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SONHOS, SANGUE E AMAZÔNIA

Música entrada Para não dizer que não falei das flores.

Atores vão entrando cantando.

- Hoje estamos sendo resistência...

- A Amazônia é terra indígena

- Mas, também é terra quilombola

- é terra ribeirinha

- é território mágico

- de cores, sabores, música

Todes: cultura!!

- Hoje, viemos falar dos nossos sonhos,

- dores

-amores,

- Viemos atear fogo nos fascistas

- e fogo nos racistas

- nos LGBTFóbicos

- nossos corpos amazônicos falam por si!

- Nossa gente fala por si.

- Fora madeireiros

- Fora Agrotóxicos

- Fora.

Alguns atores recitam a POESIA CABELO

Deus Teceu com novelo negro,

A maciez do pelo mais nobre,

E enquanto ria de alegria,

De beleza que criava,

O corpo todo se bulia,

Então errava e acertava,

Dando aos cachos harmonia,


Olhou pronto e sorriu ainda mais.

- Fiz pra balançar,

( e fez assim com a cabeça pra ela ver)

E a menina saiu dançando,

De contente...

Do presente que ganhou,

Quis mostrar pra todo mundo,

Pendurou na cabeça e balançou...

Som de polícia. Atores negr@s se escondem..

Música A CARNE DE ELZA SOARES (pode focar no refrão)

EMPODERAMENTO FEMININO

HOMENS RECITAM MUSICA QUIMERA para as mulheres. Ela demonstram força, virilidade e
ignoram os homens... NO final os homens podem estar de joelhos, e ela os estendem a mão.

Não importa o quanto eu tente

Você continua me colocando de lado

E não consigo acabar com isso

Não existe conversa com você

É tão triste que você esteja partindo

Eu demoro para acreditar nisso

Mas depois que tudo tiver acabado

É você quem vai ficar sozinho

Você acredita em vida após o amor?

Eu consigo sentir algo dentro de mim dizer

Eu realmente não te acho forte o suficiente, não

O que eu deveria fazer?


Sentar e esperar por você?

Bem, não posso fazer isso

E não existe mais volta

Eu preciso de tempo para seguir em frente

Eu preciso de um amor para me sentir forte

Porque eu tive tempo para pensar em tudo

E talvez eu seja boa demais para você, oh

Você acredita em vida após o amor?

Eu consigo sentir algo dentro de mim dizer

Eu realmente não te acho forte o suficiente, não

Você acredita em vida após o amor?

Eu consigo sentir algo dentro de mim dizer

Eu realmente não te acho forte o suficiente, não

Bem, eu sei que irei superar tudo isso

Porque eu sei que sou forte

E eu não preciso mais de você

Eu não preciso mais de você

Oh, eu não preciso mais de você

Não, eu não preciso mais de você

De outro lado vem outros atores e atrizes cantando a música da Klara.

- Dizem por ai que nós, Amazônidas destruímos a Amazônia.

- Mas que falácia...

- Vem gente branca de todo canto, com tratores derrubarem nossa floresta.

- A culpa é sempre nossa

- Dos que falam, falam e falam, mas não são ouvidos


- Quando é que vão enfim, ouvir os nossos gritos?

- Socorro!!! (grito desesperador).

- Somos o pulmão que pulsa nesse país

- Somos água e folha da Amazônia

- Somos sonhos

-Mas, somos também sangue!

Alguns Atores entram e ficam em uma linha transversal

- Eu vi uma onça

- O quê?

- EU vi uma onça!

- Eu vi uma onça!

- O quê?

- O quê?

- EU vi um gado!

(POESIA LIVRE, PRESA E PREDADORA).

Conto 13: livre, presa e predadora

carnívora

caçadora

calma

paciente

tu

nua

presa

desnuda

bem na minha frente

frenética

com toda

estética

de pernas abertas
me convidando pra jantar

das minhas bocas

babas

esturros

espasmos

assim

ataco

atraco

demarco

arranho

em um só arranjo

em uma só tacada

sem pirraça

sem arruaça

silenciosa

saltadora

e do nada

tu me vira

olhando

safada

senta

plena

roçando

bem na minha cara

isso é armadilha

deixo

afinal

nas entrelinhas

ilusão de presa

é virar caçador

continuo
deliciando

cheirando

sufocando

chupando tua buceta

como se não houvesse mais comida

fudendo

te deixando sem saída

em cada dentada

uma melodia

uis

ais

que delícia

boquete

banquete

solta

em um êxtase

felina

malandra

louca

robusta

correndo

nesse

desse

teu olhar

sequência

proibida

perigosa

avanço

recuo

entro
saio

vou

volto

lambendo teu rabo

degustando cada parte

cada secreção

cada centímetro de carne

fazemos nossa dança

depois de toda essa lambança

satisfeita

lambo minhas mãos

delícia de comida

não te ensinaram

mas com onça

por mais mansa

que seja

nem se olha

nem respira

muito menos cutuca...

Dança contemporânea – música reza! (tentar conciliar dança e recitação/ interpretação)

Atores andam no espaço, alguns atrasados, outros com medo, outros pedindo esmola...

Dois grupos se formam

- Mais armas

- Mais flores

-Mais armas

- Mais livros

-Mais armas

- Mais escolas
-Mais armas

(POESIA SE TUBARÕES FOSSEM HOMENS).

Se os tubarões fossem homens, perguntou a filha de sua senhoria ao senhor K., seriam
eles mais amáveis para com os peixinhos?

Certamente, respondeu o Sr. K. Se os tubarões fossem homens, construiriam no mar


grandes gaiolas para os peixes pequenos, com todo tipo de alimento, tanto animal quanto
vegetal. Cuidariam para que as gaiolas tivessem sempre água fresca e adoptariam todas as
medidas sanitárias adequadas. Se, por exemplo, um peixinho ferisse a barbatana, ser-lhe-ia
imediatamente aplicado um curativo para que não morresse antes do tempo.

Para que os peixinhos não ficassem melancólicos haveria grandes festas aquáticas de vez
em quando, pois os peixinhos alegres têm melhor sabor do que os tristes. Naturalmente
haveria também escolas nas gaiolas. Nessas escolas os peixinhos aprenderiam como nadar
alegremente em direcção à goela dos tubarões. Precisariam saber geografia, por exemplo,
para localizar os grandes tubarões que vagueiam descansadamente pelo mar.

O mais importante seria, naturalmente, a formação moral dos peixinhos. Eles seriam
informados de que nada existe de mais belo e mais sublime do que um peixinho que se
sacrifica contente, e que todos deveriam crer nos tubarões, sobretudo quando dissessem que
cuidam de sua felicidade futura. Os peixinhos saberiam que este futuro só estaria assegurado
se estudassem docilmente. Acima de tudo, os peixinhos deveriam rejeitar toda tendência
baixa, materialista, egoísta e marxista, e denunciar imediatamente aos tubarões aqueles que
apresentassem tais tendências.

Se os tubarões fossem homens, naturalmente fariam guerras entre si, para conquistar
gaiolas e peixinhos estrangeiros. Nessas guerras eles fariam lutar os seus peixinhos, e lhes
ensinariam que há uma enorme diferença entre eles e os peixinhos dos outros tubarões. Os
peixinhos, proclamariam, são notoriamente mudos, mas silenciam em línguas diferentes, e por
isso não se podem entender entre si. Cada peixinho que matasse alguns outros na guerra, os
inimigos que silenciam em outra língua, seria condecorado com uma pequena medalha de
sargaço e receberia uma comenda de herói.

Se os tubarões fossem homens também haveria arte entre eles, naturalmente. Haveria
belos quadros, representando os dentes dos tubarões em cores magníficas, e as suas goelas
como jardins onde se brinca deliciosamente. Os teatros do fundo do mar mostrariam valorosos
peixinhos a nadarem com entusiasmo rumo às gargantas dos tubarões. E a música seria tão
bela que, sob os seus acordes, todos os peixinhos, como orquestra afinada, a sonhar,
embalados nos pensamentos mais sublimes, precipitar-se-iam nas goelas dos tubarões.
Também não faltaria uma religião, se os tubarões fossem homens. Ela ensinaria que a
verdadeira vida dos peixinhos começa no paraíso, ou seja, na barriga dos tubarões.

Se os tubarões fossem homens também acabaria a ideia de que todos os peixinhos são
iguais entre si. Alguns deles se tornariam funcionários e seriam colocados acima dos outros.
Aqueles ligeiramente maiores até poderiam comer os menores. Isso seria agradável para os
tubarões, pois eles, mais frequentemente, teriam bocados maiores para comer. E os peixinhos
maiores detentores de cargos, cuidariam da ordem interna entre os peixinhos, tornando-se
professores, oficiais, polícias, construtores de gaiolas, etc.

Em suma, se os tubarões fossem homens haveria uma civilização no mar.

(Uma pessoa leva um tiro).

Atores vem pra cima como se fossem lixar o assassino, mas entregam rosas pra ele.

Ele fica sozinho, rodeado de rosas.

(POESIA FRAGMENTOS).

Fragmentos

Essa talvez não seja para você querido duque

A dor da existência me consome

Não sinto mais o infinito que sentia

Um simples flutuar

Não sei mais olhar

Todas as cores já não são mais as mesmas

Agora sombrias se tornaram em meu ser

Mente, mentiram, mentia

A verdade me torna presa da morte

Tudo em volta tornou-se vago

A vontade tornou-se vaga

Tudo que era não sou mais

Não sobrou mais

O que eu posso dizer?

Branco, cinza, preto

Foi o que me sobraram


Como o urubu e sua carniça

Quando olho para tudo

Vejo nada

Se sinto, sinto um talvez

Talvez seja só minha cabeça

Pesada, acabada, despedaçada

Não importa

Só quero dormi, e me perder

Para poder me encontrar

E poder viver

O que não pode ser vivido

Sobrevivo

Existo pela vontade dos outros

"Não posso deixá-los"

O que estar presente?

A bondade seria isso?

Não, não é isso

Não vem, não sentem

Todos me machucam

Todos?

Sim, todos

Não há caminho, nem rua

Porque a verdade é nua e crua

Ela dói

Não sou mais eu

São fagmentos do meu ser

Meu corpo pesa

Estou cansada, me leva

Deito meu corpo

Deito minha cabeça  

Em seu corpo frio como chão


Seu braços me rodeiam

E a última coisa que lhe peço

Não esqueça de me fazer sonhar

Pois assim posso finalmente descansar...

-Cantam IDEOLOGIA ou o TEMPO NÃO PARA– Cazuza.

Começam a tocar instrumentos e iniciam um carimbó

- Aqui é o Tapajós da cultura

- Da nossa gente

- Do verde e dos rios

- Dos encantados

- Aqui é tapajós celeiros de arte

- E também da Ciência

Tod@s: Aqui é terra de carimbó.

POESIA VEREQUETEANDO

Conto 14: Verequeteando

A força do rio vindo

Batendo nas pedras

Calafrio

Uma ponta

Me desmonta

E tu montas em mim

Entre minhas veias

Respingos

Morada

Casa

Igual pé na areia em dia de carimbó

Te recebo

Te aperto
Te pego

Te quero

Molha

Não só uma gota

Por inteira

Sereia

Dos cabelos amarelos

Sinto que me chamas

Entro na roda

Me encanta

Entre lambadas e lamparinas

Fogo

Dentro da tua saia

Aquece

Voltas

Giros

Gritos

Reboladas

Agachadas

Sereiando

Na noite da lua cheia

Verequeteando

Não pra mim

Pra si

Mas em mim

Maracada

Enfeitiçada

Marcada

Toda nua

Toda lua

Me leva contigo pra passear


Atenta

Me tenta

Atentada

Me encara

Amarra

Me aguça

Afia

Me atiça

E devora

Aforada

Com o vento da saia

Margeada

Combóia na espreita

Carimbolando

Embolando

No embalo do meu tambor

Em cada rodada

Subindo e descendo

E em uma mistura de reco-reco

e palmas

Distraída

Atraco

Breiado

Na várzea

Molhada

Toda encharcada

Nas entrelinhas das minhas chupadas

Gozadas

Afrontosa

Ardida

Gosto de pimenta cheirosa


Essência de Patchouli e Priprioca

POESIA MODO DE PREPARO

Lave com água corrente,

Com um objeto pontiagudo,

Faça a divisão em partes iguais,

Reserve a metade,

Junte com raiz e tudo,

Um pouco de óleo,

Use o garfo,

Ou os dedos,

Mexa bem,

Sinta o aroma,

Perceba a textura,

Depois de pronta,

O segredinho da receita,

Passada de geração em geração é não servir.

POESIA TAPAJÓS

Tapajós...! que me viste menina,

Quando de verde, límpido e peregrino,

Corrias para abraçar o amazonas,

No teu poético encontro das águas,

Teu povo vivia alegre e feliz.

Mas hoje tuas águas assassinas,

Matam os filhos da terra,

Ribeirinhos, pescadores, índios e garimpeiros,

Enfim, teus filhos e teu povo,

Sofrem e temem a sorte,


Por que sucumbes, Tapajós?

Teu ouro que tanto brilha,

Contamina tua fauna aquática,

Sendo fruto que agora mata,

Como o tal Mal de Minamata.

POEMA FEIO LEITURA AO CONTRÁRIO –

Muito Feio

Sou muito Feio

Sendo assim, não tente me convencer de que

Sou uma pessoa muito linda

Porque no final do dia

Me odeio de muitas formas

E eu não vou mentir para mim mesmo ao dizer que

Existe beleza dentro de mim que importa

Sendo assim, tenha certeza de que me lembrarei de que

Sou uma pessoa inútil e terrível

E nada do que eu diga me fará acreditar que

Eu ainda mereço amor


Porque não importa o que aconteça

Não sou suficientemente bom para ser amado

E não estou em posição de acreditar que...

MÚSICA JOTAQUEST do JUAN

- Somos do tapajós dos moleques,

- Das molecas

- aqui temos muita história,

- Transcritos em saberes

- Em artefatos

- Nós somos gente que pulsa e vibra

-Não nos deixamos abater

- Pode vir fortes

Tod@s: Nós somos do Norte.

A rosa de Hiroxima

Pensem nas crianças

Mudas telepáticas

Pensem nas meninas

Cegas inexatas

Pensem nas mulheres

Rotas alteradas

Pensem nas feridas

Como rosas cálidas


Mas oh não se esqueçam

Da rosa da rosa

Da rosa de Hiroxima

A rosa hereditária

A rosa radioativa

Estúpida e inválida

A rosa com cirrose

A antirrosa atômica

Sem cor sem perfume

Sem rosa sem nada.

MÚSICA ERA UMA VEZ...

FIMM

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