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História da Assistência Social: da LBA

ao SUAS

Desde a era industrial até o estabelecimento da Carta Magna de 88, a


Assistência Social teve uma característica esmolada. Sua história é marcada
por lutas e grandes conquistas, transitando entre a simples doação de esmolas
para um sistema único no país que hoje garante o direito à proteção social para
todos os cidadãos que dela precisar.

Da criação da LBA (Legião Brasileira de Assistência) à fundação do SUAS


(Sistema Único de Assistência Social), muitas mudanças contribuíram para que
100% dos municípios brasileiros tivessem acesso aos serviços da Assistência
Social, e para que milhares de pessoas saíssem da linha de pobreza.

Sabemos que melhorias ainda são necessárias, como a definição de um


percentual mínimo de repasse para o SUAS, e a educação das pessoas para o
entendimento da importância dessas políticas públicas. Mas muito se avançou
nesse assunto e é o que queremos mostrar aqui.

Quer conhecer mais sobre a história da Assistência Social? Saiba mais a


seguir.

Da criação à extinção da LBA


A LBA foi criada por Darcy Vargas, esposa de Getúlio Vargas, para dar suporte
às famílias dos brasileiros que foram para a guerra. Ela foi a grande mentora
da Legião e por isso o assistencialismo da época é comumente chamado de
primeiro-damismo.

Tratava-se de uma organização de voluntárias com primeiras-damas em todo o


Brasil. À época, o assunto era fortemente associado ao trabalho de mulheres
por lidar com pobres, fazer caridade e não formar pautas políticas. Distribuíam
de tudo, desde próteses à comida. A Assistência era vista como um Estado de
benevolência, e não de direito.

Nesse mesmo período o CNSS (Conselho Nacional Serviço Social) foi criado, e
tinha o objetivo de dar suporte às entidades filantrópicas e privadas que
também promoviam assistência. O grande problema desses conselhos é que
foram responsáveis por inúmeros desvios e isenções clientelistas a essas
instituições.
As ações eram fragmentadas, pontuais e desordenadas, pois não existiam
normas e nem políticas para organizar e padronizar os atendimentos.

No auge da ditadura militar, não houve grandes avanços na Assistência Social.


A LBA é transformada em Fundação e a partir daí são criadas a FUNABEM
(Fundação do Bem-Estar do Menor), FEBEM (Fundação Estadual do Bem-
Estar do Menor) e o Código de Menores é revisado.

As medidas na área social eram autoritárias e com uma doutrina punitiva,


ficando de lado a questão da proteção social. Nas FEBEMs existiam grandes
depósitos de adolescentes, que sem uma perspectiva pedagógica, trabalhavam
com uma política de higienização.

Em 1995 a LBA e o Ministério do Bem-Estar Social foram instintos e, em seus


lugares, foram criados a SEAS (Secretaria de Estado de Assistência Social) e o
programa Comunidade Solidária.

Constituição de 1988 e LOAS marcam a


história
A partir da Constituição Federal (CF) de 88 passamos a ter a Assistência Social
(AS) como uma política de seguridade social, em que torna-se dever do Estado
e direito do cidadão.

Não temos mais a AS como um direito apenas dos contribuintes da


Previdência, mas sim de todos os brasileiros, pois o tema passou a ser
entendido como de responsabilidade pública.

Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS)


A LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social) surgiu para regulamentar
os artigos 203 e 204 que tratam da AS, garantindo assim a execução efetiva da
CF/88 e a instituição de um modelo descentralizado e participativo nas três
esferas do poder: federal, estadual e municipal.

A lei também foi responsável pela extinção do CNSS e a criação do CNAS


(Conselho Nacional de Assistência Social). Este conselho tem o intuito de
fiscalizar a aplicação da política da AS e deve ter um caráter deliberativo e
paritário. Por vezes, são chamados de conselhos de bicicleta, pois as
assinaturas são coletadas sem sequer haver quórum, sem haver participantes.

Esse tipo de atitude descaracteriza completamente as ações dos profissionais


que se mobilizam pela causa da Assistência, não é mesmo?

As Conferências Nacionais, que trouxeram pautas importantíssimas para o


futuro da AS, surgiram a partir da década de 90, e levantaram assuntos que
marcaram a história, como a criação do SUAS e a definição das metas do
Plano Decenal.
As NOBs (Normas Operacionais Básicas) foram criadas pela primeira vez no
fim dos anos 90 e com elas, o primeiro texto da PNAS (Política Nacional de
Assistência Social).

Nesse período inicia a fase conhecida como CPF (conselho, plano e fundo),
com definição das regras de repasse de fundos para os municípios, e a criação
da CIT (Comissão Intergestora Tripartite), lançando metas como por exemplo,
obrigatoriedade em atualizar a legislação da Política Municipal de Assistência
Social como condição para os repasses.

Os mecanismos de financiamento da AS começam a ser estudados, mas ainda


seguiam aos moldes da LBA, através de convênios, o que o mantinha
burocrático e moroso.

O nascimento do SUAS, suas políticas e


normas
O SUAS é deliberado na quarta Conferência Nacional, em 2003, e tem o
objetivo de materializar a política descrita na LOAS. Com caráter
descentralizado e participativo, cria serviços, programas, projetos e benefícios
socioassistenciais, como o Bolsa Família, por exemplo.

O sistema possui um comando único, ou seja, existe um padrão da política em


todas as cidades. Se mantém com o financiamento público, contém um modelo
de gestão própria, com profissionais especializados e está presente em todas
as cidades do país.

Um novo texto NOB/SUAS é aprovado pelo CNAS em 2005, e agora muito


melhor descrito, aborda um modelo em que a família é o núcleo fundamental
para a efetividade de todas as ações e serviços da PNAS. O entendimento de
territorialidade também é determinante para compreensão das situações de
vulnerabilidade e risco sociais.

A Norma Operacional Básica de Recursos Humanos (NOBRH)

A NOBRH é criada em 2006 para tratar dos recursos humanos, e organiza os


trabalhadores, sua gestão, formações e carreiras. As equipes de referência
surgem nesse período.

O Plano Decenal também surge nessa época, com um planejamento de longo


prazo (10 anos), tem o objetivo de profissionalizar o SUAS. As conferências de
2009 a 2013, que ocorrem a cada biênio, pautaram temas articulados para o
plano.

Agora a AS passa a ter um caráter preventivo e intersetorial (aliado à educação


e à saúde), e em 2009 são criados os centros de referência CRAS (Centro de
Referência de Assistência Social) e CREAS (Centro de Referência
Especializado de Assistência Social), bem como é feita a Tipificação Nacional
dos Serviços Socioassistenciais.

Dividido em dois eixos, o SUAS oferece de um lado os benefícios, como o


Bolsa Família (BF) e os Benefícios de Prestação Continuada (BPC), e de outro,
os serviços de caráter continuado e ofertados nos equipamentos públicos ou
pelas redes socioassistenciais.

As mudanças mais recentes ocorreram em 2011 com a lei 12.435. O SUAS se


tornou escopo da LOAS, seus recursos tornaram-se obrigatórios e houve a
inclusão dos sistemas de gestão e níveis de proteção.

Em 2012 a 2ª NOB do SUAS revisa a NOB SUAS/2005, inovando com a


criação do Pacto de Aprimoramento do SUAS, em que é mensurado o sucesso
ou retrocesso do município dentro do Sistema Único de Assistência Social.

Muitos fatos marcaram a história da Assistência Social. Nesse especial em


homenagem ao dia de seus profissionais você pode conhecê-la ainda mais
através de imagens e vídeos:

Os desafios daqui em diante


A história da Assistência Social já está beirando os 80 anos desde seu início no
Brasil. Os primeiros 50 foram simbolizados pelo “faz de tudo um pouco”, da
ajuda e da falta de especificidade. Nos últimos 30 anos passou a ter uma
característica protetiva, transitando para o campo dos direitos.

Ainda nos deparamos com inúmeros desafios. Muitos usuários acreditam que a
AS é caridade, o governo não cumpre a CF/88 na íntegra, além, é claro, de
uma crise de gestão financeira alarmante, que segundo o Banco Mundial, fará
com que milhares de brasileiros fiquem abaixo da linha de pobreza.

Outro ponto de atenção é para o aumento na população de idosos, migrantes e


refugiados, que exigirá políticas públicas específicas para o atendimento
desses grupos.

Mesmo com tantas adversidades, o avanço e as melhorias foram inúmeros ao


longo da história. Foram criadas leis, políticas e um sistema único para que a
Assistência Social saísse do campo da doação de esmolas e garantisse o
direito do cidadão de proteção social.
Essas conquistas precisam ser mantidas e melhoradas para os próximos anos
e para as próximas gerações, e para que isso aconteça, precisamos continuar
lutando por elas.

E aí? Você já conhecia a história da Assistência Social? O que acha que ainda
precisa melhorar? Conta para nós, será um prazer ouvi-lo!

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