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A Era Vargas

Tenentismo
O tenentismo foi um movimento que ganhou força entre militares de média e baixa patente durante
os últimos anos da República Velha.
O primeiro 5 de julho
Durante essas eleições a tensão entre os militares e o governo aumentou quando diversas críticas
foram publicadas pelo Correio da Manhã, de cartas ofensivas contras os militares, falsamente
atribuídas a Arthur Bernardes, foram veiculadas nos jornais da época, essa primeira manifestação
ficou conhecida como reação Republicana. Com a vitória eleitoral das oligarquias, a primeira
manifestação tenentista veio à tona com uma série de levantes militares que ficaram marcados pelo
episódio dos “18 do Forte de Copacabana”, ocorrido no Rio de Janeiro, em 05 de julho de 1922.
O segundo 5 de julho
Nos dois anos seguintes, duas novas revoltas militares, uma no Rio Grande do Sul (1923) e outra
em São Paulo (1924), mostrou que a presença dos tenentistas no cenário político se reafirmava.
Após terem suas pretensões abafadas pelas forças fiéis ao governo, esses dois grupos de tropas
rebeldes se juntaram para a formação de uma guerrilha conhecida como Coluna Prestes. Entre
1925 e 1927, esse grupo composto por civis e militares armados entrecortou mais de 24 mil
quilômetros sob a liderança de Luís Carlos Prestes.
Um marco na história do Brasil
A Era Vargas foi o período da história do Brasil que compreende os anos de 1930 a 1945. Essa
fase é marcada pela figura de Getúlio Vargas que governou o país de forma contínua por 15 anos.
A Era Vargas é dividida em três períodos:
• Governo Provisório (1930-1934)
• Governo Constitucional (1934-1937)
• Estado Novo (1937-1945)
O Governo Provisório de Getúlio Vargas foi o período que compreendeu os anos de 1930 a 1934,
consistindo na primeira fase da conhecida Era Vargas. Caracterizado pela ascensão de Getúlio
Vargas ao poder, o Governo Provisório marcou o período posterior à Política do Café com Leite.
Além disso, foi nesta fase que as antigas oligarquias estaduais demonstraram grande insatisfação
em razão da centralização do poder nas mãos de Vargas.
Contexto histórico
Os anos de 1920 foram bastante agitados para o país. A economia, que até então era regida pela
produção e venda do café, começou a viver com a instabilidade do valor do produto no mercado
estrangeiro. Visando reparar suas perdas, muitos latifundiários adquiriram dívidas para investir nas
plantações e, assim, aumentar o volume das vendas do grão. No entanto, tais medidas não foram
suficientes. Nesse sentido, a crise de 1929 fez com que diversos cafeicultores tivessem suas
economias levadas à ruína. A queda do consumo internacional, somada ao declínio do valor do
produto, fez com que os estoques de café se acumulassem, desencadeando um considerável
volume de excedentes. No campo político, a hegemonia dos estados de São Paulo e Minas Gerais
na cadeira presidencial fora contestada pelas elites agrárias dos estados do Rio Grande do Sul e
Paraíba. Além disso, as outras classes sociais que compunham a hierarquia do país também
desejavam ter representação política. O operariado urbano foi uma nova classe social que se
formou em razão da crescente urbanização e industrialização vividas pelo país. Os políticos da
Primeira República não criaram leis para regulamentar os direitos dos trabalhadores urbanos, que,
com isso, passaram a exigir tais direitos. Nesse sentido, a ascensão de Vargas deve ser
compreendida em um contexto permeado:
• Por uma crise econômica;
• Pelo fim da predominância das oligarquias dos estados de Minas Gerais e São Paulo;
• Por transformações sociais, políticas e culturais.
Revolução de 1930
A Revolução de 1930 é conhecida por ter marcado o fim da Política do Café com Leite, por meio
de um golpe de Estado comandado por Getúlio Vargas. É importante destacar que uma parcela
considerável da sociedade se mostrava insatisfeita com a forma que a política do país estava sendo
construída. Um entendimento secreto foi feito entre políticos de Minas Gerais, Rio Grande do Sul
e Paraíba para impedir a eleição à presidência da República do Paulista Júlio Prestes formando-se
então a aliança liberal, em 17 de junho de 1929. As primeiras medidas tomadas pelo Governo
Provisório de Vargas foram:
• Interrupção da Constituição de 1891;
• Fechamento do Senado e Congresso;
• Deposição dos governadores de províncias.
O Ministério da Educação e Saúde e o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio foram criados
nesse período. Ao tomar o poder, Vargas se comprometeu a realizar eleições diretas o mais breve
possível, no entanto, ele adiou a decisão. Com isso, diversas pessoas que o ajudaram a promover
o golpe de Estado se viram descontentes com a forma que ele estava encaminhando a política
nacional.
Governo Provisório e tenentes
Após ocupar o poder, Vargas escolheu vários tenentes para ocupar as principais cadeiras do seu
governo. Depois de exonerar os antigos governadores estaduais, os tenentes passaram a ocupar
esses cargos, se tornando intendentes. Cidadãos civis também ocuparam esse cargo. Os militares
ansiavam por uma reforma trabalhista, mas eram contrários às eleições e à convocação de uma
Assembleia Constituinte. Os grupos oligárquicos queriam a reforma constitucional e novas eleições,
por isso, começaram a desafiar Vargas, tentando impedir que os tenentes que governavam os
estados ganhassem força.
Revolução Constitucionalista de 1932 e Governo Provisório
O descontentamento das elites rurais comandadas pelos paulistas caracterizou o início
da Revolução Constitucionalista de 1932, ocorrida em São Paulo. O intuito do enfrentamento era a
formação de uma Assembleia Constituinte e a realização de eleições para a presidência da
República. Ao se recusar a atender as demandas dos paulistas, o exército brasileiro se organizou
e sufocou a revolta. Um ano após o conflito, é formada a Assembleia Nacional Constituinte que
criou uma nova Constituição e elegeu Getúlio Vargas como o presidente da República.
As principais características da Constituição de 1934 eram:
• Voto secreto
• Voto feminino
• Justiça eleitoral
• Ensino primário gratuito
• Criação da justiça do trabalho
• Direitos trabalhistas
Esta nova Constituição inaugurou a segunda fase da Era Vargas, conhecida como Governo
Constitucionalista. O Governo Constitucional de Getúlio Vargas estendeu-se de 1934 a 1937.
Conhecida como a segunda fase da Era Vargas, essa etapa sucedeu o Governo Provisório (1930
-1934).Este governo iniciou-se com a promulgação da Constituição de 1934 que, entre outras
medidas, estabelecia que o próximo presidente do país deveria ser escolhido pela Assembleia
Constituinte, isto é, de forma indireta. Essa determinação favoreceu a permanência de Vargas no
poder. Assim, em julho de 1934, ele é eleito presidente do Brasil. Durante esse período, dois
movimentos políticos se destacaram, foram eles a Ação Integralista Brasileira (AIB) e a Aliança
Nacional Libertadora (ANL). Nesse sentido, esse momento foi marcado pelo fortalecimento do
poder de Getúlio Vargas e pela radicalização da política.
Constituição de 1934
Mesmo após a derrota na Revolução Constitucionalista de 1932, os paulistas se viram vitoriosos,
pois Vargas anistiou os rebeldes e nomeou um interventor paulista para comandar o estado de São
Paulo e ainda convocou, em 1933, a formação de uma Assembleia Constituinte. Assim, a principal
reivindicação dos revoltosos que participaram do enfrentamento foi atendida: a elaboração de uma
nova Constituição para o país.
Ação Integralista Brasileira (AIB)
Comandada por Plínio Salgado, a Ação Integralista Brasileira foi um movimento político criado em
1932. Com características ultranacionalistas, conservadoras, tradicionalistas católicos e de
extrema-direita, a AIB não era a favor da pluralidade partidária. Para os integralistas, a sociedade
deveria obedecer aos desígnios sociais.
Aliança Nacional Libertadora (ANL)
Organizada em 1935, a Aliança Nacional Libertadora (ANL) era comandada pelo Partido Comunista
do Brasil (PCB) e Luís Carlos Preste, dirigente do partido. É importante salientar que a ANL, reunia
pessoas liberais e de esquerda. Formada por católicos, liberais, comunistas, anarquistas e
socialistas, ela defendia, além de transformações radicais no Brasil, o fortalecimento da
democracia. Em julho de 1935 ela foi colocada na ilegalidade por meio da Lei de Segurança
Nacional. Influenciada pelos movimentos europeus que combatiam os governos fascistas, a ANL
começou a organizar movimentos armados em Pernambuco, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte,
contra o governo Vargas.
Intentona Comunista
A Aliança Nacional Libertadora tenta, por meio de um golpe de Estado, tomar o poder. No entanto,
o movimento que recebeu o nome de Intentona Comunista, foi desarticulado e derrotado pelas
Forças de Segurança Nacional. Os integrantes da ANL foram perseguidos e até mortos. Luís Carlos
Prestes foi preso e penalizado a 30 anos de prisão. Já sua esposa, Olga Benário foi presa e
deportada para a Alemanha, por ser judia e alemã. Lá, ela morreu em um campo de concentração.
Plano Cohen
O Plano Cohen foi uma articulação criada pelos apoiadores de Vargas, que afirmaram que os
comunistas estavam organizando a tomada do poder e o assassinato de diversos políticos. Este
documento foi usado para provar a existência da ameaça comunista no país. Com isso, Vargas
decreta Estado de Guerra contra a “ameaça vermelha”. Esse clima de tensão política ocorria
próximo a realização das eleições presidenciais que deveriam ocorrer no ano seguinte. O Plano
Cohen foi uma justificativa eficaz que permitiu o fechamento do Congresso Nacional e a
promulgação de uma nova Carta Magna que estrearia o Estado Novo, em 1937. Foi estabelecido,
então, o regime ditatorial liderado por Getúlio Vargas. Tempos depois, alguns apoiadores do regime
admitiram que o Plano Cohen foi uma invenção que tinha como objetivo manter Vargas no poder.
O que foi o Estado Novo?
Foi a última fase da chamada Era Vargas, período em que Getúlio Vargas comandou o país.
Estendeu-se de 1937 a 1945 e sucedeu às fases do Governo Provisório (1930–1934) e Governo
Constitucional (1934–1937). Marcado pela centralização do poder, autoritarismo e censura, o
Estado Novo foi um regime ditatorial que se inspirou nos regimes totalitários europeus, tais como o
nazismo e o fascismo.
Causas do golpe do Estado Novo
A principal causa do golpe de 1937 ou golpe do Estado Novo, foi a divulgação do Plano Cohen.
Este documento justificou o endurecimento do governo de Getúlio Vargas. O Plano Cohen consistia
em um suposto plano comunista de tomada do poder. De acordo com o governo de Vargas, no
documento consistia o planejamento de assassinatos e sequestros de figuras públicas,
depredações, manifestações e greves. No entanto, tempos depois, descobriu-se que ele havia sido
forjado pelos apoiadores de Vargas que ansiavam por um regime forte e ditatorial liderado pelo
então presidente. A invenção do documento ocorreu devido às determinações da Constituição de
1934, que previa que as próximas eleições deveriam ser realizadas em 1938. Não era a intenção
de Vargas abrir mão do poder. Assim, no dia 10 de novembro de 1937 é publicada no Diário Oficial
da União uma nova carta magna para o país, a Constituição de 1937, que legitimava e legalizava
a manutenção de Vargas no poder.
Estado Novo – Características
Vejamos algumas das características do Estado Novo:
Economia
• Industrialização;
• Urbanização;
• Fixação do salário mínimo;
• Férias remuneradas;
• Criação do Conselho Nacional do Petróleo, da Companhia Siderúrgica Nacional, da
Companhia Vale do Rio Doce e da Companhia Hidrelétrica do São Francisco;
• Regulou a oferta e protegeu o valor do café;
• Diversificou a agricultura, incentivando as produções de borracha, algodão, mate, açúcar e
cacau;
• Transição do sistema agroexportador para um sistema de base industrial;
• Maior complexidade socioeconômica.
Trabalho
• Valorização do trabalho e do trabalhador;
• Criação da Justiça do Trabalho;
• Controle dos sindicatos;
• Imposto sindical;
• Vínculo político e afetivo entre o presidente e os trabalhadores;
• Formação de um trabalhador produtivo;
• Direitos trabalhistas;
• Fez propagandas dos direitos concedidos com o objetivo de despertar sentimentos de
gratidão nos trabalhadores;
• Criou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Meios de comunicação
• Criação do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP);
• O DIP era responsável por criar uma imagem positiva de Getúlio Vargas, o identificando ao
povo e ao país;
• Influenciado pelas técnicas das propagandas fascistas, o DIP produzia cartazes, folhetos,
documentários, programas de rádio e cartilhas, enaltecendo as ações do presidente;
• Censura sobre a rádio, jornais, cinema, revista e demais meios de comunicação;
• O rádio foi o meio de comunicação que recebeu mais investimento por meio do governo. Era
através dele que a voz do presidente chegava a cada domicílio;
• Criação do programa de rádio, Hora do Brasil;
• Os discursos comoventes de Vargas proferidos em datas especiais, como o 1° de maio (Dia
do Trabalho), eram veiculados pela rádio.
Educação
• Uniformização das diretrizes educacionais;
• Padronização do ensino público em todo o território nacional;
• Salientar o respeito à figura de Vargas, responsável por conduzir o Brasil;
• Ensino primário gratuito e obrigatório;
• Ampliação do acesso à educação;
• Criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Cultura
• Investimento na produção cinematográfica brasileira;
• Cinédia: companhia que produziu algumas séries de comédias musicais;
• Atlântida: companhia cinematográfica que produziu diversos filmes;
• Popularização do samba;
• As composições deveriam reproduzir a ideologia do Estado Novo: valorização do trabalho;
• Manipulação política nas apresentações das escolas de samba.
Fim do Estado Novo
O fim do Estado Novo se deu a partir da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, um
conflito caracterizado pelo combate ao totalitarismo nazista. Tal ação foi contraditória, tendo em
vista que o Brasil vivia uma ditadura. Com isso, a oposição passou a combater abertamente o
regime do Estado Novo. Em 1944, a crise aprofundou-se, quando as pressões da sociedade
aumentaram, assim como os desentendimentos entre Vargas e a alta cúpula das Forças Armadas,
que gradualmente retiraram seu apoio ao regime. Enquanto a oposição agia para retirar Vargas do
poder, parte da população integrou um movimento chamado de Queremismo, cujo lema era
“Queremos Getúlio”. Temerosos com a enorme popularidade de Vargas, os militares e os civis se
organizaram para tirá-lo do poder. No dia 29 de outubro de 1945, tropas lideradas pelo general Góis
Monteiro obrigaram o ditador a renunciar. Era o fim do Estado Novo.

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