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“[…] Two roads diverged in a wood, and I –

I took the one less traveled by,


and that has made all the difference

(Robert Frost – American poet in The Road not taken)


SUMÁRIO

Capítulo 1 – O QUE, AFINAL, É UMA LÍNGUA?........................................07


Por que você deve aprender uma outra língua?...........................................12
Exemplo: O lugar da língua inglesa no cenário internacional.......................19
Capítulo 2 – VERDADES E MITOS SOBRE IDIOMAS...............................21
MITO 1: Existe uma língua difícil de se aprender?.......................................21
MITO 2: Quantas pessoas falam inglês fluentemente no Brasil?.................25
MITO 3: É possível ser fluente em uma língua em pouco tempo?................26
MITO 4: É possível aprender inglês mesmo sem intercâmbio?....................27
MITO 5: Existe alguma “chave” para aprender uma nova língua?................30
MITO 6: É possível desaprender ou perder a fluência linguística?...............32
Capítulo 3 – O que fazer para NÃO APRENDER um idioma?..................35
As habilidades em uma língua: noções e princípios essenciais...................38
Como trabalhar com a oralidade (speaking)................................................38
Como desenvolver a escrita (writing)...........................................................39
Como aperfeiçoar a leitura (Reading)..........................................................40
Como melhorar a escuta (listening).............................................................42
Conversação e interação: sem elas, você não vai a lugar algum.................44
Capítulo 4 – MINHA EXPERIÊNCIA AO APRENDER 6 IDIOMAS.............46
Qual seria a receita secreta para se aprender uma nova língua?.................53
Capítulo 5 – HORA DA REVISÃO: QUE VOCÊ APRENDEU?..................54
Conheça o Marlon Rio (PhD candidate).......................................................65
LEIA ATENTAMENTE ESTE LIVRO!

O
conhecimento que está neste Ebook provêm tanto de minha experiência
como professor e aluno de 6 diferentes idiomas, além de muitas
pesquisas realizadas na área de ensino e aprendizagem de idiomas (RIO,
2019a, 2019b, 2018a, 2018b, 2017a, 2017b, 2017c, 2015, 2016a, 2016b, 2015a,
2015b, entre outras).
As sugestões que serão apresentadas mais à frente não representam uma
fórmula definitiva e sem erros de aprendizagem, mas sim uma forma mais sucinta
e coerente com a realidade atual de ensino e aprendizado de idiomas no mundo
globalizado em que vivemos.
Se você encontrou alguma dúvida ou aspecto do qual gostaria de saber
mais, por favor, entre em contato pelo seguinte e-mail mrlanguagesrs@gmail.com
e farei questão em ajudar você a encontrar a melhor maneira para aprender
idiomas.

Direitos autorais

Este ebook é protegido pelas leis de direitos autorais e não deve ser
comercializado, distribuído, copiado, alterado ou veiculado em sites, blogs, e
mídias sociais. Qualquer violação dos direitos autorais estará sujeita a ações
legais.
“Die Grenzen meiner Sprache bedeuten die Grenzen meiner Welt.
Os limites da minha linguagem são o limites do meu mundo
Ludwig Wittgenstein (Filósofo alemão)”

D
urante esta quase uma década de aprendizagem e ensino de idiomas,
formação em cursos de ensino e aprendizagem de línguas, muitas
pesquisas e estudos, apresentações de trabalhos em diferentes eventos
(nacionais e/ou internacionais), assim como em produções acadêmicas (livros,
artigos, capítulos de livros, entre outros) posso dizer com toda a certeza de que
aprender uma nova língua é uma experiência tão única quanto inesquecível.
Nascido em uma família de origem humilde, na região metropolitana do Rio
Grande do Sul (na conhecida cidade de Charqueadas), me identifico como aquele
aluno que sempre desejava aprender mais, conhecer mais deste mundo e
descobrir novas maneiras de se ver a nossa realidade cotidiana. Nunca fui o tipo
de aluno que sempre conseguia “tirar a nota 10” em todas as provas/trabalhos
escolares, mas, tudo o que fazia (e isso não mudou atualmente) era realizado com
muito esforço e dedicação. Passados alguns anos, com toda a sinceridade, nunca
imaginei o que diferentes idiomas poderiam fazer na minha vida.
Esse não é um livro sobre receitas prontas, nem sobre fórmulas mágicas e
“infalíveis”, que são tão (infelizmente) prometidas em muitos livros/vídeos na
Internet. Na verdade, você vai encontrar princípios que, se bem seguidos, e
atentamente considerados, levarão você a entender que aprender uma nova
língua (ou tantas quanto você desejar ) não é uma jornada simples, mas que
vale muito a pena ser traçada. Como geralmente digo a meus alunos “nunca ouvi
uma pessoa reclamar ou se arrepender de haver aprendido uma outra língua.
Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

Você provavelmente não vai ouvir alguém dizer: ‘nossa, que pena, que horrível foi
para mim ter aprendido esse idioma (qualquer que ele seja)!’ ”.
Neste primeiro E-book (porque outros surgirão, em breve), trago um
pequeno recorte das experiências que tenho tido nesses anos com o ensino e
aprendizagem de línguas estrangeiras/adicionais 1 . O meu maior propósito é
compartilhar conhecimentos e informações preciosas, relevantes, com
embasamentos tanto científicos como fortemente fundamentados, consolidados
não em apenas uma “conquista de novos hábitos” e rotinas, mas em uma nova
vida e “identidade” que você experimentará, quando começar a fazer desta nova
língua parte integrante de sua realidade. Uma nova pessoa surgirá, no momento
em que você perceber que aprender um novo idioma (ou, finalmente chegar ao
nível que tanto deseja nele) abrirá oportunidades que uma língua apenas não
conseguirá fazer por você.
Peço para que você aproveite ao máximo estas sugestões, uma vez que, se
fosse possível, gostaria muito de tê-las escutado/lido quando iniciei minha jornada
de aprendizagem de diferentes línguas. Tenho plena certeza de que estas
sugestões não irão sanar todas as suas dúvidas/problemas, mas servirão já como
um importante início para você compreender o que (não) fazer e como criar a sua
autonomia para estudar e significativamente aprender idiomas.
Permita que um novo idioma amplie, modifique, transforme, expanda e
alargue seus horizontes, a maneira como você vive e encara este mundo e a nossa
realidade, cada vez mais globalizada, tão distante de outros países, mas tão perto
dentro de suas comunicações por meio de diferentes línguas.
Obrigado desde já pela sua atenção, e let’s get started, right?!

1
Há na literatura acadêmica grandes e longas discussões sobre os termos língua estrangeira x língua adicional,
primeira/nativa ou segunda língua (SCHLATTER; GARCEZ, 2009, p. 127-128). No entanto, utilizarei os termos língua
estrangeira/adicional como sinônimos, o mesmo ocorrendo com primeira língua/língua nativa.
Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

V
ocê já pensou alguma vez o que faz um idioma ser um idioma? Quais
são as partes que constituem uma língua, como as línguas são diferentes
(e como são!) e por que existem tantos idiomas no mundo (atualmente,
cerca de sete mil setecentos e dezessete, de acordo com dados do Ethnologue)?
Mais do que promover discussões que são tipicamente debatidas dentro do campo
da Linguística (ramo que, a grosso modo, lida com os estudos das línguas e
linguagens e todos os fenômenos relacionados a esses dois itens), trago aqui
rapidamente uma reflexão importantíssima para você sobre a palavra
língua/idioma. Você verá que a concepção/noção que você possui de uma língua
pode em muito influenciar sua aprendizagem de idioma(s).
A maneira como você enxerga esta pequena palavra, língua, pode estar
impedindo você de ter um relacionamento mais sólido com a sua aprendizagem.
Permita-me auxiliar você nesse entendimento:

Algumas pessoas, por conta de utilizarem em muito metodologias de ensino


concebidas até mesmo antes do século XX, inconscientemente acreditam que um
idioma é simplesmente a representação do que estão pensando. Isto significa,
após se averiguar muito sobre o assunto, que o fato de as pessoas pensarem bem
significa que elas possuem um bom conhecimento linguístico de seu ou também

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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

de outro idioma. Nessa concepção, a pessoa que consegue se expressar bem em


uma outra língua é capaz de fazer isso porque seu pensamento é “bem organizado”
e, por isso, não apresenta “problemas” para se comunicar.
A meu ver, o problema maior não se encontra apenas nesta visão, mas em
algo que pode ser logicamente visto a partir dela. Esta concepção de língua aponta
que existe apenas um modo de se comunicar em um idioma, o modo correto,
padrão, rígido e limitado. É como se uma língua fosse entendida como algo
estritamente imutável, que não pudesse fugir da norma-padrão imposta por uma
sociedade. Desta forma, dizer sentenças/frases como “Nóis vai ao shopping
amanhã” ou “She ain’t gonna get ya” ou “Jein, Alter, du bist so geil!” seria algo
inadmissível, inaceitável e deveria ser evitado a todo custo.
Certamente uma pessoa que constantemente fala “errado” poderá ser
julgada ou vista socialmente como inferior. Experimente dizer em uma entrevista
de emprego estas frases acima e você verá o resultado negativo que terá. Há
padrões sociais que nos dizem o que é “certo” ou “errado” dentro de um idioma,
os quais ditam o que “deve” ou “não deve” ser dito dentro de ambientes x e/ou y.
Padrões são importantes, uma vez que eles nos dão um norte, uma direção para
qual podemos seguir. No entanto, aquilo que foge do padrão linguístico não
deveria ser tão pesadamente menosprezado, como percebemos em nosso dia-a-
dia, ao conversarmos com pessoas de origens mais humildes ou mais simples do
que a nossa.
Infelizmente, quando essas ideias sobre o “padrão rígido e imutável de uma
língua” são levados para o ensino/aprendizagem de idiomas, grandes acidentes
podem acontecer. Um deles diz respeito a ver o idioma como um sistema de
estruturas, de frases, de “expressões” e que, para você “mandar bem em um
idioma”, você precisa decorar/memorizar/se lembrar de tantas palavras por dia ou
em tanto tempo, para que você se torne fluente. Com isso, muitas pessoas acabam
desistindo de aprender um idioma, porque não conseguem usar ou memorizar as

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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

frases ou “expressões corretas”, porque focam demais nas estruturas gramaticais


(mais do que o necessário).
Essa noção de língua não aparece explicitamente nas práticas de ensino,
mas é invisivelmente compartilhada entre os professores ou “especialistas” em
“diferentes métodos”, em ensino ou em “segredos que você não sabia” de
poliglotas para aprender idiomas. Com isso, muitas pessoas acabam, infelizmente,
entrando em cursos ou fórmulas mágicas para falar um outro idioma em “6 meses”
(ou até em menos tempo...) ou em técnicas avançadas de memorização. Como se
é esperado por essas rasas promessas, inúmeras pessoas se frustram, se irritam
e acabam desistindo do sonho de alcançarem a fluência no idioma que estudam.
Se você já passou por esse tipo de situação, saiba que aprender um idioma
é muito mais do que apenas um conjunto de sentenças ou de técnicas de
memorização. Aprender um idioma é muito mais do que chegar à perfeição
linguística (se é que isto, de fato, existe). Uma língua permite você viver
experiências que você nunca imaginaria ter apenas na sua primeira língua e
amplia, em muito, a sua atuação e participação no mundo. Como diz o autor
japonês Haruki Marakami, “Aprender uma outra língua é como se tornar uma outra
pessoa”. Muito mais do que adicionar diferentes frases à sua cabeça, você muda
a si mesmo, como também se torna capaz de fazer diferenças maiores no mundo.

Alguns professores ou alunos, ao mudarem suas concepções de


ensino/aprendizagem de idiomas, também podem pensar que uma língua é vista
apenas como um instrumento ou um código de comunicação. Nessa concepção,
entende-se a comunicação como um processo composto de um emissor (aquele
que diz algo), um locutor ouvinte ideal (que recebe a mensagem) e a língua seria
o código pelo qual a língua seria emitida.

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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

Um dos problemas que pode ocorrer desta noção de idiomas é uma nova
roupagem do mesmo problema com a concepção anterior. O que é diferente, no
entanto, muitas vezes, é apenas uma complexificação do entendimento sobre a
língua, mas, o ensino acaba ocorrendo novamente, da mesma maneira: “falantes
ideais” conversam com “ouvintes ideais”, que sempre farão uso de estruturas
“corretas” e que serão sempre entendidas quando ditas ou ouvidas pelos falantes
de idiomas. A aprendizagem seria automática, receptiva e a norma culta deveria
prevalecer. Quando o falante de um idioma conseguisse “dominar as estruturas”,
ele poderia se classificar como “fluente” no idioma.
Será que dentro das interações entre as pessoas conseguimos usar frases
perfeitas e não hesitamos, travávamos, voltamos atrás no que dissemos? Será
que a comunicação na vida real acontece como vemos em muitos livros de línguas
estrangeiras, com diálogos perfeitamente encaixados? Uma língua envolve muito
mais do que isso!

Esta terceira perspectiva, com a qual particularmente sou mais afiliado, não
coloca a língua como apenas um processo de tradução ou de exteriorização de
pensamento transmitido por uma língua, sem história, modificações, influências
sociais ou políticas. Uma perspectiva interacionista da língua entende esta como
um lugar de construções e de constituição de relações sociais. Várias áreas da
Linguística (sociolinguística, linguística textual, teoria do discurso, semântica
argumentativa, pragmática, análise da conversação, entre outras) lidam com
esses complexos fenômenos sociais, linguísticos, discursivos, entre outros.
A grosso modo, nesta visão a língua é construída pelos sujeitos sociais e
estes estão localizados dentro de um contexto social diferente; eles vêm de
lugares diversos, possuem objetivos e histórias de vidas diferentes. Portanto,
percebe-se que a língua é entendida aqui como diversificada, heterogênea e que
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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

as diferentes produções linguísticas precisam ser positivamente vistas e não


apenas estigmatizadas, jogadas fora por “não estarem dentro da norma-padrão”.
O ensino-aprendizagem nesta concepção não seria apenas pautado na
aprendizagem de estruturas, normas ou regras, mas na aprendizagem da, pela e
para a interação e uso da língua em diferentes situações. Aprende-se idiomas para
agir no mundo e sobre a vida das pessoas e da sociedade e não apenas para
demonstrar que alguém “domina todas as formas diferentes de se expressar em
um idioma”. Os “erros”, nessa perspectiva, não são entendidos como apenas
pontos que devem ser evitados a todo custo. Na verdade, muito pode ser
aprendido com os erros e/ou problemas para crescer mais ainda na aprendizagem
de idiomas. Afinal, ninguém consegue aprender algo apenas com acertos, correto?
Você consegue perceber a grande importância de se entender a língua em
uma perspectiva mais atual, humana e emancipadora? Não se culpe, caso você
já tenha visto professores/aprendizes dentro de perspectivas plenamente
tradicionais ou fechadas. Isso ocorre muitas vezes pelo fato de haver profissionais
não especializados ou simplesmente mal informados sobre a área linguística.
A visão de ensino-aprendizagem que você e a pessoa que te ensina idiomas
possui afetará dramaticamente o seu processo de aprendizagem de idiomas e
poderá limitar bastante a sua aventura em aprender outras línguas. Quando
precisamos de uma ajuda especializada com a nossa saúde, geralmente
buscamos uma pessoa que trabalhe e tenha formação em específico naquela área,
correto? Por que, então, muitos acabam buscando por ajuda ou “soluções rápidas”
em idiomas com pessoas que não compreendem a profundidade e não possuem
maestria para ensinar, de fato, uma língua estrangeira? A resposta pode ser
traduzida pelo famoso jeitinho fácil brasileiro (“vou buscar aquela ajuda mais
imediata, rápida, barata, aquele método secreto para aprender idiomas mais
rápido”). Infelizmente, como é dito pelo ditado bem conhecido: “O barato acaba
saindo caro”.

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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

Espero que você entenda a complexidade e a profundidade que um idioma


possui, mas, ao mesmo tempo se encante com a beleza e a relevância que uma
nova língua pode trazer à sua vida. E esse é o tópico da nossa próxima seção!

Quando algumas pessoas me perguntam o porquê de eu ter aprendido


outros idiomas, geralmente baseio minha resposta no grau de interesse que a
pessoa possui em saber a resposta. Infelizmente, nem todas as pessoas querem,
realmente, aprender uma outra língua. Para você, que realmente gostaria de
aprender um outro idioma, dividi, entre as muitas opções que poderia elencar a
mais a estas, motivos para se aprender uma outra língua. Com eles, na verdade,
você também vai descobrir a importância que uma língua adicional possui em
nossas vidas.

1. AMPLIE SEU REPERTÓRIO CULTURAL

Quem nunca desejou olhar um filme ou ouvir uma música que sempre está
nas principais rádios ou cinemas do país ou que aparece em diferentes comerciais?
Querendo você ou não, os diferentes idiomas fazem parte de nossas vidas e estão
cada vez mais comuns em nosso cotidiano do que imaginamos. Seja pelo uso
mais frequente de palavras de outros idiomas na informática (Internet, mouse, dvd,
console, headset, entre outros) ou no uso de gírias em diferentes grupos e
contextos (crush, top model, slow motion, light, notebook, diet, Windows, website,
show, God, Big, Delivery, etc.), o inglês, principalmente, já faz parte de nossas
rotinas. A pergunta que geralmente fica é: se já temos tanto de um outro idioma
dentro do nosso, por que não o aprender?
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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

Em um mundo tão globalizado como o atual, em que as comunicações e


interações entre os seres humanos acontecem de modo mais instantâneo do que
há algumas décadas, é imprescindível o valor de se aprender uma outra língua.
Com um novo idioma, você terá acesso quase universal a importantes produções
culturais (filmes, vídeos, músicas, hinos, livros, expressões artísticas e científicas).
Já imaginou poder ler Shakespeare em seu idioma original? Ou conseguir
entender aquele livro de algum autor famoso estrangeiro? Ou, para quem curte
muito mais séries, poder assistir aquela série favorita do momento sem se
preocupar com legendas ou problemas de entendimento? Ouvir aquela música
famosa sem muitos problemas?
Uma outra língua ajudará você não somente a aprender sobre uma outra
cultura e modos de se ver o mundo, mas a você entender a própria cultura aqui no
Brasil e a valorizar o que temos de precioso nacionalmente. Afinal, temos também
muito para oferecer aos estrangeiros e às pessoas interessadas em nossa cultura,
não acha?

2. EXPANDA SUAS OFERTAS DE TRABALHO

Já pensou em trabalhar naquela empresa dos seus sonhos (Google,


Microsoft ou em qualquer uma listada na conhecida Great places to work)?
Inúmeros são os casos de alunos que geralmente me procuraram alguma vez ou
outra para aprender inglês para conseguirem uma vaga em uma destas empresas
reconhecidas internacionalmente. Sem sombra de dúvidas, saber um outro idioma
(especialmente o inglês) dará oportunidades únicas para você atuar no mercado
internacional e crescer em sua carreira.
Até mesmo para aquelas profissões que aparentemente não precisam de
uma língua estrangeira, você ainda vai conseguir ter acesso às nuances do
mercado de trabalho e vai conseguir sair na frente daqueles (as) que apenas falam
um idioma. De fato, conforme demonstram algumas matérias em jornais
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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

brasileiros2, falar uma língua estrangeira (inglês, por exemplo) já é mais do que
um aspecto essencial para crescer dentro de uma empresa. Isto é, a língua inglesa
é o requisito mínimo para algumas vagas elevadas de trabalho. Aprender uma
terceira ou outras línguas já se tornou o diferencial em algumas empresas de
alcance mundial.

3. ENTENDA MELHOR A SUA PRIMEIRA LÍNGUA

Embora muitos não percebam, aprender uma segunda ou terceira língua faz
com que você perceba como a sua língua nativa (para a maioria de nós, o
português) também é “estranha” ou possui muita diversidade em relação a um
outro idioma. Isso ocorre especialmente quando lidamos com o uso de
preposições, as quais variam muito de um idioma para outro. As expressões ou
gírias em uma língua também demonstram as particularidades de um idioma que
outro não possui (expressões como “esta é minha praia” ou “bola fora”, por
exemplo, podem ser entendidas com outras palavras ou contextos de uso em
inglês, alemão, francês, e por aí vai).
Por conta dessa riqueza e diversidade, percebemos também coisas
estranhas no português (“por que conjugamos tanto os verbos?”, “por que temos
feminino/masculino, plural/singular e para que conjugar tudo isso junto?”, são
algumas das perguntas que ouço de aprendizes de outros idiomas e de pessoas
que estão aprendendo português como língua estrangeira). Por conta disso, em
meio a essas comparações “malucas” que fazemos, aprendemos bastante sobre
nosso próprio idioma, enriquecendo nossa identidade linguística.

4. EXPRESSE-SE MELHOR NOS RELACIONAMENTOS

2
Esta notícia de 2017 já apontava esta visão no mercado de trabalho globalizado em que vivemos atualmente:
https://oglobo.globo.com/rio/bairros/fluencia-em-terceiro-idioma-vira-item-decisivo-no-mercado-de-trabalho-
20824457
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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

Existem estudos sobre o comportamento de bilíngues e poliglotas


demonstrando como estes conseguem melhor entender seus sentimentos, criar
vínculos com pessoas de diferentes culturas e entender o outro em diversos
ambientes.
O professor Francis Grosjean3, renomado professor na área de estudo de
bilinguismo dentro da psicolinguística, descreve casos de falantes de outras
línguas, os quais conseguiam expressar melhor seus sentimentos quando usavam
uma determinada língua para falar com diferentes pessoas. Aliás, existem
expressões, a título de exemplo, em outros idiomas as quais não encontramos em
língua portuguesa. A palavra Weltschmerz (dor do mundo), em alemão, expressa
o sentimento de uma pessoa estar carregando o “peso do mundo” em suas costas,
como se ela estivesse extremamente cansada de alguma coisa, inconformada
com o que ocorre no mundo e com uma incompreensão inigualável. Com apenas
duas palavras juntas (Welt + Schmerz), conseguimos descrever todo esse
sentimento! O que podemos dizer, por exemplo, da palavra saudade, a qual só
existe em português? Com ela, podemos também expressar aquele sentimento de
falta de alguém, de alguma coisa ou lugar, o qual era ou é muito importante em
nossas vidas.

Figura 1: A palavra Weltschmerz sendo usada por um site alemão.

3
Professor emérito da Université de Neuchâtel, na França, dedica-se avidamente ao estudo do Bilinguismo dentro
de uma perspectiva social e neuropsicolinguística. É um autor bastante conhecido na área da psicolinguística. Em um
de seus livros recentes, Bilingual: life and reality, o professor Grosjean descreve a vida de vários falantes bilíngues ao
redor do mundo e como estes conseguem lidar melhor com suas realidades e expressões de
sentimentos/pensamentos pelo fato de se comunicarem constantemente em duas ou mais idiomas.
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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

Saber outro(s) idioma(s) aumentará a sua possibilidade de se expressar e


de se comunicar com precisão com um grande número de pessoas de diferentes
partes do mundo. Amizades mais profundas e duradouras podem emergir por
conta do seu conhecimento linguístico e social!

5. AUMENTE A OPORTUNIDADE DE VIAGENS

Algumas pessoas já me perguntaram se o Google Translator/Tradutor irá


substituir o ser humano nas comunicações com outras pessoas. Creio que isso
dificilmente irá acontecer. Um software pode ser, realmente, capaz de fazer
traduções de pequenas frases, parágrafos ou textos. No entanto, existem nuances,
usos de mecanismos linguísticos que, quando ouvidos/lidos pelo falante nativo,
irão soar muito estranhos.
Nunca me esqueço de uma vez, em que meu irmão mais novo, com a idade
de 6 anos, ao tomar o café da tarde comigo, me disse algo como segue: “mano,
eu posso pegar a faca e recortar o pão?”. Ao ouvir essa frase, disfarcei o riso, mas,
entendi perfeitamente o que ele quis me dizer. Ao trocar o verbo cortar por recortar,
consigo entender a relação de sentido que ele construiu, mas, percebi que o uso
daquele verbo não era adequado ao que ele queria dizer.
A grosso modo, isto é o que ocorre quando usamos ferramentas de tradução
como o Google Translator. Eles podem, até certo ponto, traduzir (enfatizando,
novamente) pequenas frases ou textos, mas, dificilmente serão capazes de
substituir a criatividade, genialidade e potencial do ser humano em estabelecer
comunicação natural com outros seres humanos. Por conta disso, sugiro que você
use com cuidado estes programas, vendo, sempre que possível, o uso de palavras
ou expressões dentro de um contexto, para não cometer erros/gafes grotescas.
Uma vez que um programa não consegue, em sua totalidade, substituir o
ser humano, aprender uma ou mais línguas lhe dará a oportunidade de viajar para
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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

outros países e se comunicar com mais naturalidade com os falantes daquela


nação.
Em minha experiência na China, em 2014, por exemplo, ainda que eu
conseguisse me comunicar em inglês com as pessoas, meu conhecimento em
mandarim (na época não muito extenso), me ajudou a me comunicar com mais
confiança com as pessoas que só sabiam mandarim, em pequenas lojas ou
estabelecimentos em Xangai e Pequim. Quem nunca se sentiu feliz ou
impressionado ao ver um falante de outro idioma (o conhecido “gringo”) tentando
se comunicar ou o fazendo, de fato, em português? Nos sentimos mais à vontade
e também podemos nos comunicar com a língua que vai direto à nossa realidade
e cultura. O mesmo ocorre quando você se comunica com pessoas estrangeiras
na língua delas.
Por conta disso, atente para a imagem abaixo, de nosso querido Nelson
Mandela, uma pessoa a quem devemos admirar por tamanha coragem e
determinação para permanecer firme em seu propósito de vida: fazer com que
uma nação pudesse ser livre do racismo e de qualquer tipo de preconceito possível
contra diferentes seres humanos daquela época.

Figura 2: “Se você falar a um homem em uma língua que ele entende, isso irá
para sua mente. Se você falar a ele na língua dele, isso irá para seu coração”.
Você concorda?

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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

6. MELHORE SEU RENDIMENTO ESCOLAR/ACADÊMICO

Não são poucas as experiências que já vivi pessoalmente ou ouvi de outras


pessoas que tiveram diferentes e melhores oportunidades para se desenvolver em
suas pesquisas ou estudos por conta de saberem ao menos ler em uma outra
língua. Especialmente a língua inglesa dentro do mercado internacional, percebe-
se que o contato com o idioma possibilita o acesso a uma rede quase infinita de
informações. Compare, por exemplo, a sua pesquisa de um determinado tema em
sua língua nativa e em língua inglesa. Você provavelmente notará que a
quantidade e a qualidade de informações em inglês serão de uma qualidade mais
precisa e profissional. Posso dizer que muitos problemas em minha vida foram
vencidos em diferentes áreas, pelo fato de o inglês (e outros idiomas) me darem
acesso a soluções múltiplas para problemas do cotidiano e para aqueles não tão
comuns no nosso dia-a-dia.
De acordo com diferentes estudos em locais diversos em escala global, o
conhecimento em língua inglesa permitiu a um grande número de pessoas poder
avançar profissionalmente e academicamente em suas respectivas áreas de
especialização.
Afinal, quem não gostaria de conseguir uma bolsa de estudos para se
profissionalizar em sua área de atuação na Alemanha (que oferta anualmente
milhares de bolsas de estudos para quem possui um domínio razoável no idioma),
nos Estados Unidos, Inglaterra, Itália, França, entre outros? Por vezes, podemos
ver que, em alguns países, pelo fato de haver poucas pessoas que estudam uma
determinada área, diferentes bolsas de estudo são ofertadas a pessoas em nível
internacional.
Quem sabe você não será o (a) próxim(a) que irá embarcar nessa viagem?
. Pude viver essa experiência em 2014 e digo a você: foi uma das melhores
experiências da minha vida! Que você possa viver também o mesmo ou algo ainda
maior!
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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

Figura 3: A experiência de intercâmbio é algo realmente único!

Deixo essa seção para falar em especial do inglês, já que essa foi a minha
primeira língua adicional que aprendi e que me ajudou muito na aprendizagem de
outros idiomas.
O inglês é o principal meio de comunicação em outros países. Em alguns
países lá fora, ele é tido como uma segunda língua, bem diferente do que temos
aqui no Brasil, quando o idioma é considerado uma língua estrangeira. Qual seria
a diferença, basicamente, entre o inglês como língua estrangeira e como uma
segunda língua? No Brasil, por exemplo, assim como em países sul-americanos,

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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

o idioma inglês não é “necessário” para a comunicação entre pessoas de nosso


território nacional e é geralmente acessado apenas em uma sala de aula, em uma
aula de idiomas. Entretanto, em países como a Índia, Escócia, a língua inglesa é
extremamente necessária e pode ser acessada em diferentes lugares com
diferentes pessoas, nativas ou não na língua, por isso, há um grande investimento
do governo destes países para que as pessoas possam viver, crescer e se
expandirem em suas vidas. Esperamos pelo dia em que o inglês terá tal valor em
nossa cultura, e em que vai ser possível conversar com as pessoas tanto na rua
como na sala de aula, não é mesmo? Até lá, devemos lutar bastante para que
essa conexão linguística aconteça de maneira mais frequente!
Você gostaria de entender melhor aquela música favorita que toca tanto na
rádio quanto nos filmes mais famosos no cinema? Quem não gostaria de
acompanhar uma trilha sonora de um filme e ver como a música se encaixa
perfeitamente em uma cena? Gostaria de estar livre das legendas (embora elas
sejam úteis, a gente consegue perceber diferenças entre o que está nelas e na
fala, informal, dos artistas nos filmes) e ver um filme em áudio original? Gostaria
de ler aquele livro que já saiu em outro país, mas que não foi traduzido ainda aqui
no Brasil? Gostaria de estar mais atento ao que acontece ao redor do mundo, no
cenário internacional e não ficar para trás no mercado de trabalho? Gostaria de
fazer amizades com pessoas de outros países e, quem sabe, ficar na
casa/apartamento/hostel de algum amigo no exterior? Gostaria de visitar outros
lugares, conversar e viver a cultura de outras pessoas dentro do idioma delas? As
perguntas poderiam ir adiante, mas, acho que você já consegue perceber como
uma ou outra(s) língua(s) fazem a diferença na vida da gente, certo?
O que você está esperando para aprender um outro idioma? Agora que você
já vê a importância de se aprender idiomas, vamos ver alguns mitos e verdades
comuns sobre o aprender idiomas? Confira no próximo capítulo

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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

Capítulo 2 – VERDADES E MITOS


SOBRE IDIOMAS

N
este capítulo, gostaria de abordar alguns mitos que muitas pessoas têm
durante seu crescente interesse em saber mais sobre o mundo das
línguas. Há muitos outros sobre os quais eu poderia falar, mas, estes
parecem, de uma forma ou outra, os mais recorrentes no ramo de ensino-
aprendizagem de línguas:

MITO 1: Existe uma língua difícil de se aprender?

“Marlon, qual foi a língua mais difícil para tu aprender?” Essa é uma pergunta
que escuto bastante quando me comunico na frente de alguém ou em algum vídeo
em outros idiomas. Pensar em uma língua fácil ou difícil não é algo simples, porque
a resposta para essa pergunta depende de muitos fatores, uma vez que muitos
são os contextos de aprendizagem e muitos os perfis de pessoas que desejam
aprender uma outra língua. De maneira sucinta, coloco abaixo alguns pontos para
levarmos em consideração.
Primeiramente devemos pensar na familiaridade e proximidade de um
aprendiz com a língua estudada. Por exemplo, aprender espanhol seria “mais fácil”
para um falante de português ou para uma pessoa vinda da Alemanha? O grau
tanto de familiaridade quanto de proximidade que alguém possui com uma outra
língua a ser estudada pode influenciar consideravelmente no processo de
aprendizagem de uma nova língua.
Basta você perceber, por exemplo, a dificuldade para brasileiros de
aprender idiomas com sistemas de escritas diferentes do alfabeto latino, tais como
21
Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

a língua russa, chinesa, hebraica, árabe, japonesa, hindu, coreana. Nestes


idiomas, além de termos pronúncias bem diferentes das línguas de origens
predominantemente latinas (italiano, português, espanhol, francês, etc.), há
também diferentes sentidos, ordens de escrita (as línguas árabe e hebraica, por
exemplo, são escritas e lidas no sentido direita-esquerda), estruturas de
organização de frases, aspectos culturais, entre outros, que se diferenciam em
muito da língua portuguesa.
No entanto, línguas como a russa e a ucraniana são bastante semelhantes
e, por conta disso, muitos falantes de ucraniano conseguem entender sem muita
dificuldade a língua russa, pelo grau de semelhança entre os dois sistemas
linguísticos. O grau de familiaridade de uma pessoa com outro idioma vai ajudar
muito no processo de aprendizagem de idiomas.
Segundamente, podemos levar em conta o contato que o aprendiz de um
novo idioma possui com essa língua estudada. Esta pessoa está vivendo uma
imersão desta nova língua, seja em seu país de origem ou no país em que o idioma
é falado? Ela consegue ter contato significativo com o idioma regularmente ou
todos os dias? Esta pessoa possui materiais, professores e pessoas que a ajudem
a se desenvolver de maneira significativa nessa língua? Esta mesma pessoa
pratica o idioma em diferentes momentos, com diferentes pessoas e recebe
feedback do que esteja falando? Independentemente de a pessoa estar
familiarizada com o novo idioma ou não, a (falta) de prática afeta
predominantemente a aprendizagem de línguas. Apesar de perceber pessoas que
consigam entender idiomas diferentes quando os escutam ou os leem, a produção
oral (fala) delas revela, de certa forma, o quão estas praticam o(s) idioma(s) que
conhece(m) e o que já está automatizado e o que precisa ser desenvolvido. A sua
(falta) de prática em uma língua revela mais sobre você do que imagina.
Como falado acima, diferentes sistemas de escrita poderão ser empecilhos
ou benefícios para quem deseja aprender um outro idioma. A língua chinesa, por
exemplo, uma língua tonal (diferenciando muitas palavras pelos tons que alguém

22
Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

fala diferentes palavras), não possui um alfabeto propriamente dito, mas,


diferentes palavras e classificadores temporais, que precisam ser bem ajustados
para produzir sentido. Caso contrário, problemas de comunicação podem
acontecer. Este é o “conhecido” caso da conjugação de ma, o qual pode ser falado
de diferentes maneiras4 e ser entendido como mãe ou cavalo. Você certamente
não gostaria de vivenciar o que presenciei na China em 2014, ao quase dizer que
minha mãe estava bem aqui no Brasil, uma vez que ela era um cavalo muito bom
para mim (sorry mum!).

Cavalo Mãe

Repreender Cânhamo

Figura 4: Imagina você querer falar de sua mãe e acabar dizendo cavalo? Watch out!

A língua hebraica também segue um sistema de escrita bem diferente do


português, com poucos sons vocálicos e uma escrita que muitas vezes não
representa os sons de vogais (no hebraico moderno, por exemplo), as palavras
são escritas, majoritariamente, apenas com as suas consoantes, tendo muitas
vezes os aprendizes que se lembrar de quando e como serão pronunciadas as
vogais em uma palavra. Algo bem diferente do português, não?

4
Sugiro neste ponto que o(a) leitor acesse este link, para poder ouvir as diferentes pronuncias de /ma/ e os sentidos
atribuídos a este conjunto de letras.
23
Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

A estrutura de frases/gramática de algumas línguas são também bem


diferentes do português. A língua alemã, por exemplo, possui estruturas que às
vezes dão o famoso “nó na cabeça”, pelo fato de poderem ser usadas em ordens
diferentes do português. Por exemplo, dizer em alemão “Hoje posso eu na festa
com meus amigos ir (Heute kann ich zur Party mit meinen Freunden gehen)” é
algo perfeitamente normal. Algumas pessoas já me disseram que a ordem das
palavras em alemão pode ser entendida como a fala do mestre Yoda, de Star Wars.
Isso sentido fazer pode, não?
Em língua inglesa, o uso de verbos auxiliares, preposições que vão ao final
de perguntas (exemplo em Who are you going to the party with? – Quem você está
indo para a festa com?) e a conjugação de verbos no passado pode trazer
dificuldades para alguns aprendizes. No entanto, a prática feita com qualidade e
expertise bem estruturada pode ajudar muito você a vencer essas “dificuldades”,
que, na verdade, depois tornam o seu nível de fluência em um idioma algo atraente
(no sentido mais puro desta palavra), uma vez que demonstra o que você superou
e o que consegue fazer com uma nova língua, diferente da sua.
Resumindo bastante, a familiaridade, estruturas linguísticas (gramática),
pronúncia, sistema de escrita e aspectos culturais são alguns dos muitos fatores
que afetam no processo de aprendizagem de uma nova língua. É importante você
pensar, pelo menos, em quais idiomas você teria mais facilidade como também
quais esforços você deverá tomar para vencer suas dificuldades em uma nova
língua, a fim de que você consiga, de fato, se comunicar de maneira fluente no
idioma e possa desfrutar os inúmeros benefícios de se falar uma outra língua de
maneira apropriada.

24
Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

MITO 2: É verdade que somente 5% do Brasil fala inglês fluentemente?

A notícia de que apenas 5% da população nacional seria capaz de falar o


idioma fluentemente já foi muitas vezes mencionada e parece já ter sido usada até
mesmo em trabalhos acadêmicos falando sobre o tema. Segundo o teste que
havia sido feito sobre a fluência dos participantes da dada pesquisa, apenas 5%
dos que conseguiram responder ao questionário “adequadamente” foram
considerados fluentes em inglês.
Contudo, precisamos levar em conta alguns fatores para esse resultado
“surpreendente”. Primeiramente, o que nos dá a certeza em dizer que pelo simples
fato de um grande grupo de pessoas responder a um questionário (provavelmente
online) as fazem fluentes em um idioma? Seria a fluência em inglês apenas a
leitura no idioma? O que diríamos da fala (speaking/oralidade), leitura (reading),
escuta (listening) dessas pessoas? Podemos dizer que alguém é fluente em uma
língua pelo simples fato de uma pessoa conseguir ler em um outro idioma? Talvez
tenhamos um número maior de pessoas que saiba falar inglês fluentemente.
Possivelmente esse número pode ser bem menor.
Como sempre digo a meus alunos, mais do que focarmos na quantidade, a
qualidade precisa ser levada mais em conta. Mais do que termos 90% das pessoas
no país inteiro entendendo ou sabendo ler frases com o verb to be, precisamos de
cidadãos/cidadãs que consigam se comunicar de maneira clara, precisa, sem
hesitação, utilizando diferentes formas de comunicação, expressões idiomáticas e
estruturas linguísticas e vocabulário adequado aos diferentes contextos de
interação social (uma breve definição de fluência acabou de ser dada...). Mais
importante do que saber a quantidade de pessoas de um país que conseguem se
comunicar fluentemente em inglês, precisamos focar na qualidade do ensino ao
invés de nos preocuparmos com números e quantidades de pessoas que falam o
idioma.

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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

MITO 3: É possível ser fluente em uma língua em pouco tempo?

“Chegue à fluência em apenas 6, 8, 10, 20 meses”. Novamente, lidando com


números, devemos nos lembrar de que não estamos lidando com uma simples
conta matemática, com um resultado certeiro e que não está sujeito a alterações
ou diferenças de pessoa para pessoa (como em 2 x 3 = 6). A aprendizagem de
idiomas é MUITO mais complexa do que uma simples ou até mesmo complexa
equação matemática.
Fatores psicológicos (crença de alunos e professores sobre o ensino, sobre
a língua), a formação acadêmica, cultural, profissional e intelectual de alunos e
professores, além da qualidade dos materiais utilizados para o ensino-
aprendizagem e a frequência destes na aprendizagem/ensino de idiomas, a
frequência e a qualidade do contato com o idioma durante a semana, estes e
outros fatores afetam significativamente na aprendizagem de uma outra língua.
Se você já foi, de alguma forma, vítima de chamadas/ofertas de cursos
prometendo a milagrosa fórmula, o método hacking para se aprender idiomas de
maneira a conseguir falar uma outra língua mais rápido, peço para que você nos
perdoe. Sim! Sinto que esta é uma informação que deveria ser mais divulgada pela
comunidade acadêmica em diferentes meios de comunicação, para que as
pessoas não caíssem em armadilhas, as quais, além de retirar dinheiro de seres
humanos que desejam aprender idiomas para melhorar suas vidas, traz
frustrações, sentimentos de culpa e de uma suposta incapacidade de se aprender
idiomas no futuro.
Conheço muito bem a responsabilidade do aluno (a) pela aprendizagem e o
quanto este/esta necessita se esforçar para aprender um outro idioma. Porém,
conheço também, por experiência própria tanto como aluno e professor de idiomas
que uma sólida formação na área de ensino de idiomas, somada a uma prática em
harmonia com o que há de mais atual no ensino de línguas pode MUITO ajudar

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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

inúmeras pessoas a superarem suas dificuldades em aprender línguas, sejam


estas quais forem.
Ser fluente em qualquer idioma em pouco tempo, portanto, de maneira
sucinta, é racionalmente impossível, pelo fato de muitos aspectos terem que ser
apreendidos por um ser humano. Máquinas poderiam aprender idiomas em
segundos, mas o ser humano, em suas limitações e fragilidades (mas em sua
maestria e potenciais únicos), necessita de tempo; de tempo para armazenar
informações, fazer uso delas de maneira criativa, ser corrigido e aperfeiçoado
dentro de uma língua. E isto leva tempo, tempo de qualidade, mas com
recompensas de maior qualidade e simplesmente inesquecíveis, isso eu lhe
garanto!

MITO 4: É possível aprender inglês mesmo sem intercâmbio?

A ideia do intercâmbio para outro país trouxe por muito tempo uma “certeza”
de que viajar para o país falante da língua estudada seria a solução definitiva para
saber usar o idioma de maneira efetiva, para sermos fluentes. Minha história de
aprendizagem de línguas e a de pessoas próximas e longínquas demonstra que é
possível aprendermos uma língua mesmo sem termos saído de nosso país de
origem.
Com toda a certeza, estar fora do país é uma experiência inesquecível.
Poder conversar com pessoas de diferentes nacionalidades em suas respectivas
línguas nativas é algo que nunca vou esquecer, pois é algo único. Você consegue
aumentar seu conhecimento de mundo, de diferentes culturas, modos de viver e
de agir diante dos desafios da sociedade, além de perceber que existe “um mundo
lá fora, além da sua caixinha diária de rotinas”. Muitas foram as amizades que
consegui fazer e consolidar, graças à experiência de intercâmbio na China, uma

27
Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

vez que lá mesmo pude conhecer pessoas de diferentes nacionalidades e


perceber que não estava tão ruim assim nos idiomas que já estava aprendendo
na época. Só quem viveu um experiência de intercâmbio em outro país consegue
mensurar a significância de um momento como esse!
Apesar de sua relevância cultural, intelectual, financeira, social, entre outros
aspectos relacionados a esse tipo de experiência única, a grande maioria ainda
parece se perguntar se o intercâmbio para outro país seria a solução de qualquer
problema para se tornar fluente ou proficiente em uma língua. Posso dizer, com
toda certeza, de que uma simples viagem para fora do país não irá fazer grande
diferença se você não souber usar dessa situação para, de fato, aprender idiomas.
Não são poucos os casos que já ouvi de pessoas viajando para outros países e,
depois de um tempo, pelo fato de o mundo estar cada vez mais globalizado e
próximo cada país de outro, as pessoas acabarem encontrando brasileiros nestes
outros países e se acomodando em sua aprendizagem intensiva do idioma que
tanto queriam estudar. No fim, o que acaba possivelmente acontecendo é a
reunião de diferentes brasileiros falando português apenas em outra parte do
mundo. Um pouco insano, não?
Logicamente é importante que você encontre outros brasileiros do outro lado
do mundo, para que você possa expressar com mais clareza ou certeza seus
sentimentos e dúvidas sobre viver em um outro país e o que você poderia fazer
para melhorar sua qualidade de vida no exterior. No entanto, é importante que
você se lembre de que, em uma situação como essa, única e que não acontece
todo dia (pelo menos não é o que vejo frequentemente, especialmente com as
mudanças de valores de moedas internacionais como o dólar, euro, entre outras),
o mais importante deveria ser se comunicar, de diferentes maneiras na língua que
você está estudando, para que você possa viver situações que talvez não
conseguiria dentro de seu país de origem.
Para aqueles que, como eu, não puderam ou não tiveram muitas
oportunidades de intercâmbio, ou mesmo para aqueles que não saíram do país

28
Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

ainda para viver uma experiência única como a de um intercâmbio, tenho uma boa
notícia para você: é possível, sim, aprender idiomas mesmo sem ter saído de seu
país de origem.
Primeiramente, lembre-se, acima de tudo, de que não é o idioma que precisa
imergir na sua vida, mas, você, com tudo o que você pode ter/fazer, deve imergir
em uma outra língua, estando você dentro ou fora do seu país de origem. Como
podemos imergir, “entrar” em um outro idioma mesmo estando em nossa realidade
cotidiana? Você precisa simplesmente mudar as informações que você recebe
diariamente, às vezes não muito úteis (sim, há muita coisa que faz a gente perder
tempo, desperdiçando tempo que poderíamos usar com coisas boas e que
realmente importam), para o idioma que você quer ou está estudando. Um
exemplo disso acontece toda vez que quero aprender ou conhecer uma nova
língua: modifico todas as ferramentas digitais que tenho para aquele idioma (meu
celular, computador, programas de computador, e-mail, redes sociais, entre
outros). Assim, consigo me habituar a receber, interpretar e usar o idioma no futuro
com mais tranquilidade.
Outro aspecto importante é você se cercar do idioma o máximo que puder.
Eu, por exemplo, gosto de escutar músicas naquele novo idioma que estou
estudando, tento ao máximo fazer novas amizades com pessoas que falam aquela
língua por meio de muitos aplicativos que existem por aí, faço o download de apps
para aprendizagem de línguas, de vídeos e materiais disponíveis para aprender
um dado idioma. Isso me ajuda muito a ter contato mais intensivo com a língua
estudada, tentando parecer, ao máximo, com o contato que teria em outro país,
caso pudesse viajar mais frequentemente.
Enfim, o importante é você ir até o idioma e se cercar dele, e não esperar o
idioma, milagrosamente, aparecer na sua vida. Até mesmo porque, se o “idioma
vier visitar você um dia”, será provavelmente para cobrar você de não o ter
aprendido. Possivelmente, você pode perder uma oportunidade única de emprego,

29
Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

estudo ou de viagem para outro país, por não ter se aventurado e tomado a
coragem necessária para imergir na língua antes de ela chegar até você!
Regra de ouro da aprendizagem de idiomas: Não espere por amanhã,
pela oportunidade que você pode perder por não haver estudado intensivamente
uma língua, pelo “curso definitivo e milagroso de aprendizagem fluente de idiomas
em 6, 8, 10, 12 meses”, pelo convite do seu amigo ou colega de trabalho que quer
viajar com você para fora e você não poder ir simplesmente por não ter estudado
o idioma antes! Prepare-se para o que pode acontecer no futuro. Não espere algo
acontecer, para, então, se preparar. O preparo vem antes. A oportunidade pode
vir depois.

MITO 5: Existe alguma “chave” para aprender uma nova língua?

Essa é uma pergunta interessante, porque ela demonstra a ânsia que quase
todo ser humano possui uma hora ou outra na vida: “como posso acelerar e acabar
com esse processo ‘dolorido’, com essa situação na minha vida?”. Quem nunca
ouviu falar sobre a dieta que faria você perder inúmeros quilos em poucos dias?
Ou da receita milagrosa para qualquer problema de saúde? Você já ouviu falar em
técnicas avançadas de aprendizagem ou segredos dos poliglotas que aprendem
x línguas por ano?
Posso dizer, com muita calma e sinceridade (como o tenho feito até aqui),
que aprender idiomas não é uma questão de chaves-mestras, técnicas escondidas
por muito tempo e agora reveladas para você com apenas um clique, ou de
técnicas de memorização intensiva de novas palavras e expressões maneiras em
um outro idioma. Aquilo que vem fácil, se esvai facilmente, já diziam os antigos
gregos desde os tempos de Aristóteles. Aquilo que vem de maneira difícil, do
contrário, dificilmente sairá de sua vida. Qual será a sua escolha em relação a
aprender idiomas?
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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

Um princípio básico de nossa consciência e memória humana diz respeito


a experiências significativas que guardamos durante nossa vida. Momentos que
despertaram nossas emoções de maneira significativa são aqueles que
normalmente (re)lembramos e conseguimos recontá-los a outras pessoas. De
memórias de curta duração (short-term memories), acontecimentos importantes
são trabalhados pela memória de trabalho (working memory) e armazenados em
nossa memória de longa duração (long term memory).
Francamente conversando com você nesse momento: Você acredita
realmente que técnicas de memorização, às vezes não criadas ou testadas por
pessoas que REALMENTE estão na área da educação ou ensino (sem formação
satisfatória na área de idiomas, inclusive...), por mais que elas possam ter suas
“validações científicas”, podem ser mais relevantes/memoráveis para você do que
aprender um idioma utilizando ele de maneira significativa, interativa e agindo
sobre o mundo em que você vive? Há algumas palavras, frases e expressões em
diferentes idioma, das quais me lembro até hoje quando as aprendi, porque as
usei em diferentes momentos da vida, em contextos marcantes para mim, sem
memorizações milagrosas.
Mais do que achar a melhor técnica, que “funcione para todo mundo”, é você
se conhecer (conhece-te a ti mesmo, já dizia a inscrição grega na entrada do
oráculo de Delfos...), para que VOCÊ saiba o que funciona melhor para VOCÊ.
Aprendizagem de idiomas nunca foi sobre técnicas ou segredos não revelados
antes; é sobre saber o que é melhor para você em diferentes momentos.
Das muitas metáforas que podemos usar para a aprendizagem de línguas,
podemos usar a da maratona, que é muito maior do que uma corrida de apenas
100 m. Com técnicas de memorização, você pode até vencer essas corridas de
100 m, desafios pequenos para falar e se virar momentaneamente em um idioma.
Mas, mais do que correr apenas 100 m e já cansar ou desistir, o mais importante
é que você consiga vencer a corrida contra seus possíveis maiores inimigos:
preguiça (procrastinação), medos, inseguranças, rotina de trabalho/estudo, maus

31
Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

hábitos, falta de interação e de interesse por informações relevantes para se


aprender idiomas, entre outras.
Corra e seja um vencedor de seus próprios inimigos!

Figura 5: Não corra apenas para vencer 100 metros, mas o que for necessário para
chegar ao nível de comunicação que tanto deseja!

MITO 6: É possível desaprender ou perder a fluência linguística?

Essa é uma pergunta que já recebi de muitas pessoas em diferentes


momentos da minha vida. Já a respondendo, SIM! Alguns autores na Linguística
(aplicada) afirmam que esse fenômeno é entendido como um processo de
fossilização (BROWN & LEE, 2015). Basicamente, esse processo ocorre quando
alguém deixa de praticar, ler ou ter contato significativo com o idioma.
Já tive alunos que tanto se formaram em cursos de idiomas, quanto também
haviam parado no meio de cursos há alguns anos (ou até décadas). O resultado
era um pouco lamentável. Houve tanto aqueles que conseguiam entender
razoavelmente o que eu lhes explicava em dado idioma, mas, estes alunos não
conseguiam se expressar da melhor maneira possível. Palavras ou expressões
faltavam, assim como o processo para produção linguística oral (para os alunos
32
Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

falarem) acontecia muito lentamente, sendo necessário revisar elementos básicos


de tal idioma para que o aluno conseguisse continuar ou retomar seu crescimento
linguístico.

I SPIKO INGLISH,
PIPOU.

Figura 6: Não deixe seu idioma como o do dinossauro acima.

Imagine que você se exercita por vários anos em uma academia: você
consegue chegar à forma (o conhecido shape) que você tanto queria. Mas, por
conta da rotina, novos hábitos, você deixa de ir à academia e começa, lentamente
a parar de realizar exercícios físicos. Fast food começa a fazer parte da sua
alimentação semanal, quase diária. Em um período de 1 ano, como você imagina
estar? O mesmo ocorre com a aprendizagem de idiomas. Em meu caso, por
exemplo, creio que a tarefa seja um pouco mais difícil, pelo fato de precisar
constantemente manter, tanto quanto for possível, o mesmo ou quase/parecido
nível linguístico em todos os idiomas, porque os uso para diferentes propósitos e
em diferentes momentos de um mesmo dia.
Para tanto, é possível sim que você perca bastante de sua fluência em uma
língua, conquanto que você não a pratique durante a semana. Por isso, WATCH
OUT, ACHTUNG, ATTENTION, ATENCIÓN, ATTENZIONE: se você já começou
a aprender uma outra língua e, por acaso, pensa já saber tudo sobre ela e parou,

33
Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

POR FAVOR, volte a ter contato com o idioma. Tanto seu/sua professor(a) quanto
você mesmo (a) vai agradecer futuramente por isso.
Não se engane pelo conhecido (pelo menos na área da Linguística Aplicada)
Intermediate plateau (lugar intermediário). Esse fenômeno geralmente acontece
de duas maneiras. No primeiro caso, o(a) aluno (a) acredita que já aprendeu de
tudo e que, por isso, já é independente em um idioma e não necessita aprender
mais nada, porque já consegue “se virar” no idioma. O outro caso comum ocorre
quando a pessoa pensa que, pelo fato de já ter estudado “tanto”, será muito mais
difícil o que vem pela frente, por isso “já é hora de desistir e não ter mais tanto
contato com o idioma”. Com todo o amor que tenho por minha profissão, por favor,
não se engane quanto ao que você ainda pode crescer em uma outra língua.
Sempre há um novo oceano a ser percorrido e sempre haverá novas
aprendizagens possíveis. Por mais que eu já seja professor de idiomas há alguns
anos, sempre estou aberto para aprender novas expressões, gírias, usos de
diferentes palavras em um idioma. Acredite, entre o nível intermediário e avançado,
quanto mais em relação ao nível “máximo” em um idioma europeu, o proficiente
(C2), há MUITA COISA INTERESSANTE ainda a ser aprendida.
Mais do que saber um monte de palavras diferentes, decorar listas de
palavras muitas vezes não efetivas para sua aprendizagem, você quer saber se
comunicar de diferentes maneiras, em diferentes contextos, para pessoas
diferentes, fazer parte daquele idioma, e não apenas se sentir um estranho usando
uma língua que não é sua, não é mesmo? Não fossilize seu aprendizado, nunca
pare de aprender, sooner or later, você verá que isso fará (e já está fazendo) toda
a diferença na sua vida.
Passemos, agora, para o guia de COMO NÃO APRENDER UMA LÍNGUA
ADICIONAL. Espero que você consiga compreender o porquê de se criar esse
guia especial para você.

34
Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

Capítulo 3 – O que fazer


para NÃO APRENDER um
idioma?

P
ois então, folks! Ao invés de trazer um “guia completo de como aprender
qualquer idioma”, penso ser mais interessante trazer um guia DO QUE
FAZER PARA NÃO APRENDER UM IDIOMA. Espero que você (não) se
identifique com ele e perceba o que precisa mudar para avançar em seu processo
de aprendizagem de idiomas. Se você seguir tudo direitinho, nunca será capaz de
falar uma outra língua. Aí vai a primeira dica para isso:

1. Assista somente a filmes dublados: Por que você “gastaria tempo” em ver
um filme com áudio original em inglês (ou outro idioma), já que você tem o conforto
dos áudios em seu idioma nativo? Você não precisa se esforçar para aprender um
idioma por meio de filmes, vamos ser práticos, não?

2. Leia somente posts, livros, artigos, textos na internet em sua língua nativa,
usando o Google Translator para todo texto estrangeiro: As tecnologias estão
aí para isso, né, pessoal? Daqui a pouco pode ser que já irão criar algum programa
que faça toda a tradução para nós, a um passo de mágica. Afinal, aprender línguas
é basicamente juntar um monte de palavras em uma frase, não?

3. Nem pense em escutar músicas estrangeiras, somente nacionais: Já temos


tantos conteúdos legais em português, não? Seria ótimo usarmos somente nosso

35
Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

idioma, obter informações em português, já que não somos nós que devemos nos
adaptar ao mundo globalizado, mas ele a nós, correto?

4. Instale aplicativos de jogos ou aplicativos que tomem seu tempo


consideravelmente: afinal, quem não gosta de passar várias horas apenas
jogando e usando seu tempo de maneira “útil” com jogos, não é mesmo? Ah, não
se esqueça de que o jogo deve estar em português ou em sua língua nativa, para
evitar qualquer esforço, por favor!

5. Não converse com pessoas de outros países pela internet: se as pessoas


querem conversar com você, deixe que elas venham falar português com você,
afinal o esforço tem que vir dos outros, não de você, certo?

6. Não faça cursos de idiomas e nem viaje para fora do país: hoje no mundo
temos tantas prioridades. Um curso de idiomas não vai fazer tanta diferença na
sua vida, ou vai? Até parece que um idioma pode mudar a sua vida, ainda mais
conhecer pessoas de outros países quando você tem bastante gente vivendo no
seu país...

7. Nunca se divirta para aprender idiomas e faça uso de exercícios


entediantes: Quanto menor for a diversão, maior vai ser a certeza de que você
não irá aprender nada. Exercícios de gramática, que apenas focam em conjugação
de verbos ou no uso de preposições. Eles são excelentes para você se frustrar e
ver que tem muito ainda para aprender.

8. Sempre tente aprender tudo de uma vez somente: Nunca divida sua
aprendizagem em diferentes momentos, afinal, é “melhor” já aprender coisas
avançadas e simples ao mesmo tempo, para sobrecarregar seu cérebro.

36
Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

9. Nunca repita ou reveja um exercício que você já fez antes: afinal, você pode
confiar na sua memória para lembrar de todas as informações que você viu,
inclusive há alguns meses atrás.

10. Nunca cometa erros em uma outra língua: Afinal, cometer erros é algo
gravíssimo e deve ser evitado a qualquer custo. Você não aprende nada com seus
erros e deve tentar não cometer eles.

Siga essas super dicas e você pode ter certeza de que não irá aprender
idiomas. Seu sonho de se comunicar em outra língua NUNCA acontecerá!

A pergunta que deve ecoar em nossas mentes agora é: quais dessas dicas
eu tenho mais seguido, ainda que cegamente? O que devo parar de fazer para,
de fato aprender idiomas? A melhor resposta é você quem deve dar a você mesmo.

37
Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

As habilidades em uma língua: noções e princípios


essenciais

Geralmente é compartilhado por muitas pessoas, tanto especialistas quanto


pessoas leigas, que uma língua é basicamente dividida em quatro habilidades
(leitura, escrita, escuta e fala). Alguns autores vão trazer a ideia de que haveria
outras habilidades, ou sub-habilidades, ou, talvez, não existiriam habilidades, mas
que elas seriam tidas por competências ou produções linguísticas em diferentes
níveis. Independentemente da visão que você tenha, elenco abaixo o que você
pode fazer para melhorar estas conhecidas habilidades. Em breve, irei escrever
um e-book para você trabalhar mais especificamente com cada uma delas

Como trabalhar com a oralidade (speaking)

A oralidade, tema sobre o qual pesquisei profundamente em minha pesquisa


de doutorado, é um dos aspectos mais difíceis de se desenvolver em uma outra
língua por conta de vários fatores, tanto internos (ansiedade para falar ou cometer
um erro em outra língua, medo de ser corrigido(a) na frente das pessoas, entre
outros) como externos (uma metodologia de ensino não muito adequada, a falta
de materiais ou de profissionais adequados para o ensino, a falta de horários ou
de disponibilidade para se estudar o idioma, etc.). Entretanto, você pode fazer
algumas coisas para sanar ou diminuir essas dificuldades. Elenco algumas delas
abaixo:

38
Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

I. Entenda que você não é a única pessoa no mundo que comete erros
ao falar ou que se sente apreensivo (a) ou ansioso (a). Isso é natural até
mesmo na sua língua nativa.

II. Interaja o máximo possível com pessoas que estudam inglês,


participando de eventos (como a English Night ou English Immersion,
que realizamos aqui no Rio Grande do Sul) em que você consegue se
soltar e se sentir com mais segurança para falar no idioma.

III. Crie amizades em aplicativos ou em fóruns na internet. Há muitos


websites que você pode acessar, ao apenas pesquisar pelas palavras
language partner, language chats, language pals, entre outros. Descubra
o que aplica-se melhor à sua realidade e necessidade.

IV. Grave a sua fala em aplicativos de mensagens ou em gravadores de


voz e a ouça depois. Dessa forma, você vai conseguir perceber muitos
aspectos da sua fala (pronúncia, ritmo, sotaque) pontos em que precisa
melhorar e o que não precisa mais prestar tanta atenção.

V. Converse consigo mesmo e com pessoas que vão te encorajar e te


ajudar com seus erros na fala, de maneira colaborativa e acolhedora
(mas que também saibam desafiar você quando necessário).

Como desenvolver a escrita (writing)

I. Defina que tipos de textos você precisa escrever normalmente para


outras pessoas (e-mails, textos literários, artigos científicos, cartas,
notícias, etc.). Com isso, estude as características principais desse
39
Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

gênero textual (a estrutura de um e-mail, como ele inicia ou se


desenvolve, para que você vá se acostumando e fazendo o seu melhor
em cada gênero textual.

II. Expanda seu vocabulário pela leitura: Quanto maior for o seu
vocabulário (tanto pela sua compreensão, quanto na sua produção),
melhor será a maneira como você poderá se expressar pela escrita em
uma outra língua.

III. Faça leituras regularmente: Tenha contato com o idioma, ainda que
sejam simples 15 minutos por dia. Isso ajudará você a ter contato com o
idioma e a sempre estar trabalhando com a língua em sua mente.

IV. Simplesmente pratique: Comece a escrever mais textos (diários, e-


mails, cartas, artigos, receitas, entre outros), o que melhor se situar ao
seu nível atual no idioma. Isso irá fazer com que você consiga praticar
tanto aspectos formais quanto informais no idioma.

V. Tente sempre ter um caderno ou algum aplicativo para escrever:


Sempre que puder, faça anotações ou pense em como escreveria algo
para alguém, em algum contexto. Quanto mais você pensar em um outro
idioma, mais rápido e mais tranquilo será o seu caminho de pensamento
➔ produção oral linguística.

Como aperfeiçoar a leitura (Reading)

I. Saiba o que você (não) gosta de ler: Faça uma lista de tipos de texto
que você (não) gosta de ler. Você, mais do que ninguém, precisa

40
Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

saber o que gosta ou o que prefere evitar de leitura no seu dia-a-dia.


Assim, você saberá por onde começar e o que deverá fazer para
encarar textos cada vez mais complexos.

II. Leia primeiramente sobre assuntos de fácil compreensão:


Comece com textos pequenos falando do dia-a-dia de uma pessoa.
Leia textos infantis ou aqueles usados para níveis iniciantes. Muitos
exercícios podem ser encontrados na Internet pela simples busca de
palavras como “English beginner Reading exercise” ou “einfache
Texten auf Deutsch” ou “ejercicios sencillos em español” e, assim, em
cada língua. Será uma maneira boa para você saber como está a sua
compreensão. Resumidamente: Leia sobre assuntos para o seu nível
e que te interessem.

III. Separe a leitura para lazer da leitura focal: Se você é das pessoas
que gostam de ler por prazer (I just love it! Ich liebe es einfach!), é
importante você ter momentos de leitura para apenas acompanhar
diferentes informações ou ter momentos de catarse literária (momento
em que você consegue sentir ou liberar emoções, sentimentos, pelo
simples prazer de estar lendo algo) de momentos em que você irá
focar em aprendizagem de vocabulário ou de alguma expressão
específica no momento. Momentos de estudo requerem consulta de
dicionários e de sites especializados para te ajudar. Momentos de
leitura por prazer já não irão requerer tanto.

IV. Use diferentes aplicativos para realizar a leitura, tais como Listopia,
Yournextread, Whichbook, nos quais você pode selecionar o tipo de
tema e livros que você curte e pode começar a se aventurar em muitas
histórias diferentes em outros idiomas.

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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

V. Tenha uma leitura ativa: Não fazemos apenas uma decodificação


(identificar letras, sons, sílabas, palavras), mas, quando lemos,
estamos em constante interação com o que foi escrito e precisamos
participar desta interação, para que a gente consiga extrair ao máximo
as ideias de um texto. Por isso, escreva nas páginas ou na tela de seu
celular enquanto você lê. Anote frases, expressões que lhe chamaram
a atenção, palavras que você não entende e que deseja descobrir o
sentido depois. Algo extremamente importante: Nunca deixe de ler
um texto por completo porque não conseguiu entender apenas uma
palavra. No momento em que você for procurar por sua “tradução”,
poderá perder o sentido que estava sendo construído até então.
Apenas procure pelo sentido desta palavra (em sites como Google
Translator ou Linguee) quando esta se repetir várias vezes em um
texto. Isto demonstra que ela é um termo importante nesse contexto
e que não a entender pode levar você a não compreender o “sentido
global” do texto. Palavras importantes serão, normalmente, repetidas.

Como melhorar a escuta (listening)

I. Procure entender o “padrão” de fala de uma língua: Na língua inglesa,


por exemplo, há uma dificuldade grande de alunos para entender o
sotaque e o fato de muitas palavras em inglês serem grudadas em outras
(Igetupateightoclock = I get up at eight o’clock), além de gírias serem
usadas em diferentes contextos. Habitue-se a compreender a entonação,
a velocidade da fala e a maneira como as pessoas se comunicam.
Assista vídeos na internet, pequenos trechos de filme, para que você
tenha uma noção geral de como as pessoas se comunicam, gestos que
fazem, e a velocidade com que fazem isso).
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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

II. Procure por músicas que lhe agradem: A música sempre fez parte da
minha vida e sempre me ajudou muito ao lidar com diferentes idiomas.
Quando você gosta de um gênero musical, este ajuda você a criar
momentos mais memoráveis, e, por conta disso, você conseguirá se
lembrar de expressões, frases ou palavras que são unicamente usadas
naquele contexto. Quando a razão e a emoção se juntam (a música
consegue fazer isso com você de maneira especial, não é mesmo?),
melhores sinapses podem ser criadas, de maneira que você aprenda de
maneira divertida uma outra língua.

III. Torne momentos “entediantes” em momentos de aprendizagem:


Faça uso de podcasts sobre temas que lhe interessem em momentos em
que você pensa perder tempo durante o dia (viagem no ônibus, fila em
algum lugar, exercício ou atividade física, serviços de casa). Desta
maneira, você fará uso produtivo de seu tempo e não perderá tempo com
coisas inúteis.

Figura 7: Transforme momentos entediantes em momentos produtivos.


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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

IV. Assista vídeos que lhe interessem: Procure por vídeos ou filmes/séries
de TV que lhe interessem. Faça uso das legendas (no idioma que está
aprendendo, preferencialmente, ou até mesmo em português. O Youtube
possui uma ferramenta de legendas bastante útil para os vídeos), para
que você se acostume com o sons da língua e consiga usar diferentes
expressões futuramente. Tenha um caderno por perto ou anote em seu
celular expressões, para você futuramente usá-las. Você irá trabalhar
com a sua compreensão oral, escrita e leitura na língua.

V. Use aplicativos de músicas para aprender idiomas: Sem sombra de


dúvidas, o lyricstraining é um dos apps favoritos de muitas pessoas. Você
pode também fazer uso dele no próprio site e se divertir bastante com a
aprendizagem de diferentes idiomas com as músicas típicas de cada
país.

Conversação e interação: sem elas, você não vai a


lugar algum

Algo que você precisa ter em mente em relação a quaisquer uma das
habilidades (quer você acredite na existência das habilidades em modo separado
ou não) é esta palavra que muitas vezes é esquecida: interação. Isto tem muito a
ver com a definição de língua que você adota para sua vida, conforme brevemente
falei no primeiro capítulo desse Ebook.
Se você entender um idioma como apenas um conjunto de palavras a serem
aprendidas (língua como expressão do pensamento), talvez o seu sonho de falar
fluentemente em uma língua adicional será dificilmente alcançado. No entanto, se
você a compreender como um processo de constante e crescente interação (entre

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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

você e outras pessoas e entre você e o seu eu e a sua rotina diária), você
perceberá, possivelmente, com maior clareza no que precisa melhorar.
Por mais que você possa decorar lista de vocabulários sobre os mais
diversos assuntos, se você não interagir com alguma pessoa, possivelmente terá
dificuldades para se comunicar com os outros. Se você não utiliza o seu
conhecimento adquirido de modo prático (ensinando outras pessoas o que você
aprendeu, conversando com outras pessoas, produzindo textos, mensagens de
voz, entre outros), provavelmente terá problemas para a produção linguística oral
e escrita.
Não são poucas as pessoas que “conseguem entender os outros, quase
tudo o que falam, mas, na hora de falar, as palavras simplesmente não saem”.
Isso se deve, principalmente, pela falta de práticas com a língua desde os níveis
mais elementares. Não são poucos os alunos com os quais já me deparei, os quais
já haviam completado os “cursos avançados” em suas escolas de idiomas, mas,
quando tentavam iniciar uma conversa comigo, esqueciam-se frequentemente de
muitas palavras em inglês e acabavam tendo que revisar muitas coisas estudadas
em níveis iniciantes, a fim de que eles se sentissem mais confiantes e
conseguissem conversar e escrever no idioma.
A interação é extremamente importante. Interaja o máximo que puder.
Converse com outras pessoas. Ensine a elas o que você aprendeu, desta forma,
você conseguirá perceber o que você realmente conseguiu depreender do seu
processo de aprendizagem de idiomas e quais lacunas você ainda precisa vencer.
Interaja com falantes nativos, acesse páginas em redes sociais e em sites de
aprendizagem de idiomas espalhados pela Internet e em canais do YouTube. Você
possui um mundo que está querendo ouvir a sua voz em uma outra língua, pelo
que você está esperando? Interaja e veja sua autoconfiança e fluência
aumentando conforme sua coragem for te impulsionando para níveis maiores!

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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

Capítulo 4 – MINHA EXPERIÊNCIA


AO APRENDER 6 IDIOMAS

G
ostaria muito de dizer para você que, desde cedo, cresci em um lar
bilíngue, com pais que falavam diferentes idiomas em casa e que me
educaram nas mais refinadas escolas de ensino de idiomas do mundo,
podendo viajar para diferentes lugares e conhecendo pessoas que nunca pensei
conhecer. Também gostaria de dizer que aprendi inglês antes do tão debatido
período crítico na área de Aquisição de Línguas (até a idade de 12 anos). Gostaria
de dizer que as línguas adicionais sempre fizeram parte de minha vida desde cedo
e que hoje já possuo o “método secreto que vai fazer qualquer pessoa se
comunicar em qualquer idioma, com simples 6 passos em 6 meses rumo à
fluência”.
A realidade é que cresci e ainda me considero fazer parte de uma família
humilde, com muita simplicidade, mas, algo sempre me chamou a atenção: o
poder único que a linguagem possui. Em algumas entrevistas, nas quais falo sobre
a história da minha vida (vide referências abaixo), ainda me lembro dos primeiros
livros que li na infância, e de como essas memórias ainda são tão nítidas na minha
mente. Meu primeiro livro, do qual me recordo ler com tanta vontade foi A casa da
Madrinha; um livro simples, porém com uma estória encantadora e de um
imaginário único. Me lembro também de livros da editora Ática, como As aventuras
de Xisto, O mistério no hotel 5 estrelas, o escaravelho do diabo, entre outros.
Todos esses livros fomentaram a minha imaginação e me ajudaram a fazer melhor
uso dela para coisas boas na vida.
Sempre gostei muito de ler e, com o tempo, comecei a perceber que isso
passou para a parte escrita e à fala em português. Sempre gostei também da
disciplina de história e me lembro do quanto me empenhava para fazer
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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

apresentações em cartolinas que que se mexiam ou que se abriam para abordar


algum tema em sala de aula. Caso eu não fosse professor de idiomas, meu
segundo sonho era ser professor de história.
Me lembro de que naquele tempo, antes de entrar no Ensino Médio, eu
passava alguns momentos escutando músicas em diferentes idiomas, tentando
entender o que elas falavam, usando diferentes dicionários que conseguia da
biblioteca da cidade, para entender o que as músicas queriam dizer. No entanto,
minha atenção maior sempre foi pela língua inglesa.
Em meados do terceiro ano do ensino médio, ano em que estudei muito
para realizar o conhecido Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), me lembro
ainda de estudar bastante, em diferentes momentos do dia, para alcançar uma
nota razoavelmente boa. Foram muitas horas de estudo, trabalho e tarefas
realizadas. Trabalho formalmente desde meus 14 anos e me orgulho muito disso,
por poder já, gradualmente, me tornar mais socialmente responsável pela minha
vida e pelos desafios enfrentados diariamente.
Neste mesmo 2010, recebi um convite de uma escola de idiomas na cidade
de Torres/RS, para uma aula grátis. Me lembro de comparecer nessa aula, que foi
ministrada por uma professora bastante simpática e que me recepcionou muito
bem desde a entrada na escola. Me lembro também de uma outra aluna, a única
além de mim naquela turma, que pareceu não estar muito feliz por mim ali.
No início da aula, de nível pré-intermediário, a qual falava sobre
acontecimentos no passado, a professora nos perguntou: “Como diríamos em
inglês ‘o que você fez ontem, meu amigo?’”. Eu me lembro de falar com rapidez
“What made you yesterday?”. A professora me corrigiu calmamente, dizendo que
pergunta deveria ser “What did you do yesterday, my friend?”. E, conforme a
professora ia perguntando, eu tentava, com o máximo que me lembrava,
responder o que ela propunha. Com o tempo, percebi que aquela aluna começava
a se enfurecer, ao ponto que ela perguntou no meio da aula uma questão da qual
nunca vou me esquecer: “Da onde que tu vem, cara, pra se meter nessa minha

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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

aula particular que fazia com a professora? Olha, eu não tô acreditando que eu
não consigo falar com a teacher e tu vem, de não sei aonde, e consegue fazer
isso. Não sei se tu vai conseguir aprender inglês, mesmo, acho que tu nem tem
condição pra isso...”.
Aquelas palavras entraram como um tiro certeiro dentro de mim, foi como
se aquela aluna estivesse me expondo ao ridículo, demonstrando uma fraqueza
financeira temporária que eu aparentava ter (de fato, a tinha...). No entanto, nunca
me irei me esquecer das palavras daquela professora, a qual imediatamente
respondeu aquela aluna. “Olha, dear, tenho certeza de que o Marlon vai poder
falar inglês, quando, como e assim que ele quiser, porque ele tem algo diferente,
ele tem força de vontade. Assim como ele, eu também aprendi inglês com a minha
origem humilde e ele também vai conseguir o que quiser, é só ter força de vontade”.
Depois dessa experiência, comecei a falar para meus amigos sobre o que
vivi e de como aquela vivência em outro idioma me motivou para começar a
estudar mais inglês. Após realizar a prova do ENEM e receber minha nota, Letras-
Inglês foi minha primeira opção. Naquela época, em 2011, existiam 80 bolsas
disponíveis na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Uma quantidade boa de bolsas para a nota que eu havia recebido. Por conta disso,
fui agraciado com uma bolsa pelo Programa Universidade para todos (PROUNI),
a qual custeou todo o curso. Posso dizer, por experiência própria, que muito
aprendi durante os anos de 2011-2014.
Logo no primeiro mês de estudos na Letras na PUCRS, quis tentar uma
oportunidade que com toda certeza mudou minha vida: pude entrar para a sala de
aula em uma escola pública no segundo mês de curso, sem ter passado por algum
curso de idiomas ou alguma origem exemplar para a formação em idiomas. Me
lembro ainda de fazer minha inscrição em um programa de estágio em minha
cidade natal para me tornar professor estagiário em alguma escola que estivesse
disponível. Ao realizar a entrevista com a coordenadora pedagógica da cidade, ela
me enviou para realizar uma outra entrevista na escola na qual eu seria professor.

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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

Ao chegar e conversar com a professora de inglês dessa escola, ela me


perguntou sobre minha experiência com a língua inglesa. Eu, de maneira bem
ousada, até mesmo pedi para a professora da escola se ela gostaria de fazer a
entrevista em inglês (eu nem ao menos conseguia me expressar em inglês de
maneira mais complexa). Thank God ela não o quis, haha. Mas, ainda que o
tivesse feito, eu tentaria demonstrar o máximo do que sabia de inglês naquela
época.
Depois de algumas horas, fiquei sabendo que eu seria professor de 15
turmas! Imaginem só! Uma pessoa com quase nenhuma experiência precisando
lecionar quinze diferentes tipos de turmas em uma mesma escola. Eu era o único
professor de inglês durante todo aquele ano de aprendizagens que foi 2011. Como
me bem disse a diretora naquele ano: “Marlon, se tu sobreviver a essa experiência
aqui na escola, tu vais conseguir passar por qualquer escola!”. Creio que, de certa
forma, ela estava certa.
A experiência nesta escola foi algo único! Pude aprender tanto com
diferentes alunos com diferentes níveis linguísticos e histórias familiares
intrigantes, emocionantes e encantadoras. Muitas, várias, diversas foram as
dificuldades que enfrentei: falta de tempo para organizar as aulas como gostaria, ,
não sabia, às vezes, como lidar com a disciplina em sala de aula, bem como alguns
problemas familiares que os alunos possuíam. Ao mesmo tempo, foi um momento
em que pude muito sobre a didática/ensino, sobre o que, como, para quem, porque
e quando ensinar específicos aspectos da língua inglesa para estudantes da
realidade brasileira. Tenho plena certeza de que essa experiência inicial solidificou
muitos aspectos de ensino que meus colegas da faculdade descobriram apenas
em períodos de estágio, na segunda metade do curso de Letras-Inglês.
Cada formação de professores, projetos pedagógicos, trabalhos realizados
com os alunos, troca de experiências na faculdade, leitura de muitos artigos em
diferentes áreas da linguística (linguística aplicada, lexicografia, morfologia,
sintaxe, fonética, linguística aplicada, análise do discurso, antropologia linguística,

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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

entre muitos desdobramentos de áreas de estudos), apresentação de trabalhos,


pesquisas e seus resultados em eventos acadêmicos e com a comunidade em
geral, tudo isso ajudou de forma significativa na pessoa que sou hoje.
Por conta disso, valorizo muito a história de pessoas que se esforçam para
aliar tanto a teoria com a prática. Como diz os pesquisadores atentivamente
preocupados com a área da educação, tenho uma admiração grande por
professores reflexivos: aqueles que conseguem praticar a teoria e teorizar
(complexificar) a prática (percebendo que o ensino e aprendizagem de idiomas é
muito mais profundo do que apenas o uso de fórmulas mágicas para aprender ou
ensinar línguas adicionais).
A aprendizagem contínua do inglês juntamente com a aprendizagem de
uma prática reflexiva em sala de aula me levou, no terceiro semestre de Letras-
Inglês, para começar a estudar a língua alemã. Fiquei encantado ao estudar esta
língua como disciplina eletiva por 3 semestres na universidade, aprendendo muito
com os professores que já tinham experiências de ensino e aprendizagem do
idioma fora do país. Uma das sensações mais interessantes que tive naquele
momento foi a de poder usar uma língua adicional (o inglês, na época) para poder
aprender uma terceira, não fazendo muito uso do português, minha língua nativa,
para estudar este idioma que, em parte é parecido com o inglês.
Após estudar alemão continuamente, mesmo depois da universidade, com
diferentes livros, cursos de diferentes instituições e universidades no modo online
e em contínua aprendizagem do idioma em contato com falantes nativos, comecei
a migrar no fim de 2013 a aprendizagem para o francês. Esta língua sempre me
cativou pelo seu “charme” e pelo que estudava nas aulas de história no ensino
fundamental sobre a cultura e história da França. A língua francesa foi estudada
tanto em cursos de idiomas online de universidades (Université de Nantes, por
exemplo) de formação de professores de francês, bem como no constante contato
com o idioma por meio de uma imersão em meu próprio país.

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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

Em 2014 vivi a experiência de intercâmbio na China e, como dito


anteriormente, esta foi um marco na minha vida: não apenas por viver dentro de
uma cultura diferentes, mas, pelo fato de poder ter contato com pessoas de
inúmeras partes do mundo. Ao visitar a muralha da China, ainda me lembro de, no
mesmo dia, conversar em menos de uma hora com pessoas da Itália, Alemanha,
Israel, França, Brasil (sim, há muitos brasileiros vivendo na China), e algumas
pessoas da Escócia. Você imagina como foi precisar fazer uso de diferentes
idiomas ao mesmo tempo com pessoas de origens diferentes e pensamentos
diversos? It was absolutely mind-blowing (simplesmente de pirar a cabeça!)
Após estudar por 2 anos a língua francesa, iniciei os estudos com maior
propriedade da língua espanhola e do italiano, línguas que são parecidas de certa
forma. Às vezes, me confundia no que concerne à pronúncia ou organização dos
idiomas, por serem semelhantes. Por meio, novamente de cursos de idiomas de
língua espanhola, bem como com aulas focadas na aprendizagem dos dois
idiomas com diferentes professores, também entrando em contato com diferentes
falantes dos dois idiomas. De certa forma, ainda preciso aprender mais a língua
italiana, apesar de já haver sido professor do idioma para níveis iniciantes e pré-
intermediários. Sinto ainda que sou um eterno aprendiz e que, como você, leitor,
posso crescer e aprender muito mais. Pelo fato de este ser o idioma com o qual
menos tenho contato para aulas, ele acaba se tornando o menos requisitado
lecionar. Per questo motivo, continuerò a studiare italiano quest'anno, amici miei
(por conta disso, voltarei a estudar mais italiano neste ano, meus amigos) .
Resumidamente, minha história com a aprendizagem e contato com outros
idiomas se sintetiza em uma constante paixão por aprender idiomas. Creio que,
ao aprender uma língua diferente, estou em contato com um novo mundo que se
abre, uma nova perspectiva, e um alcance muito maior em escala global. Uma das
maiores alegrias desse mundo, entre as muitas que podemos viver, está no fato
de podermos nos comunicar, ainda que de nosso próprio país, com pessoas de

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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

realidades totalmente diferentes da nossa e fazer parte do cotidiano destas


pessoas e estas do nosso.
De certa forma, almejo mostrar ao mundo que, com o devido esforço,
persistência e resiliência, conseguimos alcançar nossos sonhos e espero que a
minha história de vida aqui, muito brevemente até aqui sintetizada, possa motivar
você a aprender diferentes idiomas e a alcançar voos que você não esperava
conseguir alcançar. Nunca desista da sua maratona de estudos. Não se contente
com o pouco, com migalhas, com receitas e métodos mágicos para aprender
idiomas. Interaja mais, saia de sua Zona de Conforto e, quanto mais longe estiver
dela, maior será grande a probabilidade de você aprender e conquistar sonhos
que você jamais imaginou. Acredito muito na sabedoria milenar bíblica,
independentemente de sua crença. Se você consegue visualizar seu futuro, se
comunicando em diferente(s) idioma(s), você pode ter certeza de que já possui o
essencial para aprender outra(s) língua(s):

Everything is possible to the one who believes (Mark 9.23)


Tutto è possibile per chi crede! (Marco 9.23)
Für den, der glaubt, ist alles möglich! (Markus)
Tout est possible à celui qui croit ! (Marc 9.23)
Todo es posible para quien cree! (Marcos 9.23)
Tudo é possível a aquele que crê! (Marcos 9.23)

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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

Qual seria a receita secreta para se aprender uma nova língua?

Se você ainda está procurando por isso, por favor, desconsidere tudo o que
foi dito até aqui e pelo que é compartilhado na área de ensino de idiomas. Não,
não existem fórmulas secretas, nem melhores para se aprende um idioma em 6
meses. Mude seu pensamento e postura, para que sua vida também mude. O que
vier fácil, se perderá fácil. O que vier com esforço, dificilmente será tirado de você.
Capacite-se com pessoas especializadas e profissionais e não com promessas
rasas, for God’s sake!

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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

Capítulo 5 – HORA DA
REVISÃO: O QUE VOCÊ
APRENDEU?

D
e maneira melhor interagir com você, querido(a) leitor(a), coloco abaixo
diferentes perguntas sobre alguns temas relevantes tratados em cada
capítulo, para que você reflita e possa tomar, a partir de hoje, atitudes
diferentes e concretas para você aprender outra(s) língua(s):

Capítulo 1

1. Com qual visão de língua (língua como pensamento, língua como instrumento
de comunicação, língua como espaço de interação) você se identifica?
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2. Por que você deseja estudar uma outra língua? Com quais destas vantagens
que apresento aqui você se identifica mais? O que você irá fazer ao perceber as
oportunidades que uma outra língua lhe oferece?

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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

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3. O quão importante é a língua inglesa na sua vida? Depois de ver a relevância


deste idioma, como você irá agir nos próximos meses com a sua aprendizagem
desse idioma?

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Capítulo 2

1. Com quais dos 6 mitos você descobriu algo de novo? Comente abaixo sobre o
que mais impressionou você.

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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

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2. Você alguma vez já passou pelo processo de fossilização em uma língua? O


que e como você agiu para vencer esta dificuldade? Se você está passando por
esse processo, o que fará para não viver mais a fossilização de uma língua?

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3. Você ainda acredita em alguma fórmula mágica para se aprender idiomas? O


que você fará na próxima vez que lhe oferecerem alguma promessa rasa de
aprendizagem secreta e de segredos para "acelerar" sua aprendizagem?

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Capítulo 3
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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

1. O que você tem feito para melhorar as quatro habilidades essenciais na língua
que você estuda atualmente (fala, escrita, compreensão oral e a leitura)?

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2. O que você tem seguido do manual de "como não aprender idiomas" em sua
vida? O que você irá fazer para mudar a sua vida em relação a esses maus hábitos?
Comente sobre os 3 passos que você tomará para finalmente não cair mais nestas
armadilhas sutis.
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Capítulo 4

1. O quão parecida é minha história com a aprendizagem de idiomas com a sua?

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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

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2. Você acredita que é possível aprender idiomas sem ao menos haver saído de
seu país de origem?

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3. Como minha história possivelmente motiva você a voltar ou a continuar a


estudar diferentes idiomas? Trace uma meta, planos e objetivos concretos para os
próximos meses.
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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

Referências bibliográficas gerais utilizadas neste livro:

BARCELLOS, R. S. As teorias de linguagem, as concepções de língua e a metodologia


adotada de ensino de língua portuguesa. XVII Congresso Nacional de Linguística e
Filologia, 2013. Disponível no seguinte endereço :
<http://www.filologia.org.br/xvii_cnlf/min_ofic/04.pdf>

BRANDOLI, F. M. Concepções de linguagem e práticas de ensino: O cotidiano da escola


pública. II Seminário internacional de representações sociais, subjetividade e educação -
SIRSSE, PUCPR, 2013. Disponível no seguinte endereço:
<https://educere.bruc.com.br/CD2013/pdf/8764_4914.pdf>

PINHEIRO, L. S. Concepções de língua: uma breve análise. Revista Travessias, v.5, n.


3, 2011. O texto está disponível no seguinte endereço: <http://e-
revista.unioeste.br/index.php/travessias/article/view/5824>

POSSENTI, S. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas: Mercado de


Letras: ABL, 1998.

SCHLATTER, M.; GARCEZ, P. M. Línguas adicionais (Espanhol e Inglês). In: S.


d. Rio Grande do Sul, Referenciais curriculares do Estado do Rio Grande do Sul:
linguagens, códigos e suas tecnologias. Secretaria de Estado da Educação, Porto
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TARDELLI, M. C. O ensino de língua materna: interações em sala de aula. São


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TRAVAGLIA, L. C. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática no


1º e 2º graus. São Paulo: Cortez, 1996

Produções acadêmicas de Marlon Rio:

RIO, M. M. O.. 'I can't speak very well, teacher!' - reflexões sobre as dificuldades com a
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na escola pública. Revista Educar Mais, v. 1, p. 38-45, 2019.

RIO, M. M. O. -Teacher, I need to show you a foreigner I have been talking to on my


cellphone!- Unveling students’ understanding about technology use for enhancing the
59
Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

speaking skill in English language. BRAZILIAN ENGLISH LANGUAGE TEACHING


JOURNAL, v. 9, p. 433-457, 2018.

RIO, M. M. O. A internacionalização no IFSUL e a relevância da língua estrangeira para


o desenvolvimento acadêmico e científico da instituição. BRAZILIAN ENGLISH
LANGUAGE TEACHING JOURNAL, v. 8, p. 279-298, 2017.

RIO, M. M. O.; DELANOY, C. P. . Vocabulary teaching principles in EFL textbooks.


REVISTA DESEMPENHO, v. 1, p. 1-15, 2015.

Livros publicados/organizados ou edições

RIO, M. M. O.. Brazilian National High School Evaluation (ENEM) and the AWL theory:
How argumentative semantics may benefit on the comprehension of the English language
exam questions. 1. ed. Saarbrücken: LAP Lampert Academic Publishing, 2017. v. 1. 1-
87p .

RIO, M. M. O.. Análise de compreensão do sentido de questões do ENEM 2015 pela ANL:
Foco nas questões de língua inglesa. 1. ed. Saarbrücken,: Novas Edições Acadêmicas,
2016. v. 1. p.1-103p .

RIO, M. M. O.. Ensino de vocabulário e de colocações em livros didáticos: Metodologias


de ensino e teorias da aprendizagem de vocabulário em língua inglesa. 1. ed.
Saarbrücken: Novas Edições Acadêmicas, 2016. v. 1. p.1-63p .

RIO, M. M. O.; ROSSA, A. A. . Vocabulary and Collocations teaching in EFL Textbooks.


1. ed. Saarbrücken: LAP Lampert AcademicPublishing, 2015. v. 1. 1-65p .

Capítulos de livros publicados

RIO, M. M. O.. A glimpse at students' oral skill struggles and improvement strategies. In:
Jaime Cará Jurnor; Luciana Locks. (Org.). Entornos e Contornos. Volume 9: Inquietações,
análises e proposições para diferentes realidades escolares. 1ed.São Paulo: Editora CNA,
2018, v. 1, p. 51-80.

RIO, M. M. O.; PASIN, D. M. ; DELGADO, H. O. K. . Enhancing speaking ability in the


EFL classroom: what teachers and renowned theorists say about it. In: Jaime Cairá Junior;
Luciana Locks. (Org.). Entornos e Contornos 8: Explorando práticas e conceitos em
gestão, linguagem e educação. 1ed.São Paulo: Editora CNA, 2016, v. 8, p. 75-90.

60
Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

RIO, M. M. O.; PASIN, D. M. ; DELGADO, H. O. K. . EPALS: Integrating technology and


culture in the English scenario. In: Jaime Cará Jr e Luciana Locks. (Org.). ENTORNOS &
CONTORNOS 7: Educação, Cultura e Comunicação na Era da Internet. 1ed.São Paulo:
Editora CNA, 2015, v. 7, p. 64-89.

Textos em jornais de notícias/revistas

RIO, M. M. O.. O poder da Linguagem. Revista PUCRS, Porto Alegre, p. 10 - 15, 09 jul.
2018.

Trabalhos completos publicados em anais de congressos

RIO, M. M. O.. Análise de discursos sobre como lidar com o aluno-problema em sala de
aula: enfoque semântico argumentativo. In: IX Colóquio de Linguística, Literatura e
Escrita Criativa, 2017, Porto Alegre. Anais do IX Colóquio de Linguística, Literatura e
Escrita Criativa. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2017. v. 1. p. 490-503.

RIO, M. M. O.; GUIMARAES, A. L. M. . Os efeitos da ansiedade na habilidade oral em


língua inglesa - estratégias para o professor em sala de aula. In: XII Sepesq - Semana
de Extensão Pesquisa e Pós-graduação, 2016, Porto Alegre. XII Sepesq - Semana de
Extensão Pesquisa e Pós-graduação. Porto Alegre: Uniritter Laureate International
Universities, 2016. v. 1. p. 1-12.

RIO, M. M. O.; DELANOY, C. P. . Análise de sentido em provas de proficiência em Língua


Inglesa para a seleção de cursos de mestrado e doutorado na UniRitter: Uma abordagem
semântico-argumentativa.. In: SEPESQ, 2015, Porto Alegre. XI Semana de Extensão,
Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq Centro Universitário Ritter dos Reis, 2015.

RIO, M. M. O.; DELANOY, C. P. . A construção de sentido de em enunciados de temas


de redação do exame nacional do Ensino Médio (ENEM). In: XI Semana Científica
UNILASALLE, 2015, Canoas. XI Semana Científica UNILASALLE. Canoas: Unilasalle,
2015. v. 1. p. 1-6.

TESSARO, B. ; RIO, M. M. O. ; FERREIRA, C. M. ; SCHERER, L. C. ; CARDOSO, C. .


O bilinguismo avaliado numa perspectiva cognitiva: processamento de narrativas e
memória de trabalho. In: XII Semana de Letras - PUCRS, 2012, Porto Alegre. Anais da
XII Semana de Letras, 2012.

61
Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

Resumos expandidos publicados em anais de congressos

RIO, M. M. O.; LIMA, M. S. . O uso de tecnologias digitais no ensino da oralidade em


língua inglesa na escola pública: novas possibilidades de ensino e aprendizagem. In:
SEFIC Unilasalle - Ciència e Tecnologia para a redução das desigualdades, 2018,
Canoas. SEFIC Unilasalle - Ciència e Tecnologia para a redução das desigualdades.
Canoas: Unilasalle, 2018. v. 1. p. 1-6.

RIO, M. M. O.. Speaking English: an unforgettably nerve-racking experience for teachers


and English learners. In: XIII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq,
2017, Porto Alegre. XIII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq -
Anais do Evento. Porto Alegre: Uniritter, 2017. v. 1. p. 1-12.

Resumos publicados em anais de congressos

RIO, M. M. O.. O desenvolvimento da oralidade em língua inglesa na escola pública com


o uso de tecnologias digitais: um cenário didaticamente frutífero. In: II Colóquio de
Linguística Aplicada: Compartilhando Saberes, 2019, São Leopoldo. II Colóquio de
Linguística Aplicada: Compartilhando Saberes. São Leopoldo: Unisinos, 2019. v. 1. p. 49-
49.

RIO, M. M. O. Tecnologias digitais no desenvolvimento da oralidade em língua inglesa


na escola pública. In: XIII Mostra de Ciências e Tecnologias do IFSul Câmpus
Charqueadas, 2019, Charqueadas. Anais da XIII Mostra de Ciências e Tecnologias do
IFSul Câmpus Charqueadas. Charqueadas: Mocitec IFSUL-RS, 2019. v. 1. p. 130-130.

RIO, M. M. O.. O ensino da oralidade mediado pelas tecnologias digitais: uma perspectiva
colaborativa de aprendizagem de língua inglesa na escola pública. In: I Colóquio de
Pesquisa em Linguística Aplicada: Compartilhando Saberes, 2018, São Leopoldo. I
Colóquio de Pesquisa em Linguística Aplicada: Compartilhando Saberes. São Leopoldo:
Unisinos, 2018. v. 1. p. 33-34.

RIO, M. M. O.. A semântica argumentativa em análise de compreensão do sentido em


questões de língua inglesa do ENEM. In: IV Colóquio do PPG Letras da UFRGS, 2016,
Porto Alegre. Caderno de resumos - IV Colóquio PPG Letras da UFRGS. Porto Alegre:
UFRGS, 2016. v. 1. p. 76-77.

62
Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

RIO, M. M. O.. Análise de discurso sobre aluno-problema em sala de aula: enfoque


semântico argumentativo. In: XIV Fórum FAPA, 2015, Porto Alegre. XIV Fórum FAPA.
Porto Alegre: FAPA, 2015. v. 1. p. 82-82.

RIO, M. M. O.; TESSARO, B. ; FONSECA, R. P. ; SCHERER, L. C. . A relação entre


bilinguismo e memória de trabalho mensurada por tarefas verbais e não-verbais. In: III
Reunião Anual do Instituto Brasileiro de Neuropiscologia e Comportamento, 2012,
Florianópolis. A relação entre bilinguismo e memória de trabalho mensurada por tarefas
verbais e não-verbais, 2012.

TESSARO, B. ; RIO, M. M. O. ; SCHERER, L. C. . Um estudo de fluência verbal e controle


executivo em falantes de português brasileiro e italiano do sul do Brasil. In: XIII Salão de
Iniciação Científica da PUCRS, 2012, Porto Alegre. XIII Salão de Iniciação Científica,
2012.

Entrevistas, mesas redondas, programas e comentários na mídia

1. RIO, M. M. O. Múltiplas Inteligências: uma questão de incentivo às potencialidades do


ser humano. 2019. (Programa de rádio ou TV/Comentário).

2. RIO, M. M. O. Foco e disciplina: charqueadense Marlon Rio concorre a título de doutor


mais jovem do Brasil. 2019. (Programa de rádio ou TV/Comentário).

3. RIO, M. M. O.. Aluno FAEL está muito perto de se tornar o doutor mais jovem do Brasil.
Conheça Marlon Rio!. 2019. (Programa de rádio ou TV/Entrevista).

4. RIO, M. M. O. Imersão em inglês: Primeira versão em Charqueadas. 2019. (Programa


de rádio ou TV/Entrevista).

5. RIO, M. M. O. O poder da Linguagem. 2018. (Programa de rádio ou TV/Entrevista).

6. RIO, M. M. O. O poder da Linguagem - Edição em jornal online. 2018. (Programa de


rádio ou TV/Comentário).

7. RIO, M. M. O. Marlon aus Brasilien: Das Lehrerporträt. 2018. (Programa de rádio ou


TV/Entrevista).

8. RIO, M. M. O. PUCRS at Top China 2014. 2015. (Programa de rádio ou TV/Entrevista).

63
Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

9. RIO, M. M. O. CNA's Friday the 13th - Jason Takes Charqueadas (Fan Film). 2015.

10. RIO, M. M. O. CNA's Star Wars: Episode III.I - The Rise of the Empire (FAN FILM).
2015.

11. RIO, M. M. O.. IMERSÃO DE CONHECIMENTO. 2014. (Programa de rádio ou


TV/Comentário).

12. RIO, M. M. O.; TESSARO, B. ; SCHERER, L. C. . Notícias FALE. 2012. (Programa


de rádio ou TV/Comentário)

64
Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

Conheça o Marlon Rio (PhD candidate)

Olá, me chamo Marlon Machado Oliveira Rio e gostaria de que você


conhecesse um pouco mais de minha experiência com a área de ensino e
aprendizagem de idiomas. Coloco aqui um resumo de minhas qualificações e de
aspectos que creio ser importantes para você entender de onde vêm um pouco
das informações contidas neste singelo e-book.
Mais abaixo, deixo também o link expandido para que você possa conhecer
um pouco mais sobre minha formação até os dias atuais, sobre aquilo que foi
conquistado com muito esforço até esta segunda década do presente milênio.

65
Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

Até o presente momento sou:

❑ Candidato a ser o (ou um dos) doutor(es) mais jovem(ns) da história do


Brasil em Linguística Aplicada (pela UNISINOS)
❑ Mestre em Linguística (PUCRS)
❑ Especialista em educação contemporânea (IFSUL-RS)
❑ Laureado em Letras-Inglês (PUCRS)
❑ Experiência em inúmeros cursos sobre o ensino e aprendizagem de
diferentes idiomas (alemão, espanhol, francês, inglês, italiano e português)
❑ Estudante de Teologia em III Semestre (UNIASSELVI)
❑ Professor de 6 idiomas há quase 10 anos.
❑ Autor de artigos científicos nacionais e internacionais, de livros e
capítulos de livros sobre o ensino e aprendizagem de línguas
adicionais.
❑ Experiência de ensino em curso no exterior (Intercâmbio TOP China –
Santander Universidades)
❑ Experiência em eventos internacionais de tradução simultânea.
❑ Realização de cursos de diferentes instituições (Université de Nantes
(França), Arizona State University (Estados Unidos), University of London
(Inglaterra), Universiteit van Amsterdam (Holanda), Cambridge University
(Inglaterra) sobre o ensino e aprendizagem de outros idiomas, neurociência,
neuropsicolinguística e áreas correlatas à educação de idiomas.

Acesso ao currículo expandido (acadêmico:


http://lattes.cnpq.br/3171220051721749

66
Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

Atualmente atuo como professor de seis línguas estrangeiras, tendo


experiência em ensino destas na escola pública, privada, de idiomas e em aulas
particulares, sendo também autor de livros, artigos e capítulos de livros e
materiais didáticos sobre o ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras,
compartilhando de minhas experiências de ensino também em entrevistas a
revistas e websites na imprensa nacional e internacional; possuo experiência
como tradutor simultâneo em eventos assim como tradutor de documentos e
de cursos online nacionais da plataforma de cursos universitários online
COURSERA.
Tornei-me professor pelo imenso amor que tenho em compartilhar do
complexo conhecimento sobre idiomas adquirido em minha vida com o maior
número possível de pessoas. Acredito veemente que, ao ensinar línguas
estrangeiras, é possível criar oportunidades únicas na vida de aprendizes de
idiomas, como já vem ocorrendo nestes últimos sete anos de ensino de idiomas,
na medida em que percebo que, por meio da linguagem, o ser humano pode não
apenas expandir o seu mundo, mas, o das pessoas à sua volta, uma vez que os
limites da minha linguagem são os limites do meu mundo (Wittgenstein). Quando
a linguagem de alguém se amplia, ampliam-se também os improváveis sonhos, as
impensadas possibilidades e as significativas inovações para o mundo como um
todo! Um novo idioma me abriu e me proporcionou inúmeras oportunidades. Quais
serão as suas?

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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

Thanks for reading, folks!


Obrigado pela leitura, pessoal!
Vielen Dank fürs Lesen, liebe Leute!
Merci pour la lecture, mes amis!
¡Gracias por la lectura a todos (as)!
Grazie per la lettura, amici miei!

See you next time!

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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

Para maiores informações, dúvidas ou comentários sobre o que foi exposto


até aqui, ficarei feliz em ajudar você:

: https://www.instagram.com/mrlanguages/

: www.facebook.com/mrlanguagesrs

: mrlanguagesrs@gmail.com

: (51) 98959.5214

E fique ligado, porque, em breve, outros materiais online, assim como outros
Ebooks, surgirão. Espero que você tenha gostado do que foi compartilhado até
aqui e estou ansioso para um dia conhecer a sua história de superação e de
aprendizagem de outro(s) idioma(s).

Um grande abraço,

Marlon Rio

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Ebook: DICAS PRÁTICAS PARA APRENDER IDIOMAS

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