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UNIVERSIDADE DO VALE DO TAQUARI - UNIVATES

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO COM LFE EM COMÉRCIO EXTERIOR

O PAPEL DOS PROFISSIONAIS DE CONTABILIDADE EM


PROCESSOS DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO

Fernanda Caroline Fritzen

Lajeado/RS, novembro de 2021


Fernanda Caroline Fritzen

O PAPEL DOS PROFISSIONAIS DE CONTABILIDADE EM


PROCESSOS DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO

Monografia apresentada na disciplina de Trabalho


de Conclusão II, do curso de Administração com
LFE em Comércio Exterior, da Universidade do
Vale do Taquari - Univates, como parte da
exigência para obtenção do título de Bacharela em
Administração com LFE em Comércio Exterior.

Orientador: Prof. Me. Sandro Nero Faleiro

Lajeado/RS, novembro de 2021


AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a toda minha família, mas em especial a minha mãe, meu pai
e minha irmã pelo amor incondicional e por não medirem esforços para que eu chegasse até
aqui, me dando total suporte, carinho e apoio nessa caminhada.
Também agradeço ao meu namorado – Gustavo -, que participou comigo deste desafio,
buscando sempre palavras de incentivo e carinho para que pudéssemos finalizar mais essa etapa.
Um agradecimento especial aos meus professores que durante toda caminhada
acadêmica buscaram compartilhar seus conhecimentos e nos preparar para o mercado de
trabalho e para a vida, mas principalmente ao meu orientador, Me. Sandro Nero Faleiro, que
aceitou este desafio e teve disponibilidade, paciência e dedicação em todos os momentos que
solicitei a sua ajuda, tornando-se possível concluir essa pesquisa.
Por fim, quero agradecer também a professora Ms. Elaine G. Strehl que me incentivou
a seguir com este tema, não medindo esforços para esclarecer pontuais dúvidas e me auxiliar
no compartilhamento do link das entrevistas aos seus colegas profissionais permitindo que a
pesquisa abrangesse um maior número de respondentes.
RESUMO

A intensidade da competição nos diversos segmentos econômicos tende a aumentar com o


tempo. Neste contexto, as empresas buscam de forma permanente alternativas para se manter
ativas e competitivas. Na medida em que o cenário interno se mostra instável, as operações de
comércio exterior, importação e exportação, surgem como importante alternativa para os
empresários. Entretanto, a atuação no mercado internacional requer profissionais aptos e
qualificados em cumprir diversas atividades específicas, visto que as operações de transações
internacionais possuem características peculiares das operações de transações nacionais. A
partir disso, estabeleceu-se como objetivo principal deste trabalho identificar o papel dos
profissionais da contabilidade em processos de importação e exportação. Para tanto, conduziu-
se um estudo de caráter qualitativo descritivo, operacionalizado por intermédio de entrevistas
semiestruturadas com profissionais da contabilidade e empresários que atuam com comércio
exterior. Neste sentido, dois roteiros específicos de entrevistas foram aplicados via Google
Forms. De modo geral, pode-se observar que tanto na percepção dos próprio profissionais da
contabilidade e dos empresários e gestores que atuam com comércio exterior, os profissionais
da contabilidade desempenham principalmente um papel de gerenciamento de informações
dentro das organizações, auxiliando na execução de funções operacionais, extraindo dados e
transformando-os em informações que possam ser úteis nas tomadas de decisões da empresa,
permitindo assim, que as empresas estabeleçam melhores estratégias de gestão.

Palavras-chave: Comércio Exterior. Exportação. Importação. Profissionais da contabilidade.


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Serviços realizados pelo profissional da contabilidade relacionados às atividades de


comércio exterior ...................................................................................................................... 44
Tabela 2 - Serviços realizados pelo profissional da contabilidade ........................................... 49
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BIT Bens de Informática e Telecomunicações

BK Bens de Capitais

COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social

DECEX Departamento de Comércio Exterior

DU-E Declaração Única de Exportação

FCA Free Carrier - Transportador Livre

FOB Free on board - Livre a bordo

GATT General Agreement on Tariffs and Trade - Acordo Geral sobre Tarifas e
Comércio

ICMS Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de


Serviços de Transporte Interestadual, Intermunicipal e de Comunicação

IE Imposto de Exportação

II Imposto de Importação

INCOTERM International Commercial Terms – Termos de Comércio Internacional

IPI Imposto sobre Produtos Industrializados


MDIC Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços

MERCOSUL Mercado Comum do Sul

NCM Nomenclatura Comum do Mercosul

OMC Organização Mundial do Comércio

PASEP Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público

PIB Produto Interno Bruto

PIS Programa de Integração Social

SUEXT Subsecretaria de Operações de Comércio Exterior

TEC Tarifa Externa Comum

TIPI Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 9
1.1 Problema de pesquisa ....................................................................................................... 11
1.2 Objetivos ............................................................................................................................ 11
1.2.1 Objetivo geral ................................................................................................................. 11
1.2.2 Objetivos específicos ...................................................................................................... 12
1.3 Justificativa da pesquisa................................................................................................... 12

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 14


2.1 Contabilidade .................................................................................................................... 14
2.1.1 O papel do profissional da contabilidade .................................................................... 15
2.2 Comércio Internacional.................................................................................................... 19
2.2.1 O papel do profissional do Comércio Exterior ........................................................... 24
2.2.2 Processo de importação e exportação .......................................................................... 26
2.2.3 Tributos na importação e exportação .......................................................................... 31

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...................................................................... 36
3.1 Tipo de pesquisa................................................................................................................ 37
3.1.1 Caracterização quanto ao modo de abordagem do problema ................................... 37
3.1.2 Caracterização quanto ao objetivo............................................................................... 38
3.1.3 Caracterização quanto ao processo técnico ................................................................. 38
3.2 Unidade de análise e população alvo............................................................................... 39
3.3 Coleta dos dados ............................................................................................................... 39
3.4 Tratamento e análise dos dados....................................................................................... 41
3.5 Limitações do método ....................................................................................................... 42

4 RESULTADOS .................................................................................................................... 44
4.1 Entrevistas com profissionais da contabilidade ............................................................. 44
4.2 Entrevista com empresários/gestores.............................................................................. 48
4.3 Análise conjunta................................................................................................................ 50

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 53

REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 56
APÊNDICES ........................................................................................................................... 61
APÊNDICE A – Roteiro I ...................................................................................................... 62
APÊNDICE B – Roteiro II ..................................................................................................... 64
9

1 INTRODUÇÃO

As empresas operam em um ambiente competitivo, disputando mercados com muitos


concorrentes e sofrendo impacto de mudanças nos ambientes político, legal, demográfico,
social e cultural, entre outros. As repetidas mudanças no cenário econômico, nacional ou
mundial, afetam os negócios e geram incertezas que desafiam os gestores na condução das
organizações, independente do seu porte. Neste contexto, uma das iniciativas para se manter
ativa e competitiva no mercado é a internacionalização, porém para isso, as empresas precisam
estar preparadas, com profissionais aptos e atentos às diretrizes deste novo segmento
(RODRIGUES, 2016).

A internacionalização é a participação da organização em transações internacionais,


podendo ocorrer de diferentes formas, desde a comercialização de produtos e serviços, até a
instalação de uma unidade no exterior. Para conseguir êxito neste objetivo, é comum que as
empresas invistam primeiramente no comércio internacional, atuando em operações de compra
e/ou venda (SALES et al., 2015).

Contudo, o ingresso de empresas no mercado internacional requer muito planejamento


e a adoção de estratégias específicas, visto a necessidade de distintos conhecimentos de diversas
áreas. O comércio internacional possui algumas regras próprias no qual, d ivergem de padrões
utilizados no mercado interno, para que a empresa esteja apta para atender ambos os segmentos,
é importante que os profissionais possuam conhecimento com relação nas áreas de Relações
Internacionais, Comércio Exterior, Contabilidade, Economia, Administração e até mesmo em
Direito (DALMORO, 2007).
10

Empresas em processo de internacionalização devem levar em consideração suas


características e sua realidade, respeitando também as características do mercado no qual
pretendem se inserir, principalmente questões culturais e a legislação local (DALMORO,
2007). Entretanto, outro fator importante para o sucesso nas operações é ter o conhecimento da
legislação brasileira, levando em consideração que o Brasil possui um sistema tributário amplo
e complexo. Por isso, o profissional da contabilidade desempenha um papel fundamental e de
extrema importância para as empresas em seus processos internacionais.

A contabilidade vem passando por constantes mudanças, deixando de atuar apenas


como um controle burocrático das empresas para se tornar um fator importante na tomada de
decisões e para o Estado, desempenha suas funções de forma eficaz e segura na transmissão de
informações e arrecadações. As novas tecnologias são um fator que contribuíram positivamente
para estas mudanças, permitiram que os processos fossem agilizados e automatizados, o que,
consequentemente permite que os profissionais façam bom uso das informações e do seu tempo
(SOUZA, 2012).

Os profissionais da contabilidade no processo de internacionalização costumam ser os


responsáveis pela análise das cargas tributárias envolvidas nos processos da empresa, como
também, ter conhecimento dos incentivos fiscais oferecidos pelo governo, estando apto a
orientar na escolha do melhor tratamento fiscal para as operações (RODRIGUES, 2016). Além
das questões tributárias, este profissional também auxilia na documentação necessária nas
operações de compra e venda internacionais, estabelecendo conexões entre a legislação
brasileira e do país parceiro.

Pelo fato de os processos de comércio exterior requererem profissionais com um vasto


conhecimento sobre diversas áreas, além do próprio profissional de comércio exterior é comum
as empresas contarem com profissionais da contabilidade para os auxiliarem desde as quest ões
contábeis e fiscais até a emissão de documentos. Sabe-se que as organizações buscam
organizar-se e dividir suas funções da maneira que melhor lhes convém, entretanto, é
interessante tentar identificar de forma geral o papel assumido por profissionais da
contabilidade em empresas gaúchas que operam com o comércio exterior.

O Brasil é um país que participa ativamente do comércio internacional mundial,


conforme o portal do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), em 2020
os maiores índices de exportação são de produtos da indústria extrativa e da agropecuária e na
11

importação de produtos da indústria da transformação. Ainda segundo dados do MDIC, o Rio


Grande do Sul neste último ano, representou 6,73% das exportações brasileiras e 4,55% das
importações, em ambos os segmentos se destaca com produtos da indústria da transformação.

Localizado no Rio Grande do Sul, composto por 36 municípios, temos o Vale do


Taquari, que possui uma localização estratégica, de fácil acesso a outras regiões do Estado, País
e exterior, por meio das rodovias e um entroncamento intermodal hidroviário. Como reflexo
disso, vemos a participação de empresas de 23 municípios atuando na movimentação da balança
comercial nacional (Dados retirados do site CIC Vale do Taquari, 2021).

Desse modo, o tema da pesquisa se refere ao papel do profissional da contabilidade em


processos de Importação e Exportação, relacionando os papéis e atividades desempenhadas
pelos profissionais da contabilidade e o comércio exterior.

1.1 Problema de pesquisa

Percebe-se a importância de profissionais de diferentes áreas nos processos de comércio


internacional das empresas, optou-se por direcionar a pesquisa para os profissionais da
contabilidade, visto o amplo conhecimento destes e pelas diferentes maneiras que estes
profissionais podem contribuir nos processos de importação e exportação das nossas empresas,
gerando assim a questão desta pesquisa: Qual o papel dos profissionais da contabilidade em
processos de Importação e Exportação?

1.2 Objetivos

Nos itens a seguir são apresentados o objetivo geral e específicos desta pesquisa.

1.2.1 Objetivo geral

Identificar o papel dos profissionais de contabilidade em processos de Importação e


Exportação.
12

1.2.2 Objetivos específicos

− Relacionar os principais pontos observados em comum pelos profissionais da


contabilidade e pelos empresários ou gestores sobre o papel do contador em
empresas que atuam com o comércio exterior;

− Identificar as principais funções desempenhadas pelos profissionais da


contabilidade em processos de Importação e Exportação.

1.3 Justificativa da pesquisa

Com a alta competitividade no mercado, cada vez mais as empresas buscam por novas
soluções e dentre as opções, a internacionalização vem se destacando pelos benefícios
propostos (RODRIGUES, 2016). Neste contexto, um dos pilares para a consolidação e sucesso
das organizações no âmbito internacional é a clareza nas atividades que devem ser
desempenhadas pelos seus profissionais nos processos de importação e exportação e, portanto,
a qualificação destes para desempenhar tais atividades.

Ingressar no âmbito internacional não é uma tarefa fácil e requer planejamento das
organizações. Conhecer o mercado comprador, especialmente características comportamentais
dos consumidores finais, entender a cultura local, e, não menos importante, a legislação do país
de interesse (KLEIN; BORGES, 2016). Por isso, as organizações necessitam contar com os
conhecimentos e com o trabalho de colaboradores de diversas áreas. Cada profissional pode
desempenhar um papel fundamental nos processos de importação e exportação dentro das
empresas, estas, ao identificar qual o papel destes profissionais, conseguem otimizar e agilizar
processos, extraindo o melhor de cada área.

O foco da presente pesquisa será o papel do contador nos processos de importação e


exportação nas empresas. Sabe-se que o profissional da contabilidade passa por constantes
adaptações e atualizações buscando acompanhar as novas legislações e tributações do nosso
país, estando apto a dar o suporte necessário nos processos e auxiliando na tomada de decisões
das empresas (SILVA, 2019).

Ao longo dos anos as mudanças nos ambientes cultural, social, político e legal têm
exigido profissionais capacitados e prontos para novos desafios, com perfil dinâmico que
13

pensem fora da caixa e que possam agregar valor aos negócios. Muitas vezes ao escolher uma
área de formação, o estudante tem informações de suas ramificações e possibilidades,
entretanto, a inexperiência em participar de negociações concretas impossibilita conhecer as
diversas interações exigidas na prática profissional do dia a dia, por isso está pesquisa pode
apresentar novas possibilidades de carreiras para os acadêmicos.

Além do tema apresentar uma nova perspectiva sobre a área de atuação do profissional
da contabilidade, ainda apresenta aspectos de interesse mútuo entre os profissionais da
contabilidade e os profissionais de comércio exterior, aspectos que podem ser desenvolvidos e
trabalhados com maior frequência nas Universidades, também servindo esta pesquisa como
aporte para novos estudos a serem desenvolvidos.

O Comércio Exterior e a Contabilidade estão relacionados em diferentes aspectos,


ambos os profissionais estão capacitados para realizar o preenchimento de documentos, têm
conhecimento da legislação e devem conhecer as vantagens/benefícios ofertados pelo país para
as operações de importação e exportação. Contudo, o profissional da contabilidade possui maior
responsabilidade com as questões tributárias, afinal a área responde junto ao ente público pelo
correto pagamento dos tributos. Este é um fator de extrema importância para as empresas, visto
que, o seu conhecimento pode fazer com que a empresa opere positivamente ou acabe sendo
penalizado com multas ou faturamento de tributação incorreta.

Dessa forma, conhecer conexões que existem entre essas duas áreas permitirá que novas
ideias surjam e que futuramente, cada vez mais estudantes, busquem por uma formação mais
abrangente em áreas distintas, mas com grandes conexões, e as empresas, ao reconhecer o papel
atribuído a cada profissional, agregarão aos seus processos e tendo retornos positivos,
alavancando as chances de sucesso da empresa em âmbito nacional e internacional.
14

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo apresenta-se conceitos e estudos de diversos referenciais bibliográficos


que giram acerca do tema em estudo, associados e elencados a seguir, buscando auxiliar no
melhor entendimento do conteúdo, para consequentemente atingir-se o objetivo da pesquisa.

2.1 Contabilidade

Devido à evolução da sociedade, em 1530, no período colonial, surgiram as primeiras


alfândegas, e, com elas surgiu a necessidade de um controle, dando início assim, à história da
contabilidade no Brasil. Já em 1549, foram criados os armazéns alfandegados e para realizar o
controle destes recintos, Gaspar Lamego foi nomeado por Portugal como o primeiro Contador
Geral do Brasil (REIS; SILVA, 2007).

Posteriormente, no ano de 1679 foi criada A Casa dos Contos, instituição incumbida de
processar e controlar as receitas e despesas do Estado, mas devido à expansão colonial e o
desenvolvimento social da época, tiveram-se os gastos aumentados, tornando-se necessário a
criação de outro órgão, denominado Erário Régio, que tinha como finalidade o controle mais
rígido das contas do Estado, através do método de partidas dobradas (REIS; SILVA, 2007).

No Brasil, a contabilidade foi fortemente influenciada pela cultura contábil italiana,


local do surgimento do método das partidas dobradas e do surgimento da Escola
Patrimonialista, a partir do entendimento de que o objeto da contabilidade era o patrimônio.

De acordo com Reis e Silva (2007) a Teoria Patrimonialista classificou as contas


15

contábeis em contas de patrimônio e de resultado. No Brasil, o patrimonialismo é predominante


até os dias atuais, consolidado a partir do V Congresso Brasileiro de Contabilidade.

Após à década de 50, com a vinda das indústrias norte-americanas, ocorreu uma
evolução dos conhecimentos contábeis, sendo publicada a lei 6404/1976 que aborda os
princípios contábeis, estabelecendo assim, orientação contábil internacional (REIS; SILVA,
2007). As normas contábeis vêm passando por importantes reformulação ao longo dos anos e a
partir da lei 11.638/2007 pode-se perceber que ocorre a harmonização das normas contábeis
brasileiras às normas contábeis internacionais.

Com a publicação do Decreto-Lei 9295, em 1946, foram criados o Conselho Federal de


Contabilidade e os Conselhos Regionais, que visam promover a fiscalização contábil, neste
mesmo período, definiu-se também, os perfis dos contadores.

2.1.1 O papel do profissional da contabilidade

O cenário mundial está se transformando de forma acelerada devido às novas


tecnologias, às mudanças socioculturais, políticas e econômicas no qual evidenciam a
necessidade de informações e do conhecimento pensando no avanço da globalização. Cada vez
mais as empresas precisam de profissionais aptos a ajudar no processo decisório, que saibam
interpretar informações e não apenas despachar suas obrigações (SOUZA, 2012).

Para Braatz et al. (2019) o contador é o profissional que tem como objetivo, transformar
dados em informações úteis para seus usuários, servindo de base para a tomada de decisões das
empresas.

Conforme apontado por Silva (2019) os profissionais da contabilidade enfrentam um


ambiente competitivo, que exige diferentes qualificações, rapidez e precisão, além de se prezar
pela responsabilidade, agilidade, ética e habilidades empresariais. Devido ao conhecimento
compartilhado com diversas áreas, estes profissionais possuem uma ampla visão de negócio,
permitindo-os analisar e interpretar dados e números, auxiliando no processo gerencial das
organizações.

Em complemento, Souza (2012), conclui que sem uma boa contabilidade, as empresas
não possuem um direcionamento diante de diversos fatores, diminuindo suas chances de
16

sobrevivência em um mercado competitivo.

A partir destes apontamentos, pode-se perceber que se é exigido muito do profissional


da contabilidade, além do amplo conhecimento que lhe é requerido o profissional da
contabilidade precisar ter a aptidão e a capacidade de compreender e repassar as informações
importantes para as outras partes da organização interessadas.

Silva (2019), acrescenta que com as constantes mudanças da sociedade os profissionais


contábeis precisam estar preparados para se adequar às novas exigências, buscar
constantemente atualizações a partir de uma formação continuada, estar aberto ao uso das novas
tecnologias, como modo de auxiliar no processamento de dados e gerenciamento de
informações, além de ter conhecimento nas demais áreas que compõem a empresa, permitindo
que agregue conhecimento em seu perfil profissional e auxilie para a tomada de decisões
assertivas.

Já Souza (2012), pondera que os profissionais contábeis devem conhecer as novas


tecnologias e suas formas de atuação, incorporando-as nos processos contábeis e nas análises -
principalmente, nas mais apuradas e complexas -, permitindo que o tempo de execução dessas
atividades sejam reduzidas e os processos agilizados.

Além disso, os profissionais da contabilidade precisam possuir uma formação e visão


ampla para que possam compreender o meio social, político, econômico e cultural, tanto em
âmbito nacional como internacional, para que esteja apto a tomar decisões em um mundo
globalizado, diversificado e interdependente (SOUZA, 2012).

As empresas buscam maneiras de se manter em ambientes competitivos, adotando


medidas de redução de custos, otimização de processos, etc., por isso a contratação de
profissionais capacitados é importante. Os profissionais da contabilidade, podem exercer
diferentes funções dentro de uma organização, tanto no âmbito operacional como na alta
gerência, auxiliando nas tomadas de decisões (SILVA, 2008).

Silva (2019) aborda que em uma visão recente do profissional da contabilidade, ele
exerce a função de opinar, oriental e direcionar a empresa no melhor caminho a se seguir, a
partir dos resultados dos dados analisados e dos fatores de interferência externos, que também
precisam ser avaliados. Mesmo obtendo constantes conhecimentos extras ao que a profissão
exige, é necessário que o profissional execute as atividades cautelosamente e de acordo com as
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regulamentações da profissão.

Ainda, Souza (2012) aponta que com as constantes mudanças, as empresas estão
buscando alternativas para se manter ativas e competitivas no mercado globalizado, com isso,
o ingresso das organizações no comércio internacional vem se expandindo, entretanto, é
necessário que os profissionais contábeis estejam aptos para prestar o suporte adequado, sendo
necessário ter conhecimento também em questões de âmbito internacional e da documentação
específica.

Os empresários e profissionais da contabilidade estão familiarizados com a carga


tributária federal, estadual e municipal, entretanto a empresa ao se internacionalizar fica perante
novas variáveis, dentre elas, alguns incentivos permitidos por lei e ao contar com a assistência
de um profissional da contabilidade, sendo este, o profissional mais adequado para orientar na
escolha do melhor tratamento fiscal, que se acomoda as necessidades apresentada pelas
organizações. Dentre os incentivos oferecidos aos empresários, está a suspensão, a isenção e a
restituição de impostos, oferecendo estímulo à prática de comércio exterior pelas empresas
brasileiras (OLIVEIRA et al., 2017).

Complementando, Prado (2013) traz que o profissional contábil passa a desempenhar


um papel de estrategista dentro das organizações, com seus conhecimentos e experiências, pode
desenvolver um planejamento tributário adequado, sendo capaz de otimizar custos das
operações, agregando à empresa maior vantagem competitiva.

Ao ingressar no comércio internacional, as empresas se deparam com novos desafios e


para isso, ter em sua equipe profissionais aptos a prestar um suporte adequado indo desde o
planejamento tributário e fiscal até a emissão dos documentos, faz-se com que as barreiras
previamente impostas sejam superadas com maior tranquilidade pelas organizações.

A partir das ideias apresentadas por Cardoso (2006), sobre as competências dos
profissionais de contabilidade Biasibetti e Feil (2017), apresentam no Quadro 1 - de forma
sucinta -, as principais competências do profissional da contabilidade moderno e globalizado.
18

Quadro 1 – Competências do profissional contábil

Competências Descrição

Sabe analisar as partes de um problema ou situação


Analítica estabelecendo suas relações para formular diversas
soluções e o valor de cada um.
Mantém o desempenho sob condições estressantes e
Autocontrole hostis, respondendo positivamente aos problemas sem
impulsividade e permanecendo calmo.
Estabelece sintonia nas comunicações com pessoas ou
grupos, entende mensagens e é entendido. Demonstra
Comunicação
boa articulação ao comunicar ideias por escrito e
verbalmente.
Desenvolve soluções criativas para os problemas da
Empreendedor empresa e dos clientes; procura inovar diante das
restrições da empresa. Assume riscos calculados.
Compreende o que está acontecendo no mercado e em
sua empresa. Entende, antecipa e procura responder
Estratégia
além das necessidades dos consumidores no longo
prazo.
Conhece e utiliza as ferramentas de controle e gestão,
Ferramentas de Controle como orçamento, controle interno, custos, fluxo de
controle de caixa, entre outros.
Conhece e acompanha tarefas obrigatórias, como
Legal planejamento tributário e atendimento das exigências
fiscais.
Conhece e utiliza a informática como ferramenta na
Informática identificação, seleção e formatação de informações
gerenciais para o processo decisório.
Tem integridade e exprime positivamente seus valores
e crenças pessoais de maneira consistente com os
Integridade e Confiança
padrões éticos de sua empresa. Inspira confiança pelo
cumprimento dos compromissos assumidos.
Domina e interpreta os conceitos relacionados à área
de contabilidade e finanças empresariais, atendendo
Contabilidade e finanças aos interesses dos usuários internos e externos dessa
informação e das normas vigentes tanto no ambiente
nacional como no internacional.
Realiza acordos com as várias áreas envolvidas com o
sistema de informação e mensuração de desempenho,
Negociação adicionando valor e vantagens competitivas às
negociações. Busca opções para atender aos interesses
dos envolvidos e da empresa.
Desenvolve diálogos interativos com as pessoas,
Ouvir eficazmente pergunta por mais detalhes sobre os assuntos, avalia as
mensagens e fornece feedback.
Sabe atender e dialogar, demonstrando corretamente
Atendimento os conceitos e critérios utilizados nos sistemas de
informação, tanto para usuários internos à empresa

(Continua...)
19

(Conclusão) como para auditores externos, fornecedores, mercado


de capital e instituições financeiras.

Competências Descrição

Estuda e aplica conceitos de planejamento e


acompanhamento estratégico, operacional e
Planejamento
financeiro, auxiliando a alta administração no alcance
de seus objetivos.
Demonstra estar atualizado com técnicas, dados e
Técnica de Gestão novos conhecimentos por meio de leitura, cursos,
viagens, congressos, etc.
Coopera com demais membros da equipe, com cujas
metas e objetivos é comprometido. Compreende e
Trabalho em Equipe
esforça -se para o bem da equipe em vez de servir aos
próprios interesses.
Capacidade de gerenciar todas as informações
necessárias para o bom andamento dos negócios,
Gestão da Informação efetuando melhorias e supervisão no sistema de
processamento de dados e intera gindo com áreas
correlatas, como Tecnologia de Informações (TI).
Realiza acordos e negociações com instituições
financeiras, órgãos governamentais, fornecedores,
Relacionamento Externo
acionistas, clientes e empregados, buscando atender
aos interesses da empresa.
Fonte: Biasibetti e Feil (2017).

Pode-se perceber que os profissionais da contabilidade possuem diversas competências,


permitindo-os atuar em diferentes áreas (BIASIBETTI; FEIL, 2017). Por isso, empresas que
optem por atuar com comércio exterior, normalmente contam com profissionais da
contabilidade para auxiliar em diversas etapas dos processos, desde as etapas operacionais até
no auxílio para a tomada de decisões, dentre as principais competências as que mais se destacam
para esse ramo são: analítica, autocontrole, estratégia, ferramentas de controle, legal,
negociação, planejamento, técnica de gestão, trabalho em equipe, gestão da informação e
relacionamento externo.

2.2 Comércio Internacional

A definição de comércio internacional e comércio exterior são similares, visto que


ambos estão relacionados a atividades de compra e venda, tanto de mercadorias quanto da
prestação de serviços para outros países, pode-se perceber esta afirmação pela definição feita
por Werneck (2011).

Comércio internacional é o conjunto das atividades de compra e ven da de mercadorias


e prestação de serviços entre nações, isto é, em que vendedor e comprador estão em
países distintos. Comércio Exterior é o conjunto das atividades de compra e venda de
20

mercadorias e prestação de serviços entre países e as demais nações (WERNEC K,


2011, p. 22).
De acordo com Segre et al. (2018) o comércio internacional é o intercâmbio de
mercadorias ou serviços, mas também, é marcado pela movimentação de capitais entre nações
distintas, resultantes de especializações de cada nação na divisão internacional do trabalho. Já
o comércio exterior, é os termos, regras e normas das relações de negócio, estudos e transações
realizadas no comércio internacional.

Complementando, Soares (2004) define o comércio exterior como operações de compra


e venda internacionais, no qual ocorre uma negociação com dois ou mais agentes sediados em
países diferentes e o produto negociado sofrerá um transporte internacional, havendo um
resultado financeiro, possível de operações de câmbio.

Seguindo a linha de pensamento, Segre et al. (2018) diz que o desenvolvimento do


comércio internacional depende das relações de troca ou do nível dos termos do intercâmbio
que é obtido ao comparar o poder aquisitivo dos países que comercializam entre si.

Já conforme Prates e Tripoli (2016) o comércio em si, nada mais é do que uma transação
de troca, no qual, implique no recebimento de um valor monetário ou de outro bem ou serviço.

A partir da definição acima citada, os autores Prates e Tripoli (2016) complementam


dizendo que o comércio já nos acompanha desde o início da civilização e ao conhecer a história
e evolução do comércio - até o internacional -, nos permite compreender melhor como ocorreu
o desenvolvimento das atividades econômicas, sociais e culturais em diferentes países e épocas
e consequentemente, compreender seu funcionamento atual.

Em concordância, Ludovico (2018) também pontua que o comércio está ligado


diretamente com o ser humano e essa relação vem desde os povos primitivos. Os fenícios são
um exemplo, pois buscavam trocar seus produtos por outros que não produziam, para que assim,
o seu povo pudesse se desenvolver e ter um crescimento adequado. Ao passar dos anos, o
comércio também passou por novas fases, como o mercantilismo, o liberalismo clássico, o
protecionismo, o neoliberalismo e a atual situação de integração econômica.

Paralelamente ao pensamento de Ludovico (2018), Ratti (2004) aponta que um dos


fatores que contribui para o comércio acontecer são as desigualdades enfrentadas entre regiões.
Dentre elas, a de distribuição geográfica de recursos naturais, as diferenças de clima, solo e de
produção, o fato de uma região ou país não possuir recursos naturais, humanos ou de produção
21

suficientes e necessários para satisfazer as demandas internas fazem com que cresça a
necessidade de comércio com outras regiões.

Poyer e Roratto (2017), também relatam que o comércio de mercadorias é a atividade


desempenhada desde o período milenar, apresentando os dados de que os primeiros registros
foram encontrados na civilização dos Fenícios, cerca do ano de 2000 a.C. Os mercadores
ampliaram o fenômeno do comércio mundial, permitindo um ambiente favorável ao
desenvolvimento conjunto de diferentes países, cada qual seguindo sua vocação principal.

O autor Cignacco (2012) considera o mundo como um ambiente sem fronteiras e isto,
consequentemente implica em uma diminuição das distâncias e na modificação do tempo e
espaço como conhecido até então. A lei da ação e reação pode ser identificada em âmbito global,
os acontecimentos ocorridos em outras localidades afetam direta ou indiretamente toda a
população mundial. Outro ponto de mudança perceptível, é o avanço das inovações
tecnológicas que são produzidas de maneira acelerada para conectar todas as culturas do mundo.

Conforme Vasconcellos e Silber (2017), após a Segunda Guerra Mundial, o comércio


internacional passou a ser um motor do desenvolvimento econômico mundial, com a redução
das barreiras tarifárias a partir do GATT (General Agreement on Tariffs and Trade). Com o
GATT, foi visto uma redução de 35% para 6% na tarifa média de importações nos países
industrializados. Outro fato que contribuiu para o crescimento do comércio internacional
quando comparado a taxas superiores às do crescimento do PIB mundial, foi o tratamento
multilateral e não discriminatório das regras do comércio.

Complementando, Ludovico (2018) diz que os países, mesmo ainda sensibilizados após
a Segunda Guerra Mundial, precisaram buscar formas de se reerguer e dentre as alternativas
encontradas, estavam os acordos internacionais, para que pudessem ter investimentos e
rentabilidade, foi necessária uma reconstrução política e econômica dos países. Pode-se
perceber que as negociações internacionais representam uma parte importante do crescimento
nas atividades econômicas de grande parte das nações.

Para explicar esses fatos, Ludovico (2018) indica que a globalização é um processo que
está ocorrendo há pelo menos três décadas, no qual, trata da integração mundial, abrangendo
diversos setores como o comércio, a economia e a comunicação. Decorrente dessa globalização,
ocorreu a queda de barreiras alfandegárias, a formação de blocos econômicos, avanços
22

tecnológicos, o aumento do fluxo de capitais externos e que essas forças criaram uma “ordem
mundial”, revivendo de uma forma mais moderna e em uma velocidade incomparavelmente
maior a Revolução Industrial iniciada no século XVIII.

O autor Cignacco (2012) traz outro ponto importante para a inter-relação entre os países,
a crescente difusão da Internet. Pode-se observar o avanço na utilização do comércio virtual,
pela proliferação dos sites, pela difusão dos e-mails e dos chats. Essas novas plataformas,
sobrepondo-se aos meios tradicionais de comunicação e essa revolução na comunicação é
conhecida como economia digital, que coexiste com a economia real, sendo estes, fatores que
passam a facilitar as negociações internacionais.

Como pode-se observar, a globalização é responsável por muitas mudanças em todo o


mundo, entretanto, ela também contribui como um facilitador para operações de trocas de um
país para outro e, a partir disso é possível perceber a quebra de barreiras, de uma aproximação
entre culturas, o que favorece positivamente o comércio mundial (POYER; RORATTO, 2017).

O Brasil vem apresentando dados crescentes referente ao comércio internacional,


Ludovico (2018) afirma que o Brasil possui um grande potencial no fornecimento de produtos
básicos, manufaturados e semimanufaturados de interesse global e isso se deve a relação dos
tipos de produtos e valores comercializados, além do aumento do número de empresas de
pequeno a grande porte em buscar o comércio internacional.

A partir do período mercantilista promoveu-se o surgimento e o desenvolvimento de


teorias econômicas que tinham como objetivo a intensificação das trocas comerciais livres entre
as nações, sendo conhecido como liberalismo econômico. A teoria do liberalismo acredita que
o comércio internacional decorre, primariamente, das diferenças existentes entre os países, no
qual buscam complementar ou suprir suas necessidades internas com produtos e serviços de
outros países onde se possui em abundância (POYER; RORATTO, 2017).

Com estes apontamentos pode-se concluir que o Brasil possui vantagem comparativa
nos produtos básicos, manufaturados e semimanufaturados. Isso baseia-se no modelo de
comércio internacional elaborado por David Ricardo no século XIX - sendo um dos pilares do
liberalismo -, baseado no princípio das vantagens comparativas, conhecido como modelo
clássico, no qual postula que a principal causa do comércio internacional é a diferença de
produtividade na mão de obra entre as nações. Sendo assim, as diferenças tecnológicas entre os
23

países refletem na produtividade da mão de obra e nas vantagens comparativas, enfatizando as


diferenças de funções de produção entre os países como determinantes das vantagens
comparativas e do fluxo do comércio internacional.

A partir desta teoria, os autores Segre et al. (2018) trazem que a vantagem comparativa
de produzir, com menor custo e melhor qualidade, combinada com a diversidade de
possibilidades de produção, faz com que os países comercializem entre si. Visto que nenhum
país consegue ser autossuficiente em tudo, assim exportam seu excedente e importam o
necessário para suprir as necessidades de produção e consumo.

Poyer e Roratto (2017) complementam dizendo que as diferentes condições do clima e


do solo, interferem na produção agrícola de cada país, a diversidade no subsolo faz com que a
exploração de minério também não seja a mesma em todos os países. Com a interferência desses
fatores, determina-se diferentes condições de produção, iniciando-se o comércio internacional,
busca-se o país que se destaca na produção de determinado produto para que ocorra a
importação e busca-se parceiros para que a produção excedente do país seja exportada.

A teoria da vantagem comparativa de forma simplificada, nada mais é do que uma teoria
que busca explicar as diferenças entre a produção e o comércio entre os países, baseando-se em
um mesmo produto. O país que possuir menor custo de produção sobre determinado produto,
possui vantagens comparativas, sendo este um bom indicativo para o comércio. Ao aumentar a
produção deste determinado bem, pode ocorrer uma produção excedente que será destinada
para o comércio internacional e aqueles produtos que não apresentarem vantagem comparativa,
devem ser procurados em outros mercados (POYER; RORATTO, 2017).

Por fim, os autores Poyer e Roratto (2017) apontam que os benefícios do comércio
internacional podem ser perceptíveis nas empresas pela ampliação de mercados consumidores,
o que possibilita aos produtores: ganhos de escala, aumento de produtividade; acesso a novos
fornecedores de insumos e matérias-primas, além de possibilitar a obtenção de novas
tecnologias e desenvolver novos padrões de produção ou a criação de novas alternativas de
produção, ocorrendo a fragmentação do processo de produção e aproveitando-se de vantagens
comparativas.
24

2.2.1 O papel do profissional do Comércio Exterior

De acordo com Ramos, Domigues e Marietto (2011), o profissional de comércio exterior


atua diretamente com as operações de comércio internacional - desempenhando o papel de
intermediador das relações entre os importadores e exportadores -, podendo ainda realizar
análises de situações e das novas tendências de mercado.

As autoras Romio e Klein (2019) complementam trazendo que os profissionais de


comércio exterior estão ligados a diversas atividades, muitas delas sob grande pressão devido
aos prazos e as custosas consequências que rodeiam o comércio internacional. Dentre as
atividades mais corriqueiras ligadas a estes profissionais estão a importação e exportação de
bens e serviços, análise do mercado internacional, a promoção dos produtos em feiras
internacionais, a negociação de acordos comerciais e auxílio no despacho aduaneiro.

Para Klein e Borges (2016) o mercado internacional demand a profissionais aptos para
negociar, planejar e analisar estrategicamente, além desses fatores, considera-se como essencial
as competências de resiliência, sensibilidade, flexibilidade para adaptação e habilidade para
lidar com situações em diferentes culturas.

Um dos fatores importantes para o sucesso das organizações em âmbito internacional é


conhecer e compreender a cultura dos países parceiros e conseguir transmitir esses fatores em
seu produto. Na formação acadêmica destes profissionais, busca-se desenvolver a habilidade
de compreensão das relações sociais, políticas econômicas e culturais internacionais,
precisando ainda que o profissional esteja atento às novas mudanças decorrentes da
globalização e dos avanços tecnológicos (KLEIN; BORGES, 2016).

O autor Moura (2011) comenta que com os avanços da tecnologia e os mercados se


tornando cada vez mais competitivos, as empresas passaram a ver a internacionalização como
uma forma de se diferenciar no mercado e se manter ativas, entretanto, os empresários por
muitas vezes não possuem todo o conhecimento necessário para ingressar neste âmbito, como
a legislação vigente acerca das trocas comerciais, a cultura e costumes dos demais países e os
custos que envolvem o processo e por isso, precisa-se de profissionais aptos e preparados para
novos desafios que a internacionalização pode proporcionar.
25

Ainda de acordo com Moura (2011) os pontos de extrema importância que o profissional
de comércio exterior precisa ter conhecimento para o desenvolvimento de sua carreira e da
empresa são:

[...] os aspectos culturais; o idioma internacional dos negócios, que é o inglês, no


mínimo; as leis e regras que regem o comércio internacional; as práticas comerciais
incorporadas pelos usos e costumes; contratos comerciais; instrumentos e garantias de
pagamento/fornecimento dos produtos e ou serviços; os controles governamentais,
bem como as cotas e licenciamento exigidos em cada nação; a política; a religião; as
sanções internacionais; a relação com o meio ambiente e direito s humanos; as normas
técnicas; direitos dos consumidores; bem como a noção de valor e as especificidades
de cada país (MOURA, 2011, p. 8-9).

Desta forma, Ramos, Domigues e Marietto (2011) abordam que os profissionais de


comércio exterior precisam ser dinâmicos, tendo uma visão ampla e não seguir apenas as teorias
aprendidas em sua formação teórica, precisam relacioná-las com a prática e o próprio ambiente
de negócio. Isso é possível por sua formação ser ampla, abordando aspectos da administração,
das relações internacionais, do direito e outras áreas fragmentadas.

Em complemento, Moura (2011) diz que, com a formação do profissional de comércio


exterior, ele está apto para atuar no comércio de bens e serviços, assim como na movimentação
de capitais, entre estados, regiões e países. Com base nisso, ao longo de sua formação os
profissionais têm contato com diferentes áreas, visto que eles precisam ter conhecimento geral
sobre administração, logística, produção, finanças, gestão de pessoas, marketing, economia e
principalmente das operações de importação e exportação.

Além das habilidades acima citadas, Romio e Klein (2019) destacam a necessidade do
profissional estar apto a compreender problemas e apresentar soluções, manter a boa conduta,
negociando com honestidade e respeito, prezando a comunicação e o relacionamento pessoal,
agindo com empatia e sensibilidade, tornando-se mais tolerante às diversidades e por fim,
buscar manter a estabilidade emocional, controlando suas emoções frente aos resultados das
negociações e dos desafios encontrados no dia a dia da profissão.

O dia a dia do profissional de comércio exterior tende a contar com uma rotina
diversificada e desafiante, visto que há muitas alterações de cenário, negociações difíceis e
situações totalmente novas que requerem soluções, isso pode gerar sentimentos desagradáveis
e o profissional ter seu emocional desgastado, entretanto, o profissional precisa ter um
autocontrole emocional para que os sentimentos não provoquem ações precipitadas e assim,
possa pensar claramente sobre as situações (ROMIO; KLEIN, 2019).
26

Além dos pontos já apresentados, Moura (2011), aponta à necessidade de


conhecimentos por parte dos profissionais referente às operações do comércio exterior, para
que se evite custos extras para a organização. Normalmente a ocorrência de situações
problemáticas colocam os profissionais em situações desafiantes, que precisam de uma solução
quase imediata e de forma a minimizar os custos de operação, então, qualquer deslize, pode
acarretar custos altíssimos para a organização.

Outro ponto importante no papel do profissional de comércio exterior é o conhecimento


dos Incoterms, no qual definem a divisão de custos e o momento da transferência de
responsabilidades durante as transações internacionais entre as partes. Além disso, o
conhecimento para auxílio na classificação dos produtos de acordo com a Nomenclatura
Comum do Mercosul (NCM), permitirá um melhor planejamento estratégico perante a
tributação ligada às operações de comércio internacional, permitind o melhor desempenho da
organização (MOURA, 2011).

2.2.2 Processo de importação e exportação

Para Keedi (2010) exportar nada mais é do que o ato de destinar a outro país mercadorias
produzidas no seu ou em outros países, no qual sejam de interesse do país importador, e
proporcione a ambas as partes vantagens na sua comercialização ou troca. É, portanto, a saída
de mercadorias para o exterior.

Importar é o ato inverso, ou seja, adquirir em outro país, ou trocar com este, mercadorias
de seu interesse, que sejam úteis à sua população e seu desenvolvimento, isto é, a entrada de
bens produzidos no exterior (KEEDI, 2010).

Araújo, Licar e Veras (2016) complementam dizendo que além de produtos, pode
ocorrer também a importação e exportação de serviços, visando suprir as necessidades das
empresas. As importações podem ser vantajosas para as empresas, pois permite a aquisição de
novas tecnologias por meio de mercadorias e serviços, agregando valor a sua marca.

De acordo com Maluf (2000), a exportação é uma atividade com extrema importância
para o desenvolvimento econômico dos países, pois trata-se da relação direta de comércio entre
países, sendo está uma atividade que traz muitos benefícios para o país exportador, tanto em
termos econômicos quanto por meio da troca de informações entre as partes.
27

Conforme Araújo, Licar e Veras (2016) no decorrer dos anos as empresas vêm buscando
alternativas para diversificar seus riscos, com isso, acabam apostando em novos mercados. Ao
trabalhar com novos mercados, as empresas não ficam dependentes apenas do mercado interno
e passam a operar com diversas nações, permitindo maior flexibilidade entre ambos os
segmentos.

Os processos de exportação adotados por cada empresa, podem ser desenvolvidos e


aperfeiçoados ao longo do tempo, entretanto, existem pontos chaves que em suma, todas
empresas precisam adotar, as especificações são definidas de acordo com o produto e das
negociações especiais entre as partes, além disso, a ordem cronológica dos fatos também pode
sofrer alterações.

De acordo com o estudo realizado por Araújo, Licar e Veras (2016), o fator principal é
o planejamento da organização, ter domínio sobre os seus produtos e serviços; saber a sua
classificação de acordo com a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), pois influenciará
diretamente na tributação e na liberação junto às autoridades; ter conhecimento perante os
incoterms, sabendo identificar até onde vão as responsabilidades e custos atribuídos para cada
parte, além de ter conhecimento da documentação necessária para cada tipo de produto
exportado.

Apesar de parecer simples, o planejamento requer conhecimento de diferentes áreas e


uma grande gama de informação, por isso, é de extrema importância contar com profissionais
aptos e capacitados para realização desta e das demais etapas.

A próxima etapa de acordo com Araújo, Licar e Veras (2016), é a realização da


prospecção de mercado, que tem como objetivo identificar possíveis parceiros no mercado
externo, isso é possível a partir da pesquisa de mercado, que permite a identificação do público-
alvo, as demandas do mercado, suas características, como também as questões culturais,
econômicas e sociais.

Com as informações da etapa do planejamento e conhecimento do país alvo, é o


momento de enquadrar o produto nas normas nacionais e internacionais, para que assim, esteja
apto para a comercialização e atenda às necessidades de seus compradores (ARAÚJO; LICAR;
VERAS, 2016). Com o enquadramento nas normas internacionais, podem ser necessárias
também adaptações do produto, como em sua composição, nas embalagens e nas campanhas
28

publicitárias.

Juntamente com o planejamento a empresa precisa definir de que forma irá ocorrer às
exportações, dentre as formas mais conhecidas, estão a exportação direta e a indireta. No qual
na exportação direta o autor Keedi (2010, p. 84) exemplifica como aquela que é feita pelo
próprio fabricante, sendo este responsável pelo processo e por todos “os benefícios, ônus,
problemas, gastos, ganhos, perdas, etc.”. Já na indireta, há o intermédio de empresas
exportadoras, no qual compram o produto do fabricante e vendem para o exterior, assim,
assumem os custos, riscos e problemas, além de se responsabilizar pelos procedimentos e
trâmites legais (KEEDI, 2010).

Outro fator fundamental para que ocorra o processo de exportação é o contato com o
importador. De acordo com Keedi (2010) o contato pode ocorrer de diferentes formas, dentre
elas por intermédio de viagens internacionais, onde pode ocorrer a apresentação da empresa e
dos produtos a serem ofertados. Da mesma forma com a participação em feiras e exposições
internacionais, que permite abranger mais possíveis compradores, visto ser frequentado por
consumidores de diversos países.

Já em âmbito nacional, é possível ter oportunidades por meio do contato com empresas
de representação estrangeiras no país, como consulados, embaixadas e até mesmo por tradings,
além dessas opções, a Internet se tornou uma ferramenta importante e ágil, que permite a
comunicação entre as partes de forma rápida e descomplicada, permitindo a divulgação dos
produtos de diferentes formas (KEEDI, 2010).

A formação de preço para a venda dos produtos no exterior é um fator importantíssimo


para a operação, entretanto, para isso é necessário ter conhecimento sobre os incoterms e os
custos a ele pertinentes, assim, formulam-se os preços de acordo. Conforme Araújo, Licar e
Veras (2016) ao preparar o preço FOB ou FCA (no qual não há a incidência de frete) se tem o
preço base, permitindo ainda compor outras modalidades, apenas adicionando as despesas
adicionais.

De acordo com os autores Maluf (2000) e Bortoto (2004) após a apresentação da


empresa e do produto para empresas internacionais, inicia-se a negociação com o importador e
a partir disso, são definidas informações importantes, como o incoterm, preço, prazo, formas
de pagamento, quantidade, a definição se há necessidade de documentações especiais, etc.
29

Após o fechamento do negócio inicia-se a preparação dos documentos e da mercadoria


para que a exportação seja concretizada. Como forma de formalizar o fechamento do negócio
é enviado a fatura proforma, no qual deve apresentar os dados do fechamento e ser assinada por
ambas as partes. Com essa etapa finalizada, inicia-se a preparação da mercadoria junto a
produção da empresa, neste momento já é necessário possuir as informações sobre o transporte,
deadlines no caso de operações marítimas ou aéreas e a data de partida (ARAÚJO; LICAR;
VERAS, 2016).

Ainda para os autores Araújo, Licar e Veras (2016), com a proximidade da data de
partida, o carregamento ocorre junto ao fabricante e é confeccionado o packing list (documento
necessário para a exportação, sendo ele um documento que contém todas as informações sobre
os produtos carregados, como quantidade, data de fabricação, vencimento, etc.), a emissão da
nota fiscal para exportação e quando necessário a emissão de documentos adicionais como
certificado fitossanitário. A partir dessas informações é necessário enviá-las para o responsável
do despacho aduaneiro para que seja emitida a Declaração Única d e Exportação (DUE) e ocorra
os trâmites aduaneiros e a liberação da carga para o embarque ou entrada no país parceiro.

Com a DUE já emitida e possuindo os dados da carga, é necessário encaminhar esses


dados para o responsável pelo transporte, para que seja emitido o conhecimento de embarque -
de acordo com a modalidade de transporte adotado. Com a confirmação do embarque da carga
é necessário emitir os demais documentos inerentes à operação, como a fatura comercial e
certificados, enviando vias originais para o destino, permitindo assim a liberação da carga junto
à alfândega local (SOUSA, 2009).

É necessário acompanhar a carga até a chegada ao destino, para saber se houve algum
problema, algum tipo de avaria ou se tudo ocorreu de acordo com o planejado, isso permitirá a
criação de parceria entre as partes para que novos negócios sejam fechados e assim, desenvolver
a organização em novos mercados (KEEDI, 2010).

Conforme Araújo, Licar e Veras (2016) o pagamento referente a exportação pode


ocorrer em diferentes momentos do processo e de diferentes formas, cabendo às partes
decidirem qual a melhor modalidade de pagamento para o negócio. O processo de exportação
só é finalizado com o recebimento das divisas e a carga nas mãos do cliente final.

Pode-se perceber que o processo de exportação conta com diversos detalhes e que
30

podem ser morosos de acordo com a modalidade e destino definidos. Além disso, todo e
qualquer erro no processo pode gerar custos elevados para a organização, por isso, a empresa
precisa contar com um bom planejamento, assim, pode-se preparar para possíveis imprevistos
e realizar a operação da melhor forma, gerando benefícios para todos os envolvidos (ROMIO,
KLEIN, 2019).

Os processos de importação também contam com algumas etapas que precisam de


atenção, sendo por vezes mais complexas que nos processos de exportação, pois a carga
tributária inerente a estes processos é mais complexa e precisam estar de acordo para que a
empresa não tenha problemas junto às autoridades.

Segundo os autores Araújo, Licar e Veras (2016), também é necessário realizar um


planejamento estratégico para a operação, no qual ocorra a consulta junto a legislação brasileira
para verificar se a importação de determinado bem é permitida, assim como, se existe alguma
exigência específica para a nacionalização do produto.

De acordo com Keedi (2010), da mesma forma que no processo de exportação, é


necessário realizar a pesquisa de mercado, conhecendo assim possíveis fornecedores e, a partir
disso, parte-se para a negociação e definição das especificações do produto e operação

Outro ponto importante para o fechamento do negócio é a realização da análise de


custos, no qual deverá contar com os custos e despesas inerentes à importação e que farão parte
da base de cálculo para apuração dos impostos junto aos órgãos responsáveis, além de permitir
a verificação da viabilidade da operação para a empresa (ARAÚJO; LICAR; VERAS, 2016).

A realização dessas etapas impacta diretamente as organizações, por isso, percebe-se a


importância de contar com profissionais que tenham um amplo conhecimento, visto que as
operações de comércio exterior se comunicam com diferentes áreas do conhecimento.

De acordo com Araújo, Licar e Veras (2016), com essas informações apuradas, o
negócio é fechado e da mesma forma que ocorre na exportação, é necessário o envio e assinatura
da fatura proforma. Além disso, quando a legislação exige, é necessário solicitar a autorização
para os órgãos anuentes e aguardar o posicionamento destes para a mercadoria embarcar de
fato.

Após estas etapas iniciais, ocorre o mesmo procedimento das exportações, o exportador
31

se responsabiliza por preparar a mercadoria de acordo com exigências do país importador e no


momento que a mercadoria está de acordo para o embarque, o importador é notificado para que
as providências de suas responsabilidades sejam tomadas, essas responsabilidades são definidas
com o incoterm negociado entre as partes (ARAÚJO; LICAR; VERAS, 2016).

Para os autores Araújo, Licar e Veras (2016) após o embarque ocorrer da forma
previamente combinada e segundo as condições da venda, o exportador tem a responsabilidade
de comunicar o importador dos dados do embarque, como o número do conhecimento de
embarque, quantidades, data de embarque e previsão de chegada no Brasil.

Com o embarque da mercadoria, o importador deve acompanhar o envio dos


documentos emitidos pelo exportador para que não ocorra atrasos e a mercadoria precise ficar
parada na alfândega, gerando custos de armazenagem. Com posse dos documentos, o
importador deve encaminhá-los ao despachante para análise e para que se dê início ao processo
de desembaraço aduaneiro. Quando o processo for finalizado e liberado pelas autoridades, além
do importador ter efetuado o pagamento dos tributos previstos, a mercadoria é entregue ao
importador (ARAÚJO; LICAR; VERAS, 2016).

Ainda conforme o estudo realizado por Araújo, Licar e Veras (2016), o pagamento da
importação também seguirá o acordado no fechamento do negócio - em concordância de ambas
as partes -, podendo ocorrer em diferentes momentos. Assim, com o pagamento efetuado e a
mercadoria em mãos, o processo pode ser considerado finalizado.

Pode-se perceber que o processo de importação é mais delicado e requer ainda maior
atenção por parte dos envolvidos, por se tratar de um processo bastante burocrático.

2.2.3 Tributos na importação e exportação

De acordo com o autor Silva (2012) na importação de produtos estrangeiros, existe a


incidência de diversos tributos, de acordo com a legislação vigente atualmente os tributos são:

Impostos de Importação (II), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto


sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Comunicação e de
Transporte Interestadual e Intermunicipal (ICMS), Contribuições para o Programa de
Integração Social/Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público
(PIS/PASEP-Importação) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
(COFINS-Importação) (SILVA, 2012, p. 74-75).
32

Conforme o autor Brogini (2010) o Imposto de Importação (II) é um tributo federal que
incide sobre os produtos estrangeiros que dão entrada em território nacional, estando legalmente
previsto na Constituição Federal, no Código Tributário Nacional, no Regulamento Aduaneiro
e em diversas legislações, dentre elas o Decreto-Lei nº 37/1996. Além disso, o Imposto de
Importação deve se adequar aos compromissos firmados a partir de tratados internacionais.

O autor Silva (2012, p. 75) complementa dizendo que este tributo não tem finalidade
arrecadatória, mas sim de controle, evitando o contrabando e o descaminho, mantendo o
equilíbrio na balança de pagamentos e como forma de proteção às indústrias nacionais. A forma
de aplicação do imposto de importação pode ocorrer de duas formas: I) alíquota ad valorem, no
qual será aplicado uma alíquota previamente definida sobre o valor aduaneiro apurado de
acordo com “as normas do Artigo VII do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio - GATT
1994”, e as alíquotas podem ser obtidas por meio de consulta à Tarifa Externa Comum (TEC)
através da Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM); II) alíquota específica, “a base de
cálculo é apurada em função da quantidade, peso, volume ou outra forma de medida possível”.

Outro imposto federal que incide também sobre operações de importação é o Imposto
sobre Produtos Industrializados (IPI), de acordo com Brogini (2010), ele também está previsto
na Constituição Federal, no Código Tributário Nacional, no Regulamento Aduaneiro e em
diversas legislações, dentre elas o Decreto-Lei 6.759/2009.

Conforme Silva (2012) o IPI será cobrado na operação de importação e quando o


produto tiver saído do estabelecimento industrial ou assim equiparado. A base de cálculo deve
ser composta do valor aduaneiro com o acréscimo do Imposto de Importação, a alíquota
aplicada sobre este valor é predefinida e pode ser encontrada na Tabela de Incidência do
Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI) no qual foi aprovada pelo Decreto nº 7.660/11,
utilizando novamente a NCM do produto.

Além dos tributos já abordados, temos também a Contribuição Social para o


Financiamento da Seguridade Social (COFINS), o Programa de Integração Social (PIS) e o
Programa de Formação de Patrimônio do Servidor Público (Pasep) que de acordo com Brogini
(2010, p. 63) são na verdade contribuições, entretanto a doutrina considera-os impostos, visto
que “dizem respeito a situações não vinculadas a uma atividade estatal específica em favor do
33

contribuinte”. A Lei nº 10.865/2004 ampliou as possibilidades de incidência dessas


contribuições, fazendo-se devida sobre as operações de importação.

De acordo com Silva (2012) a Lei nº 10.865/2004 ao tratar do COFINS, PIS e PASEP
incidentes nas operações de importação determinou que a base de cálculo para essas
contribuições nas importações deverá ser composta de acordo com os itens abaixo citados:

(I) Valor aduaneiro que serviu de base para o cálculo do Imposto de Importação;
(II) Valor do ICMS, sem considerar a alínea e do inciso V do artigo 13 da Lei
Complementar nº 87/96;
(III) Valor das próprias contribuições, ou seja, na base de cálculo da COFINS e do
PIS/PASEP deverá ser incluído o valor dessas contribuições (SILVA, 2012, p. 79).

Como forma de tentar facilitar a apuração das contribuições, visto às suas


complexidades, a Secretaria da Receita Federal do Brasil fez alterações na Instrução Normativa
nº 572/2005, onde dispõem sobre o cálculo para apuração do PIS/Pasep e da COFINS (SILVA,
2012).

Já o ICMS se difere dos demais por ser o principal imposto no âmbito estadual, sua base
legal está prevista na Constituição Federal, no qual define aos Estados e Distrito para sua
criação, a definição de incidência, alíquotas e as concessões de isenções estão expostas nas
legislações estaduais (BROGINI, 2010).

O autor Silva (2012) complementa apresentando as parcelas abaixo que compõem a base
de cálculo do ICMS regularizada pela Lei Complementar nº 87/1996:

a) o valor da mercadoria ou bem constante dos documentos de importação;


b) imposto de importação;
c) imposto sobre produtos industrializados;
d) imposto sobre operações de câmbio;
e) quaisquer outros impostos, taxas, contribuições e despesas aduaneiras (SILVA,
2012, p. 76).

Por fim, nos processos de exportação houve uma redução da carga tributária e temos
atualmente apenas o Imposto de Exportação (IE), sendo este um tributo Federal, previsto na
Constituição Federal, estando presente também no Código Tributário Nacional, no
Regulamento Aduaneiro e em outras legislações, mas especialmente no Decreto-Lei nº
1.578/1977 (BROGINI, 2010).

Assim como o Imposto de Importação, o Imposto de Exportação não tem como objetivo
a arrecadação, mas sim a fiscalização e a regularização aos fluxos de exportação. A base de
cálculo para este imposto é o preço FOB (Free On Board) que o produto alcançaria em vendas
34

de livre concorrência no mercado internacional (BROGINI, 2010). Atualmente, conforme os


dados divulgados pelo Siscomex (2021), somente dois grandes grupos de produtos possuem a
incidência do IE, sendo eles: Cigarros que contenham tabaco e Armas e munições, suas partes
e acessórios; a alíquota aplicada sobre estes produtos é de 150%, sendo o máximo permitido.

Além dos tributos apresentados de possíveis incidências nos processos de importação e


exportação, existem os benefícios fiscais e aduaneiros relativos às operações de comércio
exterior. Dentre os benefícios fiscais e aduaneiros temos entre os mais corriqueiros: os acordos
comerciais, admissão e exportação temporária, drawback, os entrepostos aduaneiros, ex-
tarifário do imposto de importação, etc.

Os acordos comerciais permitem o desenvolvimento do comércio entre países, com


alguns benefícios que são acordados entre as partes. A Organização Mundial do Comércio
(OMC) possui o Sistema Global de Preferências Comerciais que é um mecanismo pelo qual os
países em desenvolvimento acordam entre si, preferências no qual não são estendidas aos países
desenvolvidos, como por exemplo a diminuição da tarifa de importação sobre produtos vindos
de países em desenvolvimento e não sendo aplicado quando vindo de países desenvolvidos
(BROGINI, 2010).

De acordo com Luz (2011), a admissão temporária permite a entrada dos produtos sem
a cobrança de tributos, visto que, em princípio, elas sairão em um prazo pré-estabelecido pela
Receita Federal, ficando assim, os tributos suspensos pelo prazo concedido à permanência dos
produtos no país. A exportação temporária segue a mesma lógica, caso haja a incidência do
imposto de exportação, este ficará suspenso condicionado ao retorno da mercadoria ou da
transformação da exportação em definitiva. Além disso, as duas modalidades permitem o
aperfeiçoamento ativo e passivo - respectivamente -, que nada mais é do que a industrialização
do produto para que posteriormente ocorra a reexportação e importação.

Já o regime de drawback, permite a entrada de bens como matérias-primas, produtos


intermediários e materiais para embalagens a serem usados na produção de bens que serão
exportados, com a suspensão de seus tributos, essa medida foi adotada pelo governo brasileiro
para que o produto brasileiro fosse competitivo no mercado internacional, entretanto, a
Subsecretaria de Operações de Comércio Exterior (SUEXT) - antigo DECEX (Departamento
de Comércio Exterior) - concede o regime baseado em um plano de exportação, com prazos
estabelecidos, caso não ocorra a exportação de acordo, os tributos serão cobrado com
35

acréscimos legais (LUZ, 2011).

Brogini (2010) e Luz (2011) apresentam o regime de entreposto aduaneiro, como o


regime que permite que bens importados fiquem armazenados temporariamente sem a cobrança
de tributos, podendo realizar-se a liberação parcial dos bens, em diferentes momentos e assim,
ocorrendo a cobrança proporcional dos impostos ou então a liberação total da mercadoria
mediante o pagamento da tributação.

Por fim, o ex-tarifário do imposto de importação, de acordo com Brogini (2010), é um


mecanismo para possível redução de custos na aquisição de determinados bens, como: bens de
capital, de informática e de telecomunicações. Esse benefício consiste em reduzir
temporariamente a alíquota do imposto de importação, entretanto, estes bens precisam estar
assinalados como BK e BIT na TEC do Mercosul, sendo essa redução válida por um período
predeterminado.

Dentre os benefícios encontrados no Brasil, estes são os mais corriqueiros, podendo


haver a incidência de outros benefícios nos processos práticos de importação e exportação. O
funcionamento destes devem ser analisados e compreendidos de acordo com as necessidades
apresentadas por cada organização.
36

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Conforme Chemin (2020, p. 78), o capítulo que detalha o método descreve “os
procedimentos, os métodos, e os caminhos a serem seguidos na realização do trabalho”.

Sendo a metodologia da pesquisa um conjunto de técnicas e estratégias que são


utilizadas com o objetivo de se chegar a determinado conhecimento (ANDRADE, 2003). Neste
item é definido qual o melhor caminho a ser seguido para se chegar na resposta do problema de
pesquisa, além de realizar a definição é indicado os métodos e técnicas para a coleta dos dados;
a escolha das fontes de informação e qual a técnica a ser escolhida (BARROS; LEHFELF,
2002).

Os autores Marconi e Lakatos (2010), definem o método conforme abaixo:

[...] método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior
segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e
verdadeiros – traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as
decisões do cientista (MARCONI; LAKATOS 2010, p. 65).

Vergara (2010) complementa dizendo que o método é uma sequência lógica de


pensamento, sendo um caminho ou uma forma de se chegar ao resultado pretendido. Este
capítulo irá apresentar os procedimentos metodológicos adotados para a resolução do problema
de pesquisa apresentado inicialmente, com destaque para a classificação da pesquisa, a coleta
de dados e a análise dos dados.
37

3.1 Tipo de pesquisa

Conforme os autores Marconi e Lakatos (2021, p. 19), “[...] a classificação dos tipos de
pesquisa variam de acordo com o enfoque dado pelo autor. A divisão obedece interesses,
condições, campos, metodologia, situações, objetivos, objeto de estudo, etc.”. Considerando
que existem vários tipos de pesquisas, a partir desta subseção apresenta-se a caracterização
quanto ao modo de abordagem do problema, quanto aos procedimentos técnicos e quanto aos
objetivos.

3.1.1 Caracterização quanto ao modo de abordagem do problema

A pesquisa pode apresentar abordagens quantitativas e, ou qualitativas, no qual cada


abordagem possui suas vantagens e suas limitações, que devem ser analisadas de acordo com o
objetivo da pesquisa.

O método quantitativo é caracterizado pelo emprego da quantificação, como na


modalidade de coleta de dados como também no tratamento destas por meio de técnicas
estatísticas, este método representa a intenção de trazer exatidão nos resultados, evitar
distorções no resultado e apuração, tendo um resultado mais correto (RICHARDSON, 1999).

De acordo com Beuren (2006), a pesquisa quantitativa preocupa-se mais com o


comportamento geral dos fatos, não dando tanta importância em uma investigação minuciosa,
no real comportamento dos fenômenos. Chemin (2020) destaca que, a pesquisa quantitativa, é
tudo aquilo que pode ser medido, apurado e avaliado para que o pesquisador possa obter um
grau de precisão maior.

Para Figueiredo e Souza (2011) o método qualitativo responde questões particulares, ou


seja, trabalhando com um conjunto de significados, valores, motivos, princípios que
correspondem a uma pesquisa mais profunda, para obter-se a resposta do problema da pesquisa.

De acordo com os autores acima citados, Figueiredo e Souza (2011) o método


qualitativo fundamenta-se em:

[...] informações deduzidas das interações interpessoais e da coparticipação dos


informantes. O pesquisador é um participante ativo, ele interage em todo o processo ,
compreende, interpreta e analisa os dados a partir da significação das informações
coletadas. (FIGUEIREDO; SOUZA 2011, p. 97).
38

Entendido o significado das duas alternativas, esta pesquisa caracterizou-se como


qualitativa, pois foram coletadas informações preliminares sobre o problema, através de um
roteiro de entrevista (APÊNDICES A e B) enviado em formato eletrônico composto por
perguntas mistas, enviados a profissionais contábeis e empresários/gestores de empresas que
atuam com o comércio exterior, entregues via e-mail ou WhatsApp para acesso através de link,
gerado por meio de uma ferramenta gratuita oferecida pelo Google: o Google Forms. Tendo o
objetivo de atingir a finalidade proposta, não gerando resultados definitivos e extrapoláveis
sobre o papel do contador em processos de importação e exportação.

3.1.2 Caracterização quanto ao objetivo

Para Beuren (2009), a pesquisa caracterizada quanto aos objetivos, poderá se enquadrar
como exploratória, descritiva ou explicativa.

O objetivo no qual se quer alcançar com a pesquisa, a caracteriza. A pesquisa


exploratória geralmente envolve um estudo bibliográfico, aliado à entrevista com pessoas com
conhecimento na área do assunto abordado (GIL, 2010).

Ainda segundo Gil (2010), as pesquisas descritivas estabelecem relações entre variáveis,
sendo seu objetivo principal a descrição das características de determinada população ou
fenômeno. Sendo elas realizadas com o propósito de descrever as características do fenômeno.

Já a pesquisa explicativa, de acordo com Gil (2010), busca identificar fatores


determinantes ou que auxiliam para a ocorrência dos fenômenos. Sendo este método baseado
no experimento, com a aplicação de testes e a verificação de seus efeitos.

Baseando-se nestes dados, esta pesquisa foi caracterizada como descritiva, visto que os
resultados permitem a descrição do papel dos profissionais da contabilidade, sendo possível
buscar novos saberes sobre o tema relacionando-os com os dados apresentados no referencial
bibliográfico.

3.1.3 Caracterização quanto ao processo técnico


39

Perante os procedimentos técnicos, esta pesquisa foi operacionalizada a partir de um


roteiro de entrevista enviado através de um link gerado pelo Google Docs.

A entrevista baseia-se em uma técnica em que o investigador formula perguntas ao


investigado, com o objetivo de obter dados que possam interessar à pesquisa. Gil (2010) destaca
que, enquanto técnica para a coleta de dados, a entrevista é adequada para obter informações
sobre o que as pessoas sabem, esperam, sentem ou desejam; o que pretendem fazer, fazem ou
fizeram, bem como suas explicações ou razões.

Identificou-se a necessidade da utilização da técnica acima citada, no qual permitem


relacionarmos as informações compreendidas anteriormente no referencial bibliográfico com
as informações apresentadas pelos profissionais atuantes em processos de importação e
exportação.

3.2 Unidade de análise e população alvo

De acordo com Barros e Lehfeld (2007) a população é a totalidade de sujeitos,


elementos, ou objetos dos quais se pretende analisar. Sendo assim, para esta pesquisa a
população alvo serão os contadores e empresários que atuam ou tenham conhecimento sobre o
papel do contador nos processos de importação e exportação, já a unidade de análise, será os
processos de importação e exportação que exijam a atuação do profissional da contabilidade.

Levando em consideração a dificuldade de obter informação de todos os indivíduos que


compõem a população alvo, a pesquisa foi realizada com indivíduos selecionados de diversas
regiões do Estado do Rio Grande do Sul, mas principalmente por profissionais do Vale do
Taquari, por indicação e, ou por grau de conhecimento e da prática na área pretendida – ou seja,
amostra foi intencional e não probabilística.
A pesquisa pode contar com a participação de nove profissionais da contabilidade e seis
empresários ou gestores que atuam em operações de comércio exterior.

3.3 Coleta dos dados

Com o uso dos documentos pertinentes à pesquisa documental, pode-se perceber uma
aceleração no processo investigativo, sendo estes fundamentais para algumas pesquisas. A
40

coleta dos dados pode ser feita de duas formas, a partir de dados primários e dos dados
secundários (CHEMIN, 2020).

Os dados primários são compostos por dados brutos, que ainda não foram trabalhados e
analisados, como por exemplo as informações extraídas em entrevistas com profissionais,
consumidores, ouvintes, etc. Além das entrevistas, esses dados podem ser coletados por meio
de arquivos pessoais, correspondências, dados históricos, registros em geral, dentre outras
fontes (SILVA, 2014).

Já os dados secundários são aqueles que já se encontram disponíveis para consulta, no


qual passaram por algum tipo de tratamento. Estes dados podem ser encontrados nos registros
de documentos de empresas, na legislação, em publicações avulsas, em materiais de televisão,
em jornais, revistas e livros, dentre outros (CHEMIN, 2020).

Na presente pesquisa foram coletados dados primários por intermédio de dois roteiros
de entrevistas (APÊNDICES A e B) aplicados a empresários e contadores com conhecimento
sobre o papel do profissional da contabilidade no processo de importação e exportação.

As perguntas que compõem cada roteiro de entrevista, abertas e fechadas, foram


elaboradas de acordo com o respectivo grupo de respondentes. Para os profissionais da
contabilidade as perguntas buscaram extrair a parte prática da sua atuação, os desafios que os
profissionais encontram e de que forma isso pode impactar para a empresa. Já para os
empresários/gestores, buscou-se identificar através das perguntas qual a visão que eles possuem
sobre as atividades desenvolvidas pelos profissionais de contabilidade e de que forma podem
ocorrer impactos sobre os resultados da empresa.

Antes de iniciar a coleta dos dados, os roteiros foram enviados para dois professores
acadêmicos da área de contabilidade com o propósito de avaliar a pertinência das questões. Os
professores Me. Elaine Gorgen Strehl e o Ms. Adriano Azeredo foram os espertos que
analisaram os roteiros, visto a notória experiência de ambos sobre a contabilidade e o professor
Ms. Adriano com a expertise sobre as operações de comércio exterior e sobre o papel do
contador nestes processos. Após receber os retornos e sugestões de ambos, as perguntas f oram
adaptadas para posterior envio aos respondentes.

Como forma de atingir os objetivos propostos nesta pesquisa, inicialmente buscou-se a


obtenção de dados através de entrevistas previamente agendadas via Google Meet, entretanto,
41

devido a dificuldade da disponibilidade de horários na agenda dos respondentes, foi necessário


alterar a forma de aplicação. Para que fosse possível conseguir um número maior de
respondentes, optou-se por compartilhar os roteiros de entrevistas por meio de um formulário
eletrônico, estruturado no Google Forms.

Para a seleção de respondentes buscou-se identificar empresas que operam com o


comércio exterior na região do Vale do Taquari e os respectivos contatos de empresários e
contadores, tais como e-mail ou número de WhatsApp para que fosse possível encaminhar os
links dos roteiros juntamente com uma mensagem de apresentação e do objetivo geral desta
pesquisa. O contato foi realizado com apenas uma pessoa da empresa, por isso, juntamente com
a mensagem enviada, solicitamos a ajuda do profissional da contabilidade ou empresário/gestor
para que a outra parte (profissional da contabilidade ou empresário/gestor) também tivesse
acesso ao link e pudesse contribuir com suas respostas.

O e-mail ou WhatsApp dos respondentes foram obtidos de diferentes formas, dentre


eles: a partir de colegas de trabalho, colegas de faculdade que atuam em empresas que operam
com comércio exterior e também pode-se contar com a ajuda da Vice-Presidente de Relações
com os Profissionais do CRC-RS e professora Me. Elaine Gorgen Strehl, que compartilhou os
respectivos links no grupo de WhatsApp dos Representantes do CRC-RS, de contadores da
nossa região e de contadores da cidade de Estrela-RS, permitindo que a pesquisa alcançasse
profissionais da contabilidade e empresários/gestores de empresas de diversas regiões do
Estado, não limitando-se ao Vale do Taquari.

Ao total foram contatados 15 profissionais de diferentes empresas do Vale do Taquari,


por e-mail e 10 pessoas foram contatadas através de mensagens diretas no WhatsApp e mais
142 pessoas atingidas por serem integrantes dos grupos de WhatsApp onde os links foram
compartilhados. O roteiro de entrevista disponível no Google Forms ficou disponível do dia 26
de agosto de 2021 até o dia 17 de setembro de 2021, nesse período foram coletadas 9 respostas
de profissionais da contabilidade e 6 respostas de empresários/gestores.

3.4 Tratamento e análise dos dados

Para a realização desta pesquisa foi realizado o envio dos roteiros de entrevistas via
Google Forms para profissionais que atuam ou empresários tenham conhecimento do papel do
profissional da contabilidade no processo de importação e exportação, assim como a coleta de
42

documentos disponibilizados na internet com dados relativos à pesquisa.

Ao utilizar formulário eletrônico como intermédio ao público respondente para


obtenção de informações, foi necessário que os dados obtidos fossem analisados separadamente
e, posteriormente, comparados entre si, buscando pontos em comum para que ocorra uma nova
análise e compreensão para buscar identificar qual o papel do profissional de contabilidade em
processos de importação e exportação. Para isso, foi utilizada a técnica de análise de conteúdo
e a abordagem qualitativa de análise de documentos e dos registros diversos.

De acordo com Barros e Lehfeld (2000), devem-se seguir os passos de classificação,


codificação e tabulação. No qual, classificar significa dividir os dados em partes, reunindo-os
em grupos de acordo com os objetivos e interesses da pesquisa. Já a codificação é utilizada para
separar os dados por códigos, tornando os dados quantificáveis, facilitando a identificação e a
execução da última fase. Por fim, a última fase é à tabulação, que significa a representação das
respostas e cruzamento destas diante de seus tópicos, sendo esse processo conhecido como
análise de conteúdo.

Para o autor Moraes (1999) a análise de conteúdo é uma metodologia de pesquisa usada
principalmente para descrever e interpretar o conteúdo de toda classe de documentos e textos.
A análise, acompanhada das descrições sistemáticas, quantitativas ou qualitativas, ajuda a
interpretar as mensagens e compreender seus significados em um nível superior a da leitura dos
dados brutos.

De acordo com Silva (2014) a análise qualitativa conserva a forma literal dos dados,
permitindo conectar as evidências existentes entre os fatores, podendo reinterpretar os dados
seguindo de acordo com hipóteses estabelecidas pelo pesquisador.

Chemin (2020) complementa dizendo que a análise qualitativa permite a investigação e


interação de valores, percepções, atitudes e motivos do público respondente, mantendo como
objetivo a compreensão em profundidade destes dados, não ocorrendo a preocupação com
dados estatísticos.

3.5 Limitações do método

Conforme Vergara (2000), toda e qualquer metodologia de pesquisa possui limitações.


43

Nesta pesquisa, onde foi realizada uma abordagem qualitativa, a pesquisa se limitou a
identificar o papel dos profissionais da contabilidade em processos de importação e exportação,
sendo assim, a pesquisa conta com um pequeno grupo de respondentes que se enquadram neste
perfil. Sendo assim, os resultados não podem ser generalizados à uma população como um todo
nem para outros segmentos distintos.
44

4 RESULTADOS

Neste capítulo é apresentada a análise dos resultados obtidos na pesquisa realizada,


através de entrevistas com profissionais da contabilidade e com empresários ou gestores de
empresas que operam com comércio exterior.

4.1 Entrevistas com profissionais da contabilidade

Um dos roteiros de entrevista elaborado foi aplicado com profissionais da contabilidade


de diferentes empresas que operam com comércio exterior em diversas regiões do Estado,
totalizando a participação de 09 profissionais. As perguntas elaboradas buscaram identificar o
papel destes junto às organizações, principalmente relacionado aos processos de importação e
exportação.

A pergunta número 1 teve o intuito de identificar os respondentes a partir de seu nome,


na pergunta número 2, buscou identificar a área de atuação no comércio exterior dos
respondentes. Nesta questão, 22,2% dos entrevistados trabalham apenas com exportação,
11,1% trabalham apenas com importação e 66,7% trabalham com importação e exportação.

A pergunta seguinte, de número 3, identificava os serviços realizados pelos profissionais


da contabilidade relacionados à atividade de comércio exterior na empresa em que atua. Na
Tabela 1 é possível observar as respostas obtidas.

Tabela 1 - Serviços realizados pelo profissional da contabilidade relacionados às atividades de


45

comércio exterior

Respostas Número de respondentes Percentual (%)

Lançamentos contábeis e fiscais 8 88,9


Assessoramento tributário 7 77,8
Controle/Análise dos custos 5 55,6
Emissão da documentação 3 33,3
Precificação do produto 3 33,3
Controle/Manutenção de 2 22,2
Drawback ou outro
programa/incentivo governamental
Fechamento de câmbio 2 22,2
Operações em moeda estrangeira 1 11,1
Outros 1 11,1
Total 9 100,0
Fonte: Da autora (2021).

Observa-se que entre os serviços realizados pelos profissionais de contabilidade, a maior


incidência está nos lançamentos contábeis e fiscais, seguido pelo assessoramento tributário e
pelo controle/análise dos custos, áreas que estes profissionais possuem maior dominância
devido sua formação e podem realizar também nas operações de mercado interno. Pode-se notar
que 33,3% dos entrevistados emitem a documentação necessária e fazem a precificação dos
produtos para a comercialização internacional, 22,2% são responsáveis pelo
controle/manutenção do Drawback ou outros projetos governamentais e pelo fechamento de
câmbio e por fim, 11,1% realizam operações em moedas estrangeiras ou outros, que no caso do
entrevistado seria o controle de transfer price e geração de informações para a tomada de
decisão da empresa.

A pergunta número 4 buscou verificar sobre a percepção de importância do


conhecimento acerca dos custos aduaneiros pelos profissionais da contabilidade para o bom
andamento das operações de comércio exterior.

Dos entrevistados, 88,9% consideram importante o conhecimento acerca dos custos


aduaneiros, como pode-se ver em uma das respostas: “precisamos conhecer e entender os custos
aduaneiros, pois impactam diretamente nos resultados da empresa”. Já em outra resposta,
observa-se uma complementação, dizendo que os conhecimentos são importantes “para a
correta contabilização, precificação, análise de custos e lucratividade da operação”. Apenas um
entrevistado respondeu que não considera importante o profissional de contabilidade ter
46

conhecimentos acerca dos custos aduaneiros para o bom andamento das operações de comércio
exterior. Vale ressaltar que os custos aduaneiros (armazenagem, capatazia, taxa de
documentação, demurrage/detention, etc.) são compostos por diversos itens, podendo variar de
operação a operação e até mesmo por lugar.

Já na pergunta de número 5, pede-se a opinião dos entrevistados, questionando-os se os


preços de transferências dos produtos interferem nas transações comerciais com o exterior.
100% dos entrevistados responderam que sim, existe uma interferência nos casos em que há a
aplicabilidade, visto existir um regimento específico sobre isto como pode-se ver a partir da
resposta abaixo.

“Operações de importação e exportação de produtos sem cotação de mercado com países


membros da OCDE, paraísos fiscais ou semelhantes ao Brasil, que possuem regramento
próprio, precisam estar atentos aos preços de transferência para não infringirem o regramento,
sendo este um fator a ser observado na precificação”.

A pergunta número 6 buscou identificar se os profissionais da contabilidade


entrevistados que atuam na área de exportação auxiliam ou realizam a classificação dos
produtos fabricados por empresas exportadoras. Dentre os respondentes, 44,44% responderam
que realizam essa atividade, 33,33% representam os entrevistados que não realizam essa função
ou preferiram não responder a pergunta e por fim, 22,23% informaram que há um controle, mas
não em todas operações, visto que os produtos negociados são os mesmos há muito tempo,
entretanto trazem uma colocação importante sobre a classificação das mercadorias.

“Acredito que o contador juntamente com a equipe técnica da empresa deve definir a
classificação a ser utilizada, isso porque, por vezes a equipe técnica não tem conhecimento das
regras de classificação do produto (por exemplo, TIPI, NESH, entre outros) e o contador não
possui conhecimento do produto em questão (composição, finalidade e demais especificações
técnicas do produto). Por isso, acredito que tenha que ser em conjunto."

A classificação da mercadoria é uma etapa importante tanto no mercado interno como


no externo, a partir da NCM advinda do SH (Sistema Harmonizado de Designação e
Codificação de Mercadorias) é possível verificar os tributos, tratamentos administrativos e
restrições e como exposto, por vezes o profissional da contabilidade não possui os
conhecimentos técnicos do produto, entretanto, pode dar o devido suporte por conhecer as
47

regras de classificação, permitindo que a classificação ocorra da forma mais correta possível.

Em paralelo à pergunta anterior, a pergunta número 7 buscou identificar se ocorre a


conferência da classificação dos produtos importados pela empresa, pelos profissionais da
contabilidade que atuam na área de importação. 77,77% dos entrevistados que atuam com
importação, 42,86% dizem realizar a conferência da classificação das mercadorias, 34,91%
atuam na área de importação, mas não realizam a conferência da classificação e por fim, 22,23%
não atuam com importação, por isso, não realizam esse tipo de serviço.

Como forma de apurar mais informações, para quem realiza a conferência da


classificação da mercadoria importada, havia a pergunta 7.1 que buscava identificar quais os
principais pontos a serem observados e quais os procedimentos em casos de correção.

“Principalmente na classificação fiscal, NCM, pois é ela que irá determinar, na maioria
das vezes, toda a tributação concernente àquele produto. Outrossim, é através da NCM que a
Receita Federal Brasileira (RFB) realiza a maioria de suas fiscalizações no que diz respeito ao
comércio exterior”. Outro dado observado a partir das respostas, é que a análise pode e deve
ser feita antes de efetivar a importação, assim, pode-se evitar erros de classificação e não é
necessário recorrer a medidas corretivas.

Um dos respondentes abordou exemplos de possíveis procedimentos que podem ser


adotados em casos de inconsistência na classificação, como: “Possíveis contestações de
classificação de NCM, aplicação do diferimento do ICMS nas entradas, definição junto a Fiergs
de similaridade no Estado”.

A partir dos relatos, foi possível identificar que há soluções para casos em que, por
algum motivo, a NCM informada não esteja de acordo com o produto apresentado na
importação. Entretanto, são processos burocráticos e podem ser morosos, acarretando custos
extras para a empresa.

A pergunta número 8 buscou extrair dos profissionais de contabilidade aspectos


específicos que devem ser considerados ao desempenharem suas atividades que envolvam o
comércio exterior.

Dentre os aspectos apresentados, a atenção à variação cambial foi citada por 55,5% dos
entrevistados. Ainda dentre os nove respondentes, 33,33% mencionam a necessidade de
48

conhecimento nas legislações acerca das operações, além do conhecimento sobre os


documentos necessários envolvidos nos processos de transações comerciais. Outro ponto
apresentado por 22,22% do total dos respondentes, é que se deve ter o conhecimento sobre a
tributação incidente, o que está ligado diretamente com a classificação dos produtos.

A última pergunta buscava compreender qual a importância da especialização do


profissional contábil que atua com importação e exportação.

Dentre os respondentes, 88,88% consideram importante uma especialização do


profissional da contabilidade para atuar com o comércio exterior, visto a necessidade de possuir
conhecimento acerca de diversos assuntos, indo desde a área fiscal, contábil até a legal. Não ter
os devidos conhecimentos, pode implicar em consequências negativas para a empresa.

“Existem particularidades nas operações que implicam em normas e práticas contábeis,


bem como leis e normativas fiscais específicas ao tema e que, quando desconhecidas do
profissional da contabilidade, podem implicar em infrações fiscais ou problemas no
reconhecimento e apuração do resultado do exercício ou resultados abrangentes”.

Todos os profissionais da contabilidade mencionam que o conhecimento é uma peça


fundamental para desempenhar suas funções nas operações de comércio exterior e ao ter um
conhecimento mais aprofundado na área, possuem maior domínio para auxiliar na tomada de
decisões das organizações, sendo um ponto apresentado por 44,44% dos entrevistados.

4.2 Entrevista com empresários/gestores

Outro roteiro de entrevista elaborado foi aplicado a empresários ou gestores de empresas


que atuam com comércio exterior, ao total foram 06 respondentes e as perguntas tinham como
objetivo identificar a visão destes sobre o papel do profissional da contabilidade em suas
organizações.

Inicialmente identificou-se os respondentes a partir de seu nome. A pergunta número 2,


buscou identificar a área de atuação no comércio exterior das empresas em que os
empresários/gestores atuam, na qual 16,7% dos entrevistados trabalham apenas com
exportação, 16,7% trabalham apenas com importação e 66,7% trabalham com ambas as áreas.

A pergunta número 3, tinha como objetivo identificar quais os serviços dos profissionais
49

da contabilidade são desempenhados nas empresas destes gestores, os dados obtidos podem ser
analisados na Tabela 2 abaixo.

Tabela 2 - Serviços realizados pelo profissional da contabilidade

Respostas Número de respondentes Percentual (%)

Lançamentos contábeis e fiscais 6 100,00


Assessoramento tributário 5 83,3
Controle/Análise dos custos 4 66,7
Emissão da documentação 4 66,7
Controle/Manutenção de
Drawback ou outro 2 33,33
programa/incentivo governamental
Precificação do produto 2 33,33
Total 6 100
Fonte: Da autora (2021).

Pode-se observar que todos os empresários/gestores contam com o serviço de


profissionais da contabilidade para os lançamentos contábeis e fiscais, 83,3% dos entrevistados
utilizam os serviços de assessoramento tributário, 66,7% contam com os profissionais contábeis
para o controle/análise dos custos e para a emissão dos documentos e 33,33% afirmam utilizar
os serviços destes profissionais para o controle/manutenção de Drawback ou outro
programa/incentivo governamental e para a precificação dos produtos.

A pergunta número 4, buscou identificar quais são as atividades de responsabilidade dos


profissionais de contabilidade relacionados às gestões estratégicas das empresas. Observa-se
que cada empresa possui um posicionamento, atribuindo diferentes atividades aos profissionais,
entretanto, alguns pontos em comum podem ser observados.

Dentre os pontos em comum, pode-se observar a gestão contábil e fiscal. A partir dos
dados apurados é possível gerar relatórios e analisar pontos positivos ou a serem melhorados
dentro das organizações, auxiliando na gestão estratégica da empresa, como pode-se observar
a partir do relato abaixo.

“Rotinas contábeis e fiscais, gerenciamento de tributos incidentes nas atividades da


empresa, elaboração de balanços, demonstrativos de resultados, relatório de faturamento e
balancetes mensais”.

Outros aspectos interessantes foram apresentados pelos entrevistados, como por


50

exemplo: “a geração de informações referente a rentabilidade, retorno e lucratividade das


operações, gestão de custos e precificação de produtos, planejamento tributário”. A partir desses
relatos consegue-se identificar que o profissional contábil é responsável por receber e processar
diversas informações.

Já na pergunta número 5, teve-se como objetivo identificar se as empresas realizam uma


análise de custos minuciosa da modalidade de transporte utilizadas nas suas operações, a qual
foi possível identificar que 83,33% das empresas realizam essa análise e apenas 16,7% não
realizam.

“Sim, o contador da empresa é responsável pelos cálculos nas operações internacionais,


sendo ele o profissional que orienta os procedimentos que devem ser tomados nas operações e
também indicando se a operação é vantajosa ou não. Além disso, existe uma pessoa específica
na empresa (também formada em contabilidade) controlando os custos de todos os processos e
estoques da empresa, dessa forma os custos específicos de todos os elementos da aquisição são
apresentados”.

Por fim, a partir da pergunta número 6, buscou-se identificar de modo geral, qual era o
papel do profissional da contabilidade nas empresas dos entrevistados, dentre os relatos
apresentados, o que engloba e traduz de forma simples o papel dos profissionais de
contabilidade nas empresas, é o abaixo:

“Todo esse conjunto de funções realizadas por profissionais da contabilidade, são de


fundamental importância para a empresa, uma vez que as contabilidades gerencial, fiscal,
orçamentária, societária e de custos estão todas interligadas. Não existe uma boa operação sem
profissionais da contabilidade de qualidade, pois existem muitas normas para serem seguidas
no cenário brasileiro”.

Além desse, outros papéis desempenhados por esses profissionais nas organizações
foram apresentados: responsável por projetar a analisar todos os dados da gestão; auxiliar no
processo de tomada de decisões; realizar o planejamento tributário da empresa; profissional
fundamental para condução da empresa no dia a dia; gestão das informações econômico-
financeiras da organização.

4.3 Análise conjunta


51

A partir dos dados coletados e analisados individualmente dos profissionais da


contabilidade e dos empresários ou gestores de organizações que atuam com comércio exterior,
foi possível realizar uma análise conjunta dos dados, destacando os pontos semelhantes
apresentados entre os dois grupos.

Dentre todos os respondentes, observa-se que 66,67% atuam em empresas que realizam
processos de importação e exportação, sendo que as principais atividades desempenhadas pelos
profissionais de contabilidade, segundo os dados obtidos através dos dois grupos são:
lançamentos contábeis e fiscais - 93,33%; assessoramento tributário - 80%; controle/análise dos
custos - 60%; emissão da documentação - 46,66%; precificação do produto - 33,33%;
controle/manutenção de drawback ou outro programa/incentivo governamental - 26,6%. Os
demais serviços como: fechamento de câmbio, operações em moeda estrangeira e outros, foram
citados apenas pelos profissionais da contabilidade.

Como os custos aduaneiros interferem diretamente no custo das operações, pode-se


perceber que ambos os grupos sabem da importância de se ter conhecimento real destes valores
e das formas que estes podem impactar a empresa. Por isso, 83,33% dos empresários/gestores
informaram que as suas empresas realizam uma análise de custos minuciosa antes de cada
operação e dentre os profissionais da contabilidade, 88,9% destes consideram importante ter
conhecimento sobre os custos aduaneiros e suas incidências, permitindo a geração de relatórios,
controles e consequentemente, minimizando impactos negativos a organização.

Os empresários/gestores foram questionados sobre quais atividades são desempenhadas


pelos profissionais da contabilidade relacionados à gestão estratégica da empresa, dentre as
respostas destaca-se a gestão contábil e fiscal, o gerenciamento de tributos e a gestão de custos.
Para que ocorra o gerenciamento adequado o ideal é que se tenha a combinação de
conhecimentos sobre os temas e sobre as operações da empresa em questão, como por exemplo,
mostra-se nas respostas dos profissionais da contabilidade, no qual 66,67% dizem realizar,
auxiliar ou que existe algum processo para classificação ou conferência da classificação das
mercadorias comercializadas, no qual permite identificar as tributações corretas incidentes nas
operações.

Para que seja possível a realização da gestão de custos, observa-se a necessidade de


possuir um conjunto de informações e ao pensar em empresas que atuam com o comércio
52

exterior, há informações extras que devem ser consideradas, dentre elas os exemplos já
supracitados como: custos aduaneiros, tributações incidentes, etc., pelas respostas obtidas,
pode-se concluir que os profissionais da contabilidade já estão realizando atividades que
auxiliam na gestão estratégica das empresas.

Por fim, ao questionar os empresários/gestores sobre qual o papel desempenhado pelos


profissionais da contabilidade em suas empresas, de modo geral, percebe-se diferentes
atribuições a eles como: peça fundamental na administração e condução do dia a dia da empresa;
gestor de informações econômico-financeiras da organização; fornecedor de informações e
avaliações de natureza física, financeira e econômica sobre o patrimônio da entidade, auxiliando
assim no processo de tomada de decisão, além de ser o responsável pelo planejamento
tributário; expressar a empresa em números; responsáveis por um conjunto de atribuições,
tornando-se peças de fundamental importância para a empresa, visto que a contabilidade
gerencial, fiscal, orçamentária, societária e de custos estão interligadas, tornando-se inviável
boas operações sem estes profissionais, e; além de toda controladoria e gestão de todos os
documentos fiscais, demonstrações contábeis e patrimoniais, ajuda a projetar e analisar todos
dados da gestão.

Esse papel do profissional contábil apresentado pelos empresários/gestores só é possível


a partir de um conjunto pormenor de atividades, em empresas que operam com comércio
exterior, além das atividades corriqueiras desses profissionais, existem aspectos que precisam
ser considerados para o desenvolvimento das atividades ligadas às operações internacionais. De
acordo com os dados coletados, esses profissionais precisam estar atentos para manter o radar
da empresa em dia; as legislações acerca do tema - visto existir diversas variações,
principalmente de um Estado para outro -; acompanhar os benefícios fiscais, as variações
cambiais; realizar análise do impacto da variação cambial e estar preparado para demais
situações que possam vir acontecer durante os processos.

Todas essas atribuições do profissional da contabilidade, permite que seja realizado uma
análise e controle minucioso sobre as operações da empresa, podendo entregar os dados aos
gestores de diferentes formas, muitas vezes de forma otimizada e com indicadores a serem
analisados, auxiliando consequentemente, na tomada de decisões da organização. Tendo assim,
seu papel supracitado pelos empresários/gestores.
53

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O propósito desta pesquisa foi identificar o papel do profissional da contabilidade em


processos de importação e exportação. Para atingir este propósito buscou-se reunir informações
tanto pela óptica dos próprios profissionais da contabilidade, como também de empresários ou
gestores de empresas que atuam com comércio exterior, isso foi possível a partir de roteiros de
entrevistas elaborados para cada perfil de respondente e disponibilizado no Google Forms.

De acordo com as análises realizadas após a coleta de dados, foi possível identificar que
os profissionais da contabilidade exercem diferentes funções dentro das organizações que
atuam com comércio exterior, indo desde funções operacionais até prestar suporte para a
tomada de decisões da empresa.

Conforme os dados analisados, observa-se que a maioria destes profissionais exerce


funções características de sua formação, atuando principalmente com as questões fiscais e
contábeis da empresa. Entretanto, pode-se observar ainda que por tratar de transações
internacionais, existem mais variáveis que precisam ser analisadas e levadas em conta,
principalmente no âmbito fiscal.

Além destes conhecimentos requeridos pelo profissional da área contábil, é perceptível


uma relevância em relação aos custos, tópico citado tanto pelos próprios profissionais como
também pelos empresários/gestores das empresas que atuam com o comércio exterior. Ao falar
de custos e operações internacionais, pode-se incluir valores corriqueiros para as empresas, que
já fazem parte do seu dia adia, entretanto, com as operações internacionais, os custos são
adicionados ao longo do processo como por exemplo, os custos aduaneiros que não são iguais
54

em todas as operações. Outro fator que pode impactar as empresas são erros relacionados a
classificação das mercadorias, visto que essa classificação define a alíquota dos impostos
incidentes pagos pelas organizações. Ao ter essas informações corretamente, é possível que a
empresa atue em uma gestão eficiente e tenha os retornos pretendidos.

Dentre os objetivos específicos estava identificar os principais pontos observados pelos


profissionais da contabilidade e pelos empresários ou gestores sobre o papel do contador em
empresas que atuam com o comércio exterior. Isso foi possível após o relacionamento das
respostas dos dois grupos respondentes, os empresários ou gestores veem o profissional da
contabilidade como uma peça estratégica para o bom funcionamento da empresa, executando e
processando dados, gerando informações úteis para a tomada de decisão da empresa, da mesma
forma os profissionais da contabilidade sabem que a execução de suas funções poderá acarretar
benefícios para gestão e desenvolvimento da empresa.

O outro objetivo consiste em relacionar as principais funções que os profissionais da


contabilidade exercem atuando em empresas que operam com comércio exterior. Além da
maioria dos profissionais realizar os devidos lançamentos contábeis e fiscais, prestar
assessoramento tributário e controlar/analisar os custos, alguns profissionais ainda auxiliam na
emissão dos documentos inerentes aos processos de importação e exportação, na precificação
dos produtos, fazem o controle/manutenção do drawback ou outros programas/incentivos
governamentais, executam o fechamento de câmbio ou operam com moedas estrangeiras.
Assim, pode-se considerar que os profissionais da contabilidade exercem diversas funções
dentro de uma organização e podem auxiliar tanto no processo operacional quanto no processo
gerencial, trazendo informações úteis para a tomada de decisões.

Sendo assim, desse modo, o objetivo geral da pesquisa foi atingido, tornando possível
identificar o papel dos profissionais da contabilidade em processos de exportação e importação
das empresas entrevistadas, sendo este um papel mais administrativo/gerencial. Entretanto, pela
pesquisa estar limitada a um pequeno grupo de profissionais e empresários/gestores, os
resultados não podem ser considerados como definitivos, nem generalizados sobre o papel
destes profissionais.

A fim de continuar os estudos sobre esse importante tema, sugere-se que novas
pesquisas sejam realizadas a respeito do assunto. Alguns tópicos podem ser levantados para
pesquisas futuras, como a realização da pesquisa direcionada as atividades do dia a dia do
55

profissional da contabilidade em empresas que atuam com o comércio exterior, quais as etapas
das atividades por eles desempenhadas, se há e quais são as diferenças nos lançamentos
contábeis e fiscais junto à Receita Federal em relação as operações de comércio exterior.
56

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WERNECK, Paulo. Comércio Exterior & Despacho Aduaneiro. 4. ed. Curitiba: Joruá,
2011.
61

APÊNDICES
62

APÊNDICE A – Roteiro I

UNIVERSIDADE DO VALE DO TAQUARI UNIVATES


CURSO DE ADMINISTRAÇÃO COM LFE EM COMÉRCIO EXTERIOR

Orientador: Prof. Me. Sandro Nero Faleiro


Acadêmica: Fernanda Caroline Fritzen
Roteiro entrevista com empresários/gestores de empresas que operam com Comércio
Exterior.
1. Nome:

2. Área de atuação:

( ) Exportação

( ) Importação

( ) Ambos

3. Marque o que você utiliza dos serviços prestados pelos profissionais da contabilidade em
sua empresa:

( ) Lançamento contábeis e fiscais;

( ) Fechamento de câmbio;

( ) Operações em moedas estrangeiras;

( ) Emissão da documentação;

( ) Controle/Manutenção de Drawback ou outro programa/incentivo governamental, se


outro, citar __________________________;

( ) Controle/análise de custos;

( ) Precificação do produto;

( ) Assessoramento tributário;

( ) Outros, citar _____________________.


63

4. Quais as atividades de responsabilidade do profissional da contabilidade relacionadas à


gestão estratégica de vossa empresa?

5. A empresa faz uma análise de custos minuciosa da modalidade de transporte utilizada nas
suas operações?

6. De modo geral, para você qual o papel do profissional da contabilidade em sua empresa?
64

APÊNDICE B – Roteiro II

UNIVERSIDADE DO VALE DO TAQUARI UNIVATES


CURSO DE ADMINISTRAÇÃO COM LFE EM COMÉRCIO EXTERIOR

Orientador: Prof. Me. Sandro Nero Faleiro


Acadêmica: Fernanda Caroline Fritzen
Roteiro entrevista com profissionais contábeis de empresas que operam com Comércio
Exterior.
1. Nome:
2. Segmento de atuação:

( ) Exportação

( ) Importação
( ) Ambos
3. Marque o que você realiza dos serviços relacionados a atividade de comércio exterior:

( ) Lançamento contábeis e fiscais;

( ) Fechamento de câmbio;

( ) Operações em moedas estrangeiras;

( ) Emissão da documentação;

( ) Controle/Manutenção de Drawback ou outro programa/incentivo governamental, se


outro, citar __________________________;

( ) Controle/análise de custos;

( ) Precificação do produto;

( ) Assessoramento tributário;

( ) Outros, citar _____________________.


65

4. Para o bom andamento das operações de comércio exterior, você considera importante o
conhecimento acerca dos custos aduaneiros pelos profissionais da contabilidade? Comente.

5. Em sua opinião, os preços de transferências dos produtos interferem nas transações


comerciais com o exterior.

6. Você auxilia e/ou realiza classificação dos produtos fabricados por empresas
exportadoras? (Responda se aplicado ao seu caso).

7. Você realiza conferência da classificação de produtos importados? (Responda se aplicado


ao seu caso).

( ) Não

( ) Sim,

7.1 Na questão acima, se sua resposta for sim, identifique quais os principais pontos a serem
observados e quais procedimentos em casos de correção.
8. Comente alguns aspectos específicos que devem ser considerados pelos profissionais da
contabilidade em suas atividades que envolvam o comércio exterior.

9. Qual a importância da especialização do profissional contábil que atua em importação e


exportação?
66

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