidos, respectivamente, em:
pública federal, do pagamento de impostos, pois, como ele
explora atividade econômica, deve ter as mesmas regras A-Petrobras e ECT – Empresa de Correios e Telégrafos; ANEEL
impostas aos concorrentes. – Agência Nacional de Energia Elétrica e ANS – Agência
Nacional de Seguros.
18 - 2015 - FUNIVERSA - PC-DF - FUNIVERSA - 2015 - PC-DF - B-BB – Banco do Brasil e CEF – Caixa Econômica Fe- deral;
Delegado de Polícia ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil e ANI – Agência
No que diz respeito à organização da administração pública e Nacional de Informática.
das entidades paraestatais, assinale a alternativa correta. C-Eletrobras e BB – Banco do Brasil; ANA – Agência Nacional
de Águas e ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica.
A-A CF assegura aos serviços sociais autônomos autonomia D-Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agrope- cuária e
administrativa, não estando sujeitos ao controle do tribunal Petrobras ; ANS – Agência Nacional de Saúde e ANAC –
de contas. Agência Nacional de Aviação Civil.
B-Diante do recebimento de dinheiro público, os serviços E-ECT – Empresa de Correios e Telégrafos e CEF – Caixa
sociais autônomos estão submetidos às regras de concurso Econômica Federal; ANA – Agência Nacional de Águas e
público para contratação de seus funcionários, os quais serão ANATEL – Agência Nacional de Teleco- municações.
regidos pela consolidação das leis trabalhistas (CLT).
C-As organizações sociais qualificadas no âmbito da União 20 - 2015 - VUNESP - PC-CE - VUNESP - 2015 - PC-CE -
podem ser contratadas com dispensa de licitação para Delegado de Polícia Civil de 1a Classe
execução de contrato de gestão firmado com a União. Um gestor público municipal da área de assistência social, em
D-Suponha-se que João seja responsável pela fiscalização de busca de alternativas para a melhoria na prestação dos
contrato de gestão firmado com certa organização social. serviços à sociedade, iniciou um processo de parcerias com
Nesse caso, ao tomar conhecimento de qualquer creches conduzidas por ONGs situadas no município em que
irregularidade na utilização de recursos públicos pela atua este gestor. Esse tipo de prática é frequente na gestão
fiscalizada, João deverá dar ciência do fato ao TCU, sob pena pública brasileira, e é denominada:
de multa, mas não de responsabilidade solidária.
E-Uma instituição religiosa, desde que seja sem fins lucrativos A-Socialização.
e que tenha por objeto social as atividades descritas na B-Descentralização.
referida lei, pode ser qualificada como organização da C-Eficiência.
sociedade civil de interesse público. D-Eficácia.
E-Desconcentração.

Respostas3

3
1: D 2: C 3: E 4: C 5: C 6: C 7: E 8: B 9: E 10: C 11: B 12: A 13: A 14: E 15: B 16: D 17: A 18: C 19: E 20: B
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META 4

DIREITO PROCESSUAL PENAL: AÇÃO PENAL

TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

CF/88
⦁ Art. 129, I, CF/88
⦁ Art. 5º, LIX, CF/88

CPP
⦁ Art. 3º-B, IV, CPP
⦁ Art. 5º, §4º, CPP
⦁ Art. 24 ao Art. 68, CPP
⦁ Art. 384 e 385, CPP
⦁ Art. 395, CPP

OUTROS DIPLOMAS LEGAIS


⦁ Art. 76 e 88 a 91, Lei 9099/95
⦁ Art. 2º, § 1º, Lei n. 9.613/98
⦁ Art. 83, § 2º, Lei n. 9.430/96,

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!

⦁ Art. 3º-B, IV, CPP


⦁ Art. 24 e 25, CPP
⦁ Art. 28, CPP (cuidado com a nova redação trazida pelo Pacote Anticrime que ainda não está
produzindo efeitos!)
⦁ Art. 28-A, CPP (IMPORTANTÍSSIMO!!!)
⦁ Art. 29, CPP
⦁ Art. 38, 41, 42, 46, 48, 49 e 51, CPP
⦁ Art. 60, CPP (alto índice de cobrança em prova objetiva!)
⦁ Art. 65, 66 e 67, CPP (alto índice de cobrança em prova objetiva!)
⦁ Art. 396, CPP

Olá pessoal. Antes de começarmos o estudo do nosso material, é importante lembrar que vários
dispositivos da L.13964/19 estão com a eficácia suspensa. Decidimos deixar os apontamentos no

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material para o caso do STF julgar o mérito da ADI 6298.

Medidas cautelares concedidas para suspender sine die a eficácia:

(a) Da implantação do juiz das garantias e seus consectários (Artigos 3º-A, 3º-B, 3º-C, 3º-D, 3ª-
E, 3º-F, do Código de Processo Penal);

(b) Da alteração do juiz sentenciante que conheceu de prova declarada inadmissível (157,
§5º, do Código de Processo Penal);

(c) Da alteração do procedimento de arquivamento do inquérito policial (28, caput, Código


de Processo Penal); e

(d) Da liberalização da prisão pela não realização da audiência de custodia no prazo de 24


horas (Artigo 310, §4°, do Código de Processo Penal);

1. PRETENSÃO PUNITIVA

Possui o jus puniendi como seu elemento intersubjetivo, e é composta pelo próprio direito de punir,
situado dentro da relação jurídico-penal que se forma após a prática do crime.
A legislação, a exemplo do Código Penal, prevê a conduta de matar alguém, com pena de 6 a 20 anos
(art. 121, CP). O tipo penal incriminador até então encontra-se no plano abstrato.
Porém, no momento em que o sujeito pratica a conduta, in casu, o delito, o direito de punir, que
estava no plano abstrato, passa para o plano concreto, ocasião em que, surge o Ius Puniendi do Estado
(direito de punir).
→ A partir do momento em que alguém pratica a conduta delituosa prevista no tipo penal, este
direito de punir desce do plano abstrato e se transforma no ius puniendi in concreto.

REALIZAÇÃO DA CONDUTA PRETENSÃO PUNITIVA


PLANO ABSTRATO
A norma penal no plano Quando o sujeito pratica a A pretensão punitiva foi
abstrato prevê a conduta e conduta, inobstante esteja materializada/surgiu.
comina sanção. prevista como fato típico, Mundo concreto.
nasce para o Estado a
possibilidade de exercício do
seu jus puniendi.

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Ação penal x pretensão punitiva:

• Ação penal: É instrumento utilizado pelo Estado para obter o julgamento da pretensão punitiva. A
ação penal é instrumentalmente conexa a uma pretensão punitiva pois, ao propor a ação penal, o
Ministério Público pede a condenação do réu, o que só será possível quando procedente a pretensão
punitiva.
• Pretensão punitiva: Verifica-se quando se imputa ao réu, mediante a ação penal, a prática de crime
e pede a aplicação da pena cominada na norma incriminadora.

Nesse sentido, preleciona Renato Brasileiro:

O Estado, por intermédio do Poder Legislativo, elabora as leis penais, cominando


sanções àqueles que vierem a praticar a conduta delituosa, surge para ele o direito
de punir os infratores num plano abstrato e, para o particular, o dever de se abster
de praticar a infração penal. No entanto, a partir do momento em que alguém
pratica a conduta delituosa prevista no tipo penal, este direito de punir desce do
plano abstrato e se transforma no jus puniendi in concreto. O Estado, que até então
tinha um poder abstrato, genérico e impessoal, passa a ter uma pretensão concreta
de punir o suposto autor do fato delituoso (Manual de Processo Penal, Renato
Brasileiro, 2017, p. 37).

Pergunta-se: E em que consiste a pretensão punitiva?


A pretensão punitiva, pode ser compreendida como o poder do Estado de exigir de quem comete um
delito a submissão à sanção penal. Através da pretensão punitiva, o Estado procura tornar efetivo o jus
puniendi, exigindo do autor do delito, que está obrigado a sujeitar-se à sanção penal, o cumprimento dessa
obrigação, que consiste em sofrer as consequências do crime e se concretiza no dever de abster-se ele de
qualquer resistência contra os órgãos estatais a que cumpre executar a pena. (Manual de Processo Penal,
Renato Brasileiro, 2017, p. 37).

2. AÇÃO PENAL

2.1 Direito de Ação

a) Conceito
O Estado trouxe para si o exercício da função jurisdicional, de modo que ele deverá fornecer ao
cidadão a tutela jurisdicional. Esse instrumento encontra-se solidificado no direito de ação.
Nesse sentido, o direito de ação é o direito público subjetivo consagrado na CF/88, de se exigir do
Estado-Juiz a aplicação do direito objetivo ao caso concreto, para a solução da demanda penal.
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É o direito que a parte acusadora – Ministério Público ou ofendido (querelante) – tem de mediante
o devido processo legal, provocar o Estado-Juiz a dizer o direito objetivo no caso concreto. (Renato
Brasileiro).

b) Fundamento Constitucional
O direito de ação é extraído da própria Constituição Federal, art. 5º, XXXV: “a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.
O dispositivo constitucional consagra o chamado princípio da inafastabilidade de jurisdição. Assim,
se ela não excluirá de sua apreciação, significa dizer que incumbe a esta o dever de prestá-la.
DICA: não confundir Direito de ação com ação propriamente dita:

Direito de ação Ação


É o direito de ingressar em juízo, na busca da É a materialização do Direito de ação, razão
tutela jurisdicional. Tem natureza jurídica de pela qual denomina-se de ação propriamente
um direito público, subjetivo, abstrato, dita. É o ato, por meio do qual, instrumentaliza-
autônomo e instrumental (meio para se se o direito de ação assegurado
permitir o exercício do direito de punir do constitucionalmente.
Estado).

Conforme leciona Renato Brasileiro (2017, p. 199): “De acordo com a doutrina majoritária, o direito
de ação penal é o direito público subjetivo de pedir ao Estado-Juiz a aplicação do direito penal objetivo a um
caso concreto. Funciona, portanto, como o direito que a parte acusadora – Ministério Público ou o ofendido
(querelante) – tem de, mediante o devido processo legal, provocar o Estado a dizer o direito objetivo no caso
concreto”.

*ATENÇÃO: não se pode confundir o direito de ação com o direito que se afirma ter quando se
exercita o direito de ação, o qual pode ser designado como o direito material deduzido em juízo. O direito
de ação é abstrato, pois independe deste conteúdo que se afirma quando se provoca a jurisdição.

a) Características do direito de ação penal:

1) Direito público: a atividade jurisdicional que se pretende provocar é de natureza pública;

2) Direito subjetivo: o titular do direito de ação penal pode exigir do Estado-Juiz a prestação
jurisdicional, relacionada a um caso concreto;

3) Direito autônomo: não se confunde com o direito material que se pretende tutelar;

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4) Direito abstrato: existe e será exercido mesmo quando a demanda for julgada improcedente;

5) Direito determinado: é instrumentalmente conexo a um fato concreto;

6) Direito específico: apresenta um conteúdo, que é o objeto da imputação.

2.2 Condições da Ação

Para uma doutrina moderna, as condições da ação penal não podem ser extraídas da teoria geral do
processo civil, deve ter suas próprias condições da ação. Nesse sentido professor Aury Lopes Jr (abordaremos
mais adiante as condições da ação para o autor).

 Lembrando que esse tema foi uma das questões discursivas para Delegado PR 2013 (Disserte sobre
as condições da ação).

a) Conceito: São requisitos mínimos indispensáveis ao julgamento da causa. Segundo Nestor Távora (2017,
p. 156)

“São os requisitos necessários e condicionantes ao exercício do direito de ação.


Como se depreende, o exercício do direito de ação não se pode traduzir numa
aventura desmedida. É certo que a deflagração da ação implica sérias
consequências ao réu, exigindo-se do demandante o preenchimento de certas
condições, para que o pleito jurisdicional possa ser exercido de forma legítima”.

A doutrina trabalha com duas espécies de condições da ação: condições genéricas e as condições
específicas (condições de procedibilidade).

b) Condições Genéricas:
São aquelas condições que deve estar presente em toda e qualquer ação penal, independentemente
da natureza do crime, da pessoa processada, e do procedimento a ser seguido.
São elas:

1) Legitimidade para agir: é a pertinência subjetiva da ação.


2) Interesse de agir
3) Possibilidade jurídica do pedido + Justa Causa (lastro probatório mínimo de suporte para
início da ação penal).

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c) Condições Específicas
Serão necessárias apenas em relação a determinadas infrações penais, ou ainda, em alguns
procedimentos específicos.
Exemplo 1: condição específica em decorrência da natureza do crime – implemento da
representação, sendo a representação uma condição específica para seu ajuizamento
Exemplo 2: autorização de assembleia para que determinados agentes políticos sejam criminalmente
processados.
Desse modo, contemplamos que as condições podem ser GENÉRICAS presentes em qualquer ação
penal, e ESPECÍFICAS presentes apenas em algumas espécies de ação penal.

2.2.1 Condições genéricas da Ação

a) LEGITIMATIO AD CAUSAM (ATIVA/PASSIVA): é a pertinência subjetiva da ação.

• Legitimidade ativa:
Nessa esteira, segundo Renato Brasileiro, é a situação prevista em lei que permite a um determinado
sujeito propor a demanda judicial e a um determinado sujeito ocupar o polo passivo dessa mesma demanda.
Há legitimidade de partes quando o autor afirma ser titular do direito subjetivo material demandado
(legitimidade ativa) e pede a tutela em face do titular da obrigação correspondente àquele direito
(legitimidade passiva).

DICA: A espécie da ação penal definirá o seu legitimado.

A legitimidade ativa pertence ao titular da ação penal, o que por via consequencial, dependerá se o
crime é de ação penal pública ou ação penal privada. Assim:

▪ Na ação penal pública incondicionada – a legitimidade ativa é, em regra, do Ministério Público.


▪ Na ação penal privada – a legitimidade ativa é do ofendido ou de seu representante legal.

Lembre-se que, ainda que de ação penal pública, se verificada a inércia do MP, surge para o
ofendido a possibilidade de propor queixa-crime subsidiária (ação penal privada subsidiária da pública).

• Legitimidade ad causam passiva no processo

Em face de quem pode ser proposta a ação penal? A legitimidade recai sobre o suposto autor do fato
delituoso, com 18 anos completos ou mais.

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* Fala-se em “provável autor” em respeito ao princípio da presunção de inocência.

IMPORTANTE (1): Legitimidade ad causam ativa e passiva da Pessoa Jurídica no Processo Penal:
A pessoa jurídica é dotada de legitimidade ativa (pode oferecer ação penal – pública, se restar
caracterizada a inércia do MP ou privada).
Quanto à legitimidade passiva, (pode ser o provável autor do delito) também é admitida, todavia
com relação apenas aos crimes ambientais.

Lei 9.605/98 – Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa,


civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja
cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão
colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.

IMPORTANTE (2): Teoria da Dupla Imputação


Até pouco tempo atrás trabalhava-se com a adoção da teoria da dupla imputação, segundo a qual a
imputação da pessoa jurídica deveria ter por consequência a imputação também da pessoa física. Em outras
palavras: a pessoa jurídica só poderia ser denunciada pela prática de crimes ambientais se a pessoa física
também fosse.
Contudo, esse não é o entendimento que prevalece atualmente. Assim, é possível dizer que a pessoa
jurídica figurar como polo passivo da ação penal, independentemente da responsabilização concomitante
das pessoas físicas, pois os Tribunais Superiores não mais adotam a Teoria da Dupla Imputação.

STJ: “(...). Conforme orientação da 1ª Turma do STF, ‘O art. 225, § 3º, da


Constituição Federal não condiciona a responsabilização penal da pessoa jurídica
por crimes ambientais à simultânea persecução penal da pessoa física em tese
responsável no âmbito da empresa. A norma constitucional não impõe a necessária
dupla imputação. (RE 548181). Tem-se, assim, que é possível a responsabilização
penal da pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente da
responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome.
Precedentes desta Corte. 3. A personalidade fictícia atribuída à pessoa jurídica não
pode servir de artifício para a prática de condutas espúrias por parte das pessoas
naturais responsáveis pela sua condução. 4. Recurso ordinário a que se nega
provimento”. (STJ, 5ª Turma, RMS 39.173/BA, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, j. 06/08/2015, Dje 13/08/2015).

b) INTERESSE DE AGIR: Composto pelo trinômio (necessidade, adequação e utilidade)

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b.1. Necessidade: No processo penal a necessidade é presumida, pois “nulla poena sine judicio”. Desse
modo, não é possível a imposição de pena sem existência de um processo penal.

Exceção:
 Transação Penal (Lei 9.099/95):
 Acordo de não persecução penal (art. 28-A, CPP – inserido pelo Pacote Anticrime)
 Colaboração premiada (Lei 12.850/13)

Art. 76. É possível o cumprimento imediato de pena, sem que haja sequer processo,
pois a pena negociada é anterior mesmo ao oferecimento da peça acusatória.

Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado


formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave
ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá
propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para
reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas
cumulativa e alternativamente: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir
em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva
de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a
investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um
ou mais dos seguintes resultados

Observação: Todas as exceções elencadas são mitigações do princípio da obrigatoriedade da ação penal
pública (presentes as condições da ação, o MP é obrigado a denunciar, art. 24 CPP).

b.2. Adequação: É preciso pleitear-se uma medida adequada para buscar seus interesses.

Atenção: Essa adequação não tem importância para as ações penais condenatórias. Tem
relevância nas ações penais não condenatórias, por exemplo, Habeas Corpus.

Exemplo: HC nas hipóteses que não é cabível a mesma. Não se admite HC quando a pena é apenas
pecuniária ou em casos de crime de porte para o uso de drogas, pois não há o risco ambulatorial. E, ainda, a
Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, por unanimidade, que a concessão do benefício da
transação penal impede a impetração de habeas corpus em que se busca o trancamento da ação penal. A

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decisão, lavrada no âmbito do HC 495.148-DF, teve como relator o ministro Antonio Saldanha Palheiro - (HC
495.148/DF, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 24/09/2019, DJe
03/10/2019)

b.3. Utilidade: Consiste na eficácia da atividade jurisdicional para satisfazer a tutela do autor.

Atenção: Prescrição em perspectiva (virtual/hipotética): consiste no reconhecimento antecipado


da prescrição em virtude da constatação de que, no caso de possível condenação, eventual pena que
venha a ser imposta ao acusado estaria fulminada pela prescrição da pretensão punitiva retroativa,
tornando inútil a instauração do processo penal.

STF e STJ não admitem a prescrição virtual. Nesse sentido, a súmula 438 do STJ.

Súmula 438, STJ. É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da


pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente da
existência ou sorte do processo penal.

c) JUSTA CAUSA: Podemos conceituar justa causa como sendo o lastro probatório mínimo indispensável
para a instauração de um processo penal.

Assim, deve a acusação ser portadora de elementos de informação que justifiquem a admissão da
acusação e o custo que representa o processo penal em termos de estigmatização e penas processuais.
Funciona, pois, como uma condição de garantia contra o uso abusivo de direito de acusar, evitando a
instauração de processos levianos ou temerários.
A natureza Jurídica da Justa Causa é alvo de divergência doutrinária, no entanto, prevalece que o CPP
insere a justa causa como condição genérica da ação, em razão do art. 395, III, CPP:

Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (Redação dada pela Lei nº
11.719, de 2008).
I - for manifestamente inepta;
I - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.

• Justa causa duplicada


A expressão “justa causa duplicada” refere-se à condição para que seja iniciada uma ação penal para
julgar um crime de lavagem de capitais, previsto na Lei nº. 9.613/98.
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Segundo Renato Brasileiro: “Em se tratando de crime de lavagem de capitais, porém, não basta
demonstrar a presença de lastro probatório quanto à ocultação de bens, direitos ou valores, sendo
indispensável que a denúncia também seja instruída com suporte probatório demonstrado que tais valores
são provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal (Lei 9.613/98, art. 1º, caput, com redação dada
pela Lei 12.683/12). Tem-se aí o que a doutrina chama de justa causa duplicada, ou seja, lastro probatório
mínimo quanto à lavagem e quanto à infração precedente. A propósito, o art. 2º, § 1º, da Lei 9.613/98,
estabelece que a denúncia será instruída com indícios suficientes da existência da infração penal
antecedente, sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor,
ou extinta a punibilidade da infração penal antecedente”.

Lei n. 9.613/98, art. 2º, § 1º: A denúncia será instruída com indícios suficientes da
existência da infração penal antecedente, sendo puníveis os fatos previstos nesta
Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor, ou extinta a punibilidade
da infração penal antecedente.
• Justa causa triplicada:
A doutrina aponta ainda para a existência de uma justa causa triplicada que ocorre quando a infração
penal antecedente à lavagem de capitais também possui uma infração penal antecedente para a sua
configuração. É o exemplo do crime de lavagem que tem como infração penal antecedente o crime de
receptação, o qual, por sua vez, tem como infração penal antecedente o crime de roubo.
Assim, quando do oferecimento da denúncia, cabe ao Parquet revelar o suporte probatório mínimo
em relação a estes três delitos, daí porque a justa causa se apresenta, de fato, triplicada.

ATENÇÃO! Súmula aprovada em 2021!!!


Súmula 648-STJ: A superveniência da sentença condenatória prejudica o pedido de trancamento da ação
penal por falta de justa causa feito em habeas corpus.

Imagine a seguinte situação hipotética: O Ministério Público ajuizou ação penal contra João
acusando-o da prática de determinado crime. O juiz recebeu a denúncia e determinou a citação do réu para
responder a acusação. João apresentou resposta escrita alegando que não havia justa causa e que, portanto,
ele deveria ser absolvido sumariamente. O magistrado, contudo, rejeitou o pedido de absolvição sumária e
determinou o início da instrução penal.
João ainda continuava inconformado. Existe algum recurso que ele possa interpor? Cabe algum
recurso contra a decisão do juiz que rejeita o pedido de absolvição sumária?
NÃO. Não existe recurso cabível na legislação para esse caso. Diante disso, a jurisprudência admite a
impetração de habeas corpus sob o argumento de que existe risco à liberdade de locomoção.
Desse modo, em nosso exemplo, a defesa de João impetrou habeas corpus no Tribunal de Justiça
pedindo o trancamento da ação penal por falta de justa causa. O Desembargador negou o pedido de liminar

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e designou o dia 15/08 para o julgamento do habeas corpus pela Câmara Criminal do TJ. Ocorre que, antes
disso, no dia 08/08, o juiz proferiu sentença condenando o réu.

 Diante desse cenário, o que acontece com o julgamento do habeas corpus? O Tribunal de Justiça irá
apreciar o mérito do habeas corpus?
NÃO. A superveniência de sentença condenatória torna prejudicado o pedido feito no habeas
corpus se buscava o trancamento da ação penal sob a alegação de falta de justa causa. A sentença
condenatória analisa a existência de justa causa de forma mais aprofundada, após a instrução penal com
contraditório e ampla defesa. Logo, não faz mais sentido o Tribunal examinar a decisão de rejeição da
absolvição sumária se já há uma nova decisão mais aprofundada. Será essa nova manifestação (sentença)
que precisará ser analisada.
Logo, o réu terá que interpor apelação contra a sentença condenatória, recurso de cognição ampla por meio
do qual toda a matéria será devolvida ao Tribunal, que terá a possibilidade de examinar se a condenação foi
acertada, ou não.

 E se a sentença tivesse sido absolutória? Se o juiz tivesse absolvido João, o HC também ficaria
prejudicado?
SIM. Com maior razão, o habeas corpus estaria prejudicado, mas agora por outro motivo: falta de
interesse processual já que a providência buscada pela defesa foi alcançada em 1ª instância. Nesse sentido:

A superveniência de sentença absolutória, na linha da orientação firmada nesta


Corte, torna prejudicado o pedido que buscava o trancamento da ação penal sob a
alegação de falta de justa causa. STJ. 6ª Turma. AgInt no RHC 31.478/SP, Rel. Min.
Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 26/03/2019.

d) ORIGINALIDADE
E, por fim, como uma condição da ação, mas não está em qualquer manual de processo penal, seria
a ORIGINALIDADE.
Nos ensinamentos dos professores, André Luiz Nicolitt e Afrânio Silva Jardim, a originalidade seria
uma das condições da ação, vejamos:

“A maior parte da doutrina não considera a originalidade uma condição da ação,


classificando-a como pressuposto processual negativo”.

“A originalidade consiste na ausência de litispendência e coisa julgada, isto é, a


demanda deve ser original, porquanto o ordenamento jurídico veda o exercício
mais de uma vez da mesma ação.”
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2.2.2 Condições Específicas da Ação

Também chamadas de condições de procedibilidade:


1) Representação do ofendido;
2) Requisição do Ministro da Justiça;
3) Sentença anulatória de casamento, no crime do art. 236, do CP;
4) Ingresso no país do autor do crime praticado no estrangeiro;
5) Declaração de procedência da acusação pela Câmara dos Deputados, no julgamento do
Presidente da República;
6) Sentença que decreta a falência, nas ações falimentares.

Cuidado para não confundir condição de procedibilidade com condição de prosseguibilidade:

• CONDIÇÃO DE PROCEDIBILIDADE – é aquela necessária para dar INÍCIO À AÇÃO PENAL. Ex.: nos
crimes contra a honra, em regra, a representação é uma condição de procedibilidade, pois, sem ela,
a ação penal não pode ser iniciada.
Agora, é certo que sem a representação se pode nem iniciar a persecutio criminis, conforme
preconiza o artigo 5º, §4º, do CPP. Nesse caso, a representação é condição especial de
PERSEQUIBILIDADE, porque sem a representação não há como deflagrar a persecutio criminis.

• CONDIÇÃO DE PROSSEGUIBILIDADE – é aquela necessária para DAR PROSSEGUIMENTO À AÇÃO


PENAL. Ex.: a ação penal já está em curso, mas uma lei posterior altera a natureza da ação penal para
aquele crime. Ou seja: o crime que antes era de ação penal pública incondicionada (e, por isso, não
exigia representação), passou a ser de ação penal pública condicionada. Essa representação passa a
ser condição necessária para dar prosseguimento na ação penal.

Exemplo: A lei dos Juizados Especiais (Lei nº 9099/95) passou a exigir representação para os crimes
de lesão corporal leve e lesão corporal culposa. Ou seja, tais crimes, que antes eram de ação penal pública
incondicionada, passaram a exigir a representação tanto para dar início à ação penal (hipótese em que a
representação funciona como condição de procedibilidade), como para dar continuidade à ação que já
estava em andamento (hipótese em que funciona como condição de prosseguibilidade).
Nesse sentido, qual a natureza da representação quando se tratar de lesão corporal leve ou culposa
no âmbito dos Juizados Especiais?
Resposta: Depende!

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▪ Processos relativos à lesão corporal leve e culposa ainda não iniciados: exige representação para
dar início à ação penal (condição de procedibilidade) – art. 88, Lei 9.099/95
▪ Processos relativos à lesão corporal leve e culposa que já estavam em andamento: exige
representação para dar continuidade à ação penal (condição de prosseguibilidade) – art. 91, Lei
9099/95

Lei nº 9.099/95. Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação
especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesão
corporais leve e lesões culposas. → Condição de procedibilidade

Lei nº 9.099/95. Art. 91. Nos casos em que esta Lei passa a exigir representação
para a propositura da ação penal pública, o ofendido ou seu representante legal
será intimada para oferecê-la no prazo de 30 dias, sob pena de decadência. →
Condição de prosseguibilidade.

Sem representação a autoridade policial não pode instaurar o inquérito e assim dar início à persecutio
(condição especial de persequibilidade), sem a representação não se procede em Juízo, isto é, não se deflagra
ação penal (condição especial de procedibilidade) e sem a representação não se pode dar sequência ao feito
(condição especial de prosseguibilidade).

CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES:

1) A lei que altera a natureza jurídica de uma ação penal é considerada norma penal mista ou híbrida.
Vamos relembrar os tipos de norma penal e processual?

• Normas penais – são aquelas que cuidam do crime, da pena, da medida de segurança, dos efeitos da
condenação e do direito de punir do Estado (v.g., causas extintivas da punibilidade
• Normas processuais penais – são aquelas que versam sobre o processo desde o seu início até o final
da execução ou extinção da punibilidade. Lembre-se que, à luz do art. 2º do CPP, a lei processual
penal possui aplicação imediata:

Art. 2º - A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos
atos realizados sob a vigência da lei anterior.

As normas processuais penais podem ser:

a) Norma genuinamente processual – são aquelas que cuidam de procedimentos, atos processuais,
técnicas de processo.
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b) Norma processual material (ou norma mista ou híbrida) – são aquelas que versam sobre o processo
desde o seu início até o final da execução ou extinção da punibilidade. Assim, se um dispositivo legal,
embora inserido em lei processual, versa sobre regra penal, de direito material, a ele serão aplicáveis
os princípios que regem a lei penal, de ultratividade e retroatividade da lei mais benigna. (Renato
Brasileiro, Manual de Processo Penal, 2017).

→ Em outras palavras: quando se tratar de norma penal mista, o critério a ser aplicado é o mesmo do
direito penal, ou seja, irretroatividade da lei maléfica e retroatividade da lei benigna.

ENTENDA: As normas que alteram a natureza jurídica de uma ação penal são consideradas normas híbridas
porque, embora inseridas em diploma processual penal, possuem reflexos diretos em institutos de direito
penal, como, por exemplo, a extinção da punibilidade.
Isso porque, o crime que antes era de ação penal pública incondicionada e se torna de ação penal pública
condicionada, passa a admitir uma nova hipótese de extinção da punibilidade, qual seja, a decadência pela
ausência de representação).

2) Considerando que a norma sobre a natureza jurídica da ação penal é uma norma híbrida e que as
normas híbridas devem seguir as regras das normas penais, é possível dizer que, em regra, caberá a
retroatividade da lei em benefício do réu.

No entanto, tenham cuidado!!! Essa retroatividade nem sempre será possível!!! Não basta analisar
o instituto apenas de acordo com a lei penal no tempo, sendo necessário também analisar se se trata de uma
condição de procedibilidade ou prosseguibilidade.

Vamos exemplificar para uma melhor compreensão:


A Lei 13.964/2019 alterou a natureza jurídica da ação penal referente ao crime de estelionato.
Antes, o crime de estelionato era sempre de ação penal pública incondicionada. Com a vigência da lei, o
crime passou a ser de ação penal pública condicionada à representação, salvo algumas hipóteses
expressamente previstas. Veja:

Art. 171, § 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima


for: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - a Administração Pública, direta ou indireta; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
II - criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - pessoa com deficiência mental; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
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• Antes da Lei 13.964/2019: o crime era de ação penal pública incondicionada


• Após a Lei 13.964/2019: o crime passou a ser tratado, em regra, como crime de ação penal pública
condicionada à representação.

Regra: ação penal pública condicionada à representação.


Exceção: ação penal pública incondicionada quando o estelionato for perpetrado em face de:
✓ Administração Pública, direta ou indireta;
✓ Criança ou adolescente;
✓ Pessoa com deficiência mental;
✓ Maior de 70 (setenta) anos de idade;
✓ Incapaz.

Inicialmente, pergunta-se: Trata-se de alteração de ordem penal ou de ordem processual?


Essa pergunta é relevante já que definimos que se a norma é penal e for considerada benéfica, terá
retroatividade e deverá ser aplicada as ações penais em curso. Assim, aquelas pessoas que se encontram
processadas pelo delito de estelionato deverão ter em seus processos a aplicação da referida norma,
havendo a necessidade de ocorrer a representação como condição de prosseguibilidade do processo.
Por outro lado, se entendermos que a norma possui caráter processual, a aplicação será imediata e
sem retroatividade, somente se aplicando aos delitos de estelionato ocorridos após a entrada em vigor da
referida legislação.
Assim, respondendo ao questionamento, a referida norma possui caráter híbrido, penal e
processual, e, nesses casos, há de prevalecer a sua vertente penal.

E como se posiciona a jurisprudência?


Considerando a alteração promovida pela Lei 13.964/2019, os Tribunais Superiores foram instados a
se manifestar acerca da retroatividade da sua aplicação e, consequentemente, necessidade de oferecimento
ou não da representação aos processos em curso.
A discussão teve início no STJ (HC 573.093) e, no curso dos anos de 2020 e 2021 foi objeto de uma
série de divergências. Veja a evolução jurisprudencial:
(1) Em 14/04/2020, no HC 573.093, a 5ª Turma do STJ decidiu que a retroatividade da representação deve
se restringir à fase policial, pois do contrário estar-se-ia transformando uma condição de
procedibilidade em prosseguibilidade.
(2) Em 04/08/2020, no Julgado HC 583.837, a decisão da 6ª Turma do STJ foi no sentido de que, por ser lei
mais benéfica, deve retroagir.
(3) Em 21/09/2020, a 5ª Turma reiterou o entendimento de que a retroatividade da representação no crime
de estelionato deve se restringir à fase policial (ato jurídico perfeito).

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(4) Em 14/10/2020, a 1ª Turma do STF reconheceu não ser cabível a aplicação retroativa do parágrafo 5º
do artigo 171 do CP, uma vez que no momento do oferecimento da denúncia a ação era incondicionada
e não se exigia representação (HC 187.341/SP).
(5) Em 13/04/2021, a Terceira Seção consolidou o entendimento das turmas criminais do Superior Tribunal
de Justiça (STJ) ao definir que a exigência de representação da vítima como pré-requisito para a ação
penal por estelionato – introduzida pelo Pacote Anticrime– não pode ser aplicada retroativamente para
beneficiar o réu nos processos que já estavam em curso (Info 691).
(6) Em 22/06/2021, A 2ª Turma do STF decidiu que a alteração promovida pela Lei nº 13.964/2019, que
introduziu o § 5º ao art. 171 do Código Penal, ao condicionar o exercício da pretensão punitiva do Estado
à representação da pessoa ofendida, deve ser aplicada de forma retroativa a abranger tanto as ações
penais não iniciadas quanto as ações penais em curso até o trânsito em julgado (Info 1023).
Logo, no cenário atual acerca da matéria, temos o entendimento pacificado do STJ no sentido de que
deve ser observada a retroatividade, respeitando-se a limitação do ato jurídico perfeito e acabado
materializado com o oferecimento da denúncia. No STF, contudo, permanece a divergência, uma vez que a
1ª Turma acompanha do entendimento do STJ, porém, a 2ª Turma, segundo decisão mais recente, admite a
extensão da retroatividade para todas as ações penais em curso que ainda não tenham transitado em
julgado.

E como se posiciona a doutrina?


Quanto ao tema, explica Rogério Sanches:
“Tendo em vista que a necessidade de representação traz consigo institutos
extintivos da punibilidade, a regra do art. 171, §5º deve ser analisada sob a
perspectiva da aplicação da lei penal no tempo. Vamos diferenciar duas hipóteses:

a) Se a denúncia já foi ofertada, trata-se de ato jurídico perfeito, não sendo


alcançado pela mudança. Não nos parece correto o entendimento de que a vítima
deve ser chamada para manifestar seu interesse em ver prosseguir o processo. Essa
lição transforma a natureza jurídica da representação de condição de
procedibilidade em condição de prosseguibilidade. A lei nova (Lei 13.964/2019)
NÃO EXIGIU ESSA MANIFESTAÇÃO, AO CONTRÁRIO DO QUE FEZ A LEI 9.099/95, que
a exigiu de forma expressa no art. 91).

b) Se a incoativa ainda não foi oferecida, deve o MP aguardar a oportuna


representação da vítima ou o decurso do prazo decadencial, cujo termo inicial, para
fatos pretéritos, é o da vigência da novel lei.”.

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Obs: Para o professor Aury Lopes Jr, como dissemos alhures, o processo penal não poderia se valer da
teoria geral do processo civil para conferir das mesmas condições da ação. Para o processualista penal, são
condições da ação penal:

a) Prática de fato aparentemente criminoso


b) Punibilidade concreta
c) Legitimidade da parte
d) Justa Causa

a) Prática de fato aparentemente criminoso - fumus comissi delicti: o fato penalmente relevante praticado
in tese, deve ser típico, ilícito e culpável, não se admitiria uma ação penal por um fato que não fosse crime.
Ex: denúncia por incesto, furto de coisa própria.

b) Punibilidade concreta: deve o juiz rejeitar a peça acusatória quando houver prova de extinção da
punibilidade. Quando presente a causa de extinção de punibilidade, como prescrição, decadência, renúncia,
a denúncia ou queixa deverá ser rejeitada e o réu absolvido sumariamente, conforme o momento em que
seja reconhecida.

OBS: As outras duas condições para o professor Aury são idênticas as já exauridas acima e, por uma questão
de economia nos estudos, não abordaremos.

Sobre o tema Condições da Ação, confira a dica do professor Tiago Dantas:

https://youtu.be/iB6yH8kLH0g

3. AÇÃO PENAL PÚBLICA

A ação penal pública pode ser:


1) Ação penal pública incondicionada

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2) Ação penal pública condicionada à representação


3) Ação penal pública subsidiária da pública

3.1 Ação Penal Pública Incondicionada

O CPP Adota como critério a titularidade da ação penal.


Ação penal pública incondicionada é a regra, de modo que, no silêncio da lei, o crime será de ação
penal pública incondicionada

a) Titular: Ministério Público, sem necessidade de manifestação da vontade de terceiros (a ação é


deflagrada de ofício pelo MP)

b) Peça inicial: Denúncia é a peça privativa do Ministério Público que dá início à ação penal pública.

Obs.: Mais adiante veremos os pressupostos para a denúncia em contraposição à queixa crime (pena inicial
ofertada pelo ofendido nas ações penais privadas).

c) Prazos para oferecer a denúncia:

• Réu preso: 05 dias;


REGRA DO CPP • Réu solto: 15 dias.
CRIMES ELEITORAL 10 dias
TRÁFICO DE DROGAS 10 dias
CRIMES CONTRA A ECONOMIA 2 dias
POPULAR
LEI DE FALÊNCIAS • Réu preso: 05 dias;
• Réu solto: 15 dias.

d) Exemplos de crimes que são de ação penal pública incondicionada:

1) Os crimes de lesões corporais leves e culposas no contexto da Lei Maria da Penha são de ação penal
pública incondicionada.

Súmula 542, STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de
violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada."

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2) Todos os crimes contra a dignidade sexual passaram a ser de ação penal pública incondicionada, em
virtude da alteração promovida pela Lei nº 13.718/2018:

Art. 1º Esta Lei tipifica os crimes de importunação sexual e de divulgação de cena


de estupro, torna pública incondicionada a natureza da ação penal dos crimes
contra a liberdade sexual e dos crimes sexuais contra vulnerável, estabelece causas
de aumento de pena para esses crimes e define como causas de aumento de pena
o estupro coletivo e o estupro corretivo.

3) Crimes na Lei de Abuso de Autoridade (art. 3º, Lei 13.869/2019).

Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada.

CAIU NA PROVA DPE-PI – Defensor Público 2022 – CESPE / CEBRASPE: Consoante a jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal e a do Superior Tribunal de Justiça, em regra, no caso de crime de lesão corporal resultante de
violência doméstica contra a mulher, a ação penal será pública incondicionada. (item correto)

3.2 Ação Penal Pública Condicionada

A ação penal pública condicionada é aquela que depende da manifestação de vontade do legítimo
interessado para que a persecução penal possa se iniciar.
A ação penal pública condicionada pode ser:
1) Ação penal pública condicionada à representação do ofendido
2) Ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça.

Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do
Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro
da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para
representá-lo.

3.2.1 Ação Penal Pública Condicionada à Representação do Ofendido

• Representação do ofendido é o pedido e a autorização que condiciona o início da persecução penal.


Sem ela inexiste processo, IP e até mesmo lavratura de flagrante.

Art. 5ª, § 4o , CPP O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de
representação, não poderá sem ela ser iniciado.

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• Natureza jurídica: é uma condição de procedibilidade.

Lembrando que pode ser condição de prosseguibilidade, como vimos anteriormente, a exemplo da
Lei 9.099/95 quando passou a exigir representação para as lesões corporais leves e culposas.

• Legitimidade para receber a representação da vítima:


1) Delegado
2) MP
3) Juiz

• Legitimidade para oferecer a representação:


1) Vítima ou seu representante legal.

Obs.: A representação pode ser feita pessoalmente ou por procurador maior de 18 anos,
desde que possua poderes especiais.

Súmula 594 STF: Os direitos de queixa e de representação podem ser exercidos,


independentemente, pelo ofendido ou por seu representante legal;

2) Diante da morte ou da declaração judicial de ausência da vítima teremos os sucessores:


cônjuge/companheiros, ascendentes, descendentes e irmãos - CADI.

Obs1. Trata-se de rol preferencial e taxativo.


Obs.2: Deve-se respeitar a ordem preferencial (CADI) quando houver morte, declaração
judicial de ausência ou incapacidade civil superveniente. Por outro lado, em caso de abandono ou
desistência da ação, o art. 36 preconiza que qualquer dessas pessoas do CADI poderá prosseguir com a
ação, independentemente de obedecer à ordem preferencial!

Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do
Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro
da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para
representá-lo.

§ 1o No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão


judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente
ou irmão.

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Art. 36. Se comparecer mais de uma pessoa com direito de queixa, terá preferência
o cônjuge, e, em seguida, o parente mais próximo na ordem de enumeração
constante do art. 31, podendo, entretanto, qualquer delas prosseguir na ação,
caso o querelante desista da instância ou a abandone.

 FIQUE ATENTO!
Relevante julgado do STJ, ventilado no informativo 654 (09/2019), estendeu o direito à
representação ao companheiro.

A companheira, em união estável homoafetiva reconhecida, goza do mesmo


status de cônjuge para o processo penal, possuindo legitimidade para ajuizar a
ação penal privada.

No caso, trata-se de crime de calúnia contra pessoa morta, o que aponta que os
querelantes – mãe, pai, irmã e companheira em união estável da vítima falecida –
são partes legítimas para ajuizar a ação penal privada, nos termos do art. 24, § 1º,
do CPP. Cumpre anotar que a companheira, em união estável reconhecida, goza do
mesmo status de cônjuge para o processo penal, podendo figurar como legítima
representante da falecida. Vale ressaltar que a interpretação extensiva da norma
processual penal tem autorização expressa do art. 3º do CPP ("a lei processual penal
admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento
dos princípios gerais de direito"). Ademais, o STF, ao apreciar o tema 498 da
repercussão geral, reconheceu a "inexistência de hierarquia ou diferença de
qualidade jurídica entre as duas formas de constituição de um novo e
autonomizado núcleo doméstico, aplicando-se à união estável entre pessoas do
mesmo sexo as mesmas regras e mesmas consequências da união estável
heteroafetiva" (RE 646.721, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. Acd. Min. Roberto
Barroso, Tribunal Pleno, julgado em 10/05/2017, DJe 11/09/2017).

Atenção:
Pessoas jurídicas: Se vítimas de infrações penais, podem oferecer representação por quem os
respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-
gerentes.
• Forma da representação: De acordo com o STJ/STF, ela tem forma livre, podendo ser oral ou por
escrito. Ou seja: não precisa ser através de peça formal.
• Prazo para a representação: seis meses contados do conhecimento da autoria. Não interessa a data
do fato.

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Obs.: O prazo para oferecimento da representação tem natureza decadencial, não se admite suspensão,
prorrogação ou interrupção.

 RETRATAÇÃO DA REPRESENTAÇÃO:

• Regra: a retratação da representação é possível até antes do oferecimento da denúncia.

Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia.

• Exceção: Na Lei Maria da Penha, a retratação é possível até o recebimento da denúncia, em


audiência perante o juiz designada especialmente para esse fim!

Lei 11.340/06. Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da
ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante
o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do
recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.

ATENÇÃO! A vítima poderá se arrepender da retratação e renovar a representação, desde que esteja
dentro do prazo. Ou seja: “cabe retratação da retratação da representação”!
Porém, há DUAS EXCEÇÕES, dois microssistemas que fatalmente a retratação da representação por
lei extingue a punibilidade: Juizado da Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, e Juizado, JECRIM.
Nos dois casos, a retratação da representação fulmina de vez o direito de representação, porque dá azo à
extinção da punibilidade.

• Eficácia Objetiva da Representação: Feita a representação por um fato delituoso ela abrange todos
os possíveis coautores e participes.

Por eficácia objetiva da representação, entende-se o seguinte: se oferecida a representação contra


um dos partícipes ou coautores do crime, o promotor de justiça deve oferecer a denúncia contra todos
aqueles que praticaram o delito. Porém a representação só é válida para aquele delito.
Assim, se a vítima representou apenas pelo delito de injúria, não é possível o MP amplie a
representação para abranger os crimes de calúnia e difamação, em face da eficácia objetiva da
Representação. Não abrange outros crimes, envolvendo apenas todos os coautores.

STF: HC 98.237/SP. STF, “(...) O fato que constitui objeto da representação oferecida
pelo ofendido (ou, quando for o caso, por seu representante legal) traduz limitação
material ao poder persecutório do Ministério Público, que não poderá, agindo
"ultra vires", proceder a uma indevida ampliação objetiva da "delatio criminis"
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postulatória, para, desse modo, incluir, na denúncia, outros delitos cuja


perseguibilidade, embora dependente de representação, não foi nesta pleiteada
por aquele que a formulou. Precedentes. – A existência de divórcio ideológico
resultante da inobservância, pelo Ministério Público, da necessária correlação
entre os termos da representação e o fato dela objeto, de um lado, e o conteúdo
ampliado da denúncia oferecida pelo órgão da acusação estatal, de outro, constitui
desrespeito aos limites previamente delineados pelo autor da delação postulatória
e representa fator de deslegitimação da atuação processual do "Parquet". Hipótese
em que o Ministério Público ofereceu denúncia por suposta prática dos crimes de
calúnia, difamação e injúria, não obstante pleiteada, unicamente, pelo magistrado
autor da delação postulatória (representação), instauração de "persecutio criminis"
pelo delito de injúria. Inadmissibilidade dessa ampliação objetiva da acusação
penal”. (STF, 2ª Turma, HC 98.237, SP. Ministro Celso de Mello, j. 15/12/2009).

3.2.2 Ação Penal Pública Condicionada à Requisição do Ministro da Justiça

É ato de conveniência política, autorizando a persecução penal em alguns crimes.

• Prazo: A lei é omissa. Logo, pode ocorrer desde que não extinta a punibilidade;

CESPE/2018 - É de seis meses o prazo para que o ministro da Justiça requeira a instauração de inquérito
policial em crime de ação penal pública condicionada. Findo esse prazo, opera-se a decadência do direito de
ação. Item incorreto.

• Destinatário: MP (PGJ);

 Há discricionariedade do Ministro da Justiça


 A requisição NÃO vincula o MP. Ou seja: o MP não está obrigado a oferecer denúncia!

• Hipóteses:
1) Crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil;
2) Crimes contra a honra praticados contra o Presidente ou Chefe de Governo Estrangeiro.

3.2.3 Ação Penal Pública Subsidiária da Pública

Para alguns doutrinadores, essa subespécie de ação penal pode ser vislumbrada quando ocorre a
atuação de um órgão do MP diante da inércia de outro órgão do MP.

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Alguns exemplos dessa espécie “sui generis” de ação penal pública subsidiária da pública podem ser
apresentados:
a) Artigo 2º., § 2º., do Decreto – Lei 201/67, o qual trata dos Crimes de Responsabilidade de Prefeitos e
prevê que em caso de inércia do Procurador Geral de Justiça (lembrando que os Prefeitos têm
prerrogativa de função e são julgados pelos Tribunais de Justiça respectivo – artigo 29, X, CF), poderá
este ser substituído pelo Procurador Geral da República.
b) Artigo 27 da Lei 7.492/86, que trata dos Crimes contra o Sistema Financeiro e prevê que quando a
denúncia não é intentada no prazo legal, cabe ao ofendido representar ao Procurador Geral da
República a fim de que este a oferte ou designe outro órgão do Ministério Público para ofertar ou
mesmo que determine o arquivamento do feito. A lei não o diz, mas é implícito que também poderá o
Procurador Geral da República requerer novas diligências consideradas necessárias no caso concreto.
c) Finalmente, pode-se falar nos casos de deslocamento de competência como aqueles que ocorrem
quando há “grave violação dos direitos humanos” e inércia dos órgãos estaduais, podendo então o
caso, mediante representação do Procurador Geral da República perante o STJ, ser deslocado para a
Justiça Federal, isso com o fim de “assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados
internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte” (artigo 109, § 5º., CF). Também é
mencionável a possibilidade de deslocamento de Competência para o Tribunal Penal Internacional
(TPI), no caso de inércia dos órgãos internos brasileiros envolvendo crimes contra a humanidade
(artigo 5º., § 4º., CF).

Confira a dica do Professor Tiago Dantas:

https://youtu.be/h4n0S8kJ-Pw

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3.2.4 Princípios que Regem a Ação Penal Pública

1) PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE OU LEGALIDADE:

O princípio da obrigatoriedade está previsto no art. 24 do CPP. Com isso, diferentemente do que
ocorre com os demais princípios que possuem status constitucional ou convencional, possui status de lei
ordinária. Consequentemente, pode ser excepcionado por outra lei ordinária.

Art. 24: Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do
Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro
da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para
representá-lo.

O MP, titular da ação penal pública, está obrigado a oferecê-la, sempre que constatar a presença de
prova da materialidade e indícios de autoria ou participação.
Assim, se presentes as condições da ação penal e havendo justa causa, o MP está obrigado a
oferecer denúncia. Em outras palavras: não se reserva ao MP qualquer juízo de discricionariedade quando
constatada a presença de conduta delituosa e das condições da ação penal.

“se o legislador incriminou determinada conduta, dando relevância social ao bem


jurídico afetado ou posto em risco pelo comportamento do agente, não pode o
membro do Ministério Público afirmar que a ação delituosa não tem relevância,
que o interesse público ficaria atendido diante de sua inércia, deixando de
manifestar em juízo a pretensão punitiva estatal” (Afrânio Silva Jardim. Ação penal
pública: princípio da obrigatoriedade. 4ª Edição. Forense, 2001. p. 53).

A doutrina aponta 2 mecanismos de fiscalização do princípio da obrigatoriedade:

1) Princípio da devolução – art. 28, CPP (redação ainda em vigor em razão da suspensão da nova
redação trazida pelo Pacote Anticrime)
2) Ação Penal privada Subsidiária da pública

 Cuidado: Obrigatoriedade X pedido de absolvição pelo MP:


De acordo com o art. 385 do CPP, fica claro que o MP poderá opinar pela absolvição. Isso porque (i)
trata-se da garantia da independência funcional do promotor, e (ii) ao MP incumbe zelar por interesses
individuais indisponíveis, a exemplo da liberdade de locomoção.
Nesse sentido, tem-se que o princípio da obrigatoriedade não é incompatível com o pedido da
absolvição.
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Ressalta-se, ainda, que o juiz pode condenar o acusado, mesmo com o pedido de absolvição feito
pelo MP.

CPP, art. 385: Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença
condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem
como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada.

Alguns doutrinadores (Aury Lopes Jr.) sustentam que, havendo o pedido de absolvição, o juiz seria
obrigado a absolver, já que o MP estaria retirando sua pretensão acusatória. Com isso, caso o juiz
condenasse, estaria agindo de ofício, em um verdadeiro processo judicialiforme (incompatível com o
princípio da inércia da jurisdição).
A maioria da doutrina, e principalmente a jurisprudência, compreendem que, a partir do momento
em que denúncia foi oferecida, o juízo foi provocado. Por isso, mesmo que o MP tenha pedido a absolvição,
o juiz continua livre para condenar ou para absolver, já que a pretensão punitiva já teria sido deduzida em
juízo.

 Exceções ao princípio da obrigatoriedade:

Como visto acima, o princípio da obrigatoriedade possui status de lei ordinária. Por isso, é possível
que uma lei ordinária crie exceções ao princípio.

a) TRANSAÇÃO PENAL - PREVISTA NO ART. 76 DA LEI 9.099/95:

Lei n. 9.099/95, art. 76: Havendo representação ou tratando-se de crime de ação


penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério
Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas,
a ser especificada na proposta.

Trata-se de um acordo celebrado entre o MP e o autor do delito, objetivando o cumprimento


imediato de pena restritiva de direito ou pena de multa.
É uma exceção, já que, se cabível, ao invés de oferecer uma denúncia o MP irá oferecer um acordo.
Alguns autores chamam de discricionariedade regrada4. Contudo, para Renato Brasileiro, o correto
seria obrigatoriedade mitigada:

4
Obviamente que o MP, por mandamento constitucional, já que o artigo 129, VIII, 2ª parte, da CR, diz
que todas as manifestações processuais do MP hão de ser fundamentadas – TEM que fundamentar. Por
isso que é REGRADA!
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“Transação penal: em se tratando de infrações penais de menor potencial ofensivo,


ainda que haja lastro probatório suficiente para o oferecimento de denúncia, desde
que o autor do fato delituoso preencha os requisitos objetivos e subjetivos do art.
76 da Lei nº 9.099/95, ao invés de o Ministério Público oferecer denúncia, deve
propor a transação penal, com a aplicação imediata de penas restritivas de direitos
e multa. Nessa hipótese, há uma mitigação do princípio da obrigatoriedade,
comumente chamada pela doutrina de princípio da discricionariedade regrada ou
princípio da obrigatoriedade mitigada” (BRASILEIRO, Renato).

CESPE/2019 (adaptada) - Em se tratando dos crimes de ação penal pública incondicionada, nos juizados
especiais criminais, vigora o princípio da discricionariedade regrada. Item correto.

b) ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL (ART. 28-A, CPP)


É um acordo celebrado entre o MP e o autor do delito, devidamente assistido por seu defensor, por
meio do qual sujeita-se a determinadas condições. Após o cumprimento, o MP irá requerer o arquivamento.
O acordo de não persecução penal, introduzido pelo Pacote Anticrime, também é um exemplo de
exceção ao princípio da obrigatoriedade da ação penal pública, haja vista que, presentes os requisitos e as
condições dispostas em lei, o MP pode deixar de oferecer denúncia.

Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado


formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave
ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá
propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para
reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas
cumulativa e alternativamente: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-
lo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público
como instrumentos, produto ou proveito do crime; (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período
correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços,
em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei
nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)

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IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-


Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de
interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha,
preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos
aparentemente lesados pelo delito; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério
Público, desde que proporcional e compatível com a infração penal
imputada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput deste
artigo, serão consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso
concreto. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes
hipóteses: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais,
nos termos da lei; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que
indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se
insignificantes as infrações penais pretéritas; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da
infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão
condicional do processo; e (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou
praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do
agressor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

c) ACORDO DE LENIÊNCIA (ACORDO DE BRANDURA OU ACORDO DE DOÇURA):


É uma espécie de colaboração premiada, relaciona a crimes contra a ordem econômica.
PARCELAMENTO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO:
Quando feito antes do recebimento da denúncia, fica suspensa a pretensão punitiva.

Lei n. 9.430/96, art. 83, § 2º: É suspensa a pretensão punitiva do Estado referente
aos crimes previstos no caput, durante o período em que a pessoa física ou a pessoa
jurídica relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no
parcelamento, desde que o pedido de parcelamento tenha sido formalizado antes
do recebimento da denúncia criminal (Incluído pela Lei nº 12.382, de 2011)

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d) TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA EM CRIMES AMBIENTAIS:


Em relação ao tema, há controvérsias.
Parte da doutrina entende que o termo de ajustamento de conduta (TAC) em crimes ambientais é
uma exceção ao princípio da obrigatoriedade. Já que, pelo menos enquanto o indivíduo cumpre o TAC, o MP
está impedido de oferecer denúncia (falta interesse de agir do órgão ministerial).
Contudo, o STJ entende que o TAC produz reflexos no âmbito administrativo, mas não representa
óbice a persecução penal.

STJ: “(...) A assinatura de termo de ajustamento de conduta, com a reparação do


dano ambiental são circunstâncias que possuem relevo para a seara penal, a serem
consideradas na hipótese de eventual condenação, não se prestando para elidir a
tipicidade penal”. (STJ, 6ª Turma, HC 187.043/RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis
Moura, j. 22/03/2011, Dje 11/04/2011)

e) ACORDO DE COLABORAÇÃO PREMIADA NA LEI DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA

§ 4º § 4º Nas mesmas hipóteses do caput deste artigo, o Ministério Público poderá


deixar de oferecer denúncia se a proposta de acordo de colaboração referir-se a
infração de cuja existência não tenha prévio conhecimento e o
colaborador: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - não for o líder da organização criminosa;
II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos deste artigo.
§ 4º-A. Considera-se existente o conhecimento prévio da infração quando o
Ministério Público ou a autoridade policial competente tenha instaurado inquérito
ou procedimento investigatório para apuração dos fatos apresentados pelo
colaborador. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

2) PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE:

• De acordo com o princípio da indisponibilidade, o MP NÃO pode desistir da ação penal após o
oferecimento da denúncia.
• EXCEÇÕES (em quais hipóteses o MP pode “dispor” da ação penal):

a) SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO (ART. 89 DA LEI 9.099/95):

Cabe em crimes cuja pena mínima seja igual ou inferior a um ano (não só nos juizados).

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SEMANA 03/30

Lei n. 9.099/95, art. 89: Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou
inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer
a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde
que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por
outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão
condicional da pena (art. 77 do Código Penal).

b) TRANSAÇÃO PENAL:
Mesmo após o oferecimento da denúncia, no caso de IMPO (art.79 da 9.099/95).

A. PRINCÍPIO DA OFICIALIDADE:
O titular da ação é o órgão oficial do Estado;

B. PRINCÍPIO DA DIVISIBILIDADE
Há controvérsia sobre o caráter divisível da ação penal pública.
 1ª Corrente: entende que a ação penal pública é indivisível.
 2ª Corrente: para os Tribunais Superiores, a ação penal pública admite a divisibilidade. Ou seja: o
MP pode oferecer denúncia em face de alguns investigados, sem prejuízo do prosseguimento das
investigações dos demais autores. (é a corrente que deve ser adotada em provas objetivas!)

Na ação penal pública não vigora o princípio da indivisibilidade. Assim, o MP não


está obrigado a denunciar todos os envolvidos no fato tido por delituoso, não se
podendo falar em arquivamento implícito em relação a quem não foi denunciado.
Isso porque o Parquet é livre para formar sua convicção, incluindo na denúncia as
pessoas que ele entenda terem praticado o crime, mediante a constatação de
indícios de autoria e materialidade. STJ. 6ª Turma. RHC 34233-SP, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, julgado em 6/5/2014 (Info 540).

3) AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA:

Ocorre quando o Estado legitima o ofendido ou seu representante legal a ingressar com ação penal,
pleiteando a condenação do agressor, em hipóteses excepcionais.
O particular, portanto, passa a ter o direito de ação, a legitimidade para o oferecimento da ação penal
privada, embora a titularidade da ação penal permaneça com o Estado.

• Titularidade: ofendido ou representante legal

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A queixa pode ser proposta por procurador, desde que seja mediante procuração com poderes
especiais.
Deve constar da procuração com poderes especiais: nome do querelante + menção ao fato criminoso.
No entanto, os Tribunais Superiores divergem quanto ao significado de “menção ao fato criminoso”:

∘ Para o STF – “menção ao fato criminoso" significa que, na procuração, deverá ser individualizado o
evento delituoso, não bastando apenas a menção do nomen iuris do crime.
∘ Para o STJ - "menção ao fato criminoso" significa que basta mencionar o tipo penal ou nomen iuris,
sendo desnecessário pormenorizar a descrição da conduta.

Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais,
devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante e a menção
do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências
que devem ser previamente requeridas no juízo criminal.

• Peça inicial: queixa crime:


 Vítima: é chamado de querelante
 Réu: é chamado de querelado

• Prazo para interpor a queixa crime: 6 meses a partir do conhecimento de quem é o autor do fato
 Lembre-se que se trata de prazo decadencial!!!

Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal,


decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo
de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no
caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.

• A ação penal privada pode ser:


1) Ação penal privada personalíssima
2) Ação penal privada propriamente dita ou exclusiva
3) Ação penal privada subsidiária da pública

4) AÇÃO PENAL PRIVADA PERSONALÍSSIMA


Somente o ofendido pode ingressar em juízo, ou seja, o direito não é transmitido ao representante
legal e nem haverá sucessão processual.
Aqui, a morte da vítima extingue a punibilidade do autor do delito.

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Ex.: Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente,
ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não
pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por
motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.

5) AÇÃO PENAL PRIVADA EXCLUSIVA OU PROPRIAMENTE DITA

É aquela que pode ser proposta pelo ofendido ou seu representante legal. Na hipótese de ser
proposta pelo representante legal, sucessão processual.

Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão
judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão.

É a regra nos crimes contra a honra.

Calúnia. CP, Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo (DOS CRIMES CONTRA
HONRA) somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140,
§ 2º, da violência resulta lesão corporal.

Atenção: A diferença entre a ação penal exclusivamente privada e a ação privada personalíssima é
que, na ação penal exclusivamente privada, admite-se a sucessão processual, ao passo que na ação penal
privada personalíssima, somente o próprio ofendido pode ajuizar queixa crime.

6) AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA

a) Conceito
A ação penal privada subsidiária da pública também é chamada de ação penal acidentalmente
privada/supletiva e será admitida quando estiver caracterizada a inércia do MP.
Assim, em havendo inércia do órgão ministerial, a ação penal privada subsidiária da pública será
exercida pela vítima ou por seu representante na condição de substituição processual, já que ela atua em
nome próprio pleiteando a punição que será exercida pelo estado.

b) Fundamento legal e constitucional:

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CF Art. 5º, LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não
for intentada no prazo legal;

CPP - Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não
for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa,
repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do
processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso
de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.

c) Pressupostos:
Há dois requisitos para que seja oferecida a “QUEIXA-CRIME SUBSIDIÁRIA / SUBSTITUTIVA DA
DENÚNCIA” .

• 1º Requisito: Só é cabível em face da inércia do MP.

Exemplo: se o promotor recebe o inquérito e em 15 dias (acusado solto) não faz nada, a partir do 16º
dia cabe ação penal privada. Se pedir arquivamento ou diligência não se trata de inércia, nem de ação
subsidiária.

OBS: no HC n. 74.276, o STF, considerou procrastinatórias diligências solicitadas pelo MP.


Consequentemente, o Tribunal entendeu ser possível o ajuizamento de uma ação penal privada subsidiária
da pública.

• 2º Requisito: Deve o crime possuir um ofendido individualizado.

Por exemplo: em crimes de perigo (incolumidade pública posta em risco) não cabe essa ação
subsidiária. Assim, tráfico de drogas, quem ofereceria a ação? Não existe.
Exceção: há 2 hipóteses em que, mesmo que a coletividade seja o sujeito passivo, será possível
interpor ação penal privada subsidiária da pública:

1) Crimes contra as relações de consumo (art. 80, CDC): nessa hipótese, os legitimados para propor
a queixa substitutiva serão as Associações de defesa do consumidor e os Procon’s.

2) Crimes falimentares: nessa hipótese, os legitimados para propor a queixa substitutiva serão o
administrador judicial ou qualquer credor habilitado.

Fique atento à jurisprudência pertinente:

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Conselho indigenista não pode ajuizar queixa-crime subsidiária por delito contra
índios
Determinado indivíduo teria proferido discurso racista contra um grupo de índios
que teria invadido uma fazenda em certa região. O Ministério Público não ofereceu
denúncia nem instaurou qualquer procedimento. Em virtude disso, o Conselho dos
Povos Indígenas (organização não-governamental indígena) ajuizou uma queixa-
crime subsidiária (art. 5º, LIX, da CF/88) contra o indivíduo, imputando-lhe a prática
dos crimes de racismo (art. 20 da Lei 9.459/97) e incitação à violência e ódio contra
os povos indígenas (arts. 286 e 287 do CP). Essa queixa-crime deverá ser rejeitada,
porque os conselhos indigenistas não possuem legitimidade ativa em matéria
penal. Na ação penal privada (mesmo sendo a subsidiária da pública), a queixa-
crime somente pode ser promovida pelo ofendido ou por quem tenha qualidade
para representá-lo (art. 100, § 2º do CP e art. 30 do CPP). A suposta vítima dos
crimes não foi o conselho indigenista, mas sim os próprios índios que
participaram da invasão. STF. 1ª Turma. Inq 3862 ED/DF, Rel. Min. Roberto
Barroso, julgado em 18/11/2014 (Info 768).
Fonte: Dizer o Direito

d) Poderes do Ministério Público:


Conforme lição de Fernando da Costa Tourinho Filho, o Ministério Público, em face da queixa
substitutiva, assume a posição de um litisconsorte, porém de natureza sui generis, na medida em que não há
cumulação de ações contra o mesmo réu. A doutrina fala que o MP atua como uma espécie de “assistente
litisconsorcial” (já caiu em prova!)
Pode-se, ainda, “falar em ‘interveniente adesivo obrigatório’, porquanto, oferecida a queixa, o
Ministério Público é obrigado a intervir em todos os termos do processo”. Nessa linha, é a lição de Nestor
Távora, para quem o Ministério Público, “na ação privada subsidiária, figura como interveniente adesivo
obrigatório, atuando em todos os termos do processo, sob pena de nulidade (art. 564, III, d, CPP), tendo
amplos poderes”.

Assim, o MP pode:

(1) Repudiar a queixa, oferecendo denúncia substitutiva


Repudiar a queixa proposta pela vítima, caso entenda que não foi desidioso, e, em seu lugar, oferecer
denúncia SUBSTITUTIVA.
Esclarece o Nestor Távora que quando a vítima “ingressa com a ação penal privada subsidiária, a
petição inicial é a queixa-crime SUBSIDIÁRIA da denúncia que não foi apresentada. Por sua vez, quando o MP
repudia a queixa, por entender que não houve omissão, a denúncia é SUBSTITUTIVA” da queixa repudiada.

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(2) Aditar a queixa, tanto em seus aspectos formais, como materiais


Exemplo: aditar circunstância de tempo e lugar. Pode inclusive aditar para incluir coautores, afinal
de contas, o MP é o legitimado nesta ação penal.
Prazo para o MP aditar a queixa: 3 dias

Art. 46, § 2o O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, contado da data
em que o órgão do Ministério Público receber os autos, e, se este não se pronunciar
dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos
demais termos do processo.

(3) Intervir em todo os termos do processo


O MP pode, a qualquer momento:
• Fornecer elementos de prova
• Interpor recurso
• Opinar pela rejeição da queixa

Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá ser
aditada pelo Ministério Público, a quem caberá intervir em todos os termos
subseqüentes do processo.

OBS.: o MP não pode decorrer da decisão absolutória proferida em ação penal


privada!

(4) Se o querelante for negligente, o MP reassume o polo ativo da ação penal


• É a chamada ação penal INDIRETA.
• Prazo: Tem-se 06 meses para oferecer a queixa subsidiária (prazo penal).
É a chamada DECADÊNCIA IMPRÓPRIA e tem início quando terminar o prazo do
Ministério Público para o oferecimento da denúncia.
Ainda que se opere decadência do direito de queixa subsidiária, não estará extinta a
punibilidade, pois a ação penal é de natureza pública. Assim, passado o prazo
decadencial impróprio, o MP ainda pode oferecer a denúncia.

4. PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PRIVADA

1) PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE E CONVENIÊNCIA:

Compete à vítima ou ao seu representante analisar a conveniência e oportunidade para o exercício


da ação.
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Há 2 mecanismos através dos quais a vítima pode optar por não exercer seu direito de ação:
(a) Decadência: A vítima dispõe do prazo decadencial de 06 (seis) meses para o exercício da ação
privada, contados do conhecimento do responsável pelo delito, sob pena de extinção da
punibilidade (art. 107, IV, CP)
(b) Renúncia: É ato unilateral do ofendido, e ocorre quando a vítima se recusa a tomar
providência contra o seu agressor.

 Se opera até o oferecimento da ação penal;


 É irretratável;
 A renúncia feita para um agressor necessariamente beneficia os demais (art. 49, do CPP);
 Pode ser expressa ou tácita (atos do ofendido incompatíveis com o desejo de processar o agressor).
 Enseja a extinção da punibilidade.

Obs 1.: Tanto a decadência como a renúncia ocorrem antes de iniciada a queixa crime.
Obs 2.: O prazo decadencial para a queixa-crime é improrrogável e não se sujeita a nenhuma forma de
suspensão ou interrupção.

2) PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE

Proposta ação penal privada, o querelante deve promovê-la contra todos os que contribuíram para
o delito, não podendo deixar de processar os que sabidamente concorreram para a prática do crime.
Nesse sentido, a ação penal deve se estender a todos aqueles que praticaram a infração penal. Ou
seja: a vítima não pode escolher contra quem ela quer ajuizar a queixa crime, devendo ajuizá-la em face de
todos os autores do delito ou em face de nenhum.

CPP - Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo
de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.

É nesse sentido a jurisprudencia do STF:

Não oferecida a queixa-crime contra todos os supostos autores ou partícipes da


prática delituosa, há afronta ao princípio da indivisibilidade da ação penal, a
implicar renúncia tácita ao direito de querela, cuja eficácia extintiva da punibilidade
estende-se a todos quantos alegadamente hajam intervindo no cometimento da
infração penal. STF. 1ª Turma. Inq 3526/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
2/2/2016 (Info 813).

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Em razão do princípio da indivisibilidade, a renúncia e o perdão concedidos a um dos coautores


estendem-se ao demais (no perdão, caso um dos coautores não aceite, continuará correndo contra ele o
processo).

Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores


do crime, a todos se estenderá.

Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que
produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar.

É nesse sentido a jurisprudência do STJ :

STJ: “(...) O reconhecimento da renúncia tácita ao direito de queixa exige a


demonstração de que a não inclusão de determinados autores ou partícipes na
queixa-crime se deu de forma deliberada pelo querelante” (STJ, HC 186.405/RJ,
Quinta Turma, Rel. Min. Jorge Mussi, DJe de 11/12/2014).

Obs.: Princípio da indivisibilidade da ação penal privada: omissão voluntária e involuntária


O princípio da indivisibilidade significa que a ação penal deve ser proposta contra todos os autores e
partícipes do delito. Segundo a posição da jurisprudência, o princípio da indivisibilidade só se aplica para a
ação pena privada (art. 48 do CPP). O que acontece se a ação penal privada não for proposta contra todos?
O que ocorre se um dos autores ou partícipes, podendo ser processado pelo querelante, ficar de fora? Qual
é a consequência do desrespeito ao princípio da indivisibilidade?

• Se a omissão foi VOLUNTÁRIA (DELIBERADA): se o querelante deixou, deliberadamente, de oferecer


queixa contra um dos autores ou partícipes, o juiz deverá rejeitar a queixa e declarar a extinção da
punibilidade para todos (arts. 104 e 107, V, do CP). Todos ficarão livres do processo.

• Se a omissão foi INVOLUNTÁRIA: o MP deverá requerer a intimação do querelante para que ele faça
o aditamento da queixa-crime e inclua os demais coautores ou partícipes que ficaram de fora. Assim,
conclui-se que a não inclusão de eventuais suspeitos na queixa-crime não configura, por si só,
renúncia tácita ao direito de queixa. Para o reconhecimento da renúncia tácita ao direito de queixa,
exige-se a demonstração de que a não inclusão de determinados autores ou partícipes na queixa-
crime se deu de forma deliberada pelo querelante. STJ. 5ª Turma. RHC 55142-MG, Rel. Min. Felix
Fischer, julgado em 12/5/2015 (Info 562).

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CESPE/2019 (Adaptada) – Na queixa-crime, a omissão involuntária, pelo querelante, de algum coautor


implicará o reconhecimento da renúncia tácita do direito de queixa pelo juiz e resultará na extinção da
punibilidade. Item incorreto.

Obs.: Cabe ao Ministério Público fiscalizar o princípio da indivisibilidade na ação penal privada.
Contudo, o MP não pode aditar a queixa para incluir coautores, pois não tem legitimidade ativa. Deve,
portanto, pedir a intimação do querelante para que adite a queixa, sob a pena de a renúncia concedida a um
dos coautores ser estendida aos demais (quando a omissão for involuntária).

3) PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE:

Após iniciada a queixa crime, o querelante pode dispor do seu direito de dar continuidade à queixa-
crime através de 2 institutos:

(a) Perdão: Ato de liberalidade, e requer a aceitação pelo réu (ato bilateral). Trata-se de causa extintiva
de punibilidade e só é admissível até o trânsito em julgado;

Obs.: Cuidado para não confundir a renúncia com o perdão!


Obs.: Não cabe o instituto do perdão judicial na ação penal privada subsidiária da pública!

RENÚNCIA PERDÃO
Instituto pré-processual. Instituto processual.
Ato unilateral. Ato bilateral.
A renúncia feita a um dos agentes O perdão concedido a apenas um dos
se estende aos demais (art. 49, CP). agentes delitivos não
necessariamente se estende aos
demais.

(b) Perempção: É sanção processual pela desídia do querelante na ação privada (art. 60, CPP)

Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á
perempta a ação penal:
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do
processo durante 30 dias seguidos;
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não
comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60

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(sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto
no art. 36;
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer
ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de
condenação nas alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar
sucessor.

CONCLUSÃO: Independentemente do momento em que o querelante decide abrir mão do seu direito de
queixa (antes mesmo de oferecida a queixa, através da decadência ou renúncia), ou após o oferecimento
desta (através do perdão ou perempção), a consequência será a mesma: EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.

Art. 61. Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a punibilidade,


deverá declará-lo de ofício.

(c) Conciliação nos crimes contra a honra de competência do juiz singular (art.522 CPP)

Art. 522. No caso de reconciliação, depois de assinado pelo querelante o termo da


desistência, a queixa será arquivada.

Vamos esquematizar?
• Antes de iniciada a queixa crime:
(a) Decadência Princípio da Conveniência e Oportunidade
(b) Renúncia

• Após iniciada a queixa crime


(a) Perdão Princípio da Disponibilidade
(b) Perempção

CAIU NA PROVA DPE-PI – Defensor Público 2022 – CESPE / CEBRASPE: Haverá perempção da ação penal
exclusivamente privada quando o defensor do querelante não comparecer à sessão plenária de júri na hipótese de
julgamento simultâneo do crime de ação penal privada em conexão com o crime contra a vida.

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5. PRINCÍPIOS COMUNS À AÇÃO PENAL PÚBLICA E AÇÃO PENAL PRIVADA

1) PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA OU PESSOALIDADE

A denúncia ou queixa só podem ser oferecidas contra o provável autor do fato delituoso. Esse
princípio funciona como evidente desdobramento do princípio da pessoalidade da pena.

2) PRINCÍPIO DA OFICIOSIDADE:
O MP, titular da ação penal, pode agir de ofício, não dependendo da autorização de ninguém, da
mesma forma que o ofendido também pode agir de ofício quando legitimado.

3) PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM

= Inadmissibilidade da persecução penal múltipla: Ninguém pode ser processado duas vezes pela
mesma imputação.

6. OUTRAS CLASSIFICAÇÕES DA AÇÃO PENAL

6.1 Ação Penal Adesiva

Para o professor Nestor Távora, seria o litisconsórcio ativo entre o MP (no crime de ação penal
pública) e o querelante (nas hipóteses de ação penal privada).
Exemplo: Estupro (antes de 2009) de ação penal privada conexo com tentativa de homicídio. O MP
oferece denúncia e vítima queixa. As ações correriam juntas pela conexão.
Para o professor LFG, só existe na Alemanha. O MP ingressa com a Ação Penal pública, oportunidade
em que a vítima ingressa de maneira adesiva, porém com objetivos indenizatórios.
Tourinho Filho/Denilson Feitoza: Alemanha também, nos crimes de ação penal privada, é possível
que o MP promova ação penal, desde que visualize um interesse público. Neste caso, o ofendido ou seu
representante legal pode intervir no processo como assistente.
OBS: não confundir com a atuação obrigatória adesiva do MP (“interveniente adesivo obrigatório”)
na ação penal privada subsidiária da pública.

6.2 Ação Penal Popular

A doutrina cita dois exemplos:


a) Habeas Corpus
b) Faculdade de qualquer cidadão oferecer “denúncia” (notitia criminis) por crime de responsabilidade
praticado por agentes políticos.
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Críticas:

• Habeas corpus não se trata de uma ação penal por excelência (ação penal propriamente dita),
mas sim de uma ação libertária, um meio de impugnação autônomo.
• Faculdade de qualquer cidadão oferecer “denúncia” por crime de responsabilidade?
Vejamos:

Quanto à “denúncia” perante o SF das autoridades mencionadas no art. 52, I e II da CF c/c arts. 14 e
41 da lei 1.079/50:

Lei 1.079/50 Art. 14. É permitido a qualquer cidadão denunciar o Presidente da


República ou Ministro de Estado, por crime de responsabilidade, perante a Câmara
dos Deputados.
Art. 41. É permitido a todo cidadão denunciar perante o Senado Federal, os
Ministros do Supremo Tribunal Federal e o Procurador Geral da República, pelos
crimes de responsabilidade que cometerem (artigos 39 e 40).

Logo, a doutrina majoritária entende não existir no Brasil Ação Penal Popular (Noberto Avena).
Em sentido contrário: Tourinho Filho.

6.3 Ação Penal Secundária

Ocorre quando as circunstâncias do caso concreto fazem variar a modalidade de ação penal a ser
ajuizada.

• Exemplo 1: Crimes contra o patrimônio, art. 182 do CP (escusas absolutórias relativas). Cometidos sem
violência ou grave ameaça podem depender de representação, ou seja: ação penal secundária.
• Exemplo 2: crimes contra a honra: A regra é a Ação Penal Privada. Há algumas exceções, vejamos:

1. Injúria Real Mediante Vias de Fato


 Injúria real for cometida mediante lesão corporal GRAVE ou GRAVÍSSIMA: Ação Penal Pública
Incondicionada.
 Injúria real cometida mediante lesão corporal LEVE: Ação Penal Pública condicionada à
representação. CP Art. 140, §2º → 9.099/95.

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 Injúria qualificada / “injúria-preconceito” / “racismo impróprio” (140§3º - alteração 12.033/09):


antes da nova lei, a ação era privada. Hoje, é crime de ação penal pública condicionada à
representação.

Obs.: O crime de injúria racial, espécie do gênero racismo, é imprescritível. STF. Plenário. HC
154248/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 28/10/2021 (Info 1036).

2. Crime Contra a Honra do Presidente da República: Ação penal pública condicionada à requisição do
Ministro da Justiça.

3. Crime Contra a Honra de Servidor Público em Razão de suas Funções


 Duas possibilidades: Ação Pública condicionada à representação ou Ação Privada. Legitimidade
concorrente (ALTERNATIVA – oferece denúncia ou queixa-crime).

Súmula 714, STF - é concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do


Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal
por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções.

6.4 Ação de Prevenção Penal

Ação a ser proposta contra o inimputável do art. 26, caput, pois é uma denúncia que não pede
condenação, mas medida de segurança, a chamada absolvição imprópria. CP

Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento


mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.

CESPE/2019 – A sentença proferida em ação de prevenção penal será exclusivamente de absolvição, ainda
que aplique especificamente medida de segurança aos inimputáveis que praticarem fato definido como
crime ou contravenção penal. Item incorreto.
Justificativa da banca: Apesar da ação de prevenção penal ser aquela que visa a aplicação de medida de
segurança e esta, por sua vez ter natureza absolutória imprópria, nas ações de prevenção penal também é
possível se proferir sentença declaratória, como de extinção da punibilidade pela prescrição, que não se
confunde com a de absolvição. Nesse sentido, o erro da questão está em afirmar que a sentença proferida
em ação de prevenção penal será exclusivamente de absolvição, visto que, conforme acima narrado, esta
pode ter natureza declaratória.
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7. DENÚNCIA E QUEIXA CRIME:

• Denúncia: É a peça privativa do Ministério Público que dá início à ação penal pública.
• Queixa-crime: É a peça privativa do ofendido, de seu representante legal, seu sucessor ou ainda seu
curador que dá início à ação penal privada.

a) Requisitos formais da denúncia ou queixa crime:

Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as
suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se
possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das
testemunhas.

1) EXPOSIÇÃO DO FATO CRIMINOSO E SUAS CIRCUNSTÂNCIAS;

Consiste na narrativa do fato delituoso, com todas as suas circunstâncias, de maneira simples,
objetiva e descritiva, sob a pena de inviabilizar o direito de defesa, pois, no processo penal, o acusado se
defende dos fatos que lhe são imputados.
Salienta-se que a narrativa deve responder questionamentos básicos: como? Quando? Quem? O
que? Por quê? Contra quem?
Segundo Renato Brasileiro, imputação “é a atribuição a alguém da prática de determinada infração
penal, funcionando como o ato processual por meio do qual se formula a pretensão penal”.
OBS: quando se tratar de crime culposo, é imprescindível que o titular da ação penal (MP ou
querelante) descreva em que consistiu a imprudência, negligência ou imperícia.
A inobservância deste requisito acarreta a inépcia da peça acusatória, pois viola o princípio da ampla
defesa (INÉPCIA FORMAL). A peça deve ser rejeitada pelo juiz.

CPP Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:


I - for manifestamente inepta;

OBS: Caso não haja a rejeição da peça acusatória, prevalece o entendimento que deve ser arguida
pela defesa até a sentença. Os tribunais entendem que se não foi arguida essa inépcia até a sentença, o
indivíduo conseguiu defender-se, portanto não teria por que alegar isso em esfera recursal (teoricamente
teria ocorrido preclusão).

Denúncia que não indica a data do delito é inepta? Não. Exemplo: corpo boiando, não se sabe a
data do delito, mas, fica comprovado quem foi o homicida.
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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

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A doutrina diferencia a presença/ausência de elementos necessários e secundários na peça


acusatória. Vejamos:

• Elementos NECESSÁRIOS (essenciais): são aqueles necessários para identificar a conduta como fato
típico. A ausência destes elementos causa evidente prejuízo à defesa e, portanto, nulidade absoluta.
Não se pode imaginar uma denúncia sem esses elementos essenciais, uma denúncia que não os têm,
não narra um fato criminoso.
• Elementos SECUNDÁRIOS (acidentais): são aqueles ligados às circunstâncias de tempo ou de espaço
cuja ausência nem sempre prejudica a ampla defesa, portanto, eventual vício quanto a um elemento
acidental, pode produzir, no máximo, uma nulidade relativa.

 O que é “CRIPTOIMPUTAÇÃO”?
(QUESTÃO DA PROVA OBJETIVA – DELEGADO/ES 2019)

É a imputação contaminada por grave deficiência na narrativa do fato delituoso. Espécie de denúncia
criptografada, em códigos. Quando não contém os elementos mínimos de sua identificação como crime,
“gravemente inepta”.

 O que é “DENÚNCIA GENÉRICA”? Tem sido aceita?

É a denúncia que não individualiza a conduta do agente, imputa fato a agente sem descrever a
conduta ou diversos fatos a agentes indistintamente.
A discussão ganha relevo quando se trata de crimes societários (crimes de gabinete): se vale de uma
PJ como manto protetivo. A denúncia genérica, aqui, é aquela que inclui o diretor, o gerente, o preposto da
pessoa jurídica na ação apenas por ele ostentar essa qualidade, entretanto não descreve qual foi a conduta
criminosa dessa pessoa. Não estabelece o mínimo de vínculo entre o comportamento dessa pessoa e o crime.
Por isso, a denúncia genérica é inepta, devendo ser rejeitada por impedir o exercício do contraditório e da
ampla defesa.
A partir do momento que o STF começou a afastar a denúncia genérica, surge a doutrina de Pacelli
diferenciando acusação GERAL e acusação GENÉRICA:

• Acusação GERAL: ocorre quando o órgão da acusação imputa a todos os acusados, o mesmo fato
delituoso, independentemente das funções exercidas por eles na empresa. UM fato só – não há
inépcia, não viola o princípio da ampla defesa, o indivíduo como integrante da sociedade sabe de
qual fato típico tem de se defender.
• Acusação GENÉRICA: ocorre quando a acusação imputa vários fatos típicos, imputando-os
genericamente a todos os integrantes da sociedade. VÁRIOS fatos típicos - há inépcia, com vários
fatos típicos. De qual deles irei me defender? Violação da ampla defesa, gerando nulidade absoluta.
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 AGRAVANTES devem constar da denúncia?

Para a jurisprudência, agravantes não precisam constar da peça acusatória (usam o art. 385 CPP).
Para a doutrina, isso viola a ampla defesa e o contraditório (DPE).

CPP Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença
condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem
como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada.

Norberto Avena afirma que ao contrário do que ocorre com as qualificadoras, a inclusão de
agravantes na denúncia é uma faculdade do MP. Esta conclusão, inclusive depreende-se dos próprios termos
do art. 385 do CPP, quando reza que o juiz pode reconhecer agravantes na sentença, “embora nenhuma
tenha sido alegada”.

 E as MAJORANTES devem constar da denúncia?

Tratando-se de majorantes previstas na PARTE ESPECIAL do CP, exigem, para o fim de serem
reconhecidas, a explicitação na denúncia ou queixa.
Todavia, se forem as da PARTE GERAL do CP, não é imprescindível que tenham sido expressamente
mencionadas na peça acusatória (exemplo: concurso formal próprio e crime continuado, podendo ser
reconhecidos pelo juiz na sentença caso exsurjam do contexto imputado ao réu).

2) QUALIFICAÇÃO DO ACUSADO E DEMAIS ESCLARECIMENTOS DE IDENTIFICAÇÃO:


Se os elementos são incertos ou incompletos, admite-se a utilização de elementos para a
identificação física do acusado, a exemplo do sexo e estatura;

3) CLASSIFICAÇÃO DA INFRAÇÃO:
É o enquadramento típico;
Não é requisito obrigatório. No processo penal, o acusado não se defende da classificação e sim dos
fatos que lhe são imputados. Isto porque o juiz, na hora da sentença, pode realizar a mutatio libelli ou
emendatio libelli. Veja:

• Emendatio libelli: Não há alteração em relação ao FATO delituoso, limitando-se o juiz a modificar a
CLASSIFICAÇÃO formulada na peça acusatória, ainda que tenha que aplicar pena mais
grave.Exemplo: o MP oferece denúncia descrevendo um furto, mas classifica de maneira errada,
como estelionato. Na hora da sentença, o juiz a corrige.

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SEMANA 03/30

• Mutatio libelli: Ocorre quando o FATO que se comprovou pela instrução é diverso daquele narrado
na peça acusatória (surge no curso da instrução prova de ELEMENTAR ou CIRCUNSTÂNCIA não
contida na peça acusatória). Abre-se em seguida, prazo para a defesa se manifestar.

CPP - Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição
jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou
circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público
deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta
houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo
o aditamento, quando feito oralmente.

4) ROL DE TESTEMUNHAS E DEMAIS DILIGÊNCIAS;

✓ O número de testemunhas é por fato delituoso imputado.


✓ O rol de informantes e vítimas não entra nessa contagem.

STJ: “(...) O limite máximo de 8 (oito) testemunhas descrito no art. 401, do Código
de Processo Penal, deve ser interpretado em consonância com a norma
constitucional que garante a ampla defesa no processo penal (art. 5º, LV, da CF/88).
Para cada fato delituoso imputado ao acusado, não só a defesa, mas também a
acusação, poderá arrolar até 8 (oito) testemunhas, levando-se em conta o princípio
da razoabilidade e proporcionalidade”. (STJ, 5ª Turma, HC 55.702/ES, Rel. Min.
Honildo Amaral de Mello Castro, j. 05/10/2010).

Não é obrigatório apresentação de rol de testemunhas. A consequência do não oferecimento de


testemunhas é a PRECLUSÃO.

▪ PROCEDIMENTO ORDINÁRIO 8 testemunhas

▪ PROCEDIMENTO SUMÁRIO 5 testemunhas

▪ PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO 3 testemunhas

▪ 1ª FASE DO JÚRI 8 testemunhas


▪ 2ª FASE DO JÚRI 5 testemunhas
▪ LEI DE DROGAS 5 testemunhas

5) NOME E ASSINATURA DA PARTE ACUSADORA.

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a) Não preenchimento dos requisitos formais:


Se não preenchidos os requisitos formais da denúncia ou da queixa e isso implicar prejuízo à ampla
defesa (vício insanável), deverá ocorrer a rejeição da inicial acusatória (art. 395, I, CPP), bem como se faltar
alguma condição da ação ou pressuposto processual ou se faltar justa causa à ação penal.
Decisão de rejeição da denúncia ou queixa: Cabe Recurso em sentido estrito (prazo de 05 dias).

b) Prazos para oferecer a denúncia:


Trata-se de prazo impróprio, ou seja, caso não seja observado, não enseja a perda do direito de
oferecer a denúncia!

REGRA DO CPP • Réu preso: 05 dias;


• Réu solto: 15 dias.
CRIMES ELEITORAL 10 dias
TRÁFICO DE DROGAS 10 dias
CRIMES CONTRA A ECONOMIA POPULAR 2 dias

LEI DE FALÊNCIAS • Réu preso: 05 dias;


• Réu solto: 15 dias.

Se queixa crime: Prazo de 6 (seis) meses, contados a partir do conhecimento da autoria (art. 38, CPP).

ENTENDIMENTOS JURISPRUDENCIAIS PERTINENTES

Enunciado 6 da I Jornada de Direito Penal e Processo Penal CJF/STJ - É possível


aditar a denúncia para requerer a perda de bens cujo conhecimento se der após
iniciada a ação penal, caso em que, recebido o aditamento, deverão ser ouvidos os
interessados e propiciada a dilação probatória.

Enunciado 11 da I Jornada de Direito Penal e Processo Penal CJF/STJ - O


pronunciamento jurisdicional do art. 396 do CPP, que recebe a denúncia, tem
natureza jurídica de decisão interlocutória, portanto necessita de fundamentação,
conforme art. 93, IX, da CF.

A não inclusão de eventuais suspeitos na queixa-crime não configura, por si só,


renúncia tácita ao direito de queixa. Para o reconhecimento da renúncia tácita ao
direito de queixa, exige-se a demonstração de que a não inclusão de determinados

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autores ou partícipes na queixa-crime se deu de forma deliberada pelo querelante


(STF RHC 55.142);

Não oferecida a queixa-crime contra todos os supostos autores ou partícipes da


prática delituosa, há afronta ao princípio da indivisibilidade da ação penal, a
implicar renúncia tácita ao direito de querela, cuja eficácia extintiva da punibilidade
estende-se a todos quantos alegadamente hajam intervindo no cometimento da
infração penal (STF Inq 3526);

Na ação penal pública não vigora o princípio da indivisibilidade. Assim, o MP não


está obrigado a denunciar todos os envolvidos no fato tido por delituoso, não se
podendo falar em arquivamento implícito em relação à quem não foi denunciado
Isso porque o Parquet é livre para formar sua convicção, incluindo na denúncia as
pessoas que ele entenda terem praticado o crime, mediante a constatação de
indícios de autoria e materialidade (STF RHC 34233);

Deve ser rejeitada a queixa-crime que, oferecida antes de qualquer procedimento


prévio, impute a prática de infração de menor potencial ofensivo com base apenas
na versão do autor e na indicação de rol de testemunhas, desacompanhada de
Termo Circunstanciado ou de qualquer outro documento hábil a demonstrar, ainda
que de modo indiciário, a autoria e a materialidade do crime.

Nos crimes de autoria coletiva, não é necessária a descrição minuciosa e


individualizada da ação de cada acusado (STJ HC 214861);

O vício na representação processual do querelante é sanável, desde que dentro do


prazo decadencial STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1392388/MG, Rel. Min. Felix
Fischer, julgado em 18/08/2015.

Cabe a condenação do querelante em honorários advocatícios quando houver a


rejeição da queixa-crime, por aplicação subsidiária do CPC. STJ. 5ª Turma. AgRg no
AREsp 992.183/DF, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 07/06/2018.

É inepta a denúncia que, ao imputar a sócio a prática dos crimes contra a ordem
tributária previstos nos incisos do art. 1° da Lei 8137/90, limita-se a transcrever
trechos dos tipos penais em questão e a mencionar a condição do denunciado de
administrador da sociedade empresária que, em tese, teria suprimido tributos, sem

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descrever qual conduta ilícita supostamente cometida pelo acusado haveria


contribuído para a consecução do resultado danoso (STJ HC 224728).

Cabe a condenação do querelante em honorários advocatícios quando houver a


rejeição da queixa-crime, por aplicação subsidiária do CPC. Deste modo, o princípio
geral da sucumbência é aplicável no âmbito do processo penal quando se tratar de
ação penal privada (STJ. Corte Especial. EDcl na Apn 881/DF, julgado em
03/10/2018).

No momento da denúncia, prevalece o princípio do in dubio pro societate (na


dúvida, havendo indícios mínimos da autoria, deve-se dar prosseguimento à ação
penal, ainda que não se tenha certeza de que o réu foi o autor do suposto
delito). (STF. Inq 4506/DF, julgado em 17/04/2018 – Info 898).

Verificado empate no julgamento de ação penal, deve prevalecer a decisão mais


favorável ao réu (STF. Plenário, julgado em 14/12/2017 – Info 888).

O eventual trancamento de inquérito policial por excesso de prazo não impede,


sempre e de forma automática, o oferecimento da denúncia
STF. 2ª Turma. HC 194023 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/09/2021.

SÚMULAS IMPORTANTES SOBRE O TEMA:

Súmula 714/STF: É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do


Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal
por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções.

Súmula 234/STJ: A participação de membro do Ministério Público na fase


investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o
oferecimento da denúncia.

Súmula 542/STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de


violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada.

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8. ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL - PLEA BARGAINING – Lei 13.964/19

8.1 Conceito

Inicialmente, vale destacar uma crítica à nomenclatura: seria acordo de não deflagração da ação
penal, pois já temos inquérito instaurado, ou seja, já tem persecução penal em andamento.
Trata-se de instituto de natureza mista** (penal e processual) que possibilita ao acusado confessar
a prática do crime e sofrer as sanções propostas pelo Ministério Público, possibilitando, assim, uma solução
negociada no processo penal (justiça negociada). O investigado confessa o crime, se sujeita às condições do
acordo e ao final, caso cumprido o acordo, vê extinta a punibilidade.

**Sobre a natureza mista do acordo de não persecução penal: Em 10.11.2020, a 1ª Turma do STF, no
bojo do AR no HC 191.464/SC, reconheceu a natureza mista (penal e processual) do acordo de não
persecução penal, tendo em vista que o seu cumprimento acarreta a causa de extinção da punibilidade –
admitindo, portanto, sua aplicação retroativa. Nesse sentido, fixou a tese no sentido de que “o acordo de
não persecução penal aplica-se a fatos ocorridos ANTES DA LEI 13.964/2019, desde que NÃO RECEBIDA
A DENÚNCIA”.
Por que até o recebimento da denúncia? R.: Estabeleceu o marco temporal do recebimento da denúncia
pois o acordo de não persecução penal é um negócio PRÉ-PROCESSUAL que busca evitar a deflagração
da ação penal. Nesse sentido, caso a denúncia já tenha sido admitida judicialmente, o instituto perde sua
razão de ser.
Ressalta-se que a tese fixada pelo STF modifica a decisão proferida anteriormente pelo STJ no bojo do HC
575.395/RN.

O acordo de não persecução penal (ANPP) aplica-se a fatos ocorridos antes da Lei
nº 13.964/2019, desde que não recebida a denúncia. A Lei nº 13.964/2019
(“Pacote Anticrime”) inseriu o art. 28-A ao CPP, criando, no ordenamento jurídico
pátrio, o instituto do acordo de não persecução penal (ANPP). A Lei nº 13.964/2019,
no ponto em que institui o ANPP, é considerada lei penal de natureza híbrida,
admitindo conformação entre a retroatividade penal benéfica e o tempus regit
actum. O ANPP se esgota na etapa pré-processual, sobretudo porque a
consequência da sua recusa, sua não homologação ou seu descumprimento é
inaugurar a fase de oferecimento e de recebimento da denúncia. O recebimento da
denúncia encerra a etapa pré-processual, devendo ser considerados válidos os atos
praticados em conformidade com a lei então vigente. Dessa forma, a retroatividade
penal benéfica incide para permitir que o ANPP seja viabilizado a fatos anteriores à
Lei nº 13.964/2019, desde que não recebida a denúncia. Assim, mostra-se
impossível realizar o ANPP quando já recebida a denúncia em data anterior à
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entrada em vigor da Lei nº 13.964/2019. STJ. 5ª Turma. HC 607003-SC, Rel. Min.


Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 24/11/2020 (Info 683). STF. 1ª Turma. HC
191464 AgR, Rel. Roberto Barroso, julgado em 11/11/2020.

Segundo a doutrina5, é a adoção pelo sistema brasileiro do chamado “plea bargaining” Norte-
Americano:

“No plea bargaining norte-americano, o imputado manifesta perante o Ministério


Público sua decisão de declarar-se culpado, aceitando as imputações acordadas,
assim como a pena pactuada, ao mesmo tempo em que renuncia a certas garantias
processuais. Como explica Luiz Flávio Gomes, "uma vez que se dá conhecimento da
acusação - qualquer que seja o crime - para o imputado, pede-se o pleading, isto é,
para se pronunciar sobre a culpabilidade; se se declara culpado (pleads guilty) - se
confessa - opera-se o plea, é dizer, a resposta da defesa e então pode o juiz, uma
vez comprovada a voluntariedade da declaração, fixar a data da sentença
(sentencing), ocasião em que se aplicará a pena (geralmente 'reduzida' - ou porque
menos grave ou porque abrangerá menos crimes -, em razão do acordo entre as
partes), sem necessidade de processo ou veredito (trial ou veredict); em caso
contrário, abre-se ou continua o processo e entra em ação o jurado".

A importação do instituto Norte-Americano não é imune às críticas. Segundo Jacinto Nelson de


Miranda Coutinho6, a importação de institutos de outros sistemas é prejudicial diante da realidade brasileira:

“Na prática, o plea bargainig visa lutar contra o acúmulo de trabalho (e isso, pelo
menos, desde o Século XIX, nos E.U.A.), mas sem deixar de lado os direitos e
garantias individuais, dos quais eles não abririam mão, ainda que muita gente
reclame e afirme que é justo isso que estão fazendo.
Eis, então, que, fundados em um modelo de pensamento (Francis Bacon como
principal corifeu) utilitarista (Jeremy Bentham e John Stuart Mill), empiricamente
não se incomodam, em tantas passagens, de operar com uma ética na qual os fins
justifiquem os meios, desde que se almeje o bem-estar de todos.
De certa forma, isso justifica, para eles, a negociação de um acordo sobre o crime
e a pena; o próprio acordo ainda na esfera material ou mesmo naquela processual
em face dos lugares ocupados pelos atores; e o lugar do juiz como aquele de –

5
(Lima, 2017, p. 260)
6
(Coutinho, 2019)
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quase que – tão só controlar o que se fez, para não permitir que se vilipendiem
direitos e garantias individuais.
[...]
Tudo leva a crer, enfim, que um plea bargaining metido em um processo do sistema
inquisitório como o brasileiro seja um desastre, retirando ainda mais o pouco de
democracia processual que restou depois da americanização à brasileira promovida
nos últimos anos, tudo sem o devido controle por quem de direito, seja lá por qual
motivo for.
Ter plea bargaining é inevitável se o processo penal brasileiro vier a ser acusatório.
Mas para isso é preciso, antes, importar o sistema todo, com ônus e bônus. Do jeito
que se está tentando impor, os ônus ficarão para os cidadãos
investigados/acusados(10); e os bônus – tudo indica – ficarão para o Estado e seus
órgãos. Em tempos neoliberais, tudo é contra o cidadão, quem sabe em nome
daquela ética utilitarista precitada, embora se saiba que ela é só discurso fácil para
iludir os incautos. Os de sempre serão os beneficiados, como sempre foi. É como se
existissem cidadãos e... cidadãos. O problema em uma sociedade assim é que tudo
se faz em nome do bem comum e da democracia, nem que seja contra a
Constituição. Um dia – ahimé, como dizem os italianos – a vida revida. ”

8.2 Requisitos, condições e vedações

“Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado


formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave
ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público
poderá propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente
para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas
cumulativa e alternativamente:
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;
II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público
como instrumentos, produto ou proveito do crime;
III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período
correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços,
em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei
nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal);
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-
Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de
interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha,

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preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos


aparentemente lesados pelo delito; ou
V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério
Público, desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada.
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput deste
artigo, serão consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso
concreto.
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses:
I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais,
nos termos da lei;
II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que
indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se
insignificantes as infrações penais pretéritas;
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da
infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão
condicional do processo; e
IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou
praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do
agressor.

Com a reforma, poderá o Ministério Público propor ao investigado o acordo de não persecução penal
obedecidos os seguintes requisitos:
a) Confissão formal e circunstancial do investigado;
b) Infração penal sem violência ou grave ameaça;
c) Com a pena mínima inferior a 4 anos.
d) Necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime;

Uma questão relevante é se o acordo de persecução penal é um direito subjetivo do investigado ou


uma faculdade para o Ministério Público. Assim, poderia o Ministério Público, diante de dois investigados em
situação jurídica idêntica, propor o acordo para um e não para o outro? Nos parece que não.
A expressão “poderá” deve ser interpretada como um “poder-dever”, isto é, preenchidos os
requisitos objetivos estabelecidos em lei, o investigado passa a ter o direito subjetivo ao acordo. Da mesma
forma, o Art. 76 da L. 9099/95 prevê que o Ministério Público “poderá” propor a transação penal, que é
interpretado pela doutrina como direito subjetivo do acusado, sendo assim, onde há a mesma razão, deverá
ser aplicado o mesmo direito “Ubi eadem ratio ibi idem jus”.

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Nesse sentido, Renato Brasileiro7:


“Sob o argumento de se tratar de direito público subjetivo do autor do fato
delituoso, não se defere ao juiz a possibilidade de conceder de ofício a transação
penal contra a vontade do Ministério Público ou do querelante. Não cabe ao juiz,
que não é titular da ação penal, substituir-se ao órgão ministerial ou ao querelante
para formar de ofício a proposta de transação penal, sob pena de evidente violação
ao art. 129, inciso I, da Constituição Federal.

Diante da recusa injustificada do órgão do Ministério Público em oferecer a


proposta de transação penal, ou se o juiz discordar de seu conteúdo, o caminho a
ser segu1do pelo juiz passa pela aplicação subsidiária do art. 28 do CPP, core a
consequente remessa dos autos ao Procura dor-Geral de Justiça (ou, na esfera
federal, às Câmaras de Coordenação e Revisão do MPF), que terá como opções
designar outro Promotor de Justiça para formular a proposta, alterar o conteúdo
daquela que tiver sido formulada ou ratificar a postura do órgão ministerial de
primeiro grau, caso em que a autoridade judiciária estará obrigada a homologar a
transação.

Apesar de dispor sobre a suspensão condicional do processo, o verbete da súmula


696 do Supremo também pode ser aplicado à transação penal: "Reunidos os
pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo, mas se
recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz, dissentindo, remeterá a questão
ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo
Penal".

Nas hipóteses de ação penal privada, recai sobre o querelante a legitimidade para
o ofereci mento da proposta de transação penal. Assim, na fase preliminar, deve o
magistrado questionar o ofendido ou seu representante legal acerca do
oferecimento da proposta de transação. Como o juiz não pode conceder o benefício
de ofício, nem tampouco se admite a formulação de proposta pelo MP, a recusa do
querelante em oferecer a proposta inviabiliza por completo a concessão do referido
benefício.”

O raciocínio acima merece ser interpretado à luz do Art. 28-A do CPP, incluído pela L.13964/19, que
retirou do juiz a função de fiscal do princípio da obrigatoriedade da ação penal e retirou de suas mãos
qualquer atividade que, por natureza, pertença à acusação.

7
(Lima, 2017, p. 234)
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Portanto, nos parece que, diante da negativa de proposta do acordo de não persecução penal,
poderá o investigado suscitar a manifestação do órgão de revisão ministerial, em solução próxima à que foi
dada no tocante à transação penal. Aqui nos parece não poderá o juiz suscitar tal providência de ofício.

Ressalto que a solução apresentada é fruto da interpretação do dispositivo e não possui previsão expressa
em lei, vamos aguardar o posicionamento dos Tribunais Superiores e da doutrina quanto ao tema.

Possível ainda uma segunda posição com base em uma interpretação literal do Art. 28 – A do CPP,
considerando uma mera faculdade do Ministério Público o oferecimento do acordo de não persecução penal.
Importante destacar, que segundo o §1º, para fins de aferição da pena mínima, serão consideradas
as causas de aumento e diminuição de pena.

Cumpridos os requisitos, o acordo será oferecido mediante as seguintes CONDIÇÕES, que poderão
ser ajustadas cumulativamente ou alternativamente:
a) Reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;
b) Renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumentos,
produto ou proveito do crime;
c) Prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima
cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na
forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal);
d) Pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo
da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou
semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou
e) Cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que
proporcional e compatível com a infração penal imputada.

A lei 13964/19 acrescenta ainda VEDAÇÕES em que o acordo não poderá ser celebrado:

a) Se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei;
(CUIDADO PARA NÃO CONFUNDIR COM SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO!)
b) Se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta criminal
habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas;
c) Ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, em acordo
de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo; (CUIDADO PARA
NÃO CONFUNDIR COM SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA) e

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d) Nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher
por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor. (CUIDADO! NA VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA OU FAMILIAR CONTRA HOMENS TAMBÉM APLICA-SE ESSA VEDAÇÃO).

8.3 Procedimento do acordo de não persecução penal

Art. 28-A.
[...]
§ 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será firmado
pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor.
§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada
audiência na qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva
do investigado na presença do seu defensor, e sua legalidade.
§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições
dispostas no acordo de não persecução penal, devolverá os autos ao Ministério
Público para que seja reformulada a proposta de acordo, com concordância do
investigado e seu defensor.
§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz
devolverá os autos ao Ministério Público para que inicie sua execução perante o
juízo de execução penal.
§ 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos
legais ou quando não for realizada a adequação a que se refere o § 5º deste artigo.
§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para
a análise da necessidade de complementação das investigações ou o oferecimento
da denúncia.
§ 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não persecução penal
e de seu descumprimento.
§ 10. Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de não
persecução penal, o Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para fins de sua
rescisão e posterior oferecimento de denúncia.
§ 11. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo investigado
também poderá ser utilizado pelo Ministério Público como justificativa para o
eventual não oferecimento de suspensão condicional do processo.
§ 12. A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não
constarão de certidão de antecedentes criminais, exceto para os fins previstos no
inciso III do § 2º deste artigo.
§ 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo
competente decretará a extinção de punibilidade.
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§ 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo de


não persecução penal, o investigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão
superior, na forma do art. 28 deste Código. ”

O procedimento é bem simples. Cumpridos os requisitos legais, o Membro do Ministério Público


proporá o acordo com as condições (punições) previstas em lei (lembre-se que as condições podem ser
aplicadas de forma isolada ou cumulativa), de forma escrita e na presença do defensor (§3º).
Recebido o acordo, será realizada audiência para verificar sua legalidade e a voluntariedade.
Após, o juiz poderá homologar ou não o acordo de não persecução penal. Nas duas hipóteses os
autos retornam ao Ministério Público.
Caso homologue o acordo (§6º), os autos retornarão para que o Ministério Público inicie sua
execução. É isso mesmo que você leu, o Ministério Público irá fiscalizar o cumprimento das condições (penas
antecipadas) e, caso sejam cumpridas, informará ao juiz para que seja declarada EXTINTA A PUNIBILIDADE.
No caso de quebra do acordo, o Ministério Público comunicará ao juiz que o rescindirá, podendo o
Ministério Público determinar o prosseguimento das investigações ou denunciar o investigado.
Caso o acordo não seja homologado pelo juiz, os autos igualmente retornam ao Ministério Público,
para complementação das investigações ou oferecimento da denúncia.
Em ambas as soluções, a vítima será intimada (§9º).

Obs.: No caso haver a desclassificação do crime, será possível oferecer o acordo de não persecução
penal. Isso porque, nesse caso, embora a finalidade processual do acordo de não persecução penal já esteja
preclusa – tendo em vista que a ação penal foi deflagrada e a instrução processual encerrada – a sua
finalidade material, qual seja, a finalidade de preservar o estado de inocência do indivíduo ainda permanece!
Exemplo: o indivíduo foi denunciado por um crime de maior gravidade que, a princípio, não caberia
acordo de não persecução penal, caso haja a desclassificação do crime para um crime de menor gravidade,
será possível oferecer o acordo de não persecução penal (da mesma forma que é possível o oferecimento da
transação penal e suspensão condicional do processo).

CAIU EM DELEGADO PCPR 2021: Sobre o acordo de não persecução penal (ANPP), considere as
seguintes afirmativas:
1. Aplica-se ao acordo de não persecução penal a mesma lógica da transação penal, sendo dispensável a
confissão do crime para a realização do acordo. (item incorreto)
2. Se o agente tiver sido beneficiado nos 5 anos anteriores ao cometimento da infração com uma transação
penal, tal agente não poderá realizar o acordo de não persecução penal. (item correto)
3. A reincidência genérica não impede a realização do acordo de não persecução penal, mas apenas a
reincidência específica. (item incorreto)
4. Não é cabível a realização do acordo de não persecução penal em favor do agressor nos crimes
praticados no âmbito de violência doméstica e familiar, ou praticados contra a mulher, por razões da
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condição de sexo feminino. (item correto)

Destaque – Recentemente ocorreu a I Jornada de Direito Penal e Processo Penal CJF/STJ (10 a 14 de
agosto). Veja os enunciados atinentes sobre tema em estudo:

 É muito importante decorá-los, pois certamente serão objeto de provas objetivas


em breve!

Enunciado 10 - Recomenda-se a realização de práticas restaurativas nos acordos de não persecução penal,
observada a principiologia das Resoluções n. 225 do CNJ e 118/2014 do CNMP.

Enunciado 12 - A proposta de acordo de não persecução penal representa um poder-dever do Ministério


Público, com exclusividade, desde que cumpridos os requisitos do art. 28-A do CPP, cuja recusa deve ser
fundamentada, para propiciar o controle previsto no § 14 do mesmo artigo.

Enunciado 13 - A inexistência de confissão do investigado antes da formação da opinio delicti do Ministério


Público não pode ser interpretada como desinteresse em entabular eventual acordo de não persecução
penal.

Enunciado 17 - É possível aditar a denúncia para requerer a perda de bens cujo conhecimento se der após
iniciada a ação penal, caso em que, recebido o aditamento, deverão ser ouvidos os interessados e propiciada
a dilação probatória.

JURISPRUDÊNCIAS PERTINENTES

O Poder Judiciário não pode impor ao Ministério Público a obrigação de ofertar


acordo de não persecução penal (ANPP).
Não cabe ao Poder Judiciário, que não detém atribuição para participar de
negociações na seara investigatória, impor ao MP a celebração de acordos.
STF. 2ª Turma. HC 194677/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/5/2021
(Info 1017).

Não é possível a aplicação do acordo de não persecução penal (ANPP), previsto no


art. 28-A do CPP, na hipótese de inexistência de confissão formal e circunstanciada
da prática do crime, conforme a jurisprudência do STJ” (AgRg no REsp 1945881/RS,
Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 14/09/2021,
DJe 17/09/2021).

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É vedada a substituição da figura do Ministério Público pela do juiz na celebração


do acordo de não persecução penal, instrumento jurídico extrajudicial
concretizador da política criminal exercida pelo titular da ação penal pública cuja
homologação judicial tem natureza meramente declaratória” (AgRg no HC
685.200/RJ, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, QUINTA TURMA, julgado
em 24/08/2021, DJe 30/08/2021).

Esta Corte Superior sedimentou a compreensão de que a possibilidade de


oferecimento do acordo de não persecução penal, previsto no artigo 28-A do
Código de Processo Penal, inserido pela Lei n. 13.964/2019, é restrita aos processos
em curso até o recebimento da denúncia, o que não se enquadra na hipótese em
apreço” (AgRg no AREsp 1909408/SC, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA
TURMA, julgado em 05/10/2021, DJe 13/10/2021).

A Lei n. 13.964/2019, ao incluir o § 14 no art. 28-A do Código de Processo Penal,


garantiu a possibilidade de o investigado requerer a remessa dos autos ao Órgão
Superior do Ministério Público nas hipóteses em que a acusação tenha se recusado
a oferecer a proposta de acordo de não persecução penal na origem. Nada
obstante, tal requerimento, por si só, não impõe ao Juízo de primeiro grau a
remessa automática do processo ao órgão máximo do Ministério Publico,
considerando-se que o controle do Poder Judiciário quanto à remessa dos autos ao
órgão superior do Ministério Publico deve se limitar a questões relacionadas aos
requisitos objetivos, não sendo legítimo o exame do mérito a fim de impedir a
remessa dos autos ao órgão superior do Ministério Público (HC 668.520/SP, de
minha relatoria, Quinta Turma, julgado em 10/8/2021, DJe de 16/8/2021).

“O controle do Poder Judiciário quanto à remessa dos autos ao órgão superior do


Ministério Público deve se limitar a questões relacionadas aos requisitos objetivos,
não sendo legítimo o exame do mérito a fim de impedir a remessa dos autos ao
órgão superior do Ministério Público. Nesse sentido, a Segunda Turma do Supremo
Tribunal Federal decidiu recentemente que não se tratando de hipótese de
manifesta inadmissibilidade do ANPP, a defesa pode requerer o reexame de sua
negativa, nos termos do art. 28-A, § 14, do Código de Processo Penal (CPP) (2), não
sendo legítimo, em regra, que o Judiciário controle o ato de recusa, quanto ao
mérito, a fim de impedir a remessa ao órgão superior no MP. (HC n. 194.677/SP,
julgado em 11 de maio de 2021. Informativo n. 1017)” (HC 668.520/SP, Rel.
Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em
10/08/2021, DJe 16/08/2021).
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“O paciente não preenche o requisito objetivo para aplicação do benefício legal,


uma vez que a pena mínima cominada aos crimes imputados em concurso
material não é inferior a 4 anos. De fato, a pena mínima na hipótese totaliza 4 anos,
motivo pelo qual não há se falar em preenchimento dos requisitos legais” (AgRg no
RHC 152.756/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA,
julgado em 14/09/2021, DJe 20/09/2021).

“Muito embora seja possível a rescisão do acordo de não persecução penal (§10 do
art. 28-A do CPP), necessário, para preservação dos princípios constitucionais do
contraditório e da ampla defesa, oportunizar à defesa a manifestação acerca do
pedido formulado pelo Ministério Público. (...) Ordem concedida de ofício para
reconhecer a nulidade da decisão que rescindiu o acordo de não persecução penal,
devendo outra ser proferida, intimando-se, previamente, a defesa do paciente, em
respeito aos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório” (HC
615.384/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA,
julgado em 09/02/2021, DJe 11/02/2021).

9. AÇÃO CIVIL EX DELICTO

O Ordenamento Jurídico Brasileiro adota o SISTEMA DA INDEPENDÊNCIA acerca da relação entre


ação penal e a ação civil decorrente de uma infração penal.
Por esse sistema, ambas as ações podem ser propostas de maneira independente, pois versam sofre
direitos diferentes (direito privado de cunho patrimonial e direito do Estado de punir).
Renato Brasileiro assevera que há um certo grau de mitigação no Sistema da Independência, haja
vista que o próprio juiz pode fixar, na sentença condenatória, um quantum a título de reparação pelos danos
causados (indenização mínima), à luz do art. 387, IV, CPP.

Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória:


IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração,
considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido;

São 2 as formas de obter a indenização civil por danos decorrentes da infração penal:
1) Execução civil ex delicto (art. 63, CPP)
2) Ação civil ex delicto (art. 64, CPP)

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Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a


execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu
representante legal ou seus herdeiros.

Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução


poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso iv do caput do art. 387
deste Código sem prejuízo da liquidação para a apuração do dano efetivamente
sofrido.

Art. 64. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para ressarcimento do
dano poderá ser proposta no juízo cível, contra o autor do crime e, se for caso,
contra o responsável civil.

Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender o
curso desta, até o julgamento definitivo daquela.

Vamos ver as diferenças entre elas?

9.1 Execução Civil ex Delicto (Art. 63, Cpp) X Ação Civil ex Delicto (Art. 64, Cpp)

EXECUÇÃO CIVIL EX DELICTO AÇÃO CIVIL EX DELICTO

Fundamento legal: art. 63, CPP Fundamento legal: art. 64, CPP

Exige o trânsito em julgado da sentença Pode ser proposta a qualquer momento.


penal condenatória Ou seja:
• A sentença penal funciona como um • Não exige o trânsito em julgado da
título executivo judicial). sentença penal condenatóri
• Pode ser proposta ao mesmo tempo
que a ação penal
Deve ser proposta EXCLUSIVAMENTE EM Pode ser proposta em face do
FACE DO CONDENADO CONDENADO ou do RESPONSÁVEL CIVIL
(ex.: tutor, curador, empregador, pais –
em caso de filhos menores)

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O juiz pode SUSPENDER o curso da ação


civil até o julgamento definitivo da ação
penal.

9.2 Legitimados Ativos para Propor a Ação Civil

• Ofendido
• Representante legal
• Herdeiro

No caso de vítimas hipossuficientes:


• Ministério Público (art. 68) x Defensoria Pública

Art. 68. Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (art. 32, §§ 1o e
2o), a execução da sentença condenatória (art. 63) ou a ação civil (art. 64) será
promovida, a seu requerimento, pelo Ministério Público.

O art. 68 prevê que, na hipótese de vítimas hipossuficientes, a legitimidade para propor a ação civil
será do Ministério Público. No entanto, não podemos perder de vista que este dispositivo está passando por
uma inconstitucionalidade progressiva (dispositivo que era constitucional e está se tornando, com o decorrer
do tempo, inconstitucional). Isso porque, a partir do momento em que a Defensoria pública estiver
devidamente estruturada em todos estados, a legitimidade ativa será da Defensoria Pública, e não mais do
Ministério Público.
Veja a jurisprudência sobre o tema:

O reconhecimento da ilegitimidade ativa do Ministério Público para, na qualidade


de substituto processual de menores carentes, propor ação civil pública ex delicto,
sem a anterior intimação da Defensoria Pública para tomar ciência da ação e, sendo
o caso, assumir o polo ativo da demanda, configura violação ao art. 68 do CPP.
Antes de o magistrado reconhecer a ilegitimidade ativa do Ministério Público para
propor ação civil ex delicto, é indispensável que a Defensoria Pública seja intimada
para tomar ciência da demanda e, sendo o caso, assumir o polo ativo da ação. STJ.
4ª Turma. REsp 888081-MG, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 15/9/2016 (Info
592).

9.3 Indenização na Sentença Condenatória

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O art. 387, IV, CPP, prevê que o juiz deve fixar um VALOR MÍNIMO a título de reparação de danos
causados pela infração penal.
Essa indenização abrange QUALQUER TIPO DE DANO sofrido pelo crime. Assim, abrange:
• Danos materiais
• Lucros cessantes
• Danos morais
• Danos estéticos
Existe divergência sobre a necessidade de haver PEDIDO EXPRESSO acerca da indenização na inicial
acusatória (denúncia/queixa crime).

▪ Doutrina majoritária – entende que NÃO há necessidade de pedido expresso pelo ofendido ou MP,
uma vez que se trata de um EFEITO GENÉRICO da sentença penal condenatória.
▪ Tribunais Superiores (STF e STJ) – entendem que, para que seja fixado um valor mínimo a título de
reparação de dano, DEVE HAVER PEDIDO EXPRESSO do MP ou do ofendido, sendo necessário
oportunizar o contraditório do réu.

9.4 Efeitos Civis da Sentença Absolutória

Para descobrirmos quais são os efeitos civis de uma sentença absolutória, devemos conjugar alguns
artigos do CPP com Código Civil. Vejamos:

Art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato
praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento
de dever legal ou no exercício regular de direito

Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá
ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência
material do fato

Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da ação civil:


I - o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação;
II - a decisão que julgar extinta a punibilidade;
III - a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime.

CC, Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo


questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando
estas questões se acharem decididas no juízo criminal.

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Vamos esquematizar?

1) DECISÃO QUE FAZ COISA JULGADA NO CÍVEL – Não pode mais propor ação penal no cível quando:

c) Reconhecido categoricamente a INEXISTÊNCIA MATERIAL DO FATO (leitura a contrário senso do art.


66, CPP).
d) Absolvição com base na NEGATIVA DE AUTORIA (ex. fulano não concorreu para a prática do crime) –
art. 935, CPP.
e) Se PROVADA a existência de CAUSA EXCLUDENTE DE ILICITUDE PENAL (art. 65).

→ A causa excludente de ilicitude deve ser PROVADA, uma vez que, se houver DÚVIDAS, a decisão não
irá fazer coisa julgada.
→ Não confundir excludentes de ilicitude com as excludentes de culpabilidade, uma vez que estas
(excludentes de culpabilidade) não fazem coisa julgada no cível.
→ Se se tratar de uma excludente de ilicitude putativa (descriminantes putativas), também não fará
coisa julgada

STJ: “(...) O STJ pacificou entendimento no sentido de que a absolvição na esfera


criminal, por ausência de prova nos autos relativa ao fato de ter o acusado
concorrido para a infração penal, não tem o condão de excluir a condenação
administrativa. Recurso especial a que se nega provimento”. (STJ, 5ª Turma, REsp
1.028.436/SP, Rel. Min. Adilson Vieira Macabu, DJe 17/11/2011).

APROFUNDANDO PARA PROVAS DISCURSIVAS:


A existência de excludente de ilicitude só fará coisa julgada no juízo cível se o ofendido tiver dado causa à
excludente. Por exemplo: se o ofendido for o autor da agressão injusta (no caso de uma legítima defesa), ou
tiver provocado a situação perigo atual (no caso do estado de necessidade), nessa hipótese não poderá
pleitear indenização no juízo cível.
Por outro lado, se o fato praticado com amparo em uma excludente de ilicitude tiver atingido terceiro
inocente (como, por exemplo, no estado de necessidade agressivo, em que o bem jurídico sacrificado é de
terceiro não causador do perigo), ainda que o estado de necessidade seja reconhecido no âmbito criminal,
essa absolvição não fará coisa julgada no juízo cível, de modo que a vítima atingida pode buscar a devida
reparação.

2) DECISÃO QUE NÃO FAZ COISA JULGADA NO CÍVEL – É possível propor a ação penal no cível, ainda que
seja absolvido na seara criminal.

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a) Se NÃO RECONHECIDA A INEXISTÊNCIA MATERIAL DO FATO. (art. 66)


b) Decisão que julgar EXTINTA A PUNIBILIDADE (art. 67, II)
→ Se for extinta a punibilidade em virtude da prescrição: No caso da prescrição da pretensão punitiva
abstrata, retroativa ou intercorrente, como não haverá trânsito em julgado da sentença penal
condenatória, não será possível a EXECUÇÃO civil ex delicto. No entanto, nada impede o ajuizamento
da AÇÃO CIVIL ex delicto.
c) ATIPICIDADE MATERIAL OU FORMAL DO FATO (decisão no sentido de que o fato não constitui crime
– art. 67, III)
d) Despacho de ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL OU PEÇAS DE INFORMAÇÃO (art. 67, I)
e) Causa EXCLUDENTE DA CULPABILIDADE
f) Se não houver PROVAS SUFICIENTES para a condenação

Inexistência Material do Fato Faz Coisa Julgada no Cível


Excludente de Ilicitude (Real) Faz Coisa Julgada no Cível
Negativa de autoria Faz coisa julgada no cível
Atipicidade formal ou Material da conduta Não faz coisa julgada no cível
Excludente de culpabilidade Não faz coisa julgada no cível
Excludente de punibilidade Não faz coisa julgada no cível
Excludente de ilicitude putativa Não faz coisa julgada no cível
Decisão de arquivamento do IP Não faz coisa julgada no Cível
Insuficiência de provas acerca da Não faz coisa julgada no cível
materialidade ou autoria do fato

Ainda em relação aos efeitos cíveis de possíveis decisões proferidas em sede processual penal, há
de se ficar atento às seguintes hipóteses8:

a) Sentença absolutória imprópria: É dominante o entendimento no sentido de que, por mais que haja a
imposição de internação ou de tratamento ambulatorial, como tal sentença não tem natureza
condenatória, é incapaz de gerar o dever de reparação do dano, além de não funcionar como título
executivo. Isso, todavia, não impede o ajuizamento de ação civil contra a pessoa a quem competia a
guarda do inimputável.
b) Sentença absolutória proferida pelo Tribunal do Júri: diante do sigilo das votações e da adoção do
sistema da íntima convicção inerente ao Tribunal do Júri, resta impossível precisar o exato motivo que
deu ensejo à decisão dos jurados. Logo, é de se concluir que eventual sentença absolutória não deve
fazer coisa julgada no cível.

8
Manual de Processo Penal Volume Único. Renato Brasileiro de Lima. 8ª edição. 2020. Pg. 403
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SEMANA 03/30

c) Transação penal: esta decisão não repercute no âmbito cível, vez que o art. 76, § 6º, da Lei nº 9.099/95,
dispõe expressamente que a imposição imediata de pena restritiva de direitos ou de multa não terá
efeitos civis, cabendo ao interessado propor a ação cabível no juízo cível;
d) Anistia: tem o condão de extinguir todos os efeitos penais decorrentes da prática do crime, sejam eles
principais, sejam eles secundários, mas não acarreta qualquer repercussão em relação aos efeitos
extrapenais. Logo, se concedida após o trânsito em julgado de sentença penal condenatória, nada
impede que o título obtido pelo ofendido seja executado perante o juízo cível.
e) Graça e indulto: Especificamente em relação aos reflexos cíveis, prevalece o entendimento de que
repercutem apenas em relação ao cumprimento da pena, subsistindo todos os efeitos penais
secundários e extrapenais, como a obrigação de reparar o dano. Logo, nada impede a execução da
sentença condenatória irrecorrível no âmbito cível. (Súmula n. 631 do STJ):

Súmula 631 - “O indulto extingue os efeitos primários da condenação (pretensão


executória), mas não atinge os efeitos secundários, penais ou extrapenais”;

f) Perdão judicial: Embora haja certa controvérsia quanto à natureza jurídica da decisão concessiva do
perdão judicial, prevalece que se trata de uma decisão declaratória que não produz qualquer efeito,
penal ou extrapenal. Veja a súmula nº 18 do STJ:

Súmula 18 - “a sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da


punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório”;

AÇÃO DE EXECUÇÃO EX DELICTO E AÇÃO CIVIL EX DELICTO

Tendo em vista a explicação acima, Renato Brasileiro (p. 315) diferencia a ação civil ex delicto da ação de
execução ex delicto:

AÇÃO DE EXECUÇÃO EX DELICTO AÇÃO CIVIL EX DELICTO

Fundamenta-se no art. 63 do CPP. Fundamenta-se no art. 64 do CPP.

Necessita do trânsito em julgado da sentença É oferecida independentemente da ação penal. É


condenatória penal. ação ordinária de indenização

Possui natureza executória. Possui natureza cognitiva.

Pressupõe-se a existência de um título executivo, Objetiva a formação de um título executivo cível


que é a própria sentença penal condenatória.

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Nos termos do art. 64, parágrafo único, o juiz da ação civil poderá suspender o curso desta, até o julgamento
definitivo da ação penal. Prevalece o entendimento de que consiste em faculdade do magistrado, que
somente deve ser utilizada quando houver risco de decisões contraditórias.

JURISPRUDÊNCIA PERTINENTES

O juiz, ao proferir sentença penal condenatória, no momento de fixar o valor


mínimo para a reparação dos danos causados pela infração (art. 387, IV, do CPP),
pode, sentindose apto diante de um caso concreto, quantificar, ao menos o
mínimo, o valor do dano moral sofrido pela vítima, desde que fundamente essa
opção. Isso porque o art. 387, IV, não limita a indenização apenas aos danos
materiais e a legislação penal deve sempre priorizar o ressarcimento da vítima em
relação a todos os prejuízos sofridos. [STJ. 6ª Turma. REsp 1585684-DF, Rel. Min.
Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 9/8/2016 (Info 588)]

O réu que praticou corrupção passiva pode ser condenado, no âmbito do próprio
processo penal, a pagar danos morais coletivos. O ordenamento jurídico tutela, no
âmbito da responsabilidade, o dano moral não apenas na esfera individual como
também na coletiva, conforme previsto no inciso X do art. 5º da Constituição
Federal e no art. 186 do Código Civil. Destaque-se ainda a previsão do inciso VIII do
art. 1º da Lei n.º 7.347/85 (Lei de Ação Civil Pública). [STF. 2ª Turma. AP 1002/DF,
Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 9/6/2020 (Info 981)

Nos casos de violência contra a mulher praticados no âmbito doméstico e familiar,


é possível a fixação de valor mínimo indenizatório a título de dano moral, desde
que haja pedido expresso da acusação ou da parte ofendida, ainda que não
especificada a quantia, e independentemente de instrução probatória. [STJ. 3ª
Seção. REsp 1.643.051- MS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 28/02/2018
(recurso repetitivo) (Info 621)]

A posterior reconciliação entre a vítima e o agressor não é fundamento suficiente


para afastar a necessidade de fixação do valor mínimo previsto no art. 387, inciso
IV, do CPP, seja porque não há previsão legal nesse sentido, seja porque compete
à própria vítima decidir se irá promover a execução ou não do título executivo,
sendo vedado ao Poder Judiciário omitir-se na aplicação da legislação processual
penal que determina a fixação do valor mínimo em favor da ofendida. [STJ. 6ª
Turma. REsp 1.819.504-MS, Rel. Min. Laurita
Vaz, julgado em 10/09/2019 (Info 657)]
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SEMANA 03/30

QUESTÕES PROPOSTAS

01 - 2021 – NC UFPR – PC-PR – Delegado de Polícia d) Independentemente da propositura do Pedido de


Sobre o acordo de não persecução penal (ANPP), considere Explicações, o prazo para oferecimento da ação penal privada
as seguintes afirmativas: 1. Aplica-se ao acordo de não é aumentado em 1/3 em virtude do número
persecução penal a mesma lógica da transação penal, sendo potencialdepessoasquetiveramconhecimentodaofensa.
dispensável a confissão do crime para a realização do acordo. e) O advogado deverá ingressar com um Pedido de
2. Se o agente tiver sido beneficiado nos 5 anos anteriores ao Explicações, imprescindível para a propositura da ação penal
cometimento da infração com uma transação penal, tal privada.
agente não poderá realizar o acordo de não persecução
penal. 3. A reincidência genérica não impede a realização do 03 – 2021 – FGV - PC-RN - Delegado de Polícia Civil
acordo de não persecução penal, mas apenas a reincidência Substituto
específica. 4. Não é cabível a realização do acordo de não Ao sair de sua casa, em 17/05/2020, Miriam foi surpreendida
persecução penal em favor do agressor nos crimes praticados por faixa anônima estendida na via pública com diversas
no âmbito de violência doméstica e familiar, ou praticados ofensas à sua honra. Diante da humilhação sofrida, Miriam
contra a mulher, por razões da condição de sexo feminino. deixou o país e foi morar no exterior sem se interessar em
Assinale a alternativa correta. descobrir o responsável pelos fatos. Em 03/01/2021, Miriam
a) Somente a afirmativa 2 é verdadeira. recebeu mensagem de Sandra, sua antiga vizinha,
b) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras. confessando ser ela a autora das ofensas, bem como
c) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras. esclarecendo que informou os fatos ao delegado de polícia,
d) Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras. em razão de seu arrependimento. Miriam entrou em contato
e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras. com seu advogado, em 25/01/2021, para esclarecimentos
jurídicos, informando que permanece no exterior. O
02 - 2021 – NC UFPR – PC-PR – Delegado de Polícia advogado deverá esclarecer naquela data que o crime
V.M. e H.R. são candidatos ao cargo de vereador na cidade de praticado seria de injúria, de ação penal privada, logo:
Pérola do Oeste. Em um debate transmitido pela rádio local,
V.M. faz inflamado discurso e arremata com a frase de caráter A-a abertura do inquérito policial poderá ser determinada
dúbio: “H.R. tem esse expressivo patrimônio porque pegou na pela autoridade policial, diretamente, mas a ação penal
mão grande, é amigo do alheio”. H.R., sentindo-se depende da iniciativa da vítima;
profundamente ofendido, procura a tutela de seus direitos B-a abertura do inquérito policial não poderá ser
por meio de um advogado. Diante do caso prático, assinale a determinada pela autoridade policial nem requerida por
alternativa correta. Miriam, pois operou-se o prazo prescricional para
representação;
a) O advogado poderá ingressar com um Pedido de C-a queixa-crime poderá ser oferecida por Miriam, mas, se
Explicações, preparatório ao oferecimento da ação penal através de procurador, exigem-se poderes especiais;
privada, providência que suspende o prazo decadencial D-a inicial acusatória não poderá ser oferecida por Miriam,
enquanto não houver decisão judicial. pois operou-se o prazo decadencial;
b) O advogado poderá ingressar com um Pedido de E-a queixa-crime poderá ser oferecida por Miriam,
Explicações, preparatório ao oferecimento da ação penal pessoalmente ou por procurador sem poderes especiais.
privada, providência que não interrompe o prazo
decadencial. 04 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia
c) O advogado poderá ingressar com um Pedido de No que pertine à inépcia da denúncia ou da queixa, é correto
Explicações, preparatório ao oferecimento da ação penal afirmar que
privada, providência que prorroga o prazo decadencial em 6
meses. a)a doutrina a entende como sinônimo de criptoimputacao.

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b)ocorre quando, na denúncia/queixa, não há a identificação 07 - 2018 - VUNESP - PC-BA - Delegado de Polícia
do acusado com seu verdadeiro nome ou outros A retratação da representação, de acordo com o art. 25 do
qualificativos. CPP e do art. 16 da Lei no 11.340/06 (Lei Maria da Penha),
c)sucede quando faltar justa causa para o regular exercício da respectivamente,
ação penal.
d)tem cabimento quando ausente uma ou algumas das a)é admitida até o recebimento da denúncia; não é admitida.
condições da ação penal. b)é admitida até o recebimento da denúncia; só será admitida
e)acontece quando a inicial acusatória não contém o rol de perante o juiz, antes do recebimento da denúncia.
testemunhas. c)é inadmitida; só será admitida perante o juiz, antes do
recebimento da denúncia.
05 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia d)é inadmitida depois de oferecida a denúncia; não é
Marcio, por intermédio de um advogado, ingressou com uma admitida.
queixa-crime em face de Arnaldo, uma vez que, pelas redes e)é inadmitida depois de oferecida a denúncia; só será
sociais, Arnaldo imputou a ele, falsamente, um fato definido admitida perante o juiz, antes do recebimento da denúncia.
como crime. No curso do processo, Marcio tomou
conhecimento por meio de amigos em comum que Arnaldo 08 - 2018 - CESPE - PC-MA - Delegado de Polícia
teria perdido um filho assassinado em um assalto, fato que o Um garoto de sete anos de idade foi atendido no pronto-
comoveu e em sede de alegações finais, Márcio, por seu socorro de um hospital com quadro de crise asmática.
advogado, postula a absolvição do réu em relação ao crime Embora tenha sido regularmente medicado, ele faleceu trinta
contra a honra cometido. e seis horas depois devido a insuficiência respiratória. A
médica plantonista foi indiciada por homicídio culposo com
Diante desta situação, é correto afirmar que o juiz imputação de negligência no atendimento. O promotor de
justiça, após exaustivas diligências, que incluíram o parecer
a)poderá, ainda assim, condenar o réu, uma vez que a ação de renomado pneumologista e outras diligências realizadas
penal, nesta hipótese, é privada, cabendo a ele tal decisão. pela própria assessoria médica do órgão acusador, pediu o
b)deverá, nestas situações, chamar o autor e o réu a fim de arquivamento da peça inquisitória um mês depois de
que possa promover a reconciliação entre eles. encerrado o prazo previsto em lei para a propositura da ação
c)não terá outra alternativa que não seja reconhecer a penal, a partir da apresentação do relatório final pelo
extinção da punibilidade de Arnaldo. delegado. Nesse ínterim, o pai da criança, inconformado com
d)poderá condenar ou absolver Arnaldo, independentemente a demora do MP em promover a denúncia no prazo da lei,
do fato de Márcio ter, em sede de alegações finais, postulado ajuizou ação penal privada subsidiária.
a absolvição do agente.
e)ficará obrigado a absolver Arnaldo, porquanto Márcio é o Acerca dessa situação hipotética e de aspectos a ela
titular da ação penal privada, podendo assim desistir dela a correlatos, assinale a opção correta à luz do entendimento
qualquer tempo. dos tribunais superiores.

06 - 2018 - UEG - PC-GO - Delegado de Polícia a)O simples fato de os autos terem ficado sem movimentação
A natureza da ação penal no crime de ameaça praticado em externa ao MP por prazo superior a quinze dias não
situação de violência doméstica e familiar contra a mulher é autorizaria a propositura da ação penal privada.
b)Se os autos tiverem estado em diligência a cargo de órgão
a)pública incondicionada. auxiliar técnico do MP para análise das questões médicas
b)de iniciativa privada exclusiva. envolvidas, então não houve omissão e, por isso, esteve
c)pública condicionada a requisição. suspenso o prazo para o exercício da ação penal privada.
d)de iniciativa privada personalíssima. c)Caso a família da vítima tomasse ciência da realização de
e)pública condicionada à representação. diligências no âmbito interno do MP para esclarecimento dos
fatos e se manifestasse nos autos dessas diligências sem

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questioná-las, isso implicaria anuência, obstando o direito à e)a retratação da representação pode ser feita a qualquer
ação penal privada. tempo, dado o caráter disponível do direito envolvido.
d)O direito de propor ação penal privada subsidiária poderia
ser exercido a qualquer tempo, desde que decorrido o prazo 11 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - Delegado de Polícia
legal conferido ao MP. Sobre ação penal é correto afirmar que:
e)Tendo a CF erigido como fundamental o direito da vítima e
de sua família à aplicação da lei penal, a vítima e sua família a)a ação penal privada, em certos casos é personalíssima, só
podem tomar as rédeas da ação penal se o MP não o fizer no podendo o delegado de polícia instaurar inquérito,
devido tempo. exclusivamente, no caso de requerimento do próprio
ofendido.
09 - 2017 - CESPE - PJC-MT - Delegado de Polícia b)na ação penal subsidiária da pública, quando o querelado
Assinale a opção correta no que se refere à ação penal. deixa de comparecer aos atos do processo, ocorre a
perempção.
a)Aplica-se a perempção como forma extintiva da c)quanto ao exercício, classifica-se em pública
punibilidade às ações penais exclusivamente privadas e às incondicionada, condicionada a representação do ofendido
ações privadas subsidiárias das públicas. ou a resolução do Ministério da Justiça.
b)O princípio da indivisibilidade, quando não observado, d)na ação penal privada o querelante tem legitimidade
impõe ao juiz a rejeição da denúncia nas ações penais ordinária.
públicas. e)a ação penal pública rege-se pelos princípios da
c)Há legitimidade concorrente do ofendido e do MP para a obrigatoriedade e disponibilidade, enquanto a privada rege-
persecução de crimes contra a honra de funcionário público se pela oportunidade e indivisibilidade.
em razão de suas funções.
d)Na ação penal privada, todas as manifestações de 12 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - Delegado de Polícia
disponibilidade pelo ofendido serão extensivas a todos os Sobre ação penal, assinale a correta.
réus e(ou) responsáveis pelo fato delituoso,
independentemente de qualquer reserva ou condição a)No crime de lesão corporal culposa no trânsito, a
apresentada por eles. representação é uma condição específica de
e)Diante de concurso formal entre um delito de ação penal prosseguibilidade.
pública e outro de ação penal privada, caberá ao b)Para a doutrina tradicional são condições da ação penal a
representante do MP oferecer denúncia em relação aos dois legitimidade, o interesse de agir e a causa de pedir.
crimes. c)Na ação penal privada podemos observar a hipótese de
legitimidade extraordinária que dá azo a ocorrência da
10 - 2017 - FCC - PC-AP - Delegado de Polícia sucessão processual.
No instituto da representação, d)Parte da doutrina sustenta, quanto a ação penal
condenatória, a existência de 05 (cinco) condições para o
a)a renúncia à representação é vedada no âmbito no Juizado regular exercício do direito de ação, a saber: legitimidade,
de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. interesse de agir, possibilidade jurídica da demanda, justa
b)a autoridade policial tem autonomia para instaurar causa e originalidade.
inquérito policial mesmo na ausência de representação da e)Não existe no processo penal a figura do assistente
vítima, nos crimes em que a ação pública dela depender. litisconsorcial.
c)a representação tem caráter personalíssimo, de modo que
a morte do ofendido implica na imediata extinção da 13 - 2016 - CESPE - PC-PE - Delegado de Polícia
punibilidade do autor do fato criminoso. Em consonância com a doutrina majoritária e com o
d)o direito de representação poderá ser exercido, entendimento dos tribunais superiores, assinale a opção
pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, correta acerca dos sistemas e princípios do processo penal.
mediante declaração à autoridade policial.

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a)O princípio da obrigatoriedade deverá ser observado tanto c)O inquérito policial, cuja natureza é cautelar, constitui uma
na ação penal pública quanto na ação penal privada. das fases processuais.
b)O princípio da verdade real vigora de forma absoluta no d)O inquérito policial é dispensável à propositura da ação
processo penal brasileiro. penal privada e da ação penal pública condicionada, mas é
c)Na ação penal pública, o princípio da igualdade das armas é indispensável à propositura da ação penal pública
mitigado pelo princípio da oficialidade. incondicionada.
d)O sistema processual acusatório não restringe a ingerência, e)Segundo jurisprudência pacificada no STF, o poder de
de ofício, do magistrado antes da fase processual da investigação do Ministério Público é amplo e irrestrito.
persecução penal.
e)No sistema processual inquisitivo, o processo é público; a 16 - 2015 - VUNESP - PC-CE - Delegado de Polícia
confissão é elemento suficiente para a condenação; e as No caso de morte do ofendido
funções de acusação e julgamento são atribuídas a pessoas
distintas. a)o direito de oferecer queixa passará ao cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão; nos crimes de ação
14 - 2016 - CESPE - PC-PE - Delegado de Polícia privada, o juiz, a requerimento da parte que comprovar a sua
Acerca da ação penal, suas características, espécies e pobreza, instaurará de ofício a ação penal.
condições, assinale a opção correta. b)o direito de oferecer queixa se extinguirá; nos crimes de
ação privada, o juiz, a requerimento da parte que comprovar
a)A perempção incide tanto na ação penal privada exclusiva a sua pobreza, instaurará de ofício a ação penal.
quanto na ação penal privada subsidiária da ação penal c)o direito de oferecer queixa passará ao cônjuge,
pública. ascendente, descendente ou irmão; nos crimes de ação
b)Os prazos prescricionais e decadenciais incidem de igual privada, o juiz, a requerimento da parte que comprovar a sua
forma tanto na ação penal pública condicionada à pobreza, nomeará advogado para promover a ação penal.
representação do ofendido quanto na ação penal pública d)no curso da ação privada, declarar-se-á a extinção da
condicionada à representação do ministro da Justiça. punibilidade do ofensor; nos crimes de ação pública
c)De regra, não há necessidade de a queixa-crime ser condicionada, o juiz, a requerimento da parte que comprovar
proposta por advogado dotado de poderes específicos para a sua pobreza, nomeará advogado para promover a ação
tal fim, em homenagem ao princípio do devido processo legal. penal.
d)Tanto na ação pública condicionada à representação e)no curso da ação pública condicionada, declarar-se-á a
quanto na ação penal privada, se o ofendido tiver menos de extinção da punibilidade do ofensor; nos crimes de ação
vinte e um anos de idade e mais de dezoito anos de idade, o pública condicionada, o juiz, a requerimento da parte que
direito de queixa ou de representação poderá ser exercido comprovar a sua pobreza, nomeará advogado para promover
por ele ou por seu representante legal. a ação penal.
e)É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa,
e do MP, condicionada à representação do ofendido, para a 17 - 2014 - ACAFE - PC-SC - Delegado de Polícia
ação penal por crime contra a honra de servidor público em De acordo com a Lei de Introdução ao Código de Processo
razão do exercício de suas funções. Penal, assinale a alternativa correta.

15 - 2015 - FUNIVERSA - PC-DF - Delegado de Polícia a)O juiz da denúncia, ao classificar o crime, apenas quando
Assinale a alternativa correta em relação ao inquérito policial. consumado, não poderá reconhecer a existência de causa
especial de diminuição da pena.
a)Há, no ordenamento jurídico brasileiro, expressa previsão b)O juiz da pronúncia, ao classificar o crime, consumado ou
do inquérito policial judicialiforme. tentado, poderá reconhecer a existência de causa especial de
b)Nos crimes em que a ação pública depender de diminuição da pena.
representação, o inquérito não poderá sem ela ser iniciado.

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c)O juiz da pronúncia, ao classificar o crime, apenas quando substitutiva, intervir em todos os termos do processo,
tentado, não poderá reconhecer a existência de causa fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo
especial de diminuição da pena. tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação
d)Se tiver sido intentada ação pública por crime que, segundo como parte principal.
o Código Penal, só admite ação privada, esta, salvo c)As fundações, associações ou sociedades legalmente
decadência intercorrente, poderá prosseguir nos autos constituídas só poderão exercer a ação penal se assistidas
daquela, desde que a parte legítima para intentá-la ratifique pelo Ministério Público.
os atos realizados e promova o andamento do processo. d)Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se
e)Se tiver sido intentada ação pública por crime que, segundo esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério
o Código Penal, só admite ação privada, esta, salvo prescrição Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia
intercorrente, não poderá prosseguir nos autos daquela, substitutiva, intervir em todos os termos do processo,
desde que a parte legítima para intentá-la ratifique os atos fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo
realizados e promova o andamento do processo. tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação
como parte principal.
18 - 2014 - ACAFE - PC-SC - Delegado de Polícia e)As fundações, associações ou sociedades legalmente
De acordo com o Código de Processo Penal, e considerando o constituídas só poderão exercer a ação penal se
inquérito policial nos crimes de ação pública, analise as representadas pelo Ministério Público.
afirmações a seguir e assinale a alternativa correta.
20 - 2014 - NUCEPE - PC-PI - Delegado de Polícia
I Será iniciado de ofício. Maria foi denunciada pela prática do crime de furto na
II Será iniciado mediante requisição da autoridade judiciária modalidade simples. O Ministério Público, considerando
ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou estarem presentes as condições para propositura da
de quem tiver qualidade para representá-lo. suspensão condicional do processo prevista no art.89 da Lei
III Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de nº 9.099/95, oferecera mencionada proposta que fora aceita
inquérito não caberá recurso. por Maria e homologada pelo magistrado, tendo este
IV O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de suspendido o processo pelo prazo de dois anos com
representação, não poderá sem ela ser iniciado. imposição das condições a serem cumpridas nesse prazo.
Considerando a narrativa, assinale a assertiva CORRETA.
a)Todas as afirmações estão corretas.
b)Todas as afirmações estão incorretas. a)Maria poderá impetrar habeas corpus objetivando o
c)Apenas I, II e III estão corretas. trancamento da ação penal por ausência de justa causa,
d)Apenas II e IV estão corretas. embora tenha aceitado a proposta
e)Apenas I, II e IV estão corretas. b)Maria não poderá impetrar habeas corpus uma vez
concordado com a suspensão condicional do processo,
19 - 2014 - ACAFE - PC-SC - Delegado de Polícia renuncia ao interesse de agir.
Considere as disposições do Código de Processo Penal quanto c)Não cabe habeas corpus no âmbito dos Juizados Especiais
à ação penal e assinale a alternativa correta. Criminais
d)Inexiste previsão legal para trancamento de ação penal via
a)As fundações, associações ou sociedades legalmente habeas corpus por ausência de justa causa.
constituídas não poderão exercer a ação penal, pois carecem e)Só é possível trancamento da ação penal nos casos de
de personalidade jurídica para esse fim. decisões que extinguem a punibilidade.
b)Será admitida ação pública nos crimes de ação privada, se
esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério
Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia

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Respostas9

9
01: C 02: B 03: C 04: A 05: C 06: E 07: E 08: E 09: C 10: D 11: A 12: D 13: C 14: E 15: B
16: C 17: D 18: E 19: D 20: A
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META 5

DIREITO CONSTITUCIONAL: TEORIA CONSTITUCIONAL

TODOS OS ARTIGOS
⦁ Art. 3º do ADCT
⦁ Arts. 1º a 4º da CF/88 → saber na ponta da língua. Despenca em prova;
⦁ Art. 34, CF/88
⦁ Art. 60, CF/88 → saber na ponta da língua. Despenca em prova;
⦁ Arts. 136 e 137, CF/88
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER

⦁ Art. 34, inc. VII, CF/88


⦁ Art. 60, CF/88 (muito importante!)

1. CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO

Embora existam várias acepções, basicamente, os doutrinadores conceituam constituição como “a


lei fundamental e suprema de um Estado, que contém normas referentes: à estruturação do Estado; à
formação dos poderes públicos; forma de governo e aquisição do poder de governar; distribuição de
competências e; direitos, garantias e deveres do cidadão”. (MORAES. Alexandre de. Direito Constitucional.
8ª Ed. Editora Atlas, 2000, p. 34) e (HOLTHER. Leo Van. Direito Constitucional. 4ª Ed. Jus Podivm. 2008, p. 34).
DICA: para não esquecer o conceito, lembrem-se dos objetivos das constituições, começando pela
limitação de poderes e estruturação do Estado).

J. J. Canotilho formulou o chamado conceito ideal de constituição, verbis: Este conceito ideal
identifica-se fundamentalmente com os postulados político liberais, considerando-se como elementos
materiais caracterizadores e distintivos os seguintes:

(a) a constituição deve consagrar um sistema de garantias da liberdade (esta essencialmente


concebida no sentido do reconhecimento de direitos individuais e da participação dos cidadãos nos
actos do poder legislativo através dos parlamentos);
(b) a constituição contém o princípio da divisão de poderes, no sentido de garantia orgânica contra os
abusos dos poderes estaduais;
(c) a constituição deve ser escrita (documento escrito). (CANOTILHO. José Joaquim Gomes. Direito
Constitucional. 6ª Edição Revista. Livraria Almedina. Coimbra, 1993, páginas 62 e 63).

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1.1 Concepções do Conceito de Constituição

Não há conceito único que defina o que é a Constituição. Por isso, cada doutrinador toma por base
um sentido com o fim de definir o termo “Constituição”.

a) Concepção SocioLógica (Ferdinand Lassale): uma Constituição só seria legítima se representasse o efetivo
poder social, refletindo as forças sociais que constituem o poder, do contrário seria uma simples “folha de
papel”. Portanto, a Constituição, segundo Lassale, seria a somatória dos fatores reais do poder dentro de
uma sociedade.

b) Concepção PolíTica (Carl SchimiTt): A Constituição seria a decisão política fundamental, emanada do
titular do poder constituinte, enquanto a lei constitucional representaria os demais dispositivos que estão
inseridos no texto constitucional e que não contém matéria de decisão política fundamental. Faz a distinção
entre Constituição (decisão política fundamental) e lei constitucional (lei formalmente Constitucional).

c) Concepção Jurídica (Hans Kelsen): A Constituição é norma pura, dever-ser, dissociada de qualquer
fundamento sociológico, político ou filosófico. Kelsen dá dois sentidos à palavra Constituição:
● SENTIDO LÓGICO-JURÍDICO – a Constituição é a NORMA HIPOTÉTICA FUNDAMENTAL, responsável
por dar sustentação ao sistema posto, e é o fundamento de validade de todas as outras leis.
● SENTIDO JURÍDICO-POSITIVO - é a Constituição positiva, conjunto de normas que regulam a criação
de outras normas, da qual todas as outras normas infraconstitucionais extraem seu fundamento de
validade. Logo, a Constituição é a lei máxima do direito positivo e encontra-se no topo da pirâmide
normativa.

d) Concepção Culturalista (Meirelles Teixeira e José Afonso da Silva): A Constituição é produto de um FATO
CULTURAL, produzido pela sociedade e que sobre ela pode influir.

OUTROS SENTIDOS DE CONSTITUIÇÃO (BULOS, 2014, p. 104):

a) Constituição Jusnaturalista: Constituição concebida à luz dos princípios do direito natural, principalmente
no que concerne aos direitos humanos fundamentais.

b) Constituição Positivista: Constituição é o conjunto de normas emanadas do poder do Estado. Para os seus
defensores, basta recorrer ao Direito Constitucional posto pela ação do homem para sabermos o conceito
de constituição. Assim, para a compreensão da constituição, não seriam necessários critérios
metanormativos (fatores sociais, políticos, econômicos, culturais, religiosos.

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c) Constituição Marxista: Constituição é o produto da supraestrutura ideológica, condicionada pela


infraestrutura econômica. É o caso da constituição-balanço, que, conforme a doutrina soviética, prescreve e
registra a organização política estabelecida, ou seja, os estágios das relações de poder. A cada passo da
evolução socialista, existiria uma nova constituição para auscultar as necessidades sociais.
OBS.: Constituição-balanço é o inverso da constituição-garantia ou constituição-quadro. Esta última é aquela
que almeja garantir a liberdade limitando o poder.

d) Constituição Institucionalista: Constituição é a expressão das ideias fortes e duradouras, dos fins políticos,
com vistas a cumprir programas de ordem social.

e) Constituição Estruturalista: Constituição é o resultado das estruturas sociais, servindo para equilibrar as
relações políticas e o processo de transformação da sociedade. Assim, a constituição não seria apenas certo
número de preceitos cristalizados em artigos e parágrafos, e sim uma unidade estrutural, um conjunto
orgânico e sistemático de caráter normativo sob inspiração de um pensamento diretor.

f) Constituição Biomédica/biológica (bioconstituição): É a constituição que consagra normas assecuratórias


da identidade genética do ser humano, visando reger o processo de criação, desenvolvimento e utilização de
novas tecnologias científicas. Visa assegurar a dignidade humana, salvaguardando biodireitos e biobens.

OBS.: A quarta revisão constitucional da Carta portuguesa de 1976, realizada em 1997, consagrou o sentido
biomédico de constituição.

g) Constituição Compromissória: É a constituição que reflete a pluralidade das forças políticas e sociais.
Típica da sociedade plural e complexa em que vivemos, ela é fruto de conflitos profundos. O procedimento
constituinte de elaboração das constituições compromissórias é tumultuado pelas correntes convergentes e
divergentes de pensamento, mas que ao fim encontram o consenso (compromisso constitucional).

OBS.: A Constituição brasileira de 1988 e a portuguesa de 1976 são constituições compromissórias.

h) Constituição Suave: É aquela que não contém exageros. Ao exprimir o pluralismo social, político e
econômico da sociedade, não consagra preceitos impossíveis de realização prática. A constituição suave não
faz promessas baseadas na demagogia política.

Obs.: A Carta dos Estados Unidos de 1787 é exemplo de constituição suave.

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i) Constituição em Branco: É a constituição que não consagra limitações explícitas ao poder de reforma
constitucional. O processo de sua mudança subordina-se à discricionariedade dos órgãos revisores, que, por
si próprios, ficam encarregados de estabelecer as regras para a propositura de emendas ou revisões
constitucionais.

j) Constituição Plástica (Raul Machado Horta): É aquela que apresenta uma mobilidade, projetando a sua
forçam normativa na realidade social, política, econômica e cultural do Estado. Qualifica-se de plástica
porquanto revela uma maleabilidade. Maleabilidade porque permite a adequação de suas normas às
situações concretas do cotidiano. Tanto as cartas rígidas como as flexíveis podem ser plásticas. O que
caracteriza a plasticidade é a adaptação das normas constitucionais às oscilações da opinião pública.
Normalmente, as constituições plásticas consagram preceitos de eficácia limitada, porque deixam a cargo do
legislador ordinário a complexa tarefa de preenchimento das normas constitucionais.
As constituições plásticas pretendem fazer coincidir o “dever ser” de seus preceitos com a realidade social.
Nesse particular, interligam-se ao fenômeno da mutação constitucional.

Obs.: A Constituição brasileira de 1988 é rígida e plástica. Já a Carta da Inglaterra é flexível e também plástica.

k) Constituição Empresarial: É o conjunto de normas cujo conteúdo estabelece a organização jurídica de


uma dada comunidade, num período histórico determinado. É uma espécie de constituição programática.
Quando os franceses, holandeses e portugueses estiveram no Brasil-colônia, chegaram a vigorar
constituições empresariais, elaboradas por empresas exploradoras da atividade comercial da época.

l) Constituição Oral: É aquela em que o chefe supremo de um povo proclama, de viva voz, o conjunto de
normas que deverão reger a vida em sociedade. Exemplifica-a a Carta da Islândia do século IX, quando os
vikings instituíram, solene e oralmente, o primeiro parlamento livre da Europa.

m) Constituição Instrumental: É aquela em que suas normas equivalem a leis processuais. Seu objetivo é
definir competências, para limitar a ação dos Poderes Públicos.

Obs.: Grande parte dos constitucionalistas contemporâneos não aceitam essa ideia de constituição.

n) Constituição como Estatuto do Poder: Constituição que equivale a um mecanismo para legitimar o poder
soberano, segundo certa ideia de direito, prevalecente no seio da sociedade. O texto constitucional,
enquanto estatuto do poder, seria o pressuposto lógico do próprio Estado de Direito, servindo para balizar a
conduta de governantes, verdadeiros prepostos da sociedade política, e a conduta dos governados, os quais
devem se submeter ao poder de direito, juridicizado e racionalizado por meio de normas constitucionais.

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SENTIDOS CONTEMPORÂNEOS DE CONSTITUIÇÃO


(BULOS, 2014, p. 109):

a) Constituição Dirigente (J. J. Gomes Canotilho): Constituição que pretende dirigir a ação governamental
do Estado. Propõe que se adote um programa de conformação da sociedade, no sentido de estabelecer uma
direção política permanente. Significa que o texto constitucional seria uma lei material, para preordenar
programas a serem realizados, objetivos e princípios de transformação econômica e social. A ideia de
constituição dirigente diverge daquela visão tradicional de constituição, que a concebe como lei processual
ou instrumento de governo, definidora de competências e reguladora de processos.
No sentido dirigente, a constituição é o “estatuto jurídico do político”, o plano global normativo de todo o
Estado e de toda a sociedade, que estabelece programas, definindo fins de ação futura.

OBS.: A constituição brasileira de 1988 e a portuguesa de 1976 são exemplos de constituições dirigentes.

b) Constituição como instrumento de realização da atividade estatal: O texto maior é uma ordenação global
do Estado e da sociedade, ao mesmo tempo que é um projeto de determinação de sua identidade. As
constituições são ordens fundamentais que contêm, no âmbito da historicidade que as subjaz, programas de
ação que as identificam com ordenamentos político-sociais tendentes a um processo de realização concreto.
Esse pensamento nutre forte semelhança com a tese da constituição dirigente, pois propõe o
estabelecimento de metas para dirigir a atividade estatal.

c) Constituições subconstitucionais (subconstituições): Conjunto de normas que, mesmo elevadas


formalmente ao patamar constitucional, não o são materialmente, pois que limitadas nos seus objetivos.
Demonstram preocupações momentâneas, interesses esporádicos, próprios do tempo em que foram
elaboradas. Em geral, as subconstituições não servem para o futuro, pois já nascem divorciadas do sentido
de estabilidade e perpetuidade que deve encampar o ato de feitura dos documentos supremos que
pretendem ser duradouros. Revelam uma espécie de constituição de necessidade, algo contrário àqueles
documentos normativos que consagram um poder geral em branco, responsável pela adaptação dos
problemas concretos ao “dever ser” das prescrições supremas do Estado, sem a necessidade de se
explicitarem as autorizações constitucionais.
As subconstituições decorrem da praxe de incluir uma gama infindável de matérias nas constituições
(totalitarismo constitucional), a ponto de se falar em constituição econômica, constituição social etc.

d) Constituição como documento regulador do sistema político (Niklas Luhmann): A carta magna é um
instrumento funcional que serve para reduzir a complexidade do sistema político. Nesse contexto, propicia
a reflexão da funcionalidade do Direito, abandonando o exame isolado da relação de hierarquia das normas
constitucionais. Conforme Luhmann, urge banir a mera visão negativa da análise dos problemas

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constitucionais. Não basta perquirir o vínculo de conformidade ou desconformidade das leis e atos
normativos com a constituição. É imperioso que se busque a lógica do sistema político. As constituições não
servem, somente, para emitir juízos de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade. Constituem algo
maior, visto que estão inseridas no campo da contingência de autofixação do sistema político.

e) Constituição como processo público (Peter Haberle): Compreende o texto constitucional como
documento de uma sociedade pluralista e aberta, como obra de vários partícipes, como uma ordem jurídica
fundamental do Estado e da sociedade. Para essa corrente, as constituições não são atos voluntarísticos do
poder constituinte, porque dizem respeito à evolução social da comunidade. Assim, o texto constitucional é
o reflexo de um processo interpretativo aberto e conduzido à luz da força normativa da publicidade.

f) Constituição como meio de resolução de conflitos: É uma constituição processual. Essa constituição não
é um meio de resolver problemas, e sim um simples instrumento pelo qual podemos eliminar conflitos. Isso
porque as constituições consagram processos de decisão que não podem ser impostos, pois servem de
parâmetro de resolução de casos concretos perante circunstâncias particulares, a fim de possibilitar soluções
ótimas.

g) Constituição como garantia do status econômico e social: É um sistema de artifícios técnico-jurídicos,


com vistas à racionalização e garantia do status quo, consistindo num pecanismo formal de garantia,
despojado de qualquer conteúdo social, material ou econômico. Objetiva, apenas, manter o coeficiente de
juridicidade e de estadualidade do ordenamento jurídico.

h) Constituição.com (crowdsourcing): É aquela cujo projeto conta com a opinião maciça dos usuários da
internet, que, por meio de sites de relacionamento, externam seus pensamentos a respeito dos temas a
serem constitucionalizados.

Obs.: Foi a Islândia que, pioneiramente, fez, no ano de 2011, uma “constituição.com”.

CONSTITUIÇÃO SIMBÓLICA (Marcelo Neves)


O doutrinador Marcelo Neves entende que a ideia de legislação ou de constituição simbólicas advém da
hipertrofia da função simbólica da atividade legiferante e do seu produto, a lei, em detrimento da função
jurídico-instrumental, ou seja, é valorizar mais uma construção legislativa sem efetividade do que dar
possibilidade de a legislação se tornar efetiva.

O simbolismo se verifica por três mecanismos:


● A Constituição serve tão-somente para confirmar valores sociais: legislador assume uma posição
em relação a determinado conflito social. Se posiciona de um lado, dando uma vitória legislativa

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para um determinado grupo social, em detrimento da eficácia normativa da lei;


● A Constituição apenas demonstra a capacidade de ação do Estado (legislação álibi): busca-se
aparente solução para problemas da sociedade, ainda que mascare a realidade. Só cria a imagem
de um Estado que responde rapidamente aos anseios sociais. Introduz um sentimento de bem-estar
na sociedade.
● Adiamento da solução de conflitos sociais através de compromissos dilatórios: transfere a solução
de conflitos para um futuro indeterminado.

2. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES

a) Quanto à origem ou positivação:


● Outorgada, não democrática ou imposta: Impostas pelo detentor do poder de forma unilateral;
● Promulgada, democrática ou popular: nascem de debates políticos;
● Cesarista ou plebiscitárias: As constituições outorgadas submetidas a plebiscito ou referendo na
tentativa de aparentarem legitimidade são denominadas de constituições cesaristas (NOVELINO,
Marcelo. Direito Constitucional. São Paulo: Editora Método, 2009, 3ª ed. p. 108). Em outras palavras,
cesarista é a constituição em que a participação popular restringe-se a ratificar a vontade do detentor
do poder.
● Pactuada: É a Constituição elaborada em decorrência de pacto realizado entre os vários titulares do
Poder Constituinte que, em conjunto, elaboram a Constituição.

b) Quanto à forma:
● Escritas ou instrumental: É a Constituição sistematizada por procedimento formal;
● Não escritas ou consuetudinária: Resultante das práticas costumeiras.

c) Quanto à mutabilidade:
● Rígidas: O processo de alteração da Constituição mais difícil e solene do que o processo de formação
das leis;
● Flexíveis ou Plásticas: A Constituição é alterada pelo mesmo processo utilizado para as leis ou até
mais simples;
💣 Atenção: NÃO necessariamente as Constituições costumeiras serão plásticas;

● Semirrígida: É a Constituição que exige que apenas uma parte do seu texto seja alterado por processo
legislativo diferenciado e mais dificultoso. Quanto ao restante do texto, é possível a alteração pelo
procedimento ordinário;
● Super-rígidas (Maria Helena Diniz): O processo de alteração da Constituição é mais dificultoso e
solene do que o processo de formação das leis, possuindo pontos imutáveis;
● Imutáveis: A Constituição não admite alteração do seu texto;
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● Fixa: Somente o Poder Constituinte Originário pode alterar o texto constitucional.

d) Quanto ao conteúdo:
● Formais: Constituição é tudo aquilo que está inserido no texto elaborado pelo Poder Constituinte,
por meio de um processo legislativo mais dificultoso, diferenciado e mais solene do que o processo
de formação das demais leis que compõem o ordenamento jurídico. Dessa forma, como não importa
o conteúdo da norma, será constitucional tudo que constar do texto da Constituição, mesmo que
não se trate de assunto relevante para o Estado e a sociedade;
● Materiais: leva em consideração o conteúdo da norma para defini-la como constitucional, que será
toda aquela que defina e trate das regras estruturais da sociedade e de seus alicerces fundamentais.
Assim, podem existir normas constitucionais em textos esparsos, fora da Constituição.

Toda constituição escrita é formal? NÃO, porque a constituição formal vai muito além de ser escrita,
exigindo supralegalidade/supremacia e procedimentos especiais para modificação. Logo, é possível uma
constituição escrita (textos constitucionais) que não seja formal (não goza de processo legislativo especial
para sua alteração).

e) Quanto à sistemática (Pinto Ferreira):


● Reduzidas: Materializam-se em um único documento sistemático;
● Variadas: É a Constituição que está espalhada por vários documentos legislativos).

f) Quanto à ideologia:
● Ortodoxas: Elaboradas em uma única linha ideológica;
● Ecléticas: Elaboradas com várias linhas ideológicas, a exemplo da CF/88.

g) Quanto à eficácia (Karl Lowenstein) – Classificação ontológica, pois analisa o MODO DE SER das
Constituições, conforme adequação à realidade social e política:
● Normativas (máxima eficácia, regulando todos os aspectos da vida social): São aquelas em que o
poder estatal está de tal forma disciplinado que as relações políticas e os agentes do poder
subordinam-se as determinações do seu conteúdo e do seu controle procedimental. Se adequa à
realidade, eis que pretende e consegue guiar o processo político. O texto se alinha com a realidade
política;
● Nominalistas: Visa limitar a atuação dos detentores do poder econômico, político e social, mas essa
limitação NÃO se efetiva. Não corresponde à realidade, já que, apesar de pretender regular o
processo político, NÃO consegue fazê-lo. Não conseguem ser implementadas pois em descompasso
com a realidade política;

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● Semânticas (existe só no papel, não sendo adequada à realidade social): A Constituição serve de
manutenção do poder pela classe dominante, mas NÃO objetiva alterar coisa alguma. Não tem por
fim regular a vida política do Estado, busca somente formalizar e manter o poder político vigente.
h) Quanto à extensão:
● Constituição Sintética: É Constituição reduzida, sucinta, a exemplo da norteamericana;
● Constituição Analítica: É Constituição extensa e prolixa, a exemplo da CF/88.

i) Quanto às opções políticas


Outra classificação opõe as constituições-garantia (estatutárias ou liberais) às constituições
programáticas (ou dirigentes), conforme a margem de opções políticas que deixam ao alvedrio dos Poderes
Públicos que instituem.
As constituições-garantia, tendem a concentrar a sua atenção normativa nos aspectos de estrutura
do poder, cercando as atividades políticas das condições necessárias para o seu correto desempenho.
Aparentemente, não fazem opções de política social ou econômica.
As constituições dirigentes, não se bastam com dispor sobre o estatuto do poder. Elas também
traçam metas, programas de ação e objetivos para as atividades do Estado nos domínios social, cultural e
econômico.
De toda sorte, associa-se a constituição-garantia a uma concepção liberal da política, enquanto a
constituição programática remete-se ao ideário do Estado social de direito.
A Constituição brasileira de 1988 tem induvidosa propensão dirigente.

CLASSIFICAÇÃO DA CF
Origem Promulgada (Popular)
Forma Escrita
Extensão Analítica (Prolixa)
Conteúdo Formal
Modo de elaboração Dogmática (Codificada)
Alterabilidade Rígida

Como o tema foi cobrado (UEG/2018/PC-GO/Delegado de Polícia):

A Constituição Federal brasileira de 1988 classifica-se quanto à origem, ao modo de elaboração, à


alterabilidade, à dogmática e ao critério ontológico de Karl Loewenstein, respectivamente, em
a) outorgada, dogmática, rígida, eclética e normativa.
b) outorgada, histórica, semirrígida, ortodoxa e nominalista.
c) promulgada, dogmática, rígida, eclética e normativa.
d) promulgada, histórica, semirrígida, ortodoxa e nominalista.

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e) cesarista, histórica, imutável, eclética e semântica.

Resposta: Letra C

j) Outras terminologias:
Constituição moldura -> para Marcelo Novelino tal concepção é “utilizada metaforicamente para
designar a constituição que serve apenas como limite à atuação legislativa. A lei fundamental atua como
uma espécie de moldura dentro da qual o legislador pode atuar, preenchendo-a conforme a oportunidade
política. À jurisdição constitucional caberia apenas controlar ‘se’ (não ‘como’) o legislador atuou dentro da
moldura estabelecida”.
As Constituições fixas foram exemplos de constituições em branco. Constituições fixas são aquelas
que não estabelecem, expressamente, o procedimento para sua reforma. Logo, somente podem ser
alteradas por um poder de competência igual àquele que as criou, isto é, poder constituinte originário. Ex.:
Estatuto do Reino da Sardenha de 1848.

3. ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO

Conforme classificação elaborada por José Afonso da Silva, as normas constitucionais podem ser
diferenciadas em elementos, considerando-se estrutura normativa e conteúdo:
● Elementos orgânicos: regulamentam a estrutura do Estado e do Poder;
● Elementos limitativos: limitam a atuação do poder estatal, a exemplo dos direitos e garantias
fundamentais;
● Elementos sócio- ideológicos: Identificam a ideologia adotada pelo constituinte;
● Elementos de estabilização constitucional: asseguram a vigência das normas constitucionais em
situação de conflito, garantem a defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas;
● Elementos formais de aplicabilidade: Estabelecem regras de aplicação da Constituição. Ex:
Preâmbulo, ADCT.

Temos corno exemplos, na CR/88:


ELEMENTOS ORGÂNICOS São as normas que regulam a a) Título III (Da organização do Estado);
estrutura do Estado e do Poder. b) Título IV (Da organização dos Poderes
e do Sistema de Governo)

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São normas que compõem o Temos como exemplos, na CR/88:


catálogo de direitos e garantias Título II (Dos Direitos e Garantias
individuais (direito individuais e Fundamentais, exceto o Capítulo lI dos
ELEMENTOS LIMITATIVOS suas garantias, direitos de Direitos Sociais).
nacionalidade e direitos
políticos e democráticos) e que
estabelecem limitações aos
Poderes Públicos.

São normas que guardam Temos como exemplos, na CR/88:


ELEMENTOS relação com o compromisso da a) Capítulo II do Título II (Dos Direitos
SOCIOIDEOLÓGICOS Constituição e se situam no Sociais);
limiar entre o Estado b) Título VII (Da ordem Econômica e
individualista e o Estado financeira);
intervencionista. c) Título VIII (Da Ordem social).

São normas destinadas e Temos como exemplos, na CR/88:


ELEMENTOS DE direcionadas a assegurar a a) Da Intervenção Federal nos Estados e
ESTABILIZAÇÃO resolução de conflitos no DF e dos Estados nos Municípios nos
CONSTITUCIONAL constitucionais, a defesa da art. 34/36;
Constituição, do Estado e das b) Processo de Emendas à Constituição
Instituições democráticas. noart.60;
c) Defesa do Estado e das Instituições
Democráticas especificamente no
Capítulo 1 do Título V (Estado de sítio e
Estado de defesa);
d) Ação Direita de Inconstitucionalidade
do art. 102, 1, a.
São as normas que estabelecem Temos como exemplos, na CR/88:
ELEMENTOS FORMAIS DE as regras de aplicação das a) preâmbulo;
APLICABILIDADE Constituições b) disposições constitucionais
transitórias, entre outras, além do§ 1° do
art. 5° de nossa atual Constituição

4. SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO: CONSTITUCIONALISMO E NEOCONSTITUCIONALISMO

4.1. Constitucionalismo

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O constitucionalismo é o movimento a partir do qual emergem as Constituições. Parte da noção de


que todo Estado deve possuir uma Constituição. A ideia é GARANTIR DIREITOS para LIMITAR O PODER
ESTATAL. Contrapõe-se ao absolutismo.

FASES:

a) CONSTITUCIONALISMO ANTIGO: É o da Antiguidade Clássica, com a ideia de garantir direitos para limitar
o poder, evitar o arbítrio.

● Hebreus: estabelecimento no estado teocrático de limitações ao poder político através da


legitimidade dos profetas para fiscalizar os atos governamentais que extrapolassem os limites
bíblicos.
● Idade Média: Carta Magna de 1215 – estabelece a proteção a direito individuais.

b) CONSTITUCIONALISMO CLÁSSICO (LIBERAL): século XVIII


● Surge a 1ª geração de direito fundamentais (liberdade): direitos civis e políticos. Exigem abstenção
do Estado.
● Separação de Poderes.
● CF rígida e supremacia da CF
● O Poder Judiciário é o principal encarregado de garantir a supremacia da CF Surgem as primeiras
Constituições escritas.

Quadro europeu: o reconhecimento do valor jurídico das Constituições tardou na Europa. Os


movimentos liberais (século XVIII) enfatizam o princípio da supremacia da lei e do parlamento. A Constituição
NÃO era norma vinculante, embora esse entendimento já começasse a ser desenvolvido nos EUA.
Nessa fase, há uma diferença entre o quadro europeu e o americano:

QUADRO EUROPEU QUADRO AMERICANO


Supremacia da lei e do parlamento Supremacia da Constituição
O Judiciário NÃO pode controlar a legitimidade Para acentuar a supremacia do Poder Constituinte,
constitucional das leis, limitando-se a ser a “boca da adotou-se procedimento mais dificultoso e solene
lei” (Supremacia do parlamento) de mudança da Constituição.
A primazia da Constituição só ocorreu a partir do Para garantir a efetiva supremacia da Constituição,
fim da 2ª guerra mundial (redemocratização). cresceu o papel do controle judicial: ao Judiciário
Supremacia do Poder Constituinte. cabe fazer a interpretação final e aplicar a
Constituição (judicial review).

c) CONSTITUCIONALISMO MODERNO (SOCIAL): após fim da 1ª Guerra Mundial até o início da segunda.
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● Exigem atuação positiva do Estado (Estado Social, intervencionista, prestador de serviço público).
● Crise do liberalismo diante das demandas sociais que abalaram o século XIX. O abstencionismo
estatal não garantia a igualdade essencial para a existência de igualdade de competições.
● Consagração dos direitos fundamentais de 2ª dimensão: gravitam em torno do valor IGUALDADE,
mas não meramente formal e sim a IGUALDADE MATERIAL (direitos sociais, econômicos e culturais).
Possuem um caráter positivo: exigem uma prestação do Estado. Surgem garantias institucionais.
● Adoção do Estado Social: o Estado transforma-se em prestador de serviços, intervindo no âmbito
social, econômico e laboral.

d) CONTEMPORÂNEO: após fim da 2ª Guerra Mundial.


● Surgem os direitos fundamentais de 3ª geração (fraternidade): direitos transindividuais, como meio
ambiente, comunicação, consumidor.
● Alguns o chamam de neoconstitucionalismo. Outros diferenciam:
∘ No constitucionalismo contemporâneo, a hierarquia entre Constituição e lei é apenas formal:
o foco é a limitação do poder estatal.
∘ No neoconstitucionalismo, a hierarquia é de grau e também axiológica (tem que observar
espírito e valores da CF): o foco é a concretização dos direitos fundamentais.
Caracteriza-se pelas Constituições garantistas, que tem como pilar a defesa dos direitos
fundamentais.
Período marcado pelas CONSTITUIÇÕES DIRIGENTES, que prescrevem programas a serem
implementados pelos Estados, normalmente por meio de normas programáticas.

4.2 Neoconstitucionalismo

☠ Foi objeto da prova discursiva de Delegado do Espírito Santo em 2019.

A doutrina passa a desenvolver, a partir do pós-2ª Guerra Mundial, uma nova perspectiva em relação
ao constitucionalismo, denominada neoconstitucionalismo, ou, segundo alguns, constitucionalismo pós-
moderno, ou, ainda, pós-positivismo. Busca-se, dentro dessa nova realidade, não mais apenas atrelar o
constitucionalismo à ideia de limitação do poder político, mas, buscar a eficácia da Constituição.

MARCOS DO NEOCONSTITUCIONALISMO (LUÍS ROBERTO BARROSO):


1) Marco histórico: A formação do Estado constitucional de direito, cuja consolidação se deu ao longo
das décadas finais do século XX;
2) Marco filosófico: O pós-positivismo, com a centralidade dos direitos fundamentais e a reaproximação
entre Direito e ética; e

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3) Marco teórico: o conjunto de mudanças que incluem a força normativa da Constituição, a expansão
da jurisdição constitucional e o desenvolvimento de uma nova dogmática da interpretação
constitucional.

CARACTERÍSTICAS DO NEOCONSTITUCIONALISMO:

● BUSCA EFICÁCIA DA CF E CONCRETIZAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS;

● PÓS-POSITIVISMO: O positivismo tinha permitido barbáries com base na lei. Veio, então, o pós-
positivismo (o direito deve ter um conteúdo moral, vai além da legalidade estrita. Não basta apenas
respeitar a lei, tem que observar os princípios da moralidade e da finalidade pública).

● NORMATIVIDADE DA CONSTITUIÇÃO: A Constituição Federal era documento político. Com o


neoconstitucionalismo, passa a ser documento JURÍDICO, com força vinculante

● FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO: as normas constitucionais têm aplicabilidade direta (con


forme sua densidade jurídica), os direitos irradiam da CF

● CENTRALIDADE DA CONSTITUIÇÃO: A CF é o epicentro do ordenamento jurídico. Tem supremacia formal


e material. Consequências:
o Constitucionalização do direito: normas de outros ramos do direito estão na Constituição Federal
e há releitura dos institutos previstos na legislação infraconstitucional à luz da Constituição.
o Filtragem constitucional: há interpretação da lei à luz da Constituição Federal. Segundo a
interpretação conforme a CF, passa a lei no filtro da CF para extrair seu sentido constitucional.
Para Luiz Roberto Barroso, toda interpretação jurídica é uma interpretação constitucional.

● REMATERIALIZAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES: Surgem Constituições prolixas, com extenso rol de direitos
fundamentais.

● MAIOR ABERTURA NA INTERPRETAÇÃO: Os princípios deixam de ser meras diretrizes e passam a ser
espécies de norma;

Já caiu em prova e foi considerada INCORRETA a seguinte alternativa: A vertente teórica apelidada de
neoconstitucionalismo atribui aos princípios uma função eminentemente subsidiária na aplicação do
direito.

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● FORTALECIMENTO DO JUDICIÁRIO: O Judiciário irá garantir a supremacia da Constituição Federal. É o


ativismo judicial, postura mais ativa do Judiciário na implementação dos direitos. O Judiciário passa a
atuar como legislador positivo.

4.3 O papel da Constituição em um Estado Democrático de Direito

Frequentemente se cogita qual seria o papel da Constituição em um Estado de Direito.

1) Para a teoria procedimentalista (Jürgen Habermas):


A Constituição deve se limitar à regulação formal do processo democrático, sem estabelecer de
antemão quais as metas ou valores substantivos a serem perseguidos por aquela sociedade. Para esta
concepção, uma vez assegurado um procedimento democrático, caberá à própria sociedade compreender
seus problemas e encontrar soluções, por meio de processos comunicacionais. De fato, para a “teoria do agir
comunicativo” de Habermas, o direito deve ser construído a partir desta interação intersubjetiva entre os
cidadãos na esfera pública, de modo que a legitimidade das normas repousaria no “princípio do discurso”,
isto é, na possibilidade de que todos seus destinatários com elas consintam.

2) Para a teoria substancialista:


Defende que a Constituição deve consagrar metas e valores a serem perseguidos por aquela
sociedade, traduzindo-se em uma Constituição dirigente, na expressão de Canotilho. Tal vertente critica,
ainda, a concepção liberal do Estado de Direito pregada pelo constitucionalismo clássico, que defendia que
a Constituição deveria se restringir à previsão de normas limitadoras do poder político. Tais normas
correspondem aos chamados “direitos fundamentais de primeira geração ou dimensão”, tais como os
direitos civis e políticos, que tinham como fundamento impor ao Estado um dever negativo, de abstenção e
não intervenção na esfera particular.
O mencionado viés liberal guarda estreita relação com a filosofia juspositivista, que encontrou seu
auge nos pensamentos de Hans Kelsen e a sua obra “Teoria Pura do Direito”. Para ele, a ciência do Direito
deve ser pura, isto é, abdicar de reflexões metajurídicas, tais como as relativas à ética, à moral e à justiça,
de modo que o objeto de estudo deve se limitar às normas estatais. A análise da validade de uma norma não
passaria, portanto, pela aferição de sua justiça ou aderência social, mas pela constatação da legitimidade de
seu processo criador e da sua conformidade com as normas hierarquicamente superiores. Isto porque o
ordenamento seguiria um escalonamento na forma de uma pirâmide, no topo da qual estariam as normas
constitucionais e, acima delas, uma norma fundamental hipotética, pressuposta. Seria um sistema fechado
de normas, portanto, e com pretensão à completude. Nesta configuração reducionista do fenômeno jurídico,
o juiz deveria se limitar a realizar um procedimento de formal de subsunção do fato à norma, colocando-se
em posição de neutralidade axiológica. Ou seja, exerceria o papel de “boca da lei”, conforme expressão de
Montesquieu.

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A História cuidou de mostrar as falhas conceituais do juspositivismo. Fenômenos como o nazismo e


o apartheid, desenrolados sob o manto da estrita legalidade, evidenciaram que a pretensa neutralidade do
discurso jurídico e seu divórcio de reflexões éticas criaram ambiente fértil para a barbárie, a injustiça e a
intolerância.
O fracasso do juspositivismo, tal como concebido originalmente, suscitou reflexões sobre a
necessidade de trazer as discussões sobre ética, moral e justiça para o interior da ciência jurídica. A este
ideário difuso se convencionou chamar de pós-positivismo. Os seus reflexos no campo constitucional
formam o assim denominado neoconstitucionalismo. Para esta concepção, a Constituição, longe de apenas
limitar o poder político, deve ter como foco a concretização de direitos fundamentais (efeito expansivo dos
direitos fundamentais). Não basta prevê-los, como meras aspirações. Deve-se ultrapassar a retórica, pois a
Constituição tem força normativa e deve ser implementada.
Portanto, para esta concepção, as normas se dividem entre regras e princípios, pois estes não são
meras aspirações sem caráter vinculativo.
☠ Foi objeto de cobrança da 2ª Fase de Delegado do Rio Grande do Sul
(2018)

● Regras - são as normas com conteúdo menos abstrato, que já estabelecem, de antemão, soluções
pré-definidas para cada situação. Sua aplicação se dá, portanto, pelo juízo de “tudo ou nada”
(expressão de Ronald Dworkin): em um caso concreto, ou serão satisfeitas ou não serão. Por isso,
Robert Alexy as reputa “mandados de definição”. Sua aplicação se dá por subsunção.

● Princípios - são os vetores axiológicos que fundamentam o ordenamento jurídico, tendo, por isso,
caráter nomogenético. Têm certa abstração e alta carga axiológica, não precisando estar
positivados para terem força normativa, vinculativa. É por meio deles que a ética e a moral ingressam
no ordenamento. Alexy os reputa “mandados de otimização”, porque, em caso de conflito entre
eles, cada um deverá ser satisfeito no maior grau possível, pela técnica da
ponderação/sopesamento, fundada na proporcionalidade.

Superando a antiga visão do discurso jurídico como uma racionalidade neutra, objetiva, imparcial,
asséptica, visão esta que apenas se prestação à conformação ao “status quo” e à manutenção das
desigualdades, cabe ao juiz promover uma interpretação prospectiva da norma, que olhe para o futuro, e
dela extrair seu potencial transformador. Uma interpretação, portanto, que concretize os valores
consagrados pelo texto constitucional, para que não sejam “promessas constitucionais inconsequentes” (feliz
expressão do Ministro do STF Celso de Mello), normas meramente programáticas, retóricas.
Faz-se necessário, portanto, desenvolver uma compreensão crítica do direito e da realidade,
desconstruindo a pretensa neutralidade do discurso jurídico, para reconstruí-lo como ferramenta de
emancipação.
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Dessa forma, o Judiciário atenderá à sua missão constitucional de concretização de seus vetores
axiológicos e exercerá papel ativo na construção de uma sociedade tal qual prometida pelo Texto Maior:
fraterna, justa, igualitária. Enfim, uma sociedade que realize a finalidade por excelência de um Estado de
Direito: a dignidade da pessoa humana.
Nesse contexto, em que o Poder Judiciário passa a ser coparticipante do processo constitucional,
questiona-se acerca da legitimidade do chamado “ativismo judicial” na consecução de políticas públicas,
já que os membros do Poder Judiciário não são eleitos pela vontade da maioria.
Para ser legítimo, o ativismo judicial deve ser excepcional (observar a separação de poderes) e
condicionado (observar o dever de argumentação). A partir dos requisitos para legitimidade do ativismo
judicial, é possível que o advogado público erija tese em sentido contrário, defendendo que a atuação
judicial, na espécie, é ilegítima, por:

1) violar o postulado da Separação dos Poderes;


2) não se sustentar em norma constitucional ou legal;
3) ser casuística; ou
4) descambar em problema ainda maior do que o veiculado na lide

Consignadas tais limitações, vê-se, portanto, que o ativismo judicial não pode descambar para
o arbítrio judicial, que, a pretexto de imprimir juridicidade às normas constitucionais, especialmente os
princípios, finda por relegar a um segundo plano a segurança jurídica e a democracia.
Segundo Daniel Sarmento, “no Brasil, uma crítica que tem sido feita à recepção do
neoconstitucionalismo – eu mesmo a fiz em vários textos, bem como outros autores, como Humberto Ávila
e Marcelo Neves – é a de que ele tem dado ensejo ao excessivo arbítrio judicial, através do que chamo
de “carnavalização dos princípios constitucionais” (guarde essas expressões).

5. APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS

Segundo o Doutrinador José Afonso da Silva, as normas Constitucionais podem possuir eficácia plena,
contida ou limitada:

● Normas Constitucionais de eficácia Plena: são as que não necessitam de complementação para que
possam produzir efeitos, tais normas possuem aplicabilidade imediata e integral;
● Normas Constitucionais de eficácia contida (ou prospectiva): são as que também possuem
aplicabilidade imediata e integral, por não necessitarem de complementação, no entanto podem ter
sua abrangência reduzida por norma infraconstitucional. São autoaplicáveis, mas se inserem na
discricionariedade do legislador;
Exemplos: os artigos: 5º, incisos XIII (sobre a regulamentação de profissões) e VIII (escusa de
consciência),
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Art. 5º, XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas
as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
Art. 5º, VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal
a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

● Normas Constitucionais de eficácia Limitada: são as que necessitam de integração por norma
infraconstitucional para que possam produzir efeitos jurídicos.
São normas que têm aplicabilidade apenas indireta ou mediata, pois dependem de complementação
infraconstitucional para possuírem aplicabilidade direta.
No entanto, mesmo sem sua regulamentação, tais normas produzem, mesmo que de forma mínima,
efeitos jurídicos, como o de vincular o legislador.
José Afonso da Silva entende que há dois tipos de normas limitadas:
∘ Normas de princípio institutivo ou organizativo: contém o início ou esquema de
determinado órgão, entidade ou instituição, deixando a efetiva criação e estruturação a
cargo de lei ordinária ou complementar. Exemplos: art. 18, §2º da CF e art. 25, §3º da CF.

Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil


compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos
autônomos, nos termos desta Constituição.
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em
Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar.

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que


adotarem, observados os princípios desta Constituição.
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por
agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o
planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.

∘ Normas de princípio programático: normas através das quais o constituinte, ao invés de


regular direta e imediatamente determinados interesses, limitou-se a traçar-lhes os
princípios a serem cumpridos pelos seus órgãos. – Tais normas NÃO dispõem de
aplicabilidade imediata, mas possuem carga eficacional, ante o princípio da força
normativa da Constituição. Exemplos: artigos 196; 205; 217; 218 todos da CF/88.

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos
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e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção


e recuperação.

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será


promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.

Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais,


como direito de cada um, observados:
I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua
organização e funcionamento;
II - a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto
educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento;
III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não- profissional;
IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional.
Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a
pesquisa, a capacitação científica e tecnológica e a inovação

CESPE/2021 - Considere que o inciso IX do artigo 21 da Constituição Federal de 1988 prevê que compete à
União elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento
econômico e social. A respeito dessa norma, é correto afirmar que ela se classifica como norma constitucional
de eficácia contida. Item incorreto. Trata-se de norma constitucional de eficácia limitada de princípio
programático.

ATENÇÃO - CLASSIFICAÇÃO DE MARIA HELENA DINIZ: a Autora incluiu mais uma espécie na classificação
acima apontada, afirmando a existência de normas constitucionais de eficácia absoluta ou supereficazes,
que são as cláusulas pétreas, ou seja, aquelas normas que não podem ser retiradas nem mesmo por emenda
constitucional.

6. INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS

6.1. Hermenêutica x Interpretação Jurídica

Hermenêutica: É o domínio da ciência jurídica que se ocupa em formular e sistematizar os princípios


que subsidiarão a interpretação;
Interpretação: Atividade prática que se dispõe a determinar o sentido e alcance dos enunciados
normativos. Cumpre à interpretação construir a norma. Envolve duas atividades:
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Desvendar/ construir o sentido do enunciado normativo;


Concretizar o enunciado.

6.2 Interpretação Jurídica x Interpretação Constitucional

● A interpretação jurídica é gênero do qual a interpretação constitucional é espécie.


● A interpretação constitucional tem por objeto a compreensão e aplicação das normas
constitucionais, razão pela qual se serve de princípios próprios que lhe conferem especificidade e
autonomia, sendo informada por métodos e princípios específicos e adequados ao seu objeto.
● Enquanto as normas legais possuem um conteúdo material fechado, as normas constitucionais
apresentam um conteúdo material aberto e fragmentado, circunstância que justifica e reivindica a
existência de uma interpretação especificamente constitucional.
● Além de superiores, as normas constitucionais normalmente veiculam conceitos abertos, vagos e
indeterminados, que conferem ao intérprete um amplo espaço de conformação, não verificável
entre as normas legais.
● As normas constitucionais são ainda:
∘ Normas de organização e estrutura;
∘ Dotadas de forte carga política.

6.3 Correntes Norte-americanas

a) Corrente interpretativista: Nega qualquer possibilidade de o juiz, na interpretação constitucional,


criar Direito, indo além do que o texto lhe permitir. O juiz deve apenas captar e declarar o sentido dos
preceitos expressos no texto constitucional, sem se valer de valores substantivos, sob pena de se substituir
as decisões políticas pelas judiciais.

b) Corrente não-interpretativista: Defende um ativismo judicial na interpretação da Constituição,


proclamando a possibilidade, e até a necessidade, de os juízes invocarem e aplicarem valores substantivos,
como justiça, igualdade e liberdade. Assim, o juiz torna-se co-participante do processo de criação do Direito,
completando o trabalho do legislador, ao fazer valorações para conceitos jurídicos indeterminados e realizar
escolhas entre as soluções possíveis e adequadas.

6.4 Métodos de interpretação

Canotilho: Leciona que a questão do “método justo” em direito constitucional é um dos problemas
mais controvertidos. Por isso, para ele, NÃO há apenas um método de interpretação constitucional,
podendo-se afirmar que, atualmente, a interpretação das normas constitucionais obtém-se a partir de um
conjunto de métodos distintos, porém complementares.
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a) Método jurídico ou hermenêutico cláSsico [SAVIGNY]

Parte da consideração de que a Constituição é uma lei, de modo que a interpretação da Constituição
não deixa de ser uma interpretação da lei. => TESE DA IDENTIDADE DA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL E
INTERPRETAÇÃO LEGAL.
Com isso, para a interpretação da Constituição, deve o intérprete utilizar os elementos tradicionais
ou clássicos da hermenêutica, que remontam à Escola Histórica do Direito de Savigny:
● Elemento gramatical: também chamado de literal ou semântico, a análise se realiza de modo textual
e literal;
● Elemento histórico: analise o projeto de lei, a sua justificativa, exposição de motivos, pareceres,
discussões, as condições culturais e psicológicas que resultaram na elaboração da norma;
● Elemento sistemático ou lógico: busca a análise do todo;
● Elemento teleológico ou racional: busca a finalidade da norma;
● Elementos genético: busca investigar as origens dos conceitos utilizados pelo legislador.

A doutrina, de modo geral, NÃO repele a interpretação de tal método jurídico. No entanto, por outro
lado, a CF traz situações mais complexas cuja interpretação não se realiza com o emprego do método
tradicional. O método jurídico, portanto, é insuficiente e não satisfaz, por si só, a interpretação
constitucional.

b) Método Tópico-problemático [THEODOR VIEHWEG]

Theodor Viehweg – “Tópica e Jurisprudência” => Para o autor, a tópica seria uma técnica de pensar
o problema, ou seja, uma técnica mental que se orienta para a solução do problema. O método segue as
seguintes premissas:
● Caráter Prático da interpretação: Toda a interpretação se destina a solucionar problemas práticos e
concretos;
● Caráter Aberto, Fragmentário ou indeterminado das normas constitucionais, em razão de sua
estrutura normativo-material;
● Preferência pela discussão do problema em razão da abertura das normas constitucionais que não
permitem qualquer subsunção a partir delas próprias.

Conclusão: A interpretação constitucional leva a um processo aberto de argumentação entre os


vários partícipes ou intérpretes, para se adaptar a norma constitucional ao problema concreto para, só ao
final, se identificar a norma adequada.
Parte-se do problema para a norma. Para este método, deve a interpretação partir da discussão do
problema concreto que se pretende resolver para, só ao final, se identificar a norma adequada. Parte-se
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do problema (caso concreto) para a norma, fazendo caminho inverso dos métodos tradicionais, que
buscam a solução do caso a partir da norma.
Canotilho critica esse método, ao fundamento de que a interpretação NÃO deve partir do problema para a
norma, mas desta para os problemas.

DICA: Para não esquecer o nome do criador do método na hora da prova, relacionar
as iniciais: Theodor – Tópico.

c) Método Hermenêutico-concretizador (Concretista) [HESSE]

Parte da ideia de que a leitura de todo o texto e da Constituição deve se iniciar pela pré-compreensão
do seu sentido através de uma atividade criativa do intérprete.
Admite o primado da norma constitucional sobre o problema.
O método considera a interpretação constitucional como uma atividade de concretização da
Constituição, circunstância que permite ao intérprete determinar o próprio conteúdo material da norma.
Afasta-se do método tópico-problemático porque a interpretação, para ele, está limitada e se inicia
pelo texto, superando o problema da abertura e indeterminação dos enunciados normativos através da pré-
compreensão do intérprete.
Parte da ideia de que a leitura do texto, em geral, e da Constituição, deve se iniciar pela pré-
compreensão do seu sentido através de uma atividade criativa do intérprete. Ao contrário do método tópico-
problemático, que pressupõe o primado do problema sobre a norma, o método concretista admite o primado
da norma constitucional sobre o problema. Essa pré-compreensão faz com que o intérprete, na primeira
leitura do texto, extraia dele um determinado conteúdo, que deve ser comparado com a realidade existente.
Desse confronto, resulta a reformulação, pelo intérprete, de sua própria pré-compreensão, no intuito
de harmonizar os conceitos por ele preconcebidos àquilo que deflui do texto constitucional, com base na
observação da realidade social. Essa reformulação e consequente releitura do texto, cotejando cada novo
conteúdo obtido com a realidade, deve repetir-se sucessivamente, até que se chegue à solução mais
harmoniosa para o problema. Impõe-se, assim, um "movimento de ir e vir", do subjetivo para o objetivo - e,
deste, de volta para aquele -, denominado "círculo hermenêutico” (Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino).

DICA: É possível, igualmente, relacionar as iniciais para não esquecer: Hesse – Hermenêutico.

FGV/2019 (Adaptada) – João, professor de Direito Constitucional, explicou aos seus alunos que a norma
constitucional não apresenta uma relação de sobreposição com o texto da Constituição formal. Em verdade,
resulta de um processo intelectivo conduzido pelo intérprete, que, sensível às peculiaridades do caso
concreto e aos balizamentos do texto, promove a interação deste último com a realidade. Considerando os
métodos de interpretação constitucional, a explicação de João pode ser concebida como expressão do
método concretizador. Item correto.
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MÉTODO TÓPICO-PROBLEMÁTICO MÉTODO CONCRETIZADOR


Parte do PROBLEMA para a NORMA. A Parte na NORMA para o CASO/PROBLEMA.
interpretação é feita partindo-se do
CASO/PROBLEMA.

d) Método científico-eSpiritual [Rudolf Smend]

A interpretação constitucional deve levar em consideração a compreensão da Constituição como


uma ordem de valores e como elemento do processo de integração. Deve o intérprete levar em consideração
o sistema de valores que é subjacente ao texto constitucional e à realidade da vida.
Idealizado por Rudolf Smend, este método dispõe que a interpretação constitucional deve levar em
consideração a compreensão da Constituição como uma ordem de valores e como elemento do processo de
integração. Assim, a interpretação deve aprofundar-se na pesquisa do conteúdo axiológico subjacente ao
texto, pois só o recurso à ordem de valores obriga a uma captação espiritual desse conteúdo axiológico
último da Constituição.

e) Método normativo-estruturante [ FRIEDERICH MULLER]

Parte da premissa de que existe uma relação necessária entre o texto e a realidade. Foi idealizado
por Friederich Müller, que afirma que o texto é apenas a ponta do iceberg, não compreendendo a norma
apenas o texto, mas também um pedaço da realidade social. É um método também concretista,
diferenciando-se dele, porém, na medida em que a norma a ser concretizada não está inteiramente no texto,
sendo o resultado entre este e a realidade.

6.5 Regras, princípios e postulados normativos

As normas podem revelar-se sob a forma de princípios, regras ou postulados normativos. Normas e
princípios NÃO guardam hierarquia entre si, especialmente diante do princípio da unidade da Constituição.
Segundo Canotilho, os princípios são fundamento das regras, ou seja, são normas que estão na base ou
constituem a ratio de regras jurídicas, desempenhando, por isso, uma função normogenética
fundamentante.

REGRAS PRINCÍPIOS
Grau de abstração reduzido Grau de abstração elevado
Suscetíveis de aplicação direta Carecem de mediações concretizadoras

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Podem ser normas vinculativas com conteúdo São standards juridicamente vinculantes radicados
meramente funcional nas exigências de justiça ou na ideia de direito
Relatos descritivos de condutas a partir dos quais, A previsão dos relatos dá-se de maneira mais
mediante subsunção, chega-se à conclusão. abstrata, sem se determinar a conduta correta, já
que cada caso concreto deverá ser analisado para
que o intérprete dê o exato peso entre os princípios
em choque
São mandamentos ou mandados de definição: são São mandados de otimização (Alexy): devem ser
sempre ou satisfeitas ou não satisfeitas (tudo ou realizados na maior medida do possível. Podem ser
nada) satisfeitos em graus variados, a depender das
possibilidades jurídicas.
Uma das regras em conflito OU será afastada pelo A colisão resolve-se pela ponderação ou
princípio da especialidade, OU será declarada balanceamento de princípios.
inválida.

Postulados normativos ou metanormas: são normas sobre a aplicação de normas. Com o


reconhecimento da força normativa da Constituição, a expansão da jurisdição constitucional e o pós
positivismo, houve o deslocamento da Constituição para todos os demais ramos do direito, dando origem a
uma FILTRAGEM CONSTITUCIONAL. Os postulados são denominados pela maioria da doutrina, como
princípios, mas não têm a mesma função dos princípios. São normas de segundo grau utilizadas para se
interpretar os princípios e regras constitucionais (normas de primeiro grau).

6.6 Princípios de interpretação Constitucional

a) UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO: A Constituição é una e indivisível. Por isso, deve ser interpretada como um
todo, de modo a evitar conflitos, contradições e antagonismos entre suas normas. Em decorrência, não há
hierarquia entre normas constitucionais e não há normas constitucionais originárias inconstitucionais.
É usado no conflito ABSTRATO de normas constitucionais.

b) CONCORDÂNCIA PRÁTICA OU HARMONIZAÇÃO: No caso de aparente conflito entre normas


constitucionais, devem ser harmonizadas ao caso concreto, respeitando ambas. Não pode haver sacrifício
total de um em relação ao outro, faz uma redução proporcional (sem supressão), para harmonizá-los. Há
uma ponderação de interesses, já que não há diferença de hierarquia ou de valor entre os bens
constitucionais. E só NO CASO CONCRETO é que podemos dizer qual prevalece, já que não há hierarquia
entre normas constitucionais (unidade da Constituição).

c) EFEITO INTEGRADOR: O intérprete deve preferir a interpretação que gera mais paz social, reforço da
unidade política, integração da sociedade.
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d) MÁXIMA EFETIVIDADE: Deve preferir a interpretação que dê mais eficácia e aplicabilidade aos direitos
fundamentais.

e) FORÇA NORMATIVA: Na aplicação da Constituição, deve ser dada preferência às soluções concretizadoras
de suas normas que as torne mais eficazes e permanentes. A principal função desse princípio tem sido para
afastar interpretações divergentes. Segundo o STF, quando se tem interpretações divergentes sobre a
Constituição, estas enfraquecem a sua força normativa.

OBS: o da Força Normativa serve para todas as normas constitucionais; já o da Máxima Efetividade, serve
especificamente para os direitos fundamentais.

f) JUSTEZA OU CONFORMIDADE FUNCIONAL: Tem por finalidade impedir que os órgãos encarregados da
interpretação constitucional cheguem a um resultado que subverta ou perturbe o esquema organizatório-
funcional estabelecido pela Constituição. É um princípio de competência constitucional.

g) PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE OU CONVENIÊNCIA DAS LIBERDADES PÚBLICAS: Não existem direitos


absolutos, pois todos encontram limites em outros direitos ou em interesses coletivos também consagrados
na Constituição. De acordo com Bobbio, teriam caráter absoluto o direito a não ser torturado e o direito a
não ser escravizado.

h) INTERPRETAÇÃO CONFORME A CF: No caso de normas plurissignificativas (vários significados), deve-se


preferir aquela que mais se aproxime da Constituição. Aqui, não há declaração de inconstitucionalidade. Pelo
contrário, busca-se preservar a constitucionalidade da norma de modo a evitar que ela seja expurgada do
Ordenamento Jurídico.
Nas palavras do professor Marcelo Novelino: “na interpretação conforme, exclui-se uma
interpretação do dispositivo que seja possível, mas que, se empregada, violaria a Constituição. Seria, no
caso, um tipo de situação constitucional imperfeita (ADI 2415)”.

São, portanto, consequências da interpretação conforme:


✔ O dispositivo permanece válido no sistema normativo
✔ Não há declaração de nulidade da norma (pois, se houvesse, deveria ser declarada
inconstitucional);
✔ A interpretação escolhida obriga todos a segui-la (pois, afasta todas as demais incompatíveis);
✔ Faz surgir uma situação constitucional IMPERFEITA

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CESPE/2018 (Adaptada) – A interpretação conforme a Constituição é um tipo de situação constitucional


imperfeita, pois somente atenua a declaração de nulidade em caso de inconstitucionalidade.

Como o tema foi cobrado (VUNESP/2018/PC-SP/Delegado de Polícia):


Em recente julgamento nos autos da ADPF n 132, o Supremo Tribunal Federal, diante da possibilidade de
duas ou mais interpretações razoáveis sobre o art. 1.723 do Código Civil, que trata sobre a união estável
entre homem e mulher, reconheceu a união homoafetiva como família. Nesse caso, é correto afirmar que a
técnica de interpretação utilizada foi
a) interpretação teleológica.
b) mutação constitucional informal.
c) interpretação conforme.
d) mutação constitucional formal.
e) ponderação pelo princípio da proporcionalidade.

Resposta: Letra C
Fundamentação:
Como visto, a interpretação conforme a Constituição é aplicável diante de normas que possuam mais de um
significado, como no caso do termo “família”. Nesse contexto, o STF adotou a interpretação que mais se
aproximava da Constituição, ou seja, aquela que reconhece a união homoafetiva como família.

i) PROPORCIONALIDADE OU RAZOABILIDADE: Significa justiça, bom senso, moderação. É para evitar


interpretações absurdas, podendo ser dividida em três subprincípios:
● Adequação: os meios usados têm que ser aptos a atingir os fins. Aptidão entre meio e fim.
● Necessidade: o meio deve ser o menos gravoso possível. Jellinek: não se pode abater pardais com
canhões.
● Proporcionalidade em sentido estrito: ponderação entre o custo e o benefício da medida. Para ser
proporcional, a medida tem que trazer mais benefícios do que custos.

6.7 Técnicas de interpretação Constitucional

O movimento doutrinário chamado de moderna hermenêutica constitucional diz que toda a tarefa
de interpretação da CF deve estar voltada para um único objetivo: concretizar os direitos fundamentais.
Dentre essas modernas técnicas, estão previstas:

a) Declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade: O Tribunal reconhece a


inconstitucionalidade da norma, porém NÃO a tira do ordenamento jurídico, com a justificativa de que a sua
ausência geraria mais danos do que a presença da lei inconstitucional. É possível, também, que se opere a
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suspensão de aplicação da lei e dos processos em curso até que o legislador, dentro de prazo razoável, venha
a se manifestar sobre a situação inconstitucional;

b) Declaração de inconstitucionalidade com apelo ao legislador: Nessa técnica de interpretação, "busca-se


não declarar a inconstitucionalidade da norma sem antes fazer um apelo vinculado a "diretivas" para obter
do legislador uma atividade subsequente que torne a regra inconstitucional harmônica com a Carta Maior.
Incumbe-se ao legislador a difícil tarefa de regular determinada matéria, de acordo com o que preceitua a
própria Constituição."
A técnica possui relevância no caso da ação de inconstitucionalidade por omissão, em que o Tribunal
limita-se a constatar a inconstitucionalidade da omissão, exortando o legislador a abandonar o seu estado
de inércia, possuindo a decisão um cunho mandamental.

c) Interpretação conforme a Constituição: O Órgão jurisdicional declara qual das possíveis interpretações se
mostra compatível com a Lei Maior. É princípio que se situa no âmbito do controle de constitucionalidade, e
não simples regra de interpretação.

INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE


PARCIAL SEM REDUÇÃO DE TEXTO
ADI é julgada parcialmente procedente ADI é julgada parcialmente procedente
Técnica de interpretação Técnica de aplicação (Lei “i” NÃO se aplica à hipótese
“H”)
É imprescindível que haja mais de uma interpretação Expressa exclusão, por inconstitucionalidade, de
possível determinada hipótese de aplicação sem alteração do
(André Ramos Tavares: “O Tribunal NÃO declara que texto legal. É mais incisiva do que a interpretação
todas as demais interpretações são conforme.
inconstitucionais”)

7. PODER CONSTITUINTE

Segundo Canotilho, o Poder Constituinte se revela como uma questão de “poder”, “força” ou
“autoridade” política que, em uma situação concreta, pode criar, garantir ou eliminar uma Constituição
entendida como lei fundamental da comunidade política. A doutrina aponta a existência de três poderes
constituintes: originário, derivado e difuso.

1. Poder Constituinte Originário: “O Poder Constituinte é responsável pela escolha e formalização


do conteúdo das normas constitucionais. O adjetivo “originário” é empregado para diferenciar o poder
criador de uma nova constituição daqueles instituídos para alterar o seu texto (Poder Constituinte Derivado)
ou elaborar as constituições dos Estados-membros da federação (Poder Constituinte Decorrente). O Poder
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Constituinte Originário pode ser definido, portanto, como um poder político, supremo e originário,
responsável por estabelecer a constituição de um Estado” (NOVELINO, 2017, p. 71).
O Poder Constituinte Originário instaura uma nova ordem jurídica, rompendo por completo com a
ordem jurídica precedente e possui como características:
● Inicial: Inaugura toda a normatividade jurídica;
● Autônomo: NÃO convive com nenhum outro poder que tenha a mesma hierarquia;
● Incondicionado (juridicamente): Não se sujeita a nenhuma outra norma jurídica;
● Ilimitado;
● Latente: É atemporal, contínuo, pois está pronto para ser acionado a qualquer momento.

7.1 Espécies de Poder Constituinte Originário

(NOVELINO, 2017, p. 71)


I- Quanto ao modo de deliberação constituinte:
a) Poder Constituinte Concentrado (ou Demarcado): o surgimento da constituição resulta da
deliberação formal de um grupo de agentes, como no caso das constituições escritas;
b) Poder Constituinte Difuso: a constituição é resultante de um processo informal em que a criação de
suas normas ocorre a partir da tradição de uma determinada sociedade, como ocorre com as
constituições consuetudinárias. Também é chamado de mutação constitucional.

II- Quanto ao momento de manifestação:


a) Poder Constituinte Histórico: responsável pelo surgimento da primeira constituição de um Estado
(exemplo: constituição brasileira de 1824);
b) Poder Constituinte Revolucionário: elabora as constituições posteriores a partir de uma revolução
(constituição brasileira de 1937) ou de uma transição constitucional (constituição brasileira de 1988).

III- Quanto ao papel na elaboração do documento constitucional:


a) Poder Constituinte Material: é o responsável por definir o conteúdo fundamental da constituição,
elegendo os valores a serem consagrados e a ideia de direito que irá prevalecer.
b) Poder Constituinte Formal: formaliza no plano normativo as escolhas políticas do Poder Constituinte
Material.

Obs.: “O Poder Constituinte Material precede o Formal em dois aspectos: (I) logicamente, porque 'a ideia de
direito precede a regra de direito; o valor comanda a norma; a opção política fundamental, a forma que elege
para agir sobre os fatos; a legitimidade, a legalidade'; e (II) historicamente, pois o triunfo de certa ideia de
direito ou nascimento de certo regime ocorre antes de sua formalização” (NOVELINO, 2017, p. 72).

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A natureza do poder constituinte é jurídica ou extrajurídica?

Existem duas correntes doutrinárias (NOVELINO, 2017, p. 73):

a) Positivistas (Carl Schmitt): o Poder Constituinte é anterior e se encontra acima de toda e qualquer norma
jurídica, devendo ser considerado um poder político (extrajurídico ou de fato) resultante da força social
responsável por sua criação. Em razão de sua natureza essencialmente revolucionária, o Poder constituinte
estaria liberado de valores referentes à sua legitimidade. Por ter o seu sentido na existência política, o
sujeito do Poder Constituinte poderia fixar livremente o modo e a forma da existência estatal a ser
consagrada na constituição, sem ter que se justificar em uma norma ética ou jurídica.
Características essenciais sob a óptica positivista: I- inicial, por não existir nenhum outro antes ou acima
dele; II- autônomo, por caber apenas ao seu titular a escolha do conteúdo a ser consagrado na constituição;
e III- incondicionado, por não estar submetido a nenhuma regra de forma ou de conteúdo.

b) Jusnaturalistas (Abade Sieyès): o Poder Constituinte é um poder jurídico (ou de direito). Os defensores
da existência de um direito eterno, universal e imutável, preexistente e superior ao direito positivado,
sustentam que o Poder Constituinte, apesar de não encontrar limites no direito positivo anterior, estaria
subordinado aos princípios do direito natural.
Características essenciais sob a óptica jusnaturalista: I- incondicionado juridicamente pelo direito positivo,
mas submetido aos princípios do direito natural; II- permanente, por não se exaurir com a conclusão de sua
obra; e III- inalienável, devido à impossibilidade de transferência, pela nação, desta titularidade.

(Adaptada) - De acordo com a concepção positivista, o poder constituinte originário tem natureza política,
pois se encontra acima de toda e qualquer norma jurídica e é resultante da força social responsável por sua
criação. Item correto

7.2 Limitações Materiais

“A visão positivista de que o Poder Constituinte Originário tem plena liberdade para
definir o conteúdo a ser consagrado no texto constitucional é refutada com base
no argumento de que, fora do direito positivo interno, existem limitações materiais
a serem observadas” (NOVELINO, 2017, p. 74).

Existem três categorias de limites materiais:

I- Limites Transcendentes: são aqueles que, advindos de imperativos do direito natural, de valores éticos ou
de uma consciência jurídica coletiva, impõem-se à vontade do Estado, demarcando sua esfera de
intervenção. Nesse sentido, parte da doutrina sustenta o dever de manutenção, imposto ao Poder
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Constituinte Originário pelo princípio da proibição de retrocesso, dos direitos fundamentais objeto de
consensos sociais profundos ou diretamente ligados à dignidade da pessoa humana.

II- Limites Imanentes: estão relacionados à configuração do Estado à luz do Poder Constituinte material ou
à própria identidade do Estado de que cada constituição representa apenas um momento da marcha
histórica. Referem-se a aspectos como a soberania ou a forma de Estado.

III- Limites Heterônomos: são provenientes da conjugação com outros ordenamentos jurídicos como, por
exemplo, as obrigações impostas ao Estado por normas de direito internacional. A globalização e a crescente
preocupação com os direitos humanos são fenômenos que têm contribuído para relativizar a soberania do
Poder Constituinte. Sob essa perspectiva, seria vedado às futuras constituições brasileiras consagrar a pena
de morte para além dos casos de guerra externa, antes o disposto na Convenção Americana sobre Direitos
Humanos, que veda o restabelecimento da pena de morte nos Estados que a hajam abolido.

7.3 Titularidade do Poder Constituinte Originário

Segundo Marcelo Novelino (2017, p. 73), para a doutrina majoritária, a titularidade do poder
constituinte reside sempre na soberania do povo. Essa posição deve ser defendida nas provas.

Obs.: Em sua obra clássica O que é o Terceiro Estado?, Joseph Sieyès sustentava que o Terceiro Estado seria
a nação, titular do poder constituinte.

7.4 Legitimidade

Segundo Marcelo Novelino (2017, p. 75), a análise da legitimidade do Poder Constituinte Originário
pode ser feita sob dois prismas distintos:

I- Subjetivo: a legitimidade está relacionada à titularidade e ao exercício do poder. Para ser considerado
legítimo, o Poder Constituinte deve ser exercido por representantes do povo eleitos especificamente para
esse fim e nos limites da delegação.

II- Objetivo: o Poder Constituinte deve consagrar na constituição um conteúdo valorativo em conformidade
com determinadas limitações materiais e/ou correspondente aos anseios de seu titular. Nesse contexto,
Canotilho afirma que o critério da legitimidade do Poder Constituinte não é a mera posse do poder, mas a
conformidade do ato constituinte com a ideia de justiça e com os valores radicados na comunidade em um
determinado momento histórico. A consagração de uma justa ordenação dos interesses e forças sociais das
quais a Constituição se originou é fator indispensável para sua legitimidade.

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7.5 Poder Constituinte Derivado

Decorre do poder constituinte originário e da constituição e possui como características:


● Subordinado hierarquicamente em plano inferior, ou seja, está abaixo do Poder Constituinte
Originário;
● Condicionado ou limitado: Só pode ser exercitado nos casos previstos pelo Poder Constituinte
Originário.

O Poder Constituinte Derivado possui três subespécies:


1) Poder Constituinte Derivado Reformador
2) Poder Constituinte Derivado Revisor
3) Poder Constituinte Derivado Decorrente.

7.5.1 Reformador

Tem o poder ou competência para modificar a Constituição por meio de um procedimento específico,
estabelecido pelo Poder Constituinte Originário. Ao contrário deste, que é um poder político, o Poder
Constituinte Derivado Reformador tem natureza jurídica, pois deve obedecer às limitações impostas pelo
Originário.
Em princípio, o Poder Constituinte de Reforma NÃO pode criar cláusulas pétreas: somente o Poder
Constituinte Originário pode fazê-las. No entanto, pode ampliar o catálogo dos direitos fundamentais criados
pelo Poder Constituinte Originário.

Limites ao poder constituinte derivado reformador – art. 60, CF/88

a) Temporais – NÃO previstos na CF/88;

b) Circunstanciais: Estado de defesa, estado de sítio e intervenção federal;


Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal,
de estado de defesa ou de estado de sítio.

Já caiu em prova e foi considerada INCORRETA a seguinte assertiva: A Constituição não poderá ser emendada
apenas na vigência de intervenção federal e de estado de defesa.

c) Materiais - excluem determinadas matérias do Poder Constituinte derivado reformador. Os limites


podem ser EXPRESSOS ou IMPLÍCITOS;
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● Expressos: são as cláusulas de intangibilidade ou cláusulas pétreas do art. 60, §4º, da CF. Tutela-se
a proposta tendente a ABOLIR. Impede-se que haja a DELIBERAÇÃO da emenda. O STF entende
possível a impetração de MS por parlamentar (controle de constitucionalidade preventivo judicial);

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:


§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.

● Implícitos: limitações que decorrem do núcleo de identidade da CF. Tudo aquilo que formar o núcleo
de identidade da CF é limitação implícita ao poder de reforma, é intangível

⮚ Impossibilidade de alterar o titular do PCO e o titular do PC derivado.

⮚ Os limites explícitos ao poder de reforma são limites implícitos.


· Não se pode admitir que o poder derivado possa alterar seus próprios limites de atuação
estabelecidos pelo poder originário a quem está condicionado e limitado.
· Impossibilidade de se operar a dupla revisão: primeiro se altera as limitações expressas,
para depois, promover as alterações desejadas.

d) Formais:
● Subjetivos: Iniciativa para a propositura de uma proposta de emenda constitucional (art. 60, I, II e III
da CF)

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:


I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado
Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação,
manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

CESPE/2021 - A CF autoriza a propositura de emendas constitucionais por iniciativa popular. Item


incorreto.

● Objetivos:
· Art. 60, §2º - procedimento de deliberação e quórum de votação
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· Art. 60, §3º - promulgação pelas Mesas


· Art. 60, §5º - irrepetibilidade absoluta do projeto de emenda rejeitado da C
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em
dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos
votos dos respectivos membros.
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por
prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.

Já caiu em prova e foi considerada INCORRETA a seguinte alternativa: A matéria constante de proposta de
emenda rejeitada ou havida por prejudicada poderá ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa

ATENÇÃO: O DIREITO ADQUIRIDO é oponível à Constituição quando o preceito constitucional for


fruto do Poder Constituinte derivado reformador, já que o direito adquirido é cláusula pétrea, insuscetível
de qualquer proposta de emenda para aboli-lo. Quanto ao poder constituinte originário, NÃO se pode
invocar direito adquirido.

É admitido o controle concentrado ou difuso de constitucionalidade de normas produzidas pelo poder


constituinte originário?
Em virtude do princípio da unidade normativa e do caráter rígido da Constituição brasileira, admite-
se no Brasil o controle de constitucionalidade apenas das normas constitucionais que foram inseridas na
Constituição pela via das emendas constitucionais.
O STF não admite a tese das normas constitucionais inconstitucionais, ou seja, de normas
contraditórias advindas do poder constituinte originário. Assim, se o intérprete da Constituição se deparar
com duas ou mais normas aparentemente contraditórias, deverá compatibilizá-las, de modo que ambas
continuem vigentes. Isso porque o princípio da unidade da Constituição afasta a tese de hierarquia entre os
dispositivos da Constituição.

7.5.2 Poder Constituinte Derivado Decorrente

Assim como o reformador, também é jurídico e limitado pelo originário. Possui o objetivo de
estruturar a constituição dos Estados-membros, em decorrência da capacidade de auto-organização
estabelecida pelo originário. Tal capacidade consta artigo 25 da CF/88, o qual dita que “os Estados organizam-
se e regem-se pelas Constituições e Leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição”.

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que


adotarem, observados os princípios desta Constituição
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A doutrina aponta que os princípios que devem ser seguidos pelos Estados-membros são:

a) Princípios sensíveis: Essência da organização constitucional da Federação brasileira - art. 34, VII, da CF - se
violados ensejam intervenção federal;
☠ Foi objeto da prova oral do concurso de Delegado de Polícia de Minas
Gerais em 2018.

Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: PRINCÍPIOS
CONSTITUCIONAIS SENSÍVEIS
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento
do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.

b) Princípios constitucionais estabelecidos: regras previstas para outros entes que, por consequência, veda
a atuação do Estado naquela matéria e;

c) Princípios constitucionais extensíveis: Normas organizatórias da União aplicadas aos estados pelo
princípio da simetria, e podem ser expressos ou implícitos. Ex: Sistema eleitoral, imunidades e impedimentos
dos Deputados.

Há poder constituinte derivado decorrente nos Municípios?


● 1ª Corrente: Há quem compreenda que as leis orgânicas são efetivo exercício do poder constituinte
derivado decorrente.
● 2ª Corrente (MAJORITÁRIA): Inexiste tal poder no âmbito dos municípios, pois estes submetem-se
a um poder de terceiro grau, na medida em que devem observância a CF/88 e a respectiva
Constituição Estadual. Entende-se que o poder derivado decorrente somente existe em face do
segundo grau, ou seja, quando extrai seu fundamento de validade da própria constituição.

7.5.3 Poder Constituinte Derivado Revisor

Também é condicionado e limitado às regras do originário. Tal manifestação ocorreu cinco anos após
a promulgação da atual Constituição, por determinação do artigo 3º do ADCT.
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Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da
promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do
Congresso Nacional, em sessão unicameral.

7.6 Poder Constituinte Difuso

É um poder de fato manifestado por mutação constitucional. Trata-se de mais um mecanismo de


mudança da Constituição.
Se por um lado a modificação introduzida pelo Poder Constituinte Derivado Reformador é formal,
por intermédio de emenda constitucional, a modificação realizada pelo Poder Constituinte Difuso se
instrumentaliza de modo informal e espontâneo, como verdadeiro poder de fato, que modifica a
Constituição sem alterar o seu texto. Pelo Poder Constituinte Difuso, a interpretação do texto constitucional
é alterada.

Como o tema foi cobrado (VUNESP/2018/PC-SP/Delegado de Polícia):


Ao julgar o RE nº 251.445/GO, o Supremo Tribunal Federal decidiu que o termo “casa”, resguardado pela
inviolabilidade conferida pelo art. 5º , inciso XI, da Constituição Federal e antes restrito a domicílio e
residência, revela-se abrangente, devendo, portanto, se estender também a qualquer compartimento
privado onde alguém exerça profissão ou atividade. Essa fixação de novo entendimento pelo Supremo
Tribunal Federal que acarretou num processo de alteração do sentido da norma constitucional, sem alteração
do texto, é denominada pela hermenêutica constitucional de
a) repristinação constitucional.
b) mutação constitucional informal.
c) interpretação conforme.
d) interpretação literal.
e) interpretação teleológica.

Resposta: Letra B
Fundamentação: A mutação constitucional é um processo informal de modificação da Constituição, que
ocorre por meio da interpretação das normas. É importante notar que a interpretação conforme a
Constituição não poderia ser aplicada ao caso, pois o seu âmbito de aplicabilidade fica restrito às normas
infraconstitucionais. Portanto, ao adotar um novo sentido para o termo “casa”, o STF promoveu uma
mutação constitucional.

7.7 Poder Constituinte Supranacional

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Segundo Marcelo Novelino (2017, p. 92), a ruptura das tradicionais premissas de organização dos
Estados deu origem à ideia de existência de um Poder Constituinte pautado na cidadania universal, no
pluralismo de ordenamentos jurídicos e em uma visão remodelada de soberania. Trata-se de um poder
destinado a elaborar uma constituição supranacional, apta a vincular os Estados ajustados sob o seu
comando e fundamentada na vontade do povo-cidadão universal, seu verdadeiro titular. Este poder é
considerado constituinte por ter a força de criar uma ordem jurídica de cunho constitucional, na medida em
que reorganiza a estrutura de cada um dos Estados que adere ao direito comunitário e submete as
constituições nacionais ao seu poder supremo.

A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E O SUPREMO


Poder constituinte estadual. Autonomia (ADCT, art. 11). Restrições jurisprudenciais inaplicáveis ao caso. É da
jurisprudência assente do Supremo Tribunal que afronta o princípio fundamental da separação e
independência dos Poderes o trato em constituições estaduais de matéria, sem caráter essencialmente
constitucional – assim, por exemplo, a relativa à fixação de vencimentos ou à concessão de vantagens
específicas a servidores públicos –, que caracterize fraude à iniciativa reservada ao Poder Executivo de leis
ordinárias a respeito: precedentes. A jurisprudência restritiva dos poderes da assembleia constituinte do
Estado-membro não alcança matérias às quais, delas cuidando, a Constituição da República emprestou
alçada constitucional. Anistia de infrações disciplinares de servidores estaduais: competência do Estado-
membro respectivo. Só quando se cuidar de anistia de crimes – que se caracteriza como abolitio criminis de
efeito temporário e só retroativo – a competência exclusiva da União se harmoniza com a competência
federal privativa para legislar sobre direito penal; ao contrário, conferir à União – e somente a ela – o poder
de anistiar infrações administrativas de servidores locais constituiria exceção radical e inexplicável ao dogma
fundamental do princípio federativo – qual seja, a autonomia administrativa de Estados e Municípios – que
não é de presumir, mas, ao contrário, reclamaria norma inequívoca da Constituição da República
(precedente: Rp 696, 6-10-1966, rel. p/ o ac. min. Aliomar Baleeiro). Compreende-se na esfera de autonomia
dos Estados a anistia (ou o cancelamento) de infrações disciplinares de seus respectivos servidores, podendo
concedê-la a assembleia constituinte local, mormente quando circunscrita – a exemplo da concedida pela
Constituição da República – às punições impostas no regime decaído por motivos políticos.
[ADI 104, rel. min. Sepúlveda Pertence, j. 4-6-2007, P, DJ de 24-8-2007.]
O poder constituinte outorgado aos Estados-membros sofre as limitações jurídicas impostas pela
Constituição da República. Os Estados-membros organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que
adotarem (CF, art. 25), submetendo-se, no entanto, quanto ao exercício dessa prerrogativa institucional
(essencialmente limitada em sua extensão), aos condicionamentos normativos impostos pela CF, pois é nessa
que reside o núcleo de emanação (e de restrição) que informa e dá substância ao poder constituinte
decorrente que a Lei Fundamental da República confere a essas unidades regionais da Federação.
[ADI 507, rel. min. Celso de Mello, j. 14-2-1996, P, DJ de 8-8-2003.]
= ADI 2.113, rel. min. Cármen Lúcia, j. 4-3-2009, P, DJE de 21-8-2009

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O poder constituinte dos Estados-membros está limitado pelos princípios da Constituição da República, que
lhes assegura autonomia com condicionantes, entre as quais se tem o respeito à organização autônoma dos
Municípios, também assegurada constitucionalmente. O art. 30, I, da Constituição da República outorga aos
Municípios a atribuição de legislar sobre assuntos de interesse local. A vocação sucessória dos cargos de
prefeito e vice-prefeito põe-se no âmbito da autonomia política local, em caso de dupla vacância. Ao
disciplinar matéria, cuja competência é exclusiva dos Municípios, o art. 75, § 2º, da Constituição de Goiás
fere a autonomia desses entes, mitigando-lhes a capacidade de auto-organização e de autogoverno e
limitando a sua autonomia política assegurada pela Constituição brasileira.
[ADI 3.549, rel. min. Cármen Lúcia, j. 17-9-2007, P, DJ de 31-10-2007.]
Art. 90, § 3º, da Constituição do Estado do Rio de Janeiro. Disponibilidade remunerada dos servidores
públicos. (...) A imposição do prazo de um ano para aproveitamento do servidor em disponibilidade ofende
materialmente a Carta Federal, pois consiste em obrigação criada pelo Poder Legislativo que não decorre
direta ou indiretamente dos pressupostos essenciais à aplicação do instituto da disponibilidade definidos na
Constituição da República (art. 41, § 3º), e, principalmente, porque não condiz com o postulado da
independência dos Poderes instituídos, ainda que em sede do primeiro exercício do poder constituinte
decorrente. O art. 41, § 3º, da CF, na sua redação originária, era silente em relação ao quantum da
remuneração que seria devida ao servidor posto em disponibilidade. Esse vácuo normativo até então
existente autorizava os Estados a legislar sobre a matéria, assegurando a integralidade remuneratória aos
seus servidores. Contudo, a modificação trazida pela EC 19/1998 suplantou a previsão contida na Carta
estadual, pois passou a determinar, expressamente, que a remuneração do servidor em disponibilidade seria
proporcional ao tempo de serviço.
[ADI 239, rel. min. Dias Toffoli, j. 19-2-2014, P, DJE de 30-10-2014.]
A eficácia das regras jurídicas produzidas pelo poder constituinte (redundantemente chamado de
"originário") não está sujeita a nenhuma limitação normativa, seja de ordem material, seja formal, porque
provém do exercício de um poder de fato ou suprapositivo. Já as normas produzidas pelo poder reformador,
essas têm sua validez e eficácia condicionadas à legitimação que recebam da ordem constitucional. Daí a
necessária obediência das emendas constitucionais às chamadas cláusulas pétreas.
[ADI 2.356 MC e ADI 2.362 MC, rel. p/ o ac. min. Ayres Britto, j. 25-11-2010, P, DJE de 19-5-2011.]
As cláusulas pétreas não podem ser invocadas para sustentação da tese da inconstitucionalidade de normas
constitucionais inferiores em face de normas constitucionais superiores, porquanto a Constituição as prevê
apenas como limites ao poder constituinte derivado ao rever ou ao emendar a Constituição elaborada pelo
poder constituinte originário, e não como abarcando normas cuja observância se impôs ao próprio poder
constituinte originário com relação às outras que não sejam consideradas como cláusulas pétreas, e,
portanto, possam ser emendadas.
[ADI 815, rel. min. Moreira Alves, j. 28-3-1996, P, DJ de 10-5-1996.]
As cláusulas pétreas não podem ser invocadas para sustentação da tese da inconstitucionalidade de normas
constitucionais inferiores em face de normas constitucionais superiores, porquanto a Constituição as prevê

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apenas como limites ao poder constituinte derivado ao rever ou ao emendar a Constituição elaborada pelo
poder constituinte originário, e não como abarcando normas cuja observância se impôs ao próprio poder
constituinte originário com relação às outras que não sejam consideradas como cláusulas pétreas, e,
portanto, possam ser emendadas.
[ADI 815, rel. min. Moreira Alves, j. 28-3-1996, P, DJ de 10-5-1996.]
O poder constituinte derivado não é ilimitado, visto que se submete ao processo consignado no art. 60, §§
2º e 3º, da CF, bem assim aos limites materiais, circunstanciais e temporais dos §§ 1º, 4º e 5º do aludido
artigo. A anterioridade da norma tributária, quando essa é gravosa, representa uma das garantias
fundamentais do contribuinte, traduzindo uma limitação ao poder impositivo do Estado.
[RE 587.008, rel. min. Dias Toffoli, j. 2-2-2011, P, DJE de 6-5-2011, Tema 107.]
Vide ADI 939, rel. min. Sydney Sanches, j. 15-12-1993, P, DJ de 18-3-1994
Art. 85 da Constituição do Estado de Rondônia, que elevou para treze o número de desembargadores do
Tribunal de Justiça. Ofensa manifesta ao princípio da iniciativa privativa, para o assunto, do Tribunal de
Justiça, consagrada no art. 96, II, b, da CF, de observância imperiosa pelo poder constituinte derivado
estadual, como previsto no art. 11 do ADCT/1988.
[ADI 142, rel. min. Ilmar Galvão, j. 19-6-1996, P, DJ de 6-9-1996.]
Ação direta de inconstitucionalidade. Lei 3.279/1999 do Estado do Rio de Janeiro, que dispõe sobre o
cancelamento de multas de trânsito anotadas em rodovias estaduais em certo período relativas a
determinada espécie de veículo. Inconstitucionalidade formal. (...) O cancelamento de toda e qualquer
infração é anistia, não podendo ser confundido com o poder administrativo de anular penalidades
irregularmente impostas, o qual pressupõe exame individualizado. Somente a própria União pode anistiar ou
perdoar as multas aplicadas pelos órgãos responsáveis, restando patente a invasão da competência privativa
da União no caso em questão. [ADI 2.137, rel. min. Dias Toffoli, j. 11-4-2013, P, DJE de 9-5-2013.]
A providência imposta pela lei estadual é inadequada porque a simples presença de um empacotador em
supermercados não é uma medida que aumente a proteção dos direitos do consumidor, mas sim uma mera
conveniência em benefício dos eventuais clientes. Trata-se também de medida desnecessária, pois a
obrigação de contratar um empregado ou um fornecedor de mão de obra exclusivamente com essa
finalidade poderia ser facilmente substituída por um processo mecânico. Por fim, as sanções impostas
revelam a desproporcionalidade em sentido estrito, eis que capazes de verdadeiramente falir um
supermercado de pequeno ou médio porte. Procedência da ação, para declarar a inconstitucionalidade da
Lei 2.130/1993, do Estado do Rio de Janeiro.
[ADI 907, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 1º-8-2017, P, DJE de 24-11-2017.]

Referência Bibliográficas:
Pedro Lenza. Direito Constitucional Esquematizado.
Marcelo Novelino. Curso de Direito Constitucional.
Dirley da Cunha Junior. Curso de Direito Constitucional.

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DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

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QUESTÕES PROPOSTAS

1 - 2021 -FUMARC -PC-MG - FUMARC - 2021 - PC-MG - B-O sentido sociológico da Constituição coincide com o
Delegado de Polícia Substituto sentido jurídico, pois ambos representam os fatores reais do
Cláusulas pétreas são: poder em uma sociedade.
C-De acordo com o sentido político de Constituição, ela é a
A-aquelas que não podem ser modificadas no texto norma jurídica fundamental que ocupa o último escalão na
constitucional. hierarquia das normas de um ordenamento jurídico.
B-consideradas limites materiais para emendas à D-Em razão da sua força normativa, o preâmbulo orienta a
Constituição, pois constituem conteúdo que não pode ser interpretação constitucional e serve como parâmetro para o
modificado no texto constitucional no sentido de o abolir controle de constitucionalidade.
(extinguir) ou tender a tanto. E-Segundo o sentido jurídico de Constituição, ela é a decisão
C-dispositivos constitucionais que só podem ser alterados, concreta sobre o modo e a forma de existência da
por meio de emendas ao texto constitucional. comunidade.
D-impedimentos à atuação do Poder Constituinte Originário.
4- 2021 - NC-UFPR - PC-PR - NC-UFPR - 2021 - PC-PR -
2- 2021 - NC-UFPR - PC-PR - NC-UFPR - 2021 - PC-PR - Delegado de Polícia
Delegado de Polícia O poder constituinte e o poder de reforma constitucional são
Sobre a classificação das constituições e das normas dois dos temas mais relevantes do Direito Constitucional. A
constitucionais, assinale a alternativa correta. respeito do assunto, assinale a alternativa correta.

A-A vedação à censura prévia para a liberdade de expressão A-Diante de grande necessidade, a Constituição Federal
confirma que as normas que expressam vedações e poderá ser emendada durante a vigência de estado de sítio e
proibições podem ser consideradas normas de eficácia de estado de defesa.
imediata. B-Em seu exercício, o poder constituinte estadual deve
B-São consideradas formalmente constitucionais as reproduzir integralmente as disposições da Constituição
disposições que regulam o exercício das funções políticas, a Federal a respeito de direito, deveres e organização da ordem
estruturação do sistema de governo e da federação, e os social.
direitos fundamentais. C-A proteção ao direito adquirido resguarda o direito do
C- As constituições dirigentes correspondem a um ideal de titular em face de tentativas de violar esse direito, sejam elas
Constituição típico do constitucionalismo liberal que do poder constituinte ou do poder de reforma da
prescreve um Estado mínimo. Constituição.
D-As constituições garantias são a expressão de um D-Mais da metade das assembleias legislativas podem propor
constitucionalismo social que defende a Constituição como uma emenda à Constituição, se houver a manifestação da
forma de garantia dos direitos sociais e de um Estado maioria relativa de cada uma delas.
interventor. E-A proposta de emenda à Constituição rejeitada pode ser
E-São consideradas normas materialmente constitucionais as reapresentada na mesma sessão legislativa, se houver a
disposições que estão escritas na Constituição, não concordância da maioria absoluta da casa.
importando o seu tema e sua relevância para a comunidade
política. 5- 2021 - FGV - PC-RN - FGV - 2021 - PC-RN - Delegado de
Polícia Civil Substituto
3- 2021 - NC-UFPR - PC-PR - NC-UFPR - 2021 - PC-PR - No processo de interpretação constitucional, a pré-
Delegado de Polícia compreensão do intérprete não pode ocupar uma posição
Assinale a alternativa correta a respeito da teoria da hegemônica e incontrastável, de modo a tornar esse processo
Constituição e de suas classificações. uma encenação que busque tão somente justificar conclusões
prévias, indiferentes aos limites do texto constitucional, aos
A-O conceito moderno de Constituição pressupõe uma norma aspectos circunstanciais e às exigências de ordem metódica.
jurídico-política que prevê direitos fundamentais e que Na interpretação constitucional, a narrativa acima se mostra:
organiza os poderes políticos.

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A-errada, pois a pré-compreensão não pode ser utilizada na B-O poder constituinte originário encontra-se no texto da
interpretação constitucional, sob pena de consagrar o própria Constituição que ele irá alterar.
subjetivismo em detrimento do caráter objetivo da norma; C-Ao contrário do poder constituinte originário, o poder
B-correta, pois o conhecimento adquirido pelo intérprete é constituinte derivado é ilimitado e autônomo.
apenas condição de desenvolvimento da compreensão, que D-A teoria do poder constituinte não está relacionada à
resulta na atribuição de significado ao texto; legitimidade do poder, à soberania nacional e à soberania
C-correta, pois a interpretação evidencia uma total separação popular de um Estado.
entre o sujeito cognoscente e o objeto cognoscido, de modo E-Ainda que exercido de forma ilegítima, o poder constituinte
que a compreensão é da alçada do legislador; originário será sempre o criador de uma nova constituição
D-errada,pois o intérprete, em sua atividade intelectiva, deve que estabeleça uma nova ordem constitucional em um
se limitar a conhecer o sentido imanente ao texto, não Estado.
participando da construção do significado;
E-contraditória, pois a pré-compreensão e a compreensão 8- 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA - INSTITUTO AOCP - 2021
apresentam uma relação de sobreposição, não ocupando - PC-PA - Delegado de Polícia Civil
planos sucessivos. Segundo a doutrina, o Neoconstitucionalismo tem como uma
de suas marcas a concretização das prestações materiais
6 - 2021 - FGV - PC-RN - FGV - 2021 - PC-RN - Delegado de prometidas pela sociedade, servindo como ferramenta para
Polícia Civil Substituto implantação de um Estado Democrático Social de Direito. São
Sensível à necessidade de zelar pela probidade características do Neoconstitucionalismo, EXCETO
administrativa, a Assembleia Legislativa do Estado Alfa
promulgou a Emenda Constitucional nº XX/2019, de iniciativa A-encolhimento da justiça distributiva.
parlamentar, dispondo sobre as infrações político- B-positivação e concretização de um catálogo de direitos
administrativas passíveis de serem praticadas pelo fundamentais.
Governador do Estado, as quais poderiam acarretar, na C-inovações hermenêuticas.
hipótese de condenação, a perda do mandato eletivo e a D-densificação da força normativa do Estado.
inabilitação para o exercício de outra função pública. E-onipresença dos princípios e das regras.

A Emenda Constitucional nº XX/2019 é: 9 - 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA - INSTITUTO AOCP -


2021 - PC-PA - Delegado de Polícia Civil
A-formalmente inconstitucional, pois a matéria deve ser Ao conceber a constituição como a soma de fatores reais do
disciplinada em lei ordinária estadual, de iniciativa exclusiva poder que regem a nação, ou seja, um produto dos pleitos das
do Chefe do Poder Executivo; forças sociais de determinada época, está se tratando da ideia
B-formalmente inconstitucional, pois a matéria só pode ser de constituição concebida por
disciplinada pela Constituição da República de 1988, não pela
legislação infraconstitucional; A-Carl Schmitt.
C-formal e materialmente constitucional, considerando o B-José Afonso da Silva.
disposto na Constituição da República de 1988 e o princípio C-Hans Kelsen.
da simetria; D-Ferdinand Lassalle.
D-materialmente inconstitucional apenas em relação à E-Peter Häberle.
sanção de inabilitação, que não pode ser cominada;
E-formalmente inconstitucional, pois a matéria é de 10 - 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA - INSTITUTO AOCP -
competência legislativa privativa da União. 2021 - PC-PA - Delegado de Polícia Civil
No que se refere à classificação das constituições, assinale a
7- 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA - INSTITUTO AOCP - 2021 alternativa correta.
- PC-PA - Delegado de Polícia Civil
O poder constituinte produz normas constitucionais tanto ao A-Quanto ao conteúdo, as constituições podem ser
elaborar a constituição quanto ao alterá-la, podendo ser classificadas como constituição garantia ou constituição
originário ou derivado. A respeito do poder constituinte, dirigente.
assinale a alternativa correta. B-A constituição classificada como substancial ou material,
segundo a doutrina, está mais relacionada ao universo do
A-O poder constituinte originário é soberano e está acima da “ser” que do “dever ser”.
vontade popular.

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C-A constituição garantia, que também é chamada de 14- 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Instituto Acesso - 2019
programática ou social, disciplina o mínimo possível de - PC-ES - Delegado de Polícia - Anulado
matérias. Em julgamento de Recurso Extraordinário (RE-AgR 436.996),
D-O Brasil é regido por uma Constituição classificada pela o Supremo Tribunal Federal entendeu que o atendimento em
doutrina, quanto ao conteúdo, como constituição garantia. creche e o acesso à unidades de pré-escola à criança menor
E-O Brasil é regido por uma Constituição classificada pela de 05 (cinco) anos de idade não podem fundar-se em juízo de
doutrina, quanto à função, ou finalidade, como constituição simples conveniência ou de mera oportunidade. Isto porque
formal. o sistema de ensino municipal é consituticionalmente regido
por normas de eficácia
11 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE /
CEBRASPE - 2021 - Polícia Federal - Delegado de Polícia A-submetida ao princípio da reserva do possível.
Federal B-contida, ou seja, têm aplicabilidade indireta, mediata e
Acerca dos sentidos e das concepções de constituição e da reduzida.
posição clássica e majoritária da doutrina constitucionalista, C-limitada, ou seja, têm aplicabilidade indireta, mediata e
julgue o item que se segue. reduzida e estabelecem diretrizes para as políticas públicas.
D-plena, ou seja, têm aplicabilidade direta, imediata e
Sob a ótica da constituição política, um Estado pode ter uma integral, que não se submetem ao princípio da reserva do
constituição material sem que tenha uma constituição escrita possível.
que descreva a sua organização de poder. E-contida, ou seja, têm aplicabilidade direta, imediata e
possivelmente não integral.
Certo
Errado 15 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Instituto Acesso - 2019
- PC-ES - Delegado de Polícia - Anulado
12- 2021 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE / “Para alguns espíritos, ou ingênuos em relação aos fatores
CEBRASPE - 2021 - Polícia Federal - Delegado de Polícia reais que influem efetivamente nos governos chamados
Federal democráticos, os interessados em transformar os meios em
Acerca dos sentidos e das concepções de constituição e da fins, idealizando-os para o efeito de assegurar, pela
posição clássica e majoritária da doutrina constitucionalista, reverência pública, a sua continuação, a democracia não se
julgue o item que se segue. define pelos valores ou pelos fins, mas pelos meios, pelos
processos, pela máquina, pela técnica ou pelos diversos
Quanto ao objeto das constituições, são exemplos expedientes mediante os quais os políticos fabricam a opinião
tradicionais o estabelecimento do modo de aquisição do ou elaboram os substitutos legais da vontade do povo ou da
poder e a forma de seu exercício. Nação.

Certo Ora, a máquina democrática não tem nenhuma relação com


Errado o ideal democrático. A máquina democrática pode produzir e
tem, efetivamente, produzido exatamente o contrário da
13- 2021 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE / democracia ou do ideal democrático. Dadas as condições de
CEBRASPE - 2021 - Polícia Federal - Delegado de Polícia um país, quanto mais se avoluma e aperfeiçoa a máquina
Federal democrática, tanto mais o Governo se distancia do povo e
Acerca dos sentidos e das concepções de constituição e da mais remoto da realidade se torna o ideal democrático.
posição clássica e majoritária da doutrina constitucionalista,
julgue o item que se segue. Não haverá ninguém de boa-fé que dê como democrático um
regime pelo simples fato de haver sido montada, segundo
A Constituição Federal brasileira pode ser considerada uma todas as regras, a máquina destinada a registrar a vontade
constituição-garantia, pois regulamenta, de forma analítica, popular. Seja, porém, qual for a técnica ou a engenharia de
os assuntos mais relevantes à formação, à destinação e ao um governo, este será realmente democrático se os valores
funcionamento do Estado. que inspiram a sua ação decorrem do ideal democrático.”
(CAMPOS, Francisco. O Estado Nacional. Editora Senado
Certo Federal, 2001)
Errado

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Tendo como referência o texto acima citado, podemos do século XVIII, inspirado pela tese de Montesquieu de que
afirmar que, o modelo de constitucionalismo defendido pelo apenas poderes moderados eram compatíveis com a
autor, mais se aproxima do constitucionalismo liberdade. Mas como seria possível restringir o poder
soberano, tendo a sua autoridade sido entendida ao longo da
A-substancial. modernidade justamente como um poder que não
B-aberto aos intérpretes da constituição. encontrava limites no direito positivo? Uma soberania
C-procedimental. limitada parecia uma contradição e, de fato, a exigência de
D-liberal. poderes políticos limitados implicou redefinir o próprio
E-como integridade. conceito de soberania, que sofreu uma deflação.

16- 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Instituto Acesso - 2019 Alexandre Costa. O poder constituinte e o paradoxo da
- PC-ES - Delegado de Polícia - Anulado soberania limitada. In: Teoria & Sociedade. n.º 19, 2011, p.
“A interpretação jurídico-científica não pode fazer outra coisa 201 (com adaptações).
senão estabelecer as possíveis significações de uma norma
jurídica. Como conhecimento do seu objeto, ela não pode Considerando o texto precedente, julgue o item a seguir, a
tomar qualquer decisão entre as possibilidades por si mesma respeito de Constituição, classificações das Constituições e
reveladas, mas tem de deixar tal decisão ao órgão que, poder constituinte.
segundo a ordem jurídica, é competente para aplicar o
Direito. Um advogado que, no interesse de seu constituinte, A exigência de poderes políticos limitados após a
propõe ao tribunal apenas uma das várias interpretações manifestação do poder constituinte originário fundamenta
possíveis da norma jurídica a aplicar a certo caso, e um tanto o sentido lógico-jurídico quanto o sentido jurídico-
escritor que, num comentário, elege a interpretação positivo da Constituição.
determinada, dentre as várias interpretações possíveis, como
a única ‘acertada’, não realizam uma função jurídico-científica Certo
mas uma função jurídico-política (de política jurídica). Eles Errado
procuram exercer influência sobre a criação do Direito.”
19- 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - 2018
Esta concepção de hermenêutica, extremamente influente no - Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal
século XX, é extraída do(a): A possibilidade de um direito positivo supraestatal
limitar o Poder Legislativo foi uma invenção do
A-Escola da Exegese, de Savigny. constitucionalismo do século XVIII, inspirado pela tese de
B-Neo-Constitucionalismo, de Ronald Dworkin. Montesquieu de que apenas poderes moderados eram
C-Positivismo jurídico, de Hans Kelsen. compatíveis com a liberdade. Mas como seria possível
D-Teoria dos Sistemas, de Niklas Luhmann. restringir o poder soberano, tendo a sua autoridade sido
E-Pós-Positivismo, de Robert Alexy. entendida ao longo da modernidade justamente como um
poder que não encontrava limites no direito positivo? Uma
17- 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - 2018 soberania limitada parecia uma contradição e, de fato, a
- Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal exigência de poderes políticos limitados implicou redefinir o
A respeito dos direitos fundamentais e do controle de próprio conceito de soberania, que sofreu uma deflação.
constitucionalidade, julgue o item que se segue.
Alexandre Costa. O poder constituinte e o paradoxo da
Em relação aos estrangeiros, a norma constitucional que soberania limitada. In: Teoria & Sociedade. n.º 19, 2011, p.
garante o acesso a cargos, empregos e funções públicas é de 201 (com adaptações).
eficácia contida.
Considerando o texto precedente, julgue o item a seguir, a
Certo respeito de Constituição, classificações das Constituições e
Errado poder constituinte.

18- 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - 2018 Do caráter supraestatal do constitucionalismo, referido no
- Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal texto, extraem-se a formalidade e a rigidez das Constituições
A possibilidade de um direito positivo supraestatal limitar modernas.
o Poder Legislativo foi uma invenção do constitucionalismo

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Certo
Errado Alexandre Costa. O poder constituinte e o paradoxo da
soberania limitada. In: Teoria & Sociedade. n.º 19, 2011, p.
20- 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - 2018 201 (com adaptações).
- Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal
A possibilidade de um direito positivo supraestatal Considerando o texto precedente, julgue o item a seguir, a
limitar o Poder Legislativo foi uma invenção do respeito de Constituição, classificações das Constituições e
constitucionalismo do século XVIII, inspirado pela tese de poder constituinte.
Montesquieu de que apenas poderes moderados eram
compatíveis com a liberdade. Mas como seria possível A ideia apresentada no texto reflete a Constituição como
restringir o poder soberano, tendo a sua autoridade sido decisão política fundamental do soberano, o que configura o
entendida ao longo da modernidade justamente como um sentido sociológico de Constituição.
poder que não encontrava limites no direito positivo? Uma
soberania limitada parecia uma contradição e, de fato, a Certo
exigência de poderes políticos limitados implicou redefinir o Errado
próprio conceito de soberania, que sofreu uma deflação.

Respostas10

10
1: B 2: A 3: A 4: D 5: B 6: E 7: E 8: A 9: D 10 B 11: C 12: C 13: E 14: D 15: A 16: C 17: E 18: C 19: C 20: E
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META 6 – REVISÃO SEMANAL

Direito Penal: Teoria Do Crime – Parte I

TODOS OS ARTIGOS
⦁ Art. 1, CP
⦁ Art. 13. §2º, CP
⦁ Art. 14, CP
⦁ Art. 75, CP
⦁ Art. 1º a 10º da Lei de Contravenções Penais (DL 3688/41)
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER
⦁ Art. 1, CP
⦁ Art. 13. §2º, CP
⦁ Art. 14, CP
⦁ Art. 75, CP

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Direito Penal: Teoria Do Crime – Parte II

TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

⦁ Art. 13, caput e §1º, CP


⦁ Art. 15 a 19, CP
⦁ Art. 20, §1º, CP
⦁ Art. 4º, Lei de Contravenções Penais
⦁ Art. 33, Código Penal Militar

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER

⦁ Art. 13, caput e §1º, CP (muito, muito, muito importante! Não vá para a prova sem ter este
artigo decorado na ponta da língua!)
⦁ Art. 15 a 17, CP

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SEMANA 03/30

Direito Administrativo: Entes Da Administração

TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

CF/88
⦁ Art. 33
⦁ Art. 37, XIX, XX e XXI,
⦁ Art. 37, §§ 6º, 8º
⦁ art. 48, XI
⦁ art. 51, IV, e art. 52, XIII, da CF
⦁ art. 61 § 1º, II, "e".
⦁ art. 84, IV, VI, "a";
⦁ Art. 173, §1º e §2º e 174

OUTROS DIPLOMAS LEGAIS


⦁ art. 51 da Lei nº 9.649/98
⦁ 1º, §2º, I Lei 9.784/99
⦁ Lei 9637/98
⦁ Lei 13.303/16
⦁ Lei 13.019/14
⦁ Lei 9986/2000

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!


CF/88
⦁ Art. 37, XIX, XX e XXI, CF/88
⦁ Art. 37, §§ 6º, 8º, CF/88
⦁ Art. 48, XI, CF/88 (criação de ministérios deve ser por lei)
⦁ Art. 84, IV, VI, "a", CF/88

Principais artigos da Lei 13.303/16 - (Lei das empresas públicas e sociedades de economia
mista)
⦁ Art. 1º, caput e §§5º e 6º
⦁ Art. 2º, §§1º e 2º
⦁ Art. 3º, 4º e 5º
⦁ Art. 8º
⦁ Art. 27 a 30
⦁ Art. 47 e 49
⦁ Art. 85 e 86

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SEMANA 03/30

Principais artigos da Lei 9637/98– Lei das organizações sociais (OS)


⦁ Art. 1º e 2º
⦁ Art. 5º, 6º, 7º e 9º
⦁ Art. 11º e 12º
⦁ Art. 14 e 17

Principais artigos da lei 9.790/99– Lei das organizações da sociedade civil de interesse público
(OSCIP)
⦁ Art. 1º e 2º (atenção ao §único do art. 2º! Novidade legislativa!)
⦁ Art. 3º
⦁ Art. 10, §1º
⦁ Art. 11, 14 e 16

Principais artigos da lei 13.019/2014 – Lei das organizações da sociedade civil (OSC)
⦁ Art. 1º
⦁ Art. 2º, inc. I, II, VII, VIII e VIII-A.
⦁ Art. 3º
⦁ Art. 16 a 21
⦁ Art. 30, 31 e 35-A
⦁ Art. 39, 40 e 42, XX
⦁ Art. 69 e 73
⦁ Art. 84-B

Principais artigos da Lei 13.848/2019 – Lei das agências reguladoras


⦁ Art. 3º e 5º
⦁ Art. 10, 14 e 15
⦁ Art. 34 e 35

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SEMANA 03/30

Direito Processual Penal: Ação Penal

TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

CF/88
⦁ Art. 129, I, CF/88
⦁ Art. 5º, LIX, CF/88

CPP
⦁ Art. 3º-B, IV, CPP
⦁ Art. 5º, §4º, CPP
⦁ Art. 24 ao Art. 68, CPP
⦁ Art. 384 e 385, CPP
⦁ Art. 395, CPP

OUTROS DIPLOMAS LEGAIS


⦁ Art. 76 e 88 a 91, Lei 9099/95
⦁ Art. 2º, § 1º, Lei n. 9.613/98
⦁ Art. 83, § 2º, Lei n. 9.430/96,

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!

⦁ Art. 3º-B, IV, CPP


⦁ Art. 24 e 25, CPP
⦁ Art. 28, CPP (cuidado com a nova redação trazida pelo Pacote Anticrime que ainda não está
produzindo efeitos!)
⦁ Art. 28-A, CPP (IMPORTANTÍSSIMO!!!)
⦁ Art. 29, CPP
⦁ Art. 38, 41, 42, 46, 48, 49 e 51, CPP
⦁ Art. 60, CPP (alto índice de cobrança em prova objetiva!)
⦁ Art. 65, 66 e 67, CPP (alto índice de cobrança em prova objetiva!)
⦁ Art. 396, CPP

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ROMILDO JONAS DOS SANTOS 02683463308 ROMILDO JONAS DOS SANTOS 02683463308 ROMILDO JONAS DOS S
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 9

SEMANA 03/30

Direito Constitucional: Teoria Constitucional

TODOS OS ARTIGOS
⦁ Art. 3º do ADCT
⦁ Arts. 1º a 4º da CF/88 → saber na ponta da língua. Despenca em prova;
⦁ Art. 34, CF/88
⦁ Art. 60, CF/88 → saber na ponta da língua. Despenca em prova;
⦁ Arts. 136 e 137, CF/88
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER

⦁ Art. 34, inc. VII, CF/88


⦁ Art. 60, CF/88 (muito importante!)

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