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Corrêa, Um Enfoque Estrategico
Corrêa, Um Enfoque Estrategico
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JIT, MRP II e OPT: Um Enfoque Estratégico
São Paulo
1
Índice
Capítulo 1 - Administração estratégica da produção ................................................................................... 1
1.1. Introdução ............................................................................................................................ 1
1.1.1. As mudanças no panorama competitivo industrial .......................................... 2
1.1.2. Desenvolvimento de um Melhor Entendimento da Função Estratégica da
Manufatura ....................................................................................................................... 8
1.1.3. O Desenvolvimento de Novas Tecnologias de Manufatura.
12
1.2. Conteúdo da estratégia de manufatura
14
1.3. O Processo de desenvolvimento de estratégia de manufatura no Brasil
19
1.4. Sumário e Conclusões
28
1.5. Questões para discussão
32
Capítulo 5 - OPT ("Optimized Production Technology"): a abordagem com base nos gargalos da
produção ........................................................................................................................................................ 152
5.1. Introdução ............................................................................................................................ 152
5.2. Objetivos .............................................................................................................................. 152
5.3. Filosofia e pressupostos por trás do OPT ........................................................................... 153
5.3.1. Tipos de recurso ................................................................................................ 153
5.3.2. Preparação de máquinas .................................................................................... 156
5.3.3. Tamanho de lotes .............................................................................................. 158
5.3.4. Os efeitos das incertezas ................................................................................... 161
5.3.5. "Lead-times" (tempos de ressuprimento) e prioridades ................................... 165
5.4. Como funciona o OPT......................................................................................................... 166
5.4.1. "Drum-Buffer-Rope"......................................................................................... 166
5.4.2. Programação da produção com o software OPT .............................................. 170
5.5. O uso do OPT ...................................................................................................................... 173
5.5.1. Medidas de desempenho ................................................................................... 173
5.5.2. O processo de decisão OPT .............................................................................. 174
5.5.3. Dados para o OPT ............................................................................................. 175
5.5.4. Software............................................................................................................. 175
5.6. Sumário ................................................................................................................................ 175
5.7. Conclusões ........................................................................................................................... 177
5.7.1. Vantagens do OPT ............................................................................................ 177
5.7.2. Limitações do OPT ........................................................................................... 178
5.7.3. Aplicação do OPT ............................................................................................. 178
Prefácio
Durante anos lecionando no Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da USP e
em cursos de extensão universitária em administração industrial na Fundação Vanzolini da USP, os
autores puderam constatar um dos obstáculos mais sérios que os acadêmicos brasileiros hoje enfrentam
para manterem seus cursos alinhados com as mais modernas técnicas de administração da produção em
nível mundial: a falta de literatura em língua portuguesa na área.
As referências de autores nacionais são poucas e nem sempre atualizadas. Infelizmente o acadêmico
brasileiro na área de administração da produção não tem por hábito publicar. As referência traduzidas de
autores estrangeiros também são poucas, não atualizadas, nem sempre bem escolhidas pelos editores e
frequentemente, a qualidade das traduções deixa muito a desejar.
Esta conjunção de fatores faz com que seja bastante difícil para o professor manter seu curso atualizado e
estruturado, principalmente numa área que tem evoluído tão rapidamente como a área de administração
da produção, notadamente a área dos sistemas de administração da produção. Este livro pretende ser uma
contribuição ao estudo e ensino desta área. O livro não pretende ser exaustivo. O foco de atenção é
centrado na descrição e análise, tanto nos seus aspectos operacionais como estratégicos, dos três mais
importantes sistemas de administração da produção surgidos nas últimas décadas: o "Just in Time", o
"MRP II" e o "OPT".
Estas três técnicas de gestão têm merecido, recentemente, um grande destaque na literatura estrangeira
especializada por dois motivos principais.
Primeiro, porque representam abordagens importantes, mas bastante diferentes entre si, tendo, cada uma,
pontos fortes e fracos e tendo, cada uma, seu próprio universo de aplicação, onde sua eficácia é máxima.
Em outras palavras, nenhuma das técnicas representa a panacéia para todos os problemas de todos os
tipos de produção. A literatura estrangeira tem, então (até o presente, sem o sucesso esperado), tentado
explorar e esclarecer, tanto os conceitos por trás das técnicas como orientar os possíveis usuários quanto à
aplicabilidade de cada uma. Com raras e honrosas exceções a literatura não tem tido o sucesso esperado
em nenhum destes dois intentos. As poucas publicações que conseguem explicar o funcionamento das
técnicas, ou o fazem de maneira parcial e segmentada, abordando uma das técnicas isoladamente ou
abordam exclusivemente os seus aspectos procedimentais, passando ao largo da análise da filosofia e
pressupostos que embasam cada uma, ou mesmo passando ao largo da discussão estratégica, em que se
deveria discutir a adequação das diversas técnicas aos diversos tipos de produção e objetivos da empresa.
Segundo, porque estas técnicas se difundiram com rapidez impressionante. Grande número de empresas
hoje já se resolveram por adotar uma das técnicas acima, pressionadas pela urgência em posicionar-se
competitivamente nos seus mercados. Entretanto, grande parte delas têm se conscientizado só a posteriori
do fato de que um profundo entendimento das técnicas adotadas, seus pontos fortes e fracos e sua
adequação é necessário (ainda que não suficiente!) para o sucesso de sua implantação. A adoção de novas
técnicas de gestão muitas vezes demandam alterações substanciais nas práticas vigentes, investimentos
consideráveis e um comprometimento da organização e sua gerência que não se conseguem pela simples
decisão de adotar a técnica ou adquirir um pacote de computador. Apesar da literatura numerosa a
respeito destas modernas técnicas de administração da produção, este livro pretende preencher uma
lacuna existente na literatura: um trabalho que se preocupe, não só em descrever os aspectos operacionais
das três técnicas - "MRP II", "JIT" e "OPT", mas que contemple também as filosofias e pressupostos por
trás destas técnicas, para que seja possível aos leitores entenderem as diferenças conceituais entre elas.
Adicionalmente, e talvez como o mais ambicioso dos objetivos do livro, este trabalho pretende também
auxiliar na escolha estratégica envolvendo os três sistemas.
Para isto, o livro é organizado do seguinte modo:
O primeiro capítulo aborda um tema que está em ebulição no momento, dentro da área de administração
de produção: as estratégias de manufatura para a competitividade. Os principais conceitos estratégicos em
relação à gestão da manufatura são discutidos: o foco na manufatura, a quebra das barreiras
organizacionais, e a rede de suprimentos. São também apresentados os principais aspectos referentes às
áreas estratégicas de decisão dentro da função de manufatura, os principais objetivos estratégicos com os
quais a manufatura pode contribuir e o processo de desenvolvimento e implantação de estratégias de
manufatura. Este capítulo pretende representar um pano de fundo para as discussões dos capítulos
subsequentes, já que ao longo de todo o livro, está assumido o pressuposto que toda e qualquer decisão
ou ação dentro da organização deve ter direção estratégica adequada.
O capítulo 2 procura explorar mais em detalhe os diferentes objetivos que a manufatura pode ter interesse
em perseguir no seu esforço de contribuição para o aumento da competitividade da organização. O
capítulo 2 faz também a ligação entre os Sistemas de Administração da Produção (SAP) - tema principal
do livro - e os objetivos estratégicos da produção. A pergunta que se pretende responder é "como é que
os SAP podem ajudar no atingimento dos diversos objetivos estratégicos da manufatura?"
Os capítulos 3, sobre "JIT"; 4, sobre "MRP II" e 5, sobre "OPT" procuram, cada um analisar um dos SAP
em detalhe, não só nos seus aspectos operacionais, como também quanto às suas filosofias (implícitas e
explícitas) de trabalho, vantagens e limitações.
O capítulo 6, sobre escolha estratégica dos SAP, procura discutir alguns elementos importantes que
devem ser considerados quando se analisa a adequação de determinado SAP a determinado sistema de
produção. Procura enfocar também as possíveis interações entre os sistemas analisados (como por
exemplo, como pode o JIT coexistir com o MRPII) e alguns aspectos relevantes quanto à implantação dos
SAP.
Esperamos que este livro possa ser útil, não só aos acadêmicos e estudantes interessados no tema de
Sistemas de Administração da Produção, mas que também possa ser útil aos profissionais práticos que se
vejam frente à necessidade de decidir a respeito do tema, que pretendam reciclar seus conhecimentos ou
mesmo familiarizar-se com as mais modernas técnicas de gestão da produção. No sentido de atingir o
público profissional, foram evitados os termos rebuscados e os academicismos, assim como as
considerações exageradamente teóricas que pudessem interessar exclusivamente ao público acadêmicos.
Foram, entretanto tomados todos os cuidados com o rigor acadêmico, tanto no seu desenvolvimento
prático e conceitual, como nas referência que embasaram o trabalho, de modo que o resultado tivesse
validade metodológica coerente com seus objetivos.
Por mais que os autores tenham se esforçado em revisar extensivamente o material publicado, eles
reconhecem que eliminar completamente os erros é muito difícil. Neste sentido, toda contribuição dos
leitores para que possamos corrigir possíveis erros em edições futuras são muito bem vindas.
Feita a constatação de que erros ainda haverá no livro pronto, os autores antecipadamente desculpam-se
com os leitores e naturalmente, responsabilizam, um ao outro, pelos erros que subsistirem.
Henrique Luiz Corrêa
Irineu Gustavo Nogueira Gianesi
Universidade de São Paulo, 1993.
Agradecimentos
A Szonya, Alberto, Iriza e Gustavo, pelo apoio, sempre incondicional, neste e em outros projetos.
À Teresa
Capítulo 1
Administração estratégica da produção1
1.1. Introdução2
As razões por trás deste renovado interesse podem ser classificadas em três
categorias principais. A primeira é a crescente pressão por competitividade que o
mercado mundial tem demandado das empresas, com a queda de importantes
barreiras alfandegárias protecionistas e o surgimento de novos concorrentes
altamente capacitados. A segunda razão é o potencial competitivo que representa
o recente desenvolvimento de novas tecnologias de processo e de gestão de
manufatura, como os sistemas de manufatura integrada por computador e os
sistemas flexíveis de manufatura. A terceira razão está relacionada ao recente
desenvolvimento de um melhor entendimento do papel estratégico que a produção
pode e deve ter no atingimento dos objetivos globais da organização.
Crescente
pressão
por
competitividede
Manufatura
Revalorizada
Potencial Melhor
competitivo das entendimento do
novas papel estratégico
tecnologias de da manufatura
processo
10
11
No Brasil, até pouco tempo atrás, as empresas industriais não tinham muito
com que se preocupar em termos de competição internacional pelo mercado
interno, devido às restrições protecionistas às importações. Só as empresas
exportadoras preocupavam‐se com aspectos como o "benchmarking"3 em relação
às melhores práticas mundiais. Hoje, com a gradual derrubada das barreiras
alfandegárias, este panorama mudou. De cerveja a automóveis, os produtos
importados já competem com os nacionais pelo mercado interno, estabelecendo
novas bases para a competição.
Consideracões financeiras
3 a comparação de níveis de desempenho dos produtos e serviços de uma organização com os dos
melhores concorrentes do mercado.
12
Considerações tecnológicas
Perda de foco
13
Inércia
A maioria das fábricas no mundo ocidental não era administrada nos anos
704 muito diferentemente do que nos anos 40 ou 50. Estas práticas administrativas
do período pós‐guerra foram adequadas, enquanto as questões de gestão de
produção eram centradas básica ou unicamente em obter produtividade e
eficiência. Os administradores, entretanto, não deram a necessária atenção às
mudanças ocorridas no mercado mundial, que passou a demandar melhores
desempenhos em critérios como qualidade e variedade de produtos, e em como a
manufatura deveria mudar para atender a estas novas necessidades.
Consideraram, na verdade, que os problemas de produção estavam "resolvidos", e
tenderam a direcionar sua atenção para outros assuntos como distribuição,
embalagem e propaganda. Houve uma falha, consciente ou não, de empresas e da
sociedade dos países tradicionalmente industrializados, em reconhecer a grandeza
do desafio competitivo que eles estavam sofrendo, o impacto que ele estava tendo
nas suas vidas e, consequentemente, a necessidade de mudanças. A inércia e a
acomodação são ainda mais visíveis em mercados protegidos por barreiras
alfandegárias, como se nota em países como o Brasil, onde os administradores de
muitas empresas acomodaram‐se nas suas confortáveis posições de monopolistas
ou oligopolistas no mercado interno até anos recentes.
4 no Brasil, podemos dizer que isto vale até os anos 80 ou mesmo os 90!
14
tecnologias de processo e novas práticas gerenciais. Então, no começo dos anos 70,
empresas ocidentais se viram encurraladas por empresas estrangeiras que
competiam com base em dimensões como produtos sem defeito, inovação em
processos e confiabilidade de suprimentos. Gradualmente, elas se viram
despojadas, primeiro dos mercados internacionais e, então, dos seus mercados
internos também.
Falta de foco
Resistência à mudança
Favorecem
OBSOLESCÊNCIA
de
Práticas gerenciais
e de
Tecnologias
o que
causa
Degradação
do poder de
COMPETITIVIDADE
Fig. 1.2 ‐ Olhando para trás: as lições da história
15
16
Uma nova abordagem é, então, necessária para fazer frente à nova realidade.
Alguns aspectos principais desta nova abordagem são discutidos a seguir.
17
18
conceito, existe a idéia de que todos dentro da organização têm pelo menos um
cliente, seja ele externo ou interno à empresa. Este cliente deve ser sempre
atendido com a mesma excelência, seja ele interno ou externo. Segue que a
identificação, por todos os membros da organização, de quem são seus clientes e em
quais critérios de desempenho deve‐se buscar excelência, força os setores a
interagirem e, mais do que isto, a negociarem níveis de desempenho dos critérios
relevantes ao fornecimento. A mentalidade cliente‐fornecedor e o processo de
negociação interna, em geral, colaboram com a derrubada das barreiras
organizacionais, reduzem a necessidade de resolução de conflitos por parte de
escalões superiores, além de melhorarem o nível de entendimento entre setores e
o nível de serviços prestados dentro da organização. Isto repercute positivamente
nos níveis de serviços prestados ao cliente externo, o que deriva do fato de que a
prestação do serviço ao cliente externo é uma função direta do nível de serviços
prestados ao longo de toda a rede de fornecimentos formada pelos setores da
organização. Os sistemas de informação têm, neste sentido, papel importantíssimo
na coordenação e no compartilhamento de informações entre setores.
19
para poder reagir às possíveis solicitações. É importante ter em mente que grande
parte das decisões na manufatura é estrutural por natureza e que estas decisões
muitas vezes levam tempo e demandam esforço considerável para serem
alteradas.
20
21
Tecnologia
de
manufatura
Adiministração
de
manufatura
Fig. 1.4 ‐ Influência recíproca: tecnologia e a administração da manufatura
22
Ser capaz de mudar muito e rápido o que se está fazendo ‐ obtendo vantagem
em flexibilidade.
Cada uma destas prioridades competitivas tem, por sua vez, dimensões que
devem ser analisadas. Uma discussão mais detalhada de cada um dos critérios
23
São aqueles com base nos quais o cliente vai efetivamente decidir quem vai
ser o seu fornecedor, dentre aqueles qualificados. A distinção é muito importante,
pois assim como é vão o esforço de aumentar excessivamente o nível de
desempenho nos critérios qualificadores, uma vez atingida a qualificação é
compensador o esforço de aumentar o desempenho nos critérios ganhadores de
pedidos, já que é nestes que o cliente baseia sua escolha de fornecimento. Um
exemplo doméstico simples pode ilustrar a idéia. Imagine como é o processo de
escolha de um encanador (bombeiro, no Rio de Janeiro) de plantão. Suponha que
um determinado cano da instalação de sua casa estourou no domingo de manhã, o
que o forçou a fechar o registro mestre e portanto ficar sem água. Você espera
convidados para o almoço e portanto tem urgência no conserto. Você liga para um
primeiro encanador que, por exemplo, lhe diz que pode ir de imediato pelo
equivalente a 400 dólares (falando em dólares preocupamo‐nos menos com a
inflação). Você imediatamente acha caro e estabelece, por algum mecanismo, o
24
quanto está disposto a pagar pela urgência (o conserto deveria ser o quanto
antes!), digamos, o equivalente a 100 dólares. Neste ponto, você estabeleceu seu
nível qualificador no critério competitivo preço. Para se qualificarem, os
encanadores devem fornecer um preço abaixo dos 100 dólares. Por um preço
acima deste valor, por exemplo, você prefere se desculpar com os convidados e
levá‐los a um restaurante, aguardando a segunda‐feira pela manhã, quando, você
sabe que seu encanador habitual estará trabalhando e fará o serviço por um preço
muito mais baixo. Você liga para outros dois encanadores de plantão. Ambos se
qualificam: o primeiro cobra o equivalente a 90 dólares e pode estar em sua casa
em 1 hora e o segundo cobra 70 dólares, mas só estará disponível em 3 horas.
Neste ponto, dado que ambos os fornecedores se qualificaram em preço (e também
assumindo que oferecem a mesma qualidade no serviço), você vai escolher com
base no tempo, pois o tempo de atendimento é o que realmente importa (mas,
conforme vimos, não a qualquer preço!). Neste caso hipotético, preço é um critério
qualificador e tempo de atendimento é um critério ganhador de pedidos.
25
Principais critérios
competitivos da manufatura:
Qualidade
que podem
QUALIFICADORES
ser,
Custos
conforme
o par
Velocidade de entrega
produto/mercado GANHADORES DE PED
analisado
Confiabilidade de prazos
Flexibilidade
Fig. 1.5 ‐ Critérios competitivos
Quais os objetivos que vão fazer com que a organização, por um lado se
qualifique e, por outro, efetivamente ganhe pedidos no mercado?
26
27
28
29
‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐
‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐
30
31
32
TEMPO
DISPARAM REPLANEJAMENTO
MUDANÇAS
RELEVANTES
Fig. 1.8 ‐ Replanejamento no processo proposto
33
SETOR A SETOR B
NEGOCIAÇÃO
(CLIENTE) (FORNECEDOR)
Critérios de desempenho
relevantes ao
fornecimento
Fig. 1.9 ‐ Relação entre setores: quebrando as barreiras
34
Horizonte .
de . Período n
planejamento .
Período 2
Período 1
critério nível de desempenho
desejado
A........................X
B........................Y
C........................Z
etc.
Critérios de desempenho
relevantes ao A negociação deve contemplar
fornecimento listas de critérios e níveis de desempenh
solicitado ao longo do tempo
(Ferramental para o setor cliente negoci
Fig. 1.9 ‐ A dinâmica do processo
Para que um setor possa negociar com os restantes, é importante que seus
membros se preparem previamente. Quando um setor‐cliente, por exemplo,
solicita um determinado conjunto de níveis de desempenho em critérios
priorizados para um determinado período no futuro, é importante que o
fornecedor possa avaliar quais são as alterações necessárias em seu setor para que
o conjunto de níveis de desempenho seja atingido. Mais do que isso, é necessário
que o setor‐fornecedor seja capaz de avaliar os custos e os tempos envolvidos na
execução das alterações necessárias. Isto é conseguido através do
desenvolvimento do que é denominado na figura 1.7. "MODELOS
CONTINGENCIAIS". Modelos contingenciais são modelos conceituais que permitam
que os negociadores do setor‐fornecedor sejam capazes de avaliar a viabilidade ou
não, das alterações estruturais e infra‐estruturais necessárias, além dos prazos e
custos envolvidos para o atingimento dos níveis de desempenho nos critérios
solicitados (contingências) pelo setor‐cliente.
35
Alterações
necessárias
Conjunto ? ! (estruturais e
Modelo
de critérios infra-estruturais)
contingencial
competitivos
Custos correspondentes
Ferramental para o setor-fornecedor
Prazos necessários
negociar (aspecto reativo)
Fig. 1.10 ‐ O papel dos modelos contingenciais
Cenário n
Cenário 2
Cenário 1
Alterações relevantes possíveis Conjunto n
Custos correspondentes Conjunto 2
Prazos necessários
Conjunto 1
de
desempenhos
Ferramental para o setor-fornecedor negociarresultantes
(aspecto proativo) nos critérios
"menus" (cenário 1)
Fig. 1.11 ‐ O papel dos cenários
36
Nos últimos 20 anos houve uma alteração substancial na forma que o papel
da produção dentro das organizações é percebido. Isto ocorreu por três motivos
básicos:
37
38
39
Concluindo, a idéia básica que se quer transmitir com este capítulo inicial é
que o isolamento ao qual a produção esteve sujeita ao longo de vários anos deve
acabar, dentro das organizações que pretendam competir no mercado mundial de
hoje e do futuro. Estratégia de manufatura é a respeito de integração, é a antítese
do isolamento. É a respeito de se determinar realisticamente (com base no
mercado alvo que se pretende atingir e em restrições internas) como se pretende
competir e focalizar esforços e orquestrar recursos para que se obtenha excelência
competitiva naqueles critérios que realmente importam.
40
41
34
Capítulo 2
O papel estratégico dos Sistemas de Administração da Produção
2.1. Introdução
Algumas atividades gerenciais típicas que devem ser suportadas pelos SAP são:
35
Ser capaz de saber da situação corrente das pessoas, dos equipamentos, dos
materiais, das ordens e de outros recursos produtivos da fábrica, de modo a
poder informar e, de modo geral, comunicar-se adequadamente com clientes
e fornecedores.
Ser capaz de prometer prazos com precisão aos clientes e, depois, cumprí-
los, mesmo em situações ambientais dinâmicas e, muitas vezes, difíceis de
prever.
A maioria das atividades gerenciais suportadas pelos SAP e listadas acima, têm
claras implicações estratégicas. Embora até recentemente consideradas operacionais,
elas afetam diretamente os níveis de desempenho do sistema de produção, em termos
36
Vale a pena, então, analisar com um pouco mais de detalhe as implicações das
decisões suportadas pelos SAP para cada um dos principais critérios competitivos da
manufatura.
Os custos dos sistemas produtivos são afetados diretamente pelos seus SAP, já
que estes são responsáveis, em grande parte, pela forma com que os recursos
estruturais (pessoas e equipamentos) da manufatura são utilizados:
Os SAP são responsáveis por permitir uma utilização equilibrada dos recursos
produtivos ao longo do tempo e entre recursos, evitando custos desnecessários de
demissão, admissão, subcontratação, horas extras, ociosidade, além dos custos menos
evidentes decorrentes da necessidade de variar excessivamente os níveis de ocupação
dos recursos. Exemplos destes custos menos evidentes são os decorrentes da redução
nas taxas de produtividade e qualidade devido ao desempenho inicialmente baixo dos
37
novos funcionários, que precisam de tempo para serem treinados e os custos extras de
controle de serviços subcontratados de terceiros.
Os SAP são responsáveis por permitir uma programação inteligente que permita
minimizar os tempos gastos com trocas excessivas de produtos nos equipamentos,
como custos com a preparação de máquinas e/ou setores. Isto é especialmente
importante no caso de equipamentos e setores que representem gargalos do sistema
produtivo. Para estes, menos tempo parado para troca de ferramentas repercute
diretamente em mais tempo utilizado de forma produtiva, na agregação de valor aos
produtos.
tempo é valor, já que tempos curtos economizam custos relevantes para o sistema
produtivo e, simultaneamente, beneficiam o cliente (Slack, 1991), servindo-o bem
num critério que o mercado tem valorizado mais a cada dia: a rapidez de entrega.
Mover informações e materiais de forma ágil está no coração de um sistema de
manufatura enxuto e os prazos curtos de atendimento a clientes mostram-se como um
dos principais e mais importantes critérios competitivos dos mercados de hoje e do
futuro. Analisemos brevemente as principais vantagens de se ter ciclos de produção
curtos.
Isto significa que as empresas que conseguirem reduzir seus tempos de entrega,
poderão comandar preços mais altos e, ao mesmo tempo, assegurar a lealdade dos
melhores e mais cobiçados clientes do mercado. As vantagens que os tempos de
resposta mais curtos trazem para os clientes são claras: eles passam a necessitar
planejar suas compras com antecedência menor e portanto podem postergar suas
decisões até uma data mais próxima da data na qual eles necessitam receber os bens
adquiridos. Isto significa que os clientes podem decidir com maior grau de certeza, já
que as previsões, nas quais a decisão de comprar se baseiam, passam a ser de prazo
mais curto e portanto, mais precisas. Isto reduz os níveis de incerteza sob os quais o
cliente trabalha. O cliente também pode reduzir os tempos dos seus próprios ciclos
produtivos totais, em decorrência da redução dos seus tempos de obtenção de
suprimentos, podendo isto ser mais ou menos importante estrategicamente para ele
(nunca, entretanto, será indiferente ou totalmente irrelevante).
Embora não faça diferença para o cliente se ele for atendido a partir de um
grande estoque de produtos acabados ou não, para o sistema de manufatura esta
diferença é crucial. Dois sistemas podem obter, de formas totalmente diversas, os
mesmos níveis de desempenho, em termos do tempo de entrega percebido pelo
cliente. Um deles, por exemplo, pode fazê-lo às custas de altos níveis de estoques de
produtos finais ou de produtos semi-acabados, mesmo tendo um sistema de produção
40
pouco ágil (sem velocidade). O outro, por outro lado, pode obter os mesmos níveis de
tempos de entrega percebidos pelo cliente mas sem a necessidade de utilizar altos
níveis de estoques, mas através da velocidade de fluxo, a partir de um sistema ágil e
enxuto, sem desperdícios e estoques excessivos. A diferença entre os dois é que o
sistema veloz, além das vantagens externas, é capaz de capitalizar as vantagens
internas da redução dos tempos de ciclo, enquanto o sistema com altos estoques
provavelmente será apenas capaz de capitalizar as vantagens externas. Analisemos
quais seriam as vantagens internas da velocidade (Slack, 1991):
Ciclo total P
Ciclo D
Atividades especulativas
tempo
Figura 2.1 - Ciclos no processo produtivo
Quanto mais tempo uma determinada ordem gasta dentro do sistema produtivo,
mais custos ela consome: custos com controle do material, com armazenagem,
movimentação, entre outros. Uma ordem de produção que passa rápido pelo sistema
necessita muito menos atenção gerencial e portanto consome menos recursos da
organização. Estes recursos podem, se economizados no controle de estoques
improdutivos, ser direcionados para o planejamento e as melhorias do processo.
Material que passa rapidamente pelo sistema produtivo não pode gastar muito
tempo na forma de estoque em processo, esperando para ser processado. Do tempo
total que o material gasta dentro do sistema produtivo (movimentando-se, aguardando
para ser processado e sendo efetivamente processado), de longe a maior parte do
tempo é gasta esperando para ser processado.
Material esperando para ser processado significa capital parado, durante uma
atividade que não agrega valor ao produto, portanto, acarreta custos desnecessários.
Além disso, a redução dos estoques (que é um dos efeitos - ou serão causas? - práticos
do aumento da velocidade de passagem das ordens pelo sistema produtivo), também
42
empresas passam a necessitar entregas mais frequentes e confiáveis por parte dos seus
fornecedores, já que com baixos níveis de estoques de segurança, o atraso de um
fornecimento pode repercutir em parada na produção, com custos decorrentes, muitas
vezes, elevados.
Destes cinco passos, os SAP têm atuação direta, pelo menos nos três primeiros.
Analisemos cada um destes em mais detalhe:
Na grande maioria das vezes em que algo dá errado nos sistemas de produção, a
culpa é atribuída a algum evento inesperado. Estes eventos inesperados, muitas vezes,
entretanto, poderiam ter sido previstos e gerenciados por algum método de previsão e
por planos contingenciais (planos que tentam contemplar ações necessárias na
eventualidade de ocorrências futuras atípicas). Mudanças não esperadas na demanda,
no suprimento de insumos e no processo em si devem merecer um tratamento, tanto
quanto possível, antecipado, por parte da organização para que se desenvolvam
mecanismos que permitam o seu gerenciamento, sem prejuízos relevantes da
confiabilidade do sistema.
44
Para se ter uma idéia da flexibilidade de um sistema, não basta analisar quanto
um sistema consegue se alterar, para responder a uma mudança (por exemplo, quanto
diferente é um produto que o sistema é capaz de introduzir para atender a uma nova
demanda), mas também o quanto de fricção (custo, tempo e esforço organizacional)
esta resposta demandou. Definem-se, então, a partir disto, duas dimensões de
flexibilidade: flexibilidade de faixa (o quão diferentes são os estados que o sistema
consegue assumir) e flexibilidade de resposta (o quanto eficientemente se dá a
mudança entre estados) (Slack, 1991).
manutenção preventiva.
manutenção corretiva.
Neste sentido fica muito clara a influência que os SAP podem ter no aumento da
flexibilidade, notadamente de resposta, dos sistemas de produção, tanto para melhor
responder às solicitações de mudanças (na demanda) por parte dos clientes, como para
melhor responder a mudanças não esperadas e, potencialmente prejudiciais, relativas
ao fornecimento de insumos e ao processo propriamente dito.
um bom sistema de informações é suficiente para que uma organização consiga que
seus setores se comuniquem eficazmente e consigam ter um padrão coerente e
focalizado de tomada de decisões. Já se discutiu, no primeiro capítulo, a necessidade
de, mais do que garantir que a informação adequada chegue em tempo aos pontos
certos de tomada de decisão, assegurar que os objetivos e o padrão de decisões
tenham sido o resultado de um processo cuidadoso e participativo de negociações
entre os setores envolvidos, para que se consigam os níveis de comprometimento
necessários por parte dos tomadores de decisão destes setores.
3.1. Introdução
O Just-in-Time (JIT) surgiu no Japão, nos meados da década de 70, sendo sua
idéia básica e o seu desenvolvimento creditados à Toyota Motor Company, a qual
buscava um sistema de administração que pudesse coordenar, precisamente, a
produção com a demanda específica de diferentes modelos e cores de veículos com o
mínimo atraso.
O sistema de "puxar" a produção a partir da demanda, produzindo em cada
estágio somente os itens necessários, nas quantidades necessárias e no momento
necessário, ficou conhecido no Ocidente como sistema Kanban, que é o nome dado
aos cartões utilizados para autorizar a produção e a movimentação de itens, ao longo
do processo produtivo, como será visto mais adiante neste capítulo. Contudo, o JIT é
muito mais do que uma técnica ou um conjunto de técnicas de administração da
produção, sendo considerado como uma completa filosofia, a qual inclui aspectos de
administração de materiais, gestão da qualidade, arranjo físico, projeto do produto,
organização do trabalho e gestão de recursos humanos, entre outros.
Embora haja quem diga que o sucesso do sistema de administração JIT esteja
calcado nas características culturais do povo japonês, mais e mais gerentes têm se
convencido de que esta filosofia é composta de práticas gerenciais que podem ser
aplicadas em qualquer parte do mundo. Algumas expressões são geralmente usadas
para traduzir aspectos da filosofia Just-in-Time:
produção sem estoques
eliminação de desperdícios
3.2. Objetivos
O sistema JIT tem como objetivos fundamentais a qualidade e a flexibilidade. A
atuação do sistema JIT no atingimento destes dois objetivos dá-se de maneira
integrada, ou seja, os objetivos são, também, pressupostos para a implementação do
sistema. Os objetivos de qualidade e flexibilidade, quando estabelecidos quanto ao
2
Com esta prática o JIT visa fazer com que o sistema produtivo alcance melhores
índices de qualidade, maior confiabilidade de seus equipamentos e maior
flexibilidade, principalmente através da redução dos tempos de preparação de
máquinas, permitindo a produção de lotes menores e mais adequados à demanda do
mercado.
Vejamos a seguir mais detalhes da filosofia JIT.
4
custo total
custo de
manutenção do
estoque
custo de obtenção
tamanho do lote
LEP
Erros
A abordagem tradicional encara os erros como inevitáveis, devendo ser
considerados no planejamento para que a operação não seja surpreendida. Dada a
ocorrência de erros, a produção deve ser inspecionada e os itens defeituosos
retrabalhados em estações de trabalho específicas ou, caso não seja possível,
refugados. A filosofia JIT não considera os erros como inevitáveis, assumindo
explicitamente a meta de eliminá-los totalmente. A situação pretendida de não
ocorrência absoluta de erros pode ser considerada inatingível, contudo, o
estabelecimento desta meta é o que leva ao movimento de melhoria ou aprimoramento
contínuo, que pode resultar em índices de defeitos extremamente baixos.
O erros e defeitos, na filosofia JIT, tem uma importância fundamental como
fonte de informações para o aprimoramento contínuo. Através da análise dos erros
pode-se descobrir porque o processo não é à prova de falhas e, com a investigação
persistente de cada defeito e sua causa, pode-se gradativamente, projeto a projeto,
aprimorar o processo para que ele não produza mais falhas. Aderir à meta de "zero
defeitos" implica em assumir o espírito do aprimoramento contínuo em todos os
aspectos da empresa, desde o projeto dos produtos até o desempenho do processo. O
monitoramento da qualidade do produto e do processo exige que o desempenho
nesses aspectos esteja visível a todos que podem contribuir para o aprimoramento.
Gráficos de controle podem ser encontrados em toda parte nas fábricas que adotaram
a filosofia JIT. Como será visto, a própria organização da fábrica deve favorecer a
visibilidade dos erros para a sua fácil identificação.
10
Utilização da capacidade
É comum que um dos índices importantes de desempenho da fábrica seja a taxa
de utilização dos equipamentos, fazendo com que os gerentes procurem mantê-los
sempre operando, visando justificar o investimento. Contudo, esta prática pode levar a
algumas distorções. Consideremos a situação da figura 3.6, na qual temos dois centros
de produção: CP1 e CP2.
Operações Precedentes
Produto Z
Operações Seguintes
Produto Y
Neste ponto pode surgir a questão: O que ocorre se a demanda é muito variável
no tempo? Ou ainda, o que ocorre se a variedade de produtos e componentes é muito
grande, fazendo com que a demanda de cada componente seja instável? Produzir
apenas segundo as necessidades não exigiria muita capacidade produtiva para garantir
o atendimento aos picos de demanda, ao mesmo tempo em que se teria períodos de
alta ociosidade, resultando em taxas de utilização muito baixas? A resposta é sim.
Exatamente por estes motivos impõem-se alguns pressupostos para a implementação
da filosofia JIT: demanda razoavelmente estável ao longo do tempo e faixa de
produtos restrita. Contudo, é bom que se diga que a ênfase no fluxo traduz-se em
taxas de utilização de equipamentos geralmente mais baixas do que aquelas que se
obtém com a abordagem tradicional, exigindo uma certa capacidade em excesso.
A estabilidade da demanda, quando esta não é a característica do mercado a ser
atendido, pode ser conseguida às custas de estoques de produtos finais. A presença
desses estoques dá certa independência à produção para que produza em regimes mais
estáveis, adequados ao conjunto de princípios da filosofia JIT, sendo uma alternativa
utilizada por várias empresas, inclusive japonesas. O problema da faixa de produtos
será analisado com mais detalhe quando tratarmos do projeto para a manufatura JIT.
Quando o piso da fábrica está limpo, qualquer coisa que caia no chão é
imediatamente identificada e recolhida. Os desperdícios ficam facilmente visíveis,
assim como tudo o que está fora do lugar. Este é o princípio da visibilidade, tão
importante na filosofia JIT: "Um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar".
zero defeitos
tempo zero de preparação (setup)
estoques zero
movimentação zero
quebras zero
"lead time" zero
lote unitário (uma peça)
Embora pareçam muito ambiciosas, se não inatingíveis, aos olhos da abordagem
tradicional, estas metas garantem o processo de esforço para melhoria contínua e não
aceitação da situação atual.
Baixo volume,
baixa Múltiplos Poucos Alto volume,
padronização, Produtos, produtos, Alta
Processos um de cada tipo Baixo volume Mais volume Padronização
Restrições
Batch econômicas
Variedade
de
Processo
Linha Restrições
tecnológicas
Produto A Produto B
X Y X W
Produto C
X Z
2
T T T FR FR FR
3
4
3
FR FR
T T T
5
6
F F F F P P
2
5
F F F F P P P
4
1
6
O arranjo físico geralmente utilizado nas empresas que adotam o sistema JIT é o
arranjo físico celular. O layout celular é uma tentativa de linearização do layout
funcional ou por processo. O layout linear, no qual os equipamentos estão dispostos
segundo o roteiro de produção dos produtos, é o arranjo mais eficiente pois reduz ao
mínimo a movimentação de materiais, assim como as filas e tempos gastos com
preparação, já que os equipamentos são dedicados a um ou poucos produtos similares.
O espaço é ocupado também eficientemente e o estoque em processo é bastante
21
T FR
FR
1 2
F
F P
T FR
T T
F
4
3 P
F
P F
FR P
T FR
T
F
6 5
F
P F
T T
F
3 A B
F
FR P
Figura 3.11 - Célula de manufatura com seis máquinas operada por dois
operadores
É importante notar, também, que o layout celular traz algumas desvantagens,
impondo algumas restrições ao processo. Tais desvantagens incluem a redução da
flexibilidade do sistema de manufatura e a maior ocorrência de máquinas paradas,
dado que os equipamentos são dedicados às células, não podendo ser compartilhados
por produtos ou componentes fabricados em outras células, caso o "mix" de produtos
de produtos varie substancialmente ao longo do tempo, fazendo variar a carga de
trabalho nas células. Outra desvantagem geralmente presente é a maior necessidade
de capacidade (quantidade de equipamentos) em relação ao layout funcional.
23
permanecem ociosas pois somente recebem outro produto para processar a intervalos
iguais ao tempo de ciclo da linha como um todo. Como consequência, grande ênfase é
dada ao balanceamento das linhas, visando aumentar a produtividade. É comum que
sejam utilizados sofisticados programas de computador para este balanceamento que,
uma vez executado, procura-se mantê-lo por um longo período, produzindo-se uma
grande quantidade de produtos para os quais a linha foi balanceada.
O balanceamento da linha, como foi descrito, assemelha-se à preparação de uma
grande máquina que, em virtude do alto custo da repreparação (mudança de produto
na linha), deve produzir em grandes lotes. Já foi bastante evidenciada a preocupação
da filosofia JIT de reduzir os tempos e custos de preparação de equipamentos e o
enfoque nas linhas de produção é similar. A ênfase prioritária do sistema JIT para as
linhas de produção é a flexibilidade, ou seja, espera-se que as linhas de produção
sejam balanceadas muitas vezes, para que a produção esteja ajustada às variações da
demanda. Para conseguir esta flexibilidade, a gerência da linha no sistema JIT
apresenta algumas características especiais.
A A A A A A A A A
A
O estoque de
segurança de
C
caixas de bomba Linha de
Linhas de é desprezível
Fabricação Montagem C
Retífica B
C
Fresagem B
Desbaste B C
Esmerilhagem B
Capacidade: 64 por dia ou
C
8 por hora (6 B's
Chanfragem B
ou 6 C's por hora
e 12 A's po hora)
Furação B C
C B A A C B A
A
O estoque de B
segurança de
caixas de bomba Linha de
Linhas de A
é desprezível
Fabricação Montagem
A
Retífica A
C
Fresagem A
B
Desbaste C
B
Esmerilhagem A
Capacidade: 64 por dia ou
A
8 por hora (6 B's
Chanfragem A
ou 6 C's por hora
B
e 12 A's po hora) A
Furação C
padrões, através de quadros e cartazes por toda a fábrica. Dessa forma todos,
operários, gerentes e clientes, podem estar cientes da situação referente à
qualidade.
Redução de estoques
Rápida e/ou de trabalhadores
Idéias para Idéias para Realimentação
Idéias para
reduzir o aprimorar a em Relação
controlar os
tamanho execução da aos Defeitos
defeitos
dos lotes produção JIT
Controle
Redução no Produção Ritmo de
sobre a
Tamanho produção
Qualidade
dos Lotes JIT mais regular
e Refugos
Menos material, mão de obra e insumos para uma produção igual ou maior = Maior Produtividade
Menos estoques no sistema = Respostas mais rápidas ao mercado, melhores previsões e menos administração
7. Saiba para que a máquina deverá ser preparada. Não dê à máquina mais usos
do que o necessário. Isto significa programar para uma máquina produtos e
componentes que utilizem a mesma preparação ou exijam preparação
simples na troca de um produto para outro.
uma soma de vários lotes pequenos de produção, os quais serão movimentados para as
operações seguintes assim que terminados. Desse modo o lote de movimentação, no
sistema JIT, é sempre pequeno e eventualmente menor que o lote real de produção,
num determinado momento. Este fato poderá ser verificado na explicação do sistema
kanban.
2 Maiores detalhes sobre este assunto foram discutidos no item 3.5.1 - Projeto para manufatura JIT
38
A A A A A A A A A A B B B B B C C C
ou ainda,
A A B A A C B A A B A A C B A A B C
B 6 700 35 3.50
C 6 400 20 2.00
Total 1800 90 7.25
91%
86%
KP - Kanban Produção
N.o da Peça: 1213
Descr.: Rotor tipo C
Lote: 12 peças
C. P.: célula J-32
Arm.: J-32
KT - Kanban Transporte
N.o da Peça: 1213
Descr.: Rotor tipo C
Lote: 12 peças
C. P. de origem: célula J-32
C. P. de destino: posto L-45 (linha)
para o centro de
produção do rotor
do tipo C
43
Centro de Centro de
Produção Produção
KT
M-12 KP KT
J-32 KP
4
KT KP KT KP
3
OOO OOO 6 OOO OOO
OOO OOO OOO OOO
5
KT
Centro de Centro de
Produção Produção
KT
M-12 KP KT
J-32 KP
KP
10
KT KP
9 7 11
OOO 8 OOO OOO
OOO OOO OOO
KT
Fluxo de material
Fluxo do kanban de transporte
Fluxo do kanban de produção
dará prioridade ao material que tiver o maior número de kanban no painel, pois isto
indica que existe menos estoque entre o seu centro de produção e o seguinte.
O número de cartões kanban entre dois centros de produção determina o estoque
de material entre estes dois centros, pois a cada um corresponde um conteiner
padronizado de peças. Em geral, o número de cartões kanban de transporte e de
cartões kanban de produção são iguais, distribuindo o estoque entre os postos de
armazenagem dos dois centros. O processo de retirada gradual do estoque, comentado
anteriormente, pode ser feito retirando-se cartões kanban do sistema. Sem kanban de
produção, o centro de trabalho não é acionado; sem kanban de transporte, o material
não é movimentado.
3.7. Sumário
O Sistema de Administração da Produção Just-in-Time, é mais do que um
conjunto de técnicas, sendo considerado uma filosofia de trabalho. Seus objetivos
fundamentais são a qualidade e a flexibilidade do processo. Esta filosofia diferencia-
se da abordagem tradicional de administrar a produção nos seguintes aspectos:
O sistema JIT pode ser definido como um sistema de manufatura cujo objetivo é
otimizar os processos e procedimentos através da redução contínua de desperdícios.
Os desperdícios atacados podem ser de várias formas como: desperdício de super
produção, desperdício de material esperando no processo, desperdício de transporte,
desperdício de processamento, desperdício de movimento dnas operações, desperdício
de produzir produtos defeituosose desperdícios de estoque. As metas colocadas pelo
JIT em relação aos vários problemas de produção são:
zero defeitos
tempo zero de preparação (setup)
estoques zero
movimentação zero
quebras zero
"lead time" zero
lote unitário (uma peça)
3.8. Conclusões
Custo
Dados os preços pagos por equipamentos, materiais e mão de obra, os custos de
cada um desses faores é reduzido ao essencialmente necessário. As características do
sistema JIT, o planejamento e a responsabilidade dos encarregados da produção
pelorefinamento do processo produtivofavorecem a redução de desperdícios. Isto
pode ser notado, por exemplo, no esforço para eliminar as operações desnecessárias
ao produto, já na fase de projeto. Adicionalmente a estes esforços de fazer do tempo
em que valor é agregado ao produto, o mais eficiente possível, esforços também são
gastos no sentido de eliminar o tempo gasto com atividades que não agregam valor ao
produto. A redução dos tempos de "setup", interno e externo, além da redução dos
tempos de movimentação, dentro e fora da empresa, são exemplos claros disso.A
flexibilidade dos postos de trabalho e dos trabalhadores se constituem num elemento
chave que permite o ajuste contínuo necessário à maximização da eficiência da
produção.
A produção JIT reduz os custos através da minimização de estoques. Não pode
haver formação de estoque em processo desnecessariamente. Matéria primas e
componentes comprados são mantidos em volumes baixos por todo o tempo, através
de entregas frequentes de pequenas quantidades. O estoque de produtos acabados
representa apenas a quantidade planajada na programação mensal e diária. O sistema
kanban de controle também favorece a redução de estoques pela simples retirada de
cartões do sistema. O número de cartões kanban é uma medida real do volume de
estoques do sistema. O esforço de minimizar o tamanho dos lotes também reduz o
nível médio de estoques.
Lotes pequenos e os reduzidos tempos de preparação de máquina resultam em
menores ciclos de produção ("lead times"). A rápida adptação às variações da
demanda não só deixam os clientes satisfeitos, mas também previnem contra
produção de estoques excessivos.
49
Qualidade
O projeto do sistema evita que os defeitos fluam ao longo do fluxo de produção;
o único nível aceitável de defeitos é zero. A pena pela produção de itens defeituosos é
alta, isto é, a parada da produção. Isto motiva a busca das causas dos problemas e das
soluções que eliminem as causas fundamentais destes problemas. Os trabalhadores
são treinados em todas as tarefas de suas respectivas áreas, incluindo a verificação da
qualidade. Sabem, portanto, o que é uma peça com qualidade e como produzí-la. Se
um lote inteiro for gerado de peças defeituosas, o tamanho reduzido dos lotes
minimizará o número de peças afetadas. O aprimoramento da qualidade faz parte da
responsabilidade dos trabalhadores da produção, estando incluída na descrição dos
seus cargos.
Flexibilidade
O sistema Just-in-Time aumenta a flexibilidade principalmente pela redução dos
tempos envolvidos no processo. Embora o sistema não seja muito flexível com
relação à faixa de produtos oferecidos ao mercado, como foi comentado, a
flexibilidade dos trabalhadores contribui para que o sistema produtivo seja mais
flexível em relação às variações do mix de produtos. Através da manutenção de
estoques baixos, um modelo de produto pode ser mudado sem que se tenha muitos
componentes obsoletos. Como o projeto dos componentes comprados é geralmente
feito pelos próprios fornecedores a partir de especificações funcionais, ao invés de
especificações rígidas de projeto, os componentes podem ser desenvolvidos de uma
maneira consistente com o processo produtivo do fornecedor.
Velocidade
50
Confiabilidade
A confiabilidade das entregas também é aumentada através da ênfase na
manutenção preventiva e da flexibilidade dos trabalhadores, o que torna o processo
mais robusto. As regras do kanban e o princípio da visibilidade permitem identificar
rapidamente os problemas que poderiam comprometer a confiabilidade, permitindo
sua imediata resolução.
Elaborar fluxogramas
detalhados para
- fluxo de materiais
- fluxo de documentos
- fluxo de informações
Simplificar os fluxos
removendo atividades
que não agregam valor
Redefinir o trabalho visando Classificação ABC
flexibilidade dos fornecedores
Apimorar processos e
reduzir os tempos de
preparação
Capítulo 4
MRP II: a abordagem do cálculo de necessidades
4.1. Introdução
4.2. Objetivos
Os objetivos principais dos sistemas de cálculo de necessidades são de permitir
o cumprimento dos prazos de entrega dos pedidos dos clientes com mínima formação
de estoques, planejando as compras e a produção de itens componentes para que
ocorram apenas nos momentos e nas quantidades necessárias, nem mais e nem menos,
nem antes e nem depois.
A discussão dos principais objetivos do MRP II é importante neste ponto
porque, em geral, a bibliografia não os explicita, negligenciando a discussão em torno
da adequação estratégica dos sistemas à necessidade da empresa. É inegável que, em
geral, o cumprimento dos prazos e a redução dos estoques são desejáveis. Entretanto,
serão objetivos prioritários em todas as situações e para todas as empresas?
Provavelmente não. A priorização de objetivos estratégicos é uma consideração que
depende da particular empresa, dos seus produtos e dos particulares nichos de
mercado que se pretendam atingir.
Desta forma, os sistemas do tipo MRPII são mais adequados àquelas empresas
cujos objetivos estratégicos prioritários forem aqueles especialmente privilegiados
pela técnica: o cumprimento de prazos e a redução de estoques. Muitas empresas
encaixam-se nesta categoria: num ambiente crescentemente competitivo, o
cumprimento de prazos ganha importância e ao mesmo tempo, os altos custos da
manutenção de estoques (custos financeiros e outros, como os custos decorrentes da
"capacidade" de os estoques mascararem ineficiências do processo) sugerem,
normalmente, a redução dos seus níveis pelas empresas.
107
feira pela manhã (a fabricação leva 2 dias). Para isto, é necessário que um número
suficiente (para produzir 2 unidades do produto A) de operários de fabricação e suas
ferramentas esteja disponível durante a quarta e quinta-feira e é preciso também que
os materiais necessários para a produção de 2 produtos A estejam comprados e
disponíveis na quarta-feira pela manhã, para início da fabricação. Para isto, é
necessário que as compras se dêem durante a segunda e terça-feira (as compras levam
2 dias).
Neste ponto, é importante diferenciar estes dois conceitos, que estão no coração
da utilização do cálculo de necessidade: os conceitos de itens de demanda
independente e itens de demanda dependente.
2X
B C
D E
Fig. 4.3 - Relações entre itens-pais e itens-filhos
Estrutura do produto
A estrutura de produtos é uma estrutura que descreve todas as relações pai-filho,
entre itens que são componentes de um mesmo produto final. A figura abaixo
representa a estrutura do produto final A.
2X
B C
D E
Fig. 4.4 - Exemplo de estrutura de produto
"Lead-time"
O "lead-time", ou tempo de ressuprimento de um item é o tempo necessário
para o seu ressuprimento. Se um item é comprado, o "lead-time" refere-se ao tempo
decorrido desde a colocação do pedido de compra até o recebimento do material
comprado. Se se trata de item fabricado, o "lead-time" refere-se ao tempo decorrido
desde a liberação de uma ordem de produção até que o item fabricado esteja pronto e
disponível para uso.
De posse destes dados (estrutura do produto e "lead-time" dos itens), além das
necessidades (quantidades e datas) de produtos finais, é possível calcular as
necessidades de todos os itens componentes.
113
A 1 semana
B 2 semana
C 1 semana
D 1 semana
E 2 semana
B
LT=2
A
LT=2
D
LT=1
C(X2)
LT=1
E
LT=2
15 16 17 18 19 t (semanas)
OC =100OC =50 OP =100OP =50 P =50
E B C A A
OC =100
D
Note que este cálculo foi feito considerando que, em nenhum momento, a
empresa tinha estoque de itens ou de produtos acabados. Isto nem sempre é verdade.
Frequentemente, as empresas carregam estoques de itens por diversos motivos, o que
faz com que nem sempre seja necessário produzir o total das necessidades brutas dos
itens, mas apenas a diferença entre o cálculo das necessidades brutas e o estoque
disponível do item no determinado instante. Para que este cálculo seja possível, é
necessário que o sistema considere a posição dos estoques dos diversos itens ao longo
do tempo, para que seja capaz de saber a quantidade de estoque disponível, no
momento em que o específico item seja necessário. Desta forma, o sistema poderá
calcular uma necessidade líquida para o item, que será a quantidade da ordem
liberada. Surgem, então, dois novos e importantes conceitos: necessidades brutas e
necessidades líquidas.
Necessidades brutas
São as quantidades necessárias dos itens-filho (componentes) para atender a
determinada quantidade de um item-pai que necessita ser produzido, desconsiderando
as quantidades em estoques dos itens-filho, ao longo do tempo. São as quantidades de
itens-filhos que devem estar disponíveis para a produção do item-pai.
Necessidades líquidas
São as necessidades de itens-filhos (componentes) para suprir a produção de
determinada quantidade de um item-pai, descontadas as posições dos estoques já
existentes de itens-filhos (e que, portanto, não necessitam ser produzidos ou
comprados). Em outras palavras são as quantidades de itens filhos que devem ser
efetivamente obtidas - via compra ou manufatura - para a produção do item-pai.
B 18 5
C 18 10
D 17 10
E 17 5
Esquematicamente:
Estoque D = 10
Estoque E = 5
Estoque B = 5
Estoque C = 10
Estoque A = 10
B
LT=2
A
LT=2
D
LT=1
C(X2)
LT=1
E
LT=2
15 16 17 18 19 t (semanas)
OC =65 OC =35 OP =70 OP =40 P =50
E B C A A
OC =60
D
MRP II
Com a popularização do uso da técnica de cálculo de necessidades de materiais
e com mais pesquisa sendo feita quanto à aplicação prática dos princípios de MRP a
situações práticas de produção, não tardou que alguns pesquisadores percebessem que
a mesma lógica de cálculo de necessidades poderia, com relativamente pouco esforço
adicional, ser utilizada para o planejamento de outros recursos de produção (como as
necessidades de mão-de-obra e de equipamentos), além dos materiais. O esforço
adicional necessário estava ligado à necessidade de informações adicionais (como os
centros produtivos, roteiros de produção e taxas de consumo de recurso por item
produzido) à base de dados que o MRP já utilizava. A lógica é tão simples como a do
cálculo de necessidade de materiais. Observe a figura 4.6. O tempo de montagem do
117
Estoque D = 10
Estoque E = 5
Estoque B = 5
Estoque C = 10
Estoque A = 10
B
LT=2
A
LT=2
D
LT=1
C(X2)
LT=1
E
LT=2
materiais
15 16 17 18 19 t (semanas)
OC =60 OC =35 OP =70 OP =40 P =50
E B C A A
OC =60
D
limite de
capacidade
ocupação
recurso
montagem A
16 17 18 19 t (semanas)
Planejamento
de produção
Planejamento
mestre de
produção
Registros
de itens e
Plano mestre
estruturas
de produção
Planejamento
de recursos
(agregado)
Cálculo de Cálculo de
necessidade necessidade
de capacidade de materiais
Plano (detalhado) de
Registros
materiais e capacidade
de posição
Registros de de estoques
roteiros de
produção
Controle de
produção
O registro do MPS
Usar registros período-a-período como a base para o planejamento mestre de
produção faz com que seja possível e relativamente fácil sistematizar o uso de
computador para este fim. Além disso, este formato é compatível com o registro do
MRP (a ser apresentado em seção subsequente deste livro). A figura abaixo
representa um registro simplificado de MPS, com um estoque inicial do produto em
questão de 20 unidades, previsão de vendas estável e uniforme de 10 unidades por
semana, com MPS também de 10 unidades por semana. A linha MPS representa o
momento em que a ordem deve ser completada, ou seja, se MPS traz 10 unidades na
semana 3, isto significa que as 10 unidades devem ser completadas durante a semana
3. O registro mostra um período de 12 semanas (horizonte de planejamento).
todos os componentes são determinados pelo MRP. Neste sentido o MPS dirige o
MRP, conforme representado na figura 4.8.
De forma similar ao que ocorre com o MPS, o MRP também se baseia num
registro básico que representa a posição e os planos com respeito à produção e
estoques de cada item, seja ele um item de matéria-prima, semi-acabado ou acabado,
ao longo do tempo. Este registro é chamado registro básico do MRP período-a-
período ("MRP time-phased record").
O processo de montagem da mesa foi definido pela empresa como tendo duas
etapas: numa primeira etapa, é feita a montagem do conjunto base, formado pelas
pernas e travessas. Numa segunda operação, o conjunto base é montado ao tampo. A
figura abaixo ilustra a estrutura de produto para a mesa:
mesa
04418
tampo base
04211 04778
4X 4X
perna travessa
02544 03232
131
semanas
Montagem da mesa* 1
Montagem conjunto base** 1
Compra travessas 1
Compra pernas 2
Compra tampo 2
*assumindo que o tampo e o conjunto base montado
estejam disponíveis
**assumindo que as pernas e travessas estejam
disponíveis
compra travessas
compra pernas
compra tampo
montagem base
montagem mesa
0 1 2 3 4 t (semanas)
Programação "para a frente" de atividades para manufatura
da mesa (item 04418)
compra travessas
compra pernas
compra tampo
montagem base
montagem mesa
0 1 2 3 4 t (semanas)
Programação "para trás" (lógica do MRPII) de atividades
para manufatura da mesa (item 04418)
MPS 20 10 10 30 20 30
MPS Mesa 20 10 30 20 30
Tampo 04211
necessidades brutas 20 10 30 20 30
recebimentos programados
necessidades brutas 20 10 30 20 30
recebimentos programados 15
X4
Travessa 03232
recebimentos programados
Perna 02554
necessidades brutas dos seu itens filhos, porque é necessário que os itens filhos
estejam disponíveis nas quantidades necessárias, quando da liberação da ordem de
montagem do item pai.
que busca garantir que o que foi planejado será executado da forma mais fiel possível
aos planos.
A partir daí, segundo Vollmann et. al. (1992), a tarefa do módulo de controle de
fábrica pode ser comparada com aquela de um caçador de patos, tentando atingir um
alvo móvel: sistemas de controle e acompanhamento devem interagir, de forma a
buscar cumprir os prazos. Há importantes interações entre o módulo de controle de
fábrica e os módulos de planejamento das necessidades de materiais (MRP) e
planejamento das necessidades de capacidade (CRP). As re-alimentações são de dois
tipos: informações de status (posição do sistema) e sinais de alerta. Informações de
status incluem onde estão as ordens, contagens de verificação de quantidades,
fechamento de ordens, entre outros. Os "sinais de alerta" sinalizam para possíveis
inviabilidades no plano de materiais, isto é, se é possível, no nível detalhado, executar
o que foi planejado de forma mais agregada.
O módulo de controle de fábrica normalmente usa algorítimos de programação
finita, com base em regras de sequenciação, para proceder ao carregamento detalhado
das ordens nos recursos dentro de um período de planejamento e definir sequências
preferenciais para a execução das ordens nos centros produtivos.
A forma "net-change" é diferente. Sempre que ocorre pelo menos uma alteração
com referência a um item, este é "marcado" pelo sistema. Estas marcas vão servir de
base para que o processamento "net-change" recalcule necessidades e regere as
ordens, apenas dos itens marcados. Com isso o tempo de processamento fica muito
reduzido, já que apenas os itens que sofreram alterações no período são recalculados.
Normalmente, as empresas se utilizam das duas formas de processamento -
normalmente processando "net-change" diariamente e regenerativo com a
periodicidade discutida acima. A razão de se rodar regenerativo é "limpar" a base de
informações do sistema. Caso se processe o MRPII apenas no modo "net-change" por
um período longo, haverá uma tendência de as ordens ficarem mais "picadas", com
ordens pequenas possívelmente sendo geradas para atender a alterações localizadas.
Como o processo regenerativo parte do programa mestre e regera completamente as
todas ordens planejadas, é possível ao sistema, com uma "visão" global, reagrupar as
necessidades "picadas" em um número mais conciso de ordens de produção e compra.
por exemplo, sempre uma determinada quantidade mínima de peças, a cada vez que
realiza a preparação da máquina, mesmo que esta quantidade mínima supere a
quantidade dada estritamente pela necessidade líquida calculada. Desta forma, a
empresa pode reduzir os tempos gastos de preparação e portanto, aumentar a taxa de
utilização dos seus equipamentos. Por outro lado, trabalhando com lotes de produção
maiores, o sistema de produção carregará provavelmente níveis mais altos de estoque
em processo, com todas as desvantagens correspondentes (custos - financeiros,
administrativos e outros - de se manterem os níveis mais altos de estoques, além dos
custos mais dificilmente quantificáveis, como aqueles decorrentes da capacidade que
os estoques têm de esconderem ineficiências no processo - vide capítulo 3).
É importante que se frise que o aumento do tamanho dos lotes pode ajudar o
sistema produtivo a conviver melhor com os custos fixos decorrentes do atendimento
das ordens. Entretanto, dentro de uma visão mais moderna dos sistemas de produção,
não se deve tentar "conviver melhor" com uma ineficiência antes de se esgotarem as
possibilidades de eliminá-la. Neste caso, a aplicação deste conceito deve ser feita
pelos administradores do sistema de produção questionando-se seriamente a respeito
destes custos fixos, no sentido de tentar reduzí-los ou eliminá-los.
No caso dos tempos de preparação de máquinas, a questão é se perguntar se não
é possível, através de um programa de trocas rápidas de ferramentas, reduzir os
tempos de preparação, para que deste modo, se possam atender estritamente às
necessidades líquidas, sem necessidade de se produzir mais (com lotes maiores) e
consequentemente carregar mais estoques. No caso de itens comprados a questão é se
não há como negociar com o fornecedor a entrega de lotes menores, mais
frequentemente, de modo a reduzir a quantidade de estoques de matérias primas
mantidas no sistema.
Uma vez esgotadas as tentativas, viáveis para o momento, de redução dos custos
fixos, a consideração dos tamanhos de lotes deve ser feita, de forma a tentar melhor
administrar as inflexibilidades inevitáveis.
determinados itens não para o momento em que os itens são estritamente necessários,
mas para um determinado número de períodos (o "tempo de segurança") antes.
4.7.5. Pegging
certa forma, SFC (controle de fábrica), comparando o perfil de carga nos recursos,
resultante da explosão dos materiais, com a capacidade existente e, possivelmente,
sugerindo alterações nos planos.
4.9. Sumário
O Sistema MRPII é um sistema integrado de planejamento e programação de
produção, normalmente baseado no uso de pacotes de computador. Estes pacotes são
normalmente estruturados de forma modular. Os fornecedores de software
normalmente oferecem em seu produtos diversos módulos que podem variar em
especialização e número. Entretanto, há alguns módulos que se encontram presentes
na maioria dos pacotes. Os principais são:
Módulo de planejamento mestre de produção (MPS) - a partir de informações
de entrada resultantes da função de gestão da demanda da empresa, principalmente a
previsão de vendas e pedidos em carteira, o módulo auxilia o usuário nas decisões
referentes ao planejamento das quantidades de itens de demanda independente (sejam
produtos finais ou peças de reposição) a serem produzidas e níveis de estoques a
serem mantidos. Normalmente este planejamento de produtos finais é
preliminarmente checado quanto à viabilidade em termos de capacidade de produção,
por um mecanismo chamado "rough-cut capacity planning", que avalia, em termos
aproximados se, em princípio o plano de materiais proposto é viável.
146
4.10. Conclusões
21. Quais os mais importantes fatores por trás de uma implantação de MRPII
de sucesso?
152
Capítulo 5
5.1. Introdução
Este capítulo tem a intenção de apresentar o "OPT", um Sistema de
Administração da Produção relativamente novo, que tem ocupado um espaço
crescente nas publicações recentes na área de administração da produção. OPT é a
sigla para "Optimized Production Technology", uma técnica de gestão de produção
desenvolvida por um grupo de pesquisadores israelenses, do quel fazia parte o físico
Eliyahu Goldratt, que acabou por ser o principal divulgador dos seus princípios. É
importante que se esclareça, em primeiro lugar, que apesar de o nome pelo qual a
técnica ficou conhecida sugerir que se trate de um método otimizante (a tradução do
significado seria algo como "Tecnologia de Produção Otimizada"), o OPT não é uma
técnica otimizante no sentido científico do termo. Nada garante que pela sua
aplicação, se atinjam soluções ótimas, já que a técnica é baseada em uma série de
procedimentos heurísticos, muitos dos quais os proprietários dos direitos de
exploração do sistema nem mesmo tornaram públicos até o momento.
O OPT, ao contrário do MRPII, não é uma técnica que já tenha caído no
domínio público e, qualquer empresa que se decida por adotá-la deverá fazê-lo
através das empresas (uma nos Estados Unidos e uma na Inglatrerra) que detêm os
direitos de explorá-la comercialmente.
A técnica, a exemplo do MRPII, é baseada no uso de um "software".
Entretanto, seus princípios diferem bastante dos princípios sobre os quais o MRPII se
baseia.
5.2. Objetivos
A abordagem OPT advoga que o objetivo básico das empresas é "ganhar
dinheiro". Considera também que a manufatura deve contribuir com este objetivo
básico através da atuação sobre três elementos: Fluxo de materiais passando através
da fábrica ("Throughput"), Estoques ("Inventory") e Despesas operacionais
("Operating expenses").
Segundo o OPT, para a empresa ganhar mais dinheiro, é necesário que no nível
da fábrica, se aumente o Fluxo e simultaneamente se reduzam os Estoque e as
Despesas operacionais. Estes termos devem ser definidos para que se evite confusão
com os seus significados semânticos mais usuais. Segundo a abordagem do OPT,
153
X Y
CASO 1 CASO 2
X Y X Y
Utilização 100% 75% 100% 75%
CASO 3 CASO 4
Demandas independentes
Montagem
X Y X Y
Utilização 100% 75% 100% 75%
Fig.
5.1 - Relacionamento entre recursos gargalo e recursos não-gargalo
tempo tempo
X
de de
Recurso preparação processamento
gargalo
4. Uma hora ganha num recurso-gargalo é uma hora ganha para o sistema
global
5. Uma hora ganha num recurso não-gargalo não é nada, é só uma miragem.
6. O lote de transferência pode não ser e, frequentemente, não deveria ser, igual
ao lote de processamento.
lote de transferência
oper. 1
igual ao
lote de processamento
oper. 2
oper. 3
tempo
oper. 3
tempo
1Este exemplo, assim como alguns dos restantes, a respeito do funcionamento do OPT foram
gentilmente cedidos pelo Sr. John Helliwell, da STG, a quem os autores expressam seu agradecimento
163
item A A A B B B
instante 24, quando terminou. Neste ponto, agora o trabalhador B estava 4 horas atrás
do seu programa.
Pode não haver gargalos reais, mas sempre haverá recursos restritivos críticos
(RRC2). RRC, como os gargalos, controlam fluxo e devem estar sincronizados aos
outros recursos de forma a poder controlar os estoques.
2A diferença entre gargalo e RRC é simples. Em algumas situações, pode não haver gargalos
reais numa fábrica - todos os centros produtivos estão superdimensionados em relação à demanda -,
entretanto sempre haverá algum recurso que restrinja a produção - por exemplo, a montagem final, que
responde à demanda de mercado (no caso de a demanda ser o limitante). Este, então, será o RRC apesar
de não ser um gargalo real. Pode também haver o caso em que pela definição, vários recursos sejam
gargalos (vários recursos têm capacidade menor do que a demandada pelo mercado). Neste caso o RRC
será aquele recurso, dentre aqueles considerados gargalos, que tiver menor capacidade produtiva. Este
167
então será aquele que limitará a capacidade produtiva de todo o sistema. Neste texto, exceto quando
explicitado, os termos RRC e gargalo serão usados indistintamente.
168
Desta forma, os estoques não poderão subir a níveis mais altos do que aqueles
pré-determinados levando em conta as possíveis incertezas às quais os recursos não-
gargalos anteriores aos RRC podem estar sujeitos (lembrando que a idéis dos "time
buffers" é garantir que os RRC não fiquem ociosos, sem material para processar,
com o sistema, como consequência. perdendo para sempre a quantidade de fluxo não
processada).
M3
SEC
P
M2
P
M1
P
"drum" G
P P
P
"buffer"
TB
P P
P
P P
P P
"rope"
I
P
P I
I
P
I Processamento inicial
TB
"Time buffer" protetor do gargalo Sincronização
que visam proteger os próprios RRC), que protegem as datas de entrega prometidas e
o fluxo do sistema. Estes "time-buffers" são formados por materiais que deverão
participar de montagem juntamente com material que foi processado por um recurso
RRC.
O objetivo é garantir que os materiais processados pelo RRC possam, tão cedo
quanto possível, se transformar em fluxo (vendido) não ficando sujeito a eventos
incertos de operações não gargalos que possam vir a ocorrer e que, potencialmente,
poderiam afetar o fluxo maximizado pretendido pelo sistema. O tamanho dos "time-
buffers" secundáros é definido pela natureza e probabilidade da ocorrência dos
eventos aleatórios que possam afetar o desempenho dos ramos não-gargalos.
5.4.2. Programação da produção com o software OPT
As duas formas de programação que o OPT considera são gerenciadas por dois
módulos do software OPT:
o módulo OPT, que programa os recursos RRC, com uma lógica de programação
finita para a frente.
o módulo SERVE que programa os recursos não-RRC. Este trabalha com uma
lógica de programação diferente, com programação infinita, para trás, aos
moldes do MRP. O ponto de partida desta programação para trás é dado pela
definição das necessidades (datas e quantidades) de chegada dos materiais nos
"time buffers". Estas datas e quantidades, por sua vez, estão amarradas com a
programação dos recursos RRC, definida pelo módulo OPT.
Desta forma, OPT combina duas lógicas de programação - finita para a frente
("forward scheduling") e infinita para trás ("backward scheduling"), respectivamente
para programar recursos gargalos e não-gargalos. Isto pode ser melhor entendido
através do esquema abaixo:
171
Montagem
Y5 TB
Y4
Y7
Y3
Y6
X
E
TB A2
Y2
Y1
E
Ordem "A"
A1
término
tempo
Os nove princípios do OPT são, por si só, tão intuitivos como úteis para as
organizações que pretendam atingir o objetivo principal que o OPT contempla -
ganhar dinheiro. Desta forma, a aplicação de alguns destes princípios pode auxiliar o
processo de tomada da decisão e, até certo ponto, prescindindo do uso do software
OPT. Entretanto, alguns dos princípios não podem ser aplicados (principalmente
aqueles relativos aos tamanhos de lotes) sem o uso do software. Portanto, parece
claro que, para que uma empresa possa aproveitar as vantagens plenas que o sistema
OPT pode oferecer deverá fazer uso do aplicativo.
todo e como tal deveriam ser tratados de forma especial. As decisões em relação a
todos os outros recursos do sistema deveriam estar submentidas às decisões tomadas
em relação aos recursos gargalos.
outros, distribuidas em países tão variados como Canadá, França, Estados Unidos,
Austrália, Noruega, Suécia, Inglaterra, entre outros. Entretanto, a amostra de
usuários ainda é pequena para que se possa afirmar que o OPT é um sistema de uso
geral e de bom desempenho (embora ele esteja se tornando uma alternativa cada vez
mais importante de Sistema de Administração da produção).
5.8. Questões para discussão
1. Como deve ser interpretada a palavra "optimized" (otlimizada) que
aparece no nome do OPT?
2. Quais os 3 objetivos operacionais básicos que o OPT considera?
discuta sucintamente cada um deles. Quais as vantagens, de acordo
com os defensores do OPT, do uso destes três objetivos ao invés dos
tradicionais?
3. O OPT considera que há dois tipos de recursos dentro dos sistemas
produtivos. Quais tipos são estes e por que mereceriam tratamento
diferente do SAP?
4. Explique o pricípio do OPT segundo o qual o SAP deveria balancer
fluxo e não capacidade dos recursos.
Capítulo 6
Elementos para a escolha estratégica dos SAP
6.1. Introdução
O objetivo deste capítulo 6 é discutir alguns aspectos importantes na escolha do
Sistema de Administração da Produção que seja estrategicamente mais adequado a
uma organização. Conforme discutido no capítulo 1, a adequada escolha e gestão dos
diversos tipos de recursos - estruturais (humanos e tecnológicos) e infra-estruturais
(organizacionais, sistemas de informação, e de apoio à decisão) - é condição essencial
para uma boa gestão estratégica das organizações. Este capítulo assume que a forma
que as empresas competem varia conforme o segmento de mercado que elas
pretendam atingir e que isto, por sua vez, deve se refletir nas decisões sobre seus
investimentos em recursos estruturais e infra-estruturais.
Para que uma estratégia de manufatura seja coerente, não basta apenas que os
diferentes investimentos sejam coerentes com a estratégia global e de mercado que a
organização persegue. É também necessário que os diferentes investimentos sejam
183
coerentes entre si. ou seja, que as escolhas e a gestão dos recursos humanos,
tecnológicos e infra-estruturais sejam tais que sejam compatíveis e consigam
suportar-se, uns aos outros.
centralização na
(baixa) JIT MRPII MRPII / OPT (alta)
tomada das decisões
favorecimento de
(baixo) MRPII OPT JIT (alto)
melhoria contínua
simplicidade
(baixa) OPT MRPII JIT (alta)
do sistema
Além disso, muitos autores consideram que o MRP II é mais apropriado para os
níveis mais altos de controle: planejamento agregado da produção, programação
mestre e planejamento de insumos, sendo considerado excessivamente complexo,
detalhado e centralizado, quando se trata de controlar as atividades da fábrica. Esta
seria uma vocação mais natural do JIT com seus controles visuais simplificados.
MRP II seria também, um mecanismo importante para planejamento e controle
de atividades, mas menos útil quando se trata de reduzir custos de produção, reduzir
"lead-times" e melhorar a qualidade dos produtos. Complementarmente, JIT é hoje
um dos mais importantes mecanismos de redução de desperdícios, "lead-times" e
melhoria de qualidade, enquanto não prima por ter sistemas eficazes de planejamento
de nível mais alto. Utilizando complementarmente o MRP II e o JIT, estabelecer-se-
ia, uma simbiose de sistemas que, se bem administrada, poderia proporcionar ao
sistema de produção, as vantagens de ambos.
A grande questão, para a maioria das empresas que percebem esta possível
simbiose é "como administrar as interfaces entre estes dois sistemas, tão diferentes?".
SM1 SM2
Deve-se estar atento para o fato de que, algumas vezes, os dados resultantes do
"backflushing" podem ser incorretos. Por vezes, por exemplo, por problemas de
qualidade, mais material é realmente usado do que aquela quantidade padrão
registrada no sistema. Desta forma a utilização real, física, dos materiais, vai ser
maior do que a "baixa" dada pelo sistema, nos registros de estoque, com base nas
quantidades padrão. Por este motivo, deve-se enfatizar, quando se usa "backflushing",
a atenção para a correta e sistemática alimentação do sistema quanto a informações
sobre os materiais refugados, assim como a contagem e conciliação periódica dos
192
Com estes passos dados adequadamente, já se tem uma idéia clara de onde se
quer chegar. O próximo passo é obter o "project breakdown structure" ou estrutura
analítica do projeto. Isto significa quebrar sucessivamente o projeto em atividades
mais detalhadas e controláveis. O objetivo desta etapa é, entre outras coisas, reduzir a
periodicidade de controle para que seja possível, a intervalos menores do que a
duração total do projeto, confrontar o que foi planejado com o que foi executado e
tomar medidas corretivas em caso de não coincidência.
Objetivo e escopo
É a explicitação de o que se pretende com a execução da atividade e a
abrangência que deve ter tal execução, bem como seu relacionamento com o objetivo
global do projeto.
Produto final
A definição objetiva do produto final da atividade tem a finalidade de permitir o
controle sobre sua execução. Obtido o produto final especificado, está encerrada a
atividade. O produto final pode ser a especificação de um documento, de um relatório,
o desempenho de determinado setor, o estado de determinado grupo (grupo treinado
em determinado assunto, por exemplo), entre outros.
Método
Deve-se especificar, neste tópico, qual o método recomendado para a execução
da atividade, com base no seu objetivo e escopo. A razão de se sugerir o método a
priori é, além de uniformizar procedimentos, dar uma idéia ao executor, do tipo de
enfoque esperado quando foi feito o planejamento, que é o melhor momento para se
estabelecerem linhas básicas para a execução da atividade.
198
Responsabilidades
Deve-se atribuir a quem cabe a responsabilidade pela execução da tarefa. Em
geral, é um membro da equipe de implantação ou, quando se trata de atividade de
âmbito restrito a um setor específico, do principal usuário do setor (também chamado
usuário-líder), normalmente, um membro da gerência intermediária da empresa.
Relações de dependência
Deve-se estabelecer de quais produtos de outras atividades depende a atividade
tratada. Este estabelecimento vai definir a configuração da rede de atividades do
projeto.
Especificados os seis aspectos apresentados, de todas as atividades nas quais o
projeto foi dividido, considera-se que o plano do projeto está preliminarmente
definido.
direção deve ter, também, então, o papel de administrar os conflitos que possam
surgir destas negociações.
Para o caso das técnicas que usam "software", os seguintes tópicos devem,
também, ser observados com cuidado:
6. Como é possível fazer sistemas com filosofias tão diversas como o JIT
e o MRP II co-existirem e interagirem num mesmo sistema produtivo?
7. O que são "ordens fantasmas" e o que é o "backflushing"?
8. Que cuidados uma empresa que já tem MRP II instalado deve tomar ao
implantar o OPT? Que vantagens ela pode ter pelo fato de já ser
usuária do MRP II?
9. Quais os principais fatores na determinação do sucesso da implantação
de um SAP? Discuta cada um deles.
10. Quais níveis funcionais devem obrigatoriamente ser treinados quando
da implantação de um SAP? Quais as principais características que
deve ter o treinamento dado aos membros dos diferentes níveis?
11. Quais os principais passos necessários a se garantir um adequado
gerenciamento de implantação de um SAP?
12. Para cada atividade do projeto de implantação de um SAP, quais são os
aspectos que devem ser perfeitamente definidos quando do desenho do
projeto? Comente cada um deles.
13. Quais os principais potenciais problemas com a implantação dos SAP que
dependem de um "software" de apoio, como o MR PII e o OPT?
202
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