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FACULDADE DE ECONOMIA E GESTÃO

Curso de Contabilidade e Auditoria

AVALIAÇÃO III MACROECONOMIA

O Papel do Banco Central e dos Instrumento da Política Macroeconómica

Berta Chatala

Código: 51210203

BEIRA

Agosto, 2022
FACULDADE DE ECONOMIA E GESTÃO

Curso de Contabilidade e Auditoria

AVALIAÇÃO III MACROECONOMIA

O Papel do Banco Central e dos Instrumento da Política Macroeconómica

Berta Chatala

Código: 51210203

Os Tutores
Msc: Félix Valente Langa

MSC: Sádia Mariano

BEIRA
Agosto, 2022

Índice
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO.......................................................................................................1

1.1. Introdução.........................................................................................................................1

1.2. Objectivos.........................................................................................................................2

1.2.1. Objectivo geral..............................................................................................................2

1.2.2. Objectivos específicos...................................................................................................2

1.3. Metodologias da Pesquisa.................................................................................................2

1.3.1. Classificação da Pesquisa..............................................................................................2

1.3.1.1. Quanto abordagem.....................................................................................................2

1.3.1.1.1. Qualitativa..............................................................................................................2

1.3.1.2. Quanto a natureza......................................................................................................3

1.3.1.2.1. Aplicada.................................................................................................................3

1.3.1.3. Quanto aos Objectivos...............................................................................................3

1.3.1.3.1. Descritiva...............................................................................................................3

1.3.1.4. Quanto aos Procedimentos técnicos..........................................................................4

1.3.1.4.1. Pesquisa Bibliográfica............................................................................................4

CAPÍTULO II: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...............................................................................5

2.1. Conceitos de Política Monetária.......................................................................................5

2.2. Política Monetária e Regime Cambial..............................................................................6

2.3. Objectivos da Política Monetária......................................................................................7

2.4. Instrumentos de Política Monetária..................................................................................8

2.5. Transmissão de Política Monetária.................................................................................10


2.6. Evolução da política monetária em moçambique...........................................................10

2.7. Problemas macroeconômicos fundamentais...................................................................12

CAPÍTULO III - CONCLUSÃO E REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................13

3.1. Conclusão........................................................................................................................13

4.1. Referências......................................................................................................................14
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

1.1. Introdução

Tanto nas economias do centro como na periferia, a política monetária e os bancos


centrais assumiram um papel eminentemente passivo durante a maior parte do século XIX e o
início do século XX. Isso é explicado, em parte, pelo fato de a maioria dos países haver adotado
regimes de câmbio fixo, como o padrão-ouro, que assumiu um papel central.

Em economias abertas e globalizadas como a de Moçambique, a taxa de câmbio


desempenha um papel bastante primordial, uma vez tratar-se dum indicador macro que reflecte a
robustez e competitividade do país em relação as outras economias. A sua importância é tanta ao
ponto da sua desvalorização ou depreciação tornar os produtos domésticos mais competitivos
frente aos produtos de outros países e, sua apreciação ou valorização trazer como consequência
imediata a perda de competitividade no mercado interno.

O objetivo deste trabalho é apresentar uma análise do Papel do Banco Central e dos
Instrumento da Política Macroeconómica. O trabalho não é exaustivo nem tampouco pretende
analisar com detalhes uma experiência que transcorreu em diferentes ambientes políticos, no
regime ditatorial e na época de redemocratização, e em diferentes situações econômicas, do
período do milagre econômico como também da crise que tomou conta do país na década
perdida. A análise da experiência do Banco Central será concentrada em alguns pontos que
caracterizam o regime de política monetária implementada nos últimos anos.

A gestão da política monetária em Moçambique tem como principal objectivo o controlo


do nível de preços. Este objectivo é estipulado num contexto em que a maior parte dos produtos
que fazem parte do cabaz básico de consumo são importados, a economia sofre de défice crónico
da balança de transacções correntes e as fontes de receitas de moeda externa da economia são
concentradas e voláteis (cerca de 90% das exportações provêm de nove produtos primários e de
recursos naturais cujos preços no mercado internacional são voláteis).

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1.2. Objectivos

1.2.1. Objectivo geral

 Analisar o Papel do Banco Central e dos Instrumento da Política Macroeconómica;

1.2.2. Objectivos específicos

 Identificar o Papel, Objectivos, Características e Funções do Banco Central;


 Identificar os Problemas Macroeconómicos Fundamentais;
 Descrever os Instrumentos da Política Macroeconómica;
 Estimar a contribuição da política monetária nas flutuações cambiais.

1.3. Metodologias da
Pesquisa

Segundo Ander-Egg (1978, p. 28), pesquisa consiste em um “procedimento reflexivo


sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos factos ou dados, relações ou leis,
em qualquer campo do conhecimento”. E ainda para o autor a metodologia é a explicação
minuciosa, detalhada, rigorosa e exacta de toda acção desenvolvida na aplicação do método
(caminho) do trabalho de pesquisa.

1.3.1. Classificação da Pesquisa

1.3.1.1. Quanto abordagem

1.3.1.1.1. Qualitativa

Segundo Minayo (2001) apus Silveira et all (2009), pesquisa qualitativa preocupa-se,
portanto, com aspectos da realidade que não podem ser quantificados, centrando-se na
compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais. A pesquisa qualitativa trabalhas com
o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a
um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenómenos que não podem ser
reduzidos à operacionalização de variáveis.
2
A finalidade do pesquisador neste trabalho de pesquisa é de colocar o pesquisador em
contacto com o que já se produziu e registou a respeito do seu tema de pesquisa, preocupando se
em conhecer a realidade segundo a perspectiva dos sujeitos participantes da pesquisa, sem medir
ou utilizar elementos estatísticos para análise dos dados.

1.3.1.2. Quanto a natureza

1.3.1.2.1. Aplicada

Segundo Marconi & Lakatos (1999), os critérios para a classificação dos tipos de pesquisa
variam, e a divisão obedece a interesses, condições, campos, metodologia, situações, objectivos,
objectos de estudo etc. Pesquisa aplicada caracteriza-se por seu interesse prático, isto é, os
resultados são aplicados ou utilizados, imediatamente, na solução de problemas que ocorrem na
realidade.

O pesquisador optou pelo tipo de pesquisa quanto a natureza aplicada porque ela busca
fazer um estudo científico voltado a solucionar algum problema específico, que já é conhecido e
demonstrado no texto do trabalho, visto que ela não só serve apenas para gerar um novo
conhecimento e aumentar o que já está disponível, mas, também para aplicá-lo na prática
intervindo no mundo real.

1.3.1.3. Quanto aos


Objectivos

1.3.1.3.1. Descritiva

Segundo Gil (2008), descreve as características de determinadas populações ou


fenómenos. Uma de suas peculiaridades está na utilização de técnicas padronizadas de colecta de
dados, tais como o questionário e a observação sistemática.

O pesquisador optou no tipo de pesquisa quanto ao objectivo do tipo descritiva porque é


onde o pesquisador descreve as características do assunto em causa, e da utilização da mesma.

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1.3.1.4. Quanto aos
Procedimentos técnicos

1.3.1.4.1. Pesquisa Bibliográfica

Segundo Gil (2008), esta pesquisa é desenvolvida com base em material já elaborado,
constituído principalmente de livros e artigos científicos.

O pesquisador optou pela pesquisa bibliográfica porque o pesquisador faz a comparação


de várias posições sobre problema deixando o pesquisador repleto de informações sobre assunto.

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CAPÍTULO II: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Os trabalhos recuperados e avaliados neste estudo buscaram compreender O Papel do


Banco Central e dos Instrumento da Política Macroeconómica.

O capítulo em alusão visa duma forma geral enquadrar o leitor, sobre os modelos usados
na presente pesquisa e estudos relacionados ou assemelhados ao tema, já realizados por outros
pesquisadores. São igualmente apresentados neste capítulo, conceitos, definições e outras
informações relacionadas com o tema, recolhidas com recurso a literaturas teóricas, empíricas e
focalizadas. A revisão da literatura teórica, vai analisar elementos de natureza teórica,
relacionadas com a política monetária e taxa de câmbio. A revisão da literatura empírica, vai
abordar certos estudos similares pesquisados em outras nações, e procurar realçar as diferenças e
pontos comuns entre eles. Por último, a revisão da literatura focalizada, vai analisar estudos
similares realizados internamente.

De acordo com BENTO (2012), a revisão da literatura é crucial para o processo de investigação,
pois, significa identificar, analisar, fazer a síntese e interpretar os estudos realizadas e
relacionados com a sua área de interesse.

2.1. Conceitos de
Política Monetária

Falar da Política Monetária, é falar da atuação das autoridades monetárias, por meio de
instrumentos de efeito directo ou induzido, com o propósito de controlar a liquidez global do
sistema económico, a luz do seu objectivo primário, de garantir a estabilidade macroeconómica,
sobre tudo a estabilidade de preços e crescimento económico com baixos níveis de desemprego
(GONTIJO, 2007). Em Moçambique em particular e no resto do mundo em geral, o Banco
Central é a entidade com legitimidade para executar a política monetária. Em outras palavras
pretende-se com isso dizer que o Banco Central é o responsável pela emissão denotas,
regulamentação da política creditícia e o controle da política cambial, a luz da Lei no 1/92, de 3
de Janeiro.

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De acordo com alguns estudiosos como, (ESCÓSSIA, 2009), que afirmam que os
instrumentos monetários actuam directamente sobre o controle do volume de dinheiro em
circulação, com objectivo de proteger e elevar o seu poder de compra. O mesmo autor, reparte a
actuação da política monetária em dois grandes seguimentos a saber: O seguimentoda política
monetária restritiva que engloba medidas que visam reduzir a quantidade de moeda em circulação
ou simplesmente conter seu crescimento com o Objectivo de desaquecer a economia e evitar o
aumento dos preços. Nesta ordem, pode-se afirmar que num seguimento de política monetária
restritiva, o acautelar a subida desenfreada de preços passa pela redução ou tornar escassa a
quantidade damoeda em circulação.

Para o outro seguimento, o da política monetária expansionista, de acordo com


(ESCÓSSIA, 2009), é constituído por medidas que visam aumentaro volume de dinheiro e
liberalizar os empréstimos através de taxas de juro atractivasaos olhos de qualquer um. Por outras
palavras, pretende-se com isso dizer, que em uma política monetária expansionista, o volume de
dinheiro em circulação é maior, e tem como finalidadeelevar a demanda e influenciar
positivamente a económia.

2.2. Política Monetária e


Regime Cambial

A política monetária depende do regime cambial adotado pelo país. Existem dois tipos de
regimes: o de câmbio fixo e o regime de câmbio flutuante. No regime de câmbio fixo o banco
central fixo a taxa de câmbio, comprando e vendendo a moeda estrangeira a um preço estipulado
previamente. No regime de câmbio flutuante, o banco central deixa que o mercado de câmbio
estabeleça o preço da moeda estrangeira.

No regime de câmbio fixo o Banco Central expande (contrai) a base monetária através da
compra (venda) das reservas internacionais. Neste tipo de regime a política monetária é passiva,
pois o banco central não pode tentar, de maneira sistemática, conduzir operações de mercado
aberto, para fixar a taxa de juros. Com efeito, admita-se, por exemplo, que o Banco Central venda
títulos públicos, contraindo a base monetária e aumentando a taxa de juros. Nestas circunstâncias,
capital externo entraria no país para aproveitar a subida da taxa de juros, e o banco central seria

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obrigado a comprar reservas internacionais, para impedir a queda da taxa de câmbio. Esta
operação de compra de reservas internacionais aumentaria a base monetária e reduziria a taxa de
juros; o processo de entrada de capital externo deixaria de ocorrer quando a taxa de juros voltasse
para o seu nível anterior, com a base monetária no seu antigo patamar.

O regime de câmbio fixo requer, portanto, que o banco central siga uma disciplina rígida nas
suas operações ativas, não expandindo o crédito líquido (= títulos privados em carteira + títulos
públicos em carteira - obrigações por títulos do banco central emitidos) para que a taxa de câmbio
fixa possa ser mantida. O financiamento sistemático do déficit público pelo banco central é
incompatível com o funcionamento de um regime de câmbio fixo.

Um dos principais argumentos dos defensores de um regime de câmbio fixo consiste


justamente na disciplina que este regime impõe na condução da política econômica, pois o banco
central não pode controlar a taxa de juros nem tampouco financiar déficit público através da
emissão de moeda. A passividade da política monetária implica que, no longo prazo, a taxa de
expansão monetária do país que mantém o câmbio fixo será igual à taxa de expansão monetária
do país no qual a moeda foi atrelada (o dólar, por exemplo), havendo também convergência da
taxa de inflação.

A experiência histórica dos sistemas de câmbio fixo mostra que invariavelmente os países que
adotaram este regime não têm obedecido à disciplina rígida que o sistema impõe, sacrificando o
câmbio fixo em prol de objetivos que não podem ser atingidos com o funcionamento de um
regime de câmbio fixo.

No regime de câmbio flutuante, o banco central intervém regularmente no mercado monetário


através de operações de mercado aberto, comprando e vendendo títulos públicos. Porém, as
intervenções no mercado de câmbio são esporádicas e não têm um caráter sistemático.

2.3. Objectivos da
Política Monetária

De acordo com (HILLBRETCHT, 1999), a política monetária tem como objectivos: a


estabilidade de preços, a estabilidade da taxa de juros e do sistema financeiro, o elevado nível de
emprego, o crescimento económico e a estabilidade do mercado cambial.
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O objetivo final da política monetária é o bem estar da sociedade. Embora seja difícil
discordar deste objetivo, certamente existe grande divergência entre os economistas de como
implementá-lo na prática. Os monetaristas enfatizam a estabilidade do nível de preços; os
economistas keynesianos preferem o nível de emprego. A controvérsia sobre a curva de Phillips
terminou convencendo os economistas keynesianos que no longo prazo a política monetária afeta
somente o nível de preços e não o nível de atividade econômica.

Todavia, os economistas keynesianos acreditam que mesmo assim o banco central pode
contribuir para que a duração de uma recessão seja abreviada com uma política monetária mais
expansionista.

2.4. Instrumentos de
Política Monetária

Os instrumentos de política monetária de um modo geral, são as variáveis que o Banco


Central controla directamente. Para materializar a política monetária, o Banco Central socorre-se
dos três instrumentos tradicionais a saber: reservas obrigatórias, taxa de redesconto e operações
de mercado aberto, para influenciar as variáveis intermediárias (MISHKIN, 2004).

a) Reservas Obrigatórias

Também conhecidas por reservas legais, são consideradas como uma típica espécie de
impostos ou obrigações, sobre os depósitos a vista dos bancos comerciais. São depósitos sob
forma de reservas bancárias, em que os bancos comerciais são obrigados a manterem uma
percentagem dos seus depósitos a vista, junto ao Banco Central.

De salientar que as taxas das reservas obrigatórias, constituem um factor bastante importante
e impulsionador, do ponto de vista do seu impacto sobre o multiplicador dos meios de pagamento
pois, influenciam na determinação de qual será o montante de moeda que ficara a disposição dos
comerciais para empréstimos e outros. Quanto maior for o depósito compulsório, maior será o
nível de reservas obrigatórias dos bancos comerciais junto ao banco central. De acordo com
(LOPES E VASCONCELOS, 2000), uma alteração nas reservas obrigatórias, afecta a oferta da
moeda e faz com que o sistema multiplicador se modifique.
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b) Taxa de Redesconto

A taxa de redesconto é uma taxa de juro cobrada pelo Banco Central, pelos empréstimos aos
bancos comerciais que podem ser usados sobretudo para conferir robustez aos bancos comercias,
do ponto de vista de ter mais ou menos liquidez. Em casos em que a taxa de juro cobrada pelo
Banco Central é superior a taxa de juro cobrada pelos bancos comerciais, estes reduzem a
concessão de crédito ao mercado, visando reduzir o risco de ter que recorrer ao banco central.

Este instrumento e igualmente usado pelo Banco Central, para aumentar ou diminuir os níveis
de disponibilidade da moenda e consequentemente expandir a economia. Nesta ordem, quando o
Banco Central diminui a taxa de redesconto, o montante que os bancos comerciais devem enviar
para o Banco Central diminui. Nesta ordem eles conseguem reter um montante maior para
emprestar. Ou seja, a quantidade de crédito disponível ao mercado comum aumenta. Com isso,
mais dinheiro fica disponível para as pessoas e a base monetária se expande, e a partir daí, os
gastos aumentam e a economia cresce como um todo.

Quando o Banco Central toma a decisão contrária a do parágrafo anterior, o de aumentar a


taxa de redesconto, ocorre a situação inversa. Os bancos comerciais dispõem de menos recursos
para emprestar. O crédito disponível para as pessoas diminui e a base monetária se contrai,
desacelerando a economia.

c) Operação de Mercado Aberto

As operações de mercado aberto, são instrumentos que o banco central utiliza quando
pretende contrair ou expandir a sua base monetária, Para o efeito, quando o objectivo e contrair a
base Monetária, este vende parte dos seus títulos públicos e por sua vez, retira a moeda em
circulação. Pretensãocontrária, o Banco central compra os títulos públicos no mercado, o que de
certa maneira vai permitir o aumento da moeda em circulação (LOPES E VASCONCELOS
2000).

A operação de mercado aberto, é uminstrumento macroeconómico da Política Monetária,


muito importante, pelo seu papel determinante nos movimentos das taxas de juro de curto prazo,
da base monetária, para além de constituir maior fonte de oferta da moeda. O Banco Central, ao
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tomar a decisão de vender e comprar títulos públicos no mercado, o faz com a consciência das
suas responsabilidades e ao mesmo tempo, com o intuito de monitorar a oferta de moeda. Esta,
tem sido a operação que muita das vezes, desempenha um papel estabilizador da economia. Em
Moçambique as intervenções no mercado aberto baseiam-se em ofertas de quantidades dos
seguintes instrumentos de dívida como é o caso do Bilhetes de tesouro, que hoje em dia
funcionam como fonte para financiar o estado.

2.5. Transmissão de
Política Monetária

O Banco Central, entidade reguladora da política monetária, tem procurado ajustar os


mecanismos de política ao seu dispor, às diversas realidades. O importante papel dos
instrumentos monetários para condução da política monetária tem estado implícito nos diferentes
contextos, desde a fase da fixação administrativa dos limites de crédito e dos activos internos
líquidos do sistema bancário, que vigorou em finais de 1999, avançando pela livre oscilação das
taxas de câmbio e de juros que vigoraram durante trés anos.

Para (MISHKIN, 1995) o mecanismo de transmissão de política monetária, é um processo


através da qual as decisões de taxa de juro e a oferta monetária afectam a actividade económica e
a inflação. Nesta ordem, foram por ele identificados cinco canais de transmissão de política
monetária a saber, taxa de câmbio, expectativas inflacionárias, preço de activos, crédito bancário
e taxa de juro do mercado.

2.6. Evolução da política


monetária em moçambique

A presente secção faz uma breve retrospectiva em relação à política monetária na última
década e meia. O objecto de orientação usado são as taxas de juro de referência, ainda que a base
monetária seja a principal variável operacional do banco central moçambicano.

O objectivo da secção é criar uma base para discussão nas secções que se seguem sobre a
relação da política monetária com sistema financeiro e com as dinâmicas estruturais da economia.
Assim, a secção não vai aprofundar discussões sobre aspectos de âmbito mais técnico no que
respeita a evolução da política monetária; aspectos como a introdução de mudanças no uso de
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instrumentos de política monetária, mudanças no sistema nacional de pagamento para
compensações electrónicas na praça de Maputo, mudanças nas modalidades de intervenção nos
mercados interbancários, entre outros, não fazem parte desta discussão.

O enfoque da presente secção são as motivações e direcções da política monetária numa


perspectiva económica. A política monetária em Moçambique apresenta-se bastante volátil no
que respeita à sua direcção, oscilando entre curtos períodos de postura expansionista e períodos
de medidas restritivas abruptas. Se se considerar como ponto de partida o ano 2001, nota-se uma
redução significativa nas taxas de juro de referência a partir de 2002 até finais de 2005,
especificamente a taxa de facilidade permanente de cedência (FPC) de liquidez, que reduziu de
cerca de 35% para 11,5%, e a de facilidade permanente de depósito (FPD), que reduziu de cerca
de 16% para 4%. Este período coincide com a reestabilização do sector financeiro, que entrou em
crise no início da década 2000, altura em que os principais bancos comerciais enfrentaram crises
de liquidez devido a créditos malparados, e o Estado teve de intervir para a recapitalização destes
bancos (Massarongo, 2010; Moçambique Online, 2001).

A este período seguiu-se um misto de subidas e descidas das taxas de juro de política
monetária entre curtos espaços de tempo. Entre Janeiro de 2005 e Julho de 2006 assistiu-se a uma
subida das taxas de juro de FPC e FPD, respectivamente, de 11,5% para 19% e de 5,3% para
13%. Porém, a partir de Agosto de 2006 até Março de 2010, as taxas de juro voltam a reduzir: a
FPC de cerca de 17% para 11,5% e a FPD de 13% para 3%. Este período de redução das taxas de
referência é novamente interrompido entre Março de 2010 e Julho de 2011, em que a FPC
aumentou em cinco pontos percentuais, para 16,5%, e a FPD aumentou em dois pontos
percentuais, para 5%.

No entanto, a redução das taxas de juro retoma em 2011, em que a taxas baixaram
continuamente durante os cerca de 40 meses que se seguiram, para cerca de 7,5% (FPC) e 1,5%
(FPD). As medidas expansionistas deste período deram a impressão de que as taxas de juro de
política passariam a estar a níveis compatíveis com a expansão do acesso a capital por via da
redução do seu custo dado os mínimos históricos atingidos, mas a tendência de redução foi
travada por uma subida brusca das taxas de juro para níveis superiores aos de 2006. Desde
Outubro de 2015, o banco central vem fazendo aumentos nas taxas de juro de referência, que
iniciaram com aumentos graduais de 0,25 a um ponto percentual e culminaram com um aumento

11
brusco de cerca de seis pontos percentuais. Actualmente, as taxas de FPC e FPD situam-se,
respectivamente, em 23,25% e 16,25%. Importa referir que, na maioria dos casos, estas medidas
de aumentos e reduções das taxas de juros foram acompanhadas pelo ajustamento de outras
variáveis na mesma direcção, especificamente a taxa de reservas obrigatórias e as vendas nos
mercados monetários interbancários (Banco de Moçambique, vários).

As oscilações que se observam na direcção da política têm como causas principais choques de
oferta, que, na sua maioria, resultam na depreciação do valor da moeda nacional através do
aumento das necessidades de moeda externa. Nomeadamente o aumento do preço do petróleo,
dos cereais ou de outras mercadorias com peso significativo na importação de bens, a queda das
receitas de exportação devido à queda dos preços dos produtos de exportação (que são
maioritariamente primários), as calamidades naturais, a redução do influxo de capitais externos
(ajuda e IDE) e consequente redução do nível de reservas internas e, portanto, da capacidade de o
Banco de Moçambique intervir para nivelar o valor da moeda nacional em relação a outras
moedas.

2.7. Problemas
macroeconômicos fundamentais

Os problemas macroeconômicos fundamentais lidam com a modelagem, o entendimento e


a eventual elevação/diminuição de variáveis como:

 Produto Interno Bruto.


 Taxa de inflação.
 Taxa de juros.
 Taxa de câmbio.
 Taxa de desemprego dos recursos produtivos, em especial da mão de obra.

A Macroeconomia visa em geral estabilizar estas variáveis, determinar seu crescimento a


taxas constantes ou atingir metas que possam ser consideradas saudáveis, por exemplo, um certo
nível de desemprego e um certo nível de taxa de juros. Sendo assim, podemos evidenciar que não
é exigido da Macroeconomia nenhuma garantia de sucesso na correta análise dos itens da lista, na
escolha de políticas para implantação de reações às situações analisadas e o posterior
12
monitoramento dos resultados a alcançar. Apesar de apresentar um programa frouxo de
exigências, é com ele que os macroeconomistas devem exaustivamente se ocupar.

CAPÍTULO III - CONCLUSÃO E REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

3.1. Conclusão

Políticas macroeconômicas são aquelas que visam a objetivos amplos da economia como um
todo. Têm a ver com indicadores de bem estar da sociedade ligados ao crescimento econômico,
ao desemprego, à inflação, ao balanço de pagamentos. Ao estabelecer as metas para tais
indicadores, o governo reage ao sentimento que percebe da sociedade e aos grupos de interesse
organizados na sociedade. Essas metas também dependem (bem como os meios para alcançá-las)
de componentes ideológicos das autoridades.

Os trade-offs «normais» existentes na gestão macroeconómica são exacerbados pela estrutura


da economia de Moçambique. A expansão monetária é refém de um contexto em que a tentativa
de alargar o acesso a crédito a um baixo custo para a economia cria pressões sobre o valor da
moeda doméstica, devido ao alto nível de dependência de importações. Como consequência, é
necessário um contrabalanço com medidas monetárias e cambiais restritivas para controlar as
pressões inflacionárias que resultam da expansão. Portanto, a política monetária expansionista é
simultaneamente restritiva.

As vulnerabilidades da economia de Moçambique limitam a implementação consistente de


uma política expansionista. A economia está sujeita a choques constantes cujo impacto e
necessidade de intervenção interna se vão tornando maiores com o crescimento da economia.
Esta situação aumenta a amplitude das alterações bruscas da política monetária em Moçambique.

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4.1. Referências

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BANCO DE MOÇAMBIQUE. Evolução da Política Monetária em Moçambique retirado em


www.bancomoc.mz (acesso em 2022).

BANCO DE MOÇAMBIQUE. Relatórios anuais (2000-2012) retirado no www.bancomoc.mz.


[acesso em: 05/08/22]

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