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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE

MOÇAMBIQUE

Centro de Ensino a Distância

Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa

Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa

Código: A0001

Módulo único
24 Unidades
Direitos de autor (copyright)

Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique, Centro de Ensino `a Distância


(CED), e contêm reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste manual, no
seu todo ou em partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico,
gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa da entidade editora (Universidade Católica de
Moçambique - Centro de Ensino `a Distância). O não cumprimento desta advertência é passível a
processos judiciais

Elaborado Por: Geraldo Ferando Vunguire

Colaborador do Curso de Licenciatura em ensino do Português do Centro de


Ensino à Distância (CED) da Universidade Católica de Moçambique e docente
da Faculdade de Ciencias da mesma Universidade, sita em Sofala – Beira

Revisado por: José Bartolomeu J. Marra

Mestrando em Ciência da Educação/ Supervisão Pedagógica na Educação em


Línguas Estrangeiras, pela Universidade do Minho – Portugal.

Universidade Católica de Moçambique


Centro de Ensino `a Distância-CED
Rua Correia de Brito No 613-Ponta-Gêa
Moçambique-Beira
Telefone: 23 32 64 05
Cel: 82 50 18 44 0
Fax:23 32 64 06
E-mail: ced@ucm.ac.mz
Website: www.ucm.ac.mz
Agradecimentos

A Universidade Católica de Moçambique-Centro de Ensino à Distância e o autor do presente manual,


agradecem a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na eleboração deste manual.

Pela contribuição do conteúdo. dr. Baptista Franze e ao dr. Brain Tachiua, pelo
apoio moral e material.

dr. Armando Artur, dr. Baptista Franze e ao dr.


Geraldo Fernando Vunguire, pela força
encorajadora, apoio moral e material para a
elaboração deste manual.

Pela revisão linguística dr.Armamdo Artur (Coordenador do Curso na


UCM- CED);
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa i

Índice

Visão geral 1
Benvindo ao Módulo de Técnica de Expressão ................................................................ 1
Objectivos do Módulo ...................................................................................................... 1
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................... 1
Como está estruturado este módulo .................................................................................. 2
Ícones de actividade .......................................................................................................... 2
Acerca dos ícones .......................................................................................... 3
Habilidades de estudo ....................................................................................................... 3
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 3
Tarefas(avaliação e auto-avaliação).................................................................................. 3
Avaliação .......................................................................................................................... 4

Unidade 1. Textos Informativos 5


Introdução ................................................................................................................ 5
TEXTO INFORMATIVO ............................................................................. 5
A NOTÍCIA (O Discurso de Imprensa) ......................................................... 6
Características ................................................................................................ 7
A sintaxe da notícia (GUERRA e VIEIRA:71-72:2003) ............................... 7
Sumário ............................................................................................................................. 9
Exercícios.......................................................................................................................... 9

Unidade 2. Técnicas de Estudo 12


Introdução .............................................................................................................. 12
Sumário ........................................................................................................................... 15
Exercícios........................................................................................................................ 15

Unidade 3. O Exercício de Leitura 16


Introdução .............................................................................................................. 16
Sumário ........................................................................................................................... 19
Exercícios........................................................................................................................ 19

Unidade 4. Como Fazer Anotações? 20


Introdução .............................................................................................................. 20
Sumário ........................................................................................................................... 22
Exercícios........................................................................................................................ 22

Unidade 5. Elaboração de Resumo 23


Introdução .............................................................................................................. 23
ii Índice

 Eliminar as repetições, as interjeições; 24

 Suprimir pormenores, exemplos isolados, citações, mas sem cair na generalização esquemática;24
Sumário ........................................................................................................................... 24
Exercícios........................................................................................................................ 25

Unidade 6. Elaboracão da Síntese 26


Introdução .............................................................................................................. 26
Percurso de elaboração ................................................................................ 26
Sumário ........................................................................................................................... 27
Exercícios........................................................................................................................ 28

Unidade 7. A Ortografia 29
Introdução .............................................................................................................. 29
Sumário ........................................................................................................................... 34
Exercícios........................................................................................................................ 34

Unidade 8. A Pontuacao 36
Introdução .............................................................................................................. 36
Sumário ........................................................................................................................... 44
Exercícios........................................................................................................................ 44

Unidade 9. Classes de Palavras 45


Introdução .............................................................................................................. 45
Sumário ........................................................................................................................... 46
Exercícios........................................................................................................................ 46

Unidade 10. A Frase 48


Introdução .............................................................................................................. 48
Sumário ........................................................................................................................... 51
Exercícios........................................................................................................................ 51

Unidade 11. A Frase Simples e Complexas 52


Introdução .............................................................................................................. 52
Sumário ........................................................................................................................... 54
Exercícios........................................................................................................................ 54

Unidade 12. Estudo do Verbo 56


Introdução .............................................................................................................. 56
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa iii

Sumário ........................................................................................................................... 58
Exercícios........................................................................................................................ 58

Unidade 13. Conjugação Pronominal 59


Introdução .............................................................................................................. 59
Sumário ........................................................................................................................... 61
Exercícios........................................................................................................................ 61

Unidade 14. O Discurso directo e Indirecto 62


Introdução .............................................................................................................. 62
Sumário ........................................................................................................................... 64
Exercícios........................................................................................................................ 64

Unidade 15. A Ficha Bibliográfica 65


Introdução .............................................................................................................. 65
Sumário ........................................................................................................................... 66
Exercícios........................................................................................................................ 66

Unidade 16. A Ficha de Leitura 67


Introdução .............................................................................................................. 67
Sumário ........................................................................................................................... 70
Exercícios........................................................................................................................ 70

Unidade 17. O Sumário 71


Introdução .............................................................................................................. 71
Sumário ........................................................................................................................... 74
Exercícios........................................................................................................................ 74

Unidade 18. Textos Administrativos 75


Introdução .............................................................................................................. 75
Sumário ........................................................................................................................... 76
Exercícios........................................................................................................................ 76

Unidade 19. Formas de Tratamento 77


Introdução .............................................................................................................. 77
Sumário ........................................................................................................................... 78
Exercícios........................................................................................................................ 79

Unidade 20. A Carta 80


Introdução .............................................................................................................. 80
iv Índice

Sumário ........................................................................................................................... 83
Exercícios........................................................................................................................ 83

Unidade 21. A convocatória 84


Introdução .............................................................................................................. 84
Sumário ........................................................................................................................... 86
Exercícios........................................................................................................................ 86

Unidade 22. A Acta 87


Introdução .............................................................................................................. 87
Sumário ........................................................................................................................... 89
Exercícios........................................................................................................................ 90

Unidade 23. Texto Expositivo-Explicativo 91


Introdução .............................................................................................................. 91
Sumário ........................................................................................................................... 94
Exercícios........................................................................................................................ 95

Unidade 24. Texto Expositivo-Argumentativo 96


Introdução .............................................................................................................. 96

Estrutura do Texto Argumentativo 97


Sumário ......................................................................................................................... 100
Exercícios...................................................................................................................... 100

Unidade 25. O Relatório 101


Introdução ............................................................................................................ 101
Sumário ......................................................................................................................... 103
Exercícios...................................................................................................................... 103
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 1

Visão geral

Benvindo ao Módulo de Técnica de Expressão

A Competência na comunicação e expressão é uma das habilidades


indispensáveis, quer na comunidade em geral, quer no processo de
docência. Assim, por meio deste manual pretendemos que o futuro
professor ou formador seja capaz de exprimir-se correctamente e de
produzir documentos de carácter pedagógico com uma boa
expressividade e correcção linguísticas.

Objectivos do Módulo

Ao terminar o estudo do módulo de Técnica de Expressão, o formando


será capaz de:

 Produzir correctamente textos de carácter didáctico pedagógicos;


 Compreender o uso das diferentes regras gramaticais;
 Aplicar eficazmente as diferentes formas de tomada de nota ou de
estudo.
Objectivos
 Reconhecer as estratégias discursivas que norteiam a produção e
organização de textos.
 Usar correctamente as regras de pesquisa e elaboração de trabalhos
científicos.

Quem deveria estudar este módulo

Este Módulo foi concebido para todos os estudantes dos Cursos de


Licenciatura no Centro de Ensino à Distância (CED) e também para o
Público que o considere interessante.
2

Como está estruturado este módulo

Todos os módulos dos cursos produzidos pelo Centro de Ensino à


Distância (CED) encontram-se estruturados da seguinte maneira:

Páginas introdutórias

 Um índice completo.

 Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os


aspectos-chave necessários para completar o estudo. Recomendamos
vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu
estudo.

Conteúdo do curso / módulo

O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma


introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo um
sumário da unidade e uma ou mais actividades para auto-avaliação.

Outros recursos

Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista


de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos podem incluir
livros, artigos ou sites na internet.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação

Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada


unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para
desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes
elementos encontram-se no final do módulo.

Comentários e sugestões

Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários


sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários
serão úteis para nos ajudar a [e] avaliar e melhorar este curso / módulo.

Ícones de actividade

Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens
das folhas. Estes icones servem para identificar diferentes partes do
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 3

processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de


texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

Acerca dos ícones

Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir, cada


um com uma descrição do seu significado e da forma como nós
interpretámos esse significado para representar as várias actividades ao
longo deste curso / módulo.

Ao longo do módulo encontrarás uma série de imagens que sitntetizam as


teorias apresentadas. Estes ícones foram retirados de obras consultadas
ou então criadas para facilitar o processo de compreensão dos conteúdos
patentes no módulo.

Habilidades de estudo

Caro formando, o ensino à distância requer de ti um grande interesse pelo


estudo, porque és um “Auto didacta”. Neste sentido terás de criar um
horário de estudo que te dá a possibilidade de estudar o módulo pelo
menos quarto horas por semana.

No fim de cada unidade será necessário que se elabore uma síntese das
teorias lidas para a compreensão dos conteúdos.

Precisa de apoio?

A base do estudo é este módulo, mas podes completar as tuas


investigações na biblioteca do Centro de Ensino à Diatância ou até com
os materiais que poderás encontrar noutras bibliotecas.

Tarefas (avaliação e auto-avaliação)

As Tarefas de exercícios estão em função dos objectivos, fichas


informativas, recursos existentes e de todo um leque de condições
concretas. Os trabalhos serão entregues obedecendo aos critérios
estabelecidos pelo CED
4

Avaliação

A avaliação da cadeira será controlada da seguinte maneira:


 Três (3) Trabalhos realizados pelos estudantes, sendo divididos
em três sessões presenciais de acordo com a programação do
Centro.
 Dois (2) Testes escritos em presença e um exame no fim do ano.
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 5

Unidade 1. Textos Informativos

Introdução

Nesta primeira unidade, falaremos dos textos informativos porque estes


constituem a base da nossa comunicação no quotidiano. Estes são
encontrados em situações escolares procurando transmitir conhecimentos
ou saberes.

Focalizamos nela, textos didácticos e jornalísticos como, por exemplo, a


notícia. Assim será indispensável mencionar as características e as
estratégias da sua elaboração.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

 Distinguir os textos informativos de outros;


 Identificar as partes estruturais correspondentes a estes textos;
 Redigir uma notícia tendo em conta a estrutura a que deve
Objectivos obedecer.

TEXTO INFORMATIVO

É um tipo de texto presente em situação escolar em que a intenção


comunicativa veicula conhecimentos da realidade da qual oferece um
saber. Ele (texto informativo), transmite dados organizados e
hierarquizados sem, contudo, procurar persuadir ou explicar. O seu
objectivo é, portanto, comunicar de forma clara e pormenorizada, em
poucas linhas, a um leitor determinado, o que deve saber de um facto, de
um assunto ou de um problema. Este tipo de texto possui três
características importantes a saber, a clareza, a correcção e a concisão.

Neste tipo de texto usa-se, essencialmente, a 3ª pessoa. A 3ª pessoa


«indica uma realização discursiva situada fora da correlação de pessoa
existente no par eu/tu, remetendo para uma situação “objectiva”. Assim,
esse tipo de discurso é indiciado pelos pronomes de terceira pessoa (ele,
ele, eles, elas) e respectivos deíticos (o, isso, isto, aquilo, lá, então,
etc.) reenviando à objectividade, própria dos elementos referenciais
colocados fora da elocução. A linguagem cumpre, assim, a sua função
informativa ou referencial, centrando-se em dados concretos, que se
concretizam nos referentes situacionais.

A terceira pessoa, está por conseguinte, presente no discurso de


imprensa, no discurso pedagógico, no discurso ensaístico, onde a
finalidade da mensagem é transmitir informações de conteúdo objectivo.
(GUERRA, J.A.F.; VIEIRA, J.A.S.:69).
6

A NOTÍCIA (O Discurso de Imprensa)

O jornal, por exemplo, é um meio de comunicação de massa. Destinado a


qualquer leitor, o discurso de imprensa apresenta características próprias.
Este tipo de discurso engloba a notícia e artigos de natureza diversa, em
suma, textos de carácter informativo.

A imprensa escrita ou oral, que tem por função transmitir as notícias,


informar, dar conhecimento ao público dos acontecimentos de última hora,
constitui um largo campo de utilização do discurso de terceira pessoa.

A não-pessoa, isenta de marca de subjectividade, é a forma pronominal


mais adequada para as instâncias discursivas que utilizam a linguagem
em situações descritivas ou verificativas, onde a objectividade é
necessária. O jornalista, como entidade responsável pela informação,
preocupa-se com o relato factual, tendo como objectivo fornecer dados
concretos que reenviam a determinados referentes. A notícia submete-se,
consequentemente, a normas estipuladas que pretendem veicular os
conteúdos informativos em moldes documentais.

A lei das cinco W [...], indica as questões essenciais a que o lead


(cabeçalho da notícia, imediatamente a seguir ao título, em caracteres
negros, que resumem em breves linhas o acontecimento) se vincula; ele
deve responder a cinco questões fundamentais iniciadas em inglês por W:
What?, When?, Who?, Where?, Why? (O quê? Quando? Quem? Onde?
Porquê?). O referente é tratado em termos precisos (What, Who),
dimensionado no espaço e no tempo (Where, When) e nas suas relações
de causalidade (Why). No corpo da notícia serão desenvolvidos estes
aspectos, tendo em atenção a realidade dos acontecimentos.

É, portanto, a função referencial a que predomina na notícia, não se


excluíndo, por vezes, a função emotiva da linguagem, quando transparece
a presença do emissor, através da valoração pessoal que ele pode
conferir ao enunciado, ou de sentimentos de adesão ou de recusa que
conduzem à emoção por parte do público e não propriamente à
informação.

A função conotativa também pode estar presente, se a interpretarmos


como faceta genérica que possui a linguagem para chamar a atenção do
leitor: Um título pode ser muito ou pouco sensacional, pelo facto de se
integrar numa notícia de pequena actualidade ou num editorial; do mesmo
modo, os próprios acontecimentos, com reflexo a nível nacional ou
internacional, podem ocupar na imprensa lugares proeminentes que
despertam e sugestionam a opinião pública, pela forma como são
apresentados graficamente e por todo o discurso com forte tendência
apelativa. (GUERRA e VIEIRA:71:2003)

Em suma, a notícia é um texto essencialmente informativo de um


acontecimento actual. A sua elaboração obedece a regras fixas. O 1º
parágrafo, o lead, deve ser a resposta às perguntas:
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 7

 Quem?
 O quê?
 Quando?
 Onde?
 Porquê?
No corpo da notícia serão desenvolvidos estes aspectos, tendo em
atenção a realidade dos acontecimentos.

Características
 Objectividade - redacção na 3ª pessoa (a não pessoa): expõe-se
de modo imparcial e com a maior fidelidade, a realidade ou os
seus fundamentos;
 Brevidades – usam-se apenas as palavras necessárias à
expressão do pensamento;
 Função informativa ou referencial da linguagem.

A sintaxe da notícia (GUERRA e VIEIRA:71-72:2003)

Uma das leis fundamentais do jornalismo de hoje: na notícia o mais


importante escreve-se logo no princípio.

Uma norma como esta aconselha o aperfeiçoamento de um estilo inverso


do novelístico. O autor de uma notícia deve começar pelo desfecho de um
determinado acontecimento para depois descrever, em pormenor, a forma
como as coisas se passaram. Uma notícia não tem suspensa: obedece ao
princípio de competitividade entre os materiais jornalísticos de uma
determinada publicação, partindo da certeza de que raro é o leitor que
dedica a sua atenção a todos os textos. Ele escolhe os mais atraentes e
muitas vezes só lê partes. Por isso o mais importante tem de estar logo no
princípio.

Um mesmo crime terá, portanto, descrições absolutamente diferentes no


romance policial e na notícia. No primeiro caso, o autor tece a intriga,
descreve as investigações, enumera suspeitos e culmina com a
descoberta do assassino e respectiva prisão. Na notícia o jornalista terá
de informar logo nas primeiras linhas que, por exemplo, «a Polícia
Judiciária prendeu Fulano, acusado de ter assassinado Sicrano».
Seguem-se as peripécias do caso, com uma outra preocupação: os factos
ordenam-se por ordem decrescente de importância.

O autor da notícia deverá abolir todos os pormenores supérfluos – que no


romance serve até para colocar factores de diversão com o objectivo de
testar o faro detectivesco do leitor – para respeitar os princípios da
síntese, simplicidade e clareza.

A elaboração da notícia ordenando os factos por ordem decrescente de


importância criou no jornalismo a técnica conhecida sob a designação de
pirâmide invertida.
8

Esta técnica, base do estilo noticioso utilizado em jornais de todo o


mundo, significa a elaboração da notícia em duas fases: A primeira
denominada lead ou cabeça; e a segunda, o corpo ou o desenvolvimento
da notícia.

Suponha o leitor uma pirâmide invertida representada, para maior


comodidade pelo triângulo isóscele. Divida-a, por exemplo, em oito
secções. Estas secções representam os parágrafos da notícia. A extensão
e cada uma delas são directamente proporcionais à importância dos
dados contidos nos respectivos parágrafos.

A primeira secção é o lead ou cabeça, portanto o mais importante da


notícia porque, como já vimos, os dados fundamentais são os que se
devem divulgar em primeiro lugar. As restantes secções ou parágrafos
são o corpo da notícia que pormenorizam os factos enunciados no lead. A
extensão de cada secção diminui da zona superior para a zona inferior da
figura, significando que os factos estão elaborados por ordem decrescente
de importância.

A figura permite ter uma ideia aproximada da


estrutura resultante da aplicação da técnica
jornalística da pirâmide invertida para uma
notícia com oito parágrafos. O sistema da
pirâmide invertida representa, na prática, a
elaboração de dois relatos: um primeiro, o lead,
o mais sintético possível, uma espécie de notícia
condensada; o segundo, mais desenvolvido,
enumerando pormenores, como que
«desenrolando» o que ficou enunciado no
primeiro parágrafo.

Concluindo, o texto da notícia apresenta os seguintes aspectos:


 Expositivo - apresenta ou narra uma exposição tal como ela é;
deve começar pela visão do conjunto, pela síntese, partindo para
o pormenor ou análise.
 Interpretativo - clarifica o alcance e o sentido de certos factos ou
conceitos.
 Demonstrativo - tenta provar determinadas afirmações, teses ou
posições, devendo ser claros os passos que levaram às
proposições principais, que devem distinguir-se das simples
opiniões.
Deve-se evitar os seguintes defeitos:
 falsear ou exagerar os factos;
 deformá-los, omitindo pormenores;
 confundir factos com opiniões;
 cair em contradições;
 desenvolver de forma incompleta algum ponto;
 construir parágrafos longos.
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 9

Sumário

Em síntese: O texto informativo é todo aquele que procura comunicar, de


forma clara e pormenorizada ou então em poucas linhas, aos leitores um
determinado assunto.

Este tipo de texto apresenta três características importantes a saber, a


clareza, a correcção e a concisão.

Exercícios

Leia atentamente os textos e responda as questões levantadas em torno


deles.

TEXTO -1

Lição sobre a água

Como substância, a água é incolor, insípida e inodora. Desempenha,


portanto, um papel invulgar em todos os campos de actividade do mundo.
Quimicamente, nada se lhe compara. Trata-se de um composto de grande
estabilidade, notável solvente e poderosa fonte de energia química.

Quando congelada, portanto na forma sólida, a água se expande ao invés


de retrair, conforme acontece com a maioria das demais substâncias, e o
sólido mais leve flutua sobre o líquido mais pesado __ com
consequências surpreendentes. Ela é capaz de absorver e liberar mais
calor que todas as demais substâncias comuns. No que diz respeito a
uma série de propriedades físicas e químicas __ tais como seu ponto de
congelamento e ebulição__a água é singular, verdadeira excepção à
regra. E quase todas as propriedades participam dos mecanismos da vida
humana, quer naturalmente, como no processo digestivo, ou
artificialmente, como uma máquina a vapor.

Todas essas peculiaridades da água podem ser explicadas à luz da sua


estrutura molecular. A combinação de dois átomos de hidrogénio com um
de oxigénio formando a água (H2O) resulta numa molécula
espantosamente resistente, sendo necessária uma energia extraordinária
para cindi-la. De fato, até há uns 180 anos passados acreditava-se que a
água fosse um elemento indivisível, e não um composto químico.
(MATTOS e MEGALE:13:1990)

1. Para possuir palavras com um significado só, toda a


ciência deve ter um vocabulário próprio com palavras que
quase nunca são empregues na língua de todo o dia.
10

a) Procure, no texto, dez palavras que jamais usaria numa


conversa informal.

2. A seu ver, o que torna a linguagem desse texto objectiva,


racional, lógica, impessoal, técnica, precisa e verificável
ou simplesmente científica e informativa?

3. Mesmo fazendo ciência, o homem nem sempre consegue


reprimir sua emotividade.

4. No texto citado, em que expressões o sentimental invade


o científico?

Texto I

1. Aponte a estrutura da presente notícia, indicando as respostas do


lead e o desenvolvimento.
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 11

2. Faça a representação da notícia em causa numa pirâmide


invertida.

3. que indica, nesta notícia, a objectividade inerente a textos


informativos.Usando dos conhecimentos adquiridos sobre textos
informativos e sobre a notícia, elabore uma notícia sobre um
acontecimento ou facto que tenha ocorrido no seu local de
residência, localidade, distrito, cidade, etc. com o máximo de 6
parágrafos.
12

Unidade 2. Técnicas de Estudo

Introdução

A unidade aborda essencialmente as técnicas de estudo para os


estudantes do ensino superior e, no geral, para os estudantes de qualquer
nível que queiram ver o seu trabalho repleto de sucessos.

A UCM, em particular a Faculdade de Medicina e o Centro de Ensino à


Distancia, usam o método PBL, que centraliza o proceso de ensino e
aprendizagem no aluno e a aplicação do estudante nos estudos constitui
a base.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

 Diferenciar os métodos de estudo no ensino superior dos métodos


do ensino secundário;
 Organizar, planear e implementar as tarefas, ou seja, as
Objectivos
actividades de estudo;
O método de estudo

Ao ingressarmos numa instituição temos de prestar atenção a algumas


mudanças relacionadas aos métodos de estudo. Aqui e em particular
neste Centro usa-se o método PBL que centraliza o processo de ensino e
aprendizagem no aluno. Neste método o aluno é o centro da
aprendizagem e todas as atenções estão viradas para o seu
desenvolvimento, com tendência a resolução de problemas específicos da
vida quotidiana. Como veremos nos tópicos que se seguem nesta unidade
não pretendemos ilustrar a aplicabilidade do método mas sim, o uso de
determinadas técnicas que contribuirão para o maior rendimento do
estudante no método.

A Aprendizagem na faculdade

Como já dissemos acima, os métodos de aprendizagem na faculdade são


diferentes dos usados no ensino secundário geral, pois, para além do
nível de abordagem dos conteúdos que é mais profundo, os estudantes
devem possuir a seguinte postura (+) pesquisadores, (–) dependentes do
Docente e de maior autonomia na aprendizagem.
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 13

A título de exemplo de algumas diferenças dos estudantes das duas


escolas temos, de acordo com Ruiz, (1991:19)1

“ no curso médio, o estudante leva para casa as tarefas diárias;


não acontece o mesmo na faculdade. No curso médio os alunos
andam uniformizados, não podem fumar no recinto escolar e as
classes são bastante homogéneas; no curso superior nada disso
acontece”.

Como se pode notar, a caracterização do ambiente de estudo no ensino


universitário é diferente do ensino secundário. Assim, o estudante do
ensino universitário deve ser pontual, responsável e assíduo às aulas. A
responsabilidade referida parte da programação das actividades diárias.

O plano de actividades

No quotidiano notamos constantemente que todo o homem planifica, pois,


a planificação é guia das suas actividades. Com base nela os homens
praticam e controlam o cumprimento dos objectivos previamente
estabelecidos. Assim, tendo o estudante um conjunto de actividades a
efectuar é pertinente que essas sejam devidamente planificadas para que
o objectivo de assimilação dos conteúdos seja consumado.

Segundo Estanqueiro (2002: 13)2

“ Se compararmos o rendimento de duas pessoas com


capacidades intelectuais semelhantes, veremos que vai mais
longe aquele que dedica mais horas ao estudo. Acontece até que
muitos estudantes de ritimo lento (tipo tartaruga) chegam a ser
superar colegas rápidos (tipo lebra), só porque começam mais
cedo e são mais regulares.”

Da citação pode compreender-se até que ponto vai a responsabilidade do


estudante na universidade, pois, antes de tudo, o estudante deve ser
capaz de dispor de tempo para estudar ou mesmo para frequentar todas
as aulas do curso. Assim, torna-se indispensável que o estudante
descubra o tempo para o desenvolvimento desta e das outras actividades.

1 RUIZ, J. Alvaro, Metodologia Científica: Guia para efeciência nos estudos,


Sao Paulo: ATLAS 1991
2 EATANQUEIRO, A, Aprender a Estudar, Lisboa: Texto ed. 2001
14

De acordo com Ruiz, (1991: 22)3

“ A maneira mais prática de descobrir ou fazer aparecer o tempo


consiste em tomar uma folha de papel, anotar os diversos dias da
semana em linha horizontal e os diversos afazeres em linha
vertical; registar depois, na coluna de cada dia da semana, as
horas plenas e os diversos espaços”

É evidente que nem sempre acordaremos a hora indicada no nosso


horário mas o grande esforço do estudante deve cingir-se no cumprimento
do horário estabelecido. Neste horário devem constar todas as actividades
inclusive as actividades de estudo individual: preparação para a aula,
revisão de aula, revisões gerais para as provas e exames e até os tempos
de lazer.

Não importa se o tempo de estudo de cada cadeira ou disciplina é pouco


ou não, porque se usarmos correctamente as técnicas de leitura, revisão,
fichamento teremos um bom aproveitamento. Nisto, é necessário
desenvolver técnicas para tornar qualquer tempo produtivo.

Do ponto de vista de Ruiz, (1991: 22)4

“ A perseverança no cumprimento do programa é o maior


problema geralmente, o nosso tempo é pequeno, mas o pior é
que o pequeno espaço de tempo se converte em nada pela falta
de perseverança.”

O autor acima referido apela-nos para maior perseverança nas


actividades programadas no horário individual mas, para além da
perseverança Estanqueiro também cita a necessidade de ocupar as

3 RUIZ, J. Alvaro, Metodologia Científica: Guia para efeciência nos estudos,


Sao Paulo: ATLAS 1991
4 RUIZ, J. Alvaro, Metodologia Científica: Guia para efeciência nos estudos,

Sao Paulo: ATLAS 1991


Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 15

melhores horas do dia para o estudo individual.

(2002:14)5

“ o estudo é uma actividade ciumenta que exige as melhores horas do


dia. Quais são? Várias experiências provam que o rendimento
intelectual da manhã é superior ao da tarde e ao da noite. Ao princípio
da tarde, ocorre sempre uma quebra de vivacidade mental, fruto de
uma certa sonolência que ataca a gente e não apenas os que fizeram
um grande almoço. Quanto a noite, é natural que o cansaço
acumulado de um dia prejudique o rendimento, apesar de haver
pessoas que se dão bem a estudar na calma da noite.”

Pode-se depreender da citação que, cada estudante tem um determinado


tempo que lhe é rentável nas suas actividades, pois, enquanto uns obtêm
uma boa atenção mental na assimilação dos conteúdos nas manhãs,
outros, obtêm o mesmo estado nas tardes ou a meia-noite. Por isso,
convêm deixarmos bem claro nesta unidade que cada estudante deve ser
capaz de descobrir o seu tempo mais rentável. Além do tempo as
condições do ambiente de estudo “calmo, barulhento, no quarto, na praia”,
estado emocional do estudante entre outros, constituem os principais
factores a ter em conta na planificação do tempo de estudo.

Sumário

Em síntese: A adopcção de um ou do outro método de estudo nos estabelecimentos


educacionais tem como objecto alcançar os objectivos preconizados nos programas.
Assim, com a adopção do método PBL esperamos que o processo seja eficaz e que o
aluno sinta que tem todas as feramentas necessárias para o seu progresso.

A programação, a preseverança e a responsabilidade nas actividades será como sempre


a base do êxito educacional do estudante.

Exercícios

1. Elabore um horário das suas actividades tendo em conta as


cadeiras que tens, e as exigências do curso.

2. Indique duas vantagens da programação das actividades.

3. Porque se afirma que a perseverança é o maior problema?

5 EATANQUEIRO, A, Aprender a Estudar, Lisboa: Texto ed. 2001


16

Unidade 3. O Exercício de Leitura

Introdução

No Processo de ensino e aprendizagem é preciso compreender que o


êxito nos estudos provém da adopcção de técnicas de estudo e de leitura.
Fazer uma boa leitura significa criar condicões para que a leitura termine
na compreenssão dos conteúdos. Assim, nesta unidade pretendemos
apresentar algumas técnicas que te poderão ajudar nos seus estudos.

Ao completares esta unidade / lição, serás capaz de:

 Indicar o propósito da Leitura


 Praticar a leitura de acordo com as etapas.
Objectivos  Verificar a compressão dos conteúdos

Para se alcançar o pleno êxito na sua carreira estudantil não basta


apenas o facto de participares às aulas e receberes as orientações com
relação aos objectivos da aprendizagem, mas é também necessário que
se façam leituras.

De acordo com Gomes (2002:57)6, O acto de ler consiste em “decifrar


símbolos de linguagem escrita para lhes conferir a correspondência com
os sons que representam”.

Do conceito de leitura acima apresentado é possível notar que toda


actividade da aprendizagem terá o seu fulcro na leitura por que com base
nela o estudante será capaz de assimilar conteúdos a partir da atitude de
clarificar os conteúdos subjectivos.

Segundo Potts (1989:56)7

“No sentido genérico, a qualidade de uma leitura é a soma de


todos os elementos que estão presentes numa peça impressa,
que influencia o êxito que um grupo de leitores consegue com ela.
O êxito é medido pela extensão em que o texto é compreendido,
a velocidade óptima é tida como interessante.”

Como se afirma na citação, o êxito da leitura é avaliado pelo grau


da compreensão do texto no processo de ensino e aprendizagem. Se os

6 Gomes A. Didáctica de Ensino da Língua Portuguesa, Vol. II, 2002


7 In Didáctica de ensino da língua portuguesa.
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 17

estudantes não forem capazes de transmitir o conteúdo patente no texto,


ou seja, de mostrar que conhecimentos adquiriram ou, ainda, de usar os
conhecimentos para responder a determinadas necessidades, então, eles
não entenderam o texto. Porém, a leitura é antecedida por uma selecção
de obras que normalmente nos é apresentada pelo docente mas se assim
não suceder siga as instruções que se seguem.

Como Seleccionar o que ler

É evidente que ao nos dirigirmos à biblioteca já teremos em mão um tema


relacionado com uma determinada área da aprendizagem. No entanto,
será fundamental que conheçamos a organização dos livros de estudo na
biblioteca e depois que conheçamos a organização dos próprios livros em
si. Assim, é interessante trazermos a teoria de Estanqueiro (2001:69)8
que se refere que há três técnicas entre outras possíveis de ajudar a
conhecer um livro, a descobrir o seu interesse e a tornar mais rentável a
sua utilização.

As técnicas destacadas pelo autor são: Percorrer o Índice, ler a Introdução


e folhear as páginas. Para o autor “pelo índice é possível o essencial da
matéria tratada. (...) Na Introdução, o autor explica as intenções do livro,
(...) Folheando o livro pode observar-se a forma como é apresentada a
matéria.”9

Na mesma perspectiva de abordagem, Ruiz (1991: 35)10 para além dos


elementos citados acrescenta que “devemos ver o nome do autor, o seu
Curriculum, a orelha do livro, a documentação ou as citações ao pé das
páginas, a bibliografia, assim como verificar a editora, a data, a edição e
ler rapidamente o prefácio”

No processo de desenvolvimento da leitura é preciso ter em conta dois


passos que são considerados fundamentais para que se efectue uma
leitura efectivamente produtiva. Na primeira leitura procura-se ter um
conhecimento global do texto e na segunda faz-se uma leitura mais
aprofundada procurando compreender e assimilar o essencial.

A primeira etapa da leitura, de acordo com Estanqueiro, pode ser


designada Ler “por Alto” e a segunda Ler “em Profundidade”. A primeira
consiste em dar uma passagem de olhos pelo seu conteúdo, procurando
ter uma visão panorâmica do terreno a explorar ou seja uma visão geral
do assunto “a Ideia Principal”. Nesta primeira leitura pode-se fazer a

8 ESTANQUEIRO, A, Aprender a Estudar, Lisboa: Texto ed. 2001


9 ESTANQUEIRO, A, Aprender a Estudar, Lisboa: Texto ed. 2001
10 RUIZ, J. Alvaro, Metodologia Científica: Guia para efeciência nos estudos,

Sao Paulo: ATLAS 1991


18

leitura de alguns parágrafos (os iniciais e os do meio e o último parágrafo).

As questões tais como:

“O Que diz o texto? Que pretende transmitir o autor?

Que explicações são fundamentadas? Os factos e os


argumentos são esclarecidos?

Concordo com a opinião do autor?

Que novidades surgem no texto?

Encontro informações úteis? Posso aplica-las na pratica?

Que ligações tem o assunto com aquilo que já sei?”

É bom notar que um bom leitor não regista passivamente tudo aquilo o
que lê nos livros, mesmo se os autores lhe merecem toda a confiança. O
bom leitor tem de manifestar o seu espírito crítico perante todo o conteúdo
que lê, ele analisa, compreende, interpreta, compara e avalia. Esta prática
torna-se eficaz a partir do momento em que sabemos sublinhar o
essencial do texto.

O acto de sublinhar as ideias-chave do texto desperta a atenção, ajuda a


captação e facilita as revisões. Assim para sublinhar e fazer anotações a
margem do texto, o metodólogo Estanqueiro diz que é necessário:

“Dar Prioridade as definições, fórmulas, esquemas, termos


técnicos, e outras palavras ou expressões que sejam a chave da
ideia principal.

Destacar uma ou duas frases por parágrafo.

Sublinhar apenas os livros pessoais”

Por sua vez, Ruiz reforça que temos de seleccionar apenas as ideias as
ideias principais e os detalhes importantes; não devemos sublinhar por
ocasião da primeira linha, reconstruir o parágrafo a partir a partir das
palavras sublinhadas, ler o parágrafo sublinhado com a continuidade e
plenitude de sentido de um telegrama; sublinhar com dois traços as
palavras-chave da ideia principal, e com um único traço os pormenores
importantes; assinalar com linha vertical, as margens mais significativas e
finalmente assinalar com um ponto de interrogação as margens dos
pontos a discordar.
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 19

Sumário

Em síntese: A qualidade de uma leitura é a soma de todos os


elementos que estão presentes nele, que influenciam no êxito que
um grupo de leitores consegue com ela. O resultado da leitura é
medido pela extensão em que o texto é compreendido, a
velocidade óptima é tida como interessante.”

Exercícios

“No processo de desenvolvimento da leitura é preciso ter em conta dois


passos fundamentais para que se efectue uma leitura efectivamente
produtiva.”

1. Quais são as etapas a seguir no acto da leitura?

2. Que questões podem ser colocadas depois de ter feito uma


leitura?
20

Unidade 4. Como Fazer Anotações?

Introdução

As anotações constituem uma síntese dos conteúdos lidos e todo o


estudante deverá conhecer e usar correctamente estas regras. Assim,
nesta unidade apresentamos as diferentes formas de tirar apontamentos e
as orientações recomendadas para cada método.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

 Indicar o propósito da Leitura


 Praticar a leitura de acordo com as etapas.
Objectivos  Verificar a compressão dos conteúdos

Fazer Anotações

Um bom leitor para além de sublinhar também faz anotações quer


seja no papel quer seja no próprio texto de apoio e estas anotações
principalmente as feitas no texto a prova do seu espírito crítico. Enfim, as
anotações são reacções ou comentários pessoais e podem expressar-se
através de formas diversificadas entre elas estão patentes algumas que já
referimos na abordagem de Ruiz (ponto de interrogação como sinal de
dúvida), ponto de exclamação como sinal de surpresa ou entusiasmo,
letras diversas para fazer uma observação simples como por ex: B- bom,
I- importante ou interessante, N- não R- rever e outros; palavras que
resumam o núcleo central de um parágrafo; uma nota de referência sobre
os assuntos defendidos pelo mesmo autor ou por autores diferentes.

Nota:

Fazer anotações é enriquecer o livro e elas (as anotações) devem ser


claras e breves.

A actividade de tirar apontamento é complexa e constitui um dos


processos fundamentais para a captação e retenção da matéria, pois, por
meio dos apontamentos aprendemos melhor e as nossas informações
ficam guardadas para sempre.

De acordo com Estanqueiro, os apontamentos podem ser de três


tipos: Transcrição, esquemas e resumos.

O primeiro tipo de apontamento “A Transcrição” consiste em


Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 21

transcrever e copiar uma informação de forma totalmente igual ao texto


original. Porém, é importante referir que esse não é o processo mais
eficaz para estudar um determinado assunto, embora, seja útil, porque
quanto reflectimos sobre os assuntos lidos.

Regras:

De acordo com o mesmo autor11 as regras a serem seguidas nos


apontamentos de transcrição são:
 Não copiar longos textos, integralmente. Basta seleccionar as
partes mais significativas.
 Pôr entre aspas os textos copiados;
 Indicar com precisão a fonte, ou seja, registar o nome do autor, o
título do livro ou a revista; o número da edição, o local da edição,
o editor, a data e a página.
Se assim estiverem organizados, os apontamentos poderão servir em
qualquer momento.

Esquema

E uma técnica importante passar a esquema todas as informações tidas


como ideias chave, durante a leitura. Pois eles (os esquemas) são simples
enunciados das palavras-chave, em torno dos quais é possível arrumar
grandes quantidades de conhecimentos. De acordo com Estanqueiro “eles
também representam uma enorme economia de palavras e oferecem a
vantagem de destacar e visualizar o essencial do assunto em análise,
podendo ainda ser facilmente reformulados.”

Tipos de esquemas:

Ainda na mesma abordagem, refere-se que existem os seguintes tipos de


esquema: Índices, quadros, gráficos, desenhos ou mapas e todos estes
tipos de esquema podem ser encontrados nos manuais.

De acordo com Ruiz as regras do resumo são:


 Ser fiel ao texto
 Apanhar o tema do autor;
 Ser simples claro e destacar os títulos e subtítulos;
 Subordinar as ideias aos factos;
 Manter um sistema uniforme de observação.
Nota: Os esquemas não são aconselháveis pela insuficiência de

11 Estanqueiro, A, Aprender a Estudar, lisboa: Texto ed. 2001


22

informações.

O resumo

Resumir um texto é tornar o mais breve possível, tornar mais curto, e, isto
requer capacidades de seleccionar e reformular as ideias essenciais,
usando frases bem articuladas.

Assim, a elaboração do resumo segue as seguintes etapas: compreensão


do texto, identificação das palavras-chave, registar numa folha de
rascunho os vários tópicos, e finalmente reconstruir o texto, de um modo
pessoal.

Contudo, resumir um texto é um processo eficaz para compreender e


assimilar a matéria. Porém, no capítulo seguinte veremos de forma mais
pormenorizada as técnicas de elaboração do resumo.

Sumário

Em síntese:

A actividade de tirar apontamento constitui um dos processos


fundamentais para a captação e retenção da matéria, pois, por meio
dos apontamentos aprendemos melhor e as nossas informações ficam
guardadas para sempre. Os apontamentos podem ser de três tipos:
Transcrição, esquemas e resumos

Exercícios

1. Indica as diferentes formas de tirar apontamentos.

2. Diferencie-as.
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 23

Unidade 5. Elaboração de Resumo

Introdução

Qualquer estudante do ensino superior deve ser capaz de resumir textos


de carácter científico ou didáctico, pois, por meio dos resumos os
resultados adquiridos nos estudos são mais eficazes e mais amplos.

Nesta unidade veremos as estratégias usadas para a redução de um texto


– a técnica de resumo - específicamente o método RASERO.

Ao completar esta unidade /lição, serás capaz de:

 Detectar o essencial num texto para resumí-lo;


 Discernir sobre o que é indispensável, o principal, o importante, o
secundário, o acessório e o inútil;
Objectivos
 Resumir um texto de qualquer natureza (científico / literário);
A actividade de resumir um texto, destaca-se pelo facto de tratar – se
simplesmente de tornar o texto mais curto, contraído, condensado ou de
abreviá-lo. Porém, não se deve confundir um plano com um resumo, pois,
este, é correctamente redigido, claro e construído. Deve pôr em realce o
essencial, sem ser nem uma análise nem um comentário.

De acordo com Lemitre (1986: 158) O resumo dá uma visão de conjunto


do conteúdo e acentua a progressão dos pontos principais. Ele respeita a
linearidade do discurso inicial. Não pode retomar todas as ideias
expostas, mas não deverá tão-pouco limitar-se a um sobrevoo abstracto
não conservando senão os conceitos sem explicações.

Em suma, resumir é apresentar de forma contraída, reduzida ou


abreviada, as ideias principais de um texto. E para chegarmos a ele, há
que fazer uma operação mental insubstituível: dispensar o que não é
significativo. Ao dispensar o que é secundário, valorizará só o que é
fundamental. Por isso, um resumo bem feito é económico em palavras e
rico em significado.

São alguns dos exemplos de resumo: as manchetes, os títulos, as


legendas. Assim, dar títulos, fazer manchetes ou construir legendas é uma
actividade que muitas vezes nos ajuda no domínio do significativo num
24

texto

Para detectar, referenciar, descobrir, apreender, e apontar as ideias


de fundo, directrizes, mestras, essenciais ou centrais, é necessário seguir
o método rasero.
 Rápida leitura do texto;
 Atenta leitura do texto
 Sublinhar as ideias Chave
 Esquematizar
 Resumir e
 Operatividade.
Nestas actividades a grande dificuldade é de identificar qual é o
conteúdo mais importante mas é preciso recorrer que as ideias principais
encontram-se em constelações de ideias. Ver em Ruiz p. 38-39 como se
pode notar a partir do Plano (esquema) traçado o leitor é capaz de
produzir o resumo considerando os seguintes aspectos:
 Eliminar as repetições, as interjeições;
 Suprimir pormenores, exemplos isolados, citações, mas sem cair
na generalização esquemática;
 Manter os valores mais significativos em abordagens que
apresentam números
 Distinguir as ideias principais das secundárias;
 Respeitar a ordem, a estrutura e a proporção do texto, bem como
as articulações lógicas.
Defeitos a evitar:
 A utilização de frases ou expressões inteiras do texto que se quer
resumir;
 Acrescentamento de comentários pessoais;
 A ausência de elos de ligação entre as frases e os parágrafos.

Sumário

Em síntese: Resumir é apresentar de forma contraída, reduzida ou


abreviada, as ideias principais de um texto. E para chegarmos a ele, há
que fazer uma operação mental insubstituível: dispensar o que não é
significativo. Ao dispensar o que é secundário, valorizará só o que é
fundamental. Por isso, um resumo bem feito é económico em palavras e
rico em significado.
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 25

Exercícios

1. “O resumo dá uma visão de conjunto do conteúdo e acentua a


progressão dos pontos principais. Ele respeita a linearidade do
discurso inicial.”

a) Clarifica a ideia expressa na afirmação.

2. Explicite detalhadamente o método rasero e resume o texto.


26

Unidade 6. Elaboracão da Síntese

Introdução

Para a elaboração de qualquer texto, seja de que natureza for, é


necessário seguir um determinado percurso de forma a atingir uma
hiperestrutura textual coerente e coeso.

Portanto, nesta unidade apresentamos o percurso metodológico que deve


ser seguido na produção ou elaboração de um resumo.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

 Elaborar texto de qualquer natureza (científico / literário);

Objectivos
Segundo Esteves (2002:82)12, a síntese é “um género de texto elaborado,
de dimensão reduzida, mas redigida de forma simples, clara e
consistente”. A elaboração de uma síntese implica um bom domínio das
técnicas de leitura e de escrita. Deste modo, é possível trabalhar-se vários
tipos de texto em simultâneo.

O apelo à escrita sintética do mundo actual é devido a dois aspectos. Por


um lado, aos vários suportes de informação existentes e por outro às
exigências do próprio leitor que se interessa por escritos recheados de
“paginação, cor, abundância de títulos, subtítulos e cabeçalhos, quadros,
gráficos, resumos e sínteses, estrutura e plano em destaque, frases curtas
(20 a 30), estilo concreto e vivo, próximo da oralidade, usando a forma
activa e o infinitivo.”13

Percurso de elaboração

Os passos a seguir para a elaboração de uma síntese assentam na


compreensão do texto, na elaboração de um plano ou no reagrupamento
das ideias e na redacção.

I. Compreensão do texto

12 Esteves Rei, Curso de Redacção II, Porto: Porto Editora, p.82


13 idem
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 27

Deve-se fazer uma leitura activa, tal como no resumo mas em menor
profundidade. Implica destacar as palavras-chave, ideias-chave e fazer
anotações numa folha, usando frases soltas.

II. Plano ou reagrupamento de Ideias

Engloba os seguintes pontos:


1. Apresentação – “Identifica o texto, o tema tratado, o
nome do autor e eventualmente a tese”;
2. Ilustração – “expõe os factos respeitantes ao tema;
noutros casos, história o problema”;
3. Causas – “diagnostica o estado da questão, indo até
às suas origens”;
4. Efeitos – “reúne as consequências”;
5. Remédios – “indica as soluções apresentadas pelos
autores para alterar os efeitos ou resolver os
problemas”;
Conclusão – “apresenta as considerações finais dos textos.”

Plano ou Reagrupamento das Ideias


1. Apresentar no estilo indirecto as posições de cada
autor;
2. Respeitar o pensamento de cada autor;
3. Ser conciso, claro e preciso;
4. Ter atenção à construção frásica.

Aspectos a evitar
1. Não se deve utilizar frases e expressões inteiras do
texto;
2. Não se deve fazer comentários ao texto.

Sumário

Em síntese: A elaboração de uma síntese implica um bom domínio das


técnicas de leitura e de escrita. Na produção, há que evitar os seguintes
aspectos: utilizar frases e expressões inteiras do texto; fazer comentários
ao texto.
28

Exercícios

Leia atentamente os textos e faça a sua sintese

TEXTO -1
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 29

Unidade 7. A Ortografia

Introdução

A língua portuguesa constitui, para além de elemento de Unidade


Nacional em Moçambique, um meio de comunicação. Assim, ao futuro
professor, que usará esta língua como instrumento de ensino, por isso
torna-se imperativo dominá-la. Portanto, é importante que estejas atento à
correcção linguística dos enunciados que ouves ou que lês no dia-a-dia.

O Desenvolvimento da capacidade de expressão escrita só será possível


com a escrita constante. Escrever bem implica também dominar as
regras, quer de ortografia quer da pontuação, por isso na unidade
seguinte falaremos da Pontuação.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

 Aprofundar conhecimentos sobre o sistema verbal escrito da


língua portuguesa;
Objectivos  Escrever correctamente um enunciado sem cometer erros
ortográficos;

Conceito da ortografia

A Ortografia é a parte da Gramática que ensina a maneira correcta de


escrever as palavras. (Pinto; Lopes; Neves: 2001: 4)

Importância da escrita (extraído da cópia do livro: Saber estudar; s/


referência)

A habilidade de escrever é uma arma eficaz de sucesso, tanto na escola


como na profissão.

Na escola, a escrita é uma das formas de expressão mais valorizada na


avaliação dos estudantes, em quase todas as disciplinas.

Pela vida fora, as pessoas, mesmo seguindo profissões técnicas, têm de


escrever cartas, relatórios, actas, exposições, comunicados, projectos,
etc. A escrita é um instrumento fundamental para informar, demonstrar,
persuadir ou simplesmente para interessar os outros pelas nossas ideias.
30

É possível ter sucesso sem saber escrever correctamente. Mas aqueles


que sabem escrever estão sempre em vantagem.

(...)

Na expressão escrita o mais importante é fazer-se entender, mas isto não


significa que se deve desprezar a ortografia. As palavras têm de ser
escritas com correcção.

Os erros ortográficos podem ter como causas a deficiente aprendizagem


no ensino básico, a falta de tempo e de motivação para a leitura ou ainda
a desvalorização da escrita em relação a outras formas de expressão. A
maioria dos erros é um reflexo da oralidade. Espontaneamente, as
pessoas escrevem as palavras como as pronunciam na linguagem oral.
Falando mal, pioram na escrita.

Observemos exemplos dos erros mais frequentes, encontrados nos


trabalhos dos estudantes.

Eliminação ou troca de letras

Devido às confusões provocadas pela oralidade, acontece, por vezes, ao


nível da grafia, a eliminação ou troca de algumas letras. É vulgar:

__ A eliminação do e ou do i :

adquado (errado) __adequado

advinhar (errado ) __ adivinhar

establecer ( errrado) __ estabelecer

intlectual ( errado) __ intelectual

__ A troca de e por i ou i por e:

defenição (errado) __ definição

destinção (errado) __ distinção

indespensável (errado) __ indispensável

ivitar ( errado ) __ evitar

menistro (errado) __ ministro


Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 31

previlégio (errado) __ privilégio

__ A troca de o por u ou u por o:

agrícula (errado ) __ agrícola

mágua (errado) __ mágoa

opurtuno (errado) __ oportuno

suburdinado (errado) __ subordinado

__A confusão entre os prefixos es e ex:

esperiência (errado) __ experiência

espectativa (errado) __ expectativa

expectáculo (errado) __ espectáculo

__ A confusão entre os prefixos per e pre:

perconceito (errado) __ preconceito

pregunta (errado) __ pergunta

prefeição (errado) __ perfeição

premissão (errado) __ permissão

Troca de palavras homófonas

Alguns erros provêm da troca de palavras homófonas, isto é, palavras que


se pronunciam do mesmo modo.

Diferentes na escrita e no significado, merecem distinção claras seguintes


palavras:

acento (modo de pronúncia) assento (lugar )

apreçar (avaliar) apressar (acelerar o passo)

cem (numeral) sem ( preposição)


32

conselho (município) conselho(opinião, parecer)

concerto (sessão musical) conserto (reparação)

consolar ( aliviar o sofrimento) consular (relativo ac consul)

coser ( costurar ) cozer ( cozinhar)

estofar ( cobrir de estofo) estufar ( meter na estufa)

espiar ( espreitar) expiar ( sofrer um castigo)

morar ( residir) murar ( pôr muro)

paço (palácio) passo ( modo de andar)

peão ( pessoa que anda a pé) pião (brinquedo)

roído (mordido) ruído ( som)

ruço ( pardacento) russo ( da Rússia)

soar ( produzir som) suar (transpirar)

tacha (prego) taxa (imposto)

Outras palavras são igualmente difíceis de distinguir ao nível da oralidade,


mas têm grafia e significados diferentes. Exemplos:

descrição ( narração) discrição (prudência)

despensa ( compartimento) dispensa (desobrigação)

Confusões nos verbos

Para o escritor Mark Twain, a culpa principal dos erros ortográficos deve
ser atribuída aos verbos: «o verbo não tem estabilidade nem dignidade
nem opinião duradoira». Apesar do tom humorístico da frase, é um facto
que o verbo tem pessoas, tempo modo e vozes. Torna-se muito complexo
conjugar tudo isso com a devida correcção.

Por culpa dos verbos ou da ignorância de quem os usa, existem vários


tipos de confusões:

__ Confusão entre formas verbais e outras palavras:

há ( verbo haver) e à (preposição)


Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 33

traz (verbo haver) e trás (preposição)

asso (verbo assar) e aço (metal)

vazo (verbo vazar) e vaso (recipiente)

cede ( verbo ceder) e sede (lugar)

__ Confusão entre verbos diferentes

vêm (verbo ir) e vêem(verbo ver).

__ Confusão entre tempos diferentes do mesmo verbo:

andaram ( pretérito) e andarão (futuro)

__ Confusão entre conjugações diferentes do mesmo verbo:

mudasse ( conjugação simples) e muda-se(conjugação pronominal)

N.b.

Ler bons autores (em livros e revistas), de forma cuidadosa e com um


dicionário sempre à mão, permite enriquecer o vocabulário essencial para
a escrita (cerca de 2.200 palavras em Português, segundo os especialista.
(...)

A leitura activa e interessada permite ainda observar como os outros


comunicam. Escritores e bons jornalistas podem ser para o estudante
escolas vivas, exemplos a seguir, modelos a imitar. (...)

(...) Conhecer as regras básicas da gramática é um meio para falar e


escrever com correcção.

Na arte da escrita ninguém nasce perfeito. Aprende-se a escrever,


escrevendo. O segredo fundamental para aprender a escrever é praticar a
escrita, com exercícios constantes. A qualidade só se consegue depois de
muita quantidade, feita com intenção de melhorar. Entre várias formas de
treinar, sugerimos:

__ tirar apontamentos nas aulas;

__copiar textos interessantes (pensamentos, poemas...);

__ resumir leituras de livros, revistas e jornais;

__ fazer trabalhos escritos, por iniciativa própria;


34

__ elaborar «escritos pessoais» ( por exemplo escrever um diário onde se


registem ideias, experiências e sentimentos)

Praticando a escrita, com treinos sistemáticos (recorrendo a dicionários e


prontuários sempre que houver dúvidas), é possível escrever sem medo.
Mais do que isso, é possível escrever com gosto.

Sumário

Em síntese:

A correção na escrita é indispensável porque para se fazer entender, é


necessário que a linguagem usada e a ortografia das palavras sejam
claras e correctas.

Contudo, saber escrever é ter a ferramenta necessária para o sucesso no


contacto em toda sociedade.

Exercícios

Depois destes parcos subsídios sobre a ortografia, e com de outras


bibliografias responda as questões que lhe são levantadas.
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 35
36

Unidade 8. A Pontuação

Introdução

Pontuar uma frase escrita corresponde ao estabelecimento das pausas na


comunicação oral e é apresentar a ideia que se pretente transmitir com
exactidaão e precisão.

A má utilização dos sinais de pontuação pode resultar na completa


ambiguidade comunicativa. Assim, nesta unidade apresentamos os
diferentes sinais de pontuação e as regras usadas para a sua aplicação
ou utilização.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:


 Aplicar correctamente os diferentes sinais de pontuação;
 Identificar erros de pontuação em textos produzidos.
 Enunciar as regras para a utilização dos Sinais de pontuação.

Objectivos
Definição

Designa-se por pontuação ao sistema de utilização de certos sinais


gráficos convencionais (NOGUEIRA, 1989:67). Entretanto, FERREIRA e
FIGUEREDO acrescentam que: “ a pontuação não é só importante para
exprimirmos com clareza o que pretendemos dizer. É–o também para
uma boa e expressiva leitura dos textos”.

Os sinais de pontuação contribuem para dar-nos a entoação de vida à


leitura e fazer as pausas necessárias.

Tipos de pontuação

Os sinais de pontuação são: ponto final (.), ponto e vírgula (;), vírgula (,),
ponto de interrogação (?), ponto de exclamação (!) as reticências (…), as
aspas (« »), vírgulas altas (“ ”) o parêntese ( ), e o travessão (-). Dentre
vários sinais de pontuação existentes podem ser agrupados em sinais que
marcam a pausa e os que marcam a melodia (cf. FERREIRA,
FIGUEREDO e CUNHA e CINTRA).

 Sinais que marcam a pausa

Vírgula (,)

No entender de CUNHA e CINTRA (), os sinais de pontuação que


marcam a pausa são os que a seguir mencionamos.

A vírgula, que marca uma pausa de pequena duração. Emprega-se


não só para separar elementos de uma oração, mas também em orações
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 37

de um só período. Quando a vírgula se encontra no interior da oração


serve para:

a) Separar elementos que exercem a mesma função sintáctica (sujeito


composto, complementos, adjuntos), quando não vêm unidos pelas
condições e, ou e nem,

Ex: A sua frota, a sua boca, o seu sorriso, as suas lágrimas, enchem-
lhe a voz de formas e de cores…

b) Separar elementos que exercem funções sintácticas diversas,


geralmente com a finalidade de realçá-los. Em particular, a vírgula é
usada:

i) Para isolar o aposto, ou qualquer elemento de valor meramente


explicativo:

Ex: Alice, a menina, estava feliz.

ii) para isolar vocativo:

Ex: dona Glória, a senhora persiste na ideia de manter o nosso


Bentinho no seminário?

iii) para isolar os elementos repetidos:

Ex: Só minha, minha, minha, eu quero!

iii) para isolar o adjunto adverbial antecipados:

ex: Lá fora, a chuvada despenhou-se por fim.

c) Emprega-se ainda vírgula no interior da oração:

i) Para separar, da datação de um escrito, o nome lugar:

Ex: Beira, 22 de Setembro de 1983.

ii) para indicar a supressão de uma palavra (geralmente o verbo) ou de


um grupo de palavra:

Ex: no céu azul, dos fiapos de nuvens.

Observação:

Quando os adjuntos adverbiam são de pequeno corpo (um advérbio,


por exemplo), costuma-se dispensar a vírgula. A vírgula é, porém, de
regra quando se pretende realçá-los. Compara-se estes passos:

Depois levaram o Ricardo para casa da mãe Avelina.


38

Depois, o engraçado são as passagens de nível, os aparelhos de


sinalização, os vagões – cisternas.

Depois, tudo caiu em silêncio.

• Entre orações, emprega-se a vírgula:

i) Para separar as orações coordenada assindéticas

Ex: subiram ao sótão, desceram a cave, espreitaram no poço.

ii) para separar as orações coordenas sindéticas, salvo as introduzidas


pela conjunção e:

Ex: Ou elas tocavam, ou jogavam os três, ou então lia-se alguma


coisa.

iii) para isolar as orações intercalada:

Ex: «lá vem ele com as raízes», resmungou o Paulino, baixando a


cabeça,

iiii) para isolar as orações subordinadas adjectivas explicativa:

Ex: Loa, que tinha relações sobrenaturais, diagnosticara um espírito.

iiiii) para separar as orações subordinadas adverbiais, principalmente


quando antepostas a principal:

Ex: Se eu o tivesse amado, talvez o odiasse agora.

iiiiii) para separar as orações reduzidas de infinitivo, de gerúndio e de


particípio, quando equivalentes a orações adverbiais:

Ex: a não ser isto, é uma paz regalada.

Ponto (.)

O ponto assinala a pausa máxima da voz depois de um grande fónico


da final descendente.

Emprega-se, pois, fundamentalmente, para indicar o término de uma


oração declarativa, seja ela absoluta, seja a derrodeira de um período
composto:

Ex: Entardecer no Anjico. Estou parada, sozinha, na frente da casa de


Estancia olhando para o poente. O sol parece uma grande laranja
tamporã, cujo sumo escorre pelas faces da tarde. O ar cheira a guaço
queimado. Um silencia de paina crepuscular envolve todas as coisas. A
terra parece anestasiada, rara estrelas começam a pontar no firmamento,
amis advinhada do que propriamente visíveis. Sinto um langor de corpoe
espírito. De certo é a tardinha que me contagia com sua doce febre.
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 39

i) Quando o período é simples ou composto se encadeiam pelos


pensamentos que expressam, sucedem-se um aos outros na mesma
linha.

Diz-se, neste caso, que estão separados por um ponto simples.

ii) quando se passa de um grupo a outro grupo de ideias, costuma-se


marcar a transposição com o maior repouso da voz, o que, na escrita, se
representa pelo ponto parágrafo. Deixa-se, então, um branco o resto da
linha em que termina um dado grupo ideológico, e inicia-se o seguinte o
segunte na linha abaixo com o recuo de algumas letras.

Assim:

O Búzio não possuía nada, como uma árvore não possui nada. Vivia
com a terra toda que era ele próprio.

A terra era sua mãe e sua mulher, sua casa e sua companhia, sua
cama, seu alimento, seu destino e sua vida.

Ao ponto que encerra um enunciado escrito dá-se o nome de ponto


final.

Observação

Além de servir para marcar uma pausa longa, o ponto tem outra
utilidade. É o sinal que se emprega depois de qualquer palavra escrita
abreviadamente.

Assim: V. S.° (vossa senhora), Dr. (Doutor).

Nota-se que, se a palavra assim reduzida estiver no fim do período,


este encerra-se com o ponto abreviativo, pois não se coloca outro ponto
depois dele.

Ponto e vírgula (;)

Como nome indica, sete sinal serve de intermediário entre o ponto e a


vírgula, podendo aproximar-se ora mais daquele, ora mais desta, segundo
os valores pausais e melódicos que representam no texto. No primeiro
caso é que vale a uma espécie do ponto reduzido; no segundo,
assemelha-se a uma vírgula alongada.

Esta imprecisão do ponto e vírgula faz que o seu emprego dependa


substancialmente do contexto. Entretanto, podemos estabelecer que em
primeiro ele é usado:

i) Para separar num período das orações da mesma natureza que


tenham uma certa extensão:

ex: numa tarde de Outono murmuraste; toda a mágoa de Outono que


40

ele me trouxe…

ii) para separar os diversos itens de um enunciado enumerativos em


leis, decretos, portarias, regulamentos etc. Sirva de exemplo os títulos:

— Respeito a dignidade e as liberdades fundamentais do homem;

— O fortalecimento da unidade nacional é a solidariedade


internacional;

 Sinais que marcam a melodia

Para além dos sinais que marcam a pausa, existem outros que
marcam a melodia nomeadamente: dois pontos, ponto de interrogação,
ponto de exclamação, reticência, aspas e parentes.

Os dois pontos

Os dois pontos servem para marcar, na escrita, uma sensível


suspensão da voz na melodia de uma frase não concluída. Emprega-se,
pois para enunciar:

i) Uma citação.

Ex: Armando voltou para dizer:

— Não enganei ninguém, camarada. Era bicho.

ii) uma enumeração explicativa:

ex: não foi ele, outros seriam: pajens, gente de guerra, vadios de
estalagens, andenjos das estradas.

iii) um esclarecimento, uma síntese ou uma consequência do que foi


enunciado:

ex: e a facilidade traduz-se por isto: criarem-se hábitos.

Não era desgosto: era cansaço e vergonha.

Observação

Depois do vocativo que encabeça cartas, requerimentos, ofícios, etc.


costuma-se colocar dois pontos, vírgula ou ponto, havendo escritores, que
nestes casos, dispensam qualquer pontuação. Assim:

Prezado senhor: prezado senhor.

Prezado senhor, prezado senhor

Sendo o vocativo inicial emitido com entoação suspensiva, deve ser


Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 41

acompanhado, preferencialmente, de dois pontos ou de vírgula, sinais


denotadores daquele tipo de inflexão.

Ponto de interrogação (?)

O ponto de interrogação é sinal que se usa no fim de qualquer


interrogação directa, ainda que a pergunta não exija resposta:

Ex: estará surdo? Estará a tentar irritar-me?

Nos casos em que a pergunta envolve dúvida, costuma-se fazer seguir


de reticências o ponto de interrogação.

— então?... Que foi isto?... A comadre?

Nas perguntas que denotam surpresa, ou aquelas que não têm


endereço nem resposta, emprega-se por vezes combinados o ponto de
interrogação e ponto de exclamação:

Ex: Ah, é a senhora?! Pois entre, a casa é sua…

Observação

O ponto de interrogação nunca se usa no fim de uma indirecta termina


com uma entoação descendente, exigindo, por isso, um ponto comparem-
se:

— Quem chegou [= interrogação directa]

— Diga-me que chegou [= interrogação indirecta]

Ponto de exclamação (!)

O ponto de exclamação é o sinal que se supõem a qualquer


enunciados de entoação exclamativa. Emprega-se, pois, normalmente:

a) Depois de interjeições ou do termo equivalentes como os vocativos


intensivos, as apóstrofes:

Ex: - credo em Deus! Gemeu Raimundo assombrando.

b) Depois de um imperativo:

- Agarrem!

- Gentes, agarrem! Agarrem! Agarrem!

 Outros sinais de pontuação

Para além dos sinais de pontuação anteriormente mencionados,


existem outros que servem de auxiliares aos mais importantes sinais
42

nomeadamente:

a) As reticências (...): são sinais que marcam uma interrupção da


frase e, consequentemente, a suspensão da sua melodia. Normalmente,
empregam-se em casos variados:

- para indicar que o narrador ou a personagem interrompem uma ideia


que começou a exprimir, e passa a consideração acessoriais.

- para marcar suspensões provocadas por hesitação, surpresa, dúvida


ou timidez, ou para assinalar certas inflexões de natureza emocional de
quem se fala.

- para indicar que a ideia que se pretende exprimir não se completa


com o término gramatical da frase, e que deve ser suprida com a
imaginação do leitor:

Não se deve confundir as reticências que têm valor estilístico


apreciável, com os três pontos que se empregam, como simples sinais
tipográficos, para indicar que foram suprimidas palavras no início, no
meio, ou no fim de uma citação.

b) As aspas (“”): empregam-se principalmente:

- no início e no fim de uma citação para distinguí-la do resto do


contexto:

Ex : Definiu César toda a figura da ambição quando disse aquelas


palavras:

“antes o primeiro na aldeia do que o segundo em Roma”.

- para fazer sobressair termos ou expressões, geralmente não


peculiares a linguagem normal de quem escreve .

ex: era melhor que fosse “Luís”

- para acentuar o valor significativo de uma palavra ou expressão:

ex: a palavra “nordeste” é hoje uma palavra desfigurada pela


expressão “ obra de nordeste” que quer dizer: “obras contra as secas”. E
quase não sugere se não as secas.

- para realçar ironicamente uma palavra ou uma expressão:

- Esta o mundo perdido, ate a Judite já tem “Arranjinhos”.

- para indicar o título de uma obra:

ex: Belinha acaba de ler “ Elzira, a morta virgem”

c) Os parênteses: empregam-se os parênteses para intercalar num


Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 43

texto qualquer indicações acessoriais:

- uma explicação dada ou uma circunstância mencionada


incidentemente:

Ex: Ela (no café) que se encontra as estalajadeira.

- uma reflexão, um comentário a margem do que se afirma.

ex: A mingua guerra, como a dos que tinham perdido (se é que tinha),
começava agora.

- uma nota emocional expressa geralmente em forma exclamativa ou


interrogativa:

ex: A escola, que era azul e tinha um mestre mau, de assustador


pigarro… (meu Deus! Que é isto? Que emoção a minha quando estas
coisas tão singelas narrou?)

- usam-se também os parênteses para isolar orações intercaladas


com verbos declarativos:

d) O travessão (-): emprega-se principalmente em dois casos:

i) Para indicar, nos diálogos, a mudança de interlocutores

ex: - Quem é o seu amigo, José?

- O Nunes, da rua do ouro… por quê?

ii) para isolar, num contexto, palavras ou frases. Neste caso em que
desempenha função analógica à dos parênteses, usa-se geralmente o
travessão duplo:

ex: - A igreja – atalhou o bispo – não pode desinteressar-se do


problema social.

Não é raro o emprego de um só travessão para destacar,


enfaticamente, a parte final de enunciado.

Ex: um povo é mais elevado quando mais se interessa pelas coisas


inúteis – a filosofia é a arte.
44

Sumário

Em síntese:

Pontuar uma frase escrita corresponde ao estabelecimento das pausas na


comunicação oral e é apresentar a ideia que se pretente transmitir com
exactidão e precisão.

A má utilização dos sinais de pontuação pode resultar na completa


ambiguidade comunicativa.

Exercícios

Sugestão: Propor aos estudantes um texto sem qualquer tipo de sinal de


pontuação.
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 45

Unidade 9. Classes de Palavras

Introdução

A Língua portuguesa, assim como qualquer outra, possui termos que


pertencem a diferentes classes. As classes de palavras no português que
apresentamos são dez.

Nestes termos, nesta unidade apresentamos estas classes duma forma


geral pretendendo dar uma visão do que já foi tratado nos anos
anteriores.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

 Identificar as classes das palavras.

Na Língua Portuguesa, as palavras são classificadas de acordo com o


papel que exercem dentro da frase. Cada classe tem função específica na
frase. Assim, qualquer vocábulo em língua portuguesa vai ter de estar
inserido em uma dessas classes de palavras.
Objectivos
1. Substantivo - palavra variável, que designa ou dá nome a todos
os seres existentes - pessoas, objetos, animais, lugares,
sentimentos, etc.

2. Adjectivos - palavra variável que atribui características aos


substantivos.

3. Artigo - palavra variável que sempre precede o substantivo,


tendo inclusive o poder de, colocada antes de uma palavra de
qualquer classe, tranformá-la em substantivo.

4. Verbo - palavra variável que informa acção, estado, facto ou


fenómeno.

5. Advérbio - palavra que, realacionada ao verbo, ao adjectivo ou


mesmo a outro advérbio, modifica as circunstâncias de modo,
tempo, instrumento, origem, intensidade, lugar, etc.

6. Pronome - palavra variável que se refere ao substantivo ou o


substitui. Ver Pessoas do discurso.

7. Numeral - palavra que indica a ideia de número, quantidade.

8. Conjunção - palavra invariável que serve de elo entre as frases e


orações.
46

9. Preposição - palavra invariável que faz a ligação de termos,


estabelecendo dependência entre eles. Exemplo: Pista de corrida.

10. Interjeição - palavra ou expressão que exterioriza emoção ou


sentimento.

Sumário

Em síntese:

Na Língua Portuguesa, as palavras são classificadas de acordo com o


papel que exercem dentro da frase. Cada classe tem função específica na
frase. Assim, qualquer vocábulo em língua portuguesa vai ter de estar
inserido em uma dessas classes de palavras.

Exercícios

Qual a classe gramatical da palavra destacada na frase abaixo?

A pessoa se casa planeando ser feliz.


a)( ) artigo
b)( ) adjetivo
c)( ) verbo
d)( ) substantivo

2. Marque a classe gramatical a que pertence a palavra destacada na


frase abaixo.

Eles compraram uma bela casa aqui no bairro.


a)( ) artigo
b)( ) adjetivo
c)( ) verbo
d)( ) substantivo

3. Complete com o que se pede:

a) Vou comprar ____ carro novo. (artigo indefinido no singular)

b) Vou comprar ____ carro novo. (artigo definido no singular)

c) Buscarei _____ frutas para fazer vitamina. (artigo indefinido no plural)

d) Vi quando ____ pessoa passou por aqui e ela estava feliz. (artigo
definido no singular)

e) Comprarei ____ fruta para dar à criança. (artigo definido no


Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 47

singular)···4. - Carlos Henrique é um menino esperto, estuda muito e


quando não entende alguma coisa, pergunta e procura formas de
conseguir aprender. Ele não faz questão de ser o primeiro da turma, mas
sabe que para ter uma vida melhor, precisa se esforçar.

b) Retire numeral do texto. ________________________

c) Ache o adjetivo e escreva aqui:____________________


48

Unidade 10. A Frase

Introdução

Muitos alunos, estudantes universitários e até académicos têm


demonstrado imensas dificuldades na compreensão da estrutura frásica.
É importante fixar o seguinte: a estrutura básica do Português é SVO,
significando: Sujeito, Verbo e Objecto.

A ideia de estrutura frásica é fundamental, visto ser o elemento


estruturante da ideia a ser veiculada. Esta frase com sentido ou
predicação será comandada pelo verbo, que constitui o núcleo da frase.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

 Distinguir frase dá oração;


 Apresentar as diferenças entre período e parágrafo
A Frase
Objectivos
De acordo com Celso Cunha, a frase é “um enunciado de sentido
completo, a unidade mínima de comunicação.” 14

A Frase e Oracão

A frase pode conter uma ou várias orações. A frase contém mais do que
uma oração quando tem mais do que um verbo conjugado. Por exemplo:

“Durante a noite houve uma grande tempestade.”

“Durante a noite houve uma grande tempestade que provocou


muitos estragos.”

No primeiro caso estamos perante uma frase constituída por uma oração,
e no segundo caso por duas orações. Quando a frase é constituída por
várias orações e cada uma está organizada à volta de um verbo, trata-se
de uma frase complexa.

14 Celso Cunha, Nova Gramática do Portugês Contemporâneo, p. 119


Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 49

Exemplo de uma frase simples:

“a educação constitui um factor de desenvolvimento.”

Exemplo de uma frase complexa:

“a educação que é ministrada nas nossas escolas é um factor de


desenvolvimento e tem como componente fundamental a competência
comunicativa.”

A Estrutura da Frase

A oração e os Seus Elementos

Os elementos fundamentais de uma oração são: o sujeito (simples ou


composto, subentendido, indeterminado ou inexistente) e o predicado
(verbal; nominal).

O sujeito “é aquilo de que se fala ou sobre que se faz uma afirmação”. O


predicado “é tudo o que se diz do sujeito”.15

Os outros elementos são: o complemento directo, o complemento

indirecto, o predicativo do sujeito, o predicativo do complemento directo, o

agente da passiva, o atributo, o aposto, o vocativo, o complemento

determinativo e o complemento circunstancial (de lugar, tempo, causa,

modo, fim, meio, companhia, dúvida e de instrumento). Para facilitar a

compreensão sobre esta questão, Esteves Rei usa o termo “modificador”

para os elementos adjuntos do nome.

ORAÇÃO = sujeito + predicado

(nome + mod) (verbo + complementos)

Por exemplo: “Meu irmão / está muito doente.”

“ A Citroen, uma marca francesa / tem uma boa imagem


comercial.”

“O cão perdigueiro come carne.”

Núcleo do suj. Modificador Núcleo do verbo

15 J.Esteves Rei, Curso de Redacção I, Porto, Porto Editora, p.14


50

complemento directo

A Construção nominal ou elipse

Elipse – é “uma figura de sintaxe, consistindo na supressão de


palavras que facilmente se subentendem”.

Ex.: “Que bela paisagem!” por “Esta paisagem é bela.”

A construção nominal verifica-se quando “um elemento verbal é


suprimido a favor do elemento nominal (nome, adjectivos e determinantes:
artigos, demonstrativos e possessivos) ”:

Ex.: “O seu, a seu dono!”

“Um por todos e todos por um.”

A construção nominal, apesar de ser uma característica da língua


falada, também é utilizada em textos literários para “produzir um efeito de
movimento e acção ou de autênticas pinceladas na descrição dos
elementos de um quadro, paisagem ou visão”.
A construção nominal é uma construção moderna, utilizada na
linguagem jornalística, técnica e científica, sobretudo nos títulos, nas
legendas e sumários, pois permite uma maior objectividade, brevidade e
concisão das estruturas nominais.
Quando uma frase aparece construída sem verbos, cabe ao leitor
“conceber e sentir o escrito”, ou seja, cabe ao leitor dar um sentido “à
alma da frase.”16

A Qualidade da Frase

1. Unidade - subordinação das ideias secundárias às principais;


são defeitos contra a unidade a multiplicidade de sujeitos.

2. Clareza - ideias apresentadas de forma “transparente”; é de


evitar a desordem e a “obscuridade” das ideias.

3. Concisão – significa o “emprego de palavras em número


necessário e suficiente.” Deve-se evitar a repetição de
palavras e de ideias.

16 idem, p.21
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 51

Sumário

Em síntese:

Os elementos fundamentais de uma oração são: o sujeito (simples ou


composto, subentendido, indeterminado ou inexistente) e o predicado
(verbal; nominal).

Ex. Franze (Suj) é o meu professor (Pred.)

Exercícios

1. Elabora três frases tendo em conta a qualidade da frase.

2. Divide as frases em constituintes sintácticos.

3. Específique a utilização da construção nominal ou elipse.

4. Coonstrua frases de acordo com as indicações


seguintes.
 Sujeito+modificador + verbo + complemento
circunstancial.
 Verbo + complemento directo + complemento
indirecto + complemento circunstancial.
 Sujeito + modificador + verbo + complemento
directo + complemento indirecto.
 Verbo + complemento circunstancial.
52

Unidade 11. A Frase Simples e Complexa

Introdução

As frases podem ser simples ou complexas de acordo com a


expressividade do autor. Assim, torna-se indispensável conhecer os
conectores frásicos e a sua divida utilização nas frases.

Nesta unidade, apresentamos as conjuncões e locuções usadas em


frases complexas, partindo de uma construção simples.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

 Identificar na frase complexa orações coordenadas e subordinadas


 Distinguir período e parágrafo

Objectivos As Frases Simples e complexas


De acordo com o conceito de frase anteriormente apresentado, a frase é “um
enunciado de sentido completo, a unidade mínima de comunicação.

Neste sentido, a Frase simples é aquela que possui um e único verbo.

A frase complexa “é aquela que contém dois ou mais verbos conjugados


e, por consequência, duas ou mais orações.” 17

A ligação da frase complexa é feita pelos processos de coordenação e


subordinação.

Coordenação

Os campos cobriram-se de flores e as árvores encheram-se de folhas.


Oração coordenada Oração coordenada

Subordinação

Os campos cobriram-se de flores quando a Primavera chegou.


Oração subordinante Oração subordinada
A Coordenação

As orações “da mesma natureza” podem ser coordenadas entre si através de


conjunções e locuções coordenativas”

17José Pinto e Maria do Céu Lopes, Gramática do Português Moderno, Lisboa,


Plátano ed., 2002, p.193
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 53

Classificação das oraçães Coordenadas


1. Orações coordenadas copulativas (implica uma ideia de adição)

Ex.: “O João entrou na livraria e comprou vários livros.”

2. Orações coordenadas adversativas: mas, porém, contudo, no entanto


(orações ligadas por uma ideia de oposição)

Ex.: “Gosto de cinema, mas prefiro o tetaro.”

3. Orações coordenadas disjuntivas (transmitem uma ideia de alternativa)

Ex.: “O avião atrasou ou não chegou a partir.”

4. Orações coordenadas conclusivas: portanto, logo, por consequência (em


que a segunda oração é uma conclusão da primeira)

Ex.: “O autocarro teve uma avaria, portanto atrasou.”

5. Orações coordenadas explicativas: pois, porquanto (justifica uma ideia


apresentada anteriormente)

Ex.: “O barco atrasou, pois estava nevoeiro.”

A Subordinação

Segundo Esteves Rei, a subordinação é “ uma relação entre duas orações


que permite a inserção uma na outra e estabelece uma hierarquia sintáctica entre
elas: uma depende da outra, determinando ou complementando o sentido.”18

Exemplos: 19 Aquela senhora gritou quando foi assaltada.

18J.Esteves Rei, Curso de Redacção I, Porto, Porto Editora, p.30


19José Pinto e Maria do Céu Lopes, Gramática do Português Moderno, Lisboa,
Plátano ed., 2002, p.196
54

Oração subordinante Oração subordinada temporal

Aquela senhora gritou porque foi assaltada.

Oração subordinante Oração subordinada causal

As orações subordinadas dependem das orações subordinantes e esta


dependência pode ser feita através de:
 Conjunções ou locuções subordinativas: “Ela gritou para que
a socorressem.” *
 Pronomes ou advérbios relativos: “O rapaz que caíu magoou-
se.”
 Pronomes ou advérbios interrogativos: “Ele disse quem chega
hoje?
 Formas verbais não finitas (infinitivo, gerúndio e particípio):
“Pensávamos ter concluído o trabalho. (= Penávamos que o
trabalho estava concluído.”

Sumário

Em síntese:

A Frase simples é aquelela que possui um e único verbo enquanto, as


frases complexas são aquelas que são compostas por mais de um verbo.
Estas podem ser unidas por conjunções ou locuções coordenativas ou
subordinativas, conforme a relação de coordenação ou subordinação,
respectivamente.

Exercícios

A. Completa as frases seguintes com a locução adequada: já que,


logo que, mais...do que, mesmo que, no caso de, para que.
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 55

- ...vais ao supermercado shoprite, traz-me pão.


- Os pequenos...estorvam...ajudam.
- ...chover, não podemos ir ao cinema.
- O Director aumentou-lhe o salário...ele não se
despedisse.
- ...o sol desaparece, as crianças vêm para casa.
- Nunca iria à lua...me oferecesse a viagem.

B. Preenche os espaços em branco com a locução apropriada.


Pois que, por isso mesmo (é) que, posto que, primeiro que, salvo
se, se bem que.
- a praia ficou deserta...as férias acabaram.
- ...o seu grande interesse seja o dinheiro, os imigrantes
não se privam de nada no seu dia-a-dia.
- ...compres o carro, deves tirar a carta de condução.
- Nunca deixe andar os filhos ao sol...de manhã e à noite,
ele seja fraco.
- O professor de português nunca falta...estiver doente.
- O Nuno quer ir estudar para os Estados Unidos...estuda
entusiasticamente Inglês.

C. Completa as seguintes frases com locuções mais adequadas:


sempre que, tal que, tão que, tanto...que todas as vezes que,
visto que, tanta...que
- o Miguel...vai à cidade, perde-se nos bazares
- a girafa é...alta...observa tudo o que se passa no jardim
zoológico.
- O jo 7o cumprimenta o mestre...se cruza com ele na rua
- O ruído era...ninguém ouvia nada.
- A responsabilidade dos pais é...por vezes não dorme.
- Ontem havia...vento...duas árvores caíram no jardim.

D. Sublinha nas orações seguintes as conjunções ou locuções


conjuncionais que indicam a relação temporal. No final,
empregue cada uma delas numa frase da sua iniciativa.
- quando chegaste, era meio dia.
- enquanto as crianças brincam, eu vou ao talho.
- Apenas soube a triste nova, entrou em pânico.
- As esperanças são cada vez menores à medida que o
tempo passa.
- Logo que viu o pai, desapareceu da sala.
56

Unidade 12. Estudo do Verbo

Introdução

O verbo é um elemento fulcral da frase e sem ele não há frase. Ele


designa a ação desenvolvida pelo sujeito. Assim, nesta unidade,
apresentamos a classificação dos verbos quanto à semántica, quanto à
conjugação e quanto a Morfologia.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

 Indicar as diferentes formas de classificação dos verbos.

 Distinguir dos transitivos dos intransitivos;

Objectivos Verbo é o nome dado à classe gramatical que designa uma ocorrência ou
situação. É uma das duas classes gramaticais nucleares do idioma, sendo
a outra o substantivo. É o verbo que determina o tipo do predicado, que
pode ser predicado verbal, nominal ou verbo-nominal. O verbo pode
designar acção, estado ou fenómeno da natureza.
Classificção dos Verbos
Os verbos admitem vários tipos de classificação, que englobam aspectos
tanto semânticos quanto morfológicos. Podem ser divididos da seguinte
forma:
Quanto à Semântica
 Verbos transitivos: Designam acções voluntárias,
causadas por um ou mais indivíduos, e que afectam
outro(s) indivíduo(s) ou alguma coisa, exigindo um ou
mais objectos na acção. Podem ser transitivos directos
que não possuem sentido completo, logo ele necessita de
um complemento, sendo este complemento chamado de
objetco direto. E verbo transitivo indirecto- Que também
não possuui sentido completo e necessita de um objeto
indireto, que necessariamente exigem uma preposição
antes do objeto.
Exemplos: dar, comer, fazer, vender, escrever, amar etc.
 Verbos intransitivos: Designam ações que não afetam
outros indivíduos.
Exemplos: andar, existir, nadar, voar etc.
 Verbos impessoais: São verbos que designam acções
involuntárias. Geralmente (mas nem sempre) designam
fenómenos da natureza e, portanto, não têm sujeito nem
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 57

objecto na oração.
Exemplos: chover, anoitecer, nevar, haver (no sentido de existência) etc. Todo
verbo impessoal é também intransitivo.

 Verbos de ligação: São os verbos que não designam ações;


apenas servem para ligar o sujeito ao predicativo.

Exemplos: ser, estar, parecer, permanecer, continuar, andar, tornar-se, ficar,


viver, virar etc.

Quanto à Conjugação

 Verbos da primeira conjugação: São os verbos terminados


em ar: molhar, cortar, relatar, etc.

 Verbos da segunda conjugação: são os verbos terminados


em er: receber, conter, poder etc. O verbo anômalo pôr (único
com o tema em o), com seus compostos, também é
considerado da segunda conjugação devido à sua conjugação
já antes realizada (Ex: fizeste, puseste), decorrente de sua
antiga forma latina poer.

 Verbos da terceira conjugação: são os verbos terminados


em "ir" e " or ": sorrir, fugir, iludir, cair, colorir, etc; no exemplo
"or", a maioria dos verbos veem da palavra "Pôr", compor,
depor, supor, transpor, antepor, etc.

Quanto à Morfologia

 Verbos regulares: Flexionam sempre de acordo com os


paradigmas da conjugação a que pertencem.

Exemplos: amar, vender, partir, etc.

 Verbos irregulares: Sofrem algumas modificações em relação


aos paradigmas da conjugação a que pertencem.

Exemplos: caber, medir ("eu caibo", "eu meço", e não "eu cabo", "eu medo").

 Verbos anômalos: Verbos que não seguem os paradigmas da


conjugação a que pertence, sendo que muitas vezes o radical
é diferente em cada conjugação.

Exemplos: ir, ser, ter ("eu vou", "ele foi"; "eu sou", "tu és", "ele tinha", "eu
tivesse", e não "eu io", "ele iu", "eu sejo", "tu sês", "ele tia", "eu tesse"). O verbo
"pôr" pertence à segunda conjugação e é anômalo a começar do próprio
infinitivo.

 Verbos defectivos: Verbos que não têm uma ou mais formas


conjugadas.

Exemplo: precaver - não existe a forma "precavenha".

 Verbos abundantes: Verbos que apresentam mais de


uma forma de conjugação. Exemplos: encher - enchido,
cheio; fixar - fixado, fixo.
58

Sumário

Em síntese:

A Classe dos Verbos é a classe mais variável que designa uma ocorrência ou
situação. É uma das duas classes gramaticais nucleares do idioma, sendo a
outra o substantivo. É o verbo que determina o tipo do predicado, que pode ser
predicado verbal, nominal ou verbo-nominal

Exercícios

Completa os espaços em branco com as formas verbais apropriadas.

1. Presente do indicativo:

Quando os alunos____________(estar) atentos nas aulas, os resultados


deles__________(ser ) bons. ______(ser) sempre assim.

Quando há festas portuguesas, os alunos_______(ir) com os pais a essas


festas. Hoje há uma e toda a gente_________(ir).

2. Pretérito perfeito:

Ontem nós _________(ir) fazer uma marcha de Inverno através dos


campos.Tu _______(ser) o último a chegar porque te atrasaste.

Na semana passada tu___________(estar) a estudar os verbos comigo.


Agora já sabemos tudo!

Mas eles não _____________(estar) a trabalhar e agora não sabem.


Nessa semana, eles__________(ser) os piores da turma.

3. Futuro:

Amanhã nós_________(ir)todos dar um passeio muito bonito.

Quando eu estiver de férias,________(ir) até à praia com os meus pais e


os meus amigos. Nessa altura, __________(ser) a pessoa mais contente
do mundo!

No Verão, nós____________(estar) de férias em Portugal. E


eles,___________(estar)
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 59

Unidade 13. Conjugação Pronominal

Introdução

A conjugação pronominal é aquela em que o verbo aparece conjugado


com os pronomes. Ela pode ser reflexa ou recíproca de acordo com a
acção do verbo.

Nesta unidade para além das regras também apresentamos alguns


verbos conjugados na forma pronominal.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

 Aplicar correctamente os verbos na forma pronominal

 Identificar os momentos em que temos de usar a forma pronominal.


Objectivos
Repara nas expressões: “Levei-o […].”; “ […] os amigos levaram-no […].”

Em ambas, a forma verbal (levei, levaram) aparece acompanhada do


pronome pessoal o, que lhe serve de complemento, constituindo com ela um
todo.

Chama-se conjugação pronominal aquela em que o verbo aparece conjugado


com os pronomes o, a, os, as.

Nota: Quando estudámos os pronomes pessoais aprendemos que o, a, os, as,


tomam as formas lo, la, los, las, depois de r, s, ou z e as formas no, na, nos,
nas, depois de ditongo ou vogal nasal (-m, -ão)
60

1. Conjugação pronominal reflexa

A conjugação pronominal reflexa indica que a acção do sujeito recai sobre


ele próprio. (Ex: Eu penteio-me todas as manhãs.)

 Utiliza para tal os pronomes pessoais me, te, se, nos, vos, se.
(Ex.: Verbo “sentar-se” no Presente do Indicativo - Eu sento-me;
Tu sentas-te; Ele/ela senta-se; Nós sentamo-nos; Vós sentais-
vos; Eles/elas sentam-se)

2. Conjugação pronominal recíproca

A conjugação pronominal recíproca exprime a reciprocidade na acção


praticada. (Ex.: Eles abraçaram-se [um ao outro] calorosamente.)

 Utiliza para tal os pronomes pessoais do plural: nos, vos, se.


(Ex.: verbo “abraçar-se” no Presente do Indicativo - Nós
abraçamo-nos; Vós abraçais-vos; Eles/elas abraçam-se.)
Ex. Os namorados beijavam-se prolongadamente
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 61

Sumário

Em síntese

Como Já vimos, a conjugação pronominal é aquela em que o verbo


aparece conjugado com os pronomes o, a, os, as que tomam as formas lo,
la, los, las, depois de r, s, ou z e as formas no, na, nos, nas, depois de ditongo
ou vogal nasal (-m, -ão) distinguindo-se da recíproca a conjugação
pronominal refrexa utiliza para tal os pronomes pessoais me, te, se, nos,
vos, se.

Exercícios

1. Completa as frases com os verbos na forma pronominal.

b) Os alunos pegam nos cadernos e ________(dar) ao


professor.

c) Elas têm bicicletas e ____________(levar) para a escola.

d) Como não podiam entrar no cinema com os cães,


________(confirmar) ao porteiro.

e) Já li o livro. Posso _____________(emprestar) ( te o )

f) Tirei os lápis ao João e ___________(esconder). (lhe


os)
62

Unidade 14. O Discurso directo e Indirecto

Introdução

Para expressarmos as nossas ideias aos outros, podemos fazê-lo


fielmente através da fala tal igual como a personagem as proferiu/profere
e, ainda, podemos informar o leitor acerca do que uma personagem
disse/diz ou pensou pensa, sem reproduzir exactamente as suas
palavras.

Nesta unidade, vamos apresentar as formalidades do uso do discurso


directo ou indirecto, as regras de transformação, bem alguns exemplos
ilustrativos a cada caso.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

- Explicar as regas envolvidas no uso dos discursos directo e indirecto;

- Apresentar as principais diferenças entre o discurso directo e indirecto;

Objectivos - Aplicar as regras de transposição de um discurso para o outro.

O Discurso Directo

O Discurso Directo é um meio de expressão pelo qual se reproduzem as


palavras de uma personagem tal como elas as teria proferido.

Este tipo de discurso permite um contacto mais estreito entre a situação


criada e o receptor (leitor/ouvinte); actualiza e torna mais viva a narrativa,
mais espontânea, como no teatro.

No Discurso Directo as falas das personagens ganham em naturalidade,


não raras vezes tocadas pela emoção, que o emprego de exclamações,
interjeições, reticências, interrogações, vocativos e imperativo reforça.

É de salientar que o Discurso Directo pode aparecer sob a forma de


monólogo interior.

O Discurso Indirecto

O Discurso Indirecto é o processo pelo qual o narrador informa o leitor


acerca do que uma personagem teria dito ou pensado, sem reproduzir
exactamente as suas palavras.

Na transposição do Discurso Directo para o Indirecto, notam-se alterações


nas categorias verbais (modo, tempo, pessoa), nos pronomes, nos
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 63

determinantes e nos advérbios.

Veja alguns exemplos de passagem do discurso dirrecto para indirecto:

Nada te acontecerá. / Ele disse que nada lhe aconteceria.

Paga-me esta conta, como é teu dever. / Ela ordenou que ela lhe
pagasse aquela conta, como era seu dever.

Conta-me tudo – pediu ele – aqui mesmo e agora.../ Ele pediu


que ela lhe contasse tudo, ali mesmo e naquele momento.

Queres vir comigo Pedro? / Ela perguntou ao Pedro se ele queria


ir com ela.

Eu dou-te o dinheiro. / Ele disse que lhe dava o dinheiro

Quadro resumo das regras básicas


64

Sumário

Em síntese:

Enquanto o Discurso Directo é um meio de expressão pelo qual


se reproduzem as palavras de uma personagem tal como elas as
teria proferido, o Discurso Indirecto é o processo pelo qual o
narrador informa o leitor acerca do que uma personagem teria dito
ou pensado, sem reproduzir exactamente as suas palavras.

Exercícios

A- Passe para o discurso indirecto as seguintes frases:

1. O Jornalista afirmou que tinha sido bem acolhido

2. Decidiram que no dia seguinte iriam à praia

3. Durante o reinado de Ngungunhane, as etnias minoritárias pensavam


que nunca mais teriam exepressão

4. No tribunal, o reu confessou que a culpa era sua

5. No meio da viagem, reconheceram que se tinham enganado.

B- Reescreva as frases seguintes, utilizando o discurso indirecto como no


exemplo:

a. O revisor disse ao irmão:-os vossos bilhetes são para amanha.

R: O revisor disse-nos que os nossos bilhetes eram para o dia seguinte.

1. Rosa Maria disse ao irmão: -vem a casa depressa.

2. O professor ordenou aos alunos: -estejam calados

3. Marta respondeu à amiga: - fico muito satisfeita com o teu convite e


no próximo domingo aí estarei

4. O meu irmão pediu-me: -traz-me um caderno quando fores à


papelaria.
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 65

Unidade 15. A Ficha Bibliográfica

Introdução

Nesta secção pretendemos dar algumas directrizes da organização de


uma referência bibliográfica. Como sabemos, em qualquer trabalho
científico assim como fichas de leitura teremos de usar ou referenciar os
autores das obras consultadas, para distanciarmo-nos do plágio
académico.

A apresentação da ficha bibliográfica não é uniforme, podendo diferir de


escola para escola, mas aqui pretendemos apresentar um modelo que se
pode usar.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

 Elaborar una ficha bibliográfica.

1. A Fichas Bibliográfica

A informação colectada nos livros, assim como noutras fontes de


Objectivos conhecimento, normalmente deve ser devidamente catalogada, ou
seja, a sua proveniência não deve constituir segredo. Tratando-se de
documentos que veiculam ideias de outros sujeitos pensantes, estas
ideias são propriedade e/ou pertenças desses mesmops sujeitos. Isto
significa dizer que, ao se fazer uso dessa mesma informação, dever-
se-á referir a fonte que a produziu – o seu autor, sob pena de se
considerar plágio (roubo de propriedade intelectual), da ideia de
outrém. Esta omissão é considerada crime, dando direito a um
processo criminal que pode ter consequências imprevisíveis nos
termos da lei dos direitos autorais.

Com efeito, é dever de quem pesquisa referir os livros que lhe


serviram de suporte e/ou fonte de inspiração para a produção das
suas próprias ideias, colocando todos os dados que possam facilitar a
localização da obra referida para efeitos de confrontação posterior.
Estas informações são organizadas segundo modelos universalmente
convencionados, a que se dá o nome de ficha bibliográfica.

A construção da ficha bibliográfica obedece a regras fixas de


representação, segundo o exemplo que a seguir é apresentado
(entretanto, mais detalhes sobre este assunto poderás colher na
disciplina de Metodologia de Investigação Científica MIC):
1. a disposição das informações segue uma ordem
- começa-se pelo apelido ou sobrenome em maúsculas);
- a seguir coloca-se o nome do autor
66

- em seguida, o título da obra (sublinhado ou em itálico)


- depois o local (nome da cidade) em que a obra foi
editada;
- segue o nome da editora responsável pela ediçæo do
livro
- a colecção;
- o ano da sua edição
- número da edição
- número do volume e
- finalmente a indicação do ano e da(s) páginas.
NB. Outras informações podem ser adicionadas, tais como, o número
da página, número da edição, etc.

EX: RUIZ, J. Alvaro, Metodologia Científica: Guia para efeciência nos


estudos, Sao Paulo: ATLAS 1991 p-19

Sumário

Em síntese:

As fichas são um instrumento de trabalho indispensável, permitindo:


identificar as obras, conhecer o seu conteúdo, fazer citações, conservar
críticas, nossas ou de outrém, analisar o material a utilizar num trabalho.

Exercícios

1. Use três obras ou a partir dos seus manuais elabore três fichas
Bibliográficas.
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 67

Unidade 16. A Ficha de Leitura

Introdução

Na nossa vida de estudantes, temos, vezes sem contar, deparado com


situações em que empreendemos leituras de livros e/ou outros materiais
de consulta diversos, onde a memorização constitui o elemento chave no
processo de busca, sistematização e armazenamento das informações.
Ora, é difícil, senão mesmo impossível, memorizar tudo o que se lê ou se
consulta.

Vamos tratar, nesta unidade, sobre a mais recomendável técnica, que


quando estruturada de maneira específica e em formato próprio, dá-se-lhe
o nome de ficha de Leitura.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

 Conhecer os diferentes tipos de fichas de leitura.

A Ficha de Leitura ou de conteúdo


Objectivos Tipos de fichas

Ficha analítica – contém uma análise sumária da obra ou do artigo,


podendo referir, entre outros, os seguintes elementos:

- campo o saber abordado;


- problemas tratados;
- conclusões alcançadas
- contribuições especiais para o tema
- métodos utilizados: indutivo, dedutivo, dialéctico,
histórico, comparativo;
- recursos empregados: tabelas, quadros, gráficos, mapas.

Entre as suas qualidades, destacam-se as seguintes:

- brevidade;
- uso de verbos activos;
68

- ausência de repetições.

Ficha de citação – reproduz frases consideradas relevantes num


trabalho:

- coloca-se entre aspas;


- contém a página;
- transcreve textualmente (incluindo erros, que devem ser
seguidos pelo termo sic colocado entre parênteses rectos
[sic]);
- indica supressão de palavras, recorrendo também a
parênteses rectos [...];
- completa a frase com elementos indispensáveis à sua
compreensão, se for necessário (colocando o acrescento
entre parênteses).

Ficha de resumo ou síntese – apresenta um resumo ou síntese das


principais ideias ou dos aspectos essenciais. Tendo em conta a natureza
destes exercícios (ver noutro local), lembraremos que esta ficha:

- não é um sumário ou índice;


- não é uma transcrição de frases;
- não é longa;
- não precisa, no caso da síntese, de obedecer à estrutura
da obra.

Ficha de comentário – é uma interpretação crítica das ideias do autor:

- sobre a forma;
- sobre o conteúdo;
- sobre a clareza ou a obscuridade do texto;
- sobre a sua comparação com outros textos
- sobre a importância da obra.
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 69

As partes componentes desta ficha

Legenda:

a) referência bibliográfica do livro/revista ou texto;


b) tema abordado;
c) página do livro em que se encontra a
informação/texto;
d) clasificação da obra(conto, romance, ensaio etc.)
e) conteúdo: síntese do conteúdo do texto
consultado, podendo ser apresentado sob forma
de esquema (notas) ou sob forma de um resumo
– seguindo as regras de redacção deste tipo de
texto
f) observações do Autor da ficha sobre alguns
aspectos pertinentes relacionados com o assunto
do texto ou livro, ou qualquer outra informação
particular encontrada em e), i.é. na síntese.

Obs: a ficha de leitura deve ser apresentada em material típico, ou seja


numa folha de cartolina em formato A5.

NB: deverão ser previstos exercícios de gramática, incidindo sobre


qualquer aspecto que se julgar conveniente abordar em função dos
problemas linguísticos que comummente ocorrem.
70

Sumário

Em síntese:

Na nossa vida de estudantes, temos, vezes sem contar, deparado com


situações em que empreendemos leituras de livros e/ou outros materiais
de consulta diversos, onde a memorização constitui o elemento chave no
processo de busca, sistematização e armazenamento das informações e
dos conteúdos pesquisados. Ora, é difícil, senão mesmo impossível,
memorizar tudo o que se lê ou se consulta. Por este facto, como
auxiliaries de memória, várias técnicas e estratégias têm sido
comummente usadas pelos pesquisadores. Uns preferem recorrer à
técnica de tomada de notas; outros há que, preferem fazer pequenos
resumos ou sínteses da informação colectada. A esta última técnica, por
sinal, mais recomendável, quando estrururada de maneira específica e em
formato próprio, conforme o exemplo que vamos apresentar neste
módulo, ao documento final resultante dá-se-lhe o nome de Ficha de
Leitura, visto comportar as linhas de leitura então efectuadas.

Exercícios

1. 1o Ler e 2o Estudar todas as páginas referentes ao assunto, no referido


livro.

Fazer os exercícios constantes da unidade 2 e a ficha de excercícios a


resolver
1. A Ficha de Leitura pode ser apresentada sob forma esquemática?
Qual é a importância de elaborar uma ficha desta natureza?
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 71

Unidade 17. O Sumário

Introdução

O sumário é um texto curto, por definição, e tem por objectivo relatar as


actividades de uma aula (estamos a tratar do sumário da aula). Este texto
relata fiel e fidedignamente as várias etapas que compõem uma aula. É,
com efeito, uim texto objectivo. (objectivante na medida em que não é
possível ser-se completamente objectivo, daí que não nos autorizamos a
usar o termo objectivo). No sumário são também usadas expressões
nominalizadas (nominalizações, evitando-se assim a utilização de verbos
conjugados. Sendo o relato de actividades de uma aula passada/
efectivada, ele deverá ser redigido no fim da aula (não no princípio desta,
como muitos dos professores erradamente o fazem. Afinal, tema (tópico)
da aula é diferente do sumário)

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

 Explicar detalhadamente as principais diferenças


existentes entre o sumário e outros textos que com ele se
confundem;
Objectivos

 Aplicar as regras envolvidas na elaboração ou produção


do sumário.

Sumário

Definição geral:

É uma enumeração das divisões principais e dos artigos contidos numa


publicação periódica, num livro, num relatório ou documento análogo,
seguindo a ordem do texto. Apresenta o conteúdo sob forma de plano:
deve manifestar não apenas as etapas de estudo, mas também o sentido,
manifestando a sua coerência desde o título até à conclusão.

Um livro deve incluir os seguintes elementos: plano, desenvolvimento,


principais divisões e sua paginação.
72

Numa revista reportam-se a: título, nome do autor (se forem dois, devem
ambos ser mencionados e, se mais de dois, mencionados apenas o
primeiro, seguido da expressão “et alii” ou “at al”).

O sumário tem uma dupla função

Permite ao leitor orientar-se na leitura do texto ou ler apenas a parte que


lhe interessa – trata-se de um ponto de vista prático.

Permite, ainda, apreender a globalidade do tema ou as propostas


avançadas e o modo adopatado para a sua apresentação – é o plano que
se encontra aqui em questão.

Qualidade essencial dum sumário

É importante que um sumário veicule uma problemática, mostre as


questões e esboce as respostas, quer dizer, que nas entrelinhas contenha
um raccioncínio original.

O sumário duma aula

O sumário é um texto curto, por definição, e tem por objectivo relatar as


actividades de uma aula (estamos a tratar do sumário da aula). Este tipo
de texto deve relatar fiel e fidedignamente as várias etapas que compõem
uma aula. É, com efeito, um texto objectivante. (objectivante na medida
em que não é possível ser-se completamente objectivo, sendo por este
motivo, que não nos autorizamos a usar o termo objectivo).

Ora, Justamente porque se pretende objectivo, diga-se, objectivante, ele


apresenta marcas da 3ª pessoa gramatical. Nele, são também usadas
expressões nominalizadas, evitando-se assim a utilização de verbos
conjugados.

Sendo o relato de actividades de uma aula passada/ efectivada, ele


deverá ser redigido no fim desta (e não no princípio da aula, como muitos
dos professors erradamente o fazem, confundindo, tema (tópico) da aula
com o sumário)
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 73

Técnicas de elaboração

O sumário da aula é um texto de construção colectiva. Todos os


participantes/intervenientes da aula devem participar da sua elaboração.
Devemos abandonar a prática de aulas centralizadas no professor. O
aluno deve participar activamente em todas as etapas da aula, ou seja, na
sua construção. O aluno pode, e muito bem, saber dizer o que foi tratado
numa aula em que dela fez parte. É errado julgar que ele é um objecto
que se limita a ouvir, copiar e escrever o que o professor dita. Como soi
dizer-se: o aluno não é uma tábua rasa, ou um simples receptáculo
passivo dos conteúdos da aprendizagem.

Análise icónica

Trata-se de um nível de leitura que é feita tendo em conta o aspecto


formal (do ponto de vista da mancha gráfica). Esta leitura permite
identificar o texto, antes da sua leitura conteudística. Nela, presta-se
especial atenção aos aspectos mais destacados a partir de elementos de
realce, tais como a escrita a negrito (em bold), em itálico e/ou sublinhado,
as imagens (figuras ou icons – texto imagético). Muitas vezes, o leitor não
precisa de ler o texto para se aperceber com que tipo de texto está a lidar.
Os elementos icongráficos são dispostos de tal ordem que o texto se
identifica por si, captando a atenção do público leitor. É que para o leitor
ver se o texto é curto ou longo, não precisa de uma lupa, nem de ler o
texto em toda a sua extensão. Mas, será após a leitura do conteúdo do
texto que algumas dúvidas serão dissipadas, nomeadamente no que diz
respeito ao público visado, informações ligadas ao assunto, data, hora e
local.

Análise linguística

Além dos aspectos ligados à forma, identificáveis a partir de um olhar


(vista geral da mancha gráfica, isto é, daquela parte impressa, há a leitura
do que está impresso do ponto de vita de fundo, de conteúdo. Presta-se
74

especial atenção à linguagem usada, às marcas de pessoa gramatical, à


conjugação dos verbos, enfim, aos elementos discursivos.

Sumário

Em síntese:

Considera-se, no geral, sumário uma enumeração das divisões principais


e dos artigos contidos numa publicação periódica, num livro, num relatório
ou documento análogo, seguindo a ordem do texto. Mas o sumário da
aula é um texto de construção colectiva.

Exercícios

1. “Aquilo que não foi possível tratar na aula, ainda que tenha sido
planificado, não deve constar do sumário da aula.”

a) Explicita melhor a afirmação.


Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 75

Unidade 18. Textos Administrativos

Introdução

O processo de redacção e compreensão de texto é tão complexo que


exige, até, o conhecimento da tipologia a que o texto por produzir ou por
ler pertene.

Porém, nesta unidade vamos apresentar e tratar especificamente de


textos de caráter administrativo, ou seja, textos funcionais.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

 Caracterizar os textos administrativos;


 Indicar os tipos de textos administrativos
Objectivos

A Escrita administrativa

A escrita administrativa também chamada funcional e institucional. Vem-


se afirmando, entre nós, desde os anos 60, com o desenvolvimento do
sector dos serviços. A mudança de tipo de comunicação dentro da
empresa é um outro factor a explicar esse crescimento: a uma
comunicação interpessoal, individualizada e subjectiva substituiu-se uma
comunicação formal, tipologizada e objectiva, numa palavra impessoal.

Uma tipologia de textos surge, assim, no horizonte das instituições e


organizações, remetendo-se a sua aprendizagem para uma prática tão
aprofundada e variada quando as necessidades o exigem. Este facto
explica a diversidade de modelos para o mesmo texto, em diferentes
instituições, a existência de uma teorização incipiente para alguns deles e
a relutância de muitos funcionários em aceitarem escrever alguns desses
textos, por não terem modelos ou padrões de referência. Exemplo disto é
a dificuldade em encontrar alguém que em determinadas situações aceite,
de bom grado, elaborar uma acta, um curriculum vitae, uma reclamação,
um relatório ou até um simples memorando.
76

Os textos administrativos começam agora a figurar entre os textos


trabalhados pela escola.

É bom que assim seja: os alunos adquirem mais confiança no domínio


das diferentes manifestações da Iíngua escrita e as empresas recebê-los-
ão com mais agrado, por apresentarem uma preparação linguística mais
variada.

Sumário

Em síntese:

Os textos administrativos são uma tipologia textual que começa agora a


figurar entre os textos trabalhados pela escola. A mudança de tipo de
comunicação dentro da empresa é um outro factor a explicar esse
crescimento: a uma comunicação interpessoal, individualizada e
subjectiva substituiu uma comunicação formal, tipologizada e objectiva,
numa palavra impessoal.

Exercícios

1. Menciona o conjunto de textos de natureza administrativa ou


funcional. Apresenta as principais diferenças.

2. Depois de responder à pergunta anterior, apresenta graficamente


exemplo de um dos textos que mencionares.
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 77

Unidade 19. Formas de Tratamento

Introdução

Na producão de documentos ou de textos administrativos como: um


convite, enviar uma carta, um requerimento, um anúncio, uma Acta, uma
petição, um cumprimento, e uma conversação em um evento social onde
encontra autoridades, é comum a pessoa se perguntar qual o pronome de
tratamento que deve empregar, em meio às dezenas de expressões que
se convencionou considerar as mais respeitosas. Definidos no âmbito das
Boas-maneiras, os pronomes de tratamento são palavras que exprimem o
distanciamento e a subordinação em que uma pessoa voluntariamente se
põe em relação a outra, a fim de agradá-la e desejar um bom
relacionamento. Porém, seu emprego abusivo poderá afectar
negativamente a dignidade da pessoa que os emprega.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:


 Conceitualizar as formas de tratamento;
 Utilizar correctamente as formas de tratamento;
 Identificar as entidades a partir das formas de tratamento.
Objectivos

Conceito
Segundo Cunha e Cintra (2002:292)20Denominam-se pronomes de
tratamento certas palavras e locuções que valem por verdadeiros
pronomes pessoais como: você, o senhor, Vossa Excelência.
Embora designem a pessoa a quem se fala, isto é, a segunda pessoa,
esses pronomes levam o verbo na terceira pessoa.
Ex: Onde é que vocês estão?
Vossa Excelencia senhor Comentador, terá de perdoar.

No processo de produção de documentos institucionais ou então de textos


administrativos, somos obrigados a usar formas de tratamento específicas

20
78

referentes às entidades a que no dirigimos.

Assim, convém conhecermos as seguintes formas de tratamento referentes e


as abreviaturas com que são indicadas na escrita.

Estas formas aplicam-se à 2ª pessoa, àquela com querm falamos; para a 3ª


pessoa aquela de quem falamos, usam-se as formas Sua Alteza, Sua
Eminência, etc. Mas as últimas podem empregar-se com valor das primeiras,
como expressão de máxima cerimónia, mormente quando seguidas de aposto
que contenha um título determinado por artigo. Assim, em lugar de:

Vossa Excelência Senhor Ministro, aprova a medida?

É lícito dizer-se

Sua Excelência, o Senhor Ministro, aprova a medida?

Em princípio, os pronomes de tratamento da 2ª pessoa devem acompanhar o


verbo para evitar confusão com o sujeito da terceira.

Seu irmão cantava, e você o acompanhava.

Vossa Reverência já leu este livro?

Sumário

Em síntese:

Pronomes de tratamento são palavras ou expressões que usamos para


nos referir às pessoas, em consideração ao cargo que exercem, posição
social, ou ainda, para indicar formalidade e respeito.
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 79

Os pronomes de tratamento correspondem a pronomes pessoais e o


verbo correspondente é conjugado na 3ª pessoa.

Exercícios

g) Indique as formas de tratamento para as seguintes


entidades:

h) Presidente da República

i) Vice-Presidente da República

j) Ministros de Estado

k) Funcionários graduados

l) Organizações comerciais e industriais

m) Arcebispos e Bispos
n) Papa
80

Unidade 20. A Carta

Introdução

Na unidade anterior falamos acerca de textos administrativos, num


cômputo geral. Agora vamos falar essencialmente da carta, um dos tipos
de texto que pertence a tipologia textual em causa.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:


 Conceber a carta do ponto de vista do conceito tradicional, por um
lado, e moderno, por outro;
 Explicar as diferenças básicas encontradas entre a carta e os
Objectivos
restantes textos administrativos;
 Justificar a estrutura fulcral de apresentção gráfica da carta.

A Carta
É uma conversa por escrito, dirigida a uma pessoa ausente - assim se
define tradicionalmente a carta. A simplicidade da definição não
corresponde, porém, à dificuldade em escrever cartas. Trata-se de urn
meio de comunicação muito antigo que tem visto o seu espaço ser
conquistado, no mundo moderno, por meios mais rápidos como o
telefone, a rádio, o fax e, em muitas das suas velhas funções, pelo
próprio jornal. Contudo, a sua actualidade mantém-se tal como as
suas características: economia, personalização, substituto do diálogo.

Como é uma conversa, o estilo da carta deve ser coloquial, isto é,


manifestar a maneira de ser de quem a escreve e de quem a Iê. Este
cuidado em ser natural e adaptar-se ao receptor é uma das
exigências da carta, juntamente com a clareza, a expressividade e a
síntese.

As cartas dividem-se em privadas e comerciais, subdividindo-se


cada urn dos grupos numa série de outros tipos conforme as
situações e a natureza da comunicação.
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 81

As primeiras destinam-se a familiares e amigos e têrn como


qualidades principais: a correcção gramatical e a delicadeza, que a
familiaridade e a intimidade não dispensam, a ordem e a boa
apresentação, isto é, sem rasuras nem emendas, em papel
normalizado, sendo de preferência manuscritas. A frase deve ser
simples, eliminando as dificuldades de construção e indo por partes,
ao fazer corresponder a uma frase poucas ideias.

As segundas são frequentes no mundo dos negócios, onde


constituem o documento escrito mais importante, e dizem respeito à
compra e venda de alguma coisa. São caracterizadas pelo sentimento
útil e, como o comércio e o seu estilo, não só devem permitir uma
comunicação eficaz como deixar uma impressão favorável na pessoa
que as recebe. O seu objectivo principal é obter uma reacção positiva.
Para isso, contribuem qualidades como:
- a Clareza - procurada através de frases curtas, da ordem directa das
palavras na frase, de um vocabulário cuidado, e, ainda, através da
eliminação dos gerúndios, das palavras rebuscadas, dos circunlóquios
e das expressões gastas:

- A Concisão - obtida através da revisão do escrito, da eliminação de


expressões inúteis, ideias repetidas e pormenores sem interesse, indo
directamente ao assunto, mas evitando a escrita telegráfica e a frase
vaga;

- A Precisão - conseguida pelo uso do termo próprio para cada coisa,


tendo o dicionário sempre ao lado, pelo abandono das orações
subordinadas e pela apresentação de explicações;

Estrutura:
1. Cabeçalho (nas comerciais) - contém o nome da empresa, o
endereço, o número de telefone, o de telefax e o de contribuinte.

2. A data - coloca-se ao alto, à direita ou à esquerda nas cartas


82

comerciais e à esquerda nas familiares. Nestas, pode aparecer


também no fim, à esquerda da assinatura, como forma de respeito e
consideração.

3. O Endereço ou direcção - aparece, em geral, no envelope ou


sobrescrito ou, nas comerciais, na folha da carta quando se usa
um envelope com janela. Neste último caso, a sua colocação
varia: lngleses e Americanos escrevem-na à esquerda, os
Franceses, à direita. Entre nós, adoptam-se as duas posições. É
importante que estejam presentes todos os elementos
necessários para a identifiicação do destinatário e da sua
residência.
4. Saudação ou fórmula de tratamento - escreve-se à esquerda,
alinhada com a primeira palavra da carta. A sua escolha deve ser
criteriosa não só porque há normas rigorosas, particularmente nas
cartas comerciais, como porque o nosso interlocutor pode não se
rever na forma de tratamento por nós usada, o que o leva a olhar-
nos de lado. Apresentamos algumas.

Exemplo:
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 83

Sumário

Em síntese:
A carta é, assim, definida tradicionalmente como uma conversa por
escrito, dirigida a uma pessoa ausente. Ela divide-se em privada e
comercial, que, por sua vez, conforme as situações e natureza da
comunicação, subdivide-se cada urn dos grupos numa série de outros
tipos.
Contribuem como qualidades tais como: a Clareza, a Precisão, a
Concisão, entre outras.

Exercícios

1. Distingue claramente e com exemplos os dois tipos de cartas.

2. Indica, nas duas cartas que produziste, as partes que compõem


cada uma delas.
84

Unidade 21. A convocatória

Introdução

Sempre que pretendemos reunir com um público determinado, seja


escolar, comunitário e outro, há sempre uma prévia necessidade de
informar todos os participantes previstos para fazer parte dessa reunião.
Porém, para o efeito, é lhes formulado um documento numa data que
antecede o encontro denominado Convocatória, aliás, o texto de que
falaremos nesta unidade.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

- Conceitualizar o termo convocatória;


- Explicar detalhadamente as técnicas a ter em conta na
Objectivos
elaboração/produção da convocatória;
- Aplicar os elementos que compõem a convocaória no acto da produção
da mesma.

Convocatória

É um documento que chama sócios para reunir, elaborado por quem tem
poderes institucionais para o fazer. Normalmente, é dada a conhecer por
aviso postal para cada participante, com antecedência considerada
necessária – nas associações é de oito dias.

Trata-se de um texto de utilidade pública, feito no contexto da realização


de uma reunião. Estruturalmente comporta três partes essenciais, sendo:

- O cabeçalho (onde se encontra identificada o tipo de


documento, a instituição e a entidade emissora da
convocatória);
- O corpo (onde se encontra inserido o texto principal.
Neste, é devidamente indicado o local, a data, a hora da
reunião, a respectiva ordem de trabalhos; o assunto ou os
assuntos a serem tratados na reunião; o tipo de sessão
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 85

ou reunião – ordinária ou extraordinária; e


- O fecho (a data em que ela é feita, a entidade
responsável pela emissão da convocatória e finalmente a
assinatura desta mesma pessoa).

Técnicas de elaboração

Em princípio, não há uma técnica propriamente dita, mas há, obviamente,


elementos a ter em conta antes da sua elaboração, nomeadamente:

a. deve conter uma agenda (pontos a discutir na reunião


prevista.)
b. a convocatória é endereçada a um público alvo bem
definido, podendo ser: a comunidade escolar (pais e
encarregados de educação, alunos em geral, professores
da escola, funcionários etc.)
c. deve haver a indicação do local e da data

Análise icónica

A leitura icónica é feita incoscientemente, numa primeira fase, visto ser


baseada nos elementos que se nos apresentam diante de nossos olhos.
O olhar é dirigido, mas ver é um acto involuntário. Ao observarmos o
material impresso, notamos os elementos mais salientes, destacáveis.
Apercebemo-nos da extensão do texto. Ora todas estas ilações são
tiradas involuntariamente. Trata-se de operações que acontecem a nível
do nosso cérebro, mas que não dependem dum esforço físico ou psíquico
empreendido por nós. Esta leitura permite identificar o texto, antes da sua
leitura conteudística. Nela, presta-se especial atenção aos aspectos mais
destacados a partir de elementos de realce, tais como a escrita a negrito
(em bold), em itálico e/ou sublinhado. Muitas vezes, o leitor não precisa de
ler o texto para se aperceber com que tipo de texto está a lidar. Os
elementos icongráficos são dispostos de tal ordem que o texto se
identifique por si, captando a atenção do público leitor. Ora, será após a
leitura conteudística do texto que algumas dúvidas serão dissipadas,
86

nomeadamente no que diz respeito ao público visado, assunto, data, hora


e local.

Análise linguística

Trata-se da análise de conteúdo, da linguagem usada na redacção desta


tipologia de textos; as marcas de pessoa gramatical, as formas de
tratamento, de persuação, entre outros.

Sumário

Em síntese:

Convocatória é um documento que chama sócios, com antecedência


necessária, para reunir, elaborado por quem tem poderes institucionais
para o fazer. Todavia, não há uma técnica propriamente dita, mas há
elementos a ter em conta antes da sua elaboração: uma agenda, um
público-alvo bem definido, a indicação do local e da data da realização da
reunião.

Exercícios

1. Em poucas palavras, diferencia a convocatória das outras


tipologias de textos administrativos.

2. Imagina que a direcção da tua escola deseja reunir com todos os


professores, pais e encarregados de educação, produz uma
convocatória com base numa agenda a tua escolha.
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 87

Unidade 22. A Acta

Introdução

Os textos administrativos ou funcionais são textos que se usam dentro


das mesmas instituições ou entre instituições diferentes, daí a designação
de textos institucionais.

Porém, nesta unidade fazemos abordagem da acta, sobretudo a sua


função institucional e técnicas envolvidas na sua elaboração.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

- Distinguir a acta dos outros textos de índole administrativa;


- Fundamentar os elementos que compõem a acta e a respectiva
sequenciação;
Objectivos
- Elaborar uma acta baseada em factos acontecidos e discutidos numa
reunião.

Definição

É a reprodução de factos, decisões e opiniões reportados a assembleias,


reuniões ou conselhos...é o relato oficial de tudo o que se passou durante
a reunião de uma instituição, departamento, secção, conselho ou grupo de
trabalho. Costuma fazer-se a distinção entre projecto de acta e a acta
propriamente dita, coincidindo a passagem do primeiro à segunda com o
momento da sua aprovoção.

Este documento é elaborado pelo secretário da reunião que tem a ingrata,


difícil e a penosa tarefa de, ao longo dela, recolher os apontamentos
indispensáveis à sua elaboração posterior do projecto de acta. Mais tarde,
com a ajuda do presidente, em caso de necessidade, ordená-los-á e
redigirá uma primeira versão. O projecto de acta é escrito no livro de
actas, cujas folhas devem estar rubricadas e numeradas – as folhas, não
as páginas, pois cada folha tem duas páginas – pelo presidente da Mesa
da Assembleia Geral, o mesmo acontecendo com os termos de abertura e
88

de encerramento.

A redacção deve ser simples, concisa e clara; não deve haver


abreviaturas e os números tal como as datas escrevem-se por extenso;
intervalos em branco, interlinhas e rasuras são eliminados. Enquanto o
projecto de acta, ou minuta, não for aprovado em Assembleia Geral, é
pertença de quem o elaborou, que pode fazer as alterações que achar
para a sua compreensão e fidelidade.

Nela são relatadas todas as intervenções dos participantes da reunião. A


sua redacção obedece a uma fórmula fixa de introdução e fecho,
começando-se do seguinte modo: (aos nove dias, do mês de Junho de
dois mil e sete, nas instalações da Faculdade de Educação e
Comunicação, realizou-se uma reunião, que obedeceu à seguinte ordem
de trabalhos/ ou cuja agenda encontra-se em anexo…

Estruturalmente, a acta pode ser dividida em três partes fundamentais,


nomeadamente:

 O cabeçalho, contendo a identificação do documento e o respectivo


número de ordem
 O corpo, comportando os relatos das várias etapas e intervenções
dos participantes
 O Fecho, contendo a fórmula fixa do fecho e as assinaturas do
presidente e do secretário da reunião.

Técnicas de elaboração

Ao longo da elaboração da acta, há formas próprias de introdução das


intervenções/falas dos participantes da reiunião, como os actos de fala
que a seguir alistamos:

- referindo-se à questão do…ele teria dito que…


- usando da palavra, o Sr, Mahulana, afirmou que…disse
que…realçou o facto de que…
- apelou aos presentes para que…
- questionou o facto de…
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 89

- perguntou,
- disse ter ficado impressionado, cheteado, escandalizado
com o facto de…
- João Wanicela disse não concordar com a posição do
seu colega…
- Benilde, chefe da turma, interveio para aclarar algumas
questões que constituíam embaraço…

A acta obedece a uma fúrmula fixa do fecho, que é: (não havendo mais a
tartar, a reunião foi encerrada (dada por terminada), da qual foi lavrada/
(se lavrou) a presente acta, que, depois de lida, será assinada pelo
Presidente (ou…) e por mim que secretariei a reunião.

NB:

 Os espaços em branco, na acta, devem ser trancados de forma a


evitarem-se acréscimos posteriores…
 Em caso de falha ao longo da redacção da acta, esta não deve
ser rasurada nem borrada, devendo-se, nestes casos,
acrescentar-se a palavra digo, logo depois da falha e colocando a
palavra correcta pretendida.

Elementos Discursivos

Uso da voz passiva e das formas do particípio passado (relativamente ao


ponto número três, foi dito que…ficou acordado que…decidiu-se que as
reuniões serão feitas…),

Uso do discurso indirecto (ele disse que…)

Uso do Pretérito perfeito, mas também das formas do imperfeito… (ele


teria dito que…), coube a vez a Fernando Sumabane que interveio para
questionar sobre se não haveria espaço para mais um ponto na agenda.

Sumário

Em síntese:
90

A acta é um meio de informação da “vontade colectiva”; o elemento de


prova e de interpretação dessa vontade; o registo da vida das instituições;
depois de aprovada, é imutável e só a Assembleia pode permitir que ela
seja objecto de avaliação posterior.

Exercícios

1. Da convocatória que elaboraste na unidade anterior, elabora a


respectiva acta que é fruto da reunião realizada.
2. Divide a acta que produziste em partes correspondentes à
estrutura do texto.
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 91

Unidade 23. Texto Expositivo-Explicativo

Introdução

O texto expositivo-explicativo dá a conhecer e/ou esclarece determinadas


situações ou factos. É um tipo de texto cujo objectivo se prende
essencialmente com o conhecimento da realidade, a respeito da qual
oferece um saber.

Nesta unidade apresentamos detalhadamente o texto expositivo-


explicativo, no concernente à conceitualização; característcas estruturais
e discursivas; bem como aos princípios que regulam a construção do
referido texto.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

 Definir o conceito e os objectivos do texto expositivo – explicativo;


 Analisar o material icónico dos textos expositivos-explicativos.
Objectivos

Definição

O texto expositivo/explicativo é um tipo de texto cuja intenção de


comunicação se prende essencialmente com conhecimento da realidade,
a respeito da qual oferece um saber.

A finalidade de acção da linguagem a atingir é a de informar, isto é, de


transmitir conhecimentos ao destinatário relativo a um referente preciso.
Por isso, o texto expositivo/explicativo é um texto conceptual, visa instruir
o estado cognitivo do destinatário.

Características

Quanto à organização textual

A análise de qualquer texto requer o conhecimento das regras do seu


funcionamento, da sua estruturação, isto é, da sua gramática. Da mesma
forma que o campo da linguística desenvolve estudos visando a
consciencialização dos elementos da frase, torna-se imperioso o estudo
dos elementos caracterizadores de cada tipo de texto.

Collier (1986:8) apud Adam resume as fases de construção do


92

texto expositivo/explicativo em três momentos:


1) A fase de questionar
2) A fase de resolução
3) A fase de conclusão
Estes três momentos (introdução, desenvolvimento e conclusão) podem
ou não aparecer explícito na superfície do texto. Todavia, a fase de
questionar não contém necessariamente uma interrogativa directa ou
indirecta; poderá, por exemplo, ser constituída apenas pela explicitação
do tema / assunto da exposição, às vezes, aparece no título do texto.

A ordem de ocorrência destas fases, regra geral, obedece ao seguinte


encadeamento: de questão poder-se-á ir à resolução, ou optar-se pela
antecipação da parte conclusiva.

Exemplo 1:

Introdução – uma reflexão sobre influência da droga no


rendimento escolar da camada juvenil.

Implicitamente temos uma questão:

A droga influencia? Porquê? Como?

Desenvolvimento – Expor-se-ão as principais ideias sobre a


influência da droga no rendimento escolar.

Conclusão – Apresentar-se-ão as principais conclusões sobre o


objecto problematizado.

Exemplo 2:

“A droga provoca um fraco rendimento escolar na camada juvenil,


o que origina o abandono dos estudos”.

Desenvolvimentos – Apresentam-se enunciados que fazem


compreender a observância do baixo rendimento nos consumidores de
estupefacientes.

Quanto ao tipo de enunciados

O texto expositivo/explicativo tem uma própria textura que o


distingue das outras formas de discurso.

Assim, este género textual é composto por três tipos de enunciados:


1. enunciados de exposição, contendo uma sucessão de
informações que visam fazer saber.
2. enunciados de explicação que tem como finalidade fazer
compreender o saber transmitido.
3. enunciados que marcam as articulações do discurso:
anunciar o que vai ser dito; resumir o que se disse; antecipar
o que vai ser dito, através de títulos, subtítulos, numerações,
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 93

etc., focalizar o que é dito através de sublinhados e de


mudanças tipográficas.
Os discursos de manuais (usados nas escolas) têm a ver com saberes

científicos de base de uma disciplina, escritos por autores que não são,

grosso modo, pesquisadores; jogam, sim, um papel de intermediários,

Beacco, 1990. Este facto leva o autor da compilação a usar estratégias

que ajudarão o estudante a compreender o texto.

Características Linguísticas

O texto expositvo/explicativo é um discurso de verdade, a sua


objectividade manifesta-se através de formas linguisticas próprias. Ele é
emitido por um locutor ao qual não são contestados nem o poder nem o
saber. Quando se põe em causa esta autoridade, entra-se no domínio da
polémica, perdendo, assim o estatuto de texto de explicação. É objectivo e
isento de ataques.

A análise deste tipo de discurso mostra a existência de uma diversidade


de modos de comunicação:
 emprego da passiva;
 nominalizações;
 apagamento do sujeito falante;
 emprego de um presente com valor genérico;
 uso de expressões que explicam os conteúdos
veiculados;
 articuladores.
Uma das características do texto expositivo/explicativo consiste na
abstracção do sujeito entanto que membro duma sociedade determinada;
deve neutralizar tudo o que se possa resultar de uma apreciação pessoal,
subjectiva. O discurso expositivo deverá, por isso, fazer desaparecer do
enunciado toda a referência a um caso particular, a um momento
determinado e situar-se no universal. A forma passiva é um mecanismo
para tornar impessoal o discurso científico; ela é usada como uma
estratégia de objectividade, de afastamento do sujeito enunciador do seu
discurso.

Em suma, usam-se procedimentos de invisibilidade, mesmo que em


alguns textos apareça um nós, eu, estarão desprovidos do valor
individualizante. Por se tratar de um discurso monológico, observa-se a
ausência de tu.

As nominalizações, processo que consiste na transformação de um


sintagma verbal, ou adjectival num nome, permite, em certos casos,
condensar o que foi dito, assegurar uma determinada orientação da
94

reflexão.

Exemplo:

“Quando os animais e as plantas morrem, os corpos apodrecem


(SV) e acabam por desaparecer na terra. O apodrecimento (N) é
provocado por organismos (...) ”.

Quanto aos tempos verbais, a forma essencial é o presente com


valor genérico ou estativo que enuncia as propriedades.

Exemplo:

“O gato é um animal vertebrado”.

A informação contida nesta frase constitui uma verdade que


perdura, independentemente da sua enunciação.

O presente genérico não pode ser oposto a um passado ou um


futuro, trata-se de uma forma temporal “zero”, Mainguenean (1991:65).

Um presente com valor deíctico (actual) reenvia ao momento de


exposição.

As expressões explicativas têm um papel importante nos textos


expositivos/explicativos, permitindo ao emissor tornar mais clara a sua
comunicação e orientar a compreensão do receptor.

Definidos como elementos que asseguram as relações entre as


diversas partes do texto, quer a nível intrafrásico, interfrásico, quer entre
parágrafos, no texto expositivo/explicativo, estes elementos com
frequência são de natureza lógica.

Estes conectores podem marcar laços de adição (também,


igualmente) oposições (mas, ao contrário) laços de consecução ou de
causalidade (porque, visto que, dado que)

Sumário

Em síntese:

O objectivo do texto expositivo/explicativo é o de comunicar de forma clara


e pormenorizada, a um leitor determinado, que se supõe detentor de um
saber insatisfatório, o que deve saber de um facto, assunto ou de um
problema.

A definição deste tipo de texto apresenta-se polémica, pois há estudiosos


que usam variada terminologia, fundamentando as suas posições. Assim,
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 95

é frequente encontrar em alguns livros teóricos termos como: texto


explicativo, texto expositivo, texto argumentativo, etc.

Exercícios

1. Qual é o objectivo essencial do texto expositivo-explicativo?


2. Leia atentamente o texto que se segue e responda às questões a
seguir indicadas.
96

Unidade 24. Texto Expositivo-Argumentativo

Introdução

O texto argumentativo é um dos textos pertencentes à tipologia de textos


expositivos, no qual o autor apresenta as suas ideias ou opiniões acerca
do que vê, pensa ou sente, ao contrário do que acontece com o
explicativo – texto que apresenta factos sobre uma realidade.

Nesta unidade pretendemos apresentar a definição do texto


argumentativo; estrutura e vias de argumentação e de explicação, no
quadro do texto expositivo-argumentativo.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

 Caracterizar o texto Expositivo-Argumentativo

 Identificar as estratégias argumentativas


Objectivos  Redigir textos expositivos-Argumentativos.

Conceito da Argumentação

A argumentação visa persuadir o leitor acerca de uma posição. Quanto


mais polémico for o assunto em questão, mais dará margem à abordagem
argumentativa. Pode ocorrer desde o início quando se defende uma tese
ou também apresentar os aspectos favoráveis e desfavoráveis
posicionando-se apenas na conclusão.

Argumentar é um processo que apresenta dois aspectos: o primeiro ligado


à razão, supõe ordenar ideias, justificá-las e relacioná-las; o segundo,
referente à paixão, busca capturar o ouvinte, seduzí-lo e persuadí-lo.

Os argumentos devem promover credibilidade. Com a busca de


argumentos por autoridade e provas concretas, o texto começa a
caminhar para uma direcção coerente, precisa e persuasiva. Somente o
facto pode fortalecer o texto argumentativo. Não podemos confundir facto
e opinião. O facto é único e a opinião é variável. Por isso, quando ocorre
generalização dizemos que houve um “erro de percurso”.
Segundo Rei (1990:88) “Um argumento é um raciocínio destinado a
provar ou refutar uma afirmação destinada a fazer admitir outra.”

Ainda de acordo com o mesmo autor, a teoria da argumentacão estuda as


técnicas discursivas que permitem provocar ou aumentar a adesão dos
espíritos às teses que apresentamos ao seu consentimento. Sem se
afastar da dialéctica, da lógica e da retórica. A argumentacãao investiu no
campo da psicologia, da sociologia e da teoria geral da informação, indo
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 97

nestes campos procurar alguma luz sobre como reage o homem, quando
exposto às mensagens persuasivas, como altera as suas convicções e o
seu comportamento.

Argumentos e Provas

Já definimos o argumento como um raciocínio destinado a provar ou


refutar uma afirmacão ou, ainda, uma afirmacão destinada a fazer admitir
outra. Os argumentos são, portanto, elementos abstractos, cuja
disposição no discurso dependerá da sua força argumentativa,
aparecendo, assim, no texto, numa disposicão crescente, decrescente ou
dispersa.

Ordens das Provas

As provas têm a funcão de sustentar os argumentos e são de três ordens


(Jules Verest, 1939: 468-471):

Naturais - incluem os textos das leis, o testemunho das autoridades, as


afirmacões das testemunhas e os documentos de qualquer espécie;

Verdades e princípios Universais - são reconhecidas, deste modo, por


todos e apresentadas sob a forma de raciocínio reduzido, ou entimema;

O Exemplo – é um caso particular, real ou fitício, que tem uma analogia


verdadeira com o caso que nos ocupa. A intencão é, a partir dele, inculcar
uma verdade geral da qual deduzimos uma proposicão que queremos
estabelecer.

Percurso da Argumentação

Segundo Rei (1990:90), são caminhos do pensamento para "justificar uma


opinião, desenvolver um ponto de vista, reflectir para chegar a uma
decisão" (1. Bellenger, 1988: 16); são processos de organização das
ideias, segundo a natureza dos laços que unem os elementos ou as
etapas do edifício persuasivo: onde operam os argumentos, escolhidos e
dispostos, tendo em vista uma argumentação concreta.

Estrutura do Texto Argumentativo

O texto argumentativo, oral ou escrito, estrutura-se basicamente num


plano tripartido:

1. Exórdio – é a primeira parte de um discurso, preâmbulo, a


introdução do discurso que consiste em:
98

a) Exposição do tema;

b) Exposição das ideias defendidas (pode recorrer-se à explicitação


de determinados termos, à apresentação de esquemas da exposição,
à referência de outras opiniões, etc.

2. Narração /confirmação – é a parte do discurso em que o orador


desenvolve as provas, consiste na utilização de argumentos (citação
de factos, de dados estatísticos, de outros exemplos, de narração de
acontecimentos, etc.).

3. Peroração/epílogo – é a parte final de um discurso, a sua


conclusão, o remate, síntese, recapitulação.

Vias de Argumentacão

1. Via Lógica

Trata-se, neste primeiro percurso, de modelos de raciocínios herdados


das disciplinas ligadas ao pensamento: a indução, a dedução, o raciocínio
causal.

I. A Indução – é a forma habitual de pensar do singular


ao plural, do particular ao geral. Pode tomar duas
formas: totalizante, quando se estabelece a partir do
recenseamento de um todo, adquirindo o estatuto de
prova - como quando, depois da chamada, afirmamos
"os alunos estão todos"; generalizante, quando o
recenseamento completo não é possível e o
raciocínio indutivo nos leva de uma parte ao todo, por
generalização - por exemplo quando se afirma: "Os
portugueses são hospitaleiros". Este é o
procedimento mais usual, mas o menos rigoroso, pois
a generalização implica simplificação, e com ele vem
o engano, o idealismo e a teorização.

II. A Dedução - dois princípios estão na sua base: o da


não contradição - quando duas afirmções se
contradizem uma delas é falsa - e o da progressão
do geral para a particular - através de articulação
lógica expressa por "assim", "portanto" ou "logo".

Por exemplo, o silogismo - constituído por três proposições ou


afirmações - chamadas premissas as duas primeiras
(apelidada uma de "major" e outra de "menor", confome o
termo que contém, e conclusão, a terceira - deve possuir três
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 99

termos e combiná-Ios dois a dois. Veja:

Os Homens são mortais

Sócrates é um homem

Sócrates é mortal.

III. O raciocínio causal - "Asseguremo-nos bem do facto,


antes de nos inquietarmos com a causa" aconselhava
Fontenelle (L. Bellenger, 1988: 27), o papel preponderante do
raciocínio causal, na argumentação, assenta em duas
transposiões constantes: da causa para o efeito e do efeito
para a causa, conduzindo ao pressuposto de que "o
conhecimento das causas permitirá remediar o facto
constatado" (ibid. 27), quer dizer, suprimamos as causas e o
problema estará resolvido, o que leva as pessoas a
preocuparem-se mais com as razões do presente do que com
o modo de melhorar o futuro.

Via Explicativa

A Via Explicativa à semelhaça da anterior procura fazer compreeender e


tornar inteligível a informação da argumentação. L. Bellenger (ibid.: 36-
45), via explicativa usa as definições, as comparações, a analogia, a
descrição e a narração. O explicar pretende convencer com o máximo de
objectividade.

I. A definição - definir e dizer a verdade e responde à


necessidade de compreender. A necessidade de definir
aumenta a credibilidade de quem quer convencer.

II. A comparação - usa-se a comparação para provar a


utilidade, a bondade, a valor de uma coisa, um resultado, uma
opinião. A técnica comparativa é simples, fácil de
compreender, inscrita nos nossos hábitos, levando-nos a usá-
la, activa e passivamente, de forma natural e sem disso nos
darmos conta. A comparação procura fazer passar
identidades entre factos, pessoas ou opiniões diferentes e
transpor valores de sistemas independentes e autónomos:
estas passagens e transposiçães são manipuladoras e
pretendem chocar, colocar problemas de consciência,
questionar os modelos culturais e as normas vigentes.

III. A analogia – “é a imaginação em auxílio da vontade de se


explicar e de convencer.” (L. Belllenger, 1988: 41). Trata-se
de uma semelhança estabelecida pela imaginação entre
pensamentos, factos, pessoas. Simboliza a vontade de bem
se exprimir e bem se fazer entender. Simplifica a caricatura,
prestando-se, assim, a uma fácil fixação e a uma
compreensão imediata, daí o seu uso frequente na
publicidade. Os antigos olhavam-na com alguma reserva,
100

aconselhando, por isso, a introoduzí-Ia com expressões


como: de certo modo, quase como, uma espécie de…

IV. Descrição e narração - para convencer alguém, podemos


descrever ou narrar uma situção ou um acontecimento. São o
ponto de partida da indução socrática: narra uma história,
uma experiência, uma anedota, desencadeia um processo de
inferência que a partir de um facto nos conduz ao princípio ou
à regra. É o peso do concreto, do vivido e do testemunho que
passa através delas. Ambos os processos criam a ausência,
a falta de um complemento, de um remate, de um "E depois?"
- ouvido sempre que alguém, ao narrar algo, aparenta parar
ou desviar-se do enredo.

Sumário

Em síntese:

Argumentar é um processo que apresenta dois aspectos: o primeiro ligado


à razão, supõe ordenar ideias, justificá-las e relacioná-las; o segundo,
referente à paixão, busca capturar o ouvinte, seduzí-lo e persuadí-lo.

Exercícios

1. Qual é o objectivo essencial do texto expositivo-argumentativo?


2. Procura um tópico que apoquenta a tua comunidade e produz um
texto expositivo-argumentativo, em que apresentas argumentos a
favor e contra a(s) tese(s) que apresentas.
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 101

Unidade 25. O Relatório

Introdução

Na sua formação académica, a produção dos relatórios constitui uma fase


importantíssima, pois por meio dela o estudante (aluno) será capaz de
apresentar os dados de uma pesquisa.

Este trabalho permitirá que mais tarde, como profissional, possa ter
adquirido e desenvolvido a prática e o raciocínio crítico necessários à
elaboração de um artigo científico.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:

 Conceitualizar o termo relatório;

 Distinguir relatório com outros textos administrativos ou


funcionais;
Objectivos
 Reconhecer a estrutura básica do relatório;

 Produzir um relatório, com base nas regras fundamentais, coeso


e coerente discursivamente.

Conceito

Um relatório de uma actividade prática é uma exposição escrita de um


determinado trabalho ou experiência laboratorial. Não é apenas uma
descrição do modo de proceder (técnicas, reagentes, material, etc.),

Segundo Rei (1990 : 183)

O relatório trata-se de uma declaração formal dos resultados de uma


investigação feita por alguém, que em relação a ela recebeu instruções de
um outro, sob forma de pedido ou ordem. Exige estudo prévio, e
aprofundado, elevado grau de elaboração, e matéria para apreciação e
decisões posteriores.

Características do relatório

O Relatório apresenta como características:

 Uma linguagem simples, clara, objectiva e precisa;

 A clareza do raciocínio,
102

 Um relatório deverá ser conciso e coerente, incluindo a


informação indispensável à compreensão do trabalho;

 Todas as afirmações devem ser baseadas em provas factuais e


não em opiniões não fundamentadas

 Deve evitar o excesso de conclusões, sendo estas precisas e


sintéticas. As conclusões devem, igualmente, ser coerentes com
a discussão dos resultados.

Estrutura de um relatório

A apresentação de um relatório em várias secções ajuda à sua


organização e escrita por parte dos autores e, de igual modo, permite ao
leitor encontrar mais facilmente a informação que procura.

Título, autor (es) e data (capa)

Identificação do trabalho (título), Identificação dos autores, Data em que o


relatório foi realizado.

Índice:

Introdução

Nesta parte do relatório deve ser introduzido o trabalho a realizar, bem


como as noções teóricas que servem de base ao mesmo. A introdução
deve conter a informação essencial à compreensão do trabalho.

O Projecto do Estudo

Em primeiro lugar, trará ao aluno de executar um dos projectos de


pesquisa apresentando os conhecimentos necessários para a
compreensão dos fenómenos que serão estudados.

Material e Métodos (Revisão teórica)

A revisão bibliográfica é, sem dúvida, um dos pontos vitais de um


trabalho científico, deve trazer informações que possam ser acessadas
pelos leitores, através da citação, das referências bibliográficas.

Discussão dos Resultados

Interpretação dos resultados. A discussão deve comparar os resultados


obtidos face ao objectivo pretendido. Não se deve tirar hipóteses
especulativas que não possam ser fundamentadas nos resultados obtidos.
A discussão constitui uma das partes mais importantes do relatório, uma
vez que é nela (e não na introdução) que os autores evidenciam todos os
conhecimentos adquiridos, através da profundidade com que discutem os
Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa 103

resultados obtidos.

Conclusões

Esta parte do relatório deve sumarizar as principais conclusões obtidas no


decurso do trabalho realizado.

Referências bibliográficas

A bibliografia deve figurar no fim do relatório. Nela devem ser


apresentadas todas as referências mencionadas no texto, que podem ser
livros, artigos científicos, CD-ROMs e websites consultados.

Sumário

Em síntese:

O relatório é uma declaração formal dos resultados de uma investigação


feita por alguém, que em relação a ela recebeu instruções de um outro,
sob forma de pedido ou ordem. Apresenta como características:

 Uma linguagem simples, clara, objectiva e precisa;

 A clareza do raciocínio,

 Ser conciso e coerente;

 As afirmações devem ser factuais e não opiniões sem


fundamentos;

 Evitar o excesso de conclusões.

Exercícios

1. Fala dos diferentes tipos de relatórios e apresenta detalhes de


distinção.
2. Elabora um relatório baseado em factos reais ou num assunto à
tua escolha.

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