E hoje te vejo

Onde estou
E as vezes me lembro
Como começou

Era um nada e com a chama acorda

Um serzinho, futuro gigante, Pertrus, como recorda
Na colcha do altar, em um ovo, que ninguém se importa
Uma menina curiosa, sem motivo, bate na porta
Estranha sala, uma coisa presa com corda
Então pega o ovo
Por que não, dona Borda?
E foge ao além
Junto com o neném
A terras longínquas, onde vão as histórias

Ah, que bela vida

Por cá e lá sorria
E ao lado de sua parceria
Uma terra descobria
Cheia de esquisitisse
De planta desconhecida

Mas aí chega um dia

"O que aconteceu Bia?"

Uma coisa estranha, o que o pequeno notou

A pele de sua amiga cedo se enrugou
E não era mais a mesma
Havia certa frieza
E do nada de tão fria
Chegava ao fim da vida
E o pobre bichinho
Entrou numa gritaria

Durante uma jornada

Por estrada e calçada
Encontra uma amiga
E com ela caminhava

Bom, e isso pouco durou

3 anos? 3 séculos? não lembra, mas acabou
E Pertrus, o andarilho, à solidão retornou
A miséria do vazio, o seu coração tomou

No entando encontra um homem

Seu nome era Bartô
Um homem de renome
"Eita, então cê chegou"

Ele explicara tudo

Da vida e do escorbuto
Da seca e do adubo
Da queda e da subida
Da cede e da bebida

"Serás grande, Pertrus

És farpa em tu, um conjunto de cetros
E explico sua aparência
E o motivo de sua carência

"De sua pele é a terra

De seu pelo é a grama
Minha dedução não erra
E sabes disso, Aquele Que Não Ama
De papéis, encontrei uma pilha
Lendo-os, agora sei
Veja o que encontrei
Não é nenhuma armadilha
ÉS O FILHO DA ILHA!"

Em casa não entrava

Terra espatifava
Em momento de desespero
Até buraco cava
Onde passa, o solo desbota
Com a unha, descalço, sem sua bota

Deve ter sorrido

Mas não lembrava disso
O tempo que tinha ido
Espetava 'nem ouriço

Mas agora aqui te encontro

Matando-me, este monstro
E sendo sincero, sabe?
Talvez eu agradeça
No céu ou no inferno
Daquilo que eu me gabe
Da lâmina que vem
Da lâmina que me perfura
Talvez pelo bem
Aquilo que faz, a essa altura
Que tudo isso acabe
Um obrigado à sua loucura
Meu querido Dabe