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Eu, Rio de Mim - Kaya Fernanda Vallim - Clube O Fio Que Nos Une
Eu, Rio de Mim - Kaya Fernanda Vallim - Clube O Fio Que Nos Une
Tudo fechado.
Todos trancados.
Dentro desse espaço já não tenho mais o que ressignificar.
Continuo a navegar.
Conforme vou subindo, me sobe também um mal-estar. Aos poucos vou me
lembrando, desse lugar que parece brando, mas onde é perigoso mergulhar.
Toda água, que por muito tempo fica parada, tende a se contaminar. E eis-me aqui,
morrendo de mim ao mergulhar, na mágoa, que magoa, a má água que faz
machucar.
Boto pra fora. Essa água há de sair! Choro de dor, choro de tristeza. Boto pra fora
todas as impurezas. Tento navegar, mas não consigo.
Será que tem algo de errado comigo? Sinto como se meu corpo enrijecesse. Perco a
mobilidade, perco o interesse. Tento navegar, mas não consigo.
Mas o que é isso que eu sinto? Que se mescla a meu corpo e se move junto
comigo? Tento navegar, mas não consigo!
Em certos momentos água em lama sou. Densidade caminhante que aos poucos
estaciona.
Paro.
Respiro.
Penso água, sou água. Evoco as forças do sol e me desfaço. em pequenas partículas,
agora eu tantos de mim, fracionados no todo.
E em pequenas gotículas sou elevada pelos ventos a condição de dança.
Lembro então de um movimento: subir aos céus, descer à terra.
Me lembro que nessa vida tão dura por vezes é preciso não se levar tão a sério.
Então eu, Rio de Mim e deságuo em mar.