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MEDICINA LEGAL

Traumatologia
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TRAUMATOLOGIA

PERIGO DE VIDA

Imagine a seguinte situação: Um indivíduo recebeu uma facada que atingiu um impor-
tante vaso. Por sorte, havia por perto um socorrista, que prontamente realizou um torniquete
impedindo um sangramento importante. O indivíduo foi levado ao hospital e lá a lesão foi
tratada cirurgicamente.
Para saber se o indivíduo passou por perigo ou risco, é necessário diferenciarmos os termos.

Risco
Perigo
(“perigo do perigo”)
Direto Condicionado
Certeza Probabilidade
Concreto Presumido
Imediato Remoto
Diagnóstico Prognóstico

Dessa forma, entende-se por perigo de vida, um conjunto de sinais e sintomas que
demonstre de forma inequívoca uma grave repercussão sobre as funções vitais e uma
ameaça concreta de morte iminente.
Quando um importante vaso é atingido, a ameaça é de natureza condicionada, porque
primeiro deve haver uma hemorragia para que um importante vaso ameace a vida do indiví-
duo. Nesse caso, a ameaça está condicionada a hemorragia o que torna a situação um risco.
Uma hemorragia grande ameaça a vida por si só. Por outro lado, uma hemorragia pequena e
contínua seria um risco já que está condicionada ao indivíduo perder sangue de forma contínua.
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Diferentemente do risco, o perigo é concreto. Quando um indivíduo tem um sangramento
importante e que, de fato, ele está em choque, a situação é concreta, não há presunção neste
caso. É um caso de perigo.
Lembre-se de que perigo de vida diz respeito a algo grave e é um diagnóstico. O risco,
por outro lado, é um prognóstico.
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Dor

Corrente Majoritária:

“A dor é sintoma, portanto elemento totalmente subjetivo, não bastante em si para carac-
terizar lesão corporal, embora existam manobras clínicas para tentar evidenciá-la, no mínimo,
questionáveis. No fenômeno clínico “dor”, interagem diversos aspectos emocionais, culturais
e sociais variando de indivíduo para indivíduo em função da idade, inteligência, nervosismo,
etc., impossibilitando sua análise num prisma totalmente objetivo e técnico (nesse sentido,
RT 555: 375, 558:341 e 559:341). Como esse sintoma não se diagnostica, apenas se pre-
sume, não cabe falar em lesão corporal, e a doutrina penal, assim, não a considera, podendo
configurar vias de fato (nesse sentido, RJDTACRIM 10/182, RT 558/341, RT 555/375, RT
433/418). Lembramos que o estudo da dor é relevante na Infortunística, devendo la ser mais
bem estudada.”
Hygino Hércules. Medicina legal: texto e atlas. São Paulo: Atheneu, 2011

“A dor física, de índole inteiramente subjetiva, envolvendo reações vegetativas e de


defesa, podendo adquirir elementos emocionais, que não está, hodiernamente, na compe-
tência dos peritos aferir sem o respectivo dano anatômico ou funcional, não caracteriza o
delito de lesão corporal; na verdade, só por falível presunção pode ser reconhecida a dor
como efeito da violatio corporis. Nesse sentido: RT, 67:261, 392:327, 413:283, 489:366 e
559:341; JTACrimSP 67:394.”
Delton Croce e Croce Jr. Manual de Medicina Legal. 6ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2009

A corrente majoritária fundamenta seu posicionamento de que a dor, por si só, não é
lesão corporal.
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Corrente Minoritária:

“O procedimento de julgar sempre a inexistência da ofensa quando não há vestígios de


traumas corporais, mesmo com alegação de dor, parece-nos muito simplista para solucionar
casos, muitos deles possíveis de serem positivados por meio de um exame pericial mais sério,
principalmente quando devem ser usados com maior profundidade os meios semiológicos da
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dor e, assim, chegar a certeza da existência de uma agressão, ainda que se tenha apenas o
sofrimento alegado.”
Genival Veloso França. Medicina Legal. 11ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.

Genival Veloso França defende que é simplista dizer que a dor sem substrato morfoló-
gico não é lesão. Para ele, existem manobras semiológicas, manobras diagnósticas, de se
evidenciar a dor como algo objetivo.
França destaca alguns meios de diagnóstico:
• Sinal de Mankof: contagem prévia do pulso radial, compressão do ponto doloso e nova
contagem do pulso.
• Sinal de Imbert: quando a região dolorosa é um braço ou uma perna, coloca-se o
paciente em repouso, contam-se as pulsações radiais e, em seguida, manda-se que
ele se apoie na perna dolorosa ou segure um peso com o braço ofendido.
• Sinal de Levi: dilatação da pupila.
• Sinal de Müller: com um compasso apropriado, marca-se uma zona circular tátil de uma
certa região onde a dor se localiza. Delimitado o ponto doloroso dentro desse círculo tátil,
sem que o examinado olhe, comprime-se com o dedo um local que não seja doloroso
dentro do mesmo círculo e, imediatamente, passa se a comprimir o ponto doloroso.
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Autolesões

Um indivíduo pode simular uma lesão corporal para prejudicar um terceiro a partir da
simulação de sintomas de ordem subjetiva, que não podem ser aferidos. Mas o indivíduo
também pode simular a partir de sintomas objetivos como a autolesão, que não é crime.
Características que o perito deve levar em consideração na hora de distinguir se determi-
nada lesão é ou não uma autolesão:

• Localização
– Parte anterior do corpo
– Áreas menos sensíveis

• Superficialidade
• Direção
• Regularidade
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• Simetria
• Multiplicidade
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Resumo

• Leve: por exclusão.


• Grave:
– Incapacidade para as atividades habituais por mais de 30 dias: engloba NÃO só as
atividades econômicas.
- Exame complementar no 31º dia.
– Debilidade de membro, sentido ou função: >3% e <70%.
– Aceleração do parto: nasce com vida.
– Perigo de vida: é um diagnóstico e não um prognóstico.

• Gravíssima:
– Incapacidade permanente para o trabalho: trabalho genérico e não específico.
– Perda ou inutilização de membro, sentido ou função: >70%
- Não fala em órgãos.
- A perda de órgãos duplos é debilidade.
- Não esquecer do dano estético!
– Aborto: nasce morto ou é inviável por imaturidade.
– Enfermidade incurável: compromete o todo e não a parte.
– Deformidade permanente:
- Não influenciado por idade, sexo, profissão etc.
- Mesmo que vista eventualmente.
- Mesmo que ocultada por prótese.

Lembre-se de que existem lesões que não são lesões corporais como a autolesão, lesões
quando há exercício regular do direito, lesões por animais desde que não sejam incitados e outras.
Para classificar a lesão proposta pela banca, procure primeiro saber se a lesão é gravís-
sima. Se não for, verifique se é caso de lesão grave. Por exclusão, restará lesão leve que são
lesões superficiais e sem repercussão clínica na maior parte das vezes.
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�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Francisco Helmer Almeida Santos.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.

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