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Copyright © 2023, Nina Queiroz
Todos os meus pecados
1ª Edição
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte dessa obra poderá ser
reproduzida ou transmitida por qualquer forma, meios eletrônicos ou
mecânico sem consentimento e autorização por escrito do autor/editor.
Capa: Judy Rodrigues
Diagramação: Nina Queiroz.
Revisão e Betagem: Ani Marques, Alessandra Mendes, Andressa Corales,
Dessa Rocha, Evily Aquino, Ester Feitosa, Larissa Lago e Pâmela Labarca.
Leitura sensível: Ester Feitosa
Ilustrações: Gabryella Ferreira (@gabsgabx) e Nanda (@calorethorn_arts)
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos
descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com
fatos reais é mera coincidência. Nenhuma parte desse livro pode ser
utilizada ou reproduzida sob quaisquer meios existentes – tangíveis ou
intangíveis – sem prévia autorização da autora. A violação dos direitos
autorais é crime estabelecido na lei nº 9.610/98, punido pelo artigo 184 do
código penal.
TEXTO REVISADO SEGUNDO O ACORDO ORTOGRÁFICO DA
LÍNGUA PORTUGUESA.
Playlist
Notas da Autora
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Epílogo
Agradecimentos
Sobre a Autora
Oie, se essa é a sua primeira vez por aqui, obrigada por estar lendo
essa parte. E se você já me conhece de outras temporadas, muito bem por
seguir sempre lendo minhas meras notas. Afinal, todes sabemos que ainda
não chegou o dia em que escrevi um livro sem gatilho.
Se esse momento vai chegar ou não, só Deus sabe (embora eu não
veja isso acontecendo nos próximos cinco lançamentos, acho que nasci para
ser apocalíptica. *Rindo de nervoso*).
Enfim, deveriam me proibir de escrever essa parte porque sempre
acabo tagarelando coisas irrelevantes, então dessa vez vou direto ao ponto
(disse ela depois de dois parágrafos que não acrescentaram em nada).
Todos os meus pecados é um livro para maiores de dezoito e não
somente por conter palavras de baixo calão e cenas de sexo explícita, mas
sim por trazer gatilhos e material sensível para agressão, fanatismo
religioso, consumo de álcool e de drogas.
Então caso você não se sinta confortável lendo algum desses temas,
recomendo fortemente que abandone a leitura, ou que sequer a comece. A
saúde mental sempre deve ser priorizada e em momento algum deixada de
lado, livro nenhum compensa prejudicá-la.
Dito isso, vale lembrar que a obra não tem a intenção de ofender
nenhuma religião. O livro passou por uma leitura sensível por alguém que é
literalmente filha de pastor e que tem total lugar de fala, então não houve
uma satirização, crítica ou insulto a absolutamente nada. Até porque
intolerância religiosa é crime.
Ressalto que não vejo problema adorar Deus, Jesus Cristo, Santos,
Orixás, Deuses e tudo aquilo que vocês desejarem amar. O único problema
é quando o fanatismo começa e a sensatez se esvai.
Por fim, agora que acho que falei tudo o que precisava, desejo a
vocês uma boa leitura. Nesse caso, está totalmente liberado se apaixonar
por um bad boy chaminé, okay? MAS SÓ NESSE.
(E qualquer coisa, a gente repete aquela frase do “errar é humano”
que fica tudo certo)
Ps: Se precisarem, ou quiserem, entrar em contato comigo, podem
me chamar no direct @ninaqueirozautora.
Para todos que não têm medo de pecar e experimentar do fruto proibido, eu
entendo vocês
E para aqueles que acreditam que os garotos maus podem nos levar ao céu,
nesse caso vocês tem toda razão.
Ela era o tsunami disfarçado de calmaria.
Eu era o fogo disposto a incendiar tudo.
Normalmente, nenhuma faísca minha poderia encostar nela.
Água apaga as chamas, ao menos é isso o que dizem, certo?
Eu nunca poderia machucá-la ou queimá-la com meus pecados.
Mas, de alguma forma, incinerei seu mar agitado sem deixar
nenhuma chance para que ela respirasse ar puro outra vez.
E ela?
Bom, ela me asfixiou com o seu aperto e me deixou implorando
para que não fosse embora.
Essa não é apenas a história de como o fogo se apaixonou pela água,
com um amor intenso e impossível.
Essa é a história de como ambos se arruinaram com suas diferenças.
— Você não vai participar de nenhuma orgia esta noite? — Nolan
pergunta quase gritando, forçando sua voz a se sobressair na música alta.
Se for para ser sincero, essa última parte não me preocupa nem um
pouco, os meus machucados parecem ser um atrativo extra para a maioria
das garotas da Kingly University.
Alex costuma chamá-las de “maria problema”, porque basta
saberem que participo de lutas ilegais e que a nossa fraternidade é
envolvida com coisa errada para que eu me torne cinco vezes mais atraente
aos seus olhos.
Nolan não espera uma resposta minha, ele não está realmente
interessado em saber se irei foder hoje. Todo o seu foco é voltado para o
balcão à nossa frente, onde ele reparte o pó e o divide em três fileiras.
A mais baixa, que também é a mais peituda, passa por mim tocando
em meu ombro e caminha com a amiga até a porta dos fundos, que dá
acesso direto à nossa piscina e aos barris de cerveja.
Não sabia que hoje a nossa fraternidade estaria dando uma festa,
mas não me surpreendi ao chegar e ouvir a música tocando, assim como
não me impressionei ao ver um casal fodendo no sofá com algumas dezenas
de pessoas transitando para dentro e para fora da casa.
Esse tipo de coisa é bem comum por aqui, eu e os caras não nos
importamos. Na verdade, sempre aproveitamos até demais noites como
essa. Alex, que é líder da fraternidade, aproveita essas festas para vender
suas drogas junto com Hunter.
Não que essa “pausa” tenha surtido muito efeito, as únicas regras
que eles respeitam é a de não quebrar nada e a de não entrar no quarto de
ouro e no de Aiden em hipótese alguma. Da última vez que entraram, até
mesmo a senhora Parker — advogada e mãe de Aiden — precisou ser
acionada.
Acho que nunca a vi por aqui antes, nem pela faculdade. Então
como ela veio parar em uma de nossas festas?
Procuro por um dos meninos para perguntar se eles a conhecem,
mas não encontro nenhum por perto. Sei que eu com certeza me lembraria
dela caso já tivesse a encontrado antes, sua beleza não é do tipo que passa
despercebida.
Ainda mais por mim, que sempre lembro das garotas mais gostosas
com quem já transei e até repito aquelas que realmente valem a pena.
Meu olhar fica compenetrado nela, suas mãos deslizam por seu
corpo sensualmente. Seus quadris balançam de modo ritmado, seus olhos
estão fechados e ao mesmo tempo em que ela parece estar fazendo um show
particular, seu corpo se move de forma exibida. Quase como se ela quisesse
que todos a olhassem, que todos prestassem atenção e a admirassem.
E gostosa.
A ruiva está usando um vestido verde esmeralda. Ele é curto, colado
e fosco. As mangas são inexistentes, o decote é discreto, só que igualmente
instigante. Uma vez que ele mostra a marca dos seios e faz com que a
curiosidade em ver mais seja aflorada.
Rio. Interessante.
— Eu teria notado.
Ela tem uma delicadeza em seu rosto e uma pureza em seu olhar que
é raro de se ver em pessoas como nós.
Meu quarto seria uma boa opção. A sala, banheiro, quintal e até a
piscina também seriam.
Sendo sincero, não me importo muito com o lugar que vamos usar
para foder, desde que ela esteja pelada gemendo meu nome.
Seus olhos passeiam pelo meu corpo, observo o pescoço fino sem
nenhum acessório e gosto de como sua respiração está desregulada. Mesmo
que o motivo tenha sido a quase queda ou a dança.
Maldito seja John Toland que inventou que dois corpos não podem
ocupar o mesmo lugar no espaço, ao mesmo tempo. Quero ver como ele
seguiria com esse argumento se visse meu pau cravado dentro dela.
A garota que ainda não sei o nome arranha minha nuca, ela é baixa e
delicada demais para beijar desse jeito. Como se em um único beijo
quisesse arrancar minha boca fora.
Sua língua não tem gosto de cerveja, ou qualquer outra bebida. Ela
não bebeu. Não identifico o sabor, tudo o que sei é que é bom para caralho.
Empurro seu corpo para trás sem nem mesmo abrir os olhos para ver
em quantas pessoas esbarramos.
— Achei que você tivesse dito que eles estão chapados o suficiente
para sequer perceberem — murmuro com um sorriso malicioso, usando
suas palavras contra ela.
Suas pernas tremem e minha mão a apoia, com meu indicador ainda
dentro dela. Não nos beijamos, mas nossas bocas seguem próximas uma da
outra quando ela chega ao ápice e goza, melando ainda mais minha palma.
— Acho que o azar era seu no final das contas — falo, levando meu
braço até a parede atrás dela.
Um sorriso debochado surge em sua boca avermelhada e inchada.
Fixo meu olhar ao seu da mesma forma que fiz quando a vi pela
primeira vez. E mesmo depois de gozar em minha mão no meio da festa, a
delicadeza e pureza continuam ali.
Assisto seu corpo se misturar com o dos outros e a deixo ir, sem me
interessar em descobrir seu nome.
— Achei que fosse comer a ruiva — ele murmura com a voz rouca.
Nolan não faz mais perguntas, sem ter interesse em saber sobre a
desconhecida, e não acrescento nada, afinal, sequer a conheço.
Eles eram tão intensos e algo nele soava tão perigoso que não
consegui me afastar. Por alguns segundos, não consegui nem respirar.
Eu poderia culpar o álcool, mas não bebo. Jamais ingeri uma única
dose de bebida, com exceção das pequenas taças de vinho que meu pai pede
que tomemos em eventos específicos.
Idiota.
Por favor.
Por favor.
Mas por hora não é bom levá-lo comigo, porque mesmo que eu
esteja com uma mochila, já aconteceu dele desconfiar que saí e revistar toda
a minha bolsa.
Minha mãe sempre dorme às dez e o meu pai fica até meia-noite
fazendo suas preces, para só então se permitir descansar. Ele sempre segue
o mesmo padrão no horário das suas orações, às seis da manhã, ao meio-
dia, às seis da noite e a meia-noite. O combinado que fiz com eles foi: ir
para casa da avó de Chloe, me despedir dela e estar aqui antes que eles
fossem se deitar.
Claro que eles não sabiam que minha amiga já tinha voltado para a
nossa cidade natal ontem de noite e que aproveitei essa chance de liberdade
como se fosse única — o que não deixa de ser verdade.
Desejou agir como uma garota de vinte e um anos que vai em festas
e comete erros.
Balanço a cabeça para afastar o pensamento e acendo a tela do
celular para conseguir me guiar até o quarto, ainda não me acostumei com a
casa nova.
— Por que você chegou tão tarde? — Olivia Lewis cruza os braços
com uma repreensão no olhar.
Encaro minha mãe com sua longa camisola verde escura e seus fios
ruivos presos em bobes. Eu e ela somos extremamente parecidas, desde a
cor dos cabelos, até a estrutura corporal.
Não herdei nada do meu pai, nem mesmo os olhos verdes que tenho,
e olha que os dele também são dessa cor. Mas os meus pendem mais para o
tom das íris da minha mãe.
— Você sabe que o seu pai não gosta quando você o desobedece.
— Você poderia, por favor, não contar para ele? — peço. Ouço o
medo em meu tom, ela também o escuta.
Eu, mais do que ninguém, conheço as consequências a serem pagas
quando meu pai descobre qualquer tipo de erro, ou transgressão.
— Mas não precisa mentir, caso ele pergunte pode falar a verdade!
Só que se ele não perguntar…
— Então você quer que eu omita?
Aceno rapidamente.
— Conto com isso. — Sua voz sai firme. — Boa noite, Morgana.
— Boa noite.
Ela sai com o copo de água que eu sequer havia notado e sou
deixada sozinha, sem nem saber que havia acabado de mentir pela segunda
vez na noite.
Aiden joga uma pasta em cima da mesa de vidro e levanto os olhos
em sua direção.
Morgana Lewis.
— Não sei, Alex não falou nada sobre isso quando saiu mais cedo.
— Dá de ombros.
Elijah Watson é meio que um reitor de fachada, claro que ele tem as
responsabilidades dele e gosta de como as coisas funcionam tendo o posto
que tem, mas o foco dele com a faculdade é esconder o seu negócio de
distribuição de drogas.
Inclusive, é assim que Alex consegue ter acesso à elas. Seu pai é o
maior traficante do Canadá e a relação deles não poderia ser melhor. Ambos
comandam uma universidade que lucra absurdos por mês e ainda
distribuem seus produtos sem levantar suspeitas.
Quero dizer, até levantam. Mas ninguém nunca vai até o fim com
acusação nenhuma. Se escapamos até de uma prisão e do escândalo sobre o
homicídio de Ian LeBlanc — o filho da puta que costumava fazer parte da
nossa fraternidade — por que não nos livraríamos de uma acusação simples
relacionada à venda de drogas?
— Ainda não entendi muito bem qual é a dela, não acho que ela seja
rica, mas também não acredito que ela tenha a mesma condição financeira
de Victoria.
Claro que Alex aceitou, e foi assim que Kian se juntou a nós. Como
ele e Alex se conheceram eu não faço ideia, só sei que ele é bom de briga e
que foi o último a entrar.
— Todos já foram?
— Não. Kian foi buscar a Victoria, Hunter saiu logo cedo e Alex
também — fala, deixando um pouco mais solta a gravata vinho com branco
do seu uniforme. — Mas acho que Nolan ainda está se arrumando, não o vi
desde que cheguei.
— Você não passou o final de semana na fraternidade — comento.
Eu: Estou de saída, não esquece que hoje Alex proibiu atraso.
Ele visualiza na mesma hora e manda uma figurinha de uma
princesa com uma frigideira na mão. Reviro os olhos, às vezes me pergunto
que merda se passa na cabeça dele, mas logo desisto de tentar entender.
A maioria dos cursos fica neste prédio central de dois andares, mas
diversos outros se espalham pelo perímetro. Dentre eles o auditório —
constantemente usado para palestras e pelos estudantes de direito — , o
campo dos jogadores de futebol americano, o estúdio de dança e a nossa
sala. Porque é claro que Alex pegou uma somente para nós.
— Candice apareceu lá na fraternidade e me atrasou — Nolan
comenta, ouvir o nome da garota me faz voltar a prestar atenção nele e em
Hunter.
Droga.
— Não tenho nada com Candice para que precise ser terminado —
falo, fazendo com que ele pare de observá-los.
— Então é bom explicar isso para ela — Nolan se pronuncia,
ajeitando o blazer vinho do uniforme.
Reviro os olhos para a sua fala, mas fico calado. Não é como se ela
me escutasse de qualquer modo.
— É, alguma merda assim. Ainda não sei direito, só sei que a ordem
não veio de Alex e sim de Elijah — Hunter diz e isso me pega
desprevenido.
Ele fala mais alguma coisa que não escuto, antes de caminharmos
em direção à entrada principal. Afinal, assim como aconteceu Victoria, a
garota com certeza foi instruída a nos esperar no pátio.
Covardes.
Eles normalmente são os que mais nos criticam quando não estamos
por perto.
Vejo duas garotas conversando. A que está virada de frente para nós,
já vi pelos corredores antes. Mas a de costas deve ser quem viemos atrás.
Quanta ironia.
Uma pessoa ameaça entrar pela porta atrás deles, mas ao vê-los
parados como cinco estátuas gigantes, dá meia volta.
Assim como todos os outros, ele está com uma blusa branca, uma
gravata vermelha com preto, um blazer com o brasão da universidade
bordado e uma calça.
— Desculpa ter demorado. — Uma loira alta, que mais parece uma
supermodelo, se aproxima do garoto com o pescoço tatuado.
Ele abre um sorriso, sua carranca se desfazendo um pouco ao passar
o braço por cima dos ombros dela.
Basta olhar em sua direção para saber que ela é tudo isso. E de
qualquer modo, não há como não ser se anda com pessoas como eles.
A loira revira os olhos para ele, mas me mede da cabeça aos pés.
Eu deveria agradecer?
A sua oferta de ajuda não parece válida, uma vez que ele sequer se
apresenta.
Ele continua parado por mais algum tempo, fixo meu olhar no seu
sem conseguir desviar. O garoto parece ter um magnetismo sobre si que
torna impossível olhar para qualquer outro lugar.
Ele está ainda mais bonito do que sábado e sei que não sou a única a
reparar em quão absurda é a sua beleza.
Ele lembra.
Achei que caras como ele estivessem tão acostumados a ter garotas
aos seus pés, que eu não passaria de mais uma.
— Não.
Ela ri.
— Não sei dizer se você é muito sortuda por isso ou muito azarada
— comenta ao pegar uma apostila gigantesca e segurá-la em seu braço. —
Todos daqui os conhecem como os Víboras, a fraternidade deles é a mais
consolidada da região e a maioria deles já está no último ano ou penúltimo
ano. Mas antes de serem chamados assim, todos se referiam a eles como os
sete pecados.
Vivian ri de novo.
— Não, ele não foi preso e eles não são apenas cinco. É só que o
líder deles, Alex, quase nunca está junto. Eu mesma acho que nunca o vi,
dizem que ele fica muito tempo na sala do reitor, o seu pai.
Nem sei como meus pais estão conseguindo dar conta de uma
mensalidade tão alta, quero dizer, sei que temos uma boa condição
financeira, mas o valor dela é o triplo da minha antiga.
Ele tem doze publicações e fico curiosa para ver sua aparência. Mas
ele segue um total de dez pessoas, tendo mais de dez mil seguidores. Então
eu duvido que seja possível.
Hunter Roux.
— Enquanto os Watson são completamente reservados. Os Roux são
uma figura pública — explica.
Deslizo o dedo pelo celular, rolando pelo feed. Ele é o da tatuagem
no pescoço que falou comigo minutos atrás. Em seu Instagram tem algumas
fotos dele sozinho e com a garota loira.
Ela acena.
— Sim, e todos os seus pais são pessoas influentes. Por isso eles são
tão intocáveis.
Seus olhos acendem em curiosidade, sei que ela quer saber o motivo
para isso.
É, somos duas.
Talvez meu pai tenha entrado em contato com o reitor, ele sabe ser
insistente quando quer e essa seria uma boa forma de me manter longe de
problemas, uma vez que a maioria das pessoas irá me ignorar.
Vivian muda o perfil e a facilidade com que ela sabe o user de todos
eles é surpreendente.
As duas únicas em que ele não está sozinho, são uma com o grupo e
outra com uma garota. A cabeça dela está deitada em seu colo, o rosto não é
visível e tudo o que dá para ver são seus cabelos castanhos.
— Ele namora? — Clico na foto, que é uma das últimas, e vejo que
a publicação é de três anos atrás.
Que estranho.
Se Vivian também pensa assim, não demonstra. Uma vez que logo
muda para o Instagram do garoto com cicatriz no olho.
A marca que vai da testa até a bochecha é algo que chama atenção.
Se for para ser sincera, é a primeira coisa que se repara ao olhar para ele.
— Esse é o Kian Reid, não sei com o quê seu pai trabalha, ou onde
vive. Contudo, sei que a sua mãe é uma agente imobiliária e tem inúmeros
imóveis. Ele é um dos lutadores ilegais dos Víboras e acredito que seja o
mais afastado do grupo. Ele e Aiden são os dois mais misteriosos, é difícil
entendê-los. Só que diferente de Aiden, Kian ao menos tem Victoria. Acho
que eles são melhores amigos, a garota é como um raio de sol e ele parece
uma tempestade sombria. Mas todas as vezes em que o vi sorrir, foram na
presença dela.
— Trent Hill.
— Quem? — Forço um desentendimento em meu tom, mas no
fundo já sei a quem ela se refere.
Trent Hill.
Onde eu estava com a cabeça quando fui para aquela festa? Por
que não recuei ao vê-lo se aproximar?
Que vergonha.
Engulo em seco.
Ele não me olhou assim, olhou?
Ela não me escuta chegar, o som alto e o modo como ela está
absorta na sua dança a impedem de prestar atenção no que acontece ao seu
redor.
Fico parado, olhando para o estúdio vazio com exceção dela. Uma
bolsa cor de rosa está jogada no chão, próximo ao grande espelho que
ocupa toda a parede de frente.
Mas se for, por que caralhos nunca vim assistir a nenhuma aula?
Ela se vira de barriga para cima, ainda no chão, suas costas sobem e
sua cabeça pende para trás.
Puta merda.
A ruiva desliza seus joelhos no assoalho com uma facilidade
absurda, seu corpo sincroniza com cada batida.
Morgana está com uma calça legging preta e uma blusa da mesma
cor. Nada na sua roupa deixa sua pele exposta, mas os tecidos marcam cada
curva sua.
Espero que Morgana pare, que pergunte o que estou fazendo aqui,
ou até mesmo que dê um chilique me pedindo para sair.
Girl, why can't you wait? (Why can't you wait, baby?)[2]
O maldito refrão se repete e ela desliza de novo seu corpo pelo chão,
ainda mais lentamente do que da primeira vez. Seus olhos estão fixos em
mim, sua bunda empinada no ar, sua cabeça e seios tocando o assoalho.
Porra.
Fodidamente bom.
— Sempre.
Ela toma outro gole do líquido e o movimento que a sua garganta
faz ao engolir chama a minha atenção.
— E você?
— Eu o quê? — As sobrancelhas ruivas se unem em confusão.
— E se eu não quiser?
— É reversível?
— Não.
— Oi, sei que estou atrasada. — Seu timbre possui um leve tremor.
Seus olhos se fecham ao ouvir a pessoa do outro lado da linha falar. — Eu
sei, sinto muito por isso. Tive uma aula extra onde explicaram como
funciona a faculdade e a metodologia de ensino, mas já estou indo.
Sua cabeça acena em concordância a algo que foi dito, mesmo que a
pessoa do outro lado não possa ver.
— Bom, se esse for o caso, será que o pobre homem sabe que você
rebolava em meus dedos no sábado à noite? Não que eu tenha algum
problema com isso.
Sua boca se ergue em um sorriso irônico.
— Não achei que eu precisasse dar uma. — Ela mira meu rosto, o
verde das suas íris assumindo uma tonalidade escura. — Disseram que você
fica com todas, mas não é o que parece, visto que não consegue esquecer
algo tão insignificante quanto aquilo. Qual é o seu problema? Nunca tinha
masturbado uma garota antes?
Sorrio.
Ela fecha os olhos com força, inspirando fundo. Levo meu dedo ao
seu queixo e aproximo minha boca da sua orelha.
— Um dia posso fazer você entender porque sou um dos melhores, e
nem estou me referindo somente à luta.
— Sinto muito pelas coisas que falei, reconheço que passei dos
limites. — Se desculpa e franzo o cenho. — É só que não preciso de
problemas na minha vida e você, esse seu grupo, definitivamente são um.
Ela me fita. Se eu a conhecesse melhor, diria que ela não está tão
certa disso.
Não acredito que isso seja possível, do mesmo modo que não
acredito que ela seja mesmo filha de um pastor.
Só achei interessante alguém que deveria ser tão puro, alguém que é
tão puro e correto, de acordo com Alex, ter uma língua tão afiada, uma
dança tão sexy e um beijo tão quente.
O loiro platinado ao meu lado fala algo sobre ela ser gostosa e sobre
como é uma pena que seja tão inacessível.
Nolan não consegue ficar parado por muito tempo sem fazer nada,
por isso agradeço quando menos de dois minutos depois as batidas soam na
porta anunciando a chegada da nossa comida.
Os dois cursos estão juntos para que haja uma única explicação
sobre o conteúdo, embora as atividades e a forma como se aplique para eles
seja diferente da nossa.
Para os alunos de dança, é sobre a nossa estrutura física, nosso
corpo. A força que utilizamos em cada movimento, quanto ocupamos do
espaço à nossa volta e com que velocidade fazemos isso.
Para eles? Bom, não faço ideia. Mas acredito que seja mais sobre
dimensões ou algo do tipo.
O homem continua falando e faz uma pergunta para uma das garotas
sentadas na frente, paro de escutá-los. Coloco o fone na orelha esquerda e
vou passando as páginas com notas aleatórias sobre técnicas de dança, até
chegar na minha matéria.
E não são coisas grandiosas como ter uma casa própria e conhecer o
mundo. São coisas banais como ficar bêbada ou fazer tatuagem.
Acho que tenho medo de que eles descubram, tenho medo do que
meu pai faria se soubesse. A maior loucura que tive coragem de cometer até
hoje, foi perder a virgindade.
Entreguei meu corpo para uma pessoa e tive relações com ela antes
do casamento. Se descobrissem o que aconteceu, eu seria tachada como
puta, aquela que perdeu o seu valor, impura.
E é por isso que ninguém sabe de nada, mas Deus sim.
Foi burrice e idiotice, eu estava irritada com o meu pai e sai com
falsos pretextos da faculdade. Fui até a casa do garoto que era apaixonado
por mim desde sempre, ele era mais velho e eu sabia que ele já tinha tido
uma namorada. Entrei para tomar um suco, eu já estava dezenove na época
e o conhecia há anos, estudamos a vida inteira juntos na mesma escola. Ele
me beijou e me deixei levar.
Só que isso não ameniza o que foi feito. Às vezes, sinto que nunca
serei boa o bastante para eles e que seguirei os desonrando durante a vida
inteira.
Então vivo em um eterno dilema entre realizar coisas que eu quero,
que eu desejo, e ser alguém melhor.
Sim, sei disso. Para ele, até "desgraça" é algo feio que não deve ser
pronunciado dentro da nossa casa.
Mas Trent não precisa saber disso, assim como não precisa saber
que esse é um dos únicos palavrões que me permito proferir.
Reviro os olhos, fechando meu caderno para que ele não possa ver
mais nada. Me pergunto se mais alguém estava prestando atenção em mim e
sinto meu rosto esquentar de vergonha só de imaginar.
Patética.
Pisco, atordoada.
— Morgana?
— Sim? — Respiro fundo para não me irritar.
— E você acreditou.
Idiota.
Idiota.
Idiota.
— Segunda vez, em uma única semana, que você faz isso. Estou me
perguntando se você está treinando para ser porteiro ou se é só perseguição
mesmo — debocho.
— E a segunda?
Abro os olhos, soltando a mão dos meus pais para poder comer.
Sempre, antes de qualquer refeição, fazemos uma oração para agradecer
pela comida em nossa mesa.
Ele não pergunta como foi o dia da minha mãe, ou como foi na
faculdade. Não o interessa, não enquanto o seu assunto não tiver sido
finalizado.
Para ser sincera, ele tem total capacidade de falar sobre si e sobre
questões de seu interesse por horas.
Dez minutos depois, encaro meu prato vazio esperando que meu pai
termine de comer para poder sair da mesa.
Meu estômago ainda ronca, não alto o bastante para que eles o
escutem, mas o suficiente para que me incomode.
Ele me sentou no sofá, olhou em meus olhos e disse que não era
fome, era gula; e gula é um pecado. Não fazia sentido na cabeça de uma
garotinha, mas lembro que aceitei e fui para o quarto.
À medida que fui crescendo, percebi que essa frase é bastante usada
por machistas imbecis.
Hoje nossa casa está ainda mais lotada do que na festa da semana
passada, Alex sempre consegue se superar na quantidade de alunos que
corrompe.
Sei que ele está comendo a garota por trás pelo movimento de
impulso que ela dá a cada estocada. Os ignoro, desistindo de procurar por
Alex e decidindo encontrar algo, de fato, interessante.
Gostosa.
Por um momento, achei que ela viria. Não que eu me importe com a
sua presença, a ruiva não é nada significativa para mim. Só que fiquei
curioso, queria descobrir se ela era do tipo lobo em pele de cordeiro, ou se
tinha sido um lapso sua vinda da última vez.
Instigante.
Passo meu polegar por cima da renda provocando uma fricção que
faz a gemer. Eu deveria estar olhando para o seu rosto, ou para o seu corpo
nesse momento, mas inconscientemente procuro por Nolan.
Dessa vez ele já não está mais de costas, consigo ver claramente a
ruiva com vestido preto de alças finas e um copo vermelho de bebida em
mãos.
Morgana Lewis.
As luzes piscam e a música parece ficar mais alta. As suas íris claras
permanecem focadas em mim, mesmo quando Nolan lambe o lóbulo da sua
orelha e ela vira o copo, fazendo uma careta com a bebida. E os meus
seguem fixos nela o tempo inteiro, mesmo com Candice me beijando,
gemendo em meu ouvido e rebolando em meu pau.
A intensidade com que ela me observa, o sorriso largo de quem não
se importa com nada, as pálpebras pesadas devido ao álcool se espalhando
em sua corrente sanguínea e o ambiente no todo, me impedem de olhar para
qualquer lugar que não seja ela.
Não sei por quanto tempo fico preso nessa atmosfera onde tudo o
que vejo é ela, mesmo com diversas pessoas passando na sua frente e a
fumaça dos cigarros começando a circular. Tudo o que sei é que em dado
momento, as paredes internas de Candice me apertam ao gozar.
Ela fala algo para Nolan e se afasta, a morena se apoia em mim com
seu corpo mole depois de chegar ao ápice. Continuo duro dentro dela, então
arremeto algumas vezes para gozar logo.
— Seco.
Bufo entediado.
— Que merda você está fazendo? — Alguém aperta meu braço com
força. Viro para o desconhecido tendo a leve sensação de que já o vi antes.
Franzo o cenho.
— Que pastor?
— Seu pai.
Então começo a rir, porque é claro que meu pai não sabe que estou
aqui.
Tento manter meus pés firmes no chão, mas não consigo. Não
pareço ter controle das minhas mãos.
Ou pés.
"Socorro, sequestro!"
"Estou sendo sequestrada!"
Dou de ombros saindo do meio dos dois. O mais alto, que chegou
agora, me lança uma encarada que praticamente me impede de me mover.
Não sei.
— Do que ela está falando? Que merda de ambulância é essa? —
pergunta com rigidez.
Trent.
Volto a rir sozinha, me sentindo uma idiota por ter esquecido desse
detalhe.
— Sim.
Coço meus ombros, as alças, o calor, o tecido e a vontade de
vomitar, me enlouquecendo. Ele cerra os olhos.
Faço como ele pediu e fecho os olhos também, sem querer ver o que
fiz.
Sinto meu pé melado, sei que acabei me sujando e sinto meu rosto
esquentar de vergonha.
Não abro os olhos, não quero ver nada ou ninguém. Ele passa seu
braço em minha cintura e praticamente me guia festa adentro.
Acho que ele se dá conta de que não tenho forças para subir e me
pega no colo com facilidade, me carregando escada acima. Seguro meus
braços em seu pescoço, meu corpo parece pesar doze toneladas e tudo o que
eu queria fazer neste exato momento, era me sentar no chão para gargalhar
do meu estado deplorável.
Sigo parada de olhos fechados, torcendo para que a pessoa ache que
desmaiei. É menos humilhante se pensarem assim.
Escuto uma porta ser aberta e entreabro uma pequena fresta do meu
olho direito para encarar o quarto espaçoso.
As paredes são de um preto fosco, uma cama gigante fica bem no
centro do cômodo e ocupa quase metade dele. A televisão é posicionada
bem em frente a ela e um espelho ocupa o teto.
Trent não fala nada e não me tira do seu colo nem quando ficamos
sozinhos no quarto. Na verdade, ele segue em frente e entra na outra porta,
revelando mesmo um banheiro.
— Morgana, preciso que você fale. Não vou soltar você e deixar
com que bata a cabeça na privada para eu ser acusado de homicídio depois
— diz com um meio sorriso, me soltando lentamente para que eu possa me
equilibrar.
— De assassino, já basta o Aiden — murmuro, mantendo o
equilíbrio.
— Não seja uma vadia e não fale das merdas que você não sabe,
está bem? — O seu tom é brusco e ele sai sem dizer mais nada.
Menti para os meus pais, vim de novo a uma festa, beijei o loiro que
também é um Víbora, assisti Trent transando, o cobicei mesmo que ele
estivesse com outra, tentei seduzi-lo, bebi, vomitei e julguei Aiden sem
motivo algum.
Tudo isso em uma única noite.
Lágrimas caem dos meus olhos e molham meu rosto, jamais serei
digna de nada. O tecido do vestido gruda em minha pele e o puxo do meu
corpo com raiva.
Vestido de prostituta.
Jogo o tecido no chão, próximo ao ralo. Esfrego minha barriga onde
deixei que o loiro segurasse.
— Morgana?
Não sou.
Ele não vai nem notar, assim que a porta se abrir estarei de pé com
meu vestido em mãos e pronta para dirigir.
Para onde irei dirigir ainda não sei, mas é isso que farei.
Ouço ao fundo alguém entrar, só que o som é distante. Sinto
tocarem minha bochecha e ouço chamarem meu nome, mas meus olhos se
recusam a se abrirem.
— Não entendo você, por que aceitou vir hoje, Morgana? — O tom
é baixo, soa como uma pergunta retórica.
Trent não espera que eu responda, entretanto, o faço mesmo assim.
— Sentir como era ser uma de vocês, sentir como era ser normal —
murmuro de olhos fechados. Tão baixo que não sei se ele me escuta, tão
baixo que sequer sei o que estou falando. — Não que alguém saiba, mas a
verdade é que às vezes estou tão cansada da mesmice e de todas as regras,
que desejo morrer. No fundo, acho que Deus me odeia por isso.
Ele pergunta mais alguma coisa, seu tom soa diferente, contudo, não
identifico o que é dito. Sou levada novamente pelo sono, minha mente
desliga. Esqueço onde estou, como vim parar aqui, o que estou fazendo,
tudo o que falei e apenas durmo.
O barulho de alguém se mexendo ao meu lado e o modo como a
cama afunda, me faz despertar.
Minha cabeça dói de modo tão intenso que quase desejo voltar a
dormir somente para que passe. Minha pele arde e um gosto amargo como
fel enche minha boca.
Trent?
E então? Nada.
Não lembro de mais nada desde o momento em que Trent saiu para
procurar a chave do meu carro.
Eu dormi?
Isso é possível?
Tudo nele é.
Bufo.
— Nós…
— Ajeitei você na cama e voltei para a festa, subi umas duas horas
depois para descansar e isso foi tudo.
Aceno, um alarme começa a tocar no bolso da bermuda e ele
rapidamente o desliga.
Meu Deus.
— Você tem certeza? — insisto, torcendo para que ele esteja errado.
Droga. Droga.
Apoio minha mão em seu peitoral quente e fico na ponta dos pés,
tentando alcançá-las. Ele ri e fico desesperada.
Meu pai acorda às cinco e meia para rezar às seis, ele já sabe que
não dormi em casa.
— E por que tanta pressa? Por acaso somos o seu segredinho sujo,
Morgana? — Ele balança a chave em seus dedos, um sorriso esquisito
enfeita seus lábios.
Mordo minha bochecha com raiva.
— Sim, vocês são sujos. — Ergo a cabeça em desafio, precisando
desesperadamente chegar em casa. — Você, seu amigo assassino, suas
drogas e todas as garotas que transam com você são.
Ele ri, mas o seu maxilar está travado e fúria contida brilha em suas
íris.
— E você é uma hipócrita covarde, senhorita Lewis. — O modo
como pronúncia meu nome é cheio de desprezo.
Sou.
Trent larga a chave em minha mão com força, o metal machuca meu
dedo.
Poderia ser pior, ele poderia ter as jogado no chão.
— Você sabe onde fica a saída. — Sua dispensa não é nada sutil.
Perdoa-me por julgar Aiden duas vezes, sem sequer saber sua
história.
Inspiro fundo e desço, cada passo que dou até chegar na porta e
bater é calculado. Opto por esperar alguém vir me receber, ao invés de
entrar logo. Na minha cabeça, de alguma forma isso diminuirá minha
ousadia. Como se eu pedisse permissão.
Minha mãe abre a porta na terceira batida, sei que eles devem estar
no café da manhã. Seus olhos não entregam nada, nenhuma única reação de
alívio ou raiva. Em momentos como esse, ela nunca reage.
— Seu pai quer falar com você — avisa, liberando a passagem para
que eu entre.
Sigo até a cozinha sem esperar que ele me chame, meu coração está
acelerado.
Oh meu bom Deus, que hoje ele esteja bondoso.
Meu pai levanta a cabeça assim que entro no cômodo, sua expressão
é implacável. Olho para os cabelos grisalhos na lateral e para a sua
mandíbula bem definida.
Ele é um homem alto, o terno preto em seu corpo mostra que já está
pronto para sair.
— Dormi fora.
— Então me explique por que você dormiu fora de casa como uma?
— Não foi intencional, a bateria do meu celular acabou e quando vi
já estava tarde demais. Adormeci na sala e assim que acordei vim correndo
para casa.
Dou uma negativa com a cabeça, ele bate a mão na mesa. Um copo
que estava na ponta dela cai com a brutalidade que ele utiliza, e se espatifa
no chão.
— Sei disso, foi só um trabalho. — Minha voz não falha, mas sinto
minhas pernas desejarem fazer isso.
Ele para bem em minha frente, seus sapatos sociais passam pelos
vidros sem se abalar. Sua altura se sobrepõe à minha, fazendo com que eu
me sinta ainda mais inferior.
— Fiquei irritado ao acordar e ver que você não cumpriu com o que
foi combinado, Morgana.
O problema não foi eu ter dormido fora, mas sim não ter obedecido
sua ordem.
Ele jamais cogitaria a ideia de eu ter mentido sobre o lugar que fui
ou a minha capacidade de ter estado em uma festa.
Aos seus olhos eu não sou assim, e não costumo ser mesmo.
Mas gostaria.
— Quero que ore quinze vezes o Pai Nosso antes de ir para o seu
quarto. E então, passará o final de semana inteiro em jejum e em completo
silêncio para se redimir com o senhor por esse seu pecado — decreta.
Ele permanece com a mão em meu ombro, me mantendo lá, até que
eu comece a rezar.
Demoro alguns segundos para me concentrar devido a dor.
— Pai Nosso que estais nos Céus, santificado seja o vosso Nome,
venha a nós o vosso Reino, seja feita a vossa vontade…
Meu pai caminha até onde minha mãe está, murmura alguma coisa e
beija sua bochecha antes de sair.
Rezo os quinze Pai Nosso antes de me levantar, chorando com a dor.
Minha mãe me observa cambalear até a cadeira, seus olhos fixam em minha
perna com alguns filetes de sangue.
Consigo tirar os três maiores, mas alguns são pequenos demais para
que eu consiga removê-los sem uma pinça. Então vou mancando até meu
quarto.
Não por fazer o que fiz, não por ser uma pecadora e um ser humano
horrível, mas me culpo por não sentir culpa de nada disso.
— Eu sei que você é ocupado, Trent. Mas se estou dizendo que
preciso da sua presença hoje à noite, é porque realmente preciso.
Claro que o senhor Hill deixaria para falar de última hora, como se
eu fosse a porra de um desocupado e não tivesse meus próprios
compromissos.
Claro que ele não poderia me avisar com antecedência ou perguntar
qual horário seria melhor para mim. Afinal, sua agenda e o seu trabalho
sempre serão mais importantes que tudo.
Kian não para de acertar o saco de pancadas, mas sinto sua atenção
em mim.
Olho para Kian com as luvas de boxe em suas mãos. Ele segura o
saco, parando as pancadas no mesmo, e caminha até a parede, se sentando
no chão escorado nela.
Mas dessa vez viemos antes por termos uma luta na quarta à noite.
Tecnicamente, não deveríamos ter preparo algum, é uma luta ilegal.
Não há regras, não há limites.
— Vou — revelo.
Ele assente e me afasto um pouco, indo em direção ao frigobar que
Nolan nos deu de presente. De acordo com ele: "nossa parte é suada demais
e precisamos nos manter hidratados".
E sei que é ela pela música irritante que foi definida para as suas
chamadas.
Imediatamente entendo.
— Ela ainda não sabe que você vai ter outra luta quarta, não é? —
Meu tom é debochado.
Vejo suas mãos tremerem, Kian a deixa de fora de toda essa nossa
merda. Victoria nunca pode participar das festas e só vai para nossa casa se
ele estiver acompanhando-a. Ele a proíbe de assistir as lutas e até mesmo as
corridas.
A verdade é que Kian não se importa de estar no fundo do poço e se
envolver com coisa errada, desde que ela não seja atingida.
— Vic não precisa saber nada, diferente de Alex. — Sua voz sai
baixa. — Você, por um acaso, já contou que transou com a filha do pastor?
Peguei sua grade com o Elijah e fui atrás dela nas suas três primeiras
aulas, até perceber que ela não havia ido.
Kian bufa em desdém.
Abro um largo sorriso, pelo olhar em seu rosto, sei que ele adoraria
me acertar.
Meu avô a passou para o meu pai e todos acreditam que ele a
passará para mim no futuro. Afinal, é algo de família, e para eles, ninguém
seria idiota a ponto de não assumir o controle de uma empresa desse porte.
Mas sei que não é isso o que todos admiram, é a sua mente e o seu
foco. Se Owen tivesse tido metade desse comprometimento com minha
mãe, ou comigo, as coisas seriam diferentes.
Totalmente diferentes.
— Você está calado hoje — meu pai comenta quando a mulher de
pernas longas e nariz grande se afasta.
Irônico e incompreensível.
Não o entendo, não entendo nada disso.
O culpo pela nossa relação distante, assim como o responsabilizo
por tudo o que aconteceu. E mesmo depois dele ter me colocado na terapia,
continuei o acusando por todas as merdas da minha vida. Porque no final do
dia, era melhor culpar alguém do que a mim mesmo.
— Sim.
Suspiro, não sabia que ele tinha prestado atenção. Desde o segundo
ano da faculdade de arquitetura, comecei a fazer pequenos projetos para
clientes que estão começando.
— E Candice?
Rio.
E se for para ser sincero, não acredito muito que pessoas possam, de
fato, mudar.
Meu pai se afasta, passando pelas pessoas que seguem o
parabenizando, e sobe ao palco improvisado para falar sobre o sucesso dos
sistemas.
Meio que já me acostumei com isso, não sei nem porque vim ao
refeitório. Acho que uma parte minha não queria ficar sozinha vagando pela
faculdade no horário livre, enquanto a outra parte torcia para que Vivian
estivesse aqui.
A verdade é que ela nunca gostou muito dos meus pais, Chloe
cresceu comigo e sempre íamos à igreja juntas. Seus pais também são
religiosos e nos demos bem desde sempre.
Eu me sentia especial por ser filha de pastor, achei que tivesse vários
privilégios, que estava mais perto de Deus do que todos os outros e que era
sua filha favorita. Os anos foram passando e alguns pensamentos mudaram,
mas se for para ser sincera, uma parte minha ainda acha que tudo faz
sentido.
E esse é o poder que uma criação tem sobre alguém, porque uma
vez que um conceito for incutido, cultivado e preservado na mente de uma
criança, dificilmente ele será abandonado.
Estou digitando uma resposta sobre o tal dinheiro — que é pouco,
uma vez que só juntei de aniversários e algumas apresentações que foram
pagas — quando sinto a atenção sobre mim.
Trent indica o item sobre a mesa com um aceno, abro o papel sem
saber o que esperar. Um sorriso involuntário brota em meus lábios ao ver o
meu vestido cuidadosamente dobrado dentro dele.
— Um o quê?
— Um vestido — Dou de ombros, fingindo indiferença.
Como eu sabia que meu pai jamais me deixaria usar algo assim e em
hipótese alguma o compraria para mim, tirei alguns dólares do dinheiro que
tinha guardado e o comprei sozinha.
— O quê?
— Só hipócrita, então?
Meneio a cabeça, isso realmente sou.
— Sinto muito pelo que falei sobre Aiden e obrigada por trazer o
vestido. — Encerro a conversa por ele.
— Porque se fizer isso, retiro o que eu disse sobre você ser covarde
e peço desculpas. A grande questão é: você vai provar que estou errado ou
que estou certo, Morgana Lewis?
Não preciso olhá-lo para saber que está sorrindo, a zombaria está
presente em seu tom.
Trent pega uma das minhas batatas e se afasta, com uma leve risada.
Ele não acredita que eu vá.
Meu celular vibra com outra mensagem de Chloe, mas por hora
ignoro. Porque tudo o que meu cérebro consegue ouvir e raciocinar são suas
palavras.
A grande questão é: você vai provar que estou errado ou que estou
certo, Morgana Lewis?
Não sei.
Menti, por exemplo, na primeira vez que beijei alguém. Claro que
meus pais acabaram descobrindo dias depois, uma das mulheres que
frequentavam a igreja viu o momento em que Thomas colou inocentemente
seus lábios nos meus em um selinho e não perdeu tempo ao fofocar
diretamente para o pastor.
Eu tinha doze anos, foi algo tão rápido, inesperado e inocente que eu
nem sabia que era errado. Sequer havia sido eu a tomar a atitude, o que não
impediu meu corpo de ficar marcado por punições. Cheguei a ficar uma
semana sem conseguir falar direito de tão machucada que minha boca ficou
depois de Anthony "limpá-la". Mas ele estava certo, eu era o exemplo, eu
sou o exemplo.
Não posso errar nunca, não posso demonstrar tristeza, não posso
falar coisas impuras e não esperam que eu faça nada além de arranjar um
bom casamento muito em breve.
Roo a pontinha do meu polegar, ansiosa, vai ser a primeira vez que
fujo. Todas as loucuras e imprudências que cometi até hoje, inventei alguma
desculpa para escapar.
Não posso ir com meu carro, pois não posso levantar suspeitas e não
posso deixar que estacionem em frente à minha casa, pelo mesmo motivo.
Sei que estarei morta caso eles venham aqui e vejam a porta com
chave e sei que meu pai a arrombaria se eu não respondesse. Só que estou
contando com o fato de que eles nunca falam comigo depois do jantar e isso
já foi há duas horas.
Oh, Deus.
— Isso.
— Sim.
Mas o meu atraso, de uns vinte minutos, não fez diferença alguma.
Porque o homem com quase dois metros parado na porta do galpão, ainda
me deixou passar sem cobrar os cinquenta dólares que vi os outros
pagarem.
Assim que o espaço se torna mais largo, as paredes cinzas dão lugar
a um preto fosco. A luzes no teto focam no centro do lugar e um grande
ringue se sobressai a tudo. Olho para o tablado elevado que imediatamente
me chama atenção, principalmente por duas pessoas estarem dentro dele.
Não consigo ver o rosto do homem que luta contra ele, uma vez que
o mesmo está virado de costas para mim, mas seu calção é dourado e ele é
um pouco mais alto. Os dois têm a mesma estrutura corporal, ao menos é o
que aparenta.
Kian se esquiva de um soco, abaixando seu corpo com uma
velocidade e reflexo absurdo. Algumas pessoas vaiam e outras sorriem,
nenhum dos dois homens se deixa abalar pela “torcida”.
Entretanto, ela não sorri. Do mesmo modo que o homem ao seu lado
não o faz. Ele também está de preto e a tatuagem de cobra em seu pescoço,
juntamente com seus cabelos raspados, passam uma impressão
intimidadora.
Desvio o olhar, para não deixar tão óbvio que estava os observando,
e continuo analisando o galpão. Quatro mesas retangulares estão espalhadas
pelo lugar e vejo de cinco a oito pessoas sentadas em cima delas. Acho que
o propósito de colocá-las foi exatamente esse, fazer com que as usassem de
banco. Só não deu muito certo, visto que noventa por cento permanecem de
pé, próximos ao tablado.
Noto os músculos em suas costas tensos e cada vez que levanta sua
mão para dar outro soco, o vermelho do sangue em seus dedos aumenta.
Se for para ser sincera, não sei o que vim fazer aqui. Não sei porque
Trent iria me querer aqui.
Sinto alguém puxar meu braço com força, me prendendo no lugar.
Olho para trás assustada e o cara tem um sorriso cruel em seus lábios
volumosos. Ele os umedece quando tento me soltar.
— Qual é o seu problema? — Minha voz soa nervosa até aos meus
próprios ouvidos. O temor é inevitável, meu estômago embrulha.
O medo de que ele saiba quem é meu pai e que de alguma forma,
prove que eu estive aqui, consegue ser maior que o medo do que ele poderia
fazer comigo.
— Acho que poderíamos nos divertir juntos — sugere em um tom
forçadamente sedutor, sinto vontade de vomitar.
Por favor Deus, não me importo com o que acontecerá desde que
meu pai não descubra.
Ele está de jaqueta preta, assim como todo o restante da sua roupa e
sua expressão entediante consegue ser muito mais intimidadora do que
deveria. O encaro com lábios entreabertos sem saber do que ele está
falando.
— A garota de Trent? — O moreno repete incrédulo, soltando meu
braço imediatamente.
Sua postura é assustadora, ele está com uma bermuda igual à que
Kian estava usando minutos atrás. Seus olhos, mesmo a distância, estão
nitidamente sombrios. E toda a sombriedade é voltada para o idiota que me
segurava há alguns instantes.
Mas ele não replica, muito pelo contrário, abaixa sua cabeça.
Eles vão ao chão, Trent o prende pelo pescoço, mas o loiro consegue
se soltar e desfere uma cotovelada certeira em seu rosto. Ele pragueja e seus
dentes imediatamente ficam vermelhos com sangue os manchando.
Me pergunto se ele não quebrou algum deles com tamanha
violência.
Trent é atingido por dois cruzados no olho, fico tensa. Ele murmura
alguma coisa que aparentemente deixa o loiro desnorteado e cego de raiva,
uma vez que vai com ainda mais imprudência para cima dele.
Trent parece procurar por algo entre as pessoas, suas íris vão de um
lado para o outro antes de pousarem em mim. Engulo em seco com a visão
dos seus cabelos suados, o abdômen exposto e os machucados visíveis
sendo bem mais excitantes do que deveriam.
Decido ir embora, não tenho mais nada para fazer aqui. Já fugi de
casa, provei que não sou uma covarde, vivi uma experiência insana — que
foi assustadoramente boa — e passei não sei quanto tempo em um galpão
com lutas ilegais.
— O suficiente.
— Em casa.
— Cancele.
— Ela não vai mais precisar da corrida, vou deixá-la em casa — diz,
estendendo uma nota de cinquenta dólares.
O homem, que deve ter uns sessenta anos, me olha pelo espelho
retrovisor. Seu rosto busca o meu para se certificar que estou de acordo
com isso e acho o gesto fofo.
Alex não vai gostar nem um pouco quando descobrir o que fiz,
principalmente porque depois das lutas eu e Kian ainda ficamos no ringue
por mais algum tempo, gastando o restante da adrenalina enquanto Hunter
vende alguns baseados.
Mas hoje não foi um dia normal, Kian perdeu o controle quando não
deveria e Morgana realmente apareceu. Não esperei que ela fosse ter
coragem de vir, o convite foi feito em um ato impulsivo e não resisti a
vontade de provocá-la.
A verdade é que a garota me instiga e a cada vez que ela faz algo
que não espero, me pego imaginando até onde está disposta a ir. E estou
surpreso por ainda não ter descoberto o seu limite.
Pesquisei por ela na internet e procurei pela sua família. Seu pai, o
pastor Anthony Lewis, é mais conhecido do que imaginei. Suas pregações
são sempre fervorosas e ele é a imagem do homem perfeito, com a família
perfeita.
Algo brilha em seus olhos verdes, Morgana não pergunta para onde
vamos. Ela apenas se ajeita no banco, seus dedos delicados seguram o cinto.
Reparo de soslaio em seu vestido verde esmeralda, o mesmo de
quando a vi pela primeira vez. A nossa conversa no refeitório retorna e me
pergunto se ela estava falando sério ao dizer que só tinha dois.
— Com a dor?
— Com os cortes.
Passo da estrada que Aiden e Nolan usam para fazer drift, e pego a
esquerda, parando o carro no acostamento vazio. Morgana me olha confusa,
me estico sobre seu corpo para pegar o maço de cigarros de dentro do porta-
luvas e dou um sorriso de lado em sua direção, indicando o lado de fora
com um menear de cabeça.
— Perguntei primeiro.
— Meus pais não sabem que estou fora de casa, não queria correr o
risco ao trazer o carro — revela.
— Quero.
Ela o levanta até o seu rosto e entreabre os lábios para tragá-lo. Seus
olhos estão presos nos meus, a cena tem um quê de erotismo. Talvez seja o
modo como ela suga o cigarro ou a maneira como as suas íris estão um
pouco mais escuras do que o normal.
Minha mão aperta sua coxa e Morgana entrelaça seus pés em minha
bunda, me aproximando ainda mais dela. Mordisco seu lábio inferior,
puxando-o entre meus dentes ao sentir o calor da sua boceta tão próximo ao
meu pau, mesmo que por cima da roupa.
Levo minha mão a sua lombar e puxo seu corpo para a ponta da
caçamba, me encaixando ainda mais nela. Morgana joga sua cabeça para
trás, dando acesso direto ao seu pescoço e distribuo pequenos beijos e
lambidas por toda sua extensão.
Ela geme meu nome, começando a se esfregar em mim, por cima da
bermuda. Seus dedos ágeis exploram meu abdômen exposto e passam por
cima dos meus mamilos com um leve arranhar. Rosno uma imprecação e
sinto o seu sorriso contra os meus lábios.
— Você não deveria estar me beijando assim — sussurro contra seu
ouvido, mordiscando o lóbulo da sua orelha.
Sorrio, levando minha mão até o seu pescoço. Morgana permite que
eu aperte meus dedos ao redor dele, com uma leve pressão para obrigá-la a
manter seus olhos fixos nos meus.
Sua boca está vermelha, suas bochechas com um rubor sexy para
caralho e suas pálpebras um pouco mais pesadas.
— Q-quero.
Deslizo meu polegar por cima de sua pulsação acelerada com desejo
nublando meus sentidos. A fome em seus olhos, faz com que a minha
vontade de tê-la triplique.
Puxo seu rosto para perto do meu e lambo seu lábio inferior. Ao
invés de empurrar sua calcinha para o lado e me afundar dentro dela sem
camisinha, como sinto vontade de fazer, me afasto dela sem dizer nada e
caminho até a frente do carro, pegando um preservativo do porta-luvas.
Ela não espera que eu fale nada ou tome uma atitude, seus dedos se
entrelaçam em meus cabelos e ela os puxa, voltando a grudar nossas bocas
em um beijo intenso.
— Que boquinha suja a sua, não sabia que era adepta a esse tipo de
palavreado — provoco. Minha mão resvala no tecido do vestido amontoado
em sua barriga e desce, parando em sua virilha.
— Não sou, mas se isso fizer você continuar com suas mãos em
mim, não me importarei em utilizá-lo. — A sinceridade em sua fala tão
direta, me faz desejar fodê-la agora mesmo.
Minha mão em sua virilha sobe e passo meu dedo com força por
cima do tecido de sua calcinha. Morgana separa mais suas pernas e só de
imaginar mero calor dessa sua região me apertando, eu poderia gozar.
Puta merda.
— Trent, o que você está fazendo? — Sua voz sai fraca. Ela se
remexe e ponho minha mão em seu abdômen, mantendo-a parada.
Fodidamente gostosa.
Minha língua desce até sua abertura e ouço a ruiva engasgar com
minhas lambidas lentas e sucções fortes. Não tenho pressa ao explorá-la,
mas ela sim. Seu quadril começa a esfregar em meu rosto e sinto sua
umidade melar minhas bochechas e meu nariz.
— M-meu Deus — Sinto seu quadril retesar, sua boceta fica ainda
mais quente e suas pernas tremem em meus ombros. — Trent, meu Deus.
— Pode apostar que Deus não tem nada a ver com isso, Morgana.
Dou uma última lambida em sua boceta inchada e levanto,
admirando sua respiração acelerada, seus olhos pesados, seus lábios
entreabertos, suas bochechas coradas, seus seios expostos e sua carne
brilhosa.
O verde das suas íris está um milhão de vezes mais escuro do que o
normal, meu cacete pulsa em anseio para estar dentro dela. Pego a
camisinha, rasgando a embalagem com facilidade e abaixo a bermuda de
luta, junto com a cueca.
Meu pau bate em minha barriga duro como uma pedra ao ser
libertado da boxer preta. Morgana, que acompanha cada movimento
enquanto tenta — e falha — regular sua respiração, arregala os olhos.
O canto esquerdo da minha boca se ergue, achando engraçado como
eles triplicam de tamanho em questão de segundos.
— Não vou machucar você — garanto, embora não esteja tão certo
disso.
Morgana umedece seus lábios, olhando para meu pau como se ele
tivesse sete cabeças ao invés de uma só.
— E se não couber? — insiste.
Seguro sua mão e a trago até meu membro, a ruiva parece ficar mais
interessada ao segurá-lo. Inclino a cabeça para trás deixando escapar um
som rouco do fundo da minha garganta, somente por ter suas mãos em mim.
Ela firma o aperto ao meu redor e movimenta seus dedos delicados
para cima e para baixo, atenta a cada expressão minha. Sinto que não
aguentarei muito se continuarmos assim e pego a camisinha, estendendo em
sua direção para que ela a coloque em mim.
Só que fico preocupado por talvez estar sendo duro demais, rude
demais, e desacelero um pouco.
A ruiva resmunga, arranhando meu abdômen.
Meu pau esfrega nela, às vezes passando por cima do seu clitóris,
antes de afundar com tudo outra vez.
Por algum motivo, essa estrada quase não é usada, ainda mais de
madrugada. Diria que as chances de alguém para cá seria de uma em cem.
Então não entendo o que o filho da puta poderia querer por aqui, além de
atrapalhar minha foda.
Invisto mais umas duas vezes com meu pau meia bomba, antes de
sair de dentro dela. Tiro a camisinha subindo a bermuda, enquanto Morgana
ajeita o seu vestido verde.
— Você está bem? — pergunto, estendendo minha mão para ajudá-
la a descer da caçamba.
— Sim.
— O quê? Você acha que armei para transar com você? — Meu tom
sai mais sarcástico do que deveria.
Suas mãos vão até a porta do carro para abri-la, mas a travo. Escoro
minha cabeça no encosto do banco ao encará-la.
Irritante.
Repeti isso durante todo o caminho até minha casa. E ele foi
relativamente longo, uma vez que pedi para Trent me deixar duas ruas
antes.
Mas para a minha sorte, nada havia acontecido, eles não haviam
notado minha ausência. Quase chorei na hora que me dei conta do que tinha
feito e algumas lágrimas de felicidade molharam minha folha ao riscar os
dois itens de uma vez.
Jamais imaginei que fosse ter coragem de realizar nem mesmo um.
Então ver três riscados em meros dias, me deixou em êxtase.
Não por ter pecado e não por não me sentir culpada, mas por saber
que farei isso outras vezes. Por sentir no fundo do meu âmago que algo
havia mudado. Que uma pequena parte minha, aquela sedenta por todas as
coisas que sempre me foram proibidas, se libertou ao perceber que havia
como fugir. Que havia como assistir lutas ilegais e fumar no meio da
estrada vazia, sem ser descoberta.
Então pedi perdão, mas não sei se serei absolvida.
Meu pai prega sobre a violência cruel que rodeia o mundo, sobre a
Ira, o furor, o adultério, a inveja, a avareza, a impureza, a soberba, a
prostituição e a luxúria. Principalmente a luxúria.
O pastor Anthony aparenta ter predileção por todo e qualquer
sermão que envolva o pecado carnal. E é irônico que eu esteja aqui, sentada
em um banco de madeira de uma igreja cheia de devotos, com os dedos de
Trent marcados em minhas coxas por debaixo da saia.
O que você fez? Por que tem agido dessa forma? Por que se
comportou como uma puta e abriu as pernas para alguém na primeira
oportunidade que teve?
Já elogiaram minha roupa, que não é nada além de uma saia rosa
plissada abaixo dos meus joelhos e uma blusinha branca. Já falaram bem
dos meus cabelos e da minha aparência delicada.
Quando eu era mais nova, era ainda pior. A pressão em cima de mim
era sufocante. Porque afinal, como assim a filha de pastor é amiga de
garotos? Como ela pode tirar notas baixas? Como assim ela usa roupa
preta? Isso é coisa do demônio. Como assim ela não é a imagem e
semelhança de Deus que deveria ser o exemplo para nossos filhos
seguirem?
Na minha antiga cidade, todos me conheciam. Cresci lá e vivi
durante a minha vida inteira ao redor das mesmas pessoas. Todos sabiam
quem eu era, então confesso que estou aproveitando um pouco da liberdade
de não ser tão notada aqui.
As cores são tão vivas que me causam uma sensação boa. Incrível
como são poucas e raras as coisas na igreja que me trazem esse sentimento.
Queria conseguir ser tão leal, fiel e focada quanto os outros.
Contudo, não sou e por isso balanço o pé, inquieta, pedindo a Deus para que
o culto acabe logo e eu possa finalmente ir para casa.
Desconhecido: ?
Franzo o cenho, abrindo a foto de perfil. E por incrível que pareça,
não me surpreendo ao encontrar Trent sem camisa, com cabelos molhados e
a corrente prateada em sua boca de um modo sexy.
— Você não vai entrar? — Alex pergunta ao me ver parando no
gramado da faculdade.
Nós viemos juntos em minha picape porque seu Bugatti preto está
com um problema no motor. Eu normalmente não seria a sua primeira
escolha, mas Hunter precisou ir para um evento importante com seus pais e
não vem.
Ele foi o primeiro a se juntar à Alex, então existe uma conexão
maior entre os dois. Eu fui o segundo a ser convocado para me tornar um
dos Víboras, Aiden e Ian vieram logo em seguida. Ao passo que Nolan e
Kian foram as últimas adições ao grupo.
— Não.
Estou para responder, quando vejo Morgana passar. Ela está com os
cabelos soltos, o blazer perfeitamente alinhado e carrega dois livros em seu
braço.
Sua expressão não é muito amigável, seus olhos deixam claro que
não acredita em minhas palavras, mas não questiona. Apenas assente e se
afasta, me deixando sozinho.
A ruiva sorri para algo que a garota fala, seu sorriso é uma das
coisas mais bonitas que já vi e sei que não sou o único a reparar nisso.
Quando percebo que elas não irão se afastar e que entrarão juntas, me
aproximo.
Antes que Morgana possa responder, passo meu braço por cima dos
seus ombros e a trago para perto de mim. A ruiva me fita com um
questionamento silencioso no olhar e ergo o canto da minha boca em um
meio sorriso.
Ela fica uns quinze segundos em silêncio, onde parece decidir se irá
ficar comigo ou não.
O cheiro suave dos fios invade minhas narinas, é algo doce. Só que
é tão ameno que é agradável.
Alex repetiu, mais de uma vez, que eu deveria manter distância dela,
sua fala foi mais irritada do que o comum. Principalmente por eu tê-los
deixado sozinhos no galpão depois da luta.
— Por quê? — Seus olhos procuram os meus.
Ela não tira os olhos de mim, seu queixo está erguido e sua postura
determinada.
— Então faça.
Seus olhos desviam para o vidro da picape e mesmo tendo fumê, sei
que consegue vê-la. Só não sei se a reconhece.
— Não hoje, me dei uma folga.
— Acho que você vai querer manter distância dessa vez — aviso.
Aiden se junta a nós, seu uniforme amassado e a ausência do blazer
indicam que não é um bom dia.
Aiden ri.
— Mas vai significar e espero que valha a pena.
Vou para o carro, o olhar no rosto de Morgana deixa claro que ela
ouviu tudo o que foi dito. Espero que ela comente algo, mas sua expressão
fica indecifrável e o seu silêncio é ensurdecedor.
— O que é isso?
— Um presente.
— Trent.
— Sim?
— Estava brincando, Morg. Se você não quiser ficar com eles, basta
me devolver.
— Não sei, eu só quero viver, Trent. Quero que parem de ditar o que
devo ou não fazer. Quero experimentar tudo o que tem no seu mundo, todas
as festas, bebidas e drogas que são proibidas no meu. Quero sentir todas as
sensações, desde as mais pecaminosas até as mais inocentes. Quero infinitas
coisas, só que não quero nos meter em problemas — confessa. — Jamais
quis isso.
— Então você quer ser corrompida, mas quer que seja em segredo
— deduzo.
— Não quero ficar chapado, porra — Aiden rosna.
Alex passa a mão em seu rosto com exasperação, o olhar que troca
com Hunter é significativo.
coisa alguma. Desde que Alex nos convocou — como constantemente faz
antes de uma luta, festa e corrida — ele está sentado no sofá dourado, com
Kian ri.
— E você?
— Eu o quê?
— Não vai tentar me oferecer alguma idiotice desnecessária?
Só que isso é diferente, não sou obcecado pela ruiva. Sequer sinto
algo pela garota, além de desejo.
— Não sou eu que tenho uma conta falsa e persigo uma garota que
me deixou, está bem? O foco aqui não sou eu.
— Faça-me o favor, você não beija ninguém na boca desde que ela
se foi e só fode as garotas por trás, ou se masturba enquanto assiste algum
ménage nosso.
— Para o estúdio.
— Estúdio de tatuagem?
Aiden não pergunta o motivo e não reclama, tudo o que faz é dar de
ombros enquanto passamos pela sala vazia e saímos de casa.
As batidas na porta, que mais parecem fodidos tambores dentro da
minha cabeça, são o que me fazem acordar.
— Bom dia, raio de sol. Tenho uma surpresa para você. — O riso
em sua voz é perceptível.
Sempre soube que Nolan gosta do perigo, mas não imaginei que
fosse insano a ponto de me provocar tão cedo.
— Como?
Estou na metade dos degraus, quando consigo vê-la. Ela está parada
bem no meio da sala, usando um vestido azul-bebê abaixo dos seus joelhos.
Seus cabelos estão soltos e nenhuma maquiagem enfeita seu rosto.
A ruiva não responde, sua atenção está em meu corpo. Olho para
baixo imitando seu movimento e percebo o motivo pelo qual ela me encara.
Estou só de cueca.
Mas Morgana não olha para o meu pau e sim para minha cintura.
Mais especificamente, para onde a pele está vermelha e a tatuagem nova de
um escorpião é visível.
— A ruiva é um pouco insistente e não aceitou sair até ver que você
estava bem — Aiden comenta com deboche.
— Liguei?
— Sim, doze vezes. — Dá um meio sorriso.
Era dez e meia da noite, ele não perguntou o que eu estava fazendo
ou se eu estava bem. Mais uma vez o senhor Owen Hill ligou apenas para
falar de negócios.
E o tom que utilizou, deixando a entender que era uma ordem e não
um pedido, foi o que me fez perder a cabeça. Como Kian não estava por
perto e eu não podia arriscar machucar Aiden por causa da corrida de hoje,
fui para um bar e bebi.
Não sei quantas doses, mas com certeza foi uma quantidade
considerável para me deixar com essa ressaca de merda.
Eu deveria ignorar porque não é nada demais, ela é boa e sei que
faria isso por qualquer um. É algo que deve ser da sua essência. Só que
ainda assim, não ignoro.
Rio.
A única coisa que dói aqui é tê-la tão perto e não poder fazer nada.
— Não.
Sinto a pele quente na ponta dos meus dedos, seu peito sobe e desce
com uma respiração pesada e mantenho minha mão ali.
— E o que você tatuaria, Morgana Lewis? — Meu polegar desliza
lentamente por cima do seu seio.
— Um par de asas.
— Como um anjo?
Ela sopra uma risada e estamos tão perto, que seu hálito mentolado
bate diretamente em meu rosto.
Sinto que ela está prestes a perder o controle, só que algo a detém.
Sua boca se afasta da minha e ela dá um passo para trás, saindo do meu
aperto.
Aquiesço e a pureza da roupa enfim faz sentido. Sinto meu pau doer
dentro da cueca e me recrimino mentalmente por isso.
— Não.
— Aiden e Nolan irão correr esta noite. Você disse que quer viver,
certo?
Meu pai ficou satisfeito, tanto que me deixou voltar para casa mais
cedo, junto com minha mãe. Ao passo que permaneceu na igreja até às seis.
Tomei banho antes dele chegar em casa, não queria levantar suspeita
alguma. Jantei em silêncio, murmurando pequenas afirmações quando eram
necessárias. Rezei, agradeci pela comida na mesa e aproveitei somente
aquilo que me foi oferecido.
Rio.
— Você está bem? — Trent se vira para mim, colocando suas mãos
em meu rosto.
— Sim.
Seus olhos percorrem meu corpo, um sorriso surge do canto da sua
boca ao notar o vestido branco de alças finas e costas despidas que estou
usando.
Não sei como Trent fez isso, mas de algum modo comprou todas as
peças no tamanho exato. Fiquei receosa em aceitar o presente quando ele
me ofereceu, não apenas por medo de não caber, mas por vergonha.
Pisco algumas vezes, sem saber o que dizer. Sinto uma onda de
frustração me atingir, mas ele está certo.
Não posso arriscar. Seria imprudência ao extremo.
— E você não vai ficar para assistir? — Deixo de olhar para trás e
reparo na sua picape estacionada há alguns metros de distância.
— Não hoje, nem sempre as assisto. — Dá de ombros. Suas íris
escuras como uma tempestade me observam intensamente. — Falei que
você iria experimentar o que o meu mundo pode oferecer e não estava
brincando, Morgana.
— Sinto muito cortar seu clima, mas você não tem nem metade do
peso que eu pego nos treinos — diz sarcasticamente.
— E se eu me machucar?
Pela maneira que ele me guia, tenho certeza de que já invadiu essa
casa antes. Ou isso, ou já esteve aqui e conhece os donos.
Porque não há como ele saber que tudo estaria tão vazio para que
pudéssemos invadir. Ou que a casa tem piscina, o que é originalmente o
nosso plano.
Trent segue nos levando até a parte dos fundos, não encontramos
ninguém no meio do caminho. Nenhum segurança ou pessoa, tudo parece
verdadeiramente abandonado.
Mas, o jardim bem podado e a piscina com água transparente de tão
limpa, indicam o contrário.
— É enorme, Trent.
— Eu sei, sempre dizem isso. Mas juro que se eu for cuidadoso,
cabe. — O canto da sua boca se ergue em malícia.
Sopro uma risada com o duplo sentido em sua frase. Ele aproxima
seu rosto do meu, nossos lábios quase se tocam e sua língua chega a
deslizar sedutoramente no canto da minha boca.
— Você está com roupa demais para quem vai nadar pelada,
senhorita Lewis — Trent provoca, tirando os tênis dos seus pés ao mesmo
tempo em que desabotoa sua calça jeans.
Pelada.
A enfermeira disse que eu era sortuda por ter uma família tão
estruturada. Ganhei doze pontos e saímos de lá com um sorriso no rosto.
Trent encara meus olhos mesmo quando meus seios ficam à vista.
Uma brisa gelada faz com que os mamilos endureçam.
Trent volta a tirar sua roupa e o único pensamento que consigo ter é:
porque seria pecado desejá-lo tanto?
Pecado deveria ser alguém ter o corpo como o seu, e não o fato de
eu querê-lo por isso.
— E a tatuagem? — indago, olhando para o escorpião em sua
cintura.
— De que?
— De estar pelada, com sua boceta em contato direto com a água —
explica, apertando minha cintura.
— S-sim.
Meu tom fraqueja, com o frio e o arrepio que o seu toque causa.
Ele suga meu lábio inferior para dentro da sua boca, investindo
contra minha mão. Seu rosto se afasta do meu por alguns segundos e seu
olhar desce, para assistir meus dedos se movimentarem.
Separo um pouco as pernas para facilitar seu trabalho, ele rosna uma
imprecação. Seu indicador sai totalmente de dentro de mim, somente para
voltar acompanhado do seu dedo médio. Trent mexe sua mão, me fodendo
ao mesmo tempo em que o masturbo.
Seu polegar pressiona meu clitóris e ele movimenta os três dedos
simultaneamente, com uma habilidade absurda. Ofego, a aspereza de sua
mão e os calos na mesma, me deixam com dificuldade de respirar. Meu
aperto ao seu redor vacila, devido ao esforço gigantesco que faço para não
me perder no prazer.
Trent segura seu pau com a mão livre e começa a esfregá-lo em meu
clitóris. Fico na ponta dos pés, cada vez que sua glande passa por cima da
parte sensível e desce até minha entrada, onde seus dedos ainda estão, meu
corpo se arrepia.
Solto um resmungo quando sua mão me abandona, mas sorrio ao
sentir os dedos melados em minha bochecha. Trent segura meu rosto, me
obrigando a encará-lo.
Por mim, ele só iria mais e mais fundo, até que eu conseguisse senti-
lo em meu estômago. Ele inspira profundamente atrás de mim, soltando
pequenos grunhidos do fundo da sua garganta, que são facilmente os sons
mais eróticos que já escutei.
O calor do seu corpo irradia para o meu, o único barulho audível são
o das nossas respirações, dos nossos quadris se chocando e dos meus
gemidos. Uma das suas mãos sobe até meu pescoço e seus dedos fazem
uma pressão considerável nele.
Suas estocadas são fortes, uma mais profunda que a outra. Mas a
cada vez que seu pau sai de dentro de mim, me deixando completamente
vazia, ele aproveita para esfregar toda sua extensão em minha bunda.
— Trent? — gemo, entre uma arremetida e outra, meu corpo se
mantendo firme somente com seu aperto.
— Hum?
Oh, Deus.
O que eu faço? Como aceitei vir?
— Precisa de mais alguma coisa, Quinn? — Seu tom firme soa perto
do meu ouvido, o hálito quente em minha pele aumenta a sensação de
euforia e me causa arrepios.
— Não.
Sinto a pele da minha boceta sendo esticada cada vez mais, estou
latejando em todos os lugares e não consigo conter os gemidos.
— Trent — choramingo, meus seios esfregando na parede da piscina
a cada investida violenta.
Não tem um único centímetro do seu pau que não esteja em mim.
Quando Aiden estava sendo julgado, seu pai arriscou sua carreira
como juiz para defendê-lo no tribunal e comprou diversas pessoas para
conseguir fazer isso.
Quando Nolan sofreu o acidente que quase o matou, sua mãe ficou
no hospital durante dez fucking dias. Se recusando a ir para casa até mesmo
para trocar de roupa.
Quando Hunter foi criticado por aparecer com a cobra tatuada em
seu pescoço, o prefeito fez um pronunciamento público falando sobre como
era um absurdo ainda existir preconceito associado a coisas banais, como
tatuagens. Diversas pessoas discordaram do seu discurso e isso influenciou
o voto de alguns, mas não o impediu de ser reeleito.
Penso em como ele não esteve ao meu lado quando aprendi a dirigir,
não soube quando quebrei o nariz pela primeira vez e sequer notou minha
ausência quando passei uma semana no hospital com as costelas fraturadas.
Ele nunca esteve comigo, assim como não estava com ela no dia em
que Alice morreu.
Então sim, até posso ser um filho da puta rancoroso que não acredita
que as pessoas mudam. Mas na minha cabeça, tenho motivos para tal.
— Seu segurança está tão entediado assim que não tem nada para
fazer, além de fofocar?
Deve ter no mínimo três vapes e uns cinco maços de cigarros. Fora
o narguilé em cima do móvel.
— Mas?
— Sem “mas”. — Dá de ombros indiferente e começa a avaliar as
tatuagens em seu corpo, para ver se alguma precisa de atenção.
Soube que ele deu um corte no carro da garota, que quase saiu
capotando da pista. Não que seja algo chocante, afinal, quando o assunto é
insanidade na pista, ele e Aiden gabaritam.
— O quê?
— Tatuar.
Afinal, não posso me dar ao luxo de tirar alguma nota baixa, não
quando meu pai já reclama o suficiente do curso escolhido. Se dependesse
dele, eu não teria formação alguma, estaria casada e trabalhando dentro de
casa para servir meu marido e a Deus.
Com sorte, seria professora de coral infantil, como minha mãe, e
passaria o restante da vida com um sorriso forçado no rosto enquanto
experimentava da mais genuína e profunda infelicidade.
Minha mãe lutou por mim e conseguiu adiar esse futuro, foi a
primeira vez que a vi contrariar meu pai. No fundo, acho que ela também
tinha algum sonho que foi abdicado.
Sempre serei grata por essa intervenção, mas a cada semestre que
concluo, me pergunto até quando ela será válida.
Nunca ouvi seu tom tão rude, eles não parecem notar minha
presença.
— Touché.
Encaro suas íris escuras, senti o peso delas durante o dia inteiro, em
todas as vezes que o vi.
Não sei exatamente o que, porém sei que foi o bastante para que
Kian o espancasse no meio do campus. Uma quantidade considerável de
pessoas se juntou para assistir, contudo, ninguém chegava perto demais
porque os outros Víboras formaram uma espécie de círculo em volta dos
dois caídos.
O jogador foi para a enfermaria, mas dizem que ele não apareceu
ontem e muito menos hoje. Alguns apostam que ele não voltará, porém a
grande maioria só desconsidera o ocorrido como se fosse insignificante e
estivessem acostumados.
E foi assim que eu percebi que os Víboras não são temidos apenas
por serem ricos, filhos de pessoas influentes e por participarem de coisas
ilegais.
Eles são temidos porque podem ser perigosos.
Mas quando encarei a tela do aparelho, não era ela. Chloe ainda não
havia visto minhas últimas mensagens e a notificação tinha vindo de Trent.
Não era nada demais, apenas uma pergunta curiosa sobre o que eu estava
fazendo, só que ainda assim foi surpreendente.
Mandei uma foto dos livros espalhados na cama, começamos a
conversar e deixei o trabalho de lado. Em dado momento, resmunguei sobre
a professora e o modo como ela ignorava todas as minhas dúvidas, nunca as
respondendo.
Entreabro os lábios para avisar que ficarei por aqui mais algum
tempo. Contudo, me calo antes de realmente falar. Um homem alto de barba
rala e cabelos castanhos, com laterais grisalhas, entra no estúdio.
— Preciso de ajuda com uma papelada, Alex foi para casa mais
cedo. — O homem pigarreia e Trent não questiona. Seu corpo está em
frente ao meu, me cobrindo quase completamente.
O reitor também nota sua atitude protetora, suas íris cinzentas são
curiosas.
— E essa é…?
— Sim.
Trent bufa.
— Podemos pular essa parte de apresentação entre reitor e aluna
para irmos logo? — comenta. Não preciso olhar seu rosto, para saber que a
expressão zombeteira está estampada no mesmo.
Elijah trava uma batalha silenciosa com ele por alguns segundos.
Trent parece ganhar, porque o homem desvia o olhar e me encara.
Aiden vira mais uma lata de cerveja entediado, seus olhos passeiam
pelas garotas de biquíni no nosso gramado. Algumas pulam na piscina,
outras dançam com a música alta enquanto se molham no maldito jogo das
bebidas que Alex propôs para hoje.
A festa não está tão cheia quanto estamos costumamos, talvez por
ser noite de jogo. Durante a manhã inteira, ouvi as pessoas murmurarem
sobre como estavam ansiosas para a partida desta noite contra os Lions
Steelers.
— Sua inquietação está me deixando ansioso, Hill — Aiden ladra.
Reviro os olhos sem lhe dar atenção, se ele não fosse tão seletivo e
não procurasse sempre um padrão nas garotas que fode, já estaria se
divertindo assim como Nolan e teria me deixado em paz.
Encaro a tela do celular que brilha com a nova mensagem de
Morgana, ela chegou.
Sempre gostei da minha picape, mas ela nunca pôde ser considerada
discreta.
— Não vou?
— Sem querer ser o empata foda, mas já sendo, Alex está nos
chamando. — A voz de Kian soa atrás de mim e o idiota surge do além,
quebrando o nosso contato visual.
— É um jogo.
Sei que isso será um teste. E pelo modo que ela me encara, também
sabe disso.
— Vamos lá.
Uma das garotas perto de Aiden, enche dois copos de bebida direto
do barril e nos estende. Morgana aceita antes de mim e toma um grande
gole, sorrio para a atitude.
— Então está fora, sequer deveria ter entrado se não consegue lidar
com elas. — Sua fala é direta, nitidamente com duplo sentido.
Morgana sorri de modo forçado, sem baixar a cabeça ou fraquejar, e
o canto da boca de Alex se ergue levemente, aprovando a reação.
Caralho.
— Katniss.
Alex seleciona outras duas pessoas, uma delas recusa e tem o direito
de cumprir a punição, sendo ela nadar pelada. A garota recusa novamente e
é expulsa do jogo.
Hunter me encara.
— Nolan e…. — Alex cantarola e antes mesmo que fale o nome, sei
quem será escolhido. — Morgana.
Rio.
Nem fodendo.
Foco nela, massageando suas costas para garantir que está bem.
Suas bochechas estão vermelhas e não sei dizer se foi mesmo só pela tosse.
Mas Alex não sabe de porra nenhuma, tudo o que sinto por Morgana
é desejo. E se eu sou responsável por corrompê-la, farei isso sozinho e sem
dividi-la.
Não vou deixar Nolan lamber alguma parte do seu corpo, não
quando o filho da puta já chegou até a tocá-la semanas atrás.
Não quando seu corpo me pertence e sua pele macia é boa demais
para entrar em contato com a sujeira qualquer um deles.
Que inferno.
Levo minha mão à lombar de Morgana e paro em frente ao barril de
madeira, escolhendo o que usarei em seu corpo enquanto ela se senta.
Quem diria que cheirar uma carreira de cocaína poderia ser tão
excitante.
Quem diria que uma única mulher poderia ser tão enlouquecedora.
Mordo seu peito, com força o suficiente para que ela chie e deslizo a
língua por cima do lugar com suavidade antes de me afastar.
— Eu que fico drogado e as suas pupilas que dilatam? — debocho
com um tom rouco, sentindo ainda mais possessividade ao encarar a marca
dos meus dentes na pele clara.
Não dou à mínima para o que isso pode parecer aos olhos dos
outros, ninguém sabe de nada.
Quanto uma pessoa pode mudar? Quão longe ela irá até se
arrepender?
Ultimamente, ela tem um brilho nas íris esverdeadas que tem me
deixado fascinado e o modo como ela tem aceitado certas coisas, me deixa
obcecado por saber seu limite. Tenho me pegado por vezes ansioso para vê-
la experimentar algo novo, só que agora, vendo o modo como ela segura o
cigarro perfeitamente posicionado entre seus dedos e sopra a fumaça como
se fosse adaptada a tal coisa, me pergunto o quanto isso vai custar para ela
no final de tudo.
Porém, nem essa dúvida é o bastante para me afastar dela agora, não
farei isso até que a maldita lista esteja finalizada e Morgana volte para sua
vida de boa garota obediente.
Ergo seu rosto, com meu polegar em seu queixo e faço com que ela
saia do chão. Sem que tenha tempo de reclamar, colo nossas bocas calando-
a da maneira mais eficaz.
Ela geme e a empurro até minha cama enquanto a beijo, para deixá-
la mais tranquila. Minhas mãos vão até sua cintura e a derrubo no colchão,
cobrindo meu corpo com o seu.
Deito na cama e inverto nossas posições, fazendo com que ela fique
por cima. Mais especificamente, sentada de costas para mim, em meu
abdômen.
— Vá em frente — falo.
Ela sorri, voltando sua atenção para baixo. Puxo sua cintura,
trazendo sua bunda para perto do meu rosto, ao mesmo tempo que inclino
suas costas para frente.
Puta merda.
Caralho.
Meu corpo começa a agir por impulso e meu quadril arremete para
cima contra sua boca, Morgana se esfrega em mim, me deixando com falta
de ar. O cheiro de sexo inunda tudo e sinto a fisgada em meu abdômen,
segundos antes dos meus músculos se contraírem. Dou uma última
investida contra ela, gozando em sua boca.
E é extremamente cansativo.
De acordo com ele: É por isso que as pessoas não evoluem. Afinal,
como o ser humano prefere pregar tragédias e alastrá-las, ao invés de
espalhar a fé e as palavras do senhor?
Meu pai começa a falar sobre o boato que surgiu de uma das noviças
e mastigo a comida saboreando cada garfada.
— Não.
— Que bom, não quero você envolvida com possíveis problemas
e… — Interrompe sua fala, unindo as sobrancelhas grossas em minha
direção. — O que é isso em seu pescoço?
Sua mão vai até minha cabeça e ele segura um punhado dos meus
cabelos com força, inclinando meu rosto para o lado. Chio de dor quando
ele esfrega seus dedos na lateral do meu pescoço.
O toque é bruto e tem intenção de machucar.
Por que não me olhei no espelho? Por que fui tão descuidada?
— Então como você explica essa droga? — Seus olhos brilham e o
modo como as veias saltam em seu pescoço, só denunciam seu estado
colérico.
— Não ouse me olhar assim! Você tem noção de que perdeu seu
valor com essas perversidades da carne? Tem ciência de que é uma
prostituta que caiu em depravação? — grita, desabotoando o cinto da sua
calça.
Meu lábio treme e mordo a bochecha me preparando para sentir o
couro marcar minha pele.
Cansaço principalmente.
Estou tão cansada.
— Ninguém vai querê-la se você for uma prostituta que abre suas
pernas para qualquer um.
— Como.
Cinturada em minha coxa.
— A.
— Marca.
— Surgiu?
Tão cansada.
— Ontem meu quarto estava com alguns mosquitos, devo ter sido
picada durante a madruga. — A mentira surge e só me dou conta da história
inventada depois de deixá-la escapar. — Não sei o que aconteceu, está
bem? Eu não sei.
São pesadas demais para alguém que não quer mais segurá-las.
Obrigada, Deus.
Obrigada.
Levo minha mão aos locais onde mais doem com lágrimas
molhando meu rosto e escuto o barulho da cadeira se arrastar. Assim que
ouço a porta ser batida e meu pai sai de casa, minha mãe se aproxima.
Suas íris, da mesma cor das minhas, carregam uma pontada de culpa
ao me ver caída, segurando meu estômago.
— Eu sei.
Noventa por cento das vezes, tento não me ressentir. Não me apego
a sentimentos ruins, mas ultimamente, estou pouco me fodendo para toda
essa merda.
Ela não responde, assim como nunca faz nada. Tudo o que Olivia
faz estender sua mão para me ajudar a levantar, mas recuso a oferta e me
apoio na cadeira sozinha.
Meu corpo todo dói, mas passo direto por ela indo mancando até o
meu quarto e me trancando lá. Quer dizer, não tranco de fato. Não estou
disposta a duas punições em um único dia.
Que droga.
Por que não sou capaz de me acostumar com a dor como Trent?
Inspiro fundo.
Estou cansada, mas as suas palavras sobre eu não ter nada especial
voltam a minha mente em looping.
Ninguém a viu.
Morgana não foi para nenhuma aula, não está no estúdio ou no
refeitório. Para ser sincero, ela não está em nenhuma das salas desse prédio
principal e sei disso porque olhei em todas. Mas seu carro está no
estacionamento e é por isso que continuo a procurá-la.
Ela assente.
Morgana não fala nada e não faz nada além de engolir em seco.
Apoio meu braço atrás dela, deixando-a presa entre meu corpo e a
estante. Seu peito sobe e desce em uma respiração pesada e seus olhos
fixam nos meus em uma batalha silenciosa.
Ela não rebate, não diz que estou enganado ou que estou sendo
precipitado em minhas palavras.
A constatação de que Morgana me quer somente como um segredo
sujo é um golpe e tanto no meu ego. E por incrível que pareça, saber disso
me abala mais do que eu imaginei.
Espero alguma coisa, qualquer maldita reação, mas não vem. Não
até que Morgana feche os olhos e uma lágrima escorra em sua bochecha.
O que aconteceu?
Ouvi-la falar tão duramente algo que tenho conhecimento, mas que
jamais tiveram coragem de me dizer, faz com que eu esconda um sorriso
discreto. O que não anula a preocupação.
Durante todo o caminho, não pronunciei uma única palavra. Minha
cabeça ficou escorada no vidro da janela, apreciando a vista com um
turbilhão de pensamentos dominando minha mente. O único som que
preenchia a caminhonete, eram as músicas que tocavam na playlist de
Trent.
E de mim.
Meu lábio foi cortado em um dos tapas que meu pai me deu, a pele
ainda está sensível e por isso me esquivei do toque de Trent, pela dor
causada no movimento suave. Mas a rejeição em seu olhar foi o suficiente
para que eu me arrependesse.
Mas será que é tudo o que sou e estou destinada a ser? Não sei.
Ele ri.
O mar.
Nunca estive em uma praia antes, meu pai disse incontáveis vezes
que eu não deveria ir pelo tipo de vestimenta usada. Pedi em diversos
momentos para ir usando um vestido longo, somente para dar uma volta e
pisar na areia, mas ele sempre foi irredutível.
— Podemos.
Olho para Trent, que ainda não soltou minha mão e também tem
seus pés tocando a areia. Meu sorriso está tão largo que sinto minhas
bochechas doerem.
— Achei que fosse impossível você ficar mais bonita — comenta
em voz alta, mais para ele do que para mim. — Mas estava enganado.
Porque nesse exato segundo, Morgana Lewis, posso afirmar que você
colocaria qualquer um de joelhos com um único sorriso.
Seus olhos fixam nos meus, só que eles estão perdidos dentro de si e
Trent hiperventila levemente.
Ele pisca algumas vezes, seu olhar focando. Seu peito sobe e desce
pesadamente enquanto ele volta à realidade. Sua palidez segue presente,
embora ele coloque um sorriso em seus lábios.
— Mas…
— Não.
— E se…
Minha atenção é dele, não olho para os lados, para trás ou para a
água. Estou tão focada em cada mínima reação que ele esboça, que sequer
me importo com o momento em que minha pele toca no mar.
Água, água para todos os lados é tudo o que sinto com meus olhos
fechados.
Ele não me solta por um único segundo, seus olhos encaram o mar
como se ele fosse um inimigo e sua mão me aperta com força a cada vez
que uma onda se aproxima.
Puxo a blusa colada do meu corpo, para não correr o risco dos
machucados ficarem visíveis.
Os machucados.
— Sim?
— Só para que você saiba, não o considero um segredo sujo.
Jamais poderia.
Ele bufa.
— E você nem é uma atriz tão boa assim — zomba e rio, porque ele
sequer faz ideia de que sou mesmo uma boa atriz e de que suas palavras
foram certeiras.
Finjo minha vida inteira.
Ele pede desculpa por ter sido um filho da puta e sorrio, ficando em
silêncio. Trent permite que eu tire a prata de seu dedo e o teste no meu.
Surpreendentemente, cabe em meu anelar e gosto da sensação gelada dele
em minha pele.
— Hum?
— Você acha que eu perdi meu valor por não ser mais virgem? —
sussurro, encarando o horizonte.
— Não sei, só foi algo que passou pela minha cabeça. — Dou de
ombros, soltando uma risada para aliviar o clima tenso.
Ele fica alguns segundos em silêncio.
Não quero que ele olhe para mais ninguém desse jeito.
Eu gostaria de ter esse olhar somente para mim e por isso aproveito
ao máximo cada segundo, por não ter a menor ideia de quanto tempo
durará.
Inclino meu corpo para trás, resvalando meus lábios nos seus com
suavidade, tão suave quanto a brisa que nos rodeia. Trent mordisca meu
lábio inferior e seguro o gemido de dor, me escorando em seu peitoral.
— Sim, Ocean?
Aiden ri.
— Porque quero ter alguém para pedir socorro caso você pese sua
mão e enfie milhares de micro agulhas na minha pele.
— Não vou fazer isso.
Desde que Morgana falou sobre querer uma tatuagem, tenho tido
aulas com Nolan para aprender. E nunca fui tão dedicado para merda
nenhuma, com exceção das lutas, como tenho sido ultimamente. Já treinei
cobrir decalque em pele artificial — que comprei somente para isso —, em
bonecos, em papéis e até mesmo testei o peso da minha mão, com a
máquina ligada em minha perna.
Tudo correu bem, a verdade é que levo jeito para isso. Nolan diz que
é devido à arquitetura, uma vez que já estou acostumado a fazer projetos
inteiros à mão. E talvez por ver meu esforço diário e minha notória
evolução, ele tenha sido o único a dizer sim.
Não, não era isso, e embora tenha sido oitenta por cento do motivo,
percebi que eu não estava disposto a compartilhar suas primeiras vezes com
ninguém. Eu não queria que ninguém, além de mim, a ajudasse cumprindo
os itens da sua lista.
E modéstia à parte, concordo com ele, ficou bom para caralho. Não
que eu tivesse dúvidas quanto a isso.
— Nem fodendo, eu tatuo aqui, está bem? Ele pode ser um
substituto barato, no máximo — Nolan resmunga, se levantando da cadeira.
E sem que eu precise pedir para um deles ser cobaia outra vez, Alex
puxa a blusa para cima, ficando só com a calça e se senta na mesma cadeira
que Nolan estava.
Kian rebate dizendo que não quer ter uma infecção e Aiden fala que
a última que fez, sequer cicatrizou. Hunter não usa desculpa alguma, ele é o
menos tatuado de qualquer modo.
Alex os ignora, pedindo ideias do que tatuar. E, depois de quinze
minutos ouvindo sugestões que vão desde um dragão-de-komodo até um
cigarro de maconha, finalmente opta por uma caveira.
Quando a chamei para vir até aqui e falei que tinha uma surpresa,
ela aceitou sem nem perguntar o que era. E foi assustador, na verdade, ainda
é.
É totalmente assustador saber que tenho posse de algo tão precioso
quanto sua confiança.
Ela abre a boca na mesma hora para responder, mas se impede antes
de externar o pensamento. Franzo o cenho e Morgana dá um meio sorriso,
começando a listar:
Afogar.
— Eu me rebelei?
Encaro a bituca de cigarro na cama, que ela fumou quando chegou,
seu peitoral com uma tatuagem quase finalizada e o seu corpo sobre o meu.
— E agora encontrou?
— Por arruiná-la?
— Por ter me feito amar a sensação da queda.
Seguro sua bunda ao mesmo tempo em que ela enlaça seus braços
em meu pescoço e suas pernas em minha cintura. Beijos quentes e
molhados são distribuídos em meu rosto e sorrio.
— Obrigada. — Um beijo em minha bochecha. — Obrigada. — Um
beijo em meu queixo. — Obrigada. — Um beijo em minha boca.
— Irei cobrar.
— Conto com isso.
Que merda.
Ela me encara, carregando o sorriso mais bonito do mundo em seus
lábios e segura minha mão, me puxando de volta para o quarto.
— Comemorando.
Chloe: Medicina é uma merda, todos os meus neurônios estão fritos e tenho
certeza de que se eu precisar aprender o nome de mais palavras esquisitas
que esquecerei em cinco minutos, irei morrer.
Eu: Sim.
Acho que só não fui punida, porque ele não deve ter encontrado
nada relevante. Tenho me comportado com excelência para que suas
suspeitas diminuam, apago todas as mensagens o tempo inteiro e tomo o
triplo de cuidado a cada passo dado.
Cerro os olhos para o celular, por “depois” ela quer dizer daqui há
uns cinco dias.
Chloe: Promete me atualizar?
Eu: Sempre.
Chloe diz que me ama e retribuo, soltando o celular.
Acho que tem funcionado, uma vez que ambos ficaram “satisfeitos”
com minhas notas.
Candice é a única que não me olha com nada disso e sim com raiva,
como se eu tivesse roubado algo que lhe pertencia. É estranho e irritante,
vez ou outra.
Passo meu dedo por cima do papel que jamais cogitei ver tão
marcado.
Está tudo bem, Morgana. Não seja dramática, você sempre soube
que era temporário. Você não é assim, não é de festas ou de bebidas. Você
sequer gosta dele e desse mundo insano em que Trent vive.
Nolan me encara.
— Sua boca é santa, certo? — murmura e uno as sobrancelhas. Ele
se benze. — Então que Deus te ouça, amém.
É engraçado.
Assistimos Kian levar uma rasteira e chio ao vê-lo cair, mas ao invés
de ficar fora de si, ele se levanta quase em um mortal e escapa de alguns
chutes. Seus movimentos são absurdamente rápidos e os seus reflexos ainda
mais.
— Morgana Lewis.
— Trent Hill.
Ele espera uma resposta e fico na ponta dos pés, para sussurrar
contra sua boca.
— Acabe com o idiota e mostre porque é tão temido.
Ele ri, segurando meu queixo para me dar um beijo rápido. Sua
língua invade minha boca, tomando tudo o que deseja, antes de se afastar.
Seus passos são firmes ao caminhar até o ringue, agora vazio. Trent
anda com tanta confiança que mesmo quem não o conhece, percebe que ele
tem o poder sobre algo.
Sei que a maioria das vezes em que Trent usa o anel em seu cordão,
é pelas suas lutas. Então, por que ele não fez o mesmo?
— Ele vai ficar bem, Trent já ganhou lutas piores — garante com
convicção.
Mas não o escuto.
Sinto cada dedo meu doer e amaldiçoo Trent mentalmente por não
ter me avisado sobre essa parte.
Porra.
Ele segue me chamando assim desde o dia da praia e ainda não criei
coragem para perguntar o motivo, tenho medo de que ele pare. E eu
verdadeiramente gosto de como soa, principalmente por sempre ser dito em
um tom carinhoso.
— Sim, desculpa por ter estragado tudo e…
Ele beija minha testa com tanta suavidade que me assusta. Nunca
antes tive um toque tão amoroso destinado a mim.
— Que bom.
E curiosidade.
— Não, Ocean. Por que você invadiu o maldito ringue sabendo que
ele estava com uma espécie de canivete?
Não estava nos meus planos que fosse esta noite, até cheguei a levá-
la para nossa casa. Todos estavam na corrida e ela iria somente trocar de
roupa para irmos também. Afinal, comprei algumas peças de roupa para ela,
coisas como cropped, casacos e saias que a namorada de Hunter me ajudou
a escolher e ficam em meu quarto.
Contudo, quando a busquei uma hora atrás, notei o quanto ela estava
agitada. Não tenho certeza do motivo, talvez seja medo. Um novo boato
tem se espalhado sobre a filha do pastor estar participando de lutas ilegais.
Desde que Morgana subiu no ringue para me defender, a história tem
tomado um rumo que sequer esperei.
Estamos tentando abafar, assim como fizemos com outros que
surgiram, e espero que no final de tudo esse também não resulte em nada.
Corro os meus olhos pelas pessoas dançando amontoadas, as luzes
piscam e Twenty One Pilots toca em alto e bom som. Não encontro
Morgana em lugar nenhum.
Ocean: De emergência.
Seus cabelos estão soltos, o cropped branco que está usando deixa
sua cintura fina à mostra e a saia preta é curta o suficiente para deixar suas
pernas expostas.
— Nenhum.
— Claro — debocho.
Arqueio a sobrancelha.
Se hoje não estivesse tão cheio e eu não tivesse tido que estacionar
duas ruas atrás porque não tinha mais vaga aqui, iria até minha picape
pegar.
A vontade que sinto é de pisar na sua fodida traqueia até que deixe
de respirar e fique largado como um verme no beco escuro. Mas ao invés de
realizar meu desejo, me coloco na frente de Morgana, cerrando os punhos.
Ele me encara, com uma das minhas mãos empurrando-a para trás
de mim e a outra pronta para socá-lo até perder a consciência. E mesmo
bêbado, o desgraçado consegue se levantar e sair correndo, tropeçando em
seus próprios pés.
Viro para Morgana garantindo que ela está bem e noto o canto
esquerdo da sua boca erguido em um sorriso.
— O quê?
— Sim.
—- Quer ir para casa? Falei que as indicações de Nolan não eram
confiáveis.
— Não.
Sua língua desliza sobre a minha de modo erótico, gemo contra sua
boca e a empurro contra as paredes pichadas.
Minha pele arde em cada lugar que seus dedos tocam, ela deixa sua
marca e uma onda de eletricidade por cada fodida célula minha.
Caralho.
Molhada demais.
Nos últimos dias, tenho conseguido enfiar três dedos no seu buraco
apertado e a cabeça do meu pau vez ou outra. Mas sempre que sinto o modo
ferrado que me aperta, falto gozar em seu cu sem nem me mexer.
Sei que ela já está pronta para me aguentar, só que não estou
disposto a isso no meio de um beco, sem ter tempo de nada além de uma
rapidinha.
Ela assiste com olhos pesados o momento em que liberto meu pau
da cueca e suas íris inflam ao vê-lo.
Ela sorri, chupando meu polegar com a pressão exata de força e juro
que sinto o toque de sua língua enviar um comando direto ao meu pau, que
dói de tão duro.
Passo meus dedos melados por todo o meu pau, usando sua
excitação de lubrificante e esfrego a cabeça em seu clitóris uma ou duas
vezes, antes de pegar uma camisinha no bolso da minha calça e investir
contra ela de uma única vez.
Seguro sua cintura erguendo-a do chão sem sair de dentro dela. Seus
braços enlaçam meu pescoço e suas pernas minha cintura.
Invisto contra ela, empurrando cada vez mais fundo. Seu corpo se
choca contra a parede de tijolos a cada estocada.
— Rezando para não sermos presos — sussurra com palavras
entrecortadas.
Morgana empurra seu quadril contra mim, com meu pau já estando
todo cravado dentro dela. Deslizo a língua em seu pescoço, sentindo a
pulsação acelerada ao mesmo tempo em que suas pernas começam a tremer.
Ocean geme e como se desse conta de que está fazendo muito
barulho, morde meu ombro para se conter, causando uma pontada de dor
estranhamente prazerosa.
Abaixo meu corpo, a ponta dos meus dedos alcança meus pés com
facilidade, minhas costas estalam e sinto meus músculos relaxarem. Respiro
fundo, me sentando no chão gelado. O short do meu pijama cobre somente
metade das minhas coxas e deixa a pele exposta à frieza da madeira.
Inspiro. Expiro.
Expiro. Inspiro.
Inspiro. Expiro.
Expiro. Inspiro.
Tarde demais.
Tarde demais porque meu pai se aproxima falando para eu não
esquecer do retiro espiritual que acontecerá daqui a duas semanas.
Meu pai não fala nada, sua boca está entreaberta e sua expressão é
de pura incredulidade. Ele não acredita que eu, de fato, faria tal coisa.
Não respiro.
Tarde demais.
Não me mexo.
Tarde demais.
Anthony não diz uma única palavra ao se aproximar, com suas íris
infladas de raiva. Seus dedos são brutos ao apertarem meu braço para me
manter no lugar.
— Você marcou a pele divina, destruiu todo o seu valor com uma
inutilidade mundana.
Ele me esmurra.
Seus dedos estão fechados e a dor que sinto ao ser acertada é três
vezes maior do que a do tapa.
— Você está possuída, está se deixando levar pelos demônios que
habitam a terra e por todos os pecados existentes. — Seu tom sai tão
irritado que ele cospe em meu rosto ao falar.
Tento me soltar do seu aperto e até chego a arranhar sua mão, mas
ele puxa meus cabelos me arrastando para fora do quarto.
Minha mãe não está mais na porta, pelo visto ela não está disposta a
assistir dessa vez.
— É só uma tatuagem, não sou uma prostituta por isso. Não perdi
meu valor. — Soluço, lágrimas molham minhas bochechas.
Tão irritada.
Irritada com todas essas regras e hipocrisias.
Por que ter uma tatuagem me faria melhor ou pior do que alguém
aos olhos de Deus?
Por que o senhor permite que seus filhos sejam punidos quando não
merecem? Porque eu com certeza não mereço nada disso.
Não é justo, Deus. Não é justo.
Ele abre a gaveta da cozinha, pegando uma das facas grandes dali.
Arregalo os olhos com puro pânico me dominando.
— Você está louco, perdeu o controle — ralho desesperada, batendo
em seu braço para que me solte.
Anthony Lewis, meu próprio pai, vai me matar com uma faca de
cozinha enquanto tenta me “purificar”.
Meu Deus. Meu Deus.
— Eu não quero ser digna se esse for o preço! — Minha voz sai
alta, nunca rebati meu pai assim e o ódio que adorna sua feição é
assustador.
Sinto vontade de gritar por socorro, mas sei que não compensa
perder fôlego.
— Eu não quero que você me toque — rastejo para trás e ele vem
para cima de mim rapidamente.
— Enquanto você estiver vivendo em minha casa e estiver sobre o
meu teto, obedecerá às minhas regras. E eu ordeno que essa coisa do
demônio seja retirada do seu corpo! — ladra, com a faca próxima de mim
outra vez.
Por favor, Deus. Acho que dessa vez não quero morrer.
Sei que estou cansada e já pedi por isso antes, mas não quero
morrer.
Passo pela porta que está destrancada e saio correndo. Ele não ousa
vir atrás de mim, ele jamais faria isso porque o que acontece dentro de casa,
jamais pode ser visível para os que estão fora.
Poderia ser qualquer pessoa entrando pela porta da nossa casa, mas
eu sabia quem era pelo modo que meus olhos foram instantaneamente
atraídos para ela.
O que aconteceu?
Seu corpo treme e a afasto levemente para encará-la. Sua boca está
machucada, a bochecha cortada e lágrimas silenciosas mancham o rosto
perfeito.
Meu Deus.
— Quem fez isso com você, Ocean? — Minha própria voz sai fraca
e sinto vontade de chorar com seu estado.
Claro que eu sempre soube que por ser filha de quem é, Morgana
fosse restrita a muitas coisas e por isso ela tem esse brilho no olhar que
beira a imprudência em busca da liberdade.
— Foi ele, não foi? Seu pai quem marcou você esta noite, Ocean —
afirmo.
Seu corpo fica tenso e é toda a resposta que preciso. Mas ainda
assim, ela é corajosa o suficiente para me dar uma resposta verbal.
— Sim — confessa contra minha pele molhada.
Filho da puta.
Desgraçado.
Covarde.
O barulho da água caindo sobre nós, preenche o ambiente. Sua
respiração finalmente entra em um ritmo tranquilo e cadenciado.
Filho da puta.
Filho da puta.
Filho da puta.
Travo o maxilar, se eu fosse condenado ao inferno por matar a porra
de um pastor de merda, iria sem pensar duas vezes.
Caralho.
Ela sorri e não sei dizer se o que escorre em sua bochecha é apenas
água ou lágrimas que se misturaram.
Acaricio seu rosto, reparando só agora na marca dos dedos ali. Está
bem clara e não é nada que vá ficar por horas, mas é o suficiente para me
fazer tremer de raiva.
Saio do box com ela em meu colo e puxo a toalha que deixo de
reserva no banheiro. Tenho costume de esquecê-las na hora que vou tomar
banho, principalmente depois que volto do treino com Kian e nesse
momento agradeço por isso.
Morgana desce do meu colo assim que cubro suas costas. Ela se
seca um pouco com a toalha e faz o mesmo comigo, passando o tecido em
meu rosto suavemente.
Escolho uma das minhas cuecas, uma das blusas que comprei para
ela e pego uma calça moletom, levando até o banheiro.
Morgana assiste tudo da porta, enrolada na toalha preta.
— Não tenho calcinhas suas aqui e suponho que seja ruim dormir
com uma daquelas saias, shorts ou vestidos que compramos. — Dou de
ombros, parando na sua frente. — Acho que a calça vai ficar grande e se
quiser, posso pegar uma das minhas blusas também. Mas talvez você queira
usar algo seu agora e…
E fodidamente minha.
Passo o algodão umedecido com álcool no seu rosto. Ela chia, mas
não reclama. Vejo um pequeno corte no ombro também e faço a mesma
assepsia no lugar.
Ainda é.
— Trent? — O tom melodioso corta o silêncio.
— Sim?
Rio.
— Não, eu não irei.
— Trent?
— Sim?
— Você pode deitar comigo até eu dormir? Não quero ficar sozinha
— pede.
E sei que essa é uma das promessas que manterei, custe o que custar.
Permaneci na mesma posição com Morgana, até que ela parou de
brincar com o anel em meu cordão e dormiu. Ainda esperei sua respiração
ficar pesada e o ressonar alto, para me permitir levantar e sair do quarto.
— O pai dela.
— Filho da puta — Nolan ladra.
— Quero matá-lo.
— Por quê?
Aiden ri.
— O quê?
— Por que está falando isso agora? Que diferença faz quando
aconteceu?
— Faz diferença pela intensidade. Você ama Morgana e agora quer
matar quem a machucou. — Seu maxilar está travado e ele olha diretamente
para mim. — Mas não compensa, acredite em mim quando digo que você
não quer ter o peso da morte de alguém em suas mãos. Independentemente
de quanto essa pessoa mereça.
— Por quê?
Nolan leva a luta mais como um jogo, pula, desce e sobe. Direita e
esquerda. A zombaria em seu tom durante cada movimento é o que me
deixa mais intrigado.
Seu braço tenta atingir meu rosto e bloqueio o golpe com a mão
direita. Kian não vacila, o soco em cima é meramente distração para acertar
a joelhada em meu quadril.
Grunho uma imprecação e ele levanta os braços com um sorriso
zombeteiro.
Vou para cima dele com raiva e Kian se esquiva de uma sequência
de socos, onde consigo acertar três. Ele tenta chutar minha lateral esquerda
dessa vez e seguro sua perna no ar. Atento a cada fodido movimento.
— Por que caralhos você fez isso? — Kian rosna quando levanto e
ele vê minha mão levemente ensanguentada. — Eu teria aguentado a porra
de um soco seu.
O gesto é suave, então não sinto dor alguma. Se for para ser sincera,
as partes que mais doem do meu corpo inteiro são as pernas, pela corrida
intensa, e o meu rosto, no lugar onde levei o murro. Talvez esse último por
eu jamais ter sido atingida com tanta força.
Agora os cortes, por incrível que pareça, não doem tanto. A menos
que eu toque muito ou me mova de modo brusco.
Ele ri, com a mão em minha cintura. Seu indicador passeia por cima
da minha cicatriz e me remexo sentada em seu colo. Ainda não saímos do
seu quarto desde que acordamos e seguimos na mesma posição.
Eu sequer sei o que falar. Meu pai não aceitou uma decisão minha e
quis me punir por isso com toda loucura existente em seu ser. Mas até
então, a única diferença das outras vezes é que ele foi longe demais.
Em uma das vezes que ficamos juntos, ele falou sobre seu pai e foi
quando descobri que sua mãe havia falecido. Não perguntei o motivo e
Trent não entrou em detalhes, assim como não tocou mais no assunto.
Até agora.
— Você não…
— Eu sei, e foi a primeira vez que fui desde os dez anos. Foi a
primeira vez que ousei pisar na areia, depois de Alice ter morrido. — Seu
sorriso é sem graça. — Assim como foi a primeira vez que chamei você de
Ocean.
— Por quê?
— Os dois.
— Você sonhava em ir a uma praia e estava mal, a atitude foi natural
e automática. — Dá de ombros como se não fosse grande coisa, como se
não tivesse sido a coisa mais incrível que já fizeram por mim. — E o
apelido, não sei…
Chloe: Mas prometo que irei para a casa da Nana essa semana e verei você.
Não falo para ela que não estou em casa. Assim como não conto
sobre o que aconteceu ontem à noite, sei que isso a deixaria preocupada e a
prejudicaria na faculdade.
Mentirosa.
Analiso seu conjunto perfeito com uma saia preta e uma blusa de
manga da mesma cor. O tecido grita dinheiro e o seu estilo, elegância.
— Estou bem e…
Alex?
A garota fecha os olhos, apertando a ponte do nariz e ele sai, sem ter
a menor ideia de que eu estava aqui.
Mas então tudo faz sentido, o dia em que Vivian falou sobre eles me
volta à mente com clareza.
Lexie, Alex.
Alex, Lexie.
E durante todo esse tempo que pensei não tê-lo conhecido, estava
trocando farpas com a garota que lidera tudo.
Ela ri.
— Isso arde.
Perguntei se Morgana não queria dar uma volta, mas ela insistiu em
ficar e aproveitar. E é o que tem feito desde então. Ocean deu uma tragada
em um cigarro de maconha, fumou dois de tabaco e agora decidiu provar a
cocaína. Seu sorriso é fácil e ela está mais agitada do que uma hora atrás. É
como se Morgana estivesse disposta a se desprender de tudo e apenas curtir.
Ela ri.
Levo minhas mãos à sua cintura e ela fricciona sua bunda em meu
pau, movimentando seu corpo com a batida da música. Vejo a barra do seu
vestido subir levemente e a puxo para ainda mais perto de mim com
possessividade, praticamente juntando nossos corpos em um só.
Sinto meu corpo suar e os fios dos meus cabelos ficarem úmidos.
Uma música se mistura com a outra, não nos afastamos. Em dado momento,
Morgana se vira e fica na ponta dos pés, colando seus lábios aos meus em
um beijo faminto. Sua boca tem um leve gosto de chocolate, o que só me
faz ficar com ainda mais vontade de devorá-la.
Ela pressiona firme contra minha ereção, meu pau dói. Sua língua
brinca com a minha em uma combinação perfeita de firmeza e sedução.
Grunho, segurando sua cintura com força quando a pequena ardilosa aperta
seus dedos por cima da minha calça e sorri no meio do beijo.
Seus dedos estão em minha nuca quando sinto seu corpo ser
empurrado e ela se afasta de mim abruptamente. Procuro entender o que
aconteceu e Morgana começa a rir, com seu braço melado de bebida.
— Não estou.
— Como você sabia que aqui também tinha banheiro? — Aliso suas
costas expostas, meu dedo deslizando lentamente na pele descoberta.
Olho em seus olhos enquanto desço minha mão até onde deveria
estar o tecido da calcinha. Minhas íris são questionadoras ao tocar
diretamente sua boceta quente.
— Iriam estragar meu look. — Dá de ombros piscando
inocentemente.
Agarro seus quadris e guio meu pau até sua entrada, esfregando a
ponta antes de pressionar e penetrar fundo. Ela grita, impulsionando o corpo
para frente com a invasão, mas está tão molhada que entro sem resistência
alguma.
Começo a me movimentar, entrando e saindo de Morgana com
estocadas brutas. Sua cabeça pende para frente e vejo seus dedos
enroscados no mármore.
Sinto sua barriga tensa e rio. O espaço entre nós se preenche com
sons abafados de desejo e súplica.
Saio completamente de dentro dela e meu pau bate em sua bunda,
Morgana arfa.
— Trent?
— Hum?
Engulo em seco e não preciso olhar seu rosto para saber que as
bochechas estão vermelhas.
Porra.
— Aqui onde? Você quer ser fodida por trás, Ocean? — murmuro.
— Uhum.
— Tem certeza? — Minha mão aperta uma de suas nádegas e já
esfrego minha glande em seu buraco apertado.
— Tenho.
Inspiro fundo, me preparando para ser comprimido por ela e me
enfio lentamente, empurrando só a cabeça do meu pau.
Não consigo nem mesmo respirar tão forte é o seu aperto ao meu
redor.
Caralho.
Levo minha mão para frente e começo a deslizar meu dedo em sua
boceta, pressionando o polegar em seu clitóris para estimulá-la e fazer com
que ela relaxe um pouco.
— Pode mexer — sussurra em um tom sofrido e empurro mais um
pouco, colocando metade do meu pau em seu cu.
Seguro uma risada com o uso do “meio que gostei” e deslizo por sua
extensão antes de voltar a penetrá-la. Morgana está gemendo com minhas
estocadas, quando escutamos a porta do quarto ser aberta.
Viro a cabeça bem no momento que Nolan entra aos beijos com uma
garota morena. Eles não olham em direção ao banheiro e se fizessem,
veriam minha bunda branca e Morgana sobre a pia, com sua perna
levantada enquanto a fodo.
Saio de dentro de Morgana com meu pau duro para caralho e ela
fica em pé, ou tenta, porque precisa se apoiar em mim, uma vez que suas
pernas estão fracas demais para se manterem firmes sozinhas.
Ele passa a mão nos cabelos gemendo e seus olhos se abrem como
se sentisse que está sendo observado. As pupilas dilatadas fincam
diretamente em nós, parados na porta, e seus lábios erguem levemente com
interesse.
A respiração da ruiva engata e embora o desejo que estou sentido
nesse momento seja fodido de tão grande, fico com ciúmes do modo que
Nolan olha para minha mão na boceta de Morgana.
Seus olhos nublados deixam claro que ele está pouco se fodendo
para quem está do meu lado, todo o seu objetivo é gozar. Sempre é seu
único objetivo.
Ela fica na ponta dos pés e beija minha boca com fogo puro
irradiando de si. Seu corpo me empurra de volta para dentro do banheiro e
Morgana me faz sentar na tampa do vaso sanitário.
Morgana não responde, ela passa suas pernas por cima de mim e
encaixa a cabeça do meu pau na sua entrada.
Ela ri, subindo e descendo no meu pau. Seus peitos balançam a cada
cavalgada, o meu cordão contra sua pele. Seguro seu quadril, fazendo-a
montar em mim como se eu fosse a porra de um cavalo.
Por favor.
Teoricamente, ficar com Trent seria errado por ele ter atacado meu
pai? Mas ele não o teria atacado se meu pai nunca tivesse tocado em mim,
então Trent fez o certo em me defender?
A covarde ou a corajosa?
— Por que você não me contou ontem? — Sinto minha voz falhar,
um nó gigantesco se forma em minha garganta.
Ele trava o maxilar, seus olhos brilham e ele pisca várias vezes.
Ouço a porta ser aberta atrás de mim e sei que temos uma plateia
neste exato momento, mas não olho para ninguém que não seja Trent. Ele
acompanha minimamente cada movimento meu enquanto tiro o cordão de
meu pescoço e me aproximo.
Parece uma despedida e quando saio, sem olhar para trás, só consigo
pensar que no final fui a Morgana covarde. Porque do contrário, teria
assumido que sou completamente apaixonada por ele e só estou um pouco
confusa.
Perdida em mim mesma, em quem me tornei e no que acontecerá
daqui para frente.
Entendo Lauren ter sido chamada, ela vai cuidar para que nenhuma
possível prova do invasor seja encontrada, agora não entendi o motivo pelo
qual meu pai precisaria estar aqui.
Encaro a loira sem ter tanta certeza disso, mas torcendo para que ela
esteja certa. Morgana precisa voltar.
Minha mente grita que eu deveria ir atrás dela, mas respiro fundo e
me obrigo a permanecer parado no lugar. Posso ser um filho da puta,
contudo, Ocean deve ser aquela a decidir o que fará.
Já baguncei sua vida o suficiente para forçá-la a ficar. Tudo isso que
aconteceu entre nós sequer deveria ter começado.
Alex faz um gesto para que os outros Víboras se juntem a nós e meu
pai nos observa perdido. Seu terno azul marinho e postura altiva parecem
deslocados em nossa sala.
A loira retoma sua fala, que foi interrompida quando Hunter abriu a
porta para fazer uma ligação e vi Morgana parada nos encarando.
— Como eu estava falando, as pessoas são desocupadas e gostam de
espalhar qualquer boato. Alguns tweets envolvendo o nome dos Lewis estão
rodando e outros já começaram a citar Trent, por ele ter sido visto com
Morgana diversas vezes. É questão de tempo até nossa fraternidade ser
mencionada e envolvida. — Ela faz uma pausa, respirando fundo.
Alex já falou o suficiente sobre eu ter feito merda e sei que ela não
está verdadeiramente irritada comigo, mas sim com a situação. Prometemos
evitar escândalos e posso ter nos envolvido em um dos grandes.
E mesmo sabendo disso, sei que faria de novo, sem
arrependimentos.
Bom, pelo menos ele ficou vivo, poderia ter sido pior.
— Entro?
Surpreendente.
Talvez as pessoas mudem no final das contas, porque eu sei que não
sou o mesmo desde que a conheci.
— Precisarei de alguns dados dele e tenho que ter noção do tipo de
droga que foi implantada, mas posso dar um jeito.
Alex sorri.
— Que segredo?
Todos esboçam algo, exceto Hunter. Todos esperam que Alex fale
que está brincando, mas não acontece. E é então que me dou conta de que
ela está falando sério.
Morgana sabe?
— Não acho que você seja ruim por isso, Morg — Chloe fala,
alisando os fios do meu cabelo.
Olho para o teto da casa, cheguei há três horas e Nana, sua avó,
abriu a porta com um sorriso amigável. Gosto da mulher e me arrependo de
não ter vindo visitá-la antes. Peguei um Uber depois que saí da casa da
fraternidade e demorei cerca de vinte minutos para chegar, nem é tão longe.
Eu poderia ter vindo outras vezes.
Chloe me fez rir com piadas sem graça e me distraiu, fazendo com
que eu relaxasse por completo, antes de tocar no assunto que a trouxe até
aqui tão rápido.
Ela ri.
— Mas…
— O quê?
Claro que gosto dele, mas compensa? Compensa amá-lo com toda a
insanidade, drogas, violência, instabilidade e lutas? Compensa escolhê-lo
mesmo correndo o risco de ser apenas algo passageiro que vai acabar
daqui alguns meses?
Lembro da primeira vez que o vi, do modo como ele realizou cada
item da minha lista, do desafio à sua fraternidade ao se envolver comigo, da
sua expressão concentrada me tatuando, da rejeição em suas íris na
biblioteca, do seu medo no mar e da sua confiança ao me falar de sua mãe.
Trent fez cada segundo ser memorável.
Engulo em seco.
— Tenho?
Morgana ri, passando por mim. O cheiro forte de jasmin atinge meu
nariz e franzo o cenho, por não ser o mesmo que estou acostumado.
— Com Chloe.
Aceno, lembrando da garota ter sido citada umas duas ou três vezes,
mas achei que ela não estivesse na cidade.
— Sim.
Não me orgulho das bitucas jogadas no chão, ela não fala nada.
— Eu sei.
— Eu sei.
— Ele provavelmente será preso e a culpa terá sido minha.
E se eu soubesse que ela estava aqui, teria largado tudo para vir vê-
la.
— Alex pediu para que agíssemos normalmente, de acordo com ela,
se não fizemos nada errado, não tem porque nos escondermos. Então fomos
para a faculdade e tivemos a mesma rotina de todos os dias — falo,
brincando com o anel em meu polegar. — Mas se eu soubesse que você
viria, sequer teria ido.
— Mas…?
— Mas antes que fale qualquer coisa, quero dizer que amo você.
Amo de verdade, independente se suas próximas palavras serão para me
expulsar daqui ou dizer que sente o mesmo. — A sinceridade em cada
sílaba é tão grande que me deixa com falta de ar. — Você despertou uma
chama de vida em mim que nunca havia existido e jamais terei como
recompensar todas as experiências que me fez vivenciar.
Ela espera uma reação e puxo sua cintura, colando seus lábios aos
meus. Morgana arfa de surpresa e prazer.
O beijo é intenso como todas as outras vezes, só que saber que
Morgana se entrega para mim tão inteiramente de corpo e alma, faz com
que seja um milhão de vezes melhor.
Nos afasto, seu hálito quente bate em meu rosto e encaro os olhos
suaves.
— Morgana? — A imito, ela ri.
— Sim?
— No momento que a vi dançando no meio de todas aquelas
pessoas, inconscientemente soube que estava fodido. Você me hipnotizou,
Ocean e desde a primeira palavra afiada que escapou de sua boca, tive
certeza de que você seria um problema.
Ela geme quando aperto sua cintura. A mistura de sentidos que ela
estimula em mim poderia me levar à loucura.
Tato, seu corpo na ponta dos meus dedos.
— Como?
— Sempre.
Mas logo mudo de ideia porque sou um fodido egoísta. Porque sei
que jamais seria esse tipo de homem e não suporto a ideia de que Morgana
não foi criada para ser minha.
Ele não está comigo neste exato momento, ninguém além de Alex e
Elijah está. Estamos em alguma espécie de reunião em família.
Família.
— Eu não sabia que ela era casada, fiz uma viagem para a cidade
vizinha na intenção de entregar uma encomenda a um cliente e a vi no bar.
Minha ex-mulher estava grávida de Alex na época, mas nosso casamento
não estava indo exatamente bem e ela parecia muito mais interessada em se
livrar do bebê para poder voltar a gastar, do que qualquer outra coisa.
A loira revira os olhos ao ter sua mãe citada, Elijah sorri balançando
a cabeça. Os dois nitidamente possuem uma boa relação.
— Isso, foi quando ela me disse que tinha se mudado e que queria
sua filha estudando na Kingly, mas que o valor era muito alto. Fiquei
surpreso em saber que ela era mãe e mais ainda em perceber que ela se
lembrava de mim. Achei estranha a data de nascimento na sua ficha,
coincidia com o período em que dormimos juntos, porém imaginei que
estava sendo paranoico e desconsiderei. Dei um desconto de quase setenta
por cento na mensalidade e sequer sei como ela explicou a Anthony Lewis
o valor tão insignificante para uma universidade do nosso porte, mas de
algum modo ela o fez.
— Sim, eu não conhecia você. Mas sabia que era filha de Olivia
Lewis e na minha cabeça, proteger você amenizava o fato de que dormi
com a mulher de um pastor. Não que eu tenha muita moral ou dignidade, só
que não custava nada garantir que você ficaria bem.
Aceno.
Faria sentido, talvez por isso ela nunca tenha me defendido. No
fundo, não passava de medo do meu pai, ou melhor, medo de Anthony
descobrir a traição. Então ela abaixava a cabeça e se mantinha submissa.
Mas eu não merecia pagar por um erro seu e no fundo, sei que me
ressinto por seu silêncio infindável e falta de apoio. Mesmo que durante
todo esse tempo, eu tenha tentado me convencer do contrário.
— Achei que sua família era estável, e ainda não havia decidido se
estava disposto a criar um escândalo para desestruturar seu lar. Para ser
sincero, eu ainda estava me acostumando com o fato de que tinha outra
filha quando Alex me ligou falando do seu estado. Tomei a decisão assim
que soube, mas então tudo com Trent aconteceu e você foi embora.
Quanta ironia, o pastor que acreditei ser meu pai a vida inteira me
machucou e o reitor que eu sequer conhecia, que na verdade é meu pai,
ficou preocupado.
— Mas não é só isso, né? Trent falou sobre o anúncio público para
esse se tornar o foco, um novo escândalo no lugar de Anthony Lewis
internado.
Elijah Watson balança a cabeça negativamente e franzo o cenho.
— Em poucos dias você passou por coisas demais, seu corpo ainda
tem marcas da última agressão e decidi que não irei a expor desse modo, a
menos que queira.
Verdadeiramente reconfortante.
— Quando podemos fazer o anúncio? — questiono, ambos fazem
idênticas expressões de surpresa e felicidade.
— Sim.
Tive certeza desde que Trent me falou, apenas estava descobrindo se
havia mesmo o poder de escolha.
Passo por Vivian e a garota me encara como se não me conhecesse,
seus olhos focam nos meus, mas rapidamente desviam. Muitas pessoas
estão fazendo isso desde o anúncio da semana passada.
Ela tem uma grande mesa branca, mas não tem cadeiras. Ao invés
disso, dois sofás em L estão posicionados no cômodo com uma adega do
lado direito. As paredes são cinzas e a estrutura parecida com as das salas
normais.
— É o nosso lugar.
Ele ri.
— Não.
Dou de ombros e agarro a pequena chave com um sorriso no rosto.
Trent sopra uma risada, me olhando.
Ele se estica, deixando o seu rosto quase colado ao meu para abrir a
gaveta da mesa. Fico o encarando fixamente, mesmo quando Trent se
afasta, trazendo um maço de cigarros.
Trent me fez sorrir quando eu não queria, me fez realizar sonhos que
não passavam de rabiscos em um papel gasto, colocou fogo na minha
monotonia e me fez amar a sensação de ser queimada.
Ele me fez amar tudo o que experimentei e tudo que a vida poderia
ser. Mas acima disso, Trent me fez amá-lo.
— Trent Hill?
— Trent?
— Sim?
Rio.
Decidi essa semana que também faria uma víbora, afinal, sou
oficialmente uma deles. Tenho assistido todas as corridas, auxiliado Trent
nas lutas — o que não tem sido exatamente bom, porque nas horas vagas
ele me leva para treinar junto — e tenho participado das festas. Cheguei até
mesmo a vender dois sacos de cocaína e me senti uma verdadeira fora da
lei.
Foi eletrizante!
— Se sua cobra ficar torta, não diga que não avisei. — Nolan
provoca, piscando para mim.
— A sua mini cobra que será arrancada se você não calar a porra da
sua boca — Trent ralha.
Sorrio, Trent fica nervoso sempre que vai me tatuar e sei disso
porque notei a mesma tensão na primeira vez.
O celular de Trent vibra em meu colo e olho para baixo, vendo que é
uma mensagem de Owen. Ele e seu pai estão evoluindo na relação, eu acho.
— Vá em frente.
— O que aconteceu?
— E quem a ocupou?
— Os donos. Eles voltaram, Alex. — Faz uma pausa, o olhar em seu
rosto deixa claro que é uma péssima notícia. — Os LeBlanc estão de volta,
Nicolly está na cidade.
— Aiden não pode saber disso, está bem? Não agora, Aiden não
pode saber. — Alex frisa para todos nós e não entendo o que está
acontecendo.
Não entendo qual é o problema.
— Mas…?
Trent começa a falar sobre como serei a Víbora mais bonita e a mais
incrível. E como minha tatuagem será a mais fodona somente por ser feita
por ele.
Come quando está ansiosa e fala demais quando está nervosa. Adora
surtos e inclusive aguarda eles ❤ .
Onde encontrá-la:
Instagram:@ninaqueirozautora
Gmail: autora.nina.queiroz@gmail.com
[1]
O transtorno explosivo intermitente, conhecido como TEI, gera comportamentos agressivos
recorrentes. Popularmente chamado de “síndrome de Hulk”, onde a pessoa tem uma fúria
descontrolada
[2]
Eu quero que você fique, mesmo que você não me queira
Garota, por que você não pode esperar? (Por que você não pode esperar, amor?)
[3]
O Gato de Cheshire, Gato Risonho, Gato Listrado ou Gato Que Ri é um gato fictício famoso
através do livro Alice no País das Maravilhas de Lewis Carroll.
[4]
Leptotyphlops carlae é uma espécie de serpente da família Leptotyphlopidae. É considerada a
menor espécie de serpente do mundo, medindo cerca de 10 centímetros de comprimento.