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Silas Malafaia

COMO FAZER A
DIFERENÇA
DIRETORA EXECUTIVA Copyright © 2018 por Editora Central Gospel
Elba Alencar

GERÊNCIA DE PROJETOS Dados Internacionais de Catalogação


ESPECIAIS na Publicação (CIP)
Jefferson Magno Costa

Coordenação
Como fazer a diferença / Silas Malafaia
Editorial
Rio de Janeiro: 2018
Michelle Candida Caetano
64 páginas
ISBN: 978-85-7689-610-4
pesquisa,
1. Bíblia - Vida cristã I. Título II.
Estruturação e
copidesque
Paulo Pancote
As citações bíblicas utilizadas neste livro foram extraídas
CAPA da Versão Almeida Revista e Corrigida (ARC), salvo
e diagramação indicação específica, e visam incentivar a leitura das
André Faria Sagradas Escrituras.

impressão e É proibida a reprodução total ou parcial do texto deste


acabamento livro por quaisquer meios (mecânicos, eletrônicos,
Exklusiva xerográficos, fotográficos etc), a não ser em citações
breves, com indicação da fonte bibliográfica.

Este livro está de acordo com as mudanças propostas


pelo novo Acordo Ortográfico, que entrou em vigor a
partir de janeiro de 2009.

1ª edição: Março/2018

Editora Central Gospel Ltda


Estrada do Guerenguê, 1851 - Taquara
Cep: 22.713-001
Rio de Janeiro – RJ
TEL: (21) 2187-7000
www.editoracentralgospel.com
SUMÁRIO

Introdução.....................................................................5

Capítulo 1 – Ter o mesmo sentimento.......................7

Capítulo 2 – Ser desapegado......................................10

Capítulo 3 – Renúncia.................................................18

Capítulo 4 – Tomando a forma de servo: parte 1....22

Capítulo 5 – Tomando a forma de servo: parte 2....28

Capítulo 6 – Humilhação e voluntariedade.............35

Capítulo 7 – Obediência e disponibilidade..............41

Capítulo 8 – Pagar o preço..........................................47

Capítulo 9 – O amor.....................................................53

Conclusão......................................................................60

Oração............................................................................61
Introdução

Um dos propósitos que todo o cristão deve ter


é fazer a diferença aqui neste mundo, colocando
o seu foco em Jesus e praticando os Seus ensina-
mentos.
Durante uns dez dias, permaneci aguardando,
porque a internet pode ser um instrumento espeta-
cular de conhecimento, mas também pode ser um
lugar de disparates. A internet está cheia de “espe-
cialistas” que falam sobre como podemos fazer a
diferença nesse mundo, no emprego, no trabalho
e coisa e tal; muitas questões. Mas eu falei: “não,
eu quero a Bíblia, que é a maior fonte”.  
Fiquei dez dias viajando e pensando. E eu
escrevo tudo em um caderno, que descobri ser
um procedimento pedagógico. Para guardarmos e
memorizarmos o mais indicado a fazer é escrever;
por isso que o povo hoje não guarda nada, porque
está tudo na internet, estão batendo os dedinhos.
Eu, porém, escrevo tudo em cadernos. Se estou
viajando, dou uma paradinha e escrevo.
Pensei, analisei, fui buscar informações, mas
também entrei na internet. Então eu falei: “não,
5
Como fazer A diferença

não farei isso; o tempo está passando, os dias estão


vencendo. Porém, eu não quero falar sobre como
fazer diferença segundo técnicas, segundo o que
dizem os especialistas. Não é o que eu desejo!”
Portanto, na sexta-feira, bem próximo da
meia-noite, o Espírito Santo falou assim ao meu
coração: “Qual é o maior exemplo de quem fez a
diferença? Quem é?”: “Jesus; foi Jesus”, eu disse.
Essa foi a primeira dica. Então eu pensei: “Bem, se
Jesus é o maior exemplo de quem fez diferença,
então nós precisamos entender e aprender como
Ele agiu para fazer a diferença”.
Uma definição sobre fazer a diferença é isso
aqui – é produzir, é agir de maneira positiva, dife-
renciada do comum que ultrapassa expectativas,
que vai além do normal. Isso é uma definição
do que é fazer a diferença. Algo de positivo que
suplanta todas as possibilidades, identificado dos
demais, que é muito maior do que o comum.
Portanto, eu fui buscar na Bíblia, porque Jesus
fez a diferença e qual a causa de Ele ser o maior
exemplo. Então, vamos começar a ver; é tão fácil
e tão aberto, mas se o Espírito Santo não der uma
dica, nós não conseguimos encontrar.
E então, será que estamos dispostos a ser e fa-
zer a diferença neste mundo? Vamos refletir juntos!

6
Capítulo 1

Ter o mesmo sentimento


Podemos ver, em uma passagem bíblica, os
elementos que são a causa de Jesus ter feito a di-
ferença enquanto esteve nesse mundo. É um lindo
texto escrito pelo apóstolo Paulo:

De sorte que haja em vós o mesmo senti-


mento que houve também em Cristo Jesus, que,
sendo em forma de Deus, não teve por usur-
pação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si
mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se
semelhante aos homens; e, achado na forma
de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo
obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que
também Deus o exaltou soberanamente e lhe
deu um nome que é sobre todo o nome, para
que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos
que estão nos céus, e na terra, e debaixo da
terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo
é o Senhor, para glória de Deus Pai.
Filipenses 2.5-11
Como fazer A diferença

A frase inicial do trecho de versículos que


lemos acima, afirma: De sorte que haja em vós o
mesmo sentimento. Na verdade, Paulo está que-
rendo dizer o seguinte: “de sorte que haja em vós
as mesmas atitudes”. A palavra “atitude” tem como
sinônimos “posição”, “postura”, “objetivo”, “jeito”,
“desejo”, “comportamento”, “gesto”, “propósito”,
“pose”, “maneira”, “conduta”.
Vimos, no parágrafo anterior, os sinônimos
para o vocábulo “atitude”. Como podemos, porém,
encontrar uma definição adequada a respeito do
que significa “atitude”? Existem várias definições
sobre “atitude” em diferentes áreas. Vou utilizar
aqui a definição que, acredito, se encaixe melhor
com o propósito desse livro. “Atitude” significa
um padrão de procedimento que conduz a um
comportamento estabelecido. É a confirmação de
um objetivo ou finalidade. Atitude é igual a ação.
Atitude é uma disposição interior que nos leva a
agir.
A atitude é, antes de tudo, uma causa social
mais do que adequadamente um estímulo bioló-
gico. É uma tendência assimilada para responder,
de maneira apreciável, a um objeto social.
De acordo com a psicologia, “atitude” é o
“comportamento costumeiro que ocorre em dife-
rentes situações; podendo ainda ser determinada
8
Silas Malafaia

como um estado mental de disposição que é estru-


turado por meio da experimentação e opera uma
intervenção ativa sobre as respostas expressadas
por uma pessoa em face às circunstâncias que ela
encara”.
Como cristãos, não faremos diferença falando
da vida dos outros. Não faremos diferença apenas
dormindo até mais tarde. Não faremos a diferença
somente filosofando. Como poderemos, então,
fazer a diferença neste mundo onde vivemos?
Eis aqui o elemento para fazermos a diferença
– é a atitude. Faremos a diferença ao realizarmos
atitudes!
Tudo aquilo que for abordado aqui, podere-
mos perceber nas atitudes de Jesus. E se nós pro-
curarmos reproduzir o que Ele fez, iremos fazer a
diferença. Será a diferença percebida na socieda-
de, a diferença sentida na família, a diferença feita
no mundo, a diferença que acontece na escola, a
diferença compreendida na igreja e para o Reino
de Deus de um modo geral!
O primeiro elemento para fazer a diferença
é a atitude; se não tivermos atitudes não faremos
diferença em nada em nossa vida!

9
Capítulo 2

Ser desapegado
Em segundo lugar, Paulo está afirmando as-
sim: que, sendo em forma de Deus, não teve por
usurpação ser igual a Deus (Filipenses 2.6). O que
será que significa essa expressão? Atenção – não
podemos, porém, esquecer-nos de que Jesus é
Deus. Antes, então, de abordarmos a respeito da
atitude de Jesus no versículo 6, do segundo capí-
tulo de Filipenses que acabamos de ler, vamos re-
lembrar dois trechos bíblicos que mostram a proxi-
midade do Filho de Deus com o Pai e a Sua vinda
a este mundo. Em João 5.20, temos a seguinte afir-
mação:
E sabemos que já o Filho de Deus é vindo e
nos deu entendimento para conhecermos o que é
verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto
é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro
Deus e a vida eterna.

No Evangelho de João, capítulo 1, versícu-


los 1 e 14, temos:
Silas Malafaia

No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava


com Deus, e o Verbo era Deus. E o Verbo se fez
carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória,
como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça
e de verdade.

Voltando, então, para Filipenses, será que


sabemos o que o texto do capítulo 2, versículo
6 está afirmando? Sendo em forma de Deus não
usurpou ser igual a Deus. Significa que “sendo Je-
sus da mesma essência de Deus, não usurpou ser
semelhante a Deus”.
Jesus era o Filho de Deus, mas não quis para si
o lugar que pertence ao Pai. O verbo “usurpar” tem
a conotação de “apoderar-se”, “apropriar-se”, “to-
mar a força”. Jesus não era apegado à Sua posição
de Filho de Deus; Ele aprendeu a lei do desapego.

Apego
Antes, porém, de entrarmos propriamente
na questão do desapego, que é o assunto desse
capítulo, precisamos compreender o que significa
o termo “apego” e depois o seu antônimo, que é
“desapego”.
A palavra “apego” é ausência de garantia e
de falta de fé. Aquele que é apegado, não crê no
11
Como fazer A diferença

amor e muito menos na experiência. O apego nos


concede a falsa sensação de controle, de conten-
tamento e de amor.
Qualquer tipo de apego traz cegueira. Quer
seja apego ao dinheiro, a uma pessoa, a um auto-
móvel, a uma propriedade ou a um objeto valioso,
ou mesmo a algo que tenha um valor emocional
para a pessoa apegada.
Há pessoas que têm apego a mínimas coisas,
inclusive a algo como um chinelo. Sabiam disso?
Parece incrível, mas existe gente assim. Se alguém
usar o chinelo dela, “a casa cai”.
Mesmo que uma irmã de sangue pegue uma
roupa usada daquela pessoa e for vesti-la, vai ser
“um inferno na terra”. Ela não conhece o que é
desapego, não aprendeu, não sabe o que é isso.

Desapego
O que significa “desapego”? “Desapego” é a
qualidade ou condição de alguém que demonstra
falta de apego, desinteresse, abnegação, indiferen-
ça, distanciamento ou desprendimento por algo.
É como alguém comparou: “o desapego é
como uma desintoxicação – é lento, às vezes
provoca até dores musculares, falta ou excesso
de apetite, mau humor repentino, ira, saudade,
arrependimento e insônia”.
12
Silas Malafaia

Jesus Cristo não era apegado à Sua posição de


Filho de Deus. Ele aprendeu a lei do desapego. Ele
era Deus; tinha os privilégios de Deus, as regalias
de Deus, mas Ele não era apegado a nada disso.
A lei do desapego significa que eu não devo
guardar meus privilégios somente para mim. Tenho
que saber administrar minhas regalias para usar
em benefício de outras pessoas. Um indivíduo
que não abre mão de nada, que controla tudo,
que quer apenas para ele próprio, nunca irá fazer
a diferença.
Abraão entendeu a lei do desapego. Saiu do
lugar da sua parentela, largou sua fazenda, deixou
um monte de propriedades, a segurança de um
lugar que ele já conhecia e obedeceu ao Senhor.
Vamos ler o texto no primeiro livro da Bíblia:

Ora, o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da


tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu
pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei
uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engran-
decerei o teu nome, e tu serás uma bênção. E
abençoareis que te abençoarem e amaldiçoarei
os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas
todas as famílias da terra. Assim, partiu Abrão,
como o SENHOR lhe tinha dito, e foi Ló com ele;
e era Abrão da idade de setenta e cinco anos,
13
Como fazer A diferença

quando saiu de Harã. E tomou Abrão a Sarai,


sua mulher, e a Ló, filho de seu irmão, e toda a
sua fazenda, que haviam adquirido, e as almas
que lhe acresceram em Harã; e saíram para irem
à terra de Canaã; e vieram à terra de Canaã.
Gênesis 12.1-5 

A mulher de Ló morreu porque estava apegada


a Sodoma e Gomorra. Vejamos o texto:

E, ao amanhecer, os anjos apertaram com


Ló, dizendo: Levanta-te, toma tua mulher e
tuas duas filhas que aqui estão, para que não
pereças na injustiça desta cidade. Ele, porém,
demorava-se, e aqueles varões lhe pegaram
pela mão, e pela mão de sua mulher, e pela mão
de suas duas filhas, sendo-lhe o Senhor mise-
ricordioso, e tiraram-no, e puseram-no fora da
cidade. E aconteceu que, tirando-os fora, disse:
Escapa-te por tua vida; não olhes para trás de
ti e não pares em toda esta campina; escapa lá
para o monte, para que não pereças. Apressa-te,
escapa-te para ali; porque nada poderei fazer,
enquanto não tiveres ali chegado. Por isso, se
chamou o nome da cidade Zoar. Saiu o sol so-
bre a terra, quando Ló entrou em Zoar. Então, o
SENHOR fez chover enxofre e fogo, do SENHOR
14
Silas Malafaia

desde os céus, sobre Sodoma e Gomorra. E der-


ribou aquelas cidades, e toda aquela campina,
e todos os moradores daquelas cidades, e o que
nascia da terra. E a mulher de Ló olhou para
trás e ficou convertida numa estátua de sal.
Gênesis 19.15-17; 22-26

Queremos fazer a diferença? Então precisamos


praticar a “Lei do desapego”. E nós não estamos
falando do desapego de uma sandália, de um chi-
nelo ou de um carro.
Eu já falei sobre isso. Mas, como foi há muitos
anos e tem muita gente nova que não me conhece,
preciso novamente contar a respeito, uma lição
que Jeová me deu. Eu não pretendo dar uma de
perfeito em tudo, de bonzão… nada disso! Eu vou
narrar a história.
Comprei um carro zero quilômetro, veículo
importado. Isso foi anos atrás, foi antes de eu ser
pastor na igreja em que me encontro hoje. Com-
prei o carro zero, peguei o veículo, coloquei na
garagem porque tinha que ir viajar. Adquiri o carro
à tarde e, à noite, viajei para os Estados Unidos.
A minha esposa Elizete tinha um carro usado.
A família do esposo da minha filha, Talita, ia para
o casamento de um parente, no interior do estado
de Minas Gerais e combinou de ir com o carro
15
Como fazer A diferença

usado da Elizete, que era mais confortável para


eles viajarem.
Muito bem, eu fui para a América do Norte;
isso aconteceu uma semana depois. Eu iria ficar
nos Estados Unidos por uns 15 dias. Uma semana
depois, a Talita ligou para a mãe e falou: “Mãe, seu
carro deu um problema e não vai dar para usá-lo.
Nós vamos ter que dar um jeito e alugar um carro.
Bem, será que a minha filha teria a ousadia
pedir o meu carro zero quilômetro?! Minha filha
seria louca de ousar pedir o meu carro emprestado?
Eu estava ouvindo porque era o telefone onde eu
me encontrava e ele estava ligado no recurso de
viva voz. Eu estava ouvindo a minha filha falar e
minha mulher, Elizete, também não falava nada.
Minha filha nem se atreveu a dizer qualquer coisa.
Quando a minha esposa desligou o telefone,
ela também não disse nada, mas o Espírito Santo
falou assim ao meu coração: “coisas valem mais
do que pessoas para você”. E o Espírito repetiu:
“coisas valem mais do que pessoas...”. Eu parei
e comecei a pensar; aí já não era mais o Espírito
Santo porque sou um ser inteligente e comecei a
analisar aquilo que o Senhor falara ao meu co-
ração. O que é um carro? Daqui a dois anos ele
estará velho. É somente um objeto!
16
Silas Malafaia

Peguei o telefone e liguei para o Rio de Ja-


neiro, para a minha casa e falei: “Talita, a chave
do carro está em tal e tal lugar; pode ir, pode dar
para o seu sogro, pode ir”. “O quê? O quê?!” Falei:
“Você vale mais do que essa porcaria de lata que
está aí na garagem. Vá”.
Desapego. Desprendimento de algo. Atitude
que precisamos tomar para fazer a diferença!

17
Capítulo 3

RenÚncia
Que, sendo em forma de Deus, não teve
por usurpação ser igual a Deus. Mas aniqui-
lou-se a si mesmo.

Filipenses 2.6,7a

Em  terceiro lugar,  estou mostrando que, no


versículo acima está afirmando – mas aniquilou-se
a si mesmo, e abordando a questão da renúncia.
Uma atitude significativa de Jesus para fazer a
diferença.
O termo “renúncia” tem o significado de “abrir
mão”, “desistir de algo”, “não querer”, “deixar
‘voluntariamente’”, “abdicar”, “abster”, “abnegar”
e “repudiar”. A Palavra de Deus revela, tanto no
Antigo como no Novo Testamento, que o chama-
do de Deus muitas vezes estabelece que a nossa
vontade seja renunciada (Mateus 6.10).

Moisés, um exemplo de renúncia


A Bíblia mostra a história de vários servos de
Deus que viveram situações em que precisaram
Silas Malafaia

renunciar questões pessoais em favor dos propósi-


tos do Senhor. Queremos destacar em seguida um
deles, que foi o profeta Moisés.
Um personagem bíblico que se sobressaiu
pela sua atitude de renunciar foi Moisés. Ele não
apenas foi um modelo de obediência, mas também
de abnegação. Ele enfrentou algumas etapas difí-
ceis em sua vida e nelas mostrou que renunciava
tudo para poder estar com Deus.
Em seus 40 anos iniciais de vida, Moisés
renunciou ao Egito e a todos os seus privilégios
no palácio de faraó para viver com o povo de
Deus, que era maltratado pelos egípcios (Hebreus
11.25,26). Em outra etapa, Moisés renunciou à
sua própria vida para viver o propósito de Deus
(Êxodo 3.5-12).
Moisés soube abdicar de sua vontade, sendo
usado por Deus para libertar um povo afligido,
levando-o para a terra que o Senhor havia separa-
do. Nossas fraquezas não nos impedem de atender
ao chamado de Deus, porém nossos pecados são
obstáculos para que sejamos totalmente usados
pelo Senhor.
Renunciar a este mundo tem o sentido de abrir
mão de nossa vontade e seguir a direção de Deus,
ainda que isso tenha um preço. São bem poucos
aqueles que querem pagar o preço de caminhar
com o Senhor.
19
Como fazer A diferença

O modelo de renúncia de Cristo


Quando Paulo escreveu aos cristãos de Fi-
lipos, ele usou a expressão “aniquilou-se a si
mesmo”, falando a respeito de Jesus. Não sei se
todos que estão lendo aqui compreendem o que
isso significa. Mas a ideia é que Cristo se esvaziou
de si mesmo, do Seu poder, da Sua glória, da Sua
plenitude quando veio ao mundo.
Na língua grega, que foi usada para escrever
o Novo Testamento, existe uma palavra chama-
da kenosis que significa “esvaziamento”, e ela é
encontrada no versículo 7 do capítulo 2 do livro
de Filipenses. Na área teológica, inclusive, o ter-
mo kenosis é empregado para definir a doutrina
do esvaziamento de Jesus Cristo, enquanto alguns
usam para isso a expressão “teoria da renúncia”.
Kenosis foi a autorrenúncia de Jesus e não
apenas – como sugere a tradução da palavra – um
esvaziamento de Sua divindade e nem uma mu-
dança de divindade pela humanidade.
Logo, a kenosis é Cristo adotando a natureza
humana com todas as suas restrições, com exceção
do pecado. Como parte da kenosis, ou seja, de Seu
esvaziamento, em diversas situações Jesus agiu
com as limitações de Sua humanidade (ver como
exemplos disso em João 4.6; 19.28).
20
Silas Malafaia

Enquanto estava no mundo, Cristo abdicou


do uso de alguns de Seus atributos divinos. Ele
era perfeitamente justo, santo, bondoso, amoroso
e misericordioso, mas a Sua onipotência e onisci-
ência não foram utilizadas por completo enquanto
Ele estava na terra.
Apesar de renunciar ao uso de Seus atributos,
Jesus não deixou de ser Deus durante o tempo em
que viveu na terra. Contudo, Ele abriu mão de Sua
glória celeste, de um relacionamento pessoal com
o Pai. Enquanto exerceu aqui Seu ministério, Cristo
se colocou inteiramente submisso à vontade Deus.
Na verdade, o que Jesus fez foi renunciar
Seus privilégios pessoais; foi isso que Ele fez. Ele
renunciou em prol de outros. Ele se esvaziou de
Sua vontade e de Sua própria autoridade.
Se não nos capacitarmos a fazer isso, se não
aprendermos a esvaziar-nos de nossos interes-
ses,  se não entendermos que outros merecem a
nossa atenção e nossas aptidões, nunca iremos
fazer a diferença. Pessoas que fazem a diferença
deixam coisas de si próprias, que são importantes
para elas e se esvaziam de seus interesses em fun-
ção de outros. Foi isso o que Jesus fez.

21
Capítulo 4

Tomando a forma de
servo: parte 1
Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a
forma de servo.
Filipenses 2.7

O trecho aqui em destaque é: tomando a for-


ma de servo. Jesus não se parecia com um servo,
da mesma forma que um artista representa alguém
que ele de fato não é.
Quando olhamos um ator representando um
general, fazendo o papel de um general, represen-
tando um político, ou mesmo um outro persona-
gem, quando o vemos em um filme, até chegamos
a acreditar que ele possa ser aquela pessoa, mas na
verdade o ator não é, ele apenas se parece.
Quando a Bíblia diz que Jesus tomou a forma
de servo, Ele não se pareceu, não foi como um ator
representando – Ele se fez como um servo. Jesus
foi – em tudo – totalmente um servo!
Vou mostrar e comentar um pouco sobre as
qualidades de um servo. Há um texto na Bíblia
Silas Malafaia

onde as qualidades do servo de Deus aparecem.


Encontra-se no Evangelho de Mateus – “A parábola
dos dois servos: o servo mau e o servo bom”.

Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que o


Senhor constituiu sobre a sua casa, para dar o
sustento a seu tempo? Bem-aventurado aquele
servo que o Senhor, quando vier, achar servindo
assim. Em verdade vos digo que o porá sobre
todos os seus bens.
Mateus 24.45-47

Vou frisar mais uma vez aqui – se não que-


remos servir, não faremos diferença em lugar ne-
nhum; nem na sociedade, nem no Reino de Deus,
nem em nossa família.
Vejamos, então, quais as qualidades do servo
baseadas no servo bom:

Prazer em servir
O salmista escreveu, no centésimo Salmo,
o seguinte: Servi ao SENHOR com alegria e
apresentai-vos a ele com canto (Salmo 100.2). Ao
servirmos o Senhor com alegria, certamente isso
nos trará prazer no serviço a Deus.
Não se trata de apenas servir; não é servir
porque somos obrigados, não é somente servir
23
Como fazer A diferença

porque nos está sendo ordenado, mas porque há


prazer em fazer. Não ficamos depois da hora do
encerramento do expediente do trabalho porque
nos sentimos coagidos, mas porque temos prazer
em servir. Não fazemos algo extra no departamento
em que trabalhamos porque somos forçados, mas
porque existe em nós o prazer em estar servindo.
Na igreja, não fazemos nada para mostrar que
estamos simplesmente fazendo, mas porque temos
prazer em estar servindo. É por causa disso que eu
admiro e aplaudo muito o trabalho dos diáconos
e também o trabalho das irmãs que cuidam de
crianças, porque elas têm prazer em servir! É por
isso que eu não vejo e não quero ver ninguém aqui
tratando mal os obreiros, porque eles não recebem
nenhum dinheiro.
Enquanto o culto se desenrola no templo,
do lado de fora tem diversos obreiros tomando
conta dos carros dos irmãos. Enquanto os irmãos
estão confortavelmente assistindo e participando
do culto ao Senhor, alguém está tomando conta
dos seus filhos pequenos em salas apropriadas e
equipadas para receber as crianças.
E existem cristãos que pensam que essas ir-
mãs abnegadas são empregadas da igreja e ainda
vão e falam desaforos a elas! Elas estão servindo
porque são servas e o fazem com prazer e alegria.
É a marca do servo.
24
Silas Malafaia

Devemos, portanto, servir ao Senhor com pra-


zer e alegria, não como um fardo, mas com uma
escolha espontânea e prazerosa.

Ser fiel
Quem é, pois, o servo fiel...? (Mateus 24.45).
Eu já defini fiel várias vezes: Aquele que cumpre
aquilo a que se obriga; podemos também entender
como “fiel” alguém que é firme, sólido, constante.
Essa é a pessoa que se mostra fiel.
A fidelidade sugere realizar aquilo que precisa
ser realizado sem depender de quem esteja vendo
o que está sendo feito. A Bíblia tem vários textos
que tratam a respeito de fidelidade e iremos citar
alguns deles.
O apóstolo Pedro afirmou, em sua primeira
carta, algo muito importante a respeito de servir
e de ser fiel: Cada um exerça o dom que recebeu
para servir aos outros, administrando fielmente a
graça de Deus em suas múltiplas formas (1 Pedro
4.10 NVI). Pedro está conclamando a todos os que
são servos e foram chamados para servir a outros,
que sempre o façam fielmente.
Paulo também aborda sobre o servo ser fiel,
quando escreve a sua primeira carta aos cristãos
da cidade de Corinto: Que os homens nos con-
25
Como fazer A diferença

siderem como ministros de Cristo e despenseiros


dos mistérios de Deus. Além disso, requer-se nos
despenseiros que cada um se ache fiel (1 Coríntios
4.1,2).

Ser sensato
Como acabamos de ver, uma das caracte-
rísticas do servo deve ser a sua fidelidade. Mas,
além disso, o servo fiel precisa ainda ser sensato,
conforme afirma Jesus no Evangelho de Lucas
12.42 (NVI): O Senhor respondeu: Quem é, pois,
o administrador fiel e sensato, a quem seu senhor
encarrega dos seus servos, para lhes dar sua porção
de alimento no tempo devido?
Essa é uma indagação que o Senhor Jesus está
fazendo a todos nós. Quem é o administrador (ou
mordomo) fiel e sensato? Quem são aqueles que,
fiéis e sensatamente, estão sendo incumbidos de
cuidar de outros servos para os alimentarem no
devido tempo?
Em princípio, todos somos servos, seja qual
for a nossa posição e quais forem os nossos títulos.
Contudo, no fim das contas, somos todos iguais
diante do Senhor; há, porém, uma diferença: temos
responsabilidades diferentes para Deus, que tem
convocado alguns para agirem com fidelidade e
26
Silas Malafaia

sensatez, como servo de servos – os administrado-


res (ou mordomos)!
Vamos ser sensatos! Vamos usar a cabeça
para servir a Deus. Não permitamos que as nossas
emoções desviem o nosso foco, mas procuremos
servir a Deus com todo o cuidado e fidelidade!
Aqueles que servirem ao Senhor com fideli-
dade e sensatez, Ele promete recompensar:

Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que o


Senhor constituiu sobre a sua casa, para dar o
sustento a seu tempo? Bem-aventurado aquele
servo que o Senhor, quando vier, achar servindo
assim. Em verdade vos digo que o porá sobre
todos os seus bens.
Mateus 24.45-47

Ser fiel no pouco resulta em ser colocado so-


bre o muito! É como Jesus concluiu a parábola do
mordomo infiel: Quem é fiel no mínimo também é
fiel no muito; quem é injusto no mínimo também
é injusto no muito (Lucas 16.10). Vamos ser fiéis à
nossa decisão, àquilo que nos obrigamos. A fide-
lidade é uma das marcas do servo.
No próximo capítulo, prosseguiremos na se-
gunda parte da abordagem sobre as qualidades de
um servo.

27
Capítulo 5

Tomando a forma de
servo: parte 2
Vamos continuar aqui com a segunda parte
de “Tomando a forma de servo”, iniciada no ca-
pítulo 4.

Prudência
A pessoa prudente é aquela que evita causar
danos ou erros. Esta é a que pratica a prudência.
Devemos tomar cuidado para não errar e não cau-
sarmos danos. É uma das marcas do servo.
Uma definição para o termo “prudência” é a
“virtude que faz prever e procura evitar as incon-
veniências e os perigos”. Outra definição excelen-
te sobre a palavra “prudência” é “a capacidade
que algumas pessoas têm de analisar as variáveis
existentes e avaliar suas possíveis consequências
antes de adotar uma decisão”. Alguns sinônimos
para a palavra “prudência” que são adequados
para o uso podem ser “ponderação”, “equilí-
Silas Malafaia

brio”, “comedimento”, “cautela”, “moderação”,


“cuidado”.
Baseados nessas definições e nos sinônimos
de prudência, podemos afirmar que o servo do
Senhor precisa ser prudente em toda a sua vida.
Muitas circunstâncias requerem ao servo que ele
tenha sabedoria e prudência ao lidar com as exi-
gências do viver diário, fazendo a obra e a vontade
de Deus, o seu Senhor.
Um antigo ditado francês do século 19 já
afirmava que “a prudência é a filha mais velha da
sabedoria”. Já a passagem de Provérbios 14.35
mostra que o servo prudente sempre contentará o
seu senhor: O rei tem seu contentamento no servo
prudente, mas, sobre o que procede indignamente,
cairá o seu furor.

Excelência no que faz


Uma das marcas do servo é a excelência. E é
por isso que ele é chamado de servo bom, porque
faz com excelência, executa da melhor maneira,
não faz nada esculhambado. Queremos fazer a
diferença? Façamos com excelência.
Mas, antes de prosseguirmos, vamos ter uma
melhor compreensão do que vem a ser executar
ou fazer com excelência. Existem alguns sinôni-
mos para o termo “excelência”, que podem ser
29
Como fazer A diferença

“perfeição”, “primor”, “esmero”. Há um versículo


nessa mesma carta de Paulo aos Filipenses que
fala a respeito de fazer tudo na vida cristã com
excelência:

Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é ver-


dadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo,
tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o
que é de boa fama, se há alguma virtude, e se
há algum louvor, nisso pensai.
Filipenses 4.8

Seja na vida, seja no Reino de Deus, faça-


mos tudo com excelência, da melhor forma que
pudermos. É por isso que eu não gosto de igreja
desorganizada; já fui chamado até de maluco, por
causa disso.
Algum tempo atrás, inaugurei uma igreja em
Cabuçu e o prefeito da cidade chegou para mim,
com lágrimas nos olhos, e me disse: “você é louco”.
Eu falei: “por quê”? Ele respondeu: “Essa igreja aqui
é para a Barra da Tijuca, para Copacabana, uma
igreja para o Recreio dos Bandeirantes, não para
esse lugar...”. Então disse para o prefeito: “amigo,
é que você não me conhece; igreja está sendo co-
locada aqui é para fazer com excelência, para ser
referencial para o povo”. É com excelência!
30
Silas Malafaia

Aprender a sofrer
Existe outra marca do servo que não está explí-
cita, mas sim implícita. É também marca do servo!
Se somos servos, temos que aprender a sofrer. Vai
doer? Vai. Os servos aprendem a sofrer.
Porque os servos não têm sua vida toda como
um “mar de rosas”; os servos recebem broncas,
os servos ganham puxões de orelha. Mas não se
abalam com isso!
A Bíblia mostra várias histórias de servos que
sofreram. Vamos lembrar somente o nome de
alguns deles – José, Moisés, Jacó, Estevão, Paulo,
Pedro, Silas. Isso sem esquecer do maior de todos
os servos, que foi o que mais sofreu – Jesus.
Tudo isso que eu estou comentando neste
capítulo aqui foi o que Jesus fez. Cristo fez a di-
ferença porque as qualidades de servo estavam
presentes nele.

Produtividade
Mais uma das características que o servo pre-
cisa ter em sua vida é a produtividade. O termo
“produtividade” é a qualidade daquilo que está
sendo produtivo; em outras palavras, daquilo que
se produz, do que tem rentabilidade. Existem di-
versos sinônimos para o vocábulo “produtividade”,
31
Como fazer A diferença

mas aqueles que se encaixam melhor dentro do


que estamos estudando neste capítulo a respeito
de servo são – “frutificação”, “produção”, “rendi-
mento”, “eficácia”, “eficiência”, “fertilidade”.

Ser servo é produzir


A passagem no Evangelho de Mateus 24.45,
mostra Jesus, abordando aspectos sobre o servo de
Deus: Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que
o Senhor constituiu sobre a sua casa, para dar o
sustento a seu tempo?
Se compreendemos que o Senhor nos chamou
para sermos servos, iremos trabalhar na obra do
evangelho e produzir muito, porque a função de
servo fiel e dedicado, pode ser considerada como
sinônimo de trabalho.

Mas graças a Deus que, tendo sido servos


do pecado, obedecestes de coração à forma de
doutrina a que fostes entregues. E, libertados
do pecado, fostes feitos servos da justiça. Falo
como homem, pela fraqueza da vossa carne;
pois que, assim como apresentastes os vossos
membros para servirem à imundícia e à malda-
de para a maldade, assim apresentai agora os
vossos membros para servirem à justiça para
32
Silas Malafaia

a santificação. Porque, quando éreis servos do


pecado, estáveis livres da justiça. E que fruto
tínheis, então, das coisas de que agora vos en-
vergonhais? Porque o fim delas é a morte. Mas,
agora, libertados do pecado e feitos servos de
Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e
por fim a vida eterna.

Romanos 6.17-22

Nos versículos iniciais, do trecho que lemos


acima, a Bíblia afirma que como fomos libertos do
pecado, fomos transformados em “servos da justi-
ça”. Essa expressão traz um significado interessante.
A questão de ser servo da justiça constitui
não concordar com circunstâncias imorais, com
ausência de ética, de deterioração social, de im-
punidades, somente porque somos servos. Não!
Nós somos servos da justiça! Isto quer dizer que
não podemos tolerar ações que não agradam ao
Senhor Deus. Devemos servir a tudo o que for de
natureza justa.
O apóstolo Paulo afirma que fomos transfor-
mados em servos (Romanos 6.18). O servo, então,
possui o direito à frutificação (que é sinônimo de
produtividade), à santificação e, também, à vida
eterna (Romanos 6.21,22).
33
Como fazer A diferença

Aqui estão as qualidades de servo que se en-


contravam na pessoa de Jesus e por isso Ele fez a
diferença. Tomando a forma de servo e fazendo-se
semelhante aos homens, Jesus desceu do Seu nível
e se fez igual a nós. Ele veio sentir o que nós sen-
timos, Ele veio entender as mazelas humanas para
poder ajudar. Se nós ficarmos somente no nível
em que estamos e não descermos, nunca iremos
fazer a diferença porque não vamos entender as
necessidades dos outros.

34
Capítulo 6

Humilhação e
voluntariedade
E, achado na forma de homem, humilhou-
-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e
morte de cruz.
Filipenses 2.8

Humilhação. Sabemos o significado desse ter-


mo? Quer dizer rebaixamento. Fazendo uma pes-
quisa um pouco mais profunda, vamos descobrir
que o termo “humilhação” significa “submissão”,
“sujeição”, “degradação”.
Mas não foi ninguém que humilhou Jesus, foi
Ele próprio quem se humilhou. É o que diz o texto
de Filipenses acima. Foi Cristo que se rebaixou; Ele
foi quem se humilhação. Mas existem pessoas na
igreja que são orgulhosas, não gostam de humilhar-
-se. Elas mesmo comentam que “são pobres, mas
que são enjoadas”.
Isso realmente me deixa incomodado – se
Jesus, que é Deus, cheio de glória e majestade,
cheio de poder, eterno, onipotente, onipresente,
Como fazer A diferença

onisciente se rebaixou ao nível de um simples ser


humano, como podem haver pessoas tão orgulho-
sas que pensam ser alguma coisa?
Jesus humilhou a si mesmo quando cumpriu
a vontade do Pai, entregando-se aos pecadores
que o julgaram e crucificaram. Já o ser humano
humilha-se a si mesmo quando obedece a Jesus
na seguinte declaração, registrada no Evangelho
de Marcos 8.34:
E, chamando a si a multidão, com os seus
discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir após
mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz,
e siga-me.

A expressão negar a si mesmo é equivalente


a humilhar-se a si mesmo, pois estando submisso
ao senhorio de Cristo, o ser humano deixa de fa-
zer a vontade de seu antigo dono e passa a fazer
a vontade de Jesus. Humilhar-se a si mesmo é
também conformar-se à situação de instrumento
dedicado ao seu Senhor.
Em Romanos 6.13, está escrito:
Nem tampouco apresenteis os vossos
membros ao pecado por instrumentos de ini-
quidade; mas apresentai-vos a Deus, como
vivos dentre mortos, e os vossos membros a
Deus, como instrumentos de justiça.
36
Silas Malafaia

Portanto, essa é mais uma das atitudes que


o servo precisa tomar para fazer diferença – hu-
milhar-se sendo instrumento de justiça nas mãos
do Senhor.
Jesus, em uma ocasião em que censurava
os escribas e fariseus, descrita no Evangelho de
Marcos, afirmou na passagem abaixo, algo muito
importante para essas duas classes de judeus –
que eram bastante orgulhosos – disse-lhes que
precisavam humilhar-se:
E a ninguém na terra chameis vosso pai,
porque um só é o vosso Pai, o qual está nos
céus. Nem vos chameis mestres, porque um só
é o vosso Mestre, que é o Cristo. Porém o maior
dentre vós será vosso servo. E o que a si mesmo
se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo
se humilhar será exaltado.

Mateus 23.9-12

Voluntariedade
Sem essa atitude aqui, nós não faremos a
diferença em lugar nenhum – voluntariedade. O
significado da palavra “voluntariedade” é “a qua-
lidade daquele que é voluntário, de alguém que
faz por iniciativa própria”.
37
Como fazer A diferença

Vejamos a declaração que Jesus deu no Evan-


gelho de João 10.17,18:
Por isso, o Pai me ama, porque dou a mi-
nha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira
de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho
poder para a dar e poder para tornar a tomá-la.
Esse mandamento recebi de meu Pai.

Jesus não fez nada que tenha sido obrigado;


Ele se deu, voluntariamente. Ele quis fazer o que
fez. Conforme mostra o texto acima, Jesus deu a
Sua vida porque Ele tem poder para dá-la e poder
para tomá-la novamente. Voluntariedade. Por isso
que eu volto a bater na mesma tecla: admiro muito
o trabalho voluntário que temos na igreja que pas-
toreio, de gente que não recebe nada e é “pau para
toda obra”. São pessoas que merecem aplausos!
Tem gente que pensa que os obreiros que to-
mam conta de carros no estacionamento da nossa
igreja são todos “flanelinhas”, que eles trabalham
na cooperativa dos “flanelinhas”. Então, eles saem
da cooperativa e se dirigem para a igreja.
Em nosso estacionamento tem empresários;
eles são empresários que nós nem conhecemos,
que ganham muito mais do que a maioria dos
irmãos, mas estão ali, servindo voluntariamente!
38
Silas Malafaia

A Bíblia mostra diversos servos de Deus que


tiveram voluntariedade. Vamos destacar um deles
e falar um pouco a seu respeito.

A voluntariedade de Silas
Silas tem o seu nome conhecido por muitos,
com toda a certeza, por causa das narrativas bíblicas
que o associam ao apóstolo Paulo. Todavia ele foi
um servo de Deus que tinha voluntariedade, e era
bastante fiel (Atos dos Apóstolos 15.22). A primeira
referência bíblica sobre ele é esta de Atos, que aca-
bamos de citar, que inclusive, faz menção de Silas
como um dos líderes da igreja em Jerusalém.
É bem provável que Silas tenha sido um dos
setenta anônimos que foram enviados, como
mostra o capítulo 10 do Evangelho de Lucas, assim
como foi com Barnabé. De acordo com Atos dos
Apóstolos 15.32, Silas era um profeta de Deus; ele
também foi mencionado nas Escrituras em quatro
oportunidades com o nome de Silvano.
O lugar na Palavra de Deus onde Silas é mostra-
do com mais relevância é a partir de quando ele foi
escolhido por Paulo para fazer parte da equipe que
iria realizar a segunda viagem missionária do após-
tolo. Com o desacordo entre Paulo e Barnabé, Silas
foi convidado para ser o companheiro de trabalho,
39
Como fazer A diferença

enquanto Barnabé foi trabalhar com João Marcos.


Silas prontamente (ou com voluntariedade) aceitou
o convite de Paulo e ambos foram inicialmente para
a Síria e Cilícia, trazendo conforto para as igrejas
por onde passavam.
É possível que os momentos mais emocionantes
da vida de Silas que as Escrituras mencionam sejam
quando ele e Paulo estavam na cidade de Filipos.
Havia uma jovem naquela cidade com espírito de-
moníaco de adivinhação que estava perturbando
bastante a dupla missionária, até que Paulo expulsou
o demônio da jovem.
Quando os homens que mantinham aquela
jovem submissa e ganhavam dinheiro com as suas
adivinhações souberam que agora ela não tinha
mais os poderes que davam lucro financeiro, des-
cobriram o que acontecera, cercaram Paulo e Silas,
surraram-nos até ficarem com as costas em carne
viva. Depois foram levados para a prisão (veja Atos
16.9-40).
A Bíblia não traz maiores detalhes sobre a vida
pessoal de Silas. Apenas podemos concluir que,
ao longo dos séculos, existiram servos de Deus –
como Silas – que serviram e sofreram em silêncio,
que tinham voluntariedade. Seus nomes podem
ser desconhecidos da humanidade em geral, mas
certamente são conhecidos por Deus.
40
Capítulo 7

Obediência e
disponibilidade
Sabe por que Cristo se rebaixou? Porque
as características, os elementos para fazermos a
diferença são completados. Sem este aqui não
podemos fazer a diferença – obediência. Jesus se
submeteu. Foi submisso. Aquele que se rebaixa,
se submete. E, no caso de Jesus, é obediente.
É belíssimo o texto da profecia de Isaías, onde
o profeta preveu, com impressionante exatidão, a
submissão e obediência de Jesus a Seu Pai:

Verdadeiramente, ele tomou sobre si as


nossas enfermidades e as nossas dores levou
sobre si; e nós o reputamos por aflito, ferido de
Deus e oprimido. Mas ele foi ferido pelas nossas
transgressões e moído pelas nossas iniquida-
des; o castigo que nos traz a paz estava sobre
ele, e, pelas suas pisaduras, fomos sarados.
Todos nós andamos desgarrados como ovelhas;
cada um se desviava pelo seu caminho, mas o
Como fazer A diferença

SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de nós


todos. Ele foi oprimido, imas não abriu a boca;
como um cordeiro, foi levado ao matadouro e,
como a ovelha muda perante os seus tosquia-
dores, ele não abriu a boca. Da opressão e do
juízo foi tirado; e quem contará o tempo da
sua vida? Porquanto foi cortado da terra dos
viventes e pela transgressão do meu povo foi
ele atingido. E puseram la sua sepultura com
os ímpios e com o rico, na sua morte; porquanto
nunca fez injustiça, nem houve engano na sua
boca. Todavia, ao SENHOR agradou o moê-lo,
fazendo-o enfermar; quando a sua alma se
puser por expiação do pecado, verá a sua pos-
teridade, prolongará os dias, e o bom prazer do
SENHOR prosperará na sua mão.
Isaías 53.4-10

Comentando sobre a obediência de Cristo, o


autor da carta aos Hebreus afirmou:

Assim, também Cristo não se glorificou a


si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas
glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho,
hoje te gerei. Como também diz noutro lugar: Tu
és sacerdote eternamente, segundo a ordem de
Melquisedeque. O qual, nos dias da sua carne,
oferecendo, com grande clamor e lágrimas, ora-
42
Silas Malafaia

ções e súplicas ao que o podia livrar da morte,


foi ouvido quanto ao que temia. Ainda que era
Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que
padeceu. E, sendo ele consumado, veio a ser
a causa de eterna salvação para todos os que
lhe obedecem.
Hebreus 5.5-9

Quando se encontrava no jardim do Getsê-


mani, Cristo suplicou ao Pai, o único que poderia
salvá-lo da morte que estava por vir. Contudo, com
o sofrimento que passou um pouco depois, perce-
bemos que Jesus abandonou Sua própria vontade e
aceitou a vontade de Deus, mantendo-se em obe-
diência em tudo. O versículo 39 do capítulo 26 do
Evangelho de Mateus está mostrando o que Jesus
disse a Deus, confirmando a Sua obediência ao Pai:
E, indo um pouco adiante, prostrou-se so-
bre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se
é possível, passa de mim este cálice; todavia,
não seja como eu quero, mas como tu queres.

A palavra “obediência” tem origem no latim


oboedientia e está relacionada com a atitude de
respeitar, honrar e obedecer à vontade da autori-
dade em questão. O termo tem como sinônimos,
entre outras, as palavras “acato”, “observância”,
“submissão”, “sujeição”.
43
Como fazer A diferença

Existem vários aspectos de obediência, que


podem ser aplicados a diversas esferas. Em nosso
contexto, a obediência se aplica à área religiosa.
As religiões, de uma forma geral, têm um corpo de
doutrinas e uma série de preceitos. Como cristãos,
nós temos os Dez Mandamentos e seguimos a Bí-
blia, que nos fornece muitas orientações de como
devemos proceder, mostrando-nos a vontade de
Deus nas mais variadas circunstâncias de nossa
vida. Então, entra a nossa obediência ao Senhor
como atitude de servos.
Agora, falando em um aspecto bem atual, em
um contexto mais nosso, tem gente que sabe o que
é isso. Sabe o que é essa geração de hoje, que não
quer obedecer, que enfrenta autoridade. É porque
em casa, quando era criança, nunca recebeu um
não como resposta – não pode, não faz, não é
assim, não deixo.
Tudo isso é a chamada “geração do smartpho-
ne”, a geração que quer ganhar de tudo por causa
da omissão dos pais; depois o sujeito vem para
a sociedade e não quer obedecer em nenhuma
circunstância. A sociedade tem regras, tem prin-
cípios que muitas vezes fazem com que sejamos
obrigados a nos rebaixarmos em diversas circuns-
tâncias. Portanto, sempre em alguma instância,
precisaremos obedecer.
44
Silas Malafaia

Disponibilidade
Um diretor da empresa em que trabalhamos
telefona, diz que está precisando de nós e pergunta
se podemos comparecer no escritório dali a umas
três horas. Então nós respondemos que infelizmente
não será possível e colocamos algumas desculpas.
O diretor insiste, perguntando se no dia seguinte
pela manhã não poderíamos chegar antes do ex-
pediente começar. Novamente damos uma série
de desculpas diferentes das outras que acabamos
de dar, mas não nos dispomos a ir mais cedo para
a empresa no dia seguinte. Disponibilidade; está
faltando disponibilidade!
O termo “disponibilidade” traz um conceito
que pode ser utilizado em diversas áreas. Em nos-
so caso, especificamente no contexto desse livro,
podemos afirmar que a noção de disponibilidade é
usada para revelar a liberdade de tempo que certa
pessoa tem para executar um tipo de incumbência
que lhe for requisitada.

O servo precisa de disponibilidade para


vigiar
Bem-aventurados aqueles servos, os
quais, quando o Senhor vier, achar vigiando!
45
Como fazer A diferença

Em verdade vos digo que se cingirá, e os fará


assentar à mesa, e, chegando-se, os servirá.

Lucas 12.37

Vigiar! Nesse contexto, vigiar significa estar


em prontidão, em disponibilidade. Jesus mostra um
exemplo bastante prático a respeito disso contando
uma história:

Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora


há de vir o vosso Senhor. Mas considerai isto: se
o pai de família soubesse a que vigília da noite
havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria que
fosse arrombada a sua casa. Por isso, estai vós
apercebidos também, porque o Filho do Homem
há de vir à hora em que não penseis.

Mateus 24.42-44

O texto acima aborda especificamente sobre a


volta de Jesus, mas não existe apenas este aspecto
na passagem bíblica. Como servos de Deus, é es-
sencial estarmos com a nossa atenção voltada para
a vontade do Pai, que pode ser revelada a nós a
qualquer momento e das formas mais diversas. É
preciso estarmos prontos, atentos, o que de outro
modo significa permanecermos com disponibili-
dade para o Senhor e Sua vontade.
46
Capítulo 8

Pagar o preço
Queremos fazer a diferença? Então precisa-
mos pagar o preço. Jesus pagou o preço. Será que
sabemos o que é pagar preço? Vou explicar: é a
pessoa que tem disposição para o sofrimento. Pagar
o preço é a pessoa que está disposta a sofrer.

Pagando o preço na família


Inicialmente, desejo abordar uma outra visão
a respeito do que é pagar o preço, com o foco
voltado mais para a família.
Estamos vivendo a cultura da facilidade; tudo
é molinho – sopa de minhoca, gelatina, manjar ou
pudim de leite, ou então algum tipo de serviço leve
como, por exemplo, carregar isopor. É a cultura da
sociedade atual.
Vou dizer uma coisa que costuma passar pela
cabeça de muitos que são pobres: todo aquele que
é rico – ou é “ladrão”, ou nasceu com o bumbum
virado para a lua, como às vezes é dito na forma
popular.
Como fazer A diferença

Mas eu tenho uma outra notícia para dar – os


homens mais ricos da história mundial, em sua
grande maioria, vieram do nada! Pagaram um
preço muito alto para atingirem aquele patamar
financeiro. Na maioria das vezes foi um distan-
ciamento da família, da esposa e dos filhos. E, em
vários casos, sem solução no futuro. Uma fortuna
que depois um filho destrói ou perde, porque não
tem noção de quanto custou.
É por isso que muitas vezes quando damos tudo
para um filho que temos, ele não sabe quanto custa
a vida, porque ele tem tudo e ainda zomba de nós,
até coloca o dedo em nosso rosto com desrespeito.
E só porque já tem 18 anos pensa que é dono
do nariz dele. Depende do nosso salário, depende
da cama, do quarto e do ar condicionado que for-
necemos para ele. Recebe comida, bebida, roupa
lavada; então não pode “falar grosso” nem “tirar
onda”. Tem que pagar o preço e ficar mansinho.
Queremos fazer a diferença? Então é preciso
pagar o preço. Vamos ver quem passa em um
concurso. Vamos ver quem chega em lugares mais
altos, vamos ver o preço que paga.

Pagando o preço na Bíblia


A Bíblia tem várias narrativas que mostram o
preço que diversos servos de Deus pagaram por
servir ao Senhor e fazer a diferença. Como afirmei,
48
Silas Malafaia

na introdução desse capítulo, pagar o preço nos


lembra de dores, provas, tribulações, nos remete
ao sofrimento. Entretanto, precisamos compreender
que a questão de pagar o preço pode significar tam-
bém abrirmos mão de confiar em nós mesmos e nos
entregarmos completamente aos cuidados de Deus.
Abraão pagou o preço ao levar seu filho Isa-
que, filho da promessa, para ser sacrificado no
monte Moriá; da mesma forma Moisés pagou o
preço ao viver 40 anos como fugitivo, pastoreando
ovelhas, antes de ser convocado para ser o liberta-
dor do povo judeu do domínio egípcio.
José, filho de Jacó, pagou o preço ao ser vendi-
do pelos seus irmãos como escravo ao Egito, onde
foi perseguido e preso. O apóstolo Paulo pagou o
preço por ser um divulgador entusiasmado da men-
sagem do evangelho, ao ser perseguido, açoitado,
apedrejado e encarcerado.
Se pesquisarmos na Bíblia, com toda a certeza
encontraremos mais relatos de pessoas que fizeram
a diferença e que pagaram por isso o preço!
E nós, queremos fazer a diferença, mas não
queremos pagar o preço? Isto não é possível!

O preço que Jesus pagou


Jesus pagou o mais alto preço, quando morreu
em nosso lugar na cruz do Calvário – foi o preço
de Seu sangue.
49
Como fazer A diferença

É necessário que o custo do preço pago por


Jesus seja compreendido por nós. Em razão de
nossos pecados o corpo físico de Jesus foi atingido
na cruz. Cristo sofreu as implicações de nossas
iniquidades em Seu próprio corpo. Não temos
como descrever adequadamente todas as dores que
Jesus sofreu no período em que estava crucificado.
Foram várias horas de agonia.
O livro do profeta Isaías, mostra muitos sécu-
los antes, o que aconteceria com Jesus. É um relato
profético, de absoluta precisão, que veremos agora
em seguida:

Verdadeiramente, ele tomou sobre si as


nossas enfermidades e as nossas dores levou
sobre si; e nós o reputamos por aflito, ferido de
Deus e oprimido. Mas ele foi ferido pelas nossas
transgressões e moído pelas nossas iniquida-
des; o castigo que nos traz a paz estava sobre
ele, e, pelas suas pisaduras, fomos sarados.
Todos nós andamos desgarrados como ovelhas;
cada um se desviava pelo seu caminho, mas o
SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de nós
todos. Ele foi oprimido, imas não abriu a boca;
como um cordeiro, foi levado ao matadouro e,
como a ovelha muda perante os seus tosquiado-
res, ele não abriu a boca. Da opressão e do juízo
50
Silas Malafaia

foi tirado; e quem contará o tempo da sua vida?


Porquanto foi cortado da terra dos viventes e
pela transgressão do meu povo foi ele atingido.

Isaías 53.4-8

Cristo foi moído pelas nossas iniquidades (v.


5a). Falando espiritualmente, Ele foi, triturado, es-
magado, dilacerado por nossa causa. Afirma Isaías
53.5b que o castigo que nos traz a paz estava sobre
ele (Jesus). Para que Cristo pudesse reconciliar o
homem com o seu Criador, para que todos nós
pudéssemos ter paz com Deus e sermos salvos,
foi necessário que Ele pagasse o preço – Seu sofri-
mento e morte na cruz.
O apóstolo Paulo afirmou, com bastante
inspiração e sabedoria, em 2 Coríntios 5.21 que:
Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado
por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de
Deus. Paulo está falando sobre Jesus, aos cristãos
de Corinto, que Cristo era totalmente puro, não
tinha nenhum traço sequer de pecado, mas ape-
sar disso, recebeu sobre Ele os pecados de toda a
humanidade, um fardo espiritual tremendamente
pesado.
Portanto, o preço final que Jesus pagou por nós
foi com a Sua morte. A palavra “morte” na Bíblia
51
Como fazer A diferença

significa “separação”. Na cruz, Deus separou-se


de Seu Filho. A maior dor espiritual de Jesus foi
representada quando Ele bradou: E, perto da hora
nona, exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli,
lemá sabactâni, isto é, Deus meu, Deus meu, por
que me desamparaste? (Mateus 27.46).

52
Capítulo 9

O Amor
Neste livro, estou fornecendo a todos os inte-
ressados os elementos para fazermos a diferença.
Se aplicarmos isso em nossa vida, faremos dife-
rença nessa sociedade e nessa nação. Também
faremos diferença em nossa família e ainda faremos
diferença para o Reino de Deus.
O último elemento que irei abordar é o molho
de tudo isso aqui que já tratamos até agora. Como
disse, é o molho, o tempero final para dar o sabor;
o elemento fundamental para fazermos a diferença
como cristãos – é o amor!

Amor constrangedor
Na parte inicial do versículo 14, do capítulo 5
da carta de 2 Coríntios, o apóstolo Paulo está afir-
mando aos cristãos de Corinto o seguinte: Porque
o amor de Cristo nos constrange. Existem algumas
questões para entendermos essa declaração de
Paulo. Inicialmente, vamos trabalhar com o termo
Como fazer A diferença

“constrangimento”. Este vocábulo pode ter vários


sentidos. Quando nos deparamos com essa palavra
– constrangimento – vem à nossa memória a ideia
de embaraço, vergonha, acanhamento.
Entretanto, o que queremos ressaltar aqui é
outro significado do termo “constrangimento”. Esta
palavra tem origem no latim constrígo, que depois
recebeu o sufixo ingere, compondo dessa forma
o vocábulo constringir, que tem o significado de
“fazer pressão”, “comprimir”, que mais tarde for-
mou a palavra constranger que tem o sentido de
“forçar”, “obrigar”, “impelir”.
Portanto a expressão “o amor de Cristo nos
constrange”, vindo da parte de quem veio – Paulo,
ex-perseguidor da Igreja, o mesmo homem que
arrastava os cristãos violentamente aos tribunais,
para depois serem presos ou mortos.
A experiência de conversão de Paulo, na
estrada para Damasco, o encontro contundente
com Jesus ali, mudou completamente a vida deste
homem. Ao ver o amor de Deus, Paulo entendeu
ser algo tão grandioso que ultrapassava qualquer
compreensão humana.
Assim, quando ele conseguiu entender um
pouco desse amor infinito, grandioso, o apóstolo
produziu essa expressão, que mostrava como ele se
54
Silas Malafaia

sentia, com relação ao amor de Cristo – Paulo sentia-


-se constrangido, embaraçado, retraído, acanhado.
Esse constrangimento que o amor de Cristo
causava em Paulo, como também causa em nós
todos, nos impele a levar uma vida de obediência
e santificação, fazendo com que busquemos fazer
a diferença onde estivermos.

Amar como Cristo amou


Tenho uma notícia para dar a quem quer fazer
a diferença – não temos que amar com o nosso
amor – amar o próximo como a nós mesmos nos
amamos; negativo, isso não irá funcionar.
Temos que amar o amor de Cristo da forma
como João escreveu em seu Evangelho: Um novo
mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos
outros; como eu vos amei a vós, que também vós
uns aos outros vos ameis (João 13.34). É o amor
que renuncia, que não busca interesse, é o amor
que não se porta com indecência, que tudo sofre,
tudo espera e tudo suporta.
O verdadeiro amor só existirá naquele tem
um relacionamento sincero e honesto com Deus.
Paulo afirmou, em Romanos 5.5: E a esperança
não traz confusão, porquanto o amor de Deus está
derramado em nosso coração pelo Espírito Santo
55
Como fazer A diferença

que nos foi dado. O Senhor Deus já nos forneceu


as condições para amar.
Esse amor não dependerá de sentimentos,
pois estes podem cessar com o passar do tempo.
Foi por isso que João se expressou sobre o amor:
Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de
língua, mas por obra e em verdade. Deve ser um
amor verdadeiro, que se mostra por meio de ações
ou atitudes).
Foi por causa disso que Jesus qualificou o
amor como um mandamento e não como um
sentimento. Cristo afirmou, no Evangelho de João
13.34: Um novo mandamento vos dou: Que vos
ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós. As-
sim, precisamos amar da mesma maneira com que
Jesus nos amou. Ele nos concedeu o mandamento
e Ele mesmo nos ajudará a cumpri-lo!
Esse amor, que é o “molho” de tudo isso que
eu afirmei até aqui, que fará com que sejamos a
diferença. Sem o amor estamos “secos”, sem o
amor estamos sem “sabor”. Todas as pessoas que
foram ou que são enaltecidas na sociedade, que
fizeram diferença em alguma coisa, se perguntar-
mos a elas – foi o amor que as moveu!
Eu já afirmei aqui, mas vou reafirmar: onde é
que nós temos que fazer a diferença? – é na socie-
dade, na família, na igreja e diferença para o Reino.
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Silas Malafaia

Os resultados de quem faz a diferença


O problema é que a gente quer olhar um resul-
tado e não pretende ver a causa. A gente quer ver
a consequência boa, mas não sabe que é preciso
de uma boa causa para que uma consequência
boa possa ser gerada. Quais são as implicações
de quem faz a diferença – vamos ver abaixo esses
resultados.

Satisfação
No livro de Isaías 53.11, o profeta diz assim:
O trabalho da sua alma ele verá e ficará satisfeito.
Satisfação!
Uma das coisas mais incríveis do ser humano
é a autoestima. É quando a pessoa se considera,
dá valor a si própria, é o que a faz ser positiva,
que a faz lutar pela vida. É a autoestima, ela é tra-
balhada quando você faz o bem a outrem; não é
quando você faz alguma coisa a seu favor, porque
ninguém faz a diferença em relação a si próprio,
é em relação a outros. Isso é que traz satisfação!
Sentimo-nos satisfeitos sendo usados pelo Se-
nhor para ajudar pessoas. Essa satisfação também
nos faz sentir úteis e aceitos no meio social em
que vivemos.
57
Como fazer A diferença

Realização
Agora não estou falando de realização pesso-
al, que já está incluída no item inicial. Realização é
completar, executar coisas. No Evangelho de João
19.30, quando estava no Calvário, já crucificado,
Jesus declarou: Está consumado. E, inclinando a
cabeça, entregou o espírito. Em outras palavras,
Jesus estava dizendo que havia concluído, tinha
completado; estava terminada a obra da salvação.
Quem faz a diferença não deixa coisas
não resolvidas no meio do caminho. Quem faz
a diferença não deixa as tarefas abandonadas,
incompletas; vai completar tudo o que falta.

Posição
O que aconteceu com Jesus, vejamos na
carta aos Filipenses 2.9: Pelo que também Deus o
exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é
sobre todo o nome. Posição. Quem faz a diferença,
conquista posições maiores, quer na vida ou quer
no Reino.

Reconhecimento
Aquele que faz a diferença é reconhecido,
vejamos a continuidade do texto acima de Fili-
penses 2, agora os versículos 1 e 11:
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Silas Malafaia

Para que ao nome de Jesus se dobre todo


joelho dos que estão nos céus, e na terra, e de-
baixo da terra, e toda língua confesse que Jesus
Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.

Jesus fez a diferença e um dia toda a hu-


manidade todos os demônios e todos os anjos do
céu vão ter que dobrar-se diante do Senhor. Ele é
o Senhor, Ele é o Senhor! Ele é o Senhor – reco-
nhecimento!

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Conclusão
Portanto, se conseguirmos compreender
o que estudamos nesse livro, as nossas atitudes
para fazermos a diferença – a lei do desapego,
esvaziarmo-nos (renúncia), nos tornarmos servos,
fazermo-nos iguais, nos humilharmos, obedecer,
voluntariedade, disponibilidade, pagar o preço e
praticar o amor – ninguém nos segura!
Ninguém nos segurará! Veremos os resulta-
dos por fazermos a diferença! Chegaremos a luga-
res muito altos! Atingiremos patamares elevados!
Seremos reconhecidos por muitos e principal-
mente por Deus! Não podemos imaginar aonde
Deus nos levará!
Que Deus faça a diferença em nossa vida
porque, sozinhos, não somos capazes de querer
fazer a diferença.
Oração

Senhor Deus, nosso querido e amado Pai


celestial, louvo o Teu santo e bendito nome
porque o Senhor é bom para com a minha vida.
Eu agradeço a Ti porque tens cuidado de
mim, tens me dado saúde, alimento e um teto
para morar.
Também louvo o Teu nome porque mandou
Jesus ao mundo e, por isso, aceitando-o como
meu Senhor e Salvador, recebi a salvação.
Também quero Te agradecer pois pude
acabar de ler este livro, e ele está sendo bênção
para a minha vida.
Pude entender o que preciso fazer para ser
um cristão que faça a diferença neste mundo.
Obrigado por tudo, Senhor, e que eu possa
colocar em prática o que li. Agradeço e Te louvo
em nome de Jesus,
Amém e amém!

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