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01-Lampião de 04-78 Lido em Maio de 2020
01-Lampião de 04-78 Lido em Maio de 2020
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associação para oatiise Prof. Dr. Luiz Mott
da parada da divvridadt -
GRUPODIGNIDADE
OPINIAO
Emi,lógw
Saindo do Gueto
rasil, marco de 1978. Ventos fe- sexo nâo é aquele que ele desejaria da sociedade e da criatividade
B voráveis sopram no rumo de wr humana. Nós pretendemos, tam-
uma ara acabar com essa imagem-pa- bém, ir mais longe, dando voz a
P drão, LAMPIÃO não pretende todos os grupos injustamente dis-
certa liberalização do quadro. so- criminados - dos negros, índios,
nacional: em ano eleitoral, a im- luçar a opressão nossa de cada mulheres, às minorias étnicas do
prensa noticia promessas de um dia, nem pressionar válvulas de es- Curdistão: abaixo os quetos e o sis-
Executivo menos rígido, fala-se na cape. Apenas lembrará que uma tema (disfarçado) de párias.
Conselho Editorial: A10 Acosta, criação de novos partidos, de anis- parte estatisticamente definível da,
Aguinaldo Silva, Antônio Chrysós- tia, uma investigação das alter- população brasileira, por carregar
tomo, Clóvis Marques, Darcy Pen nativas propostas faz até com que alando da discriminação, do me-
nas costas o estigma da não-
teado, Francisco Bittencourt, Gas- se fareje uma "abertura" do discur- F do, dos interditos ou do silên-
reprodutividade numa sociedade
p,irino Damata, Jean-Claude Ber- so brasileiro. Mas um jornal homos- cio, vamos também soltar a fala
petrificada na mitologia hebraico-
nardet, João Antônio Mascarenhas, sexual, para quê? da sexualidade no que ela tem de
cristã, deve ser caracterizada como
João SilvérioTrevisan e Peter Fry. resposta mais fácil é aquela que positivo e criador, tentar apontá-la
uma minoria oprimida. E uma mi-
Coordenador de edição: Aguinaldo para questões que desembocam
A nos mostrará empunhando uma noria, é elementar nos dias de hoje,
Silva ban todas nesta realidade muito con-
precisa de voz.
Editores: Darcy Penteado, João Sil- creta: a vida de (possivelmente)
essa minoria, não interessam po-
vério Trevisan, Francisco Bitten- deira exótica ou "compreen- milhões de pessoas.
A sicões como as dos que, aderin-
court, Clóvis Marques, Adão sível", ca\'ando mais fundo as
do
Acosta, João Antônio Mascarenhas muralhas do gueto, endossando -
ao sistema - do qual se tornam ostrando que o homossexual re-
e Gaspar mb Damata. ao "assumir" - a posição isolada
que a Grande Consciência Homos-
apenas "bobos da corte" -' de- M cusa para si e para as demais mi-
Cotaboradores: Agildo Guimarães,
claram-se por ledo engano, livres de norias a pecha de casta, acima
Frederico Jorge Dantas, Alceste sexual reservou aos que não rezam
toda discriminação e com acesso a ou abaixo das camadas sociais, que
Pinheiro, lapofli Araújo, Billy Acoll- pela sua cartilha, e que convém à
amplas oportunidades; o que LAM- ele não quer viver em guetos, nem
y, Luis Canabrava (Rio); José Pires sua perpetuação e ao seu funcio- erguer bandeiras que o estigma-
PIÃO reivindica em nome dessa
Barrozo Filho, Paulo Augusto namento.
minoria é não apenas se assumir e tizem; que ele não é um eleito nem
(Niterói), Amylton Almeida (Vi- um maldito; e que sua preferência
ossa resposta, no entanto, é es- ser aceito - o que nós queremos é
tória); Glauco Matoso (São Paulo),- sexual deve ser vista dentro do con-
N ta: é preciso dizer não ao queto resgatar essa condição que todas as
Gilmar de Carvalho (Fortaleza); Caio texto psicossocial da humanidade
e, em consequência, sair dele O sociedades construídas em bases
Fernando Abreu (Porto Alegre). como uni dos muitos tracos que um
qae nos intressa é destruir a machistas lhes negou o fato de que
Arte: Ivan Joaquim, Mem de Sá
imagem-padrão que se faz do os homossexuais' são seres hu caráter pode ter, LAMPIÃO deixa
1 AMPIÃO é uma publicação de
homossexual, segundo a qual ele é manos e que, portanto, têm todo o bem claro o aue vai orientar a sua
Lampião, Editora de Livros, Revistas uin ilós nos empenharemos em
um ser que vive nas sombras, que direito de lutar por sua piena rea-
,Jornams. desmoralizar esse conceito que al-
prefere a noite, que encara a sua liïic, enquanto tal,
tedoreco; Caixa Postal 41031, ZC- pieterència sexual corno uma es-, guns nos querem impor -- que a
ara isso s aremo.rnes(men -
Ofl (Santa Terosal, Rio de Janeiro pé.ciç-. de maldicão, que daaos nossa preferência 'sexual possa ri-
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adernaros c-'',ue scmpre esbarra, em em 'todas as bancas do País, la terlerir negalivamerute em nossa
qualquer tentativa de se realizar ando da atualidade e procurar atuacão dentro do mundo em que
mais amplamente enquanto ser do esclarecer sobre a experiência vivemos
humano, neste fator capital: seu homossexual em todos os campos OConselho Editorial
Senhores do Conselho
A idéia de pubiicar Um lornal Aguinaldo Silva - Jornalista es abordavam esse teria, foi um dos térios da Educação e da Agricultura
que, dentro da chamada imprensa pecializado em assuntos policiais, maiores sucessos editoriais do ano para formar a cadeia de "gente boa"
alternativa, desse ênfase aos assun- escritor (tem dez livros publicados), passado. que resultou na idéia de se publicar
tos que esta considera "não prio- tem uma longa experiência na im- LAMPIÃO.
Francisco Bittencourt - Poeta,
ritários", surgiu em novembro do prensa alternativa: colaborou com
crítico de arte e lornalista, publicou João Silvério Trevisan - Ci-
ano passado, e provocou uma série Opinião desde os primeiros nú-
meros, e é um dos fundadores de dois livros de poemas. E membro da neasta e escritor, é autor de um dos
de reuniões; na principal delas,
Associação Internacional de Críticos
realizada em São Paulo, onze pes Movimento. livros de contos mais elogiados do
de Arte (seção do Brasil), e colaDora
soas assumiram o que a mesma im- ano passado - Testamento de
Antônio Chrysóstomo - Jor- como crítico em vários jornais
prensa alternativa chamaria de Jônatas deixado a Davi. Está es-
nalista, especializado em música
"compromisso histórico": estava Gasparino Damata - Jornalista crevendo um romance destinado ao
popular, escreveu, produziu e dirigiu
criado LAMPIÃO, e ficou decidido c escritor, com passagens pela. público juvenil, fruto de suas andar
vários shows. E um dos mais po-
que os onze criadores formariam um diplomacia. Organizou duas anJ ças pela América Latina,
lêmicos críticos musicais do pais.
Conselho, encarregado de t raça r a tologias - Histórias do Amor Mal-
linha editorial dessa publicação O Clóvis Marques - Jornalista e dito e Poemas do Amor Maldito - Peter Fry - Nasceu em Liver-
mesmo Conselho selecionará no tradutor, faz crítica e cinema. Sub' que tinham o homossexualismo pool, Inglaterra, e formou-se em
futuro - de acordo com a viabi- editor do Guia de Filmes publicado como tema.
lidade do projeto agora posto em Cambridge. Após um período como
pela Embrafilme, é correspondente,
prática -, sempre séguindo a linha JEAN- .claude Bernardet - antropólogo na Rodésia, voltou à
no Brasil, de Film Dope, de Londres.
adotada pelo jornal, os livros que a Crítico de cinema, um dos teóricos Inglaterra, onde fez doutorado na
editora criada para editar LAMPIÃO Darcy Penteado - Artista plás- do Cinema Novo, possui também. Universidade de Londres, que o
publicará. tico e escritor. Uma das figuras mais uma longa experiência na imprensa contratou depois como professor.
importantes do front cultural pau- alternativa. Um dos colaboradores Em 1970 veio para o Brasil, con-
E este o Conselho Editorial de ta, foi o primeiro intelectual bra- mais ativos do Opinião., é um dos tratado pela Universidade de Cam-
LAMPIÃO sileiro a defraudar publicamente a fundadores de Movimento.
pinas, onde está até hoje. Tem pes-
Adão Costa - Jornalista, ex- bandeira de luta contra a discri-
João Antônio Mascarenhas - guisado sobre as religiões afro-
lei aponta ocupacional, pintor, exer- minação e o preconceito em relação
Advogado, jornalista e tradutor, brasileiras e pretende escrever sobre
ccrido esporadicamente as funções aos homossexuais. Seu primeiro
livro, A Meta, com histórias que abandonou a burocratice dos Minis- a sexualidade no Brasil
cie ti adutor (inglês-português).
LA M?IAU
PÁGINA 2
Centro de Documentação
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(t.L paradi thi divt'ruIidi'
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
1
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ET pesar da rvntaIKIJs mi...mosa
A atual, é difícil .ssegurar que osexo
não continue sendo isn tabu entre
nós. Particul.rizarido, o que se pod dizer
entio do homossexualismo, iobre o qual
pesa desinformação total e muito precon-
ceito?
O'brasiêeiro tem do homossexual uma
idéia primária calcada no "folclore" que
circula pelas ruas e que é absolutamente'
negativa corno uma variaçâ'o da sexuali-
dade nos seus termos convencionais e não
uma deformação dela, como se acreditava
antes. No terreno da criação intelectual e
artística, a carência de informações ao pú-
blico, que afinal é o consumidor, e a deli-
mitação moral imposta pela sociedadi,
constrangeram o artista a evitar o tema ou
a abordá-lo timidamente, na maioria d.s
vezes resguardando-se isto é, dando a im-
pressão de ser ele um mero observador
pelo lado de fora.
Parece-me ousadia querer então falar
de unia cultura homossexual brasileira,
uma vez que estamos apenas engatinhan-
do e além do mais sobrecarregados de pre-
conceitos - razão porq e ela teve e con-
tinua tendo existência "underground".
Para se chegar à luz de uma possível "nor-
malidade", carecemos da conscientização
do meio sobre o que seja a verdad ira h0-
mossexualidade e, principalmente, d imoralidade está na cabeça de quem vê, outros trabalhos )que talvez ele nem clas- Pieguismo talvez mas que conta, prinç-
au to-conscientização dos artistas cria- não no que é visto. sifique como erótico- homossexuais), ins- palmente quando parte de um crítico de
dores. Ainda sobre o nu masculino: bastante pirados em cerâmicas gregas, onde guer- arte, que por princípio deve ser severo e
Terá existido uma arte pictorica eróti- conhecida nos meios paulistas de arte, é reiros com as partes sexuais frequente- frio. Nesse momento tive certeza de que o
co-homossexual entre nós, mesmo em ca- uma figura nua pintada no medalhão mente à mostra, repousam da batalha prêmio para audiovisuais seria meul
ráter tímido e precário? Dei uma pes- central da platéia do Teatro Municipal, entre elmos e couraças. Porém... entraram as objeções dos ele- -
quisada no meu arquivo de artes plásticas, cujo modelo foi o então jovem na época E possível que atualmente a arte pictó- mentos locais do júri de que, por exem-
constatando a maior das pobrezas nesse filho do artista e também pintor, Paulo rica erótico homossexual esteja mais plo, a boa ar-te não deve apelar para os
sentido. Os nossos acadêmicos Zeferin... Rossi Osir, artista plástico, que participou difundida entre nós, com maior número sentimentos, etc, etc. A opinião do pró-
da Costa, Oscar Pereira do Silva, Almeida do Spam, movimento post-modernista de pesquisadores, mas como ainda bem prio presidente da Bienal, pessoa fora de
Júnior e Bernardeili pintaram belíssimos brasileiro. Porém, é a Anita Malfatti que pouco se divulga ou se expõe, pouco ou dúvida quanto à sua importância para as
nus femininos ("A pompeana", "Escrava cabe a glória de haver criado os nus mas- nada se conhece.Quanto a mim, só voltei a nossas artes plásticas, masque em relação
Romana", "Descanso do modelo", "Mes- culinos mais corajosos da nossa pintura. O pintar nus, particularmente nus masculi- a conceitos sexuais (eu creio), morreu fiel
salina", entre outras obras), mas foram re- "Retrato de Sangirardi nu" por exemplo, t, depois de 1971. Um deles era um aos princípios pequeno-burgueses, tam-
fratários ao nu masculino. E antes que al- nada deixa para ser imaginado. Tudo está Adão a maneira de DCirer e meu modelo bém influiu na premiaç.ão. Resultado:
guém mais exacerbado levante a objeção, ali, de corpo presente, para espanto do foi o ator Marcelo Picchi. Essa tela, como uma outra proposta em que havia samba
eu mesmo a faço: "E por que haveriam dL público quando a tela foi exposta pela as outras da série, não era intencional- mesclado a poluição visual, contrastes
pintá-lo quando a tendência da época, p rimeira vez. Também excelentes e cora- mente erótica. Era apenas a imagem- urbanos, imagens pseudo-sociais e virtuo-
(apesar das remotas e distantes emanações josos são os seus desenhos anteriores da suporte que, por meio de plásticos trans- sismo imagístico - uma composição que,
Wildanas que poderiam vir da Europa e fase alemã (11911 a 1915). parentes, o espectador vestia ou espia. principalmente, não comprometia a moi-ai
das "pegações" de Bilac na Rua do Ouvi- Não me consta que exista nada depois Em 1973 tentei com bom resultado do sistema, foi a que abocanhou o prê-
dor...) eram para a exclusiva apologia do de Anita Matfatti e antes dos meus pri- uma volta ao-erotismo homossexual que mio;
corpo feminino? Além disso, acrescente- meiros desenhos erótico-homossexuais, eu deixara lá atrás, em 1949. Influenciado E um fato curioso nos ambientes de
se que pouco ou nada se sabe, nem houve que datam de 1948-49. E não tenho dúvi- pelo pintor austríaco Gustav Klint e pelas arte de vanguarda, nas Bienais por exem-
mesmo, creio, interesse em sabr, sobre as das: "inaugurei" o gênero no Brasil. Em alegorias "art-noveau" de Mucha, pintei plo, onde a mentalidade deveria ser bas-
preferências sexuais dos referidos artistas. agosto de 1949 (Instituto dos Arquitetos, quatro "sentimentos essenciais", série que tante eclética, como a posição vivencial e
Já não estou então, na tentativa de en- S. Paulo), expus oito pequenos trabalhos deveria ter sido ampliada, mas que até humana dos que julgam é estreita. Os
ontrar intenções homossexuais na nossa da série que Reynaldo Bairão batizou de hoje só ficou nessas quatro telas. Inten- críticos e os intelectuais da arte freqUeri-
pintura, apenas pretendendo localizar o "Adolescentes possuídos em Deus" O cionalmente copiei composições e efeitos temente deixam claras suas aberturas ou
que poderia ser chamado de apelo ao ero- escândalo foi grande, tanto assim que ape- plásticos desses dois artistas, mantendo suas atitudes políticas, mesmo contrarian-
tismo homossexual. Passo então aos nos- sar da opinião elogiosa de Sérgio Milliet, a inclusive as posturas. As figuras, porém do o sistema vigente, mas se apavoram
sos pintores indianistas (quem sab..? ) mas crítica em questão deixou de ser publica- foram mudadas, de femininas para quando a sua opinião deve se estender a
os silvícolas das telas históricas brasileiras da no "Estado de S. Paulo" porque algum masculinas. uma definção mais intimista, como a
parecem estar sempre preparados para guardião da boa moral telefonou ao jornal Nesse mesmo ano, na XIII Bienal de sexual.
cantar (em italiano), "O Guarani", de reclarnandos sobre o caráter indecoroso São Paulo apresentei uma proposta de Quantas pessoas,não se propõem atitu-
Carlos Gomes!... Alguns usam até peies de da mostra. arte em forma de audiovisual. Só indire- des políticas para compensar ou justificar
leopardo, imaginem. Unica exceção é "O Eu poderia dividir a glória (glória? ) da tamente era homossexual: havia duascenas frustrações pessoais? A meu ver, o es-
Ultimo Tamoio', de Rodolfo Amoedo. pesquisa nesse setor com Carlos Bastos mio gênero, entre doze realizadas com pes- sencial para a boa coexistência com os
Não que o índio da tela sela menos euro- que na mesma época, isto é, em 1949 soas de sexos opostos. A "Proposta de demais, é a harmonia do indivíduo consi-
peizado que os outros ou exista nessa fi- decorou em Salvador o bar "Anjo Azul", Amor", assim se chamava, fazia a apolo- go mesmo.
gura uma intenção erótica a priori - mas considerado por Satre o primeiro bar exis- gia do amor e desmistificava o tabu da Finalizando: conservo com avareza boa
não se pode negar que ela esta lá, com ou tencialista da América do Sul, sem no nudez. Mostrei pessoas bonitas, despidas parte do acervo erótico-homossexual de
sem intenção do pintor. entanto fazer considerações sobre o cará- e em posturas de estatuária, provando minha autoria. As telas dos "sentimentos
Neste retrospecto paupérrimo, apare- ter homossexual dos painéis - caráter assim que ai nudez é bela e deve ser essenciais" ou o "Adão" em plástico, só
cem ainda dois nus masculinos d. Eliseu esse que o próprio pintor não considera contemplada sem preconceitos ou falsos sairão das minhas mãos para algum museu
Vi sconti, denominados "Academia" e tão definido como nos seus desenhos pos- moralismos. Os meus modelos, fotogra- ou colecionador especializados (existirão,
"Nu", obras de bastante significação, e teriores, em número de 50, aproximada- fados por Thomas Scheier (com ele pró- algum dia? ). Quanto aos desenhos da
um "auto-retrato", da juventudi. do artis- mente, e que foram adquiridos pelo in- prio, a esposa e a filhinha de três anos série "Adolescentes passudos em Deus",
ta, um torso nu com cabeça de traços vi- dustrial Curt Weill, dos Rio de Janeiro. também posando despidos), transforma-i devo ter presenteado um ou dois em 1949
gorosos e olhos claros, que tem boas Com a morte de Curt WelIl há alguns anos ram-se em réplicas de estátuas gregas, o a artistas, meus companheiros de geração.
chances de provocar d vaneios em homos- atrás, esse acervo, apesar da sua importân- que foi apreciado por mais de cinco mil Duas réplicas com pequenas modificações
sexuais imaginosos. cia, tomou paradeiro ignorado. pessoas que durante os dois meses da foram para Winston Leyland, do Gay
Mas.., o que é afinal o erotismo? Qual Para completar esta reduzida bibliogra- bienal lotaram o auditório. Muitas dessas Sunshine Press, de São Francisco, para
o limite entre este e a pornografia? Muito fia sobre uma possível arte erótico- pessoas deixaram por escrito as suas publicação na antologia que esse editor
já se disse ou se fez, sendo que cada épca homossexu al brasileira, eu citaria as obras opiniões: "assistimos e voltamos trazendo está preparando sobre a América do Sul.
o adaptou ao seu gosto. Unia amiga em de um outro baiano, o excelente desenhis- os nossos filhos"; "Uma imagem de bele- Tive recentemente que dispor de um da
cuja sensibilidade não ponho dúvidas, diz ta Luís Jasm im. Aconteceu com Jasmim o za, isenta de malícia"; "Nunca a nudez série e o fiz com prazer: conversando com
que erotismo é, por exemplo, uma mulhr que quase sempre, acontece quando uma foi mostrada de maneira tão limpa e boni- Tânia Carreiro sobre arte, ela lembrou em
coberta de véus, apenas com uma ponta temática é imposta ou auto-imposta os ta". Havia ainda desenhos ingênuos de detalhes esses desenhos, que vira na expo-
de pé à mostra - bem mais erótica que seus desenhos intencionalmente homos- corações traspassados por flechas, com sição de 1949. Lembrar-se desses meus
outra que exponha o corpo sem mistérios. sexuais, com cenas de sexo coletivo, por dois nomes dentro, etc. Contrariando a trabalhos quase trinta anos depois é prova
A definição de erotismo depende então exemplo, (conheço dois deles), são frcs ética prevista, o júri internacional nos de muito carinho. Nada mais justo então,
do grau de sensibilidade de quem vê, mais porque a qualidade do desenho perde aplaudiu de pé, no final da projeção e o que um dos "Adolescentes possuídos em
que daquilo que é visto. Transpondo, oo- para a objetividade da motivação. Porém representante da Bélgica, que sentara-se Deus" se mudasse para o apartamento da
dese dizer também que o conceito d, ele se reabilita de forma sublime em ao meu lado, enxugou as lágrimas. Tonia.
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da parada da (IIvt'rtdldt'
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGN IDADE
( ESQUI 3) reqiões onde a civilização mal ro ou a
A verdade superfície da vida, O senso de poprie-
dade, que atingeo auge no capitalismo,
amoldou o aspecto e o comoortamento fe-
minino no mundo ocidental".
sobre A moral da história é que todos nós
estamos muito longe do orgasmo red,..n-
tor. Uma senda para se chegar até lá? Tal-
Garcia Lorca vez seja o fato de que a única maneira cl,
obter a igualdade e o progresso nos rela-
cionamentos humanos é através da ex-
Salvador Dali, com su,, cortante preci-
pressão franca da natureza bissexual d
são, disse certa vez sobre o poeta Fred.,-
todo homem e mulher. O erro du homem
rico Garcia Lorca: "o fuzilamento foi a
foi que até hoje ele não levou em conta
melhor coisa que lhe poderia ter aconte-
que essa deveria ser, obrigatoriamente, a
cido". O que ele queria dizer é q Lorca,
homossexual, mais cedo ou mais tarde se- base de toda e qualquer revolução. (AS.)
ria repudiado pela esquerda espanhola, se
o fuzilamento não o transformasse num /• \\
mártir da democracia. Segundo a lenda, o
sargento comandante dos falangistas qe
executaram Lorca, quando chegou a sua
Receita
vez, mandou que ele ficasse de costas, :
para morrer como um maricón," Se é
verdade ou não, ninguém sabe, mas é evi-
dente que a esquerda espanhola à falta d
para ter
outro poeta tão representativo, teve q..e
engolir o fato de que 1-rederico cantava a
beleza de - entre outros - Inácio San
chez Mejia para transformá-lo no seu Poe-.
um filho
ta. Há alguns anos o médico inglês David
Sappher vinha se dedicando a uma inte
Ë verdade que Lorca, apesar cl, que ressante ocupação coletar, mediante o
também disse Salvador Dali - "ele era pagamento de seis libras - o equivalente a
louco por mim", comentou certa vez o Cr$ 190 - o esperma de jovens estudan-
pintor -, nunca saiu, em re!ação à sua tes, Havia sempre jovens dispostos a g...-
sexualidade, da zona de sombra. Tanto nhar dinheiro de maneira tão sumária - o
que só em 1976 a Universidade inglesa de dir. Sappher lhes oferecia meios destina-
Oxford publicou sua peça El Públic, es- dos a facilitai a coleta, como revistas eró-
crita em 1930 e entregue por ele ao seu ticas etc., - nas não se pense outra coisa
amigo Rafael Martinez Nada/com uma re- do médico: seu interesse era puramente
comendação: não deveria ser nunca p,bli- comercial. O sêmen coletado era vendKL
cada. Morto Frederico, seu irmão Fran- depois, ao preço de Cr$ 720, 3 mulhres
cisco, guardião de sua obra, revelou a homossexuais interessadas em ter filhos
mesma preocupação, e El Público, uma nor irseminação artificial.
análise de angústia de umidiante da in-
compreensão da sociedade, permaneceu a O negócio do dr. Sappher foi descober-
sete chaves. to há pouco por duas lésbicas repórteres
do £-vening New - elas se fizeram passar
Agora, com a encenação de El Púbicc daquela que se deixa possuir, a dominada, por lésbicas e se disseram interessadas em
pelo Teatro da Universidade de Porto- a mulher. E está? O que se sabe sobre o ter um filho - e tesultou em verdadeiro
Rico, sabe-se que Lorca, se a peça tivesse
sido lançada à época em que foi escrita,
poderia ter perdido o seu lugar como se-
o nosso seu gozo? Até hoje não se chegou a uma
conclusão sobre a forma através da qual a
mulher chega ao orgasmo. Tanto se disse
escândalo na Inglaterra. A repercussão no
Parlamento inglês, por exemplo, chegou
ao ponto de uma deputada, Jill Knight,
gundo mito da esquerda espanhola - o
que um dos elementos essenciais de sua do Partido Conservador, pedir uma puni-
primeiro é a indefectível La Passionária
mas certamente teria ganho como dra-
maturgo. Nesta peça, tem 40 persona-
prazer natureza é o recato, que à mulher não
coube outra saída senão estabelecer em
torno de si uma zona de sombra em cujo
ção para o médico, sob o argumento de
que "uma criança necessita, acima de
tudo, do ambiente normal e natural de
gens em cena. A maioria dos protagonis-
ponto mais obscuro está a sua forma de uma família," E verdade que as mulheres
tas são homens que desempenham papéis
ferni' nos, "um avanço de muitos anos du
engenho inventivo lorquiano sobre o tea-
é melhor? prazer.
E como ficam os homossexuais d, am-
homossexuais não ficaram caladas ante a
reação da deputada. Jackie Foster, princi
tro do absurdo dos anos cinquenta". Vic- Para começo de conversa, em se Lraiarl- pai dirigente da Sappho, a entidade das
bos os sexos, se a cociedade machista, lésbicas britânicas, lembrou que "mulhe-
toria Espinosa, diretora do espetáculo de do de orgasmo,é preciso por as coisas no
lugar: as pessoas devem ser informadas, nesse sistema todo, também lues impõe res são mulheres" e, quano aos fjlhu
Porto Rico, define a peça: uni lugar? A eles cabe, ainda que grossei-
primeiro, de que o homossexualismo, na nascidos a partir da intervenção du dir.
verdade, é uma disposição emocional ramente, parodiar o sistema, particlp r de Sappher, ela negou que sofram problemas
- Lorca defende em El Púbilco o mor uma farsa grotesca cujo objetivo maior é-
atenção: não é ma perversão, nem uma decorreiites da falta de um pai.
em todas as suas acepções, o amor entre barrar o caminho que os levaria à liberd..-
um homem e uma mulher, o amor hmos- doença, isso já ficou estabelecido pelos es-
sexual, o amor franciscano entre um ser pecialistas) que leva ao contato próximo e de individual: sobre o orgsmno eles sabem O aprofundamento da discussão reve-
aniQuiladoe um inanimado como uma íntimo entre pessoas do mesmo sexu, apenas os dogmas que a sociedade machis- lou que as homossexuais não estão sós
contato esse que pode ou não ser expres- ta impôs, ou seja eles aprendem desde ce- nessa batalha. A Associação Médica britâ-
rosa.
so sexualmente. Portanto, a idéia de qLe do - como a mulher que o sexo é uma nica e o Departamento de Saúde, numa
O contraste entre essa peça e as outras os homossexuais só pensam em sexo dtve declaração conjunta, e sem citar especifi-
batalha da qual forçosamente sairão dcr-
do autor consiste no fato de que, ao con- ser de saída afastada, e isso nos levará camente este caso, referiram-se de modo
rotados, O que pode salvá-los, talvez, é o
trário de Bodas de Sangue, Yerma, A Casa imediatamente a um conceito muito mais diferente à legalidade da inseminação ar-
fato de que seu mundo emotivo tem uma tifical em situações como essa, deixando
de Bernarda Alba, não é sohre mulheres amplo do que seja homossexualismo: ele
intensidade especialmente grande, e por a decisão "a critério do médico e da pa-
que ele fala, mas é sobre os homens, dcssa abrange, inclusive, algumas formas bastan-
vez, que se abate a metáfora lorquiana da te viris de amizade masculina. vários motivos. Um deles: a constatação ciente envolvida". E houve até quem assu-
frustração. O personagem principal é um de que eles são uns excluídos e, segundo misse em relação ao assunto, uma posição
diretor de teatro que se desd abra em vá- Dito o que, é bom lembrar que o or- critérios superados mas ainda válidos, uns bem mais avançada que a do subitamente
rios personagens e que procura uma obra gasmo homossexual está diretamente rela- párias. notório dr, Sappher. Foi o caso da femi-
para satisfazer o público qu deseja a cionado com o orgasmo do sexo a qe o nista Germaine Greer, que propôs o con-
mentira, n'as ao qual a vida será mostrada homossexual pertence, já que só existem Chega-se assim a uma conclusão: como trole estatal do espermatozóid,: "trata-se
nua. E existe aqui outro detalhe no qual dois sexos, e o homossexual obrigatoria- caricatura da caricatura do que seria um de um recurso natural de incomensurá ei
Lorca também se adiantou 30 anos em mente pertence a um deles, quando é ho- ser humano, o homossexaal gaza mal; o valor, desgmaçadarnente mal empregado",
relação ao seu tempo: há algumas cenas mem, ou quando é mulhr. E entk se mesmo ocorre com os machões, que rene- ela argumentou.
de nus. pergunta: o que se sabe sobre o orgsmo gam todo o longo caminho que leva ao
masculino? Para a maioria das pessoas, e Menos ambiciosas, as homossexuais in-
detalhe da ejaculacão; e Pior ainda com a
E uma pena que só agora El Público, principalmente para o bem-estar e a tran- glesas preferem continuar utilizand, os
chegue ao conhecimento do público. Ela qüilidade da sociedade machista em que mulher, cuja sexualidade foi sempre ob- recursos da iniciativa privada - no caso
permitirá que se discuta, num nível mais. vivemos ele é uma coisa que começa e servada a partir de um ponto de vista es- representada pelo dir. Sappher - e através
aberto - já que é ele próprio quem fala termina na ejaculação, e é o momento tritamente masculino (Char,otte Wolff, da da Sappho, reivindicam o direito de de-
-, o problema da sexualidade de Lorca, culminante de um ataque (o pênis é uma Associação Britânica de Psicologia: "A cidir elas próprias sobre a questão, sem
tantas vezes reprimida, inclusive por ele arma) cujo único objetivo é a vitória, ou mulher, tal como hoje a conhecemos, é que esta se torne, obrigatoriamente, um
próprio. (.\S.) seja, o gozo e a conseqüente humilhação essencialmente um artifício, a não ser nas assunto escandaloso.
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APPAD e
da parada da diversidade
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
ESQU
"cadernos"oháea pauta central é o 'colu- tornar iniciativa que, não contando com
Qual é a nismo social", ao mesmo tempo que ge-
rou um estado de esperança nos que cogi-
um respaldo concreto, venha até a piorar
a situação de seus "adotados" (é este o
meira qualidade), do que era a opressão
naqueles tempos não tão remotos.
Para os homossexuais dos movimentos
tam a realidade de uma homossexualidade termo empregado pela própria Anistia de libertação, porém, esses crimes já eram
despida do fetichismo sexual que ainda é
da nossa a razão da nossa existência para os menos
esclarecidos.
para se referir às vítimas de encarcera-
mento injusto de que cuida).
motivo de estudos e refer4-icia há muito
mais tempo. Em Londres, por exemplo,
De qualquer forma, um passo foi dado. um movimento gay vem lutando desde
imprensa? Mas a necessidade de irmandade e de
auxílio mútuo, elementos básicos para a
Segundo David Simpson, chefe da Seção
Britânica da AI, o que a organização ana-
1972 para trazer à luz os fato, escandalo-
sos e todos os anos coloca uma coroa de
lisa * agora não é se deve ou não atuar em flores com o formato do triângulo rosa (o
(Primeira pessoa a tentar impor um sobrevivência e o desenvolvimento de um
favor de pessoas presas por sua orientação "distintivo" que os homossexuais tinham
novo conceito à chamada "imprensa ho- trabalho, parece não existir nisso tudo. O de usar nos campos de concentração,
mossexual" - até aqui limitada a um pas- estilo de crítica usado em determinadas sexual, mas se pode ou não. Diversas for-
mas de abordar o problema terão de ser como os judeus eram obrigados a exibir
tiche do colunismo social exercido na colunas deixa bem claro a condição do
estudadas com a orientação de diferentes uma Estrela de Devi amarela) no monumen-
grande imprensa (grande apenas no sen- verdadeiro estado de espírito da maioria
organizações e pessoas interessadas. to às vítimas do nazismo.
tido de economicamente podosa), Fre- dos homossexuais. No final muitos cir-
No ano passado, essas hmenagns ga-
derico Jorge Dantas encontrou barreiras culam com publicações desse tipo, não Pergunta-se, naturalmente, o q ,ie pode- nharam ímpeto incomum em toda a In-
praticamente intransponíveis, quase todas que estejam com elas identificados, mas ria ser feito, neste sentido, no Brasil. A
erguidas pelas pessoas a quem ele dirigia o glaterra no dia 13 de novembro, o Dia da
pelo simples fato de curtirem a "onda". O realidade dos homossexuais q..ase literal-
seu boletim, Eros. Uma análise dessa ex- homossexual hoje t ransformou-se num Lembrança, em que os Aliados lembram
mente violentados pela polícia carioca, os mortos do terror nazista. Não só em
periência é feita para LAMPIÃO por ele mercado de exploraço bastante rentável, por exemplo, em cinemas e becos da cida-
próprio no artigo abaixo) Londres, mas também em Bristol, Nor-
e o pior é que isto está prejudicando bas- de, é muito mais prosaica q .e a dL um
tante o despertar de-ta consciência que êu wich e outras cidades os ativistas gays or-.
A tentativa exercida pelo chamado jor- Sergei Paradjanov, o cineasta russo (Os ganizaram procissões até os monumentos
procuro desenvolver para os 150 leitores Cavalos de Fogo) condenado a sete anos
nalismo underground homossexual, no de Eros. O que mantem vivo o interesse aos mortos de guerra para depositar ali
sentido de informar aos nossos irmãos so- de prisão por homossexualismo, incitação suas coroas na forma do triâpgulo rosa. E
desses leitores de Eros é justamente a di- ao suicidio e trafico de ícones (sic!). Du-
bre necessidades primárias, que vão dsde em Nova York, os membros d Aliança
ferença de estilo, a tomada de posição vido que um dia sopre pela Praça Tiraden-
o modo de encararmos o problema até que procuro desenvolver dentro ds meus dos A tivistas Homossexuais distribuíram
onde e como devemos nos impor, dLixa tes a brisa de boa vontade da AI: seus nesse dia folhetos aos espectadores do fil-
limites, No entanto, todo este trabalhu adotados nesta "categoria" serão sem dú-
de ser um trabalho de aproximação para me 'Um Dia Especial" coma reprodução
tem apenas o sentido de inicio, e irá se vida de mais prestigiosa condição polí-
acabar se tornando, na sua maior parte, dissolvendo a n-redida em que os jornais do artigo de Ira Glasser, "A Estrela Ama-
num conflito onde pequenos orupos cri- tica. Além disso, terão provavelmente de rela e o Tringu/o Rosa '1
impressos forem tomando o público e se estar sob processo ou conseguir de alguma
ticam, rejeitam e combatem o apareci- Em toda parte houve reação, o q..e
impondo pela facilidade de vend e distri- forma (detenção prolongada sem culpa
mento de novas idéias, de mentalidades buição prova que o mundo .ão mudou muito
estruturadas numa nova filosofia d vida. formada, maltratos sérios, etc.) chamai- a
Eu comecei fazendo pesq - isas sobre o atenção para sua situação. O que não será desde os idos do n.,zis,no. Em Londres,
Dolorosos processos de autocondena- o caso de tantas pessoas detidas e humi- um policial tentou proibir os h•.mos-
comportamento sexual e tenho procuracL. ção destr6em centenas de homófilos inca-
abrir espaços destinados a pessoas que se lhadas por uma noite, a forma de "casti- sexuaís de colocar sua coroa no monu-
pazes de enquadrar-se dentro d uma defi- go" mais difundida e difícil de combater, mento. Segundo uma publicação homos-
irmanem no sentido de formar uma pe- nição social estável. Esta insegurança acaba porque para todos os feitos não existe. sexual inglesa o policial disse ser aquela
quena escola, visando com isto à forma- originando comportamentos agressivos e
ção de um grupo consciente e interessado Mas seja como for, e por enquanto, a uma ocasião solene, em que as outras pes-
em alguns casos, contrário ao bem estar soas iriam se sentir ofendidas com os dize-
no que mais tarde poderá vir a ser o Movi- social do nosso próprio grupo. E são pro- resolução anunciada já abre um belo pre-
mento de Libertação Homossexual. Dis- cedente, e poderá afinal encaminhar a me- res da coma: "Gays contra o fascismo'
blemas dessa natureza que devem ser estu- As ' fores só puderam ser depositad,,s d.
tribuo os "cadernos" dentro de um pa- dados e desenvolvidos no contexto do didas concretas. )C.M.)
drão ainda informal, continuando de Pois que uma autoridade superior deu
que poderemos chamar futuramente "jor- oermissâ'o. Em Bristol, membros da Le-
acordo com as reações sentidos nas pes- nalismo homossexual". F.JD)
soas. E procuro apoio naqueles que defen- gião Britânica quiseram retirar a coroa
dem a tese de que o homossexual tem dos homossexuais e em Norw ch houve
necessidades de se desenvolver dntro de
uma realidade contrária a esta, estabele-
Lembrando cartas de protesto contra a homenagem
no jornal local e ameaças telefónicas an4-
cida e estruturada, onde o machismo é Com o nimas aos promotores do evento que per-
aceito e cultivado da maneira mais primá-
'ia possível.
o triângulo mitiram a presença dos gays.
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DC
CRU PODUGNIDADE
REPORTAGEM
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Prof. Dr. Luiz Mott G RU POD 1 CN 1 DADE
Í5FÃEi1
Na defesa,
palavras
do Ministro
Baleeiro
Para o ex-Ministro do
STF, os juizes, rima redu-
zida minoria nacional, nâ'o
devem impor os seus pa-
dres
processo nasceu do expediente de um de- luta dos homossexuais não pode ser fe-
terminado agente da Polícia Federal que chada dentro de uma elite política. Ou-
subjetivamente considerou "ofensivos" os ran te a existência da Co/una, certos radi-
artigos publicados, fez o inquérito admi- cais achavam que ela devia ser muito mais
nistrativo e mandou para a Justiça. O pro- política, conscien tizando mais os homos-
cesso é fruto, portanto, de uma manifes- sexuais para a união. Eu achava q e não,
tação isolada e arbitrária, desvinculada da pois as pessoas devem viver naturalmente
realidade nacional e que não representa a e. antes de tudo, procurar conviver bem
opinião pública. A lei não pode servir de com sua própria homossexualidade.
escudo para arbitrariedades policiais, e Sabe, digo isso porque é difícil um ho-
nem cabe ao agente policial "interpretar - mossexual sem a carga de maldição que
a vontade da lei ou a intenção do legisla- condão de transformar 1- nem norma' lhe impuseram Acho sim que é preciso
dor. Então, fundamentei a defesa no fato Curi espera o final do processo. Fala, sen- batalhar. Mas quando me perguntam p lo
em homossexual." Ou seja, o próprio juiz tado em meio às almofadas: "Por cau,a
de que os conceitos de moral e bons cos- já definiu homossexualidade e normali- movimento homossexual no Brasil, res-
tumes são totalmente subjetivos, discutí- do Correio Elegante, fui visto como ca e- pondo que ele não existe. Existe é uma
dade como conceitos divergentes.Em ra- tina de pessoas que não podem ap tecer à
veis e variáveis no tempo e no espaço. O zão disso, eu provavelmen'e terei que mu- moimentaçio homossex..al, da biate
que era considerado atentatório à moral luz do dia. Pois é! Homossexual só pode para o táxi, do táxi para a sauna. No Bra-
dar a defesa final, para mostrar que ho- andar atrás de poste, se escond:ndo. -
em 1930, hoje já não é mais. Nem a pró- mossexualismo e anomalia sexual não são sil, nem movimento de Manicure é pos-
pria Lei de Imprensa define o que são Conta da reação das pessoas a respeito do sível, Imagine um centro Acadép-,,'co de
a mesma coisa. Antes de mais nada, ho- processo: "Algumas morrem de medo, me
bons costumes e moral pública, porque se. Manicure da Lapa! Coisa muito perigosa,
mossexualismo não é citado como crise dizem que eu vou em cana, que não gosta-
trata de uma definição impossível, sujeita em nosso Código Penal, muito embora es- neste país. Depois, o brasileiro tem outros
à interpretação do juiz. Ou seja, não exis- riam de estar na minha pele. Outras me problemas prioritários. Mesmo buscarJ'
se Código seja de 1940; não é aí conside- W,Vm como um mártir, parece até que vou
te um padrão absoluto de moral, nem sua própria identificação, o homossexua/
rado sequer contravenção ou tido como ser queimado em praça púbiica" Reage,
uma afirmação indiscutível do que seja ofensivo à moral. O único mo ivo possível tem que se cuidar para não percL'r o em-
atentatório aos bons contumes. Inclusive, quando se alude a uma possível caça às prego. Talvez por isso o movimento tende
para atingi, pena/mente um homossexual bruxas contra os homossexuais: "O mais
esses conceitos variam de região a região, a ser de cima para baixo; porque um
é a alegação de que esteja fazend tro- engraçado é que isso não tem condições
no próprio Brasil. Alguns dos maiores toar, quer dizer, ofendendo a mo ai públi- viado rico pode dizer publicamente que é
clássicos da literatura mundial, como O de acontecer. Tudo é tão ajeitável! Qual- viado, e não ficará sem comida. Mas um
ca. No casso das publicações, isso fica re quer dono de boate sabe como dar um
Amante de Lady Chatterley, de D. H. forçado pela Lei de Imprensa. E no en- viado pobre não, esse é sem dúvidci duas
Lawrence, eram proibidos até há bem jeitinho bem brasileiro, e então tudo con-
tanto, considero que, ao falar do homos- vezes mais desgraçado. "É aí qu - entra-
pouco tempo atrás. Mudados os parájne- tinua funcionando como antes, en-
sexualismo um sua Coluna, o Celso Guri mos, inevitavelmente, num dos temas pre-
tros da consciépcia social, esses autores tende?" Existe um ar de cansaço no ros-
não fez senão uma inovação em nosso jor- diletos de Celso Curi: "O travesti de rua,
rassaram a ser mundialmente aplaudi - to de Celso Curi, ar de muitas batalhas:
'ialismo. Abriu campo para que um tema "Sempre considerei os homossexuais por ex.. não b sca apenas um homem pa-
dos' O ex-ministro do Supremo Tribunal ra transar; ele batalha por outra coisa
até então considerado tabu começasse a como parte de uma elite, como pessoas
Federal, Aliomar Baleeiro, recentemente também: pela comida, sem dúvid.. algu-
ser tratado com a mesma naturalidade super-dotadas; eu tinha o mito de que
falecido, foi citado pela defesa: "Nós jui- ma. O travesti é muito mais sério do que
zes, que já estamos nos tribunais, perten- com que se fala de futebol. Acho que o todo homossexual é inteligente. Talvez
pecado do Celso foi o de ter sido o pri- porque vivesse eu mesmoi numa elite. se pensa. Ele batalha muito mais, é mui,,.-)
cemos a uma reduzida minoria nacional. mais marginal. Vem batalhando nas rua e
Os homens de nossa idade representam meiro a fazer isso. Além de que se trata Mas depois descobri que existe uma massa
também do primeiro processo contra ho- enorme de homossexuais, e o n,'vel de tomando atitudes há muito mais tempo.
cópia da pirá-nide de gerações. A grande Mas mesmo o travesti de "show" e/e está
parte dos homens ativos do ,Pa(s, que es- mossexualismo, na história judicia l do consciêpcia de/es não tem nada a ver com
Brasil. Portanto, a decisão do juiz sobre o que a gente pensava. Meus leitores, por sempre na rua, sempre fazendo viração.
tio trabalhando, pensando, etc. Me pergunto porque todos eles gostam
este caso será algo muito importante, in- ex., me deram respostas divinas. Mas tam-
São criaturas de 25, 30, 40 anos. Eles clusive para o futuro de imprensa brasi- tanto da rua, e às vezes riem vão atrás do
bém teve muita resp sta imbecil. Res-
têm um modo de concepção de vida dife- leira. Se a Coluna for condenada, ter-se-á sexo. Acho que vai nisso ai' o prazer da
peito a imbecilidade como parte da cul-
rente da nossa. Não lhes podmos impor concluído que a homossexualidade nos descoberta - todo viado é sempre levado
os nossos padrões. "O advogado Luis tura brasileira. Mas eu achava que o ho-
jornais brasileiros ofende a moral brasi- mossexual brasileiro escapava à imbecili- a descobrir coisas novas. Além de tudo, a
Gonzaga conta que o processo em si foi-se leira. A tendêpcia será, então a apreensão calçada é o palco que o travesti escolhe.
dade geral." Alude aos seus problemas f 1-
modificando, de maneira sintomática: as de todas as publicações homossexuais do Pra que fazer uin showzinho de boates se
perguntas que o promotor público fazia nanceiros, em parte causados pelo pro-
país. Estará aberto um precedente. É por cesso, e não consegue deixar de brincar: ele pode ter São Pauloin eira como palco,
às testemunhas passaram automaticamen - isso que a Censura Federal está de olha ali na calçada? Os travestis vivem num
"Imagine Vou ter que 'ender minhas
te do problema relacionado com moral e nesse processo- palco, querendo fazer o grande espetá-
jóias." Depois volta a refletir, como quem
bons costumes para o problema de ho- Trabalhando atualmente para as revis- culo. Então, o melhor do Teatro São José
já vai colhendo frutos maduros: "Meu
mossexualidade. "Então mud i também a tas Personal e Peteca, onde escreve noti- é quando eles não estão fazendo teatro,
conceito de anormalidade está desapare-
defesa. Foi nesse sentid que interroguei ciário ao estalo da Coluna do Meio .. Celso
o eseritor Ignácio de L oyo/a, uma d $ tes- cendo. Desde que duas pessoas, consenti-
temunhas de defesa e declarado leitor da damente, façam o que quer que seja, isso
Coluna. Perguntei se ele achava q ,e uma deixa automaticamente de ser anormal -
Co/una que trata especificamente de ho- pelo simples fato de estar sendo feito. Se
mossexualisrrso pode, por si só, provocar alguém gosta de fazer sexo com samam-
"união de seres anormais" - nas palavras baia, trata-se apenas de um ser humano
de acusação - ou tomar alguém homosse- que está fazendo aquilo de acordo com
xual. Ignácio deu uma resposta interessan- Sua natureza, coisa muito normal, portan-
te: a Co/una visa informar com h mor; to. "Ajita-se novamente entre as almo-
portanto, assim como as colunas de fute- fadas e observa* "É engraçado. O que ve-
bol não transformam os leitores em fute- nho sentindo ultimamente a respeito da
bolistas e nem as colunas policiais trans- Coluna me leva a crer que ele seria ridí-
formam os leitores em policiais, também cula em 1978. Hoje não tem mais sentido
a Coluna do Meio, ao falar sobre h mos- ficar tratando dos assuntos de maneira ex-
sexualismo, não tem o condão d trans- clusiva. Só fiz uma Coluna para homo-
formar os leitores em homossexuais. O ssexuais acreditand que isso seria um ca-
mais curioso é que, no momento de ditar, minho para a abordagem de assuntos mais
o Juiz repetiu a frase do Igoácio de me- gerais." Faz uma pausa e emenda, como
niera distorcida: "a Coluoa não t»m o querendo completar o que dizia: "mas a
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da parada da diversdadt -
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REPORTAGEM)
Um. leitor: ma tiro 500,00 por noite. Com fregueses
e tudo. Me tratam maravi'hosamente. fas
No dia em que a Coluna do Meio saiu
pela última vez, Celso foi encontrado
rem apostas de quem chegaria ao orgasrno
mais rápido, e a masturbação correu à sol-
te e eu o mais fraco de espírito, mas o
mais robusto de físico, comecei , com
transei. Acontece, porém, que de repente
eu me arrependi de tudo, e por falta de
amigos homossexuais passivos como eu,
fiquei desesperado ao ponto de querer
" tartssirno
C aríssimo
num canto da redação, com os olhos chei-
os de lágrimas, lendo urna carta que, se-
meu corpo, à causar tentação nos outros.
Acontece que só eu,de todos eles, não pos-
matar-me e é aí que vacA, Coluna do Meio
e Ultima Hora Lentram... Celso se eu
gundo disse, "foi como um prênio" suia pelos no corpo e no púbis, sendo que realmente estou aqui é graças à você, eu
os demais eram bem avantajados nessa
amigo, VOCe é 10/11/77
Caríssimo amigo, permita-me chamá-lo parte. Um dia ninguém quis ir tomar ba-
jamais poderia imaginar que existem clu-
bes, bares, cinemas, saunas, hotéis, etc, es-
meu salvador
assim, voc é o meu salvador, que me sal- nho, sendo que apenas um deles solici- oecialmente para os homossexuais e isso
vou de cometer uma loucura total, ou tou-me para lhe fazer companhia, des- eu descobri através de você,, meu salvador.
seja, tirar a própria vida com minhas mãos cobri' mais tarde que ele fora o eleito p e- Ainda tenho receio de que estou vivendo
e se isso não aconteceu foi só porcausa de los outros pois possuia o membro mais um pesadelo acordado e que tudo isso é
voc& da Coluna do Meio e Ultima Hora. grande em comprimento e espessura e eles mentira, que não existem tantos homos-
Celso! Não faço idéia de sua idade, fisio- achavam que se eu aguentava com ele, po- sexuais passivos em São Paulo. Será q ie é
nomia, cor, raça , credo, se é jovem ou deria com os outros. Resultado eu não
Eram 40 cartas por d13. verdade mesmo? E se for, porque eles
velho, sei Ia', não tenho a mínima idéia resisti à tentação dele se oferecendo à não se correspondem, não sabem eles o
Na última delas, um
mas creia-me com toda sinceridade e de- mim e jurando que não contaria à nin- mal que estão fazendo aos do interior,
leitor pergunta. voção a DEUS eu o AMO com todas as guém rio mundo e que seria etermamente como eu, que sofrem da maior solidão e
"E verdade q. e minhas forças que conseguir reunir. O o meu (môcho), eu muito bobo, confiei e que às vezes desespero é tão grande que já
nós 5017105 tantos' motivo? Primeiro permita-me a apresen- me entreguei à ele. Acontece porém que abandonei serviço, estudo, diversão e só
tação: Tenho 25 anos, cor branca, olhos e através de objetivas, câpiaras muito pos- chorava dia e noite sem parar! Há! Meu
cabelos castanhis, signo gêmeos, 1m80 santes no alcance em distpcia, os outros Deus! Porque a gente sofre tanto? Você, é
quando ffcarn todos diante do espelho fa- alt., 80 kg., físico: perfeito, etc. Eu desde fotografaram tudo e depois a chantagem a razão, o motivo, a alegria da minha exis-
zendo suas encenações, dizendo que aca- os 14 anos de idade tornei-me homos- começou, inclusive os meus primos foram tópcia. Escreva-me se tiver tempo e não
baram de chegar de Paris... Aquilo é tea- sexual por simples distração de meus os que mais se aproveitaram do meu cor- for muito inctmodo eu lhe agradeceria
tro puro, no é dublagem." Então, Celso olhos nos órgãos sexuais de alguns garo- po... eu nada podia fazer de medo de eternamente com orações. Um adeus, um
ri um riso de quem encara a fatalidade: tos, amigos e primos, que fizeram apostas meus pais e irmão e também por causa da abraço e que DEUS lhe acompanhe sem-
"Sabe como é, entre os homossexuais, o em dinheiro, bem altas, para ver se eu era vergonha e das provas que eles possuíam. pre, você, e toda a sua família, pois você
intelectual detesta o costureiro, que de- "indeciso" ou não. Quase todos os dias, Hoje já me libertei deles, graças ao meu
testa o cabeleireiro, e assim por dian ie; no merece mesmo. Se possível eu gostaria de
após as aulas do ginásio, nós (amos tomar fiel macho, o primeiro que deve ter re-
final da fila, está quem? O infeliz traves- ter uma foto sua para eu guardar como
banhos de rio nos arredores da cid.de e morsos até pois ele me trata muito bem,
ri. Então eu defendo o travesti porque so- lembrança eterna. Um forte braço e
aconteceu de um dia cobinarmos de todos inclusive diz que me ama e que nunca se
mos exatamente a mesma coisa. Eu tenho adeus.
nós ficarmos nós pa tomar o banho. De- casará com uma mulher pois ele já é ca-
algo de marginal como esses párias. Sou sado comigo isso é ele que d,z eeu o
eu tamb4m um pária. Somos tod s margi-
pois de várias semanas nesse ritmo a inti- JOÃO S/LVRIO TREVISAN
midade chegou ao ponto de todos faze- quero muito de todos os homens q e já Fotos de DIMAS SCHTINI
nais. Isso eu tenho em comum com ele.
Na Coluna, eu disse muita coisa que eles
gostariam de dizer nüo podiam. Eu disse
em nome da/es."
parte do júri. O teatro cheio. E briga no
final, porque a massa ds travestis não
concordou com a decisão dos juízes e
aclamou um outro travesti. No saguão,
Coluna do Meio LUTA PELA SAPATILHA
Coito Curi
LAMPIÃO
*, Centro de Documentação
APPAD
da parada da
e
diversidade
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
Xí
C REPORTAGEM^)
Cinema Irís: na última
sessão, um filme de terror
rui ri iirur,r lr- Hi
-f o priiieirc desocupado Cercado
N di i Carioca, rio Rio) a fila para a
policiais, ele diz que é trabalhador ata-
li nia sessão já está formada
tônomo, pinta paredes Mas não pode
Su 2 h20mi ri e o caí ta ao lado
exibir o cartão do Imposto Sobre Ser-
porta anunca çlíiis filmes A Volta de viços, na verdade, ainda não se ins
Trinity, uni bang-bang i:aario uliero de
creveu. Protesta, diz Que tem mulher
v i olência, e A Espiã que Caiu do Céu,
filhos, dá um vago endereço onde
cem as promesruis eróticas jamais podem comprovar q ue ele trabalha.
cumpridas -- de Rachei Welch. Na Mesmo assim è levado para o carro e
bilheteria, junto ao horário das ses- trancafiado.
sões, o preco dos ingressos: inteira
A operação se processa com a
Çr$2, estudantes Cr$1, e o aviso que mesma lentidão. As "damas que
garante a presença feminina. "damas
pagam meia" são as que mais protes-
pagam meia
1
tam, usam contra os policiais argu-
Quem estiver na fila e arriscar uma mentos impublicáveis, mas nem assim
olhada em volta, terá que escolher en- conseguem. comovê-los. Quando o
tre a Rua da Carioca, àquela hora sem décimo desocupado é trancafiado na
muito movimento, sempre escura e
chamada viatura, parece impossível
feia, e ri hall do cinema, que se pode que ali caiba mais alguém. Mesmo as-
devassar amplamente através de suas
sim, os policiais continuam. Una rapaz,
portas abertas As escadarias de ferro, cujos gestos funcionam como uma es-
as filiqiamas dos corrimões, as cortinas r. pécie de bandeira - trata-se de um
de um veludo cuja cor o tempo con- homossexual -, informa que é advo-
sumiu, os espelhos laiguns quebrados) gado. Exibe a carterrinha da Ordem,
e-as entradas falsas dão, mesmo aos
que não conhecem a sua história, uma
idéia de antigo fausto. Como as velhas
-1? que os policiais examinam mais lon-
gamente. "Como é possível, um ad-
vogado", diz um deles, fazendo uma
superproducões que exibe, hoje total- alusão direta ao comportamento
mente amesquinhadas pela realidade sexual do rapaz. Este, impávido, en-
bem mais violenta, o Cinema Iris 1à
frenta a sequência de humilhações sena
teve dias de glória, à época em que era
uma só das respostas que certamente
o cinema mais luxuoso do Rio e
aprendeu a dai nos tribu riais.
abrigava a mais seleta plta. Hoje, no
entanto, nada mais tem a ver com o RUMO AO XADREZ
luxo de há quarenta anos atrás, e seus São 24h. O último frequentador do
veludos e espelhos lhe dão apenas um Cr-iema Iris saiu após uma desesperada
ar de a rrriiriado cenário de opereta. operação diante do bebedouro. Não
Da platéia seleta, também nada tinha documentos, chegara ao Rio há
restou Na fila para esta iliima sessão, uma semana e estava hospedado no
os rostos são facilmente identificáveis. Hotel Ledo, na Praça Ti'adente-s (eia
--- .....- - --
há soldados da PM e bombeiros dos de Cachoeiro de ltapenai'imt. Coritr;
dois quartéis próximos. Há uma legião uma longa hstória de ladrões que o
de pessoas saídas diretamente da gumas até se colocam entre as cortinas procurados pelos agentes da lei: os
e o parede), enquanto outras se roubaram à saída da Rodoviária Fe-
Cinelárudia, atraidas menos pelos dois desocupados, muitos deles frequen-
111 r11 v1_,4 fica f também, o último aentrar no carrão,
fi r mes e pelo preço módico, que pela f^_ no banheiro de frisos art- tadores das longas sessões do Cinema
nouveau e procuram ver algo além do 'de onde vinham, a essa altura, protes-
presenca desses soldados e bom Iris.
que sua única lâmpada - de 40 velas - tos abafados - é possivel que até
heiros Alguns retardatários, saídos "SEUS DOCUMENTOS
permite. Para os que entraram no Iris ,Terence Hill e Rachei Welch, sem e-ar
das lojas pii5xirnas, e que adiam a hora Lá dentro, Rachel Welch faz suas [eira profissional assinada, acabassem
de pegar o trem e ir para casa também por acaso - ou pela primeira vez -, uma
iltimas evoluções. As "damas que presos se, por uma má g ica qualquer,
pontilham, aqui e ali. Como pontilham, certeza inicial: apenas as damas que
pagam meia", com a segurança que a terminada a sessão de cinr-rnia, se des
também, os moradores das hospe- pagam meia parecem realmente in-
assiduidade ao cinema lhes dá, trocam prendessem da teta e saíssem pela por-
darias próximas á Praca Tirandentes, teressadas no que a teia mostra: o vai-
entre si, em voz alta, observações ta do Iris que leva á rua.
iapazesvindosde outros locais eni bus- e-vem dos homens está em constante
irônicas. E os homens dão suas últimas Os porteiros e lanternurrh,is do
ca das luzes da cidade grande, e que desacordo com o fato de que estão
- e aflitas - caminhadas pelos corre- cinema, transformados em faxineiris,
acabam, no Rio, limitados à possi- num cinema; e os sussurros, as im-
dores que levam ao banheiro. atacam, antes que a policia tome niais
bilidade de caminhar pelas ruas es- precaç-ões, as meias palavras que se
Os primeiros a sair, ao ver o carro um café em frente e se retire, a sujeira
curas - não propriamente caminhar, ouvem igualmente não têm a ver com
as fugas entrecortadas de Terence Hill, parado à porta - viatura, segundo os deixada pelos frequentadores das
"mas esgueirar-se em busca de opor- policiais, carrão, segundo os presos -' quatro sessões ia primeira começa às
o Trinity do primeiro filme ernexibicão.
tunid.adr's cada vez menos dignas hesitam e usamos últimos instantes de 12h40m) - Subitamente transformados
(oportunidades nãq é a palavra exata: Duas horas depois, 23h20m. O
segurança que o cinema lhes propor- em personagens desta sessão de ci-
digamos ocasiões) Finalmente, na lon- carro pára no sinal da Rua Uruguaiana,
ciona. Vão ao bebedouro de onde há nema, as pessoas semi-asfixiadas deri-
ga fita para a sessão das 21h20m, as seu motorista olha cautelosamente, e
anos não jorra uma gota d'água, olham tro do carrão 1ã discutem entre si as
"damas que pagam meia": prostitutas deoois avança no rumo da Rua da
os cartazes, examinam os cantos próximas sequncias do roteiro. Le-
que j á ganharam o suficiente para in- C3rroca. A maioria dos frequentadores
menos escuros. E depois, claramente vadas ao distrito, serão submetidas a
terromper o trabalho daquele dia, ou do Cinema Iris sentiria sua aproxi-
aflitos, decidem enfrentar o pior a triagem Nenhum, certamente, lerá
que, nesta sexta-feira muito quente e mação e o reconheceria apenas pelo
saída antecedentes - os verdadeiros cr,
de céu carregado, já não têm a menor ronco do motor: é um carro da policia,
"Seus documentos" - dizem os minosos nunca se arriscariam entrando
esperança de ganhar da 3' DP. Ele pára porta do cinema, e
agentes da lei, um ar cansado, sem no iris Mesmo assim, artuns serão
dele descem três homens. um , mais
O Cinema Iris os engole a todos, sequer exibir suas próprias identifi- liberados e mitras me-ursos 'ia Código
lavem, vestindo uma camisa berrante,
corno um útero escuro e quente. As cações los frequentadores do Cinema de Contravencões' Penais - pc' vã
e dois mais velhos, um deles de boina
21h20m, em sua tela brilham as pri- lris sabem reconheco r de longe um diagem. Estes, mandados para o Gal-
(o motorista permanece ao volante).
meiras imagens, e um clima mágico, policial). E vêm as explicações. Um PM pão da Quinta da Boa Vista, anular
Atravessam a rua. ent.am num bar que
muito pessoal desse cinema, se instala. mantem uma poria aberta, diante do ou bombeiro ouve "deixa pra lá, com- darão, durante um mês ou dois, ri j o o
Durante os próximos 150 minutos, as cinenra, tomam um cafezinho. Depois panheiro". Um comerciário de uma juiz os absolva - eles absr
pessoas não terão que ficar neces- retornam, e se deslocam estrateg- loja próxima ouve uma frase ríspida, tema ticarnente as pessoas def 1
sariamente sentadas em seus lugares - camente à porta. Vai começar o que os a pós ter sua carteira profissional (as- policia por vadia g em, e ii an' r
na verdade-, embora haja muitos lu- policiais chamam de "Sessão Coruja': sinada) submetida a longo exame: "Vai um argumento deunuirvo ' o
gares vagos, dezenas delas se amon- -um veio cedo, tranquilo de abarrotár oara casa. rap3z. Isso não é hora -de de rantos desempreadn-
toam na escuridn da entradaai- os xadrezes com os "criminosas" mais rtar na r ua". E sai do cinema, então, cobrir rir
LAMPIÃO PÃG.
** Centro de Documentação
APPAD ie
da parada da rti-tridad-
Prof. Dr. Luiz Mott
E,
GRUPODIGNIDADE
+
(UTERATURA)
NA PENSAO
A FLOR
1
+A
T
DE MINAS
O rapaz do quarto 14
é rebento. 24 anos,
de tradicional família mineira.
Olhou nos meus olhos
um dia
seu pecado feito carne
e viu meus cujos baterem.
Ele estremece,
foge o olhar - mas fala.
Disse-me que tem muito medo.
Nas noites frias de junho
ele atravessa a sala
e demora-se no banheiro.
Passa pela minha porta,
estou no leito,
mas não vejo, sinto. \ 17
O chão de tábuas me diz \
que ele foi para lá
ou que ele está de volta.
Me olha, estremece, tem medo.
Eu gosto de vê-lo assim
e ele me parece
feliz quando meus cílios batem Poema para teus seios Antropofagia
e descobre no meu olho
seu pecado feito gente. Cerro os olhospra não ver, Conduzo-te faminto
Ouço tudo que acontece até a velha cama,
dentro dele
e mãos para não apalpar
no quarto 14. e bocas pra não chupar que é grande e redonda
Sua comunicação é na cama, como uma mesa de banquete.
quando gira, tosse, teus selos.
contorce seu medo - ela range, Desejo beber teu leite, Insalubres, nossas salivas
ele ruge, mas não tem coragem. se confundem.
Deitado, espero, seu pecado, azeite de oliva branca,
batendo os cílios e lembrando Rolam nossos corpus suados
e provar com minha língua
a disciplinar Minas Gerais.
o macio de teu peito. sobre as tenras cobertas.
Seu pecado, a vontade, deitado
estou sempre, Bates persistente
E se em inútil trabalho
esperando que na ida para o contra o meu umbigo
banheiro te afasta a blusa de mim,
a cupidez mineira eu, por inúmeros meios, com teu sexo -
da família tradicional
cerro olhos pra ver peixe cego.
permita o medo dele vir
pelo meu quart
Arrancando-te os pelos das axilas,
e bocas para chupar
misturar na noite fria de junho
teus selos. de pura agonia gozo.
nossas humanidades
no pecado amplo,
fofo,
que deitado estou para isso... Leila Míccolis Franklin Jorge
Paulo Augusto
Lei/a Míccolis, carioca, Franklin Jorge, Dentre os poemas- enviados à nossa redação, Gas-
potiguar, e Paulo Augusto, fluminense, foram os es- parino Da mata mensalmente selecionará alguns
colhidos para abrir a seção de poesia de LAMPIÃO. para publicação mediante dois critérios: a quali-
Entre publicar poetas consagrados e dar vez aos dade e o enfo q ue lírico de uma das formas mais ex-
jovens, nosso jornal escolheu o segundo caminho, e pressivas da comunicação humana - a sexuali-
resolveu abrir esta página a todos os que se dedi- dade, dos pontos de vista que interessam aos leitores
quem com talento e verdadeiro empenho à poesia. deste jornal.
- LAMPIÃO
PAGINA 19
** Centro de Documentação
APPAD ie
da parada da diversidade
Prof. Dr. Luiz Mott
v
i
CRU PODIGNIDADE
ENSAIO
Lontras,
piranhas,
ratos,
veados e
gorilas,
atenção:
vocês também têm direitos (A ONU decidiu)
Li 1 i 1400 1 (iflIrdO da Vinci tqne em condições subumanas de exis- direito ao respeito b) O homem, en- Ai: 8 a) A experimentação
entendia das coisas) escreveu: léncia ou sob uma repressão cuja quanto espécie animal, não pode animal que implica um sofrimento
"Haverá um dia em que os homens característica básica é o desrespeito a atribuir-se o direito de exterminar os físico e psíquico é incompatível com os
conhecerão o intimo do animal e, nes- qualquer tipo de direito. De qualquer outros animais ou de explorá-los direitos do animal, quer seja lima ex-
se dia, um crime contra um animal será modo, a simples declaração dos Di- violando este direito. Ele tem o dever periência médica, científica, comercial
considerado como um crime Contra a reitos do Animal já é um ponto de par- de colocar a sua consciência a serviço ou qualquer outra. b) As técnicas
humanidade". Quase 600 anos depois tida Graças a ela, eles se tornam a dos outros animais cl Cada animal substitutivas devem sem utilizadas e
o homem ainda nem conhece a si mais exótica de todas as minorias (e tem o direéo à consideração, à cura e a desenvolvidas
próprio; tanto que ainda se discri- LAMPIAO reafirma aqui o seu conceito proteção do hnmem. Ari. 9 - No caso de o animal ser
minam uns aos outros, de acordo com de minoria: é um grupo sobre o qual a Ari a) Nenhum animal deverá criado para servir como alimentação,
detalhes corno raca, credo, preferência sociedade repressiva mantém seus ser submetido a maltratas e atos deve ser nutrido, alojado, trar.spartado
sexual etc. Como esperar que eles tacões, mesmo que ele não seja mi- cruéis. bI Se a morte de um animal é e morto sem que para ele resulte an-
vejam os animais como seres a ser noritário, como as mulheres, por necessária, deve ser instantãnea, sem siedade ou dor.
preservados e cujos direitos sobre o exemplo) a ver levantada a bandeira da dor nem angústia. Art 10 - a) Nenhum animal deve
mundo em que vivem são igualmente luta par seus direitos. Art. 4 - a) Cada animal que per- ser usado para o divertimento do
inalienáveis? Eis a íntegra da Decla(acão Univer- tence a uma espécie selvagem tem o homem. b) A exibição dos animais e os
Mesmo que o homem, em várias sal dos Direitos do Animal: direito de viver livre no seu ambiente espetáculos que utilizam os animais
partes do mundo, não consiga res- Considerando que cada animal tem natural, terrestre, aé reo ou aquática, e são incompatíveis com a dignidade do
peitar a Declaração Universal dos seus direitos; considerando que o desco- tem o direito de reproduzir-se. b) A animal,
próprios direitos, não se deve esperar nhecimento e o desprezo destes di- privação da liberdade, ainda que para Art. 11 - O ato que leve à moi-te
que ele atinja esse estágio para tentar reitos levaram e continuam a levar o fins educativos, é contrária a este de um animal sem necessidade é um
convencê lo da existência dos direitos hornem a cometer crimes contra a direito. biocídio, ou seja, um delito contra a
dos animais. E o que decidiu a Unesco, natureza e contra os animais; consi- Art. 5 - a) Cada animal perten-
vida.
ao proclamar recentemente a De- derando que o reconhecimento por cente a uma espécie que vive habitual-
Art. 12 -- a) Cada ato que eve à
claração Universal dos Direitos do parte da espécie humana do direiW à mente no ambiente do homem tem o
morte de um grande número de ani-
Animal, durante uma reunião em existência de outras espécies animais direito de viver e crescer segundo o rit-
mais selvagens é um genocídio, ou
Bruxelas, em laneiro deste ano, da qual constitui o fundamento da coexistên- mo e as condições de vida e de liber-
seja, um delito contra a espécie. b) O
participaram representantes da Bél- cia das espécies no mundo; consi- dade que são próprias de sua espécie.
aniquilamento e a destruição do am-
gica, França, Canadá, Iugoslávia, derando que genocídios são perpe- bI Toda modificação deste ritmo e
biente natural levam ao genocídio.
Noruega e Itália. trados pelo homem e que Outros ainda destas condições imposta pelo homem
Art. 13 - a) O animal mçrto deve
Como primeira etapa para apli- podem ocorrer; considerando que o para fins mercantis é contrária a este
ser tratado com respeito. b) As cenas
cação destes princípios foram propos- respeito pelos animais por parte do direito.
Art. 6 - a) Cada animal que o deviolênciade que os animais são ví-
tas uma moratória à caça da foca e da homeIn está ligado ao respeito dos timas devem ser proibidas no ciniema e
baleia, a suspensão da caça à raposa, homem escolhe para companheiro tem
homens entre si; considerando que a na televisão, a menos que lenham
na Inglaterra; a abolição do tiro ao o direito a uma duração de vida con-
educação deve ensinar desde a infân- como fim mostrar um atentado aos
pombo na França, e a proibição de forme a sua natural longevidade. bI O
cia a observar, compreender, respeitar direitos do animal.
menores assistirem às corridas de abandono de um animal é um ato cruel
os animais; Art. 14 - a) As a' ciações de
touro na Espanha. ,e degradante.
Proclama-se: Art. 7 - Cada animal que trabalha proteção e de salvaguaroa dos animais
Na verdade, o texto da declaração, Art. 1 - Todos os animais nascem devem ser representadas a ní..--al de
tem o direito a uma razoável limitação
corno se vê abaixo, serviria para a iguais diante da vida e têm o mesmo governo. bl Os direitos do aninnal
do tempo e intensidade do trabalho, a
grande maioria dos homens que, em direo à existência; devem ser defendidos por ls, como
uma alimentação adequada e ao re-
determinadas regiões da terra, vivem Art 2 - a) Cada animal tem ó pouso. os direitos do homem.
LAMPIÃO PÁGINA II
Centro de Documentação
APPA
it D ense
da parada da divvridadt'
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
LTENDÊNCIAS51
mo filme .... ..
Ritual da amizade na Tv
bordar o tema homossexuahsmo tificar o enfoque. Tudo começa com a
A em nossa televisão não é fácil, prisão de um jovem que está num bar
principalmente quando se tenta guei dê sua cidade natal Para poder
fazé lo com seriedade. Por enquanto, sair da cadeia, ele tem que recorrer ao
ele está restrito aos filmes, e destes os amigo mais intimo, e quando este o
mais conhecidos do telespectador - ajuda a resolver o problema - sair da
pela freqüência com que são exibidos prisão ele lhe diz que é homos-
- são Os pecados de todos nós, de sexual, provocando entre os dois um
John Huston, com Elizabeth Taylor, inesperado rompimento da amizade. A
Marlon Brando e Brian Keith (uma ver- partir daí o filme vai num crescendo,
são do romance de Carson McCullers, culminando com a expulsão do rapaz
editado no Brasil com o título original de sua casa; seus pais não o aceitam
Reflexos num olho dourado); nele, naquela condição, mas em troca, ele
Marlon Brando faz o papel de um recebe o apoio da família do amigo,
homossexual que vê suas fantasias de que não só o recebe como se dispõe a
um relacionamento com um rapaz discutir a questão.
caire.m por terra, levando-o ao assas- E verdade que a amizade entre os
\aleuitiiio/ Nuree'. e tNiJinsk/Anthony Dowell na cena do tango sinato do jovem, Na solidão do desejo, dois não mais será retomada - o im-
de John Flynn, corriRod Steiger e pacto da revelação é grande demais
John Phillip Law, sobre a vida de um para o amigo heterossexual; mas há
sargento solitário que faz amizade com duas lições a se tirar do filme. A pri-
Nureyev Vs Cassius Clay um soldado para combater sua solidão,
ou seja, se apaixona pelo jovem sem
meira é que a família do rapaz não
representa um rígido padrão de con-
conseguir assumir sua condição de duta - há outras pessoas, não neces-
ririiparação pode parecer ofensiva seu olhar insuportavelmente mag- homossexual, o que o leva a sérios sariamente homossexuais como ele,
k irílo para os baletômanos quanto nético. conflitos (a seqüência inicial, em que dispostas a ajudá-lo a assumir sua
os amantes do box, mas ver- Dessa forma, Russel, com a ajuda Steiger mata literalmente com um preferência sexual; a segunda é através
(Jade ó que Rudolf Nureyev é uma es- de Nureyev, retoma neste filme a sua abraço um soldado alemão, é de um de urna irmã do amigo do rapaz, uma
pécie de Muharnmad Ali da dança obsessão em torno do mesmo tema - erotismo asfixiante); Morte em Veneza menina de uns 13 anos que, ao saber
clássica. Assim como o lutador con- o mito. Tchakovsky, Mahler, Valen- de Luchino Visconti, em que o tema de sua homossexualidade, encara a
seguiu elevar sua carreira aos niveis do tino - de Delírio de Amor, que ainda solidão é novamente abordado, com coisa com naturalidade e limita-se a um
impassível, deixando para trás aígumas tinha uma carga poética muito forte, Dick Bogarde vivendo magistralmente comentário: "E pena que você seja
gerações de aspirantes ao título de- ao delírio propriamente dito: um ensaio o velho músico que se apaixona pelo homossexual, porque minhas esperan-
finitivamente batidas, o bailarino tem grotesco sobre a Hollvwood dr' -in.os adolescente Tadzio, num desempenho ças de ca sa r r nrn você acabam rqui";
resistido a todos as banshiriikovs da 30 e de sempre, e uma caótica me- tão se¼uro que algumas cenas, que isso significa que, antes de serem ar-
vida que fogem aos magotes da União ditação sobre o mais americano de poderiam ser cansativas, se tornam de bitrariamente moldados segundo os
Soviética dispostos a lhe abiscoitar o todos os sonhos - essa estranha grande teor dramático; e Mulheres padrões da sociedade vigente, os seres
titulo de "maior bailarino do Ociden- mania de dar transcendência imortâl a Apaixonadas, de Ken Russel, em que humanos (as crianças> encaram di-
te". É verdade que Rudy, como o Ali criaturas cuja textura não vai além do Sandy Denis - uma das mulheres do ferenças de comportamento como es-
das últimas lutas, já não exibe todo o celulóide através do qual se expres- titulo - tem o melhor desempenho de sa de maneira absolutamente normal,
seu virtuosismo; ao contrário, ele o sa m. sua carreira, disputando o amor de sua .o que não é mais possível quando se
vem administrando de modo bastante É claro que quem quiser se deixar amiga com o incompetente Keir Dulea tornam adultos e enquadrados.
avaro, mas sempre com eficiência: conduzir até o centro desse delírio tem (o filme tem um final profundamente É uma pena que Ritual da Amizade
como fez o lutador até a derrota recen- que entrar no cinema sem posiçõe pré- moralista - Sandy é esmagada por tenha sido exibido sem maior públi-
te há sempre um momento, em suas estabelecidas - o ensaio personalís- uma árvore; um protesto da natureza 1cidadè. Caso-estiver nos seus planos
apresentações, em que ele executa simo de Russel, sua misoginia des- contra o seu amor antinatural?). uma reexibição, a TV Guanabara deve
aquela pirueta a mais - e o público cai vairada, seu homossexualismo nem anunciá-la com antecedência através
a seus pés, rendido. E por isso que tan- sempre sublimado não as admitem. E Além destes, doi exibido recen- dos jornais. Com isso, certamente ela
to Nureyev quanto Cássius Clay vêm aceitar até mesmo o que foi, certa- temente pela TV Guanabara, na série garantirá uma enorme audiência:
mantendo junto com outra meia dúzia mente, a razão principal da acolhida Família, o filme Ritual da Amizade, en- LAMPIÃO promete.
de mitos igualmente mal comportados negativa que o filme mereceu por parte focando a questão do homossexualis-
como eles, há vários anos, a supre- dos críticos norte-americanos: o fato mo sem nenhum tema paralelo a jus- Adão Acosta
macia dos seus nomes nos noticiários de Russel ter feito um filme sobre Hol-
rios jornais.
PÃGINÁ 12 LA M PIÂÔ
Centro de Documentação
APPAD
( Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGN IDADE
(Ia parada da (tivc-rsidade
E
um jovem heterossexual que se recusa E sua consciência acla ra se em um
a ir à guerra, e o resultado seria o mes- comentário simplese direto, quando
mo. O lato é que ele mostra toda a ele toga por terra o argumento de um
siluacão de uma sociedade que co- jornalista que, com coragem, luta pela
meça a viver de novo, a respirar a his- igualdade dos direitos: "Não me venha
tória e a se ver caminhar sem maca rtis-
mo Ide fato, lentamente se dilaceran-
do> diante da eIeico de Kennedy para
dizer que os homossexuais são tão
bons artistas quanto os negros são
bons atletas." Sim, porque no fundo o
Urna exposição muito louca
a presidência e da derrota ia primeira) preconceito existe, e mesmo os mas
de Nixon Um comentário da mãe de s museus, atualmente, O j r; O paredes do labmuilo ira t.-iri'pt.''ii
liberais procuram reservar um lugar
Jeft, o rapaz do título, explica bem es- O tni a ver com a vida das pessoas pares de fotografias, um para cada ano
delimitado para essas pessoas; a idéia
sa situação: "Tudo acontecia tão de OLI com os seus interesses do dia-a de vida arHsia - museu, em forma de-
de que o homossexual é sempre artista
repente dia. São instituições congeladas no ., posluis dorrresix'r's", corno aqueles
encobre apenas uma outra a de que
Jelt tem 17 anos quando a história .iompo, sem qualquer interesse real, que se costunra fazer para ler-librar os -
ele deve se limitar a este campo de
começa. E sua mãe transforma-se na onde se vai para conhecer coisas mor entes queridos, tendo por baixo legun
realização, com o que lhe ficariam
maior personagem do livro ao se ver (as ou mantidas vivas porprocessosar. dis em leiras de pLasuco, dessas que
vedadas outras possibilidades, entre
diante dessa questão a doença de iliciais O Museu de Arte Moderna do si' v(r rios cardápios de parede das lan
ri is ,i o exercer 'r odor
m'eu filho tem cura? ZOra, enquanto AL;es:i- P ' i lo-i s o Rio não foge á 'egra, apesar do nome e l 'unO es. O reqisi i O Si iicr onino e com
ela se faz esse tipn de pergunta, da atira que pretendem criar em sua 1 r ai ivo é -iodo baseado no humor e na
sociedade rnericana já corneca a se' volta, através da publicidade das ironia Os flislies lo toqi ai icos mos
ou ira 'Acelera-se -a guerra e as ondas i;u'iiflas sociais, corno uma pretensa raro Lauio de bebê- lpruriunciandu sua
de proinsto, o rock ganha corpo, os
homossexuais saem às ruas, cansados
Uma festa Ir-, na geradora de culiura. O MAM é
**
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Centro de Documentação
APPADi(
da parada da dlTIcLad
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
CA RTAS
NA MESA
o Paulo Bonorino
Apelo ao jovem guei
ão sei se já estás a par, meu ir- MOSSEXUAIS" (Ed.Artenova). Este é sobrenaturais que Deus dá a um deter-
N mão homossexual brasileiro, do
que significa mesmo esta palavra
com a qual já deves estar fami-
um papo interessante porque temos
que nos entender um tanto sobre o
sentido das palavras que empregamos,
minado indivíduo ou comunidade para
que execute determinada tarefa que se
faz necessária e urgente num dado
.,
liarizado de tanto ouví-la. 'Gay"sig- principalmente quando estas nos são momento da vida ou da História. 1
nifica alegre, descontraído, etc.. A novidades ainda. Vemos , então que raramente ele
'\
"gay" OS norté-americanos, Opõ Certamente já notaste que o pes- toma a atitude que mais lhe convem. 3
"straight", que significa: certo, cor-
reto, honesto.
soal mais vivido tem manifestado,
apesar de todas as suas más quali-
Mas qual seria esta atitude mais con-
veniente? Como cristão que sou tenho
1
Não aprecio a palavra guei aplicada dades inerentes a idade, quer sejam que responder-te em primeira linha que
às pessoas homossexuais simplesmen - heteros ou homos, um certo espírito para qualquer pessoa, qualquer que
te porque não podemos defini-ias crítico e uma abertura para os valores seja sua orientação sexual, sua atitude
como alegres por natureza e essência. comunitários que muitas vezes nos es- perante esta vida terá que ser a de al-
Não raro os homossexuais tm mo- capam a nós mais novos. Pois bem, é guém cujo fim último é Deus mesmo,
tivos de sobra, numa sociedade ho- hora de tornarmos pulso da situação, isto é, a de alguém que vive aqui como
mófoba como a nossa, para estarem não achas? E hora de a gente se acor- quem está por aqui de passagem mas
tristes, mas como muitos adotam dar, dar-se conta de que o Brasil des- não como quem pensa ficar aqui para
habitualmente um comportamento ar-
ø* 1
pertou e nós com ele, porque somos sempre. Mas como pode ser que sejas
tificial em conseqüência de discri- jovens num País jovem, porque não ainda uma ovelha desgarrada vou res-
minações mais ou menos veladas a que vamos querer ficar prá trás da gente ponder-te que sua atitude terá que ser
estão sujeitos, a palavrinha grudou 'guei das outras partes do mundo. antes de tudo e indiscutivelmente a de
mesmo. Tarnbéçn não vou com Oque faremos para nos integrar- alguém que se ama a si mesmo,é claro
"straight" porque ser heterossexual mos ao movimento homofílico mun- que não muito narcisisticamente, para
não significa, como todos sabem, ser dial? que ao menos possamos defini-lo
necessariamente honesto, moralmente Vamos refletir juntos, tu e eu, eu e como pessoa psicologicamente
sadio ou qualquer outra coisa assim E tu. Pensemos então: o que faz o jovem equilibrada. Pois quem não se ama u
ainda por que tudo isto visto de perto homossexual brasileirohoje'quando se ponto de se prostituir por exemplo,
não passa de gíria americana e não sei depara com sua singular condição è seja um homem ou uma mulher, está
até que ponto vamos admitir, se va- com a atitude dos demais para com desiquilibrado e precisa de psicanálise
mos, a americanização de nossa pessoas como ele? Normalmente toma e ajuda moral para recuperar sua iden-
hemofilia, que a meu ver deveria ser muitas atitudes que a longo ou médio tidade pessoal. Quem se ama a sim
bem verde amarela mesmo. Espero prazo vem a prejudicá-lo, causando-lhe mesmo recusa-se a se autodestru.r
não ter te contundido com a palavra
homofilia que talvez não te seja tão
desequilíbrios emocionais, ciclotimias,
complexos de inferioridade (existe uma
moral ou fisicamente, recusa-se a
ceder a pressões sociais discrimin3-
PRIME IRA
familiar quanto gue.i e outras ainda.
Emprego-a no sentido de definição do
moral para homossexuais, sabias?),
prostituição, a promiscuidade e a des-
t1- reagç e vence na medida do
possível O 'que esperamos com este
'CARTA AJS
movimento de libertação do homos-
sexual como tal, e não no sentido de
truição de seus dons pessoais que em
religião chamamos carismas. Pergun-
jornal é tornar esta "medida do pos-
sível'. ' bem mais am p la para muitos,
ANDROGINOS
definição da homossexualidade como tas o que são carismas. Carismas, en- querido amigo!
expressão da personalidade total do in-
divíduo, como parecem querer André
tendo defini-los teologicamente muito
bem, respondendo-te que são qua-
E integrando a comunidade' ho-
mofílica brasileira que integraremos a
coe**
Baudrv e Marc Daniel em "OS HO- lidades, capacidades naturais ou até
ui
que precisam ser divulgadas. Eu, por
boa, mas não é nova. Tenho visto sur-
girem vários jornais desse tipo -
mimeografados primeiro, agora até im- Pelo
exemplo, ,que viajo muito, já tive ver-
dadeiras surpresas, como em Bagé, no
Rio Grande do Sul, onde à noite as
Silva
pressos - mas eles não duram muito,
porque o público gay, ao que parece,
não se interessa muito por eles. Uma
boa idéia, na minha opinião, seria
turismo
coisas são muito quentes e o povo
bastante descontraído. Nos Estados
Unidos, o Gay Guide é um verdadeiro
romanos
best-seller. Por que não fazer o mesmo
editar um guia brasileiro para enten-
didos, urna espécie de "guia quatro interno aqui? Um guia desse tipo estaria, além
disso, muito de acordo com a política
CC
minada cidade, em que locais ir com como acontece no Rio e São Paulo. Há bicha a pauladas..
segurança, como agi-, etc. Nem cidades maravilhosas para homos- Carlos C. "IN X2,1ne
sempre as coisas são muito evidentes, sexuais, como Recife e Florianópolis, São Paulo - Capital
000 0
LAMPIÃO PÁGINA 15
Aniv,ersario
Era seu vigésimo-sétimo aniversário e eu estava como narcotizado, e senti que que era suas longas pernas e seus braços não se movia, e ele soltou um grito, e
quando cheguei em casa ele me pegou pe- eu era o capim, às árvores, o sol sumindo, morenos e fortes, e senti que era sua bo- gritou, gritou palavrões.
lo braço e juntos descemos o elevador e, e senti que era suas longas pernas e seus ca, seus dentes, sua língua, e que meu co-
já na rua, entramos no seu carro e ele abra- braços morenos e fortes, e senti que era ração era o seu coração. E me pegou pela mão e saímos corren-
çou-me fortemente até que eu gritei sen- sua boca, seus dentes, sua língua, e meu do para fora de casa, e ele rodeou a casa
tindo doer os ossos, depois saímos para coração era o seu coração, e quis lhe per- Voltamos, e centenas de luzes estavam várias vezes, pelo jardim e pelo quintal, e
fora da cidade e, de repente, eu senti o guntar por sua amante e o seu filhinho e o acesas como vagalumes nas pequenas ca- apertava-me contra seus ombros, e eu me
grande dia, e ele continuava sorrindo e bolo cremoso que ela fizera e o estava sas, e minha cabeça repousava contra o achei chorando, e ele respirou fundo, e
seu sorriso, como o meu, era triste, e o ar esperando, e pensando melhor cheguei à seu peito, e o cheiro de sua camisa e de sua pele morena estava vermelha, e ele en-
do campo era leve, e ele saiu do carro e conclusão de que devia ficar calado, e ele seu corpo entrava pelas minhas narinas, e costou-se numa árvore do quintal e aper-
apanhou flores e me deuieu as mordi, estava totalmente feliz, e senti que era o eu estava caindo de sono, e ele acariciava tou-me tão fortemente que senti meus
cuspi, e minha saliva foi deixada para trás, capim, às árvores, o sol sumindo, e senti os meus excassos cabelos, e estávamos em olhos doerem, as estrelas estavam lá em
e o carro corria, corria mais rápido, e ele silêncio, e ele tinha aquele ar triste no cima por toda a parte, e a árvore erguia-se
ria delirantemente, e sua pele morena es- rosto que também há no meu, e estava como uma flama, e o cheiro de jasmim
tava vermelha, e seu cabelo negro era um escuro, e havia uma grande lua, e havia embriagava, e ele tropeçou num velocr-
redemoinho, e minha camisa amarela es- estrelas, e meu corpo balançava com o pede e o chachorro latiu três vezes dentro
tava amarrotada e ele sempre que podia movimento do carro, e ele o fazia correr da casa de madeira, e ele tirou uma laran-
em apertava os ombros, e éramos o vento, mais e mais, e ele me olhava nos olhos, e ja da árvore e apanhou um faca no bolso e
e não havia o mundo, e sua boca era gran- eu olhava nos olhos dele, e eu não sabia descascou-a, e ele a comeu junto comigo,
de e tinha aquele ricto de tristeza que quem era quem, e nunca desejei que hou- e estava escuro, e todas as casas estavam
também há na minha, e minha bermuda véssemos de chegar apesar de sentir um com suas luzes apagadas, e havia uma ne-
era curta e eu sentia o tecido áspero de pouco de medo por causa daquela corrida blina, e estávamos sentados num banco na
sua farda contra minhas pernas, e ele pa- louca, mas chegamos e ele parou na casa casa, e ele me levou no quarto principal e
rou o carro junto a uma árvore, e suspen- da sua amante e havia um enorme bolo tirou do armário um revólver, e disse que
deu-me nos braços e rodou-me no ar e cremoso, e a mulher, e a criança chorando ia matar-me, e disse que a culpa de a
beijou-me todo, e colocou-me delicada- e ele não ligava, e ele gritava, a criança amante estar de birra era minha, e que
mente no capim n'olhado de orvalho e gritava e ela continuava em silêncio, e a talvez ela já soubesse de tudo, e que nossa
fez-me cócegas, e virei-me de bruços, e criança continuava gritando e ela não liga- amizade era impossível, e que tinha o fi-
estava exausto. va, e eu olhei para ele, e ele havia esqueci- lhinho, e abriu a porta me empurrando, e
do de mim, e estava tentando desespera- disse que eu me fase, e disse que não,
Depois comemos, e ele me deu a comi- damente fazê-la falar mas ela não f. .... não ia me matar, e pediu novamente que
da na boca, e o gosto do pão com mantei- eu continuava sentado e olhava para a sua eu me fosse, e não cumpriu sua promessa
ga estava por toda a minha boca, e ele amante, e ela ainda estava deitada, silen- e deixou-me para sempre agonizante co-
lavou minhas mãos e minha boca, e o sol ciosa, e eu julgava que havia morrido, mo mosca nadando em óleo, seria preciso
já quase sumindo no horizonte cegou-me, aproximei-me e ela estava respirando, e sempre completz qualquer tarefa inicia-
e ele foi para trás de uma árvore, e grita- ele apareceu pálido e com os olhos cheios da, ele me deixou no meio do caminho,
mos nossos nomes alto, e o eco repetiu de ódio, e tentou novamente fazê-la falar no meio, no meio.
nossos nomes, e corremos, e ele estava mas ela não falava, e eu continuava senta-
vermelho, e ele virou cambalhotas no ca- do e olhava, mas ele nem sequer, ele esta-
pim, e cairam objetos do bolso de sua far- va chorando mas ela não respondia, e as Moacir de Moura
da, e seu cabelo estava cheio de palha, e lágrimas escorriam pelo seu rosto mas ela
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Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
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