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Introdução à Enfermagem

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Introdução à Enfermagem
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Sistema de Ensino Caro Aluno
Profissional Cuidado e confiança ao enfermo.

CEDTEC Pode – se considerar que a enfermagem sempre esteve


voltada para atender as necessidades de assistência de saúde
da sociedade. Ela originou-se do desejo de manter as pessoas
saudáveis, assim como propiciar conforto,

O caminho para “ A enfermagem como profissão, é a única na medida, em que


se dedica humanista, ás reações dos pacientes e de suas famílias,
uma qualificação frente aos problemas reais e potenciais ‘’.

profissional de Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e


social, não meramente a ausência de doença ou enfermidade.
qualidade.
Doença é um processo anormal no qual o funcionamento do
organismo de uma pessoa está diminuído ou prejudicado em
uma ou mais dimensões.

A enfermagem é uma profissão comprometida com a saúde


e qualidade de vida das pessoas, família e coletividade. O
profissional atua na promoção, prevenção, recuperação e
reabilitação da saúde.

Bons estudos!
“A educação é o grande motor
do desenvolvimento pessoal. CEDTEC – Ensino e Soluções Didáticas Ltda.
Educação profissional levada a sério
É através dela que a filha de
um camponês pode se tornar
uma médica, que o filho de
um mineiro pode se tornar
o diretor da mina, que uma
criança de peões de fazenda
pode se tornar o presidente de
um país.”
NELSON MANDELA
Sumário
1 - INTRODUÇÃO A HISTÓRIA DA ENFERMAGEM
1.1 - A Evolução Histórica da Assistência à Saúde...........................................................6
1.1.1 - Antiguidade............................................................................................................................................................................. 6
1.1.2 - Idade média............................................................................................................................................................................ 7
1.1.3 - Idade Moderna...................................................................................................................................................................... 8
1.1.4 - Brasil........................................................................................................................................................................................... 8
1.1.5 - Cruz Vermelha....................................................................................................................................................................... 15
1.1.6 - História da Cruz Vermelha no Brasil.............................................................................................................................. 18

2 - A ORIGEM DA ENFERMAGEM COMO PROFISSÃO


2.1 - A Enfermagem Moderna........................................................................................... 20
2.2 - Período Florence Nightingale.................................................................................. 20
2.3 - Primeiras Escolas de Enfermagem...........................................................................21
2.3.1 - Sistema Nightingale de Ensino....................................................................................................................................... 21

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3 - HISTÓRIA DA ENFERMAGEM NO BRASIL
3.1 - Anna Nery.................................................................................................................... 22
3.1.1 - A Trajetória de uma mulher anônima .......................................................................................................................... 22
3.1.2 - A Heroína da Guerra .......................................................................................................................................................... 23
3.1.3 - Glorificação e Morte da Heroína ................................................................................................................................... 25
3.2 - Primeiras Escolas de Enfermagem no Brasil.......................................................... 27
3.2.1 - Escola de Enfermagem “Alfredo Pinto”....................................................................................................................... 27
3.2.2 - Escola da Cruz Vermelha do Rio de Janeiro.............................................................................................................. 27
3.2.3 - Escola Anna Nery................................................................................................................................................................ 27
3.2.4 - Escola de Enfermagem Carlos Chagas........................................................................................................................ 28
3.2.5 - Escola de Enfermagem “Luisa de Marillac”............................................................................................................... 28
3.2.6 - Escola Paulista de Enfermagem..................................................................................................................................... 28
3.2.7 - Escola de Enfermagem da USP...................................................................................................................................... 28

4 - SÍMBOLOS DA ENFERMAGEM
4.1 - Resolução COFEN-218/1999...................................................................................... 29

5 - ENTIDADES QUE REPRESENTAM A CLASSE DE ENFERMAGEM


5.1 - Associação Brasileira de Enfermagem – ABEn...................................................... 30
5.2 - Sistema COFEN/CORENs............................................................................................31
5.2.1 - Histórico.................................................................................................................................................................................. 31
5.2.2 - Competências....................................................................................................................................................................... 31
5.3 - Sistema de Disciplina e Fiscalização....................................................................... 32
6 - TEORIA DA ENFERMAGEM
6.1 - Teorista e Teorias de Enfermagem.......................................................................... 33
6.1.1 - Introdução.............................................................................................................................................................................. 33
6.1.2 - Teorias de Enfermagem.................................................................................................................................................... 34

7 - ÁREAS DE ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL EM ENFERMAGEM


7.1 - Introdução.................................................................................................................... 38
7.2 - CBO – Classificação Brasileira de Ocupações........................................................ 39
7.2.1 - Classificação Brasileira de Ocupações – CBO - Enfermeiros................................................................................. 41

EXERCÍCIOS

GABARITO
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BIBLIOGRAFIA
Introdução a História
1 da Enfermagem

1.1 - A Evolução Histórica da Assistência à Saúde

1.1.1 - Antiguidade
1.1.1.1 - No período pré-cristão
As doenças eram tidas como um castigo de Deus ou resultavam do poder do demônio. Por isso os
sacerdotes ou feiticeiras acumulavam funções de médicos e enfermeiros. O tratamento consistia em
aplacar as divindades, afastando os maus espíritos por meio de sacrifícios.
Tratamento: massagens, banho de água fria ou quente, purgativos, substâncias provocadoras de
náuseas.
Mais tarde os sacerdotes adquiriam conhecimentos sobre plantas medicinais e passaram a
ensinar pessoas, delegando-lhes funções de enfermeiros e farmacêuticos. Alguns papiros, inscrições,
monumentos, livros de orientações política e religiosas, ruínas de aquedutos e outras descobertas
nos permitem formar uma idéia do tratamento dos doentes.

1.1.1.2 - Os Egípcios

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Deixaram alguns documentos sobre a medicina conhecida em sua época. As receitas médicas
deviam ser tomadas acompanhadas da recitação de fórmulas religiosas. Pratica-se o hipnotismo, a
interpretação de sonhos; acreditava-se na influência de algumas pessoas sobre a saúde de outras.
Havia ambulatórios gratuitos, onde era recomendada a hospitalidade e o auxílio aos desamparados.

1.1.1.3 - Na Índia
Os hindus conheciam: ligamentos, músculos, nervos, plexos, vasos linfáticos, antídotos para alguns
tipos de envenenamento e o processo digestivo, o que foi comprovado por documentos do século
VI a.C. Realizavam alguns tipos de procedimentos, tais como: suturas, amputações, trepanações e
corrigiam fraturas. Neste aspecto o budismo contribui para o desenvolvimento da enfermagem e
da medicina. Os hindus tornaram-se conhecidos pela construção de hospitais. Foram os únicos, na
época, que citaram enfermeiros e exigiam deles qualidades morais e conhecimentos científicos. Nos
hospitais eram usados músicos e narradores de histórias para distrair os pacientes. O bramanismo fez
decair a medicina e a enfermagem, pelo exagerado respeito ao corpo humano - proibia a dissecação
de cadáveres e o derramamento de sangue. As doenças eram consideradas castigo.

1.1.1.4 - Entre os assírios e babilônios


Existiam penalidades para médicos incompetentes, tais como: amputação das mãos, indenização,
etc. A medicina era baseada na magia - acreditava-se que sete demônios eram os causadores das
doenças. Os sacerdotes-médicos vendiam talismãs com orações usadas contra ataques dos demônios.
Nos documentos assírios e babilônicos não há menção de hospitais, nem de enfermeiros. Conheciam
a lepra e sua cura dependia de milagres de Deus, como no episódio bíblico do banho no rio Jordão.
“Vai, lava-te sete vezes no Rio Jordão e tua carne ficará limpa”.(II Reis: 5, 10-11)

1.1.1.5 - Os Chineses
Eram cuidados por sacerdotes. As doenças eram classificadas da seguinte maneira: benignas,
médias e graves. Os sacerdotes eram divididos em três categorias que correspondiam ao grau da
doença da qual se ocupava. Os templos eram rodeados de plantas medicinais. Os chineses conheciam
algumas doenças: varíola e sífilis. Procedimentos: operações de lábio. Tratamento: anemias, indicavam
ferro e fígado; doenças da pele, aplicavam o arsênico. Anestesia: ópio. Construíram alguns hospitais de
isolamento e casas de repouso. A cirurgia não evoluiu devido a proibição da dissecação de cadáveres.

6
1.1.1.6 - Os japoneses
Aprovaram e estimularam a eutanásia. A medicina era fetichista e a única terapêutica era o uso de
águas termais.

1.1.1.7 - Na Grécia
As primeiras teorias se prendiam à mitologia. Apolo, o deus sol, era o deus da saúde e da medicina.
Usavam sedativos, fortificantes e hemostáticos, faziam ataduras e retiravam corpos estranhos, também
tinham casas para tratamento dos doentes. A medicina era exercida pelos sacerdotes-médicos, que
interpretavam os sonhos das pessoas. Os tratamentos eram os banhos, massagens, sangrias, dietas,
sol, ar puro, água pura mineral. Dava-se valor à beleza física, cultural e a hospitalidade. O excesso
de respeito pelo corpo atrasou os estudos anatômicos. O nascimento e a morte eram considerados
impuros, causando desprezo pela obstetrícia e abandono dos doentes graves. A medicina tornou-se
científica, graças a Hipócrates, que deixou de lado a crença de que as doenças eram causadas por
maus espíritos.
Do século V a.C, Hipócrates estabeleceu um novo modo de pensar e agir sobre os males ligados
ao corpo físico. Famoso por seu aforismos ( “a natureza é o melhor médico”), sua busca pelo equilíbrio
dos humores levavam- no a separar os eventos de ordem física e espiritual, e iniciar uma escola de
observações e busca de respostas objetivas para os males físicos.
Hipócrates é considerado o Pai da Medicina. Observava o doente, fazia diagnóstico, prognóstico e
a terapêutica. Reconheceu doenças como: tuberculose, malária, histeria, neurose, luxações e fraturas.
Seu princípio fundamental na terapêutica consistia em “não contrariar a natureza, porém auxiliá-la
a reagir”. Tratamentos usados: massagens, banhos, ginásticas, dietas, sangrias, ventosas, vomitórios,
purgativos e calmantes, ervas medicinais e medicamentos minerais.

1.1.1.8 - Em Roma
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O advento do cristianismo reforçou as idéias de bondade, caridade e cuidado aos semelhantes.


Num contexto belicoso de conquistas militares, os cuidados com a saúde não constituíam atividades
nobres a cidadãos romanos, ficando relegados a escravos e mulheres que pouco a pouco, foram
dominando as artes empíricas de cura. A medicina não teve prestígio em Roma. Os romanos eram um
povo, essencialmente guerreiro. O indivíduo recebia cuidados do Estado como cidadão destinado a
tornar-se bom guerreiro, audaz e vigoroso. Roma distinguiu-se pela limpeza das ruas, ventilação das
casas, água pura e abundante e redes de esgoto. Os mortos eram sepultados fora da cidade, na via
Ápia. O desenvolvimento da medicina dos romanos sofreu influência do povo grego.
O cristianismo foi a maior revolução social de todos os tempos. Influiu positivamente através da
reforma dos indivíduos e da família. Os cristãos praticavam uma tal caridade, que movia os pagãos:
“Vede como eles se amam”. Desde o início do cristianismo os pobres e enfermos foram objeto de
cuidados especiais por parte da Igreja.

1.1.2 - Idade média


As transformações do mundo antigo para o mundo medieval abalaram profundamente o cotidiano
das sociedades do velho mundo.
A Igreja Católica Romana passou a ter um papel central, para ela todos que se envolviam em
atividades de cuidado e cura que não estavam submetidos sua ideologia eram acusados de relações
com poderes demoníacos.
O que atingiu em particular as mulheres que foram afastada das atividades públicas do cuidado. O
que passou a ser privativo e privados dos agentes da igreja nos mosteiros.
No século VI os mosteiros principalmente os beneditinos, mantinham escolas e pequenos hospitais
nos quais se cultivavam plantas medicinais e desenvolviam técnicas de socorro.
O movimento das Cruzadas (1095-1270) levou a criação de ordens religiosas e militares, que
fundaram hospitais no caminho para o Oriente para recolher os feridos das batalhas

Introdução a História da Enfermagem 7


Em diversos países surgiram instituições asilares:
Em 1247 - foi fundado um dos hospícios mais antigos do mundo - Bethlem Ryal Hospital.
Em Portugal - foi lançada os alicerces do Hospital de Todos os Santos e em 1498 foi criada a
Confraria da Misericórdia de Lisboa.
Em 1347 - ocorreu a primeira epidemia europeia da peste que em dois anos eliminou um terço
da população.
No século XIII veio a Lepra, no século XV foi a sífilis e novamente em XVI a peste.

Todos esses eventos expuseram a fragilidade da saúde e evidenciaram a necessidade de mudança.

1.1.3 - Idade Moderna


No final da idade média na Europa, pobres e miseráveis pelo evento das guerras e epidemias
se instalavam na porta das igrejas como pedintes de rua o que resultou nas obras de caridade-
Companhia das Irmãs de Caridade, na França - 1633.
As irmãs de caridade chegaram ao Hotêl Dieu em 1634 e foram assumindo cada vez mais a
organização dos hospitais nos quais foram inserido.
A dicotomia do cuidado era representada pela presença de dois arquétipos: as religiosas (irmãs
de caridade) e as pessoas que foram levadas ao cuidado de enfermagem nos hospitais por não
encontrarem melhores oportunidades.
A revolução Industrial 1760 - viria sustentar a implantação do capitalismo industrial, resultando
numa massa de trabalhadores pobres, explorados em extrema, homens, mulheres e crianças
submetidos a escravidão das fabricas, local insalubre que começa a afeta a saúde desse trabalhador e
ameaçando a manutenção e ampliação da produção industrial.

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Torna-se necessário a criação de uma medicina que garanta a reprodução da força de trabalho.
Neste contexto a prática médica vais sofre modificações. O grande modelo da medicina do século
XVIII é a botânica de Lineu e a noção da necessidade de controlar todas as ações e funções do doente
para descobrir, classificar e vencer a doença.
A localização do hospital também passa a ser estudada de acordo com o esquadrinhamento
sanitário da cidade.
A presença do médico vai se tornando mais frequente no espaço hospitalar, ritualizando a visita médica.
As rígidas normas de conduta imposta aos agentes de saúde no espaço hospitalar, especificamente
aos de enfermagem, foram imprescindíveis para institucionalização da enfermagem. E a reorganização
hospitalar possibilitou um mecanismo de controle individual, técnico e gerencial.

1.1.4 - Brasil
1.1.4.1 - 1500 até primeiro reinado
Um país colonizado, basicamente por degredados e aventureiros desde o descobrimento até a
instalação do império, não dispunha de nenhum modelo de atenção à saúde da população e nem
mesmo o interesse, por parte do governo colonizador (Portugal), em criá-lo. Deste modo, a atenção
à saúde limitava-se aos próprios recursos da terra (plantas, ervas) e, àqueles que, por conhecimentos
empíricos (curandeiros), desenvolviam as suas habilidades na arte de curar.
A vinda da família real ao Brasil criou a necessidade da organização de uma estrutura sanitária
mínima, capaz de dar suporte ao poder que se instalava na cidade do Rio de Janeiro.
Até 1850 as atividades de saúde pública estavam limitadas ao seguinte:
1 - Delegação das atribuições sanitárias as juntas municipais;
2 - Controle de navios e saúde dos portos.

Verifica-se que o interesse primordial estava limitado ao estabelecimento de um controle sanitário


mínimo da capital do império, tendência que se alongou por quase um século.
O tipo de organização política do império era de um regime de governo unitário e centralizador,
e que era incapaz de dar continuidade e eficiência na transmissão e execução a distância das
determinações emanadas dos comandos centrais.

8 Capítulo 1
A carência de profissionais médicos no Brasil Colônia e no Brasil Império era enorme, para se ter
uma ideia, no Rio de Janeiro, em 1789, só existiam quatro médicos exercendo a profissão (SALLES,
1971). Em outros estados brasileiros eram mesmo inexistentes.
A inexistência de uma assistência médica estruturada, fez com que proliferassem pelo país os
Boticários (farmacêuticos).
Aos boticários cabiam a manipulação das fórmulas prescritas pelos médicos, mas a verdade é que
eles próprios tomavam a iniciativa de indicá-los, fato comuníssimo até hoje. Não dispondo de um
aprendizado acadêmico, o processo de habilitação na função consistia tão somente em acompanhar
um serviço de uma botica já estabelecida durante um certo período de tempo, ao fim do qual
prestavam exame perante a fisicatura e se aprovado, o candidato recebia a “carta de habilitação”, e
estava apto a instalar sua própria botica. (SALLES, 1971).
Em 1808, Dom João VI fundou na Bahia o Colégio Médico - Cirúrgico no Real Hospital Militar da
Cidade de Salvador. No mês de novembro do mesmo ano foi criada a Escola de Cirurgia do Rio de
Janeiro, anexa ao real Hospital Militar.

1.1.4.2 - Início da República 1889 até 1930


Quadro Político
A Proclamada a República, em 1889, o Brasil passou a ser dominado pelas oligarquias formadas
pelos coronéis, manda-chuvas políticos em uma época onde a competição eleitoral era praticamente
inexistente; e os bacharéis, a oligarquia elitizada, formada por intelectuais políticos da época.
Com a Proclamação, estabeleceu-se uma forma de organização Jurídica-Política típica do estado
capitalista. No entanto, essa nova forma de organização do aparelho estatal assegurou apenas as
condições formais da representação burguesa clássica, especialmente a adoção do voto direto pelo
sufrágio universal.
A tradição de controle político pelos grandes proprietários (o coronelismo) impôs ainda normas de
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exercício do poder que representavam os interesses capitalistas dominantemente agrários. Apenas a


eleição do Presidente da República pelo voto direto, de quatro em quatro ano, produziu lutas efetivas
em que se condensavam os conflitos no interior do sistema.
Os programas partidários nunca chegaram a se configurar numa perspectiva de âmbito nacional.
De fato, das dezenove organizações políticas que atuaram até o movimento de 1930, nenhuma
excedeu a disciplina imposta pela defesa de interesses regionais, embora pudessem compor,
eventualmente, alianças que dominaram as práticas políticas até aquela data.

Quadro Sanitário
Naturalmente, a falta de um modelo sanitário para o país, deixavam as cidades brasileiras à mercê
das epidemias. No início desse século, a cidade do Rio de Janeiro apresentava um quadro sanitário
caótico caracterizado pela presença de diversas doenças graves que acometiam à população,
como a varíola, a malária, a febre amarela, e posteriormente a peste, o que acabou gerando sérias
consequências tanto para saúde coletiva quanto para outros setores como o do comércio exterior,
visto que os navios estrangeiros não mais queriam atracar no porto do Rio de Janeiro em função da
situação sanitária existente na cidade. Rodrigues Alves, então presidente do Brasil, nomeou Oswaldo
Cruz, como Diretor do Departamento Federal de Saúde Pública, que se propôs a erradicar a epidemia
de febre-amarela na cidade do Rio de Janeiro.
Foi criado um verdadeiro exército de 1.500 pessoas que passaram a exercer atividades de
desinfecção no combate ao mosquito, vetor da febre-amarela. A falta de esclarecimentos e as
arbitrariedades cometidas pelos “guardas-sanitários” causam revolta na população. Este modelo
de intervenção ficou conhecido como campanhista, e foi concebido dentro de uma visão militar
em que os fins justificam os meios, e no qual o uso da força e da autoridade eram considerados os
instrumentos preferenciais de ação.
A população, com receio das medidas de desinfecção, trabalho realizado pelo serviço sanitário
municipal, revolta-se tanto que, certa vez, o próprio presidente Rodrigues Alves chama Oswaldo Cruz
ao Palácio do Catete, pedindo-lhe para, apesar de acreditar no acerto da estratégia do sanitarista, não
continuar queimando os colchões e as roupas dos doentes.
A onda de insatisfação se agrava com outra medida de Oswaldo Cruz, a Lei Federal nº 1261, de 31
de outubro de 1904, que instituiu a vacinação anti-varíola obrigatória para todo o território nacional.
Surge, então, um grande movimento popular de revolta que ficou conhecido na história como
a “Revolta da vacina”. Apesar das arbitrariedades e dos abusos cometidos, o modelo campanhista

Introdução a História da Enfermagem 9


obteve importantes vitórias no controle das doenças epidêmicas, conseguindo inclusive erradicar a
febre amarela da cidade do Rio de Janeiro, o que fortaleceu o modelo proposto e o tornou hegemônico
como proposta de intervenção na área da saúde coletiva saúde durante décadas.
Neste período Oswaldo Cruz procurou organizar a diretoria geral de saúde pública, criando uma
seção demográfica, um laboratório bacteriológico, um serviço de engenharia sanitária e de profilaxia
da febre-amarela, a inspetoria de isolamento e desinfecção, e o instituto soroterápico federal,
posteriormente transformado no Instituto Oswaldo Cruz.
Na reforma promovida por Oswaldo Cruz foram incorporados como elementos das ações de saúde:
• O registro demográfico, possibilitando conhecer a composição e os fatos vitais de importância
da população;
• A introdução do laboratório como auxiliar do diagnóstico etiológico;
• A fabricação organizada de produtos profiláticos para uso em massa.

Em 1920, Carlos Chagas, sucessor de Oswaldo Cruz, reestruturou o Departamento Nacional de


Saúde, então ligado ao Ministério da Justiça e introduziu a propaganda e a educação sanitária na técnica
rotineira de ação, inovando o modelo companhista de Oswaldo Cruz que era puramente fiscal e policial.
Criaram-se órgãos especializados na luta contra a tuberculose, a lepra e as doenças venéreas.
A assistência hospitalar, infantil e a higiene industrial se destacaram como problemas
individualizados. Expandiram-se as atividades de saneamento para outros estados, além do Rio de
Janeiro e criou-se a Escola de Enfermagem Anna Nery.
Enquanto a sociedade brasileira esteve dominada por uma economia agroexportadora, assentada
na monocultura cafeeira, o que se exigia do sistema de saúde era, sobretudo, uma política de
saneamento destinado aos espaços de circulação das mercadorias exportáveis e a erradicação ou
controle das doenças que poderiam prejudicar a exportação. Por esta razão, desde o final do século
passado até o início dos anos 60, predominou o modelo do sanitarismo campanhista (MENDES, 1992).

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Gradativamente, com o controle das epidemias nas grandes cidades brasileiras o modelo
campanhista deslocou a sua ação para o campo e para o combate das denominadas endemias rurais,
dado ser a agricultura a atividade hegemônica da economia da época. Este modelo de atuação foi
amplamente utilizado pela Sucam no combate a diversas endemias (Chagas, Esquistossomose, e
outras), sendo esta posteriormente incorporada à Fundação Nacional de Saúde.

Oswaldo Cruz

Figura 1.0 - Fonte: https://portal.fiocruz.br/pt-br/content/oswaldo-cruz.

Filho do médico Bento Gonçalves Cruz e de Amália Taborda de Bulhões Cruz, Oswaldo Cruz nasceu
no dia 5 de agosto de 1872, em São Luís de Paraitinga, São Paulo. Ele viveu na cidade até 1877, quando
sua família se transferiu para o Rio de Janeiro. Estudou no Colégio Laure, no Colégio São Pedro de
Alcântara e no Externato Dom Pedro II.
Aos 15 anos, ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Antes de concluir o curso,
já publicara dois artigos sobre microbiologia na revista Brasil Médico. Em 24 de dezembro de 1892,
formou-se doutor em medicina, com a tese Veiculação Microbiana pelas Águas. Seu interesse pela

10 Capítulo 1
microbiologia levou-o a montar um pequeno laboratório no porão de sua casa. Contudo, a morte de
seu pai, no mesmo ano de sua formatura, impediu o aprofundamento de seus estudos por um tempo.
Somente em 1896 pôde realizar o seu sonho: especializar-se em Bacteriologia no Instituto Pasteur
de Paris, que, na época, reunia grandes nomes da ciência.
Ao voltar da Europa, Oswaldo Cruz encontrou o Porto de Santos assolado por violenta epidemia de
peste bubônica, e logo se engajou no combate à doença. Para fabricar o soro antipestoso, foi criado,
em 25 de maio de 1900, o Instituto Soroterápico Federal, instalado na antiga Fazenda de Manguinhos,
tendo como diretor geral o Barão de Pedro Afonso e diretor técnico o jovem bacteriologista.
Em 1902, Cruz assumiu a direção geral do novo Instituto. Este, por sua vez, ampliou suas atividades,
não mais restringindo-se à fabricação de soro antipestoso, mas dedicando-se também à pesquisa
básica aplicada e à formação de recursos humanos.
No ano seguinte, Oswaldo Cruz foi nomeado Diretor geral de Saúde Pública, cargo que corresponde
atualmente ao de Ministro da Saúde. Utilizando o Instituto Soroterápico Federal como base de apoio
técnico-científico, deflagrou memoráveis campanhas de saneamento. Em poucos meses, a incidência
de peste bubônica diminuiu com o extermínio dos ratos, cujas pulgas transmitiam a doença.

Guerra contra o mosquito


Ao combater a febre amarela, na mesma época, Oswaldo Cruz enfrentou vários problemas.
Grande parte dos médicos e da população acreditava que a doença se transmitia pelo contato com
as roupas, suor, sangue e secreções de doentes. No entanto, Oswaldo Cruz acreditava em uma nova
teoria: o transmissor da febre amarela era um mosquito. Assim, suspendeu as desinfecções, método
tradicional no combate à moléstia, e implantou medidas sanitárias com brigadas que percorreram casas,
jardins, quintais e ruas, para eliminar focos de insetos. Sua atuação provocou violenta reação popular.
Em 1904, a oposição a Oswaldo Cruz atingiu seu ápice. Com o recrudescimento dos surtos de
varíola, o sanitarista tentou promover a vacinação em massa da população. Os jornais lançaram
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uma campanha contra a medida. O congresso protestou e foi organizada a Liga contra a vacinação
obrigatória. No dia 13 de novembro, estourou a rebelião popular e, no dia 14, a Escola Militar da Praia
Vermelha se levantou. O Governo derrotou a rebelião, mas suspendeu a obrigatoriedade da vacina,
que foi o Movimento Revolta das Vacinas.
Oswaldo Cruz acabou vencendo a batalha. Em 1907, a febre amarela estava erradicada do Rio
de Janeiro. Em 1908, uma epidemia de varíola levou a população aos postos de vacinação. O Brasil
finalmente reconhecia o valor do sanitarista.
No mundo científico internacional, porém, seu prestígio era já incontestável. Em 1907, no XIV
Congresso Internacional de Higiene e Demografia de Berlim, recebeu a medalha de ouro pelo trabalho
de saneamento do Rio de Janeiro. Oswaldo Cruz ainda reformou o Código Sanitário e reestruturou
todos os órgãos de saúde e higiene do país.
Em 1909, deixou a Diretoria Geral de Saúde Pública, passando a se dedicar apenas ao Instituto
de Manguinhos, que fora rebatizado com o seu nome. Do Instituto lançou importantes expedições
científicas que possibilitaram a ocupação do interior do país.
Erradicou a febre amarela no Pará e realizou a campanha de saneamento da Amazônia. Permitiu,
também, o término das obras da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, cuja construção havia sido
interrompida pelo grande número de mortes entre os operários, provocadas pela malária.
Em 1913, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. Em 1915, por motivos de saúde, abandonou
a direção do Instituto Oswaldo Cruz e mudou-se para Petrópolis. Eleito prefeito daquela cidade,
traçou vasto plano de urbanização, que não pode ver construído. Sofrendo de crise de insuficiência
renal, morreu a 11 de fevereiro de 1917, com apenas 44 anos.

Desenvolvimento da Educação em Saúde no Brasil - (Séc. XIX)


Ao final do século XIX, apesar de o Brasil ainda ser um imenso território com um contingente
populacional pouco e disperso, um processo de urbanização lento e progressivo já se fazia sentir nas
cidades que possuíam áreas de mercado mais intensas, como São Paulo e Rio de Janeiro. As doenças
infecto-contagiosas, trazidas pelos europeus e pelos escravos africanos, começam a propagar-se
rápida e progressivamente. A questão saúde passa a constituir um problema econômico-social. Para
deter esta escalada que ameaçava a expansão comercial brasileira, o governo, sob pressões externas,
assume a assistência à saúde através da criação de serviços públicos, da vigilância e do controle mais
eficaz sobre os portos, inclusive estabelecendo quarentena revitaliza, através da reforma Oswaldo Cruz

Introdução a História da Enfermagem 11


introduzida em 1904, a Diretoria-Geral de Saúde Pública, incorporando novos elementos à estrutura
sanitária, como o Serviço de Profilaxia da Febre Amarela, a Inspetoria de Isolamento e Desinfecção e
o Instituto Soroterápico Federal, que posteriormente veio se transformar no Instituto Oswaldo Cruz.
Mais tarde, a Reforma Carlos Chagas (1920), numa tentativa de reorganização dos serviços de saúde,
cria o Departamento Nacional de Saúde Pública, Órgão que, durante anos, exerceu ação normativa
e executiva das atividades de Saúde Pública no Brasil. A formação de pessoal de Enfermagem para
atender inicialmente aos hospitais civis e militares e, posteriormente, às atividades de saúde pública,
principiou com a criação, pelo governo, da Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras, no Rio de
Janeiro, junto ao Hospital Nacional de Alienados do Ministério dos Negócios do Interior.
Esta escola, que é de fato a primeira escola de Enfermagem brasileira, foi criada pelo Decreto
Federal no 791, de 27 de setembro de 1890, e denomina-se hoje Escola de Enfermagem Alfredo Pinto,
pertencendo à Universidade do Rio de Janeiro - UNI-RIO.

1.1.4.3 - O Nascimento da Previdência Social


No início do século a economia brasileira era basicamente agroexportadora, assentada na
monocultura do café.
A acumulação capitalista advinda do comércio exterior tornou possível o início do processo de
industrialização no país, que se deu principalmente no eixo Rio-São Paulo.
Tal processo foi acompanhado de uma urbanização crescente, e da utilização de imigrantes,
especialmente europeus (italianos, portugueses), como mão-de-obra nas indústrias, visto que os
mesmos já possuíam grande experiência neste setor, que já era muito desenvolvido na Europa.
Os operários na época não tinham quaisquer garantias trabalhistas, tais como: férias, jornada de
trabalho definida, pensão ou aposentadoria.
Os imigrantes, especialmente os italianos (anarquistas), traziam consigo a história do movimento
operário na Europa e dos direitos trabalhistas que já tinham sido conquistados pelos trabalhadores

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europeus, e desta forma procuraram mobilizar e organizar a classe operária no Brasil na luta pelas
conquistas dos seus direitos.
Em função das péssimas condições de trabalho existentes e da falta de garantias de direitos
trabalhistas, o movimento operário organizou e realizou duas greves gerais no país, uma em 1917 e
outra em 1919.
Através destes movimentos os operários começaram a conquistar alguns direitos sociais.
Assim que, em 24 de janeiro de 1923, foi aprovado pelo Congresso Nacional a Lei Eloi Chaves, marco
inicial da previdência social no Brasil. Através desta lei foram instituídas as Caixas de Aposentadoria e
Pensão (CAP’s).
A propósito desta lei devem ser feitas as seguintes considerações:
• A lei deveria ser aplicada somente ao operariado urbano. Para que fosse aprovado no Congresso
Nacional, dominado na sua maioria pela oligarquia rural foi imposta a condição de que este
benefício não seria estendido aos trabalhadores rurais. Fato que na história da previdência do
Brasil perdurou até a década de 60, quando foi criado o FUNRURAL.
• Outra particularidade refere-se ao fato de que as caixas deveriam ser organizadas por empresas
e não por categorias profissionais.
• A criação de uma CAP também não era automática, dependia do poder de mobilização e
organização dos trabalhadores de determinada empresa para reivindicar a sua criação.

A primeira CAP criada foi a dos ferroviários, o que pode ser explicado pela importância que este
setor desempenhava na economia do país naquela época e pela capacidade de mobilização que a
categoria dos ferroviários possuía.
Segundo POSSAS (1981): “tratando-se de um sistema por empresa, restrito ao âmbito das grandes
empresas privadas e públicas, as CAP’s possuíam administração própria para os seus fundos, formada
por um conselho composto de representantes dos empregados e empregadores.”
A comissão que administrava a CAP era composta por três representantes da empresa, um dos
quais assumindo a presidência da comissão, e de dois representantes dos empregados, eleitos
diretamente a cada três anos.
O regime de representação direta das partes interessadas, com a participação de representantes
de empregados e empregadores, permaneceu até a criação do INPS (1967), quando foram afastados
do processo administrativo. (POSSAS, 1981)

12 Capítulo 1
O Estado não participava propriamente do custeio das Caixas, que de acordo com o determinado pelo
artigo 3º da lei Eloy Chaves, eram mantidas por: empregados das empresas (3% dos respectivos vencimentos);
empresas (1% da renda bruta); e consumidores dos serviços das mesmas. (OLIVEIRA & TEIXEIRA, 1989).
A esse respeito, dizem SILVA e MAHAR apud OLIVEIRA & TEIXEIRA (1989):
“A lei Eloy Chaves não previa o que se pode chamar, com propriedade contribuição da união.
Havia, isto sim, uma participação no custeio, dos usuários das estradas de ferro, provenientes de um
aumento das tarifas, decretado para cobrir as despesas das Caixas.
A extensão progressiva desse sistema, abrangendo cada vez maior número de usuários de
serviços, com a criação de novas Caixas e Institutos, veio afinal fazer o ônus recair sobre o público em
geral e assim, a se constituir efetivamente em contribuição da União. O mecanismo de contribuição
tríplice (em partes iguais) refere-se à contribuição pelos empregados, empregadores e União foi
obrigatoriamente instituído pela Constituição Federal de 1934 (alínea h, § 1º, art. 21).”
No sistema das Caixas estabelecido pela lei Eloy Chaves, as próprias empresas deveriam recolher
mensalmente o conjunto das contribuições das três fontes de receita, e depositar diretamente na
conta bancária da sua CAP. (OLIVEIRA & TEIXEIRA, 1989).
Além das aposentadorias e pensões, os fundos proviam os serviços funerários, médicos, conforme
explicitado no artigo 9o da Lei Eloy Chaves:
1º - socorros médicos em caso de doença em sua pessoa ou pessoa de sua família, que habite
sob o mesmo teto e sob a mesma economia;
2º - medicamentos obtidos por preço especial determinado pelo Conselho de Administração;
3º - aposentadoria;
4º – pensão para seus herdeiros em caso de morte.

E ainda, no artigo 27, obrigava as CAPs a arcar com a assistência aos acidentados no trabalho. A
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criação das CAP’s deve ser entendida, assim, no contexto das reivindicações operárias no início do
século, como resposta do empresariado e do estado a crescente importância da questão social.
Em 1930, o sistema já abrangia 47 caixas, com 142.464 segurados ativos, 8.006 aposentados, e
7.013 pensionistas.

1.1.4.4 - O Nascimento do SUS


A constituinte de 1988 no capítulo VIII da Ordem social e na secção II referente à Saúde, define no
artigo 196 que: “A saúde é direito de todos e dever do estado, garantindo mediante políticas sociais
e econômicas que visem a redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.
O SUS é definido pelo artigo 198 do seguinte modo:
“As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada, e
constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
I. Descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II. Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos
serviços assistenciais;
III. Participação da comunidade

Parágrafo único - o sistema único de saúde será financiado, com recursos do orçamento da
seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes”.
O texto constitucional demonstra claramente que a concepção do SUS estava baseado na
formulação de um modelo de saúde voltado para as necessidades da população, procurando resgatar
o compromisso do estado para com o bem-estar social, especialmente no que refere a saúde coletiva,
consolidando-o como um dos direitos da CIDADANIA. Esta visão refletia o momento político porque
passava a sociedade brasileira, recém saída de uma ditadura militar onde a cidadania nunca foi um
princípio de governo. Embalada pelo movimento das diretas já, a sociedade procurava garantir na
nova constituição os direitos e os valores da democracia e da cidadania.
Apesar do SUS ter sido definido pela Constituição de 1988, ele somente foi regulamentado em 19
de setembro de 1990 através da Lei 8.080. Esta lei define o modelo operacional do SUS, propondo a
sua forma de organização e de funcionamento.

Introdução a História da Enfermagem 13


Algumas destas concepções serão expostas a seguir. Primeiramente a saúde passa a ser definida
de uma forma mais abrangente:
“A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a
moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer
e o acesso aos bens e serviços essenciais: os níveis de saúde da população expressam a organização
social e econômica do país”.
O SUS é concebido como o conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e
instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta e indireta e das
fundações mantidas pelo Poder Público. A iniciativa privada poderá participar do SUS em caráter
complementar.
Foram definidos como princípios doutrinários do SUS:
UNIVERSALIDADE - o acesso às ações e serviços deve ser garantido a todas as pessoas,
independentemente de sexo, raça, renda, ocupação, ou outras características sociais ou pessoais;
EQUIDADE - é um princípio de justiça social que garante a igualdade da assistência à saúde, sem
preconceitos ou privilégios de qualquer espécie. A rede de serviços deve estar atenta às necessidades
reais da população a ser atendida;
INTEGRALIDADE - significa considerar a pessoa como um todo, devendo as ações de saúde
procurar atender à todas as suas necessidades. Destes derivaram alguns princípios organizativos:
HIERARQUIZAÇÃO - Entendida como um conjunto articulado e contínuo das ações e serviços
preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de
complexidade do sistema; referência e contra-refrência;
PARTICIPAÇÃO POPULAR - ou seja a democratização dos processos decisórios consolidado na
participação dos usuários dos serviços de saúde no chamados Conselhos Municipais de Saúde;
DESENCENTRALIZAÇÃO POLÍTICA ADMINISTRATIVA - consolidada com a municipalização das

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ações de saúde, tornando o município gestor administrativo e financeiro do SUS;

Os objetivos e as atribuições do SUS foram assim definidas:


• Identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da saúde;
• Formular as políticas de saúde;
• Fornecer assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação
da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas;
• Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica;
• Executar ações visando a saúde do trabalhador;
• Participar na formulação da política e na execução de ações de saneamento básico;
• Participar da formulação da política de recursos humanos para a saúde;
• Realizar atividades de vigilância nutricional e de orientação alimentar;
• Participar das ações direcionadas ao meio ambiente;
• Formular políticas referentes a medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, e outros
insumos de interesse para a saúde e a participação na sua produção;
• Controle e fiscalização de serviços, produtos e substâncias de interesse para a saúde;
• Fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas para consumo humano;
• Participação no controle e fiscalização de produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;
• Incremento do desenvolvimento científico e tecnológico na área da saúde;
• Formulação e execução da política de sangue e de seus derivados.

Pela abrangência dos objetivos propostos e pela existência de desequilíbrios socio-econômicos


regionais, a implantação do SUS não tem sido uniforme em todos os estados e municípios brasileiros,
pois para que isto ocorra é necessária uma grande disponibilidade de recursos financeiros, de pessoal
qualificado e de um efetiva e política a nível federal, estadual e municipal para viabilizar o sistema.
A Lei 8.080 estabeleceu que os recursos destinados ao SUS seriam provenientes do Orçamento da
Seguridade Social.
A mesma lei em outro artigo estabelece a forma de repasse de recursos financeiros a serem
transferidos para estados e municípios, e que deveriam ser baseados nos seguintes critérios:
• Perfil demográfico;
• Perfil epidemiológico;
• Rede de serviços instalada;

14 Capítulo 1
• Desempenho técnico;
• Ressarcimento de serviços prestados.

Este artigo foi substancialmente modificado com a edição das NOBs que regulamentaram a
aplicação desta lei.
NOB é a abreviatura de Norma Operacional Básica, que trata da edição de normas operacionais
para o funcionamento e operacionalização do SUS de competência do Ministério da Saúde, tendo
sido editadas até hoje: a NOB-SUS 01/91, NOB-SUS 01/93, NOB-SUS 01/96, e que serão mencionadas
em outras partes deste texto.
O SUS ao longo da sua existência sempre sofreu as consequências da instabilidade institucional e
da desarticulação organizacional na arena decisória federal que aparecem para o senso comum como
escassez de financiamento.
Independente da origem política e da respeitabilidade, os ministros da saúde como será visto
na sequência deste texto, foram transformados em reféns das indefinições e rupturas que sempre
colocaram à deriva as instituições de saúde do Brasil.
Apesar das dificuldades enfrentadas pode-se afirmar que ao nível da atenção primária o SUS
apresentou progressos significativos no setor público, mas enfrenta problemas graves com o setor
privado, que detém a maioria dos serviços de complexidade e referência a nível secundário e terciário.
Estes setores não se interessam em integrar o modelo atualmente vigente em virtude da baixa
remuneração paga pelos procedimentos médicos executados, o que vem inviabilizando a proposta
de hierarquização dos serviços.

1.1.5 - Cruz Vermelha


Não se pode negar que a guerra na maioria das vezes, deixa uma impressão indelével na história
da enfermagem. A guerra da Crimeia, por exemplo, foi o berço da enfermagem moderna. Foi o
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entusiasmo patriótico nacional de Florence Nightingale, seu trabalho com o exército inglês. Que
conseguiram a fundação da Escola de Enfermagem que lhe traz o nome.
Se de um lado, a enfermagem moderna deve sua origem a uma guerra, a Cruz Vermelha e suas
múltiplas atividades nasceram, também do espetáculo sangrento da batalha.
O fundador da instituição que traz hoje o nome de Cruz Vermelha, foi um cidadão suíço Jean
Henri Dunant (1828 -1910). Encontrando Solferino ao Norte da Itália em 24 de junho de 1859, dia
em que os Italianos e Franceses unidos venciam os austríacos, embora fosse ele apenas um turista,
sentiu-se muito impressionado com o espetáculo que presenciara. Sendo pessoa de qualidades de
espirito, bondoso e caritativo, sentiu-se impelido a auxiliar os feridos de ambos os exércitos. De seus
sofrimentos ele fez uma exposição em seu ‘livro: “Un souvenir de Solferino”.
Até então, o serviço dos médicos nos exércitos era totalmente inadequado, e os cuidados, que
os feridos recebiam, eram prestados por pessoas leigas, principalmente senhoras, chamadas no
momento, pelo Sr. Dunant.
Seu livro publicado em 1862 impressionou o mundo inteiro. Munido de planos para prevenir
a repetição de tais tragédias, o Sr. Dunant viajou de país em país, explicando seu plano aos vários
governos (anos depois ele recebeu os aplausos universais). Em Berlim, ele se apresentou no recinto
da Conferencia Internacional de Estatística, em setembro de 1863, onde seu plano foi recebido com o
máximo agrado. Seu manifesto levava o beneplácito da Sociedade de Utilidades Públicas de Genebra,
de que era membro Gustave Moynier, Presidente de uma das suas comissões especiais, e que convidou
vários governos para mandar representantes a uma Conferencia Internacional, que teria lugar em
Genebra, em outubro de 1863. Aberta a sessão dessa Conferencia, pelo General Dufour. Comandante
e chefe do Exército Suíço, estavam presentes delegados de 14 países e mais um representante do
ramo alemão da Ordem de S. João de Jerusalém, e pessoas estranhas que, simpatizando com a
ideia, vinham de iniciativa própria da Itália e da Rússia. Outros países como Portugal e Bélgica, não
mandaram representantes, mas manifestaram seu interesse de acordo com a ideia.
Pessoas influentes de vários países, incluindo Florence Nightingale, testemunharam sua aprovação
a essa iniciativa. Na conferência da Cruz Vermelha, realizada em Londres, em 1907, Florence Nightingale
foi aclamada como sendo a inspiração do movimento.
Os Estados Unidos da América foram convidados para se interessar pelo movimento, mas estavam
tão ocupados, na ocasião, com uma guerra civil, que não responderam ao convite.

Introdução a História da Enfermagem 15


1.1.5.1 - Conferência transformadas em resoluções
Como esta conferência de 1863 não foi convocada em caráter oficial e sendo indispensável a
participação do Governo, foi convocada uma outra conferencia diplomática em Genebra, em agosto de
1863, na qual os trabalhos da afamada Conferencia Anterior receberam a assinatura dos plenipotenciários
de doze potencias: Baden, Bélgica, Dinamarca, Holanda, Itália, Portugal; Prússia, Saxon, Espanha, Suíça e
o Condado de Wurtenberg, na Alemanha. O emblema distintivo para o corpo médico etc., era uma Cruz
Vermelha colocada em campo branco, com as cores da bandeira suíça no reverso. Assim, a inspiração de
um homem tornava-se realidade em um tratado geral entre 12 potencias.
Os princípios fundamentais formulados na primeira conferência de 1863 para o controle da Cruz
Vermelha, nunca foram modificados, em princípio. Considerando que eles formaram a base de todas
as organizações da Cruz Vermelha, incluindo enfermagem, devem ser citados aqui:
I. A organização em tempo de paz de sociedades nacionais de assistência, com a sanção
do Governo, afim de assegurar a aceitabilidade de seus serviços em tempo de guerra,
os pormenores para dirigir cada uma das sociedades seriam entregues a cada país para
determinação;
II. A situação dessas sociedades, na eventualidade de guerras será inteiramente subordinada à
disciplina militar; desde que o Snr. Dunant era de opinião que qualquer serviço médico militar
não pode ser adequado em tempo de guerra, sem a assistência de voluntários;
III. Que a organização deveria manter neutralidade universal, e seria respeitada universalmente
como um corpo neutro, com emblema distintivo para todo o pessoal hospitalar etc.
IV. Dando permissão as necessidades de países neutros para dar assistência a países beligerantes;
V. Promover reuniões ordinárias por sociedades nacionais, em tempos normais;
VI. Reunião das diversas sociedades por meio de um órgão central que seria denominado
Conselho Internacional, com Sede cm Genebra, sob a presidência de Gustave Moynier de 1863

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a 1910.

Cabia a essa comissão organizar Conferencias Internacionais da Cruz Vermelha, anuais, nas quais as
Sociedades Nacionais e Internacionais e também os Governos signatários ao Congresso de Genebra
em 1863, 1906 e 1929 deveriam sempre se fazer representar.
A organização de sociedades nacionais progrediu rapidamente. A primeira foi a de Wurtenburg
em 1863. Em fins de 1864 dez sociedades haviam sido organizadas e mais 3 em 1865. Em 1925 existiam
52 sociedades nacionais. A primeira sociedade nacional que perdura até hoje, empregou a nome de
Cruz Vermelha, foi a Holandesa, e foi estabelecida em 1867. Estas sociedades eram destinadas a ter
uma grande influência sobre a enfermagem. Uma vez que se revelou a necessidade de preparação
de homens e mulheres para o mister, a ideia foi adotada e posta em execução por toda a parte. Com
o aparecimento da Cruz Vermelha, um novo motivo foi encontrado para a interesse da mulher em
enfermagem, e este foi a patriotismo. 0 que as ordens religiosas faziam por amor de Deus e os pobres
e ignorantes faziam como meio de subsistência miserável, a enfermeira da Cruz Vermelha fazia por
sentimento de patriotismo e humanidade.
No congresso de 1869 foi adotado uma resolução: qual deveria ser o preparo exigido de uma
enfermeira da Cruz Vermelha? Essa exigência só poderia ser satisfeita, si as candidatas fossem
obrigadas a prestar exames, ter experiência em enfermagem e pratica-las com as doentes.
A instrução atualmente oferecida as enfermeiras da Cruz Vermelha nos diversos países, não tem
um padrão uniforme para cada lugar. Em alguns países, as profissionais recebem alguma instrução
muito elementar, enquanto em outros a instrução é boa e tem trazido excelentes resultados.
Na Suécia e Hungria foi estabelecido um curso de 6 meses e, nesse último país, foi também
estabelecido um curso de 2 anos para chefes da Cruz Vermelha, com a garantia de aposentadorias.
Os hospitais militares da Rússia foram postos à disposição da Cruz Vermelha, tendo sido organizado,
dentro deles um curso de enfermagem de 3 anos. Nas proximidades de 1897, quatro destes hospitais
já haviam diplomado 2812 enfermeiras. De 1914 a 1918 a Cruz Vermelha teve 64 hospitais e 18.000
enfermeiras. Na Alemanha, a superioridade no preparo das enfermeiras já foi reconhecida, tornando-
se responsável pela sua organização, a casa matriz em Karlsrhue. Baden em 1860. A França organizou
a primeira escola em ambulatórios em 1899. Na Franca há três sociedades que trabalham em
conjunto, para formar a Cruz Vermelha, a “Socie- te de Seeours aux Blesses Militaires” inaugurada em
1863, a “Association de Dames Françaises” inaugurada em 1879 e a “Union des Femmes de France”
inaugurada em 1881.

16 Capítulo 1
Nos Estados Unidos, a Cruz Vermelha foi inaugurada por Clara Barton. O Governo dos Estados
Unidos não retificou o tratado de Genebra até 1882. E quando a guerra mundial arrebentou em 1914,
não houve pais beligerante que não tivesse sua organização da Cruz Vermelha. Mas antes dessa
guerra, a Cruz Vermelha era urna organização feita, principalmente, para servir em emergência,
como em incêndios, terremotos, inundações, flagelos, etc. Da guerra surgiu a ideia de estender seus
trabalhos em tempo de paz, em benefício da higiene e saúde pública.

1.1.5.2 - Resoluções do Congresso de 1919 em Cannes - França


1. Que o bureau de saúde organizasse, analisasse, publicasse e distribuísse informações
concernentes a enfermagem, sobre o trabalho de senhoras em saúde pública e fizesse uma relação
sobre assuntos de tuberculose, puericultura, profilaxia de olhos, enfermagem pré-natal e serviço
social, etc.
2. Que a publicidade se desenvolvesse o mais possível, nos países onde não houvesse corpo de
enfermeiras, especialmente preparado para cuidar dos enfermos e para o serviço de saúde pública,
afim de incentivar o desenvolvimento de Escolas de Enfermeiras.
3. Que se procurasse pessoas com qualidades superiores para instrução de enfermagem hospitalar
e saúde pública, e que essas pessoas fossem especialmente preparadas, afim de que pudessem voltar
a seus países, bem instruídos, para iniciar e dirigir escolas de enfermeiras com eficiência.
4. Que um sistema de bolsa de viagem fosse estabelecido, afim de que, as enfermeiras diplomadas
pudessem receber educação complementar, na profissão de enfermagem, como instrutoras ou
enfermeiras de saúde pública.
5. Que informações concernentes á importância da enfermeira de saúde pública e a falta de
facilidade para preparação fosse dissipada, que as escolas fossem informadas afim de que pudessem
adotar seus programas para enfrentar essas necessidades, e que escolas especializadas fossem
organizadas, afim de que senhoras pudessem se especializar nestes ramos da profissão.
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O resultado desta conferência foi a organização da Liga das Sociedades da Cruz Vermelha, no
dia 5 de maio de 1919, sendo a sede em Paris, á Avenue Velasquez, 2 - 3e, e que teve 58 sociedades
nacionais associadas. O trabalho principal dessa organização foi estimular a fundação de escolas de
enfermeiras, em países onde não existiam, de modo a desenvolver o preparo de enfermeiras de saúde
pública, por meio de bolsas de estudos, e promover os melhoramentos das Escolas da Cruz Vermelha,
até tornar-se o padrão de preparo, o mais alto possível.
A decima e decima terceira conferencias tiveram lugar em 1921 e 1928, salientado nelas, de um
modo especial, a ênfase na educação da enfermeira e sua necessidade de boa preparação teórica e
pratica. Um ponto que foi especialmente assinalado n a 14º conferência e foi aprovado pela mesma
sob forma de resolução, foi o seguinte:
1 - Que as sociedades de Cruz Vermelha Nacional deveriam estudar o relatório apresentado
pela Comissão de Educação do Conselho Internacional de Enfermagem, e adotar os princípios,
como guias básicos de educação.
2 - Que o título de enfermeiras diplomada (infirmiére diplomée) fosse reservado ás que
tivessem feito o curso em uma escola de enfermeiras, e que tivessem um curso completo em
teoria e tempo suficiente de pratica em todos os ramos da profissão e onde si possível, e curso
tiver a duração de 3 anos.
3 - Que as sociedades da Cruz Vermelha, que matriculassem enfermeiras educadas em outras
escolas, que não tossem as suas, deveriam exigir, que as candidatas possuíssem no mínimo,
educação equivalente à das enfermeiras das Escolas da Cruz Vermelha.
4 - Que a sociedade nacional deveria confiar sua divisão de enfermagem trabalhando sob a
direção de uma comissão central:
1. A matricula das enfermeiras já com diploma registrado;
2. A matrícula das auxiliares voluntárias e providenciar sobre a sua instrução
5 - Que as sociedades nacionais redobrassem os esforços pela educação de um número
suficiente de enfermeiras, com registro de diploma, e com um curso compreensivo de
especialização em enfermagem de Saúde Pública.
6 - Que o emprego de auxiliares em enfermagem de saúde pública que tivessem recebido
um curso elementar, fosse apenas permitido quando imprescindível, mas, somente, a título
provisório, e por um período de tempo muito limitado.

Introdução a História da Enfermagem 17


7 - Na presente data, a Cruz Vermelha está prestando serviços muitos valiosos na educação
de enfermeiras na França, Itália, Japão, Alemanha, Bulgária e Sião. Também tem uma parte
importante nas atividades de higiene e saúde pública no Canada, Checoslováquia, Finlândia e
Estados Unidos, onde coopera bem, com as associações nacionais de enfermagem. É bastante
dizer que a ideia original da Cruz Vermelha, como agencia para funcionar em tempo de guerra,
se tem desenvolvido, para incluir alivio ao sofrimento, sob todos os aspectos, em tempos de
paz ou de guerra.

1.1.6 - História da Cruz Vermelha no Brasil

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Figura 1.1 - Fonte: http://www.cruzvermelha.org.br/pb/institucional/historia-da-cvb/#axzz4gP7RRmj1

A História da Cruz Vermelha Brasileira se iniciou no ano de 1907, graças à ação do Dr. Joaquim
de Oliveira Botelho, espírito culto e cheio de iniciativa que, inspirando-se naquilo que testemunhara
em outros países, sentiu-se animado do desejo de ver, também aqui, fundada e funcionando, uma
Sociedade da Cruz Vermelha. Junto com outros profissionais da área de saúde e pessoas da sociedade
promoveu uma reunião em 17 de outubro daquele ano na Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro,
para lançamento as bases da organização da Cruz Vermelha Brasileira. Em reunião realizada em
5 de dezembro de 1908, foram discutidos e aprovados os Estatutos da Sociedade. Esta data ficou
consagrada como a de fundação da Cruz Vermelha Brasileira, que teve como primeiro Presidente
o Sanitarista Oswaldo Cruz. O registro e o reconhecimento da entidade nos âmbitos nacional e
internacional se deu nos anos de 1910 e 1912, sendo que a I Grande Guerra (1914/1918) constitui-se,
desde seus primórdios, no fator decisivo para o grande impulso que teria a novel Sociedade.
As “Damas da Cruz Vermelha Brasileira”, comitê criado por um grupo de senhoras da sociedade
carioca, deu origem à Seção Feminina, que teria como primeira tarefa, a formação do corpo de
Enfermeiras voluntárias. A semente assim plantada frutificaria e, para permitir o funcionamento de
outros cursos sugeridos pela Seção Feminina, foi criada e inaugurada, em março de 1916, a Escola
Pratica de Enfermagem, sob a eficiente direção do Dr. Getúlio dos Santos, na época Capitão Médico
do Exército. Com a declaração de guerra do Brasil aos Impérios Centrais (Alemanha e seus aliados),
a Sociedade expandir-se-ia com intensificação dos Cursos de Enfermagem e com a criação de filiais
estaduais e municipais, cabendo a São Paulo a primazia. Em 1919, as filiais já eram em número de 16.
A Cruz Vermelha Brasileira participou da constituição da Federação de Sociedade de Cruz Vermelha
e do Crescente Vermelho em 1919, filiando-se a ela. Em nosso país, tornou-se instituição modelar, da
forma prevista nas Convenções de Genebra -, como em tempos de paz, levando ajuda a vítimas de
catástrofes e desastres naturais (secas, enchentes, terremotos etc.).

18 Capítulo 1
A Origem da Enfermagem
Como Profissão 2
A profissão surgiu do desenvolvimento e evolução das práticas de saúde no decorrer dos períodos
históricos. As práticas de saúde instintivas foram as primeiras formas de prestação de assistência.
Num primeiro estágio da civilização, estas ações garantiam ao homem a manutenção da sua
sobrevivência, estando na sua origem, associadas ao trabalho feminino, caracterizado pela prática do
cuidar nos grupos nômades primitivos, tendo como pano-de-fundo as concepções evolucionistas e
teológicas, Mas, como o domínio dos meios de cura passaram a significar poder, o homem, aliando
este conhecimento ao misticismo, fortaleceu tal poder e apoderou-se dele.
Quanto à Enfermagem, as únicas referências concernentes à época em questão estão relacionadas com
a prática domiciliar de partos e a atuação pouco clara de mulheres de classe social elevada que dividiam as
atividades dos templos com os sacerdotes. As práticas de saúde mágico-sacerdotais, abordavam a relação
mística entre as práticas religiosas e de saúde primitivas desenvolvidas pelos sacerdotes nos templos.
Este período corresponde à fase de empirismo, verificada antes do surgimento da especulação
filosófica que ocorre por volta do século V a.C. Essas ações permanecem por muitos séculos desenvolvidas
nos templos que, a princípio, foram simultaneamente santuários e escolas, onde os conceitos primitivos
de saúde eram ensinados. Posteriormente, desenvolveram-se escolas específicas para o ensino da arte
de curar no sul da Itália e na Sicília, propagando-se pelos grandes centros do comércio, nas ilhas e cidades
da costa. Naquelas escolas pré-hipocráticas, eram variadas as concepções acerca do funcionamento do
corpo humano, seus distúrbios e doenças, concepções essas, que, por muito tempo, marcaram a fase
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empírica da evolução dos conhecimentos em saúde. O ensino era vinculado à orientação da filosofia e
das artes e os estudantes viviam em estreita ligação com seus mestres, formando as famílias, as quais
serviam de referência para mais tarde se organizarem em castas.
As práticas de saúde no alvorecer da ciência - relacionam a evolução das práticas de saúde ao
surgimento da filosofia e ao progresso da ciência, quando estas então se baseavam nas relações
de causa e efeito. Inicia-se no século V a.C., estendendo-se até os primeiros séculos da Era Cristã.
A prática de saúde, antes mística e sacerdotal, passa agora a ser um produto desta nova fase,
baseando-se essencialmente na experiência, no conhecimento da natureza, no raciocínio lógico -
que desencadeia uma relação de causa e efeito para as doenças - e na especulação filosófica, baseada
na investigação livre e na observação dos fenômenos, limitada, entretanto, pela ausência quase
total de conhecimentos anatomofisiológicos. Essa prática individualista volta-se para o homem e
suas relações com a natureza e suas leis imutáveis. Este período é considerado pela medicina grega
como período hipocrático, destacando a figura de Hipócrates que como já foi demonstrado no
relato histórico, propôs uma nova concepção em saúde, dissociando a arte de curar dos preceitos
místicos e sacerdotais, através da utilização do método indutivo, da inspeção e da observação. Não
há caracterização nítida da prática de Enfermagem nesta época.
As práticas de saúde monástico-medievais focalizavam a influência dos fatores sócio-econômicos
e políticos do medievo e da sociedade feudal nas práticas de saúde e as relações destas com
o cristianismo. Esta época corresponde ao aparecimento da Enfermagem como prática leiga,
desenvolvida por religiosos e abrange o período medieval compreendido entre os séculos V e XIII.
Foi um período que deixou como legado uma série de valores que, com o passar dos tempos, foram
aos poucos legitimados a aceitos pela sociedade como características inerentes à Enfermagem. A
abnegação, o espírito de serviço, a obediência e outros atributos que dão à Enfermagem, não
uma conotação de prática profissional, mas de sacerdócio. As práticas de saúde pós monásticas
evidenciam a evolução das ações de saúde e, em especial, do exercício da Enfermagem no contexto
dos movimentos Renascentistas e da Reforma Protestante. Corresponde ao período que vai do final
do século XIII ao início do século XVI. A retomada da ciência, o progresso social e intelectual da
Renascença e a evolução das universidades não constituíram fator de crescimento para a Enfermagem.
Enclausurada nos hospitais religiosos, permaneceu empírica e desarticulada durante muito tempo,
vindo desagregar-se ainda mais a partir dos movimentos de Reforma Religiosa e das conturbações
da Santa Inquisição. O hospital, já negligenciado, passa a ser um insalubre depósito de doentes, onde
homens, mulheres e crianças utilizam as mesmas dependências, amontoados em leitos coletivos.

19
Sob exploração deliberada, considerada um serviço doméstico, pela queda dos padrões morais
que a sustentava, a prática de enfermagem tornou-se indigna e sem atrativos para as mulheres de
casta social elevada. Esta fase tempestuosa, que significou uma grave crise para a Enfermagem,
permaneceu por muito tempo e apenas no limiar da revolução capitalista é que alguns movimentos
reformadores, que partiram, principalmente, de iniciativas religiosas e sociais, tentam melhorar as
condições do pessoal a serviço dos hospitais. As práticas de saúde no mundo moderno analisam
as ações de saúde e , em especial, as de Enfermagem, sob a ótica do sistema político-econômico
da sociedade capitalista. Ressaltam o surgimento da Enfermagem como atividade profissional
institucionalizada. Esta análise inicia-se com a Revolução Industrial no século XVI e culmina com o
surgimento da Enfermagem moderna na Inglaterra, no século XIX.

2.1 - A Enfermagem Moderna


O avanço da Medicina vem favorecer a reorganização dos hospitais. É na reorganização da
Instituição Hospitalar e no posicionamento do médico como principal responsável por esta
reordenação, que vamos encontrar as raízes do processo de disciplina e seus reflexos na Enfermagem,
ao ressurgir da fase sombria em que esteve submersa até então. Naquela época, estiveram sob piores
condições, devido a predominância de doenças infecto-contagiosas e a falta de pessoas preparadas
para cuidar dos doentes.
Os ricos continuavam a ser tratados em suas próprias casas, enquanto os pobres, além de não
terem esta alternativa, tornavam-se objeto de instrução e experiências que resultariam num maior
conhecimento sobre as doenças em benefício da classe abastada. É neste cenário que a Enfermagem
passa a atuar, quando Florence Nightingale é convidada pelo Ministro da Guerra da Inglaterra para
trabalhar junto aos soldados feridos em combate na Guerra da Criméia.

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2.2 - Período Florence Nightingale
Nascida a 12 de maio de 1820, em Florença, Itália, era filha de ingleses. Possuía inteligência incomum,
tenacidade de propósitos, determinação e perseverança - o que lhe permitia dialogar com políticos
e oficiais do Exército, fazendo prevalecer suas idéias. Dominava com facilidade o inglês, o francês, o
alemão, o italiano, além do grego e latim. No desejo de realizar-se como enfermeira, passa o inverno
de 1844 em Roma, estudando as atividades das Irmandades Católicas. Em 1849 faz uma viagem ao
Egito e decide-se a servir a Deus, trabalhando em Kaiserswert, Alemanha, entre as diaconisas. Decidida
a seguir sua vocação, procura completar seus conhecimentos que julga ainda insuficientes. Visita o
Hospital de Dublin dirigido pela Irmãs de Misericórdia, Ordem Católica de Enfermeiras, fundada 20
anos antes. Conhece as Irmãs de Caridade de São Vicente de Paulo, na Maison de la Providence em
Paris. Aos poucos vai se preparando para a sua grande missão. Em 1854, a Inglaterra, a França e a
Turquia declaram guerra à Rússia: é a Guerra da Criméia. Os soldados acham-se no maior abandono.
A mortalidade entre os hospitalizados é de 40%. Florence partiu para Scutari com 38 voluntárias
entre religiosas e leigas vindas de diferentes hospitais. Algumas enfermeiras foram despedidas por
incapacidade de adaptação e principalmente por indisciplina. A mortalidade decresce de 40% para
2%. Os soldados fazem dela o seu anjo da guarda e ela será imortalizada como a “Dama da Lâmpada”
porque, de lanterna na mão, percorre as enfermarias, atendendo os doentes. Durante a guerra contrai
tifo e ao retornar da Criméia, em 1856, leva uma vida de inválida. Dedica-se porém, com ardor, a
Figura 2.0 - Florence trabalhos intelectuais. Pelos trabalhos na Criméia, recebe um prêmio do Governo Inglês e, graças a
Nightingale- (1820 -1910). este prêmio, consegue iniciar o que para ela é a única maneira de mudar os destinos da Enfermagem
- uma Escola de Enfermagem em 1959.
Após a guerra, Florence fundou uma escola de Enfermagem no Hospital Saint Thomas, que passou a
servir de modelo para as demais escolas que foram fundadas posteriormente. A disciplina rigorosa, do
tipo militar, era uma das características da escola nightingaleana, bem como a exigência de qualidades
morais das candidatas. O curso, de um ano de duração, consistia em aulas diárias ministradas por
médicos. Nas primeiras escolas de Enfermagem, o médico foi de fato a única pessoa qualificada para
ensinar. A ele cabia então decidir quais das suas funções poderiam colocar nas mãos das enfermeiras.
Florence morre em 13 de agosto de 1910, deixando florescente o ensino de Enfermagem.
Assim, a Enfermagem surge não mais como uma atividade empírica, desvinculada do saber
especializado, mas como uma ocupação assalariada que vem atender a necessidade de mão-de-obra
nos hospitais, constituindo-se como uma prática social institucionalizada e específica.

20 Capítulo 2
2.3 - Primeiras Escolas de Enfermagem
Apesar das dificuldades que as pioneiras da Enfermagem tiveram que enfrentar, devido à
incompreensão dos valores necessários ao desempenho da profissão, as escolas se espalharam pelo
mundo, a partir da Inglaterra. Nos Estados Unidos a primeira Escola foi criada em 1873. Em 1877 as
primeiras enfermeiras diplomadas começam a prestar serviços a domicílio em New York.
As escolas deveriam funcionar de acordo com a filosofia da Escola Florence Nightingale, baseada
em quatro idéias - chave:
1 - O treinamento de enfermeiras deveria ser considerado tão importante quanto qualquer
outra forma de ensino e ser mantido pelo dinheiro público.
2 - As escolas de treinamento deveriam ter uma estreita associação com os hospitais, mas
manter sua independência financeira e administrativa.
3 - Enfermeiras profissionais deveriam ser responsáveis pelo ensino no lugar de pessoas não
envolvidas em Enfermagem.
4 - As estudantes deveriam, durante o período de treinamento, ter residência à disposição, que
lhes oferecesse ambiente confortável e agradável, próximo ao hospital.

2.3.1 - Sistema Nightingale de Ensino


As escolas conseguiram sobreviver graças aos pontos essenciais estabelecidos:
1 - 1º. Direção da escola por uma Enfermeira.
2 - 2º. Mais ensino metódico, em vez de apenas ocasional.
3 - 3º. Seleção de candidatos do ponto de vista físico, moral, intelectual e aptidão profissional.
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A Origem da Enfermagem como Profissão 21


História da Enfermagem
3 no Brasil

A Enfermagem na Sociedade Brasileira começa no período colonial e vai até o final do século
XIX. A profissão surge como uma simples prestação de cuidados aos doentes, realizada por um
grupo formado, na sua maioria, por escravos, que nesta época trabalhavam nos domicílios. Desde
o princípio da colonização foi incluída a abertura das Casas de Misericórdia, que tiveram origem
em Portugal. A primeira Casa de Misericórdia foi fundada na Vila de Santos, em 1543. Em seguida,
ainda no século XVI, surgiram as do Rio de Janeiro, Vitória, Olinda e Ilhéus. Mais tarde Porto Alegre e
Curitiba, esta inaugurada em 1880, com a presença de D. Pedro II e Dona Tereza Cristina. No que diz
respeito à saúde do povo brasileiro, merece destaque o trabalho do Padre José de Anchieta. Ele não se
limitou ao ensino de ciências e catequeses. Foi além. Atendia aos necessitados, exercendo atividades
de médico e enfermeiro. Em seus escritos encontramos estudos de valor sobre o Brasil, seus primitivos
habitantes, clima e as doenças mais comuns.
A terapêutica empregada era à base de ervas medicinais minuncioasamente descritas. Supõe-se
que os Jesuítas faziam a supervisão do serviço que era prestado por pessoas treinadas por eles. Não
há registro a respeito. Outra figura de destaque é Frei Fabiano Cristo, que durante 40 anos exerceu
atividades de enfermeiro no Convento de Santo Antônio do Rio de Janeiro (Séc. XVIII). Os escravos
tiveram papel relevante, pois auxiliavam os religiosos no cuidado aos doentes. Em 1738, Romão de
Matos Duarte consegue fundar no Rio de Janeiro a Casa dos Expostos. Somente em 1822, o Brasil
tomou as primeiras medidas de proteção à maternidade que se conhecem na legislação mundial,

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graças a atuação de José Bonifácio Andrada e Silva. A primeira sala de partos funcionava na Casa dos
Expostos em 1822. Em 1832 organizou-se o ensino médico e foi criada a Faculdade de Medicina do
Rio de Janeiro. A escola de parteiras da Faculdade de Medicina diplomou no ano seguinte a célebre
Madame Durocher, a primeira parteira formada no Brasil.
No começo do século XX, grande número de teses médicas foram apresentadas sobre Higiene
Infantil e Escolar, demonstrando os resultados obtidos e abrindo horizontes e novas realizações. Esse
progresso da medicina, entretanto, não teve influência imediata sobre a Enfermagem. Assim sendo,
na enfermagem brasileira do tempo do Império, raros nomes de destacaram e, entre eles, merece
especial menção o de Anna Nery.

3.1 - Anna Nery

3.1.1 - A Trajetória de uma mulher anônima


Anna Nery nasceu em 13 de dezembro de 1814, na Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto de
Cachoeira, no prédio nº7 da antiga Rua da Matriz, sendo balizada no dia 25 de março de 1815, na Igreja
da Matriz, com o nome de Ana Justina Ferreira, pelo Padre Carlos Melequiades do Nascimento (Abreu,
1967, p.141).
Localizada ao lado da Igreja da Matriz, no centro de Cachoeira, em uma rua principal que se inicia
à direita da praça central, por onde partiam as ruas principais, a casa de Anna Nery, foi construída
conforme o estilo de sua época. Em tamanho razoavelmente grande, comparada às da vizinhança, a
casa tem dois andares. Pelo telhado possui eira, o que na época indicava um nível social elevado de
seus ex-residentes (Holanda, 1995, p.97).
Anna Nery pertencia a uma família de patriotas legítimos, não havendo registros acerca da
Figura 3.0 - “A Matriarca da história de vida de seus pais: José Ferreira de Souza e Luiza Maria das Virgens. No entanto, seus quatro
Enfermagem no Brasil” - irmãos mereceram referências maiores na historiografia oficial, considerando a posição exercida na
Ana Néri (1814-1880) sociedade da época: Manoel Jeronymo Ferreira, Tenente-coronel que comandou o 10º Batalhão de
Voluntários da Pátria: Joaquim Mauricio Ferreira, Tenente-coronel que comandou o 41º Batalhão de
Voluntários da Pátria; Ludgerio Rodrigues Ferreira, médico clínico de nomeada e de grande influência
política; e Antônio Benicio Ferreira, conceituado corretor em Cachoeira (Boccanera Júnior, 1922, p.108;
Abreu, 1967, p.141).

22
Nas camadas superiores da sociedade brasileira, as profissões masculinas eram indicadores da
posição social. Os membros das mais prestigiosas profissões liberais, a medicina e o direito, poderiam
ser considerados classe média alta. O homem definia o status da família. A mulher era vista apenas
como uma criatura que Deus pusera no mundo com a única finalidade de servir ao homem, ter filhos
e prepará-los para a vida, garantindo o bom funcionamento do lar (BRAZIL, 1873-1876, p.21).
Educadas na clausura e confinamento do lar as meninas-moças, eram preparadas para o matrimônio
e atingiam a flor-da-idade entre os 16 e 20 anos. A idade de 23 anos era considerada como limite das
jovens casadoiras e foi nesse limite etário que Anna Nery casou-se, em 15 de maio de 1838, com o
capitão-tenente da marinha Isidoro Antônio Néri, nascido em Lisboa, a 05 de setembro de 1800.
Na condição de mulher casada, Anna Nery devia seguir os modelos propostos pela Igreja brasileira,
que tinha interesse em promover a mulher, acentuando seu papel de preciosa auxiliar, sendo impostas
as mesmas obrigações transmitidas pelos manuais de conduta moral dos países católicos.
Ainda que tentando manter uma vida matrimonial nos moldes existentes, Anna Nery defrontou-
se com períodos de ausência do esposo, que, engajado no serviço militar, era obrigado a dedicar-se
ao ofício de capitão-de-fragata, navegando por toda a parte do território nacional. Vez por outra
Isidoro retomava a Cachoeira onde permanecia por um curto período de tempo, suficiente doravante
para que o casal desfrutasse do nascimento de três filhos: Justiniano de Castro Rebello (fevereiro de
1839”’); Isidoro Antônio Néri (24 de março de 1841); e Pedro Antônio Néri (13 de maio de 1842).
Casada, Anna Nery desempenhou o papel de esposa, ainda que por períodos curtos, e o de mãe,
adotando a postura das mulheres na sociedade da época, seja na gerência do lar ou na educação dos
filhos.
Em 05 de julho de 1844, Isidoro Antônio Néri faleceu, aos 43 anos de idade, acometido por súbita
enfermidade, da qual não temos maiores registras. Viúva aos 29 anos de idade, com três filhos
pequenos, o mais velho com cinco anos de idade, Anna Nery ganha então uma vida autônoma e
independente, cheia de responsabilidades.
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Apesar da aparência masculina da sociedade, em todas as camadas de Salvador era frequente


que a mulher assumisse sozinha o seu destino e o de seus filhos, desempenhando assim um papel
importante, embora no espaço privado. A forma pela qual as mulheres poderiam “ter outra influência
que não fosse sobre as panelas, ou outra missão além das costuras, era através da educação de seus
filhos, pois estes aprendiam com sua mãe as primeiras lições e os princípios morais. Esta tarefa nobre
de educar os filhos valorizou as mulheres. Além do mais, uma forma de modificar a mente dos homens
era moldando a dos meninos (JORNAL DAS SENHORAS5, 01 /01/1852, p.6).
Nesse sentido, Anna Nery mudou-se para Salvador supõe-se “quando os filhos terminaram a
instrução secundária, de modo a garantir-lhes estudos e consequente ascensão social, permanecendo
no anonimato até a sua inserção no contexto da Guerra do Paraguai, quando inicia o caminho de
consagração nacional.

3.1.2 - A Heroína da Guerra


Viúva desde 1844, Anna Nery, mantinha-se no espaço privado do lar, desenvolvendo atividades do
cotidiano da mulher daquela época. No quadro de viúvas, projetava-se a ideia geral de uma posição
de autonomia na família. Caracterizavam-se por uma vida independente e, na maioria das vezes, na
liderança de um grupo familiar.
A viúva devia viver como as mulheres virgens, ser vigilante com as mulheres casadas e dar exemplos
virtuosos a umas e outras, sendo amiga dos retiros e inimiga dos divertimentos mundanos. Aplicada na
oração, devia zelar cuidadosamente pela sua boa reputação, amar a mortificação e trabalhar para a glória
de Deus, ou seja, sustentar-se em obrigações impostas pela influência da Igreja (Mattoso, 1992, p.411).
Nos meados do século XIX, Anna Nery vivia com dois de seus filhos na cidade de Salvador, para onde
mudou-se, supõe-se que motivada pela necessidade de fornecer-lhes melhor instrução ou mesmo se
considerarmos o fato de um de seus filhos já se encontrar na capital, inserido à vida universitária,
instigando a vontade de seus irmãos aos estudos e a responsabilidade da mãe em acompanhá-los.
Engajados em estabelecimentos de ensino superior, todos os filhos de Anna Nery seguiram o
serviço militar. Justiniano de Castro Rebello e Isidoro Antônio Néri dedicaram-se à medicina, enquanto
que o filho mais novo, Pedro Antônio Néri, se dedicou à carreira militar, era cadete aluno da Escola
Militar do Rio de Janeiro.

História da Enfermagem no Brasil 23


Com a entrada do Brasil na Tríplice Aliança, juntamente com o Uruguai e a Argentina em 1865,
Anna Nery, aos 51 anos, viu seus filhos partirem para a guerra contra o Paraguai e, em uma carta
destinada ao Presidente da Província da Bahia, Manuel Pinto de Souza Dantas, datada de 08 de agosto
de 1865, ofereceu-se para servir aos feridos de guerra.
“111m. Exm. Sr.:
- Tendo já marchado para o exercito dois de meus filhos, alem de um irmão e outros parentes,
e havendo se oferecido o que me restava nesta cidade, aluno do 6º ano de Medicina, para também
seguir a sorte de seus irmãos e parentes, na defesa do pais, oferecendo seus serviços médicos, - como
brasileira, não podendo ser indiferente aos sofrimentos dos meus compatriotas, e, como mãe, não
podendo resistir à separação dos objetos que me são caros, e por uma tão longa distância, desejava
acompanhai-os por toda a parte, mesmo no teatro da guerra, si isso me fosse permitido; mas opondo-
se a este meu desejo a minha posição e o meu sexo, não impedem, todavia, estes dois motivos, que eu
offereça os meus serviços em qualquer dos hospitais do Rio Grande do Sul, onde se façam precisos,
com o que satisfarei ao mesmo tempo os impulsos de mãe, e os deveres da humanidade para com
aqueles que ora sacrificam suas vidas pela honra e brio nacionais e integridade do Império. Digne-
se V. Ex. de acolher benigno este meu espontâneo oferecimento, ditado tão somente pela voz do
coração.
- Bahia, 8 de agosto de 1865. Deus Guarde a V. Ex. -111m e Exm. Sr. Dr. Manuel Pinto de Souza
Dantas
- Mui digno Presidente desta província. - D. Ana Justina Feffeira Néri”(DIARIO DA BAHIA, 11 de
agosto de 1865).
Muito embora o patriotismo sobressaia nas entrelinhas do discurso, Anna Nery desde o início
menciona o desgosto resultante do afastamento de seus familiares. Como mãe não resistiria
à separação de seus filhos. Esta expressão parece-nos romântica e decisiva no que diz respeito à
comoção dos leitores, dando-nos a ideia de apelação aos mais profundos deveres de maternidade.

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Viúva e afastada de seus filhos, Anna Nery mobilizou-se para não os perder, e sua atitude repercutiu
na superação da imagem social da mulher na época, na medida em que desempenhou muito mais do
que exigiam os papéis vigentes de mãe e de mulher.
Quanto aos dois motivos que Anna Nery relata oporem-se ao seu desejo: a sua posição e o seu
sexo, supostamente Anna Nery deixa nas entrelinhas o fato de pertencer à camada social privilegiada,
onde nas mulheres estranhava-se a vontade e a disposição para enfrentara duro ofício de um sacrifício
tão grande, tal qual o de Anna Nery.
Por último, quando Anna Nery se oferece para atuar em hospitais do Rio Grande do Sul, surgem
dúvidas quanto a experiências que Anna Nery pudesse ter no oficio da enfermagem. Sabe-se contudo,
que nos meados do século XIX, são fundadas em Salvador associações de caridade. A exemplo, a
Sociedade das Damas de Caridade reunia mulheres de camadas elevadas da sociedade local, já que
seus membros eram recrutados entre ricos proprietários de terra, grandes comerciantes, profissionais
liberais e altos funcionários. Essas mulheres eram preciosas auxiliares das Irmãs de São Vicente de
Paulo, que dirigiam a maior parte das obras caridosas femininas da cidade. Além de visitar os pobres
e cuidarem dos doentes a domicilio, as Irmãs de São Vicente de Paulo fundavam colégios e casas
admitindo alunas internas e externas, muitas delas órfãs (Mattoso, 1992, p.386 e 413).
Se Anna Nery teria pertencido à Sociedade das Damas de Caridade, não poderemos responder se
considerarmos a ausência de registras, porém é interessante mencionar que Anna Nery foi também
cognominada “a grande irmã de caridade leiga”.
A resposta do Presidente da Província da Bahia ao apelo de Anna Nery foi breve, sendo expedidas
ordens ao Conselheiro Comandante das Armas para que Anna Nery fosse contratada como primeira
enfermeira.
“O rasgo do patriotismo e de abnegação com que V.M., depois de ter visto seguir para o campo
de guerra, em que se acha empenhado o pais, um irmão e dois filhos, e agora o terceiro, como
médico, se oferece para, acompanhando-os em tão nobre missão, prestar os serviços de humanidade
compatíveis com o seu sexo e idade, nos hospitais do Rio Grande do Sul, não pode deixar de ser
benevolente acolhido por esta Presidência, que folga de louvar os sentimentos com que V.M., por
esse ato tão importante e digno de inveja, se toma recomendável ao pais. Aceito, pois tão espontâneo
oferecimento, e vão ser expedidas ordens ao Conselheiro Comandante das Armas, com quem se
entenderá V.M., para ser contratada como primeira enfermeira, e brevemente seguir para o Rio de
Janeiro.” (DIÁRIO DA BAHIA, 13 de agosto de 1865).

24 Capítulo 3
Cinco dias depois, no dia 13 de agosto de 1865, embarcou Anna Nery para os campos de batalha,
onde sua atuação parece ter sido primorosa, porém surpreendeu-nos a quase total ausência de
registros fundamentados sobre a sua participação.
Em sua passagem pelo Rio Grande do Sul, Anna Nery teria tomado lições de enfermagem com
as Irmãs da Caridade de São Vicente de Paulo, assim como havia desenvolvido um curto estágio em
Salto (Argentina), onde estabeleceram-se grandes depósitos e hospitais de sangue, onde os feridos
dos últimos combates convalesciam de suas enfermidades (Uma, 1977, p.132).
O título “Mãe dos Brasileiros, foi-lhe conferido pelos obreiros da glória (soldados), segundo a obra
de Rozendo Muniz Barreto, o Poemeto Histórico “A Mãe dos Brasileiros”. Nesta obra única, de vinte e
duas páginas manuscritas, o autor em versos, afirma com convicção a caridade de Anna Nery, tendo
sido testemunho do auxílio que esta prestava aos enfermos.
Quando eu a tão justo espanto, não sabia achar um termo,
- “D’Ana...” chamou-a enfermo, cuja voz chamou meu pranto.
Pressurosa ella acudiu-lhe, ancias da sêde extinguiu-Ihe
e as feridas lhe pensou, depois disse: “Está me entregue ...
cumpra o que ordeno... socegue na esperança que lhe dou”
E renovando confortos nos leitos que visitava,
essa heroína avivava os prostrados semimortos.
E ao vela em torno dos doentes, alegrando os descontentes
como as aves a manhan, diziam da glória obreiros
-“Ella é mãe dos Brasileiros, da caridade é a irman” (Barreto. s.d., p.11)

Alguns autores ainda afirmam o fato de Anna Nery ter fundado e mantido uma enfermaria em sua
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residência em Assunção.
“E onde havia auxilio igual,
se ela fez, por duplo auxilio:
- hospital- seu domicilio.
-seu domicílio - o hospital ?” (Barreto, s.d., p.11)

Não bastasse a dor e morte de alguns enfermos que atendia, Anna Nery teve ainda que enfrentar
a morte do filho mais velho, Justiniano de Castro Rebêllo e a do sobrinho Arthur Rodrigues Ferreira.
Dentre as homenagens recebidas em campos de batalha, podemos citar o Diploma de Sócia
Honorária da Sociedade de Socorros em Comentes e o de Sócia Instaladora da Sociedade de
Beneficência Portuguesa em Assunção (Silva. 1942, p.14).
Findada a Guerra em 1870, Anna Nery inicia o retomo ao Brasil, trazendo consigo seis órfãs~,
conforme refere D. Ignez Sabbino (1899. p.24), que afirma ter visto uma foto tirada em Montevidéu.
Essa foto foi encontrada nos acervos fotográficos do Centro de Documentação da Escola de
Enfermagem Anna Nery. Trata-se de uma reprodução de retrato encontrado entre os documentos
pessoais de Benjamin Constant.
Apesar de outras mulheres lerem atuado como enfermeiras voluntárias da Guerra do Paraguai,
apenas Anna Justina Ferreira Nery, “envolvida pela aura do patriotismo, recebeu reconhecimento.
Mas não a maioria das mulheres que ganhava a vida às custas de seu trabalho de enfermagem. Suas
vidas de renúncia não eram uma escolha voluntária ( ... )” (Hahner, 1981 . p.73).

3.1.3 - Glorificação e Morte da Heroína


Anna Nery chega ao Rio de Janeiro em 06 de maio de 1870, sendo recebida por senhoras baianas
ali residentes, as quais concederam-lhe um Álbum guarnecido de madrepérola e prata, tendo sobre a
parte superior suas iniciais, AJFN, no interior a seguinte dedicatória: Tributo de admiração à caridosa
baiana por alguns compatriotas.
Os seus conterrâneos residentes na Corte, mandaram tirar seu retrato em tamanho natural, para
ser oferecido à Provinda da Bahia. Trata-se de uma tela em que Victor Meirelles representou Anna
Nery de pé e, ao fundo, o espaço público ocupado, um campo de batalha fictício. Na cabeça uma
coroa de louros”. No rosto, as marcas do cansaço e da tristeza. No corpo, a roupa preta, com uma

História da Enfermagem no Brasil 25


medalha afixada à direita do peito. O Governo Imperial concedeu-lhe ainda, pelo decreto datado de
18 de maio de 1870, a Medalha de 21 classe, a Medalha de Campanha, com passador de ouro nº 5 e
uma pensão anual de um conto e duzentos mil reis.
Deixando o Rio de Janeiro, Anna Nery retomou à província Natal, chegando à Bahia em 05 de
junho de 1870, à bordo do vapor Arinos.
Na noite de 06 de junho, um dia após a sua chegada, senhoras das mais ilustres famílias baianas,
precedidas da filarmônica Minerva e da música do Corpo da Polícia, foram felicitar Anna Nery em
sua casa de residência, brindando-a com uma riquíssima Coroa de Louros, cravejada de brilhantes
(Boccanera Júnior, 1922, p.112).
Três anos após o regresso de Anna Nery, chega à Bahia a tela a óleo de Victor Meirelles, à qual já
nos referimos, que foi solenemente colocada no Salão das Sessões do Paço Municipal de Salvador, a
28 de setembro de 1873, onde se encontra até hoje.
Por alguns anos cessaram as atas de exaltação e louvor a Anna Nery, que nesse recorte temporal
mudou-se para o Rio de Janeiro, para onde seu filho Pedro Antônio Néri, então Capitão do Exército,
foi mandado para prestar serviços.
No Rio de Janeiro, em uma confortável casa assobradada, situada à Rua Senador Eusébio, nº 290,
Flamengo, Anna Nery viveu os últimos anos de sua vida, adoeceu gravemente em princípios de 1880,
falecendo às 16:30 horas do dia 20 de maio do mesmo ano, aos 65 anos de idade (Ipanema, 1980, p.9).
Anna Nery foi sepultada às 17:00h do dia seguinte, no Cemitério são Francisco Xavier, em jazigo
perpétuo, sendo exaltada à beira do túmulo, que na lápide continha a seguinte inscrição: Aqui
descansam os restos mortais de Da. Ana Néri, denominada Mãe dos Brasileiros, pelo Exército, na
campanha do Paraguai.
O tempo não apagou da memória dos brasileiros o nome de Anna Nery e por muitos anos foram-
lhe prestadas diversas homenagens. No Rio de Janeiro, em 31 de março de 1926, pelo Decreto nº
17.268, o governo deu a denominação de Ana Néri à Escola de Enfermeiras do Departamento Nacional

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de Saúde Pública, que passou a pertencer à Universidade do Brasil’, como ensino superior, desde o
Decreto nº 8.393, de 17 de dezembro de 1945.
Em 1º de fevereiro de 1979, no Rio de Janeiro, uma Comissão formada por Pedro Galmon, pelo
Ministro José Moreira Rabelo e pela Diretora da Escola de Enfermagem Anna Nery, Cecília Pecego
Coelho, reuniu-se no Cemitério São Francisco Xavier para exumação dos restos mortais de Anna Nery
(Coelho, 1979, p.1).
Os despojos foram colocados em uma de jacarandá e prata, oferecida pela Universidade Federal
da Bahia, que foi encaminhada ao Pavilhão de Aulas da Escola de Enfermagem Anna Nery, onde
permaneceu em exposição até às 6:30 horas do dia 4 de fevereiro, quando foi levada ao aeroporto
Santos Dumont e entregue ao Setor da Aeronáutica Militar para o transporte à Bahia e posteriormente
à cidade de Cachoeira.
Após o fim das cerimonias do translado em Cachoeira, a urna foi levada à sacristia da Igreja da
Matriz, onde ficaria até a sua deposição no centro da nave principal da mesma. Uma das últimas
homenagens de que temos notícia.
Portanto, é relevante a contribuição de Anna Nery à nossa profissão, considerando sua bondade,
caridade, altruísmo, desprendimento, dedicação, humanidade, amor ao próximo, dentre outros,
porém alguns aspectos analisados no decorrer deste estudo devem ser considerados. Anna Nery
pertencia à classe média alia da sociedade. Era irmã, esposa e mãe de militares, alguns dos quais
engajados em profissões liberais como a medicina, que compunham os heterogêneos setores médios
brasileiros.
As mulheres de camadas elevadas da sociedade baiana, sustentavam-se em obrigações impostas
pela influência da Igreja. Comumente essas mulheres associavam-se a irmandades e ordens religiosas
para desenvolver a caridade.
Quanto à solicitação de Anna Nery para participar da guerra, por mais que evoque o patriotismo,
seu apelo é puramente afetivo e pessoal. Toma-se difícil acreditar que uma mulher viúva, após vinte
e um anos de dedicação solitária ao cuidado dos filhos, diante da ameaça de perdê-los durante a
guerra, tenha feito solicitação para acompanhá-los por razões patrióticas.
Anna Nery, ao oferecer seus serviços a hospitais do Rio Grande do Sul, não previa que as
circunstâncias a levassem para além dos limites do solo brasileiro, porém, não se indispôs ou rebelou-
se com estas circunstâncias, prosseguiu e alcançou a glorificação.

26 Capítulo 3
Foi nomeada primeira enfermeira, mas não solicitou para receber esse título ou engajar-se nessa
profissão. Devemos considerar também, que no século XIX a reforma Nightingale estava iniciando o
seu curso na Inglaterra, portanto, é absolutamente esperado que no Brasil chamassem de enfermeiras
todas as mulheres que se dedicassem ao cuidado a doentes.
Com relação à Guerra do Paraguai, por tratar-se de um massacre, seria interessante desconfiar, por
um lado, da divulgação do pedido de Anna Nery para participar dessa guerra, o Que causou grande
repercussão social, e por outro, da rapidez e da pressa com que este foi aceito e ela foi nomeada
enfermeira. Tais fatos favoreceriam politicamente a imagem da guerra, no que concerne a estender
à população as intenções patrióticas e voluntárias dos que ofereciam para atuar na guerra, aliviando
a situação dos alistados involuntariamente. Por outro lado, em uma guerra cruenta, ter uma Mãe
enfermeira, melhora muito a situação do Brasil, em termos de simpatia e aceitação popular.
Quando da morte de seu filho, Anna Nery poderia ter voltado e não o fez. Qual mãe não voltaria?
Anna Nery continuou lá, transformou sua casa em um hospital, adotou órfãs e trouxe-as consigo. O
papel de mãe associa-se ao daquela que cuida, o de enfermeira.
Dentre tantas homenagens, curiosas são aquelas prestadas de imediato a sua chegada ao Rio
de Janeiro e a Salvador, como que seu bom desempenho na guerra tivesse alcançado também o
território brasileiro, onde era esperada com um pacote pronto de homenagens.
Por fim, deverá considerar-se a necessidade de elevar o status social e moral da enfermeira do
século XX, tão degradados nos séculos anteriores. Haveria de se encontrar, dentre tantas enfermeiras,
aquela que pudesse identificar profissionalmente a enfermeira, que se destacasse socialmente, que
possuísse boas condições socioeconômicas, que detivesse uma formação moral e mantivesse um
comportamento disciplinado. Anna Nery atenderia a todos as exigências, e tomou-se símbolo da
enfermagem brasileira.

3.2 - Primeiras Escolas de Enfermagem no Brasil


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3.2.1 - Escola de Enfermagem “Alfredo Pinto”


Esta escola é a mais antiga do Brasil, data de 1890, foi reformada por Decreto de 23 de maio de 1939.
O curso passou a três anos de duração e era dirigida por enfermeiras diplomadas. Foi reorganizada
por Maria Pamphiro, uma das pioneiras da Escola Anna Nery.

3.2.2 - Escola da Cruz Vermelha do Rio de Janeiro


Começou em 1916 com um curso de socorrista, para atender às necessidades prementes da 1ª
Guerra Mundial. Logo foi evidenciada a necessidade de formar profissionais (que desenvolveu-se
somente após a fundação da Escola Anna Nery) e o outro para voluntários. Os diplomas expedidos
pela escola eram registrados inicialmente no Ministério da Guerra e considerados oficiais. Esta
encerrou suas atividades.

3.2.3 - Escola Anna Nery


A primeira diretoria foi Miss Clara Louise Kienninger, senhora de grande capacidade e virtude,
que soube ganhar o coração das primeiras alunas. Com habilidade fora do comum, adaptou-se aos
costumes brasileiros. Os cursos tiveram início em 19 de fevereiro de 1923, com 14 alunas. Instalou-
se pequeno internato próximo ao Hospital São Francisco de Assis, onde seriam feitos os primeiros
estágios. Em 1923, durante um surto de varíola, enfermeiras e alunas dedicaram-se ao combate à
doença. Enquanto nas epidemias anteriores o índice de mortalidade atingia 50%, desta vez baixou
para 15%. A primeira turma de Enfermeiras diplomou-se em 19 de julho de 1925. Destacam-se desta
turma as Enfermeiras Lais Netto dos Reys, Olga Salinas Lacôrte, Maria de Castro Pamphiro e Zulema
Castro, que obtiveram bolsa de estudos nos Estados Unidos. A primeira diretora brasileira da Escola
Anna Nery foi Raquel Haddock Lobo, nascida a 18 de junho de 1891. Foi a pioneira da Enfermagem
moderna no Brasil, esteve na Europa durante a Primeira Grande Guerra, incorporou-se à Cruz Vermelha
Francesa, onde se preparou para os primeiros trabalhos. De volta ao Brasil, continuou a trabalhar
como Enfermeira. Faleceu em 25 de setembro de 1933.

História da Enfermagem no Brasil 27


3.2.4 - Escola de Enfermagem Carlos Chagas
Por Decreto nº 10.925, de 7 de junho de 1933 e iniciativa de Dr. Ernani Agrícola, diretor da Saúde
Pública de Minas Gerais, foi criado pelo Estado a Escola de Enfermagem “Carlos Chagas”, a primeira a
funcionar fora da Capital da República. A organização e direção dessa Escola coube a Laís Netto dos
Reys, sendo inaugurada em 19 de julho do mesmo ano. A Escola “Carlos Chagas”, além de pioneira
entre as escolas estaduais, foi a primeira a diplomar religiosas no Brasil.

3.2.5 - Escola de Enfermagem “Luisa de Marillac”


Fundada e dirigida por Irmã Matilde Nina, Filha de caridade, a Escola de Enfermagem Luisa de
Marillac representou um avanço na Enfermagem Nacional, pois abria largamente suas portas, não só
às jovens estudantes seculares, como também às religiosas de todas as Congregações. É a mais antiga
escola de religiosas no Brasil e faz parte da União Social Camiliana, instituição de caráter confessional
da Província Camiliana Brasileira.

3.2.6 - Escola Paulista de Enfermagem


Fundada em 1939 pelas Franciscanas Missionárias de Maria, foi a pioneira da renovação da enfermagem
na Capital paulista, acolhendo também religiosas de outras Congregações. Uma das importantes
contribuições dessa escola foi início dos Cursos de Pós-Graduação em Enfermagem Obstétrica. Esse curso
que deu origem a tantos outros, é atualmente ministrado em várias escolas do país.

3.2.7 - Escola de Enfermagem da USP


Fundada com a colaboração da Fundação de Serviços de Saúde Pública (FSESP) em 1944, faz parte
da Universidade de São Paulo. Sua primeira diretora foi Edith Franckel, que também prestara serviços

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como Superintendente do Serviço de Enfermeiras do Departamento de Saúde. A primeira turma
diplomou-se em 1946.

28 Capítulo 3
Símbolos da Enfermagem 4
4.1 - Resolução COFEN-218/1999
Os significados dados aos símbolos utilizados na Enfermagem, são os seguintes:
• Lâmpada: caminho, ambiente;
• Cobra: magia, alquimia;
• Cobra + cruz: ciência;
• Seringa: técnica
• Cor verde: paz, tranqüilidade, cura, saúde - Pedra Símbolo da Enfermagem: Esmeralda

Enfermeiro: lâmpada e cobra + cruz


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Figura 4.0

Técnico e Auxiliar de Enfermagem: lâmpada e seringa

Figura 4.1

CURIOSIDADE:
Esta é a versão correta da lâmpada de Florence Nightingale, segundo Richard Gordon (em “A
Assustadora História da Medicina”).
Trata-se de uma lâmpada usada pelo exército turco.

Figura 4.2
Juramento da Florence
“Juro, livre e solenemente, dedicar minha vida profissional a serviço da pessoa humana, exercendo
a enfermagem com consciência e dedicação; guardar sem desfalecimento os segredos que me forem
confiados, respeitando a vida desde a concepção até a morte; não participar voluntariamente de atos
que coloquem em risco a integridade física ou psíquica do ser humano; manter e elevar os ideais de
minha profissão, obedecendo aos preceitos da ética e da moral, preservando sua honra, seu prestígio
e suas tradições.”

29
Entidades que Representam
5 a Classe de Enfermagem

5.1 - Associação Brasileira de Enfermagem – ABEn


Sociedade civil sem fins lucrativos que congrega enfermeiras e técnicos em enfermagem, fundada
em agosto de 1926, sob a denominação de “Associação Nacional de Enfermeiras Diplomadas Brasileiras”.
É uma entidade de direito privado, de caráter científico e assistencial regida pelas disposições do
Estatuto, Regulamento Geral ou Regimento Especial em 1929, no Canadá, na Cidade de Montreal, a
Associação Brasileira de Enfermagem, foi admitida no Conselho Internacional de Enfermeiras (I.C.N.).
Por um espaço de tempo a associação ficou inativa. Em 1944, um grupo de enfermeiras resolveu
reerguê-la com o nome Associação Brasileira de Enfermeiras Diplomadas.
Seus estatutos foram aprovados em 18 de setembro de 1945. Foram criadas Seções Estaduais,
Coordenadorias de Comissões. Ficou estabelecido que em qualquer Estado onde houvesse 7 (sete)
enfermeiras diplomadas, poderia ser formada uma Seção. Em 1955, esse número foi elevado a 10
(dez). Em 1952, a Associação foi considerada de Utilidade Pública pelo Decreto nº 31.416/52. Em 21 de
agosto de 1964, foi mudada a denominação para Associação Brasileira de Enfermagem - ABEn, com
sede em Brasília, funciona através de Seções formadas nos Estados, e no Distrito Federal, as quais, por
sua vez, poderão subdividir-se em Distritos formados nos Municípios das Unidades Federativas da
União.

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Finalidades da ABEn
• Congregar os enfermeiros e técnicos em enfermagem, incentivar o espírito de união e
solidariedade entre as classes;
• Promover o desenvolvimento técnico, científico e profissional dos integrantes de Enfermagem
do País;
• Promover integração às demais entidades representativas da Enfermagem, na defesa dos
interesses da profissão.

Estrutura - ABEn é constituída pelos seguintes órgãos, com jurisdição nacional:


• Assembléia de delegados
• Conselho Nacional da ABEn (CONABEn)
• Diretoria Central
• Conselho Fiscal

Realizações da ABEn
• Congresso Brasileiro em Enfermagem - Uma das formas eficazes que a ABEn utiliza para
beneficiar a classe dos enfermeiros, reunindo enfermeiros de todo o país nos Congressos para
fortalecer a união entre os profissionais, aprofundar a formação profissional e incentivar o
espírito de colaboração e o intercâmbio de conhecimentos.
• Revista Brasileira de Enfermagem - A Revista Brasileira de Enfermagem é Órgão Oficial,
publicado bimestralmente e constitui grande valor para a classe, pois trata de assuntos
relacionados à saúde, profissão e desenvolvimento da ciência. A idéia da publicação da Revista
surgiu em 1929, quando Edith Magalhães Franckel, Raquel Haddock Lobo e Zaira Cintra Vidal
participaram do Congresso do I.C.N. em Montreal, Canadá. Numa das reuniões de redatoras da
Revista, Miss Clayton considerou indispensável ao desenvolvimento profissional a publicação
de um periódico da área. Em maio de 1932 foi publicado o 1º número com o nome de “Anais
de Enfermagem”, que permaneceu até 1954. No VII Congresso Brasileiro de Enfermagem
foi sugerida e aceita a troca do nome para “REVISTA BRASILEIRA DE ENFERMAGEM”- ABEn
(REBen). Diversas publicações estão sendo levadas a efeito: Manuais, Livros didáticos, Boletim
Informativo, Resumo de Teses, Jornal de Enfermagem.

30
5.2 - Sistema COFEN/CORENs

5.2.1 - Histórico
• Criação - Em 12 de julho de 1973, através da Lei 5.905, foram criados os Conselhos Federal
e Regionais de Enfermagem, constituindo em seu conjunto Autarquias Federais, vinculadas
ao Ministério do Trabalho e Previdência Social. O Conselho Federal e os Conselhos Regionais
são Órgãos disciplinadores do exercício da Profissão de Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares de
Enfermagem. Em cada Estado existe um Conselho Regional, os quais estão subordinados ao
Conselho federal, que é sediado no Rio de Janeiro e com Escritório Federal em Brasília.
• Direção - Os Conselhos Regionais são dirigidos pelos próprios inscritos, que formam uma
chapa e concorrem à eleições. O mandato dos membros do COFEN/CORENs é honorífico e tem
duração de três anos, com direito apenas a uma reeleição. A formação do plenário do COFEN é
composta pelos profissionais que são eleitos pelos Presidentes dos CORENs.
• Receita - A manutenção do Sistema COFEN/CORENs é feita através da arrecadação de taxas
emolumentos por serviços prestados, anuidades, doações, legados e outros, dos profissionais
inscritos nos CORENs.
• Finalidade - O objetivo primordial é zelar pela qualidade dos profissionais de Enfermagem e
cumprimento da Lei do Exercício Profissional.

O Sistema COFEN/CORENs encontra-se representado em 27 Estados Brasileiros, sendo este filiado


ao Conselho Internacional de Enfermeiros em Genebra.

5.2.2 - Competências
Conselho Federal de Enfermagem (COFEN)
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a) Normatizar e expedir instruções, para uniformidade de procedimento e bom funcionamento


dos Conselhos Regionais;
b) Esclarecer dúvidas apresentadas pelos CORENs;
c) Apreciar Decisões dos COREns;
d) Aprovar contas e propostas orçamentárias de Autarquia, remetendo-as aos Órgãos competentes;
e) Promover estudos e campanhas para aperfeiçoamento profissional;
f) Exercer as demais atribuições que lhe forem conferidas por lei.

Conselho Regional de Enfermagem (COREN)


a) Deliberar sobre inscrições no Conselho e seu cancelamento;
b) Disciplinar e fiscalizar o exercício profissional, observando as diretrizes gerais do COFEN;
c) Executar as instruções e resoluções do COFEN;
d) Expedir carteira e cédula de identidade profissional, indispensável ao exercício da profissão,
a qual tem validade em todo o território nacional;
e) Fiscalizar e decidir os assuntos referentes à Ética Profissional impondo as penalidades cabíveis;
f) Elaborar a proposta orçamentária anual e o projeto de seu regimento interno, submetendo-
os a aprovação do COFEN;
g) Zelar pelo conceito da profissão e dos que a exercem;
h) Propor ao COFEN medidas visando a melhoria do exercício profissional;
i) Eleger sua Diretoria e seus Delegados a nível central e regional;
j) Exercer as demais atribuições que lhe forem conferidas pela Lei 5.905/73 e pelo COFEN.

Entidades que Representam a Classe de Enfermagem 31


Competências do Enfermeiro, do Técnico em Enfermagem e do Auxiliar em Enfermagem
Os limites das atividades dos profissionais de enfermagem (auxiliar, técnico e enfermeiro) estão
definidos no Decreto N° 94.406/87, que regulamenta a Lei N° 7.498/86, sobre o exercício profissional
da Enfermagem. As atividades do enfermeiro estão descritas nos artigos 8° e 9°, as competências do
técnico de enfermagem, no artigo 10°, e as do auxiliar, no artigo 11° do referido decreto.
As funções são divididas por níveis de complexidade e cumulativas, ou seja, ao técnico competem
as suas funções específicas e as dos auxiliares, enquanto que o enfermeiro é responsável pelas
suas atividades privativas, outras mais complexas e ainda pode desempenhar as tarefas das outras
categorias.
Às três categorias incube integrar a equipe de saúde e a promover a educação em saúde, sendo
que a gestão (atividades como planejamento da programação de saúde, elaboração de planos
assistenciais, participação de projetos arquitetônicos, em programas de assistência integral, em
programas de treinamento, em desenvolvimento de tecnologias apropriadas, na contratação do
pessoal de enfermagem), a prestação de assistência ao parto e a prevenção (de infecção hospitalar,
de danos ao paciente, de acidentes no trabalho) são de responsabilidade do enfermeiro.
Dessas atividades, cabe ao técnico de enfermagem assistir o enfermeiro no planejamento das
atividades de assistência, no cuidado ao paciente em estado grave, na prevenção e na execução de
programas de assistência integral à saúde e participando de programas de higiene e segurança do
trabalho, além, obviamente, de assistência de enfermagem, excetuadas as privativas do enfermeiro.
Privativamente, incumbe ao enfermeiro a direção do serviço de enfermagem (em instituições
de saúde e de ensino, públicas, privadas e a prestação de serviço); as atividades de gestão como
planejamento da assistência de Enfermagem, consultoria, auditoria, entre outras; a consulta de
Enfermagem; a prescrição da assistência de Enfermagem; os cuidados diretos a pacientes com risco
de morte; a prescrição de medicamentos (estabelecidos em programas de saúde e em rotina); e todos
os cuidados de maior complexidade técnica.

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A única categoria com todas as atividades explicitadas em Lei é a dos auxiliares de enfermagem.
Além de integrar a equipe de saúde e educar, cabe ao auxiliar preparar o paciente para consultas,
exames e tratamentos; executar tratamentos prescritos; prestar cuidados de higiene, alimentação e
conforto ao paciente e zelar por sua segurança; além de zelar pela limpeza em geral.
Cabe, ainda, ao auxiliar ministrar medicamentos, aplicar e conservar vacinas e fazer curativos;
colher material para exames laboratoriais; executar atividades de desinfecção e esterilização; realizar
controle hídrico; realizar testes para subsídio de diagnóstico; instrumentar; efetuar o controle de
pacientes e de comunicantes em doenças transmissíveis; prestar cuidados de Enfermagem pré e pós-
operatórios; aplicar oxigenoterapia, nebulização, enteroclisma, enema e calor ou frio; executar os
trabalhos de rotina vinculados à alta de pacientes; e participar dos procedimentos pós-morte.

5.3 - Sistema de Disciplina e Fiscalização


O Sistema de Disciplina e Fiscalização do Exercício Profissional da Enfermagem, instituído por
lei, desenvolve suas atividades segundo as normas baixadas por Resoluções do COFEN. O Sistema é
constituído dos seguintes objetivos:
a) Área disciplinar normativa: Estabelecendo critérios de orientação e aconselhamento para
o exercício da Enfermagem, baixando normas visando o exercício da profissão, bem como
atividade na área de Enfermagem nas empresas, consultórios de Enfermagem, observando as
peculiaridades atinentes à Classe e a conjuntura de saúde do país.
b) Área disciplinar corretiva: Instaurando processo em casos de infrações ao Código de Ética
dos Profissionais de Enfermagem, cometidas pelos profissionais inscritos e, no caso de empresa,
processos administrativos, dando prosseguimento aos respectivos julgamentos e aplicações das
penalidades cabíveis; encaminhando às repartições competentes os casos de alçada destas.
c) Área fiscalizatória: Realizando atos e procedimentos para prevenir a ocorrência de Infrações
à legislação que regulamenta o exercício da Enfermagem; inspecionando e examinando os locais
públicos e privados, onde a Enfermagem é exercida, anotando as irregularidades e infrações
verificadas, orientando para sua correção e colhendo dados para a instauração dos processos de
competência do COREN e encaminhando às repartições competentes, representações.

32 Capítulo 5
Teoria da Enfermagem 6
6.1 - Teorista e Teorias de Enfermagem

6.1.1 - Introdução
Houve uma Conferência Internacional “The Nurse Theorist Conference”, realizada em Edmonton,
Alberta, Canadá, no período de 2 a 4 de maio de 1984, organizada pela BOYLE-LETOURNEAU and
ASSOCIATES INCORPORATED, apoiada pela Associação Canadense de Enfermagem e pelo Conselho
Internacional de Enfermeiras.
O evento que reuniu 451 participantes, em sua maioria docentes e pesquisadores, provenientes
de 16 países, teve como objetivo principal a divulgação dos recentes estudos sobre teorias de
enfermagem pelos mais consagrados cientistas da área tais como:
• Myra Levine, autora da Teoria holística;
• Imogene King, defensora da enfermagem como ciência baseada em conceitos gerais do
comportamento humano;
• Callista Roy, autora da Teoria da Adaptação;
• Martha Rogers, pioneira no estudo das Teorias de Enfermagem
• Margareth Newman, que conceitua a enfermagem como ciência e arte que tem como foco o
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processo de vida do ser humano.

Na sessão de abertura foi apresentado breve histórico sobre a evolução do estudo das Teorias de
Enfermagem pela Professora Doutora Janetta Mac Phail, Diretora da Faculdade de Enfermagem da
Universidade de Alberta.
Doutora Mac Phail relatou que os primeiros ensaios visando a sistematização dos conhecimentos
de enfermagem e a formulação de conceitos e terminologia, a partir da observação, isolamento e
relacionamento dos fatos, tiveram início no final da década de 1950, com Martha Rogers e Virgínia
Henderson.
Na década de 1960, aderiram a esse movimento, para consolidação da Enfermagem como ciência,
Callista Roy, Ida Orlando, Imogene King e outros, tentando organizar o corpo de conhecimento
específico baseado em análises sobre a natureza do ser humano e suas relações com o meio ambiente.
Os estudos progrediram lentamente até 1966, quando então houve intensificação não só das
investigações, mas também das publicações sobre diversas teorias que caracterizavam a enfermagem
como ciência e arte de cuidar do ser humano, considerando-o como um todo sômato-psíco-social e
espiritual, pessoa inserida no contexto de uma família e comunidade.
A elaboração e divulgação dos princípios que norteiam a prática deu origem à aplicação do Processo
de Enfermagem - metodologia sistematizada e dinâmica para prestação da assistência — que consiste
resumidamente em: diagnosticar as necessidades do cliente, prescrever os cuidados e avaliar as
respostas do indivíduo ao tratamento recebido. Essa nova orientação elevou a qualidade da assistência
de enfermagem e provocou o aparecimento de diversas linhas de pesquisa nessa área do saber.
O desenvolvimento da profissão vem acompanhando a história da humanidade, porém, sendo
ciência nova, somente a partir de 1982 é que a Enfermagem, passando da fase factual para a conceituai,
começou a ser integrada e reconhecida legitimamente no mundo científico e tecnológico.
A conferencista ressaltou a importância do conclave por constituir oportunidade ímpar para a
divulgação e discussão das teorias produzidas pelos expoentes máximos da enfermagem mundial
nos últimos anos, bem como para o debate sobre a aplicação dos princípios teóricos ao exercício e
ensino da enfermagem.

33
6.1.2 - Teorias de Enfermagem
Foi analisada a problemática da ciência e arte da Enfermagem no contexto de um mundo em que
as transformações sócio-econômico-culturais e políticas se processam rapidamente, com amplas e
profundas repercussões sobre o homem, seu ecossistema e o universo.
Tal análise foi feita à luz dos princípios das ciências básicas-biológicas, humanas e exatas, e
acompanhando as tendências dos campos da saúde, enfermagem e educação.
A seguir serão feitas considerações sobre as principais teorias apresentadas na Conferência, as
quais receberam o nome de suas autoras.

6.1.2.1 - Teoria de Myra Levine (1967)


A autora defende a teoria holística de enfermagem, abordando o homem como ser biopsicossocial,
um “todo com todas as suas partes integradas”, que vive em constante interação com o meio, num
determinado tempo e espaço.
Segundo ela, a Enfermagem é ciência humanística que cuida da pessoa, ajudando-a a se adaptar a
si mesma, aos seus semelhantes e ao meio em que vive. O suporte teórico da profissão é consequência
do domínio dos princípios biológicos, psicossociais, culturais e da historicidade.
Figura 6.0 - Myra Levine. A autoria enuncia como postulado central a promoção e a manutenção da “Homeorhesis”, “o maior
sistema de controle do organismo”, propondo que a enfermagem deva exercer função conservadora
das energias do paciente e do universo e facilitadora das trocas de energia entre o homem e a
natureza, ou seja, de ajudar a pessoa a se adaptar aos estímulos do ambiente interno e externo.
Na assistência ao cliente, a citada autora relaciona, como principais proposições ou premissas, as
seguintes:
1 - Ter a visão holística do homem, considerando a sua unicidade e, ao mesmo tempo, todas as
partes que compõem o todo;

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2 - Considerar os estímulos ou desafios do meio interno e externo;
3 - Considerar a pessoa social (indivíduo, família, comunidade, Estado, País);
4 - Desenvolver a consciência do “eu “ “mim” e “nós “ e o auto e o hétero-conhecimento;
5 - Considerar a enfermagem como uma função social de ajuda, a ser exercida junto com o
sujeito da atenção;
6 - Considerar que a intervenção de enfermagem ocorre num determinado tempo e espaço,
envolvendo a pessoa humana localizada em uma conjuntura global do sistema social e de
saúde, a fim de preservar sua integridade estrutural, pessoal e social.

6.1.2.2 - Teoria de Imogene King


Imogene King descreve a enfermagem como ciência cujo foco é a capacidade seletiva das
percepções humanas sobre pessoas, coisas e acontecimentos, o que influencia seu comportamento,
relações sociais e posição em face do processo saúde-doença, ao longo do ciclo vital.
Para explicitar sua teoria, a autora destaca quatro componentes básicos: objetivos, estrutura,
funções e recursos.
Objetivos - Referem-se à saúde em todos os aspectos.
Estrutura - Engloba o ser humano e o seu meio e as inter-relações entre eles.
Funções - Processo de enfermagem pelo qual a enfermeira procura prover meios para atender
às necessidades do cliente e do ambiente, numa sequência de ação, reação, interação e transação,
Figura 6.1 - Imogene King
visando os objetivos relacionados à saúde.
Recursos - Sistemas sociais organizados para promover, preservar ou recuperar a saúde ou atender
aos problemas relativos ao processo vital.
A Teoria de King difere significativamente das demais quando faz o processo de enfermagem
ultrapassar os limites da interação entre pessoas, chegando à transação entre elas para atingir os
objetivos ligados à saúde.
King valoriza o indivíduo como ser social que percebe, sente, pensa e reage, toma decisões e
controla sua vida e o ecossistema.
Na operacionalização da assistência, essa cientista chama atenção para o direito e dever do cliente
de conhecer-se a si próprio, ter acesso a informações sobre sua saúde e optar por uma ou outra
alternativa terapêutica.

34 Capítulo 6
6.1.2.3 - Teoria de Callista Roy
Callista Roy define a Enfermagem como “ciência e prática” da promoção da adaptação de
indivíduos e grupos em situação que envolvem saúde e doença.
De todas as conferencistas, foi a que trouxe mais subsídios da prática assistencial.
Apresentou três aspectos essenciais da sua teoria da adaptação:
Pessoa/grupo — E o sistema adaptativo em que se manifestam os principais mecanismos de
adaptação categorizados como reguladores, sensoriais ou preceptores e as formas de adaptação
identificadas: fisiológicas, de autoconceito, desempenho de papel e interdependência.
Meio -— Refere-se ao conjunto de três estímulos internos e externos inerentes à pessoa ou ao
grupo: focal, contextual e residual, ou seja, todas as condições, circunstâncias e influências situacionais
que afetam o desenvolvimento da pessoa/grupo.
São de estímulos importantes, na adaptação humana, o estágio do desenvolvimento da pessoa, Figura 6.2 - Callista Roy
a família e a cultura.
Saúde — O objetivo da enfermagem é o de promover a adaptação e contribuir para a saúde que é
um estado e processo do ser humano como um todo integrado, que tem o seu estilo peculiar de vida.
A adaptação faz-se necessária para o equilíbrio da pessoa em termos de saúde, em relação às
mudanças do meio interno e externo. As respostas adaptativas constituem uma função dos estímulos
oriundas das mudanças do meio e do nível de adaptação da pessoa/grupo. Os comportamentos são
classificados como adaptados ou não efetivos, segundo sejam alcançados ou não os objetivos da
adaptação, isto é, sobrevivência, crescimento, reprodução e domínio sobre si, sua vida e o ambiente.
Com base nesses pressupostos, Callista Roy expôs o processo de enfermagem para assistir as
pessoas/grupos como segue:
• Identificação de problemas;
• Diagnóstico de enfermagem ou classificação sumária do comportamento da pessoa/grupo;
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• Determinação dos objetivos da assistência;


• Intervenção de enfermagem;
• Avaliação de enfermagem. A aplicação do processo de enfermagem — Modelo Roy —
já é rotina em instituições de saúde de alguns países. Nos Estados Unidos está em vias de
transformação em critério para credenciamento de Hospitais e Escolas de Enfermagem.

Portanto a Teoria da adaptação de Sister Calista Roy (1939), se define em:


• Foco: Homem em adaptação;
• Homem: Ser social, mental, espiritual e físico, afetado por estímulos do ambiente interno e
Externo;
• Saúde: Capacidade do indivíduo para adaptar-se a mudanças no ambiente;
• Ambiente: Forças internas e externas em um estado de contínua mudança;
• Enfermagem: Arte humanitária e ciência em expansão que manipula e modifica os estímulos
de modo a promover e facilitar a capacidade adaptativa do homem.

6.1.2.4 - Teoria de Margareth Newman


Newman considera a enfermagem como ciência humana que cuida do homem, promovendo sua
adaptação ao “continuum” “saúde-doença”. Ela caracteriza a saúde como expansão da consciência
de cada pessoa e a doença como manifestação do padrão do indivíduo como ente dinâmico que se
move ao longo do ciclo vital.
A posição da pessoa no “continuum” “saúde-doença” depende da qualidade e quantidade de sua
consciência, orientada no tempo e no espaço.
O padrão do indivíduo que eventualmente manifesta uma doença indica que existem fatores
estruturais e funcionais em sua vida, associados àquele distúrbio.
A unidade de análise da enfermagem é a pessoa/família, integrada em uma comunidade, sendo
importante a detecção e valorização de suas potencialidades, conhecimentos, estilo de vida e modos Figura 6.3 - Margareth
de reação a estímulos do meio interno e externo. Newman.
O padrão da pessoa é inerente a cada uma das partes estruturais do seu organismo, sendo cada
atividade a sua reação global a todos os estímulos.

Teoria da Enfermagem 35
6.1.2.5 - Teoria de Martha Rogers
Martha Rogers, a mais antiga das autoras de teorias de enfermagem, salientou a importância do
compromisso social do enfermeiro em face da realidade em constante transformação.
Afirmou que a(o) enfermeira(o) precisa buscar novos propósitos e conhecimentos e ampliar
horizontes profissionais para ajudar as pessoas/famílias a conseguirem atingir o grau de bem-estar
de que necessitam.
Segundo sua concepção, Enfermagem é ciência que estuda o ser humano e a arte de cuidar das
pessoas, o que exige da(o) profissional profundo conhecimento sobre a natureza e o desenvolvimento
do homem desde o nascimento até a morte.
Figura 6.4 - Martha Rogers. Enfatizou a necessidade de produzir tecnologias a serviço da humanidade que possam ser
utilizadas no “fazer” do enfermeiro, na realidade da prática profissional.
As teorias da enfermagem são conjuntos de conceitos abstratos que procuram explicar, com óticas
diferentes, o fenômeno em questão.
Nesse sentido, tanto mais rica e sólida se tornará a ciência quanto mais teorias forem elaboradas,
pois nenhuma delas, isoladamente, é capaz de explicar a abrangência global da enfermagem.
Rogers ressaltou, ainda, a importância do padrão que caracteriza cada indivíduo como um todo
unificado, abarcando as dimensões biopsicossocial, espirituais, construto abstrato, marco referencial
para a identificação de necessidades e planejamento da atenção efetiva.
Dessa forma, a autora defendeu como principal postulado: a enfermagem considera cada indivíduo
como um todo integrado, único, que vive a sua própria vida, experimenta contínua mudança; está
sujeito à unidirecionalidade da vida e do tempo que lhe acumula experiência; é um sistema aberto em
constante interação e intercâmbio de energias com o meio, na saúde ou na doença.
A cientista declarou que sua teoria é resultante de estudos, pesquisas e análises lógicas sobre o ser
humano, como ocorre em todas as ciências. O que diferencia a enfermagem das demais disciplinas é

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a aplicação do Processo de Enfermagem, função-ciência e arte, que o enfermeiro desempenha para
ajudar as pessoas e grupos.
Em relação ao caráter interdisciplinar da assistência de saúde, a autora lembrou a necessidade
do enfermeiro participar mais dos processos de mudança, a fim de que não lhe falte a noção
pragmática suficiente para possibilitar a transferência de conhecimentos para o campo de trabalho
multiprofissional.
Na equipe assistencial, cabe ao enfermeiro atender a pessoa na promoção e recuperação da
saúde, prevenção da enfermidade e reabilitação, auxiliando-a a fazer opções responsáveis quanto a
alternativas de solução dos problemas de saúde.

6.1.2.6 - Teoria de F. Nightingale (1820/1910), se define em:


• Foco principal da Teoria: Ambiente;
• Homem: Indivíduo cujas defesas naturais são influenciadas por um ambiente saudável ou não;
• Saúde: Processo reparador;
Figura 6.5 - F. Nightingale
• Ambiente: Condições externas capazes de prevenir doenças, suprimi-las ou contribuir para
elas;
• Enfermagem: Modificar os aspectos não-saudáveis do ambiente a fim de colocar o paciente na
melhor condição para ação da natureza.

6.1.2.7 - Teoria de Virginia Henderson (1897), se define em:


• Foco: Necessidades Básicas;
• Homem: Indivíduos com necessidades humanas com significado e valor singular a cada pessoa;
• Saúde: Capacidade para satisfazer as necessidades humanas (Físicas, Psicológicas e Sociais);
• Ambiente: Cenário em que o indivíduo aprende padrões singulares de vida;
• Enfermagem: Assistência temporária a um indivíduo que possua dificuldades para satisfazer
Figura 6.6 - Virginia uma ou mais necessidades básicas.
Henderson

36 Capítulo 6
6.1.2.8 - Teoria de Dorothea Orem (1914), se define em:
• Foco: Autocuidado Homem: Indivíduo que utiliza o autocuidado para manter a vida e a saúde,
recupera-se da doença e consegue enfrentar seus defeitos;
• Saúde: Resultado das práticas aprendidas pelos indivíduos para manter a vida e o bem- estar;
• Ambiente: Os elementos externos com os quais o homem interage em sua luta para manter o
autocuidado;
• Enfermagem: Auxilia o indivíduo a maximizar, progressivamente, seu potencial para o
autocuidado.

6.1.2.9 - Teoria de Hildegard Peplau (1952), se define em:


• Foco: Relação interpessoal Enfermeiro/Cliente;
Figura 6.7 - Dorothea Orem
• Homem: Indivíduo que luta para reduzir a tensão gerada pelas necessidades;
• Saúde: É um símbolo que implica movimentos adiante da personalidade e outros processos
humanos em curso, na direção de uma vida criativa, produtiva, pessoal e comunitária;
• Ambiente: Considera cultura e costumes do cliente no ambiente hospitalar;
• Enfermagem: Processo interpessoal, significativo e terapêutico, onde o enfermeiro é capaz de
reconhecer a necessidade de ajudar o cliente a reagir a ela.

Figura 6.8 - Hildegard


Peplau
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Teoria da Enfermagem 37
Áreas de Atuação do Profissional
7 em Enfermagem

7.1 - Introdução
Atualmente, a introdução de novas tecnologias no mercado de trabalho da saúde tem imposto
algumas modificações na força de trabalho do setor, onde há a necessidade de contratação de
profissionais cada vez mais qualificados, que estejam capacitados a utilizar as inovações dos meios
diagnósticos e terapêuticos. Estendemos esse fenômeno ao campo da Enfermagem, já que um
número cada vez maior de enfermeiros vem buscando o constante aperfeiçoamento através de
cursos de pós-graduação.
A especialização em Enfermagem vem praticamente tornando-se uma exigência para a
complementação e a sedimentação do aprendizado obtido no curso de graduação, oferecendo
instrumentos necessários para o exercício profissional. Não há mais como permanecer apenas com
os conhecimentos adquiridos na graduação. Isto coloca o ensino de pós-graduação (lato sensu) como
uma das possibilidades que temos atualmente para qualificar enfermeiros para a prática profissional
e, nesta perspectiva, contribuir para a ampliação e a transformação da Enfermagem brasileira.
A Especialização é um processo de ensino que procura ampliar os conhecimentos e concepções
da área, preparando os profissionais para intervir e transformar a prática. O especialista se dedica a
um ramo de sua profissão, optando por uma especialidade conforme sua habilidade ou interesse

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particular. A escolha de uma especialidade profissional caracteriza-se como importante momento de
transformação pessoal e social, impregnada de simbolismos e significações individuais e coletivas,
não constituindo, portanto, uma opção simples e fácil como pode parecer.
Na saúde, as profissões também caminham dia a dia para a especialização do saber e do cuidar, à
medida que novos conceitos e tecnologias são desenvolvidos, abrindo-se, como consequência, novos
campos de atuação e pesquisa. No contexto das profissões da saúde, a Enfermagem ocupa posição
ímpar, pois é numericamente significativa dentro das instituições, quase que exclusivamente feminina,
assalariada e hospitalar, desenvolvendo atividades centradas no cuidado em saúde das pessoas.
Entre as décadas de 40 e 60, houve uma grande expansão numérica de hospitais e escolas de
Enfermagem no Brasil, o que redundou na necessidade de criação de instrumentos capazes de
normatizar e estruturar os cursos de graduação em Enfermagem, o que levou e permitiu o início das
discussões sobre cursos de pós-graduação, com o nome de especialização.
A especialização é uma modalidade de pós-graduação lato sensu que objetiva qualificar o
profissional a fim de aprofundar o conhecimento em uma determinada área do saber e ampliar suas
oportunidades no mercado de trabalho. O desenvolvimento econômico e social globalizado, as
inovações tecnológicas e ampliação dos serviços na área da saúde, o incremento na oferta de cursos
de graduação em enfermagem e um mercado de trabalho altamente competitivo, que necessita
e exige profissionais especializados em determinadas áreas de conhecimento, fizeram emergir a
necessidade de um investimento do profissional na busca de sua qualificação.
Na década de 70, após a reforma universitária, implementada pela Lei 5540/68, o ensino da Enfermagem
no Brasil passa por um processo de padronização, onde através do Parecer nº 163/72, os currículos passam
a ser definidos e orientados por normas comuns a todas as instituições de nível superior.
Através deste parecer o curso de Enfermagem passa a abranger as ciências básicas, as disciplinas
profissionais e a parte das habilitações específicas, a saber: Enfermagem de Saúde Pública, Enfermagem
Obstétrica e Enfermagem Médico-Cirúrgica e é neste momento que se dá um importante passo em
direção às especializações em Enfermagem, que ganham maior impulso e aceitação no meio acadêmico,
tendo em vista o entendimento de que estas habilitações funcionariam como pré-especializações.
Apesar da existência dos cursos de Pós-Graduação em Enfermagem Stricto Sensu (mestrado e
doutorado) desde a década de 40, foi somente a partir de 1974, que eles adquiriram força e especial
atenção por parte dos enfermeiros. Esta modificação deveu-se principalmente ao incremento da
demanda por professores preparados para o ensino superior, que necessitava contar com um corpo
docente capacitado.

38
A especialização na Enfermagem tem íntima relação com o contexto das políticas de saúde no
Brasil e com a evolução do processo de reforma sanitária, desde a criação do Instituto Nacional de
Previdência Social (INPS – 1966) até a sua conclusão, com a implantação do Sistema Único de Saúde
(SUS – 1990), que impôs demandas e ofertas específicas. Esta relação se dá mais intensamente quando
associamos a ela o fato da privatização do setor saúde, que ofereceu a possibilidade de convênios e
formação de grupos de seguros de saúde, promovendo a necessidade de oferta de profissionais em
quantidade e qualidade suficientes para atender às necessidades do mercado de trabalho.
O crescimento da indústria hospitalar e farmacêutica forçou a absorção de tecnologias no campo
hospitalar e direcionou os agentes de saúde para o manuseio e consumo desses materiais, criando
novas necessidades. Assim, o desenvolvimento das especialidades em Enfermagem, caracteriza-se
dentro de um contexto do próprio crescimento da profissão, a qual, inicialmente, voltada para a
Saúde Pública, passa a atender um mercado hospitalar crescente.
Dados sobre os cursos de pós-graduação lato sensu, presenciais e a distância, indicam que
houve expansão do setor no que se refere ao número de instituições que oferecem tais cursos. O
cruzamento dos dados permite inferir que praticamente a metade das Instituições de Ensino Superior
(IES) brasileiras oferecem cursos de pós-graduação lato sensu, não estando a oferta deste nível de
ensino restrito às universidades, ou aos Centros Universitários e Faculdades Integradas.
Os cursos de especialização foram regulamentados pelo Ministério da Educação por meio da
Resolução CNE/CES 1, de 8 de junho de 2007, porém careciam da definição de um órgão responsável
pela regulação desses cursos. Essa lacuna, provavelmente, contribuiu para sua expansão nas
instituições de ensino, particularmente nas privadas, que reconheceram o grande mercado que se
anunciava.
Em 12 de fevereiro de 2014, o Ministério da Educação publicou a Resolução CNE/CES 2, que instituiu
o cadastro nacional da oferta de cursos de pós-graduação lato sensu (especialização) das instituições
credenciadas no Sistema Federal de Ensino para o reconhecimento desses cursos. Por sua vez, as
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Instituições de Ensino Superior, ao perceberem a demanda de profissionais que buscavam cursos


de especialização, começaram a ampliar a quantidade da oferta, o que ocorreu, principalmente, no
âmbito privado.

7.2 - CBO – Classificação Brasileira de Ocupações


Desde sua publicação no início do último quarto do século passado, a CBO sofreu atualizações
pontuais, sem modificações estruturais e metodológicas. A classificação internacional dada a público
em 1988 sob a sigla CIUO 88 em espanhol – ISCO 88 e CITP 88, em inglês e francês, respectivamente –
introduziu novos critérios de agregação das ocupações. Editada em espanhol CIUO 88, em inglês ISCO
88 e em francês CITP 88, sob os auspícios da OIT, a nova classificação alterou os critérios de agregação.
No Brasil, até então, as informações administrativas relativas às ocupações eram codificadas
seguindo a estrutura da CBO. Entretanto, os dados censitários e as pesquisas domiciliares, colhidos
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, seguiam uma nomenclatura própria da
instituição, sem descrições. Esta multiplicidade de classificações ocupacionais usadas no Brasil
dificultava a comparabilidade entre os usuários de diferentes fontes de informações produzidas
no território nacional, com o agravante de dificultar a comparação dessas estatísticas com aquelas
geradas em outros países. O trabalho inicial constituiu-se no esforço de articulação entre os órgãos
brasileiros que usavam diferentes classificações de ocupação, na tentativa de unificá-las.
Em 1994 foi instituída a Comissão Nacional de Classificações – Concla, organismo interministerial
cujo papel era unificar as classificações usadas no território nacional. A partir daí iniciou-se um
trabalho conjunto do MTE e do IBGE no sentido de se construir uma classificação única.
Para facilitar a execução de um projeto de tal envergadura, a Divisão de Classificação Brasileira de
Ocupações – DCBO decidiu modularizar a construção da nova classificação.
O primeiro módulo foi construído em trabalho cooperativo entre a Divisão da CBO do MTE e o
Departamento de Emprego e Rendimento – Deren do IBGE, que resultou na publicação, em 1996, da
tábua de conversão que permitiu a comparação entre as estatísticas de ocupação que utilizavam a
classificação IBGE 91 e os registros administrativos que utilizam a CBO 94 – tais como a Relação Anual
de Informações Sociais – Rais; Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – Caged; Seguro
Desemprego, e as estatísticas internacionais que usam a CIUO, e as estatísticas internacionais que
usam a CIUO 68 e a CIUO 88. A tábua de conversão compatibilizou apenas os títulos, contudo, sem
modificar os critérios de agregação dos grupos ocupacionais, bem como sem refazer suas definições.

Áreas de Atuação do Profissional em Enfermagem 39


O segundo módulo foi constituído pela elaboração e validação da estrutura, já com a alteração de
conceitos de agregação, utilizando-se o modelo CIUO 88 com algumas adaptações. Esse trabalho foi
desenvolvido pelo MTE e o IBGE com apoio de consultoria contratada para este fim.
De posse de uma estrutura como ponto de partida, iniciou-se o terceiro módulo que incluiu a
escolha de um modelo de descrição e a organização de uma rede de parceiros para a construção da
classificação descritiva. Adotou-se o método Dacum – Developing a Curriculum, adaptando-o para
descrever famílias ocupacionais. A descrição piloto foi feita, no Rio de Janeiro, em 1999, pelo Senai, a
primeira instituição parceira a ser conveniada. Em 2000 e 2001 foram treinados facilitadores de novos
conveniados do MTE: a Fipe – Universidade de São Paulo, a Funcamp – Universidade de Campinas, e
a Fundep – Universidade Federal de Minas Gerais. Os trabalhos foram concluídos em agosto de 2002.
Além das instituições conveniadas, o MTE contou com os serviços de uma consultoria nacional e
com o treinamento dos facilitadores do método Dacum, feito por instituição canadense. Na fase de
definição da nomenclatura, contou com a participação de uma perita da OIT.
A grande novidade do processo descritivo da nova versão da CBO em relação à anterior é que cada
família ocupacional foi descrita por um grupo de 8 a 12 trabalhadores da área, em oficina de trabalho
(ou painel) com duração de três dias, sendo dois dias de descrição e um dia de validação, por outro
comitê, também formado por trabalhadores. Ao todo, foram realizadas 1.800 reuniões/dia, em vários
pontos do Brasil, com a participação de aproximadamente 7 mil trabalhadores.
A outra novidade foi a mudança de filosofia de trabalho na CBO, de uma publicação ocupacional
que era atualizada pontualmente, em um corte no tempo, publicada em papel, passou-se a montagem
de uma rede de informações organizada em banco de dados, apoiada por um conjunto de instituições
conveniadas que atualiza a base de forma contínua e incrementa novos desenvolvimentos, sob a
coordenação do MTE.
Portanto, no Brasil, a CBO é utilizada na codificação do emprego do mercado de trabalho. Seu
código ocupacional é a chave de identificação do emprego, juntamente com a Classificação Nacional de

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Atividade Econômica – CNAE e da natureza jurídica dos estabelecimentos. O MTE utiliza esses códigos
na Relação Anual de Informações Sociais – Rais, no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
– Caged, no Seguro-Desemprego, dentre outros registros administrativos, e no controle da imigração.
Ademais, a CBO é usada no rastreamento de vagas dos Serviços de Intermediação de mão-de-obra,
na elaboração de currículos e no planejamento da educação profissional. No setor público, porém
fora do âmbito desse ministério, é utilizada nas estatísticas de mortalidade do Ministério da Saúde
e na identificação da ocupação no Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF pela Secretaria da Receita
Federal.
Tendo em vista o dinamismo do processo de atualização da CBO e o inevitável descompasso com
as publicações impressas, é disponibilizada anualmente a íntegra de suas atualizações site da CBO
www.mtecbo.gov.br.

40 Capítulo 7
7.2.1 - Classificação Brasileira de Ocupações – CBO - Enfermeiros
Títulos:
2235-05 – Enfermeiro

Figura 7.0

Nessa área o profissional trabalha no comando de equipes de técnicos e auxiliares de enfermagem,


não sendo possível proporcionar uma assistência de qualidade sem o suporte, a cooperação e a
contribuição dos seguidores.
Um dos desafios atuais encontrados pela enfermagem é conseguir oferecer um atendimento de
melhor qualidade ao cliente, conciliando uma diminuição dos custos desse serviço. A principal função
do enfermeiro líder é criar e apoiar uma prática voltada para um cuidado mais humanitário, sensitivo
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e atencioso, enfocando as necessidades individuais do cliente.

2235-10 - Enfermeiro auditor

Figura 7.1

A auditoria tem sido uma ferramenta gerencial utilizada pelos profissionais da saúde, em especial
os enfermeiros, com a finalidade de avaliar a qualidade da assistência de enfermagem e os custos
decorrentes da prestação desta atividade.
O enfermeiro na equipe de auditoria busca avaliar a qualidade da assistência prestada ao paciente
no âmbito hospitalar. Tal procedimento é realizado por meio de registros encontrados nos prontuários
dos auditores.
Os benefícios provenientes da utilização da auditoria estão diretamente relacionados com a
análise dos aspectos inerentes a assistência hospitalar, que tem na enfermagem o desenvolvimento de
indicadores capazes de estabelecer critérios que permitem uma melhoria na qualidade da prestação
de serviços em unidades de saúde.

Áreas de Atuação do Profissional em Enfermagem 41


A auditoria hospitalar busca minimizar desperdícios de materiais, medicamentos, utilização errônea
de equipamentos, bem como de recursos humanos e vem crescendo intensivamente nos ambientes
hospitalares, abrangendo assim um novo campo de atuação dos profissionais de enfermagem, tendo
em vista tal constatação.
A finalidade da auditoria em unidades de saúde, na atualidade, encontra-se, em grande parte,
ainda limitada à comprovação de pagamento de contas hospitalares, revisão de glosas, realização de
negociações entre representantes do hospital e convênio, etc.
Porém, em várias instituições, a auditoria hospitalar implementa outros parâmetros, como apontar
inadequações da assistência de enfermagem, reformular práticas, indicar processos de educação em
serviço e delinear ações corretivas.

2235-15 - Enfermeiro de bordo

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Figura 7.2

O profissional em enfermagem de bordo executa atividades de supervisão e auditoria no que se


refere a execução de serviços de enfermagem a bordo de navios, aviões, helicópteros, observando
os processos de rotina e/ou específicos. Além de acompanhar os programas de assistência integral à
saúde individual e de grupos específicos bem como a aplicação das medidas destinadas à prevenção
de doenças e atendimentos de enfermagem.

2235-20 - Enfermeiro de centro cirúrgico/Instrumentador cirúrgico

Figura 7.3

A enfermagem cirúrgica tem como objetivo o cuidado ao paciente submetido a um tratamento


cirúrgico, no hospital a enfermagem cirúrgica mantém relações estreitas com o paciente e seu familiares
e junto com outros profissionais como o cirurgião, a nutricionista, o fisioterapeuta, psicólogo e outros,
seu principal papel é atuar ao lado de profissionais e auxiliar em tudo o que for preciso, sabendo que
um hospital tem um ambiente complexo e exaustivo essa relação muitas vezes são prejudicadas pelo
excesso de trabalho, por isso um bom posicionamento perante o seu trabalho é essencial.

42 Capítulo 7
O papel do enfermeiro de CC é constituído de atividades específicas de grande responsabilidade,
como, por exemplo, orientar e preparar carrinhos cirúrgicos, materiais para posicionamento, preparar
salas operatórias, testar equipamentos, auxiliar nos procedimentos anestésicos e cirúrgicos, além
das atividades administrativas específicas ao setor. Muitos pacientes desconhecem que o sucesso de
sua cirurgia se deve, em grande parte, à eficiência no preparo dos materiais e ao apoio técnico da
enfermagem para a equipe cirúrgica e anestesiológica.
Assim, a enfermagem deve garantir aos pacientes o apoio psicológico no momento da chegada
ao setor, promover o conforto dentro de um ambiente seguro e zelar pela assepsia durante todos os
procedimentos invasivos.

Figura 7.4
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Escolhendo esse caminho o profissional vai trabalhar em equipes de salvamento de vítimas de


acidentes ou calamidades públicas.

Atuação do enfermeiro no suporte de atendimento avançado (SAV)


A inserção do enfermeiro no serviço de atendimento pré-hospitalar (APH) móvel ocorreu por
meio da política nacional de atenção as urgências, baseado no modelo francês, que possui distintas
categorias na composição da equipe. No SAV, a ambulância é tripulada por motorista socorrista,
médico e enfermeiro, caracterizados e acionados por meio da regulação médica por agravos de
ordem clínica, traumática, cirúrgica e psiquiátrica, que necessitam de intervenções complexas.
A partir de então, o enfermeiro participa, juntamente com a equipe de APH móvel, de ambientes
diversos, com restrição de espaço físico e em situações limite de tempo da vítima e cena. Essas
situações evidenciam a necessidade de decisões imediatas, baseadas em protocolos, conhecimento
e rápida avaliação.
Juntamente com o médico e o socorrista, o enfermeiro é responsável pela assistência, que tem
como meta a reanimação e a estabilização do paciente no local de ocorrência e durante o transporte
para o pré-atendimento fixo. Dada a necessidade de envolver técnicas complexas, além de manobras
invasivas, essa assistência justifica a presença do enfermeiro e do médico na ambulância.
Assim, é possível caracterizar a atuação do enfermeiro de APH móvel público por meio da avaliação
das necessidades da vítima, da definição de prioridades, da realização de intervenções necessárias, da
reavaliação contínua durante a remoção e transporte definitivo.
Algumas situações adversas constantes nessa modalidade de atendimento compreendem: pouco
espaço para a realização de técnicas, vítimas presas em ferragens, soterramento e desabamento,
tentativa de suicídio, atendimento domiciliar, falta de luminosidade, poluição sonora, atendimento
múltiplo, exposição ao sol, calor, frio, chuva, dentre vários outros.

Áreas de Atuação do Profissional em Enfermagem 43


2235-30 - Enfermeiro do trabalho

Figura 7.5

Optando por essa área de atuação o profissional vai trabalhar dando atendimento ambulatorial
em empresas e ainda acompanhar programas de prevenção a saúde dos funcionários.
É uma área razoavelmente nova, surgiu a partir da necessidade de se ter um profissional da área da
saúde atuando internamente em instituições e empresas de diversos segmentos.
A princípio, a área era vista apenas dentro de um parâmetro micro, em que o profissional, neste caso, o
enfermeiro, poderia realizar apenas o atendimento emergencial dentro do local de trabalho das empresas.
Contudo, essa área vem sendo ampliada nos últimos anos e junto a ela o desempenho dos
profissionais também é estendido, principalmente após serem regulamentadas as medidas de

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segurança e proteção à saúde do trabalhador (Norma Regulamentadora [NR] 4).
O profissional dessa área, dentro das empresas, integra a equipe do Serviço Especializado em
Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT).
Com a expansão da área, a criação da NR e a integração do profissional junto ao SESMT, poderão
atuar na Área do Trabalho os graduados, técnicos e auxiliares de Enfermagem desde que devidamente
especializados em enfermagem do trabalho.
Sendo que o graduado é o responsável pelo cargo e a função desempenhada e os demais membros
(assistentes e técnicos) auxiliares na execução das atividades.
O profissional dessa área pode atuar dentro de quaisquer empresas, sejam elas: os hospitais,
escolas, postos de saúde, fábricas, indústrias, comércio, sindicatos, ou seja, qualquer empresa que
esteja estruturada para lidar com a saúde do seu trabalhador e atendendo à NR 4.
O enfermeiro responsável pela área prestará serviços relacionados à saúde em alguma empresa e
suas atividades permearão em torno do planejamento de ações e diretrizes na área de enfermagem,
por exemplo:
• Primeiros socorros aos colaboradores em urgências dentro da empresa;
• Acompanhar a saúde do trabalhador no ambiente de trabalho;
• Elaborar projetos que visam minimizar os riscos de acidentes e doenças do trabalho;
• Estudar e observar as condições de higiene, insalubridade e periculosidade no ambiente de
trabalho;
• Identificar riscos e coletar dados de doenças ocupacionais;
• Estimular ações com o intuito de preservar a integridade física e mental do trabalhador;
• Instruir o trabalhador quanto à importância dos equipamentos individuais de segurança para
a saúde;
• Educar os trabalhadores quanto à prevenção de acidentes;
• Supervisionar técnicos e auxiliares quanto à sua função;
• Treinar os integrantes da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) no que se refere
à prevenção de doenças dos colaboradores;
• Atender às necessidades do trabalhador, dentre outras atividades como palestras e cursos.

O enfermeiro responsável trabalhará em conjunto com técnicos e auxiliares, assim como com
profissionais de outras áreas.

44 Capítulo 7
2235-35 - Enfermeiro nefrologista

Figura 7.6

O enfermeiro nefrologista irá trabalhar em hospitais e clínicas com atendimento aos pacientes
com problemas renais, ou em clínicas de hemodiálise, na assistência de enfermagem direta aos
pacientes renais crônicos.
É uma especialidade muito desenvolvida no campo da enfermagem, pois o número de pacientes
portadores de doenças renais crônicas no Brasil é grande, sem falar que existem diversas clínicas
especializadas em hemodiálise.
O enfermeiro nefrologista atuará também na prevenção de doenças renais que possam afetar os
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pacientes, pois muitos desses pacientes apresentam insuficiência renal aguda, que se não for tratada
adequadamente poderá evoluir para uma doença renal crônica.

2235-40 - Enfermeiro neonatologista

Figura 7.7

Enfermeiro de berçário, ou enfermeiro neonatologista vai prestar assistência ao recém-nascido,


com autonomia de consulta, solicitação de exames e prescrição de medicamentos dentro do manual
do AIDPI - Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância -, logo o profissional de enfermagem
na área de neonatologia pode acompanhar a criança desde o nascimento até completar dois anos de
idade. Nos casos de gravidez sem risco, o enfermeiro também pode receber o recém-nascido sem a
necessidade de pediatra.

Áreas de Atuação do Profissional em Enfermagem 45


2235-45 - Enfermeiro obstétrico

Figura 7.8

O enfermeiro obstetra trabalha na assistência à gestante em várias partes de sua vida focando no
período da gravidez. Esse profissional é especializado para analisar de forma mais crítica a mãe e o
bebê durante a gestação.
De acordo com o Ministério da Saúde, o enfermeiro dessa área é habilitado para realizar qualquer
tipo de parto natural que não haja nenhuma complicação na saúde da mulher e de seu filho.
No pós-parto esse profissional também fica responsável em cuidar da mãe para que seu organismo
volte as condições normais o quanto antes, além de passar orientações à mulher dos cuidados

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necessários com o recém-nascido.
Legislação – A assistência à gestante, o acompanhamento do trabalho de parto e a execução do
parto sem distócia estão entre as atribuições dos enfermeiros generalistas enquanto integrantes das
equipes de Saúde, conforme o artigo 11 da Lei 7498/86. Os enfermeiros obstétricos, especialistas em
parto normal, têm autonomia profissional na assistência, conforme o artigo 9º do decreto 94.406/87.

2235-50 - Enfermeiro psiquiátrico

Figura 7.9

O trabalho da enfermagem na saúde mental visa, o cuidado terapêutico, vislumbrando uma


assistência segura, integral e de qualidade. Espera-se que o profissional de enfermagem em saúde
mental seja empático, autêntico, criativo e com capacidade de inovar nas práticas do cuidar.
O objetivo da enfermagem nos centros de atenção psicossocial deve ser a promoção de ações
terapêuticas voltadas para identificar e auxiliar na recuperação do paciente em sofrimento psíquico,
visando à reabilitação de suas capacidades físicas e mentais, respeitando suas limitações e os seus
direitos de cidadania.

46 Capítulo 7
O paciente em sofrimento psíquico apresenta-se ansioso, inseguro de seu destino, desconfortável
emocionalmente e com uma vivência na maioria das vezes permeada de solidão e desamparo,
acompanhado por tratamentos invasivos, agressivos e até mesmo dolorosos, necessitando de muitos
cuidados, como da enfermagem voltada para a saúde mental.

2235-55 - Enfermeiro puericultor e pediátrico

Figura 7.10

O profissional nessa área da saúde vai se dedicar ao estudo dos cuidados com o ser humano em
desenvolvimento, mais especificamente com o acompanhamento do desenvolvimento infantil.
É tradicionalmente uma subespecialidade da pediatria, mas, se considerada lato senso, envolve
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também ações pré-natais e mesmo pré-concepcionais dedicadas à prevenção de enfermidades e


anormalidades que se desenvolvem no feto e afetam a vida do futuro recém-nascido.
O enfermeiro especializado em cuidados pediátrico, tem a função de não só prestar os cuidados
necessários à criança, mas também de apoiar os pais, que podem enfrentar situações delicadas com
do recém-nascido.
O enfermeiro pediátrico é um especialista que pode trabalhar em conjunto com o pediatra e o
ginecologista ou obstetra no planejamento e gestão de cuidados à criança e família. Este profissional
possui um conhecimento profundo das respostas da criança aos processos de vida e problemas de
saúde e poderá pôr em prática soluções adequadas às necessidades da criança e da família.

2235-60 - Enfermeiro sanitarista/saúde publica

Figura 7.11

O sanitarista, como profissional de Saúde, trata de um paciente coletivo - a comunidade. O médico


atende a pacientes individuais que o procurem, o Sanitarista vai ao encontro da coletividade, embora
também possa atender a solicitações individuais, em certos casos. Seu trabalho exige a colaboração
de vários especialistas. O sanitarista é um elemento especializado de equipes que desempenham
atividades gerais de prevenção e combate a doenças, nelas compreendidas medidas que eduquem o
povo para esse resultado.

Áreas de Atuação do Profissional em Enfermagem 47


2235-65 - Enfermeiro da estratégia de saúde da família

Figura 7.12

A intenção é trabalhar a prevenção. Sendo assim, deve ser feito um trabalho de parceria, com a
utilização de uma equipe multiprofissional. Além disso, esse trabalho conjunto deve ser estabelecido
com o indivíduo, família, comunidade e igreja em que esse indivíduo se insere.
Dentro desse contexto, a Enfermagem e o PSF têm íntima ligação, já que o profissional da área
desenvolve um papel de fundamental importância na modalidade de assistência à saúde. Isso porque
os enfermeiros são os responsáveis por trabalhar com a vinculação e proximidade com a clientela,
além de escuta atentados problemas e anseios dessa população. É ele, portanto, um dos elos da
comunidade com o serviço de saúde.

2235-70 – Perfusionista

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Figura 7.13

O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) aprovou a Normatização da atuação do Enfermeiro


Perfusionista como membro da equipe cirúrgica, nas cirurgias em que se requeira esse profissional,
visando garantir a segurança do paciente e a regulamentação desta atividade.
Segundo a Sociedade Brasileira de Circulação Extracorpórea (SBCEC), o Perfusionista é o
profissional treinado e capacitado em operar os maquinários de circulação extracorpórea, seleção dos
dispositivos descartáveis em cirurgias torácicas e cardíacas, sendo o responsável pela manutenção das
atividades vitais do organismo, durante a realização da devida cirurgia, e também garante o devido
funcionamento da circulação sanguínea que no momento está sendo operada pelos órgãos artificiais,
mantendo o paciente em equilíbrio hidroeletrolítico, hemodinâmico, pressórico e sanguíneo.

48 Capítulo 7
Dentre outras ocupações não descritas pela CBO, porém encontradas no mercado de
trabalho:

- Enfermagem geriátrica

Figura 7.14

O profissional vai trabalhar com o atendimento a idosos, seja em casa, asilos, clínicas ou hospitais.
Com os avanços da medicina e de pesquisas sobre saúde, as pessoas passaram a ter mais qualidade
de vida e mais expectativa de vida. No entanto, a maioria da população ainda é jovem e os estudos
sobre envelhecimento são recentes. A população idosa ainda sofre para encontrar profissionais
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qualificados, que ofereça os cuidados necessários com atenção e ética. A enfermagem em geriatria
busca suprir essa necessidade, trabalhando para oferecer assistência, com ética e responsabilidade.
Os cuidados de enfermagem na geriatria envolvem prestar assistência a paciente em estado
grave, administração de medicamentos, prevenção e controle de doenças transmissíveis e infecções
hospitalares, entre outros.
Atualmente, tem se falado mais sobre a saúde do idoso e surgido diferentes programas voltados
para essa população. Com os estudos sobre o processo de envelhecimento, verificou-se que essa
faixa-etária está mais propensa a desenvolver diferentes problemas de saúde, além de distúrbios
psico-socioeconômicos.

- Enfermagem em cosmetologia e estética

Figura 7.15

Nesse ramo o profissional atua auxiliando em procedimentos faciais e corporais.


Na enfermagem estética existem duas áreas especificas, são elas: Enfermagem dermatológica e
Enfermagem em cosmetologia e estética.

Áreas de Atuação do Profissional em Enfermagem 49


A Enfermagem dermatológica não se limita apenas a estética corporal, esse profissional avalia os
pacientes com lesões cutâneas, pode atuar em diversas áreas, como:
• Dermatologia oncológica
• Dermatopatologia infeciosa
• Dermatologia pediátrica
• Queimaduras
• Dermatologia estética e Cirurgia Plástica
• Metodologia Científica
• Modo de tratamento de feridas e novas tecnologias

Atua na área estética por meio de recursos cosméticos, manuais e mecânicos, trabalhando nos
tratamentos e manutenção estética dos pacientes, nas áreas:
• Assistência estética em Pré e Pós-operatório
• Tecnologia Reparadora
• Elaboração de Projetos em cosméticos e beleza
• Cosmética reparadora
• Desenvolvimento de pesquisa em cosmética e estética
• Atuação multidisciplinar em Endocrinologia e Metodologia
• Terapias alternativas

- Enfermagem forense

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Figura 7.16

Essa área o profissional contribui com a investigação de crimes e da assistência a vítimas de


violência.
O enfermeiro forense é o profissional que faz a ponte entre a Legislação e as Ciências da Saúde. Ele
é responsável por prestar assistência especializada às vítimas de violências e aos agressores, devem
estar preparados para lidar com os traumas físicos, psicológicos e sociais de cada caso ou desastre de
massa, além de ter que dominar o conhecimento sobre os sistemas legais, recolher provas, e quando
necessário, prestar depoimentos em tribunais.
O campo de atuação é amplo, o enfermeiro forense pode atuar na investigação da morte,
enfermagem psiquiátrica forense, preservação de vestígios, consultoria e enfermagem forense
carcerária, e pode trabalhar em ambiente intra e pré-hospitalar, unidade carcerária, hospitais
psiquiátricos, com maus tratos, violência doméstica, tráfego humano, abuso sexual, entre outros.
Muitos enfermeiros procuram essa área por motivos errôneos.
Enfermeiros ou técnicos em enfermagem não são peritos de cenas de crimes, são enfermeiros
cuidadores de pessoas vivas ou mortas.
Com vítimas de violência que sobreviveram, é desenvolvida uma relação de confiança tendo assim
um relacionamento terapêutico que ajudará na recuperação do evento traumático. Já o trabalho com
indivíduos que vieram a óbito, acontece no sentido de colher indícios que levem as causas da morte
daquela pessoa, nessa área de atuação o trabalho é juntamente com um médico legista.

50 Capítulo 7
- Enfermagem em Estomaterapia com Ênfase em Feridas, Estomas e Incontinências

Figura 7.17

O profissional nessa área aprofunda-se nos cuidados com drenos, fístulas, cateteres e estomas,
além da avaliação, prevenção e tratamento de feridas agudas, crônicas e complexas e incontinências
(urinárias e anais).

A Residência em Enfermagem, criada no Brasil na década de 1960, passou por momentos de grandes
desafios para se consolidar como um programa de ensino/aprendizagem/trabalho. Em sua trajetória
realizou movimentos sociais reivindicatórios e lutas importantes para a conquista de espaço nas
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instituições de saúde. Enfrentando desafios e distorções em relação às suas concepções filosóficas


e éticas, os programas de uma maneira geral têm buscado caminhos que levam em consideração
não apenas a utilização da força de trabalho dos enfermeiros residentes, mas a estruturação de um
modelo pedagógico que corresponda às exigências da formação especialista dos profissionais.

Assim, devemos pensar sempre que o profissional em enfermagem é o especialista em cuidar de


pessoas, em qualquer das tantas áreas de especialização, levando todo seu amor pela profissão e ao
próximo.

Áreas de Atuação do Profissional em Enfermagem 51


Exercícios

4 - Quais foram as primeiras escolas de enfermagem


CAPÍTULO 1
Brasileira?
1 - Analisando a evolução histórica da assistência de
saúde, destaque os pontos primordiais de cada período
histórico da evolução da enfermagem.

CAPÍTULO 4

1 - Comente sobre os símbolos, cores e a importância


CAPÍTULO 2 do juramento:

1 - Como surgiu a enfermagem?

CAPÍTULO 5

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2 - Quais são as características da enfermagem
moderna? 1 - O que é Aben?

3 - Quem foi Florence Nightingale? E como ela contribuiu 2 - Destaque as competências do Coren e Cofen:
para o crescimento da enfermagem?

CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 6
1 - Como surgiu a enfermagem no Brasil?
1 - Realize uma pesquisa sobre as teorias e as teoristas
de enfermagem, destacando características e foco de
cada uma:

2 - Cite um nome de destaque para enfermagem no


brasileira, e quais foram suas contribuições?

3 - O que foi a cruz vermelha?

52
Gabarito

3 - Quem foi Florence Nightingale? E como ela contribuiu


CAPÍTULO 1
para o crescimento da enfermagem?
1 - Analisando a evolução histórica da assistência de R: Florence foi a precursora da enfermagem. Nascida na
saúde, destaque os pontos primordiais de cada período Itália, em família rica, enfrentou todos os preconceitos
histórico da evolução da enfermagem. da época e viajou com o intuito de se tornar enfermeira.
Em 1854 atuou na guerra da Criméia cuidando dos
R: A evolução da assistência de saúde possui
soldados feridos na mesma, reduzindo a taxa de
características específicas em determinados períodos
mortalidade entre eles de 40% para 2%. A partir de
e países. De modo geral, na antiguidade a doença
Florence a enfermagem deixou de ser uma atividade
era considerada um castigo de Deus ou resultado
empírica tornando-se uma atividade baseada em
do poder do demônio. No Egito, praticava-se rituais
conhecimentos científicos.
de hipnotismo e interpretação de sonhos. Na India,
eram realizados alguns tipos de procedimentos como
suturas, amputações e outros. Único país da época que
citavam os enfermeiros e os hospitais eram construídos CAPÍTULO 3
pelos hindus. Na Síria e Babilônia acreditava-se que
sete demônios eram os causadores das doenças e os
sarcetodes vendiam talismãs para a cura. Na China, 1 - Como surgiu a enfermagem no Brasil?
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as doenças eram classificas como benignas, médias R: Surgiu no final do século XIX como uma atividade
e graves e os templos eram rodeados de plantas executada pelos escravos, que se valiam das ervas
medicinais. Os Gregos baseavam-se na mitologia, medicinais , sob supervisão dos Jesuítas.
apegando-se aos poderes dos deuses, tendo como
tratamento banhos, massagens, sangrias.
Na Idade média a igreja católica assumiu o poder e 2 - Cite um nome de destaque para enfermagem no
então as mulheres foram afastadas das atividades brasileira, e quais foram suas contribuições?
públicas de cuidado, dando surgimento aos mosteiros R: Ana Nery. Improvisou hospitais e cuidou dos feridos
que apegavam-se às plantas medicinais como na guerra do Paraguai, rompendo preconceitos
tratamento. Na Idade moderna, com o crescimento da relacionados a mulher como figura exclusiva do lar.
economia e com a revolução industrial, aumentou-se
a porcentagem de pessoas doentes sendo necessário
a criação de uma medicina que garantisse e tratasse 3 - O que foi a cruz vermelha?
essas pessoas, esses trabalhadores e mantivesse-os em
R: É reconhecida pelo governo brasileiro como sociedade
atividade.
de socorro voluntário, autônoma, auxiliar dos poderes
públicos e, em particular, dos serviços militares de
saúde, bem como única sociedade nacional da Cruz
CAPÍTULO 2 Vermelha autorizada a exercer suas atividades em todo
o território brasileiro.

1 - Como surgiu a enfermagem?


R: A enfermagem surgiu com a evolução da prática de 4 - Quais foram as primeiras escolas de enfermagem
saúde em seus períodos históricos Brasileira?
R: Escola da Cruz Vermelha – RJ: criada em 1916 com o
curso de socorrista para atender às necessidades da 1ª
2 - Quais são as características da enfermagem guerra mundial
moderna?
Escola Anna Nery: tendo a 1ª turma de Enfermeiras
R: Avanço da medicina, reorganização da instituição
formadas em 1925.
hospitalar e o médico como principal responsável
por esta reorganização. Os ricos eram tratados em Escola Carlos Chagas: 1ª escola a funcionar fora da
suas residências e os pobres objetos de estudos e capital da República, fundada em 1933 em Minas Gerais.
experiências.

53
Escola Luisa de Marilac: Recebia jovens estudantes e 2 - Destaque as competências do Coren e Cofen:
religiosas de congregações. R: Coren: Disciplinar e fiscalizar o exercício profissional,
Escola Paulista de Enfermagem: Pioneira na renovação propor ao COFEN medidas de melhoria para o exercício
da enfermagem, com cursos de pós-graduação em profissional, fiscalizar e decidir sobre os assuntos
obstetrícia. relacionados a ética profissional e impor penalidades
cabíveis.
Escola de Enfermagem da USP: Vinculada a Universidade
de São Paulo. Sua primeira turma diplomou-se em 1946. Cofen: Aprovar contas e propostas orçamentárias,
normatizar e expedir instruções.

CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 6

1 - Comente sobre os símbolos, cores e a importância


do juramento: 1 - Realize uma pesquisa sobre as teorias e as teoristas
de enfermagem, destacando características e foco de
R: Lâmpada + cobra cruz: símbolo do Enfermeiro
cada uma:
Lâmpada + seringa: símbolo do técnico em enfermagem R: Teoria Ambiental: Florence Nightingale: A Teoria

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Lâmpada: caminho Ambientalista e seus fundamentos pautados em
limpeza, higiene, ar puro, foram considerados
Cobra: Magia primordiais para o sucesso do trabalho de Florence e
Seringa: técnica seus aprendizes, sendo verificados na eficaz redução
das mortes de soldados feridos por infecção e na
Cor verde: cura, saúde recuperação de pacientes.
Teoria das Necessidades Básicas de Virgínia Henderson:
Importância do Juramento: os futuros profissionais, pois
irgínia Henderson formulou a teoria das necessidades
assumem publicamente o compromisso de prestigiar
básicas e listou 14 destas. Para Virgínia Henderson,
a profissão e exercê-la com dignidade e respeito ao ser
todas as necessidades se encontram relacionadas,
humano.
sendo a satisfação de qualquer uma delas diferente de
pessoa para pessoa, variando de acordo com os fatores
psicológicos, sociais, culturais e também de acordo com
CAPÍTULO 5 sua percepção do que é certo ou normal.
Teoria do Autocuidado de Dorothea Orem: é composta
1 - O que é Aben? por três teorias inter-relacionadas, ou seja, a do
autocuidado, do déficit de autocuidado e dos sistemas
R: Associação Brasileira de Enfermagem: sociedade sem
de enfermagem. Incorporados a essas três teorias,
fins lucrativos, de caráter científico e assistencial que
Orem preconiza seis conceitos centrais e um periférico.
congrega profissionais de enfermagem, que tem como
Os seis conceitos centrais são: autocuidado, ação
finalidade congregar os profissionais da área, promover
de autocuidado, déficit de autocuidado, demanda
desenvolvimento técnico e científico e integração às
terapêutica de autocuidado, serviço de enfermagem
demais entidades da enfermagem.
e sistema de enfermagem. O conceito periférico foi
denominado pela autora de fatores condicionantes
básicos, que é relevante para a compreensão de sua
teoria geral de enfermagem.

54
Teoria da Adaptação Sister Calista Roy: Roy desenvolveu um modelo conceitual para a enfermagem a partir de sua
experiência como enfermeira pediátrica, admitindo que o conceito de adaptação poderia se constituir como um
eixo orientador para a prática de enfermagem.
Teoria Interpessoal de Hildegard Peplau : Apresenta o processo de interação enfermeiro-cliente, compreendido
como agir diante das situações adversas
Teoria holística de Myra Levine: Propôs uma enfermagem clínica, entendendo o paciente como corpo-mente,
ou seja um “todo” dinâmico com interação com o meio dinâmico a finalidade que a intervenção de enfermagem
possuía era a conservação da energia, da integridade estrutural, pessoal e social.

Teoria da Adaptação de Callista Roy: Essa teoria tem como objetivo, promover a adaptação do homem em situações
de saúde e doença. A enfermagem é a ciência cuja essência e especificidade é o cuidado com o ser humano, podendo
ser individualmente, na família ou em comunidade de modo integral e holístico.
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Bibliografia

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Pullen, Diretora da Escola de Enfermeiras Anna Nery.

http://www.scielo.br/pdf/reben/v52n3/v52n3a03.pdf

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Classificação Brasileira de Ocupações:

http://www.cofen.gov.br/wp-content/uploads/2015/12/CLASSIFICA%C3%87%C3%83O-BRASILEIRA-
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A NOVA CLASSIFICAÇÃO BRASILEIRA DE OCUPAÇÕES:

http://www.scielo.br/pdf/spp/v17n3-4/a23v1734.pdf

AS ESPECIALIDADES E OS NEXOS COM A FORMAÇÃO CONTINUA DO ENFERMEIRO: REPERCUSSÕES


PARA A ATUAÇÃO NO MUNICIPIO DO RIO DE JANEIRO

http://scielo.isciii.es/pdf/eg/n19/pt_revision3.pdf

Classificação Brasileira de Ocupações – CBO – Ministério do Trabalho

http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/pesquisas/BuscaPorTituloA-Z.jsf

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