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Organizador
TEMAS EM
EDUCAÇÃO
Olhares Interdisciplinares,
Reflexões e Saberes
- VOLUME 1 -
TEMAS EM EDUCAÇÃO
Olhares Interdisciplinares, Reflexões e Saberes
Volume 1
AVALIAÇÃO, PARECER E REVISÃO POR PARES
Os textos que compõem esta obra foram avaliados por pares e indicados para publicação.
Recurso digital.
Formato: e-book
Acesso em www.editorabagai.com.br
ISBN: 978-65-5368-105-7
https://doi.org/10.37008/978-65-5368-105-7.03.09.22
R
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ou forma, especialmente por sistemas gráficos (impressão), fonográficos, microfílmicos, fotográficos, videográficos, repro-
gráficos, entre outros. A violação dos direitos autorais é passível de punição como crime (art. 184 e parágrafos do Código
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Cleber Bianchessi
Organizador
TEMAS EM EDUCAÇÃO
Olhares Interdisciplinares, Reflexões e Saberes
Volume 1
1.ª Edição - Copyright© 2022 dos autores
Direitos de Edição Reservados à Editora Bagai.
O conteúdo de cada capítulo é de inteira e exclusiva responsabilidade do(s) seu(s) respectivo(s) autor(es). As normas ortográficas, questões
gramaticais, sistema de citações e referencial bibliográfico são prerrogativas de cada autor(es).
Revisão Os autores
7
Já o décimo quarto capítulo analisa o currículo e tecnologias e o décimo quinto capítulo
apresenta as perspectivas de enfrentamento das crises pessoais e profissionais.
Em seguimento, o décimo sexto capítulo reflete sobre o uso de mapas concei-
tuais para o estudo de textos clássicos de filosofia no ensino médio e o décimo sétimo
capítulo apresenta ações afirmativas nas universidades e escolas brasileiras. Na sequên-
cia, o décimo oitavo capítulo apresenta as metodologias ativas no desenvolvimento
da interdisciplinaridade no processo de ensino aprendizagem no ensino superior e o
décimo nono capítulo destaca o professor pesquisador de História na articulação dos
saberes acadêmicos aos fazeres educacionais a partir do conceito de professor reflexivo.
Sendo assim, o vigésimo capítulo propõe a utilização dos processos formativos
mediados por tecnologias digitais em comunidades em situação de vulnerabilidade
social. Em prosseguimento, o vigésimo primeiro capítulo analisa o papel do professor
na sociedade contemporânea e o vigésimo segundo capítulo valoriza os desafios da
disciplina de arte na escola em tempos de pandemia. O vigésimo terceiro capítulo,
em síntese, enfatiza a formação continuada docente e o vigésimo quarto capítulo
oportuniza uma reflexão acerca da participação do jovem estudante como cidadão
consciente, crítico e agente da sociedade em que vive. O vigésimo quinto capítulo etrata
a educação das pessoas com deficiência no Brasil e destaca os fatores diferenciais que
podem facilitar ou dificultar o processo de escolarização de estudantes surdos na escola
comum. Por fim, o vigésimo sexto capítulo faz uma narrativa das ressignificações
de uma professora que atua na educação especial.
Em vista disso, o estudo exarado nos capítulos sintetizados acima, a presente
publicação contribui com textos que versem de algum modo, direta ou indiretamente, a
educação e o ensino numa perspectiva da teoria ou pela prática pedagógica com a intenção
de trazer ideias interdisciplinares e questionamentos para estimular o debate a respeito do
ensino, da aprendizagem e das políticas educacionais, etc.Tudo isso se revela por meio de
novos olhares interdisciplinares na educação e articulados pelos conhecimentos teóricos
aos práticos, possibilitando ampliar e significar os múltiplos saberes no campo da educação.
Em face do exposto, esta obra tem como premissa um novo olhar sobre os
diversos temas em educação diante do conhecimento, propõe uma mudança de ati-
tude em busca do contexto do conhecimento, ou seja, estabelece uma aprendizagem
integral. Enfim, a obra é um convite ao pensamento reflexivo, abrangente e contextual
em torno da necessidade real de análise dos diversos temas e aspectos em Educação
Equipe editorial
8
ASPECTOS SELECIONADOS DO LETRAMENTO:
ENFOQUE EM ENUNCIADOS MATEMÁTICOS
INTRODUÇÃO
1
Doutorado em Ciência da Computação (PUC-RIO). Professor Titular do Instituto de Matemática e Estatística (UFF).
CV: http://lattes.cnpq.br/9914773144042812
2
Doutorado em Letras (UFF). Professora Adjunta do Departamento de Letras da Faculdade de Formação de Professores
(UERJ). CV: http://lattes.cnpq.br/8558417141034166
9
do currículo escolar. É urgente uma democratização no acesso e apropriação do
conhecimento feita, sobremaneira, pelo pleno domínio da leitura. Assim como
os documentos da BNCC e como a declaração da UNESCO, entendemos que:
A educação como direito humano e bem público permite às pessoas
exercer os outros direitos humanos. Por essa razão, ninguém pode
ficar excluído dela. O direito à educação se exerce na medida em
que as pessoas, além de terem acesso à escola, possam desenvolver-se
plenamente e continuar aprendendo. Isso significa que a educação
terá de ser de qualidade para todos e por toda a vida. (UNESCO,
2007, p. 12).
11
ticipa de forma secundária do processo de aquisição dos conceitos matemáticos,
pois antes estes conceitos são mediados pela linguagem natural:
A Matemática e a Língua Materna representam elementos funda-
mentais e complementares, que constituem condição de possibilidade
do conhecimento, em qualquer setor, mas que não podem ser ple-
namente compreendidos quando considerados de maneira isolada.
(MACHADO, 1998, p. 83)
Gráfico 1
12
Apesar de reconhecermos que cabe aos professores de Língua Portuguesa a
maior responsabilidade no ensino da leitura, uma vez que que o texto é a unidade
de ensino da disciplina, é necessário enfatizar que essa responsabilidade deve ser
compartilhada com todos os professores, naturalmente no nosso estudo, com
os de Matemática, ao entendermos que para que se ampliem as competências
comunicativas de utilização da linguagem, devemos relacioná-las à uma reflexão
de uso aos mais variados gêneros.
Para caracterizar a impregnação entre Matemática e a Língua Materna,
referimo-nos inicialmente a um paralelismo nas funções que desem-
penham, enquanto sistemas de representação da realidade, a uma
complementaridade seja redutível à da outra, e uma imbricação nas
questões básicas relativas ao ensino de ambas, o que impede ou difi-
culta ações pedagógicas consistentes, quando se leva em consideração
penas uma das disciplinas. (MACHADO, 1998, p. 91)
LETRAMENTOS
3
Tradução livre
13
O objetivo da interdisciplinaridade é propiciar uma aprendizagem convergente
e integrada e, portanto, mais significativa para o estudante. Assim, como vimos,
as competências integrantes da área de Língua Portuguesa extrapolam os limites
desta disciplina, assim como ocorre com a de Matemática: “comunicar-se mate-
maticamente, ou seja, descrever, representar e apresentar resultados com precisão e
argumentar sobre suas conjecturas, fazendo uso da linguagem oral, e estabelecendo
relações entre ela e diferentes representações matemáticas” (BRASIL, 1998, p. 48)
Avaliações, como o Pisa, têm mostrado que o aprendizado de Matemá-
tica se mostra tão ineficaz como o da leitura. Concluímos que a competên-
cia leitora é fundamental para estudar a Matemática. Ressaltamos fortemente
que o ensino de Matemática está relacionado à leitura, à contextualização. As
questões de Matemática analisadas por esses tipos de avaliação estão ligadas
a enunciados que recriam situações possíveis da realidade, que necessitam ser
interpretados para que sejam identificados os conteúdos matemáticos e, logo em
seguida, serem devidamente empregados.
Embora o Brasil tenha apresentado melhora desde o primeiro ciclo da
avaliação, em 2000, quando o percentual de alunos abaixo do nível 1
era de 62,6%, a situação ainda é grave, pois mais da metade de nossos
alunos não foi capaz de utilizar as habilidades matemáticas requeridas
pelas tarefas mais simples da avaliação. Portugal apresenta apenas
11% de seus alunos neste patamar. Por outro lado, ao compararmos
o percentual de alunos nos níveis mais altos, vemos que enquanto
Portugal tem 19% de seus estudantes nos níveis mais altos da escala
(4, 5 e 6), o Brasil tem apenas 3,5% de seus alunos nesses níveis.
(AGUIAR, 2008, p. 85)
Gráfico 2
16
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por ser a Matemática uma das ciências cujas análises são cada vez mais
empregadas para tomada de decisões, que influenciam diretamente a vida humana,
e por ser a escola o meio mais utilizado para difusão desse conhecimento, torná-lo
acessível aos alunos deve ser, segundo pensamos, uma preocupação constante de
todo verdadeiro educador comprometido em proporcionar educação de qualidade.
Desta forma, espera-se que este estudo contribua para uma prática de ensino
interdisciplinar que tenha como prioridade a educação do aluno para a vida, tor-
nando-o capaz de lidar com as realidades do dia a dia e assim formarmos cidadãos
mais conscientes e críticos por meio do bom uso desses dois domínios fundamentais.
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17
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O ensino de língua portuguesa para o 2° grau. Minas Gerais: UFU, 1996, p. 107-156.
Nota: esse trabalho foi parcialmente apresentado no IX SIGET – Simpósio Internacional de Gênero Textual
que ocorreu na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), em 06 a 08 de setembro de 2017.
18
UTILIZANDO O SCRATCH COMO FERRAMENTA
DE ENSINO-APRENDIZAGEM PARA
CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE AS MEDIDAS DE
PREVENÇÃO NA TRANSMISSÃO DO
NOVO-CORONAVÍRUS
INTRODUÇÃO
20
por estes pesquisadores mostraram eficácia contra variantes do Sars-Cov-2 e os
vírus da Influenza do tipo A e B (VILHENA et al., 2021).
Com o objetivo de proporcionar o aprendizado significativo sobre a transmis-
são viral e as medidas de prevenção da COVID-19, utilizamos a Plataforma Scratch
como ferramenta digital educacional, desenvolvendo por meio de programação,
sequências didáticas baseadas em estratégias como simulações e animações com a
criação de personagens que de forma dinâmica permitiram a compreensão do tema.
Neste contexto, este trabalho apresenta a ferramenta Scratch como recurso
didático que pode ser utilizado de forma remota ou presencial em diferentes dis-
ciplinas abordando conceitos de forma divertida e interdisciplinar.
SCRATCH
22
das habilidades dos sujeitos ao longo do processo de criação. A criatividade é o
segundo ponto em comum entre a teoria de Piaget e o pensamento computacional.
METODOLOGIA
23
Figura 1 – Atores da Simulação no Scratch - Corona
24
Figura 4 - Atores da Simulação no Scratch – Pai.
25
QUADRO 1:
Passo 1 – Condição Inicial Passo 2 – Decisão Passo 3 – Condição Final
1. Iniciou simulação Muda Vírus (personagem 1) Vírus gira em seu próprio eixo
por 5 segundos
2. Vírus parado e casal parado Grava voz (gravação 4) e movi- Vírus fala e expressa suas von-
menta casal (personagens 3 e 4) tades e pensamentos enquanto
o casal anda pela calçada do
cenário (anda por 3 segundos
e fica esperando por 99 + 50
segundos)
3. Vírus parado e casal andando Muda Vírus e casal Vírus anda em direção a avó
(personagem 2; por 12 segun-
dos) e casal para de andar (fica
parado por 99 + 50 segundos)
4. Vírus andando Vírus para ao encostar na avó Avó começa a se movi-
mentar e desaparece (anda
por 4 segundos e efeito de
desaparecimento)
5. Vírus parado Grava voz (gravação 1) Vírus fala e expressa seus
pensamentos
6. Vírus parado Muda vírus Vírus se aproxima do casal (gira
por 5 segundos e anda por 3
segundos)
7. Vírus andando Muda vírus e grava voz (gra- Vírus para e fala, demons-
vação 2) trando o interesse de conta-
minar o casal
8. Vírus parado Muda vírus Vírus anda em direção ao casal
(três segundos)
9. Casal parado e vírus se Muda casal e vírus Casal se movimenta ao que o
movimentando vírus se aproxima (8 segundos)
e para ao que o casal começa
a andar
10. Vírus parado Grava voz (gravações 3 e 5) Vírus expressa seus pensamen-
tos, percebe sua ineficácia e se
refere a criança (personagem 5),
que está parada desde o início
do processo
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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32
GAMEFICAÇÃO NO ENSINO DE LÍNGUA
PORTUGUESA: A ESTÉTICA DE JOGOS DIGITAIS
ELABORADOS POR PROFESSORES DA
EDUCAÇÃO BÁSICA
INTRODUÇÃO
7
Doutora em Letras/Linguística (UFPE). Docente (UESPI). CV: http://lattes.cnpq.br/7828918779492971
8
Graduanda em Letras Português (UESPI). CV: http://lattes.cnpq.br/2315079158219223
33
Observa-se ainda um colapso na hierarquia tradicional de disseminação de
conhecimentos, não mais restrita a determinados centros irradiadores, visto que
os recursos digitais da web 2 permitem aos internautas criar um produto, editar,
divulgar, compartilhar, remixar, horizontalizando-se, assim, as relações em que todos
se tornam autores, ao tempo em que se constituem como receptores/consumidores
do que circula na rede. No cenário digital, como ressalta Rojo (2017, p. 4), instala-se
um novo “ethos”, isto é uma nova maneira de ver e de ser no mundo
contemporâneo, que prioriza a interatividade, a colaboração e a (re)
distribuição do conhecimento, ao invés da hierarquia, da autoria e da
posse controlada e vigiada do conhecimento por diversas agências,
como a escola, as editoras e a universidade.
34
Diante desse rico universo de recursos, com múltiplas oportunidades de
agir e interagir, criar, consumir, disseminar, reconstruir, torna-se estratégico, no
campo da educação, considerar os potenciais educativos, de modo a se promover
um encontro proveitoso entre o que atrai, diverte, motiva e o que educa, como já
é possível constatar em muitos objetos digitais de aprendizagem disponibilizados
na web, como plataformas de jogos educativos9, ou nos sites de escrita colaborativa,
em que os internautas se engajam na produção de textos de ficção, inspirados em
filmes, animes, quadrinhos, games etc.10
Entre os objetos digitais de aprendizagem, direcionamos nosso olhar para os
jogos (games)11, cujo traço central é promover a aprendizagem de forma lúdica e
envolvente, tal como se dá em qualquer jogo. Incontestavelmente, os seres humanos são
atraídos por jogos, o que faz com que eles sejam parte de muitas culturas. Por essa razão,
buscam-se as características pertencentes aos jogos que podem ser usadas proveitosa-
mente em outras áreas, a exemplo da educação, surgindo daí a noção de gamificação.
Nesse contexto, desenvolvemos este estudo, com o objetivo geral de analisar
o potencial pedagógico de games pedagógicos digitais planejados por professores
da Educação Básica, destinados ao ensino e aprendizagem de língua portuguesa.
Para isso, classificamos esses games de acordo com o componente do ensino de
língua portuguesa contemplado e descrevemos a estética de cada um.
GAMIFICAÇÃO E APRENDIZAGEM
Esta pesquisa tem como objeto de estudo games pedagógicos digitais ela-
borados por professores da Educação Básica (Ensino Fundamental), os quais,
em suas pesquisas desenvolvidas no âmbito do Mestrado Profissional em Letras
(PROFLETRAS), construíram jogos pedagógicos como propostas de intervenção
para promover um ensino mais motivador e envolvente.
Quanto à pesquisa associada à solução de problemas, o modo como se conduz
o processo no PROFLETRAS corrobora o que propõe Soriano (2004, p. 41):
Estudantes e professores deveriam perguntar-se antes de tudo quais
as causas que motivam os estudos que se propõem realizar, se elas são
justificáveis, considerando a utilidade prática dos resultados para
resolver problemas concretos que afetam uma instituição ou grupo
determinado ou se propiciam avanços no conhecimento teórico das
ciências sociais. (grifo nosso).
12
O PROFLETRAS é um mestrado profissional ofertado a professores de Língua Portuguesa efetivos das redes públicas
de educação (estaduais e municipais), atuantes no Ensino Fundamental. Financiado pela Coordenação de Aperfeiçoa-
mento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), o PROFLETRAS envolve uma rede nacional de 49 universidades públicas
brasileiras, com a coordenação nacional instalada na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. A UESPI é unidade
conveniada desde o primeiro edital, em 2013.
37
Nesse sentido, os professores mestrandos devem desenvolver pesquisas com
foco em problemáticas observadas nas escolas, apresentando uma proposta de
intervenção, conforme determina a Resolução 014/2014:
Art. 2º. A pesquisa deverá ter como tema/foco/objeto de investigação
um problema da realidade escolar e/ou da sala de aula do mestrando
no que concerne ao ensino e aprendizagem na disciplina de Língua
Portuguesa no Ensino Fundamental.
Como o próprio nome indica, esse jogo foi desenvolvido para o ensino e
aprendizagem da literatura de cordel. É composto por quatro atividades, sendo
três delas contextualizadas por recitações de cordéis, havendo uma sobre lendas
piauienses. O design chama atenção por se assemelhar às imagens de xilogravura,
técnica de gravura popular no Nordeste
Há uma exploração da linguagem multimodal, com a presença de imagens,
vídeos e áudios, que facilitam o envolvimento do jogador. Em relação aos três
aspectos já citados, destaca-se a diversidade de desafios apresentados na Mecânica,
devido à presença do quizz, do jogo de rimas e do jogo de memória. Além disso,
cada tarefa traz uma missão clara e alcançável que possibilita o estado de vitória.
Quanto à Dinâmica, para a resolução das atividades, o jogador precisa,
primeiro, assistir à reprodução dos cordéis, sendo que algumas perguntas exigem
um conhecimento prévio sobre o tema, o que se chama constrição, elemento que
serve para ‘dificultar’ a experiência e tornar o jogo mais desafiador. No que se
refere aos Componentes, evidencia-se as representações visuais que caracterizam
o game, como o avatar, representado por um cordelista, reconhecido pelo chapéu,
as roupas e a viola que compõem o perfil.
14
Local de hospedagem: Play Store Link: https://play.google.com/store/apps/details?id=com.blackholegames.cordel
15
Local de hospedagem: Play Store Link: https://play.google.com/store/apps/details?id=com.wellmath.referenciais.game
39
Para a Dinâmica, o sistema de pontuação do jogo é a sua maior constri-
ção, pois só é possível concluir uma fase se acertar todos os exercícios, sendo
que uma resposta errada elimina 50 pontos. Isso torna a experiência desafia-
dora e instigante para o aluno.
Quanto aos Componentes, o game tem uma particularidade: seus avata-
res, são inspirados em professores de Linguística de universidades piauienses. O
elemento badges, que se refere às realizações visuais do jogador, é representado
pelos efeitos de fogos de artifícios a cada resposta certa, com a mudança de cores
de acordo com a resposta, e pelos troféus conquistados.
Link: https://create.kahoot.it/share/operador-argumentativo-mas/442d9b87-e346-439b-9b7f-2fc3dad6f9ae
40
ponibilizado pela Plataforma Kahoot, que trabalha com jogos educacionais e já é
aliada de muitos professores da Educação Básica por ser simples e intuitiva para
a aprendizagem dos estudantes.
O jogo consiste em um quizz com 10 questões sobre o uso do operador argu-
mentativo “mas”. No que diz respeito à Mecânica, destacam-se as mensagens de
feedback que o jogador recebe ao acertar e ao errar uma questão, sendo que no caso dos
erros surgem mensagens de incentivo e motivação para o jogador tentar novamente.
Acerca da Dinâmica, nota-se a presença de um cronômetro que dispõe 90
segundos para a resolução de cada questão. Por ser algo que restringe o tempo do
jogador é considerado um elemento de constrição.
Já nos Componentes, há o desbloqueio de conteúdo, pois o participante tem
a possibilidade de conquistar um emoticon, e para isso ele precisa acertar todas as
questões e fazer uma pontuação maior que os outros jogadores que já jogaram o
quizz. Além disso, há a presença de um placar, no qual, ao fim de cada questão, é
mostrada para o jogador sua posição.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Link: https://create.kahoot.it/share/palavras-terminadas-em-am/3e79813c-cd36-4a7e-9431-2044ee0d45e9
41
com recompensas e vitórias, que estimulam o desempenho do aluno e, ao mesmo
tempo, com fracassos e constrições, que não os desmotivam, mas os desafiam. Há a
exploração da linguagem multimodal, já que o jogador tem contato com imagens,
sons e vídeos, e os designs são criativos e atrativos.
Observou-se que os jogos disponibilizados pela Plataforma Kahoot dispõem
de menos elementos devido à sua estrutura mais simples, no entanto isso também
pode ser encarado como uma vantagem para o ensino-aprendizagem, já que, por
ser mais intuitivo, o aluno responderia todas as questões com menos dificuldade.
A partir dos resultados reafirmamos o impacto benéfico dos estudos como
o que desenvolvemos no ambiente educacional, visto que podem orientar profes-
sores de Língua Portuguesa da Educação Básica para a inserção dos games em
sala de aula e ainda enriquecer o processo formativo dos licenciandos dos cursos
de Letras Português – futuros professores.
REFERÊNCIAS
ALVES, F. Gamification: como criar experiências de aprendizagem engajadoras. São Paulo: DVS Editora, 2014.
ALVES, Shirlei Marly; VIEIRA, Andreina Kelly Sousa Vieira. Gameficação no ensino do gênero artigo de
opinião: potenciais pedagógicos do jogo virtual Pontos de Vista. In: MIRANDA, Naíola Paiva; MARTINS,
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contemporânea. Rio de Janeiro: e-Publicar, 2022. p. 333-346.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
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UNIVSERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE. PROFLETRAS. Conselho Gestor.
Resolução nº 001/2014, de 23 de abril de 2014. Estabelece diretrizes para a pesquisa do trabalho final no
Mestrado Profissional em Letras – PROFLETRAS. 2014.
ROJO, Roxane. Entre plataformas, odas e protótipos: novos multiletramentos em tempos de Web2. The
ESPecialist: Descrição, Ensino e Aprendizagem, v. 38, n. 1, p. 1-20, jan./jul. 2017.
42
O GRUPO COMO LÓCUS DE TRANSFORMAÇÃO
SOCIAL: RELATO DE UMA INTERVENÇÃO EM
CONTEXTO ESCOLAR
INTRODUÇÃO
19
Mestranda em Psicologia (UFG). CV: http://lattes.cnpq.br/6085596930626159
20
Graduada em Psicologia (UFCAT). CV: http://lattes.cnpq.br/4263500982870196
21
Graduada em Psicologia (UFG). CV: http://lattes.cnpq.br/5051007343548823
43
houvesse recursos suficientes para melhorar a qualidade da educação
popular (PATTO, 1997, p. 23).
48
que a ação do psicólogo se faz práxis, ao compreender que estudante, família, escola
e professor se produzem mutuamente.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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53
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da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE). Vol. 13, n. 1, 2009, p. 179-182.
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54
A (IN)VISIBILIDADE DOS DIREITOS HUMANOS NOS
CURSOS DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
DE UNIVERSIDADES FEDERAIS BRASILEIRAS
INTRODUÇÃO
22
Pós-doutorado em Educação (UFS). Doutorado em Educação (UFAL). Professora Adjunta (UFAL).
CV: http://lattes.cnpq.br/9538287578494559
23
Doutorado em Educação (UFAL). Professora CV: http://lattes.cnpq.br/8044884748837865
24
Bacharelado em Educação Física (ESEF). CV: http://lattes.cnpq.br/2965012641606246
25
Doutorado em Educação Escolar (UNESP). Pós-doutorado em Educação (IE/UL). Professora Associada (UFAL).
CV: http://lattes.cnpq.br/8158728896858544
55
os cursos de Educação Física no Brasil, chegando ao ápice do estudo, a saber: a
análise dos projetos político-pedagógicos e currículos dos referidos cursos no país.
Com as delimitações acima apresentadas e assumindo uma natureza quali-
tativa, optou-se por utilizar a Análise de Conteúdo como técnica de análise que
objetiva a inferência de conhecimentos pertinentes às condições de produção e
recepção das mensagens enunciadas e teve início o acesso ao sistema eletrônico
de acompanhamento dos processos que regulam a educação superior no Brasil
(e-MEC), no qual estão catalogadas 2131 instituições de ensino com o curso de
Educação Física, conforme tabela abaixo.
Tabela 1: Número Total de Instituições de Ensino que ofertam o curso de Educação Física, divi-
didas por categoria administrativa
Categoria Administrativa Total
Pública Municipal 39
Pública Federal 128
Pública Estadual 167
Privada sem fins lucrativos 745
Privada com fins lucrativos 1036
Especial 16
Total Geral 2131
DESENVOLVIMENTO
Vê-se que no artigo acima há a remissão clara a pelo menos dois aspectos
de ampla discussão no contexto da Educação em Direitos Humanos, a saber:
a diversidade sociocultural e a educação inclusiva, o que já mostra a presença,
pelo menos no prisma normativo, desses elementos de importância ímpar
ao cenário educacional do país.
Também a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira de 1996, em
seu artigo 1º, já começa a evidenciar indicadores relacionados à Educação em
Direitos Humanos, ao preceituar que “[...] a educação abrange os processos forma-
tivos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas
instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade
civil e nas manifestações culturais”.
Chegando ao Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH),
observa-se que o referido documento estabelece diversos programas intencionando
a inserção de uma perspectiva educacional voltada à formação da cidadania ativa, ou
seja, há um ideal de se atingir a concretização de uma prática pedagógica norteada
pelos direitos humanos, na sua essência mais elementar, que corrobora, antes de tudo,
a dignidade da pessoa humana como elemento basilar de qualquer atividade social.
No tocante à educação superior, de acordo com o postulado pelo
PNEDH, sua contribuição à área da educação em direitos humanos deve
pautar-se nos seguintes princípios:
a) [...] democracia e a cidadania; b) os preceitos da igualdade, da
liberdade e da justiça devem guiar as ações universitárias, de modo a
garantir a democratização da informação, o acesso por parte de grupos
sociais vulneráveis ou excluídos e o compromisso cívico-ético com
a implementação de políticas públicas voltadas para as necessidades
básicas desses segmentos; c) o princípio básico norteador da educação
em direitos humanos como prática permanente, contínua e global, deve
estar voltado para a transformação da sociedade [...] d) a educação
em direitos humanos deve se constituir em princípio ético-político
orientador da formulação e crítica da prática das instituições de ensino
59
superior; e) [...] formação de uma cultura baseada na universalidade,
indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos, como
tema transversal e transdisciplinar, de modo a inspirar a elaboração
de programas específicos e metodologias adequadas nos cursos de
graduação e pós-graduação, entre outros; [...] g) o compromisso
com a construção de uma cultura de respeito aos direitos humanos
na relação com os movimentos e entidades sociais, além de grupos
em situação de exclusão ou discriminação; h) a participação das IES
na formação de agentes sociais de educação em direitos humanos e
na avaliação do processo de implementação do PNEDH. (BRASIL,
2007, p. 38-39).
62
Chegando à região Nordeste, com o estudo do projeto político-pedagó-
gico e currículo da Universidade Federal de Pernambuco, visualiza-se a pre-
sença de três disciplinas humanísticas, quais sejam: Educação Física e Filosofia,
Bases Antropológicas aplicadas à Educação Física e Fundamentos da Sociologia,
todas ofertadas em caráter obrigatório, tendo as duas primeiras cargas horá-
rias de 45h cada e a última 60h.
Nesse caso, também percebe o que se falou anteriormente acerca do curso de
Educação Física da UFAM, a saber: há alguns conteúdos filosóficos, sociológicos
e antropológicos, mas que buscam conectar esses saberes com foco na ideia de
que o corpo tem um significado para além da estética, representando elemento
da individualidade humana, que traz em si cargas antropológicas e emocionais
que extrapolam a dimensão física.
Sem minimizar a relevância dessas abordagens, até porque a presente IES
tem, de acordo com ementas de disciplinas, uma preocupação em esboçar uma
visão mais universal do homem, não se pode deixar de demarcar que está de fora
dessas ementas uma série de conteúdos voltados à formação do estudante com
vistas à emancipação humana, calcada nos reais pilares dos Direitos Humanos. Em
dados numéricos, tem-se aqui que em um curso que totaliza 2.970h, as disciplinas
humanísticas representam 5% do currículo.
Por fim, ao realizar estudo do projeto político-pedagógico e da matriz curri-
cular da Universidade Federal do Mato Grosso, constatou-se a presença de quatro
disciplinas humanísticas, sendo duas em caráter obrigatório e duas em caráter eletivo.
Como obrigatórias, encontram-se a Filosofia da Educação e a Sociologia
do Esporte, cada uma com carga horária de 64h. Como eletivas há a presença
de “Estudos de Gênero e atividade Física” e “Tópicos em cultura e diversidade
étnico-racial”, também, com 64h cada uma.
Aqui, não se pode deixar de considerar que, embora não haja disciplina
específica de Direitos Humanos e/ou Educação em Direitos Humanos, como
não há em nenhum dos outros currículos estudados, tem-se que de vários con-
teúdos da temática são contemplados nas citadas disciplinas, mais especifica-
mente nas eletivas já nominadas. Em uma matriz que totaliza 3.224 horas e na
qual 256h são de disciplinas humanísticas, tem-se o percentual de 7,9% dedi-
cado a tal componente curricular.
Assim, após a análise de cada projeto político pedagógico e de cada currí-
culo estudado, em suas dimensões mais específicas e que se aproximam do pro-
63
blema levantado na presente pesquisa, bem como diante da ausência da disciplina
Direitos Humanos e/ou Educação em Direitos Humanos e do quantitativo de
disciplinas tecnicistas encontradas em todos os currículos, pode-se inferir que a
proporção dedicada à formação humanística é insuficiente ao perfil profissional
que se defende neste trabalho.
Não se observa na formatação curricular que as disciplinas dialogam entre si
no decorrer do curso. Ao contrário, percebe-se que há a carga inicial dedicada às já
mencionadas disciplinas humanísticas, parecendo, em seguida, existir uma barreira
para que os holofotes sejam voltados às chamadas “profissionalizantes”, às que
fecham o estudante no mundo das técnicas que farão parte da sua rotina de trabalho.
Disciplinas como Anatomia, Biomecânica, Bioquímica Fisiologia, Cine-
siologia, Controle Motor, Metodologia do Ensino do Handebol, do Ensino da
Dança, do Ensino da Ginástica Olímpica, do Ensino da Natação, do Ensino do
Futebol, do Ensino da Ginástica Rítmica e Desportiva, do Ensino do Futsal, do
Ensino do Voleibol, do Ensino do Basquetebol, dentre outras, são alguns dos
exemplos mais comuns de matérias que ocupam quase que a integralidade dos
currículos dos referidos cursos.
Nessa perspectiva, apresenta-se, a seguir, uma tabela decrescente, com as
05 (cinco) universidades cujos currículos foram analisados, acompanhadas res-
pectivamente das representações, em termos percentuais, do que corresponde às
disciplinas humanísticas em relação à carga horária total do curso.
Tabela 2 – Percentual da carga horária das disciplinas humanísticas em relação à carga horária
total do curso
IES Percentual da Carga Horária das Disciplinas Humanísticas em Relação à
Carga Horária Total do Curso
UFMT 7,9%
UFPE 5,0%
UFES 3,87%
UFRGS 2,80%
UFAM 1,9%
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo do que fora declinado, com análises das estruturas curriculares dos
cursos de Licenciatura em Educação Física das Universidades Federais do Espírito
Santo, Rio Grande do Sul, Amazonas, Pernambuco e Mato Grosso, constatou-se
que os Direitos Humanos, assim como a formação humanística desses estudantes,
não são tratados como anteposição de uma realidade essencial, mostrando que
ainda são mantidos os ditames do tecnicismo.
Assim, a posição de um currículo que veja a perplexidade sua própria estrutura
é uma atitude da educação que educa a si, em que a importância de se enxergar
nessa relação o cuidado com o ato de educar é imprescindível quando se pensa a
sua dinamicidade, pois como afirma Arendt (1995, p. 190):
A tarefa educacional é intrinsecamente complexa, pois educar é
simultaneamente proteger a criança das pressões do mundo e pro-
teger o mundo contra as pressões e transformações que advêm da
capacidade humana para a ação e para o discurso em comum, própria
dos recém-chegados.
REFERÊNCIAS
ARENDT, H. A vida do espírito: o pensar, o querer, o julgar. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1995.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2016.
BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais do curso Educação Física. Resolução nº 6 de 18 de dezem-
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BRASIL. Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos. Plano Nacional de Educação em Direitos
Humanos. Secretária Especial dos Direitos Humanos. Presidência da República. Ministério da Educação.
Ministério da Justiça. Unesco, 2007.
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ONU. Assembleia Geral da ONU. (1948). Declaração Universal dos Direitos Humanos. Paris. Disponível
em https://brasil.un.org/pt-br/91601-declaracao-universal-dos-direitos-humanos.
SANTOS, BS. A crítica da razão indolente: contra o desperdício da experiência. In: Para um novo senso
comum: a ciência, o direito e a política na transição paradigmática – 4. ed. São Paulo: Cortez, 2002.
Nota: síntese do artigo publicado na Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, 2021
Jul-Set;35(3):99-112. https://doi.org/10.11606/issn.1981-4690.v35i3p99-112
66
A ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO: UM ESTUDO NAS
ESCOLAS PÚBLICAS NO MUNICÍPIO DE ITABAIANA,
NO ESTADO DE SERGIPE
INTRODUÇÃO
26
Especialista em Direito Previdenciário (Faculdade Focus). Procurador da Câmara Municipal (Campo do Brito/SE).
CV: http://lattes.cnpq.br/0985412877075395
27
Doutora em Ciência Política (UNL - Portugal). Membro Titular de FLACSO - Facultad de Derecho na Universidad
de Salamanca (Espanha). Professora do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (Professora do Instituto Politécnico do
Cávado e do Ave (São Martinho - Portugal). CV: http://lattes.cnpq.br/9853799367771216
28
“Art. 3º [...]: IX - pessoa com mobilidade reduzida: aquela que tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimen-
tação, permanente ou temporária, gerando redução efetiva da mobilidade, da flexibilidade, da coordenação motora ou da
percepção, incluindo idoso, gestante, lactante, pessoa com criança de colo e obeso”. (LEI Nº 13.146/2015).
67
espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e
nos meios de transporte e comunicação. (SENADO, 2020)
No entanto, sob tais garantias legais inclusivas, questiona-se: quais as adap-
tações que estão sendo promovidas pelas escolas públicas da cidade de Itabaiana
para a acessibilidade? Estas ações estão de acordo com a legislação? A lei alcançou
a sua proposta de efetividade naquele município?
Dentre as possíveis respostas a esses questionamentos, a pesquisa apresenta
como objetivo geral analisar a aplicação da legislação que visa promover a aces-
sibilidade das pessoas com mobilidade reduzida, sob o olhar nas escolas públicas
do Município de Itabaiana, localizado no Estado de Sergipe, na região nordeste
do Brasil. Tem-se como objetivos específicos a identificação sobre as normas de
acessibilidade e sobre as possíveis adaptações implementadas para promover a
acessibilidade nas escolas pesquisadas.
Aplicou-se à projeção do trabalho a pesquisa quali-quantitativa, com o
intuito de compreender o fenômeno acessibilidade, e posteriormente, tabular os
dados decorrentes. Para isso, fez-se uso de questionário com perguntas fechadas,
utilizando o método descritivo com a proposta de colher as informações através da
entrevista aos gestores das instituições pesquisadas para a coleta de dados objetivos.
A pesquisa foi realizada em momento anterior ao período da pandemia causada pelo
coronavírus, que impôs um novo modelo de acessibilidade por via remota (on line).
Além disso, importa verificar a eficácia da legislação vigente, que tem como
foco as pessoas com mobilidade reduzida, analisadas do ponto de vista de par-
ticipação no ambiente escolar, tendo como base teórica deste estudo o Estatuto
da Pessoa com Deficiência, a Lei nº 10.096/2000 e o princípio da equidade, tal
como está apregoado na Constituição Federal de 1988.
O objeto da pesquisa foi delimitado sob a perspectiva de observar local-
mente a prática do exercício de cidadania inclusiva, para compreender globalmente
sobre as garantias de acesso e mobilidade às pessoas com mobilidade reduzida. A
pesquisa foi dividida em dois aspectos, tendo sido reservado ao primeiro deles, a
abordagem sobre a acessibilidade escolar, conceito e características e, para o segundo
aspecto, abordou-se sobre a coleta de dados colhidos e a percepção a respeito das
evidências e informações coletadas.
68
A ACESSIBILIDADE COMO DIREITO HUMANO
ACESSIBILIDADE ESCOLAR
ANÁLISE DE DADOS
A pesquisa foi realizada nas Escolas públicas abaixo indicados, cujo perfil
encontra-se descrito no Quadro 1, a seguir.
Cabe esclarecer que os nomes das escolas foram substituídos na análise
dos dados, com o intuito de facilitar a compreensão a respeito da referida análise:
Quadro 1 - Perfil das Escolas
Nome da Escola Turnos de Quantidade de Quantidade de Séries/Atuação
Funcionamento Alunos Professores
Escola “A” Manhã/Tarde/ 1700 66 Ensino funda-
(Escola Estadual Noite mental e Médio
Murilo Braga)
Escola “B” Manhã/Tarde/ 983 44 Ensino funda-
(Escola Estadual Noite mental, médio e
D r. A u g u s t o de Jovens e adultos
Leite)
Escola “C” Manhã/Tarde/ 280 24 Ensino funda-
(Escola Estadual Noite mental maior
Eliezer Porto)
Escola “D” Manhã/Tarde 300 14 E n s i n o
(Escola Municipal Fundamental
Prof. Maria menor
Elizete Santos)
Escola “E” Manhã/Tarde 197 09 E n s i n o
(Escola Estadual Fundamental
Prof. Izabel menor
Esteves de Freitas)
Escola “F” Manhã/Tarde 165 09 E n s i n o
(Escola Estadual Fundamental
Guilhermino
Bezerra)
Fonte: Produzido pelos autores por meio de pesquisa de campo realizada entre 20/07/2016 e
10/08/2016.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
76
uma sociedade que cresça com base na sobreposição do interesse dos mais fracos aos
dos mais fortes não pode prosperar e está constantemente às beiras de desfazer-se.
No plano concreto, a acessibilidade vem ganhando cada vez mais espaço,
merecendo destaque o interesse do corpo diretivo das escolas públicas da Cidade
de Itabaiana, no Estado de Sergipe que foram objeto da pesquisa, pois, busca
atender cada vez mais às necessidades de alunos que em tempos não muito dis-
tantes eram ignorados e vistos como um problema que deveria ser afastado ou
desconsiderado pela escola. Porém, ainda há muito o que fazer, ao mesmo ponto
que cresce a implantação de novos recursos em prol da acessibilidade, também
ficam mais visíveis as deficiências das escolas em atender um quantitativo cada
vez maior e diversificado de alunos com mobilidade reduzida.
Por outro lado, o engajamento dos profissionais de educação, por meio de
projetos de cooperação entre escolas e professores, potencializa a redução das
desigualdades e do desrespeito aos direitos e garantias de humanização das pessoas
com mobilidade reduzida. Em verdade, ainda há muito o que se fazer para que se
possa dizer que o Município de Itabaiana conquistou uma educação plenamente
acessível, mas, de maneira gradativa, as escolas públicas veem se tornar espaços de
livre acesso e oportunidade onde todos, independentemente de ter dificuldade de
mobilidade ou não, podem construir seu futuro e dar passos largos para construir
uma sociedade livre, justa e solidária. Há esperança!
REFERÊNCIAS
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promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras
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providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm>.
Acesso em: 10 jun. 2021.
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ciência. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm>
Acesso em: 04 jul. 2021.
77
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Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Disponível em: < http://
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cacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192> Acesso em: 04 jun. 2021.
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SECRETARIA ESPECIAL DOS DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA. Acessibilidade.
Disponível em: <http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/acessibilidade-0>. Acesso em: 04 jul. 2021.
78
A IMPORTÂNCIA DE METODOLOGIAS ATIVAS
PARA AULAS INTERDISCIPLINARES
INTRODUÇÃO
29
Graduação em Ciências Biológicas (UEMS). Professora (SME / Lençóis Paulistas – SP).
CV: http://lattes.cnpq.br/3137034024266009
30
Graduação em Letras - Português e Inglês (FACOL). Professora (SME / Lençóis Paulistas – SP).
CV: http://lattes.cnpq.br/0393330516296138
31
Licenciatura em Geografia. Professor (SME / Pratânia – SP).
79
No entanto, para que ocorra uma interdisciplinaridade, é necessário que
as disciplinas conversem entre si, e que os conteúdos a serem ensinados estejam
interligados. Contudo, também se torna necessário a existência de profissionais
capacitados, ou seja, um professor que conheça bem sua disciplina e esteja disposto
a trabalhá-la de modo dinâmico com as outras áreas correlatas, explorando a capa-
cidade de discernimento dos alunos o máximo possível em relação a construção
de seus conhecimentos (FORTES, C.C. 2009).
Objetivando alcançar um maior índice de desenvolvimento intelectual,
sendo este, profissional e pessoal dos estudantes, o presente projeto buscou por
meio da interdisciplinaridade e das diversas metodologias, ensinar os alunos da
Escola Estadual Virgílio Capoani / Lençóis Paulista - SP, a realizarem pesquisas
e desenvolverem técnicas experimentais em Laboratório e em Campo, com segu-
rança tanto para os monitores como para a comunidade escolar, e com seriedade e
responsabilidade. Tornando os preparados para o mercado de trabalho, capacitados
para a realização de pesquisas científicas, análises de materiais e outras atribui-
ções cabíveis no que lhes foram ensinados. Contribuindo assim, em um maior
entendimento por parte dos alunos acerca da importância do estudo de Química,
Biologia, Geografia e as línguas Portuguesa e Inglesa, para o seu desenvolvimento.
DESENVOLVIMENTO
CONSIDERAÇÕES
Tendo em vista os resultados adquiridos, podemos concluir que estas aulas foram
e continuarão sendo de grande acréscimo a comunidade em seu total e que o prota-
gonismo juvenil está sendo cada vez mais valorizado. Isso se deve ao fato de a maioria
das vezes serem os estudantes a darem grandes ideias, o que torna possível expandir os
85
seus conhecimentos através das práticas além da teoria. O progresso destes estudantes
dia após dia é visível nas aulas teóricas, em laboratório e de campo, como as visitas a
zoológicos, trilhas ecológicas e outros futuros cursos, sendo de grande aprendizado e
experiência, tornando-os preparados e capacitados para o mercado de trabalho.
O projeto teve como foco, além de contribuir de forma ativa no conhecimento
dos alunos acerca dos conteúdos ministrados em sala de aula, dar-lhes oportunidade de
pleno desenvolvimento e crescimento profissional, podendo ainda, contribuir com aqueles
que mais merecem e precisam de estímulos, incentivando-os a interação social. Visou
também, a interdisciplinaridade dos componentes curriculares envolvidos e o desenvol-
vimento do estudante, enquanto aluno e contribuidor de conhecimento na sociedade
onde se encontra. Auxiliando-o a ter um contato mais aprofundado com a o conteúdo
a ser aprendido para que consigam interpretar e compreender com mais facilidade o
objetivo da prática e seu resultado, que é positivo para sua vida e sua carreira em sociedade.
REFERÊNCIAS
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VIDUAL.” Anuário Pesquisa e Extensão Unoesc Chapecó 4 (2019): e21361-e21361.
86
DIFICULDADES DE ALUNOS SURDOS EM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO NO
CONTEXTO PANDÊMICO
INTRODUÇÃO
CV: http://lattes.cnpq.br/6624168203166513
87
um remédio, tratamento ou vacina conhecidos nos colocou em um momento de
crise em nível mundial, afetando-nos nas áreas de saúde, economia, política e
inclusive a educação. Alguns cuidados foram sendo tomados, como as regras de
isolamento social e de permanência em quarentena para a diminuição da prolife-
ração do vírus, que em alguns casos é mortal.
Este trabalho divide-se em três tópicos: no primeiro tópico aborda-se breve-
mente a história da educação dos surdos no Brasil, uma história de luta contínua
a fim de um direito básico, o direito à educação. Ressalta-se, neste contexto, o
reconhecimento da Libras com o status de Língua em 2002, com a regulamen-
tação da lei nº 10.436 e as mudanças impulsionadas na formação de professores
habilitados para o ensino de Libras, fato que nos move a buscar formação.
Segue um segundo tópico abordando as principais dificuldades que alunos
de programas de pós-graduação vivenciam, por meio de breves narrativas enviadas
pelos colaboradores, que nos contam as barreiras linguísticas e as dificuldades
que todos e quaisquer alunos que buscam por formação enfrentam. O terceiro
tópico trata das dificuldades relatadas anteriormente somadas à atual conjuntura
pandêmica, quando o isolamento social e o ensino remoto agravam e apresentam
novas dificuldades; como também as impressões e sentimentos aflorados pela
autora, aluna surda do programa de pós-graduação em ensino, o POSENSINO.
89
Nesses mais de 100 anos de Lutas, as comunidades surdas não se calaram
diante das dificuldades. Apenas em 2002, com a Lei 10.436, que se reconheceu a
Língua Brasileira de Sinais como língua e forma de comunicação das comunidades
surdas no Brasil e foi a partir dela que avanços e mudanças efetivas aconteceram,
principalmente no âmbito educacional. (BRASIL, 2002).
O Decreto 5.626, de 2005, regulamentou essa Lei, estabeleceu sobre cursos
de formação para o ensino da Libras, criou a graduação em Letras Libras, definiu
prazos e outros. Esses foram os primeiros passos para que os cursos de Letras Libras
surgissem a fim de profissionalizar professores habilitados ao ensino de Libras.
Consequentemente, as comunidades surdas puderam sonhar com uma formação
adequada e condizente com o que almejam, gerando uma popularização e maior
procura dos sujeitos surdos por uma educação de qualidade e estimulando a cria-
ção de cursos de formação em Libras e cursos em que a presença de intérpretes
garantisse a acessibilidade. As associações também fortaleceram a comunidade
Surda. Estudos linguísticos e literários em/sobre Libras surgiram, possibilitando
que estes sujeitos contem suas histórias e registrem sua forma de perceber o mundo,
em suma, a sua cultura. “A intenção de trazer para este espaço a cultura surda, uma
cultura contestada e periférica, e captar como ela adentra como espaço da história
cultural, é necessária.” (STROBEL; PERLIN, 2014, p. 24).
Mostrar esse percurso histórico fortalece nossa construção cultural, enfren-
tar as dificuldades e criar espaços para discuti-las é salutar. Apesar dos avanços
advindos com a lei, ainda há muito o que lutar até se obter uma educação bilíngue
para os surdos e a aceitação de fato da cultura surda. A necessidade de aceitação e
respeito da comunidade surda em sua especificidade corrobora com o que Strobel
(2008, p. 30-31) afirma, que “[...] uma cultura é um conjunto de comportamentos
apreendidos de um grupo de pessoas que possuem sua própria língua, valores,
regras de comportamento e tradições.”
As maiores dificuldades enfrentadas na educação e as resistências para viver
em sociedade envolvem os seguintes agravantes:
1) Quanto à comunicação: por viver em uma sociedade majoritariamente
ouvintista, a língua de sinais, que é de modalidade visual, ainda não tem o seu
espaço legitimado e é uma língua ainda bastante desconhecida pelas pessoas
ouvintes, gerando diversas barreiras comunicacionais;
91
Sujeitos surdos, além de enfrentarem essas mesmas dificuldades dos ouvintes,
enfrentam também os percalços de fazerem uma pós-graduação em uma língua dife-
rente da sua língua materna. Elencar essas dificuldades é ponto central deste trabalho.
Acessar as respostas enviadas pelos sujeitos da pesquisa, em que expõem
suas dificuldades enquanto alunos de mestrado, nos faz perceber as dificuldades
e os anseios. Essas dificuldades são tema recorrente nas rodas de conversa, sendo
citado como fator de exclusão e sentimentos de injúria.
Ao dialogar com esses colegas, perguntamos sobre: “Da época em que você
era aluno de programas de mestrado, poderia resumir elencando as principais
dificuldades que encontrou, os sentimentos que te desafiaram?” A conversa foi
informal e registrada via Whatsapp, pois, devido à pandemia do novo coronavírus,
os contatos pessoais diretos eram desaconselhados nesse momento.
Então minhas principais dificuldades foram três, a primeira era com a
interpretação, pois os intérpretes pouco conheciam, eram novos na área e de
nível médio, então experiência com o mestrado eles não tinham, por isso seus
vocabulários eram simples. As leituras eram muitas, e exigia de mim um
esforço muito maior para as pesquisas complementares. E o tempo que era
reduzido também por causa do deslocamento para ir às aulas. Mas mesmo
com as dificuldades eu me esforcei e passei por essa fase de minha formação,
em casa eu aproveitava cada tempinho para ler e pesquisar, confesso que
não aprendi tudo, muita coisa se perdeu em meio a essas dificuldades, mas
eu consegui finalizar. (LUCIANA, 2020).
Comecei no ano de 2017, foi pelo POSENSINO, que surgiu de uma parceria
de três instituições: a UFERSA, o IFRN e a UERN, na cidade de Mossoró.
O começo pra mim foi bem difícil, eu estudava e trabalhava em cidades
diferentes, então me deslocava para conseguir conciliar as duas coisas. O
grupo de alunos e professores me conheciam e sabiam que eu sou surdo, então
as interações me ajudavam a entender melhor as aulas, porque de início
eu não entendia, mas eu buscava, pesquisava temas, realizava estudos a
fim de chegar aos conhecimentos. Com o passar do tempo, consegui também
a ajuda de intérpretes que se solidarizavam, mas eram ocupados, pois os
intérpretes de instituições tinham os seus cronogramas de trabalho, mas,
mesmo assim, voluntariamente me ajudavam. Seria bom a POSENSINO
ter em suas proposta a garantia desse auxílio contratando profissionais para
dar esse suporte, pode ser um surdo ou intérpretes próprios.
Outra dificuldade foi o tempo, sei que essa dificuldade todos passam, mas
para os usuários do português, o exercício de leitura e escrita é mais uni-
92
forme, pois já conhecem a estrutura da língua, mas para eu poder conseguir
demorou mais, mas eu não parei ou esperei ajuda, eu continuei até conseguir.
(MARCOS, 2020).
94
RELATO PESSOAL DA PRIMEIRA AUTORA DO TRABALHO
96
Contudo, não tive a mesma ajuda nas demais disciplinas, não recebi esses apoios
tão importantes nas interações com trocas de e-mails, mensagens, etc.
Um fato interessante desse atual momento, estão acontecendo muitos
eventos on-line sobre temas diversos e interessantes com interpretação em Libras.
Diferente do que acontecia presencialmente, ao ir a eventos e palestras e, me
deparar com a falta de intérpretes. Mesmo para obter informações básicas falta
o acesso em Libras, inclusive nos eventos em que me inscrevo e indico a neces-
sidade de interpretação. A inclusão linguística não acontece ainda plenamente,
os colegas ouvintes participam e eu me sinto obrigada a participar como eles,
mas falta esse cuidado por parte de alguns eventos para com os alunos surdos.
Percebo que os eventos on-line estão buscando se adaptar para res-
peitar a inclusão linguística que os surdos necessitam. Há participação da
comunidade surda de todo o Brasil, pois há interesse em buscar informações.
Se, nas aulas e eventos locais nos programas de pós-graduação, tivessem esse
mesmo cuidado que nos eventos online, poderiam estimular os alunos surdos
a se sentirem mais incluídos e motivados, estimulando mais comprometi-
mento e diminuindo as dificuldades.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de
2002, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Diário Oficial da União, 2005. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5626.htm. Acesso em: 26 jul. 2022.
BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras e dá
outras providências. Diário Oficial da União, 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cCivil_03/
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GOLDFELD, Marcia. A criança surda – linguagem e cognição numa perspectiva sociointeracionista. 2.
ed. São Paulo: Plexus, 2002.
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QUADROS, R. M. Educação de Surdos: a aquisição da linguagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
QUADROS, R. M.; PERLIN, G. Estudos surdos II. Petrópolis: Arara Azul, 2012.
STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis: Editora UFSC, 2008.
STROBEL, Karin; PERLIN, Gladis. História cultural dos surdos: desafio contemporâneo. Educar em
Revista, Curitiba, Edição Especial n. 2, p. 17-31, 2014.
STROBEL, Karin; PERLIN, Gladis. Fundamentos da educação de surdos. Universidade Federal de Santa
Catarina. Florianópolis: Licenciatura em Letras/Língua Brasileira de Sinais, 2008.
97
TODOS PELA EDUCAÇÃO. Ensino a distância Educação Básica frente à pandemia da Covid-19. Nota
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source=conteudo-nota&utm_medium=hiperlink-download. Acesso em: 23 jul. 2020.
VILLEGAS, Maria Margarita. La perspectiva histórico-cultural y su impacto sobre la investigación de la
docencia. Revista Actualidades Investigativas en Educación, v. 14, n. 1, p. 1-17, 2014.
98
VIVÊNCIAS DE ALUNOS(AS) EM UM PROJETO DA
UNIVERSIDADE ABERTA DA PESSOA IDOSA
INTRODUÇÃO
No Brasil, as pessoas chegam à fase idosa da vida aos 60 anos de idade, tendo
percorrido as fases da infância, adolescência e adulta. O envelhecimento humano
ocorre ao longo da vida da pessoa e possui características comuns e particulares
a esta população: comuns quando este processo é analisado quanto às mudanças
morfofisiológicas decorrentes do processo natural de desgaste e degeneração dos
componentes orgânicos do corpo humano e particular, num processo chamado
de diferencial, quando as características dessas degenerações ocorrem de forma
diferente para cada pessoa (PARENTE; OLIVEIRA JUNIOR; et al., 2009).
Com o avanço da ciência, em diversas áreas, a expectativa de vida humana vem
aumentando progressivamente, e o envelhecimento demanda de ações políticas, econô-
micas e sociais. Neste sentido, o envelhecimento humano possui algumas designações:
ele pode ser usual ou normal, bem-sucedido (ou ótimo) e com patologias (NERI,
1993). A depender de diversos fatores, a fase idosa da vida pode ser vivida com saúde
ou, ao contrário, caso a pessoa em desenvolvimento não tenha adotado bons hábitos
de saúde, como uma boa alimentação, atividades físicas, atividades educacionais que
35
Doutora em Educação Física (UFPR). Professora Associada do Curso de Musicoterapia da UNESPAR.
CV: http://lattes.cnpq.br/8495637038816664
36
Doutorando em Educação (UFPR). CV: http://lattes.cnpq.br/8074053185010280
37
Mestranda em Educação (UFPR). CV: http://lattes.cnpq.br/5108830728623771
38
Doutorando em Educação (UFPR). Professor Assistente do Curso de Musicoterapia (UNESPAR).
CV: http://lattes.cnpq.br/9826437349331237
39
Graduando do Curso de Musicoterapia (UNESPAR). CV: http://lattes.cnpq.br/5563267966456985
40
Graduanda do Curso de Musicoterapia (UNESPAR). CV: http://lattes.cnpq.br/4305706862894916
41
Doutorando em Educação (UFPR). Professor Assistente do Curso de Musicoterapia (UNESPAR).
CV: http://lattes.cnpq.br/1619832393419485
42
Doutor em Educação Física (UNICAMP). Professor Associado do Curso de Educação Física (UFPR).
CV: http://lattes.cnpq.br/6294139982602854
99
possibilitem a manutenção cognitiva, estará com uma grande possibilidade de ter
uma péssima experiência na maturidade, que além dos prejuízos físicos e cognitivos,
poderá adicionar o sofrimento psíquico e depressão (GOMES, 2019).
Atividades educacionais específicas para idosos vêm sendo desenvolvidas há
muito tempo, buscando um melhor bem-estar e qualidade de vida para esta população,
e este movimento educacional é um fenômeno considerado particularmente humano.
Para Oliveira, Scortegagna e Oliveira (2015), a educação posiciona o ser humano
como um ente histórico e social no mundo, contribuindo para seu desenvolvimento.
Neste sentido, a primeira experiência ocorreu no século XVIII (em 1727), nos
Estados Unidos da América, utilizando o ensino religioso com o propósito de desenvolver
a cidadania. Por fim, em 1960 (na França) foi criada a primeira Universidade do Tempo
Livre, que buscava utilizar de diferentes atividades culturais para melhoria do bem-estar
dos idosos, que proporcionou o movimento de criação das Universidades da Terceira
Idade em todo o mundo (OLIVEIRA, SCORTEGAGNA e OLIVEIRA, 2015).
No Brasil, ainda são poucas as referências do docente nesses espaços, espe-
cialmente em relação à sua experiência e às práticas adotadas nas aulas. O primeiro
relato sobre metodologias e formação destinadas a professores de um programa de
Universidade da Terceira Idade encontra-se na dissertação de Alves (1997), em que
defende que a questão pedagógica pode ser frágil se adotada apenas a transposição
de métodos de ensino aplicados nos cursos de graduação e pós-graduação, aspecto
este inadequado ao ensino de pessoas idosas (CACHIONI, 2015).
Portanto, além da experiência dos docentes da UAPI, o intento primeiro
deste relato é fazer compreender os significados das vivências dos alunos no con-
texto educacional da universidade da pessoa idosa.
METODOLOGIA
ANÁLISE DE DADOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 1 – Grafo de similitude das palavras que emergiram nas falas dos participantes do 1º e 2º
semestres da UAPI
Professor, foi uma experiência maravilhosa para mim a tal ponto que
abandonei algumas atividades só para me concentrar na UAPI.
102
Como se vê, mais uma vez, a possibilidade de criar perspectivas também
trouxe a consciência de um tempo futuro para aprendizagens. Já sob o ponto de
vista do que fora vivenciado, o contentamento com o relato também é visível na fala:
Olá prof., gostei muito, me surpreendi positivamente com o curso. Em vários
momentos me emocionei a ponto de não conseguir segurar o choro. Lembranças
de meus pais, meu irmão falecido que amei e amo tanto. Porém, o contato com
meus sentimentos por meio dos sons, do cantar, de lembrar quando criança, meus
irmãos e meus pais sentados na cama pra escutar novela no rádio (o direito de
nascer). E tantos outros sons e músicas me fizeram me sentir melhor comigo
mesma. Conhecer a voz (bendita bacia) me ensinou o cuidado da pronúncia e no
tom de voz. Me trouxe segurança e uma sensação. Parabéns a todos professores.
103
professores pela entrega!! Obrigado amigos, foi lindo poder compartilhar
esse tempo!! Escrevemos um lindo capítulo da nossa história nesta data!!!
A liberdade instituída com a UAPI a esses idosos, perpassa por essas situa-
ções, e em contato com outros indivíduos promove a comunhão, explícita na vida
social estabelecida pela UAPI, além das aulas (shows, festas, concertos musicais)
e, por esta razão, vai ao encontro ao que Freire diz sobre o fator “liberdade em
comunhão” ativa com outras pessoas: “Ninguém liberta ninguém, ninguém se
liberta sozinho: os homens se libertam em comunhão” (FREIRE, 1987, p. 29)
Nesta perspectiva, a construção do aprender, do ensinar, do aprender ensinando
e do ensinar aprendendo, foi uma das tônicas dos encontros educacionais na UAPI e,
certamente, a troca de percepções e saberes foram reveladoras para docentes e discentes,
um movimento de consciência coletiva a partir de uma postura inclusiva e que privile-
giou todos os possíveis níveis de interações entre todos os participantes. Os momentos
e os espaços de aprendizagem nos encontros foram marcados pelo reconhecimento dos
territórios que constituíam uma visão crítica sobre o real cenário das aprendizagens.
Observa-se que as atividades ofertadas pela Universidade Aberta da Pessoa
Idosa (UAPI), trilham por um caminho positivo enquanto espaço de socialização,
de resgate da cidadania na velhice e valorização das trocas de experiências e do
conhecimento. Diante deste panorama, a UAPI se destaca na participação e inter-
-relação ativa dos idosos e coparticipativa em suas proposições e, no decorrer de
suas atividades, principalmente nos encontros durante as aulas, buscou-se trazer
à memória questões passadas e até mesmo emocionantes para os participantes,
suas histórias criativas, suas produções, seus conhecimentos, suas potencialidades.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
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idade: contribuições para a qualidade de vida de idosos. Revista Conexão - UEPG, Ponta Grossa, v. 11, n. 1,
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CACHIONI, M., et al. Metodologias e Estratégias Pedagógicas utilizadas por Educadores de uma Uni-
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Paraná, Curitiba, 2019.
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OLIVEIRA, R. D. C. D. S.; SCORTEGAGNA, P. A.; OLIVEIRA, F. D. S. UNIVERSIDADES ABER-
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Porto Alegre: Penso, 2013.
106
A SEQUÊNCIA DIDÁTICA COMO FERRAMENTA DE
INTERVENÇÃO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DA
PRODUÇÃO ESCRITA NO ENSINO MÉDIO
INTRODUÇÃO
Discutir sobre o ensino de língua materna é uma questão que, a meu ver,
deve ser sempre pauta de discussão. Leurquin (2020) e Mendonça (2006) são
exemplos de algumas referências importantes que vêm dando suas contribuições
para o ensino de línguas; a discussão tecida, neste relato de experiência, vai, exa-
tamente, ao encontro dos estudos dessas teóricas. A temática deste relato está,
portanto, situada no campo do ensino e da aprendizagem de línguas, focalizando
o eixo de ensino da produção de texto.
As reflexões suscitadas, neste relato de experiência, são um desdobramento
de uma pesquisa de Doutoramento (DODÓ, 2020)44, cujo objetivo geral era
analisar a coesão nominal e a conexão na produção do gênero textual Redação
do Enem de alunos ingressantes no Ensino Médio, considerando os efeitos de
sentido desses mecanismos de coesão para garantir a progressão temática; e,
como perguntas norteadoras da pesquisa, elaboramos duas: I) que dificuldades
o estudante ingressante no Ensino Médio enfrenta ao produzir textos coesos,
quando é submetido a escrever textos dissertativo-argumentativos? II) de que
maneira o estudante ingressante no Ensino Médio se apropria dos elementos
linguístico-discursivos materializados na coesão nominal e na conexão e os
utiliza em textos dissertativo-argumentativos?
Para a produção deste relato, concentro-me em apresentar, em linhas
gerais, alguns dos achados revelados na Tese de Doutoramento, respondendo aos
questionamentos-chave de pesquisa, fortalecendo as discussões relacionadas ao
43
Doutor em Linguística (UFC). Professor (SEDUC-CE). CV: http://lattes.cnpq.br/6002586478534594
44
Este relato é um desdobramento que fazemos da Tese de Doutoramento (DODÓ, 2020), intitulada: A coesão nomi-
nal e a conexão no gênero textual redação do Enem produzido por alunos ingressantes do Ensino Médio; foi defendida
no Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal do Ceará, sob a orientação da professora Dra.
Eulália Leurquin; essa pesquisa contou com o apoio financeiro (Bolsa de estudo) da Fundação Cearense de Apoio ao
Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FUNCAP.
107
ensino de língua materna, sobretudo, no que tange à aprendizagem da produção
escrita no contexto de sala de aula no Ensino Médio45.
Para investigar os usos desses elementos coesivos nos textos dos alunos,
trago como aporte teórico a epistemologia do Interacionismo Sociodiscur-
sivo representada nas ideias de Bronckart (1999), uma vez que a linguagem,
para ele, deve ser entendida como atividade que media as ações sociais, per-
mitindo a interação/comunicação entre os interactantes a partir de gêneros
textuais utilizados em seus contextos de produção específicos. Além da teoria
do ISD, para me aprofundar na caracterização, na descrição e na definição
dos tipos de coesão nominal e de conexão, recorro aos estudos propostos por:
Bronckart (1999) e, principalmente, Adam (2011)46. Para que seja possível
dar conta do objeto de estudo, na metodologia, fiz uso de uma ferramenta
importante: a Sequência Didática (DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY,
2004), já que esta pesquisa tem caráter interventivo, a Sequência Didática é
usada, pedagogicamente, no processo de ensino e aprendizagem, visando sanar
os problemas diagnosticados na escrita dos estudantes quanto à organização
da progressão temática textual.
METODOLOGIA
A SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Para realizar esta etapa da nossa pesquisa, elaborei uma Sequência Didá-
tica (doravante SD) - com foco no estudo da progressão temática, especi-
ficamente no uso dos mecanismos de textualização – a coesão nominal e a
conexão no gênero redação do Enem. Sobre SD, Dolz, Noverraz e Schneu-
wly (2004) a conceituam como um:
[...] conjunto de atividades pedagógicas organizadas, de maneira
sistemática, com base em um gênero textual. Estas têm o objetivo de
dar acesso aos alunos a práticas de linguagens tipificadas, ou seja,
de ajudá-los a dominar os diversos gêneros textuais que permeiam
nossa vida em sociedade, preparando-os para saberem usar a língua
nas mais variadas situações sociais, oferecendo-lhes instrumentos
eficazes para melhorar suas capacidades de ler e escrever (DOLZ;
NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004, p. 81, grifo nosso).
109
Figura 01 – Mapa conceitual da estrutura e composição das SD
110
Análise da Atividade interventiva: a progressão temática a partir da
coesão nominal e da conexão no gênero redação do Enem
Nesta aula, analisei uma redação do Enem. Ela serviu para trabalharmos a
estrutura/composição do gênero redação do Enem e analisarmos como a coesão
nominal e a conexão são usadas no texto para construir a progressão do tema,
que era “A persistência da violência contra a mulher no Brasil47”.
Considerando o tema que motivou a produção escrita, como palavras-
-chave do tema, temos: 1. Persistência; 2. Violência contra a mulher; 3. Brasil.
Desse modo, falar somente sobre “violência contra a mulher” ou somente sobre
“violência contra a mulher no Brasil”, significa que a temática não foi bem
compreendida, pois umas das palavras-chave é persistência. Assim, para que o
aluno demonstre compreensão total, ele precisa defender uma tese que fale da
persistência da violência à mulher no país.
Tendo contextualizado essa discussão feita sobre a compreensão do tema
com os alunos, passamos para a estruturação e organização do gênero.
Fizemos uma leitura cuidadosa, a fim de analisar como o tema foi desen-
volvido no texto do autor. O tema do texto foi assim dividido: na INTRO-
DUÇÃO (contextualização do tema + estabelecimento de um ponto de vista
(Tese), a autora: contextualiza o tema, situando o problema da persistência da
violência contra a mulher no Brasil; cita onde essa violência acontece; cita os
tipos de violência; estabelece sua tese. Para a produtora do texto, a persistência
é fruto: I) da negligência do Estado e II) e da negligência de instituições for-
madoras de opinião. No DESENVOLVIMENTO (seleção e organização de
argumentos para defesa de seu ponto de vista (Tese), a autora contextualiza os
tipos de violência existentes e a cultura machista no século XX, que perdura até
os dias atuais; mostra que, de acordo com os jornais nacionais, a violência contra
a mulher vem aumentando nos dias de hoje, e o Estado é negligente quanto a
esse descuido, retomando, assim, o elemento I) da tese; a autora retoma o ele-
mento II) da tese, afirmando que, embora exista uma Lei específica para esse
tipo de violência, muitas mulheres desconhecem essa informação. Assim, afirma
que há pouco estímulo do Estado e das instituições formadoras de opinião na
divulgação dessas informações, contribuindo para a não realização de denúncias.
Na CONCLUSÃO (sugere proposta de intervenção do problema articulada
47
Para poder ter acesso ao texto, disponibilizamos o link de acesso: https://www.imaginie.com.br/enem/
temas-de-redacao/a-violencia-contra-a-mulher.
111
à discussão do texto), a autora propõe que o Estado invista mais nos direitos
das mulheres, no sentido de punir, efetivamente, os agressores; este elemento
da proposta retoma o argumento de defesa I), que retoma o elemento I) da
tese; também é sugerido que as instituições formadoras de opinião: escolas e
universidades, juntamente às famílias, realizem palestras que debatam sobre a
existência e as consequências do feminicídio, fomentando o respeito mútuo e a
luta contra o machismo. Este elemento II) da proposta de intervenção retoma
o argumento de defesa II), que retoma o elemento II) da tese. Nesse sentido, é
que podemos falar de proposta articulada à discussão do texto.
Essa análise da composição do gênero e da organização e progressão do
tema é importante, uma vez que funciona como um bom modelo de texto para
os alunos de compreensão do tema e de construção e elaboração do gênero
redação do Enem. Após essa análise, focamos nas formas de coesão, a fim de
garantir a progressão do tema.
À guisa de demonstração, mostrarei como a autora retoma as palavras-
chave do tema ao longo dos cinco parágrafos em seu texto.
Formas remissivas
Persistência “Todos os anos” (linha 1);
“Tão vigente” (linha 7);
“não é um assunto inédito” (linhas 8 e 9);
“Décadas depois” (linha 12);
“A situação não é diferente” (linhas 12 e 13);
“O assassinato do grupo feminino aumenta a cada ano” (linhas
13 e 14);
“Diversas mulheres continuam submetidas à violência diária”
(linhas 18 e 19);
112
Violência contra a mulher “Milhares de mulheres são vítimas da violência” (linhas 1 e 2);
“Em vários casos” (linhas 2 e 3);
“Elas são agredidas” (linha 3);
“Essa situação” (linha 4);
“Tal realidade” (linha 6);
“A violência contra a mulher” (linha 8);
“brasileiras (...) que eram submetidas a abusos sexuais ou não”
(linhas 10 e 11);
“A situação” (linha 12);
“O assassinato do grupo feminino” (linha 14);
“Diversas mulheres continuam submetidas à violência diária”
(linha 18 e 19);
“Sofrimento das vítimas” (linhas 25 e 26);
“A existência e as consequências do feminicídio” (linhas 27 e 28);
“A luta pelo fim do machismo” (linha 30).
No Brasil “No Brasil” (linhas 1, 9);
“Território nacional (linha 7);
“O Estado (linhas 5, 14, 22, 23);
“Realidade de brasileiras” (linha 10);
“Jornais nacionais” (linha 14);
“Lei Maria da Penha” (linha 18);
“Instituições formadoras de opinião” (linhas 5, 23, 26);
“Esses institutos” (linha 28);
Tendo feito com os alunos tal análise do quadro, pudemos notar a riqueza
de repertório de formas remissivas das unidades fontes e como esses elementos
podem contribuir com a manutenção do tema.
Essa mesma função de manutenção do tema pode ser notada pelo uso das
conexões, conforme demonstrarei como recorte o primeiro parágrafo:
1.Todos os anos, no Brasil, milhares de mulheres são vítimas da
2.violência em ambientes domésticas, escolares e de trabalho. Em
3.vários casos, elas são agredidas, física e psicologicamente, por seus
4.parceiros, que as ameaçam constantemente, e têm medo de
5.denunciá-los. Essa situação é fruto de certa negligência do Estado e
6.de instituições formadoras de opinião no que diz respeito à
7.escassez de medidas para combater tal realidade tão vigente em
8.território nacional.
Tomando este parágrafo como exemplo dos usos de conexões, podemos citar
alguns exemplos de recursos de conexão, conforme apresentados a seguir:
113
“Todos os anos” (linha 1) Funcionado como adjunto adverbial de tempo.
“No Brasil” (linha 1) Funcionando como adjunto adverbial de lugar.
“por” (linha 3) Preposição indicando um agente de determinada ação.
“que” (linha 4) Funcionando como pronome relativo, retomando ao
termo antecedente.
“e” (linha 4) Conjunção coordenativa, com função de justaposição.
“Essa situação” (linha 5) Funcionando como encapsulamento anafórico.
“e” (linha 5) Conjunção coordenativa, com função de justaposição.
“No que diz respeito à” (linha 6) Marcador argumentativo de mudança de tópico.
“para” (linha 7) Função de subordinação, estabelecendo sentido de
finalidade.
Após ter trabalhado a compreensão temática, a composição do
gênero e os usos de coesão nominal e de conexão, passarei à análise
da primeira produção do Aluno A.
114
3 parágrafo Afirma que a própria mãe ajuda o agressor a abusar da vítima; comenta que
a criança tem medo de denunciar;
4 parágrafo Defende que a denúncia é um meio eficaz de combater, de prevenção e de
proteção contra os abusos; e lembra que existem órgãos público para acolher
a criança, vítima de abuso sexual.
A partir da análise das ideias de cada parágrafo, podemos notar que
o aluno demonstra dificuldade em desenvolver a progressão temática, uma
vez que não é o bastante apenas situar o tema do texto a partir de cadeias
anafóricas; é necessário compreender que a progressão do tema de um
texto também tem relações com a estrutura e a composição do gênero de
texto. Neste caso, o aluno, em seu primeiro parágrafo, reconhece a existên-
cia do grande número de violência sexual infantil, contudo não situou a
discussão no cenário brasileiro.
Nos parágrafos seguintes, o aluno não demarca explicitamente, em seu
texto, seu posicionamento, apenas afirma, no segundo parágrafo, que a maioria
dos casos de abuso sexual acontecem, dentro da própria casa das vítimas, e são
praticados por pessoas de seu convívio; no parágrafo seguinte, afirma que a
mãe de que quem sofre o abuso, muitas vezes, é a principal responsável, uma
vez que é conivente com a situação. E finaliza seu texto falando da necessi-
dade de denunciar e da existência de órgãos que protegem crianças e adoles-
centes vítimas de abuso sexual.
É preciso considerar que, em seu texto, o aluno, por não estabelecer um
ponto de vista que deverá ser retomado nos parágrafos de desenvolvimento,
para que seja defendido, já mostra uma fragilidade quanto ao desenvolvimento
do tema, pois não ficou claro o que ele está defendendo. Assim, a proposta de
intervenção que deveria estar articulada à discussão do texto confirma a dificul-
dade do aluno em desenvolver a temática dentro do gênero exigido.
A seguir, analisarei os processos referenciais construídos pelos usos dos
tipos de coesão nominal para articular as suas ideias, além de destacarmos os
principais usos das conexões usados pelo aluno.
Para retomar a unidade fonte: “Abuso sexual”, o aluno utiliza as seguintes
expressões: “o abuso sexual” (linhas 1,2,3) - anáfora fiel; “o segundo maior tipo
de violência” (linha 2) - anáfora infiel; “a maior parte das denúncias” (linha 2) -
anáfora associativa; “a maior parte das agressões” (linha 4) - anáfora infiel; “os
agressores” (linha 5) - anáfora associativa; “medo” (linha 8) - anáfora associativa;
“a denúncia” (linha 10) - anáfora associativa; “delegacias” (linha 12) - anáfora
115
associativa; e ainda, para retomar a unidade fonte: “Infantil”, faz uso de: “infantil”
(linha 2) - anáfora fiel; “a criança” (linhas 4,3,8) - anáfora infiel.
O quadro que segue apresenta nossa análise referente aos usos
das conexões no texto do aluno:
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
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São Paulo: Cortez, 2011.
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Tradução Anna Raquel Machado, Péricles Cunha. São Paulo: EDUC, 1999.
119
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Interacionismo Sociodiscursivo em foco: reflexões sobre uma teoria em contínua construção e uma práxis
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(org.). Português no Ensino Médio e Formação do Professor. 1. ed. São Paulo: Parábola, 2006, p. 199-226.
120
ENSINO DE MATEMÁTICA DURANTE A PANDEMIA
NA ESCOLA ESTADUAL GABRIEL PRESTES
Fernando Froes48
INTRODUÇÃO
48
Doutorado em andamento em Ciências e Engenharia de Materiais (USP). CV: http://lattes.cnpq.br/7964319714020272
121
DESENVOLVIMENTO
122
chance de contágio e é uma opção para garantir o funcionamento seguro do polo
presencial (BRASIL, 2020b; CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO, 2020).
No século XXI há necessidade de desenvolver autonomia nos alunos,
para que possam atuar no cenário globalizado, com foco na formação por com-
petências. Pereira (2015) confirma a importância de preparar os alunos para o
mundo atual, em que a comunicação é essencial para exercício da cidadania,
política e trabalho. Diante das necessidades do século XXI, também se faz
necessária a formação por competências (PERRENOUD, 1999), com isso, o
futuro tutor e professor deve lecionar de forma que o aluno desenvolva, além
dos saberes exigidos, a capacidade de promover a constante busca e atualização
do conhecimento e suas aplicações.
As metodologias ativas se tornam uma opção atraente para o ensino a distân-
cia, por mostrarem vários resultados positivos, pois desenvolvem o pensamento crí-
tico, valores éticos, trabalho em equipe, autonomia e protagonismo e estão de acordo
com as diretrizes curriculares nacionais (FONSECA; MATTAR NETO, 2017).
Na aplicação dessas metodologias e desses polos os educadores são peça
chave na educação a distância e adaptação na pandemia. Sua valorização, já prevista
na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)/96 em seu artigo 3º,
inciso VII (BRASIL, 1996), necessita de um bom plano de carreira e formação
continuada adequada (CENTRO DO PROFESSORADO PAULISTA, 2018).
METODOLOGIA
123
Qual seria a sua rotina semanal antes da pandemia como coordenadora? E
qual sua rotina atual?
124
A escola tem um Projeto Político Pedagógico (PPP)? Se possível, cite
alguns objetivos do PPP para o relatório. Como fez para que o projeto
fosse cumprido?
125
Para um estudante que será um futuro professor de matemática. Qual(is)
conselho(s) daria?
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2020-06/portaria-define-medidas-preventi-
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POR QUE 89% dos estudantes chegam ao final do Ensino Médio sem aprender o esperado em matemática?
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129
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130
TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO: CONTEXTO HISTÓRICO
FUNÇÃO E SEU PAPEL NOS DIVERSOS ESPAÇOS DA
SOCIEDADE
INTRODUÇÃO
Efetiva da Educação Básica (SME / São Lourenço da Mata - PE). CV: http://lattes.cnpq.br/9801875251250344
131
TECNOLOGIA E CONTEXTO HISTÓRICO
134
FUNÇÃO DA TECNOLOGIA E SEU PAPEL NOS DIVERSOS
ESPAÇOS DA SOCIEDADE
135
[...] a educação que inclui reforça o desenvolvimento das capacida-
des individuais e coletivas, ao mesmo tempo que contribui para o
exercício dos direitos humanos, princípio básico do reconhecimento
e valorização da diversidade. Ser, estar e conviver com o outro são
direitos constitucionais que garantem ao ser humano o exercício de sua
condição humana e, portanto, de sua diversidade, de suas diferenças
(REIS, 2013, p. 78).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
137
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sível. 2013. 278f. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Programa de Pós-Graduação
em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento, Instituto de Economia, 2013.
138
EFEITOS DA GLOBALIZAÇÃO NA EXPANSÃO DA
EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA EM MOÇAMBIQUE
Eva Quembo50
INTRODUÇÃO
O presente capítulo tem como objectivo analisar os efeitos da globalização na
educação em Moçambique, no caso concreto da educação à distância. Constituem objec-
tivos específicos do estudo: compreender a gênese da introdução e expansão do ensino à
distância no país; relacionar a expansão do ensino à distância em Moçambique à globali-
zação; e reflectir sobre as principais limitações da educação à distância em Moçambique.
A introdução e expansão da educação à distância (EaD) em Moçambique está
ligada à necessidade de acompanhamento do rápido desenvolvimento tecnológico,
que possibilita a criação de ambientes virtuais de aprendizagem com maior facilidade
e comodidade de interacção entre os actores do processo, bem como à necessidade de
expansão do acesso aos serviços de educação à outras partes do país, uma vez que o
ensino presencial sozinho não tem tal capacidade.
O capítulo foi desenvolvido sob o enfoque metodológico qualitativo, com objectivos
exploratórios. Na base deste enfoque procuramos aprofundar o conhecimento sobre a
evolução da EaD em Moçambique, seus principais contrangimentos e desafios, bem como
a influência dos modelos de educação à distância de outros países no sistema moçambicano.
Quanto aos objectivos a pesquisa classifica-se como exploratória, feita na base
análise bibliográfica de livros e artigos científicos que debruçam sobre o tema.
O capítulo encontra-se estrutura em quatro partes principais, onde na primeira
parte faz-se a introdução e apresentação do problema em estudo; na segunda parte
são desenvolvidos os principais conceitos ligados a temática em análise, bem como
faz-se a apresentação da situação empírica do caso de Moçambique; na terceira parte
são apresentadas as principais conclusões; e na quarta e última parte apresentamos
as referências bibliográficas.
FORMULAÇÃO DO PROBLEMA
Doutoranda em Ciência Política e Relações Internacionais na Faculdade de Ciências Sociais e Políticas da Universidade
50
Católica de Moçambique.
139
de conhecimento e de aprendizagem, movida pela força do capitalismo global, surge uma
grande demanda por serviços de educação pautados no desenvolvimento de habilidades
e competências globalmente exigidas, de modo a formar indivíduos altamente capazes de
concorrer à vaga de empregos no mercado de recursos humanos cada vez mais globalizado.
De acordo com CAVALCANTI (2007) o desafio da educação na era da globa-
lização não é apenas o de preparar o indivíduo, mas também de prepará-lo educacio-
nalmente para o mercado global, de modo que sejam seleccionados socialmente, com
menor risco de fracasso, com maior probabilidade de realizar trabalhos complexos,
daí que as actividades curriculares e a estrutura organizacional de ensino devem ser
capazes de o capacitar a se adaptar produtivamente a ciência e a técnica transnacional,
através das tecnologias de informação e comunicação (TICs). É nesta senda que se
levanta a seguinte questão de partida: qual é a influência da globalização na introdução
e expansão da educação à distância em Moçambique?
51
FRELIMO (frente de libertação de Moçambique) foi um movimento de libertação, resultante da junção de trãs
movimentos juvenis, que mais tarde no período pós-independência tornou-se um partido político.
52
Como resultado desta iniciativa foram elaborados materiais escritos e programas radiofônicos, que ao serem transmi-
tidos na Rádio Moçambique ganharam popularidades não só para o alvo, mas também, de aqueles que queriam elevar
seus conhecimentos mas não tinham possibilidade de regressar a escola regular (NEELEMAN e NHAVOTO, 2003).
141
Poucos anos depois veio a guerra dos 16 anos, que teve como conse-
quência a destruição de todo sistema de comunicação, agudizaram as dificul-
dades para implemetançao do EaD.
Mais tarde, nos anos 1990 novas experiências voltaram a surgir ligadas a formação
de professores, com a criação do Instituto de Aperfeiçoamennto de Professores (IAP),
com formação 100% à distância, num programa de 7ª + 1, para professores primários
com colaboração do Brasil através do CETEB53, financiado pelo Banco Mundial,
baseado em material escrito (NEELEMAN e NHAVOTO, 2003).54
No ano 2000 é criado o Ministério do Ensino Superior, Ciência e Tecnologia,
cuja prioridade na altura foi desenhar uma estratégia para introdução do ensino a
distância no ensino superior, que mais tarde se expandisse, não só do ensino primário
ao superior, mas tambem abrangesse cursos profissionais, de actualização e formação
contínua. É neste contexto que foi criado o Instituto Nacional de Educação à Distância
(INED), responsável pela coordenação do ensino à distância no país.
Nesta fase foram introduzidos conteúdos sobre tecnologias no currículo do ensino
secundário, consolidação dos programas temáticos no ensino superior e introdução da
educação à distância em instituições públicas e privadas (MOBASSA e ARRUDA, 2018).
No entanto temos que reconhecer que o ponto forte da globalizaçao é a comu-
nicação, e que a aldeia global só se forma graças à comunicação. A medida que a
comunicação desenvolve, mais globalizado o mundo. Assim, uma verdadeira educação
à distância devem sempre ser associados as tecnologias de informação e comunicação55.
Nesta modalidade de ensino, não basta apenas a incorporação dos computadores e
da internet nos conteúdos escolares, pois estas tecnologias são apenas o instrumento
de mediação entre os educadores, o educando e os saberes escolares, daí que a sua
inserção no ambiente escolar depende principalmente da formação do professor, para
que desenvolva uma proposta em que o processo se torne dinâmico e desafiador, mais
também que levar em conta os saberes do aluno, associados ao conhecimento escolar
que torna-se esssencial à construção dos saberes (GAINO e FLORINDO, 2010).
Em Moçambique o EaD é visto como uma estratégia para reduzir as assimetrias
regionais, pois reconheceu-se que o ensino presencial sozinho não seria capaz de resolver
53
Centro de Ensino Tecnológico Brasileiro.
54
Nesta década várias outras experiências surgem como da Universidade Pedagógica de Moçambique (UP), que iniciou a
formação de professores de inglês e francês em colaboração com instituições britânicas e francesas, e mais tarde o Instituto
de Formação Bancária (IFB) criado em 1994, que começa a formação de profissionais da banca online.
55
Entenda-se por Tecnologias de Informação e Comunicação o conjunto de recursos tecnológicos integrados entre si, que
proporcionam por meio de funções de software e telecomunicações, automação e comunicação dos processos de ensino,
parendizagem e pesquisa científica (GAINO e FLORINDO, 2010).
142
os problemas de um país em desenvolvimento. No entanto, a situação actual do EaD em
Moçambique ainda está longe do ideal pois maior parte das instituições que oferecem cursos
nesta modalidade56, embora usem plataformas e-learrning, recorrem a materiais impressos
como suporte ao tecnológico, e os programas de ensino a distância usam, em concomitante,
programas presenciais devido a dificuldade de acesso a tecnlogia por parte dos alunos
(MOBASSA e ARRUDA, 2018). Embora parte dos alunos desta modalidade tenham
acesso aos serviços de internet, muitos deles não fazem o uso pedagógico da internet.
JOANGUETE (2011 p. 67, apud LUMBELA, 2017), apresenta três (3) desafios
fundamentais do EaD em Moçambique: (1) infraestruturas físicas e de telecomunicações
deficiente e sem cobertura nacional; (2) fraca capacidade e habilidade humana trabalhar com
as TICs, dos professores, tutores e alunos, que se revela no fraco domínio dos equipamentos
informáticos, para além da exiguidade dos meios tecnológicos de hardware e software e; (3)
o preço da internet banda larga que é exorbitante, principalmete nas zonas rurais. Verifica-se
também ineficiencia na prestacao de serviços de apoio a estudantes desta modalidade.
Mais recentemente, com o surgimento a eclosão da pandemia da COVID-19,
estas dificuldades tornaram-se mais evidentes. Com o alastramento do vírus, o país foi
abrigado a fechar a porta de suas escolas e universidades, em março de 2020. O grande
desafio que se impunha era o de garantir a continuidade das aulas, nas condições que
as restrições devido a pandemia impunha. Neste cenário, o país adoptou um conjunto
de estratégias como a disponibilização de lições de aulas através dos canais de rádio
e televisão; disponibilização de fichas de exercícios e resumos de aulas através de pla-
taformas digitais especificas, adaptando suas funcionalidades aos diferentes usuários;
aulas virtuais síncronas e assíncronas, dependendo da capacidade de uso e domínios
das tecnologias e disponibilidade de internet por parte dos usuários.
Embora as medidas adoptadas para continuidade das aulas tenham-se mostrado
assertivas, a internet precária e os preços altos da ligação continuaram a ser um obstá-
culo para que esta modalidade de ensino a distância chegasse a todos em Moçambique.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Até 2016, cerca de 11 IES entre públicas e privadas ofereciam programas de EaD, o que representa cerca de 23%, mas
56
REFERÊNCIAS
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144
CURRÍCULO E TECNOLOGIAS: O QUE PODEMOS
FALAR A RESPEITO?
INTRODUÇÃO
CV: http://lattes.cnpq.br/7081942960337328
145
2006). Integrar o TDR nos ambientes escolares por meio do desenvolvimento
contínuo de políticas públicas de inclusão digital, incluindo nacionais, Iniciativa
Nacional de Tecnologia Educacional e políticas internacionais - Metas Educacio-
nais Iberoamericana Organização). Essas políticas visam utilizar a tecnologia como
recurso didático e melhorar a qualidade da educação. Acredita-se que a introdução da
tecnologia nas escolas por si só não é suficiente para que elas integrem os currículos
escolares, passem a fazer parte da prática docente e melhorem a qualidade do ensino.
REFERENCIAL TEÓRICO
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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152
PERSPECTIVAS DE ENFRENTAMENTO DAS CRISES
PESSOAIS E PROFISSIONAIS
Pós-Doutorado (FAJE). Doutorado em Ciências da Religião (Atlantic International Universit – EUA). Professor de
58
EDUCADOR/PROFESSOR EM CRISE
158
Tendo feitas essas considerações é possível perceber que a crise na profissão
de educador apresenta diversos contextos a serem avaliados. Nem por isso essa
reflexão se abstém de buscar possibilidades de enfrentar as crises que afetam o
campo de atuação do professor, especialmente quando este se propõe a se ver como
docente. Nesse aspecto, a motivação para viver o momento de crise profissional e
buscar obter proveito desse momento vem de compreender que é possível rever
práticas e construir melhorias, repensando os processos de formação e de cons-
trução da identidade docente, do ser professor.
Na Bíblia Sagrada existem muitas histórias que falam de crises. Desde Adão,
Eva, Caim, Noé, Abraão, Isaque, José, Moisés, Sansão, Jefté, Saul, Davi, Elias,
Daniel, e vários outros personagens do Velho Testamento enfrentaram crises. O
exemplo de Jó vivenciando uma crise situacional nas cinco áreas vitais – saúde;
família; finanças; amigos; casamento; Abraão e Sara enfrentando mudanças
críticas; Elias em crise existencial achando que fracassou. No Novo Testamento
relata a família de Lázaro, de Jairo, a viúva de Naim, perdendo seus entes queridos,
diversos casos de doenças, dissensões. O que houve em comum, em todas essas
histórias, foi que Deus se fez presente dando a vitória completa após um período
necessário para que houvesse a compreensão e a aceitação.
Embora seja difícil aceitar, as crises da vida podem afetar até mesmo os que
se julgam mais preparados emocional e espiritualmente, inclusive os cristãos mais
159
fervorosos. Todos, um dia, passam por uma luta interna, onde são provados seus
conceitos, princípios e valores, a firmeza de caráter e a fé. Dessa crise ninguém
escapa, nem mesmo o melhor dos líderes. Nem Elias (I Re 19), nem mesmo o
próprio Jesus, especialmente antes de Sua crucificação (Lc 22:39-46) deixaram
de passar por momentos angustiosos. O mesmo ocorreu com os discípulos, com
Pedro, com Paulo e com os primeiros cristãos. Por isso muitas das epístolas foram
escritas com o intuito de auxiliar a enfrentar as crises que, certamente, eles mesmos
enfrentaram e sabiam que todos haveriam de enfrentar.
Jesus nos advertiu que, nesse mundo, teríamos aflições, mas Ele também nos
pediu para termos bom ânimo, pois, garantiu, “Eu venci o mundo”. E, se Cristo
venceu, mesmo que, por amor a Ele sejamos todos os dias entregues à morte, nada
que nos aconteça (incluindo aqui a angústia e as crises da vida) podem nos separar
do amor de Cristo, pois “em todas essas coisas somos mais que vencedores, por
aquele que nos amou” (Rm 8:35-37).
O apóstolo Paulo afirma que devemos olhar para Jesus, autor e consumador
da nossa fé, o qual suportou a cruz e desprezou a afronta para então assentar-se
à destra do trono de Deus. E aconselha a cada um de nós que perseveremos:
“Considerai, pois, aquele que suportou tais contradições dos pecadores contra si
mesmo, para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos. Ainda não
resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado” (Hb 12:2-4).
Não é por serem cristãs que Deus transforma as pessoas em ferro, ao con-
trário, elas continuam a ser humanos de carne e osso, porém, revestidos do poder
do Espírito Santo, confiantemente achegados a Cristo, podem vencer todas as
crises da vida. Da salvação se obtém bênçãos maravilhosas, mas somente se pode
desfrutar dessas bênçãos à medida que ocorre a transformação e a pessoa se deixa
moldar segundo o caráter de Cristo.
Dessa maneira, se passar pelas crises firmados na fé em Cristo, qualquer pessoa
poderá entender o que o apóstolo Paulo quis dizer quando declarou que: “em tudo
somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desesperados” (II Co 4:8).
Por mais difíceis e insuportáveis que pareçam ser as crises que sobrevém a nós,
a Palavra de Deus garante: “Não sobreveio a vocês tentação que não fosse comum
aos homens. E Deus é fiel; Ele não permitirá que vocês sejam tentados além do
que podem suportar. Mas, quando forem tentados, Ele mesmo providenciará um
escape, para que o possam suportar” (I Co 10:13).
160
É importante considerar que as crises fazem parte da vida e que depende
de cada um o como sair delas. A maioria dos cristãos exalta os profetas de
Deus e o poder do Espírito sobre eles; poucos param para pensar sobre as
crises que enfrentaram na vida.
Sepúlveda (1988, p. 86) relata que Ellen White, vista como grande escritora
adventista, mensageira, mãe, esposa, amiga, experimentou lutas e dificuldades,
como mortes de pessoas próximas, enfermidades pessoais, escassez de recursos a
ponto de passar necessidade, críticas e oposições, e tal como os profetas bíblicos,
necessitou da graça divina para continuar confiando incondicionalmente em Deus
para sua salvação. E, de acordo com Knight (1999), porque confiava incondicio-
nalmente em Deus, agia sempre com dedicação, equilíbrio e fidelidade, dando um
testemunho condizente com a fé que professava, apesar das crises que enfrentava.
Tal postura fez com que muitos de seus críticos concordassem que seu cristia-
nismo era exemplar. E é essa autora que apresenta as crises como oportunidades
de crescimento em diversos aspectos da vida. Ela afirma:
O verdadeiro sucesso em cada setor de trabalho não é resultado do
acaso, ou acidente ou destino. É a operação da providência de Deus,
a recompensa da fé e discrição, da virtude e perseverança. Finas
qualidades mentais e alto tono moral não são resultado de acidente.
Deus dá oportunidades; o sucesso depende do uso que delas se fizer.
(WHITE, 1989, p. 100).
Algumas lições que podem ser tiradas das crises possibilitam abrir novos
horizontes e perspectivas na vida. Podem revelar novos amigos, novos negócios;
podem trazer a pessoa para mais perto de Deus; podem mostrar como realmente
somos; podem mostrar com quem realmente nos relacionamos.
As crises são momentos para parar e pensar não apenas em quem ou no que
provocou a crise, mas também no que nós podemos fazer para mudar a perspec-
tiva e a continuidade acontecimentos. Muitas crises são a encruzilhada necessária
para fazer com que tomemos a decisão de mudar o que não tínhamos coragem e
passarmos a viver de uma forma diferente.
Para enfrentar as crises, sugerem-se algumas lições que servem para mostrar
oportunidades de crescimento pessoal e profissionalmente. Os textos bíblicos refor-
çam a importância que a fé em Deus tem para a busca do equilíbrio em meio às crises.
161
a. As crises são oportunidades para libertação ( Jz 6:8-9): “Do Egito eu vos
fiz subir, e vos tirei da casa da servidão; E vos livrei da mão dos egípcios,
e da mão de todos quantos vos oprimiam”;
CONCLUSÃO
Por mais difícil que seja enfrentar as crises que surgem ao longo de nossas
vidas é possível tirar proveito das mesmas. Muitas histórias de superação mos-
tram que até mesmo o mal que nos sobrevém pode ser revertido em benefício. O
importante é que, diante da crise, conservemos a fé e recordemos as promessas de
Deus pra nós, tal como está escrito em Romanos 8:28: “todas as coisas contribuem
para o bem daqueles que amam a Deus” e que, “o choro pode durar uma noite,
mas a alegria vem pela manhã” (Sl 30:5).
Para enfrentar as crises é necessário buscar o equilíbrio nas mais diversas
situações de crise. Nesses momentos, a criatividade é posta em movimento,
desperta a capacidade de compreender, coloca-se o coração e o intelecto mais
próximos de Deus. Mesmo quando não sabemos para onde seguir, o processo de
sofrimento pode servir para conduzir ao despertar quando reconhecemos que,
mesmo em meio às crises, Deus sempre está presente. Desse modo, por mais que
163
a vida seja cheia de contratempos, adversidades e problemas, é possível vencer
as crises e ver nelas oportunidades para crescer em todos os aspectos da vida.
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164
O USO DE MAPAS CONCEITUAIS PARA O ESTUDO
DE TEXTOS CLÁSSICOS DE FILOSOFIA NO
ENSINO MÉDIO
INTRODUÇÃO
O ensino atual passa por uma reformulação conceitual com o advento de novas
tecnologias da informação e da comunicação – TICs, possibilitando inéditas con-
cepções pedagógicas e novas experiências didáticas. Nesse contexto de mudanças, a
aprendizagem significativa e o construtivismo ganham prestígio no meio educacional.
Vários educadores e especialistas em educação concordam que para se alcançar um
ensino de qualidade se deve promover uma aprendizagem significativa. Esse discurso
de aprendizagem significativa, no entanto conflita com a prática docente um tanto
tradicional, mas o discurso é cognitivista, construtivista e de aprendizagem significativa
(MOREIRA, 1997, p. 19). Essa mudança conceitual na prática ainda não ocorreu.
A utilização das novas tecnologias, como o software livre Cmaptools, indi-
cam possíveis recortes e novas maneiras de interagir com os problemas filosóficos
com os quais os estudantes em algum momento se depararão, despertando maior
interesse e melhor aproveitamento através de aprendizados significativos.
CV: http://lattes.cnpq.br/8334075705417477
165
problemas do atual modelo de ensino, anteriormente descritos – visão fragmentária,
carência de leituras textuais e dificuldades dos estudantes em interpretação de textos.
Entende-se por exercício operatório uma atividade na qual o aluno
se coloca como agente solucionador de problemas. Segundo Ronca e
Terzi (apud HONDA, 2011, p. 26):
Quando se fala em exercícios operatórios, o termo operação é definido
por (..) como uma ação mais elaborada e complexa, como, por exemplo:
analisar, classificar, comparar, conceituar, criticar, generalizar e levantar
hipóteses. Para os autores, os exercícios operatórios têm o grande mérito
de romper com as clássicas maneiras de avaliar, bloqueando a dicotomia
entre certo e errado. Esses exercícios têm a intenção de orientar passo
a passo o aluno, deixando sempre explícitos os objetivos das questões
que não são apresentadas de maneira isolada, fragmentada. As ques-
tões propiciam ao aluno que deixe de lado a memorização e comece a
estabelecer relações com base em fatos, fenômenos, ideias, percebendo
que nada disso ocorre isoladamente. Nos exercícios operatórios, os
problemas devem ter relação direta com o conteúdo estudado, sendo
que esse conteúdo não é um fim em si mesmo, mas uma ponte para
pensar e para operar. Desta maneira, há uma grande distância entre
decorar um conteúdo (por exemplo, quais são os nomes dos processos
de separação de mistura) e compreender o significado desse conteúdo
para a vida. Tais exercícios operatórios foram aplicados com o intuito
de averiguar se ocorreu ou não uma aprendizagem significativa por
parte dos alunos (HONDA, 2011, p. 26).
60
(NOVAK e CANÃS, 2010, p. 20). http://cmap.ihmc.us/docs/pdf/TeoriaSubjacenteAosMapasConceituais.pdf
166
Figura 1 – Conceito de “estacionamento” a esquerda; O mapa, a direita, disposto na forma de cascata
61
Software disponível para download em http://cmap.ihmc.us/download/
167
vídeos, mapas, tabelas, links com textos, páginas de internet e/ou outros mapas
conceituais, essa ferramenta pode ser considerada como um recurso multimodal.
O software é de fácil manuseio para usuários de todas as idades tanto na
construção quanto na modificação dos mapas conceituais, possibilita o trabalho
colaborativo mesmo à distância, permite fazer links em fontes externas na rede
mundial de computadores, simplesmente clicando, arrastado e inserindo os ele-
mentos desejados, podendo o usuário escolher diversas configurações no processo
de criação do mapa conceitual.
Novak e Cañas (2010) apresentam resultados de pesquisas em que estu-
dantes, trabalhando em pequenos grupos cooperativamente para aprenderem um
tema, alcançam resultados cognitivos e afetivos positivos. Para esses autores, tais
estudos confirmariam a teoria de Vygotsky (1978) de que a linguagem e o diálogo
social podem auxiliar no aprendizado, especialmente quando os membros do
grupo social estão mais ou menos na mesma Zona de Desenvolvimento Proximal
(ZDP). A partir disso, o aprendiz pode progredir por conta própria, com o mínimo
de ajuda de um professor e o aprendizado resultante é significativamente maior
(NOVAK e CANÃS, 2010, p. 17-18).
As várias possibilidades do uso do programa Cmaptools para a elaboração
de mapas conceituais, em modo colaborativo, em redes ou através de produção
individual, tem favorecido o uso crescente dos mapas conceituais. Numa série de
contextos educacionais, essa produção tem se mostrado útil, desde a compreensão,
a assimilação e a aprendizagem.
O aluno precisa selecionar conceitos a partir do material de referência e
elaborar novas proposições no mapa conceitual que tragam sentido e clareza. Na
medida em que os estudantes se envolvem ativamente nesse processo de elaboração
de significados, acabam cumprindo um requisito essencial para que a aprendizagem
significativa ocorra (NOVAK e CANÃS, 2010, p. 22).
ANÁLISE DE RESULTADOS
O gráfico demonstra que, das produções dos estudantes, 73% (setenta e três
por cento) produziram conceitos significativos, considerando-se as expectativas
em relação as respostas esperadas, e, assim, foram classificadas como “atendi-
das”. Treze por cento (13%) foram “consideravelmente atendidas”; no entanto,
apresentaram problemas estruturais, de ordem estilística ou de concordância.
171
Sete por cento (7%) apresentaram ideias incompletas e outros 7% (sete por
cento) não responderam a contento.
Outro aspecto observado na produção escrita ao se interpretar os MCs aponta
para uma maior dificuldade dos estudantes em realizar a produção textual partindo da
leitura de MCs com mais de 25 ligações. Em relação a esse aspecto os dados a seguir
demonstram o seguinte cenário em relação ao desempenho esperado dos estudantes:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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174
AÇÕES AFIRMATIVAS NAS UNIVERSIDADES E
ESCOLAS BRASILEIRAS: POLÍTICAS E PRÁTICAS DE
REEDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS
INTRODUÇÃO
62
Doutor em Educação e Contemporaneidade (UNEB). Professor (UFPA). CV: http://lattes.cnpq.br/8231924409590662
175
escolas na tentativa de se buscar reeducar as relações raciais na sociedade brasi-
leira serão analisados, buscando contribuir com o debate sobre qual o impacto da
política de igualdade racial nas práticas pedagógicas das escolas e Universidades
na medida em que esta é encarada/produzida como uma ação de democratização
dos currículos e de acesso as vagas no ensino superior.
DESENVOLVIMENTO
177
ria no sentido de reforçar a crença de que os alunos pobres e negros não seriam
educáveis. (HASENBALG,1987, p. 26).
Gonçalves (1987), por sua vez, denunciou a exclusão do legado cultural
negro, afirmando que se a produção e a transmissão do saber, na escola, não forem
também mediados pela contribuição cultural (enquanto exigência totalizadora) da
população negra, as práticas pedagógicas continuarão punindo as crianças negras
que o sistema de ensino não conseguiu ainda excluir, aplicando-lhes o seguinte
castigo: reclusão ritualizada em procedimentos escolares de efeito impeditivo, cujo
resultado imediato é o silenciamento da criança negra, a curto prazo, e do cidadão,
para o resto da vida (GONÇALVES, 1987).
Munanga (2005), afirma que “não precisamos ser profetas” para compreen-
der que o preconceito incutido na cabeça do professor, sua incapacidade em lidar
profissionalmente com a diversidade, somando-se ao conteúdo preconceituoso
dos livros e materiais didáticos e às relações preconceituosas entre alunos de
diferentes ascendências étnico-raciais, sociais e outras, desestimulam o aluno
negro e prejudicam seu aprendizado. Isto, segundo o autor, explica o coeficiente
de repetência e evasão escolar altamente elevado do alunado negro, compara-
tivamente ao do alunado branco.
Estas críticas se articularam com o trabalho de reorganização do movimento
negro nas décadas de 1970-1980, que afirmava a luta pelo combate ao racismo
e o empenho pela recuperação dos valores africanos. Decorrente dessa tomada
de posição, percebe-se o início de um fenômeno que se tornaria cada vez mais
presente que é a luta pela afirmação da identidade negra.
Diversas foram as mobilizações ao longo de décadas contra a discriminação e
pela igualdade de direitos da população negra brasileira. Entre essas mobilizações,
destacam-se aquelas relacionadas ao campo educacional, no que tange à participa-
ção decisiva do movimento no debate sobre a educação das relações étnico-raciais
no nosso País. Gomes (1997, p. 20-24) sistematizou as contribuições dos negros
para o pensamento educacional brasileiro da seguinte forma: “[...] denunciando a
escola enquanto reprodutora do racismo, a ênfase no processo de resistência negra,
a centralidade da cultura, a de que existem diferentes identidades e a contribuição
no sentido de se repensar a estrutura excludente da escola”.
Todo este processo de disputa e de debates em torno da educação das relações
étnico-raciais, levou posteriormente à promulgação da Lei 10.639/2003 e culmi-
nou com a elaboração das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das
178
Relações Étnico-Raciais e para o Ensino da História e Cultura Afro-Brasileira
e Africana, em 2004, pelo Conselho Nacional de Educação, bem como pautou
diferentes políticas de combate às desigualdades, preconceitos e discriminações
raciais que foram formuladas buscando a promoção da igualdade anseiando-se
por um futuro de esperança livre das desigualdades raciais e do racismo no Brasil
em uma sociedade reeducada em suas relações étnicas e raciais. Na educação
superior, com o ingresso diferenciado a partir da reserva de vagas para negros e
outros grupos e nas escolas com a obrigatoriedade de reeducar as relações raciais,
algumas das principais bases de sustentação da democracia brasileira como a
afirmação da concepção de sociedade pluriétnica, multicultural, miscigenada,
não racista foi atacada frontalmente, o que provocou a revolta e manifestação
de intelectuais, políticos, etc.
É importante lembrar que discutir sobre os componentes étnicos-raciais
brasileiros é se envolver em um debate intenso e complicado sobre o quadro racial
brasileiro, já que a imagem e cultura cristalizada no nosso imaginário racial foi
formada por um contingente amplo e diversificado de vivências, socializações e
inter-relações culturais, étnicas, raciais que formaram a “miscigenada” sociedade
brasileira. Portanto, discutir sobre raça no Brasil é mexer com um dos aspectos
intocáveis da sociedade brasileira, que é a sua vocação para não possuir problemas de
ordem racial e a contínua (re)afirmação de que vivemos em uma “democracia racial”,
além de considerar que mitos como estes são parte fundante da identidade nacional.
Nesta direção ao tratar de ações afirmativas não se pode perder de vista que
este conjunto de ações é relacionado à afirmação da memória e identidade negra, a
luta pela superação do racismo, o enfrentamento das injustiças no sistema educa-
cional brasileiro, a desconstrução do imaginário racial formado no Brasil ao longo
do Século XX. Nesta direção, Silvério (2003) esclarece que o Governo brasileiro
ao reconhecer as especificidades da população afro-descendente, tanto no reco-
nhecimento das diferenças étnico-raciais, de inserção no mercado de trabalho e no
sistema educacional, impõe a necessidade de políticas preocupadas com reparações,
compensações e/ou ações afirmativas que visam assegurar condições de acesso e
tratamento igualitário para os afro-descendentes em todas as esferas da vida social.
O estabelecimento de ações afirmativas nas universidades e nas escolas traz
à tona muitos dos conflitos presentes na sociedade brasileira, vinculados sobretudo
a situações que ultrapassam as fronteiras do sistema de ensino brasileiro, mas que
veem neste o início de correções sistemáticas das desigualdades de reconhecimento
e de poder a que os diferentes grupos étnico-raciais estiveram submetidos.
179
CONSIDERAÇÕES
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184
METODOLOGIAS ATIVAS: UM CONVITE PARA A
INTERDISCIPLINARIDADE
INTRODUÇÃO
63
Mestra em Educação Profissional e Tecnológica (IFES). CV: http://lattes.cnpq.br/6749352566966219
64
Mestra em Educação Agrícola (UFRRJ). Professora (FARESE). CV: http://lattes.cnpq.br/2533881555444177
185
Diante disso, este capítulo tem como objetivo proporcionar um espaço para
reflexão acerca das contribuições das metodologias ativas no desenvolvimento
da interdisciplinaridade no processo de ensino aprendizagem no ensino superior.
INTERDISCIPLINARIDADE
METODOLOGIAS ATIVAS
187
Essas práticas metodológicas vão de encontro à abordagem pedagógica do
ensino tradicional, centrada no professor, que é quem transmite a informação ao
aluno. Cabe ressaltar as dificuldades a serem superadas para alcançar sucesso na
implementação das metodologias ativas, quais sejam, as adequações dos conteú-
dos curriculares previstos para o nível de conhecimento, o papel do professor,
como mediador do processo de ensino-aprendizagem e o interesse dos alunos.
O processo de ensino-aprendizagem está cada vez mais conectado ao
uso das metodologias ativas, reflexo da quantidade de informações disponíveis
nos meios digitais e também pela facilidade proporcionada pelas tecnologias
no processo de implantação de pedagogias alternativas.
No que se refere às possibilidades de implementação de metodologias
ativas, que encontram campo do ensino superior, destacam-se: a aprendizagem
baseada em projetos (project-basedlearning - PBL); a aprendizagem por meio
de jogos (game- basedlearning - GBL); o método de caso ou discussão e solução
de casos (teaching case); e a aprendizagem em equipe (team-basedlearning -
TBL). (VALENTE, 2018). Soma-se ainda a utilização de outras metodologias
como: a sala de aula invertida (flippedclassroom); ensino baseado na estrutura
conceitual (framework basedteaching); portfólio; fórum e lista de discussão.
188
formação emancipatória. Tais questões demandam a participação e o diálogo
entre docente, discente e a instituição de ensino superior (BRISOLLA, 2020).
Segundo Brisolla (2020), a interdisciplinaridade que é caracterizada
pela integração entre as disciplinas, pressupõe a aproximação dialógica entre
docente, discente e instituição de ensino, para que assim, seja possível promover
modificações das práticas participativas e colaborativas em que os docentes
sejam protagonistas dos processos de mudança.
Sendo assim, as metodologias ativas se mostram como um caminho
para pensar estratégias de ensino nas quais os discentes possam assumir um
comportamento mais dinâmico e participativo, realizando atividades que irão
estabelecer relações entre o contexto, as estratégias cognitivas e o processo de
construção de conhecimento (VALENTE; ALMEIDA; GERALDINE, 2017).
A adoção das metodologias ativas associada à interdisciplinaridade torna o
processo de ensino-aprendizagem mais democrático e menos hierárquico, e para
que isso ocorra, é necessária uma redefinição na relação entre docentes e discentes.
De acordo com Brisolla (2020) as mudanças no campo do ensino supe-
rior caminham em direção às práticas pedagógicas inovadoras e interdis-
ciplinares, no sentido de promover rupturas com metodologias de ensino
pautadas na mera transmissão de conhecimento. Contudo, para que essas
novas práticas se concretizem é necessária uma postura acadêmica com com-
promisso, responsabilidade e autonomia.
No que se refere às metodologias ativas, Berbel (2011) afirma que são
muitas as possibilidades de metodologias ativas, contudo, é imprescindível
analisar criticamente as metodologias a serem empregadas, pois não basta
inserir novas metodologias sem que se compreendam suas potencialidades
articuladas aos conteúdos e objetivos desejados.
Além disso, há que se considerar outro ponto extremamente relevante
no ensino superior, que são os currículos engessados e distanciados da
práxis social, e que na visão de Franco (2016), tem produzido um enorme
distanciamento das esferas pedagógicas e educativas, dando a ilusão de
desarticulação entre teoria e prática.
Desta forma, observa-se que se faz necessário uma ampla mudança,
abrangendo vários aspectos, estruturas, práticas e atores, para que assim, se
possa romper paradigmas e hábitos já bastante enraizados, (PHILIPPI JR;
SILVA NETO, 2011), e neste cenário desafiador, as metodologias ativas se
189
apresentam como uma aliada às práticas interdisciplinares no ensino superior,
contribuindo para a sua internalização.
CONSIDERAÇÕES
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jun, 2017.
192
PROFESSOR PESQUISADOR DE HISTÓRIA:
ARTICULANDO SABERES ACADÊMICOS AOS
FAZERES EDUCACIONAIS A PARTIR DO CONCEITO
DE PROFESSOR REFLEXIVO
INTRODUÇÃO
65
Mestre em Cultura e Sociedade (UFMA). CV: http://lattes.cnpq.br/3591041162485401
66
Especialista em Gestão Escolar, Administração, Supervisão, Orientação e Inspeção (FAVENI).
CV: http://lattes.cnpq.br/4260708800643707
67
Mestranda em História (UFG). CV: http://lattes.cnpq.br/1170915415048750
68
Mestra em História (UFMA). CV: http://lattes.cnpq.br/3609647352476600
69
Mestra em História (UFMA). CV: http://lattes.cnpq.br/9546368140230672
70
Especialista em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e o mundo do trabalho (UFPI).
CV: http://lattes.cnpq.br/7275758962315151
71
Especialista em Metodologia do Ensino da História e da Geografia (FAVENI). CV: http://lattes.cnpq.br/0642066919720460
72
Mestrando em Educação Especial (Instituto Politécnico de Coimbra/Portugal).
CV: http://lattes.cnpq.br/5401559671648863
193
professor e não do pesquisador – prática que é si própria pesquisa: professor refle-
xivo (ZEICHNER, 1998; 2008; SCHÖN, 1992; FAGUNDES, 2016).
Partindo desse estudo citado, percebe-se um uso de um registro vocabulário
denso o bastante para que nem todos possam saber do que se trata e o que foi
concluído. Por vezes, a ciência da educação aciona um fosso desigual na comu-
nicação, acomodando a pedagogia num nicho intelectual acadêmico que não é
acessível a todos os pedagogos e estudantes, dado que aquele que não compreende
acerca da epistemologia de uma re-significação da didática, não compreenderá
os meios tomados para se concluir dado assunto, tornando, dessa maneira, a
questão inicial ainda persistente.
Com isso, parece que a pergunta lançada pela pesquisadora se mantém sem
resposta, mas pode-se simplificá-la do seguinte modo, voltado ao objetivo deste
capítulo que não envolve o universo dos pedagogos (tão somente), mas do ensino de
História: como articular aquilo que é produzido pela universidade acerca do ensino
de História e da pesquisa em História com a prática em sala de aula sem fazer
parecer que são coisas apartadas? Esta pergunta guia a escrita deste capítulo numa
tentativa de ofertar uma perspectiva que compreenda o pensamento interdisciplinar.
A metodologia empregada é de revisão bibliográfica não sistemática, esco-
lhendo artigos que tratem especificamente sobre a temática do professor pesquisador
ou professor reflexivo num âmbito. Os artigos foram coletados em plataformas de
revistas científicas, devidamente publicados, ou em Anais de eventos científicos.
Apresenta-se como resultado que o discurso acadêmico de fazer História
não possui maior relevância que o discurso pedagógico, mas deve junto com ele
fomentar e produzir um fazer científico histórico que ultrapasse os muros da
universidade, de modo interdisciplinar. Um meio de pensar tal situação começa
entendendo o papel que possui o professor reflexivo (STENHOUSE, 1981;
FAGUNDES, 2016; ZEICHNER, 1998, 2008; SCHÖN, 1992; PESCE E
ANDRÉ, 2012), pois, quando o próprio professor passa a refletir sobre a ação
docente e compreender que o Ensino de História necessita de ferramentas didá-
ticas específicas para maximizar o interesse dos alunos não-universitários pelo
modo de fazer ciência na História, ocorre o processo de reciclagem, onde se obtém
resultados qualitativos significativos.
A estrutura básica deste trabalho compreende três partes de desenvolvi-
mento textual:1) apresenta-se um breve diagnóstico sobre o tema de acordo com
a bibliografia selecionada, de modo a encontrar as principais razões/argumentos
194
que tratam do problema entre o pesquisador de História e o professor, como se
estes fossem figuras opostas. Assim, apresenta-se o problema do registro que
inviabiliza uma efetiva comunicação entre pesquisa e ensino para com o público
em geral, afetando, sobremaneira, os graduandos de licenciatura em História; 2)
Nesta segunda parte, começa-se a debater os impactos dessa diferenciação, enca-
minhando o raciocínio para a necessidade de se pensar a superação e união destes
personagens, dado que, na atualidade, os sistemas de ensino superior pensam que
a docência alia-se, necessariamente, à pesquisa; 3) por fim, reflete-se sobre como
o conceito de professor reflexivo, aquele que na ação desenvolve a sua pesquisa,
serve de pontapé para uma resolução interdisciplinar, de modo a colocar o Ensino
de História e a Didática da História em análise central.
195
nascimentos, ofícios e outras coisas quantitativas a mais? Os métodos e técnicas
da pesquisa em História chegam aos estudantes das escolas públicas? Como?
Azevedo (2011, p. 356) reconhece que existe uma “[...] incompatibilidade
entre as exigências de pesquisas acadêmicas com as características dos estágios
supervisionados [...]”, e afirma que o objetivo não seria esse, mas sim de fomentar
professores que investiguem seu próprio cotidiano. A própria autora reconhece
um já debatido fosso entre estes dois ofícios, preocupando-se com o professor
pesquisador de História, ou seja, para além daquele pesquisador tão somente, e
do professor unicamente, deve de existir, pela atual demanda, um professor pes-
quisador em História voltado para os problemas do ensino de História, com um
tato pedagógico mais aguçado e maior bagagem pedagógica.
Jörn Rüsen (2001), um historiador alemão bastante preocupado com o ensinar
História em sala de aula, foi um dos primeiros a perceber a cisão entre aquilo que
é discutido e produzido no ambiente acadêmico e aquilo que é ensinado pelos
professores de História em sala de aula nos ensinos fundamentais e no médio.
Mas o que significa aprender História?
Carlos Eduardo Ströher (2015), ao refletir acerca do historiador pesquisador
e do professor em uma relação simétrica, afirma que “[...] hoje é consenso que
aprender História é aprender a pensar o passado historicamente [...]” (STRÖHER,
2015, p. 02); conquanto, o autor apresenta que tal pensamento nem sempre fez
parte do ensino de História, rememorando, assim, o próprio papel da escola ao
assimilar a disciplina da História em seu currículo, um ensino de História voltado
para a manutenção do status quo de algumas classes, ou até mesmo para o rompi-
mento com um passado próximo, a fim de “renovar” toda uma identidade nacional.
Acerca do ensino de história na República nascente, pesquisas indicam
como era passada a ideia de rompimento entre o velho e o novo Brasil, como que
se pretende apagar as influências culturais e políticas da monarquia, dando vez aos
valores positivistas republicanos; como informam Schueler e Magaldi (2009, p. 37):
Esquecer a experiência do Império: este era o sentido da invenção repu-
blicana. Para realçar o tempo presente e a modernidade de suas propostas, o
novo regime apagava os significados políticos e sociais do estabelecimento do
princípio da gratuidade da instrução primária, aos cidadãos, na Constituição de
1824, e as suas repercussões nas disputas pelos significados, extensão e limites
dos direitos de cidadania [...]
196
Percebe-se, partindo de tal análise, que a preocupação com o ensino de
História era uma questão mais política do que crítica social, onde pensar uma
didática da História não cabia como possibilidade.
Aliado a isso, coexistiu uma cultura de um discurso erudito na disciplina
da História que desejava alçar seu caminho para uma ciência central nas ciências
humanas e sociais, de modo a produzir uma cisão entre o ambiente acadêmico e
escolar não acadêmico, como explicita Ströher (2015, p. 03):
O pensamento hermético produzido pelos historiadores dentro das universi-
dades trouxe consequências culturais que levaram a uma divisão social do trabalho
dentro da área da História: a pesquisa e a produção do conhecimento histórico, sob
responsabilidade dos historiadores, muitos formados como bacharéis, e a maioria
professores do ensino superior; e a docência e a reprodução do conhecimento, sob
cargo dos professores licenciados em História. Essa diferença de status, em que o
pesquisador realizaria o trabalho considerado refinado e específico e o professor
executaria uma função manual, menos nobre e significante, impregnou-se nos
discursos histórico e educacional ao longo do último século.
Essas duas razões, do conteúdo ideológico direcionado pelas elites e pelo
Estado, dando caráter oficial ao ensino de História, e o fosso produzido entre o
historiador pesquisador e o professor de História, levam a crer que existiu, por
longo tempo e ainda persiste, dois diferentes valores que acabam influenciando
no modo de ensinar História, justamente porque o pesquisador e o pedagogo
tenderiam a entrar em conflito intenso.
Os motivos desses conflitos são vários e com intensidades distintas, mas
pode ser condensado na compreensão de que os pesquisadores, historiadores
que vão à campo e se debruçam sobre a História documental (bacharéis, em sua
minoria), tendem a não concordar com a pedagogia/didática da História porque
deixa de lado as complexas e diferenciadas formas de olhar para o passado e
questioná-los, de produzi-lo, de interpretá-lo, bem como deixam de lado suas
técnicas diversas em laboratório. Assim, seria como se o Historiador fosse um
pesquisador sem campo, marcado pela “cafonisse”, e o produto gerado fosse ainda
mais “chato”, de tamanho desinteresse.
Já os professores de História estão se formando em departamentos ligados
à educação/pedagogia em sua maioria, e não nos departamentos específicos de
História. Ademais, muitos cursos de licenciatura em História estão localizados
no âmbito privado de ensino, conhecido por gerar pouca pesquisa e extensão,
197
diferente das universidades públicas (STRÖHER, 2015). Para complementar, os
docentes costumam apontar uma incomoda falta de comunicação efetiva entre
o pesquisador de História e um público estudante em geral, resultado de uso de
registro vocabular extremamente técnico e complexo voltado para uma pequena
comunidade, tornando o discurso histórico-científico inacessível para a maioria
dos professores de História e público leigo em geral.
Como resultado, obtém-se uma fórmula nada agradável: a pesquisa em Histó-
ria, suas descobertas e produções, não ultrapassam a pequena comunidade científica,
de modo que a docência em História nos ambientes escolares não superiores vai se
tornando cada vez mais genérica e desatualizada, pouco incorporada de um senso
metodológico-científico, parecendo que o professor não pode exercer a pesquisa
histórica e comunicá-la com eficácia, bem como o contrário também é válido.
Ora, metodologia científica, atualmente, é mais complexa do que a simples
absorção de rígidas regras e comportamentos em campo de pesquisa bem como do
uso agressivo do registro formal da linguagem; e fazer ciência não é mais um privilé-
gio de uma pequena camada de pessoas, visto a democratização do ensino superior.
73
Complementarmente, é significativa a afirmativa de Ströher (2015, p. 06): [...] a habilidade de pesquisa adquirida na
graduação acaba desaparecendo quando se pensa em questões didáticas, pois essa atividade se torna uma mera repetição
simplista de narrativas historiográficas”.
199
ção do professor reflexivo, que pensa-na-ação. À vista disso, a docência alia-se
à pesquisa”. Por isso, é imperativo partir para a prática do ensino de História (e
sua pequisa) a fim de configurar uma teoria prática do ensino, apostando naquilo
que Pimenta (1996, p. 01) chamou de “princípio cognitivo”: “Isto é, quando
o professor, pesquisando e refletindo sobre sua ação docente, constrói saberes
que lhe permitam aprimorar o seu fazer docente”. Tal referência a autora faz ao
conceito de professor reflexivo.
75
Como afirmam Pesce e André (2012, p. 41): “[...] A superação desse modelo significa valorizar a prática do professor,
considerando seu papel de “construtor de conhecimento”, e não mero instrutor que transmite os saberes produzidos por
outros [...]”
201
específicos, de forma a aproximar a pesquisa em História da pesquisa em Ensino
de História, do historiador para com os professores de História.
Por fim, entende-se que por mais autonomia política e emancipatória que
o professor reflexivo possa lograr na “ação-pesquisa-ação”, o discurso hegemônico
de macro políticas ainda são indispensáveis, talvez, porque não há como dele
evadir, porém, como apontam Pesce e André (2012, p. 48) ao analisar os dados de
entrevistas realizadas com professores do ensino superior:
[...] as professoras formadoras entendem que nesse nível de autonomia,
o professor se torna menos alienado e mais crítico em relação a si e
aos outros, de tal maneira que questiona as condições impostas pelo
sistema e busca novas formas de se desenvolver profissionalmente;
considerando a fala de uma das entrevistadas: “pesquisar vai fazer
com que os professores [da educação básica] possam começar a ter
consciência do seu papel e deixar de ser manipulados”. Para Fairclough
(2001), a conscientização da condição opressiva representa o primeiro
passo para a emancipação do sujeito em suas práticas discursivas, o
que ainda parece não ser evidente para os estudantes entrevistados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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204
PROCESSOS FORMATIVOS MEDIADOS POR
TECNOLOGIAS DIGITAIS EM COMUNIDADES EM
SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL
INTRODUÇÃO
82
Do mesmo modo que a desigualdade afeta diferentemente as pessoas no mundo do trabalho, a condição de analfabe-
tismo é também um forte marcador entre as pessoas com idade mais avançada, pois há, nessa condição, cerca de 18% de
pessoas com 60 anos ou mais. Se ao aspecto da desigualdade da faixa etária somar-se a questão étnico-racial, verifica-se
um cenário ainda mais desfavorável: 9,5% das pessoas brancas com 60 anos ou mais não sabem ler ou escrever, percentual
cerca de três vezes menor entre as pessoas pretas e pardas (27,1%) com essa mesma idade (IBGE, 2020, p. 2).
83
Ainda que o acesso à internet seja massivo, é preciso observar que a desigualdade, de diferentes ordens, persiste, con-
forme assevera Barros (2021), com base nos dados da PNAD Contínua TIC 2019: i) 55,6% dos domicílios na área rural
têm acesso à internet ao lado de 86,7% das residências urbanas; ii) entre os 39,8 milhões de pessoas que não acessaram a
internet em 2019, 43,8% alegaram não ter o serviço por não saber navegar na rede; iii) 88,1% de estudantes tinham acesso
206
latente em quase todas as práticas da vida social, ou seja, dos processos mais
simples, a exemplo da retirada de senhas em um totem para atendimento em
um espaço público, aos mais complexos, como uma cirurgia cardíaca executada
de forma remota com a ajuda de um robô (ROSA, 2019). Em outras palavras, é
preciso compreender o caminho sem volta do uso de tecnologias na sociedade,
mas sem deixar de problematizar o que isso representa em diferentes instâncias e
para distintos grupos de pessoas.
Isto posto, em face desse cenário de desigualdades e da premência de inclu-
são, o estudo que ora se apresenta visa a investigar possíveis contribuições da
Educação Popular e da Educomunicação, reconhecidamente voltados para a
construção popular de conhecimento, com vistas ao uso de tecnologias digitais,
segundo uma perspectiva crítica, em processos formativos junto a comunidades
em situação de vulnerabilidade social. A escolha dessas lentes teóricas revela-se
coerente com o objetivo proposto, uma vez que primam por projetos educacionais
inclusivos e participativos, o que pode resultar em maior aderência das comu-
nidades envolvidas e aprendizado para todas e todos que ensinam-aprendem-
-compartilham saberes e práticas.
Os resultados obtidos podem inspirar agentes públicos a considerar dife-
rentes formas de oferta educativa, não formal e/ou formal, que não se limitem ao
uso da linguagem escrita em papel ou na tela, pois, pelo nível de escolarização das
pessoas implicadas, nem sempre é a melhor opção. Antes pelo contrário, exclui
justamente quem mais dela precisa. Por isso, entende-se que a proposição de
ações formativas mediadas pelo uso de recursos digitais viáveis para comunidades
em situação de vulnerabilidade social coloca em relevo o caráter inclusivo que a
Educação, entendida como um bem público, deve resguardar.
Na consecução deste estudo, de caráter teórico e exploratório (GIL, 2002)84,
em primeiro lugar, destacam-se os pilares da Educação Popular, na perspectiva
freireana, e da Educomunicação, a partir da pesquisa bibliográfica (MARCONI;
LAKATOS, 2011; GIL, 2002) de trabalhos publicados por autores e autoras de
reconhecida importância nessas linhas de pesquisa para, em seguida, caracterizar
o que se entende pelo uso crítico de tecnologias digitais na Educação, o que se
encontra na primeira seção deste texto. Na seção que segue, por meio da análise
à internet naquele ano; iv) do total de estudantes sem internet, 95,9% estudavam em escolas públicas; v) o celular é o
principal meio para navegar na internet, mas somente 64,8% dos estudantes de escolas públicas possuíam um dispositivo.
84
De acordo com o autor (2002, p. 41), a pesquisa exploratória tem “como objetivo principal o aprimoramento de ideias
ou a descoberta de intuições... Embora o planejamento da pesquisa exploratória seja bastante flexível, na maioria dos casos
assume a forma de pesquisa bibliográfica ou de estudo de caso...”.
207
de conteúdo (BARDIN, 2016; MORAES, 1999) das publicações consultadas,
como técnica de análise de dados qualitativos – adequada a pesquisas orientadas
pela abordagem qualitativa (FLICK, 2009; DENZIN; LINCOLN, 2006) –,
promove-se uma possível articulação entre os princípios da Educação Popular e
da Educomunicação com uma proposta de uso de tecnologias na Educação que
possa atender aos interesses de comunidades em situação de vulnerabilidade social.
Na seção final, apresenta-se uma síntese da pesquisa empreendida e as conclusões
das autoras, a partir das articulações consideradas fundantes de uma proposta
inclusiva de educação mediada por tecnologias.
208
A EP origina-se como uma alternativa de educação nos espaços não escolares,
com o objetivo de incluir socialmente todos os que a educação formal não alcança.
Prioriza atividades culturais, de criação, esportes, rodas de conversas, relações de
trocas de vivências, entre diversas outras atividades educacionais. Dessa forma,
revela-se a opção política dos grupos sociais por meio de sua forma de conhecer
e atuar socialmente, de forma concreta, de determinar suas metas, seus objetivos
e suas estratégias, devendo ser extraído e compartilhado pelo coletivo (GOHN,
2007). Aprende-se a todo o instante, com muitas pessoas, a partir das próprias
experiências nos respectivos lugares de vivência. Nesse contexto, deve-se oferecer
alternativas para que as pessoas que estejam excluídas do sistema possam ter
oportunidade de se reintegrar, por meio da participação, e também de lutar pela
universalidade de direitos sociais e pelo resgate da cidadania. Para que isso seja
possível, entende-se ser indispensável a utilização de metodologias educativas
específicas para os diversos grupos envolvidos, com vistas à superação de conflitos
sociais e/ou à prevenção de situações de risco e de vulnerabilidade social.
No Brasil, a Educação Popular surge de forma a denunciar o assistencialismo
das políticas públicas, sobretudo, nos anos de 1960, período em que a sociedade civil
começou a participar dos debates realizados, ainda que restritamente, assumindo
responsabilidades e (co)participação nos projetos sociais. Converge-se, então, para
uma tendência de pensar a educação sob aspectos diversos ou integrais, pautada na
compreensão de que o processo educativo é dinâmico. Ele envolve processos sócio
institucionais, além de relações intersubjetivas, culturais, familiares e comunitárias
que subsidiam uma educação cidadã, articuladora de diferentes dimensões da vida
social como constitutivas de novas formas de sociabilidade humana nas quais o
acesso aos direitos sociais é fundamental.
O principal representante da Educação Popular, no Brasil, é o educador
Paulo Freire que, a partir de sua luta em prol de uma educação de cunho eminen-
temente político, refletida em suas propostas para a educação de pessoas adultas,
influenciou e influencia um movimento de conscientização na área educacional.
Seus estudos e suas ações mobilizaram (e mobilizam) a sociedade para a trans-
formação da educação como um todo. Nas ideias freireanas, a pessoa ocupa lugar
central na reflexão pedagógica. O ser humano é entendido como um ser inacabado,
incompleto, um ser da práxis cujo quefazer implica na ação e reflexão que opera
e transforma o mundo e a si mesmo.
Nesse sentido, Freire (1987) defendeu uma educação para a libertação, reali-
zando uma consistente crítica a uma educação chamada por ele de “bancária” – por
209
ter como característica marcante, a prática do “depósito de conteúdos” –, concebida
como domesticadora e contrária à essência humana, por promover a desumanização e
privilegiar a separação e as dicotomias, como se depreende de um trecho de sua obra:
O Brasil, em estudo recente do Centro de Pesquisa em Economia e Negócios
do Reino Unido85 (CEBR, 2021, p. 55), figura na 11ª colocação no ranking da Liga
Econômica Mundial (WELT 2022). No entanto, a riqueza gerada no país mantém-
-se concentrada na mão de poucos, como enfatiza a pesquisa do Programa Nacional
das Nações Unidas de 2019: 1% da população mais rica detém 28,3% da renda
do país. Esse quadro coloca o Brasil entre os dez países mais desiguais do mundo
(SASSE, 2021) e alimenta a manutenção do mercado de trabalho brasileiro como
“caracterizado por baixos rendimentos, elevada desigualdade entre trabalhadores
e marcante heterogeneidade entre as atividades econômicas” (IBGE, 2021, p. 13).
Essa desigualdade afeta diferentemente o território brasileiro e a sua gente.
A Região Nordeste, seguida da Região Norte, registra os maiores índices de vul-
nerabilidade socioeconômica86 e de situação pouco favorável para alguns grupos
específicos: “mulheres, pessoas pretas ou pardas, jovens e a população com menor
nível de instrução” (IBGE, 2021, p. 22).
Para além dos desafios cotidianos de pouca ou nenhuma renda de boa parcela
da população brasileira, verifica-se um processo de exclusão educacional que acaba
restringindo as oportunidades de mobilidade social e a necessária melhoria das
condições de trabalho, habitação, alimentação, saúde, entre outros. As estatísticas
revelam a existência de aproximadamente 11 milhões de pessoas, isto é, 6,6% da
população brasileira, que não conseguem ler nem escrever textos simples para
atender às necessidades mais básicas de sua vida cotidiana, assim como a baixa
escolarização de grande parte das brasileiras e dos brasileiros: 38,6% não chegaram
a concluir o Ensino Fundamental (IBGE, 2020, p. 3)87.
Esse conjunto de desigualdades estruturais, pensadas sob esses e outros
ângulos, exigem políticas públicas cuidadosamente pensadas para o enfrentamento
da violação aos direitos e às garantias fundamentais de toda cidadã brasileira e
85
Tradução livre de The Centre for Economics and Business Research.
86
De acordo com o IPEA (2018, p. 16), “as vulnerabilidades sociais decorrem de processos sociais mais amplos contra
os quais o indivíduo, por si só, não tem meios para agir e cujos rumos só o Estado, por meio de políticas públicas, tem
condições de alterar”.
87
Do mesmo modo que a desigualdade afeta diferentemente as pessoas no mundo do trabalho, a condição de analfabe-
tismo é também um forte marcador entre as pessoas com idade mais avançada, pois há, nessa condição, cerca de 18% de
pessoas com 60 anos ou mais. Se ao aspecto da desigualdade da faixa etária somar-se a questão étnico-racial, verifica-se
um cenário ainda mais desfavorável: 9,5% das pessoas brancas com 60 anos ou mais não sabem ler ou escrever, percentual
cerca de três vezes menor entre as pessoas pretas e pardas (27,1%) com essa mesma idade (IBGE, 2020, p. 2).
210
todo cidadão brasileiro, como se verifica no artigo 5º da Constituição (BRASIL,
1998): a igualdade das pessoas perante a lei, intrinsecamente articulada ao direito
à vida digna, à liberdade de expressão, de consciência e de associação e também à
garantia de acesso à informação.
Para a efetivação dessas garantias legais, afirmam-se os direitos sociais à
educação, à saúde, à alimentação, ao trabalho, à moradia, ao transporte, ao lazer,
à segurança, à previdência social, à proteção à maternidade e à infância e à assis-
tência às pessoas desamparadas.
O conhecimento desse conjunto de direitos sociais no processo de luta pela
justiça social encontra-se intimamente articulado à oferta sistematizada de edu-
cação, embora não se limite a ela, com vistas à apropriação, pela população, dos
saberes historicamente construídos, à conscientização relativa às visões de mundo
em disputa em seu cotidiano e ao uso crítico de tecnologias (de comunicação,
de informação, de produção de bens, de consumo, de lazer etc.) que deveriam
ser acessível a todas as pessoas.
O uso crítico das tecnologias em ofertas educacionais, formais ou não formais,
justifica-se pelo acesso crescente à internet no Brasil – entre as 183,3 milhões de
pessoas com 10 anos ou mais de idade no país, 78,3% utilizaram a internet no
quarto trimestre de 2019 (PNAD Contínua TIC, 2021)88 – e pela virtualização
latente em quase todas as práticas da vida social, ou seja, dos processos mais
simples, a exemplo da retirada de senhas em um totem para atendimento em
um espaço público, aos mais complexos, como uma cirurgia cardíaca executada
de forma remota com a ajuda de um robô (ROSA, 2019). Em outras palavras, é
preciso compreender o caminho sem volta do uso de tecnologias na sociedade,
mas sem deixar de problematizar o que isso representa em diferentes instâncias e
para distintos grupos de pessoas.
Isto posto, em face desse cenário de desigualdades e da premência de inclu-
são, o estudo que ora se apresenta visa a investigar possíveis contribuições da
Educação Popular e da Educomunicação, reconhecidamente voltados para a
construção popular de conhecimento, com vistas ao uso de tecnologias digitais,
segundo uma perspectiva crítica, em processos formativos junto a comunidades
88
Ainda que o acesso à internet seja massivo, é preciso observar que a desigualdade, de diferentes ordens, persiste, con-
forme assevera Barros (2021), com base nos dados da PNAD Contínua TIC 2019: i) 55,6% dos domicílios na área rural
têm acesso à internet ao lado de 86,7% das residências urbanas; ii) entre os 39,8 milhões de pessoas que não acessaram a
internet em 2019, 43,8% alegaram não ter o serviço por não saber navegar na rede; iii) 88,1% de estudantes tinham acesso
à internet naquele ano; iv) do total de estudantes sem internet, 95,9% estudavam em escolas públicas; v) o celular é o
principal meio para navegar na internet, mas somente 64,8% dos estudantes de escolas públicas possuíam um dispositivo.
211
em situação de vulnerabilidade social. A escolha dessas lentes teóricas revela-se
coerente com o objetivo proposto, uma vez que primam por projetos educacionais
inclusivos e participativos, o que pode resultar em maior aderência das comu-
nidades envolvidas e aprendizado para todas e todos que ensinam-aprendem-
-compartilham saberes e práticas.
Os resultados obtidos podem inspirar agentes públicos a considerar dife-
rentes formas de oferta educativa, não formal e/ou formal, que não se limitem ao
uso da linguagem escrita em papel ou na tela, pois, pelo nível de escolarização das
pessoas implicadas, nem sempre é a melhor opção. Antes pelo contrário, exclui
justamente quem mais dela precisa. Por isso, entende-se que a proposição de
ações formativas mediadas pelo uso de recursos digitais viáveis para comunidades
em situação de vulnerabilidade social coloca em relevo o caráter inclusivo que a
Educação, entendida como um bem público, deve resguardar.
Na consecução deste estudo, de caráter teórico e exploratório (GIL, 2002)89,
em primeiro lugar, destacam-se os pilares da Educação Popular, na perspectiva
freireana, e da Educomunicação, a partir da pesquisa bibliográfica (MARCONI;
LAKATOS, 2011; GIL, 2002) de trabalhos publicados por autores e autoras de
reconhecida importância nessas linhas de pesquisa para, em seguida, caracterizar
o que se entende pelo uso crítico de tecnologias digitais na Educação, o que se
encontra na primeira seção deste texto. Na seção que segue, por meio da análise
de conteúdo (BARDIN, 2016; MORAES, 1999) das publicações consultadas,
como técnica de análise de dados qualitativos – adequada a pesquisas orientadas
pela abordagem qualitativa (FLICK, 2009; DENZIN; LINCOLN, 2006) –,
promove-se uma possível articulação entre os princípios da Educação Popular e
da Educomunicação com uma proposta de uso de tecnologias na Educação que
possa atender aos interesses de comunidades em situação de vulnerabilidade social.
Na seção final, apresenta-se uma síntese da pesquisa empreendida e as conclusões
das autoras, a partir das articulações consideradas fundantes de uma proposta
inclusiva de educação mediada por tecnologias.
89
De acordo com o autor (2002, p. 41), a pesquisa exploratória tem “como objetivo principal o aprimoramento de ideias
ou a descoberta de intuições... Embora o planejamento da pesquisa exploratória seja bastante flexível, na maioria dos casos
assume a forma de pesquisa bibliográfica ou de estudo de caso...”.
212
APORTES TEÓRICOS QUE NORTEIAM O OLHAR PARA UMA
EDUCAÇÃO DIGITAL INCLUSIVA
Freire (1987) afirma ainda que, para ultrapassar uma prática educativa domes-
ticadora, bancária, deve ocorrer a “morte” da educadora e do educador, sendo que:
[...] isto não significa naturalmente que o educador desaparece
enquanto presença “indutiva”: a educação, que se trate dum instru-
mento ideológico para a preservação do status quo ou dum método
para conhecer e transformar a realidade implica sempre indução
(FREIRE, 1987, p. 27).
O que é proposto não é a junção de pessoas para fazer produtos de comunicação, o que é proposto é a produção da
90
comunicação tendo o processo como elemento essencial. Cabe ressaltar que a participação da população nesse processo
não deve ser de forma “fabril”, com divisão de tarefas, mas, sim, buscar-se a participação de todas e todos em tudo, criando
uma atmosfera na qual a relação entre pesquisadora-pesquisador e moradora-morador se dê dentro de uma horizontali-
dade de poder, diluindo as fronteiras hierárquicas entre discípulas, discípulos, tutoras e tutores, com a defesa dos valores
máximos da democracia, sem saberes mais importantes, sem hierarquia de conhecimentos (TASSARA; ARDANS, 2005).
217
ocultas entre os fenômenos (ANGILELI, 2012). Esse é um direito, como bem
sintetiza Brandão (1999, p. 10): “(...)o direito e o poder de pensarem, produzirem e
dirigirem os usos de seu saber a respeito de si próprias”. (BRANDÃO, 1999, p. 10)
Para isso é necessário reforçar uma visão solidária91 de construção do conhe-
cimento na qual todos são igualmente produtoras e produtores desse conhecimento,
contrariando a ciência moderna92 que privilegia o conhecimento-regulação, regidos
por um certo colonialismo, transformando “o outro” em um objeto manipulável
(SOUZA SANTOS, 2011). Vale destacar que a produção do conhecimento
solidário, segundo assevera Angileli (2012), implica também a difusão, ou seja,
deve-se buscar também a inserção das pessoas no processo de comunicação
(PERUZZO, 1998, p. 13). Essa concepção mostra-se coerente com o próprio
significado de comunicação – no latim, “o que pertence a todos e a muitos” –,
palavra definida como o ato de “comungar”, “tornar comum”, “estar em relação”,
“ação em comum” (LOPES, 2009), tornando-se um importante mecanismo de
fortalecimento da partilha de saberes.
Na busca por tornar comum a produção e a difusão do conhecimento, ins-
piramo-nos nas contribuições da Educomunicação, não como mera junção das
áreas de educação e de comunicação, mas, sim, como um processo de educação
norteadora no qual a comunicação é o instrumento que materializa e torna visível
as intenções dessa educação de caráter emancipatório e libertário (LOPES, 2009).
Essa perspectiva é inerente à Educomunicação por ter raízes na comunica-
ção popular, que é um movimento de comunicação que surge no final dos anos
60 junto às atuações de fé e política das Comunidades Eclesiais de Base – CEBs
(DORNELLES, 2007). Essa forma popular de comunicação carrega valores das
pedagogias libertárias latino-americanas, desde seus fundamentos éticos e políti-
cos, até a necessidade de promover transformações sociais. Por esse alinhamento,
revelou-se resposta consistente aos contextos sociais de repressão de governos
91
Compreensão que nos aproxima da Epistemologia da Visão proposta por Boaventura Souza Santos (2011) “Episte-
mologia da Visão é a que pergunta pela validade de uma forma de conhecimento cujo momento e forma de ignorância é
o colonialismo e cujo momento e forma de saber é a solidariedade. Enquanto, pela forma hegemônica de conhecimento,
conhecemos criando ordem, a epistemologia da visão levanta a questão sobre se é possível conhecer criando solidariedade.
A solidariedade como forma de conhecimento é o reconhecimento do outro como igual, sempre que a diferença lhe acar-
rete inferioridade, e como diferente, sempre que a igualdade lhe ponha em risco de identidade” (SANTOS, 2011, p. 246).
92
Essa reflexão contribui para superar um modelo tradicional de ciência, baseado na separação entre o saber científico e
o saber popular, um modelo que revela intenções de dominação, historicamente construídas em sociedades marcadas pelas
desigualdades sociais. A esse respeito, Peruzzo (1998, p. 74) afirma: “... desde o período colonial, nos foi obstada ou até
usurpada a possibilidade de avançar nessa prática. Nossas tradições e nossos costumes apontam mais para o autoritarismo
e a delegação de poder do que para assumir o controle e a co-responsabilidade na solução dos problemas (...) O certo é
que o autoritarismo é resultado histórico da formação econômica, social, política e cultural brasileira e, como produtos
dessa dinâmica, estamos impregnados de alienação e de acomodação”.
218
autoritários e militares do período nos quais eram comuns o cerceamento de direi-
tos civis e as severas limitações à liberdade de expressão. Assim, essa outra forma
de comunicação seria uma oportunidade de “colocar os meios de comunicação
a serviço dos interesses populares” (PERUZZO, 2005, p. 20 apud MARQUES,
2016, p. 425), fazendo emergir um tensionamento necessário e educativo.
Essa retomada da comunicação como um direito humano e um processo
que aproxima as pessoas e as fortalece em meio a narrativas hegemônicas, alheias
a suas realidades, associada à compreensão da educação como cultura – na qual se
reconhece todo ser humano como produtor de cultura capaz da “criação, apropria-
ção, transmissão, interpretação dos bens simbólicos e suas relações” (FERREIRA
SANTOS, 2004, p. 72 apud LOPES, 2009, p. 20) – são entendimentos basilares
para a constituição do campo interdisciplinar educomunicativo.
O precursor da Educomunicação e criador deste neologismo foi o argentino
Mário Kaplún (1923-1998) que, com larga experiência em produção de televisiva,
na década de 70, iniciou um trabalho educomunicacional em rádio, voltado para
adultos de origem rural, com o objetivo de “desvelar os meios de comunicação em
relação à sua interferência na visão de mundo e no comportamento político das
pessoas e grupos” (MARQUES, 2016, p. 426). Mário, inspirado pela educação
emancipatória do educador brasileiro Paulo Freire (1921-1997), buscava uma
comunicação educativa com resultado formativo, no qual seria possível suscitar a
discussão, a reflexão e a tomada de consciência tanto das pessoas que produzem
a informação quanto das que a recebem.
Kaplún também dialogava em seu trabalho com o educador paraguaio Juan
Enrique Díaz Bordenave (1926-2012) que, na década de 1970, identificou alguns
modelos de educação por ele denominados de exógenos ou endógenos (MAR-
QUES, 2016, p. 428). Os modelos de educação exógenos teriam como ênfase os
conteúdos e a transmissão de conhecimentos, como também a ênfase nos efeitos.
Esses modelos levariam tanto a uma “educação bancária”, na acepção de Freire
(1987), quanto a uma “comunicação bancária”, atrelada a um processo de persua-
são e reprodução de estereótipos, influenciando as pessoas em seus hábitos. Já o
modelo endógeno assume a realidade das pessoas como ponto de partida e visa à
transformação das pessoas e de sua realidade social (MARQUES, 2016, p. 429).
Este segundo modelo, de acordo com Kaplún, reforça a necessidade da supera-
ção da separação histórica entre a teoria e a prática, avançando para uma práxis93
que inspira e colabora com a constituição da Educomunicação como ação e, por
93
Para Freire (1987, p. 67), “... práxis, que implica a ação e a reflexão dos homens sobre o mundo para transformá-lo”.
219
vezes, com a força de um instrumento de resistência popular ou mesmo de luta,
emergindo junto a estruturas não formais de educação, a exemplo de movimentos
sociais e comunidades populares.
De acordo com Marques (2016), desde então, o conceito de Educomuni-
cação segue em elaboração, sendo reformulado por aquelas e aqueles que dele se
apropriam a partir de seus diferentes contextos. O autor também destaca que a
interdisciplinaridade inerente à Educomunicação – algo natural aos movimentos
de resistência libertários –, de início, foi alvo de resistência no interior nas estru-
turas acadêmicas, sendo superada, segundo Machado (2009 apud MARQUES,
2016), pelo reconhecimento da emergência da partilha de conhecimentos entre
diferentes áreas do conhecimento. Esse processo de mudança teve como marco
a publicação dos estudos do Núcleo de Comunicação e Educação da Universi-
dade de São Paulo, realizados entre 1997 e 1999, envolvendo 176 especialistas de
12 países da América Latina, nos quais se reforçou a importância de “um novo
campo – interdisciplinar e autônomo – de intervenção social, então denominado
Educomunicação” (SOARES, 2007, p.8 apud MARQUES, 2016, p. 433).
É importante destacar a atuação do coordenador desses estudos, o professor
Ismar de Oliveira Soares, pois contribuiu para a ampliação da compreensão do
campo da Educomunicação. Para ele, a Educomunicação seria constituída por
um campo de ações destinadas a integrar as práticas educativas e os estudos
sistemático dos sistemas de comunicação, além de criar e fortalecer ecossistemas
comunicativos em espaços educativos, a fim de melhorar o coeficiente expressivo
e comunicativo das ações educativas (BIBLIOTECA DA USP, 2022).
Em seus primeiros estudos, o professor apresentava alguns eixos dentro da
Educomunicação, tais como a educação para a comunicação, tecnologia na edu-
cação, gestão da comunicação no espaço educativo e reflexão epistemológica sobre
a inter-relação comunicação/educação. Atualmente esses eixos foram redefinidos
da seguinte forma: educação para a comunicação; expressão comunicativa através
das artes; mediação tecnológica na educação; pedagogia da comunicação; gestão
da comunicação; reflexão epistemológica e produção midiática para a educação
(SOARES, 2013 apud MARQUES, 2016).
Essa ampliação e mudanças e eixos, de acordo com Marques (2016), mostra-se
menos restrita a sujeitos coletivos ou a determinados lugares sociais ou políticos, pois
Seu foco está na educação pelo processo e seu campo volta-se a todos
os espaços educativos – sejam eles as salas de aula ou as salas das casas,
220
as praças e centros comunitários, ou simplesmente o espaço político
(e não físico) das relações que se dão no tecido social”. (MARQUES,
2016, p. 436)
94
O autor cita como exemplos de avanços, “a descoberta do fogo, a invenção da roda, o aparecimento da linguagem, a
criação da escrita, a domesticação dos animais, o desenvolvimento das ciências, o progresso da agricultura, entre outros”
(CORREIA, 2020, p. 15).
221
Desse modo, depreendemos que, desde longa data, a tecnologia esteve
presente no cotidiano da espécie humana, ancorada em sua capacidade cognitiva
e criativa de pensar soluções para resolução dos problemas e responder às suas
necessidades, como afirma Kenksi (2021, p. 9):
As necessidades básicas de sobrevivência aliada ao uso do raciocínio
e a engenhosidade das pessoas desencadearam a criação de diferentes
tipos de recursos, produtos, processos... tecnologias. Máquinas, ferra-
mentas, metodologias... são formas distintas de tecnologias.
95
Sobre a linguagem digital, Kenski (2021, p. 16) afirma: “O digital possibilita e atualiza todas as linguagens presentes em
atos de interação e comunicação. Constrói distintos sentidos em outros contextos. A mensagem em permanente renovação
gera novos significados, atualizações e diferentes formas de autoria em colaboração.”
222
Nesse contexto ambíguo, a escola, da Educação Infantil à Educação Superior,
é chamada a responder à sociedade contemporânea, por meio de um currículo
que incorpore a tecnologia (como conteúdo e também como prática), a fim de
que seja promovida a inclusão digital das estudantes e dos estudantes, assim como
uma postura cada vez mais autônoma e crítica em relação à produção tecnológica.
Prova contundente das dificuldades da escola em dar a resposta esperada,
sem mudanças estruturais na sociedade, tivemos durante o período de pandemia
de Covid-19, especialmente em 2020 e 2021, quando houve a repentina migração
da escola para os lares. Isso trouxe uma série de desafios para os quais o Estado,
a escola e as famílias não estavam preparados. Foi necessário repensar as salas de
aulas e seus formatos, as modalidades de ensino e as formas de ensinar-aprender.
Além disso, com o isolamento social, a linguagem digital foi colocada em
evidência, em detrimento de outras, o que tornou ainda mais visível a situação
das escolas de zonas periféricas nas quais estudam crianças, adolescentes, jovens
e adultos mais vulneráveis socialmente. Não raro foram os casos, amplamente
divulgados pela mídia (SOUZA, 2021) de famílias que precisaram escolher qual
dos filhos iriam assistir às aulas por meio de plataformas e/ou redes sociais que
necessitavam de aparelhos e de conectividade à internet96. Isso fez com que muitos
estudantes continuassem no mundo analógico, tendo acesso ao conhecimento
por meio de cadernos de atividades e aulas na TV, entre outras propostas, sem o
auxílio de uma professora-mediadora ou professor-mediador e sem recursos extras
para esclarecer dúvidas que surgiam durante os estudos. Somada à progressão
continuada, um significativo grupo de estudantes avançou para os anos seguintes
sem as bases necessárias, o que acentuou ainda as discrepâncias entre a realidade
de discentes das redes pública e privada (TV CULTURA, s/d).
O contexto pandêmico acentuou a necessidade de investimentos das tec-
nologias digitais na área educacional, ao impor uma nova realidade, sobretudo
para os profissionais que trabalham na educação básica (RIBEIRO et al, 2021). A
experiência vivenciada nestes últimos dois anos foi de muito aprendizado e desafios,
mas também de reflexões sobre a utilização da tecnologia na Educação, somada
a propostas metodológicas mais dinâmicas, como as metodologias ativas. Dessa
96
A esse respeito, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2021) publicou o relatório intitulado Síntese de
Indicadores Sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2021 cujo conteúdo é revelador: metade das
estudantes e dos estudantes de 15 a 17 anos da rede pública de ensino não possuíam equipamentos e/ou acesso à internet
para acompanhar as aulas remotas durante a pandemia. Essa realidade atinge também estudantes mais novos e pode ser
confirmada na reportagem de Souza (2021), ao retratar casos como o de Denise (nome fictício), de 9 anos: “Estudante da
zona leste de São Paulo diz que só estuda às terças, pois é o único dia que a mãe está em casa com celular para ela usar”.
223
vivência, fica a urgência de discussão e de formação continuada para a docência
em espaços virtuais de aprendizagem, entre outras questões que convergem para
o objetivo de capacitar profissionais quanto aos limites e às possibilidades do uso
da tecnologia digital na educação.
Urgente também é a problematização de como educadoras e educadores
populares podem incorporar a tecnologia digital em processos educativos que
atendam às demandas de comunidades vulneráveis, quer seja na educação formal
ou em programas, projetos e ações de educação informal, uma vez que, com a
criação do armazenamento em nuvem e a gradual popularização dos smartphones,
a partir de 20006, as tecnologias móveis, conforme nos informa Kenski (2021, p.
31), “já são o principal meio de acesso à internet [...] pela maioria dos brasileiros”.
Cabe destacar o fato de que a internet, considerada um dos marcos da rela-
ção entre educação e tecnologia, na década de 90, potencializou os processos em
rede e favoreceu a redução das distâncias físicas, valendo-se de uma linguagem de
protocolos comuns a um conjunto de computadores espalhados por todo o planeta.
Por meio dela foram/são mediados dados, experiências, informações, mensagens,
socializadas entre pessoas, empresas, instituições, entidades, órgãos, institutos,
dentre outros inúmeros setores que compõem as dinâmicas da vida em sociedade97.
Em face da crescente dependência contemporânea das tecnologias e das
soluções digitais98, como já esclarecido neste texto, pelo impacto social causado
pela internet e pelo crescente uso de tecnologias móveis entre pessoas de comu-
nidades socioeconomicamente vulneráveis, processos educativos mediados por
tecnologias digitais podem representar uma ação efetiva de inclusão, exigindo
uma política pública que contemple, concomitantemente: i) a universalização
do acesso (de qualidade) dessas comunidades à rede de computadores; ii) a dis-
tribuição de tecnologias móveis compatíveis com a realidade das comunidades
– doação, alocação em pontos estratégicos, entre outros; iii) a formação crítica
para o manuseio de tecnologias móveis, tanto no aspecto funcional quanto no de
seleção da informação; iv) a formação para a práxis pedagógica on-line, pautada
97
A respeito da internet, é bom que se mencione seu duplo caráter de uso – massivo e personalizado –, afetando dife-
rentes atividades humanas: “[...] As redes interativas de computadores estão crescendo exponencialmente, criando novas
formas e canais de comunicação, moldando a vida e, ao mesmo tempo, sendo moldadas por ela” (CASTELLS, 1999 apud
HETKOWSKI, 2004 p. 25).
98
Conforme Lévy (1999, p. 17), vivemos em uma Cibercultura, entendida como um “[...] conjunto de técnicas (materiais
e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o
crescimento do ciberespaço”, permitindo a ligação entre pessoas através de redes, colaborando para as diferentes maneiras
de se comunicar, ensinar e aprender.
224
nos interesses das comunidades, em suas diferentes realidades e experiências,
visando a sua autonomia e tendo em mente que
as tecnologias por si só não refletem processos de ensino e aprendi-
zagem, mas relacionam-se às práticas, processos pedagógicos flexíveis
e criativos, como oportunidades para se repensar os currículos, os
conteúdos, a forma de organização de cursos e disciplinas. Os aspectos
tecnológicos precisam estar associados ao ato educativo e também
sobrelevar interfaces sociais e políticas (KNUPPEL; KNUPPEL
JUNIOR, 2021, p. 33).
99
De acordo com Marconi e Lakatos (2003, p.158), “a pesquisa bibliográfica é um apanhado geral sobre os principais
trabalhos já realizados, revestidos de importância, por serem capazes de fornecer dados atuais e relevantes relacionados
com o tema. O estudo da literatura pertinente pode ajudar a planificação do trabalho, evitar publicações e certos erros, e
representa uma fonte indispensável de informações, podendo até orientar as indagações”.
100
Segundo Moraes (1999, s/p.), “a análise de conteúdo constitui uma metodologia de pesquisa usada para descrever e
interpretar o conteúdo de toda classe de documentos e textos. Essa análise, conduzindo a descrições sistemáticas, qualitativas
ou quantitativas, ajuda a reinterpretar as mensagens e a atingir uma compreensão de seus significados num nível que vai
além de uma leitura comum”. Ele esclarece que, mesmo que haja alguma variação entre os autores e as autoras sobre as
etapas a serem percorridas, de modo geral, a sequência de trabalho atinente a essa metodologia inclui: i) a preparação das
informações; ii) a transformação do conteúdo em unidades; iii) a classificação das unidades em categorias; iv) a descrição;
v) a interpretação.
225
Quadro 1 – Descritivo das categorias de análise relativas aos pilares da Educação Popular e da
Educomunicação
Emerge de experiências de base na América Latina, sobretudo no final dos anos 60, firmada em valores das pedagogias liber-
nos anos 60, no calor das lutas populares contra a todas as tárias latino-americanas, em resposta aos contextos sociais de
formas de violência e exploração, como alternativa de educação repressão de governos autoritários e militares do período nos
em espaços não escolares, com vistas à inclusão daquelas e quais o cerceamento de direitos civis e liberdade de expressão
daqueles que a educação formal não alcançava. eram realidade.
Concebe a aprendizagem a partir das próprias experiências Concebe a aprendizagem como resultado da ação protagonista
ATO DE
(mas sem se limitar a elas), a todo momento, nos respectivos de todas e todos ao longo de todas as etapas da realização de
lugares de vivência, alimentada pelas relações intersubjetivas, projetos educomunicativos, isto é, da produção de conheci-
interculturais, familiares e comunitárias. Não há hierarquia mento até à comunicação das descobertas feitas, resultando
de saberes. O saber científico é tão necessário quanto aquele em envolvimento significativo com a própria cultura e a pro-
forjado na luta blematização da realidade.
PRIORIZADOS
CONTEÚDOS
229
Assentada sobre princípios das pedagogias libertárias, tributárias dos movi-
mentos populares e aos seus interesses, a Educomunicação visa à transformação
social, problematizando a forma como se produz e se consome a informação em
sociedade. Seu objetivo central é a superação de narrativas hegemônicas, produ-
zidas pelos meios de comunicação de massa que geralmente costumam retratar
e enaltecer uma dada cultura e uma versão histórica única, de interesse das elites
econômico-políticas. Essa unilateralidade é fortemente combatida pela Educomu-
nicação que propõe um caminho contrário a esse, ou seja, a inserção das pessoas
no processo comunicativo, não mais de forma ingênua, intuitiva, mas pela via da
conscientização emancipadora e libertária que se compromete com a transfor-
mação social. Em síntese, a comunicação, na ótica defendida, é entendida como
direito inalienável. É mister uma perspectiva como essa, quando, diariamente,
são veiculadas narrativas que constroem e/ou reforçam os estereótipos, o nega-
cionismo da ciência e a afronta aos direitos humanos, tal qual vem ocorrendo, de
forma mais explícita, com a onda de fake news. Logo, a Educomunicação pode
constituir instrumento de resistência popular e educativa, que cria ecossistemas
comunicativos e converge para o empoderamento pela autocrítica e modificação
do processo comunicacional. Nesse bojo, o uso crítico das tecnologias digitais nos
processos educativos pode ser uma medida extremamente assertiva.
Ante o exposto nesta retomada das articulações teóricas feitas ao longo do
capítulo, reiteramos que tanto a Educação Popular quanto a Educomunicação
possuem bases políticas determinantes e convergentes para a transformação da
realidade social. Em ambas as abordagens, há o entendimento do necessário prota-
gonismo das pessoas, a todo momento – do estabelecimento de objetivos até a sua
concretização – em prol de um movimento de construção de uma outra sociedade.
Nesse movimento, as pessoas podem vir a se apropriar das tecnologias digitais
já em franco uso por uma parte privilegiada da população, mas de forma crítica,
ou seja, não reprodutora de estereótipos, exclusões e formas de dominação. Nessa
direção, a incorporação de tecnologias digitais nos processos educativos populares
pode ser um elemento a mais na composição de uma proposta que intenta a pro-
moção e o fortalecimento da construção colaborativa do conhecimento, traçada
pelos interesses das comunidades em situação de vulnerabilidade socioeconômica,
para a transformação da realidade.
Isto posto, entendemos que são inegáveis as contribuições da Educação Popu-
lar e da Educomunicação para um proposta de educação popular com a mediação
de tecnologias digitais, a saber: i) a opção por projetos educacionais inclusivos,
230
adequados às demandas e ao contexto de vida das comunidades implicadas, por
existirem por elas e com elas, o que promove maior aderência dessas propostas;
ii) a disponibilização de diferentes formas de oferta educativa, incluindo-se aí a
formulação de proposituras mediadas pelas tecnologias digitais, equipando tecno-
logicamente as instituições não formais e as escolas inseridas nas comunidades em
situação de vulnerabilidade; iii) a ampliação do acesso digital e da conectividade,
pela luta por políticas públicas destinadas à aquisição de aparatos tecnológicos, à
universalização da integração à internet, entre outras pautas.
Ressalta-se, no entanto, que não há um modelo único de oferta educativa
com a mediação de tecnologias digitais que sirva aos interesses de comunidades
em situação de vulnerabilidade socioeconômica, mas, sim, uma direção político-
-pedagógica que orienta a sua condução na direção da leitura crítica da realidade,
para transformá-la, firmada na valorização e no protagonismo das educadoras-e-
ducandas e dos educadores-educandos, assim como em práticas de comunicação
populares, na valorização da curiosidade epistemológica e na apropriação crítica
de tecnologias digitais em franco uso na sociedade.
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ponível em: <https://cebr.com/wp-content/uploads/2021/12/ WELT-2022.pdf>. Acesso em: 08 fev. 2022.
234
O PAPEL DO PROFESSOR NA SOCIEDADE
CONTEMPORÂNEA: até onde somos responsáveis
INTRODUÇÃO
101
Doutorado em Patologia Ambiental e Experimental (UNIP). CV: http://lattes.cnpq.br/9567448441307792
235
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
236
quando o aluno se apossa de trabalhos literários que não lhe pertencem, tra-
duzindo as formas de como eles lidam com o conhecimento.
Nesse contexto, pesquisas científicas comprovam que o hábito de ler pro-
move o desenvolvimento do cérebro como decifrar, compreender, generalizar,
sintetizar ou até mesmo propor hipóteses são funções superiores da mente,
usadas durante a leitura. Talvez por isso, pesquisas científicas realizadas nos
Estados Unidos – Universidade de Stanford – e na França – Unidade de Neu-
roimagiologia Cognitiva do Instituto Nacional Francês de Saúde e Pesquisa
Médica (Inserm/Comissão de Energia Atômica e de Energias) comprovam
que a leitura faz bem ao cérebro. (BRASIL, 2016).
Dando continuidade quem sabe o cerne das dificuldades seja a deficiên-
cia de compreensão do texto, já que não se pode ser conivente com esse tipo
de prática, até porque se torna um problema social, e as instituições de ensino
deverão se preocupar um pouco mais constituindo comitês de ética e pesquisa.
Visto sob essa ótica, quando se fala em ler, geralmente a reação dos alunos
do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental costuma ser de repúdio e descaso.
Acostumados com a obrigatoriedade de ler um livro por bimestre para preencher
fichas de leitura e posteriormente fazer provas e testes, os alunos associam os
livros a tarefas repetitivas e maçantes. Assim, o professor que pretenda estimular
os alunos a ler precisa deixar a angústia de lado e se rebelar contra as práticas
comuns no trabalho com os textos.
O problema começa muito cedo, pois se considera que a criança entra
em contato com a leitura apenas quando chega à escola. A família não tem o
hábito de ler. Livros não são considerados presentes, muito menos nos aniver-
sários! Então se remete ao professor, e somente ao professor, a tarefa de ensinar
a ler. Assim, deixa-se de lado o que ensina Paulo Freire ao dizer que a leitura
como percepção do mundo precede a leitura da palavra. Portanto, ler é conferir
significação ao que nos é apresentado, o que qualquer criança faz, ainda que o
texto não seja escrito. (SOARES, 2022)
Desta forma os alunos confiam nos sites e redes sociais, pois as informa-
ções são mais acessíveis, reduzindo sua capacidade de pesquisa e discernimento
o que contribuem para redução da aprendizagem que já não é satisfatória. É
comum nas redações, resenhas ou resumos e até mesmo na fala de um para o
outro o uso de gírias, encurtamento das palavras.
237
Partindo dessa ideia, talvez essa exploração na rede, possa deixar os alu-
nos sem elementos descritivos perdendo a relação de uma coisa com a outra,
com uma sensação de vazio na apropriação do conhecimento, quando o que se
espera seja um auxílio na sequência dos fatos, em organizar e processar a infor-
mação apreendida. Espera-se que a função do computador seja o de promover
pesquisas para aprimorar ideias e ideais, ao invés de tornar o ensino incônscio.
Nesse sentido fica aquém das expectativas que o professor idealiza, quando
percebe determina do aluno que mostrava perspicácia, participativo nas aulas
cognitivo nas suas ideias, revela-se incapaz de escrever sobre seus pensamen-
tos e ideologias. A importância da investigação científica que nos propomos
a executar, não se esgota na sua relevância enquanto área de conhecimento.
Não podemos ignorar a importância destes resultados, particularmente à
luz da evidência de que o aluno muitas vezes internaliza as expectativas dos pro-
fessores ao longo do tempo e essa interiorização, auto conceito e motivação pode
diminuir até que chega a hora de dizer por que veio, porque escolheu determinada
área, o que motivou o que espera, mas o seu potencial encontra-se danificado.
A educação é como o processo de socialização a que os indivíduos
são submetidos.Talvez essa expressão seja ampla demais, e não
corrobore com nossas angustias mais, é o fenômeno que vem acon-
tecendo em algumas realidades universitárias. (DURKEIM, 1978).
239
Maior disposição dos professores em orientar os alunos para uma
produção analítica e crítica do trabalho escolar. (CAMARGO, 2012)
240
Nesse caso talvez possamos dizer que o conhecimento apontado como
imprescindível para a função docente compõe um conjunto de saberes que são
fundamentais no enfrentamento das situações que afloram no ato de ensinar,
por vez apresentando-se como reforço para a ocupação docente. Todavia tor-
na-se relevante ressaltar que o saber do professor não é segregado no âmbito
de sua vida pessoal e profissional.
Sabe-se que a educação passa por modificações diárias alterando o trabalho
docente frente às novas imposições profissionais, oriundas das políticas na educa-
ção produto do liberalismo econômico que ditam as características dos professo-
res, ajustando-os ao que for absolutamente necessário para o mercado do trabalho.
Diante do evidenciado, comprova-se que o trabalho do professor se tornou
multifacetado e em estado de progressivas tensões frente às ações impostas pela
sociedade contemporânea, uma vez que envolve trabalho com e sobre os seres
humanos e, por consequência, permeado por teorias e ações práticas que requer
uma constante reflexão teoria-prática, sobre sua formação.
“Evidentemente o entorno social não se resume a indivíduos e a grupos
sociais, ele também é povoado de objetos e práticas e de fenômeno, às vezes
de personagens que constituem outras tantas apostas para esses indivíduos e
grupos. Isto significa que a partir de informações que circulam a seu propósito,
uma sociedade dispõe de elementos que permitem categorizar as pessoas, definir,
legitimar tomada de posição e condutas”. (DESCHAMPS e MOLINER, 2009).
Do mesmo modo, o mundo do trabalho não admite mais a presença de
profissionais limitados apenas aos aspectos da profissão, mas sim que sejam
competentes e preparados para a vida, com capacidade de articular conheci-
mentos, com uma prática mais abrangente, sem prescindir de conhecimentos
científicos da profissão. (FERREIRA, 2003).
Reforçando esse pensamento, Delors (2003) comenta que, ao longo de
toda a vida, estas aprendizagens serão de alguma maneira para cada indivíduo,
os pilares do conhecimento, a saber: aprender a conhecer, aprender a fazer,
aprender a viver junto, aprender a ser.
Sendo assim como continuar a estruturar cursos com conteúdos que
dia a dia se tornam obsoletos e perdem a conexão com a avalanche de outros
saberes, advindos de todos os quadrantes da Terra, a cada hora que passa? Cada
centro de educação, daqui para o futuro, deverá transitar das aulas do magister
dixit para ambientes de discussão, pesquisa, consonâncias e dissonâncias em
241
que a internet e as bibliotecas se associarão, no apoio à construção do saber,
e os professores atuarão como verdadeiros maestros de orquestra, inspirando,
coordenando, articulando, assessorando e avaliando o produto final do ambi-
cionado conhecimento, sempre conectando em tempo real com as antenas do
mundo de amanhã. (SOUZA, 2011).
Com essas afirmativas, mudanças, expectativas e modelos de ensino
que apareceram atualmente, como metodologias ativas, ensino hibrido, ead,
remoto etc., onde o aluno é o protagonista. Se nos concentrarmos no processo
de ensino, podemos perceber que há um grande número de alterações neste
campo, o que vem influenciar o papel dos professores/facilitadores, definindo
metas e organizando o processo de aprendizagem em conformidade.
Continuando, a necessidade de uma geração de professores que vise
desenvolver a percepção dos alunos em vez de ensiná-los, que desperte a sua
independência e estimule o “aprender a aprender”, que oferecem aos alunos
motivação e interesse para a aprendizagem ao longo da vida e exortá-los a se
tornarem aprendizes autônomos, é essencial para a educação do futuro.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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244
OS DESAFIOS DA DISCIPLINA DE ARTE NA ESCOLA
EM TEMPOS DE PANDEMIA
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
CV: http://lattes.cnpq.br/5165828772886933
245
E nesse sentido podemos observamos na enciclopédia virtual wikpedia o
conceito da palavra Arte com o seguinte significado:
Arte (do termo latino ars, significando técnica e/ou habilidade) pode
ser entendida como a atividade humana ligada às manifestações de
ordem estética ou comunicativa, realizada por meio de uma grande
variedade de linguagens, tais como: arquitetura, desenho, escultura,
pintura, escrita, música, dança, teatro e cinema, em suas variadas
combinações. O processo criativo se dá a partir da percepção com o
intuito de expressar emoções e ideias, objetivando um significado único
e diferente para cada obra. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Arte. 2022.)
RESULTADOS DA PESQUISA
RELATOS DE EXPERIÊNCIAS
249
Apesar do contexto histórico trazer inúmeras inseguranças e provocar
instabilidades emocionais, é possível observamos que a arte segue inovando
para aqueles que dela recorrem.
Ainda nessa etapa da atividade os estudantes puderam visualizar algumas
releituras de obras famosas de diferentes períodos artísticos e pintores, por meio
de releituras de obras famosas mundialmente, e que traziam em suas leituras temas
como a importância dos cuidados. Como o uso das máscaras faciais, e ou, o caso
de algumas dessas obras artísticas ironizarem as situações de pandemia. Nesta
etapa a atividade era somente a apreciação dessas releituras.
A segunda etapa da atividade era a observação de duas imagens apresentadas
no slide a eles. Seguindo a etapa da atividade a primeira imagem trazia uma reflexão
sobre a corrida pela vacina contra a doença Covid-19. Uma vez que, a segunda
imagem retratava ao dia em que não seria mais preciso utilizarmos máscaras de
proteção contra a contaminação pela doença. Os estudantes fizeram suas análises,
e falaram sobre o que conseguiram interpretar ao observar essas imagens.
Feito os apontamentos de cada estudante foi possível concluir que a Arte mesmo em
momentos de pandemia corona vírus, manteve-se presente em nossas vidas. Mostrando
que a arte é fundamental para desenvolver diferentes habilidades nos seres humanos.
Concluindo a etapa da atividade de análise das imagens apresentadas aos estudan-
tes, deu início a atividade de apreciação de escuta e analise da letra da música “A Cura tá
no Coração” composta pelo cantor e compositor Gabriel o Pensador em 2.020. A letra
da música aborda vários temas como por exemplo: a empatia, a solidariedade, e como
tema enfoque a questão do amor e a união para com o próximo e entre outros temas.
Após escutarem a música foi apresentado aos estudantes algumas perguntas
que eles deveriam responder sobre a composição. E assim refletirem sobre a letra da
canção respondendo, e apresentando suas respostas aos colegas de sala e professora.
As próximas atividades os estudantes leram o material apostilado, Arte em
Tempos de Pandemia compreendendo um pouco mais sobre temas abordados por
artistas de períodos diferentes que representaram outras pandemias na história da
humanidade, e, também entenderem as características e artistas contemporâneos.
Posterior a leitura do material apostilado foi apresentado aos estudantes um vídeo da
obra do artista contemporâneo Banksy intitulada de “Quem Vira o Jogo”(2020), retratando
a gratidão britânica pelos profissionais da saúde durante a crise pandêmica da Covid-19.
Esse mural retrata a imagem de um menino brincando com um boneco de
uma enfermeira como super-heroína, e não os bonecos de super heróis das his-
250
tórias em quadrinhos retratados na imagem, e que estão esquecidos pela criança
dentro de uma cesta de brinquedos.
Nesta atividade os estudantes tiveram um Desafio de Arte sobre a obra apresen-
tada, sendo preciso assistir ao vídeo com muita atenção e responderem as questões que
abordavam a temática do desenho no mural. Os estudantes chegaram a várias conclusões
e entre elas, a mais interessante foi que a Arte pode assumir diferentes papéis na sociedade.
Dos mais diversos posicionamentos a Arte pode se tornar uma língua impor-
tante na busca pelo engajamento social, mostrando por meio das suas diferentes
linguagens o talento dos artistas para transmitir seus pensamentos, suas emoções, e
suas atitudes para protestarem ou até mesmo denunciarem o que julgam pertinente.
Finalizando a proposta desta atividade, os estudantes realizaram uma produção
visual por meio do desenho em homenagem aos profissionais da saúde.
Foram apresentadas outras obras desenvolvidas durante o período de pande-
mia no país, e em outros lugares do mundo, para aumentar o repertório visual dos
estudantes. Algumas dessas artes foram feitas em grafite que compõem grandes
murais pintados em paredes de prédios em diversos centros urbanos. Ao passo em
que os estudantes foram conhecendo essas obras puderam compreender as caracte-
rísticas que compõem as técnicas, características e linguagens artísticas desse período.
CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIAS
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HERNÁNDEZ, Fernando. Cultura Visual, mudança educativa e projeto de trabalho. Porto Alegre:
Artmed, 2000.
252
FORMAÇÃO CONTINUADA DOCENTE: O CASO DO
COLÉGIO MUNICIPAL LENILTO DE JESUS CANELA
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas temos assistidos a educação como caminho certo para
o desenvolvimento do País, e dentro dela a formação docente como sendo fator
relevante para a preparação de cidadãos conscientes. Muitos estudos veem sendo
realizados sobre o desenvolvimento deste profissional, trabalhos como este pro-
piciam com que docentes reflitam sobre sua práxis.
Nessa perspectiva, a formação continuada possibilita ao docente a construção de
conhecimentos específicos da profissão, se tornando assim mais capacitados a atender as
exigências estabelecidas pela sociedade, exigências estas que se modificam temporalmente,
tendo então o(a) educador(a) estar num processo permanente atualizado e formação.
Com isso pretende-se aprofundar conhecimentos sobre o processo de for-
mação continuada docente no Brasil e a consequente ação pedagógica. Para tanto
se fez-se necessário investigar, efetivamente, a formação continuada docente do
fundamental l, no Colégio Municipal Lenilto de Jesus Canela, em Igrapiúna-BA.
Portanto, deve-se promover o desenvolvimento do educador, orientando-o e
assistindo-o na organização de um ambiente escolar e no processo ensino-aprendiza-
gem significativo para o educando. Assim, permitirá uma aprendizagem significativa
discente. A educação brasileira ainda é fruto de uma tradição quinhentista que
apresenta em sua estrutura, ações que não condizem com as exigências da educação
contemporânea. Portanto, é importante salientar que todas as ações, gestos, olhares,
omissões, tomadas de decisões entre outras questões vivenciadas no contexto escolar,
podem interferir significativamente na trajetória dos alunos. (ESTEVE 2001).
Nessa perspectiva, o ponto de partida desse trabalho foi o recolhimento de
dados que confirmam as hipóteses levantadas, uma vez que as práticas pedagógicas
ministradas na escola refletem diretamente no rendimento escolar dos discentes.
Apresenta também as fundamentações sobre essas correntes através de uma
reflexão dialética; a prática pedagógica e a questão da formação do educador, em
Pós-graduada em Gestão de Pessoas (FAZAG). Secretária de Educação e professora (SME / Igrapiúna – BA).
104
CV: http://lattes.cnpq.br/4047230028482253
253
razão disso colocam-se a questão da aprendizagem docente que enquanto sujeito
singular possui uma história de vida. É nesse sentido que Souza (2008) nos diz
que ser professor, hoje, significa não somente ensinar determinados conteúdos, mas
sobretudo um ser educador comprometido com as transformações da sociedade,
oportunizando aos alunos o exercício dos direitos básicos à cidadania.
A FORMAÇÃO CONTINUADA
256
primeiro o contexto pedagógico, que envolve as atividades da prática
docente no dia-a-dia, espaço onde determinam as funções do professor.
Segundo o contexto profissional dos professores, que estabelecem com
o grupo o conjunto de valores, ideologias, crenças, rotinas, enfim, o
comportamento profissional. E, por último, o contexto sociocultural
que aponta valoras e conteúdo a serem trabalhados como um todo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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262
DÊ UM VOTO DE CONFIANÇA NO JOVEM!
INTRODUÇÃO
Este é um relato de experiência exitosa que tem como tema O cidadão crí-
tico, agente e consciente da sociedade em que vive: o lugar do jovem em nosso país. O
trabalho se encontra no formato de sequência didática, doravante SD, e tem como
proposta a formação cidadã por meio de uma simulação de campanha partidária.
Por isso, a SD vem promover uma abordagem reflexiva acerca da participação
do jovem estudante como cidadão consciente, crítico e agente da sociedade em
que vive e apresentar aos alunos diversas linguagens (da persuasão à multimoda-
lidade), enriquecendo a rotina escolar e estimulando a leitura e a produção dos
textos escrito, oral e imagético. Para tanto, ancoramo-nos em alguns referenciais
teóricos e documentos oficiais de educação a fim de pontuar a relevância do tema
que aqui abordamos. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, os
PCN, de Língua Portuguesa, o sujeito precisa “Tornar-se um pouco cidadão do
mundo sem perder suas raízes, participando ativamente da vida de sua nação e de
sua comunidade” (BRASIL,1998, p.16); nós, professores, necessitamos “Educar
fundado nos quatro pilares: aprender a conhecer, a fazer, a viver com os outros e
a ser” (BRASIL, 1998, p. 17); de modo geral,
O exercício da cidadania, que pressupõe a participação política de todos
na definição de rumos que serão assumidos pela nação e que se expressa
não apenas na escolha de representantes políticos e governantes, mas
também, na participação em movimentos sociais, no envolvimento
com temas e questões da nação e em todos os níveis da vida cotidiana,
é prática pouco desenvolvida entre nós (BRASIL,1998, p. 20-21).
105
Doutoranda em Letras (UFES). Professora (SEC – BA e SME / Itamaraju – BA).
CV: http://lattes.cnpq.br/9394256697668934
263
para o Ensino Médio: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (OCENEM), a
“escola deve abrir-se para os múltiplos letramentos” (BRASIL, 2006, p. 29). Ade-
mais, os conteúdos factuais precisam se dar a partir da identificação dos direitos
do jovem e do seu reconhecimento por ele próprio como cidadão; também da
identificação de características próprias dos gêneros discursivos abordados para
entender, conforme a Base Nacional Comum Curricular, as “relações de intertex-
tualidade e interdiscursividade que permitam a identificação e compreensão dos
diferentes posicionamentos e/ou perspectivas em jogo, do papel da paráfrase e de
produções como as paródias e a estilizações” (BRASIL, 2016, p. 71). Além disso, é
necessário saber lidar de forma “crítica, significativa, reflexiva e ética” com relação
às TDIC, “nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares), para se comunicar
por meio das diferentes linguagens e mídias, produzir conhecimentos, resolver
problemas e desenvolver projetos autorais e coletivos” (BRASIL, 2016, p. 63).
Os conteúdos conceituais se dão a partir da relação entre cidadania, direitos
e deveres e do conceito de cidadania. Já os procedimentais, por meio da leitura de
textos que influenciam e circulam socialmente em época de campanhas partidárias,
levando-se em consideração a pesquisa, em grupo, sistematizada sobre o assunto
e a análise da opinião do que a comunidade jovem pensa sobre o direito ao voto e
acerca da perspectiva de mudança. É também através dos “usos e funções da música
em seus contextos de produção e circulação, relacionando as práticas musicais às
diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, esté-
tica e ética” (BRASIL, 2016, p. 207) que se forma cidadãos críticos. Por isso, um
dos gêneros propostos na SD é o jingle, breve, porém, muito rico quanto a essas
dimensões. Por fim, os conteúdos atitudinais que se dão pelo trabalho em grupo:
colaboração e participação; a elaboração de argumentos e sugestões que contri-
buam para a ampliação dos direitos e dos deveres do jovem como cidadão crítico.
De antemão, esclarecemos que serão necessários alguns recursos para a apli-
cação das SD, tais como data show, lousa, piloto, apagador, notebook; caixa de som;
microfone; textos impressos, cartolina; caderno, borracha, lápis, caneta, tesoura.
Como segmento educacional, podemos considerar como público-alvo, a depender
da maturidade, turmas dos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio.
No que tange à estrutura deste relato de experiência, o trabalho foi desen-
volvido no formato de SD constituído em etapas, sendo cada uma destas apre-
sentadas conforme os passos de cada atividade desenvolvida e um gabarito, para
cada etapa ou passo, a fim de dar suporte sobre a temática para o professor e para
os alunos. Esse formato se encontra no Regulamento Práticas para Compartilhar
264
do Programa Ciência na Escola (doravante, PCE)106, vinculado à Secretaria de
Educação do Estado da Bahia. Este regulamento orienta para a produção de SD
como meio para uma aprendizagem significativa, sob o ponto de vista de Delia
Lerner (2002), que apresenta diversas estratégias para planejar atividades em sala
de aula. Segundo a autora, a SD tem como único propósito, o aprendizado de
um tema podendo resultar em uma avaliação do processo ou da aprendizagem.
Já para Zaballa (1998, p. 18), as SD são atividades ordenadas e articuladas para
a “realização de certos objetivos educacionais, que têm um princípio e um fim
conhecidos tanto pelos professores quanto pelos estudantes”. Vamos à SD!
Além do contato com o Regulamento Práticas para Compartilhar, (da editora Atina Educação em parceria com o
106
PCE), fizemos o estudo de um material relevante denominado Autoria Docente e Produção de Sequências Didáticas,
também da editora Atina.
265
Figura 1 – Charge sobre o Brasil107. Figura 2 – Charge sobre o voto108.
107
Figura 1 – Charge. Brasil: um país de quase todos. Disponível em: <https://nahoradoamargo.blogspot.com.br/2011/10/
brasil-um-pais-de-quase-todos.html>. Acesso em: 20 jul. 2022.
108
Figura 2 – Charge. Vota Brasil. Disponível em: <https://novacharges.wordpress.com/tag/vota-brasil/>. Acesso em: 20
jul. 2022.
266
saúde, água e energia; Cultura – cultura, direitos humanos e divisão dos poderes;
e socialização das experiências vivenciadas pelos alunos. Para melhor aprovei-
tamento dos tempos de aula, os alunos terão de providenciar e ler, extraclasse,
material complementar que se trata dos assuntos referidos para ser analisado no
próximo passo dessa etapa em sala.
No terceiro e último passo, o professor deverá dividir a turma em gru-
pos de quatro ou de cinco integrantes (a depender da demanda) para que seja
realizada a discussão, dentro de cada grupo de trabalho, acerca do tema, com
base nas pesquisas109 e leituras realizadas extraclasse e nas explicações dadas
pelo docente em aula anterior.
Como gabarito desta primeira etapa, sugerimos que o aluno descreva oral-
mente como ele pode contribuir, por meios viáveis, para a melhoria do país nos
âmbitos educacional e cultural, por exemplo, partindo do local onde vive, sendo
conhecedor dos seus direitos e deveres como cidadão político, agente e capaz de
transformar a sociedade. Além disso, o indivíduo pode verificar exemplos dos
gêneros e suportes textuais que circulam em nosso espaço em época de campanhas
partidárias, observando a linguagem utilizada e a mensagem presente nestes textos.
Sendo assim, elencamos alguns estudos110.
Ademais, o docente pode contextualizar o assunto da SD, situando a sua
turma em tempo real sobre alguns direitos e deveres do cidadão, traçando um
paralelo entre o momento em que vivemos e as abordagens encontradas nos
materiais supracitados acerca do nosso meio social e político e fazer os seguintes
questionamentos: Será que sabemos, realmente, quais são os nossos direitos e
deveres eleitorais como cidadão na sociedade civil organizada contemporânea que
se intitula democrática? Quais as mensagens (subliminares) presentes nos textos
que circulam socialmente em épocas de eleições?
109
Material complementar: Sobre estudos eleitorais, pág. 09-28. (Estudos eleitorais. Disponível em:<http://www.tse.jus.
br/hotsites/catalogo-publicacoes/pdf/ estudos_ eleitorais / estudos_eleitorias_v11-n2.pdf>. Acesso em: 27 jul. 2022).
110
Conheça alguns exemplos de direitos e deveres do cidadão. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/esporte/2013/04/
conheca-alguns-exemplos-de-direitos-e-deveres-do-cidadao>. Acesso em: 21 jul. 2022. Livro Bahia, Brasil: Espaço,
Ambiente e Cultura. Disponível em: <http://www.geodinamica.com.br/bahia-digital/>. Acesso em: 21 jul. 2022. Os 8
jingles mais marcantes de campanhas presidenciais no Brasil. Disponível em: <http: // super. abril. com. br / blog / super-
listas /os-8-jingles-mais-marcantes-de campanhas-presidenciais-no-brasil/>. Acesso em: 21 jul. 2022. Charge: Depois do
Tim Maia. Disponível em:<http://cardosinho.blog.br/variedades/charge-9/>. Acesso em: 21 jul. 2022. A importância dos
direitos políticos. Disponível em: <http:// www. tse. jus. br/institucional/escola-judiciaria-eleitoral/revistas-da-eje/artigos /
revista - eletronica-eje -n. -2 - ano- 4/ a- importancia- dos- direitos- politicos>. Acesso em: 21 jul. 2022. Mensagem Subli-
minar. Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/curiosidades/mensagem-subliminar.htm>. Acesso em: 21 jul. 2022.
267
SEGUNDA ETAPA: INVESTIGAÇÃO DO CONCEITO
111
Escolhemos este método de entrevista porque pode ser realizado por meio de conversa informacional, a qual facilita a
interação entre o entrevistador e o grupo entrevistado que, nesse caso, podem ser moradores jovens da comunidade local.
268
que “O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios”, dentre outros “II -
liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber”112.
Sendo assim, é importante reconhecer o espaço escolar como um dos pontos
de apoio à pesquisa e à ampliação do conhecimento, uma vez que este último chega
até nós de modo tão rápido e ininterrupto, a contar das diversas formas pelas quais
nos comunicamos e interagimos num mundo cada vez mais conectado. Para tal,
torna-se necessário fazer da escola um espaço real para a discussão de assuntos os
quais muitas vezes não são percebidos pela comunidade escolar, como é o caso do
tema política. Por isso, tornam-se relevantes atividades de pesquisa como a entre-
vista, dentre outras, visto que os alunos buscam trazer opiniões de outros jovens
de fora para dentro do espaço escolar. Estes últimos às vezes estudam em outras
escolas ou muitas vezes se encontram fora delas. Vejamos algumas propostas de
materiais para essa etapa em tela disponíveis no rodapé113.
Quanto ao segundo passo desta etapa, propomos síntese e análise de dados.
Depois de levantar as informações, os alunos devem, em grupo, discuti-las, compa-
rá-las e inseri-las em seus discursos escritos/orais os quais serão apresentados por
meio dos gêneros textuais (associados a outros, a saber: jingle, slogan, etc.) em diversos
suportes, integrantes do produto final. A participação do docente – nesse processo de
seleção e organização das ideias – é primordial, pois, é o momento em que se fazem
intervenções teóricas e práticas tais como tratamento dos dados obtidos e organi-
zação das informações selecionadas as quais são relevantes e orientam a formação
crítica do alunado. As ideias que surgem com as pesquisas são muito importantes
para as discussões entre os grupos, uma vez que confirmam ou reformulam o que
estes sabiam acerca do tema, ampliando os seus conhecimentos. Os registros são
complementares e podem ser feitos pelos grupos, por escrito, com base nos conteúdos
presentes nos materiais sugeridos no primeiro passo desta etapa de investigação.
Como gabarito deste segundo passo, eis alguns conceitos importantes que
podem auxiliar na organização dos dados obtidos:
a. Democracia → “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.
112
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em 12 jul. 2022.
113
Artigo sobre comportamento eleitoral. Disponível em: <http:// <www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S0104-62762005000100006>. Acesso em: 28 jul. 2022. Vídeo sobre consciência política. Disponível em: http:// bairros.
net.br/video/consciencia-politica-informe-cidadania/F7VK8e509wk/nova-londrina/ariquemes/rondonia>. Acesso em:
28 jul. 2022; Periódico de pesquisa sobre opinião pública e conjuntura política. Disponível em: <http://www.opiniaopu-
blica.ufmg.br/emdebate/nov_2009.pdf>. Acesso em: 28 jul. 2022; Vídeo sobre a possibilidade de o jovem mudar o país.
Disponível em: <http:// www.ovh. net.br/video/w-jovem-pode-mudar-a-cara-da-politica-no-brasilg-01/txqeRsEvQi4//
novauniao/ rondonia>. Acesso em: 28 jul. 2022.
269
Definição conforme o parágrafo único do artigo 1º da Constituição
Brasileira de 1988114.
120
Teatro sobre política. Disponível em: <https: //www.youtube. com/watch?v=VVJ6w_qsK6w>. Acesso em: 12 jul. 2022.
Projeto escolar contra a corrupção. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=EcQaMmFlZRk>. Acesso em: 12
jul. 2022. Os melhores jingles políticos do Brasil. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=kanU7nyAQYg>.
Acesso em: 12 jul. 2022. Escola faz simulação de eleição. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=P-RcG-
D3wpUg>. Acesso em: 12 jul. 2022.
271
dados (colegas de turmas e comunidade escolar, a depender do espaço escolhido e
dos recursos a serem utilizados), sendo que cada grupo tem um tempo específico
para exposição das ideias e propostas que venham colocar para os expectadores
sobre a possibilidade de o jovem mudar os rumos do país.
Como gabarito deste segundo passo, os grupos: (i) devem expor, oralmente
e por meio dos recursos e materiais disponíveis, durante as apresentações, possí-
veis soluções que demonstrem a capacidade de os jovens mudarem os rumos do
país; fazendo uso da linguagem persuasiva – por ser uma prática comunicativa
que tem como resultado o convencimento – muito utilizada no discurso político,
de tal modo que convençam o público (demais colegas e comunidade escolar)
sobre a possibilidade da melhoria da nossa sociedade; e (ii) apresentar as suas
propostas de mudança em modo de simulação de campanha eleitoral, junto aos
demais participantes dos grupos.
Para tanto, sugerimos o acesso de materiais que fornecem dicas e sugestões
de debates políticos, sobre a maneira de falar em público, bem como o exemplo
de algumas falas e comportamentos apropriados para candidatos que almejam
vencer em suas campanhas, dentre outras. Tais propostas prepararão melhor os
grupos para apresentarem os seus trabalhos e os auxiliarão na produção de frases
e textos apropriados para os seus discursos e debates, ajudando na formulação dos
argumentos. Sendo assim, é necessário que acessem materiais de apoio121.
Para o terceiro passo, podemos notar as hipóteses e os argumentos formu-
lados anteriormente, bem como as possíveis intervenções que podem ser feitas
por jovens estudantes quanto à política nacional, durante e/ou após cada apre-
sentação, verificando a sensibilidade aflorada em cada indivíduo ao participar
da socialização dos trabalhos, aceitando ou comprovando as falas ou refutando
os questionamentos que surgirem.
Como gabarito para esse passo. Sabe-se que o conhecimento é algo que se
dá a partir do que foi aprendido anteriormente. Por isso, é interessante considerar
o que os nossos alunos sabem e pensam acerca da situação política e social na qual
vivemos durante os últimos tempos, antes de definirmos os passos das próximas
aprendizagens. Consoante Ausubel (1968), “de todos os fatores que influenciam
a aprendizagem, o mais importante consiste no que o aluno já sabe. Investigue-se
em: 13 jul. 2022. Vídeo Como argumentar sem discutir. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=3aUlnrN-
xmQ4>. Acesso em: 13 jul. 2022. Vídeo Simulação. Debates. Presidentes. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=vPsDOoMMv3s>. Acesso em: 13 jul. 2022.
272
isso e ensine-se ao aluno de uma forma consequente” (AUSUBEL, 1968, Apud.
LEITE, 2008, p. 35). Por isso, torna-se imprescindível mobilizar ações nas insti-
tuições escolares que promovam o debate e a circulação de informações a respeito
de um assunto que se faz presente no contexto de quem frequenta a escolar, na
tentativa de solucionar problemas cotidianamente. Para melhor organizarem as
apresentações e as discussões que se fizerem presentes nas encenações dos grupos,
o docente e a turma podem acessar o tema “Política e democracia são temas para
a escola” e o “Guia do eleitor para garantir educação inovadora”122.
122
Disponíveis em: <http://porvir.org/politica-democracia-tambem-sao-temas-para-escola/>; e <http://porvir.org/guia-
-eleitor-educacao-inovadora/20140924/>. Ambos com acesso em: 16 jul. 2022.
123
Material de apoio disponível em: <https://issuu.com/atinaedu/docs/sd_como_transformar_sonhos_em_reali>; e <https://
issuu.com/atinaedu/docs/sd_vamos_transformar_sonhos_em_real>. Acesso em: 27 jul. 2022.
273
Como proposta de gabarito, em consonância com as palavras de Castro e
Vasconcellos (2007), “O nascimento da democracia de massas vem precedido pela
conquista de direitos (CASTRO; VASCONCELLOS, 2007, p. 81). E, “No dizer
de Nobre (2004), o estabelecimento de direitos e a criação de uma cultura política
democrática estão na base da construção do Estado de Bem-estar Social (NOBRE,
2004, apud CASTRO; VASCONCELLOS, 2007, p. 81). Por essa forma, os jovens
são desafiados a partir do espaço escolar, a verificar suas hipóteses na tentativa de
chegar a conclusões sobre a proposta inicial de agentes transformadores do seu
meio social, de modo que possam argumentar e comprovar as suas expectativas
de cidadãos críticos e conscientes no âmbito de uma política democrática e cons-
tituída por estudantes esperançosos e atuantes.
Para o terceiro passo, os alunos explicam oralmente, por meio do debate regrado
mediado pelo professor e realizado pelos representantes de cada grupo e com a par-
ticipação dos demais colegas, o que aprenderam e o que ainda precisam aprender a
aprender. Essa tarefa será realizada com base nas pesquisas prévias e nas discussões
feitas em grupo no início desta sequência, nos registros complementares realizados
durante o processo para a apresentação dos produtos finais e depois da exposição
destes. Podemos assim verificar o papel de cidadãos conscientes e de indivíduos
capazes de construírem os seus próprios conhecimentos, além de demonstrarem que
ressignificam os saberes escolares e sociais de modo a associá-los para a construção
do conhecimento e fortalecimento das aprendizagens, apoiando-se, criticamente, na
leitura do mundo, nas informações próprias e nas que se destinam ao outro.
Torna-se relevante destacar que para a realização do debate de caráter avalia-
tivo, o professor precisa demonstrar imparcialidade ao conduzir esta tarefa e estar
com suas devidas anotações registradas acerca dos conhecimentos prévios elencados
no início desta SD, comparando-os com os registros escritos complementares dos
próprios alunos os quais surgiram durante a investigação do problema. Além disso,
torna-se fundamental propor, nessa fase da SD, uma autoavaliação oral para toda
a turma, retomando as questões para a verificação da aprendizagem elencadas na
primeira etapa, a de exploração do conceito, a fim de que a classe possa averiguar
se todos conseguiram atingir o que foi proposto inicialmente nesta SD: refletir
acerca da sua participação como cidadãos conscientes, críticos e agentes transfor-
madores da sociedade em que vivem.
Como gabarito para este terceiro passo, podemos realizar a autoavaliação
para os estudantes, confirmando os resultados do processo com base nas questões
iniciais: Sabemos o que é política e onde ela se faz presente? Sabemos qual o espaço
274
do jovem na esfera política? Exercemos o papel de jovens cidadãos políticos no
espaço escolar? Conhecemos o grêmio estudantil? Descrevemos como se encontra
a gestão política em nossa cidade, nosso estado e país? Explicamos como nós, jovens,
devemos contribuir para mudar, para melhor, a situação política da sociedade em que
vivemos – no que tange à educação e cultura – como indivíduos ainda em formação?
Como participarmos para intervir politicamente de forma positiva em relação a
isso, principalmente a partir do interior da instituição escolar?. Consoante Luckesi,
Necessitamos de cuidado com a teoria que orienta nossas práticas edu-
cativas, assim como de cuidados específicos com os atos de avaliar que,
por si, em diagnosticar e renegociar permanentemente o melhor caminho
para o desenvolvimento, o melhor caminho para a vida. Por conseguinte,
a avaliação da aprendizagem escolar não implica aprovação ou reprovação
do educando, mas sim, orientação permanente para o seu desenvolvimento,
tendo em vista tornar-se o que seu SER pede (LUCKESI, 2000, p. 7).
CONSIDERAÇÕES
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www.youtube.com/watch?v=P-RcGD3wpUg>. Acesso em: 13 ago. 2022.
TV São Luís. Simulação Debate Presidentes. Comitê de Política dos alunos do Colégio São Luís realizou
debate partidário como experimento de... 3 de dez de 2014. Vídeo (4min19). Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=vPsDOoMMv3s>. Acesso em: 17 ago. 2022.
YouTube. Os melhores Jingles Políticos do Brasil. Jingle Studio. 8 de ago. 2014. Vídeo (8min45). Disponível
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youtube.com/watch?v=EcQaMmFlZRk>. Acesso em: 10 ago. 2022.
Nota: este trabalho foi realizado inicialmente com uma turma do ensino médio em 2014. Em 2016, fui
convidada a participar do Programa Ciência na Escola para produzir em formato de SD alguma atividade
exitosa que tenha dado certo na escola. A SD intitulada Dê um voto de confiança no/a jovem! foi submetida
ao PCE, em plataforma on-line. Nesta ocasião, o trabalho foi selecionado e anunciado em evento em Salvador
para integrar o livro Práticas para Compartilhar – Volume 2 [ainda no prelo] do programa Ciência na Escola
da Secretaria de Educação da Bahia em parceria com a editora Atina, que reúne atividades de diversos pro-
fessores. Até o momento apenas foi emitido um certificado, parabenizando-me pela proposta e avisando da
seleção. A editora Atina objetiva reconhecer experiências educativas inovadoras da rede pública de ensino do
estado da Bahia, conhecidas como atividades exitosas, das quais tive a honra em participar da edição 2016/17.
278
A EDUCAÇÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
NO BRASIL
INTRODUÇÃO
124
Mestra em Ensino e Relações Étnicas-Raciais (UFSB). Tradutora Intérprete de Libras – PROLIBRAS (IF Baiano).
CV: http://lattes.cnpq.br/0170774841922552
125
Mestra em Educação (UFRRJ). Docente EBTT do Atendimento Educacional Especializado (IF Baiano).
CV: http://lattes.cnpq.br/7236854215589810
126
Mestranda em Economia Regional e Políticas Públicas (UESC). Coordenação NAPNE (IF Baiano).
CV: http://lattes.cnpq.br/3136114193854328
127
Mestranda em Educação em Ciências e Matemática (UESC). Revisora de Texto Braille (IF Baiano).
CV: http://lattes.cnpq.br/6054329727163854
128
Especialista em Libras (FAEL) e Especialista em Educação Especial e Inclusiva (FAEL). Tradutora e intérprete de
Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS (IF Baiano). CV: http://lattes.cnpq.br/4664315257529687
129
Especialista em Libras (FAEL). Intérprete de Libras Educacional (UFRB) e Professor de Libras.
CV: http://lattes.cnpq.br/9438284949236009
130
Especialista em Libras (FAMESUL). Proficiente Libras–PROLIBRAS. Tradutora/Interprete de Libras (IF Baiano).
CV: http://lattes.cnpq.br/8873352745367684
131
Especialista em Ética e Filosofia (FINOM). Advogado sob o n° 54365 OAB/BA. Técnico em Assuntos Educacionais
(IF Baiano). CV: http://lattes.cnpq.br/3625323386735668
279
promoverem práticas e ferramentas educacionais que promovam a participação
equânime dos estudantes com deficiência no seu processo de aprendizagem.
Além disso, especialmente, às pessoas surdas, sua singularidade linguística e
cultural é desconhecida por grande parte dos educadores. Acredita-se que a presença
do do Tradutor/intérprete de Libras, por si só, já garante que a inclusão se efetive.
Este equívoco, resulta em grandes prejuízos na aprendizagem dos sujeitos surdos.
Além da presença do uso da Libras nas escolas, é necessário que as estratégias
de ensino como um todo, sejam elaboradas visando favorecer a aprendizagem,
respeitando e valorizando as questões linguísticas e culturais deste sujeito. Desse
modo, alcançaremos um modelo de educação feito para as pessoas surdas.
Dessa maneira, compete aos educadores buscar diferentes estratégias de ensino
em suas áreas de atuação, com vista a ampliar a qualidade do ensino de modo que
o educando com deficiência possa ser de fato incluído na sala de aula, e sobretudo
ter acesso ao conhecimento como os outros estudantes. Diante do exposto, este
trabalho tem por objetivo retratar a educação das pessoas com deficiência no Brasil
e compreender os fatores diferenciais que podem facilitar ou dificultar o processo
de escolarização de estudantes surdos na escola comum.
DESENVOLVIMENTO
Por esta razão, a Educação Inclusiva não deve ser compreendida como um
novo termo associativo às determinadas modalidades de ensino, todavia, deve ser
concebida em sua abrangência: uma perspectiva educacional pautada em valores
democráticos, com vistas a obter uma sociedade mais justa e humana. Logo, não se
aplica apenas a determinados grupos isolados, mas sim, a todas as minorias excluídas.
Como podemos apreender, o debate sobre a Educação Inclusiva não se
reduz ao contexto da Educação Especial, no entanto, se aplica também a ela à
medida que os sujeitos público-alvo da Educação Especial também fazem parte
da população historicamente excluída da escola e da sociedade. Por isso, a Edu-
cação Especial é concebida como parte constituinte desse processo de Educação
democrática (Inclusiva). Diante desta temática, a partir do entrelaçamento dos
campos das políticas educacionais inclusivas e das políticas de educação bilíngue
para surdos, busca-se discutir processo de inclusão dos estudantes surdos, na
escola comum, sobretudo nas etapas e modalidades de ensino onde o embate
sobre o lócus privilegiado (escola bilíngue ou escola comum) para a escolarização
desses sujeitos não está posto.
O cenário educacional proposto pelas políticas inclusivas é o da aprendizagem
em conjunto, sendo a escola responsável por criar culturas com valores inclusivos
bem como produzir políticas e desenvolver práticas inclusivas, provendo apoios e
estabelecendo condições/recursos de acessibilidade. Todavia, na perspectiva epis-
temológica dos estudos surdos¹, para que o processo de inclusão dos estudantes
surdos seja consistente, faz-se necessário distanciar-se da concepção da Libras
enquanto recurso de acessibilidade, e portanto, desarticulada da encarnação cul-
tural, social e histórica que circula na comunidade surda e reconduzir o processo
a partir do fortalecimento e reconhecimento político da Libras como língua de
cultura. Nesse contexto, a análise sobre os pontos de contato que determinam
demandas da política linguística de Educação Bilíngue para Surdos e as ações
do planejamento educacional inclusivo, voltado aos estudantes surdos, na escola
comum torna-se necessária. Afinal, ao refletir sobre os objetivos e finalidades dos
pressupostos da educação inclusiva, torna-se oportuno o questionamento: Seria
possível lutar em prol da efetivação de tal perspectiva educacional sem considerar
a educação bilíngue para surdos enquanto programa constitutivo e integrado ao
projeto pedagógico da escola inclusiva?
285
Ao compreender que a concepção de bilinguismo adotada nas atuais políticas
inclusivas de Educação Especial atribui a Libras status de recurso de acessibilidade,
consideramos urgente pensar numa reestruturação da escola inclusiva, sobretudo,
no que tange à ampliação de um ambiente linguístico favorável ao desenvolvimento
e à aprendizagem dos sujeitos surdos. Ambiente, este, que ofereça condições ao
uso pleno da língua de sinais como primeira língua bem como reconheça e valo-
rize sua cultura - representada não apenas pelo uso da Libras, mas por um modo
de se expressar, conhecer o mundo, produzir artes e conhecimento a partir da
experiência visual. (PERLIN; MIRANDA, 2003). Nesse contexto, apontamos a
necessidade do fortalecimento político da Libras como língua e cultura como meio
de assegurar uma política inclusiva consistente, apta a desenvolver uma educação
de qualidade para os estudantes surdos.
CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIAS
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QUADROS, R. M.de. Educação de surdos: A aquisição da linguagem. 1997. Revista de Ciências e Educação,
A americana, ano. xv, v. 02, n. 29, p. 139-148, Porto Alegre, 2013.
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MENDES, E. G. Perspectivas para a construção da escola inclusiva no Brasil. In: PALHARES, M. S.;
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OLIVEIRA, Helleni Priscille de Souza Ferreira. Pais ouvintes de filhos surdos: perspectivas entre dois
mundos. Revista Virtual de Cultura Surda, n.24, 2018.
PERLIN, G.; MIRANDA, W. Surdos: o Narrar e a Política In: Estudos Surdos, Ponto de Vista. Revista
de Educação e Processos Inclusivos, UFSC/ NUP/CED, Florianópolis, n. 5, 2003.
RODRIGUES, C.; BEER, H. Direitos, políticas e línguas: divergências e convergências na/ da/para educação
de surdos. Educação & Realidade Porto Alegre, v. 41, n. 3, p.661-680, 2016. Disponível em: <http://www.
seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/61114/37882> Acesso em: 12 ago. 2022.
288
NARRAR-SE NO PROCESSO: RESSIGNIFICAÇÕES DE
UMA PROFESSORA QUE ATUA NA
EDUCAÇÃO ESPECIAL
INTRODUÇÃO
Ao buscar narrar certos eventos, dois sentimentos emergem com muita força:
o medo e a resignação. Tão fortes que não consegui deixar de falar sobre eles. Esses
sentimentos pertencem à um contexto específico, mas que retrata pontos impor-
tantes de minha vida. Eles estão ligados e representam mudanças e diferenças.
Eu nasci em Manaus. Eu, minha mãe, meu pai e meus irmãos nos mudamos
para Cuiabá, Mato Grosso, e esse acontecimento revela perdas e abandonos: foi
uma loucura que meu pai fez por amor à minha mãe. Para esclarecer melhor é
bom que eu submerja às minhas origens familiares.
Desde a infância transitei por mudanças e diferenças. E isso é lá de casa.
Meus pais são a personificação das diferenças que e se atraíram. O senhor Salo-
mão de Menezes, homem alto, boa aparência, pele negra retinta e bom-vivam;
apaixonou-se por Neida de Albuquerque, mulher pequena, magra, bem desenhada
de corpo, branca, de descendência italiana. Eles se juntaram e, por insistência de
meu pai, chegaram ao matrimônio.
O senhor Salomão, menino pobre, teve a sorte de ser criado por um padri-
nho português, um homem de posses e costumes, que gerou nele gostos e dese-
140
Faço alusão aqui ao romance do escritor turco Orhan Pamuk: Os jardins da memória, título que recebeu a edição
portuguesa do romance saiu pela editora presença em 2004. No Brasil o livro foi publicado pelo nome de “O livro negro”
pela Companhia das Letras em 2008 seguindo o nome publicado no mercado editorial latino.
141
Faz uma loucura por mim. Música de composição de Chico Roque / Sérgio Caetano. Gravada por Alcione no disco 2004.
291
jos refinados; enquanto minha mãe, de família humilde, cujo passado esconde
dramas profundos que não convêm revelar, era uma mulher simples, totalmente
enraizada na cultura amazonense: contava as estórias e as lendas do Amazonas:
do boto cor-de-rosa, da ilha encantada do Marapatá e as anedotas dos cabo-
clos do interior e até das indecências das “casas das moças bem frequentas” que
existem em qualquer comunidade142.
Do encontro dessas diferenças cinco filhos surgiram. Éramos sete: Papai,
mamãe Tereza, Suzete, Moises, Elias e eu, Claudia, a caçula. Eu fui a única que
nasceu em um hospital já que como presente ao meu pai, seu padrinho pagou o
parto em que minha mãe foi ligada por sua vontade, já que por meu pai o número
de filhos seria bem maior. Manauaras que viviam em um sobrado no centro da
cidade. Essa é a minha mais rica lembrança. Da infância em Manaus à adolescência
em Cuiabá, destaco as diferenças. Diferenças no modo de vida em comparação à
anterior; diferença nas comidas, nas bebidas e nas palavras, sem falar nas diferenças
sociais com as quais teríamos que conseguir vencer.
Em Manaus vivíamos de modo confortável. Minha família havia conse-
guido se estabelecer através da venda de bolos e salgados. Era uma banqueteira
conhecida. Tínhamos certa estabilidade financeira e nós tínhamos acesso à cultura
(peças de teatro, músicas, discos, aparelho de rádio, instrumentos musicais) e a
escolas particulares. Recordo-me como agora, sentada ao lado de meu pai ouvindo
música clássica. Nossa casa sempre havia movimentação cultural, poesias sendo
faladas, comida à mesa e literatura.
Uma das lembranças mais firmes em minha mente é o porto. Manaus é a
porta de entrada de mercadorias da Europa. Recordo-me de ver chegar os navios e
principalmente da variedade de alimentos, das caixas e caixas de frutas e do gosto
do chocolate. Por outro lado, a Amazônia também era fornecia uma variedade
de comidas: castanhas, peixes, carnes de caça, farofa de tartaruga no casco e o
pé-de-moleque, eu gostava do beiju, do salame de castanha e cupuaçu e do açaí
puro com farinha. Uma comida que nos acompanhou foi o vatapá (de pão, porque
o vatapá amazonense é com pão).
Meu pai gostava muito da boa mesa. Ele foi acostumado por seu padrinho a
coisas diferentes, comidas e modos europeus. Ele exigia fartura. E de nós, os filhos,
Sobre essas estórias, Montenegro (2010), ao tratar acerca da metodologia da história oral, recorre também à Walter
142
Benjamin e outros autores para falar dos ecos que elas possuem, dos contos de fadas e das literaturas, que vão sendo incor-
poradas e ressignificadas na cultura popular. O que nos leva a pensar nos ecos das estórias, das anedotas e das literaturas
contadas e que agora circulam e fazem parte da cultura popular.
292
ele cobrava “modos”, um tipo de comportamento social que deveria ser apresentado
à mesa em público. Minha mãe, à modo de concordância, acenava sempre à cabeça
aos gostos do papai. Havia uma regra à mesa: fartura e variedade. Dever-se-ia ter,
ao mesmo tempo, peixe, carne, frango, frutos do mar, carne de caça e as guarni-
ções. E minha mãe, por sua vez, gostava desse sinal de fartura e dinheiro, embora
não tivéssemos tanto, algo que ela lamentaria a falta anos mais tarde em Cuiabá.
Também havia a familhagem. Os titios, os primos, os avós e os agregados.
Uma boa parte dos parentes do lado do meu pai vivia em Manaus, enquanto do
lado da minha mãe, esse lado, havia migrado para o Mato Grosso na década de
1970. Dona Neida Albuquerque de Menezes, minha mãe, pertencia à uma família
de mulheres muito fortes e bastante ligadas. Quando minha avó e minhas tias
migraram para Cuiabá, o banzo, a saudade e a tristeza tomaram conta de seu coração.
Quando minha mãe se aventurou a conhecer o Mato Grosso e Cuiabá na
década de 1970, uma viagem desgastante, que poderia durar mais de três semanas.
Da chegada até o seu retorno, poderiam se passar meses. Durante esse tempo meu
pai, acostumado à presença e ao tempero de minha mãe não se conformava. E havia
nós, os filhos. Foi exatamente por esse motivo que meu pai concordou em deixar
a vida que levava para tornar-se migrante e se aventurar. Na década de 1980, após
algumas idas e vindas à Cuiabá, nossa família finalmente vendeu o que tinha para
nos mudarmos. E Cuiabá era outro clima, outro jeito, outro movimento. Recor-
do-me bem: Cuiabá tinha gosto de estranheza e Manaus tinha cheiro de saudade.
Em Manaus a chuva é constante e não atrapalha o ritmo de vida e do trabalho.
Ocorreu-me, como nesse esforço lembrar-me, de uma passagem curiosa. Entre
as idas e vindas da minha família, eu indo para escola em Manaus, depois de ter
ficado um ou dois anos em Cuiabá, e quando cheguei totalmente molhada, voltei
à professora e perguntei: - Haverá aula? Ela prontamente respondeu: - Claudia,
todos os dias chove, se fossemos parar por causa disso, ninguém mais fazia nada.
Eu já estava adaptada à Cuiabá.
Desfez-se àquela vida que levávamos e muitos personagens perderam-se
pelo caminho. Da família de meu pai, jamais tornei a ver meu primo caçula, que
hoje sabemos, não era um bobinho, como era considerado nas brincadeiras de
roda. Ele tinha Síndrome de Down. Nunca mais voltei a ver nossa vizinha de
porta e amiga de brincadeiras, talvez hoje ela fosse diagnosticada com deficiência
intelectual e, até o afilhado de meu pai, deficiente físico que ninguém sabe o que
aconteceu. Diferente dos três outros meninos filhos de minha tia por parte de pai,
293
que tiveram paralisia ou outras coisas que agora, de memória não consigo lembrar
sem a ajuda dos meus irmãos mais velhos.
Na família de meu pai, muitas pessoas poderiam na visão de hoje, serem
classificadas como pessoas com deficiência a depender da avaliação diagnóstica
de um especialista. Infelizmente, naquela época os especialistas eram raros, dife-
rentemente dos preconceitos e tabus. Mesmo hoje, após tantos anos de trabalho,
sinto-me melindrada em sugerir que uma família procure ajuda especializada. Essa
situação, essa dificuldade são tão presente que chega a ser opressora.
Aos olhos de hoje também, mudar foi uma loucura. Deixar o que se tinha,
as pessoas que faziam parte da vida e do seio familiar. Uma prova de amor de
meu pai à minha mãe. Crescer na minha família foi uma loucura, já que todas as
famílias têm suas tragédias. É como na abertura de Ana Karenina, quando Leon
Tolstói afirma das diferenças das famílias, o maior ato de amor foi a coragem de
aventurar-se para um futuro desconhecido. Assim:
Desafio quem quer que seja a descrever os arcanos da psyché sem
ceder à intuição de alguma extensão, onde ocorrem movimentos,
transferências e transformações. Apesar de pretender que, dedicada
ao espaço, nossa inteligência, não pudesse nunca aceder ao puro fluxo
temporal, reservado à consciência (SERRES, 2015, p. 91).
143
Obrigada. Música. Composição de Sergio de Souza e Francisco Chico Roque, gravada por Alcione no disco: Uma
nova paixão, 2006.
144
Música: Último Desejo. Composição Rildo Alexandre Barreto da Hora e Martinho da Vila e Noel Rosa. S/d.
294
desenvolvido na antiga Residência dos Governadores, na Rua Barão de Melgaço,
número 3565, no Centro da cidade.
No ensino médio cursei magistério. Eu gostava do curso, me encontrei no
processo, mas sempre pensava em fazer algo ligado à arte e o curso universitário
foi a oportunidade mais próxima de vivenciar uma paixão: a música. O curso de
música da Universidade Federal de Mato Grosso tinha, e ainda tem, prova de
aptidão, a chamada “prova prática”. Esse era um divisor entre os que gostavam de
música, mas não sabiam seus fundamentos, e àqueles que tinham algum conhe-
cimento o suficiente para passar e prosseguir no curso, já que a prova era aplicada
após os três dias de vestibular.
Fui aprovada com sucesso, a experiência familiar foi o suficiente, afi-
nal de contas, após tantos acontecimentos, informações, superstições e práti-
cas, que até poderia considerar em excesso, só fiquei mais rica em experiên-
cias comunicáveis e aplicáveis.145
Durante o curso, apaixonei-me por história da arte, em parte por conta da
professora Rosângela Calix Coelho da Costa, professora do Departamento de Artes
da UFMT, mas, obviamente, a música era o forte da minha vida. Lembro-me dos
cursos de aperfeiçoamento e dos encontros. A primeira vez que estive num curso
de música no em Curitiba, convivendo com cantores de todo Brasil, por um lado
acanhei-me, por ver tanta projeção e extensão misturado com beleza estética da
voz, com também percebi que era possível vivenciar de diversas formas o meu canto.
É interessante nesses cursos que se pode ver de tudo. Conheci pessoas que
tinham técnicas de aquecimento vocal diversas exóticas; outros tinham simpatias,
como tomar um chá de casca de cebola para limpar a voz; mascar chiclete cons-
tantemente ou até manter o abdômen contraído o tempo todo. Tudo isso ser-
viu para permitir que eu buscasse a mim mesma, como no aforismo de Sócra-
tes, para buscar o meu caminho.
Durante a vida universitária, de 1994-1998, muitas coisas aconteceram.
Cursos, ensaios e apresentações, amigos e viagens. Foi no coral universitário onde
vivi coisas importantes e interessantes profissionalmente. E foi lá que fiz um solo
pela primeira vez146 e participei da ópera A Flauta Mágica, de Mozart, em 2006
e continuei experimentando uma variedade de estilos e propostas musicais.
145
BENJAMIN, Walter. Experiência e Pobreza. In:__. Magia e técnica, arte e política. Ensaios sobre literatura e história
da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1987, p. 114-119.
146
Meu primeiro solo foi em um encontro de corais – Pueblos que Cantan - Córdoba, Argentina no ano de 1998, cantando
o solo Follow Jesus, um “negro espiritual”, um gênero musical norte-americano que representa o lamento dos negros
escravizados. A composição é de autor desconhecido e foi transcrita para canto coral e solo.
295
Além da técnica vocal aplicada diariamente; o coral oferecia atividades
corporais e noções de teatro, e havia as apresentações que, com certeza serviram
para me fortalecer na arte. Eu cantei as Bachiannas de Villa-Lobos para o grande
público no teatro, além disso, experimentei cantar com a Orquestra da UFMT e
uma organização menor, um octeto vocal chamado Candimba.
Cantei efetivamente até 2020 e com o advento da pandemia do Covid-
19 essas ações culturais foram diminuindo. Já não cantava nem em casamen-
tos, atividade que exercia de forma esporádica como complemento financeiro
e uma forma de manifestação artística possível e compatível com minha ativi-
dade principal, ser professora.
Ao se ver esmorecendo as apresentações musicais, o meu escape artístico foi
nas escolas onde trabalhava. Gravava vídeos artísticos para os alunos, os incentivava
a produzir, mesmo com as angústias de uma doença mortal. Os alunos passaram
a ser também o meu público, embora, à distância. Os vídeos gravados poderiam
ser acompanhados pelos pais e responsáveis, pelo menos por àqueles que que
possuíam internet e tempo para acompanhar os seus. Embora lentamente eu fui
apresentada à essa linguagem midiática e digital, que confesso, ainda não dominei.
Estar em um palco não era novidade para mim. Desde criança eu criava
palcos, encenava peças e cantava. Transportar tudo isso para à sala de aula foi
um desafio. Mas eu possuía outro aliado, além da voz e da expressão corporal,
também poderia contar com minhas habilidades plásticas. Desenhar, criar, pintar
tudo isso eu sei, mas lembrando Carlos Drummond de Andrade, “no meio do
caminho havia uma pedra”, nem todos os alunos acompanhavam os processos
que estavam sendo executados. No tempo presente, ciente de todos os aconteci-
mentos que a rede de colegas e a mundial de computadores permitiu ter acesso,
avalio agora a situação como, infelizmente, normal para todos os meus colegas
professores diante das circunstâncias.
Uma canção em tom menor traz para muitas pessoas a sensação de tristeza,
de melancolia, mas eu sempre adorei as músicas melancólicas. Elas não me fazem
recordar de momentos tristes, somente, mas de alegrias imensas que não voltam,
que podem ser replicadas, mas soam diferente na alma da gente. E considerando
as memórias trazidas até aqui, sinto muito forte a lembrança da escola Raio de Sol,
que é uma escola especializada no trabalho com estudantes com deficiência. Eu
296
trabalhei na escola muito antes de se concursada, por um ano em 1999 e depois,
muito tempo, entre 2014 e 2017.
A experiência mais significativa da minha trajetória artística relacionada ao
trabalho com alunos com deficiência foi realizada na escola estadual Raio de Sol,
em 2017, quando produzi, em conjunto com a equipe de professores e a gestão da
época, uma instalação para os alunos. Na instalação trabalhamos os cinco sentidos:
audição, visão, olfato, tato e paladar.
A instalação artística teve o objetivo de promover uma imersão artística para
alunos com variados níveis de comprometimento físico, motor e/ou cognitivo,
trazendo como proposta intensificar as experiências anteriormente apresentadas
em sala de aula, mas fazendo uso de materiais recicláveis, já buscando trabalhar
uma consciência ambiental e ensinar o reaproveitamento de materiais, além de
utilizar elementos simples que poderiam ser encontrados na cozinha de qualquer
casa, ou seja, as atividades poderiam ser replicadas por colegas professores e tam-
bém pelos pais e responsáveis dos alunos caso desejassem continuar trabalhando
com seus filhos alguma coisa relacionada à arte, também servindo como forma de
recreação entre eles. As atividades foram pensadas de forma bastante cuidadosa
para que pudesse, na medida do possível, abranger várias frentes.
Do acervo da escola foram recuperadas algumas imagens daquela ativi-
dade, que trago agora como um suporte para auxiliar a memória, que pela tem-
poralidade dos acontecimentos vai se esmoendo pouco a pouco. Embora não
deixe identificar aqui os personagens, devido a sua condição, é possível ter uma
parca ideia do trabalho realizado:
297
Foto 03 – Experiências do Olhar
CONSIDERAÇÕES FINAIS
299
REFERÊNCIAS
BENJAMIN, Walter. O Narrador. Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: Obras Escolhidas:
Magia e Técnica, Arte e Política. São Paulo: Editora Brasiliense, 1994, p.197-221.
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SILVA, Domingos. Entre-Vidas: sentimentos, solitude e a poeira. Rio de Janeiro: Autografia, 2011.
300
SOBRE O ORGANIZADOR
CLEBER BIANCHESSI
301
ÍNDICE Educomunicação 207, 208, 211-213,
217-221, 225, 226, 228-233
Pessoas com deficiência 8, 69, 71-75,
77, 279, 280, 294
REMISSIVO Ensino de história 175, 194-197, Políticas e práticas 138, 175
199-203
Prevenção 7, 19-21, 25, 29-31, 60,
Ensino de língua portuguesa 7, 18, 86, 114, 115, 123, 127, 129, 209, 214
33, 35, 38, 39
Processos formativos 8, 59, 205, 207,
A Ensino de matemática 7, 10, 14, 121, 211
122
Acessibilidade e inclusão 7, 67, 72 Produção textual 108, 116, 118, 171,
Ensino-aprendizagem 7, 14, 19, 27, 172
Acessibilidade escolar 68, 69, 73 42, 53, 121, 125, 137, 172, 173, 187-
189, 202, 253, 255, 260 Professor reflexivo 8, 193-195, 200,
Alunos surdos 7, 87, 97, 281-283, 202, 203
286, 287 Enunciados matemáticos 7, 9, 12
Professor-pesquisador 195, 200, 201,
Aprendizagem da produção escrita 7, Escolas brasileiras 8, 175, 280 203, 204
107, 108, 119
Escolas públicas 7, 67, 68, 73, 74, 76, Professores da educação básica 33,
Aprendizagem significativa 165, 166, 77, 196, 207, 211, 257, 258 35, 37, 41
168, 170, 173, 174, 228, 253, 261, 265
Espaços da sociedade 7, 131, 135, 180 R
Arte na escola 8, 245, 247
Experiência cotidiana 227 Redes semânticas 173
Aulas interdisciplinares 7, 79
F Reeducação 175, 182, 183
Ações afirmativas 8, 175, 179-182,
184 Fazeres educacionais 8, 193 Relações étnico-raciais 175, 178, 179,
182-184
B Filosofia no ensino médio 8, 165, 172
S
Bullying 49, 50, 282 Formação continuada docente 8, 253,
254, 256, 257 Saberes acadêmicos 8, 193
C
G Scratch 7, 19, 21-25, 27-32
Cidadania 9, 58, 59, 61, 68, 69, 100,
104, 105, 123, 149-152, 184, 196, 209, Gameficação 7, 33, 42 Sequência didática 7, 38, 107-110,
214-217, 229, 233, 236, 239, 254, 255, 119, 263, 278
263, 264, 268, 270, 277, 278 Globalização 7, 132, 139-141, 143,
144, 146 Sociedade contemporânea 8, 30, 145,
Conscientização 7, 19, 29, 30, 45, 202, 223, 235, 241
206, 209, 211, 214, 216, 226, 230, 232, I
247, 248, 255, 275 Software cmaptools 167, 169, 172,
Inter-relações 179, 186-188 173
Contexto escolar 43, 44, 253
Interdisciplinaridade 7, 8, 14, 79, 80, T
Contexto histórico 88, 131, 132, 150, 86, 185-191, 202, 220
250 Tecnologia na educação 7, 131-133,
Intervenção de ensino 7, 107 149, 220, 223, 225
Contexto pandêmico 7, 87, 93, 95, 223
J Tecnologias digitais 8, 33, 34, 145,
Coronavírus 19, 20, 25, 29-32, 68, 73, 147, 152, 205, 207, 211, 212, 223,
87, 92, 93, 95, 122, 128-130 Jogos digitais 28, 30-33 224, 227-231
Crises pessoais e profissionais 8, 153, L Tempos de pandemia 8, 133, 245, 250
154
Letramento 7, 9, 13, 14, 17, 35, 287 Textos clássicos 8, 165, 169, 171-173
Currículo e tecnologias 8, 145
Lócus 7, 43-45, 48, 52, 285 Transformação social 7, 43-45, 52,
D 60, 102, 199, 216, 217, 226, 229, 230
M
Desafios da disciplina 8, 245 U
Mapas conceituais 8, 165, 167-174
Direitos humanos 7, 10, 17, 55, 57-66, Universidade aberta 7, 99, 100, 104,
136, 230, 267, 284 Metodologias ativas 7, 8, 79-81, 86, 106
123, 128, 129, 185-192, 223, 242
E V
Moçambique 7, 139-144
Educação digital inclusiva 208, 213 Voto de confiança 263, 278
Educação física 7, 55, 56, 60-63, 65,
P
Vulnerabilidade social 8, 205, 207-
66, 99, 299 Pandemia na escola 121 209, 212, 214, 228, 229, 232
Educação popular 44, 207-209, 211- Papel do professor 8, 188, 199, 235,
215, 217, 225, 226, 228-230, 233 262
Educação à distância 7, 132, 139- Perspectiva freireana 207, 208, 212,
142, 144 213, 225
Pessoa idosa 7, 99-101, 104-106
302
ISBN 978-65-5368-105-7
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