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Crhistian Ghamaliel
crhistian.ti@gmail.com.br
Especialista em Processos de Software,
CMMI e MPS.BR. Bacharel em Ciências da
M
Computação, pós-graduado em Gestão uitos artigos já foram escritos como o nível 2 do CMMI pode auxiliar
de Projetos e Gestão da Tecnologia da sobre CMMI. Dentre eles, as organizações? Quais são as vantagens
Informação. Possui mais de 10 anos de vários com um enfoque em competitivas deste modelo?
experiência com Engenharia de Software.
apresentar e descrever este consagrado Para isso, primeiramente iremos co-
Já exerceu todos os papéis no ciclo de vida
de desenvolvimento de software e atual- modelo de maturidade de software. nhecer o modelo CMMI e, em seguida,
mente atua como Gerente de Melhoria de Neste artigo, também apresentaremos analisarmos os processos do nível 2 de
Processos. Implementador e Avaliador cer- o CMMI, porém o nosso enfoque será maturidade. Ao longo desta análise, fa-
tificado do MPS.BR. Tem sido responsável no nível 2, direcionado para o que rea- remos um paralelo com a realidade das
pela certificação de empresas nos modelos
lizamos diariamente nas organizações organizações, observando as vantagens
CMMI e MPS.BR. Palestrante em universi-
dades e congressos pelo Brasil, também já que desenvolvem software. Este enfoque trazidas pelo modelo. Ao final, apresen-
lecionou em faculdades de TI. busca responder às seguintes perguntas: taremos uma conclusão sobre o artigo.
planejar significa estabelecer estimativas (de escopo, prazo, produtos de trabalho formalmente revisados e acordados, que
esforço, custo, riscos, equipe, complexidade, etc.) e sabemos servem como base para desenvolvimentos a partir de então”.
que estimativas não são 100% precisas, por mais experiente Por isso compreendemos a baseline como sendo uma “foto”
que seja aquele que as estabeleceu. Portanto, é fundamental do projeto e seus produtos em um momento considerado im-
acompanhar o projeto em relação ao que foi planejado e realizar portante no ciclo de vida do projeto e do produto. A baseline
as ações corretivas necessárias. nos dá recursos de resgatarmos esse conjunto de produtos
As práticas SP 2.1 a SP 2.3 tratam das ações corretivas. É de trabalho arquivado nos pontos importantes e mantidos
comum encontrarmos Gerentes de Projeto que, ao encontra- tais quais eram naquele momento. Neste contexto, os itens
rem desvios do plano na execução do projeto, simplesmente de configuração são os produtos de trabalho ou conjuntos
re-planejam o projeto para aquela nova realidade. Tal prática é de produtos que participam de uma baseline. Baseline é um
um equívoco! Desvios devem ser corrigidos da melhor forma conceito poderoso da gestão de configuração, que ajuda a
possível, por isso a importância do estabelecimento de ações reduzir os riscos de projeto e adiciona muita consistência aos
corretivas e o seu acompanhamento até o fim. Replanejamentos seus produtos de trabalho.
dizem respeito a mudanças de escopo, o que está em outro As práticas SP 2.1 e SP 2.2 tratam do controle de mudanças,
contexto. um assunto extremamente crítico em qualquer projeto de sof-
tware. Segundo Fred Brooks (1986), os softwares estão sujeitos
Gestão de Configuração a solicitações de mudanças muito mais frequentemente do que
Atualmente, trabalhar sem gestão de configuração é prati- outros produtos ditos concretos, tais como carros, edifícios e
camente impossível. Ao construírem sistemas cada vez mais eletrônicos. Isso porque o software, sendo um produto flexível,
complexos, as organizações se veem diante de uma infinidade ou seja, que pode ser modificado muito mais facilmente do
de arquivos referentes a código-fonte, modelos, requisitos e que outros produtos, dá aos seus clientes uma falsa impressão
documentação de projeto, dentre outros. Como não bastasse de que é fácil de ser modificado. Por este motivo, controlar e
essa complexidade, todo esse universo de arquivos é modifi- gerenciar mudanças são uma prática vital para a saúde dos
cado continuamente ao longo do projeto. Caso a organização projetos. Como dito anteriormente, mudanças descontroladas
não aplique técnicas e ferramentas de gestão de configuração, podem ser a causa de insucesso de uma enorme parcela de
muitos desses arquivos podem ser perdidos, bem como todo projetos que não dão certo.
o histórico de modificações realizado. Por fim, um aspecto elegante desta área de processos é que
Aliadas às técnicas propostas pelo CMMI, existem no mer- ela contém em si uma prática específica de auditoria (SP 3.2),
cado algumas excelentes ferramentas para gestão de configu- visando garantir que todo o sistema de gestão de configuração
ração, com destaque para o Subversion (SVN). esteja funcionando conforme o esperado.
De acordo com o CMMI, o objetivo da área de processo Gestão
de Configuração é “fornecer subsídios para estabelecer e man- Medição e Análise
ter a integridade dos produtos de trabalho, utilizando iden- A máxima “Você não pode controlar o que não pode medir”,
tificação de configuração, controle de configuração, balanço cunhada pelo autor americano Tom DeMarco, é uma das
das atividades de configuração e auditorias de configuração”. mais famosas e repetidas na engenharia de software. Ela dá a
Discutiremos estas técnicas a partir das práticas específicas dimensão exata da importância da área de processo Medição
desta área de processo, que estão listadas a seguir: e Análise.
SG 1 Estabelecer Baselines Para controlar eficientemente qualquer aspecto da engenharia
SP 1.1 Identificar Itens de Configuração de software é preciso conhecê-lo em detalhes, e isso só é possí-
SP 1.2 Estabelecer um Sistema de Gestão de Configuração vel através da atividade de medição e análise. Muitas organi-
SP 1.3 Criar ou Liberar Baselines zações ainda desenvolvem software sem coletar nem analisar
nenhum tipo de medição sobre as atividades realizadas e os
SG 2 Acompanhar e Controlar Mudanças produtos gerados pelas suas equipes. Infelizmente, essa é uma
SP 2.1 Acompanhar Solicitações de Mudança forma muito eficiente de inserir grandes riscos aos projetos e
SP 2.2 Controlar Itens de Configuração produtos. E, ao contrário do que muitas delas imaginam, medir
e analisar são práticas acessíveis a qualquer organização, desde
SG 3 Estabelecer Integridade que seja especificado um processo para isso.
SP 3.1 Estabelecer Registros de Gestão de Configuração De acordo com o CMMI, o objetivo da área de processo
SP 3.2 Executar Auditorias de Configuração Medição e Análise é “fornecer subsídios para desenvolver e
manter uma capacidade de medição utilizada para dar suporte
As práticas SP 1.1 a SP 1.3 dizem respeito ao conceito de itens às necessidades de informação para gestão”. Portanto, esta
de configuração e baselines. O conceito de baselines é muito área de processo suporta diretamente as áreas de processo de
confundido e pobremente compreendido pelas organizações gestão, daí a sua importância vital.
pouco familiarizadas com a gestão de configuração. O CMMI Discutiremos a seguir as práticas específicas desta área de
define baseline como sendo um “conjunto de especificações ou processo:
Através das práticas SP 2.1 e SP 2.2, a área de qualidade de • Aumento da visibilidade de seus processos de software e na
uma organização reporta os achados da qualidade, ou seja, as percepção de qualidade por parte de seus clientes;
chamadas não-conformidades, para os interessados, que são • Ampliação de sua capacidade de concorrência, com a adoção
os gerentes de projeto e suas equipes e os níveis superiores de um modelo referência de mercado;
de gestão. Além disso, garantem que as não-conformidades • Estabelecimento de um processo gerenciado e visível, prepa-
sejam resolvidas. Para atingir esse objetivo, é necessária a rando a organização para alçar patamares maiores de maturi-
geração de relatórios claros e detalhados sobre o estado dos dade, com a adoção dos próximos níveis do CMMI.
processos e produtos de trabalho. Estes relatórios devem
ser divulgados para todos os interessados. Além disso, não- Nos próximos artigos, continuaremos a analisar os níveis do
conformidades que não são resolvidas no prazo estabelecido CMMI, dando destaque ao nível 3 e sua capacidade de tornar
devem ser escalonadas para os níveis superiores de gestão, o processo organizacional definido.
para que sejam sanadas.
Links
Gestão de Contrato com Fornecedores Site oficial do CMMI
Neste artigo, não abordaremos esta área de processo pois http://www.sei.cmu.edu/cmmi/index.cfm
desejamos explorá-la detalhadamente em um próximo ar-
Documentação oficial do CMMI-DEV, v. 1.3
tigo, dada a sua importância no cenário atual do mercado http://www.sei.cmu.edu/reports/10tr033.pdf
brasileiro.
Site oficial do MPS.BR
http://www.softex.br/mpsbr/_home/default.asp
Conclusão
Neste artigo fornecemos uma visão geral sobre o modelo PMBOK Guide no site do PMI
CMMI, seus principais conceitos e sua estrutura em níveis http://www.pmi.org/PMBOK-Guide-and-Standards.aspx
de maturidade. Analisamos mais detalhadamente o nível 2,
Link para o artigo “No Silver Bullet: Essence and Accidents of Software Engineering”
cujo foco é fornecer um conjunto de áreas de processo, prá- http://www.cs.nott.ac.uk/~cah/G51ISS/Documents/NoSilverBullet.html
ticas específicas e genéricas que permitam às organizações
estabelecerem um processo gerenciado. Na visão deste artigo, Livro oficial do CMMI
CHRISSIS,M.B.; KONRAD,M.D.; SHRUM,S.CMMI for Development:Guidelines for Process Integration
a adoção do nível 2 do CMMI fornece às organizações as se- and Product Improvement, Third Edition. Addison-Wesley Professional, 2011. 688 p.
guintes vantagens:
• Utilização de um conjunto de áreas de processo que estabele-
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cem os fundamentos essenciais para a produção de softwares
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com a qualidade cada vez mais exigida pelo mercado; A Engenharia de Software Magazine tem que ser feita ao seu gosto.
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de produção de software; Dê seu voto sobre este artigo, através do link:
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