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Parte 1: SISTEMAS DE COORDENADAS E VETORES – Sistemas

de coordenadas

1. SISTEMA CARTESIANO ORTOGONAL

Um sistema de eixos ortogonais no plano é constituído de duas retas orientadas x e y,


perpendiculares entre si e de mesma origem O. A reta orientada x é denominada eixo x ou eixo das
abscissas; a reta orientada y é denominada eixo y ou eixo das ordenadas; os eixos x e y são os eixos
coordenados e dividem o plano em 4 quadrantes.
Por um ponto qualquer do plano traçam-se
perpendiculares sobre cada um dos eixos,
determinando neles os pontos Px e Py, de tal
sorte que x=OPx e y=OPy. Podemos associar a
cada ponto P um par ordenado em R2. Assim o
ponto P fica determinado por suas coordenadas
cartesianas ou coordenadas retangulares e
usamos a notação: P(x,y). Figura 1

A construção que acabamos de fazer nos permite estabelecer uma correspondência biunívoca (cada
ponto do plano tem associado um e somente um par ordenado) entre os pontos do plano e o conjunto
de pares ordenados de número reais.
O produto cartesiano R 2 (R x R ) fica definido por:

R2 = {( x, y ) : x ÎR e y ÎR }

Particularidades

a) O = (0,0) origem do sistema cartesiana


b) Px = (x,0) projeção ortogonal de P sobre o eixo das abscissas
c) Py = (0,y) projeção ortogonal de P sobre o eixo das ordenadas
d) Os eixos x e y dividem o plano cartesiano em quatro regiões angulares chamadas quadrantes,
que recebem os nomes indicados na figura 2. É evidente que:

2
𝑃 𝜖 1 quadrante ⟺ 𝑃𝑥 ≥ 0 e 𝑃𝑦 ≥ 0
𝑃 𝜖 2 quadrante ⟺ 𝑃𝑥 ≤ 0 e 𝑃𝑦 ≥ 0
𝑃 𝜖 3 quadrante ⟺ 𝑃𝑥 ≤ 0 e 𝑃𝑦 ≤ 0
Figura 2
𝑃 𝜖 4 quadrante ⟺ 𝑃𝑥 ≥ 0 e 𝑃𝑦 ≤ 0

O sistema cartesiano será denominado oblíquo se o ângulo entre os eixos x e y não for de 90º.

2. PARES ORDENADOS: OPERAÇÕES E IGUALDADE

- Adição
( x1, y1 ) + ( x2 , y2 ) = ( x1 + x2 , y1 + y2 )
EX. 1: (2, 3) + (-1, 4) = (1, 7)

- Multiplicação por um escalar real k


k ( x, y ) = ( k x, k y )

EX. 2: 3(-2, 3) = (-6, 9)

- Igualdade de dois pares ordenados


( x1, y1 ) = ( x2 , y2 ) Û x1 = x2 e y1 = y2

EX. 3: ( x + y, x - y ) = (5, 3) Û x = 4 e y =1

3. DISTÂNCIA ENTRE DOIS PONTOS

Dados dois pontos P1(x1,y1) e P2(x2,y2) no plano. Como mostra a Figura 3, a partir de P1 e P2
podemos construir o triângulo retângulo P1AP2. Em termos das coordenadas de P1 e P2, as medidas
dos catetos deste triângulo são x1 - x2 e y1 - y2 . Logo, a distância (hipotenusa) d entre P1 e P2 é:

3
( x2 - x1 )2 + ( y 2 - y1 )2

ou

d (P , P ) = ( x2 - x1 )2 + ( y 2 - y1 )2
1 2

Isto é consequência imediata do Teorema de Figura 3


Pitágoras.

EX. 4: calcular a distância entre os pontos A(-2, 5) e B(4,-3).

d ( A, B) = x2 - x1 + y2 - y1 = d ( B, A ) = x1 - x2 + y1 - y2 =

= = = =
ou
= = 10 = = 10

Convém observarmos que, como a ordem dos termos nas diferenças de abscissas e ordenadas não
influi no cálculo de d, uma forma simples da fórmula da distância é:

d=

Com Dx = x2 - x1 ou Dx = x1 - x2 e Dy = y2 - y1 ou Dy = y1 - y2 .

EX. 5: dados os pontos A(8,11), B(-4,-5) e C(-6,9), obter o circuncentro do triângulo ABC.

O circuncentro (centro da circunferência


circunscrita ao triângulo) é um ponto
equidistante dos três vértices:

ìï d ( P, A ) = d ( P, B ) ® (1)
P ( x, y ) í
ïî d ( P, B ) = d ( P,C ) ® ( 2 )

Figura 4

4
Da condição (1), temos:

( x - 8)2 + ( y -11)2 = ( x + 4 )2 + ( y + 5)2


x2 -16x + 64 + y2 - 22 y +121 = x2 + 8x +16 + y2 +10 y + 25
(3)
-24x - 32 y = -144
3x + 4 y = 18
Da condição (2), temos:

( x + 4 ) 2 + ( y + 5 )2 = ( x + 6 )2 + ( y - 9 )2
x2 + 8x +16 + y2 +10 y + 25 = x2 +12x + 36 + y2 -18 y + 81
(4)
-4x - 28 y = 76
x - 7 y = -19
Substituindo a equação (4) em (3), obtemos:

3 ( 7 y -19) + 4 y = 18
25 y = 75 (5)
y=3
Agora substituímos y = 3 na equação (3):

x = 7×3-19 = 2 (6)
Portanto, o centro da circunferência circunscrita ao triângulo ABC está no ponto P(2,3)

EX. 6: dados os pontos B(2,3) e C(-4,1), determinar o vértice A do triângulo ABC, sabendo que é o
ponto do eixo y do qual se vê BC sob ângulo reto.

ì (1) ® AÎ y
ï
A( x, y ) í Þ
ïî( 2 ) ® AC ^ AB
ì
ï (1) ® x2 = 0
Þ í Figura 5
ïî( 2 ) ® d 2 ( A, C ) + d 2 ( A, B ) = d 2 ( B,C )

Da condição (2),

( x + 4 ) + ( y -1) + ( x - 2 ) + ( y - 3) = ( 2 + 4 ) + ( 3 -1)
2 2 2 2 2 2
(3)

Levando em conta que x = 0, temos:

16 + ( y2 - 2 y +1) + 4 + ( y2 - 6 y + 9) = 36 + 4
2 y2 - 8 y -10 = 0 (4)
y2 - 4 y - 5 = 0
Resolvendo a equação (4) de 2º grau,
5
2 -b ± b2 - 4ac
a x +b x+c = 0 ® x = (5)
2a
Obtemos:

y2 - 4 y - 5 = 0 ® y=
2 ×1
y = -1 ou y = 5

4. SISTEMA POLAR

No plano, a importância do sistema polar só é suplantada pelo sistema cartesiano. É utilizado, em


várias áreas (CDeI, navegação, aviação, etc.), onde o sistema polar apresenta muitas vantagens.
Mais especificamente, na representação de certas curvas e em problemas relativos a lugares
geométricos. O sistema polar é caracterizado no espaço bidimensional por uma reta orientada r e
um ponto O pertencente a tal reta.

r = eixo polar do sistema


O = polo do sistema

O ponto P fica determinado no plano por suas


coordenadas polares: P = ( r,q ) Figura 6

onde,
r = OP ( r ³ 0 ) é a distância polar ou raio vetor de P

q (0 £ q < 2p ) é o argumento ou ângulo polar de P

Reciprocamente, dado um par ordenado de números reais, é possível localizar no plano um único
ponto, do qual aqueles números são as coordenadas polares.
O argumento q será considerado positivo se sua orientação for a do sentido anti-horário e negativo
se no sentido horário. O argumento q admite múltiplas determinações: 2kp +q .

6
Ex. 7: construir o gráfico da curva cardioide (deriva do grego
kardioeides=kardia:coração+eidos:forma) definida em coordenadas polares como: r = 1+ cos(q ) .

Emprega-se no padrão de captação nos microfones.


A curva apresenta simetria em relação ao eixo polar p, pois cos q é igual a cos (-q ).

Figura 7

NOTA: toma-se um ponto A fixo numa dada circunferência e um ponto M que se move sobre a
circunferência. Se tomarmos dois pontos P e Q da reta AM que estão a igual distância de M, estes
descrevem o caracol enquanto M dá a volta à circunferência.

4.1 Passagem do Sistema Polar para o Sistema Cartesiano Ortogonal

Em muitos casos é oportuno passar de um referencial cartesiano para um polar, ou de um polar para
o cartesiano.
Fazendo o eixo polar p coincidir com o eixo
cartesiano x e 0 concomitantemente pólo e
origem dos dois sistemas.
Portanto,

P = (x, y) à coordenadas cartesianas


Figura 8
P = (r, q ) à coordenadas polares
Do triângulo retângulo OPxP obtém-se as relações:

r 2 = x2 + y2
x = r cosq
y = r sen q (1)

tg q = y x

7
Ex. 8: passar do sistema cartesiano para o sistema polar:

(
A( x, y ) = -3, 3 3 ) ( )
A ( r , q ) = 6, 2p 3 = (6,120o )

B ( x, y ) = (3 3, 3 ) ( ) ( 6 ) = (6, 30 )
Resposta: B r , q = 6,p o

Ex. 9: passar do sistema polar para o sistema cartesiano e representar a curva:

r = kq

2
æ yö
x + y = k çarc tg ÷
2 2 2
Resposta: è xø
Figura 9

Ex. 10: deduzir a fórmula da distância entre os pontos P1 = (r1, q1) e P2 = (r2, q2) em coordenadas
polares.

Sugestão:
d2 = (x - x ) + ( y 2 - y1 )
2 2

2 1

Substitua:
Resposta:
x1 = r1 cosq1 y1 = r1 sen q1
d 2 = r 2 + r 2 - 2 r r cos(q -q )
1 2 1 2 2 1
x2 = r2 cosq2 y2 = r2 sen q2

5. SISTEMA CARTESIANO ORTOGONAL NO ESPAÇO TRIDIMENSIONAL

Em GA plana as equações contêm duas variáveis. Na espacial, três variáveis. O conjunto de pontos
do espaço tridimensional será indicado por R3.

R3 = {( x, y, z ) : x ÎR, y ÎR e z ÎR }
Sejam x, y e z três retas orientadas mutuamente perpendiculares entre si e concorrentes no ponto O.
Os principais elementos do triedro (Ox, Oy, Oz) são:

8
- ponto O à origem do sistema cartesiano
- retas orientadas à eixos cartesianos
- planos xy, xz e yz à planos cartesianos

Pelo ponto P traçam-se três planos paralelos aos


planos coordenados e juntamente com estes
individualiza-se um paralelepípedo retângulo,
cujas faces interceptam os eixos x em Px, y em
Py e z em Pz. Fig. 10
Podemos associar a cada ponto P do espaço uma tripla de números reais. Assim, o ponto P fica
determinado por suas coordenadas cartesianas ortogonais: P = (x, y, z)
Onde:

x = OPx à abscissa y = OPy à ordenada z = OPz à cota

O sistema cartesiano em estudo estabelece uma correspondência bijetora entre cada ponto do espaço
e a terna de números reais. Os planos coordenados dividem o espaço em 8 regiões, denominadas
oitantes ou octantes.

Particularidades

a) O = (0,0,0) origem do sistema cartesiana.


b) P1 = (x,y,0), P2 = (x,0,z), P3 = (0,y,z), representam as projeções ortogonais do ponto P sobre
os planos coordenados xy, xz e yz.
c) Px = (x,0,0), Py = (0,y,0), Pz = (0,0,z) representam as projeções ortogonais do ponto P sobre
os eixos coordenados x, y e z.

As operações de soma, multiplicação por escalar e a condição de igualdade mostradas no item 2


também são válidas com as triplas (x1, y1, z1) e (x2, y2, z2).

9
5.1 Distância entre dois pontos

Dados dois pontos P1 = (x1, y1, z1) e P2 = (x2, y2, z2), a distância d entre os pontos P1 e P2 é dada pela
fórmula:

d (P,P ) = ( x2 - x1 )2 + ( y2 - y1 )2 + ( z 2 - z1 )2
1 2

Para a demonstração, considere d a diagonal de


um paralelepípedo de vértices opostos P1 e P2.

Figura 11

6. SISTEMA CILÍNDRICO

Em alguns tópicos da engenharia é conveniente


empregar outros sistemas de referencias, tais como: o
sistema cilíndrico e o sistema esférico.
Considere em um plano a um sistema polar, cujo polo é
O e cujo eixo polar é p; além disso, considere um eixo z
de origem O e ortogonal ao plano a. Dado um ponto
qualquer P do espaço R3, se faz a seguinte construção:
P é projetado ortogonalmente sobre o plano a e sobre o
eixo z, sendo P’ e Pz as respectivas projeções. Figura 12

Assim, ficam determinados três números r, q e z que são suas coordenadas cilíndricas:
P(r, q, z) onde:

r = OP' (𝜌 ≥ 0) é a distância polar ou radio vetor de P


𝜃(0 ≤ 𝜃 < 2𝜋) é o argumento ou ângulo polar de P
𝑧 = 𝑂𝑃𝑧 é a cota de P

10
6.1 Passagem do Sistema Cilíndrico para o Sistema Cartesiano Ortogonal

Considera-se os dois sistemas de modo que o


eixo polar coincida com o eixo das abscissas, o
polo coincida com a origem e o eixo z seja
comum para os dois sistemas.
Então:
P = (x, y, z) em coordenadas cartesianas
P = (r, q, z) em coordenadas cilíndricas

Observe-se que z é coordenada homônima para


os dois sistemas Figura 13

7. SISTEMA ESFÉRICO

Seja O (polo) um ponto do espaço R3 pelo qual


passa uma reta orientada z (eixo polar). O plano
a é passante por z. P é um ponto do espaço
tridimensional. O semiplano b de bordo z
contém P.
Dado o ponto P, ficam determinados os três
números r, q e f, que são suas coordenadas
esféricas:
Figura 14

P = (r, q , f)

r = OP, a distância polar ou raio vetor de P;


q a colatitude de P é a medida do ângulo que o eixo z forma com OP;
f a longitude ou azimute de P é a medida do ângulo que o plano a forma com o semiplano b.

11
Para que a um ponto corresponda um único terno de coordenadas esféricas, costuma-se fazer as
seguintes restrições:
r ³0
0 £q £p
0 £ f < 2p

A cidade de Caruaru tem as seguintes

coordenadas:

Latitude: 8º 17’ 00’’ S

Longitude: 35º 58’ 34’’ O

7.1 Passagem do Sistema Esférico para o Sistema Cartesiano Ortogonal

Faz-se coincidir o plano a com o plano xz. O


ponto P tem projeções sobre os eixos
cartesianos ortogonais em Px, Py e Pz.
O ponto P’ é a projeção de P sobre o plano
cartesiano xy.
Em relação aos dois sistemas, tem-se:

P = (x, y, z) em coordenadas cartesianas


P = (r, q, f) em coordenadas esféricas

Por construção, observe-se que PzP = OP’. O triângulo retângulo OPxP’ fornece:
Do triângulo retângulo OPzP, obtém-se:

12
Cálculo de r
Dos dois triângulos retângulos em destaque temos:

OP '2 = x2 + y2 = Pz P2
e r 2 = Pz P2 + z2 ou r 2 = x2 + y2 + z2

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