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ENCONTRO LATINOAMERICANO DE EDIFICAÇÕES E

COMUNIDADES SUSTENTÁVEIS

CURITIBA - PR | 21 A 24 DE OUTUBRO

ARBORIZAÇÃO DE VIAS, O PATRIMÔNIO VERDE DE MARINGÁ - PR

Andréia Gonçalves1, Karin Schwabe Meneguetti 2


Resumo

A arborização urbana é um elemento de grande importância para a qualidade do espaço urbano. Além de seus
benefícios para melhoria do microclima urbano ela colabora para a formação da memória e do patrimônio cultural da
cidade. O projeto paisagístico, dependendo das espécies vegetais empregadas, pode garantir aos passeios públicos,
formatos, texturas e cores diferenciadas, proporcionando à cidade características espaciais de significativo valor
estético. Sendo assim, este trabalho busca analisar o conjunto arbóreo de acompanhamento viário do plano inicial
da cidade de Maringá-PR, implantado a partir de um plano paisagístico que teve forte apelo estético, o que garantiu
a cidade características espaciais únicas, capazes de a qualificarem e identificarem até os dias atuais como “cidade
verde”. Os resultados apresentados foram alcançados na avaliação de um dos bairros pertencentes ao plano inicial, a
Zona 03. A ação metodológica consistiu na simulação do projeto paisagístico implantado, por meio de mapas e perfis
das vias, e, posteriormente comparação com a paisagem atual, levantada in loco e apresentada por meio de fotografias
e croquis. Esta análise comparativa busca entender como se deu o processo de implantação e evolução dessa paisagem,
qual a situação atual e os principais conflitos existentes. Como resultado tem-se o cenário da arborização viária urbana
do bairro, base para a formulação de diretrizes para sua manutenção e preservação como patrimônio paisagístico e
cultural da cidade de Maringá-PR.

Palavras-chave: Arborização viária, paisagem urbana, patrimônio cultural, projeto paisagístico.

ARBORIZATION OF STREETS, THE GREEN INHERITAGE OF MARINGÁ – PR

Abstract

Urban afforestation is an element of great importance to the quality of urban space. In addition to its benefits for
improving the urban microclimate, it contributes to shape the memory and cultural heritage of the city. Landscape
design, depending on the plant species used, can ensure the promenade, shapes, textures and different colors, giving
the city spatial characteristics of significant aesthetic value. Therefore, this study seeks to analyze the arboreal set
along the streets according to the original plan of the city of Maringá-PR, deployed from a landscape plan that had
strong aesthetic appeal, which guaranteed the city unique spatial characteristics. As a consequence, the city has been
since long identified as “green city”. Results were in the evaluation of one of the districts belonging to the original
plan, the Zone 03. The method consisted in simulating the landscape design implemented by means of maps and
profiles of the streets, and later on by comparison of those maps with the current landscape, depicted by direct
observation and presented by photographs and sketches. This comparative analysis seeks to understand how the
process of implementation and evolution of this landscape occurred, what is the current situation and what are major
conflicts. The result is the scene of urban afforestation in the neighborhood, basis for the formulation of guidelines for
its maintenance and preservation as landscape and cultural heritage of the city of Maringá-PR.

Keywords: Street trees, urban landscape, cultural heritage, landscape design

1
Mestranda do PEU/UEM. E-mail: andreiagoncalves_arq@hotmail.com
2
Professora Doutora do DAU/UEM e Mestrado do PEU/UEM. E-mail: ksmeneguetti@uem.br
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1 INTRODUÇÃO
A presença da arborização no ambiente urbano traz diversos benefícios, tanto nas condições microclimáticas
como na qualidade estética da paisagem urbana.

No entanto, para que as qualidades estéticas e ecológicas decorrentes da presença da arborização urbana
sejam atingidas esta deve ser entendida como um conjunto, pois as qualidades artísticas da arborização
não estão somente nas qualidades individuais de cada espécie, mas sim na integridade do conjunto. Sendo
assim, para entendimento da arborização como patrimônio deve-se compreender que a singularidade deste
bem reside na integridade do conjunto da cobertura vegetal (Meneguetti et al., 2010).

Entende-se que a falta de planejamento para a implantação e manutenção da arborização urbana minimiza
seus benefícios e, em casos extremos, faz com que a população reaja de forma negativa à presença da
vegetação em áreas urbanas.

A cidade de Maringá, base para essa pesquisa, é amplamente conhecida pela sua vasta arborização urbana
e pelo seu traçado viário baseado nos conceitos de cidade jardim. Ruas e avenidas largas e bem arborizadas
são as principais características da paisagem urbana. Porém, esta mesma arborização que confere tantos
elogios à cidade está envelhecendo e foi tomada, ao longo dos anos, por retiradas, plantios e podas
irregulares e o resultado é a perda da unidade no conjunto arbóreo formado pelas vias públicas.

Desta forma, este trabalho tem como objetivo estudar o conjunto arbóreo formado pela vegetação de
acompanhamento viário no bairro Zona 03 da cidade de Maringá. Para tanto, compreender que a arborização
urbana é um patrimônio natural e cultural da cidade torna-se essencial para estabelecer parâmetros
e diretrizes para a sua manutenção e preservação. Sendo assim, o projeto paisagístico de Maringá deve
ser entendido como obra de arte, considerando seus aspectos estéticos e históricos, além dos técnicos e
fitossanitários, já estudados por autores como Milano (1988) e Sampaio (2006).
2 FUNDAMENTAÇÃO
As cidades brasileiras, em sua grande maioria, estão passando por um período de acentuada urbanização,
fato que reflete negativamente na qualidade de vida de seus moradores. Um fator agravante para essa
situação é a falta de planejamento que considere os elementos naturais, o que causa o empobrecimento
da paisagem urbana, monotonia e falta de identidade, dentre outros problemas de caráter ecológico e
microclimático.

Meneghetti (2003, p. 1) diz que “os benefícios ambientais da arborização de ruas e da arborização urbana são
tão mais necessários à saúde ambiental do ecossistema urbano quanto maior o nível urbanização”. Ou seja,
a quantidade de áreas arborizadas nas cidades deve ser proporcional ao tamanho das áreas urbanizadas,
o que nem sempre é realidade. Portanto, preservar as áreas arborizadas torna-se tão importante, tendo
em vista que elas proporcionam à cidade um ambiente mais agradável e trazem consigo uma infinidade de
benefícios.
2.1 Benefícios da arborização
Os benefícios da vegetação no ambiente urbano já foram estudados por muitos pesquisadores, como Mello
Filho (1985), Milano (1987), Leite (1994); Oliveira (1996), Loboda e De Angelis (2005), Sousa (2009). Destes,
podemos destacar:

O benefício químico, pois por meio da absorção do gás carbônico e liberação do oxigênio a arborização
melhora a qualidade do ar.

Benefícios ecológicos, pois as árvores oferecem abrigo e alimento aos animais, protegem e melhoram os
recursos naturais (solo, água, flora e fauna) e, no caso das árvores de acompanhamento viário, têm a função
de atuarem como corredores verdes que interligam as demais estruturas vegetais existentes (parques,
praças, remanescentes de vegetação nativas, áreas rurais). Além de minimizarem os impactos causados
pela urbanização e industrialização.

Benefício físico e microclimático promovido pelas das copas das árvores que oferecem sombra, proteção
térmica e ajudam a atenuar os ruídos.

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Benefícios à saúde pública, sendo a arborização fator determinante da salubridade mental, pois exerce
influência direta sobre o bem estar do ser humano, transmitindo bem estar psicológico. O embelezamento
da cidade produzido pela vegetação gera satisfação, alegria, ânimo, disposição, que por sua vez promove a
qualidade de vida e longevidade da população.

Benefícios econômicos, pois a existência de arborização em um lote ou no entorno dele pode elevar
significamente o valor do imóvel e de toda uma área urbana, além de reduzir gastos com energia.

Benefícios estéticos quando a vegetação promove melhoria da estética urbana, quebra da monotonia da
paisagem através das diferentes formas e texturas decorrentes de suas mudanças estacionais, valorização
visual e ornamental do espaço urbano, caracterização e sinalização de espaços constituindo-se em
um elemento de interação entre as atividades humanas e o meio ambiente. A vegetação urbana é um
elemento de “decoração natural”, uma alternativa para combater a uniformização do espaço urbano, seu
empobrecimento estético e qualitativo. A arborização pode também ser um elemento de grande importância
na composição de espaços externos, pois os maciços arbóreos são instrumentos no desenho da paisagem
que podem favorecer a estruturação de vias e a criação de espaços de identidade e referência, valorizando
áreas degradadas da cidade.

Benefícios de identidade urbana, pois a vegetação urbana pode adquirir valor sentimental, cultural ou
histórico. Sendo assim, as estruturas verdes constituem elementos identificáveis na estrutura urbana que
caracterizam a imagem da cidade e possuem individualidade própria.

As árvores plantadas em frente a comércios e residência propiciam aos moradores contato direto com um
elemento natural, assim como podem ser utilizadas em projetos para revalorizar áreas urbanas deterioradas,
permitindo que os mesmos atendam às novas expectativas socioculturais e funcionais.

No entanto, a implantação das árvores sem prévio planejamento pode causar conflitos com as demais formas
de infraestrutura presentes no ambiente urbano como postes de iluminação, fiação elétrica e sistema de
águas pluviais. Esta situação, aliada ao ambiente urbano hostil, causado pela poluição e diminuição das
áreas permeáveis junto ao tronco das árvores diminuem a chance de sobrevivência e a expectativa de vida
das mesmas nas cidades. O reflexo disso é a diminuição da qualidade estética da paisagem e a perda de
identidade dos espaços urbanos.
2.2 Patrimônio Cultural
De acordo com a definição do Dicionário Houaiss de língua portuguesa:

“patrimônio é um bem ou conjunto de bens naturais ou culturais, de importância reconhecida, num


determinado lugar, região, país ou mesma para a humanidade, que passa por um processo de tombamento,
para que seja protegido e preservado” (HOUAISS, 2011).

O conceito de patrimônio cultural e natural tem o intuito de preservar os ambientes para as gerações futuras.
O conceito eleva conjuntos urbanos de valor cultural, paisagístico e ecológico, assim como os costumes e
práticas de vida da população a condição de patrimônio cultural, digna de ser preservada. De acordo com o
IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional):

“O patrimônio cultural não se restringe apenas a imóveis oficiais isolados, igrejas ou palácios, mas na sua
concepção contemporânea se estende a imóveis particulares, trechos urbanos e até ambientes naturais de
importância paisagística, passando por imagens, mobiliário, utensílios e outros bens móveis” (IPHAN, 2013,
grifo nosso).

Já o termo patrimônio natural é definido pela Secretaria de Estado da Cultura do Paraná como:

“O patrimônio natural compreende áreas de importância preservacionista e histórica, beleza cênica, enfim,
áreas que transmitem à população a importância do ambiente natural [...]” (PARANÁ, 2013).

Benevolo (1923, p. 141) discorre sobre o patrimônio a ser preservado afirmando que este “não constitui um
elenco de artefatos homogêneos e independentes entre si”, mas ao contrário é “um conjunto de artefatos
heterogêneos e ligados entre si, que no seu conjunto formam o ambiente vital”. Assim, o patrimônio a ser
preservado deve ser selecionado com base “num grau de significação e de coerência abrangentes” para que

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permitam a reconstrução de vínculos perdidos ou ameaçados.

Machinski (2010, p. 121) destaca o termo patrimônio ambiental urbano, que segundo ele “pode ser
considerado a materialização das relações sociais que interagem no espaço da cidade, funcionando como
elemento de identidade”.

“o patrimônio ambiental urbano como um sistema constituído por edifícios, equipamentos públicos,
elementos naturais e paisagísticos, aos quais foram atribuídos valores capazes de conferir significado e
identidade a determinado recorte territorial” (GERALDES, 2006, p. 12).

Os elementos naturais de uma região (recursos hídricos, fauna e flora) são também patrimônio natural e
paisagístico daquela região, sendo elementos de grande importância na formação da identidade de um
ambiente. Além de criarem relações representativas para a conformação de um hábitat urbano benéfico,
criam relações subjetivas, de caráter histórico, dinâmico e estético da paisagem (PIPPI, 2008).

Os espaços verdes promovem ainda a proteção do patrimônio construído e constituem-se também como
elementos patrimoniais, podendo promover maior qualidade estética e diversidade na paisagem urbana,
equilibrando os volumes construídos (ALVES, 2010).

Neste contexto, Rugani (2002) destaca que o grande desafio das administrações públicas preocupadas com
o desenvolvimento sustentável é conciliar a preservação de seu patrimônio, seja ele cultural histórico ou
ambiental com o processo de renovação dos espaços. Como exemplos de preservação do patrimônio, por
meio da preservação de paisagens urbanas de significativo valor cultural, podemos destacar o tombamento
do Jardim da Saúde devido aos valores urbanísticos, históricos, ambientais e paisagísticos de elementos
construtivos da paisagem urbana. Dentre os elementos valorados para o tombamento está o traçado
urbano, pelas suas dimensões e adequação geométrica; a vegetação das áreas ajardinadas públicas e
privadas, principalmente as de porte arbóreo e as áreas permeáveis presentes nos lotes e nos logradouros
públicos. As diretrizes para preservação dos elementos tombados preveem, no caso da arborização, que
toda árvore retirada no fim de seu ciclo vital, deve ser substituída por um exemplar de mesma espécie
(SÃO PAULO, 2002). O mesmo processo de tombamento ocorreu nos Jardins América, Europa, Paulista e
Paulistano, também na cidade de São Paulo. Neste caso, os elementos destacados para tombo foram o
atual traçado urbano representado pelos logradouros, a vegetação, especialmente a arbórea, que passa
a ser considerada como bem aderente, e as atuais linhas demarcatórias dos lotes, também históricas,
sendo o baixo adensamento populacional delas decorrente tão importante quanto o traçado urbano
(SÃO PAULO, 2004). Outro exemplo, onde a paisagem urbana adquiriu condição de patrimônio cultural e
ambiental, passando a ser tombada, vemos na cidade de Curitiba, com o tombamento do cenário da Rua
XV de Novembro. O trecho tombado corresponde às quadras mais antigas, onde ainda se veem sequências
de exemplares da arquitetura eclética do final do século XIX. A principal via comercial da cidade, passou
no início dos anos 1970, por uma modificação na sua paisagem com a interdição do tráfego de veículos e
substituição do asfalto pelo mosaico e a introdução de mobiliário urbano, transformando-a em uma via
exclusiva para pedestres, até então novidade no Brasil (PARANÁ, 1974).

Diante desses exemplos, podemos destacar que o patrimônio cultural representa a identidade das cidades e
de sua população, sua história, seus costumes e tradições. Assim, importantes são as discussões acerca dos
bens culturais da cidade, entre eles a arborização urbana, a fim da manutenção de sua memória.
2.3 Maringá: Traçado urbano e arborização
A cidade de Maringá nasceu de um empreendimento comercial que teve características únicas. O projeto da
cidade de Maringá foi encomendado ao engenheiro Jorge de Macedo Vieira pela Companhia Melhoramentos
Norte do Paraná (CMNP), responsável pela colonização da região a partir de 1939. No desenho da cidade, o
engenheiro se utilizou de soluções do tipo garden city, influenciado por seu convívio profissional com Barry
Parker durante o desenvolvimento dos bairros-jardins da Cia. City em São Paulo. Assim sendo, a paisagem
construída através do projeto de Vieira respeitou todas as particularidades e potencialidades que o cenário
natural lhe oferecia (REGO, 2001).

Os conceitos de cidade-jardim de Ebenezer Howard podem ser vistos no projeto de Jorge de Macedo Viera
para Maringá, na organicidade do traçado e adequação do espaço urbano à paisagem local, assim como a
presença de parques e amplos espaços públicos. Pode-se observar o sistema viário de pouca declividade e

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de vias amplas, que foram conferidas posteriormente por vasta arborização. A presença de ruas largas e de
um jardim urbano enfatizava o caráter de cidade idealizada.

A arborização urbana da cidade de Maringá foi uma preocupação posterior ao projeto da cidade, mas de
acordo com Meneguetti (2009) encontrou condições ideais para implantação das espécies na largura das
vias, calçadas e canteiros centrais.

A empresa loteadora, ciente das condições adversas do clima local, uma vez livre de sua cobertura vegetal,
adotou a farta arborização das vias como diferencial de conforto urbano e imagem da cidade (MENEGUETTI
et al., 2009), já que, o sucesso do empreendimento comercial da Companhia dependia de uma imagem
sedutora e a vegetação nativa e exótica satisfez aquela condição (REGO, 2001). A arborização urbana e
o ajardinamento da cidade poderiam refletir a efetiva ocupação de uma área recentemente desbravada,
certificariam o “controle sobre o ambiente hostil e o zelo pela obra urbana em andamento”. Ainda nos dias
atuais, na área pertencente ao projeto original, é possível ver que cada rua ou avenida pode ser identificada
por sua espécie arbórea. Com o passar do tempo, a vegetação criou túneis verdes sobre a via pública e
melhorou as condições do clima urbano (MENEGUETTI et al., 2010).

Para a implantação do plano de arborização da cidade a Companhia contratou o engenheiro florestal Luiz
Teixeira Mendes e criou o Horto Florestal em uma área de 37 hectares de mata nativa. O engenheiro era um
especialista de grande conceito em São Paulo, formado em Piracicaba, foi professor de botânica e silvicultura,
áreas em que era especialista. Luiz Teixeira Mendes criou um plano completo de arborização para Maringá,
sendo nomeado seu assistente Anníbal Bianchini da Rocha, engenheiro agrônomo. Ambos viajaram pela
região e até mesmo para outros Estados em busca de mudas e sementes destinadas à multiplicação.

Segundo Rego (2001), a paisagem urbana ganhou “variedade e encanto”, conforme recomendava Unwin
(1984), com a arborização das vias. As ruas eram hierarquicamente classificadas e diferenciadas pela largura,
pela presença do canteiro central com uma terceira fileira de árvores nas vias principais, em contraponto às
vias menos importantes, que receberam arborização apenas nas calçadas laterais. O emprego de diferentes
espécies, uma para cada via, conferiu individualidade a cada uma, opondo-se a ideia de uniformização da
cidade (REGO, 2001; MENEGUETTI, 2003; MENEGUETTI et al., 2010).

De acordo com Lynch (1999, p.106) “as vias principais devem ter alguma característica que as diferencie dos
canais circundantes”. No caso de Maringá, podemos perceber essa diferenciação por meio da arborização,
onde cada espécie foi escolhida de acordo com a via, com o intuito de proporcionar a estas uma identidade
própria.

A arborização de acompanhamento viário implantada na cidade priorizava por espécies de grande porte e
rápido crescimento visando amenizar o clima quente e dar continuidade à vegetação existente no entorno
da cidade. Essa diversidade de espécies garantiu florações subsequentes em diferentes partes da cidade
durante a maior parte do ano, fato que reforça o princípio estético do projeto e promove a qualidade de
vida na área urbana. Em um passeio pela cidade é possível identificar algumas avenidas pela sua arborização
característica (REGO, 2001).

As qualidades artísticas da arborização urbana de Maringá não estão somente nas qualidades individuais
de cada espécie, mas sim na integridade do conjunto. Sendo assim, para entendimento da arborização
como patrimônio deve-se compreender que a singularidade deste bem reside na integridade do conjunto
da cobertura vegetal (MENEGUETTI et al., 2010). Pois de acordo com Lynch (1999) é a continuidade, dada
pela repetição de intervalos rítmicos, pela similaridade, analogia e harmonia que facilitam a percepção da
paisagem e atribuem à mesma uma identidade única.

Ainda, de acordo com Meneguetti et al. (2010, p. 1), a arborização de Maringá acabou conferindo à cidade
características espaciais únicas, que a qualificam e identificam. O conjunto urbano formado pelo projeto
de arborização e traçado da cidade configurou uma paisagem cultural de significativo valor estético, um
ambiente com qualidades estéticas, históricas e culturais relevantes. Os autores ressaltam que “compreender
que a arborização urbana e o traçado da cidade são partes indissociáveis de sua paisagem cultural, torna-se
essencial para estabelecer parâmetros e diretrizes para a sua preservação”.

Segundo Meneguetti (2001), a população se identifica com o verde urbano, tanto quanto a um objeto de
arquitetura ou a uma tradição cultural. Atualmente, a arborização urbana configura-se como um dos bens

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mais significativos da memória e da identidade dos maringaenses. Esse reconhecimento é fundamental para
a sua preservação (MENEGUETTI et al., 2010).

Diante deste cenário, onde a arborização urbana ganhou significativo valor afetivo com a população
maringaense, que se fazem necessários estudos que discutam o futuro do conjunto arbóreo implantado na
cidade.
3 MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo adota a dimensão urbana como dimensão espacial de análise, detendo-se no plano inicial da
cidade de Maringá-PR como recorte metodológico. Vale ressaltar que a arborização deste recorte é a mais
antiga no contexto da cidade. Esta área foi escolhida para o estudo por tratar-se do plano inicial da cidade
onde foram aplicados conceitos urbanísticos de cidade jardim, o que proporciona condições adequadas
à implantação da arborização, como a presença de canteiros centrais nas principais avenidas e passeios
amplos.
Para operacionalizar o mapeamento e coleta dos dados, a área de estudo foi dividida em dez unidades de
paisagem, de acordo com suas características espaciais e paisagísticas. Neste artigo serão apresentados os
resultados obtidos para Unidade de Paisagem Zona 03.

O método utilizado para o desenvolvimento desta pesquisa consistiu em quatro etapas:

1. Simulação do projeto paisagístico implantado pela CMNP na formação da cidade, por meio de mapeamento
e geração de perfis das vias com a arborização predominante nas mesmas. Esta simulação tem como
limitante a presença de exemplares remanescentes do projeto inicial nas vias, pois utilizará o inventário
qualiquantitativo realizado por Sampaio (2006) em sua dissertação de mestrado em Geografia. A partir do
inventário serão identificadas as espécies arbóreas predominantes em cada via urbana da área constante do
plano inicial da cidade, área de estudo desta pesquisa e também da pesquisa de Sampaio (2006).

2. Comparação do projeto inicial com a situação atual da arborização

Será realizada através de levantamento iconográfico em todas as vias da área de estudo com o objetivo de
identificar a condição atual dos conjuntos implantados no projeto paisagístico da cidade. As imagens serão
complementadas por anotações e croquis, quando necessário, visando apreender informações relevantes ao
objetivo da pesquisa como a largura das vias, canteiros e passeios, áreas permeáveis, recuo das edificações
e aspectos referentes à arquitetura das árvores (formato, tamanho, cores, texturas). Ressalte-se que a
análise será feita em questões formais e de integridade dos conjuntos, visto que as condições fitossanitárias
e individuais já foram levantadas e não são objetivo deste trabalho.

3. Análise dos conflitos e das potencialidades

Por meio da comparação entre a simulação do projeto paisagístico e as imagens que demonstram a
situação atual da arborização pretende-se identificar quais os principais fatores que influenciaram o
desenvolvimento e as condições atuais da arborização. Identificando supostos conflitos entre a arborização
e demais infraestruturas urbanas, como rede elétrica, rede de água e esgoto sanitário, calçamento e
edificações. Assim como a relação de conexão entre os corredores verdes formados pela arborização de
vias e as demais áreas verdes da cidade, importante para a manutenção da estrutura ecológica da cidade.
Está análise comparativa visa apontar os principais problemas e as potencialidades do verde viário, para
posterior proposição de diretrizes.

4. Proposição de diretrizes para manutenção, replantio e preservação da arborização viária de Maringá.

Para proposição de diretrizes para a arborização viária, consideram-se os resultados levantados no decorrer da
aplicação da metodologia, destacando também os aspectos estéticos e subjetivos, referentes principalmente
a relação de afetividade existente entre a população da cidade e seu verde de acompanhamento viário, já
destacado por outros trabalhos como potencial paisagístico e turístico da cidade.
3.1 Estudo de caso: Unidade de Paisagem Zona 03
De acordo com inventário realizado por Sampaio (2006) as espécies predominantes na Unidade de

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Paisagem Zona 03 foram: Ipê Roxo (Tabebuia avellanedae) no canteiro central das avenidas Brasil, Paissandu
e Riachuelo e nas praças do bairro; Ipê Amarelo (Tabebuia chrysotricha) no canteiro central da avenida
Paissandu; Flamboyant (Delonix regia) no canteiro central da avenida Laguna e Mauá; Tipuana (Tipuana
tipu) em um trecho do canteiro central da avenida Mauá, nos passeios das avenidas Laguna e Riachuelo e em
parte dos passeios das avenidas Brasil e Paissandu; Palmeira Imperial (Roystonea spp) em parte do canteiro
central da avenida Laguna; Sibipiruna (Caesalpinia peltophoroides) em parte dos passeios das avenidas
Brasil e Paissandu e em quase que a totalidade dos passeios das vias locais do bairro, sendo predominante
o uso desta espécie; Ligustro (Ligustrum lucidum) em apenas uma das vias locais do bairro (ver Figura 1).

Ao comparamos o projeto paisagístico implantado no bairro Zona 03 com a situação atual da arborização
percebemos alguns conflitos entre a vegetação e as demais infraestruturas urbanas, edificações e passeios.

No levantamento realizado nesta unidade de paisagem observou-se que nas avenidas a arborização encontra-
se consolidada, com exemplares arbóreos em sua idade adulta, isto resulta em uma paisagem formada por
árvores frondosas que formam verdadeiros túneis verdes sobre as vias (Figura 2), além do sombreamento,
que sem dúvida é uma característica que influi diretamente no conforto dos transeuntes, deve-se destacar a
importância destas árvores para a criação de um cenário único, que caracteriza e identifica as vias, o bairro
e a cidade. Essa vegetação já faz parte do cotidiano do maringaense, intensamente relacionada com a sua
percepção de identidade com o espaço em que habita e circula.

Nestas vias, percebe-se poucas retiradas de árvores, quando isto ocorre, normalmente se faz frente a
fachadas de edificações comerciais, ou seja, uma hipótese é que a árvore tenha sido retirada para deixar a
mostra a fachada comercial. Nota-se também que em poucos casos houve a implantação de uma espécie
diferente das já existentes. De uma maneira geral, a arborização nestas vias tem se preservado do modo
como foram idealizadas no projeto paisagístico da cidade.

Com relação à interferência com a fiação elétrica, como na cidade foi adotado pela companhia de energia
elétrica (COPEL) o sistema de fiação compacto, a arborização resistiu às podas, mantendo sua estabilidade.
Percebe-se também que em algumas situações a pavimentação dos passeios não contempla a área
permeável suficiente ao redor do tronco das árvores, fato que se adequado poderia colaborar com a saúde
e longevidade da vegetação.

No restante desta Unidade de Paisagem, nas vias residenciais, a situação é bastante preocupante, ao
contrário das avenidas, onde a arborização se mantém bastante consolidada, nas vias locais o conjunto
arbóreo encontra-se comprometido.

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Figura 1 – Simulação do projeto paisagístico: Unidade de Paisagem Zona 03

Figura 2 – Arborização formando túneis sobre a via Figura 3 – Clareira formada pela retirada das árvores
em uma via residencial

O bairro pode ser subdividido em setores onde a arborização se mantém de forma consolidada e onde já
foram realizadas diversas retiradas e inserções de novas espécies. É situação comum, em meio a um trecho
bem consolidado, observarmos a ausência de um exemplar ou a inserção de outros de espécie diferente,
porém o fato mais comum é deparar-se com clareiras, onde vários espécimes foram retirados, ou onde uma
sequência de novas espécies foi inserida (Figura 3).

Essas lacunas na arborização prejudicam a integridade do conjunto arbóreo, pois a arborização deve ser
entendida como um conjunto e não como elementos isolados. Entende-se que as qualidades artísticas da
arborização urbana não estão somente nas qualidades individuais de cada exemplar, mas sim na integridade
do conjunto arbóreo. Da mesma forma, as inserções de novas espécies sem prévio planejamento são
prejudiciais ao entendimento do conjunto. Segundo Brandi (1988) é justamente essa inserção de elementos

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distintos dos existentes o fato mais grave, pois segundo o autor estes elementos passam a atuar como um
elemento estranho no conjunto da paisagem.

No entanto, na Unidade de paisagem Zona 03 não se percebe uma relação direta entre a retirada de árvores
e conflitos com a rede elétrica, por exemplo, pois as retiradas ocorrem em ambos os lados da via. Este fato
compromete a integridade do conjunto arbóreo implantado pelo projeto paisagístico e nos faz refletir sobre
qual a melhor maneira de lidar com as situações de manejo e implantação necessários, tendo em vista que
a arborização do bairro está envelhecendo e necessita de ações de manejo. O que se busca discutir nesta
pesquisa é como fazer este manejo e substituição de árvores sem perder a qualidade e a identidade que o
conjunto arbóreo proporcionou a paisagem do bairro e da cidade.
4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Por meio do levantamento do conjunto arbóreo da Unidade de paisagem Zona 03 e o comparativo com o
plano paisagístico implantado percebeu-se que estão ocorrendo retiradas de árvores e inserções de novas
espécies sem um critério ou plano de manejo. Como defende Brandi (1988), essas inserções tornam-se um
corpo estranho dentro do conjunto, não somando a ele, mas sim se contrapondo.

Entende-se que critérios e diretrizes necessitam ser adotados para que a necessidade de manejo seja
suprida e as novas espécies implantadas possam se somar ao conjunto existente. Entende-se também que
algumas situações de incompatibilidade entre a arborização e as demais infraestruturas, principalmente
a fiação elétrica e o calçamento dos passeios públicos, devem ser repensadas, da mesma forma que a
presença de um grande número de exemplares arbóreos da mesma espécie, como a Sibipiruna (Caesalpinia
peltophoroides), fato destacado nos estudos de Milano (1988) e Sampaio (2006). Mas é importante que as
espécies escolhidas para substituição, além de atender de forma mais adequada a questões de conflitos com
demais infraestruturas, tem que responder ao caráter estético, tão destacado pelas espécies implantadas
pelo projeto paisagístico de Luiz Teixeira Mendes.

Desta forma, a próxima etapa da pesquisa trata da proposição de um projeto modelo de manutenção e
reposição de espécies no conjunto arbóreo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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