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LIC′12 – LUSÓFONA INTERNATIONAL CONGRESS

A Influência do Sono na Qualidade de Vida:


Uma Amostra de Estudantes do Ensino Superior de Leiria
Estudantes do Ensino Superior de Leiria

Tânia Caetano
ISLA, Leiria, Portugal
taniasdcaetano@gmail.com

João Thomaz
ISLA, Leiria, Portugal
Centro de Estudos de Gestão do Instituto Superior Técnico (CEG-IST), Lisboa, Portugal
joaothomaz@netcabo.pt

Resumo
O sono, função biológica essencial, apresenta-se como um fator importante para a
qualidade de vida de cada ser humano. Neste estudo pretende-se perceber se os hábitos e
perturbações do sono influenciam a qualidade de vida dos estudantes do ensino superior em
Leiria.
O instrumento de recolha de dados utilizado foi o inquérito por questionário online. A
amostra de 282 estudantes do ensino superior em Leiria tem idades compreendidas entre os
18 e os 54 anos.
Os resultados do estudo permitem concluir que os estudantes encontram-se satisfeitos com
a sua qualidade de vida e apresentam efetivamente poucos problemas de sono.
Palavras-chave: Sono, Hábitos de Sono, Perturbações do Sono, Estudantes do ensino superior.

Abstract
The sleep, essential biological function, presents itself as an important factor regarding the
quality of life of each human being. The purpose of this study is to understand if the sleep
habits and sleep disturbances influence the quality of life of Leiria’s higher education
students.
The tool used to gather data was an online questionnaire. The sample of 282 respondents is
characterized by Leiria’s college students featuring the ages between 18 and 54.
We concluded that students are satisfied with their quality of life and show effectively few
sleeping problems.
Keywords: Sleep, Sleep habits, Sleep disorders, Higher education students.

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1. Introdução

Os hábitos e perturbações do sono são um campo de investigação ainda pouco explorado no que
diz respeito a estudantes do ensino superior, nomeadamente no nosso país, e reflete uma área de
investigação atual e de interesse real.
Este estudo tem como objetivo compreender a relação entre a qualidade de vida e os hábitos e
perturbações do sono nos estudantes do ensino superior de Leiria que frequentam o Instituto
Superior de Línguas e Administração de Leiria (ISLA-Leiria), a Escola Superior de Educação e
Ciências Sociais de Leiria (ESECS), a Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) e a
Escola Superior de Saúde de Leiria (ESSLEI). Foram definidos como objetivos específicos
deste estudo: (1) conhecer os hábitos de sono dos estudantes universitários de Leiria, durante os
dias úteis, aos fins de semana e nas épocas de avaliações; (2) perceber se os estudantes
universitários de Leiria apresentam perturbações do sono; (3) analisar se a qualidade de vida dos
estudantes universitários de Leiria é influenciada, negativa ou positivamente, pela existência de
perturbações do sono.
Este estudo pretende, assim, responder à seguinte questão: Em que medida os hábitos e
perturbações do sono influenciam a qualidade de vida dos estudantes que frequentam o ensino
superior na cidade de Leiria?
Na sequência dos objetivos e questão a responder foram formuladas as seguintes hipóteses: a
qualidade de vida é influenciada negativamente pela existência de perturbações do sono; a
qualidade de vida é influenciada negativamente pelas alterações nos hábitos de sono; se a maior
parte dos estudantes do ensino superior percecionam a sua qualidade de vida como positiva,
então significa que um elevado número de estudantes não apresenta perturbações do sono; e, se
grande parte dos estudantes percecionam a qualidade do seu sono como satisfatória, então existe
um elevado número de estudantes que se encontram satisfeitos com a sua qualidade de vida.
Relativamente aos resultados espera-se obter dados que permitam demonstrar que a qualidade
de vida é de facto influenciada pelos hábitos e perturbações do sono, o que, por sua vez, aponta
para que melhores hábitos e menos perturbações do sono conduzem a uma melhor qualidade de
vida dos estudantes do ensino superior de Leiria que frequentam o ISLA-Leiria, a ESECS, a
ESTG e a ESSLEI.

2. Sono

O sono apresenta-se como um conceito de difícil definição e, ao mesmo tempo, subjetivo. No


entanto, existem diversos autores que o tentam definir como forma de estabelecer um consenso
nos estudos efetuados. Deste modo, “um sono normal será aquele que proporciona a (…)
sensação de bem-estar ou descanso físico e mental, de noite ‘bem dormida’, com recuperação de
energias” (Rente & Pimentel, 2004, p. 1). Segundo Chauchard (1971) o sono caracteriza-se por
uma pausa relativa à consciência, pela ausência das atividades voluntárias e uma relaxação
muscular global ao nível do organismo. Ainda de acordo com Luro (2011) o sono é visto como
uma necessidade básica fisiológica do ser humano, relacionada com o funcionamento do
cérebro. Com efeito, a vigília é entendida como um conjunto de estruturas fisiológicas que
contrastam com o sono.
Em concordância com o referido, o sono apresenta-se ainda como sendo a ocupação humana
com maior duração e ao mesmo tempo uma das mais disseminadas. Neste sentido, pode afirmar-
se que um terço do tempo da vida do ser humano é despendido no sono. Na mesma linha, o sono
normal é caracterizado como sendo uma dissolução relativa a períodos e à fisiologia do
indivíduo, necessária na comunicação deste com o ambiente (Habib, 2000). É importante que

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cada pessoa encontre o seu próprio ritmo de sono para obtenção da sensação de sono tranquilo
e, ao mesmo tempo, uma satisfação matinal quando acorda (Rente & Pimentel, 2004).
O sono pode ainda ser definido, ao nível comportamental, por quatro critérios principais:
redução da atividade motora, posturas fixas, diminuição das respostas a estímulos e
características de reversibilidade (Rechtschaffen & Siegel, 2000).
De acordo com Habib (2000) podem-se distinguir dois estados de vigília: a difusa e a ativa ou
atenta. O primeiro refere-se ao estado de relaxamento mental em que o sujeito não pretende
efetuar a comunicação com o ambiente e, o segundo, ao período em que o indivíduo se encontra
vigilante.
Em relação às variações do sono de acordo com a idade é importante referir que a organização
do sono de um recém-nascido difere da de um adulto, bem como as variações de horas que cada
um dorme (Habib, 2000). Relativamente ao número de horas de sono de um adulto, podem-se
distinguir dois tipos de indivíduos: os short-sleepers que dormem, em média, quatro a cinco
horas; e os long-sleepers que dormem, no mínimo, nove horas para sentirem bem-estar no outro
dia. A hereditariedade aparece aqui como um dos fatores que poderá explicar a necessidade que
um indivíduo apresenta de dormir mais ou menos horas. Do mesmo modo, as diferentes
estações do ano também provocam nos indivíduos várias modificações ao nível da temperatura
corporal que faz com que estes durmam um diferente número de horas dependendo da época do
ano (Rente & Pimentel, 2004).
Os estudos sobre o sono normal baseiam-se sempre nos jovens adultos saudáveis e, desta forma,
os principais tipos de sono estão classificados de acordo com a quantidade de horas dormidas
(sono curto, médio ou longo) e a sua qualidade (pobre ou boa) (Gomes, 2005).
A estrutura do sono vai-se modificando ao longo do tempo, desde o nascimento até à velhice
(ver Figura 1), produzindo um efeito direto no número de horas de sono face à fase etária em
que se encontra.
O sono que sucede de noite tende a ocorrer de modo sequencial, isto é, apresenta uma sequência
de fases que podem ser reconhecidas por registos de determinadas variáveis ao nível fisiológico.
Desta forma, distinguem-se dois estados de sono diferentes: o lento e o paradoxal. O sono lento
(NREM) é tranquilo (Paiva & Penzel, 2011) e caracteriza-se pela presença de ondas
sincronizadas (Rechtschaffen & Bergmann, 2002, citado por Giglio, 2008). O sono paradoxal
(REM) caracteriza-se pela existência de movimentos rápidos dos olhos (Paiva & Penzel, 2011),
assim como, pela predominância de dessincronização e presença de ondas de baixa amplitude e
alta frequência (Rechtschaffen & Bergmann, 2002, citado por Giglio, 2008).
A Figura 1 resume os estados de sono, relacionando a vigília, o estado NREM e o estado REM,
com as diferentes idades que um indivíduo atravessa.

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Figura 1 – Padrões de sono para as diversas faixas etárias. Adaptada de J. Kalat, 2009, Biological psychology (11th
ed.), p. 291. Copyright 2009 de Cengage Learning.

3. Hábitos de sono

De acordo com Geib e Nunes (2006, p. 415) os hábitos de sono integram “comportamentos
culturalmente aprendidos e sistematicamente adotados pelo indivíduo ou seu cuidador com o
propósito de favorecer o início ou a manutenção do sono em associação ou não com o
atendimento de outras necessidades humanas básicas”. Do mesmo modo, os hábitos de sono
relacionam-se com os horários de deitar e de acordar, com o facto de se acordar durante o sono
e ainda com a presença de perturbações do sono (Chellappa & Araújo, 2007).
No Children Sleep Habits Questionarie (CSHQ) focam-se diversos aspetos relacionados com os
hábitos de sono, entre os quais, a resistência e a ansiedade no ato de deitar, a latência do sono,
os despertares noturnos, as parassónias, a duração do sono, entre outros. Embora o presente
estudo apresente uma amostra de outra faixa etária, este questionário é importante, pois aborda
os fatores mais relevantes deste tema e já indicados anteriormente (Paiva & Penzel, 2011).
No presente estudo os hábitos de sono são, assim, definidos como comportamentos que são
aprendidos e repetidos e que se encontram essencialmente associados aos comportamentos
apresentados na hora de deitar e de acordar, à duração do sono e ao consumo de medicamentos
para dormir (Geib & Nunes, 2006; Sweileh, Ali, Abu-Taha, Zyoud, & Al-Jabi, 2011).

4. Perturbações do sono

De acordo com Cardoso, Bueno, Mata, Alves, Jochims, Filho e Hanna (2009, p. 350) “as
perturbações do sono podem acarretar alterações significativas no funcionamento físico,
ocupacional, cognitivo e social do indivíduo, além de comprometer substancialmente a
qualidade de vida”.
A American Sleep Association (2007) refere que as perturbações do sono podem subdividir-se
em quatro grupos fundamentais: as dissónias; as parassónias; as perturbações do sono ligadas às
alterações médicas e psiquiátricas e; outras perturbações do sono (não relevantes no estudo em
causa), pelo que assumem-se, neste estudo, somente os três primeiros tipos de perturbações do
sono. Na mesma linha, estas perturbações entendem-se como transtornos que podem provocar
modificações no funcionamento de vários domínios, entre os quais, o físico, o cognitivo e o
social que afetam a qualidade de vida do indivíduo (Rios, Peixoto, & Senra, 2008).

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4.1. Dissónias

As dissónias ou transtornos primários estão relacionados com o período de iniciação ou gestão


do sono ou ainda com a sonolência excessiva. Deste modo, as dissónias dizem respeito ao maior
conjunto de perturbações do sono e podem dividir-se em: perturbações intrínsecas, extrínsecas e
relacionadas com o ritmo circadiano (Müller & Guimarães, 2007). Das dissónias fazem parte as
insónias, hipersónias, narcolepsia, perturbações do sono relacionadas com a respiração,
perturbações do ritmo circadiano e outras dissónias não especificadas (Caballo, Navarro, &
Sierra, 2002, citado por Rios, Peixoto, & Senra, 2008).

4.2. Parassónias

As parassónias são, no essencial, modificações ao nível do comportamento e ao nível fisiológico


que acontecem nos diversos períodos do sono, sendo mudanças comuns em crianças. Da mesma
forma, geralmente não apresentam um caráter grave e correspondem ao segundo grupo de maior
incidência nas perturbações do sono, das quais se destacam: o sonambulismo, os terrores
noturnos, a paralisia do sono, o bruxismo, a síndrome da morte súbita noturna e outras
parassónias não especificadas. As parassónias podem ainda ser dividas quanto às perturbações
relativas ao acordar, à transição entre a vigília e o sono associadas ao sono REM, e outras
parassónias não definidas em nenhum dos grupos anteriores (Müller & Guimarães, 2007).

4.3. Perturbações do sono associadas a doenças médicas e psiquiátricas

As perturbações do sono associadas a afeções médicas e psiquiátricas englobam: as doenças


mentais associadas a doentes com psicoses, transtornos de humor e de ansiedade; as doenças
neurológicas associadas a doentes que possuem doenças degenerativas do cérebro e; outras
doenças médicas (Müller & Guimarães, 2007).
No presente estudo, as perturbações do sono são vistas como distúrbios que levam a
modificações consideráveis tanto a nível físico e psicológico, assim como a nível emocional e
social e que podem conduzir a consequências negativas na qualidade de vida de determinado
indivíduo (Müller & Guimarães, 2007).

5. Contextualização do conceito de qualidade de vida

Atualmente, o conceito de qualidade de vida (QV) é ainda bastante complexo e não existe
uniformidade entre os autores. No entanto, das diversas definições existentes, destacam-se
aquelas que se fundamentam em dimensões sociais, culturais e individuais.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (citada por Figueiredo, 2008) a QV encontra-se
relacionada com “a perceção do indivíduo na sua posição de vida, no contexto de cultura e
sistemas de valores nos quais se insere e em relação com os seus objetivos, expectativas,
padrões e preocupações” (p. 50). Do mesmo modo e de acordo com Coimbra (1985, citado por
Leite, 2009) a qualidade de vida define-se como o somatório de diversos fatores resultantes da
influência entre a sociedade e ambiente, alcançando necessidades ao nível biológico e
fisiológico. Assim, fatores como a saúde, a autoestima, as relações interpessoais, os
relacionamentos, a carreira profissional, as atividades de lazer, as variáveis psicológicas, as
características ambientais, entre outros, são determinantes para a qualidade de vida dos
indivíduos (Leite, 2009).
Em concordância com o referido anteriormente, Cella e Tulsky (1990, citado por Ramos-
Cerqueira & Crepaldi, 2000) definem que a qualidade de vida está relacionada com a “avaliação
pelo indivíduo da satisfação com seu nível de funcionamento, quando este é comparado com o
que considera como ideal” (p. 208).

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O sono encontra-se, assim, intimamente ligado à qualidade de vida de um ser humano, pelo que
é importante evidenciar que o facto de existirem transtornos e alterações nos hábitos de sono
pode colocar em causa a sua qualidade (Sousa, 1999, citado por Rios, Peixoto, & Senra, 2008).
Existem diversas consequências associadas às perturbações do sono que afetam a qualidade de
vida dos indivíduos, sendo de destacar as variáveis biológicas (nível 1), as funcionais (nível 2) e
as extensivas (nível 3). As biológicas relacionam-se com fatores imediatos ao nível fisiológico,
como por exemplo, a fadiga, os lapsos de memória, as dificuldades na concentração, as
mudanças de humor, entre outros. As variáveis funcionais apresentam implicações nas ações
diárias dos indivíduos, analisadas a médio prazo, e relacionam-se com fatores como o
absentismo laboral, o incremento do índice de risco de acidentes e ainda com o aumento de
dificuldades de relações afetivas. As variáveis extensivas, conhecidas como distais, são
geralmente observadas após um extenso período e abrangem, por exemplo, o despedimento de
um indivíduo (Müller & Guimarães, 2007).
Para saber qual a perceção dos estudantes universitários sobre o conceito de qualidade de vida,
temos que, segundo Jimenez (1997, citado por Silva, 2011), a perceção relaciona-se com a
informação que cada um recolhe acerca do seu meio envolvente e que na perceção da qualidade
de vida, segundo Anes e Castro (2010), geralmente o sexo masculino tende a apresentar níveis
superiores de qualidade de vida, no que diz respeito ao fator saúde. Quanto à relação existente
entre qualidade de vida e a idade, verifica-se que os mais jovens tendem a percecioná-la mais
positivamente do que as faixas etárias com mais idade.
Assim, o conceito de qualidade de vida é aqui assumido como a perceção que cada indivíduo
detém da sua vida (perceção individual) e em que estão envolvidos diversos fatores que
determinam o próprio conceito, entre os quais, as relações interpessoais, a carreira profissional,
os relacionamentos amorosos, a saúde, as atividades de lazer, os ambientes frequentados, a
autoestima, a qualidade do sono, o bem-estar psicológico e o bem-estar físico (Figueiredo, 2008;
Leite, 2009; Ramos-Cerqueira & Crepaldi, 2000).

6. Relação entre o sono e a qualidade de vida dos estudantes universitários

Atualmente, os estudantes universitários apresentam uma grande pressão psicológica devida à


grande competição no mercado de trabalho que pode conduzi-los a problemas relacionados com
o sono, diminuindo desta forma a sua qualidade de vida. A Universidade requer esforço por
parte dos estudantes, o que pode levar à privação do sono, com consequente alteração no ciclo
vigília-sono (Sweileh et al., 2011) e provocar alterações no seu estilo de vida e nos seus padrões
de sono que podem, por sua vez, influenciar a sua qualidade de vida (Furlani & Ceolim, 2005).
Nas conclusões do seu estudo, Gomes, Tavares e Azevedo (2009), relativamente aos padrões de
sono dos estudantes universitários portugueses, referem que a situação de residência, bem como
o ano e área frequentada pelos estudantes, poderá afetar os diferentes hábitos de sono. Lund,
Reider, Whiting e Prichard (2010), num estudo efetuado a estudantes universitários da
Midwestern University nos EUA, verificaram que os estudantes que apresentavam mais
dificuldades nos padrões de sono, demonstravam mais problemas ao nível da saúde física e
mental, em comparação com os estudantes que não demonstravam estas alterações no sono.
De acordo com Souza (1998, citado por Oliveira, 2010) que comparou estudantes universitários
com e sem insónias, pode-se afirmar que existem diferenças significativas ao nível do bem-estar
físico e psicológico, dos estados de humor e dos relacionamentos estabelecidos pelos estudantes.
Deste modo, verificou que os estudantes que apresentavam insónias tendiam para uma dimensão
mais baixa de qualidade de vida. Ainda, segundo Oliveira (2010), os estudantes universitários
que apresentam sonolência diurna excessiva e insónias, apresentam geralmente uma inferior
qualidade de vida, nomeadamente ao nível físico.

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No presente estudo não se pretendeu fazer uma avaliação objetiva, baseada em instrumentos
sobre a qualidade de vida e os hábitos e perturbações do sono, mas sim, compreender a perceção
que cada estudante apresenta sobre estes mesmos conceitos. Deste modo, a análise dos dados
obtidos sobre as perceções individuais da qualidade de vida e dos vários fatores que a
condicionam, permitirá verificar a influência dos hábitos e perturbações do sono sobre os
estudantes.

7. Métodos

Segundo Bessa (2005, citado por Coimbra, 2009, p. 149) “se o conhecimento é abstração e
construção, então os métodos qualitativos e quantitativos não se excluem mutuamente, antes se
complementam, pois todo o modelo científico comporta pontos de referência qualitativos e
quantitativos”.
Esta é uma investigação quali-quantitativa e utiliza para obtenção dos dados um questionário
que, segundo Sousa e Baptista (2011, pp. 90-91), “visa recolher informações baseando-se,
geralmente, na inquirição de um grupo representativo da população em estudo”. Quanto ao
tratamento estatístico deste trabalho foi utilizada a estatística descritiva, com uma amostragem
probabilística por clusters.
A população para este estudo diz respeito aos estudantes, do sexo masculino e feminino, que
frequentam o ensino superior em Leiria, estimados em 7.400 estudantes, com base em dados
online das instituições consideradas (ISLA-Leiria, a ESECS, a ESTG e a ESSLEI).
Face à população considerada, a decisão por um questionário online surge para permitir que um
maior número de estudantes participe neste estudo e para que se consiga uma maior diversidade
de cursos dos vários institutos/escolas superiores da cidade de Leiria, no sentido de verificar se
existe alguma relação que indique que os hábitos e perturbações do sono determinam, positiva
ou negativamente, a qualidade de vida dos estudantes universitários de Leiria.
O inquérito por questionário surgiu após um trabalho prévio de revisão da literatura sobre o
tema em causa. Por opção do investigador face à amostra considerada, optou-se por construir
um instrumento de recolha de dados que fizesse a adaptação de vários questionários, em vez de
se utilizar apenas uma escala de qualidade de vida já validada. Desta forma, a estrutura final do
questionário resultou de trabalho de revisão, tendo também como princípio o ajuste com
inquéritos utilizados na mesma temática.
A construção do questionário foi vista como uma etapa fulcral para a obtenção de resultados
mais credíveis para este estudo e desta forma dividiu-se o questionário em quatro partes. A
primeira e segunda partes dizem respeito aos hábitos e perturbações do sono e à qualidade de
vida, respetivamente. A terceira parte apresenta a relação entre o sono e a qualidade de vida e a
quarta e última parte centra-se nos dados sociodemográficos dos inquiridos.
Os dados obtidos online basearam-se na aplicação web GoogleDocs e foram inseridos e tratados
no software aplicativo Statistical Package for the Social Sciences (SPSS v.20) com intuito de
obter resultados pertinentes para a resposta às questões propostas pelo presente estudo.

8. Resultados

Com a realização deste estudo obtiveram-se dados de 282 respondentes, estudantes do ensino
superior da cidade de Leiria, o que representa 3,81% da sua população total estimada (7.400
estudantes), aceitável para uma probabilidade de erro nunca superior a 6%. Na Tabela 1
seguinte pode-se verificar a distribuição da população e dos respondentes pelos diferentes
estabelecimentos de ensino superior.

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Tabela 1 – População e respondentes do estudo por estabelecimento de ensino superior de Leiria


Número de Percentagem Número de Percentagem de
alunos de alunos respondentes respondentes
ISLA-Leiria 300 4% 58 0,77%
ESECS 1400 19% 110 1,49%
ESTG 4600 62% 48 0,65%
ESSLEI 1100 15% 66 0,9%
Total 7400 100% 282 3,81%

Em termos sociodemográficos, verifica-se uma média de idades dos respondentes de 26 anos


com uma idade mínima de 18 anos e uma máxima de 54 anos. Constata-se ainda, conforme a
Figura 2 seguinte, que 78,93% (221 respondentes) dos estudantes encontra-se no intervalo entre
18 e 25 anos de idade, sendo a idade mais frequente os 18 anos (moda). Verifica-se ainda que
88,57% dos respondentes faz parte do intervalo de idades entre os 18 e os 33 anos e que 11,42%
diz respeito aos restantes respondentes, ou seja, aos estudantes com idade superior a 33 anos.

Figura 2 – Distribuição dos respondentes por intervalo de idades

O sexo feminino prevalece sobre o sexo masculino, com 74,82% (211 respondentes) e 25,28%
(71 respondentes), respetivamente. Em termos de estado civil, percebe-se que 82,27% (232
respondentes) são estudantes solteiros; 14,82% (42 respondentes) estão casados ou em união de
facto; 2,13% (6 respondentes) são divorciados e que 0,71% (2 respondentes) são viúvos.
Conforme a Figura 3 seguinte, 39,01% dos estudantes (110 respondentes) frequentam a ESECS;
23,40% (66 respondentes) a ESSLEI; 17,02% (48 respondentes) a ESTG; e os restantes 20,57%
(58 respondentes) o ISLA-Leiria.

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Figura 3 – Distribuição dos respondentes por estabelecimento de ensino superior

Ao estabelecer-se uma relação entre a idade e o estado civil dos estudantes, verifica-se que no
intervalo de idades dos 18 aos 25 anos, com maior número de respondentes, existem apenas
estudantes solteiros e casados ou em união de facto. De igual modo, a partir do intervalo dos 42
aos 49 anos não existe nenhum estudante solteiro. No intervalo dos 34 aos 41 anos constata-se
existirem 2 estudantes viúvos.
Relativamente à residência, permanente e temporária, verifica-se que 42,20% dos estudantes
(119 respondentes) estão na situação de não deslocados; 38,65% (109 respondentes) estão
deslocados e residem em Leiria; e os restantes 19,15% (54 respondentes) estão deslocados e não
residem em Leiria.
Constata-se também que 71,53% (201 respondentes) são trabalhadores-estudantes e que os
restantes 28,47% (80 respondentes) são estudantes.
Analisando os dados obtidos sobre as horas a que os estudantes costumam acordar e deitar e
horas de sono nos dias úteis, nos fins de semana e na época de avaliações, pode-se constatar
conforme a tabela 2, o seguinte:

Tabela 2 – Horários de deitar e acordar e horas de sono em dias úteis, fins de semana e período de avaliações

Horário de
Horário de acordar Número de horas de sono
deitar
Verificou-se que 31,36% dos
Entre as 22h e as 5h. Entre as 5h e as 14h. estudantes (89 respondentes)
Sendo que 64,3% dos Sendo que 34,29% afirmam dormir cerca de 7
estudantes (180 dos estudantes (96 horas por noite; 27% (76
Dias úteis respondentes) afirma respondentes) resp.) cerca de 8 horas; e
deitar-se entre a meia- acorda pelas oito 22,3% (63 resp.) cerca de 6
noite e a uma da manhã horas (8h) da horas. Ou seja; 80,66% dos
(24h-01h). manhã. estudantes (228 resp.) dorme
entre 6 a 8 horas por noite.
Entre as 22h e as 6h. Entre as 6h e as 14h. Verificou-se que 29,1% (82
Fins de Verifica-se um A maior respondentes) afirmam
semana equilíbrio, no que percentagem, 22,3% dormir cerca de 8 horas por
respeita à 1, 2 e 3 horas (63 respondentes), noite; 25,5% (72 resp.) cerca
da manhã, com 23,84% afirma acordar por de 9 horas e 14,5% (41 resp.)

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(67 respondentes); volta das 11 horas. cerca de 10 horas.


21,71% (61 resp.) e
25,98% (73 resp.),
respetivamente.
Verificou-se que 23,4% dos
Entre as 5h e as 13h. estudantes (66 respondentes)
Entre as 22h e as 9h. afirma dormir cerca de 7
Verifica-se que horas por noite; 17,7% (50
Período de Verifica-se que 26,43%
77,66% (212 resp.) cerca de 8 horas; e
Avaliações (74 respondentes)
respondentes) refere 23,4% (66 resp.) cerca de 6
afirma deitar-se à uma
acordar entre as 7 e horas. Apenas 14,2% dos
hora (1h) da manhã.
as 9 horas da manhã. estudantes (40 resp.) refere
dormir cerca de 5 horas.

Da amostra em estudo verificou-se que apenas 3,2% dos estudantes (9 respondentes) considera
que o descanso físico é o único efeito que faz parte de um sono normal. Na mesma medida,
12,8% dos estudantes (36 respondentes) considera que apenas o descanso mental faz parte de
um sono normal e 20,9% dos estudantes (59 respondentes) incluem apenas a sensação de bem-
estar. Em contrapartida, 44% (124 respondentes) considera que as características de um sono
normal incluem todos os efeitos acima mencionados, ou seja, o descanso físico, o descanso
mental e a sensação de bem-estar. Relativamente aos restantes 19,2% (54 respondentes),
verifica-se que incluem apenas dois efeitos, isto é, 13,1% (37 respondentes) consideram que o
descanso mental e físico fazem parte de um sono normal, excluindo a sensação de bem-estar;
1,1% (3 respondentes) consideram que apenas a sensação de bem-estar e o descanso físico
fazem parte da caracterização de um sono normal, excluindo o descanso mental e, por último,
5,0% (14 respondentes) consideram que os efeitos que fazem parte de um sono normal são a
sensação de bem-estar e o descanso mental, excluindo o descanso físico.
Relativamente à perceção que os estudantes apresentam acerca das horas de sono que
despendem durante cada noite, verificou-se que 51,42% (145 respondentes) considera que as
horas despendidas são suficientes para se sentirem bem e 48,58% (137 respondentes) considera
que estas não são suficientes. Existindo neste campo uma dicotomia evidente, sendo que a
amostra do estudo se encontra fortemente dividida no que diz respeito à consideração sobre as
horas necessárias para acordarem com uma sensação de bem-estar.
Quanto ao número de horas ideais para a sensação de bem-estar ao acordar, constatou-se que
46,1% dos estudantes (130 respondentes) considera que 8 horas são suficientes.
Por outro lado, quanto à qualidade do sono, verificou-se que 58,2% dos estudantes (164
respondentes) dorme bem; 30,9% (87 respondentes) considera que dorme mal; 6% (17
respondentes) dorme muito bem e apenas 5% (14 respondentes) diz dormir muito mal. O que
está em consonância com os dados anteriormente analisados. Verifica-se que os respondentes
que afirmaram que as horas de sono despendidas são suficientes para se sentirem bem,
consideram que dormem bem ou muito bem. Na mesma medida, os respondentes que afirmaram
que as horas despendidas não são suficientes, consideram que dormem mal ou muito mal.
Verificou-se que não existem diferenças em termos de género quanto à qualidade do sono.
Relativamente ao número de minutos despendidos para adormecer, constata-se que a maioria da
amostra, 43,3% dos estudantes (122 respondentes), afirma demorar menos de 15 minutos para
adormecer. De forma oposta, apenas 6,7% (19 respondentes) afirmou demorar mais de 60
minutos a adormecer.
Em relação à dificuldade em adormecer, averiguou-se que 70,6% (199 respondentes) não a
apresenta, sendo que, em contrapartida, 29,4% (83 respondentes) admite ter dificuldade.

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Constata-se que os indivíduos que adormecem em menos de meia hora, consideram não possuir
dificuldade em adormecer.
Quanto às interrupções do sono: 56,61% dos estudantes (154 respondentes) afirmou não
apresentar estes episódios, enquanto 45,39% (128 respondentes) afirmou ter interrupções
durante o sono.
Quanto às causas das interrupções do sono, obtidas através de uma pergunta aberta, verificou-se
que os respondentes que as apresentam durante a noite as devem a causas como: nervosismo,
ansiedade ou stresse; problemas ou preocupações pessoais, académicas ou profissionais; razões
fisiológicas; sonhos e pesadelos; ruídos/barulhos; excesso de trabalho; perturbações do sono; e
problemas de saúde.
Com este estudo verificou-se que 90,43% dos estudantes (255 respondentes) não apresenta
qualquer problema relativo ao sono, enquanto os restantes 9,57% (27 respondentes) afirma que
apresenta problemas de sono.
Não foram formalmente diagnosticadas por médico, perturbações do sono aos estudantes que
consideraram ter problemas neste âmbito. Constatou-se, assim, que somente foi diagnosticada
alguma perturbação a 3,55% (10 respondentes) dos 27 estudantes que afirmaram ter problemas
de sono. Os distúrbios diagnosticados foram os seguintes: apneia do sono, bruxismo, hipersónia,
insónia, paralisia do sono, sonambulismo ou terrores noturnos.
Na realização deste estudo, os dados demonstraram que dos estudantes que indicaram que lhe
tinha sido diagnosticada alguma perturbação, 6 respondentes indicaram que apresentavam
insónias.
Relacionando os dados acerca das perturbações diagnosticadas com a idade dos estudantes
verificou-se, conforme a tabela 3, que:

Tabela 3 – Perturbações diagnosticadas face à idade

18 aos 25 26 aos 33 34 aos 41 42 aos 49 50 aos 57


anos anos anos anos anos
Bruxismo,
Hipersónia,
Insónias, Apneia do
Insónia, Nada a Nada a
Perturbações Terrores sono,
Paralisia do sono, assinalar. assinalar.
noturnos. Insónias.
Sonambulismo,
Terrores noturnos.

Através dos dados obtidos, foi possível observar que todos os estudantes, aos quais foi
diagnosticada alguma perturbação do sono, consideram que os seus hábitos de sono influenciam
o seu rendimento académico.
Verificou-se também que: 61,35% dos estudantes (173 respondentes) sentem-se satisfeitos com
a sua qualidade de vida; 14,89% (42 respondentes) muito satisfeitos; 5,32% (15 respondentes)
insatisfeitos; 2,48% (7 respondentes) muito insatisfeitos e os restantes 15,06% (45
respondentes) nem satisfeitos nem insatisfeitos.
A maioria dos alunos que concordam que os hábitos de sono influenciam o seu rendimento,
afirmam sentir-se cansados durante a época de avaliações. Verificou-se também que os
estudantes que sentem que o seu rendimento diminui quando não dormem o suficiente,
encontram-se cansados durante a época de avaliações.
Verificou-se ainda que 99,65% dos estudantes (281 respondentes) consideram que os hábitos e
perturbações do sono influenciam a qualidade de vida de um indivíduo.

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Evidenciou-se também que, no geral, os estudantes consideram que tantos os hábitos como as
perturbações contribuem para que a qualidade de vida diminua, ou seja, constatou-se que
praticamente todos os elementos da amostra (99,65%, 281 respondentes) concordaram que tanto
os hábitos como as perturbações do sono influenciam de facto a qualidade de vida.
Da mesma forma, constatou-se que diversos fatores que derivam da influência dos hábitos e
perturbações do sono, entre os quais, a desmotivação, o cansaço e o desinteresse pelas
atividades realizadas, afetam negativamente o bem-estar físico e psicológico, a saúde, o
desempenho e rendimentos académicos, a gestão do tempo, o estabelecimento de relações
interpessoais e a atenção e concentração em tarefas, contribuem para a diminuição da qualidade
de vida, nomeadamente no que se refere à disponibilidade para novos desafios e a alterações,
muitas vezes prejudiciais, ao nível do apetite e memória.
Os estudantes afirmaram ainda que os hábitos e perturbações do sono, ao influenciarem
negativamente a qualidade de vida, também conduzem a situações de stresse, impaciência e
indisponibilidade, irritabilidade, agressividade, distrações e apatia, ou e pelo contrário, a
situações de hiperatividade, desconforto, dificuldade de interação, tristeza, isolamento, falta de
ânimo e de energia.
No mesmo sentido, verificou-se que a influência negativa dos hábitos e perturbações do sono na
qualidade de vida leva os estudantes a consumir estimulantes e tornarem-se dependentes de
medicamentos. Alguns estudantes referiram que para diminuir algumas destas consequências
negativas, recorrem a estratégias de melhoria da sua qualidade de vida, através de atividades de
relaxamento, meditação e exercício físico.

9. Conclusão

Este estudo teve como principal objetivo perceber a influência do sono na qualidade de vida dos
estudantes do ensino superior da cidade de Leiria, visto ser uma temática pouco estudada e
aprofundada, mas ao mesmo tempo de grande interesse na atualidade, visto que os problemas
relacionados com o sono aumentam cada vez mais devido às grandes pressões relativas à
competição no mercado de trabalho e ainda ao grande esforço desenvolvido por parte dos
estudantes para conseguirem conciliar a sua vida pessoal com a vida académica.
Esta investigação quali-quantitativa pretendeu, assim, compreender de que forma os hábitos e
perturbações do sono afetam a qualidade de vida dos estudantes do ensino superior da cidade de
Leiria.
A amostra obtida compreende 282 estudantes com idades entre os 18 e os 54 anos que
frequentam o ISLA-Leiria, a ESECS, a ESTG e a ESSLEI.
Os dados foram recolhidos através de um questionário online, constituído por quatro partes com
perguntas abertas e fechadas.
Pode-se afirmar que as hipóteses foram confirmadas. Verificou-se que poucos estudantes (27
respondentes, 9,6%) apresentavam perturbações do sono, pelo que a qualidade de vida da maior
parte dos estudantes não é influenciada negativamente por perturbações do sono. Um dos fatores
apontados para estes resultados poderá estar no facto da maioria dos estudantes apresentar uma
idade no intervalo dos 18 aos 23 anos.
Constatou-se que há uma relação fortemente positiva entre a qualidade de sono e a qualidade de
vida destes estudantes, pois que a maioria dos estudantes (215 respondentes, 76,2%) que se
encontram satisfeitos com a sua qualidade de vida, consideram que dormem bem (qualidade do
sono) e que não possuem qualquer problema de sono.
Foi possível ainda conhecer os hábitos de sono dos estudantes, durante os dias úteis, aos fins de
semana e na época de avaliações, concluindo-se que, de um modo geral, os estudantes dormem

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sensivelmente o mesmo durante os dias úteis e a época de avaliações e dormem mais horas
durante os fins de semana, apresentando hábitos de sono regulares, o que nos conduz a uma
influência positiva na qualidade de vida dos estudantes.
A partir dos resultados obtidos verificou-se também que a maioria dos estudantes não apresenta
perturbações do sono, pois que somente 3,55% dos estudantes indicou o diagnóstico de alguma
perturbação, de que se destacam a apneia do sono, bruxismo, hipersónia, insónia, paralisia do
sono, sonambulismo e terrores noturnos.
Os resultados não permitiram concluir, de forma explícita, que a qualidade de vida dos
trabalhadores-estudantes seja influenciada de uma forma mais negativa do que a dos estudantes
que não apresentam esse estatuto. No entanto, verifica-se que a maioria (207 respondentes,
73,4%) concorda que os trabalhadores-estudantes apresentam diferentes hábitos de sono,
relativamente aos estudantes sem estatuto de trabalhadores.
Este estudo apresentou algumas limitações no que se refere a uma grande dificuldade em
encontrar bibliografia relacionada com a influência do sono na qualidade de vida,
nomeadamente na dos estudantes do ensino superior. Num segundo momento, surgiram
limitações na implementação dos questionários, devidas a algumas restrições de divulgação
pelos estudantes por parte de algumas instituições. No entanto, considera-se que este método de
recolha de dados foi vantajoso, na medida em que possibilitou um maior número de
respondentes, e consequentemente, uma maior diversidade de estudantes que frequentam os
diversos cursos dos institutos da cidade de Leiria.
Em conclusão, este estudo pôde verificar que tanto os hábitos como as perturbações do sono
estão intimamente relacionados com a qualidade de vida e que, no presente contexto,
apresentam uma relação positiva, pois que a maioria dos estudantes não apresenta perturbações
do sono e os seus hábitos do sono não conduzem a uma baixa qualidade de vida, sendo esta
percecionada como satisfatória.

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