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Uma babá para

os Comandos

Um romance
militar de harém reverso

Krista Wolf
Uma Babá para
os Comandos

~ Epílogo Bônus ~
DELILAH

O tubarão-tigre se aproxima de novo de forma


ameaçadora, nadando na nossa direção. Seus olhos estão
fixos, seus dentes afiados sobressaindo horrivelmente de suas
poderosas mandíbulas inferiores...
No último segundo, ele se vira e foge. Mas dois de
seus amigos tomam seu lugar. Eles nadam diretamente para
nós, da direita para a esquerda. Movendo-se com as ondas
preguiçosas de seus caudas cinzas, enquanto cardumes de
outros peixes multicoloridos os seguem
-- Me passa o sal, por favor?
Eu o pego sem olhar, com o olhar preso em toda a
beleza do enorme tanque de tubarões. Ao meu lado Julius
estava ocupado cortando sua carne. À nossa frente, Liam e
Duncan bebericavam a terceira taça de vinho de cada.
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-- Isso é pimenta, amor.
Pisquei e então olhei para baixo, para ver que ele
estava certo. Eu tinha pego o condimento errado. Jantar à luz
do fascinante tanque de tubarões do aquário tinha aquele
poder.
-- Conseguimos os melhores lugares, não acham? --
perguntou Liam.
-- O tanque dos polvos também é legal -- respondeu
Duncan. -- Eu não me importaria de sentar perto dele.
Sim, mas a gruta dos tubarões é romântica -- disse
Liam rindo. -- Estamos isolados, protegidos de quase todos os
olhares. -- Ele bateu na parede áspera da caverna. -- Parece que
estamos em um universo paralelo.
Ele estava certo, de certo modo. À noite, o aquário
era lindo, todo escuro, com exceção do brilho espectral das
dúzias de aquários diferentes. Existem umas 25 ou 30 mesas
colocadas estrategicamente em frente aos diferentes tanques,
para que as pessoas possam observar os peixes enquanto
comem.
-- E eles transformam o aquário em restaurante
apenas uma vez por ano? -- perguntei.
-- Sim -- disse Liam. -- A degustação Chocovino
sempre acontece no dia dos namorados. O que funcionou
perfeitamente -- disse ele, erguendo sua taça, -- porque... feliz
aniversário!
Eu sorrio quando eles brindam novamente em minha
homenagem, pela quarta ou quinta vez. Eu nunca tinha
ouvido falar do evento, mas o mínimo que se podia dizer é
que era original: um jantar gourmet de cinco pratos tendo

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que era original: um jantar gourmet de cinco pratos tendo
como inspiração o chocolate, ao lado das magníficas cenas
aquáticas. Cada prato apresentado incorporava um sabor
diferente de chocolate. E cada um deles era acompanhado por
uma taça de vinho, que combinava perfeitamente.
-- Não deve ter sido nada divertido fazer aniversário
do dia dos namorados todos esses anos -- disse Julius.
-- É, um pouco -- disse dando de ombros. -- Quero
dizer, sempre tive que dividir o dia com todo mundo. E todos
os meus namorados sempre usaram isso como uma desculpa
para me levar para sair apenas uma vez ou me dar um único
presente...
Eu rio, cutucando eles, para que saibam que eu estava
brincando.
-- Mas também tem algo de romântico nisso --
continuei. -- Fazer aniversário no dia dos namorados torna o
dia mais especial, quando a maioria dos aniversário é apenas
um dia como outro qualquer.
O garçom se aproximou novamente, depositando
quatro taças de um merlot profundamente vermelho. Ele
explicou a complexidade equilibrada e encorpada do vinho, e
como taninos aveludados suavizavam o seu sabor. Enquanto
ele falava, observo como os meus homens estavam
especialmente sensuais naquela noite, de ternos e gravatas.
-- Pensem, quantos casais estão aqui comemorando
aniversários e dia dos namorados? -- perguntei com um
sorriso. -- Somos um caso especial.
Duncan segurou minha mão, do outro lado da mesa,
a levando aos lábios.
-- Seremos sempre um caso especial.

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Meu coração estava prestes a explodir quando olhei
para a minha aliança, feita sob medida para combinar com o
anel de noivado que eu tanto amava. Fazia pouco mais de um
ano que tínhamos nos casamos na praia de Riviera Maya.
Treze meses que oficialmente, ou inoficialmente, dependendo
da pessoa a quem se perguntasse, eu tinha me casado com os
meus três melhores amigos, que por acaso eram também
melhores amigos entre si e que, viraram o meu mundo do
avesso.
-- Este também pode ser nosso jantar de aniversário --
disse Liam. -- Quero dizer, as datas são bem próximas.
Meu Deus, é engraçado ver quantas vezes eles
parecem ler meus pensamentos.
-- Tudo bem, então -- disse Duncan, erguendo a taça. --
Feliz aniversário.
Quantos brindes tinham acontecido, seis? Sete? Ainda
bem que nenhum de nós estava dirigindo. Eu estava me
sentindo divinamente embriagada. E não só pelo vinho...
-- Nossa história começou aqui -- disse, soltando um
suspiro feliz e então olhando ao redor do aquário pouco
iluminado e agradável. -- E estamos sempre trazendo as
crianças. Esse é meio que o nosso lugar.
-- O hotel anexo ao aquário é nosso lugar também? --
brincou Duncan.
-- Ainda não, mas será -- respondi com um sorriso
malicioso.
Ele sabia disso perfeitamente. Tínhamos uma bela
suíte reservada para aquela noite, com vista para a baía. Eu
mal podia esperar para experimentar a cama, em todos os

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mal podia esperar para experimentar a cama, em todos os
sentidos. Quando fizemos a reserva, ela parecia grande o
suficiente para todos nós.
-- Será que Jace e Courtney já dormiram? -- perguntou
Liam.
-- Provavelmente -- Disse olhando o relógio. -- Mas
quem sabe? Eles sempre ficam tão animados quando Angela
vai cuidar deles. E é uma espécie de festa do pijama, então...
-- Então ela vai encher eles de pipoca e mantê-los
acordados até super tarde -- disse Julius.
-- Ou eles vão se empanturrar de carboidratos e
desmaiar cedo -- disse Duncan, pontuando sua fala com o
garfo. -- O que é muito mais provável de acontecer.
Eu sentia falta das crianças já, mas isso era esperado.
Na verdade, eu sabia que eles estavam bem. A neta da Sra.
Whitney tinha dezessete anos e era incrível com crianças.
Especialmente com as nossas.
-- Falando em criança... -- disse lentamente passando
um pedaço da carne pelo molho de chocolate em meu prato.
Os rapazes ergueram a cabeça e me encararam
imediatamente. Eu ri comigo mesma. Os cães de Pavlov não
tinham reflexos não bons.
-- Eu estava pensando... -- soltei palavra por palavra
lentamente, brincando com eles. -- Que talvez...
-- Seja a hora para mais um bebê? -- perguntou Liam
esperançoso.
Duncan se endireitou na cadeira, afastando sua
última taça de vinho para o lado. Mesmo Julius, que parecia
estar sempre comendo, parou o garfo que estava pronto para

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estar sempre comendo, parou o garfo que estava pronto para

levar à boca.
-- Depois de três anos e meio juntos... -- continuei.
Caramba, realmente já tinha se passado esse tempo
todo? É, acho que sim. Às vezes parecia que tinha sido ontem
que eu tinha dirigido até Southold pela primeira vez. Por
outro lado, às vezes parecia que eu conhecia meus maridos e
filhos a vida toda. Eu não conseguia nem lembrar como era a
vida antes deles.
Nós mudamos tudo uns para os outros. Liam e
Duncan tinham se aposentado no exército e a Toca estava
finalmente prosperando. Os três administravam a empresa
sem nunca ter que colocar a mão na massa, como tinham
feito na África. Eles tinham membros mais do que suficiente
que podiam chamar quando as coisas precisavam ser feitas.
Quanto a mim, tinha passado bem nos meus exames
de medicina e estava no caminho certo para terminar a
minha especialização em pediatria. Mas eu também estava
ansiosa. Eu queria ser médica, mas também queria ser mãe de
novo. Dar ao Jace e à Courtney irmãos e irmãs e, ao mesmo
tempo, dar aos rapazes os filhos e filhas biológicos que eles
sempre pediram.
Além disso, por muito que eu adorasse ser a mãe do
Jace e da Courtney, havia uma parte da maternidade que eu
ainda não tinha tido a oportunidade de viver. Mais do que
tudo, eu queria experimentar as alegrias de estar grávida.
-- Diga -- disse Julius suscinto.
-- É -- concordou Duncan. Por favor, fale logo.
Em vez de continuar falando, peguei minhas pílulas
anticoncepcionais. Ou melhor, não peguei, já que estava

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anticoncepcionais. Ou melhor, não peguei, já que estava
segurando a cartela vazia do mês passado.
-- Pensei que vocês três podiam me levar agora lá para
cima e fazer o possível para me engravidar.
Liam se engasgou violentamente no vinho. Julius
soltou o garfo, sem barulho, sobre o purê de batatas com
couve de Bruxelas.
-- Você está falando sério? -- perguntou Duncan.
-- Isso parece sério? -- perguntei, passando a cartela
vazia de pílulas diante dos seus olhos, que se iluminaram
animação.
Isso ia ser DIVERTIDO.
-- Talvez vocês tenham me convencido -- dei de
ombros -- ou talvez seja meu relógio biológico gritando.
Provavelmente um pouco dos dois. Mas confiem em mim, eu
estou pronta. E quando você está pronta...
-- Você está pronta -- disse Liam, pegando o
guardanapo em seu colo e o jogando sobre a mesa.
Ele se levantou e eu segui seu gesto. Duncan tirou um
maço de notas do bolso e começou a contar a gorjeta.
Não, vamos fazer muito mais do que nos divertir!
Julius parou no meio do movimento para se levantar.
-- Vocês sabem que vamos perder a sobremesa não sabem? --
protestou ele.
Eu o puxei para mim pela gravata, plantando um
beijo molhado em sua bela boca.
-- Vamos para cima e eu vou fazer de você a
sobremesa.

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Minhas palavras foram o suficiente para convencê-lo.
Julius também começou a atirar notas sobre a mesa, até ele e
Duncan acharem que já tinha o bastante. Para ser honesta, a
matemática deles parecia um pouco descompassada. Já que a
gorjeta parecia muito maior do que o necessário.
Alguns minutos depois estávamos no corredor que
ligava o aquário ao hotel, caminhando apressado rumo aos
elevadores. Eu podia dizer que toda a conversa sobre
maternidade tinha deixado eles excitados. Eu podia contar
com uma noite tórrida pela frente.
-- A gente poderia vir aqui todos os anos, nesse
mesmo dia -- disse Liam sorrindo. -- A cada ano um de nós
poderia engravidar você.
Grávida...
Eu não podia nem mesmo imaginar aquilo! Mas ao
mesmo tempo eu podia. Seria totalmente incrível saber que
eu estava carregando o filho ou filha de um de meus maridos
dentro de mim. Eu queria um de cada um deles, queria nossa
casa cheia de riso, felicidade e caos...
... e o melhor de tudo, família.
-- Uma vez por ano, é? -- perguntei, soltando o ar. --
Eu não teria uma folga?
Os rapazes se encararam simultaneamente.
-- Não.
Eu ri nervosa e peguei a chave do quarto em minha
bolsa.
-- Vamos focar primeiro neste ano -- disse, enquanto
as portas do elevador se abriam. A cabine estava vazia,

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as portas do elevador se abriam. A cabine estava vazia,

desocupada, uma tela branca. A metáfora perfeita para a vida


que estávamos prestes a criar. Ela podia nos levar para
qualquer lugar. Mas fosse para onde fosse, estaríamos sempre
juntos.
-- Depois disso -- sorrio -- a gente vê o que acontece...

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