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Investimento é assunto de mulher


Gabriela Mosmann

Sumário
1 Introdução 4

1.1 Como aprendi a lidar com meu dinheiro 4

1.2 O que é dinheiro 5

1.3 Este ebook 7

2 Finanças pessoais 8

2.1 Quanto devemos economizar? 8

2.2 Como gastar menos? Quatro dicas para economizar mais 10

2.3 Padrão de vida viável para você 12

2.4 Descontrole financeiro e dívidas 14

2.5 Metas financeiras 16

3 Finanças no dia a dia: a vida como ela é 19

3.1 Orçamento familiar: como ajustar a vida financeira da sua família 19

3.2 Como organizar as finanças quando se mora com amigos/namorado? 22

3.3 Juntar dinheiro para o casamento: como realizar esse sonho? 25

3.4 Alugar ou comprar um imóvel? 27

3.5 Consórcio e financiamento: como funcionam? 30

3.6 Como promover a educação financeira para jovens e adolescentes? 34

3.7 Mesada educativa 36

3.8 Onde juntar dinheiro? 38

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4 Investimentos: o que são? 40

4.1 Reserva de emergência: como lidar com imprevistos sem se 40


desorganizar

4.2 Alguns conceitos e siglas importantes para finanças pessoais 41

4.3 Mas e a Selic, o que é? 42

4.4 Renda fixa vs. renda variável 43

4.5 Fundos imobiliários (FIIs): o que são e como funcionam? 46

4.6 Ações: o básico sobre elas (mercado não é cassino!) 49

4.7 O que é e como montar uma carteira de investimentos? 51

4.8 Fundos de investimento: o que são e como funcionam? 55

4.9 ETFs 61

4.10 Gestão ativa vs. passiva 62

5 Investindo na prática 63
5.1 Dos 20 aos 30: a melhor hora para começar 63

5.2 Dos 30 aos 45: desafios maiores pelo caminho 67

5.3 Dos 45 aos 60: sempre em tempo de começar 73

5.4 Depois dos 60: agora ou nunca 76

6 Conclusão: juntando tudo 81

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1 Introdução

1.1. Como aprendi a lidar com meu dinheiro


Meu nome é Gabriela Mosmann e o prazer é todo meu em conhecer
vocês. Sou economista, trabalho como analista de investimentos,
tenho um mestrado em finanças e sou professora (para não dizer
youtuber/influencer) de educação financeira.

Olhando meu currículo, dá para pensar que sempre quis saber


de dinheiro – e que, por isso, seria fácil lidar com ele. Mas não é
verdade. Entrei nesse universo por necessidade, e gostaria de
contar para vocês um pouco dessa trajetória.

Nasci e cresci em uma família de classe média. Isso significa que,


quando criança e adolescente, minha vida sempre foi maravilhosa.
Muitos luxos estavam longe da minha realidade, mas a conquista
de muitos sonhos e objetivos dependia só de mim.

Porém, em 2008, as coisas mudaram bastante. O mundo viveu


uma crise financeira gigantesca (a crise do subprime). Não sei se
muitos de vocês vão lembrar. Afetou muita gente. Inclusive, minha
família: nosso negócio acabou falindo e ficamos com muitas
dificuldades.

Isso fez com que nossa vida mudasse muito, e de uma forma muito
forçada. Tive que ficar muito tempo sem comprar coisas novas,
como roupas. Foi preciso aprender a reaproveitar os objetos. Ao
invés de sair para comer, criamos o hábito de comer em casa. Era
preciso economizar o máximo possível.

Ter passado por esse período me transformou. Percebi melhor


o valor do dinheiro e mudei meus hábitos. Mais tarde, isso me
fez querer cuidar melhor daquilo que eu ganhava no estágio da
faculdade, devido à dificuldade que tinha de ganhá-lo. Me motivou
a aprender mais sobre investimentos, para saber como começar
a investir.

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Digo sem medo que a educação financeira mudou minha vida:
conquistei muitas coisas, pude viajar por diversos lugares. Tenho
a estabilidade financeira que me permitiu trocar de emprego
quando quis. E são essas lições aprendidas que quero compartilhar
com vocês aqui.

Pode parecer difícil lidar com dinheiro e cuidar de finanças


pessoais, mas dá para aprender – e sem precisar passar por uma
crise financeira mundial.

1.2 O que é dinheiro?


Dinheiro frio e sujo pode abalar qualquer coração bondoso e
quentinho. Essa frase não foi redigida para ser um clássico de
literatura, muito menos uma citação para o Twitter. Mas traz a
ideia sobre a qual quero conversar com vocês aqui: para que serve
o dinheiro?

Essa reflexão é muito importante para controlar as finanças


pessoais, e até para quem quer pensar em ganhar dinheiro no
mercado financeiro.

Acredito que, ao pensarem rapidamente, todos associem dinheiro


a riqueza – bens materiais, carros, joias, posses – e a status social.
Mas essa é uma ideia incorreta. Independentemente da associação
feita, nada disso é “dinheiro”, e sim coisas adquiridas pelo dinheiro.
Dinheiro em si não serve para muito: seu valor está associado ao
que ele pode adquirir.

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Voltando no tempo, muitos anos atrás, o dinheiro foi criado para
ser um meio de troca. Ele surgiu para terminar com o que era
chamado de escambo. O escambo era a ação de trocar algo que
queríamos por algo que já tínhamos.

Ou seja, se quiséssemos um pão, precisávamos ter algo que o dono


do pão quisesse em troca – como maçãs, leite ou outra coisa. Você
já consegue imaginar a confusão que seria se precisássemos fazer
esse tipo de troca hoje, não?

Digo isso porque, ao longo dos anos, essa noção do dinheiro como
um meio de troca foi se perdendo. A vida corrida, as agendas
lotadas e o tempo cada vez mais curto acabaram nos levando a
centralizar a tarefa de juntar dinheiro como um objetivo em si,
uma finalidade.

O foco do nosso dia a dia passou a ser a acumulação de dinheiro


por si só, e não a busca pelas coisas que realmente importam para
as nossas vidas. Dinheiro, por natureza, é um meio de troca. É um
meio, portanto, e não um fim. Nós o tornamos uma finalidade
devido à nossa pressa, falta de atenção e ansiedade.

A notícia ruim: a culpa é nossa por ter posicionado o dinheiro no


centro de nossas vidas. A notícia boa: só depende de nós levá-lo de
volta para onde deveria estar, como apenas uma ferramenta, um
apoio para conquistarmos nossos sonhos.

É engraçado refletir como muitas pessoas rotineiramente


esquecem esse significado. Queremos dinheiro porque queremos,
sem finalidade. Gastamos o dinheiro sem pensar, em coisas que
nem queremos, esquecendo do que abdicamos para tê-lo e
ignorando o que realmente buscamos em nossas vidas.

Assim, criamos um ciclo de frustração, tristeza e problemas


financeiros.

Quando posicionamos o dinheiro no centro de nossas vidas,


perdemos o foco no que importa. Talvez a família, a liberdade, ou
até mesmo um projeto pessoal. Todos temos algo que nos move e
inspira. Projete o dinheiro como um companheiro dessa conquista:
deixe que ele te auxilie nessa trajetória, ao invés de te desviar do
ponto final.

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1.3 Este ebook
Escrevi esse ebook a partir de um compilado de conteúdos que
venho criando já há alguns anos na internet. Escolhi a dedo alguns
tópicos que possam fazer sentido dentro da vida financeira de
mulheres das mais diversas idades e realidades.

O mundo financeiro não é masculino, mas acaba predominado por


homens. Finanças e investimentos são assuntos globais, então não
faz sentido eu querer trazer toda essa informação rotulada como
“feminino/para mulheres”. Finanças e investimentos são assuntos
para todos, e todos têm a mesma capacidade para compreendê-
los a partir da mesma comunicação.

Particularmente, por viver nesse meio já há mais de dez anos, sei


que a contextualização às vezes afasta a maior parte da população
feminina. Não porque mulheres não se interessem, mas porque os
exemplos muitas vezes não condizem com a nossa realidade.

Afinal, não é novidade para ninguém que a mulherada em sua


grande maioria ainda é responsável por cuidar da casa e dos filhos,
entre outras mil e uma atividades que ela desenvolve enquanto
cresce profissionalmente.

Você, mulher, é uma guerreira – e agora será uma guerreira


financeiramente independente.

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2 Finanças pessoais

2.1 Quanto devemos economizar?


Vivemos em uma sociedade definida pelo consumo. Não apenas
por padrões sociais e status, mas também pelo movimento
econômico. As pessoas precisam consumir, demandar e utilizar
bens e serviços para movimentar a economia.

Por isso, é preciso conciliar essa pressão externa com nossas


vontades e desejos. Essa reflexão é importante para lidar com
nosso dinheiro e ter as finanças pessoais organizadas.

Quando o assunto é gastar dinheiro, o termo “equilíbrio” parece


uma utopia. Por mais que a subjetividade nesse assunto pareça
não ajudar muito, ela é a resposta.

Todos precisamos consumir, isso faz parte da nossa rotina.


Precisamos comprar comida, roupas, energia, entre as mais
diversas coisas. Esses são exemplos do nosso consumo essencial,
isto é, nossas despesas fixas, que mantêm nossas vidas e as das
nossas famílias.

Mas é aí que aparecem desejos. Uma bolsa nova na vitrine – que,


por sinal, ficaria linda junto da sua coleção de outras dez bolsas
(que você nunca usou). Ou aquele sapato que custa mais de um
salário e que talvez seja utilizado uma única vez.

Esses desejos momentâneos (que nos levam a um consumo


exagerado e desestabilizam nossas finanças) são o que devemos
evitar.

Nesse contexto, entramos em um dilema interno. Queremos


economizar, ter dinheiro sobrando e até mesmo investir. Ao
mesmo tempo, precisamos e queremos utilizá-lo quase que
imediatamente. Essas dúvidas não são raras, mas podem ser
respondidas por meio do equilíbrio.

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Nunca fui defensora da economia exagerada. Da mesma forma
que comprar em demasia nos leva ao consumismo descontrolado
(e a problemas financeiros), a “pão durice” também não é benéfica.
Extremos não são positivos em nenhum âmbito de nossas vidas,
além de não serem sustentáveis a longo prazo.

O consumo em si é positivo, mas apenas aquele consciente


e equilibrado. Economizar demais pode te trazer a sensação
de restrição. Assim como em uma dieta rígida, você tende a se
descontrolar – e acaba gastando a mais com algo que sequer
valoriza.

Normalmente, não vemos muitas pessoas falando sobre o


consumo consciente, mas apenas sobre economizar mais e mais.
A verdade é que existe um limite até sobre quanto conseguimos
economizar.

Equilíbrio pode ser difícil de encontrar – e de manter –, mas ele


proporcionará tranquilidade e prosperidade financeira à sua vida.

Sinceramente, você pode comprar (quase) qualquer coisa que


quiser, desde que tenha organização. Quer muito uma bolsa cara?
Se economizar, não se endividar e não prejudicar outros objetivos
por causa disso, perfeito, compre-a!

Assim como comentei dos gastos fixos, você pode e deve ter
seus gastos variáveis. Os gastos fixos geralmente ocupam 60% de
sua renda. Outros 20% a 30% dela deveriam ser economizados e
destinados a fins como investimentos.

Do que sobrar, sinta-se livre para gastar com o que quiser. Essa
é a minha regra de manter a sanidade enquanto me organizo
financeiramente e vivo as loucuras do dia a dia.

Quando comecei a me organizar financeiramente, deixei uma


parcela de aproximadamente 10% da minha renda para gastar
com o que eu quisesse. Uma das coisas que sempre amei era
poder sair com amigos no final de semana. Nunca abri mão do
famoso chopp de sexta-feira.

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Mas isso deve estar dentro de um planejamento. Talvez algumas
trocas possibilitem que você faça isso toda semana. Como ir
a algum bar não tão caro ou mais próximo de onde você mora,
gastando menos com a locomoção.

Sempre gostei de me vestir bem, mas isso não era justificativa para
contas altas no cartão. Dentro dos 10% livres no meu orçamento,
eu me permitia, de tempos em tempos, adquirir alguma peça
nova de roupa que eu quisesse muito.

A melhor forma, aqui, é desvincular-se da marca e buscar algo que


esteja alinhado com seu gosto. Caso haja uma marca que você
queira muito, verifique se o preço está de acordo com seus 10%
livres.

Também coloque esses gastos lado a lado com outras coisas que
você quer: vale mais uma nova bolsa ou um encontro com os
amigos na sexta-feira? A resposta é única e exclusivamente sua.
Seu gasto será aceitável se ele estiver dentro de seu orçamento e
sua capacidade de pagamento.

O equilíbrio entre consumo e economia foi algo que construí ao


longo da minha vida. Por mais que você provavelmente queira
uma fórmula definitiva para isso, a resposta está em você, por
meio de seu autoconhecimento.

Inicialmente, você precisa ter organizado minimamente suas


finanças – por exemplo, quanto ganha mensalmente – e
identificado suas principais contas. Depois disso, vai precisar,
continuamente, prestar atenção no que realmente quer, naquilo
em que realmente vale a pena gastar dinheiro.

Tudo é uma questão de prioridade. No próximo subtítulo, trarei


exemplos práticos de como trabalhar esse equilíbrio.

2.2 Como gastar menos? Quatro dicas para


economizar mais
Eis uma pergunta feita constantemente. Diminuir os gastos nem
sempre é uma tarefa fácil. Muitas vezes, é fácil se perder em meio
a tantas contas, e não conseguimos encontrar o caminho da re-
dução desejada.

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No entanto, para atingirmos uma maior tranquilidade financeira,
economizando mensalmente, precisamos ter muita disciplina.
Assim sendo, existem sim algumas dicas para economizar.

1. Economizar no supermercado

É comum que boa parte da renda das famílias brasileiras seja gasta
no supermercado. Por isso, saber como economizar no mercado
pode ajudar bastante a organizar o orçamento, sobrando inclusive
um valor para poupar.

Primeiro, precisamos parar de gastar dinheiro com produtos


supérfluos. São eles normalmente os vilões do orçamento. Dessa
forma, uma pergunta que podemos fazer a nós mesmos de uma
compra é: “esse produto fará falta?”.

Se a resposta for negativa, o produto provavelmente é


desnecessário. Evitando o impulso inicial, essa atitude ajudará a
melhorar o orçamento familiar.

2. Evitar compras imediatistas

Outra dica bastante importante para economizar é evitar as


compras imediatistas. Dessa forma, quando se pegar gastando em
algum produto de uso finito, avalie a relevância dele. As compras
por impulso costumam ser bastante prejudiciais ao orçamento.

Para evitá-las, precisamos – antes de qualquer outra coisa –


controlar nossas vontades. E é comum ter várias dessas vontades
durante a vida. Mas, para construir uma segurança financeira,
precisamos evitar esse tipo de compra.

3. Avaliar quais produtos podem ser substituídos no dia a dia

Outra dica para não gastar dinheiro é fazer um levantamento


sobre os produtos consumidos no dia a dia. Isso ajuda a identificar
onde é possível substituir um produto caro por um produto mais
barato.

Por exemplo, se você tem o costume de comprar três peças de


roupas de R$ 100 por mês, totalizando R$ 300 do orçamento para
essa finalidade, você pode avaliar a maneira de substituir essas
peças por outras que custem R$ 50.

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Com isso, você consegue economizar R$ 150 mensais. Se você
seguir esse procedimento para diversos produtos, a economia
mensal poderá ser expressiva.

4. Sempre destinar um valor para investimentos

Por fim, outra dica sobre como parar de gastar é destinar uma
parte dos rendimentos a um investimento. Por exemplo, uma
aplicação em CDB, Tesouro Direto ou até mesmo em ações.

O importante é considerar esse valor como uma parcela. Entender


que é necessário guardar essa quantia, pois, caso contrário, ela
acabará sumindo durante o mês. Essa atitude ajudará a melhorar
o equilíbrio financeiro doméstico.

Como podemos observar, deixar de gastar não é tão simples


quanto parece. Critério e disciplina são muito necessários. Todavia,
quando se inicia o hábito de poupar, é possível ter uma vida mais
tranquila e estável.

2.3 Padrão de vida viável para você


É importante se perguntar se o padrão de vida condiz com a
realidade financeira de cada indivíduo. Entender essa questão é
essencial para dispor de uma vida mais tranquila financeiramente.

Afinal, é comum que as pessoas tenham diversos desejos e


vontades. Mas entender o padrão de vida que se adéqua à realidade
de cada um permanece fundamental para que isso não impacte
as finanças pessoais.

O que é padrão de vida?

Padrão de vida é a quantidade e a qualidade de serviços ou


produtos disponíveis para uma determinada pessoa ou família.
Em outras palavras, é sua possibilidade de gastar de acordo com
a renda de que dispõe.

Desse modo, podemos dizer que o padrão de vida de uma pessoa


está diretamente relacionado à sua renda. Ou seja, quanto maior
for a renda de um indivíduo, melhor será sua qualidade de vida.

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Por isso, saber manter o padrão de vida de acordo com a renda é um
verdadeiro desafio. E, para ser alcançado, requer bastante critério
e disciplina. Vejamos três passos importantes nesse percurso.

Diferenciar gastos necessários e supérfluos

Para adequar o padrão de vida à realidade de cada indivíduo,


primeiro é preciso entender o que são gastos necessários e o que
são gastos supérfluos.

Para distingui-los, portanto, precisamos compreender que os


gastos necessários são aqueles extremamente essenciais às
nossas vidas. Basicamente, podemos dizer eles consistem em:

Alimentação.
Remédios.
Vestuário.
Moradia.
Locomoção.
Comunicação.

Entretanto, observe que, dentro de cada um desses segmentos,


podemos confundir o supérfluo com o necessário. Esse é o caso
do vestuário, em que podemos adquirir uma roupa mais cara ou
mais barata.

Isso se repete nos outros campos, como a moradia: também


podemos morar em uma casa mais simples ou mais luxuosa.
Todas essas questões interferem diretamente no orçamento.

Por isso, saber distinguir quando determinado produto ou


serviço não é necessário ajuda a melhorar nosso bem-estar – e,
automaticamente, o orçamento familiar.

Evitar compras a prazo

Para ter um padrão de vida adequado à realidade, é fundamental


evitar as compras a prazo.

Procurar viver dentro do próprio orçamento é simplesmente


crucial: isso consiste em gastar menos do que recebe. Caso
precise fazer uma prestação, é importante verificar se o valor da
parcela poderá ser honrado mensalmente.

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Muitas vezes, as pessoas optam por realizar compras a prazo sem
a certeza de que receberão o dinheiro necessário para honrá-las
no futuro. Caso esse pagamento não seja realizado, existe o risco
de enfrentar juros estrondosos.

Poupar mensalmente uma parte de seus ganhos

É importante determinar um valor do salário para investimentos.


O ideal é que esse valor fique em torno de 20%.

Além disso, é importante investir o dinheiro, inclusive em ativos


de renda variável. Para tanto, não há uma opção especificamente
indicada: estudar e ampliar os conhecimentos é necessário.

2.4 Descontrole financeiro e dívidas


Descontrole financeiro é a perda total do controle dos ganhos,
gastos e dívidas de uma pessoa. Esse é um dos estágios mais
críticos das finanças pessoais, podendo inclusive levar o indivíduo
à depressão.

A falta de controle sobre o dinheiro é um problema realmente


sério, pois o acúmulo de dívidas pode gerar inúmeros problemas,
inclusive judiciais.

Desse modo, nem sempre uma pessoa tem a capacidade de sair


do problema por conta própria. Por isso, muitas vezes, é necessário
recorrer à ajuda financeira. Esse auxílio pode vir de uma pessoa
próxima ou até mesmo de um profissional qualificado.

Um dos hábitos mais comuns de uma pessoa descontrolada


financeiramente é o consumismo. Para conseguir reverter a
situação, é fundamental procurar conhecer primeiramente a si
mesmo para mudar esse hábito nocivo.

Como mudar o descontrole financeiro?

Primeiro, precisamos identificar os sinais de descontrole


financeiro. Saber reconhecer nossos hábitos de gastos e avaliar
como podemos mudá-los.

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Como já dissemos, não se trata de um trabalho fácil. Dessa maneira,
precisamos contar com o apoio de familiares, além do auxílio de
profissionais das finanças. Dependendo do caso, a ajuda de um
psicólogo será necessária.

Identificados os sintomas, o primeiro passo é mudá-los, o que


consiste em parar de agir compulsivamente na hora de gastar.
Por exemplo, começar cortando as compras por impulso. Quando
vier o desejo de comprar algo, pense: tenho dinheiro para comprar
isso? Tenho como pagar essa prestação?

Observe que buscar a ponderação antes de realizar o gasto é


essencial para começar a melhorar o descontrole financeiro. Evitar
a impulsividade no consumo é um fator-chave para começar a
organizar a vida financeira. Outro passo consiste em reduzir o nível
de consumo, começando com a reavaliação de gastos supérfluos.

Criando um plano de reestruturação de dívidas

Após identificar os impulsos consumistas e tentar controlá-los –


sozinho ou com ajuda profissional –, o segundo passo consiste em
criar uma reestruturação de dívidas.

É possível que, estando em situação de descontrole financeiro,


um indivíduo também se encaminhe ao superendividamento.
Por isso, organizar os débitos é necessário.

Planilhar todas as dívidas e o valor total delas, bem como os juros


mensais, é essencial para entender o tamanho do buraco. Depois
vem a parte mais dolorosa: buscar a renegociação. Entre as dívidas
mais caras, cujo controle normalmente é priorizado, estão as
seguintes:

Rotativo do cartão de crédito.


Cheque especial.
Linhas de crédito para negativados.
Empréstimos de emergência.

Nesse momento, dependendo da situação, é necessário contar


com a ajuda de um advogado especialista e de órgãos de defesa
do consumidor. Eles poderão ajudar nos caminhos a seguir, além
de instruir em relação a estratégias para se ganhar um desconto
futuro.

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Fortalecendo a disciplina financeira

Para que as contas atrasadas parem de surgir na nossa vida, é


importante, acima de tudo, manter a disciplina financeira.

Após um período de acompanhamento profissional e renegociação


das dívidas, o indivíduo não pode mais cometer o mesmo erro. Ou
seja, ela precisa evitar ao máximo o impulso – e sempre pensar
nas consequências que uma compra pode trazer.

Uma postura a ser adotada, portanto, é procurar realizar somente


compras à vista. Pode ser útil pensar da seguinte maneira: “se
não tenho dinheiro, não posso comprar”. Isso ajudará a evitar o
descontrole financeiro novamente.

Também é necessário tentar criar uma reserva financeira. Afinal,


em caso de surgimento de imprevistos, esse recurso poderá ajudar
a pagar as contas básicas por um determinado período.

Manter a disciplina financeira não é uma tarefa fácil. Exige, desse


modo, bastante resignação e compromisso. Quando alcançada,
porém, ela certamente traz uma vida mais tranquila e sólida.

2.5 Metas financeiras


Todas as pessoas trazem sonhos e aspirações futuras dentro de si.
Contudo, para alcançar esses objetivos, elas precisam desenvolver
metas financeiras.

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Embora muita gente tenha dificuldade de criar essas metas, sem
elas é bastante difícil aumentar o patrimônio. Um planejamento
financeiro adequado, portanto, é essencial.

O que são metas financeiras?

Metas financeiras são objetivos traçados com a intenção de serem


alcançados em um determinado período.

Sendo assim, ao estabelecer uma meta financeira, também é


preciso considerar em qual prazo ela deverá ser cumprida. As
metas precisam ser atingíveis dentro desse prazo para não se
tornarem sonhos utópicos.

Portanto, os objetivos financeiros são focados em conquistas


materiais que envolvem dinheiro. Um bom exemplo de meta
financeira seria “juntar R$ 200 mil em 20 anos para comprar um
imóvel e viver de aluguel”.

Como estabelecer metas financeiras?

Antes de estabelecer uma meta, é preciso avaliar se ela é alcançável.


Por isso, é importante pensar em todas as entradas e saídas atuais,
analisando onde pode haver cortes.

Dentro de uma análise minuciosa, é possível definir metas para


o futuro. Desse modo, as resoluções financeiras serão amparadas
na realidade atual, o que as torna atingíveis.

Também é possível fragmentar uma meta. Ou seja, determinar


um objetivo de longo prazo e fragmentá-lo em diversas metas
de curto prazo. Para isso, pode-se usar uma planilha de metas
pessoais ou um aplicativo.

A fragmentação da meta é importante justamente para que o


indivíduo não desista nem perca seu foco. No exemplo citado
(compra de um imóvel), trata-se de uma meta de muito longo
prazo, o que pode tirar o foco financeiro de quem a almeja.

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Como não perder o foco?

Como vimos, para não perder o foco, é necessário fragmentar a


meta. Isso pode ser feito criando as metas de médio prazo e as de
curto prazo.

No exemplo da compra do imóvel, seria necessário juntar cerca de


R$ 10 mil ao ano para conseguir atingir os R$ 200 mil em 20 anos.
Fragmentando ainda mais, isso equivale a uma economia mensal
de R$ 900 para atingir o objetivo.

Logo, existe a meta de longo prazo – ter R$ 200 mil em 10


anos –, a meta de médio prazo – guardar R$ 10 mil por ano
– e a meta de curto prazo – guardar R$ 900 por mês.

Nesse sentido, a meta de curto prazo precisa ser alcançada todo


mês. Sem a criação dessas metas menores, a chance de perder o
foco é muito maior. Além disso, por meio da análise do horizonte
de investimento, é possível ter uma noção melhor de como realizar
os aportes financeiras.

Embora isso possa parecer difícil, traçar metas financeiras é o


principal caminho para que uma pessoa (ou um casal) consiga
alcançar a liberdade financeira.

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3 Finanças no dia a dia:
a vida como ela é

3.1 Orçamento familiar: como ajustar a vida


financeira da sua família
Bem antes de aprendermos a investir, quando moramos com
nossos pais, não temos ideia de como funciona a gestão de um
orçamento familiar na prática.

Por isso, ao chegarem à vida adulta e saírem de casa, muitos


acabam se endividando, afinal não conseguirem ajustar o
orçamento familiar à sua realidade financeira.

O orçamento familiar é o planejamento de renda familiar de forma


a ajustar os gastos fixos e variáveis para que eles não ultrapassem
tudo o que a família recebe. Além disso, serve para que seja
possível investir o dinheiro de olho em um futuro mais confortável
financeiramente.

Este, inclusive, é um ponto de discussão constante em jovens


casais que não se planejaram financeiramente antes de dividir o
teto e as contas.

Vale lembrar que o orçamento familiar não é válido apenas para


casais: ele também pode ser aplicado a irmãos ou amigos que
morem juntos. Até mesmo quem mora sozinho se enquadra nessa
definição. Afinal, você é a sua família.

Para se ter uma vida financeira saudável, é preciso organizar as


contas de casa. O que inclui fazer os ajustes necessários para quitar
as dívidas já existentes – e não precisar fazer novas posteriormente.

Essa organização deve ser feita de modo a permitir que o casal


consiga viver com a renda que tem e, eventualmente, consiga
investir esse dinheiro.

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Cuidados com o orçamento familiar

O primeiro passo para organizar o orçamento doméstico é saber


quais são os gastos fixos já existentes, como:

Planos de saúde.
Aluguel/financiamento e condomínio.
Mensalidade da escola ou faculdade.
Gastos com internet e televisão.
Remédios de uso contínuo.

A soma desses valores é o total de gastos fixos da família. Após


descobrir esse montante, é hora de calcular os gastos variáveis,
que podem ser:

Cartão de crédito.
Combustível e manutenção do carro.
Contas de água, energia e gás.
Custo da alimentação mensal (compras do mês e
restaurantes).
Compra de roupas.
Diversão.

Adicione o total desses gastos variáveis aos gastos fixos e você


saberá o total médio de despesas mensais da família. Somando os
valores obtidos mensalmente por todos economicamente ativos
da casa, você descobrirá a renda familiar.

Se o total de gastos for maior do que a renda familiar… bem, há um


problema! Então, a solução é diminuir os custos – tanto os fixos
como os variáveis.

Para isso, pode-se optar por contratar um serviço de internet


mais barato, por exemplo.
Um serviço de streaming em vez de televisão a cabo também
alivia. Até passar a fazer as compras domésticas em um
supermercado mais barato pode ajudar a fechar a conta.
Preparar as próprias refeições em casa ao invés de almoçar
fora todos os dias é uma boa pedida para quem tem essa
possibilidade.
Economizar no uso de água e energia elétrica é fundamental,
até mesmo por questões ambientais. Banhos de uma hora
nunca mais!

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Outra boa opção para ajudar nesse processo de equalização
das contas é a obtenção de uma nova fonte de renda. Muitos
profissionais podem conseguir um trabalho freelancer na sua
área, conciliando-o com o trabalho principal.

Vale até mesmo investir em prestar consultoria ou vender o que


não se usa mais. Isso se aplica a eletroeletrônicos e roupas, por
exemplo, e ajuda a quitar as dívidas.

Exemplo de orçamento familiar ideal

Quem chegou até aqui e percebeu não se encaixar na descrição


anterior, parabéns!

Mas não basta estar livre de dívidas: ainda há trabalho a ser feito
para se chegar ao orçamento doméstico ideal. Por isso, sabendo
qual é a renda da família – e que, ao invés de faltar, sobra dinheiro
no final do mês –, a dica é organizar esses gastos sob alguns
percentuais.

Os custos básicos para sobrevivência (presentes tanto nos gastos


fixos como nos variáveis) deveriam comprometer até 60% da
renda familiar.

Assim, um casal cujas rendas individuais somadas totalizam R$ 5


mil deve usar até R$ 3 mil com aluguel, água, luz, gás, comida
e planos de saúde, por exemplo. São aquelas despesas das quais
não podemos nos isentar.

Seguindo o mesmo exemplo, 10% dessa renda familiar deve ir


para uma reserva de emergência. Afinal, ninguém quer estar
desprevenido em caso de uma demissão, de um cano subitamente
furado ou mesmo de uma doença inesperada.

Assim, dos R$ 2 mil restantes, R$ 500 deverão ir para esta reserva.

Outros 10%, ou seja, R$ 500, devem ir para objetivos de longo


prazo. Isso pode incluir os investimentos feitos com foco na
aposentadoria do casal.

Os 20% restantes do orçamento doméstico, R$ 1 mil, podem ser


utilizados como a família bem entender, como viagens, passeios
ou compras.

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Vale até mesmo investir em aplicações para objetivos pessoais de
curto prazo. Lembrando que, quanto mais investimento com foco
em longo prazo a família tiver, melhor será a condição financeira
no futuro.

O importante é ter em mente que, sem um orçamento familiar


saudável, dificilmente será possível fazer o dinheiro render tanto
quanto se deseja.

3.2 Como organizar as finanças quando se mora


com amigos/namorado?
Morar com alguém traz consigo um dilema: a divisão de contas.
Quando a pessoa com quem você divide seu lar é apenas um
amigo, as questões podem até ser mais simples e objetivas.

Quando vivemos com um parceiro (namorado ou cônjuge),


podemos enfrentar questões um pouco mais complicadas.
Ambos os casos impactam (e muito) nossas finanças pessoais. O
que fazer?

É importante pensarmos primeiro na base. Embora todos


tenhamos realidades e personalidades diferentes, a organização
financeira em conjunto com outra pessoa começa sempre do
mesmo lugar: o diálogo.

Isso implica dizer que qualquer que seja a sua situação, não há
uma regra definitiva para ela. Toda decisão financeira dependerá
do que você e a outra pessoa acordarem. Por isso é tão importante
manter um diálogo, identificando o que é melhor para ambos.

Ao conversar, todos precisam demonstrar compreensão e


respeito pela realidade do outro. O objetivo da organização e do
planejamento financeiro é encontrar soluções, e não identificar
um culpado. Reforço: a conversa é a primeira e mais importante
etapa.

A partir daí, podemos avançar em questões mais práticas. As contas


serão divididas igualmente? Quem ganha mais vai pagar mais?
Um se responsabiliza pela conta de luz e o outro pela internet? “Eu
pago o mercado hoje; você, semana que vem?”.

22
Todas essas questões são resolvidas no diálogo. Você precisa
definir o que será realizado, isto é, qual é o acordo entre você e a
pessoa com quem você mora. Feito isso, basta jogar conforme as
regras do jogo.

Por que isso é tão importante? Porque, quando duas pessoas


realizam recorrentemente seus atos acordados, não há motivos
para estresse. Ambos sabiam a responsabilidade de cada um – e
aceitaram aquela decisão.

Se você se comprometeu a pagar “X” mensalmente, cumpra.


Ao cumprir com suas obrigações, você demonstra seu
comprometimento e, caso haja algum momento atípico em
que não consiga realizar o pagamento, terá a confiança da outra
pessoa.

Afinal, você sempre esteve em dia com as suas responsabilidades.


A mesma lógica vale para o outro, caso ele venha a descumprir
com algo. Chame-o para conversar e entender a situação.

Um ponto muito importante no bom relacionamento


com outra pessoa, principalmente ao envolver dinheiro,
é a sinceridade. Se você não tem condições de arcar com
algo, fale. Não espere não ter dinheiro para pagar (ou, pior,
precisar se endividar).

Caso um combinado entre vocês não esteja mais fazendo sentido


para você, fale o quanto antes. Sem diálogo e sinceridade, o
dinheiro pode complicar o melhor dos relacionamentos.

Para aquelas pessoas que já aprenderam a conversar de maneira


empática e não agressiva sobre dinheiro, temos alguns próximos
passos para organizar as finanças do lar.

Primeiro, siga a lógica do que já mencionamos, isto é, identifique


os custos fixos e variáveis da casa e, se possível, sua renda e a da
outra pessoa (em conjunto).

O planejamento financeiro com mais uma pessoa é muito


semelhante ao de uma apenas: o total de custos deve ser menor
que a soma das rendas.

23
Caso vocês optem por não falar um para o outro quanto cada um
ganha, acredito que a melhor opção seja a divisão dos gastos por
dois de forma igual. Isso tende a evitar maiores discussões.

As despesas fixas são aquelas que já mencionamos. Elas ocorrem


todo mês e não variam de acordo com fatores externos, tendo
mais ou menos o mesmo valor, como aluguel, luz, água, internet.
Por não variarem tanto, alguns optam por dividi-las igualmente
(ou se responsabilizar por algumas contas específicas).

Outras despesas com menor previsibilidade, como alimentação


(ou mesmo a aquisição de um móvel novo), podem gerar alguns
debates, devido à diferença entre os gostos pessoais.

Daí, novamente, vale o diálogo: compras maiores precisam ser


aprovadas por ambos. Já no caso de compras menores, a dupla
pode decidir que cada um compre o que deseja, individualmente,
por sua responsabilidade.

Por exemplo, tomemos um orçamento de R$ 2 mil por mês. Se


quero comprar um sofá novo de R$ 3 mil, preciso saber se a pessoa
que mora comigo está disposta a abrir mão do sofá atual (de que
talvez ela goste muito) e se quer pagar uma parte.

Mas se quero comprar um jogo de copos por R$ 60, posso estar


confortável em pagar sozinha – e, provavelmente, essa decisão não
afetará o outro a não ser pelo fato de termos mais copos em casa.

O controle das finanças pessoais envolve números, mas também


é muito de relacionamento. Quando duas pessoas que têm uma
boa compreensão de suas contas moram juntas, geralmente não
há problemas.

Porém, caso uma delas ou, na pior das hipóteses, as duas não
saibam lidar tão bem com essas questões, é necessário ter
paciência para entender como deixar essas questões claras no dia
a dia. Por isso insisto tanto que o importante é conversar.

24
3.3 Juntar dinheiro para o casamento: como
realizar esse sonho?
Muitos sonham em fazer uma festa de casamento. No entanto,
para que o sonho não vire um pesadelo de dívidas, é preciso
juntar dinheiro para se casar. E isso requer bastante disciplina e
planejamento financeiro. Caso contrário, o sonho poderá nunca
se realizar.

Juntar dinheiro para se casar é importante para evitar um


endividamento logo após o casamento. Por isso, o primeiro
passo é levantar todos os gastos do evento. Há diversos tipos de
cerimônias, algumas mais pomposas, outras mais simples.

É importante levantar tudo de maneira minuciosa, procurando


lembrar todos os possíveis gastos. Após esse levantamento, é
preciso realizar um planejamento financeiro. Para tanto, é preciso
se perguntar em quanto tempo se deseja realizar o casamento.

Vamos considerar que uma cerimônia custará R$ 50 mil. Se a


ideia é casar-se em um ano, será necessário juntar R$ 4.166,67 por
mês. Ou seja, a renda do casal precisa ser suficiente para pagar as
contas e, ao mesmo tempo, juntar essa quantia.

Dicas de como juntar dinheiro para se casar

Para quem quer saber como juntar dinheiro para se casar em


um ano, não há segredos a não ser sacrificar consumo e fazer
investimentos. Os noivos que pretendem realizar essa cerimônia
podem utilizar as seguintes dicas.

Investir em renda fixa

Investir em renda fixa pode ser uma excelente opção para quem
busca juntar dinheiro para se casar. Essa é uma aplicação com
prazo definido de resgate e rentabilidade preestabelecida, o que
pode ajudar de forma significativa no planejamento do casamento.

Um casal que planeja se casar daqui a dois anos pode optar pela
aplicação de um CDB atrelado ao CDI com prazo de vencimento
de dois anos, período bem próximo à data do casamento.

25
Dessa forma, o casal terá um investimento que entregará um
retorno específico para o período necessário.

Cortar gastos

Outra possibilidade bem comum é o corte de gastos. Nesse caso,


vale a pena o casal realizar uma revisão de todos os gastos mensais
e entender onde existe oportunidade para economia de custos.

Por exemplo, um casal pode ter o hábito de sair para jantar todo
fim de semana e, com o intuito de poupar mais para o casamento,
pode reduzir essa frequência para uma periodicidade mensal.

Realizar atividades extras

Mesmo com o corte de gastos, pode não sobrar dinheiro. Por isso,
muitos casais buscam, durante o período em que estão juntan-
do dinheiro, ampliar a renda por meio de atividades extras. Essa
também é uma possibilidade para contribuir para a quantia que
o evento exige.

É possível vender bens de consumo não duráveis, como comidas,


lanches, bolos ou doces. Nesse caso, vale a pena o casal buscar
atividades em que tenha certa habilidade – e pelas quais exista
algum interesse do mercado.

Financiar um casamento vale a pena?

Outra possibilidade é realizar um financiamento do casamento.


Apesar de comumente utilizada, muitas vezes essa alternativa
não é a mais indicada.

Tanto casar como comprar uma casa são decisões que exigem
planejamento e disciplina financeira. A troca do carro, uma nova
geladeira e um novo smartphone podem ficar para depois quan-
do o objetivo é realizar uma cerimônia de casamento.

Dessa forma, se o casal decide fazer um casamento, o indicado é


manter um planejamento financeiro prévio para obter o dinheiro
necessário para o pagamento da festa. Um financiamento pode
oferecer taxas de juros muito altas ao casal, que terá grandes dívi-
das no futuro.

26
3.4 Alugar ou comprar um imóvel?
Alugar ou comprar um imóvel: uma dúvida frequente e bem con-
troversa. Afinal, essa não é uma questão puramente financeira,
pois envolve muitas emoções também. Naturalmente, emoções
podem dificultar decisões racionais – mas isso não quer dizer que
elas não devem ser levadas em conta.

O sonho da vida de muita gente é ter uma casa própria, e não há


nada de errado nisso. O errado é não considerarmos nossa capaci-
dade financeira, nossas finanças pessoais, quando tomamos uma
escolha.

Em primeiro lugar, é importante lembrar que você é quem sabe


quais são seus sonhos e objetivos. Eu apenas quero te ajudar a
entender o lado financeiro dessa decisão para que, aí sim, você
tenha condições melhores de tomar a atitude correta para a sua
vida, segundo suas necessidades e seus sonhos.

Deixando os sonhos de lado por um momento, vamos compreen-


der os números. Eis o racional da questão: o financiamento imo-
biliário não é nada mais que pegar dinheiro emprestado de um
banco e pagar um “aluguel” (juros) por esse dinheiro.

Quando você financia um imóvel, tem a falsa sensação de


que ele é seu, quando na verdade o imóvel pertence ao
banco – e você é um inquilino do banco.

Essa situação só muda quando você termina de pagar o


financiamento, o que pode demorar até 30 anos. Financeiramente
falando, o financiamento é um negócio horrível, pois ao final desse
período você terá pagado um valor equivalente a uns três imóveis
apenas em juros (geralmente, em torno de 9% ao ano).

Agora, voltando às emoções. Muitas pessoas têm economias


destinadas à compra de um imóvel, o que podemos considerar
óbvio. Entretanto, no momento de adquirir esse bem, geralmente
elas se apaixonam por um imóvel dos sonhos, o que em 95% dos
casos está acima da sua capacidade financeira. Viver acima da
capacidade resulta em dívidas.

27
Não estou escrevendo isso para “proibir” o financiamento, pois sei
que, para muitos, essa é a única forma de realizar um sonho. Mas
mesmo os sonhos precisam ter um pé na realidade. Por mais
fantástico que algum imóvel possa ser, ele não pagará as contas
dos anos seguintes.

Caso você realmente deseje financiar um imóvel, tenha em mente


que precisa dispor de pelo menos 20% a 30% do valor do imóvel
para dar entrada nele. Em outras palavras, se você tem R$ 20 mil
para um depósito imediato, você tem condições de adquirir um
imóvel de R$ 100 mil.

Isso é importante porque, quanto maior o seu pagamento inicial,


menores serão os pagamentos mensais. Você terá pegado menos
empréstimo, portanto terá de pagar menos. Dessa forma, um
pagamento inicial te economiza milhares de reais durante o
financiamento.

Isso também ocasionará uma taxa de juros menor. Afinal,


empréstimos menores são menos arriscados por parte de quem
está emprestando o dinheiro, o que permite taxas menores.

Não há problemas em realizar um financiamento para a aquisição


de um bem, desde que ele esteja dentro das suas possibilidades e
de seu planejamento financeiro. Lembre-se de sempre pesquisar
bem todas as oportunidades de compra e de negociar as formas
de pagamento.

Duas perguntas úteis podem ser feitas: “Tenho dinheiro para


comprar o imóvel à vista?”; “Devo fazer isso?”. Nem todo mundo
precisa ter a casa própria. Eu, por exemplo, moro de aluguel e sou
muito feliz com isso.

Ter um imóvel próprio pode ser um ótimo negócio. Porém, na


maioria dos casos, os aluguéis são muito mais baratos do que
deveriam em relação ao preço do imóvel. Além disso, o aluguel
nos dá a flexibilidade de nos mudarmos quando quisermos – e tira
a preocupação com a depreciação do imóvel.

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Quero compartilhar o exemplo do primeiro imóvel que aluguei
para morar. Encontrei um apartamento bom, em uma zona
ótima em Porto Alegre (RS). O imóvel tinha um aluguel de R$ 1
mil na época (era mais caro, mas negociei). No prédio, havia um
apartamento à venda e, por curiosidade, fui vê-lo. Não lembro o
valor exato, mas se aproximava de R$ 400 mil.

Agora, pense um pouco: se você tivesse R$ 400 mil, compraria


esse imóvel para ter um aluguel mensal de R$ 1.000? Se você
respondeu que sim, cuidado!

Esse seria um investimento terrível, com retorno de 0,25% ao mês


e de 3% ao ano! (arredondando grosseiramente). Nossa taxa básica
de juros (a Selic) está baixa, mas na época (2014), a poupança
rendia mais que isso. Atualmente, um investimento em um fundo
imobiliário traz mais rentabilidade – geralmente em torno de 5 ou
6% ao ano.

A grande questão é: nem tudo na vida deve ser decidido


pelo lado financeiro, mas devemos ter consciência dele para
compreendermos os impactos das nossas escolhas.

E eu? Continuo feliz morando de aluguel.

29
3.5 Consórcio e financiamento:
como funcionam?
No Brasil, há duas formas populares para comprar bens de alto
valor: consórcio e financiamento. Diversas instituições financeiras
oferecem opções de ambos, mas essas duas modalidades têm
algumas diferenças.

O consórcio ocorre quando alguém faz pagamentos parcelados


antes de retirar os bens. Já no financiamento, a pessoa compra e
depois paga as parcelas.

Essas duas formas de compra também apresentam algumas


diferenças burocráticas. Os bens financiados se tornam posse do
indivíduo só após o término do pagamento. Isto é, até o final das
parcelas, a posse é da instituição que fez o financiamento.

Em um consórcio, o pagamento é feito por mensalidades. Ao final


de tudo, o indivíduo recebe uma carta de crédito com o valor pago
ao longo do consórcio. É como um investimento a longo prazo.

Tanto o financiamento como o consórcio têm alguns custos. Na


primeira opção, há a cobrança de juros. Na segunda, há uma taxa
da empresa que faz administração.

Além disso, dependendo do número de parcelas, um


financiamento pode ficar extremamente caro, uma vez que as
prestações acompanham a taxa Selic.

Vantagens e desvantagens do consórcio

Quem procura comprar um carro, imóvel ou qualquer outro bem


usando o consórcio precisa lembrar que só terá o produto ao final
do pagamento. Isto é, se o consórcio for de 60 meses, o indivíduo
precisará esperar cinco anos.

Porém, há duas formas de conseguir os bens mais cedo: por meio


de sorteios ou de lances dados sobre a carta de crédito de quem
foi contemplado.

30
Para participar do sorteio, é preciso apenas ter a mensalidade
em dia. Se sorteado, o cotista recebe o crédito para a compra. O
participante também pode dar um lance, ou seja, fazer uma oferta
para ser contemplado.

Uma das vantagens do consórcio é não ter a cobrança de juros.


Outra vantagem é que o consórcio pode facilmente se adequar
à realidade financeira de cada um, já que ele permite que o
consorciado escolha tanto o número como o valor das parcelas.

Mas há algumas desvantagens do consórcio, como:

Valorização do bem.
Taxas de administração.
Inadimplência dos cotistas.

Os consórcios são considerados uma forma de investimento, mas


têm alguns riscos. Em casos de inadimplência maior que 5%, o
valor das parcelas aumenta.

Além disso, há as taxas para administração, que costumam ser de


0,3% ao mês. Por exemplo, em um consórcio de 60 meses, a taxa
de administração chegaria a (ao menos) 18%.

Ademais, como se trata de investimentos de longo prazo, pode


haver a valorização do bem. Isso é muito comum para quem
pensa em comprar um imóvel: em cinco anos, ele pode estar mais
valorizado e custar mais que o valor do consórcio.

Vantagens e desvantagens do financiamento

Opção de compra oferecida por diversas instituições financeiras,


o financiamento permite uma compra mais imediata e um
pagamento a longo prazo.

As taxas de juros dos financiamentos estão ligadas à taxa Selic. Por


isso, o valor das parcelas pode mudar ao longo do período. Alguns
financiamentos têm prazo para pagamento de até 30 anos.

Além disso, há linhas de créditos específicas – essa é a razão para


alguns financiamentos terem taxas de juros diferentes. Algumas
das linhas de crédito de financiamentos são:

31
Financiamento estudantil.
Financiamento imobiliário.
Financiamento de automóveis.
Financiamento rural.
Financiamento empresarial.

Uma das desvantagens do pagamento a longo prazo é a falta de


garantia. Em caso de diminuição da renda, as parcelas podem
pesar no bolso.

Qual escolher?

A melhor opção depende da necessidade de cada um. Mas é preciso


fazer algumas pesquisas. Por exemplo, em caso de consórcios, é
importante observar as taxas de administração.

Se a opção for um financiamento, uma quantia significativa como


entrada ajuda a diminuir o número e o valor das parcelas. Assim, a
taxa de juros fica menor.

Financiamento de veículos vale a pena?

O automóvel é um dos bens mais cobiçados pelos brasileiros.


Porém, como nem todos têm dinheiro para comprar um bem
desse porte, as empresas trabalham com o financiamento de
veículos.

Entretanto, é importante entender o financiamento de veículos


do ponto de vista do planejamento financeiro do consumidor.

O financiamento de veículos ocorre quando o contribuinte


compra, diretamente com o banco, o carro ou a moto desejada,
com a vantagem de pagar por ele de forma parcelada. Há algumas
modalidades desse serviço no mercado, a maioria delas com
incidência de juros e taxas.

É importante não confundir o financiamento de carros com a


compra parcelada feita diretamente com a concessionária. No
caso do financiamento, a compra do veículo desejado é feita
diretamente pelo banco, ainda que este seja escolhido em uma
revendedora parceira da instituição. Esse processo pode ser feito
para compra de carros, motos, caminhões e até tratores.

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Financiamento de novos e seminovos

A possibilidade de financiamento de moto ou carro não vale ape-


nas para os veículos novos, pois se aplica também aos usados. Mas,
em alguns bancos, eles só poderão ser financiados se tiverem até
10 anos de fabricação. Outros aceitam veículos de até 12 anos. No
caso de uma moto, o tempo cai para cinco anos de fabricação.

Os veículos usados costumam ter um preço mais em conta em re-


lação às versões zero quilômetro. Porém, dificilmente o valor total
pago pelo veículo será igual ao da Tabela Fipe.

Isso ocorre porque é preciso considerar os juros e as taxas de fi-


nanciamento de veículos aplicados pelo banco responsável pela
compra. Isso sem falar no IOF, que também afeta o Custo Efetivo
Total (CET) do bem.

Com isso, a aquisição tende a ficar mais cara em comparação com


um pagamento à vista. É importante recorrer a um simulador an-
tes de fechar o contrato para saber se essa compra realmente vale
a pena. Até porque, em alguns casos, paga-se o valor de dois car-
ros por apenas um.

Como o financiamento pode ser feito?

Alguns bancos possibilitam financiar veículos diretamente pela


internet. Para isso, o cliente precisa informar a marca, o modelo
e o ano do veículo desejado. A partir dessas informações, as op-
ções de financiamento são disponibilizadas. Estas podem variar
de cliente para cliente, de acordo com seu relacionamento com o
banco e seu crédito na praça.

No Banco do Brasil, por exemplo, é preciso já ter escolhido o carro


ou a moto em questão. Isso porque a empresa pede que o cliente
envie uma cópia da nota fiscal ou do Certificado de Registro de
Veículo (CRV).

Os parcelamentos costumam ser feitos em até 60 meses para os


carros. No caso das motos, esse prazo pode ser menor. E nem to-
dos os bancos aceitam financiar 100% dos veículos. Por isso, pode
ser preciso dar uma entrada para a aquisição.

33
Mas há instituições bancárias que permitem o financiamento do
carro sem entrada.

Financiar veículos vale a pena?

A verdade é que o financiamento torna a aquisição de veículos


bem mais cara. Por isso, essa opção normalmente não é tão inte-
ressante.

O ideal é estabelecer uma data específica para a aquisição e, du-


rante esse período, escolher uma aplicação financeira cujo rendi-
mento ajude o consumidor a angariar o dinheiro necessário para
comprar à vista.

Nem mesmo o leasing ou o consórcio seriam tão vantajosos quan-


to o bom e velho “à vista em dinheiro”. Até porque, neste caso, ain-
da é possível pleitear um desconto maior.

3.6 Como promover a educação financeira para


jovens e adolescentes?
Um dos principais fatores que levam ao endividamento é a ausên-
cia de educação financeira para jovens. Sem esse contato desde
o início de sua relação com o dinheiro, o indivíduo tem grandes
chances de se complicar.

Dessa forma, a educação financeira para jovens tem cunho pre-


ventivo no combate ao superendividamento – e visa à melhoria
das finanças pessoais.

Qual é o objetivo da educação financeira para jovens?

A educação financeira para jovens é importante porque as pes-


soas que ainda estão em processo de formação aprendem a gerir
seus recursos da melhor forma possível por meio dela. Isso vale
tanto para não enfrentarem problemas desnecessários como para
fazerem melhores escolhas durante a vida adulta.

É e justamente na juventude e na adolescência, entre 12 e 18 anos,


que o cérebro processa melhor essas informações, assimilando os
hábitos saudáveis em sua rotina.

34
Por isso, há quem defenda a inclusão da educação financeira nas
escolas, para auxiliar esse processo de aprendizado de forma co-
letiva. Seria algo semelhante às aulas de economia doméstica da-
das nas escolas dos Estados Unidos.

Como ensinar educação financeira para jovens?

Jovens têm uma forma própria de ver o mundo e aprender novas


informações. Dificilmente, uma sala de aula convencional conse-
gue prender sua atenção, ainda mais quando falamos sobre a ge-
ração Z, que já nasceu conectada.

Logo, para trabalhar a educação financeira para adolescentes,


uma alternativa interessante comum é a utilização de jogos, con-
teúdos interativos e até mesmo filmes para alcançar esse objetivo
de forma eficiente.

Conforme o público cresce, é possível inserir outras estratégias de


ensino, algumas até tradicionais, como opções de livros – didáti-
cos ou não – sobre educação financeira. Essas são ferramentas im-
portantes no ensino sobre finanças pessoais para jovens.

Dicas de educação financeira para jovens

Algumas outras dicas são mais práticas, como fazer uma poupan-
ça para os filhos e mostrar a eles que é preciso guardar parte dos
próprios recursos para o futuro (ainda que se trate de um objetivo
de curto prazo).

Dentro disso, a mesada precisa ser educativa, funcionando como


recompensa pelas tarefas cumpridas ao longo da semana, por
exemplo. Deve-se mostrar como utilizar esse dinheiro da forma
correta.

Dando o exemplo

Quando falamos sobre filhos, é fundamental ter em mente que


nada ensina mais que o exemplo. Assim, vale a pena incluir os fi-
lhos no planejamento financeiro da família, mostrar como este
funciona, de onde vem o dinheiro e o seu valor.

35
Assim, é fundamental que os adultos que convivem com esse jo-
vem também saibam administrar suas finanças. Afinal, um pai en-
dividado por conta de maus hábitos tende a transferir esse com-
portamento aos seus filhos.

Filhos de um bom investidor tendem a ter interesse em fazer seus


próprios recursos renderem. Assim, a educação financeira para jo-
vens começa com o aprimoramento dos pais e demais tutores.

3.7 Mesada educativa


A educação financeira está crescendo no Brasil. Inclusive, muito
se fala da importância da mesada educativa para nossos jovens.

Dessa forma, para que eles aprendam a controlar melhor suas


finanças pessoais, é preciso que os jovens também sejam
orientados sobre a melhor forma de usar essa mesada.

O que é a mesada educativa?

A mesada educativa é um valor que os pais repassam a seus filhos


para que estes a usem no dia a dia e aprendam a lidar com o
dinheiro.

Assim como os adultos, todas as crianças têm desejos de consumo.


Portanto, para que eles tenham um novo videogame, um novo
álbum de figurinhas ou qualquer outro produto, é preciso que
aprendam a conquistar esses bens.

A mesada pode ser o primeiro passo na educação financeira das


crianças. Caberá aos pais, porém, ensiná-las a gastar de forma
correta e poupar para conseguir ter algo que desejam.

Qual é a importância da mesada educativa?

Com a mesada educativa, a criança aprende a realizar um


planejamento financeiro. Afinal, se ela gastar todo o dinheiro no
começo do mês, acabará sem dinheiro no final do período.

Desse modo, ela passa a equilibrar gradativamente as despesas


ao longo do tempo, assim como saber quanto precisa poupar por
mês para ter algo mais caro.

36
Além disso, ao julgar que o preço de um produto está alto com base
no que ganha, ela também aprende a fazer cotação e substituí-lo
por um produto mais em conta para não gastar toda a sua mesada.

Os pais têm um papel fundamental para auxiliar a criança na


gestão financeira. Portanto, é importante inserir os filhos nas
finanças familiares para que eles entendam a verdadeira situação
financeira da casa.

Qual valor deve ser pago à criança?

O valor da mesada educativa poderá variar de acordo com a idade


da criança. No entanto, não há uma regra geral quanto ao valor
que os pais podem conceder a seus filhos.

O papel educativo pode começar quando o filho completa três


anos de idade. Até os cinco anos, o objetivo é fazer com que ele se
familiarize com o dinheiro.

Nessa idade, não se pode dar muito. Moedas semanais e um


cofrinho são um bom método para fazê-los aprender a importância
de começar a poupar.

Já quando eles completam seis anos, o valor da mesada educativa


pode aumentar gradativamente. Há educadores que utilizam a
regra segundo a qual o valor dos seis aos dez anos corresponde
a R$ 1 por semana multiplicado pela idade do filho. No entanto,
cada pai deve decidir o valor baseando-se em sua realidade.

Nessa idade, já é importante que os pais conversem com os filhos


sobre a necessidade de poupar e fazer uma reserva financeira.
Inclusive, vale mostrar que eles precisam ter um projeto pessoal
ou um sonho que dependerá do dinheiro poupado.

Quando a criança completa 11 anos, os educadores sugerem a


incorporação de um valor mensal. O ideal é que isso seja feito todo
começo de mês, mas não há uma regra.

37
3.8 Onde juntar dinheiro?
Investir é um processo com etapas que começa com a organização
das finanças pessoais para que sobre dinheiro para aplicar.
Também passa por criar uma reserva de emergência, sobre a qual
já falamos. Após esse primeiro passo, ao receber o salário, pagar
contas e economizar, surge uma nova dúvida na cabeça dos
futuros investidores: onde deixar essas economias?

Ao começar a juntar dinheiro, é normal deixamos o excedente na


conta corrente ou na poupança. São opções viáveis nesse primeiro
instante. Isso porque as pessoas estão – e devem mesmo estar
– mais preocupadas com o ato de economizar em si (em vez de
investir).

Claro, há exceções. Quando um indivíduo começa a fazer


mudanças na vida financeira, porém, além de ele geralmente
não ter conhecimento no assunto, precisa se concentrar em uma
etapa por vez. Devemos mudar os hábitos um por um.

Primeiro, formamos o hábito de economizar. Depois, o de aprender


a investir melhor. Tendo isso em mente, podemos nos concentrar
na mudança necessária para aquele momento, além de tirar
algumas preocupações que podem atrapalhar. Afinal, de que vale
a preocupação com o investimento mais rentável se você ainda
não juntou o dinheiro?

Pague-se primeiro. Educadores financeiros repetem


essa lógica sempre – trata-se de uma prática de todas as
pessoas mais bem-sucedidas financeiramente.

Após você compreender como viver de acordo com sua renda,


aprender a economizar frequentemente e fazer economias
verdadeiras (não aquelas que você poupa em um mês para gastar
no seguinte), poderá dar o passo seguinte: escolher onde investir
esses recursos.

O primeiro investimento de qualquer pessoa deve ser, como


falamos, a formação da reserva de emergência. Esse investimento
deve ser realizado em alguma aplicação segura, como o Tesouro
Selic (uma das modalidades do Tesouro Nacional), algum CDB de
liquidez diária ou um fundo que renda aproximadamente 100%
do CDI.

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Todo esse processo de economizar e investir é cíclico. Em alguns
momentos, você conseguirá investir diretamente o dinheiro
ganho. Em outros, talvez precise guardar determinado volume
por algumas semanas ou meses. Tudo isso dependerá de qual
investimento você vai querer realizar futuramente.

Caso você esteja guardando poucas quantias (menos de R$ 100)


de forma frequente, a conta corrente ou até mesmo a poupança
pode facilitar. Isso porque ambas são de fácil acesso e facilitarão
para você pegar esse dinheiro quando quiser investir.

Entretanto, atenção: o ideal é não deixar esses recursos ali por


muito tempo, visto que a poupança e a conta corrente não
trazem rentabilidades reais e não corrigem a inflação. Cito essas
opções pela facilidade oferecida, o que para muitos pode ser mais
importante no momento inicial.

A NuConta, do Nubank, e o CDB do Banco Inter são opções


interessantes. Essas aplicações trazem rentabilidades semelhantes
à do Tesouro Selic e não têm aplicação nem movimentações
mínimas. Ou seja, você pode deixar R$ 5 lá e aplicar de R$ 5 em R$
5, se assim desejar.

Por outro lado, se você já consegue economizar quantias superiores


a R$ 100, uma opção é o Tesouro Selic. Infelizmente, essa aplicação
tem uma aplicação mínima de cerca de R$ 100, o que dificulta para
guardarmos aquelas pequenas economias do dia a dia. O Tesouro
Selic está disponível para investimento na maioria das corretoras,
então é uma ótima alternativa.

39
4 Investimentos:
o que são?
4.1 Reserva de emergência: como lidar com
imprevistos sem se desorganizar
A incerteza permeia nossas vidas, e é praticamente impossível
evitar imprevistos financeiros ou despesas extras: o carro quebrou,
o celular foi roubado, ou, pior ainda, perdeu-se o emprego.

Fica a grande pergunta: se sabemos que eventos fora do previsto


ocorrem recorrentemente, por que não nos preparamos para eles?
A resposta para esse problema é ter uma reserva de emergência.

Lidar com imprevistos faz parte do planejamento financeiro e


é essencial para poder juntar dinheiro. E a melhor forma de se
preparar para esses problemas é tornando previstos os gastos
referentes a eles.

Ou seja, basta manter uma quantia financeira guardada para


que você tenha condições de arcar com essa surpresa sem que
ela prejudique seu planejamento financeiro. Essa é a reserva de
emergência. Acredite em mim, ela pode ser sua melhor amiga no
seu percurso de organização financeira.

O ideal para uma reserva de emergência é ter o equivalente a


cerca de seis meses do seu custo de vida. Ou seja, se você ganha
R$ 3.000 por mês e vive com R$ 2.000, multiplique esses R$ 2.000
por seis e você terá o seu valor da reserva (R$ 2.000 x 6 = R$ 12.000).

Alguns profissionais liberais preferem até juntar um pouco mais,


podendo chegar ao equivalente a 12 meses do custo de vida,
garantindo. Assim, garante-se um ano de segurança. Vale lembrar
que a estabilidade profissional de cada um é individual, mas deve
ser considerada na hora de montar a reserva.

40
A reserva de emergência deve ser sua segurança financeira. A
finalidade dela não é gerar lucros altos, muito menos te deixar
rico, mas garantir tranquilidade enquanto você se organiza e
economiza para poder investir em outras aplicações – as quais
poderão trazer retornos maiores. Dessa forma, você precisa aplicá-
-la em investimentos seguros.

As melhores opções de reserva de emergência são o Tesouro Selic


e fundos de investimento que rendem 100% do DI.

O Tesouro Selic é um investimento em títulos públicos federais


que pode ser realizado por meio de bancos ou corretoras de
investimento habilitadas no Tesouro Direto. Por se tratar de um
“empréstimo” ao governo, ele é uma das aplicações mais seguras.

Um fundo de investimento pode ser uma alternativa, mas ele


teve ter uma rentabilidade de aproximadamente 100% do DI e
liquidez de, no máximo, D+1. Talvez você ainda não saiba o que
são essas siglas, mas, de forma resumida, são apenas algumas
nomenclaturas padrão para as aplicações da sua reserva. Vamos
abordar o assunto mais adiante.

Investir não é complicado. Tudo que você precisa saber de início é


o básico. Logo logo, você se aprofunda com um pouco de estudo.
Enquanto conhece mais sobre o universo de investimentos, vá
formando sua reserva. Assim, você terá a tranquilidade necessária
para avançar na evolução de suas finanças.

4.2 Alguns conceitos e siglas importantes para


finanças pessoais
O mundo dos investimentos parece trazer consigo um vocabulário
próprio. Assim como uma língua estrangeira, são tantos conceitos
diferentes que às vezes o iniciante se sente perdido. A boa notícia
é que a maior parte dessas siglas e conceitos é bem simples e
intuitiva.

As primeiras siglas com que qualquer aspirante a investidor se


depara são famosas: CDB, CDI, LC, LCI, LCA etc. Elas são apenas
abreviações de alguns tipos de investimento, como Certificado
de Depósito Bancário (CDB) e Letra de Crédito Imobiliário (LCI).

41
Os bancos, quando querem captar recursos de pessoas físicas
para emprestá-los a outros clientes, emitem CDBs.

Assim, você se torna credor (empresta dinheiro) ao banco e recebe


uma taxa de juros sobre seu investimento por isso. Os prazos e as
taxas dependem de cada situação específica. Esse é um produto
financeiro da chamada “renda fixa”, conceito que abordaremos
em outro texto.

Uma LCI (Letra de Crédito Imobiliário) também é um título de


renda fixa, porém lastreado por crédito imobiliário (ou seja, que
tem como base da sua garantia imóveis).

Para você entender melhor, LCI é um ativo emitido por uma


instituição financeira (IF), sendo garantido por empréstimos
concedidos ao setor imobiliário (como hipotecas). A LCA (Letra
de Crédito do Agronegócio) é semelhante ao LCI em diversos
aspecto, mas tem lastro com o setor do agronegócio.

A LC (Letra de Câmbio) é um título de renda fixa muito semelhante


a um CDB. Porém, ao contrário desta última, ela não é emitida por
um banco, mas por outras instituições financeiras.

O CDI (Certificado de Depósito Interbancário) é como um CDB,


mas negociado entre dois bancos – e não entre você e o banco.
Quando um banco quer tomar um empréstimo, mas não quer
emitir títulos ao público, ele pode emitir um CDI e captar recursos
por meio de empréstimos de outros bancos (no chamado mercado
interbancário).

Esse tipo de investimento é muito confundido com o DI (taxa DI),


que corresponde à taxa média utilizada pelos bancos no mercado
interbancário (as taxas dos CDIs). Essa taxa acompanha muito de
perto a taxa Selic, embora não seja necessariamente igual a ela.

4.3 Mas e a Selic, o que é?


A taxa Selic é a taxa que o governo usa como referência para o
pagamento de juros quando pega dinheiro emprestado. Por isso,
ela também é conhecida como taxa básica de juros da economia,
justamente porque serve como base para os juros de toda a
economia do país.

42
Essa taxa guia a rentabilidade de muitos investimentos, como os
descritos anteriormente. Além disso, é uma ferramenta de que o
Banco Central dispõe para auxiliar no controle da inflação.

Falando de inflação, outra sigla importante é o IPCA, que se


refere ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo, calculado pelo
IBGE. Mesmo que você não compreenda exatamente o que isso
significa, trata-se de apenas um indicador estatístico que busca
medir a inflação do nosso país.

A inflação é um efeito do aumento de preços generalizados. Sabe


quando você vai ao mercado e tudo está mais caro? É por conta
da inflação.

Existem mais siglas e conceitos importantes em finanças e


investimentos. Por enquanto, minha dica é para você se familiarizar
com os já apresentados – e então seguir nos estudos. Lembre-se: o
conhecimento é um importante aliado para o sucesso financeiro.

4.4 Renda fixa vs. Renda variável


O universo de investimentos pode parecer muito complicado para
os iniciantes, porém todos os conceitos fundamentais são muito
intuitivos. Um investimento é o sacrifício de algo de valor, não
necessariamente monetário, com a expectativa de um benefício
sobre esse sacrifício.

Agora, trataremos da diferença entre investir em renda fixa e em


renda variável.

De modo geral, investir é assumir um compromisso definido


em dinheiro (ou em outros recursos) na expectativa de obter
benefícios (retornos) futuros. Em outras palavras, você abre mão
de algo agora com a expectativa de receber algo em troca no
futuro – próximo ou não.

Podemos exemplificar com a compra de uma ação e a expectativa


de sua valorização, justificando assim o tempo que o dinheiro
permaneceu investido nela. Essa valorização também é conhecida
como o retorno ou rendimento do investimento.

43
No entanto, investimento não se limita a aplicações financeiras.
O tempo gasto em determinadas atividades também pode ser
considerado um investimento. Afinal, o tempo gasto em estudos
pode gerar o benefício do conhecimento, bem como o tempo
gasto no trabalho gera o salário.

Quando falamos em investimentos financeiros, aqueles em que


aplicamos alguma quantia monetária, temos basicamente duas
classes: renda fixa e renda variável. Como comentei, eles são
conceitos intuitivos, pois “renda” vem de rentabilidade, e os termos
“fixa” e “variável” derivam de como essa rentabilidade ocorre.

Os investimentos de renda fixa funcionam como um empréstimo


do seu dinheiro ao emissor. Em troca, você recebe uma taxa de
rentabilidade fixa, que é definida no momento da compra.

A quantia captada é utilizada para financiamento de projetos,


pagamento de dívidas ou desenvolvimento de áreas específicas,
como o agronegócio e o setor imobiliário.

Então, ao investir em títulos de renda fixa, você ganha dinheiro e


ainda auxilia o crescimento de instituições e setores importantes
para a economia. É o primeiro tipo de investimento que você deve
fazer caso não tenha nenhuma reserva de emergência. Chama-se
“renda fixa” justamente porque tem uma rentabilidade previsível.

Um investimento de renda fixa é uma aplicação cuja rentabilidade é


fixada com algum indicador de amplo conhecimento, oferecendo
uma base de projeção ou um cálculo do retorno exato antes da
aplicação.

Títulos assim podem ter rendimento definido de antemão


(prefixado), com juros anuais definidos. Ou rendimento apurado
no vencimento (pós-fixado), atrelado a um indicador como o CDI.
Ou híbrido, com juros fixos mais um pós-fixado, como a variação
do IPCA.

Já um investimento de renda variável é aquele que não tem


garantia de retorno definido. Ou seja, sua remuneração ou seu
retorno de capital não pode ser dimensionado no momento da
aplicação, podendo variar positivamente ou negativamente, de
acordo com as expectativas do mercado.

44
Os investimento de renda variável mais comuns são ações,
fundos de renda variável (fundo de ação, multimercado e outros),
commodities (ouro, moeda e outros), derivativos (contratos
negociados nas Bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e
assemelhadas) e imóveis (FIIs, especulação e retorno de aluguéis).

Então, ao investir nessa categoria, você não tem certeza de quanto


seu dinheiro renderá ao longo do tempo. Na renda fixa, o oposto
ocorre, pois os investimentos têm uma taxa de rentabilidade
definida no momento da compra. Dessa forma, você consegue
calcular quanto seu capital deverá render até a data do resgate.

A renda variável apresenta essa volatilidade (variação) porque os


investimentos variam conforme as expectativas dos investidores
quanto a alguns fatores. Por exemplo, empresa ou ativo principal
(commodity, imóvel ou moeda), cenário econômico e político
(local e externo) e setor de atuação.

Por se tratar de fatores que mudam ao longo do tempo, algo que


hoje é lucrativo e bem-visto pode se tornar pouco apreciado pelo
mercado em um curto período. Assim, não é possível saber qual
será a visão dos investidores em relação ao ativo que você comprou,
uma vez que não há certeza a respeito de nenhum cenário.

A renda variável tem volatilidade: isso é natural no mercado. Caso


você queira ter bons lucros investindo em ações, é preciso aceitar
esse risco de curto prazo.

Existem muitos tipos de investimento em renda variável, e por


mais que você pense neles como algo arriscado demais, não deve
fazê-lo. Com estudo e conhecimento sobre o assunto, qualquer
indivíduo pode compreender o básico e começar a investir nessa
classe.

Não existem mistérios, porém ainda há muitos preconceitos


sobre essa abordagem. Bons investimentos em renda variável
não são difíceis de encontrar, e são eles que podem viabilizar uma
valorização real – de longo prazo – do seu dinheiro investido.

45
Esse risco que muitos atribuem à renda variável se deve à sua
volatilidade, o famoso “sobe e desce” do mercado. É um risco real,
sim – mas apenas se você está olhando para o curto prazo. Por
exemplo, se acompanhar diariamente esses investimentos em
busca de um ganho rápido. No entanto, não deve ser assim.

Falamos muito de longo prazo porque é com essa finalidade que


você deve investir em renda variável. Em razão de esses ativos
oscilarem muito todos os dias, é difícil termos uma previsão sobre o
retorno deles. Porém, bons investimentos podem trazer excelente
retornos aos seus investidores ao longo de alguns anos.

Investindo em renda variável, devemos levar em consideração


alguns critérios qualitativos na hora de escolher o ativo,
compreendendo-o, bem como a razão do nosso investimento. A
partir disso, mantê-lo a longo prazo se torna fácil.

Tenha em mente a seguinte definição: renda fixa é a segurança,


renda variável é a rentabilidade. Você não aumentará seu
patrimônio apenas investindo em renda fixa. Da mesma forma, se
você investir apenas em renda variável, provavelmente perderá o
sono, a tranquilidade e a estabilidade financeira. Bons investidores
encontram um equilíbrio entre as duas modalidades.

4.5 Fundos imobiliários (FIIs): o que são e


como funcionam?
O imóvel próprio é o sonho de vários brasileiros. Por isso, muitos
o enxergam como o investimento da vida, o que leva diversos
indivíduos que já conquistaram algum patrimônio a querer investir
em outros imóveis para a geração de uma renda passiva (por meio
do aluguel).

Mas há uma alternativa mais fácil e acessível no mercado financeiro


para aplicar em imóveis sem comprá-los: prazer, eis os fundos
imobiliários!

De forma direta, um fundo de investimento imobiliário (FII) é


um fundo de investimento que aplica em ativos imobiliários.
Estes podem ser ativos financeiros ou físicos. Ou seja, podem ser
produtos de crédito relacionados ao setor imobiliário ou imóveis
propriamente ditos.

46
Por exemplo, há fundos imobiliários que têm apenas shopping
centers em sua carteira de investimentos; outros têm hotéis, salas
comerciais, hospitais, prédios etc.

Para entender de forma simples como um FII funciona, vejamos o


seguinte exemplo: há mil pessoas e cada uma delas quer investir
R$ 1.000 em um fundo imobiliário.

Nesse caso, teremos uma empresa responsável pela administração


desse fundo. Ela captará esse dinheiro e realizará suas aplicações,
como a compra dos imóveis.

Essa empresa escolherá qual imóvel adquirir e fará todos os


trâmites de compra do imóvel, assim como aluguel, manutenção
e tudo que envolve a gestão desses recursos.

O R$ 1 milhão captado pelos investidores pode ser investido em


diferentes tipos de ativos do setor imobiliário. A escolha dependerá
das características definidas pelo fundo, as quais são sempre
detalhadas em seu regulamento.

Os investidores que aplicam no fundo recebem mensalmente a


distribuição dos aluguéis dos imóveis desse mesmo fundo. Ou
seja, o prédio adquirido com o dinheiro captado será alugado:
esse valor será distribuído proporcionalmente aos investidores do
fundo.

Ao contrário da aquisição de um imóvel para alugar – em que


você precisa gerir tudo, como contrato, contato com locador e
afins –, ao investir em um FII, você simplesmente transfere toda
essa parte burocrática para a empresa responsável pela gestão
daquele fundo.

Por esse serviço, a empresa recebe em torno de 0,5% ao ano


sobre o que você investiu como um pagamento pelos serviços.
Sinceramente, um valor bem pequeno.

Uma grande vantagem dos fundos imobiliários é que eles


possibilitam ao pequeno investidor participar dos resultados de
um empreendimento que seria inviável de investir diretamente e
sozinho, já que o valor seria bastante elevado.

47
Talvez esse indivíduo teria de desembolsar milhões para adquirir
lajes corporativas ou uma participação em um shopping, por
exemplo. Nos fundos imobiliários, o investidor consegue se tornar
sócio de um empreendimento – ou de vários empreendimentos –
com pouco dinheiro.

Há fundos negociados em bolsa de valores que têm em suas


carteiras dezenas de salas e lajes corporativas – e cujas cotas
custam menos de R$ 2. Isso torna o investimento bastante acessível
a qualquer um.

Muitos podem até questionar o porquê de investir em um FII


se podem adquirir o imóvel por conta própria. O que ocorre
é que geralmente os FIIs têm gestão profissional, podendo
dispor de imóveis muito bem localizados, nas melhores áreas
do país, além de conseguir contratos melhores e aproveitar
melhores oportunidades no setor. Algo que, provavelmente, não
conseguiríamos sozinhos.

Outro fator muito relevante é a liquidez: se você quisesse vender o


imóvel de sua propriedade, provavelmente demoraria um tempo.
Por sua vez, um FII pode ser vendido em qualquer instante, por ser
um ativo negociado em bolsa de valores.

48
4.6 Ações: o básico sobre elas (mercado não
é cassino!)
Qualquer um que nunca tenha tido contato direto com o mercado
financeiro tem a imagem das ações como aqueles números
piscando, negociados em grandes salões com muitas pessoas
gritando. Essa imagem está longe de ser verdadeira.

Mas você não está errado em ter essa impressão, devido à influência
de filmes e até de mitos populares sobre o assunto. Neste capítulo,
vamos entender o que são, de fato, ações, e como elas nos ajudam
a formar nosso patrimônio.

Ações são partes de uma empresa. Papéis, documentos financeiros


que representam uma pequena fração de uma grande companhia.

Entenda que uma ação da Petrobras significa uma pequena


parcela de uma das maiores petrolíferas do mundo, que
diariamente produz centenas de barris de petróleo, assim como
realiza diversas outras atividades.

Da mesma forma, uma ação do Itaú representa um percentual


de um dos maiores bancos do mundo, que gera lucros diários e
transaciona milhares de reais a cada instante.

Uma ação é a participação em uma empresa, um percentual de


uma companhia real, que emprega pessoas e produz bens e/
ou serviços com o objetivo de gerar lucros. Uma ação não é um
número piscando.

Devido ao fato de as ações estarem à disposição de negociação


imediata na bolsa de valores – com muitas pessoas querendo
comprar e outras querendo vender a cada instante –, elas têm seu
preço atualizado quase a todo momento.

Imagine que você tivesse um apartamento e que, a todo


momento, houvesse alguém querendo comprá-lo (e te passando
uma proposta). Esse apartamento imaginário está em um prédio
que têm mais nove apartamentos idênticos – e os moradores
compram e vendem seus imóveis frequentemente.

49
O valor do seu apartamento provavelmente oscilaria o tempo todo:
às vezes valeria um pouco mais, às vezes um pouco menos.

Isso porque, em um momento, alguém vendeu o apartamento de


cima, pois precisava urgentemente do dinheiro e optou por vendê-
lo mais barato. Ou alguém comprou o imóvel do primeiro andar
e pagou mais caro, pois considerou que era o imóvel dos sonhos.

Agora, imagine esse cenário estendido aos milhões, afinal cada


empresa tem centenas de milhões de ações em negociação.
Essas ações variam conforme as pessoas compram e vendem
diariamente no mercado de ações, segundo suas expectativas
no momento em relação à empresa – ou até mesmo ao cenário
econômico nacional e mundial. Existem inúmeras variáveis que
podem impactar os preços de uma ação.

Por isso mesmo, tentar prever o preço para lucrar comprando


barato e vendendo caro é arriscadíssimo, ainda mais para pequenos
investidores. Nesse caso, vale outra abordagem: comprar pensando
na valorização de longo prazo.

Adotar essa estratégia é ter uma visão de sócio, não de


especulação. Assim, você não fica mais vinculado a essas variações
de curto prazo. Você adquire a empresa porque acredita nela,
na sua geração de resultados no futuro e na sua capacidade de
crescer e de se valorizar.

Um acionista também participa da distribuição dos lucros das


empresas em que investe (os chamados proventos). Assim, ao
comprar ações de uma empresa em que acredita, você pode
participar desse crescimento de resultados.

Da mesma forma que talvez você não queira vender o seu


apartamento só porque todos estão vendendo e comprando as
outras unidades do prédio, você não precisa vender uma ação
apenas porque as outras pessoas estão fazendo isso.

No caso do apartamento, você o mantém porque gosta de morar


ali, está bem localizada e feliz, por exemplo. No caso da ação, você
permanece sócio de uma boa empresa quando está feliz com a
geração de resultados dela.

50
No entanto, há pessoas que optam por comprar ações para vendê-
las em um curto período (e lucrar com a diferença de preços).

Meu aviso: o mercado financeiro é muito volátil e incerto no curto


prazo. Além disso, existem muitos estudos que comprovam que
o movimento de uma ação no curto prazo é totalmente aleatório.
Justamente devido a essa aleatoriedade, muitas pessoas assimilam
o assunto a uma loteria. Um cassino.

Investir em ações não é jogar em um cassino. Investir em ações


não é apostar na valorização dela de hoje para amanhã, mas
identificar boas empresas com capacidade de gerar resultados
para os próximos anos. Ações são um “jogo” de paciência com o
longo prazo.

4.7 O que é e como montar uma carteira


de investimentos?
Uma carteira de investimentos é nada menos que o conjunto de
todos os seus investimentos. Por envolver a maior parte dos seus
recursos financeiros, ela deve estar alinhada com os seus objetivos
de vida e com o seu perfil.

Em razão disso, sempre afirmo que a carteira de investimentos de


cada pessoa é única. Não devemos simplesmente copiar o que os
outros fazem, mas compreender o que faz sentido para a nossa
vida quando o assunto é investir o nosso dinheiro. Para tanto, vou
te mostrar como começar a fazer isso de forma simples.

Primeiro precisamos entender bem o que compõe a nossa


carteira, isto é, quais investimentos existirão ali. Podemos ter tanto
as aplicações no mercado financeiro, como investir diretamente
em alguma coisa (ter um imóvel, por exemplo).

Caso você tenha algum investimento em algum tipo de ativo


físico, deve considerá-lo como uma parcela da sua carteira de
investimentos. Porém, para simplificarmos, vamos conversar
sobre a parcela que envolve aplicações financeiras.

Afinal, investimentos no setor imobiliário, ou até mesmo em private equity


(empresas de capital fechado), são assuntos mais avançados e sobre os
quais, provavelmente, quem está começando não tem tanto interesse.

51
Você terá na sua carteira de investimentos basicamente dois tipos
de ativos: os de renda fixa e os de renda variável. Já vimos que a
renda fixa será a sua segurança, ao passo que a renda variável será
a responsável por trazer rentabilidades maiores no longo prazo.
Porém, o que compõe cada uma delas e como saber quanto
investir em cada?

Na renda fixa, temos investimentos como Tesouro Direto, CDBs,


fundos de investimento de renda fixa e algumas opções mais
arriscadas, como títulos atrelados à inflação (Tesouro IPCA) e
debêntures.

A renda variável é composta de ações, fundos de investimento


(em ações), fundos multimercado e fundos imobiliários. Existem
alguns outros investimentos de renda variável que entendemos
serem muito arriscados para o iniciante. Assim, preferimos que
você os evite: são os derivativos e o investimento em câmbio.

Para saber quanto investir em cada um desses


investimentos, precisamos que você entenda bem duas
coisas: seus objetivos com esse dinheiro e seu perfil de
risco.

Seus objetivos serão basicamente três: os de curto, de médio e de


longo prazo.

Curto prazo: aqueles objetivos para daqui um ano, no


máximo. Por exemplo, suas férias ou uma viagem.
Médio prazo: mais ou menos três anos. Por exemplo, a
compra de um carro, um curso ou uma viagem ao exterior.
Longo prazo: têm um prazo maior, de cinco a dez anos.
São, geralmente, a aposentadoria, a compra de uma casa, a
faculdade dos filhos, e assim por diante.

Você percebe que cada objetivo tem características e prazos


distintos, não é? Em razão disso, precisamos entender que
temos que investir de forma muito distinta em cada um deles.
Precisamos separar nossos investimentos nessas finalidades para
então compor nossa carteira de investimentos consolidada.

52
A maioria das pessoas tem a aposentadoria como investimento
de longo prazo. Esse objetivo normalmente é aquele em que
precisamos consolidar a maior parte dos nossos esforços e recursos
para alcançar. Por conta disso, geralmente, o investimento para a
aposentadoria acaba sendo o reflexo final da carteira.

Em outras palavras, pelo fato de a aposentadoria estar mais


distante, podemos investir mais em renda variável. Por isso, vemos
muitos investidores reservando a maior parte da sua carteira em
ações a esse objetivo final.

O segundo fator que você deve considerar ao montar seu portfólio


é seu perfil de risco. Em outras palavras, quanto você está disposto
a ver seu patrimônio oscilar de preço – a volatilidade.

Particularmente, entendo isso mais como um guia sobre qual é


seu nível de conhecimento no mercado. Afinal, quanto mais o
indivíduo conhece sobre investimentos e os tem bem alinhados
com os seus objetivos, mais perde esse medo das oscilações.

Então, caso você seja muito conservador, comece pela renda fixa
e vá estudando outros conceitos até se familiarizar e se sentir
confortável. Quem é moderado já está no meio do caminho e
consegue fazer um mix de investimentos em renda fixa e variável.

Os arrojados ou agressivos são aqueles que já se sentem


confortáveis com a renda variável, mas devem ficar atentos para
se manter atualizados e não cometer erros.

Seus objetivos de curto prazo devem ser todos investidos na


renda fixa, independentemente do seu perfil. Isso porque a
renda variável oscila muito no curto prazo e não existem garantias
em relação a ela.

Seu objetivo de curto prazo pode ser uma viagem de férias, por
exemplo, e você não quer arriscar que ela não ocorra apenas por
uma queda da bolsa, não é? Invista em ativos da renda fixa, os
quais têm baixa volatilidade, como Tesouro Selic ou um fundo DI.

Para o médio prazo, você poderá fazer um mix nos investimentos


conforme seu perfil. Os conservadores e moderados devem se
manter na renda fixa, ao passo que os agressivos podem adicionar
alguns fundos de investimento. A renda fixa escolhida aqui

53
deve ser preferencialmente uma com um prazo de vencimento
semelhante ao seu objetivo.

Ou seja, vamos supor que você queira comprar um carro daqui


quatro anos. Busque um CDB, uma debênture ou até mesmo um
Tesouro IPCA com um prazo de vencimento aproximado a quatro
anos. Esses investimentos de renda fixa geralmente trazem mais
rentabilidades, mas precisam de um prazo menor de liquidez.

O longo prazo é da renda variável. Mesmo os investidores mais


conservadores podem se beneficiar de investimento em fundos
imobiliários e multimercado; os moderados e agressivos podem
optar pelas ações.

O ideal aqui é que você vá investindo aos poucos e entendendo


como se sente com relação às movimentações do mercado. Caso
você fique muito nervoso, com medo sobre alguma coisa, invista
um pouco mais em renda fixa. A parcela ideal de investimento
em renda variável é aquela que não atrapalha seu sono: tenha
isso em mente.

Assim como nenhuma pessoa é igual a outra, nenhuma carteira


de investimento é igual a outra. Precisamos saber como identificar
essas nossas características e replicá-las em nossos investimentos.
Não tenha pressa: investir é um processo, não um evento. Entre
erros e acertos, você aprenderá a fazer a melhor carteira, uma
exclusiva para você.

54
4.8 Fundos de investimento: o que são e como
funcionam?
Fundos de investimento são algo com que alguns investidores
iniciantes já tiveram contato, provavelmente porque esses
produtos de investimento foram ofertados pelo próprio banco.

Os fundos de investimento vão muito além disso, podendo ser


ótimas opções, principalmente para aqueles que visam a simplificar
sua forma de investir. Mas antes de entendermos como utilizá-
los, precisamos responder a uma pergunta: o que são fundos de
investimento?

Podemos definir um fundo de investimento de forma resumida


como uma ferramenta que pode ser utilizada por diversas
pessoas simultaneamente para que elas apliquem ali seus
recursos financeiros com o objetivo de acumular uma quantidade
significante de capital, usufruindo da rentabilidade dessas
aplicações.

Em outras palavras, um fundo de investimento é um produto


em que várias pessoas aplicam seu dinheiro em conjunto, não
necessariamente na mesma quantidade.

Um especialista, normalmente chamado de administrador ou


gestor, toma conta de todo esse patrimônio e se responsabiliza
pela forma com que ele será aplicado, tentando maximizar sua
rentabilidade e entregar os maiores rendimentos possíveis aos
seus investidores.

Uma analogia muito utilizada é a do condomínio: cada indivíduo


pode ter um ou mais apartamentos (as cotas do fundo). Ao ter
esse apartamento, você pagará uma taxa de condomínio (taxas
de administração do fundo), mas em razão disso poderá utilizar a
piscina do prédio, o salão de festas, a academia etc., além de ter
um segurança que cuida do prédio e um síndico responsável pela
parte administrativa.

Da mesma forma, se você quiser ter tudo isso na sua própria casa
e não por meio de um condomínio, ela será muito mais cara e
demandará muito mais. Essa lógica também se aplica a um fundo
de investimento.

55
Investidores individuais muitas vezes não conseguem acessar
diretamente alguns tipos de investimentos, os quais são possíveis
via fundo de investimento. Da mesma forma, às vezes eles não
têm o interesse e o tempo para se desenvolverem e se tornarem
investidores profissionais, serviço que um fundo proporciona.

O investidor que aplica em um fundo na verdade compra uma


cota deste, passando então a ser um cotista do fundo. Ele tem
como objetivo final a obtenção de ganhos a partir da aplicação
feita no mercado financeiro pelo gestor.

Como o patrimônio do fundo tende a se valorizar por conta da


rentabilidade obtida com seus investimentos, as cotas também se
valorizam. O patrimônio do investidor cresce, já que ele participa
desse resultado com todo o fundo – claro, de forma proporcional
aos seus investimentos.

Fundos de investimento podem ser muito diferentes uns dos


outros, afinal têm características semelhantes aos ativos em
que investem. Para facilitar nossas vidas, eles têm algumas
classificações que demonstram essa composição de suas carteiras.

As classificações mais abrangentes são entre fundos de renda fixa,


fundos multimercado, fundos de ações e fundos cambiais. Todo
fundo de investimento tem em seu nome a indicação da classe a
que pertence, geralmente por siglas. Um fundo de renda fixa, por
exemplo, tem FI RF (fundo de investimento de renda fixa).

Os fundos de investimentos são excelentes alternativas de


investimento para pessoas que não têm muita familiaridade com
o mercado financeiro como um todo, além de indivíduos que
não têm tempo de acompanhar o mercado nem condições de
estruturar suas próprias carteiras.

Cada fundo de investimento tem características individuais, e


uma delas é seu objetivo. Afinal, cada fundo tem uma estratégia
diferente para atingir um determinado objetivo: geralmente, trata-
se de uma meta de rentabilidade.

Esses objetivos costumam ser alinhados com a categoria do fundo.


Por exemplo, um fundo de renda fixa geralmente visa a superar o
CDI, ao passo que um fundo de ações visa a superar o Ibovespa.

56
Esses indicadores que os fundos almejam superar são os chamados
benchmarks. Mais importante que isso, porém, é você saber se
esse produto faz sentido na sua carteira de investimentos e se está
em linha com seus objetivos financeiros.

Os Fundos de Investimento de Renda Fixa (FI RF) são aqueles


que aplicam o dinheiro do investidor apenas, ou em maioria,
em investimentos atrelados à renda fixa, tais como CDBs, LCIs,
LCAs, Tesouro Direto, entre outros. São indicados a investidores
mais conservadores, pois costumam ter certa previsibilidade de
valorização e, em geral, acompanhar o CDI.

Porém, há alguns fundos dessa modalidade que seguem índices


de inflação, por isso acabam enfrentando alguma volatilidade, já
que títulos de inflação costumam ser marcados a mercado e ter
preços oscilantes, como é o caso das NTN-B (títulos do Tesouro
indexados ao IPCA).

Os Fundos de Investimentos em Ações (FIA) são muito procurados


por quem apresenta um perfil de investimentos mais arrojado e
tolera um pouco mais de riscos, pois as aplicações desse tipo de
fundo são feitas em pelo menos 67% da carteira em ações. Assim,
suas rentabilidades estão sujeitas às inevitáveis volatilidades do
mercado.

Portanto, é comum que um investidor que aplique seus recursos


em um fundo de ações perceba maiores oscilações em seu
investimento, já que as ações costumam ter mais volatilidade – e
se valorizam e desvalorizam com certa frequência.

Também é importante analisar o perfil de ações em que o fundo


investe, bem como seu histórico, já que fundos de ações que
investem em ativos de baixa qualidade podem ter um desempenho
ruim no longo prazo. Existem fundos de ações mais arriscados,
pois visam a ações small caps, aquelas de empresas menores.
Elas têm mais chance de crescimento, mas também trazem uma
volatilidade maior.

Fundos de ações podem ser uma boa opção para quem deseja
entrar no mercado, mas ainda não tem nenhum conhecimento
e dispõe de poucos recursos. Esses tipos de fundos acabam
acostumando o investidor com relação à volatilidade do mercado,
o que o prepara para comprar suas ações diretamente por meio
de uma corretora e não se assustar com eventuais desvalorizações.

57
Já os Fundos de Investimento Multimercado (FIM) são aqueles
que buscam mesclar tanto aplicações em renda fixa como em
renda variável (ações e câmbio por exemplo). Sendo assim, são
mais indicados àqueles investidores que buscam um equilíbrio
em suas aplicações financeiras.

Esses fundos costumam oferecer estratégias das mais variadas


e buscam atingir retornos mais elevados no longo prazo, porém
com uma dose um pouco maior de risco e volatilidade. Vale
destacar aqui que é muito importante que o investidor pesquise
bem as características do fundo de interesse para que surpresas
desagradáveis não surjam após ua adesão a essas aplicações.

Por fim, um fundo cambial é um tipo de fundo de investimento


que aplica necessariamente ao menos 80% de sua carteira em
ativos relacionados, diretamente ou sintetizados (via derivativos)
em alguma moeda estrangeira, normalmente dólar ou euro.

Nesse sentido, o investidor se beneficia do movimento de alta da


moeda estrangeira ou tem perdas, caso haja desvalorização da
moeda em relação ao real.

A identificação desses fundos também é simples: geralmente,


eles têm no próprio nome a moeda a que são vinculados. Esse tipo
de aplicação é recomendado como um meio de diversificação
do portfólio de investimentos de uma carteira de aplicação, que
geralmente atende a investidores com perfil de risco moderado,
ou seja, com uma disposição média de exposição a riscos.

Destacamos que o objetivo dos fundos não necessariamente


representa que aquela meta de fato será alcançada, isso devido
às inúmeras variáveis envolvidas no mercado. Nunca é possível
garantir uma rentabilidade futura, então tenha atenção ao escolher
um fundo e avalie com antecedência se seus objetivos pessoais de
investimentos são compatíveis com os do fundo em questão.

Taxas

Como na maioria dos investimentos disponíveis no mercado, os


fundos de investimentos cobram taxas que se referem basicamente
à administração e à performance do fundo.

58
Conforme mencionei anteriormente, cada fundo é administrado
por um gestor que, teoricamente, tem experiência e segurança
em suas operações.

Para prestar o serviço de investir o dinheiro de todos os investidores,


esse gestor geralmente demanda algumas taxas, como a de
administração, cobrada em toda e qualquer forma de fundo de
investimento. Ela serve como remuneração do fundo e desse
gestor.

Também existe a taxa de performance, cobrada somente em alguns


tipos de fundo. Ela funciona como uma espécie de bônus para o
gestor por ter atingido uma meta preestabelecida ou conseguido
uma boa rentabilidade num período também predeterminado.

Assim, é sempre bom analisar individualmente cada fundo de


investimento antes de se investir para que se tenha uma noção
antecipada se tal instituição cobra taxas ou não – e quais seriam
as porcentagens dessas cobranças.

Recomendamos que o investidor procure taxas atrativas e um


gestor que tenha um bom histórico de resultados, mesmo que,
para isso, taxas de performance sejam cobradas.

Diversificação

Outro ponto interessante de se destacar a respeito dos fundos de


investimentos é a possibilidade de diversificação que um cotista
tem ao entrar em um fundo.

Ao aplicar nesse ativo, o investidor automaticamente diversifica


sua carteira e diminui seus riscos, tendo em vista a abrangência
de aplicações simultâneas que o gestor daquele fundo faz com os
recursos disponibilizados pelos cotistas, com diferentes níveis de
riscos e retornos.

Gestão profissional

A aplicação dos recursos é feita de forma mais eficiente do que


se realizada por um investidor individual de pouca experiência,
porque profissionais especializados se dedicam em tempo integral
à gestão do fundo.

59
Esse fato não descarta, porém, uma pesquisa aprofundada
de quem são os responsáveis pelos fundos e o histórico desses
administradores em relação ao mercado financeiro. Nem todo
fundo, mesmo com uma gestão profissional e onerosa, consegue
entregar ótimos retornos aos investidores.

Investimento mínimo

Muitos fundos são bastante interessantes e apresentam boas


características de gestão e aplicação de recursos.

Porém, cada um tem um valor mínimo de investimento diferente, e


é importante que o investidor se atente a esses valores, verificando
se eles são coerentes com suas expectativas, sua disponibilidade e
sua capacidade financeira.

Normalmente, os fundos de investimentos com aplicações


mínimas baixas (menos de R$ 1 mil) acabam cobrando taxas de
administração muito elevadas, o que deve ser evitado.

Carência no resgate

A carência nada mais é do que o prazo que se estende entre a


solicitação do resgate do capital investido e o dia em que, de fato,
o investidor terá esse dinheiro novamente disponível em sua conta
bancária.

Diferentemente de outras aplicações com prazo de vencimento,


como o Tesouro Direto, o investidor que solicita o resgate de seus
recursos em um fundo de investimento precisa esperar que o
prazo de carência daquele fundo seja cumprido.

Dessa forma, após a solicitação do resgate em um fundo que


apresenta uma carência de 10 dias, por exemplo, o investidor deve
ter ciência de que deverá esperar esses mesmos 10 dias até que
esse dinheiro esteja disponível em sua conta bancária.

O mercado financeiro apresenta diversas alternativas de


investimentos, e é sempre importante pesquisar e estudar
bastante as principais características dos ativos sobre os quais se
tem interesse em aplicar recursos.

Sobre os fundos de investimentos, essa lógica também é necessária.

60
O investidor precisa pesquisar muito bem as características
individuais dos fundos de seu interesse, assim como suas taxas,
gestão, prazos de carência e rentabilidade, para que não se
surpreenda negativamente depois de ingressar nesse tipo de
investimento.

Como sempre salientamos, conhecimento nunca é demais: no


mercado financeiro, essa afirmação é ainda mais verdadeira.

4.9 ETFs
Fundos de índices, ou ETFs (Exchange Traded Funds), são
fundos de investimentos com o único objetivo de acompanhar a
rentabilidade de determinado indexador. Ou seja, cada ETF reflete
a performance de um determinado índice de referência de um
setor.

Ao comprar cotas, você adquire uma carteira de ações sem precisar


realizar a gestão de cada uma das ações, com a vantagem de
participar de diferentes empresas e segmentos.

As cotas do ETF representam uma fração do índice de referência


do fundo. Dessa forma, você ganha com a diversificação e com o
baixo custo de adquirir uma cesta de ações a partir de uma única
ordem de compra.

Os ETFs, por terem gestão passiva, acarretam custos reduzidos,


pois apenas replicam uma carteira (como a do IBOV), sem precisar
de análises complementares e de equipe para fazer a gestão
do investimento. Além disso, não realizam giro excessivo de
suas carteiras. Os custos menores significam menores taxas de
administração e ausência de taxa de performance.

ETFs também operam com valores baixos de cotas, facilitando


a entrada do pequeno investidor no mercado de renda variável.
A aquisição de um ETF é uma alternativa simples, diversificada,
segura e viável se comparada à montagem de uma carteira de ações
própria, principalmente se o investidor não tiver conhecimento
prévio sobre o assunto.

Por exemplo, se um investidor iniciante quer compor uma carteira


diversificada e que represente o mercado brasileiro, em vez de
comprar as ações que compõem o IBOV separadamente, ele pode
adquirir um ETF como o BOVA11.

61
Outro benefício dos ETFs é a total transparência da carteira. Muitos
fundos de investimentos de outros tipos não disponibilizam de
forma fácil (e constante) a composição das suas carteiras. Então,
quando você se torna cotista de um fundo assim, pode comprar
uma incógnita.

Vale lembrar a existência da relação entre risco e retorno. ETFs são


opções mais seguras, mas com rentabilidade mais restrita.

4.10 Gestão ativa vs. passiva


A gestão ativa de um fundo de investimentos faz referência à
compra e venda de ativos com o intuito de adquirir retorno acima
de um índice fixado como referência para a gestão da carteira –
um benchmark definido para aquele produto de investimento.

O objetivo do fundo com gestão ativa é que seu desempenho


supere um benchmark, oferecendo maiores rentabilidades a seus
investidores. Esse modelo implica custos maiores, pois envolve
equipes maiores para análise e gestão de investimentos. Desse
modo, tais fundos têm taxas de administração maiores – e em
alguns casos ainda aplicam a taxa de performance.

Por outro lado, a gestão passiva é uma estratégia de investimento


em que o gestor do fundo investe em ativos visando a reproduzir
a carteira do índice previamente definido. O retorno, nessa
estratégia, deverá aproximar-se desse benchmark. A gestão
passiva é caracterizada pelos ETFs, os quais replica um indicador,
como o BOVA11, que busca replicar o índice Bovespa.

Se você ainda não se acostumou com tantos termos apresentados


neste capítulo, não se preocupe: o universo das finanças pode
assustar no começo, mas logo é assimilado.

Se precisar de um auxílio, a assinatura Suno Start serve como uma


excelente porta de entrada para investidores. Nela, os conteúdos
são direcionados ao investidor iniciante que quer aprender sobre
o mercado e entender quais são as melhores oportunidades de
investimentos em ações, FIIs e fundos de investimentos. Clique
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62
5 Investindo na prática

Quando falamos em aplicar os conhecimentos, devemos considerar


a realidade em que estamos inseridas. Não há regra geral, apenas
um bom senso entre o que desejamos e o necessário.

Há algum tempo, algumas repórteres do Suno Notícias fizeram


reportagens sobre investimentos para mulheres em períodos
diferentes de suas vidas. Utilizarei esse conteúdo como base para
algumas das minhas considerações.

5.1 Dos 20 aos 30: a melhor forma


para começar
A maioria das pessoas não se preocupa muito com investimentos
quando jovem. Antes dos 30, pensamos que ainda é muito cedo,
que não precisamos nos preocupar ou mesmo nos questionar
sobre isso. A verdade é que a melhor estratégia é começar o
quanto antes, ou seja, agora mesmo!

A falta de informação financeira não é exclusividade do público


feminino. Entretanto, em razão de ainda existir uma disparidade
salarial, muitas mulheres postergam o início de seus investimentos
por considerarem que ganham pouco ou que têm pouco dinheiro.

Infelizmente, essa é uma desculpa que as pessoas contam a si


mesmas, pois investir bem não depende de quantia: é possível
começar com menos de R$ 10.

Essa é uma fase importante para trabalhar a falta de autoconfiança,


as frustrações e as procrastinação, que acabam gerando fobia
financeira ao longo da vida. Afinal, até pouco tempo atrás, as
mulheres não cuidavam do dinheiro porque havia uma lei que
proibia a mulher casada de trabalhar fora, abrir conta em banco
ou ter seu próprio negócio.

63
Isso mudou efetivamente na Constituição de 1988 (ou seja, pouco
antes de essa geração nascer). Portanto, não precisamos mais
nos inspirar nos conceitos culturais brasileiros segundo os quais
a mulher não sabe cuidar do dinheiro – e outras crenças nessa
mesma linha.

Também há um comportamento muito comum de mulheres que


deixam na mão de maridos ou companheiros a gestão financeira.
Por mais especialista no assunto que o outro possa ser, precisamos
ter noção das decisões realizadas com o nosso dinheiro. Apenas
esse conhecimento poderá garantir atingir a liberdade financeira
individual.

Conforme você adquire estabilidade professional e um salário que


viabiliza pagar suas contas, é hora de iniciar seus investimentos.
Quando falamos de um salário que pague suas contas, estamos
considerando algo que viabilize o básico. Muitas mulheres erram
nessa idade, pois priorizam supérfluos e aumentam seu padrão
de vida antes mesmo de começar a investir.

Entre os 20 e 30 anos, geralmente vivemos uma ascensão


profissional mais acelerada, saindo de um estágio para um
emprego mais estável. Claro que nunca podemos generalizar,
mas o aumento de salário proporciona uma oportunidade incrível
para o início dos investimentos.

Mesmo que o salário seja pequeno, esse é um momento mais fácil


de economizar, afinal as despesas são menores e mais simples
de gerenciar (sem família, por exemplo), além de os vários anos à
frente auxiliarem o benefício dos juros compostos.

Nessa etapa da vida, grande parte das mulheres ainda tem


despesas mais enxutas, pois ainda não constituiu família. Dessa
forma, fica mais fácil controlar as despesas para conseguir guardar
dinheiro e investir.

Com aumentos salarias, mesmo que pequenos, deve-se priorizar


investimentos – ao invés de simplesmente elevar os custos mensais.
Outra vantagem das mulheres jovens é que elas têm mais apetite
a risco e um horizonte de longo prazo, podendo montar carteiras
diversificadas e com potencial de rentabilidades maiores.

64
Essa é a melhor fase para começar a investir na aposentadoria.
Começando cedo, é possível investir um valor baixo mensalmente
e garantir uma reserva financeira significativa.

Nessa fase da vida, investir em educação é fundamental, pois a


qualificação profissional permite um aumento na renda futura.
Além da educação formal, é necessário investir tempo e dinheiro
em educação financeira. Dessa forma, podemos tomar decisões
mais conscientes com relação às nossas finanças.

Fase da fundação da riqueza é entre 20 e 30 anos

Não que seja impossível acumular patrimônio posteriormente,


mas o momento mais fácil é antes dos 30 anos. Afinal, você terá
mais tempo para deixar esses recursos investidos, portanto se
beneficiará dos juros compostos.

Pensando nisso, o ideal é guardar ao menos 20-30% da renda


mensal, dividindo essa reserva entre sonhos e aposentadoria, no
caso de quem não tem muitas despesas fixas. Já quem não tem
ajuda financeira ou mora sozinha deve tentar guardar ao menos
10% a 15% da própria renda.

Inicialmente, o foco deve ser a formação do hábito de economizar,


para posteriormente se preocupar mais com onde investir.
Devemos ter em mente que o segredo é a paciência: estamos
em uma jornada, não em uma corrida de 100 metros. Damos um
passo de cada vez conforme nos sentimos confortáveis.

Assim, caso você não se sinta segura, pode começar com ativos de
maior liquidez e menor risco. Ao se sentir segura, será mais fácil
partir para investimentos diversificados, com maior risco e foco no
longo prazo, como aposentadoria.

O importante é que os investimentos façam parte da rotina desde


o começo da vida adulta. Uma forma de manter isso na rotina é
separar um horário semanal para cuidar das finanças e estudar o
assunto. A criação desse hábito desde cedo será um diferencial ao
longo de toda a sua vida.

65
Alta tolerância ao risco nos investimentos para mulheres jovens

Até os 30 anos, as mulheres têm muito mais apetite a risco do que


nas outras fases da vida.

Entre 20 e 29 anos, 55% das investidoras mostraram alta


tolerância ao risco.
Essa taxa cai para 30% nas mulheres entre 30 a 45 anos.
A fatia fica em apenas 25% na faixa entre 45 e 60 anos.
Acima de 60 anos, cai para 23%.

Segundo levantamento do Credit Suisse, a maioria dos jovens


investidores pode aceitar perdas potenciais de 7% a 11% no seu
capital em um ano, enquanto alguns chegam a tolerar até 20%.

A elevada tolerância ao risco, somada ao horizonte de longo prazo


dos investimentos, permite que as mulheres mais jovens possam
investir em ativos variados, com direito a uma carteira de ações.

Outro fator que contribui para fazer investimentos em renda


variável é que as mulheres de 20 a 30 anos não precisam ter uma
renda constante gerada a partir dos seus investimentos.

Com isso, os recursos podem ficar alocados nos ativos por mais
tempo, o que é uma boa estratégia para investimentos em ações.

Nessa idade, a investidora pode tomar mais risco porque terá mais
tempo para acumular patrimônio, recuperar sua rentabilidade
em caso de perdas ou mudar a estratégia de investimentos caso
entenda que isso é necessário.

Destacamos que a renda variável só é uma boa ideia para


investimentos de longo prazo. Ou seja, são investimentos ideais
para os jovens que buscam construir uma boa aposentadoria ou
mesmo a independência financeira.

66
Atente-se às seguintes condições:

Só invista em renda variável se você já tiver sua reserva de


emergência constituída.
Só invista em renda variável se você tiver tolerância a risco.
Não invista em renda variável o dinheiro que você usará em
seus objetivos de curto prazo (12 meses). Ou seja, se você
está investindo para pagar seu casamento daqui a um ano,
por exemplo, prefira renda fixa.

Passo a passo para começar a investir

Conforme já apontei neste mesmo ebook, indico a seguinte lógica.


Para quem ainda não tem dinheiro sobrando no final do mês:

Tenha clareza do quanto ganha por mês.


Tenha clareza de quanto gasta por mês.
Estipule um valor ou porcentual para poupar mensalmente.
Você pode usar a regra 50-30-20, que prevê 50% do
orçamento em itens essenciais (alimentação, moradia), 30%
para despesas variáveis (compras, refeições em restaurante)
e 20% para investir.

Para quem já consegue juntar dinheiro:

O primeiro passo para todo investidor é formar uma reserva


de emergência.
A reserva de emergência deve ser equivalente a 6 a 12 meses
dos seus gastos mensais.
A reserva de emergência deve ser aplicada em investimentos
de renda fixa, com baixo risco e alta liquidez. Ou seja, você
deverá poder sacar o dinheiro rapidamente, caso precise
dele.
Quando a reserva estiver constituída, aí sim você poderá
começar a buscar investimentos de maior risco, pensando
no longo prazo.

5.2 Dos 30 aos 45: desafios maiores


pelo caminho
Entre os 30 e 45 anos, muitas mulheres iniciam uma fase de novas
responsabilidades, tanto na carreira como na vida pessoal, e isso
deve se refletir na estratégia de investimentos.

67
Para mulheres investidoras que decidem ter filhos nesse período,
concentrar-se em investimentos que geram renda é uma boa
pedida. Já para aquelas que decidem não ser mães, concentrar-se
no aumento do patrimônio pode gerar bons frutos.

Esse ainda é um bom momento para as mulheres se prepararem


para a aposentadoria, beneficiando-se de investimentos de longo
prazo. Afinal, trata-se de um período em que a mulher pode se
beneficiar de uma renda maior e ainda dispor de longos anos pela
frente para se beneficiar dos juros compostos.

O mais importante, mesmo para as mulheres que ainda não


investem, é começar a cuidar do próprio dinheiro o quanto antes,
fazendo um bom controle do orçamento. A construção do hábito
de economizar é essencial para se ter mais consciência financeira
antes de começar a investir.

Independentemente da situação familiar, não custa repetir, todas


as pessoas devem ter uma reserva de emergência que cubra ao
menos seis meses de despesas, para somente depois começar a
investir em ativos de maior risco.

Mulheres investidoras com filhos têm mais desafios

Nessa faixa etária, muitas mulheres entram na fase do “ter” – ter


filhos, ter relacionamentos, ter casa, ter carro, ter carreira. Ou seja,
é uma fase de gastos elevados, mas que, com disciplina, também
pode ser uma boa fase para acumulação de reservas.

Para as mulheres que desejam ter filhos, essa fase da vida pode
reservar alguns desafios financeiros. Primeiro porque algumas
podem optar por parar de trabalhar temporariamente para cuidar
das crianças.

Segundo porque muitas acabam sendo desligadas na volta da


licença-maternidade – ou pedem demissão por não conseguirem
conciliar as demandas.

68
De acordo com um estudo da FGV, após 24 meses, quase
metade das mulheres que tiram licença-maternidade está
fora do mercado de trabalho brasileiro, um padrão que se
perpetua inclusive 47 meses após a licença. O problema
é mais grave para mulheres de baixa escolaridade (51%) e
cai entre mulheres com maior escolaridade (35%).

“A maior parte das saídas do mercado de trabalho se dá sem justa


causa e por iniciativa do empregador”, informa o estudo da FGV.
Com esse cenário, destaco a importância de planejar a maternidade
com o máximo de antecedência possível.

Mesmo que a gravidez não tenha sido planejada, vale fazer um


esforço durante a gestação para guardar dinheiro ou pelo menos
organizar sua atual situação financeira.

Como em qualquer fase da vida, a mulher tem de se planejar,


principalmente agora que não será mais apenas ela, mas sim uma
mãe e seu filho. Portanto, é essencial cortar gastos e planejar as
despesas destinadas à criança. Não adianta querer ser super-heroína
e se colocar em uma cilada, pois existe o risco de se ver em uma
situação extremamente difícil.

Depois do nascimento dos filhos, o desafio continua, pois os gastos


de quem tem uma família tendem a ser maiores. Mesmo assim, é
importante manter disciplina.

Essa nova realidade força a rever gastos, priorizar gastos importantes


(como educação e saúde) e buscar alternativas para gastos variáveis
(como passeios e refeições em restaurante).

Utilizar a criatividade para alguns tipos de gastos – priorizando a


proximidade e a economia e optando por opções menos custosas –
pode trazer boas experiências com gastos menores.

69
Carteira de investimentos de mãe investidora

Para quem já tem dinheiro guardado, uma das melhores opções


é se concentrar em uma carteira de investimentos geradora de
renda. Ou seja, selecionar ativos pagadores de dividendos e fundos
imobiliários. Esses ativos possibilitam que a mãe investidora reinvista
os proventos, mas também trazem uma segurança caso ela precise
de renda extra em algum momento, como para compensar um
potencial queda – ou suspensão – dos seus salários.

Destacamos que é importante entender que a maternidade deve


reduzir o risco da carteira de investimentos. Dessa forma, a investidora
deve considerar investimentos mais sólidos, menos voláteis e com
bons fundamentos.

Produtos de renda fixa que paguem juros periódicos também fazem


sentido para a carteira da mãe investidora de 30 a 45 anos, como um
título público, um Certificado de Recebível Imobiliário (CRI) ou uma
debênture.

Mulheres investidoras sem filhos

Para mulheres que optam por não ter filhos ou seguem trabalhando
em tempo integral, a estratégia de geração de renda pode sim ser
utilizada, mas o mais interessante é se concentrar no crescimento do
patrimônio.

As investidoras mães talvez não precisem utilizar a renda passiva


dos dividendos e podem optar por reinvesti-los, mas a estratégia de
dividendos traz mais segurança para quem tem filhos.

Já as investidoras que escolheram não ter filhos – ainda ou em


definitivo – podem aproveitar ativos mais voláteis e com maiores
potenciais de valorização, como ações small caps ou alguns
investimentos alternativos.

Aquelas que não se sentem tão atraídas por investir diretamente


na bolsa de valores podem optar por fundos de ações, fundos
multimercado, ETFs ou mesmo buscar a assessoria de um profissional.

70
É importante ressaltar que um bom profissional pode auxiliar muito
os resultados financeiros dos seus investimentos, devendo ser
considerado principalmente se a mulher não tem muito tempo à
disposição.

As mulheres sem filhos devem garantir patrimônio para a


manutenção do estilo de vida e seu sustento de forma independente,
ainda mais porque não terão o apoio da prole em caso de necessidade
de cobertura de gastos futuros, no caso daquelas que não desejam
ter filhos.

As investidoras que pensam em ter filhos – mas ainda não têm um


prazo – devem investir e acumular patrimônio pensando nesse
momento futuro, o qual trará uma mudança gigantesca no estilo de
vida.

Preocupação com aposentadoria deve ser grande

Além disso, quanto antes as mulheres começarem a pensar na


aposentadoria, melhor. Entre os 30 e 45 anos, ainda temos uma boa
tolerância ao risco e podemos aplicar em renda variável com foco no
longo prazo, o que dilui os riscos.

Vale lembrar que as mulheres vivem em média sete anos a mais que
os homens, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE).

Toda mulher precisa decidir se quer ser uma idosa sem condições ou
se viverá a velhice com o patrimônio que ela mesma construiu. Afinal,
não existe nada mais empoderador que a liberdade financeira.

Para as mulheres investidoras que têm filhos, a orientação é


somente pensar em fazer aplicações para os filhos depois que tiver
os próprios investimentos em dia. Embora as mães não sejam as
únicas responsáveis pelos filhos, muitas vezes isso ocorre.

O melhor investimento que você pode dar aos seus filhos, depois de
uma boa educação, é a sua própria estabilidade financeira. Assim,
eles poderão seguir seus próprios caminhos sem preocupações.

71
Controlando as despesas

Independentemente de formar ou não uma família, todas as


mulheres dessa faixa etária devem fazer um bom controle de gastos.
Controlar as despesas é importante desde o primeiro momento em
que você começa a ganhar o seu dinheiro.

Afinal, não importa a idade: assim que você ganha mais, também
aporta mais. Mas isso só é possível se você controlar os gastos desde
o início.

Muitas mulheres cometem o erro de aumentar seus gastos e


consumir mais quando estão no ápice da carreira e começam a
ganhar mais. Frases como “eu mereço, trabalho tanto” ou “é só um
presente para mim” podem ser uma forma de boicotar a própria
independência financeira.

Muitas mulheres primeiro mapeiam seus gastos, então canalizam as


sobras para investimentos. A atitude das mulheres investidoras têm
de ser o oposto: primeiro separar um percentual para investimentos,
depois administrar os gastos com o valor restante. Essa mudança de
atitude é fundamental para colocar o futuro como uma prioridade.

Se você tem entre 30 e 45 anos e ainda não investe, ainda dá tempo. O


segredo é procurar gastar menos do que ganha e começar a poupar,
mesmo uma quantidade pequena.

Seu dinheiro é sua fortuna, não importa quanto seja: a


disciplina de investir regularmente, a paciência e um
propósito para seus investimentos são os fatores que te
levarão ao sucesso financeiro.

72
5.3 Dos 45 aos 60: sempre em tempo
de começar
Quando as mulheres estão entre os 45 e 60 anos de idade, não dá
mais para adiar. Quem ainda não se preparou para a aposentadoria
deve começar a se preocupar com isso, afinal o momento de reduzir
o ritmo de trabalho se aproxima.

A boa notícia é que as mulheres investidoras que despertam para os


investimentos durante essa faixa etária ainda têm tempo de correr
atrás do prejuízo.

Se a mulher tem renda, ela deve sim começar a investir.


Podemos definir esse período como “ou vai ou racha”: é
hora de fazer o pé-de-meia, ou a coisa vai ficar complicada
lá na frente.

O grande desafio é que as mulheres são mais cautelosas na hora de


investir, e isso se acentua com o passar dos anos. Entre as mulheres
de 45 a 60, apenas 25% têm alta tolerância ao risco, enquanto até os
29 anos essa tolerância é de 55%, segundo estudo do Credit Suisse.

Por outro lado, a vantagem dessa faixa etária é que a mulher já é


mais madura, sabe o que quer e pode dedicar mais tempo cuidando
do próprio dinheiro.

De acordo com o Credit Suisse, nesse momento muitas mulheres


atingem sua maturidade como investidoras e estão mais interessadas
em se envolver diretamente com seu dinheiro.

Momento de aumentar patrimônio das mulheres investidoras

Essa faixa etária ainda representa um momento oportuno para


aumentar o patrimônio. As mulheres investidoras que não têm
dinheiro para comprar imóveis ou fazer grandes aportes podem
começar com valores menores. O importante é começar.

73
Para aquelas iniciantes que não têm muito apetite ao risco, uma
opção é investir em renda fixa que renda IPCA mais um cupom de
3% a 4% ao ano, isento de Imposto de Renda. É o caso de ativos como
debêntures incentivadas, Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI)
ou Certificados de Recebíveis Agrícolas (CRA), com investimentos a
partir de R$ 1 mil.

Esses investimentos são menos voláteis e fornecem uma segurança


por renderem acima da inflação. Se a investidora permanecer com
o título até o vencimento, receberá o valor acordado. O único risco
de perder dinheiro é se ela decidir vender o título antes do prazo de
vencimento.

Por isso, repito: antes de alocar o recurso em aplicações de longo


prazo, todo indivíduo deve montar uma reserva de emergência que
cubra as despesas por 6 a 12 meses. Essa reserva deve ficar aplicada
em ativos fáceis de resgatar, ou seja, com boa liquidez (Tesouro Selic
ou CDBs de liquidez diária, por exemplo).

Além dos títulos atrelados ao IPCA, outras opções são fundos


imobiliários e fundos de ações, sobre os quais você pode ler mais
neste mesmo ebook, nos capítulos anteriores.

Os maiores erros das mulheres investidoras nessa fase da vida

De acordo com especialistas, o erro mais comum das mulheres


investidoras é a inibição, quando passam o poder de decisão a outra
pessoa. Muitas mulheres delegam escolhas financeiras ao marido ou
ao irmão, por exemplo, e a carteira de investimentos fica estruturada
de acordo com as convicções do homem – e não dela.

No entanto, o comportamento feminino tem mudado. Muitas


mulheres estão entendendo que são elas as únicas responsáveis por
sua própria independência financeira.

Outro erro comum é a mulher desistir de realizar seus


sonhos para realizar os projetos dos filhos, muitas vezes sem
nenhum tipo de planejamento financeiro.

74
Muitas mães, por uma vergonha inconsciente de dizer “não” aos
desejos dos filhos, junto da falta de planejamento financeiro,
prorrogam a própria liberdade financeira. Claro que auxiliar a família
não é um problema, mas querer realizar os desejos dos outros sem
colocar as informações no papel e verificar se isso é viável, sim!

Outro fator relevante, principalmente para as mulheres nessa faixa


etária, é que muitas ficam “conservadoras demais” por falta de
conhecimento. No entanto, isso é tão nocivo quanto ser agressiva
demais, afinal a mulher perde oportunidades.

Enquanto algumas mulheres deixam todas as suas economias


(quando as têm) na poupança, perdendo para a própria inflação,
seguir um comportamento arriscado – investindo sem conhecimento
– também não é a resposta.

Investir de forma inteligente e com consciência não é tão complicado:


mostramos como isso pode ser feito ao longo deste ebook. As
investidoras precisam entender que nunca é tarde para começar
a realizar mudanças positivas – e que não podemos subestimar o
potencial de algumas horas de estudos sobre finanças.

Por que existem menos mulheres investidoras do que homens?

O mercado financeiro sempre foi considerado um ambiente


extremamente masculino, e fatores históricos explicam isso. Vale
lembrar que, até 1962, as mulheres só podiam ter uma conta bancária
com permissão do pai ou pelo marido.

Ou seja, as mulheres tiveram muitos ganhos ao longo da história, mas


ainda há muito mais a ser feito. Um exemplo é a defasagem salarial
entre homens e mulheres. Por ganharem menos, elas também têm
menos dinheiro para investir.

Além disso, a cautela feminina muitas vezes impede as investidoras


de tomar decisões.

Mesmo assim, as mulheres têm avançado na bolsa de valores.


Inclusive, existem cada vez mais plataformas de investimentos e
ferramentas de educação financeira.

75
Segundo especialistas, a propagação da educação financeira e o
avanço da mulher no mercado de trabalho (com remuneração
melhor) devem aumentar o número de investidoras com o passar
do tempo.

Como resume o Credit Suisse no seu estudo sobre mulheres


investidoras, nunca é tarde demais: “As investidoras podem agir em
qualquer idade para fazer com que seu patrimônio funcione mais
arduamente”.

5.4 Depois dos 60: agora ou nunca


Muitas mulheres acabam passando uma vida inteira sem
conhecimentos financeiros. Então, no momento de desfrutar de
uma aposentaria tranquila, percebem que não atingiram a tão
desejada liberdade financeira.

Esse pode ser um momento bem complicado, principalmente para


aquelas que não têm tantas economias. Postergar a aposentadoria
mais alguns anos pode ser difícil, mas talvez seja necessário.

A partir dos 60 anos, as mulheres se deparam com a perspectiva de


aposentadoria e redução da jornada de trabalho. Nessa faixa etária, o
grande desafio é conquistar uma segurança financeira que permita
viver bem o final da vida, sem depender financeiramente de outras
pessoas.

Para isso, a recomendação principal é que as mulheres investidoras


com mais de 60 anos se coloquem em primeiro plano, apertem
o cinto das despesas e se concentrem na rentabilidade dos seus
investimentos.

Nessa fase da vida, o ideal é que o tempo destinado ao trabalho


retorne para a mulher. No entanto, muitas pessoas experimentam
uma sensação de insegurança sobre o futuro.

No caso das mulheres acima dos 60, o desafio pode ser ainda maior,
pois elas em geral não tiveram a oportunidade de receber educação
financeira no início da vida.

Além disso, elas enfrentaram diversos paradigmas históricos que as


impediam de conquistar sua independência. A função de administrar
seu dinheiro geralmente se concentrava na mão da figura masculina.

76
Um dos maiores desafios é mudar a mentalidade de alguém que
cuida da família para a de alguém que precisa pensar em si mesmo.
Além de um histórico social não favorável às mulheres, elas podem
ter dificuldades de alocar seus recursos em investimentos que lhes
tragam rentabilidade e segurança por mera falta de conhecimento.

O momento não é de pânico generalizado, mas apenas de


replanejamento. É necessário colocar no papel quais são suas
necessidades atuais e o que você deseja para os próximos anos,
alinhando uma rotina de trabalho viável e financeiramente vantajosa.

A mulher com mais de 60 anos precisa entender que nunca é tarde


para começar – e que ela é 100% capaz de investir.

Apertar o cinto das despesas e decolar para viver bem

Para viver bem e aproveitar a aposentadoria, o ideal é entender


como são suas despesas e se alguma otimização pode ser feita em
termos de orçamento. A partir disso, você deve estimar quanto será
necessário para cobrir seus gastos mensais.

Uma ideia de como esses cálculos devem ser feitos pode ser pensada
conforme o seguinte exemplo.

Supondo que a renda necessária mensal seja de R$ 5 mil e a taxa


de rentabilidade real mensal dos investimentos (já considerando a
inflação) seja de 0,4%, a conta é:

Renda mensal que a mulher quer ter / taxa mensal de juros dos
investimentos = valor que ela precisa acumular.

Portanto, R$ 5 mil / (0,4/100) = R$ 1,25 milhão.

Um investimento de R$ 1,25 milhão será necessário para sacar R$ 5


mil todo mês sem afetar o capital. Dessa forma, ela ficaria segura na
medida do possível. Agora, se não houver problemas em consumir
o patrimônio, essa mulher poderá ter menos recursos acumulados,
mas precisará de um planejamento mais específico.

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Venda de imóvel é uma possibilidade para mulheres investidoras

Outra possibilidade, segundo o já mencionado estudo do Credit


Suisse, é a mulher considerar a venda de sua casa – um downsizing
– para usar os recursos como complemento às suas economias de
aposentadoria.

No entanto, especialistas dividem opiniões quanto à necessidade de


a mulher investidora vender seu imóvel para complementar a renda.

O downsizing não pode ser generalizado, e primeiro é necessário


compreender a individualidade de cada mulher. Aliás, essa afirmação
de downsizing é específica ao contexto nacional, pois o brasileiro
culturalmente busca a casa própria e vive de renda de aluguel.

Nem sempre vender o imóvel para comprar outro mais barato é uma
verdade, pois os imóveis apresentam uma valorização ao longo de
muitos anos. A ideia deve ser analisada caso a caso.

Essa fase da vida exige bastante liquidez. Ou seja, se os investimentos


estão “imobilizados” e a mulher precisa de recursos para se manter
até o fim da vida, pode valer a pena vender o imóvel onde ela mora
e comprar um mais barato. Ou, por exemplo, vender o imóvel que
gerava renda de aluguéis e manter os recursos investidos com
liquidez.

Mulheres investidoras devem buscar rentabilidade e segurança

Muitas mulheres investidoras não destinaram seus recursos para


investimentos durante a vida, mas hoje anseiam por viver bem. Para
isso, a melhor recomendação consiste em investimentos geradores
de renda que tenham segurança.

Uma sugestão a ser considerada é que pelo menos 50% dos recursos
investidos tenham bastante liquidez, como renda fixa. A outra
metade, por exemplo, pode ser dividida 20-40% em títulos de renda
fixa pós-fixados com um prazo de dois anos, e os outros 10-30%
em ativos como multimercados e/ou fundos de ações conforme os
objetivos e a situação patrimonial da investidora.

Sempre devemos traçar uma estratégia personalizada pensando


nas necessidades de cada mulher.

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Os imóveis, sim, são outro ativo de renda, mas essa decisão deve ser
muito estudada para evitar a compra de um imóvel com o objetivo
de ter renda e qualquer eventualidade de vacância ou falta de
pagamento se transformar em um problema.

Além disso, outros novos gastos, como saúde, medicação e bem-


estar, surgem ao longo da vida. Por esse motivo, é necessário que os
investimentos se concentrem em ativos de fácil acesso, caso alguma
emergência surja.

Quanto mais você avança em idade, mais importante é que sua


carteira tenha investimentos seguros. Se você aplica em um
investimento muito arriscado, pode ser que ele não esteja ali quando
você precisar. Se você tem um portfólio muito arriscado, comece a
migrar esses ativos para investimentos mais seguros, pensando na
liquidez.

Utilizando os investimentos

Algumas investidoras podem já ter um patrimônio maior, então se


deparam com a dúvida sobre como utilizar esses recursos. A grande
questão aqui se resume a confrontarmos um tabu: a morte.

Por mais incômodo que esse assunto possa parecer, ninguém é


eterno. Definir o que você espera para os próximos 10, 20 ou mesmo
30 anos é muito importante para saber como utilizar e investir os
recursos acumulados até aqui.

Se o desejo é deixar uma parte dos seus investimentos na forma de


herança, a investidora pode tranquilamente manter os recursos em
renda variável. Uma estratégia interessante é deixar os investimentos
em ações boas pagadoras de dividendos e em fundos imobiliários,
então desfrutar dos dividendos pagos.

Essa é uma estratégia utilizada por muitos para poder usufruir da


independência financeira sem passar por uma diminuição do capital
investido. Ou seja, você mantém seus investimentos e apenas utiliza
os dividendos recebidos como forma de renda. Esses investimentos
ficam para a posteridade e são facilmente deixados como herança.

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Para quem deseja usufruir dos próprios investimentos e não apenas
dos dividendos, organização e parcimônia são necessárias. Verifique
quanto você tem hoje, além de como e quando você quer usufruir
desses recursos ao longo dos próximos anos (que podem ser vários).
Os recursos que você utilizará em até cinco anos, vá migrando para
investimentos menos voláteis, como os de renda fixa.

Por exemplo, digamos que você tenha R$ 100 mil investidos e


queira utilizá-los nos próximos 20 anos. Sendo assim, você usará em
média R$ 5 mil por ano. Os R$ 5 mil do ano que vem, deixe em um
investimento semelhante ao da reserva de emergência (ex., Tesouro
Selic). Os R$ 20 mil dos próximos quatro anos você pode alocar em
títulos de renda fixa com vencimentos próximos às datas desejadas.

Talvez você encontre um CDB interessante com vencimento para


daqui três anos – por que não deixar ali os recursos que pretende
utilizar em três anos?

Com essa estratégia, você vai realocando seus investimentos


conforme as datas em que pretende utilizá-los. Não é algo tão
complexo, e, uma vez colocado em prática, torna-se óbvio.

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6 Conclusão: juntando
tudo
Ao longo destas páginas, conversamos sobre muitos assuntos
fundamentais para o controle das nossas vidas financeiras. Segundo
a filosofia em que acredito, precisamos seguir estudando para ter
sucesso no mercado financeiro e nas finanças pessoais. E revisitar o
que aprendemos é essencial para fixar e evoluir.

Por isso, gostaria de recapitular um pouco do que vimos até aqui. É


um bom exercício para ver se estamos no caminho certo.

Nossa vida financeira é progressiva e mutável. Assim como em


qualquer área das nossas vidas, de tempos em tempos precisamos
retornar aos princípios e acompanhar de perto o que está ocorrendo.
Tudo isso começando pelo nosso planejamento financeiro.

A conta é simples: ganhar mais e gastar menos. Ok, mas por que
não realizamos isso? Basicamente, porque não conseguimos, temos
desejos, impulsos e até necessidades que diferem uns dos outros e
ao longo do tempo.

Por isso é tão importante nunca deixar de lado o acompanhamento


das nossas finanças, mesmo estando em equilíbrio!

Após a organização financeira, tendo o nosso “hoje” em equilíbrio,


precisamos olhar para o futuro. Investir com inteligência é a melhor
forma de garantir uma aposentadoria tranquila, ou mesmo de
alcançar objetivos mais ousados.

Investir bem não significa encontrar uma ação que valorizará


X em Y tempo, mas construir uma carteira de investimentos
bem diversificada e que esteja em linha com seu perfil e
suas características pessoais.

Nessa carteira de investimentos, você precisa adicionar renda fixa


para trazer segurança e renda variável para o potencial de retorno,
mesclando-as conforme seu perfil de risco.

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Algumas pessoas mais conservadoras (ou iniciantes) preferirão ter
mais renda fixa, enquanto outras optarão por investimentos mais
arriscados. Não há certo ou errado, mas o que faz sentido para você. O
que mais importa é começar, mesmo que lentamente. Com passos
pequenos e persistência é possível ir muito longe.

Por fim, deixo aqui uma mensagem importante: não tenha medo
de errar.

Investir é sair da sua zona de conforto, o que pode ser


desafiador no início. Mas conforme você aprende, aos poucos tudo
se torna mais intuitivo. Comece com pouco: em caso de erro, ele será
mínimo.

Digo isso porque todos erramos – e em todas as áreas da vida.


Portanto, finanças não são exceção. Transforme seus erros em bons
professores.

Com essa mensagem, me despeço deste ebook, o qual escrevi com


muito carinho. Espero que todos continuem em suas jornadas de
educação financeira: caso precisem de ajuda, podem me procurar.

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