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Telecomunicações

Guião Laboratorial 5: Antenas e Propagação


14 de Dezembro de 2020∗

Resumo
No domínio da RF, especialmente quando os comprimentos de onda
começam a ser da ordem de grandeza da dimensão dos circuitos, os ele-
mentos que compõem esses circuitos possuem um comportamento muito
diferente do normalmente observado em DC ou a baixas frequências. O
exemplo mais paradigmático é a antena que, do ponto de vista da aná-
lise convencional de circuitos, não faz qualquer sentido mas em RF é um
elemento fundamental de um circuito que se pretenda ser capaz de radiar
energia sob a forma de uma onda eletromagnética. Para complementar os
conceitos introduzidos nas aulas teórico-práticas, este guião recorre ao uso
do software 4NEC2 como ferramenta para desenho, análise e simulação
de antenas. Em particular, será objetivo modelar uma antena dipolo e
observar o seu comportamento no espaço livre e na proximidade do solo.

Nota Prévia: Instalação do Software


Para a realização deste trabalho, o aluno deverá trazer o seu computador pes-
soal para o laboratório com o software 4NEC2 instalado. Trata-se de uma
ferramenta para criar, visualizar, otimizar e verificar estruturas geométricas de
antenas, tanto em 2D como 3D, permitindo observar padrões de radiação. Este
programa é de uso livre e pode ser descarregado a partir da página do desen-
volvedor (clique aqui para descarregar). Para além do programa principal, deve
também instalar o GnuPlot (clique aqui para descarregar) e, opcionalmente, o
ltsHF (clique aqui para descarregar)1 .
Depois de proceder à instalação dos programas referidos, descarregue do
ipb.virtual, na área “recursos” associada à unidade curricular de telecomuni-
cações, o ficheiro com nome guiao5.nec. Agora, no 4NEC2, e recorrendo à
operação “open” existente no menu “ File”, abra esse ficheiro.
∗ Recurso criado por João Paulo Coelho (jpcoelho@ipb.pt)
1 Casoo leitos de PDF não permita abrir esses links, copie e cole os seguintes endereços no
seu browser: https:\qsl.netnec2nec2.zip e https:\qsl.netnec2400win32.zip.

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Parte I:
Projeto e análise de um dipolo de meia onda com PV
Nesta parte do trabalho, iremos projetar e avaliar uma antena dipolo de meia
onda, com polarização vertical, que será utilizada para transmitir na banda dos
27 MHz. Esta é a faixa de frequências atribuída ao serviço rádio pessoal - banda
do cidadão (CB) e está compreendida entre os 26,960 MHz e os 27,410 MHz.
Existem, ao todo, 40 canais espaçados entre esses limites cada um com uma
largura de banda de 10 kHz. Atualmente em Portugal, e desde 2017, as estações
de CB estão isentas de licença desde que se respeite um determinado conjunto
de requisitos técnicos que podem ser consultados no website da ANACOM.
O procedimento a seguir nesta primeira parte do guião será enumerada nos
seguintes passos:
1. Adicione uma antena dipolo no 4NEC2, alinhada com o eixo z, com um
comprimento igual a 10 m e a uma distância de 10 m da origem. Para
isso ative a opção Geometry Edit do menu Settings e em seguida
pressione o ícone .Considere que o condutor possui um diâmetro de
2 mm e que a antena está secionada em 19 segmentos;

2. Adicione uma fonte de tensão de U = 17 0◦ V e associe-a à secção 10


da antena (centro da antena). O aspeto final encontra-se representado na
Figura 1. Acedendo à opção Settings → Input Power escolha 4 W
como a potência entregue à antena.

Figura 1: À esquerda, o frontend do software 4NEC2 após abrir o ficheiro di-


polo.nec.À direita, antena dipolo de meia onda inserida no Geometry Editor.

3. No menu Calculate execute o comando Generate e escolha, na janela


de configuração, a opção Far Field Pattern e selecione um grau (1o )
de resolução. Seguidamente, pressione o botão Generate e observe o pa-
drão de radiação. Determine o ganho da antena, a sua direcionalidade
máxima e a largura de feixe.

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4. Do menu Window escolha agora a opção 3D Viewer e observe o padrão
de radiação da antena em 3D. A Figura 2 ilustra o resultado que deve
obter.
5. Vamos agora verificar o valor da frequência de ressonância. Para isso exe-
cute: Calculate → NEC output data → Frequency Sweep. Uti-
lize uma gama de frequências entre 10 MHz e 50 MHz com uma resolução
de 1 MHz. O gráfico da direita na Figura 2 ilustra o resultado. Qual o
valor da frequência de ressonância da antena? Será esta uma boa antena
para a aplicação em foco?

Figura 2: À direita, padrão de radiação 3D. À esquerda, resultado da operação


de Frequency Sweep

6. Altere agora o condutor de ideal para condutor de cobre. Para isso abra
o NEC editor e proceda como se mostra na Figura 3. Volte a executar o
Frequency Sweep. Verifique o valor da eficiência e determine o valor
das perdas ohmicas na antena.

Figura 3: Modificação do tipo de condutor da antena de ideal para cobre.

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7. A antena pode ser ajustada, de modo a melhorar alguns dos seus parâme-
tros, através de um processo de otimização. Para isso, é necessário definir
uma ou mais variáveis de decisão. Neste caso, irá definir-se como parâ-
metro de ajuste o comprimento efetivo da antena. Para isso cria-se uma
variável, designada por len, como se mostra na Figura 4.

Figura 4: Criação de uma variável associada ao comprimento da antena.

8. Executar o comando Calculate→Start Optimizer que levará à aber-


tura de uma nova janela. Selecione a variável len e coloque o valor da
resistência = 73 Ω como função objetivo. Seguidamente, prima start e
Aguarde que o otimizador termine a operação. A Figura 5 mostra o resul-
tado da operação. Qual o comprimento da antena sugerido pelo programa?

Figura 5: Processo de otimização do comprimento da antena.

9. Selecione Update NEC-File e volte a executar o Far Field Pattern


e o Frequency Sweep. Analise os resultados e conclua.
10. Vamos agora verificar o efeito da Terra no padrão de radiação. Adicione
um Ground do tipo Average (ver Figura 6 e volte a executar o Far
Field Pattern e observe o novo padrão de radiação.

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Figura 6: Adição do efeito da Terra no padrão de radiação da antena.

Parte II:
Projeto e análise de um dipolo de meia onda para LoRa
A Internet das coisas (IoT) é um conceito que gravita em torno da capacidade
de qualquer dispositivo eletrónico ter a possibilidade de se ligar à rede global
conhecida como Internet. Na prática, a ligação de um dispositivo a essa rede
pode ser feita de duas formas diferentes: por fio ou sem fio (wireless). A ligação
sem fios mais comum recorre ao protocolo IEEE 802.11 conhecido vulgarmente
por Wi-Fi. Este tipo de protocolo é indicado para os casos em que a largura de
banda é o parâmetro fundamental. Os padrões b/g permitem largura de banda
até 50 Mbps podendo aumentar até 150 Mbps para a norma n 2 . Normalmente,
a distância da ligação WiFi entre dois dispositivos depende de vários fatores e é
tipicamente inferior a 100 m. Para os casos em que se pretende menor largura
de banda mas maior alcance e menos consumo de energia, outras tecnologias de
transmissão de dados devem ser equacionadas. Atualmente, a tecnologia LoRa 3
permite a comunicação entre nós (ou entre um nó e um gateway ) afastados de
até 10 km. Esta tecnologia utiliza frequências na banda ISM 4 que, para o caso
Europeu, tem o valor de 868 MHz. As taxas de transmissão são extremamente
baixas, inferiores a 27 kbps, e existe normalmente um limite máximo de men-
sagens por minuto que podem ser enviadas pelos nós para plataformas remotas
que fornecem serviços de registo de dados e computação em nuvem como por
exemplo a The Things Network.
Do ponto de vista prático, os transceivers 5 LoRa apresentam-se sob a forma
de um circuito eletrónico construído em torno de um integrado, por exemplo o
2 Considerando apenas o caso em que a comunicação é feita a 2.4 GHz. A 5 GHz é possível
estender ainda mais esse limite.
3 Acrónimo de Long Range.
4 Acrónimo de Industrial, Scientific and Medical.
5 Transmissores que também são recetores são designados por transceivers.

5
SX1276, que implementa o nível físico do protocolo LoRa WAN. A Figura 7 mos-
tra o aspeto de uma breakout board LoRa juntamente com o tipo mais comum
de antena com que este dispositivo é comercializado.

Figura 7: Transceiver LoRa e respetiva antena.

Trata-se de uma antena helicoidal que permite a transmissão de dados utili-


zando polarização circular. Com este tipo de polarização, o alinhamento entre a
antena recetora e a transmissora não é fundamental. Para esta parte do guião,
vamos ignorar a antena referida e vamos desenhar uma antena dipolo de meia
onda que possa ser utilizada neste contexto. Pretende-se que o aluno realize
a simulação de uma antena com frequência de ressonância igual a 868 MHz,
polarização horizontal, e localizada a 1 m do chão.

Parte III:
Projeto de um monopolo com contrapeso para LoRa
Normalmente, um transceiver LoRa vem equipado com uma antena helicoidal ou
do tipo microstrip que, muitas vezes, não é o ideal para ser usada no exterior.
Para esse caso, normalmente recorre-se a um tipo diferente de antena como
por exemplo a antena monopolo com contrapeso (Counterpoise em Inglês). A
Figura 8 apresenta o aspeto e as respetivas dimensões.

Figura 8: Antena monopolo com contrapeso para LoRa.

Faça a simulação desta antena considerando que esta será colocada a 10~m

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de altura. Determine a direcionalidade máxima, a largura de feixe e observe o
padrão de radiação.

Avaliação
Projete uma antena dipolo em V invertida como se mostra na Figura 9 para ser
utilizada na banda do cidadão.

Figura 9: Antena dipolo em V.

Cada uma das hastes da antena possui um comprimento igual a λ4 . O topo


do mastro deve ficar a uma altura igual ao inteiro mais próximo, por excesso,
de λ3 . Considere que a antena é feira de cobre e que o terreno possui uma
constituição média.

Procedimento
1. Determine o ângulo ótimo entre as duas hastes da antena de modo a que
a resistência da antena seja igual a 75 Ω.

2. Determine o valor da largura de feixe desta antena.

3. Determine o valor da resistência ohmica da antena.


4. Escreva e entregue o relatório do trabalho (formato PDF e colocado no
cacifo digital) que deverá conter:

• Identificação do autor;
• Apresentação dos diagramas associados ao padrão de radiação tanto
horizontal como vertical;
• Apresentar o gráfico da impedância da antena em relação à frequência
• Conclusões.

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