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O Acordo

com meu Ex

Um romance
de Harém Reverso

Krista Wolf
~ O Acordo com meu Ex ~
Epilogo Bônus
SUMMER

“Então… o que você acha?”


Dei uma voltinha, fazendo um círculo. Olhei todos
os cantos do novo e excitante escritório, que era pelo menos
três vezes maior que o antigo.
E quando eu digo antigo, falo daquele que o grupo
todo dividiu nos últimos três anos.
“É lindo!”, suspirei, totalmente admirada. “Os outros
são todos ótimos também, especialmente o meu, logo ali.”
Apontei para o escritório mais ao sul dos quatro,
onde um par de paredes de vidro dava para o vale. O sol
começaria a escorregar por trás das montanhas em menos de
uma hora, pintando meu potencial novo escritório de
dourado e vermelho.
“Aham.”
Aiden deu um passo para a frente, casualmente
pousando um braço no meu ombro. “Só tem um problema.”

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“Qual?”
“Aquele é o meu escritório.”
Levantei uma sobrancelha. Não tão bem quanto ele,
mas perto. “Ah, é? E quem disse?”
Aiden deu uma risadinha e enfiou o dedão no
próprio peito. Eu o zombei.
“Aquele é melhor pra mim”, argumentei. “Veja a sala
adjacente, perfeita pra Aisling. Podemos trabalhar enquanto
vocês—”
“Por que você não fica com o outro, do outro lado?”
Chacoalhei a cabeça. “Porque você gosta do nascer do
sol, eu sou mais noturna.”
“Ela está certa, você sabe!”, Marcello concordou. Ele
deu um passo de uma das escadas de metal e caminhou na
nossa direção. “Você é definitivamente uma pessoa diurna.
Sempre acorda antes de todo mundo.”
“Mas—”
“Além disso, o banheiro é logo ali”, eu disse. “Vai ser
conveniente pra mim.”
“E por que você fica com o banheiro?”, Aiden
protestou.
Peguei sua mão e a coloquei na minha barriga,
escorregando-a para baixo, até meu ventre, e um sorriso se
espalhou no meu rosto.
“Por que você acha?”
Aiden ficou vermelho e Marcello gargalhou. Ele deu
de ombros e acenou.

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“Ok”, ele cedeu com um suspiro gentil. “Eu fico com
o do outro canto.”
Fechei minha mão sobre a dele e a pressionei para
baixo, me sentindo exuberante. Eu estava grávida de apenas
seis semanas. A vida que crescia dentro de mim era do
tamanho de um Tic-Tac. Não tinha nenhuma chance de sentir
nada, mesmo o mais sutil dos chutes.
Mas todos sabíamos que ele estava ali.
“É isso, certo?”, Ryker gritava animado, andando do
outro lado do corredor. “Vamos ficar com ele?”
Mas do que ninguém, eu estava animadíssima com
aquele lugar. Era muito melhor que o escritório
compartilhado, de longe.
“Acho que sim”, Aiden disse, e se virando para mim,
acrescentou: “Afinal de contas, o banheiro é em um local
estratégico.”
Ryker sorriu. “Para o bebê, certo?”
Eu gargalhei triunfante e joguei um beijo para ele.
“Viu? Ele entendeu.”
Três anos. Foi o tempo que levou para finalmente
pararmos em algum lugar. Um escritório no centro de Los
Angeles fazia sentido, especialmente considerando que os
clientes mais importantes do Lenda Viva estavam lá. Sem
mencionar a rede de contatos que era muito maior para nossa
empresa, a que eu e Aisling tínhamos fundado.
Não tinha demorado muito para convencê-la a se
mudar. E ali estávamos — nós cinco e nossos funcionários.
Preparando um escritório de verdade, com localização física.
Sem precisar compartilhar com mais ninguém além de nós.
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E agora isso.
“Ter nosso próprio prédio…”, disse Marcello,
desejosamente. “É um movimento ousado, não?”
“Claro”, eu disse, “sempre é.”
“O mercado imobiliário está instável e esse lugar é
caro!”
Aiden chacoalhou a cabeça. “Caro, sim. Mas estamos
desesperados por um lugar para encontrar os clientes. O
calibre das pessoas com as quais estamos lidando requer esse
tipo de ambiente. E para ser sincero, o escritório no depósito
é meio constrangedor.”
“Ei!”, Ryker disse, meio magoado. “Eu gosto do
depósito!”
“Eu também”, concordei, “tem cara de… casa.”
“Casa não paga nossas contas mais”, Marcello
interrompeu. “E temos bilhões de contas pra pagar agora.
Bilhões era exagero, mas descrevia. Aisling e eu
tínhamos uma equipe de seis pessoas trabalhando conosco
fisicamente, mais quatro remotamente. E os rapazes tinham
mais ainda.
“Tem espeço pra todo mundo agora”, disse Aiden.
“Não precisamos mais nos espremer. Podemos expandir.
Crescer. Além disso…”
Ele olhou de volta para mim e para a minha barriga.
“Podemos começar a delegar”, ele disse. “Aliviar a
pressão dos grandes projetos, dividindo-os entre os melhores
funcionários. Tirar um pouco mais de tempo para as coisas
pessoais.”
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Escorreguei minha mão na dele, apertando-a
tranquilizadoramente. Tinha sido fácil para Aiden se
estabilizar. Sentar a bunda numa cadeira de escritório por um
ou dois dias. Ele ainda viajava. Todos nós viajávamos. Mas
depois de alguns anos vendo o mundo e consolidando o
relacionamento que começamos há quase meia década atrás,
era hora de nos firmarmos e buscarmos algo mais
permanente.
“Summer está certa!”, Ryker disse. “Temos um
rapazinho a caminho agora, não podemos simplesmente—”
“Ou uma mocinha”, interrompi.
Ele sorriu, fazendo uma mesura. “Rapazinho ou
mocinha.”
“E mais outros”, Marcello acrescentou rapidamente.
“Pelo menos mais dois.”
O pequeno nó de excitação no meu estômago se
apertou. Pelo menos. Eu nunca tinha pensado em ter mais de
dois filhos, mas agora…
Eu queria um de cada um deles. E talvez mais um.
Parecia loucura, considerando nossa vida naquele
momento. Prédio novo. Casa nova. Naquele momento,
estávamos mais do que felizes no escritório compartilhado,
mas também tínhamos comprado um lote perfeito ao mesmo
tempo. Em um mês ou dois, quando os papeis estivessem
prontos, poderíamos começar a construir a casa dos nossos
sonhos.
E era como nós — fazendo tudo ao mesmo tempo. O
que seria difícil para um casal tradicional era muito mais fácil
dividido por quatro pessoas motivadas.

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“Ok”, disse Ryker. Ele olhou para cima com alegria e
colocou a mão na cintura. “Eu quero o escritório do norte.”
“Sinto muito”, Marcello disse. “Já é meu.”
As sobrancelhas de Ryker se cruzaram. “Mas—”
“Ele já falou”, concordei. “Além disso, você não pode
ficar perto de Aisling. Vocês dois vão ficar fofocando o dia
inteiro e vão esquecer de trabalhar.”
Meu noivo tatuado deu de ombros. “Ei, não me
culpe! Não tenho culpa se sua sócia parece um papagaio.”
Noivo. A palavra era nova para mim, assim como o
seu sentido. Nos meses anteriores, os rapazes tinham me
surpreendido com uma viagem para as ilhas taitianas. Onde
tudo começou. Ficamos no trio de lindos bangalôs dos quais
tivemos que sair apressados, mas para férias muito mais
relaxantes dessa vez.
Eles tinham me pedido em casamento, os três de
joelhos. Me deram uma linda aliança de diamante rodeado
por três pedrinhas menores.
Chorei. Eles choraram. E então fomos para a cama. E
não saímos de lá por uma semana. Foi um desperdício,
considerando o paraíso ao nosso redor.
Mas assim como tínhamos prometido, logo que
marcamos a data, abandonamos os métodos
anticoncepcionais. Ryker queimou minha última cartela de
pílulas na lata de lixo mais próxima, com um sorriso
diabólico.
“O que for para ser, será!”, ele declarou orgulhoso.
Estiquei o braço e acariciei minha barriga de novo.

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Estiquei o braço e acariciei minha barriga de novo.

Tinha de fato sido. E foi muito rápido. Tudo o que restava era
saber qual dos meus três noivos lindos era o pai biológico.
Assim, no futuro, os outros dois não usariam proteção até
eles também gerarem um bebê.
“É obvio pra mim!”, Ryker tinha exclamado com
alegria, sacudindo meu primeiro teste positivo.
“Já sei que é meu”, Aiden se intrometeu. “Intuição de
pai.”
“Espero que vocês não fiquem chateados quando
nascer um italianinho legítimo”, Marcello brincou.
“E como exatamente saberemos?”, Ryker perguntou.
“Ele vai nascer cantando La Tarantella?”
“Você está sendo preconceituoso!”, Marcello caiu na
risada.
“Não se for verdade”, Aiden deu uma piscadinha.
Para mim, não importava qual deles me engravidou
primeiro. Eu amava os três. Inteiramente, igualmente, à sua
maneira. Qualquer um deles seria um pai fantástico.
Mas os três juntos…
Para ser sincera, nossos filhos e filhas teriam uma
família interessante.
“Ainda quero aquele canto”, Ryker apontou. “Olha
como vai ficar lindo durante o pôr do sol!”
“Desde quando você aprecia essas coisas?”, Marcello
argumentou.
“Desde sempre!”, Ryker gritou. “Ou talvez desde Bora
Bora”, ele disse, piscando para mim. “De qualquer forma—”

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“Ok”, eu disse, me aproximando. “Vamos resolver do
jeito certo”, enfiei a mão no bolso e peguei uma moeda.
Marcello grunhiu imediatamente.
“O quê?”
“Ele é sortudo!”, o italiano protestou. “Sempre
ganha.”
“Pode ter certeza”, Ryker sorriu.
“E da última vez…”
Suas palavras pararam no ar enquanto nós quatro nos
encaramos. Compartilhamos um sorriso silencioso.
“Da última vez, vocês todos conseguiram o que
queriam”, eu disse, chegando mais perto. Movi os lábios um
pouco. “Não foi?”
Eles admitiram que sim. De fato, eles conseguiram.
“Que bom”, eu disse. “Agora que aquilo foi resolvido,
temos mais uma coisa pra resolver.”
Virei minhas costas para Aiden de novo, e ele já
estava sorrindo. Encarando meus outros dois amantes, minha
boca se curvou no mais feliz dos sorrisos.
“Então… cara ou coroa?”

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