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Edson Simito Afonso Sitole

Rodney Wee

Tema: Mulheres, Homens e segregação sexual no trabalho.

Curso: Licenciatura em Ciências Ambientais

Universidade Pedagógica de Maputo

Maputo, 2023
Edson Simito Afonso Sitole

Rodney Wee

Tema: Mulheres, Homens e segregação sexual no trabalho.

O presente trabalho Serviços


ecossistémicos/serviços ambientais,
curso Ciamb, Faculdade CNM, para
fins de avaliação, orientada por Mestre.
Agnes Novela, o na cadeira de Tema
Transversal IV.

Universidade Pedagógica de Maputo

Maputo, 2023
Índice

1.1. Introdução-------------------------------------------------------------------------------------------------4
1.1.1. Origens da Divisão Sexual do Trabalho no Mundo----------------------------------------------------5
1.2. Discriminação de Gênero no Mercado de Trabalho----------------------------------------------------6
1.2.1. Estereótipos e Divisão Sexual do Trabalho (SEGREGAÇÃO OCUPACIONAL)---------------6
1.2.2. Importância de dados estatísticos para um diagnóstico eficaz-------------------------------------8

Conclusão------------------------------------------------------------------------------------------------------------10

Referências Bibliográficas
Introdução
São recorrentes as literaturas que consideram a incorporação do trabalho feminino de forma mais
expressiva no findar do século XVIII e início do século XIX, fase que marca a consolidação capitalista,
quando as mulheres foram absorvidas pelas indústrias para exercerem inúmeras atividades, com
destaque para o ramo têxtil. A partir desse recorte temporal, as mulheres ocuparam espaços no mundo
do trabalho e passaram a se submeter a extensas jornadas e condições de trabalho degradantes, tendo
como principais ocupações o serviço doméstico, o emprego agrícola, domiciliar e fabril, com destaque

A participação da mulher no mercado de trabalho passou por diversas transformações ao longo das
últimas décadas. É possível observar um histórico de precarização e de desvalorização do trabalho
feminino que ainda persiste. No presente trabalho, são debatidas as origens e dessa condição, por meio
dos conceitos de divisão sexual do trabalho, de segregação ocupacional e de discriminação, além de
uma discussão a respeito da segregação de género e da delegação de trabalho para outras mulheres com
condições económicas e sociais mais precárias.

O seu objectivo insere na pesquisa das origens dos factores sócio-culturais que acabam por ter reflexo
nas diferenças económicas a partir do género. Para tanto, foi utilizado o método analítico de revisão
bibliográfica aliado à colecta e à análise descritiva de dados a respeito dos temas abordados.

A divisão sexual do trabalho advinda dos papéis de género é observável em todas as esferas da
sociedade, afectando as chances de sucesso profissional das mulheres, além de as submeterem a
situações discriminatórias. (COSTA, 2021)

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ORIGENS DA DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO NO MUNDO

A divisão sexual do trabalho antecede o desenvolvimento da manufactura, estando presente desde a


época da economia rural. Enquanto os homens eram encarregados principalmente das plantações e da
confecção de ferramentas, as mulheres possuíam as tarefas de preparar e conservar os alimentos, criar
os animais, cuidar dos enfermos e dos idosos, educar as crianças, confeccionar tecidos e roupas, além
dos afazeres de manutenção do lar. Apesar de desempenharem funções diferentes das designadas aos
homens, a produção das mulheres na agricultura foi responsável por praticamente metade do produto
rural necessário para o período, nas áreas rurais. (COLEMAN 1997 apud COSTA, 2021).

Um modelo económico desenvolvido por Jacobsen (1998) contribuiu para mensurar esse diferencial de
trabalho entre géneros. Por meio dele, é possível observar que o trabalho doméstico feminino permite
que se economize dinheiro, ao fornecer serviços não remunerados como a lavagem de roupas da
família, além de gerar renda, por meio da venda de produtos no mercado. Ao levar em conta esses
factores, a autora demonstra a relevância dessa produção no valor adicionado à economia e o ganho de
utilidade dos membros da família a partir dessa geração de riqueza e renda. Com a gradual evolução
dos meios de produção, esse modelo de economia rural passou por transformações intensas.
Mercadores e especuladores passaram a deter o controlo da produção doméstica e rural e, portanto, o
trabalho doméstico da mulher e o trabalho artesanal do homem passaram a ser assalariados.
Posteriormente, com a industrialização, em meados do século XIX, as funções produtivas e sociais dos
homens e das mulheres foram modificadas. Os principais factores que contribuíram para essas
mudanças foram: o crescimento da dívida rural, devido à diminuição de terras agricultáveis, além da
demanda das famílias por moeda, por conta da escassez de produtos. Aliado a essas questões, ocorreu
um terceiro factor, determinante para que as mulheres passassem a não mais se restringir apenas ao
trabalho doméstico e buscassem seu próprio sustento, como um complemento à renda familiar, surtindo
efeito nas taxas de casamento e de natalidade: a saída dos homens, que partiam para servir em guerras
ou buscar trabalho longe de casa, como no sector de construção de estradas e canais, e no sector de
navegação. Assim, começa a formação da força de trabalho feminina, que, ao migrar para as áreas
urbanas, se instala nas fábricas (KON, 2002). No entanto, o trabalho feminino na indústria esteve,
desde o princípio, sob péssimas condições, sendo fortemente marcado pela exploração, com salário de
subsistência. Essas mulheres, vindas das camadas de mais baixa renda da sociedade, se encontravam

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em posição de total submissão aos detentores do capital, pois dependiam daquela pouca renda para
viver. Portanto, não há aqui ainda uma noção de mulheres entrando na força de trabalho para conquistar
algum tipo de independência, pois, dentro do núcleo familiar, continuavam submissas ao homem, chefe
da família, e no campo de trabalho, ao patrão (GUIRALDELLI, 2007 apud COSTA, 2021)

DISCRIMINAÇÃO DE GÊNERO NO MERCADO DE TRABALHO

Segundo Borjas (2012) citado por (Ana Monteiro Costa, Julho 2021), a discriminação no mercado de
trabalho ocorre quando as diferenças salariais e as de oportunidades entre trabalhadores não podem ser
explicadas apenas pela qualificação profissional. De forma consciente ou não, são levados em conta
outros factores, geralmente relacionados a conceitos preconcebidos sobre estereótipos de determinados
grupos sociais. Empregadores, colegas de trabalho e clientes estão sujeitos a praticarem e sofrerem
discriminação nas trocas económicas devido a características inerentes a eles mesmos, como género,
raça, situação socioeconómica e orientação sexual. Uma explicação económica para esse fato é que os
agentes discriminatórios utilizam o recurso de inferir conclusões sobre a aptidão de uma pessoa a partir
de ideias generalistas devido à informação assimétrica. Portanto, essa prática almeja complementar os
dados que não são conhecidos sobre alguém. Borjas (2012) ainda argumenta que o hiato salarial entre
homens e mulheres pode ser explicado em parte pela segregação ocupacional entre eles no mercado de
trabalho. Isso ocorre quando determinados segmentos do mercado de trabalho são
predominamtementes dominados por um dos géneros. Às mulheres são reservadas vagas específicas
socialmente delimitadas como “empregos femininos”. O autor refere-se à hipótese do agrupamento
ocupacional como uma possível explicação para esse fenómeno. Com base na discriminação de género,
são delegadas uma quantidade relativamente menor de ocupações para elas, o que reduz os salários
médios dessas ocupações específicas.

ESTEREÓTIPOS E DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO (SEGREGAÇÃO OCUPACIONAL)

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A discriminação baseada no sexo tem origem nos valores, crenças e estereótipos que são firmemente
enraizados nas mentalidades e nos comportamentos das pessoas a respeito de quais são os papéis
masculinos e femininos na sociedade. A criação e reprodução de estereótipos dependem da atribuição
de certas características para cada sexo, que determinam os comportamentos esperados e atribuem
atitudes “corretas” ou “equivocadas”, de acordo com o sexo de cada pessoa. Estereótipos são barreiras
para as escolhas individuais, tanto para homens quanto para mulheres. Eles contribuem para a
manutenção das desigualdades e influenciam a escolha de carreiras profissionais e ocupações, bem
como a maior ou menor participação nas atividades domésticas e de cuidado e a presença em postos de
decisão. Estereótipos podem também afetar o valor que cada pessoa atribui ao seu trabalho.
(SAFEMED, 2021)

NO QUE DIZ RESPEITO AO EMPREGO, É FUNDAMENTAL ABORDAR O TEMA DA


DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO: “QUE SIGNIFICA A DISTRIBUIÇÃO SOCIAL DE
TAREFAS, DE ACORDO COM O SEXO DA PESSOA”.

A divisão do trabalho, no contexto do trabalho remunerado, produz como resultado a divisão de


homens e mulheres (ou membros de diferentes grupos raciais, étnicos ou religiosos) em diferentes
papéis e tarefas ocupacionais, criando duas (ou mais) forças de trabalho separadas. É comum distinguir
a segregação vertical do trabalho baseada no sexo na qual os homens estão concentrados nos postos
mais altos e cargos melhor remunerados da segregação horizontal do trabalho, na qual homens e
mulheres (ou diferentes grupos raciais e étnicos) trabalham em determinadas ocupações e empregos.
(SAFEMED, 2021).

É essencial tomar como ponto de partida a existência desta segregação como um fator sociológico e
cultural, pois ela mostra a forte influência que os estereótipos sexistas têm sobre as mentalidades do
mundo dos negócios e entre trabalhadores e trabalhadoras, por exemplo:
há muito mais homens do que mulheres no mundo dos negócios e do auto-emprego.

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De acordo com a Convenção da OIT sobre Discriminação no Emprego e na Ocupação (nº 111, 1958) e
sua Recomendação (nº 111, 1958), todas as pessoas devem gozar de igualdade de oportunidades e
tratamento, sem discriminação, em matéria de:

 Acesso à orientação vocacional e serviços de colocação profissional;


 Acesso à formação e ao emprego de sua própria escolha, com base na aptidão individual para
tal formação ou emprego
 Promoção de acordo com as suas características individuais, experiência, habilidade e
dedicação;
 Segurança no desempenho de suas atividades no emprego
 Remuneração igual por trabalho de igual valor;
 Condições de trabalho, incluindo horas de trabalho, períodos de descanso, férias anuais
remuneradas, medidas de segurança e saúde no trabalho, bem como medidas de proteção social
e bem-estar.

Esta unidade oferece uma série de ferramentas de análise para detectar, dentro de uma empresa
específica, qualquer prática discriminatória que contribua para perpetuar a segregação ocupacional de
um determinado sexo ou grupo, bem como outras práticas que não necessariamente constituam
discriminação, mas que merecem ser analisadas e combatidas pelos órgãos responsáveis pela inspeção
do trabalho. (SAFEMED, 2021).

Importância de dados estatísticos para um diagnóstico eficaz

A OIT solicita aos governos que fortaleçam a capacidade dos institutos nacionais de estatística,
aperfeiçoem os sistemas de informação do mercado de trabalho, desenvolvam indicadores de igualdade
de gênero, compilem periodicamente, publiquem e divulguem dados desagregados por sexo e criem
sistemas que permitam medir e monitorar o progresso rumo às metas acordadas.

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A coleta de dados para análise de gênero do mercado de trabalho oferece aos órgãos responsáveis pela
inspeção do trabalho referências e pontos de apoio nos quais se pode situar o diagnóstico da empresa e
a adoção de medidas corretivas.

Os dados que serão particularmente úteis são relativos a:

(i) Ocupação (taxa de participação, nível de ocupação, pessoas empregadas a tempo parcial ou
em contratos “atípicos”) e;
(ii) Salário (ganhos médios anuais, o salário bruto mensal e o salário bruto por hora).

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Conclusão

Apos a realizacao do trabalho, podemos constatar que a questão da segregação da mulher no trabalho,
teve a sua origem desde os primórdios da humanidade com a divisão dos papeis sociais com base no
sexo.
Entretanto existem vários factores de natreza cultural, social, entre outros que contribuiram na
segregação no exercício de certas funções, como por exemplo, a realização de tarefas domésticas
estarem associadas à mulher. É certo que nos últimos anos a mulher vem conquistando maior espaço
em sectores que tradicionalmente eram considerados para homens. Em parte isso se deve a emergência
de movimentos que defendem igualidade de oportunidades entre homens e mulheres.
Por conseguinte, embora haja essas conquistas, ainda existem muitos desafios para que se alcance
defacto a equidade tão almejada pelos movimentos, que em muitos casos é adoptada como politica
oficial dos Estados, mas sugeridas por entidades como a OIT.

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Bibliografia
COSTA, Ana Monteiro, 2021. DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO E SEGREGAÇÃO
OCUPACIONAL: UM RECORTE DE GÊNERO. In M. B. (p. 10). Brasil: Revista da Pós-
Grad. em Ciências Sociais, UFRN, Nata.

SAFEMED, 2021. Obtido em 25 de 03 de 2023, de https://www.act.gov.pt/: https://blog.safemed.pt

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